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Adriele Machado Cassiano
Ativismo a partir das redes sociais
CELACC / ECA - USP
2011
Adriele Machado Cassiano
Ativismo a partir das redes sociais
Artigo cientfico apresentado para a concluso do
Curso de Ps-Graduao em Mdia, Informao e
Cultura do Centro de Estudos Latino-Americanos
sobre Cultura e Comunicao da Universidade de
So Paulo, sob orientao do Prof. Dr. Dennis de
Oliveira.
CELACC / ECA USP
2011
AGRADECIMENTOS
Agradeo ao orientador Prof. Dr. Dennis de Oliveira, pela ateno dada
para me instruir, da melhor forma possvel, a executar este artigo cientfico.
s grandes e instigantes aulas durante o curso, que contriburam para o
meu crescimento intelectual, pessoal e profissional.
Aos meus colegas de sala, pelo apoio e troca de informaes.
minha famlia e ao meu namorado, Yuri Ferreira, que estiveram sempre
ao meu lado, incentivando-me nos estudos.
A todos que me ajudaram direta ou indiretamente a concluir este trabalho.
Agradeo a Deus por tudo!
ATIVISMO A PARTIR DAS REDES SOCIAIS
Adriele Machado Cassiano1
Resumo: Apesar de vrios pensadores considerarem a internet um meio que isola
o indivduo, nos ltimos anos, este meio de comunicao foi utilizado para unir as
pessoas em prol de um mesmo ideal atravs das mobilizaes sociais. Na
sociedade em rede, que utiliza como ferramenta principal a internet para se
comunicar e se organizar, a informao produzida e disseminada
democraticamente. Aparelhos mveis, como notebooks, celulares e tablets, e redes
sociais, como Facebook e Twitter, so instrumentos que facilitam a ao de
ativismos, ao atingirem de forma instantnea e simultnea um grande nmero de
internautas. Na Era da Tecnologia da Informao, as redes sociais so pontos
iniciais para as mobilizaes sociais.
Palavras-chave: Ativismo; mobilizao; redes sociais; sociedade em rede.
Abstract: Although many thinkers consider internet something which isolates
people, this means of communication has been used lately to join people with the
same ideals with social mobilization. In the network society, which uses the internet
as the main tool to communicate and organize themselves, information is produced
and disseminated democratically. Mobile apparatus, such as laptops, cell phones and
tablets, and social networks, like Facebook and Twitter, are instruments which
facilitate the deeds of activists by reaching a great number of internet users instantly
and simultaneously. In this Age of Information Technology, the social networks are
the starting points for social mobilizations.
Keywords: Activism; mobilization; social networks; network society.
1 Graduada em Rdio e TV pela Faculdade de Comunicao e Marketing da Fundao Armando
Alvares Penteado, ps-graduando em Mdia, Informao e Cultura pelo Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicao da Universidade de So Paulo sob orientao do Prof. Dr. Dennis de Oliveira. E-mail: [email protected].
mailto:[email protected]
Resumen: Aunque muchos pensadores consideran que el Internet es una forma
que asla al individuo, en los ltimos aos, este medio se utiliz para unir a la gente
hacia el mismo objetivo con los movimientos a partir de las redes sociales. En la
sociedad en red, como la principal herramienta que utiliza el internet para
comunicarse y organizarse, la informacin se elabora y difunde democrticamente.
Los dispositivos mviles como porttiles, telfonos celulares y tablets, y las redes
sociales, como Facebook y Twitter, son instrumentos que facilitan la accin de
activismo para alcanzar instantneamente y simultneamente un gran nmero de
usuarios de internet. En la Edad de la Tecnologa de la Informacin, las redes
sociales son puntos de partida para las movilizaciones sociales.
Palabras clave: Activismo; movilizacin; redes sociales; sociedad en red.
SUMRIO
I. Introduo 08
II. Sociedade em Rede 09
1. Ativismo na sociedade em rede 12
2. Ativismo a partir das redes sociais 15
III. Pesquisa de Campo A Mobilizao do Churrasco da Gente
Diferenciada 18
1. Anlise de publicaes miditicas sobre o Churrasco 19
IV. Consideraes Finais 21
V. Referncias Bibliogrficas 24
Lista de Figuras
Figura 1: Jovens do mais valor a internet que a namoro, moradia e carro 10
Lista de Tabelas
Tabela 1: Redes sociais 16
8
I. Introduo
O final do sculo XX e o incio do XXI so marcados pela Era da
Informao, perodo em que todos buscam, justamente, informao, trabalham com
ela e para ela. Este novo milnio ficou caracterizado com a presena das tecnologias
da informao como extenses e amplificadores da mente humana. A rede a
mensagem, afirma o socilogo espanhol Manuel Castells (2003, p. 07), ao fazer
uma analogia com os estudos do filsofo e educador canadense Marshall McLuhan;
para este, o meio a mensagem, ao se referir aos meios de comunicao como
extenses do homem. E, assim, migramos do mundo de comunicao da Galxia
de Gutemberg (CASTELLS, 2003: p. 08), com a difuso da mquina impressora,
para a Galxia da Internet (CASTELLS, 2003: p. 08), com uma sociedade toda
interconectada na rede.
