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Divaldo Franco Pelo Espírito: Joanna de Ângelis Adolescência e Vida

Adolescência e Vida Divaldo

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livro espirita que trata das transformações e duvidas que a adolescência traz e como lidar com elas

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  • DivaldoFranco

    PeloEsprito:

    Joannadengelis

    Adolescncia e Vida

  • 2 DivaldoFranco (peloEsprito Joannadengelis)

    ADOLESCNCIAEVIDA

    DivaldoFranco

    PeloEsprito:Joannadengelis

    Versodigital 2010

    www.luzespirita.org.br

  • 3 ADOLESCNCIAEVIDA

    Adolescncia e Vida

    DivaldoFranco

    PeloEsprito:

    Joannadengelis

  • 4 DivaldoFranco (peloEsprito Joannadengelis)

    ndice

    Adolescnciaevida pg. 5

    1. Adolescncia fasedetransioedeconflitos pg. 82. Oadolescenteeasuasexualidade pg. 113. Oadolescenteeoseuprojetodevida pg. 144. Oadolescentediantedafamlia pg. 175. Oadolescentenabuscadaidentidadeedoidealismo pg. 206. Oadolescente:possibilidadeselimites pg. 237. Oadolescente,oamoreapaixo pg. 268. Oadolescenteeonamoro pg. 299. Oqueoadolescenteesperadasociedadeeoqueasociedadeesperado

    adolescente pg. 3210. Aviolncianocorpoenamentedoadolescente pg. 3511. Avidasocialdoadolescente pg. 3812. Adolescncia,idadecrtica? Crisedeidentidade pg. 4113. Influnciadamdianoprocessodeidentificaodoadolescente pg. 4414. Relacionamentosdoadolescenteforadolar pg. 4715. Osereoternaadolescncia pg. 5016. Autorrealizaodoadolescenteatravsdoamor pg. 5317. Oreconhecimentodoamaraoprximonaadolescncia pg. 5618. O perdonoprocessodeevoluodo adolescente pg. 5919. O adolescenteeareligio pg. 6220. O adolescenteeosfenmenospsquicos pg. 6521. A gravideznaadolescncia pg. 6822. O adolescenteeostranstornossexuais pg. 7123. O adolescenteeoproblemadasdrogas pg. 7424. O adolescenteeoperigoda AIDS pg. 76

    25. O adolescenteeosuicdio pg. 79

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    Adolescncia e vida

    medida que a Cincia e a tecnologia ampliaram os horizontes doconhecimento humano, proporcionando comodidades e realizaes edificantes quefavorecem o desenvolvimento da vida, vm surgindo audaciosos conceitoscomportamentais que pretendem dar novo sentido existncia humana,consequentemente derrapando em abusos intolerveis que conspiram contra odesenvolvimentomoraleticodasociedade.

    Nessesentido,asgrandesvtimasdaocorrnciasoosjovensque, imaturos,sedeixam atrair pelos disparates das sensaes primrias, comprometendo a existnciaplanetria,asvezes,deformairreversvel.

    Dominadospelosimpulsosnaturaisdodesenvolvimentofsicoantesdo mesmofenmenonareaemocionalencontram,nasdissipaesquesepermitem,expressesvigorosas de prazer que os anestesiam ou os excitam at exausto, levandoos aodesequilbrioe aodesespero.Quandocansadosou inquietos tentam fugirda situao,quase sempre enveredando pelo abuso do sexo e das drogas, que se associam emdescalabrocruel,gerando sofrimentosinqualificveis.

    O nico antdoto, porm, ao mal que se agrava e se irradia em contgiopernicioso,aeducao.Consideramos,porm,aeducaonoseusentido global,aquelaque vai alm dos compndios escolares, que rene os valores ticos da famlia, dasociedade e da religio. No porm de uma religio convencional, e sim, que possuafundamentoscientficosefilosficosexistenciaisestribadosnamoralvividaeensinadaporJesus.

    Nessesentido,apreocupaodopensamentoespiritualantiga,porquantooEclesiastes preconiza, no seu captulo 11, versculo 9: Alegrate, mancebo, na tuamocidade,erecreieseoteucoraonosdiasdatua mocidade,eandapeloscaminhosdoteucorao,epelavistadosteusolhos;sabe,porm,queportodasestascoisastetrarDeusaJuzo.Aadvertnciasaudvelaojovemumconviteaocomportamentomoralequilibrado, de formaquea suamocidadeesteja em alegria e pureza, a fim deevitarcomprometimentosinfelizes.

    Mais adiante, no captulo 11, versculo 10, volta omesmo livro a advertir:Afasta,pois,airadoteucoraoeremovedatuacarneomal,porquea adolescnciaeajuventudesovaidade.

    Certamente vos so os momentos de iluso e engano, muito comuns noperodo juvenil, quando os sonhos e as aspiraes se confundem com falsasnecessidades de realizao humana, que exige sacrifcio, dedicao, estudo ecomportamentodignificante.

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    Seguindo omesmo comportamento, oApstolo Paulo, escrevendo aTimteo(14:12)props: Ningumdesprezeatuamocidademastornateo exemplodosfiisnapalavra,noprocedimento,noamor,nafenapureza.

    De grande atualidade, a determinao paulina tem carter de terapiapreventiva contra os males que hoje predominam no organismo social, seconsiderarmosquecomumnotarseapresenadoprogressoemmuitascidades,pelonmeroeoluxodosbordisqueseencontramnolimitedasua periferiaurbana.

    Tornase urgente o compromisso de um reestudo por parte dos pais eeducadoresemrelao condutamoralquedeve serministradasgeraesnovas,afimdeevitaragrandederrocadadaculturaedacivilizao,quese encontramnobordomais sombrio da sua histria. Esse investimento, que no pode tardar, de vitalimportncia para a construo da nova humanidade, partindo da criana e doadolescente,antesqueoscomprometimentosdenaturezamoralnegativalhesestiolemosideais debelezaedesignificadoquedevempossuiremrelaovida.

    O estado de infncia e de juventude so relevantes para o Esprito emcrescimento, razo pela qual, dentre os animais, o ser humano o que o tem maisdemorado, quando se lhes fixam os caracteres, os hbitos e se delineiam aspossibilidadesdeenriquecimentoparaofuturo.

    Oserhumanoessencialmenteresultadodaeducao,carregandoosfatoresgenticos que o compem como consequncia das experincias anteriores, emreencarnaestransatas.Modellosempre,tendoemvistaum padrodeequilbrioedevalorelevado,facultalheodesenvolvimentodosvaloresquelhedormemlatenteseseampliampossibilitandoaconquistadametaaquesedestina,queaperfeio.

    Acrianaeoadolescente,noentanto,queseapresentamingnuos,puros,naacepodedesconhecimentodoserros,nem sempreosoem profundidade,porquantooEspritoqueneleshabitaviajordelongasjornadas,emsucessivasexperincias,nasquais nem sempre se desincumbiu com o valor que seria esperado, antes contraindodbitos que devem ser ressarcidos na atual existncia. Em razo disso, tornasenecessria e indispensvel a educao no seu sentido mais amplo e profundo, demaneiraquelhessejamlcitosalibertaodosvciosanterioreseaaquisiodenovosvaloresqueoscontrabalancem,superandoos.

    Cuidar de infundirlhes costumes sos desde os primeiros dias da existnciafsica, porquantoa tarefadaeducaocomeano instantedavidaextrauterina, enomaistarde,quandooseresthabilitadoparaainstruo.

    Para esse formoso mister so indispensveis o amor, o conhecimento e adisciplina,demaneiraqueselhesinsculpamnofinoasliesqueos acompanharoparasempre.

    *

    Assimpensando,estudamos,nopequenolivroqueoraapresentamosaocaroleitor, vrios temas relacionados com a adolescncia, a fim de contribuir de algumaformacomapalpitantequestoqueestdesafiandopsiclogos,pedagogos,socilogos,telogoseprincipalmenteospaisnamaneirade conduzirosjovens.

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    Temos conscincia que a nossa uma colaborao modesta, no entantodesejamoscolocarumgrodeareia,humildecomo,nagrandeeducaodasociedadedo futuro, quando haver mais justia social e menos soma de atribulaes para acriaturahumanaque,nestemomento,caminhapelosps dainfnciaedajuventude.

    Aracaju,27demarode1997Joannadengelis

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    Adolescncia: fase de transio e de conflitos

    A adolescncia o perodo prprio do desenvolvimento fsico e psicolgico,queseiniciaaproximadamenteaoscatorzeanosparaosrapazes eaosdozeanosparaasmoas, prolongandose, at aos vinte e dezoito anos, respectivamente, nos pases declimafrio,sendoquenostrpicoshuma variaoparamaiscedo.

    Nessa fase, h um desdobramento dos rgos secundrios do sexo, dandosurgimentoaosfatorespropiciatriosdareproduo,comosejamoespermatozoidenofluidoseminaleocatamnio.Osrapazesexperimentamalteraesnavoz,enquantoasmoas apresentam desenvolvimento dos ossos da bacia, dos seios, o que ocorre comcertarapidez,normalmente acompanhadospelosurgimentodaafetividade,dointeressesexualedos conflitosnareadocomportamento,comoinsegurana,ansiedade,timidez,instabilidade, angstia, facultando o espao para desenvolvimento e definio dapersonalidade,aparecimentodastendnciase dasvocaes.

    Completandoareencarnao,oadolescentepassaaviveraexperincianova,definindoosrumosdocomportamentoqueo tempoamadureceratravsdavivnciadosnovosdesafios.

    Inadaptadoaonovomeiosocialnoqualsemovimentar,sofreoconflito denosermaiscriana,encontrandose,noentanto,semestruturaorganizada paraosjogosdaidadeadulta. , portanto, operodo intermedirioentreasduas fases importantesdaexistncia terrena, que seencarrega de preparar o ser paraas atividadesexistenciaismaisprofundas.

    Inseguro, quanto aos rumos do futuro, o jovem enfrenta o mundo que lheparecehostil,refugiandosenatimidezouexpandindootemperamento, conformesejamascircunstnciasnasquaisseapresentemaspropostasde vida.

    Asbasesdesustentaofamiliar,religiosaesocial,sentemlheosembatesdosdesafios queenfrenta, pois relaciona tudoquantoaprendeu com o queencontrapelafrente.

    No possuindo a maturidade do discernimento, e fascinado pelasoportunidadesencantadorasque lhesurgemdeumparaoutromomento,atirasecomsofreguidoaosprazeresnovos semdarse contados comprometimentosquepassaafirmar,entregandosessensaesquelhe tomamtodoocorpo.

    Outrasvezes,vitimadoporconflitosnaturaisquesurgemdaincertezade como

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    comportarse, refugiase no medo de assumir responsabilidades decorrentes dasatitudes e faz quadros psicopatolgicos, como depresso, melancolia, irritabilidade,escamoteandoomedoqueoassaltaeointimida.

    Nosdiasatuaisas licenasmoraissomuitoagressivas,convidandoo jovem,aindainadequadoparaosjogosvelozesdoprazer,alancesaudaciososnareadosexo,que parece constituirlhe a meta prioritria em que chafurda at o cansao, dandosurgimento usana de recursos escapistas, que no atendem s necessidadespresentes,antesmaisoperturbam, comprometendoodemaneiralamentvel.

    Nesse perodo, o corpo adolescente um laboratrio de hormnios quetrabalhamemfavordasdefiniesorgnicas,aotempoemqueopsiquismose adaptasnovas formulaes, passando um perodo de ajustamento que deve facultar oamadurecimentodosvaloresticosecomportamentais.

    Como compreensvel, a escala de valorizao da vida se modifica ante omundo estranho e atraente que ele descortina, contestando tudo quanto antes lheconstituaseguranaeestabilidade.

    Os novos painis apresentamlhe cores deslumbrantes, e no encontrandoconveniente orientao, educao consistente, firmadas no entendimento das suasnecessidades, contesta e agride os valores convencionais, elaborando um quadrocompatvelcomoseuconceito,noqualpassaacomprazerse, ignorandooscnoneseparadigmas nos quais se baseiam os grupos sociais, que perdem, para ele,momentaneamente,o significado.

    A velocidade da telecomunicao, a diminuio das distncias atravs dosrecursosdamdia,dacomputao,dasviagensareas,amedrontamoscaracteresmaisfrgeis, enquanto estimulam osmais audaciosos, propondolhes o descobrimento domundoeosorverdetodososprazeresquasequede umsgole.

