Acupuntura Auricular Para Redução de Stress

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  • 8/10/2019 Acupuntura Auricular Para Reduo de Stress

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    UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    ESCOLA DE ENFERMAGEM

    LEONICE FUMIKO SATO KUREBAYASHI

    AURICULOTERAPIA CHINESA PARA REDUODE ESTRESSE E MELHORIA DE QUALIDADE

    DE VIDA DE EQUIPE DE ENFERMAGEM:

    ENSAIO CLNICO RANDOMIZADO

    SO PAULO

    2013

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    LEO

    NICE

    FUMIK

    OSATO

    KUREB

    AYASHI

    AURICULOTERA

    PIACHINESAPARAREDUO

    DEESTRESSEEMELHORIAD

    E

    QUALIDADE

    DEVIDADEEQUIPEDEENFERMAGEM:ENSAIOCLNICO

    RANDOMIZADO

    DOUTORADO

    EEUSP 2013

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    LEONICE FUMIKO SATO KUREBAYASHI

    AURICULOTERAPIA CHINESA PARA REDUO

    DE ESTRESSE E MELHORIA DE QUALIDADE

    DE VIDA DE EQUIPE DE ENFERMAGEM:

    ENSAIO CLNICO RANDOMIZADO

    SO PAULO

    2013

    Tese apresentada ao Programa de Ps-Graduao na Faculdade de Enfermagempara obteno do ttulo de Doutora emEnfermagem.

    rea de Concentrao:PROESA: Programa de Ps-Graduao emEnfermagem na Sade do Adulto

    Orientador: Profa. Dra. Maria Jlia Paes daSilva

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    AUTORIZO A REPRODUO E DIVULGAO TOTAL OUPARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIOCONVENCIONAL OU ELETRNICO, PARA FINS DE ESTUDO EPESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

    Assinatura: _________________________________

    Data:___/____/___

    Catalogao na Publicao (CIP)Biblioteca Wanda de Aguiar Horta

    Escola de Enfermagem da Universidade de So Paulo

    Folha de aprovao de DoutoradoKurebayashi, Leonice Fumiko Sato

    Auriculoterapia chinesa para reduo de estressee melhoria de qualidade de vida de equipe de enfermagem:ensaio clnico randomizado / Leonice Fumiko SatoKurebayashi. -- So Paulo, 2013.

    275 p.

    Tese (Doutorado)Escola de Enfermagem daUniversidade de So Paulo.Orientadora: Prof Dr Maria Jlia Paes da Silvarea de concentrao: Sade do adulto

    1. Acupuntura 2. Medicina tradicional 3. Enfermagem4. Estresse 5. Qualidade de vida 6. TerapiasComplementares 7. Protocolos clnicos I.Ttulo.

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    Folha de aprovao de Doutorado

    Nome: Leonice Fumiko Sato Kurebayashi

    Ttulo: Auriculoterapia chinesa para reduo de estresse e melhoria

    de qualidade de vida de Equipe de Enfermagem: Ensaio Clnico

    Randomizado

    Tese apresentada ao Programa de Ps-Graduao da Escola de

    Enfermagem da Universidade de So Paulo para obteno de ttulo

    de Doutora em Enfermagem.

    Aprovado em: ____/_____/______

    Banca examinadora

    1. Prof. Dr._____________________ Instituio:_______________Julgamento:___________________ Assinatura:_______________

    2. Prof. Dr._____________________ Instituio:_______________

    Julgamento:___________________ Assinatura:_______________

    3. Prof. Dr._____________________ Instituio:_______________

    Julgamento:___________________ Assinatura:_______________

    4. Prof. Dr._____________________ Instituio:_______________

    Julgamento:___________________ Assinatura:_______________

    5. Prof. Dr._____________________ Instituio:_______________

    Julgamento:___________________ Assinatura:_______________

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    DEDICATRIA

    Dedico este trabalho minha linda famlia: Ademir, Ana Lcia,

    Henrique, Tinha, Lvia, Leonardo, Jamile, Ray que me incentivaram

    e apoiaram para vencer mais esta etapa de minha vida. Muito

    obrigada pelo carinho, pela pacincia de tantas noites e dias de

    ausncia e imerso no trabalho e porque faz valer a pena qualquer

    esforo quando se tem uma famlia to maravilhosa torcendo todos

    os dias pelo seu sucesso.

    Aos meus pais, que, apesar da distncia, permanecem

    sempre presentes em meu corao, em todos os momentos de

    dificuldade e de alegrias conquistadas. Ao meu pai por ter me

    ensinado a nunca desistir e sorrir diante das dificuldades, minha

    me que me ensinou com seu silncio amoroso como posso vencer

    as vicissitudes da vida, sem jamais perder o centro e a paz interior.

    amiga e orientadora Prof Dr Maria Jlia Paes da Silva,

    pelas orientaes, pela ateno to carinhosa na realizao de meu

    projeto pessoal, por ser esta pessoa sensvel e to imprescindvel a

    todos que a rodeiam.

    Finalmente, dedico o trabalho a Deus, aos meus grandes

    amigos espirituais que me inspiram e me orientam todos os dias,

    para que o meu percurso seja profundo em compreenso eaprendizado, mas suave em satisfao e amorosidade.

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    AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

    minha orientadora Profa. Dra. Maria Julia Paes da Silva,

    pela oportunidade que me concedeu, por ser ela prpria uma lio

    de vida, de humanidade, de humildade, de competncia, de amor

    pelo que faz e com quem faz. Sem sua presena e orientaes, o

    percurso teria sido longo e penoso e foi, com certeza, leve e

    prazeroso. Muito obrigada por tudo.

    Ao meu orientador do mestrado Prof. Dr. Genival Fernandes

    de Freitas, por sua sempre generosa e amorosa presena em minha

    vida, por aceitar o convite para participar do Exame de qualificao

    tornando possvel a continuidade do meu percurso no doutorado.

    Muito obrigada.

    Dra. Eliseth Ribeiro Leo, pela participao na banca do

    Exame de qualificao, por suas orientaes preciosas sempre to

    pertinentes e adequadas. Muito obrigada pela oportunidade de t-la

    como uma parceira de trabalho e pesquisa.

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    AGRADECIMENTOS

    minha famlia sempre, que o pilar de sustentao para a

    concretizao de meus sonhos pessoais, por meio da compreenso,

    do amor e das muitas horas de alegria e descontrao que me

    proporcionam.

    Aos meus queridos amigos de jornada, que me observam, me

    auxiliam, me impulsionam e acompanham, na constante busca de

    conhecimento, evoluo, paz, amor e luz. Obrigada Ricky Watari e

    Raymond Takiguchi, por suas fundamentais conversas e pela

    presena carinhosa e sbia destes meus dois grandes amigos e

    irmos de jornada. Obrigada ao meu Grupo Ibez.

    equipe de acupunturistas, que me auxiliaram na realizao deste

    projeto, por viabilizarem o estudo. Vocs estaro sempre no meu

    corao. Obrigada Ana Lucia Lopes Giaponesi, Hiroe Sakai,

    Adalberto Ionafa, Solange Scaramuzza, Mrcia Harumi Kina e Vera

    Rozanczyk.

    Equipe de Enfermagem do Hospital Samaritano pelo carinho com

    que nos receberam, pela participao no ensaio clnico, obrigada

    pela confiana depositada na auriculoterapia e em ns, terapeutas.

    Ao Hospital Samaritano, gerente executiva de Enfermagem DeniseCavallini Alvarenga e todas as pessoas que se envolveram no

    projeto.

    Agradeo, por fim, a Deus, pela possibilidade de completar esta

    trajetria tendo feito, sobretudo do processo, um grande exerccio de

    amadurecimento interior, de autoconhecimento das potencialidades

    e limitaes pessoais e de valorizao das muitas amizades e

    encontros durante o caminhar nesta estrada.

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    EPGRAFE

    Os homens perdem a sade para juntar dinheiro,

    Depois perdem o dinheiro para recuperar a sade.

    Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente...

    De forma que acabam por no viver nem no presente nem no futuro...

    E vivem como se nunca fossem morrer...

    E morrem como se nunca tivessem vivido.

    Dalai L ama

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    RESUMO

    KUREBAYASHI, LFS. Auriculoterapia chinesa para reduo deestresse e melhoria de qualidade de vida de Equipe de Enfermagem:Ensaio Clnico Randomizado[tese]. So Paulo: Escola deEnfermagem da Universidade de So Paulo; 2013.

    Introduo:A equipe de Enfermagem tem sido exposta a

    ambientes estressantes, submetida a condies de trabalho

    precrias. O estresse intenso e persistente pode desencadear

    doenas, prejudicando a qualidade de vida e produtividade doindivduo, o que gera interesse pela determinao de causas e

    mtodos de reduo. Pesquisar teraputicas de fcil aceitabilidade,

    acesso e adaptabilidade, pode causar impacto positivo sobre a vida

    desses profissionais, podendo refletir-se sobre a qualidade de

    atendimento oferecido. Este ensaio avaliou a eficcia da

    auriculoterapia quando aplicada com protocolo de pontos, conforme

    exigncias da pesquisa cientfica, e sem protocolo, semelhana daprtica clnica realizada no Oriente. Objetivos:Descrever os nveis

    de estresse da equipe de Enfermagem do Hospital Samaritano;

    Comparar a eficcia da auriculoterapia com e sem protocolo,

    descrever diagnsticos de Medicina Tradicional Chinesa (MTC) e

    pontos auriculares para estresse. Mtodo: 484 profissionais

    responderam ao questionrio de dados scio-demogrficos e Lista

    de Sintomas de Stress de Vasconcellos(LSS); 213 pessoas, commdio e alto estresse, foram randomizadas em grupo controle sem

    atendimento, protocolo e sem protocolo; 175 profissionais

    finalizaram 12 sesses, duas vezes por semana e foram avaliados

    no baseline, ps-tratamento e follow-up (30 dias) pela LSS,

    Inventrio de Sintomas de Stress da Lipp (ISSL), Instrumento de

    Qualidade de Vida (SF36v2) e Ficha de avaliao de MTC. O

    protocolo utilizado foi: Rim, Tronco Cerebral, Shenmen, Yang do

    Fgado 1 e 2. No grupo sem protocolo os aplicadores escolheram

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    cinco pontos conforme a evoluo dos sintomas. A coleta foi de

    novembro de 2011 a julho de 2012; sete acupunturistas experientes

    e formados na mesma escola participaram do estudo. A pesquisa foi

    aprovada pelo Comit de tica em Pesquisa da EEUSP e do

    Hospital. Resultados:A mdia de estresse de 484 profissionais foi

    de 46 pontos (nvel mdio). O perfil de profissional que apresentou

    nveis mais elevados de estresse foi: enfermeira (p=0,012), turno da

    manh, encarregada (p=0,022) e com doenas auto referidas

    (p=0,001). Na segunda fase, os dois grupos de interveno

    obtiveram diferenas quando comparadas ao grupo controle

    (p

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    ABSTRACT

    KUREBAYASHI, LFS. Chinese Auricular therapy to reduce stressand improve life quality of Nursing Team: Randomized Clinical Trial[thesis]. So Paulo: Nursing School of So Paulo University; 2013.

