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CURSO ONLINE – AFO PARA CONSULTOR DE ORÇAMENTOS PROF. GRACIANO ROCHA Prof. Graciano Rocha www.pontodosconcursos.com.br Página 1 de 121 AULA 04 Saudações, caro aluno! Hoje trataremos de um dos principais conteúdos relativos a orçamento público, a despesa. Nesse tema, trataremos das classificações a ela aplicáveis , entre as quais se destaca a classificação pela natureza da despesa, e da execução orçamentária. Ao final, estudaremos tópicos complementares ao assunto “despesa pública”, e que são presença marcante em provas de concursos: restos a pagar, despesas de exercícios anteriores e suprimento de fundos. Porém, inicialmente, veremos alguns conceitos preliminares, que servirão de subsídio para questionamentos mais básicos e para o próprio entendimento progressivo do conteúdo. Então, vamos em frente. Boa aula! GRACIANO ROCHA

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    AULA 04

    Saudaes, caro aluno!

    Hoje trataremos de um dos principais contedos relativos a oramento pblico, a despesa.

    Nesse tema, trataremos das classificaes a ela aplicveis , entre as quais se destaca a classificao pela natureza da despesa, e da execuo oramentria.

    Ao final, estudaremos tpicos complementares ao assunto despesa pblica, e que so presena marcante em provas de concursos: restos a pagar, despesas de exerccios anteriores e suprimento de fundos.

    Porm, inicialmente, veremos alguns conceitos preliminares, que serviro de subsdio para questionamentos mais bsicos e para o prprio entendimento progressivo do contedo.

    Ento, vamos em frente. Boa aula!

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    DESPESA PBLICA

    Despesa oramentria e extraoramentria

    Como princpio, a despesa pblica deve ser aplicada numa finalidade pblica. Isso pode envolver tanto atendimento direto a necessidades de segmentos da populao quanto a necessidades de estruturas do prprio governo.

    Tambm necessrio que a execuo da despesa se d por ordem de pessoal responsvel, com legitimidade estabelecida por atos normativos para manejo dos recursos pblicos.

    O Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Pblico (MCASP) traz dois conceitos complementares a respeito da despesa, com os quais iniciaremos nosso estudo:

    [despesas oramentrias] dependem de autorizao legislativa para sua efetivao. As despesas de carter oramentrio necessitam de recurso pblico para sua realizao e constituem instrumento para alcanar os fins dos programas governamentais.

    despesa oramentria fluxo que deriva da utilizao de crdito consignado no oramento da entidade, podendo ou no diminuir a situao lquida patrimonial.

    Esses conceitos nos permitem separar, inicialmente, as despesas oramentrias das despesas extraoramentrias.

    Como os trechos do MCASP acima permitem antever, a despesa oramentria depende de autorizao legislativa para sua execuo. Essa autorizao ocorre ora por meio dos crditos iniciais, veiculados na LOA, ora por meio dos crditos adicionais (suplementares, especiais e extraordinrios).

    As despesas autorizadas na LOA ou nos crditos adicionais refletem a aplicao de recursos pretendida pelo governo, nos programas escolhidos no mbito de seu planejamento e de suas prioridades.

    Como resta evidente, para a execuo da despesa oramentria, necessria a existncia de recursos pblicos para suport-la. Portanto, para realizar a despesa, preciso que haja tanto o crdito oramentrio (que representa a permisso para o gasto) quanto o respaldo financeiro correspondente.

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    Crdito X recurso

    Vale a pena deixar bem diferenciadas essas palavras, que tm uma

    relao muito prxima.

    A palavra crdito, na contabilidade pblica, tem a ver com a

    autorizao oramentria para o gasto, e a palavra recurso

    corresponde ao aspecto financeiro do oramento, ou seja, ao dinheiro

    cuja utilizao foi autorizada mediante o crdito.

    Assim, no estudo da matria oramentria, verificamos fatos ligados ao

    oramento que envolvem reflexos financeiros e outros que implicam

    apenas lanamentos contbeis (fatos estritamente oramentrios).

    No caso da execuo da despesa, inicialmente ocorrem fatos

    oramentrios, no nascimento e na confirmao da obrigao a pagar, e

    o impacto financeiro registrado ao final, com a quitao junto ao

    credor.

    Por outro lado, tal qual ocorre com a receita, tambm existem as despesas extraoramentrias. Essas despesas representam a devoluo de recursos que estavam em poder do ente pblico, mas que no pertenciam realmente ao errio, e que, portanto, no podem ser executados em favor de aes governamentais.

    Para essa devoluo de recursos que caracteriza as despesas extraoramentrias, no necessria qualquer autorizao legislativa. Basta a liberao financeira ao favorecido.

    As despesas extraoramentrias, segundo o MCASP, decorrem de sadas compensatrias no ativo e no passivo financeiro, tais como:

    devoluo dos valores de terceiros, anteriormente depositados; recolhimento de consignaes/retenes;

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    pagamento das operaes de crdito por antecipao de receita (ARO). Desse modo, as despesas extraoramentrias sero, muitas vezes, a contrapartida de receitas extraoramentrias, cuja devoluo exigida.

    Por sua prpria natureza, o foco de nosso estudo repousar sobre as

    despesas oramentrias, que caracterizam a aplicao de recursos nos

    programas institudos pelo governo.

    Como isso cai na prova?

    1. (CESPE/CONSULTOR/SEFAZ-ES/2009) Em sua acepo financeira, despesa pblica a aplicao de recursos pecunirios em forma de gastos ou em forma de mutao patrimonial, com o fim de realizar as finalidades do Estado.

    2. (FCC/ANALISTA/TRE-PI/2009) Uma despesa extraoramentria caracteriza-se por

    (A) provocar uma reduo efetiva na situao lquida patrimonial.

    (B) modificar, simultaneamente, contas do ativo financeiro e do passivo permanente.

    (C) modificar, simultaneamente, contas do ativo financeiro e do ativo permanente.

    (D) provocar uma reduo do supervit financeiro.

    (E) no precisar de autorizao legislativa para a sua ocorrncia.

    3. (FCC/ANALISTA/MP-SE/2009) uma despesa extraoramentria o pagamento de

    (A) juros da dvida.

    (B) pessoal.

    (C) contribuio patronal ao RPPS.

    (D) devoluo de cauo.

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    (E) servios de terceiros.

    4. (CESPE/CONSULTOR/SEFAZ-ES/2009) Enquanto a execuo oramentria se refere utilizao dos recursos consignados no oramento ou na LOA, a execuo financeira representa a utilizao de crditos financeiros. Na tcnica oramentria, reserva-se o termo recurso para designar o lado oramentrio e crdito para o lado financeiro.

    A questo 1 est CERTA. Sendo efetiva ou no, a despesa pblica necessariamente est ligada concretizao dos objetivos programados pelo governo.

    Na questo 2, devemos observar que despesa extraoramentrias, por serem operaes compensatrias (devolues de recursos de terceiros), no implicam reduo patrimonial, j que o Estado no chega a se apoderar desses recursos, e representam fatos apenas financeiros. Das alternativas, a afirmao correta a de que no necessria autorizao legislativa para a realizao da despesa extraoramentria. Gabarito: E.

    Das opes da questo 3, a que representa recursos de terceiros e, portanto, exemplo de despesa extraoramentria, a devoluo de cauo. Gabarito: D.

    No caso da questo 4, inverteram-se os conceitos: crdito oramentrio e recurso financeiro. Questo ERRADA.

    CLASSIFICAO PELA NATUREZA DA DESPESA

    A classificao por natureza da despesa, ou classificao econmica da despesa, correspondente classificao por natureza da receita, que j estudamos.

    Tambm agora, todos os entes federados so obrigados a adotar os padres indicados pela Lei 4.320/64. E isso permite que se conhea a dimenso e o perfil do gasto pblico, agregado nacionalmente.

    A receita, quanto a essa classificao econmica, era desmembrada em categoria econmica, origem, espcie, rubrica, alnea e subalnea, confere?

    No mbito da despesa, originalmente, a Lei 4.320/64 trouxe a classificao por natureza em categorias econmicas, subcategorias econmicas e elementos de despesa.

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    Detalhe: esse ltimo nvel, o elemento de despesa, devia constar obrigatoriamente da LOA, tornando a despesa muito amarrada (tratamos disso ao falar do princpio da discriminao). Conforme a Lei, elemento de despesa o

    desdobramento da despesa com pessoal, material, servios, obras e outros meios de que se serve a administrao pblica para consecuo dos seus fins.

    Entretanto, por meio de uma portaria (Portaria Interministerial STN/SOF 163/2001), foi alterada a classificao da despesa da Lei 4.320/64. Nessa Portaria 163/2001, o elemento de despesa deixou de ser obrigatrio na LOA, podendo ser discriminado apenas no momento da execuo oramentria, e acrescentou-se mais um nvel de classificao (a Portaria chamou esse nvel apenas de informao gerencial): a modalidade de aplicao.

    Portanto, atualmente, a classificao pela natureza da despesa composta por:

    categoria econmica; grupo de natureza da despesa; modalidade de aplicao (indicada como informao gerencial); elemento de despesa; desdobramento do elemento (facultativo).

    Na codificao dessa classificao para fins de execuo oramentria, tais nveis so caracterizados pela sequncia C.G.MM.EE.DD, com as letras sendo substitudas pelos algarismos aplicveis.

    Em seguida, vamos conversar mais detalhadamente sobre esses nveis de classificao.

    Categoria econmica. Assim como afirmamos ao estudar a receita, a categoria econmica da despesa indica o efeito que ela ter sobre a economia (transferncias de recursos, montante de gastos com custeio consumo do governo, nvel de investimentos etc.). Temos, assim como na receita, as categorias despesas correntes e despesas de capital.

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    As despesas correntes (cdigo classificatrio 3) representam gastos de manuteno da mquina estatal. Portanto, as atividades normais, cotidianas, que garantem a prestao dos servios e o funcionamento dos rgos/entidades so custeadas por essa categoria de despesa.

