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Acta Reumatológica Portuguesa suplemento Vol 33 • Nº 1 Janeiro/Março 2008

Acta Reumatológica Portuguesa · Curso de Ecografia Músculo-Esquelética 25 3º Curso Livre «Estudo do Líquido Sinovial 36 LIÇÕES PLENÁRIAS ... MR14.1 • Manual do Sono para

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Acta

Reumatológica

Portuguesa

suplemento

Vol 33 • Nº 1Janeiro/Março 2008

Acta Reumatológica Portuguesa

C O N S E L H O E D I T O R I A L

Editor Chefe (Chief Editor)Maria José Parreira Santos

Editores Associados (Associated Editors)António Albino Teixeira José António Pereira da SilvaElizabeth Benito-Garcia José Carlos RomeuHelena Canhão Maria José LeandroLuís Graça Paulo NicolaJoão Eurico Fonseca Teresa Carvalho

Alfonse Masi (E.U.A.)Anisur Rahman (Reino Unido)António Lopes Vaz (Portugal)Auli Toivanen (Finlândia)Dafna Gladman (Canada)David Isenberg (Reino Unido)Eliseo Pascual (Espanha)Emilia Sato (Brasil)Francisco Airton da Rocha (Brasil)Gabriel Herrero-Beaumont (Espanha)Gerd Burmester (Alemanha)Graciela Alarcon (E.U.A.)Hasan Yazici (Turquia)Ian Chikanza (Reino Unido)Jaime C. Branco (Portugal)Jan Dequeker (Bélgica)Johannes Bijlsma (Holanda)JCW Edwards (Reino Unido)Joachim Kalden (Alemanha)John Isaacs (Reino Unido)

Joseph Smolen (Áustria)Juan Gómez-Reino (Espanha)Loreto Carmona (Espanha)Marcos Bosi Ferraz (Brasil)Maria Odete Hilário (Brasil)Mário Viana de Queiroz (Portugal)Maurízio Cutolo (Itália)Maxime Dougados (França)Michel Revel (França)Patricia Woo (Reino Unido)Piet van Riel (Holanda)Rainer H. Straub (Alemanha)Ralph Schumacher (E.U.A.)Raashid Luqmani (Reino Unido)Steffen Gay (Suiça)Tim Spector (Reino Unido)Tore Kvien (Noruega)Yehuda Shoenfeld (Israel)Yrjö Konttinen (Finlândia)

Administração, Direcção Comercial e Serviços de PublicidadeMedfarma - Edições Médicas, LdaAlameda António Sérgio 22, 4º BEdif. Amadeo de Souza-Cardoso1495-132 AlgésTel: 214 121 142Fax: 214 121 146

RedacçãoSociedade Portuguesa de ReumatologiaRua D. Estefânia 177, 1º D1000-154 Lisboa

Depósito Legal: 86.955/95

Tiragem: 7.500 exemplares

RegistoIsenta de inscrição no I.C.S. nos termos da alínea a) do n.o 1 do artigo 12.0 do Decreto Regulamentar n.o 8/99, de 9 de Junho.

Preço: 10 €

Impressão e AcabamentoDilazo

Produção GráficaRita Correia

PeriodicidadePublicação Trimestral

Proibida a reprodução, mesmo parcial, de artigos e ilustrações, sem prévia autorização da Acta Reumatológica Portuguesa. Exceptua-se a citação ou transcrição de

pequenos excertos desde que se faça menção da fonte.

C O N S E L H O E D I T O R I A L I N T E R N A C I O N A L

Revista referenciada no Index Medicus, Medline, Pubmed desde Janeiro 2006.Journal referred in Index Medicus, Medline, Pubmed since January 2006.

O papel utilizado nesta publicação cumpre os requisitos da ANSI/NISO Z39.48-1992 (Permanence of Paper).

The paper used in this publication meets the requirements of ANSI/NISO Z39.48-1992 (Permanence of Paper).

E D I T O R T É C N I C O

J. Cavaleiro

Presidente Dr. Augusto Faustino

Vice-Presidente Dr. José Carlos Romeu

Vice-Presidente Prof. Dr. João Eurico Fonseca

Sec. Geral Dr. Luís Maurício Santos

Sec. Geral Adjunto Dr.ª Maria José Santos

Tesoureiro Dr.ª Helena Canhão

Vogal Região Norte Dr.Armando Filipe Brandão

Vogal Região Centro Dr.ª Anabela Barcelos Figueiredo

Vogal Região Sul Dr.ª Ana Assunção Teixeira

Vogal Ilhas Dr. Herberto Jesus

D I R E C Ç A O

Ó R G Ã O S S O C I A I S D A S P R

B I É N I O 2 0 0 7 - 2 0 0 8

Presidente Dr. Domingos Araújo

Secretário Dr.ª Paula Valente de Oliveira

Vogal Dr.ª Ana Cristina Cordeiro

M E S A D A A S S E M B L E I A G E R A L

Presidente Dr. Armando Malcata

Relator Dr.ª Cláudia Margarida Cruz

Vogal Dr.ª Cândida Almeida Silva

C O N S E L H O F I S C A L

Dr. Rui André Santos

P R E S I D E N T E E L E I T O

A Acta Reumatológica Portuguesa é o órgão oficial da Sociedade Portuguesa de Reumatologia

XIV CONGRESSO

PORTUGUÊS DE

REUMATOLOGIA

Hotel Tivoli MarinotelVilamoura

2 a 5 de Abril de 2008

PROGRAMA OFICIAL

COMISSÃO PORTUGUESA DA DÉCADA

ÓRGÃO OFICIAL DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE REUMATOLOGIA - ACTA REUMATOL PORT. 2008;33:8-10 (SUP)

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P L A N TA D O M A R I N O T E L

Horário da exposição técnica Dia 2 de Abril - das 14 às 18 horas

Dias 3 e 4 de Abril - das 9 às 18 horasDia 5 de Abril - das 9 às 12h30

ÓRGÃO OFICIAL DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE REUMATOLOGIA - ACTA REUMATOL PORT. 2008;33:8-10 (SUP)

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ÓRGÃO OFICIAL DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE REUMATOLOGIA - ACTA REUMATOL PORT. 2008;33:8-10 (SUP)

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ÓRGÃO OFICIAL DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE REUMATOLOGIA - ACTA REUMATOL PORT. 2008;33:11 (SUP)

11

MENSAGEM DE BOAS-VINDAS

Cara(o)s Colegas

É com enorme prazer que em nome da Sociedade Portuguesa de Reumatologia vos dou as Boas--Vindas ao XIV Congresso Português de Reumatologia!

Tudo fizemos para vos oferecer um Congresso de rica e estimulante profundidade científica, em queà especificidade e complexidade do conhecimento e da prática médica na área da Reumatologia, seconciliasse a interacção com outras Especialidades que connosco partilham a abordagem das doençasreumáticas, demonstrando a importância vital de uma saudável colaboração inter-disciplinar naMedicina actual.

«A especificidade da Reumatologia» e «As fronteiras da Reumatologia com outras Especialidades»serão os dois vectores primordiais do nosso Congresso, dando nome a duas salas a funcionar emsimultâneo durante todo o Congresso – Sala João Figueirinhas e Sala João Rego – traduzindo estadualidade na abordagem das doenças reumáticas e homenageando dois ilustres Reumatologistas querecentemente nos deixaram, e que foram exemplos brilhantes da definição da competência específica daReumatologia e da sua relação transversal e integradora com todas as áreas do conhecimento médico.

A Clínica Geral/Medicina Familiar (CG/MF), parceiro fundamental na identificação atempada e naabordagem partilhada do doente reumático, mereceu-nos mais uma vez um destaque particular,traduzido na existência de uma Mesa-Redonda de interface entre a Reumatologia e a CG/MF e pelacriação de um novo espaço no CPR, os «Encontros com o Especialista», destinados aos colegas de ClínicaGeral, com abordagem prática de temas relevantes para a interacção entre as nossas especialidades.

Iremos ainda ter, pela primeira vez, os «Encontros com as Associações de Doentes», reuniões se-quenciais e sem sobreposições espalhadas ao longo de todo o programa do Congresso com estes par-ceiros fundamentais da SPR, na tentativa de perspectivar novas e mais dinâmicas formas de colaboração.

Mas um Congresso é também um espaço de reencontro e de convívio, de antigas e novas amizades,do acarinhar e desfrutar do lado humano da Medicina, que espero se possa constituir estímulo esemente para uma abordagem mais global e humanista do doente, decisiva na área específica dasdoenças reumáticas.

Aceitem o desafio de se contagiarem com o prazer que nos deu preparar este nosso encontro, e vamosem conjunto construir um Congresso brilhante, vibrante e de intensa qualidade científica e humana!

Augusto Faustino Presidente da SPR e do CPR

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12

Dr. Luís Maurício Santos (Presidente)

Dr.ª Ana Assunção Teixeira Dr. Herberto JesusDr.ª Anabela Barcelos Prof. Doutor João Eurico FonsecaDr. Augusto Faustino Dr. José Carlos RomeuDr. Filipe Brandão Dr.ª Maria José SantosDr.ª Helena Canhão Dr. Rui André Santos

C O M I S S Ã O O R G A N I Z A D O R A

Dr. Augusto Faustino (Presidente)

Dr. Alberto Quintal Prof. Doutor Jaime C. BrancoDr.ª Ana Assunção Teixeira Prof. Doutor João Eurico FonsecaProf. Doutor António Albino Teixeira Prof. Doutor José António SilvaProf. Doutor António Lopes Vaz Dr. José Canas da SilvaDr. Armando Malcata Prof. Doutor Luís GraçaProf. Doutor Carlos Vaz Dr. Luís PiscoDr. Domingos Araújo Prof. Doutor Mário Viana de QueirozProf. Doutor Francisco Simões Ventura Dr. Paulo NicolaProf. Doutor Henrique de Barros Dr. Rui André Santos

C O M I S S Ã O C I E N T Í F I C A

Presidente da RepúblicaPrimeiro-MinistroMinistra da Saúde

Director-Geral da Saúde Alta Comissária para a Saúde

Bastonário da Ordem dos Médicos Presidente da Associação Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral

Presidente do Colégio da Especialidade de ReumatologiaGovernadora Civil de Faro

Presidente da Associação de Municípios do AlgarvePresidente da Câmara Municipal de Loulé

C O M I S S Ã O D E H O N R A

Ordem dos MédicosDirecção-Geral da Saúde

Associação Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral

PAT R O C Í N I O C I E N T Í F I C O

Sociedade Portuguesa de Reumatologia

O R G A N I Z A Ç Ã O

Dr. Augusto Faustino

P R E S I D E N T E

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XIV CONGRESSO

PORTUGUÊS DE REUMATOLOGIA

S U M Á R I O / C O N T E N T S

Mensagem do Presidente 11

Programa Científico 39

Programa Nacional Contra as Doenças Reumáticas 53

Declaração Escrita sobre as Doenças Reumáticas – Contributo de uma Proposta 55no Parlamento Europeu

Encontros com as Associações de Doentes 230

C U R S O S P R É - C O N G R E S S O

Curso de Ecografia Músculo-Esquelética 25

3º Curso Livre «Estudo do Líquido Sinovial 36

L I Ç Õ E S P L E N Á R I A S

Can we predict autoimmune Rheumatic Diseases? 60Prof. Doutor Yehuda Shoenfeld

How to create a Centre of Excellence in Rheumatology from scratch? 61Prof. Doutor Paul Peter Tak

The genetics of osteoporosis 61Prof. Doutor Tim Spector

Destaques do Congresso 61Prof. Doutor Jaime C. Branco

M E S A S - R E D O N D A S

MR1 – Vasculites 66MR1.1 • Pistas clínicas para o diagnóstico de vasculites – Clinical clues on the diagnosis of vasculitis 66MR1.2 • Contributo do ANCA para o diagnóstico e tratamento das vasculites – How does ANCA contribute 71

to the diagnosis and management of vasculitis MR1.3 • Tratamento das vasculites primárias sistémicas – Management of primary systemic vasculitis 71

MR2 – Osteoartrose 73MR2.1 • Epidemiologia da Osteoartrose em Portugal: resultados do estudo EPI – Porto 73MR2.2 • Imagiologia da Osteoartrose 73MR2.3 • As perspectivas do tratamento farmacológico com base nos dados actuais da fisiopatologia da Artrose – 74

Perspectives du traitement pharmacologique à travers la physiopathologie actuelle de l’arthroseMR2.4 • Biomateriais e células estaminais adultas na regeneração de tecidos lesados por doenças reumatológicas 74

MR3 – Espondiloartropatias 75MR3.1 • Terapêutica das Espondiloartropatias na Iberoamérica. Que lugar para os agentes biológicos? 75MR3.2 • Será possível induzir remissão e reduzir progressivamente a terapêutica anti-TNF? 75

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XIV CONGRESSO

PORTUGUÊS DE REUMATOLOGIA

S U M Á R I O / C O N T E N T S

M E S A S - R E D O N D A S

MR3.3 • Proposta das recomendações da SPR para a terapêutica biológica na Artrite Psoriática 75

MR4 – Reumatologia Pediátrica 76MR4.1 • Terapêutica actual da nefropatia lúpica na criança e no adolescente 76MR4.2 • Terapêutica actual das Artrites Idiopáticas Juvenis 78MR4.3 • Recomendações de Terapêutica Biológica da SPR 87

MR5 – Lúpus Eritematoso Sistémico (LES) 87MR5.1 • Lúpus Neuropsiquiátrico – Neuropsychiatric lupus 87MR5.2 • Deplecção de células B no tratamento do LES – The use of B cell depletion in the treatment of SLE 88MR5.3 • Terapêutica actual da glomerulonefrite lúpica 88

MR6 – Aspectos Cirúrgicos das Doenças Reumáticas 89MR6.1 • Cirurgia da Mão 89MR6.2 • Neurocirurgia 89MR6.3 • Ortopedia 90

MR7 – Interface com a Clínica Geral / Medicina Familiar 90MR7.1 • Osteoporose numa consulta de Clínica Geral – articulação com a especialidade 90MR7.2 • Prevalência de Doença Reumática numa USF 90MR7.3 • Articulação MGF/Reumatologia: Experiência do Serviço de Reumatologia dos HUC. 90

MR8 – A Reumatologia Para Além da Articulação – I 91MR8.1 • Pele 91MR8.2 • Olho 91MR8.3 • Tiróide e Doenças Reumáticas 91

MR9 – A Reumatologia Para Além da Articulação – II 93MR9.1 • Fígado 93MR9.2 • A Reumatologia e o Coração 93MR9.3 • Rim 93

MR10 – Osteoporose 94MR10.1 • Conseguiremos bater as terapêuticas actuais? Novos alvos terapêuticos – Can we beat 94

the current therapies? New therapeutic targets.MR10.2 • Recomendações da SPR para o diagnóstico e terapêutica da Osteoporose 94MR10.3 • Novo conceito de risco de fractura da OMS 95

MR11 – Artrite Reumatóide 97MR11.1 • Tratar hoje a AR: Os Fins Justificam os Meios? A Visão do Reumatologista 97MR11.2 • Tratar hoje a AR: Os Fins Justificam os Meios? Perspectiva de custo-efectividade 98MR11.3 • Terapêutica personalizada da AR – Tailoring RA treatment 98

MR12 – Risco Cardiovascular das Doenças Reumáticas 98MR12.1 • Aterosclerose e Inflamação 98MR12.2 • Abordagem das dislipidemias no doente reumático 98MR12.3 • HTA 98

MR13 – LMERT – Lesões Músculo-Esqueléticas Relacionadas com o Trabalho 98MR13.1 • LMERT – Qual o papel do Médico do Trabalho. 98MR13.2 • Lesões Músculo-esqueléticas Relacionadas com o Trabalho (LMERT) – A visão do Reumatologista 99MR13.3 • LMERT- Papel do ergonomista na prevenção 100

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XIV CONGRESSO

PORTUGUÊS DE REUMATOLOGIA

S U M Á R I O / C O N T E N T S

M E S A S - R E D O N D A S

MR14 – Reumatologia, Psiquiatria e Neurociências 101MR14.1 • Manual do Sono para Reumatologistas 101MR14.2 • Psiquiatria de Ligação à Reumatologia 103MR14.3 • Psiconeuroimunologia em Reumatologia 103

MR15 – Ginecologia e Obstetrícia – Gravidez e Doenças Reumáticas 103MR15.1 • Lúpus e Gravidez 103MR15.2 • Esclerose Sistémica e Gravidez 104MR15.3 • Fármacos em Reumatologia. Suas implicações na gravidez 104

MR16 – O futuro da Reumatologia – As Bases de Dados da SPR 105MR16.1 • As bases de dados da Sociedade Portuguesa de Reumatologia. 105MR16.2 • Consensos sobre o Metotrexato. 105MR16.3 • Base de dados Ibero-Americana de doentes com Espondiloartropatias 105

E N C O N T R O S C O M O E S P E C I A L I S TA

ECE1 – Erros comuns em Reumatologia 110

ECE2 – Como utilizar adequadamente os exames laboratoriais em Reumatologia 110

ECE3 – Como identificar precocemente uma Artrite 111

ECE4 – Como identificar precocemente uma Espondiloartropatia 111

ECE5 – Como identificar precocemente uma Doença Reumática Sistémica 112

ECE6 – Abordagem clínica da Gota 112

ECE7 – Quando pedir e como interpretar uma Densitometria Óssea 113

ECE8 – Os falsos diagnósticos de Fibromialgia na Clínica Geral 113

ECE9 – Exercício físico nas Doenças Reumáticas – quando e como? 114

C O M U N I C A Ç Õ E S L I V R E S

CL1 – Caracterização da evolução clínica de uma população portuguesa de doentes 120com poliartrite com menos de 6 semanas de evolução

CL2 – Alterações microvasculares no Síndroma de Sjögren 120

CL3 – Desempenho de algoritmos de avaliação do risco osteoporótico em homens 121

CL4 – Avaliação do perfil lipídico como risco cardiovascular nos doentes submetidos 122a terapêuticas anti-TNF alfa

CL5 – Desenvolvimento de uma ferramenta para estimar o consumo alimentar de cálcio 123e de vitamina D no contexto clínico

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XIV CONGRESSO

PORTUGUÊS DE REUMATOLOGIA

S U M Á R I O / C O N T E N T S

C O M U N I C A Ç Õ E S L I V R E S

CL6 – Seguimento clínico de 12 meses após suspensão súbita de estudo clínico 123multicêntrico e multinacional com Abatacept na Artrite Idiopática Juvenil (AIJ) poliarticular – Dados de 8 doentes portugueses.

CL7 – Análise comparativa dos parâmetros quantitativos do osso osteoporótico – modelo 124computacional de remodelação óssea vs resultados clínicos de DEXA

CL8 – Impacto do envolvimento renal na qualidade de vida dos doentes com LES 124

CL9 – Doença indiferenciada do tecido conjuntivo – estudo de uma série de 101 doentes 125

CL10 – Progressão de dano numa população de doentes com Lúpus Eritematoso Sistémico 126

CL11 – Caracterização da resposta funcional dos neutrófilos em doentes com poliartrite 126em fase inicial

CL12 – Lesão estrutural e repercussão funcional da Artrite Reumatóide e 127osteoartrose das mãos – nem só da artrite vem a incapacidade

CL13 – A nossa experiência com artroplastia total do tornozelo em doentes 128com Artrite Reumatóide

CL14 – Avaliação prospectiva da eficácia e segurança do Zoledronato no tratamento 128da Doença Óssea de Paget

CL15 – Valor preditivo para abortamento dos anticorpos antifosfolípido em doentes 129com LES: Quais os melhores critérios de positividade? Análise de 234 Gestações na Coorte de Lúpus de Coimbra

CL16 – Limiar e percepção de dor nas doenças reumáticas: associação com variáveis psicossociais 129

CL17 – Polimorfismos do promotor do gene do TNF-alfa nas posições -238 e -308 130na susceptibilidade e gravidade da Espondilite Anquilosante

CL18 – Qualidade de vida no LES e AR: estudo comparativo de 749 doentes 131

CL19 – Fiabilidade e validade da exploração das entesis com ultrassonografia (us) 131

CL20 – Avaliação do risco de manifestações orgânicas na esclerose sistémica 132

CL21 – Validade e reprodutibilidade da ultrassonografia com Colour Doppler no 133diagnóstico da arterite das células gigantes após curto período de aprendizagem

CL22 – Dor músculo-esquelética (ME) em meio laboral 134

P O S T E R S

P1 – Lúpus Eritematoso Sistémico – um caso clínico em Cardiologia 142

P2 – Capilaroscopia do leito ungueal no fenómeno de Raynaud e da doença indiferenciada 143do tecido conjuntivo – implicações na evolução clínica e no tratamento médico

P3 – O papel dos neutrófilos na fase inicial da artrite reumatóide – a propósito de um caso clínico 143

P4 – Porque fechamos os olhos enquanto o mundo cai? 144

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XIV CONGRESSO

PORTUGUÊS DE REUMATOLOGIA

S U M Á R I O / C O N T E N T S

P O S T E R S

P5 – Estudo RAISE – Estudo observacional, transversal, para avaliação da Realidade Actual do 145Impacto Sócio-Económico da Espondilite Anquilosante

P6 – Fibromialgia – Diagnóstico e Tratamento 145

P7 – Degradação das propriedades biomecânicas do osso secundárias a alterações quantitativas 145e qualitativas induzidas por artrite no ratinho SKG

P8 – Abordagem da Artrite Séptica na Infância, em Medicina Geral e Familiar 146

P9 – Factores reumatóides e anti-CCP na Síndrome de Sjögren – comparação com a 146artrite reumatóide e indivíduos saudáveis

P10 – Ansiedade e depressão no Síndroma de Sjögren primário 147

P11 – Utilização da sialometria não-estimulada numa consulta de Síndroma de Sjögren 148

P12 – Avaliação de qualidade aos processos clinicos dos doentes com Esclerose Sistémica numa 148consulta de reumatologia após um ano de aplicação de um protocolo de avaliação específico

P13 – Enterite Lúpica: uma causa rara de dor abdominal aguda 149

P14 – Tumefacção das parótidas no Síndroma de Sjögren primário 150

P15 – Caracterização dos resultados da pesquisa de cristais no líquido sinovial 150

P16 – Púrpura de Henoch-Schönlein – A propósito de 2 casos clínicos 151

P17 – Valor da Cintigrafia das Glândulas Salivares na Síndrome de Sjögren 152

P18 – Avaliação cardíaca de doentes com artrite psoriática 152

P19 – Casuística de tuberculose em doentes a cumprir terapêutica anti-TNFα: 1537 anos de experiência no serviço de reumatologia do Hospital de Egas Moniz

P20 – Artrite psoriática e risco cardiovascular: avaliação de um grupo de doentes 153

P21 – Biopsia de gordura abdominal na pesquisa de substância amilóide – Estudo retrospectivo 154

P22 – Estudo comparativo dos anticorpos anti-CCP e factores reumatóides no diagnóstico 154diferencial de artrite crónica

P23 – Fibrose pulmonar em doente com Artrite Reumatóide e Suberose 155

P24 – Terapêutica anti-TNFα (infliximab) em uveítes refractárias 155

P25 – Casuística de um ano de Consulta de Reumatologia no Hospital de Faro – 156Setembro de 2006 a Setembro de 2007

P26 – A influência do tabaco na função e qualidade de vida na Artrite Reumatóide 156

P27 – Fibromialgia: a outra face da Dor 158

P28 – Concordância diagnóstica entre o Médico que solicita a consulta de Reumatologia 158e o Reumatologista

P29 – Níveis séricos altos de Anti-dsDNA quadruplicam o risco de nefrite em doentes com LES 159

P30 – Fibromialgia – Internar porquê? 159

P31 – Análise de doentes com artrite psoriática a efectuar terapêutica antagonista do TNFα 160em cinco centros de reumatologia portugueses

P32 – Trombocitopenia grave como manifestação inicial de LES – Caso Clínico 161

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XIV CONGRESSO

PORTUGUÊS DE REUMATOLOGIA

S U M Á R I O / C O N T E N T S

P O S T E R S

P33 – Nefrite lúpica classes III e IV – boa resposta à terapêutica imunossupressora com 161ciclofosfamida

P34 – A propósito de um caso de espessamento cutâneo 162

P35 – Risco cardiovascular em doentes sob terapêutica biológica – estudo transversal com 16387 doentes seguidos no Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra

P36 – Reforma por invalidez e as doenças reumáticas 163

P37 – Será que a idade está relacionada com uma maior intolerância à terapêutica biológica 164em doentes com Artrite Reumatóide?

P38 – RheugulationDB: um sistema público de informação integrada no apoio ao estudo 164da Artrite Reumatóide

P39 – Existem diferenças entre doentes reumatóides com Ac anti-CCP? 165

P40 – Qualidade de vida em doentes com Espondilite Anquilosante: análise interina 166

P41 – Retrato dos doentes com Artrite Reumatóide a fazer biológicos no 167Serviço de Reumatologia HEM

P42 – Neutrófilos:Avaliação da Fagocitose num modelo animal de artrite 167

P43 – A Abordagem Terapêutica dos Reumatologistas Portugueses na Espondilite Anquilosante 168

P44 – Terapêutica biológica da Artrite Reumatóide e Riscos de Infecção 169

P45 – Avaliação do PASI em doentes com Artrite Psoriática sob terapêutica anti-TNFalfa 169

P46 – Conhecer a realidade portuguesa sobre a Espondilite Anquilosante (CORPOREA): 170clínica e sócio-demografia

P47 – As Densitometrias Ósseas são solicitadas de acordo com as Recomendações? 171

P48 – Identificação e Conhecimento da Fibromialgia: Inquérito junto de médicos generalistas 171e reumatologistas em Portugal e Comparação com a França

P49 – Osteoporose masculina – estudo retrospectivo de 70 doentes 172

P50 – Sobrevida cumulativa das terapêuticas biológicas em doentes com Artrite Reumatóide 174

P51 – Prevalência da Fibromialgia na Europa 175

P52 – Prevalência da Fibromialgia em Portugal: Resultados Finais 175

P53 – Cde uma população de doentes com esclerodermia com doença intersticial pulmonar (DIP) 176

P54 – Sindrome Metabólica e Risco Cardiovascular em doentes com Lúpus Eritematoso Sistémico 177

P55 – Fractura osteoporótica do Fémur durante a gravidez-Caso Clínico. 177

P56 – Infecções atípicas em doentes com artrite reumatóide sob anti-TNFα: a propósito de 2 casos 178

P57 – Osteomalácia hipofosfatémica/dorsalgia num adulto jovem HLA B27 + 179

P58 – Dermatomiosite juvenil: a propósito de 4 casos 179

P59 – Avaliação da Adequação de Referenciação a uma Consulta de Reumatologia 180

P60 – Gonalgia, edema da perna e velocidade de sedimentação elevada – desafio diagnóstico 181

P61 – Envolvimento cardíaco raro em doente com artrite idiopática juvenil 182

ÓRGÃO OFICIAL DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE REUMATOLOGIA - ACTA REUMATOL PORT. 2008;33:13-21 (SUP)

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XIV CONGRESSO

PORTUGUÊS DE REUMATOLOGIA

S U M Á R I O / C O N T E N T S

P O S T E R S

P62 – Resposta aos anti-TNFalfa na Artrite Reumatoide: avaliação dos resultados 182

P63 – Coreia em criança com Lúpus Eritematoso Sistémico e Síndrome anti-fosfolipídico 183

P64 – Parâmetros quantitativos e qualitativos na Espondilite Anquilosante: avaliação de 184resultados dum hospital de dia

P65 – Quando um biológico falha… a experiência dos switch 184

P66 – Artralgias, dores ósseas,ANA’s positivos, trombocitopenia e dores… 185A surpresa do diagnóstico!

P67 – Osteonecrose asséptica – diferentes etiologias 185

P68 – Síndromas poliglandulares auto-imunes – 5 casos clínicos 186

P69 – Osteonecrose asséptica na gravidez – um caso clínico 186

P70 – Homocisteina e metotrexato em doentes com artrite psoriática 187

P71 – Poliartrite assimétrica em Doença de Crohn oculta 187

P72 – Espondilite Anquilosante e Osteoporose (Avaliação Interina) 188

P73 – Compressão Medular – a propósito de um caso clínico 188

P74 – Valor preditivo para trombose dos anticorpos antifosfolípido em doentes com LES: 189Quais os melhores critérios de positividade?

P75 – Elevada prevalência de alterações microvasculares no LES: Estudo transversal 190de 102 doentes

P76 – Tratamento com pamidronato intravenoso 60mg durante 6 meses na espondiloartropatia 190seronegativa refractária à terapêutica convencional

P77 – Núcleo de Enfermagem em Reumatologia 191

P78 – Hipoalgesia na monoartrite em vários modelos de hipertensão 191

P79 – Avaliação biomecânica e estrutural do tendão: implicações para o significado funcional 192da tendinose e do efeito da infiltração do tendão com corticóides

P80 – Adaptação portuguesa do questionário de avaliação das necessidades 192educacionais na artrite (ENAT)

P81 – Prevalência aumentada de sensibilização alérgica em doentes com Artrite Reumatóide 193tratados com anti-TNFalfa

P82 – Infecções em Artroplastia da Anca e do Joelho: a influência do sexo no risco de infecção 194e da idade na duração do internamento

P83 – Artroplastia do Joelho e Infecção – estudo retrospectivo 194

P84 – Artroplastia da Anca e Infecção – estudo retrospectivo 195

P85 – Desempenho de algoritmos de avaliação do risco osteoporótico em mulheres 195pós-menopáusicas

P86 – Qualidade de vida nas doenças reumáticas 196

P87 – Impacto da idade de início do LES no prognóstico. Estudo de 164 doentes na 197Coorte de Lúpus de Coimbra.

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XIV CONGRESSO

PORTUGUÊS DE REUMATOLOGIA

S U M Á R I O / C O N T E N T S

P O S T E R S

P88 – Impacto do LES na Qualidade de Vida: Estudo comparativo de 105 doentes com 197controlos saudáveis

P89 – Avaliação Prognóstica dos Doentes com Fractura do Fémur Proximal 198

P90 – Contributo para a Adaptação e Validação de uma Escala de Medida para a Severidade 198da Osteoartrose do joelho (Lequesne Index of Severity for Knee Osteoarthritis Index)

P91 – Arterite de células gigantes: casuística de um serviço 199

P92 – Capilaroscopia: experiência de um serviço 199

P93 – Reacção de corpo estranho a folha de palmeira: dificuldades no diagnóstico e tratamento. 200A propósito de um caso clínico.

P94 – Redução de sinovectomias químicas após a introdução de terapêuticas biotecnológicas 200e respectivos custos.

P95 – Fasceíte eosinofílica e aplasia medular – a propósito de um caso clínico. 201

P96 – Análise das actuações médicas na avaliação e tratamento de doentes com 202artrite reumatóide (AR) numa consulta de reumatologia

P97 – Doença de Paget – apresentação incomum 202

P98 – Doença de Ollier – caso raro 203

P99 – Caracterização das Fracturas Osteoporóticas do Fémur Proximal 203numa População Portuguesa

P100 – A analgesia na prática Reumatológica – um estudo retrospectivo 204

P101 – Avaliação das propriedades biomecânicas de epífises femorais de doentes com 205fractura osteoporótica da anca

P102 – Síndrome de Felty: Uma revisão de 3 casos clínicos 206

P103 – Imunossupressão e tuberculose 206

P104 – Tratamento da Artrite Reumatóide com Rituximab – Experiência do Serviço 207de Reumatologia do Hospital de Egas Moniz

P105 – Rituximab no tratamento do Lúpus Eritematoso Sistémico pediátrico 207

P106 – Caracterização de linfócitos B de sangue periférico na fase inicial da Artrite Reumatóide 208

P107 – Lombalgia inflamatória como forma de apresentação de quisto perineural lombo-sagrado 209

P108 – Osteoporose multifactorial em adulto jovem 209

P109 – Dermatomiosite amiotrófica? Diagnóstico de uma situação rara 210

P110 – Disfagia e xerostomia como forma de apresentação de Sarcoidose 210

P111 – Pulsos endovenosos de Clomipramina como terapêutica adjuvante na Fibromialgia 211

P112 – Síndrome de Sjögren 212

P113 – Tuberculose pulmonar em doente com artrite reumatóide em tratamento 212com metotrexato

P114 – Quando começa a artrite reumatóide? Análise da capacidade preditiva à luz de 213um caso de reumatismo palindrómico

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S U M Á R I O / C O N T E N T S

P O S T E R S

P115 – Doença óssea de Paget 213

P116 – Revisão sistematizada da literatura – aplicação do método na elaboração de 214recomendações para utilização do metotrexato no tratamento de doenças reumáticas

P117 – Dermatomiosite juvenil – caso clínico 215

P118 – Uma visão real sobre a Artrite Reumatóide 215

P119 – Overlap de Artrite Psoriásica e Artrite Reumatóide? 216

P120 – Baixo Risco Cardiovascular associado aos factores de risco tradicionais 216na Coorte de Lúpus de Coimbra

P121 – Caso clínico:Adenomegalias cervicais em doente com Artrite Reumatóide 217

P122 – Espondilodiscite asséptica – complicação de Espondilite Anquilosante de longa duração 217

P123 – Tratamento farmacológico da osteoporose na população do Porto 218

P124 – Displasia Fibrosa Poliostótica: Duas Vidas, Dois Destinos 218

P125 – História de uma Espondilite Anunciada 219

P126 – História natural da artrite reumatóide sem intervenção precoce 219

P127 – População de doentes com artropatia microscristalina por deposição de cristais de 220monourato de sódio (AMC-MUS) numa consulta de Reumatologia

P128 – Papel do polimorfismo -308 do promotor do gene do TNF alfa na susceptibilidade 221e padrão de actividade da Artrite Idiopática Juvenil

P129 – Plasmaferese nas Doenças Reumáticas Autoimunes 221

P130 – Estratégias passivas de coping com a dor crónica em doentes reumáticos 222

P131 – Extraglandular involvement in primary Sjögren’s Syndrome – study of a 222Portuguese population

P132 – Obesity and body composition parameters in Sjögren’s Syndrome 223

S I M P Ó S I O S - S AT É L I T E

Ibandronato – Novas Evidências de Eficácia Anti-Fracturária (Patrocínio Roche)

BeSt choices, Better future (Patrocínio Shering-Plough)

Celebrex-Lyrica Pain Symposium (Patrocínio Pfizer)

Strontium Ranelate flashes: late breaking news (Patrocínio Servier)

Espondiloartropatias Seronegativas – Avanços no Diagnóstico e Tratamento com Humira (Patrocínio Abbott)

Abatacept-Novo Tratamento da Artrite reumatóide (Patrocínio BMS)

Tratamento da osteoporose. Novas recomendações sobre vitamina D (Patrocínio MSD)

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X I V C O N G º P O R T U G U Ê S R E U M AT O L O G I A

C U R S O S P R É - C O N G R E S S O

DIA 1 DE ABRIL • 3ª FEIRA

CURSO DE ECOGRAFIA MÚSCULO-ESQUELÉTICACoordenação e Organização do Curso:Dr. Fernando Saraiva, ReumatologistaServiço de Reumatologia, Hospital de Santa Maria, Lisboa.

PROGRAMA

PARTE TEÓRICA09h00 - 09h15 Introdução e Princípio Básicos da Ecografia

Fernando Saraiva09h15 - 09h25 Dificuldades, Erros e Limitações

Margarida Cruz (CHCR)09h25 - 09h30 Discussão09h30 - 09h45 Ombro

Sandra Falcão (HEM)09h45 - 10h00 Joelho

Graça Sequeira (HDF)10h00 - 10h05 Discussão10h05 - 10h15 Cotovelo

Ricardo Figueira (CHF)10h15 - 10h25 Punho

Pedro Gonçalves (HGO)10h25 - 10h30 Discussão10h30 - 11h00 Pausa para café

PARTE PRÁTICA11h00 - 12h30 Prática da Ecografia Músculo-Esquelética pelos formandos, supervisionada,

incidindo na temática abordada na manhã.

LIÇÃO PLENÁRIA12h30 - 13h00 Color Doppler e Power Doppler em Patologia Reumatológica

Eugénio Miguel (HULP – Madrid)13h00 - 15h00 Intervalo para Almoço

PARTE TEÓRICA15h00 - 15h10 Anca

José Saraiva Ribeiro (IPR)15h10 - 15h20 Tornozelo

Margarida Cruz (CHCR) 15h20 - 15h25 Discussão15h25 - 15h40 Mão e Pé

Manuela Costa (HSM)15h40 - 15h50 Procedimentos Ecoguiados

Fernando Saraiva (HSM)15h50 - 15h55 Discussão

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X I V C O N G º P O R T U G U Ê S R E U M AT O L O G I A

15h55 - 16h10 Ecografia em Reumatologia PediátricaMargarida Silva (IPR)

16h10 - 16h25 Documentação de Imagens e Relatórios em EcografiaMargarida Silva (IPR)

16h25 - 16h30 Discussão16h30 - 16h40 Apontamentos Finais

Fernando Saraiva (HSM)16h40 - 17h00 Pausa para Café

PARTE PRÁTICA17h00 - 18h30 Prática da Ecografia Músculo-Esquelética pelos formandos, supervisionada,

incidindo na temática abordada na tarde.

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CURSOS PRÉ-CONGRESSO

INTRODUÇÃO E PRINCÍPIO BÁSICOS DA ECOGRAFIA

Fernando Saraiva

O autor tece algumas considerações sobre os prin-cípios físicos básicos da ultrassonografia, fazendoreferência à constituição e/ou características dassondas e feixes de ultra-som e dos sistemas de pro-cessamento e representação das imagens. Define aterminologia usada neste meio complementar dediagnóstico, faz referência a normas de utilizaçãoe segurança, menciona as indicações gerais da téc-nica e ilustra a anatomia ecográfica normal dos vá-rios tecidos onde a ultrassonografia tem aplicaçãoem reumatologia.

DIFICULDADES, ERROS E LIMITAÇÕES

Margarida Cruz

A ecografia é um excelente método de diagnósticoem certas patologias músculo-esqueléticas e traumáticas, no estudo de articulações, músculos,tendões e ligamentos, particularmente por ser re-lativamente barato e isento de radiações. Asimagens podem ser obtidas com o segmento visado em movimento, podendo até, às vezes, obter-se benefício informativo com esse movi-mento, desde que limitado e acompanhado. No en-tanto, uma das grandes limitações deste método éa incapacidade de obter imagens para além de superfícies hiperecogénicas, como a cortical ósseaou algum material calcificado ou hiper-reflectivo.A ausência de material condutor entre a pele e asonda é outra limitação à obtenção de imagens.Outra limitação pode ser a inadequação da fre-quência da sonda à grande profundidade das estru-turas a estudar (por exemplo, a articulação coxofe-moral ou um ombro de indivíduo obeso e uma son-da acima dos 5 MHz), ou, pelo contrário, à menorprofundidade das mesmas (por exemplo uma son-da abaixo dos 10 MHz para estudar o punho, mãoou pé).

Para além das limitações referidas, existem váriostipos de artefactos que, consoante sejam vantajosos,podem ajudar-nos a optimizar o diagnóstico (porexemplo, o cone de sombra de uma calcificação, oaumento da transmissão através de estruturas ane-cogénicas, a imagem em cauda de cometa), ou des-vantajosos, podem ter que ser corrigidos ou igno-rados (por exemplo, a refracção, a reverberação, aanisotropia ou o artefacto da profundidade do fei-xe de ultrassons).

OMBRO

Falcão S,1,2 De Miguel E,3 Bravo Pimentão J,1

Branco JC,2,1 Saraiva F4

1. Serviço de Reumatologia, Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, E.P.E, Hospital Egas Moniz, Lisboa2. Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Novade Lisboa3. Serviço de Reumatologia, Hospital Universitário la Paz,Madrid4. Serviço de Reumatologia, Hospital de Santa Maria

O desenvolvimento de sondas lineares de alta-fre-quência e tecnologia Doppler com maior sensibi-lidade e acuidade diagnóstica transformaram aecografia num pólo de interesse crescente nos úl-timos anos. A comunidade científica tem procura-do desenvolver e adaptar as potencialidades des-ta técnica à necessidade da prática clínica reuma-tológica diária.

A ecografia é uma técnica inócua, acessível e defácil execução na rotina da consulta que permiteaperfeiçoar o conhecimento semiológico, auxilian-do no correcto diagnóstico diferencial e orientaçãoterapêutica. O advento da utilização do efeito Dop-pler (Power e Colour Doppler) representa um mar-co da sua adaptação à prática clínica reumatológi-ca, possibilitando a quantificação do fluxo vasculare, consequentemente, da actividade inflamatória.

O ombro doloroso é uma patologia com elevadaprevalência na população em geral e uma causa fre-quente de incapacidade. As principais causas deombro doloroso são as lesões periarticulares, queafectam a coifa dos rotadores, tendão do bicípete ebolsa subacromiodeltoideia, secundárias ao confli-to de espaço subacromial, originando degeneraçãotendinosa progressiva. O conhecimento do trajec-to da longa porção do bicípete, ao longo da goteirabicipital, prévio à sua inserção ao nível da porção su-perior da cavidade glenoideia, e da presença de bai-nha sinovial neste tendão é fundamental na com-preensão das suas alterações patológicas.

A ecografia é utilizada com grande precisão diagnóstica na identificação de: tendinoses/tendi-nites e roturas dos tendões da coifa dos rotadores;tendinites, tenossinovites, roturas e subluxa-ções/luxações da longa porção do bicípete; bursi-tes subacromiodeltoideias; derrames, sinovites,erosões, defeitos corticais e osteofitos nas articula-ções gleno-umerais e acromio-claviculares.

Considerações anatómicasO ombro é um complexo articular extremamente

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XIV CONGRESSO PORTUGUÊS REUMATOLOGIA

móvel, com uma funcionalidade complexa ondeparticipam 4 articulações: gleno-umeral, acromio--clavicular, esterno-clavicular e escapulo-toráci-ca. A estabilidade articular é proporcionada pelodebrum glenoideu, uma fina cápsula articular sub-jacente aos ligamentos gleno-umerais e pela coifados rotadores, constituída por 4 unidades múscu-lotendinosas: o subescapular anteriormente e osupraespinhoso, infraespinhoso e pequeno redon-do posteriormente.

Exploração ecográfica do ombroO estudo ecográfico do ombro é uma exploraçãodinâmica em que o paciente e observador mobili-zam o ombro para que haja uma maior exposiçãodos segmentos anatómicos a avaliar. Esta deve se-guir um técnica padronizada que possibilite o es-tudo completo e sistemático de todas as estrutu-ras do ombro (Quadro 1).

No início da exploração o paciente deve estarsentado com o antebraço em flexão a 90º com oombro em posição neutra. Deve-se iniciar a ava-liação ecográfica transversal da longa porção do bi-cípete, seguindo-se a longitudinal em toda a suaextensão. A rotação externa passiva do ombro ex-põe o subescapular permitindo a sua avaliaçãodesde a inserção no troquino até à sua porção maisproximal. Qualquer estrutura, sempre que possí-vel, deve ser explorada no plano longitudinal etransversal. A homogeneidade estrutural ecográfi-ca deve manter-se ao longo de todo o tendão. Ano-malias hipo ou hiperecogénicas, focais ou difusas,correspondem a sinais ecográficos de micro rotu-

ras intratendinosas ou roturas parciais e a altera-ções degenerativas ou fibrose, respectivamente. Apresença de lesões hiperecogénicas intratendino-sas com sombra acústica posterior sugere a pre-sença de calcificações. A superfície cortical deveser igualmente avaliada em toda a sua extensão nosentido de identificar irregularidades corticais, no-meadamente: defeitos corticais, erosões ou pro-jecções osteofitárias.

A exploração anterior do ombro termina com aavaliação da articulação acromio-clavicular ondedeve ser descrita a regularidade dos bordos ósse-os articulares e a presença ou ausência de disten-são da cápsula articular.

A exploração externa do ombro realiza-se como ombro em rotação interna máxima e adução(com a mão do paciente sobre a região lombar, sagrada ou glútea dependendo do grau de rotaçãointerna que o paciente possa realizar). Esta ma-nobra expõe a inserção dos tendões no troquiterque, de outra forma, estariam encobertos peloacrómio. A avaliação ecográfica do tendão dosupra e infraespinhoso deve ser realizada desde asua inserção no troquiter até à sua porção proxi-mal, de fora para dentro e de cima para baixo, pri-meiro no plano longitudinal e depois no transver-sal. A continuação desta exploração leva à regiãoposterior do ombro, onde se localiza o prolonga-mento do tendão do infraespinhoso, pequeno re-dondo, debrum e recesso articular gleno-umeralposterior.

A exploração do recesso articular gleno-umeralinferior ou axilar realiza-se em seguida, com o om-

bro em abdução. Esta ma-nobra permite a detecçãode derrame ou projecçõesosteofitárias inferiores dacortical óssea umeral.

Finalmente, a manobrade elevação/abdução doombro, com a sonda colo-cada longitudinalmenteentre o acrómio e a extre-midade superior umeral,deve ser realizada no sen-tido de excluir síndrome deconflito do ombro, identi-ficando se o tendão do su-praespinhoso e a bolsa su-bacromiodeltoideia desli-zam perfeitamente sob oarco acromio-clavicular.

Quadro 1. Metodologia de exploração do ombro

Exploração ecográfica transversal do bicípeteExploração Exploração ecográfica longitudinal do bicípeteanterior Exploração ecográfica longitudinal e transversal do ombro do subescapular

Exploração ecográfica da articulação acromio-clavicular

Exploração Exploração ecográfica transversal do supraespinhoso,

externa infraespinhoso e bolsa subacromiodeltoideia

do ombro Exploração ecográfica longitudinal do supraespinhoso,infraespinhoso e bolsa subacromiodeltoideia

Exploração Exploração do debrum e recesso gleno-umeralposterior do ombro Exploração do infraespinhoso e pequeno redondoExploração do Exploração do recesso axilar inferiorrecesso axilar

Adaptado de Esperanza Naredo Sánches, Eugenio de Miguel Mendieta, Jacqueline Usón Jaeger.Hombro. In: Diagnóstico Ecográfico de Enfermedades Reumáticas. 2005: 45-56.

Patologia e semiologia ecográficaPatologia da longa porção do bicípete:Na exploração deste segmento anatómico pode-mos identificar derrames na bainha sinovial, ten-dinite/tendinose, tenossinovite, roturas parciaisou totais e luxações ou subluxações.

1) Aumento de líquido na bainha da longa porçãodo bicípete:Halo hipoecogénico peritendinoso com mais de2mm. A presença de líquido na bainha da lon-ga porção do bicípete pode ocorrer no contex-to de tenossinovite, traduzir a presença de der-rame gleno-umeral ou de bursite subacromio-deltoideia e rotura da coifa dos rotadores. A pa-tologia da longa porção do bicípete surgefrequentemente em associação com alteraçõesda coifa dos rotadores.

2) Tendinose bicipital:Alteração da homogeneidade e ecoestrutura fi-brilhar, traduzindo alteração da estrutura inter-na tendinosa.

3) Tenossinovite bicipital:Aumento de líquido na bainha tendinosa com pro-liferação ecogénica sinovial nas paredes da mes-ma, que pode acompanhar-se de alterações eco-estruturais e aumento do diâmetro tendinoso.

4) Rotura do bicípete:Interrupção parcial (rotura parcial) ou total (ro-tura total) das fibras tendinosas.

5) Luxação do tendão do bicípete:O tendão encontra-se fora da goteira bicipital,mais frequentemente na região interna.

6) Subluxação do tendão do bicípete:Na exploração dinâmica, aquando da rotaçãoexterna, o tendão desloca-se da goteira bicipi-tal para uma posição interna.

Patologia da coifa dos rotadores:Os tendões da coifa dos rotadores podem apresen-tar sinais ecográficos sugestivos de tendinite, ten-dinose, rotura parcial ou total. Na maioria das le-sões da coifa dos rotadores o tendão do supraes-pinhoso encontra-se envolvido, sendo raras as le-sões isoladas do subescapular, infraespinhoso oupequeno redondo.1) Tendinite/tendinose da coifa dos rotadores:

Perda da homogeneidade e da ecoestrutura fibri-lhar tendinosa, com focos hipoecogénicos (ede-ma e micro roturas) e hiperecogénicos (fibrose,calcificações punctiformes ou micro roturas pre-enchidas com tecido de granulação) intratendi-

nosos. Pode ocorrer aumento da espessura/di-mensão do tendão e a presença de sinal Doppleraponta para processo inflamatório activo.

2) Rotura parcial do subescapular:Defeito tendinoso parcial, com adelgaçamentodo tendão.

3) Rotura total do subescapular:Ausência do tendão na posição anatómica oudefeito tendinoso em toda a sua extensão.

4) Roturas do supra e infraespinhoso:Defeito tendinoso hipoecogénico que afecta asuperfície bursal ou profunda do tendão. As ro-turas da coifa dos rotadores podem classificar--se segundo a dimensão: pequenas (< 2 cm),grandes (2-4 cm) e massivas (> 4 cm); ou a exten-são da rotura no plano longitudinal: estadio I deretracção (o bordo livre tendinoso localiza-se so-bre o colo umeral), estadio II de retracção (o bor-do livre encontra-se sobre a cabeça umeral) e es-tadio III de retracção (o bordo livre não se iden-tifica por se encontrar por baixo do acrómio).Nas roturas totais antigas ocorre interrupçãocompleta das fibras tendinosas com aposiçãodo deltóide sobre a cabeça umeral e perda daconvexidade superior tendinosa (sinal da rodadentada). O preenchimento do espaço tendino-so por tecido hipoecogénico sugere rotura totalrecente com hematoma.

5) Calcificações da coifa dos rotadores:Imagens hiperecogénicas intratendinosas, ge-ralmente com cone de sombra acústica poste-rior, de aspecto pontiforme, linear ou amorfodependendo das características da calcificação.

Bursite subacromiodeltoideiaO aumento de líquido da bolsa é uma manifestaçãoincipiente de síndrome de conflito e acompanhahabitualmente as roturas da coifa dos rotadores.

A bolsa subacromiodeltoideia é identificada emindivíduos saudáveis em cerca de 85% dos casos.O aumento hipoecogénico superior a 2mm é con-siderado patológico.

Derrame gleno-umeral:O conteúdo hipoecogénico intraarticular medidodesde o debrum posterior ou axilar até à cápsulaarticular é considerado normal se igual ou inferiora 3mm.

Derrame acromio-clavicular:O derrame acromio-clavicular considera-se pato-lógico quando a distensão hipoecogénica da cáp-

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CURSOS PRÉ-CONGRESSO

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XIV CONGRESSO PORTUGUÊS REUMATOLOGIA

sula articular, medida desde o bordo ósseo acro-mial até à cápsula, é superior a 4,2mm.

ConclusãoA ecografia é uma técnica válida e fiável na avalia-ção do ombro, bem como do aparelho músculo-es-quelético em geral. A utilização de outras técnicasde imagem como a tomografia axial computoriza-da e a ressonância magnética nuclear têm influen-ciado a forma como a ecografia é utilizada na ava-liação do aparelho músculo-esquelético. Contudo,o baixo custo, acessibilidade e inocuidade, confe-rem-lhe vantagens relativamente às restantes téc-nicas de imagem. O seu potencial no auxílio depunções guiadas e a possibilidade de quantifica-ção da actividade inflamatória, principalmente emestruturas mais superficiais, ampliou a sua aplica-bilidade nos últimos anos.

Referências bibliográficas:Naredo E, Möller I, Moragues C, de Agustín JJ, Scheel AK,Grassi W, de Miguel E, Backhaus M, Balint P, Bruyn GA,D'Agostino MA, Filippucci E, Iagnocco A, Kane D, KoskiJM, Mayordomo L, Schmidt WA, Swen WA, Szkudlarek M, Terslev L, Torp-Pedersen S, Uson J, Wakefield RJ,Werner C; EULAR Working Group for MusculoskeletalUltrasound. Interobserver reliability in musculoskeletalultrasonography: results from a "Teach the Teachers"rheumatologist course. Ann Rheum Dis. 2006; 65(1):14--19. Naredo E, Cabero F, Cruz A, Uson J, Palop MJ, Crespo M.Ultrasound guided musculoskeletal injections. AnnRheum Dis. 2005;64(2):341.Joshua F et al. Summary findings of a systematic reviewof the ultrasound assessment of synovitis. J Rheumatol.2007;34(4):839-847Naredo E, Collado P, Cruz A, Palop MJ, Cabero F, Richi P,Carmona L, Crespo M. Longitudinal power Doppler ul-trasonographic assessment of joint inflammatory activityin early rheumatoid arthritis: predictive value in diseaseactivity and radiologic progression. Arthritis Rheum.2007;15;57(1):116-124Esperanza Naredo Sánches, Eugenio de Miguel Mendie-ta, Jacqueline Usón Jaeger. Hombro. In: DiagnósticoEcográfico de Enfermedades Reumáticas. Madrid:YOU&US, 2005: 45-56.Scott David Martin, Thomas Thornhill. Shoulder Pain. In:Edward D. Harrys, Jr et al. Kelleys´s Textbook of Rheuma-tology. Philadelphia: Elsevier, 2005: 557-587.Ronald S. Adler, Laurence A. Mack, E. William Scheible,Carolyn M. Sofka, Donald Resnick. Diagnostic Ultra-sonography. In: Resnick, Kransdorf. Bone and JointImaging. Philadelphia: Elsevier, 2005: 78-85.Schmidt WA, Schmidt H, Schicke B, Gromnica-Ihle E.Standard reference values for musculoskeletal ultra-sonography. Ann Rheum Dis. 2004; 63(8):988-994.

JOELHO

Graça Sequeira

A articulação do joelho é facilmente acessível aoexame físico. No entanto, pequenos derrames ouproliferações da membrana sinovial podem serapenas demonstrados por ecografia.

O doente deve estar em decúbito dorsal para osvários cortes, excepto para os posteriores, em quedeverá estar em decúbito ventral. O joelho deveestar em posição neutra ou em flexão de 30º.

Os cortes padrão indicados pela EULAR são osseguintes:– Suprapatelar longitudinal– Suprapatelar transversal em posição neutra– Suprapatelar transversal em flexão máxima– Infrapatelar longitudinal– Infrapatelar transversal– Medial ou interno longitudinal– Lateral ou externo longitudinal– Posterior medial longitudinal– Posterior lateral longitudinal– Posterior transversal

A patologia do joelho detectável por ecografia émuito variada e inclui derrame articular, sinovite,tendinite do quadricípete ou do rotuliano, roturastendinosas, bursites suprapatelar, parapatelaresou infrapatelares, lesões ligamentares, lesões me-niscais, calcificações da doença por deposição decristais de pirofosfato de cálcio, depósitos de ác.úrico e Quisto de Baker.

COTOVELO

Ricardo Figueira

Introdução: Em resultado dos avanços tecnológi-cos observados nos últimos anos no âmbito daecografia, este exame assume hoje uma importân-cia incontornável na prática clínica do Reumato-logista. O cotovelo é sede de múltipla patologiainerente à própria articulação ou às estruturas pe-riarticulares e pode estar envolvido em quase to-das as doenças reumáticas. Indicações:A ecografia está indicada na avaliação dodoente com patologia da articulação do cotovelo edas estruturas peri-articulares, isoladamente ou nocontexto de uma doença reumática sistémica.

A avaliação ecográfica é útil na detecção de hi-drartrose, alterações degenerativas e erosões dacortical óssea, na avaliação de uma sinovite, nodiagnóstico de patologia do nervo cubital, dos li-

gamentos, dos tendões, das entesis, das bolsas se-rosas e da pele. Pode ainda ser útil na realização depunções, aspirações e infiltrações locais guiadas.Equipamento: A ecografia músculo-esqueléticarequer a utilização de equipamento de elevadaqualidade que permita uma correcta distinção eavaliação das estruturas em escala de cinzentos,complementada por uma avaliação por Color Dop-pler e Power Doppler. As sondas a utilizar devemser lineares, com frequências compreendidas en-tre 7,5 e 16 MHz.Técnica utilizada: O exame ecográfico deve serrealizado de forma metódica, respeitando os posi-cionamentos correctos do doente para a obtençãodos diferentes «cortes»: anterior, lateral, interno eposterior. O exame da articulação contra-lateral ea observação dinâmica completam o estudo.Achados ecográficos: O úmero, o rádio e o cúbitoapresentam o característico aspecto hiperecogénicodo tecido ósseo. Irregularidades do seu contorno ouerosões da cortical podem ser facilmente observadas.

A cápsula articular envolve a articulação e apre-senta-se sob a forma de uma fina banda ecogénicae a cartilagem normal é tipicamente anecogénica.

A presença de hidrartrose e de sinovite é identi-ficada por um aumento do volume de liquido sino-vial, cuja ecogenicidade importa avaliar, e pela pre-sença de proliferação da sinovial, respectivamen-te. O estudo por Power Doppler demonstra aumen-to da perfusão e permite quantificar a sinovite.

A tendinite dos extensores (epicondilite) e a ten-dinite dos flexores (epitrocleíte) podem traduzir-seecograficamente pela presença de espessamento ediminuição da ecogenecidade ao nível das entesis,irregularidades do contorno ósseo e calcificações. OPower Doppler poderá demonstrar hiperémia local.

As bolsas serosas, dificilmente identificadas naausência de patologia, tornam-se distendidas e aavaliação das características do seu conteúdo fa-cilmente acessível, quando são alvo de processosinflamatórios ou infecciosos.

Na síndrome do canal cubital a compressão donervo cubital evidencia-se por um aumento dodiâmetro do nervo imediatamente proximal à zonade compressão.

A ecografia permite ainda identificar a presen-ça de nódulos subcutâneos na região olecrâneanae auxiliar no seu diagnóstico diferencial.

Conclusão: A ecografia do cotovelo não apresentalimitações superiores ou encerra um grau de difi-culdade maior do que a ecografia em outras loca-

lizações do aparelho locomotor mas também nes-ta articulação se assume como um importantemeio de avaliação diagnóstica e terapêutica dodoente com patologia reumática.

PUNHO

Pedro Gonçalves

Devido à melhoria substancial na tecnologia dassondas ecográficas, tem vindo a aumentar progres-sivamente o interesse no estudo ultrassonográficodo punho e da mão. A utilização de sondas de 10 a15 MHz, possibilita o estudo das diversas estruturasanatómicas do punho, nomeadamente das articula-ções, dos tendões, nervos e vasos. A correcta conju-gação dos dados clínicos com os dados radiológicose ecográficos permite ao clínico avaliar de formaadequada a maioria das doenças que ocorrem nes-ta localização. O estudo radiológico dirigido essen-cialmente ao osso e articulações e a ecografia iden-tificando a maioria das patologias de partes moles.

A Ecografia do Punho permite identificar e ca-racterizar um diverso leque de patologias.

Na Artrite Reumatóide o exame radiológico per-manece como fundamental na caracterização eidentificação das primeiras lesões articulares e ós-seas, nomeadamente através da identificação deerosões. Contudo, os dados fornecidos pelo exameradiológico convencional, fornecem apenas infor-mação indirecta sobre a inflamação sinovial. Poroutro lado, as alterações radiológicas característi-cas da doença surgem, habitualmente, após 6 a 24meses de evolução, sendo o corolário de uma ac-tividade inflamatória sinovial local, muitas vezesde difícil identificação e quantificação. A Resso-nância Magnética Nuclear foi considerada comotécnica de eleição para a detecção de sinovite eerosões na Artrite precoce. Contudo, os desenvol-vimentos mais recentes da Técnica Ecográfica têmvindo a permitir, também, identificar com preci-são as primeiras alterações inflamatórias a níveldo punho, nomeadamente pela identificação equantificação da sinovite e do pannus, detecção deerosões e avaliação da destruição da cartilagem.

Nas Doenças Reumatológicas Inflamatórias sis-témicas é possível identificar Tenosinovite e Rup-turas tendinosas com a utilização deste método deimagem. Na Artrite Reumatóide a mão e o punhoencontram-se envolvidos em 64 a 95% dos casos.A inflamação das bainhas tendinosas é susceptívelde ser identificada a nível dos Tendões Extensores

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e Flexores dos dedos, visualizável como distensãodas bainhas por fluido ou por hiperproliferação si-novial. A hiperemia e a inflamação podem aindaser identificadas e quantificadas por Doppler.

A maioria das doenças por compressão de nervoperiférico a nível do punho podem ser identificadaspor Ultrasonografia. No Síndrome do Canal Cárpi-co, caracteristicamente, o nervo Mediano apresen-ta-se edemaciado na sua porção proximal e adelga-çado na sua porção mais distal. Acredita-se que édiagnóstico de Síndrome do Canal Cárpico umaárea de secção superior a 10 mm2 a nível do osso pi-siforme, de acordo com diversos estudos recentes.No Canal de Guyon, por Ecografia, é possível iden-tificar as principais causas de compressão do ner-vo cubital, nomeadamente a presença de músculosanómalos no interior do canal, a trombose da arté-ria cubital ou a presença de quistos sinoviais.

Diversas outras entidades patológicas são aindasusceptíveis de ser identificadas por Ecografia. Des-tacam-se a Tenosinovite de De Quervain, processoinflamatório local envolvendo os tendões do curtoextensor e longo abductor do 1º dedo e os Quistossinoviais, que são as principais lesões de carácterexpansivo identificáveis a nível desta localização.

A Ecografia tem permitido ainda o estudo e aidentificação de Tumores de Células Gigantes dasbainhas tendinosas, segunda causa de tumefac-ção mais frequente a nível do punho e mão, de li-pomas, pseudoaneurismas, tumores dos nervosperiféricos e tumores Glómicos.

Referência Bibliográficas:Bianchi S, Martinoli C. Ultrasound of the Musculoskele-tal System. Springer, 2007 Brasseur JL, Dion E, Zeitoun-Eiss D. Actualités en Écogra-phie de l`appareil locomoteur. Sauramps Medical, 2004Jacobson J. Fundamentals of Musculoskeletal Ul-trasound. Saunders, 2007 McNally E. Pratical Muskuloskeletal Ultrasound. Elsevier,2005Peetrons P. Atlas Écographique du Système Locomoteur-Membre supérieur, 2 ed. Sauramps Medical, 2005

ANCA

José Saraiva Ribeiro

A Ecografia da anca constitui uma técnica de ima-gem com elevado potencial diagnóstico e de apoioà terapêutica, aliada a uma disponibilidade ime-diata, rapidez de execução e baixo custo, caracte-rísticas gerais da ecografia e procedimentos eco-

gráficos na área da reumatologia. As indicações clínicas para ecografia da anca no

adulto são a dor na anca nativa ou protésica e odiagnóstico de derrame ou sinovite, patologia pe-riarticular e guiar a artrocentese e/ou a infiltração.

São várias as patologias potencialmente detec-táveis por ecografia. De entre estas contam-se: der-rame intra-articular e proliferação sinovial, lesõesda cartilagem, lesões ósseas (erosões e osteofitos);osteocondromatose, corpos livres intra-articula-res, tendinite/bursite trocantérica, bursite do íleo-psoas e calcificações.

São descritas a técnica de exame, em particulara posição do doente e as várias incidências ecográ-ficas realizadas na avaliação da anca. Serão apre-sentadas e analisadas de forma compreensiva ima-gens ecográficas normais. Serão ainda analisadosos aspectos ecográficos da patologia mais frequen-te, a saber: derrame intra-articular, proliferação si-novial, erosões, osteofitos e patologia periarticular.

TORNOZELO

Margarida Cruz

A ecografia é um método de imagem importanteno diagnóstico diferencial de patologias do tor-nozelo, quer traumáticas, inflamatórias ou con-sequentes a alterações biomecânicas do pé. Notornozelo podem apreciar-se patologias da regiãoposterior: tendão de Aquiles (tendinopatia, ente-sopatia, ruptura parcial ou completa, bursite préou retrocalcaneana), e fascia plantar (fasceíte,ruptura); da região anterior: articulação tíbio-as-tragalina (derrame), tendões dorsiflexores: tibialanterior, extensor próprio do 1º dedo, extensor co-mum dos dedos (tenossinovite, ruptura); da re-gião externa: tendões peroneais curto e longo (te-nossinovite, ruptura, subluxação); da região inter-na: tibial posterior (disfunção do tendão, tenossi-novite, ruptura, síndrome do túnel társico). Adistinção entre derrame articular e edema de te-cidos moles ou tenossinovite é assim fácil e per-mite o diagnóstico exacto, muitas vezes impossí-vel apenas pela observação e palpação das estru-turas do tornozelo.

MÃO E PÉ

Maria Manuela Costa

A ecografia é usada em reumatologia para comple-

mentar a avaliação clínica do doente reumatológi-co, tendo um importante papel no doente com ar-tropatia inflamatória. Este método de imagem per-mite um diagnóstico precoce mas também uma mo-nitorização da evolução clínica das diferentes artro-patias assim como permite executar técnicas dediagnóstico e terapêutica sob controle ecográfico.

As diversas artropatias inflamatórias como a ar-trite reumatóide e a artrite psoriática, entre outras,evoluem com compromisso das estruturas articu-lares e tendinosas das mãos e pés. Deste modo, oestudo ecográfico destas regiões anatómicas é umapreciosa ajuda para um diagnóstico precoce e de-tecção precoce do dano estrutural característicodestas doenças. A introdução atempada da tera-pêutica permite o controlo da actividade inflama-tória e a prevenção da lesão articular incapacitan-te e irreversível.

A ecografia fornece informação acerca da pre-sença de derrame intra-articular, hipertrofia sino-vial, sinovite, tendinite, tenossinovite, erosões, os-teofitos, entesite e entesopatia. Todavia, a qualida-de dos resultados depende de vários factores, no-meadamente do conhecimento das estruturasanatómicas, da experiência do operador e do equi-pamento utilizado.Conclusão: a ecografia das mãos e pés é um mé-todo de imagem útil na pratica clinica do reuma-tologista pelo que é importante um conhecimen-to da técnica com descrição das diversas estrutu-ras anatómicas e alterações patológicas caracte-rísticas de algumas doenças reumáticas.

PROCEDIMENTOS ECOGUIADOS

Fernando Saraiva

Os procedimentos ecoguiados em ultrassonogra-fia músculo-esquelética incluem a realização debiopsias fechadas/percutâneas musculares e da si-novial e a monitorização da localização da agulhaquando da realização de aspirações e/ou infiltra-ções de bolsas serosas, bainhas tendinosas, quis-tos sinoviais ou articulações. O autor faz a descri-ção do material e da técnica que utiliza na realiza-ção de alguns destes procedimentos.

ECOGRAFIA EM REUMATOLOGIA PEDIÁTRICA

Margarida M. Silva

A ecografia é um método bastante apropriado para

o exame das crianças porque não comporta os ris-cos inerentes à radiação ionizante e é muito bemaceite neste grupo etário uma vez que em geralnão provoca desconforto ou ansiedade. É um mé-todo auxiliar de diagnóstico e, como tal, é comple-mentar de uma história clínica e um exame objec-tivo cuidados. O potencial e as limitações destatécnica devem ser conhecidos para que se saibaquando é o exame de eleição e quando são neces-sários outros exames de imagem, como radiogra-fias, TAC ou RMN.

A ecografia é particularmente adequada ao es-tudo do esqueleto imaturo onde há um aumentoda proporção cartilagem/osso. Permite ao exami-nador distinguir rapidamente a cartilagem dos te-cidos moles e do osso e a alteração das relações en-tre as diversas estruturas. Permite comparar arti-culações sintomáticas com as contralaterais assin-tomáticas. Tal como a TAC e a RMN, a ecografiaexige um bom conhecimento anatómico. O aspec-to das articulações das crianças é diferente do dosadultos e, como tal, é necessária experiência par-ticular nesta área.

As aplicações da ecografia músculo-esqueléticaem idades pediátricas incluem: 1. Displasia daanca – a demonstração das características ecográ-ficas da luxação congénita da anca por R. Graf(1980) levou à primeira aplicação prática genera-lizada da ecografia em doenças músculo-esque-léticas – não será objecto deste curso. 2. Anca do-lorosa ou claudicante – a coxofemoral é provavel-mente a articulação mais avaliada nas crianças emparte por ser profunda e difícil de palpar; a ecogra-fia é muito sensível na detecção de derrame arti-cular; é útil na sinovite transitória, na detecção deenvolvimento em doentes com Artrite IdiopáticaJuvenil (AIJ), na epifisiolise e pode ter um papel nadoença de Perthes. 3. Joelho – diagnosticar ou con-firmar derrame e sinovite na AIJ; diagnosticar Quis-to de Baker; avaliar a doença de Osgood-Schlatter.4. Outras articulações – detecção de derrame e si-novite noutras articulações dos membros. 5. Estu-do dos tendões – como estruturas superficiais sãoparticularmente propícias à avaliação ecográfica.6. Múltiplas aplicações adicionais existem, variá-veis com a experiência de cada centro.

A medição da espessura da cartilagem articularem várias articulações poderá ser útil na avaliaçãoe seguimento dos doentes com AIJ. O caso parti-cular dos punhos de um doente com AIJ permiteexemplificar múltiplas potencialidades da ecogra-fia: avaliação da hipervascularização da sinovial

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(recurso ao Doppler), das tenossinovites, das ero-sões ósseas e da diminuição da espessura da car-tilagem.

DOCUMENTAÇÃO DE IMAGENS E RELATÓRIOS EM

ECOGRAFIA

Margarida M. Silva

A elaboração dos relatórios é um tema que, em ge-ral, não é abordado nem nos livros, nem nos cur-sos de ecografia. No entanto, o relatório pode ser oúnico meio de comunicação entre o médico que fazo exame e o médico que trata o doente. O relatórioé um documento que passa a fazer parte do proces-so clínico do doente pelo que tem de ser claro. Omesmo exame, feito por dois ecografistas diferen-tes, pode dar origem a um relatório de 3 linhas numcaso e de uma página e meia no outro e serem osdois igualmente confusos e até enigmáticos. O me-lhor ecografista se não souber elaborar adequada-mente o relatório não é eficaz no seu trabalho.

Um bom relatório deve descrever a técnica doexame; referir eventuais limitações na execuçãodo mesmo; deixar bem claro quais as estruturasexaminadas, mesmo que não mostrem alterações;ser descritivo; conter um diagnóstico ou diagnós-ticos diferenciais (quando tal for pertinente); fazermenção de eventuais limitações do exame ecográ-fico na avaliação de determinadas estruturas oupatologias (quando apropriado); deixar claro se foitomado conhecimento da informação clínica rele-vante; responder directamente às questões do mé-dico que referenciou o doente; mencionar a com-paração com exames anteriores, se existirem; darindicações quanto ao seguimento e exames adicio-nais de diagnóstico eventualmente necessáriospara clarificar ou confirmar o diagnóstico feito.

O relatório tem de ser acompanhado pelas prin-cipais imagens obtidas, tanto das estruturas quenão se apresentam alteradas, como das que apre-sentam aspectos patológicos. As imagens têm deser identificadas quanto à região examinada, localespecífico e incidência. Uma alteração patológicadeve ficar documentada em pelo menos dois pla-nos. A imagem deve ser associada à respectiva des-crição sempre que existam alterações patológicas.

A evolução de ecógrafos que apenas permitiama impressão das imagens para os que as registamem formato digital constitui um avanço importan-te. Cada exame pode facilmente ficar documenta-do com um maior número de imagens; passa-se de

um arquivo constituído unicamente por relatóriospara um que além dos relatórios guarda as ima-gens. Torna-se mais fácil fazer apresentações dasimagens para fins didácticos. Podem fazer-se pe-quenos filmes para documentar exames dinâmicos– característica fundamental da ecografia - e infil-trações guiadas. As imagens em formato digitalalém de serem facilmente arquivadas podem sercomunicadas a outros sistemas.

Terminamos a comunicação mostrando exem-plos dos modelos de relatórios em ecografia mús-culo-esquelética que temos vindo a usar no nossotrabalho nos últimos anos. Trata-se de modelos derelatórios estruturados que deixam bem claro o quefoi avaliado em cada exame. Têm espaço para tex-to livre, usado para as descrições e comentários.Permitem fazer a associação das imagens à respec-tiva descrição. Podem servir para ter presente o pro-tocolo de exame de uma determinada articulaçãoe agilizam o processo de elaboração do relatório.

APONTAMENTOS FINAIS

Fernando Saraiva

O autor faz referência aos avanços tecnológicos re-centes verificados no âmbito da ultrassonografia erelaciona-os com a expansão das indicações daecografia em reumatologia. Estabelece ainda com-parações entre esta técnica e a RMN, apontandovantagens e desvantagens, por patologias e regiõesanatómicas.

COLOR DOPPLER E POWER DOPPLER EM PATOLOGIA

REUMATOLÓGICA

Eugenio de Miguel

A avaliação por Power Doppler pode fornecer umimportante contributo na diferenciação entre pro-liferação sinovial, sinovite, coágulos sanguíneos,fibrina, vasculites e entesitis, entre outras.

A perfusão sinovial pode ser avaliada utilizan-do uma escala subjectiva semi-quantitativa queavalia o sinal Doppler, através uma escala quanti-tatica da medição de pixels ou analisando o Dop-pler curvas.

Actualmente, ainda não existe consenso relati-vamente ao método de eleição para quantificar osinal Doppler. Contudo, os métodos semi-quanti-tativos são os mais frequentemente utilizados.

O Color Doppler depende da direcção do fluxo.

Geralmente, o vermelho é utilizado para indicar queo fluxo se aproxima do transdutor e o azul para o flu-xo que se afasta do mesmo. Diferentes tons de ver-melho (ou azul) indicam diferentes velocidades defluxo (na realidade diferentes turnos de frequência).

O Power Doppler é muito sensível na detecçãode fluxo, pelo que não depende da velocidade oudirecção do mesmo. Sendo um modo quase ângu-lo independente.

A vantagem teórica na maior sensibilidade doPower Doppler em relação ao Color Doppler desa-pareceu nos últimos anos com o advento de novosecógrafos equipados com Color Doppler de eleva-da sensibilidade. Nalguns casos, inclusivamente,superando a sensibilidade do Power Doppler. A es-colha entre a utilização de Color ou Power Doppler,na detecção de baixo fluxo, deve depender das ca-racterísticas do equipamento e não de uma padro-nização pré-definida.

A avaliação ecográfica com Power e Color é influ-enciada pela experiência do examinador, qualidadedos equipamentos e condições acústicas envolvidasno processo de aquisição da imagem. Assim, é fun-damental que o examinador conheça os artefactosmais comummente encontrados e a sua importân-cia para uma correcta interpretação da imagem.

Os parâmetros ajustáveis do Doppler mais im-portantes são: freqüência, ganância, PRF, filtro deparede, posição do foco, tamanho e posição da cai-xa de cor. O posicionamento do paciente, a técni-ca de captura da imagem, a temperatura, o álcoole comida ingerida, influenciam a qualidade do exa-me Doppler.

O examinador tem de estar familiarizado comos artefactos que podem acompanhar o efeitoDoppler, dos quais se salienta: pressão, ruído, «alia-sing», crescendo (blooming), movimento, espelho,reverberação e focalização.1

Na utilização em reumatologia é importante aquantidade de cor (quantificação do fluxo) e nãoa velocidade relativa ou direcção do fluxo.

O efeito Doppler é válido na detecção e avaliaçãode inflamação sinovial? Na literatura existe um importante número de es-tudos que demonstram a importância e vantagensda utilização do Doppler na quantificação de in-flamação articular em doentes com artrite reuma-tóide. Este método quando comparado com outrosde referência para a avaliação de actividade infla-matória obteve excelentes resultados. Demonstrouser sobreponível a biopsias de grandes articula-

ções,2,3 ressonância magnética,4,5 marcadores bio-químicos da doença e avaliação clínica articular.6

Inclusivamente, o Doppler demonstrou ter valorpreditivo na detecção de doença erosiva.7

O Doppler pode ser usado para detectar vasculi-te. Numerosos estudos, incluindo uma meta-aná-lise, foram publicados sobre a utilização da ecogra-fia da artéria temporal no diagnóstico de arterite decélulas gigantes. O Doppler também pode ser usa-do para avaliar vasculite das artérias subclávias ecarótidas em doentes com arterite de Takayasu.

Nas doenças reumáticas inflamatórias pode,igualmente, ser uma arma útil na avaliação das en-tesis e articulações sacro-ilíacas.

Resumindo, a ecografia com Doppler representaum grande avanço na prática clínica diária reuma-tológica, auxiliando na tomada de decisões diagnós-ticas, bem como em intervenções terapêuticas, numnúmero crescente de doenças. Vantagens a que oreumatologista do século XXI não pode renunciar.

Referências Bibliográficas:1. Torp-Pedersen ST, Terslev L. Settings and artefacts re-

levant in colour/power Doppler ultrasound in rheu-matology. Ann Rheum Dis 2008; 67:143-149

2. Walther M, Harms H, Krenn V, Radke S, FaehndrichTP, Gohlke ,F. Correlation of power Doppler sono-graphy with vascularity of the synovial tissue of theknee joint in patients with osteoarthritis and rheu-matoid arthritis. Arthritis Rheum 2001; 44:331-338.

3. Walther M, Harms H, Krenn V, Radke S, Kirschner S,Gohlke F. Synovial tissue of the hip at power DopplerUS: correlation between vascularity and power Dop-pler US signal. Radiology 2002; 225:225-231.

4. Szkudlarek M, Court-Payen M, Strandberg C, Klar-lund M, Klausen T, Østergaard M: Power Doppler Ul-trasonography of Synovitis in MetacarpophalangealJoints of Patients With Rheumatoid Arthritis. ArthritisRheum 2001; 44:2018-2023.

5. Terslev L, Torp-Pedersen S, Savnik A, von der Recke P,Qvistgaard E, Danneskiold-Samsøe B, Bliddal H.Doppler ultrasound and magnetic resonance ima-ging of synovial inflammation of the hand in rheu-matoid arthritis: a comparative study. ArthritisRheum 2003; 48:2434-2441.

6. Qvistgaard E, Røgind H, Torp-Pedersen S, Terslev L,Danneskiold-Samsøe B, Bliddal H. Quantitative ul-trasonography in rheumatoid arthritis: evaluation ofinflammation by Doppler technique. Ann Rheum Dis2001; 60:690-693.

7. Taylor PC, Steuer A, Gruber J, Cosgrove DO, BlomleyMJ, Marsters PA, Wagner CL, McClinton C, Maini RN.Comparison of ultrasonographic assessment ofsynovitis and joint vascularity with radiographic eva-luation in a randomized, placebo-controlled study ofinfliximab therapy in early rheumatoid arthritis.Arthritis Rheum 2004; 50:1107-1116.

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XIV CONGRESSO PORTUGUÊS REUMATOLOGIA

BÚSQUEDA DE CRISTALES EN LÍQUIDO SINOVIAL

Dr.ª Francisca Sivera

El diagnóstico de certeza de gota o de artropatía porpirofosfato exige la identificación de cristales deurato monosódico (UMS) o de pirofosfato cálcicodihidratado (PFC) en líquido sinovial. Los cristalesde UMS adoptan forma de agujas con birrefringen-cia negativa e intensa; en cambio los cristales dePFC son paralelepípedos con birrefringencia débil-mente positiva. Familiarizarse con los cristales esesencial para realizar diagnósticos de certeza en lapráctica clínica diaria.

DIA 2 DE ABRIL • 4ª FEIRA

3º CURSO LIVRE «ESTUDO DO LÍQUIDO SINOVIAL»Direcção e Coordenação:Dr. José M. Bravo Pimentão, ReumatologistaServiço de Reumatologia, Hospital de Egas Moniz, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Lisboa.

Tutores– Dr. José M. Bravo Pimentão (H. de Egas Moniz – Lisboa)– Prof. Doutora M.ª Ondina de Figueiredo (Departamento Engenharia de Materiais, Universidade Nova

de Lisboa)– Dr.ª Francisca Sivera (H. Universitário – Alicante)– Dr. Herberto de Jesus (CHF)– Dr.ª Patrícia Nero (H. de Egas Moniz - Lisboa)– Dr.ª Sandra Falcão (H. de Egas Moniz - Lisboa)

PROGRAMA

08h30 - 09h45 IntroduçãoDr. José M. Bravo Pimentão

Cristais: estrutura interna, morfologia e mecanismos de crescimentoProf. Doutora M.ª Ondina de Figueiredo

Búsqueda de cristales en líquido sinovialDr.ª Francisca Sivera

09h45 - 10h00 Pausa para Café10h00 - 13h00 Curso Prático13h00 Almoço do Curso

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DIA 2 DE ABRIL • 4ª FEIRA

MESAS-REDONDASSala João FigueirinhasREUMATOLOGIA – A ESPECIFICIDADE DUMA ESPECIALIDADE

14h00 - 15h30 MR1. VasculitesMODERADORES:Prof. Doutor José António Silva, Reumatologista.

Serviço de Reumatologia, Hospitais da Universidade de Coimbra, Coimbra.Dr. Jorge Crespo, Especialista de Medicina Interna.

Serviço de Medicina III, Hospitais da Universidade de Coimbra, Coimbra.Pistas clínicas para o diagnóstico de vasculites – Clinical clues on the diagnosis ofvasculitis

Prof. Doutor José António SilvaContributo do ANCA para o diagnóstico e tratamento das vasculites - How doesANCA contribute to the diagnosis and management of vasculitis

Prof. Doutor Allan Wiik.Department of Autoimmunology, Statens Serum Institut. Copenhaga, Dinamarca.

Tratamento actual das vasculites – What is the best treatment for vasculitisDr. Raashid Luqmani, Reumatologista.

Rheumatology Department, Nuffield Orthopaedic Centre. Oxford, Reino Unido.

Sala João RegoREUMATOLOGIA – AS FRONTEIRAS COM OUTRAS ESPECIALIDADES

14h00 - 15h30 MR2. Osteoartrose MODERADORES:Dr.ª Ana Assunção Teixeira, Reumatologista.

Directora Clínica do Instituto Português de Reumatologia, Lisboa.Dr. Domingos Araújo, Reumatologista.

Director do Serviço de Reumatologia do Hospital Conde de Bertiandos, Centro Hospitalar do Alto Minho, Ponte de Lima.

Epidemiologia da Osteoartrose em Portugal: resultados do estudo EPI – PortoDr. Rui André Santos, Reumatologista.

Hospital Militar Principal, Lisboa.Imagiologia da Osteoartrose

Dr.ª Margarida Silva, Reumatologista.Instituto Português de Reumatologia, Lisboa.

As perspectivas do tratamento farmacológico com base nos dados actuais dafisiopatologia da Artrose – Perspectives du traitement pharmacologique à travers laphysiopathologie actuelle de l’arthrose

Prof. Doutor Bernard Mazières, Reumatologista.Service de Rhumatologie, CHU Larrey. Toulouse, França

Biomateriais e células estaminais adultas na regeneração de tecidos lesados por doenças reumatológicas

Eng.º Nuno NevesUniversidade do Minho, Braga.

X I V C O N G R E S S O P O R T U G U Ê S D E R E U M AT O L O G I A

PP RR OO GG RR AA MM AA DD OO CC OO NN GG RR EE SS SS OO

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ENCONTROS COM O ESPECIALISTA14h00 - 15h30 ECE1. Erros comuns em Reumatologia

Dr. José Canas da Silva, Reumatologista.Director do Serviço de Reumatologia do Hospital Garcia de Orta, Almada.

Dr.ª Ana Cordeiro, Reumatologista.Serviço de Reumatologia, Hospital Garcia de Orta, Almada.

16h00 - 16h30 LIÇÃO PARA A VIDA O Reconhecimento do mérito e da excelência…

…Actual – Entrega dos Prémios e Bolsas da SPR…Passada – Entrega dos Galardões «Reuméritus» da SPR

16h30 - 18h00 CERIMÓNIA DE ABERTURA Presidente: Dr. Augusto Faustino, Reumatologista.

Instituto Português de Reumatologia, Lisboa.Homenagem póstuma aos Drs. João Rego e João FigueirinhasPrograma Nacional contra as Doenças ReumáticasProf. Dr. Jaime Branco (Coordenador Nacional do Programa Nacional contra asDoenças Reumáticas)Lançamento do Livro «A Reumatologia e a Arte»Prof. Dr. Viana de Queiroz

SIMPÓSIOS-SATÉLITE18h00 - 19h30 Ibandronato – Novas Evidências de Eficácia Anti-Fracturária

(Patrocínio Roche)

DIA 3 DE ABRIL • 5ª FEIRA

08h00 - 9h00 VISITA AOS POSTERS MODERADORES:

Dr. João Ribeiro da Silva, Reumatologista.Serviço de Reumatologia, Hospital de Santa Maria, Lisboa.

Dr. Carlos Miranda Rosa, Reumatologista.Serviço de Reumatologia, Hospital de Santa Maria, Lisboa.

COMENTADOR CIÊNCIA BÁSICA:Prof. Doutor Luís Graça

Unidade de Imunologia Celular, Instituto de Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

MESAS-REDONDASSala João FigueirinhasREUMATOLOGIA – A ESPECIFICIDADE DUMA ESPECIALIDADE

09h00 - 10h30 MR3. Espondiloartropatias MODERADORES

Prof. Doutor Francisco Simões Ventura, Reumatologista.Director do Serviço de Reumatologia do Hospital de São João, Porto.

Dr. Fernando Pimentel, Reumatologista.Serviço de Reumatologia, Hospital de Egas Moniz, CHLO, Lisboa.

Terapêutica das Espondiloartropatias na Iberoamérica.Que lugar para os agentes biológicos? Prof. Doutor Eduardo Collantes Estévez, Reumatologista.

Serviço de Reumatologia, Hospital Universitario «Reina Sofía». Córdoba, Espanha.Será possível induzir remissão e reduzir progressivamente a terapêutica anti-TNF?

Dr.ª Patrícia Nero, Reumatologista. Serviço de Reumatologia, Hospital de Egas Moniz, CHLO, Lisboa.

XIV CONGRESSO PORTUGUÊS REUMATOLOGIA

ÓRGÃO OFICIAL DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE REUMATOLOGIA - ACTA REUMATOL PORT. 2008;33:39-49 (SUP)

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As recomendações da SPR para a terapêutica biológica na Artrite PsoriáticaDr.ª Anabela Barcelos, Reumatologista.

Responsável pela Unidade de Reumatologia do Hospital Infante Dom Pedro, Aveiro.Dr. Armando Malcata, Reumatologista.

Director do Serviço de Reumatologia dos HUC, Coimbra.11h00 - 12h30 MR4. Reumatologia Pediátrica

MODERADORES:Dr. JA Melo Gomes, Reumatologista.

Instituto Português de Reumatologia, Lisboa. Reumatologista Consultor doHospital de Dona Estefânia e dos Serviços de Pediatria do Hospital Distrital deFaro, do Hospital de São Francisco Xavier e do Hospital Fernando da Fonseca.

Dr.ª Sara Pires de Freitas, Reumatologista.Terapêutica actual da nefropatia lúpica na criança e no adolescente

Prof.ª Doutora Maria Odete Hilário, Pediatra.Departamento de Pediatria e Sector de Reumatologia Pediátrica. Disciplina deAlergia, Imunologia Clínica e Reumatologia. Universidade Federal de São Paulo,Brasil

Terapêutica actual das Artrites Idiopáticas JuvenisDr. JA Melo Gomes

Recomendações de Terapêutica Biológica da SPRDr.ª Maria José Vieira, Pediatra.

Directora do Serviço de Pediatria e Directora Clínica do Hospital de Vila Nova deFamalicão. Pelo Grupo de Trabalho de Reumatologia Pediátrica da SociedadePortuguesa de Reumatologia.

14h30 - 16h00 MR5. Lúpus Eritematoso Sistémico MODERADORES:

Dr. José Alberto Pereira da Silva, Reumatologista.Serviço de Reumatologia, Hospital de Santa Maria, Lisboa

Dr.ª Maria José Santos, Reumatologista.Serviço de Reumatologia, Hospital Garcia de Orta, Almada

Lúpus Neuropsiquiátrico – Neuropsychiatric lupusProf. Doutor Yehuda Shoenfeld, Especialista de Medicina Interna.

Department of Medicine ‘B’ and Center for Autoimmune Diseases, Sheba MedicalCenter.Telavive, Israel.

Deplecção de células B no tratamento do LES – The use of B cell depletion in thetreatment of SLE

Prof. Doutor David Isenberg, Reumatologista.Centre for Rheumatology Research, Division of Medicine UCL. Londres, Reino Unido.

Terapêutica actual da glomerulonefrite lúpicaDr. Gomes da Costa, Nefrologista.

Serviço de Nefrologia, Hospital de Santa Maria, Lisboa.

Sala João RegoREUMATOLOGIA – AS FRONTEIRAS COM OUTRAS ESPECIALIDADES

09h00 - 10h30 MR6. Aspectos Cirúrgicos das Doenças Reumáticas MODERADORES:

Prof. Doutor Jacinto Monteiro, Ortopedista.Director do Serviço de Ortopedia do Hospital de Santa Maria, Lisboa.

Dr. Guilherme Figueiredo, Reumatologista.Director do Serviço de Reumatologia do HDES, Ponta Delgada, Açores.

Cirurgia da MãoDr. Mota da Costa, Cirurgião Plástico

Hospital CUF Descobertas, Lisboa

PROGRAMA DO CONGRESSO

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NeurocirurgiaDr. João Melancia, Neurocirurgião

Hospital de Santa Maria, LisboaOrtopedia

Prof. Doutor Jacinto Monteiro, OrtopedistaDirector do Serviço de Ortopedia do Hospital de Santa Maria, Lisboa

11h00 - 12h30 MR7. Interface com a Clínica Geral / Medicina Familiar MODERADORES:

Dr. Luís Pisco, Clínico Geral.Presidente da APMCG (Associação Portuguesa de Médicos de Clínica Geral)

Dr. Augusto Faustino, Reumatologista.Presidente da Sociedade Portuguesa de Reumatologia.Reumatologista do Instituto Português de Reumatologia

Osteoporose numa consulta de Clínica Geral – articulação com a especialidadeDr.ª Tânia Pires Silva, Clínica Geral.

Médica de Família na USF Tornada, Caldas da Rainha.Prevalência de Doença Reumática numa USF

Dr. Nuno Sousa, Clínico Geral.Médico de Família na USF Dafundo, Lisboa.

Articulação MGF/Reumatologia: Experiência do Serviço de Reumatologia dos HUC.Dr. Luís Inês, Reumatologista

Serviço de Reumatologia, HUC, Coimbra14h30 - 16h00 MR8. A Reumatologia Para Além da Articulação – I

MODERADORES:Prof. Doutor Armando Porto, Especialista de Medicina Interna.

Professor Jubilado de Medicina Interna na Faculdade de Medicina da Universidadede Coimbra, Coimbra.

Dr. Armando Malcata, Reumatologista.Director do Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra,Coimbra.

Pele Prof. Doutor Américo Figueiredo, Dermatologista.

Director de Serviço de Dermatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra,Coimbra

Olho Prof. Doutor Gil Forte, Oftalmologista.

Serviço de Oftalmologia, Hospital Egas Moniz, Centro Hospitalar de LisboaOcidental, EPE, Lisboa.

Tiróide Prof. Doutor Davide Carvalho, Endocrinologista.

Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo do Departamento deMedicina. Faculdade de Medicina do Porto, Hospital S. João, Porto.

16h30 - 17h50 MR9. A Reumatologia Para Além da Articulação – II MODERADORES:

Prof. Doutor Manuel Carrageta, Cardiologista.Director do Serviço de Cardiologia do Hospital Garcia de Orta, Almada.Presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia.

Dr. José Vaz Patto, Reumatologista.Presidente do Instituto Português de Reumatologia, Lisboa.

FígadoProf. Doutor Rui Marques dos Santos, Especialista de Medicina Interna.

Serviço de Medicina III, Hospitais da Universidade de Coimbra, Coimbra.

XIV CONGRESSO PORTUGUÊS REUMATOLOGIA

ÓRGÃO OFICIAL DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE REUMATOLOGIA - ACTA REUMATOL PORT. 2008;33:39-49 (SUP)

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A Reumatologia e o CoraçãoDr. Paulo Nicola, Investigador.

Instituto de Medicina Preventiva, Faculdade de Medicina de Lisboa, Lisboa.Rim

Prof. Doutor João Frazão, Nefrologista.Serviço de Nefrologia do Hospital de São João, Porto.

LIÇÕES PLENÁRIAS 14h00 - 14h30 LP 1. Can we predict autoimmune Rheumatic Diseases?

PRESIDENTE:Prof. Doutor Jaime C. Branco, Reumatologista.

Director do Serviço de Reumatologia do Hospital de Egas Moniz, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Lisboa.

PALESTRANTE:Prof. Doutor Yehuda Shoenfeld, Especialista de Medicina Interna.Department of Medicine ‘B’ and Center for Autoimmune Diseases. Sheba Medical Center. Telavive, Israel.

17h50 - 18h00 Declaração Escrita sobre as Doenças Reumáticas – Contributo de uma proposta no Parlamento Europeu

Dra. Edite EstrelaDeputada ao Parlamento EuropeuMembro da Comissão do Ambiente, da Saúde Pública e da Segurança Alimentar 1a Vice-Presidente da Comissão dos Direitos da Mulher e Igualdade dos Géneros Presidente da Delegação Socialista Portuguesa

COMUNICAÇÕES LIVRES 116h30 - 17h50 MODERADORES:

Dr.ª Lúcia Costa, Reumatologista.Serviço de Reumatologia, Hospital Conde de Bertiandos, Centro Hospitalar do Alto Minho, Ponte de Lima.

Dr.ª Margarida Cruz, Reumatologista.Serviço de Reumatologia, Centro Hospitalar das Caldas da Rainha.

COMENTADOR CIÊNCIA BÁSICA:Prof. Doutor Luís Graça

Unidade de Imunologia Celular, Instituto de MedicinaMolecular da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

ENCONTROS COM O ESPECIALISTA09h00 - 10h30 ECE2. Como utilizar adequadamente os exames laboratoriais em Reumatologia

Dr. Paulo Coelho, ReumatologistaInstituto Português de Reumatologia, Lisboa

Dr.ª Manuela Parente, ReumatologistaInstituto Português de Reumatologia, Lisboa

11h00 - 12h30 ECE3. Como identificar precocemente uma Artrite Dr. José Pinto, Reumatologista

Serviço de Reumatologia do Hospital de São João, PortoDr. José Miguel Bernardes, Reumatologista

Serviço de Reumatologia do Hospital de São João, Porto14h30 - 16h00 ECE4. Como identificar precocemente uma Espondiloartropatia

Dr.ª Helena Santos, ReumatologistaInstituto Português de Reumatologia, Lisboa

Dr.ª Fátima Godinho, ReumatologistaServiço de Reumatologia, Hospital Garcia de Orta, Almada

PROGRAMA DO CONGRESSO

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16h30 - 17h50 ECE5. Como identificar precocemente uma Doença Reumática Sistémica Dr. Luís Inês, Reumatologista

Serviço de Reumatologia, Hospitais da Universidade de Coimbra, CoimbraDr.ª Cândida Silva, Reumatologista

Instituto Português de Reumatologia, Lisboa

ENCONTROS COM AS ASSOCIAÇÕES DE DOENTES09h00 - 10h30 1. Associação Nacional dos Doentes com Artrites e Reumatismos de Infância (ANDAI)11h00 - 12h30 2. Associação de Doentes com Lúpus14h30 - 16h00 3. Associação Nacional de Doentes com Artrite Reumatóide (ANDAR) 16h30 - 17h50 4. Associação Nacional de Doentes com Espondilite Anquilosante (ANEA)

SIMPÓSIOS-SATÉLITE12h30 - 14h00 BeSt choices, Better future

(Patrocínio Schering-Plough)18h00 - 19h30 Celebrex-Lyrica Pain Symposium

(Patrocínio Pfizer)19h30 - 20h30 Strontium Ranelate flashes: late breaking news.

Ranelato de Estrôncio e novas evidência(Patrocínio Servier)

DIA 4 DE ABRIL • 6ª FEIRA

08h00 - 09h00 VISITA AOS POSTERS MODERADORES:

Dr.ª Cristina Catita, Reumatologista.Serviço de Reumatologia, Hospital de Santa Maria, Lisboa.

Dr. Jorge Silva, Reumatologista.Serviço de Reumatologia, Hospitais da Universidade de Coimbra, Coimbra

COMENTADOR CIÊNCIA BÁSICA:Prof. Doutor Luís GraçaUnidade de Imunologia Celular, Instituto de MedicinaMolecular da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

MESAS-REDONDASSala João FigueirinhasREUMATOLOGIA – A ESPECIFICIDADE DUMA ESPECIALIDADE

09h00 - 10h30 MR10. Osteoporose MODERADORES:

Dr. Alberto Quintal, Reumatologista.Director da Unidade de Reumatologia do Centro Hospitalar do Funchal, Funchal, Madeira.

Dr.ª Helena Canhão, Reumatologista.Serviço de Reumatologia, Hospital de Santa Maria, Lisboa.

Conseguiremos bater as terapêuticas actuais? Novos alvos terapêuticos. – Can webeat the current therapies? New therapeutic targets.

Prof. Doutor Tim Spector, Reumatologista.Twin Research & Genetic Epidemiology Unit, St. Thomas’ Hospital and Kings College. Londres, Reino Unido.

Recomendações da SPR para o diagnóstico e terapêutica da OsteoporoseDr.ª Viviana Tavares, Reumatologista.

Serviço de Reumatologia, Hospital Garcia de Orta, Almada.

