Administracao Financeira e Orcamentaria I

Embed Size (px)

Citation preview

ADMINISTRAO FINANCEIRA E ORAMENTRIA IPROFESSOR REN GROSSKLAGS JNIOR

MARO/2001

NDICECAPTULO I

O Papel de Finanas e do Administrador Financeiro............................. 03

CAPTULO II

O Ambiente Operacional da Empresa................................................... 41

CAPTULO III

Administrao do Fluxo de Caixa.......................................................... 54

CAPTULO IV

Administrao do Capital de Giro.......................................................... 81

2

CAPTULO I

O papel de finanas e do administrador financeiro

Objetivos de aprendizagem

a - Definir finanas e descrever suas principais reas servios financeiros e Administrao Financeira e as oportunidades de carreira dentro delas.

b - Rever as formas bsicas de organizao empresarial e seus respectivos pontos fortes e fracos.

c - Descrever as funes da Administrao Financeira e diferenci-la das disciplinas que esto estreitamente relacionadas a ela: contabilidade e economia.

d - Identificar as atividades-chaves do administrador financeiro e o seu papel na administrao da qualidade da empresa.

e - Comparar os objetivos de maximizao dos lucros e da riqueza e justificar o foco do administrador financeiro na maximizao da riqueza dos proprietrios e na preservao da riqueza dos stakeholders (responsabilidade social).

f - Discutir o problema de agency, na medida em que este se relaciona com a maximizao da riqueza dos proprietrios e o papel da tica nessa questo.

3

Administrar um negcio, seja um modesto empreendimento ou uma grande sociedade annima, envolve muitas funes diferentes. O lanamento de novos produtos, abertura de filiais , o marketing e o atendimento aos clientes so pontos crticos para o sucesso da empresa.

Mas, finanas que faz com que tudo isso acontea; o que dirige todo o resto. Sem capital que atenda s necessidades da empresa, seja para financiar seu crescimento ou para atender s operaes do dia-a-dia, no podemos desenvolver e testar novos produtos, criar campanhas de marketing, comprar insumos, manter os atuais investimentos. O papel do administrador financeiro assegurar que esse capital esteja disponvel nos montantes adequados, no momento certo e ao menor custo. Se isso no ocorrer, a empresa no sobreviver. De fato, a causa nmero um do fracasso das empresas no Brasil tem sido a inadequao de capital.

A rea de Finanas est muito mais complexa e avana a passos mais rpidos atualmente. Os mercados financeiros esto volteis; as taxas de juros podem subir ou cair acentuadamente, num perodo de tempo muito curto. Essas mudanas afetam nossas decises financeiras. Financiar projetos quando os juros esto a 19% muito diferente de quando esto a 12%.

Ademais, h hoje muito mais estratgias financeiras possveis, e novos produtos financeiros surgem a todo instante.

Provavelmente, num horizonte de longo prazo, so as decises de investimento de capital isto , a seleo de projetos visando ao crescimento da empresa que causam um maior impacto no valor global da empresa. Se suas decises de investimento de capital forem ruins, seu negcio no ter sucesso. Por exemplo, ns avaliamos propostas de abertura de filiais, considerando um horizonte superior a cinco anos os nossos clculos de retorno sobre o investimento original, e s aprovamos o projeto se este prometer uma rentabilidade acima de um determinada taxa de retorno. Do contrrio, ele no agregar nada ao nosso valor de longo prazo. Uma vez selecionados os projetos, passamos a escolher a melhor forma de financilos. Se conseguirmos obter fundos a um melhor custo do que nossos concorrentes,4

estaremos em condies de precificar nossos produtos de forma mais competitiva, melhorando, assim, nossa lucratividade. As decises financeiras, entretanto, no devem ser tomadas isoladamente. O pessoal de finanas precisa trabalhar em

conjunto com o pessoal de marketing e de operaes. Deve no somente digerir os nmeros, mas tambm assimilar o custo dos produtos, a forma de comercializ-los, o dilema entre margem e volume de vendas e como as tendncias econmicas e sociais afetam no nossa empresa. Por exemplo, ns introduzimos o novo produto no mercado que atrai os consumidores interessados numa alternativa rpida e econmica. Mas, diferentemente do novo produto, no gera venda de

acompanhamentos de alta margem. Uma anlise do novo produto, que compare a lucratividade do novo produto com o existente, sem considerar as vendas complementares , poder fornecer informaes enganosas para a tomada de deciso.

Estas e outras decises financeiras so orientadas por um objetivo bsico: o valor da empresa no longo prazo. Obviamente, voc no atingir o longo prazo, se no prestar ateno nas questes de financiamento de curto prazo e s flutuaes do mercado de ttulos. Mas, maximizar valor aos acionistas, a longo prazo, em termos de fluxo de caixa, essencial para assegurar o sucesso e a sobrevivncia da empresa. Demonstraes de lucros podem ser enganosas, devido s vrias maneiras de se apresentar a informao contbil. A verdadeira fora da empresa o que realmente importa aos acionistas baseia-se no fluxo de caixa.

FINANAS COMO REA DE ESTUDO

A REA DE FINANAS AMPLA E DINMICA. Afeta diretamente a vida de todas as pessoas e todas as organizaes, financeiras ou no financeiras, privadas ou pblicas, grandes ou pequenas , com ou sem fins lucrativos. H muitas reas de estudo, e um grande nmero de oportunidade de carreira nesse campo.

O que finanas? Podemos definir Finanas como a arte e a cincia de administrar recursos. Praticamente todos os indivduos e organizaes obtm receitas ou levam fundos,5

gastam ou investem. Finanas ocupa-se do processo, instituies, mercados e instrumentos envolvidos na transferncia de fundos entre pessoas, empresas e governos.

PRINCIPAIS REAS E OPORTUNIDADES EM FINANAS

As principais reas de finanas podem ser visualizadas por meio de uma reviso das oportunidades de carreira nesse campo. Essas oportunidades podem, para facilitar, ser dividas em duas amplas partes: Servios Financeiros e Administrao Financeira.

Servios Financeiros

Servios Financeiros a rea de Finanas voltada concepo e prestao de assessoria, tanto quanto entrega de produtos financeiros a indivduos, empresas e governo. Isso envolve uma amplitude de interessantes oportunidades de carreira nas reas de bancos e de instituies correlatas, de planejamento das finanas pessoais, de investimentos, de bens imveis e de seguros. O quadro 1.1 descreve as oportunidades de carreira disponveis em cada uma dessas reas.

Administrao Financeira

A administrao Financeira diz respeito s responsabilidades do administrador financeiro numa empresa. Os Administradores financeiros administram ativamente as finanas de todos os tipos de empresas, financeiras ou no financeiras, privadas ou pblicas, grandes ou pequenas, com ou sem fins lucrativos. Eles desempenham uma variedade de tarefas, tais como oramentos, previses financeiras, administrao do caixa, administrao do crdito, anlise de investimentos e captao de fundos. Nos ltimos anos, as mudanas no ambiente econmico e regulatrio elevaram a importncia e a complexidade das responsabilidades do administrador financeiro.

6

Como resultado, muitos altos executivos da indstria e do governo provm da rea financeira.

Outra importante tendncia recente tem sido a globalizao das atividades empresariais. As grandes companhias brasileiras tm aumentado dramaticamente suas vendas e investimentos em outros pases, enquanto que empresas estrangeiras tm aumentado suas vendas e seus investimentos diretos

Quadro 1.1.rea Bancos e instituies correlatas Oportunidade Os analistas de crdito avaliam e fazem recomendaes relativas concesso de emprstimos a empresas, para aquisio de imveis e/ou para consumo. Os gerentes de bancos de varejo administram agncias e supervisionam os programas oferecidos pelo banco e seus clientes. O fiducirio administra os fundos fiduciorios para Estados, fundaes e empresas. Outros oferecem servios financeiros, como planejamento das finanas pessoais, investimentos, bens imveis e seguros.

Planejamento das finanas pessoais Os consultores financeiros, trabalhando independentemente ou como empregados, prestam aconselhamento a indivduos com respeito a todos os aspectos da administrao de suas finanas pessoais oramento, impostos, investimentos, bens imveis, seguros, aposentadoria e planejamento de esplio alm de auxiliarem-nos a desenvolver planos financeiros abrangentes que satisfaam seus objetivos. Investimentos Os corretores de ttulos, ou executivos de conta, assistem seus clientes na escolha, compra e venda de ttulos. Os analistas de ttulos geralmente estudam as aes e obrigaes de indstrias especficas, assessoram as empresas corretoras e seus clientes, administradores de fundos de investimento e companhias seguradoras. Os administradores de carteiras estruturam e administram carteiras de ttulos para empresas e indivduos. Os banqueiros de investimento prestam assessoramento aos emitentes e atuam como intermedirios entre eles e os compradores das novas aes e obrigaes lanadas. Os agentes e corretores relacionam propriedades comerciais e residenciais para venda ou aluguel, buscam compradores e locatrios para as 7

Bens imveis

propriedades oferecidas, monstram e negociam a venda ou locao dessas propriedades. Os avaliadores estimam o valor de mercado de todo tipo de propriedade oferecidas, mostram e negociam a venda ou locao dessas propriedades. Os avaliadores estimam o valor de mercado de todo tipo de propriedade. Os financiadores de bens imveis analisam e fazem recomendaes/tomam decises com relao s solicitaes de emprstimos. Os banqueiros de crdito hipotecrio procuram e preparam o financiamento para os projetos de bens imveis. Os administradores de imveis lidam com as operaes do dia-a-dia, para que seus proprietrios obtenham o mximo retorno. Seguros Os prepostos e corretores de seguros entrevistam clientes potenciais, desenvolvem programas de seguros que atendam s suas necessidades, vendem-lhes aplices, cobram prmios e prestam completa assistncia nos processos de liquidao de sinistros. Os subscritores selecionam e avaliam os riscos que sua empresa ir segurar, fixando os prmios correspondentes.

Pas. Essas mudanas criaram a necessidades de administradores financeiros capazes de administrar fluxos de caixa nomeados em diferentes moedas, alm de proteg-los dos riscos poltico e cambial que naturalmente emergem das transaes internacionais. Embora essas necessidades tornem as funes do administrador financeiro mais exigentes e complexas, podem propiciar carreiras mais

recompensadoras e interessantes.

O estudo da administrao financeira

Um entendimento das teorias, conceitos, tcnicas e prticas apresentadas neste captulo ir familiariz-lo plenamente com as atividades do administrador financeiro e seus decises. medida que voc desenvolver seu estudo, saber mais sobre as oportunidades de carreira na Administrao Financeira, descritas no Quadro 1.2. Embora o enfoque desta obra esteja dirigido a empresas com fins lucrativos, os princpios apresentados so igualmente aplicveis a organizaes pblicas e outras sem fins lucrativos. importante observar que os princpios para a tomada de deciso aqui apresentados podem tambm ser aplicados a decises de finanas pessoais.8

Espero que esta primeira exposio instigante rea de Finanas fornea as bases e a inspirao para posteriores estudos, e at mesmo uma eventual carreira no futuro.

