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Administrativo Informativos STF e STJ (agosto/2017) Professor Leandro Velloso www.masterjuris.com.br

Administrativo Informativos STF e STJ (agosto/2017) · 2017-10-06 · PROCESSO: RMS 36.064-MT, Rel. Min. Sérgio Kukina, por unanimidade, julgado em 13/6/2017, DJe 22/6/2017. DESTAQUE:

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Administrativo

Informativos STF e STJ

(agosto/2017)

Professor Leandro Velloso

www.masterjuris.com.br

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INFORMATIVO 606

TEMA: Piso salarial dos professores no âmbito do Estado do Rio Grande do Sul.

Legitimidade passiva da União. Contrariedade ao dispositivo do art. 4º, caput e §§ 1º

e 2º, da Lei n. 11.738/2008. Não ocorrência.

PROCESSO: REsp 1.559.965-RS, Rel. Min. Og Fernandes, Primeira Seção, por

unanimidade, julgado em 14/6/2017, DJe 21/6/2017. (Tema 592)

DESTAQUE: Os dispositivos do art. 4º, caput, e §§ 1º e 2º, da Lei n. 11.738/2008 não

amparam a tese de que a União é parte legítima, perante terceiros particulares, em

demandas que visam à sua responsabilização pela implementação do piso nacional

do magistério, afigurando-se correta a decisão que a exclui da lide e declara a

incompetência da Justiça Federal para processar e julgar o feito ou, em sendo a

única parte na lide, que decreta a extinção da demanda sem resolução do mérito.

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INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR: Cinge-se a controvérsia, entre outros pontos, a analisar a legitimidade passiva da

União perante terceiros particulares, com base no art. 4º da Lei n. 11.738/2008, em demandas que visam a

implementação do piso nacional do magistério. Inicialmente, verifica-se que o art. 4º da citada legislação assim

determina, verbis: “A União deverá complementar, na forma e no limite do disposto no inciso VI do caput do art. 60 do

Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e em regulamento, a integralização de que trata o art. 3º desta Lei, nos

casos em que o ente federativo, a partir da consideração dos recursos constitucionalmente vinculados à educação, não

tenha disponibilidade orçamentária para cumprir o valor fixado”. Do que se verifica, não se trata de responsabilidade

direta da União, nem a manutenção do pagamento do piso do magistério, nem a complementação, a qual fica limitada,

pelos regulamentos aplicáveis à espécie. De outra parte, o § 2º prevê que a responsabilidade da União é a de "cooperar

tecnicamente com o ente federativo que não conseguir assegurar o pagamento do piso, de forma a assessorá-lo no

planejamento e aperfeiçoamento da aplicação de seus recursos". Com isso, verifica-se que o mencionado dispositivo

legal não induz que a União será responsável perante terceiros para implementar ou pagar, diretamente, a determinado

professor o piso do magistério, tendo em vista tratar-se de norma de direito financeiro que, por sua natureza, somente

vincula os entes federados entre si. Ou seja, se alguma responsabilidade pode ser extraída desse dispositivo, essa se

refere, exclusivamente, à relação entre a União e o ente federativo que não conseguir assegurar o pagamento do piso,

na exata dicção do texto legal, e não que o preceito normativo assegura o pagamento do piso do magistério pela

União. As regras ora analisadas são típicas de um federalismo cooperativo, o qual se estabelece entre os entes

componentes da Federação brasileira, não assegurando direitos de um particular diretamente em face da União, no

sentido de pleitear a percepção de verba salarial. Admitir o contrário, seria supor que um servidor público pertencente

a uma unidade federativa possa pleitear diretamente da União a consecução de uma obrigação que, se existente,

perfaz-se, apenas e tão somente, na relação entre os entes federativos.

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INFORMATIVO 606

TEMA: Desapropriação. Aquisição originária de propriedade. Exigibilidade de

tributos anteriores ao ato desapropriatório. Ausência de responsabilidade do ente

expropriante.

PROCESSO: REsp 1.668.058-ES, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, por

unanimidade, julgado em 8/6/2017, DJe 14/6/2017.

DESTAQUE: O ente desapropriante não responde por tributos incidentes sobre o

imóvel desapropriado nas hipóteses em que o período de ocorrência dos fatos

geradores é anterior ao ato de aquisição originária da propriedade.

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INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR: A questão trazida à colação trata de sucessão tributária, em decorrência da

desapropriação de imóvel pertencente à empresa privada pela União Federal, visto que os débitos, objetos de cobrança

em execução fiscal promovida por fazenda municipal, tem como fundamento fatos geradores ocorridos em momento

pretérito à ocorrência da imissão na posse, relativos ao Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) e Taxa de Limpeza

Pública de Coleta de Resíduos Sólidos. Primeiramente, cumpre referir que o art. 34 do CTN considera contribuintes do

IPTU o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil ou o seu possuidor a qualquer título. Por seu turno, da

análise dos artigos 130 e 131, I, do CTN, extrai-se que o comprador do imóvel se sub-roga nos direitos e obrigações

que decorrem da aquisição, ou seja, se torna pessoalmente responsável pelos impostos referentes ao bem adquirido.

No mesmo sentido, as taxas de limpeza pública de coleta de resíduos sólidos estão vinculadas ao imóvel, ou seja, são

obrigações propter rem, independentemente de quem seja o proprietário, detentor do domínio útil ou possuidor.

Noutra quadra, a desapropriação, de acordo com doutrina, "(...) é forma originária de aquisição da propriedade, porque

não provém de nenhum título anterior, e, por isso, o bem expropriado torna-se insuscetível de reivindicação e libera-se

de quaisquer ônus que sobre ele incidissem precedentemente, ficando os eventuais credores sub-rogados no preço".

