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INTRODUÇÃO O presente trabalho foi elaborado com o objetivo de esclarecer o que significa uma Área de Especial Interesse Social – AEIS, para que serve, quando e porque foi criada. Além de apresentar como exemplo o Bairro de Mãe Luiza, em Natal, Rio Grande do Norte, que serviu como experiência pioneira devido à enorme pressão que esta área habitacional estava sofrendo por parte dos interesses imobiliários. Para tal, foram coletados dados e estatísticos de diversos documentos oficiais, oferecido pelo município, principalmente pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo – SEMURB. Tendo como base todos os dados coletados e problemas analisados, este trabalho também apresentará uma possível solução para uma das maiores necessidades do bairro de Mãe Luiza, podendo ser estas: escolaridade, iluminação, pavimentação, acessibilidade, lixo, segurança, saúde e lazer. 1

AEIS Mãe Luiza

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AEIS

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Page 1: AEIS Mãe Luiza

INTRODUÇÃO

O presente trabalho foi elaborado com o objetivo de esclarecer o que significa uma

Área de Especial Interesse Social – AEIS, para que serve, quando e porque foi criada. Além

de apresentar como exemplo o Bairro de Mãe Luiza, em Natal, Rio Grande do Norte, que

serviu como experiência pioneira devido à enorme pressão que esta área habitacional estava

sofrendo por parte dos interesses imobiliários. Para tal, foram coletados dados e estatísticos de

diversos documentos oficiais, oferecido pelo município, principalmente pela Secretaria

Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo – SEMURB.

Tendo como base todos os dados coletados e problemas analisados, este trabalho

também apresentará uma possível solução para uma das maiores necessidades do bairro de

Mãe Luiza, podendo ser estas: escolaridade, iluminação, pavimentação, acessibilidade, lixo,

segurança, saúde e lazer.

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1. AEIS

Áreas Especiais de Interesse Social (AEIS) são áreas demarcadas no território de uma

cidade, para assentamentos habitacionais de população de baixa renda. Devem estar previstas

no Plano Diretor e demarcadas na Lei de Zoneamento. Podem ser áreas já ocupadas por

assentamentos precários, e podem também ser demarcadas sobre terrenos vazios. No primeiro

caso, visam flexibilizar normas e padrões urbanísticos para, através de um plano específico de

urbanização, regularizar o assentamento. No caso de áreas vazias, o objetivo é aumentar a

oferta de terrenos para habitação de interesse social e reduzir seu custo.

Este instrumento foi criado no Município do Rio de Janeiro pela Lei Orgânica de 1990

e pelo Plano Diretor, que o regulamentou em 1992. É atribuição municipal definir parâmetros

de ocupação em seu território, em harmonia com a Constituição Federal de 1988 e com o

Estatuto das Cidades, aprovado em 2001.

1.1 COMO É CRIADA UMA AEIS

A criação de uma AEIS requer estudos técnicos que levantem: necessidades especiais,

condições socioeconômicas (faixa de renda, escolaridade, existência de serviços e

infraestrutura urbana), particularidades físicas e ambientais (inclinação do terreno, vegetação

a ser preservados, rios, lagoas, características geológicas, etc).

A Política Habitacional de Interesse Social para Natal está fundamentada nos

princípios da Política Urbana Federal e nas especificidades da problemática habitacional

local, sendo dirigida para as famílias que se inserem na faixa de renda de 0 a 3 salários

mínimos. Apóia-se nos princípios do direito à moradia como um direito humano e na

participação social como fundamento básico para a democratização da gestão pública.

1.2 AEIS EM NATAL

Espacialidade da pobreza e reconhecimento das irregularidades no solo urbano de

Natal. As Áreas Especiais de Interesse Social foram definidas no Plano Diretor de Natal a

partir de 1994. Embora a legislação anterior, Lei Nº 3.183/83, instituísse as Áreas Especiais

de Recuperação Urbana (AERU), com significado similar, foi a partir da Lei Nº 007/94 que os

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assentamentos irregulares foram reconhecidos e instituídos com mais abrangência no Plano

Diretor.

Terrenos públicos ou particulares ocupados por favelas, vilas ou loteamentos

irregulares em relação aos quais haja interesse público em se promover a urbanização e

regularização jurídica; II. Glebas ou lotes urbanos, isolados ou contíguos não edificados,

subutilizados ou não utilizados, com área superior a 400 metros quadrados, necessários para

implantação de programas habitacionais, destinados a grupos sociais de renda familiar de até

3 (três) salários mínimos ou seu sucedâneo legal.” Com base nessa definição, três tipologias

de assentamentos irregulares tornaram-se foco prioritário da Política Habitacional de Interesse

Social do município: favelas, vilas e loteamentos irregulares. Em 1994, o conceito de AEIS

adotado e a sua delimitação no Plano Diretor representaram avanços junto à problemática da

habitação social do município.