Quadro 1.2.Cargo Analista Financeiro Descrio Responsvel principalmente pela preparao e anlise dos planos financeiros e oramentrios da empresa. Outras responsabilidades incluem previso financeira, anlise financeira de desempenho baseada em ndices e trabalho em conjunto com a Contabilidade Responsvel pela avaliao e recomendao de propostas de investimentos em ativos. Pode envolver-se em aspectos financeiros quando da implementao dos investimentos aprovados. Em grandes empresas, obtm financiamentos para investimentos em ativos. Coordena consultores, banqueiros de investimentos e assessores jurdicos. Responsvel por manter e controlar os saldos dirios de caixa da empresa. Freqentemente, gerncia os procedimentos de cobrana, os investimentos de curto prazo, as transferncias e desembolsos, e coordena os emprstimos de curto prazo, assim como o relacionamento da empresa com bancos. Administra a poltica de crdito da empresa por meio da anlise e avaliao das solicitaes de crdito. Concede crdito e monitora a cobrana das contas a receber. Em grandes empresas, responsvel pela coordenao dos ativos e passivos do fundo de penso dos empregados. Desempenha tanto as atividades de administrao de investimentos, quanto contrata ou supervisiona o desempenho dessas atividades, no caso de serem realizadas por terceiros.

Analista de oramento de capital

Analista de projetos Financeiros

Analista de caixa

Analista de Crdito

Administrador de fundos de penso

FORMAS BSICAS DE ORGANIZAO EMPRESARIAL

AS TRS FORMAS LEGAIS BSICAS DE ORGANIZAO DE UMA EMPRESA SO: firma individual, sociedade de pessoas e sociedade annima. A firma individual a forma mais comum de organizao. No entanto, a sociedade annima de longe a forma predominante, no que se refere obteno de receitas e lucros.

9

Firma Individual

Firma individual uma empresa de propriedade de uma nica pessoa que a opera visando a seu prprio lucro. Cerca de 75% das empresas so firmas individuais, tipicamente pequenos negcios, como mercearias, oficinas mecnicas e sapatarias. Geralmente, o proprietrio e alguns empregados operam o negcio. O capital normalmente provm de recursos pessoais ou de emprstimos, ficando o proprietrio responsvel por todas as decises do negcio. O proprietrio ou proprietria individual tem responsabilidade ilimitada, ou seja, todos os seus bens, no apenas o valor do investimento original, podem ser utilizados para satisfazer os credores. A maioria dessas empresas concentram-se nos ramos atacadista, de servios e de construo civil. Os pontos fortes e fracos das firmas individuais esto resumidos no Quadro 1.3.

Sociedades

Uma sociedade consiste de dois ou mais proprietrios dirigindo conjuntamente um empreendimento, com fins lucrativos. As sociedades, que representam cerca de 10% de todos os negcios, so geralmente maiores do que as firmas individuais. As empresas financeiras, companhias seguradoras e imobilirias constituem os tipos mais comuns de sociedades. As empresas de contabilidade e as corretoras de valores so freqentemente formadas por um grande nmero de scios. A maioria das sociedades forma-se a partir de um contrato formal, conhecido como contrato social. Nas sociedades em geral, todos os scios tm responsabilidade ilimitada. J nas sociedades limitadas, um ou mais scios podem ter responsabilidade, desde que pelo menos um dos scios assuma responsabilidade ilimitada. Normalmente, probese scio com responsabilidade limitada de tornar parte ativa na administrao da empresa. Os pontos fortes e fracos das sociedades esto resumidos no Quadro 1.3.

10

Sociedade annima

Uma sociedade annima uma entidade empresarial intangvel, criada por lei. Freqentemente designada pessoa jurdica, uma sociedade annima tem poderes semelhantes aos de uma pessoa, no sentido de que pode acionar e ser acionado judicialmente, estabelecer contratos e ser parte deles, e adquirir propriedades em seu prprio nome. Embora apenas cerca de 15% das empresas sejam sociedades annimas, esta a forma dominante de organizao empresarial. Responde por aproximadamente 90% das receitas e 80% dos lucros lquidos. Uma vez que as sociedades annimas empregam milhes de pessoas e possuem milhares de acionistas, suas atividades afetam a vida de todos. Embora as sociedades annimas estejam envolvidas com todos os tipos de negcios, as dedicadas indstria respondem pela maior parcela das receitas e dos lucros lquidos. Seus pontos fortes e fracos esto resumidos no quadro 1.3.

importante registrar que h muitas pequenas sociedades annimas, alm das grandes empresas enfatizadas. Muitas delas no tm acesso ao mercado de capitais, e a exigncia de que seu proprietrio assine os contratos de emprstimos serve como atenuante responsabilidade limitada. Os principais integrantes de uma sociedade annima so os acionistas, o Conselho de Administrao e o Presidente (representada na figura 1.1). Os acionistas so os verdadeiros donos da empresa, em vista de seu patrimnio em aes ordinrias e preferenciais. Eles votam periodicamente para eleger os membros do Conselho de Administrao e para modificar o estatuto social da empresa. O Conselho de Administrao possui a autoridade mxima para decidir os assuntos da sociedade e para formular sua poltica geral. Participam do Conselho de Administrao pessoaschaves da empresa, bem como pessoas externas, homens de negcios e executivos bem-sucedidos de outras grandes organizaes. Estas ltimas, em grandes sociedades, chegam a receber uma renumerao mensal e ainda so freqentemente privilegiados com opo de comprar um determinado nmero de aes da empresa, a preos freqentemente atraentes. O presidente ou executivo principal responsvel pela administrao do dia-a-dia da empresa e pela execuo das polticas11

estabelecidas pelo Conselho de Administrao. Reporta-se periodicamente ao Conselho de Administrao da empresa.

Figura 1.1

ORGANOGRAMA DE UMA SOCIEDADE ANNIMA ACIONISTAS ACIONISTAS ACIONISTAS

ELEGEM

CONSELHO DE ADMINISTRAO

PROPRIETRIOS QUE CONTRATAM ----------------------------------------------------------------------------------------------------------ADMINISTRADORES

PRESIDENTE

DIRETOR DE PRODUO

DIRETOR DE ADMINISTRATIVO

DIRETOR DE MARKETING

12

Quadro 1.3.PONTOS FORTES E FRACOS DAS FORMAS BSICAS LEGAIS DE CONSTITUIO EMPRESARIAL

Forma Legal Firma individual - O proprietrio recebe todo o Lucro (assim como arca com todas as perdas) - Baixos custos organizacionais - O imposto de renda recai apenas sobre os rendimentos do proprietrio - Sigilo F O R T E S - Facilidade de dissoluo Sociedade limitada - Pode levantar mais fundos que as firmas individuais Sociedade annima - Os proprietrios tm responsabilidade limitada, o que lhes garante no perder mais do que investiram - Pode alcanar grandes dimenses devido possibilidade de venda das aes (direitos de propriedade) - Os direitos de propriedade so facilmente transferveis - Vida longa da empresa, pois no se dissolve em caso de morte dos proprietrios - Possibilidade de contratar administradores profissionais - Maior capacidade de expanso, devido ao acesso ao mercado de capitais - Tem certas vantagens tributrias

P O N T O S

- Maior capacidade de obter emprstimos, devido ao maior nmero de proprietrios - Maior disponibilidade de pessoas pensantes e capacidade administrativa - Consegue reter os empregados bons

13

- O proprietrio tem responsabilidade ilimitada P O N T O S - Todos os seus bens podem ser reclamados para saldar dvidas - A limitada capacidade de obteno de fundos tende a inibir seu crescimento - O proprietrio dever ser capaz de realizar qualquer atividade - Dificuldades para oferecer aos empregados oportunidades de carreira a longo prazo - Perda de continuidade quando morre o proprietrio

- Os proprietrios podero ter de cobrir dvidas de outros scios com menos capacidade financeira - Quando morre um scio, a sociedade se dissolve - Dificuldades para liquidar ou transferir a sociedade - Dificuldades para alcanar operaes de grande escala

- Os impostos so geralmente altos, uma vez que os lucros so tributados na empresa e os dividendos pagos aos proprietrios tambm - Exige maiores gastos organizacionais do que outras formas de empresa - Sujeita-se a maior controle governamental - Os empregados freqenmente no possuem interesse pessoal na empresa - Ausncia de sigilo, pois os acionistas devem receber as demonstraes financeiras

F R A C O S

A FUNO DA ADMINISTRAO FINANCEIRA

A administrao Financeira relaciona-se estreitamente com Economia e Contabilidade, mas difere bastante dessas reas. Antes de prosseguir a leitura, reflita um instante sobre quais seriam as diferenas e semelhanas entre Administrao Financeira e Economia, e entre Administrao Financeira e Contabilidade.

J QUE A MAIORIA DAS DECISES EMPRESARIAIS SO MEDIDAS EM TERMOS FINANCEIROS, o administrador financeiro desempenha um papel crucial na operao da empresa. As pessoas de todas as reas de responsabilidade da empresa contabilidade, produo, marketing, recursos humanos, pesquisas e assim por diante necessitam interagir com o pessoal de finanas para realizar seu trabalho. Todos tem de justificar necessidades de acrscimos de funcionrios, negociar oramentos operacionais, preocupar-se com a avaliaes do desempenho financeiro e defender propostas que tenham, pelo menos em parte, mritos financeiros, para conseguir recursos da alta administrao. Naturalmente, o pessoal de finanas, para fazer14

previses teis e tomar decises, precisa ter a disposio e a capacidade de conversar com todos, dentro da empresa. Para compreender a funo da Administrao Financeira vamos, agora, focalizar seu papel na organizao, seu relacionamento com Economia e a Contabilidade, as atividades chaves do administrador financeiro e sua responsabilidade na administrao total.

Uma viso organizacional

A dimenso e a importncia da funo da Administrao Financeira dependem do tamanho da empresa. Em pequenas empresas, a funo financeira geralmente exercida pelo departamento de contabilidade. medida que a empresa cresce, a importncia da funo financeira conduz, em geral, criao de um departamento prprio, dirigido pelo Diretor Financeiro e diretamente subordinado ao presidente ou ao executivo principal da empresa. O tesoureiro responsvel geralmente por atividades como planejamento financeiro e obteno de fundos, decises sobre investimentos de capital, administrao de caixa, de crdito e do fundo de penso. O contador cuida basicamente das atividades contbeis, incluindo administrao tributria, informtica, contabilidade de custos e contabilidade financeira. Enquanto que enfoque do tesoureiro tende a ser mais externo, o do contador mais interno. As atividades do tesoureiro, ou administrador financeiro, constituem preocupao bsica deste captulo.

