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PROF GRACIANO ROCHA- PONTO
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AULA 03
Saudaes, caro aluno!
Teremos uma mudana na ordem das aulas: agrupei os itens relativos s leis
de matria oramentria de 2012 com o restante de planejamento, para serem
vistos mais frente, enquanto concluo a verificao dos trechos mais
importantes a consultar nessas leis.
Assim, veremos hoje as vertentes mais cobradas em concursos sobre
classificao da receita pblica. Alm do perfil oramentrio da matria, em
alguns pontos, conhecimentos relativos a Direito Tributrio sero
apresentados.
Apesar de as provas terem uma predileo pelas classificaes da receita,
necessrio trazer alguns comentrios iniciais, para o prprio entendimento do
que vem a ser a receita pblica.
Alm disso, ao final, trazemos comentrios sobre a dvida ativa, item tambm
relacionado receita.
Muito bem, vamos comear. Boa aula!
GRACIANO ROCHA
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CONCEITOS DE RECEITA PBLICA
Receita enfoque patrimonial
Comecemos por comentrios bem introdutrios.
A palavra receita, para leigos, ou mesmo para estudiosos pegos num
momento de distrao, pode remeter imediatamente ideia de dinheiro.
No entanto, para a cincia da Contabilidade, o registro de receita significa um
aumento na situao patrimonial de uma entidade, devido a um
incremento do Ativo (grupo contbil composto de bens e direitos) ou a uma
diminuio do Passivo (grupo contbil composto por obrigaes). Esse
aumento da situao patrimonial pode, ou no, envolver o recebimento de
dinheiro.
Por exemplo, se uma empresa presta determinado servio a um consumidor, o
registro contbil da receita decorrente da operao corresponde ao momento
da entrega do servio, ainda que o consumidor s venha a efetuar o
pagamento tempos depois.
Alm dessa entrada de receita, ao mesmo tempo, registra-se, no Ativo, um
direito a receber. Com isso, o patrimnio da empresa sofre um aumento,
correspondente ao valor da operao comercial.
Posteriormente, com o consumidor pagando o servio prestado, o dinheiro
apenas substituir esse direito a receber. Assim, essa entrada financeira no
leva a um aumento patrimonial.
Outra situao, ainda mais desafiadora para o esteretipo da receita como
dinheiro: na fazenda de uma empresa agropecuria, nascem 100 bezerros
num ms. A empresa fica mais rica com esse fato. Como registrar o
correspondente aumento de riqueza?
No tenha dvida: o valor de avaliao comercial dos bezerros ser
registrado como receita (aumento do Ativo), embora no tenha havido nem
sombra de movimentao financeira.
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Resumindo, para a Contabilidade, o registro de receita e a entrada de recursos
em caixa podem ser fatos desvinculados. Pode haver receita sem entrada
financeira, ou com o respectivo ingresso de recursos em momento bem
posterior.
Anote a, que isso importante: essa a forma como o setor privado lida
com a receita, seguindo o enfoque patrimonial (considerando-se a receita
como resultado de qualquer variao positiva do patrimnio, sem se dar
ateno ao aspecto financeiro).
ENFOQUE PATRIMONIAL => REGIME DE COMPETNCIA
Assim, pensando no enfoque patrimonial, adota-se o regime de
competncia, que implica fazer registros contbeis a partir dos fatos
geradores. Em nossos exemplos, os fatos geradores de receita foram a
prestao do servio e o nascimento dos bezerros.
S para adiantar um pouco o assunto, o regime de competncia se aplica
tambm despesa, mas de forma inversa: despesa consiste na diminuio
da situao patrimonial da entidade, contabilizada a partir de seu fato
gerador, com ou sem sada financeira.
Receita enfoque oramentrio
Agora, vamos a um raciocnio em sentido oposto.
J ficamos a par de que a receita, no entender da Cincia Contbil, apurada
sob o enfoque patrimonial e segundo o regime de competncia. Isso
representa ateno especial sobre a afetao do patrimnio, no momento do
fato gerador, e no, sobre a movimentao do caixa.
Por outro lado, na Contabilidade Pblica, historicamente, adotou-se o
regime de caixa para considerar a realizao da receita (ao contrrio da
despesa pblica, que, como na esfera privada, contabilizada sob o regime
de competncia). A partir desse entendimento, as movimentaes
financeiras que aumentam a disponibilidade do caixa pblico que levam ao
registro da receita.
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Assim est configurado o enfoque oramentrio, tendo a movimentao de
recursos como requisito para o registro de receita. Portanto, falando-se de
receitas oramentrias, no setor pblico, pensaremos normalmente em
ingressos financeiros entrada de dinheiro (com ou sem aumento
patrimonial).
ENFOQUE ORAMENTRIO => REGIME DE CAIXA
Ateno para a novidade!
Ultimamente, tem havido um rearranjo na Contabilidade Pblica brasileira,
liderado pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), com o fim de harmonizar os
procedimentos contbeis nacionais com as melhores prticas internacionais.
Essas melhores prticas internacionais tm a ver com os procedimentos da
Contabilidade Comercial, ou seja, isso significa que o regime patrimonial, alm do
oramentrio, tambm considerado atualmente no registro da receita, na
Contabilidade Pblica.
Nesse contexto, o fato gerador tomado como referncia para o registro da
receita. Isso demonstra uma aproximao da Contabilidade Pblica com a
Contabilidade aplicada ao setor privado.
No exerccio de 2010, isso ainda se d de forma facultativa, mas, a partir de 2013,
todos os entes federados (Unio, Estados e DF, desde 2012) devero estar
ajustados s novas normas.
Assim, concluindo, os entes pblicos registraro receitas sob o regime de caixa,
olhando os ingressos no caixa, como sempre fizeram; mas efetuaro tambm
registros contbeis de receita sob o regime de competncia, a fim de se controlar
continuamente a posio patrimonial dos rgos, entidades, fundos etc.
Veja s o que diz a Portaria Conjunta STN/SOF n 02/2009:
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Art. 7 As variaes patrimoniais sero reconhecidas pelo regime de competncia patrimonial, visando garantir o reconhecimento de todos os ativos e passivos das entidades que integram o setor pblico, conduzir a contabilidade do setor pblico brasileiro aos padres internacionais e ampliar a transparncia sobre as contas pblicas.
Pargrafo nico. So mantidos os procedimentos usuais de reconhecimento e registro da receita e da despesa oramentrias, de tal forma que a apropriao patrimonial:
I - no modifique os procedimentos legais estabelecidos para o registro das receitas e das despesas oramentrias;
Portanto, temos uma novidade a considerar para os prximos concursos. Era
comum aceitar simplesmente que, para a receita pblica, aplicavase o regime de
caixa, e, para a despesa pblica, o de competncia. Esse entendimento tradicional
deve ser flexibilizado, como vimos.
Como isso cai na prova?
1. (CESPE/ANALISTA/ANAC/2009) A contabilidade aplicada ao setor pblico, assim como qualquer outro ramo da cincia contbil, obedece aos
princpios fundamentais de contabilidade. Dessa forma, aplica-se, em sua
integralidade, o princpio da competncia, tanto para o reconhecimento da
receita quanto para a despesa.
Essa questo uma das recentes que j adotam o novo posicionamento da
STN. Alm do regime de caixa, tambm so feitos registros contbeis sob o
regime de competncia quanto receita pblica. Questo CERTA.
Conceitos de receita pblica: strictu sensu e lato sensu
Como acabamos de ver, estudando receita pblica, pensaremos, via de regra,
em movimentao financeira: no enfoque oramentrio, receitas so
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contabilizadas sob o princpio de caixa. Assim, no setor pblico, o registro da
receita corresponde, normalmente, ao recebimento de recursos.
Esse um ordenamento geral, mas, partindo dele, h desdobramentos a
considerar.
Segundo uma das definies apresentadas pela STN,
receita pblica a entrada que, integrando-se ao patrimnio pblico sem quaisquer reservas, condies ou correspondncia no passivo, vem acrescer o seu vulto como elemento novo e positivo.
Essa uma viso compartilhada por um grande terico brasileiro do direito
tributrio e financeiro, chamado Aliomar Baleeiro. Para ele, receita pblica
qualquer recebimento de recursos que aumenta efetivamente o
patrimnio pblico, sem expectativa de devoluo posterior. Por isso, ele
empregou a bonita expresso elemento novo e positivo.
Receita pblica strictu sensu: ingresso financeiro que afeta
positivamente o patrimnio pblico.
Outra definio, tambm trazida pela STN, de que receitas pblicas so
todas e quaisquer entradas de fundos nos cofres do Estado,
independentemente de sua origem ou fim. Nesse caso, utiliza-se o simples
critrio de afetao do caixa, sem julgar se a entrada financeira aumenta
efetivamente o patrimnio pblico. A doutrina utiliza os termos entrada e
ingresso para se referir a quaisquer recursos que adentram os cofres
pblicos.
Receita pblica lato sensu: qualquer ingresso financeiro que adentra os
cofres pblicos.
Como discriminado nos quadros, essas duas posies representam,
respectivamente, as classificaes da receita strictu sensu e lato sensu. Na
primeira, encara-se receita de forma semelhante aos parmetros da cincia
contbil: temos um ingresso financeiro que aumenta o patrimnio
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lquido da entidade. Na segunda, a viso bem generalista: se ingressam
recursos no caixa do ente pblico, eles so considerados receitas, no
importando as condies envolvidas.
A adoo desse critrio lato sensu envolve a possibilidade de serem
considerados receita at mesmo recursos que no pertencem ao ente
pblico, mas que so depositados na conta do Tesouro, como veremos
posteriormente. Alm disso, o critrio lato sensu permite classificar receitas
oramentrias como efetivas e no efetivas.
