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AFO/DIREITO FINANCEIRO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 1 de 55 AULA 03 Saudações, caro aluno! Teremos uma mudança na ordem das aulas: agrupei os itens relativos às leis de matéria orçamentária de 2012 com o restante de planejamento, para serem vistos mais à frente, enquanto concluo a verificação dos trechos mais importantes a consultar nessas leis. Assim, veremos hoje as vertentes mais cobradas em concursos sobre “classificação da receita pública”. Além do perfil orçamentário da matéria, em alguns pontos, conhecimentos relativos a Direito Tributário serão apresentados. Apesar de as provas terem uma predileção pelas classificações da receita, é necessário trazer alguns comentários iniciais, para o próprio entendimento do que vem a ser a receita pública. Além disso, ao final, trazemos comentários sobre a dívida ativa, item também relacionado à receita. Muito bem, vamos começar. Boa aula! GRACIANO ROCHA

AFO-Aula 03

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    AULA 03

    Saudaes, caro aluno!

    Teremos uma mudana na ordem das aulas: agrupei os itens relativos s leis

    de matria oramentria de 2012 com o restante de planejamento, para serem

    vistos mais frente, enquanto concluo a verificao dos trechos mais

    importantes a consultar nessas leis.

    Assim, veremos hoje as vertentes mais cobradas em concursos sobre

    classificao da receita pblica. Alm do perfil oramentrio da matria, em

    alguns pontos, conhecimentos relativos a Direito Tributrio sero

    apresentados.

    Apesar de as provas terem uma predileo pelas classificaes da receita,

    necessrio trazer alguns comentrios iniciais, para o prprio entendimento do

    que vem a ser a receita pblica.

    Alm disso, ao final, trazemos comentrios sobre a dvida ativa, item tambm

    relacionado receita.

    Muito bem, vamos comear. Boa aula!

    GRACIANO ROCHA

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    CONCEITOS DE RECEITA PBLICA

    Receita enfoque patrimonial

    Comecemos por comentrios bem introdutrios.

    A palavra receita, para leigos, ou mesmo para estudiosos pegos num

    momento de distrao, pode remeter imediatamente ideia de dinheiro.

    No entanto, para a cincia da Contabilidade, o registro de receita significa um

    aumento na situao patrimonial de uma entidade, devido a um

    incremento do Ativo (grupo contbil composto de bens e direitos) ou a uma

    diminuio do Passivo (grupo contbil composto por obrigaes). Esse

    aumento da situao patrimonial pode, ou no, envolver o recebimento de

    dinheiro.

    Por exemplo, se uma empresa presta determinado servio a um consumidor, o

    registro contbil da receita decorrente da operao corresponde ao momento

    da entrega do servio, ainda que o consumidor s venha a efetuar o

    pagamento tempos depois.

    Alm dessa entrada de receita, ao mesmo tempo, registra-se, no Ativo, um

    direito a receber. Com isso, o patrimnio da empresa sofre um aumento,

    correspondente ao valor da operao comercial.

    Posteriormente, com o consumidor pagando o servio prestado, o dinheiro

    apenas substituir esse direito a receber. Assim, essa entrada financeira no

    leva a um aumento patrimonial.

    Outra situao, ainda mais desafiadora para o esteretipo da receita como

    dinheiro: na fazenda de uma empresa agropecuria, nascem 100 bezerros

    num ms. A empresa fica mais rica com esse fato. Como registrar o

    correspondente aumento de riqueza?

    No tenha dvida: o valor de avaliao comercial dos bezerros ser

    registrado como receita (aumento do Ativo), embora no tenha havido nem

    sombra de movimentao financeira.

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    Resumindo, para a Contabilidade, o registro de receita e a entrada de recursos

    em caixa podem ser fatos desvinculados. Pode haver receita sem entrada

    financeira, ou com o respectivo ingresso de recursos em momento bem

    posterior.

    Anote a, que isso importante: essa a forma como o setor privado lida

    com a receita, seguindo o enfoque patrimonial (considerando-se a receita

    como resultado de qualquer variao positiva do patrimnio, sem se dar

    ateno ao aspecto financeiro).

    ENFOQUE PATRIMONIAL => REGIME DE COMPETNCIA

    Assim, pensando no enfoque patrimonial, adota-se o regime de

    competncia, que implica fazer registros contbeis a partir dos fatos

    geradores. Em nossos exemplos, os fatos geradores de receita foram a

    prestao do servio e o nascimento dos bezerros.

    S para adiantar um pouco o assunto, o regime de competncia se aplica

    tambm despesa, mas de forma inversa: despesa consiste na diminuio

    da situao patrimonial da entidade, contabilizada a partir de seu fato

    gerador, com ou sem sada financeira.

    Receita enfoque oramentrio

    Agora, vamos a um raciocnio em sentido oposto.

    J ficamos a par de que a receita, no entender da Cincia Contbil, apurada

    sob o enfoque patrimonial e segundo o regime de competncia. Isso

    representa ateno especial sobre a afetao do patrimnio, no momento do

    fato gerador, e no, sobre a movimentao do caixa.

    Por outro lado, na Contabilidade Pblica, historicamente, adotou-se o

    regime de caixa para considerar a realizao da receita (ao contrrio da

    despesa pblica, que, como na esfera privada, contabilizada sob o regime

    de competncia). A partir desse entendimento, as movimentaes

    financeiras que aumentam a disponibilidade do caixa pblico que levam ao

    registro da receita.

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    Assim est configurado o enfoque oramentrio, tendo a movimentao de

    recursos como requisito para o registro de receita. Portanto, falando-se de

    receitas oramentrias, no setor pblico, pensaremos normalmente em

    ingressos financeiros entrada de dinheiro (com ou sem aumento

    patrimonial).

    ENFOQUE ORAMENTRIO => REGIME DE CAIXA

    Ateno para a novidade!

    Ultimamente, tem havido um rearranjo na Contabilidade Pblica brasileira,

    liderado pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), com o fim de harmonizar os

    procedimentos contbeis nacionais com as melhores prticas internacionais.

    Essas melhores prticas internacionais tm a ver com os procedimentos da

    Contabilidade Comercial, ou seja, isso significa que o regime patrimonial, alm do

    oramentrio, tambm considerado atualmente no registro da receita, na

    Contabilidade Pblica.

    Nesse contexto, o fato gerador tomado como referncia para o registro da

    receita. Isso demonstra uma aproximao da Contabilidade Pblica com a

    Contabilidade aplicada ao setor privado.

    No exerccio de 2010, isso ainda se d de forma facultativa, mas, a partir de 2013,

    todos os entes federados (Unio, Estados e DF, desde 2012) devero estar

    ajustados s novas normas.

    Assim, concluindo, os entes pblicos registraro receitas sob o regime de caixa,

    olhando os ingressos no caixa, como sempre fizeram; mas efetuaro tambm

    registros contbeis de receita sob o regime de competncia, a fim de se controlar

    continuamente a posio patrimonial dos rgos, entidades, fundos etc.

    Veja s o que diz a Portaria Conjunta STN/SOF n 02/2009:

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    Art. 7 As variaes patrimoniais sero reconhecidas pelo regime de competncia patrimonial, visando garantir o reconhecimento de todos os ativos e passivos das entidades que integram o setor pblico, conduzir a contabilidade do setor pblico brasileiro aos padres internacionais e ampliar a transparncia sobre as contas pblicas.

    Pargrafo nico. So mantidos os procedimentos usuais de reconhecimento e registro da receita e da despesa oramentrias, de tal forma que a apropriao patrimonial:

    I - no modifique os procedimentos legais estabelecidos para o registro das receitas e das despesas oramentrias;

    Portanto, temos uma novidade a considerar para os prximos concursos. Era

    comum aceitar simplesmente que, para a receita pblica, aplicavase o regime de

    caixa, e, para a despesa pblica, o de competncia. Esse entendimento tradicional

    deve ser flexibilizado, como vimos.

    Como isso cai na prova?

    1. (CESPE/ANALISTA/ANAC/2009) A contabilidade aplicada ao setor pblico, assim como qualquer outro ramo da cincia contbil, obedece aos

    princpios fundamentais de contabilidade. Dessa forma, aplica-se, em sua

    integralidade, o princpio da competncia, tanto para o reconhecimento da

    receita quanto para a despesa.

    Essa questo uma das recentes que j adotam o novo posicionamento da

    STN. Alm do regime de caixa, tambm so feitos registros contbeis sob o

    regime de competncia quanto receita pblica. Questo CERTA.

    Conceitos de receita pblica: strictu sensu e lato sensu

    Como acabamos de ver, estudando receita pblica, pensaremos, via de regra,

    em movimentao financeira: no enfoque oramentrio, receitas so

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    contabilizadas sob o princpio de caixa. Assim, no setor pblico, o registro da

    receita corresponde, normalmente, ao recebimento de recursos.

    Esse um ordenamento geral, mas, partindo dele, h desdobramentos a

    considerar.

    Segundo uma das definies apresentadas pela STN,

    receita pblica a entrada que, integrando-se ao patrimnio pblico sem quaisquer reservas, condies ou correspondncia no passivo, vem acrescer o seu vulto como elemento novo e positivo.

    Essa uma viso compartilhada por um grande terico brasileiro do direito

    tributrio e financeiro, chamado Aliomar Baleeiro. Para ele, receita pblica

    qualquer recebimento de recursos que aumenta efetivamente o

    patrimnio pblico, sem expectativa de devoluo posterior. Por isso, ele

    empregou a bonita expresso elemento novo e positivo.

    Receita pblica strictu sensu: ingresso financeiro que afeta

    positivamente o patrimnio pblico.

    Outra definio, tambm trazida pela STN, de que receitas pblicas so

    todas e quaisquer entradas de fundos nos cofres do Estado,

    independentemente de sua origem ou fim. Nesse caso, utiliza-se o simples

    critrio de afetao do caixa, sem julgar se a entrada financeira aumenta

    efetivamente o patrimnio pblico. A doutrina utiliza os termos entrada e

    ingresso para se referir a quaisquer recursos que adentram os cofres

    pblicos.

