30
Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 1 ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA UNIÃO Consultoria Jurídica junto ao Ministério da Defesa Coordenação-Geral de Direito Administrativo e Militar PARECER 0915 /2013/CONJUR-MD/CGU/AGU PROCESSO NP 61001.003989/2010-78 INTERESSADO: Comando da Marinha ASSUNTO: Análise acerca da possibilidade de transferência de cotas-partes de pensão especial devida a filhas de ex-combatente às demais beneficiárias em caso de morte ou de renúncia expressa por parte de alguma das cotistas. EMENTA. SISCON CÓDIGO Ng 18.4. PENSÃO ESPECIAL. EX-COMBATENTE. ART. 30 DA LEI 4.242/63. BENEFÍCIO DE CARÁTER ASSISTENCIAL. FILHAS MAIORES. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DOS REQUISITOS PARA CONCESSÃO. REVERSÃO. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA. CONSULTA A SER RESPONDIDA NEGATIVAMENTE. 1. A pensão especial de ex-combatente constitui expressão unívoca, vale dizer, é empregada indistintamente para designar uma categoria de benefícios concedidos àqueles que fizeram parte da campanha brasileira durante o segundo conflito mundial. 2. Representa, em verdade, diferentes tipos de vantagens assistenciais - e até, mesmo, algumas contributivas -, cada qual pautada em uma hipótese de incidência diversa, regulada por diplomas específicos e ancorada em critérios próprios de habilitação e reversão. 3. Os requisitos necessários à concessão do benefício, bem como a posterior análise acerca da possibilidade, ou não, de reversão da pensão especial de ex-combatente deve, sempre e em qualquer circunstância, guardar consonância ao respectivo amparo legislativo, assim entendido aquele em vigor por ocasião do óbito do instituidor do benefício - na esteira do entendimento sufragado pelo E. STJ no julgamento do MS n2 21.707-3. 4. Na trilha da jurisprudência do C. STJ e com amparo no art. 30 da Lei n2 4.242/63, a filha maior de ex- combatente faria jus à percepção da respectiva pensão especial, se, e somente se, tal diploma estivesse vigente à época do falecimento do instituidor do benefício; o seu falecido genitor houver sido ex- combatente da Segunda Guerra Mundial, da FEB, da FAB ou da Marinha; o de cujus houver, efetivamente, participado de operações de guerra; o ex-militar houver sido considerado incapacitado; não possuir condições de prover os próprios meios de subsistência; e não perceber qualquer importância dos cofres públicos. 5. Nessa linha, eventual reversão de cota-parte do benefício decorrente do falecimento de cotista ou de sua renúncia em favor das demais beneficiárias, decerto, desafiaria a incidência dos comandos insculpidos na Lei n2 3.765/60. 6. Contudo, a leitura conjugada do art. 30 da Lei n2 4.242/63 e do art. 26 da Lei n2 3.765/60 aponta para uma outra direção, qual seja, a de que o legislador de 1963, em verdade, buscou referir à natureza intransferível da pensão deixada pelo ex-combatente, motivo pelo qual, quando houve por bem, fez menção expressa às hipótese de reversão à filha do militar falecido e a sua viúva; 7. O art. 30 da Lei n2 4.242/63 apenas permite ao aplicador do direito guiar-se pelos comandos dos arts. 26, 30 e 31 da Lei n2 3.765/60, sem qualquer referência ao art. 24 da Lei de Pensões Militares - este, sim, que, efetivamente, trata das hipótese de reversão da pensão militar; 8. Desse modo, uma vez concedida a pensão com amparo no art. 30 da Lei ne 4.242/63, - e considerando-se que foram devidamente preenchidos os requisitos exigidos em lei, como acima esclarecido - , não se há de falar em reversão decorrente do falecimento de qualquer dos beneficiários cotistas, tendo em vista, por um lado, o silêncio da própria Lei n 2 4.242/63 e do art. 26 da Lei n2 3.765/60, e por outro lado, da explícita menção à natureza intransferível dos benefícios contemplados no Decreto-Lei n2 1.544/39, na Lei n2 488/48 e na Lei n2 380/48. 9. O novo entendimento sobre .a questão torna superado, nesse aspecto, o Parecer n 2 125/2011/CONJUR/MD.' limo. Senhor Coordenador-Geral de Direito Administrativo e Militar, I - Relatório 1. Trata-se de processo administrativo decorrente do Ofício n 2 60-574/GCM-MB, de 1 de setembro de 2010 (vide fl. 03), por meio do qual o Gabinete do Comandante da Marinha encaminha ao Gabinete deste Ministério da Defesa cópia da Manifestação n 9 y Esplanada dos Ministérios, Bloco "Q", 72 andar, sala 720 - Brasília/DF - CEP: 70.049-900 Tel: (61) 3312-4015 - Fax: (61) 3312-8864 - E-mail: [email protected]

ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

  • Upload
    vungoc

  • View
    217

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 1

ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA UNIÃO

Consultoria Jurídica junto ao Ministério da Defesa Coordenação-Geral de Direito Administrativo e Militar

PARECER 0915 /2013/CONJUR-MD/CGU/AGU PROCESSO NP 61001.003989/2010-78 INTERESSADO: Comando da Marinha ASSUNTO: Análise acerca da possibilidade de transferência de cotas-partes de pensão especial devida a filhas de ex-combatente às demais beneficiárias em caso de morte ou de renúncia expressa por parte de alguma das cotistas.

EMENTA. SISCON CÓDIGO Ng 18.4. PENSÃO ESPECIAL. EX-COMBATENTE. ART. 30 DA LEI 4.242/63. BENEFÍCIO DE CARÁTER ASSISTENCIAL. FILHAS MAIORES. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DOS REQUISITOS PARA CONCESSÃO. REVERSÃO. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA. CONSULTA A SER RESPONDIDA NEGATIVAMENTE. 1. A pensão especial de ex-combatente constitui expressão unívoca, vale dizer, é empregada indistintamente para designar uma categoria de benefícios concedidos àqueles que fizeram parte da campanha brasileira durante o segundo conflito mundial. 2. Representa, em verdade, diferentes tipos de vantagens assistenciais - e até, mesmo, algumas contributivas -, cada qual pautada em uma hipótese de incidência diversa, regulada por diplomas específicos e ancorada em critérios próprios de habilitação e reversão. 3. Os requisitos necessários à concessão do benefício, bem como a posterior análise acerca da possibilidade, ou não, de reversão da pensão especial de ex-combatente deve, sempre e em qualquer circunstância, guardar consonância ao respectivo amparo legislativo, assim entendido aquele em vigor por ocasião do óbito do instituidor do benefício - na esteira do entendimento sufragado pelo E. STJ no julgamento do MS n2 21.707-3. 4. Na trilha da jurisprudência do C. STJ e com amparo no art. 30 da Lei n2 4.242/63, a filha maior de ex-combatente faria jus à percepção da respectiva pensão especial, se, e somente se, tal diploma estivesse vigente à época do falecimento do instituidor do benefício; o seu falecido genitor houver sido ex-combatente da Segunda Guerra Mundial, da FEB, da FAB ou da Marinha; o de cujus houver, efetivamente, participado de operações de guerra; o ex-militar houver sido considerado incapacitado; não possuir condições de prover os próprios meios de subsistência; e não perceber qualquer importância dos cofres públicos. 5. Nessa linha, eventual reversão de cota-parte do benefício decorrente do falecimento de cotista ou de sua renúncia em favor das demais beneficiárias, decerto, desafiaria a incidência dos comandos insculpidos na Lei n2 3.765/60. 6. Contudo, a leitura conjugada do art. 30 da Lei n2 4.242/63 e do art. 26 da Lei n2 3.765/60 aponta para uma outra direção, qual seja, a de que o legislador de 1963, em verdade, buscou referir à natureza intransferível da pensão deixada pelo ex-combatente, motivo pelo qual, quando houve por bem, fez menção expressa às hipótese de reversão à filha do militar falecido e a sua viúva; 7. O art. 30 da Lei n2 4.242/63 apenas permite ao aplicador do direito guiar-se pelos comandos dos arts. 26, 30 e 31 da Lei n2 3.765/60, sem qualquer referência ao art. 24 da Lei de Pensões Militares - este, sim, que, efetivamente, trata das hipótese de reversão da pensão militar; 8. Desse modo, uma vez concedida a pensão com amparo no art. 30 da Lei ne 4.242/63, - e considerando-se que foram devidamente preenchidos os requisitos exigidos em lei, como acima esclarecido - , não se há de falar em reversão decorrente do falecimento de qualquer dos beneficiários cotistas, tendo em vista, por um lado, o silêncio da própria Lei n2 4.242/63 e do art. 26 da Lei n2 3.765/60, e por outro lado, da explícita menção à natureza intransferível dos benefícios contemplados no Decreto-Lei n2 1.544/39, na Lei n2 488/48 e na Lei n2 380/48. 9. O novo entendimento sobre .a questão torna superado, nesse aspecto, o Parecer n2 125/2011/CONJUR/MD.'

limo. Senhor Coordenador-Geral de Direito Administrativo e Militar,

I - Relatório

1. Trata-se de processo administrativo decorrente do Ofício n2 60-574/GCM-MB, de 1 de setembro de 2010 (vide fl. 03), por meio do qual o Gabinete do Comandante da Marinha encaminha ao Gabinete deste Ministério da Defesa cópia da Manifestação n9 y

Esplanada dos Ministérios, Bloco "Q", 72 andar, sala 720 - Brasília/DF - CEP: 70.049-900 Tel: (61) 3312-4015 - Fax: (61) 3312-8864 - E-mail: [email protected]

Page 2: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 2

Continuação do Parecer n° /2013/CONJUR-MD/CGU/AGU.

104/2010, da lavra do Ilmo. Sr. Consultor Jurídico-Adjunto daquela Força Naval, que, ao analisar o entendimento do Eg. Tribunal de Contas da União exarado no Acórdão n2

1029/2010 — TCU — Plenário, nos autos da TC 007.456/2010-7, conclui que a possibilidade de

transferência de cotas-partes de pensão pagas às filhas de ex-combatente em favor das filhas supérstites, em caso de falecimento ou renúncia por parte de alguma das beneficiárias, como reconhecido pela Eg. Corte de Contas, iria de encontro ao que

determina o art. 17' da Lei ng 8.059, de 4 de julho de 1990 (vide fls. 03/06).

2. À fl. 07, observa-se cópia do Ofício ne 020-GDJB/DF, de 1 de junho de 2010, por meio do qual o Exmo. Sr. Deputado JAIR BOLSONARO encaminha ao Exmo. Sr. Comandante da Marinha, para conhecimento e adoção das providências cabíveis, cópia do

acima referido Acórdão n2 1029/2010 - TCU - Plenário, acostada às fls. 09/23.

3. Por se tratar de matéria às Forças Singulares e com vistas à uniformização de entendimentos, solicitou-se o pronunciamento das d. Consultorias Jurídicas-Adjuntas,

conforme se verifica às fls. 26, 28, 30, 33, 35 e 49.

4. Através do Ofício n2 942/COJAER/5181, de 19 de novembro de 2010, a d. Consultoria Jurídica-Adjunta do Comando da Aeronáutica remete a esta Consultoria Jurídica

junto ao Ministério da Defesa o Estudo Preparatório n2 I1/IPES-1/2010, de 25 de outubro de

2010, que assim concluiu, it7 verbis:

"Assim, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, confirmado pelo Tribunal de Contas da União, caso o óbito do ex-combatente tenha se dado antes de 05/10/1988, data da promulgação da Constituição Federal de 1988, será devida pensão de ex-combatente conforme o artigo 30 da Lei n2 4242/63, correspondente à

graduação de segundo-sargento, de acordo com o rol do artigo 72 da Lei n° 3765/70,

operando-se a reversão e a transferência das cotas nos termos do artigo 24 da mesma

Lei e dos artigos 48 e 49 do Decreto n2 49.096/60, independentemente da idade das

filhas ou de seu estado civil, em consonância com o disposto na súmula n2 340/STJ2,

embora divergente do contido no artigo 17 da Lei n2 8.059/90. E, caso o óbito tenha

ocorrido após a Carta Magna, a filha do ex-combatente só é considerada dependente até os 21 abis e se for solteira, conforme a redação da Lei n2 8059/90, não se

operando a transferência das cotas-parte da pensão quando da perda do direito de qualquer um dos beneficiários no gozo do direito." (vide fls. 39/45)

5. O Comando do Exército, por seu turno, nos termos do Parecer n2 13-A2.2.6,

de 17 de janeiro de 2011, remetido na mesma data a esta CONJUR/MD através do Ofício n2

030-A2.2.6 (vide fl. 53), divergiu do entendimento exarado pela d. Consultoria Jurídica- Adjunta do Comando da Marinha conforme se infere das seguintes ponderações:

"a. Do que foi exposto, observa-se que, nos termos da jurisprudência consolidada no

âmbito do Supremo Tribunal Federal, dúvidas não mais existem de que a legislação a ser observada nas questões afetas a pensões de ex-combatentes é aquela vigente quando do óbito do instituidor, tanto no que diz respeito à concessão inicial como no tocante às reversões — aqui abrangidas as operadas de ascendente para descendente

e, ainda, entre descendentes. b. Dessa forma, é de se considerar que o Acórdão n2 1029, de 2010, do Plenário do

TCU, está de acordo com o entendimento vigente na Carta Maior, não merecendo

qualquer reparo. Com o devido, não deve prosperar a irresignação da Marinha, ao

1 Art. 17. Os pensionistas beneficiados pelo art. 30 da Lei n2 4.242, de 17 de julho de 1963, que não se enquadrarem entre os beneficiários da pensão especial de que trata esta lei, continuarão a receber os benefícios assegurados pelo citado artigo, até que se extingam pela perda do direito, sendo vedada sua transmissão, assim por reversão como por transferência.

2 Súmula 340 A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data do óbito do segurado.

2

Page 3: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 3

3 q,3 Continuação do Parecer n° /2013/CONJUR-MD/CGU/AGU.

considerar a aplicabilidade do art. 17 da Lei n4 8.059, de 1990, uma vez que tal dispositivo incide somente sobre as pensões deferidas após o advento dessa norma." (vide fls. 54/61)

6. Através do Parecer n9 125/2011/CONJUR/MD, o entendimento desta Consultoria Jurídica junto ao Ministério da Defesa consolidou-se no sentido da possibilidade de reversão e transferência de cotas-partes em favor das filhas de ex-combatentes, de qualquer condição, desde que tal o permita a legislação vigente à época do óbito do instituidor do benefício, na forma da Ementa cuja reprodução se impõe:

"I. UNIFORMIZAÇÃO DE TESE. PENSÃO DE EX-COMBATENTE. Direito à reversão e transferência de cotas-partes. II. O direito à pensão de ex-combatente é regido pelas normas legais em vigor à data do evento morte. III. Tratando-se de reversão do benefício à filha mulher, em razão do falecimento de outro beneficiário que o vinha recebendo, consideram-se não os preceitos em vigor quando do óbito deste último, mas o primeiro, ou seja, do ex-combatente. IV. Não há que se falar em impedimento de reversão ou transferência para aqueles cuja pensão de ex-combatente é regida pela Lei nQ 4.242/63." (vide fls. 70/75)

7. A r. manifestação foi aprovada pelo Exmo. Sr. Ministro de Estado da Defesa nos termos do Despacho Decisório n9 002/MD, de 11 de março de 2011, publicado no Diário Oficial da União de 14 de março de 2011, e participado aos Comandos das Forças Singulares consoante comunicações de fls. 64, 66, 68, 81, 82 e 83.

8. Às fls. 85/86 foi colacionado o Ofício n9 525-A.2.3, de 13 de junho de 2011, reiterado às fls. 157/160, e que veicula solicitação de esclarecimentos adicionais, formulada pelo Gabinete do Comando do Exército e assim versada:

"3. Sobre o assunto, em face das conclusões contidas no aludido parecer, vislumbrou-se no âmbito desta Força a necessidade de orientações adicionais em relação aos questiona mentos que se seguem: a. como proceder nos casos de pedidos de transferência de cota-parte já indeferidos e nos casos não solicitados, se os mesmos deverão ser corrigidos automaticamente ou aguardar requerimento do interessado; b. esclarecer qual a data de vigência a ser considerada nos casos de transferência de cota-parte já indeferidos, definindo se será a partir da data do aludido Parecer, da data do requerimento anterior indeferido ou da data do novo requerimento; e c. em caso de a vigência ser a contar da data do primeiro requerimento, como proceder em relação aos atrasados, à retroatividade e à prescrição."

