AFO Aula 04 (9)

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  • ADMINISTRAO FINANCEIRA E ORAMENTRIA AFO ANALISTA JUDICIRIO REA ADMINISTRATIVA / STF

    TEORIA E EXERCCIO PROF.: DEUSVALDO CARVALHO E MARCIO CECCATO

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    AULA 04 RECEITA PBLICA Amigos estudantes,

    Receita e despesa pblica so temas de contedo bastante vasto e, portanto, sempre exigidos em provas de concurso.

    Para melhor fixao da matria e anlise do comportamento da banca examinadora, conseguimos disponibilizar para vocs mais de 70 questes do CESPE nas trs baterias Questes de Concursos Pblicos, alm daquelas eventualmente inseridas ao longo do texto.

    Dessa forma, no se assuste com a quantidade de pginas nesta aula. Pouco mais de 42% delas esto destinadas s questes e respectivas resolues comentadas.

    Importante! No deixe de estudar/resolver as questes.

    Recordamos que nossas notas de aula abrangem o contedo elaborado de maneira focada e so suficientes para seu sucesso na prova. Procure aproveitar ao mximo este material.

    Nesta aula abordaremos o seguinte contedo:

    AULA CONTEDO

    04 5 Receita pblica. 5.1 Conceito e classificaes. 5.2 Estgios. 5.3 Fontes. 5.4 Dvida ativa.

    Sumrio da aula:

    1 PARTE

    1. Introduo

    2. Conceito de Receita Pblica (Reconhecimento da Receita sob Enfoque Oramentrio)

    3. Classificaes

    3.1. Oramentria x Extraoramentria

    3.2. Resultante x Independente da Execuo Oramentria

    3.3. Originria x Derivada

    3.4. Efetiva x No Efetiva

    3.5. Primria x Financeira

    3.6. Ordinria x Extraordinria

    4. Classificao Econmica da Receita

    4.1. Receita Corrente

    4.2. Receita de Capital

    5. Receita Intraoramentria

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    6. Codificao da Natureza da Receita

    7. Fonte e Destinao de Recursos

    8. Questes de Concursos Pblicos (CONTEDO 1 PARTE)

    2 PARTE

    1. Etapas da Receita Pblica

    1.1. Planejamento

    1.2. Execuo (Lanamento, Arrecadao e Recolhimento)

    1.3. Controle e Avaliao

    1.4. Questes de Concurso Pblico (ETAPAS DA RECEITA)

    2. Dvida Ativa

    2.1. Consideraes Gerais

    2.2. Aspectos Patrimoniais Sobre a Dvida Ativa

    2.3. Questes de Concurso Pblico (DVIDA ATIVA)

    Lembre-se! Aps cada bateria de questes de concurso comentadas, ns disponibilizamos, logo em seguida, a mesma lista de exerccios, todavia, sem resoluo, para que o aluno, a seu critrio, as resolva antes de ver o gabarito e ler os comentrios correspondentes.

    Sucesso em sua jornada! Bons estudos.

    1 PARTE 1. Introduo A finalidade da existncia do Estado garantir o bem geral e sem distino populao, assim, deve prestar servios e fornecer os demais meios para a consecuo de uma sociedade digna, procurando atingir os fundamentos da Repblica de construir uma sociedade livre, garantir o desenvolvimento nacional e reduzir as desigualdades sociais.

    Nesse sentido, a ao estatal se concretiza quando o Governo adquire bens e servios para a manuteno da mquina administrativa, constri rodovias, escolas etc.

    Para tanto, imprescindvel a obteno de recursos financeiros. Trata-se da denominada atividade financeira do Estado, a qual objetiva auferir recursos para a realizao das necessrias despesas pblicas.

    Os recursos principais, carro-chefe dos governos, so os tributos, exigidos com a finalidade de realizar gastos objetivando o bem-estar da populao e o desenvolvimento do Estado.

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    O estudo das receitas e das finanas pblicas est ligado aos fenmenos da obteno de recursos e da execuo de despesas pblicas, a serem realizadas pelos entes estatais.

    O Direito Financeiro, inserido nesse contexto, o conjunto de normas que regula a atividade financeira do Estado: arrecadao de receitas, dispndio de recursos, oramento, crdito, avais, garantias, emprstimos etc.

    Resumidamente, a atividade financeira do Estado est pautada em:

    OBTER RECEITA PBLICA

    CRIAR CRDITO PBLICO

    GERIR ORAMENTO PBLICO

    DESPENDER DESPESA PBLICA

    No Brasil os tributos so a principal fonte de recursos financeiros do Estado, devidamente previstos pela legislao, em especial na Constituio Federal e no Cdigo Tributrio Nacional CTN, arrecadados pelo Poder Pblico de forma contnua e permanente com a finalidade de atender as necessidades ou demandas tambm ininterruptas da populao.

    2. Conceito de Receita Pblica (Reconhecimento da Receita sob Enfoque Oramentrio) O planejamento oramentrio um procedimento imprescindvel para qualquer entidade, pblica ou privada, que objetiva otimizar e priorizar a aplicao das receitas, sempre limitadas em funo das demandas.

    Conforme determinado na Carta Magna, o Poder Pblico deve planejar, para cada ano, as atividades que pretende desenvolver. Para tanto, necessrio que sejam estimadas as receitas a serem auferidas, tendo por base parmetros tcnicos estabelecidos em normas infraconstitucionais, para que se possam planejar quais despesas podero ser executadas.

    O oramento pblico a pea que materializa a previso da receita a ser arrecadada e da despesa a ser incorrida no perodo de um exerccio financeiro.

    Assim, nos entes da Federao o Poder Executivo planeja e o Legislativo autoriza a execuo do oramento pblico, atravs da Lei Oramentria Anual (LOA). Na LOA esto includas as receitas

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    oramentrias que se pretende arrecadar e as despesas oramentrias a serem executadas.

    Atente-se para o fato de que o oramento pblico dinmico. Apesar de planejado e aprovado antecipadamente, ele pode sofrer modificaes durante sua execuo ao longo do exerccio financeiro.

    Alteraes essas que se apresentem necessrias por diversos motivos, tais como, por exemplo: uma epidemia obrigou aumentar os gastos com sade; crise financeira que ocasionou a queda na arrecadao e necessria reduo de despesas; arrecadao de receitas acima do esperado de forma que possam ser executadas outras despesas de projetos inicialmente no planejados etc.

    Guarde bem essa informao! A Contabilidade Pblica classifica como receita qualquer ingresso de recurso financeiro, mesmo que seja transitrio, de propriedade de terceiros e com obrigao de restituio imediata. Todavia, para fins de controle e execuo do oramento h necessidade de saber no apenas se ocorreu o ingresso financeiro, mas se este recurso est disponvel para aplicao em novas despesas.

    Pode-se dizer que o art. 35 da Lei no 4.320/1964 informa uma regra de austeridade fiscal para fins de execuo e controle do oramento pblico, podendo ser inclusive denominado Regime Oramentrio.

    Lei no 4.320/1964:

    Art. 35. Pertencem ao exerccio financeiro:

    I as receitas nele arrecadadas;

    II as despesas nele legalmente empenhadas.

    Assim, sob o enfoque oramentrio, para fins de administrao financeira e oramentria, acompanhamento da arrecadao das receitas e autorizao para execuo de despesas e liberao de recursos financeiros, o administrador pblico deve observar as receitas efetivamente arrecadadas.

    Tal regra objetiva evitar que a execuo das despesas oramentrias ultrapasse a arrecadao efetiva. Assim, a receita sob o enfoque oramentrio ocorre quando h ingresso financeiro, desde que esteja disponvel para pagamento de despesas oramentrias. Mas no apenas isso.

    De acordo com o Manual da Receita Nacional, receita pelo enfoque oramentrio so todos os ingressos disponveis para cobertura de despesas oramentrias e operaes que, mesmo no havendo ingresso de recursos, financiam despesas oramentrias.

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    Dessa forma, sob a tica oramentria, operaes que financiem despesa oramentria tambm geram receitas, mesmo que no ocorra efetivo ingresso financeiro.

    Nos entes da Federao ocorre, em determinadas transaes, o registro da receita oramentria, mesmo no havendo ingressos efetivos, devido necessidade de autorizao legislativa para sua realizao.

    Exemplos: Transaes como aquisies financiadas de bens e arrendamento mercantil financeiro so registradas como receita oramentria e despesa oramentria, pois so consideradas operao de crdito pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

    LRF (LC n 101/2000):

    Art. 29, III operao de crdito: compromisso financeiro assumido em razo de mtuo, abertura de crdito, emisso e aceite de ttulo, aquisio financiada de bens, recebimento antecipado de valores provenientes da venda a termo de bens e servios, arrendamento mercantil e outras operaes assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiro.

    Portanto, sob a tica oramentria, na aquisio financiada de um bem ocorre receita, pois tal transao financiou o pagamento da despesa.

    Receita Pblica Reconhecimento da Receita sob Enfoque Oramentrio:

    Receita pelo enfoque oramentrio, ou seja, para fins de controle e execuo do oramento pblico, so todos os ingressos disponveis para cobertura das despesas oramentrias e operaes que, mesmo no havendo ingresso de recursos, financiam despesas oramentrias.

    3. Classificaes Existem diversas classificaes da receita pblica. Abordaremos, de forma focada neste tpico, somente aquelas necessrias para seu sucesso nesta prova, tendo por base os tpicos exigidos no edital regulador do concurso.

    3.1. Oramentria x Extraoramentria Receita oramentria: so ingressos de recursos financeiros que se incorporam definitivamente ao patrimnio pblico, pois pertencem entidade que o recebe.

    Exemplos:

    recebimento de tributos;

    obteno de emprstimos;

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    venda de bens.

    Ateno! importante entender que receita oramentria no somente aquela prevista na lei oramentria, mas sim todos os recursos recebidos e que se incorporam definitivamente ao patrimnio pblico.

    Existe arrecadao de receita oramentria mesmo que no esteja prevista na LOA, a exemplo da parcela do supervit de arrecadao.