    Receita pblica lato sensu: qualquer ingresso financeiro que adentra os

    cofres pblicos.

    Como discriminado nos quadros, essas duas posies representam,

    respectivamente, as classificaes da receita strictu sensu e lato sensu. Na

    primeira, encara-se receita de forma semelhante aos parmetros da cincia

    contbil: temos um ingresso financeiro que aumenta o patrimnio

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    lquido da entidade. Na segunda, a viso bem generalista: se ingressam

    recursos no caixa do ente pblico, eles so considerados receitas, no

    importando as condies envolvidas.

    A adoo desse critrio lato sensu envolve a possibilidade de serem

    considerados receita at mesmo recursos que no pertencem ao ente

    pblico, mas que so depositados na conta do Tesouro, como veremos

    posteriormente. Alm disso, o critrio lato sensu permite classificar receitas

    oramentrias como efetivas e no efetivas.

    Mais um comentrio sobre isso.

    Efetivas so as receitas que impactam positivamente o patrimnio, razo pela

    qual so tratadas como fatos contbeis modificativos aumentativos. As

    receitas no efetivas so as que no implicam aumento patrimonial, o que

    permite correlacion-las a fatos contbeis permutativos (ou por mutao).

    Como isso cai na prova?

    2. (FCC/ANALISTA/MP-PE/2006) Pode-se definir receita oramentria efetiva como aquela que proporciona aumento real do saldo patrimonial, porque

    no existe aumento do passivo permanente nem uma reduo do ativo

    permanente.

    3. (FGV/PROCURADOR/TCM-RJ/2008) Para a doutrina moderna, ingresso e receita so sinnimos, pois em ambos o dinheiro recolhido entra nos

    cofres pblicos e em ambas as situaes incorporam-se ao patrimnio do

    Estado.

    4. (ESAF/ANALISTA/ANA/2009) As receitas efetivas modificam a situao patrimonial lquida da entidade somente quando possvel o seu registro

    pelo regime de competncia.

    A questo 2 est CERTA. Receitas efetivas so fatos aumentativos, que

    impactam positivamente o patrimnio ou seja, sem aumento de obrigaes

    (passivo) nem reduo de bens/direitos (ativo).

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    Como visto anteriormente, ingresso (ou entrada) um termo utilizado para

    diferenciar os recursos que entram no caixa pblico, de forma geral, dos

    recursos que pertencem realmente ao ente pblico estes, chamados de

    receita. Assim, no se trata de palavras sinnimas. A questo 3 est ERRADA.

    A questo 4 est ERRADA. A modificao da situao patrimonial, na esfera

    pblica, ocorre normalmente com a entrada dos recursos na conta do governo,

    ou seja, em observncia ao princpio de caixa.

    RECEITAS ORAMENTRIAS E EXTRAORAMENTRIAS

    Um questionamento que se pode fazer aqui e que as provas sempre fazem

    o seguinte: receitas oramentrias significam aquelas previstas no

    oramento?

    Para pensar nisso, vamos elaborar uma situao hipottica, para pensar no

    dinheiro que efetivamente entra no caixa pblico.

    Suponha que um observador curioso dedicasse todo seu ano de 2011 a

    verificar a arrecadao das receitas federais. Considerando todos os depsitos

    na conta nica do Tesouro, ele poderia chegar ao fim do exerccio financeiro e

    constatar um volume de entradas at mesmo superior ao previsto na LOA.

    A partir disso, poderia concluir que os recursos previstos na Lei Oramentria,

    e arrecadados durante o exerccio, so receita oramentria, e os que

    entraram por fora do oramento, acima da estimativa, seriam receita

    extraoramentria. Parece bem lgico, n?

    Sim, parece lgico, e esse o perigo explorado por bancas de concursos. O

    critrio para classificao de receitas pblicas como oramentrias ou

    extraoramentrias no o fato de constarem do Oramento.

    No art. 57 da Lei 4.320/64, temos a seguinte redao:

    Art. 57. Ressalvado o disposto no pargrafo nico do artigo 3 desta lei, sero classificadas como receita oramentria, sob as rubricas prprias,

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    todas as receitas arrecadadas, inclusive as provenientes de operaes de crdito, ainda que no previstas no Oramento.

    Portanto, o critrio legal bem abrangente: at mesmo receitas no

    previstas no Oramento, se arrecadadas, sero consideradas oramentrias,

    e, dessa forma, podero ser utilizadas para aplicao em aes

    governamentais.

    Receitas oramentrias so aquelas que podem ser utilizadas pelo ente

    pblico para cobrir despesas oramentrias.

    Observao: a Lei 4.320/64 traz no art. 57 uma afronta ao conceito de

    receita sob o enfoque patrimonial, como vimos no comeo da aula. Sob o

    enfoque oramentrio, at os recursos provenientes de operaes de

    crdito emprstimos sero classificados como receita oramentria.

    Na contabilidade privada, emprstimos no seriam considerados receita, em vista

    da no afetao do patrimnio (ao mesmo tempo em que ingressam os recursos

    no caixa ativo , registrase, em contrapartida, uma obrigao a pagar

    passivo).

    Preste ateno observao feita pelo art. 57 da Lei 4.320/64, que

    reproduzimos agora h pouco: Ressalvado o disposto no pargrafo nico do

    artigo 3 desta lei.

    Vejamos o que h nesse dispositivo ressalvado:

    Art. 3 A Lei de Oramentos compreender todas as receitas, inclusive as de operaes de crdito autorizadas em lei.

    Pargrafo nico. No se consideram para os fins deste artigo as operaes de credito por antecipao da receita, as emisses de papel-moeda e outras entradas compensatrias, no ativo e passivo financeiros.

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    Aqui, temos o seguinte: mesmo tendo expectativa do recebimento de certos

    recursos durante o exerccio, a LOA no faz a previso deles. como se o

    oramento desprezasse alguns recursos que entraro no caixa.

    Para bem entender isso, considere que o caixa tambm recebe recursos que

    no pertencem ao ente pblico, de sorte que no podem ser utilizados para

    custear despesas oramentrias. So recursos que devero, de alguma forma,

    ser devolvidos posteriormente razo pela qual se chamam, tecnicamente, de

    entradas compensatrias. O ente pblico age, nessas ocasies, apenas

    como depositrio dos valores.

    Receitas extraoramentrias so entradas compensatrias no ativo e no

    passivo financeiros, que no precisam de autorizao legislativa para

    sua arrecadao, e no so utilizadas para cobrir despesas

    oramentrias.

    A Secretaria do Tesouro Nacional prefere a utilizao do termo ingressos

    extraoramentrios, ao invs de receitas extraoramentrias, para deixar

    bem claro que essas operaes no afetam em nada o patrimnio pblico.

    Como as provas podem utilizar ambas as expresses, vamos nos familiarizar

    com elas.

    Outros exemplos de entradas compensatrias esto l no pargrafo nico do

    art. 3 da Lei 4.320/64: operaes de crdito por antecipao da receita (as j

    conhecidas ARO) e emisses de papel-moeda. Mas h outras hipteses alm

    dessas: recebimento de depsitos judiciais, recebimento de caues de

    licitantes para participao em licitaes...

    Para firmar o conceito, operaes de crdito por Antecipao da Receita

    Oramentria, ou, abreviadamente, ARO, so emprstimos tomados pelos entes

    pblicos para suprir insuficincias momentneas de caixa. Isso significa que a LOA

    previu certas receitas para atender a algumas despesas, mas, durante a execuo

    do oramento, a arrecadao no se realizou como previsto.

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    Diante disso, para custear as obrigaes assumidas, sem esperar pela arrecadao

    atrasada, o ente pblico pode contratar esse tipo de emprstimo, se houver

    autorizao na LOA para tanto, custeando imediatamente a despesa

    oramentria.

    Quando a receita atrasada for finalmente arrecadada, no atender mais

    despesa para a qual foi prevista; ela servir para honrar a operao do tipo ARO,

    que a substituiu.

    Por isso, a ARO no constitui recursos oramentrios, mas uma operao

    substituta deles; ela representa uma entrada no ativo financeiro (dinheiro) e no

    passivo financeiro (recurso a restituir), ou seja, exatamente o conceito de receita

    extraoramentria.

    Como isso cai na prova?

    5. (FGV/CONTADOR/DETRAN-RN/2010) As receitas obtidas com caues, fianas e consignaes so:

    A) Receitas de capital.

    B) Receitas correntes.

    C) Receitas extraoramentrias.

    D) Receitas oramentrias.

    E) Receitas tributrias.

    6. (CESPE/ANALISTA/MPU/2010) A receita oramentria, sob as rubricas prprias, engloba todas as receitas arrecadadas e que no possuem

    carter devolutivo, inclusive as provenientes de operaes de crdito. Por

    sua vez, os ingressos extraoramentrios so aqueles pertencentes a

    terceiros, arrecadados pelo ente pblico, exclusivamente para fazer face

    s exigncias contratuais pactuadas para posterior devoluo.

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    7. (CESPE/ANALISTA/TRT-17/2009) A receita pblica somente pode ser considerada oramentria se estiver includa na lei oramentria anual.

    8. (ESAF/TCNICO SUPERIOR/ENAP/2006) A receita pblica, quanto sua natureza, dividida em Oramentria e Extraoramentria. Assinale

    abaixo a nica receita que classificada como Receita Oramentria.

    a) Depsitos de terceiros.

    b) Receita de operaes de crdito.

    c) Salrios no-reclamados.

    d) Operaes de crdito por antecipao de receita.

    e) Caues em dinheiro.

    Como acabamos de ver, operaes como caues, fianas e consignaes

    representam recursos depositados no caixa pblico, mas que no pertencem

    ao Estado, e no podem ser utilizados para custear despesas pblicas. Trata-se

    de receitas extraoramentrias. Gabarito: C.

    A questo 6 se constitui num bom resumo para distinguir receitas

    oramentrias e extraoramentrias, repetindo as diferenas que demarcamos.

    Questo CERTA.

    A questo 7 est ERRADA. Como vimos, o conceito de receitas oramentrias

    ultrapassa aquelas previstas na LOA.

