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f - •-" *' •. do Estado de Goiás l Promotoria de Justiça de Cromínia - Goiás EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DA COMARCA DE CROMÍNIA, ESTADO DE GOIÁS. 03 09- 10 _XJV * ' f ^""*™- . O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por intermédio da Promotora de Justiça signatária, em exercício nesta Comarca, com alicerce nos artigos 129, inciso III, da CF/88, 5° da Lei 7-347/85 e 282 e seguintes do Código de Processo Civil, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA CUMULADA COM PEDIDOS ALTERNATIVOS DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA ESPECÍFICA em face de 1. AGÊNCIA GOIANA DE TRANSPORTES E OBRAS CAGETOPL pessoa jurídica de direito público interno, autarquia estadual criada através da Lei Estadual 13.550/99, inscrita no CNPJ 03520933/0001-06, representada por seu Presidente, Sr. José Américo de Sousa, e pelo Diretor de Operação e Manutenção, Sr. Rogério Mendonça Uma, com sede na Av. José Ludovico de Almeida, n° 20, Conjunto Caiçara, em Goiânia/GO, Cep 74623- 160; 2. Consórcio Construtora Caiapó Ltda./Teccon S/A - Construção e Pavimentação: a primeira, pessoa jurídica de direito privado, estabelecida na Avenida São Francisco, n°27i, quadra 34, Bairro Santa Genoveva, Goiânia/GO, CEP n° 74-670-010, inscrita no CNPJ (MF) sob o n° Praça Antônio Parreira Duarte, s/n°, Setor Castelo Branco - CEP 75.635-000 Fone/Fax; (64)3419-1344

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Modelo de Ação Civil Pública em desfavor da AGETOP

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do Estado de Goiás l Promotoria de Justiça de Cromínia - Goiás

EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DA

COMARCA DE CROMÍNIA, ESTADO DE GOIÁS.

03 09- 10

_XJV * '

f "̂"*™-.

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por

intermédio da Promotora de Justiça signatária, em exercício nesta Comarca, com

alicerce nos artigos 129, inciso III, da CF/88, 5° da Lei n° 7-347/85 e 282 e seguintes

do Código de Processo Civil, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, propor

a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA CUMULADA

COM PEDIDOS ALTERNATIVOS DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

ESPECÍFICA

em face de

1. AGÊNCIA GOIANA DE TRANSPORTES E OBRAS CAGETOPL pessoa

jurídica de direito público interno, autarquia estadual criada através da Lei

Estadual n° 13.550/99, inscrita no CNPJ n° 03520933/0001-06, representada

por seu Presidente, Sr. José Américo de Sousa, e pelo Diretor de Operação

e Manutenção, Sr. Rogério Mendonça Uma, com sede na Av. José

Ludovico de Almeida, n° 20, Conjunto Caiçara, em Goiânia/GO, Cep 74623-

160;

2. Consórcio Construtora Caiapó Ltda./Teccon S/A - Construção e

Pavimentação: a primeira, pessoa jurídica de direito privado, estabelecida

na Avenida São Francisco, n°27i, quadra 34, Bairro Santa Genoveva,

Goiânia/GO, CEP n° 74-670-010, inscrita no CNPJ (MF) sob o n°

Praça Antônio Parreira Duarte, s/n°, Setor Castelo Branco - CEP 75.635-000Fone/Fax; (64)3419-1344

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Promoforia de Justiça de Cromínia - Goiás

00.237.518/0001-43, tendo como representantes legais PAULO RENATO

PANIAGO, JOSÉ RUBENS PANIAGO, AIRES SANTOS CORRÊA, e

responsáveis técnicos AIRES SANTOS CORRÊA, HUGO MENDONÇA

CARRIJO, JOSÉ RUBENS PANIAGO, PAULO RENATO PANIAGO,

ROBERTO DE LIMA ROLIN, VÍTOR LIMA PANIAGO. A segunda, pessoa

jurídica de direito privado, tendo como representantes legais ABEL DE MELO

SILVA, JOSÉ RICARDO DE SOUZA e WALDOMIRO AFONSO TARTUCE;

3. CCB - Construtora Central do Brasil Ltda.. pessoa jurídica de direito

privado, estabelecida na Rua 34, quadra Íl-i6, lotes oi e 25 n°29, esquina com

Rua 15, Setor Marista, Goiânia, Goiás, CEP n°74.i5O-220, inscrita no

CNPJ(MF) sob o n° 02.156.313/0001-69, tendo como representantes legais e

técnicos WILTON JOSÉ MACHADO, ÉLVIO JOSÉ MACHADO e

EDGAR DE ALMEIDA E SILVA JÚNIOR.

Expondo, para tanto, os seguintes fatos e fundamentos :

l -DOS FATOS

Quando se estuda o início da sociedade organizada, dirigida pelos

entes públicos que arrecada recursos dos contribuintes para o cumprimento das

obrigações que são previstas nos textos constitucionais, impossível se afastar da

noção do Contrato Social defendida por J. J. Rosseau.

As Instituições, por seu turno, dirigidas que são por seres humanos,

mostraram-se suscetíveis a infinitas situações e falhas. Na realidade, o imenso grau

de ineficiência trouxe a necessidade de que o Princípio da Eficiência fosse positivado

pela Emenda Constitucional n° 45, objetivando, com isto, fazer com que os direitos

dos cidadãos sejam respeitados e aplicados corretamente.

Tais direitos e objetivos constitucionais descritos do art. 3° da

Constituição Federal foram descritos com verbos no infinito ("construir", "erradicar"

etc), a indicar proposições futuras, a serem alcançadas gradativamente a a duras

penas, mas alcançadas.

Praça Antônio Parreira Duarte, s/n°, Setor Castelo Branco - CEP 75.635-0001-one/Fax: (64)3419-1344

Page 3: ACP Agetop

Promoforía de Justiça de Cromínia - Goiás

Quando o Estado se mostra inerte e busca esconder sua dcsídia sob

argumentos de que "faz o possível" - quando este se mostra muito aquém do mínimo

necessário para que se alcance o direito posto - a atuação Ministerial em busca da

defesa de direitos sociais indisponíveis mostra-se extremamente importante.

Feita esta digressão, volta-se à situação fática que justifica o interesse

na prestação da tutela jurisdicional final, alternativamente, específica e antecipada, a

fim de que o direito do cidadão possa ganhar ares de respeito, situação distinta de

efetividade e concretividade, conforme cita Bruno Galindo1.

O Estado, direitamente, ou por suas autarquias, assume obrigações

quanto à correta manutenção de sua estrutura de funcionamento, a qual só se

justifica para atender ao cidadão, ou seja, o Estado só existe por que o cidadão existe.

O Estado não é, e nem pode ser, um fim em si mesmo, tornando-se extremamente

voraz na arrecadação de tributos e da mesma forma extremamente mínimo na

prestação de serviços sociais, denominados direitos de segunda dimensão na visão de

Ingo W. Sarlet2.

Ao descentralizar a sua estrutura de prestação de serviços para as

autarquias, cabem a estas, com base no planejamento de suas atribuições,

conhecimento prévio da realidade que procura interferir e dar correta atenção na

administração destes recursos, fazer cumprir os direitos dos cidadãos quanto à

segurança, transporte, vida e outros, garantindo-lhes dignidade e atento aos

princípios da continuidade, moralidade, eficiência e outros mais.

In casu, a responsabilidade pela manutenção das rodovias estaduais,

de acordo com a Lei n° 13.550/1999, regulamentada pelo Decreto 5.201/2000,

pertence à Agência Goiana de Transportes e Obras (AGKTOP).

No entanto, as Rodovias Estaduais GO-2iy (trecho de Mairipotaba,

Cromínia e Professor Jamil), GO 040 (trecho Oloana/Cromínia) e GO 215 (acesso à

cidade de Pontalina), objetos desta demanda, mostram-se muito danificadas. A GO-

217, especificamente, mostra-se quase completamente destruída, abandonada, sem

sinalização nem leito minimamente trafegável.

