Aerodinmica Basica

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    MINISTRIO DA DEFESA NACIONALFORA AREA PORTUGUESA

    CENTRO DE FORMAO MILITAR E TCNICA

    Curso de Formao de Praas RC

    COMPNDIO

    EPR: CAP Antnio Vicente

    CCF 332-2

    Junho 2008

    AERODINMICA BSICA

    S. R.

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    MINISTRIO DA DEFESA NACIONALFORA AREA PORTUGUESACENTRO DE FORMAO MILITAR E TCNICA

    CARTA DE PROMULGAOJUNHO 2008

    1. O Compndio de Aerodinmica Bsica uma Publicao NO CLASSIFICADA.

    2. Esta publicao entra em vigor logo que recebida.

    3. permitido copiar ou fazer extractos desta publicao sem autorizao da entidade promulgadora.

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    REGISTO DE ALTERAES

    IDENTIFICAO DA ALTERAO,N DE REGISTO, DATA

    DATA DEINTRODUO

    DATA DE ENTRADAEM VIGOR

    ASSINATURA, POSTO EUNIDADE DE QUEM

    INTRODUZIU A ALTERAO

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    ATENO:

    Esta publicao destina-se a apoiar os formandos a frequentarem os Cursos de Formao de

    Praas na disciplina de Aerodinmica Bsica.

    No pretendendo ser uma publicao exaustiva do curso em questo, apresenta-se como uma

    ferramenta de consulta quer durante a durao do curso, quer aps a sua concluso.

    Cursos: Curso de Formao de Praas - RC

    Nome do Compndio: Aerodinmica Bsica

    Disciplina: Aerodinmica Bsica

    Data de elaborao: Maro 2008

    Elaborado Por: CAP/ TMMA Antnio Vicente

    Verificado Por: Gabinete da Qualidade da Formao

    Comando G. Formao: TCOR/ ENGAER Loureno da Sade

    Director de rea: MAJ/ TMMEL Ablio Carmo

    Director de Curso: CAP/ TMMA Antnio Fernandes

    Formador: CAP/ TMMA Antnio Vicente

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    NDICE

    INTRODUO...............................................................................................................................13

    FISICA DA ATMOSFERA................................................................................................................15

    GRANDEZAS E UNIDADES DO SISTEMA INTERNACIONALLEIS DE NEWTON ......................................................... 15

    Grandezas e Unidades Fundamentais do SI .................................................................................... 15

    Massa [kg]; .............................................................................................................................. 15

    Tempo [s];............................................................................................................................... 16

    Temperatura [K];...................................................................................................................... 16

    Comprimento [m]; .................................................................................................................... 16

    Grandezas e Unidades Derivadas do SI .......................................................................................... 16Velocidade [ms-1];..................................................................................................................... 16

    Acelerao [ms-2];..................................................................................................................... 17

    Densidade;............................................................................................................................... 17

    Densidade absoluta ou massa especifica [kg/m3];........................................................................ 17

    Fora [N]; ................................................................................................................................ 17

    Peso [N]; ................................................................................................................................. 18

    Potncia [W]; ........................................................................................................................... 18

    Presso [Pa];............................................................................................................................ 18

    Volume [m-3];........................................................................................................................... 19

    Calor [J]; ................................................................................................................................. 19

    Leis de Newton ............................................................................................................................ 19

    1 Lei ou lei da inrcia ou do equilbrio ....................................................................................... 19

    2 Lei ou lei da acelerao......................................................................................................... 19

    3 Lei ou lei da igualdade da aco e da reaco......................................................................... 19

    REVISO SUMRIA DA MECNICA DOS FLUIDOS ........................................................................................... 20

    Fluido.......................................................................................................................................... 20

    Fluido Perfeito ............................................................................................................................. 20

    Fluido em Repouso....................................................................................................................... 20

    Fluido Compressvel e Incompressvel ............................................................................................ 20

    CONCEITOS BSICOS DEAERODINMICA ................................................................................................... 21

    Atmosfera, Composio e Estrutura ............................................................................................... 21

    Propriedades da Atmosfera ........................................................................................................... 21

    Presso esttica........................................................................................................................ 22

    Razo de presses - ............................................................................................................ 23

    Temperatura ............................................................................................................................ 23

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    Razo de temperaturas - ......................................................................................................23

    Densidade, densidade absoluta ou massa especifica.....................................................................24

    Razo de densidades - .........................................................................................................24

    Viscosidade...............................................................................................................................24

    Lei universal dos gases ou equao de estado .............................................................................25Atmosfera Padro Internacional (ISA).............................................................................................26

    Necessidade da adopo de uma atmosfera padro......................................................................26

    Caudal Massa de Ar ......................................................................................................................27

    Equao da Continuidade ..............................................................................................................28

    Corrente de Ar Subsnica, Teorema de Bernoulli .............................................................................29

    Demonstrao do teorema de Bernoulli .......................................................................................29

    Equao de Bernoulli ....................................................................................................................31

    Velocidade ...................................................................................................................................31Medio da Velocidade do Ar .........................................................................................................31

    Demonstrao matemtica do funcionamento do tubo de Pitot esttico..........................................33

    Converso da Velocidade...............................................................................................................34

    Erro do Instrumento ..................................................................................................................34

    Erro de montagem/posio ........................................................................................................35

    Erro de Compressibilidade..........................................................................................................35

    Velocidade do ar indicada VAI (IAS) ............................................................................................35

    Velocidade do ar calibrada VAC (CAS)..........................................................................................35

    Velocidade do ar equivalente VAE (EAS) ......................................................................................37

    Velocidade do ar verdadeira VAV (TAS)........................................................................................38

    Converso da Altitude ...................................................................................................................41

    Altitude presso ........................................................................................................................42

    Altitude densidade.....................................................................................................................42

    Clculo da Altitude Densidade........................................................................................................42

    AERODINMICA...........................................................................................................................45

    TERMINOLOGIA...................................................................................................................................45Asa..............................................................................................................................................45

    Formas (planta) ........................................................................................................................45

    rea ou superfcie alar (S)..........................................................................................................45

    Envergadura (b)........................................................................................................................46

    Corda mdia (C

    )......................................................................................................................46

    Razo de aspecto (AR)...............................................................................................................46

    Corda na raiz e corda na ponta...................................................................................................47

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    Razo de conicidade ou afilamento ()........................................................................................ 47

    ngulo de regresso ou de flecha () .........................................................................................47

    Corda aerodinmica mdia (MAC) ou (C ) ..................................................................................48

    Bordo de ataque ....................................................................................................................... 49

    Bordo de fuga........................................................................................................................... 49

    Extradorso ............................................................................................................................... 49

    Intradorso ................................................................................................................................ 49

    Perfil Alar .................................................................................................................................... 49

    Tipos: simtrico e assimtrico .................................................................................................... 49

    Linha de corda.......................................................................................................................... 50

    Corda ...................................................................................................................................... 50

    Curvatura mxima (flecha) ........................................................................................................ 50

    Espessura mxima .................................................................................................................... 50

    Linha de curvatura mdia .......................................................................................................... 50

    Perfil de curvatura positiva ........................................................................................................ 51

    Bordo de ataque ....................................................................................................................... 51

    Bordo de fuga........................................................................................................................... 51

    Raio de concordncia do bordo de ataque................................................................................... 51

    Extradorso ............................................................................................................................... 51

    Intradorso ................................................................................................................................ 51

    Diversos ...................................................................................................................................... 52Trajectria real de voo .............................................................................................................. 52

    Vento relativo (VR) ................................................................................................................... 52

    ngulo de ataque () ................................................................................................................ 52

    ngulo de incidncia (i) ............................................................................................................. 52

    FORAAERODINMICA ......................................................................................................................... 52

    Escoamentos em Torno de um Corpo............................................................................................. 52