XIV CONGRESSO PORTUGUÊS REUMATOLOGIA

ÓRGÃO OFICIAL DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE REUMATOLOGIA - ACTA REUMATOL PORT. 2008;33:39-49 (SUP)

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Novo conceito de risco de fractura da OMSDr. José Carlos Romeu, Reumatologista.Serviço de Reumatologia, Hospital de Santa Maria, Lisboa.

11h00 - 12h30 MR11. Artrite Reumatóide MODERADORES:

Prof. Doutor João Eurico Fonseca, Reumatologista.Serviço de Reumatologia, Hospital de Santa Maria, Lisboa.

Prof.ª Doutora Maria José Leandro, Reumatologista.University College London. Londres, Reino Unido.

Tratar hoje a AR: Os Fins Justificam os Meios? A Visão do ReumatologistaProf. Doutor Jaime C. Branco, Reumatologista.

Director do Serviço de Reumatologia do Hospital de Egas Moniz, Centro Hospitalarde Lisboa Ocidental, Lisboa.

Tratar hoje a AR: Os Fins Justificam os Meios? Perspectiva de custo-efectividadeProf. Doutor Vasco Maria

Presidente do INFARMED.Terapêutica personalizada da AR – Tailoring RA treatment

Dr. Paul Peter Tak, Reumatologista.Division of Clinical Immunology and Rheumatology. Academic Medical Center,University of Amsterdam. Amesterdão, Holanda.

Sala João RegoREUMATOLOGIA – AS FRONTEIRAS COM OUTRAS ESPECIALIDADES

09h00 - 10h30 MR12. Risco Cardiovascular das Doenças Reumáticas MODERADORES:

Prof. Doutor Evangelista Rocha, Cardiologista.Hospital Militar Principal, Faculdade de Medicina de Lisboa.

Dr. José Canas da Silva, Reumatologista.Director do Serviço de Reumatologia do Hospital Garcia de Orta, Almada.

Aterosclerose e InflamaçãoProf. Doutor José Manuel Silva, Especialista de Medicina Interna.

Serviço de Medicina II, Hospitais da Universidade de Coimbra, Coimbra.Abordagem das dislipidemias no doente reumático

Prof. Doutor Víctor Gil, Cardiologista.Director do Serviço de Cardiologia do Hospital Fernando da Fonseca, Lisboa.

HTADr. Vítor Ramalhinho, Especialista de Medicina Interna.

Serviço de Medicina I, Hospital de Santa Maria, Lisboa.11h00 - 12h30 MR13. LMERT – Lesões Músculo-Esqueléticas Relacionadas com o Trabalho

MODERADORES

Dr.ª Maria Fátima Lopes, Médica do Trabalho. Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina do Trabalho.

Dr. Luís Miranda, Reumatologista. Médico do Trabalho.Instituto Português de Reumatologia, Lisboa.

LMERT - sectores de actividade e relação patologia/actividade.Implicações para o Médico do Trabalho

Dr.ª Maria Fátima LopesO impacto laboral das LMERT. Implicações para o Reumatologista

Dr. Luís MirandaPrevenção no local de trabalho – Prevenção das LMERT.A visão do Ergonomista.

Prof.ª Doutora Filomena Carnide, Professora de Ergonomia.Faculdade de Motricidade Humana, Lisboa.

PROGRAMA DO CONGRESSO

ÓRGÃO OFICIAL DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE REUMATOLOGIA - ACTA REUMATOL PORT. 2008;33:39-49 (SUP)

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14h30 - 16h00 MR14. Ginecologia e Obstetrícia – Gravidez e Doenças Reumáticas MODERADORES:

Dr.ª Conceição Cardoso, Ginecologista.Serviço de Ginecologia. Hospital de Santa Maria, Lisboa.

Dr.ª Aurora Marques, Reumatologista.Serviço de Reumatologia. Hospital de Santa Maria, Lisboa.

Lúpus e GravidezDr.ª Luísa Pargana, Ginecologista

Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Hospital de Santa Maria, Lisboa; Dr.ª Susana Capela, Reumatologista

Serviço de Reumatologia, Hospital de Santa Maria, Lisboa.Esclerose Sistémica e Gravidez

Dr. Miguel Tuna, Ginecologista Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Hospital de Santa Maria, Lisboa

Dr.ª Catarina Resende, ReumatologistaServiço de Reumatologia, Hospital de Santa Maria, Lisboa.

Fármacos em Reumatologia. Implicações na gravidezDr.ª Luísa Pinto, Ginecologista

Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Hospital de Santa Maria, Lisboa; Dr.ª Ana Rodrigues

Interna do Internato Complementar de Reumatologia, Serviço de Reumatologia,Hospital de Santa Maria, Lisboa.

16h30 - 18h00 MR15. Psiquiatria – «Reumatologia e Neurociências»MODERADORES:

Dr.ª Lúcia Monteiro, Psiquiatra.Directora da Unidade de Psiquiatria do IPO e Coordenadora do Núcleo de Oncologia Psicossocial.

Dr. Rui Leitão, Reumatologista.Instituto Português de Reumatologia, Lisboa.

Manual do Sono para ReumatologistasDr. António Atalaia, Neurologista.

Hospital Inglês, Lisboa.Psiquiatria de Ligação à Reumatologia

Dr.ª Lúcia Monteiro, Psiquiatra.Directora da Unidade de Psiquiatria do IPO e Coordenadora do Núcleo deOncologia Psicossocial.

Psiconeuroimunologia em ReumatologiaProf. Doutor Rui Mota-Cardoso, Psiquiatra

Professor Catedrático e Director do Serviço de Psicologia Médica da Faculdade deMedicina do Porto, Porto

LIÇÕES PLENÁRIAS14h00 - 14h30 LP2 - How to create a Centre of Excellence in Rheumatology from scratch.

PRESIDENTE:Dr. Rui André Santos, Reumatologista.

Hospital Militar Principal, Lisboa.PALESTRANTE

Prof. Doutor Paul Peter Tak, Reumatologista.Division of Clinical Immunology and Rheumatology. Academic Medical Centre,University of Amsterdam. Amesterdão, Holanda.

16h00 - 16h30 LP3 - The genetics of osteoporosisPRESIDENTE:

Dr. José Carlos Romeu, Reumatologista.Serviço de Reumatologia, Hospital de Santa Maria, Lisboa.

XIV CONGRESSO PORTUGUÊS REUMATOLOGIA

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PALESTRANTE:Prof. Doutor Tim Spector, Reumatologista.

Twin Research & Genetic Epidemiology Unit, St. Thomas’ Hospital and KingsCollege. Londres, Reino Unido.

COMUNICAÇÕES LIVRES 2 14h30 - 15h30 MODERADORES:

Dr. Filipe Brandão, Reumatologista.Serviço de Reumatologia do Hospital de São João, Porto.

Dr.ª Graça Sequeira, Reumatologista.Unidade de Reumatologia, Hospital de Faro, Faro.

COMENTADOR CIÊNCIA BÁSICA:Prof. Doutor Luís Graça

Unidade de Imunologia Celular, Instituto de Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

COMUNICAÇÕES LIVRES 3 16h30 - 17h50 MODERADORES:

Dr. Pedro Gonçalves, Reumatologista.Serviço de Reumatologia, Hospital Garcia de Orta, Almada.

Dr.ª Paula Valente, Reumatologista.Unidade de Reumatologia, Hospital da Feira, Feira.

COMENTADOR CIÊNCIA BÁSICA:Prof. Doutor Luís Graça

Unidade de Imunologia Celular, Instituto de Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

ENCONTROS COM O ESPECIALISTA09h00 - 10h30 ECE6. Abordagem clínica da Gota

Dr. Armando Malcata, Reumatologista.Director do Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra, Coimbra.

Dr.ª Margarida Oliveira, Reumatologista.Unidade de Reumatologia, Hospital da Cova da Beira, Covilhã.

11h00 - 12h30 ECE7. Quando pedir e como interpretar uma Densitometria Óssea Dr.ª Viviana Tavares, Reumatologista.

Serviço de Reumatologia, Hospital Garcia de Orta, Almada.Dr.ª Eugénia Simões, Reumatologista.

Instituto Português de Reumatologia, Lisboa.14h30 - 16h00 ECE8. Os falsos diagnósticos de Fibromialgia na Clínica Geral

Dr. Fernando Saraiva, Reumatologista.Serviço de Reumatologia, Hospital de Santa Maria, Lisboa.

Dr. Herberto Jesus, Reumatologista.Unidade de Reumatologia, Centro Hospitalar do Funchal, Funchal, Madeira.

16h30 - 18h00 ECE9. Exercício físico nas Doenças Reumáticas – quando e como?Dr. Alves de Matos, Reumatologista.

Serviço de Reumatologia, Hospital de Egas Moniz, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Lisboa.

Dr. Sérgio Alcino Azevedo, Reumatologista.Serviço de Reumatologia, Hospital Conde de Bertiandos, Centro Hospitalar do AltoMinho, Ponte de Lima.

ENCONTROS COM AS ASSOCIAÇÕES DE DOENTES09h00 - 10h30 Liga Portuguesa Contra as Doenças Reumáticas (LPCDR)

PROGRAMA DO CONGRESSO

ÓRGÃO OFICIAL DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE REUMATOLOGIA - ACTA REUMATOL PORT. 2008;33:39-49 (SUP)

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11h00 - 12h30 Associação Nacional Contra a Fibromialgia e Síndrome de Fadiga Crónica (MYOS)

14h30 - 16h00 Associação Nacional Contra a Osteoporose (APOROS) 16h30 - 18h00 Associação Portuguesa de Osteoporose (APO)

SIMPÓSIOS-SATÉLITE12h30 - 14h00 Espondiloartropatias Seronegativas - Avanços no Diagnóstico e Tratamento com

Humira (Patrocínio Abbott)

18h00 - 19h30 Abatacept - Novo Tratamento da Artrite reumatóideAbatacept - A New treatment for Rheumathoid Arthritis(Patrocínio BMS)

DIA 5 DE ABRIL • SÁBADO

08h00 - 09h00 Visita aos PostersMODERADORES:

Dr.ª Margarida Silva, Reumatologista.Instituto Português de Reumatologia, Lisboa.

Dr.ª Anabela Cardoso, ReumatologistaCOMENTADOR CIÊNCIA BÁSICA:

Prof. Doutor Luís GraçaUnidade de Imunologia Celular, Instituto de MedicinaMolecular da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

MESAS-REDONDASSala João FigueirinhasREUMATOLOGIA – A ESPECIFICIDADE DUMA ESPECIALIDADE

09h00 - 10h30 MR16. O futuro da Reumatologia – As Bases de Dados da SPR MODERADORES:

Dr. Rui André Santos, Reumatologista.Hospital Militar Principal, Lisboa.

Dr.ª Anabela Barcelos, Reumatologista.Responsável pela Unidade de Reumatologia do Hospital Infante Dom Pedro, Aveiro.

Base de Dados de doentes com Artrite Reumatóide e de doentes sob terapêuticabiológica.

Prof. Doutor João Eurico Fonseca, Reumatologista.Serviço de Reumatologia, Hospital de Santa Maria, Lisboa.

Consensos sobre o Metotrexato. Dr.ª Lúcia Costa, Reumatologista.

Serviço de Reumatologia, Hospital Conde de Bertiandos, Centro Hospitalar do AltoMinho, Ponte de Lima.

Base de Dados Ibero-Americana de Doentes com Espondiloartropatias. Prof. Doutor Eduardo Collantes Estévez, Reumatologista.

Serviço de Reumatologia, Hospital Universitario «Reina Sofía». Córdoba, Espanha.

LIÇÕES PLENÁRIAS11h00 - 11h30 LP4. Destaques do Congresso

PRESIDENTE:Dr. Luís Maurício Santos, Reumatologista.

Serviço de Reumatologia, Hospital do Divino Espírito Santo, Ponta Delgada, Açores.

XIV CONGRESSO PORTUGUÊS REUMATOLOGIA

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PALESTRANTE:Prof. Doutor Jaime C. Branco, Reumatologista.

Director do Serviço de Reumatologia do Hospital de Egas Moniz, Centro Hospitalarde Lisboa Ocidental, Lisboa.

LIÇÃO DE ENCERRAMENTO 11h30 - 12h15 LP5. Reumatologia – uma necessidade não satisfeita; uma razão com coração

PRESIDENTE:Prof. Doutor Mário Viana de Queiroz, Reumatologista.

Director do Serviço de Reumatologia do Hospital de Santa Maria, Lisboa.PALESTRANTE:

Dr. Augusto Faustino, Reumatologista.Presidente da Sociedade Portuguesa de Reumatologia.

SIMPÓSIOS-SATÉLITE12h30 - 14h00 Tratamento da osteoporose. Novas recomendações sobre vitamina D

(Patrocínio MSD)

PROGRAMA DO CONGRESSO

ÓRGÃO OFICIAL DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE REUMATOLOGIA - ACTA REUMATOL PORT. 2008;33:53-54 (SUP)

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X I V C O N G º P O R T U G U Ê S R E U M AT O L O G I A

P R O G R A M A N A C I O N A L C O N T R A

A S D O E N Ç A S R E U M ÁT I C A S

JC Branco,*,** A Diniz,*** M Viana Queiroz****,*****

O acompanhamento e avaliação anual doPrograma será efectuado, a nível regional, pelasARS`s e, a nível nacional, por uma Comissão Na-cional na dependência do Director-Geral da Saú-de e Alto Comissário da Saúde. Esta Comissão foinomeada por Despacho do Ministro da Saúde,número 12929/2004, de 9 de Junho de 2004 (DR, IISérie, número 153, de 1 de Julho de 2004, pág.9822-3) e foi coordenada pelo último autor desteresumo (MVQ) até à sua renovação, que ocorreupor Despacho do Alto Comissário da Saúde,número 24080/2006, de 10 de Outubro de 2006(DR, II Série, número 227, de 24 de Novembro de2006, pág. 26880) que nomeou como coordenadoro primeiro autor deste resumo (JCB).

Durante estes 4 anos de vigência do PNCDR jámuito de objectivo foi feito (p. ex. novas Unida-des/Serviços hospitalares de reumatologia, publi-cações, acções de formação, pareceres, circularesinformativas) mas tem sido sobretudo o trabalho«invisível» (p. ex. aquisição e aumento de respeitoe influência perto das autoridades, capacidade deantecipar e prevenir problemas, estatuto de igual-dade com outros Programas de áreas tradicional-mente «mais importantes», proximidade com asfontes de informação e os órgãos de decisão) quemais se tem desenvolvido. Este é o tipo de esforçoque é muito laborioso, demasiado exigente, porvezes até bastante complicado e que está sempreincompleto.

De resto, o PNCDR é um instrumento dinâmicoe, como tal, nunca estará concluído. É por isso quenão poderá ter sucesso apenas com o engenho e aarte do seu coordenador, qualquer que ele seja, oumesmo de toda a Comissão Coordenadora.

Todos os muitos actores deste Programa sãoentão necessários para que ele prossiga e progri-da. Mas é absolutamente fundamental que os reu-matologistas, juntamente com os doentes reumá-ticos, os mais interessados no cumprimento daagenda programática, nele se revejam e empe-nhem.

Este ano de 2008 e seguramente os 2 anos se-

O Programa Nacional Contra as Doenças Reumá-ticas (PNCDR) foi elaborado e redigido por oitoreumatologistas sob a coordenação científica(MVQ) e executiva (AD) de dois dos autores desteresumo. Os trabalhos desta Comissão iniciaram-se em 2002, a redacção do PNCDR ficou concluídano início de 2004 e, após um período de discussãopública, foi aprovada por Despacho Ministerial de26 de Março de 2004.

O PNCDR é um dos contributos do Ministérioda Saúde para a «Década do Osso e da Articulação2000-2010» e reflecte a preocupação das Autorida-des nestas doenças, que são o grupo de patologiamais frequente e que implica um forte impactonegativo na qualidade de vida das pessoas, cons-tituindo, por isso, um considerável problemasocial e económico e, tendo em conta a sua ten-dência crescente, esta já importante questão dasaúde pública agravar-se-à no futuro próximo.

O PNCDR é um instrumento que tem comoobjectivo a inversão da tendência de aumento daperda de funcionalidade causada pelas DoençasReumáticas. Para isso, propõe um maior investi-mento na prevenção (primária, secundária e terciá-ria) através de uma maior congregação de esforçosde todos os Serviços e níveis de prestação de cui-dados de saúde. Como resultado, dever-se-ão obterganhos de saúde mensuráveis na área da reumato-logia. O PNCDR aplica-se através da implementa-ção de estratégias de intervenção (n=11), de for-mação (n=8), de colheita e análises de informação(n=2) e da criação de variados instrumentos desuporte. O Programa tem como interlocutor cien-tífico permanente a SPR e recorre, sempre quenecessário, a outras sociedades científicas, ordensprofissionais e associações de doentes.

*Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, EPE – Hospital Egas Moniz, Lisboa**Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa***Director de Serviços de Cuidados de Saúde, Direcção-Geralda Saúde****Hospital de Santa Maria, EPE, Lisboa*****Faculdade de Medicina da Universidade Clássica de Lisboa

ÓRGÃO OFICIAL DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE REUMATOLOGIA - ACTA REUMATOL PORT. 2008;33:53-54 (SUP)

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guintes, são fundamentais para o rumo doPNCDR. Assim, e embora todas as 21 estratégiassejam importantes, existem algumas que sãoabsolutamente nucleares para o êxito do Progra-ma. Destaco o esforço de criação de novas Unida-des/Serviços de Reumatologia, produção e edi-ção para o grande público e profissionais (médi-cos e não médicos) de saúde de publicações so-bre as doenças reumáticas e a formação alargadade profissionais de saúde, cuidadores, professo-

res, doentes e familiares, segundo as referênciasde competência já elaboradas e aprovadas.

O trabalho é imenso e todos não seremos demais para o fazer. Claro que todas as pessoas só sepodem interessar pelo que conhecem e é por isso,para os reumatologistas tomarem conhecimentoe interesse pelo PNCDR, que elaborámos esteresumo e faremos a apresentação oral que deleresultará.

PROGRAMA NACIONAL CONTRA AS DOENÇAS REUMÁTICAS

ÓRGÃO OFICIAL DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE REUMATOLOGIA - ACTA REUMATOL PORT. 2008;33:55 (SUP)

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X I V C O N G º P O R T U G U Ê S R E U M AT O L O G I A

D E C L A R A Ç Ã O E S C R I T A S O B R E A S D O E N Ç A S

R E U M ÁT I C A S – C O N T R I B U T O D E U M A

P R O P O S T A N O P A R L A M E N T O E U R O P E U

Dra. Edite Estrela*

PARLAMENTO EUROPEU 2004 - 2009DECLARAÇÃO ESCRITA SOBRE AS DOENÇAS REUMÁTICAS

Apresentada nos termos do artigo 116.º do Regimento porEdite Estrela, Dorette Corbey e Adamos Adamou (0008/2008) (30.1.2008)

O Parlamento Europeu,Tendo em conta o artigo 116.º do seu Regimento:

A. Considerando que as doenças reumáticas implicam um sofrimento crónico que provoca dores,sofrimento e invalidez;

B. Considerando que entre 30% a 40% da população apresentam sintomas osteomusculares, os quaisafectam mais de 100 milhões de pessoas na Europa;

C. Considerando que as doenças reumáticas representam a principal causa de reforma porincapacidade e de reforma antecipada dos trabalhadores;

D. Considerando que as estimativas apontam para que, até 2030, até um quarto dos europeus terá maisde 65 anos, e que a maior parte das pessoas com mais de 70 anos apresentará sintomas reumáticoscrónicos ou recorrentes;

E. Considerando que a adopção de políticas sociais e de saúde assentes na análise das necessidadesdos que padecem de doenças reumáticas contribuiria para reduzir os custos económicos e sociaisassociados a estas doenças (1 a 1,5% do PIB dos países desenvolvidos);

1. Exorta a Comissão e o Conselho a:– darem mais importância às doenças reumáticas na nova estratégia comunitária no domínio da

saúde, dado os seus elevados custos sociais e económicos; – incentivarem os Estados–Membros a estabelecerem e a promoverem a aplicação dos planos

nacionais de combate às doenças reumáticas; – desenvolverem uma estratégia da Comunidade Europeia para as doenças reumáticas e a elaborarem

uma recomendação do Conselho sobre o diagnóstico precoce e o tratamento das doenças reumáticas; – desenvolverem uma estratégia para aumentar o acesso à informação e ao tratamento médico;

2. Encarrega o seu Presidente de transmitir a presente declaração, com a indicação do nome dos respectivossignatários, ao Conselho, à Comissão e aos parlamentos dos Estados–Membros.

*Deputada ao Parlamento EuropeuMembro da Comissão do Ambiente, da Saúde Pública e da Segurança Alimentar 1a Vice-Presidente da Comissão dos Direitos da Mulher e Igualdade dos GénerosPresidente da Delegação Socialista Portuguesa

LIÇÕES PLENÁRIAS

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X I V C O N G º P O R T U G U Ê S R E U M AT O L O G I A

L I Ç Õ E S P L E N Á R I A S

primary billiary cirrhosis, vitamin D in systemic lu-pus erythematosus and autoimmune thyroid di-seases, and more. Although additional studies arestill needed to fully assess these notions, as well asthe appropriate screening strategies to apply them,one cannot ignore the prospect of predicting andpreventing autoimmunity.

In recent years it has been found that pathoge-nic autoantibodies can appear in sera of patientmany years before the emergence of a clinical overtdisease. We will describe anti-Saccharomyces cer-visiae antibodies and anti- PANCA predicting 4.2years in advance the emergence of Crohn’s diseaseand ulcerative colitis in the future. We will summa-rize other data on predictive autoantibodies.

Although autoantibodies are regarded as vehi-cles causing diseases, some of them may protectfrom the disease. We will refer to some anti-oxLDLautoantibodies, and IgM anti-DNA antibodies asprotecting from atherosclerosis and SLE respecti-vely. The mechanisms will be delineated as well ashow we can harness this knowledge for protectionand therapy. We will also detail the protective roleof anti-tyrosinase, antibodies derived from vitiligopatients in melanoma.

References1. Shoenfeld Y. Primary biliary cirrhosis and autoim-

mune rheumatic diseases: Prediction and prevention.Isr J Med Sci 1992; 28:113-116.

2. Shoenfeld Y. What is going to happen as for the pre-diction of autoimmune disorders is concerned. AnnMed Intern 1992;143:525-526.

3. George J, Ahmed A, Patnaik M et al. The prediction ofcoronary atherosclerosis employing artificial neuralnetworks. Clin Cardiol 2000; 23: 453-456.

4. Israeli E, Grotto I, Gilburd B, Balicer RD, Wiik A,Shoenfeld Y. Anti-saccharomyces cerevisiae and an-tineutrophil cytoplasmic antibodies as predictors ofinflammatory bowel disease. Gut 2005; 54: 1232-1236.

5. Shepshelovitch D, Shoenfeld Y. Prediction and preven-tion of autoimmune diseases - additional aspects ofthe mosaic of autoimmunity. Lupus 2005; 15:183-190.

6. Shovman O, Gilburd B, Zandman-Goddard G, ShererY, Shoenfeld Y. Pathogenic role and clinical relevanceof antineutrophil cytoplasmic antibodies in vasculi-tides. Cur Rheumatol Rep 2006; 8: 292 - 298.

7. Harel M, Shoenfeld Y. Predicting and preventing au-

LP1. CAN WE PREDICT AUTOIMMUNE RHEUMATIC

DISEASES?Yehuda Shoenfeld MD, FRCPCenter for Autoimmune Diseases, Department of Medicine B, Chaim Sheba Medical Center Tel-Hashomer 52621, Tel Aviv, Israel, and Incumbent of the Laura Schwarz-Kipp Chair for Research of Autoimmune Diseases, Tel-Aviv University, Israel

Autoantibodies are well known as a cause of disea-ses, especially in humoral mediated autoimmune di-seases (i.e. ITP, autoimmune hemolytic anemia,myasthenia gravis). The pathogenic role of the auto-antibodies is confirmed by finding correlation of au-toantibodies titers with clinical activity of the disea-se, deposition of the autoantibodies in the afflictedorgan, and last but not least, induction of disease ma-nifestations upon passive transfer to naïve animals.Two experimental models will be presented, entailinginduction of experimental APS by passive transfer ofanti-CL and induction of depression in mice by in-trathecal instillation of anti-P-Ribosomal.

Many autoimmune diseases are chronic condi-tions that progress over the course of years, and arecharacterized by the presence of autoantibodiesthat precede the overt disease by months or years.As examples, the presence of two islet-cell antibo-dies are associated with a 50% risk of developingdiabetes mellitus in 5 years, anti-cyclic citrullina-ted (anti-CCP) antibodies are found in the sera ofrheumatoid arthritis patients a median of 4.5 yearsbefore the overt disease, and in systemic lupuserythematosus, patients accrue antibodies throug-hout a foreseen course during the 3-4 years prior tothe clinical symptoms. This ability to predict au-toimmune diseases, or rather their clinical manifes-tations, leads to the prospect of screening healthyindividuals for autoantibodies. The importance ofsuch a notion lies not only in the ability to preventlife-threatening manifestations such as Addiso-nian’s crisis and thyroid storm, but also in the abi-lity to treat and even prevent overt autoimmunediseases. Among such documented treatment mo-dalities are administration of aspirin in anti-phospholipid syndrome, ursodeoxycholic acid in

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toimmunity, myth or reality? Ann. N.Y. Acad. Sci.2006; 1069: 322-345.

8. Gershwin ME, Shoenfeld Y. Editorial: Entering a great pe-riod in autoimmunity. J of Autoimmunity 2006; 27:1-2.

9. Shoenfeld Y. Carp HJA, Molina V et al. Autoantibo-dies and prediction of reproductive failure. Amer J ofReproduct Immunol 2006; 56: 337-344.

10. Israeli E, Shoenfeld Y. Can we predict autoimmunediseases of the gastrointestinal tract and the liver byautoantibodies. Harefuah 2006; 146: 28-32.

11. Bizzaro N, Tozzoli R, Shoenfeld Y. Are we at a stage topredict autoimmune rheumatic diseases? ArthritisRheum 2007;56: 1736-1744.

LP2. HOW TO CREATE A CENTRE OF EXCELLENCE IN

RHEUMATOLOGY FROM SCRATCH?Paul Peter TakDivision of Clinical Immunology and Rheumatology.Academic Medical Centre, University of Amsterdam,Holanda

LP3. THE GENETICS OF OSTEOPOROSIS

Tim SpectorTwin Research & Genetic Epidemiology Unit, St. Thomas’Hospital and Kings College. Londres, Reino Unido

Osteoporosis and its main complication, fragilityfractures, incur considerable global morbidity andmortality. The public health burden of this disea-se is $17 billion per annum in direct expenditurein the United States of America with similar figu-res in Europe—and is expected to increase drama-tically as populations age.

Osteoporosis is defined clinically through themeasurement of bone mineral density (BMD)which remains the single best predictor of primaryosteoporotic fractures, and is highly heritable withestimates from the TwinsUK study of 78 and 84%,for lumbar spine and femoral neck, which is con-sistent with other twin studies. Only a few largewell replicated studies of candidate genes for os-teoporosis have so far emerged, suggesting thatBMD is a complex polygenic trait.

The success of GWA studies which has uncove-red over 90 new gene loci for common diseases inthe last year has been facilitated by the HapMapproject and recent advances in genome-wide ge-notyping arrays which provide a high degree of ge-nome coverage. We therefore undertook a GWAstudy involving 8500 subjects to identify commongenetic loci that influence BMD and fracture whichwill be reported.

LP4. DESTAQUES DO CONGRESSO

Jaime C. BrancoDirector do Serviço de Reumatologia do Hospital de EgasMoniz, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Lisboa.Disciplina de Reumatologia da Faculdade de CiênciasMédicas da Universidade Nova de Lisboa

O XIV Congresso Português de Reumatologia (CPR)que terá lugar em Vilamoura entre 2 e 5 de Abril de2008, contará com 6 Lições Plenárias, sendo umade Abertura e outra de Encerramento, 16 MesasRedondas, 3 Sessões de Comunicações Livres (to-tal de 22 trabalhos), 3 Sessões de Discussão de Pos-ters, 2 Cursos pré-Congresso, 9 Encontros com oEspecialista e 7 Simpósia Satélite.

A Comissão Científica (CC) do CPR pretendeque nesta Lição Plenária se faça a síntese dos me-lhores trabalhos originais apresentados neste con-gresso. Definido este objectivo convidou-me paraque lhe desse cumprimento.

Tendo em conta o avultado número de resumosenviados para avaliação da CC do CPR (n=154) e ocurto espaço de tempo útil para elaborar e sedi-mentar esta Lição decidi:1. Apresentar 15 trabalhos (correspondem a 10%

do total e considerando os 30 minutos destina-dos à Lição, disporei de cerca de 2 minutos paraapresentar cada um);

2. Solicitar ao Secretariado Científico (SC) do CPRtodos os resumos sem identificação;

3. Ler pessoalmente todos esses resumos para se-leccionar os referidos quinze (estes trabalhospor motivos vários não corresponderão inteira-mente aos que serão apresentados como Co-municação Livre);

4. Pedir de novo ao SC do CPR a identificação doprimeiro autor dos trabalhos, assim escolhidos;

5. Contactar esses primeiros autores por via elec-trónica e/ou telefónica para que me enviem 4slides em power-point sobre o seu trabalho, as-sim distribuídos – título+instituições; objectivo(s) +material e métodos; resultados; conclusões;

6. Fazer as correcções nesses slides que julgue be-neficiá-los sem interferir com a sua essênciacientífica;

7. Fazer a apresentação dos 15 trabalhos segundoa ordem que tiver por mais lógica e compreen-sível e,

8. Comentar e tirar as conclusões genéricas eespecíficas que considerar pertinentes.

LIÇÕES PLENÁRIAS

MESAS-REDONDAS

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X I V C O N G º P O R T U G U Ê S R E U M AT O L O G I A

M E S A S - R E D O N D A S

cific symptoms derived from tissue and organ is-chemia, like claudication, angina, stroke, cuta-neous ischemia and mesenteric ischemia depen-ding on the vessels involved. Several organs may beaffected. Ischemia is especially suggestive when itaffects young persons without atherosclerosis. Alsomultiple organ dysfunctions in a systemically ill pa-tient should rise the possibility of vasculitis.

Vasculitis should be suspected when a patientpresents with:• Unexplained systemic illness• Symptoms of organ system ischemia

Once vasculitis has been considered, the wor-kout needs to address the several other conditionsthat can mimic vasculitis or originate a secondaryvasculitis. These need to be considered and exclu-ded before you finally try to establish the specifictype of primary vasculitis.

These lists pose an important practical problem:immediate onset of immunosuppressive treatmentmight be lifesaving in primary vasculitis – but itcould be fatal for one of the other conditions.

A structured diagnostic approach is indispen-sable.

Step two: The diagnostic strategyHaving considered the possibility of primary vas-culitis we suggest you try to answer the followingquestions in succession:• Is this a condition that could mimic the presen-

tation of vasculitis?• Is this a secondary vasculitis?• How do I confirm the diagnosis of vasculitis and

what is the extent of the disease?• What specific type of vasculitis is this?

Consider mimics of vasculitisVasculitis mimics should be excluded first:• Infections• Embolic disorders• Malignancy• Drugs

In particular, infections deserve careful atten-tion, as they are major mimics of vasculitis andwould be aggravated by medication aimed at vas-

DIA 2 DE ABRIL DE 2008

MR1 – Vasculites

MR1.1 CLINICAL CLUES FOR THE DIAGNOSIS OF

VASCULITIS: A DIAGNOSTIC STRATEGY

Karen Lisbeth Faarvang,* Cátia Duarte,**

José António P Silva**

*Department of Rheumatology. University Hospital ofCopenhagen, Herlev, Denmark **Serviço de Reumatologia. Hospitais da Universidadede Coimbra

A 45 year old male patient is admitted to your de-partment; his history is:I´m visiting you because of a rash on my legs whichI noticed just yesterday. I have been sick about 3weeks. I have pain all over, and I also have a littlefever and have lost 2 or 3 kg. I feel sick and very tired.

Clinical examination and laboratory results showa rash on his legs (See Figure 3). His blood pressureis 195/100 mmHg, temperature 37.8 C, and diffusetender musculature. Urine dipstick shows 1+ of pro-tein. Lab reveals mild normocytic and nor-mochromic, anaemia and a CRP of 85 mg/L (<10mg/L).

Could this patient have a vasculitis?He has constitutional symptoms and signs of systemic disease with kidney involvement. Youwouldn’t even need the cutaneous evidence to ade-quately consider this hypothesis. Yes, the patientmight have a vasculitis.

Step one: When should we suspect vasculitis?Vasculitis is an inflammation of vessel walls. It canaffect vessels of all sizes in any organ. Vasculitisvaries enormously from benign loco-regionally re-stricted processes to systemic necrotizing vasculi-tis leading to life-threatening conditions.

It is a highly heterogeneous group. The presenting symptoms (Table 1) are highly

variable. They include such constitutional symp-toms as fatigue, weight loss, night sweats and lowgrade fever (the B-symptoms) and also more spe-

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cular inflammation. Infective endocarditis shouldalways be considered. It is known to mimic vas-culitis. Although the endocardium is the primarysite of infection, it often results in multisystemmanifestations, involving several organs. Bacteri-aemia and peripheral embolic events are common.

Circulating immune complexes may lead to im-mune responses most often affecting the skin, thekidney and the central nervous system.

Differential diagnosis is not always simple, asvasculitis and infections share a large number ofclinical and laboratory features (Table 2).

MESAS-REDONDAS

Table 1. When should we suspect vasculitis? This shows the most common manifestations, remember that almost all manifestations can be seen in any kind of vasculitis. (see also table 4 in the main chapter of this module

General clinical feature Signs or presenting disorders Type of vasculitisConstitutional symptoms Low grade fever, fatigue, malaise, Any type of vasculitis

anorexia, weight lossPoylmyalgia Proximal muscle pain with morning

stiffnessNon destructive Joint swelling, warmth, painful range Giant cell arthritis, polymyalgia oligoarthritis of motion rheumatica, less commonly other

vasculitisSkin lesions Livedo reticularis, necrotic lesions, Polyarteritis,Wegener´s

ulcers, nodules, digital tip infarcts granulomatosis, Churg-Strauss vasculitisPalpable purpura Polyarteritis, Churg-Strauss

vasculitis,Wegener´s granulomatosis,hypersensitive vasculitis

Multiple mononeuropathy Injury to two or more separate peripheral Any type of vasculitis except (mononeuritis multiplex) nerves (e.g. patient presents with both giant cell arteritis and Takayasu´s

right food drop and left wrist drop) arteritisRenal involvement Ischemic renal failure related to arteritis Polyarteritis,Wegener´s

granulomatosis, Churg-Strauss vasculitis, cryoglobulinemia

Glomerulonephritis Polyarteritis,Takayasu´s arteritis;less commonly, Churg-Strauss vasculitis,Wegener´s granulomatosis

Gastrointestinal involvement Abdominal pain, nausea, diarrhoea, bleeding Microscopic polyangiitis,Wegener´sgranulomatosis, cryoglobulinemia,Churg-Strauss vasculitis,Henoch-Schönlein purpura

Cardiovascular involvement Hypertension Henoch-Schönlein purpura,Wegener´s granulomatosis, Churg--Strauss vasculitis, hypersensitive vasculitis, polyarteritis nodosa

Ocular involvement Visual disturbance Wegener´s granulomatosis,Scleritis, episcleritis, uveitis Churg-Strauss vasculitis, polyarteritis

Pulmonary involvement Asthma Giant cell arteritis,Takayasu´s arteritis

Infiltrates Behcet´s disease,Wegener´s granulomatosisChurg-Strauss vasculitisWegener´s granulomatosis,Churg-Strauss vasculitis

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headings as the mimics, but in addition, several ofthe connective tissue diseases need to be consi-dered.• Infections• Drugs• Malignancy• Connective tissue diseases

InfectionsMany infections can result in secondary vasculitis;the majority is viral.

Hepatitis B and C, Human immunodeficiencyvirus (HIV) and CMV are examples of viral condi-tions which are known to cause secondary vas-culitis. Hepatitis C has a special association to se-condary vasculitis. Cryoglobulins can be found inalmost any primary or secondary vasculitis.

Salmonella, Streptococcus pneumoniae, Clostri-dium septicum, Chlamydia pneumoniae and My-cobacterium turberculosis can also do it. Even para-sites (e.g. Ascaris) and fungi (e.g. Aspergillus) havebeen associated with secondary vasculitis.

Many clues suggest the hypotheses that infec-tions may be the cause of true primary vasculitis,but we will leave this discussion to the modules onvasculitis.

Drugs.Drugs from almost every pharmacological classhave been mentioned as the cause of secondaryvasculitis. Some have been shown in great clinicaltrials; others just in case reports.

Hydralazine and propylthiouracil and relatedagents are well described ANCA associated drugs,while leucotriene inhibitors, sulfasalazine,minocycline, D-pennicillamine, ciprofloxacin,phenytoin, clozapine, allopurinol and several oth-ers are suspected of causing secondary vasculitiswithout ANCA association. Intoxication (drugabuse) with cocaine, morphine and others can alsoresult in secondary vasculitis.

The clinical presentations are highly variable,from small vessel hypersensitivity vasculitis andleukocytoclastic vasculitis to conditions lookinglike e.g. Wegener´s granulomatosis, polyarteritisnodosa and Churg-Strauss. However, cutaneousmanifestations, such as palpable purpura andmaculopapular rash, are the most common mani-festations of drug induced vasculitis. The lesionsaffect more frequently the lower part of the legsand are almost always of the same age (ie of simi-lar degree of progression), as opposed to primary

MESAS-REDONDAS

Like infections, other conditions can mimic vas-culitis. Mimics of vasculitis lead to ischemia andsystemic signs and symptoms, but are caused byother physiological mechanisms. They are fre-quently entitled pseudovasculitis or vasculitis-likesyndromes.

An embolism from an atrial myxome or choles-terol emboli from an atheroma are examples ofembolic diseases that can mimic vasculitis.

Thrombotic disorders such as antiphospholipidsyndrome, thrombotic thrombocytopenic purpu-ra and sickle cell disease can cause thrombosis andthus mimic vasculitis. Amyeloid angiopathy andfibromuscular dysplasia are non-inflammatoryvessel wall disorders causing ischaemic organdamage. Some conditions like end-stage renal fai-lure and hyperparathyroidism can be associatedwith a livedo reticularis-like rash which can be mis-taken as a symptom of vasculitis.

Drugs can induce vasoconstriction and ischae-mia. These include ergots, cocaine and phenylpro-panolamine. Some drugs can cause coagulopathyand in this way mimic the vasculitis e. g. warfarin

Malignancy will often have B-symptoms and ba-sic laboratory findings as normocytic normochro-mic anaemia, lymphocytosis, thrombocytosis, hy-persedimentation and raised CRP. Radiologicalfindings of multi nodular lung shadows due tometastasis can suggest Wegener’s granulomatosis.

Consider secondary vasculitisSecondary vasculitis includes the same diagnostic

Table 2. Clinical and laboratory similaritiesbetween infection and vasculitis

Clinical findings:Many clinical findings are the same, such as the B-symptoms:

• fatigue• weight loss• fever• myalgia• arthralgia

Laboratory findings can be similar:• normocytic normochromic anaemia• lymphocytosis• thrombocytosis• hypersedimentation• raised CRP

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vasculitis which presents lesions of different age.Musculoskeletal symptoms are common and in-

volvement of the kidneys, liver, CNS and other or-gans can occur.

Diagnosing a drug induced vasculitis might bevery difficult. A comprehensive drug history shouldbe obtained for all patients with vasculitic manifes-tations.

Malignant diseases such as solid tumours, mye-loproliferative and lymphoproliferative disorderscan be associated with secondary vasculitis.

Connective tissue diseases, especially Rheuma-toid Arthritis, SLE and Sjögren’s syndrome areknown to cause secondary vasculitis. Vasculitis of-ten appears late in the disease, which makes thediagnosis easier.

Inflammatory bowel diseases can also originatesecondary vasculitis.

Confirming the diagnosis of vasculitis and assessing the extent of the diseaseWe have now discussed different diseases thatmimic vasculitis or result in a secondary vasculitislooking at many similarities, but how do we ex-clude the mimics and secondary vasculitis fromthe primary vasculitis? And how do we separateisolated cutaneous manifestations from multisys-tem involvement?

Let us revert to our initial case:A 45 year old Caucasian male with B-symptomsduring 3 weeks, and as a new symptom a non-itch-ing rash on the lower part of the legs looking like aleucocytoclastic vasculitis. He has possible involve-ment of his kidney and CRP is raised at 85 mg/l.

How will you continue the assessment of this patient?The secret to the diagnosis is to systematically askand look for symptoms or signs of the skin, mus-cle, nervous system or vital organ impairmentpointing to local ischemia, arterial and venousthrombosis, arterial hypertension, bloody nosedischarge, sight loss, mononeuropathy, pulmonaryinfiltration. Be aware that what might look like anisolated cutaneous vasculitis can be complicatedby life threatening internal organ involvement andthe need for immediate aggressive systemic treat-ment.

In the early stage of vasculitis, the diagnosis isespecially difficult while late manifestations are of-ten more specific.

Our patient could have a mimic of vasculitis,secondary vasculitis as well as primary vasculitis.In order to get closer to the diagnosis, you first haveto exclude mimics and secondary vasculitis:• Expand the history taken

– Travel history– Drug history

• Clinical examination• 24 hours urine for protein, urine microscopy• Chest X-ray• Basic blood screening (complete blood cell

count, liver enzymes, CRP, ESR, creatinine)• ElectrocardiogramLaboratory testing is only occasionally helpful inclassifying vasculitis, but it is most important in ex-cluding other diseases and determining organ in-volvement. Here you have to have all the formerconditions in mind and make the laboratory test-ing based on the history and clinical examination.You may consider:• Blood cultures Hepatitis B and C screen, CMV• HIV test• Relevant testing for bacteria, fungi or parasites• Serological tests

– ANA, anti-DNA, rheumatoid factor, glomeru-lar basement membrane antibody, creatinephosphokinase

– ANCA– Antiphospholipid antibodies– Lupus anticoagulant– Cryoglobulin

• EchocardiogramWhich basic tests are adequate to explore organinvolvement in vasculitis?

A detailed history and physical examination to-gether with a chest x-ray, urine examination forprotein and microscopy and basic laboratory testswill, for most patients without primary vasculitis,be sufficient to exclude systemic involvement.

Confirming the diagnosis of primary vasculitis The diagnosis of vasculitis is based on a combina-tion of clinical, serologic, histological and angio-graphic parameters.

Tissue biopsies are mandatory. The site of biop-sy shall be guided by clinical manifestations and bythe likelihood of the results affecting treatment decisions. If there is an indication of kidney in-volvement (proteinuria), kidney biopsy will be pre-ferred. Other favoured sites are skin, temporalartery, muscle, nasal mucosa, lung, sural nerve andtestis.

MESAS-REDONDAS

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Patients with large or medium vessel vasculitisare sometimes difficult to biopsy and an angio-gram, CT angiogram or MR angiogram should beconsidered. For example, gastrointestinal tract vas-culitis or renal artery involvement may show in an-giogram. CT angiogram can reveal characteristicimages, such as multiple microaneurysm in pa-tients with polyarteritis nodosa. MR angiogram ofthe thoracic aorta may show stenosis, occlusion oraneurysm formation in patients with large vesselvasculitis such as Takayasu´s arteritis.

Which specific type of vasculitis?Knowledge of the aetiology and pathogenesis ofvasculitis is still limited. The group is very hetero-geneous and there is considerable clinical overlapin their manifestations. Several attempts to classi-fy have been tried. One of the most accepted is the

Chapel Hill classification from 1992. It builds onmicroscopic findings, but also considers the size ofvessels involved, and immunological markers (e.g.ANCA in Wegener´s granulomatosis) and im-munohistological findings (e.g. IgA-dominant im-mune deposit in Henoch-Schönlein purpura).Many other manifestations help with diagnosingthe type of vasculitis such as demographic associa-tions, clinical features and histological findings(Table 3).

ReferencesSuresh E. Diagnostic approach to patients with suspec-ted vasculitis. Postgrad Md J. 2006;82;483-488.Luqmani RA, Pathare S, Kwok-fai TL. How to diagnoseand treat secondary forms of vasculitis. Best Practice &Research Clin Rheum 2005;19:321-336.Gross WL, Trabandt A, Reinhold-Keller E. Diagnosis andevaluation of vasculitis. Rheumatology 2000;39:245-252.

MESAS-REDONDAS

Table 3. Clinical symptoms, demographic associations and size of vessels involved

Clinical Sex ratiosymptoms Age (M:F) Ethnic origin Type of vasculitis Vessel sizeArm or leg claudication, 15-25 1:9 Asian> others Takayasu´s Large vesselsdecreased pulses, arteritissubclavian/aortic bruitHeadache, jaw >50 1:3 Caucasian>>others Giant cell arteritis Large vesselsclaudication, shoulder girdle/hip pain,diplopiaWeight loss, livedo 40-60 2:1 Any Polyarteritis Medium vessel reticularis, mono/poly nodosa vasculitisneuropathy, hypertensionFever, conjunctivitis, cervical 1-5 1,5:1 Asian>white>others Kawasaki´s disease Medium vessel lymphadenopathy, mucositis, vasculitispolymorphous exanthemaSinusitis, oral ulcers, otitis 30-50 1:1 Any Wegener´s Small vessel media, haemoptysis, active granulomatosis vasculitisurinary sedimentAsthma, atopic history, 40-60 2:1 Any Churg-Strauss Small vessel mono/poly neuropathy, vasculitis vasculitispulmonary infiltrates,eosinophiliaPalpapel purpura, abdominal 5-20 1:1 Any Henoch-Schönlein Small vessel pain, bloody diarrhoea purpura vasculitisOral and genital ulcers, 20-35 1:1 Middle Eastern>others Behcet´s syndrome Small vessel folliculitis, uveitis, vasculitisthrombophlebitisPalpable purpura, 30-50 1:1 Any Leucocytoclastic Small vessel maculopapular rash vasculitis vasculitis

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MR1.2 – CONTRIBUTO DO ANCA PARA O

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DAS VASCULITES – HOW DOES ANCA CONTRIBUTE TO THE DIAGNOSIS

AND MANAGEMENT OF VASCULITIS

Allan WiikDepartment of Autoimmunology, Statens Serum Institut. Copenhaga, Dinamarca.

MR1.3 – MANAGEMENT OF PRIMARY SYSTEMIC

VASCULITIS

Raashid Luqmani, Chetan MukhtyarRheumatology Department, Nuffield OrthopaedicCentre. Oxford, Reino Unido.

Introduction: The primary systemic vasculitidesare an uncommon group of conditions characte-rised by their ability to produce inflammation ofthe vessel wall, resulting in stenosis, occlusion ordilatation of the blood vessel. The incidence of allthe vasculitides is 40-54/million/year.1 They canpresent in a myriad of ways and can be difficult todiagnose. They are classified into small, mediumand large vessel vasculitis according to the typeand calibre of blood vessel affected by the patho-logical process.2. If not recognised and left untrea-ted, they can cause irreversible target organ dama-ge (e.g., visual loss in giant cell arteritis, renal fai-lure in microscopic polyangiitis, gut infarction inpolyarteritis nodosa) or death. The untreated sur-vival of these conditions is poor; Wegener’s granu-lomatosis has a median survival of 5 months wi-thout treatment.3 Clinical trials in vasculitis haveoften been underpowered due to the rarity of the-se conditions. In recent years, collaborative clini-cal trials have clarified the management optionsfor some vasculitic syndromes like Wegener’s gra-nulomatosis and microscopic polyangiitis.4-6 Therarity of these diagnoses has also led to studies withheterogeneous cohorts, which has made it diffi-cult to identify outcomes specific to a certain vas-culitic syndrome.7 Without this information, opti-mal trial design and stratification is not possible.Multi-centre clinical trials in vasculitis have beenrecommended by the European League AgainstRheumatism (EULAR) and the European Vasculi-tis Study Group (EUVAS).8 In order for different in-vestigators to be able to assess patients in a uni-form way, clinical trials have used clinical tools va-lidated to assess activity and damage in patientswith systemic vasculitis. The scores generated bythe clinical tools have become surrogate markers

of disease activity in the absence of validated bio-markers. The Birmingham Vasculitis Activity Sco-re (BVAS) was validated in 1994 and is the mostcommonly used disease activity tool in use.9 Theuse of this clinical tool is mostly restricted to clini-cal trials and its use requires prior training. Likemost other clinical tools, it requires review and mo-dification. Similarly, the Vasculitis Damage Index(VDI) was validated to assess damage in 1997.10 Da-mage is the irreversible burden of damage whichdoes not respond to treatment. It is essential to dif-ferentiate damage from disease activity to informtreatment decisions. Like the BVAS, the VDI alsoneeds to be reviewed with respect to feasibility,construction and prognostic value. The EUVAS hasconducted collaborative clinical trials includingover 500 patients with ANCA associated vasculi-tis.4-6 The profile of damage in such a large groupof patients with treated vasculitis could give us in-sights into designing a modified version of the da-mage index, modifying risk factors for commondamage items (e.g., cardiovascular disease), andhealth planning. Accumulation of damage mayhave prognostic value for survival and for health re-lated quality of life.11,12 There is limited evidencethat the onset of remission in systemic vasculitisdoes not equate to an elevation of the quality of lifeto pre-morbid levels.13,14

We have evaluated the available literature on ma-nagement of adult patients with Wegener’s granu-lomatosis (WG), microscopic polyangiitis (MPA),Churg-Strauss syndrome (CSS), essential cryoglo-bulinemic vasculitis and polyarteritis nodosa(PAN), giant cell arteritis and Takayasu arteritis. Methods: A modified Delphi was carried out toidentify the scope of the recommendations. Fol-lowing the Delphi exercise, the committee agreedon the search string to identify the publications inPubmed. For the other conditions, the name ofeach specific disease was inserted to generate a listof citations. Microscopic polyangiitis is not a me-dical subject heading in Pubmed and was insertedas free text in «all fields». For giant cell arteritis, themedical subject heading used in Pubmed and thesearch string was ‘Temporal arteritis’. To identifypapers which may have been indexed as ANCA as-sociated vasculitis, an additional search using theterms «Antibodies, Antineutrophil Cytoplas-mic»[Mesh] AND «Vasculitis»[Mesh] was perfor-med. All identified papers were limited to manus-cripts indexed for adult patients and those havingabstracts. The search was not limited to a time fra-

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Table 1. Recommendations for the management of primary systemic vasculitis with the strength of recommendation

Strength of STATEMENTS recommendationFor medium and small vessel vasculitis1. We recommend that patients with primary small and medium vessel vasculitis be

Dmanaged in collaboration with, or at centres of expertise.

2. We recommend that ANCA testing (including both indirect immunofluorescence A

and ELISA) should be performed in the appropriate clinical context.3. A positive biopsy is strongly supportive of vasculitis and we recommend the

Cprocedure to assist diagnosis and further evaluation for patients suspected of having vasculitis.

4. We recommend the use of a structured clinical assessment, urine analysis and other C

basic laboratory tests at each clinical visit for patients with vasculitis.5. We recommend that patients with ANCA-associated vasculitis be categorised

Baccording to different levels of severity to assist treatment decisions.

6. We recommend a combination of cyclophosphamide (intravenous or oral) and glucocorticoids A

for remission-induction of generalised primary small and medium vessel vasculitis.7. We recommend a combination of methotrexate (oral or parenteral) and glucocorticoid

as a less toxic alternative to cyclophosphamide for the induction of remission in non-organ Bthreatening or non-life threatening ANCA associated vasculitis.

8. We recommend the use of high-dose glucocorticoids as an important part of C

remission-induction therapy.9. We recommend plasma exchange for selected patients with rapidly progressive severe

Arenal disease in order to improve renal survival.

10.We recommend remission-maintenance therapy with a combination of low dose A for Azathioprineglucocorticoid therapy and, either azathioprine, leflunomide or methotrexate. B for Leflunomide

and Methotrexate11.Alternative immunomodulatory therapy choices should be considered for patients who do

not achieve remission or relapse on maximal doses of standard therapy. These patients should Cbe referred to an expert centre for further management and enrolment in clinical trials.

12.We recommend immunosuppressive therapy for patients with mixed essential D

cryoglobulinemic vasculitis (non-viral).13.We recommend the use of anti-viral therapy for the treatment of hepatitis C associated

Bcryoglobulinaemic vasculitis.

14.We recommend a combination of antiviral therapy, plasma exchange and glucocorticoids C

for Hepatitis B associated PAN.15.We recommend the investigation of persistent unexplained haematuria in patients with

Cprior exposure to cyclophosphamide.

For large vessel vasculitis1. We recommend a thorough clinical and imaging assessment of the arterial tree when a

Cdiagnosis of Takayasu arteritis is suspected.

2. A temporal artery biopsy should be performed whenever a diagnosis of giant cell arteritis is suspected, but this should not delay the treatment. A contralateral biopsy is not Croutinely indicated.

3. We recommend early initiation of high-dose glucocorticoid therapy for induction of C

remission in large vessel vasculitis.4. We recommend that an immunosuppressive agent should be considered for use in B for GCA

large vessel vasculitis as adjunctive therapy. C for TAK5. Monitoring of therapy for large vessel vasculitis should be clinical and supported

Cby measurement of inflammatory markers.

6. We recommend the use of low dose aspirin in all patients with giant cell arteritis. C7. Reconstructive surgery for Takayasu’s arteritis should be performed in the quiescent C

phase of disease and should be undertaken at expert centres.

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me or by language. The Cochrane library was se-arched using the disease specific keywords. A ma-nual search of abstracts presented at the annualmeetings of the British Society for Rheumatologyand the European League Against Rheumatism forthe year 2007, and the American College of Rheu-matology for the year 2006 was performed.

Each paper was reviewed and included if a ma-nagement outcome as identified in the modifiedDelphi exercise was studied. Duplicate datasetswere discarded. The identified papers were cate-gorized and given a level of evidence according tointernationally accepted criteria Results: The literature search produced 809 citati-ons for small and medium vessel vasculitis and 566citations for large vessel vasculitis. Cochrane re-view added 3 further studies. A manual search ofthe abstract of meetings in 2006 and 2007 did notreveal any abstracts with enough details of mana-gement outcomes to warrant inclusion.

On the basis of the literature review and consen-sus discussions by the committee, 15 recommen-dations for small and medium vessel vasculitis and7 recommendations for large vessel vasculitis weremade (Table 1).Conclusions: We have developed managementguidelines for practical use in adult patients withprimary systemic vasculitis. We recognise the limi-tations of the available literature and have high-lighted this in the strength of the recommendati-ons. We would propose that these recommenda-tions are tested either by future studies or audits todetermine their validity, and where appropriateprovide an evidence base for modifying them

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5. Jayne D, Rasmussen N, Andrassy K, Bacon P, TervaertJW, Dadoniene J, et al. A randomized trial of mainte-nance therapy for vasculitis associated with antineu-

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14. Boomsma MM, Stegeman CA, Tervaert JW. Compari-son of Dutch and US patients’ perceptions of the ef-fects of Wegener’s granulomatosis on health, func-tion, income, and interpersonal relationships:comment on the article by Hoffman et al. ArthritisRheum. 1999;42:2495-2497.

MR2 – Osteoartrose

MR2.1 – EPIDEMIOLOGIA DA OSTEOARTROSE EM

PORTUGAL: RESULTADOS DO ESTUDO EPI – PORTO.Dr. Rui André SantosHospital Militar Principal, Lisboa.

MR2.2 – IMAGIOLOGIA DA OSTEOARTROSE.Margarida SilvaInstituto Português de Reumatologia, Lisboa.

A imagiologia da Osteoartrose (OA) tem como ob-

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jectivos estabelecer o diagnóstico, avaliar a gravi-dade, avaliar a distribuição das alterações, ajudara excluir diagnósticos alternativos, contribuir parao esclarecimento dos processos da doença e parao desenvolvimento de novas terapêuticas.

As radiografias são ainda actualmente o princi-pal método de imagem para diagnóstico, avaliaçãoe seguimento da OA. Permitem evidenciar os sinaisradiológicos clássicos desta patologia, ou seja, es-treitamento da interlinha articular, osteofitose,quistos e esclerose subcondrais, e permitem obser-var o alinhamento das articulações, corpos livresintra-articulares e calcificação das cartilagens, nasartropatias microcristalinas. Têm limitações: de-monstram alterações estruturais já estabelecidas,a cartilagem é avaliada apenas indirectamente enão permitem visualizar as alterações dos tecidosmoles.

A ressonância magnética (RM) revela todo o es-pectro de alterações na OA permitindo a avaliaçãodas estruturas de tecidos moles, da cartilagem edas lesões ósseas. A maior parte da investigação emradiologia tem-se centrado na detecção e avaliaçãodas lesões e da perda da cartilagem articular nocontexto da OA e dos traumatismos, com uma me-nor proporção de trabalhos dedicados às altera-ções encontradas nas artrites. Existem técnicas deRM em desenvolvimento para a avaliação da OA:técnicas que melhoram a avaliação morfológicada cartilagem e técnicas que permitem medir a suaespessura e volume; estão ainda em desenvolvi-mento técnicas para avaliação da perda dos com-ponentes macromoleculares da matriz cartilagí-nea mesmo na ausência de alterações macroscó-picas. A RM oferece múltiplas possibilidades nocampo da investigação mas existem ainda limita-ções ao seu uso generalizado.

Nos últimos anos a ecografia músculo-esquelé-tica tem adquirido uma importância crescentepara os reumatologistas. Contudo, a investigaçãoe o treino nesta área têm-se centrado sobretudonas patologias inflamatórias e na patologia tendi-nosa e periarticular. Apesar disso tem havido re-centemente um maior interesse no estudo da OApor esta técnica. Na OA a ecografia tem múltiplasaplicações clínicas: documentar alterações da car-tilagem articular, demonstrar alterações da sinoviale derrames intra-articulares, visualizar alteraçõesdas estruturas periarticulares, identificar altera-ções ósseas, nomeadamente osteofitos e erosões(na OA erosiva) e servir como guia de infiltrações.Têm sido feitos estudos com ecografia na OA para

detecção de alterações inflamatórias e do seu signi-ficado, para tentar compreender melhor as causasda dor na osteoartrose, para procurar quantificaras alterações da cartilagem articular. Têm sido fei-tos também alguns estudos de comparação da eco-grafia com a clínica, as radiografias e a RM. Comoé uma técnica cada vez mais acessível é de esperarque o seu emprego na clínica e na investigação daOA sejam cada vez maiores.

MR2.3 – AS PERSPECTIVAS DO TRATAMENTO

FARMACOLÓGICO COM BASE NOS DADOS ACTUAIS

DA FISIOPATOLOGIA DA ARTROSE – PERSPECTIVES DU

TRAITEMENT PHARMACOLOGIQUE À TRAVERS LA

PHYSIOPATHOLOGIE ACTUELLE DE L’ARTHROSE

Prof. Doutor Bernard MazièresService de Rhumatologie, CHU Larrey. Toulouse, França.

MR2.4 – BIOMATERIAIS E CÉLULAS ESTAMINAIS

ADULTAS NA REGENERAÇÃO DE TECIDOS LESADOS

POR DOENÇAS REUMATOLÓGICAS

Nuno NevesDepartamento de Engenharia de Polímeros Universidade do Minho, Braga.

As células estaminais adultas têm um grande po-tencial na regeneração de tecido conectivo. Estetipo de células abre novas oportunidades terapêu-ticas para muitas patologias do foro reumatológi-co. Tem-se demonstrado que as células estaminaisda medula óssea têm capacidade de proliferaçãoe de diferenciação para linhagens celulares de di-versos tecidos. Um consideravel esforço de inves-tigação tem vindo a ser direccionado para aborda-gens autólogas da regeneração de osso, cartilageme também para tecido adiposo. A cartilagem, comoé sabido, tem uma muito limitada capacidade re-generativa e um grande interesse para a especiali-dade médica de reumatologia. A aplicação destetipo de células requer, no geral, uma fixação das cé-lulas na lesão impedindo que se desloquem paraoutros órgãos e prejudicando o efeito terapêuticodesejado.

Um método de garantir a ancoragem das célu-las consiste na sua cultura in-vitro sobre estrutu-ras obtidas a partir de biomateriais. Os biomate-riais devem não só facilitar a adesão celular mastambém promover o desenvolvimento de um am-biente que encoraje as células a recriar a estrutu-

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ra existente no tecido a regenerar. Acresce que é de-sejável que o material seja reabsorvido à medidaque se dá a morfogénese do novo tecido.

As células podem ser induzidas a diferenciar-secom estímulos (bioquímicos ou não) conhecidos,antes da sua transplantação para a lesão. Destemodo pretende-se evitar uma desregulada prolife-ração celular após a implantação e simultanea-mente garantir que a diferenciação é controlada eguiada para o fenótipo celular adequado.

Nesta apresentação será discutido o estadoactual de desenvolvimento destas tecnologias e oseu potencial para obter uma regeneração efecti-va e funcional dos tecidos.

DIA 3 DE ABRIL DE 2008

MR3 – Espondiloartropatias

MR3.1 – TERAPÊUTICA DAS ESPONDILOARTROPATIAS

NA IBEROAMÉRICA. QUE LUGAR PARA OS AGENTES

BIOLÓGICOS?Eduardo Collantes EstévezServiço de Reumatologia, Hospital Universitario «Reina Sofía». Córdoba, Espanha.

MR3.2 – SERÁ POSSÍVEL INDUZIR REMISSÃO E

REDUZIR PROGRESSIVAMENTE A TERAPÊUTICA

ANTI-TNF?Patrícia NeroServiço de Reumatologia, Hospital de Egas Moniz,Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Lisboa. Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa.

Até há relativamente pouco tempo as opções tera-pêuticas das espondilartropatias eram muito limi-tadas.

Os fármacos biológicos, nomeadamente os anti--TNFalfa, revolucionaram esta realidade, com ta-xas de resposta ASAS 20 de cerca de 60% para os 3fármacos actualmente disponíveis (infliximab, eta-nercept e adalimumab).

Começa então a surgir a questão: será possívelque estes fármacos após induzir remissão da doen-ça, possam ser interrompidos?

O primeiro obstáculo prende-se com a definiçãode remissão. Por variadas razões: a grande hetero-geneidade de manifestações clínicas destas pato-logias, o atraso com que habitualmente são diag-

nosticadas (em média 10 anos após o início dosprimeiros sintomas) e o consequente dano irre-versível já presente quando se inicia o tratamento.Não existe, à data, uma verdadeira definição de re-missão, mas antes a de remissão parcial, publica-da em 2001 pelo grupo de trabalho do ASAS.

Da revisão dos trabalhos publicados, parececonsensual que a quase totalidade dos doentes queinterrompem a terapêutica com fármacos anti--TNFalfa têm recidivas. Assim, os esforços concen-tram-se agora na flexibilização da dose e dos inter-valos de administração dos fármacos, procurandoalternativas eficazes na manutenção da respostaclínica, minimizando os riscos e os custos ineren-tes a estas terapêuticas. O êxito tem sido variávelnos trabalhos publicados.

MR3.3 – PROPOSTA DAS RECOMENDAÇÕES DA SPRPARA A TERAPÊUTICA BIOLÓGICA NA ARTRITE

PSORIÁTICA

Anabela Barcelos,* Armando Malcata**

*Hospital Infante Dom Pedro, Aveiro**Hospitais da Universidade de Coimbra, Coimbra.

A Artrite Psoriática (APs) é uma artropatia infla-matória associada com a psoríase, geralmente se-ronegativa para a presença de factores reumatói-des. É uma doença de curso clínico variável, des-de uma artrite ligeira e auto-limitada a uma doen-ça inflamatória rapidamente progressiva edestrutiva.

O tratamento da APs deve considerar o tipo deenvolvimento: articular (axial e periférico), enteso-pático, cutâneo e ungueal

A abordagem terapêutica da APs sofreu grandesalterações na última década. Previamente, basea-va-se numa gestão conservadora com anti-infla-matórios não esteróides (AINEs) que controlavamos sintomas mas não alteravam a evolução possí-vel para a lesão articular radiográfica. Fármacosmodificadores da doença (DMARD) eram admi-nistrados apenas quando existia evidência objec-tiva de lesão óssea e as associações de DMARD sur-giam apenas à medida que a doença progredia.Com excepção do metotrexato, que foi inicialmen-te utilizado para a psoríase e artrite psoriática, autilização da maioria dos outros DMARDs foi ex-trapolada do tratamento da Artrite Reumatóide. Autilização de DMARDs em fase inicial da doença,o mais precoce possível, provou alterar o curso dadoença, reduzindo ou prevenindo a progressão e

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gravidade da doença. Actualmente, os agentes an-tagonistas do factor de necrose tumoral alfa (anti--TNFα) vieram transformar o arsenal terapêuticoda APs.

A sua utilização deve ser feita à luz das evidên-cias científicas disponíveis, por forma a ocorrer nocontexto clínico adequado, ponderando as ques-tões relativas à eficácia e segurança destes fárma-cos, a curto e a longo prazo.

A adopção de normas orientadoras, na sequên-cia de debate continuado e actualizável à luz dosavanços do conhecimento, pode ser um instru-mento precioso no apoio à decisão de iniciar, con-tinuar, porventura interromper ou parar, este tipode terapêuticas, nos casos individualmente consi-derados.

MR4 – Reumatologia Pediátrica

MR4.1 – TERAPÊUTICA ACTUAL DA NEFROPATIA

LÚPICA NA CRIANÇA E NO ADOLESCENTE

Maria Odete HilárioDepartamento de Pediatria e pela Disciplina de Alergia, Imunologia Clínica e Reumatologia da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP-EPM.

Aproximadamente dois terços das crianças e ado-lescentes com lúpus eritematoso sistêmico (LES)apresentam comprometimento renal durante ocurso da doença, que pode variar de uma glome-rulonefrite leve a uma proliferativa difusa (GNPD)grave; em 90% dos casos a nefropatia desenvolve--se no primeiro ano. Nos pacientes pediátricos asclasses III (glomerulonefrite proliferativa focal) e IV(GNPD) da classificação de nefrite lúpica da Orga-nização Mundial da Saúde são as mais freqüentes,seguidas das classes II (nefrite mesangial), e V(membranosa). Mais recentemente tem-se detec-tado uma maior freqüência da classe V. O compro-metimento renal é a principal causa de morbida-de e mortalidade na faixa etária pediátrica.

No tratamento de crianças e adolescentes comlúpus eritematoso sistêmico existem três aspectoschave que devem ser considerados: 1) a doença dealto risco – que deve ser tratada agressivamentecom imunossupressores; 2) a maximização da te-rapia imunossupressora, ou seja, em doses sufici-entes para diminuir o risco de recorrências semesquecer a toxicidade destas medicações, e 3) otratamento dos pacientes que não respondem àterapia imunossupressora inicial – o que podemos

fazer por estas crianças? Para alguns autores, embora tenha havido uma

melhora importante na sobrevida dos pacientescom lúpus, não deveríamos ficar tão entusiasma-dos com a sobrevida e com a «menor» morbidadeda doença a longo prazo. Nós ainda utilizamos tra-tamentos inadequados e tóxicos para os nossospacientes, ou seja, pouco efetivos em prevenir re-cidivas e danos a longo prazo e com muitos efei-tos colaterais. Estudos recentes documentaramdano orgânico significante em crianças lúpicas,submetidas aos tratamentos usuais, decorrentestanto da toxicidade dos corticosteróides como daatividade da doença e sugerem a necessidade daintrodução precoce dos imunossupressores.

A GNPD é um dos tipos histológicos mais co-muns e o mais grave na infância evoluindo, comfreqüência, para insuficiência renal e óbito. O tra-tamento estabelecido para este comprometimen-to é o corticosteróide (oral e/ou pulsoterapia demetilprednisolona) associado a um imunossupres-sor, que é, geralmente, a ciclofosfamida na formade pulsoterapia mensal. A dose da ciclofosfamidainicialmente estabelecida é de 500 mg a 1000 mg//m2; entretanto, nos casos mais graves têm-se ini-ciado o tratamento com 750 mg/ m2 . Mantém-seeste esquema por 7 meses e havendo melhora, comnormalização da função renal e do sedimento uri-nário, se passa para a aplicação trimestral da me-dicação até completar 30 meses de tratamento.Nos pacientes com comprometimento mais gravee que persistem com alterações no sedimento uri-nário, temos associado a azatioprina (2 a 3 mg//kg/dia), por volta do 4º. ou 5º. mês de tratamentoe se necessário prolongamos a aplicação mensal daciclofosfamida por 1 a 2 meses; posteriormente fa-zemos o esquema a cada 6 ou 8 semanas ao invésde trimestral. Embora não tenhamos estudos con-trolados em crianças e adolescentes com o uso daciclofosfamida, esta é aceita como a melhor opçãoterapêutica para a indução da remissão, pela maio-ria dos autores, especialmente para crianças comGNPD, com remissão total ou parcial em 80% dospacientes. Entretanto, ainda não há consenso so-bre o assunto e uns poucos autores continuam de-fendendo a azatioprina como a primeira opçãodentre os imunossupressores, para estes pacientes.

A experiência com o micofenolato mofetil (20 a40 mg/kg/dia), um derivado do ácido micofenóli-co, em crianças com nefrite lúpica não tem sidomuito animadora. Apesar de ainda não dispormosde estudos controlados que confirmem a sua efi-

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cácia a longo prazo, os poucos relatos em criançastêm revelado maior eficácia para a nefrite de clas-se V do que de classe IV e com freqüentes efeitosadversos. A falta de aderência ao tratamento estásendo apontada como possível responsável peloinsucesso em manter a remissão com o micofeno-lato após o uso da ciclofosfamida. Entretanto, peloreceio de que o uso prolongado de ciclofosfamidapossa acarretar um risco significante de amenor-réia e neoplasia secundária, indica-se o micofeno-lato especialmente para os pacientes de classe IVque completaram 30 meses de tratamento com aciclofosfamida, para os pacientes com nefritemembranosa e para aqueles pacientes cujas famí-lias se recusam a permitir o uso de ciclofosfamida.

Para as crianças com nefropatia refratária às do-ses máximas de ciclofosfamida ou com reativaçãoda doença, ainda não dispomos de outras opçõesclaramente aceitas.

Embora ainda não esteja estabelecido, o rituxi-mabe, um anticorpo monoclonal quimérico, queatua sobre as células B, mais especificamente so-bre o seu marcador CD20 presente na superfíciedas células pré-B e nas células B maduras, pode seruma boa opção para os pacientes refratários à ci-clofosfamida. A dose recomendada atualmente éde 750 mg/ m2 a cada 15 dias (2 doses). Se houvernecessidade de repetir a medicação em menos de6 meses considera-se falha terapêutica. Até o mo-mento dispomos apenas de relatos de casos queapontam para o benefício desta medicação nos pa-cientes que não responderam à ciclofosfamida oureativaram a doença.

Embora a glomerulonefrite proliferativa focal(tipo III) seja considerada menos grave devemos fi-car atentos porque pode haver evolução para for-mas mais agressivas como a GNPD ou a nefritemembranosa. Portanto, ao contrário do que sepensava até há pouco tempo, o tratamento de al-gumas destas crianças precisa ser tão agressivoquanto o que é recomendado para a GNPD, espe-cialmente se forem observadas lesões necrotizan-tes ou grau importante de atividade na biópsia.

Até há pouco tempo acreditava-se que a glome-rulonefrite membranosa (tipo V) fosse de bomprognóstico, entretanto, estudos mais recentes e anossa experiência diária têm mostrado que estespacientes podem desenvolver síndrome nefróticacom proteinúria persistente, podem evoluir parainsuficiência renal e podem ter maior risco para al-terações cardiovasculares. O tratamento da nefri-te membranosa ainda é bastante controverso. Em

nosso serviço temos utilizado o corticosteróide as-sociado a ciclofosfamida mensal, uma vez que a as-sociação do corticosteróide com os outros imu-nossupressores não tem mostrado boa eficácia. Al-gumas descrições de casos têm sugerido que a ci-closporina (3 a 5 mg/kg/dia) é eficaz para diminuira proteinúria, entretanto, ainda não dispomos deestudos controlados. Em pacientes com proteinú-ria maciça, em níveis nefróticos, tem-se utilizadotambém o inibidor da enzima conversora da angi-otensina (Captopril) ou os inibidores do receptorda angiotensina II (Losartan).

O controle da hipertensão arterial é importan-te para o melhor prognóstico dos pacientes.

A nefrite classe II ou proliferativa mesangial temum excelente prognóstico e, geralmente, necessi-ta de tratamento menos agressivo, algumas vezesapenas o corticosteróide pode ser suficiente. En-tretanto, devemos ficar atentos ao sedimento uri-nário, especialmente ao aparecimento ou aumen-to da proteinúria, o que pode indicar evolução parauma forma mais grave da doença como a GNPD.

O maior risco para infecções, infertilidade e ma-lignidade associado ao uso dos imunossupresso-res continua sendo uma de nossas grandes preo-cupações no tratamento de crianças e adolescen-tes com lúpus. Por outro lado, também nos preo-cupam os pacientes que, apesar destes recursosterapêuticos, apresentam uma resposta inadequa-da ou recidivam durante o tratamento.

Outras terapias voltadas para as células T ou Bcomo o CTLA4-Ig (abatacept), o anti-CD22 (epra-tuzumab), o LPJ-934, além do anti-C5b e das antiinterleucinas (anti-IL10 e anti-IL-6) são promessaspara o futuro. Estudos controlados serão necessá-rios para avaliar tanto a eficácia quanto a seguran-ça destas medicações em crianças e adolescentes.Finalmente, o transplante de medula óssea podeser ainda uma opção para as crianças com lúpusgrave que não respondem a qualquer tratamento.

Com os objetivos de melhorar não apenas a so-brevida a longo prazo, mas também a qualidade devida destas crianças e adolescentes tem-se procu-rado manter as doses altas dos corticosteróidespelo menor tempo possível, utilizando-se para istoa pulsoterapia com a metilprednisolona (30mg/kg/dose – 3 dias) e os imunossupressores. Es-tes, por sua vez, devem ser empregados criteriosa-mente, de maneira a evitarmos, sempre que pos-sível, a sua toxicidade.

A prevenção da osteoporose e da dislipidemiadecorrentes da atividade da doença e da cortico-

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terapia, deve ser considerada no tratamento de to-das as crianças e adolescentes com LES juvenil.

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MR4.2 – TERAPÊUTICA ACTUAL DAS ARTRITES

IDIOPÁTICAS JUVENIS

J A Melo Gomes Instituto Português de Reumatologia

Falar do tratamento das Artrites Idiopáticas Juve-nis (AIJ) será comparável a falar do tratamento dasdoenças reumáticas inflamatórias do adulto. Istoé, as AIJs constituem um amplo grupo de doençasarticulares inflamatórias crónicas da infância eadolescência, com características clínicas e etiopa-togénicas distintas, sendo fácil compreender que,embora existam abordagens terapêuticas comuns,elas tenham especificidades próprias de cadadoença e das quais daremos notícia à medida quetal se for justificando.

Os princípios comuns devem-se à necessidade deminimizar os efeitos de uma artrite crónica neste gru-po etário. Os seus objectivos gerais básicos, a curto ea longo prazo, encontram-se expostos no Quadro I.

Para alcançar estes objectivos é indispensável aparticipação de uma família, tão coesa e interes-sada quanto possível, pois este é um dos principaismarcadores de prognóstico, independente da gra-vidade da doença, de qualquer doença crónica ju-

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venil.A educação para a saúde é fundamental e, além

do Reumatologista Pediátrico, do Pediatra ou doMédico de Família assistentes, a família deve serespecificamente orientada sobre a melhor formade obter informação adequada, caso a pretendaprocurar. Actualmente estão disponíveis dois bonssites na internet, com informação cuidadosa e bempreparada em língua portuguesa para apoiar osdoentes com AIJ e seus familiares. São eles o daPRINTO1 – Pediatric Rheumatology InternationalTrials Organization: www.printo.it/pediatric-rheu-matology e o da ANDAI – Associação Nacional deDoentes com Artrites Infantis e juvenis: www.an-dai.sapo.pt .

Com informação cuidada de molde a não as-sustar indevidamente os doentes e/ou os seus fa-miliares, estes locais transmitem conhecimentosimportantes sobre as doenças reumáticas juvenise seus tratamentos mais utilizados, tendo sido ela-borados por Reumatologistas Pediatras de toda aEuropa, incluindo Portugal, (o da PRINTO) ou sóde Portugal (o da ANDAI), que também contoucom contribuições significativas de doentes e fa-miliares de doentes que são membros da ANDAI.

Porque a educação do doente e a partilha de ex-periências é importante para estes e outros doen-tes e familiares de doentes com doenças crónicas,formou-se em Portugal, há cerca de 11 anos a AN-DAI, associação de doentes acima indicada, quedesenvolve as suas actividades com os fins de edu-car os doentes e seus familiares, lhes proporcionarlocal físico para a troca de experiências e esclare-

Quadro 1. Objectivos do tratamento das AIJs

Iniciais e de Curto Prazo• Controlar a inflamação• Aliviar a dor articular • Preservar a função articular• Prevenir as deformações articulares

De Longo Prazo• Prevenir a iatrogenia• Proporcionar um crescimento e desenvolvimento

normais• Promover a inserção social e fornecer apoio

vocacional adequado• Corrigir eventuais deformações articulares que

se tenham estabelecido

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cimento de duvidas, e de tentar ajudar os doentese as famílias junto ao poder político, além de pro-porcionar divulgação de conhecimentos sobre asdoenças reumaticas juvenis à família alargada des-tas crianças, que inclui necessariamente os seusprofessores.

Um plano mínimo de exercícios deve ser elabo-rado, o qual dependerá da repercussão articular egeral da doença em questão. Muitas vezes é tam-bém necessário proporcionar às crianças um re-pouso adequado, que pode exigir, nos casos de AIJpoliarticular ou sistémica mais graves, a necessi-dade de pequeno repouso a meio do dia (uma ses-ta), tantas vezes dificil de concretizar.

À medida que a duração da doença aumentatorna-se necessário enfatizar junto dos doentes anecessidade de prevenção de atitudes viciosas dasarticulações, que podem gerar incapacidade e li-mitações articulares, não só indesejáveis comoeminentemente preveníveis.

Tratamento farmacológicoAnti-Inflamatórios Não Esteróides (AINEs)O tratamento farmacológico destina-se a alcançaros objectivos acima enunciados de controlar a in-flamação, controlar ou eliminar a dor articular epreservar a função articular, ajudando assim a pre-venir as deformações articulares. Claro que embo-ra os anti-inflamatórios não esteróides (AINEs) se-jam fármacos eficazes, não conseguem alcançartodos estes objectivos, mas são ajuda útil no con-trole da dor e da febre.

Os mais utilizados em reumatologia pediátricae as respectivas doses encontram-se indicados noQuadro II.

Os doentes e familiares devem ser informadosquanto aos objectivos deste tipo de abordagem te-rapêutica, que não é curativa e não constituirámais que uma tentativa de alívio sintomático, na

maioria dos doentes. Contudo, é possível que al-guns doentes, com formas sistémicas monocícli-cas ou com formas oligoarticulares ligeiras, pos-sam ver o seu problema solucionado apenas comesta terapêutica.

Não há evidência científica sólida de superiori-dade de um AINE em relação a outros e a maiorparte destes fármacos começaram ser utilizadossem estudos clínicos em crianças com AIJ.

O ácido acetilsalicílico é o AINE usado há maistempo, tendo sido durante largos anos o únicoaprovado nos EUA. Devido aos seus frequentesefeitos secundários, mais numerosos nas dosesanti-inflamatórias indicadas no Quadro II, e ao fac-to de serem necessárias doses de 4-4 horas paramanter os seus efeitos anti-inflamatório e analgé-sico nos casos de doença activa, este AINE é cadavez menos prescrito com esta indicação.

A indometacina é particularmente eficaz para otratamento da febre da AIJ sistémica, sendo tambémuma das melhores opções para as artrites das espon-diloartropatias, com ou sem envolvimento axial.

O naproxeno é também um anti-inflamatórioeficaz, mais para as queixas articulares que para otratamento da febre, que partilha com a indome-tacina o facto de necessitar apenas de 2 adminis-trações diárias, o que é muito conveniente paracrianças que necessitam de manter a sua escolari-dade normal, com a menor interferência possíveldos seus esquemas terapêuticos.

O meloxicam é outro dos fármacos que tem agrande vantagem de poder ser administrado ape-nas uma vez por dia, sendo um AINE tão potentecomo os outros.2

Neste momento o único AINE que está disponí-vel em Portugal sob forma de suspensão é o Ibu-profeno, sendo esta uma causa importante para aescolha deste eficaz fármaco para o tratamento dador articular nas crianças mais jovens com AIJ.

AnalgésicosO paracetamol pode ser utilizado com vantagens,no controle da dor articular e da febre, quando osAINEs não conseguem alcançar isoladamente estesobjectivos durante as 24 horas do dia. Esta opção te-rapêutica deve ser utilizada apenas em SOS e nãocomo terapêutica de rotina, devendo os doentes efamiliares serem instruidos no sentido de serem evi-tadas mais de 3 doses diárias de paracetamol.

CorticosteróidesPor vezes quer a febre da forma sistémica, quer as

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Quadro II. Anti-Inflamatórios Não Esteróides (AINEs) mais utilizados no tratamento das AIJs

AINE DOSE Ibuprofeno 30-50mg/Kg/diaIndometacina 2,5mg/Kg/diaNaproxeno 15-20mg/Kg/diaDiclofenac 2,5mg/Kg/diaMeloxicam 0,125-0,25mg/Kg/diaÁcido acetilsalicílico 80-120mg/kg/dia

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queixas articulares, quer a uveíte crónica, podemnão ceder adequadamente aos AINEs o que leva àutilização de corticosteróides, com o objectivo depermitir uma vida de relação normal e a assidui-dade escolar desejável.

As indicações para a utilização de corticoste-róides estão indicadas no Quadro III, encontran-do-se cada vez mais limitadas numa altura em queos agentes biológicos se revelam muito eficazes naterapêutica das manifestações articulares e extra--articulares da AIJ – nas manifestações extra-arti-culares da AIJ sistémica o antagonista do receptorda IL1 ou anakinra,3 e nas manifestações articula-res das AIJ poliarticulares o etanercept.4

O que verdadeiramente limita a utilização doscorticosteróides não é a sua eficácia, que é boa,mas sim os seus efeitos secundários, que podemser devastadores e por vezes tanto ou mais gravesque a própria doença que tratam.

Podemos dizer que, se administrados cronica-mente e por via sistémica, não existe dose segurapara estes fármacos: corticosteróide seguro, é ape-nas aquele que o doente não tomou!

Os seus efeitos secundários, variados e graves,são bem conhecidos de todos os médicos e in-cluem, entre outros:5 a supressão do eixo hipotá-lamo-hipófise-suprarrenal, a supressão ou atrasodo crescimento corporal, o aspecto cushingóide, asestrias cutâneas violáceas, a osteoporose, a hiper-tensão, a redução da tolerância à glicose e a diabe-tes, a redução da defesa contra as infecções, a ul-ceração péptica, as cataratas, o glaucoma, a psico-se, a miopatia dos corticóides e a necrose assépti-ca do osso.

Parte destes efeitos secundários pode ser redu-zida ou prevenida com uma adequada restrição daingestão de hidratos de carbono, cuidado que deveser aconselhado a todos os pais destas crianças,após explicação do seu racional.

Dentre todos assume particular importância nacriança a paragem de crescimento, que não temprevenção dietética ou de outra ordem e ocorremesmo com doses muito baixas de corticosterói-des (por ex. 3-5mg/dia de prednisolona ou equi-valente, ou 0,4mg/Kg de peso/dia).

Apesar de tudo, existe uma grande variação in-dividual na gravidade da supressão do crescimen-to e na dose mínima necessária para que tal acon-teça6,7 e sabemos que a administração em dias al-ternados pode reduzir muito este efeito adver-so.8,9 Infelizmente, esta forma de administração épouco eficaz para as formas de doença activa e gra-

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ve em que os corticóides têm indicação. O tratamento do nanismo cortisónico com hor-

mona de crescimento (GH) só deve ser considera-do se a dose de corticóide utilizada for inferior a0,35mg/Kg de peso/dia de prednisona ou equiva-lente, pois com doses desta ordem ou superiores aGH é ineficaz.

O deflazacort é o corticosteróide que tem me-nor efeito cushingóide, menor efeito glicocorticói-de e também menor efeito supressor do cres-cimento,10 tendo como razões para a sua utilizaçãomenos generalizada o facto de nunca ter sidocalculada adequadamente a sua equivalência dedose com a prednisolona, nem ter sido estudadoo seu perfil de segurança com a eventual dose equi-valente.

MetotrexatoActualmente o metotrexato (MTX) devido à suaelevada e rápida eficácia, associada a uma boa to-lerabilidade a longo prazo, é considerado o medi-camento de escolha («gold standard») para o tra-tamento da AIJ resistente aos AINEs, qualquer queseja a forma da doença.11,12

O MTX revela-se útil para o tratamento da maior

Quadro III. Indicações para a utilização de corticosteróides em doentes com AIJ

AIJ Sistémica• Febre resistente aos AINEs• Pericardite significativa• Poliartrite resistente à restante terapêutica

(incluindo AINEs + MTX + etanercept ou anakinra)Formas Poliarticulares• Poliartrite activa resistente a AINEs + MTX +

EtanerceptFormas Oligoarticulares e/ou Espondiloartropatias• Uveítes, aguda ou crónica, resistente à terapêutica

local • Doença inflamatória crónica do intestino

(inflamação intestinal)Qualquer forma de AIJ, quando 1 a 3 articulações activas são responsáveis pelasqueixas ou limitações do doente• Via intra-articular (sinovectomia química com

hexacetonido de triancinolona)*

*só após cuidadosa exclusão de artrite infecciosa, particularmen-te nos casos de monoartrite.

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parte dos casos de AIJ, quer para a artrite em si,cuja remissão pode ser induzida por este fármaco,13

quer para algumas manifestações extra-articula-res, tal como a uveíte crónica resistente à terapêu-tica tópica com corticosteróides.

Antes do início desta terapêutica deve ser forne-cida aos pais dos doentes informação verbal e es-crita sobre os potenciais efeitos adversos do fárma-co e forma de os prevenir, que inclui a administra-ção, por via oral, de 10mg semanais de ácido fóli-co, em toma única também, com o mínimo de 48hde intervalo em relação à dose semanal de MTX.Este tipo de informação é particularmente impor-tante se nos lembrarmos que este fármaco foi ini-cialmente produzido para tratar leucoses, em do-ses 20 a 40 vezes superiores às que se utilizam paratratar as AIJ, reflectindo a bula do medicamento osefeitos secundários, potencialmente muito graves,que surgem com as doses altas utilizadas nessa pa-tologia.

Como medidas preventivas da iatrogenia, antesdo início do MTX devemos assegurar-nos de queo doente está vacinado contra as hepatites A e B eque não sofre de tuberculose (prova de Mantoux eradiografia de torax são importantes). Desta formapoderemos evitar efeitos secundários graves e aeventual suspensão do fármaco devido a estas co-morbilidades preveníveis.

Mesmo na dose de 10mg/m2/semana cerca de2/314 dos doentes tratados melhoram significativa-mente, o que deixa alguma margem de manobrapara aqueles casos em que, devido à toxicidade dofármaco, a dose de 15mg/m2/semana não podeser mantiida.

Entre as vantagens do MTX encontra-se a altataxa de respondedores, com doses semanais rela-tivamente baixas, da ordem dos 15mg/m2 de su-perfície corporal/semana. Esta dose, actualmenteconsiderada a mais eficaz,14 pode ser administra-da por via oral e, em caso de ineficácia após 3 me-ses de tratamento, deve ser alterada para a via pa-rentérica (sub-cutânea ou intra-muscular) que re-velará melhoria significativa em 60% dos doentesresistentes à administração por via oral.14

Habitualmente, os resultados terapêuticos sãoobtidos nos primeiros 3 meses de administraçãodo fármaco, mas ocasionalmente ele será eficazapós algum tempo mais. Após 6 meses de admi-nistração do MTX nas doses acima indicadas, eapós passagem da administração oral para paren-térica, se a AIJ mantiver níveis de actividade con-siderados inaceitáveis será a altura de considerar

outras alternativas terapêuticas, nomeadamenteos agentes biológicos (anti-TNFα, abatacept ouanakinra).

Os efeitos adversos mais frequentes são a «mu-cosite» (atrofia das mucosas da boca,acompanha-da ou não de queilose e aftas orais) e as náusease/ou vómitos. Embora se trate de efeitos adversospouco graves, eles são comuns, atingindo perto de10% dos doentes e podem levar a incumprimentoda terapêutica. A mucosite é eficazmente preveni-da com a suplementação de folatos e as náuseaspoderão exigir terapêutica anti-emética, nos ca-sos mais graves. A admnistração do fármaco às sex-tas-feiras ou sábados ao deitar pode minimizar asnáuseas.

A toxicidade hepática, outrora muito temida, érara em crianças, sendo o seu risco agravado prin-cipalmente pela ingestão de bebidas alcoólicas(rara ou inexistente antes da adolescência), pelashepatites virais (em parte preveníveis), pela obe-sidade, pela malnutrição e pela diabetes mellitus.A biopsia hepática de rotina não deve ser pratica-da nos doentes com AIJ a tomar cronicamenteMTX.

A pneumonite e a fibrose intersticial foram des-critas muito raramente em crianças com AIJ a to-mar MTX,15 mas constituem efeitos adversos gra-ves e temíveis. A aceleração da nodulose reumatói-de, embora muito menos comum que na AR doadulto, foi descrita em doentes com AIJ submeti-dos a esta terapêutica.16

Na hierarquização dos tratamentos das AIJs oMTX deve ser iniciado quando os AINEs não conse-guem controlar adequadamente a doença e antes dese considerar a utilização de corticosteróides ou deagentes biológicos. A excepção a esta regra será otratamento das manifestações extra-articulares daAIJ sistémica, no qual os corticosteróides poderãodesempenhar um papel, enquanto o MTX não ac-tua adequadamente.

Outras terapêuticas modificadoras da doença(«Disease Modifying Agents in Rheumatic Diseases» ou DMARDs) incluindo medicamentosimunossupressoresMuitos outros fármacos têm vindo a ser utilizadoscom a finalidade de controlar a actividade da doen-ça ou induzir remissão clínica nas AIJs. Alguns se-rão mencionados apenas para informação histó-rica, pois pouco se usam actualmente. Estão nestecaso os sais de ouro e a D-penicilamina, actual-mente praticamente afastados do plano terapêu-

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tico dos doentes com AIJs, devido à falta de de-monstração de eficácia destes fármacos e aos seusfrequentes, e potencialmente graves, efeitos adver-sos na criança.

A hidroxicloroquina é também pouco eficaz,particularmente quando usada isoladamente, oque leva a que não seja uma opção credível nostempos que correm.

A ciclosporina A tem a sua aplicação potencialna AIJ, associada ao MTX,17 onde aumenta a eficá-cia nos doentes seleccionados por serem resisten-tes ao MTX. Trata-se de um fármaco com muitosefeitos adversos, que deve ser administrado nadose de 3 a 5mg/Kg/dia, repartida em duas tomas.O seu papel terapêutico indiscutível será no sín-drome de activação macrofágica,18 complicaçãorara mas muito grave da AIJ sistémica.

A sulfassalazina deve ser utilizada predominan-temente em casos de espondiloartropatias juveniscom poliartrite periférica, de preferência em asso-ciação ao MTX. A dose máxima será de 2g/dia, oude 50mg/Kg/dia, dependendo do peso da criança,administrada em duas tomas diárias. A sulfassala-zina não deve ser administrada nunca a doentescom AIJ sistémica por poder provocar efeitos adver-sos muito graves (hepatite tóxica e síndrome deactivação macrofágica) nestes doentes. Tambémnão deve ser administrada a crianças com hiper-sensibilidade conhecida às sulfamidas ou aos sa-licilatos, com diminuição da função renal ou he-pática, ou que sofram de porfiria ou carência de gli-cose-6-fosfato desidrogenase.

A azatioprina pode ser útil no tratamento de po-liartrite extensas resistentes ao MTX, podendo seradministrada em associação a este, mas é cada vezmenos utilizada desde o advento dos agentes bio-lógicos. Foi também uma alternativa terapêuticapara o tratamento da amiloidose secundária à AIJ.

O clorambucil, agente alquilante, nas doses de0,2mg/Kg/dia (1 mês de indução) e de 0,1mg//Kg/dia (como manutenção) é considerado a tera-pêutica mais eficaz para a amiloidose secundáriaà AIJ.19 O seu uso contudo é limitado a esta situa-ção clínica, que tem letalidade de 100% 15 anosapós o diagnóstico nos doentes não tratados comclorambucil (e sobrevivência de 68% nos tratados),devido à sua significativa toxicidade (esterilidadee aumento do risco de neoplasias a longo prazo).

A imunoglobulina humana endovenosa em al-tas doses (IgHumE-V) foi utilizada para tratar asmanifestações extra-articulares da AIJ sistémica20

e a AIJ com poliartrite resistente ao MTX.21 O seu

elevado custo e a inconsistência dos resultados,em estudos randomizados, levaram a que a suautilização actual seja cada vez menor.

A leflunomida é outra alternativa terapêuticaque pode ser utilizada se houver falência do MTX;no único estudo que compara a eficácia destes doisfármacos no tratamento da AIJ22 ambos obtêmbons resultados, embora a comparação revele van-tagem significativa do MTX.

Agentes biológicosOs agentes biológicos, usados no tratamento dasartrites crónicas e outras doenças em cuja patoge-nia desempenha um papel importante a perpetua-ção de fenómenos inflamatórios, começaram a serutilizados em reumatologia para tratar a AR do adul-to.23-27 Trata-se de produtos desenvolvidos por viabiotecnológica de elevada complexidade, a partirde conhecimentos básicos da fisiopatologia da in-flamação em geral e das alterações que levam à suaperpetuação nestas doenças reumáticas crónicas.

O único agente biológico actualmente aprova-do pela EMEA para o tratamento das AIJs é o eta-nercept, uma proteína de fusão do receptor solú-vel p75 do TNFα, que tem efeito terapêutico rápi-do e potente em doentes com AIJ poliarticular re-sistentes à terapêutica com doses eficazes deMTX.4,28 O etanercept é administrado, por via sub-cutânea, na dose mínima de 0,8mg/kg uma vez porsemana, na dose máxima de 50mg/semana, de-vendo ser mantidas as terapêuticas prévias, comMTX e AINEs, que o doente esteja a fazer antes.

O infliximab,29 outro fármaco com acção anti--TNFα, que é um anticorpo anti-TNFα, mostroueficácia semelhante ao etanercept nos doentescom formas poliarticulares de AIJ, mas não temainda a aprovação da EMEA para uso pediátrico.

Estudos prévios30 mostraram que o etanercepté menos eficaz quando utilizado para tratar doen-tes com AIJ sistémica que nos restantes casos de AIJpoliarticular. Nos doentes com AIJ sistémica estu-dos abertos têm demonstrado que a terapêuticacom Anakinra (um antagonista do receptor da IL--1) administrado na dose de 2mg/kg/dia (dose má-xima de 100 mg/dia) por via subcutânea, é muitoeficaz no tratamento da AIJ sistémica, particular-mente quando as manifestações sistémicas sãopreponderantes.31

Outros estudos com o antagonista do receptorda IL-6, tocilizumab, têm também revelado resul-tados muito promissores na AIJ sistémica.32

O abatacept é um novo agente biológico que ac-

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tua bloqueando a activação das células T por ini-bição da co-estimulação, ao ligar-se aos recepto-res CD80 e CD86 presentes nas células apresenta-doras de antigénio, o que inibe a co-estimulaçãomediada pela ligação ao receptor CD28 da célulaT. Este fármaco, com eficácia já comprovada parao tratamento da AR do adulto,33 foi também estu-dado nas AIJs,34 com bons resultados, aguardandoaprovação desta indicação terapêutica. Numa co-municação livre deste congresso é salientado o fac-to de o Abatacept ter eficácia prolongada, que semantem até um ano após a sua suspensão, emdoentes com AIJs oligoarticulres estendidas ou po-liarticulares.35

Com o advento da disponibilidade dos agentesbiológicos para tratamento das AIJ o principal ob-jectivo da terapêutica é, actualmente, o de obter aremissão clínica da doença e permitir uma vidanormal à criança ou adolescente afectados. Claroque este objectivo nem sempre é alcançável, maspodemos dizer que a probabilidade de tal ser con-seguido aumentou bastante desde que temos dis-poníveis estes fármacos, cuja utilização deve sercriteriosa e muito cuidadosa, como fácil se tornade perceber ao ler os «Consensos para Início e Ma-nutenção da terapêutica biológica na AIJ»,36 doGrupo de Trabalho de Reumatologia Pediátrica daSociedade Portuguesa de Reumatologia.

Além de alterações de ordem terapêutica pro-priamente ditas, os agentes biológicos, pelo seu ele-vado custo e potencial risco de toxicidade, vieramacelerar significativamente uma evolução já emmarcha na forma de avaliar a evolução da doençae a eficácia da terapêutica em jovens com AIJs.

