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A Formação de Grupos Estratégicos entre os Programas dePós-Graduação Stricto Sensu em Administração à luz da Abordagem doTripé da Estratégia
DANIELI ARTUZI PES BACKESUniversidade Nove de [email protected] FERIS ABDALLA ZAROUR NETOUFMT - Universidade Federal de Mato [email protected]
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Anais do V SINGEP – São Paulo – SP – Brasil – 20, 21 e 22/11/2016 1
A FORMAÇÃO DE GRUPOS ESTRATÉGICOS ENTRE OS PROGRAMAS DE
PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM ADMINISTRAÇÃO À LUZ DA
ABORDAGEM DO TRIPÉ DA ESTRATÉGIA
Resumo
Esse estudo teve por objetivo identificar a formação de grupos estratégicos entre os PPGAs
stricto sensu de Administração e verificar as similaridades quanto à alocação dos recursos,
tendo como pano de fundo a abordagem do tripé da estratégia (Peng, 2002; Peng et al., 2009).
Como ferramenta, foi utilizado o método Co-plot, escolhido por tornar possível a observação
simultânea, tanto conjunta como individual de observações e variáveis. Os resultados
apontaram a formação de grupos estratégicos entre os programas, permitindo a identificação
de uma série de similaridades entre seus componentes. A idade e linhas de pesquisa dos
programas foram as variáveis determinantes para identificação de isomorfismo entre os
grupos. A compreensão dos resultados à luz das abordagens da Visão Baseada na Indústria e
Visão Baseada em Recursos não foram suficientes, demonstrando que isoladamente nenhuma
delas consegue explicar o contexto organizacional que permeia as instituições de ensino
superior brasileiras, especialmente de pós-graduações stricto sensu, que sofrem fortes
pressões por terem como função entregar à sociedade ensino, pesquisa, além da
responsabilidade de contribuir com a evolução da ciência e da tecnologia. Portanto, a Visão
Baseada em Instituições e o isomorfismo institucional formam o tripé necessário à análise do
segmento.
Palavras-chave: Tripé da Estratégia; programas stricto sensu; Administração; Método Co-
plot
Abstract
This study aimed to identify the formation of strategic groups among sensu PPGAS of
Directors and verify the similarities regarding the allocation of resources, with the backdrop
of the tripod approach to strategy (Peng, 2002; Peng et al., 2009). As a tool, we used the Co-
plot method chosen for making it possible joint and individual observation of observations
and variables simultaneously. The results showed the formation of strategic groups between
programs, allowing the identification of a number of similarities between its components. Age
and research lines programs were the determinants for isomorphism identification between
groups. Understanding the results in light of the approaches of Vision-Based Industry and
Resource Based View were not enough, showing that isolation none of them can explain the
organizational context that permeates the Brazilian educational institutions, especially the
strict sensu postgraduates, suffering strong pressure to have as a function to deliver the
education society, research, besides the responsibility to contribute to the evolution of science
and technology. Thus, Based View Institutions and institutional isomorphism form the tripod
necessary for analysis of the segment.
Keywords: Tripod Strategy; graduate studies program; Management; Co-plot method
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1 Introdução
As universidades, pelo seu caráter público, independentemente de serem consideradas
como uma propriedade pública ou privada, tradicionalmente são financiadas (Bloom, Hartley
& Rosovsky, 2007) ou reguladas pelos governos (Geiger, 1985). Embora as universidades
tenham a função primária de prover serviços de ensino (Chakrabarti & Rice, 2003), um outro
papel reconhecido é o de prover conhecimento e progresso científico (Joghled, Enders &
Salermo, 2008).
O papel transformador das instituições leva o ambiente universitário a sofrer pressões,
levando à necessidade dos gestores universitários considerarem o governo e a comunidade
acadêmica como forças relevantes (Alperstedt, Martignago & Fiates, 2005). A influência do
governo sobre a pesquisa e sobre os Programas de Pós-graduação em Administração (PPGAs)
stricto sensu no Brasil pode ser verificada pelo papel da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior – CAPES, no financiamento, avaliação e regulamentação dos
programas em Administração. Langrafe, Boaventura, Silva e da Silva (2009) argumentam que
estas pressões levam a que os programas assumam uma postura estratégica similar. Até
porque, na perspectiva institucional, as organizações que assim se comportam, são vistas
como mais legitimadas pelos reguladores e pela sociedade (Cartens & Machado-da-Silva,
2006).
Embora a literatura que examina a similaridade estratégica predomine pela competição
entre abordagens teóricas (Miller, Breton-Miller, & Lester, 2013) institucionais (em especial,
o isomorfismo – DiMaggio & Powell, 1983) e de teorias de estratégia competitivas no nível
da indústria (Porter, 1980), ou no nível da empresa (Barney, 1991), neste trabalho, partimos
do ponto de vista de que é a combinação destas abordagens que pode prover uma melhor
compreensão de fenômenos complexos (Yamakawa, Peng & Deeds, 2008), a partir da
proposta da perspectiva do tripé da estratégia (Peng, et al, 2009). Portanto, consideramos que
a influência das pressões institucionais da CAPES sobre os PPGAs stricto sensu, influenciam
a formação de grupos estratégicos pela necessidade de adaptação ao contexto institucional.