Mais um comentrio sobre isso.
Efetivas so as receitas que impactam positivamente o patrimnio, razo pela
qual so tratadas como fatos contbeis modificativos aumentativos. As
receitas no efetivas so as que no implicam aumento patrimonial, o que
permite correlacion-las a fatos contbeis permutativos (ou por mutao).
Como isso cai na prova?
2. (FCC/ANALISTA/MP-PE/2006) Pode-se definir receita oramentria efetiva como aquela que proporciona aumento real do saldo patrimonial, porque
no existe aumento do passivo permanente nem uma reduo do ativo
permanente.
3. (FGV/PROCURADOR/TCM-RJ/2008) Para a doutrina moderna, ingresso e receita so sinnimos, pois em ambos o dinheiro recolhido entra nos
cofres pblicos e em ambas as situaes incorporam-se ao patrimnio do
Estado.
4. (ESAF/ANALISTA/ANA/2009) As receitas efetivas modificam a situao patrimonial lquida da entidade somente quando possvel o seu registro
pelo regime de competncia.
A questo 2 est CERTA. Receitas efetivas so fatos aumentativos, que
impactam positivamente o patrimnio ou seja, sem aumento de obrigaes
(passivo) nem reduo de bens/direitos (ativo).
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Como visto anteriormente, ingresso (ou entrada) um termo utilizado para
diferenciar os recursos que entram no caixa pblico, de forma geral, dos
recursos que pertencem realmente ao ente pblico estes, chamados de
receita. Assim, no se trata de palavras sinnimas. A questo 3 est ERRADA.
A questo 4 est ERRADA. A modificao da situao patrimonial, na esfera
pblica, ocorre normalmente com a entrada dos recursos na conta do governo,
ou seja, em observncia ao princpio de caixa.
RECEITAS ORAMENTRIAS E EXTRAORAMENTRIAS
Um questionamento que se pode fazer aqui e que as provas sempre fazem
o seguinte: receitas oramentrias significam aquelas previstas no
oramento?
Para pensar nisso, vamos elaborar uma situao hipottica, para pensar no
dinheiro que efetivamente entra no caixa pblico.
Suponha que um observador curioso dedicasse todo seu ano de 2011 a
verificar a arrecadao das receitas federais. Considerando todos os depsitos
na conta nica do Tesouro, ele poderia chegar ao fim do exerccio financeiro e
constatar um volume de entradas at mesmo superior ao previsto na LOA.
A partir disso, poderia concluir que os recursos previstos na Lei Oramentria,
e arrecadados durante o exerccio, so receita oramentria, e os que
entraram por fora do oramento, acima da estimativa, seriam receita
extraoramentria. Parece bem lgico, n?
Sim, parece lgico, e esse o perigo explorado por bancas de concursos. O
critrio para classificao de receitas pblicas como oramentrias ou
extraoramentrias no o fato de constarem do Oramento.
No art. 57 da Lei 4.320/64, temos a seguinte redao:
Art. 57. Ressalvado o disposto no pargrafo nico do artigo 3 desta lei, sero classificadas como receita oramentria, sob as rubricas prprias,
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todas as receitas arrecadadas, inclusive as provenientes de operaes de crdito, ainda que no previstas no Oramento.
Portanto, o critrio legal bem abrangente: at mesmo receitas no
previstas no Oramento, se arrecadadas, sero consideradas oramentrias,
e, dessa forma, podero ser utilizadas para aplicao em aes
governamentais.
Receitas oramentrias so aquelas que podem ser utilizadas pelo ente
pblico para cobrir despesas oramentrias.
Observao: a Lei 4.320/64 traz no art. 57 uma afronta ao conceito de
receita sob o enfoque patrimonial, como vimos no comeo da aula. Sob o
enfoque oramentrio, at os recursos provenientes de operaes de
crdito emprstimos sero classificados como receita oramentria.
Na contabilidade privada, emprstimos no seriam considerados receita, em vista
da no afetao do patrimnio (ao mesmo tempo em que ingressam os recursos
no caixa ativo , registrase, em contrapartida, uma obrigao a pagar
passivo).
Preste ateno observao feita pelo art. 57 da Lei 4.320/64, que
reproduzimos agora h pouco: Ressalvado o disposto no pargrafo nico do
artigo 3 desta lei.
Vejamos o que h nesse dispositivo ressalvado:
Art. 3 A Lei de Oramentos compreender todas as receitas, inclusive as de operaes de crdito autorizadas em lei.
Pargrafo nico. No se consideram para os fins deste artigo as operaes de credito por antecipao da receita, as emisses de papel-moeda e outras entradas compensatrias, no ativo e passivo financeiros.
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Aqui, temos o seguinte: mesmo tendo expectativa do recebimento de certos
recursos durante o exerccio, a LOA no faz a previso deles. como se o
oramento desprezasse alguns recursos que entraro no caixa.
Para bem entender isso, considere que o caixa tambm recebe recursos que
no pertencem ao ente pblico, de sorte que no podem ser utilizados para
custear despesas oramentrias. So recursos que devero, de alguma forma,
ser devolvidos posteriormente razo pela qual se chamam, tecnicamente, de
entradas compensatrias. O ente pblico age, nessas ocasies, apenas
como depositrio dos valores.
Receitas extraoramentrias so entradas compensatrias no ativo e no
passivo financeiros, que no precisam de autorizao legislativa para
sua arrecadao, e no so utilizadas para cobrir despesas
oramentrias.
A Secretaria do Tesouro Nacional prefere a utilizao do termo ingressos
extraoramentrios, ao invs de receitas extraoramentrias, para deixar
bem claro que essas operaes no afetam em nada o patrimnio pblico.
Como as provas podem utilizar ambas as expresses, vamos nos familiarizar
com elas.
Outros exemplos de entradas compensatrias esto l no pargrafo nico do
art. 3 da Lei 4.320/64: operaes de crdito por antecipao da receita (as j
conhecidas ARO) e emisses de papel-moeda. Mas h outras hipteses alm
dessas: recebimento de depsitos judiciais, recebimento de caues de
licitantes para participao em licitaes...
Para firmar o conceito, operaes de crdito por Antecipao da Receita
Oramentria, ou, abreviadamente, ARO, so emprstimos tomados pelos entes
pblicos para suprir insuficincias momentneas de caixa. Isso significa que a LOA
previu certas receitas para atender a algumas despesas, mas, durante a execuo
do oramento, a arrecadao no se realizou como previsto.
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Diante disso, para custear as obrigaes assumidas, sem esperar pela arrecadao
atrasada, o ente pblico pode contratar esse tipo de emprstimo, se houver
autorizao na LOA para tanto, custeando imediatamente a despesa
oramentria.
Quando a receita atrasada for finalmente arrecadada, no atender mais
despesa para a qual foi prevista; ela servir para honrar a operao do tipo ARO,
que a substituiu.
Por isso, a ARO no constitui recursos oramentrios, mas uma operao
substituta deles; ela representa uma entrada no ativo financeiro (dinheiro) e no
passivo financeiro (recurso a restituir), ou seja, exatamente o conceito de receita
extraoramentria.
Como isso cai na prova?
5. (FGV/CONTADOR/DETRAN-RN/2010) As receitas obtidas com caues, fianas e consignaes so:
A) Receitas de capital.
B) Receitas correntes.
C) Receitas extraoramentrias.
D) Receitas oramentrias.
E) Receitas tributrias.
6. (CESPE/ANALISTA/MPU/2010) A receita oramentria, sob as rubricas prprias, engloba todas as receitas arrecadadas e que no possuem
carter devolutivo, inclusive as provenientes de operaes de crdito. Por
sua vez, os ingressos extraoramentrios so aqueles pertencentes a
terceiros, arrecadados pelo ente pblico, exclusivamente para fazer face
s exigncias contratuais pactuadas para posterior devoluo.
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7. (CESPE/ANALISTA/TRT-17/2009) A receita pblica somente pode ser considerada oramentria se estiver includa na lei oramentria anual.
8. (ESAF/TCNICO SUPERIOR/ENAP/2006) A receita pblica, quanto sua natureza, dividida em Oramentria e Extraoramentria. Assinale
abaixo a nica receita que classificada como Receita Oramentria.
a) Depsitos de terceiros.
b) Receita de operaes de crdito.
c) Salrios no-reclamados.
d) Operaes de crdito por antecipao de receita.
e) Caues em dinheiro.
Como acabamos de ver, operaes como caues, fianas e consignaes
representam recursos depositados no caixa pblico, mas que no pertencem
ao Estado, e no podem ser utilizados para custear despesas pblicas. Trata-se
de receitas extraoramentrias. Gabarito: C.
A questo 6 se constitui num bom resumo para distinguir receitas
oramentrias e extraoramentrias, repetindo as diferenas que demarcamos.
Questo CERTA.
A questo 7 est ERRADA. Como vimos, o conceito de receitas oramentrias
ultrapassa aquelas previstas na LOA.
Das alternativas da questo 8, apenas a receita de operaes de crdito
considerada, pela legislao vigente, como item das receitas oramentrias. As
demais assertivas dizem respeito a recursos devolutos. Gabarito: B.
CLASSIFICAO DA RECEITA QUANTO COERCITIVIDADE: RECEITAS
ORIGINRIAS E DERIVADAS
A diferenciao que faremos aqui diz respeito relao jurdica entre o
Estado e o particular (ou o mercado), nas operaes que resultam em receitas
pblicas.