    Segundo o MCASP, as despesas correntes so aquelas que no contribuem, diretamente, para a formao ou aquisio de um bem de capital.

    As despesas de capital (cdigo classificatrio 4) relacionam-se com a aquisio/modificao do patrimnio pblico. Trata-se da aplicao de recursos em bens/servios que resultaro na expanso, ou, ao menos, na transformao do patrimnio estatal.

    Novamente conforme o MCASP, despesas de capital so as que contribuem, diretamente, para a formao ou aquisio de um bem de capital.

    Como isso cai na prova?

    5. (FCC/ANALISTA/TRT-04/2006) A classificao da despesa, segundo a sua natureza, compe-se de

    (A) categoria econmica, grupo de natureza de despesa e elemento de despesa.

    (B) categoria econmica, funo e elemento de despesa.

    (C) funo, programa e subprograma.

    (D) rgo oramentrio, funo e categoria econmica.

    (E) rgo oramentrio, unidade oramentria e unidade de despesa.

    6. (CESPE/ANALISTA/ANCINE/2006) A classificao pela natureza da despesa se d em diversos nveis de agregao: categoria econmica, grupos de despesas, modalidade de aplicao e elemento de despesa.

    7. (FGV/AUDITOR/TCM-RJ/2008) Despesas de capital so voltadas para a manuteno de servios j criados ou para a realizao de obras de conservao de bens imveis.

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    Na questo 5, a sequncia correta de nveis da classificao econmica da despesa categoria grupo elemento (podendo-se acrescentar a modalidade de aplicao, como informao adicional). Gabarito: A.

    A questo 6 espelha os nveis de classificao pertencentes natureza da despesa. Questo CERTA.

    A questo 7 inverte os conceitos: os gastos de manuteno das atividades estatais e de conservao dos bens representam despesas correntes. Questo ERRADA.

    Grupo de natureza da despesa. Originalmente, na Lei 4.320/64, o nvel de classificao abaixo das categorias econmicas no recebeu denominao especfica, mas a doutrina instituiu a figura das subcategorias econmicas. A partir da Portaria 163/2001, substituiu-se a subcategoria econmica pelo grupo de natureza da despesa.

    Os grupos de natureza da despesa constituem, conforme a Portaria 163, a agregao de elementos de despesa que apresentam as mesmas caractersticas quanto ao objeto de gasto. Nessa classificao econmica, temos os seguintes grupos, acompanhados dos cdigos respectivos:

    Dentro de cada grupo relacionado acima, encontram-se os correspondentes elementos de despesa, que traro a dimenso concreta da despesa no momento de sua execuo.

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    Os grupos de 1 a 3 acima tm maior afiliao categoria das despesas

    correntes, e os de 4 a 6, s despesas de capital.

    Vejamos os conceitos trazidos pelo MCASP sobre os grupos de natureza da despesa:

    Pessoal e encargos sociais: despesas oramentrias de natureza remuneratria, decorrentes de:

    efetivo exerccio de cargo, emprego ou funo de confiana no setor pblico;

    pagamento dos proventos de aposentadorias, reformas e penses; obrigaes trabalhistas de responsabilidade do empregador, incidentes

    sobre a folha de salrios;

    contribuio a entidades fechadas de previdncia; outros benefcios assistenciais classificveis neste grupo de despesa; outras parcelas de cunho remuneratrio.

    Juros e encargos da dvida: despesas oramentrias com o pagamento de juros, comisses e outros encargos de operaes de crdito internas e externas contratadas, bem como da dvida pblica mobiliria (pagamento relativo ao resgate de ttulos pblicos).

    Outras despesas correntes: Despesas oramentrias com aquisio de material de consumo, pagamento de dirias, contribuies, subvenes, auxlio-alimentao, auxlio-transporte, alm de outras despesas da categoria econmica "Despesas Correntes" no classificveis nos demais grupos de natureza de despesa.

    Investimentos: despesas oramentrias com softwares e com o planejamento e a execuo de obras, inclusive com a aquisio de imveis considerados necessrios realizao destas ltimas, e com a aquisio de instalaes, equipamentos e material permanente.

    Inverses financeiras: despesas oramentrias com a aquisio de imveis ou bens de capital j em utilizao; aquisio de ttulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer espcie, j constitudas, quando

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    a operao no importe aumento do capital; e com a constituio ou aumento do capital de empresas.

    Amortizao da dvida: despesas oramentrias com o pagamento e/ou refinanciamento do principal e da atualizao monetria ou cambial da dvida pblica interna e externa, contratual ou mobiliria.

    Vale assinalar que essa classificao uma atualizao da disciplina original da Lei 4.320/64. Conforme essa lei, as categorias econmicas da despesa tinham as seguintes subdivises:

    DESPESAS CORRENTES

    Despesas de Custeio Transferncias Correntes

    DESPESAS DE CAPITAL

    Investimentos Inverses Financeiras Transferncias de Capital

    Os conceitos trazidos pela Lei 4.320/64 para esses agrupamentos, ainda compatveis com os de hoje, eram:

    1 Classificam-se como Despesas de Custeio as dotaes para manuteno de servios anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a obras de conservao e adaptao de bens imveis.

    2 Classificam-se como Transferncias Correntes as dotaes para despesas as quais no corresponda contraprestao direta em bens ou servios, inclusive para contribuies e subvenes destinadas a atender manifestao de outras entidades de direito pblico ou privado.

    (...)

    4 Classificam-se como investimentos as dotaes para o planejamento e a execuo de obras, inclusive as destinadas aquisio de imveis considerados necessrios realizao destas ltimas, bem como para os programas especiais de trabalho, aquisio de instalaes, equipamentos e material permanente e

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    constituio ou aumento do capital de emprsas que no sejam de carter comercial ou financeiro.

    5 Classificam-se como Inverses Financeiras as dotaes destinadas a:

    I - aquisio de imveis, ou de bens de capital j em utilizao;

    II - aquisio de ttulos representativos do capital de emprsas ou entidades de qualquer espcie, j constitudas, quando a operao no importe aumento do capital;

    III - constituio ou aumento do capital de entidades ou emprsas que visem a objetivos comerciais ou financeiros, inclusive operaes bancrias ou de seguros.

    6 So Transferncias de Capital as dotaes para investimentos ou inverses financeiras que outras pessoas de direito pblico ou privado devam realizar, independentemente de contraprestao direta em bens ou servios, constituindo essas transferncias auxlios ou contribuies, segundo derivem diretamente da Lei de Oramento ou de lei especialmente anterior, bem como as dotaes para amortizao da dvida pblica.

    Assim, as chamadas despesas de custeio correspondiam aos atuais grupos 1, 2 e 3; e a amortizao da dvida estava contida em transferncias de capital.

    A diferena das classificaes reside principalmente na existncia das transferncias (correntes e de capital). Atualmente, para caracterizar uma transferncia, no se utiliza mais uma classificao correspondente ao grupo de natureza da despesa; isso se faz mediante a modalidade de aplicao, como veremos em seguida.

    Quanto aos investimentos e inverses financeiras, a forma mais

    simples de tentar diferenciar esses grupos de despesas de capital a

    seguinte: investimentos significam injeo de recursos em bens de

    capital novos, ou criao de bens de capital, que aumentam o produto

    interno bruto; inverses financeiras implicam a aquisio de bens de

    capital j existentes, sem alterao do PIB.

    Se voc no lembra imediatamente, bens de capital so bens

    produtivos, por meio dos quais so obtidos novos bens e servios. Ou

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    seja, so bens dos quais decorrem novas atividades econmicas e, por

    isso mesmo, aumento da riqueza. Eles se opem aos bens de consumo,

    que atendem diretamente as necessidades e desejos dos consumidores.

    Como isso cai na prova?

    8. (FCC/ANALISTA/TJ-SE/2009) O agregador de elementos de despesa com as mesmas caractersticas quanto ao objeto de gasto, denomina-se:

    (A) Grupo de Elementos da Despesa.

    (B) Categoria Econmica.

    (C) Categoria Programtica.

    (D) Grupo Modalidade Econmica.

    (E) Grupo de Natureza da Despesa.

    9. (CESPE/ANALISTA/TRE-MT/2010) Geralmente, a despesa efetiva coincide com a despesa de capital. Entretanto, h despesa de capital que no efetiva, como, por exemplo, as transferncias de capital que causam decrscimo patrimonial.

    10. (FGV/ANALISTA/FIOCRUZ/2010) H uma rigidez do plano de contas da Lei n. 4.320/64 que torna inseparvel a despesa de pessoal do quadro da instituio, classificada no grupo de despesa pessoal e encargos sociais, vinculando-a apenas s despesas correntes. Por exemplo, em caso de obra ser executada por equipe prpria, os elementos efetivos da despesa, sob o ttulo obras e instalaes, no refletem o objeto imediato da despesa.

    11. (FGV/AUDITOR/TCM-RJ/2008) As despesas correntes abrangem as despesas de custeio e as transferncias correntes.

    12. (FGV/AUDITOR/TCM-PA/2008) Despesas correntes so aquelas feitas objetivando assegurar o funcionamento dos servios pblicos, como, por exemplo, as obras de conservao, aquisio de imveis e amortizao da dvida pblica.

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    13. (CESPE/TCNICO SUPERIOR/IPAJM-ES/2010) As inverses financeiras so uma espcie de despesa de capital em que ocorre acrscimo no capital do governo.

    Na questo 8, conforme estabelecido na Portaria 163/2011, o conceito trazido pelo enunciado corresponde ao grupo de natureza da despesa. Gabarito: E.

    A questo 9 est ERRADA. As transferncias de capital so despesas efetivas, justamente por gerarem o decrscimo patrimonial referido na questo.

    Na questo 10, temos o seguinte: para a classificao econmica da despesa, no faz diferena se o pessoal empregado em atividades de manuteno ou diretamente na execuo de uma obra (que uma despesa de capital). Em qualquer caso, a mo de obra classificada como despesa corrente, gerando imprecises na classificao em casos como o segundo citado. Mesmo com as atualizaes da Lei 4.320/64, esse aspecto perdura. Questo CERTA.