Neste trabalho procura-se responder a influência das pressões isomórficas
institucionais na formação dos grupos estratégicos, com influência sobre as decisões de
recursos, nos PPGAs stricto sensu. Acreditamos que a integração a partir da perspectiva do
tripé da estratégia, possa prover uma melhor compreensão das uniformidades e diferenças,
que uma visão única a partir do isomorfismo na adaptação ao ambiente institucional. Segev,
Raveh e Farjoum (1999) avaliaram a adaptação das escolas de negócio norte americanas a
partir das mudanças de currículo, buscando apontar as diferenças entre elas. Neste trabalho, a
partir da aplicação de técnica similar para determinação dos grupos estratégicos, buscamos
entender o comportamento estratégico isomórfico e as diferenças em relação aos programas.
As próximas seções discutem as principais abordagens sobre as quais o estudo se
debruça, como o contexto ambiental, a perspectiva do Tripé da Estratégia, as pressões
isomórficas, Grupos Estratégicos e alocação de recursos, críticas aos grupos estratégicos
isomórficos, Procedimentos Metodológicos e detalhamento do método utilizado, apresentação
e discussão dos resultados e por fim, as conclusões.
2 Contexto Ambiental
Como é usual em outros países, no Brasil as universidades possuem incentivos de
financiamento, bem como são reguladas pelo governo (Geiger, 1985). Existe o entendimento
que as universidades, assim como as instituições de ensino superior, em geral, têm natureza
pública (Bloom, Hartley & Rosovsky, 2007; Shapiro, 2009) a despeito da classificação
genérica de propriedade pública ou privada (Knight, 2015) ou ser de fins lucrativos ou sem-
fins lucrativos (Dilulio, 2003). A influência do governo no ambiente universitário brasileiro é
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significativa e as pressões institucionais do governo precisam ser consideradas na adaptação
estratégica (Alperstedt, Martignago & Fiates, 2005).
Existe também o consenso de que as universidades têm dois papeis que as tornam
importantes econômica e socialmente: prover o ensino (Chakrabarti & Rice, 2003), e difundir
informação e conhecimento, bem como as descobertas científicas (Jongbled, Enders &
Salermo, 2008). No Brasil, para os programas de pós-graduação em Administração stricto
sensu, esta segunda função é supervisionada e avaliada pela Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES.
Diversos trabalhos têm sido desenvolvidos para avaliar o papel da CAPES, que parece
ser fundamental para a ordenação do campo, pelo seu sistema de avaliação e caráter
regulatório (Matui, Sacomano Neto & Resch, 2011). Maccari, de Almeida, Nishimura, &
Rodrigues (2009), indicam que os critérios de avaliação da CAPES são os mesmos utilizados
para o planejamento dos programas de pós-graduação em Administração, utilizados nas
APCNs – Apresentação de propostas para cursos novos. As pressões exercidas pela CAPES,
acabam por promover comportamentos voltados para a legitimação (Rossoni & Guarrido
Filho, 2009). As pressões para a legitimação também influenciam ações tomadas pelos
gestores para adaptação ao ambiente institucional (Cochia & Machado-da-Silva, 2003;
Rossetto & Rossetto, 2005) e estas pressões influenciam as decisões sobre a alocação de
recursos e estrutura dos cursos.
2.1 A Perspectiva do Tripé da Estratégia
Os trabalhos que se dedicam a investigar a conformidade estratégica, na qual as
empresas se comportam estrategicamente de maneira similar, tem considerado abordagens
teóricas contrastantes (Miller, Breton-Miller, & Lester, 2013). As abordagens teóricas de
estratégia competitiva argumentam que as empresas procuram ter estratégias dissimilares para
garantir o posicionamento único no setor em que atuam, seja na visão baseada na indústria
(Porter, 1980), ou na visão baseada em recursos, que tem dominado os estudos desde a década
de 1990, ao explorar de forma idiossincrática recursos raros, valiosos, inimitáveis e não-
substituíveis (Barney, 1991).
Na abordagem institucional, as instituições sociais, compostas, por exemplo, pelas leis,
regulamentos, normas e cultura têm influência nas ações das empresas (Scott, 1995). Sob
estas influências do ambiente institucional e na presença de incertezas, as organizações
entram em conformidade pelas pressões exercidas e passam a adotar estratégias, práticas e
estruturas similares, passando por uma mudança isomórfica (DiMaggio & Powell, 1983).