Se as vendas ou compras internacionais so importante para a empresa, esta poder contar com um ou mais profissionais de finanas incumbidos de monitorar e administrar sua exposio a perdas decorrentes de flutuaes de cmbio. Este problema ocorrer, por exemplo, se uma empresa fechar um contrato de venda com um cliente ingls, no qual estipula que o pagamento ser feito em libras esterlinas, dentro de trs meses. Se o valor da libra esterlina em real vier a aumentar durante os prximos trs meses (desvalorizao do real), o valor em reais da conta a pagar da empresa tambm ser maior, resultando numa perda cambial, pois o real estar desvalorizado e, portanto a empresa dever desembolsar mais reais para pagar a

15

dvida. Um administrador financeiro experiente pode fazer hedge, ou seja, protegerse deste e de outros riscos similares

Relacionamento com a Economia

O campo de Finanas est estreitamente relacionado ao da Economia. Visto que a maioria das empresas opera dentro da Economia, o administrador financeiro deve compreender o arcabouo econmico e estar atento s conseqncias dos vrios nveis de atividade econmica e das mudanas na poltica econmica. O administrador financeiro deve ser capaz tambm de utilizar as teorias econmicas como diretrizes para realizar operaes comerciais com eficincia. So exemplos a anlise de oferta e procura, as estratgias de maximizao do lucro e a teoria de preos. O princpio econmico bsico usado em Administrao Financeira a anlise marginal, princpio segundo o qual devem ser tomadas decises financeiras e realizadas aes, somente quando os benefcios adicionais superarem os custos adicionais. Vejo no exemplo abaixo a aplicao da anlise:Maria Alcntara a administradora financeira da XYZ uma rede de lojas de departamento de alto nvel, que opera principalmente no oeste do Brasil. Ela est atualmente tentando decidir se substitui um dos antigos computadores da empresa, por um novo, mais sofisticado, capaz tanto de processar mais rapidamente quando de dar conta de um maior volume de transaes. O novo computador requer um desembolso, vista, de R$ 80.000,00, enquanto que o antigo poder ser vendido por R$ 28.000,00. Os benefcios totais a serem gerados pelo novo computador (medidos em valor presente) seriam de R$ 100.000,00, e os benefcios do computador antigo, no mesmo perodo de tempo (tambm medidos em reais no mesmo perodo), seriam de R$ 35.000,00. Aplicando a anlise marginal a esses dados, obtemos o seguinte: Benefcios com o novo computador (-) Benefcios com o computador antigo (1) Benefcios marginais adicionais Custo do novo computador (-) Receita obtida com a venda do antigo (2) Custos marginais adicionais Benefcio lquido ( 1 2 ) R$ 100.000 R$ 35.000 R$ 65.000 R$ 80.000 R$ 28.000 R$ 52.000 R$ 13.000

Uma vez que os benefcios marginais (adicionados) de R$ 65.000 excedem os custos marginais (adicionados) de R$ 52.000, a aquisio do novo computador para substituir o antigo recomendvel. A empresa obter um ganho lquido de R$ 13.000, resultante dessa ao.

16

Quase todas as decises financeiras, em ltima instncia, implicam a avaliao dos benefcios marginais versus os custos marginais. Um conhecimento bsico de Economia , portanto, necessrio para se compreender tanto o ambiente interno e externo da empresa, quanto as tcnicas de tomada de deciso em Administrao Financeira.

Relacionamento com a Contabilidade

As atividades financeiras e contbeis de uma empresa esto, geralmente, sob o comando do Diretor Financeiro. Essas funes esto estreitamente relacionadas e em geral se superpem; de fato, a Administrao Financeira e a Contabilidade nem sempre se distinguem facilmente. Em pequenas, o contador freqentemente assume a funo financeira e em grandes empresas, muitos contadores esto intimamente envolvidos em vrias atividades financeiras. No entanto, h duas diferenas bsicas entre Finanas e Contabilidade: a nfase no fluxo de caixa e na tomada de deciso.

nfase no fluxo de caixa

A funo principal do contador desenvolver e fornecer dados para medir o desempenho da empresa, avaliar sua posio financeira e pagar impostos. Baseando-se em certos princpios padronizados e geralmente aceitos, o contador prepara as demonstraes financeiras, que reconhecem as receitas no momento da venda e as despesas, quando incorridas. Estas abordagem comumente conhecida como regime de competncia.

O administrador financeiro, por outro lado, enfatiza o fluxo de caixa, ou seja, entradas e sadas de caixa. Ele mantm a solvncia da empresa, analisando e planejando o fluxo de caixa para satisfazer as obrigaes e adquirir os ativos necessrios ao cumprimento dos objetivos da empresa. O administrador financeiro adota o regime de caixa para reconhecer as receitas e despesas que efetivamente representam

17

entradas e sadas de caixa. Veja no exemplo abaixo a viso do contador e do financeiro:A Nassau S/A, um pequeno negociante de iates, no final ltimo exerccio fiscal, vendeu um iate por R$ 100.000,00; este foi adquirido durante o ano pelo custo de R$ 80.000,00. Embora a empresa j tivesse arcado com o custo total do iate ao longo do ano, no encerramento do exerccio ainda no havia recebido os R$ 100.000,00 do cliente a quem a venda fora realizada. As vises do contador e do financeiro, sobre o desempenho da empresa durante o ano, so datas pelas demonstraes do resultado do exerccio e do fluxo de caixa a seguir, respectivamente: Viso do Contador Demonstraes do Resultado do Exerccio da Nassau S/A para o ano findo em 31/12 Vendas R$ 100.000,00 (-) Custos R$ 80.000,00 Lucro Lquido R$ 20.000,00 Viso do Financeiro Demonstraes do fluxo de caixa da Nassau S/A para o ano findo em 31/12 Entrada de caixa R$ 0,00 (-) Sada de caixa R$ 80.000,00 Fluxo de caixa lquido (R$ 80.000,00)

Pode-se ver que, enquanto no sentido contbil a empresa bastante lucrativa, em termos do efeito fluxo de caixa ela um fracasso. A falta de fluxo de caixa da Nassau S/A resultou da quantia de R$ 100.000 ainda no recebida. Sem uma adequada entrada de caixa para quitar suas obrigaes, a empresa no sobreviver apesar do nvel de lucratividade.

Uma simples analogia poder ajudar a esclarecer a diferena bsica de pontos de vista entre o contador e o administrador financeiro. Se considerarmos o corpo humano como uma empresa, em que cada pulsao cardaca corresponde a uma transao, a principal preocupao do contador seria registrar cada uma dessas pulsaes como receitas de vendas, despesas e lucros. O Administrador Financeiro estaria preocupado, antes de mais nada, em verificar se o fluxo sangneo nas artrias alcana as clulas e mantm todos os rgos do corpo funcionando. possvel que um corpo possua um corao forte, mas deixe de funcionar devido a bloqueios ou cogulos no sistema circulatrio. Da mesma forma, um empresa pode ser lucrativa e mesmo assim fracassar, devido a um insuficiente fluxo de caixa para satisfazer suas obrigaes nas datas de vencimento.

O exemplo acima demonstra que a contabilidade, base do regime de competncia, no revela integralmente as circunstncias da empresa. Assim, o administrador financeiro deve enxergar alm das demonstraes financeiras, para poder detectar os problemas atuais ou os potncias. O Administrador financeiro, concentrando-se no fluxo de caixa, dever ser capaz de evitar a insolvncia e atingir os objetivos18

financeiros da empresa. Embora os contadores estejam conscientes da importncia do fluxo de caixa e os administradores financeiros usem e entendam o regime de competncia das demonstraes financeiras, os contadores focalizam

primordialmente os mtodos de regime de competncia e os administradores financeiros, os mtodos de regime de caixa.

Chegamos, agora, Segunda grande diferena entre finanas e contabilidade: a tomada de deciso. Enquanto o contador volta sua ateno para a coleta e apresentao dos dados financeiros, o administrador financeiro analisa os demonstrativos contbeis, desenvolve dados adicionais e toma decises, baseado em suas avaliaes acerca dos riscos e retorno inerentes. O papel do contador fornecer dados consistentes e de fcil interpretao sobre as operaes passadas, presentes ou futuras da empresa. O administrador financeiro utiliza esse dados, na forma como se apresentam ou aps realizar alguns ajustes, e os toma como um importante insumo ao processo de tomada de deciso. Obviamente, isso no significa que os contadores nunca tomem decises ou que os administradores financeiros nunca coletem dados; mas, as nfases principais da contabilidade e de finanas so muito distintas.

Atividades chaves do administrador financeiro

As atividades do administrador financeiro podem ser relacionadas s demonstraes financeiras bsicas da empresa. Sua atividades primrias fundamentais so:

(1) Realizar anlises e planejamento financeiro; (2) Tomar decises de investimento; (3) Tomar decises de financiamento.

A figura 1.2. relaciona cada uma delas ao balano patrimonial da empresa. importante frisar que, embora as decises de investimento e de financiamento possam ser convenientemente visualizadas em associao com o balano, tais decises so tomadas com base nos efeitos que tero sobre o fluxo de caixa. Essa19

nfase no fluxo de caixa se tornar mais clara mo Captulo III, assim como nos posteriores.

Figura 1.2.ATIVIDADES FINANCEIRAS Anlise e planejamento financeiro

Balano Patrimonial Ativos circulantes Passivos Circulantes

Ativos permanentes

Recursos Permanentes

Decises de Investimento

Decises de Financiamento

ANLISE E PLANEJAMENTO FINANCEIRO

Anlise e planejamento financeiro dizem respeito

(1) transformao dos dados financeiros, de forma que possam ser utilizados para monitorar a situao financeira da empresa;

(2) avaliao da necessidade de se aumentar (ou reduzir) a capacidade produtiva; e

(3) determinao de aumentos (ou redues) dos financiamentos requeridos.

Essas funes abarcam todo o balano patrimonial, assim como a demonstrao do resultado do exerccio e outros demonstrativos contbeis. Embora essas atividades repousem fortemente em demonstrativos financeiros elaborados com base no regime de competncia, seu objetivo fundamental avaliar o fluxo de caixa da empresa e

20

desenvolver planos que assegurem que os recursos adequados estaro disponveis para o alcance dos objetivos.

DECISES DE INVESTIMENTO

As decises de investimento do administrador financeiro determinam a combinao e o tipo de ativos constantes do balano patrimonial da empresa. Essa atividade diz respeito ao lado esquerdo do balano. A combinao refere-se ao montante de

recursos aplicados em ativos circulantes e em ativos permanentes. Estabelecidas essas propores, o administrador financeiro deve fixar e tentar manter certos nveis timos para cada tipo de ativo circulante. Deve tambm decidir quais so os

melhores ativos permanentes a adquirir, e saber quando os ativos existentes precisam ser modificados, substitudos ou liquidados. Essas decises so

importantes porque afetam o sucesso da empresa na consecuo de seus objetivos.