    Resistncia e densidade do ar .................................................................................................... 53

    Camada limite .......................................................................................................................... 53Foras de frico....................................................................................................................... 54

    Escoamento laminar e escoamento turbulento............................................................................. 54

    Escoamento bidimensional em torno de uma superfcie aerodinmica............................................ 56

    Linhas aerodinmicas e tubo aerodinmico.................................................................................. 56

    Escoamento livre ...................................................................................................................... 57

    Escoamento relativo.................................................................................................................. 57

    Downwash e upwash ................................................................................................................ 57

    Vrtices e estagnao ............................................................................................................... 57

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    Distribuio de Velocidade e Presso em Torno de um Perfil.............................................................58

    Centro de Presses.......................................................................................................................60

    Centro Aerodinmico.....................................................................................................................61

    Influncia da Velocidade (Presso Dinmica) na Fora Aerodinmica Produzida no Perfil Alar ..............61

    Influncia do ngulo de Ataque na Fora Aerodinmica Produzida no Perfil Alar.................................61Equao da Fora Aerodinmica.....................................................................................................62

    Coeficiente de Fora Aerodinmica.................................................................................................63

    SUSTENTAO ....................................................................................................................................64

    Definio .....................................................................................................................................64

    Equao.......................................................................................................................................65

    Coeficiente de Sustentao (CL) .....................................................................................................67

    Curvas do Coeficiente de Sustentao ............................................................................................67

    Relao entre o ngulo de Ataque e a Velocidade............................................................................67Caractersticas do Perfil .................................................................................................................68

    RESISTNCIA AOAVANO ......................................................................................................................69

    Definio .....................................................................................................................................69

    Equao.......................................................................................................................................69

    Coeficiente de Resistncia (CD) ......................................................................................................70

    Tipos de Resistncia .....................................................................................................................70

    Parasita - D0 .............................................................................................................................70

    Resistncia de forma ..............................................................................................................70

    Resistncia de atrito superficial ...............................................................................................71

    Resistncia de interferncia.....................................................................................................72

    rea parasita equivalente e equao da resistncia parasita.......................................................72

    Variao do coeficiente de resistncia parasita com o coeficiente de sustentao.........................73

    Efeito dos flaps e trem de aterragem na resistncia parasita......................................................73

    Efeito da altitude na resistncia parasita ..................................................................................73

    Efeito da velocidade na resistncia parasita..............................................................................74

    Induzida - Di .............................................................................................................................74

    Origem da resistncia induzida................................................................................................74

    Equao da resistncia induzida ..............................................................................................76

    Efeito da sustentao na resistncia induzida............................................................................77

    Efeito da altitude na resistncia induzida..................................................................................78

    Efeito da velocidade na resistncia induzida..............................................................................78

    Efeito da razo de aspecto na resistncia induzida ....................................................................79

    Efeito da conicidade e da flecha das asas na resistncia induzida ...............................................80

    Mtodos utilizados para a reduo da resistncia induzida .........................................................82

    Resistncia Total - D.....................................................................................................................83

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    Curva da Resistncia Total ............................................................................................................ 84

    Razo Sustentao/Resistncia...................................................................................................... 85

    Voo em Condies Climatricas Adversas ....................................................................................... 87

    Contaminao da asa, gelo, neve e geada................................................................................... 87

    PERDA E CARACTERISTICAS DA PERDA ...................................................................................................... 88Perda Aerodinmica ..................................................................................................................... 88

    ngulo de Ataque da Perda........................................................................................................... 88

    Causa da Perda............................................................................................................................ 89

    Avisos de Perda ........................................................................................................................... 90

    Aerodinmico ........................................................................................................................... 91

    Mecnico.................................................................................................................................. 91

    Transducer de sustentao (palheta de bordo de ataque) ......................................................... 91

    Sistema indicador de ngulo de ataque.................................................................................... 92Influncia da Asa (planta) na Perda ............................................................................................... 92

    Asa elptica............................................................................................................................... 93

    Asa rectangular ........................................................................................................................ 93

    Asa com conicidade moderada ................................................................................................... 94

    Asa com conicidade baixa.......................................................................................................... 94

    Asa de ponta afilada ................................................................................................................. 94

    Asa em flecha........................................................................................................................... 95

    Washout e washin Processos utilizados para canalizar a perda para a raiz da asa ........................ 96

    Recuperao de Perda ................................................................................................................ 101

    Velocidade de Perda................................................................................................................... 102

    Equao................................................................................................................................. 102

    Efeito do peso ........................................................................................................................ 103

    Efeito da altitude .................................................................................................................... 103

    Efeito da configurao............................................................................................................. 103

    Efeito da acelerao................................................................................................................ 104

    Efeito do impulso .................................................................................................................... 105

    Velocidade de perda na subida................................................................................................. 106

    Velocidade de perda na descida ............................................................................................... 106

    Velocidade de perda em volta (VPv) .......................................................................................... 106

    DISPOSITIVOS HIPERSUSTENTADORES..................................................................................................... 107

    Mtodos Empregues................................................................................................................... 108

    Modificao da curvatura do perfil ............................................................................................ 108

    Atraso da separao da camada limite...................................................................................... 108

    Controlo da camada limite por suco ................................................................................... 109

    Controlo da camada limite por sopro ..................................................................................... 109

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    Geradores de vrtices...........................................................................................................109

    Tipos .........................................................................................................................................110

    Flaps de bordo de fuga ............................................................................................................110

    Dispositivos de bordo de ataque ...............................................................................................112

    Utilizao conjunta de dispositivos de bordo de ataque e de bordo de fuga............................... 115Utilizao dos dispositivos de alto CLna descolagem ...............................................................115

    Utilizao dos dispositivos de alto CLna aterragem..................................................................116

    TEORIA DE VOO..........................................................................................................................117

    VOO HORIZONTAL ESTABILIZADO...........................................................................................................117

    PERFORMANCE NA SUBIDA....................................................................................................................119

    Equaes de Equilbrio na Subida.................................................................................................120

    ngulo de Subida ()...................................................................................................................121

    Equao .................................................................................................................................122

    Efeito da altitude..................................................................................................................122

    Efeito do peso......................................................................................................................123

    Efeito do vento ....................................................................................................................123

    ngulo de ataque para o melhor ngulo de subida..................................................................123

    Razo de Subida.........................................................................................................................125

    Equao .................................................................................................................................126

    Efeito da altitude..................................................................................................................126

    Efeito do peso......................................................................................................................127

    Efeito do vento ....................................................................................................................127

    Velocidade de Perda na Subida ....................................................................................................128

    Polar de Potncia Mxima............................................................................................................129

    ngulo de Subida / Razo de Subida ............................................................................................ 130

    PERFORMANCE NA DESCIDA..................................................................................................................131

    Com Impulso..............................................................................................................................131

    Equaes de equilbrio .............................................................................................................131

    ngulo de descida() .............................................................................................................. 132Equao..............................................................................................................................132

    Razo de descida(velocidade de afundamento) .........................................................................132

    Equao..............................................................................................................................132

    Efeito da configurao..........................................................................................................133

    Sem Impulso - Voo Planado.........................................................................................................133

    Equaes de equilbrio .............................................................................................................134

    Equao do ngulo de planeio ..................................................................................................134

    ngulo de planeio mnimo ........................................................................................................135

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    Razo de planeio RP ............................................................................................................. 136

    Polar sem potncia.................................................................................................................. 136

    Efeito do vento no voo planado................................................................................................ 137

    Efeito do peso no voo planado ................................................................................................. 138

    Efeito da configurao no voo planado ..................................................................................... 139PERFORMANCE DAVOLTA .................................................................................................................... 140

    Volta Horizontal ......................................................................................................................... 140

    Equaes de equilbrio............................................................................................................. 140

    Raio de volta R .................................................................................................................... 141

    Razo de volta RV................................................................................................................. 142

