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CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM
VIRGINIA TAGLIATI DELMONTE
ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DOS
SINTOMAS DO CLIMATÉRIO – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
FLORIANÓPOLIS, 2010
A MULHER MADURA
O rosto da mulher madura entrou na moldura de meus olhos. De repente, a surpreendo num banco olhando de soslaio, aguardando sua vez no balcão. Outras vezes ela passa por mim na rua entre os camelôs. Vezes outras a entrevejo no espelho de uma joalheira. Há uma serenidade nos seus gestos, longe dos desperdícios da adolescência, quando se esbanjam pernas, braços e bocas ruidosamente. A mulher madura é assim: tem algo de orquídea que brota exclusiva de um tronco, inteira. A boca da mulher madura tem uma indizível sabedoria. Ela chorou na madrugada e abriu-se em opaco espanto. Ela conheceu a traição e ela mesma saiu sozinha para se deixar invadir pela dimensão de outros corpos. Por isto as suas mãos são líricas no drama e repõem no seu corpo um aprendizado da macia paina de setembro e abril.
O corpo da mulher madura é um corpo que já tem história. Inscrições se fizeram em sua superfície. Seu corpo não é como na adolescência uma pura e agreste possibilidade. Ela conhece seus mecanismos, apalpa suas mensagens, decodifica as ameaças numa intimidade respeitosa.
Cada idade tem seu esplendor. É um equívoco pensá-la apenas como um relâmpago de juventude, um brilho de raquetes e pernas sobre as praias do tempo. Cada idade tem seu brilho e é preciso que cada um descubra o fulgor do próprio corpo.
A mulher madura está pronta para algo definitivo. Descolou-se da superfície das coisas. Merece profundidades. Ali está uma mulher madura, mais que nunca pronta para quem a souber amar.
Afonso Romano de Sant’ana A Mulher Madura. 3º ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1987.
ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DOS
SINTOMAS DO CLIMATÉRIO - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Monografia apresentada ao Centro
Integrado de Estudos e Pesquisas do
Homem como requisito parcial para
obtenção do grau de Especialista em
Acupuntura.
Florianópolis, julho de 2010
CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM
PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM ACUPUNTURA
ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DOS SINTOMAS DO
CLIMATÉRIO – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Elaborada por
VIRGINIA TAGLIATI DELMONTE
COMISSÃO EXAMINADORA:
Prof. Marcelo Fabián Oliva, Esp.
Orientador Presidente da banca
Prof. Cleto Emiliano Pinho, Esp.
Membro da banca
Profª Luisa Regina Pericolo Erwig,MSC
Membro da banca
Florianópolis, Julho de 2010
SUMÁRIO 03
RESUMO 04
1- INTRODUÇÃO 05
1.1MENOPAUSA E CLIMATÉRIO 06
1.2 SINTOMAS DO CLIMATÉRIO SOB PONTO DE VISTA OCIDENTAL 06
1.3 FISIOLOGIA DO CICLO SEXUAL FEMININO 07
2- MEDICINA TRADICIONAL CHINESA E ACUPUNTURA 09
2.1 CONCEITO DE ENERGIA – C’HI 10
2.2 ENERGIA QI 10
2.3 YIN YANG 11
2.4 CINCO MOVIMENTOS 12
2.5 SISTEMA ZHANG FU 13
2.6 QI JING MAI 14
2.7 ENERGIA ZHONG 14
2.8 RIM YANG 15
2.9 SHEG SHUI, YIN YE, JING, XUE: OS LÍQUIDOS ORGÂNICOS 15
2.10 XUE (SANGUE) 16
3- O CLIMATÉRIO NA VISÃO DA MEDICINA TRADICIONAL CH INESA 17 4- DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO COM ACUPUNTURA 18 5- ATITUDES DIANTE DA MENOPAUSA 22 6- CONCLUSÃO 23 7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 24
04
RESUMO
Título : Acupuntura no Tratamento dos Sintomas do Climatério – Revisão Bibliográfica
Autora: Delmonte, Virginia Tagliati
Orientador : Professor Marcelo Fabián Oliva
Conceitualmente, climatério não é uma enfermidade e sim uma passagem em que
vive a mulher, da fase reprodutiva para a fase não reprodutiva. Nesta fase podem surgir
vários sintomas tais como insônia, irritabilidade, secura vaginal, fogachos, entre outros.
O presente trabalho tem como objetivo propor uma terapêutica que possa, através
da Acupuntura, minimizar os sintomas do climatério, auxiliando a mulher a atravessar
essa fase com uma melhor qualidade de vida.
Para atender esta proposta, foi realizada uma revisão bibliográfica abrangente, através
de livros, teses, dissertações e artigos científicos disponibilizados na internet.
Palavras-Chave: Acupuntura, Climatério, Revisão Bibliográfica
CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM – CIEPH
PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM ACUPUNTURA
1-INTRODUÇÃO 05
O climatério é definido como “a transição entre o período reprodutivo e o não
reprodutivo da vida da mulher, caracterizado pela redução na produção de hormônios
ovarianos, estrogênio e progesterona” (OMS, 1990). Nesta fase podem surgir algumas
alterações físicas e comportamentais, sintomas que juntos caracterizam a Síndrome
Climatérica, tais como fogachos, insônia, depressão, secura vaginal, irritabilidade, entre
outros.
O tratamento hormonal do climatério é bastante estudado com evidências dos
benefícios e dos riscos, mas em virtude das atuais controvérsias relacionadas à Terapia
Hormonal (TH), a Medicina Tradicional Chinesa e, em especial a Acupuntura, tem sido
empregada de forma crescente como uma alternativa de tratamento para tais sintomas.