    Osesportes,queseperdemnumincontvelnmerodepropostas, chamamno,e os outros deveres, aqueles que dizem respeito cultura intelectual, vivnciareligiosa,ao comportamentoticomoral,porqueexigemsacrifciosmaisdemoradoserespostasmaislentas,ficammargem,quasesempredesprezados,emfavordosoutrosesforosquegratificamdeimediato, ensoberbecendooegoeexibindoapersonalidade.

    O culto do corpo, nos campeonatos de glorificao das formas, agrada,elaborandoprogramas,svezesdesacrifciointil,emrazodaprpriafragilidadedequeserevesteamatrianasuatransitoriedadeorgnicae constitucional.

    Amsicaalucinantee asdanasdeexalamentoda sensualidade levamnoardnciasexual,semquetenharesistnciaparaosembatesdogozo,queexigenovasediferentesformasdeprazeremconstanteexaltaodos sentidos.

    Amoderao cede lugar ao excessoe o equilbrio passa a plano secundrio,porque o jovem, nessemomento, receia perder as facilidades que semultiplicame oexaurem,semdarsecontadasfinalidadesreaisda existnciafsica.

    O Espiritismo oferece ao jovem um projeto ideal de vida, explicandolhe oobjetivo real da existncia na qual se encontramergulhado, ora vivendo no corpo e,depois, fora dele, como um todo que no pode ser dissociado somente porque seapresentaemetapasdiferentes.ExplicalhequeoEspritoimortal eaviagemorgnicaconstituilhe recurso precioso de valorizao do processo iluminativo, libertador e

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    prazenteiro. Elucidandoo, quanto ao investimento que a todos exigido, despertaoparaasemeaduraporintermdiodoestudo,doexercciodaaprendizagem,do equilbriomoral pela disciplinamental e ao correta, a fim de poder colher por longos, senotodos os anos da jornada carnal, os resultados formosos, que so decorrentes doempenhopelaprpriadignificao.

    Os pais e os educadores so convidados, nessa fase da vida juvenil, acaminharem ao lado do educando, dialogando e compreendendolhe as aspiraes,porm exercendo uma postura moral que infunda respeito e intimidade, ao mesmotempo fortalecendoacoragemeajudandonosdesafiosque sopropostos, paraqueomesmosesintaconfianteparaprosseguir avanandocomsegurananorumodofuturo.

    So muito importantes essas condutas dos adultos, que, mesmo sem odesejarem, servem de modelos para os aprendizes que transitam na adolescncia,porquanto os hbitos que se arraigarem permanecero como definidores docomportamentoparatodaaexistnciafsica.

    Oamor,nasuaabrangnciatotal,sersempreograndeeducador,quepossuios melhores mtodos para atender a busca do jovem, oferecendolhe os segurosmecanismos que facilitam o xito nos empreendimentos encetados, assim como nosporvindouros.

    Continncia moral, comedimento de atitudes constituem preparativosindispensveisparaaformaodapersonalidadeedocarterdojovem,nesseperodode claroescuro discernimento, para o triunfo sobre simesmo e sobreas dificuldadesqueenfrentamtodasascriaturas,duranteamarchafsicana Terra.

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    O adolescente e a sua sexualidade

    Aignornciarespondepormalesincontveisqueafligemacriaturahumanaeconfundemasociedade. Igualmenteperversaainformaoequivocada,destitudadefundamentosticos ecarentedeestruturadelgica.

    Naadolescncia,odespertardasexualidadecomooromperdeumdique,noqual se encontram represadas foras incomensurveis, que se atiram, desordenadas,produzindodanoseprejuzosemrelaoatudoquanto encontram pelafrente.

    No passado, o tema era tabu, que a ignorncia e a hipocrisia preferiamesconder, numa acomodao na qual a aparncia deveria ser preservada, embora acondutamoralmuitasvezesseencontrassedistantedoqueera apresentado.

    Estabelecerase, subrepticiamente, que o imoral era a sociedade tomarconhecimentodofatoservilenoopraticlosocultas.medidaqueosconceitosseatualizaram, libertandose dos preconceitos perniciosos, ocorreu o desastre dalibertinagem, sem que houvessemediado um perodo de amadurecimento emocionalentre o proibido e o liberado, o que era considerado vergonhoso e sujo e o que biolgicoe normal.

    Evidentemente,apsumlargoperododeproibio, impostapelahegemoniadopensamentoreligiosoarbitrrio,aoserultrapassadopelo imperativodoprogresso,surgiriam a busca pelo desenfreado gozo a qualquer preo e a entrega aos apetitessexuais, como se a existncia terrena se resumisse unicamente nos jogos e nasconquistas da sensualidade, terminando pelo tombo nas excentricidades, noscomportamentospatolgicose promscuosdoabuso.

    A sociedade contempornea encontrase em gravemomento de conduta emrelao ao sexo, particularmente na adolescncia. Superada a ignorncia do passado,contempla, assustada, os desastres morais do presente, sofrendo terrveis incertezasacercadofuturo.

    A orientao sexual sadia a nica alternativa para o equilbrio naadolescncia,comobasedeseguranaparatodaareencarnao.

    Aquesto, faase justia, tem sidomuito debatida, pormas soluesaindano se fizeram satisfatrias. A viso materialista da vida, estimulando uma filosofiahedonista, responde pelos problemas que se constatam, em razo do conceitoreducionistaaqueseencontrarelegadaacriaturahumana.

    Sem dvida, o sexo faz parte da vida fsica, entretanto, tem implicaesprofundasnos refolhosdaalma, jqueo serhumanomaisdoqueoamontoadode

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    clulasquelheconstituemocorpo. Poressarazo,osconflitosseestabelecemtendoseem vista a sua realidade espiritual, com anterioridade forma atual, e complexasexperincias vividasantes,quenoforamfelizes.

    Talvez, em razo de ignorarem ou negarem a origem do ser, comoEspritoimortal que , inmeros psiclogos, sexlogos e educadores limitamse, comhonestidade,aprepararacrianadeformaqueapenasconheao corpo,identifiquesuasfunes, entre em contato com a sua realidade fsica. A proposta saudvel,inegavelmente; todavia, o corpo reflete os hbitos ancestrais, que provm dasexperincias anteriores, vivenciadasem outrasexistncias corporais, que imprimiramnecessidades, anseios, conflitos ou harmonias que ora se apresentam compredominncianocomportamento.

    O conhecimento do corpo, a fim de assumirlhe os impulsos, propele oadolescente para a promiscuidade, a perverso, os choques que decorrem dasfrustraes, caso no esteja necessariamente orientado para entender o complexomecanismodafunosexual,particularmentenassuasexpresses psicolgicas.

    Inseguranas e medos, muito comuns na adolescncia, procedem dasatividadesmalvividasnasjornadasanteriores,queimprimirammatrizes emocionaisoulimitaesorgnicas,deficinciasouexaltaodalibido, prefernciasperturbadorasqueexigemcorretaorientao,assimcomoterapia especializada.

    Aos pais cabe a tarefa educativa inicial. Todavia, mal equipados deconhecimentos sobre conduta sexual, castram os filhos pelo silncio constrangedor arespeitodo tema,deixandoosdesinformados,a fimdequeaprendamcomoscolegaspervertidoseviciados,ouosliberam,aindasem estruturapsicolgica,paraqueatendamaos impulsos orgnicos, semqualquertica ou lucideza respeito da ocorrnciae dassuasconsequnciasinevitveis.

    Reunindose em grupos para intercmbio de opinies e experincias decuriosidade, os adolescentes ficam amerc de profissionais do vcio, que os aliciammedianteasimagensdamdiaperversaedoentiaoudaprostituio, hojedisfaradadeintercmbio descompromissado, para atender queles impulsos orgnicos ou deviciaomental,emrelacionamentosrpidosquo insatisfatrios.

    Quando sepretende transferir paraaEscolaa responsabilidadedaeducaosexual, correse o risco, que dever ser calculado, de o assunto ser apresentado comleveza,irresponsabilidadeeperturbaodoprprio educador,queviveconflitivamenteodesafio,semqueohajasolucionadonele prpriodemaneiracorreta.

    Anedotriochulo,palavreadoimprprio,exibiodeaberraes,normalmentesoutilizadoscomotemasparaasaulasdesexo,adesservio daorientaosalutar,maisaturdindo os adolescentes tmidos e inseguros e tornando cnicos aqueles maisaudaciosos.

    Aquestodasexualidademerecetratamentoespecializado,conformeo exigeaprpriavida. Oserhumanonosomenteumanimalsexual,mastambmracional, quedespertaparaocomandodosinstintossoboamparodaconscincia. Todososseusatosmerecemconsiderao,faceaosefeitosqueos sucedem.

    No que diz respeitoao sexo, este requer omesmo tratamento edignificaoquesodispensadosaosdemaisrgos,comoagravantedeseroaparelhoreprodutor,

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    quepossuiumaaltaeexpressivacargaemocional, dessemodorequisitandomaiorsomaderesponsabilidade,assimcomode higieneerespeitomoral.

    Ocontrolemental,adisciplinamoral,oshbitossaudveisnopreenchimentodashoras,otrabalhonormal,aoraoungidadeamoredeentregaaDeus,constituemmetodologia corretaparaa travessiadaadolescnciaeodespertarda idadeda razocommaturidadeeequilbrio.

    O sexo orientado repousa e se estimula na aura do amor, que lhe deveconstituiroguiaseguroparaequacionartodososproblemasquesurgemepreservlodosabusosquealucinam.

    Sexosemamoragressobrutalnabuscadoprazerdeefmeraduraoederesultadodesastroso,pornosatisfazernemacalmar.

    Quanto mais seja usado em mecanismo de desesperao ou fuga, menostranquilidadeproporciona.

    Tendoseemvistaapermutadehormnioseofenmenobiolgico procriativo,o sexodevereceberorientaodignaenatural, semexagerodequalquernaturezaoulimitaoabsurda,igualmentedesastrosa.

    A fora, nocanalizada, deixadaem desequilbrio,danifica edestri, seja elaqualfor.Adenaturezasexualtemconduzidoahistriadahumanidade,e,porque,nemsemprefoiorientadacorretamente,osdesastresblicosquesucederamashecatombesmorais, sociais, espirituais, tm sido a colheita dos grandes conquistadores e lderesdoentios, reis e ditadores ignbeis, que dominaram os povos, arrastandoos emcativeiroshediondos, porqueno conseguiramdominarse, controlar essaenergia emdesvarioqueosalucinava.

    Examinesequalquerdspota,eneleseencontraroregistrosdedistrbiosnareadocomportamentosexual.

    Dessemodo, na fase da irrupo da adolescncia e dos rgos secundrios,impeseodeverdecompletarseaorientaodosexoquedeve seriniciadanainfncia,deformaqueojovemsedcontaqueomesmoexiste emfunodavidaenoestacomoinstrumentodele.

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    O adolescente e o seu projeto de vida

    ApartirdeFreudoconceitodesexosofreuumaquaseradical transformao.OeminentePaidaPsicanliseprocuroudemonstrarquea sexualidadealgomaiordoqueselheatribuaatento,quandoreduzidasomentefunosexual.Ficouestabelecidoqueamesmatemmuitomaisa vercomoindivduonoseuconjunto,doqueespecficaeunicamente com o rgogenital, exercendo uma forte influncia na personalidade doser.

    Naturalmente, houve excesso na proposta em pauta, nos seus primrdios,chegandosemesmo ao radicalismo, que pretendia ser a vida uma funo totalmentesexual,portanto,perturbadoraeconflitiva.

    Sempre se teve como fundamental que a vida sexual tinha origem napuberdade, no entanto, sempre tambm se constataram casos de manifestaesprematurasdosexo,emrazodoamadurecimentoprecocedas glndulasgensicas.

    AFreudcoubeatarefadesafiadoradedemonstraradiferenaexistente entreaglndula genital, responsvel pela funo procriadora, e a de natureza sexual, que seencontra nsita na criana desde o seu nascimento, experimentando as naturaistransformaes que culminariam na sexualidade do ser adulto. Ainda, para Freud, afunodenaturezasexualresultadodaaglutinaodediversosinstintosheranasnaturaisdotrnsitodoserpelas fasesprimriasdavida,nasquaishouvepredominnciada natureza animal, portanto, instintiva que se vo transformando, organizando ecompletandose at alcanarem omomento da reproduo, igualmente ligada queleperodo inicialdaevoluodosseresnaTerra.

    No transcurso desse desenvolvimento dos denominados instintos parciais,muitos fatoresocorremnaturalmente,sendoasfixiados, transferidospsicologicamente,alterados, dando nascimento a inmeros conflitos da personalidade. A personalidade,dessemodo,oresultadodetodasessas alteraesquesucedemnasfaixasprimeirasdavida e que so modificadas, transformadas e orientadas de forma a construir o serequilibrado.

