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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR – CES VII CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA COORDENAÇÃO DE MONOGRAFIA ADMISSIBILIDADE DA REVISÃO CRIMINAL EM DECISÃO JUDICIAL ABSOLUTÓRIA IMPRÓPRIA E CONCESSIVA DE PERDÃO JUDICIAL. Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Direito na Universidade do Vale do Itajaí ACADÊMICA: MARIANA SILVÉRIO DA SILVA E SILVA São José (SC), outubro de 2004.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR – CES VII CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA COORDENAÇÃO DE MONOGRAFIA

ADMISSIBILIDADE DA REVISÃO CRIMINAL EM DECISÃO

JUDICIAL ABSOLUTÓRIA IMPRÓPRIA E CONCESSIVA DE

PERDÃO JUDICIAL.

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Direito na Universidade do Vale do Itajaí

ACADÊMICA: MARIANA SILVÉRIO DA SILVA E SILVA

São José (SC), outubro de 2004.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR – CES VII CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA COORDENAÇÃO DE MONOGRAFIA

ADMISSIBILIDADE DA REVISÃO CRIMINAL EM DECISÃO

JUDICIAL ABSOLUTÓRIA IMPRÓPRIA E CONCESSIVA DE

PERDÃO JUDICIAL.

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito, sob orientação da Profa. Ana Paula Kich Gontijo.

ACADÊMICA: MARIANA SILVÉRIO DA SILVA E SILVA

São José (SC), outubro de 2004.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR – CES VII CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA COORDENAÇÃO DE MONOGRAFIA

ADMISSIBILIDADE DA REVISÃO CRIMINAL EM DECISÃO

JUDICIAL ABSOLUTÓTORIA IMPRÓPRIA E CONCESSIVA DE

PERDÃO JUDICIAL

MARIANA SILVÉRIO DA SILVA E SILVA

A presente monografia foi aprovada como requisito para a obtenção do grau de bacharel em Direito no curso de Direito na Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI.

São José, 11 de novembro de 2004.

Banca Examinadora:

_______________________________________________________ Prof ª. Ana Paula Kich Gontijo - Orientador

_______________________________________________________ Profº. Esp.Érica Lourenço de Lima Ferreira - Membro

_______________________________________________________ Prof. Esp. Hélio Callado - Membro

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DEDICATÓRIA

Dedico este texto:

A minha mãe Lúcia da Silva e Silva, a minha avó Luiza

Francisca da Silva, e a minha tia e madrinha Leia da Silva.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu namorado Diego e a minha “irmã” Mariana pelo incentivo.

Aos professores, e em especial a minha orientadora Ana Paula por me auxiliar

e estar sempre pronta para dirimir minhas duvidas.

E a todos aqueles que, de uma maneira direta ou indireta, contribuíram para a

realização desta pesquisa.

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“O bom juiz põe o mesmo escrúpulo no julgamento de

todas as causas, por mais humildes que sejam. É que sabe que

não há grandes e pequenas causas, visto a injustiça não ser como

aqueles venenos a respeito dos quais certa medicina afirma que,

tomados em grandes doses, matam, mas, tomados em doses

pequenas, curam. A injustiça envenena, mesmo em doses

homeopáticas”

Calamandrei

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SUMÁRIO

RESUMO

LISTA DE ABREVIATURAS

INTRODUÇÃO................................................................................................................03

1 DECISÃO JUDICIAL

1.1 ASPECTOS GERAIS DAS DECISÕES JUDICIAIS..................................................05

1.1.1 Classificação..............................................................................................................05

1.1.2 Requisitos..................................................................................................................07

1.2 PRINCIPAIS ASPECTOS DAS DECISÕES JUDICIAIS CONDENATÓRIAS.......11

1.3 PRINCIPAIS ASPECTOS DAS DECISÕES JUDICIAIS ABSOLUTÓRIAS...........14

1.4 PRINCIPAIS ASPECTOS DAS DECISÕES JUDICIAIS TERMINATIVAS DE

MÉRITO.............................................................................................................................14

2 REVISÃO CRIMINAL

2.1 ORIGEM HISTÓRICA ..............................................................................................18

2.2CONCEITO E NATUREZA JURIDICA.....................................................................22

2.3 LEGITIMIDADE..........................................................................................................23

2.4 ADMISSIBILIDADE E PRAZO..................................................................................24

2.5 COMPETÊNCIA..........................................................................................................26

2.6 DECISÃO E SEUS EFEITOS......................................................................................27

2.7 INDENIZAÇÃO POR ERRO JUDICIÁRIO...............................................................29

3 ADMISSIBILIDADE DA REVISÃO CRIMINAL EM DECISÃO JUDICIAL

ABSOLUTÓRIA

3.1 FUNDAMENTOS E EFEITOS DA DECISÃO JUDICIAL ABSOLUTÓRIA..........31

3.2 REVISÃO CRIMINAL PRO SOCIETATIS..................................................................35

3.3 POSSIBILIDADE DA REVISÃO PRO SOCIETATIS NO BRASIL...........................37

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................42

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RESUMO

Este trabalho teve por objetivo investigar a possibilidade do ajuizamento de revisão

criminal pro societatis em nosso ordenamento jurídico. Para tanto foram levantadas hipóteses em

que seria possível o ajuizamento da revisão criminal bem como funciona o seu processamento em

nossos Tribunais. Como hipóteses de cabimento para a propositura de tal ação quando a decisão

judicial for absolutória, foram suscitadas a admissibilidade da revisão criminal nas decisões

judiciais absolutórias impróprias e nas decisões judiciais que concedem o perdão judicial. Como

resultado desta pesquisa verificou-se que é possível ser ajuizado tal pedido se estes estiver

fundado nas hipóteses suscitadas quando da formulação do problema.

Palavras Chave: revisão criminal, decisões judiciais, absolvição imprópria, perdão judicial.

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LISTA DE ABREVIATURAS

Art. artigo

CP. Código Penal

CPP Código de Processo Penal

DJU Diário da Justiça da União

HC Habeas Corpus

Min. Ministro

Rel. Relator

RJTJERGS Revista de Jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande

do Sul

RT Revista dos Tribunais

RTJ Revista Trimestral de Jurisprudência

STF Supremo Tribunal Federal

STJ Superior Tribunal de Justiça

T. Turma

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INTRODUÇÃO

As decisões judiciais definitivas que são exaradas pelos magistrados tanto de 1º grau

como de 2º grau após transitarem em julgado não são passíveis de modificação no nosso

ordenamento jurídico há não ser em casos específicos que são disciplinados pelo nosso Código de

Processo Penal nos artigos 621 e seguintes, que regem mais precisamente a admissibilidade e o

processamento da revisão criminal.

O instituto da revisão criminal tem a finalidade de desconstituir a decisão judicial

condenatória após o seu trânsito em julgado, caracteriza-se principalmente por ser uma ação

autônoma e de competência originária dos Tribunais.

Tal instituto apresenta muitas controvérsias desde a sua natureza jurídica até a

possibilidade de indenização a ser recebida pelo condenado que tem sua decisão judicial

condenatória desconstituída em sede de revisão criminal.

Neste trabalho nos propusemos a analisar a possibilidade de haver revisão criminal das

decisões judiciais absolutórias, pois muito embora nosso ordenamento jurídico proíba a revisão

criminal neste caso específico, observa-se em nossos tribunais crescentes pedidos de revisão

criminal para a desconstituição de decisões judiciais absolutórias.

Basicamente dividiu-se esta pesquisa em três partes, que constituem respectivamente os

três capítulos deste trabalho. O primeiro capitulo compreende as características gerais das

decisões judiciais tais como a sua classificação e requisitos, mais especificamente abordamos os

principais aspectos das decisões judiciais condenatórias e absolutórias, como também das

decisões judiciais terminativas de mérito.

No segundo capitulo abordamos a revisão criminal pro reo, seu conceito, sua natureza

jurídica, legitimidade, bem como sua competência entre outros aspectos, sendo este tipo de

revisão criminal a aceita em nossos tribunais e que se encontra disciplinada em nosso

ordenamento jurídico.

Já o terceiro capitulo aborda com maior profundidade as decisões judiciais absolutórias

mais especificamente seus fundamentos e efeitos, a revisão criminal pro societatis que possui

como pressuposto a busca da verdade material, e por fim a admissibilidade da revisão criminal

nas decisões judiciais absolutórias em nosso ordenamento jurídico, e o entendimento dos nossos

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tribunais a respeito de tal possibilidade, que entre outros casos admite que seja proposta a revisão

em relação as decisões judiais absolutórias impróprias.

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1 DECISÃO JUDICIAL

1.1 ASPECTOS GERAIS DAS DECISÕES JUDICIAIS.

As decisões judiciais são os pronunciamentos feitos pelos magistrados no transcorrer do

processo, podendo ser definitivas ou terminativas. Se definitivas são chamadas de sentença,

quando no 1º grau e de acórdão quando no 2º grau. As terminativas não adentram no mérito,

existindo a possibilidade de serem prolatadas de maneira incidental, sendo chamadas de

interlocutória simples, interlocutória mista e interlocutória mista terminativa.

Qualquer pronunciamento da Autoridade Judiciária, então, será uma decisão judicial,

tais como as sentenças definitivas e as de caráter interlocutório, porem deverão estas mesmas

decisões ser prolatadas no transcorrer do processo.

1.1.1 Classificação

O vocábulo sentença no Código de Processo Penal representa de maneira

geral a decisão de mérito, sendo, portanto o ato final da fase de cognição do

processo penal.