Sendo assim, este trabalho objetiva apresentar a Acupuntura como uma
alternativa de tratamento para os sintomas do climatério demonstrando que ela pode ser
um importante caminho para melhorar a qualidade da vida da mulher que atravessa
essa fase.
Para atender esta proposta foi realizada uma revisão de literatura em livros
especializados, dissertações, teses e artigos disponibilizados na internet.
06
1.1 MENOPAUSA E CLIMATÉRIO
A palavra menopausa vem de duas palavras gregas, men (mês) e pausis (pausa).
O conceito de menopausa surge a partir de um artigo publicado em 1816 pelo
ginecologista francês Gardanne denominado “Conselho às mulheres que entram na
idade crítica” (TRENCH, 2005). A menopausa é definida com a última menstruação e é
causada pela parada do funcionamento dos ovários, levando à queda da produção dos
hormônios ovarianos: estrogênio e progesterona. Com ela se encerra também o ciclo
reprodutivo.
A menopausa ocorre durante o climatério (TRIEN, 1994). O climatério, por sua
vez, vem do grego Klimacter que significa período crítico e representa a transição entre
a fase reprodutiva e não reprodutiva da mulher, podendo iniciar cinco anos antes da
menopausa e se estender aproximadamente por mais cinco anos depois dela. Não
existe idade pré-determinada, mas geralmente ocorre entre os 45 e 65 anos. Em alguns
casos a menopausa pode vir prematuramente sem que isso seja um problema. Hoje
uma mulher pode esperar viver bem até quase seus oitenta anos. Isso significa que a
mulher viverá um terço de sua vida após a menopausa. Em outras palavras, a mulher vai
viver quase trinta anos a mais do que seus ovários (TRIEN, 1994).
1.2 SINTOMAS DA MENOPAUSA SOB O PONTO DE VISTA OCID ENTAL
Durante este período, existem fatores anatômicos e funcionais que são
determinados principalmente pela constituição e pelo estilo de vida da mulher. O estilo
de vida é o único fator que pode ser alterado de forma eficaz, porque corresponde à
forma com que a mulher cuida de si mesma, com se relaciona com o ambiente e
também como enfrenta a vida nas adversidades.
Os principais sintomas relatados pelas mulheres no climatério são:
genitais: secura vaginal, prurido vulvar, alterações menstruais (períodos mais curtos ou
mais longos); urinários: incontinência urinária, síndrome uretral (poliúria, polaciúria,
disúria);cutâneos: a pele fica fina, com diminuição de fibras colágenas, favorecendo o
enrugamento; manifestações metabólicas: o metabolismo ósseo e o lipídico sofrem
alterações, podendo ocorrer osteoporose, além de elevação de LDL e diminuição de
HDL, aumentando o risco de doença cardiovasculares ; emocionais: insônia, depressão,
tristeza, solidão, irritabilidade.
07
O quadro clínico do climatério está originado direta ou indiretamente pela diminuição dos
estrógenos, mas nem todas as mulheres que estão na fase do climatério apresentam os
sintomas descritos acima. Não se acredita que uma mulher emocionalmente adaptada
sofra grandes perturbações no climatério. No entanto, secura vaginal, ondas de calor e
problemas urinários podem ter influências desfavoráveis no estado emocional da mulher
(PÉREZ E MARTÍNEZ, 2007; HALBE E FONSECA, 2000).
1.3 FISIOLOGIA DO CICLO SEXUAL FEMININO
Para entender o processo do climatério e da menopausa, é necessário
compreender o papel dos hormônios sexuais femininos estrogênio e progesterona no
processo reprodutivo dos seres humanos (Oliveira, 2002). A palavra hormônio vem do
grego “estimular” e é o que os hormônios fazem: são mensageiros químicos. São
produzidos pelas glândulas endócrinas e as secreções dessas glândulas regem o
desenvolvimento sexual feminino e masculino (TRIEN, 1994). O período reprodutivo
feminino normal se caracteriza por alterações rítmicas mensais. É denominado ciclo
sexual feminino (ou, não tão corretamente, ciclo menstrual) e é baseado em um delicado
sistema de realimentação entre hipotálamo, hipófise e ovários (GUYTON, 1992; TRIEN,
1994).
Os ovários são dois órgãos em forma de nozes, localizados nos dois lados do
útero. São pequenos (três centímetros), mas constituem uma poderosa fonte hormonal,
produzindo grandes quantidades de estrógeno e progesterona, potentes hormônios
sexuais que governam os ciclos menstruais (TRIEN, 1994). A hipófise é uma pequena
glândula e está unida, como uma frutinha por seu talo, a uma parte do cérebro
denominada hipotálamo (POU FERRARI, 1996).
O hipotálamo envia uma mensagem química à hipófise, que segrega dois
hormônios na corrente sanguínea: FSH e LH, respectivamente hormônio folículo
estimulante e hormônio luteinizante. São chamados hormônios gonadotróficos, por
serem dirigidos como flechas diretamente aos ovários. O FSH, ao atingir os ovários,
estimula oito ou nove folículos de Graaf. Quando amadurecem, os folículos liberam seu
próprio hormônio, o estrógeno (fase folicular). Sua quantidade no sangue aumenta de
forma crescente e para diminuir sua taxa, a hipófise corta a produção de FSH e libera
certa quantidade de LH (fase lútea). Ao chegar aos ovários, o LH escolhe um dos
folículos e o desenvolve. Este se dirige à parede do ovário, abre-se e deposita o óvulo
(ovulação).