Atualmente, a internet faz parte integral da vida do ser humano. Apesar
de ainda lutarmos no Brasil pela incluso digital, essa ferramenta revolucionou a
forma de pensarmos, agirmos, comunicarmo-nos, organizarmos, relacionarmo-nos.
Alm disso, essa tecnologia possibilitou a democratizao da informao, pois,
agora, cidados comuns tm um espao para serem ouvidos, j que ela possibilita a
participao do usurio, que deixa de ser passivo, como acontecia em outros meios
de comunicao, como o rdio e a televiso. Embora muitos pensadores defendam
que a internet pode conduzir ao isolamento social, as redes sociais so plataformas
que podem servir para unir internautas com ideais semelhantes.
A internet foi criada justamente para a troca de informaes on-line.
Pesquisadores, na dcada de 1960, estimulavam o desenvolvimento do software em
computao interativa, a partir de um programa de pesquisa militar dos Estados
Unidos. Como a internet tem como principal caracterstica descentralizar a
informao, diferente dos outros meios de comunicao, o Departamento de Defesa
Americano, na poca em que acontecia a Guerra Fria, desenvolveu essa ferramenta
como uma forma de proteger o sistema de comunicaes contra ataques soviticos.
Mesmo que tenha recebido financiamento blico, a internet surgiu sem interesses
comerciais ou apropriaes estatais e foi desenvolvida por cientistas e tcnicos
norte-americanos e de outras nacionalidades principalmente europeus.
Mas, para os empresrios e para a sociedade em geral, foi na dcada de
1990 que a internet realmente passou a existir, graas ao desenvolvimento do
9
sistema world wide web, conhecido como www, uma teia global infinita que forma
uma rede de informaes on-line e conecta o mundo. nesse ciberespao, a partir
de redes sociais como Facebook e Twitter, que ativistas encontraram uma forma de
alcanar, instantaneamente, o maior nmero de pessoas para organizar uma
mobilizao social.
Muitas manifestaes que, atualmente, comeam em pginas virtuais se
estendem para as ruas, e esse tem sido o grande tormento das autoridades
mundiais. Em 2011, por exemplo, a Primavera rabe mostrou que as manifestaes
atravs das redes sociais so essenciais para a criao de uma situao poltica em
questionamento aos ditadores. Diante de um regime autoritrio, cidados do Egito e
da Lbia encontraram na internet um espao para discutir e se unir contra o governo.
Tais mobilizaes colocaram em xeque ditadores que estavam h dcadas no
poder.
A eficcia desses ativismos, que comearam na internet, existe graas ao
territrio on-line democrtico e livre, em que as pessoas podem se expressar e criar
debates. Na Era da Tecnologia da Informao, usurios ativos no so apenas
meros receptores de informaes, eles so tambm produtores de contedo e
dissipadores de ideias. Neste novo milnio, lutas, questionamentos, assentimentos
ou ainda dissenses, podem ser feitos a partir dessa ferramenta universal, a internet.
Como define Castells (2003: p. 114): o ciberespao tornou-se uma gora eletrnica
global em que a diversidade da divergncia humana explode numa cacofonia de
sotaques.
II. Sociedade em Rede
Em qualquer lugar em que uma pessoa esteja possvel que ela fique
conectada ao mundo, seja com o trabalho, com as relaes afetivas, com as
economias, com as notcias nacionais e internacionais. Tudo isso s exequvel
graas criao de uma tecnologia que age sobre a informao a internet e
tambm ao desenvolvimento dos aparelhos tecnolgicos mveis multifuncionais que
permitem essa conexo imediata. Esse meio de comunicao foi totalmente
acoplado pela sociedade do sculo XXI que, atualmente, no consegue viver sem
ela.
10
Uma pesquisa com jovens de at 30 anos de 14 pases, realizada
recentemente pela empresa de tecnologia Cisco e divulgada no site do jornal Folha
de S. Paulo, mostrou que a internet to importante quanto gua, comida e
moradia; essa foi a afirmao de trs em cada cinco estudantes e jovens
profissionais do Brasil. Eles afirmaram, ainda, que, entre ter acesso rede ou ter um
carro prprio, a maioria prefere a opo da navegao on-line. Quanto
comparao com outras atividades, 72% dos universitrios brasileiros preferem
acessar a internet a sair com os amigos, ouvir msica ou namorar.
Figura 1: Jovens do mais valor a internet que a namoro, moradia e carro2.