Para José Frederico Marques:

O Código de Processo penal , só muito raramente, faz essa aplicação indist inta do vocábulo sentença . De modo geral , o nomen júris mais empregado, em seu texto , é o de decisão ou decisões . 1

Ainda sobre a classificação das decisões em sentido estrito podem as

sentenças ser desta forma classificadas:

1 MARQUES, José Frederico.Elementos de direito processual penal. 2ª ed. Campinas: Millennium, 2000. v. 03, p.02

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a) Condenatórias;

b) Absolutórias (subdividindo-se em próprias e impróprias);

c) Extintiva de punibilidade.

As Condenatórias acolhem total ou parcialmente os pedidos formulados

julgando procedente a pretensão punitiva. As absolutórias não acolhem este

pedido julgando-o improcedente e podem se subdividir em dois tipos, quais

sejam, próprias; quando não acolhem nenhuma pretensão e nada impõem ao

acusado, e impróprias; quando reconhecem a prática de uma infração penal, mas

não impõem uma pretensão punitiva, sendo sim aplicado uma medida de

segurança, por considerar o agente um inimputável por ter algum tipo de doença

mental, nos termos do art. 26 “caput” do Código Penal que declara:

É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era , ao tempo da ação ou omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter i l íc i to do fato ou determinar-se de acordo com esse entendimento.

Já as extintivas de punibilidade não condenam nem absolvem, no entanto

julgam o mérito, exemplo disso é o que ocorre, por exemplo, na sentença que

extingue a punibilidade do agente pela prescrição, em conformidade com o

inciso IV do art. 107 do Código Penal.

Temos ainda, os pronunciamentos feitos pela autoridade judiciária no transcorrer do

processo com a intenção de darem andamento ao mesmo. Dentre estes pronunciamentos os mais

rotineiros incidentais no processo são:

a) Interlocutória simples;

b) Interlocutória mista;

c) Interlocutória mista terminativa.

A primeira é a que dirime controvérsias, mas não coloca fim ao processo

ou procedimento como exemplo disso temos a decretação de prisão preventiva, a

quebra de sigilos telefônicos e fiscais e o recebimento de denuncia e queixa,

entre outros.

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As decisões interlocutórias mistas colocam fim a uma fase do processo ou

mesmo a todo ele, são exemplo disso a pronúncia prevista no art. 408 do Código

de Processo Penal, e que ocorre quando o magistrado se convence da existência

do crime ou de que haja indícios de que foi o réu o autor do mesmo, e a

impronúncia que ocorre quando o juiz se convence da insuficiência de indícios

de que o réu foi o autor do delito, ou mesmo da existência do crime, segundo o

disposto no art. 409 do CPP.

1.1.2 Requisitos

Qualquer que seja a sentença possui requisitos, quando de sua confecção.

Estes requisitos são estabelecidos pela lei penal.

O art. 381 do Código de Processo Penal declara:

Art. 381 - A sentença conterá: I - os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações necessárias para identificá-las; II - a exposição sucinta da acusação e da defesa; III - a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão; IV - a indicação dos artigos de lei aplicados; V - o dispositivo; VI - a data e a assinatura do juiz.

A maioria dos doutrinadores quando analisam este artigo o resumem em exposição de

motivos, também conhecida como relatório; a motivação (fundamentação); e a conclusão

(decisão).

Ao analisarmos os requisitos existentes na lei para a confecção de uma sentença,

teremos um silogismo, tendo como premissa maior à exposição dos fatos apresentados pelas

partes no transcorrer do processo, já como premissa menor teremos as provas e as regras do

direito normatizadas, e por fim na conclusão teremos a decisão que condena ou absolve o

acusado. (MIRABETE, 2000)

O relatório das decisões judiciais é compreendido pelos incisos I e II do art. 381 do

Código de Processo Penal, e representam um resumo dos fatos ocorridos no processo.

Como declarou Fernando da Costa Tourinho Filho:

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Constitui o Relatório, na lapidar expressão de Pontes de Miranda, a história relevante do Processo.2

É nele que se fará a qualificação das partes, uma breve exposição dos fatos alegados

pela acusação e pela defesa, bem como de suas pretensões no processo.

Este procedimento, de relatar os principais fatos ocorridos no transcorrer da lide são

imprescindíveis para que se possa ter certeza de que quando da formulação e edição da decisão

judicial, tinha o julgador pleno conhecimento dos fatos relevantes do processo.

Outro ponto de primordial importância ao qual também se destina o relato dos fatos em

uma decisão judicial é nos dizeres de Guilherme de Souza Nucci:

... para quem lê a sentença um parâmetro para saber do que se trata a decisão judicial.3

Continuando com Guilherme de Souza Nucci, podemos resumir que relatório de uma

decisão judicial é:

... descrição sucinta do alegado pela acusação, abrangendo desde a imputação inicial (denúncia ou queixa), até o exposto nas alegações finais, bem como o afirmado pela defesa envolvendo defesa prévia e as alegações finais.4

Mas deve-se observar que apesar de o Código de Processo Penal ter definido ser o

relatório indispensável a qualquer decisão judicial esta norma não é absoluta, haja vista existir a

exceção prevista no art. 81 § 3º da Lei nº 9.099/95 que ao buscar a economia processual suprimiu

o relatório das decisões judiciais ao normalizar:

A sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de convicção do Juiz5

Pode-se dizer que essa decisão é proferida em audiência, deste modo dispensando o

relatório. Porém não existe nada que obste que esta disposição fosse aplicada em qualquer

sentença, pois sendo está publica, qualquer interessado poderia tomar conhecimento das

alegações das partes, e depois ler a decisão do magistrado que então iria abordar somente a

fundamentação e a parte dispositiva. (NUCCI, 2002)

A fundamentação, também por muitos chamada de motivação está prevista no inciso III

do art. 381 do Código de Processo Penal, bem como no art. 93, IX da Constituição Federal que

declara:

2 TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de Processo Penal, 4ed.atual. e aum. SP: Saraiva, 2002. p. 661 3NUCCI, Guilherme de Souza, Código de Processo Penal Anotado. SP: Revista dos Tribunais. 2002. p. 599 4NUCCI, Guilherme de Souza. ob. cit. p.599.

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Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei, se o interesse público o exigir, limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes. (grifo meu)

Cabe portanto, ao Juiz quando da exteriorização de seu livre convencimento motiva-lo,

ou seja, traduzir para o mundo jurídico os motivos que o levaram a tal decisão.

Como bem sentenciou Eduardo Couture:

A sentença, antes de elaborada existe apenas no espirito do Juiz ou na sala do Tribunal Colegiado em que é discutida e formada.6

Motivos pelos quais deverá o raciocínio utilizado pelo magistrado para desenvolve-la,

ser exteriorizado. Pois que se houver eventual recurso, não saberá a parte onde discordar do

magistrado e nem o Tribunal quando do reexame da causa os motivos que o levaram à decisão.

Para Julio Fabbrini Mirabete:

Como bem sentenciou Noronha: a fundamentação abrange matérias jurídicas e de fato, pois a conclusão será a aplicação de direito ao caso. Examinará o Juiz este em sua amplitude e pormenores juridicamente apreciáveis e considerará o direito aplicável a espécie.7

Mas esta motivação não precisa ser extensa, deve apenas indicar os motivos de fato e de

direito em que se funda a decisão, feita de maneira sucinta, mesmo imperfeita e deficiente8 e com

remissão a prova dos autos.

Se estes requisitos básicos não forem atendidos será a decisão judicial nula, ou seja,

parecerá estar revestida de legalidade, mas esta legalidade inexistirá, pois o processo não

possuirá coerência lógica com os fatos nele constantes.

Deste modo, reveste-se de nulidade o ato decisório que, descumprindo o mandamento constitucional que impõe a qualquer Juiz ou Tribunal o dever de motivar a sentença ou o acórdão, deixa de examinar fundamento relevante em que se apóia a acusação ou a defesa técnica do acusado.9

Já o ultimo requisito é o dispositivo, nesta parte o Magistrado conclui a decisão

passando a aplicar o seu raciocínio, aos dispositivos de lei cabíveis a solução da lide.

5 LEI Nº 9.099/95 6EDUARDO COUTURE, apud MARQUES, José Frederico. Elementos de direito processual penal. 2ed – Campinas: Millennium,2000.p. 02 7 MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo penal. 10 ª ed. rev. e atual. SP: Atlas. 2000.p. 448 8 RT 556/406, 621/300-1 9 STF- 1º T, HC. 74.073-1/RJ. Rel . Min. Celso de Mello, DJU, 27 jun. 1997. p. 30.227.

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Sendo a decisão à parte em que o juiz propriamente julga o acusado após a

fundamentação. A parte dispositiva está contida nos incisos IV e V do art. 381 do CPP, que

declaram dever conter respectivamente da decisão, a indicação dos artigos de lei aplicados e o

dispositivo.

A indicação dos dispositivos de lei aplicados serve para que o Julgador lastreie a sua

fundamentação, ao mencioná-las na decisão está ele aprimorando os fundamentos eleitos para

guiá-lo.

E a falta de indicação dos artigos de lei, na sentença, constitui nulidade insanável, nos

termos do art. 546, III alínea m, do Código de Processo Penal.

Já para Nucci o Dispositivo:

A conclusão alcançada pelo Juiz, após ter elaborado raciocínio exposto e fundamentado, para julgar procedente ou improcedente a ação e, consequentemente, presente ou ausente o direito de punir de Estado. É no dispositivo que irá fixar a sanção ou, simplesmente, declarar a inocência do réu.10

Ao fazer a parte decisória de uma decisão judicial, está então o juiz viabilizando jus

puniendi do Estado, ou seja, o seu direito de punir.