Esta evolução levou à necessidade de criar ins-trumentos objectivos de definição de melhoria naAIJ, através de trabalho conjunto do PRINTO – Pe-diatric Rheumatology International Trials Organi-zation (a nível Europeu) e do PRCSG – PediatricRheumatology Collaborative Study Group (a níveldo American Collegge of Rheumatology.37

Mas para que esta definição de melhoria pudes-se ser aplicável de uma forma generalizada, comincorporação da opinião dos doentes adolescen-tes, ou dos seus pais quando estes fossem mais jo-vens, tornou-se indispensável a utilização de fer-ramentas de avaliação da capacidade funcional,bem como de escalas visuais analógicas para a dore para a avaliação global da doença pelos doentesou pelos pais, que fossem as mesmas em todos ospaíses do Mundo – tal veio a ser efectuado tambémao nível do PRINTO para todos os países europeus

(em 28 línguas diferentes, numa primeira aborda-gem) no qual se incluíu a versão portuguesa38 des-tes instrumentos de avaliação.

São estes consensos nacionais, nos quais parti-ciparam os Reumatologistas e os Pediatras que nonosso País mais se têm dedicado ao estudo e tra-tamento de crianças com doenças reumáticas, quese encontram abaixo indicados e serão alvo de umaoutra comunicação neste Congresso.

Critérios da Sociedade Portuguesa de Reumatologia (2007) para Início de Terapêutica BiológicaDoença activa (5 ou mais articulações com artriteactiva) e refractária à terapêutica convencional.

Definição de Falência à terapêutica – doença ac-tiva refractária à terapêutica convencional, consi-derando principal factor da definição a ausência deresposta a uma dose mínima de MTX de 15mg/m2/semana por via SC ou IM durante 3 a 6meses.

No caso de toxicidade ou de contra-indicaçãoimpeditivas da utilização do MTX na dose mínimade 15 mg/m2/semana pode considerar-se, por opi-nião do especialista, a introdução de terapêuticabiológica como primeira opção, ou de outroDMARD convencional em monoterapia ou emcombinação com o MTX.

Monitorização dos Doentes sob Terapêutica BiológicaOs doentes devem ser avaliados com uma frequên-cia mínima trimestral. Da avaliação deve constarum conjunto de variáveis que permitam determi-nar a eficácia do tratamento:37

1. Avaliação global pelo doente/pais (Escala VisualAnalógica de 0-10)

2. Avaliação global pelo médico (Escala Visual Ana-lógica de 0-10)

3. Child Health Assessment Questionnaire (CHAQ,utilizado na sua versão portuguesa)38

4. Número de articulações activas (articulações tu-mefactas, excluindo tumefacção óssea, ou comlimitação da mobilidade associada a dor, calorou ambos)

5. Número de articulações com limitação da mo-bilidade

6. Velocidade de Sedimentação

Critérios para Manutenção em Terapêutica BiológicaConsidera-se critério de resposta a melhoria de

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pelo menos 30% em 3 destas 6 variáveis, sem agra-vamento superior a 30% em mais do que uma dasrestantes variáveis, em duas avaliações separadaspor 3 meses,37 tendo como base de comparação aavaliação efectuada antes do início do agente bio-lógico.

Actuação se Não RespondedorSe não ocorrer melhoria em 2 avaliações sucessi-vas, de acordo com opinião do especialista, sus-pender o fármaco biológico e considerar outras al-ternativas terapêuticas.

Antes do Início da Terapêutica Biológica deve serEfectuado um Rastreio de Tuberculose por:1. História clínica; 2- Radiografia do tórax; 3- Pro-

va tuberculínica com 2U RT23a) Se induração <5mm deve ser repetida no an-

tebraço oposto 7 a 10 dias depois. É conside-rada negativa se o segundo teste tambémapresentar induração <5 mm.

b) Se induração ≥5mm é considerada positiva,independentemente da data da vacinaçãocom BCG.

Se a história clínica, radiografia do tórax ou aprova tuberculínica forem positivas a criança deveser referenciada a uma consulta especializada emtuberculose para orientação diagnóstica e terapêu-tica.

A terapêutica biológica pode ser iniciada 1 mêsapós o início da terapêutica de tuberculose latente.

Contra-indicações Absolutas pata Início de Terapêutica Biológica em Doentes com AIJ• Existência de infecção activa, nomeadamente

tuberculose activa• Insuficiência cardíaca III/IV• Doenças desmielinizantes• Gravidez• História recente (<5 anos) de neoplasia• Vacinas vivas – não devem ser administradas

durante o tratamento com agentes biológicos eidealmente a sua administração deve ser efec-tuada até três meses antes do inicio do biológico

Critérios para Suspensão Temporária ou paraAdiar o Início da Terapêutica Biológica:• Infecção de novo• Cirurgia major programada

Claro que, pelas razões anteriormente indica-das, os agentes biológicos, embora muito eficazes,devem ser iniciados com precaução em doentes

com AIJ, devendo a sua prescrição ser da respon-sabilidade de reumatologista pediátrico com par-ticular experiência no tratamento da AIJ, seguin-do os consensos do Grupo de Trabalho de Reuma-tologia Pediátrica da Sociedade Portuguesa deReumatologia, acima indicados. Estes doentes de-vem ser seguidos cuidadosamente, devendo a con-tinuidade da prescrição e dispensa do agente bio-lógico ser condicionada à adesão estrita a este pla-no de avaliação continuada.

Transplante autólogo de medula ósseaO transplante autólogo de medula óssea foi inicia-do, na era «pré-agentes biológicos», como métodoexperimental (agressivo, caro e com muitos efeitosadversos) de tratar doenças auto-imunes gravesque não respondiam às terapêuticas convencio-nais.

A última revisão desta abordagem terapêutica,39

quase em desespero de causa, colectou todos oscasos de AIJ tratados desta forma no espaço eu-ropeu, tendo revelado que, um ano após a in-tervenção, 53% (18/34) dos doentes estavam emremissão e 21% (7/34) tinham sido resistentes à te-rapêutica. Não são resultados particularmentebrilhantes, atendendo à morbilidade e ao custodesta intervenção, mesmo levando em considera-ção que seriam casos particularmente graves deAIJ. Contudo, a mortalidade de 15% (5/34) aos 12meses é o resultado que mais nos leva a refrearmuito o entusiasmo relativo a esta abordagem te-rapêutica.

Terapêutica com Agentes Físicos e Terapêutica OcupacionalA terapêutica com agentes físicos e a terapêuticaocupacional têm por objectivos contribuir para re-duzir a dor articular, manter ou recuperar a funçãoarticular e prevenir as deformações articulares e aincapacidade daí resultante.

Deve-se sempre levar em consideração que acriança deve ser integrada no seu ambiente (fami-liar, social, escolar) motivo pelo qual, salvo em ca-sos excepcionalmente graves e pontuais, estas téc-nicas devem ser ensinadas ao doente e/ou aos paisde forma a poderem ser efectuadas no domicílio,sem que contribuam para aumentar o absentismoescolar, que pode existir já pela actividade da doen-ça, e pelas necessidades de efectuar consultas mé-dicas e exames complementares de diagnósticocom alguma regularidade.

Um período de descanso à tarde, após o regres-

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so da escola, pode ser útil. Contudo, a maior par-te das crianças procederão à limitação da sua ac-tividade física, de acordo com as suas limitações.Exercícios físicos regulares, tais como andar de tri-ciclo ou de bicicleta, devem ser encorajados.

Um plano de exercícios, para fazer no domicí-lio, adequado ao tipo de envolvimento articular dacriança, deve ser ensinado aos pais. A ANDAI, aAssociação Nacional de Doentes com Artrites In-fantis e juvenis, tem um guia para pais40 que é dis-tribuído gratuitamente aos seus sócios, no qualvem descrito um plano geral de exercícios, dondepodem ser seleccionados os mais adequados paracada caso concreto.

A natação, ou a hidrocinesiterapia (dependen-do da gravidade do envolvimento articular) são ac-tividades a privilegiar.

Por vezes pode ser útil a aplicação de calor, oude frio, às articulações inflamadas, mas estas téc-nicas devem interferir o menos possível com a ro-tina diária (às vezes pesada) da criança.

A utilização de talas para prevenir ou corrigirdeformações articulares, nomeadamente ao níveldas mãos e punhos, e joelhos (particularmentequando a criança surge já com flexo desta articu-lação) pode ser muito útil. É bom sublinhar que es-tas talas devem ter um aspecto apelativo e ser con-fortáveis, pois de outra forma serão apenas maisum objecto para guardar fora da vista dos pais.

Terapêutica CirúrgicaA cirurgia ortopédica pode desempenhar um pa-pel importante nos estadios intermédios das AIJ,através da correcção das deformações e contractu-ras articulares, como os flexos dos joelhos, por ve-zes irredutíveis doutra forma.

A sinovectomia cirúrgica41 é cada vez menos uti-lizada, sendo muitas vezes vantajosamente subs-tituída pela sinovectomia artroscópica42 ou pela si-novectomia química com hexacetonido de trian-cinolona.

No adulto jovem, em que podem haver lesõesarticulares limitativas, ao nível dos joelhos,43 dasancas, dos ombros ou dos cotovelos, por exemplo,as próteses articulares constituem uma soluçãoque pode contribuir para melhorar significativa-mente a qualidade de vida e a integração social eprofissional dos doentes.

A cirurgia oftalmológica, ao resolver os proble-mas devidos às principais complicações da uveítecrónica – queratite em banda, cataratas e glauco-ma – pode ser de importância fundamental na pre-

servação ou recuperação da acuidade visual nascrianças ou adolescentes com AIJ oligoarticularcom anticorpos antinucleares presentes no soro euveíte crónica..

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MR4.3 – RECOMENDAÇÕES DE TERAPÊUTICA

BIOLÓGICA DA SPRDr.ª Maria José Vieira, Pediatra.Hospital de Vila Nova de Famalicão.Pelo Grupo de Trabalho de Reumatologia Pediátrica daSociedade Portuguesa de Reumatologia.

MR5 – Lúpus Eritematoso Sistémico

MR5.1 – LÚPUS NEUROPSIQUIÁTRICO – NEUROPSYCHIATRIC LUPUS

Yehuda ShoenfeldDepartment of Medicine ‘B’ & Center for AutoimmuneDiseases, Sheba Medical Center, Incumbent of the LauraSchwarz-Kipp Chair for Research of Autoimmune Diseases, Sackler Faculty of Medicine, Tel-Aviv University, Israel.

Central Nervous System involvement in SystemicLupus Erythematosus (CNS-SLE) is very commonand ranges between 20% – 70% of the patients. TheCNS involvement is listed in the ARA criteria forSLE diagnosis.

CNS-SLE is associated with more than 20 diffe-rent autoantibodies.1 Yet, remarkable among themare the anti-P-ribosomal antibodies (anti-PR).2

These autoantibodies directed mainly against thecarboxy 22 amino acids of the PO, P1 P2 ribosomalphosphoproteins. They are capable of penetratinglived cells and inducing apoptotic changes as wellas leading to inhibition of specific cytokine secre-tion.3-5 The titer of the autoantibodies correlateswith disease activity, kidney involvement and he-patitis.6-8

Anti-PR were first reported to associate and cor-relate with CNS-SLE and especially psychosis in1987.9 Subsequent analyses could only partially re-peat Bonfa’s conclusions.2-3 The contradictory re-sults may stem from technical discrepancies,2-3

multiplicity of autoantibodies causing CNS-SLE,1,10

and differences in the time of drawing the blood inrelation to the time when the patient had the CNSinvolvement.

We employed affinity purified anti-PR on a PRcolumn and injected them directly into the brainventricles of Balb/c mice. Irrelevant Igs were em-

ployed as controls. The analyses entailed a varietyof neurological tests known to evaluate cognitiveimpairment, anxiety states, depressive conditionsand motor competence of the mice.

Mice injected with anti-PR clearly expressed de-pressive behavior, characterized mainly by floa-ting pattern rather than swimming in an enforcedswimming test. This floating pattern could be re-versed by a specific therapy with monoclonal anti--idiotypic antibody to anti-PR,11 by IVIG as well asFluoxetine (Prozac) an anti-depression drug. Noresponse was achieved with anti-psychotic drug.The control mice were not affected in their beha-vior following the injection of the irrelevant Ig.12

The human purified anti-P-R, were shown tobind to CNS structures consisting with the smellapparatus (i.e. amygdale, hypocampus and otherparts of the limbic systems).

Smell defects characterize bulbectomized (cut-ting the olfactory nerves) depressive mice,13 as wellas depressive women.14 Such depression can beovercome by exposing mice and humans to citrusfragrance.15

Our studies show for the first time the active in-duction of a psychiatric condition (i.e. depression)with a specific autoantibody, i.e. anti-PR16 Fur-thermore the results allude to a novel mechanismto explain the induction of CNS-SLE depression(i.e. involvement of the smell apparatus).

These data may pave the road to a novel appro-ach to depression in CNS-SLE and its therapy aswell as in other CNS conditions.12,17,18

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MR5.2 – DEPLECÇÃO DE CÉLULAS B NO

TRATAMENTO DO LES – THE USE OF B CELL

DEPLETION IN THE TREATMENT OF SLEDavid IsenbergCentre for Rheumatology Research, Division of Medicine UCL. Londres, Reino Unido.

In the 1950s the chances of surviving SLE was only50%. In 2008 the fifteen year survival is around85% thanks to introduction of now standard im-

munosuppressive drugs, renal dialysis and renaltransplantation. However, this figure still meansthat the lupus patient diagnosed aged 20 has a 1 in7 chance of not surviving beyond 35 and lupus ofcourse continues to cause considerable morbidityas well as mortality.

We live, however, in an exciting age moving fromserendipity (many of the drugs we use to treat lu-pus were given to patients on a very ad hoc basis)to ‘sense’. By ‘sense’ I mean that we have now iden-tified key molecules which are clearly critical tothe pathogenesis of the disease and the increasinguse of biologic agents to target and block these mo-lecules offers substantial hope for improved treat-ment for our patients.

Foremost amongst the new biological treat-ments has been the use of B-cell depletion utilisingRituximab that blocks the CD20 molecule in B--lymphocytes. Although introduced for the treat-ment of non-Hodgkin’s lymphoma, many centreshave now reported open studies indicated greatutility in this approach. Of the first fifty patientswith lupus refractory to conventional therapiesthat we have treated (with a duration of follow upafter treatment of approximately 40 months), wehave observed a median time to repopulation ofapproximately 6 months and significant clinicalimprovement has been seen in around 80% of the-se patients. Indeed 47% of them have suffered nofurther flares. Using the BILAG disease activity in-dex we have demonstrated that B-cell depletion(achieved by a combination of Rituximab 1 g,Cyclophosphamide 750 mg and Methylpredniso-lone 125-250 mg x 2, two weeks apart) has the ca-pacity to improve lupus clinical features in all or-gans and systems. We have shown that it is possi-ble to re-treat patients successfully and that anti--dsDNA antibody levels will often be lowered(though usually not normalised) and we are nowattempting to identify prognostic markers of pa-tient outcome. Although the results of double blindcontrol trials are awaited it seems highly likely thatthis approach will prove a major advance in thetreatment of lupus.

MR5.3 – TERAPÊUTICA ACTUAL DA

GLOMERULONEFRITE LÚPICA

Gomes da CostaServiço de Nefrologia, Hospital de Santa Maria, Lisboa.

O envolvimento renal do Lúpus Eritematoso Sisté-

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mico é uma situação médica em que, com as tera-pêuticas imunossupressoras actualmente dispo-níveis, se consegue quase sempre induzir remissão.A excepção é quando o envolvimento renal apare-ce no contexto de exacerbação da doença com en-volvimento multisistémico em que o prognósticoda situação depende muitas vezes do envolvimen-to de outros orgãos e das complicações infeccio-sas da terapêutica.

Se na maioria dos doentes é possível induzir re-missão da doença renal, existe ainda uma percen-tagem de doentes que não respondem à terapêu-tica e para os quais não existem ainda alternativasterapêuticas bem definidas. Outras decisões im-portantes, para as quais não existem estudos nemanálise na maioria das séries, são a da interrupçãoou manutenção da medicação imunossupressorauma vez induzida a remissão e o benefício a longoprazo das medidas de protecção renal para o riscoassociado à hiperfiltração resultante das sequelasda doença renal.

MR6 – Aspectos Cirúrgicos das Doenças Reumáticas

MR6.1 – CIRURGIA DA MÃO

Mota da CostaUnidade de Cirurgia do Punho e Mão – Departamentode Ortopedia e TraumatologiaHospital CUF Descobertas – Lisboa – Portugal

Os objectivos do tratamento das deformações dopunho e mão reumatóide são os de proporcionarao doente uma mão funcional para as suas activi-dades diáris, para isso a correcção deve partir nosentido próximal distal e ser realizada de forma aque com cada intervenção o doente sinta sempreque houve alguma melhoria para a sua função epara a diminuição da dor.

Como o doente reumático vai, normalmente,necessitar de múltiplas correcções cirúrgicas de-ver-se-há proceder ao máximo de procedimentoscirúrgicos em cada operação, devendo as interven-ções sobre o membro inferior preceder as do mem-bro superior.

Apresentação dos mecanismos de destruiçãoprovocados pelo pannus reumatóide ao nível dostendões, ligamentos, articulações e ossos do pu-nho e da mão.

O envolvimento tendinoso ao nível do punholeva muitas vezes a roturas tendinosas dos exten-

sores dos dedos, a tenossinovectomia pode preve-nir estas roturas, mas nos casos mais graves há ne-cessidade de proceder a transferências tendinosaspara reabilitar a mobilidade dos dedos.

O efeito destabilizador das articulações do pu-nho levam a instabilidade rádio-cubital, rádio-cár-pica e médio-cárpica com lapso cárpico. O seu tra-tamento vai desde a sinovectomia articular, asso-ciada muitas vezes a excisão da cabeça do cúbitoaté à artrodes, passando pelas modernas técnicasde artroplastia.

Ao nível das metacarpofalângicas, a destruiçãoligamentos colaterais e a destabilização da muscu-latura intrínseca levam ao desvio cubital dos de-dos, os quais muitas vezes não são passíveis decorrecção só por reconstrução dos tecidos moles,precisando em muitas situações da realização deartroplastias para corrigir não só a deformaçãocomo substitur as articulações lesadas e luxadas.

Já ao nível das interfalângicas próximais as de-formações em colo de cisne e botoeira, são defor-mações graves que necessitam de ser corrigidaspreviamente ou ao mesmo tempo que se corrige aparte osteo-articular com artroplastia de substitui-ção articular ou mesmo com artrodese, no caso deas metacarpofalângicas estarem a funcionar bem.

Ao nível do polegar é a trapézio-metacarpianaquem muitas vezes se encontra destruída e condi-ciona posteriormente a conhecida deformação emzigue-zague do polegar, em botoeira ou em colo decisne. A sua correcção muitas vezes depende daestabilização com artrodese ou artroplatia da T-Me de artrodese da metacarpofalângica e/ou da in-terfalângica.

MR6.2 – NEUROCIRURGIA

João MelanciaServiço de Neurocirurgia, Hospital de Santa Maria, Lisboa.

1. Introdução:a. Artrite reumatóideb. Espondilite anquilosantec. Osteoporose

2. Breve revisão teóricaa. Etiopatogenia e fisiopatologia das formas de

envolvimento da coluna vertebralb. Imagiologia

3. Artrite reumatóide e Espondilite anquilosan-te: terapêutica cirúrgicaa. Estratégia de abordagem terapêutica-cirúrgicab. Indicações e opções cirúrgicas:

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i. Coluna cervical altaii. Coluna cervical sub-axialiii. Coluna torácica e lombar

4. Fractura osteoporótica vertebral:a. Terapêutica cirúrgica – Cifoplastia

MR6.3 – ORTOPEDIA

Doutor Jacinto MonteiroServiço de Ortopedia do Hospital de Santa Maria, Lisboa.

Os limites da terapêutica conservadora das doen-ças osteo-articulares, seja ela farmacológica, fisiá-trica ou outra,colocam a perspectiva cirúrgicacomo alternativa necessária para a melhoria dodoente.

A cirurgia ortopédica não se esgota contudo naartroplastia, embora a sua indicação seja cada vezmais alargada e abrangente quer a patologias quera grupos etários mais extremos, numa tentativa demelhoria da qualidade de vida dos doentes em to-das as suas vertentes, fundamentalmente em con-sequência dos desenvolvimentos de novos bioma-teriais, da melhoria das técnicas cirúrgicas e damenor agressividade das mesmas.

No entanto, a cirurgia conservadora não substi-tuitiva tem vindo a ganhar também mais indica-ções sobretudo em doentes mais jovens com pa-tologia da cartilagem,desalinhamentos de eixo ouconflitos mecânicos.

Daí a necessidade do doente com patologia os-teo-articular seja ela de carácter mecânico, infla-matório ou outro dever ser abordado de uma for-ma multidisciplinar e integrada com óbvios e re-conhecidos ganhos em saude.

MR7 – Interface com a Clínica Geral/MedicinaFamiliar

MR7.1 – OSTEOPOROSE NUMA CONSULTA DE

CLÍNICA GERAL – ARTICULAÇÃO COM A ESPECIALIDADE

Tânia Pires SilvaMédica de Família na USF Tornada, Caldas da Rainha.

A osteoporose é uma perturbação do esqueleto ca-racterizada por uma resistência óssea diminuídaque predispõe para um risco elevado de fractura esendo esta a principal consequência clínica da os-teoporose, está associada a dor crónica, diminui-ção da qualidade de vida, morbilidade e mortali-

dade significativas.Sendo o Médico de Família um interlocutor pri-

vilegiado na prevenção e diagnóstico da osteopo-rose, é imprescindível a identificação precoce doscasos que necessitam uma abordagem diferenci-ada para permitir a referenciação atempada e apartilha de cuidados.

MR7.2 – PREVALÊNCIA DE DOENÇA REUMÁTICA

NUMA USFNuno SousaMédico de Família na Unidade de Saúde Familiar doDafundo

A Unidade de Saúde Familiar do Dafundo (USFD)é constituída por 8 médicos, 7 enfermeiros e 6 ad-ministrativos e presta cuidados de saúde a 13500utentes.

O sistema informático da USFD reporta 1.734registos de patologias do aparelho músculo-esque-lético (capítulo «L» da ICPC-2) inseridas nas listasde problemas dos utentes.

Faz-se uma análise descritiva dos utentes compatologia reumática, contemplando os seguintesaspectos:1. patologias associadas;2. consumo de consultas médicas e de enferma-

gem;3. referenciações para reumatologia e ortopedia;4. ausências ao trabalho;5. prescrição de medicamentos;6. utilização de meios complementares de diag-

nóstico e terapêutica.

MR7.3 – ARTICULAÇÃO MGF/REUMATOLOGIA:EXPERIÊNCIA DO SERVIÇO DE REUMATOLOGIA DOS

HUC.Luís InêsServiço de Reumatologia, Hospitais da Universidadede Coimbra, Coimbra.

O doente com queixas reumáticas deve, em regra,recorrer em primeiro lugar ao seu Médico de Fa-mília. Alguns destes doentes necessitam de refe-renciação e observação prioritárias por Reumato-logista.

O Serviço de Reumatologia dos HUC desenvol-veu um inquérito específico para referenciação dedoentes à Consulta. Este questiona acerca de pa-râmetros clínicos e complementares essenciais

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para a identificação dos casos prioritários. Dos1.000 pedidos de 1ª Consulta recebidos em 2007,com base na informação contida no inquérito dereferenciação, 56% foram considerados prioritá-rios. Por análise do diagnóstico após observaçãoem 1ª Consulta, conclui-se que 93% dos doentescom patologia reumática grave foram correcta-mente classificados como prioritários.

MR8 – A Reumatologia Para Além da Articulação – I

MR8.1 – PELE

Américo FigueiredoServiço de Dermatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra, Coimbra.

Embora a divisão da Medicina em especialidadesde acordo com os diferentes orgãos ou sistemasenvolvidos seja conveniente e organizativo, nãodeixa de ser também artificial. Os diferentes siste-mas interagem e muitas doenças são de interfaceou interdisciplinares, quer pelas suas característi-cas patológicas mas também pela sua expressãoclínica. Sendo a pele facilmente acessível quer àobservação física quer à exploração patológica,através de biopsias ou de outros procedimentoscomo a imunoflurescência, a Reumatologia podeter de recorrer frequentemente a apoio de derma-tologistas, com especial preparação em dermato-patologia e na clínica de doenças com expressãoconcomitante dermatológica e reumatológica.Apesar das especialidades médicas mostrarem ten-dência para o se focarem no seu orgão de estudo,a Dermatologia devido à sua antiguidade como es-pecialidade, à sua inter-disciplinaridade própria emesmo a uma cultura tradicional, tem uma visãomultidisciplinar dos doentes. O grupo das doençasauto-imunes inflamatórias crónicas até às chama-das doenças do tecido conjuntivo são os melhoresexemplos dessas doenças de interface, onde queras manifestações reumatológicas, quer as derma-tológicas, podem representar frequentemente ascaracterísticas clínicas proeminentes. Elas têm emcomum: lesão tecidular inflamatória; tendênciapara a cronicidade com exacerbações agudas; res-posta a altas doses de corticosteróides sistémicose/ou agentes imunossupressores. Nestas incluem--se: o lúpus eritematoso; a dermatomiosite; a es-clerodermia; a doença mista do tecido conjuntivoe as vasculites. A sua heterogeneidade dá lugar a

um vasto leque de quadros clínicos. As lesões cu-tâneas são importantes marcadores, porque exis-tem correlações específicas entre o quadro clínico,os perfis de auto-anticorpos, o comportamentobiológico da doença e o prognóstico. Nalgumasdestas, as lesões cutâneas, pelas suas característi-cas clínicas podem ser um marcador de diagnós-tico (por exemplo no lúpus eritematoso crónicoou discóide, do lúpus sistémico e da dermatomio-site). Em outras as características clínicas marcamo prognóstico (como o lúpus eritematoso sub-agu-do e a morfeia). O envolvimento articular podetambém ser encontrado em doenças dermatológi-cas «primárias» tal como a psoríase; algumas infec-ções podem produzir manifestações cutâneas e ar-ticulares, incluindo um número de doenças viru-sais relativamente comuns, mas também a borre-liose de Lyme e o Síndroma de ImunodeficiênciaAdquirida. A pele é também um dos principais al-vos de toxicidade de um grande número de fárma-cos, particularmente de alguns que são utilizadosno tratamento de doenças reumáticas.

Por outro lado, a imunossupressão terapêuticadestes doentes está a aumentar, de forma impor-tante, o risco de cancro cutâneo não-melanoma.

MR8.2 – OLHO

Gil ForteServiço de Oftalmologia, Hospital Egas Moniz, CentroHospitalar de Lisboa Ocidental, EPE, Lisboa.

MR8.3 – TIRÓIDE E DOENÇAS REUMÁTICAS

Davide CarvalhoServiço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo doDepartamento de Medicina. Faculdade de Medicina doPorto, Hospital S. João, Porto.

A tiróide pode ser afectada por doenças autoimu-nes (DAT) que são algumas das suas mais frequen-tes patologias: a tiroidite linfocítica auto-imune(TA) é a principal causa de hipotiroidismo, em zo-nas não iodo-carentes, em qualquer grupo etário,sendo no entanto uma doença característica dasmulheres pós-menopáusicas; a doença de Graves(DG) é a causa mais frequente de hipertiroidismo,sendo mais frequente nas mulheres jovens. Asdoenças auto-imunes são um grupo complexo dediversas doenças caracterizadas por perda da auto-tolerância e afectando cerca de 5% da população.As doenças autoimunes são multifactoriais, causa-

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das por uma interacção de factores genéticos e am-bientais. Partilham um certo número de caracte-rísticas que sugerem vias ou mecanismos etiológi-cas comuns. A existência de DAT em doentes comdoenças auto-imunes sistémicas com frequentesmanifestações articulares, tais como o lúpus erite-matoso sistémico (LES), síndrome Sjogren (SS) ouartrite reumatóide (AR) tem sido frequentementereconhecida. Num estudo de 168 doentes com DAT58 (35%) tinham anticorpos antinucleares (ANA).Destes, 10% tinham anticorpos antiRo, 12% an-tidsDNA e 12% anticorpos anticardiolipina. Tal pa-rece confirmar o mecanismo patogénico comum.A pesquisa do factor genético subjacente levou aoestudo de famílias com múltiplas doenças auto-imunes, entre as quais AR, LES, diabetes mellitustipo 1 (DM1), Esclerose múltipla, DAT, AR juvenil,doença inflamatória intestinal, psoriase e SS. O po-limorfismo SNP (rs2476601) na tirosina fosfataseintracelular (PTPN22) confere o risco para 4 fenó-tipos autoimunes separados nestas famílias: DM1,AR, LES e TA. A EM não se associava a este SNP. Aassociação de polimorfismo PTPN22 com a DG foitambém descrita. Uma meta-análise recente de 29estudos, confirmou que o alelo PTPN22 C1885Tconfere susceptibilidade para AR, LES, DG e DM1e artrite juvenil idiopática, que constituiriam umsubgrupo destas doenças auto-imunes.

Sob o ponto de vista clínico, estes dados sugerema necessidade de ser feita uma avaliação cuidadosada função tiroideia nos doentes com estas patolo-gias. O diagnóstico da TA é feita pela demonstraçãoda presença de anticorpos antitiroideus antiperoxi-dase ou antimicrossomais. A doença tem 2 formas:atrófica e com bócio. Diferem na extensão da infil-tração linfocítica, fibrose hiperplasia das células fo-liculares mas não na sua fisiopatologia. Factores hu-morais e celulares podem contribuir para a lesão datiróide e para o hipotiroidismo. As células T citotó-xicas podem directamente destruir as células tiroi-

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deias. Para além disso 90% dos doentes com TA têmconcentrações elevadas de autoanticorpos anti-ti-roglobulina, anti-peroxidade ou para o transporta-dor Na/I. Estes anticorpos têm pouca ou nenhumactividade funcional. Muitos têm também anticor-pos bloqueadores da acção da TSH no receptor daTSH ou são citotóxicos (quadro 1). Os títulos de an-ticorpos antiperoxidase estão presentes em 5% dosadultos e em 15% das mulheres idosas. A frequên-cia de hipotiroidismo subclínico é semelhante, e ado hipotiroidismo clínico varia de 0,1 a 2%. O do-seamento de TSH e T4 livre permite estabelecer odiagnóstico. Permitem também diagnosticar a tiro-toxicose por doença de Graves que será confirma-da pelo doseamento dos TRABs (anticorpo anti re-ceptor da TSH).

Referências:Pyne D, et al. Autoimmune thyroid disease in systemiclúpus erythematous. Ann Rheum Dis 2002; 61: 70-72.Perez B, et al. Autoimmune thyroid disease in primarySjogren’s syndrome. Am J Med 1995; 99: 480-4.Shiroky JB, et al. Thyroid dusfunction in rheumatoidarthritis: a controlled prospective survey. Ann Rheum Dis1993; 52: 454-456.Tektonidou MG, et al. Presence of systemic autoimmunedisorders in patients with auto-immune thyroid disea-ses. Ann Rheum Dis 2004; 63: 1159-1161.Criswell LA, et al. Analysis of families in the multiple au-toimmune disease genetics consortium (MADGC) col-lection; the PTPN22 620W allele associates with multipleautoimmune phenotypes. Am J Hum Genetics 2005; 76:563-571. Smith D et al. Replication of an association between thelymphoid tyrosine phosphatase locus (LYP/PTPN22)with type 1 diabetes, and evidence for its role as a generalautoimmuniy locus. Diabetes 2004; 53: 3020-3023.Velaga MR et al. The codon 620 tryptophan allele of thelymphoid tyrosine phosphatase (LYP) gene is a major de-terminant of Grave’s disease. J Clin Endocrinol Metab2004; 89: 5862-2865. Lee YH. The PTPN22 C1858T functional plymorphism

and autoimmune diseases – a meta-analysis. Rheumato-

Quadro I. Prevalência estimada de anticorpos antitiroideus (%)

Atc Anti-R TSHR ATc Anti-Tg Atc Anti-TPOPopulação geral 0 5-20 8-27Doença de Graves 80-95 50-70 50-80Tiroidite auto-imune 10-20 80-90 90-100Familiares de doentes TA 0 30-50 30-50Diabetes Tipo 1 0 30-40 30-40Mulheres grávidas 0 Cerca de 14 Cerca de 14

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logy 2007; 46:49-56.Mariotti S et al. Antithyroid peroxidase autoantibodies inthyroid diseases. J Clin Endocrinol Metab 1990;71:661-669.Nordyke RA, et al. The superiority of antimicrosomalover antithyroglobulin antibodies for detecting Hashi-moto’s thyroiditis. Arch Intern Med 1993;153: 862-865.Bogner U et al. Thyroid cytotoxic antibodies in atrophicand goitrous autoimmune thyroiditis. Eur J Endocrinol1995;132:69-74.

MR9 – A Reumatologia Para Além da Articulação – II

MR9.1 – FÍGADO

Rui Marques dos SantosServiço de Medicina III, Hospitais da Universidade deCoimbra, Coimbra.

O fígado, um dos mais importantes órgãos do cor-po humano, tem com as doenças reumáticas umarelação complexa, obscura, mal compreendida,frequentemente ignorada e por vezes de tipo pas-sional. Após as observações iniciais de incompati-bilidade entre a disfunção hepática de hiperbilir-rubunemia e sintomas articulares, com tentativasterapêuticas da patologia articular com induçãode lesão hepatocitária, identificaram-se hepato-patias como causa de sintomas articulares. O re-conhecimento de toxicidade hepática pelos medi-camentos usados na terapêutica das doenças reu-máticas acentuou o antagonismo, criando descon-fiança e obrigando a vigilância. Confirmou-seassim que as alterações das provas de função he-pática podem ser uma manifestação das doençasreumáticas, particularmente quando são sistémi-cas e auto-imunes. A sua descrição, as relações en-tre o vírus da hepatite C e as doenças reumáticas,e uma referência ao problema da hepatoxicidadeconstituem o objecto da apresentação.

MR9.2 – A REUMATOLOGIA E O CORAÇÃO

Paulo NicolaInstituto de Medicina Preventiva, Faculdade de Medicina de Lisboa, Lisboa.

«It has often been said that the way to live a longlife is to acquire rheumatism».

Com esta frase Sydney Cobb iniciou o seu estu-do, publicado em 1953 no New England Journal ofMedicine, demonstrando a existência de excessode mortalidade em doentes com artrite reumatói-

de e contradizendo esta crença popular.Desde cedo se compreendeu que as doenças

cardíacas são dos principais contribuintes paraeste excesso de mortalidade.

No entanto, desde os estudos anatomo-patoló-gicos descrevendo uma frequência de lesões vas-culares, valvulares e miocárdicas superior à espe-rada, até ao modelo actual, que compreende o pro-cesso aterosclerótico como inflamatório, várias dé-cadas de investigação decorreram.

Que reflexos teve este progresso na saúde dosdoentes com artrite reumatóide? Serão os regimesterapêuticos actuais capazes de evitar este exces-so de mortalidade? Fará sentido monitorizar parâ-metros inflamatórios em doentes assintomáticos?Como se deve considerar o risco cardiovascularem doentes com artrite reumatóide? E relativa-mente a outras doenças reumáticas?

Estas questões serão contextualizadas e discu-tidas nesta apresentação, tendo em conta resulta-dos pertinentes da investigação e das recomenda-ções clínicas nesta área.

MR9.3 – RIM

Dr. Fernando AbreuServiço de Nefrologia do Hospital de Santa Maria, Lisboa.

O Rim pode ser afectado em patologias sistémicasque usualmente são motivo de seguimento emReumatologia mas pode igualmente ser causa depatologia músculo-esquelética, a denominada os-teodistrofia renal da Doença Renal Crónica (DRC).Por outro lado o Rim pode também sofrer as con-sequências dos fármacos utilizados no controlodas patologias osteoarticulares.

Sendo o principal órgão depurativo do organis-mo, o Rim é extremamente vascularizado, a suacirculação sanguínea é característica e constituiparte integrante do seu parênquima. Por este mo-tivo é afectado nas doenças sistémicas em que hálesão inflamatória da parede vascular mediada porauto-anticorpos ou por complexos imunes, comopor exemplo nas vasculites ou no lúpus eritema-toso sistémico. As vasculites mediadas por ANCA’smanifestam-se por glomerulonefrite rapidamen-te progressiva (GNRP) e habitualmente têm boaresposta à imunossupressão com corticoterapia eciclofosfamida sendo por vezes necessário associarplasmaferese. A nefrite lúpica pode ter múltiplasapresentações variando desde a hematúria e/ouproteinúria ligeira e assintomática até ao síndro-

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me nefrótico ou à GNRP. A biopsia renal para alémde excluir outras complicações renais, confirma odiagnóstico e estadia a doença (Classificação daSociedade Internacional de Nefrologia, 2004) o quetem implicações prognósticas e terapêuticas.Actualmente o seu tratamento baseia-se na corti-coterapia associada ou não a ciclofosfamida oumicofenolato de mofetil. Existem outras nefropa-tias em contexto de patologias sistémicas nomea-damente glomerulonefrite membranosa e amiloi-dose na artrite reumatóide, glomerulonefrite me-sangial proliferativa e microangiopatia trombóticana esclerodermia assim como nefrite tubulointer-sticial crónica no Síndrome de Sjogren, na sarcoi-dose e na hiperuricemia crónica associada ou nãoa artrite gotosa.

Na DRC há alteração da regulação da homeosta-sia do cálcio e do fósforo o que determina o desen-volvimento do hiperparatiroidismo secundário comconsequentes patologia óssea (osteíte fibrosa) e cal-cificações dos tecidos moles nomeadamente vascu-lares, o que tem significativo impacto na morbilida-de destes doentes. O tratamento está preconizadodesde a fase prédialítica e inclui intervenções die-téticas, quelantes do fósforo assim como vitaminaD (ou análogos) e calcimiméticos. Em casos parti-culares (hiperparatiroidismo terciário) a paratiroi-dectomia pode estar indicada. Alguns doentes emdiálise podem desenvolver outras complicaçõesmúsculo-esqueléticas, nomeadamente doença ós-sea adinâmica, osteomalácia ou amiloidose da diá-lise por deposição de beta-2 microglobulina.

Os fármacos utilizados no controlo de patologi-as osteoarticulares podem ter efeitos adversos nãodesprezíveis a nível renal. É conhecida a associaçãodos AINE’s com a insuficiência renal aguda, parti-cularmente em doentes com hipovolemia real (de-sidratação nomeadamente secundária a diuréticos)e/ou efectiva (por exemplo na insuficiência cardía-ca). Estes fármacos podem também originar nefri-te intersticial alérgica ou síndrome nefrótico por le-sões mínimas. Os sais de ouro podem igualmentecursar com síndrome nefrótico por glomerulonefri-te membranosa. O uso continuado de analgésicospode originar a nefropatia dos analgésicos, umadoença tubulointersticial crónica que correspondeà DRC secundária a fármacos de maior prevalência,estimando-se ser responsável por cerca de 5 a 20%dos doentes em terapêutica substitutiva da funçãorenal nos países desenvolvidos.

Por último deve-se ter sempre em consideraçãoque nos doentes com insuficiência renal pode ser

necessário adaptar a posologia dos fármacos, deforma a minimizar os seus efeitos adversos, oupode mesmo estar contraindicada a sua utilizaçãocaso haja grave deterioração da função renal.

DIA 4 DE ABRIL DE 2008

MR10 – Osteoporose

MR10.1 – CONSEGUIREMOS BATER AS

TERAPÊUTICAS ACTUAIS? NOVOS ALVOS

TERAPÊUTICOS. – CAN WE BEAT THE CURRENT

THERAPIES? NEW THERAPEUTIC TARGETS.Tim SpectorTwin Research & Genetic Epidemiology Unit, St. Thomas’Hospital and Kings College. Londres, Reino Unido.

We currently have good treatments for the preven-tion of osteoporotic fractures available to us. Themarket is led by the bisphosphonates which can begiven weekly, three monthly or yearly by oral or IVroute. All these drugs reduce spine fractures by 30--50% but only three of them also reduce non-ver-tebral fractures by around 20-35%. They workmainly by reducing osteoclast activity and bindingand reducing bone turnover.

SERMs also affect osteoclasts but have a weakereffect on BMD and have not been shown to affectnon vert fractures. Strontium Ranelate acts in a dif-ferent way and mildly affects bone formation and re-sorption and has a similar fracture benefit to thebest bisphosphonates.PTH injections are anabolic-increasing osteoblasts and has a stronger protecti-ve effect on vertebral fractures but not elsewhere.

The problems with current treatments are pri-marily poor compliance, due to side effects (e.g GIproblems with Alendronate), possible long termdetrimental effects due to suppression of bone tur-nover and the fact that patients often need to be ondrug for 20 years, as well as the costs of injectiontherapies.

New drugs such as RankL inhibitors and betterSERMs will also have a role as well as using ourcurrent drugs in combination or in series over dif-ferent time periods.

MR10.2 – RECOMENDAÇÕES DA SPR PARA O

DIAGNÓSTICO E TERAPÊUTICA DA OSTEOPOROSE

Viviana TavaresServiço de Reumatologia, Hospital Garcia de Orta, EPE,Almada.

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A osteoporose (OP) e as fracturas que lhe estão as-sociadas representam um grave problema de saú-de pública devido à sua elevada prevalência, àsconsequências médicas que acarretam, à diminui-ção da qualidade de vida e aos custos económicose sociais que comportam.

A correcta abordagem da OP deve ter comoprincipal objectivo a redução das fracturas atra-vés, não só da manutenção da resistência óssea, fo-mentando a obtenção de um bom pico de massaóssea e prevenindo a perda óssea acelerada, mastambém reduzindo ou eliminando os factores quecontribuem para o aumento da frequência dasquedas nos idosos. A Sociedade Portuguesa deReumatologia (SPR), em colaboração com a Socie-dade Portuguesa de Doenças Ósseas Metabólicas(SPODOM), elaborou um conjunto de recomenda-ções para a abordagem da OP que visam atingir es-ses objectivos através de práticas clínicas validadasque permitam uma utilização eficaz dos recursosdiagnósticos e terapêuticos disponíveis.

Nestas recomendações, que utilizam a definiçãooperativa de OP da OMS, baseada na quantifica-ção da densidade mineral óssea (DMO) avaliadapor absorciometria radiológica de dupla energia(DEXA), são definidos os critérios para realizaçãodesta técnica que, por ser um método de baixa sen-sibilidade, deve ser utilizada apenas para identifi-car o indivíduo em risco e não para rastreio popu-lacional indiscriminado.

O objectivo da avaliação clínica na OP é, não sódeterminar a existência de baixa massa óssea,como identificar os indivíduos com elevado riscofracturário, pelo que é necessário averiguar e va-lorizar os factores de risco mais importantes e in-dependentes da massa óssea (em particular, ida-de superior a 65 anos, fractura de fragilidade pré-via, história de fractura da anca nos progenitores,terapêutica corticóide sistémica prévia, menopau-sa precoce ou hipogonadismo).

A prevenção da OP visa a obtenção de um bompico de massa óssea e deve ser feita através daidentificação e correcção precoce dos factores derisco modificáveis, principalmente dos que se re-lacionam com o estilo de vida (hábitos alimenta-res e actividade física). A avaliação e a correcção defactores de risco para as quedas e outros trauma-tismos mínimos é fundamental para a prevençãode fracturas de fragilidade.

No que respeita à terapêutica farmacológica daosteoporose existem hoje fármacos que, para alémde aumentarem a DMO, permitem reduzir signifi-

cativamente o risco de fractura. Os fármacos apro-vados para a terapêutica da OP são os bifosfona-tos, o ranelato de estrôncio, o raloxifeno, a calcito-nina, os suplementos de cálcio e de vitamina D ea teriparatida. A escolha do fármaco a utilizar emcada caso deve ser baseada nas características e ris-co fracturário do doente e no perfil do fármaco,tentando obter a melhor relação custo-beneficio.

MR10.3 – NOVO CONCEITO DE RISCO DE FRACTURA

DA OMSJosé Carlos RomeuServiço de Reumatologia e Doenças Ósseas MetabólicasHospital de Santa Maria. Lisboa

A morbilidade, e mesmo mortalidade, associadasà fractura osteoporótica e o aumento da sua inci-dência pelo envelhecimento da população e «esti-los de vida» nos países ocidentais e nos de «econo-mias emergentes» do oriente e do sul da América,com os decorrentes custos sócio-económicos,obrigam a que se coloque a osteoporose como umdos alvos prioritários das políticas das autoridadesde saúde nacionais e supranacionais.

A par de medidas aplicáveis à generalidade dapopulação no sentido de promover um osso sau-dável resistente à fractura e da prevenção das que-das e suas consequências, as intervenções tendocomo alvo aqueles com risco aumentado de frac-tura, e que podem incluir a intervenção farmaco-lógica, devem considerar, em termos de ganhosem saúde, a optimização da relação custo-eficiên-cia das mesmas.

Num tempo em que, conhecidos os factores derisco de osteoporose, é possível identificar aquelescom riscos acrescidos de fractura, e num tempo emque estão disponíveis terapêuticas eficazes na pre-venção das fracturas osteoporóticas (vertebrais enão-vertebrais, incluindo as do fémur proximal),torna-se necessário que se defina claramente«quem tratar», para que não se deixe de tratarquem precisa e não se «trate» quem não precisa.

Na classificação operacional da OMS,1 tradu-zindo a correlação de um dos componentes da fra-gilidade óssea, a mensurável quantidade óssea,com o risco de fractura subjacente ao conceito deosteoporose,2,3 esta define-se por uma densidademineral óssea (DMO) igual ou superior a 2,5 des-vios-padrão (DP) abaixo da DMO de uma popula-ção adulta jovem (score-T < -2,5), sendo classifi-cada como estabelecida ou grave se acompanha-

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da de fractura osteoporótica. Esta classificaçãopermite classificar como osteoporóticas cerca de16% das mulheres pós-menopáusicas (quandomedida por densitometria radiológica de duplaenergia – DEXA – a nível do fémur proximal), umnúmero próximo do risco «para o resto da vida» defractura da anca numa mulher de 50 anos.

Contudo, não existe um limiar (cut-off) de DMOque separe com precisão quem vai fracturar dequem não sofrerá fractura, uma vez que o risco defractura aumenta de forma contínua com a dimi-nuição da DMO e os factores implicados na ocor-rência da fractura são múltiplos e independentes.Assim, um valor de DMO com score-T < -2,5 (os-teoporose) traduz um risco elevado de fracturamas não a obrigatoriedade dessa ocorrência, talcomo um valor normal de DMO traduz um menorrisco mas não garante a não ocorrência de fractu-ra. Globalmente, a maioria das fracturas ocorrem,porque também em maioria, em «não osteoporó-ticos» (score-T>-2,5), traduzindo a baixa sensibili-dade da DMO para detectar aqueles com risco defractura.4,5,6

Reflectindo esta realidade, em que o limiar daDMO que classifica, de acordo com os critérios daOMS, um indivíduo como osteoporótico não deveconstituir-se em limiar para a decisão terapêutica,as guidelines de referência para o tratamento da os-teoporose estabelecem que a terapêutica farma-cológica deve ser considerada em função de vá-rios factores de risco independentes para fractura,onde se incluem, entre outros e para além da DMO,a idade, a presença de fracturas de fragilidade pré-vias, a história familiar de fractura osteoporótica ea terapêutica com glicocorticóides,7 permitindoassim que aqueles com factores de risco de fractu-ra osteoporótica, apesar de uma DMO «não oste-oporótica» (score-T>-2,5), possam ser alvo de umaintervenção terapêutica eficaz na redução do ris-co de fractura. Esta abordagem é tanto mais ade-quada dadas, para além da evidência da eficácia daterapêutica em ensaios incluindo doentes selecio-nados por apresentarem fracturas prévias (semDMO como critério de inclusão ou incluindo doen-tes com score-T > -2,5), as observações que suge-rem a eficácia do tratamento em doentes com sco-res-T superiores a -2,5.8,9,10

O risco relativo (RR), que conceptualmente serefere à associação independente entre 2 variáveis(no caso, entre a variável factor de risco (FR) defractura e a variável acontecimento fractura), em-bora importante na definição dos factores de ris-

co, e das suas magnitudes relativas, para o aconte-cimento, é de pouca utilidade na prática clínica,nomeadamente no que se refere à decisão de in-tervenção clínica, porque, apresentando o riscocomo relativo (o risco de fractura comparado como mesmo numa população do mesmo sexo e raçaque não apresenta o FR), não engloba a informa-ção sobre a dimensão absoluta do risco do acon-tecimento. Adicionalmente, paradigma da proble-mática da aplicação do conceito de risco relativona decisão terapêutica, podendo mesmo contribu-ir para a tornar pouco intuitiva, é o facto de, parauma dada DMO, o RR de fractura diminuir com aidade, uma vez que mais indivíduos tem osteopo-rose, quando o risco absoluto de fractura, mesmoajustado para a DMO, aumenta com a idade.11

Disto decorre a necessidade de se criar um novoconceito de risco de fractura que, aplicável à prá-tica clínica, permita avaliar de forma mais real orisco e, desse modo, também contribua para a de-cisão sobre a intervenção terapêutica.

O novo conceito de risco de fractura da OMSpreconiza a expressão do risco de fractura em ter-mos absolutos, a probabilidade de fractura numperíodo de tempo sobreponível ao da utilizaçãoou do efeito previsível das intervenções farmaco-lógicas (10 anos), probalidade de fractura essa de-terminada em função da idade, da esperança devida e da presença de outros factores de risco.

De acordo com este novo conceito, a idade e aDMO, factores de risco de fractura independentes,assumem uma relevância marcada na avaliação daprobabilidade de fractura. Assim, se a probabilida-de de fractura da anca em um período de 10 anosaumenta, para a mesma idade, com a diminuiçãoda DMO medido no colo do fémur (por exemplo,pelos 50 anos, de 0,2% na mulher com score-T=0para 1,8% na com score-T=-2,5, e pelos 80 anos, de0,8% na mulher com score-T=0 para 11,3% na comscore-T=-2,5), a probabilidade de fractura para ummesmo período de tempo aumenta igualmente deforma significativa, para a mesma DMO, com a ida-de (por exemplo, para um score-T=-2,5, de 1,8% namulher com 50 anos para 11,3% na com 80 anos,com uma redução, efeito da diminuição da espe-rança de vida, para 9,5% aos 85 anos).12

Adicionalmente, outros factores de risco para afractura osteoporótica, desde que independentes daidade e da DMO, validados em múltiplas popula-ções, ajustados para a idade, sexo e tipo (local) defractura, e intuitivos e de fácil avaliação na prática clí-nica, podem optimizar a determinação da probabi-

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lidade de fractura em termos absolutos de acordocom este novo conceito de risco de fractura. In-cluem-se nestes factores de risco, a fractura de fra-gilidade prévia, a história familiar de fractura daanca, o tabagismo, o uso de glicocorticóides, a osteo-porose secundária e o consumo excessivo de álcool.

Desde modo, considerando a probabilidade defractura em determinado período de tempo depen-dente de cada um dos factores de risco, poder-se-áprocessar uma integração dos mesmos para a deter-minação individual da probabilidade de fractura na-quele mesmo período em função da idade, DMO epresença ou ausência de outros factores de risco.

A elaboração de um algoritmo de determinaçãoda probabilidade de fractura em função dos dife-rentes factores de risco, que obrigatoriamente de-verá integrar as interacções de cada um deles norisco determinado pelo(s) outro(s), poderá criarum instrumento com maior sensibilidade, sem re-dução da sua especificidade, na avaliação indivi-dual do risco de fractura. Para tal torna-se neces-sário que esse instrumento, para além de validadonas populações a aplicar, seja, pela sua racionali-dade, intuitivamente utilizável na prática clínica.

Este mesmo instrumento de avaliação indivi-dual de probabilidade de fractura obrigará, conse-quentemente, à definição do nível de probabilida-de de fractura a partir do qual a intervenção, leia--se tratamento farmacológico, é custo-efectiva. Acomplexidade desta questão resulta das múltiplasvariáveis implicadas nessa definição, desde as pri-oridades nas políticas de saúde, sobretudo depen-dentes de argumentos económicos, às metodolo-gias de avaliação da relação custo-eficiência das in-tervenções. Avaliações do tipo «custo por ano devida ganho» ou «custo por fractura evitada», dadosos diferentes tipos de fracturas osteoporóticas,com diferentes morbilidade, custo de tratamentoe mortalidade, não parecem adequadas para seconstituirem, em exclusividade e para a globalida-de das fracturas, um modelo fidedigno de avalia-ção. Será preferível a avaliação do «custo por anode vida ajustado pela qualidade» (quality-adjustedlife-year, QALY), combinando os anos de vida per-didos com a qualidade de vida, que poderá permi-tir a comparação entre diferentes entidades pato-lógicas e o estabelecimento das prioridades daspolíticas de saúde.

Este novo conceito de risco de fractura, com asua potencial aplicação à prática clínica, permiti-rá uma maior racionalidade da resposta à questão«Osteoporose: Quem tratar?».

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MR11 – Artrite Reumatóide

MR11.1 – TRATAR HOJE A AR: OS FINS JUSTIFICAM

OS MEIOS? A VISÃO DO REUMATOLOGISTA

Jaime C. BrancoServiço de Reumatologia do Hospital de Egas Moniz,Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Lisboa.

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MR11.2 – TRATAR HOJE A AR: OS FINS JUSTIFICAM

OS MEIOS? PERSPECTIVA DE CUSTO-EFECTIVIDADE.Vasco MariaPresidente do INFARMED.

MR11.3 – TERAPÊUTICA PERSONALIZADA DA AR –TAILORING RA TREATMENT

Paul Peter TakDivision of Clinical Immunology and Rheumatology.Academic Medical Center, University of Amsterdam.Amesterdão, Holanda.

MR12 – RISCO CARDIOVASCULAR DAS DOENÇAS

REUMÁTICAS

MR12.1 – ATEROSCLEROSE E INFLAMAÇÃO

José Manuel SilvaServiço de Medicina II, Hospitais da Universidade deCoimbra, Coimbra.

MR12.2 – ABORDAGEM DAS DISLIPIDEMIAS NO

DOENTE REUMÁTICO

Víctor Gil, MDServiço de Cardiologia do Hospital Fernando Fonseca.Núcleo de Investigação e Educação Médica do Hospital Fernando Fonseca. Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

A doença aterotrombótica é responsável pelamaior parte das mortes nos países desenvolvidos.Os valores elevados de colesterol total e da lipopro-teína de baixa densidade associada ao colesterol(LDL) são os principais factores responsáveis pelodesenvolvimento da aterosclerose. Numerosos es-tudos epidemiológicos estabeleceram a relaçãoentre os valores de LDL e o risco de eventos cardio-vasculares subsequentes e os ensaios de fármacoshipolipemiantes mostraram inversamente ummaior grau de redução do risco quanto mais bai-xos os valores de LDL atingidos. As normas deorientação clínica geradas pelas principais organi-zações científicas internacionais clarificaram osalvos terapêuticos a atingir, os quais são tanto maisexigentes quanto maior o risco subjacente. Assim,no topo superior desse risco encontram-se osdoentes com doença coronária conhecida ou comdoença coronária-equivalente (outra doença vas-cular ou diabetes) para os quais são recomendados

valores especialmente baixos de LDL de acordocom a demonstração de paragem ou regressão daaterosclerose em doentes de alto risco quando es-ses valores são atingidos.

A relação entre inflamação, imunidade e ateros-clerose tem vindo a ser clarificada e marcadores in-flamatórios sistémicos como a PCR têm vindo aser demonstrados como possuindo peso prognós-tico equivalente ou mesmo superior ao do própriocolesterol quanto futuros eventos cardiovascula-res. Alguns algoritmos de decisão sugerem mes-mo que se adopte uma estratégia terapêutica maisagressiva quando esses marcadores estejam pre-sentes.

É sabido que doenças inflamatórias crónicascomo as doenças reumáticas, de que o paradigmaé a artrite reumatóide, se associam a um risco cardiovascular aumentado. Os mecanismos subja-centes a este facto encontram-se sob a mira de activa investigação actual mas é especulável que a activação sistémica da inflamação promova o de-senvolvimento da aterosclerose. Seriam, assim, diferentes faces duma mesma moeda em que o denominador comum seria a inflamação. Nestaperspectiva, possuindo estes doentes um riscocardiovascular mais elevado, poderá fazer senti-do colocá-los, à semelhança de outros grupos dealto risco, num patamar que poderá beneficiar de estratégias mais agressivas de tratamento hipolipemiante, propondo para eles alvos tera-pêuticos semelhantes aos definidos para essesgrupos.

MR12.3 – HTADr. Vítor RamalhinhoServiço de Medicina I, Hospital de Santa Maria,Lisboa.

MR13 – LMERT – Lesões Músculo-Esqueléticas Relacionadas com o Trabalho

MR13.1 – LMERT – QUAL O PAPEL DO MÉDICO

DO TRABALHO.Maria Fátima LopesMédica do Trabalho; Secretária da Assembleia Geral daSociedade Portuguesa de Medicina do Trabalho

As lesões músculo-esqueléticas relacionadas ( ouligadas) ao trabalho–LMERT, incluem um vasto

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grupo de patologias, que podem ser definidascomo síndromes de dor crónica, localizadas a umaou mais regiões do corpo, afectando muito fre-quentemente a região cervical e os membros su-periores, ocorrendo no contexto de desenvolvi-mento de uma dada actividade profissional.

Nas últimas décadas do século XX, as LMERTadquiriram um importância considerável nos EUA,na Europa e também no resto do mundo. Na Eu-ropa, no ano de 1995, um estudo piloto da Euros-tat identificou as LMERT entre as dez doenças maisprevalentes de origem profissional.

Entre nós, o aparecimento de casos de lesõesmúsculo-esqueléticas é frequente na prestação decuidados de saúde em Clínica Geral/Medicina Fa-miliar, sendo, no entanto, pouco frequente o esta-belecimento de relação etiológica com os factoresde natureza profissional e colocando questões re-lacionadas com a capacidade/incapacidade, quertemporária, quer absoluta para o trabalho.

O médico do trabalho é, no entanto, frequente-mente o primeiro ( e por vezes o único observador)da ocorrência de efeitos nocivos dos factores de ris-co ligados ao trabalho sobre as estruturas múscu-lo-esqueléticas.

É também o médico do trabalho que reúne me-lhores condições para perceber precocemente arelação entre factores de risco profissionais e o apa-recimento de queixas relacionadas com o trabalho,em trabalhadores expostos.

A vigilância de saúde dos trabalhadores realiza-da no âmbito da Medicina do Trabalho, como pro-cesso de obtenção, análise e interpretação de da-dos, permite a caracterização do estado de saúdeindividual de saúde e do grupo de indivíduos, oestabelecimento da relação com a exposição a fac-tores de risco profissionais, permitindo perspecti-var/programar a prevenção dos efeitos adversosdo trabalho sobre o indivíduo exposto ou pelo me-nos diminuir esse risco.

O diagnóstico precoce e a adopção de outrasmedidas de prevenção são indispensáveis para tra-var a evolução das LMERT e prevenir o apareci-mento de novos casos.

Os trabalhadores afectados devem beneficiar omais rapidamente possível de tratamento adequa-do (prevenção secundária) e serem afastados (tem-porariamente ou permanentemente) dos factoresprofissionais de risco, de modo a permitir uma boarecuperação dos seu estado de saúde. Em muitoscasos, existem ou permanecem limitações que vãocondicionar processos de recolocação temporária

ou permanente, ou mesmo, em casos limites, a ne-cessidade de reconversão profissional.

Este aumento da prevalência das LMERT, exigeum incremento da abordagem multidisciplinar, in-tegrada, das diferentes áreas específicas de inter-venção, médicas e não médicas, de modo a imple-mentar medidas úteis e atempadas de aplicação deprogramas de prevenção, de diagnóstico e trata-mento adequados.

MR13.2 – LESÕES MÚSCULO-ESQUELÉTICAS

RELACIONADAS COM O TRABALHO (LMERT) – A VISÃO DO REUMATOLOGISTA

Luís MirandaInstituto Português de Reumatologia

Numa sociedade em permanente transformaçãoassistimos nas últimas décadas ao surgimento denumerosas situações de doenças músculo-es-queléticas que na sua génese está uma situação la-boral.

Embora possa parecer um dado resultante dumtecido laboral mais tecnológico e portanto de sur-gimento recente, tal não é verdade. As LMERT fo-ram descritas já no Século XVIII por Ramazini, opai da Medicina do Trabalho, e o que assistimosnos dias de hoje é, por um lado, a um maior núme-ro de tarefas e profissões que podem desencadearas LMERT, por outro a uma maior visibilidade eimpacto no tecido produtivo das empresas.

Os quadros clínicos que chegam ao Reumatolo-gista são diversos, embora na sua maioria possamser incluídos nos reumatismos abarticulares e nossíndromes canaliculares

Ao Reumatologista depara-se, muitas vezes, umquadro cujo diagnóstico é eminentemente clínicomas que deve ser igualmente da situação laboral.Ou seja, apesar dum correcto diagnóstico, as me-didas terapêuticas terão uma grande probabilida-de de falhar se não for feito um diagnóstico em ter-mos de situação laboral (e das actividades de lazer).Os exames complementares de diagnóstico não as-sumem, ao contrário de outras patologias, um ca-riz tão fundamental; contudo, o papel da ecografiade partes moles e da eletromiografia não pode serdesprezado, quando ajustado ás supeitas clínicas.

Os objectivos da terapêutica das LMERT in-cluem:

a) alívio da dor;b) redução da incapacidade.Duma forma geral, pode afirmar-se que a inter-

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venção terapêutica deve incluir:a) correcção dos factores causais identificados;b) utilização de fármacos;c) reabilitação precoce.A intervenção farmacológica inclui o recurso a

analgésicos, AINE por via sistémica ou transdérmi-ca e/ou a utilização de infiltrações locais com cor-ticosteróides associados ou não a anestésicos lo-cais.

A ligação estreita ao Médico do trabalho temobrigatoriamente de ser estabelecida e em con-junto com este desenhada uma estratégia que per-mita a correcção dos factores causais laborais. Umponto importante será não rotular de causada pelaprofissão uma suspeita apenas, dadas as implica-ções que tal afirmação, quando pouco fundamen-tada, tem para os doentes. Em Portugal, a perspec-tiva de doença laboral tem erradamente um carizde reforma a curto prazo, por parte dos doentes euma incomodidade por parte dos empregadoresque são de todo indesejáveis. Contudo, cabe aoMédico do Trabalho, mas igualmente ao Reuma-tologista (ou outro especialista), o envio para asentidades responsáveis do processo de um doen-te que se determine com algum grau de certezaque o quadro clínico tenha uma causa laboral. Talnão ocorre e as estatísticas nacionais não repercu-tem de forma clara a verdadeira dimensão do pro-blema.

A verdadeira dimensão do impacto destas pato-logias em consulta de Reumatologia está ainda pordeterminar, mas grande número destas patologiasna consulta de especialidade terão certamente umcomponente laboral.

MR13.3 – LMERT- PAPEL DO ERGONOMISTA NA

PREVENÇÃO

Maria Filomena Carnide,Faculdade de Motricidade Humana, Universidade Técnica de Lisboa

As lesões músculo-esqueléticas relacionadas como trabalho (LMERT) constituem, actualmente, umproblema mundial, quer do ponto de vista da saú-de, quer social e económico. São observadas tan-to em países desenvolvidos como subdesenvolvi-dos e nos mais diversos sectores de actividade. Poresta razão, as lesões músculo-esqueléticas relacio-nadas com o trabalho, têm constituído objecto dediversas investigações e debates, particularmenteno que respeita às possibilidades de prevenção

deste tipo de problema.Em Portugal escasseiam dados sobre a prevalên-

cia de lesões músculo-esqueléticas relacionadascom o trabalho. Porém, isto não nos permite con-cluir que, no nosso país, o problema não possa as-sumir as mesmas tendências evolutivas referidasnos restantes países.

É possível constatar que as medidas adoptadaspara a prevenção destes problemas não têm alcan-çado o sucesso esperado. Uma das possíveis ra-zões para tal insucesso deve-se ao facto daquelasincidirem apenas sobre um aspecto particular doproblema, concentrando-se em factores particula-res, isolados, ignorando o problema básico, ou seja,a concepção do sistema de trabalho. A abordagemergonómica pode assumir, assim, um contributopara a melhoria da saúde músculo-esquelética notrabalho.

A gama de métodos disponíveis para a avaliaçãoda exposição aos factores de risco varia desde osmétodos de julgamentos subjectivos até medidasdirectas quantitativas. À medida que evoluímosnesta escala, o nível de exactidão da análise, bemcomo de qualidade dos resultados aumenta. Querse trate de factores físicos (exposição mecânica),quer de factores psicossociais relacionados com otrabalho, não existe um método perfeito para iden-tificar e medir factores de risco. A decisão sobre osmétodos a adoptar deve ser tomada com base nocontexto de trabalho e na actividade a estudar, donível de exactidão e precisão pretendida, do nívelde qualidade exigida dos resultados, dos custos edos recursos disponíveis.

O carácter multifactorial destas patologias, con-duziram-nos à definição de uma abordagem me-todológica estratificada, que representa um com-promisso entre as várias abordagens apresentadasna literatura específica, a saber:1. um primeiro nível – despiste, onde é efectuada

uma análise qualitativa dos principais factoresde risco presentes em todas as situações de tra-balho, a partir de métodos observacionais de fá-cil e rápida aplicação no terreno (checklists), e naanálise das taxas de lesões músculo-esqueléti-cas, a partir dos métodos de julgamentos subjec-tivos (questionários de sintomas) e das bases dedados de vigilância da saúde. Neste nível, os re-sultados obtidos serão, por um lado, um cenáriodo risco global presente nas várias situações ana-lisadas, permitindo estabelecer prioridades deanálises mais detalhadas e, por outro, o cálculode taxas de prevalência e/ou incidência de lesões

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músculo-esqueléticas associadas. 2. um segundo nível – análise sistemática de si-

tuações identificadas como problemáticas, emresultado da análise dos dados do nível 1, igual-mente qualitativa, com recurso a métodos deobservação sistemática mais precisos, de apli-cação directa ou retrospectiva, de análise dosfactores de risco, e meios de diagnósticos de sin-tomas e lesões músculo-esqueléticas igualmen-te mais precisos (anamnésicos e exames clíni-cos). Em resultado, obtém-se um melhor conhe-cimento dos factores de risco que estão na ori-gem do desenvolvimento e/ou agravamento dedeterminadas lesões músculo-esqueléticas, fa-cilitando a tomada de decisão relativamente àsmedidas de transformação do trabalho.

3. um terceiro nível – quantificação da exposiçãode um conjunto de situações, que pela nature-za dos riscos presentes, da especificidade dassituações e das soluções a tomar, requerem orecurso à aplicação de medidas directas, englo-bando um número restrito de tarefas ou opera-ções e a participação de especialistas.Estes níveis de análise sucedem-se no espaço e

no tempo, não devendo ser ultrapassados ou reor-ganizados. É nossa convicção de que tal aborda-gem integrada de avaliação da exposição constituio caminho correcto para a prevenção, a partir deuma compreensão global e integradora do traba-lho desenvolvido e portanto, a via de transforma-ção do trabalho eficaz

MR14 – Reumatologia, Psiquiatria e Neurociências

MR14.1 – MANUAL DO SONO PARA REUMATOLOGISTAS

António AtalaiaHospital Inglês, Lisboa.

1. Reumatologia e Sonoa. Encruzilhadab. Doenças reumatológicas que incluem quei-

xas de sonoc. Doentes reumatológicos com queixas de

sono2. Reumatologia e Sono

a. As doenças reumáticas podem coexistir comdoenças de sono

b. A dor inflamatória induz alterações do sonoc. As terapêuticas (eg, CE) podem perturbar o

sono

d. Algumas doenças reumáticas podem ter ma-nifestações características na esfera do sono

3. Sono e Reumatologiaa. Alterações de sono podem induzir dor mús-

culo-esquelética4. Reumatologia e Sono

a. Fibromialgia (alpha EEG sleep, alpha deltasleep, K-alpha sleep)

b. Lúpus Eritematoso Disseminadoc. Artrite Reumatóided. Sindrome de Sjogren – forma primária

5. Reumatologia e Sonoa. Doentes reumatológicos com queixas de

sonob. Distúrbio Respiratório do Sono Nocturno -c. Sonolência Diurna Excessivad. Insónia inicial e intermédiae. Roncopatiaf. Apneias / Sufocação Nocturnag. Dormir agitadoh. Os arousals SDB podem facilitar a expressão

de Parassóniasi. Síndroma de Apneia Obstrutiva do Sono no

Adulto. Critérios ISCD2 (International Clas-sification of Sleep Disorders): A+B+D ou C+D

a. A(1) Doente queixa-se de episódios em que ador-

mece involuntariamente de dia, refere sono-lência diurna, sono não reparador, cansaçoou insónia

(2) O doente acorda de noite sufocado, com fal-ta de ar

(3) A(o) parceira(o) de cama refere roncopatiaintensa, paragens respiratórias ou ambas

b. B(1) A PSG mostra(a) 5 ou mais apneias/hipopneias por hora(b) Evidência de esforço respiratório durante

parte ou a totalidade da duração das apneias//hipopneias

OUc. C(1) A PSG mostra(a) 15 ou mais apneias/hipopneias por hora(b) evidência de esforço respiratório durante

parte ou a totalidade da duração das apnei-as/hipopneias

d. D(1) A doença não é melhor explicada por outra

entidade de sono, médica ou neurológica oupelo uso/abuso de medicamentos ou subs-tâncias.

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6. Reumatologia e Sonoa. Doentes reumatológicos com queixa de sonob. Síndroma de Pernas Inquietas

a. Critérios ISCD2 (International Classification ofSleep Disorders)

(1) O paciente refere a necessidade de mexer aspernas, habitualmente acompanhada desensação desconfortável nas pernas

(2) A necessidade de mexer as pernas ou a sen-sação de desconforto começam ou pioramdurante os períodos de inactividade ou re-pouso, quando o paciente se encontra senta-do ou deitado

(3) A necessidade de mexer as pernas ou a sen-sação de desconforto começam ou pioramno fim do dia ou durante a noite

(4) A condição não é melhor explicada por outradoença de sono, médica, neurológica ou psi-quiátrica, nem pelo uso/abuso de medica-mentos ou substâncias.

c. Movimentos Periódicos do Sono(a) Insónia(b) Cansaço matinal(c) Cefaleias matinais(d) Irritabilidade(e) Dificuldade de concentraçãod. Em doenças reumatológicas encontramos

maioritariamente formas secundárias destassíndromes

7. Reumatologia e Sonoa. Doentes Reumatológicos com Outras Doenças

a. Insónia associada a doença médicab. Insónia associada a doença mentalc. Insónia associada a abuso crónico de hipnó-

ticos ou outras substânciasd. Higiene de Sono Inadequada

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21. Wolfe, F, Aarflot, T, Bruusgaard, D et al.. Fibromyalgiaand disability. Report of the Moss InternationalWorking Group on medico-legal aspects of chronicwidespread musculoskeletal pain complaints and fi-bromyalgia. Scand J Rheumatol. 1995; 24:112-118.

MESAS-REDONDAS

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MR14.2 – PSIQUIATRIA DE LIGAÇÃO À REUMATOLOGIA

Lúcia MonteiroUnidade de Psiquiatria do IPO Lisboa

A Psiquiatria de Ligação é a subespecialidade daPsiquiatria que estuda e trata os problemas psico-lógicos e os sindromes psiquiátricos presentes emdoentes com outras doenças somáticas; a adapta-ção psicológica à doença reumática é condiciona-da por stressores major como a dor crónica, a inca-pacidade funcional, a deformidade, o absentismoe mais custos sociofamiliares e económicos. Aolongo do processo crónico da doença, são frequen-tes as reacções disfuncionais de adaptação e asdescompensações psiquiátricas, sobretudo de-pressivas. Por seu lado, a depressão vai condicio-nar no doente reumático, percepções desfavorá-veis do controlo, da autoeficácia e do autoconcei-to, bem como atitudes negativas de coping que ten-dem a agravar a qualidade de vida e a evoluçãoglobal da doença.

Apesar da elevada prevalência de psicopatolo-gia associada à doença reumática crónica (cerca de30%) e do seu impacto desfavorável na qualidadede vida do doente, a sua identificação e o trata-mento eficaz pelos médicos assistentes é bastan-te deficiente.

Nesta apresentação, salientamos alguns facto-res psicossociais e sindromes psiquiátricos comunsem doenças reumáticas crónicas como a artrite reu-matóide, a osteoartrose, a fibromialgia e a lombal-gia comum; focamos as situações e sintomas de ris-co que permitem ao médico de família e/ou reuma-tologista um melhor screening da patologia psiquiá-trica concomitante e clarificam-se os critérios dereferenciação para consulta de Psiquiatria.

Numa perspectiva biopsicossocial e com o ob-jectivo de proporcionar ao doente reumático umtratamento multidisciplinar integrado, serão abor-dadas várias formas de referenciação à consulta dePsiquiartria e os modelos possíveis de Psiquiatriade Ligação nas actuais Unidades de Reumatologia.

MR14.3 – PSICONEUROIMUNOLOGIA EM REUMATOLOGIA

Rui Mota-CardosoServiço de Psicologia Médica da Faculdade de Medicina do Porto

3 Hipóteses:1. O sistema imunitário pode sentir estímulos que

não são reconhecidos pelos sistemas nervosocentral e periférico (bactérias, tumores, vírus,

antigénios) e que, sem ele, passariam desperce-bidos. O reconhecimento de tais estímulos nãocognitivos pelos imunócitos é convertido em in-formação, sob a forma de hormonas peptídeas,linfoquinas e monoquinas, as quais, através dosistema neuroendócrino, provocam alteraçõesfisiológicas» (Blalock,1989).

2. «Reciprocamente, o reconhecimento pelos sis-temas nervoso central e periférico de estímuloscognitivos pode resultar numa informação hor-monal idêntica, transmitida aos (e reconhecidapelos) receptores hormonais dos imunócitos,pelo que uma alteração imunológica pode ocor-rer» (Blalock,1989).

3. Os circuitos neuronais do stress são essencial-mente os mesmos, seja a fonte do stress internaou externa, fisiológica ou psicológica. A estimu-lação da resposta imunitária inata quer aosagentes infecciosos quer aos agentes stressantesactiva os mesmos circuitos imunocerebrais. Es-tes evoluíram da defesa mediata contra os agen-tes infecciosos e da dolência para mais tarde co-optarem a resposta mediata de fuga-luta aostress (Maier, 1998).

3 Processos:1. Inflamação.2. Resposta Imunitária.3. Estados Emocionais.

3 Mediadores:1. Citoquinas pró-inflamatórias.2. Substância P.3. Noradrenalina.

2 Patologias:1. Dor crónica.2. Doenças Inflamatória crónica.

MR15 – Ginecologia e Obstetrícia – Gravidez eDoenças Reumáticas

MR15.1 – LÚPUS E GRAVIDEZ.Luísa Pargana,* Susana Capela**

* Departamento de Obstetrícia, Ginecologia e Medicina da Reprodução, Hospital de Santa Maria, Lisboa** Serviço de Reumatologia, Hospital de Santa Maria,Lisboa.

A gravidez em mulheres com Lúpus Eritematoso

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Sistémico é uma situação de risco, associada a umaincidência aumentada de complicações materno--fetais, pelo que a vigilância durante esse periododeve decorrer em centro terciário e por equipamultidisciplinar.

É frequente ocorrer aumento de actividade dadoença durante a gestação sendo que na maioriados casos esta é de reduzida gravidade e de fácilcontrolo.

A gravidez em mulheres com LES tem menortaxa de complicações quando a doença está emfase de remissão (há mais de 6 meses). Pelo con-trário, a presença de síndrome antifosfolipidico oude nefrite lupica associam-se a graves complica-ções maternas e fetais.

Os autores avaliam a evolução materna e o de-sempenho obstétrico das gestações vigiadas naUnidade de Medicina Materno-Fetal do HSM, apartir de uma análise retrospectiva dos processosde consulta e internamento de grávidas com LESvigiadas nesta Unidade, entre os anos 1989 e 2007.

Apresentam o Protocolo de seguimento destasgrávidas na Unidade.

No âmbito do LES abordam-se aspectos rela-cionados com a Fertilidade e a Contracepção.

MR15.2 – ESCLEROSE SISTÉMICA E GRAVIDEZ

Miguel Tuna,* Luísa Pargana,* Mónica Centeno,**

Luísa Pinto,* Paula Gonçalves,* Cláudia Araújo,*

Conceição Cardoso,* Catarina Resende,**

Susana Capela,** Ana Rodrigues,** Aurora Marques**

Consulta de Medicina Materno-Fetal, Hospital de Santa Maria:*Departamento de Obstetrícia, Ginecologia e Medicinada Reprodução** Serviço de Reumatologia.

A gravidez na Esclerose Sistémica (ES) pode ocor-rer sem qualquer complicação, com boa evoluçãomaterno-fetal.

A ES é uma doença sistémica, com um largo es-pectro clínico e com graus variáveis de envolvi-mento de órgãos.

Questões relacionadas com o impacto da doen-ça na gravidez, interacções da gravidez na doençae a sua influência no desenvolvimento fetal nãoestão claramente definidas.

Considera-se fundamental a avaliação em con-sulta pré-concepcional com discussão dos poten-ciais problemas e a vigilância em consultas de altorisco obstétrico por uma equipa multidisciplinar.

Grávidas com ES tipo difuso tem pior prognós-tico (maior risco de complicações cardio-pulmo-nares e renais) sendo aconselhável não engravida-rem até estabilização da doença.

Conclui-se que, embora a gravidez possa serconsiderada, esta tem de ser bem planeada, de-vendo no seu decurso existir uma monitorizaçãoextremamente cuidadosa, particularmente para acrise renal.

Os autores descrevem alguns casos clínicos comdiferentes evoluções materno-fetais e seguida-mente apresentam o Protocolo de seguimento des-tas grávidas na Unidade.

MR15.3 – FÁRMACOS EM REUMATOLOGIA.SUAS IMPLICAÇÕES NA GRAVIDEZ.Luísa Pinto,* Luísa Pargana,* Mónica Centeno,*

Miguel Tuna,* Paula Gonçalves,* Cláudia Araújo,*

Conceição Cardoso,* Ana Rodrigues,*

Susana Capela,** Catarina Resende,**

Aurora Marques**

Consulta de Medicina Materno-Fetal, Hospital de Santa Maria: *Departamento de Obstetrícia, Ginecologia e Medicinada Reprodução;**Serviço de Reumatologia.

As doenças reumatológicas apresentam uma ele-vada prevalência nas mulheres em idade fértil. As-sim, torna-se fundamental que os reumatologistastenham ideias claras relativamente às potenciaiscomplicações decorrentes da utilização dos fár-macos prescritos neste contexto, neste grupo demulheres.

Relativamente aos fármacos com risco teratogé-nico, é da maior importância que quando neces-sária a sua utilização, a mulher seja devidamenteinformada e orientada para uma consulta de pla-neamento familiar, de forma a evitar a necessida-de de uma interrupção médica de gravidez, comtodas as consequências que esta acarreta, em ter-mos físicos e psicológicos.

No entanto, no decurso da gestação, alguns des-tes fármacos poderão e deverão ser utilizados, des-de que se tenham conhecimentos actualizadosacerca dos problemas inerentes a cada grupo far-macológico. Deste modo conseguir-se-à o contro-lo da doença de base, minorando os efeitos fetaissecundários à sua utilização. Nesta intervençãoabordaremos os principais problemas obstétricosrelacionados com os vários grupos farmacológi-

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cos utilizados em Reumatologia. Focaremos ainda a eventual esterilidade resul-

tante da utilização de alguns destes fármacos emmulheres com desejo de fertilidade futura.

DIA 5 DE ABRIL DE 2008

MR16 – O Futuro da Reumatologia – As Basesde Dados da SPR

MR16.1 – AS BASES DE DADOS DA SOCIEDADE

PORTUGUESA DE REUMATOLOGIA.João Eurico FonsecaServiço de Reumatologia, Hospital de Santa Maria, Lisboa.

A variabilidade da evolução das doenças e da res-posta às terapêuticas criou dificuldades históricasna definição dos padrões clínicos típicos de cadauma das entidades nosológicas e também na pre-cisão das melhores opções terapêuticas. Estes pro-blemas foram obviados pelo desenho de estudosepidemiológicos e de ensaios clínicos envolvendoum grande número de doentes que permitiram«normalizar» a variabilidade. A área das doençasReumáticas conheceu, nos últimos anos, um enor-me desenvolvimento das opções terapêuticas dis-poníveis, em grande medida resultantes da aplica-ção da biotecnologia à génese de novos medica-mentos. Apesar de introdução destes novos fárma-cos ter obedecido ao tradicional desenho dosensaios clínicos, a maioria das novas indicações edos principais efeitos adversos dependeram de ob-servações realizadas já após a introdução dos fár-macos no mercado. Embora algumas contribui-ções para este edifício de conhecimento sobre asnovas terapêuticas na reumatologia tenham tidoalguns contributos da Reumatologia Portuguesa,através de séries de casos e de registos transversaisde colaboração nacional, a verdade é que a quali-dade da informação colhida desta forma é muitolimitada. A única forma de elevar o padrão da in-formação colhida e de permitir simultaneamenteuma melhoria da qualidade da prática clínica, éatravés da criação de bases de dados nacionais,com funcionalidades de processo clínico electró-nico. Os reumatologistas portugueses deram essepasso em frente ao terem apostado numa estrutu-ra profissionalizada, envolvendo um epidemiolo-gista e dois informáticos, que permitiu criar umabase de dados de doentes com artrite reumatóide

sob terapêutica biológica (BioRePortAR) e está acriar uma base de dados de doentes com espondi-lartropatias sob terapêutica biológica (BioRePor-tEA) e um registo nacional de doentes com artritereumatóide (ReAR).

MR16.2 – CONSENSOS SOBRE O METOTREXATO.L. Costa, M. Bogas, A. F. Mourão, P. Machado, M. J. Santos, J. E. Fonseca, J. A. P. Silva, H. Canhão

O metotrexato (MTX) é um dos fármacos mais utili-zados actualmente no tratamento das doençasreumáticas inflamatórias. No entanto, surgem fre-quentemente dúvidas no seu manuseamento, paraas quais não é fácil encontrar respostas na litera-tura.

Com o objectivo de estabelecer recomendaçõesinternacionais para o uso do metotrexato, foi cria-do um grupo multinacional com a participação dereumatologistas de 17 países, incluindo Portugal,denominado «3e initiative in rheumatology» (3e –experience, experts, exchange). Este grupo elabo-rou 10 questões para as quais foi feita uma pesqui-sa sistemática da literatura e que serão a base paraa elaboração das recomendações internacionais.Cada país tinha a possibilidade de acrescentarmais alguma questão que gostasse ver respondidae Portugal selecionou mais 3 questões, que foramdistribuidas por 3 internos que fizeram a revisãosistemática da literatura. Numa reunião aberta atodos os reumatologistas nacionais todas as ques-tões foram discutidas para a elaboração de reco-mendações nacionais para o uso do metotrexatotendo sido elaboradas 13 recomendações nacio-nais.

O grupo internacional, numa última reunião,discutirá as 17 versões que resultaram das reuni-ões dos vários países e redigirá as recomendaçõesfinais internacionais.

MR16.3 – BASE DE DADOS IBERO-AMERICANA DE

DOENTES COM ESPONDILOARTROPATIAS.Eduardo Collantes EstévezServiço de Reumatologia, Hospital Universitario ReinaSofía. Córdoba, Espanha.

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ENCONTROS COMO ESPECIALISTA

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X I V C O N G º P O R T U G U Ê S R E U M AT O L O G I A

E N C O N T R O S C O M O E S P E C I A L I S T A

ticoterapia.– Leucopénia: Causa iatrogénica (+); Doença Reu-mática(LES – leucopénia com linfopénia), Síndro-me Felty (leucopénia com neutropénia).– Trombocitose faz parte do síndrome inflamató-rio.– Trombocitopénia:Causa iatrogénica; Auto-imu-ne (anti-corpos antiplaquetários no LES, SAF).• Proteínas de fase aguda - São substâncias pro-teicas de síntese hepática induzidas por: Inflamação; Necrose tecidular.

São numerosas e de origem diversa: Factores decoagulação, fibrinogéneo; Factores do complemen-to; Haptoglobina; PCR e VS

Velocidade de Sedimentação• De fácil execução e baixo custo• Varia com o hematócrito e com a idade• Em Reumatologia utilizada para monitorização

da terapêutica na AR (alguns doentes)e PMR//ACG

• Não tão eficaz para a monitorização do LES eEspondilartropatiasFactores que aumentam a VS: Idade; Gravidez;

Anemia; Gamapatia; Infecções; Neoplasias; DI esistémicas; Hipercolesterolemia

Factores que diminuem a VS: Poliglobulia; Dre-panocitose; Esferocitose; Microcitose; Leucocitose;Crioglobulinemia; Hipofibrinogenemia; Corticote-rapia

Proteína –C-Reactiva• Utilizada sensivelmente nas mesmas condições

que a VS• Mais sensível às mudanças terapêuticas• Mais dispendiosa e de execução técnica mais de-

licada• Interessa o título (pedir sempre «doseada»)• No LES a positividade pode indicar Infecção ou

serosite

Electroforese de Proteínas• Permite diferenciar as proteínas pelo seu peso

molecular• Muito útil para rastrear uma hiperγglobulinemia

DIA 2 DE ABRIL DE 2008

ECE1 - ERROS COMUNS EM REUMATOLOGIA

José Canas da Silva, Ana CordeiroServiço de Reumatologia, Hospital Garcia de Orta,Almada

DIA 3 DE ABRIL DE 2008

ECE2 - COMO UTILIZAR ADEQUADAMENTE OS

EXAMES LABORATORIAIS EM REUMATOLOGIA

Paulo Coelho, Manuela ParenteInstituto Português de Reumatologia, Lisboa

Os exames laboratoriais têm um papel importantena avaliação complementar das doenças reumáti-cas, principalmente das que têm envolvimento sis-témico. Além da sua participação no diagnósticodiferencial, alguns destes exames laboratoriais sãoimportantes no seguimento e na detecção de iatro-genia ligada ao tratamento das doenças osteo-ar-ticulares.

Nestes «encontros com o especialista» iremosabordar a utilização dos exames laboratoriais emreumatologia numa perspectiva da abordagem damedicina geral e familiar como «primeira linha» daavaliação do doente reumatológico.• Hemograma: As doenças reumáticas inflamató-

rias acompanham-se muitas vezes de uma Ane-mia Inflamatória– Normocítica normocrómica– Hb 9-10 gr/dl– ↓Ferro, N ↓ Transferrina, N ↑ Ferritina

Ferro Transferrina Ferritina• An. Inflamatória ↓ N↓ N↑• An. Ferropénica ↓ ↑ ↓

A anemia que acompanha os síndromes infla-matórios é muitas vezes multifactorial:

Perdas sanguíneas; Déficit nutricional; Infec-ções; Anemia hemolítica auto-imune; Hemodilui-ção; Supressão por fármacos.– Leucocitose com Neutrofilia, pode acompanhar:Quadro infeccioso; Doença de Still; Vasculites; Cor-

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gestão de diagnósticoÁcido úrico: Considera-se que o valor de ácido

úrico no sangue se encontra elevado quando é su-perior a 7 mg no sexo masculino e 5 mg no sexofeminino. Deve-se corrigir a hiperuricémia quan-do existe quadro clínico de gota, valores superio-res a 9 mg ou cristalúria.

Metabolismo fosfocálcico: A avaliação básicado metabolismo fosfocálcico inclui doseamentode cálcio sérico e urinário, fósforo e fosfatase alca-lina sérica.

Podemos ainda considerar outras causas de hi-percalcemia isolada: hipertiroidismo, doença deAddison, sarcoidose, tuberculose, imobilizaçãoprolongada ou utilização de fármacos como as ti-azidas ou lítio. Como outras causas de hipocalce-mia a excluir: hipotiroidismo e pseudo-hipotiroi-dismo, hipoalbuminemia. Ainda como outras cau-sas de hipofosforemia: perdas intestinais e tubu-lopatias.

ECE3 – COMO IDENTIFICAR PRECOCEMENTE UMA

ARTRITE

José Pinto, José Miguel BernardesServiço de Reumatologia do Hospital de São João, Porto

ECE4 – COMO IDENTIFICAR PRECOCEMENTE UMA

ESPONDILOARTROPATIA

Helena Santos,* Fátima Godinho**

*Instituto Português de Reumatologia, Lisboa**Serviço de Reumatologia, Hospital Garcia de Orta,EPE,Almada

A Espondilite Anquilosante (EA) é uma doença reu-mática inflamatória crónica, que atinge sobretudoadultos em idade jovem, condicionando um im-pacto importante na vida destes doentes.

A doença é frequentemente diagnosticada vá-

ENCONTROS COM O ESPECIALISTA

mono ou policlonal• Síndrome inflamatório

agudo– Hipoalbuminemia ligeira– ↑ α2-globulinas (por ve-

zes ↑ α1-globulinas) • Síndrome inflamatório

crónico– Hiperγglobulinémia poli-

clonal

Auto-anticorposFACTORES REUMATÓIDES

• Definição: Imunoglobulinas, normalmente daclasse IGM contra o fragmento Fc das IGG

• Presentes em pelo menos 75-80% dos casos deAR, nalguma fase da doença

• No início podem ser negativos• Permite dividir nosologicamente em Poliartrites

sero+ (pior prognóstico) e sero-• Único marcador serológico que faz parte dos

critérios do ACR para o diagnóstico da ArtriteReumatóideNão é um marcador específico, aparecendo

também em: Infecções (endocardite); Hipergama-globulinemias; Outras doenças auto-imunes; Napopulação idosa saudável (>20% em >65 anos!);RA Test + sensível - >1/80; Waaler-Rose + específi-co da AR.

Considerações importantes:• Verificar sempre o título - títulos baixos prova-

velmente não têm significado.• Factores Reumatóides positivos, não é igual a

AR• Factores Reumatóides negativos não excluem

AR• Outros marcadores com interesse: anticorpos

anti-ccp (mais específicos para AR)Anticorpos Antinucleares (ANA): Presentes no

LES (90-95% dos casos) e noutras conectivites; In-fecções crónicas (malária, parasitas, vírus); D. ma-lignas; D. hematológicas; D. hepática crónica e pul-monares; Induzidos por drogas

Considerações importantes:• Presentes igualmente em pessoas saudáveis:• Positivo em mulheres do que em homens

– com a idade (20 a 25% em > 60 anos)– em familiares de doentes com d. auto-imu-

nes • Interessa sempre o título (sem significado se

«1/80)• O tipo de padrão pode ser importante para su-

CalciúriaDoença Calcemia Fosforemia Fosf.Alcalina 24 HorasOsteoporose N N N N↑Osteomalácea N↓ ↓ ↑ ↓Hiperparatiroidismo ↑ ↓ ↑ ↑Osteodistrofia renal ↓ ↑ ↑ ↓Metástases ósseas N↑ N↑ ↑ ↑Doença de Paget N N ↑ ↑Hipoparatiroidismo ↓ ↑ N N↓

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rios anos após o início dos sintomas, existindo umatraso diagnóstico médio de 8-10 anos. Para esteatraso contribui o aparecimento tardio da sacroi-leíte radiográfica, que constitui um pré-requisitopara estabelecer o diagnóstico.

É importante reconhecer que a fase inicial de in-flamação da coluna vertebral -Espondiloartropa-tia axial – e o estado mais tardio já com alteraçõesradiológicas típicas – Espondilite anquilosante –fazem parte de uma mesma doença em diferentesfases de evolução.

Definir uma Espondiloartropatia axial sem cri-térios definidos de sacroileíte (EA pré-radiológica)é no entanto muito difícil e altamente baseada naexperiência clínica do médico.

A importância do diagnóstico precoce prende--se com vários aspectos: o impacto psicológico efuncional é substancial desde os estadios iniciaisda doença; evita custos desnecessários em examescomplementares; permite começar o tratamentoadequado precocemente sabendo-se que, nomea-damente os fármacos antagonistas do TNFα, sãomais eficazes nos estádios mais precoces da doen-ça; a evolução é mais favorável.

Vários autores têm tentado estabelecer critériose algoritmos diagnósticos baseados em aspectosclínicos, parâmetros analíticos e critérios ra-diológicos, alguns com recurso à RMN; no entan-to, no fulcro do diagnóstico precoce de uma Es-pondiloartropatia axial está o reconhecimento dosintoma geralmente mais relevante, a lombalgiainflamatória.

Pretende-se nesta sessão destacar a importân-cia do diagnóstico precoce e os aspectos mais re-levantes para efectuar esse diagnóstico. Apresen-tam-se alguns casos clínicos em que se pretendeque sejam colocados em prática essas noções.

ECE5 – COMO IDENTIFICAR PRECOCEMENTE UMA

DOENÇA REUMÁTICA SISTÉMICA

Luís Inês,* Cândida Silva**

*Serviço de Reumatologia, Hospitais da Universidade deCoimbra, Coimbra.**Instituto Português de Reumatologia, Lisboa.

As Doenças Reumáticas Sistémicas (DRS) consti-tuem um grupo de patologias inflamatórias e au-toimunes, que podem afectar qualquer órgão ousistema e são potencialmente muito graves.

No final desta sessão, os participantes devemser capazes de:

1. Enunciar o conceito geral de DRS;2. Enunciar a importância da identificação preco-

ce das DRS;3. Identificar manifestações clínicas sugestivas de

DRS;4. Estabelecer estratégia de avaliação diagnóstica

do doente com suspeita clínica de DRS;5. Avaliar o significado clínico da positividade dos

anticorpos anti-nucleares;6. Avaliar o significado clínico do fenómeno de

Raynaud;7. Definir o papel do Médico de Família na moni-

torização do doente portador de DRS.

DIA 4 DE ABRIL DE 2008

ECE6 – ABORDAGEM CLÍNICA DA GOTA

Armando Malcata,* Margarida Oliveira**

*Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra**Serviço de Reumatologia, Centro Hospitalar da Covada Beira, Covilhã.

A gota é uma artropatia metabólica comum, cujaprevalência se estima em cerca de 1%. A incidênciaaumenta com a idade e atinge o pico máximo en-tre a 4ª e a 6ª década de vida nos homens. No sexofeminino a doença é rara antes da menopausa.

A hiperuricemia pode decorrer de um aumen-to de produção de ácido úrico, redução da sua ex-creção renal ou ambas. Pode ser idiopática, ou se-cundária a diversas condições patológicas ou me-dicamentosas.

Em termos clínicos a hiperuricémia significa ris-co acrescido dum indivíduo vir a sofrer de gota oulitíase renal.

O espectro clínico da gota inclui, após um pe-ríodo, em geral de longa duração, de hiperuricemiaassintomática, o surgimento da artrite gotosa, noinício monoarticular aguda, como compromissopreferencial pelas articulações distais dos mem-bros, auto-limitada, recorrente e com intervalosintercríticos assintomáticos. Posteriormente, podeevoluir para uma fase de crises oligo ou mesmopoliarticulares, mais frequentes, mais duradourase, porventura, com intervalos já não perfeitamen-te assintomáticos. O surgimento de tofos e de le-sões destrutivas, tipificam a gota tofácea crónica e,no rim, a deposição dos cristais de monourato namedula renal, condiciona o desenvolvimento deinsuficiência renal crónica.

ENCONTROS COM O ESPECIALISTA

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10 a 42% dos doentes com gota tem nefrolitía-se. Elevada uricúria e pH urinário baixo são facto-res de risco para o seu desenvolvimento.

Distinta das anteriores, não dependendo de hi-peruricemias mantidas, a nefropatia do ácido úri-co caracteriza-se por uma uropatia obstrutiva agu-da, por deposição maciça de cristais de ácido úri-co nos túbulos renais levando a insuficiência renalaguda (surge mais em doentes desidratados eaquando de tratamentos citostáticos, determinan-do elevadíssima produção de ácido úrico).

O diagnóstico da gota baseia-se na clínica e naidentificação de cristais, intra-articulares.

O tratamento compreende o da crise de gotaaguda, e, quando esta se torna recorrente, a correc-ção do distúrbio metabólico subjacente, de formaa evitar novas crises, bem como a evolução paragota tofácea crónica e insuficiência renal. A abor-dagem correcta implica a identificação e possívelcorrecção doutras alterações metabólicas even-tualmente presentes, numa intervenção integradade correcção de factores de risco de doenças cró-nicas não transmissíveis.

ECE7 – QUANDO PEDIR E COMO INTERPRETAR UMA

DENSITOMETRIA ÓSSEA

Eugénia Simões,* Viviana Tavares**

*Instituto Português de Reumatologia, Lisboa.**Serviço de Reumatologia, Hospital Garcia de Orta,EPE, Almada

Nesta sessão teórico-prática serão apresentadasalgumas noções teóricas sobre densitometria ós-sea e as suas indicações na avaliação da osteopo-rose. Através da apresentação e discussão de casosclínicos pretende-se que os participantes conhe-çam as indicações para pedir uma densitometriaóssea, saibam integrar o seu valor na avaliação derisco fracturário e na monitorização posterior daterapêutica.