08
Quando o óvulo é expulso do seu envoltório, é formado o corpus luteum, um
corpo amarelo que, vazio, produz estrógeno e progesterona para a alimentação da
parede do útero. Os demais folículos se degeneram (TRIEN, 1994; GUYTON, 1992). No
caso de não ocorrer gravidez, todo o preparo para a formação do novo ser sai do corpo
da mulher em forma de menstruação e, conseqüentemente, há a diminuição de
estrogênio e progesterona (POU FERRARI, 1996). De um a dois anos antes da
menopausa, as mulheres têm ciclos anovulatórios (sem a liberação de óvulos), com
menstruações irregulares. Finalmente os folículos param completamente de responder.
A taxa de estrógeno cai. Não é mais produzida a progesterona. A menstruação não mais
acontece. É tudo como dever ser (TRIEN, 1994).
Figura 01
09
2 - MEDICINA TRADICIONAL CHINESA E ACUPUNTURA
“Durante séculos, os olhos do ocidente ficaram distantes da cultura oriental. No
entanto, há algumas décadas, percebe-se a importante influência no contexto ocidental,
tanto no aspecto histórico como no científico, econômico e cultural (DELUCA, 2008).
A Medicina Tradicional Chinesa, e em concreto a Acupuntura-Moxabustão, é uma
ciência médica e como tal tem sua própria fisiologia, anatomia, seu diagnóstico e
tratamento. É um método terapêutico baseado em um enfoque biológico distinto do
ocidental, pois parte do princípio da existência de uma substância imaterial, invisível
para os seres humanos, chamada energia (T’Chi) e que é responsável, em primeira
estância, por qualquer troca biológica. (PÉREZ & MARTINEZ, 2007).
A Acupuntura é um procedimento terapêutico que trata disfunções ou promove
analgesia através da aplicação de agulhas e moxas em locais específicos do corpo
chamados meridianos. Moxabustão é o método que visa provocar estimulação através
do calor produzido pela queima da moxa- material feito com folhas de Artemisia Vulgaris
moída e preparada sob a forma de bastão- nos pontos de aplicação das agulhas. Mas
“para o oriental, a Acupuntura engloba uma série de leis e princípios que permitem
entender o homem como um ser energético submetido ao influxo de energias” (PÉREZ
& MARTÍNEZ, 2007). Soulié de Mourant definiu a Acupuntura como a “filosofia total da
energia”. O princípio básico da Medicina Tradicional Chinesa tem a energia como fonte
integradora e reguladora da forma físico-química: “A energia é a causa de toda
produção e toda destruição” Nei Jing Su Wen
“A Acupuntura surgiu na China há aproximadamente 4.500 anos e continua
evoluindo. As recentes pesquisas demonstram que as velhas fórmulas e princípios da
Acupuntura não foram ainda superados. “Desse modo, aqueles que a praticam devem
compenetrar-se de sua importância, estudar profundamente seus ensinamentos e
diretrizes; somente assimilando-os, poderão contribuir para a evolução dessa antiga arte
de curar” (WEN, 2008).
10
2.1 CONCEITO DE ENERGIA - T’CHI –
Este ideograma representa um recipiente sobre o fogo, como uma
panela na qual está fervendo água sobre uma chama; é ideal para representar o T’Chi,
pois assim como a água, esta energia pode estar em vários estados. É uma metáfora da
transformação poderosa que o T’Chi pode sofrer. ¹
O T’Chi (Princípio) se manifesta tanto na transformação quanto na substância: Yin
T’chi (água) transformando-se em Yang T'chi (vapor) e, depois, novamente em água. O
paradoxo é assim explicado (LUNDBERG, 1998). T’Chi é um conceito que procura
descrever múltiplos processos de transformação. Energia é uma medida de
transformação, que pode ser aplicada ao movimento, à luz, ao som, às reações
químicas, enfim, qualquer processo natural que envolva uma possibilidade de mudança.
Esta energia única T’Chi concebe uma manifestação existencial que se transformará em
duas forças opostas e complementares denominadas o Yin e o Yang.
2.2 A ENERGIA QI
Qi é uma energia produzida pelos órgãos Yin (Zang) e isso está mais de acordo
com os postulados ocidentais que a comparam com a energia produzida nos processos
metabólicos celulares. É essa energia a que se armazena no Migmen (cápsulas supra-
renais) com o fim de extrair do sangue a água-mãe ou Shenshui (líquido intersticial),
fonte de nutrição. Por isso o QI é a energia da forma, pois é capaz de relacionar-se com
a matéria através da água. De acordo com o QI específico de cada órgão, a
biotransformação determina um concreto efeito eletro-químico. (PÉREZ & MARTÍNEZ,
2007).
A concepção filosófica chinesa a respeito do Universo está apoiada em três
pilares: a teoria do Yin e Yang, dos Cinco Movimentos e dos Zang Fu, órgãos e vísceras
(YAMAMURA, 2001).
11
2.3 YIN e YANG
Nas metáforas de outras culturas, a luz está em luta com a escuridão, a vida com
a morte, o bem com o mal, o positivo com o negativo. Para a forma tradicional do
pensamento chinês, isso é tão incompreensível quanto à corrente elétrica sem os pólos
positivo e negativo, pois constituem diferentes aspectos de um mesmo sistema e o
desaparecimento de um dos dois implicaria o desaparecimento deste sistema.
Não existe o Yin ou o Yang absoluto. No momento de máximo Yang, existe o
germe do Yin, no momento de máximo Yin, existe o germe de Yang. São como os lados
diferentes, mas, inseparáveis de uma mesma moeda.