    Tratase,portanto,deumafora interiorquesedesenvolvenoserhumanoequase o domina por inteiro, estabelecendo normas de conduta e de atividade, que ofazemfelizoudesventurado,saudvelouenfermo.

    Para entender esse mecanismo indispensvel remontar s reencarnaes

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    anterioresporondedeambulouoEsprito,quesetornaherdeiro dopatrimniodassuasaes, ora atuantes, como desejos, tendncias, manifestaes sexuais impulsivas oucontroladas.

    Houvesse, o eminente vienense, recuado ancestralidade do ser imortal,superandoopreconceitoquelhehipertrofiavaavisocientfica,reduzindoa,apenas,matria,eteriaconseguidoequacionardeformamaisseguraosproblemasdosexoedasexualidade.

    Noobstante,essaforapoderosaque,decerta forma, influenciaavida,nocampodassensaes,levando aresultadosemocionaisquese estabelecemnopsiquismoecomandamaexistnciahumanaque,mal orientada,poucodiferedaanimal.

    nesseperodo,naadolescncia,quesedeterminamosprogramas,os projetosdevidaquesetornarorealidade,ouno,deacordocomoestado emocionaldojovem.

    Convencionousequeessesprogramasexistenciaisdevemser estruturadosnaviso ainda imediatista, isto , no amealharde uma fortuna, no desfrutar doconfortomaterial, no adquirir bens, no ter segurana no trabalho, na liberalidade afetiva, noprazer...Muitosprogramastmsidoestabelecidos dentrodesseslimites,quepareceramdar certo no passado, mas frustraram pessoas que se estiolaram na amargura, nodesconfortomoral,naansiedademalcontida.

    O ser humano destinase a patamares mais elevados do que aqueles quenorteiamopensamentomaterialista,quaissejam,oequilbriointerior,odomniodesimesmo, o idealismo, a harmonia pessoal, a boa estruturao psicolgica, e,naturalmente,osrecursosmateriaisparatornaresses propsitosrealizveis. Paratanto,opropsitodevidadojovemdevecentrarsenabuscado conhecimento,navivnciadasdisciplinasmorais, a fim de prepararseparaas lutas nem sempre fceis do processoevolutivo,nareflexo,tambmna alegria deviver,nosprazeresticos,narecreao,nosquaisencontraresistnciae renovaoparaosdeveresquesoparteintegrantedoseuprocessode crescimentopessoal.

    Somentequemsedispeaadministrarosdesafios,consegueplanaracimadasvicissitudes, que passam a ter o significado que lhes seja atribudo. Quando se d ainverso de metas, ou seja, a necessidade de gozo e de desfrutar de todas ascomodidadesjuvenis,antesdeequiparsedevaloresmoraisedeseguranapsicolgicapelo amadurecimento das experincias e vivncias, inevitavelmente o sofrimento, ainsatisfao,aangstiasubstituemosjbilosmomentneose vos.

    O adolescente atual Esprito envelhecido, acostumado a realizaes, nemsempremeritrias,oque lheproduzanseiosedesgostosaparentementeinexplicveis,insegurana e medo sem justificativa, que so remanescentes de sua conscincia deculpa, em razo dos atos praticados, que ora veio reparar, superando os limites eavanando com outro direcionamento pelo caminho da iluminao interior, que oessencialobjetivodavida.

    O projeto de uma vida familiar,de prestgio na sociedade, de realizaes nocampo de atividades artsticas ou profissionais, religiosas ou filosficas, credor decarinhoedeesforo,porquedeve serfixadonospainisdamente comodesafioavencerenocomodivertimentoafruir.Todooesforo,em contnuoexercciodefazererefazertarefas;adecisodenoabandonaropropsitoemtela,quandoascircunstnciasno

    BrunaRealce

    BrunaRealce

    BrunaRealce

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    foremfavorveis;ocontroledosimpulsosquepassaroaserorientadospelarazo,aoinvs de encontrarem campo na agressividade, na violncia, no abuso juvenil,constituem osmelhores instrumentos para que se concretize a aspirao e se tornerealidadeoprogramadaexistncia terrena.

    Oadolescenteestemformaoe,naturalmente,possuindoforasquedevemser canalizadas com equilbrio para que no o transtornem, necessita de apoio e dediscernimento,deorientaofamiliar,porquelhefaltaaexperinciaquemelhorensinaosrumosaseguiremqualquertentamedevida.

    Nesseperodo,muitosconflitosperturbamoadolescente,quandotemem mirao seu projeto de vida ainda no definido. Surgemlhe dvidas atrozes na reaprofissional, em relao ao que sente e ao que d lucro, ao que aspira e ao que seencontra emmoda, quilo que gostaria de realizar e ao aspecto social, financeiro daescolha... Indispensvel ter em mente que os valores imediatos sempre soultrapassados pelas inevitveis ocorrnciasmediatas, que chegaro, surpreendendo osercomoqueele,enoapenasemrelao aoqueeletem.

    Caracterizase aqui a necessidade da autorrealizao em detrimento doimediatopossuir,quenemsempresatisfazinteriormente.

    H muitas pessoas que tm tudo quanto a vida oferece aos triunfadoresmateriais, e, no entanto, no se encontram de bem com elas mesmas. Outrossim,possuem tesouros que trocariam pela sade; dispem de haveres que doariam parafruremdepaz;desfilamnoscarrosdeourodosaplausoseprefeririamascaminhadasafetivasentrecarinhoeseguranaemocional...

    Dessemodo,oprojetoexistencialdoadolescentenopodeprescindirdavisoespiritualdavida;darealidadetranspessoaldelemesmo;dasaspiraesdonobre,dobomedobelo,queseroasrealizaespermanentesnoseuinterior,direcionandolheospassosparaafelicidade.

    Oshaveres chegamepartem, soadquiridosouperdidos, porm,oque se,permanece como diretriz de segurana e mecanismo de paz, que nada consegueperturbaroumodificar.

    Paraesse cometimento,aboaorientaosexualfazseindispensvelna fasedeafirmaodapersonalidadedoadolescente,comoocorrenosmaisdiferentesperodosdavidafsica.

  • 17 ADOLESCNCIAEVIDA

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    O adolescente diante da famlia

    Incontestavelmente,o laromelhoreducandrio,omaiseficiente,porqueaslies a ministradas so vivas e impressionveis, carregadas de emoo e fora. Afamlia,porissomesmo,oconjuntodeseresqueseunempelaconsanguinidadeparaum empreendimento superior, no qual so investidos valores inestimveis que seconjugamemproldosresultadosfelizesquedevemserconseguidosaolargodosanos,graasaorelacionamentoentre paisefilhos,irmoseparentes.

    Nem sempre, porm, a famlia constituda por Espritos afins, afetivos,compreensivose fraternos.Namaioriadasvezes,a famlia formadaparaauxiliar osequivocadosa serecuperaremdoserrosmorais,arepararemdanosqueforamcausadosem outrastentativasnasquaismalograram.

    Assim,pois,hfamliasbnoe famliasprovao.Asprimeirassoaquelasque renem os Espritos que se identificam nos ideais do lar, na compreenso dosdeveres,nabuscadocrescimentomoral,beneficiandose pelaharmoniafrequenteepelafraternidade habitual. As outras so caracterizadas pelos conflitos que seapresentamdesde cedo, nas animosidades entre os seus membros, nas disputas alucinadas, nosconflitos contnuos,nasrevoltassemdescanso.

    Amantes que se corromperam, e se abandonaram, renascemna condio depaisefilhos,a fimdealteraremocomportamentoafetivoesublimaremasaspiraes;inimigosque seatiraramemduelospolticos, religiosos,afetivos, esgrimindoarmaseferindose,matandose, retornam quase sempre namesmaconsanguinidade, a fim desuperaremasantipatias queremanescem;traidoresdeontemagoraserefugiamaoladodas vtimas para conseguirem o seu perdo, vestindo a indumentria do parentescoprximo, porque ningum foge dos seus atos. Onde vai o ser, defrontase com a suarealidade,quesepodeapresentaralterada,porm,nomago,ele prprio.

    Afamlia,dessemodo,olaboratriomoralparaasexperinciasdaevoluo,que caldeia os sentimentos e trabalha as emoes, proporcionando oportunidade deequilbrio,desdequeoamorsejaaceitocomoogrande equacionadordosdesafiosedasdificuldades.

    Invariavelmente,porfaltadeestruturaespiritualedesconhecimentoda Leidasreencarnaes,aspessoasquesereencontramnafamlia,quasesempre,dovazoaosseus sentimentos e, ao invs de retificar os negativos, mais os fixam nos painis doinconsciente, gerando novas averses que complicam o quadro do relacionamentofraternal.

    BrunaRealce

    BrunaRealce

  • 18 DivaldoFr anco (peloEsprito Joannadengelis)

    svezes,aafetividadecomoaanimosidadesodetectadasdesdeoperododagestao, predispondoospais a aceitaoourejeiodoser em formao, que lhesouvemasexpressesde carinhoou lhes sentemasvibraes inamistosas,que se iroconverter em conflitos psicolgicos na infncia e na adolescncia, gerando distrbiosparatodaaexistncia porvindoura.

    Renascese, portanto, no lar, na famlia de que se tem necessidade, e nemsempre naquela que se gostaria ou que se merece, a fim de progredir e limar asimperfeiescomoburildafraternidadequeaconvivnciapropiciae dignifica.

    Em razo disso, o adolescente experimenta na famlia esses choquesemocionais ou se sente atrado pelas vibraes positivas, de acordo com os vnculosanterioresquemantmcomogruponoqualseencontracomprometido.Essaaceitaoou repulso ir afetar de maneira muito significativa o seu comportamento atual,exigindo,quandonegativa,terapiaespecializadaegrandeesforodopaciente,afimdeajustarse sociedade, que lhe parecer sempre um reflexo do que viveu no ninhodomstico.

    A famliaequilibrada, isto,estruturadacomrespeitoeamor, fundamentalparaumasociedade justaefeliz.Noentanto,a famliacomeaquandoosparceirosseresolvemunirsexualmente,amparadosounopelobeneplcitodasLeisqueregemasNaes, respeitandosemutuamente e compreendendo que, a partir domomento emquenascemosfilhos,uma grande,profundaesignificativamodificaosedeverdarnaestrutura do relacionamento, que agora ter comometa a harmonia e felicidade dogrupo, longedoegosmoedointeresseimediatistadecadaqual.

    Infelizmente, no o que ocorre, e disso resulta uma sociedade juvenildesorganizada,revoltada,agressiva,desinteressada,cnicaoudepressiva,deambulandopelosrumostorpesdasdrogas,daviolncia,docrime,do desvariosexual...

    Os pais devem unirse, mesmo quando em dificuldade no relacionamentopessoal, a fim de oferecerem segurana psicolgica e fsica prognie. Essa tarefadesafiadoradegrandevaliaparaoconjuntosocial,masnotemsidoexercidacomaelevao que exige, em razo da imaturidade dos indivduos que se buscam para osprazeres, nos quaishuma predominnciamarcante de egosmo, comaltas doses deinsensatez, desamor e apatia de um pelo outro ser com quem vive, quando asocorrnciasnolhesparecem agradveisouinteressantes.

    Os divrcios e as separaes, legais ou no, enxameiam, multiplicamse emaltasestatsticasdeindiferenapela famlia,produzindoastristesgeraesdosrfosde pais vivos e desinteressados, agravando a economiamoral da sociedade, que lhessofreodanododesequilbriocrescente.

    O adolescente, em um lar desajustado, naturalmente experimenta asconsequncias nefastas dos fenmenos de agressividade e luta que ali tm lugar,escondendoasprpriasemoesoudandolhes largasnosvcios,a fimdesobreviver,carregadodeamarguraeasfixiadopelodesamor.

    Apesar dessa situao, cabe ao adolescente em formao da personalidade,compreender a conjuntura na qual se encontra localizado, aceitando o desafio ecompadecendose dos genitores e demais familiares envolvidos na luta infeliz, comosendoseresenfermos,queestolongedacuraousenegamaterapiadatransformao

  • 19 ADOLESCNCIAEVIDA

    moral.,semdvida,omaispesadodesafioqueenfrentao jovem,pagaresseelevadonus,queentenderaquelesquedeveriamfazlo,ajudaraquelesque,maisvelhose,portanto,maisexperientes,tinhamportarefacompreendlo eorientlo.

