12
Marta Machado: professora e precursora da equoterapia Profissão: pág. 8 Aventura e muita natureza em Serra Negra Estive lá e gostei pág. 3 ADEVA: 35 anos de luta e conquistas Editorial pág. 2 Nº 63 - abr/mai/jun de 2013 - ANO XVI Associação de Deficientes Visuais e Amigos Nº 63 - abr/mai/jun de 2013 - ANO X Associação de Deficientes Visuais e Amigo

ADEVA: 35 anos de luta e conquistas · 2013-05-15 · Colaboradores: Ivan de Oliveira Freitas, Laercio Sant’Anna, Liane Constantino, ... fomos dar uma volta no lago existente no

  • Upload
    donhan

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Marta Machado: professora e precursora da equoterapia

Profissão: pág. 8

Aventura e muita natureza em Serra Negra

Estive lá e gostei pág. 3

ADEVA: 35 anos de luta e conquistas

Editorial pág. 2

Nº 63 - abr/mai/jun de 2013 - ANO XVI Associação de Deficientes Visuais e Amigos

Nº 63 - abr/mai/jun de 2013 - ANO XAssociação de Deficientes Visuais e Amigo

ADEVA, 35 anosA ADEVA comemora neste ano não só seus 35 anos de

luta e atividades na área da deficiência visual, mas também os dez anos do seu coral.

E como festejar tudo isso? Com a ampliação de nossos cursos de capacitação profissional, alguns em parceria com o programa Via Rápida Emprego, com previsão de 180 atendimentos neste ano e também em 2014; com o curso de massoterapia, em parceria com o Instituto Oniki do Brasil, iniciado no último dia 2 de abril, com grande sucesso; com a ampliação da parceria ADEVA-Programa AcessaSP, com mais uma sala de atendimento ao deficiente visual.

E por falar em festejar, no dia 1º de outubro, teremos uma apresentação do nosso coral no Theatro São Pedro, sem esquecer o nosso tradicional jantar de aniversário no Bar Brahma.

Se você quiser saber mais um pouco de nossa história, nossas lutas e realizações, consulte nosso site na seção Quem somos, acessando Nossa História e as edições do nosso jornal, CONVIVA.

Convidamos você, não só para comemorar conosco, mas para nos ajudar a construir nossa história: como parceiro, como voluntário, como aluno, como colaborador, como amigo... você escolhe.

Markiano Charan Filho e Sandra Maciel, diretor-presidente e diretora-vice-presidente da ADEVA

Jornalista responsável: Rafael Brandimarti (MTb 62.567).

Colaboradores: Ivan de Oliveira Freitas, Laercio Sant’Anna,

Liane Constantino, Lothar Bazanella, Lucia Maria, Lúcia

Nascimento, Markiano Charan Filho, Miguel Leça (fotos),

Sandra Maciel, Sidney Tobias de Souza. Correspondência: rua

São Samuel, 174, Vila Mariana, CEP 04120-030 - São Paulo

(SP) - telefones: 11 5084-6693/6695 - fax: 11 5084-6298

- e-mail: [email protected] - site: www.adeva.org.br.

Diagramação: Fernanda Lorenzo. Revisão: Célia Aparecida

Ferreira. Fotolitos e impressão: cortesia Garilli Artes Gráficas

Ltda. - tel.: 11 2696-3288 - e-mail: [email protected].

Tiragem: 1.000 exemplares. DISTRIBUIÇÃO GRATUITA.

Doe sua nota fiscal para a ADEVAA ADEVA está realizando uma campanha para arrecadação de notas fiscais sem CPF ou CNPJ (no caso de empresas). Para participar, basta solicitar a sua Nota Fiscal Paulista sem CPF no ato de qualquer compra e doá-la para a ADEVA. Mas, para ajudar, as notas têm de ser cadastradas no sistema do site da Secretaria da Fazenda no máximo 20 dias depois da data da compra, senão perdem a validade. Colabore com a gente doando a sua. A ADEVA agradece!