9. Solicitação semelhante foi formulada pelo Departamento-Geral do Pessoal do Comado do Exército, como se verifica às fls. 87/99.

10. Com o objetivo de uniformizar o entendimento jurídico sobre o tema, o Departamento de Assuntos do Pessoal Civil e Militar da Procuradoria-Geral da União, por meio da Comunicação Eletrônica n9 045/2012-DCM/PGU/AGU, submete à apreciação desta Consultoria Jurídica junto ao Ministério da Defesa o Memorando n9 20-50/2011-PRU/RJ, que, à luz dos Pareceres n9 40/2009/DME/PGU/AGU e n9 226/2009/WAU/DEE/PGU/AGU, concluiu pela impossibilidade de reversão da pensão de ex-combatente, que tenha falecido antes de 1988, em favor de filha maior e dele não dependente (vide fls. 120/153).

3

Page 4: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 4

Continuação do Parecer n-Qg /2013/CONJUR-MD/CGU/AGU.

11. Às fls. 162, 164, 166, 169, 171 e 173, foi solicitada a manifestação das r.

Consultorias Jurídicas-Adjuntas da Marinha, Exército e Aeronáutica acerca da referida

comunicação eletrônica.

12. A d. consultoria Jurídica-Adjunta do Comando da Marinha, através do Ofício n2

113/CJACM-MB, de fls. 178/182 e 190/196, enuncia seu entendimento em consonância com

o Parecer n2 125/2011-CONJUR/MD, no sentido de que é assegurado "aos pensionistas

regidos pela Lei n2 4.242/63, cujo instituidor tenha falecido antes da Constituição Federal de

1988, os direitos previstos na norma vigente à data de sua morte".

13. A Diretoria de Intendência da Aeronáutica, da mesma forma e por meio do

Ofício n2 347/IPES-1/26953, apresenta sua concordância com o referido entendimento (vide fls. 184/186), ao passo em que a d. Consultoria Jurídica-Adjunta da Força Aérea, pelo Ofício

n2 325/COJAER/9989, de fls. 205/219, aponta para idêntica inferência.

14. A d. Consultoria Jurídica-Adjunta do Comando do Exército, contudo, abre

divergência ao afirmar, por ocasião do Parecer n2 63/13/CJ, que "para fazer jus à pensão

especial de ex-combatente com fulcro na Lei n2 4.242/63, a filha maior de ex-combatente da

FEB, falecido antes de 1988, deve comprovar o preenchimento dos requisitos específicos do art. 30 da citada lei, tais como a incapacidade de prover os próprios meios de subsistência e a não percepção de qualquer importância dos cofres públicos" (vide fls. 231/238 e 246/253).

15. É, em síntese, o relatório.

II - Análise

16. Ao que se tem do compulsar dos autos, a questão posta à apreciação deste órgão de assessoramento jurídico circunscreve-se, específica e originalmente, à possibilidade de transferência e reversão das cotas-partes de pensão especial às filhas de ex-combatentes da Segunda Guerra Mundial "em caso de morte ou de expressa renúncia da vantagem pensionai por parte de alguma daquelas beneficiárias, para as demais filhas supérstites" à luz do entendimento favorável exarado pelo Eg. Tribunal de Contas da União.

(vide fl. 09).

17. A Eg. Corte de Contas, ao analisar a consulta formulada pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados (vide fI. 11) por ocasião do

Acórdão n2 1029/2010 - TCU - Plenário, partiu da premissa de "serem as pensões instituídas por ex-combatentes falecidos antes da promulgação da Constituição Federal de 1988" com

"supedâneo no art. 30 da Lei n2 4.242/1963 e, por consequência, na redação original da Lei

n2 3.657/1960" (vide fl. 21), para firmar seu entendimento no sentido de que "a quota-parte da irmã que venha a falecer ou que expressamente renuncie à pensão especial é dividida igualmente entre as irmãs remanescentes ou supérstites, nos termos do art. 9Q, §12

(segunda parte), da Lei n2 3.765/1960" (vide fI. 22).

18. O entendimento desta Consultoria Jurídica junto ao Ministério da Defesa sobre

o tema, sedimentado no Parecer n2 125/2011-CONJUR/MD, foi moldado nos seguintes

contornos:

"46. Assim, amparando-se em sólida jurisprudência, é dever orientar os Comandos

Militares no seguinte sentido:

4

Page 5: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 5

Continuação do Parecer nQ g9 /2013/CONJUR-MD/CGU/AGU.

a) se falecido o ex-combatente antes da promulgação da Constituição de 1988, aplicável será o regime jurídico previsto na Lei nf2 4.242/63 c/c a Lei 3.765/60, que consagra pensão especial no valor de Segundo-sargento, admite como beneficiários da pensão a filha maior e capaz, casada ou não, e autoriza a reversão e transferência das cotas-partes das pensões. b) se falecido o ex-combatente após a Constituição de 1988, aplicável será a sistemática do art. 53 do ADCT, regulamentado pela Lei nQ 8.059/90, que consagra a pensão especial no valor do soldo de Segundo-tenente, restringe seus beneficiários os dependentes e veda a reversão e transferências de cotas-partes." (vide fl. 75)

19. De fato, as razões adotadas à época guardam consonância com o posicionamento correntemente adotado pelo C. Superior Tribunal de Justiça, conforme se verifica, e.g., dos seguintes arestos:

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. EX-COMBATENTE. ÓBITO EM 1989. PRINCÍPIO DO TEMPUS REGIT ACTUM. ART. 53, II, DO ADCT E 7Q DA LEI 3.765/60. APLICAÇÃO. PRECEDENTES. FILHA CASADA. PENSÃO. RECEBIMENTO. POSSIBILIDADE. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. "O direito à pensão de ex-combatente é regulado pela norma vigente na data do falecimento deste" (REsp 1.373.794/PE, Rei. Min. ELIANA CALMON, Segunda Turma, DJe 19/6/13). 2. "Falecido o ex-combatente após a promulgação da Constituição Federal de 1988, porém antes da edição da Lei 8.089/90, que regulamentou a pensão de Segundo-Tenente prevista no art. 53, II, do ADCT, de acordo com a jurisprudência do STJ, deve-se aplicar o rol de dependentes previsto no artigo 72 da Lei 3.765/1960, que não exclui do benefício as filhas maiores, ainda que casadas, nem exige comprovação de dependência econômica em relação ao falecido. Precedente do STJ" (AgRg no AREsp 261.878/RN, Rel. Min. CASTRO MEIRA, Segunda Turma, DJe 24/4/13). 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1350052/PE, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/09/2013, DJe 12/09/2013)

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. EX-COMBATENTE. ÓBITO EM 1989. PRINCÍPIO DO TEMPUS REGIT ACTUM. ART. 53, II, DO ADCT E 7Q DA LEI 3.765/60. APLICAÇÃO. PRECEDENTES. FILHA CASADA. PENSÃO. RECEBIMENTO. POSSIBILIDADE. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. "O direito à pensão de ex-combatente é regulado pela norma vigente na data do falecimento deste" (REsp 1.373.794/PE, Rel. Min. ELIANA CALMON, Segunda Turma, DJe 19/6/13). 2. "Falecido o ex-combatente após a promulgação da Constituição Federal de 1988, porém antes da edição da Lei 8.089/90, que regulamentou a pensão de Segundo-Tenente prevista no art. 53, II, do ADCT, de acordo com a jurisprudência do STJ, deve-se aplicar o rol de dependentes previsto no artigo 7Q da Lei 3.765/1960, que não exclui do benefício as filhas maiores, ainda que casadas, nem exige comprovação de dependência econômica em relação ao falecido. Precedente do STJ" (AgRg no AREsp 261.878/RN, Rel. Min. CASTRO MEIRA, Segunda Turma, DJe 24/4/13). 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1350052/PE, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/09/2013, DJe 12/09/2013)

ADMINISTRATIVO. EX-COMBATENTE. PENSÃO ESPECIAL. REVERSÃO. LEI DE REGÊNCIA. DATA DO ÓBITO. APLICABILIDADE DAS LEIS N. 3.765/60 E 4.242/63. VERIFICAÇÃO DOS REQUISITOS. RETORNO DOS AUTOS.

1. Se o instituidor da pensão, ao tempo do óbito, não possuia direito à pensão especial de ex-combatente prevista no art. 30 da Lei. 4.242/1963, sua filha, por conseguinte, não tem direito à reversão do referido benefício. Confira-se: REsp 1359515/PE, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe 25/02/2013.

)Tè

Page 6: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 6

Continuação do Parecer n° /2013/CONJUR-MD/CGU/AGU.

2. A sistemática da concessão da pensão especial será regida pela Lei riQ 4.242/63,

combinada com a Lei n° 3.765/60, em casos tais qual o dos autos, em que a data do óbito do ex-combatente ocorreu antes da Constituição da República de 1988.

Precedentes. 3. Agravo regimental da UNIÃO provido, para dar provimento ao seu recurso especial, em menor extensão, para que os autos retornem à Corte a quo, a fim de que seja aferido o preenchimento dos requisitos do artigo 30 da Lei 4.242/63 na

caracterização da condição de ex-combatente do instituidor do benefício. Prejudicado o agravo regimental de JOANA CACHOEIRA DE MORAES ARENT E OUTROS. (AgRg no AgRg no REsp 1098734/SC, Rel. Ministra ALDERITA RAMOS DE OLIVEIRA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO 11/PE), SEXTA TURMA, julgado em 02/04/2013,

DJe 12/04/2013) (grifos nossos)

20. Ocorre, todavia, que a univocidade da temática relativa à pensão de ex-combatente - que, como adiante se pretende demonstrar, abarca benefícios diversos, ancorados em diplomas distintos e que, portanto, merecem tratamento específico -, suscitou questionamento no âmbito da Procuradoria-Geral da União, externado através do

Memorando n4 20/50/2011/PRU/RJ, que, ao argumento de que "em vários Tribunais Federais,

bem como no STJ, já há entendimento que a filha maior e não dependente não tem direito à reversão da pensão de ex-combatente morto antes de 1988", postulou a reconsideração das conclusões alcançadas pelo Parecer nQ 125/2011-CONJUR/MD (vide fl. 127v./128).

21. Destina-se a presente manifestação, portanto, à elucidação dos pontos controvertidos, que decorrem, como acima demonstrado, da adoção de premissas gerais para casos particulares e da inclusão superveniente de questões incidentais que não foram

inseridas no objeto original da consulta em apreço.

II. 1- Da pensão especial de ex-combatente

22. De início, cumpre esclarecer que, como anteriormente referido, a pensão

especial de ex-combatente constitui expressão unívoca, vale dizer, é empregada indistintamente para designar uma categoria de benefícios concedidos àqueles que fizeram parte da campanha brasileira durante o segundo conflito mundial. Ao que se tem dos autos, foi tal generalidade a matriz dos questionamentos trazidos pela d. Procuradoria-Geral da

União, conforme se pretende demonstrar.

23. De fato, ao longo do tempo, diversos foram os diplomas que se sucederam com vistas a amparar não só os militares que tenham participado ativamente das agruras da guerra, mas, igualmente, suas esposas, viúvas e filhos, e, até mesmo herdeiros. Assim é

que, inicialmente, foi editado o Decreto-Lei nQ 7.3743, de 13 de março de 1945, que previu a

possibilidade de concessão de pensão condicional e, sucessivamente, conforme o caso,

especial em favor dos herdeiros dos militares pertencentes à Força Expedicionária Brasileira e considerados prisioneiros, desaparecidos ou extraviados (vide art. 1°

3 Regula a situação dos militares considerados prisioneiros, desaparecidos ou extraviados, concede pensão a seus herdeiros e dá

outras providências. 4 Art. 12 Aos herdeiros dos militares pertencentes à Fôrça Expedicionária Brasileira e considerados prisioneiros, desaparecidos ou

extraviados, será concedida uma pensão condicional igual ao vencimento do pasto que tinham na ocasião da prisão, do

desaparecimento ou do extravio. Parágrafo único. A pensão condicional a que se refere êste artigo é devida a partir do dia da publicação, em Boletim do Exército, da

prisão, do desaparecimento ou do extravio. (...) Art. 52 Terminada a campanha e não se apresentando o militar considerado prisioneiro, desaparecido ou extraviado, a seus

herdeiros será concedida a pensão do art. 15 do Decreto-lei n5 3.269, de 14 de maio de 1941.

§ 1Q A pensão condicional será paga aos herdeiros até seis meses após a terminação da Campanha, prazo durante o qual deverá ser requerida ao Chefe da Pagadoria Central da Força Expedicionária Brasileira a expedição do título de pensão especial referida neste

artigo.

e 5Q4 e 5) .

6

Page 7: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 7

Continuação do Parecer 049S3/2013/CONJUR-MD/CGU/AGU.

24. Posteriormente, o Decreto-Lei NQ 8.794, de 23 de janeiro de 1946, tratou da situação dos herdeiros dos militares, inclusive os dos convocados, falecidos que participaram da Força Expedicionária Brasileira, destacada, em 1944-1945, no teatro de operações da Itália (vide art. 1Q6). Foi-lhes reconhecido o direito a pensão especial que poderia corresponder, conforme o caso, a uma gradação que iria desde o valor dos vencimentos do posto ao que o de cujus tinha em vida até o valor do posto ou graduação da hierarquia normal subsequente ao da promoção post mortem a que teria direito o de cujus (vide arts.2s27 a 70), a par da educação gratuita dos filhos menores, às expensas do Estado (vide art. 109).

25. Na mesma data, o Decreto-Lei NQ 8.795, enunciou as vantagens que seriam concedidas aos militares da F. E. B. incapacitados fisicamente para o serviço militar, em consequência de ferimentos verificados ou moléstias adquiridas quando participavam da Força Expedicionária Brasileira destacada, nas mesmas circunstâncias de tempo e lugar (vide art. 1Q 1° ). Os benefícios concedidos variavam de acordo com a moléstia ou incapacidade adquiridas e iam desde a simples promoção ao posto imediato ao que tinham quando foram feridos ou adquiriram a moléstia até a reforma com os vencimentos do posto ou graduação da hierarquia normal subsequente ao da promoção, a par do direito a hospitalização especializada vitalícia, quando necessária e a juízo médico, casa própria de acordo com seu posto e educação dos filhos menores, às expensas do Estado (vide arts. 2Q a 6011).

§ 22 O pagamento da pensão especial será feito aos herdeiros dos militares considerados prisioneiros, desaparecidos ou extraviados, a partir do dia da publicação, em Boletim do Exército, da prisão, do desaparecimento ou do extravio, devendo ser descontadas as quantias pagas a título de pensão condicional. 5 0 Decreto-lei n2 3.269, de 14 de maio de 1941, ao regular a concessão de pensão especial aos herdeiros dos militares, no seu acima referido art. 12, dispôs que "[ a]os herdeiros dos militares que venham a falecer em conseqüência de ferimentos ou moléstias adquiridos em campanha, ou na defesa da ordem constituída e das Instituições, será concedida uma pensão especial igual aos vencimentos do posto que tinham em vida, ou aos do posto imediatamente superior, quando promovidos post-mortem".

Art. 12 Este decreto-lei regula as vantagens a que têm direito os herdeiros dos militares, inclusive os dos convocados, que participaram da Fôrça Expedicionária Brasileira, destacada, em 1944-1945, no teatro de operações da Itália, e falecidos nas condições aqui definidas.

O Decreto-Lei n2 9.878, de 16 de setembro de 1946, em seu art. 12, estendeu aos militares desaparecidos ou mortos em conseauêncla de torpedeamento de navios brasileiros quando no comando de tropa, cumprimento de missões ou no desempenho de serviço, os mesmos benefícios previstos no art. 22 do Decreto-lei n2 8.794, de 23 de Janeiro de 1946. Art. 22 Os que faleceram em conseqüência de ferimentos verificados na zona de combate, em cumprimento de missão ou

desempenho de serviço ou, em qualquer situação, decorrentes de ação inimiga, são promovidos post—mortem ao pôsto imediato ao que tinham na data do óbito, aplicado o disposto no art. 11, e deixam uma pensão especial correspondente aos vencimentos do posto ou graduação da hierarquia normal subseqüente ao da promoção. (Vide Decreto-lei no 9.878. de 1946) (Vide Lei n2 4.340. de 1964) Art. 32 Os que faleceram em conseqüência de moléstias adquiridas ou agravadas na zona de combate, ou, fora desta zona, de acidente em serviço, deixam uma pensão especial correspondente aos vencimentos do pasto imediato ao que tinham em vida, aplicado o disposto no art. 11. (Vide Lei n2 4.340. de 1964) Art. 42 Os que faleceram por quaisquer outros motivos, no teatro de operações da Itália, deixam uma pensão especial correspondente aos vencimentos do pôsto que tinham em vida. Parágrafo único. Para os efeitos dêste artigo, os soldados são considerados engajados. Art. 52 Os que venham a falacer em conseqüência das causas fixadas nos artigos anteriores, deixarão a pensão especial neles estabelecida, conforme o caso, ou a do pôsto que tiverem na data do óbito, se superior. Art. 62 Os militares desaparecidos e que não se tenham apresentado até esta data, deixam a seus herdeiros a pensão de que trata o art. 22.