Extrai-se, portanto, que a propriedade adquirida em decorrência da desapropriação desvincula-se dos títulos dominiais

pretéritos e não mantém nenhuma ligação com estes, o que impede a imposição de ônus tributário sobre o bem por

quem quer que seja, nos termos do artigo 35 do Decreto-Lei n. 3.365/1941. À vista desse entendimento e

considerando que à legislação tributária é vedado alterar a definição, o conteúdo e o alcance dos institutos, conceitos e

formas de direito privado (art. 110 do CTN), conclui-se ser inexigível perante à União, os créditos tributários incidentes

sobre o imóvel expropriado, devendo eventuais direitos creditórios em favor da exequente ser imputados ao

expropriado.

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INFORMATIVO 607

TEMA: Treinador de futebol. Conselho Regional de Educação Física. Inscrição. Não

obrigatoriedade.

PROCESSO: REsp 1.650.759-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, por unanimidade,

julgado em 6/4/2017, DJe 1/8/2017.

DESTAQUE: O exercício da profissão de técnico ou treinador profissional de futebol

não se restringe aos profissionais graduados em Educação Física, não havendo

obrigatoriedade legal de registro junto ao respectivo Conselho Regional.

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INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR: A presente controvérsia diz respeito à

obrigatoriedade de inscrição de técnico ou treinador de futebol em Conselho Regional

de Educação Física. Inicialmente, verifica-se que a Lei n. 9.696/98 – que dispõe sobre a

regulamentação da profissão de Educação Física e cria os respectivos Conselhos Federal

e Regionais – determina, em seus arts. 2º e 3º, respectivamente, os profissionais que

deverão ser inscritos nos quadros dos Conselhos de Educação Física, bem como suas

respectivas competências. Por seu turno, o art. 3º, I, da Lei n. 8.650/1993, ao tratar das

relações de trabalho do Treinador Profissional de Futebol, prevê que o exercício dessa

profissão fica assegurado preferencialmente, dentre outros, aos profissionais graduados

em Educação Física. Com base nesses diplomas legais, o STJ consolidou sua

jurisprudência no sentido de que não há nenhum comando normativo que determine ainscrição de treinadores/técnicos de futebol nos Conselhos Regionais de Educação Física.

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INFORMATIVO 608

TEMA: Concurso Público. Teste de aptidão física. Modificação na ordem de

aplicação das provas. Prévia divulgação por edital complementar. Isonomia.

Legalidade.

PROCESSO: RMS 36.064-MT, Rel. Min. Sérgio Kukina, por unanimidade, julgado em

13/6/2017, DJe 22/6/2017.

DESTAQUE: A simples alteração na ordem de aplicação das provas de teste físico

em concurso público, desde que anunciada com antecedência e aplicada

igualmente a todos, não viola direito líquido e certo dos candidatos inscritos.

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INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR: O ponto nodal do debate diz respeito à legalidade

da inversão da ordem das provas do teste de aptidão física em concurso público para

provimento de cargos de agente prisional, que, segundo disposição editalícia inicial,

deveriam ser aplicadas em ordem específica. Nesse contexto, a simples alteração na

ordem de aplicação das provas, desde que anunciada com antecedência e nos termos

admitidos pelo edital do certame, não viola direito líquido e certo dos candidatos. Isto

porque o procedimento assim balizado respeita os princípios constitucionais da

publicidade e da razoabilidade, previstos no artigo 37, caput, da Constituição Federal e

nos arts. 2º, parágrafo único, incisos I a VIII e XIII; 26 e 28 da Lei Federal n. 9.784/1999.

Além disso, o objetivo dos concursos públicos de provas ou provas e títulos, previstos

nos incisos I a IV do art. 37 da CF é assegurar a observância do princípio da isonomia

para ingresso nos quadros efetivos da Administração Pública. Logo, se a alteração na

ordem de aplicação das provas integrantes do teste físico foi divulgada com

antecedência e aplicada igualmente a todos os candidatos inscritos, não há violação doprincípio constitucional da isonomia, bem como não existe ilegalidade.

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INFORMATIVO 871

TEMA: SERVIDOR PÚBLICO CIVIL

PROCESSO: ADI 1240/DF, rel. Min. Cármen lúcia, julgamento em 3.8.2017. (ADI-

1240)

DESTAQUE: Ingresso na carreira e vinculação de remuneração de pessoal - 2

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INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR: O Plenário retomou o julgamento de ação direta em que se questiona a constitucionalidade dos

arts. 18, § 1º (1), e 27, “caput” (2), da Lei 8.691/1993, que dispõe sobre o Plano de Carreiras para a área de Ciência e Tecnologia da

Administração direta, das autarquias e das fundações públicas federais — Informativo 854.

Em voto-vista, o ministro Edson Fachin acompanhou em parte o voto da ministra Cármen Lúcia (presidente e relatora), para julgar

parcialmente procedente o pedido formulado. No tocante ao art. 18, § 1º, da lei em comento, que permite, excepcionalmente, o

ingresso em carreiras no último padrão da classe mais elevada do nível superior, concluiu pela contrariedade à Constituição Federal

(CF), no tocante à impessoalidade, à isonomia e ao princípio do concurso público. Nesse ponto, acompanhou a relatora.

Entretanto, no que diz respeito ao art. 27, “caput”, da lei, não verificou inconstitucionalidade. O dispositivo trata de servidores que,

antes da edição da Lei 8.691/1993, exerciam os mesmos cargos, detinham as mesmas atribuições e pertenciam ao mesmo plano de

carreira dos que foram posteriormente reenquadrados. Contudo, por algum motivo, não encontravam lotados nos órgãos e entidades

cujas carreiras foram regulamentadas pela lei.

Assim, não se cuida de equiparação de cargos e atribuições distintos, ou de vinculação de vencimentos, mas sim de atribuir aos

servidores não reenquadrados, por isonomia, o direito às vantagens remuneratórias de cargos idênticos ou bastante assemelhados. O

dispositivo em questão é regra de transição para regular situações específicas em mudança na estruturação de determinada carreira.

Por fim, pontuou que a lei está em vigor desde 1993 e que, para preservar a segurança jurídica, é imperiosa a modulação de efeitos.

Em seguida, o ministro Alexandre de Moraes pediu vista dos autos.