Desde 1994, Natal já possui instrumentos legais para intervir em áreas de interesse

social, voltados para atender uma população de baixa renda, excluída do mercado formal da

moradia. Entretanto, apesar do pioneirismo, Natal não apresenta um histórico muito denso em

termos de experiências e de definição de AEIS e muito menos de regularizações fundiárias.

De fato, após a aprovação do Plano Diretor de 1994 foram criadas apenas três AEIS, sendo

Mãe Luiza a primeira (1995), seguida do Passo da Pátria (2002) e do Jardim Progresso

(2004).

2. MÃE LUIZA

2.1 HISTÓRIA

O bairro Mãe Luiza foi criado, através da Lei nº 794 de 23 de janeiro de 1958. O

bairro, herdeiro do nome de uma mulher que foi exemplo de solidariedade, nasceu

oficialmente da Lei sancionada pelo prefeito Djalma Maranhão, o prefeito da campanha De

Pé no Chão Também se Aprende a Ler.

Desde 1951, com a construção do farol, o bairro Mãe Luiza ilumina a chegada das

embarcações em nossas praias. Lugar de resistência, Mãe Luiza continua firme na construção

de uma comunidade solidária.

A desigualdade social é uma realidade em que o Brasil se encontra há décadas e que

piora gradativamente a cada ano que passa. A dificuldade financeira em que famílias em todo

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o país se encontram, leva a população de baixa renda a ocupar áreas impróprias que

apresentam risco à sua segurança e saúde. Devido ao crescimento desordenado das cidades,

Zonas de Proteção Ambiental e Áreas de Preservação Permanente em meio urbano sofrem

pressão constante por parte dessas ocupações.

Mãe Luíza, é um exemplo dessa situação. Localizado em uma área ambientalmente

frágil, compreende uma extensa população carente que constantemente enfrenta dificuldades

para defender sua moradia, como a busca desenfreada do mercado imobiliário pela venda de

sua paisagem.

2.2 A EXPERIÊNCIA PIONEIRA DE MÃE LUÍZA

A cada novo período de seca no interior do estado, Natal recebia mais e mais

retirantes, vindos com a expectativa de fazer morada e conseguir trabalho. Áreas periféricas

como Mãe Luiza, fora do centro e dos bairros de elite, eram o escape natural para estas

famílias. A partir da rápida urbanização, ocorrida em Natal, pós-Segunda Guerra, Mãe Luiza

passou a ser, sistematicamente, ocupada por populações de migrantes que não possuíam

condições de pagar aluguel ou comprar um lote na periferia. Tal ocupação foi assistida por

ações de melhoramento, como a construção de cacimbas, pavimentação de alguns trechos e

fornecimento de materiais de construção, realizadas pelo, então, prefeito Sylvio Pedroza

(1946-1949). Neste momento, configuram-se as primeiras vias tais como as atuais ruas

Guanabara, Saquarema, Antônio Félix, Camaragibe e algumas travessas (SOUZA, 2001,

p.407).

O Plano Diretor de Natal de 1994, incorporando boa parte da “agenda” da Reforma

Urbana, determinou, em seu artigo 25, a criação de Áreas Especiais de Interesse Social,

envolvendo “terrenos públicos ou particulares ocupados por favelas, vilas ou loteamentos

irregulares” (NATAL, 1994). Nesse sentido, a AEIS Mãe Luiza foi a primeira a ser

regulamentada em Natal, através da Lei 4.663 de 31 de julho de 1995. O seu pioneirismo

devesse, entretanto, à enorme pressão que esta área habitacional estava sofrendo por parte dos

interesses imobiliários, ávidos em conseguir terras aptas para a construção de edifícios

verticalizados, não só maximizando o consumo da paisagem, mas destinando aquele espaço

ao consumo de classes sociais mais privilegiadas.

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2.3 REMEMBRAMENTO

A regulamentação da AEIS Mãe Luiza determinou um uso diferenciado do solo

urbano neste bairro, impedindo o remembramento de lotes necessários para viabilizar a

construção de edifícios. O objetivo da regulamentação era estabelecer Mãe Luiza como uma

área propícia ao desenvolvimento de ações de Interesse Social, como melhoria da qualidade

habitacional e combate à especulação imobiliária. Passados quase 10 anos desta

regulamentação, os ganhos efetivos não foram suficientes nem para reverter o estigma nem as

condições de baixa qualidade habitacional existente.