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Quando o Estado, numa relao jurdica, encontra-se de igual para igual com
o particular, estabelece-se, no caso, uma configurao de direito privado.
Assim, o fato de uma das partes ser o Estado no muda muito a histria; seria
o mesmo se o substitussemos por outro particular.
Assim ocorre, por exemplo, quando o ente pblico presta servios ao mercado,
auferindo renda com isso o caso de uma universidade pblica cuja livraria
comercializa livros e peridicos. Ou ento quando um rgo pblico aluga um
imvel de sua propriedade para outrem.
Assim, receitas de direito privado so receitas originrias: os recursos so
provenientes de esforos prprios dos entes pblicos, em suas atividades
comerciais, empresariais, etc.
Por outro lado, quando as rendas so obtidas a partir das atribuies
coercitivas do Estado, que obrigam os particulares, esto caracterizadas as
receitas derivadas. As receitas pblicas, nesse mbito, derivam do esforo
alheio: atividades de particulares.
As relaes jurdicas a so de direito pblico, ou seja, o Estado tem
prerrogativa sobre as vontades dos agentes privados. A arrecadao de
tributos, dos quais no podemos fugir, exemplo tpico dessa classificao.
Para realizar a classificao quanto coercitividade, devemos notar sempre se
o Estado age no mesmo nvel do particular envolvido ou com poder de
imprio.
Como isso cai na prova?
9. (FGV/AUDITOR/TCM-RJ/2008) Segundo a melhor doutrina, a receita originria pode ser considerada a que tem origem no patrimnio do
particular, pelo exerccio do poder de imprio do Estado, enquanto a
receita derivada a que tem origem no prprio patrimnio pblico, em
que o Estado atua como empresrio por meio de um acordo de vontades,
e no com seu poder de imprio, por isso no h compulsoriedade na sua
instituio.
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10. (CESPE/TCNICO SUPERIOR/MIN. SADE/2008) Quando um cidado paga o imposto sobre a renda em atraso, a parcela correspondente ao imposto
dita receita originria, enquanto a multa de mora e os juros sobre o
atraso so considerados receita derivada.
A questo 9 est ERRADA, por inverter os conceitos de receitas originrias e
derivadas.
A questo 10 est ERRADA: tanto o imposto quanto os adicionais incidentes
so de pagamento obrigatrio, em razo do poder de imprio presente na
situao. Assim, todos os itens citados so receitas derivadas.
CLASSIFICAO ECONMICA DA RECEITA (OU POR NATUREZA DA
RECEITA ORAMENTRIA)
Vou pedir ateno especial a esse tpico da aula. Os prximos comentrios so
fortssimos candidatos a questes da prova, j que esta classificao da receita
talvez a mais importante e frequente em concursos.
A classificao por natureza da receita (tambm aplicada despesa, como
veremos na prxima aula) est normatizada na Lei 4.320/64.
Essa lei, por tratar de normas gerais de direito financeiro, obriga todos os
entes federados Unio, Estados, DF e Municpios a adotar essa mesma
classificao e sua codificao contbil. Como resultado, torna-se possvel
avaliar os efeitos econmicos da participao do setor pblico nacional
na economia, a partir, por exemplo, da contabilizao da arrecadao
tributria de todos os entes, ou da aplicao de recursos de todos os entes em
investimentos pblicos.
Volto a ressaltar que essa classificao aplicvel apenas a receitas
oramentrias. Os ingressos extraoramentrios, por no constiturem
receitas prprias do Estado, ficam de fora da classificao por categorias
econmicas.
A classificao econmica da receita traz os seguintes nveis:
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categoria econmica; origem; espcie; rubrica; alnea; subalnea.
Um mnemnico que se pode usar para guardar essa informao
CORES RUBRAS, a partir das iniciais dessa srie: Categoria ORigem
ESpcie RUBRica Alnea Subalnea.
Assim, quanto natureza da receita, o primeiro nvel da codificao diz
respeito s categorias econmicas, que permitem dividir as receitas em
receitas correntes e receitas de capital.
As receitas correntes so, tipicamente, receitas de custeio: servem para
suportar a manuteno e o funcionamento de atividades administrativas (que
so caracterizadas pelas despesas correntes).
Talvez voc j tenha visto na mdia a expresso custeio da mquina pblica,
referindo-se aplicao de recursos em atividades e servios prprios das
atribuies do ente pblico.
Por sua vez, receitas de capital servem aquisio ou formao de bens de
capital. Bens de capital, segundo a teoria econmica, seriam aqueles capazes
de gerar novos bens ou servios, produzindo riqueza.
Cabe registrar, tambm, a identidade dessa classificao com a afetao
patrimonial. Lembra do Aliomar Baleeiro, mais no incio da aula? Pois ento,
dizamos que ele era partidrio do conceito strictu sensu de receita pblica:
esta seria sempre um elemento novo e positivo, que ingressaria no
patrimnio pblico, aumentando-o, sem reservas ou condies.
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Via de regra, as receitas correntes so receitas efetivas; elas aumentam o
patrimnio pblico. Ora so resultado da atividade arrecadatria do Estado,
ora da atividade empresarial/comercial pblica. Seu registro corresponde a
fatos contbeis modificativos aumentativos da situao patrimonial.
J as receitas de capital, tambm via de regra, so receitas por mutao,
no efetivas, e, por isso, no afetam o patrimnio. Envolvem registros
contbeis que se compensam mutuamente.
Observao importante: uma novidade que vem sendo cobrada em
concursos a classificao das receitas em receitas correntes
intraoramentrias e receitas de capital intraoramentrias. Isso foi
institudo pela Portaria Interministerial STN/SOF n 338/2006, a qual
destacou que essas classificaes no constituem novas categorias
econmicas de receita, mas especificaes das categorias econmicas
corrente e capital. A funo das receitas intraoramentrias a mesma
das categorias econmicas (receitas correntes e de capital).
As receitas intraoramentrias esto relacionadas realizao de
despesas dentro da mesma esfera de governo. Assim, operaes entre
rgos, fundos, autarquias, fundaes, empresas estatais dependentes
e outras entidades integrantes dos oramentos fiscal e da seguridade
social, relacionadas aquisio de materiais, bens e servios,
pagamento de impostos, taxas e contribuies tero registro de receita
intraoramentria no rgo/entidade que receber os recursos.
Isso impede que, quando a Unio for fechar seus balanos, contabilize
receitas e despesas que no existiram fora da Conta nica, evitando a
duplicidade de registros.
Para detalhar as origens da classificao econmica da receita, vamos utilizar o
seguinte diagrama:
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RECEITAS CORRENTES RECEITAS DE CAPITAL
Receita Tributria Operaes de Crdito
Receita de Contribuies Alienao de Bens
Receita Patrimonial Amortizao de Emprstimos
Receita Agropecuria Transferncias de Capital
Receita Industrial Outras Receitas de Capital
Receita de Servios Mnemnico:
OPERA-ALI-AMOR-TRANSOU Transferncias Correntes
Outras Receitas Correntes
Mnemnico:
TRIC-PAS-TRANSOU
Esse diagrama, adaptado da Lei 4.320/64 (art. 11, 4) importantssimo, de
forma que merece ser decorado. Utilize os mnemnicos que anotei; tentar
aprender qual receita corrente e qual de capital pela essncia de cada
uma nos far perder tempo.
Essas subdivises das receitas correntes e de capital, como vimos nos
comentrios iniciais, chamam-se origens. Elas classificam as receitas
tipicamente segundo seu fato gerador. Assim, a partir da origem da receita,
verifica-se se ela foi obtida em razo das atribuies de arrecadao coercitiva
do Estado, ou pela ao do Estado como um agente econmico comum, ou
pela obteno de transferncias de outros agentes etc.
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Como isso cai na prova?
11. (CESPE/ANALISTA/TRE-MA/2009) O cdigo de natureza de receita busca classificar a receita identificando a origem do recurso segundo seu fato
gerador, sendo desmembrado em nveis. A subdiviso das categorias
econmicas representa pela
A) origem.
B) fonte.
C) espcie.
D) subfonte.
E) rubrica.
12. (CESPE/ADMINISTRADOR/AGU/2010) Receitas intraoramentrias so diferentes de receitas correntes e de capital.
13. (FCC/ANALISTA/TRE-SE/2007) As receitas correntes so destinadas a atender despesas classificveis em despesas correntes.
14. (FGV/ANALISTA/SEFAZ-RJ/2011) So Receitas Correntes as receitas tributrias, de contribuies, patrimonial, agropecuria, industrial, de
servios e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros
recebidos de outras pessoas de direito pblico ou privado, quando
destinadas a atender despesas classificveis em Despesas Correntes.
Na questo 11, o desdobramento das categorias econmicas a origem.
Gabarito: A.
Na questo 12, mostra-se exatamente o contrrio do que estudamos. Receitas
intraoramentrias (correntes e de capital) so iguais s oramentrias
(correntes e de capital), exceto pelo fato de ocorrerem entre rgos e
entidades compreendidas no oramento fiscal e da seguridade social. Questo
ERRADA.
A questo 13 est CERTA. A utilizao normal das receitas correntes d-se
pela cobertura das necessidades de manuteno das atividades pblicas, que
so caracterizadas pelas despesas correntes.
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A questo 14 est CERTA. Observando nosso mnemnico, vemos que as
origens de receita citadas no enunciado pertencem categoria das receitas
correntes. Os tais recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito
pblico ou privado, quando destinadas a atender despesas classificveis em
despesas correntes se referem s transferncias correntes.
Veremos a seguir os detalhes de algumas das origens mais cobradas em
provas, a partir das observaes feitas no Manual de Contabilidade
Aplicada ao Setor Pblico.