'GAUNDO, Bruno. Direitos Fundamentais. Análise de sua concretização constitucional.Curitibar.Juruá, 2003.SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais. 4. ed. rev., atual, e ampli. Porto

Alegre: Livraria do Advogado, 2004.

Pra<;a Antônio Parreira Duarte, s/na. Setor Castelo Hranvo - CE!' 75.635-000l-'one/Fax: (f>4)34'9-i344

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MlnisiéfíQ Piibltcsdo Estado de GoíâS l Promotoria de Justiça de Crominia - Goiás

Com base nisto, e diante de unia simples verificação in loco, pode-se

constatar que a vida de uma quantidade enorme de pessoas, entre crianças, idoso,

doentes (que são levados diariamente para Goiânia), trabalhadores, estudantes e

outros, encontra-se diariamente em risco. Basta a existência de um impacto num

"simples buraco" - ou a colisão ou capotamento na tentativa de desviar dele - para

que inúmeras pessoas tenham suas vidas ceifadas, contando, para isto, com a

constante inércia do Estado-Administração, que por sua vez, descentraliza o serviço

para suas Agências.

Como já dito acima, o cidadão, diuturnamente atingidos em seus

direitos, não mais se contenta - nem deve fazê-lo - com a alegação de que o Estado

"faz o que pode". O Estado tem por dever atendê-lo, e não em condições mínimas,

chamadas pela doutrina de reserva do possível.

Ao contrário, o cidadão tem direito de exigir que o planejamento

previsto na lei (Plano Plurianual), os recursos destinados para fazer frente a este

planejamento (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e efetivamente arrecadados (Lei

Orçamentárias) sejam aplicados em condições probas, eficientes e transparente, não

se prestando as escusas de amplas dificuldades estratégicas, documentais e outros,

como justificativas para o não cumprimento de suas obrigações.

Conforme exposto, basta se utilizar do acesso da cidade de Professor

Jamil até a cidade de Mairipotaba (fotografias de fls. 03/09, 014/29, 033/36 do

Inquérito Civil Público n° 07/2009) do para se constatar que o risco de acidentes na

rodo\ia aumenta diariamente - com ou sem chuvas -, haja vista a quantidade de

buracos e deformações que a pista asfáltica apresenta, podendo-se falar em trechos

onde a via já deixou de existir.

Apesar disso, um lampejo de esperança se fez presente com a

chegada de pessoal e maquinário à cidade de Cromínia, com a afirmação de que iriam

"refazer a estrada'. Tal, entretanto, não perdurou, porquanto em menos de um mês

as máquinas interromperam os serviços e foram encostadas.

A esperança também durou pouco ao se notar - empírica e

tecnicamente - que o serviços que já haviam sido executados e aqueles que ainda o

seriam não estavam em consonância com o princípio da eficiência e da probidade.

Isso porque, oficiada a AGETOP (fls.3i/32 do ICP), a mesma

informou a fls.43/49, inicialmente, que teria dado início ao "Programa de

Praça Antônio Parreira Duarte, s/n", Setor Castelo Branco - CEP 75.635-000Fone/Fax: (64)3419-1344

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Promotoria de Jusfiça de Cromínia - Goiás

Recuperação de Estradas Asfaltadas" (PREA), e que as rodovias GO-217, GO-O4O e

GO-215 seriam contempladas, oportunidade em que seriam

"executados, nos pontos críticos dos trechos, serviços de

reconstrução da camada de base e/ou recapeamento dependendo

das condições do pavimento de cada locai Os serviços incluem a

sinalização horizontal dos trechos."

Diz ainda o citado documento que a GO-217 foi contemplada no Lote

02 do PREA e a GO-O4O no Lote 06, e que as responsáveis seriam, respectivamente,

o Consórcio Caiapó/Teccon e a CCB, ora requeridas (cópia da Ordem de Serviço e dos

contratos firmados com a AGETOP a fls.46/47, 79/90, 91/102 e 104/110 do TCP),

com prazo de execução do contrato de 06 (seis) meses. Não foi informado o lote da

GO-215- Afirma-se no mesmo documento que

''As rodovias possuem vida útil em geral em torno de 10 anos, após

este período deve receber intervenções para preservar ou recompor

suas condições originais. A rodovia GO-217* por exemplo* teve

sua pavimentação concluída no ano de IQ&S, estando com

sua vida útil exaurida. Outros fatores, como o excesso de carga,

aceleram o processo de degradação do pavimento, mas no caso em

pauta, não é o principal f ator."

Afirma-se, ainda (05.48/49 do TCP), que o trecho da GO-217 ficou

praticamente sem sem conservação nos últimos anos, porquanto as empresas

contratadas pela AGETOP rescindiram, uma após a outa, os contratos licitados.

Além disso, questionada especificamente acerca da possibilidade de

serem tapados buracos no leito asfáltico usando-se terra e camada de asfalto

diretamente sobre cia, fazendo-o sem antes limpar e recortar o piso e sem posterior

compactação, o Gerente de Manutenção de Operação da AGETOP informou que

"os serviços citados por esta promotoria foram realizados pela

Geoserv, que seguindo as normas pertinentes realizou uma

Praça Antônio Parreira Duarte, s/n°, Setor Castelo íirunco - C K l* 75.635-000Fone/Fax: (64)3419-1344

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Ministéfte NMM _do Estada Se Gaias l Promotoria de Justiça de Cromima - Goiás

operação tapa buraco com utilização, primeiramente,, de soio-

cimento, e em seguida lançou-se uma camada de massa asfáltica,

mais especificamente Pré Misturado a Frio, sendo todos esses

serviços executados de acordo com as normas técnicas, sendo

inclusive, fiscalizados por engenheiro designado para o

acompanhamento da execução deste confrato."

Apesar de leiga, esta representante ministerial estranhou pudesse tal

forma arcaica e ineficiente de manutenção de rodovias estar embasada em norma

técnica, motivo pelo qual novamente oficiou a AGETOP (fls.53/55), buscando, além

da citada norma, identificar o responsável pela fiscalização da execução e a real

natureza das obras que seriam executadas, dentre outros questionamentos.

Novamente oficiada, a AGETOP informou, consoante documentos de

fls.ii3/n6 e H7/n8do ICP, as medidas a serem tomadas, em termos técnicos, quais

sejam, reconstrução, reforço, recapeamento, selagem e cape seal.

Além disso, gentilmente cedeu cópia do "Manual de Conservação

Rodoviária" editado pelo Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte -

DNIT, que detalha o procedimento para a execução de tapa buracos, com ilustrações,

acostado a fls.H9/i25.

O Manual detalha, por exemplo, que no caso de defeitos conhecidos

como "FALHAS, PANELAS E BURACOS", deverá ser utilizado, na recomposição do

pavimento, brita graduada. Nada aduz com relação ao uso de solo cimento (mistura

de terra com cimento), já utilizada anteriormente nesta rodovia no ano de 2008, sem

sucesso.

Detalha ainda, com desenhos explicativos, que na execução dos

reparos nas "panelas ou buracos" deverão ser demarcados quadriláteros ao

redor dos buracos, fazendo corte e remoção do material comprometido e

deixando "bordas verticais", depois limpando perfeitamente a caixa

resultante. É o que segue:

Praça Antônio Parreira Duarte, s/n°, Setor Castelo Branco - CEP 75.635-000

Q.