1

2 3 45 6

7 8

9 10 11

1314

1512

1. Coral da ADEVA (2009); 2. Markiano Charan Filho e Sandra Maciel na inauguração do Infocentro ADEVA (2002); 3. Markiano e Lila Covas descerram placa co-memorativa da inauguração do Centro de Treinamento Mário Covas (2001); 4. Bruno Covas em visita ao Centro de Treinamento Mário Covas e Markiano (2010); 5. Jandira Yamashita e Lourdes de Lima, voluntárias da ADEVA, e a revisora do CONVIVA, Célia Ferreira 6. Sidney Tobias de Souza, diretor da ADEVA (2008); 7. Laercio Sant’Anna, colaborador do CONVIVA (2010); 8. Integrantes da equipe da ADEVA em visita ao Clube da Portuguesa de Desportos (2011); 9. Festa Julina na ADEVA (2011); 10. Visita noturna ao Zoológico de São Paulo (2010); 11. 30º aniversário da ADEVA, com show de Jair Rodrigues (2008); 12. Alunos do curso de informática (2011); 13. Carlos Norberto, diretor da ADEVA (2009); 14. Integrantes as Equipe Golfinhos na Gincana do Centro Cultural São Paulo (2011); 15. Sandra Maciel (2009)... e centenas de outras fotos que fazem parte de nossa história, permeiam nossas lembranças e moram em nosso coração!

Opinião | Editorial ...........................p. 2

Lazer | Estive lá e gostei .............p. 3

Adeva | Talentos...........................p. 4 Em foco ...........................p. 5 Parceiros .........................p. 7

Mercado de Trabalho | Profissão: ........................p. 8

Tecnologia | Convivaware ...................p. 10 Na rede............................p. 11

Literatura | Outros olhares ................p. 11 Espaço poético ...............p. 12 Mais | Para seu lazer .................p. 12

2 | Conviva | 63 |

GERS

ON C

ORDE

IRO

Por Sidney Tobias de Souza [email protected]

Se a riqueza do futuro será a água, Serra Negra certamente será uma cidade rica. Pois bem, fui conhecer essa cidade acolhedora, com clima de montanha, construída às margens dos caminhos que levavam os bandeirantes de São Paulo à região de minas de ouro e diamante do interior do País. Devido à cor da vegetação local, referiam-se à região como terra das montanhas negras, hoje apenas Serra Negra.

A cidade cresceu, mas preserva muito da sua área verde original. Porém, o que chamou a minha atenção é a quantidade de fontes de água pura e cristalina.

Visitamos o Parque Fonte Santo Agostinho, um bosque de vegetação nativa, onde encontramos as fontes Santo Agostinho e Santa Luzia. Após matarmos a sede, fomos dar uma volta no lago existente no bosque. De repente, observamos um grupo de crianças descendo de um trenzinho e correndo para o parquinho. Era o trenzinho Tia Linda, que sai da Praça João Pessoa e faz um city tour pela cidade, passando

pelo Parque Fonte São Luiz, Mercado Cultural além do Parque Fonte Santo Agostinho, entre outros. Outra fonte bastante visitada é a fonte Nossa Senhora de Lourdes. Ela está situada no Parque e Represa Dr. Jovino Silveira, uma ampla área verde com quiosques para piqueniques e churrascos, viveiro de pássaros, pista de bocha, playground e lanchonete.

Outro lugar que atrai a criançada é o Lago dos Macaquinhos que, como o próprio nome indica, tem uma ilha com criação de macaquinhos no centro. No lugar tem também aluguel de cavalos, parquinho, área para piqueniques, pesqueiro, pedalinhos e até piscinas.

Aliás, para quem gosta de nadar, outra opção é o Conjunto Aquático Municipal, com uma piscina com mais de 1.000 metros cúbicos para os dias de calor. Pena que fui num dia de frio. Lá tem também uma pista de patinação onde estava a maior concentração de pré-adolescentes que encontrei na cidade. E como é típico de Serra Negra, há no local, em meio a uma área verde, uma fonte chamada Menino Jesus de Praga.

Antes do pôr do sol, subimos de teleférico os 1.080 metros até o alto do Pico do Fonseca, onde fica o Cristo Redentor da cidade, um monumento com 18 metros de altura, sendo 6 de pedestal e 12 de estátua. Lá de cima, a visão panorâmica propicia ótimas fotos. O teleférico em si já é uma aventura, passando sobre as copas das árvores e cruzando ruas bem no alto.

E já que estávamos na região central da cidade, fomos às compras. Encontramos uma grande variedade de malharias com seus produtos em lã e linha. Há também muita oferta de vestuário e acessórios em couro. Encerramos nosso passeio num café na praça central, onde eu provei e aprovei um “choconhaque” para espantar o frio. Enfim, Serra Negra é um bom lugar para passar o fim de semana.