Receita Tributria
Corresponde a ingressos provenientes da arrecadao de impostos, taxas e
contribuies de melhoria. Trata-se de um conjunto de receitas coercitivas,
derivadas, as quais os contribuintes devem recolher ao errio pblico.
As definies do Cdigo Tributrio Nacional para essas figuras so:
imposto o tributo cuja obrigao tem por fato gerador uma situao independente de qualquer atividade estatal especfica, relativa ao
contribuinte;
as taxas cobradas pela Unio, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municpios, no mbito de suas respectivas atribuies, tm como
fato gerador o exerccio regular do poder de polcia, ou a
utilizao, efetiva ou potencial, de servio pblico especfico e
divisvel, prestado ao contribuinte ou posto sua disposio;
a contribuio de melhoria cobrada pela Unio, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municpios, no mbito de suas respectivas
atribuies, instituda para fazer face ao custo de obras pblicas
de que decorra valorizao imobiliria, tendo como limite total a
despesa realizada e como limite individual o acrscimo de valor que da
obra resultar para cada imvel beneficiado.
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Exemplos: imposto de renda, imposto sobre produtos industrializados, taxas
de custas judiciais, taxa de fiscalizao de servios de energia eltrica etc.
Distino: taxa X preo pblico
Vamos traar um comparativo entre as taxas e o preo pblico, tambm
conhecido como tarifa.
Para incio de conversa, enquanto taxas so espcies tributrias, preos
pblicos no so tributos. Assim, caractersticas como a obrigatoriedade
de pagamento, a utilizao apenas potencial dos servios taxados, os
prprios princpios tributrios (legalidade, anterioridade, capacidade de
pagamento), no se aplicaro aos preos pblicos.
Ambas as figuras aqui tratadas podem ser utilizadas para custear
servios pblicos divisveis e de consumo mensurvel. Entretanto, se a
remunerao dos servios se der mediante taxa, haver o
estabelecimento de uma alquota vlida para todos os contribuintes (a
taxa da coleta de lixo, por exemplo, invarivel, no importa a
quantidade de lixo produzido). Caso seja adotada a tarifa como forma de
remunerao dos servios, a cobrana ser proporcional ao uso (contas
de telefone, gua, luz...).
Por fim, uma caracterstica exclusiva dos preos pblicos, ou tarifas, a
possibilidade de sua exigncia por pessoas jurdicas de direito privado
como as empresas concessionrias de servios pblicos. As taxas, em
sentido contrrio, s podem ser cobradas e administradas por pessoas de
direito pblico.
O Manual Tcnico de Oramento traz alguns comentrios sobre essa
questo, que valem a pena ser examinados:
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H casos em que no simples estabelecer se um servio remunerado
por taxa ou por preo pblico. Como exemplo, podemos citar o caso do
fornecimento de energia eltrica. Em localidades onde estes servios
forem colocados disposio do usurio, pelo Estado, mas cuja
utilizao seja de uso obrigatrio, compulsrio (por exemplo, a lei no
permite que se coloque um gerador de energia eltrica), a remunerao
destes servios feita mediante taxa e sofrer as limitaes impostas
pelos princpios gerais de tributao (legalidade, anterioridade,...). Por
outro lado, se a lei permite o uso de gerador prprio para obteno de
energia eltrica, o servio estatal oferecido pelo ente pblico, ou por
seus delegados, no teria natureza obrigatria, seria facultativo e,
portanto, seria remunerado mediante preo pblico.
Receita de contribuies
Ingressos provenientes de contribuies sociais, de interveno no
domnio econmico e de interesse das categorias profissionais ou
econmicas. Tambm so receitas derivadas (coercitivas). Essas
contribuies so definidas da seguinte forma:
contribuies sociais destinadas ao custeio da seguridade social, que compreende a previdncia social, a sade e a assistncia social;
contribuies de interveno no domnio econmico derivam da contraprestao atuao estatal exercida em favor de determinado
grupo ou coletividade.
contribuies de interesse das categorias profissionais ou econmicas destinadas ao fornecimento de recursos aos rgos representativos de
categorias profissionais legalmente regulamentadas ou a rgos de
defesa de interesse dos empregadores ou empregados.
Apesar de as contribuies constiturem uma espcie de tributo, nessa
classificao da receita haver uma separao entre eles.
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Como vimos, na origem receita tributria, encontram-se os tributos que o
CTN previu em 1966: impostos, taxas e contribuies de melhoria. As
contribuies representam uma origem parte.
As bancas gostam de brincar com esse aspecto da classificao econmica.
s vezes, misturam-se as contribuies de melhoria (que so receita
tributria) com as contribuies, somente. Ou, como nesse caso, tenta-se
forar a barra, empurrando o candidato para que ele classifique, tambm
nesse mbito, as contribuies como tributos.
Para no ficarem de fora, vamos falar da quinta espcie tributria existente no
Brasil, os emprstimos compulsrios. Eles tambm no so classificados
como receita tributria, mas como operaes de crdito (receita de capital).
Os emprstimos compulsrios so a nica espcie tributria com previso de
devoluo ao contribuinte; isso o que justifica a denominao
emprstimos.
Exemplos de receita de contribuies: Contribuio Social sobre o Lucro
Lquido (CSLL), Contribuio para Financiamento da Seguridade Social
(Cofins), Contribuio sobre a Receita de Loterias.
Receita Patrimonial
Corresponde a ingressos provenientes do aproveitamento do patrimnio
pblico pelo Estado, pela explorao de bens imobilirios ou mobilirios, e
dos recebimentos de recursos por participao societria em entidades de
direito privado. So receitas originrias, j que no advm do exerccio do
poder coercitivo do Estado.
Exemplos: aluguis, arrendamentos, taxa de ocupao de terrenos da Unio,
receita de concesses e permisses.
Transferncias Correntes
Ingressos provenientes de outros entes/entidades, efetivados mediante
condies preestabelecidas ou mesmo sem qualquer exigncia, desde que o
objetivo seja a aplicao em despesas correntes.
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Exemplos: transferncias dos Estados, transferncias dos Municpios,
transferncias do exterior.
Outras receitas correntes
So os ingressos correntes provenientes de outras origens, no classificveis
nas anteriores. Nesse grupo, encontram-se as Multas e Juros de Mora,
Indenizaes e Restituies, Receita da Dvida Ativa e Receitas Diversas.
Operaes de Crdito
Ingressos provenientes da venda de ttulos pblicos no mercado ou da
contratao de emprstimos e financiamentos obtidos junto a entidades
estatais ou privadas. Tambm so exemplos de receitas originrias.
Exemplos: venda de ttulos do Tesouro Nacional, operaes de crdito
internas, emprstimos compulsrios.
Alienao de Bens
Ingressos provenientes da alienao de componentes do ativo imobilizado ou
intangvel. Novamente, trata-se de receitas originrias, agindo o Estado sem
estatura de entidade de direito pblico.
Exemplos: alienao de estoques, alienao de veculos, alienao de imveis
urbanos.
Amortizao de Emprstimos
o ingresso proveniente do recebimento de parcelas de emprstimos ou
financiamentos concedidos em ttulos ou contratos. Classifica-se como receita
originria.
Transferncias de Capital
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Ingressos provenientes de outros entes/entidades, efetivado mediante
condies preestabelecidas ou mesmo sem qualquer exigncia, desde que o
objetivo seja a aplicao em despesas de capital.
Exemplos: transferncias dos Estados, transferncias dos Municpios,
transferncias do exterior.
Outras receitas de capital
Constituem-se dos ingressos de capital provenientes de outras origens, no
classificveis nas anteriores. Como desdobramento desse ttulo encontram-se
as receitas provenientes de Integralizao do Capital Social, Resultado do
Banco Central do Brasil, as Remuneraes do Tesouro Nacional, os Saldos de
Exerccios Anteriores e Outras Receitas.
Pessoal, vocs podem perceber, pela longa listagem, que no d pra
esperar um aprendizado exemplar dessas origens de receitas. O
negcio decoreba mesmo. Aprenda os mnemnicos que postei abaixo
da tabelinha e preste ateno nas observaes que fui pontuando.
Como isso cai na prova?
15. (CESPE/ECONOMISTA/MIN. SADE/2009) As transferncias de recursos intergovernamentais podem constituir, para o ente beneficirio, receitas
correntes ou receitas de capital.
16. (FCC/ANALISTA/TRE-AM/2009) De acordo com a Lei n 4.320/64, as receitas correntes so constitudas, entre outras, pelas Receitas de
Contribuies. Um item classificado como Receita de Contribuio aquele
oriundo de
(A) contribuio de melhoria.
(B) multas e juros de mora da contribuio do salrio-educao.
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(C) contribuio social para o financiamento da seguridade social COFINS.
(D) fundo de participao dos municpios FPM.
(E) restituies de convnios.
17. (FCC/ANALISTA/TCE-GO/2009) A receita oramentria compreende os recursos auferidos na gesto a serem computados na apurao do
resultado do exerccio e desdobrados em receitas correntes e receitas de
capital. Constituem receita de capital as receitas
(A) tributria, de alienao de bens e patrimonial.
(B) imobiliria, com valores mobilirios e agropecuria.
(C) de servios, patrimonial, industrial e de contribuies rurais.
(D) industrial, de operaes de crdito e de alienao de bens.
(E) de operao de crdito, de alienao de bens e de transferncias de
capital.
18. (CESPE/ANALISTA/ANCINE/2006) As receitas correntes, tambm denominadas primrias ou efetivas, correspondem a receitas tributria, de
contribuies, patrimonial, agropecuria, industrial, de servios e de
operaes de crditos.