Parágrafo único. No caso de reaparecimento do militar, ou precisada a causa do desaparecimento, proceder-se-á, na conformidade do Decreto-lei n2 7.374, de 13 de marco de 1945, no que se ajustar, ou será a pensão revista para aplicação adequada dos artigos acima. Art. 72 No caso de convocado que, em vida, haja optado pelo que percebia como civil, a pensão será igual a essa remuneração civil, salvo se maiores forem os benefícios que lhe caberiam pelos artigos anteriores. 9 Art. 10. Aos filhos menores dos militares falecidos nas condições do presente decreto-lei, será assegurada educação gratuita, a expensas do Estado. 1° Art. 12 Este decreto-lei regula as vantagens a que ficam com direito os militares, inclusive os convocados, incapacitados fisicamente para o serviço militar, em conseqüência de ferimentos verificados ou moléstias adquiridas quando participavam da Fôrça Expedicionária Brasileira destacada, em 1944-1945, no teatro de operações da Itália. '1 Art. 22 Os que hajam sido incapacitados em conseqüência de ferimentos verificados ou moléstias adquiridas na zona de combate, quando em cumprimento de missão ou desempenho de serviço, ou, em qualquer situação, de ferimentos decorrentes de ação inimiga, são promovidos ao pôsto imediato ao que tinham quando foram feridos ou adquiriram a moléstia, aplicado o disposto no art. 10, e reformados com os vencimentos do pôsto ou graduação da hierarquia normal sub-seqüente ao da promoção. Parágrafo único. Os que ficarem Impossibilitados para todo e qualquer trabalho, terão essas vantagens aumentadas de 25 %, hospitalização especializada vitalícia, quando necessária e a juízo médico, casa própria de acordo com seu pôsto e educação dos filhos menores, a expensas do Estado.

7

Page 8: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 8

Continuação do Parecer ng /2013/CONJUR-MD/CGU/AGU.

26. A situação dos ex-integrantes da F.E.B. que, em qualquer tempo, tenham sido

julgados inválidos ou incapazes mesmo depois de transferidos para a reserva -, reformados, aposentados ou licenciados do serviço militar, por sofrerem de tuberculose ativa, alienação mental, neoplasia maligna, cegueira, lepra ou paralisia, foi disciplinada pela

Lei nQ 2.579, de 23 de agosto de 1955, pela qual seriam considerados como se em serviço

estivessem, e reformados ou aposentados com as vantagens da Lei n2 28812, de 8 de junho

de 1948, combinada com o art. 10;13 do Decreto-lei nQ 8.795, de 23 de janeiro de 1946, e

com o art. 30314 da Lei número 1.31615, de 20 de janeiro de 1951, e com o direito à etapa de

asilado16 nas condições previstas na citada Lei n2 1.316, de 20 de janeiro de 1951 (vide art.

1212). Os então nominados veteranos de guerra acometidos de outras enfermidades desde

que a incapacidade os impossibilite de provar os meios de subsistência, independendo de tempo de serviço, e de relação de causa e efeito com as condições de guerra, foram

contemplados no art.2218 do mesmo diploma.

Art. 3Q Os que hajam sido incapacitados em conseqüência de moléstias adquiridas ou agravadas em serviço, ou de acidentes em serviço ocorridos fora da zona de combate, são promovidos ao posto imediato ao que tinham quando foi a moléstia adquirida ou agravada, ou verificado o acidente, aplicado o disposto no art. 10, e reformados com os vencimentos desse novo pasto. Parágrafo único. Os que ficarem impossibilitados para todo e qualquer trabalho terão essas vantagens aumentadas de 25%, hospitalização especializada vitalícia quando necessária e a juizo médico, e educação dos filhos menores, a expensas do Estado. Art. 4G Os que se hajam incapacitado fora do serviço, por acidente ou moléstia adquirida, ou fundamentalmente agravada, no teatro de operações da Itália, serão reformados com os vencimentos do posto que tinham nessa ocasião. § 1Q Para os efeitos dêste artigo, os soldados são considerados engajados. § 2Q Os que ficarem Impossibilitados para todo e qualquer trabalho, terão essas vantagens aumentadas de 25% e educação dos

filhos menores, a expensas do Estado. Art. 5Q Os que venham a ser declarados incapazes, em conseqüência das causas fixadas nos artigos anteriores, serão reformados nas condições nêles estabelecidas, conforme o caso, ou com os vencimentos do pôsto que tiverem na data da reforma, se

superiores. Art. 6Q No caso do convocado que haja optado pelo que percebia como civil, as vantagens da reforma serão iguais a essa remuneração civil, salvo se maiores forem os benefícios que lhe caberiam pelos artigos anteriores.

12 Concede vantagens a militares e civis que participaram de operações de guerra. '3 Art. 10. Para os efeitos expressos dêste decreto-lei, serão considerados postos imediatos: para os soldados, 3Q sargento; para os

cabos, 25 sargento; para os sargentos em geral, aspirante a oficial; e para os aspirantes e sub-tenentes, 25 tenente.

1" Art. 303. Terá os vencimentos e vantagens incorporáveis integrais, referentes ao posto ou graduação em que fôr reformado, qualquer que seja o tempo de serviço, o militar julgado definitivamente inválido ou incapaz para o serviço ativo das Forças Armadas, por sofrer de tuberculose ativa, alienação mental, neoplasia maligna, cegueira, lepra ou paralisia, embora sem relação de

causa e efeito com o serviço. Parágrafo único. Os cadetes do Exército e da Aeronáutica, e os Aspirantes da Marinha quando atingidos pelo presente artigo serão promovidos ao pôsto de Aspirante ou Guarda-Marinha, e os alunos das Escolas de Formação de Sargentos nas mesmas condições, à

graduação de 3Q Sargento, com os vencimentos do novo pôsto ou graduação. " Código de Vencimentos e Vantagens dos Militares. 16

Art. 305. Etapa de asilado é o quantitativo destinado à sua alimentação e à família, não constituindo provento de inatividade. Art. 306. Aos sargentos e demais praças incluídos no Asilo de Inválidos da Pátria, de acôrdo com a legislação respectiva serão

abonadas etapas de asilados, na forma estabelecida neste Capítulo, a partir do dia de sua inclusão no Asilo.

Parágrafo único. O abono dessas etapas não prejudica o recebimento de vencimentos da inatividade a que tenha direito em razão do tempo de serviço, reforma ou como decorrência de situações especiais previstas em lei ou regulamento.

(...) Art. 311. A esposa do asilado, aquartelado ou não, casada antes da invalidez do marido, terá direito a uma etapa do mesmo valor da do cônjuge, se a inclusão no Asilo tiver sido anterior às Instruções aprovadas pelo Decreto n2 2.774, de 20 de junho de 1938.

Parágrafo único. Esse direito persistirá na viuvez, sendo, neste caso, a etapa abonada ex-officio. Art. 312. Ao filho mais velho do asilado incluído no Asilo antes das Instruções citadas no artigo anterior e casado antes da invalidez será abonada uma etapa dos dois aos dezesseis anos de idade. Parágrafo único. Esta vantagem passará, por sucessão e também ex-officio, a outro filho menor de dezesseis anos, acaso

existente, bem como permanecerá após o falecimento do asilado até às épocas e nas formas indicadas. Art. 313. Quando o asilado tiver dois filhos com idade entre dois e dezoito anos, ser-lhe-á mais uma etapa, até que o mais velho complete dezesseis anos, aplicando-se a partir dessa data a regra do art. 312. 17

Art 1Q Os militares, convocados ou não, que tenham servido no teatro de operações da Itália, no período de 1944-45, ... (Vetado) ., em qualquer tempo julgados inválidos ou incapazes - mesmo depois de transferidos para a reserva - reformados, aposentados ou

licenciados do serviço militar, por sofrerem de tuberculose ativa, alienação mental, neoplasia maligna, cegueira, lepra ou paralisia, serão considerados, quando verificada a enfermidade pela Junta Militar de Saúde, como se em serviço ativo estivessem, e reformados ou aposentados com as vantagens da Lei número 288, de 8 de junho de 1948, combinada com o art. 10 do Decreto-lei

n9 8.795, de 23 de janeiro de 1946, e com o art. 303 da Lei número 1.316, de 20 de janeiro de 1951, com a interpretação do Decreto número 30.119, de 1 de novembro de 1951, e com o direito à etapa de asilado nas condições previstas na citada Lei n5

1.316, de 20 de janeiro de 1951. " Art 25 Os veteranos de guerra definidos no artigo anterior que, em qualquer tempo, forem incapacitados para o serviço, por sofrerem de outras doenças não referidas no art. 1Q desde que a incapacidade os impossibilite de provar os meios de subsistência, independendo de tempo de serviço, e de relação de causa e efeito com as condições de guerra, serão, também, considerados - quando verificada a incapacidade pela Junta Militar de Saúde - como se em atividade estivessem, e reformados ou aposentados nas

condições previstas na Lei n5 288, de 8 de junho de 1948, com direito à etapa de asilado, estabelecida na Lei n5 1.316, de 20 de

janeiro de 1951. Parágrafo único. A etapa de asilado, a que se refere a Lei n2 1.316, de 20 de janeiro de 1951, será concedida nas condições por ela fixadas às praças de pré reformadas em conseqüência de ferimento ou moléstia adquirida na zona de combate.

:JY 8

Page 9: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 9

Continuação do Parecer 933/2013/CONJUR-MD/CGU/AGU.

27. A Lei n2 4.242, de 17 de junho de 1963, vocacionada, originariamente, a fixar novos valores para os vencimentos dos servidores do Poder Executivo, Civis e Militares, inovou vigorosamente a situação daqueles que participaram ativamente de operações bélicas por ocasião da Segunda Guerra Mundial ao dispor, em seu art. 30, ipsis litteris:

Art 30. É concedida aos ex-combatentes da Segunda Guerra Mundial, da FEB, da FAB e da Marinha, que participaram ativamente das operações de guerra e se encontram incapacitados, sem poder prover os próprios meios de subsistência e não percebem qualquer importância dos cofres públicos, bem como a seus herdeiros, pensão igual à estipulada no art. 26 da Lei n.2 3.765. de 4 de maio de 1960. (Revogado pela Lei nQ 8.059, de 1990)

Parágrafo único. Na concessão da pensão, observar-se-á o disposto nos arts. 30 e 31 da mesma Lei n2 3.765, de 1960. (Revogado pela Lei 8.059, de 1990) [ grifos nossos]

28. A Carta Constitucional de 1967 concedeu aos ex-combatentes da FEB. uma gama diversa de direitos, todos previstos em seu art. 17819, com possibilidade, inclusive e conforme o caso, do seu aproveitamento no serviço público, sem a exigência de concurso público, ou de aposentadoria com proventos integrais aos vinte e cinco anos de serviço efetivo, a par da assistência médica, hospitalar e educacional, se carente de recursos. O dispositivo foi regulamentado pela Lei n2 5.315, de 12 de setembro de 1967 - primeiro diploma a conceituar e estabelecer os procedimentos necessários à prova da qualidade de ex-combatente (vide art.1220). Destaque-se, apenas por cautela, que a Lei n2 5.315/67 não prevê qualquer tipo de pensão especial de ex-combatente.

29. A Lei riQ 5.698, de 31 de agosto de 1971, a partir do conceito estabelecido na Lei n9 5.315/67 (vide art. 2221), cuidou das prestações devidas a ex-combatente segurado da

Art 178 - Ao ex-combatente da Força Expedicionária Brasileira, da Força Aérea Brasileira, da Marinha de Guerra e Marinha Mercante do Brasil que tenha participado efetivamente de operações bélicas na Segunda Guerra Mundial são assegurados os seguintes direitos: (Regulamento) a) estabilidade, se funcionário público; b) aproveitamento no serviço público, sem a exigência do disposto no art. 95, § 1Q; c) aposentadoria com proventos Integrais aos vinte e cinco anos de serviço efetivo, se funcionário público da Administração centralizada ou autárquica; d) aposentadoria com pensão integral aos vinte e cinco anos de serviço, se contribuinte da previdência social; e) promoção, após interstício legal e se houver vaga; f) assistência médica, hospitalar e educacional, se carente de recursos. 20 Art -9

Considera-se ex-combatente, para efeito da aplicação do artigo 178 da Constituicão do Brasil todo aquêle que tenha participado efetivamente de operações bélicas, na Segunda Guerra Mundial, como integrante da Fôrça do Exército, da Fôrça Expedicionária Brasileira, da Fôrça Aérea Brasileira, da Marinha de Guerra e da Marinha Mercante, e que, no caso de militar, haja sido licenciado do serviço ativo e com isso retornado à vida civil definitivamente. 5 1Q A prova da participação efetiva em operações bélicas será fornecida ao interessado pelos Ministérios Militares. § 2Q Além da fornecida pelos Ministérios Militares, constituem, também, dados de informação para fazer prova de ter tomado parte efetiva em operações bélicas: a) no Exército: I - o diploma da Medalha de Campanha ou o certificado de ter serviço no Teatro de Operações da Itália, para o componente da Fôrça Expedicionária Brasileira; II - o certificado de que tenha participado efetivamente em missões de vigilância e segurança do litoral, como integrante da guarnição de ilhas oceânicas ou de unidades que se deslocaram de suas sedes para o cumprimento daquelas missões. b) na Aeronáutica: I - o diploma da Medalha de Campanha da Itália, para o seu portador, ou o diploma da Cruz de Aviação, para os tripulantes de aeronaves engajados em missões de patrulha; c) na Marinha de Guerra e Marinha Mercante: I - o diploma de uma das Medalhas Navais do Mérito de Guerra, para o seu portador, desde que tenha sido tripulante de navio de guerra ou mercante, atacados por inimigos ou destruidos pior acidente, ou que tenha participado de comboio de transporte de tropas ou de abastecimentos, ou de missões de patrulha; II - o diploma da Medalha de Campanha de Fôrça Expedicionária Brasileira; III - o certificado de que tenha participado efetivamente cri missões de vigilância e segurança como integrante da guarnição de ilhas oceânicas; IV - o certificado de ter participado das operações especificadas nos itens I e II, alínea c , § 2Q, do presente artigo; d) certidão fornecida pelo respectivo Ministério Militar ao ex-combatente integrante de tropa transportada em navios escoltados por navios de guerra. § 32 A prova de ter servido em Zona de Guerra não autoriza o gôzo das vantagens previstas nesta Lei, ressalvado o preceituado no art. 177. § 1Q. da Constituicão do Brasil de 1967. e o disposto no § 22 do art. 1Q desta Lei. 21 Art. 2Q Considera-se ex-combatente, para os efeitos desta Lei, o definido como tal na Lei n2 5.315, de 12 de setembro de 1967, bem como o integrante da Marinha Mercante Nacional que, entre 22 de março de 1941 e 8 de maio de 1945, tenha participado de pelo menos duas viagens em zona de ataques submarinos.

9

Page 10: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 10

Continuação do Parecer nQ / 2 013/C0 N JU R- M D/CG /AG U

previdência social, e, na esteira da previsão constitucional, estabeleceu em 25 (vinte e cinco anos) o interstício mínimo para a aquisição de direito à aposentadoria por tempo de serviço ou abono de permanência em serviço e em 100% (cem por cento) do salário-de-benefício a renda mensal do auxílio-doença e da aposentadoria de qualquer espécie (vide art. 1222).

30. Os ex-combatentes - assim considerados pela Lei n2 5.315/67 - julgados

incapazes definitivamente para o serviço militar e necessitados, foram agraciados pela Lei

n2 6.592, de 17 de novembro de 1978, com pensão especial, intransferível e inacumulável

com quaisquer rendimentos recebidos dos cofres públicos, inclusive pensão previdenciária, equivalente ao valor de duas vezes o maior salário-mínimo vigente no país (vide art. 12 e

2223).