A organizao Internet World Stats, responsvel pelo monitoramento do
crescimento da internet em todo o planeta, registrou um aumento de 450% de uso
em onze anos, j que, no final do ano 2000, havia cerca de 360 milhes de acessos,
e, em maro de 2011, foram mais de 2 bilhes de usurios, o que equivale a 30,2%
2 FOLHA DE S. PAULO. Disponvel em: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/978270-jovens-dao-mais-valor-a-internet-que-a-namoro-moradia-e-carro.shtml.
11
da populao mundial. Apesar do crescimento acelerado de novos internautas, essa
porcentagem ainda distribuda desigualmente pelo mundo: enquanto na Amrica
do Norte a penetrabilidade da tecnologia na populao de 78,3%, na frica apenas
11,4% da populao tem acesso rede mundial de computadores.
Embora o acesso ainda seja limitado para a populao mundial e a
distribuio irregular, a internet j mostra ser um meio tecnolgico em potencial para
a sociedade civil global, que a emprega como uma ferramenta transformadora e
tambm em constante transformao.
Essa sociedade, denominada por Castells (2007: p. 21) como sociedade
em rede, utiliza as tecnologias de informao e comunicao para se articular
socialmente. As tecnologias, bem como a internet, so instrumentos sempre em
processo de desenvolvimento graas mente humana, que fora direta de
produo capaz de, consequentemente, alterar a forma que a prpria sociedade
interage e se organiza entre si. Afinal, a internet um instrumento que desenvolve,
mas que no muda os comportamentos; ao contrrio, os comportamentos
apropriam-se da internet, amplificam-se e potencializam-se a partir do que so
(MORAES, 2004: p. 273).
A sociedade em rede caracterizada por invalidar o tempo e o espao, j
que h uma mistura de tempos dentro dos canais de comunicao e tambm uma
instantaneidade da informao com alcance mltiplo. Essa sociedade est em
constante mudana, com fluidez organizacional, adaptvel, dinmica, suscetvel a
inovaes, aberta para o desenvolvimento e para o novo e com mais velocidade do
que no passado. As atividades humanas, sejam elas no campo poltico, cultural,
econmico, so hoje moldadas a partir dessa tecnologia da informao e mantm
uma interdependncia global.
A rede de comunicao que move a sociedade um conjunto de ns
conectados com mesmos cdigos, que se integram e se expandem de forma
ilimitada, possibilitando a comunicao entre os usurios. Muitos desses usurios
so tambm produtores dessa tecnologia, pois eles acabam aprendendo a
desenvolver esse instrumento, utilizando-o e fazendo-o. Deste modo, qualquer um
contribui para o seu aprimoramento na criao de contedo interativo de
comunicao. Esse processo de constante desenvolvimento do sistema tecnolgico
vem desde o seu surgimento e ainda acontece nos dias atuais. Afinal, os cdigos da
12
internet foram e continuam sendo cdigos abertos, para que essa seja uma
tecnologia em constante inovao, um instrumento de comunicao livre.
Nesse contexto, a internet pode ter potencial para se tornar uma mdia
radical, como define o socilogo especialista em comunicao John D. H. Downing
(2001: p. 33). Essa mdia alternativa oferece a expanso da informao, da reflexo
e da troca, diferente da mdia convencional hegemnica, que impe e manipula tudo
isso, depende apenas de como ela usada.
Sendo assim, como toda a informao est na rede e qualquer cidado
pode utiliz-la para se expressar, os ativistas se apropriaram dessa nova mdia para
disseminar informao, organizar e mobilizar a populao, mas Castells (2003: p.
114) levanta uma questo pertinente:
O ciberespao torna-se um terreno disputado. No entanto, ser puramente instrumental o papel da Internet na expresso de protestos sociais e conflitos polticos? Ou ocorre no ciberespao uma transformao das regras do jogo poltico-social que acaba por afetar o prprio jogo isto , as formas e objetivos dos movimentos e dos atores polticos?
Afinal, quais so as caractersticas das mobilizaes sociais produzidas
pela sociedade em rede? Como os ativistas utilizam a internet para informar,
organizar e recrutar? Como um internauta pode se transformar em um ativista a
partir das redes sociais?
1. Ativismo na sociedade em rede
Na Era da Informao, da globalizao e do desenvolvimento tecnolgico,
a sociedade em rede se organiza de uma nova forma, luta por diferentes conflitos e
objetivos e possui novas demandas, se comparada a pocas anteriores, quando no
havia a presena, principalmente, da internet. Nas ltimas dcadas, os movimentos
sociais no se limitaram apenas poltica, religio ou s questes
socioeconmicas e trabalhistas, como no passado. No novo milnio, a sociedade em
rede luta por reconhecimento, identidade cultural, incluso social, alm dos
movimentos sociais globais. Mesmo as lutas sociais tidas como tradicionais ainda
esto presentes, mas elas ressurgem reconfiguradas, com novas propostas e
objetivos, como, por exemplo, o movimento social indgena, que assume no apenas
um carter de resistncia, mas tambm luta por direitos, como o reconhecimento e
respeito s suas culturas e escolarizao da prpria lngua.