    Introduction: Hospitals Nursing Team have been exposed to highly

    stressful work environment and submitted many times to precarious

    work conditions and thus low quality of life. Easily acceptable,

    adaptable and accessible therapeutic research can have positive

    effects on the lives of these professionals, resulting also in theirimprovement in the quality of service provided. This study seeks to

    assess the efficiency of auriculotherapy point with protocol as

    required in scientific research, and the auriculotherapy with no

    protocol similar in clinical practice in eastern medicine. Objectives:

    Describe and investigate the stress levels of Samaritano Hospitals

    Nursing Team; Compare the effectiveness of Chinese Auricular

    Therapy performed with or without protocol; Describe the maindiagnosis of Chinese medicine for stress and efficiency of the

    selected points. Method: The socio-demographic questionnaire and

    Vasconcellos List of Stress Symptoms (LSS) were answered by 484

    professionals, 213 of whom had medium and high stress levels and

    were randomized into 3 groups: control (without treatment), with

    protocol and no protocol. Twelve sessions twice a week were held

    and only 175 professionals completed the treatment. Theseprofessionals were evaluated on the first and last day of the

    treatment and had a follow-up session after 30 days using LSS,

    Lipps Stress Symptoms Inventory (ISSL), Quality of Life Instrument

    (SF36v2) and MTC assessment form. The protocol used the

    following points: Kidney, Brain Stem, Shenmen, Liver Yang 1 and 2.

    In the group without protocol, the acupuncturists chose five points

    according to the development of the symptoms. Data compilation and

    the applications were carried out by seven acupuncturists, graduates

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    of the same school, who have professional experience in

    auriculotherapy, from November 2011 to July 2012. The study was

    approved by the Committee of Research Ethics of EEUSP and

    Hospital. Results: The 484 professionals reached an average stress

    level of 46 points. The professional profile to show higher stress

    levels was: nurse (p = 0.012), morning shift, in charge (p = 0.022)

    and those with declared diseases (p = 0.001). On the second phase,

    the two intervention groups presented differences once compared

    with the control group (p

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    LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1 - Ciclo de Gerao e Inibio de energia segundo

    Teoria dos Cinco elementos............................ 78

    Figura 2 - Padres de desequilbrio no Estresse segundo a

    Teoria dos Cinco Elementos.............................. 100

    Figura 3 - A figura do homem projetada na orelha............. 101

    Figura 4 - Zonas de projeo auriculares segundo tecidos

    embrionrios......................................................... 104

    Figura 5 - Os 30 pontos mestres propostos por Paul

    Nogier................................................................... 105

    Figura 6 - Mapa de auriculoterapia chinesa......................... 107

    Figura 7 - Lista de pontos de auriculoterapia chinesa.......... 108

    Figura 8 - Pontos auriculares para problemas emocionais.. 110

    Figura 9 - Fluxograma de participao dos sujeitos na

    segunda Fase...................................................... 120

    Figura 10 - Localizao de pontos do Grupo Protocolo

    (2)......................................................................... 124

    Figura 11 - Boxplot de nveis de estresse segundo o sexo

    feminino(1) e masculino(2). So Paulo,

    2012..................................................................... 134

    Figura 12 - Boxplot de escores de estresse segundo a

    varivel Cargo. So Paulo, 2012......................... 135

    Figura 13 - Boxplot dos nveis de estresse segundo

    presena (0) ou ausncia (1) de doenas autoreferidas. So Paulo, 2012.................................. 137

    Figura 14 - Fluxograma de participao dos sujeitos no

    Ensaio Clnico. So Paulo, 2012. 141

    Figura 15 - Percentual e localizao dos principais pontos

    do Grupo sem Protocolo. So Paulo, 2012.......... 210

    Figura 16 - reas responsivas ao estresse em 50 pacientes

    com, pelo menos, um sintoma de possvel

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    origem psicossomtica de acordo com

    Romoli(2010b)..................................................... 211

    Figura 17 - Pontos auriculares mais utilizados no grupo sem

    protocolo e inervaes regionais......................... 216

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    LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1 - Distribuio dos participantes segundo sexo.

    So Paulo, 2012................................................ 128

    Grfico 2 - Distribuio de frequncia segundo estado

    civil. So Paulo, 2012........................................ 130

    Grfico 3 - Evoluo dos nveis de estresse em 3 tempos,

    segundo 3 grupos. So Paulo, 2012................. 144

    Grfico 4 - Evoluo dos nveis de estresse(LSS) para 76

    sujeitos com estresse alto, segundo 3 grupos.So Paulo, 2012................................................ 147

    Grfico 5 - Evoluo dos nveis de estresse(LSS) para 99

    sujeitos com estresse mdio, segundo 3

    grupos. So Paulo, 2012................................... 149

    Grfico 6 - Evoluo dos nveis de estresse (LSS) para 52

    sujeitos com morbidades, segundo 3 grupos.

    So Paulo, 2012................................................ 150Grfico 7 - Evoluo dos nveis de estresse (LSS) de 123

    sujeitos sem morbidades, segundo 3

    grupos................................................................ 152

    Grfico 8 - Evoluo dos percentuais do domnio fsico da

    Fase de Alerta do ISSL nos 3 tempos,

    segundo 3 grupos. So Paulo,

    2012................................................................... 158

    Grfico 9 - Evoluo dos percentuais do domnio

    psicolgico da Fase de Alerta do ISSL nos 3

    tempos, segundo 3 grupos. So Paulo,

    2012. ................................................................. 158

    Grfico 10 - Evoluo dos percentuais do domnio fsico da

    Fase de Resistncia nos 3 tempos, segundo 3

    grupos. So Paulo, 2012................................... 161

    Grfico 11 - Evoluo dos percentuais do domnio

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    psicolgico da Fase de Resistncia nos 3

    tempos, segundo 3 grupos. So Paulo,

    2012................................................................... 162

    Grfico 12 - Evoluo das diferenas das mdias dos

    percentuais dos domnios fsico da Fase de

    Exausto, segundo 3 grupos. So Paulo,

    2012................................................................... 166

    Grfico 13 - Evoluo das diferenas das mdias dos

    percentuais dos domnios psicolgico da Fase

    de Exausto, segundo 3 grupos. So Paulo,

    2012.................................................................. 167Grfico 14 - Evoluo dos sintomas fsicos do SF36v2 nos

    3 tempos, segundo 3 grupos. So Paulo,

    2012.................................................................. 169

    Grfico 15 - Evoluo das mdias de sintomas fsicos (SF)

    e mentais (SM) do SF36v2, segundo 3 grupos.

    So Paulo, 2012................................................ 171

    Grfico 16 - Evoluo das mdias de CapacidadeFuncional, Aspecto Fsico, Dor e Estado Geral

    de Sade em 3 tempos, nos 3 grupos. So

    Paulo, 2012....................................................... 172

    Grfico 17 - Evoluo das mdias de Vitalidade, Aspecto

    social, emocional e Sade mental segundo os

    3 grupos. So Paulo,

    2012................................................................... 175Grfico 18 - Correlao entre o nmero de diagnsticos de

    MTC e pontos auriculares do Grupo sem

    protocolo. So Paulo,

    2012...................................................................

    .

    186

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Descritiva das caractersticas dos Cincoelementos................................................................ 76

    Tabela 2 - Mdia e Desvio-Padro das variveis: Idade,

    Tempo de servio no setor (meses), escore de

    estresse. So Paulo, 2012....................................... 129

    Tabela 3 - Frequncia e percentual dos sujeitos segundo os

    escores de estresse. So Paulo, 2012.................... 129

    Tabela 4 - Distribuio dos profissionais nos quatro turnos epercentuais segundo escores de estresse. So

    Paulo, 2012............................................................... 130

    Tabela 5 - Percentuais dos principais sintomas relatados

    segundo a LSS. So Paulo, 2012............................ 131

    Tabela 6 - Frequncia dos participantes e medianas dos

    nveis de estresse, segundo setores do Hospital.

    So Paulo, 2012...................................................... 132Tabela 7 - Teste de Mann-Whitney para Nveis de estresse,

    segundo a varivel Sexo. So Paulo, 2012............. 134

    Tabela 8 - Teste de Mann-Whitney para nveis de estresse,

    segundo a varivel Cargo. So Paulo, 2012........... 135

    Tabela 9 - Teste de Kruskall-Wallis para a varivel Turno,

    segundo escore de estresse. So Paulo, 2012....... 136

    Tabela 10 - Teste de Mann-Whitney para nveis de estresse,segundo presena ou ausncia de doenas auto

    referidas. So Paulo, 2012..................................... 137

    Tabela 11 - Distribuio da frequncia e percentual de

    indivduos, segundo categorias de idade e

    presena/ausncia de morbidade. So Paulo,

    2012......................................................................... 138

    Tabela 12 - Frequncia e Percentual de indivduos sem e com

    doena prvia segundo o tempo de trabalho no

  • 8/10/2019 Acupuntura Auricular Para Reduo de Stress

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    setor. So Paulo, 2012........................................... 138

    Tabela 13 - Correlaes de Spearman entre as variveis Idade

    e Nveis de estresse. So Paulo, 2012.................... 140

    Tabela 14 - Coeficiente de Correlao de Spearman entre as

    variveis Idade, Tempo de hospital e Tempo de

    Servio. So Paulo, 2012. ...................................... 140

    Tabela 15 - Descritiva e percentual de flutuao de sujeitos na

    pesquisa. So Paulo, 2012..................................... 141

    Tabela 16 - Frequncia e percentual das variveis scio-

    demogrficas dos 175 sujeitos. So Paulo, 2012.... 142

    Tabela 17 - Descritiva das mdias e desvio-padro dos nveisde estresse nos 3 tempos, segundo 3 grupos. So

    Paulo, 2012.............................................................. 143

    Tabela 18 - Tamanhos de efeito e percentual de mudana do

    tratamento nos 3 tempos, segundo 3 grupos. So

    Paulo, 2012............................................................. 144

    Tabela 19 - Descritiva das mdias de estresse e desvio padro

    de 76 sujeitos com estresse alto, segundo 3grupos. So Paulo, 2012......................................... 145