31. A previsão restritiva - a mais restritiva de todas as referentes aos egressos do

segundo conflito mundial - vigorou até a edição da Lei n2 7.42424, de 17 de dezembro de

1985, que, expressamente, foi destinada a trazer nova disciplina à pensão especial de que

trata a Lei n2 6.592/78. Pelo novo diploma, a pensão especial prevista na Lei n2 6.592/78

continuou inacumulável com qualquer rendimento recebido dos cofres públicos, mas se permitiu a sua cumulação com os benefícios previdenciários (vide art. 1225). Deixou de ser

intransferível para se permitir sua percepção, em caso de falecimento do ex-combatente, pela viúva e pelos filhos menores de qualquer condição ou interditos ou inválidos, exigindo-se, contudo, a comprovação de que viviam sob a dependência econômica e sob o mesmo teto do ex-combatente, e que não recebem remuneração (vide art. 2226). O processamento e

a transferência da pensão especial seriam efetuados de conformidade com a Lei n2 3.765/60

(vide art. 22, §1227).

32. A Constituição Federal de 1988, no art. 53 28 do seu Ato das Disposições

Constitucionais Transitórias, alargou o espectro de direitos concedidos aos ex-combatentes

Parágrafo único. Consideram-se ainda, ex-combatentes, para os efeitos desta Lei, os pilôtos civis que, no período referido neste artigo, tenham comprovadamente participado, por licitação de autoridade militar, de patrulhamento, busca, vigilância, localização de navios torpedeados e assistência aos náufragos. 22 Art. 12 O ex-combatente segurado da previdência social e seus dependentes terão direito às prestações previdenclárias, concedidas, mantidas e reajustadas de conformidade com o regime geral da legislação orgânica da previdência social, salvo quanto: I - Ao tempo de serviço para aquisição de direito à aposentadoria por tempo de serviço ou abono de permanência em serviço, que será de 25 (vinte e cinco) anos: II - À renda mensal do auxílio-doença e da aposentadoria de qualquer espécie, que será igual a 100% (cem por cento) do salário-de-benefício, definido e delimitado na legislação comum da previdência social. Parágrafo único. Será computado como tempo de serviço, para os efeitos desta Lei, o período de serviço militar prestado durante a guerra de 1939 a 1945. 23 Art. 1Q - Ao ex-combatente, assim considerado pela Lei nQ 5.315, de 12 de setembro de 1967, julgado, ou que venha a ser julgado, incapacitado definitivamente, por Junta Militar de Saúde, e necessitado, será concedida, mediante decreto do Poder Executivo, pensão especial equivalente ao valor de duas vezes o maior salário-mínimo vigente no país, desde que não faça jus a outras

vantagens pecuniárias previstas na legislação que ampara ex-combatentes. § 12 - Considera-se necessitado, para os fins desta Lei, o ex-combatente cuja situação econômica comprometa o atendimento às necessidades mínimas de sustento próprio e da família. § 22 - A condição a que se refere o parágrafo anterior será constatada mediante sindicância a cargo do Ministério Militar a que estiver vinculado o ex-combatente. Art. 22 - A pensão especial de que trata esta Lei é intransferível e Inacumulável com quaisquer rendimentos recebidos dos cofres públicos, inclusive pensão previdenciária, ressalvado o direito de opção. (Revooado pela Lei ne 7.424. de 1985) (grifos nossos)

26 Dispõe sobre a pensão especial de que trata a Lei n2 6.592, de 17 de novembro de 1978.

" Art. 1Q - A pensão especial de que trata a Lei ng 6.592, de 17 de novembro de 1978, é inacumulável com quaisquer rendimentos recebidos dos cofres públicos, exceto os benefícios previdenciários, ressalvado o direito de opção. 26 Art. 22 - Em caso de falecimento de ex-combatente amparado pela Lei n2 6.592, de 17 de novembro de 1978, a pensão especial

será transferida na seguinte ordem: I - à viúva; II - aos filhos menores de qualquer condição ou interditos ou inválidos. § 1Q - O processamento e a transferência da pensão especial serão efetuados de conformidade com as disposições da Lei nQ 3.765, de 4 de maio de 1960, que dispõe sobre as Pensões Militares. § 2Q - Os beneficiários previstos nos incisos 1 e II deste artigo devem comprovar, para fazerem jus à pensão especial, que viviam sob a dependência econômica e sob o mesmo teto do ex-combatente e que não recebem remuneração. 27 Vide supra. 28

Art. 53. Ao ex-combatente que tenha efetivamente participado de operações bélicas durante a Segunda Guerra Mundial, nos

termos da Lei 02 5.315, de 12 de setembro de 1967, serão assegurados os seguintes direitos: I - aproveitamento no serviço público, sem a exigência de concurso, com estabilidade:

)f'r 10

Page 11: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 11

Continuação do Parecer n9 93 3/2013/CONJUR-MD/CGU/AGU.

da Segunda Guerra Mundial. A par do aproveitamento, com estabilidade, no serviço público, independentemente de concurso, e da aposentadoria, em qualquer regime, com proventos integrais aos 25 (vinte e cinco) anos de serviço - já asseguradas por diplomas anteriores, passou-se a assegurar pensão especial correspondente à deixada por segundo-tenente das Forças Armadas, que poderá ser requerida a qualquer tempo, inacumulável com quaisquer rendimentos recebidos dos cofres públicos, exceto os benefícios previdenciários e ressalvado o direito de opção; pensão à viúva ou companheira ou dependente, de forma proporcional, de valor igual à do inciso anterior, em caso de morte; e prioridade na aquisição da casa própria, para os que não a possuam ou para suas viúvas ou companheiras.

33. O parágrafo único do art. 53 do ADCT do atual Texto Maior foi claro ao prever, à diferença de todos os enunciados a ele anteriores, que a concessão da pensão especial nos termos do inciso II do seu caput substitui, para todos os efeitos legais, qualquer outra pensão iá concedida ao ex-combatente.

34. A regulamentação do mencionado dispositivo constitucional somente adveio com a Lei n2 8.059, de 4 de julho de 1990 (vide art. 1229). A inovação que mais de perto toca à presente análise diz com os seus arts. 523° e 8231, que estabelecem quem será considerado dependente do ex-combatente para os fins de reversão da pensão e quem jamais fará jus à pensão especial; o seu art. 6232, pelo qual a reversão da pensão em favor dos dependentes somente ocorrerá quando do falecimento do ex-combatente; o seu art. 7233, que estabelece a forma como será provada a condição de dependente; o seu art. 1434, que prevê as hipóteses em que será extinta a cota-parte da pensão especial deferida aos dependentes do ex-combatente; e o seu art. 1735, que, apesar de assegurar aos contemplados pela Lei n2

II - pensão especial correspondente à deixada por segundo-tenente das Forças Armadas, que poderá ser requerida a qualquer tempo, sendo inacumulável com quaisquer rendimentos recebidos dos cofres públicos, exceto os benefícios previdenciários, ressalvado o direito de opção; III - em caso de morte, pensão à viúva ou companheira ou dependente, de forma proporcional, de valor igual à do inciso anterior; IV - assistência médica, hospitalar e educacional gratuita, extensiva aos dependentes; V - aposentadoria com proventos integrais aos vinte e cinco anos de serviço efetivo, em qualquer regime jurídico; VI - prioridade na aquisição da casa própria, para os que não a possuam ou para suas viúvas ou companheiras. Parágrafo único. A concessão da pensão especial do inciso II substituir para todos os efeitos legais, qualquer outra pensão já concedida ao ex-combatente. 29 Art. 15 Esta lei regula a pensão especial devida a quem tenha participado de operações bélicas durante a Segunda Guerra Mundial, nos termos da Lei n5 5.315, de 12 de setembro de 1967 e aos respectivos dependentes (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, art. 53, e III). 3° Art. 55 Consideram-se dependentes do ex-combatente para fins desta lei: I - a viúva; II - a companheira; III - o filho e a filha de qualquer condição, solteiros, menores d_ e 21 anos ou Inválidos; IV - o pai e a mãe inválidos; e V - o irmão e a irmã, solteiros, menores de 21 anos ou inválidos. Parágrafo único. Os dependentes de que tratam os incisos 1V e V só terão direito à pensão se viviam sob a dependência económica do ex-combatente, por ocasião de seu óbito. 31 Art. 85 A pensão especial não será deferida: I - à ex-esposa que não tenha direito a alimentos; II - à viúva que voluntariamente abandonou o lar conjugal há mais de cinco anos ou que, mesmo por tempo inferior, abandonou-o e a ele recusou-se a voltar, desde que esta situação tenha sido reconhecida por sentença judicial transitada em julgado; III - à companheira, quando, antes da morte do ex-combatente, houver cessado a dependência, pela ruptura da relação concubinária; IV - ao dependente que tenha sido condenado por crime doloso, do qual resulte a morte do ex-combatente ou de outro dependente. 32 Art. 65 A pensão especial é devida ao ex-combatente e somente em caso de sua morte será revertida aos dependentes. 33 Art. 7Q A condição de dependentes comprova-se: I - por meio de certidões do registro civil; II - por declaração expressa do ex-combatente, quando em vida; III - por qualquer meio de prova idôneo, inclusive mediante justificação administrativa ou judicial. 34 Art. 14. A cota-parte da pensão dos dependentes se extingue: I - pela morte do pensionista; II - pelo casamento do pensionista; III - para o filho, filha, irmão e irmã, quando, não sendo inválidos, completam 21 anos de idade; IV - para o pensionista inválido, pela cessação da invalidez. Parágrafo único. A ocorrência de qualquer dos casos previstos neste artigo não acarreta a transferência da cota-parte aos demais dependentes. " Art. 17. Os pensionistas beneficiados pelo art. 30 da Lei ng 4.242, de 17 de iulho de 1963, que não se enquadrarem entre os beneficiários da pensão especial de que trata esta lei, continuarão a receber os benefícios assegurados pelo citado artigo, até que se extingam pela perda do direito, sendo vedada sua transmissão, assim por reversão como por transferência.

ire

11

Page 12: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 12

33 Continuação do Parecer 0(7 /2013/CONJUR-MD/CGU/AGU.

4.242/63 a manutenção dos seus benefícios até que se extingam pela perda do direito, expressamente veda a sua transmissão, seja sob a forma de reversão ou de transferência.

35. De toda a evolução legislativa acerca do tema, pode-se inferir que se trata, em verdade, de diversos benefícios concedidos em decorrência da atuação do militar ou do civil convocado em operações bélicas durante o Segundo Conflito Mundial.

36. Em outras palavras, ainda que seja usual a adoção da expressão "pensão

especial de ex-combatente" trata-se, na verdade, de diversos tipos de vantagens assistenciais - e até, mesmo, algumas contributivas -, cada qual pautada em uma hipótese de incidência diferente, regulada por diplomas específicos e ancorada em critérios próprios

de habilitação e reversão.

37. E nessa linha de raciocínio estamos com o d. Departamento de Estudos Jurídicos e Contencioso Eleitoral, que, em detida análise sobre a possibilidade de inclusão na

Súmula riQ 08 36 da Advocacia-Geral da União, tangenciou a questão ao reconhecer a diferença existente entre os benefícios albergados pela Lei n4 4.242/63 e pela Lei nQ

6.592/78 (vide fl. 150).

38. Ressalte-se, contudo e como anteriormente mencionado, que o referido, estudo, invocado pela d. Procuradoria-Regional da União no Estado do Rio de Janeiro como

fundamento para a eventual reapreciação do Parecer 125/2011/CONJUR/MD, desborda

em muito o objeto original da consulta formulada nos autos, seja porque cuida de objeto muito mais amplo, ao confrontar e buscar conformação em relação a toda a legislação atinente aos benefícios concedidos aos veteranos de guerra, civis convocados ou militares.

39. No caso dos autos, com o perdão da insistência, o que se pretendeu, de início,

foi a análise específica do art. 30 da Lei n2 4.242/63 e suas implicações por ocasião do

falecimento do ex-combatente. Tal era o ponto central da questão discutida: a correta

interpretação a ser conferida ao mencionado art. 30 da Lei n4 4.242/63.

40. Não obstante, ainda que se tenha, como se tem efetivamente, que as análises

cotejadas se circunscrevem a universos diferentes, porque reconhecida a existência de uma zona de intersecção entre os temas e em respeito à r. solicitação, proceder-se-á a uma nova

leitura da questão.

11.2 — De uma nova leitura da questão

41. Como exaustivamente expendido, discutiu-se, originariamente, a possibilidade

de reversão de cotas-partes das beneficiárias da pensão prevista pelo art. 3037 da Lei ng

4.242/63, em caso de seu falecimento ou expressa renúncia do benefício a que fazem jus.

36 SÚMULA N6 8, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2001(*) (**) Republicada no DOU, Seção 1, de 28/09, 29/09 e 30/09/2005 "O direito à pensão de ex-combatente é regido pelas normas legais em vigor à data do evento morte. Tratando-se de reversão do beneficio à filha mulher, em razão do falecimento da própria mãe que a vinha recebendo, consideram-se não os preceitos em vigor quando do óbito desta última, mas do primeiro, ou seja, do ex-combatente." REFERÊNCIAS: Legislação: Constituição de 1988 (art. 53 do ADCT); Leis nos 3.765, de 4.5.1960. 4.242, de 17.7.1963, e 8.059, de 4.7.1990. Jurisprudência: Supremo Tribunal Federal: Mandado de Segurança n6 21707/DF, Rel. Min. Carlos Velloso (Tribunal Pleno). Superior

Tribunal de Justiça: REsp n2 492445/RJ, Rel. Min. Felix Fischer (Quinta Turma).

(*) Redação alterada pelo Ato de 27 de setembro de 2005. (**) Súmula Consolidada publicada no DOU I de 20.1.2012 "Vide supra.

12

Page 13: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 13

Continuação do Parecer n0q3,,5 /2013/CONJUR-MD/CGU/AGU.

42. A Eg. Corte de Contas fixou seu entendimento no sentido da possibilidade de reversão, à luz da jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, capitaneada pelo acórdão proferido no julgamento do Mandado de Segurança n4 21.707-338, e com amparo na redação original conferida ao art. 708 da Lei n9 3.765/60, bem como nos arts. 9Q40, 23, inciso 11141, e 2442 do mesmo diploma normativo (cf. fls. 21 e 22).

43. Tendo alcançado as mesmas conclusões, mas ancorado em dispositivos diversos da Lei das Pensões Militares, o Parecer n9 125/2011/CONJUR/MD, na intelecção do art. 30, parágrafo único43, da Lei n9 4.242/63, enfocou os preceitos insculpidos nos arts. 30 e 3144 da Lei n9 3.765/60 para estabelecer que fariam jus à reversão de cotas-partes os sucessores previstos no art. 705 da mesma lei de pensões, na sua redação original46 (vide fls. 104/105).