13
Movimentos de camadas populares agora dividem espao com
movimentos sociais de outras camadas, como a dos ambientalistas, das mulheres,
dos gays. Tais movimentos no lutam por resultados to calculados, como o dos
operrios; os movimentos da sociedade em rede so, essencialmente, de valores
culturais e no tm um objetivo concreto em que o Estado possa intervir. So
mobilizaes que buscam maior visibilidade, identidade social e respeito perante o
resto da populao. Os ativistas desses movimentos sociais utilizam a internet para
expandir suas ideias e alcanar mais adeptos s manifestaes.
Neste contexto, os movimentos discutidos na nova mdia acabam
ultrapassando as fronteiras do pas de origem pelo alcance ilimitado da informao.
Diferente das mdias hierrquicas, que manipulam informaes de acordo com os
prprios interesses, nessa mdia alternativa qualquer pessoa pode se expressar
igualmente. Assim, apesar dos movimentos sociais agirem localmente, eles tm
alcance e impacto globais. Um exemplo de manifestao de grande impacto foi um
movimento criado, em setembro de 2011, contra a corrupo no Brasil. A populao
se organizou por meio de redes sociais e, com data e hora marcadas, saiu s ruas
para protestar contra esse ato presente no cenrio poltico a corrupo. Outro
exemplo, agora de impacto internacional, foi a manifestao contra a crise
econmica global, conhecida como Ocupe Wall Street. As mobilizaes tambm
comearam atravs de redes sociais como Facebook, Twitter e blogs, tambm em
setembro de 2011, e os protestos dos chamados indignados foram aderidos por
diversos pases da Europa e da sia, os organizadores das marchas acreditavam
que manifestaes sejam realizadas em at 951 cidades de 82 pases3.
Sendo assim, a internet mais do que um mero instrumento tecnolgico
dos movimentos sociais:
Ela [internet] se ajusta s caractersticas bsicas do tipo de movimento social que est surgindo na Era da Informao. E como encontraram nela seu meio apropriado de organizao, esses movimentos abriram e desenvolveram novas avenidas de troca social, que, por sua vez, aumentaram o papel da Internet como sua mdia privilegiada. (CASTELLS, 2003: p. 115)
A internet um meio de comunicao e tambm a infraestrutura de uma
organizao que se tornou indispensvel para o tipo de movimento social que
3 G1. Indignados se mobilizam para realizar protestos em 82 pases. Disponvel em:
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/10/indignados-se-mobilizam-para-realizar-protestos-em-82-paises.html.
14
emerge nos dias contemporneos na sociedade em rede. Ao mesmo tempo em que
a sociedade se modifica atravs dos movimentos sociais, a internet se transforma
junto com essa sociedade.
Alm de todas as modificaes ocorridas na sociedade em rede quanto
nova forma organizacional do movimento social no novo milnio, a sociloga Maria
da Glria Gohn afirma que alguns estudiosos teorizam o termo movimento social
tambm chamado de associativismo como sendo uma organizao do passado,
e que, no Brasil, so os ativistas ou mobilizadores que esto presentes
atualmente:
A categoria movimento social tem sido substituda, na abordagem de vrios analistas, pela de mobilizao social, que tambm gera uma sigla M.S., voltada para a ao coletiva que busca resolver problemas sociais, diretamente, via a mobilizao e engajamento de pessoas. (GOHN, 2010: p. 28)
Contudo, Gohn defende que a mobilizao no domina completamente a
cena nem h um fim do movimento social; eles podem, muitas vezes,
entrecruzarem-se:
Os dados empricos indicam-nos que essas duas modalidades continuaro a existir por muito tempo. So duas formas de protagonismo civil que atuam segundo polos diferenciados da ao scia uma trabalha o campo do conflito e a outra o campo da cooperao e integrao social. (GOHN, 2010: p. 27)
Com a rede de comunicao, o ativismo ganha vida, significado e
dinmica prpria e deixa de ser apenas uma categoria do movimento social
institucionalizado. A internet facilita o acesso informao com maior velocidade,
caracterstica que torna as organizaes tradicionais estruturadas, formais e
permanentemente desnecessrias, j que, com apenas alguns cliques, possvel
atingir e ter retorno de muitos internautas, que tambm se tornam ativistas. Sem
uma organizao profissional tradicional, no h uma entidade central enraizada,
uma estrutura de base e comando, uma legitimao institucional, uma estruturao
organizada, mas isso no significa que a mobilizao se perca.