A proposta do tripé da estratégia (Peng, 2002; Peng, Sun, Pinkham, & Chen, 2009),
argumenta a necessidade de integrar estas perspectivas, sobretudo pela necessidade de
considerar o contexto institucional. Peng, em seus trabalhos (Peng, 2002; Peng et al., 2009),
defende que a visão baseada na instituição deve ser considerada como a terceira perspectiva
em estratégia. Esta perspectiva tem uma vertente econômica (North, 1990; Williamson, 1975)
e sociológica (DiMaggio & Powel, 1983; Meyer & Rowan, 1977; Scott, 1987, 1995). O
próprio crescimento da visão baseada nas instituições se dá pelo fato de tanto a visão com
base na indústria como a visão baseada nos recursos ignorarem o contexto.
Neste trabalho se procura verificar como a utilização do tripé pode ser complementar,
independentemente da predominância de uma visão sobre a outra, utilizando a teoria neo-
institucional sociológica das pressões isomórficas (DiMaggio & Powel, 1983), o conceito de
grupos estratégicos da abordagem industrial (Caves & Porter, 1977) e a visão baseada em
recursos (Barney, 1991).
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2.2 Pressões isomórficas, Grupos Estratégicos e alocação de recursos
North (1990) definiu instituições como restrições planejadas pelo homem, que moldam
as interações formal ou informalmente. De maneira formal moldam pelas regulações e pelas
leis. De maneira informal pelas normas de comportamento, convenções e códigos de conduta.
Assim, as instituições são impelidas a se conformarem com as pressões exercidas, adotando
práticas que são consideradas aceitáveis e legítimas no seu campo organizacional (DiMaggio
& Powell, 1983), ganhando legitimidade e podendo ter aceitação social e acesso aos recursos
necessários (Suchman, 1995; Deephouse, 1996; Deephouse & Suchman, 2008). Os processos
que tornam as empresas semelhantes são classificados como isomorfismo institucional (Scott,
2001), utilizado para a busca da compreensão de como a organização se adapta ao ambiente.
A abordagem de grupos estratégicos como parte da visão baseada na indústria, foi
bastante estudada durante a década de 1970 e 1980. O conceito foi desenvolvido por Michael
S. Hunt em 1972 e compôs o trabalho de Michael Porter (Caves & Porter, 1977). A ideia por
trás da abordagem, é que as empresas seguiriam estratégias similares considerando uma série
de variáveis-chave, quando tenha ativos similares num determinado setor (Oster, 1990). Na
verdade, o uso de grupos estratégicos pode ser considerado como uma ferramenta para análise
de um determinado desempenho com base nas estratégias passadas (Mintzberg, 1978), ou até
mesmo e criticamente como agrupamentos, para definir taxonomias em um determinado setor
(Hatten & Hatten, 1987), ou seja, a organização dos grupos é feita a partir de levantamentos
passados de informações (Leask & Parnel, 2005).
Um conceito fundamental nos grupos estratégicos é das barreiras de mobilidade
(Caves & Porter, 1977). Hatten e Hatten (1987) defendem que a força das barreiras à
mobilidade reflete a configuração de recursos da organização (Fiegenbaum &Thomas, 1993).
Pelo contexto da CAPES em relação aos PPGAs, a existência de grupos formados a partir dos
programas reflete uma determinada configuração de recursos equivalente. Por exemplo, o
conjunto de disciplinas reflete a expertise dos docentes do programa. Estas expertises em
conjunto refletem determinada configuração de recursos (Segev, Raveh &Farjoun, 1999).
2.3 Críticas aos grupos estratégicos isomórficos e RBV
A abordagem de grupos estratégicos (GE) influenciou as argumentações que
subsidiaram a Visão Baseada em Recursos. Jay Barney em seu artigo com Robert Hoskisson
(Barney & Hoskisson, 1990), argumentam que o conceito de grupos estratégicos não é claro,
visto que a sua existência, bem como a dependência do desempenho das empresas depender
da participação no grupo, permanecem não testados, por questões teóricas e empíricas. A
grande parte dos estudos de GE se focou na existência de grupos similares entre as firmas
(Barney & Hoskisson, 1999). Os autores questionam as metodologias utilizadas, sobre as
quais paira a capacidade de agrupar um conjunto de dados, questionando se os GE não são um
artefato de métodos estatísticos de análise de clusters, gerando um problema tautológico.
Independentemente dos argumentos apresentados, a partir da visão baseada nas
instituições e até pelas observações do que acontece no dia-a-dia das organizações, está claro
que existe um comportamento isomórfico que precisa ser compreendido, e qualquer que seja o
tipo de pressão isomórfica considerada, por exemplo, no caso da CAPES, observa-se que ele
existe e aparentemente não em um só grupo isolado. Isto leva à ideia de grupos estratégicos
isomórficos, e que, estes grupos refletem determinadas escolhas em relação ao uso dos
recursos (Segev, Raveh and Farjoun, 1999), neste caso, também contribuindo para o desafio
de resolver o problema tautológico da Visão Baseada em Recursos (Priem & Butler, 2011).
