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AFO/DIREITO FINANCEIRO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 1 de 55 AULA 03 Saudações, caro aluno! Teremos uma mudança na ordem das aulas: agrupei os itens relativos às leis de matéria orçamentária de 2012 com o restante de planejamento, para serem vistos mais à frente, enquanto concluo a verificação dos trechos mais importantes a consultar nessas leis. Assim, veremos hoje as vertentes mais cobradas em concursos sobre “classificação da receita pública”. Além do perfil orçamentário da matéria, em alguns pontos, conhecimentos relativos a Direito Tributário serão apresentados. Apesar de as provas terem uma predileção pelas classificações da receita, é necessário trazer alguns comentários iniciais, para o próprio entendimento do que vem a ser a receita pública. Além disso, ao final, trazemos comentários sobre a dívida ativa, item também relacionado à receita. Muito bem, vamos começar. Boa aula! GRACIANO ROCHA

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AULA 03

Saudações, caro aluno!

Teremos uma mudança na ordem das aulas: agrupei os itens relativos às leis

de matéria orçamentária de 2012 com o restante de planejamento, para serem

vistos mais à frente, enquanto concluo a verificação dos trechos mais

importantes a consultar nessas leis.

Assim, veremos hoje as vertentes mais cobradas em concursos sobre

“classificação da receita pública”. Além do perfil orçamentário da matéria, em

alguns pontos, conhecimentos relativos a Direito Tributário serão

apresentados.

Apesar de as provas terem uma predileção pelas classificações da receita, é

necessário trazer alguns comentários iniciais, para o próprio entendimento do

que vem a ser a receita pública.

Além disso, ao final, trazemos comentários sobre a dívida ativa, item também

relacionado à receita.

Muito bem, vamos começar. Boa aula!

GRACIANO ROCHA

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CONCEITOS DE RECEITA PÚBLICA

Receita – enfoque patrimonial

Comecemos por comentários bem introdutórios.

A palavra “receita”, para leigos, ou mesmo para estudiosos pegos num

momento de distração, pode remeter imediatamente à ideia de “dinheiro”.

No entanto, para a ciência da Contabilidade, o registro de receita significa um

aumento na situação patrimonial de uma entidade, devido a um

incremento do Ativo (grupo contábil composto de bens e direitos) ou a uma

diminuição do Passivo (grupo contábil composto por obrigações). Esse

aumento da situação patrimonial pode, ou não, envolver o recebimento de

dinheiro.

Por exemplo, se uma empresa presta determinado serviço a um consumidor, o

registro contábil da receita decorrente da operação corresponde ao momento

da entrega do serviço, ainda que o consumidor só venha a efetuar o

pagamento tempos depois.

Além dessa “entrada” de receita, ao mesmo tempo, registra-se, no Ativo, um

direito a receber. Com isso, o patrimônio da empresa sofre um aumento,

correspondente ao valor da operação comercial.

Posteriormente, com o consumidor pagando o serviço prestado, o dinheiro

apenas substituirá esse direito a receber. Assim, essa entrada financeira não

leva a um aumento patrimonial.

Outra situação, ainda mais desafiadora para o estereótipo da receita como

dinheiro: na fazenda de uma empresa agropecuária, nascem 100 bezerros

num mês. A empresa fica mais rica com esse fato. Como registrar o

correspondente aumento de riqueza?

Não tenha dúvida: o valor de avaliação comercial dos bezerros será

registrado como receita (aumento do Ativo), embora não tenha havido nem

sombra de movimentação financeira.

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Resumindo, para a Contabilidade, o registro de receita e a entrada de recursos

em caixa podem ser fatos desvinculados. Pode haver receita sem entrada

financeira, ou com o respectivo ingresso de recursos em momento bem

posterior.

Anote aí, que isso é importante: essa é a forma como o setor privado lida

com a receita, seguindo o enfoque patrimonial (considerando-se a receita

como resultado de qualquer variação positiva do patrimônio, sem se dar

atenção ao aspecto financeiro).

ENFOQUE PATRIMONIAL => REGIME DE COMPETÊNCIA

Assim, pensando no enfoque patrimonial, adota-se o regime de

competência, que implica fazer registros contábeis a partir dos fatos

geradores. Em nossos exemplos, os fatos geradores de receita foram a

prestação do serviço e o nascimento dos bezerros.

Só para adiantar um pouco o assunto, o regime de competência se aplica

também à despesa, mas de forma inversa: despesa consiste na diminuição

da situação patrimonial da entidade, contabilizada a partir de seu fato

gerador, com ou sem saída financeira.

Receita – enfoque orçamentário

Agora, vamos a um raciocínio em sentido oposto.

Já ficamos a par de que a receita, no entender da Ciência Contábil, é apurada

sob o enfoque patrimonial e segundo o regime de competência. Isso

representa atenção especial sobre a afetação do patrimônio, no momento do

fato gerador, e não, sobre a movimentação do caixa.

Por outro lado, na Contabilidade Pública, historicamente, adotou-se o

regime de caixa para considerar a realização da receita (ao contrário da

despesa pública, que, como na esfera privada, é contabilizada sob o regime

de competência). A partir desse entendimento, as movimentações

financeiras que aumentam a disponibilidade do caixa público é que levam ao

registro da receita.

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Assim está configurado o enfoque orçamentário, tendo a movimentação de

recursos como requisito para o registro de receita. Portanto, falando-se de

receitas orçamentárias, no setor público, pensaremos normalmente em

ingressos financeiros – entrada de dinheiro (com ou sem aumento

patrimonial).

ENFOQUE ORÇAMENTÁRIO => REGIME DE CAIXA

Atenção para a novidade!

Ultimamente, tem havido um rearranjo na Contabilidade Pública brasileira,

liderado pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), com o fim de harmonizar os

procedimentos contábeis nacionais com as melhores práticas internacionais.

Essas “melhores práticas internacionais” têm a ver com os procedimentos da

Contabilidade Comercial, ou seja, isso significa que o regime patrimonial, além do

orçamentário, também é considerado atualmente no registro da receita, na

Contabilidade Pública.

Nesse contexto, o fato gerador é tomado como referência para o registro da

receita. Isso demonstra uma aproximação da Contabilidade Pública com a

Contabilidade aplicada ao setor privado.

No exercício de 2010, isso ainda se dá de forma facultativa, mas, a partir de 2013,

todos os entes federados (União, Estados e DF, desde 2012) deverão estar

ajustados às novas normas.

Assim, concluindo, os entes públicos registrarão receitas sob o regime de caixa,

olhando os ingressos no caixa, como sempre fizeram; mas efetuarão também

registros contábeis de receita sob o regime de competência, a fim de se controlar

continuamente a posição patrimonial dos órgãos, entidades, fundos etc.

Veja só o que diz a Portaria Conjunta STN/SOF nº 02/2009:

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Art. 7º As variações patrimoniais serão reconhecidas pelo regime de competência patrimonial, visando garantir o reconhecimento de todos os ativos e passivos das entidades que integram o setor público, conduzir a contabilidade do setor público brasileiro aos padrões internacionais e ampliar a transparência sobre as contas públicas.

Parágrafo único. São mantidos os procedimentos usuais de reconhecimento e registro da receita e da despesa orçamentárias, de tal forma que a apropriação patrimonial:

I - não modifique os procedimentos legais estabelecidos para o registro das receitas e das despesas orçamentárias;

Portanto, temos uma novidade a considerar para os próximos concursos. Era

comum aceitar simplesmente que, para a receita pública, aplicava‐se o regime de

caixa, e, para a despesa pública, o de competência. Esse entendimento tradicional

deve ser flexibilizado, como vimos.

Como isso cai na prova?

1. (CESPE/ANALISTA/ANAC/2009) A contabilidade aplicada ao setor público,

assim como qualquer outro ramo da ciência contábil, obedece aos

princípios fundamentais de contabilidade. Dessa forma, aplica-se, em sua

integralidade, o princípio da competência, tanto para o reconhecimento da

receita quanto para a despesa.

Essa questão é uma das recentes que já adotam o novo posicionamento da

STN. Além do regime de caixa, também são feitos registros contábeis sob o

regime de competência quanto à receita pública. Questão CERTA.

Conceitos de receita pública: strictu sensu e lato sensu

Como acabamos de ver, estudando receita pública, pensaremos, via de regra,

em movimentação financeira: no enfoque orçamentário, receitas são

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contabilizadas sob o princípio de caixa. Assim, no setor público, o registro da

receita corresponde, normalmente, ao recebimento de recursos.

Esse é um “ordenamento geral”, mas, partindo dele, há desdobramentos a

considerar.

Segundo uma das definições apresentadas pela STN,

“receita pública é a entrada que, integrando-se ao patrimônio público sem quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, vem acrescer o seu vulto como elemento novo e positivo”.

Essa é uma visão compartilhada por um grande teórico brasileiro do direito

tributário e financeiro, chamado Aliomar Baleeiro. Para ele, receita pública é

qualquer recebimento de recursos que aumenta efetivamente o

patrimônio público, sem expectativa de devolução posterior. Por isso, ele

empregou a bonita expressão “elemento novo e positivo”.

Receita pública strictu sensu: ingresso financeiro que afeta

positivamente o patrimônio público.

Outra definição, também trazida pela STN, é de que receitas públicas são

“todas e quaisquer entradas de fundos nos cofres do Estado,

independentemente de sua origem ou fim”. Nesse caso, utiliza-se o simples

critério de afetação do caixa, sem julgar se a entrada financeira aumenta

efetivamente o patrimônio público. A doutrina utiliza os termos “entrada” e

“ingresso” para se referir a quaisquer recursos que adentram os cofres

públicos.

Receita pública lato sensu: qualquer ingresso financeiro que adentra os

cofres públicos.

Como discriminado nos quadros, essas duas posições representam,

respectivamente, as classificações da receita strictu sensu e lato sensu. Na

primeira, encara-se receita de forma semelhante aos parâmetros da ciência

contábil: temos um ingresso financeiro que aumenta o patrimônio

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líquido da entidade. Na segunda, a visão é bem generalista: se ingressam

recursos no caixa do ente público, eles são considerados receitas, não

importando as condições envolvidas.

A adoção desse critério lato sensu envolve a possibilidade de serem

considerados “receita” até mesmo recursos que não pertencem ao ente

público, mas que são depositados na conta do Tesouro, como veremos

posteriormente. Além disso, o critério lato sensu permite classificar receitas

orçamentárias como efetivas e não efetivas.