Aventura, passeios e muita natureza em Serra Negra

Estância hidromineral é uma ótima opção de destino para curtir no fim de semana

Como chegarDe carro: pela Rodovia Anhanguera até o km 62 (depois de Jundiaí), no trevo de Itu-Itatiba, seguindo à direi-ta até Itatiba, Morungaba, Amparo e Serra Negra (152 km) ou pela Rodovia Fernão Dias via Mairiporã, Atibaia, Bragança Paulista, Socorro, Lindóia e Serra Negra (175 km).

3| Conviva | 63 |

Um talento da ADEVA que faz a diferença

Fabiano Lima, de aluno e professor a analista de sistemas de um grande banco

Por Lúcia Nascimento [email protected]

Para aqueles que acompanharam o trabalho de Fabiano Batista de Lima, 29, na ADEVA, sua ascenção profissional a programador e premiado funcionário de um grande banco não é nenhuma surpresa. Paulistano do bairro da Casa Verde, Fabiano conheceu a ADEVA em 2000, quando a vice-presidente da associação, Sandra Maciel, o descobriu numa lista da sala de recursos da Escola Estadual Buenos Aires, onde estudava.

Na época, Fabiano, que hoje é cego, tinha 20% da visão,

mas ainda não se sentia uma pessoa com deficiência. “Eu não tinha contato com deficientes visuais nem imaginava que eles operavam um computador. Em princípio, fui à ADEVA apenas para conhecer a entidade”, confessa o ex-aluno. Nos seis anos que permaneceu na ADEVA, Fabiano aproveitou todas as oportunidades que teve para aprender e ensinar informática e, assim, se preparar da melhor forma possível para o mercado de trabalho.

“Fiz todos os cursos que a ADEVA ofereceu, desde digitação e Windows a linguagens de programação. Um dia, o Marcelo [Antunes, Talentos 58] não pôde vir e me pediram

Signo: Gêmeos.Uma cor: Azul.Hobby: Música.

Um livro: “Robinson Crusoe”, de Daniel Defoe.

Um filme: “Robinson Crusoe”, de Luis Buñuel (México, 1954).

Estilo de música: MPB.Uma música: “Oceano”, de Djavan.Cantora preferida: Ana Carolina.

Cantor: Djavan.Sobre a deficiência: Não é ne-

nhuma barreira.Religião: Católica.

Deus: O número um.Amigos: Necessários.

Amor: Vida.Esportes preferidos: Musculação e judô.

Time do coração: São Paulo.Família: Base de tudo.

Um sonho: No momen-to, estou realizado.

O que fazer para viver me-lhor? Saber viver.

Uma frase: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.

Jogo rápido com Fabiano Lima

ARQU

IVO

PESS

OAL

4 | Conviva | 63 |

para auxiliar uma turma de um curso de digitação. A partir daí, passei a ter mais afinidade com o pessoal e, aos poucos, me tornei instrutor”, lembra. Além de informática, Fabiano também fez cursos de inglês, matemática e telemarketing na ADEVA.

Ingresso no mercado de trabalho

O primeiro emprego de Fabiano foi na multinacional Capgemini, em 2005, por meio de uma parceria da empresa com a ADEVA. Lá, ele trabalhou na área de suporte durante 11 meses. Posteriormente, trabalhou por dois anos no telemarketing do Bradesco. “No Bradesco, eu utilizei todas as técnicas de venda que aprendi no curso de telemarketing da ADEVA”, recorda.

Na época, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) lançou um programa de qualificação e inclusão de deficientes visuais e auditivos no mercado de trabalho, e o Bradesco, um novo desafio a Fabiano, que foi transferido para a área de TI, onde ficou por mais um ano.

“Eu era visto no banco como o deficiente que conhecia informática. O Bradesco, então, me colocou para trabalhar nos vários setores do banco para ver se era preciso fazer adaptações no sistema visando os novos funcionários encaminhados pela Febraban, que eram treinados por mim.”

No entanto, a realização profissional veio em outra instituição financeira, onde Fabiano diz estar fazendo o que realmente gosta. “Sou programador na área de mercado de capitais nas linguagens SQL Server e Microsoft .NET”, explica.

Com dois anos de empresa, Fabiano conquistou dois prêmios no ano passado: um pelo excelente trabalho e relacionamento corporativo, e outro pelo ótimo desempenho na qualidade da entrega dos serviços e cumprimento de prazos.