    Receita extraoramentria: so ingressos de recursos financeiros que NO se incorporam definitivamente ao patrimnio, pois NO pertencem entidade que o recebe. So recursos que esto apenas momentaneamente transitando pelo patrimnio e sero oportunamente restitudos ao seu proprietrio.

    Exemplos:

    caues e garantias em dinheiro;

    depsitos judiciais;

    retenes da folha de pagamento (contribuio sindical, contribuio previdenciria etc.)

    A caracterstica que distingue a receita oramentria da extraoramentria o fato do recurso financeiro pertencer entidade que o recebe, podendo assim ser incorporado definitivamente (ou no) ao patrimnio.

    importante entender que uma receita extraoramentria pode vir a incorporar definitivamente o patrimnio pblico. uma espcie de metamorfose de receita, ou seja, receita extraoramentria que se transforma em oramentria.

    Exemplo: Cauo em dinheiro paga por um contratado da Administrao Pblica como garantia de execuo do contrato. Caso haja aplicao de penalidade em virtude de descumprimento de clusula contratual, a Administrao Pblica deve reter definitivamente o valor a seu favor e recolher ao Caixa nico do Tesouro Nacional.

    Dica! Observe o aspecto jurdico quanto propriedade do ingresso financeiro (Quem o dono desse dinheiro?). Para ser uma receita oramentria o ingresso precisa pertencer entidade que o recebe, mesmo que haja uma correspondente obrigao passiva de pagamento.

    Uma operao de crdito (obteno de emprstimo), por exemplo, gera receita oramentria. Os recursos provenientes desse emprstimo, quando ingressam no patrimnio, passam a ser de propriedade da entidade devedora, apesar de sua obrigao futura de pagamento. Perceba que, caso o devedor se torne inadimplente,

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    ele estar sujeito simplesmente a multas e outras penalidades de um mau pagador.

    J a contribuio sindical retida na fonte (folha de pagamento) por um municpio, por exemplo, gera uma receita extraoramentria. Quando o municpio efetua o pagamento mensal aos seus servidores, retm o valor autorizado previamente de contribuio sindical, descontado da remunerao, o qual dever ser repassado (recolhido) para o respectivo sindicato.

    Tais recursos financeiros, apesar de ainda estarem contidos no patrimnio do municpio, no pertencem mais a esse ente. Caso no sejam repassados estar configurado o crime de apropriao indbita, previsto no Cdigo Penal, pois tais recursos so de propriedade do sindicato.

    Qual seria a finalidade de se registrar os recursos extraoramentrios?

    Pois, em tese, todos os recursos pblicos arrecadados devero ser registrados e recolhidos ao Caixa nico do Tesouro Nacional, independentemente de ser oramentrio ou extraoramentrio. o Princpio da Unidade de Caixa ou de Tesouraria, combinado com o Princpio da Oportunidade.

    Mesmo que o recurso permanea por apenas um dia ou uma hora, dever ser registrado contabilmente como receita. Cabe ainda ressaltar que os ingressos de recursos extraoramentrios acarretam aumento das disponibilidades financeiras.

    Ateno! Todas as receitas previstas na Lei Oramentria Anual LOA so oramentrias, ou seja, no oramento anual no h previso de receitas extraoramentrias, todavia, podero ser arrecadadas receitas oramentrias sem previso na LOA.

    As receitas extraoramentrias no constam no planejamento oramentrio do ano em virtude de suas caractersticas, por serem imprevisveis e no poderem ser utilizadas como lastro para as despesas pblicas, pois os recursos sero restitudos aos seus proprietrios.

    Em funo do necessrio equilbrio oramentrio, para toda despesa inserida na LOA dever haver uma correspondente receita como lastro, ou seja, uma fonte de recurso oramentrio para pagar a despesa.

    Entretanto, apesar das receitas extraoramentrias no serem fontes de recursos oramentrios, o Poder Pblico utiliza todas as entradas de recursos financeiros (fonte de recursos financeiros) para programao de seu fluxo de caixa e desembolsos, sejam eles arrecadados ou simplesmente recebidos na forma de transferncias

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    financeiras entre rgos, sejam ainda oramentrios ou extraoramentrios.

    Receitas Extraoramentrias x Lei Oramentria Anual

    Na LOA no h receitas extraoramentrias, ou seja,

    A arrecadao de receitas extraoramentrias independe da LOA.

    Receitas Oramentrias x Lei Oramentria Anual

    H exclusivamente receitas oramentrias na LOA, todavia,

    Poder ocorrer arrecadao de receitas oramentrias mesmo que no estejam previstas na LOA.

    Lembre-se! A distino entre receita oramentria ou extraoramentria no reside no fato da receita constar (ou no) prevista no oramento (Lei Oramentria Anual).

    Receita oramentria a receita real, definitiva, pertencente ao ente, como, por exemplo, a receita de tributos. A receita extraoramentria apenas uma entrada transitria de recursos, classificada como receita apenas para fins de controle contbil, como ocorre, por exemplo, com valores recebidos a ttulo de garantia com expectativa de devoluo futura.

    Assim, por exemplo, doaes voluntrias recebidas em dinheiro no constam previstas no oramento, todavia, tais recursos financeiros ingressam definitivamente no patrimnio do ente, sendo classificados, portanto, como receitas oramentrias.

    3.2. Resultante x Independente da Execuo Oramentria Quanto dependncia da execuo oramentria a receita poder ser classificada em:

    Receita resultante da execuo oramentria: so receitas geradas em virtude da execuo do oramento anual, como ocorre, por exemplo, com a receita de tributos ou de operaes de crdito previstas na LOA. Tais receitas so inseridas na LOA e aprovadas pelo Legislativo.

    Receita independente da execuo oramentria: so receitas geradas em virtude de fatos que no dependem da execuo do oramento, como ocorre, por exemplo, com a incorporao de doaes. Tais receitas no passam pela autorizao do Legislativo para serem realizadas.

    Em sntese:

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    Receita resultante da execuo oramentria:

    so originadas da execuo do oramento anual, ou seja;

    so receitas previstas pelo Executivo e autorizadas pelo Legislativo para fins de arrecadao e aplicao.

    Receita independente da execuo oramentria:

    no so originadas da execuo do oramento anual, ou seja;

    so receitas no previstas na LOA e ocorridas sem que tenha necessidade de autorizao do Legislativo.

    3.3. Originria x Derivada Essa classificao define a forma de obteno da receita, a procednciado recurso.

    A partir da 3. edio, o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Pblico MCASP/STN passou o observar que esta classificao possui, na verdade, um enfoque doutrinrio e acadmico, no sendo, portanto, normatizada e utilizada como classificador oficial da receita pelo Poder Pblico. Ou seja, tal classificao no utilizada para elaborao e execuo da Lei Oramentria Anual.

    Receita Derivada: a receita que deriva do poder coercitivo do Estado, sendo oriunda, portanto, do patrimnio da sociedade. O Governo exerce a sua competncia ou o poder de tributar os rendimentos e o patrimnio da populao.

    A receita derivada aquela obtida pelo poder pblico por meio da soberania estatal. Decorreriam de imposio constitucional ou legal e, por isso, auferidas de forma impositiva, como, por exemplo, as receitas tributrias e as de contribuies especiais.

    Assim, o Estado exige que o particular entregue uma determinada quantia na forma de tributos ou de multas. Em funo de sua soberania, o poder estatal arrecada, por meio de tributos, penalidades, indenizaes e restituies.

    Exemplos de receitas derivadas:

    Contribuies de Interveno do Domnio Econmico Cide.

    Taxa de Fiscalizao dos Mercados de Ttulos e Valores Mobilirios.

    Multa por atraso de entrega da declarao anual de Imposto de Renda Pessoa Fsica IRPF.

    Processo decoreba:

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    RECEITA DERIVADA DERIVA DO PATRIMNIO DA SOCIEDADE

    DERIVA DO PODER COERCITIVO DO ESTADO

    Receita Originria: a receita proveniente da atividade privada do Estado, ou seja, obtida atravs da explorao de seu prprio patrimnio, venda de produtos ou da prestao de servios.

    A receita originria seria aquela obtida por meio da explorao de atividades econmicas pela Administrao Pblica. Resultariam, principalmente, de rendas do patrimnio mobilirio e imobilirio do Estado (receita de aluguel), de preos pblicos de prestao de servios comerciais e de venda de produtos industriais ou agropecurios.

    Em outras palavras, receita originria oriunda das rendas produzidas pelos ativos do Poder Pblico, pela cesso remunerada de bens e valores, aluguis e ganhos em aplicaes financeiras ou em atividades econmicas produo, comrcio ou servios.

    Enfim, para auferir receitas originrias tem-se a figura do Estado empreendedor, atuando ou no na atividade econmica, prospera-se o estado inteligente, governo que navega ao invs de remar.

    As receitas originrias, tambm denominadas receitas de economia privada ou de Direito Privado, so divididas em dois grandes grupos:

    Patrimoniais: so as receitas que provm das rendas geradas pelo patrimnio do prprio Estado (mobilirio e imobilirio), tais como as rendas de aluguis, ttulos pblicos etc.

    Empresariais: so aquelas provenientes das atividades empresariais realizadas pelo Estado, seja no mbito comercial, industrial ou de prestao de servios.

    Exemplos de receitas originrias:

    receita de aluguel de imveis pertencentes ao INSS;

    receita oriunda da atividade agropecuria;

    receita de participaes e dividendos.

    Processo decoreba:

    RECEITA ORIGINRIA ORIGINA-SE DO PATRIMNIO PBLICO, ou seja, o patrimnio pblico passa a gerar receita em virtude de sua gesto.

    3.4. Efetiva x No Efetiva

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    Essa classificao informa o impacto da receita na situao lquida patrimonial, ou seja, no patrimnio lquido do ente ou do rgo pblico.

    Receita Efetiva: aquela que, no momento do seu reconhecimento, aumenta a situao lquida patrimonial da entidade. Constitui-se em fato contbil modificativo aumentativo.