O homem não possui somente hormônios masculinos, também há estrógenos em
sua corrente sanguínea. O mesmo fenômeno, mas de caráter oposto, se produz na
mulher. Assim, a toda elevação corresponde uma depressão, a toda aceleração, uma
desaceleração, a toda produção, uma destruição. Em fisiologia observam-se estes
princípios, pois toda ação fisiológica se realiza por sistemas antagônicos: simpático,
parassimpático, sístole e diástole cardíacos, bomba de sódio e potássio no sistema
nervoso central (PÉREZ & MARTÍNEZ,2007).
Figura 02
“Uma vez Yin, uma vez Yang. Eis o TAO”
O TAO (figura 02), antigo diagrama chinês que permeia toda a filosofia de Lao-
Tse (famoso filósofo chinês), simboliza o objetivo supremo da vida, que é o equilíbrio
das polaridades, do dia e da noite, do feminino e do masculino, do Céu e da Terra, do
Yin e do Yang, com movimento incessante, busca contínua do equilíbrio(DELUCA,
2008).
2.4 CINCO MOVIMENTOS
A Lei dos Cinco Movimentos, também chamada a Grande Regra, baseia
evolução dos fenômenos naturais, onde todos os fatores que regem nossa existência
ocorrem na natureza. Estes Cinco Movimentos que os textos antigos
como Madeira, Fogo, Terra, Água e Metal, são símbolos tomados da Natureza e que
representam o equilíbrio dinâmico e a inter
sabores, as cores, as estações do ano, os sentimentos, os alimentos, ou seja, t
está entre o Céu e a Terra. Os Cinco Movimentos se relacionam dinamicamente,
portanto, quando há equilíbrio existe a saúde enquanto a desarmonia caracteriza a
doença. A Lei dos Cinco Movimentos encontra seu valor real através de seus dois ciclos,
o de geração (mãe-filho) chamado
ciclo Ke . Estes ciclos garantem o equilíbrio do sistema permitindo que os movimentos
vivam harmoniosamente. As doze unidades energéticas formam seis conjuntos
compostos por um elemento Yang e um elemento Yin. Cada um deles ocupa um lugar
nos Cinco Movimentos.
Ciclo de geração Ciclo de inibição (controle)
A Lei dos Cinco Movimentos, também chamada a Grande Regra, baseia
evolução dos fenômenos naturais, onde todos os fatores que regem nossa existência
ocorrem na natureza. Estes Cinco Movimentos que os textos antigos
como Madeira, Fogo, Terra, Água e Metal, são símbolos tomados da Natureza e que
o equilíbrio dinâmico e a inter-relação entre os órgãos, as vísceras, os
estações do ano, os sentimentos, os alimentos, ou seja, t
está entre o Céu e a Terra. Os Cinco Movimentos se relacionam dinamicamente,
portanto, quando há equilíbrio existe a saúde enquanto a desarmonia caracteriza a
A Lei dos Cinco Movimentos encontra seu valor real através de seus dois ciclos,
filho) chamado ciclo Sheng ; e o de controle (avô
Estes ciclos garantem o equilíbrio do sistema permitindo que os movimentos
As doze unidades energéticas formam seis conjuntos
um elemento Yang e um elemento Yin. Cada um deles ocupa um lugar
Ciclo de geração Ciclo de inibição (controle)
Figura 03
12
A Lei dos Cinco Movimentos, também chamada a Grande Regra, baseia-se na
evolução dos fenômenos naturais, onde todos os fatores que regem nossa existência
ocorrem na natureza. Estes Cinco Movimentos que os textos antigos denominaram
como Madeira, Fogo, Terra, Água e Metal, são símbolos tomados da Natureza e que
relação entre os órgãos, as vísceras, os
estações do ano, os sentimentos, os alimentos, ou seja, tudo que
está entre o Céu e a Terra. Os Cinco Movimentos se relacionam dinamicamente,
portanto, quando há equilíbrio existe a saúde enquanto a desarmonia caracteriza a
A Lei dos Cinco Movimentos encontra seu valor real através de seus dois ciclos,
(avô-neto), denominado
Estes ciclos garantem o equilíbrio do sistema permitindo que os movimentos
As doze unidades energéticas formam seis conjuntos
um elemento Yang e um elemento Yin. Cada um deles ocupa um lugar
13
2.5 SISTEMA ZANG FU
Existem doze unidades energéticas capazes de gerar energia e metabolizá-la:
seis são Yang e seis são Yin. Os Yin são denominados órgãos ZANG e os Yang são
vísceras FU. O resto dos componentes e sistemas do corpo humano se engloba sob
denominação de “vísceras curiosas”, por exemplo, útero, gônadas, sistema nervoso,
etc.(PÉREZ & MARTÍNEZ, 2007). Os órgãos e vísceras não devem ser entendidos no
sentido estrito, mas como unidades de energia que desempenham diversas tarefas.
Cada órgão e víscera têm ao longo do corpo humano, trajetos energéticos aos quais
regem e levam seu nome. São denominados Meridianos (Canais de energia).
Os Meridianos Principais (Jing Mai) são constituídos por doze canais energéticos,
bilaterais, sendo seis meridianos Yin e seis meridianos Yang de cada lado do corpo. Os
seis Jing Mai YIN correspondem aos órgãos, sendo três Yin da mão [Meridiano do Fei
(Pulmão), do Xin (Coração) e do Xin Bao (Mestre do Coração)] e três Yin do pé
[Meridiano do Pi (Baço-Pâncreas), do Gan (Fígado) e do Shen (Rim)].Os seis Jing Mai
YANG correspondem às vísceras, sendo três Yang da mão [Da Chang (Intestino
Grosso), Xiao Chang (Intestino Delgado) e Sanjiao (Triplo Aquecedor)] e três Yang do pé
[Wei (Estômago), Dan (Vesícula Biliar) e Pang Guang (Bexiga)].