    Das alternativas da questo 8, apenas a receita de operaes de crdito

    considerada, pela legislao vigente, como item das receitas oramentrias. As

    demais assertivas dizem respeito a recursos devolutos. Gabarito: B.

    CLASSIFICAO DA RECEITA QUANTO COERCITIVIDADE: RECEITAS

    ORIGINRIAS E DERIVADAS

    A diferenciao que faremos aqui diz respeito relao jurdica entre o

    Estado e o particular (ou o mercado), nas operaes que resultam em receitas

    pblicas.

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    Quando o Estado, numa relao jurdica, encontra-se de igual para igual com

    o particular, estabelece-se, no caso, uma configurao de direito privado.

    Assim, o fato de uma das partes ser o Estado no muda muito a histria; seria

    o mesmo se o substitussemos por outro particular.

    Assim ocorre, por exemplo, quando o ente pblico presta servios ao mercado,

    auferindo renda com isso o caso de uma universidade pblica cuja livraria

    comercializa livros e peridicos. Ou ento quando um rgo pblico aluga um

    imvel de sua propriedade para outrem.

    Assim, receitas de direito privado so receitas originrias: os recursos so

    provenientes de esforos prprios dos entes pblicos, em suas atividades

    comerciais, empresariais, etc.

    Por outro lado, quando as rendas so obtidas a partir das atribuies

    coercitivas do Estado, que obrigam os particulares, esto caracterizadas as

    receitas derivadas. As receitas pblicas, nesse mbito, derivam do esforo

    alheio: atividades de particulares.

    As relaes jurdicas a so de direito pblico, ou seja, o Estado tem

    prerrogativa sobre as vontades dos agentes privados. A arrecadao de

    tributos, dos quais no podemos fugir, exemplo tpico dessa classificao.

    Para realizar a classificao quanto coercitividade, devemos notar sempre se

    o Estado age no mesmo nvel do particular envolvido ou com poder de

    imprio.

    Como isso cai na prova?

    9. (FGV/AUDITOR/TCM-RJ/2008) Segundo a melhor doutrina, a receita originria pode ser considerada a que tem origem no patrimnio do

    particular, pelo exerccio do poder de imprio do Estado, enquanto a

    receita derivada a que tem origem no prprio patrimnio pblico, em

    que o Estado atua como empresrio por meio de um acordo de vontades,

    e no com seu poder de imprio, por isso no h compulsoriedade na sua

    instituio.

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    10. (CESPE/TCNICO SUPERIOR/MIN. SADE/2008) Quando um cidado paga o imposto sobre a renda em atraso, a parcela correspondente ao imposto

    dita receita originria, enquanto a multa de mora e os juros sobre o

    atraso so considerados receita derivada.

    A questo 9 est ERRADA, por inverter os conceitos de receitas originrias e

    derivadas.

    A questo 10 est ERRADA: tanto o imposto quanto os adicionais incidentes

    so de pagamento obrigatrio, em razo do poder de imprio presente na

    situao. Assim, todos os itens citados so receitas derivadas.

    CLASSIFICAO ECONMICA DA RECEITA (OU POR NATUREZA DA

    RECEITA ORAMENTRIA)

    Vou pedir ateno especial a esse tpico da aula. Os prximos comentrios so

    fortssimos candidatos a questes da prova, j que esta classificao da receita

    talvez a mais importante e frequente em concursos.

    A classificao por natureza da receita (tambm aplicada despesa, como

    veremos na prxima aula) est normatizada na Lei 4.320/64.

    Essa lei, por tratar de normas gerais de direito financeiro, obriga todos os

    entes federados Unio, Estados, DF e Municpios a adotar essa mesma

    classificao e sua codificao contbil. Como resultado, torna-se possvel

    avaliar os efeitos econmicos da participao do setor pblico nacional

    na economia, a partir, por exemplo, da contabilizao da arrecadao

    tributria de todos os entes, ou da aplicao de recursos de todos os entes em

    investimentos pblicos.

    Volto a ressaltar que essa classificao aplicvel apenas a receitas

    oramentrias. Os ingressos extraoramentrios, por no constiturem

    receitas prprias do Estado, ficam de fora da classificao por categorias

    econmicas.

    A classificao econmica da receita traz os seguintes nveis:

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    categoria econmica; origem; espcie; rubrica; alnea; subalnea.

    Um mnemnico que se pode usar para guardar essa informao

    CORES RUBRAS, a partir das iniciais dessa srie: Categoria ORigem

    ESpcie RUBRica Alnea Subalnea.

    Assim, quanto natureza da receita, o primeiro nvel da codificao diz

    respeito s categorias econmicas, que permitem dividir as receitas em

    receitas correntes e receitas de capital.

    As receitas correntes so, tipicamente, receitas de custeio: servem para

    suportar a manuteno e o funcionamento de atividades administrativas (que

    so caracterizadas pelas despesas correntes).

    Talvez voc j tenha visto na mdia a expresso custeio da mquina pblica,

    referindo-se aplicao de recursos em atividades e servios prprios das

    atribuies do ente pblico.

    Por sua vez, receitas de capital servem aquisio ou formao de bens de

    capital. Bens de capital, segundo a teoria econmica, seriam aqueles capazes

    de gerar novos bens ou servios, produzindo riqueza.

    Cabe registrar, tambm, a identidade dessa classificao com a afetao

    patrimonial. Lembra do Aliomar Baleeiro, mais no incio da aula? Pois ento,

    dizamos que ele era partidrio do conceito strictu sensu de receita pblica:

    esta seria sempre um elemento novo e positivo, que ingressaria no

    patrimnio pblico, aumentando-o, sem reservas ou condies.

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    Via de regra, as receitas correntes so receitas efetivas; elas aumentam o

    patrimnio pblico. Ora so resultado da atividade arrecadatria do Estado,

    ora da atividade empresarial/comercial pblica. Seu registro corresponde a

    fatos contbeis modificativos aumentativos da situao patrimonial.

    J as receitas de capital, tambm via de regra, so receitas por mutao,

    no efetivas, e, por isso, no afetam o patrimnio. Envolvem registros

    contbeis que se compensam mutuamente.

    Observao importante: uma novidade que vem sendo cobrada em

    concursos a classificao das receitas em receitas correntes

    intraoramentrias e receitas de capital intraoramentrias. Isso foi

    institudo pela Portaria Interministerial STN/SOF n 338/2006, a qual

    destacou que essas classificaes no constituem novas categorias

    econmicas de receita, mas especificaes das categorias econmicas

    corrente e capital. A funo das receitas intraoramentrias a mesma

    das categorias econmicas (receitas correntes e de capital).

    As receitas intraoramentrias esto relacionadas realizao de

    despesas dentro da mesma esfera de governo. Assim, operaes entre

    rgos, fundos, autarquias, fundaes, empresas estatais dependentes

    e outras entidades integrantes dos oramentos fiscal e da seguridade

    social, relacionadas aquisio de materiais, bens e servios,

    pagamento de impostos, taxas e contribuies tero registro de receita

    intraoramentria no rgo/entidade que receber os recursos.

    Isso impede que, quando a Unio for fechar seus balanos, contabilize

    receitas e despesas que no existiram fora da Conta nica, evitando a

    duplicidade de registros.

    Para detalhar as origens da classificao econmica da receita, vamos utilizar o

    seguinte diagrama:

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    RECEITAS CORRENTES RECEITAS DE CAPITAL

    Receita Tributria Operaes de Crdito

    Receita de Contribuies Alienao de Bens

    Receita Patrimonial Amortizao de Emprstimos

    Receita Agropecuria Transferncias de Capital

    Receita Industrial Outras Receitas de Capital

    Receita de Servios Mnemnico:

    OPERA-ALI-AMOR-TRANSOU Transferncias Correntes

    Outras Receitas Correntes

    Mnemnico:

    TRIC-PAS-TRANSOU

    Esse diagrama, adaptado da Lei 4.320/64 (art. 11, 4) importantssimo, de

    forma que merece ser decorado. Utilize os mnemnicos que anotei; tentar

    aprender qual receita corrente e qual de capital pela essncia de cada

    uma nos far perder tempo.

    Essas subdivises das receitas correntes e de capital, como vimos nos

    comentrios iniciais, chamam-se origens. Elas classificam as receitas

    tipicamente segundo seu fato gerador. Assim, a partir da origem da receita,

    verifica-se se ela foi obtida em razo das atribuies de arrecadao coercitiva

    do Estado, ou pela ao do Estado como um agente econmico comum, ou

    pela obteno de transferncias de outros agentes etc.

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    Como isso cai na prova?

    11. (CESPE/ANALISTA/TRE-MA/2009) O cdigo de natureza de receita busca classificar a receita identificando a origem do recurso segundo seu fato

    gerador, sendo desmembrado em nveis. A subdiviso das categorias

    econmicas representa pela

    A) origem.

    B) fonte.

    C) espcie.

    D) subfonte.

    E) rubrica.

    12. (CESPE/ADMINISTRADOR/AGU/2010) Receitas intraoramentrias so diferentes de receitas correntes e de capital.

    13. (FCC/ANALISTA/TRE-SE/2007) As receitas correntes so destinadas a atender despesas classificveis em despesas correntes.

    14. (FGV/ANALISTA/SEFAZ-RJ/2011) So Receitas Correntes as receitas tributrias, de contribuies, patrimonial, agropecuria, industrial, de

    servios e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros

    recebidos de outras pessoas de direito pblico ou privado, quando

    destinadas a atender despesas classificveis em Despesas Correntes.

    Na questo 11, o desdobramento das categorias econmicas a origem.

    Gabarito: A.

    Na questo 12, mostra-se exatamente o contrrio do que estudamos. Receitas

    intraoramentrias (correntes e de capital) so iguais s oramentrias

    (correntes e de capital), exceto pelo fato de ocorrerem entre rgos e

    entidades compreendidas no oramento fiscal e da seguridade social. Questo

    ERRADA.