DECISOES DE FINANCIAMENTO

Essa atividade relaciona-se com o lado direito patrimonial e envolve duas reas principais. Primeiro, a combinao mais apropriada entre financiamentos a curto e a longo prazo deve ser estabelecida. Uma segunda preocupao, igualmente

importante, que fontes individuais de financiamento, a curto ou a longo prazos, so as melhores, em um dado instante. Muitas dessas decises so ditadas pela

necessidade, mas algumas requerem urna anlise aprofundada das alternativas de financiamento disponveis, de seus custos e suas implicaes a longo prazo. Novamente, o efeito dessas decises na realizao dos objetivos da empresa que realmente importa.

O papel do administrador financeiro na administrao da qualidade total

Administrao da qualidade total, a aplicao dos princpios da qualidade a todos os aspectos das operaes de uma empresa, um importante conceito que o administrador financeiro de hoje deve entender. O controle de qualidade j foi21

considerado, basicamente, uma responsabilidade da produo. Hoje, a qualidade um objetivo que permeia toda a empresa e afeta todos os departamentos. Os

princpios da qualidade incluem esforos contnuos para melhorar as operaes e aperfeioar os processos, a fim de atingir maior eficincia e satisfao das necessidades de todos os clientes - internos e externos. (Os departamentos so clientes internos uns dos outros. Por exemplo, o departamento financeiro, usurio dos dados contbeis, cliente do departamento de contabilidade; o grupo de planejamento de instalaes cliente do grupo de anlise de projetos de oramentos de capital.)

BENEFCIOS E CUSTOS DA QUALIDADE

Um comprometimento com a qualidade relaciona-se diretamente com a lucratividade. No passado, os administradores consideravam a qualidade e a produtividade como sendo mutuamente excludentes; um aumentava em detrimento do outro. Recentes experincias demonstraram que medida que aumenta a qualidade, aumenta a produtividade. A melhoria da qualidade tambm reduz os custos, ao reduzir o tempo, materiais e servios requeridos para corrigir os erros. Isto, obviamente, ter um efeito positivo nos lucros operacionais. Se, ao aplicarmos a qualidade, o tempo de

concepo, desenvolvimento e comercializao de um novo produto diminui, a empresa obter receitas pela venda desse produto mais rapidamente. O

departamento financeiro pode contribuir para os esforos de qualidade total da empresa, modernizando suas operaes, de forma que os oramentos estejam disponveis pontualmente, que o nvel de anlise seja compatvel com o tamanho e tipo de projeto e que as decises sejam tomadas com maior rapidez. Os custos da qualidade incluem no somente aqueles relativos implementao dos programas de qualidade, para conseguir que os trabalhos sejam realizados corretamente j da primeira vez, mas tambm aqueles oriundos da correo da m qualidade, quando o trabalho no desempenhado corretamente. Os custos da m qualidade podem ser considerveis: pedidos de reprocessamento, excesso de demanda por servios, reclamaes de clientes, perda de negcios e assim por diante.22

A QUALIDADE EM ACO

Dois exemplos notveis da qualidade em ao so a Ford Motor Company e a Du Pont. A Ford, cujo lema "Qualidade a Tarefa n. 1", conseguiu uma significativa reduo de custos de mo-de-obra, custos indiretos de fabricao e matria-prima, necessrios para produzir seus carros. Agora, ela requer um tero a menos de horas trabalhadas para montar seus carros, em comparao com a rival, General Motors, uma economia de aproximadamente US$800 por carro. A Du Pont desfrutava de 80% de participao de mercado com o plstico Kalrez, at que os concorrentes japoneses, com melhor servio ao cliente, comearam a fazer incurses. A empresa rapidamente reagiu, reduzindo seu ciclo de produo em mais de 75%, diminuindo o tempo para tomar os pedidos em mais de 50% e aumentando a pontualidade de entrega de 70% para IOO%. Como resultado, as vendas aumentaram em 22%.

OBJETIVO DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO

A administrao Financeira uma atividade orientada por objetivos. Que objetivo fundamental voc acredita que o administrador financeiro profissional, tipicamente com um participao na propriedade da empresa, deve perseguir? Por qu? Antes de prosseguir a leitura, reflita alguns instantes sobre essas questes.

COMO PUDEMOS NOTAR NA FIGURA 1. 1. OS PROPRIETRIOS DE UMA SOCIEDADE ANNIMA normalmente distinguem-se de seus administradores. As

aes do administrador financeiro relativas anlise e ao planejamento financeiro, s decises de investimento e s decises de financiamentos, devem ser tomadas visando-se ao cumprimento dos objetivos dos proprietrios da empresa, seus acionistas. Na maioria dos casos, se os administradores forem bem sucedidos nesse esforo, tambm alcanaro seus prprios objetivos profissionais e financeiros. Nas sees que seguem vamos, primeiro, avaliar a maximizao do lucro, depois descrever a maximizao da riqueza, considerar a preservao da riqueza dos stakeholders, discutir a questo da delegao de poderes (agency issue) relacionada23

aos conflitos potenciais entre os objetivos dos acionistas e as atitudes da administrao e, finalmente, considerar o papel da tica.

Maximizar o lucro?

Algumas pessoas acreditam que o objetivo dos proprietrios sempre a maximizao do lucro. Para atingir o objetivo de maximizao do lucro, o administrador financeiro toma apenas aquelas providncias que se espera iro dar maior contribuio para a lucratividade total da empresa. Assim, dentre as alternativas consideradas, o administrador financeiro ir escolher aquela que resultar no maior retorno monetrio possvel. Nas sociedades annimas, os lucros so usualmente medidos em termos de lucro por ao (LPA), o qual representa o montante auferido durante o perodo - normalmente um trimestre ou um ano - por ao emitida.

O LPA obtido pela diviso do lucro total disponvel aos acionistas da empresa - os proprietrios da empresa - no perodo, pelo nmero de aes em circulao.

Pedro Cardoso, o administrador financeiro da Torres S/A, uma importante produtora de peas para motores nuticos, est tentando optar entre dois importante investimentos, X e Y. Em cada um deles espera-se obter os seguintes lucros por ao ao longo de um perodo de trs anos. LUCRO POR AO (LPA) Investimento Empresa X Empresa Y Ano 1 R$ 1,40 R$ 0,60 Ano 2 R$ 1,00 R$ 1,00 Ano 3 R$ 0,40 R$ 1,40 Total dos anos 1, 2 e 3 R$ 2,80 R$ 3,00

Com base no objetivo de maximizao do lucro, o investimento Y seria prefervel ao investimento X, uma vez que o seu resultado, em lucros por ao no perodo de trs anos, mais alto (R$ 3,00 de LPA para Y maior que R$ 2,80 de LPA para X).

24

A maximizao do lucro falha por vrias razes: ignora

(1) a data de ocorrncia dos retornos;

(2) o fluxo de caixa disponvel aos acionistas; e

(3) o risco.

DATA DE OCORRNCIA DOS RETORNOS (TIMING)

Uma vez que a empresa pode obter rendimentos sobre os fundos que recebe, prefervel que tais ingressos ocorram o mais cedo possvel. Em nosso exemplo, apesar de o total de lucros obtidos com o investimento X ser menor que o com o investimento Y, o investimento X seria prefervel por gerar um maior LPA no primeiro ano. Esses retornos que so recebidos mais cedo poderiam ser

reinvestidos para gerar maiores rendimentos no futuro.

FLUXO DE CAIXA

As receitas da empresa no representam fluxo de caixa disponvel aos acionistas. Os proprietrios recebem retornos tanto atravs do pagamento de dividendos quanto pela venda de suas aes, a um valor superior ao preo de compra inicial. Um maior LPA no significa, necessariamente, que os pagamentos de dividendos aumentaro, uma vez que esta deciso depende do Conselho de Administrao da empresa. Alm disso, um LPA mais alto no implica, necessariamente,

elevao do preo da ao. As empresas, algumas vezes, obtm maiores lucros, sem que isso reflita qualquer mudana favorvel no preo da ao. Somente quando um aumento dos lucros acompanhado por uma elevao do fluxo de caixa atual e/ou esperado, provvel que ocorra uma alta no preo da ao.

25

RISCO A maximizao do lucro desconsidera no apenas o fluxo de caixa, mas tambm o risco a possibilidade de que os resultados realizados possam ser diferentes daqueles esperados. Uma premissa bsica em Administrao Financeira que h um confronto (tradeoff) entre retorno (fluxo de caixa) e risco. De fato, retorno e risco so determinantes-chaves do preo da ao, que representa a riqueza dos proprietrios na empresa. O fluxo de caixa e o risco afetam o preo da ao de modo diferente: um fluxo de caixa maior geralmente associado a um preo de ao mais alto, enquanto que uma tendncia de risco mais alto resulta em um preo da ao mais baixo, j que o acionista deve ser recompensado por um maior risco. Em geral, os acionistas tm averso ao risco - isto , eles querem evit-lo. Quando h risco envolvido, os acionistas esperam obter taxas de retorno mais altas nos investimentos associados a riscos mais altos, e taxas de retorno mais baixas naqueles com riscos mais baixos.

A Bebidas S/A produtora de usque tipos bourbon e blended, est interessada em iniciar uma nova linha de produto e tem duas opes: gim ou vodca. Como a concorrncia e a disponibilidade de vodca so significativamente afetadas por eventos polticos, esta vista como uma linha de negcio mais arriscada do que a do gim. O custo atual de entrar em qualquer desses mercados de R$ 45,0 milhes. O fluxo de caixa anual para cada linha de produto , em mdia, R$ 9,0 milhes por ano, durante os prximos 10 anos, conforme demonstrado na coluna 2 da tabela abaixo.

Linha de produtos

Risco (1) Menor Maior

Entrada de caixa mdias anuais (2) R$ 9,0 MM R$ 9,0 MM

Taxa de retorno requerida (3) 12% 15%

Valor presente dos fluxos de caixa (4) R$ 50,9 MM R$ 45,2 MM

GIM VODCA

Estes valores foram encontrados, aplicando-se as tcnicas de valor presente, as quais sero abordadas e demonstradas em detalhes na disciplina Administrao Financeira II.

Para ser compensada pelo maior risco da linha vodca, a empresa dever obter uma taxa de retomo superior da linha gim, de baixo risco. A taxa de retomo26

requerida pela empresa para cada uma das linhas aparece na coluna 3 da tabela precedente. Aplicando tcnicas de valor presente - tcnicas financeiras

quantitativas que so apresentadas na disciplina Administrao Financeira II podemos encontrar o valor presente das entradas de caixa mdias anuais durante os prximos dez anos, para cada linha de produto, como consta na coluna 4 da tabela.

Trs importantes observaes podem ser destacadas:

1. Como os acionistas da empresa so avessos ao risco, eles devero obter uma taxa de retomo mais alta na linha vodca, de maior risco, do que na linha gim, de menor risco.