    A questo 11 est CERTA: conforme a Lei 4.320/64 as despesas de custeio (pessoal, contrataes de servios etc.) e transferncias correntes fazem parte das despesas correntes.

    Na questo 12, nem todos os exemplos esto corretos: aquisio de imveis e amortizao da dvida so despesas de capital. Questo ERRADA.

    A questo 13 est ERRADA: as inverses financeiras, como seu prprio nome indica, envolvem a aquisio de bens ou direitos em uso, no se gerando, portanto, aumento patrimonial, mas uma mutao patrimonial.

    Modalidade de aplicao. A modalidade de aplicao indica a forma como a despesa ser executada: ou diretamente pelos rgos e entidades do ente pblico responsvel pela despesa, ou mediante transferncias. A despesa pode ser executada por meio de transferncias a Municpios, a Estados/DF, a entidades privadas, Unio etc.

    A ideia, ao se adotar a modalidade de aplicao, foi eliminar a dupla contagem de recursos e despesas nos casos de transferncia ou descentralizao.

    Como assim dupla contagem?

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    Por exemplo, caso o Ministrio da Educao comprasse livros editados por uma universidade federal, teramos o registro de uma despesa, por parte do MEC, e de uma receita, por parte da universidade federal.

    Entretanto, para a Unio como um todo, no teria havido nem receita nem despesa, pelo simples fato de no ter havido entrada ou sada de recursos do Tesouro Nacional.

    Se o registro de receitas e despesas, nesse tipo de operao, fosse feito do modo tradicional, seria criado um volume irreal de entradas e sadas financeiras, prejudicando a exatido das informaes sobre a execuo do oramento.

    Diante disso, para evitar esse risco de desinformao, utilizam-se as receitas intraoramentrias e, em contrapartida, as despesas intraoramentrias, que representam uma modalidade de aplicao especfica (modalidade 91: Aplicao Direta Decorrente de Operao entre rgos, Fundos e Entidades Integrantes dos Oramentos Fiscal e da Seguridade Social).

    Com isso, os rgos e entidades que participam de operaes financeiras recprocas (aquisies de bens/servios, pagamento de tributos etc.) registram suas respectivas receitas e despesas, mas a Unio, ao agregar as informaes, no considerar tais movimentaes de recursos para fechar seus balanos.

    Como isso cai na prova?

    14. (FCC/TCNICO SUPERIOR/PGE-RJ/2009) Para a classificao da despesa quanto sua natureza deve ser analisada a categoria econmica, o grupo ao qual pertence, a modalidade de aplicao e o objeto de gasto. Quanto modalidade de aplicao, pode ser classificada como despesa

    (A) direta ou por transferncia.

    (B) corrente ou de capital.

    (C) com pessoal, encargos sociais ou da dvida.

    (D) com investimentos, inverses financeiras ou amortizao de dvida.

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    (E) de custeio, transferncias correntes, investimentos ou transferncias de capital.

    15. (FGV/ANALISTA/MIN. CULTURA/2006) Uma determinada Unidade Oramentria realizou no exerccio financeiro vigente uma despesa e, ao registrar o seu pagamento, utilizou o seguinte cdigo: 3.3.90.35. De acordo com a classificao da despesa utilizada atualmente no Oramento Pblico, o primeiro dgito representado pelo algarismo "3", o terceiro e o quarto dgitos formando o nmero "90" indicam, respectivamente:

    (A) a categoria econmica e o grupo da despesa.

    (B) o grupo da despesa e o elemento da despesa.

    (C) a modalidade de aplicao e o grupo da despesa.

    (D) o elemento da despesa e a modalidade de aplicao.

    (E) a categoria econmica e a modalidade de aplicao.

    16. (CESPE/AUDITOR/AUGE-MG/2009) A modalidade de aplicao objetiva possibilita a eliminao da dupla contagem dos recursos transferidos ou descentralizados.

    17. (CESPE/CONSULTOR/SEFAZ-ES/2009) A natureza da despesa ser complementada pela modalidade de aplicao, que indicar se os recursos so aplicados diretamente por rgos ou entidades da mesma esfera de governo ou por outro ente da Federao.

    Na questo 14, considerando que a modalidade de aplicao indica se a execuo da despesa se dar pelo prprio ente pblico ou por agente que receba transferncia, o gabarito A.

    Na questo 15, os nmeros indicados pelo enunciado correspondem, respectivamente, categoria econmica (despesas correntes, no caso) e modalidade de aplicao (no caso, aplicao direta). Gabarito: E.

    A questo 16 repete a noo utilizada no MCASP, destacando a funo principal da modalidade de aplicao. Questo CERTA.

    A questo 17 est CERTA tambm, mais uma vez utilizando os conceitos do MCASP.

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    Elemento de despesa e desdobramento facultativo: relembrando a lio vista acima, atualmente, na lei oramentria, a despesa, quanto classificao pela natureza, classificada no mnimo em categoria econmica, grupo de natureza da despesa e modalidade de aplicao (codificao em 4 dgitos: C.G.MM). O elemento de despesa pode surgir tambm na LOA, mas no obrigatoriamente (codificao em seis dgitos: C.G.MM.EE).

    Alm disso, se for necessrio, o ente pblico poder desdobrar, facultativamente, o elemento de despesa, para tornar a classificao ainda mais fiel ao gasto a ser realizado. Nessa hiptese, a codificao da despesa ter 8 dgitos, com o acrscimo do desdobramento facultativo(C.G.MM.EE.DD).

    Como isso cai na prova?

    18. (FCC/ANALISTA/TRF-02/2007) Tratando-se de despesa pblica, na Lei de Oramento a discriminao da despesa oramentria ser feita, no mnimo, por elementos. Entende-se por elementos:

    (A) a despesa paga margem da Lei Oramentria, independente de autorizao legislativa.

    (B) ao desdobramento da despesa com pessoal, material, servios, obras e outros meios de que se serve a administrao pblica para a consecuo dos seus fins .

    (C) o agrupamento de servios subordinados ao mesmo rgo ou repartio a que sero consignadas dotaes prprias.

    (D) a despesa cuja realizao depende de autorizao legislativa mas pode ser realizada sem crdito oramentrio.

    (E) a despesa cuja realizao no depende de autorizao legislativa e pode ser realizada sem crdito oramentrio.

    19. (FCC/ANALISTA/TRT-24/2006) Tendo em vista o Princpio da Transparncia Pblica, existe a obrigatoriedade do desdobramento suplementar dos elementos de despesa para atendimento das

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    necessidades da escriturao contbil e controle da execuo oramentria.

    20. (FGV/ANALISTA/SEFAZ-RJ/2011) Uma determinada despesa realizada durante o exerccio financeiro de 2010 foi classificada por ocasio do seu pagamento com a seguinte codificao numrica: 4.4.90.52. Na estrutura da natureza da despesa utilizada atualmente em cumprimento s normas legais, o 5 e o 6 dgitos, formando o nmero 52, indica

    (A) a categoria econmica.

    (B) o elemento de despesa.

    (C) a modalidade de aplicao.

    (D) o subelemento de despesa.

    (E) o grupo de natureza da despesa.

    21. (CESPE/ANALISTA/ANA/2006) Mesmo que a lei de oramento discrimine a despesa de capital em nvel de elemento, poder a administrao pblica, para sua execuo, utilizar desdobramento que melhor atenda suas necessidades.

    O conceito de elemento de despesa, como disposto na Lei 4.320/64, o desdobramento da despesa com pessoal, material, servios, obras e outros meios de que se serve a administrao pblica para consecuo dos seus fins. Gabarito: B.

    No h obrigatoriedade de desdobrar os elementos de despesa em nveis inferiores de classificao econmica. Essa uma faculdade posta disposio das unidades executoras do oramento. A questo 19 est ERRADA.

    Na questo 20, o nmero 52 representa o nvel correspondente ao elemento de despesa. Gabarito: B.

    A questo 21 est CERTA. Como vimos, possvel desdobrar, se necessrio, o elemento de despesa, para enquadrar ainda melhor o gasto a ser realizado.

    CLASSIFICAO INSTITUCIONAL DA DESPESA

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    A classificao institucional identifica quem so as estruturas responsveis(ou, na linguagem do edital, os agentes responsveis) pela execuo da despesa. Nessa classificao, apontam-se o rgo oramentrio e a unidade oramentria, subordinada quele.

    Apesar da sugesto do nome, rgo oramentrio no corresponde sempre a rgo no sentido dado pelo Direito Administrativo.

    Tanto rgos, significando estruturas da administrao direta, quanto entidades da administrao indireta submetem-se a essa categorizao.

    Na verdade, rgo oramentrio um agrupamento ainda mais aberto. Segundo o Manual Tcnico de Oramento (MTO), editado pela Secretaria de Oramento Federal (SOF/MPOG),

    Um rgo ou uma unidade oramentria no corresponde necessariamente a uma estrutura administrativa, como ocorre, por exemplo, com alguns fundos especiais e com os rgos Transferncias a Estados, Distrito Federal e Municpios, Encargos Financeiros da Unio, Operaes Oficiais de Crdito, Refinanciamento da Dvida Pblica Mobiliria Federal e Reserva de Contingncia.

    Nesse sentido, s vezes o rgo oramentrio no corresponder a um agente ou estrutura responsvel pela execuo de despesas, mas a agrupamentos de despesas. Assim, geralmente, a classificao institucional aponta quem realiza a despesa.

    Ateno: j houve questes que tentaram misturar a classificao

    institucional com a classificao por esfera oramentria. A

    classificao por esfera, pouco cobrada em provas, indica qual dos trs

    oramentos institudos pela CF/88 (fiscal, da seguridade e de

    investimento das estatais) abrange a despesa a se classificar.

    As unidades oramentrias so aquelas indicadas na LOA como titulares das dotaes. Assim, no momento de executar a despesa, os procedimentos pertinentes execuo se daro por agentes dessa unidade oramentria.

    Antes de prosseguir nesse assunto, vamos tratar de diferenciar os tipos de unidades que integram os rgos e entidades da Administrao, conforme os conceitos da STN:

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    Unidade Oramentria: unidade qual o oramento da Unio consigna dotaes especificas para a realizao de seus programas de trabalho e sobre os quais exerce o poder de disposio.