    A questo 13 est CERTA. A utilizao normal das receitas correntes d-se

    pela cobertura das necessidades de manuteno das atividades pblicas, que

    so caracterizadas pelas despesas correntes.

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    A questo 14 est CERTA. Observando nosso mnemnico, vemos que as

    origens de receita citadas no enunciado pertencem categoria das receitas

    correntes. Os tais recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito

    pblico ou privado, quando destinadas a atender despesas classificveis em

    despesas correntes se referem s transferncias correntes.

    Veremos a seguir os detalhes de algumas das origens mais cobradas em

    provas, a partir das observaes feitas no Manual de Contabilidade

    Aplicada ao Setor Pblico.

    Receita Tributria

    Corresponde a ingressos provenientes da arrecadao de impostos, taxas e

    contribuies de melhoria. Trata-se de um conjunto de receitas coercitivas,

    derivadas, as quais os contribuintes devem recolher ao errio pblico.

    As definies do Cdigo Tributrio Nacional para essas figuras so:

    imposto o tributo cuja obrigao tem por fato gerador uma situao independente de qualquer atividade estatal especfica, relativa ao

    contribuinte;

    as taxas cobradas pela Unio, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municpios, no mbito de suas respectivas atribuies, tm como

    fato gerador o exerccio regular do poder de polcia, ou a

    utilizao, efetiva ou potencial, de servio pblico especfico e

    divisvel, prestado ao contribuinte ou posto sua disposio;

    a contribuio de melhoria cobrada pela Unio, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municpios, no mbito de suas respectivas

    atribuies, instituda para fazer face ao custo de obras pblicas

    de que decorra valorizao imobiliria, tendo como limite total a

    despesa realizada e como limite individual o acrscimo de valor que da

    obra resultar para cada imvel beneficiado.

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    Exemplos: imposto de renda, imposto sobre produtos industrializados, taxas

    de custas judiciais, taxa de fiscalizao de servios de energia eltrica etc.

    Distino: taxa X preo pblico

    Vamos traar um comparativo entre as taxas e o preo pblico, tambm

    conhecido como tarifa.

    Para incio de conversa, enquanto taxas so espcies tributrias, preos

    pblicos no so tributos. Assim, caractersticas como a obrigatoriedade

    de pagamento, a utilizao apenas potencial dos servios taxados, os

    prprios princpios tributrios (legalidade, anterioridade, capacidade de

    pagamento), no se aplicaro aos preos pblicos.

    Ambas as figuras aqui tratadas podem ser utilizadas para custear

    servios pblicos divisveis e de consumo mensurvel. Entretanto, se a

    remunerao dos servios se der mediante taxa, haver o

    estabelecimento de uma alquota vlida para todos os contribuintes (a

    taxa da coleta de lixo, por exemplo, invarivel, no importa a

    quantidade de lixo produzido). Caso seja adotada a tarifa como forma de

    remunerao dos servios, a cobrana ser proporcional ao uso (contas

    de telefone, gua, luz...).

    Por fim, uma caracterstica exclusiva dos preos pblicos, ou tarifas, a

    possibilidade de sua exigncia por pessoas jurdicas de direito privado

    como as empresas concessionrias de servios pblicos. As taxas, em

    sentido contrrio, s podem ser cobradas e administradas por pessoas de

    direito pblico.

    O Manual Tcnico de Oramento traz alguns comentrios sobre essa

    questo, que valem a pena ser examinados:

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    H casos em que no simples estabelecer se um servio remunerado

    por taxa ou por preo pblico. Como exemplo, podemos citar o caso do

    fornecimento de energia eltrica. Em localidades onde estes servios

    forem colocados disposio do usurio, pelo Estado, mas cuja

    utilizao seja de uso obrigatrio, compulsrio (por exemplo, a lei no

    permite que se coloque um gerador de energia eltrica), a remunerao

    destes servios feita mediante taxa e sofrer as limitaes impostas

    pelos princpios gerais de tributao (legalidade, anterioridade,...). Por

    outro lado, se a lei permite o uso de gerador prprio para obteno de

    energia eltrica, o servio estatal oferecido pelo ente pblico, ou por

    seus delegados, no teria natureza obrigatria, seria facultativo e,

    portanto, seria remunerado mediante preo pblico.

    Receita de contribuies

    Ingressos provenientes de contribuies sociais, de interveno no

    domnio econmico e de interesse das categorias profissionais ou

    econmicas. Tambm so receitas derivadas (coercitivas). Essas

    contribuies so definidas da seguinte forma:

    contribuies sociais destinadas ao custeio da seguridade social, que compreende a previdncia social, a sade e a assistncia social;

    contribuies de interveno no domnio econmico derivam da contraprestao atuao estatal exercida em favor de determinado

    grupo ou coletividade.

    contribuies de interesse das categorias profissionais ou econmicas destinadas ao fornecimento de recursos aos rgos representativos de

    categorias profissionais legalmente regulamentadas ou a rgos de

    defesa de interesse dos empregadores ou empregados.

    Apesar de as contribuies constiturem uma espcie de tributo, nessa

    classificao da receita haver uma separao entre eles.

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    Como vimos, na origem receita tributria, encontram-se os tributos que o

    CTN previu em 1966: impostos, taxas e contribuies de melhoria. As

    contribuies representam uma origem parte.

    As bancas gostam de brincar com esse aspecto da classificao econmica.

    s vezes, misturam-se as contribuies de melhoria (que so receita

    tributria) com as contribuies, somente. Ou, como nesse caso, tenta-se

    forar a barra, empurrando o candidato para que ele classifique, tambm

    nesse mbito, as contribuies como tributos.

    Para no ficarem de fora, vamos falar da quinta espcie tributria existente no

    Brasil, os emprstimos compulsrios. Eles tambm no so classificados

    como receita tributria, mas como operaes de crdito (receita de capital).

    Os emprstimos compulsrios so a nica espcie tributria com previso de

    devoluo ao contribuinte; isso o que justifica a denominao

    emprstimos.

    Exemplos de receita de contribuies: Contribuio Social sobre o Lucro

    Lquido (CSLL), Contribuio para Financiamento da Seguridade Social

    (Cofins), Contribuio sobre a Receita de Loterias.

    Receita Patrimonial

    Corresponde a ingressos provenientes do aproveitamento do patrimnio

    pblico pelo Estado, pela explorao de bens imobilirios ou mobilirios, e

    dos recebimentos de recursos por participao societria em entidades de

    direito privado. So receitas originrias, j que no advm do exerccio do

    poder coercitivo do Estado.

    Exemplos: aluguis, arrendamentos, taxa de ocupao de terrenos da Unio,

    receita de concesses e permisses.

    Transferncias Correntes

    Ingressos provenientes de outros entes/entidades, efetivados mediante

    condies preestabelecidas ou mesmo sem qualquer exigncia, desde que o

    objetivo seja a aplicao em despesas correntes.

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    Exemplos: transferncias dos Estados, transferncias dos Municpios,

    transferncias do exterior.

    Outras receitas correntes

    So os ingressos correntes provenientes de outras origens, no classificveis

    nas anteriores. Nesse grupo, encontram-se as Multas e Juros de Mora,

    Indenizaes e Restituies, Receita da Dvida Ativa e Receitas Diversas.

    Operaes de Crdito

    Ingressos provenientes da venda de ttulos pblicos no mercado ou da

    contratao de emprstimos e financiamentos obtidos junto a entidades

    estatais ou privadas. Tambm so exemplos de receitas originrias.

    Exemplos: venda de ttulos do Tesouro Nacional, operaes de crdito

    internas, emprstimos compulsrios.

    Alienao de Bens

    Ingressos provenientes da alienao de componentes do ativo imobilizado ou

    intangvel. Novamente, trata-se de receitas originrias, agindo o Estado sem

    estatura de entidade de direito pblico.

    Exemplos: alienao de estoques, alienao de veculos, alienao de imveis

    urbanos.

    Amortizao de Emprstimos

    o ingresso proveniente do recebimento de parcelas de emprstimos ou

    financiamentos concedidos em ttulos ou contratos. Classifica-se como receita

    originria.

    Transferncias de Capital

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    Ingressos provenientes de outros entes/entidades, efetivado mediante

    condies preestabelecidas ou mesmo sem qualquer exigncia, desde que o

    objetivo seja a aplicao em despesas de capital.

    Exemplos: transferncias dos Estados, transferncias dos Municpios,

    transferncias do exterior.

    Outras receitas de capital

    Constituem-se dos ingressos de capital provenientes de outras origens, no

    classificveis nas anteriores. Como desdobramento desse ttulo encontram-se

    as receitas provenientes de Integralizao do Capital Social, Resultado do

    Banco Central do Brasil, as Remuneraes do Tesouro Nacional, os Saldos de

    Exerccios Anteriores e Outras Receitas.

    Pessoal, vocs podem perceber, pela longa listagem, que no d pra

    esperar um aprendizado exemplar dessas origens de receitas. O

    negcio decoreba mesmo. Aprenda os mnemnicos que postei abaixo

    da tabelinha e preste ateno nas observaes que fui pontuando.

    Como isso cai na prova?

    15. (CESPE/ECONOMISTA/MIN. SADE/2009) As transferncias de recursos intergovernamentais podem constituir, para o ente beneficirio, receitas

    correntes ou receitas de capital.

    16. (FCC/ANALISTA/TRE-AM/2009) De acordo com a Lei n 4.320/64, as receitas correntes so constitudas, entre outras, pelas Receitas de

    Contribuies. Um item classificado como Receita de Contribuio aquele

    oriundo de

    (A) contribuio de melhoria.

    (B) multas e juros de mora da contribuio do salrio-educao.

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    (C) contribuio social para o financiamento da seguridade social COFINS.

    (D) fundo de participao dos municpios FPM.

    (E) restituies de convnios.

    17. (FCC/ANALISTA/TCE-GO/2009) A receita oramentria compreende os recursos auferidos na gesto a serem computados na apurao do

    resultado do exerccio e desdobrados em receitas correntes e receitas de

    capital. Constituem receita de capital as receitas

    (A) tributria, de alienao de bens e patrimonial.