2. Embora a linha vodca e a linha gim apresentem o mesmo valor esperado para as entradas de caixa anuais, o maior risco da linha vodca faz com que seus fluxos de caixa sejam, hoje, de menor valor que os fluxos de caixa da linha gim (R$45,2 milhes para vodca versus R$50,9 milhes para gim).

3. Mesmo que ambas as linhas de produto apresentem-se atraentes, j que seus benefcios (o valor presente das entradas de caixa) excedem o custo de R$45,2 milhes, a alternativa gim ser a preferida (R$50,9 milhes contra apenas R$45,2 milhes da vodca).

Esse exemplo deve ter deixado claro que diferenas de risco podem afetar significativamente o valor de um investimento e, portanto, a riqueza do proprietrio.

Maximizao da riqueza do acionista O objetivo da empresa, e por conseguinte de todos os administradores e empregados, o de maximizar a riqueza dos proprietrios. A riqueza dos27

proprietrios de uma sociedade annima medida pelo preo da ao, o qual, por sua vez, baseia-se na data de ocorrncia dos retornos (fluxos de caixa), em sua magnitude e em seu risco. Ao considerar cada alternativa de deciso financeira ou possveis medidas, em termos de seu impacto no preo da ao da empresa, os administradores financeiros devem implementar somente aquelas medidas que se espera que elevem o preo da ao. (A Figura 1.3 descreve esse processo.) Uma vez que o preo da ao representa a riqueza do proprietrio na empresa, a maximizao do preo da ao consistente com a maximizao da riqueza do proprietrio. Note que o retorno (fluxos de caixa) e o risco so as variveis-chaves para a deciso, no processo de maximizao da riqueza. Tambm relevante reconhecer que o lucro por ao (LPA), por ser um importante componente do retomo da empresa (fluxos de caixa), afeta o preo da ao.

Figura 1.3.MAXIMIZAO DO PREO DA AO Aes ou decises financeiras alternativas Aumentam o preo da Ao?

Administrador Financeiro

Retorno? Risco?

SIM

NO

Aceitar

Rejeitar

28

Preservando a riqueza dos stakeholders (responsabilidade social)

Embora a maximizao da riqueza do acionista seja o objetivo principal, muitas empresas, nos ltimos anos, tm ampliado seu foco para incluir os interesses dos stakeholders, tanto quanto os dos acionistas. Stakeholders so grupos tais como empregados, clientes, fornecedores, credores e outros que possuem um vnculo econmico direto com a empresa. Os empregados so remunerados pelo seu trabalho; os clientes compram os produtos e/ou servios da empresa; os fornecedores so pagos pelos materiais e servios a eles fornecidos; e os credores concedem financiamentos, que sero liquidados de acordo com as bases estabelecidas. Uma empresa atenta aos stakeholders evitar conscientemente medidas que possam ser prejudiciais a eles, ou seja, afetar sua riqueza, transferindo-a empresa. O objetivo no melhorar a posio dos stakeholders, mas preserv-la.

Essa viso, alm de no alterar o objetivo de maximizao da riqueza do acionista, tende a limitar a atuao da empresa, no sentido da preservao da riqueza dos stakeholders. Trata-se de um enfoque freqentemente considerado como parte da "responsabilidade social" da empresa e espera-se que proporcione benefcios mximos, a longo prazo, aos acionistas, ao manter um relacionamento positivo com os stakeholders. Esses relacionamentos devero minimizar a Obviamente, a

rotatividade, os conflitos e os litgios com os stakeholders.

empresa poder atingir melhor seu objetivo de maximizao da riqueza dos acionistas por meio da cooperao - em lugar do conflito - com seus stakeholders.

Agency: um problema a ser resolvido

O controle das modernas sociedades annimas geralmente colocado nas mos de administradores no-proprietrios. (Essa separao entre proprietrios e administradores mostrada pela linha horizontal tracejada na Figura 1. 1.) Vimos que o objetivo do administrador financeiro deve ser o de maximizar a riqueza dos

29

proprietrios da empresa; consequentemente, os administradores podem ser vistos como agents dos proprietrios, que os contrataram e lhes delegaram poderes para tomar decises e administrar a empresa em benefcio deles, proprietrios. Tecnicamente, qualquer administrador que possua menos de IOO% da empresa , em certa medida, um agent dos outros proprietrios.

Teoricamente, a maioria dos administradores financeiros concorda com o objetivo de maximizao da riqueza do proprietrio. Na prtica, contudo, os

administradores tambm esto preocupados com sua riqueza pessoal, sua segurana no emprego, estilo de vida e outras vantagens (benefcios tais como filiao a clubes, carro com motorista particular, escritrio luxuoso, - tudo isso s custas da empresa). Tais preocupaes podem tornar os administradores

relutantes ou sem disposio para correr riscos elevados se perceberem que um risco elevado poder resultar na perda do emprego e em prejuzo riqueza pessoal. Essa postura de "moderao" (um meio-termo entre o satisfatrio e a maximizao) leva a retornos inferiores e perda potencial de riqueza para os proprietrios.

FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A SOLUCO

Desse conflito de objetivos da empresa e pessoais surge o que tem sido chamado de problema de agency - a possibilidade de os administradores colocarem seus objetivos pessoais frente dos objetivos da empresa. Dois fatores - foras de mercado e custos de agency - contribuem para evitar ou minimizar o problema da representao.

FORAS DE MERCADO. Durante os ltimos anos, os participantes do mercado de ttulos, particularmente grandes investidores institucionais tais como fundos mtuos, companhias de seguros de vida e fundos de penso, que possuem uma grande quantidade de aes de empresas, tm-se tornado mais ativos na

30

administrao. Para assegurar a competncia da administrao e minimizar os potenciais problemas de representao, esses acionistas tm usado seus votos para demitir administradores de baixo desempenho e substitu-los por outros mais capazes. Note que o mecanismo formal, atravs do qual esses acionistas atuam, o exerccio do seu direito de voto na eleio de diretores, aos quais outorgado o poder de contratar e demitir os administradores. Alm dos seus direitos legais de voto, os grandes acionistas so capazes de expressar e exercer presso sobre os administradores, para que desempenhem bem ou sejam demitidos.

Nos ltimos anos, outra fora de mercado que tem compelido a administrao a desempenhar no melhor interesse dos acionistas a possibilidade de aquisio hostil. Uma aquisio hostil ocorre quando uma empresa (o alvo) adquirida por outra empresa ou grupo (a adquirente), sem a concordncia da administrao.

As aquisies hostis ocorrem tipicamente quando o adquirente sente que a empresa-alvo est sendo mal administrada e, como conseqncia, est desvalorizada no mercado. O que no apoiada pelo adquirente acredita que, ao adquirir a empresa-alvo ao preo mais baixo corrente, e ao reestruturar sua administrao (demitindo-a e substituindo-a), suas operaes e financiamento, ir elevar o valor da empresa, ou seja, o preo de sua ao.

Embora existam tcnicas disponveis para defender-se de compras hostis, a constante ameaa de que ela possa ocorrer motiva os administradores a agirem no melhor interesse dos proprietrios da empresa.

CUSTO DE AGENCY. Para responder s foras potenciais de mercado, prevenindo ou minimizando os problemas de agency e contribuindo para a maximizao da riqueza dos proprietrios, os acionista incorrem em custos de agency, os quais so de quatro tipos:

1. As despesas de monitoramento evitam um comportamento de moderao

31

(isto , dissociado da maximizao do preo da ao) por parte da administrao. Esses dispndios so aplicados em auditorias e em medidas de controle, objetivando avaliar e restringir o comportamento dos administradores quelas atuaes que atendam aos melhores interesses dos proprietrios.

2. As despesas com cobertura de seguro destinam-se a criar proteo contra danos causados por atos desonestos dos administradores. Geralmente, os proprietrios firmam um contrato com uma empresa, que se responsabiliza por reembols-los, at um determinado valor, se atitudes desonestas por parte dos administradores resultarem em perdas para a empresa.

3.Os custos de oportunidade originam-se das dificuldades que as grandes organizaes geralmente tm em responder a novas oportunidades. A

necessria estrutura organizacional da empresa, sistema hierarquizado de decises e mecanismos de controle podem levar perda de oportunidades lucrativas, devido inabilidade da administrao para aproveit-las

rapidamente.

4. As despesas de estruturao so os custos de agency mais comuns, poderosos e dispendiosos, incorridos pela empresa. Decorrem da necessidade de estruturao da compensao administrao, a fim de que esta corresponda com a maximizao do preo da ao. O objetivo dar incentivos aos administradores, para que atuem visando ao melhor interesse dos proprietrios, compensando-os por tais atos. Ademais, os pacotes de

compensao do condies s empresas de competir pela contratao dos melhores administradores disponveis. Os planos de compensao podem ser divididos em dois grupos: planos de incentivos e planos de desempenho. Os planos de incentivos tendem a vincular a compensao dos administradores ao preo da ao. O mais comum deles a concesso de opes de aes aos administradores. Essas "opes" permitem a compra de aes ao preo de mercado da poca da concesso; se o preo de mercado subir, eles sero

32

beneficiados com a valorizao. Consequentemente, maiores preos futuros das aes ensejaro maior compensao a administrao. Embora,

teoricamente, essas opes devam motivar, com freqncia so criticadas e tm perdido aceitao nos ltimos anos, uma vez que a administrao no pode controlar o comportamento geral do mercado acionaria, o qual pode afetar significativamente o preo da ao, mesmo que ocorram vendas positivas e crescimento dos lucros. At mesmo um desempenho positivo da administrao pode ser encoberto por um mercado acionaria fraco, no qual o preo das aes, em geral, apresenta-se em declnio, devido a fatores econmicos e comportamentais "das foras de mercado", fora do controle da administrao.

O uso de planos de desempenho tem ganho popularidade nos ltimos anos, devido incapacidade da administrao para controlar as foras do mercado. Esses planos compensam a administrao, tendo por base medidas de desempenho comprovado por LPA, crescimento do LPA e outros indicadores de retorno. A participao acionaria por desempenho, isto , a concesso de aes administrao quando esta atinge satisfatoriamente os objetivos de desempenho predeterminados pela empresa, comumente usada nesses planos. Outra forma de compensao administrao, baseada no desempenho, o pagamento de quantia em dinheiro, vinculado ao alcance de determinados objetivos. Na vigncia dos planos de desempenho, a administrao tem conhecimento prvio da frmula usada para determinar o montante da participao acionaria por desempenho ou o pagamento em dinheiro que poder ser auferido durante o perodo.

Adicionalmente, os benefcios mnimos (geralmente R$O) e mximos disponveis so especificados no plano.