Page 7: ACP Agetop

Ministério PúblíccÍQ gstado de Goiás JVomoforia de Justiça de Cromínia — Goiás

'.,.NÍXÍ

3.U

Pira i ííscuçãc das sanhas ceveia ser uüazga t • ü ;jja gfísstersfia ;p/e aíerceiíOfesOitcxi !ei5.1 ídaDS

3.2

cVÊ- a -t.:zaç3t> racc-iaí * a&^T-srce aprsnídcíseisksi a? conajêís bcâs s 3 i-scJv.c3ae exgida

São rasados cs ssBjíSKíjics áe sqy Krénts Ssfa a é/esaçtede «sara de tá r ae MÍJM PC MWKStu e>irer-f -ais^híes íq^asa COT

3' peí'ü!âDiies paes.-níícas í«n impleTento os cote. 'eir=iriüa-sp::aais,:.:,~ essatgtíe* w?.r jt•;.; KP í fctívib:ai':ú üi a-i.ü^c oe íinaíaçííi, carpcsi: de cones

4 Ol|«SSiÇaES DWRS*S

jwe-a «r dé-,icinen!t abst"va:s nc qv

5,1 P*i'!M£Nrcs CattêTnv.cos CE C8UQ

S.1,1 DEWRCÍCAO DO Pí̂ ^o w Asa >. SER T=.

sr.e ÍD i;.í acs isr/.:a KTHÜ ínísdai :,aarío-se

: " -ifi. dç q̂ ÜéíeDS A •na/açáe dí'

l

5,1.2 CC*'E E REtOÇiÔEO MftTÈKW... CCMPRDWE'!OC

Pato a-ecarsr .ítequaòsmenie j í.i.̂ 3 ü'!dc vai ser apicado c 'emendo, corjféütB.JSÊia^ei":? T/!)!;.- - ..015 ,-a z m tone ca g-ga twa-.-_••. i: ,;,'.ica=s aueforTao ss mssda á'ea a w 'èpaiaca

1 de dreraoe^ sijpwfea! CJ profjrdi c..

Í.Í.3 LlWtZADAC*!»*

a dav*se^«"ix*ops|Boi<toi(aiKrtni*i.̂.r i- :-f- -:.,£:;;-f -̂:!''i,. .r ;.

f, '•

5.1,4

, c:í- -Í"DÍ*I ás &fc s iradas coírí̂ 3is ia-sces da cava.

•;;;-=:.-•;;"• aj í^-'0 -*s i i: C .! -M « caütò de tase• c I.nac aa cana

S.15 E

Após 3 3Dlica:ao 3a•Í-P/L ; àiDlardo-ss,

devrâ se; lançado, na caos. 5 üiaíeia cs-anK c'e-ítsisfeirtJ.3 a qjers cj ̂ •""^•^ s hc

::.w' Jc :.í

Consta também da Cláusula 07, item 07.3 do próprio contrato

assinado com a AGETOP (fls.84 e 96) que os serviços deveriam ter sido executados:

"obedecendo ao Projeto Básico, Especificações de Serviços

Rodoviários da CONTRATANTE e do DNIT, Manual de Execução de

Serviços Rodoviários da CONTRATANTE, Especificações de

Materiais para Serviços Rodoviários da CONTRATANTE e do

DNIT."

Praça Antônio Parreira Duarte, s/rt°, Setor Cosido Branca - CEP 75.63.5-000Fone/Fax: (64)3419-1^44

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Publicctio Estado de Goiás i Promoforia de Justiça de Cromima - boias

O Manual acima citado é o mesmo já transcrito acima. E, analisando-

o, pode-se perceber claramente - mesmo não sendo técnico no assunto - que as

disposições nele contidas não foram cumpridas no ano de 2008 pela então

contratada (e que deveria ter sido fiscalizada pela AGKTOP), nem no ano de 2009,

cujos trabalhos foram executados pelos requeridas Consórcio Caiapó/Teccon e a

CCB.

De tudo o que fora inicialmente previsto a fls. 113/116, apenas parte

foi concluída. No trecho entre Cromínia e Professor Jamil da GO-217, foram previstas

intervenções em todos os 15,6 km de sua extensão (fls. 113 do ICP), tendo sido

detalhado que seriam feitos 3,3 km de reconstrução do piso, 0,4 km de recapeamento

PMF Polimer e 11,2 km de selagem, acrecido de outros 0,7 km de selagem para assim

totalizar os 15,6 km da rodovia.

No mesmo sentido, no trecho da GO-217 entre Cromínia e

Mairipotaba, com extensão total de 26,4 km, foram previstas intervenções em 13,6

km, ai incluídos 1,5 km de reconstrução do piso, 3,5 km de recapeamento com PMF

Polimer e 8.6 km de selagem (fls.H4 do ICP).

No trecho da GO-O40 entre Cromínia e Oloana, foram previstos 4,3

km de selagem (fls.ns do ICP), e nesta mesma rodovia, entre os trevos de ligação

com as rodovias GO-215 E 217, foi prevista intervenção em 5,3 km de extensão, sendo

1,2 km de recapeamento com PMF Polimer e 4,1 km de selagem (fls.nó do ICP).

A especificação técnica e o memorial descritivo - a indicar

especificamente em que constitui cada uma das soluções acima citadas, quais sejam,

reconstrução, recapeamento e selagem - foram requeridos pelo "Parquet" à

AGETOP e acostada a fls. 196/212.

entretanto, apesar de tantas soluções previstas para as rodovias, até a

presente data apenas quator/e trechos tiveram a reconstrução concluída (fls.130 do

ICP). Tratam-se de trechos esparsos, e entre eles outros trechos também em péssimo

estado de conservação, com o leito já desintegrado, não foram reconstruídos, nem

recapeados ou selados. No restante das rodovias houve apenas tapagem de buracos -

o que contraria o contrato firmado com a AGETOP.

A tapagem das "panelas e buracos" não seria de todo ruim, se ao

menos houvesse possibilidade técnica para tal medida, Mas não é o que se percebe ao

Praça Antônio Parreira Duarte, s/n", Setor Castelo Branca - CEP 75.6,75-000Fone/Fax: (64)34i9-'344 f t a F U S S - ^ :

' '

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Ministériodo Estada de Goiás Promotoria de Justiça de Cromínia - Goiás

analisar as fotografias a seguir (feitas no local, antes, durante a após suposta

recuperação - fls, 140/193) e compara-las com as disposições do Manual:

Praça Antônio Parreira Duarte, s/n°, Setor Castelu tiranco - CEP 75.635-000

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nistério PüBItccEstado de Gciss Promotoria de Justiça de Cromínia - Goiás

Frise-se, ainda, que os contratados pela AGETOP para a Reabilitação

dos Pavimentos Degradados - e ora também requeridas - não deram cumprimento

integral aos contratos, porquanto se limitaram à reconstrução (não tendo feito

recapeamento nem selagem), tendo a tapagem de buracos sido realizada pelos

Municípios, como se vê do documento acostado a fls. 216 do ICP.

E, como é sabido, tais municípios não possuem corpo técnico nem

maquinário apto para tais obras em estradas, tendo feito um serviço péssimo e sem

nenhum profissionalismo. Limitaram-se a tapar buracos com terra e a jogar um

pouco de asfalto, que era compactados pelos veículos particulares que utilizavam a

rodovia enquanto o serviço era feito.

E mais: os municípios fizeram algo que é de responsabilidade do

Estado, que havia contratado (e pago) empresas especializadas para tal.

Praça Antônio Parreira Duarte, s/n°, Setor Castelo Branco - CEP 75.635-000Fone/Fax: (64)3419-1344

Page 11: ACP Agetop

Ministério PúbticsdoCstailo tíe Goiás i Promoíoriu de Justiça de Cromima - Goiás

Assim, como se vê, os responsáveis pela reconstrução, recapeamento

e selagem não deram cumprimento às normas técnicas inseridas nos Manuais do

DNIT e AGETOP. No mesmo sentido, os Municípios não seguiram normas técnicas

para a correção dos buracos e nem era possível fazê-lo para a recuperação dessas

falhas, porquanto o piso asfáltico já estava totalmente fragmentado, praticamente

desintegrado, motivo pelo qual se previu reconstrução, recapeamento e selagem - e

não "tapa buracos".

Tais constatações podem ser alcançadas por qualquer leigo em

técnicas construtivas de estradas. Mas, visando uma melhor elucidação dos fato, o

"Parquet" solicitou de seu corpo técnico um análise das rodovias em questão.