Formado em análise e desenvolvimento de sistemas pela Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), Fabiano afirma que em breve pretende fazer uma pós-graduação na área. “Os prêmios fizeram com que eu me sentisse capaz e me deram novo ânimo. Para o ano que vem, quero uma promoção.”

Casado com a também programadora e ex-aluna da ADEVA Marianna e pai dos gêmeos Guilherme e Sabrina, Fabiano diz que sempre que pode participa das atividades da ADEVA, como da cerimônia dos dez anos do posto do AcessaSP, em dezembro último, e não poupa elogios à associação: “A ADEVA não é apenas uma escola de informática ou uma entidade de capacitação para o mercado de trabalho, é uma escola de vida. Devo tudo o que aprendi à ADEVA”.

Coral da ADEVAO Coral da ADEVA, que neste ano

comemora dez anos de existência com uma apresentação, em outubro, no Theatro São Pedro, está com inscrições abertas a todos os associados e ao público em geral. Regido pelo maestro Júlio Battesti, os ensaios acontecem às terças-feiras, das 17h às 19h, no Centro de Treinamento da ADEVA (rua São Samuel, 174, Vila Mariana). Participe!

Arraial da ADEVANo dia 13 de julho, um sábado, acontece a Festa

Julina da ADEVA, em sua terceira edição. Convide seus familiares e amigos e venha se divertir no arraial da nossa entidade, com direito a barracas de jogos, rifa, vinho quente, quentão, espetinho, cachorro--quente, doces e, claro, a tradicional quadrilha.

Esperamos por você!

Conexão Brasil-ChinaNo dia 12 de abril, uma delegação da Federação

de Deficientes de Xian, capital da província chinesa de Shaanxi, visitou a nossa sede a fim de se inteirar dos trabalhos realizados pela ADEVA. Além da troca de experiências, ficou o convite para uma visita ao gigante asiático no futuro.

cocoumumThThababpúpúJútedeSa

Jusedarif-q

dedeShShtratraexexassas

5| Conviva | 63 |

ADEVA e Instituto Oniki: abrindo portas para a cidadania

Nos seus 35 anos, entidade patrocina curso de massoterapia para seus alunos

Afinada com objetivo de incluir a pessoa com deficiência visual na sociedade por meio do trabalho, a ADEVA está patrocinando para os alunos da entidade um curso técnico de massoterapia no Instituto Oniki do Brasil, uma entidade sem fins lucrativos especializada na formação profissional na área de massagem terapêutica oriental.

Com duração de três meses, o curso introdutório é uma ótima oportunidade para os alunos da ADEVA interessados numa alternativa de trabalho nesse ramo de ocupação, já que muitas empresas, preocupadas com o bem-estar dos seus funcionários, contratam os serviços de massoterapeutas.

“É um curso que vem ao encontro do trabalho da ADEVA de proporcionar as ferramentas necessárias para inserir o deficiente visual no mercado de trabalho”, diz Markiano Charan Filho, presidente da ADEVA.

Ministrado pela equipe de professores da Oniki, da qual dois são deficientes visuais, e com carga horária de 260 horas/aula, o curso de massoterapia é dividido em aulas teóricas e práticas e foi pensado nos moldes do programa Via Rápida Emprego, com a diferença de que está sendo patrocinado pela ADEVA integralmente. No total, 20 alunos da entidade estão sendo beneficiados.

Sobre a OnikiFundada pelo professor e deficiente visual Ichijiro Oniki em 1990, a Escola

Técnica de Massoterapia Oniki é especializada em ministrar técnicas de massagem para os deficientes visuais e para as pessoas de visão subnormal.

A escola oferece também o curso de massagem para as pessoas não portadoras de deficiência visual. Mais informações no site www.oniki.com.br.

6 | Conviva | 63 |

A ADEVA agradece o apoio das empresas que ajudaram na realização do V CARNADEVA:

| Cesp | Colégio Lasar Segall | Comedoria Pau Brasil | Churrascaria Fogo de Chão | Editora Saraiva | Festa Express | MA2 Projeto e Gerenciamento | McDonald’s | Pizzeria 1900 | Restaurante Esquina Grill | Restaurante Mestiço | Sintonia Consultoria de Imagem e Estilo | Spoladore Eventos |

ADEVA e Sebrae firmam parceria para workshops

Oficinas de treinamento visam otimizar serviços prestados pela entidade

Com o objetivo de melhor atender as pessoas com deficiência visual ou não que procuram a ADEVA e alinhar sinergias com os parceiros dos setores público e privado, a ADEVA firmou uma parceria com o Sebrae-SP no começo deste ano visando o treinamento de sua equipe de colaboradores.