Entretanto, uma organizao iniciada na internet pode ser facilmente
aquecida quanto esquecida. No campo virtual, as mobilizaes sociais so
semiespontneas, efmeras, com coalizes frouxas, as decises so tomadas por
consenso, no h regras nem enquadramentos. Isso resultado da sociedade em
rede, ou tambm pelo que o socilogo polons Zygmunt Bauman (2001: p. 07)
15
chama de sociedade lquida, em que tudo efmero, passageiro, lquido. Muitas
das mobilizaes da Era da Tecnologia da Informao no tm bases fortalecidas e,
por isso, so aderidas com facilidade e tambm descartadas com rapidez, mas nem
por esse motivo elas deixam de alcanar os prprios objetivos. Afinal, tanto a
internet quanto muitas das propostas ativistas so assim: lquidas. , principalmente,
a partir das redes sociais, que permitido que esses ativismos espontneos
aconteam.
2. Ativismo a partir das redes sociais
Postar, twittar, curtir, comentar, compartilhar, seguir! Essas so
algumas das linguagens criadas e aes realizadas nas redes sociais existentes
atualmente como o Facebook, o Twitter, o Orkut as mais utilizadas pelos
brasileiros.
A rede social um espao virtual que no deixa de ser real, mas sim
imaterial, um territrio estruturalmente descentralizado que transpem as fronteiras
da nao e atinge o global. Essas redes so tecidas pelos atores sociais, ou seja,
a partir da relao entre os usurios que elas se constroem. Apesar de cada rede
social ter suas regras prprias, ela se torna apenas uma ferramenta, j que o
contedo produzido nela depende completamente da participao dos usurios. Por
isso, a rede flexvel, reversvel, pode se modificar, trocar, reprogramar, uma
construo coletiva, horizontal, multifacetada, compartilhada. Isso a torna um local
sem hierarquia, uma vez que todos tm os mesmos direitos no campo virtual da rede
social e , nesse local, que os ativistas encontram espao para disseminar
pensamentos livremente e atingir pessoas de diversos locais para transformar ideias
em aes coletivas.
A sociloga Gohn (2008: p. 445) lembra, em seu dossi, que as [...] redes
sociais passam a ter, para vrios pesquisadores, um papel at mais importante que
o movimento social. Mas eles a redefinem como redes de mobilizao social.
Algumas das principais caractersticas das redes sociais, como destacam
os jornalistas Osvaldo Len, Sally Burch e Eduardo Tamayo, no livro Movimientos
Sociales en la Red, feito a partir dos estudos de Manuel Castells so:
16
Tabela 1: Redes sociais. (LEN; BURCH; TAMAYO, 2001: p. 80, traduo minha)
Enquanto para os autores acima as redes sociais so instrumentos com
qualidades para as mobilizaes sociais, para o jornalista britnico Malcolm Gladwell
(2010) a revoluo no ser tuitada ttulo de seu texto.
Gladwell afirma que a falta de hierarquia nas redes sociais dificulta o
desenvolvimento efetivo de uma mobilizao social sria:
As redes no so controladas por uma autoridade central e nica. As decises so tomadas por consenso, e os vnculos que unem as pessoas ao grupo so frouxos. [...] As redes sociais so eficazes para ampliar a participao mas reduzindo o nvel de motivao que a participao exige. (GLADWELL, 2010)
Para Gladwell, importante que uma mobilizao com objetivo de
combater um sistema poderoso e organizado tenha uma hierarquia para pensar
estrategicamente na ao, caso contrrio, ela fica suscetvel a conflitos e a erros. Ele
acredita que as redes sociais podem at serem flexveis, adaptveis, fceis e
rpidas, mas os vnculos a partir das redes so fracos e raramente conduzem a um
ativismo mais denso, longo, e no imediato. Para ele, a rede serve para um tipo
especfico de causa.
Neste mundo sem hierarquia, tornar-se um ativista a partir das redes
sociais parece ser fcil j que o campo virtual livre e democrtico, mas essa
facilidade no implica que qualquer indivduo possa ser atuante e condutor de uma
Redes sociais
Atributos Caractersticas
Flexibilidade Tecidas por atores que as constituem. Construo-desconstruo permanentes.
Horizontalidade Descentralizadas, sem hierarquia.
Interconexo Fluxos multidirecionais de informao.
Articulao Possibilitam aes coletivas.
Multiplicao Impulsionam foras isoladas e dispersas.
Intercmbio Fundamentam-se com valores compartilhados.
17
mobilizao. O ativista precisa apontar um tema socialmente relevante, expressar os
prprios pensamentos, reforar na articulao, ser criativo, manter laos de inter-
relao. Ele precisa tambm ser informado, ter conhecimento do que defende e,
ainda, ter atitude em propor alguma ao de ativismo, persuaso para fazer que os
internautas se tornem seus aliados e para motiv-los a participar da mobilizao.
O que facilitou a comunicao entre usurios e ativistas foi a possibilidade
de acesso a essas pginas virtuais em qualquer lugar em que se esteja. Com o
desenvolvimento de aparelhos tecnolgicos mveis (celulares, notebooks e tablets)
e plataformas de redes compatveis a esses aparelhos, a conexo pode se tornar
constante e de fcil acesso. Assim, a transmisso para suscitar questes e forar um
debate instantnea e o retorno imediato.