    Limites da performance do raio de volta ................................................................................... 143

    Limite aerodinmico............................................................................................................. 143

    Limite estrutural .................................................................................................................. 143Limite de impulso ................................................................................................................ 145

    Volta Vertical ............................................................................................................................. 146

    Volta positiva.......................................................................................................................... 146

    Equaes de equilbrio ......................................................................................................... 147

    Factor de carga ................................................................................................................... 147

    Volta negativa ........................................................................................................................ 147

    Equaes de equilbrio ......................................................................................................... 148

    Factor de carga ................................................................................................................... 148

    Envelope de Voo (Diagrama V-N)................................................................................................. 148

    Velocidades limites de operao ............................................................................................... 150

    Limites de velocidade operacionais........................................................................................ 153

    Carga de rajada ...................................................................................................................... 153

    Efeito da rajada vertical no factor de carga (n)....................................................................... 154

    Efeito da rajada vertical na perda.......................................................................................... 155

    Outros limites ......................................................................................................................... 156

    Limitao de velocidade com trem de aterragem e flaps em baixo ........................................... 156

    Velocidade de operao do trem de aterragem (VLO)............................................................... 156

    Velocidade com trem de aterragem descido (VLE) ................................................................... 156

    Limite de velocidade com flaps (VF)....................................................................................... 156

    Cargas no solo........................................................................................................................ 157

    ESTABILIDADE E DINMICA DE VOO ........................................................................................159

    INTRODUO................................................................................................................................... 159

    Tipos de Estabilidade.................................................................................................................. 160

    Eixos e Graus de Liberdade ......................................................................................................... 160

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    Aerodinmica Bsica

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    ESTABILIDADE ESTTICA .....................................................................................................................161

    Estabilidade Esttica Positiva .......................................................................................................162

    Estabilidade Esttica Negativa......................................................................................................162

    Estabilidade Esttica Neutra.........................................................................................................162

    ESTABILIDADE DINMICA.....................................................................................................................163Movimento No-Oscilatrio..........................................................................................................163

    Movimento Oscilatrio.................................................................................................................165

    ESTABILIDADE LONGITUDINAL...............................................................................................................166

    Estabilidade Esttica Longitudinal.................................................................................................166

    Efeito da posio do centro de gravidade na estabilidade esttica longitudinal e controlo em picada do

    avio......................................................................................................................................167

    Relao entre estabilidade esttica e controlo ............................................................................171

    Grfico da estabilidade esttica longitudinal...............................................................................171Variao do coeficiente do momento de picada (CM) com o coeficiente de sustentao (CL) ...........172

    Comparao entre a condio de estabilidade e instabilidade ......................................................172

    Contributo dos diferentes componentes do avio para a estabilidade esttica longitudinal .............173

    Efeito da deflexo do leme de profundidade (elevator) ............................................................ 176

    Combinao dos vrios componentes do avio........................................................................177

    Estabilidade Dinmica Longitudinal...............................................................................................177

    ESTABILIDADE DIRECCIONAL.................................................................................................................179

    Definio ...................................................................................................................................179

    ngulo de Deslizamento ou Derrapagem () ................................................................................. 180

    Contribuio das Partes dum Avio para a Estabilidade Direccional do Conjunto...............................181

    Efeito da rotao do hlice (avies monomotores)......................................................................183

    Efeito do ngulo de ataque ......................................................................................................183

    Combinao dos vrios componentes do avio...........................................................................184

    ESTABILIDADE LATERAL.......................................................................................................................184

    Definio ...................................................................................................................................184

    Derrapagem Devido ao Baixar da Asa...........................................................................................185

    Diedro .......................................................................................................................................185

    Efeito do diedro.......................................................................................................................186

    Efeito do tipo de asa, alta ou baixa ...........................................................................................186

    Efeito da regresso alar (asa em flecha)....................................................................................187

    Efeito do estabilizador vertical (EV)...........................................................................................187

    Estabilizao ..............................................................................................................................188

    Concluso...............................................................................................................................189

    Efeitos Combinados ....................................................................................................................190

    Guinada adversa .....................................................................................................................190

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    Aerodinmica Bsica

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    Enrolamento adverso .............................................................................................................. 191

    Divergncia direccional............................................................................................................ 191

    Divergncia em espiral ............................................................................................................ 192

    Dutch Roll (oscilao lateral direccional) ................................................................................... 192

    Vrille ......................................................................................................................................... 193Condies para a existncia da Vrille ........................................................................................ 193

    Vrille de auto-rotao e deslizamento ....................................................................................... 194

    Recuperao da Vrille .............................................................................................................. 194

    ANEXOS......................................................................................................................................197

    ANEXOACONVERSO DE UNIDADES .................................................................................................... 197

    ANEXO BCONVERSO DE TEMPERATURAS ............................................................................................. 199

    ANEXO CPREFIXOS DO SISTEMA INTERNACIONAL.................................................................................... 200

    ANEXO DVALORES DE REFERNCIA (SL) ............................................................................................... 201

    ANEXO EALFABETO GREGO............................................................................................................... 202

    ANEXO FTABELAATMOSFERA PADRO ................................................................................................. 203

    BIBLIOGRAFIA...........................................................................................................................205

    LISTA DE PGINAS EM VIGOR................................................................................................LPV-1

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    INTRODUO

    O estudo da aerodinmica importa cada vez mais, como base prvia dos projectos e desenvolvimentos

    aeronuticos e astronuticos, mas no s, tambm aos projectos de construo civil (ex: estudo de pontes e

    edifcios de certa envergadura), ou aos projectos de outras mquinas de alta velocidade (ex: automveis,

    comboios, barcos, etc.).

    Contudo o desenvolvimento da matria aqui apresentada orienta-se para aplicao aeronutica, nesta era de

    satlites artificiais girando em torno do globo terrestre, de avies capazes de subir at altitudes da ordem

    dos 100 km e de atingir velocidades seis vezes superiores velocidade do som evidente que a cincia

    progrediu consideravelmente. Os avies actuais so mquinas bastante complexas, com muito mais

    problemas aerodinmicos que os seus antecessores. Para os reparar o tcnico, deve possuir um

    conhecimento bsico dos princpios de voo. Eis porque o estudo da Aerodinmica se tornou importante.

    Pretende-se assim com esta sebenta dar aos alunos do CFPRC das especialidades MMA, MELIAV, MARME e

    ABST noes bsicas elementares de aerodinmica, de modo que o aluno passe a conhecer o assunto de

    forma a que esteja apto a consultar qualquer publicao em que este tema seja tratado mais

    pormenorizadamente. Nesta publicao explicar-se como actuam as diversas grandezas que afectam o voo

    duma aeronave, assim como possvel esse mesmo voo.

    Comearemos por recapitular algumas leis bsicas do movimento, a atmosfera standard, e a nomenclaturados avies.

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    FISICA DA ATMOSFERA

    GRANDEZAS E UNIDADES DO SISTEMA INTERNACIONALLEIS DE NEWTON

    Isaac Newton formulou trs leis do movimento que so de extrema importncia para o estudo da

    aerodinmica.

    O sistema internacional de unidades (SI) um conjunto de definies utilizado em quase todo o mundo

    moderno, com o objectivo de uniformizar e facilitar as medies. Neste sistema as grandezas e respectivas

    unidades dividem-se em fundamentais e derivadas.

    Grandezas e Unidades Fundamentais do SI

    Massa [kg];

    Definio Em fsica, a massa , grosso modo, o mesmo que quantidade de matria. Existem dois

    conceitos distintos de massa. A massa inercialque uma medida da resistncia de um corpo acelerao

    e que se define a partir da 2 lei de Newton, e a massa gravitacional, que a quantidade de massa que

    provoca a atraco gravitacional entre corpos e que se define pela Lei da Gravitao Universal.