Fez-se então Análise da Recuperação Parcial de Trechos das

Rodovias GO-2iy e GO-O40 (Laudo Técnico LTPE n°oio/2Oio, de fls.228/249 do

ICP), tendo o senhor Sérgio Botassi dos Santos, Perito em Engenharia do Ministério

Público do Estado de Goiás e Mestre em Engenharia constatado que, na data de 20 de

maio de 2010:

GO-217, trecho entre Professor Jamil e Cromínia:

j. "na sazda da Cidade de Professor Jamil para Cromínia, ainda

aparentemente dentro do perímetro urbano, não foi constatado

nenhum tipo de recuperação do pavimento visível, como

pode ser observado na Foto l. Segundo previsão da AGETOP

neste ponto deveria ter sido executada uma reabilitação

por selagem (Solução S-Q) com o acabamento do

revestimento por meio de Micro-revestimento."

2. "No km i./? da GO-217, onde estava prevista a

reabilitação do tipo S-Q, foi observado grande incidência

de buracos cobertos por massa asfáltica. não condizente

com a solução planejada (Foto 2). As condições atuais desse

trecho apresentam grande desconforto para o tráfego e

possivelmente no próximo período de chuva as situação local deve

piorar com o surgimento de novas depressões e buracos no

Praça Antônio Parreira Duarte, s/n°, Setor Castelo Branco - CEP 75.635-000r'one/l''ax: (64)3419-1344

,

Page 12: ACP Agetop

Mlris ler lo Público _do Estadode Goiás l Promotoria de Justiça de Cromínia - Goiás

revestimento, podendo atingir a base do pavimento. Não foi

observado neste trecho sinalização horizontal e vertical,

tornando-o de alto risco aos usuários, principalmente à

noite quando a visibilidade fica prejudicada. O sistema de

drenagem superficial deficiente, quase inexistente,

potencializa os riscos de trafegabilidade neste trecho,"

3. "Foi observada a recuperação do trecho localizado no km 3,3 da

GO-217 com revestimento do tipo "tratamento superficial" sem

capa selante (solução 8-3), que implica em acabamento

mais áspero ao revestimento, facilita sua desagregação e

torna-o mais permeável à penetração de água no

pavimento." Frise-se que a solução 8-3 previa tratamento

superficial duplo na pista, ou seja, capa selante.

4. Neste mesmo trecho recuperado, "quanto à sinalização

horizontal a pintura das faixas aparentemente não é

retrorreflexiva, conforme descrito nas especificações

técnicas daAGETOP (autos, fls.i 92) e previsto no anexo II

do Edital".

5. Neste mesmo trecho recuperado, na legenda da Foto 3, o perito

indica já ter havido "(a) desagregação do reboco" e "(b)

Jissuras que indicam o desplacamento do revestimento da

estrutura". E aduz que "a presença de agregados 'soltos' no

acostamento pode ser um indicativo de falta de ligante

asfáltico na aplicação do revestimento."

6. "No km 13,4, junto a uma ponte da Rodovia GO-217

onde estará prevista a execução de reabilitação a partir

da solução S-a, não foi verificado nenhum tipo de

recuperação." No mesmo local, "foi presenciado um início de

erosão em uma das cabeceiras do aterro desta ponte (foto

Pra^a Antônio Parreira Duarte, s/n°, Setor Castelo Branco - CEP 75.635-000Fone/Fax: (64)3419-1344

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Público _ ^ .,doBladodeGetSf l Promotoria de Justiça ae Crominia - Goiás

6) necessitando que sejam tomadas providências de

contenção desse fenômeno para que nas próximas chuvas

não haja aumento do dano."

GO-217, trecho entre Cromínia e Mairipotaba:

7. Na saída da cidade de Cromínia, sentido Mairipotaba, "a

sinalização horizontal neste trecho foi insuficiente, uma

vez que apresenta alto grau de desgaste da pintura a

aparente fata de reflexão sob a incidência de luz. A

drenagem superficial por meio de sarjetas e meio fio não

foi observada".

8. "A solução tipo S-9 com micro-revestimento esperada

a partir do km 6,8, até o kjn 7,1 ao foi observada in loco."

o. No mesmo trecho, observou-se "indicio de exsudação de

material asfáltico aflorando em uma das faixas de

tráfego, enquanto que na outra faixa este mesmo fato não

ocorre", a demonstrar que "não houve o devido controle da

quantidade aplicada de material asfáltico no

revestimento TSD".

IO. "A seqüência de Fotos 13 e 14 demonstram que não foi

presenciada a reabilitação da GO-21? no trecho do km 7,1

ao 7,6, conforme previsto pela AGETOP, a partir da solução

8-5 com a execução de remendo profundo nos locais mais

degradados e a aplicação de PMF no revestimento. Este trecho

encontra-se em péssimo estado de conservação com forte

tendência da situação atual se agravar nas próximas

chuvas".

Praça Antônio Parreira Duarte, s/n". Setor Custeio Branco - CEP 75-(->35-ooo PiNyP^Çf*^^Fone/Fax: (64)3419-1344

pró

Page 14: ACP Agetop

Mlnlsiérlo Pétin _ , . .,doEstar»dtSoias l Promotoria ae Justiça de Cromínia ~ Goras

GO-O4O, trecho entre Cromínia e Oloana:

11. "a 1,6 km do trevo da GO-O4O com a GO-21?, foi veri/icada a

presença de micro-revestimento aplicada na pista, conforme

previsto na solução S-g, mas não se pode afirmai- se foi em toda sua

extensão (Foto 15). A sinalização horizontal neste trecho encontra-

se desgastada e com baixa visibilidade". A fotografia n°i5

demonstra perfeitamente a transição entre um trecho recuperado e

outro não recuperado.

GO-O4O, trecho entre a cidade de Cromínia e a GO-215:

12. "Logo na saída do trevo da GO-O4O no sentido para a GO-215,

a aproximadamente 400 metros, não foi observada

recuperação prevista com a solução £-5 (Foto 16). a grande

incidência de buracos aponta que neste local a necessidade da

reabilitação é iminente, pois no próximo período de chuvas

possivelmente surgirão novos buracos no pavimento em função da

série de trincas observadas no revestimento. Não houve também

a execução de serviços de drenagem superficial e

sinalização horizontal."

13. "Em outro trecho da GO-O4O, sentido GO-215 no km 6,3, onde

estava prevista a recuperação do tipo S-g foi notada a presença de

recapeamento sobre o revestimento antigo com Micro-

revestimento, porém com vários indícios de desplacamento do

mesmo. Esta camada de Micro-reveslimento foi executada

de maneira irregular em um curto trecho da pista, poi.s

percebe-se que não houve correta aderência do

revestimento antigo com o novo recapeamento (Foto 17).

Logo a frente deste trecho não há indícios de recuperação

(Foto 18) como estava previsto. A sinalização horizontal e

o sistema de drenagem superficial apresentam problemas

Praça Antônio Parreira Duarte, s/n°, Setor Castelo Branco - CEP 75.675-000 rFone/Fax: (64)3419-I344

Page 15: ACP Agetop

Miflislèfio Publicc _ _ . ,coEstada de Goiás l Promotona de Justiça de Cromima - Gotas

de desgastem possivelmente em função de não execução

dos serviços previstos."

14. No mesmo trecho "há uma ponte onde apresenta um princípio

de erosão em um dos lados do aterro de sua cabeceira (Foto ig.a.)

Percebe-se que houve um interferência para tentar amenizar o

problema, mas que não se mostrou suficiente e adequada". Aduziu

ainda que "pelo estado que se encontra a erosão, nos próximos

períodos de chuva a situação deve se agravar uma vez que não há

sistema de drenagem no local e a superfície do talude está

desprotegida."