19. (FCC/ANALISTA/MP-SE/2009) A receita instituda para fazer face ao custo de obras pblicas de que decorra valorizao imobiliria, tendo como
limite total a despesa realizada e como limite individual o acrscimo de
valor que da obra resultar para cada imvel beneficiado, ser classificada
como
(A) receita de servios.
(B) taxa.
(C) contribuio social.
(D) contribuio de interveno no domnio econmico.
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(E) contribuio de melhoria.
A questo 15 est CERTA. O que permite classificar uma transferncia como
corrente ou de capital a utilizao que o beneficirio dar aos recursos.
Na questo 16, que talvez tenha exagerado na profundidade da cobrana do
assunto, temos, na ordem, exemplos de: receita tributria; outras receitas
correntes; receita de contribuies; transferncia corrente; outras receitas
correntes. Gabarito: C.
Na questo 17, novamente com a ajuda de nosso mnemnico, podemos
identificar como receitas de capital as receitas de operaes de crdito, de
alienao de bens e de transferncias de capital. Gabarito: E.
A questo 18 faz uma correlao errada entre as classificaes. Correntes,
primrias e efetivas so formas diferentes de classificar as receitas, no
podendo ser utilizadas como sinnimos. Alm disso, as operaes de crdito
so receitas de capital. Questo ERRADA.
A questo 19 traz, em seu enunciado, o conceito legal da contribuio de
melhoria. Gabarito: E.
Supervit do oramento corrente
O supervit do oramento corrente (SOC) representa uma previso, na LOA,
da diferena positiva a se obter entre o total da arrecadao de receitas
correntes e o total da execuo das despesas correntes em um exerccio.
Significa que o governo espera contar com recursos de custeio mais que
suficientes para sustentar sua mquina administrativa, seus servios, seu
custo de operao.
A Lei 4.320/64 determina que o SOC seja classificado como receita de capital
(art. 11, 2), embora no deva constituir item da receita oramentria
(art. 11, 3).
Isso no muito intuitivo, vamos dizer assim, n?
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Vamos pensar na seguinte previso de receitas e despesas oramentrias, a
partir de um montante fixado em R$ 150 bilhes:
CORRENTES DE CAPITAL
Receitas: R$ 100 bilhes Receitas: R$ 50 bilhes
Despesas: R$ 80 bilhes Despesas: R$ 70 bilhes
No caso acima, h uma diferena positiva de R$ 20 bilhes a favor das receitas
correntes. Esse valor o SOC, que ser contabilizado como receita de capital.
Dessa forma, as receitas de capital originais teriam o acrscimo do
SOC de R$ 20 bi, alcanando a monta de R$ 70 bi.
A lio transmitida pela lei a seguinte: se o governo arrecada mais do que
gasta com seu custeio, a sobra financeira dever ser aplicada em favor do
patrimnio duradouro do Estado, para gerar mais riqueza (ou para evitar o
endividamento). Portanto, a vocao do supervit do oramento corrente ser
aplicado em despesas de capital. Da ser classificado como receita de
capital.
E essa histria de o SOC no constituir item da receita oramentria?
Significa que ele no pode ser contabilizado como nova arrecadao. O SOC
est compreendido na estimativa de arrecadao das receitas
correntes; consider-lo novo item de receita oramentria nova
arrecadao seria incorrer em duplicidade. Esse erro ocorreria, utilizando
o exemplo acima, no caso de se somar R$ 20 bilhes estimativa total de
arrecadao de R$ 150 bi, chegando-se quantia irreal de R$ 170 bi.
Como isso cai na prova?
20. (FCC/ANALISTA/MP-SE/2009) O supervit do oramento corrente um exemplo de receita
(A) financeira.
(B) de capital.
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(C) patrimonial.
(D) extraoramentria.
(E) intraoramentria.
21. (FCC/ANALISTA/TRE-SE/2007) O supervit do oramento corrente constituir item de receita oramentria.
22. (CESPE/ANALISTA/MPU/2010) O superavit do oramento corrente constitui item de receita oramentria, resultando do balanceamento dos
totais das receitas e despesas correntes somadas ao passivo circulante e
divididas pelo total da receita patrimonial.
23. (CESPE/TCNICO SUPERIOR/MIN. SADE/2008) No existe nem deve existir perfeita correspondncia entre as respectivas categorias de receitas
e de despesas. No entanto, recomendvel que exista um saldo positivo
entre receitas de capital e despesas de capital, para a formao de
poupana que financie os novos investimentos.
Na questo 20, como acabamos de ver, a classificao aplicvel ao SOC a de
receita de capital. Gabarito: B.
A questo 21 est ERRADA: a lei dispe que o SOC no constituir item de
receita oramentria, justamente pelo fato de representar uma previso de
sobra dos recursos arrecadados.
A questo 22 est ERRADA. Como vimos, o SOC no constitui item de receita
oramentria. Alm disso, a operao matemtica referida pela questo no
existe.
Quanto questo 23, a poupana do governo, para financiar investimentos, ou
para pagar dvida, se d pela manuteno de um saldo positivo entre receitas
correntes e despesas correntes (ou seja, o SOC). Questo ERRADA.
CLASSIFICAO DA RECEITA POR GRUPOS (AGENTES)
Como informa o Manual Tcnico de Oramento da SOF/MPOG, a classificao
da receita por grupos identifica quais agentes pblicos possuem
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competncia legal para arrecadar, fiscalizar e administrar as receitas
pblicas; dessa forma, instrumento oramentrio-gerencial identificador de
determinados segmentos arrecadadores do setor pblico.
Os grupos de receita so formados pela associao entre tipos especficos
de unidades oramentrias (que abrangem os agentes responsveis) e de
naturezas de receita. Os grupos so: Receitas Prprias, Receitas
Administradas, Receitas de Operaes de Crdito, Receitas Vinculadas e
Demais Receitas, como detalhado em seguida.
Receitas Prprias
As receitas prprias so aquelas arrecadadas a partir do esforo prprio de
rgos e demais entidades nas atividades de fornecimento de bens ou
servios e na explorao econmica do prprio patrimnio. A remunerao
dessas atividades econmicas d-se por preo pblico ou tarifas, bem como o
produto da aplicao financeira desses recursos.
Geralmente, so receitas com fundamento na bilateralidade, ou seja,
sem o exerccio do poder coercitivo estatal. Sua natureza contratual e,
por isso, criam obrigaes recprocas para as partes contratantes (Estado e
particulares).
So recursos que, por um lado, no possuem destino especfico e, portanto,
no so vinculadas por lei determinada despesa; por outro, pertencem
unidade oramentria arrecadadora.
Receitas Administradas
As receitas administradas so auferidas pela Receita Federal, que detm a
competncia para fiscalizar, arrecadar e administrar esses recursos, com
amparo legal no Cdigo Tributrio Nacional e leis afins.
Nesse grupo, concentra-se a maior parte dos tributos institudos pela Unio,
principalmente depois da unificao das Secretarias da Receita Federal e da
Receita Previdenciria.
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Receitas de Operaes de Crdito
Receitas financeiras provenientes da colocao de ttulos pblicos no mercado
ou da contratao de emprstimos e financiamentos junto a entidades estatais
ou privadas.
Receitas Vinculadas
As receitas vinculadas so aquelas que a lei determina a finalidade especfica
de aplicao, exceto as classificadas como Receitas Administradas.
Geralmente, so receitas cuja fiscalizao, administrao e arrecadao ficam
a cargo das prprias entidades arrecadadoras, s quais resta a obrigao de
efetuar o recolhimento para a Conta nica do Tesouro Nacional.
Exemplos: Recursos de concesses, autorizaes e permisses para uso de
bens da Unio ou para exerccio de atividades de competncia da Unio.
Demais Receitas
As demais receitas so aquelas previstas em lei ou de natureza contratual, que
no se enquadram em nenhum dos grupos anteriores.
Como isso cai na prova?
24. (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2009) Receitas prprias dos rgos da administrao pblica, como tarifas e preos pblicos, tm registro na
LOA.
25. (CESPE/ANALISTA/STF/2008) Uma diferena que usualmente se estabelece entre receitas correntes e receitas de capital o carter
recorrente das primeiras e espordico das ltimas. Do mesmo modo,
entre as receitas prprias e as receitas de transferncias: as primeiras so
livres, e as ltimas, vinculadas.
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A questo 24 est CERTA. As receitas, independentemente de seu agente
responsvel, devem ser previstas na LOA, e, quando arrecadadas, registradas
como receitas oramentrias.
A questo 25 est ERRADA: apesar da correlao correta no primeiro caso,
tendo em vista esperar-se das receitas correntes maior frequncia na
arrecadao, na segunda parte do enunciado faz-se uma inverso. As receitas
prprias ficam sob gesto das unidades arrecadadoras, no sendo, portanto,
livres; e as transferncias, muitas vezes, representam recursos sem
utilizao definida, como o caso das transferncias constitucionais.
ESTGIOS DA RECEITA
Previso
A previso da receita oramentria a estimativa para a arrecadao
durante o exerccio, que tomar forma nos valores consignados pela LOA. O
Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Pblico relaciona esse estgio a
uma fase de planejamento executado pela rea tcnica do governo, com
base na Metodologia de Projeo das Receitas Oramentrias.
Conforme o MCASP,
Esta metodologia busca traduzir matematicamente o comportamento da arrecadao de uma determinada receita ao longo dos meses e anos anteriores e refleti-la para os meses ou anos seguintes, utilizando-se de modelos matemticos.