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3 Procedimentos Metodológicos
O objetivo do estudo é identificar a formação de grupos estratégicos, segundo a
existência de similaridades estruturais entre os PPGAs stricto sensu com conceitos mais
elevados, de acordo com a Avaliação Trienal Capes 2013, à luz da abordagem do tripé
estratégico. A seguir são apresentados todos os procedimentos metodológicos.
3.1 Caracterização da população
A população é composta por todos os PPGAs stricto sensu, área de avaliação
Administração, Ciências Contábeis e Turismo, no total de 37 programas, que apresentaram
avaliação igual aos conceitos 4, 5, 6 e 7 pela Capes, na Avaliação Trienal de 2013. O ranking
dos melhores cursos de pós-graduação é estabelecido pela Capes através de um rígido sistema
de avaliação, que inclui ―proposta do curso, corpo docente, corpo discente, teses e
dissertações/trabalhos de conclusão, produção intelectual e inserção social‖ (CAPES, 2013).
Os objetivos são a certificação da qualidade dos cursos e a identificação de simetrias regionais
e de áreas do conhecimento. A pontuação alcançada na avaliação determina a seleção para
distribuição de bolsas e recursos de fomento à pesquisa (CAPES, 2014).
3.2 Coleta de dados
Os dados cadastrais dos programas e respectivas notas foram coletados entre os dias
21/07 e 15/08/2016 no portal de consultas da Capes – Plataforma Sucupira (CAPES, 2016).
Para mensuração dos elementos que podem demonstrar características e estratégias
semelhantes entre os programas, utilizaram-se as seguintes variáveis: a) Conceito Capes; b)
idade do programa; c) quantidade de professores vinculados ao quadro docente; d) natureza
jurídica do curso; e) quantidade de linhas de pesquisa. Para cada variável foram adotadas uma
série de critérios para sua seleção, de acordo com as observações a seguir:
a) Os cursos selecionados foram todos aqueles avaliados pela Capes com nota 4 ou
superior no último triênio (em uma escala de 1 a 7), se tratando portanto, dos melhores
programas de Administração stricto sensu do Brasil;
b) A idade considerada é a do início do programa, ou seja, o período de implantação
do curso de mestrado, independente do tempo levado até a aprovação do doutorado.
c) A quantidade de professores vinculada ao quadro incluem professores permanentes,
colaboradores e visitantes, embora a quantidade de professores visitantes seja muito reduzida.
d) Para tornar a variável nominal ―natureza jurídica‖ possível de ser manipulada
aritmeticamente, foram atribuídos, valor (1) para instituição pública e valor (2) para
instituição privada, sendo estas de direito privado com fins lucrativos ou sem fins lucrativos.
e) A quantidade de linhas de pesquisa é uma variável importante para demonstrar o
quanto o curso é mais ou menos concentrando em uma ou várias áreas. A partir dessa
variável, pode-se inferir o tamanho e diversidade do corpo docente.
A Tabela 1 apresenta o conjunto de dados, formado a partir da coleta das variáveis
referentes a cada programa, elencados nas linhas horizontais.
Tabela 1
Conjunto de dados dos programas de Pós-graduação stricto sensu de Administração
Programa/Universidade Con-
ceito
Capes
Quantid.
professo-
res
Idade
progra-
ma
Linhas de
pesquisa
quantidad
Natureza
Pública 1
Privada 2
1 FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS/SP (FGV/SP) 7 40 42 9 2
2 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) 7 56 41 12 1
3 FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS/RJ (FGV/RJ) 6 25 49 2 2
4 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) 6 29 43 12 1
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Programa/Universidade Con-
ceito
Capes
Quantid.
professo-
res
Idade
progra-
ma
Linhas de
pesquisa
quantidad
Natureza
Pública 1
Privada 2
5 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ (UNIVALI) 5 16 13 7 2
6 UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS (UNISINOS) 5 15 16 3 2
7 UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) 5 22 41 7 1
8 UNIVERS. FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UFRN) 5 15 38 6 1
9 UNIVERS. FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) 5 51 44 12 1
10 UNIVERS. MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL (USCS) 5 16 13 5 2
11 UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO (UNINOVE) 5 27 10 5 2
12 UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE (UPM) 5 19 17 4 2
13 PONT. UNIVERS. CATÓL. RIO GRANDE DO SUL (PUC/RS) 5 18 10 3 2
14 PONTIFÍCIA UNIVERS. CATÓLICA DO PARANÁ (PUC/PR) 5 19 16 2 2
15 PONT. UNIVERS. CATÓL. DO RIO DE JANEIRO (PUC/RIO) 5 30 44 5 2
16 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (UFBA) 5 18 33 7 1
17 UNIVERS. FED. DA PARAÍBA/JOÃO PESSOA (UFPB/JP) 5 21 40 6 1
18 UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UNB) 5 27 40 2 1
19 CENTRO UNIVERSITARIO DA FEI (FEI) 4 15 9 4 2
20 FUND. UNIVERS. FED. DE MATO GROSSO DO SUL (UFMS) 4 17 8 4 1
21 PONTIFÍCIA UNIV. CATÓLICA DE SÃO PAULO (PUC/SP) 4 18 38 4 2
22 UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA (UNAMA) 4 14 7 3 2
23 UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO (UNIGRANRIO) 4 18 9 4 2
24 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ (UEM) 4 13 6 4 1
25 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE) 4 14 11 1 2
26 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) 4 26 21 8 1
27 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA (UFSC) 4 31 38 7 1
28 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA (UFSM) 4 26 13 5 1
29 UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (UFES) 4 15 16 2 1
30 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (UFPR) 4 26 24 6 1
31 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (UFRJ) 4 31 43 8 1
32 ESCOLA SUPERIOR DE PROPAG. E MARKETING (ESPM) 4 13 6 1 2
33 UNIVERS. DO ESTADO DE SANTA CATARINA (UDESC) 4 15 16 4 2
34 UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU (FURB) 4 11 19 3 2
35 UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL (UCS) 4 19 10 2 2
36 UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV) 4 16 11 2 1
37 UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA (UNIR) 4 12 10 2 1 Nota. Fonte: Capes (2016). Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Plataforma Sucupira.