Mais um comentário sobre isso.

Efetivas são as receitas que impactam positivamente o patrimônio, razão pela

qual são tratadas como fatos contábeis modificativos aumentativos. As

receitas não efetivas são as que não implicam aumento patrimonial, o que

permite correlacioná-las a fatos contábeis permutativos (ou por mutação).

Como isso cai na prova?

2. (FCC/ANALISTA/MP-PE/2006) Pode-se definir receita orçamentária efetiva

como aquela que proporciona aumento real do saldo patrimonial, porque

não existe aumento do passivo permanente nem uma redução do ativo

permanente.

3. (FGV/PROCURADOR/TCM-RJ/2008) Para a doutrina moderna, ingresso e

receita são sinônimos, pois em ambos o dinheiro recolhido entra nos

cofres públicos e em ambas as situações incorporam-se ao patrimônio do

Estado.

4. (ESAF/ANALISTA/ANA/2009) As receitas efetivas modificam a situação

patrimonial líquida da entidade somente quando é possível o seu registro

pelo regime de competência.

A questão 2 está CERTA. Receitas efetivas são fatos aumentativos, que

impactam positivamente o patrimônio – ou seja, sem aumento de obrigações

(passivo) nem redução de bens/direitos (ativo).

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Como visto anteriormente, ingresso (ou entrada) é um termo utilizado para

diferenciar os recursos que entram no caixa público, de forma geral, dos

recursos que pertencem realmente ao ente público – estes, chamados de

receita. Assim, não se trata de palavras sinônimas. A questão 3 está ERRADA.

A questão 4 está ERRADA. A modificação da situação patrimonial, na esfera

pública, ocorre normalmente com a entrada dos recursos na conta do governo,

ou seja, em observância ao princípio de caixa.

RECEITAS ORÇAMENTÁRIAS E EXTRAORÇAMENTÁRIAS

Um questionamento que se pode fazer aqui – e que as provas sempre fazem –

é o seguinte: “receitas orçamentárias” significam “aquelas previstas no

orçamento”?

Para pensar nisso, vamos elaborar uma situação hipotética, para pensar no

dinheiro que efetivamente entra no caixa público.

Suponha que um observador curioso dedicasse todo seu ano de 2011 a

verificar a arrecadação das receitas federais. Considerando todos os depósitos

na conta única do Tesouro, ele poderia chegar ao fim do exercício financeiro e

constatar um volume de entradas até mesmo superior ao previsto na LOA.

A partir disso, poderia concluir que os recursos previstos na Lei Orçamentária,

e arrecadados durante o exercício, são receita orçamentária, e os que

entraram “por fora” do orçamento, acima da estimativa, seriam receita

extraorçamentária. Parece bem lógico, né?

Sim, parece lógico, e esse é o perigo explorado por bancas de concursos. O

critério para classificação de receitas públicas como orçamentárias ou

extraorçamentárias não é o fato de constarem do Orçamento.

No art. 57 da Lei 4.320/64, temos a seguinte redação:

Art. 57. Ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo 3º desta lei, serão classificadas como receita orçamentária, sob as rubricas próprias,

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todas as receitas arrecadadas, inclusive as provenientes de operações de crédito, ainda que não previstas no Orçamento.

Portanto, o critério legal é bem abrangente: até mesmo receitas não

previstas no Orçamento, se arrecadadas, serão consideradas orçamentárias,

e, dessa forma, poderão ser utilizadas para aplicação em ações

governamentais.

Receitas orçamentárias são aquelas que podem ser utilizadas pelo ente

público para cobrir despesas orçamentárias.

Observação: a Lei 4.320/64 traz no art. 57 uma afronta ao conceito de

receita sob o enfoque patrimonial, como vimos no começo da aula. Sob o

enfoque orçamentário, até os recursos provenientes de operações de

crédito – empréstimos – serão classificados como receita orçamentária.

Na contabilidade privada, empréstimos não seriam considerados receita, em vista

da não afetação do patrimônio (ao mesmo tempo em que ingressam os recursos

no caixa – ativo –, registra‐se, em contrapartida, uma obrigação a pagar –

passivo).

Preste atenção à observação feita pelo art. 57 da Lei 4.320/64, que

reproduzimos agora há pouco: “Ressalvado o disposto no parágrafo único do

artigo 3º desta lei”.

Vejamos o que há nesse dispositivo ressalvado:

Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá todas as receitas, inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei.

Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste artigo as operações de credito por antecipação da receita, as emissões de papel-moeda e outras entradas compensatórias, no ativo e passivo financeiros.

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Aqui, temos o seguinte: mesmo tendo expectativa do recebimento de certos

recursos durante o exercício, a LOA não faz a previsão deles. É como se o

orçamento “desprezasse” alguns recursos que entrarão no caixa.

Para bem entender isso, considere que o caixa também recebe recursos que

não pertencem ao ente público, de sorte que não podem ser utilizados para

custear despesas orçamentárias. São recursos que deverão, de alguma forma,

ser devolvidos posteriormente – razão pela qual se chamam, tecnicamente, de

entradas compensatórias. O ente público age, nessas ocasiões, apenas

como depositário dos valores.

Receitas extraorçamentárias são entradas compensatórias no ativo e no

passivo financeiros, que não precisam de autorização legislativa para

sua arrecadação, e não são utilizadas para cobrir despesas

orçamentárias.

A Secretaria do Tesouro Nacional prefere a utilização do termo “ingressos

extraorçamentários”, ao invés de receitas extraorçamentárias, para deixar

bem claro que essas operações não afetam em nada o patrimônio público.

Como as provas podem utilizar ambas as expressões, vamos nos familiarizar

com elas.

Outros exemplos de entradas compensatórias estão lá no parágrafo único do

art. 3º da Lei 4.320/64: operações de crédito por antecipação da receita (as já

conhecidas ARO) e emissões de papel-moeda. Mas há outras hipóteses além

dessas: recebimento de depósitos judiciais, recebimento de cauções de

licitantes para participação em licitações...

Para firmar o conceito, operações de crédito por Antecipação da Receita

Orçamentária, ou, abreviadamente, ARO, são empréstimos tomados pelos entes

públicos para suprir insuficiências momentâneas de caixa. Isso significa que a LOA

previu certas receitas para atender a algumas despesas, mas, durante a execução

do orçamento, a arrecadação não se realizou como previsto.

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Diante disso, para custear as obrigações assumidas, sem esperar pela arrecadação

atrasada, o ente público pode contratar esse tipo de empréstimo, se houver

autorização na LOA para tanto, custeando imediatamente a despesa

orçamentária.

Quando a receita atrasada for finalmente arrecadada, não atenderá mais à

despesa para a qual foi prevista; ela servirá para honrar a operação do tipo ARO,

que a substituiu.

Por isso, a ARO não constitui recursos orçamentários, mas uma operação

substituta deles; ela representa uma entrada no ativo financeiro (dinheiro) e no

passivo financeiro (recurso a restituir), ou seja, exatamente o conceito de receita

extraorçamentária.

Como isso cai na prova?

5. (FGV/CONTADOR/DETRAN-RN/2010) As receitas obtidas com cauções,

fianças e consignações são:

A) Receitas de capital.

B) Receitas correntes.

C) Receitas extraorçamentárias.

D) Receitas orçamentárias.

E) Receitas tributárias.

6. (CESPE/ANALISTA/MPU/2010) A receita orçamentária, sob as rubricas

próprias, engloba todas as receitas arrecadadas e que não possuem

caráter devolutivo, inclusive as provenientes de operações de crédito. Por

sua vez, os ingressos extraorçamentários são aqueles pertencentes a

terceiros, arrecadados pelo ente público, exclusivamente para fazer face

às exigências contratuais pactuadas para posterior devolução.

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7. (CESPE/ANALISTA/TRT-17/2009) A receita pública somente pode ser

considerada orçamentária se estiver incluída na lei orçamentária anual.

8. (ESAF/TÉCNICO SUPERIOR/ENAP/2006) A receita pública, quanto à sua

natureza, é dividida em Orçamentária e Extraorçamentária. Assinale

abaixo a única receita que é classificada como Receita Orçamentária.

a) Depósitos de terceiros.

b) Receita de operações de crédito.

c) Salários não-reclamados.

d) Operações de crédito por antecipação de receita.

e) Cauções em dinheiro.

Como acabamos de ver, operações como cauções, fianças e consignações

representam recursos depositados no caixa público, mas que não pertencem

ao Estado, e não podem ser utilizados para custear despesas públicas. Trata-se

de receitas extraorçamentárias. Gabarito: C.

A questão 6 se constitui num bom resumo para distinguir receitas

orçamentárias e extraorçamentárias, repetindo as diferenças que demarcamos.

Questão CERTA.

A questão 7 está ERRADA. Como vimos, o conceito de receitas orçamentárias

ultrapassa aquelas previstas na LOA.

Das alternativas da questão 8, apenas a receita de operações de crédito é

considerada, pela legislação vigente, como item das receitas orçamentárias. As

demais assertivas dizem respeito a recursos devolutos. Gabarito: B.

CLASSIFICAÇÃO DA RECEITA QUANTO À COERCITIVIDADE: RECEITAS

ORIGINÁRIAS E DERIVADAS

A diferenciação que faremos aqui diz respeito à relação jurídica entre o

Estado e o particular (ou o mercado), nas operações que resultam em receitas

públicas.

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Quando o Estado, numa relação jurídica, encontra-se “de igual para igual” com

o particular, estabelece-se, no caso, uma configuração de direito privado.

Assim, o fato de uma das partes ser o Estado não muda muito a história; seria

o mesmo se o substituíssemos por outro particular.

Assim ocorre, por exemplo, quando o ente público presta serviços ao mercado,

auferindo renda com isso – é o caso de uma universidade pública cuja livraria

comercializa livros e periódicos. Ou então quando um órgão público aluga um

imóvel de sua propriedade para outrem.

Assim, receitas de direito privado são receitas originárias: os recursos são

provenientes de “esforços próprios” dos entes públicos, em suas atividades

comerciais, empresariais, etc.

Por outro lado, quando as rendas são obtidas a partir das atribuições

coercitivas do Estado, que obrigam os particulares, estão caracterizadas as

receitas derivadas. As receitas públicas, nesse âmbito, derivam do esforço

alheio: atividades de particulares.