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INFORMATIVO 871

TEMA: RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

PROCESSO: RE 571969 ED/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 3.8.2017. (RE-

571969)

DESTAQUE: Responsabilidade civil do Estado por ato ilícito e contrato

administrativo - 2

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INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR: O Plenário, em conclusão de julgamento, rejeitou embargos de declaração opostos de decisão

proferida no RE 571.969/DF (DJe de 18.9.2014), na qual assentara-se que a União, na qualidade de contratante, possui

responsabilidade civil por prejuízos suportados por companhia aérea em decorrência de planos econômicos existentes no período

objeto da ação — Informativo 818.

Alegou-se omissão quanto ao afastamento do instituto da preclusão acerca da impugnação aos critérios utilizados na perícia para a

aferição do desequilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão. Sustentou-se, também, omissão sobre a prevalência do

regime intervencionista do Estado com relação ao instituto da responsabilidade objetiva. Arguiu-se ser contraditória a indicação do

instituto da desapropriação como exemplo de responsabilidade do Estado por ato ilícito, bem assim o próprio resultado do

julgamento, em face de conclusão do laudo pericial no sentido da ausência de nexo causal entre as medidas de intervenção e o

agravamento das dívidas da embargada. Por fim, afirmou-se que a limitação de lucro excessivo não configura dano indenizável.

O Colegiado esclareceu que os embargos de declaração não se prestam para provocar reforma da decisão embargada, salvo nos

pontos em que haja omissão, contradição ou obscuridade (CPC, art. 535). No caso, todavia, não se pretende provocar esclarecimento,

mas modificar o conteúdo do julgado, para afastar a responsabilidade da União pelos danos causados à embargada.

O acórdão impugnado enfrentou, devidamente, a questão relativa ao reconhecimento da preclusão sobre a impugnação feita aos

critérios utilizados na perícia para a aferição do desequilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão.

Ademais, foi enfatizado que o afastamento da preclusão e, consequentemente, da intempestividade da peça apresentada pela União,

é matéria infraconstitucional, insuscetível de análise em sede de recurso extraordinário. De igual modo, incabível, nessa via, o exame

dos elementos afetos ao equilíbrio econômico-financeiro de contrato administrativo

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INFORMATIVO 872

TEMA: CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

PROCESSO:

ADI 4777/BA, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso,

julgamento em 9.8.2017. (ADI-4777)

ADI 4674/RS, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso,

julgamento em 9.8.2017. (ADI-4674)

ADI 4362/DF, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso,

julgamento em 9.8.2017. (ADI-4362)

DESTAQUE: Julgamento de governador por crimes comuns e de responsabilidade e

competência legislativa

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INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR: É vedado às unidades federativas instituírem normas que condicionem a instauração de ação penal contra o

governador por crime comum à prévia autorização da casa legislativa, cabendo ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) dispor fundamentadamente sobre a

aplicação de medidas cautelares penais, inclusive o afastamento do cargo.

Com esse entendimento, o Plenário, em conclusão e por maioria, julgou procedentes pedidos formulados em ações diretas para declarar a

inconstitucionalidade de dispositivos e expressões contidas em normas das Constituições dos Estados da Bahia e do Rio Grande do Sul e da Lei Orgânica

do Distrito Federal. As normas questionadas tratam do condicionamento de instauração penal contra governador por crime comum à prévia autorização

da casa legislativa; do julgamento de governador, por crime de responsabilidade, pela casa legislativa; e do afastamento automático do governador de

suas funções quando recebida a denúncia ou a queixa-crime.

O Colegiado citou a Súmula Vinculante 46, segundo a qual a definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de

processo e julgamento são da competência legislativa privativa da União. São, portanto, inválidas as normas de constituição estadual que atribuam o

julgamento de crime de responsabilidade à assembleia legislativa, em desacordo com a Lei 1.079/1950.

Além disso, a constituição estadual não pode condicionar a instauração de processo judicial por crime comum contra governador à licença prévia da

assembleia legislativa. A República, que inclui a ideia de responsabilidade dos governantes, é princípio constitucional de observância obrigatória, de

modo que a exceção prevista no art. 51, I (1), da CF é norma de reprodução proibida pelos Estados-Membros.

Ademais, tendo em vista que as constituições estaduais não podem estabelecer a chamada “licença prévia”, também não podem autorizar o afastamento

automático do governador de suas funções quando recebida a denúncia ou a queixa-crime pelo STJ.

Vencido o ministro Dias Toffoli (relator), que julgou parcialmente procedentes os pedidos, para considerar válidas as normas que determinam a

necessidade de autorização prévia da casa legislativa para instauração de ação penal contra governador. Salientou que, à época de seu voto, era essa a

orientação jurisprudencial do STF sobre o tema.

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INFORMATIVO 872

TEMA: CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

PROCESSO: ADI 2921/RJ, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli,

julgamento em 9.8.2017. (ADI-2921)

DESTAQUE: Alteração de limites de municípios e plebiscito - 4

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INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR: O Plenário, em conclusão de julgamento, reputou parcialmente

procedente pedido formulado em ação direta para declarar a inconstitucionalidade da Lei 3.196/1999 e

para não conhecer da ação quanto à Lei 2.497/1995, ambas do Estado do Rio de Janeiro. As normas

impugnadas estabelecem os novos limites territoriais dos Municípios de Cantagalo e Macuco —

Informativos 495, 776 e 786.

No que se refere à Lei estadual 3.196/1999, o Colegiado apontou ofensa ao § 4º do art. 18 da Constituição

Federal (CF) (1), tendo em conta a ausência de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos

municípios envolvidos.

A respeito da Lei estadual 2.497/1995, entendeu que o diploma foi elaborado antes do parâmetro

constitucional estabelecido pela EC 15/1996, tido por violado.

Por fim, o Colegiado, por maioria, decidiu não modular os efeitos da decisão, em razão da impossibilidade

de repristinação da Lei 2.497/1995 para disciplinar os limites territoriais entre os Municípios de Cantagalo e

Macuco, haja vista o trânsito em julgado de mandado de segurança, julgado pelo TJ/RJ, em que

expressamente declarada a invalidade do aludido diploma legal.