A importncia do estgio da previso para o oramento est em sua influncia
sobre a fixao da despesa, cujo montante no poder, em princpio,
superar a arrecadao estimada (princpio do equilbrio formal). Assim,
esperado que a previso da receita obedea a rigorosos modelos de projeo,
j que dela depender a definio do volume do oramento seguinte.
Essa caracterstica tcnica que deve permear a previso oramentria
impede, por exemplo, que se faam alteraes na estimativa de arrecadao a
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partir de critrios polticos ou circunstanciais, conforme indica o seguinte
dispositivo da Lei de Responsabilidade Fiscal:
Art. 12, 1. Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo s ser admitida se comprovado erro ou omisso de ordem tcnica ou legal.
Portanto, os clculos feitos pelos tcnicos do Executivo no podero ser
suplantados por opinies sem perfil cientfico e objetivo, digamos assim.
Como isso cai na prova?
26. (CESPE/ANALISTA/STF/2008) A estimativa de arrecadao da receita resultante da metodologia de projeo das receitas oramentrias.
A questo 26 est CERTA. Como vimos, h uma metodologia estabelecida no
mbito do governo para se implementar a previso da receita.
Lanamento
Como dissemos, o MCASP correlaciona o supracitado estgio da previso a
uma fase de planejamento das receitas, e considera os prximos trs estgios
abrangidos pela fase de execuo da receita oramentria.
Assim, o lanamento da receita j faz parte de sua execuo. Segundo o art.
53 da Lei 4.320/64, O lanamento da receita o ato da repartio
competente que verifica a procedncia do crdito fiscal e a pessoa que lhe
devedora e inscreve o dbito desta.
importante registrar que nem todas as receitas percorrem o estgio do
lanamento. A Lei 4.320/64 firma o seguinte:
Art. 52. So objeto de lanamento os impostos diretos e quaisquer outras rendas com vencimento determinado em lei, regulamento ou contrato.
Assim, para lanar uma receita, conforme o Cdigo Tributrio Nacional, deve-
se identificar o fato gerador da obrigao, calcular o montante devido,
identificar o devedor e, se for o caso, propor a penalidade cabvel. E esses
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passos no so aplicveis a diversos tipos de receita. Veja-se, por exemplo, o
caso das transferncias, ou das operaes de crdito: no h devedor em
sentido tributrio, no h crdito fiscal a se lanar, penalidade aplicvel etc.
Como isso cai na prova?
27. (CESPE/ANALISTA/MPU/2010) Os estgios da receita oramentria so previso, lanamento, arrecadao e recolhimento. Entretanto, o
lanamento, que tem origem fiscal, no se aplica a todas as receitas
oramentrias, mas basicamente s receitas tributrias, conforme dispe
o Cdigo Tributrio Nacional.
28. (CESPE/ANALISTA/STF/2008) No lanamento da receita, verificada a procedncia do crdito fiscal e a pessoa que lhe devedora.
29. (FGV/ASSESSOR/DETRAN-RN/2010) Estgios da Receita Pblica so as etapas das aes realizadas pelos rgos e reparties encarregados de
execut-las. O estgio utilizado para a arrecadao de tributos, e que se
pode tambm aplicar a casos em que o Governo tenha direitos lquidos e
certos, em virtude de leis, regulamentos ou contratos :
A) Da Arrecadao.
B) Do Lanamento.
C) Da Previso.
D) Do Recolhimento.
E) Da Liquidao.
A questo 27 est CERTA. Foram indicados todos os estgios da receita, e
destacou-se a informao de que o lanamento est vinculado a um perfil de
receitas, no se aplicando a todas.
A questo 28 est CERTA, sem maiores complicaes. So discriminados os
procedimentos pertencentes ao estgio do lanamento.
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Na questo 29, o enunciado apresenta as caractersticas do estgio do
lanamento da receita. Gabarito: B.
Arrecadao
A arrecadao envolve a entrega dos recursos devidos pelos contribuintes aos
agentes arrecadadores ou s instituies financeiras autorizadas pelo
ente recebedor, ainda sem chegada conta do Tesouro.
Segundo a Lei 4.320/64, a arrecadao o estgio em que se registra o
pertencimento da receita ao exerccio financeiro. Nos dizeres do art. 35, inc. I,
Pertencem ao exerccio financeiro as receitas nele arrecadadas. Isso quer
dizer que a receita arrecadada em 2010 ser contabilizada como receita de
2010, para todos os fins.
Portanto, a arrecadao no corresponde ainda disponibilizao dos
recursos financeiros para uso do ente pblico. Pode haver um perodo em
que esses recursos estejam em processamento na rede bancria, ou sob a
posse de agentes arrecadadores. De qualquer modo, a disponibilidade
financeira s se efetivar no prximo estgio, como se ver a seguir.
Como isso cai na prova?
30. (FCC/TCNICO/TRF-01/2006) Entre a arrecadao de tributos e o recolhimento h a distino de
(A) guarda e entrega de valor.
(B) diferena entre a previso e a arrecadao.
(C) meios de que se valem os agentes arrecadadores.
(D) responsabilidade do contribuinte.
(E) natureza do crdito.
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Na questo 30, a diferena entre a arrecadao e o recolhimento, visto em
seguida, reside na guarda e na entrega do valor. Na arrecadao, os recursos
financeiros ainda no se encontram disposio do ente pblico. Gabarito: A.
Recolhimento
O estgio do recolhimento consiste na entrega, pelos agentes arrecadadores e
pela rede bancria autorizada, do produto da arrecadao ao caixa do Tesouro,
correspondendo efetiva disponibilizao de recursos ao ente pblico.
Segundo o MCASP, nesse estgio, deve ser observado o Princpio da
Unidade de Caixa, representado pelo controle centralizado dos recursos
arrecadados.
Assim se manifesta a Lei 4.320/64 sobre esse estgio:
Art. 56. O recolhimento de tdas as receitas far-se- em estrita observncia ao princpio de unidade de tesouraria, vedada qualquer fragmentao para criao de caixas especiais.
Como isso cai na prova?
31. (FCC/TCNICO/TCM-PA/2010) O recolhimento de todas as receitas far-se- em estrita observncia ao princpio de unidade de tesouraria, vedada
qualquer fragmentao para criao de caixas especiais.
A questo 31 reproduz o teor do art. 56 da Lei 4.320/64, sem alterao de
sentido. Questo CERTA.
DVIDA ATIVA
Inicialmente, para tratar desse tema, vamos pensar numa situao ilustrativa.
Um servidor federal, no ano de 2012, aps preencher sua declarao de
imposto de renda, verifica, pelo sistema da Receita Federal, que dever ainda
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pagar R$ 500,00 referentes a esse imposto ao Fisco, alm daquilo que foi
abatido na fonte de seus pagamentos durante todo o ano de 2011.
Entretanto, por razes quaisquer, deixa de recolher os R$ 500,00 junto
Receita, ultrapassando-se o prazo de pagamento.
A Receita Federal havia registrado os R$ 500,00 como estimativa de receita.
Porm, diante do no pagamento por parte do servidor contribuinte, ao invs
de a contabilidade acusar recebimento de receita tributria, far um
registro de um direito no recebido a receber afinal de contas, o
referido servidor dever pagar esse resto de imposto, mais cedo ou mais
tarde.
Essa historinha nos apresenta uma hiptese de registro de dvida ativa. A
dvida ativa constitui um direito a receber por parte do ente pblico. Ela
representa a possibilidade de ocorrncia de fluxos de receita em momento
futuro, quando as obrigaes dos devedores forem cumpridas. Por isso,
contabilizada no ativo do ente.
No exemplo que vimos, ela tributria, porque o pagamento no realizado
tem essa natureza (imposto de renda no recolhido). Portanto, impostos,
taxas, contribuies de melhoria, alm dos adicionais, juros e multas
incidentes sobre essas figuras, podem dar ensejo ao registro de dvida ativa
tributria, caso no seja feito o correspondente pagamento.
Entretanto, a dvida ativa tambm pode ser no tributria: nesse caso, o no
pagamento relaciona-se a obrigaes no tributrias (atraso de pagamento de
concesso de uso de bem pblico, de aluguel de imvel pblico, custas
processuais etc.), que no foram cumpridas pelos respectivos devedores.
Vale ressaltar que a dvida ativa abrange valores adicionais, como atualizao
monetria e juros. Vou deixar a Lei 4.320/64 responder por mim:
Art. 39, 4 - A receita da Dvida Ativa abrange os crditos mencionados nos pargrafos anteriores, bem como os valores correspondentes respectiva atualizao monetria, multa e juros de mora e ao encargo de que tratam o art. 1 do Decreto-lei n 1.025, de 21 de outubro de 1969, e o art. 3 do Decreto-lei n 1.645, de 11 de dezembro de 1978.
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Assim, a dvida ativa compreende o principal e os acessrios que incidem
sobre ele.
Dvida ativa segundo o MCASP
A partir de agora, vamos falar da dvida ativa conforme as orientaes do
Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Pblico.
Para comear, considere que, antes mesmo do registro da dvida ativa, houve
o registro de um crdito anterior. O ente pblico faz estimativas de
arrecadao tributria e de recebimento de receitas prprias, e lana essas
estimativas como crditos a receber. Vamos cham-los de crditos
iniciais.
Se os devedores pagarem em dia suas obrigaes, esses crditos iniciais so
extintos, registra-se a receita oramentria, e acabou-se a histria. Porm, se
os devedores atrasarem o pagamento, o crdito inicial convertido em dvida
ativa um direito a receber.