As relações jurídicas aí são de direito público, ou seja, o Estado tem

prerrogativa sobre as vontades dos agentes privados. A arrecadação de

tributos, dos quais não podemos fugir, é exemplo típico dessa classificação.

Para realizar a classificação quanto à coercitividade, devemos notar sempre se

o Estado age “no mesmo nível” do particular envolvido ou com poder de

império.

Como isso cai na prova?

9. (FGV/AUDITOR/TCM-RJ/2008) Segundo a melhor doutrina, a receita

originária pode ser considerada a que tem origem no patrimônio do

particular, pelo exercício do poder de império do Estado, enquanto a

receita derivada é a que tem origem no próprio patrimônio público, em

que o Estado atua como empresário por meio de um acordo de vontades,

e não com seu poder de império, por isso não há compulsoriedade na sua

instituição.

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10. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/MIN. SAÚDE/2008) Quando um cidadão paga

o imposto sobre a renda em atraso, a parcela correspondente ao imposto

é dita receita originária, enquanto a multa de mora e os juros sobre o

atraso são considerados receita derivada.

A questão 9 está ERRADA, por inverter os conceitos de receitas originárias e

derivadas.

A questão 10 está ERRADA: tanto o imposto quanto os adicionais incidentes

são de pagamento obrigatório, em razão do poder de império presente na

situação. Assim, todos os itens citados são receitas derivadas.

CLASSIFICAÇÃO ECONÔMICA DA RECEITA (OU POR NATUREZA DA

RECEITA ORÇAMENTÁRIA)

Vou pedir atenção especial a esse tópico da aula. Os próximos comentários são

fortíssimos candidatos a questões da prova, já que esta classificação da receita

é talvez a mais importante e frequente em concursos.

A classificação por natureza da receita (também aplicada à despesa, como

veremos na próxima aula) está normatizada na Lei 4.320/64.

Essa lei, por tratar de normas gerais de direito financeiro, obriga todos os

entes federados – União, Estados, DF e Municípios – a adotar essa mesma

classificação e sua codificação contábil. Como resultado, torna-se possível

avaliar os efeitos econômicos da participação do setor público nacional

na economia, a partir, por exemplo, da contabilização da arrecadação

tributária de todos os entes, ou da aplicação de recursos de todos os entes em

investimentos públicos.

Volto a ressaltar que essa classificação é aplicável apenas a receitas

orçamentárias. Os ingressos extraorçamentários, por não constituírem

receitas próprias do Estado, ficam de fora da classificação por categorias

econômicas.

A classificação econômica da receita traz os seguintes níveis:

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• categoria econômica;

• origem;

• espécie;

• rubrica;

• alínea;

• subalínea.

Um mnemônico que se pode usar para guardar essa informação é

“CORES RUBRAS”, a partir das iniciais dessa série: Categoria – ORigem –

ESpécie – RUBRica – Alínea – Subalínea.

Assim, quanto à natureza da receita, o primeiro nível da codificação diz

respeito às “categorias econômicas”, que permitem dividir as receitas em

receitas correntes e receitas de capital.

As receitas correntes são, tipicamente, receitas de custeio: servem para

suportar a manutenção e o funcionamento de atividades administrativas (que

são caracterizadas pelas despesas correntes).

Talvez você já tenha visto na mídia a expressão “custeio da máquina pública”,

referindo-se à aplicação de recursos em atividades e serviços próprios das

atribuições do ente público.

Por sua vez, receitas de capital servem à aquisição ou formação de bens de

capital. Bens de capital, segundo a teoria econômica, seriam aqueles capazes

de gerar novos bens ou serviços, produzindo riqueza.

Cabe registrar, também, a identidade dessa classificação com a afetação

patrimonial. Lembra do Aliomar Baleeiro, mais no início da aula? Pois então,

dizíamos que ele era partidário do conceito strictu sensu de receita pública:

esta seria sempre um “elemento novo e positivo”, que ingressaria no

patrimônio público, aumentando-o, sem reservas ou condições.

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Via de regra, as receitas correntes são receitas efetivas; elas aumentam o

patrimônio público. Ora são resultado da atividade arrecadatória do Estado,

ora da atividade empresarial/comercial pública. Seu registro corresponde a

fatos contábeis modificativos aumentativos da situação patrimonial.

Já as receitas de capital, também via de regra, são receitas por mutação,

não efetivas, e, por isso, não afetam o patrimônio. Envolvem registros

contábeis que se compensam mutuamente.

Observação importante: uma novidade que vem sendo cobrada em

concursos é a classificação das receitas em receitas correntes

intraorçamentárias e receitas de capital intraorçamentárias. Isso foi

instituído pela Portaria Interministerial STN/SOF nº 338/2006, a qual

destacou que essas classificações “não constituem novas categorias

econômicas de receita, mas especificações das categorias econômicas

corrente e capital”. A função das receitas intraorçamentárias é a mesma

das categorias econômicas (receitas correntes e de capital).

As receitas intraorçamentárias estão relacionadas à realização de

despesas dentro da mesma esfera de governo. Assim, operações entre

“órgãos, fundos, autarquias, fundações, empresas estatais dependentes

e outras entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade

social”, relacionadas à aquisição de materiais, bens e serviços,

pagamento de impostos, taxas e contribuições terão registro de receita

intraorçamentária no órgão/entidade que receber os recursos.

Isso impede que, quando a União for fechar seus balanços, contabilize

receitas e despesas que não existiram fora da Conta Única, evitando a

duplicidade de registros.

Para detalhar as origens da classificação econômica da receita, vamos utilizar o

seguinte diagrama:

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RECEITAS CORRENTES RECEITAS DE CAPITAL

Receita Tributária Operações de Crédito

Receita de Contribuições Alienação de Bens

Receita Patrimonial Amortização de Empréstimos

Receita Agropecuária Transferências de Capital

Receita Industrial Outras Receitas de Capital

Receita de Serviços Mnemônico:

OPERA-ALI-AMOR-TRANSOU Transferências Correntes

Outras Receitas Correntes

Mnemônico:

TRICÔ-PAÍS-TRANSOU

Esse diagrama, adaptado da Lei 4.320/64 (art. 11, § 4º) é importantíssimo, de

forma que merece ser decorado. Utilize os mnemônicos que anotei; tentar

“aprender” qual receita é corrente e qual é de capital pela “essência” de cada

uma nos fará perder tempo.

Essas subdivisões das receitas correntes e de capital, como vimos nos

comentários iniciais, chamam-se origens. Elas classificam as receitas

tipicamente segundo seu fato gerador. Assim, a partir da origem da receita,

verifica-se se ela foi obtida em razão das atribuições de arrecadação coercitiva

do Estado, ou pela ação do Estado como um agente econômico comum, ou

pela obtenção de transferências de outros agentes etc.

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Como isso cai na prova?

11. (CESPE/ANALISTA/TRE-MA/2009) O código de natureza de receita busca

classificar a receita identificando a origem do recurso segundo seu fato

gerador, sendo desmembrado em níveis. A subdivisão das categorias

econômicas é representa pela

A) origem.

B) fonte.

C) espécie.

D) subfonte.

E) rubrica.

12. (CESPE/ADMINISTRADOR/AGU/2010) Receitas intraorçamentárias são

diferentes de receitas correntes e de capital.

13. (FCC/ANALISTA/TRE-SE/2007) As receitas correntes são destinadas a

atender despesas classificáveis em despesas correntes.

14. (FGV/ANALISTA/SEFAZ-RJ/2011) São Receitas Correntes as receitas

tributárias, de contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de

serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros

recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando

destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes.

Na questão 11, o desdobramento das categorias econômicas é a origem.

Gabarito: A.

Na questão 12, mostra-se exatamente o contrário do que estudamos. Receitas

intraorçamentárias (correntes e de capital) são iguais às orçamentárias

(correntes e de capital), exceto pelo fato de ocorrerem entre órgãos e

entidades compreendidas no orçamento fiscal e da seguridade social. Questão

ERRADA.

A questão 13 está CERTA. A utilização “normal” das receitas correntes dá-se

pela cobertura das necessidades de manutenção das atividades públicas, que

são caracterizadas pelas despesas correntes.

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A questão 14 está CERTA. Observando nosso mnemônico, vemos que as

origens de receita citadas no enunciado pertencem à categoria das receitas

correntes. Os tais “recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito

público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em

despesas correntes” se referem às transferências correntes.

Veremos a seguir os detalhes de algumas das origens mais cobradas em

provas, a partir das observações feitas no Manual de Contabilidade

Aplicada ao Setor Público.

Receita Tributária

Corresponde a ingressos provenientes da arrecadação de impostos, taxas e

contribuições de melhoria. Trata-se de um conjunto de receitas coercitivas,

derivadas, as quais os contribuintes devem recolher ao erário público.

As definições do Código Tributário Nacional para essas figuras são:

• imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação

independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao

contribuinte;

• as taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou

pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como

fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a

utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e

divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição;

• a contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo

Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas

atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas

de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a

despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da

obra resultar para cada imóvel beneficiado.

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Exemplos: imposto de renda, imposto sobre produtos industrializados, taxas

de custas judiciais, taxa de fiscalização de serviços de energia elétrica etc.

Distinção: taxa X preço público

Vamos traçar um comparativo entre as taxas e o preço público, também

conhecido como tarifa.

Para início de conversa, enquanto taxas são espécies tributárias, preços

públicos não são tributos. Assim, características como a obrigatoriedade

de pagamento, a utilização apenas potencial dos serviços taxados, os

próprios princípios tributários (legalidade, anterioridade, capacidade de

pagamento), não se aplicarão aos preços públicos.

Ambas as figuras aqui tratadas podem ser utilizadas para custear

serviços públicos divisíveis e de consumo mensurável. Entretanto, se a

remuneração dos serviços se der mediante taxa, haverá o

estabelecimento de uma alíquota válida para todos os contribuintes (a

taxa da coleta de lixo, por exemplo, é invariável, não importa a

quantidade de lixo produzido). Caso seja adotada a tarifa como forma de

remuneração dos serviços, a cobrança será proporcional ao uso (contas

de telefone, água, luz...).

Por fim, uma característica exclusiva dos preços públicos, ou tarifas, é a

possibilidade de sua exigência por pessoas jurídicas de direito privado –

como as empresas concessionárias de serviços públicos. As taxas, em

sentido contrário, só podem ser cobradas e administradas por pessoas de

direito público.