    At ao momento, todas as experincias realizadas mostram que a massa gravitacional igual (proporcional)

    massa inercial. por este motivo que a acelerao gravtica de um corpo no vcuo independente da

    massa: a quantidade de matria que causa a acelerao exactamente igual quantidade de matria que

    resiste acelerao.

    Podemos dizer que a massa de um corpo uma medida indirecta da sua inrcia, ou seja a medida da maior

    ou menor facilidade com que se lhe altera o estado de repouso ou movimento.

    Um corpo, neste contexto, pode ser constitudo por qualquer substncia; um gs, um lquido ou um slido.

    Unidade(1) Quilograma (kg)

    (1)As unidades utilizadas so as do Sistema Internacional (SI), seus mltiplos e submltiplos. Num ou noutro caso so utilizadas unidades deuso comum em aviao.

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    - 16 -

    Tempo [s];

    Definio A concepo comum de tempo indicada por intervalos ou perodos de durao. Pode dizer-se

    que um acontecimento ocorre depois de outro acontecimento. Alm disso, pode-se medir o quanto um

    acontecimento ocorre depois de outro.

    Unidade Segundo (s)

    Temperatura [K];

    Definio De forma qualitativa, podemos descrever a temperatura de um corpo como aquela que

    determina a sensao de quanto ele est quente ou frio quando entramos em contacto com ele. fcil

    mostrar que quando dois corpos so postos em contacto (contacto trmico), o corpo com temperatura maior

    arrefece, enquanto que o corpo com temperatura mais baixa aquece, at um ponto em que no ocorrem

    mais mudanas e, para os nossos sentidos, eles parecem estar com a mesma temperatura.

    Unidade Kelvin (K)

    Comprimento [m];

    Definio Extenso de um corpo considerado na sua maior dimenso;

    Unidade Metro (m)

    Grandezas e Unidades Derivadas do SI

    Velocidade [ms-1];

    Definio A velocidade define-se como sendo a razo do deslocamento por unidade de tempo.

    Nota

    Em aviao usual utilizar-se a unidade n (knot) para medir a velocidade (um n equivale a uma milha

    nutica por hora)

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    ( )km/h1,85n1m/s0,515n136000,3056080n1

    ft/h6080n1

    ranutica/homilha1n1

    ==

    =

    =

    =

    Unidade Metro por segundo (m/s)

    Acelerao [ms-2];

    Definio A acelerao define-se como sendo a variao do movimento (velocidade) de um corpo por

    unidade de tempo.

    Unidade Metro por segundo quadrado (m/s2)

    Densidade;

    Definio A densidade a razo entre a massa de certo volume de uma substncia e a do volume igual de

    outra substncia tomada como referncia (normalmente a gua).

    Unidade Adimensional

    Densidade absoluta ou massa especifica [kg/m3];

    Definio A densidade absoluta ou massa especfica de uma substncia a massa dessa substncia por

    unidade de volume.

    Unidade Kilograma por metro cbico (kg/m3)

    Fora [N];

    Definio A fora define-se como toda a causa que modifica o estado de repouso ou de movimento de um

    corpo. (grandeza vectorial que quando aplicada num corpo tende a modificar o seu estado de movimento).

    Unidade Newton (N)

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    Peso [N];

    Definio O peso uma fora produzida pela atraco gravtica da terra.

    NotaO peso de um corpo, ao contrrio da sua massa, varia consoante a posio do espao em que esse corpo se

    encontre. O ponto da aeronave onde o peso actua (ponto de aplicao) chamado o centro de gravidade

    (CG). Este ponto pode deslocar-se dentro de determinados limites, por razes de estabilidade e controle e,

    em voo, um avio roda em torno do centro de gravidade.

    Unidade Newton (N)

    Potncia [W];

    Definio A potncia define-se como sendo o regime a que se produz trabalho.

    VelocidadeForaPotncia

    (s)Tempo

    (m)Distancia(N)Fora

    )s(Tempo

    )J(Trabalho(W)Potncia

    =

    ==

    Unidade Watt (W)

    Presso [Pa];Definio Presso (P) a fora (F) por unidade de superfcie (S).

    S

    FP=

    Unidade Pascal (N)

    Volume [m-3];

    Definio Espao ocupado por um corpo ou substncia.

    Unidade Metro cbico (N)

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    Calor [J];

    Definio Forma de energia, associada com o movimento individual de tomos ou molculas, qual se

    devem os fenmenos calorficos (aquecimento, dilatao dos corpos, certas mudanas de estado e

    transformaes qumicas).

    Unidade Joule (J)

    Leis de Newton

    1 Lei ou lei da inrcia ou do equilbrioTodo o corpo permanece no seu estado de repouso ou de movimento (rectilneo e uniforme) se todas as

    foras que sobre ele actuarem se equilibrarem.

    2 Lei ou lei da acelerao

    Se uma fora actua sobre um corpo, este acelerado na direco da fora, sendo esta acelerao

    directamente proporcional fora aplicada e inversamente proporcional massa do corpo.

    amFm

    Fa ==

    3 Lei ou lei da igualdade da aco e da reacoA qualquer aco corresponde sempre uma reaco de igual direco e mdulo, mas de sentido contrrio.

    REVISO SUMRIA DA MECNICA DOS FLUIDOS

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    - 20 -

    Fluido

    Substncia que fli, isto , que no consegue resistir a esforos tangenciais, pelo que no mantm a suaforma quando sujeito aos referidos esforos, conceito associado normalmente a lquidos e gases.

    Fluido Perfeito

    O fluido perfeito caracteriza-se por ter viscosidade nula e ser incompressvel.

    Fluido em Repouso

    No havendo tenses de corte no fluido perfeito, as foras actuantes no fluido so normais s superfcies e

    esto em equilbrio:

    = 0FH = 0FV

    Fluido Compressvel e Incompressvel

    Fluido incompressvel Peso especfico (w) constante podemos dizer que constante.

    Fluido compressvel Peso especfico funo da presso.

    gw =

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    CONCEITOS BSICOS DEAERODINMICA

    A maior parte dos problemas a abordar contemplam interaces entre mquinas e massas de ar

    atmosfrico, o que confere importncia essencial ao estudo da atmosfera.

    Atmosfera, Composio e Estrutura

    Atmosfera a camada fluida constituda por uma mistura gasosa adjacente superfcie do globo terrestre e

    que roda com este mesma velocidade mdia.

    Esta mistura compe-se, em percentagem de volume de:

    78,0 de azoto

    21 de oxignio

    0,93 de argon

    0,03 de anidrido carbnico

    0,0018 de non

    0,000525 de hlio

    0,00005 de hidrognio

    0,00001 de kripton

    0,000008 dexnon

    0,000001 de ozono

    0,000000000006 de rdon

    O vapor de gua est sempre presente variando entre 0,25 e 2,5%.

    No estudo da aerodinmica considera-se praticamente o ar seco porque o erro resultante desta aproximao

    no caso da densidade de ar, da ordem dos 0,5% para condies mdias de t = 15C e 50% de humidade

    relativa.

    Propriedades da Atmosfera

    As propriedades mais importantes da atmosfera (ar atmosfrico) que afectam o comportamento

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    aerodinmico so:

    - Presso esttica;

    - Temperatura;

    - Densidade, densidade absoluta, ou massa especifica;

    - Viscosidade.

    Presso esttica

    Definio A presso esttica do ar (P), a um determinado nvel,

    simplesmente o peso da coluna de ar que se encontra acima desse nvel por

    unidade de rea.

    Deve-se ao movimento aleatrio das partculas de fludo dependendo portanto

    da temperatura;

    Fig. 1 Presso esttica

    semelhana de qualquer presso, tambm a presso esttica se faz sentir perpendicularmente superfcie

    (Figura 1).