    Unidade Administrativa: unidade qual a lei oramentria anual no consigna recursos e que depende de destaques ou provises para executar seus programas de trabalho.

    Unidade Gestora: Unidade oramentria ou administrativa investida do poder de gerir recursos oramentrios e financeiros, prprios ou sob descentralizao.

    Portanto, para diferenciar esses tipos de unidades, vamos repisar que a unidade oramentria aquela que surge na LOA como titular da dotao.

    As unidades administrativas no so beneficirias diretas de dotaes da LOA. Por isso, para executarem suas atribuies, precisam de transferncias oramentrias e financeiras, com o que podero efetuar os pagamentos das despesas.

    Por fim, as unidades gestoras podem ser tanto oramentrias (titulares das dotaes na LOA) quanto administrativas. Seu diferencial o poder de gerir (transferir, receber, controlar e executar) dotaes oramentrias e recursos financeiros, ultrapassando a simples execuo dos estgios da despesa.

    Assim, como a execuo do oramento tambm fica a cargo de unidades administrativas e gestoras sem presena na LOA, frequente a transferncia, por parte das unidades oramentrias, de dotaes e seus recursos correspondentes para essas unidades administrativas e gestoras. Assim, elas so favorecidas indiretamente pela autorizao de gastos da LOA.

    Como isso cai na prova?

    22. (FGV/ECONOMISTA/MIN. CULTURA/2006) A respeito da classificao institucional das despesas pblicas, incorreto afirmar que:

    (A) permite identificar o agente responsvel pelas dotaes autorizadas pelo Legislativo, para dado programa.

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    (B) serve como ponto de partida para o estabelecimento de um programa de contabilizao de custos dos vrios servios ou unidade administrativa.

    (C) permite, quando combinado com a classificao funcional, focalizar num nico ponto a responsabilidade pela execuo de determinado programa.

    (D) em termos de dotaes recebidas, propicia comparar imediatamente os vrios rgos.

    (E) propicia informaes relativas ao volume das despesas num nvel de agregao bastante alto.

    23. (FCC/CONTADOR/ARCE-CE/2006) Na classificao funcional-programtica, a despesa pblica desdobra-se em rgo oramentrio, unidade oramentria e unidade de despesa.

    24. (CESPE/ANALISTA/MIN. INTEGRAO/2009) A classificao institucional da receita representa a estrutura orgnica e administrativa governamental, correspondendo a dois nveis hierrquicos: o rgo e a unidade oramentria.

    25. (CESPE/ANALISTA/TRE-MT/2010) Toda unidade oramentria tem uma estrutura administrativa correspondente, o que pode ser exemplificado por alguns fundos especiais e pela unidade oramentria denominada transferncias a estados, Distrito Federal e municpios.

    Na questo 22, a nica informao no aplicvel classificao institucional da despesa diz respeito possibilidade de agregar as informaes sobre volume das despesas em nvel bastante alto. Ao contrrio, com a classificao institucional, as despesas so vistas de forma bastante pulverizada entre os diferentes rgos e unidades. Gabarito: E.

    A questo 23 tem dois problemas: a classificao funcional-programtica, j abandonada h alguns anos no Brasil, era uma mescla entre as classificaes funcional e a estrutura programtica. Alm disso, no existe o nvel de classificao unidade de despesa. Questo ERRADA.

    A questo 24 espelha corretamente os dois nveis da classificao da despesa sob o critrio institucional. Questo CERTA.

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    A questo 25 contraria uma das observaes que fizemos sobre a classificao institucional: nem sempre uma unidade oramentria (ou rgo oramentrio) corresponde a uma estrutura administrativa. Questo ERRADA.

    CLASSIFICAO FUNCIONAL

    A classificao funcional da despesa, aplicvel a todos os entes federados, composta de dois nveis: funes e subfunes.

    Nos dizeres da Portaria MOG 42/99, que estabeleceu a atual classificao funcional, entende-se por funo

    o maior nvel de agregao das diversas reas de despesa que competem ao setor pblico. A funo quase sempre se relaciona com a misso institucional do rgo, por exemplo, cultura, educao, sade, defesa, que, na Unio, guarda relao com os respectivos Ministrios.

    Assim, funes correspondem aos maiores setores de atuao do governo: educao, transporte, sade, segurana pblica etc.

    As subfunes so o detalhamento das funes. Segundo a mesma Portaria, a subfuno trata-se de uma partio da funo, visando a agregar determinado subconjunto de despesa do setor pblico. Por exemplo, compreendidas na funo Energia, temos as subfunes Conservao de Energia; Energia Eltrica; Petrleo; e lcool.

    Um detalhe interessante, e importante para concursos, que as

    subfunes podem ser cruzadas com funes diferentes da sua matriz.

    Por exemplo, a subfuno Desenvolvimento Cientfico, da funo Cincia

    e Tecnologia, pode se relacionar com a funo Educao, para

    discriminar uma despesa referente ao apoio concedido a universidades

    federais, para publicao de pesquisas.

    Em sentido contrrio a essa possibilidade de cruzamentos, as subfunes

    pertencentes funo Encargos Especiais s podem ser combinadas

    com esta ltima. que, diferentemente das outras, a funo Encargos

    Especiais e suas subfunes dizem respeito a uma atuao genrica do

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    governo, ou, como disse a questo, englobam despesas s quais no se

    podem associar bens ou servios.

    A finalidade da classificao funcional, segundo o professor James Giacomoni, fornecer as bases para a apresentao de dados e estatsticas sobre os gastos pblicos nos principais segmentos em que atuam as organizaes do Estado.

    Como isso cai na prova?

    26. (FCC/TCNICO SUPERIOR/PGE-RJ/2009) Se os cidados estiverem interessados em conhecer os dados e estatsticas sobre os gastos pblicos nos principais segmentos em que atuam as organizaes do Estado, ou seja, no maior nvel de agregao das diversas reas de despesa que competem ao setor pblico devero consultar a classificao da despesa

    (A) por elementos de despesa.

    (B) funcional.

    (C) por programas.

    (D) institucional.

    (E) por categorias econmicas.

    27. (FCC/ANALISTA/TRF-03/2007) Entende-se como o maior nvel de agregao das diversas reas de despesa que competem ao setor pblico:

    (A) projeto.

    (B) categoria econmica da despesa.

    (C) natureza da despesa.

    (D) programa.

    (E) funo.

    28. (CESPE/ANALISTA/MCT/2008) A classificao funcional busca responder, basicamente, indagao em que rea de ao governamental a despesa ser realizada, sendo que a funo encargos especiais engloba as

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    despesas s quais no se pode associar um bem ou servio a ser gerado no processo produtivo corrente.

    29. (CESPE/TCNICO SUPERIOR/MIN. SADE/2008) A classificao funcional composta por um rol de funes e subfunes prefixadas e padronizadas para a Unio, os estados, o DF e os municpios, as quais serviro de agregador dos gastos pblicos por rea de ao governamental.

    30. (FCC/ANALISTA/TCE-AM/2008) Na classificao funcional, a despesa pblica obedece seguinte hierarquia:

    (A) funo, subfuno, programa, projeto, atividade e operao especial.

    (B) funo, subprograma, programa, projeto e atividade.

    (C) programa, categoria econmica, natureza de despesa e elemento.

    (D) rgo oramentrio, unidade oramentria e unidade de despesa.

    (E) categoria, natureza de despesa, modalidade de aplicao e elemento.

    31. (CESPE/ANALISTA/TCE-AC/2009) A classificao funcional da despesa tem subfunes que no podem ser combinadas com funes diferentes daquelas a que estejam vinculadas.

    O enunciado da questo 26, ao tratar das reas que competem ao setor pblico, refere-se classificao funcional da despesa. Gabarito: B.

    Na questo 27, o conceito do maior nvel de agregao das reas de despesa justamente o de funo. Gabarito: E.

    A questo 28 resume apropriadamente o objetivo da classificao funcional da despesa, e destaca bem o carter neutro da funo Encargos Especiais. Questo CERTA.

    A questo 29 indica os dois nveis da classificao funcional e a obrigao de todos os entes federados adotarem tal classificao. Questo CERTA.

    A questo 30 traz um costume estranho da FCC: algumas vezes, ela considera que a classificao funcional abrange tambm a estrutura programtica (que composta de programas e aes estas ltimas se subdividindo em projetos, atividades e operaes especiais, como indicado adiante). No correto fazer essa associao, mas, como isso j ocorreu mais de uma vez, bom abrir o olho para a insistncia da banca. Gabarito: A.

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    A questo 31 contraria a possibilidade que estudamos de subfunes poderem ser combinadas com funes diferentes daquela de sua vinculao (exceto quanto s subfunes da funo Encargos Especiais). Questo ERRADA.

    CLASSIFICAO POR PROGRAMAS

    Segundo o MCASP, programa

    o instrumento de organizao da atuao governamental que articula um conjunto de aes que concorrem para a concretizao de um objetivo comum preestabelecido, mensurado por indicadores institudos no plano, visando soluo de um problema ou ao atendimento de determinada necessidade ou demanda da sociedade.

    A estrutura programtica do oramento reflete a vinculao entre as atividades de planejamento e de oramentao.

    Do lado da estratgia, o Plano Plurianual o instrumento em que se concretiza o planejamento do governo, tendo, como resultado, uma lista de programas, com a viso de mdio prazo para a atuao governamental.

    Do lado operacional, o programa o ponto de partida para a execuo da Lei Oramentria; as classificaes de despesa e de receita que estamos estudando so, na verdade, complementares organizao programtica.

    Os programas, na forma como est estruturada atualmente a classificao programtica, so compostos por aes. As aes oramentrias se dividem em trs tipos, conforme estabelecido pela Portaria MOG 42/99:

    Projeto: um instrumento de programao para alcanar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operaes, limitadas no tempo, das quais resulta um produto que concorre para a expanso ou o aperfeioamento da ao de governo;

    Atividade: um instrumento de programao para alcanar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operaes que se realizam de modo contnuo e permanente, das quais resulta um produto necessrio manuteno da ao de governo;

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    Operaes Especiais: as despesas que no contribuem para a manuteno das aes de governo, das quais no resulta um produto, e no geram contraprestao direta sob a forma de bens ou servios.