38 "Ementa PENSÃO - EX-COMBATENTE - REGENCIA. O DIREITO A PENSÃO DE EX-COMBATENTE E REGIDO PELAS NORMAS LEGAIS EM VIGOR A DATA DO DO EVENTO MORTE. TRATANDO-SE DE REVERSAO DO BENEFÍCIO A FILHA MULHER, EM RAZÃO DO FALECIMENTO DA PROPRIA MÃE QUE A VINHA RECEBENDO, CONSIDERAM-SE NÃO OS PRECEITOS EM VIGOR QUANDO DO ÓBITO DESTA ÚLTIMA, MAS DO PRIMEIRO, OU SEJA, DO EX-COMBATENTE." (MS 21707, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 18/05/1995, D.] 22-09-1995 PP-30590 EMENT VOL-01801-01 PP-00159) (grifos nossos) 38 Art 72 A pensão militar defere-se na seguinte ordem: I - à viúva; II - aos filhos de qualquer condição, exclusive os maiores do sexo masculino, que não sejam interditos ou inválidos; III - aos netos, órfãos de pai e mãe, nas condições estipuladas para os filhos;

IV) - à mãe, ainda que adotiva, viúva, solteira ou desquitada, e ao pai, ainda que adotivo, inválido ou interdito. (Redacão dada Dela Lei n2 4.958, de 1966) V - às irmãs germanas e consangüíneas, solteiras, viúvas ou desquitadas, bem como aos irmãos menores mantidos pelo contribuinte, ou maiores interditos ou inválidos; VI - ao beneficiário instituído, desde que viva na dependência do militar e não seja do sexo masculino e maior de 21 (vinte e um) anos, salvo se fôr interdito ou inválido permanentemente. § 12 A viúva não terá direito à pensão militar se, por sentença passada em julgado, houver sido considerada cônjuge culpado, ou se, no desquite amigável ou litigioso, não lhe foi assegurada qualquer pensão ou amparo pelo marido. § 22 A invalidez do filho, neto, irmão, pai, bem como do beneficiário instituído comprovar-se-á em inspeção de saúde realizada por junta médica militar ou do Serviço Público Federal, e só dará direito à pensão quando não disponham de meios para prover a própria subsistência. 40 Art 94 A habilitação dos beneficiários obedecerá, à ordem de preferência estabelecida no art. 72 desta lei. § 12 O beneficiário será habilitado com a pensão integral; no caso de mais de um com a mesma precedência, a pensão será repartida igualmente entre êles, ressalvadas as hipóteses dos §§ 22 e 32 seguintes. § 22 Quando o contribuinte, além da viúva, deixar filhos do matrimônio anterior ou de outro leito, metade da pensão respectiva pertencerá à viúva, sendo a outra metade distribuída igualmente entre os filhos habilitados na conformidade desta lei. § 32 Se houver, também, filhos do contribuinte com a viúva ou fora do matrimônio reconhecidos êstes na forma da Lei n2 883, de 21 de outubro de 1949 metade da pensão será dividida entre todos os filhos, adicionando-se à metade da viúva as cotas-partes dos seus filhos. § 42 Se o contribuinte deixar pai inválido e mãe que vivam separados, a pensão será dividida igualmente entre ambos. 41 Art. 23. Perderá o direito à pensão militar o beneficiário que: (Redação dada pela Medida provisória n2 2215-10, de 31.8.2001) (...) III - renuncie expressamente ao direito; (Redação dada pela Medida provisória n2 2215-10, de 31.8.2001) 42 Art 24. A morte do beneficiário que estiver no gozo da pensão, bem como a cessação do seu direito à mesma, em qualquer dos casos do artigo anterior importará na transferência do direito aos demais beneficiários da mesma ordem, sem que isto implique em reversão; não os havendo, pensão reverterá para os beneficiários da ordem seguinte. Parágrafo único. Não haverá, de modo algum, reversão em favor de beneficiário instituído. "Art 30. É concedida aos ex-combatentes da Segunda Guerra Mundial, da FEB, da FAB e da Marinha, que participaram ativamente das operações de guerra e se encontram incapacitados, sem poder prover os próprios meios de subsistência e não percebem qualquer importância dos cofres públicos, bem como a seus herdeiros, pensão igual à estipulada no art. 26 da Lei n.2 3.765, de 4 de maio de 1960. (Revogado pela Lei n2 8.059, de 1990) Parágrafo único. Na concessão da pensão, observar-se-á o disposto nos arts. 30 e 31 da mesma Lei n2 3.765, de 1960. (Revogado pela Lei n2 8.059, de 1990)

Art 30. A pensão militar será sempre atualizada pela tabela de vencimentos que estiver em vigor, inclusive quanto aos beneficiários dos contribuintes falecidos antes da vigência desta lei. § 12 O cálculo para a atualização tomará sempre por base a pensão tronco deixada pelo contribuinte, e não as importâncias percebidas pelos beneficiários em pensões subdivididas e majoradas ou acrescidas por abono. § 22 Em relação aos beneficiários dos contribuintes já falecidos, a nova pensão substituirá o montepio e o meio-sôldo, ou a pensão especial, não podendo, porém, nenhum beneficiário passar a perceber pensão Inferior à que lhe vem sendo paga. Art 31. O processo e o pagamento da pensão militar, inclusive os casos de reversão e melhoria, são da competência dos ministérios a que pertencerem os contribuintes, devendo ser submetidas ao Tribunal de Contas as respectivas concessões, para julgamento da sua legalidade. § 12 Para o caso das pensionistas que, na data, da publicação desta lei, já estejam percebendo suas pensões pelo Ministério da Fazenda, o processo e o pagamento nos casos de reversão e melhoria continuam sendo da competência do mesmo ministério. § 22 O julgamento da legalidade da concessão, pelo Tribunal de Contas, importará no registro automático da respectiva despesa e no reconhecimento do direito dos beneficiários ao recebimento, por exercícios findos, das mensalidades relativas a exercícios anteriores, na forma do artigo 29 desta lei. " Vide supra. ." No mesmo sentido decide o C. Superior Tribunal de Justiça: "ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. EX-COMBATENTE. ÓBITO EM 1989. PRINCIPIO DO TEMPUS REGIT ACTUM. ART. 53, II, DO ADCT E 72 DA LEI 3.765/60. APLICAÇÃO. PRECEDENTES. FILHA CASADA. PENSÃO. RECEBIMENTO. POSSIBILIDADE. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. "O direito à pensão de ex-combatente é regulado pela norma vigente na data do falecimento deste" (REsp 1.373.794/PE, Rel. Min. ELIANA

13

Page 14: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 14

Continuação do Parecer n9 3/2013/CONJUR-MD/CGU/AGU.

44. A d. Procuradoria-Regional da União no Estado do Rio de Janeiro, ao revés, trouxe à baila decisões judiciais que redundaram na improcedência do pedido formulado pela filha maior de ex-combatente. Ocorre, todavia e com a devida vênia, que, como se pretende demonstrar, as decisões trazidas à colação tratam de questão preliminar atinente à ausência de comprovação da Qualidade de ex-combatente do de cu/us (vide fl. 128), não

enfrentada pela manifestação deste órgão de assessoramento jurídico, nem mesmo pela Procuradoria-Geral da União, seja pelo seu Departamento de Assuntos Militares e de Pessoal Estatutário - DME, seja pelo seu Departamento de Estudos Jurídicos e Contencioso Eleitoral

- DEE.

45. Sucede que a apreciação efetivada por este órgão de assessoramento jurídico ancorou-se em premissa segundo a qual a pensão de ex-combatente já era percebida e rateada pelas filhas de ex-combatentes, vale dizer, partiu-se do pressuposto de que a Administração castrense já haveria verificado o atendimento, por parte das beneficiárias, dos requisitos exigidos pela legislação vigente à época do falecimento do seu genitor, para que lhes fosse deferida a pensão especial, de modo que o enfrentamento do ponto controvertido teria origem, não da concessão original da pensão especial - como tratado nas decisões invocadas pela d. PRU/RJ -, mas, ao revés, no óbito da beneficiária cotista, ou na renúncia por ela realizada em favor das demais beneficiárias existentes. Tal é a nuance não detectada pelo r. órgão de representação judicial e que em nada diz com os precedentes

invocados.

46. Confira-se a decisão proferida pelo C. Superior Tribunal de Justiça e trazida a lume pela d. Procuradoria-Regional da União no Rio de Janeiro, em grifos que não constam

do original:

DIREITO ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EX-COMBATENTE. PENSÃO ESPECIAL DE SEGUNDO-SARGENTO. APLICAÇÃO DA NORMA VIGENTE À ÉPOCA

DO ÓBITO DO EX-MILITAR. LEIS 3.765/60 E 4.242/63. INTEGRANTE DA FEB, FAB OU MARINHA. NÃO-OCORRÊNCIA. BENEFÍCIO DE NATUREZA ASSISTENCIAL. FILHAS MAIORES E CASADAS. INCAPACIDADE DE PROVER O PRÓPRIO SUSTENTO.

COMPROVAÇÃO. NÃO-OCORRÊNCIA. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO.

1. Consoante reiterada jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, o direito à pensão deverá ser examinado com base na legislação vigente ao tempo do óbito de seu instituidor.

2. "O benefício conferido à filha de ex-combatente, estabelecido pelo artigo 30 da Lei

n9 4.242/63, que estipula pensão igual à de Segundo-Sargento, contida no artigo 26 da

Lei n9 3.675/60, não se confunde com a pensão especial devida aos ex-combatentes com o advento da Carta Magna de 1988, prevista no artigo 53, inciso II, do ADCT" (AgRg no REsp 772.251/RS, Rel. Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Sexta Turma,

Dl 26/3/07). 3. São requisitos para o pagamento da pensão especial de ex-combatente previsto no

art. 30 da Lei 4.242/63: 19) ser o ex-militar integrante da FEB, da FAB ou da Marinha; 22)

ter efetivamente participado de operações de guerra; 3Q) encontrar-se o ex-militar, ou seus dependentes, incapacitados, sem poder prover os próprios meios de subsistência e 4Q) não perceber qualquer importância dos cofres públicos.

CALMON, Segunda Turma, DJe 19/6/13). 2. "Falecido o ex-combatente após a promulgação da Constituição Federal de 1988, porém

antes da edição da Lei 8.089/90, que regulamentou a pensão de Segundo-Tenente prevista no art. 53, II, do ADCT, de acordo com a

Jurisprudência do ST], deve-se aplicar o rol de dependentes previsto no artigo 72 da Lei 3.765/1960, que não exclui do benefício as filhas maiores, ainda que casadas, nem exige comprovação de dependência econômica em relação ao falecido. Precedente do STJ" (AgRg no AREsp 261.878/RN, Rel. Min. CASTRO MEIRA, Segunda Turma, DJe 24/4/13). 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1350052/PE, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/09/2013. DJe 12/09/2013) (grifos nossos)

14

Page 15: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 15

Continuação do Parecer nQ qZ:&- /2013/CONJUR-MD/CGU/AGU.

4. O integrante de guarnição do Exército que participou de missões de vigilância e patrulhamento do litoral não faz jus à pensão especial prevista no art. 30 da Lei 4.242/63, por ausência de previsão legal. 5. Recurso especial conhecido e provido para reformar o acórdão recorrido e restabelecer os efeitos da sentença. (REsp 1017114/SC, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 02/06/2009, DJe 29/06/2009)

47.

enunciadas: As razões de decidir adotadas pelo Exmo. Ministro Relator foram assim

"Quanto ao mérito, faz-se necessário, para melhor compreensão da controvérsia, esclarecer algumas questões fáticas que restaram incontroversas nos autos: a) a questão sub judice não diz respeito à eventual reversão de benefício, tendo em vista que a pensão pleiteada pelas recorridas na inicial (fl. 56), com base nas Leis 4.242/63 e 3.765/60 (equivalente à de Segundo-Sargento) não é a mesma que foi paga à sua mãe, por força de decisão judicial, com base no art. 53, II, do ADCT (equivalente a de Segundo-Tenente); b) o pai das recorridas, falecido em 18/11/86 (fl. 76), ostentava a condição de ex-combatente da Segunda Guerra Mundial, porquanto participara, como integrante do Exército, de missões de segurança e vigilância no litoral brasileiro, em zona considerada de guerra, fato reconhecido em decisão judicial transitada em julgado (fls. 104/120), que determinou fosse paga a sua viúva a pensão de Segundo-Tenente; c) ao tempo da morte de seu pai, as recorridas já eram maiores de 21 (vinte e um) anos de idade e casadas (certidões de casamento de fls. 59, 62, 65, 69 e 71). Consoante reiterada jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, o direito à pensão deverá ser examinado à luz da legislação vigente ao tempo do óbito de seu instituidor. Nesse sentido: (...) Nessa linha de raciocínio, embora se observe que a pensão especial de Segundo-Tenente tenha sido paga à viúva do ex-combatente enquanto viva, com base na Lei 8.059/90 e no art. 53, II, do ADCT, tal fato torna-se irrelevante na hipótese dos autos, uma vez que as recorridas, malgrado façam uso da expressão "reversão", pleiteiam, na verdade, a concessão do benefício previsto nas Leis 4.242/63 e 3.765/60, que têm requisitos diversos daqueles previstos na Lei 8.059/90. As Leis 4.242/63 e 3.765/60 dispõem o seguinte:

Lei 4.242/63 Art 30. É concedida aos ex-combatentes da Segunda Guerra Mundial, da FEB, da FAB e da Marinha, que participaram ativamente das operações de guerra e se encontram incapacitados, sem poder prover os próprios meios de subsistência e não percebem qualquer importância dos cofres públicos, bem como a seus herdeiros, pensão igual à estipulada no art. 26 da Lei n.Q 3.765, de quatro de maio de 1960. Parágrafo único. Na concessão da pensão, observar-se-á o disposto nos arts. 30 e 31 da mesma Lei nQ 3.765, de 1960.

Lei 3.765/60 Art 7Q A pensão militar defere-se na seguinte ordem: I - à viúva; II - aos filhos de qualquer condição, exclusive os maiores do sexo masculino, que não sejam interditos ou inválidos;

Art 26. Os veteranos da campanha do Uruguai e Paraguai, bem como suas viúvas e filhas, beneficiados com a pensão especial instituída pelo Decreto-lei ne 1.544, de 25 de agosto de 1939, e pelo art. 30 da Lei ng 488, de 15 de novembro de 1948, e os veteranos da revolução acreana, beneficiados com a pensão vitalícia e intransferível instituída pela Lei nQ 380, de 10 de setembro de 1948,

15

Page 16: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 16

Continuação do Parecer rig st7.V/2013/CONJUR-MD/CGU/AGU.

passam a perceber a pensão correspondente a deixada por um 2-Q sargento, na

forma do art. 15 desta lei. Infere-se do art. 30 da Lei 4.242/63 que os requisitos para o pagamento da pensão especial de Segundo-Sargento são os seguintes: 1Q) ser o ex-militar integrante da FEB, da FAB ou da Marinha; 2Q) ter efetivamente participado de operações de guerra; 3Q) encontrar-se o ex-militar incapacitado, sem poder prover os próprios meios de subsistência e 4Q) não perceber nenhuma importância dos cofres públicos. Verifica-se, assim, que o de cujus não preenchia o primeiro requisito do art. 30 da Lei 4.242/63, na medida em que não serviu na FEB, na FAB ou na Marinha, pois foi integrante de guarnição do Exército no litoral brasileiro (fl. 74). Da mesma forma, o terceiro requisito também não foi comprovado pelas recorridas -incapacidade do ex-militar de arcar com seus próprios meios de subsistência e não

perceber nenhuma importância dos cofres públicos. Ademais, revendo posição anteriormente adotada, entendo não ser possível a concessão indiscriminada da pensão de Segundo-Sargento instituída pelas Leis

4.242/63 e 3.765/60 aos dependentes do ex-combatente falecido. Com efeito, embora a Lei 3.765/60, ao tempo do óbito do de cujus, considerasse seus dependentes também as filhas maiores de 21 (vinte e um) anos, de qualquer condição, o art. 30 da Lei 4.242/63, ao instituir a pensão de Segundo-Sargento, trouxe um requisito específico - prova de que os ex-combatentes encontravam-se "incapacitados, sem poder prover os próprios meios de subsistência", e que não percebiam "qualquer importância dos cofres públicos" -, o que acentua a natureza assistencial daquele benefício, que deverá ser preenchido não apenas pelo ex-combatente, mas também

por seus dependentes. Assim, considerando-se que as recorridas não demonstraram preencher tal requisito, não fazem jus à pensão especial, ainda que, eventualmente fosse devido ao falecido

militar. É importante frisar, outrossim, que a Lei 5.315/67 tinha por finalidade regulamentar "o art. 178 da Constituição do Brasil [ de 1967], que dispõe sôbre os ex-

combatentes da 20 Guerra Mundial", que, por sua vez, era assim redigido: Art 178 - Ao ex-combatente da Força Expedicionária Brasileira, da Força Aérea Brasileira, da Marinha de Guerra e Marinha Mercante do Brasil que tenha participado efetivamente de operações bélicas na Segunda Guerra Mundial

são assegurados os seguintes direitos: a) estabilidade, se funcionário público;

b) aproveitamento no serviço público, sem a exigência do disposto no art.

95, § 1Q; c) aposentadoria com proventos integrais aos vinte e cinco anos de serviço efetivo, se funcionário público da Administração centralizada ou autárquica;

d) aposentadoria com pensão integral aos vinte e cinco anos de serviço, se

contribuinte da previdência social; e) promoção, após interstício legal e se houver vaga;

f) assistência médica, hospitalar e educacional, se carente de recursos. Destarte, embora a Lei 5.315/67 tenha expandido o conceito de ex-combatente da Segunda Guerra, tal fato não é capaz de alterar a redação do art. 30 da Lei 4.242/63, na medida em este último regula situação distinta do primeiro. Nesse sentido:

(...) Por fim, sendo procedente o inconformismo da UNIÃO no que tange ao mérito da controvérsia, em face da inexistência de direito das recorridas à pensão especial de Segundo-Sargento, resta prejudicado o exame das questões acessórias, referentes à correção monetária, juros de mora e sucumbência. Ante o exposto, conheço do recurso especial e dou-lhe provimento para reformar o acórdão recorrido e restabelecer os efeitos da sentença."