VISO ATUAL

Ainda que as pesquisas acadmicas e a prpria intuio apoiem a crena de que uma via efetiva para motivar a administrao seja vincular compensao ao

33

desempenho, a execuo de muitos desses planos tem sido objeto de anlise minuciosa nos ltimos anos. Acionistas - individuais e institucionais - assim como a Comisso de Valores Mobilirios, tm questionado publicamente a validade de pacotes de compensao multimilionrios (incluindo salrios, gratificaes e outras compensaes a longo prazo), concedidos a muitos executivos de sociedades annimas. Por exemplo, os trs diretores executivos mais bem pagos em 1992 foram (1) Thomas E Frist, Jr. do Hospital Corp. of America, que recebeu US$ 127.002.000; (2) Sanford 1. Weill da Primeira, que recebeu US$ 67.635.000; e (3) Charles Lazarus da Toys 'R' Us, que recebeu US$ 64.23 I.OOO. O dcimo da lista foi Louis E Bantle da UST Inc., que recebeu US$ 24.602.000. Em 1992, a compensao mdia de um diretor executivo tpico das maiores sociedades annimas dos Estados Unidos aumentou, aproximadamente, 42% em relao a 1991. Os diretores executivos das 365 grandes e mdias companhias industriais dos Estados Unidos, pesquisadas pela Business Week, que usou dados da Standard and Poor's Compustat Services Inc. receberam, em mdia, US$ 3,8 milhes a ttulo de compensao total; a mdia, para as vinte maiores empresas, foi de US$33,7 milhes. Embora esses grandes pacotes de compensao possam ser justificados pelo significativo aumento da riqueza dos acionistas, estudos recentes no

conseguiram encontrar uma alta correlao entre a compensao dos diretores executivos e o preo da ao. Espera-se que a publicidade em torno desses grandes pacotes de compensao (sem correspondncia com o desempenho do preo da ao) continue, no futuro, a reduzir esse tipo de incentivos aos executivos. Ao mesmo tempo, espera-se o desenvolvimento e a implementao de novos planos que associem melhor o desempenho da administrao, em relao riqueza dos acionistas, com a compensao.

Claro que, alm de incorrer em custos de estruturao para associar a compensao da administrao com o desempenho, muitas empresas incorrem em custos adicionais de agency referentes a monitoramento, despesas com cobertura de seguro contra danos causados por desonestidade de funcionrios e34

custos para modernizar o processo de tomada de deciso da organizao com o fim de assegurar, ainda mais, a congruncia de objetivos da administrao e dos proprietrios. Alguns administradores podem ter outros objetivos alm da

maximizao do preo da ao, mas as evidncias sugerem que a maximizao do preo da ao - enfocada por este captulo - o principal objetivo da maioria das empresas.

O papel da tica

Nos ltimos anos, a legitimidade de atos praticados por funcionrios de governo, empresrios, indivduos e at lderes religiosos tem recebido muita ateno da mdia. Exemplos incluem o assdio sexual do Senador Robert Packwood a

funcionrias e lobistas; o acordo feito por uma das seis grandes empresas de auditoria, a Emst & Young, para pagar US$ 400 milhes, a fim de liquidar obrigaes federais, por ter feito auditoria inadequada de quatro grandes empresas de crdito imobilirio que, ao falirem, causaram um custo de US$ 6,6 bilhes ao governo; as tentativas da Salomon Brothers de manipular os leiles de ttulos do Tesouro dos Estados Unidos, atravs de lances falsos; a propaganda da Volvo com informao no fidedigna sobre seus automveis; a condenao de Michael Milken por extorso, por negociar com base em informao privilegiada e por fraude, Charles Keating, Jr. por negociar, em proveito prprio, com os fundos de depositantes, resultando na liquidao da Lincoln Savings and Loan of Califomia; e as indiscries pessoais e financeiras do televangelista, Jim Bakker.

Claramente, esses e outros eventos similares tm levantado a questo da tica padres de conduta ou de juzo moral. Atualmente, a sociedade em geral e a comunidade financeira em particular - principalmente devido a notveis transgressores financeiros tais como Milken e Keating - esto lutando por padres ticos. O objetivo dos padres motivar empresas e participantes de mercado a

35

aderir tanto prescrio quanto ao esprito das leis e s regulamentaes concernentes a todos os aspectos da prtica empresarial e profissional.

OPINlES

Uma pesquisa feita junto a lderes empresariais, diretores de escolas de administrao e membros do congresso indicou que 24% dos 1.OOO entrevistados achavam que a comunidade empresarial est em dificuldades por problemas ticos. Adicionalmente, apenas 32% dos entrevistados achavam que esta questo tem sido exagerada pela mdia e pelos lderes polticos. O dado mais surpreendente detectado pela pesquisa que 63% dos entrevistados achavam que as empresas realmente fortalecem sua posio competitiva ao manter elevados padres de tica. Na opinio dos entrevistados, a melhor

maneira de estimular um comportamento empresarial tico a adoo, por parte das empresas, de um cdigo de tica. Para eles a legislao a via menos efetiva.

CONSIDERACES TICAS

Robert A. Cooke, um notvel especialista em tica, sugere que as seguintes questes sejam usadas para avaliar a viabilidade tica de um determinado ato ou ao: 1. O ato de ... arbitrrio ou caprichoso? Discrimina injustamente um indivduo ou um grupo? 2. O ato de ...viola a moral ou os direitos legais de qualquer indivduo ou grupo?

3. O ato de ... est em conformidade com os padres morais aceitos?

4. H cursos alternativos de ao que possam causar menos dano, real ou potencial?

36

Evidentemente, a considerao de tais questes antes de agir pode ajudar a assegurar sua viabilidade tica.

Hoje, mais e mais empresas esto enfocando diretamente a questo da tica, ao estabelecer polticas e diretrizes de tica empresarial e ao exigir que seus empregados ajam de acordo com elas. Freqentemente, exige-se que os

empregados assinem um compromisso formal de cumprir as polticas de tica da empresa. Tais polticas, em geral, aplicam-se aos atos dos empregados, quando do relacionamento com os constituintes da empresa - outros empregados, clientes, fornecedores, credores, proprietrios, rgos reguladores e o pblico em geral. Muitas empresas exigem que os empregados participem de seminrios sobre tica e programas de treinamento que transmitem e demonstram a poltica de tica empresarial. A representao de papis e o estudo de casos so,

algumas vezes, usados para que os empregados adquiram experincia para lidar, efetivamente, com dilemas ticos potenciais.

37

EXERCCIO DE FIXAO

1)-

O que Finanas? Explique como essa rea afeta a vida de todas as pessoas de uma organizao.

2)-

Quais so os servios financeiros da rea de finanas?

3)-

Descreva a rea da Administrao Financeira. Compare e contraste essa rea com a de servios financeiros. Relacione e discuta trs cargos na rea de Administrao Financeira.

4)-

Quais so as trs formas bsicas de organizao empresarial? Qual a forma mais comum? Qual a forma predominante, em termos de receitas e lucros lquidos? Por qu?

5)-

Descreva o papel e o relacionamento bsico entre os maiores integrantes de uma sociedade annima acionistas, conselho de administrao e presidente. Qual o relacionamento tpico entre os proprietrios e administradores em uma grande sociedade annima?

6)-

Como a funo de Finanas surge dentro de uma empresa? Que atividades financeiras o tesoureiro, ou administrador financeiro, desempenha dentro de uma empresa madura?

7)-

Descreva o estreito relacionamento existente entre Finanas e Economia e explique por que o administrador financeiro deve possuir um conhecimento bsico de Economia. Qual o princpio fundamental de Economia utilizado pela Administrao Financeira?

8)-

Quais so as principais diferenas entre Contabilidade e Finanas com relao a: a) nfase no fluxo de caixa? b) tomada de deciso?

38

9)-

Quais so as trs atividades-chaves do administrador financeiro? Relacione-as com o balano patrimonial.

10)-

O que administrao da qualidade total? Discuta os benefcios (e custos) da qualidade na administrao financeira.

11)-

Descreva sinteticamente trs razes bsicas pelas quais a maximizao dos lucros no consistente com a maximizao da riqueza.

12)-

Que risco? Por que o risco tanto quanto o retorno devem ser considerados, pelo administrador financeiro, na avaliao de uma alternativa de ao ou deciso?

13)-

Qual o objetivo da empresa e, consequentemente, o de todos os administradores e empregados? Discuta como cumprimento desse objetivo. se pode medir o

14)-

Que so os stakeholders de uma empresa e que tipo de considerao freqentemente dada a eles na busca de objetivo da empresa? Por qu?

15)-

Que problema de agency? Como as foras de mercado, tanto o ativismo dos acionistas quanto as ameaas de aquisio hostil da empresa (takeovers), agem para evitar ou minimizar o problema?

16)-

Defina custos de agency e explique por que as empresas incorrem neles. Que so despesas de estruturao e como elas so usadas? Descreva e diferencie incentivos e planos de compensao por desempenho. Qual a viso atual com relao adoo de muitos planos de compensao?

39

17)-

Por que a tica empresarial tornou-se to importante nos ltimos anos? Descreva o papel dos polticas e diretrizes de tica empresarial e discuta o relacionamento que se acredita existir entre tica e preo da ao.

40

CAPTULO II

O Ambiente Operacional da Empresa

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

a)-

Identificar os Participantes-chaves nas transaes financeiras, as atividades bsicas e a mudana do papel das instituies financeiras.

b)-

Compreender a relao entre instituies financeiras e mercados, e o papel, o funcionamento e os participantes do mercado monetrio.

c)-

Discutir o ambiente operacional interno da empresa, abrangendo as seguintes reas: crdito, cobrana e tesouraria.

41

Um estudante planejando uma carreira em Administrao de Empresas - na realidade, qualquer pessoa que se encontre nos negcios - deve compreender o ambiente total no qual a empresa opera. Esse ambiente como um tecido com muitos fios de linha diferentes - o governo federal e suas mltiplas entidades reguladoras, as instituies financeiras, os mercados monetrios e de capitais e cada fio parte integrante do ambiente da empresa.

Como empresa de capital aberto ou no, que projeta, produz e comercializa produtos industriais elaborados para aplicaes especializadas nos mercados, defronta-se com vrios e diferentes tipos de regulamentaes. Atualmente, o nvel de envolvimento governamental maior do que nunca, tem um maior impacto do que 10 anos atrs. Como as regulamentaes governamentais e as polticas mudam freqentemente, todo administrador deve estar bem-informado, de modo a monitorar e antecipar mudanas e posicionar a empresa para, assim, reagir prontamente.

As regulamentaes afetam a maneira como operamos, avaliamos o risco, determinamos e depuramos os custos dos produtos, investimos os recursos da empresa e financiamos nossas atividades. Por exemplo, mudanas na regulamentao quanto emisso de gases ou restries ao limite de carga podem afetar drasticamente nossas atividades relativas a transportes, literalmente da noite para o dia, exigindo modificaes nos produtos.

Embora no obtenhamos retomo financeiro nos investimentos em segurana e meio-ambiente, e eles no adicionem valor, temos de faz-los ou enfrentar altas multas. Realizamos negcios em mbito internacional e devemos observar no apenas a legislao comercial, de segurana e aduaneira domstica, mas tambm a de outros pases onde operamos.