ECE8 – OS FALSOS DIAGNÓSTICOS DE FIBROMIALGIA

NA CLÍNICA GERAL

A FibromialgiaFernando SaraivaServiço de Reumatologia, Hospital de Santa Maria, Lisboa

A fibromialgia (FM), pode ser definida como umaforma não articular e não inflamatória de reuma-

tismo, caracterizada por dores músculo-esquelé-ticas generalizadas e por múltiplos pontos doloro-sos à palpação digital. Frequentemente associa-sea rigidez prolongada, fadiga, perturbações do sonoe a distúrbio afectivo e, quando não concomitan-te com outras entidades clínicas, caracteriza-sepela normalidade do restante exame objectivo edos exames complementares de rotina.

A etiopatogénese da FM é, basicamente, desco-nhecida. Pensa-se que da interacção de múltiplosprocessos, num terreno genético propício, resulta-rá uma nocicepção perturbada, com as conse-quentes hiperalgesia e alodinia crónicas.

Os objectivos do tratamento da FM são diminuira dor, melhorar o sono e a condição física e promo-ver a re-inserção laboral e nas actividades de lazer.A terapêutica deverá sempre incluir a informaçãodo doente, geralmente também o tratamento me-dicamentoso, frequentemente a terapêutica fisiá-trica e, ocasionalmente, também a terapêuticacognitivo-comportamental. É essencial conside-rar cada doente como uma unidade bio-psico-so-cial, ou seja, como um ser único e distinto. Assim,só um tratamento individualizado, verdadeira-mente feito à medida de cada um, poderá ser bemsucedido.

Os diagnósticos diferenciais da FibromialgiaHerberto JesusUnidade de Reumatologia, Centro Hospitalar do Funchal, Funchal, Madeira.

Na prática clínica a complexidade e a exuberânciasintomática sentida pelo paciente, desencadeiamno técnico de saúde uma necessidade premente evisceral de diferenciar a Fibromialgia de outras pa-tologias. A certeza do diagnóstico rotula o pacien-te «ad vitam» e determina uma actuação clínicaprecisa e duradoura.

A fibromialgia é um diagnóstico de exclusão,implicando um exercício estruturado de Diagnós-tico Diferencial (DD).

A procura de pistas indica-nos o bom caminho;assim, a fibromialgia caracteriza-se pela ausênciade parâmetros clínicos e séricos de inflamação,pela ausência de síndrome febril, pela ausência delesão orgânica, por um bom estado geral num con-texto bio-psico-social muito próprio.

A presença destas alterações (inflamação, febre,lesão orgânica) implica como causa outra patolo-gia que não a fibromialgia.

ENCONTROS COM O ESPECIALISTA

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Assim, o DD de fibromialgia inclui um caleidos-cópio de patologias do foro músculo-esquelético,neurológico, psiquiátrico, endocrinológico e infec-ciológico.

No foro músculo-esquelético as patologias pa-drão para o DD são os síndromes de sobreposição(o síndrome de fadiga crónica, o síndrome da dormiofascial, o «stress pós-traumático») e os «reu-matismos inflamatórios».

No foro neurológico as patologias padrão parao DD são a doença de Parkinson, as neuropatiasperiféricas, a miastenia gravis e as miopatias.

No foro psiquiátrico a patologia padrão para oDD é a depressão. Cerca de 1/4 dos pacientes comfibromialgia apresentam sintomas de depressão.

No foro endocrinológico a patologia padrãopara o DD é o hipotiroidismo.

No foro infecciológico as patologias padrão parao DD são a infecção por Borrelia burgdorferi, Eps-tein Barr, Citomegalvirus, Parvovirus B19, VIH e ovirus da hepatite.

Nestas patologias o diagnóstico baseia-se na clí-nica e/ou em exames complementares.

A tentativa de rotular um paciente com o diag-nóstico de fibromialgia, sem iniciar um processode descoberta de outras patologias com aspectosclínicos semelhantes, pode implicar erros gravesde diagnóstico e de prognóstico. Em Medicina a in-certeza é sinónimo de erro. O diagnóstico correc-to determina uma redução nítida de custos direc-tos e indirectos e contribui para uma prestação decuidados mais refinada e coerente, ou seja parauma melhor Qualidade em Medicina.

ECE9 – EXERCÍCIO FÍSICO NAS DOENÇAS

REUMÁTICAS – QUANDO E COMO?Alves de Matos,* Sérgio Alcino Azevedo**

*Serviço de Reumatologia, Hospital de Egas Moniz,Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Lisboa**Serviço de Reumatologia, Hospital Conde de Bertiandos, Centro Hospitalar do Alto Minho, Ponte de Lima

A prática de exercício físico aeróbico regular debaixa e moderada intensidade propicia benefíciosa curto e longo prazo aos doentes que sofrem dedoenças reumáticas. Nestas incluem-se a gonar-trose, a lombalgia comum, a espondilite anquilo-sante, a artrite reumatóide, a fibromialgia, a osteo-porose e a propensão para as quedas.

Nestes doentes, o exercício melhora a condição

cardiovascular, aumenta a força muscular e a fle-xibilidade, mantém ou aumenta a densidade mi-neral óssea, diminui a ansiedade e a depressão, re-duz a fadiga, melhora os níveis de actividade físi-ca e social, diminui a dor e deixa intacta ou reduzmesmo a actividade das doenças de base. Tambémdiminui a dependência destes doentes de outros,promovendo assim a estima pessoal.

A maior causa de evicção do exercício é o medode que o movimento e o esforço façam pior. Masoutras condicionantes existem que inibem osdoentes de se exercitarem: a rigidez articular, a fa-diga e a capacidade de mobilização.

A verdade é que o exercício regular não tem re-lação com o agravamento do dano estrutural arti-cular, demonstrando bons níveis de segurança, ediminui a taxa de hospitalização e a incapacidadepara o trabalho naqueles que o praticam, pelo queé vivamente aconselhado pelos especialistas. Paraalém do mais os doentes em boa forma física apre-sentam maior capacidade de recuperação apósuma doença de outra natureza.

Andar, correr em superfícies regulares, executarexercícios em piscina ou dançar são formas segu-ras de fazer exercício livre, não supervisionado,para os doentes reumáticos. O ideal seria ter umtécnico perto de cada doente, mas o ideal é o ideal,e a vida quotidiana não cabe nos ideais.

Só o desconhecimento e o medo atávico de queo movimento é deletério, podem explicar a maisque recomendada postura de que repousar é me-lhor que mexer quando existe uma lesão que nãoé nem traumática grave nem uma infecção ou umaneoplasia.

Aliás, as contraindicações para a prática do exer-cício físico são importantes mas pouco prevalen-tes e passageiras: infecções agudas, neoplasiascom metastização óssea, enfartes agudos do mio-cárdio, anginas instáveis, anemias graves. Quandoa maleita passar há que continuar a exercitar, amexer, para manter um melhor prognóstico.

Tendo em conta que os médicos têm um papelimportante no aconselhamento aos doentes, é pri-mordial que existam acções de formação médicana área do exercício físico recomendado aos doen-tes reumáticos.

ENCONTROS COM O ESPECIALISTA

COMUNICAÇÕESLIVRES

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X I V C O N G º P O R T U G U Ê S R E U M AT O L O G I A

C O M U N I C A Ç Õ E S L I V R E S

idade média de 47,6±17,7anos. O diagnóstico foiestabelecido após cerca de 3 meses de seguimen-to. 20 doentes (54,1%), 80% do sexo feminino, evo-luíram para quadro clínico compatível com AR. 5apresentaram artrite autolimitada, 3 artrite goto-sa,2 oligoartrites sem diagnóstico definitivo e 1 LES,artrite psoriática, mieloma múltiplo, polimialgiareumática, artrite associada ao HIV, artrite para-neoplásica e poliartrite indiferenciada. O valor mé-dio de DAS28 inicial era 5,6±1,7. No grupo de doen-tes que vieram a desenvolver AR o valor de DAS28foi 6±1,7 e no grupo com outros diagnósticos foi5±1,5,p=0.07. Dos 20 doentes reumatóides, 19 fo-ram avaliados para FR e 15 para ac-anti-CCP. 9 apre-sentavam FR no soro e 6 ac-anti-CCP. Não foi de-tectado FR ou ac-anti-CCP nos doentes que nãoevoluíram para AR. Os doentes com AR foram me-dicados com prednisona(5-10 mg) e metotrexa-to(MTX)(dose até 20mg/semana). Ao fim de 3 me-ses de uma dose estável de MTX o DAS28 médio era3,1±1,7 e apenas 3 doentes mantiveram DAS28 su-perior a 3,2, tendo sido medicados com terapêuti-ca combinada MTX 20mg/semana, sulfassalazina(SLZ) e hidroxicloroquina (HQ) com redução doDAS28 abaixo de 3,2.Conclusões: Cerca de metade dos doentes comuma poliartrite em fase muito inicial evoluírampara AR. O sexo feminino, a presença de FR e de ac--anti-CCP foram factores preditivos de evoluçãopara AR. A terapêutica agressiva com MTX numafase muito inicial da AR permitiu o controle dadoença em 85% dos casos e a associação com SLZe HQ permitiu o controle da doença nos restantesdoentes. Trabalho suportado por Bolsa SPR/Sche-ring-Plough 2005

CL2 – ALTERAÇÕES MICROVASCULARES NO

SÍNDROMA DE SJÖGREN

F Barcelos,1 P Clemente-Coelho,1 M Parente,1

S Cortes,1 J Vaz Patto,1 A Teixeira1

1. Instituto Português de Reumatologia

Objectivos: O Síndrome de Sjögren Primário (SSp)é uma doença crónica caracterizada por infiltrado

CL1– CARACTERIZAÇÃO DA EVOLUÇÃO CLÍNICA DE

UMA POPULAÇÃO PORTUGUESA DE DOENTES COM

POLIARTRITE COM MENOS DE 6 SEMANAS DE EVOLUÇÃO

Ana Filipa Mourão,1,2 Helena Canhão,1,3

Rita Moura,1 Pamela Weinmann,1

Patrícia Pereira,1 Catarina Resende,3

Susana Capela,3 José Alberto Pereira da Silva,3

Mário Viana Queiroz,3 João Eurico Fonseca1,3

1. Unidade de Investigação em Reumatologia, Institutode Medicina Molecular, Lisboa 2. Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, EPE, Hospital Egas Moniz, Lisboa 3. Lisboa e Serviço de Reumatologia do Hospital deSanta Maria, EPE, Lisboa

Objectivos:Os doentes com artrite inicial apresentamconsiderável heterogeneidade clínica e prognóstica,podendo progredir para uma doença crónica infla-matória, como por exemplo a artrite reumatóide (AR),evoluir espontaneamente para a cura ou ainda a ar-trite constituir uma manifestação de outras doenças.O objectivo deste trabalho foi caracterizar a evoluçãoclínica de uma população de doentes com poliartri-te com menos de 6 semanas de evolução. Material e Métodos: Recrutaram-se de forma con-secutiva, doentes com o diagnóstico de poliartriteperiférica com menos de 6 semanas de evolução,não medicados com corticosteróides ou fármacosmodificadores de doença reumática observados naconsulta de Reumatologia ou no serviço de urgênciado Hospital de Santa Maria. Os doentes com artriteem fase muito inicial foram todos acompanhadosprospectivamente durante o período do estudo deforma a estabelecer-se um diagnóstico clínico defi-nitivo. Foi aplicado um protocolo (PMAR) que inclu-ía dados demográficos e avaliação clínica, incluin-do número de articulações tumefactas e dolorosase escala visual analógica da actividade da doença,para cálculo do Disease Activity Score de 28 articula-ções (DAS28). Foi colhida uma amostra sanguínea,procedendo-se à determinação de alguns parâme-tros laboratoriais, nomeadamente, a velocidade desedimentação(VS), factor reumatóide (FR),anticor-pos anti-péptido citrulinado(Ac anti-CCP). Resultados: 37 doentes, 69,6% do sexo feminino,

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linfocítico das glândulas exócrinas, originandoqueixas secas e outras características de envolvi-mento periepitelial, além de manifestações extra-epiteliais mais graves. À semelhança do que acon-tece em outras doenças reumáticas, o fenómeno deRaynaud (FR) é comum no SSp, sugerindo a pre-sença de anomalias microvasculares. A capilaros-copia é um instumento útil para avaliar o grau dealterações microvasculares.Material e Métodos: Pretende-se avaliar o grau deanomalies microvasculares do leito ungueal e a suacorrelação com características clínicas e laborato-riais de SSp. Foram avaliados trinta e quarto pacien-tes do sexo feminino que preenchiam os critérios doEuropean-American Consensus Group para SSp.Foi realizada capilaroscopia com estereomicroscó-pio de 10 a 100 ampliações. Os pacientes foram clas-sificados como: A) capilaroscopia normal; B) ano-malias ligeiras (dilatação, tortuosidade, diminuiçãoligeira da densidade capilar, plexos subpapilaresanormalmente visíveis); e C) anomalias importan-tes (hemorragias, megacapilares, áreas avasculares).Avaliámos a função das glândulas lacrimais e sali-vares com o teste de Schirmer e sialometria não-es-timulada, respectivamente. As características clíni-cas e laboratoriais foram avaliadas através dos pro-cessos clínicos. A análise estatística foi realizadacom o SPSS v.13.0, e os testes utilizados foram o Qui--quadrado e Kruskal-Wallis, com p<0,05.Resultados: A idade média era de 54,4 anos ±12,5(26-77) e a duração média de 11,6 anos ±8,7 (1-38).A avaliação capilaroscópica revelou: A) Normal: 6 pacientes (17,4%); B) Ligeira: 11 pacientes(32,47%); C) Importante: 17 pacientes (50%). Asanomalias capilaroscópicas encontradas foram: a)tortuosidade: 31 pacientes (91,2%), incluíndo 9(25,7%) com capilares em novelo e em trevo; dila-tação: 31 pacientes (91,2%); hemorragias: 15 pa-cientes (44,1%); diminuição da densidade capilar:4 pacientes (11,8%); plexo subpapilar: 1 paciente(2,9%); megacapilares: 3 pacientes (8,8%) e áreasavasculares: 1 paciente (2,9%). O FR estava pre-sente em 16 pacientes (47,1%), mas não se corre-lacionou com a presença ou gravidade das ano-malias capilaroscópicas. A função lacrimal e sali-var estava diminuída em quase todos os pacientes,como esperado, mas sem correlação com a gravi-dade das alterações capilaroscópicas. Globalmen-te, não encontrámos nenhuma correlação entre opadrão capilaroscópico e os aspectos clínicos oulaboratoriais. É de referir ainda que nenhum dospacientes com megacapilares or áreas avasculares

apresentava manifestações de esclerodermia.Conclusões: As anomalias microvasculares do lei-to ungueal são frequentes no SSp, incluíndo alte-rações importantes como hemorragias. Apesar deno nosso estudo não parecer haver correlação en-tre a gravidade da doença e a presença de FR, asalterações capilaroscópicas no SSp provavelmen-te reflectem algum grau de microangiopatia. Sãonecessários estudos prospectivos e com maior nú-mero de pacientes, para compreender totalmenteo papel prognóstico a longo prazo dos padrões ca-pilaroscópicos no SSp.

CL3 - DESEMPENHO DE ALGORITMOS DE AVALIAÇÃO

DO RISCO OSTEOPORÓTICO EM HOMENS

Pedro Machado,1 Margarida Coutinho,1

José A P da Silva1

1. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Vários estudos têm validado diferen-tes algoritmos de avaliação do risco de osteoporo-se(OP) em mulheres. O seu objectivo é aumentara eficácia da avaliação da densidade mineral óssea(DMO), identificando os indivíduos com maior ris-co de apresentarem baixa DMO. Muito poucos es-tudos foram realizados no sexo masculino, onde aOP é subestimada. Foi nosso objectivo avaliar odesempenho de 3 algoritmos de avaliação do ris-co de OP em homens com >=50 anos e determinaro melhor cut-off para cada um deles.Material e Métodos: Foram incluídos 202 indiví-duos do sexo masculino com idade superior ouigual a 50 anos aleatoriamente seleccionados doregisto eleitoral na nossa área de implantação. Se-leccionaram-se 3 algoritmos simples de decisãopara serem testados: o Body Weight Criterion(BWC), o Osteoporosis Self-Assessment Tool forAsians (OSTA) e uma versão modificada do OSTA(OST). Foram testados os valores de cut-off previa-mente validados em mulheres pós-menopáusicas.Para cada algoritmo foram testados 3 valores decut-off adicionais. A sensibilidade (SE), especifici-dade (ES), valor preditivo positivo (VPP), valor pre-ditivo negativo (VPN) e a área da curva under thereceiver operating characteristic (AUROC) para aselecção de indivíduos do sexo masculino com OPde acordo com a DMO, foram calculadas para di-ferentes os diferentes cut-offs, em cada um dos al-goritmos de decisão.Resultados: As características da população em es-

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do nas doenças reumáticas inflamatóriascrónicas. O papel dos anti-TNFα no riscocardiovascular continua ainda em inves-tigação. Objectivo: Caracterização do per-fil lipídico de um grupo de doentes comartrite reumatóide (AR), artrite psoriática(AP) e espondilite anquilosante (EA), an-tes e após 12 meses de terapêutica combloqueadores do TNFα. Analisar even-tuais diferenças entre sexos e entre os di-ferentes anti-TNFα utilizados.Material e Métodos: Este estudo incluiu65 doentes sob terapêutica com anti--TNFα seguidos no nosso centro. A deter-minação do perfil lipídico e índice demassa corporal (IMC) foi feita no início eaos 12 meses de terapêutica. A cada visi-ta foi avaliada a actividade da doença atra-vés do Disease Activity score (DAS 28) e doBath Ankylosing Spondylitis Disease Acti-

vity Index (BASDAI). Foi ainda determinado o va-lor da velocidade de sedimentação eritrocitária eda proteína C reactiva.Resultados: Dos 65 doentes (36 do sexo feminino,com idade média de 47,4 ± 13,3 anos), 30 com diag-nóstico de AR, 29 com EA e 6 com AP, 44 estavam me-dicados com Infliximab, 19 com Etanercept e 2 comAdalimumab. Após um ano de terapêutica com anti-TNFα verificou-se redução dos parâmetros infla-matórios e do índice de actividade da doença, comaumento de colesterol total (p<0,0001) e de LowDensity Lipoproteins (LDL) (p=0,02), não tendoocorrido elevação significativa de High Density Li-poproteins (HDL) ou de triglicéridos. Houve um au-mento do IMC (p=0,003), sem relação com a subi-da de colesterol total ou de triglicéridos. No grupoinfliximab assistiu-se a um aumento de colesteroltotal (p<0,001) e de LDL (p=0,003), ao contrário dogrupo etanercept em que se verificou uma melho-ria do perfil lipídico, com aumento de HDL (p<0,05)e redução no índice aterogénico. Conclusões: Após um ano de terapêutica anti--TNFα verificou-se um agravamento do perfil lipí-dico no grupo infliximab e uma melhoria no gru-po etanercept. O bloqueio do TNFα é comum aambos os fármacos, mas o bloqueio da Linfotoxi-na-a (LTa) é exclusivo do etanercept. Este diferen-te mecanismo de acção poderá explicar as diferen-ças encontradas. Há que avaliar as repercussõesclínicas destas diferenças, o que poderá ter impli-cações na escolha do anti-TNFα nos doentes commaior risco cardiovascular.

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tudo (média±desvio padrão) foram as seguintes:idade de 63.77±8.22 anos, altura de 167.84±8.78 cm,peso de 76.23±10.77 Kg, índice de massa corporalde 27.04±3.42 Kg/m2, T-score na coluna lombar de–1.10±1.40, no colo do fémur de –1.05±0.86 e no fé-mur total de 0.48±0.96. Segundo as categorias di-agnósticas da Organização Mundial de Saúde,32.2% (65/202) tinha uma DMO normal, 51.0%(103/202) osteopenia, e 16.8% (34/202) osteoporo-se. A média do OSTA foi de 2.52±2.88 e do OST de2.18±2.59. A tabela mostra os valores de SE, ES, VPP,VPN e AUROC para os vários cut-offs e para cada al-goritmo, de acordo com a capacidade de seleccio-nar para DMO os homens que realmente têm OP.Conclusões: Este estudo sugere que o OST, OSTAe BWC são também úteis para avaliação do riscoosteoporótico em indivíduos do sexo masculinocom idade igual ou superior a 50 anos. Os resulta-dos indicam contudo a necessidade de adoptar ou-tros valores de cut-off na população masculina.Como cut-offs masculinos na nossa populaçãopropomos: «OST<3, OSTA<3 e BWC<75Kg».

CL4 – AVALIAÇÃO DO PERFIL LIPÍDICO COMO RISCO

CARDIOVASCULAR NOS DOENTES SUBMETIDOS A

TERAPÊUTICAS ANTI-TNFALFA

Sandra Garcês,1 Filipe Vinagre,1 Raquel Roque,1

Maria José Santos1, José Canas da Silva1

1. Serviço de Reumatologia, Hospital Garcia de Orta, E.P.E.

Objectivos: O risco cardiovascular está aumenta-

% seleccionada para DEXA SE ES VPP VPN AUROC

OST<1 30.7 47.1 72.6 25.8 87.1 0.598OST<2 40.6 61.8 63.7 25.6 89.2 0.627OST<3 54.5 76.5 50.0 23.6 91.3 0.632OST<4 70.3 85.3 32.7 20.4 91.7 0.590OSTA<1 21.3 38.2 82.1 30.2 86.8 0.602OSTA<2 36.1 55.9 67.9 26.0 88.4 0.619OSTA<3 47.0 73.5 58.3 26.3 91.6 0.659OSTA<4 60.4 76.5 42.9 21.3 90.0 0.597BWC<65 13.4 26.5 89.3 33.3 85.7 0.579BWC<70 26.7 47.1 77.4 29.6 87.8 0.622BWC<75 44.6 73.5 61.3 27.8 92.0 0.674BWC<80 67.3 82.4 35.7 20.6 90.9 0.590

Nota: cut-offs previamente validados em mulheres pós-menopáusicas - OST<2,OSTA<2 e BWC<70 Kg

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CL5 – DESENVOLVIMENTO DE UMA FERRAMENTA

PARA ESTIMAR O CONSUMO ALIMENTAR DE CÁLCIO E

DE VITAMINA D NO CONTEXTO CLÍNICO

Milton Severo,1 Carla Lopes,1 Raquel Lucas,1

Henrique Barros1

1. Serviço de Higiene e Epidemiologia da Faculdade deMedicina da Universidade do Porto

Introdução: Doses apropriadas de cálcio e vitami-na D têm-se mostrado efectivas na prevenção e tra-tamento de osteoporose. No entanto, a quantifica-ção do seu consumo alimentar no contexto clínicoapresenta dificuldades práticas evidentes.Objectivos: Desenvolver uma ferramenta para aferiro consumo alimentar de cálcio e vitamina D em Por-tugal, e avaliar a utilidade de variáveis não alimenta-res como sexo, idade e índice de massa corporal (IMC)como predictoras da ingestão destes nutrientes.Material: 2488 participantes habitantes do Porto,com mais de 17 anos, foram seleccionados atravésaleatorização de dígitos telefónicos durante aconstituição da coorte EpiPorto. Entrevistadorestreinados aplicaram um questionário de frequên-cia alimentar semi-quantitativo (QFA) com 86 itensfoi usado para avaliar o consumo alimentar. Métodos:Todos os alimentos que contribuíram pelomenos para 4,5% do consumo observado de ambosnutrientes e as variáveis não alimentares (sexo, ida-de e IMC) foram seleccionados para ferramenta.Usaram-se 5 modelos estatísticos para estimar oconsumo de cálcio e de vitamina D (regressão line-ar generalizada, árvores de regressão, redes neuro-nais, «support vector machines» e regressão multi-nomial), tendo sido escolhido o modelo que apre-sentou a maior concordância em termos de tercisem relação ao QFA. Para avaliar a concordância en-tre as estimativas do QFA e do modelo final utilizou-se o método de Bland-Altman. Resultados: Os itens seleccionados para estimar oconsumo alimentar de cálcio: leite (38%), queijo(12%) e iogurte (10%); para a vitamina D foram:peixe gordo (39%), enlatado (9%), peixe magro(7%), ovos (5%) e carne vermelha (5%). Depois deintegrar os alimentos seleccionados nos modelosos homens apresentaram um consumo de cálciomaior que as mulheres (Beta=40.6 mg/dia,p<0,001); e quanto menor a idade (Beta=-0.007 microg/day, p<0,001) e quanto menor IMC (Beta=-0.015 microg/day, p<0,001) maior o consu-mo alimentar de vitamina D.

A concordância foi de 83% e 82% respectiva-mente para o modelo linear generalizado.

Os gráficos de Bland-Altman mostraram que asmédias das diferenças foram de 0.0 mg/dia (limi-tes de concordância=[-220.67;220.77]) e 0.0 mi-crog/dia (limites de concordância=[-1.03;1.05]),respectivamente para o cálcio e vitamina D.Conclusões: Este estudo permitiu construir umaferramenta para estimar o consumo alimentar decálcio e de vitamina D, sob a forma de um softwa-re e de uma régua de cálculo circular, com utilida-de no contexto clínico, em particular na prevençãoe no tratamento clínico.

CL6 – SEGUIMENTO CLÍNICO DE 12 MESES APÓS

SUSPENSÃO SÚBITA DE ESTUDO CLÍNICO

MULTICÊNTRICO E MULTINACIONAL COM ABATACEPT

NA ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL (AIJ) POLIARTICULAR – DADOS DE 8 DOENTES

PORTUGUESES.J. A. Melo Gomes1

1. Consulta externa de Reumatologia Infantil, do Adolescente e do Adulto jovem do Instituto Portuguêsde Reumatologia, Lisboa.

Objectivos: Este trabalho baseia-se no seguimen-to clínico de 12 meses, após suspensão súbita dofármaco, de 8 doentes com AIJ participantes noúnico centro português de estudo terapêutico defase III com Abatacept, duplamente cego, multi-cêntrico e multinacional, concluido há cerca de 2anos e cujos resultados já foram relatados previa-mente. Material e Métodos: Trata-se de 7 doentes do sexomasculino e 1 do feminino, com idades compreen-didas entre os 14 e os 19 anos, na data de interrup-ção do estudo. Todos os doentes tinham curso po-liarticular, preenchendo os critérios de início deagentes biológicos da SPR, e todos estavam medi-cados com AINEs, corticosteróides em dose baixa(3 casos) e Metotrexato (MTX; 15mg/Kg/semana,nos 8 casos), terapêuticas que foram mantidas du-rante todas as fases do estudo. Resultados: Três casos tiveram início sistémico,com evolução ulterior para poliartrte, outros 3 ti-veram início oligoarticular (AIJ-OE - Oligoarticu-lar estendida) e os restantes 2 casos tiveram iníciode forma poliarticular, com factores reumatóidesIgM negativos. Todos os doentes tinham respostaparcial à terapêutica com MTX. Após 12 meses desuspensão da terapêutica com Abatacept verifica-mos que 4 dos 8 doentes continuam em remissãocompleta, clínica e laboratorial, da AIJ: os 3 doen-

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tes com AIJ-OE e um dos doentes com AIJ poliar-ticular. Os 3 doentes com AIJ sistémica continuamcom doença activa e o mesmo acontece com 1 dosdoentes com AIJ poliarticular.Conclusões: O Abatacept parece ser capaz de in-duzir remissão prolongada em doentes com AIJpoliarticular, particularmente nos casos de iníciooligo ou poliarticular. O fármaco é menos eficaznos casos de AIJ sistémica.

CL7 – ANÁLISE COMPARATIVA DOS PARÂMETROS

QUANTITATIVOS DO OSSO OSTEOPORÓTICO – MODELO COMPUTACIONAL DE REMODELAÇÃO

ÓSSEA VS RESULTADOS CLÍNICOS DE DEXALuis Santos,1,2 José Carlos Romeu,3

Helena Canhão,2,3 Mário Viana Queiroz3

Paulo Rui Fernandes,1 João Eurico Fonseca2,3

1. IDMEC – Instituto de Engenharia Mecânica, IST2. Unidade de Investigação em Reumatologia, Institutode Medicina Molecular, Faculdade de Medicina daUniversidade de Lisboa3. Serviço de Reumatologia e Doenças Ósseas Metabólicas, Hospital de Santa Maria

Objectivos: Este trabalho combina os resultados deum modelo computacional de remodelação ósseade adaptação interna com resultados da técnicastandard de diagnóstico da osteoporose (OP), aDEXA. Assim, os objectivos assentam na validaçãodo modelo computacional e na caracterização dasua componente biológica através da modelaçãomatemática do parâmetro de custo metabólico kem função de diferentes níveis de densidade mine-ral óssea (DMO), quantificados pelo valor de T-score.Material e Métodos: No modelo computacional, alei de remodelação óssea é obtida admitindo que oosso se adapta, optimizando a sua rigidez com ummínimo de custo metabólico de formação de osso.Seleccionaram-se, duma base de dados de 5000exames, 160 exames de mulheres caucasianas, pósmenopausicas, osteopénicas e com um padrãomorfológico femoral normal, realizados com o apa-relho Lunar® Prodigy Pro. A análise comparativabaseou-se em 3 regiões de interesse (ROI) do exa-me: trocânter, colo e Ward; seguindo 7 critérios ba-seados no conteúdo mineral ósseo (CMO) e razõesde CMO definidas entre as 3 ROI. Foram utilizadoscritérios de erro de 10, 15 e 20%. Efectuou-se um es-tudo de correlação, com regressão linear e quadrá-tica, entre o parâmetro k (custo metabólico) e o va-lor de T-score, seguindo um critério de CMO para

as 3 ROI, e o critério de triagem adicional que pre-tende padronizar a população. Este estudo condu-ziu à obtenção de uma relação matemática entre ke o T-score que foi verificada qualitativamente.Resultados: Os resultados da comparação quanti-tativa permitiram validar o modelo computacio-nal, tendo evidenciado uma elevada concordânciaentre os seus resultados e os resultados de DEXA;para os 7 critérios utilizados registaram-se percen-tagens de concordância na ordem dos 50% comdestaque para os critérios: CMO do colo e CMO docolo/CMO de Ward, com valores de 85%. A análisedo estudo de correlação entre κ e o valor de T--score, permite constatar a existência de uma fortecorrelação negativa entre as 2 variáveis para as 3ROI em estudo. Destacam-se os valores obtidospara a ROI do colo (R=0.81), utilizando o critério detriagem adicional e regressão quadrática, com osquais foi obtida a relação matemática: T-score =24.086k^2 – 16.601k + 0.0553 (1). Esta relação repre-senta a primeira aproximação ao objectivo de mo-delar matematicamente o parâmetro k em funçãode variáveis biológicas. A comparação qualitativaentre os resultados computacionais e os de DEXA,com base na relação obtida, demonstra uma con-cordância satisfatória nos perfis de distribuição dedensidade. Este facto permite avaliar positivamen-te a capacidade do modelo computacional e de (1)na simulação da evolução osteoporótica.Conclusões: Os resultados obtidos permitiram vali-dar o modelo computacional na simulação da remo-delação óssea, tornando evidente a possibilidade deo ajustar aos diferentes níveis de DMO e numa visãomais abrangente, ao doente, através da modelaçãomatemática do parâmetro k em função de outras va-riáveis biológicas (idade, fractura prévia). A realiza-ção de estudos subsequentes permitirá avaliar aspotencialidades do modelo computacional comoferramenta auxiliar na avaliação do risco fracturário.

CL8 – IMPACTO DO ENVOLVIMENTO RENAL NA

QUALIDADE DE VIDA DOS DOENTES COM LES Catia Duarte,1 Luís Inês,1 Pedro Abreu,1

Filipe Vinagre,2 Maria Jose Santos,2

Maura Couto,1 Claudia Vaz,1 Armando Malcata1

1. Serviço de Reumatologia, Hospitais da Universidade de Coimbra2. Serviço de Reumatologia,Hospital Garcia de OrtaEPE, Almada

Objectivos: O envolvimento renal é o envolvimento

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de órgão major mais frequente nos doentes com Lú-pus Eritematoso Sistémico (LES). Este trabalho temcomo objectivo avaliar o impacto do envolvimentorenal na qualidade de vida em doentes com LES.Material e Métodos: Inclusão de doentes consecu-tivos cumprindo critérios de de classificação ACRpara LES, seguidos em dois Centros de Reumato-logia portugueses. O envolvimento renal foi con-firmado por biópsia renal. Cada doente respondeuao questionário SF-36 de avaliação da qualidade devida relacionada com a saúde. A pontuação paracada uma das subescalas do SF-36 foi quantifica-da. Efectuou-se a comparação entre os grupos dedoentes com e sem nefrite lúpica, utilizando tes-tes paramétricos e não paramétricos, conformeadequado. O nível de significância estatística con-siderado foi de 5%. A análise estatística foi efectua-da utilizando o software SPSS.Resultados: Foram incluídos 166 doentes, dosquais 64 (38,6%) apresentavam envolvimento re-nal. Entre os doentes com nefrite lúpica 58,4%apresentavam Glomerulonefrite Classe IV e 18,8%Glomerulonefrite Classe III. Os doentes sem envol-vimento renal eram mais frequentemente mulhe-res (97,1% vs 84,7%, p<0,05). Os doentes com en-volvimento renal apresentavam mais frequente-mente um nível educacional mais elevado e erammais novos (p<0,05) Os doentes com envolvimen-to renal apresentaram pontuações significativa-mente mais elevadas no score total e nos domíniosda Função Física, Dor Corporal e Vitalidade(p<0,05) do SF-36 comparativamente aos indiví-duos sem envolvimento renalConclusões: Em doentes com LES, a qualidade devida relacionada com a saúde não é mais baixa emdoentes com nefrite lúpica em comparação comaqueles sem este tipo de envolvimento

CL9 – DOENÇA INDIFERENCIADA DO TECIDO

CONJUNTIVO – ESTUDO DE UMA SÉRIE DE 101 DOENTES

D. Medeiros,1 M. Sousa,1 R. Figueiredo,1

C. Miguel,1 S.Cortes,1 F. Barcelos,1 Miranda,1

Paulo Coelho,1 C. Silva1

1. Instituto Português de Reumatologia

Objectivos: A Doença Indiferenciada do TecidoConjuntivo (DITC) é considerada um distúrbio deetiologia imune, cujas manifestações clínicas e ana-líticas evocam conectivite, não cumprindo critériosde classificação para doença do tecido conjuntivo(DTC). Vários estudos têm sido realizados com vis-

ta a esclarecer se se trata de uma entidade clínicadistinta ou de uma forma pouco agressiva de DTC.É nosso objectivo caracterizar clínica e serologica-mente, uma população de doentes com DITC. Material e Métodos: Trata-se de um estudo retros-pectivo de uma série de 101 doentes, em segui-mento na consulta externa. Os critérios de Moscae tal para DITC foram utilizados: manifestaçõesclínicas sugestivas de DTC e a presença de anticor-pos anti-nucleares (ANA), não cumprindo crité-rios de classificação para DTC. Os doentes incluí-dos apresentavam uma duração da doença de pelomenos 1 ano. Os seguintes parâmetros foram ana-lisados: características demográficas, manifesta-ções clínicas, auto-anticorpos e terapêutica. Resultados: Dos 101 doentes, 96% pertenciam aosexo feminino, sendo a idade média de 52 anos(Min.23/Máx.77; DP 13,12). A duração média dadoença foi de 6 anos (Min.1/Max.26). Sintomas ar-ticulares ocorreram em 97 % dos doentes, dosquais 54 % tinham e 46 % artrite. Cerca de 29%apresentou alterações hematológicas (leucopenia17; anemia 12, trombocitopenia 5). S. seco ocorreuem 42% e alopecia em 14%. Lesões cutâneas foramdetectadas em 28% (rash malar 7, rash discóide 2,fotosensibilidade 26, esclerodactilia 1, telangiecta-sia 2). O F. Raynaud ocorreu em 23%, aftas orais em16%, febre 2%, e hipertensão arterial 21%. Altera-ções pulmonares ocorreram em 6% (fibrose inters-ticial 3, hipertensão pulmonar 1, serosite 2). ANA’socorreram em 100% dos doentes, com anti-DNAdspositiva em 4%, anti-SSA 12%, SSB 4%, anti-SCL702%, anti-centromero 2%, e anti-sm, anti-RNP em1%. Cerca de 21% encontravam-se medicados comanti-inflamatórios não-esteróides (AINEs) isola-dos; 2% com glucocorticóides (GC) isolados; e 77%com associações de GC/ AINEs e imunomodula-dores [58% GC+Hidroxicloroquina (HCQ); 19%GC+Metotrexato (MTX); 13% AINEs + HCQ; 5% AI-NEs +GC; 3% AINEs + MTX; 3% HCQ+MTX; 1%CT+AZA; 1% Ciclosp. + CT]. Conclusões: As sintomatologia encontrada foi so-bretudo articular e s. seco, sendo o envolvimentoorgânico raro. A terapêutica sintomática identifi-cada associada ao quadro clínico ligeiro, revela umperfil benigno, conforme outros estudos publica-dos. Apenas o anti-SSA apresentou valores signifi-cativos, achado congruente com a literatura. Estu-dos actuais revelam que 75% das DITC não evolu-em para DTC, após seguimento de 5 anos. Na nos-sa série, a duração média de doença foi de 6 anos,sem progressão para DTC.

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CL10 – PROGRESSÃO DE DANO NUMA POPULAÇÃO

DE DOENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO

F Vinagre,1 MJ Santos,1 P Nero,2,3 F Barcelos,4

A Barcelos,5 AM Rodrigues6, F Almeida,2

L Pinto,2 R Barros,2 C Silva,7 L Miranda,7

S Capela,6 R Figueira,6 S Garcês,1

A Alves de Matos,2,3 A Teixeira,7 A Marques,6

MV Queiroz,6 J Branco,2,3 J Canas Silva1

1. Serviço de Reumatologia, Hospital Garcia de Orta2. Serviço de Reumatologia do CHLO - EPE, HospitalEgas Moniz, Lisboa 3. Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Novade Lisboa4. Instituto Português de Reumatologia5. Serviço de Reumatologia, Hospital Infante D Pedro6. Serviço de Reumatologia, Hospital Santa Maria7. Instituto Português de Reumatologia

Objectivos: Avaliar a progressão de lesões irrever-síveis, ao longo dum período de dois anos, emdoentes com Lupus Eritematoso Sistémico (LES) eestudar a sua relação com características demogra-ficas, clinicas e imunológicas.Material e Métodos: Estudo prospectivo, multi-cêntrico de doentes com diagnóstico de LES hámais de 6 meses para avaliação da progressão dodano ao longo de 2 anos. Dados demográficos, so-cio-económicos, clínicos, imunológicos e medica-ção foram registados na avaliação inicial e após 2anos. O Systemic Lupus International Collabora-ting Clinics/American College of Rheumatology Da-mage Index (SLICC/ACR-DI) foi utilizado para de-terminação de lesão irreversível.Resultados: Foram estudados 167 doentes, 94% dosexo feminino, com idade média de 47 ± 14,8 anose 9 ± 7,1 anos de duração da doença. Na avaliaçãoinicial 56 (33,5%) doentes apresentavam algumdano, sendo o valor médio do SLICC 0,59 ± 1. Após2 anos houve progressão do dano em 43 (25,7%)doentes, aumentando o valor do médio do SLICCpara 0,98 ± 1,3. Os domínios do SLICC em que hou-ve mais progressão do dano foram o ocular, cardio-vascular e musculo-esquelético. A ocorrência denovas lesões irreversíveis associou-se de forma es-tatisticamente significativa com idade mais avan-çada (OR 1,01; 95 CI 1,01 - 1,07; p=0,009), nível deescolaridade mais baixo (OR 0,9; 95% CI 0,82 - 0,95;p=0,01), presença de lesão renal (OR - 3,5; 95% CI1,6 - 7,8; p=0,001), hipertensão arterial (OR 7,6;95% CI 3,4 - 17,4; p<0,0001), corticoterapia (OR 2,8;95% CI 1,2 - 6,9; p=0,01) e existência de dano pré-vio (OR 1,4; 95% CI 1 - 1,9; p=0,02).

Conclusões: Neste estudo as características demo-graficas, clínicas, comorbilidades e terapêutica as-sociaram-se à progressão do dano. Será importan-te determinar o impacto do controlo de factoresmodificáveis como a hipertensão arterial e uso cri-terioso dos corticóides para reduzir a acumulaçãode dano nos doentes com LES.

CL11 – CARACTERIZAÇÃO DA RESPOSTA FUNCIONAL

DOS NEUTRÓFILOS EM DOENTES COM POLIARTRITE

EM FASE INICIAL

Pamela Weinmann,1 Ana Catarina Ferreira,1

Patricia Perreira,1 Rita Moura,1 Ana Filipa Mourão,1

Joana Caetano-Lopes,1 Ana Rita Cascão,1

Helena Canhão,1,2 Mario Viana Queiroz,2

João Eurico Fonseca1,2

1. Unidade de Investigação em Reumatologia, Institutode Medicina Molecular, Faculdade de Medicina daUniversidade de Lisboa2. Serviço de Reumatologia do Hospital de Santa Maria,EPE, Lisboa

Objectivos: A artrite reumatóide (AR) é uma doen-ça inflamatória crónica caracterizada por lesão ar-ticular. Apesar de existirem diversos argumentos afavor da participação dos neutrófilos na face ini-cial da AR, o papel exacto que desempenham éainda controverso. Demonstrámos, num estudoanterior, uma perturbação da apoptose dos neu-trófilos circulantes em doentes com AR inicial. Oobjectivo deste trabalho foi avaliar a resposta fun-cional dos neutrófilos circulantes em doentes compoliartrite inicial.Material e Métodos: Os neutrófilos foram isoladosdo sangue periférico de doentes com poliartrite ini-cial (PA) (menos de 6 semanas após o inicio dos sin-tomas) antes de receber qualquer tratamento e 2-4semanas após terem iniciado o tratamento comprednisona (5-10 mg). A capacidade de migra-ção quimiotática foi analisada com 2 métodos:underagarose-assay e boyden-chamber-assay. O stress oxidativo com e sem estimulação com N--formyl-Met-Leu-Phe (fMLP) e com factor de necro-se tumoral (TNF)-alfa foi medido através da produ-ção de radicais de oxigénio (RO) utilizando DHR123e analisada em citometria de fluxo. A activação, comoresposta à estimulação com fMLP e TNF-alfa, foi de-tectada pelo aumento da expressão de CD11b na su-perfície celular e analisada em citometria de fluxo. Acapacidade fagocitária foi avaliada pelo Phagotest®kit, com amostras de sangue periférico que foram in-

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cubadas com E. coli marcadas com FITC, e depoisanalisada em citometria de fluxo.Resultados: A migração quimiotática foi seme-lhante nos neutrófilos dos controlos saudáveis edos doentes com PA antes e depois do tratamen-to. A produção constitutiva de RO foi maior nosneutrófilos do grupo de doentes do que nos con-trolos e a estimulação com TNF-alfa não induziunenhum aumento significativo na produção de ROnos neutrófilos dos doentes. Pelo contrário, ocor-reu um aumento significativo de RO dos neutrófi-los de controlos após estimulação com TNF-alfa.A quantidade total de RO produzida após estimu-lação com TNF-alfa foi comparável entre doentese controlos. Comparando a produção constitutivade RO com a produção após estimulação comfMLP verificou-se um aumento significativo naprodução de RO nos neutrófilos nos doentes e con-trolos, mas os valores absolutos de RO mantive-ram-se em níveis semelhantes. A análise da activa-ção dos neutrófilos não mostrou diferenças signi-ficativas entre doentes e controlos com os diferen-tes estímulos (fMLP e TNF-alfa). A capacidadefagocitária também não foi afectada nos doentesem comparação com os controlos. Conclusões: As funções dos neutrófilos como a mi-gração, a fagocitose e a capacidade de activaçãonão mostraram diferenças significativas entredoentes e controlos saudáveis. Pelo contrário, aprodução de RO pelos neutrófilos estava alteradanos doentes com e sem tratamento em compara-ção com os controlos. Este efeito pode ser causa-do pela fase inicial de um processo inflamatório,que gera um ambiente rico em citocinas pró-infla-matórias, o que induz a produção de radicais livrespelos neutrófilos circulantes.

CL12 – LESÃO ESTRUTURAL E REPERCUSSÃO

FUNCIONAL DA ARTRITE REUMATÓIDE EOSTEOARTROSE DAS MÃOS – NEM SÓ DA

ARTRITE VEM A INCAPACIDADE

Margarida Cruz1

1. Centro Hospitalar das Caldas da Rainha

Objectivos: O reconhecimento da incapacidadeprovocada pela artrite reumatóide (AR) tem leva-do a que actualmente os tratamentos almejem à re-missão. Por outro lado, a artrose (OA) das mãosnão tem beneficiado desta mentalidade. Mas se éfundamental na AR evitar o aparecimento de ero-sões articulares, também a OA das mãos, nodal ou

erosiva, pode causar erosões articulares, deforma-ção e incapacidade. O objectivo deste estudo foicomparar o grau de incapacidade funcional asso-ciado a estas duas patologias. Material e Métodos: Estudo transversal aplicado a10 mulheres com AR e 10 mulheres com OA dasmãos, durante a consulta, em que se aplicou oquestionário funcional de Cochin para a incapaci-dade das mãos e se fizeram contagens de articula-ções dolorosas, tumefactas e deformadas, em 20articulações das mãos. Registou-se o valor da dornas mãos na última semana e da incapacidadeactual considerada pelo médico em escalas visuaisanalógicas. Foram também comparadas as idadesda menopausa, a escolaridade, a idade aquando dodiagnóstico e o tempo de demora no estabeleci-mento do mesmo, nas duas patologias. Resultados: A idade média das mulheres com ARera de 63,7 anos, a das com OA era de 60 anos. Amédia do grau de escolaridade era superior no gru-po com OA - 6,2, para 3,9 no com AR. Apenas umadas mulheres com AR era menstruada, todas asmulheres com OA eram pós-menopáusicas. A ida-de média da menopausa das mulheres com AR foide 43 anos, a das com OA foi superior: 52,8 anos. Aidade média de início da patologia era semelhan-te: 51,2 anos no grupo da AR, 51,2 no grupo da OA.A demora no diagnóstico foi de 1,9 anos no grupoda AR (0,75 anos se excluirmos um caso de demo-ra de 9 anos), 4,8 anos no da OA (1,4 anos, exclu-indo um caso de 28 anos de demora). As mulherescom OA tinham uma média ligeiramente superiorde articulações dolorosas (6,9) à das com AR (6,3),e de tumefactas (2,1) relativamente ao grupo daAR (1,1). O número médio de articulações defor-madas era superior no grupo da OA (9,8), em com-paração com o da AR (5,8). O valor médio de dornas mãos foi de 52,2 no grupo da AR e de 53,9 nogrupo com OA. A incapacidade média foi de 22,8nas mulheres com AR e 31,7 nas com OA. O índicemédio de Cochin foi ligeiramente superior no gru-po com AR (32 em 90), comparativamente com ogrupo com OA (28,1).Conclusões: A osteoatrose das mãos é uma pato-logia que pode ser tão ou mais responsável por dor,deformação e incapacidade a nível das mãos comoa artrite reumatóide. Por conseguinte, o objectivodo tratamento desta particular manifestação deartrose, também muito mais frequente em mulhe-res, deveria passar a ser, à imagem da actual visãoda AR, mais exigente e almejando à prevenção doaparecimento de erosões e deformação óssea.

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CL13 – A NOSSA EXPERIÊNCIA COM ARTROPLASTIA

TOTAL DO TORNOZELO EM DOENTES COM ARTRITE

REUMATÓIDE

Paulo Amado,1 Paula Valente, António Torres1

1. Serviço Ortopedia Hospital S. Sebastião

Objectivos: As artroplastias do tornozelo têm tido,nos últimos tempos, uma evolução técnica signi-ficativa, com o aparecimento da terceira geração,que possibilitam uma melhor biomecânica e uti-lização principalmente em pacientes com destru-ição de várias articulações, como acontece na ar-trite reumatóide. As artroplastias do tornozelo sónos últimos tempos têm demonstrado bons resul-tados, com melhoria dos scores clínicos. Material e Métodos: Desde Maio de 1999 a Dezem-bro de 2007 foram tratados com artroplastia totaldo tornozelo10 doentes com artrite reumatóideavaliados pela colega especialista em Reumatolo-gia que colabora com o nosso serviço de Ortope-dia. O número total de pacientes com indicaçãopara artroplastia do tornozelo foi de 67. Dos 10 pa-cientes operados 2 foram bilaterais, tendo um dospacientes, actualmente 8 artroplastias, 2 tornoze-los, 2 joelhos, 2 ancas, um cotovelo e um ombro, oque constitui caso único descrito a nível mundialcom capacidade de marcha sem apoio externo.Dos 10 doentes, 8 são do sexo feminino. Já todoseram seguidos regularmente por Reumatologia,tendo sido sujeitos aos mais variados tratamentosconservadores. Só 4 tinha sido sujeitos a infiltra-ções intra articulares de corticoterapia, sem qual-quer tratamento cirúrgico prévio. Dos 10 pacien-tes, 4 foram operados com próteses de 2ª geraçãoAgility e 6 com próteses de 3ª geração Salto. Resultados: Os doentes foram avaliados pelo scoreadaptado da AOFAS 70% bom, 20% pobre e 10% demaus resultados. Todos os doentes melhoraramcom este tratamento, mesmo o doente que nãoteve alteração no score da AOFAS, no entanto estenão veio a recuperar a marcha por meios próprios,necessitando de apoio externo por canadianaspara a marcha, melhorando da sintomatologia do-lorosa. 90% dos pacientes recuperaram com mar-cha aceitável sem necessidade de apoio externo. Osdois pacientes que foram operados a ambos os tor-nozelos, recuperaram a marcha sem necessidadede apoio externo, sem patologia dolorosa. Conclusões: Considerando que a alternativa paraestes pacientes, do ponto de vista cirúrgico, seriaa artrodese que sendo unilateral ainda é tolerável,sendo bilateral não possibilitará uma marcha sem

apoio externo, o que é comum nos pacientes comartrite reumatóide, logo a artroplastia aqui tem im-portância marcada. Será objectivo do médicomanter a função, pois o movimento é uma das ne-cessidades do bem estar e saúde, constituindo a ar-trodese a impossibilidade de o manter.

CL14 - AVALIAÇÃO PROSPECTIVA DA EFICÁCIA E

SEGURANÇA DO ZOLEDRONATO NO TRATAMENTO DA

DOENÇA ÓSSEA DE PAGET

Elsa Sousa,1 Ana Rodrigues,1 Joana Caetano-Lopes,2

Filipa Ramos,1 Ricardo Figueira,1 Susana Capela,1

José Carlos Romeu,1 Mário Viana Queiroz1

1. Hospital de Santa Maria2. Instituto de Medicina Molecular

Objectivos: Os bisfosfonatos de última geração,potentes inibidores da actividade osteoclástica,constituiem os fármacos de escolha no tratamen-to da Doença Óssea de Paget (DOP). O zoledrona-to, o mais potente bisfosfonato disponível, éactualmente considerado o fármaco de primeira li-nha no tratamento da DOP. Este trabalho temcomo objectivos avaliar prospectivamente a eficá-cia e segurança do zoledronato no tratamento dedoentes com Doença Óssea de Paget.Material e Métodos: Avaliação prospectiva semes-tral, com avaliação intermédia aos 3 meses, do efei-to de uma única administração endovenosa de zo-ledronato, na dose 4 ou 5mg (7 doentes e 34 doen-tes, respectivamente). Foram registados parâmetrosclínicos (dor óssea ou articular atribuídas à DOP),marcadores laboratoriais de formação e reabsorçãoóssea – fosfatase alcalina (ALP), fosfatase alcalinaisoenzima óssea (bALP), propéptido N-terminal doprocolagénio tipo I (P1NP), telopeptido beta C ter-minal do colagénio tipo I (beta-crosslaps), razão de-soxipiridinolina livre/creati- ninúria (Dpd/creat),bem como cálcio e fósforo séricos e efeitos adversosatribuíveis à terapêutica. Considerados critérios deremissão bioquímica a normalização do nível da ALPe de indicação para retratamento o aumento do ní-vel de ALP superior a 25% do limite superior ao nor-mal (LSN) (no caso de normalização) ou do nadiratingido (no caso de não normalização).Resultados: Foram avaliados 41 doentes (66% dosexo masculino), com uma média de idades de66,8±9,1 anos e uma percentagem de envolvimen-to pagético (tabela de Howarth) de 15±11%. 68%dos doentes tinham sido previamente tratadoscom pamidronato numa dose cumulativa de

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349,2±265,1mg. 71% estavam sintomáticos na ava-liação inicial, sendo a dor óssea (60%) e a dor arti-cular (46%) as queixas mais frequentes. A ALP ini-cial era de 354,0±284,6U/L (3,0±2,54 xLSN). O tem-po médio de follow-up após terapêutica foi de13,8±7,6 meses. Dos doentes que se encontravamsintomáticos, 64% referiram melhoria da dor; 75%aos 3 meses e 25% aos 6 meses. Verificou-se umaredução dos níveis de ALP de 73% aos 3 meses, de79%, aos 6 meses e de 81% aos 12 meses (p Conclusões: Este estudo confirma a eficácia do zo-ledronato com melhoria dos sintomas em 64% dosdoentes e com redução dos parâmetros de activi-dade da doença, demonstrada por uma taxa de re-missão bioquímica de 93% atingida aos 6 meses.Este efeito é mantido por períodos prolongados,sendo a taxa de retratamento de apenas 5% du-rante um follow-up médio de 14 meses. Os efeitosadversos registados foram ligeiros e transitórios.

CL15 – VALOR PREDITIVO PARA ABORTAMENTO DOS

ANTICORPOS ANTIFOSFOLÍPIDO EM DOENTES COM

LES: QUAIS OS MELHORES CRITÉRIOS DE

POSITIVIDADE? ANÁLISE DE 234 GESTAÇÕES NA

COORTE DE LÚPUS DE COIMBRA

Maura Couto,1 Cátia Duarte,1 Cláudia Vaz,1

Marta Pereira,1 Luís Inês,1 Armando Malcata1

1. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Os anticorpos antifosfolípido (aFL) as-sociam-se a abortamentos em doentes com LúpusEritematoso Sistémico (LES). No entanto, não es-tão definidos quais os critérios de positividade quemelhor se correlacionam com o risco de aborta-mento. Foram propostos critérios laboratoriaispreliminares em 1998 (Sapporo) e revistos em 2006(Sydney). O objectivo deste trabalho é avaliar o ris-co de abortamento em doentes com LES e a suacorrelação com a presença e níveis séricos de aFL. Material e Métodos: Foram incluídas todas asdoentes com LES que preenchem os Critérios deClassificação ACR, em seguimento na Coorte deLúpus de Coimbra (Serviço de Reumatologia dosHUC). A história obstétrica foi obtida por inquéri-to às doentes. Os doseamentos séricos de Anticor-pos antifosfolípido, incluindo anticardiolipinas eanti-Beta2-Glicoproteina-1 IgG e IgM e de Antico-agulante Lúpico (ACL) foram realizados durante oseguimento clínico. Os doentes foram classificadosde acordo com o cumprimento dos critérios de po-

sitividade de aFL de Sapporo (1998) e de Sydney(2006). Foi analisado o valor preditivo positivo(VPP) e negativo (VPN) para abortamento asso-ciado a cada um dos conjuntos de critérios seroló-gicos. Foi também comparado o risco de aborta-mentos nas gravidezes ocorridas antes e após odiagnóstico de LES. Foi calculado o Odds Ratio(OR) e analisadas as diferenças entre grupos atra-vés do teste Chi-quadrado.Resultados: Foram incluídas 149 mulheres (médiade idade: actual=47,1 anos; à data do diagnóstico deLES=35,5 anos). Identificaram-se 234 gestações em106 doentes. As restantes 43 doentes não tiveramgestações. 80% das gravidezes ocorreram antes dodiagnóstico de LES. 14,2% das doentes com gravi-dezes prévias preenchiam os critérios laboratoriaisde Sapporo e 10,4% os critérios de Sydney. Do totalde gestações, 27,8 % terminaram em abortamento.A incidência de abortamento espontâneo foi de23,5%, a de aborto espontâneo precoce (<10 sema-nas de gestação) foi de 18,4%, e a de morte fetal (>10semanas de gestação) foi de 5,1%. Não houve dife-renças significativas nestes eventos entre as gesta-ções ocorridas antes e após o diagnóstico de LES. Ve-rificou-se um aumento da incidência de aborta-mentos espontâneos tanto nas mulheres com aFLpositivos segundo os critérios de Sapporo (p<0,001;OR=3,9), como naquelas cumprindo critérios deSydney (p<0,05; OR=2,8). O VPP foi de 26,2% e 40,4%para os critérios de Sydney e de Sapporo, respecti-vamente. O VPN foi de 88,8% e 85,2% para os crité-rios Sydney e de Sapporo, respectivamente.Conclusões: Confirma-se o aumento de risco deabortamento associado aos aFL em doentes comLES. O valor preditivo dos critérios laboratoriaisdefinidos em Sapporo é superior ao dos critériosrevistos em Sydney. Na ausência de aFL, a taxa deabortamento espontâneo nas doentes da Coortede Lúpus de Coimbra foi similar à verificada napopulação obstétrica em geral.

CL16 – LIMIAR E PERCEPÇÃO DE DOR NAS DOENÇAS

REUMÁTICAS: ASSOCIAÇÃO COM VARIÁVEIS

PSICOSSOCIAIS

Paulo Monteiro,1 Paula Oliveira,2

Margarida Coutinho,1 Maria João Salvador,1

Maria Emília Costa,2 Armando Malcata1

1. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra2. Faculdadede Psicologia e Ciências da Educação daUniversidade do Porto

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Objectivos: Avaliar as diferenças entre grupos dedoentes com Artrite reumatóide (AR), fibromialgia(FM) e osteoartrose (OA) no que se refere ao limiar epercepção de dor. Averiguar a existência de associa-ções entre limiar e percepção de dor com estratégiaspassivas de coping e estado de saúde física e mental. Material e Métodos: O recrutamento da amostra,constituída por 31 doentes com AR, 25 com FM e30 com OA, ocorreu no Serviço de Reumatologiados HUC, entre Maio e Dezembro de 2007. Os par-ticipantes foram sujeitos às seguintes medidas deavaliação: Questionário Sócio-Demográfico e Clí-nico (Oliveira & Costa, 2005); Questionário de For-mas de Lidar com a Dor (PCI; Kraaimaat & Evers,2003; versão portuguesa: Oliveira & Costa, 2005),Questionário de Estado de Saúde (SF-36v.2; Cen-tro de Estudos e Investigação em Saúde, 1997); per-cepção de dor definida através da aplicação da es-cala visual analógica da dor (0-100mm); avaliaçãodo limiar da dor através da aplicação parametriza-da de dolorímetro em 6 pontos não entesopáticose não fibromiálgicos, com registo da força(Kg/cm2) que desperta dor e cálculo da média ob-tida para cada doente; O tratamento estatístico dosdados foi realizado através do programa SPSS (Sta-tistical Package for Social Sciences) – versão 13.Resultados: Verificaram-se diferenças estatistica-mente significativas no que se refere ao limiar dedor e percepção de dor (EVA) (p<0,001). O grupodos doentes com FM registou um nível de limiarde dor inferior e EVA superior ao grupo AR. Nosgrupos AR e OA não se registaram diferenças sig-nificativas nos referidos parâmetros. Relativamen-te às correlações entre limiar de dor e variáveis psi-cossociais (coping e estado de saúde), estas foramidentificadas apenas no grupo OA, sendo que nosrestantes não foi encontrada significância estatís-tica. Em relação à percepção de dor verificou-seque esta se correlaciona negativamente com o es-tado de saúde física nos 3 grupos estudados; secorrelaciona negativamente com o estado de saú-de mental nos grupos AR e FM, mas não no grupoOA; e, por fim, se correlaciona positivamente comestratégias passivas de coping nos grupos AR e FM(p<0,05), mas não no grupo OA.Conclusões: Nos doentes com OA verificou-se as-sociação entre menor limiar de dor e recurso a es-tratégias passivas de coping. Nestes, a EVA da dornão apresenta relação com o estado de saúde men-tal mas apenas com o estado de saúde físico con-trariamente aos grupos AR e FM. A correlação en-tre limiar de dor e estratégias passivas de coping

indiciam que a abordagem psicológica e a adop-ção de estratégias de coping poderão aumentar olimiar da dor.

CL17 – POLIMORFISMOS DO PROMOTOR DO GENE

DO TNF-ALFA NAS POSIÇÕES -238 E -308 NA

SUSCEPTIBILIDADE E GRAVIDADE DA ESPONDILITE

ANQUILOSANTE

Elsa Sousa,1,2 Joana Caetano-Lopes,1

Fernando M Pimentel dos Santos,3,4

Patrícia Pinto,5 Ana Rodrigues,2,3

Catarina Resende,1,2 Ana Filipa Mourão,1,4

Célia Ribeiro,4 Teresa Laura Pinto,4

Carlos M Rosa,2 Helena Canhão,1,2

Francisco Ventura,5 Jaime Branco,3,4

José A Pereira da Silva,2 Mário Viana Queiroz,2

João Eurico Fonseca1,2

1. Instituto de Medicina Molecular 2. Hospital de Santa Maria3. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa 4. Hospital Egas Moniz5. Hospital de São João

Objectivos: O HLA-B27 é considerado o principaldeterminante genético da susceptibilidade e prog-nóstico na Espondilite Anquilosante (EA). A eficá-cia dos agentes anti-TNF-alfa no tratamento da EA,sustenta a hipótese de que polimorfismos na regiãodo promotor do gene do TNF-alfa poderão ser rele-vantes na gravidade da doença. Este trabalho temcomo objectivos avaliar a influência dos polimorfis-mos da região do promotor do TNF-alfa na suscep-tibilidade e prognóstico dos doentes com EA.Material e Métodos: Foram avaliados 154 doentesque preenchiam os critérios de Nova York modifi-cados de diagnóstico de EA. Nestes doentes foramregistadas variáveis clínicas como o padrão de en-volvimento, as manifestações extra-articulares, osvalores da mobilidade axial e a terapêutica anti-TNF-alfa, bem como a velocidade de sedimenta-ção (VS), a proteína C reactiva (PCR) e a tipagemHLA-B27. A actividade da doença, a capacidadefuncional e a lesão estrutural foram determinadasatravés da aplicação das versões portuguesas doBath Ankylosing Spondylitis Disease Activity Index(BASDAI), do Bath Ankylosing Spondylitis Functio-nal Index (BASFI) e do Bath Ankylosing Spondyli-tis Radiology Index (BASRI), respectivamente. Fo-ram ainda determinados os níveis séricos de TNF--alfa e os polimorfismos da região do promotor do

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gene do TNF-alfa nas posições -308 e -238 nosdoentes e em 118 controlos saudáveis.Resultados: Os 154 doentes avaliados (68% do sexomasculino) apresentavam uma idade média de43,2±12,0 anos. A idade de início e a duração mé-dia da doença eram de 24,1±9,7 anos e 19,0±11,5anos, respectivamente. 90% dos doentes eramHLA-B27 positivos e 43% encontravam-se sob te-rapêutica anti-TNFalfa.

9% dos doentes eram portadores do alelo A naposição -238 comparativamente a 18% dos con-trolos, sendo esta diferença estatisticamente signi-ficativa (p<0,05). A frequência dos alelos na posi-ção -308 foi semelhante entre doentes e controlos.

Os doentes com o genótipo -308GG mostrarammenor mobilidade lateral (10,3±6,8cm) compara-tivamente aos -308GA/AA (14,6±7,7cm) (p<0,05).Verificaram-se ainda valores no limiar do signifi-cado estatístico (p=0,059) no que se refere ao nú-mero de episódios de uveite (-308GG: 4,8±4,1 e -308GA/AA: 1,9±1,6). O genótipo -238GA/AA asso-ciou-se a valores de VS mais elevados (38,1±24,2mm/1ªh) comparativamente ao -238GG (19,3±14,3mm/1ªh) (p<0,05). Não detectámos outras cor-relações significativas entre os genótipos nas po-sições -308 e -238 e as restantes variáveis clínicas,laboratoriais e terapêutica anti-TNF-alfa.Conclusões: Este estudo sugere que o alelo A naposição -238 poderá estar associado a uma dimi-nuição da susceptibilidade à EA e que polimorfis-mos do promotor do gene do TNF-alfa nas posi-ções -238 e -308 poderão influenciar o prognósti-co dos doentes com EA.

CL18 – QUALIDADE DE VIDA NO LES E AR: ESTUDO

COMPARATIVO DE 749 DOENTES

C Duarte,1 L Inês,1 P Abreu,1 M Couto,1 C Vaz,1

S Pedro,2 E Benito,2 A Malcata1

1. Serviço de Reumatologia, Hospitais da Universidadede Coimbra2. BioEPI

Objectivos: O Lúpus Eritematoso Sistémico (LES) ea Artrite Reumatóide (AR) são doenças reumáticascrónicas com grande impacto na qualidade de vida(QoL) dos doentes. O SF-36 é um auto-questionáriovalidado em português e adequado para avaliaçãoda QoL nos doentes reumáticos. O objectivo destetrabalho é avaliar a qualidade de vida em doentescom LES em comparação com doentes com AR.Material e Métodos: A Coorte de Lúpus de Coim-

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bra inclui 165 doentes com LES (cumprindo crité-rios de classificação ACR) seguidos prospectiva-mente. Foram incluídos doentes com LES seguidosnesta coorte e observados consecutivamente. edoentes com AR seguidos em Serviços de Reuma-tologia Portugueses incluídos na base NDB-Portu-gal, cumprindo critérios de classificação do ACRpara as respectivas doenças. Todos os doentes pre-encheram o auto-questionário SF-36. Foi quanti-ficada a pontuação nas 8 subescalas do SF-36. Efec-tuou-se comparação entre os dois grupos utilizan-do testes paramétricos e não paramétricos confor-me apropriado. Feita análise de regressão logísticamultivariável, ajustada a idade, sexo, nível educa-cional e duração da doença. O nível de significân-cia estatística considerado foi 5%. Resultados: Foram incluídos 749 doentes, 129 comLES e 620 com AR. Os doentes com LES eram maisfrequentemente mulheres (91% vs 81%, p<0,001),com uma média de idade mais baixa (40 vs 57 anos,p<0,001), com uma menor duração da doença (7vs 15 anos, p<0,001) e com um nível de educaçãomais elevado (66% tinham mais de 5º ano vs 40%).Os doentes com LES apresentaram melhor pon-tuação na maioria das subescalas do SF-36, excep-to para as de Função Social e Saúde Mental, em quefoi idêntica. Após análise multivariável, permane-ceu significativa a diferença entre LES e AR nas su-bescalas de Função Física, Dor Total e Vitalidade. Conclusões: Este trabalho sugere que a AR e o LESapresentam um elevado impacto na qualidade devida. Os doentes com AR apresentaram maior impac-to em termos de dor, função física e vitalidade, comoseria de esperar. No entanto, o compromisso na Saú-de Mental e Função Social das 2 doenças foi idêntico.

CL19 – FIABILIDADE E VALIDADE DA EXPLORAÇÃO

DAS ENTESIS COM ULTRASSONOGRAFIA (US).Falcão S.,1,2 De Miguel E.,3 Cobo T.,3

Muñoz-Fernández S.,3 Bravo Pimentão J.,1

Branco J.C.,1,2 Martín Mola E.3

1. Serviço de Reumatologia, Centro Hospitalar LisboaOcidental, E.P.E, Hospital Egas Moniz 2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa3. Serviço de Reumatologia, Hospital Universitário laPaz, Madrid

Objectivos: O MASEI (MAdrid Sonography Enthe-sis Index) avalia de forma quantitativa o dano en-tesopático.São avaliadas de forma bilateral 12 en-

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tesis em cada paciente(fascia plantar,tendão deAquiles,tendão rotuliano,quadricipe e tricipe-te).Sendo atribuída uma pontuação ponderada delesão: dimensão de calcificações (0,1,2,3); sinalDoppler (0ou3); erosões (0ou3); estrutura, dimen-são tendinosa e bolsa sinovial(0ou1). Objectivos:Determinar a reprodutibilidade inter-leitor e in-ter-equipamento de US do índice MASEI. Material e Métodos: Foram avaliadas prospectiva-mente 192 entesis de 9 doentes com espondiliteanquilosante com dois equipamentos de US: Acu-son-Antares Siemens (Medical Systems equipment)com sonda linear de 5-13 Mhz (equipamento 1; 9doentes – 108 entesis) e LOGIQ9 (GE Healthcare; 7doentes – 84 entesis) com sonda linear de 4,5-15Mhz (equipamento 2). Um reumatologista expe-riente em US músculo-esquelética e um interno dereumatologia com formação em US músculo-es-quelética fizeram a leitura de forma independen-te e cega das imagens capturadas nos dois equipa-mentos, pontuando-as segundo o índice MASEI.Foi utilizado o SPSS para determinar o coeficientede correlação intraclasse. Resultados:Inter-leitor/ Coeficiente de /inter-equipamento correlação intraclasseInter-leitor ICC 0,97 (95% IC: 0.90-0.99;equipamento 1 (n=9) p<0.0001)Inter-leitor ICC 0,93 (95% IC: 0.67-0.98;equipamento 2 (n=7) p<0.0001)Leitor 1 ICC 0,77 (95% IC: 0.20-0.95;inter-equipamento (n=7) p<0.01)Leitor 2 ICC 0,87 (95% IC: 0.33-0.97;inter-equipamento (n=7) p<0.0001)

Conclusões: A comunidade científica tem procu-rado encontrar novas formas de avaliação dosdoentes com espondiloartropatias(EpAs)de formaa aumentar a acuidade diagnóstica numa fase ini-cial da doença.MASEI score superior/igual a18 tem83,3% de sensibilidade e 80% de especificidadepara o diagnóstico de EpAs.Este trabalho demons-tra que a exploração estandardizada das entesis éreprodutível com diferentes leitores e com os doisequipamentos analisados,validando a fiabilidadedo estudo das entesis com US.

CL20 - AVALIAÇÃO DO RISCO DE MANIFESTAÇÕES

ORGÂNICAS NA ESCLEROSE SISTÉMICA

Pedro Machado,1 Maria João Salvador,1

Armando Malcata1

1. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: A esclerose sistémica (ES) é uma doen-ça autoimune multissistémica, classificada em di-fusa (ESD) ou limitada (ESL), em função da exten-são do envolvimento cutâneo. É uma doença comelevada morbilidade e mortalidade, sendo a capa-cidade de previsão do seu prognóstico fundamen-tal para a decisão terapêutica. Foi nosso objectivocaracterizar clínica e laboratorialmente uma popu-lação Portuguesa com ES e avaliar os factores as-sociados a maior risco de manifestações orgânicasda doença.Material e Métodos: Foram recolhidos os dadosdos 44 doentes do nosso Centro integrados na basede dados do EULAR Scleroderma Trials And Re-search (EUSTAR). Estes dados incluem: data denascimento, de aparecimento do Raynaud (R) e daprimeira manifestação não-Raynaud (PMNR),cumprimento dos critérios ACR, classificação, po-sitividade dos anticorpos anti-nucleares (ANA),anti-centrómero (ACA) e anti-topoisomerase I(Scl70), presença de elevação dos reagentes de faseaguda (RFA), proteinúria e doença activa (segun-do a definição EUSTAR), peso, score de Rodnanmodificado (sRm), atingimento vascular (AV), ar-ticular (AA), tendinoso (AT), muscular (AM), diges-tivo (AD), renal (AR), cardíaco e pulmonar (ACP).As várias manifestações foram analisadas tranver-salmente e comparadas entre subgrupos de doen-tes através do teste do qui-quadrado, Fisher e U deMann-Whitney, conforme adequado. As diferençasestatisticamente significativas encontradas naanálise univariada foram reavaliadas pela análisede regressão linear.Resultados: Os doentes tinham as seguintes ca-racterísticas: idade=60 anos, duração da doen-ça=16 anos, idade de aparecimento do R=43 anos,idade da PMNR=49 anos, mRs=9, DLCO=84%. Amaioria era do sexo feminino (82%), em 54% o Rera tardio, em 66% a PMNR era precoce e em 45,5%o sRm elevado (os três dicotomizados na média),96% cumpria critérios ACR, 68% tinha ESL, todostinham ANA, 50% ACA, 34% Scl70, 25% doença ac-tiva, 31% RFA aumentados, 9% proteinúria, 98%AV, 30% AA, 27% AT, 21% AM, 43% AD, 14% AR e55% ACP. Na análise univariada, a ESD (vs ESL) as-sociou-se sRm elevado, Scl70, doença activa, con-tractura articular, crepitação tendinosa, dispneia,arritmia e fibrose pulmonar radiográfica (FPRx). Apresença de Scl70 (vs ACA) associou-se à ESD, sRm

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elevado, crepitação tendinosa, arritmia e FPRx. Osexo feminino (vs masculino) associou-se ao ACA.O R tardio (vs precoce) associou-se a doença acti-va, FPRx, padrão restritivo pulmonar, menor dura-ção da doença e a uma idade absoluta e da PMNRmais elevadas. A PMNR precoce (vs tardia) asso-ciou-se a menor idade absoluta e duração da doen-ça, mas a uma idade de aparecimento do R maiselevada. A análise multivariada confirmou a váriasdas associações.Conclusões: A forma difusa e a forma limitada da esclerose sistémica estão associadas a riscosdiferentes de envolvimento orgânico. Esta dis-tinção clínica parece ser acompanhada e, nalgunscasos mesmo superada, pelo perfil de autoanti-corpos.

CL21 – VALIDADE E REPRODUTIBILIDADE

DA ULTRASSONOGRAFIA COM COLOUR DOPPLER

NO DIAGNÓSTICO DA ARTERITE DAS CÉLULAS

GIGANTES APÓS CURTO PERÍODO DE

APRENDIZAGEM

Dina Medeiros,1 Sandra Falcao,2

Maria João Saavedra,3 Eugenio De Miguel4

1. Reumatologia, Instituto Português de Reumatologia2. Reumatologia, Hospital Egas Moniz, Lisboa 3. Reumatologia, Hospitais da Universidade de Coimbra4. Reumatologia, Hospital Universitário de La Paz, Madrid

Introdução: O valor de um método de diagnósti-co depende da sua validade, critério que resultada relação entre o teste a avaliar e o «gold stan-dard». A validade da ultrassonografia (US) com Co-lour Doppler, no diagnóstico da Arterite das Célu-las Gigantes (ACG), já foi demonstrado, mas os es-tudos existentes no que concerne a reprodutibili-dade, são ainda escassos. Objectivos: Determinara reprodutibilidade inter-leitor e intra-leitor da USColour Doppler, após curto período de aprendiza-gem. Material e Métodos: Três internos da especialida-de de reumatologia realizaram um estágio de US,com a duração de 1 mês. Todos apresentavam co-nhecimentos teóricos da US CD. Os internos ob-servaram e realizaram a técnica, supervisionadospor um especialista em US da ATM. A validade in-ter-leitor e intra-leitor, foram determinadas. Parao estudo de reprodutibilidade, utilizamos imagensda ATM, de 27 doentes. ACG existia em 13 (48%)

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[14(52%) não tinham ACG]. Foi utilizada US Acu-son-Antares Siemens (Medical Systems Equip-ment); sonda de 5-13 Mhz. Para a validade dos lei-tores, o «gold standard»utilizado foi o diagnósticodo reumatologista assistente, segundo a biopsia,critérios ACR, evolução clínica e resposta terapêu-tica. A avaliação dos vídeos de US foi independen-te e cego. A reprodutibilidade intra-leitor obteve--se por re-avaliação dos vídeos, após 1 mês. O cál-culo da validade da técnica correspondeu à melhorleitura obtida durante o período de aprendizagem.Resultados: O coeficiente de correlação kappa in-ter-leitor foi bom, próximo de excelente: 0.796 , in-ter-leitor 1-2 (0.852; IC 0.751-0.953; p<0.0001), in-ter-leitor 1-3 (0.769;IC 0.644-0.894) e inter-leitor 2--3 (0.769;IC 0.644-0.894). Este resultado tem umvalor adicional pelo facto os três observadores se-rem internos de especialidade, em formação nes-ta técnica, não a tendo utilizado, previamente, paraeste fim diagnóstico. O Quadro I mostra os valoresde sensibilidade, especificidade, e percentagem deindivíduos bem classificados para cada um dos lei-tores. A medida de validade intra-leitor foi obtidapara o leitor 1 e o resultado foi bom, próximo deexcelente (kappa: 0.78; IC 0.658-0.898;p<0.0001),intra-leitor 2 (kappa: 0.93 (0.854-0.98), intra-leitor3 (kappa: 0.62 (0.484-0.74). Os piores resultadosobtidos nas lecturas intra-leitor reflectem, prova-velmente, a curva de aprendizagem.Conclusões: O nosso estudo demonstrou bons re-sultados em termos de reprodutibilidade inter eintra-leitor, para US Colour Doppler da ATM. Aspercentagens de sensibilidade, especificidade ecorrecta classificação dos indivíduos testados, foiigualmente satisfatória, quando comparadas como «gold standard». Tendo em conta o facto destatécnica ser mais rápida, barata e não invasiva, con-sideramos que deveria ser utilizada pelo reumato-logista, na suspeita de ACG, e após uma aprendi-zagem adequada e certificada.

Quadro I. Validade da Ultrassonografia ColourDoppler no Diagnostico da Arterite das CélulasGigantes

Sensibilidade/Especificidade/Indivíduos Bem Classificados

Leitor 1 85.71% 93.31% 88.88%Leitor 2 92.86% 100% 96.3%Leitor 3 92.31% 92.86% 92.59%

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CL22 – DOR MÚSCULO-ESQUELÉTICA (ME) EM

MEIO LABORAL

Luis Cunha Miranda,1 Alexandra Cardoso,1

Filipe Barcelos,1 Rita Fernandes,1 Luz Coelho,1

Ana Teixeira1

1. Instituto Português de Reumatologia

Objectivos: Avaliação das queixas músculo-esque-léticas em trabalhadores, numa empresa de servi-ços tecnológicos e de telecomunicações, na se-quência de um rastreio de saúde.Material e Métodos: Foi efectuado um rastreio desaúde, em que foi aplicada uma escala EVA ( Esca-la Visual Analógica com valores limite entre 0 e 10)relativa à dor sentida na última semana (EVA 7dias) e uma outra escala EVA referente aos últimos24 meses (EVA 24 meses), a nível dos ossos, articu-lações ou músculos; um questionário sobre quei-xas reumáticas (com 35 questões) em que pergun-tava questões referentes entre outras à presença deartrite lesões muco-cutâneas associadas a doençasreumáticas siteémica; e foi avaliada a composiçãocorporal, a antropometria e alguns comportamen-tos de risco (sedentarismo, obesidade, hábitos ta-bágicos e alcoólicos). Resultados: Foram avaliados 341 indivíduos, comidade média de 38,2±8,4 anos. A EVA 7 dias médiafoi de 2,8±2,4 [0-9] e a EVA 24 meses média foi de4,6±3,0 [0-10]. 61,6% referiram ter tido dor nos úl-timos sete dias anteriores ao questionário e 69,8%tiveram dor nos últimos 24 meses. O tempo médioreferido dispensado ao computador foi de 8,4±7,1

horas por dia. Foram encontradas correlações sig-nificativas entre a EVA 7 dias e a idade (r=0,121;p=0,029) e entre 18 questões sobre queixas reumá-ticas (p<0,05); entre a EVA 24 meses e a idade(r=0,130; p=0,016) e outras 27 questões sobre quei-xas reumáticas (p<0,05). Foram observadas dife-renças significativas entre o grupo com dor e o gru-po com ausência de dor da EVA 7 dias para a ida-de (39,3±8,7 vs. 36,6±7,7 anos; p=0,003). O grupocom dor apresenta maior número de queixas mus-culo-esqueléticas em ambas as escalas utilizadas(EVA 7 dias e EVA 24 meses) (p<0,05). Os indivíduoscom ansiedade/depressão têm um índice de dorsuperior (EVA 7 dias: p=0,008; EVA 24 meses:p=0,006), contudo não foram encontradas diferen-ças significativas para o sedentarismo, obesidade,hábitos tabágicos e alcoólicos.Conclusões: Numa população jovem a grandemaioria reporta dor ME sendo que está se relacio-na com um conjunto alargado de outras queixasreumáticas. Contudo tal parece não se correlacio-nar com as horas ao computador, pelo que as pos-turas e a repetividade das tarefas poderão estar im-plicados. A dor não se correlacionava com facto-res de riscos conhecidos para doença reumáticacomo o sedentarismo a obesidade ou o tabagismo

A presença de queixas reportadas de ansiedadee depressão correlacionam-se com a dor o que estáde acordo com a etiologia multidimensional dador. Este trabalho alerta-nos que mesmo numa po-pulação jovem deveremos ter em conta queixas as-sociadas a LMERT.

COMUNICAÇÕES LIVRES

POSTERS

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X I V C O N G º P O R T U G U Ê S R E U M AT O L O G I A

P O S T E R S

ciou derrame pericárdico antero-posterior, em sís-tole e em diástole, com 22 mm. Perante a clínica eos exames, o doente foi admitido no internamen-to de Cardiologia com o diagnóstico de pericardi-te aguda com derrame pericárdico e colocou-se ahipótese de estar subjacente uma doença reuma-tológica, tendo-se pedido novos exames comple-mentares de diagnóstico. Resultados: Inicialmente o doente melhorou coma terapêutica instituída: ácido acetilsalicílico 1000mg per os a cada 6 horas. Dos resultados dos exa-mes efectuados no internamento, sobressaía umaligeira anemia normocrómica e normocítica comcinética do ferro sugestiva de doença crónica ou in-flamatória; VS elevada (81 mm/1ªh); ANA positivosem título elevado, com padrão homogéneo e espe-cificidade anti-nucleossomas; e, bastante mais tar-diamente, a detecção de anticorpos anti-dsDNA(double strand). Perante isto, estabeleceu-se o diag-nóstico de Lúpus Eritematoso Sistémico (Critériosdo Colégio Americano de Reumatologia, 1982),com atingimento cutâneo-mucoso, articular, car-díaco (sob a forma de pericardite aguda, que mo-tivou o internamento) e eventualmente neurológi-co central. O doente foi avaliado pela Psiquiatria,que diagnosticou Síndrome de Ottelo (delírio deciúme) e sugeriu tratamento com haloperidol. Po-rém, a TAC e posteriormente a RMN craneo-ence-fálicas revelaram imagens normais, excluindo a hi-pótese de neurolúpus estabelecido, apesar da psi-cose provavelmente relacionada. Foi reduzida adose de AAS, mantido o haloperidol e instituída te-rapêutica com 400 mg de hidroxicloroquina e 40 mgde predisolona oral (por dia). Na segunda semanade internamento o ecocardiograma verificou me-lhoria da pericardite, não se tendo nunca visuali-zado vegetações de Libman-Sacks. O doente tevealta orientado para a Consulta Externa de Medici-na, com desmame progressivo da prednisolona nosmoldes habituais, a reavaliar. Oito meses após aalta, o doente encontra-se assintomático e sem al-terações do comportamento, medicado diariamen-te com 400 mg de hidroxicloroquina, 5 mg de pred-nisolona e 5 mg de haloperidol (2id), com resolu-ção da anemia (Hbg 16,0 g/dl) e VSG normal (12

P1 - LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO - UM CASO CLÍ-NICO EM CARDIOLOGIA

Joana Lemos,1 Luís Santos,2 Isabel Martins,1

Luís Nunes,2 Oliveira Santos2

1. Serviço de Medicina 1 - Hospital de São Teotónio EPE2. Serviço de Cardiologia - Hospital de São Teotónio EPE

Objectivos: Chamar a atenção para a necessidadede estar atento à possibilidade de apresentação es-pecífica de órgão/aparelho orgânico nas doençassistémicas, nomeadamente reumatológicas.Material e Métodos: Os autores apresentam o casode um doente do sexo masculino, caucasiano de 63anos de idade, que recorreu ao Serviço de Urgên-cia em Janeiro de 2007 por dispneia e dor torácicade instalação progressiva desde o dia anterior. Ador era retroesternal com irradiação para o dorso,tipo pontada, e agravava com a inspiração profun-da e a inclinação anterior do tronco. Referia, des-de há cerca de 2 anos, uma fadiga inusual, commialgias generalizadas recorrentes, acompanha-das de artralgias de tipo inflamatório e de distribui-ção aparentemente simétrica, atingindo prefe-rencialmente as articulações dos pés (metatarso-falângicas), tornozelos, punhos e mãos (metacar-po-falângicas). Mencionava úlceras orais muitofrequentes nos últimos anos. A esposa queixou-sede que, nos 5 meses precedentes, o doente inicia-ra um comportamento desconfiado e verbal e fisi-camente agressivo em relação a ela, acusando-a demanter relacionamentos extra-conjugais. O doen-te não fumava e não consumia bebidas alcoólicas.Ao exame objectivo sobressaía alopécia difusa, rashmalar discreto, um atrito pericárdico intermitentena auscultação cardíaca, e duas úlceras (3-4 mm)na mucosa jugal; tinha alargamento das articula-ções referidas, sem sinais de artrite. Analiticamen-te tinha discreta anemia normocrómica e normo-cítica e elevação da proteína C reactiva. O electro-cardiograma mostrava ritmo sinusal, 90/minuto,com ¿supradesnivelamento côncavo¿ do segmen-to ST em todas as derivações. Na radiografia torá-cica observava-se índice cardiotorácico >50% e en-gurgitamento vascular peri-hilar direccionado paraos ápices pulmonares.O ecocardiograma eviden-

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143

mm). O ecocardiograma demonstra completa re-solução do derrame pericárdico e uma PSAP nor-mal. Não tem evidência de atingimento renal. Conclusões: O Lúpus é uma doença multissistémi-ca inflamatória auto-imune. Como tal pode ser di-agnosticada no contexto de queixas multiorgânicasou constitucionais, mas frequentemente motiva aprocura de cuidados médicos apenas aquando doatingimento de um órgão ou aparelho orgânico emparticular, mesmo que já exista doença sistémicasubjacente estabelecida. Assim, há que estarmosatentos a esta possibilidade diagnóstica mesmoquando o doente é assumido por especialidadesque não as que habitualmente abordam este tipode patologias, pois só perante a suspeita se faz odiagnóstico e tratamento destes doentes, bemcomo o posterior acompanhamento, atendendo aoevoluir da doença com eventual atingimento de ór-gãos que, se não atempadamente tratado, podecausar morbilidade e mortalidade significativas.

P2 – CAPILAROSCOPIA DO LEITO UNGUEAL NO

FENÓMENO DE RAYNAUD E DA DOENÇA

INDIFERENCIADA DO TECIDO CONJUNTIVO –IMPLICAÇÕES NA EVOLUÇÃO CLÍNICA E NO

TRATAMENTO MÉDICO

Paulo Clemente-Coelho,1 Sara Cortes1

1. Instituto Português de Reumatologia

Objectivos: Avaliar, em doentes com fenómeno deRaynaud ou com doença indiferenciada do tecidoconjuntivo, do interesse dos resultados da capila-roscopia do leito ungueal e da sua correlação coma evolução diagnóstica e terapêutica.Material e Métodos: Selecção dos resultados capi-laroscópicos e laboratoriais (VS, PCR, factores reu-matóides e ANA) de doentes observados na nossaunidade de capilaroscopia entre 1999 e 2003, en-viados com os diagnósticos de fenómeno deRaynaud ou doença indiferenciada do tecido con-juntivo. Comparação do diagnóstico e terapêuticaactual com os existentes à data da realização da ca-pilaroscopia. Exclusão dos doentes enviados pararealização de capilaroscopia com fenómeno deRaynaud associado com doença definida do teci-do conjuntivo. Os resultados da capilaroscopia fo-ram divididos nos seguintes grupos: 1) Normal; 2)Alterações minor (tortuosidade, alargamento); 3)Alterações major (áreas avasculares, megacapila-res, hemorragias).Resultados: Incluídos 80 doentes, com idade

51,4+14,3 anos (média+dp), 78 do sexo feminino(97,5%), com: fenómeno de Raynaud mais doençaindiferenciada do tecido conjuntivo – 27 doentes(33,8%); fenómeno de Raynaud – 46 (57,5%); doen-ça indiferenciada do tecido conjuntivo – 7 (8,7%).Resultados da capilaroscopia foram: normal – 30doentes (37,5%); alterações ligeiras (tortuosidadee/ou alargamento) – 16 (20,0%); alterações signifi-cativas - 34 (42,5%) (hemorragias – 25 doentes(31,3%); megacapilares – 26 (32,5%); áreas avascu-lares – 3 (3,8%). Após capilaroscopia ocorreu intro-dução de novos tratamentos em 32 doentes(40,0%) e um novo diagnóstico em 39 (48,8%). Asalterações major na capilaroscopia correlaciona-ram-se com a evolução diagnóstica e a introduçãode nova medicação (p1/160) correlacionaram-secom a necessidade de novos tratamentos(p=0.005), mas não com a evolução para novosdiagnósticos (p=0.07). Nenhuma significância es-tatística foi encontrada entre a PCR, VS ou a posi-tividade de factores reumatóides e a evolução paranovo tratamento ou novo diagnóstico. Conclusões: A capilaroscopia do leito ungueal exe-cutada em doentes com fenómeno de Raynaud oucom doença indiferenciada do tecido conjuntivotem um papel na avaliação prognóstica relaciona-da com a possibilidade de uma evolução no diag-nóstico ou para a necessidade de introdução denovos tratamentos. Esta indicação prognóstica pa-rece ser superior quando comparada com os ANA,a PCR, a VS e o factor reumatóide.

P3 – O PAPEL DOS NEUTRÓFILOS NA FASE INICIAL

DA ARTRITE REUMATÓIDE – A PROPÓSITO DE UM

CASO CLÍNICO

Ana Filipa Mourão,1,2 Helena Canhão,1,3

Elsa Sousa,1,3 Maria Emília Oliveira,4

Maria João Palhano,4 Rita Cascão,1

Pamela Weinmann,1 José Alberto Pereira da Silva,3 M Viana Queiroz,3 João Eurico Fonseca1,3

1. Unidade de Investigação em Reumatologia, Institutode Medicina Molecular, Lisboa 2. Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar deLisboa Ocidental, EPE, Hospital Egas Moniz, Lisboa 3. Serviço de Reumatologia do Hospital de Santa Ma-ria, EPE, Lisboa4. Serviço de Anatomia Patológica do Hospital de SantaMaria, EPE, Lisboa

Objectivos: Existem numerosos argumentos a fa-vor do envolvimento dos linfócitos T na fisiopato-

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dos neutrófilos no início da AR, que envolve tam-bém a activação do sistema imunitário adquirido,estabelecendo as bases de um processo inflama-tório crónico. Trabalho suportado por Bolsa SPR/Schering-Plough 2005

P4 – PORQUE FECHAMOS OS OLHOS ENQUANTO O

MUNDO CAI?Margarida Cruz1

1. Centro Hospitalar das Caldas da Rainha

Objectivos: Conhecer a epidemiologia das fractu-ras proximais do fémur tratadas num Hospital dePortugal.Material e Métodos: Tipo de estudo e local: trans-versal, por consulta dos processos clínicos de todosos doentes com 50 ou mais anos, internados em trêsanos consecutivos no Serviço de Ortopedia do Cen-tro Hospitalar das Caldas da Rainha por fracturaproximal do fémur após uma queda de baixo impac-to. Métodos: recolha e análises dos processos clíni-cos, com registo em Excel dos parâmetros: demo-gráficos; relativos à fractura e seu tratamento; evo-lução após a alta; diagnóstico prévio de osteoporo-se e de fracturas prévias ou concomitantes;medicação para osteoporose; outras patologias con-comitantes; medicação concomitante. Apresenta-ção dos resultados segundo médias e percentagens.Resultados: 272 internamentos de 267 doentes em3 anos, 76% dos quais mulheres. A incidência mé-dia destas fracturas foi de 0,09% por ano. A maioriados doentes tinha entre 71 e 90 anos, média de ida-des 80,2 anos. Apenas em 7% dos casos estava re-gistado o diagnóstico prévio de osteoporose. O lo-cal da queda era referido em apenas 28% casos, naquase totalidade tratando-se do domicílio. Em 16%dos internamentos havia referência a outras fractu-ras osteoporóticas. A maioria dos doentes tinha 1 a5 patologias concomitantes. A maioria dos doentes(59%) estava medicada com 4 ou mais fármacos.Em nenhum internamento foi pedida densitome-tria óssea nem foi registada a instituição de trata-mento anti-osteoporótico. O custo total destes 272internamentos foi de 1.458.220,67 euros. Regista-ram-se 14% óbitos no primeiro ano após a fractura. Conclusões: A osteoporose estava aparentementesub-diagnosticada nesta população em risco, por-que idosa, polimedicada e com patologias poten-ciadoras da ocorrência de quedas e de fracturas.Aparentemente, não foi feita nestes doentes umaprevenção secundária das fracturas osteoporóti-

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logia da artrite reumatóide (AR). Estes argumentosgeraram o chamado «paradigma das células T» queatribui a estas células o papel central na patogeniada AR. No entanto, esta teoria deixa por explicar al-gumas questões É sabido que os neutrófilos de-sempenham um papel determinante nas artropa-tias agudas. No entanto, em doenças crónicascomo a AR a sua participação na fase inicial é tam-bém provavelmente relevante. Material e Métodos: Descrevemos o caso clínico deuma doente de 35 anos com uma oligoartrite assi-métrica de instalação aguda, com envolvimentodas articulações tibio-társica, joelho e punho direi-tos, acompanhada de tenossinovite dos peroneais.A doente referia ainda rigidez matinal prolongadae não apresentava lesões cutâneas nem sintomassistémicos. Laboratorialmente, apresentava au-mento da velocidade de sedimentação; os factorreumatóide, anticorpos anti-péptido citrulinado,anticorpos anti-nucleares e HLA B27 eram negati-vos. As radiografias de tórax, mãos, pés e baciaeram normais. Realizou biópsia sinovial do joelhodireito na segunda semana da doença, que reveloua presença de um infiltrado inflamatório agudocom predomínio de neutrófilos, sugerindo um pro-cesso infeccioso. Resultados: Apesar do exame bacteriológico do lí-quido sinovial ter sido negativo, iniciou terapêuticacom anti-inflamatório não esteroide (AINE) e cef-triaxone, dada a suspeita de artrite gonocócica. De-vido à persistência do quadro clínico com oligoar-trite incapacitante, foi associada prednisona oralem baixas doses à terapêutica com AINE, com me-lhoria clínica parcial. Dois meses depois, apresen-tou envolvimento adicional do punho esquerdo edas articulações metacarpofalângicas da mão es-querda. Nesta altura, iniciou terapêutica com sulfas-salazina, mais tarde associada a metotrexato (20mg/semana), apresentando novamente respostaclínica apenas parcial. Foi realizada uma segundabiópsia sinovial do punho esquerdo, oito mesesapós o início do quadro clínico, que revelou fibrosee um infiltrado linfoplasmocitário difuso com umpadrão compatível com AR. Nesta altura, a doentejá apresentava erosões nas radiografias das mãos epés e cumpria critérios diagnósticos ACR de AR. Conclusões: A primeira biópsia, obtida nas pri-meiras semanas de evolução da doença, revelouum tecido sinovial altamente infiltrado por neutró-filos, que progrediu para um padrão celular sino-vial diferente, à medida que a doença se tornoucrónica. Esta observação sugere um papel crucial

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cas. A incidência destas fracturas foi baixa, compa-rativamente com o publicado em outros países. Amortalidade registada foi inferior à referida na li-teratura. Os custos associdos a estes internamen-tos foram elevados.

P5 – ESTUDO RAISE – ESTUDO OBSERVACIONAL,TRANSVERSAL, PARA AVALIAÇÃO DA REALIDADE

ACTUAL DO IMPACTO SÓCIO-ECONÓMICO DA

ESPONDILITE ANQUILOSANTE

Miranda L C,1 Negreiro F,2 Queiroz MJ,2 Silva C2

1. Instituto Português de Reumatologia2. Eurotrials - Consultores Científicos

Objectivos: Avaliar a relação entre as medidas deactividade, funcionalidade e de qualidade de vida(QV) com os custos suportados pelos doentes comespondilite anquilosante (EA) em Portugal. Material e Métodos: Estudo observacional, trans-versal, realizado em doentes com diagnóstico deEA, independentemente do estadio da doença. Fo-ram recolhidos dados sobre as características sócio-demográficas, consumo de recursos em saúde e es-calas de actividade, funcionalidade e QV: BathAnkylosing Spondylitis Disease Activity Index (BAS-DAI),Bath Ankylosing Spondylitis Functional Index(BASFI), Health Assessment Questionnaire (HAQ) eEQ-5D incluindo Visual Analogue Scale (VAS).Resultados:Foram incluídos 127 doentes, dos quais67,7% eram do sexo masculino, com uma média deidades de 48,7 anos (min-máx: 22-75 anos). 20,6%dos doentes empregados necessitaram modificar asua actividade profissional devido à EA. A duraçãomédia da doença foi de 14,4 anos. Verificou-se, noúltimo ano, que 85,0% dos doentes foram, em mé-dia, a 7 consultas devido à EA; 67,7% e 89,0% efec-tuaram exames complementares e laboratoriais,respectivamente; 67,5% realizaram tratamentos defisioterapia; 3,1% foram internados e 85,8% esta-vam medicados para a EA. O custo total médio/me-diano suportado por doente com EA foi 1367/525.Verificaram-se as seguintes pontuações médias: 5no BASDAI, 4,9 no BASFI, 1,1 no HAQ e 58,7 na VAS. Conclusões: Os resultados apontam no sentido deque um pior estado de saúde se traduz num customais elevado para os doentes, sendo que os cus-tos principais estavam associados aos programasde MFR Palavras-chave: Espondilite anquilosante;Qualidade de vida; Custos em saúde; Actividade;Funcionalidade; Portugal. Agradecimento ENEAApoio Wyeth

P6 – FIBROMIALGIA – DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

Artur Luis Lemos Maia Costa Freitas,1

Maria Dolores Perez Garcia2

1. C. S. Fafe - USF Novo Cuidar2. C. S. Braga - Esporões

Objectivos: Sintetizar a abordagem diagnóstica emcaso de suspeita de Fibromialgia e rever as opçõesterapêuticas disponíveis. Elaborar um guia de re-comendações para o doente com Fibromialgia.Material e Métodos:Efectuou-se uma pesquisa de ar-tigos de revisão na MEDLINE e Índex RMP, publica-dos entre Janeiro de 2002 e Dezembro de 2007, utili-zando as palavras-chave: «Fibromyalgia», «diagnosis»e «treatment». Fez-se ainda uma revisão bibliográfi-ca em livros de texto de Psiquiatria e Reumatologia.Resultados: A confirmação de uma suspeita de Fi-bromialgia, pode perfeitamente ser realizada noCentro de Saúde pelo Médico de Família, pois nãoé necessário qualquer exame auxiliar de diagnós-tico complexo. A história clínica e a exploração fí-sica fornecem indicações essenciais tanto paraconfirmar como para descartar uma Fibromialgia.Em caso de confirmação diagnóstica o doente de-verá ser referenciado á Especialidade de Reumato-logia, não esquecendo que o seu tratamento é sem-pre multidisciplinar. Conclusões: O Médico de Família desempenha umpapel fundamental perante um doente com sus-peita de Fibromialgia, tanto para confirmar comopara descartar a presença desta doença. O segui-mento dos casos mais leves poderá ser feitos noCentro de Saúde. O doente deve conhecer muitobem a sua doença para assim poder melhor vivere conviver com ela.