Vencidos, quanto à modulação, os ministros Teori Zavascki e Celso de Mello.

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INFORMATIVO 872

TEMA: CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

PROCESSO: ADI 2030/SC, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 9.8.2017. (ADI-

2030)

DESTAQUE: Competência legislativa concorrente e direito ambiental

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INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR: O Plenário julgou improcedente ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo governador

do Estado de Santa Catarina, contra os arts. 4º (1) e 8º, parágrafo único (2), da Lei estadual 11.078/1999, que estabelece normas sobre

controle de resíduos de embarcações, oleodutos e instalações costeiras.

No caso, aponta-se ofensa ao art. 22, “caput” e I (3), da Constituição Federal (CF), por ser competência privativa da União legislar

sobre direito marítimo e civil. Alega-se, ainda, a existência de ofensa à Convenção sobre Prevenção da Poluição Marinha por

Alijamento de Resíduos e Outras Matérias, concluída em Londres, em 29.9.1972, e promulgada no Brasil pelo Decreto 87.566/1982.

Primeiramente o Colegiado não conheceu do pedido de declaração de inconstitucionalidade quanto à ofensa à referida convenção,

promulgada pelo Decreto 87.566/1982. Esclareceu que a jurisprudência da Corte não admite o exame de contrariedade à norma

infraconstitucional em sede de controle concentrado de constitucionalidade.

No mérito, o Plenário entendeu que as questões atinentes a direito marítimo não constituem o objeto principal do art. 4º da Lei

11.078/1999, do Estado de Santa Catarina. A tutela ao meio ambiente é o seu principal escopo. Na mesma linha, afirmou que não se

trata, no art. 8º desse diploma estadual, de legislação sobre responsabilidade civil. O caso é de responsabilidade do agente causador

por dano ao meio ambiente, nos limites do disposto no art. 24, VIII (4), da CF. É, portanto, matéria de competência legislativa

concorrente.

Nesse contexto, o Colegiado esclareceu que cabe à União editar normas gerais que traçam um plano, sem estabelecer pormenores. A

competência legislativa dos Estados-membros e do Distrito Federal é de caráter suplementar [CF, art. 24, § 2º (5)].

Todavia, diante da ausência de lei com normas gerais, o Estado-Membro pode legislar amplamente, até que seja editada referida lei

[CF, art. 24, §§ 3º e 4º (6)]. Assim, tendo em vista que, à época da edição da Lei 11.078/1999, não havia lei geral sobre o tema, o Estado

de Santa Catarina tinha competência legislativa plena nessa matéria.

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INFORMATIVO 872

TEMA: CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

PROCESSO:

ADPF 109/SP, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 10.8.2017. (ADPF-109)

ADI 3356/PE, rel. Min. Eros Grau, julgamento em 10.8.2017. (ADI-3356)

ADI 3357/RS, rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 10.8.2017. (ADI-3357)

ADI 3937/SP, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 10.8.2017. (ADI-3937)

DESTAQUE: Amianto e competência legislativa concorrente - 15

Page 23: Administrativo Informativos STF e STJ (agosto/2017) · 2017-10-06 · PROCESSO: RMS 36.064-MT, Rel. Min. Sérgio Kukina, por unanimidade, julgado em 13/6/2017, DJe 22/6/2017. DESTAQUE:

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR: O Plenário retomou o julgamento conjunto de ações diretas de inconstitucionalidade ajuizadas

contra a Lei 11.643/2001 do Estado do Rio Grande do Sul, a Lei 12.684/2007 do Estado de São Paulo e a Lei 12.589/2004 do Estado de

Pernambuco; bem assim de arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) ajuizada em face da Lei 13.113/2001 e o

Decreto 41.788/2002, ambos do Município de São Paulo. Os diplomas impugnados proíbem o uso, a comercialização e a produção de

produtos à base de amianto/asbesto naquelas unidades federativas — Informativos 407, 686 e 848.

Em voto-vista, o ministro Dias Toffoli julgou improcedentes os pedidos formulados nas quatro demandas.

No que se refere à competência legislativa para normatizar a matéria, salientou a necessidade de busca, na Federação, de um ponto

de estabilidade entre centralização e descentralização. Dessa forma, compete concorrentemente à União a edição de normas gerais e

aos Estados-Membros suplementar a legislação federal no que couber (CF, art. 24, §§ 1º e 2º) (1). Somente na hipótese de inexistência

de lei federal é que os Estados-Membros exercerão competência legislativa plena (CF, art. 24, § 3º) (1). Sobrevindo lei federal dispondo

sobre normas gerais, a lei estadual terá sua eficácia suspensa naquilo que contrariar a federal (CF, art. 24, § 4º) (1). De igual modo, aos

Municípios compete legislar sobre assuntos de interesse local e suplementar a legislação federal ou estadual no que couber (CF, art.

30, I e II) (2).

Frisou ser imperativo que a competência concorrente exercida pela União englobe os interesses nacionais, que não podem ser

limitados às fronteiras estaduais. Entretanto, a competência federal para editar normas gerais não permite que o ente central esgote

toda a disciplina normativa, sem deixar competência substancial para o Estado-Membro. Isso significa, também, não se admitir que a

legislação estadual possa adentrar a competência da União e disciplinar a matéria de forma contrária à norma geral federal.

No caso, a Lei 9.055/1995 admite, de modo restrito, o uso do amianto, de modo que a legislação local não poderia, em tese, proibi-lo

totalmente. Porém, no momento atual, a legislação nacional sobre o tema não mais se compatibiliza com a Constituição, razão pela

qual os Estados-Membros passaram a ter competência legislativa plena sobre a matéria até que sobrevenha eventual nova lei federal.

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O processo de inconstitucionalização da Lei 9.055/1995 se operou em razão de mudança no substrato fático da norma. A discussão

em torno da eventual necessidade de banimento do amianto é diferente da que havia quando da edição da norma geral. Se, antes,

tinha-se notícia de possíveis danos à saúde e ao meio ambiente ocasionados pela utilização da substância, hoje há consenso em torno

da natureza altamente cancerígena do mineral e da inviabilidade de seu uso de forma segura. Além disso, atualmente, o amianto

pode ser substituído por outros materiais (fibras de PVA e PP), sem propriedade carcinogênica e recomendados pela Anvisa.