Recuperado em 05 julho, 2016, de https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/index.jsf
3.3 Método
O método utilizado se trata de uma representação bidimensional de um conjunto de
dados e recebe o nome de Co-plot. Foi adaptado do estudo de Segev, Raveh & Farjoun
(1999), que estudaram os 25 melhores cursos americanos de MBA em Administração. O
mesmo método foi aplicado em vários outros estudos, tais como, identificação das diferenças
socioeconómicas entre cidades (Lipschitz e Raveh, 1994, 1998; Mindali, Raveh & Salomon,
2004; Shoval e Raveh, 2004); exploração da importância da cultura em fusões e aquisições
(Weber, Shenkar, e Raveh, 1996); descrição da evolução da tecnologia informática (Giladi,
Spector e Raveh, 1996), comparação de estruturas de programas de MBA tanto nos EUA
(Segev, Raveh & Farjoun, 1999) quanto no Reino Unido (Páucar-Caceres e Thorpe, 2005);
análise de desempenho do sistema bancário grego (Raveh, 2000b); alternativa para método
multicritério (Raveh, 2000a); e para explicação de padrões em sítios arqueológicos (Paira e
Raveh, 2000).
O método Co-plot permite obter a similaridade entre as características estruturais dos
principais PPGAs stricto sensu brasileiros, sendo capaz de localizar cada programa dentro de
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um espaço bidimensional. O método permite as representações gráficas de casos e variáveis
no mesmo gráfico Segev, Raveh & Farjoun (1999). A apresentação gráfica deriva de uma
matriz Y = n x p, em que n = 37, correspondente ao número de programas e p = 5,
correspondente às variáveis selecionadas para análise, todas centradas no mesmo eixo e na
mesma origem. O método Co-plot tem base na integração de mapeamento como uma variação
da análise de regressão. Sua execução consiste de quatro etapas, sendo:
1. O primeiro passo é normalizar as variáveis por meio de Zn x p, de forma a obter
média igual a zero e variância igual a 1.
2. A medida de dissimilaridade utilizada para diferenciar cada par de observações
(programas) é a métrica de Minkowski:
[∑
]
( )
Essa matriz permite calcular a distancia entre cada par de observações.
3. A matriz Sik é mapeada por meio de Escalonamento Multidimensional (MDS),
proposto por Guttman (1968), cujo objetivo é transformar valores similares em distancias,
representadas em espaço Euclidiano de duas dimensões. Em um espaço bidimensional, esta
etapa produz coordenadas 2n (X1i, X2i) i = 1, ..., n, em que cada linha Zi = (Zi1, ..., Zip) é
mapeada por meio de um ponto no espaço bidimensional (X1i, X2i).
4. Nessa etapa, as setas correspondentes às variáveis são projetadas no espaço
Euclidiano obtido na fase anterior. Cada variável j é representada por uma seta que emerge do
centro de gravidade dos pontos, de modo que a correlação entre os valores reais de cada
variável e suas projeções sobre a seta são máximas. As medidas p individuais são calculadas
para cada uma das p variáveis separadamente e as setas associadas com as variáveis
correlacionadas apontam em direções aproximadas.
Em estudos anteriores, como o de Segev, Raveh & Farjoun (1999), os pesquisadores
utilizaram variáveis binárias para identificar a distribuição espacial das observações e
variáveis, o que se tornou alvo de críticas, principalmente pelo primeiro passo, que prevê a
normalização dos dados. Pesquisadores como (Mar-Molinero & Mingers, 2007), advertem
que variáveis binárias são nominais, e nesse caso, indicam a presença ou ausência de
determinado elemento no local pesquisado, e, portanto, não suportam cálculos aritméticos,
sendo incorreto calcular a média e a variância dessas variáveis.