As restrições ao remembramento dos lotes mantiveram a morfologia e a tipologia

habitacional sem alterações na parte interior do bairro, embora seu entorno tenha sido

ocupado por edifícios verticalizados que ameaçam o acesso à paisagem por parte da

população pobre. As determinações da Lei, sem dúvida, inibiram a especulação imobiliária

“formal” mas na implementação da Lei, não se estabeleceu um controle sobre as práticas

ilegais de comercialização de lotes: a simples regularização não refletiu mudanças na

estrutura social do bairro, ainda fortemente marcado pela existência de áreas faveladas ou

semi-faveladas.

2.4 DADOS ESTATÍSTICOS

De acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo – SEMURB,

no último censo de pesquisas, em 2010. Atualmente no bairro de Mãe Luiza há cerca de

15.000 habitantes, sendo 7.221 homens e 7.738 mulheres. Dentre eles, a faixa etária mais

predominante é a de jovens entre 10 e 29 anos de idade. (Ver tabela 01 em anexo).

Apesar do bairro ser considerado sem infraestrutura, os dados de drenagem e

pavimentação de acordo com a Secretaria Municipal de Obras Públicas e Infraestrutura –

SEMOPI, Mãe Luiza é 95% drenado e tem 98% das ruas pavimentadas (ver tabela 02 em

anexo). As condições de infraestrutura no entorno dos domicílios particulares também

apresentam dados positivos (ver tabela 03 em anexo). Dentre os equipamentos públicos, o

menos presente, são áreas de esporte e lazer para a população (ver mapa 01 em anexo).

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Embora, aparentemente o bairro possua uma boa infraestrutura, a renda per capita na

maioria dos domicílios particulares permanentes, é de mais de 1/2 a 1 salário mínimo e

menos de 1% da população tem renda a cima de 10 salários mínimos (ver tabela 04 em

anexo).

3. PROPOSTA

Tendo como partido a grande quantidade de jovens no bairro e a carência de centros

esportivos e de lazer, percebemos a necessidade da construção de um complexo de lazer/praça

e esportes, em especial para essa população, a fim de que tal necessidade seja suprida,

colaborando também com a diminuição da marginalização no bairro.

O terreno idealizado para esse espaço, encontra-se na Rua João XXIII, 1298 e

atualmente já existe um Centro Desportivo, fundado em 1974. Então, o projeto daria

continuidade ao projeto já existente (ver imagem 01 em anexo).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do que foi estudado e analisado, percebe-se que apesar a desigualdade social e

condições de baixa qualidade habitacional existente, dentre os outros bairros também

considerados AEIS, Mãe Luiza aparentemente é o mais desenvolvido no que se diz respeito à

infraestrutura urbana. De acordo com os dados coletados e visitas ao local, conseguimos

identificar suas qualidades, mas também deficiências, o que nos fez propor a adaptação e

construção de um centro esportivo de melhor qualidade, proporcionando assim, uma melhor

qualidade de vida à população.

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ANEXOS:

Tabela 01:

Tabela 02:

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Tabela 03:

Tabela 04:

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Mapa 01:

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Imagem 01:

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6. REFERÊNCIAS

CONHEÇA MELHOR SEU BAIRRO – SEMURB.

LEI NO 4.663, DE 31 DE JULHO DE 1995.

LEI NO 4.663, DE 31 DE JULHO DE 1997.

POLÍTICA HABITACIONAL DE INTERESSE SOCIAL PARA O MUNICÍPIO DE

NATAL - RELATÓRIO DA POLÍTICA HABITACIONAL DE INTERESSE

SOCIAL – UFRN

O processo de ocupação em áreas ambientalmente frágeis e a condição de Mãe Luíza

(Município de Natal - RN) -

http://propi.ifto.edu.br/ocs/index.php/connepi/vii/paper/viewFile/4313/2961

http://www.amajb.org.br/2010/05/o-que-e-uma-area-de-especial-interesse-social-aeis-

para-que-serve-quando-apareceu/

http://www.observatoriodasmetropoles.net/index.php?

option=com_k2&view=item&id=441:direito-%C3%A0-cidade-estudo-sobre-o-mercado-

imobili%C3%A1rio-informal-em-natal-rn&Itemid=165&lang=pt

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