    Receita No Efetiva: aquela que no altera a situao lquida patrimonial no momento do seu reconhecimento, constituindo fato contbil permutativo. Neste caso, alm da receita oramentria arrecadada registra-se, de forma concomitante, conta de variao passiva para anular o efeito dessa receita sobre o patrimnio lquido da entidade.

    Portanto, quanto ao impacto no patrimnio lquido, a receita ser:

    Receita Efetiva Provoca EFETIVA alterao no patrimnio lquido no momento de seu reconhecimento.

    Receita No Efetiva No provoca, NO EFETIVA nenhuma alterao no patrimnio lquido quando de seu reconhecimento.

    Nota-se que todas as receitas extraoramentrias, denominadas recursos de terceiros e que transitam momentaneamente no patrimnio, so receitas no efetivas, pois com o ingresso no ativo h respectivo registro no passivo da obrigao de devoluo, de igual valor.

    Assim, a Receita Pblica Efetiva ocorre quando a receita provoca efetiva alterao na situao lquida patrimonial e a Receita Pblica No Efetiva ocorre quando a receita no acarreta, no efetiva nenhuma alterao na situao lquida patrimonial.

    Normalmente (no regra) as receitas efetivas esto classificadas como Receitas de Correntes e as receitas no efetivas como Receitas de Capital.

    3.5. Primria x Financeira Receita Primria: tem carter no financeiro, no possuindo caractersticas de endividamento ou de desmobilizao de bens e direitos e compe o clculo do resultado primrio. Exemplos: so as provenientes dos tributos, contribuies, patrimoniais, industriais, de servios etc.

    As receitas primrias correspondem ao total das receitas oramentrias (correntes e de capital) deduzidas das Receitas Financeiras. Assim, o conceito de receita primria exclui aquelas decorrentes de desmobilizaes, endividamento e outras receitas financeiras.

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    Receita Financeira (No Primria): tem carter financeiro e caractersticas de endividamento ou de desmobilizao. Observa-se que no so todas as receitas de alienao de bens que so tidas como financeiras. Exemplos de receitas financeiras: as provenientes de aplicaes financeiras e juros, privatizaes etc.

    Dessa forma, pode-se dizer que a receita classificada como Primria quando seu valor includo na apurao do Resultado Primrio e No Primria ou Financeira quando no includa nesse clculo.

    As receitas financeiras so basicamente as provenientes de operaes de crdito (endividamento), de aplicaes financeiras e de juros, em consonncia com o Manual de Estatsticas de Finanas Pblicas do Fundo Monetrio Internacional FMI.

    3.6. Ordinria x Extraordinria Essa classificao, pouco utilizada, indica a regularidade com que as receitas so arrecadadas.

    Receitas Ordinrias: so aquelas com caractersticas de continuidade, que so comum e uniformemente arrecadadas. Poderamos tambm denomin-las de receitas operacionais do ente.

    Receitas Extraordinrias: aquelas sem caractersticas de continuidade, representando ingresso de carter espordico e atpico, tambm denominadas receitas no operacionais. Exemplo: emprstimos compulsrios.

    A identificao da regularidade de arrecadao de uma receita importante para fins de planejamento oramentrio, fluxo de caixa etc. No processo de previso da receita para determinado exerccio financeiro, por exemplo, observada a arrecadao dos anos anteriores, de forma que se possa concluir uma tendncia futura.

    4. Classificao Econmica da Receita Esta classificao considerada a base e de vital importncia para mensurar o impacto das decises do Governo na economia nacional (formao de capital, custeio, investimentos etc.).

    atravs da classificao econmica que se pode evidenciar e mensurar a capacidade de investimento do Estado, ou seja, se o Estado possui ou no capacidade de realizar despesas de capital, investimentos em infraestrutura, saneamento bsico, educao, sade etc.

    A classificao econmica divide as receitas em dois principais grupos: Receitas Correntes e Receitas de Capital.

    Lei no 4.320/1964:

    Art. 11. A receita classificar-se- nas seguintes categorias econmicas:

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    Receitas Correntes e Receitas de Capital.

    1o. So Receitas Correntes as receitas tributria, de contribuies, patrimonial, agropecuria, industrial, de servios e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de Direito Pblico ou privado, quando destinadas a atender despesas classificveis em Despesas Correntes.

    2o. So Receitas de Capital as provenientes da realizao de recursos financeiros oriundos de constituio de dvidas; da converso, em espcie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de Direito Pblico ou privado, destinados a atender despesas classificveis em Despesas de Capital e, ainda, o supervit do Oramento Corrente.

    3o. O supervit do Oramento Corrente resultante do balanceamento dos totais das receitas e despesas correntes, apurado na demonstrao a que se refere o Anexo no 1, no constituir item de receita oramentria.

    Observe que as Receitas de Capital so principalmente obtidas por mutao patrimonial, diferente das Receitas Correntes, que so obtidas principalmente atravs da atividade empresarial do Estado (receitas originrias) ou atravs de seu poder coercitivo (receitas derivadas).

    Receita por mutao patrimonial uma receita gerada exclusivamente em virtude de uma mutao, uma alterao nos elementos patrimoniais, resultando no ingresso do recurso financeiro. Ocorre devido sada ou baixa de um ativo, de bens ou direitos (venda de um imvel, recebimento de um emprstimo concedido etc.), ou, ainda, pelo ingresso de passivo, uma obrigao a pagar (obteno de emprstimos etc.). Assim, pode-se dizer que algum elemento patrimonial foi transformado em ingresso financeiro.

    4.1. Receita Corrente So as receitas tributrias, de contribuies, patrimonial, agropecuria, industrial, de servios e outras, e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de Direito Pblico ou Privado, quando destinadas a atender despesas classificveis em Despesas Correntes.

    So as receitas oriundas do poder impositivo do estado (Tributrias e de Contribuies) da explorao de seu patrimnio (Patrimonial), de atividades econmicas (Agropecuria, Industrial e de Servios) as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas, de Direito Pblico ou privado, quando destinadas a atender despesas classificveis em Despesas Correntes (Transferncias Correntes recebidas) e as demais receitas que possuam a caracterstica de receita corrente e que no se enquadram nos itens anteriores (Outras Receitas Correntes).

    a. Receita Tributria;

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    b. Receita de Contribuies;

    c. Receita Patrimonial;

    d. Receita Agropecuria;

    e. Receita Industrial;

    f. Receita de Servios;

    g. Transferncias Correntes; e

    h. Outras Receitas Correntes.

    O 4o, art. 11, da Lei no 4.320/1964 informa tal classificao e subdiviso da receita corrente, cujos conceitos seguem abaixo.

    A. Receita Tributria: so os ingressos provenientes da arrecadao de tributos (impostos, taxas e contribuies de melhoria), sendo, portanto, uma receita privativa daqueles investidos do poder de tributar: Unio, estados, Distrito Federal e municpios. Trata-se, pois, de uma receita derivada.

    Ateno! Para efeitos dessa classificao oramentria, a origem Receita Tributria engloba apenas as espcies Impostos, Taxas e Contribuies de Melhoria.

    Receitas provenientes de outros tipos de contribuies so classificadas em Receita de Contribuies.

    B. Receita de Contribuies: o ingresso proveniente de contribuies sociais, de interveno no domnio econmico e de interesse das categorias profissionais ou econmicas, como instrumento de interveno nas respectivas reas.

    Contribuies Sociais: destinadas ao custeio da seguridade social, que compreende a previdncia social, a sade e a assistncia social;

    Contribuies de Interveno no Domnio Econmico: derivam da contraprestao atuao estatal exercida em favor de certo grupo ou coletividade, atingindo determinado setor da economia, sendo institudas mediante motivo especfico.

    Contribuies de Interesse das Categorias Profissionais ou Econmicas: destinadas ao fornecimento de recursos aos rgos representativos de categorias profissionais legalmente regulamentadas ou a rgos de defesa de interesse dos empregadores ou empregados. No transitam pelo oramento da Unio.

    So destinadas ao custeio das organizaes de interesse de grupos profissionais, como, por exemplo, Conselho Federal de Contabilidade-CFC ou Ordem dos Advogados do Brasil-OAB. Objetivam, tambm, custear dos servios sociais autnomos prestados no interesse das categorias, como SESI, SESC e SENAI (sistema S).

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    Contribuio de Iluminao Pblica: instituda pela Emenda Constitucional no 39/2002, que acrescentou o art. 149-A Constituio Federal. Possui a finalidade de custear o servio de iluminao pblica e a competncia para instituio dos municpios e do Distrito Federal.

    Observe ainda como o Manual Tcnico de Oramento (MTO-2013), SOF/MPOG, informa a classificao e cdigos da natureza da receita:

    1000.00.00 Receitas Correntes

    1100.00.00 Receita Tributria

    1110.00.00 Impostos

    1120.00.00 Taxas

    1130.00.00 Contribuio de Melhoria

    1200.00.00 Receita de Contribuies

    1210.00.00 Contribuies Sociais

    1220.00.00 Contribuies de Interveno no Domnio Econmico

    1230.00.00 Contribuio para o Custeio do Servio de Iluminao Pblica

    Dessa forma, para fins de classificao oramentria, as receitas de contribuies sociais e econmicas no esto contidas nas receitas tributrias.

    C. Receita Patrimonial: o ingresso proveniente de rendimentos sobre investimentos do ativo permanente, de aplicaes de disponibilidades em operaes de mercado e outros rendimentos oriundos de renda de ativos permanentes.

    Para fins de exemplificao, eis algumas espcies em que est dividida:

    Receitas Imobilirias: aluguis, arrendamentos, foros, laudmios, taxa de ocupao de imveis etc.

    Receitas de Valores Mobilirios: juros de ttulos de renda, dividendos, participaes, remunerao de depsitos bancrios etc.

    Receita de Concesses e Permisses: receita de outorga dos servios de telecomunicaes, dos servios de explorao e produo de petrleo e gs natural, receita de concesso pelo uso de rea pblica etc.