Outro detalhe curioso que, na esfera federal, as unidades responsveis
pelo crdito inicial e pela dvida ativa correspondente so diferentes. Na
esfera federal, por exemplo, a Receita Federal a principal responsvel pela
arrecadao dos impostos; mas a responsabilidade pela execuo da dvida
ativa (exigncia do pagamento) da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional,
unidade integrante da Advocacia-Geral da Unio.
Assim, se o devedor atrasar seu pagamento, dando ensejo ao registro da
dvida ativa, ocorre uma transferncia de crditos entre as unidades
envolvidas: a responsvel pelo crdito inicial d baixa no crdito inicial, e a
responsvel pela dvida ativa registra uma entrada de crdito, no valor
correspondente.
Assim, no nascimento da dvida ativa, a unidade responsvel por ela registra
um direito a receber junto ao devedor, em razo de sua inadimplncia, e a
unidade originria, responsvel pelo crdito inicial, registra uma baixa em seu
Ativo.
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Desse modo, o registro de dvida ativa afeta positivamente o patrimnio da
unidade responsvel pela cobrana, embora no tenha efeitos sobre o caixa.
Por isso, em alguns concursos, j se falou que o registro da dvida ativa
exceo ao princpio de caixa.
Entretanto, temerrio entender exatamente dessa forma; o que afeta
positivamente o patrimnio, nesse caso, no receita, j que no h
ingresso de recursos. Na contabilidade pblica, tecnicamente, classifica-se esse
fato como uma variao ativa.
Assim, dizer que a dvida ativa uma exceo ao princpio de caixa no
corresponde muito bem realidade. Mas, volta e meia, as provas trazem esse
entendimento, e no nos cabe brigar com as bancas.
Prosseguindo com o raciocnio, ao ser quitada, a dvida ativa convertida em
receita oramentria pertencente ao exerccio do pagamento, sob a
classificao econmica outras receitas correntes.
Reforando o que eu disse, a dvida ativa em si, como direito a receber, no
corresponde a uma receita, mas a um fato contbil aumentativo,
independente da execuo oramentria a variao ativa que ressaltamos.
Vamos deixar bem assentado que essa receita oramentria proveniente do
pagamento da dvida ativa envolve a baixa do direito a receber ou seja,
temos a uma receita no efetiva (sem aumento no patrimnio). O
patrimnio pblico j havia sido incrementado antes, com o registro do direito
a receber.
Como isso cai na prova?
32. (FCC/TCNICO/TCM-PA/2010) Em um governo municipal, um exemplo de receita de capital aquela oriunda do recebimento de tributos inscritos
em dvida ativa.
33. (FCC/PROCURADOR/TCE-CE/2006) Na execuo da dvida ativa de natureza tributria, a representao da Unio cabe Procuradoria-Geral
da Fazenda Nacional, observado o disposto em lei.
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34. (ESAF/ANALISTA/ANA/2009) Acerca da Dvida Ativa, correto afirmar:
a) a Dvida Ativa inscrita goza da presuno de liquidez e certeza, e tem
equivalncia de prova pr-constituda contra o devedor.
b) no mbito da Unio, compete Receita Federal do Brasil apurar a
liquidez e certeza dos crditos tributrios a serem inscritos em Dvida Ativa.
c) apenas crditos tributrios so passveis de inscrio em Dvida Ativa.
d) considera-se absoluta a presuno de liquidez e certeza de crdito
inscrito em Dvida Ativa.
e) no mbito da Unio, compete Receita Federal do Brasil apurar a
liquidez e certeza dos crditos no tributrios a serem inscritos em Dvida
Ativa.
35. (CESPE/ANALISTA/TRE-TO/2006) Os crditos inscritos em dvida ativa no so objeto de atualizao monetria, juros ou multas, previstos em
contratos ou em normativos legais, no sendo, portanto, esses valores
incorporados ao valor original inscrito.
Como j vimos anteriormente, a receita decorrente do pagamento da dvida
ativa, pelo devedor, uma receita corrente (outras receitas correntes). A
questo 32 est ERRADA.
A questo 33 reproduz corretamente a titularidade da execuo da dvida ativa
da Unio, por parte da PGFN. Alm disso, o enunciado uma disposio
constitucional (art. 131, 3). Questo CERTA.
Afastando a Receita da titularidade quanto ao processamento e execuo da
dvida ativa, exclumos as letras B e E da questo 34. Adicionalmente, como
vimos, receitas no tributrias tambm podem ser inscritas em dvida ativa, o
que elimina a letra C. Resta-nos, portanto, considerar se a presuno de
liquidez e certeza da dvida ativa absoluta ou no. Conforme o art. 204 do
Cdigo Tributrio Nacional, A dvida regularmente inscrita goza da presuno
de certeza e liquidez e tem o efeito de prova pr-constituda. Isso
flexibilizado pelo pargrafo nico do mesmo artigo, que diz: A presuno a
que se refere este artigo relativa e pode ser ilidida por prova inequvoca, a
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cargo do sujeito passivo ou do terceiro a que aproveite. Dessa forma, o
gabarito a letra A.
A questo 35 est ERRADA. J vimos que os adicionais cobrados sobre o valor
principal da dvida ativa passam a integrar o dbito.
Bom, caro aluno, finalizamos aqui nossa aula de hoje.
Espero voc na semana que vem, para tratarmos de despesa pblica e tpicos
relacionados, e a qualquer momento, no frum de dvidas.
Bons estudos!
GRACIANO ROCHA
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RESUMO DA AULA
1. Para a cincia da Contabilidade, o registro de receita significa um aumento na situao patrimonial de uma entidade, devido a um incremento do
Ativo ou a uma diminuio do Passivo. Esse aumento da situao
patrimonial pode, ou no, envolver o recebimento de dinheiro.
2. Mesmo receitas no previstas no Oramento, se arrecadadas, sero consideradas oramentrias, e, dessa forma, podero ser utilizadas para
aplicao em aes governamentais.
3. Receitas extraoramentrias so entradas compensatrias no ativo e no passivo financeiros, que no precisam de autorizao legislativa para seu
ingresso no caixa.
4. Segundo o critrio strictu sensu, receita pblica a entrada que, integrando-se ao patrimnio pblico sem quaisquer reservas, condies ou
correspondncia no passivo, vem acrescer o seu vulto como elemento
novo e positivo.
5. Segundo o critrio lato sensu, receitas pblicas so todas e quaisquer entradas de fundos nos cofres do Estado, independentemente de sua
origem ou fim.
6. O critrio lato sensu permite classificar receitas oramentrias como efetivas e no efetivas (sob o critrio strictu sensu, receitas sempre sero
efetivas).
7. A classificao econmica da receita traz os seguintes nveis: categoria econmica; origem; espcie; rubrica; alnea; subalnea.
8. As receitas correntes so, tipicamente, receitas de custeio: servem para suportar a manuteno e o funcionamento de atividades administrativas.
Por sua vez, receitas de capital servem aquisio ou formao de bens
de capital. Bens de capital, segundo a teoria econmica, seriam aqueles
capazes de gerar novos bens ou servios, produzindo riqueza.
9. Via de regra, as receitas correntes so receitas efetivas; elas aumentam o patrimnio pblico. Ora so resultado da atividade arrecadatria do
Estado, ora da atividade empresarial/comercial pblica.
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10. As receitas de capital, tambm via de regra, so receitas por mutao, no efetivas, e, por isso, no afetam o patrimnio. Envolvem registros
contbeis que se anulam.
11. Receitas primrias representam todas as receitas oramentrias que no tm interface financeira (obteno de emprstimos, venda de ttulos,
recebimento de operaes de crdito etc.). Ou seja, so receitas sem
relao com o endividamento pblico.
12. As transferncias de recursos intergovernamentais podem constituir receitas correntes ou receitas de capital.
13. O supervit do oramento corrente representa a diferena positiva entre o total da arrecadao de receitas correntes e o total da execuo das
despesas correntes em um exerccio. Significa que o governo teve
recursos de custeio mais que suficientes para sustentar sua mquina
administrativa. Essa sobra financeira dever ser aplicada em favor do
patrimnio duradouro do Estado, para gerar mais riqueza.
14. As receitas intraoramentrias esto relacionadas realizao de despesas dentro da mesma esfera de governo. Nesse caso, ocorre apenas
uma circulao interna de recursos, que no saem do caixa do Tesouro
Nacional.
15. A classificao da receita por grupos identifica quais agentes pblicos possuem competncia legal para arrecadar, fiscalizar e administrar as
receitas pblicas.
16. Receitas prprias so aquelas arrecadadas a partir do esforo prprio de rgos e demais entidades nas atividades de fornecimento de bens ou
servios e na explorao econmica do prprio patrimnio.
17. As receitas administradas so auferidas pela Receita Federal, que detm a competncia para fiscalizar, arrecadar e administrar esses recursos.
18. A Lei 4.320/64 estabelece trs estgios percorridos pela receita oramentria em sua execuo, mas a doutrina e as provas entendem
existir mais um, que antecede todos eles: a previso, que se caracteriza
como um estgio de planejamento.
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19. Segundo o art. 53 da Lei 4.320/64, O lanamento da receita o ato da repartio competente que verifica a procedncia do crdito fiscal e a
pessoa que lhe devedora e inscreve o dbito desta. Nem todas as
receitas percorrem o estgio do lanamento.
20. A arrecadao envolve a entrega dos recursos devidos pelos contribuintes aos agentes arrecadadores ou s instituies financeiras autorizadas pelo
ente recebedor, ainda sem chegada conta do Tesouro. Segundo a Lei
4.320/64, a arrecadao o estgio em que se registra o pertencimento
da receita ao exerccio financeiro.