    Unidade Kg/m2. Esta unidade denominada Pascal e uma unidade muito pequena. Em aviao

    costume utilizar-se o hectopascal (hPa) (100,1 hPa = 1 milibar).

    Ao nvel do mar, a presso esttica de 1013,25 hPa ou milibares.

    A presso esttica diminui com a altitude uma vez que diminui o peso da coluna de ar que se encontra

    acima dessa altitude. A uma altitude de 18 000 ft a presso aproximadamente metade da presso ao nvel

    do mar.

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    Razo de presses -

    Razo entre a presso esttica local e a verificada ao nvel mdio das guas do mar.

    0

    1

    PP

    =

    Temperatura

    Definio A temperatura absoluta do ar outra propriedade importante. A vulgar escala centgrada de

    medio de temperatura tem o zero na temperatura

    de congelao da gua, mas o zero absoluto de

    temperatura obtido temperatura de -273,15 C.

    Assim, a temperatura standard ao nvel do mar (15

    C) corresponde temperatura absoluta de 288,15

    C. Esta escala de temperatura absoluta

    designada de escala Kelvin.

    Unidade Graus centigrados (C) quando medida

    em relao ao ponto de congelao da gua. Graus

    Kelvin (K) quando medida em relao ao zeroabsoluto. 0 C equivalente a 273,15 K.

    A temperatura diminui com o aumento de altitude

    (1,98 C por cada 300 m) na troposfera at uma

    altitude de aproximadamente 11 km (36 089 ft)

    permanecendo constante (-56,5 C) na estratosfera

    at cerca dos 20 km.

    Fig. 2 Variao da temperatura ao longo da atmosfera

    Razo de temperaturas -

    Razo entre a temperatura absoluta local e a verificada ao nvel mdio do mar.

    0

    1

    T

    T=

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    Densidade, densidade absoluta ou massa especifica

    Definio a propriedade mais importante para a Aerodinmica e define-se como a massa de ar por

    unidade de volume. uma medida directa da quantidade de matria que existe, por unidade de volume, por

    exemplo, em cada m3de ar.

    VolumeMassa

    =

    Smbolo [rho]

    Unidade Kg/m3

    Nota

    A densidade relativa tambm uma propriedade especfica de cada substncia, que a identifica e a

    diferencia das outras substncias.

    Duma meneira formal podemos dizer que densidade relativa duma substncia a razo entre a sua

    densidade absoluta e a densidade absoluta duma substncia tida como padro, normalmente a gua (H 2O a

    4 C).

    Razo de densidades -

    Razo entre a densidade absoluta local e a verificada ao nvel mdio das guas do mar.

    0

    1

    =

    Viscosidade

    Definio A viscosidade pode definir-se como sendo o resultado da frico interna de um fludo, produzida

    pela atraco molecular, que faz com que surja resistncia sua tendncia em fluir. portanto a

    propriedade que diz respeito ao atrito interno que as camadas de fluido exercem umas sobre as outras.

    A viscosidade importante no estudo do fluxo de ar nas proximidades da superfcie do avio.

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    Regio esta denominada de camada limite.

    Em Aerodinmica estudam-se aspectos que incluem tanto a viscosidade como a densidade sendo usual

    utilizar-se a seguinte formula para a medida da viscosidade (viscosidade cinemtica).

    =

    Em que:

    - Representa a viscosidade cinemtica

    - Representa a viscosidade absoluta

    - Densidade absoluta

    A viscosidade absoluta e a densidade diminuem com o aumento de altitude, mas a segunda a um ritmo mais

    rpido pelo que a viscosidade cinemtica aumenta com a altitude.

    Lei universal dos gases ou equao de estado

    A lei universal dos gases diz que a densidade dum gs varia na razo directa da presso e na razo inversa

    da temperatura. A equao de estado da atmosfera relaciona a presso, a densidade e a temperatura comuma constante. Esta expresso vlida para todas as altitudes e tem a seguinte forma:

    TRP =

    R Constante para o ar considerado como gs perfeito (287 J/kg.K)

    P Presso atmosfrica

    T Temperatura

    Densidade ou massa especifica

    Como podemos verificar pela equao abaixo a densidade do ar directamente proporcional presso

    atmosfrica e inversamente proporcional temperatura.

    O que primeira anlise, no nos poderia concluir duma forma expedita quanto influncia da altitude na

    densidade.

    TR

    P

    =

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    TEMPERATURA (C)

    ALTITUDE(km)

    TEMPERATURA (C)

    ALTITUDE(km)

    sabido que o aumento da altitude provoca a diminuio da presso e da temperatura, no entanto verifica-

    se que a presso diminui a uma taxa mais elevada do que a temperatura, pelo que densidade do ar

    decresce com o aumento da altitude.

    Atmosfera Padro Internacional (ISA)

    Necessidade da adopo de uma atmosfera padro

    Acontece, que ao longo do ano, durante os dias, nas mesmas altitudes, longitudes e latitudes se verificam

    variaes significativas dos parmetros que definem as condies atmosfricas.

    Os valores de temperatura, presso, viscosidade e densidade no so constantes em nenhum ponto da

    atmosfera mudando constantemente. Havia portanto necessidade de utilizar um sistema que nos permitisse

    abstrair destas variaes.

    Para que se possa dispor de uma base de

    comparao para comportamentos e

    performances das aeronaves, para calibrao de

    instrumentos de presso, etc., foram definidas

    pela International Civil Aviation

    Organization (ICAO) condies standard das

    propriedades da atmosfera, International

    Standard Atmosphere.

    O estabelecimento da atmosfera padro foi feito

    a partir de observaes estatsticas sobre

    latitudes mdias do hemisfrio norte; assumiu-

    se depois que a variao da temperatura natroposfera era linear e que a tropopausa se

    verificava aos 11 000 m (36 089 ft).

    Fig. 3 Variao da temperatura com a altitude

    A atmosfera padro internacional parte das seguintes condies ao nvel do mar (SL):

    Presso: 101 325 Pa = 29,92 in Hg

    Temperatura: 15 C = 59 F

    Densidade relativa ou massa especifica: 1,225 kg/m3= 0,00237 slugg/ft3

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    Na tabela 1 podemos observar as variaes da temperatura com a altitude

    Altitude

    (ft)

    Temperatura

    (C)

    Presso

    (hPa)

    Densidade

    (Kg/m3)

    -5000 47,5 1776,88 1,9305-4000 41 1595,55 1,7694

    -3000 34,5 1429,51 1,6187

    -2000 28 1277,74 1,4781

    -1000 21,5 1139,29 1,3470

    0 15 1013,25 1,225

    5000 5,1 843,1 1,056

    10 000 - 4,8 696,8 0,905

    15 000 -14,7 571,8 0,77120 000 - 24,6 465,6 0,653

    25 000 - 34,5 376,0 0,549

    30 000 - 44,4 300,9 0,458

    35 000 - 54,3 238,4 0,386

    40 000 - 56,5 187,6 0,302

    45 000 - 56,5 147,5 0,237

    50 000 - 56,5 116,0 0,186

    Tab. 1 Atmosfera padro internacional

    Caudal Massa de Ar

    A tubeira (tnel aerodinmico) representada na figura apresenta um estreitamento (rea) na seco 2 e

    uma extremidade aberta em forma de cone na seco 3. A rea desta seco maior do que a rea da

    seco 1.

    Em regime permanente (regime em que as caractersticas do

    escoamento caso da presso, a velocidade, etc., so

    independentes do tempo, isto podemos dizer que so funo

    nica da posio) considera-se que a massa de ar que entra na

    tubeira num dado intervalo de tempo igual que sai nesse

    mesmo intervalo. Fig. 4 Tubeira de seco varivel

    Portanto o caudal massa de ar ao longo da tubeira constante, ou seja, constante o fluxo da massa de ar

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    Aerodinmica Bsica

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    nas trs seces: fluxo em regime permanente.