Portanto, revela-se a inconstitucionalidade material superveniente da Lei 9.055/1995, por ofensa ao direito à saúde (CF, arts. 6º e 196)

(3), ao dever estatal de redução dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de saúde, higiene e segurança (CF, art. 7º, XXII)

(4), e à proteção do meio ambiente (CF, art. 225) (5).

Diante da invalidade da norma geral federal, os Estados-Membros passam a ter competência legislativa plena sobre a matéria, até

sobrevinda eventual de nova legislação federal. Como as leis estaduais questionadas proíbem a utilização do amianto, elas não

incidem no mesmo vício de inconstitucionalidade material da lei federal. No tocante à lei municipal em debate, ela proíbe o uso do

amianto, em consonância com a lei estadual daquela unidade federativa e de acordo com a competência legislativa municipal para

tratar do tema.

Assim, o ministro Dias Toffoli declarou, incidentalmente, a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 9.055/1995 (6), bem assim a

constitucionalidade formal e material das leis questionadas.

Em seguida, o julgamento foi suspenso.

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INFORMATIVO 873

TEMA: DOMÍNIO PÚBLICO

PROCESSO:

ACO 362/MT, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 16.8.2017. (ACO-362)

ACO 366/MT, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 16.8.2017. (ACO-366)

DESTAQUE: Terras tradicionalmente ocupadas por indígenas: titularidade e

indenização

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INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR: O Plenário, por unanimidade, julgou improcedentesduas ações cíveis originárias, nas quais o Estado de Mato Grosso solicitava indenização pordesapropriação indireta de terras devolutas a ele pertencentes, sob a alegação de que as terrasteriam sido incluídas no perímetro de áreas indígenas sem a obediência ao procedimentoexpropriatório devido.

O Colegiado salientou que, desde a Constituição de 1934, não se pode caracterizar as terrasocupadas pelos indígenas como devolutas. Ressaltou ainda que a Constituição Federal de 1988(CF/1988) estabeleceu que as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios são bens da União ededicou vários dispositivos para tratar da proteção dessas áreas [CF/1988, arts. 20, XI (1) e 213, §1º a §6º(2)].

Ademais, pontuou que os laudos antropológicos juntados aos autos deixaram claro que as áreasem questão eram habitadas historicamente por indígenas. Nesse contexto, o Supremo TribunalFederal assentou que a titularidade das terras não é do Estado do Mato Grosso, sendo indevida,portanto, a indenização pleiteada.

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INFORMATIVO 873

TEMA: MEIO AMBIENTE

PROCESSO: ADI 4717/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 16.8.2017. (ADI-

4717)

DESTAQUE: Unidades de conservação: medida provisória e retrocesso

socioambiental

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INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR: O Plenário iniciou o julgamento de ação direta ajuizada em face da Medida Provisória 558/2012, a qualdispõe sobre alterações nos limites de parques nacionais, florestas nacionais e de área de proteção ambiental. A medida provisória foi convertidana Lei 12.678/2012, que alterou também os limites de outra floresta nacional e ajustou normas relativas às operações de crédito rural por elaespecificadas.

A ministra Cármen Lúcia (presidente e relatora) conheceu em parte da ação e, na parte conhecida, julgou procedente o pedido, sem pronúncia denulidade, para declarar a inconstitucionalidade da Medida Provisória 558/2012, convertida na Lei 12.678/2012.

Inicialmente, destacou que o pedido foi devidamente fundamentado quanto às alterações de áreas de unidades de conservação, mas não foramatacadas especificamente outras normas veiculadas nesses diplomas legais que não se relacionam diretamente a essas alterações. Assim, a açãodireta não pode ser julgada quanto a esses dispositivos.

Considerou, ainda, possível a análise dos requisitos constitucionais para a edição de medida provisória após sua conversão em lei, pois a lei deconversão não convalida os vícios formais porventura existentes na medida provisória.

No tocante aos requisitos constitucionais de relevância e urgência para a edição da medida, foram suficientemente demonstrados na exposiçãode motivos. Em síntese, as alterações promovidas pelo ato normativo impugnado visaram à resolução de conflitos fundiários e à viabilização deusinas hidrelétricas, bem assim à proteção mais eficiente sob o aspecto ambiental.

O argumento de que a alteração dos limites das unidades de conservação para fins de resolução de conflitos fundiários não poderia ser realizadapor medida provisória, tendo em conta o que dispõe a Lei 9.985/2000, não procede. A lei regula apenas a situação de populações tradicionaisresidentes em unidades de conservação. Assim, ela não seria suficiente para solucionar os conflitos.

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Com relação às alterações nos limites das unidades de conservação que objetivaram viabilizar a construção de usinas hidrelétricas, a relatora apontou que, antes daedição da medida, o Instituto Chico Mendes havia decidido que sequer poderia ser deferida a abertura do processo de licenciamento ambiental para a construção dasusinas.

Entretanto, no que diz respeito à alteração ou supressão de espaços territoriais especialmente protegidos, a melhor exegese do art. 225, § 1º, III (1), da CF impõe queesse ato somente pode ser feito por meio de lei formal, com amplo debate parlamentar e participação da sociedade civil, bem assim dos órgãos e instituições deproteção ao meio ambiente, em observância à própria finalidade do dispositivo constitucional, que é assegurar o direito de todos ao meio ambiente ecologicamenteequilibrado.

Ademais, medida provisória que implique diminuição da proteção ao meio ambiente, como no caso, possui evidente potencial de causar prejuízos irreversíveis, naeventualidade da não conversão em lei. A desafetação das áreas de unidades de conservação é efeito que poderia ser plenamente revertido caso a medida provisórianão tivesse sido convertida em lei. Porém, no intervalo entre a adoção da medida provisória e sua apreciação pelo Congresso Nacional, poderiam, em tese, advirdanos irreparáveis ao meio ambiente nas áreas desafetadas. Esse motivo corrobora a impropriedade da adoção desse tipo de ato normativo para alterar ou suprimirespaços territoriais especialmente protegidos.

