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AETATIS NOVAE INSTRUÇÃO PASTORAL SOBRE AS COMUNICAÇÕES SOCIAIS NO XX ANIVERSÁRIO DA COMMUNIO ET PROGRESSIO Introdução: Homem – linguagem – comunicação. O documento almeja “refletir acerca das conseqüências pastorais” das modernas “revoluções tecnológicas” e sobre o fato que hoje não há lugar onde não se sinta o impacto dos meios de comunicação sobre as atitudes religiosas e morais, sobre os sistemas políticos e sociais, sobre a educação. Ao mesmo tempo, sugere aplicar os documentos conciliares e pós-conciliares às “novas realidades emergentes”. A Aetatis novae, ao se referir e ampliar detalhadamente à Communio et progressio (cf. n. 111) que, trata da formação dos sacerdotes e religiosos, exige a aquisição de uma visão de conjunto do impacto que as novas tecnologias da informação e dos meios exercem sobre os indivíduos e sobre a sociedade. Afirma a necessidade de os envolvidos nas comunicações da Igreja adquirirem as competentes habilidades profissionais, além de uma formação doutrinal e espiritual. 1.1. Uma revolução nas comunicações. Hodiernamente é um fato que as comunicações alcançaram uma universalidade e uma legitimidade invejáveis. Não existe lugar onde não seja sentido o impacto dos mass media 1 . Atualmente, o universo das comunicações tem se transformado em ponto de unificação da humanidade, transformando-a numa “aldeia global” 2 . Neste contexto, surge a necessidade de incentivar os pastores e o povo de Deus a aprofundar o sentido de tudo o que diz respeito aos meios de comunicação, e a traduzi-lo em projetos concretos e realizáveis. A Igreja deve-se tornar interessar e tornar-se presente no centro do progresso humano, partilhando as experiências do resto da humanidade, procurando entendê-las à luz da fé. Com efeito, emerge a necessidade de os cristãos se empenharem e unirem mais profundamente na sua ação comunicativa e a colaborarem mais diretamente com as outras religiões a respeito da sua presença comum a serviço das comunicações. 2. Contexto das comunicações sociais. 2.1. Contexto cultural e social. 1 A humanidade do nosso tempo sabe e pensa da vida está, em parte, condicionada pelos meios de comunicação. A experiência humana como tal tornou-se uma experiência vivida através dos mass media. 2 “Os meios de comunicação social alcançaram tamanha importância que são para muitos o principal instrumento de informação e formação, de guia e inspiração dos comportamentos individuais, familiares e sociais”. Cf. Redemptoris missio, n. 37, AAS, 83 (1991), p. 285. 1

Aetatis Novae

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Conc. Ecum. Vat. II. Novae Aetatis

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Aetatis Novae instruao pastoral sobre as comunicaes sociais no XX aniversrio da Communio et progressio

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AETATIS NOVAE

INSTRUO PASTORAL SOBRE AS COMUNICAES SOCIAIS NO XX ANIVERSRIO DA COMMUNIO ET PROGRESSIOIntroduo:

Homem linguagem comunicao.

O documento almeja refletir acerca das conseqncias pastorais das modernas revolues tecnolgicas e sobre o fato que hoje no h lugar onde no se sinta o impacto dos meios de comunicao sobre as atitudes religiosas e morais, sobre os sistemas polticos e sociais, sobre a educao.

Ao mesmo tempo, sugere aplicar os documentos conciliares e ps-conciliares s novas realidades emergentes.

A Aetatis novae, ao se referir e ampliar detalhadamente Communio et progressio (cf. n. 111) que, trata da formao dos sacerdotes e religiosos, exige a aquisio de uma viso de conjunto do impacto que as novas tecnologias da informao e dos meios exercem sobre os indivduos e sobre a sociedade.

Afirma a necessidade de os envolvidos nas comunicaes da Igreja adquirirem as competentes habilidades profissionais, alm de uma formao doutrinal e espiritual.

1.1. Uma revoluo nas comunicaes.

Hodiernamente um fato que as comunicaes alcanaram uma universalidade e uma legitimidade invejveis. No existe lugar onde no seja sentido o impacto dos mass media.

Atualmente, o universo das comunicaes tem se transformado em ponto de unificao da humanidade, transformando-a numa aldeia global.

Neste contexto, surge a necessidade de incentivar os pastores e o povo de Deus a aprofundar o sentido de tudo o que diz respeito aos meios de comunicao, e a traduzi-lo em projetos concretos e realizveis. A Igreja deve-se tornar interessar e tornar-se presente no centro do progresso humano, partilhando as experincias do resto da humanidade, procurando entend-las luz da f.