    Tabela 20 - Tamanhos de efeito e percentual de mudana do

    tratamento para sujeitos com estresse alto,

    segundo 3 grupos. So Paulo,

    2012.......................................................................... 146

    Tabela 21 - Descritiva das mdias e desvio padro de 99

    sujeitos com estresse mdio, segundo 3 grupos.So Paulo, 2012....................................................... 147

    Tabela 22 - Tamanhos de efeito e percentual de mudana do

    tratamento para sujeitos com estresse mdio,

    segundo 3 grupos. So Paulo, 2012......................... 148

    Tabela 23 - Descritiva dos nveis de estresse e desvio padro

    de 52 sujeitos com morbidades, segundo 3

    grupos.So Paulo, 2012............................................ 149

    Tabela 24 - Tamanho de efeito e percentual de mudana em 52

  • 8/10/2019 Acupuntura Auricular Para Reduo de Stress

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    Tabela 35 - Descritiva das mdias, desvio padro, intervalo de

    confiana dos percentuais do domnio psicolgico

    da Fase de Resistncia, segundo os 3 grupos. So

    Paulo, 2012............................................................... 160Tabela 36 - Tamanho de efeito e percentuais das mdias do

    domnio psicolgico da Fase de Resistncia,

    segundo 3 grupos. So Paulo, 2012......................... 161

    Tabela 37 - Descritiva das mdias, desvio padro, intervalo de

    confiana dos percentuais do domnio fsico e

    psicolgico da Fase de Quase exausto, segundo

    os 3 grupos. So Paulo, 2012................................... 163Tabela 38 - Descritiva das mdias, desvio padro, intervalo de

    confiana dos percentuais do domnio fsico da

    Fase da exausto, segundo os 3 grupos. So

    Paulo, 2012............................................................... 164

    Tabela 39 - Tamanho de efeito e percentuais das mdias do

    domnio fsico da Fase de Exausto, segundo 3

    grupos. So Paulo, 2012.......................................... 165Tabela 40 - Descritiva das mdias, desvio padro, intervalo de

    confiana do domnio psicolgico da Fase de

    Exausto. So Paulo, 2012...................................... 165

    Tabela 41 - Tamanho de efeito e percentuais das mdias do

    domnio psicolgico do Questionrio 3, segundo 3

    grupos. So Paulo, 2012........................................... 166

    Tabela 42 - Descritiva de mdias, desvio padro e intervalo deconfiana dos domnios fsico e mental, segundo 3

    grupos. So Paulo, 2012........................................... 168

    Tabela 43 - Tamanho de efeito e percentuais das mdias do

    domnio fsico do SF36v2 nos 3 tempos, segundo 3

    grupos. So Paulo, 2012........................................... 169

    Tabela 44 - Teste Post Hoc para sintomas mentais do SF36v2

    das diferenas entre grupos, segundo 3 tempos.

  • 8/10/2019 Acupuntura Auricular Para Reduo de Stress

    22/277

    So Paulo, 2012........................................................ 170

    Tabela 45 - Tamanho de efeito e percentuais do domnio

    mental do SF36v2 nos 3 tempos, segundo 3

    grupos. So Paulo, 2012........................................... 170

    Tabela 46 - Descritiva da evoluo das mdias e desvio-padro

    dos 8 domnios do SF36v2, segundo 3 momentos.

    So Paulo, 2012........................................................ 172

    Tabela 47 - Tamanho de efeito e percentuais das mdias da

    Capacidade funcional do SF36v2, segundo 3

    grupos.So Paulo, 2012............................................ 173

    Tabela 48 - Tamanho de efeito e percentuais das mdias da

    Dor (SF36v2), segundo 3 grupos. So Paulo,

    2012........................................................................... 174

    Tabela 49 - Tamanho de efeito e percentuais das mdias do

    Estado Geral de Sade (SF36v2), segundo 3

    grupos. So Paulo, 2012........................................... 175

    Tabela 50 - Tamanho de efeito e percentuais das mdias da

    Vitalidade (SF36v2), segundo 3 grupos. So Paulo,

    2012........................................................................... 176

    Tabela 51 - Tamanho de efeito e percentuais das mdias do

    Aspecto Social (SF36v2), segundo 3 grupos. So

    Paulo, 2012............................................................... 177

    Tabela 52 - Tamanho de efeito e percentuais das mdias do

    Aspecto Emocional (SF36v2), segundo 3 grupos.

    So Paulo, 2012........................................................ 177

    Tabela 53 - Tamanho de efeito e percentuais das mdias da

    Sade Mental (SF36v2), segundo 3 grupos. So

    Paulo, 2012............................................................... 178

    Tabela 54 - Descritiva de percentuais dos principais

    diagnsticos de excesso energtico dos

    meridianos. So Paulo, 2012.................................... 179

    Tabela 55 - Descritiva de percentuais dos principais

  • 8/10/2019 Acupuntura Auricular Para Reduo de Stress

    23/277

    diagnsticos de deficincia energtica dos

    meridianos. So Paulo, 2012.................................... 179

    Tabela 56 - Tamanho de efeito, percentual de mudana e

    possveis diagnsticos de MTC dos sintomas mais

    responsivos aps o tratamento em 117 sujeitos.

    So Paulo, 2012........................................................ 182

    Tabela 57 - Tamanho de efeito, percentual de mudana dos

    principais sintomas responsivos do Questionrio 2

    (ISSL) e possveis diagnsticos de MTC

    relacionados. So Paulo, 2012................................. 183

    Tabela 58- Percentual de incidncia de pontos auriculares doGrupo sem protocolo.So Paulo, 2012..................... 184

    Tabela 59 - Descritiva dos pontos auriculares relacionados aos

    diagnsticos de MTC. So Paulo, 2012.................... 185

    Tabela 60 - Teste de Correlao de Pearson entre o nmero de

    pontos e de diagnsticos de MTC. So Paulo,

    2012........................................................................... 186

    Tabela 61 - Teste de Correlao de Spearman entre LSS eISSL nos 3 momentos. So Paulo,

    2012........................................................................... 187

    Tabela 62 - Teste de Correlao de Spearman entre ISSL e

    SF36v2. So Paulo, 2012......................................... 188

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    24/277

    SUMRIO

    1

    Introduo 27

    2 Objetivos.. 32

    3 Referenciais Tericos 34

    3.1. Medicina Clssica Chinesa e Medicina Tradicional

    Chinesa..................................................................................... 35

    3.2 Prticas integrativas e complementares: Definies e

    Classificaes............................................................................ 37

    3.3 Paradigma holstico na sade e interfaces entre a

    Enfermagem e Medicina Tradicional Chinesa........................... 43

    3.4 O papel das prticas baseadas em evidncias (PBE) na

    Enfermagem, na Acupuntura e na Auriculoterapia.................... 54

    3.5 O estresse laboral e a qualidade de vida............................ 59

    3.6 Fisiopatologia do estresse e suas fases............................. 64

    3.7 Fundamentos da Medicina Tradicional Chinesa.................. 69

    3.7.1 Os tipos constitucionais e os Cinco Elementos................ 72

    3.7.2. Os Cinco Elementos e as caractersticas de cada

    elemento................................................................................. 74

    3.7.3 Inter-relaes dos Cinco Elementos.............................. 77

    3.7.4 Os rgos (Zang) e as Vsceras (Fu)............................ 79

    3.7.5 Causas das doenas segundo a Medicina Tradicional

    Chinesa.................................................................................... 88

    3.7.6 Padres de desequilbrio do Estresse segundo a

  • 8/10/2019 Acupuntura Auricular Para Reduo de Stress

    25/277

    Medicina Tradicional Chinesa (MTC)....................................... 91

    3.7.7 Justificativa para a escolha dos padres de

    desequilbrio............................................................................ 96

    3.8 Auriculoterapia Francesa e Acupuntura Auricular

    Chinesa.................................................................................... 100

    3.8.1. Breve histrico de auriculoterapia................................. 101

    3.8.2 Pontos auriculares para problemas emocionais............. 109

    3.8.3 Indicaes e Contraindicaes da auriculoterapia........ 111

    3.8.4 A acupuntura auricular como diagnstico...................... 112

    4 Hipteses do estudo............................................................... 115

    5 Mtodo e Casustica................................................................ 116

    5.1 Tipo de Pesquisa............................................................... 116

    5.2 Local de estudo................................................................. 116

    5.3 Amostra............................................................................. 118

    5.4 Instrumentos de Coleta de Dados....................................... 120

    5.5 Coleta de Dados................................................................ 122

    5.6 Anlise estatstica.............................................................. 125

    6 Resultados............................................................................... 128

    6.1 Resultados da primeira fase............................................... 128

    6.1.1 Descritiva dos dados scio-demogrficos....................... 128

    6.1.2 Testes de Inferncia estatstica entre nveis de estresse

    e variveis scio-demogrficas.................................................

    133

    6.1.3 Testes de Correlao entre variveis ordinais scio-

  • 8/10/2019 Acupuntura Auricular Para Reduo de Stress

    26/277

    demogrficas............................................................................. 139

    6.2 Resultados da segunda fase: evoluo dos nves de

    estresse (LSS)...........................................................................

    6.2.1 Fluxograma de participao dos sujeitos no Ensaio

    Clnico........................................................................................

    140

    140

    6.2.2 Anlise intergrupos e evoluo dos nveis de estresse

    segundo a LSS.......................................................................... 142

    6.2.2.1 Evoluo do tratamento dos sujeitos com estresse alto

    e mdio..................................................................................... 145

    6.2.2.2 Anlise dos nveis de estresse (LSS) segundo sujeitoscom morbidade ou sem morbidade prvia............................... 149

    6.3 Resultados da segunda fase: nveis de estresse (ISSL)..... 154

    6.3.1 Descritiva dos nveis de estresse segundo o ISSL........... 154

    6.3.2 Anlise intergrupos e evoluo dos nveis de estresse

    segundo os 3 questionrios do ISSL nos domnios fsico e

    psicolgico................................................................................. 154

    6.4 Resultados da segunda fase: SF36V2................................ 167

    6.4.1 Anlise e evoluo dos domnios fsico e mental

    segundo SF36V2....................................................................... 167

    6.4.2 Evoluo de cada aspecto do domnio fsico do SF36v2. 171

    6.4.3 Evoluo de cada aspecto do domnio mental do

    SF36v2...................................................................................... 175

    6.5 Resultados da segunda fase: Diagnsticos de MTC

    encontrados............................................................................ 178

    6.5.1 Principais padres de Excesso e Deficincia nos

    meridianos................................................................................. 178

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    27

    1 INTRODUO

    Com base nos resultados positivos alcanados em um estudo

    preliminar realizado de Janeiro a Fevereiro de 2010, intitulado

    Aplicabilidade da auriculoterapia com agulhas ou sementes

    para diminuio de estresse em profissionais de Enfermagem

    no Hospital Universitrio (Kurebayashi, Gnatta, Borges et al, 2012a),

    emergiu esta pesquisa, a fim de dar continuidade ao primeiro estudo,

    com uma amostragem mais representativa e com um desenho que

    permitisse aprofundar os estudos sobre a eficcia da auriculoterapia

    chinesa com agulhas semipermanentes para a reduo de estresse

    e consequente melhoria da qualidade de vida dos profissionais de

    Enfermagem.