“Nós tomamos a iniciativa de procurar o Sebrae para capacitar a nossa equipe e também para ajudar o Sebrae a incluir as pessoas com deficiência visual nos seus cursos e, consequentemente, no mercado de trabalho”, diz Markiano Charan Filho, diretor--presidente da ADEVA.

A parceria, a primeira firmada entre a ADEVA e o Sebrae, prevê inicialmente a realização de quatro oficinas de treinamento, a serem ministradas na sede da entidade. Os temas abordados serão: empreendedorismo, planejamento, trabalho em equipe e relacionamento com clientes.

“Estou muito contente em realizar essa parceria com a ADEVA, que vai beneficiar muita gente”, diz

Bruno Caetano, superintendente do Sebrae-SP. “Não tenho dúvidas que o empreendedorismo é opção para a geração de renda e ocupação para pessoas com deficiência. Quem nunca sonhou em ser dono do próprio negócio? Com um pouquinho de organização, todos podem realizar esse sonho. E essa ajuda o Sebrae vai oferecer.”

Sobre o SebraeO Sebrae faz parte de um sistema criado em 1972 vinculado ao governo federal. A partir de 1990, a entidade transfor-mou-se num serviço social autônomo, sem fins lucrativos, denominado Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).O Sebrae-SP é uma entidade que tem em seu conselho ad-ministrativo representantes da iniciativa privada e do setor público. Essa composição visa sintonizar as ações que buscam estimular e promover as empresas de micro e pequeno porte com as políticas de desenvolvimento econômico e social. Constitui-se, portanto, numa instituição que prepara micro e pequenos empresários para obterem as condições neces-sárias para crescer e acompanhar o ritmo de uma economia competitiva.

7| Conviva | 63 |

Por Lúcia Nascimento [email protected]

Como para a maioria dos deficientes, a história da pedagoga Marta de Almeida Machado, 49, cadeirante, passa por preconceitos e desconfianças, conquistas e superação, tendo os cavalos como seus grandes aliados. “Os cavalos me deram equilíbrio e autoconfiança”, diz Marta, carinho-samente chamada de Martinha.

Paulistana da Vila Monumento, Martinha e o irmão, Moacir, sofrem de ataxia espinocerebelar, uma doença genética e crônica que afeta estruturas neurológicas responsáveis principalmente pela coordenação dos movimentos do corpo e o equilíbrio.“Como toda criança que começa a andar, eu tropeçava e caía, então meus pais demoraram a desconfiar. Meu irmão e eu usamos botinha ortopédica até os oito anos, pois os médicos nos tratavam como crianças com problemas ortopédicos”, conta. Por ser muito lenta nas atividades, era vista como preguiçosa na escola. “Uma professora me dizia que eu nunca poderia dar aula, porque não tinha uma letra pedagógica redonda.”

Em 1979, porém, um neurologista de uma clínica que os atendia achou estranho o diagnóstico e os encaminhou para a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), onde era voluntário. “Lá, eu fiz a primeira ressonância magnética que deu uma atrofia no cerebelo, responsável pela coordenação motora do corpo inteiro”, explica ela, que,

no ano seguinte, começou a fazer reabilitação e a estagiar nas salas de aula da entidade.

Concluído o curso, em 1983, Marta prestou concurso para professora da Prefeitura de São Paulo. “A AACD tinha um convênio com a prefeitura por meio do qual a entidade recebia professores da rede municipal de ensino, e eu prestei o concurso visando trabalhar lá. Entre 17 mil candidatos, fiquei em 306º lugar, uma ótima colocação. Mas para a minha surpresa, o médico da prefeitura me disse que, como o meu problema era progressivo, eu não poderia ser professora, pois teria que usar cadeira de rodas”, relata. Por duas vezes Marta entrou com pedido de recurso na prefeitura, sem sucesso.

Como ainda não existia a Lei de Cotas, Martinha foi, na companhia de uma prima, também com deficiência, relatar o problema ao coordenador do Movimento pelos Direitos das Pessoas com Deficiência, Cândido Pinto de Melo, que, de imediato, procurou a imprensa e o então prefeito, Mário Covas (1930-2001).