P7 – DEGRADAÇÃO DAS PROPRIEDADES

BIOMECÂNICAS DO OSSO SECUNDÁRIAS A

ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS E QUALITATIVAS

INDUZIDAS POR ARTRITE NO RATINHO SKGJoana Caetano-Lopes,1 Ana Margarida Nery,1

Ricardo Henriques,1 Helena Canhão,1,2

Joana Duarte,1 Pedro M. Amaral,3 Mário Vale,2

Rita Moura,1 Patrícia A. Pereira,1

Pamela Weinmann,1 Margarida Souto-Carneiro,4

Paulo Rego,2 Jacinto Monteiro,2

Shimon Sakagushi,5 Luis Graça,1

Mário Viana Queiroz,2 Maria Fátima Vaz,3

João Eurico Fonseca1,2

1. Instituto de Medicina Molecular2. Hospital de Santa Maria

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3. Instituto Superior Técnico4. Instituto Gulbenkian de Ciência5. Institute for Frontier Medical Sciences

Objectivos: A artrite reumatóide (AR) induz umaumento do risco de fractura, causada por trauma-tismos de baixa energia, que é parcialmente expli-cável por uma redução da densidade mineral ós-sea. No entanto, a susceptibilidade do osso à frac-tura depende, não só da sua densidade mineral,mas também da sua qualidade estrutural, quepode ser avaliada por testes biomecânicos. Comeste estudo pretende-se avaliar o impacto da artri-te na estrutura e propriedades biomecânicas doosso, num modelo animal de artrite.Material e Métodos: O trabalho foi realizado no ra-tinho SKG, que desenvolve uma poliartrite crónica,semelhante à AR humana. Realizaram-se ensaiosde flexão de três pontos em fémures de ratinhos fê-meas controlo e com artrite, enquanto as vértebrasforam submetidas a testes de compressão. A partirdeste tipo de ensaios podemos obter curvas de ten-são-extensão. Nestas curvas, podem determinar--se a tensão de cedência , a tensão corresponden-te à carga máxima, a extensão máxima, o declive nazona elástica (módulo de Young) e a energia absor-vida até à tensão máxima. As amostras foram ain-da observadas e analisadas quimicamente por mi-croscopia electrónica de varrimento (SEM) asso-ciada a espectroscopia de dispersão de raios X. A es-trutura do colagénio foi avaliada usando imagemde geração de segunda harmónica (SHG) num mi-croscópio de excitação de dois fotões.Resultados: Verificou-se que, nos animais com ar-trite, existiam alterações nas propriedades biome-cânicas em comparação com o controlo. A densi-dade dos ossos de ratinhos com artrite era menordo que os controlos. As imagens obtidas por SEMe SHG indicaram a existência de menor número detrabéculas e alterações na organização do colagé-nio nas vértebras de animais com artrite.Conclusões: Estes dados demonstram que a infla-mação crónica induz uma redução na densidadedo osso, afectando também a sua organização tra-becular, e conduzindo à degradação das proprie-dades biomecânicas do osso, nomeadamente rigi-dez, ductilidade e resistência ósseas. Intervençõesfarmacológicas que documentem uma interferên-cia com estes parâmetros poderão ser particular-mente eficazes na redução da probabilidade defractura em doentes com AR. Trabalho financiadopela bolsa FCT-PTDC/SAL-BEB/65992/2006

P8 – ABORDAGEM DA ARTRITE SÉPTICA NA INFÂNCIA,EM MEDICINA GERAL E FAMILIAR

Maria Dolores Perez Garcia1

1. C. S. Braga - Esporões

Objectivos: Rever e sintetizar a informação dispo-nível sobre o diagnóstico e orientação clínica e te-rapêutica sobre a artrite séptica na infância, emMedicina Geral e FAmiliar.Material e Métodos: Efectuou-se uma revisão bi-bliográfica na MEDLINE e Índex RMP, de análises,ensaios clínicos, revisões e «guidelines», publica-das entre Janeiro de 2002 e Dezembro de 2007, uti-lizando as palavras-chave: «Infectious arthritis», «pediatrics», «diagnosis» e «treatment».Resultados: Normalmente a artrite séptica afecta auma só articulação (como o joelho). O processo in-feccioso pode começar em qualquer parte do cor-po e depois migrar pelo sangue até á articulação. Osprincipais factores de risco são: imunodepressão,alcoolismo, neoplasias, feridas cutâneas, infecçõesrespiratórias e traumatismos articulares. O micror-ganismo mais comum é o S. Aureus. O diagnósticofaz-se através de história clínica, exploração física,técnicas de imagem e análises ao sangue e liquidoarticular. O tratamento consiste em antibioterapia,às vezes complementada com cirurgia.Conclusões: Cerca de 63% dos casos de artrite sép-tica aparecem antes dos 5 anos de idade. O Médi-co de Família, como porta de entrada do utente aoServiço Nacional de Saúde, deve estar alerta paraos sinais e sintomas que possam evidenciar a pre-sença desta doença nas crianças, para assim serpossível efectuar um diagnóstico e tratamento pre-coces. Apresenta-se uma proposta de algoritmo deavaliação da artrite séptica pediátrica, nos Cuida-dos de Saúde Primários.

P9 – FACTORES REUMATÓIDES E ANTI-CCP NA

SÍNDROME DE SJÖGREN – COMPARAÇÃO COM A

ARTRITE REUMATÓIDE E INDIVÍDUOS SAUDÁVEIS

F Barcelos,1 I Abreu,2 H Guimarães,2 M Parente,1

H Trindade,2 J Vaz Patto1

1. Instituto Português de Reumatologia2. Departamento de Imunologia, Faculdade de Ciências Médicas

Objectivos: Os factores reumatóides (FR) são imu-noglobulinas (Igs) de qualquer isótipo (M, A,G,E,D)dirigidos contra a porção Fc da IgG Humana (H)e/ou Animal (A). Os FR IgM são geralmente detec-

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tados pelos métodos de aglutinação (RA teste e Wa-aler Rose), e os IgA por ELISA. Os FR surgem em 50a 90% dos doentes com AR e têm papel diagnósti-co e prognóstico. Na S. Sjögren primário (SSp) sãodetectados em 20 a 95% dos casos. Os anticorposanti-CCP, pelo contrário, são altamente específicosda AR.Material e Métodos: Avaliar a prevalência de anti--CCP e dos subtipos de FR IgM e IgA no SSp e naAR com ou sem SSs. Foi feita uma avaliação trans-versal de 31 doentes com SSp, 31 com AR (dos quais10 com SSs) e 31 controlos saudáveis, sendo avali-ados a presença de artrite, a VS, PCR, anti-CCP eFR IgM e IgA por dois métodos diferentes: ELISA(Orgentec e Quanta Lite) e Tecnologia Luminex(imunoensaio múltiplo). O anti-CCP foi determi-nado por ELISA de 3ª geração (Quanta Lite).Resultados: O sexo feminino predominava em to-dos os grupos (100% no SSp, 96,8% na AR e 100%no controlo). No SSp a idade média foi de 55,7 anose a duração média da doença de 8,8 anos e na ARa idade média e duração da doença foram de 57,9e 10,8 anos, respectivamente. Na AR com SSs a ida-de média e duração da doença foram superiores àsdo grupo AR sem SSs: 62,4 vs 55,9 anos e 14,9 vs 9,1anos, respectivamente. No SSp 17 doentes (54,8%)tinham envolvimento sistémico e 9 tinham artrite(29,0%). Os valores de VS no SSp e na AR são seme-lhantes quando considerados no global, mas veri-fica-se que a presença de artrite e sindroma secose associa a maiores valores de VS, quer no grupoSSp com artrite, quer no grupo AR com SSs. A PCR,foi inferior no SSp com artrite e no SSs em relaçãoao total de SSp e AR. Em relação à prevalência deFR IgM, variou entre 35,5% e 74,2% no SSp, e entre51,6% e 90,3% na AR, enquanto o FR IgA estevepresente em 80% no SSp e em 74,2% na AR. Os an-ticorpos anti-CCP foram detectados em 6,9% dosdoentes com SSp, nenhum dos quais com artrite,e em 64,5% dos doentes com AR. Destaca-se o fac-to de que os anti-CCP foram mais prevalentes naAR com SSs do que na AR sem SS.Conclusões: No diagnóstico diferencial entre SSpe AR (com ou sem SS), os factores reumatóides nãoparecem ter utilidade. Os FR IgA, tal com o IgM,surgiu igualmente em ambas as patologias, embo-ra com maior prevalência na AR com SSs. A deter-minação dos anti-CCP demonstrou elevada espe-cificidade na distinção entre ambas as entidades.No entanto, a pequena dimensão da nossa popu-lação não permite a extrapolação destes resultadospara o universo do SSp.

P10 – ANSIEDADE E DEPRESSÃO NO SÍNDROMA DE

SJÖGREN PRIMÁRIO

F Barcelos,1 J Vaz Patto,1 M Sousa,1 R Figueiredo,1

M Parente,1 A Teixeira1

1. Instituto Português de Reumatologia

Objectivos: O Síndroma de Sjögren Primário (pSS)é uma doença inflamatória crónica caracterizadapor infiltração linfocitária e lesão auto-imune dasglândulas exócrinas. Além das queixas secas, é fre-quente a presença de artrite ou manifestações ex-tra-glandulares, nomeadamente hepáticas, neu-rológicas, renais, pulmonares cutâneas ou vascu-lite. Em muitos doentes coexistem importantesmanifestações de ansiedade e depressão que con-tribuem para uma maior impacto da doença naqualidade de vida.Material e Métodos: Pretende-se avaliar a presen-ça de ansiedade e depressão no pSS e identificarpossíveis factores associados ou agravantes. Fo-ram avaliados 25 doentes com SSp, definido peloscritérios do «American-European ConsensusGroup», aos quais se aplicaram as escalas de ansie-dade e depressão «Hospital Ansiety and Depres-sion Scale» (HADS), os questionários de queixassecas «Ocular Surface Disease Index» (OSDI), «Xe-rostomia Index» (XI) e «Oral Health-related Qualityof Life» (OHr-QOL). A função glandular foi aferidacom o teste de Schirmer e a sialometria não-esti-mulada. Foram consultados os registos clínicospara a caracterização clinico-laboratorial. A análi-se estatística foi efectuada com a Correlação deSpearman e com o teste de Mann-Whitney.Resultados: Todos os doentes eram do sexo femi-nino, com idade média de 54,1±12,5 anos e dura-ção da doença de 10,7±8,5 anos. As principais ma-nifestações extraglandulares foram: artrite (13,6%),fadiga (21,4%), envolvimento neurológico (20,0%),hepático (13,0%), renal (4%) e vasculite (4%). Uti-lizando a escala HADS, 66,7% dos doentes tinhamansiedade moderada a grave (score superior a 10)e 32,0% depressão moderada a grave (score supe-rior a 10). Exceptuando a associação entre o HADS--ansiedade e a fadiga (p=0,015), não existiam ou-tras associações entre a presença de ansiedade oudepressão e as manifestações extraglandulares ouparâmetros laboratoriais. Menores valores de sia-lometria e Schirmer associavam-se a maiores valo-res na escala HADS, quer para ansiedade, quer paradeprssão, embora sem significado estatístico. Ve-rificou-se uma associação estatisticamente signi-ficativa entre a escala HADS-ansiedade e a presen-

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ça de depressão (P=0,000), o XI (p=0,006), o Ohr-QOL (p=0,001) e a idade actual (p=0,022). A escalaHADS-depressão correlacionava-se com a ansie-dade (p=0,000) e a idade actual (p=0,049), e quaseatingiu significância em relação ao Ohr-QOL(p=0,054) e à idade de início (p=0,070). Conclusões: Encontrámos elevada prevalência deansiedade e depressão, que se correlacionavamentre si. Verificou-se uma associação significativaentre a ansiedade e a gravidade (XI) e o impacto(Ohr-QOL) da xerostomia, mas não da xeroftalmia(OSDI), o que não ocorre no caso da depressão.Existe uma associação positiva entre a idade e osíndices de ansiedade e depressão, que não se cor-relacionou com o tempo de evolução. É tambémimportante realçar que a fadiga se associa à ansie-dade, mas não à depressão.

P11 – UTILIZAÇÃO DA SIALOMETRIA NÃO-ESTIMULADA

NUMA CONSULTA DE SÍNDROMA DE SJÖGREN

F Barcelos,1 J Vaz Patto,1 M Parente,1 A Teixeira1

1. Instituto Português de Reumatologia

Objectivos: O Síndroma de Sjögren primário (SSp)é uma doença inflamatória crónica caracterizadapor infiltração linfocitária das glândulas exócrinas.É necessária a presença de 4 entre 6 critérios do«American-European Consensus Group», mas odiagnóstico definitivo nem sempre é fácil, sobre-tudo no que respeita aos exames funcionais. A si-alometria não-estimulada é um teste funcionalque consiste na recolha de toda a saliva sob con-dições basais durante um período de tempo entre10 e 15 minutos. Material e Métodos: Pretende-se avaliar a aplica-bilidade e utilidade da realização de sialometrianão-estimulada aos doentes com SSp no âmbito daconsulta externa. Realizou-se sialometria não-es-timulada a 28 doentes consecutivos com SSp e a 20indivíduos saudáveis assintomáticos do mesmosexo e idade, e compararam-se os resultados obti-dos. No SSp foi também correlacionado o fluxo sa-livar com o grau de compromisso funcional na cin-tigrafia das glândulas salivares, classificado de 1=ligeiro a 7= muito grave. A análise estatística foifeita com o teste de Mann-Whitney e a Correlaçãode Spearman. Resultados: A idade média dos doentes e controlosera semelhante (55,1±12,3 anos versus 54,1±12,1anos). Foi feita a recolha de saliva global duranteum período de 10 minutos, e os resultados foram

expressos em ml/min. Considera-se que as quei-xas secas surgem quando o fluxo salivar basal é in-ferior a metade o normal, que é de cerca de 0,30ml/minuto. Deste modo, o limiar da xerostomiaserá de cerca de 0,15 ml/min, que se assume comoo valor de referência do teste. O fluxo salivar esta-va significativamente reduzido nos doentes comSSp relativamente aos controlos (0,08±0,01 ml/minversus 0,38±0,25 ml/min, p=0,000). No SSp verifi-cou-se que os doentes com menor fluxo salivar nasialometria apresentavam maior grau de compro-misso funcional na cintigrafia das glândulas sali-vares, sendo a correlação estatisticamente signifi-cativa (p=0,037).Conclusões: Estes resultados preliminares apoiama utilidade da sialometria não-estimulada na ava-liação de doentes com suspeita de SSp, uma vezque pode confirmar a hipofunção salivar de ummodo rápido e barato. A correlação com as altera-ções cintigráficas vem reforçar o valor deste instru-mento. Numa consulta especializada de Sindromade Sjögren, a disponibilidade imediata de um tes-te funcional salivar, paralelamente ao teste ocularde Schirmer, constitui uma mais-valia na triageme classificação do SSp.

P12 – AVALIAÇÃO DE QUALIDADE AOS PROCESSOS

CLINICOS DOS DOENTES COM ESCLEROSE SISTÉMICA

NUMA CONSULTA DE REUMATOLOGIA APÓS UM ANO

DE APLICAÇÃO DE UM PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO

ESPECÍFICO

Margarida Mateus,1 António A. Matos,1,2

Jaime C. Branco1,2

1. Serviço de Reumatologia, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, EPE - Hospital Egas Moniz, Lisboa2. Faculdade da Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa

Objectivos: Em 2006 os autores avaliaram segun-do padrões já publicados, a prática médica relati-va aos doentes com esclerose sistémica (ES) prati-cada no seu Serviço. Como a avaliação não eraefectuada de modo uniforme, foi elaborado umprotocolo para aplicação em todas as consultas. Oobjectivo dos autores é avaliar se a aplicação des-te protocolo, após um ano da sua elaboração, éefectuado de facto, e se proporciona informaçãoadequada para a avaliação dos índices de activida-de e de gravidade da doença. Material e Métodos: Foi elaborado um protocolode avaliação para os doentes com o diagnóstico de

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ES, para ser aplicado em todas as consultas. Esteconsiste num conjunto de perguntas simples, al-gumas de resposta fechada, abrangendo quer nahistória, quer no exame objectivo, alterações ge-rais, vasculares, cutâneas, sistema músculo-esque-lético, gastro-intestinal, cardio-respiratório e re-nal e o perfil imunológico. Foram assim analisadostodos os processos clínicos de doentes com ES se-guidos na nossa consulta e excluídos desta análi-se os que não tinham utilizado o protocolo. Foi re-tirada a informação sobre a idade, o sexo, o tempode duração da doença, a observância dos critériosde classificação da SS do ACR, major e minor, asub-classificação em cutâneo-difusa ou cutâneo-localizada, a presença dos AAN, Anti-centrómeroou Anti-SCL70, o índice cutâneo de Rodnan modi-ficado, o índice de actividade da doença, o índicede gravidade por órgão e a realização anterior decapilaroscopia.Resultados: Dos 26 processos clínicos analisados,9 não apresentavam o protocolo. Dos 17 incluídosno estudo, 15 são do sexo feminino. Em 11 dosdoentes foram observados os critérios major declassificação, e nos critérios minor verificou-se ine-xistência de informação só num doente relativa-mente à fibrose pulmonar. Um total de 10 doentesfoi classificado pelos autores como SS cutâneo-lo-calizada e 2 como ES cutâneo difusa. Os restantes5 doentes apresentavam o diagnóstico de CREST,não cumprindo os critérios de classificação doACR, tendo o diagnóstico sido baseado na presen-ça de Ac.Anti-centrómero, fenómeno de Raynaud,presença de telangectasias e capilaroscopia. O per-fil imunológico estava presente na totalidade dosprocessos. Apenas em 4 dos doentes não foi reali-zado o índice cutâneo de Rodnan modificado. O ín-dice de actividade da doença foi determinado par-cialmente em 6 doentes e o índice de gravidadepor órgão não foi possível determinar para os sis-temas pele, articular, tracto GI, pulmão e coraçãoem 4, 1, 1, 2 e 4 doentes, respectivamente. A capi-laroscopia foi realizada em 7 doentes, 4 compatí-vel com um padrão lento, uma com um padrão rá-pido e 2 com alterações não específicas.Conclusões: A resistência à introdução do novométodo de avaliação clínica foi importante, ates-tado pela quantidade de processos excluídos. Oprotocolo utilizado revelou algumas falhas na suaconcepção, não permitindo responder com preci-são a alguma dos parametros exigidos para avalia-ção dos índices de actividade e gravidade da doen-ça. Esta auditoria ao protocolo foi importante no

sentido de o melhorar, com a finalidade de melhorresponder e tratar estes doentes.

P13 – ENTERITE LÚPICA: UMA CAUSA RARA DE DOR

ABDOMINAL AGUDA

Margarida Coutinho,1 Luis Inês,1 Armando Malcata1

1. Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Em doentes com Lúpus EritematosoSistémico (LES), a investigação da etiologia de umador abdominal aguda representa, com frequência,um desafio diagnóstico. Os autores apresentam ocaso clínico de uma doente com LES que recorreuao serviço de urgência por dor abdominal aguda.O diagnóstico final foi de Enterite Lúpica. Material e Métodos: C.M.C., sexo feminino, de raçabranca, com 33 anos de idade, portadora de LES(com envolvimento articular, hematológico e imu-nológico) e de surdez congénita, que recorreu aoserviço de urgência por dor abdominal difusa, in-tensa e de instalação súbita, associada a vómitosaquosos, com cerca de 48 horas de evolução. Semantecedentes de febre ou de alterações recentesdo trânsito intestinal. Ao exame objectivo (admis-são), apresentava-se apirética e normotensa, semalterações à auscultação pulmonar e cardíaca e, aoexame abdominal, com dor à palpação superfici-al e profunda de todos os quadrantes, sem defesamas com acentuada diminuição global dos ruídoshidroaéreos. Ao exame reumatológico, ausência desinovite. Resultados: Do estudo laboratorial destacava-se apresença de um hemograma com contagem deplaquetas normal, VS (1ª hora): 54 mm, ureia: 52.2mg/dl, creatinina: 1.7 mg/dl, K+: 3.2 mmol/L, al-bumina: 2.8 g/dl e PCR: 0.62 mg/dl (amilase pan-creática e restantes parâmetros de bioquímica nor-mais) e factores de complemento diminuídos (C3:0.54 G/L e C4: 0.07 G/L). A ecografia abdominal vi-ria a revelar a presença de derrame peritoneal vo-lumoso e de ansas de intestino delgado de paredeespessada (9 mm de espessura) localizadas no flan-co esquerdo, alterações estas corroboradas porTAC abdomino-pélvica, que permitiu, igualmente,a identificação de ansas intestinais com estratifi-cação da parede em alvo. Foi efectuada terapêuti-ca com metilprednisolona ev (1gr/dia) durante 3dias, à qual se seguiu terapêutica com prednisolo-na oral (1 mg/kg/dia), com resolução da sintoma-tologia. Conclusões: A Enterite Lúpica representa uma das

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complicações gastrointestinais mais graves emdoentes com LES, podendo evoluir para a perfura-ção intestinal. O estabelecimento de um diagnós-tico atempado, com consequente instituição decorticoterapia em dose elevada associam-se, habi-tualmente, a uma evolução clínica favorável.

P14 – TUMEFACÇÃO DAS PARÓTIDAS NO SÍNDROMA

DE SJÖGREN PRIMÁRIO

F Barcelos,1 J Vaz Patto,1 R Figueiredo,1 M Sousa,1

D Medeiros,1 C Miguel,1 M Parente,1 A Teixeira1

1. Instituto Português de Reumatologia

Objectivos: O Síndroma de Sjögren Primário (SSp)é uma doença inflamatória crónica caracterizadapor infiltração linfocitária das glândulas exócrinas.A tumefacção das parótidas é uma manifestaçãofrequente e característica deste processo. Manifes-tações extra-glandulares incluem fadiga, artralgiase artrite, envolvimento pulmonar, neurológico, re-nal ou hepático, vasculite. Pretende-se averiguar aexistência de diferenças clínico-laboratoriais emdoentes com SSp com ou sem tumefacção das pa-rótidas. Material e Métodos: Foram avaliados retrospecti-vamente 82 doentes com SSp, definido pelos cri-térios do «American-European Consensus Group».Formaram-se dois grupos de acordo com a pre-sença de tumefacção parotídea (23 doentes – 28%)ou a sua ausência (59 doentes – 72%), e regista-ram-se os dados clínicos e laboratoriais através daconsulta dos registos médicos. A 21 doentes (his-tória tumefacção parotídea presente em 7 e ausen-te em 14) foi feita uma avaliação das queixas secascom o teste de Schirmer e a sialometria não-esti-mulada,e aferido o impacto das queixas de xeros-tomia através dos questionários «Xerostomia In-dex» (XI), «Oral Health-related Quality of Life»(OHr-QOL) e «Hospital Ansiety and DepressionScale» (HADS). Statistical analysis was performedwith the Qui-square and Mann-Whitney tests.Resultados: Os 82 doentes eram todos do sexo fe-minino, com idade media de 54,4 anos ±12,2 (26-77) sem diferenças entre os dois grupos. Não se re-gistaram diferenças significativas entre os doentescom ou sem tumefacção parotídea quanto à pre-sença de artrite (34,8% versus 22,0%), a fadiga (53,3vs 45,0%), envolvimento renal (13,0 vs 10,2%), he-pático (33,3% vs 22,4%), neurológico (15,0 vs21,6%) e vasculite (0 vs 11,9%). Verificaram-se di-ferenças no perfil laboratorial, uma vez que os

doentes com tumefacção glandular apresentavammaior frequência de anti-SSA (91,3 vs 76,3%,p=0,125), anti-SSB (73,9 vs 47,5%, p=0,031), facto-res reumatóides (FR) (84,2 vs 50,0%, p=0,009) e ele-vação da VS (média: 58,9 vs 43,5mm, p=0,029).Quanto à presença de hipergamaglobulinemia e decrioglobulinas, não se verificaram diferenças sig-nificativas. O teste de Schirmer foi semelhante emambos os grupos, mas o fluxo salivar por sialome-tria foi inferior nos doentes com tumefacção pa-rotídea (0,06 vs 0,09 ml/minuto, p=ns), associadoa maior impacto no questionário «XI» (p=0,005) e«Ohr-QOL» (ns, p=0,190), referentes à xerostomia,e também em relação ao «HADS-ansiedade» (ns,p= 0,100) e «HADS-depressão» (p=0,312).Conclusões: A tumefacção das parótidas parecetraduzir uma resposta imunológica mais intensa eespecífica, dada a elevação da VS e presença deAnti-SSA e SSB e FR, embora sem diferenças signi-ficativas nas manifestações clínicas. A maior dis-função glandular está associada à gravidade e im-pacto da xerostomia, mas o reduzido número dedoentes avaliados não permitiu atingir significân-cia estatística. Futuras avaliações seriadas poderãoconformar estas impressões.

P15 – CARACTERIZAÇÃO DOS RESULTADOS DA

PESQUISA DE CRISTAIS NO LÍQUIDO SINOVIAL

Margarida Coutinho,1 Sara Serra,1

M.João Salvador,1 Armando Malcata1

1. Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Caracterização dos resultados da pes-quisa de cristais em amostras de líquido sinovial edos principais antecedentes patológicos, hábitosmedicamentosos e manifestações clínicas que mo-tivaram a respectiva artrocentese, em doentes quese encontraram em seguimento clínico no serviçode Reumatologia dos Hospitais da Universidadede Coimbra (internamento e consulta externa), du-rante o período decorrido de 1 de Janeiro de 2000a 31 de Dezembro de 2007.Material e Métodos: Pesquisa de cristais em amos-tras de líquido sinovial (por microscopia óptica deluz polarizada), com posterior identificação dosdoentes cujo resultado se revelou positivo e em re-lação aos quais foram pesquisados os seguintesparâmetros: sexo, idade, antecedentes patológi-cos, hábitos medicamentosos, tipo de envolvimen-to articular (monoarticular, oligoarticular ou poli-articular), hipótese de diagnóstico inicial, tipo de

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cristal identificado e diagnóstico definitivo.Resultados: Enviadas para pesquisa e identificaçãode cristais 513 amostras de líquido sinovial, cujascolheitas foram efectuadas durante o período de-corrido entre 1 de Janeiro de 2000 e 31 de Dezem-bro de 2007, das quais apenas 60 (11.7%) revelarama presença de cristais. Cerca de 80% dos doentesera do sexo masculino, sendo a idade média de59.7 anos (ambos os sexos). Relativamente aos an-tecedentes patológicos destes doentes, foi identi-ficada a presença de hiperuricémia em 68.3% doscasos, seguida de hipertensão arterial (58.3%), eti-lismo crónico (30%) e de insuficiência renal agu-da ou crónica agudizada (28.3%), como antece-dentes mais relevantes. Cerca de 25% dos doentescumpria medicação com inibidores da enzima deconversão da angiotensina II (IECA). A maioria dosdoentes apresentava envolvimento oligoarticular(45%) e a hipótese de diagnóstico inicial foi de Ar-trite Microcristalina em 65% dos doentes, seguidade Artrite Reumatóide (15%). As amostras de líqui-do sinovial revelaram, em 55.0% dos casos, a pre-sença de cristais de Urato Monossódico, tendo sidoidentificados cristais de Ácido Úrico em 41.7% dasamostras e cristais de Pirofosfato de Cálcio em ape-nas 3.3%. Conclusões: A pesquisa de cristais no líquido sino-vial (por microscopia óptica de luz polarizada),continua a ser um método simples, pouco dispen-dioso e útil na confirmação diagnóstica e no esta-belecimento do diagnóstico diferencial de uma Ar-trite Microcristalina.

P16 – PÚRPURA DE HENOCH-SCHÖNLEIN – A PROPÓSITO DE 2 CASOS CLÍNICOS

P. Abreu,1 C. Duarte,1 S. Serra,1 P. Monteiro,1

M.J. Saavedra,1 M.J. Salvador,1 A. Malcata1

1. Reumatologia, Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: A púrpura de Henoch-Schonlein (PHS)é uma vasculite sistémica que atinge os vasos depequeno calibre caracterizada pela deposição deimunocomplexos contendo IgA na pele, tracto gas-trointestinal, articulações e rins. Esta vasculiteafecta predominantemente crianças (incidência é± 15 casos/100.000 crianças/ano) sendo a sua his-tória natural menos conhecida em adultos. A suagravidade e manifestações clínicas são diferentesdaquelas das crianças. Objectivo: descrever 2doentes adultos com PHS.Caso clínico 1. Paciente de 58 anos, com antece-

dentes de esquizofrenia paranóide e hipertensãoarterial, com febre, púrpura, dor abdominal, ar-tralgias de ritmo inflamatório e edema dos mem-bros inferiores e região dorsal das mãos com evo-lução de uma semana, após quadro de amigadali-te pultácea. Exame objectivo: apirético, TA =160/110mmHg, com lesões purpúricas nos mem-bros inferiores e região dorsal. Auscultação cardio-pulmonar sem alterações. Exame abdominal: dorà palpação superficial e profunda. Sem sinovite.Exame da orofaringe: hipertrofia amigdalina comexsudado purulento. Analiticamente: leucocitose(19900). PCR e VS elevadas – 9.8 mg/dl e 63 mm (1ªHora), respectivamente. Urina tipo II: sedimentourinário activo - proteínas (138mg/dl), leucócitos(469 uL/campo) e eritrócitos (393 uL/campo). Pro-teinúria 24H = 948.5mg. Estudo do complementonormal, ANA’s e ANCA’s negativos. Foi iniciada an-tibioterapia e corticoterapia (1mg/Kg/dia) obten-do-se boa resposta clínica e analítica.Caso clínico 2.Paciente 46 anos internado por púr-pura, hemorragia intestinal baixa e hematúria comum mês de evolução sem qualquer factor desen-cadeante reconhecido. Havia sido internado pre-viamente em outra unidade de saúde onde foi sub-metido a laparotomia exploradora (por hemorra-gia baixa). Ao exame objectivo: apirético, palidezcutâneo-mucosa, TA=130/70mmHg, com lesõespurpúricas nos membros inferiores. Analiticamen-te: leucocitose (15900), trombocitopenia (127000)e anemia (Hb=10,6 g/dl). PCR e VS normais – 0,86mg/dl e 6 mm (1ª Hora), respectivamente. Urinatipo II: proteínas (129 mg/dl) e eritrócitos (2556uL/campo). Determinação de proteinúria 24H:1124 mg. Estudo do complemento normal, ANA’s,ANCA’s e anti-MBG negativos. Efectuou biópsia re-nal: glomerulonefrite proliferativa mesangial comdepósitos ligeiros de IgA. Iniciou corticoterapia(1mg/Kg/dia) obtendo-se fraca resposta clínica e analítica pelo que iniciou ciclofosfamida(750mg/m2) após realização de biopsia renal. Hou-ve redução dos valores de proteinúria, assim comomelhoria da clínica. Desenvolveu diabetes secun-dária a corticoterapia com necessidade de insuli-noterapia e hipertensão arterial.Conclusões: As vasculites devem ser suspeitas emqualquer doente com doença multissistémica quenão é rapidamente explicada por processo infec-cioso ou neoplásico. A PHS é a vasculite sistémicamais frequente em crianças, habitualmente comcurso benigno da doença apenas necessitando deterapêutica de suporte. Em adultos, a resolução

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espontânea da doença é menos comum e o riscode progressão para a insuficiência renal é elevado.

P17 – VALOR DA CINTIGRAFIA DAS GLÂNDULAS

SALIVARES NA SÍNDROME DE SJÖGREN

F Vinagre,1 AI Santos,2 MJ Santos,1 A Oliveira,3

A Prata,2 J Canas da Silva1

1. Serviço de Reumatologia, Hospital Garcia de Orta2. Serviço de Medicina Nuclear, Hospital Garcia de Orta3. Serviço de Anatomia Patológica, Hospital Garcia de Ora

Objectivos: A cintigrafia das glândulas salivares éum método não invasivo de avaliação funcionaldas glândulas salivares major, aceite como critériode diagnóstico pelo European Study Group for Sjö-gren Syndrome (ESG-SS). Pretendeu-se avaliar odesempenho quer da classificação de Schall querde parâmetros semi-quantitativos de captação doradiofármaco e de resposta a estímulo excretor.Adicionalmente, procurou-se identificar os dadoscintigráficos mais associados à Síndrome de Sjö-gren primária (SSp).Material e Métodos: Estudo observacional de 63doentes do sexo feminino, com suspeita clínica deSS e idade média de 56 ± 12.9 anos. Vinte doentestinham diagnóstico de SSp de acordo com os cri-térios do ESG-SS, os restantes não preenchiam cri-térios. Todos realizaram cintigrafia das glândulassalivares, a qual foi interpretada através da classi-ficação de Schall, do grau de captação do radiofár-maco em ambas as parótidas e submaxilares, damorfologia das curvas actividade-tempo e de índi-ces semi-quantitativos de captação e de excreção.Para avaliar a existência de diferenças estatistica-mente significativas nos parâmetros cintigráficosentre os doentes com e sem critérios para SSp, fo-ram utilizados a regressão logística e o teste deFisher na comparação de parâmetros qualitativose o teste t-Student para os índices semi-quantita-tivos, após confirmada a distribuição normal dosvalores obtidos, através do teste de Kolmogorov--Smirnov.Resultados: Nos doentes com SSp, verificou-seconcordância entre os resultados da cintigrafia e osda biopsia de glândulas salivares minor. Os dadoscintigráficos foram significativamente inferioresno grupo de doentes com SSp, apenas ao nível dasglândulas submaxilares e em todos os parâmetrosavaliados: a) parâmetros qualitativos – grau decaptação do radiofármaco (OR 0,24; 95% CI 0,1 –0,6; p=0,003), morfologia das curvas actividade-

-tempo (OR 0,28 ; 95% CI 0,1 – 0,6 ; p=0,001) e clas-sificação de Schall (OR 10,5; 95% CI 2,9 – 37,8;p<0,001); b) índices semi-quantitativos – captaçãoao 1º minuto (p=0,005), captação máxima (p=0,01),relação entre fixação máxima e ao 1º minuto(p=0,002) e resposta excretora (p=0,006).Conclusões: A classificação de Schall, apesar dequalitativa e observador dependente, tem valordiagnóstico na SSp. As glândulas submaxilares fo-ram as que apresentaram alterações cintigraficasmais marcadas. Os parâmetros semi-quantitativosdemonstraram concordância com a classificaçãode Schall, podendo, no entanto, apresentar valorincremental na interpretação da cintigrafia. É, por-tanto, necessário o estabelecimento de limiares denormalidade que permitam o seu uso na práticaclínica.

P18 – AVALIAÇÃO CARDÍACA DE DOENTES

COM ARTRITE PSORIÁTICA

Mónica Bogas,1 Ana Ribeiro,1 José A. Costa,1

Lúcia Costa,1 Carmo Afonso,1 Domingos Araújo1

1. CHAM, Ponte de Lima

Objectivos: Introdução – As alterações valvularese as perturbações da condução cardíaca são co-nhecidas como fazendo parte das manifestaçõesextra-articulares da espondilite anquilosante. Aprevalência destas manifestações na artrite psoriá-tica (APs) não está bem documentada. Objectivos:Determinar a prevalência e o tipo de alteraçõesecocardiográficas (ECO) e electrocardiográficas(ECG) num grupo de doentes com APs e avaliar asua relação com o compromisso raquidiano infla-matório. Material e Métodos: Estudo transversal de um gru-po de doentes com o diagnóstico de artrite psoriá-tica (segundo critérios CASPER), seguidos em con-sulta de reumatologia, submetidos a avaliação car-díaca por 2 métodos não invasivos, ecocardiogra-ma Doppler e electrocardiograma. Resultados: Avaliados 40 doentes, 22 homens e 18mulheres, com idade média de 46 anos (30-74),tempo de evolução médio de 126 (7-540) meses ecompromisso axial em 20 (50%) doentes. A dilata-ção da raiz da aorta, sinais de insuficiência aórti-ca ligeira, sinais de insuficiência mitral e dilataçãoda aurícula esquerda foram evidentes em 2 (5%),4 (10%), 11 (28%) e 9 (23%) doentes respectiva-mente. Hipertrofia ventricular esquerda ou do sep-to interventricular foi detectada em 6 (15%) doen-

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tes e alterações do relaxamento ventricular esquer-do em 5 (13%) doentes. Sinais de insuficiência tri-cúspide foram encontrados em 6 (15%) doentes.Não se detectaram alterações valvulares compatí-veis com estenose aórtica ou mitral, compromis-so da função sistólica ventricular esquerda, bemcomo, sinais de aortite ou pericardite. Alteraçõeselectrocardiográficas foram encontradas em 15(38%) doentes: bradicardia sinusal em 8 (20%), si-nais de hipertrofia ventricular em 3 (8%), extrassís-toles ventriculares em 2 (5%) e alterações inespe-cíficas da repolarização em 2 (5%). Não se encon-trou associação entre o compromisso axial e as al-terações electro ou ecocardiográficas.Conclusões: As alterações electro ou ecocardio-gráficas encontradas são heterogéneas e vulgar-mente encontradas em amostras de rastreio da po-pulação em geral. Embora mais frequentes nestegrupo, quer as alterações electro como ecocardio-gráficas não estiveram associadas de forma esta-tisticamente significativa à espondilite psoriática.

P19 - CASUÍSTICA DE TUBERCULOSE EM DOENTES A

CUMPRIR TERAPÊUTICA ANTI-TNFα: 7 ANOS DE

EXPERIÊNCIA NO SERVIÇO DE REUMATOLOGIA DO

HOSPITAL DE EGAS MONIZ

L. Pinto,1 P. Nero,1,2 C. Ribeiro,1 J.C. Branco1,2

1. Serviço de Reumatologia do CHLO, EPE-HospitalEgas Moniz, Lisboa2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa

Objectivos: Neste trabalho estudámos as ca-racterísticas dos doentes reumáticos que desen-volveram tuberculose sob terapêutica com anti--TNF-α. Material e Métodos: Foram consultados os pro-cessos clínicos entre 2000 a 2007 de todos os doen-tes, com qualquer doença reumática, que cumpri-ram terapêutica com Adalimumab, Infliximab eEtanercept, tendo sido colhidos dados demográfi-cos, clínicos e terapêuticos. Resultados: Foram analisados 137 doentes, comuma idade média de 52, 8 anos ± 14,8. Destes doen-tes 85% eram do sexo feminino. Das patologias tra-tadas com estes agentes salientamos: 68,9% (93) dedoentes com Artrite Reumatóide (AR); 16,8% (23)com Espondilite Anquilosante (EA); 10,9% (15)com Artrite Psoriática (AP); 1,5% (2) com Espondi-loartropatia associada a doença inflamatória in-testinal (SPA associada a DII) e ainda 1,5% (2) com

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Artrite Idiopática Juvenil (AIJ). Relativamente aosfármacos biológicos usados como primeiro agen-te na terapêutica destes doentes, as percentagensforam as seguintes: 59% iniciaram tratamento comInfliximab, 46% com Etanercept e 24% com Adali-mumab. Durante os 7 anos, que decorreram des-de o início do uso desta medicação, foram diagnos-ticados no nosso serviço 6 casos de tuberculose(TB); 4 doentes estavam medicados com Inflixi-mab (número de doentes expostos 59; 6,7%), 1doente com Etanercept (número de doentes ex-postos 46; 2,2%) e 1 doente com Adalimumab (nú-mero de doentes expostos 24; 4,2%). Conclusões: A tuberculose é uma doença endémi-ca em Portugal. Muitos dos nossos doentes inicia-ram terapêutica com fármacos anti- TNF-α antesdo estabelecimento de recomendações para odiagnóstico e tratamento da tuberculose latente eactiva nas doenças inflamatórias articulares can-didatas a estes tratamentos, que a Sociedade Por-tuguesa de Reumatologia em conjunto com a So-ciedade Portuguesa de Pneumologia têm vindo adesenvolver com o objectivo de evitar esta doença.

P20 – ARTRITE PSORIÁTICA E RISCO

CARDIOVASCULAR: AVALIAÇÃO DE UM GRUPO DE

DOENTES

Mónica Bogas,1 Ana Ribeiro,1 José A. Costa,1

Carmo Afonso,1 Lúcia Costa,1 Domingos Araújo1

1. CHAM, Ponte de Lima

Objectivos: 1) Avaliação do risco cardiovascularem doentes com artrite psoriática considerandomúltiplos factores de risco (FR) para doença coro-nária (DC) de acordo com os modelos de prediçãode Framingham. 2) Avaliação do número de doen-tes em que a diminuição do LDL-C deveria ser con-siderada, atendendo às recomendações do Natio-nal Cholesterol Education Program Adult Treat-ment Panel III (ATPIII). 3) Avaliação da prevalên-cia da síndrome metabólica segundo a definiçãoda International Diabetes Federation.Material e Métodos: Estudo transversal de 43doentes com APs seguidos em consulta de reuma-tologia. Efectuado registo de características demo-gráficas, hábitos tabágicos, antecedentes patológi-cos, terapêutica actual, tensão arterial média, pa-râmetros antropométricos, glicemia em jejum,perfil lipídico e proteína C reactiva. Foi calculadoo score de risco global segundo Framingham coma soma de pontos atribuídos a idade, colesterol to-

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tal, HDL-C, TA sistólica, a presença de diabetes econsumo de tabaco. Considerou-se a necessidadede redução de LDL-C para < 160mg/dl se 0-1 FR, < 130 mg/dl se 2 ou + FR e 94 ou mulher >80cm,triglicerideos ≥ 150 mg/dl, HDL se homem < 40 oumulher < 50 mg/dl, TA ≥ 130/ 85 mmHg e glicemia>100mg/dl (ou tratamento específico para algumdestes factores)Resultados: Idade média 50,5 (32-74) anos, 49%do sexo feminino, duração média da APs 130,4 (7--540) meses, 82% em tratamento com DMARDs e69% sob corticoterapia. A prevalência total de co-lesterol ≥180mg/dl, hipertensão arterial ( TA≥140/90), obesidade (IMC≥30), diabetes mellitus(glic ≥126mg/dl), triglicerídeos ≥150mg/dl, taba-gismo e HDL ≤40 mg/dl foi de 74%, 47%, 28%, 23%,18%, 14% e 6% respectivamente. De acordo com oATPIII, dos 43 doentes, 8 (19%) tinham 2 ou + FR e7 (16%) DC ou equivalente. Usando o modelo depredição de risco de Framingham o risco aos 10anos para DC de novo foi em média de 14,0% noshomens e 7,2% nas mulheres. Segundo esta esca-la, se a APs fosse considerada um factor de riscoadicional independente, equivalente ao tabagis-mo (2 pontos), esse risco passaria a ser em média19,1 % nos homens e 9,5% nas mulheres. A tera-pêutica adicional hipolipemiante para diminuirvalor de LDL-C foi necessária em 15 (35%) doen-tes. A síndroma metabólica estava presente em 11(26%) doentes, 5 (23%) do sexo masculino e 6 (29%)do sexo feminino.Conclusões: Embora com uma amostra pequena,este estudo mostra um número elevado de doen-tes em risco de DC em 10 anos. Quando compara-da com outros estudos em doentes com APs, a pre-valência dos principais factores de risco no nossogrupo de doentes é mais elevada. Contudo, embo-ra não emparelhadas, o risco estimado, bem comoa prevalência dos factores de risco, na nossa amos-tra, não foram, muito diferentes das calculadaspara amostras populacionais em acções de ras-treio no nosso país.

P21 – BIOPSIA DE GORDURA ABDOMINAL NA PESQUISA

DE SUBSTÂNCIA AMILÓIDE – ESTUDO RETROSPECTIVO

P. Abreu,1 J. Garcia,1 A. Malcata1

1. Reumatologia, Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Avaliação epidemiológica, clínica, ana-lítica e terapêutica dos pacientes submetidos abiopsia de gordura abdominal para pesquisa de

substância amilóide.Material e Métodos: Análise retrospectiva dos pro-cessos clínicos de doentes internados num servi-ço de Reumatologia no período de 2000 a 2007,submetidos a biopsia de gordura abdominal.Resultados: Foram incluídos 27 doentes, com umamédia de idade de 62,9±11,6 anos, dos quais 81,5%eram do sexo feminino. A patologia mais frequen-temente associada nestes doentes foi a Artrite Reu-matóide (74,1%). O motivo mais frequentementeassociado à pesquisa de substância amilóide foiem 88,9% dos casos a persistência de elevação deVS e PCR, seguido da associação de anemia e ele-vação dos marcadores de inflamação em 81,5%.De salientar que 59,3% do número total de doen-tes tinham desenvolvido proteinúria. O resultadopara pesquisa de susbtância amilóide na gorduraabdominal foi positivo em 2 pacientes (7,41%).Destes, um foi submetido a biopsia renal tendosido feito o diagnóstico de amiloidose AA. Do nú-mero total de pacientes, 4 foram submetidos, aposteriori, a biopsia renal tendo sido feito em 2 de-les o diagnóstico de amiloidose AA, 1 doente comdiagnóstico de amiloidose primária AL e outro comglomerulonefrite mesangioproliferativa com ne-frite intersticial ligeira crónica.Conclusões: Neste estudo, verificou-se haver umpredomínio do sexo feminino (ratio F:M 4,4) sendoa patologia mais prevalente nestes doentes a artri-te reumatóide (74,1%). Apenas numa minoria dospacientes a biopsia permitiu fazer o diagnóstico.

P22 - ESTUDO COMPARATIVO DOS ANTICORPOS

ANTI-CCP E FACTORES REUMATÓIDES NO

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE ARTRITE CRÓNICA

P. Abreu,1 L. Inês,1 C. Duarte,1 R. Cunha,2

F. Rodrigues,2 A. Malcata1

1. Reumatologia, Hospitais da Universidade de Coimbra 2. Patologia Clínica, Hospitais da Universidade deCoimbra

Objectivos: Comparar o valor clínico dos anticor-pos anti-CCP e dos Factores Reumatóides (FR) sé-ricos no diagnóstico diferencial da artrite crónica.Material e Métodos: Foram incluídos doentes con-secutivos com Artrite Reumatóide (AR), cumprin-do os critérios de classificação do ACR [Grupo 1] edoentes com oligo/poliartrite crónica não reuma-tóide [Grupo 2], seguidos no Serviço de Reumato-logia dos HUC. Foi efectuada colheita de sangue atodos os doentes, com subsequente pesquisa séri-

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ca de anti-CCP (Teste EliA com utilização de pép-tidos citrulinados sintéticos de 2ª geração) e de FR(Teste N Latéx RF, através de imunonefelometria departículas reforçadas e o Teste Waaler-Rose Kit poruma reacção Waaler-Rose modificada em placa).Foi calculada a sensibilidade, especificidade, valorpreditivo positivo (VPP) e o valor preditivo negati-vo (VPN) dos anti-CCP e FR para o diagnóstico deAR, usando como controlo o grupo de doentes comartrite crónica não reumatóide.Resultados:Foram incluídos 217 doentes, dos quais122 com AR [Grupo 1] e 95 sem AR [Grupo 2], 75,1%são do sexo feminino e a média de idade é de 55,9anos. No grupo 2, os diagnósticos mais frequentessão: oligo/poliartrite não classificada (16,6%), artri-te psoriática (10,6%), lúpus eritematoso sistémico(4,6%) e doença indiferenciada do tecido conjun-tivo (3,2%). Os FR foram positivos em 64,8% dosdoentes do grupo1 e em 15,1% dos do grupo 2. Osanti-CCP foram positivos em 68% e 13,7% dosdoentes dos grupos 1 e 2, respectivamente. A pre-valência de anti-CCP em doentes com AR serone-gativa foi de 9,8%. Para o diagnóstico de AR, a sen-sibilidade dos testes foi de 66,9% e 68%, para os FRe anti-CCP, respectivamente. A especificidade foide 84,9% e de 86,3%, para os FR e os anti-CCP, res-pectivamente. O VPP foi de 84,9% para os FR e de86,5% para os anti-CCP. O VPN foi de 66,9% e de67,8%, respectivamente para os FR e anti-CCP.Conclusões:Neste estudo, os anti-CCP não demons-traram maior valor clínico do que os FR para diferen-ciar os casos de AR de outras artrites crónicas.

P23 – FIBROSE PULMONAR EM DOENTE COM

ARTRITE REUMATÓIDE E SUBEROSE

Rui Figueiredo,1 Claudia Miguel,1 Felipe Barcelos,1

Dina Medeiros,1 Miguel Sousa,1 Eugénia Simões1

1. Intituto Português de Reumatologia

Objectivos: A fibrose pulmonar é um achado co-mum a varias patologia e é uma complicação clás-sica da Artrite Reumatóide. Várias outras patolo-gias podem ser igualmente responsáveis por fibro-se pulmonar, incluindo a suberose pulmonar. A di-

POSTERS

ficuldade de definir a etiologia pode ser ultrapas-sada pela biopsia pulmonar, o que é feito com pou-ca frequência dado ser uma técnica invasiva e nãoalterar significativamente o prognóstico ou a tera-pêutica. Baseado no caso clínico realizamos umarevisão desta patologia.Material e Métodos: Doente sexo feminino 65 anoscom Artrite Reumatóide com 10 anos de evolução,corticeira desde a adolescência. Refere em 2005dispneia para esforços progressivamente menoresde início insidioso e evolução rápida (em 6 mesespassou de esforços máximos para médios esfor-ços). Por esse motivo foi observada em várias con-sultas incluindo consulta de Reumatologia tendosido iniciada Hidroxicloroquina e Azatioprina.Resultados: Realizou estudo com TAC que reveloufibrose pulmonar bilateral, espirometria que reve-lou insuficiência respiratória parcial e Ecocardio-grama que evidenciou hipertensão pulmonar mo-derada. Com a terapêutica instituída revelou esta-bilização clínica desde a altura.Conclusões: A fibrose pulmonar é uma complica-ção possível da Artrite Reumatóide, de alguma te-rapêutica utilizada (ex: Metotrexato) ou de outrosdiagnósticos possíveis (ex: Suberose pulmonar). Oseu diagnóstico precoce permite um melhor trata-mento com melhoria do prognóstico, no entantoé uma complicação com uma mortalidade e mor-bilidade significativas.

P24 – TERAPÊUTICA ANTI-TNFα (INFLIXIMAB) EM

UVEÍTES REFRACTÁRIAS

Ana Bastos,1 Margarida Miranda,1

Catarina Resende,2 Cidalina Ferreira,1

Mário Viana Queiroz,2 M. Monteiro Grillo1

1. Clínica Universitária de Oftalmologia– Faculdade deMedicina de Lisboa.2. Clínica Universitária de Reumatologia– Faculdadede Medicina de Lisboa.

Objectivos: A terapêutica anti-factor necrose tu-moral α (anti-TNFα) pode ser utilizada em doen-tes com processos inflamatórios oftalmológicosgraves, em que a terapêutica com corticóides e imu-nossupressores (azatiopriana. metotrexato, ciclos-porina) é ineficaz ou contra-indicada. Os autoresavaliam a eficácia do Infliximab, um anticorpo anti-TNFα, em uveítes graves refractárias à corticotera-pia e aos imunossupressores convencionais. Material e Métodos: Efectuou-se a análise de 5doentes com uveíte bilateral (4 com doença de

CCP CCP CCP ou FR + FR FR WR

Sensibilidade 68 66,4 71,3 66,9 32,2Especificidade 86,3 81,7 92,3 84,9 91,4VPP 86,5 82,6 91,8 84,9 82,6VPN 67,8 65 72,7 66,9 51,5

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Behçet; 1 com uveíte idiopática) refractária à tera-pêutica combinada de corticóides e imunossu-pressores múltiplos (ciclosporina, azatioprina oumetotrexato). Foi instituída terapêutica endove-nosa com Infliximab na dose de 5mg/Kg às 0, 2 e 4semanas e, depois, de 6 em 6 semanas. O tempo deseguimento foi, em média, de 21 meses (média de17 infusões). Avaliou-se o resultado com base nograu de inflamação intra-ocular, acuidade visual,e ainda redução da dose ou paragem dos corticói-des e imunossupressores. Resultados: Todos os doentes demonstraram me-lhoria da acuidade visual e da inflamação intra-ocular. Em relação à terapêutica registou-se umadiminuição da dose da corticoterapia em 3 doen-tes e a sua suspensão em 2 doentes, mantendo-seos imunossupressores em doses ligeiramente me-nores. Dois doentes encontram-se em remissãocompleta, pela primeira vez desde o início do seuseguimento na consulta de Oftalmologia. Após ci-rurgia de catarata, um doente desenvolveu uveíteexuberante, tendo o Infliximab permitido contro-lar a inflamação pós-operatória. Não se observa-ram efeitos adversos com esta terapêutica. Conclusões: O Infliximab demonstrou eficácia nocontrole das uveítes refractárias, permitindo a re-missão completa em 2 doentes. Obteve-se umamelhor qualidade de vida dos doentes quer em ter-mos da acuidade visual quer na redução dos efei-tos secundários da corticoterapia. É também derealçar o papel do anti TNF no controle da infla-mação pós-cirúrgica.

P25 – CASUÍSTICA DE UM ANO DE CONSULTA DE

REUMATOLOGIA NO HOSPITAL DE FARO – SETEMBRO

DE 2006 A SETEMBRO DE 2007Rui Vicente Miranda,1 Judith Conesa,2

Graça Sequeira,3 Idálio Mendonça3

1. C.S. Tavira - USF Balsa2. C.S. Loulé3. Hospital Central de Faro

Objectivos: Descrever as várias actividades realiza-das pela Reumatologia no Hospital de Faro (DrªGraça Sequeira), em particular contabilizar o nú-mero e tipo de consultas de Reumatologia realiza-das no período de 18 de Setembro de 2006 a 18 deSetembro de 2007. Determinar qual a sua prove-niência. Caracterizar os utentes desta consultaquanto à idade, sexo e local de residência; avaliarquais os diagnósticos mais frequentes verificados.

Material e Métodos: Estudo descritivo, transversal,cuja população alvo foram os 365 utentes que re-correram à Consulta de Reumatologia do HDF du-rante o período de um ano (18-10-06 a 18-10-07).Para colheita dos dados foram revistos os registosclínicos informáticos desta Consulta (que utiliza osistema SAM). Para a análise estatística utilizou-seo programa informático Excel.Resultados: Neste primeiro ano de consulta foramrealizadas 827 consultas tendo sido avaliados 365utentes. Das consultas realizadas 45% foram pri-meiras consultas, sendo que 39,5% foram referen-ciados após avaliação noutra consulta do HDF,32,3% foram referenciados pelos médicos de famí-lia (Centro de Saúde). A média de idade dos uten-tes avaliados é de 53,7 anos e 85 % são do sexo fe-minino. Quanto à área de residência (por conce-lho) verificou-se que 34,2% residem em Faro, 20,3%em Olhão, 15,3% em Loulé, 7,4% em Tavira e 6,8%em Albufeira. Quanto aos diagnósticos mais veri-ficados constatou-se que os 5 grupos de patologi-as mais frequentes foram: doenças difusas do te-cido conjuntivo (n=92), síndromes de dor e fadigacrónica (n=68), osteoartrose (n=55), espondilartri-tes sero-negativas (n=28) e doenças reumáticas pe-riarticulares (n=20). Foram ainda prestados outrosserviços, tais como a realização de técnicas reuma-tológicas e ecografias do aparelho locomotor. Pro-cedeu-se também ao internamento de doentes(nas situações de maior gravidade) e prestação deapoio a doentes internados por outras especialida-des. Realizaram estágios formativos 5 internos doInternato de Medicina Geral e Familiar.Conclusões: Salienta-se o facto de, neste ano deconsulta, 45% das consultas terem sido primeirasconsultas. Por outro lado os doentes foram sobre-tudo referenciados de outras consultas de espe-cialidade hospitalar. A distribuição dos doentespor sexo e idade está de acordo com outros dadosepidemiológicos, assim como verificou-se que osgrupos de patologias mais frequentes foram asdoenças difusas do tecido conjuntivo, a fibromial-gia e a osteoartrose.

P26 – A INFLUÊNCIA DO TABACO NA FUNÇÃO E

QUALIDADE DE VIDA NA ARTRITE REUMATÓIDE

Sofia Ramiro,1,2 Rita Marques,1 Sofia Pedro,1

Frederick Wolfe,3 Kaleb Michaud,3,4

Elizabeth Benito Garcia1

1. Bioepi Clinical and Translational Research Center,Oeiras, Portugal

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2. Serviço de Reumatologia, Hospital Garcia de Orta, Almada, Portugal3. National Databank for Rheumatic Diseases4. Departmento de Reumatologia, Universidade de Nebraska Medical Center, Omaha, NE

Objectivos: A influência do tabaco na função dedoentes com Artrite Reumatóide (AR) tem sidocontroversa. Alguns estudos revelam uma associa-ção negativa entre o tabaco e a função, enquantooutros mostram uma melhoria da função. Nenhumestudo avaliou especificamente a qualidade devida entre fumadores com AR. Investigou-se o im-pacto do tabagismo actual e passado na função ena qualidade de vida entre doentes com AR.Material e Métodos: 845 doentes portugueses comAR (81 fumadores actuais, 66 ex-fumadores e 698não fumadores), participaram desde 2003 num es-tudo longitudinal bianual de consequências de AR,o NDB Portugal. Os questionários incluíam variá-veis sociodemográficas, características da doença,sintomas incluindo dor, função e medidas de qua-lidade de vida. Estudou-se a influência do tabagis-mo (variáveis desfazadas) actual e no passado(comparativamente com os não fumadores) nafunção (HAQ) e qualidade de vida (EuroQOL, com-ponente físico do SF-36 – PCS, componente men-tal do SF-36, MCS) por equações de estimação ge-neralizada univariadas, seguidas de multivariadas,para ajustar para potenciais confundidores (desfa-

POSTERS

zados). O melhor modelo final foi escolhido parase retirarem as conclusões e identificarem outrasvariáveis que pudessem estar associadas com oHAQ ou EuroQOL. Obteve-se um nível de signifi-cância de 5% e intervalos de confiança (IC) de 95%.Resultados: As análises univariadas mostraramque, tanto o HAQ (β -0.22, CI -0.30, -0.13), como oEuroQOL (β 0.05, CI 0.00, 0.10) tiveram uma asso-ciação estatisticamente significativa com o tabaco,idade, sexo, comorbilidades, nível educacional, es-cala da dor, gravidade global da doença, satisfação,escala do sono, duração da AR e estado civil. OQuadro 1 mostra os resultados do melhor modelofinal obtido após a inclusão de todas estas variá-veis significativas e forçando os hábito tabágicos,a idade e o sexo para os modelos. Não se verificounenhuma associação entre o tabagismo actual oupassado e o HAQ ou EuroQOL. Estes resultadosnão foram diferentes quando analisámos outrasmedidas de qualidade de vida, como o PCS e MCS.A idade, dor, duração da AR e estado de saúde as-sociaram-se a piores valores de HAQ, enquantoque homens, valores mais elevados de EuroQOL ede gravidade da doença tiveram um impacto po-sitivo na função. A gravidade global, comorbilida-des, estado de saúde, escala de sono, satisfação eHAQ associaram-se negativamente com o Euro-QOL.Conclusões: Não se observou, no nosso estudo,nenhuma associação entre o tabagismo actual ou

Quadro 1.

Análise multivariada do HAQ β Análise multivariada do EuroQOL β(IC 95%) (IC 95%)

Variáveis N = 528 (média 2.6 observações) N = 664 (média 2.2 observações)Ex vs nunca fumadores -0.10 (-0.23, 0.03) 0.02 (-0.03, 0.07)Actuais vs nunca fumadores -0.08 (-0.21, 0.04) -0.01 (-0.05, 0.04)Idade 0.01 (0.0,0.01) 0.00 (0.00, 0.00)Sexo -0.23 (-0.38, -0.09) 0.02 (-0.03, 0.06)EuroQOL -0.14 (-0.26, -0.02) N/AGravidade global -0.06 (0.04, 0.08) -0.02 (-0.03, -0.01)Escala da dor (EVA) 0.04 (0.03, 0.06) N/ADuração (transformação 0.12 (0.08, 0.17) N/Anatural Logarítmica da duração)Comorbilidades N/A -0.02 (-0.03, -0.01)Estado de saúde 0.12 (0.06, 0.19) -0.06 (-0.10, -0.02)Escala do sono (EVA) N/A -0.01 (-0.01, 0.00)Satisfação N/A -0.03 (-0.05, -0.10)HAQ N/A -0.12 (-0.15, -0.09)

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passado e a função, medida pelo HAQ, ou a quali-dade de vida.

P27 – FIBROMIALGIA: A OUTRA FACE DA DOR

Inês Cunha,1 D. Sá,2 A. Barcelos1

1. Unidade Reumatologia do Serviço de Medicina In-terna do Hospital infante D.Pedro Aveiro2. Serviço de Medicina Interna do Hospital infanteD.Pedro Aveiro

Objectivos: Caracterizar os doentes com Fibro-mialgia seguidos na consulta de Reumatologia doHospital Infante D. Pedro; identificar distúrbios//patologias associadas; avaliar o impacto da doen-ça na qualidade de vida, e a sua relação com os da-dos sócio-demográficos e terapêutica instituída. Material e Métodos: Estudo prospectivo, aberto,protocolado incluindo doentes com o diagnósticode Fibromialgia, segundo os critérios ACR1990, eexcluindo doentes com conectivites.Foram regis-tados dados sócio-demográficos (sexo, idade, es-tado civil, escolaridade e situação profissional); in-tensidade da dor e fadiga na última semana, atra-vés de uma escala visual analógica (EVA); terapêu-tica farmacológica e não farmacológica realizada.Todos os doentes responderam ao FibromyalgiaImpact Questionnaire (FIQ) versão portuguesa. Fo-ram estudadas correlações entre diversas variáveise comprovada a normalidade da população peloteste de Kolmogorov-Smirnov-Lilliefors. O teste t-Student foi aplicado para comparar dados para-métricos entre amostras. Resultados: Foram obser-vados 51 doentes, 48 sexo feminino, com uma ida-de média de 50,8±9,17A. A idade média ao inícioda doença foi de 36,16±10,45 anos. 66,7% dosdoentes tinham o ensino básico e 7,8% ensino su-perior. 80,4% eram casados e 56,9% trabalhavamactivamente.Resultados: Apresentavam uma média de 15,8±2pontos fibromiálgicos dolorosos.A intensidade dador e fadiga na EVA foi de 6±2 e 7±2 cm, respecti-vamente.Sintomas associados mais frequentes fo-ram: distúrbios do sono, depressão e parestesias(84,3; 82,4 e 74,5%, respectivamente). A média doFIQ foi 65,24±17,4, cerca de metade dos doentesapresentaram valores superiores a 70. Mais de 80%tinham sido medicados com AINE’s, à data do es-tudo apenas 39,2% os tomavam.A ciclobenzapri-na fazia parte do tratamento de 80,4% dos doen-tes. Metade dos doentes praticava exercício físico.Verificou-se diferença com significado estatístico

nos valores do FIQ entre esses doentes e os que nãofaziam exercício (59,3±18,7 versus 71,4±13,7;p=0,011). Não se identificaram diferenças estatis-ticamente significativas nos valores do FIQ entreos doentes deprimidos e não deprimidos (p=0,5),entre os que realizavam fisioterapia e os que nãofaziam (p=0,7) e entre os activos e os inactivos(p=0,8).Constatou-se uma fraca correlação entre osvalores do FIQ e as idades actual, e ao início dadoença, a escolaridade e número de pontos sensí-veis.Houve uma correlação positiva significativaentre o FIQ e a intensidade da dor e da fadiga.Conclusões: Fibromialgia é uma patologia com-plexa com reflexos negativos acentuados na qua-lidade de vida dos doentes e seus familiares próxi-mos.Surge em idade activa podendo comprome-ter o futuro profissional dos indivíduos afectados.Os distúrbios do sono, do tracto gastro-intestinal,patologia da tiróide e síndromes depressivos sãofrequentes A doença deverá ser abordada e trata-da de forma multidisciplinar.De acordo com a li-teratura, o exercício físico é fundamental no trata-mento destes doentes.

P28 – CONCORDÂNCIA DIAGNÓSTICA ENTRE O

MÉDICO QUE SOLICITA A CONSULTA DE

REUMATOLOGIA E O REUMATOLOGISTA

Dulcídia Sá,1 Inês Cunha,1 Anabela Barcelos1

1. Hospital Infante D.Pedro – Aveiro, Unidade de Reumatologia

Objectivos: As doenças reumáticas são comuns naprática clínica geral, em particular em ambientehospitalar. Os sintomas músculo-esqueléticos sãoa primeira manifestação de doenças sistémicas,não só doenças auto-imunes, mas também endó-crinas, neoplásicas ou infecciosas. O número dedoentes referenciados à consulta de Reumatologiatem vindo a aumentar nos últimos anos verifican-do-se que a informação fornecida pelos médicosque enviam o doente à consulta é, na maioria dasvezes, insuficiente. Material e Métodos: Objectivo: Analisar o grau decorrelação entre o diagnóstico de presunção dadopelo médico que solicitou a consulta e o diagnós-tico definitivo estabelecido pelo Reumatologistaem doentes com patologia músculo-esqueléticaMétodos: A maioria dos pedidos de primeira con-sulta fazem-se acompanhar de um conjunto de in-formações clínicas, laboratoriais e imagiológicasque é submetido a uma apreciação preliminar, de

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forma a hierarquizar prioridades de atendimentoentre o volume das solicitações. Analisaram-se to-dos os processos clínicos dos doentes observadospela primeira vez em consulta de Reumatologia noperíodo compreendido entreJaneiro de 2006 e Ja-neiro de 2008 (24 meses), no Hospital Infante D. Pe-dro – Aveiro. Foram registados todos os diagnósti-cos dados pelos médicos que solicitaram aconsulta e os realizados pelo Reumatologista. Ana-lisaram-se as diferentes patologias reumáticas en-contradas e procedeu-se à correlação entre o diag-nóstico de presunção e o diagnóstico definitivo. Resultados: Foram observados neste período 700doentes pela primeira vez (484 do sexo feminino e216 do sexo masculino). A idade média dos doen-tes foi de 48 anos, sendo a média de idades no sexofeminino de 47 e no sexo masculino de 48 anos. Asespecialidades que mais solicitaram a consulta deReumatologia foram a Medicina Geral e Familiar(49,4%); Ortopedia (17,6%) e Medicina Interna(14,9%). Em 257 doentes (37%) houve concordân-cia entre o diagnóstico de presunção dado pelomédico que solicitou a consulta e o diagnósticodefinitivo estabelecido pelo ReumatologistaConclusões: É evidente a diferença importante emalguns diagnósticos tais como patologia inflama-tória versus degenerativa; patologia inflamatóriaversus peri-articular com diferentes abordagensterapêuticas e prognóstico. Torna-se assim impe-rativo o desenvolvimento de um modelo de refe-renciação eficaz de forma a permitir uma utiliza-ção adequada do número insuficiente de reuma-tologistas existentes no nosso país.

P29 – NÍVEIS SÉRICOS ALTOS DE ANTI-DSDNA QUADRUPLICAM O RISCO DE NEFRITE EM DOENTES

COM LES Cátia Duarte,1 Maura Couto,1 Luís Inês,1

Fernando Rodrigues,2 Joana Capelo,3 Claudia Vaz,1

Pedro Abreu,1 Armando Malcata1

1. Serviço de Reumatologia, Hospitais da Universidadede Coimbra2. Serviço de Patologia Clínica, Hospitais da Universidade de Coimbra3. Serviço de Medicina Interna, Hospital de S. Teotónio, Viseu

Objectivos: Avaliar o valor preditivo para envolvi-mento renal dos níveis séricos de anticorpos anti-dsDNA em doentes com Lúpus Eritematoso Sistémi-co (LES) seguidos no Serviço de Reumtaologia dos

Hospitais da Universidade de Coimbra (SR-HUC).Material e Métodos: Foram incluídos doentes daCoorte de Lúpus de Coimbra, composta por 165doentes cumprindo critérios de classificação ACRpara LES e seguidos prospectivamente no SR-HUC.Foram excluídos os doentes sem doseamentos se-riados de anti-dsDNA no Laboratório de Imunolo-gia dos HUC e aqueles com nefrite não documen-tada por biópsia renal neste hospital ou diagnos-ticada antes de 1998. Foram analisados os dosea-mentos séricos de anti-dsDNA realizados duranteo seguimento clínico, desde 1998. O doseamentode anti-dsDNA foi efectuado através do método deFarr (RIA) no Laboratório de Imunologia dos HUC.Foi calculado o valor preditivo positivo (VPP) e ne-gativo (VPN) para glomerulonefrite lúpica (GN) dadetecção de níveis séricos altos de anti dsDNA (≥40UI /ml) em pelo menos uma determinação, du-rante o seguimento. Foi calculado o Odds Ratio(OR) e analisadas as diferenças entre grupos peloteste Chi-quadrado. O nível de significância esta-tística considerado foi de 5%.Resultados:Foram incluídos 129 doentes, dos quais91,5% eram do sexo feminino, (média da idadeactual = 41,95 anos; duração média de doença=9,79anos). Apresentaram envolvimento renal 38,8% dosdoentes (GN I =2%; GN II =14%; GN III =22%; GNIV =60%; GN V =2%). Do total de doentes, 93% apre-sentaram pelo menos uma determinação de anti-dsDNA positiva (>4 UI/ml) e 58,9% apresentaramníveis >40 UI/ml. Verificou-se um aumento de ris-co de envolvimento renal nos doentes com anti-ds-DNA >40UI/ml, em comparação com os restantesdoentes (p <0,05; OR=4,3). O VPP e o VPN de anti--dsDNA elevado para envolvimento renal foi de51,3% e 79%, respectivamente. Não houve diferen-ça na prevalência dos níveis elevados de anti-dsDNA entre as classes histológicas de GN lúpica.Conclusões: Este estudo evidencia que em doentescom LES a presença de níveis séricos altos de anti-dsDNA quadruplica o risco de envolvimento renal.

P30 – FIBROMIALGIA – INTERNAR PORQUÊ?Maria João Saavedra,1 Jorge Garcia,1

Armando Malcata1

1. Serviço de Reumatologia – Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Introdução: A fibromialgia (FM) é umquadro sindromático muito frequente na práticaclínica. Apesar da dor generalizada ser uma forma

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de apresentação comum, a sua clínica pode sermuito variada podendo sugerir uma panóplia vas-ta de diagnósticos. Objectivos: Caracterizar os in-ternamentos cujo diagnóstico de alta foi FM.Material e Métodos: Foram revistos os interna-mentos no Serviço de Reumatologia, com o diag-nóstico de alta de FM, de 2003 a 2007.Resultados: Estiveram internados no Serviço deReumatologia durante este período 62 doentescom o diagnóstico de FM; 22 dos quais com o diag-nóstico principal de FM e 40 com o diagnóstico deFM associado a outras patologias. Dos 22 doentescom diagnóstico principal de FM, 16 são do sexofeminino e 6 do sexo masculino. A média de tem-po de internamento foi de 11,72 dias. O motivo deinternamento foi variável: artralgias e mialgiasinespecíficas (n=8), dor generalizada (n=4), lom-balgia (n=4), lesões cutâneas e aftose oral (n=2), as-tenia (n=2), história de abortos de repetição e AVC(n=1), e fenómeno de Raynaud (n=1). A suspeitaclínica inicial foi na maioria dos casos de doençado tecido conjuntivo (n=16) e num menor núme-ro de EASN/EA (n=6). Durante o período de inter-namento todos os doentes realizaram estudo deacordo com a suspeita diagnostica inicial. Após aalta todos os doentes foram orientados para umaconsulta de Reumatologia. Alguns doentes foramtambém enviados a outras consultas; Actualmen-te, 7 doentes mantêm seguimento em consulta deReumatologia. Nos 40 doentes com diagnóstico deFM associado a outras patologias, as mais frequen-tes foram AR (25%) e EASN/EA (20%).Conclusões: O diagnóstico de FM nem sempre éfácil porque a sua apresentação clínica é variadapodendo sugerir mesmos aos observadores maisexperientes outros diagnósticos que deverão serexcluídos.

P31 – ANÁLISE DE DOENTES COM ARTRITE

PSORIÁTICA A EFECTUAR TERAPÊUTICA ANTAGONISTA

DO TNFα EM CINCO CENTROS DE REUMATOLOGIA

PORTUGUESES

J Costa,1 E Sousa,2 P Machado,3 F Mourão,4

M Bogas,1 C Ribeiro,4 L Pinto,4 A Ribeiro,1

W Castelão,4 F Pimentel,4 A Barcelos5

1. Centro Hospitalar do Alto Minho, Director: D Araújo2. Hospital Santa Maria, Director: M Viana de Queiroz; 3. Hospitais da Universidade de Coimbra, Director: AMalcata4. CHLO - Hospital Egas Moniz, Director: J Branco 5. Unidade de Reumatologia do Hospital Infante D Pedro

Objectivos: Apresentar e analisar os dados dosdoentes com Artrite Psoriática a efectuar terapêu-tica antagonista do TNFα em Serviços/Unidadesde Reumatologia Portugueses. Foi realizado um re-gisto de todos os doentes com Artrite Psoriática apartir de um inquérito preenchido em Janeiro de2008 em cinco Serviços/Unidades de Reumatolo-gia do Continente (Hospital Santa Maria, Hospitaisda Universidade de Coimbra, CHLO - HospitalEgas Moniz, e Hospital Infante D. Pedro). Material e Métodos: Foram caracterizadas variá-veis demográficas, clínicas e laboratoriais. Foramregistados 45 doentes sendo 58% do sexo mascu-lino. A idade média foi de 47,6 ± 11,5 anos e a du-ração média da doença de 13 anos (9-19). Nestegrupo, 87% apresentam envolvimento periférico(DAS 28 < 2,32 em 54% e DAS 28 ≥ 2,32 em 46%);6,7% envolvimento axial isolado (BASDAI de 1,36)e 98% apresentam manifestações extra-articula-res: cutâneas (n=40) e oculares (n=4). Resultados: Referência a história familiar de psoría-se cutânea em 17 casos. O HLA B27 é positivo em6,7%, negativo em 35,6% e não foi solicitado em55,6% dos doentes. O factor reumatóide IgM foi ne-gativo em 55,6% dos doentes. Verificou-se uma re-dução estatisticamente significativa dos valores daVS e PCR, comparando a avaliação prévia ao trata-mento e a registada na última observação, bemcomo da avaliação global da doença pelo doente. Aprova de Mantoux foi realizada em 39 doentes antesde iniciar a terapêutica com antagonista do TNFα, 4não a efectuaram e em 2 doentes não dispomos deinformação. Dos 39 doentes que realizaram a provade Mantoux, esta foi negativa em 32, positiva em 5 eem 2 doentes não dispomos de informação. Dos 5doentes com prova de Mantoux positiva, 3 forammedicados com isoniazida. Dos 45 doentes regista-dos, 22 (48,9%) estão actualmente medicados como etanercept, 14 (31,1%) com infliximab e 8 (17,8%)com o adalimumab. Procedeu-se ao switch terapêu-tico entre antagonistas do TNFα em 3 doentes e em1 foi necessário suspender a terapêutica. Conclusões: A terapêutica antagonista do TNFαfoi eficaz neste grupo de doentes de acordo com osdados previamente obtidos em ensaios clínicos. Onão cumprimento das recomendações para o diag-nóstico e tratamento da tuberculose latente e acti-va nas doenças inflamatórias articulares candida-tas a tratamento com fármacos inibidores do anti--TNFα da Sociedade Portuguesa de Reumatologiade 2006 poderá dever-se ao início do tratamentoantes da sua publicação.

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P32 – TROMBOCITOPENIA GRAVE COMO

MANIFESTAÇÃO INICIAL DE LES – CASO CLÍNICO

Célia Ribeiro,1 Laura Pinto,1 Ana Filipa Mourão,1

Sandra Falcão,1,2 Paula Araújo,1

Margarida Mateus,1 Fernando Pimentel,1,2

Patrícia Nero,1,2 Walter Castelão,1

José B. Pimentão,1,2 António A.Matos,1,2

Jaime C. Branco2,1

1. Serviço de Reumatologia do CHLO-EPE, HospitalEgas Moniz, Lisboa; 2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa

Objectivos: Pretende-se descrever o caso de umadoente do sexo feminino, 29 anos, com púrpuratrombocitopénica grave, como forma de apresen-tação inicial de LES, em Setembro de 2007. Alémdo envolvimento hematológico, tinha envolvimen-to cutâneo (rash malar e fotossensibilidade),ANA`s positivos, Ac anti ds DNA positivo, Anticoa-gulante lúpico positivo fraco, Ac anti beta2Glico-proteina1 positivo, Ac anti Cardiolipina negativo etinha também S. Sjögren secundário. Material e Métodos: Revisão de caso clínico deuma doente do Serviço de Reumatologia do HEM. Resultados: A doença apresentou uma evoluçãode dificil controlo clínico, apesar da terapêuticabasal com prednisolona em doses de 1 a 1,5 mg//Kg/dia. Realizou-se terapêutica de urgência comcorticoterapia em elevada dose (pulsos de 1g demetilprednisolona endovenosos, perfazendo 11,5g em 2 meses) e imunoglobulina humana, por di-versas ocasiões. Sem resposta a suporte transfusio-nal. O valor mínimo de plaquetas (Plaq) foi de 1000com evidência clínica de discrasia hemorrágica.Foi submetida a outras terapêuticas imunossu-

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pressoras, nomeadamente Rituximab (dose sema-nal 375mg/m2 em 4 semanas consecutivas) e Ci-clofosfamida (750 mg/m2 pulso único endoveno-so). Efectuou-se esplenectomia laparoscópica.Posteriormente, iniciou-se Micofenolato de Mofe-til (3 g por dia) e Danazol (200mg/dia). As tentati-vas de decréscimo da dose de corticoterapia fo-ram mal sucedidas, com descida rápida e muitosignificativa do valor das Plaq. Após 4 meses deevolução da doença, conseguiu-se atingir estabi-lidade nos valores hematológicos (plaquetas man-tidamente > 150.000), ainda sob terapêutica comprednisona em dose elevada (55 mg/dia), mas emfase de desmame progressivo. Conclusões: Este caso é exemplificativo de um tipode apresentação inicial de LES com grande gravi-dade. Pela multiplicidade das terapêuticas efec-tuadas e o seu início de acção não imediato, nãose pôde atribuir a estabilidade actual da doença aoefeito de um dos fármacos em particular. Contudo,admitindo os tempos de início de acção habituais,pareceu não existir resposta ao Rituximab, à Ciclo-fosfamida e à esplenectomia, sendo possível a res-posta ao Micofenolato de Mofetil e ao Danazol.

P33 – NEFRITE LÚPICA CLASSES III E IV – BOA RESPOSTA À TERAPÊUTICA IMUNOSSUPRESSORA

COM CICLOFOSFAMIDA

Joana Capelo,1 Cátia Duarte,1 Maura Couto,1

Paulo Monteiro,1 Margarida Coutinho,1

Luís Inês,1 Armando Malcata1

1. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Caracterizar a forma de apresentação

0

Plaq

ueta

s

Evolução do Valor das Plaquetas

50000

100000

350000

66000

38100

103000

197200

10990091000

131000 134000

334500

188000 197000

184000

166500176100

69100177003640035200500040003000

10005000

300000

250000

200000

150000

19-09-2007

21-09-2007

30-09-2007

04-10-2007

07-10-2007

12-10-2007

20-10-2007

25-10-2007

02-11-2007

13-11-2007

14-11-2007

16-11-2007

22-11-2007

26-11-2007

02-12-2007

07-12-2007

16-12-2007

19-12-2007

28-12-2007

02-11-2008

25-11-2008

27-11-2008

31-11-2008

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e a resposta ao tratamento com ciclofosfamida danefrite lúpica (NL) proliferativa nos doentes comLúpus Eritematoso Sistémico (LES) seguidos naCoorte de Lúpus de Coimbra.Material e Métodos: Análise retrospectiva por con-sulta dos processos clínicos dos doentes da Coor-te de Lúpus de Coimbra com NL diagnosticada até31 de Julho de 2007. Incluídos os doentes com NLproliferativa diagnosticada por biopsia renal e aná-lise histológica (Classes III e IV, Classificação daOMS de 1982) efectuadas neste hospital e quecumpriram tratamento imunossupressor de indu-ção com ciclofosfamida. Avaliados parâmetros:sexo, idade à data da primeira manifestação de NL,forma de manifestação [sedimento activo (leuco-citúria e eritrocitúria> 5 células/campo ou cilin-drúria), insuficiência renal (creatininemia>=1,2mg/dL) e/ou proteinúria anormal (>=8805; 500mg/dia)], opções terapêuticas e evolução dos pa-râmetros de actividade da NL aos 6, 12, 18 e 24meses de tratamento e no controlo mais recente[actividade do sedimento urinário, valor da protei-núria das 24 horas e função renal obtida pela taxade filtração glomerular (TFG) estimada pela fór-mula MDRD (Modification of Diet in Renal Disea-se Study)].Resultados: A Coorte de Lúpus de Coimbra inclui165 doentes cumprindo critérios do ACR em segui-mento prospectivo no Serviço de Reumatologiados HUC. 44,2% dos doentes com LES apresenta-ram NL, 78,6% destes com NL proliferativa. 33 ca-sos com NL classes III e IV fizeram tratamento imu-nossupressor de indução com ciclofosfamida (sexofeminino=84,8%; média de idade à apresenta-ção=32,7±13,8 anos; tempo médio de seguimento=7,2 anos). Formas de apresentação mais frequen-tes: sedimento activo e proteinúria anormal(33,3%); proteinúria anormal isolada (24,2%); as-sociação de sedimento activo com insuficiênciarenal e proteinúria anormal (18,2%). 87,8% cum-priram terapêutica indutora de remissão no regi-me NIH. Por resposta inadequada à ciclofosfami-da, foi alterado imunossupressor em 33,3%. Todoscumpriram terapêutica imunossupressora de ma-nutenção. Por nova agudização da NL, 24,2% fize-ram retratamento imunossupressor. A proteinúriamédia inicial foi 3135,2±2967,1 mg/24 horas, commelhoria ao longo do tratamento e ao controlomais recente (428,2±379,7 mg/24 horas). A TFGmédia inicial foi 80,7±33,7 ml/min/1,73 m2, comestabilidade ao longo do tratamento e ao contro-lo mais recente (83,7±28,1 ml/min/1,73 m2).

Conclusões: A resposta ao tratamento com ciclo-fosfamida foi favorável na maioria dos doentescom NL classe III e IV seguidos na Coorte de Lú-pus de Coimbra, com redução da proteinúria e es-tabilização da função renal.

P34 – A PROPÓSITO DE UM CASO DE ESPESSAMENTO

CUTÂNEO...Sara Serra,1 Catarina Ambrósio,1 Inês Carvalho,1

Maria João Salvador,1 Jorge Silva,1

Armando Malcata1

1. Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Os autores apresentam o caso clínicode uma doente de 79 anos, com quadro de espes-samento cutâneo progressivo da face, dorso emembros, com 6 anos de evolução. Associadamen-te apresentava dispneia de esforço e disfagia inter-mitente para sólidos, com semelhante tempo deevolução. Sem outras queixas sistémicas ou articu-lares. Tinha antecedentes de HTA e FA, medicadas.Material e Métodos: Ao exame objectivo, era evi-dente um espessamento difuso da pele da face, zo-nas escapulares, mãos, pés e 1/3 distal dos mem-bros, bilateralmente, com acentuação das pregascutâneas da face e redução da pilosidade a níveldas pestanas, sobrancelhas e região axilar. Nas áre-as afectadas a pele era móvel sobre os tecidos adja-centes, apresentando, em algumas zonas, forma-ções papulosas, algumas em disposição linear, du-ras, de cerca de 1-2 mm de diâmetro e de colora-ção nacarada. Sem evidência de artrite, Raynaud,alopécia ou outras alterações no exame objectivo. Resultados: Analiticamente, salientava-se uma VSde 37 mm/h, ANAs positivos (++) com padrão mos-queado, com ENAs negativos e gamapatia mono-clonal IgG KAPA. Exame capilaroscópico normal.Não foi realizado estudo endoscópico digestivo porrecusa da doente. A radiografia do tórax era nor-mal bem como, o estudo funcional respiratório.Realizou biópsia cutânea, das áreas afectadas querevelou «hipercelularidade na derme papilar e mé-dia, por aumento do número de fibroblastos e cé-lulas dendríticas, com aspecto laxo e mixóide; for-te deposição de mucina na coloração pelo PAS AzulAlcian, alterações compatíveis com escleromixe-dema. Conclusões: O Escleromixedema é uma mucino-se cutânea rara, idiopática, caracterizada por pro-liferação de fibroblastos e abundantes depósitos demucina, associada em 80% dos casos a gamapatia

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monoclonal.Menos frequentemente, pode asso-ciar-se a manifestações sistémicas. Não existe tra-tamento específico e pode ocorrer resolução es-pontânea. Realçamos neste caso, uma forma deapresentação clínica esclerodermiforme, cujo es-tudo histológico foi crucial para o seu correctodiagnóstico.

P35 – RISCO CARDIOVASCULAR EM DOENTES SOB

TERAPÊUTICA BIOLÓGICA – ESTUDO TRANSVERSAL

COM 87 DOENTES SEGUIDOS NO SERVIÇO DE

REUMATOLOGIA DOS HOSPITAIS DA UNIVERSIDADE

DE COIMBRA (HUC)Sara Serra,1 Catarina Ambrósio,1 Cátia Duarte,1

Maria João Salvador,1 Margarida Alexandre,2

Armando Malcata1

1. Hospitais da Universidade de Coimbra 2. Centro Hospitalar da Cova da Beira EPE

Objectivos: Os efeitos da terapêutica biológica a ní-vel cardiovascular não estão completamente es-clarecidos. O seu uso a longo prazo pode levar a umagravamento no perfil lipídico mas, a melhoria deoutros parâmetros (resposta inflamatória, homo-cisteínemia, sensibilidade periférica à insulina),parece conduzir a uma redução global desse risco.Caracterizam-se os factores de risco cardiovascu-lar numa coorte de 87 doentes sob terapêutica bio-lógica, calculando-se o risco de evento coronáriomajor aos 10 anos.Material e Métodos: Estudo transversal dos facto-res de risco cardiovasculares, na população dedoentes actualmente sob terapêutica biológica, noServiço de Reumatologia – HUC, incluindo doen-tes com os diagnósticos de artrite reumatóide (AR),artrite idiopática juvenil (AIJ), artrite psoriática(AP), espondilite anquilosante (EA). Avaliação decaracterísticas demográficas, factores de risco re-lacionados com o estilo de vida (IMC e tabagis-mo), história pessoal de hipertensão arterial, dia-betes mellitus e dislipidemia, antecedentes pes-soais e familiares de doença cardiovascular, parâ-metros analíticos (glicemia, ficha lipídica, funçãorenal, homocisteína, uricemia e proteína C reacti-va) e ainda hábitos medicamentosos. Determina-ção do risco de um evento coronário major aos 10anos, segundo o score de Framingham- metodolo-gia recomendada pelas Guidelines do ATP III(Adult Treatment Panel III), de 2004. Resultados: Da amostra de 87 doentes, 74,7% dosexo feminino e 25,3% do sexo masculino, com ida-

de média de 49,2 ± 13,7, 59 % dos doentes tinhamo diagnóstico de AR, 23,7% de EA, 12,8 % de AP e4,6% de AIJ, com tempo médio de evolução dedoença de 14,1±8,3 anos. A população estava me-dicada com infliximab em 44,8%, etanarcept em35,6% e adalimumab em 19,5%, com um tempomédio de tratamento de 39,8 meses ± 22,5.Dezoi-to por cento da população era obesa, e 41,4% tinhaexcesso de peso. Quanto à prevalência dos outrosfactores de risco cardiovascular major, observou-se dislipidémia em 50,6%, hipertensão arterial em35,6%, diabetes melitus em 5,7%, e tabagismo em8,0% dos doentes. Apenas 2,3% tinham anteceden-tes pessoais de doença coronária prévia e 20,7% dedoença cardiovascular familiar.Após aplicação doscore de Framingham, 5,7% da população apresen-tava um risco superior a 20% de um evento cardio-vascular major aos 10 anos. A maioria (89,7%) en-contrava-se no grupo de baixo risco (risco <10%). Conclusões: A maioria destes doentes não apre-senta um risco cardiovascular significativo a lon-go prazo, facto que provavelmente se deve à mé-dia de idades. No entanto, é fundamental uma apli-cação criteriosa e regular do score de risco, de for-ma a identificar precocemente doentes com riscoelevado e assim optimizar terapêuticas.

P36 – REFORMA POR INVALIDEZ E AS DOENÇAS

REUMÁTICAS

Célia Ribeiro, Paula Araújo,1 Álvaro Ferreira,3

Jaime C. Branco1,2

1. Serviço de Reumatologia do CHLO-EPE, HospitalEgas Moniz, Lisboa; 2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa; 3. Serviço de Psicologia do CHLO-EPE, Hospital EgasMoniz, Lisboa

Objectivos: As doenças reumáticas constituemuma importante causa de incapacidade laboral,sendo a reforma por invalidez uma questão fre-quentemente abordada nas consultas de Reuma-tologia. Com este trabalho pretende-se analisar osprincipais motivos de reforma nos doentes segui-dos na consulta de Reumatologia do HEM, assimcomo averiguar eventuais factores predictivos paraa reforma por invalidez. Material e Métodos: Aplicou-se um questionáriode auto-preenchimento e anónimo a todos osdoentes que acorreram à consulta externa de Reu-matologia do Hospital Egas Moniz entre 16/10/07

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e 15/11/07. Este questionário continha questões decarácter demográfico (idade, sexo, profissão, graude ensino, condição profissional actual), auto-re-ferenciação de sintomas depressivos e de ansieda-de, perspectivas face ao trabalho e à reforma, ca-racteristícas relativas à doença e avaliação da fun-cionalidade através do HAQ. Dos 685 doentes so-licitados, 194 responderam. Resultados: Os 194 doentes (146 mulheres e 48 ho-mens) tinham idade média de 55 anos, 112 nãoeram reformados e 82 estavam reformados. O mo-tivo de reforma foi a invalidez em 48,8% dos casos.A idade média da reforma por invalidez foi 51,8anos. A Artrite Reumatóide (AR) foi a doença reu-mática mais frequentemente referida como causada reforma, seguida pela Poliosteoartrose. Na com-paração entre doentes não reformados, reforma-dos por invalidez e reformados por outras causas,verifica-se que os doentes reformados por invali-dez, apresentam HAQ superior, profissões commaior grau de exigência fisica e menor grau de en-sino escolar. Os reformados por invalidez apresen-tam com maior frequência sintomas de depressãoe ansiedade, do que os reformados por outro mo-tivo. A prevalência da sintomatologia de depressãoe ansiedade, antes e após a reforma, independen-temente do seu motivo, não foi significativamen-te diferente. Conclusões: A problemática da reforma por inva-lidez é multidimensional, englobando factores as-sociados à doença, ao próprio doente e ao tipo detrabalho, que deverão ser ponderados em conjun-to. Uma abordagem mais aprofundada será alvo deum estudo posterior.

P37 – SERÁ QUE A IDADE ESTÁ RELACIONADA COM

UMA MAIOR INTOLERÂNCIA À TERAPÊUTICA

BIOLÓGICA EM DOENTES COM ARTRITE REUMATÓIDE?Célia Ribeiro,1 Paula Araújo,1 Jaime C. Branco2,1

1. Serviço de Reumatologia do CHLO-EPE, HospitalEgas Moniz, Lisboa; 2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa

Objectivos: Na prática clínica é comum o receio eminiciar terapêutica biológica em doentes mais ido-sos. Existem poucos dados na literatura relativos aoperfil eficácia/tolerância neste grupo etário. O ob-jectivo deste trabalho é analisar se a intolerânciaàs terapêuticas biológicas, por efeitos secundários,levando à suspensão terapêutica, é superior em

idades mais avançadas nos doentes com ArtriteReumatóide (AR). Material e Métodos: Análise prospectiva da popu-lação de doentes com diagnóstico de Artrite Reu-matóide, segundo os critérios do American Colle-ge of Rheumathology, seguidos no Serviço de Reu-matologia do Hospital Egas Moniz e submetidos aterapêutica biológica com Infliximab (I), Etaner-cept (E), Adalimumab (Ad) e Anakinra (Ak), no pe-ríodo de 1-8-2000 e 31-12-2007. Esta populaçãocorresponde a 95 doentes (88 mulheres e 7 ho-mens) e a 122 prescrições de biológicos. Foram ex-cluídas 6 prescrições por insuficiência de dados.Analisaram-se assim, 116 casos, em que se compa-rou o subgrupo em que houve suspensão por efei-tos secundários (n = 31) com o subgrupo em quenão houve (n = 85), procedendo-se à análise com-parativa da média das idades pelo teste t-Student.Resultados: No total dos casos analisados (n = 116),verificaram-se os seguintes resultados: - Grupo 1(n=31) - Suspensos por efeitos secundários: Idademédia 56,16 anos - Grupo 2 (n=85) - Não suspen-sos por efeitos secundários (incluiu casos em cur-so e suspensos por ineficácia) : Idade Média 53,15A análise comparativa mostra que os resultadosnão são significativamente diferentes (p= 0,256). Conclusões: Concluiu-se não existir relação entrea idade e um maior número de suspensões tera-pêuticas por efeitos secundários, contrariamentea resultados encontrados em outros estudos.

P38 – RHEUGULATIONDB: UM SISTEMA PÚBLICO DE

INFORMAÇÃO INTEGRADA NO APOIO AO ESTUDO DA

ARTRITE REUMATÓIDE

José Teles,1 Joana Caetano-Lopes,1 Mário Vale,1

Miguel Oliveira,1 Rita Moura,1 Pamela Weinman,1

Helena Canhão,1,2 André O Falcão,3,4

Pedro L Fernandes, João Eurico da Fonseca1,2

1. Unidade de Investigação em Reumatologia – Instituto de Medicina Molecular, Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa2. Serviço de Reumatologia - Hospital de Santa Maria3. Departamento de Informática - Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa4. Instituto Gulbenkian de Ciência

Objectivos: O RheugulationDB é um sistema pú-blico e centralizado de informação sobre a fisiopa-tologia da AR. Reúne informação molecular dis-persa em 14 bases de dados, bem como na litera-tura biomédica, disponibiliza-a de forma optimi-

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gulationDB preconiza uma abordagem integrativasobre a AR como forma de construir um conheci-mento holístico acerca da sua fisiopatologia. Deuma forma geral, dados os recursos informativose estruturas de dados criados no decurso desteprojecto, o RheugulationDB poderá ter aplicaçãonas mais variadas áreas da investigação na AR, bemcomo, através da adaptação das suas estruturas eaplicações, no estudo de outras patologias multi-factoriais de uma forma geral.

