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Page 1: Act. 3

Universidade Católica Portuguesa PRO_LGP – Licenciatura em Língua Gestual Portuguesa Unidade Curricular: História da Educação de Surdos II

Professor: Paulo Vaz de Carvalho

Sílvia Zúniga N.º 199009523

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ACTIVIDADE 3

1. Em relação aos Surdos no século XX caracterize:

A) Os Surdos na 2 ª Guerra Mundial

A situação dos surdos durante a 2ª Guerra Mundial foi um período negro da

história da humanidade, que só começou a ser conhecida recentemente, a

partir de 1993 com a descrição de factos vividos pelos poucos surdos que

conseguiram escapar ao Holocausto.

Em 1933, o governo nazi, liderado por Hitler, aprovou uma lei que permitia a

esterilização de pessoas com doenças transmissíveis, uma prática que já

acontecia desde 1920 e também afectava psicopatas, criminosos e pessoas

com problemas mentais. A lei aprovada provocou uma grande revolta na

comunidade surda que se organizou formando uma associação chamada

Regede, mas que foram ocupados pelo partido nazi que nomeou como

presidente dessa associação, o surdo nazi Fritz Abryhs. Os ideais nazis

procuravam uma raça perfeita de seres humanos, a raça ariana, o que excluía

os surdos judeus, que começaram a ser esterilizados e mais tarde, em 1941

foram assassinados por serem seres imperfeitos e inferiores à raça ariana.

Os outros surdos, desconheciam o que se passava com os surdos judeus, por

julgarem que estes tinham mudado de cidade à procura de uma vida melhor.

O regime nazi perseguia principalmente os ciganos, os judeus e as pessoas

com deficiências. Os pais de crianças com deficiência estavam convencidos de

que os centros especiais para onde enviavam os seus filhos, eram unidades de

tratamento para curar os problemas dos seus filhos, desconhecendo que era lá

que os seus filhos seriam exterminados. Durante a 2ª Guerra Mundial, poucos

surdos conseguiram sobreviver, em que de 600 surdos apenas resistiram 34 na

cidade de Berlin, dos quais alguns sobreviveram em campos de concentração.

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B) Deaf President Now O movimento “Deaf President Now” aconteceu nos Estados Unidos da

América, na universidade de Gallaudet.

A universidade de Gallaudet foi fundada em 1857 para dar formação superior a

pessoas surdas. Apesar da população da universidade ser maioritariamente

surda, tinha sido sempre pessoas ouvintes que administravam a universidade,

o que começou a gerar descontentamento crescente na comunidade

universitária (alunos e funcionários).

Em 1987, quando Jerry Lee se demitiu, o conselho executivo propôs 3 nomes

para o substituir, sendo que dois deles eram surdos.

Foi eleito a única pessoa ouvinte (Elisabeth Zinser) contra I. King Jordan e

Harvey Corson. Esta decisão gerou revolta na comunidade na universidade,

pois os candidatos vencidos eram pessoas com elevada qualificação, o que

gerou um sentimento de discriminação, quando o objectivo da universidade é

defender os direitos das pessoas surdas.

Os estudantes começaram um movimento de protesto contra Zinser, exigindo a

renomeação de um reitor surdo, e a demissão do presidente responsável pela

escolha de Zinser e defendeu uma reestruturação no conselho executivo e

ausência de castigos.

A 10 de Março de 1988, Zinser demite-se e é nomeado I. King Jordan o que

agradou imenso a comunidade surda.

King Jordan era um professor muito respeitado e com vários prémios pelo seu

trabalho desenvolvido. Em 1993, Bill Clinton, presidente dos EUA convidou

Jordan para vice-coordenador do comité para o emprego de pessoas com

incapacidades.

Mas quando King Jordan se demitiu e sugeriu que o seu sucessor fosse Jane

Fernandes, a comunidade surda voltou a manifestar desagrado, pois a

nomeação não era por motivos profissionais, mas sim por motivos pessoais. A

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revolta foi enorme e King Jordan teve de desistir na defesa a Jane, que acabou

por se demitir.

Estas duas revoltas demonstram que a comunidade surda quando se sente

discriminada e ofendida, que é capaz de se organizar e de lutar pelo seu

destino e pela defesa dos seus direitos.

2. Relativamente ao reconhecimento das línguas gestuais na Europa

refira os seguintes casos:

França A língua gestual foi sempre tema de grande debate porque a história do ensino

de surdos foi sempre polémica com 2 grupos opostos – método gestual e

método oral.

Em 2004 o senado Francês aprovou uma lei que reconhece a língua gestual

francesa como a língua oficial da comunidade surda em França, introduzido a

língua gestual na escolaridade obrigatória, para os alunos surdos e ouvintes

aprenderem esta língua.

Suécia

A Suécia é o único país que tem desenvolvido o ensino bilingue de Surdos,

que abrange todo o país e todas as idades, desde o pré-escolar até ao ensino

superior.

Em 1981, o parlamento sueco aprovou uma lei sobre o ensino Bilingue para

que o surdo seja falante na língua gestual e também na língua sueca.

As crianças e os jovens surdos frequentam escolas para surdos, e os alunos

ouvintes podem escolher a língua gestual como a segunda ou a terceira língua.

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Os familiares das crianças e jovens surdos têm disponíveis serviços apoiados

pelo estado para aprenderem língua gestual.