    O larograndeformadordocarterdoeducando.Muitasvezes,noentanto,lares infelizes, nos quais as pugnas por nonadas se fazem cruentas e constantes, nochegamaperturbaradolescentesequilibrados,porque soEspritos saudveiseali seencontrampararesgatar,mastambmparaeducarospais,servirdeexemploparaosirmos e demais familiares. No seja, pois, de estranhar, os exemplos histricos dehomensemulheresnotveisque nasceramemlaresmodestos,emmeiosagressivos;emfamlias degeneradas, e superaram os limites, as dificuldades impostas, conseguindoatingirasmetas paraasquaisreencarnaram.

    Quando oesprito de dignidade humana viger nos adultos, que se facultaroamadurecer emocionalmente antes de assumirem os compromissos da progenitura,haver uma mudana radical nas paisagens da famlia, iniciandose a poca daverdadeirafraternidade.

    Quando o sexo for exercido com responsabilidade e no agressivamente;quando os indivduos compreenderemque oprazer cobra um preo, e este, na uniosexual,mesmocomoscuidadosdospreservativos,afecundao, haverumamudanareal no comportamento geral, abrindo espao para a adolescncia bem orientada nafamliaemequilbrio.

    Seja,porm,qual for o larnoqual se encontreoadolescente, terelecampopara a compreenso da fragilidade dos pais e dos irmos, para avaliao dos seusmritos. Se no for compreendido ou amado, esforcese para amar e compreender,tendo em vista que devedor aos genitores, que poderiam haver interrompido agravidez,e,noentanto,noofizeram. Assim,oadolescentetem,paracomafamlia,umadvidadecarinho,mesmoquandoessanosedcontadoimensodbitoquetemparacom o jovemem formao. Nesse tentame, o de compreender e desculpar, orando, oadolescente contarcomoauxliodivinoquenuncafaltae aproteodos seusGuiasEspirituais,quesoresponsveispelasuanovaexperincia reencarnatria.

  • 20 DivaldoFr anco (peloEsprito Joannadengelis)

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    O adolescente na busca da identidade e do idealismo

    O desabrochar daadolescncia, semelhanadoque ocorrecom oboto derosa que se abre ante a carcia do Sol, desvelalhe a intimidade que se encontraadormecida, e desperta, suavemente, aspirando a vida, exteriorizando aroma eoferecendo plen para a fertilizao e ressurgimento em novas e maravilhosasexpresses.

    Aplenitudedavida,na fasedaadolescncia,estuaeexteriorizase, deixandoque todos os contedos arquivados no inconsciente do ser passem a revelarse, emformadetendncias,aptides,anseiosetentativasde realizao.

    Nemsempreessedespertartranquilo,podendo,svezes,serumairrupovulcnicadeenergiasretidasqueestouram,produzindodanos.

    Noutrasocasiespodeexpressarsecomosofrimentontimo,caracterizadoporfobias de aparncia inexplicvel, mas que procedem dos registros perispirituais,mergulhadosnoinconsciente,querepontamcomoconflitos, conscinciadeculpa,pudorexacerbado,misticismo,emmecanismosbem elaboradosdefugadarealidade.

    Reencarnandose, para reparar os erros e edificar o bem em si mesmo, oEsprito atinge a adolescncia orgnica, vivenciando o transformar de energias ehormniossutisquopoderosos,queodespertamparaasmanifestaesdosexo,mastambmparaasaspiraesidealistas,desenvolvendoabuscada prpriaidentidade.

    Carregandoasomadaspersonalidadesvividasemoutrasreencarnaes, asuaidentificaocomomundoatualdemandatempoeamadurecimento, medianteosquaispode aquilatarquemrealmenteeoquelegitimamente deseja.

    Notendoodiscernimentoaindaparaelegeroquemelhor,quasesempreseentrega busca domais imediato, porquemais simples, procurando acomodarse smanifestaesfisiolgicasdocomer,dormir,praticarsexo,vencerotemposemgrandeesforo.Tratasedeumatavismopernicioso,quedevesermelhordirecionado,afimdeque seja descoberta a finalidade da existncia e como alcanar esse patamar que oaguarda.

    Seolarofereceseguranaafetivaecompreenso,oadolescentetemfacilidadepara selecionar os valores e aceitar aqueles que lhe so mais favorveis para oprogresso. Todavia, se o grupo familiar traumatizante, foge para comportamentosoportunistas,queparecemafugentarasmgoase libertlodocrceredomstico.

  • 21 ADOLESCNCIAEVIDA

    Ainflunciadospaisdecisivanaelaboraoedesenvolvimentodo idealismo,na afirmao da prpria identidade, sem que haja presso ou autoritarismo dosgenitores,antesoferecimentodemeiosparaodilogoesclarecedor,semasujeioaosconselhoscastradoreseimpositivos,sempre demausresultados.

    H uma tendncia no jovem para fugir aos programas elaborados, sexperinciasvividasporoutrem,aoaproveitamentodasabedoriadosmais antigos.Cadaseruma realidadeespecial, quenecessitavivenciar suasprpriasaspiraes,muitasvezesequivocandoseparamelhorcompreenderocaminhoporondedeve seguir. Emrazodisso, experinciaeumaconquistapessoal, que cadaqualaprendepeloprprioesforo, no raro, atravs de erros que so corrigidos e insucessos que se fazemultrapassadospeloxito.

    Quando algum deseja impor seu ponto de vista, transfere realizao nolograda,paraqueooutroaconsiga,assimalegrandoaquelequeselhetornamentor.

    Aeducaopropeeoeducandoaprendemedianteoexerccio,a reflexo, oamadurecimento.

    Osmodelosdevemsersilenciosos,falandomaispelosexemplos,pela alegriadeviver, pelos valores comprovados, ao invs das palavras sonoras, mas cujas prticasdemonstramocontrrio.

    Quandoalgumconvivecomadolescenteencontrasesobaalademira dasuaacurada observao. Ele compara as atitudes com as palavras, o comportamentocotidiano com os contedos filosficos, no acreditando seno naquilo que demonstrado,jamaisnoquepropostopeloverbo.Emrazodisso,surgemosconflitosdomsticos, nos quais os genitores se dizem incompreendidos e no seguidos,olvidandose que so os responsveis, at certo ponto, pelo insucesso das suasproposies.

    Aidentidadedecadaumtemsuascaractersticaspessoais,eessasno podem,nemdevemserclones,nosquaisseperdeaindividualidade.

    Abuscadaidentidadenoadolescentedemorada,qualocorrecomo indivduoemsimesmo,prolongandosepeloperododarazo, amadurecimentoevelhice. Porissomesmo,nemsempreaavanadaidadebiolgicasinnimode sabedoria,deequilbrio.Jovensh,maduros,enquantoidososexistemquepermanecemaprisionadosnacrianacaprichosaerenitentedainfnciano ultrapassada.

    O idealismobrotadomagodoseredeve ser cultivadopelosgenitores, queestimularo as tendncias positivas do filho, oferecendolhe os recursosemocionais eafetivosparaqueelepossamaterializaraaspiraodomundo ntimo.Quandoserevelaratendnciapara oidealismoperverso,o desequilbriofirmadonoegosmo,nocapricho,nos desregramentosmorais, necessrio ensinarlhe a tcnica de como canalizar asenergias para o ladomelhor da vida, propondo ideais prticos emais imediatos, quesejam compensadores psicologicamente, de forma que a eleio se opere comnaturalidade,pormeiodasubstituiodaquelesquesoperturbadorespor essesoutrosquesosatisfatrios.

    Aoinvsdaslutascontnuas,quesefazemimposiesdescabidas, enriquecidasde queixas e lamentaes pelo investimento dirigidoao filho, a quem se informa nosaberaproveitartudoquantorecebe,justoquetodasas propostassejamapresentadas

  • 22 DivaldoFr anco (peloEsprito Joannadengelis)

    de forma edificante, sem acusaes nem rejeies, mas com esprito de tolerncia ecompreenso,atqueodiscernimentodoadolescenteaceitecomofenmenonaturalacontribuio,tendoemmentequeaescolhafoiprpriaequeissobomparaele,noporqueoutrosassimoqueiram,pormporquemaisoconfortaeoagrada.

    Aadolescnciaaindafasedeamoldamento,deadaptao,aomesmotempodetransformaes,quemereceeexigepacinciaehabilidade psicolgica.

    De um lado, existe o interesse familiar, que trabalha para o melhor doeducando,masporoutraparteseencontraogruposocial,nemsempreequilibrado,naEscola,noClube,narua,notrabalho,conspirandocontraasatitudessaudveisquesedesejaoferecerequenaturalmenteatraemoadolescente,porqueelegostadeserigualaosdemais,nochamaraateno,ouquando,emconflito,querdestacarse,exibirse,exatamenteporquevive inseguro,experimentadramas,quemascarasobadesfaatez,ocinismo aparente...

    Comotranquilizardofluxosexual,medianteareflexoeotrabalho, atravsdoestudo e das aspiraes superiores que se devemministrar com cuidado, ele passaaidentificarse com o mundo, com as pessoas e por fim com ele mesmo. Essaautoidentificaomaisdemorada, porquemaisprofunda,prolongandosepor todaaexistnciabemorientadapelodevere pelasaspiraesenobrecidas.

    Oidealismotornaselheumalimentoquedeveseringeridocomfrequncia,afimdequenohajacarnciaemocionaleperdadeidentidadeno tumultodaspropostassociais,econmicaseartsticas...

    InvariavelmenteoEspritoreencarnaparadarprosseguimentoa tarefasqueficaraminterrompidas,eressurgemnospainismentaiscomoaspiraesetendnciasmais acentuadas. Outras vezes, no entanto, deve comear a experimentar atividadesnovas,medianteasquaisprogredirnorumodavidae deDeus.

    Na fase da insegurana pela adolescncia, toda a vigilncia necessria, demodoaauxiliarojovemaencontrarseeadefiniroseuidealdevida, entregandoselheconfianteericodeperseveranaatconseguirameta ambicionada.

  • 23 ADOLESCNCIAEVIDA

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    O adolescente: possibilidades e limites

    Naquadraprimaverildaadolescnciatudoparecefcil,exatamentepelafaltade vivncia da realidade humana.O adolescenteexamina omundoatravs das lenteslmpidasdoentusiasmo,quandoseencontraemjbilo,ou medianteaspesadasmanchasdopessimismoquenomomentolhedominamaspaisagensemocionais.Arealidade,noentanto, diferedeumacomodeoutrapercepo, semosaltosvoosdoencantamentonemosabismos profundosdoexistencialismonegativo.

    A vida um conjunto de possibilidades que se apresentam para serexperimentadas,facultandoocrescimentointelectomoraldosseres.Aforma comocadapessoa se utiliza desses recursos redunda no xito ou no desar, no sendo amesmaresponsvelpelaglriaoupeloinsucessodaquelesqueabuscamenelaseencontramenvolvidos.

    Para o jovem sonhador, que tudo v rseo, hmuitos caminhos apercorrer,que exigem esforo, bom direcionamento de opo e sacrifcio. Toda ascenso impeinevitvelcotadededicao,comonatural,atquea conquistadosaltiplanosdelineienovoshorizontesaindamaisamplose fascinantes.

    Assim,aspossibilidadesdoadolescenteestono investimentoqueeleaplicaparaaconquistadoquetraacomoobjetivo.Nesseperodo,temse pressa,porquetodasasmanifestaessorpidaseosacontecimentos obedecemaumorganogramaquenopodeserantecipado,esperandoqueseconsumemosmecanismospropiciatriossuarealizao.

    Ansiosopelos voos quepretendedesferir,pensaqueassuasaspiraes podemsertransformadasemrealidadedeumparaoutromomento,e,quando issonoocorre,deixaseabaterporgravesfrustraesedesnimo.No entanto,atravsdessevaivmdealegriaedesencantopassaaentenderqueos fenmenosexistenciais independemdassuas imposies, provindodemuitos fatoresque seconjugamparaoferecerresultadocorrespondente.

    Nessasucessodecontrrios,amadurecelheacapacidadedecompreensoeaprimoraseafaculdadedeplanejar,auxiliandooacolocaros psnochosemaperdado otimismo, que fator decisivo para o prosseguimento das aspiraes e da suaexecuocontnua.

    Face constituio da vida, no basta anelar e querer, mas produzir e

  • 24 DivaldoFr anco (peloEsprito Joannadengelis)

    perseverar.Essemeiodelevaradianteosplanosacalentadosdemonstraquehlimitesem todos os indivduos, que no podem ser ultrapassados, e que se apresentam naordemsocial;moral,econmica,cultural,cientfica,enfim,em todasasreasdospainisexistenciais.