Com efeito, emerge a necessidade de os cristos se empenharem e unirem mais profundamente na sua ao comunicativa e a colaborarem mais diretamente com as outras religies a respeito da sua presena comum a servio das comunicaes.

2. Contexto das comunicaes sociais.

2.1. Contexto cultural e social.

As mudanas ocorridas, atualmente nas comunicaes, implicam mais que uma mera revoluo tcnica. , pois, a transformao completa de tudo o que necessrio humanidade para compreender o mundo que a envolve e, para verificar e expressar a percepo dele.

A revoluo das comunicaes, afeta de igual modo, a percepo da Igreja, e contribui para a modelao das prprias estruturas e funcionamento.

Portanto, h a necessidade de um pleno conhecimento dos meios de comunicaes, mas que levem prtica, nesse campo, as normas de ordem moral; uma vez que estes tm um poder tanto de reforar quanto de destruir os paradigmas tradicionais relacionados esfera da religio, da cultura etc.

2.2- Contexto poltico e econmico.

Atualmente h uma mtua dependncia entre as estruturas econmicas das naes e os sistemas de comunicao. Por esta razo, os sistemas pblicos de telecomunicaes e difuso so submetidos a polticas de pulverizao e privatizao.

O problema que da surge consiste justamente em ver nas motivaes lucrativas a norma para avaliar seu sucesso. Por sua vez, as presses comerciais exercem igualmente para alm das fronteiras nacionais, em detrimento de certos povos e da sua cultura.

3. Papel das comunicaes.

3.1. Fundamentos teolgicos.

de suma importncia a Communio et progresso pensar as comunicaes como uma via em direo comunho, pois, com efeito, a comunicao o reflexo da comunho eclesial e para isso pode contribuir.

Deste modo, a comunicao da verdade pode ter realmente um poder de redeno, que emana de Cristo. Nele e por ele, a vida de Deus comunica-se humanidade pela ao do Esprito.

No Verbo feito carne Deus comunica-se efetivamente. Na pregao e na ao de Jesus, a Palavra torna-se libertadora e redentora para toda a humanidade.

Com efeito, a histria da humanidade e o conjunto das relaes entre os homens desenvolvem-se no quadro desta comunicao de Deus em Cristo.

3.2. Os meios de comunicao a servio.

a) Os meios de comunicao a servio do homem e da cultura.

No obstante todo o bem que os meios de comunicao so capazes de fazer, como instrumentos eficazes para uma compreenso mtua da vida, eles tambm podem servir para uma viso deformada da vida, da famlia, da moralidade etc.

b) Os meios de comunicao a servio do dilogo com o mundo atual.

Surge da necessidade de os mensageiros da palavra de Deus tem presente que se devem compreender as palavras dos povos e das diversas culturas. A Igreja deve comunicar a sua mensagem de um modo adaptado a cada poca, s culturas das naes e aos vrios povos, e de modo especial, hodiernamente, na e pela cultura dos novos mass media.

Ela tambm, ao estabelecer o dilogo com o mundo moderno, almeja um dilogo honesto e respeitoso com os responsveis dos meios de comunicao. Este dilogo implica que a Igreja se esforce por compreender os mass media, seus objetivos, estruturas, sustente e encoraje os que neles trabalham. Assim, possvel fazer propostas significativas tendo em vista afastar os obstculos que se opem ao progresso humano proclamao do Evangelho.

A Igreja deve estabelecer um dilogo com o mundo moderno, de modo a incentivar os cristos a conhecerem os mass media profanos, mas que elabore uma antropologia e uma verdadeira teologia da comunicao, com o intuito de que esta se torne, ela mesma comunicativa, mais eficaz, para revelar os valores evanglicos e aplic-los s realidades contemporneas da condio humana.

c) Os meios de comunicao a servio da comunidade humana e do progresso social.

O sentido que a Igreja d s comunicaes visa esclarecer de modo admirvel os prprios meios de comunicao e o papel que eles devem desempenhar, segundo o plano da providncia divina, na promoo do desenvolvimento das pessoas e da sociedade humana.

d) Os meios de comunicao a servio da comunho eclesial.