Todavia, as mobilizaes no so feitas apenas no campo virtual, atravs
do computador, tablet, notebook ou celular. Elas no devem se limitar somente a
protestos on-line. A rede social um local para debates, sim, porm ainda a
partida inicial da batalha, e, para ganhar essa luta, preciso ir s ruas para
protestar. Os ativismos comeam nas cibercomunidades, mas se estendem para o
campo fsico, na tentativa de conquistarem seus ideais.
A internet torna-se um meio essencial de expresso e organizao para esses tipos de manifestaes, que coincidem numa dada hora e espao, provocam seu impacto atravs do mundo da mdia, e atuam sobre instituies e organizaes (empresas, por exemplo) por meio das repercusses de seu impacto sobre a opinio pblica. (CASTELLS, 2003: p. 117)
Um bom exemplo de ativismo no Brasil a partir das redes sociais,
realizado em maio de 2011 e que tomou rapidamente grande proporo e alcance
miditico, foi o Churrasco da Gente Diferenciada em So Paulo. Essa ao teve
incio por meio de trocas de mensagens entre usurios do Facebook sobre o
cancelamento da construo de uma estao de metr no bairro Higienpolis, aps
moradores da regio, que eram contra a obra, alegarem que a criao da estao
naquela localidade atrairia diferenciados na regio. Despertaram-se, ento,
inquietaes e revoltas democratizantes de uma parte da populao que saiu s
ruas para protestar contra os moradores elitistas do local.
18
III. Pesquisa de Campo A Mobilizao do Churrasco da
Gente Diferenciada
A suposta e futura estao Anglica Linha 6 Laranja do metr em So
Paulo causou muita polmica e levantou muitos debates entre a populao,
principalmente quando o governo confirmou que iria estudar tecnicamente a
mudana do local da estao na Av. Anglica. Na inteno de impedir que a obra
fosse realizada naquele local, um abaixo-assinado elaborado pela Associao
Defenda Higienpolis afirmava que, em um raio de 600 metros do local, j existiam
mais quatro estaes e que, se a construo ocorresse, deveria ser feita prximo
Avenida Pacaembu, e que a obra aumentaria o fluxo de pessoas diferenciadas,
popularizando o bairro, como se referiu a moradora da regio e psicloga Guiomar
Ferreira para a matria da Folha de S. Paulo.
Muitas pessoas, indignadas com o ocorrido, manifestaram nas redes
sociais suas revoltas contra a possibilidade de cancelar a construo do metr na
regio, pelo fato disso contribuir com o aumento de diferenciados no local. A notcia
logo virou piada na internet e, o que comeou com uma brincadeira na rede virtual
contra o elitismo abusivo, tornou-se algo grandiosamente srio.
O ativista e jornalista Danilo Saraiva teve, ento, a ideia de criar uma
mobilizao no Facebook, denominada como Churrasco da Gente Diferenciada, a
favor do metr em Higienpolis e contra os moradores que defendiam que o
transporte poderia popularizar o bairro. O convite na pgina do evento do Facebook
era feito com bom humor:
Como nosso bom senso no o forte, promoveremos agora um churrasco em frente ao shopping Higienpolis para mostrar que os ricos no chegam aos pobres, mas os pobres, sim, facilmente chegam aos ricos. Leve farofa, carne de gato, cachorro, papagaio, som porttil, carro tunado e tudo o que sua conscincia social permitir. Afinal a rua pblica, e o Higienpolis no est separado por muros. (SARAIVA, 2011)
Essa tal brincadeira foi logo ganhando grande proporo e muitos
debates. Mais de 55 mil internautas do Facebook confirmaram, em menos de uma
semana, a presena na mobilizao marcada para o dia 14 de maio de 2011, entre
as 14h e 22h30.
Nos dois dias anteriores data marcada para o evento, o ativista decidiu
cancelar a mobilizao, alegando que a Polcia Militar e a Companhia de Engenharia
19
de Trfego estavam preocupadas, pois a grande quantidade de pessoas nas ruas
iria obstruir a passagem de vias pblicas. Porm, depois, de algumas horas e muitos
pedidos, Saraiva remarcou o tal Churrasco.
Na data marcada, cerca de 900 pessoas compareceram mobilizao
nas ruas do bairro Higienpolis. O ativismo pacfico e livre de partidos no s
conseguiu que a prefeitura de So Paulo retomasse a ideia de construir a estao
de metr Anglica, que agora ficar entre as Ruas Sergipe e Bahia, a uma quadra
da Av. Anglica, como tambm o Ministrio Pblico afirmou que vai investigar as
intenes por trs do to falado cancelamento da estao Anglica.