Para não incorrer nas falhas apontadas pelos autores Mar-Molinero & Mingers (2007),
este estudo usou como base quatro variáveis com valores e pesos discrepantes, fazendo uso de
apenas uma variável binária, a natureza jurídica das instituições, atribuindo valor (1) para
instituição pública e valor (2) para instituição privada. Assim, o conjunto de dados se mostra
mais apropriado para chegar a resultados confiáveis, de modo a atingir o objetivo da pesquisa.
Em suma, o método adotado no estudo, Co-plot, é baseado em dois gráficos que são
sobrepostos sequencialmente. O primeiro gráfico mapeia as observações por n pontos e o
segundo está condicionado ao primeiro e consiste de setas p, que são retratadas
individualmente (Talby, Feitelson, & Raveh, 2007).
4 Resultados
O coeficiente de alienação obtido nessa pesquisa através do método Co-Plot foi de
0,10, e a correlação média de variáveis foi de 0,89. Estes são considerados excelentes valores
de ajuste (Borg e Groenen, 1997 apud Talby, Feitelson, & Raveh, 2007). Assim sendo, as
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variáveis escolhidas para medir a similaridade dos programas e possível formação de grupos,
mostraram-se adequadas.
Segundo as características analisadas através das variáveis escolhidas, é possível
verificar a formação de grupos entre os programas brasileiros pela proximidade com que
algumas instituições apresentaram em relação às outras, ao mesmo tempo em que é possível
observar a direção apontada pelas setas que representam cada variável individualmente. A
projeção de um ponto na seta de uma variável deve ser proporcional à sua distância média da
variável. Sendo acima da média, está na direção da seta, e vice-versa. A Figura 1 é apresenta a
distribuição dos programas no espaço bidimensional e sua localização de acordo com a
proximidade média de cada variável.
Figura 1. Mapa bidimensional com variáveis e observações dos PPGAs
A projeção das variáveis empregadas no estudo é feita por meio de setas, e quanto
mais próximo o ponto de observação da seta, maior a sua correlação. Assim, a quantidade de
professores e a idade do programa são as variáveis que melhor explicam o posicionamento
das universidades USP, UFRGS, UFMG e UNB. Os programas das três primeiras instituições
encontram-se isolados e não formam aglomerações com nenhuma outra instituição. As
características comuns desses programas é que possuem mais de quarenta anos e USP e
UFRGS possuem mais de 50 professores cadastrados em seu corpo docente. A UFMG possui
29 docentes em seu quadro e a UNB possui 40 anos e 27 professores vinculados ao programa.
Por outro lado, a variável que melhor explica a disposição dos programas das
instituições ESPM, UECE, UNAMA, FURB, UCS, FEI, UDESC e UNIGRANRIO são as
linhas de pesquisa. Todas essas instituições, que estão próximas da seta indicadora possuem 4
ou menos linhas de pesquisa, sendo que ESPM e UECE possuem apenas uma. Esses cursos
estão no sentido oposto das setas que indicam idade do programa e quantidade de professores,
por dois motivos, um deles é que todos possuem menos de 11 anos de existência, com
exceção da UDESC e FURB, que possuem 16 e 19 anos, respectivamente, e por contarem
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com corpos docentes enxutos em seus programas, sendo todos compostos por 15 docentes ou
menos, exceto Unigranrio e UCS, com 18 e 19 respectivamente.
A seta que representa a variável natureza do programa/instituição dividiu de maneira
clara em sua direção os programas de natureza privada e no sentido oposto se posicionaram as
universidades públicas. De outro modo, a variável conceito da Capes, apontou para os dois
programas da Fundação Getúlio Vargas, conceituados com duas das melhores notas, 6 e 7, e
no sentido oposto da seta, ficaram posicionados todos os programas com conceito 4.
Quanto às variáveis, ao formar os chamados cones, se percebe que nenhuma delas
possui correlação negativa com qualquer outra. Se assim fosse, elas manteriam uma linha
direta de ligação de um lado ao outro do centro gravitacional dos pontos. Entre as variáveis é
possível observar apenas uma correlação forte, entre idade do programa e tamanho do corpo
docente (quantidade de professores). As demais variáveis possuem correlação mais tênue
entre si e a formação dos cones é mais discreta.
Figura 2. Mapa bidimensional com a formação de grupos estratégicos pelos PPGAs
Uma das vantagens do método Co-plot, é que além de permitir a análise de variáveis
individuais, possibilita a compreensão das correlações entre todas as variáveis de uma só vez,
ao mesmo tempo em que consegue definir conjuntos de variáveis e as relações entre eles.
Portanto, passamos a verificar a formação de grupos pelos programas.