Em conclusão, e em resposta aos quesitos apresentados pelo

"Parquet" (fls.245/249 do Laudo), o senhor Perito aduz que:

"Foi observado que há trechos das rodovias GO-oqo e GO-21?

em que ocorreu a reabilitação aparente do revestimento, contudo,

em outros trechos que estava prevista a reabilitação, não foi

observado qualquer tipo de intervenção atual desta magnitude.

Nesses trechos não reabilitados presenciou-se grande quantidade

de serviços 'tapa-buracos' que foram executados deforma distinta

da preconizada pela AGETOP conforme autos (flsug a 124). A

solução 'tapa-buracos' adotada nos locais vistoriados não é a mais

recomendada, pois gera grande desconforto no tráfego, aumenta o

desgaste do veículo, dificulta o escoamento da água pluvial e não

garante o prolongamento da vida útil do pavimento.

Não foi contatada a presença de sinalização vertical

suficiente , por meio de placas, para a adequada utilização da

rodovia. Percebeu-se, por exemplo, vários trechos com incidência

de curvas com pequeno raios ('curvas fechadas') que necessitariam

de sinalização alertando os riscos locais de tráfego, A sinalização

horizontal encontra-se inadequada, pois não foi executada

aparentemente com tinta rétrorreflexiva e ainda elas foram

Praça Antônio Parreira Duarte, s/n°, Setor Castelo Branco - CEP 75.635-0001'one/Hax: (64)3419-1344 -v •

B t f p ™ "

Page 16: ACP Agetop

Ministério Piihlicc , ,doEstaíotís Goiás l Promotona de Justiça de Cromima - Goiás

realizadas somente nos trechos recuperados, ficando os outros

trechos sem uma suficiente sinalização horizontal. Quanto a

drenagem superficial, percebe-se eme nos trechos onde efetivamente

foi executada a recuperarão do pavimento, foram construídos

meios-fios e sarjetas para a condução adequada das águas

pluviais, porém em alguns locais específicos escolhidos

possivelmente com base no critério de maior acúmulo de água."

Assim, patente a incompleta execução dos serviços necessários à

recuperação das rodovias, cuja obrigação pertence diretamente à AGETOP e, por

contrato, também às demais requeridas.

Patente, ainda, que há um modo certo, há uma técnica que deve ser

seguida para a recuperação de estradas, não se podendo aceitar que qualquer tipo de

"tapa buracos" seja feito, aleatoriamente, pois corresponde a ferir de morte a

almejada eficiência e mesmo a probidade administrativa, já que nas chuvas seguintes

todo o "remendo" terá ser perdido e os recursos públicos terão sido desperdiçados,

voltando as estradas às condições anteriores.

Patente, finalmente, que a população de Professor Jamil, Cromínia c

Mairipotaba não mais pode aguardar a solução, pois as péssimas condições das

estradas tem vitimado seus parentes e amigos. Em última análise, o direito à saúde,

segurança e mesmo à vida de todos os usuários das rodovias estão diariamente sendo

feridos.

Cabe, portanto, ao Estado-Juiz, com base na necessária efetivação

dos direitos fundamentais de primeira, segunda e terceiras dimensões, substituir a

inércia dos demais titulares das outras funções que compõem o Poder Estatal, para

que o cidadão não seja prejudicado, nem tampouco relegado à mera condição de

litigante, aguardando a solução de demandas judiciais, as quais podem demorar mais

de uma vida.

Assim, busca-se - não deforma inédita - seja a AGETOP compelida

a cumprir o dever de manutenir rodovias, de acordo com as normas técnicas, não só

pelo necessário dever de conservação do patrimônio público, mas pelo dever de

garantir vida, segurança e dignidade aos cidadãos.

Praça Antônio Parreira Duarte-, s/n°. Setor Castelo Branco - CEP 75.675-000Fone/Pax: (64)34i9-*344

Page 17: ACP Agetop

Ministério Piiblrco ,E)Ô Estado úe Colai I Promotoria de Justiça de Crominia - Goiás

Por fim, as diversas fotografias providenciadas por esta Promotoria

de Justiça confirmam as alegações e evidenciam que os usuários das rodovias

estaduais GO-O4O, GO-215 e GO2iy estão sendo sobejamente prejudicados, sendo

violado ainda o direito ao trânsito seguro (art. 1°, § 3°, do Código de Trânsito

Brasileiro).

2-DODIREITO

O sistema viário, seja o urbano, seja o extra-urbano, constitui

condição obrigatória ao exercício da função urbana de circular - inclusive, segundo

José Afonso da Silva, de circulação econômica, sem deixar de ser meio de

comunicação. Acerca do assunto, aduz o respeitável jurista:

"O sistema viário é o meio pelo qual se realiza o direito à circulação,

que é a manifestação mais característica do direito de locomoção,

direito de ir e vir e também de ficar (estacionar, parar), assegurado

na Constituição Federal."3

Ordenando o sistema viário nacional, encerra o Código de Trânsito

Brasileiro (Lei n° 9-5O3/97), em seu art. 2°:

"Art. 2°. São vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as

avenidas, os logradouros, os cajninhos, as passagens, as

estradas e as rodovias, que terão seu uso regulamentado

pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre elas, de

acordo com as peculiaridades locais e as circunstâncias

especiais." (Grifo nosso)

Na realidade, as estradas de rodagem modernas - as rodovias - são

bens públicos de uso comum do povo, segundo inteligência do art. 99, inciso I, do

Código Civil. Assim, as rodovias são bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito

público interno (art. 98, CC), mesmo quando sejam construídas por autarquias,

SILVA. José Afonso da. DIREITO URBANÍSTICO BRASILEIRO. 4a cd. São Paulo: Malheiros Editores, p.183.

Praça Antônio Parreira Duarte, s/n°t Setor Castelo Branco - CEP 75.635-000Fone/Fax: (64)34'9-i344

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Minfitértfl PúbltccdoEstatioâe Goiás l Promoíoriu de Justiça de Crominia - Goiás

porque estas são simples executoras dos plano rodoviários ou concessionárias das

vias, que ficam sob sua administração.

Ao tratar dos elementos que compõem as rodovias, ensina de novo

Silva:

"As mais simples compreendem, no mínimo, pista de

rolamento, que é o leito carroçável da estrada, com duas

faixas de trânsito e, ainda, faixa de acostamento de cada

lado da pista de rolamento. As mais complexas,

especialmente as auto-estradas, compõem-se de duas

pistas de rolamento, com duas ou mais faixas de trânsito

cada uma, e faixa de acostamento do lado externo; [...Y'4

No caso em tela, ao tratarmos da inércia estatal, obrigatoriamente

adentramos na esfera ligada ao poder-dever de administrar. Os poderes e deveres do

administrador público são os expressos em lei, os impostos pela moral administrativa

e exigidos pelos interesses da coletividade, O poder administrativo, portanto, é

atribuído à autoridade para remover os interesses particulares que se opõem ao

interesse público. Nessas condições, o poder de agir se converte no dever de agir.

Assim, se no direito privado o poder de agir é uma faculdade, no

direito público é imposição, um dever para o agente que o detém, pois não se admite

a omissão da autoridade diante de situações que exijam a sua atenção. Eis porque a

Administração responde civilmente pelas omissões lesivas de seus agentes.

Sobre o tema, o saudoso professor Hely Lopes Meirelles já ensinava:

"Pouca ou nenhuma liberdade sobra ao administrador

público para deixar de praticar atos de sua competência

legal. Daí porque a omissão da autoridade ou o silêncio

da Administração, quando deva agir ou manifestar-se,

gera responsabilidade para o agente omisso e autoriza a

Idem.p. 190

Praça Antônio Parreira Duarte, S/n°, Stítor Castelo Branco - CEP 75.635-000Pont/Fax: (64)3419-1344

Page 19: ACP Agetop

Ministério Públitcdo Estado de Goiás W- Promotoria de Justiça de Cromínia - Goiás

obtenção do ato omitido, por via judicial..." (in Direito

Administrativo Brasileiro, Ed. RT, 11° edição, pg. 67)

Ao poder-dever de administrar alinha-se o dever de eficiência,

impondo-se a todo agente público realizar suas atribuições com presteza e

rendimento funcional. É o mais moderno princípio da função administrativa, que já

não se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo resultados

positivos para o serviço público e satisfatório atendimento das necessidades da

comunidade e de seus membros.