Martinha lembra que, antes mesmo da reunião com o prefeito, ela recebeu a ligação de um médico da prefeitura. “Ele ligou para me pedir desculpas. Disse que eu não estava inapta, e sim uma tal de Márcia”, recorda aos risos.

Finalmente aprovada e admitida, Marta realizou o sonho de dar aula, primeiro em uma escola da prefeitura, depois na unidade da AACD do Ibirapuera, onde trabalhou até 2008 no setor de pedagogia.

Ela venceu o preconceito para realizar o sonho de ser professora

Conheça Marta Machado, uma profissional a serviço dos deficientes de São Paulo

8 | Conviva | 63 |

EquoterapiaMartinha, que passou a usar o andador em 2005 e é

cadeirante desde 2012, sempre procurou tratamentos alternativos para ajudar na sua reabilitação. E foi graças a uma reportagem que viu no Fantástico, da Rede Globo, que ela chegou à equoterapia, uma prática que estimula os movimentos por meio da montaria a cavalo. “Eu tinha muita vontade de aprender a dirigir um carro. Então decidi antes aprender a ‘dirigir’ um cavalo”, diverte-se. Graças a Apolo, Flica e Estrela, Martinha adquiriu autonomia, equilíbrio e a tão sonhada carteira de motorista.

Formada em pedagogia pelas Faculdades Integradas de Guarulhos, Marta é pós-graduada pela Faculdade Paulista de Educação e Comunicação (Fapec). No curso ministrado pela Dra. Gabriele Brigitte Walter, que trouxe a equoterapia para o Brasil no início da década de 70, Martinha apresentou o trabalho de conclusão de curso “Políticas Públicas em Equoterapia”, que teve a oportunidade de entregar para a presidenta Dilma Rousseff no dia 25 de janeiro, “quando ela aqui esteve lançando o projeto do Centro Nacional de Treinamento Paralímpico”.

Paralimpíadas de 2016Há três anos na coordenadoria de projetos de inclusão da

Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida (SMPED), e depois de muitas negociações, Marta, o então secretário, Marcos Belizário, e o secretário da Saúde, José Maria, conseguiram lançar, no ano passado, o primeiro Serviço Municipal de Equoterapia, no Centro Social Nossa Senhora da Penha, no Tatuapé.

Também no Tatuapé, ela inaugurou em 2012, com o apoio da prefeitura, um trabalho de zooterapia no Parque Esportivo dos Trabalhadores, antigo Parque do Ceret.

Integrante da equipe de hipismo do Brasil, sua meta agora são as Paralimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro.

Martinha acredita que a sua “briga” pelo direito de ingressar na prefeitura abriu muitas portas para os deficientes no mercado de trabalho, mas não tem a pretensão de afirmar que foi a sua história que motivou a criação da Lei de Cotas. Mas deixa seu recado para as pessoas com deficiência: “Nunca desistam dos seus sonhos. Batalhem por eles mesmo que as portas se fechem. Se eu fosse ligar para os ‘nãos’ que recebi, nem estaria aqui”, finaliza.

ARQU

IVO

PESS

OAL

9| Conviva | 63 |

Use e abuse do computador sem prejudicar o seu corpo

Cadeira com ajuste de posição e caixas de som podem fazer toda a diferençaPor Laercio Sant’Anna [email protected]

O computador está cada vez mais presente nas nossas vidas. Mas na correria do dia a dia, muitas vezes nos esquecemos de alguns cuidados básicos e imprescindíveis para a nossa saúde.

O uso inadequado do computador por tempo prolongado pode causar sérios problemas. Quando estamos em pé, nosso peso é distribuído pela coluna lombar, favorecendo o equilíbrio do corpo. Permanecendo horas sentado, a coluna recebe uma dose de esforço extra. Nesse caso, é importante manter a curva natural das costas (em formato de S). Uma boa dica: coloque um travesseiro na parte inferior da coluna para ajustar a curva lombar.

Não economize na qualidade da cadeira. Ela deve ter um encosto ajustável (para frente e para trás) que permita uma reclinação de até 30 graus. Prefira encostos altos, pois garantem maior apoio para as costas, diminuindo a tensão localizada. Dê preferência para cadeiras que possuam suporte para a região lombar, descanso de braço com almofadas e uma base com cinco pernas para reduzir o risco de quedas. Cuidado com a altura. Ela deve permitir que os joelhos estejam flexionados num ângulo de 90 graus. Os pés devem estar totalmente apoiados no chão. Pés cruzados ou apoiados na ponta dos dedos favorecem dores na parte inferior da coluna.