O Manual Técnico de Orçamento traz alguns comentários sobre essa

questão, que valem a pena ser examinados:

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Há casos em que não é simples estabelecer se um serviço é remunerado

por taxa ou por preço público. Como exemplo, podemos citar o caso do

fornecimento de energia elétrica. Em localidades onde estes serviços

forem colocados à disposição do usuário, pelo Estado, mas cuja

utilização seja de uso obrigatório, compulsório (por exemplo, a lei não

permite que se coloque um gerador de energia elétrica), a remuneração

destes serviços é feita mediante taxa e sofrerá as limitações impostas

pelos princípios gerais de tributação (legalidade, anterioridade,...). Por

outro lado, se a lei permite o uso de gerador próprio para obtenção de

energia elétrica, o serviço estatal oferecido pelo ente público, ou por

seus delegados, não teria natureza obrigatória, seria facultativo e,

portanto, seria remunerado mediante preço público.

Receita de contribuições

Ingressos provenientes de contribuições sociais, de intervenção no

domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou

econômicas. Também são receitas derivadas (coercitivas). Essas

contribuições são definidas da seguinte forma:

• contribuições sociais – destinadas ao custeio da seguridade social, que

compreende a previdência social, a saúde e a assistência social;

• contribuições de intervenção no domínio econômico – derivam da

contraprestação à atuação estatal exercida em favor de determinado

grupo ou coletividade.

• contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas –

destinadas ao fornecimento de recursos aos órgãos representativos de

categorias profissionais legalmente regulamentadas ou a órgãos de

defesa de interesse dos empregadores ou empregados.

Apesar de as contribuições constituírem uma espécie de tributo, nessa

classificação da receita haverá uma separação entre eles.

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Como vimos, na origem “receita tributária”, encontram-se os tributos que o

CTN previu em 1966: impostos, taxas e contribuições de melhoria. As

contribuições representam uma origem à parte.

As bancas gostam de “brincar” com esse aspecto da classificação econômica.

Às vezes, misturam-se as contribuições de melhoria (que são receita

tributária) com as contribuições, somente. Ou, como nesse caso, tenta-se

“forçar a barra”, empurrando o candidato para que ele classifique, também

nesse âmbito, as contribuições como tributos.

Para não ficarem de fora, vamos falar da quinta espécie tributária existente no

Brasil, os empréstimos compulsórios. Eles também não são classificados

como receita tributária, mas como operações de crédito (receita de capital).

Os empréstimos compulsórios são a única espécie tributária com previsão de

devolução ao contribuinte; isso é o que justifica a denominação

“empréstimos”.

Exemplos de receita de contribuições: Contribuição Social sobre o Lucro

Líquido (CSLL), Contribuição para Financiamento da Seguridade Social

(Cofins), Contribuição sobre a Receita de Loterias.

Receita Patrimonial

Corresponde a ingressos provenientes do aproveitamento do patrimônio

público pelo Estado, pela exploração de bens imobiliários ou mobiliários, e

dos recebimentos de recursos por participação societária em entidades de

direito privado. São receitas originárias, já que não advêm do exercício do

poder coercitivo do Estado.

Exemplos: aluguéis, arrendamentos, taxa de ocupação de terrenos da União,

receita de concessões e permissões.

Transferências Correntes

Ingressos provenientes de outros entes/entidades, efetivados mediante

condições preestabelecidas ou mesmo sem qualquer exigência, desde que o

objetivo seja a aplicação em despesas correntes.

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Exemplos: transferências dos Estados, transferências dos Municípios,

transferências do exterior.

Outras receitas correntes

São os ingressos correntes provenientes de outras origens, não classificáveis

nas anteriores. Nesse grupo, encontram-se as Multas e Juros de Mora,

Indenizações e Restituições, Receita da Dívida Ativa e Receitas Diversas.

Operações de Crédito

Ingressos provenientes da venda de títulos públicos no mercado ou da

contratação de empréstimos e financiamentos obtidos junto a entidades

estatais ou privadas. Também são exemplos de receitas originárias.

Exemplos: venda de títulos do Tesouro Nacional, operações de crédito

internas, empréstimos compulsórios.

Alienação de Bens

Ingressos provenientes da alienação de componentes do ativo imobilizado ou

intangível. Novamente, trata-se de receitas originárias, agindo o Estado sem

estatura de entidade de direito público.

Exemplos: alienação de estoques, alienação de veículos, alienação de imóveis

urbanos.

Amortização de Empréstimos

É o ingresso proveniente do recebimento de parcelas de empréstimos ou

financiamentos concedidos em títulos ou contratos. Classifica-se como receita

originária.

Transferências de Capital

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Ingressos provenientes de outros entes/entidades, efetivado mediante

condições preestabelecidas ou mesmo sem qualquer exigência, desde que o

objetivo seja a aplicação em despesas de capital.

Exemplos: transferências dos Estados, transferências dos Municípios,

transferências do exterior.

Outras receitas de capital

Constituem-se dos ingressos de capital provenientes de outras origens, não

classificáveis nas anteriores. Como desdobramento desse título encontram-se

as receitas provenientes de Integralização do Capital Social, Resultado do

Banco Central do Brasil, as Remunerações do Tesouro Nacional, os Saldos de

Exercícios Anteriores e Outras Receitas.

Pessoal, vocês podem perceber, pela longa listagem, que não dá pra

esperar um “aprendizado exemplar” dessas origens de receitas. O

negócio é decoreba mesmo. Aprenda os mnemônicos que postei abaixo

da tabelinha e preste atenção nas observações que fui pontuando.

Como isso cai na prova?

15. (CESPE/ECONOMISTA/MIN. SAÚDE/2009) As transferências de recursos

intergovernamentais podem constituir, para o ente beneficiário, receitas

correntes ou receitas de capital.

16. (FCC/ANALISTA/TRE-AM/2009) De acordo com a Lei nº 4.320/64, as

receitas correntes são constituídas, entre outras, pelas Receitas de

Contribuições. Um item classificado como Receita de Contribuição é aquele

oriundo de

(A) contribuição de melhoria.

(B) multas e juros de mora da contribuição do salário-educação.

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(C) contribuição social para o financiamento da seguridade social −

COFINS.

(D) fundo de participação dos municípios − FPM.

(E) restituições de convênios.

17. (FCC/ANALISTA/TCE-GO/2009) A receita orçamentária compreende os

recursos auferidos na gestão a serem computados na apuração do

resultado do exercício e desdobrados em receitas correntes e receitas de

capital. Constituem receita de capital as receitas

(A) tributária, de alienação de bens e patrimonial.

(B) imobiliária, com valores mobiliários e agropecuária.

(C) de serviços, patrimonial, industrial e de contribuições rurais.

(D) industrial, de operações de crédito e de alienação de bens.

(E) de operação de crédito, de alienação de bens e de transferências de

capital.

18. (CESPE/ANALISTA/ANCINE/2006) As receitas correntes, também

denominadas primárias ou efetivas, correspondem a receitas tributária, de

contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e de

operações de créditos.

19. (FCC/ANALISTA/MP-SE/2009) A receita instituída para fazer face ao custo

de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como

limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de

valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado, será classificada

como

(A) receita de serviços.

(B) taxa.

(C) contribuição social.

(D) contribuição de intervenção no domínio econômico.

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(E) contribuição de melhoria.

A questão 15 está CERTA. O que permite classificar uma transferência como

corrente ou de capital é a utilização que o beneficiário dará aos recursos.

Na questão 16, que talvez tenha exagerado na profundidade da cobrança do

assunto, temos, na ordem, exemplos de: receita tributária; outras receitas

correntes; receita de contribuições; transferência corrente; outras receitas

correntes. Gabarito: C.

Na questão 17, novamente com a ajuda de nosso mnemônico, podemos

identificar como receitas de capital as receitas de operações de crédito, de

alienação de bens e de transferências de capital. Gabarito: E.

A questão 18 faz uma correlação errada entre as classificações. “Correntes”,

“primárias” e “efetivas” são formas diferentes de classificar as receitas, não

podendo ser utilizadas como sinônimos. Além disso, as operações de crédito

são receitas de capital. Questão ERRADA.

A questão 19 traz, em seu enunciado, o conceito legal da contribuição de

melhoria. Gabarito: E.

Superávit do orçamento corrente

O superávit do orçamento corrente (SOC) representa uma previsão, na LOA,

da diferença positiva a se obter entre o total da arrecadação de receitas

correntes e o total da execução das despesas correntes em um exercício.

Significa que o governo espera contar com recursos de custeio mais que

suficientes para sustentar sua máquina administrativa, seus serviços, seu

custo de operação.

A Lei 4.320/64 determina que o SOC seja classificado como receita de capital

(art. 11, § 2º), embora não deva constituir item da receita orçamentária

(art. 11, § 3º).

Isso não é muito intuitivo, vamos dizer assim, né?

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Vamos pensar na seguinte previsão de receitas e despesas orçamentárias, a

partir de um montante fixado em R$ 150 bilhões:

CORRENTES DE CAPITAL

Receitas: R$ 100 bilhões Receitas: R$ 50 bilhões

Despesas: R$ 80 bilhões Despesas: R$ 70 bilhões

No caso acima, há uma diferença positiva de R$ 20 bilhões a favor das receitas

correntes. Esse valor é o SOC, que será contabilizado como receita de capital.

Dessa forma, as receitas de capital “originais” teriam o acréscimo do

SOC de R$ 20 bi, alcançando a monta de R$ 70 bi.

A lição transmitida pela lei é a seguinte: se o governo arrecada mais do que

gasta com seu custeio, a sobra financeira deverá ser aplicada em favor do

patrimônio duradouro do Estado, para gerar mais riqueza (ou para evitar o

endividamento). Portanto, a vocação do superávit do orçamento corrente é ser

aplicado em despesas de capital. Daí ser classificado como receita de

capital.

E essa história de o SOC não constituir “item da receita orçamentária”?

Significa que ele não pode ser contabilizado como “nova arrecadação”. O SOC

está compreendido na estimativa de arrecadação das receitas

correntes; considerá-lo novo item de receita orçamentária – nova

arrecadação – seria incorrer em duplicidade. Esse erro ocorreria, utilizando

o exemplo acima, no caso de se somar R$ 20 bilhões à estimativa total de

arrecadação de R$ 150 bi, chegando-se à quantia irreal de R$ 170 bi.