    Perceba, inicialmente, a grande semelhana entre as definies de projeto e de atividade. Vamos distinguir esses conceitos.

    A primeira diferena reside nos termos expanso e aperfeioamento da ao de governo, no tocante aos projetos, e na manuteno da ao do governo, relativa s atividades.

    A partir disso, entende-se que os projetos envolvem uma atuao mais intensiva do poder pblico, aumentando o nvel de esforos empreendidos no alcance dos objetivos de governo.

    J as atividades, como se conclui da redao da Portaria, dizem respeito continuidade dos servios e das atribuies normais do Estado, tambm em direo ao alcance dos objetivos governamentais.

    A outra diferena entre projetos e atividades est na durao. Os projetos so limitados no tempo; as atividades se realizam de modo contnuo e permanente. Assim, projetos so espordicos: aumentam ou aperfeioam a ao governamental e se extinguem. Por outro lado, as atividades mantm a atuao governamental no nvel e na qualidade executados.

    A partir desses comentrios, podemos seguir o entendimento de que, normalmente, projetos esto ligados a despesas de capital, sobretudo investimentos, e que atividades esto ligadas a despesas correntes (custeio).

    As operaes especiais foram conceituadas pela Portaria MOG 42/99 com uma srie de negaes. No contribuem para manuteno das aes de governo, no resultam num produto e no geram contraprestao. Normalmente, operaes especiais so transferncias e pagamentos diversos, sem retorno direto (contraprestao) para o governo, como indenizaes, aposentadorias, benefcios, precatrios, juros etc.

    Por fim, na codificao da classificao programtica, h mais um nvel a se destacar. Alm dos programas e das aes que os compem, existe o subttulo, ou localizador do gasto.

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    A definio do subttulo depende da localizao geogrfica dos beneficiados pela ao programtica. Assim, quanto mais restrito o pblico beneficirio de uma ao, mais o subttulo refletir essa regionalizao.

    Nesse sentido, pode haver aes de alcance nacional (subttulo 0001) at aes restritas a municpios (cada municpio tem seu cdigo de subttulo).

    Conforme o Manual de Elaborao do PPA 2008-2011,

    a adequada localizao do gasto permite maior controle governamental e social sobre a implantao das polticas pblicas adotadas, alm de evidenciar a focalizao, os custos e os impactos da ao governamental.

    Como isso cai na prova?

    32. (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) O projeto um instrumento de organizao da ao governamental que articula um conjunto de aes e concorre para um objetivo comum preestabelecido, visando a solucionar um problema ou a atender uma necessidade ou demanda da sociedade.

    33. (FGV/ANALISTA/MIN. CULTURA/2006) Com base na estrutura programtica utilizada atualmente nos oramentos pblicos, analise as seguintes afirmativas:

    I. Atividade o instrumento de programao utilizado para alcanar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operaes que se realizam de modo contnuo e permanente, das quais resulta um produto ou servio necessrio manuteno da ao do Governo.

    II. Projeto o instrumento para alcanar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operaes, limitadas no tempo, das quais resulta um produto que concorre para expanso ou aperfeioamento da ao do Governo.

    III. Operaes Especiais so as despesas realizadas que contribuem para a manuteno, expanso ou aperfeioamento das aes de Governo, das quais no resulta um produto e no geram contraprestao direta em bens ou servios.

    Assinale:

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    (A) se somente a afirmativa II estiver correta.

    (B) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.

    (C) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.

    (D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

    (E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

    34. (FCC/ANALISTA/TCE-GO/2009) No oramento pblico, vrios critrios so considerados na classificao das despesas. As categorias Projeto e Operaes Especiais fazem parte da classificao

    (A) funcional.

    (B) por programas.

    (C) por categorias econmicas.

    (D) por modalidade de aplicao de recursos.

    (E) por elementos.

    35. (CESPE/AUDITOR/UNIPAMPA/2009) No mbito do PPA, o programa pode ser entendido como um conjunto de operaes limitadas no tempo, ou seja, que sero executadas ao longo dos oramentos que integram o plano. Essas operaes resultam em atividade ou projeto, que corroboram para a expanso e o aperfeioamento da ao do governo.

    36. (FCC/ANALISTA/TJ-SE/2009) So classificadas como Operaes Especiais as despesas que

    (A) geram contraprestao direta sob a forma de bens ou servios.

    (B) resultam em um produto.

    (C) contribuem para manuteno das aes de governo.

    (D) no geram contraprestao direta sob a forma de bens ou servios.

    (E) concorrem para expanso da ao de governo.

    A questo 32 est ERRADA: o enunciado tratou do conceito de programa, e no de projeto.

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    Na questo 33, conforme os conceitos apresentados, h correo apenas nos itens I e II. As operaes especiais no contribuem para as aes de governo. Gabarito: B.

    Na questo 34, projetos e operaes especiais so aes oramentrias, que compem, portanto, a classificao por programas. Gabarito: B.

    A questo 35 traz o conceito de projeto, que uma ao formadora dos programas. Questo ERRADA.

    Por fim, sobre a questo 36, que exige o reconhecimento de caractersticas das operaes especiais, devemos lembrar da srie de negativas que se aplicam a esse conceito. Gabarito: D.

    ETAPAS DA DESPESA ORAMENTRIA

    A partir de agora, vamos tratar da execuo da despesa oramentria.

    O Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Pblico indica a existncia de trs

    etapas referentes despesa oramentria: o planejamento, a execuo em si

    mesma e o controle/avaliao.

    Planejamento

    A principal fase do planejamento da despesa a fixao. No Manual, a fixao

    discriminada nos seguintes termos:

    A fixao da despesa refere-se aos limites de gastos, includos nas leis oramentrias com base nas receitas previstas, a serem efetuados pelas entidades pblicas. A fixao da despesa oramentria insere-se no processo de planejamento e compreende a adoo de medidas em direo a uma situao idealizada, tendo em vista os recursos disponveis e observando as diretrizes e prioridades traadas pelo governo.

    A fixao da despesa ganha corpo nas dotaes da LOA e dos crditos

    adicionais, e representa o teto mximo que pode ser atingido pelos gastos

    pblicos durante o exerccio.

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    As provas tratam a fixao como um dos estgios percorridos pela despesa

    oramentria. Assim, sendo chamada de fase, ou de estgio, considere a

    fixao como parte do processamento da despesa, ligada ainda etapa de

    planejamento.

    O MCASP informa que a fixao finalizada com a autorizao dada pelo

    Legislativo ao aprovar o projeto de lei oramentria ou de crditos adicionais.

    A etapa de planejamento da despesa compreende ainda os seguintes passos:

    descentralizao de crditos: nem sempre a despesa ser executada diretamente pela unidade beneficiada pelo crdito oramentrio

    (detalharemos isso mais adiante, nesta aula). Antes da execuo da

    despesa, pode haver movimentaes de crditos entre unidades do

    mesmo rgo/entidade ou de rgos/entidades diferentes, por

    razes quaisquer. Isso no altera a finalidade ou o objeto do gasto; como

    diz o MCASP, a nica diferena que a execuo da despesa

    oramentria ser realizada por outro rgo ou entidade;

    programao oramentria e financeira: consiste na compatibilizao do fluxo dos pagamentos com o fluxo dos recebimentos, visando ao ajuste

    da despesa fixada s novas projees de resultados e da arrecadao;

    processo de licitao e contratao: como regra, os entes pblicos devero realizar procedimentos licitatrios para a aquisio de bens e

    servios, por ordem constitucional (art. 37, inc. XXI). Assim, a partir de

    uma licitao, ou de um processo de dispensa/inexigibilidade de licitao,

    define-se o profissional ou empresa a se contratar, junto a quem sero

    obtidos os bens/servios de necessidade do ente pblico. Entretanto,

    deve-se considerar que nem toda despesa ser executada a partir de

    um procedimento licitatrio: nesse ponto, pode-se citar, por exemplo,

    o pagamento de pessoal e de encargos sociais, ou a amortizao da

    dvida.

    Como isso cai na prova?

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    37. (FCC/ANALISTA/TRE-SE/2007) A fixao da despesa caracterizada pela Lei do Oramento.

    38. (CESPE/CONTADOR/IPAJM-ES/2010) As descentralizaes, a exemplo das transferncias e transposies, modificam o valor da programao ou de suas dotaes oramentrias.

    A questo 37 est CERTA. Como visto, a fixao da despesa um processo

    plural, realizado a partir de diretrizes e prioridades fixadas pelo governo, e que

    se finaliza com a autorizao do Legislativo, com a aprovao do projeto de

    LOA.

    A questo 38 tambm est ERRADA. Como visto, as descentralizaes de

    crditos alteram apenas a unidade responsvel pela execuo oramentria.

    Execuo da despesa

    Desde a Lei 4.320/64, a execuo da despesa subdividida em trs estgios,

    que so fregueses frequentes em provas de concursos: o empenho, a

    liquidao e o pagamento. Vamos estud-los com calma.

    Primeiro estgio: empenho. Como j falamos, a despesa deve ser

    executada a partir das deliberaes de um agente legitimado para tanto. A

    legislao d a esse agente a denominao de ordenador de despesas.

    O empenho foi conceituado pela lei como uma obrigao pendente para o

    Estado. As pendncias que transformaro o empenho numa despesa efetiva

    sero resolvidas no prximo estgio, a liquidao.

    Vejamos o que a Lei 4.320/64 fala sobre o estgio do empenho:

    Art. 58. O empenho de despesa o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigao de pagamento pendente ou no de implemento de condio.

    Art. 59 - O empenho da despesa no poder exceder o limite dos crditos concedidos.

    (...)

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    Art. 60. vedada a realizao de despesa sem prvio empenho.