    (B) imobiliria, com valores mobilirios e agropecuria.

    (C) de servios, patrimonial, industrial e de contribuies rurais.

    (D) industrial, de operaes de crdito e de alienao de bens.

    (E) de operao de crdito, de alienao de bens e de transferncias de

    capital.

    18. (CESPE/ANALISTA/ANCINE/2006) As receitas correntes, tambm denominadas primrias ou efetivas, correspondem a receitas tributria, de

    contribuies, patrimonial, agropecuria, industrial, de servios e de

    operaes de crditos.

    19. (FCC/ANALISTA/MP-SE/2009) A receita instituda para fazer face ao custo de obras pblicas de que decorra valorizao imobiliria, tendo como

    limite total a despesa realizada e como limite individual o acrscimo de

    valor que da obra resultar para cada imvel beneficiado, ser classificada

    como

    (A) receita de servios.

    (B) taxa.

    (C) contribuio social.

    (D) contribuio de interveno no domnio econmico.

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    (E) contribuio de melhoria.

    A questo 15 est CERTA. O que permite classificar uma transferncia como

    corrente ou de capital a utilizao que o beneficirio dar aos recursos.

    Na questo 16, que talvez tenha exagerado na profundidade da cobrana do

    assunto, temos, na ordem, exemplos de: receita tributria; outras receitas

    correntes; receita de contribuies; transferncia corrente; outras receitas

    correntes. Gabarito: C.

    Na questo 17, novamente com a ajuda de nosso mnemnico, podemos

    identificar como receitas de capital as receitas de operaes de crdito, de

    alienao de bens e de transferncias de capital. Gabarito: E.

    A questo 18 faz uma correlao errada entre as classificaes. Correntes,

    primrias e efetivas so formas diferentes de classificar as receitas, no

    podendo ser utilizadas como sinnimos. Alm disso, as operaes de crdito

    so receitas de capital. Questo ERRADA.

    A questo 19 traz, em seu enunciado, o conceito legal da contribuio de

    melhoria. Gabarito: E.

    Supervit do oramento corrente

    O supervit do oramento corrente (SOC) representa uma previso, na LOA,

    da diferena positiva a se obter entre o total da arrecadao de receitas

    correntes e o total da execuo das despesas correntes em um exerccio.

    Significa que o governo espera contar com recursos de custeio mais que

    suficientes para sustentar sua mquina administrativa, seus servios, seu

    custo de operao.

    A Lei 4.320/64 determina que o SOC seja classificado como receita de capital

    (art. 11, 2), embora no deva constituir item da receita oramentria

    (art. 11, 3).

    Isso no muito intuitivo, vamos dizer assim, n?

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    Vamos pensar na seguinte previso de receitas e despesas oramentrias, a

    partir de um montante fixado em R$ 150 bilhes:

    CORRENTES DE CAPITAL

    Receitas: R$ 100 bilhes Receitas: R$ 50 bilhes

    Despesas: R$ 80 bilhes Despesas: R$ 70 bilhes

    No caso acima, h uma diferena positiva de R$ 20 bilhes a favor das receitas

    correntes. Esse valor o SOC, que ser contabilizado como receita de capital.

    Dessa forma, as receitas de capital originais teriam o acrscimo do

    SOC de R$ 20 bi, alcanando a monta de R$ 70 bi.

    A lio transmitida pela lei a seguinte: se o governo arrecada mais do que

    gasta com seu custeio, a sobra financeira dever ser aplicada em favor do

    patrimnio duradouro do Estado, para gerar mais riqueza (ou para evitar o

    endividamento). Portanto, a vocao do supervit do oramento corrente ser

    aplicado em despesas de capital. Da ser classificado como receita de

    capital.

    E essa histria de o SOC no constituir item da receita oramentria?

    Significa que ele no pode ser contabilizado como nova arrecadao. O SOC

    est compreendido na estimativa de arrecadao das receitas

    correntes; consider-lo novo item de receita oramentria nova

    arrecadao seria incorrer em duplicidade. Esse erro ocorreria, utilizando

    o exemplo acima, no caso de se somar R$ 20 bilhes estimativa total de

    arrecadao de R$ 150 bi, chegando-se quantia irreal de R$ 170 bi.

    Como isso cai na prova?

    20. (FCC/ANALISTA/MP-SE/2009) O supervit do oramento corrente um exemplo de receita

    (A) financeira.

    (B) de capital.

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    (C) patrimonial.

    (D) extraoramentria.

    (E) intraoramentria.

    21. (FCC/ANALISTA/TRE-SE/2007) O supervit do oramento corrente constituir item de receita oramentria.

    22. (CESPE/ANALISTA/MPU/2010) O superavit do oramento corrente constitui item de receita oramentria, resultando do balanceamento dos

    totais das receitas e despesas correntes somadas ao passivo circulante e

    divididas pelo total da receita patrimonial.

    23. (CESPE/TCNICO SUPERIOR/MIN. SADE/2008) No existe nem deve existir perfeita correspondncia entre as respectivas categorias de receitas

    e de despesas. No entanto, recomendvel que exista um saldo positivo

    entre receitas de capital e despesas de capital, para a formao de

    poupana que financie os novos investimentos.

    Na questo 20, como acabamos de ver, a classificao aplicvel ao SOC a de

    receita de capital. Gabarito: B.

    A questo 21 est ERRADA: a lei dispe que o SOC no constituir item de

    receita oramentria, justamente pelo fato de representar uma previso de

    sobra dos recursos arrecadados.

    A questo 22 est ERRADA. Como vimos, o SOC no constitui item de receita

    oramentria. Alm disso, a operao matemtica referida pela questo no

    existe.

    Quanto questo 23, a poupana do governo, para financiar investimentos, ou

    para pagar dvida, se d pela manuteno de um saldo positivo entre receitas

    correntes e despesas correntes (ou seja, o SOC). Questo ERRADA.

    CLASSIFICAO DA RECEITA POR GRUPOS (AGENTES)

    Como informa o Manual Tcnico de Oramento da SOF/MPOG, a classificao

    da receita por grupos identifica quais agentes pblicos possuem

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    competncia legal para arrecadar, fiscalizar e administrar as receitas

    pblicas; dessa forma, instrumento oramentrio-gerencial identificador de

    determinados segmentos arrecadadores do setor pblico.

    Os grupos de receita so formados pela associao entre tipos especficos

    de unidades oramentrias (que abrangem os agentes responsveis) e de

    naturezas de receita. Os grupos so: Receitas Prprias, Receitas

    Administradas, Receitas de Operaes de Crdito, Receitas Vinculadas e

    Demais Receitas, como detalhado em seguida.

    Receitas Prprias

    As receitas prprias so aquelas arrecadadas a partir do esforo prprio de

    rgos e demais entidades nas atividades de fornecimento de bens ou

    servios e na explorao econmica do prprio patrimnio. A remunerao

    dessas atividades econmicas d-se por preo pblico ou tarifas, bem como o

    produto da aplicao financeira desses recursos.

    Geralmente, so receitas com fundamento na bilateralidade, ou seja,

    sem o exerccio do poder coercitivo estatal. Sua natureza contratual e,

    por isso, criam obrigaes recprocas para as partes contratantes (Estado e

    particulares).

    So recursos que, por um lado, no possuem destino especfico e, portanto,

    no so vinculadas por lei determinada despesa; por outro, pertencem

    unidade oramentria arrecadadora.

    Receitas Administradas

    As receitas administradas so auferidas pela Receita Federal, que detm a

    competncia para fiscalizar, arrecadar e administrar esses recursos, com

    amparo legal no Cdigo Tributrio Nacional e leis afins.

    Nesse grupo, concentra-se a maior parte dos tributos institudos pela Unio,

    principalmente depois da unificao das Secretarias da Receita Federal e da

    Receita Previdenciria.

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    Receitas de Operaes de Crdito

    Receitas financeiras provenientes da colocao de ttulos pblicos no mercado

    ou da contratao de emprstimos e financiamentos junto a entidades estatais

    ou privadas.

    Receitas Vinculadas

    As receitas vinculadas so aquelas que a lei determina a finalidade especfica

    de aplicao, exceto as classificadas como Receitas Administradas.

    Geralmente, so receitas cuja fiscalizao, administrao e arrecadao ficam

    a cargo das prprias entidades arrecadadoras, s quais resta a obrigao de

    efetuar o recolhimento para a Conta nica do Tesouro Nacional.

    Exemplos: Recursos de concesses, autorizaes e permisses para uso de

    bens da Unio ou para exerccio de atividades de competncia da Unio.

    Demais Receitas

    As demais receitas so aquelas previstas em lei ou de natureza contratual, que

    no se enquadram em nenhum dos grupos anteriores.

    Como isso cai na prova?

    24. (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2009) Receitas prprias dos rgos da administrao pblica, como tarifas e preos pblicos, tm registro na

    LOA.

    25. (CESPE/ANALISTA/STF/2008) Uma diferena que usualmente se estabelece entre receitas correntes e receitas de capital o carter

    recorrente das primeiras e espordico das ltimas. Do mesmo modo,

    entre as receitas prprias e as receitas de transferncias: as primeiras so

    livres, e as ltimas, vinculadas.

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    A questo 24 est CERTA. As receitas, independentemente de seu agente

    responsvel, devem ser previstas na LOA, e, quando arrecadadas, registradas

    como receitas oramentrias.

    A questo 25 est ERRADA: apesar da correlao correta no primeiro caso,

    tendo em vista esperar-se das receitas correntes maior frequncia na

    arrecadao, na segunda parte do enunciado faz-se uma inverso. As receitas

    prprias ficam sob gesto das unidades arrecadadoras, no sendo, portanto,

    livres; e as transferncias, muitas vezes, representam recursos sem

    utilizao definida, como o caso das transferncias constitucionais.

    ESTGIOS DA RECEITA

    Previso

    A previso da receita oramentria a estimativa para a arrecadao

    durante o exerccio, que tomar forma nos valores consignados pela LOA. O

    Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Pblico relaciona esse estgio a

    uma fase de planejamento executado pela rea tcnica do governo, com

    base na Metodologia de Projeo das Receitas Oramentrias.