Vale destacar que a omissão na manutenção da rodovia caracteriza

desvio do poder, passível de correção judicial. A responsabilidade do requerido c cristalina,

na medida em que à AGETOP eabe realizar a adequada conservação das vias cm testilha.

3 - DA LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO

A Constituição da República Federativa do Brasil, em seu artigo 127,

ao estabelecer que ao Ministério Público incumbe a defesa da ordem jurídica, do

regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, deixou bem

clara a legitimidade para defender, também, direitos individuais e sociais

indisponíveis.

In casu, o principal direito que se busca garantir é justamente o

direito à vida, previsto na precisa redação do artigo 5° da magna carta:

Art. 5° - Todos são iguais perante à lei, sem distinção de qualquer

natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes

no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à

segurança e a propriedade, nos seguintes termos."

Aclarando, ainda mais a legitimidade do Ministério Público, o artigo

129, da Magna Carta, em seus incisos II e III, dispôs:

"Art. 129 - São funções institucionais do Ministério Público:

I - omissis;

Prai;u Antônio Parreira Duarte, s/n°, Setor Castelo Kranco - CEP 75.635-000Fone/Fax: (64)3419-1344

Page 20: ACP Agetop

MMr BB BBi ^™

do íslasio flc Goiás Promoforia de Justiça de Cromínia - Goiás

II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos

serviços de relevância pública aos direitos assegurados

nesta constituição, promovendo as medidas necessários à

sua garantia";

III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a

proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente

e de outros interesses difusos e coletivos;"

Outras regras vertidas na Lei da Ação Civil Pública podem ser

destacadas no afã de confirmar a legitimidade Ministerial para o manejo da presente

demanda e, também, para delinear seus objetos5 (indenização e obrigações de fazer e

não-fazer):

"Art. 3°. A ação civil poderá ter por objeto a condenação em

dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.

Art. 5°. Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação

cautelar;

I - o Ministério Público:"

Colige-sc dos dispositivos supratranscritos que a Ação Civil Pública é

o instrumento adequado para a proteção, prevenção c reparação dos danos causados

aos interesses difusos (ai inserido o direito do usuário ao trânsito seguro e ao

resguardo do patrimônio público), coletivos e individuais homogêneos, estando o

Ministério Público legitimado a ajuizar mencionada ação.

4. DA COMPETÊNCIA

O artigo 2°, da Lei n° 7347/85, dispõe:

"(....) Embora o ait. 3" da Lei 7.347/85 disponha que a ação civil poderá ter por objeto a condenação emdinheiro 'ou' o cumprimento de obrigação de fazer ou nào fazer, pcrmite-sc a cumulação dos pedidos.pois a ação civil pública é instrumento que visa à tutela integral do meio ambiente e somente após a instruçãoprobatória c que será avaliada qual a modalidade ideal de reparação do dano ambiental. (...)•" (Apelação Cíveln° 1.0702.07.346580-0/001(1), 3a Câmara Cível do T J M G, Rei. Albergaria Costa, unânime, Publ.28.02.2008).

Praça Antônio Parreira Duarte, s/n°, Setor Castelo Branco - CEP 75.635-000Fone/fax: (64)34^9-'344

°

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Promotoria de Justiça de Cromínia - Goiás

"Art. 2° - As ações pre\istas nesta lei serão propostas no foro do

local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para

processar e julgar a causa.

Parágrafo único - A propositura da ação prevenirá a jurisdição do

juízo para todas as ações posteriores intentadas que possuam a

mesma causa de pedir ou o mesmo objeto".

É imprescindível asseverar que o escopo da Lei da Ação Civil Pública

em concretizar a jurisdição no foro do local do dano, determinando a competência

funcional do juízo, estava atrelada em permitir ao destinatário das provas, a

concretização, com maior clareza possível, sobre a extensão dos fatos e de suas

conseqüências.

A sistemática processual e a prerrogativa de foro de determinados

entes públicos, sofreram mudanças com a identificação de que o órgão jurisdicional

competente é aquele correspondente ao local do dano, prorrogando-se a competência

em sede de prevenção.

Cite-se, por oportuno, magistério do Prol Sérgio Ferraz, in "Ação

Civil Publica - Comentários 15 anos da ACP", Ed. Revista dos Tribunais, in verbis:

"De outro lado, cabe considerar que, muito embora a União,

entidade autárquica ou empresa pública federal figurem em ação

civil pública na condição de autores, rés, assistentes ou oponentes,

ainda assim será competente a Justiça Estadual para processar e

julgar a causa em primeiro grau de jurisdição, se a Comarca onde

vier a ocorrer ou ocorrem dano não é sede de Vara de Juízo

Federal, porém, havendo recurso, competente para apreciá-lo será

o Tribunal Regional Federal com jurisdição na área do Juiz de

primeiro grau que proferiu a decisão recorrida, isso levando em

conta o disposto no artigo 2°, da Lei n° 7347/85, o artigo 109, § 3°,

infine e seu § 4°, da Constituição Federal"

/'raça Antônio Parreira Duarte, s/n°, Setor Castelo / f ranco - CEP 75.635-000 ,- 3>ÍA ^Fone/Fax: (f>4)34i9-*344

'

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///í\Ministério PúbllccdoEStaiíOôe Goiás l Promotoria de Justiça de Cromínia - Goiás

5. DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA

Baseado no princípio da efetividade do processo como

instrumento da jurisdição, o legislador tem se preocupado com a "tutela de urgência",

que, como é cediço, pode revelar-se através de variados instrumentos. É exatamente

por esse motivo que alguns diplomas legais têm contemplado a matéria com o

objetivo primordial de evitar a ocorrência de dano irreparável ou de difícil reparação

em virtude da demora do julgamento da demanda.

Nesse caminhar, importa destacar o instituto da antecipação dos

efeitos da tutela, o qual encontra previsão expressa no art. 273 do CPC, nos

seguintes termos:

Art. 273. O Juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou

parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde

que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da

alegação e:

l - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação;

Avançando sobre o tema, necessário colacionar a precisa lição de

JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO sobre a previsão normativa vertida no art.

12 da LACP ("poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem

justificação prévia, em decisão sujeita a agravo"):

"A tutela preventiva tem por escopo impedir que possam consumar-

se danos a direitos e interesses jurídicos em razão da natural demora

na solução dos litígios submetidos ao crivo do «Judiciário. Muito

freqüentemente, tais danos são irreversíveis e irreparáveis,

impossibilitando o titular do direito de obter concretamente o

benefício decorrente do reconhecimento de sua pretensão.

(...) A simples demora, em alguns casos, torna inócua a proteção

judicial, razão por que as providências preventivas devem revestir-se

da necessária presteza."6

Ação Civil Pública - comentários por artigo. 6a cd. Rio de Janeiro: Lumcn Júris, 12007, p. 343.

Praça Antônio Parreira Duarte, -S/n°, Setor Castelo Branco - CEP 75.635-000 r~~'C-~'-~'Fone/Fax: (64)3419-1344

Page 23: ACP Agetop

Ministério PúbltcctíoEstatío de Goiás I Promoíoria de Justiça de Cromíma - Goiás

Nessa mesma toada, o artigo 84 (c seus parágrafos) da Lei n°

8.078/90, aplicável ao caso por força da conjugação dos artigos 21 da LACP e 90 do

CDC, estabelece objetivamente que:

Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação

de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação

ou determinará providências que assegurem o resultado prático

equivalente ao do adimplemento.

§3°. Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo

justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz

conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o

réu.

§4°. O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na sentença, impor multa

diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for

suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável

para o cumprimento do preceito.

§5°. Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático

equivalente, poderá o juiz determinar as medidas necessárias, tais

como busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas, desfazimento

de obra, impedimento de atividade nociva, além de requisição de

força policial.