Os familiares recebem um financiamento do governo e têm um horário de

trabalho reduzido para poderem frequentar as aulas de língua gestual sueca.

A investigação da língua gestual sueca iniciou em 1972, quando foi criado o

Instituto de Linguística da Universidade de Estocolmo com o objectivo de dar

formação aos educadores e professores surdos para aplicação do sistema

bilingue numa base científica.

Espanha

A língua gestual não é reconhecida oficialmente, embora o seja em várias

regiões do país.

A Federação Nacional Espanhola de Surdos tem lutado para o reconhecimento

da língua gestual e na educação de surdos, desde 2001.

Em 1994, na Catalunha foi feita uma proposta para aplicação do ensino

bilingue de Surdos e investigação académica.

Grã-Bretanha

Na Grã-Bretanha é utilizada a língua gestual britânica (BSL), embora existam

vários dialectos que surgiram nas escolas específicas de surdos.

Apesar do Reino Unido ou Grã-Bretanha ter reconhecido a BSL em 2003, já

desde 1980 que a BSL era ensinada nas escolas específicas para surdos, mas

mais tarde, estas escolas foram encerradas e os alunos surdos foram

integrados em escolas regulares em conjunto com crianças ouvintes, o que

limitou um pouco o uso da língua gestual.

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Actualmente a BSL é utilizada em espaços públicos, teatros, TV, universidades

e conferências.

Tal como em Portugal, a língua gestual foi proibida nas escolas e sobreviveu às

escondidas até ao seu reconhecimento oficial.

3. Elabore uma síntese sobre o tema “Os Surdos na Arte” Ao longo da história da humanidade, durante as várias épocas, foram vários os

Surdos que se destacaram na área da Arte.

O registo mais antigo sobre um artista surdo data do tempo do Império

Romano. O Surdo, de nome Quintus Pedius foi um pintor que para trabalhar

como artista teve de pedir uma autorização ao Imperador.

Não existem referências sobre os artistas Surdos relativo ao período da Idade

Média.

Durante a época do Renascimento, existiram vários pintores Surdos como

Hercule de Ferrara, François, sendo o mais conhecido o Bernardo Biagi.

Biagi ficou surdo na adolescência e as suas obras mais famosas foram “Os

Milagres de Saint Bernardin” em Roma e alguns frescos sobre a vida de Moisés

pintados na Capela Sistina. Também participou na decoração dos aposentos

dos Papas Inocêncio VIII e de Alexandre VI.

No período Barroco, foram várias as pessoas Surdas em Espanha, Holanda e

França que se destacaram.

Em Espanha distinguiram-se artistas Surdos como Jaime Lopes, Pedro o

Mudo, Del Arco e Juan Navarette que ficou surdo aos 3 anos de idade e foi

educado num mosteiro. Mais tarde mudou para Itália para estudar com grandes

mestres da pintura. Trabalhou na decoração do Palácio do Escoural em Madrid

a convite do Rei Filipe II.

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Também em Espanha existiu um padre Surdo, Gaspar de Burgos que fez um

grande trabalho como copista e tornou-se num grande iluminador.

Na Holanda, Hendrik Van Campus foi um pintor Surdo de arte barroca sobre

paisagens, tal como foi o pintor Elzenerus.

Em França a arte barroca era onde tinha grande representação, e por isso

muitos artistas Surdos de toda a Europa iam até Paris aprender com os

mestres.

Foram vários artistas franceses que se destacaram como por exemplo Claude

Deseine, aluno do Abade de L’Epée que esculpiu o seu busto e o de outras

pessoas. Também se destacou o artista Claude Wallon que elaborou um

retrato a carvão do Abade L’Epée e mais tarde trabalhou com o mosaico, do

qual existe um conjunto que se pode visitar no museu do Louvre.

Berthier que ajudou a criar a primeira associação de Surdos do mundo, e a

organizar os Banquetes, também se tornou num elemento importante na área

das Artes, por ter sido professor de artes e artista plástico, do qual se destaca

uma gravura que representa um homem em fúria em luta com uma serpente

gigante que desliza pela sua boca, numa representação do método oralista.

O Abade LÉpée que se tornou numa figura importante para a comunidade

surda, foi representado através de busto, de estátua (executado por Michaut,

artista surdo) e pintura (feito pelo pintor surdo Frederic Peyson com o nome

“Os últimos Momentos do Abade de L’Epée).

Na história da arte mais recente, surgiram várias classes de arte,

nomeadamente o Neoclássico, o Romantismo e o Impressionismo. Nestas

diferentes classes participaram vários artistas surdos e que se destacaram

pelos seus trabalhos únicos.

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Na arte Neoclássica é de realçar Nicolas Hennequin que foi um arquitecto na

cidade de Paris, e René Princeteau que foi um pintor que se destacou pela sua

obra onde representou George Washington a cavalo.

No Romantismo destaca-se o trabalho dos irmãos surdos, Félix Martin, Ernesto

Martin e Jorge Martin.

Na escultura, foram relevantes os vários trabalhos feito por Paul François

Chopin, sendo o mais relevante a obra “O Doutor Paul Broca”, mas que foi

destruída durante a 2ª Guerra Mundial; e os trabalhos efectuados por Fernand

Hamar com várias estátuas sobre figuras que participaram na Guerra da

Independência Americana.