Como isso cai na prova?

20. (FCC/ANALISTA/MP-SE/2009) O superávit do orçamento corrente é um

exemplo de receita

(A) financeira.

(B) de capital.

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(C) patrimonial.

(D) extraorçamentária.

(E) intraorçamentária.

21. (FCC/ANALISTA/TRE-SE/2007) O superávit do orçamento corrente

constituirá item de receita orçamentária.

22. (CESPE/ANALISTA/MPU/2010) O superavit do orçamento corrente

constitui item de receita orçamentária, resultando do balanceamento dos

totais das receitas e despesas correntes somadas ao passivo circulante e

divididas pelo total da receita patrimonial.

23. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/MIN. SAÚDE/2008) Não existe nem deve

existir perfeita correspondência entre as respectivas categorias de receitas

e de despesas. No entanto, é recomendável que exista um saldo positivo

entre receitas de capital e despesas de capital, para a formação de

poupança que financie os novos investimentos.

Na questão 20, como acabamos de ver, a classificação aplicável ao SOC é a de

receita de capital. Gabarito: B.

A questão 21 está ERRADA: a lei dispõe que o SOC não constituirá item de

receita orçamentária, justamente pelo fato de representar uma “previsão de

sobra” dos recursos arrecadados.

A questão 22 está ERRADA. Como vimos, o SOC não constitui item de receita

orçamentária. Além disso, a operação matemática referida pela questão não

existe.

Quanto à questão 23, a poupança do governo, para financiar investimentos, ou

para pagar dívida, se dá pela manutenção de um saldo positivo entre receitas

correntes e despesas correntes (ou seja, o SOC). Questão ERRADA.

CLASSIFICAÇÃO DA RECEITA POR GRUPOS (AGENTES)

Como informa o Manual Técnico de Orçamento da SOF/MPOG, “a classificação

da receita por grupos identifica quais agentes públicos possuem

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competência legal para arrecadar, fiscalizar e administrar as receitas

públicas; dessa forma, é instrumento orçamentário-gerencial identificador de

determinados segmentos arrecadadores do setor público”.

Os grupos de receita são formados pela associação entre tipos específicos

de unidades orçamentárias (que abrangem os “agentes responsáveis”) e de

naturezas de receita. Os grupos são: “Receitas Próprias”, “Receitas

Administradas”, “Receitas de Operações de Crédito”, “Receitas Vinculadas” e

“Demais Receitas”, como detalhado em seguida.

Receitas Próprias

As receitas próprias são aquelas arrecadadas a partir do esforço próprio de

órgãos e demais entidades nas atividades de fornecimento de bens ou

serviços e na exploração econômica do próprio patrimônio. A remuneração

dessas atividades econômicas dá-se por preço público ou tarifas, bem como o

produto da aplicação financeira desses recursos.

Geralmente, são receitas com fundamento na bilateralidade, ou seja,

sem o exercício do poder coercitivo estatal. Sua natureza é contratual e,

por isso, criam obrigações recíprocas para as partes contratantes (Estado e

particulares).

São recursos que, por um lado, não possuem destino específico e, portanto,

não são vinculadas por lei à determinada despesa; por outro, pertencem à

unidade orçamentária arrecadadora.

Receitas Administradas

As receitas administradas são auferidas pela Receita Federal, que detém a

competência para fiscalizar, arrecadar e administrar esses recursos, com

amparo legal no Código Tributário Nacional e leis afins.

Nesse grupo, concentra-se a maior parte dos tributos instituídos pela União,

principalmente depois da unificação das Secretarias da Receita Federal e da

Receita Previdenciária.

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Receitas de Operações de Crédito

Receitas financeiras provenientes da colocação de títulos públicos no mercado

ou da contratação de empréstimos e financiamentos junto a entidades estatais

ou privadas.

Receitas Vinculadas

As receitas vinculadas são aquelas que a lei determina a finalidade específica

de aplicação, exceto as classificadas como “Receitas Administradas”.

Geralmente, são receitas cuja fiscalização, administração e arrecadação ficam

a cargo das próprias entidades arrecadadoras, às quais resta a obrigação de

efetuar o recolhimento para a Conta Única do Tesouro Nacional.

Exemplos: Recursos de concessões, autorizações e permissões para uso de

bens da União ou para exercício de atividades de competência da União.

Demais Receitas

As demais receitas são aquelas previstas em lei ou de natureza contratual, que

não se enquadram em nenhum dos grupos anteriores.

Como isso cai na prova?

24. (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2009) Receitas próprias dos órgãos da

administração pública, como tarifas e preços públicos, têm registro na

LOA.

25. (CESPE/ANALISTA/STF/2008) Uma diferença que usualmente se

estabelece entre receitas correntes e receitas de capital é o caráter

recorrente das primeiras e esporádico das últimas. Do mesmo modo,

entre as receitas próprias e as receitas de transferências: as primeiras são

livres, e as últimas, vinculadas.

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A questão 24 está CERTA. As receitas, independentemente de seu agente

responsável, devem ser previstas na LOA, e, quando arrecadadas, registradas

como receitas orçamentárias.

A questão 25 está ERRADA: apesar da correlação correta no primeiro caso,

tendo em vista esperar-se das receitas correntes maior frequência na

arrecadação, na segunda parte do enunciado faz-se uma inversão. As receitas

próprias ficam sob gestão das unidades arrecadadoras, não sendo, portanto,

“livres”; e as transferências, muitas vezes, representam recursos sem

utilização definida, como é o caso das transferências constitucionais.

ESTÁGIOS DA RECEITA

Previsão

A previsão da receita orçamentária é a estimativa para a arrecadação

durante o exercício, que tomará forma nos valores consignados pela LOA. O

Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público relaciona esse estágio a

uma fase de planejamento executado pela área técnica do governo, com

base na “Metodologia de Projeção das Receitas Orçamentárias”.

Conforme o MCASP,

”Esta metodologia busca traduzir matematicamente o comportamento da arrecadação de uma determinada receita ao longo dos meses e anos anteriores e refleti-la para os meses ou anos seguintes, utilizando-se de modelos matemáticos”.

A importância do estágio da previsão para o orçamento está em sua influência

sobre a fixação da despesa, cujo montante não poderá, em princípio,

superar a arrecadação estimada (princípio do equilíbrio formal). Assim, é

esperado que a previsão da receita obedeça a rigorosos modelos de projeção,

já que dela dependerá a definição do volume do orçamento seguinte.

Essa característica técnica que deve permear a previsão orçamentária

impede, por exemplo, que se façam alterações na estimativa de arrecadação a

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partir de critérios políticos ou circunstanciais, conforme indica o seguinte

dispositivo da Lei de Responsabilidade Fiscal:

Art. 12, § 1º. Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo só será admitida se comprovado erro ou omissão de ordem técnica ou legal.

Portanto, os cálculos feitos pelos técnicos do Executivo não poderão ser

suplantados por opiniões sem perfil “científico” e objetivo, digamos assim.

Como isso cai na prova?

26. (CESPE/ANALISTA/STF/2008) A estimativa de arrecadação da receita é

resultante da metodologia de projeção das receitas orçamentárias.

A questão 26 está CERTA. Como vimos, há uma metodologia estabelecida no

âmbito do governo para se implementar a previsão da receita.

Lançamento

Como dissemos, o MCASP correlaciona o supracitado estágio da previsão a

uma fase de planejamento das receitas, e considera os próximos três estágios

abrangidos pela fase de execução da receita orçamentária.

Assim, o lançamento da receita já faz parte de sua execução. Segundo o art.

53 da Lei 4.320/64, “O lançamento da receita é o ato da repartição

competente que verifica a procedência do crédito fiscal e a pessoa que lhe é

devedora e inscreve o débito desta”.

É importante registrar que nem todas as receitas percorrem o estágio do

lançamento. A Lei 4.320/64 firma o seguinte:

Art. 52. São objeto de lançamento os impostos diretos e quaisquer outras rendas com vencimento determinado em lei, regulamento ou contrato.

Assim, para lançar uma receita, conforme o Código Tributário Nacional, deve-

se identificar o fato gerador da obrigação, calcular o montante devido,

identificar o devedor e, se for o caso, propor a penalidade cabível. E esses

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passos não são aplicáveis a diversos tipos de receita. Veja-se, por exemplo, o

caso das transferências, ou das operações de crédito: não há “devedor” em

sentido tributário, não há crédito fiscal a se lançar, penalidade aplicável etc.

Como isso cai na prova?

27. (CESPE/ANALISTA/MPU/2010) Os estágios da receita orçamentária são

previsão, lançamento, arrecadação e recolhimento. Entretanto, o

lançamento, que tem origem fiscal, não se aplica a todas as receitas

orçamentárias, mas basicamente às receitas tributárias, conforme dispõe

o Código Tributário Nacional.

28. (CESPE/ANALISTA/STF/2008) No lançamento da receita, é verificada a

procedência do crédito fiscal e a pessoa que lhe é devedora.

29. (FGV/ASSESSOR/DETRAN-RN/2010) Estágios da Receita Pública são as

etapas das ações realizadas pelos órgãos e repartições encarregados de

executá-las. O estágio utilizado para a arrecadação de tributos, e que se

pode também aplicar a casos em que o Governo tenha direitos líquidos e

certos, em virtude de leis, regulamentos ou contratos é:

A) Da Arrecadação.

B) Do Lançamento.

C) Da Previsão.

D) Do Recolhimento.

E) Da Liquidação.

A questão 27 está CERTA. Foram indicados todos os estágios da receita, e

destacou-se a informação de que o lançamento está vinculado a um “perfil” de

receitas, não se aplicando a todas.

A questão 28 está CERTA, sem maiores complicações. São discriminados os

procedimentos pertencentes ao estágio do lançamento.

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Na questão 29, o enunciado apresenta as características do estágio do

lançamento da receita. Gabarito: B.

Arrecadação

A arrecadação envolve a entrega dos recursos devidos pelos contribuintes aos

agentes arrecadadores ou às instituições financeiras autorizadas pelo

ente recebedor, ainda sem chegada à conta do Tesouro.

Segundo a Lei 4.320/64, a arrecadação é o estágio em que se registra o

pertencimento da receita ao exercício financeiro. Nos dizeres do art. 35, inc. I,

“Pertencem ao exercício financeiro as receitas nele arrecadadas”. Isso quer

dizer que a receita arrecadada em 2010 será contabilizada como receita de

2010, para todos os fins.