Há também no art. 381, VI, a determinação de que, deverá conter da sentença a data e a

assinatura do Juiz.

Servem ambos para confirmar a autenticidade da sentença, individualizar o órgão

julgador além de estabelecer o momento em que foi prolatada.

1.2 PRINCIPAIS ASPECTOS DAS DECISÕES JUDICIAIS CONDENATÓRIAS:

A decisão judicial condenatória acontece quando o magistrado julga procedente a inicial

acusatória, condenando o acusado a uma pena concreta, consubstanciando então a forma do ato

processual decisório de dar procedência a denuncia.

Possui a decisão judicial condenatória algumas particularidades. Dentre elas temos o

seu duplo conteúdo, sua forma e seus efeitos.

10 NUCCI, Guilherme de Souza. Ob. cit. p.600.

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Quanto ao duplo conteúdo das decisões judiciais condenatórias, discorreremos sobre

duas características a ela inerente, quais sejam:

a) Declaração da existência de um direito de punir, que emana da violação de uma

norma penal;

b) Segundo Liebman11, fazer vigorar para o caso concreto as forças coativas da

ordem jurisdicional pela aplicação de uma pena adequada.

Para haver uma declaração de existência de um direito de punir, deverá haver uma

violação a preceito ou norma penal, para tanto, terá de existir uma imputação que deve ser

demonstrada e confirmada por todos os meios de provas disponíveis, bem como estar o juiz

convencido da autoria e da materialidade, pois que só a comprovação da autoria, sem a

demonstração da materialidade, ou vice-versa, enseja uma absolvição e nas “palavras de Carrara

a prova, para condenar, deve ser certa como a lógica e exata como a matemática”.12

Além das provas para condenar, deverá o magistrado ainda verificar se os atos ou

omissões praticados são fatos típicos, ilícitos ou culpáveis. O fato tipo é a conduta descrita na lei

como criminosa, o ato ilícito é o ato contrario ao direito, observada as exceções do artigo 23 do

Código Penal, e culpável é aquele ato em que existe a possibilidade de aplicação de uma pena.

Para José Frederico Marques:

Para que seja proferida sentença condenatória, e julgada, assim procedente a denúncia, necessário é que fique confirmada e demonstrada a imputação. Dessa maneira, assenta-se a condenação em prova de que o acusado praticou fato típico, ilícito e culpável.13

Por conseqüência temos então a segunda característica primordial de todas as decisões

condenatórias, ou seja: aplicar ao caso concreto a pena abstrata adequada.

Para tanto deverá o julgador prover o pedido aplicando ao ato imputado a pena cabível

que não poderá, de forma nenhuma extrapolar o prescrito na lei. Mas deverá o magistrado

fundamentá-la como maneira de justificar o seu convencimento.

Julio Fabbrini Mirabete esclarece que:

Assim, a correlação não existe apenas em relação ao fato criminoso mas também com relação as sanções que devem ser aplicadas ao réu, que não podem ir além do objeto da

11LIEBMAN, apud MARQUES, José Frederico. Elementos de direito processual penal. 2ed – Campinas: Millennium,2000.p. 31 12 RJTJERGS 177/136 13 MARQUES, José Frederico. ob. cit.p. 31

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acusação formalizada e devem ser justificadas pelo prolator da sentença condenatória. Deve ele, portanto, fundamentar a aplicação da pena.14

A motivação e a fundamentação da sentença condenatória é ato imprescindível à

decisão imposta, com tal rigor, que sua falta acarreta a nulidade dessa peça, por omissão de

formalidade que constitui elemento essencial do ato, em consonância com o art 564, IV do

Código de Processo Penal. (ESPINDOLA FILHO, 2000)

Posto isso, cabe analisar quais são os requisitos que deverão ser observados pelo

julgador quando da confecção das decisões judiciais condenatórias, e que estão elencados no

artigo 387 incisos I, II e III do Código de Processo Penal.

Que declaram, que o juiz ao proferir a sentença condenatória terá de mencionar se

existem circunstâncias que agravam ou diminuem a pena imposta, e que estão definidas no

Código Penal. Também deverá citar, se existirem, outras circunstâncias constantes no processo

além de tudo o mais que deva ser levado em conta na aplicação da pena imposta, por fim deverá

de acordo com as conclusões que chegou, do que antes foi analisado, fixar a quantidade da pena

principal imposta.

É oportuno ressaltar que com a reforma sofrida pelo Código Penal em 1985, a parte

final do inciso III, e os incisos IV, V e VI do artigo 387 do CPP, foram derrogados tacitamente.

Respectivamente afirmam, dever o juiz mencionar na sentença condenatória a duração das penas

acessórias; a imposição de medida de segurança em caso de periculosidade real do acusado; a

forma de aplicação desta medida de segurança e a interdição de seus direitos; bem como se deve

à sentença ser publicada na sua integridade ou resumidamente, e onde se fará esta publicação.

Sendo que para Vicente Greco Filho a sentença condenatória deverá ainda mencionar:

a) As circunstâncias agravantes ou atenuantes referidas no Código Penal bem como tudo mais que influir;

b) Deverá ainda aplicar a pena justificando-a passo a passo; c) Definirá tudo o que for relativo ao regime de cumprimento da pena, bem como

se concede ou não o perdão judicial e se converte a pena em multa ou não; d) Para os semi-inimputáveis deverá o magistrado definir se haverá redução da

pena ou aplicação de medida de segurança; e) Decidirá ainda sobre a concessão do livramento condicional nos casos em que

a lei assim admitir; f) Decidirá também se pode ou não o réu apelar em liberdade; g) Expedirá mandado de prisão se for o caso, ou fará a recomendação do réu na

prisão em que este se encontrar; h) Por fim arbitrará a fiança se o crime for afiançável.15.

14 MIRABETE, Julio Fabbrini.Processo Penal.p. 461/462 15GRECO FILHO, Vicente. Manual de Processo Penal. 6ª ed. SP: Saraiva.1999.p. 338/339

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Por fim, temos que toda decisão judicial condenatória é nas palavras de José Frederico

Marques “uma execução forçada a que é submetida o acusado”16, e essa execução forçada possui

alguns efeitos, que segundo alguns autores se dividem em Principais e Secundárias. Sendo que as

Secundárias subdividem-se em de caráter penal e de caráter civil.

No que se refere ao efeito principal temos a aplicação da pena, prevista no artigo 387,

inciso III do Código de Processo Penal. Sendo que não influirá neste efeito ser a pena privativa

de liberdade, restritiva de direito ou exclusivamente de multa.(TOURINHO FILHO, 2002).

Um dos efeitos secundários de caráter penal é o lançamento do nome no rol dos

culpados, segundo a exegese do artigo 393, inciso II do Código de Processo Penal, que não é

mais recepcionado no nosso ordenamento jurídico, a não ser após o transito em julgado da

decisão judicial condenatória em função do disposto no artigo 5º, LVII da Constituição Federal

que declara: “ninguém será considerado culpado até o transito em julgado de sentença penal

condenatória”, este lançamento do nome terá como conseqüência o fato de o réu ser considerado

reincidente em posteriores processos no qual for condenado pela pratica de um novo delito.

Ainda nos efeitos secundários, temos que não obstante a responsabilidade criminal, o

condenado não se eximirá da responsabilidade civil, devendo por tanto arcar com os prejuízos

bem como ser responsabilizado administrativamente por todos os atos praticados.

1.3 PRINCIPAIS ASPECTOS DAS DECISÕES JUDICIAIS ABSOLUTÓRIAS:

Em contrapartida a decisão judicial condenatória, existe em nosso ordenamento jurídico

as decisões judiciais absolutórias, que ocorrem quando o magistrado julga improcedente a

denúncia, renegando a pretensão punitiva, absolvendo o réu tendo como lastro provas da não

ocorrência do delito, da não autoria ou mesmo na falta de provas.

Para José Frederico Marques a “sentença de absolvição é a que absolve o réu da causa e

declara infundada a acusação e sem procedência a pretensão punitiva”.17

16 MARQUES, José Frederico. ob. cit.p 64 17 MARQUES, José Frederico. ob. cit.p 19

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Como toda e qualquer decisão devera ela obedecer ao que prescreve o art. 381 também

do Código de Processo Penal, devendo, portanto, possuir relatório, fundamentação e decisão.

Características estas que serão respectivamente abordadas no terceiro capítulo.

1.4 PRINCIPAIS ASPECTOS DAS DECISÕES JUDICIAIS TERMINATIVAS DE MÉRITO

As decisões judiciais que extinguem a punibilidade do agente advêm de uma figura

jurídica denominada de cessão de instância, que para José Frederico Marques acontece quando

“esta termina ou para de fluir, por impossível a sua c ontinuação”. 18 Observa-se ainda que podem

obstar o prosseguimento da instância, todos os atos e fatos jurídicos que atinjam a pretensão

punitiva, ou tornem impossíveis o prosseguimento do processo.

Os casos de impossibilidade de prosseguimento do processo acontecem, em virtude de

decisões que implicam na finalização dos atos procedimentais, por terem findado o fluir da

relação processual.

Estas causas de extinção de punibilidade são divididas em causas gerais ou especiais,

sendo que a primeira pode acontecer em todos os delitos, e a segunda somente em alguns delitos

determinados pela própria lei. Estão estas causas de extinção de punibilidade elencadas no artigo

107 do Código Penal.