No mérito, a relatora assentou a contrariedade da Medida Provisória 558/2012 e da Lei 12.678/2012 ao princípio da proibição de retrocesso socioambiental. Eledecorre diretamente do princípio da proibição do retrocesso social, o qual impede que o núcleo essencial dos direitos sociais já realizado e efetivado por medidaslegislativas seja aniquilado por medidas estatais.

Ainda que a aplicação do princípio da proibição do retrocesso socioambiental não possa engessar a ação legislativa e administrativa, sendo forçoso admitir certamargem de discricionariedade às autoridades públicas em matéria ambiental, o que se consumou, na espécie, foi a indevida alteração de reservas florestais à reveliado devido processo legislativo, por ato discricionário do Executivo, em prejuízo da proteção ambiental de parques nacionais na área amazônica.

As alterações promovidas, em linhas gerais, implicaram gravosa diminuição da proteção dos ecossistemas abrangidos pelas unidades de conservação em debate,acarretando ofensa ao princípio da proibição de retrocesso socioambiental e atingindo o núcleo essencial do direito fundamental ao meio ambiente ecologicamenteequilibrado.

Em seguida, o ministro Alexandre de Moraes pediu vista dos autos.

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INFORMATIVO 873

TEMA: CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

PROCESSO: ADI 4066/DF, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 17.8.2017. (ADI-

4066)

DESTAQUE: Direito à saúde e amianto

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INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR: O Plenário iniciou julgamento de ação direta, ajuizada pela Associação Nacional dos Procuradores doTrabalho (ANPT) e pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (ANAMATRA), em face do art. 2º, “caput” e parágrafo único,da Lei 9.055/1995 (1), que disciplina a extração, industrialização, utilização, comercialização e transporte do asbesto/amianto e dos produtos queo contenham.

Primeiramente, o Tribunal, por maioria, reconheceu a legitimidade ativa “ad causam” das entidades autoras. Considerou existir vínculo depertinência temática em relação aos objetivos estatutários que legitimam a atuação das entidades autoras e o próprio conteúdo da norma legalobjeto de impugnação.

Vencidos, no ponto, os ministros Alexandre de Morares e Marco Aurélio, que não reconheceram a legitimidade das referidas associações. Para osministros, o combate à legislação, que possa causar danos aos trabalhadores, não tem a ver com a razão de existência das associações.

No mérito, a ministra Rosa Weber (relatora) julgou procedente o pedido para declarar a inconstitucionalidade do art. 2º da norma impugnada.Afirmou que a tolerância ao uso do amianto crisotila, da forma como encartada no art. 2º da Lei 9.055/1995, é incompatível com a ConstituiçãoFederal (CF/1988).

O devido equacionamento da Lei 9.055/1995, à luz dos princípios e valores consagrados na CF/1988, tem como principal vetor a cláusulaconstitucional do direito à saúde. Na discussão relativa à constitucionalidade da norma federal que regula a exploração do amianto, a invocaçãoda dignidade da pessoa humana, do valor social do trabalho e da defesa do meio ambiente têm, como centro de convergência, a proteção dasaúde.

A CF/1988, tomada como sistema, autoriza o Estado a impor limitações aos direitos fundamentais, em face da necessidade de conformá-lo comoutros direitos fundamentais igualmente protegidos. Assim, o direito fundamental à liberdade de iniciativa, consagrado como fundamento daRepública Federativa do Brasil e princípio geral da ordem econômica, não impede a imposição, pelo Estado, de condições e limites para aexploração de atividades privadas.

Page 32: Administrativo Informativos STF e STJ (agosto/2017) · 2017-10-06 · PROCESSO: RMS 36.064-MT, Rel. Min. Sérgio Kukina, por unanimidade, julgado em 13/6/2017, DJe 22/6/2017. DESTAQUE:

Além de não impor a substituição do uso do amianto sempre que tecnicamente viável, a Lei 9.055/1995 não prevêmecanismos de revisão e atualização periódicas das estratégias de controle dos riscos à saúde oriundos daexposição ao amianto, bem como dos limites de exposição ao amianto crisotila, tendo em vista a marcha dodesenvolvimento tecnológico e o avanço do conhecimento científico.

Ademais, ao não prever mecanismos de redução progressiva de resíduos que tenham o amianto, em pó ou fibra,como um de seus constituintes, a Lei 9.055/1995 também está em desacordo com a Convenção de Basileia, quetrata do controle de movimentos e depósito transfronteiriços de resíduos perigosos.

Concluiu que, diante das determinações constitucionais direcionadas ao legislador, a tolerância ao uso do amiantocrisotila, tal como positivada no art. 2º da Lei 9.055/1995, não protege adequada e suficientemente os direitosfundamentais à saúde e ao meio ambiente, tampouco se alinha aos compromissos internacionais de carátersupralegal assumidos pelo Brasil e que moldaram o conteúdo desses direitos, especialmente as Convenções 139 e162 da OIT e a Convenção de Basileia, sendo caso de inconstitucionalidade por proteção insuficiente.

Em seguida o julgamento foi suspenso.

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INFORMATIVO 873

TEMA: ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA/ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

PROCESSO: MS 34224/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 15.8.2017. (MS-

34224)

DESTAQUE: TCU: redução de pensão e direito individual

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INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEORA Primeira Turma, em conclusão de julgamento e por maioria, indeferiu aordem em mandado de segurança impetrado em face de decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), quedeterminou, em 2015, a redução no valor de pensão percebida em decorrência do falecimento do marido daimpetrante, que era servidor público.

A impetração sustentou óbice à revisão implementada, em razão da decadência, pois o benefício foi deferido em2007. Além disso, alegou cerceamento de defesa e violação do devido processo legal, pela ausência de participaçãoda beneficiária no processo administrativo.