    Conforme o MCASP,

    Esta metodologia busca traduzir matematicamente o comportamento da arrecadao de uma determinada receita ao longo dos meses e anos anteriores e refleti-la para os meses ou anos seguintes, utilizando-se de modelos matemticos.

    A importncia do estgio da previso para o oramento est em sua influncia

    sobre a fixao da despesa, cujo montante no poder, em princpio,

    superar a arrecadao estimada (princpio do equilbrio formal). Assim,

    esperado que a previso da receita obedea a rigorosos modelos de projeo,

    j que dela depender a definio do volume do oramento seguinte.

    Essa caracterstica tcnica que deve permear a previso oramentria

    impede, por exemplo, que se faam alteraes na estimativa de arrecadao a

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    partir de critrios polticos ou circunstanciais, conforme indica o seguinte

    dispositivo da Lei de Responsabilidade Fiscal:

    Art. 12, 1. Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo s ser admitida se comprovado erro ou omisso de ordem tcnica ou legal.

    Portanto, os clculos feitos pelos tcnicos do Executivo no podero ser

    suplantados por opinies sem perfil cientfico e objetivo, digamos assim.

    Como isso cai na prova?

    26. (CESPE/ANALISTA/STF/2008) A estimativa de arrecadao da receita resultante da metodologia de projeo das receitas oramentrias.

    A questo 26 est CERTA. Como vimos, h uma metodologia estabelecida no

    mbito do governo para se implementar a previso da receita.

    Lanamento

    Como dissemos, o MCASP correlaciona o supracitado estgio da previso a

    uma fase de planejamento das receitas, e considera os prximos trs estgios

    abrangidos pela fase de execuo da receita oramentria.

    Assim, o lanamento da receita j faz parte de sua execuo. Segundo o art.

    53 da Lei 4.320/64, O lanamento da receita o ato da repartio

    competente que verifica a procedncia do crdito fiscal e a pessoa que lhe

    devedora e inscreve o dbito desta.

    importante registrar que nem todas as receitas percorrem o estgio do

    lanamento. A Lei 4.320/64 firma o seguinte:

    Art. 52. So objeto de lanamento os impostos diretos e quaisquer outras rendas com vencimento determinado em lei, regulamento ou contrato.

    Assim, para lanar uma receita, conforme o Cdigo Tributrio Nacional, deve-

    se identificar o fato gerador da obrigao, calcular o montante devido,

    identificar o devedor e, se for o caso, propor a penalidade cabvel. E esses

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    passos no so aplicveis a diversos tipos de receita. Veja-se, por exemplo, o

    caso das transferncias, ou das operaes de crdito: no h devedor em

    sentido tributrio, no h crdito fiscal a se lanar, penalidade aplicvel etc.

    Como isso cai na prova?

    27. (CESPE/ANALISTA/MPU/2010) Os estgios da receita oramentria so previso, lanamento, arrecadao e recolhimento. Entretanto, o

    lanamento, que tem origem fiscal, no se aplica a todas as receitas

    oramentrias, mas basicamente s receitas tributrias, conforme dispe

    o Cdigo Tributrio Nacional.

    28. (CESPE/ANALISTA/STF/2008) No lanamento da receita, verificada a procedncia do crdito fiscal e a pessoa que lhe devedora.

    29. (FGV/ASSESSOR/DETRAN-RN/2010) Estgios da Receita Pblica so as etapas das aes realizadas pelos rgos e reparties encarregados de

    execut-las. O estgio utilizado para a arrecadao de tributos, e que se

    pode tambm aplicar a casos em que o Governo tenha direitos lquidos e

    certos, em virtude de leis, regulamentos ou contratos :

    A) Da Arrecadao.

    B) Do Lanamento.

    C) Da Previso.

    D) Do Recolhimento.

    E) Da Liquidao.

    A questo 27 est CERTA. Foram indicados todos os estgios da receita, e

    destacou-se a informao de que o lanamento est vinculado a um perfil de

    receitas, no se aplicando a todas.

    A questo 28 est CERTA, sem maiores complicaes. So discriminados os

    procedimentos pertencentes ao estgio do lanamento.

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    Na questo 29, o enunciado apresenta as caractersticas do estgio do

    lanamento da receita. Gabarito: B.

    Arrecadao

    A arrecadao envolve a entrega dos recursos devidos pelos contribuintes aos

    agentes arrecadadores ou s instituies financeiras autorizadas pelo

    ente recebedor, ainda sem chegada conta do Tesouro.

    Segundo a Lei 4.320/64, a arrecadao o estgio em que se registra o

    pertencimento da receita ao exerccio financeiro. Nos dizeres do art. 35, inc. I,

    Pertencem ao exerccio financeiro as receitas nele arrecadadas. Isso quer

    dizer que a receita arrecadada em 2010 ser contabilizada como receita de

    2010, para todos os fins.

    Portanto, a arrecadao no corresponde ainda disponibilizao dos

    recursos financeiros para uso do ente pblico. Pode haver um perodo em

    que esses recursos estejam em processamento na rede bancria, ou sob a

    posse de agentes arrecadadores. De qualquer modo, a disponibilidade

    financeira s se efetivar no prximo estgio, como se ver a seguir.

    Como isso cai na prova?

    30. (FCC/TCNICO/TRF-01/2006) Entre a arrecadao de tributos e o recolhimento h a distino de

    (A) guarda e entrega de valor.

    (B) diferena entre a previso e a arrecadao.

    (C) meios de que se valem os agentes arrecadadores.

    (D) responsabilidade do contribuinte.

    (E) natureza do crdito.

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    Na questo 30, a diferena entre a arrecadao e o recolhimento, visto em

    seguida, reside na guarda e na entrega do valor. Na arrecadao, os recursos

    financeiros ainda no se encontram disposio do ente pblico. Gabarito: A.

    Recolhimento

    O estgio do recolhimento consiste na entrega, pelos agentes arrecadadores e

    pela rede bancria autorizada, do produto da arrecadao ao caixa do Tesouro,

    correspondendo efetiva disponibilizao de recursos ao ente pblico.

    Segundo o MCASP, nesse estgio, deve ser observado o Princpio da

    Unidade de Caixa, representado pelo controle centralizado dos recursos

    arrecadados.

    Assim se manifesta a Lei 4.320/64 sobre esse estgio:

    Art. 56. O recolhimento de tdas as receitas far-se- em estrita observncia ao princpio de unidade de tesouraria, vedada qualquer fragmentao para criao de caixas especiais.

    Como isso cai na prova?

    31. (FCC/TCNICO/TCM-PA/2010) O recolhimento de todas as receitas far-se- em estrita observncia ao princpio de unidade de tesouraria, vedada

    qualquer fragmentao para criao de caixas especiais.

    A questo 31 reproduz o teor do art. 56 da Lei 4.320/64, sem alterao de

    sentido. Questo CERTA.

    DVIDA ATIVA

    Inicialmente, para tratar desse tema, vamos pensar numa situao ilustrativa.

    Um servidor federal, no ano de 2012, aps preencher sua declarao de

    imposto de renda, verifica, pelo sistema da Receita Federal, que dever ainda

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    pagar R$ 500,00 referentes a esse imposto ao Fisco, alm daquilo que foi

    abatido na fonte de seus pagamentos durante todo o ano de 2011.

    Entretanto, por razes quaisquer, deixa de recolher os R$ 500,00 junto

    Receita, ultrapassando-se o prazo de pagamento.

    A Receita Federal havia registrado os R$ 500,00 como estimativa de receita.

    Porm, diante do no pagamento por parte do servidor contribuinte, ao invs

    de a contabilidade acusar recebimento de receita tributria, far um

    registro de um direito no recebido a receber afinal de contas, o

    referido servidor dever pagar esse resto de imposto, mais cedo ou mais

    tarde.

    Essa historinha nos apresenta uma hiptese de registro de dvida ativa. A

    dvida ativa constitui um direito a receber por parte do ente pblico. Ela

    representa a possibilidade de ocorrncia de fluxos de receita em momento

    futuro, quando as obrigaes dos devedores forem cumpridas. Por isso,

    contabilizada no ativo do ente.

    No exemplo que vimos, ela tributria, porque o pagamento no realizado

    tem essa natureza (imposto de renda no recolhido). Portanto, impostos,

    taxas, contribuies de melhoria, alm dos adicionais, juros e multas

    incidentes sobre essas figuras, podem dar ensejo ao registro de dvida ativa

    tributria, caso no seja feito o correspondente pagamento.

    Entretanto, a dvida ativa tambm pode ser no tributria: nesse caso, o no

    pagamento relaciona-se a obrigaes no tributrias (atraso de pagamento de

    concesso de uso de bem pblico, de aluguel de imvel pblico, custas

    processuais etc.), que no foram cumpridas pelos respectivos devedores.

    Vale ressaltar que a dvida ativa abrange valores adicionais, como atualizao

    monetria e juros. Vou deixar a Lei 4.320/64 responder por mim:

    Art. 39, 4 - A receita da Dvida Ativa abrange os crditos mencionados nos pargrafos anteriores, bem como os valores correspondentes respectiva atualizao monetria, multa e juros de mora e ao encargo de que tratam o art. 1 do Decreto-lei n 1.025, de 21 de outubro de 1969, e o art. 3 do Decreto-lei n 1.645, de 11 de dezembro de 1978.

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    Assim, a dvida ativa compreende o principal e os acessrios que incidem

    sobre ele.

    Dvida ativa segundo o MCASP

    A partir de agora, vamos falar da dvida ativa conforme as orientaes do

    Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Pblico.

    Para comear, considere que, antes mesmo do registro da dvida ativa, houve

    o registro de um crdito anterior. O ente pblico faz estimativas de

    arrecadao tributria e de recebimento de receitas prprias, e lana essas

    estimativas como crditos a receber. Vamos cham-los de crditos

    iniciais.

    Se os devedores pagarem em dia suas obrigaes, esses crditos iniciais so

    extintos, registra-se a receita oramentria, e acabou-se a histria. Porm, se

    os devedores atrasarem o pagamento, o crdito inicial convertido em dvida

    ativa um direito a receber.