    Para obter o caudal massa de ar (caudal mssico) multiplica-se o caudal volumtrico pela densidade do ar

    como se segue:

    Caudal volumtrico (Q

    )

    VAQ =

    Caudal mssico (m

    )

    =

    VAm

    Equao da Continuidade

    Uma das leis Universais fundamentais a que diz que a energia e a massa no podem ser criadas nem

    destrudas, mas apenas transformadas uma na outra -principio da continuidade.

    No caso de um escoamento de ar, o princpio da continuidade pode ser expresso pela equao da

    continuidade que relaciona a velocidade do fluxo de ar que atravessa uma tubeira de seco varivel (tubode Venturi) com a rea da seco transversal dessa tubeira.

    A

    ConstanteVConstanteVAm

    ===

    VA o caudal mssico (massa por unidade de tempo).

    Embora o ar seja compressvel e isso afecte os valores da massa especfica (), para velocidades inferiores a0,4 M(2)podem desprezar-se os efeitos de compressibilidade e assumir-se que constante. Assim:

    A

    tetanConsV=

    Desta ultima equao deduz-se que a velocidade inversamente proporcional rea da seco transversal

    da tubeira, como tambm se pode verificar na figura 5.

    (2) M = Nmero de Mach (razo entre a velocidade do ar e a velocidade local do som)

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    Fig. 5 Variao da velocidade ao longo da tubeira de seco varivel

    Corrente de Ar Subsnica, Teorema de Bernoulli

    Bernoulli, fazendo uso do princpio da conservao de energia, desenvolveu um conceito que explica o

    comportamento das presses esttica e dinmica de um caudal mssico que atravessa uma tubeira de

    seco varivel.

    De acordo com a lei da conservao da energia a presso total do ar (PT) permanece constante. Deste

    modo, ao aumento de uma das suas formas (esttica ou dinmica) corresponde uma diminuio da outra.

    Demonstrao do teorema de Bernoulli

    Considerando a tubeira convergente da figura em que:

    dl comprimento infinitesimal

    S rea transversal mdia da tubeira

    v velocidade do escoamento

    dv acrscimo de velocidade

    P presso do escoamentodP acrscimo de presso do escoamento

    V volume

    ( )dPPPP += SPF = e amF =

    Vm = e SdlV = Sdlm =

    dt

    dva=

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    Aerodinmica Bsica

    - 30 -

    dvvSFdvdt

    dlSF

    dt

    dvSdlF === pois

    dt

    dlv=

    ( ) ( )[ ] ( ) ( ) ( ) SdPFSdPSPSPFSdPPSPF ==+=

    === dvvdPdvvdPdvvSSdP pois constante

    const2

    vP

    2

    += constqPconstv2

    1P 2 =+=+ pois 2v

    2

    1q =

    Representando:

    P - presso esttica

    q - presso dinmica

    Enunciado:

    A presso total constante ao longo do escoamento.

    Podendo ento ser representada pela equao:

    constqPPT =+=

    A energia (presso) total do sistema igual soma das energias potencial e cintica correspondendo a

    energia potencial presso esttica (P) e a energia cintica ou de movimento presso dinmica (q)

    22C V2

    1qVm

    2

    1E ==

    Assim podemos dizer que a presso total (T

    P ) o somatrio da presso esttica e da presso dinmica.

    A presso esttica e a presso dinmica so inversamente proporcionais.

    No tubo de venturi existe um aumento da velocidade do ar (princpio da continuidade), um aumento da

    presso dinmica e a diminuio da presso esttica (teorema de Bernoulli).

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    Equao de Bernoulli

    2

    T

    T

    V2

    1q

    qPP

    ConstanteqPP

    =

    =

    =+=

    VelocidadeO conhecimento da velocidade dum avio muito importante na medida em que afecta a sustentao e a

    resistncia. O piloto serve-se dela para estabelecer o ngulo de planeio mnimo, para obter a mxima

    autonomia e para controlar diversas manobras.

    FIG.6VARIAO DE PRESSES AO LONGO DE UMA TUBEIRA DE SECO VARIVEL

    Medio da Velocidade do Ar

    A presso dinmica na equao de Bernoulli vir:

    PPq T=

    Esta equao a base terica do funcionamento do velocmetro e o princpio do sistema para medio da

    velocidade, (Pitot esttico) tal como se ver mais adiante. Na figura 7 est representado um objecto de

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    configurao simtrica colocado numa corrente fluida e a distribuio das linhas de corrente em seu torno. O

    fluxo a montante do objecto (seco 1) possui uma determinada presso total, devida sua velocidade,

    densidade e presso esttica. No ponto onde as linhas de corrente chocam com a extremidade anterior do

    objecto (seco 2), a velocidade relativa da linha de corrente nula.

    Este ponto designa-se normalmente por ponto de estagnao anterior. Como j se viu, quando a velocidade

    diminui a presso esttica aumenta. Portanto no ponto de estagnao (regio pequena prxima do bordo de

    ataque onde a velocidade local fica estagnada, isto , por outras palavras, a velocidade nula

    relativamente ao perfil alar) aumentar at atingir o valor da presso total do fluxo. Onde no existe

    velocidade, logicamente, no haver presso dinmica e, assim sendo, a presso esttica no ponto de

    estagnao igual presso total.

    Fig. 7 Corrente fluida em torno de um corpo simtrico

    Portanto a presso toma o valor da presso total; toda a energia cintica se transforma em energia de

    presso que assim adquire o mximo valor possvel.

    2T V2

    1PP +=

    Como V = 0 teremos

    PPT =

    O indicador de velocidade do ar na realidade um instrumento que mede presso.

    A presso total captada pela tomada de presso total do tubo de Pitot (perpendicular ao escoamento), o

    tubo de Pitot pode dispor de outra tomada capaz de receber a presso esttica P, (tomada de presso

    esttica), que deve situar-se numa face do avio que seja paralela ao escoamento para que no haja

    qualquer influncia da presso dinmica, a membrana elstica da escala do velocmetro, ou cpsula

    diafragma, representada na figura 8, deforma-se em funo da diferena entre as duas presses, ou seja de

    2V2

    1 e transmite o seu movimento a um ponteiro que se desloca em frente duma escala de

    velocidade, graduada para uma densidade padro, que em regra a do seu valor na atmosfera standard ao

    nvel do mar.

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    A leitura apenas corresponder ao valor real da velocidade da aeronave atravs do ar quando a densidade

    for de 1,225 Kg/m3;

    Fig. 8 Sistema indicador de velocidade

    Demonstrao matemtica do funcionamento do tubo de Pitot esttico2

    TT V2

    1PPqPP +=+=

    Fig. 9 Tubo de Pitot

    Sendo F a densidade do fluido do tubo manomtrico, teremos que para uma altura h:

    hPPP F21 ==

    PPP 01 =

    Pela aplicao da equao de Bernoulli ( ar210 === )

    21ar1

    20ar0 V

    2

    1PV

    2

    1P +=+

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    Como a velocidade V0se anula no ponto 1 (ponto de estagnao) teremos:

    PV2

    1PPV

    2

    1PP0V 20ar01

    20ar011 ==+==

    Considerando que a velocidade do ponto 0 no sofre alterao no ponto 2 teremos:

    0202 PPVV ==

    hV2

    1PPPP F

    20ar2101 ==

    ar

    F0

    h2V

    =

    Converso da Velocidade

    O velocmetro calibrado para indicar a velocidade de voo na atmosfera padro ao nvel do mar. Por

    exemplo: a uma presso dinmica de 0,144 atm (146 mbar) corresponde uma velocidade de voo ao nvel do

    mar de 555 Km/h. Na verdade, o velocmetro pode, em muitos casos, no indicar a velocidade verdadeira do

    voo atravs da atmosfera. Os factores de erro e as correces a aplicar so muitas e so referenciadas

    seguidamente:

    Erro do Instrumento

    Imperfeies de desenho e manufactura do instrumento;

    Varia de instrumento para instrumento;

    Actualmente insignificante e pode ser desprezado;

    Quando existe incorporado no grfico de velocidade calibrada do avio onde for

    instalado.