Já a Lei n° 8.437/92, que dispõe quanto à concessão de medidas

cautelares contra atos do poder público, estabelece em seu artigo 2°, m verbis:

Art. 2° No mandado de segurança coletivo e na ação civil pública, a

liminar será concedida, quando cabível, após a audiência do

representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que

deverá pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.

APor sua vez, a lei n° 9.494/97, que disciplinou a aplicação da tutela

_u

antecipada, contra a Fazenda Pública, estabelece em seu artigo 1°, in uerbis:

Praça Antônio Parreira Duarte, s/n", Setor Castelo Branco - CI-:P 75-f>35-(>ooFone/Fax: (64)341^-1344

Page 24: ACP Agetop

Ministério Pübltcedo Eslatíode Goiás l Promoforia de Justiça de Crominia - Goiás

Art. 1° Aplica-se à tutela antecipada prevista nos artigos 273 e 461 do

Código de Processo Civil o disposto nos artigos 5° e seu parágrafo

único e 7° da Lei n° 9348, de 26 de junho de 1964, no artigo 1° e seu

§4°, da Lei n° 5021, de 9 de junho de 1966 e no artigo 1°, 3° e 4°, da

Lei n° 8437, de 30 de junho de 1992.

Neste aspecto, é imprescindível afirmar que a vontade do legislador

foi dificultar ou mesmo impossibilitar a concessão antecipada do pedido deduzido em

ação civil pública ou em mandado de segurança, quando o objeto da lide versar

questão patrimonial, envolvendo remuneração.

Tal desiderato se dera justamente em razão dos incontáveis efeitos

deletérios aos cofres públicos, face à possibilidade de não se obter a recomposição do

dano, caso a demanda proposta venha a ser julgada improcedente.

No entanto, versando a respeito de obrigação de fazer, em que o

objeto da lide seja outro que não remuneração de senador ou concessão de vantagens

pecuniárias, não há como se limitar a antecipação da tutela, quando verificados os

requisitos necessários à identificação desta.

E é exatamente isso que se observa no presente caso.

Para clarear o tema, mister seja feito um paralelo com as questões

ambientais, onde se adota o Princípio da Prevenção, mesmo quando o autor das

agressões é pessoa jurídica de direito público.

Nestes casos, há posição inconteste da necessidade de se evitar que o

dano atinja condições impossíveis de recuperação, servindo de fundamento para o

manejo, a pedido do autor ou de ofício, da tutela antecipada, com aplicação de multa

diária, em sede de obrigações de fazer ou não fazer.

Portanto, se no âmbito do meio ambiente tem-se a clara noção de se

prevenir (até porque protegendo-se o meio ambiente em última análise o que

resguarda é o direito à vida), com a mesma razão haverá de se resguardar o direito

difuso ao trânsito seguro, também previsto para o resguardo da vida.

Frise-se que os acidentes de trânsito estão entre as principais causas

de morte do Brasil7.

Em 2004, um total de 127.470 óbitos por causas externas foram notificados pelo Sistema de Informação deMortalidade (SIM). Deste total, 107.032 (84%) mortes ocorreram entre a população masculina e 20.368 (16

Praça Antônio Parreira Vitartc, s/n". Setor Castelo Bronco - CKP 75.6.95-000Fone/Fax: (64)3419-1344

Page 25: ACP Agetop

Ministério Publtcc£f§ Istado ÚE Goiás l Promoforía de Justiça de Cromínia - Goiás

Diante dessas sumárias razoes, verifica-se que m casu estão

presentes os requisitos legais para a concessão liminar8 da antecipação dos

efeitos da tutela, no afã de impedir que a omissão, que se arrasta a décadas, com

flagrante violação de várias normas cogentes, constitucionais e legais (presente,

portanto, o relevante fundamento da demanda), traga ainda maiores danos aos

usuários das rodovias c ao patrimônio público.

Isso porque a natural demora no julgamento da presente Ação Civil

Pública poderá frustrar sua eficácia final, porquanto a omissão das requeridas poderá

tornar absolutamente impossível a recuperação do leito das rodovias, impondo ao

erário maiores gastos com a conseqüente reconstrução das vias públicas. Ademais,

enquanto perdurar a situação de afronta ao dever de dar condições de segurança no

trânsito, os riscos à saúde e vida dos utentes será intolerável.

Em suma: encontram-se preenchidos os requisitos para o

deferimento da medida liminar ora pleiteada, a saber: o relevante fundamento da

demanda (fumus boni júris) e o justificado receio de ineficácia do

provimento final (periculum m mora).

A tutela antecipada, no caso em tela, visa obrigar as requeridas a dar

cumprimento aos exatos termos dos contratos firmados com a AGETOP,

imediatamente, antes do início das chuvas.

entre as mulheres. A mortalidade por acidentes de transporte terrestre configura-se como asegunda causa de morte no conjunto das causas externas, representado 28% deste total, atrássomente das agressões. FONTIÍ: Portal da Saúde (www.saudc.gov.br).

No mesmo sentido, estudo da Organização Mundial da Saúde, publica no Jornal Estado de São Paulo, cujamanchete dispõe que "Acidente de trânsito é maior causa de morte de jovens, diz OMS". Aduz que "Acidentesrodoviários são a principal causa de morte de pessoas entre 5 e 29 anos, afirma a Organização Mundijil deSaúde (OMS) cm estudo divulgado nesta quarta-feira, 2. De acordo com a agência ligada à Organização dasNações Unidas (ONU), quase metade dos mortos em acidentes rodoviários no mundo são pedestres, ciclistas emotociclistas.

Por ano, 1,2 milhão de pessoas morrem no trânsito, segundo a OMS. Mais de 90% das mortes ocorrem nasnações em desenvolvimento. Nos países mais pobres, 80% das mortes no trânsito são de "usuáriosvulneráveis", ou pessoas que não estão nos carros. Ainda segundo a OMS, o número de pessoas feridas notrânsito se aproxima de 50 milhões. O relatório se baseia cm dados de 2008.

A divulgação do estudo, descrito pelos funcionários da OMS como a primeira análise ampla de segurançano trânsito em 178 nações, coincidiu como uma Assembléia Geral da ONU que declarou que os próximos dezanos serão de ações do órgão para o assunto.

"Não serão apenas puflVru 110 papel para unia hoa c burocrática resolução da ONU. Nós Urmu:» um planode ação, sabemos o que precisa sei' feito, c temos a intenção de colaborar com muitas outras agências", disseEtienne Krug, do departamento para redução de ferimentos e violência da OMS cm Genebra.

O objetivo, segundo os oficiais do órgão, é diminuir o índice de mortes na década em 50%, o que devesalvar 5 milhões de vidas.

"Por medida liminar deve-se entender medida concedida in limine litis, i. é, no início da lide, sem que tenhahavido ainda a oitiva da parte contrária. Assim, tem-se por liminar um conceito cronológico, caracterizado porsua ocorrência em determinada fase do procedimento, qual seja, o seu início (...)." (DIUIKR Jr., Fredie. Cursode Direito Processual Civil. vol. 2. Salvador: JusPODIVM, 2007, p. 529-530).

Praça Antônio Parreira Duarte, s/n°, Setor Casleto Branco - CIZP 75.635-000l''one/Fax: (64)3419-1344

Page 26: ACP Agetop

Promoforia de Justiça de Cromínia - Goiás

O que se objetiva, portanto, é obrigar a requerida AGETOP a cumprir

com as suas funções institucionais, guarnecendo o cidadão com a segurança

necessária, permitindo-lhe o direito à vida, através de ações concretas, bem como

compelir as empresas por elas contratadas (Consórcio Caiapó/Teccon e CCB

Ltda.), a dar integral cumprimento aos contratos firmados.