É possível observar a formação de 6 grupos e também de 7 programas dispersos pelos
plano bidimensional, que podem ser classificados como outliers, conforme disposto na Figura
2. Curiosamente, 4 dos outliers possuem as melhores classificações, de acordo com a
Avaliação Trienal da Capes 2013. O programas da UFRGS atualmente não está entre os
melhores, mas foi o primeiro programa, junto com a USP a alcançar conceito 7 em
Administração no Brasil. Há também dois outros outliers mais próximos ao centróide das
variáveis, a PUC/SP e PUC/RJ. O primeiro se trata de um curso antigo (38 anos), com 4
linhas de pesquisa e 18 docentes vinculados, conceito 4. O segundo é um dos programas de
Administração mais antigos do país, com 44 anos, possui conceito 5 Capes, 30 docentes e 5
linhas de pesquisa.
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O espaçamento entre as observações ficou bastante amplo, gerando um mapa de
proporções elevadas. Dessa forma, foi disponibilizado o mapa individual de cada grupo
formado de modo a facilitar sua visualização detalhada. Os grupos serão enumerados pela
ordem de quantidade de componentes, recebendo a primeira denominação (Grupo 1), o grupo
formado pelos programas das instituições: Escola Superior de Propaganda e Marketing
(ESPM), Universidade Estadual do Ceará (UECE), Universidade da Amazônia (UNAMA),
Universidade Regional de Blumenau (FURB), Universidade de Caxias do Sul (UCS), Centro
Universitário da FEI (FEI), Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e
Universidade do Grande Rio – Prof. Jose de Souza Herdy (UNIGRANRIO). Este é o maior
grupo, composto por 8 elementos e também um dos mais coesos, conforme Figura 3.
Figura 3. Grupo 1 Figura 4. Grupo 2
No grupo 1, seis instituições são privadas e duas estaduais, sendo elas UECE e
UDESC. As características comuns principais desses programas é que são jovens e enxutos.
Todos possuem menos de 20 anos e menos de 20 professores vinculados ao quadro docente,
além de possuírem 4 ou menos linhas de pesquisa.
O segundo grupo mais numeroso (Grupo 2), ilustrado na Figura 4, é composto pelas
seguintes instituições: Universidade Nove de Julho (UNINOVE), Universidade do Vale do
Itajaí (UNIVALI), Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Universidade Municipal de
São Caetano do Sul (USCS), Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR),
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) e Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul (PUC/RS).
No grupo 2, a principal característica é que todas as instituições possuem conceito 5.
Todas são jovens e de direito privado. Os programas possuem menos de 18 anos, com
destaque para Uninove e PUC/RS, que possuem apenas 10 anos e junto com as demais
componentes do grupo já alcançaram posição de referência nacional. Dentro do grupo, o
programa da Uninove é o único que possui mais de 20 professores vinculados ao quadro (27).
Há dois grupos que aglomeraram 5 componentes cada um, entretanto, receberão a
denominação ordinal de acordo com a coesão de seus elementos. Sendo assim, o Grupo 3, é
composto pelos seguintes membros: Universidade Federal de Rondônia (UNIR),
Universidade Estadual de Maringá (UEM), Universidade Federal de Viçosa (UFV),
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e Federação Universidade Federal do Mato
Grosso do Sul (UFMS). Este grupo é um dos mais homogêneos, onde se encontram os
programas mais jovens do estudo. Todos têm menos de 12 anos, com exceção da UFES, com
16 anos. Todos pertencem a universidades públicas e seus quadros docentes são enxutos,
variando de 12 a 17 professores. Todos os programas, dispostos na Figura 5 são avaliados
com nota 4.
O Grupo 4 é formado por cinco universidades federais. São elas: Universidade Federal
da Bahia (UFBA), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade
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Federal da Paraíba (UFPB/JP). Universidade Federal de Lavras (UFLA) e Universidade de
Brasília (UNB). Todos os programas deste grupo se tratam de universidades federais, são
antigos e possuem conceito 5. Três deles estão localizados na região nordeste do Brasil, sendo
UFBA, UFRN e UFPB. O programa mais jovem possui 33 anos (UFBA). Os demais têm de
38 a 41 anos e possuem de 6 a 7 linhas de pesquisa, exceto UNB, que possui apenas duas.
Figura 5. Grupo 3 Figura 6. Grupo 4
Quanto aos grupos menores, Grupo 5 e Grupo 6, o primeiro é formado por três
universidades federais (UFPR, UFPE E UFSM) que se assemelham no conceito recebido pela
Capes (4) e no tamanho do corpo docente, 26 professores em cada um dos 3 programas. Da
mesma forma, o Grupo 6 (UFRJ e UFSC) é semelhante pelo tamanho do corpo docente, com
31 professores vinculados, os dois são antigos com 43 e 38 anos e possuem várias linhas de
pesquisa, 8 e 7 respectivamente.
4.1 Discussão dos Resultados
Os programas de pós-graduação stricto sensu em Administração se aglomeraram em 6
grupos de acordo com as características estruturais e 7 programas se comportaram como
outliers, demonstrando características bem definidas e exclusivas em relação aos demais
programas. Os grupos formados indicaram muita coerência quanto às similaridades e
demonstram que adotam estratégias e alocam recursos de maneira semelhante. Todo esse
contexto pode ser explicado por autores como Cool e Schendel (1987), que atestam que os
grupos estratégicos são formados por empresas que competem entre si ao mesmo tempo em
que apresentam estratégias semelhantes de atuação.