A demanda de nossos produtos afetada diretamente pelas condies

42

econmicas mundiais, porque vendemos para indstrias que incluem transportes e petrleo - que so muito sensveis s mudanas econmicas. As taxas de juros so influenciadas pelo ambiente poltico e empresarial, e se constituem em fator crtico para a atividade econmica. Por exemplo, as intervenes do Federal Reserve (FED) para diminuir as taxas de juros, geralmente, estimulam o nvel de atividades. Muitas decises empresariais, tais como o momento oportuno para dispndios de capital e a oferta de ttulos, baseiam-se nos nveis da taxa de juros; assim, o administrador deve compreender os conceitos inerentes ao

comportamento das taxas de juros, antes de captar ou investir recursos.

Atualmente, a atividade de financiamento de uma empresa constitui um grande desafio, devido s rpidas mudanas no ambiente econmico. Precisamos entender as vrias instituies financeiras e os mercados de capitais e ser suficientemente geis para nos adaptar s mudanas nas condies de mercado; caso contrrio, no conseguiremos aproveitar as oportunidades de financiamento, assim que elas surgirem. A chave usar tanto o endividamento como o capital prprio de maneira criteriosa. Quando as taxas esto baixas, queremos nos amarrar em taxas de juros de longo prazo favorveis.

O planejamento tributrio outra rea onde devemos acompanhar as mudanas propostas e agir quando e se elas ocorrem. Lidar com mudanas tributrias muito frustrante, pois no sabemos quais as propostas de mudanas que se tornaro lei. Devemos adiar o investimento em um novo equipamento ou na construo de uma nova fbrica para aguardar a edio de uma lei tributria mais favorvel, ou devemos faz-lo agora? Adicionalmente, mudanas na legislao tributria fazem com que vrias das operaes e estratgias financeiras que estavam funcionando bem tornem-se obsoletas. Elas tambm afetam a forma como conduzimos aquisies e financiamos planos de crescimento: se buscamos capital de terceiros ou capital prprio, se arrendamos ou compramos determinado equipamento. Independentemente do negcio, seja uma pequena loja de varejo ou uma grande empresa multinacional, os administradores devem compreender o

43

ambiente

operacional

a

fim

de

planejar

e

controlar

seu

investimento

adequadamente. A habilidade para acompanhar, reconhecer e adaptar-se s mudanas no contexto empresarial uma capacitao gerencial chave, e que ser ainda mais crtica no futuro. Uma mudana fundamental em seu ambiente empresarial pode afetar significativamente todo o seu empreendimento - em alguns casos, expuls-lo do negcio se voc no estiver preparado.

INSTITUIES FINANCEIRAS E MERCADOS UMA VISO GERAL

Instituies financeiras e mercados so importantes elementos do ambiente operacional de uma empresa. Por que o administrador financeiro deve interagir com instituies financeiras e mercados? Como voc pensa que ele ou ela deveria faz-lo? Antes de prosseguir a leitura, reflita alguns instantes sobre essas questes.

EMPRESAS QUE NECESSITAM DE FUNDOS DE FONTES EXTERNAS PODEM OBT-LOS DE TRS FORMAS. Uma atravs de instituies financeiras que captam poupanas e as transferem para aqueles que precisam de fundos. Outra atravs de mercados financeiros, foros organizados onde fornecedores e tomadores de vrios tipos de fundos podem realizar transaes. Uma terceira atravs da colocao ttulos. Devido natureza no estruturada das colocaes privadas, nesta seo daremos nfase, primeiramente, s instituies financeiras e aos mercados financeiros. Contudo, colocaes privadas de fundos no so incomuns especialmente no caso de instrumento de dvidas e aes preferenciais.

INSTITUIES FINANCEIRAS

As instituies financeiras so intermedirio que canalizam as poupanas de

44

indivduos, empresas e governos para emprstimos ou investimentos. Muitas instituies financeiras, direta ou indiretamente, pagam aos poupadores juros sobre os fundos depositados: outras prestam servios que so cobrados de seus depositantes (por exemplo, a taxa de servios incidente sobre contas correntes). Algumas instituies financeiras captam poupanas e emprestam esses fundos a seus clientes; outras investem as poupanas de seus clientes em ativos rentveis, tais como bens imveis ou aes e ttulos de dvida; e ainda existem outras que tanto emprestam fundos quanto investem as poupanas. O governo requer que as instituies financeiras operem dentro de determinada diretrizes regulamentares.

PARTICIPANTES-CHAVES NAS TRANSAES FINANCEIRAS

Os fornecedores e tomadores-chaves de fundos so indivduos, empresas e governos. As poupanas dos consumidores individuais colocados em

determinadas instituies financeiras constituem grande parte dos fundos destas. Os indivduos no s atuam como fornecedores de fundos s instituies financeiras, mas tambm demandam delas fundos na forma de emprstimos. No entanto, ponto importante aqui que os indivduos, como um grupo, so fornecedores lquidos s instituies financeiras; eles poupam mais dinheiro do que tomam emprestado.

As empresas depositam parte de seus fundos nas instituies financeiras, principalmente em contas correntes mantidas em vrios bancos comerciais. As empresas, tal como os indivduos, tambm tomam emprstimos dessas instituies. As empresas, como um grupo, diferentemente dos indivduos, so tomadores lquidos de fundos: tomam emprestado mais dinheiro do que poupam.

Os

governos

mantm,

em

bancos

comerciais,

depsitos

de

fundos

temporariamente ociosos, certas arrecadaes de impostos e os recolhimentos de previdncia social. Eles no tomam fundos emprestados diretamente das

45

instituies financeiras, se bem que pela venda de ttulos a vrias instituies, os governos, indiretamente, tomam emprstimos delas. O governo, como as empresas, tipicamente um tomador lquido de fundos: eles toma emprestado mais do que poupa. Todos ouvimos sobre os dficts oramentrios que ocorrem nos governos federais, estaduais e locais.

PRINCIPAIS INSTITUIES FINANCEIROS

As principais instituies financeiras so bancos comerciais, os bancos de poupana, as associaes de poupana e emprstimos, as cooperativas de crdito, companhias de seguro de vida, fundos de penso e fundos mtuos. Essas instituies atraem fundos dos indivduos, empresas e governos, combinam-se e prestam determinados servios de forma a tornar atraentes os emprstimos colocados disposio de indivduos e empresas. Elas tambm podem dispor de parte desses fundos para atender a vrias demandas governamentais. Uma breve descrio das principais instituies financeiras encontra-se no Quadro 2.1.

MERCADOS FINANCEIROS

Os mercados financeiros fornecem um foro no qual fornecedores de fundos, tomadores de emprstimos e investidores podem negociar diretamente. Enquanto os emprstimos e os investimentos das instituies so feitos sem o conhecimento direto dos fornecedores dos fundos (poupadores), no mercado financeiro sabem onde seus fundos esto sendo emprestados ou investidos. Os dois mercados financeiros bsicos so: o mercado monetrio e o mercado de capitais. As transaes com instrumento de dvida de curto prazo ou com valores mobilirios negociveis realizam-se no mercado monetrio. Os ttulos de longo prazo (ttulos de dvida e aes) so negociadas no mercado de capitais.

Todos os ttulos, seja no mercado monetrio ou no mercado de capitais, so inicialmente emitidos no mercado primrio. Este o nico mercado no qual o

46

emissor as sociedades annimas ou o governo diretamente envolvido na transao e recebe os benefcios diretos dessa emisso ou seja, a empresa efetivamente recebe pela venda de ttulos. Quando os ttulos comeam a ser negociados entre os indivduos, empresas, governos ou instituies financeiras, poupadores e investidores, tornam-se parte de mercado secundrio. O mercado primrio aquele no qual os novos ttulos so vendidos; o mercado secundrio pode ser visto como um mercado de ttulos usados ou possudos anteriormente.

Quadro 2.1Instituies/Descrio

Banco Comercial Aceita tanto depsito vista (conta corrente) como depsito a prazo (poupana). Tambm oferece contas com pedido de resgate negociveis (NOW), que so contas de poupana que rendem juros e sobre os quais se pode emitir cheques. Alm disso, oferece contas de depsito no mercado monetrio, o qual paga juros a taxas competitivas em relao aos demais instrumentos de investimento a curto prazo. Concede emprstimos diretamente aos tomadores de fundos ou atravs dos mercados financeiros.

Banco de poupana Similar aos bancos comerciais, exceto que eles no mantm depsitos vista (conta corrente). Capta fundos de poupana, de contas (NOW) e das contas de depsito do mercado monetrio. Geralmente, empresta ou investe fundos atravs dos mercados financeiros, apesar de alguns emprstimos imobilirios serem feitos a indivduos. Os bancos de poupana esto localizados principalmente nos Estados Unidos. Aqui no Brasil os Bancos de Poupana so geralmente os prprios Bancos Comerciais.

Associao de poupana e emprstimo Similar ao banco de poupana, no sentido de oferecer depsitos de poupana contas NOW e contas de depsito do mercado monetrio. Alm disso, obtm capital atravs da venda de ttulos nos mercados financeiros. Empresa fundos, principalmente a indivduos e empresas, na forma de emprstimos hipotecrios de bens imveis. Alguns fundos so canalizados para investimentos nos mercados financeiros.

47

Cooperativas de Crdito

Intermedirio financeiro que lida basicamente com as transferncias de fundos entre os consumidores. Para associar-se cooperativa de crdito necessrio, geralmente, um vnculo comum, tal como trabalhar para determinado empregador. A cooperativa de crdito aceita, de seus associados, depsitos de poupana, contas NOW e contas de depsito do mercado monetrio e empresta a maioria desses fundos a outros associados, tipicamente para financiar compras de automvel, eletrodomsticos ou benfeitorias de imveis.

Companhias de seguros de vida o maior tipo de intermedirio financeiro que lida com poupanas de indivduos. Recebe pagamentos de prmios que so destinados a emprstimos de benefcios. Faz emprstimos a indivduos, empresas e governos ou canaliza esses fundos para aqueles que os demandam, atravs dos mercados financeiros. Fundos de penso

Estabelecido para que funcionrios de vrias empresas ou dependncias do governo recebem uma renda aps a aposentadoria. Freqentemente, os empregadores contribuem ao fundo de penso com conjunto com seus empregados. s vezes, os fundos so transferidos diretamente aos tomadores de emprstimo, mas a maior parte emprestada ou investida atravs dos mercados financeiros.

Fundo mtuo Um tipo de intermedirio financeiro que rene fundos dos poupadores e os torna disponveis s empresas e governo que os demandam. Obtm fundos atravs da venda de quotas e usa esses recursos para adquirir ttulos de dvidas e aes emitidas por vrias empresas e unidades do governo. Cria uma carteira diversificada de ttulos e a administra profissionalmente, com vistas a atingir um objetivo de investimento especfico, tal como liquidez com alto retorno. Existem centenas de fundos, com uma variedade de objetivos de investimento. Os fundos mtuos do mercado monetrio, que provem retornos competitivos e elevada liquidez, so bastante populares, especialmente Quando as taxas de juros de curto prazo esto altas.