Resta, portanto, apenas o cumprimento do prazo de 72 horas,

previsto pela Lei n° 8.437/92, para que a requerida AGETOP seja obrigada, através

de tutela jurísdicional antecipada, a arcar com o dever de manutenção das Rovías

Estaduais GO-217, GO-04O e GO-215.

Frise-se, por oportuno, posicionamento doutrinário, firmado pelo

Douto Prof. Humberto Theodoro Jr., a respeito, in verbis:

"Com relação à tutela antecipada, a Lei n° 9494, de 10.09.1997,

mandou aplicar-lhe as restrições da Lei n° 8437/92, sujeitando,

destarte, sua aplicação liminar ao mesmo regime restritivo traçado

para o mandado de segurança e as medidas cautelares. Isto, porém,

não representa uma vedação completa e irrestrita ao cabimento de

medidas antecipatórias contra o Poder Público. Ao contrário, o que

se deduz da Lei n° 9.494 é justamente a admissibilidade de

semelhantes medidas, as quais apenas nas hipóteses excepcionais

enumeradas pelo legislador sofreriam restrições ou impedimentos.

Logo, fora das limitações ao aludido diploma legal, as médias de

antecipação de tutela são normalmente aplicáveis também em face

da Administração Pública.

É importante ressaltar que o direito à antecipação de tutela, tal

como o direito às medidas cautelares, integra o direito à efetividade e

tempestividade da tutela jurisdicional, constitucionalmente

garantido.

"O Direito de acesso à Justiça, albergado no art. 5°, XXXV, da

Constituição Federal, não quer dizer apenas que todos têm direito a

recorrer ao Poder Judiciário, mas também quer significar que todos

têm direito à tutela jurisdicional efetiva, adequada c tempestiva".

Praça Antônio Parreira Duarte, s/n°, Setor Castelo B ranco - CEP 75.635-000Fone/Fax; (64)3.41^-1^44

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Quer isto dizer que, "se o legislador infraconstitucional está

obrigado, em nome do direito constitucional à adequada tutela

jurisdicional, a prever tutelas que, atuando internamente no

procedimento, permitam uma efetiva e tempestiva tutela

jurisdicional, ele não pode decidir, em contradição com o próprio

princípio da efetividade, que o cidadão somente tem direito à tutela

efetiva e tempestiva contra o particular. Dizer que não há direito à

tutela antecipatória contra a fazenda Pública em caso de 'fundado

receio de dano' é o mesmo que afirmar que o direito do cidadão pode

ser lesado quando a Fazenda Pública é ré."

Ante o exposto, com esteio nos arts. 12 da LACP e 84 (e parágrafos)

do CDC, o "Parquet" apresenta os seguintes pedidos de caráter liminar:

5.1 Seja determinado à AGETOP e às requeridas

"Consórcio Caiapó/Teccon" e "CCB Ltda.", que dêem

continuidade às obras nas Rodovias Estaduais GO-

217, GO-215 e GO-217, nos trechos inseridos nos

municípios de Cromínia, Mairipotaba e Professor

Jamil, nos exatos termos dos contratos firmados

entre elas, no prazo de 3O (trinta) dias» sob pena

de cominação de multa liminar diária no valor de

R$ 20.000,00 (Vinte mil reais) a cada unia delas.

quantia mínima necessária para que as requeridas sejam

compelidas a cumprir a l iminar , abstendo-se, outrossim,

de apenas "jogar" asfalto na rodovia. Em caso de

descumprimento, os valores deverão ser revertidos ao

Fundo Municipal do Meio Ambiente.

5.2 Diante da inércia das requeridas em dar início às

obras no pra/o estabelecido na liminar, e de forma

alternativa, pugna o "Parquet" pelo bloqueio de recursos esubstituição do sujeito constitucionalmente atribuído» ̂

Praça Antônio Parreira Duarte, s/n°. Setor Castelo Branco - C K P 75.635-000 .^w

Pon*/Fax: (64)3419-1344 Ge< -^Ov*

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determinando-lhe, também, prazo para que cumpra a

obrigação e assim se assegure resultado prático

equivalente.

Bloqueados os recursos públicos previstos no orçamento da ré

AGETOP e mantida a sua movimentação mediante autorização

judicial, sejam intimados os Prefeitos Municipais de

Cromínia, Mairipotaba e Professor Jamil para que

assumam a condição de gestor da manutenção das

Rodovias GO-215, GO-O4O e GO-217, nos exatos termos

requeridos nesta ação, adotando os procedimentos previstos na Lei

n° 8.666/91 para a execução da obra, caso não o faça de forma

direta, concluindo-a no prazo de 6o (sessenta) dias;

5.3 Diante da não realização da obra diretamente pelas

requeridas ou através de terceiros, mediante contrato, como também

da não execução imediata nos termos determinados aos Prefeitos dos

Municípios de Cromínia, Mairipotaba e Professor Jamil, pugna o

"Parquet" que, havendo danos aos usuários das rodovias em questão,

seja indicada na decisão a responsabilidade da AGETOP e do

Estado de Goiás quanto aos prejuízos materiais e morais

causados a todos aqueles que utilizarem as rodovias no período que

as mesmas estejam cm condições inseguras ao trânsito, como

atestado nos documentos que instruíram a inicial.

6 - DOS PEDIDOS DEFINITIVOS

Na defesa de uma ordem jurídica justa, do direito fundamental à vida

e segurança, e ainda visando o resguardo do patrimônio público, e com estribo na

fundamentação fática e jurídica deduzida nesta peça inaugural, o MINISTÉRIO

PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS requer a prestação de uma tutela efetivamente .,.

protctiva e, para tanto, apresenta os seguintes pedidos e requerimentos:i.nOr *

Pruçu Antônio Parreira Duarte, s/n0, Setor Castelo Branco - CEP 75.635-000Fona/Fax: (64)34*9-1344

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Mlnislcrio Públice • • * * * *ooEs ta t f9 íeGOÍÉS l ^romoíonti de Justiça de Cromima - Goiás

6.1. Seja a presente ACP recebida, autuada e processada de acordo

com o rito ordinário, com a observância das regras vertidas no

microssistema de proteção coletiva (arts. 21 da LACP e 90 do CDC);

6.2. Seja expedido ofício as requeridas "Consórcio

Caiapó/Teccon" e a "CCB Ltda., requisitando cópia dos contratos

sociais e de todas as alterações existentes;

6.3. A citação das demandadas, para, querendo, contestarem a

presente ação, sob pena de revelia e suas conseqüências jurídicas;

6.4. A publicação de edital em órgão oficial, a fim de que eventuais

interessados, querendo, possam intervir no processo como

litisconsortes, em conformidade com a previsão legal do art. 94 do

CDC;

6.5. Que as diligências oficiais sejam favorecidas pelo art. 172, § 2°,

do CPC;

6.6. A comunicação pessoal dos atos processuais, nos termos do

art. 236, § 2°, do CPC, e do art. 41, inc. IV, da Lei 8.625/93;

6.7. A concessão dos provimentos liminares pleiteados nos moldes

descritos no item "5" (Da Antecipação de Tutela};

6.8. Que seja apreciado também como pedido definitivo o pleito de

antecipação dos efeitos da tutela;

6.9. A condenação das requeridas ao pagamento das despesas

processuais.

Por fim, este Órgão Ministerial protesta, ainda, por provar o alegado

através de todos os meios de prova cm direito admitidos e, em especial, pela oitiva

Pruf;a Antônio Parreira Duarte, s/n0, Setor Castelo Branco - CEP 75.635-000 (•Fone/Fax: (64)3-119-1344

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testemunhas, realização de perícia, inspeção judicial e futura juntada de

documentos.

Embora inestimável (porquanto o que se busca é tutelar o direito à

vida), dá-se à causa o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), para fins legais.

Nesses termos, pede-se DEFERIMENTO.

Cromínia, 07 de julho de 2010.

Gertâil

Promotora de Justiça

Praça Antônio Parrvira Duarte, s/n0, Setor Castelo Branca - CEP 75.635-000Fone/Fax: (64)3419-1344