P39 – EXISTEM DIFERENÇAS ENTRE DOENTES

REUMATÓIDES COM AC ANTI-CCP? Paula Araújo,1 Célia Ribeiro,1 Jaime C. Branco2,1

1. Serviço de Reumatologia do CHLO-EPE, HospitalEgas Moniz, Lisboa 2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa

Objectivos: O objectivo deste trabalho é caracteri-zar as diferenças clínicas, laboratoriais e radioló-gicas, entre doentes com Artrite Reumatóide (AR)com Ac anti-CCP positivos e negativos.Material e Métodos: Análise retrospectiva de doen-tes com diagnóstico de AR, pelos critérios do Ame-rican College of Rheumathology, sob terapêuticabiológica no Serviço de Reumatologia do HEMcom doseamentos de ac anti-CCP (n=39). Fez-se acaracterização geral dos doentes com ac anti-CCPpositivos (n=29) e negativos (n=10), relativamenteàs suas caracteristícas clínicas, laboratoriais e ra-diológicas.Resultados: Caracterizaram-se 39 doentes (36 mu-lheres e 3 homens), salientando-se os resultadosque se apresentam em tabela anexa. As manifes-tações extra-articulares ocorreram em 7 dos doen-tes com Ac anti-CCP positivos. As mais frequentesforam os nódulos reumatóides (85,7%) seguidospelo S.Sjögren (28,6%). No grupo com AC anti-CCPpositivos a variação DAS 28 média com a terapêu-tica biológica foi -1,66 e no grupo com AC anti--CCP negativos foi -2,6. Na comparação dos 2 gru-pos, os resultados obtidos pelo método de SHARPmodificado de Van der Heijde foram significativa-mente diferentes. Conclusões: Os doentes com ac anti-CCP positivosparecem ter uma menor resposta à terapêuticabiológica. Nos doentes avaliados encontrou-se re-lação entre Ac Anti-CCP positivos e o valor doSHARP, o que está de acordo com a associação co-nhecida entre, ac anti-CCP positivos e artrites ra-

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zada com um interface intuitivo, trazendo benefí-cios óbvios na aprendizagem e sobretudo no estu-do da doença, potenciando novos trabalhos expe-rimentais e permitindo uma análise mais fidedig-na de factores contributivos para a susceptibilida-de, prognóstico e terapêutica da doença.Material e Métodos: O desenvolvimento do projec-to centrou-se em quatro etapas: (1) avaliaçãoexaustiva de métodos e tecnologias computacio-nais disponíveis, e revisão aprofundada dos con-teúdos de bases de dados públicas e literatura bi-omédica; (2) desenho e implementação de um sis-tema de dados relacional, cuja arquitectura se ins-pira numa abstracção da fisiopatologia da AR.Nesta estrutura de dados coerente e robusta, foramarmazenadas todas as anotações recolhidas manu-almente durante o processo de revisão da literatu-ra e bases de dados; (3) implementação de aplica-ções de busca e extracção de conteúdos da base dedados, permitindo o cruzamento da informaçãoarmazenada, de forma personalizada, consoanteespecificações do utilizador; (4) construção deuma interface web capaz de disponibilizar atravésde uma navegação intuitiva todos os conteúdos dabase de dados e respectivas aplicações, constitu-indo um ambiente integrado onde o máximo de in-formação útil possa ser obtida com um dispêndiomínimo de tempo. Resultados: O produto final deste sistema de infor-mação é um grande volume de informação refina-da e de elevada qualidade sobre os diferentes as-pectos da fisiopatologia da AR, que de outra formaseria de muito mais difícil obtenção, uma vez quereune conteúdos de 14 bases de dados externas,para além de referências para literatura biomédi-ca. O sistema de informação está publicamentedisponível online, numa interface web de fácil uti-lização acessível através do endereço http://imm.fm.ul.pt/rheugulationdb. Através desta interface,uma base de dados com centenas de anotaçõesmanuais e rigorosas sobre os intervenientes na fi-siopatologia da AR está já disponível. Estas anota-ções podem ser obtidas através de representaçõesgráficas detalhadas e intuitivas representando osprocessos moleculares mais importantes da fisio-patologia da AR, bem como através de um conjun-to de aplicações que, funcionando como podero-sos motores de busca, promovem a utilização si-nergística dos conteúdos da base de dados, comoforma de auxiliar e suportar a geração de novas hi-póteses e conhecimento. Conclusões: Desde a sua origem, o projecto Rheu-

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diologicamente mais erosivas.

P40 – QUALIDADE DE VIDA EM DOENTES COM

ESPONDILITE ANQUILOSANTE: ANÁLISE INTERINA

FM Pimentel-Santos,1,2,3 Célia Ribeiro,1

Ana Filipa Mourão,1 José António Costa,4

Miguel Sousa,5 Elsa Sousa,6,7

Patrícia Pinto8, Margarida Cruz9,Jaime C. Branco1,2

1. Centro Hospitalar Lisboa Ocidental,Hospital Egas Moniz,Lisboa 2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa e3. Centro de Genética e Biotecnologia, Instituto de Bioengenharia e Biotecnologia da UTAD 4. Centro Hospitalar do Alto Minho, Hospital de Ponte de Lima, Ponte de Lima 5. Instituto Português de Reumatologia, Lisboa6. Hospital de Santa Maria, Lisboa 7. Unidade de Investigação em Reumatologia, Instituto de Medicina Molecular, IMM, FMUL 8. Hospital de São Marcos, Braga9. Centro Hospitalar das Caldas da Rainha, Caldas da Rainha Grupo de Estudos CORPOREA Grupo de Estudos Conhecer a Realidade Portuguesa sobre EspondiliteAnquilosante

Objectivos: Pretendeu-se avaliar a repercussão naqualidade de vida (QdV) dos doentes com Espon-dilite Anquilosante (EA) e a relação entre a QdV ea sua condição clínica e funcional. Material e Métodos: Foram incluídos 176 doentescom diagnóstico de EA de acordo com os critériosde Nova Iorque modificados, recrutados em 9 cen-tros de Reumatologia e 1 de Fisiatria portugueses.Obtiveram-se dados de natureza demográfica e ca-racterizaram-se os doentes em termos de activida-de da doença pelo Bath Ankylosing Spondylitis Di-sease Activity Index (BASDAI), repercussão funcio-nal pelo Bath Ankylosing Spondylitis FunctionalIndex (BASFI) e Bath Ankylosing Spondylitis Metro-logy Index (BASMI), qualidade de vida (QdV) peloHealth Assessment Questionnaire (HAQ-EA) eShort-Form 36 (SF-36) e o envolvimento entésicopelo índice de MASES modificado (MASESm).Resultados: Dos 176 doentes incluídos 104 (59,1%)eram homens. A idade média foi 46,3 (min=20;Max=79) anos e a duração média de doença de 19,2± 13,4 anos. O valor médio do BASDAI foi de 4,3 ±2,4, de BASFI 4,1 ± 2,7, de BASMI 3,7 ± 2,6, de HAQ--EA 0,9 ± 0,6, do SF-36 total score 52,1%± 19,1 e do

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MASESm de 1,3 ± 2,0. Nas respostas ao SF-36 os do-mínios da saúde com maior compromisso forama saúde geral (score médio-38,4 ± 17,6), vitalidade(score médio-49,3 ± 22,6) e dor corporal (score mé-dio=49,3 ± 23,5). Os domínios menos afectados fo-ram a função social (score médio=71,1 ± 25,6), de-sempenho emocional (score médio=63,8 ± 41,7) esaúde mental (score médio=63,3 ± 22,9). Os índicesBASDAI e BASFI apresentaram correlações nega-tivas, estatisticamente significativas, com todos osdomínios do SF-36, tendo o BASDAI maior asso-ciação com o domínio dor corporal (r = -0,69;p<0.001).Conclusões: Esta amostra de doentes com EA re-velou um compromisso funcional elevado. A acti-vidade da doença estava mais associada ao domí-nio de dor corporal do instrumento de qualidadede vida SF-36.

P41 – RETRATO DOS DOENTES COM ARTRITE

REUMATÓIDE A FAZER BIOLÓGICOS NO SERVIÇO

REUMATOLOGIA HEM Célia Ribeiro,1 Paula Araújo,1 Jaime C. Branco2,1

1. Serviço de Reumatologia do CHLO-EPE, HospitalEgas Moniz, Lisboa 2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa

Objectivos: Neste trabalho procurámos caracteri-zar os doentes do Serviço de Reumatologia do Hos-pital Egas Moniz, com o diagnóstico de Artrite Reu-matóide (AR) submetidos a terapêutica biológica,nos seus aspectos demográficos, caracteristicas clí-nicas, laboratoriais e radiológicas da AR. Material e Métodos: Análise descritiva da popula-ção de doentes do Hospital Egas Moniz, com odiagnóstico de AR, segundo os critérios do Ameri-can College of Rheumathology, que realizaram te-rapêutica biológica com Infliximab (I), Etanercept(E), Adalimumab (Ad), Anakinra (Ak) e Rituximab(R) no período entre 1-8-2000 e 31-12-2007, atra-vés do estudo e revisão dos respectivos processosclínicos. Esta população englobou 95 doentes e 128prescrições de biológicos, que correspondiam a I45, E 33, Ad 34, Ak 10 e R 6. Resultados: A idade média de início da doença foi45,4 anos e a duração média da doença foi 10 anos.Do total de prescrições, 62 estavam em curso, 2 fo-ram perdidas para outros centros e 64 foram sus-pensas. As manifestações extra-articulares esta-vam presentes em 26% dos doentes (n=25), sendo

as mais frequentes, os nódulos reumatóides (48%),seguidos da Síndrome de Sjögren (32%) e amiloi-dose (28%). O FR foi positivo em 81,9% dos doen-tes (n=83), o ac anti-CCP em 74,3% (n = 39) e osANA em 60,9%. O valor médio do DAS28 inicial foi5,8 e a variação DAS28 foi -2,12. O HAQ inicial mé-dio foi 1,43 e a variação HAQ foi -0,6. Pelo métodode SHARP (SH), obteve-se um valor inicial de 52,58(mín. 0 e máx. 311) (n= 65) e final 60,58 (mín. 0 emáx. 281) (n=32). Previamente ao início de bioló-gico foram efectuados 3,8 DMARD`s por doente,100% fez metotrexato (MTX); 67,4% leflunomida(L); 50,5% sulfassalazina (S); 49,5% hidroxicloro-quina (HQ); 37,9% sais de ouro (SO); 24,2% ciclos-porina (C) e 21 % fez azatioprina (A). Na últimaavaliação, nº médio de DMARD`s por doente foi de0,97, sendo o MTX o mais frequente (76,8%). A doseinicial média de prednisona foi 8,14mg e a final de6,33mg. Conclusões: Em cerca de sete anos de experiênciacom terapêutica biológica, concluiu-se existir umaresposta favorável na maioria dos casos, com tra-dução na melhoria da funcionalidade, nos indícesde actividade e de lesão da doença e nos biomar-cadores. Na quase totalidade dos doentes foi feitaterapêutica concomitante com DMARD`s. Verifi-cou-se ainda um efeito poupador de corticóidescom uma redução média de cerca de um quarto dadose inicial.

P42 – NEUTRÓFILOS: AVALIAÇÃO DA FAGOCITOSE

NUM MODELO ANIMAL DE ARTRITE

Rita Cascão,1 Pamela Weinmann,1 Joana Duarte,2

Luís Graça,1 João Eurico Fonseca1,3

1. Unidade de Investigação em Reumatologia, Instituto de Medicina Molecular, Faculdade de Medicina de Lisboa, Lisboa. 2. Unidade de Imunologia Celular, Instituto de Medici-na Molecular, Faculdade de Medicina, Universidade deLisboa, Lisboa;Instituto Gulbenkian de Ciência, Oeiras3. Serviço de Reumatologia do Hospital Santa Maria,EPE, Lisboa.

Objectivos: A Artrite Reumatóide (AR) é uma doen-ça inflamatória sistémica crónica. Os neutrófiloscontribuem para a amplificação e manutenção daresposta inflamatória, embora o seu papel na faseinicial da AR seja ainda desconhecido. O objectivodeste trabalho é caracterizar a capacidade de fago-citose dos neutrófilos, na fase inicial da indução deartrite num modelo animal.

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Material e Métodos: A artrite em ratinhos SKG é in-duzida pela injecção intraperitoneal de zymosan(extracto de beta-glucano da parede celular de fun-gos). O estado de desenvolvimento desta doençainflamatória é avaliado pela contagem do númerode articulações com sinais inflamatórios e, a cadauma destas, é atribuído um valor numa escala de0-3 (0: ausência de inflamação; 1: eritema ou ini-cio de inflamação; 2: tumefacção; 3: tumefacçãosignificativa). O sangue dos ratinhos é recolhido nacauda de 3 em 3 semanas, de forma a abranger asvárias fases de desenvolvimento da artrite. Nestetrabalho foram avaliados nove ratinhos fêmeas.Para determinação da capacidade fagocitária dosneutrófilos é usado o Phagotest® kit (OrpegenPharma), sendo o sangue periférico incubado pre-viamente com Escherichia coli-FITC. A quantifica-ção é realizada através de citometria de fluxo (FAC-SCanto).Resultados: Os resultados da quantificação da ca-pacidade fagocitária dos neutrófilos no modeloanimal SKG revelam que existe uma diminuição,estatisticamente significativa (p<0,05), da fagoci-tose observada 3 semanas após a indução, porcomparação com o grupo de ratinhos com 2 mes-es de idade, antes de ser administrado zymosan. Acapacidade fagocítica volta aos valores iniciaisapós 6 semanas de indução.Conclusões: A diminuição da fagocitose nas pri-meiras 3 semanas de indução poderá ser devida amúltiplos factores que requerem ainda esclareci-mento. No entanto, uma redução da actividade fa-gocítica na fase inicial da artrite pode estar hipo-teticamente envolvida na evolução para a cronici-dade, devido a um defeito de eliminação do estí-mulo antigénico.

P43 – A ABORDAGEM TERAPÊUTICA DOS

REUMATOLOGISTAS PORTUGUESES NA ESPONDILITE

ANQUILOSANTE

FM Pimentel-Santos,1,2,3 Laura Pinto,1

Ana Filipa Mourão,1 Ana Ribeiro,4

Miguel Sousa,5 Patrícia Pinto,6 Elsa Sousa,7

Anabela Barcelos,8 Jaime C. Branco1,2

1. Centro Hospitalar Lisboa Ocidental,Hospital Egas Moniz,Lisboa 2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa 3. Centro de Genética e Biotecnologia, Instituto de Bioengenharia e Biotecnologia da UTAD 4. Centro Hospitalar do Alto Minho, Hospital de

Ponte de Lima, Ponte de Lima 5. Instituto Português de Reumatologia, Lisboa6. Hospital de São Marcos, Braga7. Hospital de Santa Maria, Lisboa e Unidade de Investigação em Reumatologia, Instituto de MedicinaMolecular, IMM, FMUL 8. Hospital Infante D. Pedro, Aveiro, Grupo de Estudos CORPOREA Grupo de Estudos Conhecer a Realidade Portuguesa sobre EspondiliteAnquilosante

Objectivos: Pretendeu-se avaliar as práticas deprescrição dos Reumatologistas portugueses atra-vés da análise de uma amostra de doentes com Es-pondilite Anquilosante (EA).Material e Métodos: Os doentes incluídos no es-tudo CORPOREA, obedeciam aos critérios de NovaIorque modificados tendo sido recrutados em 9centros de Reumatologia e um de Fisiatria portu-gueses. Ao responderem a questionários (de auto-preenchimento e aplicados por entrevista) reco-lheu-se informação demográfica, de duração dadoença, co-morbilidades e terapêutica realizada.Os doentes foram caracterizados em termos deBath Ankylosing Spondylitis Disease Activity Index(BASDAI), Bath Ankylosing Spondylitis FunctionalIndex (BASFI), Bath Ankylosing Spondylitis Metro-logy Index (BASMI), Health Assessment Question-naire (HAQ). A análise da associação entre a tera-pêutica efectuada e as características do doente eos índices da EA foi realizada com modelos de re-gressão logística e com modelos lineares generali-zados com distribuição do tipo poisson/gamma eligação logarítmica.Resultados: Nos 176 doentes com EA avaliados90,3% faziam anti-inflamatórios não-esteróides(AINEs, de forma contínua ou intermitente), 17,1%corticóides, 56,3% fármacos modificadores dadoença (DMARDs) e 13,1% agentes anti-TNFα.Dos 99 utilizadores de DMARDs, 86 faziam apenasum fármaco (25,6% Metotrexato, 61,6% Sulfassala-zina) e 13 em associação. O esquema terapêuticomais utilizado foi a associação AINE e DMARD(51,7%). A utilização de DMARD foi maioritaria-mente (90,9%) efectuada em associação com AINE.Cerca de 91% dos doentes tratados com medica-mentos anti-TNFα utilizavam DMARD não bio-lógicos. Depois de controlada para as característi-cas da EA e dos doentes, a odds ratio entre a utili-zação de anti-TNFα e DMARD não biológico foi de12,4 (IC95% [2,2;69,7]) e entre anti-TNFα e AINE de 0,09 (IC95% [0,02;0,41]). Doentes com utilização

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de AINE no último ano apresentaram um valor deBASDAI 1,6 vezes superior (IC95% [1,2;2,2]) quan-do comparados com os não utilizadores de AINE.O valor do índice BASFI foi 1,5 vezes superior emdoentes com utilização de anti- TNFα. Conclusões: A abordagem terapêutica mais fre-quente nos doentes com EA foi a utilização de AI-NEs, em 51,7% dos casos associados a DMARDs.Existe associação entre a modalidade terapêuticae os índices de actividade e compromisso funcio-nal da doença.

P44 – TERAPÊUTICA BIOLÓGICA DA ARTRITE

REUMATÓIDE E RISCOS DE INFECÇÃO

Célia Ribeiro,1 Paula Araújo,1 Jaime C. Branco2,1

1. Serviço de Reumatologia do CHLO-EPE, HospitalEgas Moniz, Lisboa; 2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa

Objectivos: As infecções são um dos principaisefeitos adversos descritos da terapêutica biológi-ca, condicionando a decisão do médico e do doen-te em iniciar o tratamento e sendo muitas vezesuma importante causa para a sua suspensão. Pre-tende-se com este trabalho avaliar o nº infecção//doente/ano e caracterizar o perfil de infecçõesem doentes com Artrite Reumatóide (AR) sob te-rapêutica biológica. Material e Métodos: Análise da população dedoentes do Serviço de Reumatologia do HospitalEgas Moniz, com o diagnóstico de Artrite Reuma-tóide, pelos critérios do American College of Rheu-mathology, submetidos a terapêutica biológicacom Infliximab (I), Etanercept (E), Adalimumab(Ad) e Anakinra (Ak) no período entre 1-8-2000 e31-12-2007. Esta população engloba 95 doentes(88 mulheres e 7 homens) e 122 prescrições de bi-ológicos. Foram excluídos da análise 7 casos por in-suficiência de dados, sendo portanto incluídos 115destes tratamentos (I: 43, E: 29, Ad: 34, Ak: 9). O cál-culo do nº infecções/doente/ano para cada bioló-gico foi efectuada pela aplicação da fórmula: (so-matório infecções por biológico/somatório doen-tes por biológico) /somatório de anos de terapêu-tica por biológico. Caracterizaram-se o tipo deinfecções por sistemas e órgão e por gravidade,considerando-se infecções graves, todas as quemotivaram internamento e a tuberculose.Resultados: Os 115 doentes analisados, apresenta-ram no total 296 infecções, das quais 11 conside-

radas graves (3,7%). O nº Infecção/doente/ano noInfliximab (I) foi 0,026, no Etanercept (E) foi 0,033,no Adalimumab (Ad) foi 0,036 e no Anakinra (Ak)foi 0,062. Os casos considerados de infecção graveforam: 1) I - 3 tuberculoses pulmonares e 1 pneu-monia, 2) Ad - 4 infecções graves, nomeadamen-te, 1 tuberculose pulmonar, 1 tuberculose ganglio-nar, 1 pneumonia, 1 celulite com bacteriemia e , 3)E - 3 casos de infecção respiratória grave. Salien-ta-se que num dos doentes excluídos da análise,por não ser conhecida a duração da terapêutica,ocorreu 1 caso de tuberculose pulmonar sob tera-pêutica com Anakinra. Quanto à distribuição dotipo de infecção por sistemas e órgão, no globaldas infecções, 43% foram respiratórias (R), 21% ge-nito-urinárias (GU), 18% cutâneas (C) e outras(18%). Na distribuição para cada biológico, as prin-cipais infecções foram, com: 1) I - R (47%) e C(18%), 2) E - R (36%) e GU (31%), 3) Ad - R (46%) eGU (24%), 4) Ak- R, C, GU, ORL (25% cada). Conclusões: O biológico com o menor nº infec-ções/doente/ano foi o I , seguido pelo E, Ad e Ak.O infliximab foi o que apresentou também um me-nor nº de infecções graves/doente/ano. Relativa-mente à incidência de tuberculose, não existe ne-nhum caso sob etanercept. As infecções respirató-rias são claramente predominantes, tanto emtermos de frequência como de gravidade e inde-pendentemente do biológico utilizado. Em termosde frequência, destacam-se também, as infecçõesgenito-urinárias e cutâneas.

P45 – AVALIAÇÃO DO PASI EM DOENTES COM

ARTRITE PSORIÁTICA SOB TERAPÊUTICA

ANTI-TNFALFA

Elsa Sousa,1,2 Ana Rodrigues,1,2 Catarina Resende,1,2

Joana Caetano-Lopes,2 Helena Canhão,1,2

João Eurico Fonseca,1,2 José A. Pereira da Silva,1

Mário Viana Queiroz1

1. Serviço de Reumatologia e Doenças Ósseas Metabólicas, Hospital de Santa Maria 2. Unidade de Investigação em Reumatologia, Institutode Medicina Molecular, Lisboa

Objectivos: O TNFalfa é uma citocina pró-infla-matória determinante na patogénese da psoriasee da artrite psoriática, sendo detectada quer nas le-sões cutâneas quer na membrana sinovial destesdoentes. Os fármacos bloqueadores do TNFalfatêm benefício demonstrado no tratamento de am-bas as patologias. Este trabalho tem por objectivo

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avaliar prospectivamente a eficácia dos agentesbloqueadores do TNFalfa no tratamento das lesõesde psoriase em doentes que iniciam esta opção te-rapêutica por indicação articular.Material e Métodos: Avaliação prospectiva da efi-cácia da terapêutica bloqueadora do TNFalfa namelhoria das lesões cutâneas de psoriase, pelaaplicação do Psoriasis Area and Severity Index(PASI), aos 3 meses e depois semestral, durante umperíodo de follow-up máximo de 36 meses. Foramainda registados parâmetros clínicos incluindo:número de articulações dolorosas e tumefactas,Health Assessment Questionare (HAQ), BathAnkylosing Spondylitis Activity Index (BASDAI),Bath Ankylosing Spondylitis Function Index (BAS-FI), Escalas Visuais Analógicas (EVAs) globais dadoença pelo doente e pelo médico e parâmetros la-boratoriais, nomeadamente, velocidade de sedi-mentação (VS) e proteína C-reactiva (PCR). O HAQfoi aplicado aos doentes com padrão de envolvi-mento articular periférico e o BASFI e BASDAI aosdoentes com envolvimento axial.Resultados: Foram avaliados prospectivamente 23doentes (65% do sexo masculino), com uma mé-dia de idades de 50,1±10,8 anos e um tempo deevolução da doença de 15,4±7,6 anos. Os doentesforam tratados com etanercept (15), infliximab (6)e adalimumab (2) e o tempo médio de follow-upapós terapêutica foi de 27±11 meses.Os valores doPASI iniciais eram de 8,9±17,6 verificando-se umaredução de 60% e 90% aos 3 e 6 meses. A partir des-ta altura, a percentagem de redução do PASI em re-lação ao valor basal foi inferior: 70% aos 12 meses,77% aos 18 e 24 meses, 66% aos 30 meses e 40% aos36 meses (p< 0,05). Assistiram-se ainda a reduçõesestatisticamente significativas do número de arti-culações dolorosas, do HAQ e das EVAs do doentee do médico (p<0,05). Considerando os parâmetroslaboratoriais, as reduções da VS em relação ao va-lor inicial foram significativas aos 3, 6, 18 e 30 me-ses e da PCR aos 3, 6, 18, 24 e 30 meses (p<0,05).Identificaram-se apenas 4 casos de envolvimentoaxial exclusivo, não tendo sido analisados os re-sultados dos índices BASDAI e BASFI. De igual for-ma, o tamanho da amostra não permite estabele-cer comparações no que se refere à eficácia dos di-ferentes bloqueadores do TNFalfa.Conclusões: Este estudo mostra que, para alémdos benefícios nos índices habitualmente utiliza-dos para avaliar a eficácia da terapêutica da artri-te psoriática, estes doentes obtêm também gran-de melhoria do ponto de vista cutâneo, verifican-

do-se uma redução do PASI de 90% aos 6 meses.Este efeito máximo sobre a actividade cutânea nãoé, contudo, inteiramente sustentado ao longo dotratamento.

P46 – CONHECER A REALIDADE PORTUGUESA SOBRE

A ESPONDILITE ANQUILOSANTE (CORPOREA):CLÍNICA E SÓCIO-DEMOGRAFIA

FM Pimentel-Santos,1,2,3 Ana Filipa Mourão,1,4

Célia Ribeiro,1 Ana Ribeiro,5 Miguel Sousa,6

Patrícia Pinto,7 Elsa Sousa,4,8

Anabela Barcelos,9 Jaime C. Branco1,2

1. Centro Hospitalar Lisboa Ocidental,Hospital Egas Moniz,Lisboa 2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa 3. Centro de Genética e Biotecnologia, Instituto de Bioengenharia e Biotecnologia da UTAD.4. Unidade de Investigação em Reumatologia, Instituto de Medicina Molecular, Lisboa.5. Centro Hospitalar do Alto Minho, Hospital de Ponte de Lima, Ponte de Lima 6. Instituto Português de Reumatologia, Lisboa7. Hospital de São Marcos, Braga8. Hospital de Santa Maria, Lisboa 9. Hospital Infante D. Pedro, Aveiro, Grupo de Estudo CORPOREA - Grupo de Estudo Conhecer a Realidade Portuguesa sobre a EspondiliteAnquilosante

Objectivos: Caracterização clínica e sócio-demo-gráfica dos doentes incluídos no estudo CORPO-REA.Material e Métodos: Os doentes incluídos no es-tudo CORPOREA, tinham o diagnóstico de Espon-dilite Anquilosante (EA) de acordo com os critériosde Nova Iorque modificados, tendo sido recruta-dos em 9 centros de Reumatologia e um de Fisia-tria portugueses. Após a obtenção do consenti-mento informado foram aplicados questionáriosque permitiram obter informação de natureza de-mográfica e caracterizar os doentes em termos deBath Ankylosing Spondylitis Disease Activity Index(BASDAI), Bath Ankylosing Spondylitis FunctionalIndex (BASFI), Bath Ankylosing Spondylitis Metro-logy Index (BASMI) e Health Assessment Question-naire (HAQ). Foram recolhidos dados do exameobjectivo, laboratoriais e radiológicos e feita a ava-liação da capacidade funcional (critérios ACR). Aanálise da associação entre as características dodoente e os índices da EA foi realizada com mode-

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los lineares generalizados com distribuição do tipopoisson/gamma e ligação logarítmica.Resultados: A amostra constituída por 176 doen-tes incluiu 104 (59,1%) homens. A idade média foi46,3 (min=20;Max=79) anos com uma duração mé-dia de doença de 19,2 (DP=13,4). O tempo médiopara se estabelecer o diagnóstico foi de 7,7(DP=9,3) anos. Em termos de escolaridade 36,4%tinha o ensino primário completo ou ciclo prepa-ratório, 6,8% ensino primário incompleto ou nuloe 17,0% o ensino superior. Os trabalhadores acti-vos representavam 56,3% dos doentes e os desem-pregados 2,8%. A classificação funcional (critériosACR) foi: I – 43,8%; II – 30,7%; III – 21,0%; IV – 4,0%.A EA foi considerada activa em 72,3% dos casos osquais referiam uma duração média de rigidez ma-tinal de 54,4 (DP=44,1) minutos. O valor médio doBASDAI foi de 4,3 (DP=2,4), de BASFI 4,1 (DP=2,7),de BASMI 3,7 (DP=2,6) e de HAQ-AS 0,9 (DP=0,6).Valores mais elevados nos índices BASDAI e BAS-FI estiveram associados (p<0.05) a menor escola-ridade e ao sexo feminino. Valores menores doíndice BASMI estavam associados a menor dura-ção da EA (p<0,001) e a trabalhadores activos(p=0,003). Conclusões: Os doentes incluídos no estudo COR-POREA apresentam um longo período de tempopara se estabelecer o diagnóstico, e, níveis de acti-vidade da doença e de repercussão funcional ele-vados, traduzidos respectivamente pelo BASDAI eBASMI. A doença parece determinar maior com-promisso no sexo feminino e nos doentes de bai-xa escolaridade.

P47 – AS DENSITOMETRIAS ÓSSEAS SÃO SOLICITADAS

DE ACORDO COM AS RECOMENDAÇÕES?JC Branco,1,2 V Tavares,3 FP Santos,1,2

MP Araújo,2 P Nero,1,2 MM Mateus,2 AF Mourão,2

S Garcês,3 AA Matos1,2

1.Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Novade Lisboa 2.Serviço de Reumatologia do CHLO – EPE, HospitalEgas Moniz, Lisboa3.Serviço de Reumatologia do Hospital Garcia de Orta,EPE, Almada

Objectivos: A prevenção das fracturas osteoporó-ticas depende da identificação precoce dos seusfactores de risco e do valor da massa óssea avalia-da por densitometria óssea (DMO) nos doentesque apresentam um risco elevado. O uso incorrec-

to da DMO causa desperdício económico e cons-trangimentos clínicos. O objectivo deste estudo foiclarificar se a requisição médica das DMO seguiaas recomendações aprovadas pelas sociedadescientíficas e autoridades de saúde nacionais.Material e Métodos: Durante um período de doismeses, 6 médicos reumatologistas inquiriram to-dos os doentes que os consultaram, por qualquermotivo, em estabelecimentos públicos ou priva-dos, sobre se tinham alguma vez realizado umaDMO de dupla energia radiológica (da coluna lom-bar e/ou fémur proximal). Em todos os casos afir-mativos o médico aplicou um pequeno questioná-rio para colher dados relativos ao doente e à últi-ma DMO, desde que esta não tivesse sido solicitadapor esse próprio médico, para obviar dificuldadesna avaliação. Resultados: Durante o período destinado ao estu-do, foram consultados pelos 6 médicos 2065 doen-tes, dos quais 854 tinham realizado pelo menosuma DMO, que em 415 casos havia sido solicitadapelo médico investigador. Foram incluídos no es-tudo os restantes 439 doentes (idade média + des-vio padrão: 59,8 + 11,2), dos quais 407 (92,7%) erammulheres, sendo 80,90% (n=355) pós-menopáusi-cas (idade média da menopausa + desvio padrão:48,1 + 5,3 anos). Os factores de risco major para os-teoporose apresentaram as seguintes prevalências:corticoterapia: 83 doentes (18,9%), fracturas de fra-gilidade: 64 doentes (14,6%), história familiar defractura da anca: 36 doentes (8,2%), hiperparatiroi-dismo: 4 doentes (0,9%) e hipogonadismo: 1 doen-te (0,2%). Em 179 doentes (40,8%) a DMO tinhasido solicitada de acordo com as recomendações.Conclusões: A maioria das DMO foi solicitada semindicação recomendada, o que representa umenorme e escusado desperdício de recursos técni-cos e económicos. Existe, por isso, uma clara ne-cessidade de difundir largamente as recomenda-ções aprovadas e de formação pós-graduada dosmédicos que mais frequentemente requisitam asDMO.

P48 – IDENTIFICAÇÃO E CONHECIMENTO DA

FIBROMIALGIA: INQUÉRITO JUNTO DE MÉDICOS

GENERALISTAS E REUMATOLOGISTAS EM PORTUGAL

E COMPARAÇÃO COM A FRANÇA

JC Branco,1,2 F Blotman,3 H Barros,4

E Thomas,3 JP Caubere,5 Ch Taieb6

1. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa

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2. Serviço de Reumatologia, CHLO, EPE/Hospital EgasMoniz, Lisboa, Portugal3. Service de Rhumatologie, Hôpital Lapeyronie,Montpellier, França4. ONDOR, Porto, Portugal5. Fabre Santé, Castres, França6. Santé Publique, Qualité de Vie & Economie de laSanté, Pierre Fabre, SA, Boulogne, França

Objectivos: Poucos estudos foram realizados paraavaliar a identificação e o conhecimento da fibro-mialgia (FM) entre os médicos de família e os reu-matologistas. Um estudo realizado em Françamostrou a necessidade da educação médica con-tínua para ajudar os médicos a melhor identificare diferenciar a FM de outras patologias. O nossoobjectivo consistiu em avaliar o nível de conheci-mento desses médicos em Portugal acerca da FM,analisar a sua abordagem terapêutica e compará-la com a dos médicos franceses. Material e Métodos: Juntamente com um envelo-pe pré-pago foi enviado, a todos os médicos de fa-mília (n=8 399) e reumatologistas (n=124) portu-gueses, um questionário destinado a avaliar o co-nhecimento e a gestão da FM, já utilizado num es-tudo anterior realizado em França.Resultados: Trinta e quatro reumatologistas (taxade resposta: 27,4%) e 337 médicos de família (taxade resposta: 4,0%) devolveram o questionário pre-enchido. Cerca de 94,5% dos médicos de família e87,5% dos reumatologistas nunca receberam qual-quer formação curricular sobre a FM. Por conse-guinte, o conhecimento dos sintomas e dos sinaisclínicos desta entidade nosológica, bem como dosseus critérios de classificação do American Colle-ge of Rheumatology, 1990 e da gestão corrente dosdoentes fibromiálgicos revela uma ampla área paramelhoria da formação pós-graduada.Conclusões: Tal como em França, existe em Por-tugal a necessidade de implementar um programade formação médica contínua sobre a dor crónicae a FM. Este trabalho foi completamente suporta-do por uma bolsa específica concedida pelos La-boratórios Pierre Fabre.

P49 – OSTEOPOROSE MASCULINA – ESTUDO

RETROSPECTIVO DE 70 DOENTES

D. Medeiros,1 M. Sousa,1 R. Figueiredo,1

C. Miguel,1 F. Barcelos,1 M. Micaelo,1 E. Simões1

1. Reumatologia, Instituto Português de Reumatologia,Lisboa.

Objectivos: A Osteoporose masculina (OP), pato-logia mais rara do que a feminina, está frequente-mente associada a causa identificáveis, pelo que a investigação de eventuais causas secundárias deverá fazer parte da abordagem sistemática daOP. Pretendemos descrever uma população de 70 doentes do sexo masculina, observados naconsulta externa de OP e doenças ósseas-meta-bólicas. Material e Métodos: Estudo retrospectiva envol-vendo uma amostra de 70 doentes com OP mas-culina, observados na consulta de OP e doenças ós-seas-metabólicas. Foram avaliados parâmetros de-mográficos, duração media do diagnóstico, etiolo-gia, factores de risco, tipo de osso afectado, T-scoremínimo na DXA, fracturas, terapêutica.Resultados: 70 homens com o diagnóstico de OPforam avaliados. Idade média foi 60 anos. Duraçãomedia do diagnóstico foi 7,5 anos. Em 66% dos ca-sos (46) ocorreu causa secundária. Incluíram: 22%(10) hipercalciúria idiopática (HI), 17 % (8) iatro-genia, 20% (9) hipogonadismo, 22% (10) espondi-loartropatia seronegativa, 15% (7) artrite reumatói-de, 2% (1) hipertiroidismo e 2% (1) hiperparatiroi-dísmo. A OP iatrogénica incluiu fármacos comoglucocorticóides isolados (4), anticonvulsivantes(1), anti-ácidos (2), antagonistas androgénicos (1).A OP trabecular ocorreu em 60 % (42), OP cortical9% (6) e OP trabecular e cortical 31% (22). O scoreT médio trabecular foi -2,68 DP e -2,6 DP para ocortical. Ocorreram 25 fracturas: 3 colo femoral, 9vértebras, 7 punho, 4 pé e 2 cotovelo. Bifosfonatos(BFO) foram prescritos em 67% (47); calcitonina9% (6); testosterona 9% (6); ranelato estrôncio 3%(2), análogo PTH 1% (1); pamidronato 1% (1), eCálcio e vitamina D isolados 10% (7). Os doentescom HI realizaram diuréticos tiazídicos (10). O bai-xo intake de cálcio ocorreu em 33% (22), excessode álcool 22% (15), sedentarismo 22% (15), taba-gismo 15% (10), gastrite atrófica em 5% (3) e his-tória familiar 3% (3).Conclusões: A OP secundária foi a mais frequen-te, sendo a hipercalciúria idiopática e as doençasdo tecido conjuntivo (DTC) as causas mais obser-vadas, seguidos de hipogonadismo. O consumoexcessivo de etanol e o baixo intake de cálcio, as-sociados a sedentarismo, foram factores de riscopredominantes. A OP 2ª às DTC foi inferior ao es-perado dado estas serem seguidas pelo reumato-logista assistente. Esta consulta inclui casos refe-renciados pela sua gravidade, causas secundárias,ou resistência à terapêutica.

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P50 – SOBREVIDA CUMULATIVA DAS TERAPÊUTICAS

BIOLÓGICAS EM DOENTES COM ARTRITE REUMATÓIDE

Célia Ribeiro,1 Paula Araújo,1 Ana Filipa Mourão,1

Laura Pinto,1 Sandra Falcão,1,2 Rita Barros,1

António A. Matos,1,2 Jaime C. Branco2,1

1. Serviço de Reumatologia do CHLO-EPE, HospitalEgas Moniz, Lisboa 2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa

Objectivos: O objectivo deste trabalho é efectuaro estudo da sobrevida cumulativa das terapêuticasbiológicas utilizadas na Artrite Reumatóide no nos-so Serviço. Material e Métodos: Análise de todos os doentesdo Serviço de Reumatologia do HEM, com diag-nóstico de Artrite Reumatóide, segundo os critériosdo ACR, submetidos a terapêutica biológica, comInfliximab (I), Etanercept (E), Adalimumab (Ad) eAnakinra (Ak), no período de 1-8-2000 a 31-12--2007, o que correspondeu a 95 doentes (88M : 7H)com idade média 55 anos e 122 prescrições. Naanálise de sobrevida foram excluídas 4 prescriçõespor insuficiência de dados, sendo assim analisadas118, distribuídas da seguinte forma: I 44, Ad 33, E31, Ak 10. O I e o E foram iniciados no ano 2000 eo Ad e o Ak em 2003. A análise de sobrevida cumu-lativa terapêutica foi efectuada pelo teste de Ka-plan-Meier, considerando como «end-point» adescontinuação terapêutica. Efectuou-se ainda aavaliação da sobrevida cumulativa por ineficácia(In) e por ocorrência de efeitos secundários (ESec).Calcularam-se as taxas de descontinuação e fez-sea caracterização das suas principais causas. Resultados: Do total de 118 tratamentos iniciados,foram suspensos 62 (52,54%) e 56 mantêm-se a fa-zer terapêutica ( 47,5%) . Os resultados obtidosapresentam-se em tabela. A análise global dasprescrições mostrou diferenças estatistícas entreos vários biológicos (p = 0,0001). Pela proximida-de dos resultados obtidos entre I e E, repetiu-se aanálise de Kaplan-Meier aplicada somente a estes2 fármacos. Não se encontrou diferença estatisticana sobrevida cumulativa entre ambos (p = 0,905),incluindo a análise por ineficácia e por efeitos se-cundários. Nos casos de suspensão, a principalcausa são os efeitos secundários (50%), seguidos deineficácia (32,25%) e outras (17,75%). Nos suspen-sos por ESec, as infecções graves são sobretudo doforo respiratório (38,7%) incluindo 6 casos de tu-berculose pulmonar (3 sob I, 1 sob Ad, 1 sob Ak) e1 caso de tuberculose ganglionar (sob Ad). As reac-

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ções alérgicas ocorreram em 22,5%. Verificaram-se4 casos de neoplasia (9,7%), nomeadamente umcaso de neoplasia da próstata (sob Ad), um de ne-oplasia do endométrio (sob E), um caso de linfo-ma B de baixo grau (sob Ak) e um caso de neopla-sia do Sistema Nervoso Central (sob I). Conclusões: A sobrevida média do I e do E foi si-milar (49,7 e 48,7 meses, respectivamente) e com-parativamente superiores às do Ad e Ak. Estas di-ferenças poderão em parte ser explicadas pela in-trodução mais tardia do Ad e do Ak . Outra expli-cação possível, no caso do Ad, foi este ter sido obiológico mais utilizado em SWITCH (39,9% das 33prescrições), comparativamente ao I (13,6%) e aoE (19,35%). As taxas de descontinuação global, porineficácia e por toxicidade, são sobreponíveis en-tre o I, E e Ad.

P51 - PREVALÊNCIA DA FIBROMIALGIA NA EUROPA

JC Branco,1,2 F Saraiva,3 M Matucci Cerinic,4

B Bannwarth,5 I Failde,6 J Carbonell,7

F Blotman,8 M Spaeth,9 F Nacci,10

JP Caubere,11 K Le Lay,12 Ch Taieb12

1. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa 2. Serviço de Reumatologia, CHLO, EPE - Hospital EgasMoniz, Lisboa, Portugal3. Serviço de Reumatologia, Hospital Santa Maria, EPE,Lisboa, Portugal4. Div Rheumatology, Univ. Florença, Itália5. Universidade V. Segalen, Bordéus, França6. Medicina Preventiva e Saúde Pública, Universidade de Cadiz, Espanha7. Unidade Reumatologia, Barcelona, Espanha8. Hospital Lapeyronie, Montpellier, França9. Unit of Rheumatology, Munique, Alemanha 10. Div Rheumatology, Univ. Florença, Itália11. Pierre Fabre Santé, França12. Santé Publique, Qualité de Vie & Economie de laSanté, Pierre Fabre, SA, Boulogne, França

Objectivos: A prevalência da fibromialgia (FM) foiestimada na população geral entre 2 e 4%, atravésde várias metodologias no Canadá, nos EstadosUnidos da América e em Espanha. O objectivo des-te estudo consistiu, segundo a mesma metodolo-gia, em avaliar e comparar a prevalência da FM emcinco países europeus: Alemanha, Espanha, Fran-ça, Itália e Portugal.Material e Métodos: O London FibromyalgiaEpidemiological Study Screening Questionnaire

(LFES-SQ 4 itens) foi submetido, por um lado, aosdoentes que consultaram os 8 serviços hospitala-res de reumatologia participantes no estudo, qual-quer que fosse o motivo da consulta e, por outrolado, à população geral, recorrendo a uma amos-tra representativa da população geral com mais de15 anos de idade, seleccionada segundo o métododas quotas. Os doentes vistos na consulta foramexaminados conforme os critérios de classificaçãoda FM do American College of Rheumatology de1990 para confirmar ou não a presença de FM. Aprevalência foi estudada em função de várias mo-dulações deste questionário de detecção, nomea-damente, acrescentando perguntas relativas à fa-diga (LFES-SQ 6 itens).Resultados: Nos cinco países estudados, 1125doentes e 4517 adultos da população geral foramentrevistados. Para o conjunto dos países, a preva-lência da FM foi de 4,6% [4,0 – 5,2], quando toma-das em consideração unicamente as queixas dedores difusas, e de 2,8% [2,3 – 3,3] se acrescentar-mos a fadiga. A prevalência estimada em França foide 2,2% (2,6% nas mulheres e 1,8% nos homens),em Portugal de 3,7% (5,1% nas mulheres e 2,3%nos homens), em Espanha de 4% (5,2% nas mulhe-res e 2,7% nos homens), na Alemanha de 5,8%(7,5% nas mulheres e 3,8% nos homens) e na Itá-lia de 6,6% (9,8% nas mulheres e 3,0% nos ho-mens). Só foram evidenciadas diferenças estatis-ticamente significativas entre a França e a Itália eentre a França e a Alemanha. Estes resultados per-mitem-nos comparar essas prevalências com osresultados previamente observados nos EstadosUnidos e no Canadá. As ligeiras diferenças inter-continentais explicam-se provavelmente pelas di-ferenças de metodologias e de populações, mastambém pelas diferenças socio-demográficas e depercepção desses sintomas. Conclusões: Este estudo permitiu-nos avaliar emcinco países europeus a prevalência da FM. A pre-valência mínima de 2,8% obtida no conjunto des-tes países indica que um total de 6 milhões de adul-tos padece de FM. Este trabalho foi completamen-te suportado por uma bolsa específica concedidapelos Laboratórios Pierre Fabre.

P52 – PREVALÊNCIA DA FIBROMIALGIA EM

PORTUGAL: RESULTADOS FINAIS

JC Branco,1,2 F Saraiva,3 JP Caubère,4 E André5

K Roué-Le Lay,5 Ch Taieb6

1. Faculdade de Ciências Médicas da Universidade

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Nova de Lisboa 2. Serviço de Reumatologia, CHLO, EPE - Hospital EgasMoniz, Lisboa, Portugal.3. Serviço de Reumatologia, Hospital Santa Maria, EPE,Lisboa, Portugal4. Pierre Fabre SA, Castres, França5. Médico de Saúde Pública, Grenoble, França6. Santé Publique, Qualité de Vie & Economie de laSanté, Pierre Fabre, SA, Boulogne, França

Objectivos: A fibromialgia (FM) é uma doença deetiologia desconhecida e diagnóstico difícil, queafecta mais de 5% dos doentes que acorrem a umaconsulta de medicina geral. A prevalência na po-pulação geral é de cerca de 2% e de 5,8 % nas mu-lheres de 40 a 60 anos e até 8% nas mulheres de 55a 64 anos. O objectivo deste estudo consistiu emavaliar a prevalência da FM em Portugal, no âmbi-to de um serviço hospitalar de reumatologia e napopulação geral.Material e Métodos: Todos os doentes que, porqualquer motivo, foram consultados em duas con-sultas de reumatologia, durante um intervalo de 2dias, foram entrevistados utilizando o London Fi-bromyalgia Epidemiological Study Screening Ques-tionnaire (LFES-SQ 4 itens), validado em portu-guês, e ao qual foram acrescentadas duas pergun-tas relativas à fadiga (LFES-SQ 6 itens). Estes doen-tes foram estudados segundo os critérios declassificação do American College of Rheumato-logy de 1990, para confirmar ou não a existência deFM. O LFES-SQ de 6 itens foi concomitantementesubmetido, por telefone, a uma amostra represen-tativa da população portuguesa com mais de 15anos de idade, seleccionada pelo método de quo-tas. A prevalência da FM na população geral foiavaliada, multiplicando a percentagem de casosde FM confirmados entre os doentes detectadospositivos nas consultas, ou seja, o valor preditivopositivo observado nas consultas, pela percenta-gem de indivíduos positivos na população geral.Resultados: Entre todos os doentes adultos obser-vados na consulta, 56,7% declaram dores difusas,38% declaram dores difusas e fadiga. Em 20,3%[19,8-20,8] dos casos foi confirmada a presença deFM. Detectaram-se dores difusas em 12,8% dosadultos entrevistados na população geral e 9,8%apresentavam também fadiga. Considerando asdores difusas como o único critério de pré-diag-nóstico, a prevalência da FM na população geral foiavaliada em 3,7% [2,0 – 5,4]. Se for acrescentada afadiga, a prevalência atinge 3,6% [2,0 – 5,2]. A pre-

valência aumenta com a idade até à faixa dos 65-74 anos. Os casos confirmados de FM são maiori-tariamente mulheres, com uma idade média de59,2 anos.Conclusões: Tendo como referência esta prevalên-cia mínima de 3,6%, existirão cerca de 300.000adultos com FM em Portugal. Este trabalho foicompletamente suportado por uma bolsa especí-fica concedida pelos Laboratórios Pierre Fabre.

P53 – CARACTERIZAÇÃO DE UMA POPULAÇÃO DE

DOENTES COM ESCLERODERMIA COM DOENÇA

INTERSTICIAL PULMONAR (DIP)T. Videira,1 N. Melo,2 F. Brandáo,1 A. Morais,2

F. Simóes Ventura1

1. Serviços de Reumatologia e da Faculdade de Medici-na do Porto 2. Serviço de Pneumologia do Hospital de Sáo Joáo

Objectivos: A esclerodermia (ES) é uma doençasistémica inflamatória rara, de etiologia desconhe-cida e cacterizada por espessamento cutâneo egrau variável de atingimento multiorgânico. Ava-liação das características clínicas e epidémiológi-cas de uma população de doentes com escleroder-mia com DIP. Material e Métodos: Foram incluídos 11 doentes(média de idades – 51 anos; sexo feminino – 91%)com DIP associada à ES, sendo avaliadas as ca-racterísticas clínicas e epidemiológicas desta po-pulação.Resultados: O diagnóstico foi efectuado segundoos critérios do American College of Rheumatology,em média 3,8 anos após o aparecimento dos pri-meiros sintomas. O aparecimento de sintomas gas-trointestinais e respiratórios ocorreram, em mé-dia, 2 anos e 6,4 anos após o diagnóstico, repecti-vamente. Cerca de 90% dos doentes eram não fu-madores e 10% ex-fumadores. Cerca de 18% tinhahipertensão arterial na história pregressa. Umdoente era uma sobreposição de esclerodermiacom artrite reumatóide.O envolvimento cutâneoera limitado em 45%, difuso em 40% e ausente em10% dos doentes. O fenómeno de Raynaud foiobservado em 73%, a disfagia em 64%, as úlcerasdigitais em 55%, a sinovite em 18%, o refluxo gas-tro-esofágico em 18% e a miosite em 9% dos doen-tes. Analiticamente cerca de 64% dos doentes ti-nham síndrome inflamatório biológico sugestivode actividade da doença (média de VS – 60mm/1ªh;N < 25mm/1ªh). Foi encontrado o seguinte perfil

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imunológico: anticorpo anti-nuclear positivo em64% dos casos e anticorpos anti-centrómero e anti-Scl70 positivos em 27% dos casos. Cerca de 27%dos doentes apresentavam simultaneamente HP(PSAP média de 70 mmHg) e proteinúria subnefró-tica em 18%. Relativamente ao envolvimento pul-monar, a dispneia foi o sintoma respiratório pre-dominante (82%). Funcionalmente 45% dos doen-tes apresentavam síndrome ventilatório restritivo,18% síndrome ventilatório obstrutivo e 55% dimi-nuição da transferência alvéolo-capilar do monó-xido de carbono. As alterações imagiológicas ti-nham predomínio basal (55%), sendo o padrão re-ticular o mais comum (55%). A alveolite linfocíti-ca e neutrofílica foi a alteração mais frequente(36%) na análise do LBA. Os corticóides e a ciclo-fosfamida foram os fármacos mais usados na tera-pêutica instituída.A manometria esofágica reve-lou ausência de peristaltismo nos 2/3 inferiorescom esfincter esofágico inferior hipotónico em 6doentes. O Electrocardiograma revelou hemiblo-queio fascicular anterior esquerdo (3 doentes),bradicardia sinusal (1 doente), má progressão daonda R (1 doente) e taquicardia sinusal (1 doente),sendo os restantes normais. Três doentes falece-ram (27%), um devido à HP associada, outro devi-do a neoplasia pulmonar e outro ainda no contex-to de sépsis com origem abdominal. Conclusões: De salientar o intervalo de tempoalongado entre o diagnóstico de ES e o apareci-mento dos sintomas sendo neste período essenciala monitorização cardiaca, pulmonar e renal pré-sintomática para a detecção precoce da doença,uma vez que é o envolvimento pulmonar (sobre-tudo) , cardiaco e renal são as causas de morte maisfrequente nestes doentes.

P54 – SINDROME METABÓLICA E RISCO

CARDIOVASCULAR EM DOENTES COM LÚPUS

ERITEMATOSO SISTÉMICO

Maria José Santos,1 Filipe Vinagre,1

Sandra Garcês,1 J Canas da Silva1

1. Serviço de Reumatologia, Hospital Garcia de Orta

Objectivos: Os doentes com Lúpus EritematosoSistémico (LES) têm um risco de eventos cardio-vasculares 5-6 vezes superior à população geral eesse aumento não é totalmente explicado pelosfactores de risco tradicionais. Por outro lado a Sin-drome Metabólica (SMet) aumenta o risco CV maisde 2 vezes. Foi nosso objectivo avaliar a presença

de Sindrome Metabólica em doentes com LES eestimar o risco CV a 10 anos nesses doentes, apli-cando a equação de Framingham. Material e Métodos: Foram estudados 57 doentesconsecutivos com o diagnóstico de LES (95% mu-lheres; idade média 46±13 anos; duração da doen-ça 6,4±4,6 anos) e 72 controlos com característicasdemográficas semelhantes, sem doença inflama-tória. Foram avaliadas características clínicas, re-gistada medicação e colhida uma amostra de san-gue, após jejum nocturno, para medição da glicé-mia e dos lípidos séricos. A presença de SMet foideterminada de acordo com a definição do Natio-nal Cholesterol Education Program/Adult Treat-ment Panel III (NCEP/ATP III), da InternationalDiabetes Federation (IDF) e da American HearthAssociation/National Heart Lung and Blood Insti-tute (AHA/NHLBI).Resultados: A prevalência de SMet foi superior nosdoentes com LES, independentemente da defini-ção utilizada: NCEP/ATP III - 14% vs 5% n.s.; IDF-26% vs 14% p=0.05; AHA/NHLBI - 21% vs 8%p=0.03. Níveis baixos de HDL e hipertensão dias-tólica foram os domínios que mais contribuirampara essas diferenças. Os doentes com LES queapresentavam algum dano medido pelo SLICC//ACR DI tinham maior probabilidade de sofrer deSMet (OR1,7; 95% CI 1,07-2,8; p=0,02). Não encon-trámos relação entre a presença de SMet e a dura-ção ou actividade do LES. O risco CV a 10 anos es-timado pela equação de Framingham foi mais bai-xo nos doentes com LES do que nos controlos(1.06% vs 1.97%). Conclusões: A prevalência de SMet é 2-3 vezes su-perior nos doentes com LES do que nos controlos,dependendo da definição utilizada. Por outro lado,a aplicação da equação de Framingham conduz avalores mais baixos no LES do que nos controlos,provavelmente subestimando o real risco cardio-vascular dos doentes com lúpus.

P55 – FRACTURA OSTEOPORÓTICA DO FÉMUR

DURANTE A GRAVIDEZ – CASO CLÍNICO

R. Barros,1 F.S.Silva,2 P. Rego,2 J. Monteiro2

1. S. Reumatologia-Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental- H. Egas Moniz, Lisboa.2. S. de Ortopedia, Hospital de Santa Maria, E.P.E., Lisboa; Faculdade de Medicina de Lisboa, Universidade de Lisboa, Lisboa.

Objectivos: Os autores apresentam o caso de uma

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mulher de 34 anos que sofreu uma fractura sub-ca-pital do fémur num contexto de queda da própriaaltura.É feita uma discussão dos diagnósticos di-ferenciais das fracturas de fragilidade do femur du-rante a gravidez e uma revisão da literatura sobrea osteoporose durante a gravidez.Material e Métodos: Primigrávida, à 34a semanadesenvolve dor da anca e coxa direita de ritmo me-cânico, não incapacitante, tratada com descargacom canadianas e deflazacort 5 dias. Na 37ª sofrequeda da própria altura na via pública de que re-sultou fractura subcapital do fémur direito. Cesa-riana electiva às G37+ 2 d, RN de sexo feminino,com peso 2425g índice Apgar 8/9. Factores de ris-co osteoporose/fracturas: tabagismo (14 UMA).DEXA: z-score -2.3 femúr proximal total e z-score -3 coluna lombar. Resultados: A investigação etiológica da fracturademonstrou ser esta uma fractura osteoporótica.A doente foi submetida a redução cruenta e fixaçãoin situ da fractura com parafusos canulados e in-viciou investigação e tratamento da osteoporose. Conclusões: Como hipóteses fisiopatológicas paraa osteoporose associada à gravidez apontam-se:uma resposta supra-fisiológica às alterações dometabolismo ósseo em mulheres com DMOpréviamente normal; em mulheres com osteopo-rose prévia, a gravidez e/ou lactação actuariamcomo factores de stress com a manifestação clíni-ca da osteoporose; forma ligeira de osteogéneseimperfeita, que se manifesta no contexto das alte-rações do metabolismo ósseo, ou uma combina-ção de factores

P56 – INFECÇÕES ATÍPICAS EM DOENTES COM

ARTRITE REUMATÓIDE SOB ANTI-TNFα:A PROPÓSITO DE 2 CASOS

S. Pimenta,1 M. Bernardes,1 A. Bernardo,1

M.D. Pinheiro,2 A. Morais,3 E. Mariz,1 C. Vaz,1

J. Pinto,1 F. Simões-Ventura1,4

1. Serviço de Reumatologia do Hospital de São João, Porto2. Laboratório de Microbiologia do Serviço de Patologia Clínica do Hospital de São João, Porto3. Serviço de Pneumologia do Hospital de São João,Porto4. Faculdade de Medicina do Porto

Objectivos: O risco infeccioso está globalmenteaumentado nos doentes tratados com anti-TNFα.A reactivação da tuberculose permanece ainda

tema da actualidade e o aparecimento de infec-ções por outros agentes é alvo de publicações re-centes. Entre elas destacam-se infecções por legi-onella, descritas em doentes sob infliximab e vári-as infecções por pneumococcus. Material e Métodos: Os autores descrevem doiscasos de infecções raras, por agentes atípicos, emdoentes sob etanercept. Resultados: Caso nº1: doente do sexo masculino,56 anos de idade, com artrite reumatóide diagnos-ticada há 8 anos, iniciou o etanercept em Maio de2004. Manteve-se medicado e controlado até Janei-ro de 2007, altura em que apresentou, de novo, 5articulações tumefactas, 3 dolorosas e um aumen-to da VS (93 mm/1ªh). Queixava-se de tosse seca,sem febre e sem alterações do estado geral. O RXpulmonar objectivava um padrão micronodulardifuso e um nódulo de 20 mm de diâmetro no cam-po pulmonar direito. Analiticamente: sem anemia,presença de síndroma inflamatório biológico (VS:93 mm/1ªh; PCR: 24.6 mg/L) e trombocitopenia(plaquetas: 143 x 109). Não tinha alterações da fun-ção hepática ou renal. Imunologicamente: factorreumatóide: 4060 UI/mL (< 30) e anti-CCP: 4640 U(< 20). Serologia HIV negativa. A TC torácica reve-lou uma lesão nodular hipodensa, no lobo supe-rior direito, com 26 mm de diâmetro compatívelcom lesão neoformativa e outro nódulo com cer-ca de 10 mm, à esquerda. A broncofibroscopia nãorevelou alterações e os exames micobacteriológi-cos dos lavados brônquico e bronco-alveolar fo-ram negativos. Foi submetido a biopsia aspirativatranstorácica do nódulo pulmonar direito. A cito-logia não revelou presença de células malignas,mas evidenciou estruturas fúngicas mal caracteri-zadas, não se conseguindo identificar no examecultural. Iniciou, nessa altura, o itraconazol. Dadaa persistência das alterações imagiológicas sobanti-fúngico, repetiu a biopsia transtorácica doismeses e meio depois. O exame citológico foi sobre-ponível ao anterior, individualizando-se hifas fún-gicas. Houve crescimento de Aspergillus (aguardaidentificação de espécie) ao exame cultural. Faceao antibiograma foi modificada a terapêutica paraposaconazol. Por manter exame da expectoraçãocom presença de hifas, foi alterada a medicaçãopara voriconazol. O último controlo imagiológico,feito 10 meses depois, mostra discreta melhoriadas alterações pulmonares com parcial cavitaçãoda formação nodular. Caso nº2: mulher de 59 anoscom artrite reumatóide desde os 24 anos de idade,iniciou etanercept em Agosto 2005. Manteve a te-

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rapêutica sem intercorrências até Setembro de2007, altura em que surgiram lesões cutâneas, eri-temato-pustulosas com formação de úlcera e pos-terior cicatrização, ao nível do tronco e membrosinferiores. O exame bacteriológico do exsudado re-velou existência de Pseudomonas aeruginosa. Se-gundo o antibiograma, iniciou ciprofloxacina quefez durante 16 dias mas, sem melhoria. Repetiu oexame bacteriológico que confirmou a presençade P. aeruginosa e Staphylococcus epidermidis.Manteve a ciprofloxacina e iniciou o trimeto-prim/sulfametoxazol durante 16 dias com regres-são total das lesões.

P57 – OSTEOMALÁCIA HIPOFOSFATÉMICA//DORSALGIA NUM ADULTO JOVEM HLA B27 + T. Videira,1 A. Bernardo,1 M. Bernardes,1

F. Brandão,1 J. Brito,1 F. Simóes Ventura1

1. Serviços de Reumatologia do Hospital de São João eda Faculdade de Medicina do Porto

Objectivos: A osteomalácia é uma doença ósseametabólica rara que é caracterizada por uma mi-neralização anómala do esqueleto maturo tendocomo manifestações clínicas principais : fractura,dor óssea e fraqueza muscular proximal.

Neste caso clinico, descreve-se um adulto jo-vem, sexo masculino, com o diagnóstico de Pelvi-espondilite anquilosante B27+, dois anos antes dointernamento, com irmão também com o mesmodiagnóstico.

Apresentava raquialgia dorsolombar e coxalgiaincapacitante bilateral com dois anos de evolução,de predomínio nocturno e rebeldes ao tratamen-to prescrito com aine’s (Indometacina 125 mg/dia).Não fazia qualquer outro tipo de terapêutica, in-clusivé anti-àcidos. Ao exame objectivo não apre-sentava baixa estatura nem outros estigmas de os-teomalácia, nem tão pouco sinais sugestivos de sa-croileíte. Força muscular proximal dos membrospreservada. No estudo radiológico apresentavaevidência de múltiplas fracturas vertebrais dorsaise osteopenia generalizada, sem sinais de sacroileí-te radiológica e/ou sindesmofitose no ráquis. Noestudo analítico não apresentava sinddrome infla-matório biológico, de relevo apenas no estudo dometabolismo fosfo-cálcio: hipofosfatemia, aumen-to da fosfatase alcalina, diminuição da taxa de re-absorção renal de fósforo, normocalcemia comnormocalciúria, metabólitos da vitamina D nor-mais e PTH intacta normal.

Doseamentos normais de função tiroideia, tes-tosterona, sem hipopituitarismo. Sem alteraçãourinária a favor de Sindrome de Fanconi ou outrapatologia tubular renal. O cintilograma ósseo re-velou: «focos de hipercaptação das coxofemurais,epífises proximais do úmero, carpos, coluna dor-sal e faces laterais dos tarsos...na projecção da gra-de costal, clavícula direita ecalcâneo esquerdo...»Na Densitometria óssea apresentava, valores de Tscore de L1-L4 : - 2,3 ; Cólo fémur : -2,7 e Wards : -2,6. Perante a suspeita de osteomalácia foi realiza-da biopsia da crista íliaca que confirmou o diag-nóstico. Iniciou tratamento com suplementos defósforo elementar orale calcitriol com melhoria clí-nica, normalização dos valoresde fósforo e fosfa-tase alcalina e melhoria dos valores da densidademineral óssea. O doente apresentava caracteristi-cas clinicas e analíticas que podem ser sugestivastanto de osteomalácia ligada ao Cromossoma Xcomo de osteomalácia oncogénica.Pelo facto de,até à data, apesar do estudo exaustivo (aguardacintilograma marcado com octreotideo) não tersido detectada etiologia oncogénica, de momentointerpreta-se como tratando-se de uma osteoma-lácia ligada ao Cromossoma X, apesar da sintoma-tologia de início tardio e da forma esporádica. Orastreio dos familiares, incluindo o irmão foi nega-tivo. A etiologia, patogénese e nosologia destadoença permanecem incompletamente conheci-das, mas o tratamento é baseado na experiênciaactual de casos semelhantes e nos seus resultadosa nivel clinico, analitico e densitométricos.

P58 – DERMATOMIOSITE JUVENIL: A PROPÓSITO DE

4 CASOS

S. Pimenta,1 I. Cunha,2 C. Dias,3 I. Brito4

1. Serviço de Reumatologia do Hospital de São João, Porto2. Unidade de Reumatologia do Hospital Infante D. Pedro, Aveiro3. Serviço de Pediatria do Hospital de São João, Porto5. Unidade Funcional de Reumatologia Pediátrica doHospital de São João / Faculdade de Medicina do Porto

Objectivos: A dermatomiosite (DM) é uma conec-tivite rara que atinge predominantemente o sexofeminino. A idade de início pode dividir-se em doisgrupos: um observado na criança entre os 5 e 14anos e outro no adulto entre 45 e 64 anos. Na crian-ça, a incidência é cerca de 1 a 4 por milhão de ha-bitantes, observando-se uma variação sazonal.

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Contrariamente ao descrito no adulto, a associa-ção entre dermatomiosite e neoplasia parece serexcepcional. A evolução pode complicar-se peloaparecimento de calcinose, mais característica dasDM juvenis, podendo levar a incapacidade funcio-nal articular.Material e Métodos: Os autores descrevem 4 casosde dermatomiosite na criança com manifestaçõesclínicas, evolução e prognóstico variáveis. Resultados: Caso nº1: menino de 7 anos com his-tória de internamento, aos 4 anos de idade, por fe-bre, mialgias, artrite do joelho esquerdo e do pu-nho direito, tendo tido alta medicado com cortico-terapia. Tinha tido um mês antes uma estomatiteaftosa com artrite reactiva dos membros inferioresque melhorou com ibuprofeno. Um mês depois, foireinternado pelo mesmo quadro clínico, objecti-vando-se, de novo, lesões ulceradas nos cotovelose pavilhão auricular assim como lesões cutâneasdas mãos sugestivas de nódulos de Gottron. Ana-liticamente: anemia Hg: 11.9 g/dl, síndrome infla-matório (VS: 85 mm/1ªh e PCR: 92.2 mg/L), CPK eCPK MB: normais, aldolase: 16.5 U/L (< 7.6), semoutras alterações relevantes. O EMG não mostra-va alterações. A biopsia cutânea confirmou a sus-peita clínica de dermatomiosite. Iniciou predniso-lona (1mg/kg/dia) com posterior redução, obser-vando-se melhoria clínica e analítica. Caso nº2: jo-vem do sexo feminino de 18 anos que iniciou, 2anos antes, lesões eritematosas e descamativas deambas as mãos. Não tinha queixas articulares oumusculares. Apresentava síndrome inflamatório(VS: 67 mm/1ªh), DHL: 503 U/L (135-225), CPK:2740 U/L (10-149), CPK MB: 156 (< 25), aldolase:8.6 (< 7.6). O EMG revelou uma miopatia activa.Iniciou corticoterapia e posteriormente metotre-xato. Caso nº3: menina de 10 anos com história clí-nica, desde os 5 anos de idade, de fenómeno deRaynaud, cervicalgias, artrite das pequenas arti-culações das mãos e lesões cutâneas sugestivas denódulos de Gottron. De referir VS: 78 mm/1ªh,DHL: 353 U/L (135-225), CPK: 313 U/L (10-149), al-dolase: 17.9 (< 7.6). O EMG evidenciou alteraçõescompatíveis com miosite. Iniciou corticoterapia eposteriormente metotrexato com melhoria doquadro articular e analítico. Caso nº4: jovem dosexo masculino de 24 anos que, 9 anos antes, foi in-ternado por poliartrite das pequenas articulaçõesdas mãos, associadas a nódulos de Gottron. As en-zimas musculares apresentavam-se elevadas, ten-do iniciado corticoterapia. Quatro anos depois sur-ge calcinose subcutânea ao nível do 1º dedo da

mão direita e cotovelo direito. Foi medicado comcolchicina e hidroxicloroquina. Algum tempo de-pois observou-se agravamento clínico com calci-nose do joelho esquerdo, conferindo incapacida-de funcional, pelo que foi submetido a exérese. Aterapêutica foi modificada para inibidores dos ca-nais de cálcio, mantendo a corticoterapia.

P59 – AVALIAÇÃO DA ADEQUAÇÃO DE

REFERENCIAÇÃO A UMA CONSULTA DE REUMATOLOGIA

J. A. Costa,1 A. Ribeiro,1 M. Bogas,1 C. Afonso,1

L. Costa,1 S. Alcino,1 M. Severo,2 D. Araújo1

1. Serviço Reumatologia, Hospital Conde de Bertiandos – Ponte de Lima – Centro Hospitalar do Alto Minho, EPE2. Serviço de Higiene e Epidemiologia, Faculdade deMedicina da Universidade do Porto

Objectivos: A Referenciação adequada a uma con-sulta especializada é uma etapa essencial no tra-tamento das doenças reumáticas. O objectivo des-te trabalho foi avaliar a concordância entre a sus-peita de diagnóstico do médico referenciador como diagnóstico do reumatologista, e a possibilidadede se fazer uma triagem de prioridades utilizandoum Protocolo de Referenciação (PR).Material e Métodos: Análise prospectiva dos PR àConsulta de Reumatologia de 1 de Setembro de2006 a 30 Abril de 2007. Este PR estava subdividi-do em grupos de patologias, sendo o médico refe-renciador convidado a colocar a sua hipótese ouhipóteses de diagnóstico (Dg). Os grupos princi-pais eram: artrites inflamatórias; osteoartrose(OA); raquialgias; doenças peri-articulares; artritesinfantis; osteoporose; e dor generalizada e fadigacrónica. Aos médicos reumatologistas foi pedidoque colocassem, de uma forma não-cega, a sua hi-pótese ou hipóteses de Dg mais prováveis ou Dgdefinitivo para posterior correlação. Foi tomadocomo gold-standard o Dg do reumatologista. Osdados foram analisados com vista à obtenção dosgraus de correlação entre o Dg do médico referen-ciador e o Dg do médico reumatologista. Para isso,calcularam-se as sensibilidades, especificidades evalores preditivos positivos (VPP), para cada umdos Dg possíveis.Resultados: Foram avaliados 785 PR e os respecti-vos Dg dos reumatologistas. A média de idades dosdoentes foi 49.5 +/-16.5 anos, com preponderânciado sexo feminino (72.6%). Na referenciação, a dis-tribuição dos doentes revelou preponderância de 3grupos de patologias: artrites inflamatórias (37.6%),

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Objectivos: A abordagem holística da Medicina le-va, por vezes, a percursos diagnósticos difíceis comachados que poderão estar muito longe das hipó-teses diagnósticas iniciais. Situações infecciosasraras traduzem-se muitas vezes em dificuldadesde diagnóstico pela forma atípica de apresentaçãoe a concomitância de outros sinais ou sintomas in-dependentes da causa primária despistam a linhadiagnóstica constituindo um desafio na procurade todas as respostas para determinado quadroclínico.Material e Métodos: Caso clínico: Doente de 31anos com dor de ritmo misto localizada à face pos-terior do joelho e perna direita, associada a edema,sem factor desencadeante, sem sinais inflamató-

rios associados, altera-ções tróficas ou sudativas.Negava febre ou qualqueroutra queixa sistémica.Sem queixas de qualqueroutro órgão ou sistema.Referia dor na transiçãoentre o tórax e o flanco di-reitos onde apresentavalesões cutâneas de aspec-to cicatricial. Objectiva-mente não apresentavatumefacção articular;sem derrame dos joelhos;edema da perna direita,pulsos simétricos e palpá-veis; sem assimetria daspressões arteriais dosmembros; lesões cutâne-

as cicatriciais e vesiculosas da transição toráx /flanco direito (interpretadas por Dermatologistascomo Herpes Zoster) com dor à palpação local e àpalpação do hipocôndrio direito (no território daslesões); apirético; sem alterações à auscultaçãocardiopulmonar; sem adenopatias; ginecomastiae hipopilosidade; redução do volume testicular;dentes cariados. Resultados: Exames complementares: VS: 84 mmna 1ª H; PCR: 5 mg/dl; sem outras alterações analí-ticas no hemograma ou bioquímica. Serologias he-patite B e C e HIV negativas. Testosterona: 0,8 ng//ml (2,7 a 11). Cariótipo XXY. Ecografia escrotal:testículos de dimensões reduzidas. Ecografia abdo-minal: sem alterações. Ecodoppler dos membrosinferiores (MI):estase venosa da poplítea direita.Angio-ressonância dos MI: estenose da artéria po-plítea direita sugestivo de síndrome de «entrap-

OA (28.1%) e raquialgias (22%). Nos Dg efectuadospelo reumatologista, o grupo de patologias mais fre-quente foi o da OA (45.3%), sendo também este queatingiu uma maior correlação entre o Dg do médi-co referenciador e o Dg do reumatologista (VPP72.5%). Em relação às artrites inflamatórias, o VPPfoi de 47.7%, e dentro destas, verificou-se a existên-cia de uma certa heterogeneidade, com um VPP de20.4% para a artrite reumatóide, 58.6% para as es-pondilartropatias e 52.2% para as artrites microcris-talinas. Em relação às doenças peri-articulares, oVPP foi de 68.6% enquanto que para a dor genera-lizada e fadiga crónica foi de 64%. Os grupos de pa-tologias com menor VPP foram a osteoporose(34.8%) e as artrites infantis (40%).

Conclusões: A correlação entre o Dg do médico re-ferenciador e o Dg do reumatologista não foi sufi-ciente para que se possa concluir que este instru-mento de trabalho seja considerado eficaz e credí-vel para efectuar uma pré-triagem por gravidadeda patologia. A implementação de um sistema des-te género torna-se premente, dado o aumento doafluxo de doentes a esta consulta, para permitir aobservação dos doentes mais urgentes no menorperíodo de tempo possível.

P60 - GONALGIA, EDEMA DA PERNA E VELOCIDADE DE

SEDIMENTAÇÃO ELEVADA – DESAFIO DIAGNÓSTICO

Paulo Monteiro,1 Cátia Duarte,1 Pedro Abreu,1

Maria João Salvador,1 Armando Malcata1

1.Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra

ValorSensibilidade Especificidade Preditivo

(%) (%) Positivo (%)Artrites inflamatórias 81,2 75,7 47,7

Artrite Reumatóide 73,1 90,1 20,4Espondilartopatias 74,5 95,9 58,6Doenças do tecido conjuntivo 73,3 98,1 44,0Artrites microcristalinas 30,8 98,5 52,2

Osteoartrose 49,6 90,1 72,5Raquialgias 72,3 91,9 66,7Doenças Reumáticas 57,4 94,1 68,6Peri-articularesArtrites Infantis 80,0 99,2 40,0Osteoporose 66,7 98,0 34,8Dor generalizada e fadiga crónica 72,7 96,2 64,0

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ment». Angiografia dos MI: lentificação do fluxoda artéria poplítea direita com estenose significa-tiva em dorsiflexão e que desaparece em flexãoplantar sugestivo de síndrome de «entrapment».TAC toraco-abdominal revelou massa heterogé-nea complexa entre a grelha costal e o fígado insi-nuando-se até às costelas. Foi realizada punçãoguiada por TAC desta massa havendo aspiração devolumoso conteúdo purulento. Em meio de cultu-ra foi isolado actinobacillus actinomycetemcomi-ta. O doente teve rápida resposta a antibioterapiadirigida com desaparecimento do abcesso subfré-nico, iniciou terapêutica mensal com testosteronae foi proposto para cirurgia para resolução da in-serção anómala dos músculos da região poplítea. Conclusões: DISCUSSÃO: Trata-se de um doenteinternado num serviço de Reumatologia por go-nalgia, dor e edema da perna associados a eleva-ção da VS e cuja investigação se revelou num difí-cil caminho diagnóstico tendo-se identificado si-tuações diversas como hipogonadismo, síndromede «entrapment» e uma rara infecção à distânciaque justificava a elevação dos parâmetros inflama-tórios

P61 – ENVOLVIMENTO CARDÍACO RARO EM DOENTE

COM ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL

S. Pimenta,1 I. Cunha,2 T. Pinho,2 C. Gavina,3

I. Brito1,4

1. Serviço de Reumatologia do Hospital de São João,Porto2. Unidade de Reumatologia do Hospital Infante D. Pedro, Aveiro3. Serviço de Cardiologia do Hospital de São João, Porto4. Unidade Funcional de Reumatologia Pediátrica doHospital de São João / Faculdade de Medicina do Porto

Objectivos: As manifestações extra-articulares daartrite idiopática juvenil forma sistémica (AIJ sis-témica) são frequentes, traduzidas habitualmentepor adenopatias, hepato-esplenomegalia e atingi-mento das membranas serosas, nomeadamentecardíaca, pulmonar e peritoneal. O envolvimentocardíaco é o mais frequente, apresentando-se amaioria das vezes, como uma pericardite sintomá-tica. A miocardite é mais rara, podendo levar, ex-cepcionalmente, à insuficiência cardíaca. Material e Métodos: Os autores descrevem umcaso clínico de um doente do sexo masculino, de26 anos, com AIJ sistémica diagnosticada aos 4anos de idade, encontrando-se em remissão des-

de há cerca de 2 anos. Resultados: Em Outubro 2007 inicia febre vesper-tina (39º) com uma semana de evolução, artrite docotovelo direito e joelho esquerdo, necessitando deartrocentese e sinoviortese deste último, tendo ini-ciado corticoterapia (10 mg/dia). Após um mês deevolução surge dispneia para esforços moderadose início súbito de dor retroesternal associada anáuseas e vómitos. Recorreu ao Serviço de Urgên-cia, constatando-se hipotensão arterial e no ECGsupradesnivelamento de ST de 2 mm. Dada a per-sistência da dor torácica e das alterações electro-cardiográficas foi submetido a cateterismo cardía-co que mostrou as coronárias angiograficamentenormais e função ventricular esquerda moderada-mente comprometida.

O ecocardiograma transtorácico confirmou afunção ventricular esquerda moderada a severa-mente comprometida, bem como insuficiênciamitral grau II/IV. O doente foi internado na unida-de de cuidados intensivos com diagnóstico prová-vel de miocardite, sem evidência de intercorrênciainfecciosa associada. Foi necessário suporte ino-trópico por hipotensão na fase aguda. Analitica-mente apresentava um síndroma inflamatório bio-lógico (VS: 43mm1ª/h e PCR máx: 54 mg/l) e ele-vação da troponina I (valor máx: 41,6 ng/ml). Aressonância cardíaca mostrou uma fracção de ejec-ção do ventrículo esquerdo de 47% e padrão de re-alce tardio sugestivo de miocardite. Dada a histó-ria de agudização osteoarticular recente e a nega-tividade do estudo serológico, a miocardite foi con-siderada como uma provável manifestação daartrite idiopática juvenil, pelo que iniciou cortico-terapia (1mg/kg/dia). Verificou-se melhoria sinto-mática, mantendo-se estável do ponto de vistaeléctrico e hemodinâmico.

A repetição do ecocardiograma revelou fracçãode ejecção de 52%, pressão de enchimento do ven-trículo esquerdo normal e função ventricular direi-ta conservada. Teve alta sem queixas, mantendo acorticoterapia com indicação de redução lenta emregime de ambulatório. Três semanas depois, apre-sentava-se assintomático e sem alterações analíti-cas.

P62 – RESPOSTA AOS ANTI-TNFALFA NA ARTRITE

REUMATÓIDE: AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS

Catarina Ambrósio,1 Pedro Machado,1

Margarida Alexandre,2 Armando Malcata1

1. Hospitais da Universidade de Coimbra2. Centro Hospitalar da Cova da Beira EPE

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Objectivos: Verificar, nos doentes com AR sob anti-TNFalfa seguidos no Hospital de Dia do Serviço deReumatologia dos Hospitais da Universidade deCoimbra (HUC): possíveis correlações entre as ca-racterísticas da doença, o biológico escolhido e otempo decorrido entre o diagnóstico e o início daterapêutica e o tipo de resposta obtida; avaliar aexistência de correlações entre os parâmetros deavaliação subjectiva e objectiva de actividade dadoença. Material e Métodos: Caracterizou-se a amostra noque respeita ao sexo, idade, presença de factor reu-matóide (FR), tempo médio de duração da doen-ça, anti-TNFalfa utilizado e duração da terapêuti-ca com este fármaco. Avaliou-se a eficácia com re-curso a contagens articulares, VS, PCR, HAQ e es-calas visuais analógicas.Resultados: Apresentam-se os resultados de 49mulheres e 1 homem, com uma média de idadesde 52,9±12,7 anos; 84,4% dos doentes apresentamFR positivo. 19 doentes estão medicados com in-fliximab, 18 com etanercept e 13 com adalimumab.O valor médio do DAS 283v inicial foi 5,3±1,1 comredução para 3,3±1,1 à presente data. Verificou-seuma redução de 23% na média dos valores do HAQe da EVA de 38,3%, quando comparamos os valo-res iniciais e os actuais. Os agentes anti-TNFalfamostraram ser, na maioria dos doentes, uma boasolução terapêutica. Tendo sido considerados nãorespondedores apenas 3 doentes, que foram orien-tados para Switch. A presença de factor reumatói-de, a terapêutica prévia e o biológico não têm cor-relação com o tipo de resposta. Conclusões: Parece existir correlação entre a varia-ção do valor da EVA e a variação da VS (p=0,002) eDAS28 4v (p<0,001). Não se encontrou correlaçãoestatisticamente significativa entre a variação daPCR com o HAQ (p=333) e a EVA (p=0,245).

P63 – COREIA EM CRIANÇA COM LÚPUS

ERITEMATOSO SISTÉMICO E SÍNDROME

ANTI-FOSFOLIPÍDICO

S. Pimenta,1 I. Cunha,2 I. Brito3

1. Serviço de Reumatologia do Hospital de São João,Porto2. Unidade de Reumatologia do Hospital Infante D. Pedro, Aveiro3. Unidade Funcional de Reumatologia Pediátrica doHospital de São João / Faculdade de Medicina do Porto

Objectivos: O envolvimento do Sistema Nervoso

Central no Lúpus Eritematoso Sistémico pode serobservado em 10 a 20% dos casos, embora algunsestudos evidenciem um aumento da sua incidên-cia e prevalência nos últimos tempos. As manifes-tações clínicas são variadas, sendo as cefaleias asmais frequentes. A coreia é menos comum e asso-cia-se frequentemente à presença de anticorposanti-fosfolipídicos. Material e Métodos: A propósito, os autores des-crevem o caso de uma menina de 14 anos comdiagnóstico de Lúpus Eritematoso Sistémico e Sín-drome anti-fosfolipídico diagnosticado aos 11anos de idade. Resultados: Apresentava nessa altura um quadrode necrose isquémica dos 1º, 2º, 3º e 5º dedos dopé esquerdo, com melhoria após perfusão de al-prostadilo. Analiticamente destacava-se uma ane-mia, um síndrome inflamatório (VS: 98mm/1ªh),anticorpos anti-nucleares: > 1/1000 com padrãohomogéneo, anti-DNA ds: 1606,4 UI/ml (0-200),anticoagulante lúpico positivo, anticorpos anti-cardiolipina IgM fortemente positivos: 82,2 (< 20)e os beta 2 glicoproteinas negativos. Os ANCAseram negativos, as fracções do complemento eramnormais e não se objectivavam alterações da fun-ção renal. Iniciou corticoterapia, hidroxicloroqui-na e anticoagulante oral, mantendo-se assintomá-tica durante 3 anos. Em meados de 2007 foi inter-nada por aparecimento, de modo insidioso, de mo-vimentos involuntários do membro superior einferior direito, que agravavam durante a marcha.Ao exame objectivo apresentava alterações dosmovimentos dos membros direitos, semiologica-mente compatíveis com movimentos coreoatetó-sicos e observavam-se esporadicamente disciné-sias oromandibulares. Analiticamente não apre-sentava anemia, nem síndrome inflamatório, an-ticorpos anti-nucleares > 1/1000 com padrãohomogéneo, anti-DNA ds: 1851,9 UI/ml (0-200),anticorpos anti-cardiolipina IgM negativos e IgGpositivos: 34,7 (< 20) e os beta 2 glicoproteinas ne-gativos. Sem atingimento renal. A RMN cerebralmostrava áreas de hipersinal nas ponderações deTR longo na substância branca de ambos os lobosfrontais, de predomínio periventricular, corres-pondendo a focos de gliose, de natureza inespecí-fica e na sequência de angio-RMN, a existência dehipoplasia/agenesia do segmento A1 da artéria ce-rebral anterior esquerda. Iniciou 3 pulsos de me-tilprednisolona e um pulso de ciclofosfamida,obtendo melhoria franca do quadro clínico. Man-teve pulsos de ciclofosfamida mensais e corticote-

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rapia.Três meses depois, surgiram movimentos co-reoatetósicos à esquerda associados a movimen-tos involuntários do tronco, pelo que foi reinterna-da para novos pulsos de metilprednisolona. Foi re-petida a RMN cerebral, sendo sobreponível à an-terior. Conclusões: Houve melhoria clínica. Ao 6º pulsode ciclofosfamida a criança apresenta apenas dis-cretos movimentos involuntários quase impercep-tíveis. A coreia, embora pouco frequente, podeocorrer como episódio inaugural da doença e serrecorrente. Tem habitualmente bom prognóstico.Há, no entanto, casos refractários à medicação,sendo as várias possibilidades terapêuticas discu-tidas pelos autores.

P64 – PARÂMETROS QUANTITATIVOS E QUALITATIVOS

NA ESPONDILITE ANQUILOSANTE: AVALIAÇÃO DE

RESULTADOS DUM HOSPITAL DE DIA

Catarina Ambrósio,1 Pedro Machado,1

Margarida Alexandre,2 Armando Malcata1

1.Hospitais da Universidade de Coimbra2.Hospitais da Universidade de CoimbraObjectivos: Verificar, nos doentes com Espondili-te Anquilosante (EA) sob anti-TNFalfa, seguidosno Hospital de Dia do Serviço de Reumatologia dosHospitais da Universidade de Coimbra (HUC): cor-relações entre as variações dos parâmetros de ava-liação subjectiva e as variações laboratoriais da VSe PCR e correlações entre as características dadoença, o anti-TNFalfa escolhido e o tipo de res-posta obtida.Material e Métodos: Caracterizou-se a amostra noque respeita ao sexo, idade, presença de HLA B27,forma de apresentação, tempo médio de duraçãoda doença, anti-TNFalfa utilizado e duração da te-rapêutica com este fármaco. Para avaliação da efi-cácia foram usados os valores de BASDAI e ASAS20.Foi ainda analisada a variação do HAQea, ASQol,VS e PCR.Resultados: Da amostra faziam parte 22 doentes (6mulheres e 16 homens), com uma média das ida-des de 38,6±8,9 (18-54) anos. 76,5% apresentavamHLA B27 positivo; 16 (72,7%) tinham envolvimen-to axial e periférico e 6 (27,3%) envolvimento axi-al exclusivo. 13 estavam sob terapêutica com infli-ximab e 9 com etanercept. Verificou-se que 14(63,6%) doentes tiveram uma redução do BAS-DAI>50% e 19 (86,4%) atingiram ASAS20 às 12 se-manas, considerando-se como respondedores àterapêutica. Os 3 doentes não respondedores fo-

ram orientados para Switch.Conclusões: Após a análise estatística dos dados,pelo teste de Fisher, não se encontrou correlaçãoestatisticamente significativa entre o tempo de du-ração da doença ou o tempo entre o diagnóstico eo início da terapêutica biológica e a resposta clíni-ca. O coeficiente de Correlação de Spearman tam-bém não mostrou correlação estatisticamente sig-nificativa entre as variações dos parâmetros deavaliação subjectiva e as variações laboratoriais daVS e PCR.

P65 – QUANDO UM BIOLÓGICO FALHA… A EXPERIÊNCIA DOS SWITCH

Catarina Ambrósio,1 Margarida Alexandre,2

Armando Malcata1

1. Hospitais da Universidade de Coimbra2. Centro Hospitalar da Cova da Beira EPE

Objectivos: À medida que a experiência com agen-tes biológicos aumenta, vão surgindo inevitavel-mente novos desafios à comunidade médica, umdos quais é: o que fazer quando o agente biológi-co falha? O presente trabalho tem como objectivoavaliar a resposta clínica e laboratorial após a in-trodução de um novo agente biológico, em doen-tes cuja resposta à primeira terapêutica foi insatis-fatória ou em que, por outra qualquer razão, foinecessária a substituição do fármaco. Material e Métodos: Avaliou-se, para cada doentecom espondilite anquilosante (EA), o BASDAI,BASFI, HAQea, ASQol, VS e PCR e, para cada doen-te com artrite reumatóide (AR), o DAS, HAQ, EVA,VS e PCR. Em todos os doentes foram feitas medi-ções destes parâmetros ao início da primeira tera-pêutica, à data do Switch e na última avaliação. Amudança de anti-TNF alfa foi feita com base nasnormas publicadas pela Sociedade Portuguesa deReumatologia (SPR) no que respeita a critérios demanutenção e suspensão de terapêuticas biológi-cas. No que se refere à doença de Still, foram usa-dos os parâmetros clínicos e laboratoriais. Resultados: Nove doentes foram proposto paraSwitch, 6 por ineficácia terapêutica e 3 por reacçãoalérgica documentada. Três doentes tinham artri-te reumatóide, 4 espondilite anquilosante, 1 artri-te idiopática juvenil poliarticular e 1 doença de Stilldo adulto. Verificou-se, nos doentes com AR, eficá-cia terapêutica. Os doentes com EA tiveram dimi-nuição do BASDAI superior a 50%. O doente comDoença de Still, apresentou, após o Switch, dimi-

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nuição significativa dos valores de ferritina, VS ePCR bem como melhoria das queixas álgicas. Tam-bém o doente com AIJ teve uma resposta positivaao Switch, com melhoria clínica e laboratorial. Àpresente data, todos os doentes permanecem sobterapêutica com o novo biológico. Conclusões: Apresentam-se os resultados dos 9doentes submetidos a Switch no Hospital de Dia deReumatologia dos HUC, Em todos os casos, verifi-cou-se uma resposta claramente positiva, quer doponto de vista laboratorial quer clínico, após o iní-cio da nova terapêutica. A mudança para uma se-gundo terapêutica biológica, perante a falência deuma primeira, parece pois ser uma boa opção.

P66 – ARTRALGIAS, DORES ÓSSEAS, ANA’S

POSITIVOS, TROMBOCITOPENIA E DORES… A SURPRESA DO DIAGNÓSTICO!Catarina Ambrósio,1 Margarida Alexandre,2

Armando Malcata1

1. Hospitais da Universidade de Coimbra2. Centro Hospitalar da Cova da Beira EPE

Objectivos: O diagnóstico diferencial das doençasreumatológicas é por vezes complexo pela inespe-cificidade das manifestações clínicas. Não rara-mente, o recurso aos vários exames complemen-tares disponíveis conduz-nos a patologias que nossurpreendem pela sua raridade, despertando anossa consciência para a necessidade de as consi-derar na nossa lista de diagnósticos diferenciais. Osautores apresentam o caso clínico de uma jovemcom artralgias e dores ósseas associadas ANA’s po-sitivos e trombocitopenia. Material e Métodos: Apresenta-se o caso clínico deuma mulher de 31 anos de idade, com artralgias deritmo misto e dores ósseas com 11 anos de evolu-ção associadas a xerostomia, enviada à consultasob terapêutica com hidroxicloroquina e predni-solona 5 mg/dia, que fazia desde há 7 anos. Ante-cedentes familiares de LES, num sobrinho de 14anos. Ao exame objectivo não apresentava altera-ções da pele ou mucosas. Auscultação cardio-pul-monar normal. Hepatoesplenomegalia. Sem arti-culações tumefactadas ou dolorosas, O teste deSchirmmer era de 15 mm bilateralmente. Resultados: Hemograma e leucograma normais,trombocitopenia de 111 G/L. ANA’s positivos++ pa-drão mosqueado, com anti-SSA positivo forte. Eco-grafia abdominal com ecodoppler visceral: hepato-megália moderada, fígado de contornos regulares

e de textura homogénea. Esplenomegália volumo-sa (20x19x7,5cm) com ectasia do hilo esplénico eectasia da veia porta, bem como da veia esplénica.Boa permeabilidade da veia porta, sem dilataçãodas vias biliares intra ou extrahepáticas. Realizoubiopsia óssea que mostrou infiltração de célulashistiocitárias sendo o estudo bioquímico lisosso-mal compatível com doença de Niemann-Pick,tipo B, confirmado posteriormente pela cultura defibroblastos. Conclusões: Fazem-se considerações acerca dodesafio diagnóstico deste caso, especialmente pelasua raridade na prática clínica do quotidiano.

P67 – OSTEONECROSE ASSÉPTICA – DIFERENTES

ETIOLOGIAS

Ana Ribeiro,1 J.A. Costa,1 Mónica Bogas,1

Domingos Araújo1

1. Serviço Reumatologia – CHAM Ponte de Lima

Objectivos: Introdução: A Osteonecrose (ON) é umprocesso patológico que tem sido associado a nu-merosas condições clínicas e algumas interven-ções terapêuticas. A prevalência exacta é desco-nhecida. Pensa-se, no entanto, que constitua cer-ca de 10% das causas de substituição total da anca.Uma variedade de factores, traumáticos e não trau-máticos, contribuem para a sua etiologia, salien-ta-se que o uso de corticóides e a ingestão exces-siva de álcool representam a maioria dos casos(>90%).Material e Métodos: Os autores apresentam seiscasos clínicos de osteonecrose asséptica, em quese presumiu haver distintas etiologias, ocorrendoem mais do que uma localização. Resultados: Casos clínicos: Estes casos dizem res-peito a 3 homens e 3 mulheres com idades com-preendidas entre os 27 e os 55 anos. Todos foramobservados na consulta de Reumatologia por qua-dro clínico de coxalgia mecânica bilateral com li-mitação marcada da mobilidade, nos quais se es-tabeleceu o diagnóstico de ON bilateral das ancas.Posteriormente, no decurso da sua evolução, em 2desses doentes efectuou-se também o diagnósti-co de ON do úmero e dos joelhos. Do estudo clíni-co destes doentes concluiu-se pelas seguintes etio-logias: 1) alcoolismo, 2) alcoolismo e hipertriglice-ridemia, 3) gravidez, 4) LES e corticoterapia, 5)traumatismo, 6) malformações arteriovenosas. To-dos os doentes foram submetidos a cirurgia: 5 a ar-troplastia total das ancas, 1 descompressão cirúr-

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gica da cabeça do fémur e 2 próteses totais dos joe-lhos. Conclusões: O mecanismo que desencadeia a os-teonecrose asséptica não está completamente es-clarecido. No entanto, independentemente daetiologia, pensa-se que o compromisso da vascu-larização óssea, surge como processo último namaioria dos casos. Em doentes com factores de ris-co conhecidos, um elevado índice de suspeição énecessário, pois o diagnóstico precoce desta situ-ação, pode providenciar a oportunidade de preve-nir o colapso e em última análise evitar a substi-tuição articular.

P68 – SÍNDROMAS POLIGLANDULARES AUTO-IMUNES

– 5 CASOS CLÍNICOS

Ana Ribeiro,1 Mónica Bogas,1 J.A. Costa,1

Domingos Araújo1

1. Serviço de Reumatologia – CHAM Ponte Lima

Objectivos: Introdução: Síndromas poliglandula-res autoimunes (SPA) são poliendocrinopatias ra-ras, caracterizadas pela falência de vários orgãosendócrinos e não endócrinos, resultante de umadestruição imunomediada. Actualmente descre-vem-se quatro categorias de SPA. No âmbito daReumatologia, assume particular interesse a SPAtipo 3, que se define, em termos endócrinos, peladoença auto-imune da tiróide, em associação aoutras patologias auto-imunes, muitas vezes doen-ças reumáticas. Material e Métodos: Os autores apresentam 5 ca-sos clínicos de doentes com síndroma poliglandu-lar auto-imune tipo 3, seguidos na consulta deReumatologia. Resultados: Casos clínicos: Descrevem-se 5 doen-tes, 1 do sexo masculino e 4 do sexo feminino, vi-giados em consulta de Reumatologia por artritereumatóide (4 doentes) e síndroma de sjogren (1doente). Todos os doentes apresentavam envolvi-mento da tiróide com hipo ou hipertiroidismo, denatureza auto-imune e, adicionalmente 1 dosdoentes apresentava vitíligo e outro, anemia per-niciosa. A associação das diferentes patologias re-feridas, permitiu o diagnóstico, em todos eles, deSPA tipo 3. Conclusões: A apresentação clínica da SPA 3 de-pende de uma constelação de manifestações, as-sociadas a uma morbilidade e mortalidade deter-minadas por cada um dos componentes indivi-duais. Os autores realçam a importância de, pe-

rante doentes com patologias reumáticas inflama-tórias, fazer uma avaliação cuidada para o despis-te de doenças endócrinas ou não, de naturezaauto-imune, uma vez que estas frequentemente seassociam.