    Os acontecimentos so conforme ocorrem e no consoante se gostaria quesucedessem,isto,nadarcontraacorrentezapodeexaurirocandidato quevaiatiradopraia,ondechegaapsgrandesconquistasealimorresem alcanaravitria.

    Asabedoria,quedecorredascontnuaslutas,demonstraquesedeve realizaroque possvel, aguardando o momento oportuno para novos cometimentos.Especificamente,cadadevertemoseulugarenolcito assumirdiversoslaboresquenopodemserexecutadosdeumasvez.

    Aprpriaorganizaofsicaconstituilimiteparatodososindivduos.Quandoseexigedoorganismoalmdassuaspossibilidades,osefeitossonegativos,portanto,desanimadores.Da,o limiteseencontranacapacidadedasresistnciasfsica,moralemental,queconstituemoselementosbsicosdoserhumano,enoenfrentamentocomosimperativosdasociedade,da pocaemquesevive,etc.

    Certamente, h homens e mulheres que se transformaram em exceo,havendopagopesadosnusdesacrifcio,graasaoqualabriramHistriapginasdeincomparvel beleza. Simultaneamente, tambm, houve aqueles quemergulharam nofundo abismo do desencanto, deixandose dominar por terrveis angstias que lhesestiolaram a alegria de viver e os maceraram, levandoos a estados profundamenteperturbadores,porquenopossuamessasenergiasindispensveisparaasconquistasqueplanejaram.

    Aomoocompeteodeverdeaprenderasliesquelhechegam, impregnandosedassuasmensagenseabrindonovosespaosparaofuturo. Quandoarrebatadopeloentusiasmo, considerar que h tempo para semear como o h para colher; quandodeprimido,liberarsedassombraspelo esforodeascendersregiesondebrilhaaluzdaesperana,compreendendoqueamarchacomeanoprimeiropasso,assimcomoodiscurso mais inflamado tem incio na primeira palavra. Todas as coisas exigemplanificao e tentativa. Aquele que se recusa experimentar, j perdeu parte doempreendimento.Nohporquerecearoinsucesso.Essemedoda experimentaoj,em si mesmo, uma forma de fracasso. Arriscarse, no bom sentido do termo, intensificar osesforosparaproduzir,mesmoque,aparentemente, tudoesteja contra.Norealizando,notentando,claroqueaspossibilidadessoinfinitamentemenores.Semprevenceaquelequese encontraalerta,quelabora,quepersiste.

    A atitude de esperar que tudo acontea em favor prprio comodidadeinjustificvel; e deixarse abater pelos pensamentos pessimistas, assim como pelasheranasautodepreciativas,significaperderasmelhoresoportunidadesdecrescimentointerioreexterior,queseencontramnaadolescncia.Esseo momentodeprogramar;ocampodeexperimentao.

    Quandoo jovemcomeaadelinearo futurono significaquehaja logradoavitriaouperdidoabatalha,apenasesttraandorotasqueolevaroaumouaoutroresultado, ambos demuito valor na sua aprendizagem, em torno da vida na qual seencontra.

  • 25 ADOLESCNCIAEVIDA

    Aperseveranaeoidealismosemexcessoresponderopeloempreendimentoiniciado.Oadolescentenodevetemernuncaoporvir,porquantoissoseria limitarasaspiraes,nemsubestimarasliesdocotidiano,quelhedevemconstituir mensagensdeadvertncia,prpriasparaensinarlhecomoconseguiros resultadossuperiores.

    Assim, nesse perodo de formao, de identificao consigo mesmo, adocilidade no trato, a confiana nas realizaes, a gentileza naafetividade, o trabalhoconstante, ao lado do estudo que aprimora os valores e desenvolve a capacidade deentendimento, devem ser o programa normal de vivncia. Os prazeres, os jogosapaixonantesdodesejo,asbuscas intrminasdogozocedemlugaraos compromissosiluminativos,quedesenhamafelicidadena almaematerializamnanocomportamento.

    Ser jovemno, somente, possuir foraorgnica, capacidadede sonhar edeproduzir,mas,sobretudo,poderdiscerniroqueprecisaserfeito,como executloeparaquerealizlo.

    Aescaladevalorespessoaisnecessitasermuitobemconsiderada,afim dequeotemponosejaempregadodeformacaticaemprojetosdesecundriaimportncia,emdetrimentodeoutroslaboresprimaciais,que constituemaprimeirametaexistencial,daqualdecorrerotodasasoutras realizaes.

    Soinfinitas,portanto,aspossibilidadesdavida,limitadaspelas circunstncias,pelo estgio de evoluo de cada homem e de cada mulher, que devem, desdeadolescentes, programaroroteirodaevoluoe seguircomsegurana,etapaaetapa,atomomentodesuaautorrealizao.

  • 26 DivaldoFr anco (peloEsprito Joannadengelis)

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    O adolescente, o amor e a paixo

    Perododeexubernciahormonal,aadolescnciasecaracterizapelos impulsosedesmandosdaemotividade.Confundemseasemoes,etodooserumconjuntodesensaesdesordenadas,numturbilhodeimpresses queaturdemojovem.Irrompem,naturalmente,osdesejosdasensualidade,eseconfundemossentimentos,porfaltadacapacidadedediscernirgozoe plenitude,xtasesexualeharmoniainterior.

    nessafasequeseapresentamaspaixesavassaladorase irresponsveisquedesajustamealucinam,gerandoproblemaspsicolgicosesociaismuitograves,quandonosocontroladaseorientadasno sentidoda superaodosdesejoscarnais.

    Subitamente o jovem descobre interesses novos em relao a outro, quelecomquemconviveenuncaantesexperimentaranadadeoriginal,quesediferenciasseda fraternidade, da amizade sem compromisso. A libido se lhe impe e propeleo arelacionamentos apressados quo ardorosos, que logo se esfumam. Quando noatendida,porcircunstnciasviolentas,dsurgimentoa estadosdepressivos,quepodemperturbarprofundamenteoadolescente,que passaacultivaropessimismoeaangstia,derrapandoemdesajustes psicolgicosdecursodemorado.

    O ideal, nesse momento, a canalizao dessa fora criadora para asexperinciasdaarte,dotrabalho,doestudo,dapesquisa,queatransformam emenergiasuperior, potencializadapelabelezae pelo equilbrio.Nesse sentido, devese recorreraosdesportos, ginstica, scaminhadase atividadesecolgicasque, almdeteis comunidade,tambmgastamo excessohormonal,tantofsicoquantopsquico.

    As licenasmorais da atualidade e os veculos de comunicao pervertidoscontribuem para um amadurecimento precoce, indevido, e a irrupo da libido, emrazodasprovocaesaudiovisuais,dasconversaes insanas,quetmsempreporbaseo sexo em detrimento da sexualidade, do conjunto de valores que se expressam napersonalidade,levaosjovensimaturosarelacionamentosinoportunos,porcuriosidadeou precipitao, impondolhes falsas necessidades, que passam a atormentlos,seviciandoos emocionalmente, ou empurrandoos para osmecanismos exaustivos daautossatisfao,comdesajustesdafunosexualemsimesmaagredidaementalmentemaldirecionada.

    O amor, na adolescncia, um sentimento de posse, que se apresenta comonecessidadedesubmeterooutrosuavontade,paraquesejamatendidososcaprichosdamaisvariadaordem.Porimaturidadeemocional,nessafase,nosetemcondiesdeexperimentar as delcias do respeitoaos direitos do outroaquem se dizamar, antes

  • 27 ADOLESCNCIAEVIDA

    impondosuaformadeser;nohcapacidadepararenunciaremfavordaqueleaquemsedirecionaoafeto,mas sedeseja receber sempre semapreocupaoda retribuioinevitvel,queo sustentculobasilardoamor.

    Oamorrealexpressodematuridade,defirmezadecarter,de coerncia,deconscinciaderesponsabilidade,quetrabalhamemfavordos envolvidosnosentimentoqueenergiza,enriquecendodeaspiraespelobom,pelobelo,pelafelicidade.Envolveseemternuraenoagride,sempredispostoaceder,desdequedoatoresulteobemestarparaoseramado.Rareia,como natural,noperodojuvenil,queotemposomenteconsolidamedianteas experinciasdosrelacionamentosbemsucedidos.

    Hjovenscapazesdeamaremprofundidade,semdvida,porseremEspritosexperientesnaslutasevolutivas,encontrandoseemcorposnovos, emdesenvolvimento,porminvestidosdacapacidadevigorosadesentire entender.

    Celebrizaramse, na Histria, os amoreslendrios de Romeu e Julieta,terminandoem tragdia,emrazoda imaturidadedosenamorados.Enquantoeles seentregaramaoautocdioinditoso,surgemasimagensalcandoradasda ternuradeDanteeBeatriz,deAbelardoeHelosa,amadurecidospelaprpria vidaedispostosrenncia,desdequeredundandoemfelicidadedooutro.

    Oamorproduzencantamentoeadorna aalmadebeleza,vitalizandoo corpodehormniosespecficos,pormoferecendocapacidadedesacrifcios inimaginveis.

    MariadeMadalena, jovempervertidaeenfermadaalma, encontra JesuseOama, tocada nos sentimentos nobres que estavam asfixiados pela lama das paixesservis,levantandoseparaadignificaopessoal.

    SaulodeTarso,aindajovem,perseguidorinclementedoshomensdocaminho,encontraJesuseenternecese,deixandosedominarpelaSua presenaedseLheatoholocausto.

    Maisdeummilhodevidas,queforamtocadaspeloSeuamor, facultaramsebanir, ultrajar, morrer, sem qualquer reao, confiantes na compensao afetiva quedefluidoamor,equeexperimentavam.

    No somente o amor na sua feio espiritual, mas tambm o maternal, ofraternal,osexual,quandonotempormetasomenteorelacionamentoclere, massim,aconvivnciaagradvelevitalizadoraqueseconverteemrazoda prpriavida.

    Apaixocomolabaredaquearde,devoraeseconsomeasimesmapelafaltade combustvel. O amor a doce presena da alegria, que envolve as criaturas emharmonias luarizantes e duradouras. Enquanto uma termina sem deixar saudades, ooutro prossegue sem abrir lacunas,mesmo quando as circunstncias no facultam apresena fsica. A primeira arrebatadora e breve; o segundo confortador epermanente.

    Dessemodo,explodemmuitaspaixesnaadolescncia,epoucasvezes nasceoamor que ir definir os rumos afetivos do jovem. nesse perodo que, muitoscompromissossefirmam,semestrutura para oprosseguimento,paraosdesafios,paraofuturo,quandoasaspiraesse modificamporimperativodaprpriaidadeeosquadrosde valores se apresentam alterados. Tais unies, nessa fase de paixes, tendem aofracasso,seporacasonoforemassentadasembasesdeseguranabemequilibradas.Passadoofogodosdesejos,terminaaunio,acabaoamor,que afinaljamaisexistiu...

  • 28 DivaldoFr anco (peloEsprito Joannadengelis)

    indispensvel que, no perodo juvenil, todos se permitam orientar pelaexperincia ematuridade dos pais e mestres, a fim de transitar com segurana, noassumindocompromissosparaosquaisaindanopossuiresistnciapsicolgica,moral,existencial.

    Cabe, portanto, ao adolescente, a submisso dinmica, isto , a aceitaoconscientedasdiretrizeseroteirosque lhes soapresentadospelosgenitores, no lar,peloseducadores,naEscola,afimdeseguiremsemdeixarmarcasna retaguarda.

    Adisciplinasexual,nessaocasio,contribuimuitoparaequilibraras emoesedinamizarasexperinciasfsicas,dandoresistnciapara enfrentar osapelosdaspaixestraumatizantesquesurgemcomfrequncianocursoda vida.

    Apaixo,naadolescncia,quandocultivadanosilnciodatimidez, transformaseemverdugocaprichosoquedilacerapordentro,conduzindoasuavtimaaestadospatolgicosmuitograves,deondepodemnascer manifestaespsicticasportadorasdetendnciascriminosaseperversas.

    Realizar a catarse das paixes, comunicandose com todos e vivendofraternalmente, em clima de legtima amizade, abre campo para as manifestaes daafetividadesadia,queseconverteemamor,medidaque transcorreotempoeapessoaadquire compreenso e discernimento a respeito dos objetivos essenciais da suareencarnao.