    Dica! A venda de bens pblicos no gera Receita Corrente Patrimonial, mas sim uma Receita de Capital Alienao de Bens, denominada converso de bens e direitos em espcie. Exige-se bastante este conhecimento em concursos. Fique atento porque essa uma pegadinha comum em provas de concursos.

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    D. Receita Agropecuria: o ingresso proveniente da atividade ou da explorao agropecuria de origem vegetal ou animal. Incluem-se nessa classificao as receitas advindas da explorao da agricultura (cultivo do solo), da pecuria (criao, recriao ou engorda de gado e de animais de pequeno porte) e das atividades de beneficiamento ou transformao de produtos agropecurios em instalaes existentes nos prprios estabelecimentos.

    Para fins de exemplificao, eis as trs espcies em que est dividida:

    Receita da Produo Vegetal: so receitas decorrentes de lavouras permanentes, temporrias e espontneas (ou nativas), silvicultura e extrao de produtos vegetais.

    Receita da Produo Animal e Derivados: so as receitas decorrentes de atividades de explorao econmica de pecuria de grande porte bovinos, bubalinos, equinos e outros (inclusive leite, carne e couro); pecuria de mdio porte ovinos, caprinos, sunos e outros (inclusive l, carne e peles); aves e animais de pequeno porte (inclusive ovos, mel, cera e casulos do bicho da seda); caa e pesca.

    Outras Receitas Agropecurias: so receitas decorrentes de atividades de explorao econmica de outros bens agropecurios, tais como venda de sementes, mudas, adubos ou assemelhados, desde que realizadas diretamente pelo produtor.

    E. Receita Industrial: o ingresso proveniente da atividade industrial de extrao mineral, de transformao, de construo e outras, provenientes das atividades industriais definidas como tal pelo IBGE. Para fins de exemplificao, eis algumas espcies em que est dividida:

    Receita da Indstria Extrativa Mineral: receita decorrente das atividades de extrao mineral, provenientes das atividades industriais.

    Receita da Indstria de Transformao: arrecadao das receitas das atividades ligadas indstria de transformao, tais como a indstria mecnica, qumica ou editorial e grfica.

    Receita da Indstria de Construo: so receitas das atividades de construo, reforma, reparao e demolio de prdios, edifcios, obras virias, grandes estruturas e obras de arte, inclusive reforma e restaurao de monumentos. Inclui, tambm, a preparao do terreno e a realizao de obras para explorao de jazidas minerais, a perfurao de poos artesianos e a perfurao, revestimento e acabamento de poos de petrleo e gs natural.

    F. Receita de Servios: o ingresso proveniente da prestao de servios de transporte, sade, comunicao, porturio, armazenagem, financeiro, de inspeo e fiscalizao, judicirio,

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    processamento de dados, vendas de mercadorias e produtos inerentes atividade da entidade e outros servios.

    Portanto, abrange as receitas das atividades caractersticas da prestao de servios, tais como: atividades comerciais, financeiras, de transporte, de comunicao, de sade, de armazenagem, servios recreativos e culturais etc.

    Ateno! Vendas de mercadorias e produtos inerentes atividade da entidade so classificadas como receita de servios.

    Para fins de exemplificao, eis algumas espcies em que est dividida:

    Servios Comerciais: servios de comercializao de medicamentos, servios de comercializao e distribuio de produtos agropecurios etc.

    Servios de Transporte: servios de transporte rodovirio, ferrovirio, hidrovirio etc.

    Servios Financeiros: receita de atividades financeiras, de seguros e assemelhadas, transferncia de valores, cobranas, servios de cmbio, desconto de ttulos, repasse de emprstimos, prestao de aval e garantias, concesso de crdito, seguros (inclusive resseguro) e operaes de sociedades de capitalizao, tais como, por exemplo, os itens: Juros de Emprstimos, Operaes de Autoridade Monetria, Servios Financeiros Provenientes da Execuo de Garantia de Operaes de Crdito Externas etc.

    Valores recebidos de emprstimos concedidos:

    Receita de Capital Amortizao do emprstimo

    Atualizao monetria

    Receita Corrente Juros

    Demais encargos cobrados

    G. Transferncias Correntes: o ingresso de recursos atravs de transferncias de outros entes ou entidades destinados a atender despesas de manuteno ou funcionamento, a fim de atender finalidade pblica especfica que no seja contraprestao direta em bens e servios a quem efetuou essa transferncia..

    As transferncias correntes podem ser recursos recebidos de outras pessoas de Direito Pblico ou Privado, pessoas fsicas ou jurdicas, independente de contraprestao direta em bens e servios.

    Podem ocorrer em nvel intragovernamental e intergovernamental e incluem as transferncias de instituies privadas, do exterior e de pessoas. Os recursos assim recebidos se vinculam consecuo da finalidade pblica objeto da transferncia.

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    Para fins de exemplificao, seguem algumas espcies de transferncias:

    Transferncias Intergovernamentais: receitas recebidas por meio de transferncias ocorridas entre diferentes esferas de governo.

    Transferncias de Convnios: receitas recebidas por meio de transferncias de convnios firmados, com ou sem contraprestaes de servios, por entidades pblicas de qualquer espcie, ou entre estas e organizaes particulares, para realizao de objetivos de interesse comum dos partcipes, destinados a custear despesas correntes.

    Transferncias para o Combate Fome: total das receitas por meio de transferncias correntes para o combate fome.

    Dica! O termo transferncia corrente utilizado tanto para as receitas como para as despesas. Aquele que envia o recurso financeiro classifica como Despesa Corrente Transferncia Corrente e o que recebe classifica como Receita Corrente Transferncia Corrente.

    H. Outras Receitas Correntes: so os ingressos correntes provenientes de outras origens, no classificveis nas anteriores. So exemplos:

    Multas e Juros de Mora: Multas e Juros de Mora dos Tributos, das Contribuies, da Dvida Ativa dos Tributos, de Aluguis, Multas por Danos ao Meio Ambiente etc.

    Indenizaes e Restituies: Indenizaes por Danos Causados ao Patrimnio Pblico, Restituies de Convnios, Restituio de Contribuies Previdencirias Complementares etc.

    Receita da Dvida Ativa: Receita da Dvida Ativa Tributria, Receita da Dvida Ativa da Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social, Receita da Dvida Ativa da Contribuio sobre a Receita da Loteria Federal etc.

    Receitas Diversas: Receitas de nus de Sucumbncia de Aes Judiciais, Receita Decorrente de Alienao de Bens Apreendidos etc.

    Observe que somente ser classificado em Outras Receitas Correntes caso o ingresso no esteja classificado nos itens anteriores.

    4.2. Receita de Capital So as receitas provenientes da realizao de recursos financeiros oriundos de constituio de dvidas; da converso, em espcie, de bens e direitos; recursos recebidos de outras pessoas de Direito Pblico ou Privado, destinados a atender despesas classificveis em Despesas de Capital e, ainda, o supervit do Oramento Corrente.

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    Essas receitas so representadas (em geral) por mutaes patrimoniais que apenas permutam valores no patrimnio pblico; assim, ocorre troca de elementos patrimoniais.

    Portanto, com a entrada de Receitas de Capital h uma variao patrimonial ativa pelo ingresso financeiro e uma correspondente variao patrimonial passiva, seja pela baixa de um bem (venda de um bem do ativo permanente, recebimento de emprstimos concedidos etc.) ou pela constituio de uma dvida (obteno de emprstimos etc.).

    Todavia, excepcionalmente, as Receitas de Capital podem acrescer ao patrimnio. Eis algumas excees.

    Exemplo 1: Transferncias de Capital tais recursos recebidos no so por mutao patrimonial, pois no h uma correspondente variao passiva para obteno da receita. So recursos recebidos de outros entes ou entidades, destinados especificamente para pagamento de despesas de capital.

    Exemplo 2: Venda de um bem por valor superior ao registrado na contabilidade bem registrado na contabilidade por R$ 100 mil e alienado por R$ 110 mil. Neste caso gerar um acrscimo no patrimnio lquido de R$ 10 mil. O valor total recebido pela venda do bem ser classificado como Receita de Capital.

    O 4o, art. 11, da Lei no 4.320/1964 informa a classificao e subdiviso da Receita de Capital, conforme demonstrado abaixo:

    a. Operao de Crdito.

    b. Alienao de Bens.

    c. Amortizao de Emprstimo.

    d. Transferncias de Capital.

    e. Outras Receitas de Capital.

    A. Operao de Crdito: so os ingressos provenientes da colocao de ttulos pblicos no mercado ou da contratao de emprstimos e financiamentos, obtidos junto a entidades estatais ou privadas.

    So espcies desse tipo de receita:

    Operaes de Crdito Internas.

    Operaes de Crdito Externas.

    Mas o que so ttulos pblicos?

    Os ttulos pblicos so ativos de renda fixa e possuem como finalidade principal a captao de recursos para o financiamento do

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    Estado, seja para cobrir a dvida pblica ou para utilizao em suas atividades, tais como sade, segurana, educao etc.

    Assim, os ttulos pblicos so comprados (do ente da Federao) com prazo de resgate e condio de remunerao do capital prefixada (juros e correo monetria). O Estado consegue captar recursos oferecendo juros mais baratos e os investidores efetuam uma aplicao de longo prazo garantida e rentvel.

    Normalmente os ttulos pblicos so negociados atravs de instituies financeiras. Todavia, atualmente, o Governo Federal tambm efetua venda de ttulos pblicos atravs do chamado Tesouro Direto, possibilitando que qualquer pessoa fsica possa comprar ttulos diretamente do Tesouro Nacional pela internet (www.tesouro.fazenda.gov.br), com investimento mnimo realmente pequeno e acessvel a qualquer cidado.

    A Lei de Responsabilidade Fiscal (LC no 101/2000), em seu art. 29, III, define operao de crdito como o compromisso financeiro assumido em razo de mtuo, abertura de crdito, emisso e aceite de ttulo, aquisio financiada de bens, recebimento antecipado de valores provenientes da venda a termo de bens e servios, arrendamento mercantil e outras operaes assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros.