    O presente ensaio clnico pretende, sobretudo, comparar os

    resultados da tcnica com o uso de protocolo fechado de pontos j

    previamente testado e um grupo sem protocolo. Tal delineamento de

    pesquisa se prope a aprofundar os debates sobre a importncia daadequao da abordagem cientfica ocidental na pesquisa de uma

    racionalidade mdica distinta da ocidental, proveniente da cultura

    oriental chinesa. Sabe-se que o protocolo constitui um passo

    importante na realizao da pesquisa cientfica e fundamental na

    anlise da eficcia de uma dada tcnica, medicamento ou

    procedimento. O protocolo permite maior rigor observao de

    variveis, possibilita a reprodutibilidade do estudo, trazendoconfiabilidade aos resultados e seria impensvel um ensaio clnico

    sem a definio de protocolos (Cummings, Grady, Hulley, 2008; Lao,

    Ezzo, Berman et al, 2005).

    Mas, a transferncia da concepo ocidental de pesquisa nem

    sempre parece ser consonante com os princpios que fundamentam

    as terapias alternativas e complementares (Richardson, 2000). J

    em 1997, Nguyen (1997) trouxe uma importante reflexo sobre a

  • 8/10/2019 Acupuntura Auricular Para Reduo de Stress

    30/277

    28

    ocidentalizao da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), a partir de

    uma tendncia a reduzir a arte da acupuntura1a receitas rgidas. Os

    trabalhos de pesquisa podem comprovar, em parte, a eficcia dos

    pontos mas no representam a verdadeira acupuntura, por

    negligenciarem a perspectiva holstica dessa prtica. Na opinio

    desta pesquisadora, tende-se a perder, pouco a pouco, a

    capacidade de raciocinar e pensar segundo a MTC, em benefcio de

    uma prtica que se quer cientfica, fundamentada em comprovaes.

    Estas discusses trouxeram um novo desafio para praticantes,

    profissionais e pesquisadores: o de encontrar evidncias desegurana e eficcia das terapias complementares, por meio de

    modelos de pesquisa que fossem mais adaptados realidade

    prpria dessas prticas, da qual a auriculoterapia integrante.

    Portanto, este foi o estopim motivador desta pesquisa: buscar avaliar

    a auriculoterapia realizada sem protocolo fechado, como geralmente

    tem sido realizada por muitos praticantes desta arte,

    comparativamente aos resultados positivos j encontrados em

    prvias pesquisas com um protocolo de pontos fechado. Tal

    protocolo foi gerado a partir de um estudo de possveis diagnsticos

    de MTC, com base na literatura e em sintomas e sinais observveis

    de estresse.

    Os padres de desequilbrio energtico so definidos a partir

    de manifestaes clnicas, sinais e sintomas que os caracterizam,

    permitindo estabelecer pontos gerais aplicveis e recomendveispara o restabelecimento do equilbrio de um sistema energtico

    (Maciocia, 2007). Observa-se o frequente uso e indicaes de

    protocolo de pontos, quando os padres de desequilbrio a partir da

    MTC esto bem definidos, podendo tambm haver a individualizao

    _______________________1

    Onde houver acupuntura, leia-se tambm acupuntura auricular ouauriculoterapia, pois so tcnicas coadjuvantes que partem dos mesmosfundamentos de MTC.

  • 8/10/2019 Acupuntura Auricular Para Reduo de Stress

    31/277

    29

    do tratamento, com a readaptao dos pontos na dependncia dos

    resultados e do seguimento do tratamento. Assim tem sido praticada

    ao longo de milnios pela cultura chinesa (Birch e Felt, 2002a).

    Quanto auriculoterapia, duas principais linhas se

    desenvolveram, a partir de meados do sculo XX, uma francesa e

    uma chinesa. Neste estudo foi escolhida a auriculoterapia chinesa,

    que est baseada nos preceitos da filosofia chinesa e que exige para

    a sua prtica, prvio domnio dos conhecimentos advindos dessa

    medicina, formas de diagnstico e experincia tcnica para execut-

    la.Os conceitos e bases terico-prticas que fundamentam a

    acupuntura e a auriculoterapia apresentaram-se heterogneos

    histrica e regionalmente. H ainda pouco consenso nos diversos

    pases entre os critrios de avaliao energtica e de escolha de

    pontos, o que dificulta em grande parte a realizao de estudos que

    exigem padronizao, protocolos e randomizaes (Birch e Lewith,

    2007).

    Alguns aspectos precisam ser revistos e amadurecidos

    quando se trata de criar protocolos para essas prticas: avaliao da

    experincia do pesquisador e formao, o nmero de sesses

    recomendveis, as formas de aplicao da acupuntura, as

    dificuldades em se realizar um ensaio clnico com duplo cego, o

    grupo controle, o efeito placebo e a acupuntura sham2(Stux e Birch,

    2005).

    Embora existam distintos modelos de prticas de acupuntura

    na histria e regionalismos culturais, de fato, h algo de muito

    comum a todas elas: o papel primordial de prevenir doenas e

    promover a sade. O foco da filosofia e da teraputica chinesa

    clssica o de promover a melhor adaptao possvel do indivduo

    ao meio que o cerca, contando, para isso, com a participao

    _____________________

    2Pontos que no tem indicao para o tratamento proposto.

  • 8/10/2019 Acupuntura Auricular Para Reduo de Stress

    32/277

    30

    consciente do paciente no processo de manuteno e

    responsabilidade sobre a sua prpria sade (Capra, 2006a). Um

    trecho colhido do primeiro livro de medicina interna na China, sobre

    a importncia da preveno da sade, exemplifica tal ponto de vista:

    Administrar remdios para doenas que j sedesenvolveram[...] comparvel ao comportamentodaquelas pessoas que comeam a cavar um poo muitodepois de terem ficado com sede, e daquelas quecomeam a fundir armas depois de j terem entrado nabatalha. No seriam essas providncias excessivamentetardias? (Nei Jing3apudCapra, 2006a, p.309).

    Quanto preveno da sade, observa-se na atual sociedade

    que um dos principais fatores de elevao dos riscos de

    adoecimento o estresse, atingindo um marco de 40% da

    populao de So Paulo (Lipp, 2004). O estressepode, alm de ter

    um efeito desencadeador do desenvolvimento de inmeras doenas,

    propiciar um prejuzo para a qualidade de vida e a produtividade do

    ser humano, o que gera grande interesse das empresas e da

    sociedade para a determinao de suas causas e pela busca de

    mtodos de sua reduo (Sadir, Bignotto, Lipp, 2010).

    Indaga-se, portanto, se necessrio que aqueles que

    prestam cuidados e assistncia aos pacientes, estejam equilibrados

    e saudveis para a realizao de suas atividades. A equipe de

    Enfermagem tem sido exposta a ambientes de trabalho pouco

    saudveis, submetidos, muitas vezes, a condies de trabalho

    precrias, com baixa qualidade de vida (Fugulin, Gaidzinski,

    Kurcgant, 2003). O ambiente hospitalar reconhecido comofrequentemente insalubre, penoso e tambm perigoso para aqueles

    que ali trabalham. um local privilegiado para o adoecimento devido

    aos riscos ocupacionais, biolgicos, qumicos, fsicos e psicossociais.

    Estas condies determinam um ambiente propcio ao

    _____________________

    3

    The Yellow Emperors Classic of Internal Medicine-Simple Questions (Huang TiNei Jing Su Wen). Peoples Health Publishing House, Beijing, primeira publicaoa.C. 100.

  • 8/10/2019 Acupuntura Auricular Para Reduo de Stress

    33/277

    31

    desenvolvimento de transtornos mentais, como ansiedade,

    depresso e estresse (Pitta, 1999).

    A organizao dos servios de Enfermagem em regimes de

    turnos e plantes, com excessiva carga de trabalho, limitado nmero

    de profissionais, problemas relacionais verticais e horizontais,

    desgaste psicoemocional decorrentes do lidar diariamente com a

    morte e as perdas, potencializam os danos integridade fsica (Elias,

    Navarro, 2006). De fato, no ambiente hospitalar, a Enfermagem

    responsvel por 65% das aes de sade (COFEN, 2013) e 70,7%

    dos servios prestados pela categoria esto em unidades

    hospitalares, ficando a cargo dos auxiliares e tcnicos a maior parteda fora de trabalho. Ressalte-se que, em 1988, a Enfermagem foi

    classificada pela Health Education Authoritycomo a quarta profisso

    mais estressante no setor pblico (Delgado e Oliveira, 2005).

    Com base nessas informaes, enfatiza-se a importncia da

    preveno da sade, de medidas que auxiliem o enfrentamento dos

    mltiplos desafios que so muitas vezes externos vontade do

    trabalhador, mas que interferem demasiadamente em suascondies psquicas e fisiolgicas. Para a obteno de uma

    condio energtica mais equilibrada e estvel, requisito este

    necessrio para a no manifestao de doenas, a auriculoterapia

    pode ser uma prtica no convencional de grande aceitabilidade,

    segurana e eficcia, pelo reconhecimento de seus efeitos positivos

    em distrbios fsicos, psquicos e mentais (Kurebayashi, Gnatta,

    Borges et al, 2012a).