48. Vê-se, pois, que não se trata da hipótese dos autos, pois toda a construção

lógica do aresto foi tecida em torno do preenchimento dos requisitos para a concessão da

:Kr 16

Page 17: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 17

Continuação do Parecer n° 922 /2013/CONJUR-MD/CGU/AGU.

pensão especial pelas filhas do ex-combatente, ao passo em que na consulta original se presume a pensão já deferida às mesmas filhas de ex-combatente, com amparo no art. 30 da Lei n2 4.242/63, e se inquire a possibilidade de reversão da cota-parte da beneficiária falecida ou renunciante em favor da(s) eventual(is) cotista(s) remanescente(s).

49. Assim é que quanto à inferência de que "a possibilidade ou não das aludidas reversões e transferência deve seguir a mesma lógica que define a incidência de um (Lei n2 3.765/60 c/c Lei n2 4.242/63) ou outro (Art. 53 do ADCT e Lei n2 8.059/90) regime jurídico próprio dos ex-combatentes", amparada no princípio segundo o qual tempus regit actum (vide fl. 74v.), o Parecer n2 125/2011/CONJUR/MD não merece reparos e acompanha a jurisprudência superior, tendo em vista que reconhece assim incidência da legislação em vigor à época do falecimento do ex-combatente como diploma reguladora da pensão especial respectiva como a diversidade de regimes jurídicos aplicáveis a cada tipo de benefício assistencial.

50. A especificidade reside, porém, na larga gama de normas regulamentadoras de benefícios assistenciais deferidos aos ex-combatentes e seus herdeiros/beneficiários que se sucede no tempo, de modo que, ao que se tem dos autos, a insurreição levada a efeito pela d. Procuradoria-Regional da União do Rio de Janeiro parece repousar na ausência de menção, por parte deste órgão de assessoramento jurídico, às diversas hipóteses em que se pode, ou, não ter a reversão da pensão especial, de acordo com o regime jurídico vigente à época do óbito do instituidor do benefício - rememore-se, por cautela, que tal sucessão legislativa não foi objeto da consulta original.

51. De modo a enfrentar o tema, alargando a margem original de abordagem, mas em respeito à demanda inaugurada pelo Memorando n2 20-50/2011-PRU/RJ, tome-se o seguinte quadro sinóptico:

DIPLOMA NORMATIVO/

REGIME JURÍDICO BENEFÍCIO

REMISSÃO LEGISLATIVA REVERSÃO/TRANSFERÊNCIA

* DL 3.269/41: aos * Concede aos herdeiros dos militares herdeiros dos militares * A reversão ocorrerá entre os pertencentes à F.E.B. e considerados que venham a falecer herdeiros elencados no art. 16 prisioneiros, desaparecidos ou extraviados em conseqüência de do D3695/39, e não perderão a pensão condiciona/ (art. 15) ferimentos ou moléstias pensão, em cujo gozo se * Terminada a campanha e não se adquiridos em acharem, as filhas e irmãs

DECRETO-LEI Ne apresentando o militar considerado prisioneiro, desapareCido ou extraviado, a

campanha, ou na defesa da ordem, será

pensionista que se casarem, seja qual for a profissão do

7374/45 seus herdeiros será concedida a pensão do art. 1° do Decreto-lei n0 3.269, de 14 de

concedida uma pensão especial igual aos

marido (art.25)

* Regula a situação maio de 1941 (Art. 42)` vencimentos do posto dos militares *São considerados herdeiros os que os que que tinham em vida, ou considerados a legislação em vigor,define como tais para aos do posto prisioneiros, desaparecidos ou

a percepção do montepio militar, com os mesmos direitos de Preferencia e reversão

imediatamente superior, quando promovidos

extraviados, concede pensão a seus herdeiros e dá outras providências.

(art.8Q) post-mortem. (Art. le) * DL 196/38: Dispõe sobre a contribuição para montepio militar e a pensão correspondente dos herdeiros. (Arts. 8Q a 10) *D3695/39: regulamenta o DL 196/38.

* Os que faleceram em conseqüência de * A reversão ocorrerá entre os ferimentos na zona de combate, em * DL 196/38: Dispõe herdeiros elencados no art. 16 cumprimento de missão ou desempenho de sobre a contribuição do D3695/39, e não perderão a

17

Page 18: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 18

Continuação do Parecer ng 9:3/2013/CONJUR-MD/CGU/AGU.

para montepio militar e a pensão correspondente dos herdeiros. (Arts. Eig a 10)

D3695/39: regulamenta o DL 196/38. * L458/48: dispõe sôbre extensão de vantagens do montepio militar.

pensão, em cujo gozo se acharem, as filhas e irmãs pensionista que se casarem, seja qual for a profissão do marido (art.25 do D 3695/39)

Pela L458/48, são

considerados membros da família militar, para receber a pensão do montepio, além das pessoas a que alude o art. 15 do DL 3.695/39, a mãe e os irmãos menores de 21 anos, se o militar houver morrido na guerra entre os anos de 1939-1945, desde que o marido da primeira ou o pai dos últimos seja inválido ou incapaz fisicamente de manter a economia do lar; e os irmãos órfãos, menores de 21 anos.

serviço ou, em qualquer situação, decorrentes de ação inimiga são promovidos post—mortem ao posto imediato ao que tinham na data do óbito e deixam uma pensão especial igual aos vencimentos do posto ou graduação da hierarquia normal subsequente ao da promoção. (art. 2Q) *Os que faleceram em consequência de moléstias adquiridas ou agravadas em campanha, ou, fora desta zona, de acidente em serviço, deixam uma pensão especial igual aos vencimentos do posto imediato ao que tinham em vida (art. 3Q) * Os que faleceram por quaisquer outros motivos, em campanha, deixam uma pensão especial igual aos vencimentos do posto que

tinham em vida (art. 45) * Os desaparecidos deixam a seus herdeiros a pensão igual aos vencimentos do posto ou

graduação da hierarquia normal

subsequente ao da promoção post mortem a que faz jus (art. 6Q) * O convocado que, em vida, haja optado pelo que percebia como civil, deixa pensão será igual a essa remuneração civil, salvo se maior o beneficio que faria jus com base nas disposições anteriores (art. 7Q) * são herdeiros o que a legislação em vigor define como tais para a percepção do montepio militar, com mesmos direitos de preferência e reversão (art. 13)

DECRETO-LEI NQ 8794/46

Regula as vantagens a que têm direito os

herdeiros dos

militares que

participaram da F.E.B,, no teatro de operações da Itália.

* Os militares que tenham servido no teatro de operações da Itália, no período de 1944-45, em qualquer tempo julgados inválidos ou incapazes por sofrerem de tuberculose ativa, alienação mental, neoplasia maligna, cegueira, lepra ou paralisia, serão considerados como se em serviço ativo estivessem, e reformados ou aposentados com as vantagens da Lei número 288/48, combinada com o art. 10 do DL 8795/46, e com o art. 303 da L 1316/51, com a interpretação do D 30119/51, e com o direito à etapa de asilado nas condições previstas na citada L1316/51. * Art 30. È concedida aos ex-combatentes da Segunda Guerra Mundial, da FEB, da FAB e da Marinha, que participaram ativamente das operações de guerra e se encontram incapacitados, sem poder prover os próprios meios de subsistência e não percebem qualquer importância dos cofres públicos, bem como a seus herdeiros, pensão igual estipulada no art. 26 da Lei n.2 3.765, de 4

de maio de 1960. * Na concessão da pensão, observar-se-á o disposto nos arts. 30 e 31 da mesma Lei n5

3.765, de 1960. (parágrafo único) * Revogado pela Lei ng 8.059, de 1990.

L2579/55

* Concede amparo aos ex-integrantes da F.E.B., julgados inválidos ou incapazes definitivamente para o serviço militar.

LEI 4242/63

* Fixa novos valores para os vencimentos dos servidores do Poder Executivo, Civis e Militares; institui o empréstimo compulsório; cria o Fundo Nacional de Investimentos, e dá outras providências.

* L 288/48, c/c art. 10 do DL 8795/46, e com o art. 303 da L 1316/51, com a interpretação do D 30119/51.

* Não há previsão de benefícios

em favor de

herdeiros/dependentes.

* L 3765/60: Art 26. Os veteranos da campanha do Uruguai e Paraguai, bem como suas viúvas e filhas, beneficiados com a pensão especial instituída pelo Decreto-lei ng 1.544. de 25 de aciósto de 1939 e pelo art. 30 da Lei n2

488. de 15 de novembro de 1948 e os veteranos da revolução acreana, beneficiados com a pensão vitalícia e

intransferível instituída pela Lei n5 380. de 10 de setembro de 1948, passam a perceber a pensão correspondente a deixada por um 2Q sargento, na forma do art. 15 desta lei. (Vide Decreto ng 4,307. de 2002)

* A pensão prevista no art. 26 da Lei ng 3.765/60 é composta dos seguintes benefícios: a) uma pensão mensal, vitalícia, de trezentos mil réis devida aos veteranos das campanhas do Uruguai e do Paraguai; b) se falecidos, uma pensão mensal, vitalícia, de duzentos mil réis, devida às suas esposas, não transmissível a herdeiros diretos em qualquer grau, extinguindo-se com a morte da beneficiária. (vide art. 12 e 22 do DL 1544/39); c) uma pensão às filhas cujas progenitoras venham a falecer a partir de 15.11.1948 (art. 30 da

L488/48); d) uma pensão mensal na importância de Cr$ 400,00, pessoal e intransferível, somente paga ao beneficiário enquanto viver, aos veteranos da Revolução Acreana (art. 1Q e 2Q da L380/48)

* Art 178 - Ao ex-combatente da Força Expedicionária Brasileira, da Força Aérea

* Lei ng 5315/67 -regulamenta o art. 178 * Não há previsão de benefícios

18

Page 19: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 19

Continuação do Parecer 0932/2013/CONJUR-MD/CGU/AGU.

CF67

Brasileira, da Marinha de Guerra e Marinha

Mercante do Brasil que tenha participado efetivamente de operações bélicas na Segunda Guerra Mundial são assegurados os seguintes direitos: (Regulamento) a) estabilidade, se funcionário público; b) aproveitamento no serviço público, sem a exigência do disposto no art. 95, 4 12; c) aposentadoria com proventos integrais aos vinte e cinco anos de serviço efetivo, se funcionário público da Administração centralizada ou autárquica; d) aposentadoria com pensão integral aos vinte e cinco anos de serviço, se contribuinte da previdência social; e) promoção, após interstício legal e se houver vaga; f) assistência médica, hospitalar e educacional, se carente de recursos.

da Constituição do Brasil, que dispõe sôbre os ex-combatentes da 2a Guerra Mundial

em favor de herdeiros/dependentes.

LEI 5698/71 * Dispõe sôbre as prestações devidas a ex-combatente segurado da previdência social

* O ex-combatente segurado da previdência social e seus dependentes terão direito às prestações previdenciárias, concedidas, mantidas e reajustadas de conformidade com o regime geral da legislação orgânica da previdência social (art. 12)

* Legislação orgânica da previdência social

* Adota o regime geral da legislação orgânica da previdência social.

LEI 6592/78 * Concede amparo aos ex-combatentes julgados incapazes definitivamente para o serviço militar.

* Ao ex-combatente, definido pela L5315/67, considerado incapacitado definitivamente e necessitado, será concedida pensão especial igual ao valor de duas vezes o maior salário- mínimo vigente, desde que não faça jus a outras vantagens previstas na legislação que ampara ex-combatentes (art. 15).

*Lei n5 5315/67 - regulamenta o art. 178 da CF67, que dispõe sôbre os ex-combatentes da 2Q Guerra Mundial

* A pensão especial de que trata esta Lei é intransferível e inacumulável com quaisquer rendimentos recebidos dos cofres públicos, inclusive

pensão previdenciária (art. 24)

LEI 7424/85

* Dispõe sobre a pensão especial de que trata a Lei n5 6.592, de 17 de novembro de 1978.

* A pensão especial da L6592/78 permanece inacumulável com quaisquer rendimentos recebidos dos cofres públicos, exceto os benefícios previdenciários.

* L6592/78 - concede amparo aos ex- combatentes julgados incapazes definitivamente para o serviço militar.

* Em caso de falecimento do beneficiário, a pensão especial será transferida à viúva e aos filhos menores de qualquer condição ou interditos ou inválidos, seguinte ordem (art.25). * Exige-se comprovação de que viviam sob a dependência econômica e sob o mesmo teto do ex-combatente e que não recebem remuneração.

CF88

* ADCT, art. 53: o ex-combatente faz jus ao aproveitamento, com estabilidade, no serviço público, independentemente de concurso; da aposentadoria, em qualquer regime, com proventos integrais aos 25 anos de serviço; pensão especial correspondente à deixada por segundo- tenente das Forças Armadas, que poderá ser requerida a qualquer tempo, inacumulável com quaisquer rendimentos recebidos dos cofres públicos, exceto os benefícios previdenciários e ressalvado o direito de opção; pensão à viúva ou companheira ou dependente, de forma proporcional, de valor igual à anterior, em caso de morte; e prioridade na aquisição da casa própria.

* Lei n2 5315/67 - regulamenta o art. 178 da Constituição do Brasil, que dispõe sobre os ex-combatentes da 2a Guerra Mundial

LEI 8059/90 * Dispõe sobre a pensão especial devida aos ex- combatentes da Segunda Guerra Mundial e a seus dependentes.

* A cota-parte da pensão dos dependentes se extingue pela morte do pensionista; pelo casamento do pensionista; para o filho, filha, irmão e irmã, quando, não sendo inválidos, completam 21 anos de idade; para o pensionista inválido, pela cessação da invalidez. (art. 14)

* A ocorrência de qualquer dos casos de extinção da cota-parte não acarreta a transferência da cota-parte aos demais dependentes. (art. 14, parágrafo único) *Os pensionistas beneficiados pelo art. 30 da L 4242/63, que não se enquadrarem entre os beneficiários da pensão especial de que trata esta lei, continuarão a receber os

19

Page 20: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 20

Continuação do Parecer /2013/CONJUR-MD/CGU/AGU.

benefícios, até que se extingam pela perda do direito, vedada sua transmissão, assim por reversão como por transferência (art. 17)

52. Com o perdão da extensa transcrição, o confronto dos diversos diplomas

normativos conduz à conclusão de que a análise acerca da possibilidade, ou não, de

reversão da pensão especial de ex-combatente deve, sempre e em qualquer circunstância,

guardar consonância ao respectivo amparo legislativo, assim entendido aquele em vigor por ocasião do óbito do instituidor do benefício - na esteira do entendimento sufragado pelo E.

Supremo Tribunal Federal no julgamento do Mandado de Segurança nQ 21.707-347.

53. Da mesma forma, os requisitos necessários à concessão do benefício devem

ser buscados junto aos mesmos corpos normativos, na esteira do pacífico entendimento

jurisprudencial:

PREVIDENCIÁRIO. EX-COMBATENTE. PENSÃO ESPECIAL. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS NA VIGÊNCIA DA LEI 1.756/52. REAJUSTES. LEI N. 5.968/1971.

INAPLICABILIDADE. 1. Nos termos da jurisprudência do STJ, havendo o ex-combatente preenchido os requisitos sob a vigência da Lei n. 1.756/1952, tanto os proventos quanto à pensão por morte devem equivaler à remuneração percebida se na ativa estivesse e serem reajustados como disposto na referida norma, sem as modificações introduzidas pela

Lei n.5.698/71.. 2. Precedentes:AgRg no REsp 1371190/RN, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 25/6/2013, DJe 16/9/2013; AgRg no REsp 1319566/SE, ReI. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/3/2013, DJe 2/4/2013.

Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1391224/RN, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA,

julgado em 07/11/2013, DJe 14/11/2013)

ADMINISTRATIVO. EX-COMBATENTE. PENSÃO POR MORTE. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO CONCEDIDO SOB A VIGÊNCIA DA LEI 4.297/63. INAPLICABILIDADE DA LEI 5.698/71.

PRECEDENTES DO STJ.

1. A jurisprudência desta Corte é no sentido de que preenchidos os requisitos para a concessão da aposentadoria ao tempo da vigência da Lei 4.297/63, os reajustes submetem-se ao regime desse diploma legal, tanto no que se refere a seus proventos, como à pensão por morte, não se aplicando as modificações da Lei 5.698/71.

2. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1386332/RJ, ReI. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/10/2013, DJe 24/10/2013)

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. PENSÃO ESPECIAL DE EX-COMBATENTE. ÓBITO EM 22.6.1983. REVERSÃO A FILHA MAIOR E CAPAZ. LEIS NS. 3.765/1960 E 4.242/1963. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS ESPECÍFICOS DO ART. 30 DA LEI N. 4.242/1963.

1. É firme a jurisprudência no sentido de que o direito à pensão de ex-combatente deve ser regido pela lei vigente à época do falecimento do instituidor. Precedentes.