Figura 04
14
2.6 QI JING MAI
“O homem se corresponde a todo o momento com o Cosmos: tem 12 meridianos
principais em relação com os 12 meses do ano; tem 365 pontos nos meridianos que
correspondem aos 365 dias do ano; além disso, o homem tem oito Vasos Reguladores
relacionados com os oito pontos cardinais e os oito trigramas do I Ching” (PÉREZ &
MARTÍNEZ, 2006).
Os Vasos Reguladores, também chamados Vasos Curiosos são vasos que
percorrem todo o corpo transportando e redistribuindo a energia essencial aos sistemas
térmico, defensivo e nutrício. São eles: Dumai, Renmai, Yinqiao, Yangqiao, Yinwei,
Yangwei, Daimai e Chongmai. “Sua missão básica na economia energética é a de
transportar a energia essencial Zheng para irrigar as chamadas “vísceras curiosas”,
termo que a Medicina Tradicional Chinesa dá ao útero, às gônadas, cérebro, medula,
etc. Zheng, energia essencial, é assim denominada porque é definida como a energia
verdadeira, fazendo referência, por analogia comparativa, com o sangue. Assim como
no sangue se unem todos os componentes materiais necessários para a economia
física, na energia Zheng se unem todas as energias tanto herdadas como adquiridas”
(PÉREZ & MARTÍNEZ, 2007).
2.7 ENERGIA ZHONG
A energia Zhong é a energia herdada dos ancestrais e é responsável pelas trocas
bioenergéticas que marcam etapas críticas na evolução fisiológica do ser humano. Em
cada mitose que ocorre desde a união do óvulo (Yin) com o espermatozóide (Yang), se
desprende um quantum de energia. Essa quantidade enorme de energia é liberada e
forma as gônadas, medula, cérebro, etc.
A energia Zhong também circula pelos Vasos Reguladores, porém de forma
cíclica e contínua, manifestando-se através de impulsos biológicos genéticos e
codificados em período de sete anos para as mulheres e oito anos para os homens. Dos
oito Vasos Reguladores, quatro estão intimamente relacionados com a fisiopatologia
ginecológica: Chongmai, Renmai, Dumai e Daimai.
15
2.8 RIM YANG
É uma estrutura complexa formada pelo Rim com suas duas raízes (yin e yang),
mais as cápsulas supra-renais, sendo chamado também de Migmen. É O armazém
energético do organismo.
O Rim (Shén) é encarregado do Movimento Água. A raiz yin do Rim atua em todo
o conjunto do Movimento Água metabolizando as próprias energias. A raiz yang do Rim
impulsiona a energia do Movimento Água ao Gan (F) através do ciclo de geração e ao
Xin (C) através do ciclo de controle. Além disso, o Rim yang é encarregado de
impulsionar o conjunto de energia essencial ao Chongmai, para que através dele se faça
a regulação energética nos Vasos Reguladores ou Curiosos.
A energia acumulada no Rim Yang desce até o períneo pelo Chongmai (Vaso
Estratégico), passando pelo Rim e pelo sistema reprodutor para estimular suas funções.
O Chongmai envolve o útero, as gônadas, as trompas e o sistema urinário em forma de
espiral.
A energia restante vai por duas vias, uma pela frente e outra por trás, Renmai e
Dumai, respectivamente. Renmai regula os órgãos Zhang e Dumai regula as vísceras,
Fu.
Daimai é o “equador” da energia humana, dividindo o corpo em duas partes e
equilibrando Yin e Yang no alto e baixo.
2.9 SHEN SHUI, YIN YE, JING, XUE: OS LÍQUIDOS ESSEN CIAIS
Shen Shui é a água-mãe que em combinação com os diversos compostos
elaborados pelas células formará os humores orgânicos necessários para hidratação e
lubrificação de todo o organismo. Shen Shui se forma a nível renal, sendo que o Rim
Yang (Migmen) aporta às energias necessárias para que o Rim produza este líquido
cristalóide ou solução intersticial a partir do sangue. A água é o solvente biológico
universal; 60% do corpo é água; no sangue, 80% é água e 10% é Shen Shui.
16
Yin Ye são os líquidos orgânicos que podem ser classificados segundo a
Medicina Tradicional Chinesa, em dois grandes grupos, os fisiológicos e os patológicos
(fleuma, edema). Todos os líquidos orgânicos têm uma origem comum, que é Shen
Shui, sendo o restante dos líquidos, sucessivas transformações que se realizam sob
influência das energias dos órgãos e vísceras. YIN representa os líquidos pouco densos
formados sob ação específica das atividades celulares de cada órgão. São eles:
lágrimas (F), suor (C), saliva (BP), líquido nasal (P) e líquido auditivo (R). YE são
líquidos mais densos ou biotransformados que dão origem ao líquido sinovial, líquido
cefalorraquidiano, secreção vaginal, etc. JING são líquidos específicos elaborados por
cada um dos cinco órgãos que são sua essência específica. Assim: Bile (F), plasma (C),
linfa (MC), insulina (BP), muco (P) e sêmen (R).
2.10 XUE (SANGUE)
Do mais alto depuramento do Rim é produzida a medula óssea (Ganshui). A
união dos Yin, dos Ye, dos Jing, das medulas e de Shenshui (água-mãe) com os
componentes bioquímicos gerados pela ação de Zheng (energia essencial) formam o
Xue (sangue).