P69 – OSTEONECROSE ASSÉPTICA NA GRAVIDEZ – UM CASO CLÍNICO

Ana Ribeiro,1 J.A. Costa,1 Mónica Bogas,1

Domingos Araújo1

1. Serviço de Reumatologia CHAM - Ponte de Lima

Objectivos: Introdução: A gravidez é uma causaexcepcional de osteonecrose asséptica da anca.Pela raridade dos casos, é difícil afirmar os meca-nismos subjacentes a esta osteonecrose, mas acre-dita-se que a sua etiologia seja multifactorial. Noentanto, a dor na anca durante a gravidez não é in-comum, resultando na maioria das vezes de alte-rações fisiológicas durante este período, como acompressão de estruturas pélvicas, o aumento dalaxidez ligamentar induzida pela relaxina e altera-ções mecânicas. Material e Métodos: Caso clínico: Os autores apre-sentam um caso clínico de uma mulher de 45 anos,sem antecedentes patológicos prévios, enviada àconsulta de Reumatologia por dor e limitação damobilidade das articulações coxofemorais comgrande incapacidade funcional, com cerca de 2anos de evolução. As queixas iniciaram-se de for-ma súbita duas semanas após o parto do seu 5º fi-lho (5G5P). Imagiologicamente constataram-se al-terações compatíveis com osteonecrose bilateralda anca. Não apresentava qualquer outra patolo-gia ou factor de risco frequentemente associadosa osteonecrose, além da gravidez. Resultados: Discussão: A osteonecrose é poucofrequente durante a gravidez ou no período pós-parto, mas constitui a 2ª causa de coxopatia no de-curso da mesma. Entre as causas potenciais quepredispõem a osteonecrose na gravidez ou perío-do pós parto estão a congestão venosa, a hiperco-aguabilidade, o stress mecânico e «overload», re-sultantes do ganho excessivo de peso e várias mo-dificações endócrinas, todos estas frequentes nodecurso da gravidez. Conclusões: O diagnóstico de osteonecrose na gra-videz ou período pós-parto surge como um desa-fio clínico, que obriga a um elevado grau de sus-peição. É difícil estabelecer uma relação causal en-tre gravidez e osteonecrose pelo facto de esta as-

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sociação ser rara. No entanto, os autores realçama importância de ponderar este diagnóstico pe-rante uma coxalgia durante a gravidez, pois a de-tecção precoce e uma intervenção atempada, con-dicionarão certamente um melhor prognóstico.

P70 – HOMOCISTEINA E METOTREXATO EM DOENTES

COM ARTRITE PSORIÁTICA

Ana Ribeiro,1 Mónica Bogas,1 J.A. Costa,1

Domingos Araújo1

1. Serviço de Reumatologia – CHAM Ponte de Lima

Objectivos: O metotrexato (MTX) é o DMARD maisutilizado no tratamento das artropatias inflamató-rias. O seu modo de acção, resulta da inibição dadihidrofolato reductase com deplecção do «pool»de folatos. Esta impede a transmetilação de homo-cisteina em metionina aumentando a homocistei-na plasmática (Hc). Sabe-se que a hiperhomocis-teinemia (HH) é um factor de risco para doençacardiovascular. Os autores avaliaram a prevalênciade HH em doentes com artrite psoriática (APs) come sem tratamento com MTX.Material e Métodos: Estudo transversal emdoentes com APs, seleccionados aleatoriamentena consulta de Reumatologia. Analisaram-se osseguintes parâmetros: idade, sexo, anos de evolu-ção da doença, extensão da psoríase, hábitos tabá-gicos, tratamento com metotrexato, suplementa-ção com ácido fólico e antecedentes de eventoscardiovasculares. Foram excluídos doentes queapresentavam outros factores de risco que pudes-sem influenciar o metabolismo da Hc. A cadadoente foi feito um doseamento de homocisteinasérica. Considerou-se HH para valores superioresa 16 umol/L.Resultados: Os doentes incluídos no estudo apre-sentavam diagnóstico de APs segundo os critériosde CASPER. Incluíram-se 41 doentes, 20 do sexo fe-minino e 21do sexo masculino, com idade médiade 50 anos (30-74 anos). A duração média da doen-ça foi de 125 meses (7-540 meses). O MTX foi uti-lizado em 30 (73%) doentes, todos em suplemen-tação com ácido fólico. A HH verificou-se em 5(12%) doentes sob tratamento com MTX e em ne-nhum dos restantes. Não foram referidos quais-quer antecedentes de eventos cardiovasculares.Conclusões: Contrariamente ao descrito para a ar-trite reumatóide, a APs, neste grupo de doentes,não parece estar associada a HH, apesar da psoría-se ser um factor de elevação da Hc. No nosso estu-

do, a não elevação da Hc nos doentes a fazer MTX,pode ser justificada pela suplementação com áci-do fólico. No entanto, apesar de não estatistica-mente significativo, verificou-se que o grupo dedoentes com maior envolvimento cutâneo e o gru-po de doentes a tomar MTX tinham tendência paravalores mais elevados de Hc.

P71 – POLIARTRITE ASSIMÉTRICA EM DOENÇA DE

CROHN OCULTA

Ana Rodrigues,1 Helena Canhão,1 Elsa Sousa,1

Cristina Catita,1 Luis Correia,1 Ilídio Barjas,1

João Lopes,1 Maria Emilia Oliveira,1

António Marques,1 João Eurico Fonseca,1

José A Pereira da Silva,1 Mário Viana Queiroz1

1. Hospital de Santa Maria

Objectivos: As artrites periféricas associadas àdoença de Crohn (DC) são habitualmente autoli-mitadas, não erosivas e evoluem por surtos relacio-nados com a exacerbação da doença intestinal. Asmanifestações intestinais são dominantes mas,nalguns casos raros, a DC tem como principal ma-nifestação o quadro articular. Nestes casos, e espe-cialmente nos doentes idosos, nem sempre é sim-ples estabelecer o diagnóstico de uma poliartriteerosiva e crónica associada à DC.Material e Métodos: Homem, 76 anos, com poli-artrite assimétrica, deformante e lombalgia de rit-mo inflamatório, com 30 anos de duração. Inicial-mente o quadro clínico evoluiu com períodos deagudização, intercalados por períodos assintomá-ticos. Nos últimos anos a poliartrite manteve-seactiva não se registando períodos livres de sinto-mas, apesar da terapêutica com anti-inflamatóriosnão esteroides e corticoides. Referia obstipaçãocrónica, sem outras queixas gastrointestinais e semantecedentes de psoriase ou uveite. Internado poragravamento de poliartrite simétrica com um mêsde evolução, atingindo MCF, IFP, MTF, punhos, ti-biotársicas, joelhos e cotovelos. À observação sa-lientava-se tofos gotosos nos pavilhões auricularese IFP, deformação assimétrica com desvio cubitaldos dedos da mão direita, limitação da mobilida-de anterior e lateral de coluna lombar e da expan-são torácica. Resultados: Analiticamente destacava-se: anemiaferropénica, elevação dos parâmetros inflamató-rios, uricémia normal e factores reumatoides e ti-pagem HLAB27 negativos. Radiografias das mãoscom imagens , à direita, em «pencil and cup» e, bi-

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lateralmente, sinais de carpite erosiva, erosões esubluxação das MCF. As radiografias dos pés mos-travam erosões em «saca bocados» e imagem de«pé eriçado» à esquerda, bem como sinais de en-tesopatia nas inserções da fascia plantar e do ten-dão de Aquiles. Evidência de sacroíleite unilateralgrau 3 na radiografia da bacia. Para estudo da ane-mia, a colonoscopia efectuada evidenciou esteno-ses ulceradas no cólon direito simulando pregas ealgumas úlceras isoladas. O exame anatomo-pato-lógico das biopsias da mucosa intestinal mostrouaspectos sugestivos de doença de Crohn em faseactiva. Foi medicado com sulfassalazina 1,5g/diae prednisolona 7,5mg/dia com melhoria da poli-artrite.Conclusões: O caso reflecte a dificuldade do diag-nóstico de poliartrite crónica no idoso e alerta paraa forma de apresentação tardia da DC. A gota evo-lui por surtos e quando crónica, pode apresentar-se como artrite assimétrica deformante e com to-fos gotosos. Contudo, a associação de poliartriteassimétrica e lombalgia inflamatória sugeria es-pondilartrite seronegativa. As radiografias mostra-vam aspectos de sobreposição de ambas as enti-dades.

P72 - ESPONDILITE ANQUILOSANTE E OSTEOPOROSE

(AVALIAÇÃO INTERINA)Ana Filipa Mourão,1 Sandra Falcão,1,2

Célia Ribeiro,1 T Laura Pinto,1 Rita Barros,1

FM Pimentel-Santos,1,2 Patrícia Nero,1,2

Rui André Santos,3 Jaime C. Branco1,2

1. Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar deLisboa Ocidental, EPE, Hospital Egas Moniz, Lisboa2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa. 3. Serviço de Reumatologia do Hospital Militar Principal, Lisboa.

Objectivos: A osteoporose uma das complicaçõesda espondilite anquilosante (EA) de longa dura-ção. É possível que o valor de densidade mineralóssea (DMO) esteja relacionado, não apenas como tempo de duração da doença, mas também como grau de actividade e incapacidade da EA. Comeste trabalho, pretendemos avaliar a possível asso-ciação entre a DMO e parâmetros de avaliação daEA, nomeadamente, BASDAI, BASMI, BASFI, ava-liação da actividade da doença pelo médico (EVA)e velocidade de sedimentação (VS). Material e Métodos: Recrutaram-se de forma con-

secutiva, desde Março de 2006 a Janeiro de 2008,doentes com o diagnóstico de EA seguidos na con-sulta de Reumatologia do nosso hospital. Foi apli-cado de forma transversal um protocolo que in-cluía dados demográficos e avaliação clínica, inclu-indo a avaliação da actividade da doença pelodoente, utilizando a escala BASDAI, avaliação doestado funcional do doente, utilizando os índicesBASFI e BASMI, avaliação da actividade da doen-ça pelo médico, utilizando uma escala visual ana-lógica (EVA médico). Foi ainda colhida uma amos-tra sanguínea, procedendo-se à determinação davelocidade de sedimentação (VS). Todos os doen-tes realizaram osteodensitometria do fémur pro-ximal.Resultados: Foram avaliados 27 doentes, 56% dosexo masculino, idade média de 49,6 ± 12,9 anos(29-69). O BASMI médio era de 4,2 ± 2,5; BASFI: 4,1± 1,8; BASDAI: 6,1 ± 7,5; EVA de actividade da doen-ça pelo médico: 30 ± 16 e VS: 19,8 ± 13,1 mm/h(mediana: 15 mm/h). O valor médio de DMO do fé-mur proximal era de – 1,08 ± 1,24 (-3,3 – 2,9). Aocompararmos o valor de DMO com cada uma dasvariáveis clínicas estudadas não encontrámos umaassociação estatisticamente significativa (BASMI:p=0,62, BASFI: p= 0,65; BASDAI: p=0,34, EVA mé-dico: p=0,23), o mesmo se verificando para a velo-cidade de sedimentação (p= 0,53). Conclusões: Estes resultados sugerem não existirrelação entre o grau de actividade e incapacidadeda EA, e os valores de massa óssea avaliados no fé-mur. A confirmação destes resultados depende deuma amostra de maiores dimensões, pelo que con-tinuaremos a realizar este estudo.

P73 – COMPRESSÃO MEDULAR – A PROPÓSITO DE

UM CASO CLÍNICO

Ana Filipa Mourão,1 Sandra Falcão,1,2

Artur Lourenço,3 Teresa Laura Pinto,1

Célia Ribeiro,1 Rita Barros,1

FM Pimentel-Santos,1,2 Walter Castelão1, Patrícia Nero,1,2 Jaime Cunha Branco1,2

1. Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar deLisboa Ocidental, EPE, Hospital Egas Moniz, Lisboa.2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa3. Serviço de Neurocirurgia do Centro Hospitalar deLisboa Ocidental, EPE, Hospital Egas Moniz, Lisboa.

Objectivos: Uma das complicações neurológicasda espondilite anquilosante(EA) são os síndromes

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de compressão medular, descritos em doentescom doença de longa duração com fusão vertebralimportante. Os sintomas resultam da lesão dasraízes nervosas e a confirmação do diagnóstico é efectuada por técnicas imagiológicas. Apre-sentamos o caso de um jovem com EA com 12 anos de evolução, sob terapêutica biológica,submetido a cirurgia descompressiva por esteno-se dorsal e lombar importantes com compromis-so medular.Material e Métodos: Descreve-se o caso de umdoente do sexo masculino de 31 anos, de raça ne-gra. Tinha EA com 12 anos de evolução, apresen-tando envolvimento articular (axial e periférico) eextra-articular (uveítes). Estava medicado comAINE’s (diclofenac 100 mg, 2x/dia), prednisona (7,5mg/dia), metotrexato (10 mg/semana) e infliximab(5 mg/Kg de 6/6 semanas) desde há 2 anos. As ra-diografias da coluna vertebral evidenciavam «co-luna de bamboo». Desde há cerca de 1 ano iniciouquadro lentamente progressivo caracterizado porparestesias dos membros inferiores e períneo,acompanhadas recentemente por diminuição daforça dos membros inferiores e perda de controlodos esfíncteres. O exame neurológico revelou di-minuição da sensibilidade álgica e proprioceptivanos membros inferiores com paraparésia (forçagrau IV), ataxia proprioceptiva com desequilíbriona marcha e hiperreflexia osteotendinosa nosmembros inferiores. Resultados: O electromiograma dos membros in-feriores não revelou alterações. As TAC e RMN dacoluna dorso-lombar demonstraram estenose dor-sal e lombar importantes (D9-D10 e L4-L5), comimportante compromisso da coluna dorsal. Foi en-viado à consulta de Neurocirurgia sendo-lhe pro-posta intervenção cirúrgica descompressiva. Odoente foi submetido a descompressão cirúrgicada coluna dorsal por abordagem posterior com re-moção de importante osteófito posterior. No pós--operatório verificou-se recuperação da sensibili-dade dos membros inferiores, do controlo dos es-fíncteres e da capacidade da marcha. Conclusões: O quadro neurológico descrito po-deria corresponder a um efeito adverso da te-rapêutica efectuada ou a compressão medular,uma complicação rara da EA relatada habi-tualmente nos doentes com longa evolução dadoença. Este caso clínico alerta-nos para a pos-sibilidade de ocorrência desta entidade em doen-tes ainda jovens com doença rapidamente pro-gressiva.

P74 – VALOR PREDITIVO PARA TROMBOSE DOS

ANTICORPOS ANTIFOSFOLÍPIDO EM DOENTES COM

LES: QUAIS OS MELHORES CRITÉRIOS DE

POSITIVIDADE?Maura Couto,1 Cátia Duarte,1 Cláudia Vaz,1

Marta Pereira,1 Luís Inês,1 Armando Malcata1

1. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Os anticorpos antifosfolípido (aFL) as-sociam-se a eventos trombóticos em doentes comLúpus Eritematoso Sistémico (LES). No entanto,não estão definidos quais os critérios de positi-vidade que melhor se correlacionam com o riscode eventos. Foram propostos critérios laboratori-ais preliminares em 1998 (Sapporo) e revistos em2006 (Sydney). O objectivo deste trabalho é avali-ar o risco de eventos trombóticos nos doentes comLES e a sua correlação com a presença e níveis sé-ricos de aFL. Material e Métodos: A Coorte de Lúpus de Coim-bra inclui 165 doentes cumprindo os critérios declassificação ACR para LES e seguidos prospecti-vamente no Serviço de Reumatologia dos Hospi-tais da Universidade de Coimbra. Foram incluídostodos os doentes desta Coorte. Os dados clínicosforam obtidos por inquérito aos doentes e revisãodo processo clínico. Os doseamentos séricos deAnticorpos antifosfolípido, incluindo anticardioli-pinas e anti-Beta2-Glicoproteina-1 IgG e IgM e deAnticoagulante Lúpico (ACL) foram realizados du-rante o seguimento clínico. Os doentes foram clas-sificados de acordo com o cumprimento dos cri-térios de positividade de aFL de Sapporo (1998) ede Sydney (2006). Foi analisado o valor preditivopositivo (VPP) e negativo (VPN) para eventos trom-bóticos associado a cada um dos conjuntos de cri-térios serológicos. Foi calculado o Odds Ratio (OR)e analisadas as diferenças entre grupos através doteste Chi-quadrado. Resultados: Dos 165 doentes incluídos, 91% sãodo sexo feminino (média de idade actual=42,3anos; média de idade à data do diagnóstico deLES=32,0 anos; duração média da doença=10,4anos). Cumpriram critérios de positividade de aFL13,3% dos doentes, de acordo com os critérios deSapporo, mas apenas 7,3% de acordo com os cri-térios de Sydney. Verificou-se um aumento do ris-co trombótico nos doentes cumprindo critérios deSapporo (p<0,01; OR=5,08) em comparação com osrestantes doentes. O VPP para trombose dos crité-rios de Sapporo e de Sydney foi de 27,3% e 21,4%,

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respectivamente, enquanto que o VPN foi de 93,1%e 91,8%, respectivamente.Conclusões: Confirma-se o aumento de riscotrombótico associado aos aFL em doentes comLES. O valor preditivo dos critérios laboratoriaisdefinidos em Sapporo é superior ao dos critériosrevistos em Sydney.

P75 – ELEVADA PREVALÊNCIA DE ALTERAÇÕES

MICROVASCULARES NO LES: ESTUDO TRANSVERSAL

DE 102 DOENTES

Maura Couto,1 Luís Inês,1 Cláudia Vaz,1

Cátia Duarte,1 Maria João Salvador,1

Armando Malcata1

1. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universi-dade de Coimbra

Objectivos: Estudar a prevalência e caracterizar asalterações microvasculares nos doentes com LES.Avaliar a correlação entre estas alterações e carac-terísticas clínicas e imunológicas da doença.Material e Métodos: A Coorte de Lúpus de Coim-bra inclui 165 doentes cumprindo os critérios declassificação ACR para LES e seguidos prospecti-vamente no Serviço de Reumatologia dos Hospi-tais da Universidade de Coimbra. Foi realizada ca-pilaroscopia periungueal a doentes desta Coorteobservados consecutivamente em consulta. Foiutilizada uma escala semiquantitativa para carac-terizar as alterações capilaroscópicas, incluindo 5parâmetros: tortuosidade, dilatações capilares, an-giogénese, hemorragias e áreas avasculares. A ac-tividade da doença foi avaliada pelo SLEDAI e odano cumulativo pelo SLICC. As diferenças entregrupos foram analisadas utilizando testes paramé-tricos e não paramétricos. Resultados: Foram incluídos 102 doentes (médiade idade=41,2 anos; 90% do sexo feminino, dura-ção média da doença=9,8 anos). 47% dos doentesreferiam Fenómeno de Raynaud (FR). 72% dosdoentes apresentaram alterações microvasculares.A alteração mais frequente foi o aumento da tor-tuosidade (26%) seguida por dilatações capilares(24%), hemorragias (12%), angiogénese (6%) e áre-as avasculares (2%). 3% dos doentes apresentaramalterações típicas de Esclerose Sistémica.Verificou--se uma associação significativa entre a presençade FR e dilatações capilares e aumento da tortu-osidade (P<0.05). A presença de Anti-U1-RNP e deenvolvimento renal mostrou associação com a pre-sença de angiogénese (P<0.05). Não houve associa-

ção entre as alterações microvasculares e outrasmanifestações clínicas do LES, com o SLEDAI, oSLICC, a duração do LES, a coexistência de Diabe-tes mellitus, hipertensão arterial ou hábitos tabá-gicos.Conclusões: Este estudo mostrou uma prevalênciaelevada de alterações microvasculares em doentescom LES, que se correlacionam com algumas ca-racterísticas da doença.

P76 - TRATAMENTO COM PAMIDRONATO

INTRAVENOSO 60MG DURANTE 6 MESES NA

ESPONDILOARTROPATIA SERONEGATIVA REFRACTÁRIA

À TERAPÊUTICA CONVENCIONAL

D. Medeiros,1 M. Sousa,1 R. Figueiredo,1

C. Miguel,1 F. Barcelos,1 M. Micaelo,1 C. Silva1

1. Instituto Português de Reumatologia

Objectivos: Os bifosfonatos têm propriedadesanti-inflamatórias já comprovadas ao nível daimunidade celular e humoral. Destes, o Pamidro-nato detêm a maior potência anti-inflamatória,com boa tolerabilidade e escassos efeitos adversos.Estudos recentes têm revelado dados favoráveisno grupo das espondiloartropatias seronegativas(EASN). Pretendemos determinar a segurança eeficácia do tratamento com pamidronato endove-noso em doentes com EASN com resposta refrac-tária à terapêutica convencional. Material e Métodos: Trata-se de um estudoprospectivo aberto envolvendo 20 doentes comcritérios de classificação para EASN, com doençaactiva, refractários à terapêutica convencional.60mg de pamidronato endovenoso foi administra-do mensalmente, durante 6 meses. Foram avalia-dos parâmetros demográficos, clínicos e o trata-mento prévio. Foram medidos trimestralmente,BASDAI, BASFI, BASMI, EVA, avaliação globalmédico, expansão torácica, distância mento-es-terno, e contagem articular. Foi realizada avaliaçãolaboratorial mensal com VS, PCR, hemograma,função hepática e função renal. Utilizou-se o tes-te estatístico Wilcoxon para amostras emparelha-das (SPSS).Resultados: Dos 20 doentes avaliados, 80%(16)pertenciam ao sexo masculino, com uma médiade idades de 49 anos (MAX69/MIN29; DP14). A du-ração média da doença foi de 19 anos (DP10).Quanto ao tipo de EASN, 65%(13) tinham Espon-dilite Anquilosante, 15%(3) Artrite Psoriásica,20%(4) EASN indiferenciada. 95%(19) doentes en-

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contravam-se a realizar anti-inflamatórios não-es-teróides previamente ao tratamento, 75%(15)agentes modificadores de doença, 50%(10) gluco-corticóides. Os valores iniciais médios de metrolo-gia foram: BASDAI 5,52, BASFI 5,55, EVA 69, VS 46e PCR de 3,69, contagem articular dolorosa 2,9; ex-pansão torácica 2,77; distância mento-esterno3,28; AG médico 52,6. Ao fim de 6 meses de tera-pêutica, verificou-se uma descida estatisticamen-te significativa para a PCR (n8; p = 0,012), BASDAI(n7; p = 0,018), EVA (n8; p = 0,012), BASFI (n6; p =0,046). Não foram detectadas diferenças com signi-ficado estatístico para os restantes parâmetrosanalisados. Os efeitos adversos ocorreram em 11casos (9 mialgias, 2 hipocalcémias transitórias),após a 1º infusão.Conclusões: Na nossa série observaram-se melho-rias objectivas do BASDAI, BASFI, EVA, e PCR.Apesar de se tratar de um estudo não controlado enão randomizado, a excelente resposta clínica eanalítica, associada à tolerabilidade e à ausência deefeitos adversos, leva a crer que nos encontramosna presença de um alternativa terapêutica nos ca-sos de EASN refractários à terapêutica conven-cional, podendo inclusivamente ser utilizada noscasos de contra-indicação para tratamento bio-lógico.

P77 – NÚCLEO DE ENFERMAGEM EM REUMATOLOGIA

José Félix,1 Lurdes Barbosa,2 Lurdes Narciso,3

Paula Mateus4

1. Hospital Militar Principal2. Hospital Garcia de Orta3. Hospital de Santa Maria4. Hospital Militar Principal

Objectivos: O número de especialistas e centrosde Reumatologia tem vindo a aumentar de formaquase exponencial e o numero de profissionais desaúde não médicos tem vindo, obviamente, acrescer na mesma proporção. Os enfermeirosconstituem um grupo muito motivado e diferen-ciado que pretendem aumentar a sua participa-ção e competência no tratamento dos doentes reu-máticos. O núcleo de enfermagem em Reuma-tologia vem divulgar a sua constituição, orga-nização, missão e estratégia com vista ao conhe-cimento e reconhecimento destes profissionaisque tanto podem fazer para melhorar a globalida-de de prestação de cuidados de saúde aos doentesreumáticos.

P78 – HIPOALGESIA NA MONOARTRITE EM VÁRIOS

MODELOS DE HIPERTENSÃO

Dora Pinho,1,4 Marta R. Couto,1,4

Manuela Mourato,1,3 José Marques-Lopes,1,4

Teresa Sousa,1,4 Isaura Tavares,2,4

António Albino Teixeira1,4

1. Instituto de Farmacologia e Terapêutica, Faculdadede Medicina2. Instituto de Histologia e Embriologia, Faculdade deMedicina3. Departamento de Farmacologia, Faculdade deFarmácia4. Instituto de Biologia Molecular e Celular,Universidade do Porto, Portugal

Objectivos: Em doentes hipertensos e em mode-los experimentais de hipertensão há hipoalgesiaem situações de dor aguda. Embora a dor crónicatenha prevalência elevada, desconhece-se se estatambém se acompanha de hipoalgesia. Procedeu--se a esta avaliação usando 4 modelos de hiperten-são (genético, cirúrgico e 2 modelos farmacológi-cos determinados pela infusão de um bloqueadordos receptores da adenosina e de angiotensina II)em ratos nos quais se induziu previamente mono-artrite.Material e Métodos: Sob anestesia com isoflurano,induziu-se monoartrite na articulação tibiotársicada pata posterior esquerda com adjuvante comple-to de Freund (CFA) em ratos machos hipertensose seus respectivos controlos normotensos. Antesdesta e após 2, 4, 7, 10 e 14 dias, avaliaram-se as res-postas comportamentais dos animais usando fila-mentos de Von Frey e mobilização da articulação.A progressão da monoartrite foi avaliada utilizan-do um sistema validado de pontuação que consi-dera os sinais inflamatórios e capacidade de loco-moção do animal e medindo o diâmetro da articu-lação. No dia 16, os ratos anestesiados com pento-barbital foram submetidos a estimulaçãomecânica nóxica cutânea da pata lesada e proce-deu-se à quantificação da expressão da proteínaFos da espinhal medula.Resultados: Antes da injecção de CFA, os ratos hi-pertensos exibiam limiares superiores de Von Freyem relação aos respectivos controlos normotensos.No dia 2, os limiares de Von Frey decresceram emtodos os grupos, e a pontuação à manipulação daarticulação foi máxima. A pontuação no sistema deavaliação da inflamação atingiu igualmente o seupico neste dia. Do dia 7 em diante, observaram-selimiares de Von Frey superiores em todos os ratos

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hipertensos quando comparados com os seus con-trolos normotensos, enquanto a pontuação da fle-xão articular e inflamação permaneceu inferior. Aexpressão de c-Fos foi menor nas lâminas profun-das da medula espinhal dos ratos hipertensos.Conclusões: O presente estudo evidencia que osratos hipertensos exibem menor alodínia e hiperal-gesia num modelo de dor inflamatória persistente,usando quer métodos de avaliação da dor quer adetecção imunohistoquímica da activação de neu-rónios da espinhal medula após estimulação no-ciceptiva. Estes resultados demonstram que nummodelo experimental de dor crónica, como já evi-denciado para a dor aguda, há igualmente diminu-ição da resposta à dor em animais hipertensos.

P79 – AVALIAÇÃO BIOMECÂNICA E ESTRUTURAL DO

TENDÃO: IMPLICAÇÕES PARA O SIGNIFICADO

FUNCIONAL DA TENDINOSE E DO EFEITO DA

INFILTRAÇÃO DO TENDÃO COM CORTICÓIDES

Miguel Maria Lino,1,2 Fernando Saraiva,3

Joana Caetano-Lopes,1 Ricardo Henriques,4,5

Pedro Amaral,2 Mário Viana Queiroz,3

M. Fátima Vaz,2 João Eurico Fonseca1,3

1. Unidade de Investigação em Reumatologia, Institutode Medicina Molecular, Faculdade de Medicina daUniversidade de Lisboa 2. Instituto de Ciência e Engenharia de Materiais e Su-perfícies (ICEMS), Instituto Superior Técnico 3. Serviço de Reumatologia e Doenças Ósseas Metabó-licas, Hospital de Santa Maria4. Instituto de Sistemas e Robótica, Instituto SuperiorTécnico5. Unidade de Biologia Celular, Instituto de MedicinaMolecular, Faculdade de Medicina da Universidade deLisboa

Objectivos: A tendinose corresponde a um padrãoecográfico cujas implicações prognósticas e fun-cionais para o tendão não estão bem esclarecidas.Por outro lado, os efeitos dos corticóides sobre aspropriedades dos tendões não estão também ade-quadamente compreendidos. Este trabalho tevecomo objectivos relacionar as alterações ecográfi-cas induzidas por ensaios de tracção em tendõesde porco com as suas propriedades biomecânicas,estabelecendo-se uma comparação com a tendi-nose que ocorre nos seres humanos.Material e Métodos: Usaram-se três tipos de ten-dões de porco, o tendão do músculo tibial anterior,a inserção do músculo tibial anterior e o tendão do

músculo flector longo dos dedos. As amostras fo-ram visualizadas ex vivo com uma sonda 8-16MHz, usando-se músculo de porco como interfa-ce entre o tendão e a sonda. Posteriormente, rea-lizaram-se ensaios de tracção numa máquina deensaios mecânicos INSTRON 5566 com uma velo-cidade de alongamento de 0,5mm/minuto. Os en-saios foram realizados até diferentes pontos dacurva de tracção. Os tendões foram novamente vi-sualizados em ecografia. As imagens foram anali-sadas quanto à regularidade dos contornos e à ho-mogeneidade da ecostrutura, procurando-se áre-as hipoecogénicas causadas pela mudança estru-tural de fibras. Antes da primeira visualizaçãoecográfica sete amostras foram injectadas com 0,5cm3 de acetato de metilprednisolona. A análise mi-croestrutural das amostras foi realizada por mi-croscopia multifotónica com geração de segundaharmónica.Resultados: Na análise das imagens ecográficasprocuraram-se padrões similares aos exibidos emcasos de tendinose, procurando-se áreas hipoeco-génicas mal delimitadas no sentido das fibras. Re-gistaram-se alterações compatíveis com o padrãoecográfico de tendinose em tendões que atingi-ram as regiões de cedência e de ruptura da curvade tensão-extensão. A análise estrutural pormicroscopia multifotónica permitiu a identifica-ção de áreas de desorganização e descontinuida-de fibrilhar que são consistentes com as áreas hi-poecogénicas encontradas em ecografia. Nos ten-dões infiltrados com corticóides verificou-se queos valores de tensão máxima e de energia absorvi-da eram mais baixos do que nos tendões não infil-trados.Conclusões: A partir dos resultados dos ensaiosmecânicos, do estudo ecográfico e da análise es-trutural, pode concluir-se que um tendão com pa-drão ecográfico de tendinose é susceptível à rup-tura, como consequência de compromissos a ní-vel fibrilhar. A infiltração de corticóides no tendãomostrou induzir um condicionamento das suaspropriedades mecânicas.

P80 – ADAPTAÇÃO PORTUGUESA DO QUESTIONÁRIO

DE AVALIAÇÃO DAS NECESSIDADES EDUCACIONAIS NA

ARTRITE (ENAT)Pedro Machado,1 Jacqueline Hill,2

Marta Campos,1 João Apóstolo,3 Arménio Cruz,3

Armando Malcata1

1. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da

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Universidade de Coimbra, Portugal2. Academic and Clinical Unit for Musculoskeletal Nursing, University of Leeds, United Kingdom3. Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, Portugal

Objectivos: A educação e informação do doentefazem parte de uma visão integrada do tratamen-to da artrite reumatóide (AR). O questionário Edu-cational Needs Assessment Tool (ENAT) foi desen-volvido com o objectivo de proporcionar uma rá-pida avaliação das necessidade educacionais dosdoentes com AR, podendo ser utilizado na avalia-ção de intervenções a esse nível. Foi nosso objec-tivo a tradução e validação do ENAT para a LínguaPortuguesa., submetendo o questionário traduzi-do à análise pelo método de Rasch.Material e Métodos: O ENAT é um questionáriosimples e auto-administrado, demorando poucosminutos a completar. Compreende 39 items agru-pados em 7 categorias: combate à dor, movimen-to, sentimentos, processo de artrite, tratamentos,medidas de auto-ajuda e sistemas de apoio. Osdoentes atribuem um score a cada item, assinalan-do a resposta numa escala do tipo Likert com 5pontos, desde «nada importante» a «extremamen-te importante». A metodologia utilizada prevê avalidação da tradução pelo modelo de Rasch, quese tem implementado como uma nova abordagempara a estandardização de medidas de avaliaçãousadas na área da saúde. O método da tradução éreconhecido e está bem definido, envolvendo cin-co fases: tradução inicial, síntese das traduções,retroversão, comissão de peritos e fase de teste daversão adaptada. Após as cinco fases anteriores, aanálise pelo método de Rasch é realizada assimque a versão traduzida e adaptada do ENAT estejafinalizada e seja entregue a 125 doentes com ARpara preenchimento.Resultados: Este estudo teve início em Julho de2007 e terminará em Março de 2008. Até ao mo-mento não se verificaram problemas major no pro-cesso de adaptação. Já foram completadas as fases1 a 5 e a recolha dos 125 questionários preenchi-dos por doentes com AR, para análise posteriorpelo método de Rasch, ficará completa no final deJaneiro de 2008.Conclusões: A adaptação portuguesa do ENAT estáa ser realizada segundo uma metodologia criterio-sa, procurando prevenir diferenças trans-culturaise viés ao nível dos vários items. Estas diferenças eviés poderiam pôr em em perigo a confiança e va-lidade do questionário. É nosso objectivo final que

o ENAT possa ser utilizado como uma ferramentaútil para guiar e avaliar intervenções educacionais,contribuindo assim para uma melhoria dos cui-dados de saúde prestados aos doentes com AR.

P81 – PREVALÊNCIA AUMENTADA DE SENSIBILIZAÇÃO

ALÉRGICA EM DOENTES COM ARTRITE REUMATÓIDE

TRATADOS COM ANTI-TNFALFA

Pedro Machado,1 Alexandra Santos,2 Jorge Silva,1

Celso Pereira,2 Carlos Loureiro,2 Celso Chieira,2

Armando Malcata1

1. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra2. Serviço de Imunoalergologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: O factor de necrose tumoral alfa(TNFα) é um alvo terapêutico em doenças inflama-tórias com resposta imunológica do tipo Th1,como a artrite reumatóide (AR). A presença dedoenças com perfil imunológico Th2, nomeada-mente doenças alérgicas, poderá ser influenciadaquer pela presença de AR, quer pela terapêuticacom anti-TNFα. Propusemo-nos a avaliar a preva-lência de sensibilização a aeroalergenos e de doen-ça alérgica em doentes com AR, com e sem tera-pêutica com anti-TNFα, e em controlos saudáveis.Material e Métodos: Foram incluídos doentes comAR com (n=20) e sem (n=20) terapêutica com anti--TNFα (grupos T e R, respectivamente). Foram de-terminadas: actividade da doença (DAS28), velo-cidade de sedimentação (VS) e proteína C reacti-va (PCR). Os controlos saudáveis (n=60, grupo C)foram seleccionados aleatoriamente a partir da po-pulação geral. Todos os doentes e controlos res-ponderam a um questionário estandardizado des-tinado a avaliar a prevalência de doença alérgica,e foram submetidos a testes cutâneos de alergiapor picada (TCA) com um painel estandardizadode extractos de aeroalergenos, que incluiu o pai-nel pan-europeu proposto pelo Ga2len. Nos doen-tes com AR, foram determinadas a contagem totalde eosinófilos no sangue periférico e a IgE séricatotal. Os grupos T, R e C foram comparados esta-tisticamente usando os testes de Kruskal-Wallis, Ude Mann-Whitney, Qui-Quadrado e Fisher, con-forme apropriado. Valores de p inferiores a 0,05 fo-ram considerados estatisticamente significativos.Resultados: Observaram-se diferenças significati-vas na prevalência de TCA positivos entre os gru-pos T e R (70% vs 35%, p=0,027) e entre os grupos

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T e C (70% vs 36,7%, p=0,009), mas não entre osgrupos R e C (p=0,893). A prevalência de doençaalérgica, avaliada através do questionário aplica-do, foi semelhante nos três grupos (55% grupo T,35% grupo R, 36,7% grupo C; p=0.307). Não se en-contraram diferenças entre os grupos T e R relati-vamente à contagem total de eosinófilos (165 vs139/mm3, p=0.229) e IgE sérica total (18 vs 18U/ml, p=0.242). Os grupos T e R eram semelhan-tes quanto à idade (mediana 54,5 vs 58 anos,p=0,189), género (90% vs 85% do sexo feminino,p=1,00), duração da doença (mediana 10 vs 17anos, p=0,355), DAS28 (mediana 3,07 vs 2,57,p=0,142), VS (mediana 15 vs 13 mm/h, p=0,565) ePCR (mediana 0,5 vs 0,7 mg/dl, p=0,383). No gru-po T a duração média da terapêutica anti-TNFα foide 29.7±22.5 meses. O grupo controlo tinha umaidade inferior (mediana 36 anos) ao grupo T(p<0.001) e ao grupo R (p<0.001), mas a distribui-ção do género era semelhante (66,7% do sexo fe-minino, p=0,058).Conclusões: Observou-se um aumento na preva-lência de sensibilização a aeroalergenos nos doen-tes com artrite reumatóde em tratamento comanti-TNFα. Os Reumatologistas devem estar cien-tes deste achado e manter um elevado índice desuspeição relativamente à possibilidade de desen-volvimento futuro de doença alérgica nestes doen-tes, visando um diagnóstico precoce e um trata-mento atempado.

P82 – INFECÇÕES EM ARTROPLASTIA DA ANCA E DO

JOELHO: A INFLUÊNCIA DO SEXO NO RISCO DE

INFECÇÃO E DA IDADE NA DURAÇÃO DO INTERNAMENTO

J. Garcia,1 P. Machado,1 M. J. Saavedra,1 P. Abreu,1

J. Silva,1 A. Garruço,2 R. Ferreira,2 J. Serpa Oliva2

1. Serviço de Reumatologia - Hospitais da Universidade de Coimbra2. Serviços Ortopedia – Unidade de Patologia SépticaOsteoarticular - Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Caracterizar as taxas de infecção depróteses da anca (PA) e do joelho (PJ), correlacio-nar o sexo com o risco de infecção, a idade com aduração do internamento e comparar o tempo des-de o início dos sintomas até à data do internamen-to, em ambos os sexos, num Serviço de Ortopedia.Material e Métodos: Análise retrospectiva dos pro-cessos clínicos dos doentes internados, numa uni-dade diferenciada de ortopedia no período de 2003a 2006, com o diagnóstico de Infecção em PA e PJ.

Recurso aos dados da estatística global dos HUCpara determinação das taxas de infecção. Análiseestatística com o teste de X2, correlação de Spear-man e U de Mann-Whitney, consoante as variá-veis em estudo. Resultados: Total de 2417 PA, ocorreu infecção em40 doentes (72,5% no sexo masculino), 62,5% emPA primárias e 37,5% em PA de revisão. A taxa to-tal de infecções foi 1,7%, 72,5% do sexo masculi-no, (OR: 2,866; IC 95% [1,425-5,763]; p=0,002). Ataxa de infecção das PA primárias foi 2,1%, 84,0%do sexo masculino (OR: 5,635; IC 95% [1,927--16,475]; p<0,001). Nas PA de revisão a taxa foi4,5%, 53,3% do sexo masculino (OR: 1,33; IC 95%[0,473--3,743]; p=0,588). Correlação entre a idadee a duração do internamento (rs=0,278; p=0,016).Correlação sexo com inicio dos sintomas até ao in-ternamento (p=0,416). Total de 1364 PJ, ocorreuinfecção em 28 doentes (60,7% no sexo masculino),67,9% em PJ primárias e 32,1% em PJ de revisão. Ataxa total de infecções em PJ foi 2,1%, 60,7% dosexo masculino (OR: 3,931; IC 95% [1,824-8,471];p<0,001). A taxa de infecção nas PJ primárias foi1,5%, 68,4% do sexo masculino (OR: 5,560; IC 95%[2,097-14,742]; p<0,001). Nas PJ de revisão a taxa foi11,4%, 44,4% do sexo masculino (OR: 1,745; IC 95%[0,427-7,137]; p=0,434). Correlação entre a idade ea duração do internamento (rs=0,087; p=0,59). Cor-relação sexo com inicio dos sintomas até ao inter-namento (p=0,228). Conclusões: Verificou-se uma taxa de infecção su-perior em próteses de revisão. O risco total de in-fecção das PA e PJ foi superior no sexo masculino.Nas próteses primárias o risco de infecção foi su-perior nos homens, o mesmo não se verificandonas próteses de revisão. A idade correlacionou-secom a duração do internamento apenas para as PA.O intervalo de tempo desde o início da sintomato-logia até ao internamento não mostrou diferençasentre os sexos.

P83 – ARTROPLASTIA DO JOELHO E INFECÇÃO – ESTUDO RETROSPECTIVO

J. Garcia1, P. Machado,1 P. Abreu,1 M. J. Saavedra,1

J. Silva,1 A. Garruço,2 R. Ferreira,2 J. Serpa Oliva2

1. Serviço de Reumatologia - Hospitais da Universidade de Coimbra2. Serviço de Ortopedia – Unidade de Patologia SépticaOsteoarticular - Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Caracterização demográfica, clínica,

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bacteriológica e terapêutica dos doentes interna-dos numa unidade diferenciada de ortopedia porInfecção em Prótese do Joelho Material e Métodos: Análise retrospectiva dos pro-cessos clínicos dos doentes internados entre 2003e 2006 por Infecção em Prótese do Joelho. Resultados: Contabilizaram-se 41 doentes, comuma média etária de 71,2±7,7 anos, 51,2% do sexofeminino, para um total de 60 internamentos.92,3% das infecções foram tardias (> 1 mês pós-ci-rurgia), para um total de 31 próteses primárias(75,6%) e 10 próteses de revisão (24,4%). A Osteo-artrose primária foi a principal indicação para ar-troplastia do joelho (85,4%). A dor e a drenagempor fístula cutânea estiveram presentes em 62,5%.A VS e a PCR encontravam-se quase sempre eleva-das (93,9% e 94,7% respectivamente). A radiogra-fia do joelho mostrava sinais sugestivos de infec-ção em 82,1% dos casos tendo sido necessária, em17,1% dos doentes, a realização de cintigrafia comgálio para confirmação do diagnóstico. As culturasdos exsudatos foram positivas em 52,6% dos doen-tes sendo o S. aureus meticilino-resistente o gér-men mais frequente (35,0%). 79,5% dos doentesforam submetidos a antibioterapia empírica, ten-do sido a associação cefalosporinas de 1ª geração+ aminoglicosídeo (37,0%) o esquema de maiorpreferência. 87,8% dos doentes necessitou de tra-tamento cirúrgico. A terapêutica foi curativa em51,9% dos casos tendo sido necessário o reinterna-mento em 29,3% dos doentes. Conclusões: Não se verificou predomínio de in-fecções em qualquer dos sexos. A maioria das in-fecções foi tardia, ocorrendo sobretudo em doen-tes com próteses primitivas. A drenagem por fístu-la cutânea e a dor foram manifestações clínicasmais frequentes. A maioria apresentou alteraçõesradiológicas sugestivas de infecção. O S. aureusmeticilino-resistente foi o gérmen mais prevalen-te. Apenas uma minoria dos doentes fez terapêu-tica médica isolada. Cerca de um terço dos doen-tes necessitou de novo internamento.

P84 – ARTROPLASTIA DA ANCA E INFECÇÃO – ESTUDO RETROSPECTIVO

J. Garcia,1 P. Machado,1 M. J. Saavedra,1 P. Abreu,1

J. Silva,1 A. Garruço,2 R. Ferreira,2 J. Serpa Oliva2

1. Serviço de Reumatologia - Hospitais da Universidade de Coimbra2. Serviço de Ortopedia - Unidade de Patologia Séptica Osteoarticular dos Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Caracterização demográfica, clínica,bacteriológica e terapêutica dos doentes interna-dos numa unidade diferenciada de ortopedia porInfecção de Prótese da Anca.Material e Métodos:Estudo retrospectivo dos proces-sos clínicos dos doentes internados entre 2003 e 2006com o diagnóstico de Infecção em Prótese da Anca. Resultados: Contabilizaram-se 74 doentes, comuma média etária de 68,5±11anos, 74,3% eram dosexo masculino, para um total de 98 internamentos.3/4 das infecções foram tardias (> 1 mês pós-cirur-gia), para um total de 46 próteses primárias (62,2%)e 28 próteses de revisão (37,8%). A Osteoartrose pri-mária (68,9%) foi a principal indicação para implan-tação de prótese. A drenagem por fístula cutânea es-teve presente em 76,4%, tendo metade dos doentesreferido dor na altura do internamento. A VS e a PCRencontravam-se frequentemente elevadas (96,4% e88,9% respectivamente). Radiologicamente obser-varam-se sinais de infecção em 83,6% dos casos. Asculturas dos exsudatos foram positivas em 56,5%dos casos sendo o S. aureus meticilino-resistente ogérmen mais frequente (51,3%). 72% dos doentes fo-ram submetidos a antibioterapia empírica, tendosido a associação cefalosporinas de 1ª geração +aminoglicosídeo, a teicoplanina e a piperacilina e ta-zobactan (17,3%), os fármacos mais prescritos.91,9% dos doentes foi submetido a intervenção ci-rúrgica. A terapêutica foi curativa em 62,0% dos ca-sos tendo havido necessidade de reinternamentoem 28,4% dos doentes.Conclusões: Houve um predomínio de infecçõesno sexo masculino. A maioria das infecções foi tar-dia, ocorrendo sobretudo em doentes com próte-ses primitivas. A drenagem por fístula cutânea foia principal manifestação da doença. A maioria dosdoentes apresentou alterações radiológicas suges-tivas de infecção. O S. aureus meticilino-resistentefoi o gérmen mais prevalente. Uma minoria dosdoentes foi tratada exclusivamente com terapêu-tica médica. Cerca de um terço dos doentes neces-sitou de novo internamento.

P85 – DESEMPENHO DE ALGORITMOS DE AVALIAÇÃO

DO RISCO OSTEOPORÓTICO EM MULHERES

PÓS-MENOPÁUSICAS

Pedro Machado,1 José A P da Silva1

1. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Apesar da validação de vários algo-

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ritmos de selecção de mulheres pós-menopáusicas(MPM) para realização de dual-energy x-ray ab-sorptiometry (DEXA), a informação sobre a sua uti-lidade clínica é escassa. Foi nosso objectivo avaliare comparar o desempenho de 5 desses algoritmosnuma população Portuguesa de MPM. Esta análi-se foi expandida através da avaliação do impactode cada algoritmo tendo em conta a poupança emDEXA, a probabilidade de fractura e a repercussãoeconómica de ambas.Material e Métodos: Foram incluídas 588 MPMcom características semelhantes às da populaçãoPortuguesa em geral. Seleccionaram-se 5 algorit-mos simples de decisão: o Osteoporosis Risk As-sessment Instrument (ORAI), o critério Age, BodySize, No Estrogen (ABONE), o Body Weight Crite-rion (BWC), o Osteoporosis Self-Assessment Tool for Asians (OSTA) e uma versão modificada doOSTA (OST). Calculou-se a sensibilidade, especi-ficidade, valores preditivos e área da curva underthe receiver operating characteristic (AUROC), paracada um dos algoritmos de decisão. O número decasos de OP não detectados, número de fracturasevitáveis, poupança total e poupança por cadacaso de fractura evitável foram calculados paracada algoritmo e faixa etária, a partir da prevalên-cia de OP e sensibilidade do algoritmo nas vária fai-xas etárias, estimativa publicada do risco de frac-tura osteoporótica em função do resultado daDEXA e idade, e dados de tabelas económicas ofi-ciais sobre o custo da DEXA e custo hospitalar dasfracturas.Resultados: A idade média foi de 60,18±8,57 anose o tempo médio desde a menopausa foi de12,30±9,25 anos. Todos os algoritmos tiveram umbom desempenho no grupo total de MPM, apre-sentando boa capacidade discriminativa (curvasAUROC entre 0,611 e 0,674). As sensibilidades fo-ram de 80,8% para o ORAI, 71,2% para o ABONE,77,6% para o BWC, 75,6% para o OSTA e 80,8% parao OST. Considerando as MPM com >=65 anos, autilização dos algoritmos avaliados traduziu-se emcustos adicionais ou numa poupança apenas resi-dual, oferecendo por isso a realização de DEXA atodos os indivíduos o melhor desempenho custo-benefício. Pelo contrário, nas MPM com <65 anos,a utilização de qualquer um dos algoritmos tradu-ziu-se em poupanças significativas e logo numbom desempenho custo-benefício. Nas MPM com>=55 e <65 anos, considerando a poupança abso-luta, o ABONE tem o melhor desempenho, masconsiderando a poupança por fractura evitável, o

ORAI assume a liderança, seguido pelo BWC. Nogrupo com >=40 e <55 anos, a opção mais rentávelem termos de poupança absoluta seria mesmo ade não realizar DEXA a ninguém. No entanto, con-siderando a poupança por fractura evitável, o BWCafigura-se como o algoritmo mais vantajoso.Conclusões: Este estudo fornece evidência da va-lidade do ORAI, ABONE, BWC, OSTA e OST comoalgoritmos úteis na decisão sobre que MPM refe-renciar para realização de DEXA. Com base nos re-sultados e considerando a importância da simpli-cicidade na aplicabilidade de um algoritmo,sugerimos a seguinte estratégia na população Por-tuguesa: 1) Idade >=65 anos: realizar DEXA inde-pendentemente de outros factores de risco. 2) Ida-de <65 anos: realizar DEXA se o peso for inferior a70 Kg (cut-off do BWC).

P86 – QUALIDADE DE VIDA NAS DOENÇAS REUMÁTICAS

Paulo Monteiro,1 Paula Oliveira,2

Margarida Coutinho,1 Maria João Salvador,1

Maria Emília Costa,2 Armando Malcata1

1. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra2. Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação daUniversidade do Porto

Objectivos: Avaliar diferenças entre grupos dedoentes com artrite reumatóide, fibromialgia e os-teoartrose no que se refere à qualidade de vida,avaliada pelo questionário de qualidade de vidaSF-36 (versão portuguesa).Material e Métodos: O recrutamento da amostra,constituída por 31 doentes com AR, 25 com FM e30 com OA, ocorreu no Serviço de Reumatologiados HUC, entre Maio e Dezembro de 2007. Após se-rem informados relativamente aos aspectos asso-ciados à participação no estudo os participantesforam sujeitos às seguintes medidas de avaliação:Questionário de Estado de Saúde (SF-36v.2; Cen-tro de Estudos e Investigação em Saúde, 1997). Otratamento estatístico dos dados foi realizado atra-vés do programa SPSS (Statistical Package for So-cial Sciences) – versão 13Resultados: A idade média situou-se nos 55,15anos (entre os 23 e os 80 anos). Em relação ao gé-nero, 77,9% são indivíduos do sexo feminino. Emtermos de situação laboral, a maioria da amostraencontra-se em situação de reforma. Comparan-do os 3 grupos nos diferentes domínios avaliadospelo SF-36, foram encontradas diferenças estatis-

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ticamente significativas entre os grupos no que serefere ás dimensões: função física, desempenho fí-sico, dor corporal, vitalidade, função social e saú-de mental. Em relação à saúde geral e ao desem-penho emocional não foram encontradas diferen-ças estatisticamente significativas. Relativamenteaos componentes gerais de saúde física e de saú-de mental foram igualmente encontradas diferen-ças entre os grupos (p<0,001).Conclusões: O tipo de doença Reumática em cau-sa parece condicionar a qualidade de vida dosdoentes nos diversos domínios avaliados, havendodiferenças estatísticas entre os grupos estudados.

P87 – IMPACTO DA IDADE DE INÍCIO DO LES NO

PROGNÓSTICO. ESTUDO DE 164 DOENTES NA

COORTE DE LÚPUS DE COIMBRA

C Duarte,1 M Couto,1 C Vaz,1 P Abreu,1 L Inês,1

A Malcata1

1. Serviço de Reumatologia, Hospitais da Universidadede Coimbra

Objectivos: Avaliar o valor prognóstico da idadede início do Lúpus Eritematoso SistémicoMaterial e Métodos: A Coorte de Lúpus de Coim-bra inclui 165 doentes com LES (cumprindo crité-rios de classificação ACR) seguidos prospectiva-mente. Os doentes foram agrupados de acordocom idade de diagnóstico em três grupos (preco-ce ≤20; intermédio: 21-49 e tardio ≥50). O fenótipoda doença no primeiro ano após o diagnóstico e nomomento actual foi classificado em moderado ousevero de acordo com a presença de envolvimen-to de órgão major. As diferenças foram avaliadasutilizando o teste do Chi-quadrado.Resultados: Foram incluídos 164 doentes. 8,5% dosdoentes correspondiam a doentes com LES tardioe 19,5 % no grupo de início precoce. Os doentes dosexo masculino apresentaram mais frequentemen-te um LES de inicio tardio (p<0,05). No momentodo diagnóstico, apresentaram um fenótipo severo50%, 34,7% e 16,7% dos doentes no grupo de diag-nóstico em idade precoce, intermédio e tardio, res-pectivamente (p=n.s.). Na avaliação actual, apre-sentam um fenótipo severo 62,5%, 48,4% e 16,7%dos doentes no grupo de diagnóstico precoce, in-termédio e tardio, respectivamente (p=n.s.). OAnti-SSA foi mais prevalente e o Anti-Sm menosfrequente nos doentes com LES tardio (p<0,05). Asrestantes manifestações clínicas e laboratoriaisnão apresentaram diferenças estatisticamente sig-

nificativas.Conclusões: Nesta coorte de doentes com LES, osdoentes com apresentação tardia da doença apre-sentam um fenótipo inicial moderado e nenhumapresentou envolvimento de novo órgão majorapós o primeiro ano, contudo nenhuma das dife-renças encontradas apresentou significado esta-tístico.

P88 – IMPACTO DO LES NA QUALIDADE DE VIDA:ESTUDO COMPARATIVO DE 105 DOENTES COM

CONTROLOS SAUDÁVEIS

C Duarte,1 L Inês,1 P Abreu,1 F Vinagre,2

MJ Santos,2 M Couto,1 C Vaz,1 A Malcata1

1. Serviço de Reumatologia, Hospitais da Universidadede Coimbra2. Serviço de Reumatologia, Hospital Garcia de Orta

Objectivos: O Lúpus Eritematoso Sistémico (LES)é uma doença reumática crónica com grande im-pacto na qualidade de vida. A qualidade de vidanas populações é também influenciada por diver-sos factores socioeconómicos e demográficos. OSF-36 é um auto-questionário, validado em portu-guês, adequado para a avaliação da qualidade devida no LES. O objectivo deste trabalho é avaliar aqualidade de vida em doentes com LES em com-paração com controlos saudáveis.Material e Métodos: Inclusão de doentes consecu-tivos cumprindo critérios de de classificação ACRpara LES, seguidos em dois centros de Reumato-logia portugueses. Cada doente convidou um ami-go, do mesmo sexo, aproximadamente da mesmaidade e saudável, a participar como seu controlo.A qualidade de vida foi avaliada utilizando a ver-são validada em português do auto-questionárioSF-36. Cada doente entregou um SF-36 ao seu con-trolo, sendo este posteriormente devolvido porcorreio. A pontuação para cada uma das subesca-las do SF-36 foi quantificada. A actividade do LESfoi avaliada utilizando o índice de actividade SLE-DAI e o dano cumulativo através do SLICC. Efec-tuou-se a comparação entre os dois grupos utili-zando testes paramétricos e não paramétricos,conforme adequado. O nível de significância esta-tística considerado foi de 5%. A análise estatísticafoi efectuada utilizando o software SPSS.Resultados: Foram incluídos 210 indivíduos (105doentes com LES e 105 controlos saudáveis). Nãohouve diferença estatisticamente significativa entreos grupos de indivíduos com LES e controlos sau-

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dáveis relativamente ao sexo, estado civil e sectorprofissional. Os indivíduos saudáveis apresentaramum nível educacional médio mais elevado (p=0,021)e eram mais frequentemente profissionalmente ac-tivos (p <0,01). Os doentes com LES apresentavamuma duração média de doença de 7,8±6,7 anos, ti-nham uma baixa actividade da doença (SLE-DAI:4,2±4,7) e um dano cumulativo devido ao LESreduzido (SLICC: 0,9±1,3). Os doentes com LESapresentaram pontuações significativamente maisbaixas em todos os domínios do SF-36 comparati-vamente aos indivíduos saudáveis (p<0,01). A dife-rença média entre os dois grupos no SF-36 foi de cer-ca de 30%. A diferença observada foi superior nosdomínios Desempenho Físico e Saúde Geral (40 e30% respectivamente) e menor na Função Mental eFunção Social (aproximadamente 12%).Conclusões: Os doentes com LES apresentam qua-lidade de vida significativamente mais baixa que oscontrolos saudáveis, apesar da baixa actividade clí-nica e do reduzido dano cumulativo.

P89 - AVALIAÇÃO PROGNÓSTICA DOS DOENTES COM

FRACTURA DO FÉMUR PROXIMAL

J. A. Costa,1 M. Bogas,1 A. Ribeiro,1 L. Costa,1

C. Varino,2 R. Lucas,3 C. Pinheiro,3 A. Rodrigues,2

D. Araújo1

1. Serviço Reumatologia, Hospital Conde de Bertiandos - Ponte de Lima - Centro Hospitalar do AltoMinho, EPE2. Serviço de Ortopedia, Hospital de S. Luzia – Viana doCastelo - Centro Hospitalar do Alto Minho, EPE3. Serviço de Higiene e Epidemiologia, Faculdade deMedicina da Universidade do Porto (Projecto ONDOR)

Objectivos: As fracturas osteoporóticas do fémurproximal (FFP), muito comuns na terceira idade,representam uma das causas mais importantes demortalidade e morbilidade sendo responsáveis porum enorme custo socio-económico, a curto e alongo prazo. A incidência é mais elevada nas mu-lheres pós-menopáusicas com osteoporose. Osobjectivos deste trabalho foram avaliar o prognós-tico das FFP e identificar os eventuais factores pre-ditores, bem como a necessidade de ulteriores cui-dados de saúde.Material e Métodos: Estudo transversal, retrospec-tivo, observacional, envolvendo doentes admitidosno Serviço de Ortopedia entre 1 de Janeiro e 31 deDezembro de 2006 com o diagnóstico de FFP. Os da-dos foram recolhidos decorridos pelo menos 12

meses após FFP através de entrevista telefónica epor consulta dos processos clínicos. Os questioná-rios aplicados contemplavam variáveis sócio--demográficas, tipo de fractura, factores de riscopara ocorrência de fractura, co-morbilidades e suasterapêuticas, actividades de vida actuais e uma ava-liação de qualidade de vida, quando possível.Resultados: Foi tentado contacto telefónico com150 doentes. Efectuados 108 inquéritos verifican-do-se que 20.4% dos casos, tinham falecido, 55% nodomicílio e 66.7% até 6 meses pós-FFP. Foram di-vididos em dois grupos: falecidos e sobreviventes.Nos sobreviventes, o próprio doente respondeuapenas em 23.3%. Os falecidos eram mais frequen-temente do sexo feminino (86.4% Vs 77,9%), maisidosos (percentagem de doentes com mais de 85anos era 63.6% Vs 32.6%) e ficaram alectuados apósa alta mais frequentemente (80% Vs 66,3%). Erammenos frequentemente casados (9,1 Vs 26,7%), ti-nham menos história prévia de fractura (15.8% Vs33.7%), menor percentagem de prescrição de fisi-oterapia após alta (25% Vs 46.5%) e menos conhe-cimento prévio de osteoporose (25% Vs 35.3%). Emrelação à qualidade de vida, obteve-se resposta em20 doentes: 60% considerava razoável a sua saúdeem geral; comparando o seu estado actual com oano anterior, 26.3% notavam alguma melhoria. Naavaliação das actividades de vida diária, a maioriarevelou grande dificuldade nas actividades que en-volvem deambulação, deitar ou levantar da cama,sentar-se na cadeira, e entrar e sair de casa.Conclusões: Este estudo mostra as dificuldadesinerentes a um estudo retrospectivo que envolveinquéritos telefónicos. Os resultados, no seu glo-bal, estão de acordo com o esperado: idade maiselevada, desconhecimento de diagnóstico préviode osteoporose, e um decréscimo na qualidade devida e nas actividades de vida diária dos doentesfalecidos. Nesta amostra, a localização da fracturano colo do fémur, o sexo feminino, o alectuamen-to após a alta e a idade parecem estar associados aum pior prognóstico.

P90 – CONTRIBUTO PARA A ADAPTAÇÃO E VALIDAÇÃO

DE UMA ESCALA DE MEDIDA PARA A SEVERIDADE DA

OSTEOARTROSE DO JOELHO (LEQUESNE INDEX OF

SEVERITY FOR KNEE OSTEOARTHRITIS INDEX )Nunes S.,1 Lopes A.,1 Pascoalinho J.1

1. Escola Superior de Saúde do Alcoitão

Objectivos: O presente estudo é de natureza me-

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todológica, e teve como objectivo dar um contri-buto para a adaptação e validação de uma Escalade Medida para a Severidade da Osteoartrose doJoelho à população portuguesa.Material e Métodos: Foram utilizados dois ques-tionários construídos e validados no âmbito do es-tudo, para a recolha de opiniões junto aos painéisde peritos. Foram ainda utilizados como medidapadrão as versões portuguesas do auto-questio-nário Womac e da escala Lysholm modificada, pre-viamente validadasResultados: Análise de conteúdo- verificámos quea maior parte dos peritos foram unânimes em con-siderar que a Lequesne e o seu respectivo manualde instruções mede os itens a que se propõe me-dir; validade concorrencial- foi demonstrada pelaobtenção dos valores 0,566 (Womac) e -0,622(Lysholm) para um grau de significância (p)< 0,000;sensibilidade- pela análise dos diagramas de dis-persão entre a Lequesne e o Womac e a Lequesnee a Lysholm, verificámos que os resultados, seaproximam, segundo uma linha recta, positivapara o Womac e negativa para a Lysholm.Conclusões: Perante os resultados obtidos consta-támos que a 5ª versão portuguesa da Lequesneapresenta, qualidade de tradução/adaptação, va-lidade concorrencial e sensibilidade. Após a con-clusão deste estudo julgamos que este instrumen-to está apto para ser utilizado na prática clínica.

P91 – ARTERITE DE CÉLULAS GIGANTES: CASUÍSTICA

DE UM SERVIÇO

Catarina Ambrósio,1 Sara Serra,1

Pedro Machado,1 Armando Malcata1

1. Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: A arterite de células gigantes (ACG) éuma vasculite granulomatosa que afecta vasos demédio e grande calibre. Atinge mais frequente-mente mulheres, geralmente nas 7ª e 8ª décadas devida, com uma incidência de 15-25 por 100.000habitantes. No presente trabalho os autores fazemuma revisão casuística dos doentes internados, noServiço de Reumatologia dos Hospitais da Univer-sidade de Coimbra, por arterite de células gigantes. Material e Métodos: Foram incluídos nesta casuís-tica os doentes internados no Serviço de Reuma-tologia dos HUC, com o diagnóstico primário finalde ACG, desde Janeiro de 1990 a Outubro de 2007.Avaliou-se, para cada doente, a idade, sexo, sinaise sintomas apresentados, tempo de duração das

queixas, co-existência de polimialgia reumática,mês de início da sintomatologia, exames auxilia-res de diagnóstico e terapêutica instituída. Resultados: Um total de 24 doentes foi incluídonesta casuística, com uma média de idade de71,6±5,1 anos, sendo maior a prevalência de ACGno sexo feminino (79%). Verificou-se uma maiorincidência de casos na Primavera/Verão (70,9%)comparativamente aos meses de Outono/Inverno(29,1%). Os sintomas mais frequentes foram as ce-faleias (22 doentes) e alterações visuais (15 doen-tes), com uma média de 1,8 meses de duração dasintomatologia à data do internamento. 14 doen-tes apresentavam concomitantemente o diagnós-tico, actual ou passado, de PMR. Analiticamente avelocidade de sedimentação média à entrada foi de73,7 mm 1ª h e da PCR 5,3 mg/dl. Todos os doen-tes realizaram biopsia da artéria temporal, tendoesta apresentado alterações sugestivas de arteriteem 70,8% dos casos. Conclusões: Os resultados obtidos são o esperado,nomeadamente no que toca à distribuição por sexo,idade, sintomatologia apresentada e resultados ana-líticos. A aparente tendência para uma sazonalida-de carece ainda de maior investigação. Reforça-se aimportância da biopsia para o estabelecimento deum diagnóstico mas relembra-se que a normalida-de desta não pode excluir a existência de ACG.

P92 – CAPILAROSCOPIA: EXPERIÊNCIA

DE UM SERVIÇO

Catarina Ambrósio,1 Pedro Machado,1

Sara Serra,1 Maria João Salvador,1

Armando Malcata1

1. Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Analisar a experiência de 2 anos de rea-lização de capilaroscopia no Serviço de Reumato-logia dos Hospitais da Universidade de Coimbraatravés da caracterização da amostra e descriçãodos resultados.Material e Métodos: Entre Março de 2005 e De-zembro de 2007 foram realizadas 203 capilarosco-pias. Avaliou-se para cada doente, o sexo, idade, co-morbilidades, profissão e proveniência bem comoa presença/ausência de fenómeno de Raynaud, ca-racterização e duração deste, presença/ausênciade ANA’s, velocidade de sedimentação e proteínaC reactiva, à data da realização do exame.Resultados: média de idade da amostra foi de42,3±16,5 anos, com 178 mulheres e 25 homens.

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139 dos doentes foram enviados da Consulta deReumatologia dos Hospitais da Universidade deCoimbra (HUC), 29 de outra instituição de saúde,19 de consultórios particulares e 16 de outros ser-viços dos HUC. O Fenómeno de Raynaud (FR) es-teve presente em 180 dos doentes, sendo comple-to em 55. Os ANA’s foram positivos em 113 doen-tes, com a presença de Anti-centrómero em 24 eAnti scl 70 em 6.

Após a análise, verificou-se uma correlação esta-tisticamente significativa entre a presença de ANA’se a existência de alterações, ainda que inespecíficas,na capilaroscopia (p=0,0029). Como seria de espe-rar, a presença de anticorpos anti-scl-70 e anti-cen-trómero correlacionou-se directamente com umpadrão esclerodérmico (p<0,0001). A existência deFR completo, parece correlacionar-se com umamaior probabilidade de encontrar um padrão escle-rodérmico na capilaroscopia (p=0,015).Conclusões: A capilaroscopia parece ser um exameauxiliar de diagnóstico de elevado potencial. O seubaixo custo e facilidade de execução, aliados à in-formação que pode fornecer, tornam-na uma ferra-menta aliciante, especialmente face à possibilida-de de um despite de alterações sugestivas, ou a umdiagnóstico precoce de certas doenças reumáticas.

P93 – REACÇÃO DE CORPO ESTRANHO A FOLHA DE

PALMEIRA: DIFICULDADES NO DIAGNÓSTICO E

TRATAMENTO. A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO

Falcão S.,1,2 de Miguel E.,3 Gamero F.,3

Bravo Pimentão J.,1 Branco J.C.,1,2 Martín Mola E.3

1. Serviço de Reumatologia, Centro Hospitalar LisboaOcidental, E.P.E, Hospital Egas Moniz 2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa3. Serviço de Reumatologia, Hospital la Paz, Madrid

Objectivos: Os fragmentos da folha de palmeiraprovocam uma reacção de corpo estranho, carac-terizada histologicamente por um processo infla-matório crónico, granulomatoso, na sua maioriaasséptico. Na literatura estão descritos casos de si-novite, tenossinovite, bursites e miosites secundá-rios à retenção destes fragmentos. As dificuldadesdiagnósticas, o atraso na instituição terapêutica e,nalguns casos, a sua ineficácia são as principaiscausas de cronicidade. Material e Métodos: Actualmente, persistem dúvi-das relativamente ao tratamento de eleição. Na si-novite a artroclise com solução salina, a sinovec-

tomia parcial ou total surgem como opções tera-pêuticas. Nos casos de localização intramuscular,na maioria das publicações, está descrita a reali-zação de cirurgia aberta. Procedimento agressivo,por vezes necessitando de mais de uma interven-ção cirúrgica para que ocorra a remoção completado fragmentos, acompanhando-se de importanteperda muscular. Caso clínico: Os autores apresen-tam o caso clínico de um homem, de 35 anos deidade, que durante a manipulação de folhas de pal-meira, introduziu acidentamente na face supero--externa do antebraço um fragmento desta plantacom subsequente remoção. Quinze dias após re-correu à consulta de reumatologia por dor inten-sa, impotência funcional e tumefação nesta região,sem outros sintomas acompanhantes. Resultados: No exame objectivo apresentava mo-vimentos dolorosos na extensão da mão homola-teral e nódulo doloroso à palpação, de limites bemdefinidos, na região supero-externa do antebraço.Sem rubor ao aumento da temperatura cutânea. Aecografia evidênciou dois fragmentos intra-mus-culares, lineares, hiperecogénicos, sem cone desombra, com sinal Doppler positivo (grau 3) e semalterações do tecido celular subcutâneo. Iniciounaproxeno (500 mg - 2x/dia) que manteve 4 sema-nas com resolução completa do quadro clínico.Realizou ecografias seriadas que evidenciaram di-minuição progressiva do sinal Doppler e na avalia-ção 6 meses depois permanecia assintomático,mantinha os dois fragmentos intra-musculares,mas com sinal Doppler negativo. Neste caso obte-ve-se uma excelente resposta com o tratamentosintomático e a ecografia assumiu um importantepapel no diagnóstico diferencial, permitindo aidentificação e localização exacta do corpo estra-nho. O efeito Doppler, através da semi-quantifica-ção do fluxo vascular, auxiliou na monitorização doprocesso inflamatório. Conclusões: Face a esta experiência e uma vez quea remoção cirúrgica completa implicaria uma alar-gada excisão muscular, em casos semelhantescomo terapêutica de primeira linha sugere-se tra-tamento sintomático.

P94 – REDUÇÃO DE SINOVECTOMIAS QUÍMICAS APÓS

A INTRODUÇÃO DE TERAPÊUTICAS BIOTECNOLÓGICAS

E RESPECTIVOS CUSTOS

Falcão S.,1,2 Mourão A.F.,1 Pinto T.,1 Ribeiro C.,1

Bravo Pimentão J.,1 Branco J.C.1,2

1. Serviço de Reumatologia, Centro Hospitalar LisboaOcidental, E.P.E, Hospital Egas Moniz

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2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa

Objectivos: A sinovectomia química está indicadaem casos de mono/oligoartrite nas doenças reu-máticas inflamatórias resistentes à terapêutica defundo. Pretendemos analisar se ocorreu variaçãona realização de sinoviorteses com intensificadorde imagem após a introdução de terapêuticas bio-tecnológicas (infliximab, etanercept e adalimu-mab) em doentes com artrite reumatóide (AR), es-pondilite anquilosante (EA), artrite psoriásica (AP)e artrite idiopática juvenil (AIJ) , e respectivos cus-tos associados. Material e Métodos: Foram avaliadas de formaconsecutiva todas as sinoviorteses efectuadas du-rante 15 meses consecutivos antes da introduçãode terapêuticas biotecnológicas (de Outubro de1999 a Dezembro de 2000 – gupo1) e durante 15meses consecutivos após a introdução deste gru-po farmacológico (de Outubro de 2006 a Dezem-bro de 20007 – grupo2), num serviço de reumato-logia de um hospital central de Lisboa. Resultados: No grupo 1 foram efectuadas 125 si-noviorteses: 98 (78,4%) em doentes com AR, EA, APe AIJ e 27 (21,6%) em doentes com patologia dege-nerativa (poliosteoartrose e capsulite retráctil); nogrupo 2 das 96 sinoviorteses efectuadas 43 (44,7%)corresponderam a doentes com AR, EA, AP e AIJ e53 (55,3%) a doentes com poliosteoartrose e cap-sulite retráctil. No grupo 1 o valor médio mensal desinoviorteses realizadas em patologias reumáticasinflamatórias foi 8,17 +/- 2,33, enquanto que nogrupo 2 foi 3,91 +/- 2,30 (p < 0,05). Os valor médiomensal dos custos da sinovectomia química na AR,EA, AP e AIJ, no grupo 1, foi 1008,5 +/- 287,6 e, nogrupo 2, 494 +/- 296,8 (p < 0,05).Conclusões: A sinovectomia química mantém in-dicações específicas nas patologias reumáticas in-flamatórias crónicas. Contudo, a introdução de te-rapêuticas biotecnológicas acompanhou-se deuma redução estatisticamente significativa do nú-mero de sinovectomias químicas realizadas, bemcomo dos seus custos.

P95 – FASCEÍTE EOSINOFÍLICA E APLASIA MEDULAR

– A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO

Falcão S.,1,2 Mourão A.F.,1 Ribeiro C.,1 Pinto T.1

Mateus M.,1 Araújo P.,1 Bravo Pimentão J.,1

Branco J.C.1,2

1. Serviço de Reumatologia, Centro Hospitalar Lisboa

Ocidental, E.P.E, Hospital Egas Moniz 2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa

Objectivos: A fasceíte eosinofilica (FE) é uma doen-ça rara, de etiologia desconhecida. Numa primei-ra fase caracteriza-se por edema e eritema dosmembros ou tronco, seguindo-se uma segundafase de espessamento colagénico da derme e fas-cia sub-cutânea. A presença de eosinofilia perifé-rica é igualmente característica. Contudo estãodescritas outras anomalias hematológicas que cur-sam em associação com a FE, como a aplasia me-dular, síndromes mieloproliferativos e mielodis-plásicos, linfomas e leucemias. Material e Métodos: Caso clínico: Os autores apre-sentam o caso clínico de um homem, de 62 anosde idade, saudável até ao ano prévio ao interna-mento altura que refere espessamento cutâneo dosantebraços e pernas, com agravamento progressi-vo proximal. Durante o curso da doença refere per-da ponderal de 32% do peso corporal (20Kg) e dis-fagia alta para líquidos e sólidos. Os exames de queera portador evidenciavam eosinofilia periférica.No exame objectivo salientava-se: espessamentocutâneo difuso e lesões eritemato-violáceas na faceanterior de ambos os punhos. Analiticamente:anemia normocítica normocrómica (Hg 10,1 g/dl,VGM 101fl), trombocitopénia (76000), sem leuco-pénia ou eosinofilia periférica, parâmetros de in-flamação aumentados (VS 99 mm/1ªh, PCR 99 –VR<3mg/l); beta2-microglobulina aumentada(4,61-VR:1,01-2,16mg/l); ácido fólico, vitaminaB12, imunofixação sérica e urinária e imunofeno-tipagem normais; estudo imunológico e serologi-as virais negativas. Resultados: TAC toraco-abdomino-pélvico e eco-cardiograma sem alterações. Provas de função res-piratória: pressões máximas expiratórias diminui-das compatíveis com fraqueza dos músculos res-piratórios. O trânsito esofágico evidenciou disfun-ção da epiglote. A biopsia óssea e mielogramarevelaram medula normocelular (60% hemato-poiese, 40% adipócitos), congestiva, sem fibrose esem alterações maturativas ou topográficas da ce-lularidade trilinear, compatível com medula ligei-ramente reactiva. A biopsia de pele, músculo e fás-cia evidenciou um infiltrado inflamatório crónico,com predomínio de monócitos e linfócitos. Sero-logias, PCR e exame cultural para Borrelia negati-vos. O cariótipo medular revelou clone anormalem 5 metafases com perda de cromossoma Y. Ini-

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ciou prednisolona (60mg/dia) sem melhoria daslesões cutâneas. Três meses após o início de corti-coterapia é reinternado por pancitopénia de agra-vamento progressivo. Por suspeita de síndromehemo-fagocítico iniciou ciclosporina A (100 mg//dia) que suspendeu após 1 mês de tratamento porineficácia. Repetiu mielograma e biopsia óssea quefoi compatível com aplasia medular. O doente aca-bou por falecer por pneumonia nosocomial a kleb-siella pneumoniae.Conclusões: Trata-se de um caso clínico de FE degravidade invulgar. Durante o curso da doença nãohouve resposta hematológica à terapêutica insti-tuída e persistem dúvidas relativamente à possívelpresença de um agente tóxico responsável pelainexorável gravidade do mesmo.

P96 – ANÁLISE DAS ACTUAÇÕES MÉDICAS NA

AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DE DOENTES COM

ARTRITE REUMATÓIDE (AR) NUMA CONSULTA DE

REUMATOLOGIA

A A Matos,1,2 M Mateus,1 P Nero,1,2 P Araújo1,W Castelão,1 F Pimentel,1,2 J B Pimentão,1

Jaime C Branco1,2

1. Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar deLisboa Ocidental (CHLO)/Hospital de Egas Moniz(HEM), Lisboa. 2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa

Objectivos:A qualidade da actuação médica faz par-te da essência da profissão, constituindo um impe-rativo deontológico. O Serviço de Reumatologia doCHLO desenvolveu um programa de melhoria doscuidados médicos aos doentes com AR estabele-cendo um registo uniforme de consulta de ambu-latório que constiui assim um padrão de actuaçãode qualidade. Para controlo desta qualidade decidi-mos verificar a adequação dos procedimentos naprática quotidiana aos padrôes preconizados.Material e Métodos: Analisámos de modo conse-cutivo todos os processos de doentes com o diag-nóstico de AR que foram observados na ConsultaExterna de Reumatologia (CER) do HEM, entre15/12/07 e 19/12/08. Excluiram-se os doentes commenos de 6 meses de seguimento e os que estavamsob agentes biológicos. Perante os processos daCER verificámos a presença de registo dos seguin-tes parametros: DAS28, HAQ, rx das mãos, prescri-ção de DMARDS, terapêutica profilactica das frac-turas osteoporóticas e controles analíticos de se-

gurança nos doentes tratados com DMARDS.Como indicadores de qualidade, foram seguidas asrecomendações da SPR e do American College ofRheumatology para prescrição (de DMARDS, agen-tes antifracturários e biológicos) e para o controlede segurança dos fármacos prescritos. Conside-rou-se, para todos os parâmetros avaliados, que osdoentes seriam considerados como observados demaneira regular se tivessem pelo menos 3 registospor ano, excepção feita ao HAQ (6 meses) e à radi-ologia das mãos, anual.Resultados: Durante o período de estudo, foramconsultados na CER 19 doentes que corrrespondi-am aos nossos critérios de inclusão. Catorze eramdo sexo feminino. A idade média da população erade 60,6±12,7 anos. A duração da doença era des-conhecida em 3 casos; nos restantes esta era de8,6±6,4 anos. Em 84% (16 de 19) existia um registoou era possível avaliar o DAS 28 de forma regular(pelo menos 3 vezes por ano). Todos os doentes es-tavam tratados com DMARDS e todos tinham ostestes laboratoriais de segurança efectuados numabase regular. Em apenas 4 doentes (21%) se en-controu um registo de HAQ com regularidade e re-lativamente à radiologia esse número descia para2 (10%). O valor médio actual do DAS 28 era de 2,9±1,17 (entre 1,5 e 5,75). Cinco doentes tinham DAS>3,2: três estavam em estudo para início de bioló-gicos e nos restantes 2 (10% do total) não existia ex-pressa no processo qual a intenção do médico as-sistente. Seis doentes tinham DAS entre 2,6 e 3,2.Destes, apenas 1 tinha HAQ regular, não existindodados sobre a radiologia em qualquer um.Conclusões: Todos os doentes estavam sobDMARDS e em conformidade com o controle datoxicidade, o que significa que a prática dos médi-cos é neste campo excelente. Apenas 21% dosdoentes tinham um HAQ regular e 10% radiogra-fia das mãos anual, pelo que os critérios que en-volvem estas variáveis e aplicáveis aos doentescom DAS entre 2,6 e 3,2, não foram seguidos. Nes-te sentido, torna-se evidente a necessidade de per-ceber quais as razões que levam os profissionais anão utilizarem estes métodos de avaliação.

P97 – DOENÇA DE PAGET – APRESENTAÇÃO INCOMUM

J. A. Costa,1 M. Bogas,1 A. Ribeiro,1 D. Araújo1

1.Serviço Reumatologia, Hospital Conde de Bertiandos- Ponte de Lima - Centro Hospitalar do Alto Minho, EPE

Objectivos: Introdução: A Doença de Paget (DP) é

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uma alteração localizada da remodelação óssea deetiologia desconhecida. Atinge 2-3% das pessoascom mais de 50 anos, com ligeira preponderânciano sexo masculino e é incomum antes dos 40 anos.Geralmente cursa com alterações dos marcadoresde formação e reabsorção. Os bifosfonatos consti-tuem a base do seu tratamento.Material e Métodos: Apresenta-se o caso de umhomem com 35 anos de idade com deformidadecraniana com 20 anos de evolução, com DP, sem al-teração dos marcadores remodelação óssea.Resultados: Caso Clínico: Homem de 35 anos, comtumefacção na região parietal direita, indolor ecom desenvolvimento muito lento, com cerca de20 anos de evolução, não precedido de qualquertrauma. Posteriormente, surgimento de cefaleiasesporádicas, localizadas ao lado afectado, de cur-ta duração, mas de agravamento progressivo. Há 2anos iniciou quadro de lombalgias mecânicas. Semsinais ou sintomas sugestivos de patologia endó-crina. A cintigrafia óssea revelou alterações com-patíveis com DP poliostótica : calote craniana,ramo direito da mandíbula, D4, 4º arco costal pos-terior à direita, D10, D12 e L3. Analiticamente apre-sentava marcadores de formação e reabsorção ós-sea sem alterações. Função tiroideia, doseamentode cortisol e PTH eram normais. Foi realizada biop-sia óssea da calote craniana cujo estudo anatomo-patológico foi compatível com a hipótese clínica deDP, excluindo diagnóstico de Displasia Fibrosa ouNeoplasia. O doente foi tratado com bifosfonatospor via endovenosa. Ainda não se dispõe de dadossobre a sua evolução.Conclusões: O caso clínico apresentado distin-guiu-se pela sua raridade quanto à idade de inícioda doença e sua apresentação clínica, com ausên-cia de alteração dos parâmetros de reabsorção eformação óssea. Estes, na maioria dos casos de DPapresentam-se elevados e constituem a pista parao seu diagnóstico. Neste caso, apenas o exame ana-tomo-patológico, permitiu estabelecer o diagnós-tico definitivo. A decisão de tratamento baseou-seem critérios clínicos.

P98 – DOENÇA DE OLLIER - CASO RARO

J. A. Costa,1 A. Ribeiro,1 M. Bogas,1 D. Araújo1

1. Serviço Reumatologia, Hospital Conde de Bertiandos– Ponte de Lima – Centro Hospitalar do Alto Minho, EPE

Objectivos: Introdução: A Doença de Ollier (DO),também designada de Encondromatose Múltipla

é uma doença hereditária, rara, com prevalência de1/100 000 pessoas, de etiologia desconhecida, ca-racterizada por um crescimento anormal da carti-lagem. Inicia-se geralmente na infância. É carac-teristicamente assimétrica, afectando os ossos cur-tos das mãos, pés e os ossos longos das extremida-des, poupando o crânio e esqueleto axial. Afectaambos os sexos, mas mais frequentemente o mas-culino.Material e Métodos: Apresenta-se o caso clínico deum doente com diagnóstico de DO realizado aos36 anos.Resultados: Caso Clínico: Homem de 36 anos deidade que notou, desde os 14 anos de idade, tume-facção do 2º dedo da mão esquerda (E), sem quei-xas álgicas associadas. Durante os anos seguintesnotou agravamento do quadro, com deformaçãoprogressiva desse dedo. Concomitantemente co-meçou a ter queixas semelhantes na outra mão,pés e joelho direito, tendo sido submetido a umacorrecção cirúrgica de encurtamento do membroinferior direito e varo acentuado do joelho direito,aos 16 anos de idade. Aos 18 anos de idade foi sub-metido a nova correcção cirúrgica, desta vez namão E. Nos anos subsequentes ocorreu uma reci-diva da deformação no dedo intervencionado edeformação progressiva e quase sempre indolordas mãos e pés. O estudo analítico realizado reve-lou normalidade do metabolismo fosfocálcico edos parâmetros inflamatórios. O estudo radiológi-co efectuado revelou alterações da arquitectura ós-sea, envolvendo principalmente as metáfises dosossos envolvidos.Conclusões: O caso clínico descrito é raro mas odiagnóstico está facilitado pelos aspectos clínico eimagiológico típicos. O início dos sintomas acon-tece habitualmente na idade infantil e não apenasna adolescência, como neste caso. O risco de trans-formação maligna é de cerca de 25%. O tratamen-to desta patologia passa pela correcção cirúrgicadas deformidades e pela vigilância de eventualtransformação maligna.

P99 – CARACTERIZAÇÃO DAS FRACTURAS

OSTEOPORÓTICAS DO FÉMUR PROXIMAL NUMA

POPULAÇÃO PORTUGUESA

J. A. Costa,1 A. Ribeiro,1 M. Bogas,1 L. Costa,1

C. Varino,2 R. Lucas,3 C. Pinheiro,3 A. Rodrigues,2

D. Araújo1

1. Serviço Reumatologia, Hospital Conde de Bertiandos– Ponte de Lima – Centro Hospitalar do Alto Minho, EPE

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2. Serviço de Ortopedia, Hospital de S. Luzia – Viana doCastelo - Centro Hospitalar do Alto Minho, EPE3. Serviço de Higiene e Epidemiologia, Faculdade deMedicina da Universidade do Porto (Projecto ONDOR)

Objectivos: As fracturas osteoporóticas do fémurproximal (FFP) são uma importante causa de mor-bilidade e mortalidade com implicações familiares,sociais e económicas. A incidência é maior em mu-lheres com mais de 65 anos de idade. O tratamen-to das FFP visa restaurar a funcionalidade existen-te antes da fractura e prevenir a incapacidade. Oobjectivo deste trabalho foi caracterizar uma po-pulação de doentes com FFP no distrito de Vianado Castelo.Material e Métodos: Análise prospectiva dos doen-tes com idade superior a 65 anos, internados porFFP de 1 de Janeiro a 31 de Dezembro de 2007. Atodos eles foi aplicado um questionário estrutura-do que contemplou variáveis sócio-demográficase comportamentais, mecanismo de fractura, fac-tores de risco para ocorrência de fractura, co-mor-bilidades e suas terapêuticas, hábitos, actividadesde vida diária e história ginecológica. Para os doen-tes a quem não foi possível realizar inquérito, foiassumido tempo em risco de meio ano. Foi averi-guado por consulta do processo clínico o tipo deFFP, seu tratamento e duração de internamento.Nos participantes a quem era tecnicamente pos-sível foi realizada densitometria óssea no antebra-ço distal não-dominante por DEXA. Para os cálcu-los assumiu-se que todas as FFP do distrito deramentrada no Serviço de Ortopedia e que a populaçãose manteve estável usando-se os valores do INE,em 2006, da população residente com idade igualou superior a 65 anos para o distrito estudado.Resultados: Foram identificadas 184 FFP. Não serealizou inquérito a 8 doentes. Em 59.7% dos ca-sos o inquérito foi respondido pelo próprio. A in-cidência na população total foi 3.51/1000 pessoas--ano, sendo 1.54 no sexo masculino e 4.81 no sexofeminino. Idade superior a 74 anos em 81,2% dosdoentes. Do total das FFP, 59.8% eram trocantéri-cas e 96.6% foram submetidos a intervenção cirúr-gica. Ocorreram em 60% dos casos na residência eem 62,9% por quedas do mesmo nível. A duraçãodo internamento foi menor que 2 semanas em77,9%. História prévia de osteoporose (32.8% Vs3.3%, p=0.001) e hipertensão arterial (65.7% Vs41.9% p=0.01) mais frequente em mulheres. Noano anterior, 13,8% dos doentes estiveram alec-tuados e 19.4% estiveram internados. Quedas no

mês anterior (17% Vs 3.2%, p<0.05) e história defracturas prévias (39.4% Vs 22.6%) mais frequentesem mulheres, embora esta última diferença nãoseja significativa. Apenas 11,4% dos doentes reali-zaram alguma vez uma densitometria óssea. Amaioria dos doentes negou história familiar defracturas. Diariamente, 72,9% consumiam bebi-das alcoólicas e 93,7% seriam não-fumadores. ADEXA foi realizada em 123 doentes e 64.2% apre-sentava T-score < 2,5 SD.Conclusões: As incidências obtidas situam-se den-tro da média descrita na literatura. A maioria dasFFP ocorreu no sexo feminino, em doentes comcritérios densitométricos de osteoporose. O co-nhecimento de co-morbilidades é significativa-mente maior no sexo feminino. Também o núme-ro de quedas no último mês foi maior no sexo fe-minino. Os cuidados ortopédicos que influenciamo prognóstico destes doentes encontram-se numnível acima da média, nomeadamente em relaçãoao número de cirurgias e média de internamento.

P100 – A ANALGESIA NA PRÁTICA REUMATOLÓGICA –UM ESTUDO RETROSPECTIVO

Rui Figueiredo,1 Claudia Miguel,1 Dina Medeiros,1

Miguel Sousa,1 Felipe Barcelos,1 Eugénia Simões1

1. IPR

Objectivos: A dor crónica é um problema centralna prática diária da consulta de Reumatologia. Ocontrolo da sintomatologia dolorosa é difícil, exis-tindo recomendações de várias entidades incluin-do a OMS. O objectivo deste estudo é observar aprescrição de Paracetamol e de outros agentesanalgésicos por Reumatologistas.Material e Métodos: A amostra populacional écomposta por 120 doentes com patologia reuma-tológica (inflamatória e degenerativa), diagnosti-cada por um Reumatologista, com seguimento du-rante um mínimo de um ano e com pelo menosuma consulta efectuada. Excluiu-se a populaçãocom idade inferior a 16 anos. Foram consideradospara este estudo o Paracetamol, Anti-inflamató-rios não esteróides, Tramadol, GlicocorticóidesResultados: 80% dos doentes eram do sexo femi-nino e 20% do sexo masculino. A média de idadesé de 52,3 anos, sendo a masculina de 53,5 anos e afeminina de 52,0 anos. Os 6 diagnósticos mais fre-quentes foram: Artrite Reumatóide 20,2%; Osteo-artrose 20%; Osteoporose grave 17,5%; Espondo-artropatia indiferenciada 15,3%; Espondilite An-

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quilosante 8,3%; Fibromialgia 7,5%. A prescriçãoglobal de paracetamol foi relativamente baixa(25%) bem como a do tramadol (10% dos casossempre associado ao paracetamol). Em apenas15% dos doentes foi tentada a introdução do Para-cetamol, tendo a totalidade destes tolerado a tera-pêutica. O uso dos vários agentes anti-inflamató-rios atingiu 70%. Outros agentes igualmente usa-dos foram Glicocorticóides – Deflazacort e Metil-prednisolona - (35%), antidepressivos tricíclicoscom indicação anti-álgica expressa (5%).Conclusões: Verificou-se uma discrepância signi-ficativa entre a prescrição e as indicações da OMSpara o controlo da dor crónica. Este estudo nãopermite avaliar o motivo destes hábitos de prescri-ção, mas põe-se a hipótese de a elevada prevalên-cia de patologia inflamatória requerer o uso de AI-NEs. É necessária uma maior sensibilização parao uso de fármacos tais como o Paracetamol. Paraaveriguar tais hipóteses serão necessários estudosfuturos.

P101 – AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES

BIOMECÂNICAS DE EPÍFISES FEMORAIS DE DOENTES

COM FRACTURA OSTEOPORÓTICA DA ANCA

Ana Rodrigues,1,2 Helena Canhão,1,2 Mário Vale1,2

Ana Margarida Nery,1,3 Joana Caetano-Lopes,1

Elsa Sousa,1,2 Joaquim Pereira,1,2

Ricardo Henriques,1,3 Pedro M. Amaral,3

Mário Viana Queiroz,2 Jacinto Monteiro,2

M. Fátima Vaz,3 João Eurico Fonseca1,2

1. Instituto de Medicina Molecular2. Hospital de Santa Maria3. Instituto Superior TécnicoInstituto de Medicina MolecularTrabalho suportado pela bolsa SPR/Schering-Plough 2006

Objectivos: A resistência do osso depende não sóda sua densidade mineral mas também da quali-dade da microestrutura, o que se reflecte nas suaspropriedades mecânicas e no risco de fractura. Defacto a maioria das fracturas da anca ocorre emdoentes sem critérios densitométricos de osteo-porose. O objectivo deste estudo foi avaliar propri-edades biomecânicas de cabeças femorais obtidasapós artroplastia por fractura de fragilidade e com-pará-las com as de um grupo controlo submetidoa cirurgia por coxartrose.Material e Métodos: Foram avaliadas cabeças fe-morais de doentes submetidos a artroplastia daanca, tendo como causa da cirurgia, fracturas os-

teoporóticas da anca ou coxartrose. Durante as ci-rurgias foram colhidas as epífises femorais e pos-teriormente, foram realizados testes de compres-são, numa máquina Instron modelo 5566, paraavaliação das propriedades biomecânicas do osso.33 doentes, 14 com fractura osteoporótica da ancae 19 com coxartrose, foram avaliados de acordocom um protocolo clínico e laboratorial e foramainda efectuadas densitometrias ósseas. Verificou--se um predomínio de doentes do sexo femininoem ambos os grupos, 93% no grupo com fracturae 58% no grupo com coxartrose. A idade média dogrupo das fracturas foi de 74,8±9,2 anos e do grupodas coxartroses de 67,9±7,5 anos. 14 epífises femo-rais humanas foram submetidas a ensaios de com-pressão: 9 com fractura osteoporótica (8 do sexo fe-minino e 1 do sexo masculino) e 5 com coxartrose(4 do sexo feminino e 1 do sexo masculino).Resultados: Por análise das curvas de força-deslo-camento, verificou-se que os doentes com fractu-ra do colo do fémur apresentavam módulo de elas-ticidade mais baixo (313,4±84,2N/mm vs 363±96,3N/mm), menor força de cedência (3410,6±1568N vs 4038,2±1158,7N), menor energia absor-vida até à cedência (20424,4±14007,6N/mm vs25726±18792,4N/mm) e menor energia absorvidaaté à densificação (61499,2±25175,4N/mm vs82272,8±40664,5N/mm) do que os doentes comcoxartrose. Nos doentes com fractura, a DEXA re-velou osteoporose em 28,5%, osteopenia em 43%e massa óssea normal em 28,5% dos doentes. Dosdoentes com coxartrose, 17% tinham osteoporose,33% osteopenia e 50% massa óssea normal. Os va-lores séricos de cálcio, fósforo, apolipoproteina E,fosfatase alcalina, b-crosslaps e osteocalcina en-contravam-se dentro dos parâmetros da normali-dade, não existindo diferenças estatisticamentesignificativas entre os dois grupos. O P1NP foi ava-liado em 23 doentes, 15 dos quais apresentavamvalores acima da referência, mas sem diferençassignificativas entre os grupos.Conclusões: As epífises femorais dos doentes quesofreram fracturas osteoporóticas apresentavampiores propriedades biomecânicas quando com-paradas com o grupo controlo. A degradação des-tas propriedades ocorreu de forma desproporcio-nada às diferenças encontradas nas densitometri-as ósseas, onde a percentagem de osteoporóticose osteopénicos não diferia estatisticamente entregrupos, embora a proporção de doentes com den-sidade mineral óssea normal tenha sido superiorno grupo com coxartrose.

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P102 – SÍNDROME DE FELTY: UMA REVISÃO DE 3CASOS CLÍNICOS

M Sousa,1 D Medeiros,1 R Figueiredo,1 C Miguel,1

F Barcelos,1 S Cortes,1 H Santos,1 P Coelho1

1. Instituto Português de Reumatologia (IPR)

Objectivos: O Síndrome de Felty (SF) é uma mani-festação extra-articular rara da Artrite Reumatói-de (AR). A tríade clássica é constituída por AR, neu-tropénia e presença de esplenomegália embora sesaiba que a neutropénia ocorre também na ausên-cia de um baço de volume aumentado. Pretendeu--se documentar o quadro clínico, laboratorial eimagiológico dos doentes com SF seguidos no IPRe avaliar a resposta à terapêutica instituida. Material e Métodos: Foi realizada uma revisão dosdoentes com AR e SF associado, seguidos no IPR.Através da consulta do processo clínico foi recolhi-da a informação relativa às alterações clínicas, la-boratoriais e imagiológicas de 3 doentes e foi do-cumentada a resposta à terapêutica instituída.Resultados: Foram identificados 2 mulheres e 1homem, com idade média de 68anos e 33 anos deevolução da doença. Na altura do diagnóstico nun-ca tinham realizado qualquer terapêutica de fun-do. Apresentavam doença erosiva e deformante,seropositiva para factores reumatóides e apenas 1doente apresentava ANA´s positivos. Ambos apre-sentavam leucopénia com neutropénia e umadoente apresentava trombocitopénia. A espleno-megália estava presente em 2 dos doentes. Umadoente apresentava evidência de envolvimentopulmonar pela AR com um padrão ventilatório res-tritivo e infiltrados difusos em vidro despolido e es-pessamento intersticial. Todos os doentes realiza-ram exames de imagem para confirmação de es-plenomegália e mielograma para exclusão de pro-cesso infiltrativo ou mielodisplásico. Dois doentesforam medicados com sais de ouro parentéricos e1 doente iniciou metotrexato por via oral com me-lhoria gradual das queixas articulares e resoluçãodo quadro hematológico em cerca de 1 mês. Conclusões: Não existem estudos controladosacerca da melhor abordagem terapêutica nestesdoentes. Várias terapêuticas estão descritas em pe-quenas séries sendo o metotrexato e sais de ouroos que oferecem maior evidência clínica. A tera-pêutica imunomoduladora da AR é geralmenteefectiva na melhoria e prevenção das manifesta-ções extra-articulares da AR. Actualmente, váriosautores referem uma menor incidência deste qua-dro clínico, provavelmente associada a uma utili-

zação mais difundida e precoce dos DMARDs.