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    34/277

    32

    2 OBJETIVOS

    2.1 OBJETIVOS GERAIS

    Descrever e investigar os nveis de estresse da equipe de

    Enfermagem do Hospital e suas correlaes com variveis

    scio-demogrficas da equipe de Enfermagem;

    Analisar a aplicabilidade da auriculoterapia chinesa com

    protocolo fechado e sem protocolo para reduo dos nveis de

    estresse e melhoria de qualidade de vida;

    Averiguar os principais diagnsticos de Medicina Tradicional

    Chinesa para estresse e a aplicabilidade e eficcia dos pontos

    auriculares escolhidos;

    2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS

    Caracterizar sociodemograficamente a equipe de

    Enfermagem do Hospital;

    Descrever o perfil sociodemogrfico e de sade dos

    profissionais que sofrem de nveis mais elevados de estresse;

    Avaliar os resultados obtidos antes e aps 12 sesses de

    tratamento, follow-up de 30 dias e comparar os resultados

    entre o grupo protocolar fechado, grupo sem protocolo e

    grupo controle na reduo dos nveis de estresse segundo

    Lista de Sintomas de Stress (LSS) de Vasconcellos,

    Inventrio de Sintomas de Stress da Lipp (ISSL) e melhoria

    de qualidade de vida segundo SF36V2;

    Verificar as associaes entre variveis como presena de

    morbidade e diferentes nveis de estresse e avaliar a

    responsividade destes diferentes grupos ao tratamento;

    Verificar correlaes de estresse e de qualidade de vida nos

    domnios fsico e psicolgico;

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    33

    Listar os principais sintomas de estresse, relacion-los com

    os diagnsticos de MTC e compar-los aos pontos auriculares

    escolhidos.

  • 8/10/2019 Acupuntura Auricular Para Reduo de Stress

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    34

    3 REFERENCIAIS TERICOS

    Para obter a argamassa necessria para a construo e

    maturao de ideias e propostas que tangenciem esses dois campos

    distintos do saber, a auriculoterapia chinesa e a Enfermagem, alguns

    referenciais tericos podem nos auxiliar a delimitar o presente

    estudo, a comear por definies, classificaes, terminologias em

    uso sobre prticas integrativas e complementares, que de alguma

    forma refletem mudanas conceituais acerca das distintas

    racionalidades mdicas4e dilemas tico-legais quanto ao exerccio

    destas prticas no Brasil. Prope-se uma reflexo sobre oparadigma holstico na sade, possveis interfaces entre os

    fundamentos terico-filosficos da Enfermagem e MTC, um breve

    histrico sobre a auriculoterapia francesa e acupuntura auricular

    chinesa, suas diferenas conceituais, indicaes e contraindicaes.

    Ser feita uma discusso sobre o papel das Prticas Baseadas em

    Evidncias (PBE) na Enfermagem, na Acupuntura e Auriculoterapia

    e as pesquisas que tm sido realizadas na rea. Buscar-se-entender a fisiopatologia, as fases do estresse, suas consequncias

    sobre a qualidade de vida e, finalmente, avaliar segundo o olhar

    chins, o evento do estresse e os principais padres de desequilbrio

    pela MTC implicados.

    Est no bojo da questo o debate sobre o processo de

    incorporao de uma prtica de sade oriental que passa por uma

    atualizao ocidental e que ao transformar-se, acultura-se,

    modifica-se ganhando novas vestes, teorias e ressignificaes. As

    prticas oriental e ocidental de sade partem de fundamentos

    distintos e cautela h que se ter para no reduzir e sintetizar a

    ____________________

    4Definida por Luz (1997) como um sistema lgico e terico estruturado em cinco

    dimenses: a doutrina mdica, a morfologia, uma dinmica vital, um sistema dediagnose e um sistema de teraputica.

  • 8/10/2019 Acupuntura Auricular Para Reduo de Stress

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    35

    riqueza e complexidade da medicina clssica oriental, que tem seu

    prprio cabedal de conhecimentos, teorias e prticas.

    3.1 MEDICINA CLSSICA CHINESA E MEDICINA

    TRADICIONAL CHINESA

    A medicina chinesa no foi sempre homognea e a mais

    importante mudana paradigmtica pela qual historicamente passou,

    teve seu ponto alto a partir das mudanas polticas e ideolgicas do

    comunismo (Birch e Felt, 2002a).

    Em anlise realizada sobre a homogeneizao da medicinachinesa, pode-se afirmar que tal processo teve incio a partir da

    retomada da medicina popular por Mao Ts Tung, na Repblica

    Popular da China. A medicina chinesa transitou de um paradigma

    mstico e ritualstico para outro mais ocidentalizado e o processo de

    padronizao da Medicina Clssica tem sido discutido por

    importantes historiadores da medicina chinesa, Unschuld (1985) e

    Birch e Felt (2002a).O estudo realizado por Souza (2008) sobre as diferenas entre

    a medicina antigamente realizada na China e a medicina propalada

    a partir da Repblica Popular da China de profunda relevncia

    para a compreenso do que hoje reconhecemos por Medicina

    Tradicional Chinesa no Ocidente. Segundo esse autor, o

    reavivamento da acupuntura e da MTC a partir de meados do sculo

    XX, deu-se por uma necessidade social, poltica e econmica de umpas que se encontrava em absoluta pobreza e misria. Por razes

    polticas, ideolgicas e paradigmticas, as concepes fundamentais

    da Medicina Clssica passaram por um processo de modificao,

    excluso e reduo, sendo enfatizados aspectos relacionados com o

    paradigma biomdico ocidental, essencialmente voltado para a cura

    de doenas. O trabalho desse autor consistiu exatamente em buscar

    analisar o modelo de preveno e promoo de sade, outrora

    fundamentais para a Medicina Clssica Chinesa e compreender o

  • 8/10/2019 Acupuntura Auricular Para Reduo de Stress

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    37

    depende da mensurao objetiva de dados, que so colhidos por

    instrumentos de alta tecnologia.

    Tais aspectos so considerados no presente estudo, pois

    espelham as atuais inquietaes no campo das prticas no

    convencionais e, em especial, da acupuntura e auriculoterapia,

    quanto aos distintos olhares, percepes, filosofias e conceituaes

    desenvolvidas concomitantemente no Mundo hoje. No se pretende,

    porm, ser definitiva e conclusiva a discusso quanto relevncia

    da auriculoterapia protocolar ou no protocolar, individualizada. A

    proposta exatamente a de levantar questes, desvelar percepes,

    aprofundar entendimentos e ampliar horizontes. Mesmo porque,ambas as abordagens tm apresentado resultados que

    entusiasmam seus praticantes e no so necessariamente

    excludentes e conflitantes.

    Intenciona-se buscar encontrar, semelhana da cultura

    oriental, no dizer de Birch e Felt (2002a) e inspirada no Taosmo (Wu,

    2001), um caminho de aproximao entre diferentes, que permita a

    integrao em meio diversidade de tcnicas, opinies e princpiosna direo de um novo conhecimento que flua multifacetado, porm

    integrado e contextualizado.

    3.2 PRTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES:

    DEFINIES E CLASSIFICAES

    Merece ateno uma breve justificativa sobre a terminologiaaqui utilizada. So mltiplas as nomenclaturas encontradas

    mundialmente para designar Prticas Integrativas e

    Complementares.

    Originalmente o termo Medicina Alternativa foi um termo

    institucional enunciado pela Organizao Mundial da Sade (OMS),

    em 1962, como uma prtica aliada a um conjunto de saberes

    mdicos tradicionais (Luz, 2005). Neste contexto, em 2002, a OMSdefiniu como Medicina Tradicional (MT), no plano estratgico

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    para 2002-2005 de Medicina Tradicional, toda e qualquer prtica de

    sade que considerada tradicional em dado lugar e que constitui a

    base para a medicina oferecida naquele pas (WHO, 2002). Dentro

    da estrutura do Instituto Nacional de Sade (NIH), o Congresso dos

    Estados Unidos criou, em 1992, o Centro Nacional para a Medicina

    Complementar e Alternativa(NCCAM, 2007). Em Cuba, a partir de

    1996, impulsionou-se o desenvolvimento das tcnicas

    complementares e, em 2002, foram incorporadas como

    especialidades no Sistema Nacional de Sade, denominado

    Medicina Tradicional Natural(MTN) (Cuba, 1995).

    No Sistema nico de Sade (SUS), no Brasil, vrios so osdocumentos que surgiram ao longo da histria para a introduo

    dessas prticas:

    em 1986, na VIII Conferncia Nacional de Sade,

    deliberou-se a introduo de prtic as alternativ as de

    assistncia sade nos servios de sade (Brasil,

    1986);

    em 1988, as resolues da Comisso Interministerialde Planejamento e CoordenaoCIPLANn 4,5,6,7

    e 8/88 fixaram diretrizes para o atendimento em

    homeopatia, acupuntura6, termalismo, fitoterapia e em

    tcn ic as al te rn ati vasde sade mental (Brasil, 1988);

    em 1995, a formao do Grupo Assessor Tcnico-

    cientfico em Medici nas no-Con venc ion ais, editada

    pela ento Secretaria Nacional de Vigilncia Sanitriado Ministrio de Sade (hoje, Agncia Nacional de

    Vigilncia Sanitria/ANVISA)(Brasil, 1995);

    em 1996, a X Conferncia Nacional de Sade aprovou,

    em relatrio final, a incorporao ao SUS, em todo o

    pas, de prticas de sade como a fitoterapia, a

    ______________________

    6A auriculoterapia ou acupuntura auricular uma tcnica coadjuvante

    acupuntura sistmica e pode ser inserida conjuntamente com a acupuntura.

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    acupuntura e homeopatia, contemplando as terapias

    altern ativas e prtic as po pu lares(Brasil, 1996);

    em 2003, deu-se a constituio do Grupo de Trabalho

    no Ministrio da Sade, com o objetivo de elaborar a

    Plano Nacional de Medic in a Natu ral e Prtic as

    Complementaresno SUS (Brasil, 2003);

    em 2004, aprovada a Lei n 13.717, de 8 de janeiro

    de 2004, de um Projeto de Lei n 140/01, do Vereador

    Celso Jatene (PTB), dispondo sobre a implantao das

    Terapias Naturais na Secretaria Municipal de Sade

    do Municpio de So Paulo(So Paulo, 2004);

    em 2006, a Portaria n 971, de 3 de maio de 2006,

    aprova a Poltica Nacional de Prtic as Integ rati vas e

    Complementares(PNPIC) no SUS (Brasil, 2006a).

    A terminologia Prticas Integrativas e Complementares foi

    utilizada pelo Ministrio da Sade em 2006, no documento que

    estabelece pela primeira vez a acupuntura como prticamultiprofissional de especialistas da rea da sade. Intitulou-se por

    tais prticas um conjunto de teraputicas, que incluem a acupuntura,

    auriculoterapia e outras terapias oriundas da China, a homeopatia, a

    fitoterapia, massagem oriental, exerccios fsicos orientais como Tai

    Chi Chuan, Lian Gong, Qi Gongetc.

    O exerccio da acupuntura pelo enfermeiro teve respaldo legal

    a partir da Resoluo 197/97 pelo Conselho Federal de Enfermagem(COFEN) para a prtica da acupuntura e auriculoterapia e,

    atualmente, pela Resoluo 326/2008, em substituio a outras

    Resolues anteriormente expedidas (n.283/2002 e n.287/2003),

    regulamenta a atividade, dispe sobre o registro da especialidade,

    dando sustentao e legitimidade ao exerccio da acupuntura pelo

    enfermeiro (COFEN, 2008).