  • 29 ADOLESCNCIAEVIDA

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    O adolescente e o namoro

    Na fase da adolescncia, a atrao sexual portadora de alta carga demagnetismo. Surge,inesperadamente,anecessidadedeintercmbioafetivo,queo jovemaindanosabedefinir.Osinteressesinfantissosuperadoseasaspiraesacalentadasat ento desaparecem, a fim de cederem lugar a outras motivaes, normalmenteatravsdorelacionamentointerpessoal.Oshormnios,amadurecendoeproduzindoasalteraes orgnicas, tambm trabalham no psiquismo, desenvolvendo aptides eanseiosqueantesno existiam.

    Nesse momento, os adolescentes olhamse surpresos, observam asmodificaes externas e descobrem anseios a que no estavam acostumados. Sotomados de constrangimento numa primeira fase, depois, de inquietao, por fim, decertaaudcia,iniciandoseasexperinciasdosnamoros.

    Referimonos ao processo natural, sem as precipitaes propostas pelasinsinuaes,provocaeselicenasmoraisdetodaordemqueassolamo mundojuvenil,conspirandocontraasuarealizaointerior.

    Estimulados por essa falsa liberdade, mentalmente alertados antes deexperimentaremaslegtimasexpressesdosentimento,atiramsenadesabaladabuscado sexo, sem qualquer compromisso com a emoo, transtornandose e perdendo alinhadodesenvolvimentonormal, passoapasso,corpoemente.

    Prematuramente amadurecidos, perdem o controle da responsabilidade epassam a agir como autmatos, vendo, no parceiro, apenas um objeto de usomomentneo,quedeveserabandonadoapsoconbio,afimdepartirna buscadenovacompanhia,paraatenderasededevariaopromscuae alienadora.

    O namoro uma necessidade psicolgica, parte importante dodesenvolvimentodapersonalidadeedaaprendizagemafetivadosjovens, porquanto,naamizade pura e simples so identificados valores e descobertos interesses maisprofundos, que iro cimentar a segurana psicolgica quando no enfrentamento dasresponsabilidadesfuturas.

    Tratase de um perodo de aproximao pessoal, de intercmbio emocionalatravsdedilogosricosdeidealismos,depromessasquenemsempresecumprem,masquefazempartedojogoafetivoesonhos,quandoabeleza juvenilseinspiraeproduz.

    Asartes,emgeral,aliteratura,apoesia,aestticadescobriramnaafetividadejuvenilsuasverdadeirasmusas,quepassaramacontribuiremfavordoenriquecimento

  • 30 DivaldoFr anco (peloEsprito Joannadengelis)

    da vida, atravs das lentes rseas dos enamorados. Todo ummundo dourado e azul,trabalhadonasestrelasenoluar,noperfumedas floresenosfavniosdosentardeceres,aparecequandoosjovensse encontramedespertamintimamenteparaaafetividade.

    O recato, a ternura, a esperana, o carinho e o encantamento constituem asmarcas essenciais desses encontros abenoados pela vida. As dificuldades parecemdestitudas de significado e os problemas so teoricamente de soluesmuito fceis,convidandolutacomqueseestruturamparaos investimentosmaispesadosdofuturo.

    Odesconhecimentodocorpoeainexperinciadasuautilizao,nesse perodo,cedem lugar a um descobrimento digno, compensador, que predispe aosrelacionamentostranquilos,estimulantes.

    Igualmentenessecursodonamoroseidentificamasdiferenasde interesse,decomportamentopsicolgico,deatraosexualemoral,culturale afetiva.

    Oadolescente,svezes,encantador,quedespertasensualidadenosoutros,noconvviopodeapresentarsefrvolo,vaziodeidealismo,desprovidodebeleza,quesorequisitos de sustentao dos relacionamentos, e logo desaparece a atrao, que nopassavadeestmulosexualsemmaior significado.

    Quando o namoro derrapa em relacionamento do sexo, por curiosidade eprecipitao, sema necessriamaturidade psicolgica nem a conveniente preparaoemocional,produzfrustrao,assinalandooatocomfuturascoarctaes,quepassamacriar conflitos e produzir fugas, gerando no mundo mental dos parceiros receiosinjustificveisouressentimentosprejudiciais.Noraro,esseschoqueslevamaprticasindevidaseprefernciasmrbidas,quesetransformamempatologias inquietantesnareado comportamentosexual.

    natural que assim suceda, porque o sexo departamento divino daorganizaofsica,aserviodavidaedarenovaoemocionaldacriatura,nopodendoser usado indiscriminadamente por capricho ou por mecanismos de afirmao dapolaridadebiolgicadecadaqual.

    O indivduo tem necessidade de exercer a funo sexual, como a tem dealimentarse para viver. No obstante essa funo, porque reprodutora, trazantecedentesprofundosfixadosnospainisdoEsprito,arquivadosno inconsciente,queno interpretados corretamente se encarregam de levlo a transtornos psicticossignificativos.

    O perodo do namoro, portanto, preparatrio, a fim de predispor osadolescentes ao conhecimento das suas funes orgnicas, que podem ser bemdirecionadase administradas sem vilania,mantendo oalto padrode conscincia emrelaoaoseuuso.

    As carcias se encarregamde entretecer compensaes afetivas e preencherlacunasdosentimento, traduzindoanecessidadedocompanheirismo,daconversao,datrocadeopinies,dointercmbiode aspiraes.

    Omundocomeatambmaserdescobertoeprogramassodelineados,nessecomenosafetuoso,tendoemvistaapossibilidadedeestarprximodo serqueridoecomelecompartirdoreserepartiralegrias.

    Asdificuldadeseconflitosntimos,faceaproximaoafetiva,sodebatidosebuscamsefrmulasparasuperloseresolvlos.

  • 31 ADOLESCNCIAEVIDA

    Umauxiliaooutroeabremseoscoraes,pedindoauxliorecproco.Quandoisso no ocorre, h todo um jogo dementiras e aparncias que no correspondem realidade, e cada um dos parceiros pretende demonstrar experincias que noconsolidou, e que se encontram na imaginao, como decorrncia de informaesincorretasoudeusosinadequados,queexalta,tornandoseagressivoeprimrio,semapreocupaodecausarounotrauma noparceiro.

    Merece considerar, tambm, que nessa fase, o jovem desperta para as suasfaculdades paranormais, suas inseguranas e ansiedades esto em desordem,propiciando,pelanaturalleidecausaeefeito,aaproximaode antigoscomparsas,queprocedemdereencarnaespassadaseagorase acercamparadaremprosseguimentoainfelizesobsesses,particularmentena reasexual.

    Grande nmero de adversrios espirituais constitudo de afetosabandonados, trados,magoados, infelicitados, que no souberam superar o drama eretornamesfaimadosdepaixesnegativas,buscandoaquelesquelhescausaramdanos,afimdeseesforarem,investindo,dessemodo, furiososecruis,contraquemlhesteriaprejudicado.

    Esse um captulo muito delicado, que no pode ser deixado margem,merecendoanliseespecial.

    Assim, o namoro preenche a lacuna da imaturidade e propicia renovaopsicolgicaeconfortofsico,semardnciadepaixo,nemfrustraoamorosaantesdotempo.

  • 32 DivaldoFr anco (peloEsprito Joannadengelis)

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    O que o adolescente espera da sociedade e o que a sociedade

    espera do adolescente

    O adolescente um ser novo, utilizandose do laboratrio fisiopsquico emdiferenteexpressodaquelaaqueseacostumara.

    Algumas das suas glndulas de secreo endcrina, como a pituitriainicialmente, encarregamse de secretar hormnios que caracterizam as graves eprofundasalteraesnasuaorganizaofsica,afimdeque,noshomens,ostestculospossam fabricar testosterona, encarregada das definies sexuais masculinas. Nasmeninas,osovriosdoincioaolabordeproduzireeliminarestrgeno,quedepoissetorna cclico, assinalando as formas da puberdade e logo se transformando em ciclomenstrual. Os meninos igualmente experimentam uma produo de estrgeno, queprovm das glndulas suprarrenais, e contribuem para o desenvolvimento dos pelospubianosedemais alteraesexternasdoconjuntogenital,queseunemparaanunciarachegada dapuberdade.

    Os hormnios do crescimento, secretados pela tireoide e pela pituitria noperodo da puberdade, passam por significativa transformao e respondem peloalongamentoepesodocorpotambmdenominadoestirodecrescimento,queduraemmdiaquatroanos edefinemsuanovaestrutura eforma.

    Esseperodoturbilhonadonojovemlevaoaverdadeirascrisesexistenciaisdeidentidade, de contestao de valores, decorrentes das mudanas fsicas, sexuais,psicolgicasecognitivasaomesmotempo.

    Em razo da imaturidade, o adolescente espera compreenso e auxlio dasociedade,quelhedevefacultarcampoparatodososconflitos,noos refreandonemoscorrigindo, de forma que o mundo se lhe torne favorvel rea para as suasexperimentaes, nem sempre corretas, dando surgimento anovos conceitos e novaspropostasdevida.

    Essaaspiraojusta,noentantoonusmuitoaltoquandoosresultadosseapresentam funestosoudanosos, oquenormalmenteocorre, tendoseemvistaqueainadequaodojovemaoexistenteimpedeodeentenderoquesucede,nopossuindorecursosparasolucionarosdesafios quesurgemeatodosaguardam.

    Em se tratando de Espritoamadurecido por outras vivncias, o adolescente

  • 33 ADOLESCNCIAEVIDA

    compreende quea sociedade cumpre com deveres estabelecidos em programas vitaisparaoequilbriogeral,nopodendoalterlosabelprazer, afimdeatendersvariadasexigncias das mudanas constantes que tm lugar no comportamento dos seusmembros.Essescdigos,quando agredidos,produzemreaesquegeramdesconfortoemaior soma de conflitos, facilmente evitveis, se ocorre um engajamento que lhesmodifiqueasestruturas,favorecendocomnovosprogramasdeaplicaoexequvel.Emcasocontrrio,essa transformao seoperamedianteviolnciasquedesorganizamosgrupos sociais eosreconstroemsobreosescombros,assinalandoanovamentalidadecomos inevitveis traumasdecorrentesdosmtodosaplicadospara sanearoqueeraconsideradoultrapassadoesem sentido.

    Graasaoavanodoconhecimentoesconquistastecnolgicas,operododeadolescnciatemsidoantecipado,particularmentenasmeninas,oqueocorreemrazoda precocidade mental e da contribuio dos veculos de comunicao de massa,propondolhes uma variedade constante de projetos e necessidades, que sedecepcionam com a sociedade, que no est preparada para aceitar as imposiesconflitivasdoseuperodode transio.

    Nesse esfervilhar de emoes e de sensaes desconhecidas, o adolescentepretendequea sociedade compartilhedas suasexperinciasedeixeovontadeparaatendera todosos impulsos, e, quando issonoocorre,apresentamseos choquesdegeraoeasagressesdeparteaparte.

    Passada a turbulncia orgnica, equilibrandose os hormnios, o indivduopassa a reconsiderar os acontecimentos juvenis e faz uma nova leiturados seusatos,reprogramandose,afimdeacompanharoprocesso culturale socialnoqualseencontrasituado.

    O adolescente sempre espera da sociedade a oportunidade de desfrutar dosprazeres em indefinio nele mesmo. Estando em crise de identidade, no saberealmenteoquedeseja,podendomudardeumparaoutromomentoe isto nopodeserseguidopelogruposocial,queteriaodeverdeabandonaros comportamentosaceitosafimdeincorporarinsustentveiscondutas,quelogo cedemlugaranovasexperincias.

    Irreflexo,angstia,descontrolenasatitudessonaturaisnoadolescente,queirdefinindo rumosatencontrarummtododeadaptaodos seussentimentosaospadresvigenteseaceitos,ajustandose,porfim,aocontexto queantescombatia.

    A chegada da maturidade e da razo oferece diferente viso da sociedade,todaviaosatospraticadosjproduziramosseusefeitose,seforam agressivos,osdanosaguardamremoo,oupelomenosnecessria reparao.

    Porsuavez,asociedadeesperaqueoadolescentesesubmetaaosseus quadrosdecomportamentoestabelecido,muitasvezesnecessitadosderenovao,demudana,faceaosimperativosdaleidoprogresso.

    O adulto, representando o contexto social, acredita que, oferecendo aoadolescente os recursos para umaexistncia equilibrada, educao, trabalho, religio,esportes, etc., terse desincumbido totalmente do compromisso, no se devendopreocuparcommaisnadaeaguardandoarespostadoentendimentojuvenilmedianteapoioirrestrito,cooperaoconstante, continuidadedosseusempreendimentos.