    Equipara-se ainda operao de crdito a assuno, o reconhecimento ou a confisso de dvidas pelo ente da Federao.

    B. Alienao de Bens: o ingresso financeiro proveniente da alienao de componentes do ativo permanente (ativo no circulante). Para fins de exemplificao, eis duas espcies em que est dividida:

    Alienao de Bens Mveis: registra o valor total da arrecadao da receita de alienao de bens mveis, tais como: mercadorias, bens inservveis ou desnecessrios e outros (Alienao de Estoques Reguladores, Alienao de Veculos, Alienao de Mveis e Utenslios etc.).

    Alienao de Bens Imveis: registra o valor total da arrecadao da receita de alienao de bens imveis, residenciais ou no, de propriedade da Unio, estados ou municpios (Alienao de Imveis Rurais, Alienao de Imveis Urbanos etc.).

    Lembre-se! A venda de um bem gera uma Receita de Capital Alienao de Bens e no uma Receita Corrente Patrimonial. Essa uma pegadinha comum em concursos.

    C. Amortizao de Emprstimos: o ingresso proveniente da amortizao, ou seja, frao referente ao recebimento de parcelas de emprstimos ou financiamentos concedidos em ttulos ou contratos.

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    Amortizar significa pagar o principal da dvida, ou seja, pagar o valor obtido no emprstimo. Poder ser empregado como amortizao integral, ou seja, pagamento total, ou amortizao parcial. O termo amortizar no abrange o pagamento de juros e outros encargos.

    Importante! Apenas o valor referente ao principal do emprstimo e a respectiva correo monetria so classificados como Receita de Capital Amortizao de Emprstimo. Os juros e demais encargos cobrados na transao so classificados como Receita Corrente.

    A correo monetria apenas preserva a capacidade econmica do dinheiro, no configurando nenhum ganho efetivo, motivo pelo qual segue a mesma classificao do valor principal.

    Valores recebidos de emprstimos concedidos:

    Receita de Capital Amortizao do emprstimo

    Atualizao monetria

    Receita Corrente Juros

    Demais encargos cobrados

    D. Transferncias de Capital: o ingresso proveniente de outros entes ou entidades com o objetivo de ser aplicado em despesas de capital (investimentos ou inverses financeiras), independente de condies de utilizao ou a quem pertena o recurso.

    So receitas advindas de pessoas de Direito Pblico ou Privado com a finalidade de atender aos gastos de capital (transferncias que a concedente vincula a uma despesa de capital). So exemplos:

    Transferncias Intergovernamentais: receitas recebidas por meio de transferncias ocorridas entre diferentes esferas de governo (para aplicao em despesas de capital).

    Transferncias de Convnios (para aplicao em despesas de capital).

    Transferncias para o Combate Fome (para aplicao em despesas de capital).

    As transferncias de capital e corrente seguem os mesmos procedimentos e conceitos, apenas diferenciando-as quanto classificao, categoria econmica, sendo a primeira (transferncias de capital) Receitas de Capital e estas Receitas Correntes.

    Dica! O termo transferncia de capital utilizado tanto para as receitas como para as despesas. Aquele que envia o recurso financeiro classifica como Despesa de Capital Transferncia de

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    Capital e o que recebe classifica como Receita de Capital Transferncia de Capital.

    Se o ente transferidor classificar a transferncia como Despesa de Capital, vinculando-a a um gasto de capital, o rgo recebedor deve classificar como Receita de Capital.

    E. Outras Receitas de Capital: so os ingressos de capital provenientes de outras origens, no classificveis nas anteriores. So exemplos de outras Receitas de Capital:

    Integralizao do Capital Social: registra o valor total dos recursos recebidos pelas empresas pblicas, ou sociedades de economia mista, como participao em seu capital social.

    Integralizao com Recursos do Tesouro: registra o valor da arrecadao de receita da integralizao de recursos do Tesouro recebidos pelas empresas pblicas ou sociedades de economia mista, como participao em seu capital social.

    Resultado do Banco Central do Brasil: registra o valor da receita com os resultados positivos do Banco Central do Brasil operados em seus balanos semestrais. Os recursos destinam-se amortizao da dvida pblica federal.

    Remunerao das Disponibilidades do Tesouro Nacional: registra o valor da remunerao do saldo dirio dos depsitos da Unio existentes no Banco Central, Banco do Brasil e Caixa Econmica Federal pela Taxa Referencial TR.

    Receita da Dvida Ativa Proveniente de Amortizao de Emprstimos e Financiamentos: registra o valor da arrecadao com receita da Dvida Ativa proveniente de amortizao de emprstimos e financiamentos.

    QUADRO RESUMO DE CLASSIFICAES DA RECEITA

    Oramentria x Extraoramentria

    Receita Oramentria: so ingressos de recursos financeiros que se incorporam definitivamente ao patrimnio, pois pertencem entidade que o recebe.

    Receita Extraoramentria: so ingressos de recursos financeiros que NO se incorporam definitivamente ao patrimnio, pois NO pertencem entidade que o recebe. So recursos que esto apenas momentaneamente transitando pelo patrimnio e sero oportunamente restitudos ao seu proprietrio.

    Resultante x Independente da execuo oramentria

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    Receita resultante da execuo oramentria: so receitas geradas em virtude da execuo do oramento anual, como ocorre, por exemplo, com a receita de tributos ou com operaes de crditos previstas na LOA. Tais receitas passaram pela autorizao do Legislativo para serem realizadas.

    Receita independente da execuo oramentria: so receitas geradas em virtude de fatos que no dependem da execuo do oramento, como ocorre, por exemplo, com a incorporao de doaes. Tal receita no passou pela autorizao do Legislativo para ser realizada.

    Originria x Derivada

    Receita Derivada: a receita que deriva do poder coercitivo do Estado, sendo oriunda, portanto, do patrimnio da sociedade, mediante a arrecadao de tributos e multas (sano de ato ilcito).

    Receita Originria: a receita proveniente da atividade privada do Estado, ou seja, obtida atravs da explorao de seu prprio patrimnio, venda de produtos ou da prestao de servios. So divididas em Patrimoniais e Empresariais.

    Efetiva x No Efetiva

    Receita Efetiva: aquela que, no momento do seu reconhecimento, aumenta a situao lquida patrimonial da entidade. Constitui fato contbil modificativo aumentativo.

    Receita No Efetiva: aquela que no altera a situao lquida patrimonial no momento do seu reconhecimento, constituindo fato contbil permutativo. Neste caso, alm da receita oramentria registra-se, de forma concomitante, conta de variao passiva para anular o efeito dessa receita sobre o patrimnio lquido da entidade.

    Primria x Financeira

    Receita Primria: tem carter no financeiro, no possuindo caractersticas de endividamento ou de desmobilizao, e que compe o clculo do resultado primrio. As receitas primrias correspondem ao total das receitas oramentrias (correntes e de capital) deduzidas das Receitas Financeiras.

    Receita Financeira (No Primria): tem carter financeiro e caractersticas de endividamento ou de desmobilizao (alienao de bens).

    Ordinria x Extraordinria

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    Receitas Ordinrias: so aquelas COM caracterstica de continuidade, que so comum e uniformemente arrecadadas.

    Receitas Extraordinrias: aquelas SEM caractersticas de continuidade, representando ingresso de carter espordico e atpico.

    Corrente x de Capital

    Receitas Correntes: so as receitas tributrias, de contribuies, patrimonial, agropecuria, industrial, de servios e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de Direito Pblico ou Privado, quando destinadas a atender despesas classificveis em Despesas Correntes.

    Receitas de Capital: so as provenientes da realizao de recursos financeiros oriundos de constituio de dvidas; da converso, em espcie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de Direito Pblico ou Privado, destinados a atender despesas classificveis em Despesas de Capital e, ainda, o supervit do Oramento Corrente.

    5. Receita Intraoramentria So ingressos oriundos de operaes realizadas entre rgos e demais entidades da Administrao Pblica integrantes do Oramento Fiscal e da Seguridade Social de uma mesma esfera de governo.

    Portaria Interministerial STN/SOF no 338/2006:

    Art. 1o. Definir como intraoramentrias as operaes que resultem de despesas de rgos, fundos, autarquias, fundaes, empresas estatais dependentes e outras entidades integrantes dos oramentos fiscal e da seguridade social decorrentes da aquisio de materiais, bens e servios, pagamento de impostos, taxas e contribuies, quando o recebedor dos recursos tambm for rgo, fundo, autarquia, fundao, empresa estatal dependente ou outra entidade constante desses oramentos, no mbito da mesma esfera de governo.

    Essa especificao ocorreu em virtude da necessidade de se evidenciar as receitas decorrentes de operaes intraoramentrias, ou seja, operaes que resultem receitas e despesas no Oramento Fiscal e da Seguridade Social do mesmo ente.

    De um lado h a despesa de rgos, fundos ou entidades integrantes do Oramento Fiscal e da Seguridade Social de determinado ente da Federao e, de outro, a receita de outros rgos, fundos ou entidades tambm constantes do Oramento Fiscal e da Seguridade Social do mesmo ente.

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    Exemplo: Publicao pelo Ministrio Pblico da Unio de um extrato no Dirio Oficial da Unio:

    O MPU e a Imprensa Oficial so instituies participantes do oramento fiscal da Unio. Assim, a receita gerada para a Imprensa Oficial ser uma Receita Corrente Intraoramentria e, para o MPU, haver uma Despesa Corrente Intraoramentria.

    Mas afinal, o que so os oramentos fiscal e da seguridade social?