    Sabe-se que a terapia de acupuntura tem uma longa histria

    de utilizao em diferentes sociedades e certamente no foi

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    realizada somente por um restrito grupo de profissionais. No Brasil

    houve plena aceitao pelos Conselhos que a regulamentaram

    como especialidade, e apesar disso, o profissional mdico tem sido

    privilegiado nos convnios mdicos, na atuao junto ao Sistema

    nico de Sade, nos Ambulatrios de Especialidades, Unidades

    Bsicas de Sade, hospitais etc. O grande poder poltico e

    ideolgico exercido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e

    pelos mdicos frente s instituies sejam elas privadas ou

    governamentais, tem excludo os demais profissionais da sade da

    possibilidade do exerccio da acupuntura, pela reivindicao da

    exclusividade da acupuntura como ato mdico (Kurebayashi, Freitas,2011).

    Frente a tantas discordncias e embates polticos, ticos e

    legais, substituir o termo medicina desses documentos por terapia

    ou prtica, parece ser uma sada bastante apropriada e coerente.

    Segundo Nuez (2002), o papel do mdico para Hipcrates era o de

    auxiliar nas foras naturais, mediante a criao de condies mais

    favorveis para o processo de cura e o termo terapia, do gregotherapeuin (dar assistncia, cuidar de) define o papel do terapeuta

    como o de um assistente para o processo de cura natural. E o termo

    prtica vem do grego praktik e significa aplicao das regras e

    dos princpios de uma arte ou de uma cincia (Priberam, 2010) 7e

    bastante abrangente para as mltiplas tcnicas a que se relacionam

    as prticas integrativas e complementares.

    Nessa perspectiva, tambm se pode discutir o termoalternativa, complementar e integrativa. A palavra alternativa tem

    em uma de suas acepes o significado de opo entre duas coisas,

    escolha, sucesso de coisas que se excluem entre si(Dicionrio da

    Lngua Portuguesa, 2007). A utilizao de uma prtica no

    convencional no exclui necessariamente a medicina convencional

    aloptica, portanto, tal terminologia no aborda integralmente o

    ______________________

    7Disponvel em: http://www.priberam.pt/dlpo/

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    conjunto de teraputicas no-convencionais. Por sua vez, o termo

    complementar significa completar, que serve de complemento e

    justifica-se sua escolha e adequao quando tais prticas so

    utilizadas como adjuvantes medicina convencional. Muitas dessas

    novas/velhas prticas de sade podem ser complementares

    prtica convencional ocidental, como ampliao de recursos

    teraputicos para o cuidar (Salles, Kurebayashi, Silva, 2011).

    Mas, o termo integrativa tem sido bastante utilizado nos

    ltimos anos, pois consegue incorporar a concepo holstica,

    multidisciplinar e colaborativa em concordncia com uma nova forma

    de entender e abordar a sade (Snyder e Lindquist, 2009). De fato, apalavra integrar significa tornar(-se) inteiro, completar(-se). Muitas

    das prticas complementares advm de sistemas mdicos prprios,

    utilizados pelos povos que lhes deram origem, como a MTC e,

    portanto, so independentes da medicina convencional aloptica. A

    ideia de integrar surge como uma possibilidade de suprimir a

    relevncia de uma forma de medicina sobre outra.

    Segundo Kurebayashi (2007), a palavra medicina nocontexto da MTC no tem a mesma fora de expresso que

    atribumos s palavras medicina e mdico nos pases do

    Ocidente. A MTC no precisa necessariamente ser realizada por

    mdicos e h a formao desses profissionais na China, tanto

    quanto a formao de mdicos que estudam medicina ocidental e

    oriental (WHO, 2002). Os praticantes no-mdicos na China, no

    perodo de Mao Ts- Tung, em meados do sculo passado, eramformados em dois anos, aprendendo pelo menos 70 pontos de

    acupuntura e 200 ervas em mdia e eram denominados Mdicos de

    Ps Descalos (Trevisan, 2006). Logo, o termo mdico pela MTC

    no corresponde exatamente ao que a medicina ocidental atribui

    figura do mdico.

    No contexto dos Estados Unidos, o National Center for

    Complementary and Alternative Medicine (NCCAM) do National

    Institutes of Health (NIH) adotou a nomenclatura Medicina

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    Alternativa e Complementar (MAC) para designar esse grupo de

    sistemas de sade, de prticas e produtos que no so

    considerados como integrantes da medicina convencional (NCCAM,

    2007).

    Segundo Snyder e Lindquist (2009), para o NCCAM, h uma

    classificao para as terapias complementares em cinco diferentes

    categorias:

    (1) as terapias mente-corpo (Mind-body), que so

    intervenes como meditao, yoga, musicoterapia, orao,

    biofeedback, tai chi chuan, arteterapia, etc;

    (2) as terapias com base biolgica (Biologically basedtherapies), que so terapias que se utilizam de substncias

    encontradas na natureza (ervas, leos, medicina ortomolecular,

    dietoterapia, etc);

    (3) as terapias corporais (Manipulative and body-based

    therapies), que contemplam a quiropraxia, massagem, rolfing, etc;

    (4) as terapias vibracionais (Energy therapies), que focam

    terapias como Toque teraputico, Reiki, Qi Gong, magnetoterapia,etc;

    (5) a Medicina Integrativa (Whole Medical Systems), nesta

    categoria se insere a MTC, a Medicina Ayurvdica, etc.

    A auriculoterapia chinesa pertence ltima categoria (Whole

    Medical Systems) e faz parte de um conjunto de tcnicas de um

    sistema mdico, que tem sua prpria teoria, cujos fundamentos sodistintos, por vezes dicotmicos com as concepes ocidentais

    biomdicas.

    Em funo do exposto, consideramos de grande relevncia

    refletir sobre tais diferenas conceituais e buscar encontrar elos,

    parmetros de comparao entre os aspectos terico-filosficos da

    Enfermagem e o olhar holstico e fundamentado em energia da MTC.

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    3.3 PARADIGMA HOLSTICO NA SADE E INTERFACES

    ENTRE A ENFERMAGEM E MEDICINA TRADICIONAL

    CHINESA

    Etimologicamente, o termo holismo deriva do grego holos,

    que significa doutrina que d prioridade ao entendimento global e

    no analtico dos fatos, ou ainda, doutrina que considera os

    fenmenos biolgicos e psicolgicos em sua totalidade ou como um

    todo (Borba, 2005). Concebido como um princpio absoluto, o

    holismo se contrape ao reducionismo, referindo-se a uma

    abordagem filosfica do cuidado de sade apoiada no todo e no em

    partes. Essa abordagem no exatamente um caminho novo. Basta

    observar os sistemas de sade de outras pocas e em outros

    contextos culturais, como por exemplo, a MTC (Capra, 2006b).

    Mesmo Hipcrates, o Pai da Medicina Ocidental, propunha

    orientaes holsticas quando ensinava os mdicos a observarem

    seus pacientes segundo o estado emocional, condies de vida e

    ambiente, constituio pessoal e experincias subjetivas pessoais

    do adoecer. Scrates concordava com esse ponto de vista quando

    declarou que curar a alma seria a primeira medida a ser tomada

    (Fontaine, 2011a).

    surpreendente observar, historicamente, que dois filsofos

    do sculo VI aC, um na China e outro na Grcia, desenvolveram

    concepes de mundo to similares. Lao Ts, no Taosmo chins e

    Herclito de feso, na Grcia. semelhana da ideia chinesa doTao, que se manifesta na interao cclica do Yin e do Yang,

    Herclito comparou a ordem do mundo a um fogo que permanecia

    eternamente vivo, ora acendendo, ora extinguindo-se em mudana

    contnua e movendo-se a partir de pares de opostos. Herclito tem

    sido frequentemente mencionado em temas ligados Fsica

    moderna e sua vinculao com o Taosmo inegvel (Capra, 2006a).

    Presume-se que o antigo chins observava pacientemente anatureza, percebeu que os padres cclicos naturais interferiam

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    sobre seu corpo e que o homem era um reflexo microcsmico de um

    todo muito maior que engloba todas as foras da natureza. Ele era

    uma ponte entre o Cu e a Terra, composto de energia e matria, de

    alma e corpo. Estas foras representavam as muitas faces do Qi

    (Holland, 2000).

    O Ocidente, por outro lado, fez um caminho diferente, cujo

    olhar sobre o universo abraou a perspectiva linear, sequencial,

    matemtica, lgica e fundamentada em pensadores como Ren

    Descartes (1596-1650) e nos princpios de fsica de Isaac Newton

    (1642-1727). A Idade Moderna foi determinante para o modelo

    biomdico e a revoluo cientfica determinou uma concepo demundo voltada para fenmenos matemticos quantificveis, em

    detrimento do todo e do sistmico. O corpo humano passa a ser

    concebido como uma mquina composta por pequenos

    componentes que precisam ser abordados em separado. O foco a

    doena, que resulta de um mau funcionamento de elementos

    estritamente fisiolgicos, biolgicos, cujos sintomas e disfunes

    precisam ser eliminados (Capra, 2006a).Nesse ponto de vista, a Sade entendida como a ausncia

    de doenas e se espera um tratamento rpido, agressivo para

    exterminar a enfermidade com medicaes e cirurgias, em situaes

    em que haja problemas agudos emergenciais, traumas, infeces

    bacterianas e doenas que necessitam de interveno cirrgica. O

    tratamento basicamente o mesmo para as pessoas que sofrem de

    uma mesma enfermidade(Fontaine, 2011a).Tal tendncia prevalente na Idade Contempornea e finda

    por determinar caminhos assistenciais de sade centrados no

    mdico, no sistema biomdico e na tecnologia de alto custo. E, neste

    sentido, nem sempre as pessoas so convidadas a assumir uma

    atitude de co-responsabilidade, de participao na manuteno da

    prpria sade (Carneiro e Soares, 2004).

    Por outro lado, na MTC, o principal foco a preveno.

    Comenta-se que nos primrdios da cultura chinesa, os mdicos no

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    recebiam seus honorrios se os pacientes adoecessem. Na

    concepo chinesa de sade, a doena no um agente intruso,

    mas a consequncia de um conjunto de causas que resultam em

    desarmonia e desequilbrio (Snyder e Lindquist, 2006).

    Eram considerados superiores aqueles mdicos que

    conseguissem reconhecer prematuramente os desequilbrios antes

    do adoecimento, enquanto os mdicos inferiores seriam aqueles, a

    quem s lhes restava tratar a doena j instalada e seus sintomas

    (Wang, 2001).