Sob o ponto de vista oriental, sangue e energia é, em última instância, uma
mesma coisa. A energia (yang) e o sangue (yin) são os componentes do TAO vital
(PÉREZ & MARTÍNEZ, 2007). O Xue (sangue) tem como função fundamental nutrir,
hidratar e ser o suporte material do espírito (Shen). A água mãe (Shenshui) tem diversas
fases de evolução até chegar a formar o sangue, todas dependentes da ação
metabolizadora dos Órgãos. “Segundo o ponto de vista tradicional o sangue é a
combinação de todos os líquidos orgânicos mais todos os componentes bioquímicos
gerados a nível orgânico sob a ação de Qi e da energia essencial. O Rim sob o ponto de
vista energético é a “fonte essencial”. A partir dele tanto o sangue quanto a energia são
dirigidos a toda a circulação. Assim, o Migmen é o “mar do sangue” (PÉREZ &
MARTÍNEZ, 2007).
O equilíbrio sangue-energia é fundamental na fisiopatologia ginecológica. A
menstruação, concepção e gravidez dependem do estado do Sangue, do qual o Útero
também depende. Uma vez que o Xin (coração) governa o Sangue, o Gan (fígado)
armazena o sangue e o Pi (baço) controla o Sangue, estes três sistemas Yin estão
fisiologicamente vinculados ao Útero (MACIOCIA, 2000).
17
Além disso, O Fei (pulmão) regula a circulação sanguínea e o Shén (rins) administra a
energia ancestral e o sangue é o produto de transformação da energia ancestral
(Zhong). Assim, quando os cinco órgãos estão harmoniosos o sangue circula, o “mar do
sangue” prospera e a menstruação é produzida regularmente (PÉREZ & MARTÍNEZ,
2007).
3- O CLIMATÉRIO NA VISÃO DA MEDICINA TRADICIONAL CH INESA
Na China, a menstruação é chamada Tian Gui, “água celestial” ou “dragão
vermelho”. Assim, a menopausa é o estancamento da água celestial, segundo os
chineses.
A essência de Shén (Rim) influencia a fisiologia das mulheres desde a puberdade
até a menopausa. No capítulo I do Su Wen lê-se que: Aos 2x7= 14 anos, a substância
necessária para promover o crescimento, o desenvolvimento e a reprodução, Tian Gui
(menstruação) aparece; o Chongmai está plenamente desenvolvido, as menstruações
chegam regularmente e permitem um estado de fecundidade. “Aos 49 (7x7) a energia do
sangue, de Renmai e de Chongmai se esgota, as regras cessam, os hormônios se
esgotam completamente. Em breve a menopausa” (PÉREZ & MARTÍNEZ, 2007).
Como o corpo humano é um todo integral, durante o período do climatério a
mulher pode experienciar um enfraquecimento gradual do Qi do Rim. A insuficiência do
Rim vai levar a uma diminuição da capacidade dos cinco órgãos para assimilar e
transformar a energia e o sangue. “A perda da função de Renmai e a atrofia de Dumai
supõe uma falta de afluxo sanguíneo aos órgãos reprodutores, um déficit de energia Yin
e perda de líquidos orgânicos, tudo em conseqüência direta do declive dos Rins”
(PÉREZ & MARTÍNEZ, 2007). No Climatério, o Shén (R) “em estado de vazio é a raiz da
deficiência, com duas possibilidades: se o Yin dos Rins for insuficiente, o Yang dos Rins
tende a elevar. Se o Yang dos Rins for insuficiente, O Fogo de Migmen será fraco”
(AUTEROCHE & NAVAILH, 1987).
Segundo a Lei dos Cinco Movimentos, a deficiência de Yin dos Rins provoca uma
deficiência de Yin de Gan (F), que é o “filho” do Shén (R) pelo ciclo de geração. Esta
debilidade cria um excesso de Yang do Xin (C) pelo vazio de sua raiz Yin; a deficiência
do Yang dos Rins causa uma perda de harmonia com o Pi (Baço), com excesso de Yin
por fraqueza de Yang.
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Como o início da síndrome climatérica é produzido pela deficiência de Yin dos
Rins e a consequente debilidade da raiz Yin de Gan (F) e “escape” de sua raiz Yang, os
sintomas somáticos iniciais são: dores de cabeça, insônia, dores lombares, zumbidos,
transtornos de temperatura (variações de frio e calor nas mãos e pés). O resultado é o
rompimento do equilíbrio entre água e fogo. Segundo PÈREZ (2007), “o excesso de fogo
se manifesta psiquicamente por uma alteração de humor, irritabilidade, ansiedade,
depressão. A manifestação somática mais significativa é a sudoração, além de secura
da mucosa e crises de sede. Além disso, a deficiência de Yang do Pi (Baço) causa
atitudes mentais reflexivas, apatia mental, tendência a edemas, transtorno do ritmo
intestinal e urinas abundantes. O vazio global dos Rins em suas duas raízes completa o
percorrido pelos Cinco Movimentos, aparecendo medos exagerados, sobressaltos,
crises hipertensivas.”
4- DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO COM ACUPUNTURA
“Os padrões de diagnóstico na Medicina Tradicional Chinesa são baseados em
padrões de desarmonia” (MACIOCIA, 2000). Na medicina ocidental, muitos sintomas
relatados durante o climatério são considerados distúrbios funcionais por não serem
mensuráveis, como por exemplo, suspiros e sensações de membros frios. No entanto,
para a Medicina Tradicional Chinesa, estes sintomas têm grande significado, indicando
mudanças energéticas consideráveis que, se não forem tratadas devidamente, poderão
ter alterações físicas reais. Isso é especialmente importante em doenças ginecológicas,
principalmente no climatério, onde alguns sintomas são conseqüências de desequilíbrios
energéticos causados por fatores emocionais. Não existem regras na terapêutica da
Síndrome Climatérica. A escolha dos pontos depende dos sintomas presentes em cada
mulher, que deve ser estudada de forma minuciosa para que haja eficácia no
tratamento.