MERCADO MONETRIO

O mercado monetrio, conhecido tambm por mercado de crdito, origina-se do relacionamento financeiro entre fornecedores e tomadores de fundos de curto e longo prazo, os quais tm vencimentos de um ano ou mais. O mercado monetrio

48

no uma organizao real instalada em algum ponto central, embora a maioria das transaes realizadas nesse mercado ocorra nas grandes cidades, como So Paulo (No nosso caso Curitiba ou Florianpolis dependendo do assunto). A maioria das transaes do mercado monetrio feita com valores mobilirios negociveis que so instrumentos de dvida de curto prazo tais como Letras do Tesouro, commercial paper e certificados de depsito negociveis emitidos pelo governo, empresas e instituies financeiras, respectivamente. O mercado monetrio existe porque indivduos, empresas, governos e instituies financeiras possuem, temporariamente, fundos ociosos que desejam aplicar em algum tipo de ativo lquido ou de curto prazo que renda juros. Por outro lado, outros indivduos, empresas, governos e instituies financeiras encontram-se em situaes em que precisam de financiamento sazonal ou temporrio. Desse modo, o mercado monetrio possibilita o encontro entre os fornecedores e tomadores de fundos lquidos de curto prazo.

FUNCIONAMENTO DO MERCADO MONETRIO

Como os fornecedores e os tomadores de fundos de curto prazo estabelecem contato mo mercado monetrio? Geralmente, eles entram em contato atravs de grandes bancos, por intermedirio dos dealers de ttulos governamentais ou do Banco Central. O Banco Central envolve-se somente em emprstimos de banco comercial a outro; esses emprstimos so conhecidos por transaes em fundos federais. Inmeras corretoras de valores adquirem vrios instrumentos do mercado monetrio para revenda aos clientes. Se uma corretora no dispuser de um instrumento solicitado pelo cliente, ela tentar adquiri-lo. Adicionalmente, instituies financeiras, tais como bancos e fundos mtuos, compram instrumentos de mercado monetrio para suas carteiras a fim de proporcionar retornos atraentes aos seus depositantes e quotistas.

49

A maioria das operaes no mercado monetrio realizada por telefone. Uma empresa que deseja comprar um determinado valor mobilirio negocivel pode ligar para seu banco e este tentar comprar o ttulo contatando um banco conhecido por manter ofertas firmes de compra de venda, ou procurar negociar o ttulo em questo.

MERCADO FINANCEIRO

Subdiviso

MERCADO MONETRIO OU DE CRDITO

MERCADO CAMBIAL

MERCADO DE CAPITAIS

Recursos: Curto prazo Longo prazo

Recursos: Curto prazo Longo prazo

Recursos: Longo prazo

PARTICIPANTES-CHAVES

PESSOAS FSICAS PESSOAS JURDICAS

TOMATORES

POUPADORES

50

AMBIENTE (Grossklags, 2000) INTERNO DA EMPRESA Contas a Receber

- Movimentos de clientes (nota fiscais) - Avisos de dbito - Comisses - Controle de Crdito e Cobrana - EDI com bancos - Controle de endosso de ttulos a receber - Gerncia desconto bancrio - Consultas e relatrios sintticos e ou analticos da posio a receber por cliente, data de vencimento, praa de pagamento, portador, filial e dvida consolidada.

Contas a Pagar

- Controla os pagamentos em previses e dvidas efetivas - Indexao dos valores a pagar em vrias moedas - Controle de contratos - Pagamentos extra - fornecedor (pequenas despesas) - Emisso de cheques, DOCS, autorizao de dbito em conta e ou EDI com bancos - Controle de endosso - Consultas e relatrios sintticos e ou analticos da dvida do fornecedor, data de vencimento, praa de pagamento, portador, filial e dvida consolidada

Tesouraria

51

- Controlar os saldos de caixa e bancos - Realizar o lanamento das taxas bancrias, emprstimos com os cheques emitidos e valores depositados em conta corrente - Efetuar a conciliao do extrato bancrio com os cheques emitidos e valores depositados em conta corrente. - Fluxo de Caixa: posio financeira considerando valores a receber, pagar, saldos e previses; projeo por perodo de pagamentos e recebimentos; acompanhamento do previsto x realizado; simulaes; exportao dinmica de dados para planilhas.

52

EXERCCIO DE FIXAO

1)-

Que papel desempenham as instituies financeiras em nossa economia? Quais so os participantes-chaves dessas transaes? Indique quais so os efetivos fornecedores lquidos de fundos e quais so os efetivos tomadores lquidos de fundos.

2)-

O que so mercados financeiros e qual o papel que eles desempenham em nossa economia? Que relao existe entre instituies financeiras e mercados financeiros?

3)-

O que mercado de monetrio? Onde est estabelecido? Como este difere do mercado de capitais?

53

CAPTULO III

Administrao do Fluxo de Caixa

Objetivos de aprendizagem

a - Apresentar um panorama geral da utilizao do fluxo de caixa como instrumento de tomada de deciso operacional e estratgico para empresa.

b - Rever os conceitos e objetivos da administrao do fluxo de caixa.

c - Descrever a importncia de sua utilizao na gesto de pequenas e mdias empresas.

d - Identificar os fluxos de informaes, prazos de planejamento, instrumento ttico e estratgico e princpios de postura para sua melhor utilizao.

e - E, por fim aplicao de um modelo prtico.

54

1. ABORDAGEM INICIAL

A administrao do fluxo de entradas e de sadas de dinheiro do caixa uma preocupao constante dos administradores financeiros das empresas, sendo elas grandes, mdias ou pequenas.

Nos ltimos anos, a administrao do caixa tem desfrutado de crescente prestgio, este fato explicado pela importncia cada vez maior das informaes sobre a liquidez da empresa.

Em muitas decises da empresa se torna necessrio fazer uma distino clara entre gerao de caixa e gerao de resultados. Para essas decises, as informaes referentes aos resultados gerados na Contabilidade, so insuficientes. preciso saber qual o volume de dinheiro de que dispe a curto, mdio e longo prazo. Desse modo, conhecer apenas o valor do patrimnio informado pela Contabilidade no suficiente para a tomada de decises, haja visto ser uma informao esttica. Uma informao mais dinmica, como a reserva de dinheiro disponvel extremamente importante.

Atividades como a otimizao das aplicaes financeiras, programao e escolha dos recursos financeiros a serem captados e a gesto de custos e preos dependem de informao geradas pelo caixa.

Tambm em momentos de crise, a administrao de caixa assume um papel crucial para os destinos da empresa. Tudo que ela faz ou deixa de fazer depender de sua posio. Alm do mais substancialmente relevante dispor de uma confivel administrao para que em momento de alterao da Poltica Econmica, especialmente a Poltica Monetria, a empresa esteja preparada. A exemplo disto ocorre que estamos no sexto plano econmico desde 1986 (plano cruzado) e todos, sem exceo, foram essencialmente de ordem monetria.

55

A importncia de sua administrao tambm sentida fora da empresa, por bancos, fornecedores e clientes que utilizam as informaes sobre a situao de caixa para avaliao. A sua administrao tambm foi valorizada pela disseminao das novas tcnicas de gerenciamento da produo, onde os processos de otimizao utilizados conduzem busca de eficincia na gerao de caixa. A administrao no mais dependente nica e exclusivamente da rea financeira, pois requer a participao ativa de todos os envolvidos na gerao ou diminuio do caixa (Exemplo: Sistema Camban).

Considerando que o fluxo de caixa o instrumento essencial para a administrao do disponvel e sucesso da empresa, em termo de planejamento e de controle financeiro, o instrumento mais preciso e til, tanto a curto como a longo prazo. Entretanto, a empresa que mantm seu fluxo atualizado poder dimensionar com facilidade o volume de ingressos e desembolsos dos recursos financeiros, como tambm fixar o nvel de caixa desejado. Permitindo assim, uma viso clara da poca dos ingressos e desembolsos decorrentes da atividade operacional da empresa para o perodo desejado.

Em fase disso, uma empresa que possa antever o momento em que ir ocorrer um excedente ou uma escassez de recursos, poder planejar seus investimentos de forma segura e da mesma maneira poder projetar as possveis fontes de financiamento para suprir a sua necessidade futura de caixa. Possibilitando evitar a programao de desembolsos vultuosos para os perodos em que o ingresso de numerrio orado baixo por questes de mercado.

56

CONCEITOS

Aps termos justificado o controle do caixa, entendemos que estamos aptos a conceitu-lo; que pode ser de vrias formas, geralmente aceitas. Entre vrios conceitos que poderiam ser apresentados, cabe primeiro o de administrao financeira que, segundo ZDANOWICZ (1991:37) (...) o instrumento que relaciona o conjunto de ingressos e de desembolsos de recursos financeiros pela empresa em determinado perodo.

E conforme IUDICIBUS (1990:94) O fluxo de caixa indica a origem de todo o dinheiro que entrou no caixa, bem como a aplicao de todo o dinheiro que saiu, (...) em determinado perodo, e ainda, o resultado do fluxo financeiro.

Pode ser tambm conceituado como o instrumento utilizado pelo administrador financeiro com o objetivo de apurar os somatrios de ingressos e de desembolsos financeiros da empresa em determinado momento,

prognosticando assim se haver acesso ou escassez de recursos, em funo do nvel de caixa desejado pela empresa.

Alguns autores conceituam o fluxo de caixa em funo do tempo de sua projeo. A curto prazo para atender quaisquer finalidades da empresa, e a longo prazo para fins de investimento em itens do ativo permanente.

Podemos portanto denominar como fluxo de caixa de uma empresa o conjunto de ingressos e desembolsos de numerrio ao longo de um perodo determinado, que consiste na representao dinmica da situao financeira, considerando todas as fontes de recursos e todas as aplicaes em itens do ativo.

O termo fluxo de caixa tambm denominado pela expresso inglesa cash flow, sendo que podemos utilizar ainda outras denominaes como: oramento

57

de caixa, previso de caixa, e outras.

OBJETIVOS

O fluxo de caixa tem como objetivo bsico, a projeo das entradas e das sadas de recursos financeiros para determinado perodo, visando detectar a necessidade de captar emprstimos ou aplicar excedentes de caixa nas operaes mais rentveis para a empresa. ZDANOWICZ (19991:24)

Quanto maiores os recursos disponveis, mais prontamente a empresa poder honrar seus compromissos. Do mesmo modo, quanto mais recursos a empresa puder aplicar em seus sistema operacional, as taxas de retorno tambm sero maiores.

Dentre os mais importantes objetivos selecionamos alguns para ilustrar:

-

Demonstrar as atividades desenvolvidas, bem como as

operaes

financeiras que s