    Interessante observar em textos antigos atribudos a Zhou Li

    Tian Guan, citaes que exemplificam a importncia que apreveno sade tem para os trabalhadores ligados sade nesse

    perodo:

    O doutor principal supervisiona todas as questesrelativas medicina e faz a coleta das drogas parapropsitos medicinais. Ele dirige os outros doutores a seencarregarem dos diferentes departamentos, de formaque permita aos doentes ou feridos irem at eles. Nofinal do ano, o trabalho que realizaram examinado e osalrio de cada um fixado de acordo com os resultadosapresentados. Se em todos os casos houver cura, excelente; se houver um fracasso em cada dez casos,fica sendo o segundo; se for de dois de cada dez,terceiro; trs de dez, o quarto; e se for quatro entre dez, ruim (Birch e Felt , 2002a, p.10).

    A concepo do binmio sade-doena tende a se

    transformar no sculo XXI, pois apesar da modernizao e

    sofisticao da medicina ocidental, ela tem se mostrado limitada

    para resolver os mltiplos problemas de sade, decorrentes das

    mudanas ambientais, climticas, sociais, dos desafios doenvelhecimento populacional, da sobrecarga de usurios e do alto

    custo dessa medicina (Capra, 2006a).

    Dentre os trs motivos considerados por Snyder e Lindquist

    (2010), sobre o crescente interesse sobre as terapias

    complementares, est a abordagem holstica e integral da pessoa.

    Outra razo a de que as pessoas querem ter poder

    (empowerment) e se envolver com as decises, querem seresclarecidas sobre o que esto vivenciando. A terceira razo seria a

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    de que essas teraputicas melhoram a qualidade de vida e

    apresentam poucos efeitos colaterais medicamentosos.

    De fato, observou-se que a partir dos anos de 1960 houve um

    grande crescimento do uso de prticas denominadas alternativas,

    complementares, integrativas ou holsticas nos diversos espaos da

    sociedade, em instituies e servios pblicos de sade. Para

    justificar tal expanso, Souza e Luz (2009) realizaram uma reflexo

    sugerindo que os motivos para tal crescimento no seriam somente

    resultantes de questes sobre insatisfao ou ineficincia da

    medicina ocidental contempornea ou do sistema pblico de sade,

    embora fossem fatores inegveis. Eles sugerem, sobretudo, queessa orientalizao do Ocidente foi resultante de uma mudana de

    valores, de escolhas culturais e teraputicas, de uma transformao

    do que se entende por sade, doena, tratamento e cura.

    Ao refletir sobre o aumento da busca por terapias alternativas,

    Souza e Luz (2009) citam um primeiro importante aspecto: a crise da

    sade uma decorrncia de problemas de natureza sanitria e

    epidemiolgica, que poderiam ser resolvidos mediante polticasadequadas, mas que so a consequncia inevitvel da evoluo do

    capitalismo globalizado, com o agravamento de desigualdades

    sociais, intensificao de problemas como desnutrio, violncia,

    doenas infectocontagiosas e cronicodegenerativas.

    Um segundo aspecto para explicar a intensificao da busca

    por novas prticas teraputicas seria a expectativa das pessoas de

    encontrar respostas diferentes daquelas ofertadas pela medicinaconvencional ocidental. As novas teraputicas conseguem

    responder s novas demandas da sociedade, com relao ao alvio

    do sofrimento naquilo que se denominou pequena epidemiologia

    do mal-estar (Joubert 1993 apud Souza e Luz, 2009, p.397).Essa

    sndrome seria caracterizada por dores imprecisas, depresso,

    ansiedade, pnico, males de coluna vertebral etc, vivenciadas de

    forma cada vez mais intensa pela populao em geral nas

    sociedades ps-modernas. As novas prticas valorizam o sujeito,

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    sua relao com o terapeuta e no preciso tecnologia excessiva: a

    sade o elemento central da teraputica.

    Ao findar sua anlise reflexiva, Souza e Luz (2009) concluem

    que mesmo aps o movimento da contracultura ter plantado

    sementes h mais de trs dcadas, o individualismo permanece

    hegemnico e em contraposio a valores individualistas em relao

    ao planeta. Destaca-se o papel da ecologia e o crescimento e oferta

    de prticas complementares que sejam mais condizentes com o

    novo paradigma da sade. Nessa linha de pensamento, Fritjof Capra

    j havia feito, na dcada de 1980, srias advertncias sobre a

    conscientizao da sociedade, das instituies e governantes quanto manuteno da vida, da sade planetria e do homem:

    Em nossa sociedade, entretanto, uma abordagemverdadeiramente holstica reconhecer que o meioambiente criado por nosso sistema social e econmico,baseado na viso de mundo cartesiana, fragmentada ereducionista, tornou-se uma sria ameaa nossasade. Uma abordagem ecolgica da sade s tersentido, portanto, se for acompanhada de profundasmudanas em nossa tecnologia e em nossas estruturassociais e econmicas (Capra, 2006a, p.313).

    A propsito, o novo paradigma emergente expandiu-se a

    partir da viso einsteiniana, da teoria da relatividade, da Fsica

    Quntica, da nova biologia e ecologia. E, na sade, os seres

    humanos passaram a ser entendidos como campos de energia que

    se interpenetram e se influenciam mutuamente com o ambiente

    (Capra, 2006b). Considera-se, a partir de tal ponto de vista, o

    universo como uma rede de relaes entre todas as coisas, por meio

    do qual se estabelecem conexes em todas as direes. Este um

    universo no atomstico, onde o todo muito mais do que a soma

    das partes (Boff, 2004).

    Com a mudana gradativa de concepo de mundo no

    Ocidente, a retomada de antigos conceitos orientais tornou-se

    possvel. Esses conhecimentos foram exaustivamente revisados,

    reescritos, adaptados e modernizados por estudiosos de diferentes

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    perodos histricos e foi escrito por muitas mos (Birch e Felt,

    2002a).

    Conceitos cosmolgicos como Qi, Teoria do Yin e Yang 8 ,

    Cinco Movimentos9, Fisiologia energtica do Zang Fu, meridianos de

    energia nos canais e colaterais, pontos de acupuntura, so preceitos

    desenvolvidos no decorrer de milnios com base no Taosmo10. Os

    textos mais antigos datam de 100 a 200 a.C. para o Huang Di Nei

    Jing e por volta de 100 a 200 d.C. para o Nan Jing. Esses textos

    foram reescritos e reinterpretados no decorrer de milnios e

    traduzidos em diversas lnguas. Os conceitos neles contidos

    mantiveram-se historicamente, pois a lngua chinesa no sofreugrandes alteraes, permitindo assim a manuteno dos tesouros

    culturais desse pas (Birch e Felt, 2002a; Souza, 2008).

    Assim, foi possvel resgatar os fundamentos dessa medicina,

    que desenvolveu um diagnstico prprio, fazendo uso da

    observao minuciosa da lngua, da orelha, do pulso radial e outros

    mtodos diagnsticos que incluem palpao, olfao, ausculta,

    observao e interrogatrio, estabelecendo padres de desequilbriode cada rgo e vscera, dos canais de energia e meridianos,

    definindo princpios de tratamento e escolhendo formas de

    tratamento mais adequadas a cada pessoa, em uma dada situao

    (Maciocia, 2007).

    A auriculoterapia chinesa, prtica abordada no presente

    estudo, faz parte do conjunto dessas tcnicas desenvolvidas pela

    MTC h pelo menos 2500 anos, utilizada em conjunto com aacupuntura sistmica, fitoterapia, dietoterapia, massagem,

    ____________________

    8 Conceito filosfico chins antigo, que se refere a dois plos opostoscomponentes da matria na natureza e que embora opostos, sointerdependentes e complementares (WHO, 2007).9 Teoria cosmolgica que classifica os fenmenos do universo em cincoelementos: terra, metal, madeira, fogo e gua (WHO, 2007).10

    Tradio ancestral filosfica e religiosa, que toma por base o Tao, que emchins pode ser traduzido por caminho, vazio ou absoluto. a soma de todasas coisas, o Um, como sntese do Todo (Cherng, 2001).

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    moxabusto 11 , ventosa 12 e exerccios fsicos, com o intuito de

    restabelecer o equilbrio energtico e buscar o bem-estar do

    indivduo (Landgren, 2008). Portanto, para a MTC, qualquer tcnica

    busca retomar o equilbrio e fluir energticos, seja pelo exerccio

    fsico, pelas ervas, pela massagem, pela utilizao de

    microssistemas como o da orelha.

    A par destas informaes, questiona-se se possvel

    estabelecer uma anlise comparativa entre a Cincia da

    Enfermagem, seus fundamentos terico-filosficos e definir nexos

    com a MTC. Parte-se da premissa de que realizar estudos

    comparativos e transculturais pode ampliar horizontes e auxiliar nabusca de solues aos novos desafios que se apresentam no campo

    da sade (Capra, 2006a).

    Ao se buscar tecer uma comparao das principais

    similaridades entre fundamentos da MTC e da Enfermagem,

    algumas teorias de Enfermagem que contemplam aspectos

    holsticos permitem estabelecer, pelo menos em teoria, elos

    comparativos interessantes entre essas duas Cincias doconhecimento.

    Florence Nightingale foi a primeira grande teorista de

    Enfermagem e buscou desenvolver a cincia de Enfermagem

    definindo o processo restaurador ao colocar o paciente em um

    ambiente que lhe proporcionasse as melhores condies para o seu

    restabelecimento natural e autocuidado. Nessa perspectiva,

    semelhana do olhar chins, Florence acreditou que o ser humanotem uma fora vital de recuperao para lidar com as doenas e o

    objetivo da Enfermagem o de colocar o indivduo na melhor

    condio para defender-se do adoecimento e conseguir promover a

    autocura (Nightingale, 2010).

    ____________________

    11 Tratamento realizado com a queima da Artemsia, estimulando pontos de

    acupuntura com o calor.12Tratamento realizado a partir da suco da pele com campnulas de vidro e

    outros materiais.

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    Florence que possua uma forte personalidade, viso e

    habilidade prtica para a organizao, trouxe para a Enfermagem

    fundamentos sobre os quais se desenvolveram os princpios

    tcnicos, educacionais e ticos, que acabaram por impulsionar a

    profisso (Oguisso e Schmidt, 2007).