    1 Em casos especiais previstos na legislao especfica ser dispensada a emisso da nota de empenho.

    2 Ser feito por estimativa o empenho da despesa cujo montante no se possa determinar.

    3 permitido o empenho global de despesas contratuais e outras, sujeitas a parcelamento.

    Art. 61. Para cada empenho ser extrado um documento denominado "nota de empenho" que indicar o nome do credor, a representao e a importncia da despesa bem como a deduo desta do saldo da dotao prpria.

    O limite dos crditos concedidos, citado no art. 59, significa o total

    autorizado para o tipo de despesas executado. Se a autorizao destinada a

    um rgo, para compra de material de expediente, por exemplo, foi de R$ 10

    milhes, os empenhos no podero ultrapassar esse valor.

    Atualmente, com a utilizao do SIAFI, h suficiente controle

    contbil/eletrnico sobre o total autorizado para os diferentes tipos de

    despesa, de forma que essa preocupao da lei, expedida em 1964,

    encontrase suprida.

    A nota de empenho o documento que comprova a emisso do empenho, e

    que atesta a reserva de dotao para atender a despesa. um comprovante

    de fundos oramentrios. Entretanto, h situaes em que, por permisso

    legal, a nota pode no ser emitida (por exemplo, pagamento da

    remunerao de servidores pblicos).

    A nota de empenho, alm de garantia de crdito disponvel para executar a

    despesa, pode ser utilizada como documento substituto de termos de

    contratos da Administrao com particulares. Essa uma possibilidade

    prevista no art. 62 da Lei 8.666/93:

    Art. 62. O instrumento de contrato obrigatrio nos casos de concorrncia e de tomada de preos, bem como nas dispensas e inexigibilidades cujos preos estejam compreendidos nos limites destas duas modalidades de licitao, e facultativo nos demais em que a Administrao puder substitu-lo por outros

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    instrumentos hbeis, tais como carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorizao de compra ou ordem de execuo de servio.

    ATENO! J uma questo manjada em provas misturar a

    possibilidade de no emisso da nota de empenho com a no emisso

    do empenho. No h despesa sem prvio empenho, sem excees. No

    perca esse ponto fcil.

    Vamos tecer tambm alguns comentrios sobre os tipos de empenho:

    ordinrio, global e por estimativa.

    Empenho ordinrio. O empenho ordinrio, como faz pensar seu nome,

    entendido como o empenho normal, comum. Mas, nesse mbito, o que

    normal ou comum?

    Vamos pensar em despesas as mais simples: h uma contratao, cujo valor j

    est determinado, e sua quitao se dar por meio de um s pagamento. A

    Administrao contrata o fornecedor, este entrega o bem ou servio e recebe

    por ele. P-pum.

    Assim, empenhos ordinrios se referem a despesas de valor determinado,

    para pronto pagamento.

    Empenho por estimativa. Por sua vez, os empenhos por estimativa so

    empregados para processamento de despesas sem valor conhecido

    previamente. Os exemplos mais comuns so de despesas recorrentes, de

    prestao varivel, como contas de telefone, gua e luz. Nesses casos, o

    empenho por estimativa registrado e vai sendo executado aos poucos,

    para cobrir as faturas que vo chegando.

    Pelo fato de conter apenas uma estimativa de gasto, o empenho por estimativa

    implica ajustes sua execuo. Se, ao final, para cobrir a despesa, for

    necessrio um montante maior que o saldo do empenho por estimativa,

    ser necessrio reforar o empenho; se, aps a finalizao da despesa,

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    restar um saldo do empenho por estimativa, procede-se anulao desse

    saldo.

    Empenho global. No empenho global, temos acumuladas caractersticas dos

    dois outros, j vistos: o pagamento feito em parcelas, assim como ocorre

    com o empenho por estimativa, mas o valor da despesa determinado, tal

    qual na hiptese de empenho ordinrio.

    O empenho global utilizado para execuo de despesas contratuais e outras,

    sujeitas a parcelamento, como prestao de servios contnuos ou

    realizao de obras, que tiveram a fixao de seu valor no instrumento

    contratual assinado entre a Administrao e o fornecedor.

    Como isso cai na prova?

    39. (FCC/ANALISTA/TRE-AM/2009) A nota de empenho indicar o nome do credor, a especificao e a importncia da despesa, bem como a deduo desta do saldo da dotao prpria.

    40. (FGV/ASSESSOR/DETRAN-RN/2010) Segundo a Lei n. 4320/64, o empenho da despesa o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigao de pagamento pendente ou no de implemento de condio. So modalidades de empenho:

    A) Empenho ordinrio, empenho por estimativa e empenho global.

    B) Empenho por estimativa e empenho prvio.

    C) Empenho global, empenho por estimativa e empenho extraordinrio.

    D) Empenho ordinrio, empenho por estimativa e empenho suplementar.

    E) Empenho suplementar, especial e extraordinrio.

    41. (FCC/ANALISTA/TRE-SP/2006) O empenho da despesa poder exceder o limite dos crditos concedidos unidade oramentria, desde que autorizado pelo Poder Legislativo.

    42. (FCC/AUDITOR/TCE-SP/2008) No permitido o empenho global de despesas contratuais e outras, sujeitas a parcelamento.

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    43. (FCC/PROCURADOR/TCE-AL/2008) Ser feito por estimativa o empenho da despesa cujo montante no se possa determinar.

    A questo 39 reproduziu o teor do art. 61 da Lei 4.320/64. Questo CERTA.

    Na questo 40, as modalidades de empenho, como visto, so o ordinrio, por

    estimativa e global. Gabarito: A.

    A questo 41 toca em outra vedao da Lei 4.320/64: os empenhos no

    podem ultrapassar o limite concedido pelas dotaes oramentrias. Questo

    ERRADA.

    O empenho global destinado justamente a atender despesas contratuais e

    outras, sujeitas a parcelamento. A questo 42 tambm est ERRADA.

    A questo 43 indicou a previso correta para a utilizao do empenho por

    estimativa. Questo CERTA.

    Segundo estgio: liquidao. Vejamos os dispositivos legais aplicveis

    liquidao:

    Lei 4.320/64, Art. 62. O pagamento da despesa s ser efetuado quando ordenado aps sua regular liquidao.

    Art. 63. A liquidao da despesa consiste na verificao do direito adquirido pelo credor tendo por base os ttulos e documentos comprobatrios do respectivo crdito.

    1 Essa verificao tem por fim apurar:

    I - a origem e o objeto do que se deve pagar;

    II - a importncia exata a pagar;

    III - a quem se deve pagar a importncia, para extinguir a obrigao.

    2 A liquidao da despesa por fornecimentos feitos ou servios prestados ter por base:

    I - o contrato, ajuste ou acordo respectivo;

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    II - a nota de empenho;

    III - os comprovantes da entrega de material ou da prestao efetiva do servio.

    Como visto nas disposies acima, na liquidao, faz-se uma conferncia

    documental para atestar que a despesa empenhada foi realizada, ou seja,

    confirmar a ocorrncia do fato gerador da despesa: um servio foi prestado,

    um produto foi entregue, uma obra foi construda etc.

    necessrio, para tanto, que sejam verificados pela unidade responsvel os

    documentos fiscais, atestados de recebimento, comprovantes de prestao de

    servio, nota de empenho etc., conforme o caso.

    Como isso cai na prova?

    44. (FCC/AUDITOR/TCE-MG/2005) A liquidao de despesa consiste na verificao do direito adquirido pelo credor, tendo por base os ttulos e documentos comprobatrios do respectivo crdito. Com relao a essa verificao INCORRETO afirmar que tem por fim apurar

    (A) a origem e o objeto do que se deve pagar.

    (B) os comprovantes da entrega do material ou da prestao do servio.

    (C) a importncia exata a pagar.

    (D) a quem se deve pagar a importncia, para extinguir a obrigao.

    (E) a origem e o objeto do que se deve pagar e a importncia exata a

    pagar.

    45. (CESPE/ANATEL/ANALISTA/2006) O pagamento de despesas poder existir sem a apresentao de documentos processados pela contabilidade. Nesse caso, a autoridade competente apresentar, ao ordenador de despesas, posteriormente, sua justificativa e autorizao da unidade gestora para tal atitude.

    Das opes da questo 44, o nico item no apurado no estgio da liquidao

    diz respeito aos comprovantes da entrega do material ou da prestao do

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    servio. Esses comprovantes servem justamente para legitimar as

    informaes que se verificam na liquidao. Gabarito: B.

    A questo 45 peca ao assumir a possibilidade de pagamento de despesas sem

    certificao documental (feita na liquidao). Questo ERRADA.

    Terceiro estgio: pagamento. Novamente, vamos comear pela legislao:

    Art. 64. A ordem de pagamento o despacho exarado por autoridade competente, determinando que a despesa seja paga.

    Art. 65. O pagamento da despesa ser efetuado por tesouraria ou pagadoria regularmente institudos por estabelecimentos bancrios credenciados e, em casos excepcionais, por meio de adiantamento.

    Nesse estgio, novamente, temos a autoridade competente (o ordenador de

    despesas) determinando a execuo dos atos relativos despesa

    oramentria.

    No caso da efetivao do pagamento, a redao do art. 65 da Lei est meio

    atrasada; tesourarias e pagadorias funcionando junto aos rgos pblicos

    no correspondem mais realidade. Hoje em dia, maciamente, os

    pagamentos se do por via bancria.

    Como isso cai na prova?

    46. (FCC/PROCURADOR/TCE-MG/2007) O pagamento da despesa s ser efetuado quando ordenado aps sua regular liquidao.

    47. (CESPE/CONTADOR/DPU/2010) As despesas no liquidadas podero ser pagas no prprio exerccio se houver disponibilidade financeira suficiente.

    A questo 46 reproduz corretamente o esprito da lei, que no permite

    sequncia diferente na execuo da despesa. Questo CERTA.

    A questo 47 est ERRADA: pulou-se o estgio da liquidao para se realizar

    o pagamento, o que vedado pela legislao.