A primeira causa é a morte do agente, que decore do principio do mors omnia solvit, ou

seja, a morte resolve tudo. Encontra esta causa fundamento na Constituição Federal que em seu

artigo 5º, XLV, primeira parte, declara, “nenhuma pena passará da pessoa do condenado”,

reafirmando assim o principio da personalidade da pena. Para que seja decretada a extinção de

punibilidade pela morte do agente, deverá esta ser comprovada mediante apresentação de

certidão de óbito do mesmo, sendo esta imprescindível, já que a simples informação verbal não

possui eficácia nestes casos.

A segunda seria a anistia, a graça e o indulto, que para Mirabete são “causa extintivas

motivadas pela política criminal”, 19 sendo ainda manifestações do direito de dispensar, em

18 MARQUES, José Frederico. ob. cit.p 287 19 MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal. 10 ª ed. São Paulo: Atlas. 1196. p. 383

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determinados casos a aplicação da lei penal, agraciando assim o agente com a possibilidade de se

eximir das sanções dos crimes por ele praticado. Sendo a graça um indulto individual que é

concedido ao agente, podendo ser ele total, quando alcança todas as sanções impostas, ou parcial

quando reduz ou substitui a sanção, tendo então o nome de comutação.

Já o indulto será sempre coletivo, e leva em conta alguns requisitos tais como a duração

da pena, o bom comportamento, primariedade, entre outros. Será ele sempre concedido por

decreto, pelo Presidente da Republica ou a quem ele delegar esta função, conforme o artigo 84,

XII, e parágrafo único da Constituição Federal, para um grupo de sentenciados. Pode ser ele total

ou parcial, sendo que o primeiro extingue a pena e o segundo diminui ou substitui esta pena.

A anistia diz respeito ao fato e não a pessoa que o cometeu, seria propriamente dito o

esquecimento deste fato, sendo ela concedida através de lei sancionada pelo Congresso Nacional,

em conformidade com os artigos 21, XVII, e 48 VIII da Constituição Federal. “Tem a finalidade

de fazer-se olvidar o crime e aplica-se principalmente aos crimes políticos”. 20

Como terceira causa elencada no artigo 107 do Código Penal temos a retroatividade da

lei por não considerar mais o fato como criminoso, também prevista no artigo 2º “caput” do CP,

dá-se a ela a nome de abolitio criminis,e tem por escopo não considerar mais crime um fato

assim definido em lei, em função de lei posterior que assim determina. Impedindo assim o inicio

da ação penal, o seu prosseguimento, e reincindido à sentença condenatória bem como

interrompendo a execução de pena em curso.

Como quarta causa temos a prescrição, a decadência e a perempção, pois o nosso

ordenamento jurídico não permite que o Estado enquanto titular de um direito de punir, o exerça

indefinidamente. Sendo a prescrição a perda destes direitos por parte do Estado que por inércia

não promoveu a ação penal ou a executou em determinado lapso temporal prescrito na lei. Já a

decadência “é a perda do direito de prosseguir na ação de iniciativa exclusivamente privada, pelo

desinteresse do querelante em movimenta-la”. 21 Por ultimo temos a perempção que seria a perda

do querelante de continuar com a ação penal privada em decorrência de sua inércia, estando suas

causas enumeradas no artigo 60 do Código de Processo Penal.

A quinta causa é a renuncia ao direito de queixa e o perdão, que ocorrem somente na

ação penal privada. Sendo a renuncia a desistência do direito de ação por parte do ofendido,

20 MIRABETE, Julio Fabbrini . Manual de direto penal. ob. cit p. 383 21BASTOS JUNIOR, Edmundo José. Código Penal em exemplos práticos. 2ª ed. Florianópolis: OAB/SC editora. 2000. p 272

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podendo ser ela tácita ou expressa, nos termos do artigo 104 e parágrafo único do Código Penal.

Por renuncia tácita entende-se a conduta incompatível com a vontade de promover a ação, e por

renuncia expressa entende-se a declaração assinada pelo ofendido ou seu representante legal. Já o

perdão judicial é aquele oferecido pelo ofendido no decorrer da ação penal, estando ele também

previsto no artigo 105 do Código Penal.

Em sexto temos a retratação do agente, que somente é permitido nos casos em que a lei

assim o definir, ou seja, nos crimes de calunia e difamação, nos crimes contra a honra praticados

através da imprensa, e nos crimes de falso testemunho e falsa perícia. Devendo no primeiro caso

ser ela prestada pelo querelado de forma irrestrita e incondicional antes da sentença e

independente da aceitação do ofendido, o mesmo acontecendo com os crimes contra a honra

praticados através da imprensa. Já o terceiro caso exige que da mesma forma a retratação seja

completa e ocorra antes da sentença do processo onde foi prestado o falso testemunho ou a falsa

perícia.

A sétima causa seria o casamento do agente com a vitima em determinados casos

definidos em lei, sendo estes os respectivamente descritos nos artigos 213 a 220 do Código

Penal, ou seja, os crimes contra os costumes. Da mesma forma que ocorre com a morte do agente

que somente é causa de extinção de punibilidade mediante a apresentação da certidão de óbito, o

casamento do agente com a vitima só é causa de extinção de punibilidade com a apresentação da

certidão de casamento. Pode esta extinção da punibilidade ocorrer antes da instauração do

inquérito, no curso da ação penal ou após o seu transito em julgado.

A oitava causa é o casamento da vitima com terceiro, também em determinados casos

previstos em lei, ou seja, nos casos previstos nos artigos de 213 a 220 do Código Penal desde que

não haja violência nem grave ameaça contra a mesma. Já que ao contrair novo matrimonio com

terceiro, pode querer a ela preservar a tranqüilidade de seu matrimonio “guardando assim a

família, já que a instauração de ação penal ou seu desenvolvimento poderá causar maiores males

que a impunidade do agente”. 22 Porem observa-se que a vitima poderá optar pelo

prosseguimento do inquérito ou da ação penal desde que o faça no prazo de 60 dias da celebração

de seu matrimonio.

A nona e ultima causa de extinção de punibilidade prevista no artigo 107 do Código

Penal é o perdão judicial, que será concedido pelo juiz e a seu critério, independente de ser

22MIRABETE, Julio Fabbrini . Manual de direto penal. ob. cit p. 398

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procedente a denuncia. Somente podendo ocorrer em determinados casos previstos em lei, quais

sejam, homicídio culposo, receptação culposa, subtração de incapazes, entre outros.

Com a extinção da punibilidade, desfeita está a relação jurídico penal que é configurada

pelo direito de punir do Estado, o agente passa a ter assegurado o direito de liberdade, no entanto,

continua havendo a possibilidade de responsabilização no âmbito civil no que tange a

indenização pelos danos causados pela pratica do ato.

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2. REVISÃO CRIMINAL

2.1 CONCEITO E NATUREZA JURIDICA

O instituto da revisão criminal encontra-se disciplinado nos artigos 621 e seguintes do

Código de Processo Penal. Trata-se de um procedimento de competência originária dos Tribunais

e tendo como função primordial à desconstituição das decisões judiciais terminativas depois de

seu transito em julgado.

Em relação ao conceito há uma celeuma doutrinária no que tange a natureza jurídica

deste instituto. Temos então que alguns podem conceitua-la como sendo recurso, outros como

ação, instrumento misto ou remédio processual extraordinário. (MEDICI, 2000)

Segundo se depreende de Sergio de Oliveira Médici, o conceito de revisão criminal é:

A revisão constitui meio de impugnação do julgado que se aparta tanto dos recursos como das ações, pois a coisa julgada exclui a possibilidade de interposição de recurso, e, ao requerer a revista da sentença o condenado não esta propriamente agindo mas reagindo contra o julgamento, com o argumento da configuração de erro judiciário.23

Já para Tourinho Filho trata-se de ação:

A revisão criminal muito embora arrolada pelo legislador processual penal como recurso, não passa de mera ação penal de natureza desconstitutiva.24

Mesmo entendimento tem Pontes de Miranda :

O que caracteriza o recurso é ser impugnativo dentro da mesma relação processual que a resolução judicial que se impugna. A ação rescisória e a revisão criminal não são recursos, são ações contra sentenças, porquanto remédios com que se instaura outra relação jurídico processual no processo penal brasileiro. Embora incrustado no capitulo atinente aos recursos, a revisão, é, também, verdadeira ação autônoma destinada ao

23 MÉDICI, Sergio de Oliveira. Revisão criminal. 2º ed. rev. atual. e ampl. SP: Revista dos Trbunais. 2000. p. 151/152 24 TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Pratica do Processo Penal. 21ª ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva. 1999. p. 642/642.

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desfazimento dos efeitos produzidos por uma sentença condenatória transitada em julgado.25

Podemos observar então que sua natureza jurídica não se encontra pacificada, mas para

a maioria dos doutrinadores trata-se de ação penal, já que é uma ação de caráter constitutivo

dentro do processo de conhecimento, assim obedecendo à classificação geral do processo.

A bem da verdade temos por primordial a correção do erro judiciário praticado, pois

como bem sentenciou Manzini “o justo substancial há de prevalecer sobre o justo formal”. 26 Já

que na aplicação da norma jurídica, devemos praticar não só o direito como o justo. Por sermos

seres humanos passiveis de falibilidade, deve este mesmo direito, que é instrumento da justiça

nos proporcionar meios para que possamos corrigir as injustiças praticadas.