    Seriatediosa,avidasocial,e retrgrada,sefossecontinuadasemas inevitveis

  • 34 DivaldoFr anco (peloEsprito Joannadengelis)

    mudanas impostas pelo progresso e trabalhadas pelas geraes novas, s vezesinspiradaspelopensamentofilosficooucientfico,peloidealismodabelezaedaarte,dareligioedatecnologia,queencontramnos jovensasuaforamotriz.

    Todos osgrandes empreendimentosemovimentos daHistria, surgidos nasalmasluminosasdoseminentesmissionrios,repercutiramnajuventudeeobtiveramarespostaemformadedesafioparaasuaimplantao,doque decorreramasadmirveistransformaessociaisehumanasquese impuseramnasucessodostempos.

    inevitvel,portanto,queoconflitodegeraes,queresultadoda imposiocaprichosadeparteaparte,sejaresolvidopelointercmbiode ideias ecompreensodenecessidades reais do grupo social e do adolescente, estabelecendose pontes deentendimentoecooperao,paraqueosdois extremosseacerquemdoobjetivo,queoauxliorecproco.

    A sociedade, na condio de bloco de identificao de valores, espera que oadolescentevenhapartilhardassuasdefiniessemastestar,semexperimentarasuafragilidadee resistncias, oque seriaumaacomodao, seno tambmuma formadesubmisso passiva, invivel para o ser em formao. A prpria identidade doadolescente, que est buscando rumos, reage contra tudo que se encontra feito,terminado,enopassoupeloseu crivo,noexperimentouasuaparticipao.

    Oadultodehojeesquecesedoseusuperadoperododeadolescnciaseque jocorreuquandotambmaneloumuitoenoconseguiutudoquantogostariaderealizar,foiaguardadoenocorrespondeuexpectativa dosseusancestrais.

    No obstante, isto no implica em aceitar toda imposio descabida ouqualquerindiferenamrbidapeloprocessosocial.

    Somente uma aproximao natural do adolescente, com o grupo social emtranquilaintegrao,resolveoquestionamentoquenosejustifica,limaasarestasdasdificuldadesexistentes,trabalhaasdiferenasdecomportamento e,juntos,avanamemfavordeumfuturomelhor,ondetodosestaro presentesconstruindoobem.

  • 35 ADOLESCNCIAEVIDA

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    A violncia no corpo e na mente do adolescente

    Aadolescnciasemprefoiconsideradaumperododifcilnodesenvolvimentodoserhumano,commaisdesafiosdoquenainfncia, criando embaraosparaoprpriojovemcomoparaos seuspaise todosaquelesquecomele convivem.TrezentosanosantesdeCristo,Aristtelesescreveraqueosadolescentes so impetuosos, irascveisetendemasedeixarlevarporseusimpulsos,demonstrandoumacertairritabilidadeemrelaoaocomportamentojuvenil.Porsuavez,Platodesaconselhavaousodebebidasalcolicas pelos jovensantesdos dezoitoanos, em razo da rpida excitabilidade dosmesmos, epropunha:Nosedespejarfogosobrefogo.

    Os conceitos sobre a adolescncia sempre ganharam aceitao,particularmentequandodenaturezacensria,intolerante.

    NosculoXVII,emsermofnebre,umclrigoafirmavaquea juventudeeracomoumnavionovolanadoaooceanosemumleme,semlastro,oupilotoparadirigilo, comoresultadodeumaobservaoexterna, semaprofundamento,demodoque sepudesse compreender as significativas transformaes que se operam no ser emformao, compelindoo para as atitudes anticonvencionais, perodo assinalado pormudanasestruturais.

    Essasmudanas,queseoperamnaformafsica,repercutem significativamentena conduta psicolgica, propondo diferentes relacionamentos com os companheiros,experimentandonovosmodeloseducacionais,vivenciais,enquantotodoeleseencontraem maturao biolgica apressada, sem precedentes na sua histria orgnica. Nesseperodo,compreensivelmente,surgemosconflitosdeidentidade, emtentativasinternasde descobrir quem e o que veio fazer aqui na Terra. Logo depois surgemlhe asindagaes de como conduzirse e qual a melhor maneira de aproveitar o perodopromissor,semocomprometimentodofuturo.

    Esseestadodemudanaspode serbreve, nas sociedadesmais simples,maisprimitivas,ouprolongado,nastecnologicamentemaisdesenvolvidas, podendodarsedemaneira abrupta, ou atravs de uma gradual transio das experincias antesvivenciadasparaasatuaisdesafiadoras.Emtodasasculturas,porm,apresentasecomum carter geral de identidade: alteraes fsicas e funcionais da puberdade,assinalandolheoincioinevitvel.

    Os hormnios, que desempenham um fundamental papel na transformao

  • 36 DivaldoFr anco (peloEsprito Joannadengelis)

    orgnicaenaconstituiodoselementossecundriosdosexo, igualmenteinterferemnaconduta psicolgica, fazendo ressuscitar problemas que se encontravam adormecidosno inconsciente profundo, na memria do Esprito reencarnado. Isto porque, areencarnaooportunidadederefazimentoedeadestramentoparadesafiossempremaioresemrelaoaosi,naconquistada imortalidade.Naadolescncia,emrazodastransformaes variadas, antigos vcios e virtudes ressumam como tendncias emanifestamse, exigindoorientaoe comando, a fimde seremevitadosnovosemaisgravescometimentosmoraisperturbadores.

    Localizadanabasedocrebro,ahipfisetemimportnciaespecialna propostado desenvolvimento da puberdade. Os seus hormnios permanecem inibidos at omomentoque sucedeumamadurecimentodas clulasdohipotlamo,que lheenviamsinais especficos, a fim de que os libere. Tal fenmeno ocorre em diferentes idades,nuncasendonomesmoperodoem todososorganismos.

    Esseshormniossoportadoresdeumacargamuitofortedeestmulossobreasdemaisglndulasendcrinas,particularmenteatireoide,aadrenal,ostestculoseosovrios,quepassamaproduzireativarosseusprprios, responsveispelocrescimentoe pelo sexo. Surgem, ento, os andrognios, os estrognios e as progestinas, estasltimas responsveis pela gravidez. No metabolismo geral, todos eles interagem deformaquepropiciemodesenvolvimentofsicoefisiolgico simultneos.

    Nesse perodo de transformaes orgnicas acentuadas, o adolescente, nopoucas vezes, sentese estranho a si mesmo. As alteraes experimentadas so tomarcantesqueeleperdeocontactocomasuaprpriarealidade,partindoentoparaodescobrimentodesuaidentidadedeforma estranha,inquieta,gerandodistrbiosquesepodemacentuarmais,casono encontreorientaoadequadaeimediata.

    Em razo da dificuldade de identificao do si, o jovem tem necessidade deajustarseimagemdoseucorpo,detendosenosaspectosfsicos,semumapercepocorretadarealidade,oqueoconduzaconcluses equivocadas,arespeitodeseramadoouno,atraenteourepulsivo,porfalta deumacapacidade realparaaavaliao.

    Nas meninas, o ciclo menstrual surge de uma forma desafiadora e quasesemprecausasurpresa,reaoprejudicial,quandonoestopreparadas,por ignoraremque se trata de umajustamento fisiolgico, aomesmo temposmbolo dematuridadesexual. A desorientao pode deixar sinais negativos no seu comportamento,particularmente sensaes fsicas dolorosas, rejeio e irritabilidade, na reapsicolgica, aps a menarca. Outras sequelas podem ocorrer na pr ou na psmenstruao,exigindo terapiaprpria.

    Osrapazes,porsuavez,senoesclarecidos,podemsersurpreendidoscomosfenmenos sexuais espontneos, como a ereo incontrolada e as ejaculaesdesconhecidas. Nessafaseelesvivemumespaonoqualtudopodetomar caractersticasdemanifestao sexual: odor, som, linguagem, lembrana... No sabendo ainda comoadministrar essas manifestaes espontneas do organismo, embaraamse edescontrolamsecomrelativafacilidade.

    Certamente,os jovensdaatualidadeseencontrammuitomaisinformadosdoqueosoutrosdasgeraespassadas,noobstanteessesconhecimentosestejammuitodistorcidosnamentejuvenil,oqueperturbaaquelesde formaotmidaouportadores

  • 37 ADOLESCNCIAEVIDA

    dequalquerdistrbioaindanodefinido.A questo da maturao sexual nos jovens no tem perodo demarcado,

    podendoserprecoceoutardia,queresultaemestadosdeapreensooudesequilbrio,inseguranaouaudcia,adependerdapersonalidade,nocaso, doEspritoreencarnadocomopatrimniodosmritosedvidas.

    Oamadurecimentopsicolgicofazse,nessaocasio,commaiorrapidez doquena infncia.Hmudanascognitivasmuitofortes,quedesempenhamumpapelcrticopara o jovem cuidar das demandas educacionais, sociais, vocacionais, polticas,econmicas,sempre cadadiamaiscomplexas.

    Asalteraesnosrelacionamentos,entrepaisefilhos,propem necessidadedemaior intercmbio no lar, a fim de proporcionar um desenvolvimento psicolgicosaudvel,quantointelectual,equilibrado.

    Umaoutraquestomuitosignificativadomomentodaadolescnciao conflitoentreorealeopossvel, vivenciadopelo jovemem transio.Aoconstatarqueorealdeixalhemuitoadesejar,porqueseencontranumperodo deenriquecimentopsquico,tornaserebeldeetranstornase,oquenodeixadeserumacaractersticatransitriadoseucomportamento.

    A harmonia que sedeveestabelecer entre o fsicoe opsquico, libertando oadolescentedaviolnciaexistentenoseumundointerior,serconseguidaaesforodetrabalho, de orientao, de vivncias morais e espirituais, o que demanda tempo eamadurecimento, compreenso e ajuda dos adultos, sem imposies absurdas,geradorasdeoutrasagresses.

  • 38 DivaldoFr anco (peloEsprito Joannadengelis)

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    A vida social do adolescente

    No perodo da adolescncia a vida social gira em torno dos fenmenos detransformao queafetam ocomportamento juvenil.Assim, a preferncia do jovemporoutrodamesmafaixaetria, os seus jogossopertinentessocorrnciasque lheesto sucedendo no diaadia.Huma abruptamudanade interesses, e portanto, decompanhias, que se tornam imperiosos para a formao e definio da suapersonalidade. Nomais ele se compraz nos encantamentos anteriores, nas coleesinfantisquelheeramagradveis,nemtampouconasaspiraesqueantesomantinhampresoaolar,aoestudoouaosesportesatentopreferidos.

    certo que existem grandes excees, porm, o normal a alterao deconduta social, face necessidade deafirmao damasculinidade ou feminilidade, dodescobrimentodasocorrnciasqueoafetamedecomoorientarorumodasaspiraesqueagoralhepovoamopensamento.

    A sua socializao depende, dealguma forma, de relativa independnciadospais, de ajustamento maturao sexual e dos relacionamentos cooperativos com osnovosamigosqueatravessamomesmoestgio.

    Para conseguir esse desafio, o jovem tem necessidade de programar edesenvolver uma forma de filosofia de vida, que o levar descoberta da prpriaidentidade.Paraessedesenvolvimentoelenecessitasaberquemeo quedevefazer,demodoquesepossaempenharnarealizaodonovo projetoexistencial.

    Ospais, por suavez,nodevem impediresseprocessode libertaoparcial,contribuindomesmoparaqueo jovemencontreaquiloaqueaspira,pormdeformaindireta, atravs de dilogos tranquilos e amigos, sem a superioridade habitualcaractersticadaidade,facultandomaisamplavisoemtornodoquepodesermelhorpara o desenvolvimento do filho, que deve caminhar independente, libertandose docordoumbilicalrestritivo.

    Esse fenmeno inevitvel e qualquer tentativa de restrio resulta emdesastre no relacionamento, o que bastante inconveniente. Os pais devemcompreenderquea suaatitudeagoradecompanheirismo,cujaexperinciadeve serpostaa servio do educando de formagentil e atualizada, porque cada tempo temassuas prprias exigncias, no sendo compatvel com o fenmeno do progresso oparalelismoentreopassadoeopresente,desdequesomuitodiferentesasimposiesexistenciaisdecadapoca.

    Odesenvolvimentosocialdo jovemderelevantesignificadoparatodaasua

  • 39 ADOLESCNCIAEVIDA

    vida, porquanto,aquelesqueno conseguemoempreendimentoderrapamnousodolcool, das drogas, na delinquncia, como fuga da sua realidade conflitiva. Um grandenmerodeadolescentes,noentanto,quetmdificuldadedessarealizao,quandobemdirecionados conseguem, embora com esforo, plenificarse no grupo social. Todosaqueles que ficaram na retaguarda correm o risco de percorrer as trilhas dodesequilbrio,dovcio,dacriminalidade.