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    DESCENTRALIZAO DE CRDITO E LIBERAO FINANCEIRA

    Em estudos iniciais de AFO, possvel misturamos os conceitos de crdito e

    recurso. Vale a pena distinguir inicialmente essas palavras, que tm uma

    relao muito prxima.

    A palavra crdito, na contabilidade pblica, tem a ver com a autorizao

    oramentria para o gasto, e a palavra recurso corresponde ao aspecto

    financeiro do oramento, ou seja, ao dinheiro cuja utilizao foi autorizada

    mediante a edio do crdito.

    Na administrao financeira/oramentria, verificam-se fatos ligados ao

    oramento que envolvem reflexos financeiros e outros que implicam apenas

    lanamentos contbeis (fatos estritamente oramentrios).

    No caso da execuo da despesa, inicialmente ocorrem fatos

    oramentrios, no nascimento e na confirmao da obrigao a pagar, e o

    impacto financeiro registrado ao final, com a quitao junto ao credor.

    Pois bem, antes de se chegar execuo da despesa em termos de

    estgios, ou seja, antes do empenho, pode haver algumas transaes entre

    rgos e entidades, com o emprego dos crditos autorizados e os recursos

    correspondentes.

    Como vimos anteriormente, na etapa de planejamento da despesa est

    compreendida a fase de descentralizao de crditos. Isso significa que

    certo rgo ou entidade, por alguma razo, decide no executar

    diretamente a despesa, mas transferir esse encargo a outro rgo/entidade.

    Nesse sentido, importante ressaltar uma informao que vimos nos

    estudos sobre as etapas da despesa pblica. A descentralizao de

    crditos de uma unidade para outra no altera nada na classificao da

    despesa. Apenas o responsvel pela execuo que muda.

    A ideia que a autorizao dada pelo Legislativo, ao aprovar o projeto

    de LOA, continue sendo respeitada, embora a unidade responsvel pela

    aplicao dos recursos no seja mais a indicada inicialmente.

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    Como isso cai na prova?

    48. (CESPE/CONSULTOR/SEFAZ-ES/2009) Enquanto a execuo oramentria se refere utilizao dos recursos consignados no oramento ou na LOA, a execuo financeira representa a utilizao de crditos financeiros. Na tcnica oramentria, reserva-se o termo recurso para designar o lado oramentrio e crdito para o lado financeiro.

    49. (CESPE/CONTADOR/DPU/2010) A descentralizao de crditos oramentrios transfere a programao para outra unidade oramentria.

    A questo 48 inverteu os conceitos: recurso diz respeito ao lado financeiro, e

    crdito, ao lado oramentrio. Questo ERRADA.

    Como j visto, a descentralizao de crditos no muda nada na classificao

    da despesa, nem mesmo a unidade oramentria responsvel. Apenas a

    execuo prtica transferida. A questo 49 est ERRADA.

    Instrumentos de descentralizao

    Bom, agora que temos o alicerce pronto, vamos ao miolo.

    A primeira descentralizao de crditos, digamos assim, ocorre logo que a

    LOA aprovada. A partir desse momento, com a certeza de quantas e quais

    dotaes sero atribudas s unidades oramentrias, a Secretaria de

    Oramento Federal transfere os dados relativos ao oramento para o SIAFI,

    sistema em que se dar a execuo oramentria.

    Assim, as unidades titulares dos crditos oramentrios recebem dotaes,

    espcie que estou chamando de primeira descentralizao de crditos. Como

    j est assentado, isso representa a autorizao para a realizao de

    despesas.

    A partir da, antes de realizar a despesa, as descentralizaes de crditos

    oramentrios podem se dar entre rgos/entidades de estruturas

    diferentes (descentralizao externa) ou entre unidades de um mesmo

    rgo/entidade (descentralizao interna).

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    A descentralizao externa, entre estruturas diferentes, chamada de

    destaque. A descentralizao interna denomina-se proviso.

    Portanto, em termos oramentrios, temos, inicialmente, a dotao, liberada

    pela SOF para as unidades titulares dos crditos; e depois temos o destaque

    e a proviso, referindo-se respectivamente a descentralizaes externas e

    internas.

    Como isso cai na prova?

    50. (FCC/ANALISTA/TRT-03/2009) No SIAFI, a movimentao de crditos que consiste na transferncia, de uma unidade gestora para outra, do poder de utilizar crditos oramentrios que lhe tenham sido consignados na Lei Oramentria Anual um instrumento de

    (A) unificao das dotaes oramentrias.

    (B) descentralizao da previso de despesas oramentrias.

    (C) centralizao da arrecadao de receitas oramentrias.

    (D) descentralizao da execuo de receitas oramentrias.

    (E) descentralizao da execuo de despesas oramentrias.

    51. (FCC/ANALISTA/TRE-AL/2010) A descentralizao externa de crditos oramentrios realizada em nvel de rgo setorial entre unidades gestoras de rgos/Ministrios denomina-se:

    (A) Proviso.

    (B) Destaque.

    (C) Dotao.

    (D) Repasse.

    (E) Sub-repasse.

    Quanto questo 50, a movimentao de crditos que vimos estudando diz

    respeito descentralizao da execuo das despesas. Gabarito: E.

    Na questo 51, a descrio do enunciado se refere ao conceito de destaque.

    Gabarito: B.

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    Movimentao financeira

    Muito bem, j que falamos do lado oramentrio, vamos ao financeiro.

    Traando um paralelo com o esquema oramentrio que vimos acima, tambm

    h uma centralizao inicial dos recursos para utilizao pelas unidades

    gestoras e administrativas. Isso ocorre no mbito da Secretaria do Tesouro

    Nacional.

    Ao contrrio da SOF, que libera as dotaes oramentrias de uma vez s para

    as unidades, durante o exerccio financeiro a STN vai liberando os

    correspondentes recursos para as unidades aos poucos, proporcionalmente

    ao ritmo de execuo oramentria. Essas liberaes financeiras da STN

    para as unidades chamam-se cotas.

    Assim, da mesma forma que existem descentralizaes oramentrias externas

    e internas, tambm existem movimentaes financeiras externas e

    internas.

    As movimentaes financeiras entre rgos/entidades de estruturas

    diferentes so chamadas de repasses (movimentaes externas), e as

    movimentaes entre unidades de uma mesma estrutura denominam-se

    sub-repasses (movimentaes internas).

    Como isso cai na prova?

    52. (FCC/ANALISTA/TRF-04/2010) Sub-repasse a

    (A) liberao de recursos do rgo central para o rgo setorial de

    programao financeira.

    (B) liberao de recursos dos rgos setoriais de programao financeira

    para entidades da administrao indireta e entre estas e ainda de um

    ministrio para o outro.

    (C) movimentao de crditos entre unidades gestoras de rgos ou

    entidades de estrutura diferente.

    (D) movimentao de crditos entre unidades gestoras de um mesmo

    rgo ou entidades integrantes do oramento fiscal e da seguridade social.

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    (E) liberao de recursos dos rgos setoriais de programao financeira

    para as unidades gestoras de sua jurisdio e entre as unidades gestoras de

    um mesmo ministrio, rgo ou entidade.

    Sub-repasse uma movimentao financeira entre unidades que pertencem ao

    mesmo contexto organizacional. Essa noo est disposta na alternativa E.

    Creio que j tenha ficado evidente: o processo que ocorre no lado financeiro,

    com as movimentaes de recursos, um espelho do que ocorre com as

    descentralizaes de crditos oramentrios.

    E no para ser diferente; o recurso deve acompanhar o crdito, dando-lhe

    suporte financeiro, ou, como dizemos no dia a dia, dando fundos ao

    crdito.

    Portanto, podemos traar um paralelo entre as figuras que acabamos de

    conhecer:

    as dotaes oramentrias transferidas pela SOF sero suportadas financeiramente pelas cotas financeiras liberadas pela STN;

    os destaques oramentrios de um rgo/entidade para uma unidade de estrutura diferente (externa) correspondero, posteriormente,

    liberao de repasses financeiros s mesmas unidades beneficirias;

    as provises oramentrias entre unidades de uma mesma estrutura (internas) correspondero, posteriormente, liberao de sub-repasses

    financeiros.

    No site da STN, existe um diagrama interessante sobre o assunto:

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    Acima, vemos os universos oramentrio e financeiro espelhados: a SOF

    liberando dotaes (apesar de no ter surgido o nome), e a STN, cotas; o

    Ministrio A descentralizando crditos para o Ministrio B (destaque); a

    unidade central do Ministrio B descentralizando proviso para uma

    unidade do mesmo rgo, e por a afora, exatamente como descrevemos

    nos comentrios acima.

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    Como isso cai na prova?

    53. (CESPE/ANALISTA/MPU/2010) correto afirmar que dotao oramentria est para cota financeira e destaque oramentrio est para repasse financeiro, assim como proviso oramentria est para sub-repasse financeiro.

    54. (FCC/ANALISTA/MPU/2007) Na execuo oramentria e financeira, os termos destaque e repasse esto relacionados, respectivamente, com

    (A) obteno de autorizao para crditos extraordinrios e crditos

    especiais.

    (B) fixao da reserva de contingncias e liberao financeira de crditos

    adicionais.

    (C) autorizao de despesa oramentria e previso de receita

    extraoramentria.

    (D) autorizao oramentria e transferncia de recursos financeiros.

    (E) autorizao de despesa extraoramentria e arrecadao de receita

    oramentria.

    A questo 53 faz uma correlao acertada entre as figuras da descentralizao oramentria e da movimentao financeira. Questo CERTA.

    Quanto questo 54, fixando o entendimento, destaque uma descentralizao oramentria externa, e repasse uma movimentao financeira externa, correspondente quela primeira. Gabarito: D.

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    RESTOS A PAGAR E DESPESAS DE EXERCCIOS ANTERIORES

    Restos a pagar (RP) e despesas de exerccios anteriores (DEA) so modalidades de execuo da despesa pblica. Assim, para compreender bem as informaes iniciais sobre esses tpicos, vamos fazer um breve apanhado de nosso estudo sobre despesa pblica.