Vazio De Yin Dos Rins (SHÉN)
Sinais e sintomas: tonturas, vertigens, zumbidos, surdez, dor lombar, dores nos joelhos,
sudorese noturna, calor nas palmas das mãos, nos pés e na região precordial, insônia,
boca e garganta secas, cabelos e pele ressecados, constipação. Língua vermelha com
pouco revestimento.
Princípio de tratamento: Tonificar Rim Yin
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Acupuntura: R3 (Taixi) nutre o Yin dos Rins, fortalece o yang dos Rins, ponto Terra; B23
(Shenshu) ponto dorsal (Shu) do Rim; VC4 (Guanyuan) fortalece e nutre os Rins e
sangue; BP6 (Sanyinjiao) ponto de cruzamento dos três meridianos Yin do pé nutre o
Yin, tranqüiliza a mente (Shen); F3 (Taichong) ponto principal para movimentar o Qi do
Fígado; R6 (Zhaohai) nutre Yin do Rins, beneficia a garganta (para tratar boca seca
noturna). Pode-se acrescentar C7 (Shenmen) e PC3 (Yintang), que juntos acalmam a
mente.
Excesso de Yang do Fígado (Gan)
Sinais e sintomas: vertigens, zumbidos, rubores na face, ondas de calor, fluxo menstrual
abundante ou com gotejamento persistente, irritabilidade, melancolia, desconforto
lombar, debilidade nos joelhos, calor nas palmas das mãos, plantas dos pés e zona
precordial. Língua vermelha com pouca saburra.
Princípio de tratamento: tonificar o Yin do Rim (Shen) e sedar o Yang do Fígado (Gan)
Acupuntura: R3 (Taixi), B23 (Shenshu), BP6 (Sanyinjiao), VC4 (Guanyuan) servem para
tonificar Rim. F3 (Taichong) é o ponto principal para conter a ascensão do Yang do Gan,
VB20 (Fengchi) elimina vento (tonturas), contém o Yang do Gan, VB34 (Yanglinguan)
ponto Terra, para estagnação do Qi do Fígado, F8 (Ququan) ponto Água, ponto de
tonificação, nutre o Yin e o sangue.
Deficiência de Yang de Baço (Pi) e Rins (Shen)
Sinais e sintomas: Menstruações de cor vermelha pálida; a quantidade de sangue é
abundante ou a menstruação se arrasta; fadiga psíquica e física; inapetência; distensão
abdominal; edema na face e nos membros inferiores; evacuações pastosas de tendência
diarréica, urinas abundantes. Língua pálida.
Princípio de tratamento: Aquecer os Rins (Shen) e tonificar o baço (Pi), ou seja, aquecer
Rins e Baço para fazer evacuar a Água em excesso e dispersar o Frio devido a uma
deficiência de Yang.
Acupuntura: E36 (Zusanli) e BP6 (Sanyinjiao) regulam e tonificam o Baço; B23
(Shénshu) e VC4 (Guanyuan) aquecem o Rim e tonificam o Yang; VB20 (Pishu) e VB21
(Weishu) combinados com pontos ventrais F13 (Zhangmen) e VC12 (Zhongwuan)
servem para tonificar o Baço e o Estômago; VC6 (Qihai) importante ponto de tonificação
para o tratamento de esgotamento físico e psíquico, fortalece o Qi e o Yang dos Rins.
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Deficiência de sangue do Coração (Xin)
Sinais e sintomas: Palpitações falta de ar, transtornos do ritmo cardíaco, insônia ou
sonhos excessivos, sensação de calor nas palmas das mãos e nas plantas dos pés,
transtornos emocionais. Língua vermelha com pouco revestimento.
Princípio de tratamento: Tonificar o Qi e o sangue
Acupuntura: C7 (Shenmen) para fortalecer o Yin e o sangue do Coração (Xin) e
tranquilizar a mente; B15 (Xinshu), B20 (Pishu) e BP6 (Sanyinjiao) para tonificar o
sangue do coração; B23 (Shenshu) e R3 (Taixi) para tonificar a Água de Rim. O ponto
F3 (Taichong) é usado para dispersar o calor. Se o Qi do Baço for deficiente, com o
tempo, o Sangue do Coração também se torna deficiente.
Rim (Shen) e Coração (Xin) não harmonizados
Este padrão consiste na deficiência do Yin do Rim (Shen) que falha ao nutrir o Yin
do Coração (Shen), que no ciclo de controle significa a água não flui em
ascendência para nutrir e esfriar o fogo.
Sinais e sintomas: Palpitações, insônia, sonhos abundantes, ansiedade, depressão,
tristeza, choros, sudorese noturna, boca e garganta secas, incontinência urinária ou
micção gotejante. Língua vermelha com saburra fina.
Princípio de tratamento: Nutrir o Yin do Rim (Shen) e do Coração (Xin); acalmar a
mente.