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    Erro de montagem/posio

    O tubo do Pitot e a tomada de esttica podem estar posicionados em zonas da aeronave onde o fluxo seja

    afectado pelas alteraes de configurao (flaps e trem) ou proximidade do solo (efeito de solo); A presso

    esttica registada nesse caso a do local e no a do fluxo de ar livre;A presso total registada por vezes inferior real devido inclinao do tubo de Pitot relativamente ao

    fluxo originada pelas variaes de ngulo de ataque.

    Erro de Compressibilidade

    Para elevadas velocidades a presso dinmica no apenas 2V2

    1 mas sim superior a este valor

    devido a um factor determinado pelo nmero de MACH.Assim e em funo destes factores de erro e sua correces podemos considerar as seguintes velocidades:

    Velocidade do ar indicada VAI (IAS)

    A velocidade do ar indicada VAI, o valor que o instrumento realmente indica numa dada condio de voo.

    Pode diferir muito da velocidade real de voo devido a factores como:

    Altitude diferente do nvel do mar;

    Erros do instrumento e sua montagem;

    Efeito da compressibilidade;

    A VAI obtida pelo diferencial de presses;

    ( )PP2

    VAI T=

    Velocidade do ar calibrada VAC (CAS)

    Obtm-se da VAI corrigindo o erro de instalao ou posio do instrumento. No possvel em todas

    as condies de voo garantir que o Pitot (tomada frontal) est perpendicular e que a tomada de esttica

    est paralela ao escoamento.

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    Constitui uma medida correcta da presso dinmica quando a aeronave voa a baixas

    velocidades;

    Por exemplo para uma velocidade de voo de 100 ns (185 Km/h) um erro de posio de

    somente 0,05 PSI d um erro de velocidade de 10 ns (18,5 Km/h);

    Quando o avio opera com elevados ngulos de ataque a distribuio da presso esttica

    varia muito, tornando difcil reduzir o erro de instalao.

    Corrige-se utilizando mais tomadas estticas estrategicamente colocadas de forma a

    anular ou reduzir os erros da principal. As correces a efectuar devero figurar no manual de

    voo e incluem o erro do instrumento.

    VpKIASKCAS += ou erroVAIVAC +=

    Exemplo: Aeronave a voar com 280 KIAS a 40 000 ps.

    KCAS = 280 + (- 0,5) = 279,5 Knots

    Fig. 10 Grfico de correco do erro de instalao

    280

    - 0,5

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    Velocidade do ar equivalente VAE (EAS)

    a VAC corrigida para ter em conta os efeitos da compressibilidade. A altas velocidades a compressibilidade

    da corrente de ar produz no tubo de Pitot uma presso esttica maior do que se verificaria se o ar fosse

    incompressvel. Por isso as indicaes do velocmetro vm maiores que a velocidade real.

    O velocmetro calibrado para dar leituras correctas na atmosfera padro ao nvel do mar, e, assim, tem

    uma correco de compressibilidade apropriada para essas condies. Contudo, quando o avio voa acima

    do nvel do mar esta compensao no adequada sendo necessrio fazer outras correces. As correces

    a subtrair VAC dependem da VAC e da altitude de presso e esto representadas na figura11 para a zona

    de voo subsnico.

    A velocidade equivalente do ar (VAE) a velocidade de voo numa atmosfera padro ao nvel do mar queproduziria a mesma presso dinmica da corrente de ar livre que a das condies actuais de voo.

    Obtm-se portanto da VAC corrigindo os efeitos de compressibilidade (VAI e VAC pressupem =

    constante);

    Fig. 11 Grfico de correco do efeito de compressibilidade

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    11

    1a

    VAC

    2

    11

    P

    1

    2VAE

    1

    12

    0

    0

    +

    +

    =

    Para valores VAC < 70 m/s VAC VAE (Escoamento Incompressvel)

    vcKCASKEAS += ou vcVACVAE +=

    Exemplo: para as seguintes condies de voo:

    KCAS = 300 Knots

    Altitude de presso = 25 000 ft

    Determinar a KEAS

    KEAS = 300 11 = 289 Knots

    Velocidade do ar verdadeira VAV (TAS)

    Obtm-se corrigindo VAE pela altitude densidade. Como o indicador da velocidade do ar calibrado para as

    presses dinmicas correspondente s condies standard ao nvel do mar, tm de ser tomadas em

    considerao as variaes de densidade.

    Para relacionar a VAE com a VAV, temos que atender a que a VAE densidade standard ao nvel do mar

    produz a mesma presso dinmica que a VAV densidade verdadeira do ar nas condies de voo. Com este

    raciocnio verifica-se que:

    ( ) ( )202 VAE

    2

    1VAV

    2

    1=

    = 0VAEVAV

    Como =

    0

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    =

    1VAEVAV

    Tendo em conta a figura 12

    Exemplo 1:para as seguintes condies de voo:

    KCAS = 215 Knots

    Altitude de presso = 15000 ft

    Temperatura exterior = 30 C

    Determinar a KTAS na atmosfera standard

    Fig. 12 Grfico de converso da VAC para VAV

    Procedimento (figura 12):

    Traar uma vertical partindo dos 215 KVAC (KCAS) at interceptar a linha dos 15000 ft.

    Ler na linha de KTAS Atmosfera standard o valor correspondente

    KTAS Standard = 270 Knots

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    Exemplo 2:para as seguintes condies de voo:

    KCAS = 215 Knots

    Altitude de presso = 15000 ft

    Temperatura exterior = 30 C

    Determinar a KTAS na atmosfera no standard

    Fig. 13 Grfico de converso da VAC para VAV

    Procedimento (figura 13):

    Traar uma vertical partindo dos 215 KVAC (KCAS) at interceptar a linha dos 15000 ft.

    Traar uma horizontal at interceptar a linha SL e a partir deste ponto traar uma vertical at interceptar a

    linha da temperatura (30 C) e finalmente traar uma horizontal at interceptar a linha KTAS Atmosfera no

    standard.

    Ler na linha de KTAS Atmosfera standard o valor correspondente

    KTAS No standard = 290 Knots

    A VAV ento funo da VAE e da altitude densidade. A figura 14 mostra um grfico da altitude densidade

    em funo da altitude presso e da temperatura. Cada valor da altitude densidade fixa a razo entre a VAV

    e a VAE. Assim, o velocmetro mede a presso dinmica correspondente velocidade verdadeira de voo

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    depois de se terem aplicado as correces de instrumento, posio, compressibilidade e densidade. Estas

    correces fundamentais para a determinao exacta da velocidade e para navegao de preciso.

    Fig. 14 Grfico da altitude densidade / altitude presso

    Para uma temperatura ambiente de 15 C e uma altitude presso de 6000 ft teremos uma altitude

    densidade de 3700 ft e 06,11

    =

    Converso da Altitude

    O altmetro um instrumento medidor de presses e deve-se comparar a um barmetro aneride, j que ele

    d indicao de altitude por intermdio da medio de presso. Todos os altmetros so calibrados para a

    leitura de altitudes, segundo o princpio de equivalncia das presses com as altitudes na atmosfera padro

    (standard). Assim, surgem dois tipos de altitudes:

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    Altitude presso

    a altitude qual se observa uma dada presso na atmosfera padro. O altmetro de um avio

    essencialmente um barmetro sensvel calibrado para indicar a altura na atmosfera padro. Se o altmetro

    regulado para 29,92 inHg (polegadas de mercrio) a altitude indicada a altitude presso, isto , a altitudeda atmosfera padro a que corresponde a presso a que o altmetro est sujeito.