A Turma salientou que o TCU atuou não apenas no sentido de alterar a pensão recebida pela impetrante, masrealizou auditoria relativa a proventos e pensões oriundos do órgão onde trabalhava o marido dela. Assim, a defesade um direito individual não poderia ser exercida quanto àquele ato, porque, se admitidos todos os possíveisinteressados em um pronunciamento do TCU, estaria inviabilizada a fiscalização linear, externa, da corte de contas.A irresignação, portanto, deveria ser dirigida ao órgão em que trabalhava o falecido, e não o TCU.

Vencido o ministro Alexandre de Moraes, que deferiu a ordem.

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INFORMATIVO 874

TEMA: CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

PROCESSO: ADI 4066/DF, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 23 e 24.8.2017.

(ADI-4066)

DESTAQUE: Direito à saúde e amianto - 2

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INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR Em julgamento desprovido de eficácia vinculante por não alcançar o quórum exigido pelo art. 97 (1) daConstituição Federal (CF) em razão de impedimento dos ministros Roberto Barroso e Dias Toffoli, o Plenário, em conclusão, não pronunciou juízode constitucionalidade ou inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 9.055/1995 (2), que disciplina a extração, industrialização, utilização,comercialização e transporte do asbesto/amianto crisotila e dos produtos que o contenham. (vide Informativo 873).

Os ministros Rosa Weber (relatora), Edson Fachin, Ricardo Lewandowski, Celso de Mello e Cármen Lúcia (presidente) julgaram procedente opedido e declaram a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 9.055/1995.

A relatora consignou que, diante das determinações constitucionais direcionadas ao legislador, a tolerância ao uso do amianto crisotila, tal comopositivada no art. 2º da Lei 9.055/1995, não protege adequada e suficientemente os direitos fundamentais à saúde e ao meio ambiente,tampouco se alinha aos compromissos internacionais de caráter supralegal assumidos pelo Brasil, sendo caso de inconstitucionalidade porproteção insuficiente.

O ministro Edson Fachin reconheceu a existência de omissão caracterizada por proteção insuficiente à saúde e ao meio ambiente, precisamente,porque, 22 anos depois da entrada em vigor da norma atacada, o conjunto das circunstâncias técnico-científicas precisa ser revisitado.

O ministro Ricardo Lewandowski afirmou não haver dúvida, na comunidade científica mundial e brasileira, quanto ao potencial cancerígeno detodas as variedades do amianto, inclusive do crisotila. Para ele, ainda que houvesse alguma dúvida com relação à lesividade do amianto crisotilapara a saúde humana, é o caso de se aplicar o princípio da precaução, segundo o qual, para que o ambiente seja protegido, serão aplicadas pelosEstados, de acordo com as suas capacidades, medidas preventivas. Onde existam ameaças de riscos sérios ou irreversíveis, não será utilizada afalta de certeza científica total como razão para o adiamento de medidas eficazes, em termos de custo, para evitar a degradação ambiental.

Page 37: Administrativo Informativos STF e STJ (agosto/2017) · 2017-10-06 · PROCESSO: RMS 36.064-MT, Rel. Min. Sérgio Kukina, por unanimidade, julgado em 13/6/2017, DJe 22/6/2017. DESTAQUE:

O ministro Celso de Mello ressaltou que a legislação federal ora em exame mostra-se incompatível com valores básicos e direitos fundamentais consagrados pelaordem constitucional, pois não dispensa tutela adequada e proteção suficiente ao direito à saúde, a revelar situação configuradora de inconstitucionalidade poromissão, resultante da falta ou da realização incompleta e imperfeita de um programa social que deveria ter sido efetivamente assumido e implementado peloEstado. Segundo o ministro, o conteúdo material do preceito normativo em causa também vulnera a cláusula inscrita no art. 225 da Constituição da República, queconsagra o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

A ministra Cármen Lúcia assentou a importância do princípio da precaução para a manutenção do meio ambiente equilibrado.

Já os ministros Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Gilmar Mendes e Marco Aurélio reputaram improcedente o pleito e declaram constitucional a norma impugnada

O ministro Alexandre de Moraes salientou que, ao autorizar somente a variedade amianto crisotila, a norma visou proteger a saúde e o meio ambiente equilibrado. Ocaráter protetivo da legislação ficou demonstrado na medida em que veda expressamente outras formas de amianto. Ademais, ao permitir a exploração do amiantocrisotila, a norma impõe inúmeras restrições, além de observância contínua e permanente da evolução da legislação sobre segurança, higiene, medicina do trabalho,acordos e convenções internacionais e dos acordos entre sindicatos de empregados e empregadores.

O ministro Luiz Fux enfatizou que há uma profunda controvérsia na comunidade científica em relação ao amianto, o que recomenda a autorrestrição do PoderJudiciário.

O ministro Gilmar Mendes ponderou que esse é um caso limítrofe, em termos de jurisdição constitucional. Para ele, talvez se devesse adotar um juízo sensório naconstatação de uma possível caminhada rumo à inconstitucionalização. Seria o caso de recomendar que o Congresso reavaliasse o sistema adotado, o que poderialevar até, eventualmente, à supressão da exploração. Entretanto, sublinhou que a hipótese não seria de declaração de inconstitucionalidade de caráter cassatório.

O ministro Marco Aurélio afirmou que, ao declarar a inconstitucionalidade do dispositivo legal, o Poder Judiciário substituiu o Congresso Nacional, em ofensa aindependência e a harmonia entre os Poderes.

Page 38: Administrativo Informativos STF e STJ (agosto/2017) · 2017-10-06 · PROCESSO: RMS 36.064-MT, Rel. Min. Sérgio Kukina, por unanimidade, julgado em 13/6/2017, DJe 22/6/2017. DESTAQUE:

INFORMATIVO 874

TEMA: CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

PROCESSO: ADI 3937/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli,

julgamento em 24.8.2017. (ADI 3937)

DESTAQUE: Amianto e competência legislativa concorrente - 16

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INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR O Plenário, em conclusão e por maioria, julgou improcedente ação direta ajuizada contra a Lei12.684/2007, do Estado de São Paulo, que proíbe o uso de produtos, materiais ou artefatos que contenham quaisquer tipos de amianto noterritório estadual. Além disso, declarou incidentalmente a inconstitucionalidade do artigo 2º da Lei 9.055/1995 (1), que permite a extração,industrialização, comercialização e a distribuição do uso do amianto na variedade crisotila no País (vide Informativos 686, 848 e 872).