Portanto, a arrecadação não corresponde ainda à disponibilização dos

recursos financeiros para uso do ente público. Pode haver um período em

que esses recursos estejam em processamento na rede bancária, ou sob a

posse de agentes arrecadadores. De qualquer modo, a disponibilidade

financeira só se efetivará no próximo estágio, como se verá a seguir.

Como isso cai na prova?

30. (FCC/TÉCNICO/TRF-01/2006) Entre a arrecadação de tributos e o

recolhimento há a distinção de

(A) guarda e entrega de valor.

(B) diferença entre a previsão e a arrecadação.

(C) meios de que se valem os agentes arrecadadores.

(D) responsabilidade do contribuinte.

(E) natureza do crédito.

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Na questão 30, a diferença entre a arrecadação e o recolhimento, visto em

seguida, reside na guarda e na entrega do valor. Na arrecadação, os recursos

financeiros ainda não se encontram à disposição do ente público. Gabarito: A.

Recolhimento

O estágio do recolhimento consiste na entrega, pelos agentes arrecadadores e

pela rede bancária autorizada, do produto da arrecadação ao caixa do Tesouro,

correspondendo à efetiva disponibilização de recursos ao ente público.

Segundo o MCASP, nesse estágio, deve ser observado o Princípio da

Unidade de Caixa, representado pelo controle centralizado dos recursos

arrecadados.

Assim se manifesta a Lei 4.320/64 sobre esse estágio:

Art. 56. O recolhimento de tôdas as receitas far-se-á em estrita observância ao princípio de unidade de tesouraria, vedada qualquer fragmentação para criação de caixas especiais.

Como isso cai na prova?

31. (FCC/TÉCNICO/TCM-PA/2010) O recolhimento de todas as receitas far-se-

á em estrita observância ao princípio de unidade de tesouraria, vedada

qualquer fragmentação para criação de caixas especiais.

A questão 31 reproduz o teor do art. 56 da Lei 4.320/64, sem alteração de

sentido. Questão CERTA.

DÍVIDA ATIVA

Inicialmente, para tratar desse tema, vamos pensar numa situação ilustrativa.

Um servidor federal, no ano de 2012, após preencher sua declaração de

imposto de renda, verifica, pelo sistema da Receita Federal, que deverá ainda

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pagar R$ 500,00 referentes a esse imposto ao Fisco, além daquilo que foi

abatido na fonte de seus pagamentos durante todo o ano de 2011.

Entretanto, por razões quaisquer, deixa de recolher os R$ 500,00 junto à

Receita, ultrapassando-se o prazo de pagamento.

A Receita Federal havia registrado os R$ 500,00 como estimativa de receita.

Porém, diante do não pagamento por parte do servidor contribuinte, ao invés

de a contabilidade acusar recebimento de receita tributária, fará um

registro de um “direito não recebido a receber” – afinal de contas, o

referido servidor deverá pagar esse “resto” de imposto, mais cedo ou mais

tarde.

Essa historinha nos apresenta uma hipótese de registro de dívida ativa. A

dívida ativa constitui um direito a receber por parte do ente público. Ela

representa a possibilidade de ocorrência de fluxos de receita em momento

futuro, quando as obrigações dos devedores forem cumpridas. Por isso, é

contabilizada no ativo do ente.

No exemplo que vimos, ela é tributária, porque o pagamento não realizado

tem essa natureza (imposto de renda não recolhido). Portanto, impostos,

taxas, contribuições de melhoria, além dos adicionais, juros e multas

incidentes sobre essas figuras, podem dar ensejo ao registro de dívida ativa

tributária, caso não seja feito o correspondente pagamento.

Entretanto, a dívida ativa também pode ser não tributária: nesse caso, o não

pagamento relaciona-se a obrigações não tributárias (atraso de pagamento de

concessão de uso de bem público, de aluguel de imóvel público, custas

processuais etc.), que não foram cumpridas pelos respectivos devedores.

Vale ressaltar que a dívida ativa abrange valores adicionais, como atualização

monetária e juros. Vou deixar a Lei 4.320/64 responder por mim:

Art. 39, § 4º - A receita da Dívida Ativa abrange os créditos mencionados nos parágrafos anteriores, bem como os valores correspondentes à respectiva atualização monetária, à multa e juros de mora e ao encargo de que tratam o art. 1º do Decreto-lei nº 1.025, de 21 de outubro de 1969, e o art. 3º do Decreto-lei nº 1.645, de 11 de dezembro de 1978.

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Assim, a dívida ativa compreende o principal e os acessórios que incidem

sobre ele.

Dívida ativa segundo o MCASP

A partir de agora, vamos falar da dívida ativa conforme as orientações do

Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público.

Para começar, considere que, antes mesmo do registro da dívida ativa, houve

o registro de um crédito anterior. O ente público faz estimativas de

arrecadação tributária e de recebimento de receitas próprias, e lança essas

estimativas como créditos a receber. Vamos chamá-los de “créditos

iniciais”.

Se os devedores pagarem em dia suas obrigações, esses “créditos iniciais” são

extintos, registra-se a receita orçamentária, e acabou-se a história. Porém, se

os devedores atrasarem o pagamento, o crédito inicial é convertido em dívida

ativa – um direito a receber.

Outro detalhe curioso é que, na esfera federal, as unidades responsáveis

pelo crédito inicial e pela dívida ativa correspondente são diferentes. Na

esfera federal, por exemplo, a Receita Federal é a principal responsável pela

arrecadação dos impostos; mas a responsabilidade pela execução da dívida

ativa (exigência do pagamento) é da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional,

unidade integrante da Advocacia-Geral da União.

Assim, se o devedor atrasar seu pagamento, dando ensejo ao registro da

dívida ativa, ocorre uma “transferência de créditos” entre as unidades

envolvidas: a responsável pelo crédito inicial dá baixa no crédito inicial, e a

responsável pela dívida ativa registra uma entrada de crédito, no valor

correspondente.

Assim, no “nascimento” da dívida ativa, a unidade responsável por ela registra

um direito a receber junto ao devedor, em razão de sua inadimplência, e a

unidade originária, responsável pelo crédito inicial, registra uma baixa em seu

Ativo.

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Desse modo, o registro de dívida ativa afeta positivamente o patrimônio da

unidade responsável pela cobrança, embora não tenha efeitos sobre o caixa.

Por isso, em alguns concursos, já se falou que o registro da dívida ativa é

exceção ao princípio de caixa.

Entretanto, é temerário entender exatamente dessa forma; o que afeta

positivamente o patrimônio, nesse caso, não é “receita”, já que não há

ingresso de recursos. Na contabilidade pública, tecnicamente, classifica-se esse

fato como uma “variação ativa”.

Assim, dizer que a dívida ativa é uma “exceção ao princípio de caixa” não

corresponde muito bem à realidade. Mas, volta e meia, as provas trazem esse

entendimento, e não nos cabe brigar com as bancas.

Prosseguindo com o raciocínio, ao ser quitada, a dívida ativa é convertida em

receita orçamentária pertencente ao exercício do pagamento, sob a

classificação econômica “outras receitas correntes”.

Reforçando o que eu disse, a dívida ativa em si, como direito a receber, não

corresponde a uma receita, mas a um fato contábil aumentativo,

independente da execução orçamentária – a “variação ativa” que ressaltamos.

Vamos deixar bem assentado que essa receita orçamentária proveniente do

pagamento da dívida ativa envolve a baixa do direito a receber – ou seja,

temos aí uma receita não efetiva (sem aumento no patrimônio). O

patrimônio público já havia sido incrementado antes, com o registro do direito

a receber.

Como isso cai na prova?

32. (FCC/TÉCNICO/TCM-PA/2010) Em um governo municipal, um exemplo de

receita de capital é aquela oriunda do recebimento de tributos inscritos

em dívida ativa.

33. (FCC/PROCURADOR/TCE-CE/2006) Na execução da dívida ativa de

natureza tributária, a representação da União cabe à Procuradoria-Geral

da Fazenda Nacional, observado o disposto em lei.

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34. (ESAF/ANALISTA/ANA/2009) Acerca da Dívida Ativa, é correto afirmar:

a) a Dívida Ativa inscrita goza da presunção de liquidez e certeza, e tem

equivalência de prova pré-constituída contra o devedor.

b) no âmbito da União, compete à Receita Federal do Brasil apurar a

liquidez e certeza dos créditos tributários a serem inscritos em Dívida Ativa.

c) apenas créditos tributários são passíveis de inscrição em Dívida Ativa.

d) considera-se absoluta a presunção de liquidez e certeza de crédito

inscrito em Dívida Ativa.

e) no âmbito da União, compete à Receita Federal do Brasil apurar a

liquidez e certeza dos créditos não tributários a serem inscritos em Dívida

Ativa.

35. (CESPE/ANALISTA/TRE-TO/2006) Os créditos inscritos em dívida ativa não

são objeto de atualização monetária, juros ou multas, previstos em

contratos ou em normativos legais, não sendo, portanto, esses valores

incorporados ao valor original inscrito.

Como já vimos anteriormente, a receita decorrente do pagamento da dívida

ativa, pelo devedor, é uma receita corrente (“outras receitas correntes”). A

questão 32 está ERRADA.

A questão 33 reproduz corretamente a titularidade da execução da dívida ativa

da União, por parte da PGFN. Além disso, o enunciado é uma disposição

constitucional (art. 131, § 3º). Questão CERTA.

Afastando a Receita da titularidade quanto ao processamento e execução da

dívida ativa, excluímos as letras B e E da questão 34. Adicionalmente, como

vimos, receitas não tributárias também podem ser inscritas em dívida ativa, o

que elimina a letra C. Resta-nos, portanto, considerar se a presunção de

liquidez e certeza da dívida ativa é absoluta ou não. Conforme o art. 204 do

Código Tributário Nacional, “A dívida regularmente inscrita goza da presunção

de certeza e liquidez e tem o efeito de prova pré-constituída”. Isso é

flexibilizado pelo parágrafo único do mesmo artigo, que diz: “A presunção a

que se refere este artigo é relativa e pode ser ilidida por prova inequívoca, a

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cargo do sujeito passivo ou do terceiro a que aproveite”. Dessa forma, o

gabarito é a letra A.

A questão 35 está ERRADA. Já vimos que os adicionais cobrados sobre o valor

principal da dívida ativa passam a integrar o débito.

Bom, caro aluno, finalizamos aqui nossa aula de hoje.