Acupuntura: C7 (Shenmen) tranquiliza a mente, fortalece o Yin e o sangue do Coração;
C6 (Yinxi), ponto Xi, ponto de desbloqueio, para transpiração noturna, estados agudos
de inquietação, tranquiliza a mente; R3 (Taixi), R7 (Fuliu) e VC4 (Guanyuan) para
tonificar o Yin do Rim; VG20 (Baihui) acalma a mente, beneficia o cérebro, B15 (Xinshu),
acalma a mente e as perturbações psíquicas, alimenta o sangue; B23 (Shenshu), ponto
dorsal do Rim, nutre o Yin dos Rins; MC6 (Neiguan) tranquiliza a mente, dilata o peito,
refresca o calor, bom para ansiedade, inquietação e distúrbios do sono; R6 (Zhaohai)
nutre o Yin dos Rins, tranquiliza a mente, para distúrbios do sono e inquietação.
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Vazio de Yin e Yang dos Rins (Shen)
“Será necessário tonificar Yin e Yang simultaneament e, mas conforme o axioma
do capitulo 65 do Ling Shu , o vazio do Yin dos Rins é mais importante do que o
vazio do Yang dos Rins.”
Sinais e sintomas: Cefaléias, vertigens, olhos secos e ardentes, membros frios, região
dorsal fria, garganta e boca secas, aversão ao frio, suores nas palmas das mãos, face
ou peito, calor nas plantas dos pés, fraqueza da região lombar e dos joelhos, perda de
libido, poliúria, nicturia, fadiga. Língua pálida com saburra fina ou vermelha com pouca
saburra.
Princípios de tratamento: Tonificar Yin e Yang dos Rins, harmonizar Chongmai e
Renmai.
Acupuntura: R3 (Taixi) nutre o Yin dos Rins e fortalece o Yang dos Rins, B52 (Zhishi)
fortalece os Rins e a essência; P7 (Lieque) e R6 (Zhaohai) regulam o canal Renmai,
VC4 (Guanyuan) aquece os Rins, regulariza os canais Chongmai e Renmai, harmoniza
o sangue; B23 (Shenshu) tonifica o Yang do Rim; BP6 (Sanyinjiao) tonifica o Yin do Rim
(Shen).
Estancamento de Fleuma e Qi
A fleuma é uma condensação da Umidade e uma vez prod uzida tende a bloquear o
fluxo de Qi.
Sinais e sintomas: Obesidade, sensação de opressão no peito, distensão e plenitude
das zonas gástrica e abdominal, náuseas, vômitos, perda de apetite, eructação. Língua
com saburra branca e viscosa.
Acupuntura: VC17 (Shangzhong) é o ponto de estimulação sistêmica de Qi; VC12
(Zhongwuan) é o ponto de estimulação sistêmica das vísceras. Estes dois pontos podem
regular o mecanismo de Qi quando usados juntos com VC6 (Qihai), que é um dos
pontos mais importantes na Acupuntura, pois fortalece o Qi em geral e os Rins,
eliminando a umidade e harmonizando o sangue. O ponto E40 (Fenglong) serve para
eliminar as fleumas quando usado em sedação junto com a tonificação de BP3(Taibai).
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5- ATITUDES DIANTE DA MENOPAUSA
Segundo PÈREZ (2007), “a menopausa assim como a adolescência e a infância,
está plena de mudanças físicas, psicológicas e sociais. Frequentemente se tem a
imagem de um período difícil, mas são apenas mudanças previsíveis e naturais. A
mulher que aprende a conhecer seu próprio corpo e sua mente compreende que o
climatério e, consequentemente a menopausa é um processo gradual que ocorre no
âmbito biológico e psicológico e que se materializam em sintomas físicos e emocionais
como insônia, depressão, solidão, angústia, ansiedade. Por isso a mulher deve adotar
uma atitude positiva que permita a ela assumir a menopausa de uma maneira tranqüila
e grata . A mulher deve alimentar seu corpo e sua mente de forma adequada, evitar
hábitos tóxicos, como o álcool e o fumo e praticar atividades físicas além de yoga e
meditação”.
A menopausa é um processo natural e nenhum tratamento é necessário a não ser
que uma doença específica ou sintomas tenham que ser tratados ou prevenidos. Na
constante busca do ser humano em solucionar seus males, a Acupuntura tem se tornado
cada vez mais uma importante fonte de recursos para o alívio de sintomas e até mesmo
de sua cura.
É importante ressaltar que a forma de viver as alterações da menopausa pode ser
muito diferente em umas mulheres ou em outras. Segundo PÈREZ, 2007, em estudos
comparativos de alterações na menopausa vividos por mulheres francesas e asiáticas,
foram observadas diferenças significativas nos fogachos, suores noturnos e aumento de
peso. Nas mulheres francesas, alguns sintomas como irritabilidade, insônia ou
depressão duram anos enquanto que nas asiáticas duram meses. A hipótese sobre as
diferenças observadas é simplesmente a forma de vivenciar a menopausa.
A menopausa não é uma transição fácil para todas as mulheres, mas quando
existe conhecimento do que possa ocorrer, a mulher pode aprender a lidar com
prováveis desconfortos. Com instrução e perspectiva talvez seja possível o dia em que
se considere a menopausa somente como mais uma mudança. “Pois a vida é uma
constante mudança. É sua essência e sua promessa.”
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6- CONCLUSÃO
A partir da bibliografia referenciada neste trabalho, conclui-se que a Acupuntura é
eficaz para o tratamento do alívio dos sintomas do climatério.
Com o aumento da expectativa de vida, existe um número crescente de mulheres
vivenciando o climatério, expostas, portanto, aos sintomas a ele associados e
percebendo que o tratamento desses sintomas pode ser feitos de diversas formas, não
somente através do tratamento hormonal. Muitas mulheres não podem se submeter à
TH, o que torna a Acupuntura uma primeira opção de tratamento.
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