2.2 ORIGEM HISTÓRICA

Em Roma, na época em que toda Europa encontrava-se dominada pelos povos

germânico-barbaricos vigoravam os Juízos de Deus e as Ordálias, que advinham das Leis Salicas

do século IX. Foi neste tempo suscitada a hipótese de haver um instituto que revisionasse as

penas impostas “já que o horror à injustiça das condenações sempre foi significante”. 27 Porém tal

tentativa não logrou êxito, mas, entretanto existia a indulgência do príncipe, que ainda segundo

Tales Castelo Branco “representava um favor do soberano, preocupado em reparar injustiças”. 28

O instituto da revisão criminal somente surgiu em 1808 com o Code d’ Instruction

Criminelle Francês, “que transfigurou o instituto da revisão, pa ssando ele de simples providencia

administrativa, ao sabor da vontade do monarca, num verdadeiro direito do injustiçado”. 29

25 Pontes de Miranda apud PENTEADO, Jaques de Camargo. Revisão Criminal. Revista dos Tribunais. a. 84, v. 720, p. 367-373, outubro. 1995. 26 Manzini apud MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. ob. cit. p. 637 27 ACQAVIVA, Marcus Cláudio. Dicionário jurídico brasileiro acquaviva. 9º ed. rev, atual. E ampl. SP: Jurídica Brasileira. 1998. p. 901. 28 CASTELO BRANCO, Tales. Teoria e pratica dos recursos criminais. SP: Saraiva. 2003.p. 133 29 ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. ob. cit. p. 901

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No Brasil a partir de 18 de setembro de 1828 existia o chamado recurso de revista, que

tinha por objetivo julgar os casos de manifesta nulidade e injustiça notória das sentenças. Sendo

este recurso de revista também previsto no Código de Processo Penal de 1832, em seu artigo 306.

Somente no ano de 1890 com o Decreto nº 848 de 11 de outubro é que o instituto da

revisão criminal passou a existir em nosso ordenamento jurídico, tal decreto declarava:

Compete ao Supremo tribunal Federal proceder à revisão dos processos criminais em que houver sentença condenatória definitiva.

Com o advento da Constituição de 1891 passou a revisão criminal a ser matéria

constitucional, seu art. 81 preceituava:

Os processos findos, em matéria-crime poderão ser revistos, a qualquer tempo, em beneficio dos condenados.

Sendo este dispositivo constitucional mantido ipsis literis na constituição de 1934, em

seu art. 76.

A carta constitucional de 1937 não abordou o tema, que somente voltou a ser suscitado

na Constituição de 1946, que voltou a utilizar os mesmos textos das Constituições de 1981 e

1934. (CAPEZ, 2002)

No ano de 1969 foi promulgada a emenda constitucional de nº 01, que estabeleceu em

seu art. 119, I, alínea “m” “caber ao Supremo Tribunal Federal as revisões criminais de seus

julgados, deixou, contudo, à própria Suprema Corte, no seu regimento interno, a faculdade de

estabelecer o processo e o julgamento dos feitos de sua competência originaria ou de recurso”. 30

E o art. 263 do regimento Interno do STF, exarou que somente caberia a ele proceder à

revisão criminal dos processos quando por ele tive-se sido proferida a condenação.

Na atual Constituição promulgada no ano de 1988 o instituto encontra-se disciplinado

nos artigos 102, I, alínea “j”, 105, I alínea “e” e 108, I alínea “b”.

Estando o disposto nestes artigos da Constituição Federal regulados nos artigos 621 a

631 do Código de Processo Penal.

30 TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Pratica do Processo Penal. ob. cit. p. 641

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2.3 LEGITIMIDADE

Pela exegese do artigo 623 do Código de Processo Penal, poderão promover a revisão

criminal, o réu, o seu procurador legalmente habilitado, como também o cônjuge, o ascendente, o

descendente e o irmão, no caso de falecimento do réu.

Não obstante o referido dispositivo fazer referencia a iniciativa do próprio réu há

controvérsias em relação à Constituição Federal, haja vista o declarado no artigo 133 da nossa

Carta Magna que declara:

O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.

Deve-se esta controvérsia principalmente ao fato de o artigo 623 do Código de Processo

Penal, dar legitimidade ao próprio réu para a propositura da revisão criminal, e a Constituição

Federal em contrariedade a este dispositivo exigir capacidade postulatória para a pratica de atos

em Juízo.

Sendo ainda o disposto na Constituição confirmado pela Lei nº 8.906/94, Estatuto da

Ordem dos Advogados, que em seu art. 1º, I, elenca as atividades privativas da advocacia,

incluindo entre elas “a postulação a qualquer órgão do Poder judiciário e aos Juizados Especiais”.

Por tais dispositivos de lei serem posteriores a redação originária do código de Processo

penal, o disposto no artigo 623 do CPP encontra-se derrogado tacitamente.

Salienta-se também que o Ministério Público, não possui capacidade postulatória para

requerer a revisão criminal, portanto não sendo parte legitima para a propositura desta ação. E

isto ocorre justamente pelo fato de somente o Ministério Público possuir a legitimidade das ações

penais pública, que buscam satisfazer o direito de punir do Estado e que possui interesses

totalmente divergentes da revisão criminal. (CAPEZ, 2002)

2.4 ADIMISSIBILIDADE E PRAZO

A revisão criminal, como todas as ações ou recursos, está subordinada as condições de

admissibilidade, para que possa assim, ser processada e julgada. Os pressupostos para que seja a

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revisão criminal conhecida e julgada estão elencados no artigo 621 do Código de Processo Penal,

a saber:

Temos então que, quando a sentença criminal for contraria a texto expresso de lei a

revisão criminal ira se fundar no fato de que o prescrito pela lei não foi cumprido, ou a sanção

aplicada não encontra fundamento legal para a sua aplicação. Exemplo claro é ser uma pessoa

condenada por fato que não constitui crime ou deixou de ser considerado crime por lei nova, a

chamada abolitio criminis.

Quando a sentença criminal for contraria a evidencia dos autos, será admissível a

revisão criminal, pois se o magistrado ao proferir a sentença não dá respaldo as evidencias

trazidas aos autos do processo, e ainda, utiliza-se de provas que nem mesmo no processo se

encontram, aberta esta a possibilidade de uma revisão criminal por ser sentença contraria ao que

os autos evidencia.

Outra possibilidade de ser a revisão criminal admissível é quando a sentença se fundar

em provas falsas, por provas falsas entende-se os depoimentos, os exames, e os documentos

trazidos ao processo de maneira a ludibriar e fraudar a Justiça, e que comprovadamente tenham

influído na condenação.

Será também admissível quando após a sentença se descobrirem novas provas de

inocência do condenado, haja vista que a sentença se encontra contaminada por erro Judiciário

“devendo esta novidade da prova para ser eficiente demonstrar que embora a infração tenha

ocorrido, o condenado nem a praticou nem concorreu para ela”. 31

Por fim temos como possibilidade o fato de após a sentença se descobrirem

circunstâncias que determinem ou autorizem a diminuição da pena. Pois quando se observa

prejuízo ao condenado, por existirem excludentes de responsabilidade ou causa de diminuição da

pena que antes não se verificaram no processo apesar de sua existência, ou por negligencia não

foram produzidas, será a revisão admitida.

Porém estes requisitos de admissibilidade envolvem um pressuposto maior, qual seja:

só caber revisão criminal de decisão judicial condenatória transitada em julgado, conforme o que

dispõe o artigo 621 “caput” do Código de Processo Pen al que declara só caber revisão criminal

dos processos findos.

31 MÉDICI, Sergio de Oliveira. ob. cit. p. 166

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O legislador ao fazer esta determinação no texto da lei excluiu a possibilidade da

revisão criminal pro societa, ou seja, nosso ordenamento só admite a revisão criminal das

sentenças condenatórias, sendo que todas elas devem ser sempre irrecorríveis.

O parágrafo único do artigo 622 do Código de Processo Penal impede a reiteração do

pedido da revisão criminal fundado nas mesmas provas, em respeito à coisa julgada, que envolve

a sentença proferida na revisão criminal. (CASTELO BRANCO, 2003)

Declara o artigo 622 do CPP, já citado, “não ser admissível a reiteração do pedido,

salvo fundado em novas provas”. Mas atualmente o artigo 264 do regimento interno do Supremo

Tribunal Federal, em seu parágrafo único determinou:

Não é admissível a reiteração do pedido com o mesmo fundamento, salvo se fundado em novas provas.32

Ou seja, o pedido poderá ser reiterado mesmo sem provas novas, desde que apresentada

fundamentação diferente da anterior. “O requisito de “ provas novas” só é exigível na atualidade

se o fundamento do novo pedido revisional for idêntico ao anterior”. 33

Já no que se refere ao prazo para a propositura da revisão criminal, temos que poderá

ser a qualquer tempo, conforme o artigo 622 do CPP, podendo ainda ser requerida antes da

extinção da pena ou mesmo após.

Porém em qualquer caso caberá a revisão criminal, já que sua finalidade não é somente

a de evitar o cumprimento da pena imposta ilegalmente, mas primordialmente corrigir uma

injustiça, restaurando-se deste modo com a rescisão do julgado o status dignitatus do condenado.

(CAPEZ, 2002)

2.5 COMPETÊNCIA

A competência para processar e julgar a revisão criminal, como já citado anteriormente,

encontra-se definida na Constituição Federal, mais precisamente nos artigos 102, I, alínea “j”,

105, I alínea “e” e 108, I alínea “b”.

32 GRAVAZZONI, Aloísio. Recursos básicos no processo penal. 2º ed. ver. e aum. RJ: Freitas Bastos Editora. 2000. p. 194 33 CASTELO BRANCO, Tales. ob. cit. p.142

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31

Definem estes artigos que compete respectivamente, ao STF, precipuamente processar e

julgar a revisão criminal de seus julgados, ao STJ, processar e julgar originariamente a revisão

criminal dos seus, e aos Tribunais Regionais Federais, o processamento e o julgamento das

revisões criminais dos seus julgados bem como dos juizes federais da região.