21. O estgio do recolhimento consiste na entrega, pelos agentes arrecadadores e pela rede bancria autorizada, do produto da arrecadao
ao caixa do Tesouro, correspondendo efetiva disponibilizao de
recursos ao ente pblico.
22. A dvida ativa constitui um direito a receber por parte do ente pblico, e pode ser classificada como tributria ou no tributria, a depender do tipo
de obrigao que lhe deu origem.
23. A dvida ativa abrange a obrigao principal e os valores correspondentes respectiva atualizao monetria, multa e juros de mora.
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QUESTES COMENTADAS NESTA AULA
1. (CESPE/ANALISTA/ANAC/2009) A contabilidade aplicada ao setor pblico, assim como qualquer outro ramo da cincia contbil, obedece aos
princpios fundamentais de contabilidade. Dessa forma, aplica-se, em sua
integralidade, o princpio da competncia, tanto para o reconhecimento da
receita quanto para a despesa.
2. (FCC/ANALISTA/MP-PE/2006) Pode-se definir receita oramentria efetiva como aquela que proporciona aumento real do saldo patrimonial, porque
no existe aumento do passivo permanente nem uma reduo do ativo
permanente.
3. (FGV/PROCURADOR/TCM-RJ/2008) Para a doutrina moderna, ingresso e receita so sinnimos, pois em ambos o dinheiro recolhido entra nos
cofres pblicos e em ambas as situaes incorporam-se ao patrimnio do
Estado.
4. (ESAF/ANALISTA/ANA/2009) As receitas efetivas modificam a situao patrimonial lquida da entidade somente quando possvel o seu registro
pelo regime de competncia.
5. (FGV/CONTADOR/DETRAN-RN/2010) As receitas obtidas com caues, fianas e consignaes so:
A) Receitas de capital.
B) Receitas correntes.
C) Receitas extraoramentrias.
D) Receitas oramentrias.
E) Receitas tributrias.
6. (CESPE/ANALISTA/MPU/2010) A receita oramentria, sob as rubricas prprias, engloba todas as receitas arrecadadas e que no possuem
carter devolutivo, inclusive as provenientes de operaes de crdito. Por
sua vez, os ingressos extraoramentrios so aqueles pertencentes a
terceiros, arrecadados pelo ente pblico, exclusivamente para fazer face
s exigncias contratuais pactuadas para posterior devoluo.
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7. (CESPE/ANALISTA/TRT-17/2009) A receita pblica somente pode ser considerada oramentria se estiver includa na lei oramentria anual.
8. (ESAF/TCNICO SUPERIOR/ENAP/2006) A receita pblica, quanto sua natureza, dividida em Oramentria e Extraoramentria. Assinale
abaixo a nica receita que classificada como Receita Oramentria.
a) Depsitos de terceiros.
b) Receita de operaes de crdito.
c) Salrios no-reclamados.
d) Operaes de crdito por antecipao de receita.
e) Caues em dinheiro.
9. (FGV/AUDITOR/TCM-RJ/2008) Segundo a melhor doutrina, a receita originria pode ser considerada a que tem origem no patrimnio do
particular, pelo exerccio do poder de imprio do Estado, enquanto a
receita derivada a que tem origem no prprio patrimnio pblico, em
que o Estado atua como empresrio por meio de um acordo de vontades,
e no com seu poder de imprio, por isso no h compulsoriedade na sua
instituio.
10. (CESPE/TCNICO SUPERIOR/MIN. SADE/2008) Quando um cidado paga o imposto sobre a renda em atraso, a parcela correspondente ao imposto
dita receita originria, enquanto a multa de mora e os juros sobre o
atraso so considerados receita derivada.
11. (CESPE/ANALISTA/TRE-MA/2009) O cdigo de natureza de receita busca classificar a receita identificando a origem do recurso segundo seu fato
gerador, sendo desmembrado em nveis. A subdiviso das categorias
econmicas representa pela
A) origem.
B) fonte.
C) espcie.
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D) subfonte.
E) rubrica.
12. (CESPE/ADMINISTRADOR/AGU/2010) Receitas intraoramentrias so diferentes de receitas correntes e de capital.
13. (FCC/ANALISTA/TRE-SE/2007) As receitas correntes so destinadas a atender despesas classificveis em despesas correntes.
14. (FGV/ANALISTA/SEFAZ-RJ/2011) So Receitas Correntes as receitas tributrias, de contribuies, patrimonial, agropecuria, industrial, de
servios e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros
recebidos de outras pessoas de direito pblico ou privado, quando
destinadas a atender despesas classificveis em Despesas Correntes.
15. (CESPE/ECONOMISTA/MIN. SADE/2009) As transferncias de recursos intergovernamentais podem constituir, para o ente beneficirio, receitas
correntes ou receitas de capital.
16. (FCC/ANALISTA/TRE-AM/2009) De acordo com a Lei n 4.320/64, as receitas correntes so constitudas, entre outras, pelas Receitas de
Contribuies. Um item classificado como Receita de Contribuio aquele
oriundo de
(A) contribuio de melhoria.
(B) multas e juros de mora da contribuio do salrio-educao.
(C) contribuio social para o financiamento da seguridade social COFINS.
(D) fundo de participao dos municpios FPM.
(E) restituies de convnios.
17. (FCC/ANALISTA/TCE-GO/2009) A receita oramentria compreende os recursos auferidos na gesto a serem computados na apurao do
resultado do exerccio e desdobrados em receitas correntes e receitas de
capital. Constituem receita de capital as receitas
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(A) tributria, de alienao de bens e patrimonial.
(B) imobiliria, com valores mobilirios e agropecuria.
(C) de servios, patrimonial, industrial e de contribuies rurais.
(D) industrial, de operaes de crdito e de alienao de bens.
(E) de operao de crdito, de alienao de bens e de transferncias de
capital.
18. (CESPE/ANALISTA/ANCINE/2006) As receitas correntes, tambm denominadas primrias ou efetivas, correspondem a receitas tributria, de
contribuies, patrimonial, agropecuria, industrial, de servios e de
operaes de crditos.
19. (FCC/ANALISTA/MP-SE/2009) A receita instituda para fazer face ao custo de obras pblicas de que decorra valorizao imobiliria, tendo como
limite total a despesa realizada e como limite individual o acrscimo de
valor que da obra resultar para cada imvel beneficiado, ser classificada
como
(A) receita de servios.
(B) taxa.
(C) contribuio social.
(D) contribuio de interveno no domnio econmico.
(E) contribuio de melhoria.
20. (FCC/ANALISTA/MP-SE/2009) O supervit do oramento corrente um exemplo de receita
(A) financeira.
(B) de capital.
(C) patrimonial.
(D) extraoramentria.
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(E) intraoramentria.
21. (FCC/ANALISTA/TRE-SE/2007) O supervit do oramento corrente constituir item de receita oramentria.
22. (CESPE/ANALISTA/MPU/2010) O superavit do oramento corrente constitui item de receita oramentria, resultando do balanceamento dos
totais das receitas e despesas correntes somadas ao passivo circulante e
divididas pelo total da receita patrimonial.
23. (CESPE/TCNICO SUPERIOR/MIN. SADE/2008) No existe nem deve existir perfeita correspondncia entre as respectivas categorias de receitas
e de despesas. No entanto, recomendvel que exista um saldo positivo
entre receitas de capital e despesas de capital, para a formao de
poupana que financie os novos investimentos.
24. (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2009) Receitas prprias dos rgos da administrao pblica, como tarifas e preos pblicos, tm registro na
LOA.
25. (CESPE/ANALISTA/STF/2008) Uma diferena que usualmente se estabelece entre receitas correntes e receitas de capital o carter
recorrente das primeiras e espordico das ltimas. Do mesmo modo,
entre as receitas prprias e as receitas de transferncias: as primeiras so
livres, e as ltimas, vinculadas.
26. (CESPE/ANALISTA/STF/2008) A estimativa de arrecadao da receita resultante da metodologia de projeo das receitas oramentrias.
27. (CESPE/ANALISTA/MPU/2010) Os estgios da receita oramentria so previso, lanamento, arrecadao e recolhimento. Entretanto, o
lanamento, que tem origem fiscal, no se aplica a todas as receitas
oramentrias, mas basicamente s receitas tributrias, conforme dispe
o Cdigo Tributrio Nacional.
28. (CESPE/ANALISTA/STF/2008) No lanamento da receita, verificada a procedncia do crdito fiscal e a pessoa que lhe devedora.
29. (FGV/ASSESSOR/DETRAN-RN/2010) Estgios da Receita Pblica so as etapas das aes realizadas pelos rgos e reparties encarregados de
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execut-las. O estgio utilizado para a arrecadao de tributos, e que se
pode tambm aplicar a casos em que o Governo tenha direitos lquidos e
certos, em virtude de leis, regulamentos ou contratos :
A) Da Arrecadao.
B) Do Lanamento.
C) Da Previso.
D) Do Recolhimento.
E) Da Liquidao.
30. (FCC/TCNICO/TRF-01/2006) Entre a arrecadao de tributos e o recolhimento h a distino de
(A) guarda e entrega de valor.
(B) diferena entre a previso e a arrecadao.
(C) meios de que se valem os agentes arrecadadores.
(D) responsabilidade do contribuinte.
(E) natureza do crdito.
31. (FCC/TCNICO/TCM-PA/2010) O recolhimento de todas as receitas far-se- em estrita observncia ao princpio de unidade de tesouraria, vedada
qualquer fragmentao para criao de caixas especiais.
32. (FCC/TCNICO/TCM-PA/2010) Em um governo municipal, um exemplo de receita de capital aquela oriunda do recebimento de tributos inscritos
em dvida ativa.
33. (FCC/PRO