1. Anlise de publicaes miditicas sobre o Churrasco
Sob a tica de diversas mdias on-line, o Churrasco da Gente
Diferenciada foi visto de diversos ngulos, com anlises e publicaes
diversificadas sobre o evento. Para examinar como foi feita a cobertura e debate
deste fato na blogosfera, foram escolhidos dois portais miditicos com
caractersticas e pblicos diferentes: O Globo (mdia tradicional e conservadora) e Vi
O Mundo (mdia alternativa e independente).
O jornal impresso, e tambm eletrnico, O Globo, fundada no Rio de
Janeiro em 1925 pela famlia Marinho (dona de diversas mdias como a TV Globo,
Rdio Globo, Rdio CBN), no deixou de cobrir as notcias da capital paulista. Alm
das matrias que noticiavam o fato, colunistas e blogueiros de O Globo abordaram
pautas diversificadas em suas pginas sobre o assunto. No blog do Ancelmo.com
a turma da coluna, o jornalista Aydano Andr Motta postou sobre o Churrasco no
mesmo dia em que a polmica da expresso diferenciada, utilizada pela moradora
do bairro Higienpolis, atingia as redes sociais, se tornava no Twitter o tpico mais
popular do dia no Brasil e virava mobilizao no Facebook. Mas, com um olhar
pessimista quanto s mobilizaes nas redes sociais, o jornalista termina o texto
com a seguinte frase: a internet s vezes nos d esperana. s vezes (MOTTA,
2011).
Ainda no portal O Globo, no Blog da Maria Helena, o texto Preconceito
flor da pele (RAMIREZ, 2011), escrito por Elza Ramirez, teve um vis mais crtico
ao ativista Danilo Saraiva, ao referi-lo como autor de uma brincadeira que no mediu
as consequncias ao fazer uma montagem fotogrfica do tal churrasco, usando uma
20
imagem do ex-governador paulista Jos Serra, e no do atual, Geraldo Alckmin. Ela
tambm criticou os internautas que debateram sobre o assunto nas redes sociais,
destacando os preconceitos feitos aos judeus, j que o bairro congrega uma das
maiores comunidades judaicas da capital paulista.
J o Blog do Noblat, ainda no portal O Globo, foi o que teve mais
postagens sobre o assunto: quatro, ao todo. Duas das matrias apenas citavam o
ocorrido; uma delas definia, no ttulo, o evento como um sucesso. As outras duas
falavam indiretamente sobre o Churrasco. Uma, intitulada como Rede social
um perigo... (NOBLAT, 2011), mostrava os cuidados que as pessoas pblicas
devem ter ao se expressar virtualmente, como foi o caso, citado na matria, do
comediante Danilo Gentili, que fez uma piada considerada de mau gosto sobre o
pblico judeu que mora em Higienpolis; assim, o comediante foi tachado como
preconceituoso. Outra matria, tambm no Blog do Noblat, foi postada pelo ex-
ministro da Casa Civil, Jos Dirceu, que discutia sobre o resultado do voto eleitoral
na Espanha e sobre o movimento 15 de Maio, organizado pela populao espanhola
a partir de redes sociais. Dirceu aproveitou para citar a repercusso do Churrasco
da Gente Diferenciada e a importncia da web como uma tima ferramenta para
mobilizaes populares. Para ele, o que acontece na internet hoje deve tambm ser
analisado pelos governantes e afirma que o enorme potencial da mobilizao pela
internet resulta em um embaralhamento saudvel do jogo poltico, que s tem como
resultado fortalecer a democracia no Sculo 21 (DIRCEU, 2011).
J, as pginas da mdia on-line independente Vi o Mundo, comandada
pelo jornalista Luiz Carlos Azenha, traziam textos com uma viso mais reflexiva e
positiva quanto ao evento do Churrasco feito a partir das redes sociais.
Em uma das publicaes de Luiz Carlos Azenha, levanta-se a questo de
que a ampliao da obra do shopping Higienpolis piorou de vez o trnsito no bairro,
mas que, aparentemente, ningum se organizou contra isso, como ocorrido com o
episdio do metr (AZENHA, 2011). Em outra pauta, Azenha discute os argumentos
propostos pela Associao Defenda Higienpolis de que no haveria necessidade
de construir duas estaes de metr prximas (com apenas 600 metros de
distncia), entre a suposta estao na Av. Anglica e a estao Mackenzie. Azenha
aponta o incentivo para o uso do transporte pblico, como feito em Nova York,
onde h estaes com distncia de menos de 200 metros, e que aqui deveria ser
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calculada a necessidade da estao na Av. Anglica atravs dos interesses do
conjunto de sistema e da cidade (AZENHA, 2011).
No texto As redes sociais e os interesses pblicos (AZENHA, 2011),
Azenha debate sobre a importncia da sociedade em se apropriar dessa potencial
mdia para os interesses pblicos. Enquanto o jornal impresso exibe matrias que
soam impessoais, a blogosfera e a rede social so espaos de expresso em tom
pessoal, testemunhal, com interao imediata. Na blogosfera, comentrios de
leitores podem virar notcia de primeira capa. Para ele, o episdio do metr talvez
tenha sido o resultado mais positivo: demonstrar para algumas dezenas de milhares
de pessoas que elas podem e devem influenciar as polticas pblicas, sempre
(AZENHA, 2011).