O apelo do direito de dilogo e informao no bojo da Igreja e a necessidade de continuar a procurar os meios eficazes para favorecer e proteger este direito, especialmente atravs de um uso responsvel dos meios de comunicao. Com efeito, a Igreja tem se pronunciado enfaticamente sobre o direito das pessoas a uma informao correta e, o direito ao anncio genuno da verdade evanglica.

e) Os meios de comunicao a servio de uma nova evangelizao.

Ressalta a necessidade de a Igreja estar atenta s adaptaes dos meios tradicionais de evangelizao, considerando os novos meios de adapt-los e aperfeio-los.

4. Desafios atuais.

4.1. Necessidade de uma avaliao crtica.

A Igreja ao adotar uma atitude positiva e aberta aos meios de comunicao, e procura penetrar a nova cultura por eles criada a fim de evangelizar, mas tambm necessrio que ela proponha uma avaliao crtica dos mass media e do seu impacto na cultura.

4.2. Solidariedade e desenvolvimento integral.

Ao contrrio da situao atual onde se verificam o secularismo, o consumismo, e o materialismo como fortes obstculos ao desenvolvimento solidrio e integral da pessoa humana, a Igreja prope uma formao adequada aos profissionais da comunicao e ao pblico, para que eles considerem os meios de comunicao com um sentido crtico.

4.3. Polticas e estruturas.

No diz respeito s polticas e estruturas surgem alguns desafios como os problemas relacionados s polticas e estruturas particulares dos meios de comunicao. No obstante, isso contraria os objetivos fundamentais e natureza prpria dos meios de comunicao.

4.4. Desafios do direito informao e s comunicaes.

O direito de comunicar constitui-se como direito inalienvel de todos. No se pode simplesmente depender da riqueza material ou do poder poltico. Alis, o direito comunicao faz parte do direito liberdade religiosa, e no deveria ser limitado liberdade de culto.

5. Prioridades pastorais e respectivos meios de resposta.

5.1. Defesa das culturas humanas.

No mbito da evangelizao a Igreja dever, amide, tomar medidas que visem preservar e favorecer meios de comunicao populares, e outras formas tradicionais de expresso, reconhecendo que, algumas sociedades, eles poder mais eficazes para a difuso do Evangelho do que os meios de comunicao mais, pois tornam possvel uma maior participao pessoal e atingem nveis mais profundos de motivaes e de sensibilidade humanas.

5.2. Desenvolvimento e promoo dos meios de comunicao da Igreja.

A Igreja continuar a empenhar-se de variegados modos no campo da comunicao e dos mass media, mas, sobretudo, possibilitar que o trabalho nos meios de comunicao se realizem em todos os aspectos da misso da Igreja.

5.3. Formao dos cristos responsveis pela comunicao.

Constata-se a real necessidade de haver pessoas comprometidas com a Igreja e que conheam a realidade dos mass media e dos impactos que as novas tecnologias da informao exercem sobre as pessoas e a sociedade. Com efeito, a educao e a formao para a comunicao dever fazer parte integrante da formao dos agentes pastorais e dos sacerdotes.

5.4- Pastoral dos responsveis da comunicao.

Trata-se da responsabilidade da Igreja em elaborar e propor programas pastorais que respondam s condies particulares de trabalho e aos desafios ticos, com os quais se defrontam os profissionais da comunicao.

6. Necessidade de uma planificao pastoral.

6.1. Responsabilidade dos bispos.

Ao se reconhecer o valor e os apelos que se emanam do mbito da comunicao, urge a necessidade de os bispos se esforarem em conceder prioridades a este campo e, ao mesmo tempo, considerar as situaes especficas da sua prpria diocese, regio e nao.

A humanidade do nosso tempo sabe e pensa da vida est, em parte, condicionada pelos meios de comunicao. A experincia humana como tal tornou-se uma experincia vivida atravs dos mass media.

Os meios de comunicao social alcanaram tamanha importncia que so para muitos o principal instrumento de informao e formao, de guia e inspirao dos comportamentos individuais, familiares e sociais. Cf. Redemptoris missio, n. 37, AAS, 83 (1991), p. 285.

As comunicaes, com efeito, tm a capacidade de pensar os modos de pensar, alm dos contedos dos pensamentos. Para muitas pessoas, a realidade corresponde ao que os mass media definem como tal.

Os meios de comunicao no podem substituir o contato pessoal imediato, nem as relaes entre os membros de uma famlia.

De fato, o papel social particular e necessrio dos meios de comunicao contribuir para a garantia do direito do homem informao, promoo da justia, procura do bem comum, assistncia aos indivduos, aos grupos e povos em busca da verdade.