    O Oramento Geral da Unio (OGU), assim como dos demais entes da Federao, subdividido em trs partes, conforme estabelece a Constituio Federal:

    Art. 165, 5o. A lei oramentria anual compreender:

    I o oramento fiscal referente aos Poderes da Unio, seus fundos, rgos e entidades da administrao direta e indireta, inclusive fundaes institudas e mantidas pelo Poder Pblico;

    II o oramento de investimento das empresas em que a Unio, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;

    III o oramento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e rgos a ela vinculados, da administrao direta ou indireta, bem como os fundos e fundaes institudos e mantidos pelo Poder Pblico. (Grifo nosso)

    Ateno! S existe um oramento, uma Lei Oramentria Anual, o qual apenas dividido em trs partes. Conforme determina o Princpio Oramentrio da Unidade (art. 2o, Lei no 4.320/1964), tambm conhecido como Princpio da Totalidade, cada ente da Federao deve elaborar apenas uma nica pea oramentria.

    Portanto, as empresas estatais que participam do oramento de investimento no esto abrangidas no conceito de operaes intraoramentrias, mesmo que efetuem transaes com aqueles que integram os oramentos fiscal e da seguridade social da mesma esfera de governo.

    As despesas intraoramentrias ocorrem quando rgos, fundos, autarquias, fundaes, empresas estatais dependentes e outras entidades integrantes dos oramentos fiscal e da seguridade social realizam pagamentos para rgo, fundo, autarquia, fundao, empresa estatal dependente ou outra entidade constante desse oramento, no mbito da mesma esfera de governo.

    Dessa forma, atualmente, as operaes intraoramentrias podem ser perfeitamente visualizadas. Na consolidao das contas pblicas, essas despesas e receitas so identificadas,

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    evitando-se as duplas contagens decorrentes de sua incluso no oramento.

    A Portaria Interministerial STN/SOF no 338/2006 detalhou assim as categorias econmicas em:

    Receitas Correntes Intraoramentrias; e

    Receitas de Capital Intraoramentrias.

    Ateno! As receitas intraoramentrias no constituem nova categoria econmica, mas apenas uma especificao das duas categorias econmicas j existentes: Receitas Correntes e de capital.

    Receitas Intraoramentrias: so ingressos oriundos de operaes realizadas entre rgos e demais entidades da Administrao Pblica integrantes dos oramentos fiscal e da seguridade social de uma mesma esfera de governo.

    Importante! No confundir as receitas e despesas intraoramentrias com a descentralizao de crditos oramentrios e recursos financeiros.

    Durante a execuo do oramento anual os rgos centrais de programao oramentria e financeira descentralizam para os ministrios, estes para seus rgos subordinados, e assim sucessivamente, os recursos necessrios para a execuo das despesas. Tais descentralizaes de recursos oramentrios e financeiros no so receitas e despesas intraoramentrias.

    6. Codificao da Natureza da Receita A Lei no 4.320/1964, em seu art. 8o, 1o, informa que os itens da discriminao da receita sero identificados por nmeros de cdigo decimal. Tal cdigo atualmente denominado cdigo de natureza de receita, e seu objetivo identificar a origem do recurso.

    Esse cdigo utilizado para a previso das receitas no processo de elaborao da Lei Oramentria Anual, como tambm quando elas so efetivamente arrecadadas, momento em que o ingresso financeiro classificado, sendo procedida assim a comparao entre o planejado e o desempenho real.

    As naturezas de receitas oramentrias procuram refletir o fato gerador que ocasionou o ingresso dos recursos aos cofres pblicos. a menor clula de informao no contexto oramentrio para as receitas pblicas.

    A codificao da natureza da receita possibilita assim uma viso macro da economia nacional. O usurio das informaes pblicas, atravs do cdigo da natureza da receita, poder analisar o desempenho da arrecadao, comparar com o planejado no

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    oramento anual, a sua origem e principais setores produtivos que impulsionam a economia de mercado, verificando o desempenho e ponderando a necessidade de eventuais investimentos pblicos.

    Face necessidade de constante atualizao e melhor identificao dos ingressos aos cofres pblicos, o cdigo identificador da natureza de receita desmembrado em nveis.

    Assim, na elaborao e execuo do oramento pblico, a codificao econmica da receita oramentria composta por 8 dgitos, nos 6 nveis abaixo:

    1o nvel Categoria econmica C

    2o nvel Origem O

    3o nvel Espcie E

    4o nvel Rubrica R

    5o nvel Alnea AA

    6o nvel Subalnea SS

    C O E R AA SS

    Categoria Econmica

    Origem Espcie Rubrica Alnea Subalnea

    Dica! Processo decoreba: COERAS.

    Mas no se esquea! Os dois ltimos nveis possuem dois dgitos cada. Repetindo! Os dois ltimos nveis... dois dgitos cada.

    O cdigo de natureza de receita utilizado no processo de planejamento para a elaborao do oramento anual e tambm para a classificao da receita quando efetivamente arrecadada, objetivando identificar a origem do recurso.

    Todos os entes da Federao (Unio, estados, Distrito Federal e municpios) devem utilizar o cdigo da natureza da receita informado/determinado pela STN e SOF, havendo, portanto, uma padronizao nacional (Portaria Interministerial STN/SOF n 163/2001, art. 2).

    1o Nvel Categoria Econmica da Receita C

    Utilizado para mensurar o impacto das decises do Governo na economia nacional (formao de capital, custeio, investimentos etc.). A Lei no 4.320/1964, em seu art. 11, classifica a receita oramentria em duas categorias econmicas: Receitas Correntes e de Capital.

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    Conforme j visto, a Portaria Interministerial STN/SOF no 338/2006 detalhou essas categorias econmicas em Receitas Correntes Intraoramentrias e Receitas de Capital Intraoramentrias. Assim, a categoria econmica codificada e subdividida da seguinte forma:

    1. Receitas Correntes.

    2. Receitas de Capital.

    7. Receitas Correntes Intraoramentrias.

    8. Receitas de Capital Intraoramentrias.

    Lembre-se! As classificaes intraoramentrias includas no constituem novas categorias econmicas de receita, mas simples especificaes das j existentes.

    Assim, s existem duas categorias econmicas de receitas (correntes e de capital). Os quatro cdigos distintos apenas objetivam efetuar o registro segregado das receitas intraoramentrias.

    Cdigo (1) Receitas Correntes: so as receitas tributrias, de contribuies, patrimonial, agropecuria, industrial, de servios e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de Direito Pblico ou Privado, quando destinadas a atender despesas classificveis em Despesas Correntes.

    Cdigo (2) Receitas de Capital: so as provenientes da realizao de recursos financeiros oriundos de constituio de dvidas; da converso, em espcie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de Direito Pblico ou Privado, destinados a atender despesas classificveis em Despesas de Capital e, ainda, o supervit do Oramento Corrente.

    Cdigo (7) Receitas Correntes Intraoramentrias: Receitas Correntes de rgos, fundos, autarquias, fundaes, empresas estatais dependentes e outras entidades integrantes dos oramentos fiscal e da seguridade social decorrentes do fornecimento de materiais, bens e servios, recebimentos de impostos, taxas e contribuies, alm de outras operaes, quando o fato que originar a receita decorrer de despesa de rgo, fundo, autarquia, fundao, empresa estatal dependente ou outra entidade constante desses oramentos, no mbito da mesma esfera de governo.

    Cdigo (8) Receitas de Capital Intraoramentrias: so os ingressos de recursos financeiros oriundos de atividades operacionais ou no operacionais para aplicao em despesas operacionais, correntes ou de capital, visando ao alcance dos objetivos traados nos programas e aes de governo.

    So denominados Receita de Capital porque so derivados da obteno de recursos mediante a constituio de dvidas,

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    amortizao de emprstimos e financiamentos ou alienao de componentes do ativo permanente, constituindo-se em meios para atingir a finalidade fundamental do rgo ou entidade, ou mesmo, atividades no operacionais visando ao estmulo s atividades operacionais do ente.

    2o Nvel Origem da receita O

    Identifica a procedncia dos recursos pblicos, em relao ao fato gerador dos ingressos das receitas (derivada, originria, transferncias e outras). uma subdiviso das Categorias Econmicas, que tem por objetivo identificar a origem das receitas, no momento em que as elas ingressam no patrimnio pblico.

    A ORIGEM uma subdiviso (detalhamento) da categoria econmica. Os cdigos da origem para as Receitas Correntes e de capital so:

    RECEITAS CORRENTES RECEITAS DE CAPITAL

    1. Receita Tributria

    2. Receita de Contribuies

    3. Receita Patrimonial

    4. Receita Agropecuria

    5. Receita Industrial

    6. Receita de Servios

    7. Transferncias Correntes

    9. Outras Receitas Correntes

    1. Operaes de Crdito

    2. Alienao de Bens

    3. Amortizao de Emprstimos

    4. Transferncias de Capital

    5. Outras Receitas de Capital

    Assim, por exemplo, o cdigo natureza da receita 1.4.0.0.00.00 (C.O.E.R.AA.SS) indica uma Receita Corrente Agropecuria, onde:

    C Categoria Econmica (1) Receita Corrente

    O Origem (4) Receita Agropecuria

    3o Nvel Espcie de receita E

    A ESPCIE da receita constitui-se em maior detalhamento do 2o nvel (origem), composto por ttulos que permitem especificar com mais detalhe a ORIGEM da receita.

    Trata-se, portanto, de um nvel de classificao vinculado ORIGEM, detalhando o fato gerador dos ingressos de tais receitas com mais detalhe, ou seja, informa a espcie de receita arrecadada.

    Por exemplo, dentro da origem Receita Tributria (receita proveniente de tributos), pode-se identificar as suas espcies, tais como impostos, taxas e contribuies de melhoria (conforme definido

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    na Constituio Federal e no Cdigo Tributrio Nacional), sendo cada uma dessas receitas uma espcie de tributo diferente das demais.

    4o Nvel Rubrica da receita W

    A RUBRICA representa o detalhamento da ESPCIE de receita. Objetiva identificar dentro de cada espcie de receita uma qualificao mais especfica. Agrega determinadas receitas com caractersticas prprias e semelhantes entre si.

    5o Nvel Alnea AA

    Funciona como uma qualificao da RUBRICA. Apresenta o nome da receita propriamente dita e que recebe o registro pela entrada de recursos financeiros.