    Outro detalhe curioso que, na esfera federal, as unidades responsveis

    pelo crdito inicial e pela dvida ativa correspondente so diferentes. Na

    esfera federal, por exemplo, a Receita Federal a principal responsvel pela

    arrecadao dos impostos; mas a responsabilidade pela execuo da dvida

    ativa (exigncia do pagamento) da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional,

    unidade integrante da Advocacia-Geral da Unio.

    Assim, se o devedor atrasar seu pagamento, dando ensejo ao registro da

    dvida ativa, ocorre uma transferncia de crditos entre as unidades

    envolvidas: a responsvel pelo crdito inicial d baixa no crdito inicial, e a

    responsvel pela dvida ativa registra uma entrada de crdito, no valor

    correspondente.

    Assim, no nascimento da dvida ativa, a unidade responsvel por ela registra

    um direito a receber junto ao devedor, em razo de sua inadimplncia, e a

    unidade originria, responsvel pelo crdito inicial, registra uma baixa em seu

    Ativo.

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    Desse modo, o registro de dvida ativa afeta positivamente o patrimnio da

    unidade responsvel pela cobrana, embora no tenha efeitos sobre o caixa.

    Por isso, em alguns concursos, j se falou que o registro da dvida ativa

    exceo ao princpio de caixa.

    Entretanto, temerrio entender exatamente dessa forma; o que afeta

    positivamente o patrimnio, nesse caso, no receita, j que no h

    ingresso de recursos. Na contabilidade pblica, tecnicamente, classifica-se esse

    fato como uma variao ativa.

    Assim, dizer que a dvida ativa uma exceo ao princpio de caixa no

    corresponde muito bem realidade. Mas, volta e meia, as provas trazem esse

    entendimento, e no nos cabe brigar com as bancas.

    Prosseguindo com o raciocnio, ao ser quitada, a dvida ativa convertida em

    receita oramentria pertencente ao exerccio do pagamento, sob a

    classificao econmica outras receitas correntes.

    Reforando o que eu disse, a dvida ativa em si, como direito a receber, no

    corresponde a uma receita, mas a um fato contbil aumentativo,

    independente da execuo oramentria a variao ativa que ressaltamos.

    Vamos deixar bem assentado que essa receita oramentria proveniente do

    pagamento da dvida ativa envolve a baixa do direito a receber ou seja,

    temos a uma receita no efetiva (sem aumento no patrimnio). O

    patrimnio pblico j havia sido incrementado antes, com o registro do direito

    a receber.

    Como isso cai na prova?

    32. (FCC/TCNICO/TCM-PA/2010) Em um governo municipal, um exemplo de receita de capital aquela oriunda do recebimento de tributos inscritos

    em dvida ativa.

    33. (FCC/PROCURADOR/TCE-CE/2006) Na execuo da dvida ativa de natureza tributria, a representao da Unio cabe Procuradoria-Geral

    da Fazenda Nacional, observado o disposto em lei.

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    34. (ESAF/ANALISTA/ANA/2009) Acerca da Dvida Ativa, correto afirmar:

    a) a Dvida Ativa inscrita goza da presuno de liquidez e certeza, e tem

    equivalncia de prova pr-constituda contra o devedor.

    b) no mbito da Unio, compete Receita Federal do Brasil apurar a

    liquidez e certeza dos crditos tributrios a serem inscritos em Dvida Ativa.

    c) apenas crditos tributrios so passveis de inscrio em Dvida Ativa.

    d) considera-se absoluta a presuno de liquidez e certeza de crdito

    inscrito em Dvida Ativa.

    e) no mbito da Unio, compete Receita Federal do Brasil apurar a

    liquidez e certeza dos crditos no tributrios a serem inscritos em Dvida

    Ativa.

    35. (CESPE/ANALISTA/TRE-TO/2006) Os crditos inscritos em dvida ativa no so objeto de atualizao monetria, juros ou multas, previstos em

    contratos ou em normativos legais, no sendo, portanto, esses valores

    incorporados ao valor original inscrito.

    Como j vimos anteriormente, a receita decorrente do pagamento da dvida

    ativa, pelo devedor, uma receita corrente (outras receitas correntes). A

    questo 32 est ERRADA.

    A questo 33 reproduz corretamente a titularidade da execuo da dvida ativa

    da Unio, por parte da PGFN. Alm disso, o enunciado uma disposio

    constitucional (art. 131, 3). Questo CERTA.

    Afastando a Receita da titularidade quanto ao processamento e execuo da

    dvida ativa, exclumos as letras B e E da questo 34. Adicionalmente, como

    vimos, receitas no tributrias tambm podem ser inscritas em dvida ativa, o

    que elimina a letra C. Resta-nos, portanto, considerar se a presuno de

    liquidez e certeza da dvida ativa absoluta ou no. Conforme o art. 204 do

    Cdigo Tributrio Nacional, A dvida regularmente inscrita goza da presuno

    de certeza e liquidez e tem o efeito de prova pr-constituda. Isso

    flexibilizado pelo pargrafo nico do mesmo artigo, que diz: A presuno a

    que se refere este artigo relativa e pode ser ilidida por prova inequvoca, a

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    cargo do sujeito passivo ou do terceiro a que aproveite. Dessa forma, o

    gabarito a letra A.

    A questo 35 est ERRADA. J vimos que os adicionais cobrados sobre o valor

    principal da dvida ativa passam a integrar o dbito.

    Bom, caro aluno, finalizamos aqui nossa aula de hoje.

    Espero voc na semana que vem, para tratarmos de despesa pblica e tpicos

    relacionados, e a qualquer momento, no frum de dvidas.

    Bons estudos!

    GRACIANO ROCHA

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    RESUMO DA AULA

    1. Para a cincia da Contabilidade, o registro de receita significa um aumento na situao patrimonial de uma entidade, devido a um incremento do

    Ativo ou a uma diminuio do Passivo. Esse aumento da situao

    patrimonial pode, ou no, envolver o recebimento de dinheiro.

    2. Mesmo receitas no previstas no Oramento, se arrecadadas, sero consideradas oramentrias, e, dessa forma, podero ser utilizadas para

    aplicao em aes governamentais.

    3. Receitas extraoramentrias so entradas compensatrias no ativo e no passivo financeiros, que no precisam de autorizao legislativa para seu

    ingresso no caixa.

    4. Segundo o critrio strictu sensu, receita pblica a entrada que, integrando-se ao patrimnio pblico sem quaisquer reservas, condies ou

    correspondncia no passivo, vem acrescer o seu vulto como elemento

    novo e positivo.

    5. Segundo o critrio lato sensu, receitas pblicas so todas e quaisquer entradas de fundos nos cofres do Estado, independentemente de sua

    origem ou fim.

    6. O critrio lato sensu permite classificar receitas oramentrias como efetivas e no efetivas (sob o critrio strictu sensu, receitas sempre sero

    efetivas).

    7. A classificao econmica da receita traz os seguintes nveis: categoria econmica; origem; espcie; rubrica; alnea; subalnea.

    8. As receitas correntes so, tipicamente, receitas de custeio: servem para suportar a manuteno e o funcionamento de atividades administrativas.

    Por sua vez, receitas de capital servem aquisio ou formao de bens

    de capital. Bens de capital, segundo a teoria econmica, seriam aqueles

    capazes de gerar novos bens ou servios, produzindo riqueza.

    9. Via de regra, as receitas correntes so receitas efetivas; elas aumentam o patrimnio pblico. Ora so resultado da atividade arrecadatria do

    Estado, ora da atividade empresarial/comercial pblica.

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    10. As receitas de capital, tambm via de regra, so receitas por mutao, no efetivas, e, por isso, no afetam o patrimnio. Envolvem registros

    contbeis que se anulam.

    11. Receitas primrias representam todas as receitas oramentrias que no tm interface financeira (obteno de emprstimos, venda de ttulos,

    recebimento de operaes de crdito etc.). Ou seja, so receitas sem

    relao com o endividamento pblico.

    12. As transferncias de recursos intergovernamentais podem constituir receitas correntes ou receitas de capital.

    13. O supervit do oramento corrente representa a diferena positiva entre o total da arrecadao de receitas correntes e o total da execuo das

    despesas correntes em um exerccio. Significa que o governo teve

    recursos de custeio mais que suficientes para sustentar sua mquina

    administrativa. Essa sobra financeira dever ser aplicada em favor do

    patrimnio duradouro do Estado, para gerar mais riqueza.

    14. As receitas intraoramentrias esto relacionadas realizao de despesas dentro da mesma esfera de governo. Nesse caso, ocorre apenas

    uma circulao interna de recursos, que no saem do caixa do Tesouro

    Nacional.

    15. A classificao da receita por grupos identifica quais agentes pblicos possuem competncia legal para arrecadar, fiscalizar e administrar as

    receitas pblicas.

    16. Receitas prprias so aquelas arrecadadas a partir do esforo prprio de rgos e demais entidades nas atividades de fornecimento de bens ou

    servios e na explorao econmica do prprio patrimnio.

    17. As receitas administradas so auferidas pela Receita Federal, que detm a competncia para fiscalizar, arrecadar e administrar esses recursos.

    18. A Lei 4.320/64 estabelece trs estgios percorridos pela receita oramentria em sua execuo, mas a doutrina e as provas entendem

    existir mais um, que antecede todos eles: a previso, que se caracteriza

    como um estgio de planejamento.

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    19. Segundo o art. 53 da Lei 4.320/64, O lanamento da receita o ato da repartio competente que verifica a procedncia do crdito fiscal e a

    pessoa que lhe devedora e inscreve o dbito desta. Nem todas as

    receitas percorrem o estgio do lanamento.

    20. A arrecadao envolve a entrega dos recursos devidos pelos contribuintes aos agentes arrecadadores ou s instituies financeiras autorizadas pelo

    ente recebedor, ainda sem chegada conta do Tesouro. Segundo a Lei

    4.320/64, a arrecadao o estgio em que se registra o pertencimento

    da receita ao exerccio financeiro.

