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Ademir Barros dos Santos
frica: nossa histria, nossa gente
EdunisoAdemir Barros dos Santosfrica: nossa histria, nossa gente
Eduniso
2013
Santos, Ademir Barros dos
S233a frica: nossa histria, nossa gente / Ademir Barros dos Santos. Sorocaba, SP: Eduniso, 2013.
1. frica Histria. I. Ttulo. CDD 306.362
306.362096
Desenho de capa: O negro que ri
Wlademir Bonifcio da Costa
(Wladico)
preciso aceitar uma certa morte e renascer um bocadoMia Couto para o amanh que construmos nossos slidos templos, pois sabemos edific-los, e estamos erguidos no topo da montanha, livres dentro de nsLangston HughesPrefcioAna Maria Souza Mendes
Coordenadora do
Ncleo de Cultura Afro-Brasileira NUCAB
da Universidade de Sorocaba - UNISO
S u m r i o 13Introduo
19Parte 1 - frica para neoafricanos
21Captulo 1. Evolues, migraes, Estados africanos
21Topografia do continente
23A frica e a evoluo da humanidade
25Entendendo a evoluo
26Migraes africanas
26Os que se foram
28Os que ficaram
32Imprios africanos
32frica Branca
33frica Negra
63Captulo 2. Civilizaes, filosofias, religies
64Diversidades: culturas e civilizaes africanas
65Culturas
67Civilizaes
70Religiosidade ou filosofia?
72Religies reveladas
73Outras religies espiritualizadas
74A viso africana
75Convergncias e divergncias
79Reflexos sociais da filosofia religiosa africana tradicional
85Captulo 3. Escravido: gnese e difuso
86Escravos: desde quando?
87Quem eram os escravos?
89Escravides
89Antes das Grandes Descobertas
92A antiga escravido social africana
93A nova escravido e o Novo Mundo
93Antecedentes
97O conquista iniciada
97As justificativas para a dominao
101Sobre a frica, livre ainda
102A nova escravido: contexto histrico e geogrfico
102Um pouco de histria e geografia
102Histria
105Geografia
106A nova escravido, justificada
109A extino do trfico
112A Partilha da frica
115Captulo 4. Revoltas e emancipaes
116Antecedentes e preliminares
116A hinterland
117A ao colonizadora
117A ao religiosa africana
118Movimentos polticos
118Aes emancipatrias
119Reaes ao colonialismo
119Revoltas
123A intelectualidade de matriz africana
125As guerras mundiais
126Emancipaes
127Efeitos da emancipao
128Resultados da civilizao europeia
129Um futuro possvel
131Parte 2 - frica, fricas
133Captulo 1. Antes da aventura atlntica
133As sociedades em confronto
134rabes
134Europeus
137Africanos
139Cenrio: o Atlntico
140A ao
141A mo dupla das grandes navegaes
144A mudana do enfoque europeu sobre a frica
144A ocupao do continente americano
147O cenrio final
151Captulo 2. Amricas, encontros, desencontros
152O Novo Mundo
152A indstria nova e o comrcio triangular
153A travessia
154Os viajantes
154Os portos de partida
156As operadoras de viagem
156Os passageiros compulsrios
163Destinos e destinaes
163Os mundos rabe e europeu
164O Mundo Novo americano
169Novas sociedades: as escravoamericanas
170As migraes e o incremento do escravismo exportador
172Finalizando o tema
175Captulo 3. Atritos, conflitos, aproximaes
176Escravos novos e sociedades j formadas
176Novas naes
177Novas sociedades
180Recomeos
181Os campos de embate
181O direito
187Religies aproximaes e afastamentos
190As religies e os escravizados
195Resistncias e reaes
195Cotidiano escravo
196Petit marronage
197Gran marronage
198Resumo, fingindo concluso
201Captulo 4. Histrias e filosofias
201Um pouco de histria
201Estados Unidos da Amrica
212O caribe francs
213A Amrica latina
216Resultados do racismo
218A raa histrica
220A ngritude
223A assimilao
224O Brasil
227Parte 3 - fricas, Brasil
229Captulo 1. Primeiras associaes
229Senzalas: as oficinas de Exu
230Antes da senzala
231A senzala e o eito
233Motivaes para o trabalho
234Associaes
235Escravos novos
235A produo de crioulos
236A famlia, nas senzalas
238Quilombos
239Formao dos quilombos africanos
242Quilombos no Brasil
249Captulo 2. A interlocuo e a manuteno cultural
249O ambiente da interlocuo
250Interlocutores individuais
250O escravo urbano
252A escrava domstica
254Os mestios
257Grupos de manuteno cultural
257Religies de matriz africana
258Confrarias e irmandades
270Outros guardies culturais
272Os indivduos, os grupos, a lei
277Resumindo o captulo
279Captulo 3. Negros em movimento
280Primeiros tempos
282Antes da minerao