2. No caso, o pai da agravante faleceu quando ainda vigiam as Leis ns. 3.765/1960 e

4.242/1963. 3. O art. 30 da Lei n. 4.242/63, ao instituir a pensão de Segundo-Sargento, trouxe requisitos específicos - prova de que os ex-combatentes encontravam-se "incapacitados, sem poder prover os próprios meios de subsistência", e que não percebiam "qualquer importância dos cofres públicos" -, o que acentua a natureza assistencial desse benefício, que deverá ser preenchido não apenas pelo ex-combatente, mas também por seus dependentes. Precedentes: AgRg no REsp

Vide supra.

20

Page 21: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 21

Continuação do Parecer n2t933 /2013/CONJUR-MD/CGU/AGU.

1.073.262/SC, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Quinta Turma, DJe 2.8.2010; AgRg no REsp 1.363.082/ES, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 9.5.2013; AgRg nos EDcI no REsp 1.362.118/PE, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, DJe 28.6.2013; AgRg no AREsp 246.980/PE, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 27.8.2013, DJe 4.9.2013. 4. Na hipótese, as instâncias ordinárias, soberanas na análise das provas dos autos, consignaram que a recorrente já recebe importância paga pelos cofres públicos, não preenchendo os requisitos legais para percepção da pensão especial de ex-combatente por reversão. 5. Assim, o acórdão impugnado encontra-se no sentido da jurisprudência desta Corte. Aplicação da súmula 83/STJ. Agravo Regimental improvido. (AgRg no AREsp 353.705/RJ, ReI. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/10/2013, DJe 25/10/2013)

54. Nesse aspecto, não merece reparos o Parecer n9 226/2009/WAU/DEE/PGU/AGU, em sua minudenciada análise sobre todos os diplomas normativos referidos.

55. Especificamente acerca da interpretação conferida pelos Tribunais pátrios ao

art. 30 da Lei ng 4.242/60 e sua aptidão para permitir a reversão da pensão especial à filha

maior, roga-se vênia para reproduzir o que já se encontra pacificado no âmbito do C. Superior Tribunal de Justiça:

ADMINISTRATIVO. PENSÃO ESPECIAL DE EX-COMBATENTE. LEI DE REGÊNCIA. DATA DO ÓBITO. LEIS 3.765/60 E 4.242/63. FILHA MAIOR. POSSIBILIDADE. VERIFICAÇÃO DE REQUISITOS. REEXAME DE FATOS E PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. 1. Nos termos da jurisprudência do STJ, o direito à pensão especial de ex-combatente deverá ser examinado à luz da legislação vigente ao tempo do óbito de seu instituidor. 2. No presente caso, aplica-se o regime misto de reversão (Leis n. 4.242/63 e 3.765/60), no qual o art. 30 da Lei n. 4.242/63, combinado com o art. 26 da Lei n. 3.765/60, reconhece a condição de beneficiário a herdeiro maior de 21 anos, cuja pensão será correspondente ao posto de Segundo-Sargento. 3. O art. 30 da Lei n. 4.242/63 traz como exigência para concessão de pensão prova de que os ex-combatentes encontravam-se "incapacitados, sem poder prover os próprios meios de subsistência", e que não percebiam "qualquer importância dos cofres públicos". 4. Hipótese em que o Tribunal de origem limitou-se a consignar que a ora agravada faz jus a pensão especial de ex-combatente, nos termos do art. 30 da Lei n. 4.242/63, sem especificar se tinha ou não meios de prover o seu próprio sustento. Dessa forma, a análise do referido requisito requer, necessariamente, o reexame de fatos e provas, o que é vedado ao STJ, por esbarrar no óbice da Súmula 7/STJ. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1390468/RN, ReI. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/09/2013, DJe 18/09/2013)

ADMINISTRATIVO. PENSÃO ESPECIAL. EX-COMBATENTE. ART. 30 DA LEI 4.242/63. REVERSÃO. COTA-PARTE FILHA. CUMULAÇÃO COM PROVENTOS DE SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. IMPOSSIBILIDADE. 1. O direito à pensão de ex-combatente é regulado pela norma vigente na data do falecimento deste. Precedentes. 2. De acordo com o art. 30 da Lei 4.242/63, o recebimento da pensão especial depende de o militar, integrante da FEB, FAB, ou Marinha, ter participado efetivamente de operações de guerra e esteja incapacitado, sem condições de prover seu próprio sustento, além de não receber outros valores dos cofres públicos. Os dois últimos requisitos devem ser comprovados também pelos seus herdeiros, acentuando o caráter assistencial do benefício. Precedentes.

21

Page 22: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 22

Continuação do Parecer 933/2013/CONJUR-MD/CGU/AGU.

3. Não é possível a cumulação do recebimento de pensão especial de ex-combatente fundada no art. 30 da Lei 4.242/63 com proventos de sociedade de economia mista.

4. Recurso especial não provido. (REsp 1237888/SC, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 08/10/2013, Dje 18/10/2013)

AGRAVO REGIMENTAL. ADMINISTRATIVO. PENSÃO ESPECIAL. EX-COMBATENTE. REGIME MISTO DE REVERSÃO. ART. 30 DA LEI 4.242/63. FILHAS MAIORES DE 21 ANOS. INCAPACIDADE DE PROVER SEU PRÓPRIO SUSTENTO. COMPROVAÇÃO. AUSÊNCIA.

1. O direito à pensão de ex-combatente é regulado pela norma vigente na data do

falecimento deste. Precedentes.

2. Aplica-se o regime misto de reversão (Leis 4.242/63 e 3.765/60) quando o ex- combatente falecer entre 05.10.88 e 04.07.90, data em que passou a viger a Lei 8.059/90, que regulamentou o art. 53 do ADCT. Precedentes.

3. De acordo com o art. 30 da Lei 4.242/63, o recebimento da pensão especial depende de o militar, integrante da FEB, FAB, ou Marinha, ter participado efetivamente de operações de guerra e esteja incapacitado, sem condições de prover seu próprio sustento, além de não receber outros valores dos cofres públicos. Os dois últimos requisitos devem ser comprovados também pelos seus herdeiros. Precedentes.

4. Não havendo notícia da incapacidade das autoras para proverem seu próprio

sustento, não tem direito ao benefício pleiteado.

5. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 246.980/PE, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 27/08/2013, Dje 04/09/2013)

PROCESSUAL CIVIL. PENSÃO ESPECIAL DE EX-COMBATENTE. REVERSÃO A FILHAS MAIORES E CAPAZES. ÓBITO EM 10.2.1989. REGIME MISTO DE REVERSÃO. ART. 53 DO

ADCT E LEIS NS. 3.765/1960 E 4.242/1963. REQUISITOS ESPECÍFICOS DO ART. 30 DA LEI N. 4.242/1963. NECESSIDADE DE

PREENCHIMENTO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO OU ERRO DE FATO.

1. É firme a jurisprudência no sentido de que o direito à pensão de ex-combatente deve ser regido pela lei vigente à época do falecimento.

2. No caso concreto, o pai das recorridas faleceu quando vigia a Constituição Federal de 1988. Aplica-se, assim, o denominado regime misto de reversão, que se caracteriza pela conjugação das condições previstas nas Leis 3.765/1960 e 4.242/1963, que permaneceram vigentes até a edição da Lei 8.059/1990, reconhecendo-se a pensão especial de que trata o art. 53 do ADCT. Precedentes.

3. A Lei 3.765/1960 dispõe sobre pensão militar, de caráter geral, e, no caso dos autos, tem aplicação subsidiária. 4. Para fazer jus à pensão especial de ex-combatente, tanto este como os dependentes devem comprovar o preenchimento do requisitos específicos previstos no art. 30 da Lei 4.242/1963, a saber: incapacidade de prover os próprios meios de subsistência; e não

percepção de qualquer importância dos cofres públicos.

5. Os embargantes, inconformados, buscam com a oposição destes embargos declaratórios ver reexaminada e decidida a controvérsia de acordo com sua tese. Todavia, não é possível dar efeitos infringentes aos aclaratórios sem a demonstração de qualquer vício ou teratologia. Embargos de declaração rejeitados. (EDcI no REsp 1358929/PE, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/04/2013, Dje 12/04/2013) (grifos nossos)

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. EX-COMBATENTE. PENSÃO ESPECIAL. FALECIMENTO DO INSTITUIDOR, ANTERIOR À CF/88. REVERSÃO A FILHA MAIOR, CAPAZ E SEPARADA. COMPROVAÇÃO DOS REQUISITOS DO ART. 30 DA LEI N. 4.242/1963.

SÚMULA 7/STJ. 1. É firme a jurisprudência no sentido de que o direito a pensão de ex-combatente deve ser regido pela lei vigente à época do falecimento deste. Precedentes.

2. No caso concreto, o pai da agravante faleceu aos 11.6.1986, na vigência das Leis ns. 3.765/1960 e 4.242/1963. Portanto, não é possível aplicar o art. 53 do ADCT/1988, ante o princípio da irretroatividade das leis.

)c(4-

22

Page 23: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 23

Continuação do Parecer n4933 /2013/CONJUR-MD/CGU/AGU.

3. Embora a Lei n. 3.765/1960, que dispõe sobre pensão de militares, de caráter geral e aplicação subsidiária, considerasse como dependentes também as filhas maiores de 21 anos, de qualquer condição, o art. 30 da Lei n. 4.242/1963, que institui a pensão especial de ex-combatente pleiteada, trouxe um requisito específico, qual seja: prova de que os ex-combatentes encontravam-se "incapacitados, sem poder prover os próprios meios de subsistência", e que não percebiam "qualquer importância dos cofres públicos"; o qual deverá ser preenchido não apenas pelo ex-combatente, mas também por seus dependentes. 4. Se o acórdão a quo não reconhece o preenchimento dos requisitos legais, incabível em sede de recurso especial reexaminar tais circunstancias fático-probatórias. Aplicação da súmula 7/STJ. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1337186/PE, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/03/2013, DJe 14/03/2013) (grifos nossos)

56. Assim é que, na trilha da jurisprudência consolidada do C. Superior Tribunal de Justiça e com amparo no art. 30 da Lei n2 4.242/63, a filha maior de ex-combatente faria jus à percepção da respectiva pensão especial, se, e somente se, cumulativamente:

a) tal diploma estivesse vigente à época do falecimento do instituidor do benefício;

b) o seu falecido genitor houver sido ex-combatente da Segunda Guerra Mundial, da FEB, da FAB ou da Marinha;

c) o de cujus houver, efetivamente, participado de operações de guerra; d) o ex-militar houver sido considerado incapacitado; e) não possuir condições de prover os próprios meios de subsistência; e f) não perceber qualquer importância dos cofres públicos.

57. Ao que se tem dos diversos arestos trazidos à colação, o C. Superior Tribunal de Justiça aplica subsidiariamente a Lei ng 3.765/60 de modo a construir um regime misto de reversão (vide supra), que, a partir da redação original do art. 7248 da Lei de Pensões Militares, permitiria à filha maior a percepção do benefício assistencial, desde que, com o perdão da insistência, faça prova do atendimento dos requisitos atinentes à impossibilidade de prover os meios necessários a sua subsistência e que não perceba qualquer importância dos cofres públicos.

58. Eventual reversão de cota-parte do benefício decorrente do falecimento de cotista ou de sua renúncia em favor das demais beneficiárias - segundo esse raciocínio -desafiaria a incidência dos comandos insculpidos na Lei ng 3.765/6049. Nesse sentido trilhou o Parecer n9 125/2011/CONJUR/MD, ao analisar as implicações do art. 30 da Lei n2 4.242/63

" Vide supra. 49 O Eg. Tribunal Regional Federal da 52 Região, no enfrentamento de questão semelhante, houve pela possibilidade de reversão de cota-parte à irmã supérstite, nos seguintes termos: ADMINISTRATIVO. PENSÃO DE EX-COMBATENTE. FILHAS MAIORES. APLICAÇÃO DA LEI VIGENTE À ÉPOCA DO ÓBITO DO INSTITUIDOR DO BENEFÍCIO. REQUISITOS DO ART. 30 DA LEI N. 4.242/63. COMPROVAÇÃO. VERBA HONORÁRIA ELEVADA PARA R$ 3.000,00. APELAÇÃO DA PARTE AUTORA PARCIALMENTE PROVIDA. APELAÇÃO DA UNIÃO E REMESSA OFICIAL DESPROVIDAS. 1. Trata-se de apelação contra sentença que julgou procedente o pedido, mantendo a decisão de fls. 28/29, nos termos do art. 269, I, do CPC. Honorários advocaticios fixados em R$ 1.000,00 (um mil reais). 2. O col. STF pacificou o entendimento no sentido de que a pensão deixada por ex-combatente é regida pelas normas vigentes na data do óbito de seu instituidor. (MS 21.610/R5 e 21.707/DF). 3. Considerando que o genitor da autora faleceu em 10.07.1969, antes, portanto, do início da vigência da Lei 8059/90, deve-se observar o atendimento dos requisitos previstos no art. 30 da Lei 4.242/63, diploma legal que, conjugado com a Lei n. 3.765/60, permite a reversão de quota de pensão de ex-combatente. 4. No caso dos autos, é de se ter presente que o falecido genitor da autora já era beneficiário da pensão em comento. Também a autora e sua irmã, com o falecimento do instituidor, passaram a receber o benefício na proporção de metade-metade, sendo de se concluir, portanto, pelo seu estado de necessidade, haja vista, repita-se, já ser titular do benefício cuja reversão da outra metade ora se postula. 5. Honorários advocaticios majorados para R$ 3.000,00 (três mil reais), nos termos do art. 20, 42, do CPC, avaliando-se o zelo profissional, o tempo de duração do processo e o local da prestação do serviço (voto médio). Vencido, no ponto, o relator. 6. Apelação da parte autora a que se dá parcial provimento. Apelação da União e remessa oficial desprovidas. (PROCESSO: 00160819120114058300, AC547960/PE, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA (CONVOCADO), Segunda Turma, JULGAMENTO: 23/10/2012, PUBLICAÇÃO: DJE 30/10/2012 - Página 243)

23

Page 24: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 24

Continuação do Parecer ng 9-5.3 /2013/CONJUR-MD/CGU/AGU.

e concluir que "somente as pessoas elencadas na redação original do art. 72 da Lei n2

3.765/60, dentre elas as filhas maiores, é que fazem jus à pensão de ex-combatente, quando do falecimento do seu instituidor" (vide fl. 72).

59. Contudo, analisada a questão sob um novo prisma, tem-se que a leitura

atenta do sobejamente referido art. 305° da Lei ri2 4.242/63 permite inferência diversa,

senão vejamos.

60. À diferença dos diplomas anteriores, a Lei n2 4.242/63 não contempla

autonomamente uma pensão especial, ao revés, o que a norma determina é que seja

concedida uma "pensão igual à estipulada no art. 26 da Lei n.12 3.765, de 4 de maio de 1960"

ao ex-combatente da Segunda Guerra Mundial — observe-se que é a primeira vez em que o

termo é utilizado no ordenamento jurídico -- bem como aos seus herdeiros. Determina,

ainda, que "na concessão da pensão, respeitar-se-á o disposto nos arts. 30 e 31 da mesma

Lei n2 3.765, de 1960", In verbis:

Art 30. É concedida aos ex-combatentes da Segunda Guerra Mundial, da FEB, da FAB e da Marinha, que participaram ativamente das operações de guerra e se encontram incapacitados, sem poder prover os próprios meios de subsistência e não percebem qualquer importância dos cofres públicos, bem como a seus herdeiros, pensão igual à

estipulada no art. 26 da Lei n.2 3.765. de 4 de maio de 1960. (Revogado pela Lei n2

8.059, de 1990) Parágrafo único. Na concessão da pensão, observar-se-á o disposto nos arts. 30 e 31 da

mesma Lei n2 3.765. de 1960. (Revogado pela Lei n2 8.059, de 1990) (grifos nossos)

61. Observe-se: a lei remete expressamente aos arts. 26, 30 e 31 da Lei n2 3.765/60. A nenhum outro mais. O silêncio do legislador parece eloquente, conforme se pretende demonstrar.