P103 – IMUNOSSUPRESSÃO E TUBERCULOSE

M Sousa,1 M Felizardo,2 D Medeiros,1 A Gomes,2

A Teixeira,1 J Freitas,2 A Tavares,2 I Ribeiro,2

J Vaz Patto,1 MC Gomes2

1. Instituto Português de Reumatologia ( IPR )2. Centro Diagnóstico Pneumológico da Alameda (CDP Lisboa )

Objectivos: A imunossupressão é uma arma tera-pêutica cada vez mais utilizada na prática clínica,não só em patologia reumatológica como em ou-tras situações de imunossupressão crónica comoos transplantes. Está documentado que, em popu-lações com incidência elevada de tuberculose (TB),os doentes submetidos a estas terapêuticas têmum risco acrescido de desenvolver a doença. Pre-tendeu-se avaliar o risco de infecção por Mycobac-terium tuberculosis numa população portuguesasob imunossupressão variada. Material e Métodos: Foram revistos retrospectiva-mente todos os doentes sob imunossupressão re-ferenciados ao CDP da Alameda para rastreio de TBlatente / TB doença, entre Dezembro de 1997 e Ja-neiro de 2008, onde fizeram provas tuberculínicas(PT) a 2 Unidades de RT23, determinação doQuantiferon (Q) e exames clínicos e imagiológi-cos. Esta amostra foi caracterizada de acordo comidade, sexo, proveniência, diagnóstico e terapêu-tica imunossupressora de base. Procedeu-se a umaanálise crítica dos resultados e das consequênciasda instituição ou não de quimioprofilaxia com iso-niazida ao fim de nove meses. Resultados: Foram referenciados 128 doentes, 68%do sexo feminino, média de idades de 50±15 anos.Foram referenciados pelo IPR 97 doentes (76%).Dos 128 doentes, 91% tinham doença reumatoló-gica (60 AR, 13 AP, 9 EASN indiferenciada, 8 EA, 5LES e outras). Medicados com corticoterapia 72doentes, 59 MTX, 20 SLZ, 10 HCQ, 9 AZA, 7 leflu-nomida, 5 ciclosporina, 8 infliximab, 3 etanercepte 2 adalimumab. Sete doentes tinham história pas-sada de tuberculose. Aquando do rastreio, 124(97%) realizaram PT, 82 (64%) dos quais realiza-ram two steps. A determinação do Quantiferon foirealizada em 5 destes doentes, tendo sido obtidoum resultado discordante em 1 doente com PT po-sitivo (20mm) e Q negativo. A radiografia de tóraxfoi realizada em 105 doentes (82%), revelando al-terações residuais ou de micronodularidade em

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29, a TC foi realizada em 99 (77%) doentes. Apósavaliação 52% tiveram indicação para terapêuticacom isoniazida 300 mg/dia e vitamina B6 40mg/dia. Dos doentes medicados com isoniazida,nenhum teve tuberculose doença e todos pude-ram iniciar ou continuar a sua terapêutica com bi-ológicos ou outros imunossupressores. Não hou-ve morbilidade associada, nomeadamente altera-ções das transaminases. Conclusões: Nesta amostra, os resultados sugeremque a terapêutica de TB latente reduz efectivamen-te o risco de evolução para TB doença. O rastreiodos doentes imunossuprimidos deveria ser feitono início da avaliação da doença subjacente, vistoque uma PT negativa não exclui TB. A todos osdoentes deverá ser efectuado o teste de Quantife-ron. No entanto, serão necessários mais estudospara validar a relevância deste método quantitati-vo. Nesta amostra, não ocorreu toxicidade hepáti-ca associada à isoniazida.

P104 – TRATAMENTO DA ARTRITE REUMATÓIDE

COM RITUXIMAB – EXPERIÊNCIA DO SERVIÇO DE

REUMATOLOGIA DO HOSPITAL DE EGAS MONIZ

Walter Castelão,1 Filipa M. Almeida,2

Patrícia Nero,1,3 Paula Araújo,1

Margarida Mateus,1 António A. Matos,1,3

Jaime C. Branco1,3

1. Serviço de Reumatologia, Centro Hospitalar de LisboaOcidental, EPE – Hospital de Egas Moniz, Lisboa 2. Serviço de Medicina 1 – Departamento de Medicina,Hospital do Espírito Santo, EPE – Évora3. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa

Objectivos: O Rituximab é um anticorpo mono-clonal anti-CD20 que promove a depleção de cé-lulas B. A sua utilização está aprovada no trata-mento da Artrite Reumatóide (AR), em combina-ção com o Metotrexato, em doentes que não res-ponderam a terapêutica com pelo menos umagente anti-TNFalfa; ou foram intolerantes à mes-ma. Apresentamos a nossa experiência em doen-tes com AR que apresentaram uma resposta ina-dequada a agentes anti-TNFalfa, ou contra-indica-ção para os mesmos. Material e Métodos: Neste estudo prospectivo ob-servacional foram seleccionados doentes com ARresistente a pelo menos um agente anti-TNFalfa oucom contra-indicação para a sua utilização, apre-sentando doença activa persistente (DAS28>5,1).

Procedeu-se à perfusão de Rituximab 1000mg nosdias 1 e 15. Foi avaliado o DAS28(DAS) pré-trata-mento, às 8 semanas, 6 meses e um ano pós-trata-mento e registados os efeitos adversos.Resultados: O tratamento foi administrado em 5doentes do sexo feminino com média etária de 57anos e duração média de doença de 15 anos. Estastinham sido submetidas a terapêutica prévia comuma média de 5 DMARDs clássicos. Três realiza-ram fármacos anti-TNFalfa (média de 2,67 agen-tes prévios). Dois doentes não tinham sido sub-metidos previamente a fármacos anti-TNFalfa. Umdoente apresentava contra-indicação por tuber-culose de repetição prévia e o outro uma associa-ção entre AR e Lúpus Eritematoso Sistémico (LES),pelo que iniciaram terapêutica biológica com Ri-tuximab, em vez de fármacos anti-TNFalfa. A mé-dia do DAS pré-tratamento foi de 6,12 (entre 5,17e 7,36). O DAS médio às 8 semanas (n=5) foi de4,772 (deltaDAS=-1,368). De referir que numadoente o DAS aumentou, deltaDAS=1,365. O DASmédio aos 6 meses (n=2) foi de 5,2 (deltaDAS=-0,345). Num destes doentes o DAS aumentou (del-taDAS=0,88) após uma melhoria inicial. O DAS umano pós-tratamento (n=1) foi de 2,27 (delta-DAS=2,9) sendo este o Síndroma de SobreposiçãoAR+LES. Como intercorrências, há a salientar umareacção perfusional, que implicou o adiamento dasegunda administração de Rituximab, e uma infec-ção respiratória alta ligeira.Conclusões: Ainda que aguardemos a consolida-ção de tempo necessário para valorizar a respostaem alguns doentes e apesar de o número de doen-tes ser limitado, a perfusão com Rituximab reve-lou-se uma mais valia em doentes tratados commúltiplos fármacos anti-TNFalfa prévios, ou emdoentes com contra-indicação para os mesmos, ecom doença activa.

P105 - RITUXIMAB NO TRATAMENTO DO LÚPUS

ERITEMATOSO SISTÉMICO PEDIÁTRICO

Joaquim Polido Pereira,1 Catarina Nascimento,2

João Eurico Fonseca,1 Helena Canhão,1

Carla Simão2, José Eduardo da Silva,2

José C Teixeira da Costa,1 Margarida Almeida,2

José A Pereira da Silva1, Mário Viana Queiroz1

1. Serviço de Reumatologia do Hospital de Santa Maria2. Unidade de Nefrologia Pediátrica, Departamento daCriança e da Família do Hospital de Santa Maria

Objectivos: O rituximab tem uma vasta experiên-cia de utilização em linfomas de células B, está

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aprovado para doentes com artrite reumatóide re-fractária à terapêutica antagonista do TNF-alfa etem sido utilizado no tratamento de diversas com-plicações do Lúpus Eritematoso Sistémico (LES)do adulto. Contudo, a sua experiência de utilizaçãoem pediatria é reduzida. Neste resumo os autoresapresentam dois casos clínicos nos quais foi utili-zado o rituximab em doentes pediátricos com LES.Material e Métodos: Sexo feminino, 15 anos, his-tória de LES diagnosticado aos 11 anos com envol-vimento cutâneo, articular e renal, medicada comprednisolona (PDN) 20 mg/dia. Teve três interna-mentos por deterioração da função renal no con-texto de nefrite lúpica, inicialmente classe III e pos-teriormente classe IV, com encefalopatia hiperten-siva e proteinúria nefrótica. Fez pulsos de ciclo-fosfamida que teve que suspender por efeitosadversos graves. Fez azatioprina que teve que in-terromper por intolerância oral. Após o segundointernamento foi medicada com micofenolato mo-fetil. Sob esta terapêutica teve um episódio detrombocitopénia grave (5000/uL), tratada comgama-globulina. Foi reinternada uma semana de-pois por novo agravamento da trombocitopénia(22000/uL) tendo repetido gama-globulina comfranca melhoria. Foi feito mielograma que foi com-patível com trombocitopénia de causa periférica.Perante a gravidade do caso e refractariedade à te-rapêutica fez rituximab (375/m2) em 4 pulsos se-manais. Resultados: Após 1 ano, mantém-se com proteinú-ria nefrótica, com parâmetros hematológicos esta-bilizados e sem outras manifestações da doença.Como intercorrências a referir apenas 3 infecçõesrespiratórias altas. Sexo masculino, 12 anos, inter-nado por quadro com um mês de evolução de as-tenia, aftose oral, febre, anemia hemolítica (LDHelevada, esquizocitos e coombs positivo) e insufi-ciência renal aguda com proteinúria. No interna-mento constatou-se a existência de hipocomple-mentémia, ANAs, anti-ds-DNA, anti-sm e anti--RNP-sm positivos, derrame pleural e vasculite dosistema nervoso central (SNC). Fez biopsia renalque revelou achados compatíveis com microan-giopatia trombótica. Estabelecidos os diagnósti-cos de púrpura trombótica trombocitopénica eLES, iniciou terapêutica com ciclofosfamida oral,PDN 2mg/Kg, plasmaferese e gama-globulina. Pelagravidade do quadro e má resposta terapêutica ini-ciou rituximab (375/m2) em 4 pulsos semanais.Após 5 semanas apresenta remissão do envolvi-mento do SNC, função renal normal, sem altera-

ções hematológicas (nomeadamente sem esqui-zocitos) nem consumo de complemento, com re-dução da dose de PDN para 1 mg/kg/dia e suspen-são da plasmaferese e gama-globulina.Conclusões: Apesar da escassa experiência na uti-lização de rituximab em crianças com LES, estescasos clínicos apontam para uma eficácia promis-sora em casos de mau prognóstico e/ou refractá-rios à terapêutica convencional.

P106 – CARACTERIZAÇÃO DE LINFÓCITOS B DE

SANGUE PERIFÉRICO NA FASE INICIAL DA ARTRITE

REUMATÓIDE

Rita Moura,1 Pamela Weinmann,1 Patrícia Pereira1,Joana Lopes,1 Helena Canhão,1,2 Elsa Sousa,1,2

Ana Filipa Mourão,3 Mário Viana Queiroz,2

João Eurico Fonseca1,2

1. Unidade de Investigação em Reumatologia, Institutode Medicina Molecular, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal2. Serviço de Reumatologia, Hospital de Santa Maria,Lisboa, Portugal3. Serviço de Reumatologia, Hospital Egas Moniz, Lisboa,Portugal

Objectivos: Evidências recentes sugerem que oslinfócitos B desempenham um importante papelno desenvolvimento da artrite reumatóide (AR).Contudo, o conhecimento da função destas célu-las na fase inicial da doença é escasso. O efeito deterapêuticas comuns, como o MTX, nos linfócitosB é também desconhecido. O objectivo deste tra-balho é caracterizar os linfócitos B em circulaçãoem doentes numa fase muito inicial da AR e ana-lisar a influência da terapêutica com corticosterói-des e MTX sobre estas células.Material e Métodos: Amostras de sangue periféri-co de 14 doentes VERA («very early rheumatoidarthritis patients») e 17 controlos saudáveis foramcolhidas para marcação directa de linfócitos B e Tcom diferentes combinações de anticorpos mo-noclonais em três fases distintas: antes do início dotratamento, 4-6 semanas após o início de baixasdoses de prednisolona (5-10 mg) e cerca de 4 mesesapós atingir-se 20mg/semana de MTX. As diferen-tes fases de diferenciação dos linfócitos B foramanalisadas por citometria de fluxo.Resultados: Observou-se uma diminuição naclasse de linfócitos B memória «pre-switch»(CD19+IgD+CD27+) nos doentes VERA, indepen-dentemente do tratamento, em comparação com

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os controlos. Não foram observadas diferenças es-tatisticamente significativas nas restantes subpo-pulações de linfócitos B dos doentes VERA quan-do comparados com os controlos. Não se obtive-ram também alterações significativas nas percen-tagens de linfócitos T efectores e citotóxicos emambos os grupos considerados.Conclusões: Em doentes numa fase inicial da ARocorre uma redução nos linfócitos B memória«pre-switch» (CD19+IgD+CD27+) em circulação.As razões para este efeito são ainda desconhecidas,mas poderão ser secundárias a uma migração pre-ferencial desta subpopulação para a membrana si-novial. A terapêutica com baixas doses de corti-costeróides e MTX não parece ter um efeito direc-to sobre as subpopulações de linfócitos B no san-gue periférico. Este trabalho foi suportado por umaBolsa SPR/Schering-Plough 2005.

P107 – LOMBALGIA INFLAMATÓRIA COMO FORMA

DE APRESENTAÇÃO DE QUISTO PERINEURAL

LOMBO-SAGRADO

Paulo Monteiro,1 Maria João Salvador,1

Armando Malcata11. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: A lombalgia inflamatória constitui umclássico sinal de alarme em Reumatologia. Situa-ções tumorais podem estar na sua origem, no en-tanto, esta forma de apresentação não é vulgar emquistos ou tumores benignos.Caso clínico: Mulher de 48 anos com quadro delombalgia de ritmo predominantemente inflama-tório associada a rigidez matinal com 6 anos deevolução e agravamento progressivo. O quadro ali-viava pouco com anti-inflamatórios melhorandosobretudo com analgésicos. Recentemente o qua-dro intensificara-se e a lombalgia, apesar de maisintensa durante a noite e manhã, incomodavatambém ao longo de todo o dia. Referenciada àconsulta de Reumatologia. Objectivamente nãoapresentava alterações ao exame da coluna verte-bral e bacia e tinha manobras sacroilíacas duvido-sas para sacroiliíte esquerda.

Parâmetros inflamatórios de VS e PCR normais.Radiografia da bacia com esclerose da articulaçãosacroilíaca esquerda. Cintigrama osteoarticular re-velando aumento da actividade nas articulaçõessacroilíacas sobretudo à esquerda. TAC lombosa-grada: quisto de L5 a S2 com moldagem a nível do

sacro e sem relação com as raízes nervosas – quis-to de Tarlov. Ressonância magnética das articula-ções sacroilíacas: sem evidência de sacroiliíte.Conclusões: Trata-se de um quisto perineural que,pela localização, simula quadro clínico de sacroi-liíte, sem contudo haver qualquer doença inflama-tória concomitante. Tratam-se de tumores raros e,neste caso, com uma forma de apresentação ain-da mais rara.

P108 – OSTEOPOROSE MULTIFACTORIAL EM ADULTO

JOVEM

T. Videira,1 L. Silva,1 F.Brandão,1 J.Brito,1

F. Simões Ventura1

1. Serviços de Reumatologia e Faculdade de Medicinado Porto

Objectivos: A osteoporose é uma doença óssea me-tabólica em que há uma predisposição para frac-turas por diminuição da densidade mineral ósseae deteriorização da sua microarquitectura, é raraem idade jovem, e, neste caso, habitualmente se-cundária a certas patologias e a fármacos. Os cor-ticosteróides são fármacos de uso comum em di-versas patologias mas não são isentos de risco, sen-do a causa mais frequente de Osteoporose se-cundária e, consequentemente, de fracturasosteoporóticas. As fracturas vertebrais de etiologiaosteoporótica são responsáveis por dorsalgia elombalgia, limitação funcional e psicossocial comconsequente implicação na qualidade de vida. Caso clínico: Doente do sexo feminino, com 20anos, caucasiana com antecedentes de menarcaaos 8 anos, Neurofibromatose, Epilepsia (medica-da com valproato de sódio), Psoríase e diagnósticode Colite Ulcerosa 3 anos antes. Medicada com aza-tioprina 150 mg/dia, prednisolona entre 30 – 60mg/dia, e a efectuar dieta pobre em fibras e sem lac-tose (sem leite e derivados). Internada no Serviçode Reumatologia do HSJ por dorsalgia incapacitan-te com 2 meses de evolução exacerbada com o es-forço (também com dor nocturna e em repouso)após trauma minor, de agravamento progressivo ecom dependência de terceiros para as actividadesde vida diária. Sem queixas do foro neurológico.Aoexame objectivo: estava muito queixosa com dimi-nuição da mobilidade (por dor) da coluna dorso-lombar e pressão sobre a transição dorsolombarsignificativa. Analiticamente verificava-se anemiaferropénica e ausência de alteração do metabolis-mo fosfo-cálcio com PTH I, função tiroideia e me-tabólitos da vitamina D normais. O estudo radioló-

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gico evidênciou vértebras em «cunha» a nivel docorpo de T10, T11, T12 e L1. O cintilograma ósseorevelou hiperfixação em L1. A RM ráquis mostroualterações sugestivas de fracturas osteoporóticas Adensitometria óssea confirmou osteoporose (T sco-re L1-L4 –4,0 DP, Cólo fémur – 3,5 DP).O quadro cli-nico e o estudo analítico e radiológico permitirama exclusão de outras hipoteses de diagnóstico(como neoplasia primária, secundária, infecção...)Foi efectuado o diagnóstico de Osteoporose secun-dária de etiologia multifactorial (corticoterapia cró-nica, Colite Ulcerosa, Neurofibromatose, menarcaprecoce, dieta sem lactose e valproato de sódio). Foiproposto o seguinte tratamento: repouso relativono leito; Suplementos de cálcio (1500 mg) e vitami-na D (800 U); Pamidronato na perfusão de 90 mgev diluido em 250 cc de SF a correr em 2 horas; Tra-madol 50 mg de 8/8 horas; calcitonina spray nasal(200 UI). Foi sugerido a Gastroenterologia a redu-ção da dose de corticoterapia, eventualmente comrecurso a imunossupressores. Actualmente a doen-te apresenta-se assintomática sob o ponto de vistaosteoarticular, a efectuar suplementos de cálcio(1500 mg/dia) e vitamina D (800 UI) e alendronatode sódio 70 mg/semana. Conclusões: A osteoporose ocorre em todas as ra-ças e em todas as idade. Geralmente associada amulheres pós-menopausa, é muitas vezes negli-genciada nas outras populações (homens, jovens).

P109 – DERMATOMIOSITE AMIOTRÓFICA?DIAGNÓSTICO DE UMA SITUAÇÃO RARA

Paulo Monteiro,1 Cátia Duarte,1

Maria João Salvador,1 Armando Malcata,1

Nascimento Costa2

1. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra2. Serviço de Medicina III dos Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: A dermatomiosite amiotrófica ou «der-matomiosite sine miosite» trata-se de uma situa-ção rara diagnosticada pela existência de lesõescutâneas compatíveis com dermatomiosite na au-sência de miosite.Caso clínico: Homem de 41 anos com queixas demialgias difusas e astenia desde há 25 anos. Nega-va falta de força muscular, artralgias ou outrasqueixas. Teve actividade física intensa até há 8 anosatrás. Agravamento das queixas de astenia e mial-gias nos últimos anos com episódios frequentes

de mialgias intensas e incapacitantes com curtaduração (30 min a 1 h) e resolução espontânea. Al-guns episódios duravam várias horas. Em investi-gação médica desde há 15 anos tendo mantido odiagnóstico de Fibromialgia até há 3 anos, alturaem que surgiram lesões cutâneas interpretadascomo Dermatomiosite mas que resolveram espon-taneamente. Realizou sucessivos exames analíticosmantendo parâmetros inflamatórios (VS e PCR) eenzimas musculares (CK e aldolase) sistematica-mente normais. Realizou diversos electromiogra-mas que se revelaram normais e fez 2 biópsiasmusculares que se revelaram normais.

Referiu reaparecimento de lesões cutâneas des-de há 4 meses e mantinha queixas de astenia e mial-gias difusas sobretudo matinais. Apresentava pápu-las de gottron e eritema heliotrópico; sem déficitsmusculares. Ausência de parâmetros analíticos in-flamatórios. Normalidade de CK e aldolase. ANAcom padrão granular fino denso e nucleolar com Acanti nucleolares positivos. (+++). Capilaroscopia:alguns capilares tortuosos, alargamento segmentarem 25% e inúmeras hemorragias, alterações com-patíveis com doença mista, miosite ou esclerosesistémica. Estudo funcional ventilatório normal.Electromiograma normal. Biopsia muscular (del-tóide): sem evidência de miosite, estudo histoenzi-mológico normal e estudo imunocitoquímico reve-lando expressão dos antigénios MHC I na superfí-cie da fibra muscular. Ressonância magnética dosmúsculos proximais (braços e coxas): sem altera-ções de sinal nestas localizações, havendo contu-do áreas de acentuado hipersinal dos músculosgrande redondo e grande dorsal compatível commiosite. Pesquisa de neoplasia oculta negativa. Es-tabelecido o diagnóstico de dermatomiosite.Conclusões: Discussão: A evolução deste caso aolongo dos anos, seria enquadrável numa dermato-miosite amiotrófica: Neste momento há evidênciade miosite («limitada») por ressonância magnética,sem repercussão clínica, electromiográfica ou his-topatológica (biopsia noutra localização). Os auto-res levantam a hipótese de poder haver situaçõesclínicas de «dermatomiosite sine miosite» com fe-nómenos focais de miosite não identificados.

P110 – DISFAGIA E XEROSTOMIA COMO FORMA DE

APRESENTAÇÃO DE SARCOIDOSE

T. Videira,1 M. Fernandes,1 F. Brandão,1 J. Silva,1

F. Simões Ventura,1

1.Hospital de Sáo João - Porto

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Objectivos: A Sarcoidose é uma doença sistémicacrónica caracterizada por uma acumulação anó-mala de linfócitos T e formação de granulomas nãocaseosos que pode envolver vários orgãos. O envol-vimento digestivo é raro (0,1 0,9%) e ocorre maisfrequentemente no estômago. A disfagia podeocorrer através de 4 mecanismos: dismotilidadepela neuropatia ou pela miopatia e obstrução me-cânica por envolvimento intramurral do esófagoou por compressão extrínseca por adenomegaliassubcarinais. Material e Métodos: Neste caso clinico, descreve--se uma mulher de 54 anos (internada no Serviçode Reumatologia do HSJ) com 6 meses de evolu-ção de disfagia intermitente para sólidos com re-gurgitação, halitose, xerostomia, rouquidão, tosseseca, anorexia e emagrecimento (6 kg em 4 mes-es). Referia também episódios de dor torácica an-terior com sensação de empactação quando co-mia. Sem antecedentes pessoais ou familiares re-levantes. Ao exame objectivo não apresentava al-terações de relevo, nomeadamente adenomegaliasou organomegalias palpáveis. Analiticamente alémde Enzima de Conversão da Angiotensina aumen-tada ( 80 – N< 20), não se verificavam outras alte-rações (nomeadamente – ANA e Anti Ssa/SSb ne-gativos) e a Prova de Mantoux era negativa. O Cin-tilograma das glândulas salivares efectuado no am-bulatório sugeria a parotidite bilateral. Observadapor Otorrinolaringologia que não encontrou alte-rações relevantes. Resultados: Efectuou Rx tórax que sugeria alarga-mento do mediastino alto. Sem alterações pleuro-parenquimatosas. As Provas Funcionais Respirató-rias e o Electrocardiograma eram normais. A En-doscopia digestiva alta revelava compressão ex-trínseca do esófago na transição do 1/3 proximalpara o 1/3 médio mas sem alterações macroscópi-cas da mucosa. A Manometria e a Phmetria foramconsistentes com refluxo gastroesofágico modera-do e alteração inespecífica da mobilidade. A biop-sia glândulas de salivares excluia Sindroma de Sjo-gren e não evidenciava granulomas nem altera-ções sugestivas de doença linfoproliferativa. Rea-lizou TC cervico-torácico que revelava múltiplasadenomegalias mediastínicas bilaterais com apa-rente compressão do esófago e adenomegalias hi-lares bilaterais. Fez TC abdomino-pélvico que foinormal Realizou broncofibroscopia com lavadobroncoalveolar e biópsia endobrônquica que reve-lou infiltrado inflamatório crónico granulomatosonão necrosante sugestivo de Sarcoidose, sem iso-

lamento de Mycobacterium tuberculosis. Teve altamedicada com corticoterapia (40 mg/dia), commelhoria sintomática ao fim de 2 meses. Conclusões: Na sarcoidose o envolvimento diges-tivo é raro na evolução da doença e ainda mais rarocomo apresentação, como é relatada na revisão deCowdell em que apenas 3 de 90 doentes com sar-coidose apresentavam disfagia. De qualquer formao diagnóstico deferencial deve incluir causas deadenopatias hilares como o Linfoma de Hodgkin egranuloma mediastiníco.

P111 – PULSOS ENDOVENOSOS DE CLOMIPRAMINA

COMO TERAPÊUTICA ADJUVANTE NA FIBROMIALGIA

Miguel Sousa,1 Dina Medeiros,1 Cláudia Miguel,1

Rui Figueiredo,1 Filipe Barcelos,1 Sara Cortes,1

Helena Santos,1 Paulo Coelho,1 Ana Teixeira,1

1. Instituto Português de Reumatologia ( IPR )

Objectivos: Avaliar o benefício de um protocolotrimestral de pulsos endovenosos de clomiprami-na como terapêutica adjuvante em doentes comFM, refractários à terapêutica oral com um míni-mo de 3 meses de duração Material e Métodos: Estudo aberto e prospectivode administração trimestral de pulsos endoveno-sos de clomipramina 100mg +150mg em dias se-guidos, em regime de hospital de dia, em doentescom o diagnóstico de FM (critérios ACR 1990). Osdoentes foram avaliados antes de cada administra-ção através do preenchimento de um protocolo.Esta amostra de doentes foi caracterizada de acor-do com variáveis demográficas, preenchimento doFibromyalgia Impact Questionnaire (FIQ), EscalaVisual Analógica (EVA) do doente «como se senteem relação à sua doença?»e um inquérito não va-lidado contendo uma Escala Visual Numérica(EVN) (valores de 0-10) para os seguintes 12 items:«dor no corpo todo, fadiga, perturbação do sono,rigidez matinal, formigueiros, ansiedade, depres-são/tristeza, securas, intestino irritável, urgênciaurinária, dor menstrual, rubor da pele» (para ummáximo possível de 120). Procedeu-se a uma aná-lise crítica dos resultados e das consequências dainstituição ou não desta abordagem terapêutica. Resultados: Catorze doentes preenchiam critériospara avaliação de 12 meses de terapêutica (4 pul-sos). A amostra era constituída apenas por mulhe-res, com uma média de idades de 47±8 anos. Naavaliação inicial os doentes apresentavam valoresmédios do FIQ de 79±12, EVA de 83±17 e da soma

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dos 12 items avaliados por EVN de 71. Da avalia-ção prospectiva, verificou-se um agravamento dosvalores na EVA entre os 6 e os 12 meses, de 80 para87 (p=0,043). Não se verificaram diferenças evolu-tivas nos valores do FIQ e na soma dos 12 itemsavaliados por EVN. Verificou-se que a idade esta-va inversamente correlacionada com os valores doFIQ na avaliação inicial e aos 3 meses, rho=-0,562(p=0,037) e rho=-0,540 (p=0,046) respectivamente.Não se registaram efeitos secundários relevantes.Alguns doentes referiram sonolência de curta du-ração após a administração. Informalmente, amaioria das doentes referem melhoria transitóriada sintomatologia até cerca de 2 meses após aadministração de Clomipramina. Conclusões: Nesta amostra, os resultados sugeremque doentes mais jovens tendem a ter uma doen-ça mais grave, quando avaliada pelo FIQ, e que aadministração de pulsos endovenosos de Clomi-pramina de periodicidade trimestral não conduziua uma melhoria da gravidade das queixas. No en-tanto, o número reduzido da amostra pode ter en-viesado os resultados. Serão necessários mais es-tudos, com incorporação de um grupo controlo,para esclarecer o papel desta terapêutica como ad-juvante no tratamento da FM.

P112 – SÍNDROME DE SJÖGREN

Jorge Correia,1 Catarina Dias,1

João Carlos Alexandre,1 Pedro Henriques1

1. Serviço de Medicina I, Hospital de São Teotónio, Viseu

Objectivos: Os autores pretendem apresentar umcaso clínico de uma mulher de 41 anos internadapelo serviço de urgência por queixas de fadiga, xe-rostomia, disfagia para sólidos, visão turva, secu-ra vaginal, mialgias e artralgias das tibiotársicas ecoxofemurais esporádicas, assim como aumentoprogressivo do tamanho das regiões parotídeas,com cerca de 3 meses de evolução. Material e Métodos: Exame objectivo, anteceden-tes pessoais e análise dos exames complementa-res de diagnóstico, a saber: análises ao sangue, no-meadamente hemograma, VS, proteinogramaelectroforético, factor reumatóide e auto-imuni-dade; ecografia das parótidas; teste de Shirmer;biópsia das glândulas salivares.Resultados: Do exame objectivo, salientavam-se,apenas, tumefação e endurecimento parotídeo bi-lateral e lábios secos. Tinha antecedente pessoal deúlcera duodenal, diagnosticada há cerca de 4 me-

ses e medicada com pantoprazol 40mg/dia. Dosexames que era portadora, destacavam-se umaAnemia Normocrómica Normocítica, Velocidadede Sedimentação elevada e Ecografia das parótidascom «aumento de volume glandular e aspectocompatível com parotidite bilateral». Durante o in-ternamento, solicitaram-se várias análises, desta-cando-se as seguintes alterações: Hemoglobina11.4g/dL, Hematócrito 33.4%, Volume GlobularMédio 84.4fL, Velocidade de Sedimentação 32mm,Gamaglobulinemia 1.63g/dL (21.2%), Factor Reu-matóide 40.6UI/mL e Anticorpos antinucleares1/2560 (padrão homogéneo). Refira-se, também,que o Teste de Shirmer foi positivo. A biopsia dasglândulas salivares revelou «infiltrado inflamatóriolinfocítico moderado, disperso ou em agregadossuperiores a 50 linfócitos por 4mm2. A arquitectu-ra lobular está relativamente mantida, identifican-do-se ligeira ectasia do ducto intralobular. Osachados enquadram-se num grau IV de Chisholme Mason». Conclusões: A doente teve alta, sendo orientadapara a consulta externa com o diagnóstico de Sín-drome de Sjögren. Foi medicada com lágrimas ar-tificiais e alertada no sentido de ter uma boa higie-ne oral.

P113 – TUBERCULOSE PULMONAR EM DOENTE COM

ARTRITE REUMATÓIDE EM TRATAMENTO COM

METOTREXATO

Mónica Bogas,1 Carmo Afonso,1 Domingos Araújo1

1. CHAM, Ponte de Lima

Objectivos: O metotrexato é actualmente um dosfármacos mais usados no tratamento da artritereumatóide e, em baixas doses, não tem sido fre-quente a sua associação a imunossupressão e in-fecções oportunistas.Caso clínico: Os autores descrevem o caso clínicode um doente de 49 anos, com o diagnóstico de ar-trite reumatóide (AR) seropositiva com envolvi-mento articular clássico e sem manifestações ex-tra-articulares que na sua evolução apresenta umquadro clínico de infecção respiratória. Na alturado diagnóstico de AR, e ainda apenas sob trata-mento sintomático não apresentava alterações naradiografia do tórax e a prova tuberculínica era ne-gativa. Foi medicado com prednisolona 10 mg/diae metotrexato 10 mg/sem, havendo evolução clí-nica e funcional favoráveis. Dois meses depois,apresentava quadro clínico de tosse produtiva e

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anorexia. As alterações na radiografia e TAC do tó-rax eram compatíveis com cavitação pulmonar tí-pica de tuberculose pulmonar. Apesar dos examesculturais da expectoração e lavado broncoalveolare da pesquisa de PCR para micobactérias seremnegativos, e a biópsia pulmonar também não mos-trar alterações, a resolução do quadro clínico foimanifesta após início de terapêutica anti-tubercu-losa. Os aspectos radiológicos normalizaram 3meses após início do tratamento. Por reagudizaçãodo quadro de poliartrite, o doente retomou a tera-pêutica com metotrexato quatro meses depois.Conclusões: A descrição de tuberculose pulmonarou extra-pulmonar em doentes com artrite reu-matóide medicados com metotrexato em baixasdoses é pouco frequente na literatura. A corticote-rapia, geralmente associada ao tratamento destesdoentes, poderá constituir um factor sinérgico. Avigilância regular e a atenção prestada peranteuma sintomatologia suspeita poderá permitir umdiagnóstico precoce e um melhor prognóstico.

P114 – QUANDO COMEÇA A ARTRITE REUMATÓIDE?ANÁLISE DA CAPACIDADE PREDITIVA À LUZ DE UM

CASO DE REUMATISMO PALINDRÓMICO

Pedro Machado,1 Sara Serra, Jorge Silva,1

Armando Malcata1

1. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Uma decisão acertada em relação aotratamento da artrite indiferenciada requer a iden-tificação dos doentes que irão progredir para artri-te reumatóide. O mesmo raciocínio é extensível aoreumatismo palindrómico. Propusémo-nos porisso a aplicar um deste modelos preditivos numcaso de reumatismo palindrómico.Material e Métodos: O reumatismo palindrómico(RP) é uma forma de artrite recorrente que em cer-ca de 50% dos casos evolui para artrite reumatói-de (AR). Pode ser encarado como uma forma de ar-trite crónica indiferenciada (AI). Do grupo dedoentes com AI, 6-55% irão progredir para AR em1 ano. Na AI, o metotrexato é uma terapêutica efi-caz na supressão dos sintomas, dano estrutural eprogressão para AR. No entanto, 40-50% dos doen-tes com AI têm remissão espontânea. A utilizaçãode modelos preditivos de prognóstico clínico paradoentes com AI pode ser útil a este nível.Resultados: Os autores apresentam um caso deuma doente de 52 anos, com queixas de poliartral-

gias inflamatórias, migratórias e recorrentes, comcerca de 3 anos de evolução e descrevendo surtosdurando dias a semanas. Durante o internamentoobservou-se tumefacção dolorosa do punho direi-to. A doente apresentava uma VS de 34 mm/h, FRde 95 UI e anti-CCP2>600 U/ml. As radiografiasdas mãos e pés não apresentavam alterações. Aressonância magnética do punho direito revelouuma sinovite radiocárpica com erosões cárpicas. Adescrição clínica apresentada enquadra-se no con-ceito de RP. Este último conceito enquadra-se node AI. Utilizou-se por isso um modelo preditivo deprognóstico clínico para doentes com AI como au-xílio na decisão terapêutica. Este exercício clínicoapontou para uma elevada probabilidade deprogressão para AR. A doente foi medicada comcorticosteróide e metotrexato, com sucesso tera-pêutico.Conclusões: A utilização de um modelo preditivode prognóstico clínico em doentes com artrite in-diferenciada pode ser útil na prática clínica e ex-tensível a doentes com reumatismo palindrómico.Desta forma, em doentes com reumatismo palin-drómico, poder-se-ão usar modelos preditivos se-melhantes aos da artrite indiferenciada, podendoo risco de progressão para artrite reumatóide serprevisto e permitido decisões individualizadasquanto à introdução de fármacos modificadores dadoença.

P115 – DOENÇA ÓSSEA DE PAGET

Ana Filipa Mourão,1 Sandra Falcão,1,2

Teresa Laura Pinto,1 Célia Ribeiro,1

FM Pimentel-Santos,1,2

António Alves de Matos,1,2 Jaime C. Branco1,2

1. Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar deLisboa Ocidental, EPE, Hospital Egas Moniz, Lisboa.2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa

Objectivos: A Doença óssea de Paget é, depois daosteoporose, a doença óssea metabólica mais fre-quente. Pode afectar qualquer osso mas habitual-mente envolve a pélvis, o fémur, a coluna lombar,o crânio e a tíbia. No nosso país, a região do Alen-tejo apresenta a maior prevalência da doença. Osautores apresentam um estudo retrospectivo de38 doentes pagéticos seguidos em consulta exter-na de Reumatologia. Material e Métodos: Trinta e oito processos clíni-cos avaliados, 22 (58%) do sexo masculino, com

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idade média de 71.7 anos (mínimo: 45; máximo:89), com duração média da doença de 7.3 anos eduração média do seguimento de 6.1 anos. Doisdoentes (5.3%) apresentavam um familiar comdoença óssea de Paget. A maioria dos doentes eranatural da região do Alentejo (55,3%) e Lisboa(26,3%). Vinte e cinco doentes (66%) apresenta-vam doença poliostótica e 13 (34%) doença mo-nostótica, sendo o ilíaco o osso mais atingido (50%dos doentes), seguido de fémur (45%), vértebraslombares (37%), sacro (24%), vértebras dorsais(21%), úmero (21%) e crânio (18%). Resultados: As manifestações clínicas extra-articu-lares mais frequentemente associadas foram: hipo-acúsia (21% dos doentes), fractura óssea (13%), ca-nal lombar estreito (8%), insuficiência cardíaca(8%) e osteoporose (8%). À data do diagnóstico afosfatase alcalina média era de 262 UI/l (míni-mo:60; máximo:1122) e na data actual era de 109UI/l. A maioria dos doentes foram tratados compamidronato (68%), isoladamente (42%) ou emcombinação com alendronato (26%). Seis doentes(16%) eram medicados com alendronato, 1 doen-te faz àcido zoledrónico e 4 (11%) não fazemactualmente terapêutica com bisfosfonatos.Conclusões: Apesar de habitualmente ter um cur-so benigno, a doença óssea de Paget pode ser in-capacitante associando-se a deformações irrrever-síveis, pelo que se torna imprescindível a monito-rização e tratamento destes doentes. Como espe-rado, a grande maioria dos doentes eram naturaisda região do Alentejo, suportando os resultados deoutros estudos nacionais previamente publicados.

P116 – REVISÃO SISTEMATIZADA DA LITERATURA –APLICAÇÃO DO MÉTODO NA ELABORAÇÃO DE

RECOMENDAÇÕES PARA UTILIZAÇÃO DO

METOTREXATO NO TRATAMENTO DE DOENÇAS

REUMÁTICAS

Ana Filipa Mourão,1 Mónica Bogas,2 Pedro Machado,3

Helena Donato,4 Maria José Santos,5 Lúcia Costa,2

José António Pereira da Silva3, João Eurico Fonseca6, Helena Canhão6

1. Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar deLisboa Ocidental, EPE, Hospital Egas Moniz, Lisboa.2. Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar doAlto Minho, EPE, Hospital Conde de Bertiandos, Pontede Lima.3. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra, Coimbra. 4. Serviço de Documentação, Hospitais da Universidade de Coimbra

5. Serviço de Reumatologia do Hospital Garcia de Orta,Almada6. Serviço de Reumatologia do Hospital de Santa Ma-ria, EPE, Lisboa

Objectivos: As revisões sistematizadas da literatu-ra (RSL) são fundamentais para, rápida e eficien-temente, integrar a informação existente e provi-denciar os dados necessários para uma decisão clí-nica fundamentada, baseada na melhor evidên-cia. Existe metodologia própria que assegura acorrecta realização das RSL mas a sua variedade ecomplexidade pode criar dificuldades na avalia-ção dos dados. Posteriormente, é necessário efec-tuar uma rigorosa interpretação sobre a relevânciaclínica dos dados obtidos. Material e Métodos: Descrição da metodologia uti-lizada na revisão sistematizada da literatura pararesponder a questões sobre a utilização do meto-trexato na terapêutica das doenças reumáticas, for-muladas no âmbito do projecto 3e initiative. Apre-sentam-se as etapas utilizadas na realização deuma revisão sistematizada, bem como, sugestõespara o uso apropriado dos motores de busca comvista a pesquisas mais rápidas e selectivas da lite-ratura on-line. São detalhados os passos mais im-portantes como a formulação e selecção das per-guntas, as bases de dados electrónicas utilizadas(PubMed, Embase, Cochrane databases), a formade colheita, análise e apresentação de dados, a suadivulgação e elaboração das recomendações finais. Resultados: 1.Formulação da questão: modeloPICO: doente ou problema; Intervenção; Compa-ração das intervenções; resultados (outcome)2.Identificação da literatura relevante: Selecção daspalavras-chave (methotrexate, RA, tuberculosis,infections, adverse effects, remission) e das basesde dados bibliográficas. A pesquisa foi orientadapor uma perita em pesquisas bibliográficas noMedline, Embase e Cochrane. Foi também efec-tuada nos resumos dos congressos EULAR e ACR2005-2007. Inclusão: adultos com artrite reuma-tóide (AR), terapêutica com metotrexato (MTX),ensaios clínicos aleatorizados e controlados, estu-dos observacionais, normas de orientação paraMTX. Exclusão: idade20 anos 3.Avaliação da qua-lidade dos artigos seleccionados: escala Oxfordcentre for evidence-based medicine levels of evi-dence 4.Sumarização da evidência: Extrair dos ar-tigos seleccionados os dados relevantes que res-pondessem à pergunta em questão 5.Interpretaçãodos dados: Responder às questões formuladas con-

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siderando o nível de evidência Conclusões: O acesso à informação da literatura,a avaliação crítica e a aplicação na prática clínicaprecisa ser aprendida. O desenvolvimento dasciências médicas e a implementação de estraté-gias de pesquisa nos cuidados de saúde depen-dem, cada vez mais, dos métodos de RSL científi-ca. Estas revisões fornecem-nos um resumo do co-nhecimento actual num subdomínio da ciência. AMedicina baseada na evidência deve integrar a ex-periência clínica individual com a melhor evidên-cia externa disponível oriunda da RSL.

P117 – DERMATOMIOSITE JUVENIL – CASO CLÍNICO

Ana Filipa Mourão,1 Teresa Laura Pinto,1 SandraFalcão,1,2 Célia Ribeiro,1 Patrícia Nero,1,2

FM Pimentel-Santos,1,2 Jaime Cunha Branco1,2

1. Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar deLisboa Ocidental, EPE, Hospital Egas Moniz, Lisboa.2. Faculdade de Ciências Médicas da UniversidadeNova de Lisboa

Objectivos: A dermatomiosite juvenil é uma doen-ça sistémica rara, de etiologia desconhecida, carac-terizada por inflamação do músculo estriado, pelee tubo digestivo, sendo o prognóstico muito variá-vel. Alguns estudos sugerem existir uma associa-ção entre o polimorfismo -308 AA do gene do Fac-tor de Necrose Tumoral alfa (TNFalfa) e mau prog-nóstico da doença. Apresentamos o caso clínicode uma doente com dermatomiosite juvenil comalguns factores de mau prognóstico.Caso clínico: Doente do sexo feminino, 14 anos,raça negra, referenciada à nossa consulta por febre,poliartrite migratória (cotovelos, punhos e joe-lhos), perda ponderal (12% peso habitual), fraque-za muscular proximal das cinturas escapular e pél-vica e disfagia alta para sólidos com 5 meses deevolução. No exame objectivo destacava-se rashpalpebral e edema periorbitário, mucosas desco-radas, flexo dos cotovelos e fraqueza muscular nos4 membros (Força grau 3) com diminuição de to-dos os reflexos osteo-tendinosos. Laboratorial-mente salientava-se Hg: 10,8 g/dl, VGM: 85,1 fl,HGM: 28,2 pg, CK: 24343 UI, LDH: 5785 UI, AST:590 UI, ALT: 862 UI, VS: 85 mm/h; ANA’s 1/1280(padrão mosqueado), Ac SSA: positivos. RealizouElectromiograma que evidenciou um padrão mi-opático inflamatório e biópsia muscular que reve-lou aspectos compatíveis com vasculite necroti-zante. A manometria esofágica evidenciou es-fíncter esofágico inferior hipotónico.

Realizou 2 pulsos de imunoglobulina ev (1mg/Kg//dia) sem melhoria sintomática. No nosso serviçorealizou pulso de metilprednisolona ev (1500 mg),com recuperação da capacidade funcional. À datada alta apresentava CK de 6000 UI. Realizou doispulsos mensais de metilprednisolona ev (30 mg//Kg). Dois meses após este internamento foi rein-ternada no nosso serviço por febre, tosse com ex-pectoração mucosa e fraqueza muscular proximal.Á entrada apresentava-se febril, com edema exu-berante da face, membros superiores e inferiores.Das análises sanguíneas destacava-se CK 24728 UI,VS: 75 mm/h; PCR: 18.90 mg/dl. A radiografia detórax revelou pequeno derrame pleural direito e oecocardiograma trans-torácico um derrame peri-cárdico anterior e posterior. As hemoculturas eurocultura foram negativas. Realizou pulso de me-tilprednisolona ev (1000 mg), com evolução clíni-ca favorável. Teve alta medicada com prednisonaoral (1 mg/Kg/dia: 20 mg de 8 em 8 horas), verifi-cando-se recuperação completa da capacidadefuncional e, actualmente, apresenta CK normal. Agenotipagem da posição -308 do TNFalfa revelougenótipo GG e esta citocina não foi detectável nosoro. Conclusões: A doente foi reinternada com quadrode febre, anasarca e agravamento da fraqueza mus-cular, sendo este interpretado, após exclusão deinfecção, como uma agudização da doença. Ape-sar de ter respondido de forma favorável aos pul-sos de metilprednisolona ev, a anasarca e o envol-vimento gastrointestinal foram descritos comofactores de mau prognóstico da dermatomiositejuvenil, tal como o polimorfismo -308 AA do genedo TNFalfa, que a doente não apresenta.

P118 - UMA VISÃO REAL SOBRE A ARTRITE

REUMATÓIDE

Herberto de Jesus,1 Alberto Quintal1

1. Hospital Central do Funchal

Objectivos: Introdução: O aparecimento de fárma-cos biotecnológicos contribuiu para o renascimen-to da Artrite Reumatóide (AR). A avaliação peloDAS 284v continua a ser o «gold standard» na de-finição da introdução e da resposta aos fármacos,no entanto existem factores extrínsecos que alte-ram a percepção da «actividade real» da AR. Objec-tivo: Determinar a relevância do DAS 284v e a suarelação com os parâmetros de inflamação (VS,PCR).

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Material e Métodos: Estudo prospectivo de 11doentes do sexo feminino com AR seguidos naConsulta de Terapêuticas Biológicas do HospitalCentral do Funchal desde 2002. A idade média erade 50 anos (22-68) A duração média da AR era de129 meses (25-228) e o tempo médio até o inícioda terapêutica biológica foi de 87 meses (13-173).A duração média da terapêutica biológica (TB) é de42,4 meses (12-60). A avaliação da actividade dadoença era obtida através da análise integrada dedados clínico-laboratoriais (VS, PCR) e comple-mentada pela determinação do DAS 284v.Resultados: A aplicação da análise de regressão li-near à nossa amostra permitiu a estimação de vá-rios modelos tendo como variável explicada (Y) oDAS 284v. Destes o que apresentava o coeficiente dedeterminação mais elevado (64%) era o modelo quetinha como variável explicativa a velocidade de se-dimentação. O modelo estimado para explicar oDAS 284v através da variável PCR apresentava umcoeficiente de determinação muito baixo (58%). ODAS 284v médio antes do início da TB foi de 5,69 eo DAS 284v médio actual é de 4,3. O valor actual ele-vado do DAS 284v relacionou-se com intercorrên-cias (infecção, osteonecrose, coxite), nestas o valormédio da PCR era de 67,2 mg/l (28,5-160,1). Conclusões: A PCR é um bom marcador de «inter-corrências» e um alerta para a suspensão de TB. AVS é um constituinte relativamente importante nadefinição do DAS 284v. A avaliação da AR deveráser baseada num conjunto de factores clínico-la-boratoriais e coadjuvada pela medicina baseada naexperiência.

P119 – «OVERLAP DE ARTRITE PSORIÁSICA E

ARTRITE REUMATÓIDE?»L.Silva,1 J.Bernardes,1 J.Pinto,1 J.Brito,1

F.Simões Ventura1

1. Serviço de Reumatologia e Faculdade de Medicina,Hospital de São João, Porto, Portugal

Objectivos: Apesar de a Artrite Reumatóide e a Ar-trite Psoriásica serem patologias relativamente fre-quentes, a coexistência num mesmo doente, deaspectos clínicos e imagiológicos sugestivos dasduas entidades, é extremamente rara.Material e Métodos: Os autores descrevem o casode uma doente de 49 anos, com poliartrite erosivahá cerca de 15 anos, envolvendo ombros, ancas,joelhos, MCF, IFP, IFD e MTF de forma simétrica eevolução crónica e destrutiva, com necessidade de

colocação de próteses a vários níveis (ombro direi-to, joelhos e ancas), não obstante ter efectuado di-versos DMARDs clássicos em monoterapia se-quencial. Posteriormente fez bioterapia com anti-TNFs em «switch» (intolerância e ausência de res-posta ao Infliximab, e falta de resposta aoEtanercept e Adalimumab). Mais recentementeIniciou terapêutica com Rituximab, com boa res-posta clínica e funcional (melhoria do DAS 28 em2,09 pontos, e do HAQ em 0,13 pontos). Antece-dentes familiares de 1º grau de poliartrite reuma-tóide, e história pessoal de psoríase do couro ca-beludo. Resultados: Analiticamente, síndrome biológicoinflamatório; factor reumatóide de 135 (normal in-ferior a 30 UI/ml) e anti-CCP de 367 (normal infe-rior a 20 U). Imagiologicamente, osteólise das MCF,IFP, MTF («pencil-in-cup» de MCF, IFP e MTF), an-quilose do tarso esquerdo e dos carpos, entesopa-tia plantar, e ausência de osteopenia. Conclusões: Apesar do quadro clínico e imagioló-gico típico de poliartrite psoriásica, a persistência,no bilan analítico, de FR e anti-CCP positivos emtítulos elevados, a história familiar de artrite reu-matóide, e a boa resposta ao anti-CD20, leva osautores a questionar a possibilidade da existênciade duas entidades sobrepostas, e se estes achadosserológicos poderão modificar o espectro clínico eterapêutico da poliartrite psoriásica.

P120 - BAIXO RISCO CARDIOVASCULAR ASSOCIADO

AOS FACTORES DE RISCO TRADICIONAIS NA COORTE

DE LÚPUS DE COIMBRA

C Duarte,1 L Inês,1 M Couto,1 C Vaz,1 P Abreu,1

A Malcata1

1. Serviço de Reumatologia, Hospitais da Universidadede Coimbra

Objectivos: Avaliar a prevalência de factores tradi-cionais de risco cardiovascular e estimar o risco deeventos cardiovasculares associado em doentesportugueses com LES. Estimar a adequação dasmedidas farmacológicas para a prevenção de even-tos cardiovasculares previamente instituídas a es-tes doentesMaterial e Métodos: A Coorte de Lúpus de Coim-bra inclui 165 doentes com LES (cumprindo crité-rios de classificação ACR) seguidos prospectiva-mente. Foram incluídos 100 doentes desta coorteobservados consecutivamente. Efectuou-se ava-liação dos factores de risco tradicionais e eventos

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cardiovasculares prévios. O diagnóstico de Síndro-me Metabólico foi estabelecido de acordo com oscritérios NCEP/ATP III. Estimou-se o risco de even-tos cardiovasculares aos 10 anos através da fórmu-la de Framingham. Foram ainda registadas as me-didas farmacológicas preventivas em curso.Resultados: Foram incluídos 100 doentes (sexo fe-minino -88,9%, média de idade=40±13,7 anos, du-ração média de doença =9,1±6,9 anos). 40% dosdoentes apresentavam excesso de peso ou obesi-dade (2% com obesidade mórbida). 11% dos doen-tes eram fumadores e 72% dos doentes não prati-cavam qualquer tipo de actividade física. 40% dosdoentes têm hipertensão arterial mas apenas 23%dos doentes apresentavam valores tensionais ele-vados na altura da avaliação. 29,3% dos doentes ti-nham dislipidemia, e 23% dos doentes mantinhamvalores de L-LDL>130 mg/dl. 21% dos doentesapresentavam síndrome metabólico. Apenas numdoente foi registado a ocorrência de um eventocardiovascular e 23% referia história de eventoscardiovasculares em familiares de 1º grau. 16% dosdoentes encontravam.-se medicados com aspiri-na em baixa dose, 16% com estatinas e 52% compelo menos um anti-hipertensor. A estimativa deeventos cardiovasculares aos 10 anos foi inferior a1% em 56% dos doentes e apenas 10% dos doen-tes apresentavam um risco superior a 5%. Conclusões: A maioria dos doentes da Coorte deLúpus de Coimbra apresenta um baixo risco car-diovascular estimado, estritamente em função dosfactores de risco tradicionais.

P121 – CASO CLÍNICO: ADENOMEGALIAS CERVICAIS

EM DOENTE COM ARTRITE REUMATÓIDE

L. Silva,1 F. Brandão,1 J. Brito,1 F. Pinto,2

F. Simões Ventura1

1. Serviço de Reumatologia e Faculdade de Medicina,Hospital de São João, Porto, Portugal2. Serviço de Anatomia Patológica, Hospital de SãoJoão, Porto, Portugal

Objectivos: A Artrite Reumatóide (AR) está associa-da a um risco aumentado (cerca de 2 vezes) de lin-foma, especialmente linfoma não-Hodgkin (LNH).A etiopatogenia não está totalmente esclarecida.Têm sido considerados factores importantes: ele-vada actividade inflamatória da doença, de formapersistente, e infecções crónicas, muito particu-larmente pelo vírus Epstein-Barr, associado ao de-senvolvimento de LNH em doentes com AR medi-

cados com metotrexato. Neste contexto, documen-tamos o seguinte caso.Material e Métodos: Doente de 65 anos, com odiagnóstico de AR seropositiva e erosiva, com onzeanos de evolução. Neste percurso evolutivo, cons-tatou-se má adesão às terapêuticas propostas, comrecusa de DMARDs e utilização de baixa dosagemde prednisolona. Em 2005 aceitou fazer terapêuti-ca com metotrexato, até a dose de 10 mg/semana,que suspendeu menos de 6 meses depois, por «me-lhoria subjectiva da artrite». Em 2006, foi avaliadaem consulta de Hematologia, com diagnóstico de«anemia de doenças crónicas». A falta de adesão àterapêutica, reflectia-se também na ausência àsconsultas, pelo que voltou a ser avaliada apenas emOutubro/2007. Nessa altura, apresentou-se compoliartrite e volumosas massas cervicais bilaterais,sem sintomas associados (disfagia, rouquidão,emagrecimento, hipersudorese, queixas álgicas ouqueixas secas), com 6 meses de evolução. Resultados: Analiticamente apresentava síndro-me inflamatório biológico (VS-47 mm1ªh e PCR--32 mg/l) e anemia (hemoglobina-10,1 g/dl); as se-rologias revelaram sífilis latente, e anticorpos anti--Epstein Barr IgM negativo e IgG positivo. O dosea-mento das enzimas hepáticas, marcadores de re-modelação óssea, electroforese de proteínas e imu-noglobulinas revelou-se normal. A ecografiacervical mostrou «múltiplas adenomegalias, amaior com 4,5 cm de diâmetro», e a TC toraco-ab-dominal «adenomegalias mediastínicas e ligeirahepatomegalia homogénea». A biopsia de gângliocervical e de nódulo mamário (diagnosticado, en-tretanto, ecograficamente), fizeram o diagnósticode linfoma difuso de grandes células B. Conclusões: Os estudos mais recentes têm eviden-ciado como factor preponderante no risco de lin-foma, a actividade inflamatória (pela AR e infec-ções crónicas a que estes doentes são mais sus-ceptíveis) e não tanto, a terapêutica imunossupres-sora, por vezes considerada factor de confusão,traduzindo a agressividade da doença. O papel da«hiperimunidade», é corroborado por este caso clí-nico. Como tal, e por uma série de outros motivos,é fundamental o rápido e persistente controlo daactividade inflamatória.

P122 – ESPONDILODISCITE ASSÉPTICA – COMPLICAÇÃO DE ESPONDILITE ANQUILOSANTE DE

LONGA DURAÇÃO

Rui Figueiredo,1 Miguel Sousa1

1. IPR

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Objectivos: A Espondilite Anquilosante de longaduração é uma doença com potenciais complica-ções. Dentro das descrições clássicas encontra-sea designada espondilodiscite asséptica. O propósi-to deste trabalho é rever, a partir de um caso clíni-co, o entendimento actual deste fenómeno e re-lembrar o algoritmo clínico que orienta a investiga-ção e intervenção apropriadas a esta complicação.Material e Métodos: O doente, 62 anos, Espondi-lite Anquilosante diagnosticada aos 20 anos apre-senta dorsolombalgia agudizada, resistente à tera-pêutica analgésica habitual acompanhada dedeficits neurológicos progressivos dos membrosinferiores com 15 meses de evolução e com clau-dicação neurogénica progressiva. Resultados: Foi efectuado estudo imagiológicocom resultados sugestivos de espondilodiscite as-séptica D11-D12 é orientado para cirurgia por ins-tabilidade fracturária e compressão do cone me-dular.Conclusões: O diagnóstico de espondilodiscite as-séptica deve ser considerado nas agudizações ál-gicas tardias no doente com Espondilite Anquilo-sante, sendo o estudo imagiológico essencial noseu diagnóstico

P123 - TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA

OSTEOPOROSE NA POPULAÇÃO DO PORTO

Raquel Lucas,1 Olavo Rocha,1 Joana Bastos,1

Lúcia Costa,2 Henrique Barros,1 Nuno Lunet1

1. Serviço de Higiene e Epidemiologia, Faculdade deMedicina da Universidade do Porto2. Serviço de Reumatologia, Centro Hospitalar do AltoMinho

Objectivos: Após a publicação das recomendaçõesportuguesas para o diagnóstico e terapêutica daosteoporose, o presente estudo teve como objec-tivos: - estimar a prevalência de utilização de me-dicamentos com indicação na prevenção ou trata-mento da osteoporose na população geral e -quantificar a frequência da suplementação simul-tânea com cálcio (isoladamente ou associado a vi-tamina D).Material e Métodos: Este estudo foi baseado nosdados colhidos na primeira reavaliação de umacoorte de adultos residentes no Porto. Entre 2005e 2007 foram contactados 1778 participantes, dosquais 1517 compareceram à entrevista. O protoco-lo de avaliação incluiu um inquérito e um examefísico. Neste trabalho foram utilizados dados sócio-

demográficos (idade, escolaridade, profissão, lo-cal mais frequentemente procurado para cuida-dos de saúde), história de diagnóstico de osteopo-rose por um médico, e idade à menopausa. O con-sumo alimentar de cálcio foi avaliado através deum questionário semi-quantitativo de frequênciaalimentar com 82 itens, cujo consumo, em fre-quência e em dose média, foi convertido em inges-tão diária de nutrientes pelo software Food Proces-sor Plus. Foi inquirida a utilização continuada demedicamentos e de suplementos no ano anteriorà entrevista e as preparações referidas foram clas-sificadas de acordo com a «Anatomical Therapeu-tic Chemical Classification» da Organização Mun-dial de Saúde.Resultados: A terapêutica anti-reabsortiva foi re-ferida por 107 (11,4%) mulheres e 7 (1,2%) homens.Nas mulheres, o subgrupo de fármacos anti-reab-sortivos mais referido foram o dos bifosfonatos(87,8% das que referiram alguma das terapêuti-cas), seguido do raloxifeno (11,2% das tratadas) edas calcitoninas (0,7% das tratadas). Nenhum dosparticipantes referiu preparações de estrôncio. Das107 mulheres tratadas 46 (43,0%) declararam terusado suplementos de cálcio. Todos os homensque referiram um tratamento para a osteoporoseutilizaram bifosfonatos e destes três (42,9%) de-clararam que tinham usado suplementos de cálcio.A associação de suplementos de cálcio à terapêu-tica anti-reabsortiva foi mais frequente nas mu-lheres com 70 ou mais anos de idade, naquelascom 5 a 12 anos de escolaridade, nas trabalhado-ras manuais e nas que referiram utilizar cuidadosde saúde privados. A suplementação foi maisfrequente nas mulheres cuja menopausa ocorreu10 ou mais anos antes da entrevista e nas que fo-ram classificadas no tercil mais elevado de consu-mo de cálcio. O ajuste das proporções para a ida-de e a escolaridade acentuou as diferenças entre asclasses de escolaridade e entre as categorias deprofissão.Conclusões: A terapêutica anti-reabsortiva é fre-quente na população do Porto. No entanto, o tra-tamento da osteoporose não inclui sistematica-mente a suplementação com cálcio prevista nas re-comendações nacionais.

P124 – DISPLASIA FIBROSA POLIOSTÓTICA:DUAS VIDAS, DOIS DESTINOS

Herberto Jesus,1 Alberto Quintal1

1. Hospital Central do Funchal

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Objectivos: A displasia fibrosa óssea é uma doen-ça rara descrita em 1938 por Lichtenstein. Carac-terizada pela disfunção dos osteoblastos e pelaproliferação de tecido fibroso na medula óssea. Aformação óssea «anormal» promove o apareci-mento de lesões osteolíticas múltiplas e o cresci-mento ósseo desmesurado com a consequente dis-torção da arquitectura. As consequências destadisfunção são o aparecimento de deformações ós-seas exuberantes e de fracturas. Em 20% apresen-ta-se sob a forma poliostótica. Material e Métodos:Os autores apresentam dois ca-sos com tempos de evolução díspares e percorrematravés da imagiologia os estadios desta entidade. Resultados: 1º caso: Mulher, 32 anos de idade como diagnóstico de displasia fibrosa poliostótica efec-tuado por radiologia convencional há 6 anos e con-firmado por histologia. Apresenta envolvimentopreferencial da metáfise da tíbia e peróneo, do colodo fémur e do crâneo (fase inicial). As determina-ções analíticas dos biomarcadores de remodela-ção óssea revelaram parathormona normal, au-mento da osteocalcina, aumentos da fosfatase al-calina e da sua fracção óssea. A instituição de te-rapêutica com Pamidronato permitiu anormalização dos parâmetros ósseos. 2ºcaso: Ho-mem, 44 anos de idade com o diagnóstico efectu-ado por radiologia convencional em 1997. Esta pa-tologia iniciou-se há 42 anos, facto comprovadopor imagiologia. Apresenta envolvimento bilateralde todo o esqueleto. As deformações exuberantessão o resultado do tempo de evolução e de fractu-ras múltiplas. A imagiologia percorre a sua vida eregista as diferentes etapas da deformação da ar-quitectura óssea. As determinações analíticas dosbiomarcadores de remodelação óssea revelaramaumentos da fosfatase alcalina e da sua fracção ós-sea. A instituição de terapêutica com Pamidrona-to permitiu a normalização dos parâmetros ósseos. Conclusões: A displasia fibrosa óssea é uma doençarara. A comparação destes dois casos permite afirmarda importância do tempo de evolução e do númerode fracturas, como factores determinantes de prog-nóstico. A detecção precoce e a terapêutica adequa-da poderão contribuir para a interrupção deste fado.

P125 - HISTÓRIA DE UMA ESPONDILITE ANUNCIADA

Herberto Jesus,1 Alberto Quintal1

1. Hospital Central do Funchal

Objectivos: O hipoparatiroidismo primário é umadoença ósseo-metabólica rara. Pode evoluir ao

longo dos anos sem revelar sinais de alerta. O seudiagnóstico é baseado na clínica e na análise dosbiomarcadores de remodelação óssea. A evoluçãoconduz ao desenvolvimento de imagiologia «pa-tognomónica». O aparecimento indolente e pro-gressivo de alterações da estática vertebral suges-tivas de «atitude espondilítica» sem a imagiologiatípica da espondilite anquilosante impõe a inves-tigação desta entidade. Material e Métodos: Os autores apresentam umcaso clínico de hipoparatiroidismo primário. Des-crição: homem, 56 anos de idade com anteceden-tes de cirurgia a cataratas subcapsulares e históriade hipocalcemia desde há 3 anos. Inicia há 17 anosepisódios de caimbras e de fasciculações nos gru-pos musculares da face e dos membros superiores.Ao longo dos anos adquire uma «atitude postural»sugestiva de espondilite anquilosante. Resultados: A imagiologia revela osteoesclerosedos ossos do crâneo, das cristas ilíacas, das sacro-ilíacas e dos pratos vertebrais. Os valores labora-toriais demonstraram hipocalcemia, hiperfosfore-mia, aumento das enzimas musculares e valores daparatormona abaixo do normal. As avaliações sé-ricas suplementares revelaram aumento da fracçãoóssea da fosfatase alcalina, aumento da piridolinae diminuição da osteocalcina. Na avaliação ecográ-fica não foram visualizadas paratiróides. A avalia-ção por outros métodos de imagem (TAC e RMN)demonstrou a presença de calcificações dos núcle-os da base (caudados e lenticulares) e da substân-cia branca sub-cortical fronto-parietal. A mediçãoda massa óssea por DEXA revelou valores normaise a electromiografia detectou miopatia proximal.Estes dados clínico-laboratoriais, radiológicos eneuro-fisiológicos permitiram a assumpção dodiagnóstico de hipoparatiroidismo primário. A ins-tituição de terapêutica com vitamina D e calcitriolreverteu a sintomatologia neuro-muscular. Conclusões: A detecção precoce desta patologia éa peça fundamental do puzzle. A atitude «espondi-lítica» adquirida ao longo dos anos associada a «sa-croileíte» em discrepância com a imagiologia su-gere outros caminhos. O hipoparatiroidismo é raroe pode simular uma espondilite anquilosante, masao contrário desta é uma entidade de tratamentosimples e com uma resposta clínica rápida.

P126 – HISTÓRIA NATURAL DA ARTRITE REUMATÓIDE

SEM INTERVENÇÃO PRECOCE

Kátia Ferreira,1 Ana Rita Cravo2

1. Serviço de Medicina Fisica e Reabilitação, Hospital

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Central de Faro, Faro2. Unidade de Reumatologia, Hospital Central de Faro,Faro

Objectivos: Descrição de 4 casos clínicos de artri-te reumatóide (AR), com primeira observação emconsulta de Reumatologia, já em fase deformantee erosiva.Material e Métodos: De Setembro a Dezembro de2007, foram observados em consulta de Reumato-logia, 4 doentes (3 sexo feminino; 1 sexo masculi-no) com idades compreendidas entre os 63 e os 77anos, com vários anos de evolução de poliartralgi-as de ritmo inflamatório, ecom episódios de artri-te. Todos os doentes eram previamente seguidosem consultas de várias especialidades, sem ter sidointroduzida terapêutica de fundo apesar de trêsdoentes terem diagnóstico de AR. Foi feita a ava-liação clínica (incluindo o Disease Activity Score–DAS 28), laboratorial e imagiológica dos 4doentes. Resultados: Clinicamente os doentes apresenta-vam critérios diagnósticos de AR (ARA 1987), umDAS 28> 5,1 e deformidade articular típica de ARLaboratorialmente verificou-se nos 4 casos au-mento dos parâmetros inflamatórios, Factor Reu-matóide e Ac anti-péptido citrulinado (anti-ccp)positivos, com presença de anemia crónica em 2dos 4 casos clínicos. Radiologicamente era comumaos 4 doentes a existência de geodos, multiplaserosões ósseas e sub-luxações de pequenas articu-lações das mãos e pés. Conclusões: A AR é uma doença inflamatória cró-nica, que não sendo tratada precocemente, causadeformidade, destruição articular e consequente-mente incapacidade funcional. Pretende-se realçara importância da identificação e referenciação pre-coce das artrites à consulta de Reumatologia, deforma a ser possível um diagnóstico e tratamentoprecoces, tentando impedir o dano estrutural ar-ticular com evolução para as formas deformantese incapacitantes, permitindo um prognóstico maisfavorável

P127 - POPULAÇÃO DE DOENTES COM ARTROPATIA

MICROSCRISTALINA POR DEPOSIÇÃO DE CRISTAIS DE

MONOURATO DE SÓDIO (AMC-MUS) NUMA

CONSULTA DE REUMATOLOGIA

Patrícia Nero,1,2 Laura Pinto,1 Célia Ribeiro,1

Jaime C. Branco1,2

1. Serviço de Reumatologia, Centro Hospitalar de LisboaOcidental, EPE, Hospital de Egas Moniz, Lisboa

2. Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Novade Lisboa, Lisboa

Objectivos: A AMC-MUS é uma das principais cau-sas de artrite inflamatória no idoso. Nas duas últi-mas décadas a hiperuricemia e a AMC-MUS au-mentaram de modo significativo, parecendoacompanharem a tendência para um aumento daincidência da síndrome metabólica. Trabalhos re-centes têm reforçado a associação entre hiperuri-cemia e hipertensão arterial (HTA), cardiopatia is-quemica e doença arterial periférica.Os autorespretendem caracterizar a população de doentescom AMC-MUS seguida na sua consulta.Material e Métodos: Os doentes com o diagnósti-co de AMC-MUS segundo os critérios do ColégioAmericano de Reumatologia de 1977, foram con-vocados para uma entrevista por carta e/ou tele-fone. Foi aplicado um questionário elaborado parao efeito e realizado o exame objectivo tendo em vis-ta a detecção de tofos gotosos, a medição da cir-cunferência abdominal e a determinação do pesoe altura.Resultados: Dos 41 doentes avaliados, 97,6% eramdo sexo masculino e 92,7% de raça branca. Na ta-bela 1 estão representados alguns dados clínicos elaboratoriais desta população: Média Idade62,37±12,87 IMC 28,63±3,89 Circunferência abdo-minal 103,87±9,66 Idade início doença 44,59±14,2Tempo evolução doença 19,21±14,39 Uricemiamáxima conhecida 9,54±1,71 Uricemia actual5,46±1,66 Creatinina 1,32±0,55 Depuração creati-nina 75,24±40,78 Em 75,6% dos doentes o 1º epi-sódio da doença foi uma podagra e 31,7% têm to-fos gotosos. Apenas 7,3% são fumadores actuais(média 44 UMA) e 31,7% consomem bebidas al-coólicas regularmente (média 43,3 gr/dia). Dosdoentes avaliados 61% são hipertensos, 53,7% têmdislipidemia, 14,6% são diabéticos, 4,9% têm car-diopatia isquémica e 2,4% doença arterial perifé-rica associadas. São também 75,6% os doentes quefazem medicação com alopurinol (dose média 255mg/dia), sendo que 7,3% não fazem este fármacopor história prévia de alergia. A uricemia actual foi>ou= a 7mg/dl em 21,8% desta população, sendoque 4 não fazem alopurinol, 2 deles por alergia.Apenas 9,8% da população em estudo não aderiuàs consultas agendadas, sendo a média de 2,64consultas/ano. Conclusões: Verificamos que na nossa população,assim como tem sido descrito na literatura, é ele-vada a associação da hiperuricemia com alguns

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factores de risco cardiovascular. No entanto foi bai-xa a associação quer com cardiopatia isquemicaquer com doença arterial periférica.

P128 – PAPEL DO POLIMORFISMO -308 DO

PROMOTOR DO GENE DO TNF ALFA NA

SUSCEPTIBILIDADE E PADRÃO DE ACTIVIDADE DA

ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL

Ana Filipa Mourão,1,2 Joana Caetano-Lopes,1

Paula Costa,3 Artur Sousa,3 Helena Canhão,1,4

Maria José Santos,5 Patrícia Pinto,6 Iva Brito,6

Paulo Nicola,7 João Cavaleiro,1 José Teles,1

José Melo Gomes,8 Jaime C. Branco,2

J. Teixeira da Costa,4 J. Gomes Pedro,3

M. Viana de Queiroz,4 João Eurico Fonseca1,4

1. Unidade de Investigação em Reumatologia, Institutode Medicina Molecular 2. Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar deLisboa Ocidental, Hospital Egas Moniz, Lisboa3. Serviço de Pediatria do Hospital de Santa Maria, Lisboa4. Serviço de Reumatologia do Hospital de Santa Ma-ria, Lisboa5. Serviço de Reumatologia do Hospital Garcia de Orta,Almada6. Serviço de Reumatologia do Hospital de São João,Porto7. Unidade de Epidemiologia do Instituto de MedicinaMolecular

Objectivos: Dada a importância do factor de ne-crose tumoral alfa (TNFalfa) na fisiopatologia daAIJ, é provável que alguns polimorfismos destegene possam ser relevantes na susceptibilidade epadrão de actividade da doença. Os objectivos des-te estudo foram analisar se o padrão de actividadeda AIJ e os níveis séricos de TNFalfa são influencia-dos pelos polimorfismos na posição -308 do pro-motor do gene do TNFalfa.Material e Métodos: Recrutaram-se de forma con-secutiva, desde Março de 2005 a Maio de 2007,doentes com o diagnóstico de AIJ seguidos em al-guns centros de Reumatologia Pediátrica do país.Foi aplicado de forma transversal um protocoloque incluía dados demográficos e avaliação clíni-ca, e avaliação do estado funcional, utilizando aversão portuguesa do Childhood Health As-sessment Questionnaire (CHAQ). Foi colhida umaamostra sanguínea, procedendo-se à determina-ção da velocidade de sedimentação (VS) e da con-centração sérica de TNFalfa. Efectuou-se a extrac-

ção do DNA e determinou-se o genótipo da posi-ção -308 por RFLP. Foi efectuada a genotipagem domesmo polimorfismo em amostras de sangue decontrolos saudáveis. Resultados: 114 doentes avaliados, 68% do sexofeminino, idade média de 13.2±7.1anos.O tempomédio de duração da doença era 6.4±6.7 anos e otempo médio de seguimento era 5.1±5.5 anos. 65doentes apresentavam a forma oligoarticular,24poliarticular, 10 artrite relacionada com entesite,9 sistémica e 6 artrite psoriática. No grupo de es-tudo 76% apresentavam o genótipo -308 GG e 24%os genótipos GA/AA e no grupo controlo 78% apre-sentavam o genótipo -308GG e 22% os genótiposGA/AA. Os doentes com a forma oligoarticularapresentavam frequência mais elevada do genóti-po GG (86%) comparativamente aos doentes comos outros subtipos da doença (63%). Pelo contrá-rio, os doentes com os subtipos poliarticular e ar-trite psoriática apresentavam uma frequência maiselevada do genótipo -308GA/AA (38% e 50%) doque os doentes com a forma oligoarticular (14%).Os doentes com o genótipo -308 GA/AA apresen-tavam valor mais elevado de VS (28.4±24.2 vs 14.9±11.7, p=0.007) e níveis de TNFalfa (380.8±574.3 vs91.8±124.0; p=0.003). Apresentavam ainda tendên-cia para menor capacidade funcional (CHAQ:0.46±0.66 vs 0.27±0.52; p=0.243) e valor mais ele-vado na escala visual analógica de actividade dadoença (29.8±33.7 vs 20.3±27.5; p=0.166).Conclusões: Estes resultados sugerem que o alelo-308G do gene do TNFalfa diferencia os doentescom o subtipo oligoarticular da doença e o alelo -308A está associado a maior actividade inflamató-ria e maior concentração sérica de TNFalfa. Con-tudo, parece não ter um papel relevante na suscep-tibilidade à AIJ. Trabalho suportado pela bolsa deInvestigação AstraZeneca/Faculdade de Medicinada Universidade de Lisboa.

P129 - PLASMAFERESE NAS DOENÇAS REUMÁTICAS

AUTOIMUNES

Sandra Garcês,1 Ana Cristina Cordeiro,1

Fátima Godinho,1 José Canas da Silva1

1. Hospital Garcia de Orta

Objectivos: Discutir o actual papel da plasmaferesenas doenças reumáticas sistémicas auto-imunes. Material e Métodos: Apresentam-se quatro casosclínicos: dois de coagulação intravascular disse-minada (CID) em doentes com lúpus eritematoso

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sistémico (LES), um dos quais associado a síndro-me de anticorpos anti-fosfolípidos (SAFL) secun-dário; um caso clínico de púrpura trombóticatrombocitopénica (PTT) como forma de apresen-tação de LES e um caso de hemorragia alveolar nocontexto de doença mista do tecido conjuntivo(DMTC). Resultados: Homem de 17 anos, com LES diagnos-ticado na sequência de pancitopénia refractária àterapêutica imunossupressora. Instalação subse-quente de falência multiorgânica e discrasia he-morrágica com instalação de CID. Realizou plas-maferese com melhoria transitória dos parâme-tros hematológicos. Mulher de 24 anos, com LES eSAFL secundário, internada por anemia hemolíti-ca e trombocitopénia refractária à terapêutica imu-nossupressora e gamaglobulina ev. Por agrava-mento do quadro clínico e CID realizou 5 sessõesde plasmaferese com melhoria clínica e laborato-rial transitória. Mulher de 30 anos, com anemiahemolítica, trombocitopénia e convulsões tónico--clónicas generalizadas no contexto de PTT, asso-ciada a leucopénia, hipocomplementemia e ANASpositivos. Iniciou plasmaferese sem resposta ime-diata, pelo que se associou imunossupressão ad-juvante, com progressiva melhoria do quadro clí-nico. Mulher de 47 anos com DMTC, internada poranemia hemolítica e trombocitopénia de agrava-mento súbito, com quadro de hemorragia alveolarrefractário à terapêutica com corticóides, gama-globulina e ciclofosfamida. Inicia adicionalmenteplasmaferese, com resposta clínica favorável. Conclusões: Com o desenvolvimento de novas te-rapêuticas imunossupressoras a plasmaferese temsido utilizada como terapêutica de recurso nasdoenças auto-imunes. Nos casos descritos estamedida foi absolutamente determinante na me-lhoria clínica e laboratorial destes doentes, aindaque transitória em algumas situações. Os autorespretendem discutir o papel actual da plasmafere-se nestas situações emergentes.

P130 - ESTRATÉGIAS PASSIVAS DE COPING COM A

DOR CRÓNICA EM DOENTES REUMÁTICOS

Paula Oliveira,1 Paulo Monteiro,2

Margarida Coutinho,2 Maria João Salvador,2

Maria Emília Costa,1 Armando Malcata2

1. Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educaçãoda Universidade do Porto2. Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra

Objectivos: Avaliar em três grupos de doentes reu-máticos (artrite reumatóide, fibromialgia e osteo-artrose): - Se existem diferenças na utilização de es-tratégias passivas de coping com a dor crónica (es-pecificamente estratégias de afastamento, preo-cupação e repouso); - Associações entre estratégiaspassivas de coping e a percepção do estado de saú-de física e mental. Material e Métodos: O recrutamento da amostraocorreu no Serviço de Reumatologia dos HUC, en-tre Maio e Dezembro de 2007. Após serem informa-dos relativamente aos aspectos associados à par-ticipação no estudo os participantes foram sujei-tos às seguintes medidas de avaliação: Questioná-rio Sócio-Demográfico e Clínico (Oliveira & Costa,2005); Questionário de Formas de Lidar com a Dor(PCI; Kraaimaat & Evers, 2003; versão portuguesa:Oliveira & Costa, 2005), Questionário de Estado deSaúde (SF-36v.2; Centro de Estudos e Investigaçãoem Saúde, 1997). O tratamento estatístico dos da-dos foi realizado através do programa SPSS (Statis-tical Package for Social Sciences) – versão 13.Resultados: A amostra incluiu 31 doentes com ar-trite reumatóide (AR), 25 com fibromialgia (FM) e30 com osteoartrose (OA). A idade média situou--se nos 55,15 anos (entre os 23 e 80 anos). Em re-lação ao género, 77,9% são indivíduos do sexo fe-minino. A análise dos dados revelou que não foramencontradas diferenças significativas entre os gru-pos AR e OA em nenhuma das estratégias passivasde coping (afastamento, preocupação e repouso).Já o grupo de doentes com FM apresentou umamaior utilização das estratégias de afastamento,preocupação e repouso, comparativamente com ogrupo OA (pConclusões: O presente estudo sustenta a perti-nência de uma abordagem biopsicossosical naavaliação e intervenção junto do doente reumáti-co. Estes doentes poderão beneficiar de uma abor-dagem terapêutica multidisciplinar que incluauma intervenção no processo de coping com a dorcrónica, com vista a promover estratégias de co-ping eficazes e eliminar estratégias ineficazes, oque se reflectirá positivamente na sua qualidade devida.

P131 – EXTRAGLANDULAR ENVOLVEMENT IN

PRIMARY SJÖGREN'S SYNDROME – STUDY OF APORTUGUESE POPULATION

F Barcelos,1 J Vaz Patto,1 M Sousa,1 R Figueiredo,1

C Miguel,1 D Medeiros1, M Parente,1 A Teixeira1

1. Instituto Português de Reumatologia

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Objectivos: Sjögren’s syndrome (SS) is a chronicinflammatory disease characterized by lympho-cytic infiltration and auto-immune lesion of theexocrine glands. The salivary glands (SG) and thelachrymal glands are the most afflicted, originatingsymptoms of xerostomia and xerophtalmia, butother symptoms of glandular dysfunction includedry skin, vaginal dryness, and dry cough. Other ex-tra-glandular manifestations may occur, includingjoint pain or arthritis, chronic fatigue or fibromyal-gia, cutaneous lesions, Raynaud’s phenomenon(RP), pulmonary, neurological, renal, or gastro-in-testinal involvement, vasculitis and lymphoma.

Description of the extra-glandular manifesta-tions in patients with primary SS (pSS) consultedat the Portuguese Institute of Rheumatology.Material e Métodos: To evaluate retrospectively agroup of 103 patients with pSS, defined by the cri-teria of the «American-European ConsensusGroup».Resultados: The patients evaluated were mainlyfemale (101 – 98,1%), with mean age of 55,6 years± 12,0 (26-80), and evolution of the disease avera-ging 13,6 years ± 8,7 (1-37). Arthralgia were pre-sent in 99 patients (96,1%), of which 28 (27,2%)presented arthritis, 2 sacro-iliitis (3,1%) and 3 myo-sitis (3,3%). Fibromyalgia (FM) was present in 27patients (26,5%) and fatigue in 50%. RP occurredin 35 patients (35,4%) and oral ulceration in 13(14,4%). Cutaneous involvement occurred in 37patients (35,9%), distributed in the following man-ner: xerosis in 15 (16,7%), photosensitivity in 15(16,7%), rash in 11 (12,2%), annular lesions in 5(5,6%) and urticaria in 3 (3,3%). Chronic cough oc-curred in 26 patients (28,9%), obstructive changesin 6 (5,8%) and interstitial disease in 4 (3,9%). Pe-ripheral neuropathy occurred in 5 patients (5,6%)and ischaemic microembolic encephalopathy in 6(5,8%). Mild hepatic dysfunction was detected in8 patients (7,8%) and hepatitis in 1 (1,0%). Six pa-tients (5,8%) presented cutaneous vasculitis and 1(1,0%) with digital infarcts. No cardiac, renal, syste-mic vasculitis or lymphoprolipherative diseaseswere registered. Reference should also be made tothe presence of depression in 35 patients (34,7%),hypothyroidism in 10 (9,8%) and diabetes in 2(2,0%). Concomitant auto-immune disease waspresent in 12 patients (11,7%): tiroiditis (6), sarcoi-dosis (2), primary biliary cirrhosis (2), sclerosingcollangitis (1) and antiphospholipid syndrome (1).Antibody profile was as follows: anti-SSA in 80 pa-tients (77,7%), SSB in 55 (53,4%), ANA≥1/160 in 95

(93,1%), rheumatoid factor in 60 (63,2%), anti-RNPin 6 (7,2%), DNA in 5 (5,2%), Sm in 1 (1,2%) andanti-phospholipids in 8 (7,7%). Low complementwas present in 23 patients (24,5%), cryoglobulinsin 8 (14,3%) and increase gammaglobulin in 65(65,7%).Conclusões: In our series, extra glandular manifes-tations were very frequent. However we found alower frequency of renal involvement, vasculitisand lymphoma. Arthralgias and arthritis weremore frequent than expected, and in many caseswere the inicial presentation. There was also a highfrequency of FM and depression, and the involve-ment of the central nervous system (CNS) in 6 pa-tients is peculiar.

Conclusion: In pSS extra-glandular manifesta-tions are frequent, can involve various organs andsystems, and contribute to important morbidity. Acareful and regular evaluation is necessary for itsearly detection and treatment.

P132 – OBESITY AND BODY COMPOSITION

PARAMETERS IN SJÖGREN’S SYNDROME

Filipe Barcelos,1 Alexandra Cardoso,2

Rita Fernandes,2 José Vaz Patto,3 Luís Miranda,3

Ana Teixeira3

1. Rheumatology Intern2. Nutritionist3. Rheumatologist, Instituto Português de Reumatologia

Objectivos: Os parâmetros da composição corpo-ral são determinantes importantes da saúde gerale do risco cardiovascular de uma população. Osdoentes reumáticos estão também em risco au-mentado devido à inflamação crónica, emboradoenças como o Sindrome de Sjögren (SSp) não te-nham ainda atraído tanta atenção como a ArtriteReumatóide ou o Lupus Eritematoso Sistémico.Objectivos: Avaliação da prevalência de obesidadee análise da composição corporal no SSp.Material e Métodos: Foram avaliados 82 doentesde um único centro, tendo sido aferidos o Índicede Massa Corporal (IMC) e a composição corporalpela bioimpedância eléctrica. Foram determina-das a massa da gordura de corpo (MG), a massa li-vre de gordura (MLG) e a água corporal total(TBW). Foi definido Excesso de peso como IMC≥25Kg/m2, Obesidade como IMC ≥ 30Kg/m2, eObesidade de Peso Normal («Normal Weight Obe-sity» – Sindroma NWO) como IMC <25 e MG ≥30%.Resultados: A idade media foi de 58,2 ±11,8 anos.

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POSTERS

Sessenta e dois doentes (75,6%) tinham excesso depeso, 26 doentes eram Obesos (31,7%) e 7 doen-tes (8,5%) tinham Sindroma NWO. A MG média foide 32,3 ±6,4%, e 65 indivíduos (79,3%) tinham ex-cesso de gordura corporal. A composição de águacorporal foi em média de 49,5 ±4,7% e a MLG foide 67,7 ±6,4%. Considerando valores normais aci-ma de 60%, a maioria dos doentes (80 indivíduos- 97,6%) apresenta défice de água corporal. Mes-mo considerando limites mais baixos, como 55%ou 50%, a maioria ainda mantém valores baixos deágua corporal - 95,1% e 74,4% dos doentes, res-

pectivamente.Conclusões: A prevalência de excesso de peso eobesidade é significativa na nossa amostra de SSp.Estão também presentes importantes alteraçõesda composição corporal, como excesso de massagorda e e défice de água corporal. Serão necessa-ries mais estudos para aferir da eventual associa-ção entre o défice de água corporal e as manifes-tações de secura ou outros sintomas do SSp. Tam-bém consideramos importante a avaliação dosfactores de risco cardiovascular clássicos e emer-gentes no SSp.

SIMPÓSIOS-SATÉLITE

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X I V C O N G º P O R T U G U Ê S R E U M AT O L O G I A

S I M P Ó S I O S - S AT É L I T E

DIA 2 DE ABRIL • QUARTA-FEIRA

18h00 - 19h30 IBANDRONATO – NOVAS EVIDÊNCIAS DE EFICÁCIA ANTI-FRACTURÁRIACHAIRMAN:

Dr. Augusto Faustino, ReumatologistaInstituto Português de Reumatologia

Imagem e Laboratório na OsteoporoseDr. Augusto Faustino, Reumatologista

Instituto Português de ReumatologiaNutrição em Osteoporose

Dr. Custódio César, NutricionistaA Eficácia Anti-Fracturária do Ibandronato

Dr. Domingos Sebastião, Medical Manager RochePatrocínio Roche

DIA 3 DE ABRIL • QUINTA-FEIRA

12h30 - 14h00 BEST CHOICES, BETTER FUTUREPRESIDENTE:

Dr. José Canas da Silva, ReumatologistaHospital Garcia de Orta

BeSt Evidence, Better choicesProf. Doutor José António Pereira da Silva, Reumatologista

Hospitais da Universidade de CoimbraGolimumab: Moving ahead in TNF Blockade

Dr. Freddy CornillieCentocor

Patrocínio Schering-Plough

18h00 - 19h30 CELEBREX-LYRICA PAIN SYMPOSIUMCHAIRMAN:

João Eurico Fonseca, MD, PhD, RheumatologyHSM, Lisbon

SPEAKERS:Elham Rahme, PhD

Epidemiology, McGill University Health Centre, Montreal, Canada Thomas R. Tölle, MD, PhD

Neurology, Technical University, Munich 18:00h Opening Remarks

Prof. João Eurico Fonseca Risks and Benefits of COX-2 Inhibitors vs Non-Selective NSAIDs:Does their Cardiovascular Risk exceed their Gastrointestinal Benefit?

Prof. Elham Rahme painDETECT: a New Screening Questionnaire to Identify Neuropathic Components in Patients with Back Pain

Prof. Thomas R Tölle

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19:00h Discussion (Q&A) 19:30h Take Home Messages

Closing Remarks Prof. João Eurico Fonseca

Patrocínio Pfizer

19h30 - 20h30 CONFERÊNCIA «STRONTIUM RANELATE FLASHES: LATE BREAKING NEWS.RANELATO DE ESTRÔNCIO E NOVAS EVIDÊNCIAS»PALESTRANTE:

Prof.ª Neveen Hamdy Departamento de Endocrinologia e Doenças Metabólicas Leiden University Medical CenterHolanda

Patrocínio Servier

DIA 4 DE ABRIL • SEXTA-FEIRA

12h30 - 14h00 ESPONDILOARTROPATIAS SERONEGATIVAS – AVANÇOS NO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO COM HUMIRAPALESTRANTE:

Prof. Eduardo Collantes Estévez Serviço de Reumatologia do Hospital Universitário «Reina Sofía» Membro do Grupo ASAS.

Patrocínio Abbott

18h00 - 19h30 ABATACEPT – NOVO TRATAMENTO DA ARTRITE REUMATÓIDEABATACEPT – A NEW TREATMENT FOR RHEUMATHOID ARTHRITISMODERADOR /CHAIRPERSON:

Prof. Dr. João Eurico Cabral da Fonseca PALESTRANTES/FACULTY:

Prof. Dr. Luis Graça, MDDr. José Melo Gomes, MDDr. George Wells, MD

18h00 - 18h05 Abertura/OpeningProf. Dr. João Eurico Cabral da Fonseca

18h05 - 18h25 Abatacept – O Primeiro Modulador da Coestimulação das Células T/Abatacept – The First Modulator of T Cells Co-Stimulation

Prof. Dr. Luis Graça 18h25 - 18h45 Abatacept na Artrite Reumatóide – Desenvolvimento clínico /Abatacept in RA –

Clinical DevellopmentDr. José Melo Gomes

18h45 - 19h05 Para além das Tradicionais Medidas de Eficácia/Beyhond the Traditional Efficacy Measures

Dr. George Wells19h05 - 19h25 Discussão19h25 - 19h30 Encerramento

Prof. Dr. João Eurico Cabral da FonsecaPatrocínio BMS

SIMPÓSIOS-SATÉLITE

SIMPÓSIOS-SATÉLITE

DIA 5 DE ABRIL • SÁBADO

12h30 - 14h00 TRATAMENTO DA OSTEOPOROSE.NOVAS RECOMENDAÇÕES SOBRE VITAMINA DPRESIDENTE:

Prof José A Pereira da SilvaServiço de Reumatologia dos HUC

12h30 - 12h40 Introdução12h40 - 13h00 Tratamento da Osteoporose: Novos Paradigmas de Avaliação do Risco

Dr.ª Margarida Oliveira, ReumatologistaCentro Hospitalar da Cova da Beira

13h00 - 13h40 Papel do Fosavance no Tratmento Actual e Futuro da Osteoporose.Novas Recomendações sobre Vitamina D.

Dr.ª Cristina PericoDepartamento Médico MSD

13h40 - 13h50 Discussão13h50 - 14h00 Encerramento

Patrocínio MSD

229

ÓRGÃO OFICIAL DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE REUMATOLOGIA - ACTA REUMATOL PORT. 2008;33:227-229 (SUP)

ÓRGÃO OFICIAL DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE REUMATOLOGIA - ACTA REUMATOL PORT. 2008;33:230 (SUP)

230

X I V C O N G º P O R T U G U Ê S R E U M AT O L O G I A

E N C O N T R O S C O M A S A S S O C I A Ç Õ E S D E D O E N T E S

DIA 3 DE ABRIL • SALA LIRA

09h00 - 10h30 Associação Nacional dos Doentes com Artrites e Reumatismos de Infância (ANDAI)

11h00 - 12h30 Associação de Doentes com Lúpus 14h30 - 16h00 Associação Nacional de Doentes com Artrite Reumatóide (ANDAR) 16h30 - 17h50 Associação Nacional de Doentes com Espondilite Anquilosante (ANEA)

DIA 4 DE ABRIL • SALA LIRA

09h00 - 10h30 Liga Portuguesa Contra as Doenças Reumáticas (LPCDR) 11h00 - 12h30 Associação Nacional Contra a Fibromialgia e Síndrome de Fadiga Crónica

(MYOS) 14h30 - 16h00 Associação Nacional Contra a Osteoporose (APOROS) 16h30 - 18h00 Associação Portuguesa de Osteoporose (APO)

ÓRGÃO OFICIAL DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE REUMATOLOGIA - ACTA REUMATOL PORT. 2008;33:231 (SUP)

231

X I V C O N G º P O R T U G U Ê S R E U M AT O L O G I A

I N S C R I Ç Õ E S E C O N T A C T O S

n Organização do XIV Congresso Português de ReumatologiaSociedade Portuguesa de ReumatologiaRua de Dª. Estefânia, nº 177 1º D1000 -154 LisboaTel.: 21 353 43 95 Fax: 21 778 24 65Carmen Semedo: [email protected]: [email protected]: www.spreumatologia.pt

n Secretariado do XIV Congresso Português de ReumatologiaIdeias ao QuadradoIsabel MoitaRua Mariana Vilar, Bloco 1, Escritório 1AParque Colombo 1600-537 LisboaTel.: 21 712 10 10 Fax: 21 715 90 66E-mail: [email protected]

n Inscrições / AlojamentosIdeias ao QuadradoIsabel MoitaTel.: 21 712 10 10 Fax: 21 715 90 66E-mail: [email protected]

n Exposição TécnicaIdeias ao QuadradoPaulo MartinsTel.: 21 712 10 16 Fax: 21 715 90 66E-mail: [email protected]

n Reserva de SponsorizaçõesSociedade Portuguesa de ReumatologiaRua de Dª. Estefânia, nº 177 1º D1000 -154 LisboaTel.: 21 353 43 95 Fax: 21 778 24 65Carmen Semedo: [email protected]: [email protected]: www.spreumatologia.pt

MESAS-REDONDAS

MR11 – Artrite Reumatóide

MR11.1 – TRATAR HOJE A AR: OS FINS

JUSTIFICAM OS MEIOS? A VISÃO DO

REUMATOLOGISTA

Jaime C. BrancoServiço de Reumatologia do Hospital deEgas Moniz, Centro Hospitalar de LisboaOcidental, Lisboa.

MR11.2 – TRATAR HOJE A AR: OS FINS

JUSTIFICAM OS MEIOS? PERSPECTIVA DE

CUSTO-EFECTIVIDADE

Vasco A. J. MariaFaculdade de Medicina de LisboaPresidente do INFARMED

Os novos medicamentos biológicos utili-zados para tratar a AR são medicamentosde eficácia comprovada mas com um per-fil de reacções adversas que exige vigilân-cia. Atendendo à necessidade de um diag-nóstico correcto, à fase avançada da doen-ça e ao risco do próprio medicamento, asua prescrição deverá ser restrita a profis-sionais com treino e experiência no trata-mento desta doença.

O financiamento destes medicamentospelo Estado tem sido um tema em análisea nível mundial, estando longe de ser con-sensual. Sendo indiscutível a eficácia des-tes medicamentos, de acordo com os en-saios clínicos publicados, a sua relação emtermos de custo-efectividade é menos cla-ra. De acordo com alguns autores os estu-dos publicados apresentam resultados

muito díspares. A consideração de diferen-tes variáveis na análise (perspectiva, hori-zonte temporal, características da popula-ção, etc.) origina resultados que tanto po-dem concluir por um rácio custo-efectivi-dade dentro dos limites aceitáveis comopor um rácio muito além desses limites.Face a estes resultados verifica-se a opçãopela restrição da utilização a grupos quecomprovadamente possam beneficiar des-tas terapêuticas.

A utilização das técnicas de custo-efec-tividade surge num contexto de crescimen-to acentuado da despesa com medicamen-tos, num ambiente de recursos limitados,com necessidade de efectuar escolhas.

Em conclusão, e apesar de não se ques-tionar a eficácia destes medicamentos noâmbito dos ensaios clínicos, de forma a con-firmar que os meios estão a ser aplicadosaos melhores fins é imprescindível o conhe-cimento de resultados de efectividade, istoé, os resultados da utilização destes medica-mentos na prática clínica. Para tal é neces-sária a colaboração de todos os intervenien-tes (prescritores, sociedades científicas,doentes e suas associações, titulares de AIMe instituições envolvidas/interessadas).

MR11.3 – TERAPÊUTICA PERSONALIZADA

DA AR – TAILORING RA TREATMENT

Paul Peter TakDivision of Clinical Immunology andRheumatology. Academic Medical Center,University of Amsterdam. Amesterdão, Holanda.

ADENDA AO PROGRAMA