    6o Nvel Subalnea SS

    Constitui o nvel mais analtico da receita, especificando a ALNEA.

    Exemplo: Codificao completa da natureza da receita:

    Pode-se visualizar a codificao da natureza da receita atravs deste exemplo prtico: receita de Imposto de Renda Pessoa Fsica.

    MCASP, Parte I.

    DETALHAMENTO DO CDIGO DE NATUREZA DA RECEITA

    O art. 2 da Portaria Interministerial STN/SOF n 163/2001 assim estabelece: A classificao da receita, a ser utilizada por todos os entes da Federao, consta do Anexo I desta Portaria, ficando facultado o seu desdobramento para atendimento das respectivas peculiaridades.

    Portanto, todos os entes da Federao (Unio, estados, Distrito Federal e municpios) devem utilizar o cdigo da natureza da receita informado/determinado pela Unio, atravs da STN e SOF. Todavia, para atender s necessidades internas de classificao da receita, os

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    entes federados podero detalhar ainda mais as classificaes oramentrias a partir do nvel no detalhado pela Unio.

    O maior detalhamento do cdigo de natureza da receita poder ser efetuado atravs de duas formas:

    utilizao dos nveis que esto com zeros, ou seja, que no foram detalhados pela Unio; ou

    criao do 7o nvel (e ltimo) de natureza da receita com dois dgitos.

    Exemplo 1: Receita de Imposto de Renda Pessoa Fsica.

    Observe, no quadro anterior, que a Unio j detalhou o cdigo de natureza da receita at o 6o nvel Subalnea. Assim, caso ainda seja necessrio maior detalhamento, dever ser criado o 7o e ltimo nvel, com mais dois dgitos.

    Exemplo 2: Taxas de Migrao

    Cdigo de natureza da receita: 1.1.2.1.05.00

    (1) 1o nvel Categoria Econmica: Receita Corrente

    (1) 2o nvel Origem: Tributria

    (2) 3o nvel Espcie: Taxas

    (1) 4o nvel Rubrica: Taxas pelo Exerccio do Poder de Polcia

    (05) 5o nvel Alnea: Taxas de Migrao

    (00) 6o nvel Subalnea: detalhamento ainda no utilizado

    Assim, neste caso, pode-se utilizar o 6o nvel se for necessrio maior detalhamento.

    Ateno! O detalhamento optativo poder ser utilizado apenas a partir do nvel no detalhado pela Unio, nos casos em que o ente da Federao julgar necessrio obter informaes mais precisas.

    O detalhamento optativo ocorrer atravs da criao do 7o e ltimo nvel ou atravs dos nveis ainda no utilizados, ou seja, que constem com zeros.

    Portanto, a codificao econmica da receita oramentria composta obrigatoriamente por 8 dgitos em 6 nveis, todavia, poder conter at 10 dgitos em 7 nveis.

    7. Fonte e Destinao de Recursos A classificao por natureza da receita, vista no tpico anterior, objetiva a melhor identificao da origem do recurso segundo seu fato gerador.

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    No entanto, existe ainda a necessidade de classificar a receita conforme a destinao legal dos recursos arrecadados. Dependendo da fonte do recurso ele dever ser destinado para despesas especficas. Diante de tal demanda, foi institudo pelo Governo Federal o mecanismo de Fonte e Destinao de Recursos.

    Entende-se por fonte de recursos a origem ou a procedncia dos recursos que devem ser gastos com uma determinada finalidade. Destinar recursos exatamente informar onde o recurso ser aplicado. Assim, de acordo com a fonte do recurso, ele ser destinado para determinados fins preestabelecidos.

    Destinar recursos indicar previamente, o processo pelo qual os recursos pblicos so correlacionados a uma aplicao. Os manuais da Secretaria do Tesouro Nacional e da Secretaria de Oramento Federal (MCASP e MTO) classificam a destinao em:

    Destinao Vinculada: o processo de vinculao entre a origem e a aplicao de recursos, em atendimento s finalidades especficas estabelecidas pela norma.

    Denomina-se receita vinculada aquela com destinao especfica estabelecida na Constituio Federal ou em dispositivos legais. A vinculao da receita torna a programao financeira menos flexvel.

    Grande parte dos impostos possui suas receitas legalmente vinculadas, ou seja, quando arrecadados s podero ser utilizados para determinados fins especficos. Apesar da CF, art. 167, inciso IV, vedar a vinculao da receita de impostos, o mesmo inciso estabelece um elenco numeroso de excees.

    Constituio Federal CF/1988:

    Art. 167. So vedados:

    (...)

    IV a vinculao de receita de impostos a rgo, fundo ou despesa, ressalvadas a repartio do produto da arrecadao dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinao de recursos para as aes e servios pblicos de sade, para manuteno e desenvolvimento do ensino e para realizao de atividades da administrao tributria, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, 2o, 212 e 37, XXII, e a prestao de garantias s operaes de crdito por antecipao de receita, previstas no art. 165, 8o, bem como o disposto no 4o deste artigo;

    4o. permitida a vinculao de receitas prprias geradas pelos impostos a que se referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de que tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, para a prestao de garantia ou contragarantia Unio e para pagamento de dbitos para

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    com esta.

    A criao de vinculaes para as receitas deve ser pautada em mandamentos legais que regulamentam a aplicao de recursos, seja para funes essenciais, seja para entes, rgos, entidades e fundos.

    A vinculao poder tambm ser derivada de convnios e contratos de emprstimos e financiamentos, em virtude da legislao prever tal vinculao em determinados casos, cujos recursos so obtidos nessas transaes com finalidade especfica.

    Importante ressaltar que o oramento brasileiro considerado com alto grau de vinculaes, tais como transferncias constitucionais para estados e municpios, manuteno do ensino, seguridade social e outras.

    Assim, tais vinculaes tornam o processo oramentrio extremamente rgido. Observe que a Constituio Federal inclusive prev excees para as receitas de impostos, para as quais, de regra, no poderia haver vinculaes.

    Foi cobrado em concurso!

    (CESPE Auditor/TC-ES 2012) A abrangncia do princpio oramentrio da no vinculao de receitas restringe-se s receitas de impostos.

    Resoluo

    O Princpio da No Vinculao ou No Afetao est contido no texto constitucional, o qual informa a proibio de se vincular as receitas de IMPOSTOS. Portanto, outras espcies tributrias, como as taxas e contribuies, podero ter suas receitas vinculadas, ou seja, previamente destinadas para determinadas despesas. CERTO.

    Destinao Ordinria: o processo de alocao livre entre a fonte e a aplicao de recursos, para atender a quaisquer finalidades.

    Algumas fontes de recursos no esto vinculadas legalmente a determinadas aplicaes e podem ser destinadas livremente durante o processo de planejamento oramentrio.

    Informa-se previamente onde o recurso arrecadado ser aplicado, todavia, essa destinao no oriunda de uma imposio legal, mas planejada de acordo com os interesses do Estado.

    Lembre-se! Tem-se uma Destinao Vinculada quando a utilizao dos recursos for rgida e direcionada pela legislao. De outra forma, estaremos diante de uma Destinao Ordinria, ou seja, ocorre quando a utilizao dos recursos for livremente planejada.

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    De acordo com a fonte do recurso ele ser destinado para determinados fins preestabelecidos. Torna-se necessrio, portanto, identificar e individualizar esses recursos arrecadados de modo a evidenciar sua aplicao, seja por determinao legal ou o livre planejamento estatal. Tal identificao das fontes e destinaes de recursos procedida atravs de cdigos especficos.

    Importante! O controle das destinaes de recursos deve ser feito por todos os entes da Federao, devido existncia de vinculaes para todos eles. Todos os entes possuem vinculaes prprias, devendo existir especificaes de fontes para essas destinaes.

    A metodologia de destinao de recursos constitui instrumento que interliga todo o processo oramentrio-financeiro, desde a previso da receita at a execuo da despesa. Esse mecanismo possibilita a transparncia no gasto pblico e o controle das fontes de financiamento das despesas, por motivos estratgicos (destinao ordinria) e pela legislao que estabelece vinculaes para as receitas (destinao vinculada).

    Transparncia, pois, com a identificao das fontes, pode-se verificar se os recursos auferidos foram devidamente empregados nas destinaes que a norma legal obrigou, ou que o ente estatal se disps a executar. Proceder ao controle e possibilitar a transparncia dos bens pblicos constitui um dos objetivos da Contabilidade Pblica.

    LRF (LC no 101/2000):

    Art. 8o. Pargrafo nico. Os recursos legalmente vinculados a finalidade especfica sero utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculao, ainda que em exerccio diverso daquele em que ocorrer o ingresso.

    Art. 50. Alm de obedecer s demais normas de Contabilidade Pblica, a escriturao das contas pblicas observar as seguintes:

    I a disponibilidade de caixa constar de registro prprio, de modo que os recursos vinculados a rgo, fundo ou despesa obrigatria fiquem identificados e escriturados de forma individualizada;

    Lembre-se! A metodologia de destinao de recursos constitui instrumento que interliga todo o processo oramentrio-financeiro, desde a previso da receita at a execuo da despesa.

    Na elaborao da Lei Oramentria Anual, ao se fixar a despesa deve-se indicar, atravs dos cdigos, a Fonte de Recursos que ir financi-la, juntamente com outras classificaes, como a natureza da despesa ou o programa de trabalho.

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    Procedimento semelhante para a receita, cuja previso de arrecadao consta na LOA com a classificao da Natureza da Receita mais o cdigo de Destinao de Recursos.

    Na execuo oramentria, a codificao da destinao da receita indica a sua aplicao, evidenciando, a partir do ingresso, as destinaes dos valores. Para a realizao da despesa deve estar demonstrada qual a sua fonte de financiamento, estabelecendo-se a interligao entre a receita e a despesa.

    Na Lei Oramentria Anual:

    A receita prevista Deve indicar a Destinao do Recurso, quando efetivamente arrecadada.