    Como vimos antes, um dos princpios contbeis mais importantes o da competncia; tal princpio reza que a ocorrncia da despesa d-se no momento do seu fato gerador, e no no momento da sada dos recursos a ttulo de pagamento (isso se houver sada financeira, que nem necessria).

    Dessa forma, a despesa j deve ser contabilizada no momento em que se certifica a aquisio de bens, o recebimento de servios etc. No importa que o eventual reflexo financeiro dessas operaes s venha a acontecer tempos depois.

    Essa a realidade do setor privado.

    Por outro lado, no mbito do setor pblico, a Lei 4.320/64 dispe que a despesa nasce com seu primeiro estgio, o empenho. Isso significa, mal comparando, a reserva de fundos para a despesa.

    Os prximos passos para finalizao da despesa so sua certificao documental (estgio da liquidao) e o prprio estgio do pagamento. Porm, o fato gerador, que confirma a existncia da despesa pblica, normalmente ocorre aps o empenho.

    Assim, o princpio da competncia, na prtica, no seguido totalmente risca no setor pblico.

    Muito bem, revistos esses pontos, vamos avanar um pouco.

    Na contabilidade pblica, os oramentos anuais so considerados mundos separados (lembra-se do princpio oramentrio da anualidade?). A autorizao do Poder Legislativo para execuo das despesas, por meio da Lei Oramentria Anual, vale para o ano de vigncia dessa lei. Para o prximo ano, uma nova lei oramentria editada, e, em termos absolutamente tericos, as despesas pertencentes ao exerccio anterior j estariam finalizadas quando do incio do outro.

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    Entretanto, na prtica atual, o que se verifica a transferncia macia de despesas no totalmente executadas para os exerccios futuros, bem como a correo, no exerccio corrente, de erros de processamento ou omisses administrativas relativas a anos passados.

    Assim, considerando esses mundos separados, cada exerccio financeiro tem suas despesas prprias, as quais no perdem essa vinculao com seu oramento de origem. Basta que um empenho seja emitido em 2009 para que a despesa decorrente pertena eternamente a 2009. Isso est assentado no art. 35, inc. II, da Lei 4.320/64 (Pertencem ao exerccio financeiro as despesas nele legalmente empenhadas).

    Essa diviso rgida entre exerccios e seus respectivos oramentos, assim como a adoo do regime de competncia para a despesa pblica, so o fundamento para o estudo de RP e DEA, como veremos em seguida.

    Como isso cai na prova?

    55. (CESPE/ANALISTA/TRE-MA/2009) A classificao de despesas em restos a pagar decorre da aplicao do regime de competncia das despesas.

    56. (FCC/AUDITOR/TCE-CE/2008) O reconhecimento dos eventos contbeis no momento de identificao do seu fato gerador est ligado ao

    (A) princpio da entidade.

    (B) conceito de essncia sob a forma.

    (C) princpio do custo como base de valor.

    (D) critrio da confiabilidade.

    (E) regime de competncia.

    57. (FCC/ANALISTA/TRF-02/2007) Restos a Pagar

    (A) provm do regime de caixa da despesa, integrando a dvida flutuante.

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    (B) advm do regime de competncia da despesa, compondo a dvida fundada.

    (C) subdividem-se em liquidados e processados.

    (D) decorrem do regime de competncia da despesa, compondo a dvida flutuante.

    (E) so despesas liquidadas e pagas no mesmo exerccio de competncia.

    A questo 55 simples e direta, e toca o cerne desses nossos primeiros comentrios. A existncia dos restos a pagar deve-se ao pertencimento das despesas ao exerccio do empenho, o que caracteriza o regime de competncia (diferenciado, verdade) da despesa pblica. Questo CERTA.

    Na questo 56, o item que corresponde ao reconhecimento dos eventos contbeis simultaneamente aos respectivos fatos geradores o regime de competncia. Gabarito: E.

    A questo 57 traz outros assuntos, mas vamos nos prender ao que vimos at agora: os restos a pagar se relacionam ao regime de competncia da despesa. Isso nos deixaria entre duas opes: B e D. Para adiantar rapidamente um tema abordado na prxima aula, os restos a pagar compem a dvida flutuante, que a dvida de curto prazo do governo. Gabarito: D.

    RESTOS A PAGAR

    Comecemos com a abordagem do assunto feita pela legislao:

    Lei 4.320/64, Art. 36. Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas, mas no pagas at o dia 31 de dezembro, distinguindo-se as processadas das no processadas.

    Decreto 93.872/86, Art. 67. Considerem-se Restos a Pagar as despesas empenhadas e no pagas at 31 de dezembro, distinguindo-se as despesas processadas das no processadas.

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    1 Entendem-se por processadas e no processadas, respectivamente, as despesas liquidadas e as no liquidadas, na forma prevista neste decreto.

    2 O registro dos Restos a Pagar far-se- por exerccio e por credor.

    Vamos a alguns apontamentos. Perceba a data trazida pelos trechos: 31 de dezembro, fim do exerccio financeiro. Peo que voc resgate a informao de que os oramentos anuais so mundos separados.

    A situao a seguinte: uma despesa registrada, por exemplo, em 2011. Quer dizer que ela passou pelo primeiro estgio, o empenho, tendo, portanto, uma garantia de que h fundos oramentrios para pagamento futuro. Entretanto, chega o final de 2011, e o pagamento, por razes quaisquer, no se realizou.

    O exerccio de 2012 vai se iniciando, e o oramento de 2011 est falecido. Mas os empenhos de 2011 que necessitam ainda de pagamento no podero se misturar aos empenhos normais do ano corrente. Afinal, so oramentos diferentes, com autorizaes legislativas diferentes.

    Assim, em 2012, teremos tipos distintos de empenhos para continuar a execuo de despesas oramentrias: os atuais, referentes a gastos autorizados para este ano, e os esqueletos de exerccios encerrados os empenhos que se tornaram restos a pagar.

    Assim, para uma definio simples, restos a pagar so empenhos que transitaram de exerccio.

    Como isso cai na prova?

    58. (FGV/ANALISTA/SEFAZ-RJ/2011) Os restos a pagar so dvidas que sero pagas fora do exerccio financeiro em que ocorreram. Uma vez que o fato gerador da despesa o empenho, ocorrido este estgio, dever a despesa ser regularmente liquidada e paga, ou, caso isso no acontea, cancelada. Acontece que nem sempre possvel haver o pagamento no exerccio do empenho, em virtude de fatores, como no adimplemento da obrigao por parte dos fornecedores, atrasando a liquidao (estgio prvio e condio obrigatria para pagamento), atraso nos repasses, excesso de

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    processos em tramitao no Departamento de Contabilidade etc. Assim, a dvida ser transferida para o prximo ano.

    A questo 58 faz um excelente resumo, inclusive exemplificado, a respeito do conceito de restos a pagar. Questo CERTA.

    Restos a pagar processados e no processados

    Nos trecho que reproduzimos h pouco, a Lei 4.320/64 e o Decreto 93.872/86 apontam mais um detalhe importante. Devemos diferenciar as despesas processadas (ou liquidadas) das no processadas (ou no liquidadas), fazendo-se o registro por exerccio e por credor. Aqui, o detalhe est na passagem, ou no, dos empenhos pelo estgio da liquidao.

    Portanto, restos a pagar processados (RPP) so despesas lquidas e certas, que j recebeu roupagem documental, atestados de recebimento, etc.

    Por outro lado, restos a pagar no processados (RPNP) so ainda uma inteno de despesa, pendente de confirmao, ou, como diz a lei, pendente de implemento de condio. Assim, nada impede que ocorra um evento qualquer uma resciso contratual sem execuo do objeto, por exemplo e o empenho seja anulado, sem que isso traga efeitos reais sobre o patrimnio pblico.

    Tendo isso em vista, em 31 de dezembro de um ano qualquer, pode haver empenhos liquidados e empenhos no liquidados migrando para o prximo exerccio, respectivamente como restos a pagar processados e restos a pagar no processados.

    Vale a pena destacar um importante aspecto decorrente dessa diferena entre os RPP e os RPNP, referente confirmao da despesa.

    H uma polmica doutrinria sobre o registro dos restos a pagar no processados: considerando que ainda no existe despesa real nesse caso, eles deveriam ou no ser contabilizados sob o aspecto financeiro? Quer dizer, eles deveriam ser registrados como obrigaes certas, afetando negativamente o patrimnio, ou apenas como fatos contbeis de controle?

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    No vamos entrar nessa discusso. Para resoluo de provas, aceite que os RPNP so tratados tambm como despesa, embora no ocorrida segundo os parmetros da cincia contbil, para a qual o registro de uma despesa corresponde a uma reduo efetiva do patrimnio.

    Em 31 de dezembro, se os empenhos no foram processados, eles passam pelo que se denominou liquidao forada. Nesse caso, no h comprovao da despesa por via documental, verificao de entrega de bens adquiridos ou servios prestados etc. etc. apenas um artifcio contbil, uma forma de manter vivas, no prximo exerccio, essas intenes de despesa, enquanto seu processamento no se completa.

    Tendo em conta que os RPNP tambm devem ser tratados como obrigaes, foram estabelecidas algumas condies para que o registro deles no se fizesse de forma abusiva. Caso contrrio, seria criado um volume de despesas que, muitas vezes, no se confirmariam futuramente, deixando a realidade contbil distorcida por longos perodos. Para evitar esse quadro, os RPNP deveriam apresentar algum indicativo de execuo futura.

    Assim, como regra, considerou-se que, se o empenho no for liquidado at 31 de dezembro, ele dever ser anulado, a no ser que estejam presentes condies especiais. O Decreto n 93.872/86 firma essas condies:

    Art. 35. O empenho de despesa no liquidada ser considerado anulado em 31 de dezembro, para todos os fins, salvo quando:

    I - vigente o prazo para cumprimento da obrigao assumida pelo credor, nele estabelecida;

    II - vencido o prazo de que trata o item anterior, mas esteja em cursos a liquidao da despesa, ou seja de interesse da Administrao exigir o cumprimento da obrigao assumida pelo credor;

    III - se destinar a atender transferncias a instituies pblicas ou privadas;

    IV - correspo