O artigo 624 do Código de Processo Penal, também define algumas regras quanto à

forma da distribuição de competência entre os órgãos jurisdicionais acerca de como devem

proceder em cede de revisão criminal, bem como define como devera proceder cada um destes

órgãos para julgar estes pedidos de revisão, ressaltando-se que sua interpretação deve ser feita de

acordo com a Constituição Federal.

O artigo 624 determina ainda que o Supremo Tribunal Federal somente será competente

para processar e julgar a revisão criminal quanto às condenações por ele proferidas, e em

conformidade com o que estabelecer o seu regimento interno; os demais Tribunais e o Tribunal

Federal deverão processar e julgar os demais casos, respeitada a competência estipulada para

cada um na Constituição Federal, devendo também obedecer a seus regimentos internos.

2.6 DECISÃO E SEUS EFEITOS

A decisão judicial que será preferida do pedido de revisão criminal poderá dar

procedência ao pedido formulado pelas pessoas elencadas no artigo 623 do Código de Processo

Penal, ou de forma contraria julgar este pedido improcedente o pedido e assim em nada alterar o

processo e a pena imposta ao condenado. Mas em nenhum momento poderá esta decisão agravar

a pena do condenado, em consonância com o parágrafo único do artigo 626 do CPP.

Anulado o processo em virtude de revisão criminal, não pode o réu ter sua pena agravada pela nova sentença.34

Portanto tal dispositivo impede a reformatio in pejus, ou seja, veda a reforma da decisão

para prejudicar o condenado.

34 STF, RTJ 95/1081

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32

Dando a decisão procedência ao pedido formulado, poderá a mesma proceder de quatro

formas distintas, ou seja, poderá altera a classificação da infração, absolver, modificar a pena ou

anular o processo.

Quando alterar a classificação da pena deverá a mesma sentença informar em qual

delito deva a infração ser classificada. “A classificação do cr ime pode ser modificada como, v.g.,

de tentativa de homicídio para lesões corporais, de falsificação de documentos para falsa

identidade, etc.”. 35

A decisão judicial procedente a absolver o réu restabelecerá todos os direitos que por

ele foram perdidos em razão da condenação anterior “não mais existirão a pena, a medida de

segurança, os efeitos extra penais da condenação, os pressupostos da reincidência, a inscrição do

nome do réu no rol dos culpados, etc.”. 36

Pode ainda a absolvição na revisão criminal ser imprópria, caso em que o tribunal

absolve, mas impõe medida de segurança.

Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, e que também são passíveis de revisão

criminal, pode o réu ser absolvido se se constatar que as provas contidas nos autos são contrarias

a condenação que ao réu foi imposta.

Observa-se então que a revisão criminal não é limitada pela soberania do Tribunal do

Júri, haja vista, o principio da ampla defesa, expresso no artigo 5º, LV da Constituição Federal.

Desta forma não sendo a soberania deste tribunal absoluta, podendo o tribunal técnico até mesmo

absolver um réu condenado injustamente pelos jurados, por força do principio da plenitude de

defesa no Tribunal do Júri, conforme o disposto no artigo 5º, XXXVIII, “a”, de nossa Carta

Magna. (CAPEZ, 2002)

Havendo uma revisão de decisão do Tribunal do Júri, o Tribunal de Justiça modificará a

pena se observar que esta foi fixada com erro material ou de calculo, porém não é possível que se

faça novo exame dos critérios adotados para a individualização desta.

Já a unificação de penas através de pedido de revisão criminal, vem sendo admitida nos

nossos Tribunais principalmente por entenderem eles que a continuidade delitiva em

determinados crimes enseja a redução. (PRADO, 1999)

35 PRADO, Amauri Renó do. Processo e execução penal para estudantes da graduação. SP: Juarez de Oliveira. 1999. p.116 36 MIRABETE, Julio Fabbrini.Processo Penal. ob. cit. p.685

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33

Somente será proferida decisão no sentido de anular o processo quando tribunal

encontrar causa de nulidade absoluta do mesmo. Porém não poderá o tribunal preferir outra

sentença, devendo remeter o processo ao juízo competente, para assim não ser ferido o principio

do duplo grau de jurisdição.

Por fim, da decisão judicial procedente na revisão criminal, deverá ser extraída certidão

da qual o juiz ao tomar conhecimento deverá juntar imediatamente aos autos do processo

originário, para que seja cumprida.

2.7 INDENIZAÇÃO POR ERRO JUDICIÁRIO

A indenização por erro judiciário contatado através de revisão criminal é assunto que

motivou muitas discussões desde os tempos da antiga Roma, passando inclusive por outras

nações tais como a França e o Brasil.

Segundo o que preceitua o Código de Processo Penal em seu artigo 630 “caput”, deverá

ser requerida pelo propositor da revisão criminal, sendo que o parágrafo 1º deste mesmo diploma

prescreve a forma como deve ser liquidada a sentença que a reconheceu.

Porém com o advento da Constituição Federal em 1988 o entendimento de que esta

indenização deveria ser requerida pelo propositor da revisão mudou, já que a nossa Carta Magna

em seu artigo 5º, LXXV, tornou o dever de indenizar obrigação do Estado, ao prescrever que “o

Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar prezo além do tempo

fixado na sentença”.

O prescrito no parágrafo 1º do artigo 630 sobre como se fará a liquidação da sentença

continua sendo valido. Determina este parágrafo a competência do Juízo cível para liquidar a

sentença, e estabelece que a União ou os Estados deverão responder como parte passiva na

liquidação da sentença em razão da Justiça que julgou a decisão que posteriormente foi revisada.

A reparação que deverá ser feita pelo Estado e pela União, após a liquidação da

sentença será de dois tipos, moral e pecuniária.

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A reparação moral consistirá em publicação legal e judiciária do julgamento e do

acórdão que decretam a inocência do condenado. E a pecuniária será em razão das perdas e danos

materiais pelo condenado injustamente ter sofrido.

Na reparação moral exigirá o réu que estas publicações sejam feitas nos locais onde

mais repercutiu a noticia da condenação, devendo estas, ainda, correrem as expensas do Estado.

Já no que tange a reparação pecuniária Eduardo Espínola Filho afirma:

Assegurando a lei uma justa indenização pelos prejuízos efetivamente sofridos, é de esclarecer, são contemplados todos os danos pecuniários, resultantes da condenação, assim a cessão, durante certo tempo, da sua atividade remunerada, algum negocio que, seguramente, deixou de realizar em virtude da interposição da pena, a perda do emprego, enfim, os prejuízos efetivos e os lucros cessantes, que se apuraram em prejuízo, pela certeza de não terem sido auferidos, exclusivamente, por causa da condenação.37

Por fim temos o parágrafo 2º que enumera algumas hipóteses em que ficaria excluída a

possibilidade de o condenado receber indenização após a procedência do pedido revisional, são

elas respectivamente:

Terem sido o erro judiciário ou a injustiça da condenação procedente de ato ou falta

imputável ao próprio impetrante, como exemplo temos a confissão ou a ocultação de provas em

seu poder.

E o fato de haver sido a acusação meramente privada, porém em razão do preceito

constitucional previsto no artigo 5º, LXXV, esta restrição do artigo 630, parágrafo 2º, “b” deixou

de ser valida, haja vista que a própria Constituição ao tratar da indenização por erro judiciário

não a obstou por este motivo.

3837 ESPINDOLA FILHO, Eduardo. Código de processo penal brasileiro anotado. Atualizadores. José Geraldo da Silva e Wilson Lavorenti. Campinas: Bookseller. 2000.v. 09.

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3 ADMISSIBILIDADE DA REVISÃO CRIMINAL EM DECISÃO JUDICIAL

ABSOLUTÓRIA

3.1 FUNDAMENTOS E EFEITOS DA DECISÃO JUDICIAL ABSOLUTÓRIA

Na fundamentação das decisões judiciais absolutórias, como já dito anteriormente,

deverá o magistrado nortear-se pelos incisos do artigo 386 do Código de Processo Penal, que traz

expressamente as hipóteses em que poderá o julgador fundamentar a sua decisão de absolvição

do réu, a saber:

a) Estar provada a inexistência do fato;

b) Não haver prova da existência do fato;

c) Não constituir o fato infração penal;

d) Não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal;

e) Existir circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena;

f) Não existir prova suficiente para a condenação.

A primeira refere-se ao inciso I refere-se que se trata de restar comprovado no processo,

a inexistência do fato, ou seja, quando o juiz se convencer com referência nas provas produzidas

no transcorrer do processo, que o fato imputado na denúncia não ocorreu, deverá ele absolver o

acusado, posto que está desfeito o Juízo de Tipicidade. Sendo para Guilherme de Souza Nucci “a

hipótese das mais seguras para a absolvição”. 38

Exemplo disso é uma denúncia de estupro, em que após a instrução do processo, resta

comprovado não ter havido nem mesmo relação sexual entre a vitima e o acusado. (NUCCI,

2002)

Já a segunda, trata do inciso II, que discorre sobre a possibilidade de absolvição do

acusado quando não existir provas da existência do fato, este caso ao contrário do demonstrado

38 NUCCI, Guilherme de Souza. Ob. cit. p.608.

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no primeiro inciso, ocorre não quando fica cabalmente provado que não houve a infração a

norma, e sim, quando existem dúvidas suficientes para convencer o magistrado de que realmente

o fato ocorreu.