    A despesa fixada Deve indicar a Fonte de Recurso que ir financi-la, possibi-litando a sua execuo.

    Assim, no momento do recebimento dos valores, feita a identificao da receita e, consequentemente, a destinao do recurso, sendo possvel determinar a disponibilidade para alocao discricionria pelo gestor pblico e aquela reservada para finalidades especficas, conforme vinculaes estabelecidas.

    O controle das disponibilidades financeiras por fonte e destinao de recursos deve ser realizado desde a elaborao do oramento at a sua execuo, incluindo ingresso, comprometimento e sada dos recursos financeiros.

    CDIGO DA FONTE DE RECURSOS

    As fontes de recursos constituem-se de determinados agrupamentos de naturezas de receitas e servem para indicar como so financiadas as despesas oramentrias.

    As fontes so identificadas atravs de um cdigo de 3 dgitos, sendo que o primeiro informa o Grupo de Fonte de Recursos e os dois ltimos a Especificao da Fonte de Recurso.

    1o dgito Grupo de Fonte de Recursos

    2o e 3o dgitos Especificao da Fonte de Recurso

    Os nmeros utilizados para o Grupo de Fonte de Recursos so:

    GRUPO DE FONTES DE RECURSOS

    1 Recursos do Tesouro Exerccio Corrente

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    2 Recursos de Outras Fontes Exerccio Corrente

    3 Recursos do Tesouro Exerccios Anteriores

    6 Recursos de Outras Fontes Exerccios Anteriores

    9 Recursos Condicionados

    Existem vrios cdigos para a Especificao das Fontes de Recursos.

    Eis alguns exemplos:

    Dica! No h necessidade de decorar tais cdigos para seu sucesso neste concurso. Disponibilizamos este contedo apenas para que voc possa melhor compreender o funcionamento do mecanismo de fonte/destinao de recursos.

    8. Questes de Concursos Pblicos Aps esta bateria de questes de concurso comentadas, disponibilizamos, logo em seguida, a mesma lista de exerccios, todavia, sem resoluo, para que o aluno, a seu critrio, as resolva antes de ver o gabarito e ler os comentrios correspondentes.

    QUESTES DE CONCURSOS COM RESOLUO

    1. (CESPE Analista-Gesto Financeira/INPI 2013) A receita oramentria definida como o ingresso de recursos financeiros durante determinado exerccio oramentrio, sendo um novo elemento para o patrimnio pblico.

    Resoluo

    Receita oramentria o recurso financeiro que ingressa definitivamente ao patrimnio pblico, sendo um elemento novo e positivo. CERTO.

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    2. (CESPE Analista-Gesto Financeira/INPI 2013) A receita pblica deve ser classificada nas categorias econmicas receitas correntes e receitas de capital.

    Resoluo

    Quanto a classificao econmica, a receita pode ser Corrente ou de Capital. CERTO.

    3. (CESPE TFCE/TCU 2012) As receitas oramentrias na esfera econmica sero classificadas em receitas correntes e receitas de capital. Receitas correntes so aquelas provenientes de recursos financeiros oriundos de constituio de dvidas, ao passo que as de capital originam-se dos tributos arrecadados pelo Estado.

    Resoluo

    Ocorre o inverso: os recursos financeiros provenientes da arrecadao de tributos so receitas correntes e os oriundos da constituio de dvidas so classificados como receitas de capital, conforme art. 11 da Lei n 4.320/64. ERRADO.

    4. (Cespe Tcnico/TRE-MG 2009 adaptada) Pelo enfoque oramentrio, a receita inclui todos os ingressos disponveis para cobertura das despesas oramentrias, excetuando-se as operaes de crdito autorizadas por lei.

    Resoluo

    Pelo enfoque oramentrio, a receita inclui todos os ingressos disponveis para cobertura das despesas oramentrias, inclusive as operaes de crdito autorizadas por lei. ERRADO.

    5. (CESPE Analista-Contabilidade/EBC 2011) A receita de servios de publicidade legal decorrentes das atividades de agenciamento de publicidade classificada como receita corrente.

    Resoluo

    Receita Oramentria Corrente de Servios. CERTO.

    6. (CESPE ACE-Cincias Contbeis/TC-ES 2012) As transferncias da Unio para os estados, municpios e Distrito Federal decorrentes da repartio das receitas tributrias constituem, obrigatoriamente, receitas correntes.

    Resoluo

    Todas as receitas provenientes de tributos so classificadas como Receitas Correntes, sejam elas arrecadadas diretamente pelo ente ou recebidas atravs de transferncias. Assim, o ingresso financeiro poder ser classificado como Receita Tributria ou Transferncias Correntes. CERTO.

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    7. (Cespe Analista MPU 2010) A receita oramentria, sob as rubricas prprias, engloba todas as receitas arrecadadas e que no possuem carter devolutivo, inclusive as provenientes de operaes de crdito. Por sua vez, os ingressos extraoramentrios so aqueles pertencentes a terceiros, arrecadados pelo ente pblico, exclusivamente para fazer face s exigncias contratuais pactuadas para posterior devoluo.

    Resoluo

    Questo muito bem elaborada! Primeiramente traz o conceito de receita pblica oramentria. So aquelas arrecadadas e que possuem as seguintes caractersticas:

    incorporao definitiva aos cofres pblicos;

    representam elemento novo e positivo;

    em geral causam fato contbil modificativo aumentativo;

    arrecadao constante, ou seja, ocorre de forma permanente;

    no possui carter devolutivo.

    Em seguida, a questo conceitua receita extraoramentria, a qual possui as seguintes caractersticas:

    no se incorporam definitivamente aos cofres pblicos;

    representam recursos de terceiros;

    representam fato contbil permutativo;

    arrecadao espordica, ou seja, ocorre de forma casual;

    possui carter devolutivo.

    CERTO.

    8. (CESPE Analista-Contabilidade/ANP 2013) As receitas dos royalties so originadas pela explorao do patrimnio do Estado, que constitudo por recursos minerais, hdricos e florestais. Essas receitas so classificadas como patrimoniais, dentro da categoria econmica receitas correntes.

    Resoluo

    A Receita Corrente Patrimonial o ingresso proveniente de rendimentos sobre investimentos do ativo permanente, de aplicaes de disponibilidades em operaes de mercado e outros rendimentos oriundos de renda de ativos permanentes. Assim, as receitas de royalties, que so oriundas da explorao do patrimnio pblico, esto contidas nessa classificao. CERTO.

    9. (CESPE Contador/TJ-AC 2012) As receitas provenientes da explorao do patrimnio pblico, do poder de tributar emanado do

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    Estado e das atividades de prestao de servios constituem receitas correntes.

    Resoluo

    Todas so Receitas Correntes, classificadas respectivamente como: Receita Patrimonial; Receita Tributria ou Receita de Contribuies; e Receita de Servios. CERTO.

    10. (CESPE Analista-Gesto Financeira/INPI 2013) Considere que, devido reestruturao de determinado rgo pblico, algumas unidades imobilirias originalmente ocupadas e pertencentes ao Estado deixem de ser utilizadas. Para evitar a degradao dos edifcios, e sem nova funo programada para eles, suponha que a autoridade governamental os venda mediante os instrumentos legais apropriados. Nessa situao hipottica, as receitas obtidas pela converso em espcie desses bens so classificadas como receitas de capital.

    Resoluo

    Perfeito! Tais ingressos financeiros sero classificados como Receitas de Capital Alienao de Bens. CERTO.

    11. (CESPE ANTAQ/Analista 2009) As receitas provenientes de rendimentos sobre investimentos do ativo permanente, de aplicaes de disponibilidades em operaes de mercado e de outros rendimentos oriundos de renda de ativos permanentes devem ser classificadas como receitas correntes.

    Resoluo

    So duas as categorias econmicas: receitas correntes e de capital. As mencionadas na questo so receitas correntes originrias, oriundas de atividades estatais tidas como empresariais.

    So receitas correntes: as receitas tributrias, de contribuies, patrimonial, agropecuria, industrial, de servios e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito pblico ou privado, quando destinadas a atender despesas classificveis em Despesas Correntes.

    No h que se fazer confuso com as receitas de capital. As receitas de capital so obtidas por venda de bens, obteno de emprstimos, recebimento do principal de emprstimos concedidos, recursos recebidos de terceiros a serem aplicados em despesas de capital e ainda o supervit do oramento corrente. CERTO.

    12. (CESPE Analista-Gesto Financeira/INPI 2013) A receita patrimonial auferida de locao do patrimnio pblico iniciativa privada classificada como receita de capital.

    Resoluo

  • ADMINISTRAO FINANCEIRA E ORAMENTRIA AFO ANALISTA JUDICIRIO REA ADMINISTRATIVA / STF

    TEORIA E EXERCCIO PROF.: DEUSVALDO CARVALHO E MARCIO CECCATO

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    O recurso financeiro oriundo da locao do patrimnio pblico de fato uma Receita Patrimonial, portanto, contida na classificao de Receitas Correntes (e no de Capital). ERRADO.

    13. (CESPE Analista-Contabilidade/CNJ 2013) As receitas de operaes intraoramentrias resultam das operaes realizadas entre rgos e demais entidades da administrao pblica integrantes do oramento fiscal e do oramento da seguridade social do mesmo ente federativo, representando novas entradas de recursos nos cofres pblicos do ente, sem provocar, contudo, efeitos sobre o patrimnio lquido.

    Resoluo

    O erro est apenas na parte da questo que informa representando novas entradas de recursos nos cofres pblicos do ente. Exatamente por no ser uma nova entrada de recurso para o ente da Federao que o recurso intraoramentrio precisa ser identificado, evitando-se, assim, que seja considerada receita um recurso proveniente do prprio ente.

    Observa-se que ocorre variao no patrimnio lquido dos rgos/entidades do ente envolvidos na operao. Todavia, dado que todos so participantes do mesmo oramento, o recurso financeiro que sai, acaba ingressando no patrimnio do prprio ente, no havendo, na consolidao das contas pblicas, varia