Quanto menores o brilho e os reflexos na tela do monitor, maior o conforto para os olhos. O monitor deve estar numa distância de aproxi-madamente 70 centímetros da face do usuário, ao nível dos olhos ou um pouco abaixo deles. Evite o excesso de luz ambiente e o brilho nas paredes próximas ao computador, e elimine os reflexos na tela do monitor.

No caso das pessoas com baixa visão, ou que usam ampliadores de tela, muito cuidado com a posição das costas. Na maioria das vezes, ao aproximar o rosto do monitor, forçam a coluna para a frente, ficando em uma postura totalmente inadequada. Nesses casos, trazê-lo mais próximo do rosto por meio do uso de algum suporte que permita regular a distância e altura ideais, é imprescindível.

Distancie seus olhos do monitor a cada dez minutos, focalizando-os o mais longe possível durante cerca de cinco segundos. Esse procedimento minimiza a fadiga ocular.

Quando utilizamos o mouse, os músculos mais fortes do ombro e dos braços são movimentados. Não use força para clicar ou movê-lo; mantenha o pulso numa posição neutra e procure alterar a postura das mãos durante o trabalho.

Nem sempre os teclados mais bonitos são realmente os melhores. Dê preferência aos ergonômicos. São

maiores e permitem um posicionamento adequado das mãos. Digite com os antebraços formando um ângulo de 90 graus. Isso é importante para garantir a boa circulação sanguínea nos membros superiores.

Para usuários de leitores de tela, cuidado com a escolha do fone de ouvido. Evite aqueles que ficam dentro da orelha. O uso prolongado de fones de ouvido não faz bem, principalmente se o volume for muito alto. Deixe o volume o mais baixo possível e dê preferência a caixas de som.

Por mais correta que seja a sua postura, a pressão sobre os discos lombares aumenta em até 30% quando você está sentado. A Nasa (agência espacial dos EUA) realizou uma série de estudos com gravidade zero e descobriu que um corpo em descanso posiciona--se entre os estados de sentar e deitar. Como não existe uma fórmula exata, os especialistas aconselham que cada um escolha a postura que mais lhe agrada, com bom senso, é claro. Aliado a isso, eles dizem que sentar de uma maneira segura se resume em levantar-se de vez em quando.Referências: (1) Patologia do Trabalho, René Mendes, Editora Atheneu, 1995, Rio de Janeiro, Par te I I , cap.8. (2 ) Programa de Educação a Distância de Medicina Familiar e Ambulatorial - PROFAM - Entrega IV, Cap. 27, 2003, NEC Gráfica, Argentina. (3) Medicina Ambulatorial: Condutas de Atenção Primária Baseadas em Evidências, 3ª

edição, Bruce B. Duncan, Artmed, 2004.

10 | Conviva | 63 |

Lucia Maria é jornalista, audiodescritora e autora do blog Outros olhares (outrosolhares.blog.terra.com.br).

Preço alto nunca mais

O Boicota SP, como o próprio nome diz, é um site colaborativo

que visa alertar as pessoas dos preços abusivos cobrados em

alguns produtos ou serviços na capital paulista e incentivar

um boicote coletivo aos mesmos.

www.boicotasp.com.br

Bom e barato

Na mesma toada do Boicota SP, mas com uma atitude menos

aguerrida, o SP Honesta tem por finalidade divulgar lugares

que oferecem produtos e serviços a preços honestos na

cidade. Também está presente no Twitter e no Facebook.

www.sphonesta.com.br

Cafezinho na chuva

O Rainy Cafe (“café chuvoso”, em inglês) é um site que recria o

som ambiente de um bar cheio de pessoas e/ou da chuva caindo

ao deslizar de um botão on/off. Segundo o site, um nível mode-

rado de ruído aumenta a criatividade se comparado aos extremos

opostos, isto é, um ambiente silencioso e outro barulhento.

www.rainycafe.com

ADEVA nas redes sociais:

twitter.com/adeva1978facebook.com/Adeva

A despedidaO galo começou a cantar e ela ainda não havia

dormido nada, nada. Deitou lá pelas dez enquanto os outros ainda ficaram falando e rindo na sala durante um tempão. Aos poucos, a casa foi silenciando, silenciando, até restar só um ou outro latido da cachorrada lá fora. A noite tinha sido longa, cheinha de lembranças.