    Evidentemente, esta altitude de presso indicada pelo altmetro pode no coincidir com a altitude a que ele

    est acima do nvel do mar, devido a variaes de temperatura, presso atmosfrica, decrscimo de

    temperatura com a altitude e possivelmente erros na medio da presso.

    Altitude densidadeO parmetro mais apropriado para relacionar o comportamento aerodinmico numa atmosfera qualquer a

    altitude densidade, isto , a altitude qual o ar da atmosfera padro tem uma dada densidade. Na

    determinao da altitude densidade temos certamente de considerar a presso (altitude presso) e a

    temperatura.

    A figura 14 ilustra o modo como a altitude densidade depende da altitude presso e da temperatura. Este

    grfico de uso muito comum e figura normalmente nos manuais de voo. Muitas vezes, em aerodinmica e

    na performance de avies, consideram-se a altitude densidade e a temperatura como os factores mais

    importantes.

    Clculo da Altitude Densidade

    Um mtodo prtico (erro inferior a 300 ps) para determinar a altitude densidade consiste em:

    Adicionar 600 ps por cada 10 F (graus Fahrenheit) acima da temperatura standard (SL = 59 F) do local, ou

    subtrair altitude do local os mesmos 600 ps por cada 10 F abaixo da temperatura standard do local.

    Exemplo 1:(altitude em ps e OAT em F) em Jackson, Wyoming a altitude da pista de 6 444 ps. Num

    dia com uma temperatura de 80 F, qual ser a altitude densidade?

    Para determinar a temperatura standard no local (locais acima SL) podemos subtrair temperatura standard

    SL, 3,5 F por cada mil ps acima do SL.

    554,221000

    5,3

    6444 =

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    5,36446,36554,2259 =

    A temperatura standard em Jackson, Wyoming de 36,5 F

    Como a temperatura que se verifica neste dia de 80 F

    5,435,3680 =

    Dividindo esta diferena por 10 (por cada 10 F acima da temperatura standard do local).

    35,410

    5,43=

    Multiplicando 4,35 vezes 600 (600 ps por cada 10 graus acima da temperatura standard do local).

    261060035,4 =

    Adicionando os 2610 ps altitude da pista (6444 ps) obtemos 9054 ps que ser a altitude densidade na

    pista nesta altura.

    Nota

    A performance do avio ser a que se obteria num dia standard a uma altitude de 9054 ps.

    0102,16444= kg/m3

    9319,09054= kg/m3

    A massa especfica do ar 8 % menor o que naturalmente ter implicaes na performance da aeronave.

    Exemplo 2: (altitude em ps e OAT em C) determinar a altitude densidade que se verifica a 4000 ft num

    dia com OAT = 29 C.

    Temperatura ISA do local = 15 C (1,98 C/1000 ft x altitude do local)

    Desvio ISA = OAT Temperatura ISA do local

    Altitude densidade (ft) = Altitude presso (ft) + (120 x Desvio ISA)

    Temperatura ISA do local = 08,740001000

    98,115 =

    C

    Desvio ISA = 29 7,08 = 21,92 C

    Altitude densidade (ft) = 4000 + (120 x 21,92) = 6630 ft

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    AERODINMICA

    TERMINOLOGIA

    Asa

    As asas tm como funo principal, a gerao de foras que proporcionam a sustentao e o controlo da

    aeronave. As caractersticas da asa dependem do tipo de misso e dos requisitos especficos dedesempenho. Para descrever a geometria da asa utilizam-se termos que importa enumerar e definir.

    Formas (planta)

    As asas vistas em planta, podem ser: em flecha (swepback), rectangulares, trapezoidais, elpticas e em

    delta, podendo surgir tambm uma classificao de mistas.

    Fig. 15 Formas de asa em planta

    rea ou superfcie alar (S)

    a superfcie da asa incluindo a parte coberta pela fuselagem (figura 16) e as nacelles dos motores.

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    ct

    cr

    b

    S

    Fig. 16 Avio em planta

    Envergadura (b)

    a distncia de extremo a extremo da asa (figura 16).

    Corda mdia (C

    )

    a medida geomtrica das cordas. O produto da corda mdia pela envergadura igual superfcie alar

    (figura 17).

    Fig. 17 Representao da corda mdia

    Razo de aspecto (AR)

    Coeficiente adimensional que expressa a relao entre o quadrado da envergadura e a superfcie alar. Se a

    asa for rectangular a razo de aspecto resulta da diviso da envergadura pela corda mdia.

    bCS =

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    S

    b

    C

    bAR

    2

    ==

    Corda na raiz e corda na ponta

    Corda na Raiz (CR) a corda medida na linha central do avio (figura 16).

    Corda na Ponta (CT) a corda medida na ponta da asa (figura 16).

    Razo de conicidade ou afilamento ()

    um coeficiente adimensional que exprime a relao entre o comprimento da corda na ponta da asa e a da

    corda de raiz da asa. A maioria das asas para baixas velocidades de voo, possuem razes de conicidade

    entre 0,4 e 0,5. J a maioria das asas com flecha possuem razes de conicidade entre 0,2 e 0,3.

    R

    T

    C

    C=

    ngulo de regresso ou de flecha ()

    ngulo medido entre uma linha perpendicular corda da raiz da asa e uma linha que une os pontos de 25%

    das cordas.

    Fig. 18 Asa com regresso alar (flecha)

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    Corda aerodinmica mdia (MAC) ou (C )

    a corda que passa pelo centride da rea S da asa, por outras palavras podemos dizer que a corda que

    corresponde ao centro geomtrico do semi-plano da asa. Se a asa fosse substituda por uma asa rectangular

    de igual envergadura e corda igual MAC, os momentos de picada (nariz em baixo) em ambas seriam

    iguais.

    O eixo de localizao da MAC a principal referncia para as consideraes de estabilidade longitudinal,

    note-se que a MAC no a corda mdia que passa pelo centride da rea da asa. Por exemplo, a asa em

    delta de ponta afilada com razo de conicidade nula tem corda mdia igual a metade da corda da raiz, mas

    a sua MAC igual a dois teros da corda na raiz.

    Fig. 19 Representao da MAC numa asa

    O valor numrico da MAC, para a asa em flecha pode ser determinado atravs da seguinte equao:

    +++

    =1

    1c

    3

    2MAC

    2

    R

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    Bordo de ataque

    Linha frontal da asa que separa o extradorso do intradorso

    Bordo de fuga

    Linha traseira da asa que separa o extradorso do intradorso

    Extradorso

    Superfcie superior da asa, limitada pelo bordo de ataque e de fuga

    Intradorso

    Superfcie inferior da asa, limitada pelo bordo de ataque e de fuga.

    Perfil AlarO termo alartem origem na palavra latina alaque significa fazer subir.

    Um perfil alar (figura 20) a seco que se obtm se cortar transversalmente a asa do avio.

    Fig. 20 Perfil alar

    Tipos: simtrico e assimtrico

    Os perfis podem ter diferentes formas, em funo do tipo de avio onde so utilizados. Se o valor da

    curvatura mxima (flecha) de um perfil for igual a zero o perfil diz-se simtrico (mesma curvatura no

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    extradorso e no intradorso). Se o valor da curvatura mxima (flecha) for maior que zero o perfil diz-se

    assimtrico(curvatura do extradorso e do intradorso diferentes).

    Fig. 21 Tipos de perfis alares

    Linha de corda

    Linha recta que une o bordo de ataque ao bordo de fuga.

    Corda

    o comprimento da linha de corda. Todas as dimenses dos perfis so medidas em funo do valor da

    corda.

    Curvatura mxima (flecha)

    a distncia mxima entre a linha de curvatura mdia e a linha de corda. D a ideia da assimetria do perfil.

    Se a curvatura mxima for igual a 0 (zero) o perfi