62. A Lei nQ 3.765/60 dispõe, até a presente data, sobre as pensões militares, e,

no seu art. 26, determina:

Art 26. Os veteranos da campanha do Uruguai e Paraguai, bem como suas viúvas e filhas, beneficiados com a pensão especial instituída pelo Decreto-lei n2 1.544, de 25 de agôsto de 1939, e pelo art. 30 da Lei nQ 488, de 15 de novembro de 1948, e os veteranos da revolução acreana, beneficiados com a pensão vitalícia e intransferível instituída pela Lei nQ 380, de 10 de setembro de 1948, passam a perceber a pensão correspondente a deixada por um 22 sargento, na forma do art. 15 desta lei. (Vide Decreto nQ 4.307, de 2002)

63. O Decreto-Lei ng 1.544, de 25 de agosto de 1939, destina-se, unicamente, a

conceder pensão vitalícia aos voluntários e militares das campanhas do Uruguai e Paraguai

e, a esse respeito, estatui:

Art. 12 Aos voluntários e militares do Exército e da Marinha que prestaram serviço de guerra nas campanhas do Uruguai e do Paraguai fica concedida a pensão mensal.

vitalícia, de trezentos mil réis. Parágrafo único. Às esposas dos ex-combatentes citados no artigo anterior, já falecidos, será concedida a pensão mensal, vitalícia, de duzentos mil réis.

Art. 2Q A pensão de que trata o presente decreto-lei não será transmissível a herdeiros diretos em qualquer grau, extinguindo-se com a morte da beneficiária.

" Vide supra.

'st

24

Page 25: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 25

Continuação do Parecer ng 9- 2/2013/CONJUR-MD/CGU/AGU.

Art. 34 A habilitação para a pensão será feita perante uma Comissão composta do Diretor de Fundos do Exército, de um representante do Ministério da Marinha e de um funcionário do Ministério da Fazenda, sob a presidência do primeiro.

Art. 5g A despesa decorrente da execução deste decreto-lei correrá, no presente exercício, pelas verbas de pensões dos atuais orçamentos dos Ministérios da Guerra e da Marinha, devendo, nos orçamentos futuros, figurar sob a rubrica especial "Pensões a Voluntários e Militares das Campanhas do Uruguai e Paraguai". (grifos nossos)

64. A Lei n2 488, de 15 de novembro de 1948, modificou o cenário inicial para, ao reconhecer expressamente a possibilidade de transferência do benefício instituído pelo Decreto n2 1.544/39, amparar as filhas dos militares que serviram na guerra do Paraguai, a saber:

Art. 30. É assegurado o direito à pensão, instituída pelo Decreto número 1.544, de 29 de agôsto de 1939, às filhas dos militares que serviram na guerra do Paraguai, e cujas progenitoras faleceram ou vierem a falecer.

65. A Lei n2 380, de 10 de setembro de 1948, concedeu pensão especial aos veteranos da Revolução Acreana de maneira bem mais restritiva, vejamos:

Art. 14 É concedida, a partir de janeiro de 1948, aos veteranos da Revolução Acreana, uma pensão mensal na importância de Cr$ 400,00 (quatrocentos cruzeiros).

Art. 2g A pensão especial de que trata o artigo precedente será pessoal intransferível e somente paga ao beneficiário enquanto viver, renovada, no ato de cada pagamento, a prova de identidade e de existência do pensionista.

Art. 34 É aberto, ao Ministério da Justiça e Negócios Interiores, o crédito especial de Cr$ 211.200,00 (duzentos e onze mil e duzentos cruzeiros), necessário à despesa prevista nesta Lei, no exercício de 1948. (grifos nossos)

66. Verifica-se, pois, que o art. 30 51 da Lei n2 4.242/63, aparentemente, ao remeter o intérprete ao art. 26 52 da Lei n2 3.765/60, haveria contemplado benefícios distintos, que haveriam sido reunidos por este último dispositivo unicamente pelo seu valor, correspondente à pensão deixada por um 22 Sargento.

67. Ocorre, todavia, que, a leitura conjugada dos diversos dispositivos em cotejo aponta para uma outra direção, qual seja, a de que o legislador de 1963, em verdade, ao

remeter o aplicador do direito ao art. 26" da Lei ng 3.765/60, que, por sua vez, provoca a incidência do Decreto-lei n2-1.544/39, do art. 30 da Lei n2 488/48, da Lei n2 380/48 buscou referir não unicamente ao valor, mas à natureza intransferível da pensão deixada pelo ex-combatente, tanto que, quando houve por bem, fez menção expressa às hipótese de reversão à filha do militar- falecido e a sua viúva. Com efeito, tanto no Decreto-lei n2 1.544/39, como na Lei n2 488/48 e na Lei n2 380/48 o legislador foi expresso: trata-se de benefícios intransferíveis.

" Vide supra. 52 Vide supra. " Vide supra.

25

Page 26: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 26

Continuação do Parecer n9 /2013/CONJUR-MD/CGU/AGU.

68. Como acima demonstrado, o art. 30 da Lei n9 4.242/63 apenas permite ao

aplicador do direito guiar-se pelos comandos dos arts. 26, 30 e 31 da Lei n9 3.765/60, sem

qualquer referência ao art. 2454 da Lei de Pensões Militares - este, sim, que, efetivamente,

trata das hipótese de reversão da pensão militar.

69. A razão de ser da referência expressa aos arts. 30 e 31 da Lei n9 3.765/60

parece estar em que os referidos dispositivos estabelecem a forma de atualização do

benefício pensionai (art. 30 55 ), bem como o ente responsável pelo processamento e

pagamento da pensão em referência (art. 3156) de forma diversa do que previam o Decreto-

Lei n9 1.544/39, a Lei n9 488/48 e a Lei n9 380/48, que nada dispunham sobre atualização de valores e atribuíam as despesas decorrentes da concessão dos respectivos benefícios aos

Ministérios da Guerra e da Marinha (art. 5957 do Decreto-Lei n9 1.544/39) e ao Ministério da

Justiça e Negócios Interiores (art. 3958 da Lei n9 380/48).

70. Confrontem-se os mencionados dispositivos da Lei n9 3.765/60:

Art 30. A pensão militar será sempre atualizada pela tabela de vencimentos que estiver em vigor, inclusive quanto aos beneficiários dos contribuintes falecidos antes da

vigência desta lei. § 1Q O cálculo para a atualização tomará sempre por base a pensão tronco deixada pelo contribuinte, e não as importâncias percebidas pelos beneficiários em pensões

subdivididas e majoradas ou acrescidas por abono.

§ 24 Em relação aos beneficiários dos contribuintes já falecidos, a nova pensão substituirá o montepio e o meio-soldo, ou a pensão especial, não podendo, porém, nenhum beneficiário passar a perceber pensão inferior à que lhe vem sendo paga.

Art 31. O processo e o pagamento da pensão militar, inclusive os casos de reversão e

melhoria são da competência dos ministérios a que pertencerem os contribuintes, devendo ser submetidas ao Tribunal de Contas as respectivas concessões, para julgamento da sua legalidade. § 14 Para o caso das pensionistas que, na data, da publicação desta lei, já estejam percebendo suas pensões pelo Ministério da Fazenda, o processo e o pagamento nos casos de reversão e melhoria continuam sendo da competência do mesmo ministério.

§ 24 O julgamento da legalidade da concessão, pelo Tribunal de Contas, importará no registro automático da respectiva despesa e no reconhecimento do direito dos beneficiários ao recebimento, por exercícios findos, das mensalidades relativas a exercícios anteriores, na forma do artigo 29 desta lei.

71. Pode-se inferir, portanto, na esteira do que acenou o n9

226/2009/WAU/DEE/PGU/AGU, à fl. 150, que não seriam aplicáveis à pensão regida pela Lei

n9 4.242/63 os preceitos insculpidos no art. 7958 e, com mais razão, no art. 2460 da Lei n9

3.765/60, em ousada discordância da jurisprudência pátria e do Eg. Tribunal de Contas da

União.

" Art 24. A morte do beneficiário que estiver no gôzo da pensão, bem como a cessação do seu direito à mesma, em qualquer dos casos do artigo anterior importará na transferência do direito aos demais beneficiários da mesma ordem, sem que isto implique em reversão; não os havendo, pensão reverterá para os beneficiários da ordem seguinte. Parágrafo único. Não haverá, de modo algum, reversão em favor de beneficiário instituído. " Vide infra. " Vide infra. " Vide supra. " Vide supra. " Vide supra. 6o Vide supra.

•kr'

26

Page 27: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 27

Continuação do Parecer n2 93? 472013/CONJUR-MD/CGU/AGU.

72. Desse modo, uma vez concedida a pensão com amparo no art. 3061 da Lei n2 4.242/63, - e considerando-se que, para tanto, foram devidamente preenchidos os requisitos exigidos em lei, como acima esclarecido - , não se há de falar em reversão decorrente do falecimento de qualquer dos beneficiários cotistas ou da renúncia por eles realizada, tendo em vista, por um lado, o silêncio da própria Lei n2 4.242/63 e do art. 2662 da Lei n2 3.765/60, e por outro lado, a explícita menção à natureza intransferível dos benefícios contemplados no Decreto-Lei n2 1.544/39, na Lei n2 488/48 e na Lei n2 380/48.

73. Poder-se-ia deduzir que a consulta inicialmente formulada pelo Comando da Marinha em atenção ao Acórdão n2 104/2010 — TCU — Plenário, deve ser respondida

negativamente, a saber, pela impossibilidade de reversão da quota-parte de pensão especial em caso de falecimento de sua beneficiária ou da renúncia por ela realizada à luz do que prevê o próprio art. 30 da Lei n2 4.242/63, e, nesse aspecto, resta superado o

Parecer n2 125/2011/CONJUR/MD e prejudicados os questionamentos dele decorrentes formulados pelo Comando do Exército por meio do Ofício n2 525-A.2.3, de 13 de junho de 2011, às fls. 85/86.

III — Conclusão

74. Por todo o exposto, conclui-se que:

a) a pensão especial de ex-combatente constitui expressão unívoca, vale dizer, é empregada indistintamente para designar uma categoria de benefícios concedidos àqueles que fizeram parte da campanha brasileira durante o segundo conflito mundial;

b) representa, em verdade, diferentes tipos de vantagens assistenciais - e até, mesmo, algumas contributivas -, cada qual pautada em uma hipótese de incidência diversa, regulada por diplomas específicos e ancorada em critérios próprios de habilitação e reversão;

c) os requisitos necessários à concessão do benefício, bem como a posterior análise acerca da possibilidade, ou não, de reversão da pensão especial de ex-combatente deve, sempre e em qualquer circunstância, guardar consonância ao respectivo amparo legislativo, assim entendido aquele em vigor por ocasião do óbito do instituidor do benefício - na esteira do entendimento sufragado pelo E. STJ no julgamento do MS n2 21.707-3;

d) na trilha da jurisprudência do C. STJ e com amparo no art. 30 da Lei n2 4.242/63, a filha maior de ex-combatente faria jus à percepção da respectiva pensão especial, se, e somente se, tal diploma estivesse vigente à época do falecimento do instituidor do benefício; o seu falecido genitor houver sido ex-combatente da Segunda Guerra Mundial, da FEB, da FAB ou da Marinha; o de cujus houver, efetivamente, participado de operações de guerra; o ex-militar houver sido considerado incapacitado; não possuir condições de prover os próprios meios de subsistência; e não perceber qualquer importância dos cofres públicos;

e) nessa linha, eventual reversão de cota-parte do benefício decorrente do falecimento de cotista ou de sua renúncia em favor das demais beneficiárias desafiaria, como entendeu o Parecer 125/2011/CONJUR/MD a incidência dos comandos insculpidos na Lei n2

3.765/60;

61 Vide supra. 62 Vide supra.

27

Page 28: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 28

c.39 Continuação do Parecer /2013/CONJUR-MD/CGU/AGU.

f) contudo, observada por um outro prisma, a leitura conjugada do art. 30 da Lei n2 4.242/63 e do art. 26 da Lei n2 3.765/60 aponta para uma outra direção, qual seja, a de que o legislador de 1963, em verdade, buscou referir à natureza intransferível da pensão deixada pelo ex-combatente, tanto que, quando houve por bem, fez menção expressa às hipótese de reversão à filha do militar falecido e a sua viúva;

g) o art. 30 da Lei n2 4.242/63 apenas permite ao aplicador do direito guiar-se pelos comandos dos arts. 26, 30 e 31 da Lei n2 3.765/60, sem qualquer

referência ao art. 24 63 da Lei de Pensões Militares — este, sim, que, efetivamente, trata das hipótese de reversão da pensão militar;

h) desse modo, uma vez concedida a pensão com amparo no art. 30 da Lei nQ 4.242/63, - e considerando que, para tanto, foram devidamente preenchidos os requisitos exigidos em lei, como acima esclarecido-, não se há de falar em reversão decorrente do falecimento de qualquer dos beneficiários cotistas, tendo em vista, por um lado, o silêncio da própria

Lei n2 4.242/63 e do art. 26 da Lei n2 3.765/60, e por outro lado, da

explícita menção à natureza intransferível dos benefícios contemplados no Decreto-Lei n2 1.544/39, na Lei n2 488/48 e na Lei n2 380/48.

75. Sugere-se, pois, ante a impossibilidade de reversão da quota-parte de pensão especial em caso de falecimento de sua beneficiária ou da renúncia por ela realizada à luz do que prevê o próprio art. 30 da Lei n2 4.242/63, que se tenha, a esse respeito, por

superado o Parecer n2 125/2011/CONJUR/MD e prejudicados os questionamentos dele decorrentes formulados pelo Comando do Exército por meio do Ofício n2 525-A.2.3, de 13 de

junho de 2011, às fls. 85/86.

76. Recomenda-se, ainda, o encaminhamento de cópia da presente manifestação aos Comandos da Marinha, Exército e Aeronáutica, bem como à d. Procuradoria-Geral da União, por seu Departamento de Assuntos de Pessoal Civil e Militar, para conhecimento.

À superior consideração,

Brasília, 28 de novembro de 2013.

):1•4/ J444(A; ,14,ti'e -1 CA.') -)1A" Livi a Maria Vasconcelos de Miranda

Advogada da União

" A rt 24. A morte do beneficiário que estiver no gozo da pensão, bem como a cessação do seu direito à mesma, em qualquer dos casos do artigo anterior importará na transferência do direito aos demais beneficiários da mesma ordem, sem que isto implique em reversão; não os havendo, pensão reverterá para os beneficiários da ordem seguinte. Parágrafo único. Não haverá, de modo algum, reversão em favor de beneficiário instituído.

28

Page 29: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 29

Continuação do Parecer n99,5-? /2013/CONJUR-MD/CGU/AGU.

ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO

CONSULTORIA-GERAL DA UNIÃO Consultoria Jurídica junto ao Ministério da Defesa

Coordenação-Geral de Direito Administrativo e Militar

DESPACHO N9&-r-7/2013/CONJUR-MD/CGU/AGU

1. De acordo.

2. Após o necessário registro no Sistema de Consultoria - SISCON, encaminhe-se à consideração do Sr. Consultor jurídico Interino.

Brasília, 9 de novembro de 2013.

7

Bruno Correia Cardoso Advogado da União

Coordenador-Geral de Direito Administrativo e Militar

29

Page 30: ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA … · combatente da Segunda Guerra Mundial, ... por meio do qual o Gabinete do Comandante da ... Do que foi exposto, observa-se que,

Parecer 933/ CONJUR/2013/CONJUR (0016430) SEI 60502.000120/2016-53 / pg. 30

Continuação do Parecer 09-3_? /2013/CONjUR-MD/CGU/AGU.

ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GERAL DA UNIÃO

Consultoria jurídica junto ao Ministério da Defesa Coordenação-Geral de Direito Administrativo e Militar

DESPACHO NQ 7g3 /2013/CONJUR-MD/CGU/AGU

1. Acolho.

2. Após o necessário registro no Sistema de Consultoria - SISCON, proceda-se ao encaminhamento de cópia da presente manifestação aos Comandos da Marinha, Exército e Aeronáutica, bem como à d. Procuradoria-Geral da União, por seu Departamento de Assuntos de Pessoal Civil e Militar, para conhecimento do entendimento desta Consultoria Jurídica junto ao Ministério da Defesa sobre a impossibilidade de reversão da quota-parte de pensão especial em caso de falecimento de sua beneficiária ou da renúncia por ela realizada, à luz do que prevê o art. 30 da Lei nQ 4.242/63, tendo-se por superado, a esse respeito, o Parecer nQ 125/2011/CONJUR/MD.

3. Registre-se, por fim, que, pela mesma razão, encontram-se prejudicados os questionamentos dele decorrentes formulados pelo Comando do Exército por meio do Ofício nQ 525-A.2.3, de 13 de junho de 2011, às fls. 85/86.

Brasília, 09 de dezembro de 2013:

LeonardMati6p ficorny Consultor jurídico junt6 aoinistério da befesa Interino

31