No silêncio, via o único neto ainda bebê, gorducho e pesado no seu colo, com roupinha branca, no dia do batizado. Viu o menino começando a balbuciar, engatinhar, andar e correr pelo sítio, até entrar em casa estabanado, todo suado, uniforme sujo, gritando: “Vó, olha o troféu que eu ganhei hoje!” Então, não viu mais nada. Veio a cegueira e isso já fazia quase dez anos. Depois de tanto tempo, as imagens eram embaçadas, tinham perdido os contornos, a nitidez, as cores. Mas sua emoção e seu amor, ah, esses eram os mesmos a cada lembrança! Estavam lá, intactos, não mudavam nunca. As lágrimas iam descendo, uma atrás da outra.

O galo ainda cantava e ela já estava na cozinha fazendo o café. No caminho, tinha topado com a mala do neto no corredor. Seu menino ia embora, trabalhar em uma cidade distante. O ônibus saía em duas horas e só de pensar na partida seu coração já ficava apertado de saudade. Uma porta abriu lá dentro. Ele vinha pelo corredor, arrastando os chinelos, enquanto todo mundo ainda dormia. Parou na porta da cozinha, em silêncio, ela coando o café. Quando terminou, o neto chegou bem perto e, em um longo e carinhoso abraço, sussurrou no seu ouvido: “Obrigado, vó”.

SHUT

TERS

TOCK

11| Conviva | 63 |

Por Lothar Antenor Bazanella

Um dedo de trova

A esperança é uma respostacom malícia de mulher:– Sabendo o que a gente gosta,promete o que a gente quer…

Izo Goldman

Se tu vais, por gentileza,deixa a porta sem trancar!Não me roubes a certezade que logo irás voltar!

Adélia Victória Ferreira O Geraldo Quintanilhado pensamento não sai.Foi pedir a mão da filhae levou o pé do pai.

Belmiro Braga

ADEVA - Associação de Deficientes Visuais e Amigose-mail: [email protected] - site: www.adeva.org.br

Correspondência: rua São Samuel, 174, Vila Mariana, CEP 04120-030 - São Paulo (SP)

MulherMulher, que amor é este que procurafazer-se amar e que, depois, maltrata?Não é veneno, posto que não mata.Não é remédio, posto que não cura.

Que sentimento é este que misturao bem e o mal, que afasta e que arrebata?E que conduz, da forma mais sensata,o mais sensato ser para a loucura?

É como que uma crença que obceca...Se, por um lado, o puro amor ensina,por outro, a deusa que o faz é profana...

Que pena dará Deus a tal tiranaque para cativar, se faz divinae mais divina se faz quando peca?

Lothar Bazanella

Passeio: Centro de Memória Dorina NowillInstalado na Fundação Dorina Nowill e totalmente repaginado e aces-sível, o Centro de Memória Dorina Nowill tem como objetivo mostrar a história dos cegos no Brasil por meio de uma viagem sensorial e interativa pelos vários recursos e ferramentas que os auxiliam a levar uma vida mais independente. É preciso agendar a visita antes. Rua Diogo de Faria, 558 - tel. 5087-0955. De segunda a sexta, das 8h às 18h. Grátis.

Cinema em casa: O PalhaçoCoescrito, dirigido e estrelado por Selton Mello, o fil-me conta a história de Benjamin, o palhaço Pangaré da trupe de artistas do circo mambembe Esperança. Pangaré faz dupla com seu pai, Valdemar, também palhaço e dono do circo. Responsável pelos risos da plateia, Benjamin passa por uma crise existencial e decide deixar o picadeiro para achar as respostas que tanto procura. Comédia dramática com Paulo José, Larissa Manoela, Giselle Motta e Moacyr Franco. 88 min. DVD com audiodescrição.

Livro: O Físico - A epopeia de um médico medievalO best seller “O Físico” narra a trajetória do barbeiro e médico medieval Rob J. Cole da Inglaterra à Pérsia, terra da gloriosa escola de medicina de Ispahan. Primeiro livro da trilogia do escritor Noah Gordon sobre a família de médicos Cole. Edição para empréstimo na Biblioteca Louis Braille do CCSP.

*Para celebrar a marca de três milhões de visitantes,

o Museu da Língua Portuguesa vai oferecer por três meses,

a partir de abril, entrada gratuita também às terças-feiras.

Praça da Luz, s/nº. Mais informações pelo tel. 3322-0080.