Tal inciso traz como escopo, o princípio do in dúbio pro reo, devendo neste caso o

magistrado ao fundamentar a sua decisão, se utilizar deste princípio de prevalência do acusado,

para explicar o seu livre convencimento em face ao que foi apurado na instrução processual.

Julio Fabbrini Mirabete explica que:

Nesta hipótese o fato criminoso pode ter sucedido, mas não se esclareceu devidamente a sua ocorrência.39

Cita ele, um exemplo: “Na acusação de furto não se comprovou ter havido subtração da

coisa ou sua perda pela vítima”. 40

Mas mesmo a condenação na esfera penal estando obstada, pelo que preceitua o artigo

386, II do CPP, não estará impedida a ação de indenização cabível, na esfera do Direito Civil, por

não haver coisa julgada na área cível, podendo haver inclusive pedidos de indenização.

Como terceira hipótese temos o inciso III, que possui como fundamento para ensejar a

absolvição, à não constituição do fato uma infração penal. Senso que por infração penal,

entende-se todo fato típico e anti-jurídico praticado pelo agente.

Temos então que no caso do inciso III deste artigo, o ato praticado não constituí crime

por ser ele atípico, não havendo prévia previsão abstrata na lei.

Nas palavras de Mirabete, “Embora o fato tenha ocorrido, não é ele típico, ou seja, não

se subsume a qualquer descrição abstrata da lei penal”. 41

Exemplo claro é a verificação de que a vítima do crime de sedução era maior de 18

anos, quando do ocorrido. Sendo claro então, que ao magistrado quando da confecção da decisão

judicial, deverá absolver o acusado por ausência de um dos elementos que constituem o crime.

A quarta refere-se ao inciso IV, que enseja a possibilidade de absolvição por não existir

prova de ter o réu concorrido para a infração penal, pois o magistrado quando da análise das

provas, observa não serem elas sólidas em relação participação do acusado, embora esteja

convencido da existência do fato criminoso.

José Frederico Marques traz três exemplos da aplicação deste inciso:

39 MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal ob cit. p. 459. 40 MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal ob cit. p. 459. 41 MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal ob cit. p. 459.

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Suponha-se que tenha havido o furto de um relógio de Tício, crime este de cuja prática Mévio é acusado. Prova este, porém, que não poderia cometer o referido crime por ter, a seu favor, um álibi bastante eloqüente. Nesse caso, demonstrado está que o acusado não cometeu o crime que lhe é atribuído. Se, no entanto, prova ele não faz de que não praticou o furto, mas a acusação, por outro lado, não consegue demonstrar que a imputação é verdadeira, a absolvição tem de resultar da falta de prova da autoria. Em ambas as hipóteses, porém, será causa da absolvição a indicada no art. 386, nº IV da Código de Processo Penal. O mesmo se diga quando houver a acusação por co-autoria. Nessa hipótese, não provada integralmente a imputação, absolve-se o acusado, na forma prevista no citado art. 386, nº IV do Código de Processo Penal.42

Já a quinta trata do inciso V, tem por referência para a absolvição do acusado o fato de

existirem circunstâncias que excluam o crime, ou isentem o réu da pena a ser imposta.

Pois para a condenação do acusado não basta, a comprovação da prática de um fato

típico. É necessário que o fato praticado seja antijurídico e que haja culpabilidade. Por este

motivo o art. 386, V, é causa de absolvição, sendo ele constituído de causas excludentes de

antijuricidade e causas excludentes de culpabilidade.(MARQUES, 2000).

São causas excludentes de culpabilidade as previstas nos artigos 26 “ caput”, 27 e 28, §

1º, todos do Código Penal, sendo elas respectivamente a doença mental, e o desenvolvimento

mental incompleto que ao tempo da ação ou omissão impossibilitou o agente de determinar-se e

entender o caráter ilícito do fato praticado; os menores de 18 anos; e a embriagues completa

proveniente de caso fortuito ou força maior que provocou a inteira incapacidade do agente de

determinar-se sobre o fato e entender o seu caráter ilícito ao tempo da ação ou omissão.

Já nas causas excludentes de antijuricidade, temos as previstas no artigo 23 do Código

Penal, quais sejam, o estado de necessidade, legitima defesa, estrito cumprimento do dever legal,

e o exercício regular de direito.

Poe fim temos a sexta hipóteses que refere-se ao inciso VI, e diz respeito ao fato de não

existirem provas suficientes para a condenação do réu, sendo para Greco Filho “a hipótese mais

comum de absolvição por falta de provas” 43. Já para Mirabete “são mais raras as hipóteses que

ensejam a aplicação de tal dispositivo, pois normalmente a causa de absolvição é uma das

anteriores”. 44

42 MARQUES, José Frederico. ob. cit. p 29. 43 GRECO FILHO, Vicente. ob. cit. p. 337. 44 MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. ob cit. p. 460.

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38

Sendo que, a aplicação deste inciso é a mais correta no caso de não existirem provas

concretas para o convencimento do Juiz.Salienta-se, porém, que este inciso é o que deixa a maior

possibilidade de propositura de ação indenizatória na área Cível.

Após a análise destes incisos do artigo 386 do Código de Processo Penal, passamos

agora aos efeitos gerados pela decisão judicial absolutória, sendo que estes efeitos também estão

elencados no artigo 386, só que em seu parágrafo único e seus incisos e que determinam:

Art. 386... Parágrafo único. Na sentença absolutória, o juiz: I - mandará, se for o caso, pôr o réu em liberdade; II - ordenará a cessação das penas acessórias provisoriamente aplicadas; III - aplicará medida de segurança, se cabível.

O inciso I, manda por o réu em liberdade, mais acrescentou o legislador a ressalva de

“ser este o caso”, haja vista a hipótese do art 411 do Código de Processo Penal, ou ainda se o réu

estiver réu por outro motivo.

Já o inciso II encontra-se revogado tacitamente em virtude de não mais existirem as

penas acessórias.

Restando o inciso III, que é cabível nos casos de absolvição imprópria e que estão

elencados no inciso V, do artigo 386, que como já dito anteriormente, trata da absolvição por

causas excludentes da imputabilidade penal, previstas no artigo 26 “caput” do Código Penal.

Sendo a súmula 422 do STF clara ao declarar que:

A absolvição criminal não prejudica a medida de segurança, quando couber, ainda que importe a privação da liberdade.

Para Guilherme de Souza Nucci:

A medida de segurança é uma espécie de sanção penal, cuja finalidade não é castigar ou simplesmente reeducar o acusado. Mas cura-lo, pois trata-se de um doente mental. 45

A medida de segurança pode se constituir de internação em hospital de custódia,

tratamento psiquiátrico ou ambulatorial, conforme o caso. Mas tanto a medida de segurança,

como a forma em que será aplicada, sujeita-se a expedição de guia pela autoridade competente,

em consonância com o artigo 172, da Lei de Execuções Penais.

45 NUCCI, Guilherme de Souza. ob. cit. p. 609.

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3.2 REVISÃO PRO SOCIETATIS

Divide-se a revisão criminal em duas espécies, de acordo com a admissibilidade legal

deste instrumento, ou seja, pode a revisão criminal ser restrita ou ampla. A revisão criminal

restrita é a que nosso ordenamento jurídico elegeu e que foi abordada no segundo capitulo, sendo

ela de tradição latina, tem por principio admitir a revisão somente para o condenado. Já a

modalidade ampla, oriunda do Código de Processo Penal austríaco, admite que seja proposta em

favor do acusado e também em seu desfavor.

Esta segunda modalidade também conhecida como revisão criminal pro societatis, teve

sua origem na Áustria no ano de 1873, sendo adotada pela Alemanha desde 1877 no que foi

seguida por outros países de língua alemã e por nações que anteriormente integravam o bloco

soviético.

Tem como pressuposto a busca da verdade material como fim do processo penal. sendo

que tal “verdade material é por eles entendida no sentido aristotélico de adaequatio intellectus

rei”. 46

Explica ainda Sérgio de Oliveira Médice que:

Tal concepção, introduzida na doutrina alemã por Mittermaier no século passado, provocou a predominância, entre seus adeptos, da tese de que nenhuma sentença penal podia manter-se firme, se demonstrada que a mesma não reflete a situação jurídica material verdadeiramente existente.47

Foi a revisão criminal pro societatis motivo de discussão entre os representantes tanto

da escola clássica que defendiam sua impossibilidade de aplicação como pelos representantes da

escola positiva que possuíam entendimento divergente.