Espero você na semana que vem, para tratarmos de despesa pública e tópicos

relacionados, e a qualquer momento, no fórum de dúvidas.

Bons estudos!

GRACIANO ROCHA

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RESUMO DA AULA

1. Para a ciência da Contabilidade, o registro de receita significa um aumento

na situação patrimonial de uma entidade, devido a um incremento do

Ativo ou a uma diminuição do Passivo. Esse aumento da situação

patrimonial pode, ou não, envolver o recebimento de dinheiro.

2. Mesmo receitas não previstas no Orçamento, se arrecadadas, serão

consideradas orçamentárias, e, dessa forma, poderão ser utilizadas para

aplicação em ações governamentais.

3. Receitas extraorçamentárias são entradas compensatórias no ativo e no

passivo financeiros, que não precisam de autorização legislativa para seu

ingresso no caixa.

4. Segundo o critério strictu sensu, “receita pública é a entrada que,

integrando-se ao patrimônio público sem quaisquer reservas, condições ou

correspondência no passivo, vem acrescer o seu vulto como elemento

novo e positivo”.

5. Segundo o critério lato sensu, receitas públicas são “todas e quaisquer

entradas de fundos nos cofres do Estado, independentemente de sua

origem ou fim”.

6. O critério lato sensu permite classificar receitas orçamentárias como

efetivas e não efetivas (sob o critério strictu sensu, receitas sempre serão

efetivas).

7. A classificação econômica da receita traz os seguintes níveis: categoria

econômica; origem; espécie; rubrica; alínea; subalínea.

8. As receitas correntes são, tipicamente, receitas de custeio: servem para

suportar a manutenção e o funcionamento de atividades administrativas.

Por sua vez, receitas de capital servem à aquisição ou formação de bens

de capital. Bens de capital, segundo a teoria econômica, seriam aqueles

capazes de gerar novos bens ou serviços, produzindo riqueza.

9. Via de regra, as receitas correntes são receitas efetivas; elas aumentam o

patrimônio público. Ora são resultado da atividade arrecadatória do

Estado, ora da atividade empresarial/comercial pública.

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10. As receitas de capital, também via de regra, são receitas por mutação,

não efetivas, e, por isso, não afetam o patrimônio. Envolvem registros

contábeis que se anulam.

11. Receitas primárias representam todas as receitas orçamentárias que não

têm interface financeira (obtenção de empréstimos, venda de títulos,

recebimento de operações de crédito etc.). Ou seja, são receitas sem

relação com o endividamento público.

12. As transferências de recursos intergovernamentais podem constituir

receitas correntes ou receitas de capital.

13. O superávit do orçamento corrente representa a diferença positiva entre o

total da arrecadação de receitas correntes e o total da execução das

despesas correntes em um exercício. Significa que o governo teve

recursos de custeio mais que suficientes para sustentar sua máquina

administrativa. Essa sobra financeira deverá ser aplicada em favor do

patrimônio duradouro do Estado, para gerar mais riqueza.

14. As receitas intraorçamentárias estão relacionadas à realização de

despesas dentro da mesma esfera de governo. Nesse caso, ocorre apenas

uma “circulação interna” de recursos, que não saem do caixa do Tesouro

Nacional.

15. A classificação da receita por grupos identifica quais agentes públicos

possuem competência legal para arrecadar, fiscalizar e administrar as

receitas públicas.

16. Receitas próprias são aquelas arrecadadas a partir do esforço próprio de

órgãos e demais entidades nas atividades de fornecimento de bens ou

serviços e na exploração econômica do próprio patrimônio.

17. As receitas administradas são auferidas pela Receita Federal, que detém a

competência para fiscalizar, arrecadar e administrar esses recursos.

18. A Lei 4.320/64 estabelece três estágios percorridos pela receita

orçamentária em sua execução, mas a doutrina e as provas entendem

existir mais um, que antecede todos eles: a previsão, que se caracteriza

como um estágio de planejamento.

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19. Segundo o art. 53 da Lei 4.320/64, “O lançamento da receita é o ato da

repartição competente que verifica a procedência do crédito fiscal e a

pessoa que lhe é devedora e inscreve o débito desta”. Nem todas as

receitas percorrem o estágio do lançamento.

20. A arrecadação envolve a entrega dos recursos devidos pelos contribuintes

aos agentes arrecadadores ou às instituições financeiras autorizadas pelo

ente recebedor, ainda sem chegada à conta do Tesouro. Segundo a Lei

4.320/64, a arrecadação é o estágio em que se registra o pertencimento

da receita ao exercício financeiro.

21. O estágio do recolhimento consiste na entrega, pelos agentes

arrecadadores e pela rede bancária autorizada, do produto da arrecadação

ao caixa do Tesouro, correspondendo à efetiva disponibilização de

recursos ao ente público.

22. A dívida ativa constitui um direito a receber por parte do ente público, e

pode ser classificada como tributária ou não tributária, a depender do tipo

de obrigação que lhe deu origem.

23. A dívida ativa abrange a obrigação principal e os valores correspondentes

à respectiva atualização monetária, à multa e juros de mora.

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QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA

1. (CESPE/ANALISTA/ANAC/2009) A contabilidade aplicada ao setor público,

assim como qualquer outro ramo da ciência contábil, obedece aos

princípios fundamentais de contabilidade. Dessa forma, aplica-se, em sua

integralidade, o princípio da competência, tanto para o reconhecimento da

receita quanto para a despesa.

2. (FCC/ANALISTA/MP-PE/2006) Pode-se definir receita orçamentária efetiva

como aquela que proporciona aumento real do saldo patrimonial, porque

não existe aumento do passivo permanente nem uma redução do ativo

permanente.

3. (FGV/PROCURADOR/TCM-RJ/2008) Para a doutrina moderna, ingresso e

receita são sinônimos, pois em ambos o dinheiro recolhido entra nos

cofres públicos e em ambas as situações incorporam-se ao patrimônio do

Estado.

4. (ESAF/ANALISTA/ANA/2009) As receitas efetivas modificam a situação

patrimonial líquida da entidade somente quando é possível o seu registro

pelo regime de competência.

5. (FGV/CONTADOR/DETRAN-RN/2010) As receitas obtidas com cauções,

fianças e consignações são:

A) Receitas de capital.

B) Receitas correntes.

C) Receitas extraorçamentárias.

D) Receitas orçamentárias.

E) Receitas tributárias.

6. (CESPE/ANALISTA/MPU/2010) A receita orçamentária, sob as rubricas

próprias, engloba todas as receitas arrecadadas e que não possuem

caráter devolutivo, inclusive as provenientes de operações de crédito. Por

sua vez, os ingressos extraorçamentários são aqueles pertencentes a

terceiros, arrecadados pelo ente público, exclusivamente para fazer face

às exigências contratuais pactuadas para posterior devolução.

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7. (CESPE/ANALISTA/TRT-17/2009) A receita pública somente pode ser

considerada orçamentária se estiver incluída na lei orçamentária anual.

8. (ESAF/TÉCNICO SUPERIOR/ENAP/2006) A receita pública, quanto à sua

natureza, é dividida em Orçamentária e Extraorçamentária. Assinale

abaixo a única receita que é classificada como Receita Orçamentária.

a) Depósitos de terceiros.

b) Receita de operações de crédito.

c) Salários não-reclamados.

d) Operações de crédito por antecipação de receita.

e) Cauções em dinheiro.

9. (FGV/AUDITOR/TCM-RJ/2008) Segundo a melhor doutrina, a receita

originária pode ser considerada a que tem origem no patrimônio do

particular, pelo exercício do poder de império do Estado, enquanto a

receita derivada é a que tem origem no próprio patrimônio público, em

que o Estado atua como empresário por meio de um acordo de vontades,

e não com seu poder de império, por isso não há compulsoriedade na sua

instituição.

10. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/MIN. SAÚDE/2008) Quando um cidadão paga

o imposto sobre a renda em atraso, a parcela correspondente ao imposto

é dita receita originária, enquanto a multa de mora e os juros sobre o

atraso são considerados receita derivada.

11. (CESPE/ANALISTA/TRE-MA/2009) O código de natureza de receita busca

classificar a receita identificando a origem do recurso segundo seu fato

gerador, sendo desmembrado em níveis. A subdivisão das categorias

econômicas é representa pela

A) origem.

B) fonte.

C) espécie.

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D) subfonte.

E) rubrica.

12. (CESPE/ADMINISTRADOR/AGU/2010) Receitas intraorçamentárias são

diferentes de receitas correntes e de capital.

13. (FCC/ANALISTA/TRE-SE/2007) As receitas correntes são destinadas a

atender despesas classificáveis em despesas correntes.

14. (FGV/ANALISTA/SEFAZ-RJ/2011) São Receitas Correntes as receitas

tributárias, de contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de

serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros

recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando

destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes.

15. (CESPE/ECONOMISTA/MIN. SAÚDE/2009) As transferências de recursos

intergovernamentais podem constituir, para o ente beneficiário, receitas

correntes ou receitas de capital.

16. (FCC/ANALISTA/TRE-AM/2009) De acordo com a Lei nº 4.320/64, as

receitas correntes são constituídas, entre outras, pelas Receitas de

Contribuições. Um item classificado como Receita de Contribuição é aquele

oriundo de

(A) contribuição de melhoria.

(B) multas e juros de mora da contribuição do salário-educação.

(C) contribuição social para o financiamento da seguridade social −

COFINS.

(D) fundo de participação dos municípios − FPM.

(E) restituições de convênios.

17. (FCC/ANALISTA/TCE-GO/2009) A receita orçamentária compreende os

recursos auferidos na gestão a serem computados na apuração do

resultado do exercício e desdobrados em receitas correntes e receitas de

capital. Constituem receita de capital as receitas

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(A) tributária, de alienação de bens e patrimonial.

(B) imobiliária, com valores mobiliários e agropecuária.

(C) de serviços, patrimonial, industrial e de contribuições rurais.

(D) industrial, de operações de crédito e de alienação de bens.

(E) de operação de crédito, de alienação de bens e de transferências de

capital.

18. (CESPE/ANALISTA/ANCINE/2006) As receitas correntes, também

denominadas primárias ou efetivas, correspondem a receitas tributária, de

contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e de

operações de créditos.

19. (FCC/ANALISTA/MP-SE/2009) A receita instituída para fazer face ao custo

de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como

limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de

valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado, será classificada

como

(A) receita de serviços.