O Colegiado salientou que, no tocante à competência legislativa para normatizar a matéria, a necessidade de busca, na Federação, de um pontode estabilidade entre centralização e descentralização. Dessa forma, compete concorrentemente à União a edição de normas gerais e aosEstados-Membros suplementar a legislação federal no que couber [Constituição Federal (CF), art. 24, §§ 1º e 2º] (2). Somente na hipótese deinexistência de lei federal é que os Estados-Membros exercerão competência legislativa plena (CF, art. 24, § 3º) (2). Sobrevindo lei federaldispondo sobre normas gerais, a lei estadual terá sua eficácia suspensa naquilo que contrariar a federal (CF, art. 24, § 4º) (2). De igual modo, aosMunicípios compete legislar sobre assuntos de interesse local e suplementar a legislação federal ou estadual no que couber (CF, art. 30, I e II) (3).

Frisou ser imperativo que a competência concorrente exercida pela União englobe os interesses nacionais, que não podem ser limitados àsfronteiras estaduais. Entretanto, a competência federal para editar normas gerais não permite que o ente central esgote toda a disciplinanormativa, sem deixar competência substancial para o Estado-Membro. Isso significa, também, não se admitir que a legislação estadual possaadentrar a competência da União e disciplinar a matéria de forma contrária à norma geral federal.

No caso, a Lei 9.055/1995 admite, de modo restrito, o uso do amianto, de modo que a legislação local não poderia, em tese, proibi-lo totalmente.Porém, no momento atual, a legislação nacional sobre o tema não mais se compatibiliza com a Constituição, razão pela qual os Estados-Membrospassaram a ter competência legislativa plena sobre a matéria até que sobrevenha eventual nova lei federal.

Page 40: Administrativo Informativos STF e STJ (agosto/2017) · 2017-10-06 · PROCESSO: RMS 36.064-MT, Rel. Min. Sérgio Kukina, por unanimidade, julgado em 13/6/2017, DJe 22/6/2017. DESTAQUE:

A Corte ressaltou que o processo de inconstitucionalização da Lei 9.055/1995 se operou em razão de mudança no substrato fático da norma. Adiscussão em torno da eventual necessidade de banimento do amianto é diferente da que havia quando da edição da norma geral. Se, antes,tinha-se notícia de possíveis danos à saúde e ao meio ambiente ocasionados pela utilização da substância, hoje há consenso em torno danatureza altamente cancerígena do mineral e da inviabilidade de seu uso de forma segura. Além disso, atualmente, o amianto pode sersubstituído por outros materiais (fibras de PVA e PP), sem propriedade carcinogênica e recomendados pela Anvisa.

Portanto, revela-se a inconstitucionalidade material superveniente da Lei 9.055/1995, por ofensa ao direito à saúde [CF, arts. 6º (4) e 196 (5)], aodever estatal de redução dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de saúde, higiene e segurança [CF, art. 7º, XXII (6)], e à proteção domeio ambiente [CF, art. 225 (7)].

Diante da invalidade da norma geral federal, os Estados-Membros passam a ter competência legislativa plena sobre a matéria, até sobrevindaeventual de nova legislação federal. Como a lei estadual questionada proíbe a utilização do amianto, ela não incide no mesmo vício deinconstitucionalidade material da lei federal.

Vencidos os ministros Marco Aurélio (relator) e Luiz Fux que julgaram procedente a ação. O ministro Marco Aurélio concluiu pelaconstitucionalidade do art. 2º da Lei 9.055/1995, bem como pela inconstitucionalidade da legislação estadual, por inadequação ao art. 24, V, VI,XII, e § 3º, da CF (8).

Já o ministro Luiz Fux, entendeu que os Estados-Membros não tem competência legislativa para proibir atividade expressamente admitida na Lei9.055/1995. Pontuou que a matéria tratada pela Lei estadual transcende os limites de competência do Estado-membro porque também trata dematéria de Direito do Trabalho e Comércio Interestadual, que são de competência da União.

Vencido parcialmente o ministro Alexandre de Moraes, que julgou improcedente a ação, sem declaração incidental de constitucionalidade. Paraele, a competência legislativa dos Estados-membros deve ser ampliada, tendo em vista as diversas características locais.

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INFORMATIVO 874

TEMA: AGENTES POLÍTICOS

PROCESSO: MS 34401/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 22.8.2017. (MS-

34401)

DESTAQUE: Magistratura: aposentadoria e averbação de tempo de exercício da

advocacia

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INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR A Primeira Turma iniciou o julgamento de mandado de segurança impetradoem face de decisão proferida pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que indeferiu o registro de aposentadoria,concedida em 2014 à impetrante. Magistrada do trabalho desde 1993, ela pretende a averbação de período em queexerceu advocacia (12 anos), para fins de obtenção de aposentadoria voluntária integral.

O ministro Marco Aurélio (relator) deferiu a ordem. Anotou que o caso é regido pela Lei Orgânica da MagistraturaNacional (Loman), cujo art. 77 (1) prevê a possibilidade de contagem, para efeito de aposentadoria, de até 15 anosde tempo de exercício da advocacia, independentemente do recolhimento de contribuição.

Além disso, o tempo de serviço cujo reconhecimento se postula é anterior à edição da Emenda Constitucional (EC)20/1998, situação que autoriza o acionamento da regra prevista no art. 4º (2) da emenda. Assim, viabiliza-se acontagem, como tempo de contribuição, do período trabalhado sem o recolhimento das respectivas contribuiçõesprevidenciárias.

Em seguida, o ministro Roberto Barroso pediu vista dos autos.