Carrara que pertencia a escola clássica defendia que:

Não há outro prejuízo se não o que deriva da impunidade de um criminoso, fato certamente deplorável, que porém, não choca o sentimento universal como a persistência em manter como firme e valiosa a condenação de quem evidentemente é inocente. No segundo caso, ao contrario, o dano é dúplice: o que deriva da impunibilidade do verdadeiro culpado e o que é infligido ao condenado inocente. Sendo, portanto, diversas as situações nas duas hipóteses, invoca-se muito mal, neste ponto, a regra dos correlativos. De resto, admitida a rescindibilidade das sentenças penais de absolvição, nenhuma pessoa absolvida poderia jamais estar segura de sua sorte, prolongando-se

46 MEDICI, Sergio de Oliveira. Ob. cit. p. 226 47 MEDICI, Sergio de Oliveira. Ob. cit. p. 226

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indefinidamente as suas angústias e o seu temor, com grave ofensa da tranqüilidade que a justiça deve precipuamente assegurar.48

Já Enrico Ferri em nome da escola positivista afirmava:

A recusa da revisão, em detrimento dos réus definitivamente julgados, é exatamente a conseqüência de um sistema que nós faríamos votos para ver desaparecer; que consiste em considerar os acusados, mesmo depois do plenário da condenação, como vítimas perseguidas, cuja salvação é preciso assegurar a custo de qualquer preço; ora, se isto pode ser verdade em relação aos processos políticos, não tem nenhuma razão de ser em processos contra delinqüentes por atavismo. É precisamente por este motivo que a revisão das sentenças favoráveis aos acusados é, para nós, o correlativo lógico e necessário de igual remédio concedido aos réus condenados. Não poderíamos compreender porém, surgindo conta uma sentença favorável ao acusado suspeitas análogas as que induzem a revisão das sentenças condenatórias, deva a sociedade ser constrangida a sofrer tranqüilamente as absolvições injustas e as merecidas mitigações da responsabilidade penal. O réu pode ter se aproveitado de um falso testemunho, de uma falsa perícia, de documentos falsos, da intimidação ou da corrupção do Juiz, ou de outro crime. Não é possível tolerar que ele continue tranqüilamente fluindo os resultados obtidos de situação criminosa. Pode também acontecer tenha sido ele absolvido, por isso que a acusação que não tem o Dom da onisciência e somente pode servir-se do que lhe foi fornecido pela instrução, não tenha tido conhecimento de um documento decisivo, que não se encontrava junto aos Autos. Pode ainda o réu injustamente absolvido declarar cinicamente em face dos mesmos jurados ou dos Magistrados que julgarão a Apelação, a sua culpabilidade, sem temor de ser com isso molestado.49

Tem-se então, que o fundamento da revisão criminal pro societatis é nas palavras de

João Barbalho “mandar em paz o inocente perseguido, mas também é castigar o culpado

reconhecido como tal”. 50

Mesmo entendimento tem Evandro Steele ao afirmar que “são sólidas as exigências do

valor justiça e do valor segurança social que ditam a conveniência da adoção da reformatio im

pejus”. 51 Porém afirma que a revisão criminal pro societatis deve somente ser possível em

determinadas hipóteses, a saber:

a) Quando o agente confessar a pratica do delito e o conjunto de circunstancias evidenciar que a confissão corresponde à realidade dos fatos;

b) Quando a punibilidade tiver sido julgada extinta com fundamento na morte do agente, e, posteriormente, se verificar que o óbito não ocorreu;

c) Quando a sentença absolutória se basear em testemunhos, periciais e demais provas manifestamente falsas e que serviram de condição sine qua non para a absolvição;

d) Quando a sentença absolutória tiver assento em crime de prevaricação praticado por jurados ou juizes;

48 CARRARA apud, Sergio de Oliveira Médice. Ob. cit. p. 226 49FERRI, Enrico, apud. Sergio de Oliveira Médice. Ob. cit. p. 227 50 BARBALHO, João apud. Sergio de Oliveira Médice. Ob. cit. p. 227 51 STEELE, Evandro. Apud Sergio de Oliveira Médice. Ob. cit. p. 231

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e) Quando surgirem novos fatos e circunstancias que demonstrem a manifesta evidencia do erro da sentença de absolvição, e que, diante delas, nenhum argumento poderá restar em favor do agente52

Verifica-se então que os principais argumentos a favor da revisão criminal pro

societatis são o fato de muitos países a terem adotado, sem que por isso haja clamor público na

reabertura do processo; o ideal de que a verdade real deverá prevalescer acima de qualquer

interesse da pessoa que foi absolvida; e quando da extinção da punibilidade pela morte do agente,

se observar que o atestado de óbito apresentado era falso ou referente a outra pessoa. (MEDICE,

2000)

3.3 POSSIBILIDADE DA REVISÃO CRIMINAL PRO SOCIETATIS NO BRASIL

3.3.1 Decisões judiciais absolutórias impróprias

Nosso ordenamento jurídico apesar de não admitir a revisão criminal pro societatis faz

uma ressalva ao admitir a revisão criminal nas decisões judiciais absolutórias impróprias, que

como já explicado anteriormente se caracteriza pela aplicação de uma medida de segurança, que

não deixa de ser uma sanção penal.

Isto se deve ao fato de que o artigo 387, inciso IV, do Código de Processo Penal, que

trata das decisões judiciais condenatórias prever a imposição de medida de segurança ao acusado.

José Frederico Marques deste assunto observou:

Apesar de denominada de absolutória, sentença de tal conteúdo é, na realidade, de condenação, ou sentença impropriamente absolutória.53

De outro lado são pascíeis de revisão criminal as decisões judiciais que concedem

perdão judicial, e que também são impróprias haja vista o fato de que também apresentam

52 STEELE, Evandro. Apud Sergio de Oliveira Médice. Ob. cit. p. 231/232 53 MARQUES, José Frederico. ob. cit.p. 35/36

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conteúdo condenatório pelo fato de que o juiz somente perdoa o imputado nos casos previstos

expressamente na lei, após valoração das provas e principalmente a pós a verificação da

procedência da denúncia.

Entendimento este corroborado pelos argumentos de José Frederico Marques ao

afirmar:

Ë anômala a absolvição por concessão de perdão judicial porque, em tal hipótese, existe não uma verdadeira absolvição, mas um pronunciamento que só formal e impropriamente pode chamar-se absolutório, visto que, substancialmente, é de condenação. 54

Temos então que em ambos os casos, decisões judiciais absolutórias que aplicam

medida de segurança como as que concedem perdão judicial, apresentam nítido conteúdo

condenatório motivo pelos quais, nossos Tribunais admitem revisa-las em sede de revisão

criminal.

Já tendo o STF proferido no que se refere à revisão criminal das decisões absolutórias

impróprias:

Cabe revisão criminal das sentenças absolutórias impróprias onde há imposição de medida de segurança. Porém, não cabe da sentença de pronúncia.(grifo meu)55

E no que refere-se as decisões judiciais que concedem o perdão judicial o Pretório

Excelso, já decidiu:

O perdão concedido ao réu não obsta a revisão do seu processo crime. Em tal hipótese, a revisão tem por fim a reabilitação do condenado.56

Conseqüentemente, após transitarem em julgadas estas decisões judiciais, será cabível o

ajuizamento de revisão criminal, desde que presentes os demais requisitos instituídos pelo

Código de Processo Penal para o ajuizamento de tal ação, e que já foram oportunamente

explicados.

54 MARQUES, José Frederico. ob. cit.p. 34 55 RT555/334 56 ARAUJO CASTRO. apud. Sergio de Oliveira Médice. Ob. cit. p. 176

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao finalizar a elaboração deste trabalho onde se pesquisou a possibilidade de ser

admissível a revisão criminal das decisões judiciais absolutórias, levando em consideração a

forma atualmente prescrita pelo Código de Processo Penal no que tange a revisão criminal, bem

como as sumulas, a doutrina e a jurisprudência referentes à matéria e correntes em nosso país

observou-se que a admissibilidade da revisão criminal nas decisões judiciais absolutórias é de

certa forma possível.

E tendo em vista que o nosso ordenamento jurídico claramente segue a escola penal

clássica que fundamentalmente preceitua a aplicabilidade do instituto da revisão criminal em

beneficio do réu, revisão criminal pro reo, em contrariedade do que preceitua a escola penal

liberal que defende a possibilidade da revisão tanto nas decisões judiciais condenatórias quanto

nas absolutórias.

Consideramos existir somente duas possibilidades da revisão criminal ser admissível

em nosso ordenamento jurídico no que tange as decisões judiciais absolutórias, quais sejam,

quando se tratar de decisão judicial absolutória imprópria, e nas decisões judiciais absolutórias

concessivas de perdão judicial.

A primeira possibilidade, ou seja, a que trata das decisões judiciais absolutórias

impróprias, que assim são denominadas pois mesmo absolvendo o acusado das sanções a ele

imputadas impõem uma medida de segurança ao mesmo, e que desta forma revestem-se de

características inerentes as decisões judiciais condenatórias em conformidade com o artigo 387,

inciso IV, do Código de Processo Penal, anteriormente explicado, podem ser objeto de revisão

criminal segundo o entendimento de nossos tribunais por apresentarem conteúdo condenatório.

Temos então que ao fazer uma leitura sistemática do Código de Processo Penal e do

Código Penal observamos que a medida de segurança reveste-se de características sancionadoras,

motivos estas pelos quais entendem os tribunais existir a possibilidade de descosntituição destas

decisões através da revisão criminal.

Outra possibilidade, também encontra-se nas decisões judiciais que concedem o perdão

judicial. Pois este tipo de decisão da mesma forma que a anteriormente suscitada reveste-se de

características condenatórias mesmo já tendo o STJ em sua sumula de numero 18 afirmado que a

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decisão judicial que concede o perdão judicial é declaratória de extinção de punibilidade, desta

forma não revestindo-se de cunho condenatório.

Porém observa-se que para que seja declarado o perdão judicial por parte do magistrado

quando da confecção da decisão judicial, deverá ter o mesmo valorado as provas e verificado a

procedência da acusação, atos estes que são típicos de qualquer decisão judicial condenatória.

Outro ponto relevante é que para que seja concedido o perdão judicial deve enquadrar-se o caso

concreto nas hipóteses expressamente previstas na lei. Somente após verificar todos estes

requisitos é que pode o magistrado deixar de aplicar a pena.

O que caracteriza que este só não a aplicou, por existir determinação expressa na lei

impedindo-o de faze-lo.

Por fim consideramos que o nosso ordenamento jurídico somente declara ser possível a

revisão criminal nestes casos por de forma indireta estas decisões revestirem-se de cunho

condenatório.

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