286O ciclo do ouro, e o Brasil do interior
289O ciclo do caf
291A movimentao compulsria dos escravos
294O sistema e suas modificaes
296Enfrentamentos
299Ps-abolio
303Captulo 4. Movimentos negros
303Migraes culturais
304So Salvador, Bahia
307Rio de Janeiro, a nova capital
311So Paulo, a capital do capital
313Os clubes sociais e a imprensa negra
316Gestao
317Enfoques, primeiros momentos
318Percalos
319Associaes
319A Frente Negra Brasileira
323O Teatro Experimental do Negro
325A Associao Cultural do Negro
327O Movimento Negro Unificado
328Os dias atuais
331Referncias
341A n e x o s
343Anexo 1 A linguagem simblica smbolos adinkra
345Anexo 2 Revoltas africanas antes das guerras "mundiais"
347Anexo 3 - IDH africano por pas, em 2005
349Anexo 4 - Desembarques de escravos nas Amricas
IntroduoO material aqui contido a consolidao, em um s volume, de doze apostilas desenvolvidas e utilizadas, pelo autor, como apoio didtico a trs cursos, complementares mas no interdependentes que, suportados pela Universidade de Sorocaba, foram desenvolvidos pelo Ncleo de Cultura Afro-Brasileira, desta instituio.
Embora inicialmente gestado como complemento cultural muito mais singelo, este material, a princpio pensado como um s corpo a Parte 1: frica para neoafricanos fermentou-se, gestando mais dois complementos frica, fricas e fricas, Brasil que, nesta compilao, formam as partes 2 e 3, respectivamente.
Tal desvio, ou melhor, ampliao, de rota, mostrou-se extremamente gratificante: embora com predominncia de docentes entre o pblico que, voluntariamente, buscou cursar o que pretendamos expor, impressionou, ao final, a diversidade atingida; e l estiveram teatrlogos, formadores de opinio, representantes de entidades no governamentais diversas e de outras categorias que, se citadas extensivamente, esgotariam o espao reservado para esta introduo.Diante da intensa procura e extensa diversidade, o NUCAB, rgo especfico da universidade comunitria que o abriga, resolveu consolidar as mencionadas apostilas em texto nico, ora apresentado aos interessados de qualquer classe, etnia ou postura social.
Esclarea-se, de pronto, que tanto em aula quanto em texto, o material subdivide-se em trs corpos, todos voltados africanidade: o primeiro, frica para neoafricanos, reapresenta, com face prpria, o continente-bero da humanidade, abordando-o a partir da fragmentao geofsica de Pangea, continente primeiro de onde se deslocaram todos os outros inclusive, a frica.
No momento seguinte e no mesmo corpo, o tema abordado o aparecimento dos primeiros homindeos no sul africano, sua disperso pelo mundo, e a formao, por todo o continente, de poderosos reinos e imprios: esta a hora do passeio pelas culturas, civilizaes e filosofias ali adotadas.
Por imprescindvel, o momento seguinte discute a escravido; porm, no como lamento, mas, apenas, como instituio, to antiga quanto a prpria humanidade; entretanto, a nfase dada est localizada na inflexo deste instituto que, ao atingir a frica, abandona o carter meramente social, voltando-se para o comrcio e indstria rudimentares que, a partir de ento e por longo tempo, dele e nele se alimentaram. Isto, por quase quatro terrveis longos sculos.
A seguir, extenso bloco analisa os efeitos altamente destrutivos, por inumanos, que esta instituio, por modificada, exerceu sobre o segundo maior continente do mundo, que l restou estagnado, abandonado condio venenosamente cida de sucata no reciclvel da humanidade.O segundo corpo deste estudo, denominado frica, fricas, centra-se na anlise da dispora; assim sendo, tem incio exatamente no momento em que a escravido retira, do continente em foco, no apenas os braos mais fortes, degredando-os sem qualquer crime e degradando-os condio de no humanos, alm de conden-los ao trabalho injusto, inglrio, forado e no remunerado, mas, tambm e sobretudo, perda do sentir-se pertencer, e da energia necessria ao sonho de futuro e manuteno do progresso.
Neste mdulo, a nfase est centrada, especialmente, em demonstrar a inutilidade de apressadas comparaes entre escravodescendncias, norte-americana, sul-americana e caribenha, por falta de qualquer parmetro para comparabilidade.
Para tanto, foi imprescindvel refazer, mesmo que levemente, a trajetria percorrida pelos escra