Em outro texto, Azenha mostra a fora dessa mdia, um meio com via de
vrias mos, horizontal, transparente, sem censura, em que leitores agora so
tambm produtores e pulverizadores de informao, ao opinarem ou apenas
compartilharem textos que julgam interessantes para os amigos. Sobre o
Churrasco, Azenha aponta:
Os colunistas de jornal que foram ao protesto miraram no particular (a suposta falta do povo na manifestao) e perderam o essencial: as redes sociais so muito eficazes para promover o que eu chamaria de coalizo de vontades. (AZENHA, 2011)
As alianas descentralizadas e apartidrias entre internautas se
fortalecem com as redes socais e os interesses pelas polticas pblicas crescem.
IV. Consideraes Finais
Foram mais de 55 mil internautas, entre moradores de So Paulo, fora do
Estado e ainda fora do pas, que confirmaram presena na pgina do evento
Churrasco da Gente Diferenciada, no Facebook, mas apenas cerca de 900
pessoas marcaram, de fato, presena nas ruas, o equivalente a uma mdia de 1,6%
de 55 mil. Mesmo que este seja um nmero expressivamente pequeno, a internet foi
a ferramenta necessria para que o cidado de qualquer parte do Brasil e do mundo
pudesse refletir sobre o problema civil e, ainda, opinar, compartilhar, ou apenas ter
conhecimento dos fatos. O ativismo dos diferenciados serviu de pauta para
pensarmos alm do caso em Higienpolis, mas na infraestrutura de todo o pas.
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Contudo, sair s ruas ainda um ato muito importante de ativismo a
partir das redes sociais e que no deve ficar restrito a um ativismo apenas nelas, j
que, com somente um clique, ao confirmar a presena, por exemplo, na mobilizao
no Facebook, no o suficiente para mudar ou reverter uma situao. Limitar-se ao
campo virtual acaba no trazendo resultados satisfatrios para uma mobilizao que
envolva outros grupos ou entidades na deciso final. Sair s ruas ainda fortalece a
mobilizao, causa presso, ou at mesmo reflexo, oposio e, assim, tem maior
propenso a conquistar o objetivo protestado.
A internet na vida da sociedade em rede mostra que ela mais do que
apenas uma ferramenta gerencial e organizacional: tambm o espelho do ser
humano, ao refletir todas as aes dele alm do campo virtual. Deste modo, como o
reflexo se altera conforme os movimentos da sociedade em rede, esse instrumento
ganha vida e se transforma mutuamente junto com essa sociedade.
Uma das principais vantagens da internet a de ser um espao livre para
se expressar, diferente da liberdade dita das grandes mdias que, na verdade,
filtram, omitem e manipulam informaes. A liberdade de expresso da internet deve
ser preservada, afinal, com ela que as mobilizaes ganham espao e o jornalismo
alternativo se mantm. Para que as mobilizaes a partir da rede social cresam e
se fortaleam, necessrio lutar tambm por outros ideais como: estender o acesso
virtual igualmente a toda populao, bem como aumentar a banda larga e de
qualidade para todos, e ainda lutar contra qualquer tipo de censura dos poderes
pblicos ou corporativos da internet.
Ao mesmo tempo em que a internet benfica para os movimentos
populares, importante lembrar que ela uma via de mo dupla, j que todos
podem ter acesso a ela, inclusive os governos. A mobilizao a partir das redes
sociais pode, dessa maneira, facilitar tambm o trabalho das autoridades, quando
estas monitoram as conversas nas redes, e se tornar uma fonte para colher dados
para arquitetar contrainsurgncias, podendo, ento, destruir as mobilizaes.
Todavia, as mobilizaes tm caminhos e resultados diferenciados, conforme a
desempenho da nao e do sistema poltico.
Nesta nova Era, em que a sociedade em rede bombardeada de
informaes a todo tempo, as mobilizaes se tornam, junto com as caractersticas
da sociedade, efmeras, velozes, semiespontneas. A falta de hierarquia e de uma
organizao institucional no atrapalha este tipo de mobilizao social da sociedade
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em rede, que luta principalmente pela afirmao da identidade, pelo respeito
diversidade ou, ainda, por interesses pblicos.
H estudiosos que defendam ser possvel o sucesso de uma mobilizao
social a partir das redes sociais; outros acreditam que, atravs desse meio de
comunicao, isso no possvel. Polmicas parte, no h uma resposta exata e
fechada quanto ao desempenho das mobilizaes a partir das redes sociais. Essa
questo fica em aberto, j que est em constante mudana, em desenvolvimento e
transformao, bem como acontece com a sociedade em rede e com a internet.
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