    Esse desenvolvimento deve ser acompanhado de uma alta dose deautoconfiana, que comea com a gradual libertao da dependncia dos pais, antesencarregadosdetodasasatitudesedefinies,queagoravosendodirecionadaspeloprprio educando, naturalmente sob a vigilncia gentil dos genitores, para queamadurea nas suas aspiraes sexuais seguras, na preferncia pelos companheirosmaissaudveisedignos,naidentificaodo euprofundo,doquequerdavidaecomoirconseguir.Avocaocomeaa aparecernessafase,levandoojovemaintegrarsenoseumundo,ondelhe possveldesenvolveroqueaspira,semoconstrangimentodeatendera uma profisso que foi estabelecida pelos genitores sem que ele tenha qualquertendnciaouafinidadepara comamesma.

    Aquestoda independnciado jovemno contextodomstico,nesseperodo,nosimples,porqueafamliadseguranaecompensao,trabalhando,noentanto,embora de forma inconsciente, para que ele perca a oportunidade de definir apersonalidade, tornandose parasitado lar, peso inevitvel na economia da sociedadequedeleesperaesforoelutaparao contnuocrescimento.

    Nesse sentido, outra dificuldade consiste na seleo dos amigos,particularmentequandoestesseapresentamcomomodelosprfabricadospelamdia:musculosos,exibicionistas, semaspiraes relevantes, sensuais evaziosde significadopsicolgico, de sentido existencial. Outras vezes, enxameiam aqueles que se impempelaviolncia eparecemdesfrutardeprivilgiosconseguidosmedianteaprostituiodos valores ticos pelos comportamentos alienados. Ou ainda atravs da culturaunderground,promscuaevenal, que se faz exibidapor lderesdemassas, totalmentedestitudos de objetivos reais, assumindo posturas e comportamentos exticos, quechamam a ateno para esconder a ausncia de outros requisitos e que conspiramcontraodesenvolvimentodaprpriasociedade.

    So apresentados pela mdia como espcimes estranhos da fauna humana,atormentadoseagressivos,produzindo resultadossatisfatrios,porqueoferecemrendafinanceira aos promotores dos espetculos da insensatez... Tornamse ridculos eperdem o senso do equilbrio, caricatos e irreverentes, em tristes processospsicopatolgicosouvitimadosporestranhas obsessesqueosatormentamsemtermo...

    Os pais sempre desempenharo papel relevante na vida dos filhos,particularmente no momento da sua socializao. Se forem pessoas sociveis,equilibradas,portadorasdebonsrelacionamentoshumanos,vosetornarparadigmasdeseguranaparaosfilhosque,igualmenteacostumadosaosentidodeharmoniaedefelicidade domstica, elegero aquelas que lhes sejam semelhantes e formaro o seugrupodentrodosmesmospadres familiares,ressalvadososinteressesdaidade.

    Todo jovem aprecia ser amado pelos pais e desfruta essa afetividade commuito maior intensidade do que demonstra, constituindolhe segurana, que passa

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    adiante em forma de relacionamento social agradvel. Quando o convvio no lar caracterizadopelosatritosediscussessemsentido,asuavisodequeasociedadepadece da mesma hipertrofia de sentimentos, armandose de forma a evitarlhe ainterferncia nos seus interesses e buscas de realizao pessoal. Em consequncia,tornasehostilsocializao,em virtudedaslembranasdesagradveisqueconservadogrupofamiliar,que passa,nasuaimaginao,comosendosemelhanteaomeiosocialqueir enfrentar.

    O jovem convidado, por si mesmo, demanda de transformarse em umadulto capaz,que enfrente as situaes difceis com equilbrio, que inspire confiana,quesejaportadordeumaautoimagempositiva.Mesmoquandosetorna independentedosprogenitores,preservaasatisfaodesaberseamadoeacompanhadoadistncia,tendo a tranquilidade da certeza que a sua existncia no destituda de sentidohumanonemdevalorpositivoparaa sociedade.

    Seissonoocorre,elefazsecompetitivo,desagradvel,mesquinhoe inseguro,buscandooutrosequivalentesquepassamaagruparseemverdadeirashordas,porqueofenmenodasocializaocontinuaempredominncianasuanatureza,somenteque,agora,deformanegativa.

    Asocializaodojovemumprocessodelongocurso,queseiniciana infnciaedeveseracompanhadacommuitointeresseecuidado,afimdeque,naadolescncia,essedesenvolvimentonosefaatraumticonem desequilibrante.

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    Adolescncia, idade crtica? Crise de identidade

    Naadolescncia,aconquistada identidademuitorelevanteerelativamentecomplexa.Fasedemudanassobtodososaspectos,aojovemparececonfusodistinguirqual, quem ou como o verdadeiro eu. Igualmente, diante de tantos papis adesempenharnasociedade,poreleiniciadaumabuscanatentativa deencontrarasuaidentidadenoconjunto,aquelaquemelhorse ajustesua escaladeconceitos.

    A identidade o resultado dos valores que facultam a percepo do eu,separadoediferentedetodososdemais,queestejaemequilbrioecontinueintegrado,permanecendo,atravsdostempos,comosendoomesmo, podendoserconhecidopelasdemais pessoas e descobrindo como os outros so, o que constitui senso global decaracterizaodoego.

    Quaisquerinflunciasqueprejudiquemestaautopercepogeram confusodeidentidade, problemasparaconseguiraparticipao,a integraoeoprosseguimentodaconstruodaautoimagem.

    O conceito de identidade varia de povo para povo, diferindo muito o dosorientais em relao aos ocidentais, em razo das diferentes culturas e heranashistricas.Emtodaselas,noentanto,apessoadeveperceberseconsistente,distinta,eatcertopontoindependentedasdemais.

    Noperododaadolescnciaessabusca setornaafugente, porqueo jovemsepreocupamuitocomaaparncia,emrelaoaoqueosoutrospensam,decertomodorompendocomo passadoedefinindoosrumosdo futuro.Surgem,ento,asidentidadesindividuale grupal oucoletiva.A depender do estado psicolgico do adolescente, elepode destacarse, surgindo com os seus caracteres prprios, ou perderse no grupo,identificandosecomamaneiramassivadeapresentao,normalmentecomorebeldiacontraostatus.

    Para conseguir a sua identidade individual, pessoal, o jovemdependemuitodassuaspossibilidadescognitivas,quelheapresentamosrecursosdediferenciaodosdemais e lhe oferecem as resistncias para empreender a tarefa de fixao dessesvalores num todo harmnico, desenvolvendo os seus comprometimentos pessoais,sexuais,ocupacionais,culturais,etc.

    H,naturalmente,muitosimpedimentosparaqueessefenmeno acontea como xito que ser de desejar. Um deles a interrupo do processo de construo da

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    identidade,quepodeacontecerdeformaadefinir, prematuramente,aautoimagem,queir perturbar a caracterizao de outros valores e recursos que trabalham pelaautodefinio, pela autorrealizao. A sua escala de compreenso deficiente e seestrutura namaneira pela qual os outros o vm, permitindose ceder ante presses,tornandoseassimpessoaespelho, arefletiroutrasimagensquenooseuprpriosi.

    Quasesempre,ojovemquesofreessetipodeimpedimento,encontranospais,especialmente no genitor, quando do sexo masculino e, na me, quando do sexofeminino, uma identificao muito forte que o impede de ser livre, no sabendoresponder adequadamente quando confrontado com deveres desafiadores, atividadesexigentesecomportamentosinesperados.

    Outros,tambmconfrontadoscomosproblemasedesafiosdasmudanasqueneles se operam, perdem o senso de identidade, no se libertando das vinculaesanteriores,noconseguindoencontrarse,oudesligandosedafamlia,dogruposocial,do pas, e sendo vtima de umaadaptaoenferma, que se prolonga indefinidamente,sem capacidade para relacionamentos duradouros, para atitudes normais, para asexpressesde lealdadeedeafeio.

    Muitas vezes, esse conflito, essa dificuldade de identificao, pode oferecermaior maturidade ao jovem, no futuro, porque trabalha em favor da sua seleo devalores e de contedos, adquirindo maior capacidade criativa, melhor maneira deelaborarideiasedecaracterizardefinies,doqueosoutrosqueprecipitadamentesefirmaramemdeterminadosquesitosque elegeramcomoformadeidentidade.

    Os jovens, igualmente experimentam dificuldade em estabelecer os padresqueaconstituem,eessesvariammuitodeacordocomosrelacionamentosdomsticos valoresreligiosos,familiares,sociais, econmicos culturaisesubculturaisemesmoasconstantesmudanas sociais,quetrabalhamcontedosdiferentes.

    Alguma confuso, portanto, nesse perodo, pode redundar saudvel para aformaodaidentidadedoadolescente,semoexagerodeumtranstorno prolongado.

    Outro fatorquemereceanliseoda identidade sexual.H jovensque logodefinemeaceitamasuanaturezaessencial,masculinaoufeminina.Nessaoportunidadesurgemosconflitosmaisfortesdotransexualismoedohomossexualismo,algunsdelescomoresultadodefatoresgenticos,trabalhadospeloEspritonaconstituiodocorpoatravs da reencarnao, que se utilizou do perisprito para a modelagem da formaorgnica, outroscomoefeitoda condutafamiliar ou social, e, outrosmais, ainda, pelanecessidade de ser trabalhada a sexualidade como diretriz preponderante para aaquisioderecursosmaiselevadosedifceisdeseremconquistados.

    Quandoessaidentidadesexualprematura,oadolescentesofredeumefeitoapenasbiolgico, sempreparaopsicolgicaparao comportamentoalgoestressante.Quando atrasada, reaes igualmente psicolgicas podem levar a uma hostilidade aoprpriocorpocomoaodosoutros.

    A identificao sexual do indivduo equilibrado fazse definir quando seharmonizamaexpressobiolgica anatmica comapsicolgica, expressandosedeforma natural e progressiva, sem os choques da incerteza ou da incapacidadecomportamentaldiantedarealidadedofenmenosexual.Umaidentidadeamadurecidafacultalheumaboadosedeautoestima,detolernciaemrelaosdemaispessoas,de

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    afetividade sem prejuzos emocionais, de comportamento sem esteretipo, de lucidezquefacilita enfrentardesafioscomnaturalidade.

    Assim,aadolescnciaumaidadecrtica,noquedizrespeitoaoprocessodeadaptaoedefiniodeconceito,decomportamento,de realidade.

    Paraoadolescente,omundoparecehostil,agressivo,compadresdifceisdeser alcanados, e que o ameaam. Sentindose diferente das demais pessoas, luta,interiormente, para reconhecer como agir e quais os recursos de que dispe, paracolocara serviodasuarealizaopessoal.Poroutrolado,muitasculturasconsideramojovemcomoumrebelde,egosta,agressivo,equipandosedeconceitosqueexigemdojovemsubmissoedependncia,dificultandolheoacessoaoportunidadesdetrabalho,de criao, de realizao pessoal, porque ainda no est definido, nem possuiexperincia... Convenhase que experincia resultado da habilidade adquiridamediante o desempenho do trabalho, e somente ser conseguida se for facultada aoportunidadederealizao.

    Essechoqueentreovelhoeonovoconstituidesafioparaambosseafinarem,adaptandoseojovemaocontextosocial,semabdicaodosseus valores,comotambmda intil luta agressiva contra oque depara, porm trabalhando para amudana dosparadigmas; e ao adultocabea aceitaodeque a vida umaconstante renovaoeininterruptamudana,ricadetransformaodeconceitosqueavanamparaosentidoticoelevadoe libertador,noqualascriaturasseencontrarofelizeseunidas.

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    Influncia da mdia no processo de identificao do adolescente

    Em um mundo que, a cada instante, apresenta mudanas significativas, oprocessodeidentificaodoadolescentefazsemaisdesafiador,emrazodas diferenasdepadresticosecomportamentais.Osmodelosconvencionais,vigentes,paraele,sopassveis de crticas, em razo do conformismo que predomina, e aqueles que soapresentados trazemmuitosconflitos embutidos,queperturbamavisodarealidade,no sendoaceitosdeimediato.

    Tudo,emtornodojovem,caracterizasepormeiodeformasdeinquietaoeinsegurana.Nolar,asimposiesdospais,nemsempreequilibrados,direcionados porcaprichose interesses,muitasvezes,mesquinhos, empurramo jovem,des