    Na esteira das teoristas de Enfermagem, cujos modelos

    compartilham bases holsticas, cita-se Callista Roy (1984), que em

    sua teoria sugere que cada sistema corporal est em contnua

    interao com o ambiente. No modelo de adaptao de Roy, os

    homens so vistos como sistemas biopsicosociais que interagem

    com o meio ambiente. A sade entendida como um processo deser e estar integrado com o todo, na relao pessoa-ambiente. O

    objetivo da Enfermagem seria, portanto, o de promover a melhor

    resposta adaptativa ao meio e aos seus estmulos, buscando atingir

    o equilbrio e o bem-estar. As intervenes de Enfermagem afetam o

    processo de adaptao fazendo decrescer, aumentar, modificar,

    remover ou manter tais estmulos internos e externos, de forma a

    possibilitar a manuteno da sade (Polit e Beck, 2010).Outra teorista seria Dorothea Orem que teria explicitado, na

    teoria do Autocuidado, o mpeto inato que o ser humano tem de

    cuidar de si mesmo e que cabe Enfermagem ser um facilitador e

    um agente de mudana. Neste contexto, importante citar Myra

    Levine que, em 1971, publicou o primeiro artigo em que o termo

    Enfermagem holstica foi usado, enfatizando que o conceito de

    holismo seria o mais importante princpio que distingue aEnfermagem da Medicina. Ressalte-se que tal afirmao est

    relacionada ao cuidado oferecido pela Enfermagem quando

    vislumbra um olhar totalizante em contraposio abordagem

    reducionista da medicina convencional (Mantle, 2005).

    Ainda, em 1979, Jean Watson definiu a Teoria da Cincia

    Humana e do Cuidar Humano. Neste modelo, o enfermeiro deve

    visualizar as necessidades humanas numa abordagem holstica-

    dinmica, ser coparticipante na luta do paciente pela auto-

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    atualizao. O paciente colocado no contexto da famlia e da

    comunidade (Vall, Lemos, Janebro, 2005).

    A teoria transpessoal de Watson(1988) oferece a sua

    contribuio quando indica que o cuidado um processo

    intersubjetivo e s pode ser demonstrado e praticado de humano-

    para-humano. A Enfermagem tem um importante papel, j que, para

    cuidar do outro necessrio que realize o seu prprio cuidado.

    Assim, o autocuidado alicerado na harmonia, na paz interior, no

    conhecimento e transformao do self, na conexo da pessoa com o

    meio e com o divino. Desta forma, quem se cuida conseguir

    promover melhoras na sua qualidade de vida pessoal econsequentemente nos cuidados que oferea a outrem.

    No Brasil, em 1979, a teoria das Necessidades Humanas

    Bsicas de Wanda Horta foi desenvolvida a partir da motivao

    humana, fundamentada em Maslow, englobava leis que regem os

    fenmenos universais: a lei do equilbrio (homeostase ou

    homeodinmica), a lei da adaptao (interao do ser humano com

    o universo) e a lei do holismo (universo um todo, o ser humano um todo e esse todo no mera soma das partes) (Leopardi apud

    Vall, Lemos, Janebro, 2005).

    No presente estudo, entretanto, foi escolhido o modelo

    conceitual de Martha Elizabeth Rogers como referncia terica, por

    ser uma proposta inovadora e por ter estabelecido princpios em

    consonncia com as mudanas paradigmticas no campo da

    Enfermagem, quando estabelece a energia como um dos princpiosdesse modelo. Tal teoria tem recebido ateno pelos pesquisadores

    de Enfermagem em prticas complementares e muitos estudiosos

    tm dado continuidade aos seus ensaios tericos buscando

    desenvolver uma prxis coerente com os princpios desse modelo.

    Por volta de 1970, Rogers13lana sua terceira publicao, definindo

    _________________13

    Rogers ME. An introduction to the theoretical basis of nursing . Philadelphia: F. A.Davis; 1970.

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    as bases da Cincia do Ser Humano Unitrio. Esta renomada

    teorista definiu o ser humano como o centro do fenmeno de

    interesse da Enfermagem e foi fonte de inspirao de uma nova

    gerao de teoristas (Blumenschein, 2009).

    Elizabeth Barrett, uma das fundadoras da Society of Rogerian

    Scholars, estudiosa de Rogers, explica que a chave para o sistema

    conceitual da Cincia do Ser Humano Unitrio o que se intitula

    Princpios da Homeodinmica. Essa teoria consiste em trs

    princpios fundamentais: integralidade, ressonncia e helicidade.

    integrao constante e total dos campos humano e ambiental,

    Rogers chamou de integralidade. s mudanas contnuas queocorrem entre ambos, com variadas frequncias de onda,

    intensidade e velocidade de respostas, chamou deressonncia. E,

    por fim, aos padres de resposta provocados pelas contnuas

    modificaes que ocorrem nos campos humano e ambiental,

    denominou helicidade. A ideia que essas interaes tm uma

    nica direo e o processo passado incorporado ao presente num

    ritmo dinmico e no linear (Barrett, 2003). Na esteira dessespensamentos, a autora ainda explica que aquilo que percebemos

    cotidianamente como tempo e espao aps as descobertas de

    Einstein e da fsica quntica passa a ser compreendido cada vez

    mais como um fluir contnuo de mudanas.

    Nesta mesma direo, a crena chinesa a de que todas as

    formas de vida, pessoas, a Terra, o universo esto conectados por

    uma energia csmica, portanto, a sade proveniente do equilbriodo Qi14do corpo humano em sua inter-relao com o meio ambiente.

    Nunca se pode perder de vista o relacionamento entre indivduos,

    comunidade, sociedade e natureza (Fontaine, 2011b). Do mesmo

    modo, o praticante de MTC no deve deixar de estar equilibrado,

    saudvel, pois interage constantemente com seus pacientes.

    _______________14

    Qi pode ser entendido por um tipo de energia que permeia e sustenta os seresvivos e que so encontradas em vrios sistemas de crenas, presentes emculturas de todo o mundo, especialmente no Oriente.

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    Na concepo chinesa de sade, a doena no um agente

    intruso, mas a consequncia de um conjunto de causas que

    resultam em desarmonia e desequilbrio (Hicks, Hicks, Mole, 2011).

    O no fluir do Qi, a sua estagnao, seria um dos principais

    causadores de enfermidades. Para os chineses, somente

    adoecemos quando no conseguimos estar em movimento, quando

    no h troca e transformao de Qi entre os sistemas que compe o

    corpo e desses com o meio ambiente (Maciocia, 2007). O que se

    entende pelo processo sade-doena difere do contexto ocidental.

    Os textos antigos chineses no traam uma linha divisria ntida

    entre a sade e a doena, pois ambos so considerados comonaturais e partem de uma sequncia contnua (Capra, 2006b).

    Esta teoria vem propor uma viso radicalmente distinta

    daquela que tem se encontrado na realidade da Enfermagem,

    permitindo tecer novos enredos de prticas e assistncia, educao

    e pesquisas. Segundo Barrett (2003), quando a teoria de Rogers foi

    publicada pela primeira vez revelou-se como uma contradio clara

    a todas as teorias em uso at ento, sendo possvel estabelecer elosde similaridade com a viso oriental de Mundo.

    Meleis (1995) considera a Teoria de Martha Rogers como

    congruente com a viso oriental, o que a levar a se desenvolver

    na prxima dcada, congruente ainda com os valores da

    Enfermagem como profisso e com as emergentes percepes da

    humanidade (Meleis apud Carneiro e Soares, 2004, p.87).

    Diante das consideraes realizadas, entendemos que aEnfermagem, na atualidade, pode vir a ter um papel de grande

    relevncia na construo de prticas voltadas para o holismo, a

    partir da valorizao do discurso, sentimentos, auto estima do cliente

    (Silva e Leo, 2004). As teorias de Enfermagem aqui apresentadas

    demonstram a trajetria de evoluo de um saber e fazer especficos

    da profisso, que se caracterizou no passado e demonstra no

    presente uma forte vertente holstica. A Enfermagem pode, portanto,

    contribuir plenamente para a implantao de teraputicas

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    complementares e integrativas, no mbito dos cuidados que realiza

    e na divulgao destas, nos diversos campos em que atua.

    3.4 O PAPEL DAS PRTICAS BASEADAS EM EVIDNCIAS

    (PBE) NA ENFERMAGEM, NA ACUPUNTURA E

    AURICULOTERAPIA

    A Prtica Baseada em Evidncias (PBE) surgiu a partir da

    necessidade de atualizao e de confiabilidade das prticas clnicas,

    buscando estabelecer um elo entre pesquisa e prtica clnica. A

    bioestatstica e a epidemiologia foram campos do conhecimento que

    se somaram a outras reas do conhecimento biomdico para avaliar

    a evidncia clnica quanto validade e utilidade de um dado recurso,

    instrumento e procedimento de sade (Sackett, Straus, Richardson

    et al, 2003).

    A PBE em Enfermagem auxilia a encontrar as melhores

    decises para promover resultados positivos, levando-se em conta a

    situao, o contexto cultural, os recursos, preferncias dos pacientes

    e experincia clnica baseada em julgamento e reflexo pessoal

    (Fontaine, 2011c).

    Tal movimento foi influenciado por estudiosos como David

    Sackett e A.L. Cochrane e teve uma rpida expanso nos ltimos 20

    anos. A nfase da Cochrane Collaboration tem sido a reviso

    sistemtica de ensaios clnicos controlados randomizados para

    problemas relativos sade. Em 1998, porm, a FundaoCochrane estabeleceu o Qualitative Research Methods Working

    Group, com o objetivo de dar suporte metodolgico e inclusivo para

    os dados qualitativos, organizando instrumentos tcnicos para a

    realizao de revises bibliogrficas de pesquisas qualitativas

    (Lopes e Fracolli, 2008).

    Os estudos quantitativos respondem melhor a questes de

    pesquisa que buscam a causa, prognstico, diagnstico, preveno,tratamento ou custos sobre sade. Mas, questes que sugerem

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    reflexes mais subjetivas, sobre percepes, significaes,

    experincias sobre doena, sentimentos e emoes dos pacientes

    sobre os efeitos de alguma tcnica so mais bem contempladas pela

    pesquisa qualitativa (Cassidy, 2005). Esse ltimo tipo de pesquisa

    combina a natureza cientfica e artstica da Enfermagem, permitindo

    uma anlise cuja abrangncia e profundidade reflita o seu cuidar.

    Nessa expectativa, o Instituto Joanna Briggs tem realizado um

    importante trabalho para o reconhecimento dos resultados no-

    quantitativos na pesquisa em sade, como uma legtima evidncia

    de PBE (The Joanna Briggs Institute, 2008).

    De qualquer forma, seja pela pesquisa qualitativa ouquantitativa, a Enfermagem tem em mos importantes instrumentos

    para a implantao de novas abordagens em sua rea de atuao

    com a incorporao, na prt