    21. O estgio do recolhimento consiste na entrega, pelos agentes arrecadadores e pela rede bancria autorizada, do produto da arrecadao

    ao caixa do Tesouro, correspondendo efetiva disponibilizao de

    recursos ao ente pblico.

    22. A dvida ativa constitui um direito a receber por parte do ente pblico, e pode ser classificada como tributria ou no tributria, a depender do tipo

    de obrigao que lhe deu origem.

    23. A dvida ativa abrange a obrigao principal e os valores correspondentes respectiva atualizao monetria, multa e juros de mora.

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    QUESTES COMENTADAS NESTA AULA

    1. (CESPE/ANALISTA/ANAC/2009) A contabilidade aplicada ao setor pblico, assim como qualquer outro ramo da cincia contbil, obedece aos

    princpios fundamentais de contabilidade. Dessa forma, aplica-se, em sua

    integralidade, o princpio da competncia, tanto para o reconhecimento da

    receita quanto para a despesa.

    2. (FCC/ANALISTA/MP-PE/2006) Pode-se definir receita oramentria efetiva como aquela que proporciona aumento real do saldo patrimonial, porque

    no existe aumento do passivo permanente nem uma reduo do ativo

    permanente.

    3. (FGV/PROCURADOR/TCM-RJ/2008) Para a doutrina moderna, ingresso e receita so sinnimos, pois em ambos o dinheiro recolhido entra nos

    cofres pblicos e em ambas as situaes incorporam-se ao patrimnio do

    Estado.

    4. (ESAF/ANALISTA/ANA/2009) As receitas efetivas modificam a situao patrimonial lquida da entidade somente quando possvel o seu registro

    pelo regime de competncia.

    5. (FGV/CONTADOR/DETRAN-RN/2010) As receitas obtidas com caues, fianas e consignaes so:

    A) Receitas de capital.

    B) Receitas correntes.

    C) Receitas extraoramentrias.

    D) Receitas oramentrias.

    E) Receitas tributrias.

    6. (CESPE/ANALISTA/MPU/2010) A receita oramentria, sob as rubricas prprias, engloba todas as receitas arrecadadas e que no possuem

    carter devolutivo, inclusive as provenientes de operaes de crdito. Por

    sua vez, os ingressos extraoramentrios so aqueles pertencentes a

    terceiros, arrecadados pelo ente pblico, exclusivamente para fazer face

    s exigncias contratuais pactuadas para posterior devoluo.

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    7. (CESPE/ANALISTA/TRT-17/2009) A receita pblica somente pode ser considerada oramentria se estiver includa na lei oramentria anual.

    8. (ESAF/TCNICO SUPERIOR/ENAP/2006) A receita pblica, quanto sua natureza, dividida em Oramentria e Extraoramentria. Assinale

    abaixo a nica receita que classificada como Receita Oramentria.

    a) Depsitos de terceiros.

    b) Receita de operaes de crdito.

    c) Salrios no-reclamados.

    d) Operaes de crdito por antecipao de receita.

    e) Caues em dinheiro.

    9. (FGV/AUDITOR/TCM-RJ/2008) Segundo a melhor doutrina, a receita originria pode ser considerada a que tem origem no patrimnio do

    particular, pelo exerccio do poder de imprio do Estado, enquanto a

    receita derivada a que tem origem no prprio patrimnio pblico, em

    que o Estado atua como empresrio por meio de um acordo de vontades,

    e no com seu poder de imprio, por isso no h compulsoriedade na sua

    instituio.

    10. (CESPE/TCNICO SUPERIOR/MIN. SADE/2008) Quando um cidado paga o imposto sobre a renda em atraso, a parcela correspondente ao imposto

    dita receita originria, enquanto a multa de mora e os juros sobre o

    atraso so considerados receita derivada.

    11. (CESPE/ANALISTA/TRE-MA/2009) O cdigo de natureza de receita busca classificar a receita identificando a origem do recurso segundo seu fato

    gerador, sendo desmembrado em nveis. A subdiviso das categorias

    econmicas representa pela

    A) origem.

    B) fonte.

    C) espcie.

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    D) subfonte.

    E) rubrica.

    12. (CESPE/ADMINISTRADOR/AGU/2010) Receitas intraoramentrias so diferentes de receitas correntes e de capital.

    13. (FCC/ANALISTA/TRE-SE/2007) As receitas correntes so destinadas a atender despesas classificveis em despesas correntes.

    14. (FGV/ANALISTA/SEFAZ-RJ/2011) So Receitas Correntes as receitas tributrias, de contribuies, patrimonial, agropecuria, industrial, de

    servios e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros

    recebidos de outras pessoas de direito pblico ou privado, quando

    destinadas a atender despesas classificveis em Despesas Correntes.

    15. (CESPE/ECONOMISTA/MIN. SADE/2009) As transferncias de recursos intergovernamentais podem constituir, para o ente beneficirio, receitas

    correntes ou receitas de capital.

    16. (FCC/ANALISTA/TRE-AM/2009) De acordo com a Lei n 4.320/64, as receitas correntes so constitudas, entre outras, pelas Receitas de

    Contribuies. Um item classificado como Receita de Contribuio aquele

    oriundo de

    (A) contribuio de melhoria.

    (B) multas e juros de mora da contribuio do salrio-educao.

    (C) contribuio social para o financiamento da seguridade social COFINS.

    (D) fundo de participao dos municpios FPM.

    (E) restituies de convnios.

    17. (FCC/ANALISTA/TCE-GO/2009) A receita oramentria compreende os recursos auferidos na gesto a serem computados na apurao do

    resultado do exerccio e desdobrados em receitas correntes e receitas de

    capital. Constituem receita de capital as receitas

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    (A) tributria, de alienao de bens e patrimonial.

    (B) imobiliria, com valores mobilirios e agropecuria.

    (C) de servios, patrimonial, industrial e de contribuies rurais.

    (D) industrial, de operaes de crdito e de alienao de bens.

    (E) de operao de crdito, de alienao de bens e de transferncias de

    capital.

    18. (CESPE/ANALISTA/ANCINE/2006) As receitas correntes, tambm denominadas primrias ou efetivas, correspondem a receitas tributria, de

    contribuies, patrimonial, agropecuria, industrial, de servios e de

    operaes de crditos.

    19. (FCC/ANALISTA/MP-SE/2009) A receita instituda para fazer face ao custo de obras pblicas de que decorra valorizao imobiliria, tendo como

    limite total a despesa realizada e como limite individual o acrscimo de

    valor que da obra resultar para cada imvel beneficiado, ser classificada

    como

    (A) receita de servios.

    (B) taxa.

    (C) contribuio social.

    (D) contribuio de interveno no domnio econmico.

    (E) contribuio de melhoria.

    20. (FCC/ANALISTA/MP-SE/2009) O supervit do oramento corrente um exemplo de receita

    (A) financeira.

    (B) de capital.

    (C) patrimonial.

    (D) extraoramentria.

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    (E) intraoramentria.

    21. (FCC/ANALISTA/TRE-SE/2007) O supervit do oramento corrente constituir item de receita oramentria.

    22. (CESPE/ANALISTA/MPU/2010) O superavit do oramento corrente constitui item de receita oramentria, resultando do balanceamento dos

    totais das receitas e despesas correntes somadas ao passivo circulante e

    divididas pelo total da receita patrimonial.

    23. (CESPE/TCNICO SUPERIOR/MIN. SADE/2008) No existe nem deve existir perfeita correspondncia entre as respectivas categorias de receitas

    e de despesas. No entanto, recomendvel que exista um saldo positivo

    entre receitas de capital e despesas de capital, para a formao de

    poupana que financie os novos investimentos.

    24. (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2009) Receitas prprias dos rgos da administrao pblica, como tarifas e preos pblicos, tm registro na

    LOA.

    25. (CESPE/ANALISTA/STF/2008) Uma diferena que usualmente se estabelece entre receitas correntes e receitas de capital o carter

    recorrente das primeiras e espordico das ltimas. Do mesmo modo,

    entre as receitas prprias e as receitas de transferncias: as primeiras so

    livres, e as ltimas, vinculadas.

    26. (CESPE/ANALISTA/STF/2008) A estimativa de arrecadao da receita resultante da metodologia de projeo das receitas oramentrias.

    27. (CESPE/ANALISTA/MPU/2010) Os estgios da receita oramentria so previso, lanamento, arrecadao e recolhimento. Entretanto, o

    lanamento, que tem origem fiscal, no se aplica a todas as receitas

    oramentrias, mas basicamente s receitas tributrias, conforme dispe

    o Cdigo Tributrio Nacional.

    28. (CESPE/ANALISTA/STF/2008) No lanamento da receita, verificada a procedncia do crdito fiscal e a pessoa que lhe devedora.

    29. (FGV/ASSESSOR/DETRAN-RN/2010) Estgios da Receita Pblica so as etapas das aes realizadas pelos rgos e reparties encarregados de

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    execut-las. O estgio utilizado para a arrecadao de tributos, e que se

    pode tambm aplicar a casos em que o Governo tenha direitos lquidos e

    certos, em virtude de leis, regulamentos ou contratos :

    A) Da Arrecadao.

    B) Do Lanamento.

    C) Da Previso.

    D) Do Recolhimento.

    E) Da Liquidao.

    30. (FCC/TCNICO/TRF-01/2006) Entre a arrecadao de tributos e o recolhimento h a distino de

    (A) guarda e entrega de valor.

    (B) diferena entre a previso e a arrecadao.

    (C) meios de que se valem os agentes arrecadadores.

    (D) responsabilidade do contribuinte.

    (E) natureza do crdito.

    31. (FCC/TCNICO/TCM-PA/2010) O recolhimento de todas as receitas far-se- em estrita observncia ao princpio de unidade de tesouraria, vedada

    qualquer fragmentao para criao de caixas especiais.

    32. (FCC/TCNICO/TCM-PA/2010) Em um governo municipal, um exemplo de receita de capital aquela oriunda do recebimento de tributos inscritos

    em dvida ativa.

    33. (FCC/PRO