(B) taxa.

(C) contribuição social.

(D) contribuição de intervenção no domínio econômico.

(E) contribuição de melhoria.

20. (FCC/ANALISTA/MP-SE/2009) O superávit do orçamento corrente é um

exemplo de receita

(A) financeira.

(B) de capital.

(C) patrimonial.

(D) extraorçamentária.

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(E) intraorçamentária.

21. (FCC/ANALISTA/TRE-SE/2007) O superávit do orçamento corrente

constituirá item de receita orçamentária.

22. (CESPE/ANALISTA/MPU/2010) O superavit do orçamento corrente

constitui item de receita orçamentária, resultando do balanceamento dos

totais das receitas e despesas correntes somadas ao passivo circulante e

divididas pelo total da receita patrimonial.

23. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/MIN. SAÚDE/2008) Não existe nem deve

existir perfeita correspondência entre as respectivas categorias de receitas

e de despesas. No entanto, é recomendável que exista um saldo positivo

entre receitas de capital e despesas de capital, para a formação de

poupança que financie os novos investimentos.

24. (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2009) Receitas próprias dos órgãos da

administração pública, como tarifas e preços públicos, têm registro na

LOA.

25. (CESPE/ANALISTA/STF/2008) Uma diferença que usualmente se

estabelece entre receitas correntes e receitas de capital é o caráter

recorrente das primeiras e esporádico das últimas. Do mesmo modo,

entre as receitas próprias e as receitas de transferências: as primeiras são

livres, e as últimas, vinculadas.

26. (CESPE/ANALISTA/STF/2008) A estimativa de arrecadação da receita é

resultante da metodologia de projeção das receitas orçamentárias.

27. (CESPE/ANALISTA/MPU/2010) Os estágios da receita orçamentária são

previsão, lançamento, arrecadação e recolhimento. Entretanto, o

lançamento, que tem origem fiscal, não se aplica a todas as receitas

orçamentárias, mas basicamente às receitas tributárias, conforme dispõe

o Código Tributário Nacional.

28. (CESPE/ANALISTA/STF/2008) No lançamento da receita, é verificada a

procedência do crédito fiscal e a pessoa que lhe é devedora.

29. (FGV/ASSESSOR/DETRAN-RN/2010) Estágios da Receita Pública são as

etapas das ações realizadas pelos órgãos e repartições encarregados de

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executá-las. O estágio utilizado para a arrecadação de tributos, e que se

pode também aplicar a casos em que o Governo tenha direitos líquidos e

certos, em virtude de leis, regulamentos ou contratos é:

A) Da Arrecadação.

B) Do Lançamento.

C) Da Previsão.

D) Do Recolhimento.

E) Da Liquidação.

30. (FCC/TÉCNICO/TRF-01/2006) Entre a arrecadação de tributos e o

recolhimento há a distinção de

(A) guarda e entrega de valor.

(B) diferença entre a previsão e a arrecadação.

(C) meios de que se valem os agentes arrecadadores.

(D) responsabilidade do contribuinte.

(E) natureza do crédito.

31. (FCC/TÉCNICO/TCM-PA/2010) O recolhimento de todas as receitas far-se-

á em estrita observância ao princípio de unidade de tesouraria, vedada

qualquer fragmentação para criação de caixas especiais.

32. (FCC/TÉCNICO/TCM-PA/2010) Em um governo municipal, um exemplo de

receita de capital é aquela oriunda do recebimento de tributos inscritos

em dívida ativa.

33. (FCC/PROCURADOR/TCE-CE/2006) Na execução da dívida ativa de

natureza tributária, a representação da União cabe à Procuradoria-Geral

da Fazenda Nacional, observado o disposto em lei.

34. (ESAF/ANALISTA/ANA/2009) Acerca da Dívida Ativa, é correto afirmar:

a) a Dívida Ativa inscrita goza da presunção de liquidez e certeza, e tem

equivalência de prova pré-constituída contra o devedor.

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b) no âmbito da União, compete à Receita Federal do Brasil apurar a

liquidez e certeza dos créditos tributários a serem inscritos em Dívida

Ativa.

c) apenas créditos tributários são passíveis de inscrição em Dívida Ativa.

d) considera-se absoluta a presunção de liquidez e certeza de crédito

inscrito em Dívida Ativa.

e) no âmbito da União, compete à Receita Federal do Brasil apurar a

liquidez e certeza dos créditos não tributários a serem inscritos em Dívida

Ativa.

35. (CESPE/ANALISTA/TRE-TO/2006) Os créditos inscritos em dívida ativa não

são objeto de atualização monetária, juros ou multas, previstos em

contratos ou em normativos legais, não sendo, portanto, esses valores

incorporados ao valor original inscrito.

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QUESTÕES ADICIONAIS

36. (FCC/TÉCNICO/TRT-24/2011) Configuram apenas receitas

extraorçamentárias:

(A) alienação de bens e depósitos de terceiros.

(B) cauções e consignações.

(C) ICMS e ARO.

(D) ganhos com aplicação financeira e cauções.

(E) imposto de renda retido na fonte e convênios recebidos.

37. (FCC/ANALISTA/TRF-04/2010) É exemplo de receita extraorçamentária:

(A) depósito recebido como garantia para participação em licitação.

(B) multa relativa a tributos pagos com atraso.

(C) taxa cobrada pela prestação de serviços públicos.

(D) receita da dívida ativa do ente público.

(E) receita de operações de empréstimo efetuadas pelo ente público.

38. (CESPE/ANALISTA/TRE-MA/2009) Só podem ser consideradas receitas

orçamentárias aquelas que já estejam formalmente incluídas na LOA.

39. (CESPE/ANALISTA/TRT-17/2009) No conceito de receita orçamentária,

estão incluídas as operações de crédito por antecipação de receita, mas

excluídas as emissões de papel-moeda e outras entradas compensatórias

no ativo e passivo financeiros.

40. (CESPE/ANALISTA/ANAC/2009) A receita orçamentária efetiva, no

momento do seu reconhecimento, constitui fato contábil modificativo

aumentativo, aumentando a situação líquida patrimonial da entidade.

41. (FCC/TÉCNICO SUPERIOR/PGE-RJ/2009) As receitas orçamentárias no

Brasil são classificadas por categoria econômica, de acordo com o artigo

11 da Lei nº 4.320/64, em

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(A) Receitas Tributárias e Receitas Patrimoniais.

(B) Receitas Correntes e Operações de Crédito.

(C) Receitas Orçamentárias e Receitas Extraorçamentárias.

(D) Receitas Correntes e Receitas de Capital.

(E) Receitas Tributárias e Receitas de Serviço.

42. (CESPE/ANALISTA/TRE-GO/2008) Os termos receita corrente e receita

intraorçamentária corrente podem ser considerados sinônimos, já que o

termo intraorçamentário destina-se apenas a distinguir a receita

orçamentária da receita extraorçamentária.

43. (FCC/TÉCNICO/TRE-PB/2007) Impostos, Taxas e Contribuição de Melhoria

são fontes classificadas em receita

(A) de capital.

(B) fiscal.

(C) tributária.

(D) patrimonial.

(E) de transferência corrente.

44. (FCC/ANALISTA/TRE-SE/2007) São exemplos de receitas de capital as

provenientes da conversão em espécie, de bens e direitos.

45. (CESPE/ANALISTA/ANATEL/2009) As receitas intraorçamentárias se

contrapõem às despesas intraorçamentárias e se referem a operações

entre órgãos e entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da

seguridade social da mesma esfera governamental.

46. (CESPE/CONSULTOR/SEFAZ-ES/2009) A contribuição de melhoria,

cobrada pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal ou pelos

municípios, no âmbito de suas respectivas competências, tem como fato

gerador a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público posto à

disposição do contribuinte.

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47. (FCC/ANALISTA/TCE-AM/2008) No âmbito da receita pública,

(A) as receitas correntes nunca podem superar as despesas correntes.

(B) as receitas de capital são integradas por operações de crédito, receitas

patrimoniais e receitas agropecuárias.

(C) as receitas tributárias são compostas por impostos, taxas e

contribuições a outros níveis de governo.

(D) os rendimentos de aplicação financeira são classificados como receita

patrimonial.

(E) a receita da dívida ativa jamais se desdobra nas categorias tributária e

não-tributária.

48. (CESPE/ANALISTA/MPU/2010) Considere que o governo isente

equipamentos de informática do imposto sobre produtos industrializados

(IPI). Nessa situação, haverá perda de receitas correntes no orçamento

público.

49. (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) A amortização de empréstimos é

receita de capital, sendo considerado o retorno de valores emprestados

anteriormente a outras entidades de direito público.

50. (CESPE/TÉCNICO/MIN. SAÚDE/2009) O superavit do orçamento corrente,

definido como a diferença positiva entre receitas e despesas correntes,

constitui item da receita orçamentária.

51. (CESPE/ANALISTA/ANATEL/2004) Os créditos da fazenda pública, de

natureza tributária ou não-tributária, serão escriturados como receita do

exercício em que forem arrecadados, nas respectivas rubricas

orçamentárias. Aqueles exigíveis pelo transcurso do prazo para

pagamento serão inscritos, na forma da legislação própria, como dívida

ativa, e podem ser classificados como dívida ativa tributária ou dívida

ativa não-tributária.

52. (CESPE/CONSULTOR/SEFAZ-ES/2009) Segundo sua origem, o valor da

arrecadação da receita decorrente de dívida ativa deve ser classificado

como outras receitas de capital.

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53. (NCE/ANALISTA/ANAC/2007) A receita proveniente de créditos inscritos

na dívida ativa tributária, arrecadada em exercício seguinte ao da

respectiva inscrição, originada de impostos não pagos no exercício em que

foram previstos no orçamento anual, será registrada como receita no

exercício em que:

(A) houve a previsão como receita de impostos;

(B) foi efetivamente arrecadada;

(C) foi inscrita na dívida ativa;

(D) foi elaborada a proposta orçamentária;

(E) houve a publicação da lei orçamentária na qual foi prevista como

receita da dívida ativa.

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GABARITO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

C C E E C C E B E E

11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

A E C C C C E E E B

21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

E E E C E C C C B A

31 32 33 34 35 36 37 38 39 40

C E C A E B A E E C

41 42 43 44 45 46 47 48 49 50

D E C C C E D C C E

51 52 53

C E B