Na análise das variáveis individualmente, nota-se que o fator tempo está altamente
correlacionado com o corpo docente por meio de uma relação positiva, ao mesmo tempo em
que as duas variáveis são determinantes para a ascensão dos programas aos conceitos mais
elevados na avaliação Capes. Somente os programas com mais de 40 anos de existência
receberam os conceitos 6 e 7, se tornando referências internacionais na área da
Administração. Outra característica desses cursos é que possuem corpo docente numeroso e
várias linhas de pesquisa. O único programa que não se enquadra nessas características é a
FGV/RJ, que possui 25 docentes e 02 linhas de pesquisa. Nesse caso, se pode inferir que
esses programas são sólidos, possuem conhecimento avançado sobre o ambiente acadêmico-
científico e ambiente externo, competências essenciais para se destacar, capacidade para
alocar de maneira eficiente seus recursos, de forma a se adequar aos critérios de avaliação da
Capes e às exigências do mercado e sociedade.
É importante ressaltar que as variáveis empregadas no modelo são proxys, sendo a
idade uma forma de verificar a experiência, o quadro docente pode indicar a capacidade de
captar e manter recursos humanos altamente especializados, raros e valiosos. As linhas de
pesquisa podem indicar a força e direcionamento do grupo em torno de uma área de
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concentração ou a opção pela diversificação. Vale ressaltar que as linhas de pesquisa refletem
as competências individuais do corpo docente e tem estreita relação com a quantidade de
professores vinculados aos quadros, que de acordo com o tamanho, podem indicar maior ou
menor produtividade científico-acadêmica para o programa. Por outro lado, a natureza
jurídica é salutar para identificação dos objetivos finais do programa. As universidades
públicas tem a cobertura de suas despesas asseguradas pelo governo, ao passo que as
instituições privadas com ou sem fins lucrativos precisam captar recursos no mercado para
cobrir seus custos. Para as últimas, a pressão do mercado é bastante superior às primeiras e
seu sucesso depende das estratégias adotadas. Assim, os programas de instituições privadas
podem sofrer pressões em dobro, tanto dos órgãos reguladores quanto do mercado.
Diante das constatações nota-se que dificilmente uma só corrente teórica poderia
explicar a dinâmica do setor da educação superior, em especial de pós-graduações stricto
sensu. A Visão Baseada na Indústria tem o enfoque voltado à competitividade das
organizações diante do ambiente externo (Porter, 1980), e, portanto, nos remete à
compreensão de que os programas competem entre si pelos recursos externos de
financiamento desde bolsas de estudos até fomento dos projetos de pesquisa. O estudo da
competitividade é pertinente a todas as instituições de ensino superior, independe de sua
natureza jurídica, devido à expansão ocorrida nos últimos anos em que novos entrantes
alteraram a dinâmica existente até meados dos anos 2000. Os cursos mais antigos, apesar de
deterem conhecimento e expertise na área passaram a sofrer concorrência de novos cursos
extremamente competitivos, como é o caso de programas com 10 anos de existência e que
possuem status de referência nacional (nota 5).
Quanto mais cursos disponíveis no mercado, maior o poder de escolha do consumidor,
ou seja, o aluno que pretende fazer uma pós-graduação. E ao mesmo tempo em que buscam
captar bons alunos no mercado sofrem a concorrência de produtos substitutos como MBAs,
mestrados profissionais e cursos internacionais, que mesmo com o entrave do reconhecimento
nacional, atraem quantidades significativas de estudantes brasileiros. As modalidades
oferecidas por esses cursos incluem a presencial, semipresencial e à distância, aumentando a
necessidade de criação de estratégias para captação e retenção de estudantes nos cursos
tradicionais de pós-graduação. Os candidatos à pós-graduação de Administração vão desde
pessoas que desejam seguir a carreira de docente-pesquisador, até empresários, executivos,
funcionários públicos e profissionais que desejam alavancar seus currículos.
Diante da competição imposta pelo mercado, a Visão Baseada em Recursos (VBR)
pode auxiliar na compreensão de como as instituições organizam seus recursos para enfrentá-
la. Destarte, os programas passam a compor sua estrutura a partir da escolha de recursos
estratégicos e desenvolvimento de competências que possam gerar resultados satisfatórios,
medido pelo nível de desempenho (Fleury & Fleury, 2001), por meio da avaliação da Capes, e
assim, sustentar vantagem competitiva. A geração de competências passa diretamente pela
capacidade de atração e retenção de talentos, tanto de professores-pesquisadores de alto nível
quanto de pessoal técnico especializado. Os programas são dependentes de vários recursos
como estrutura física, financeira, tecnológica, informação, processos organizacionais,
reputação, cultura (Barney, 1991), contudo o mais importante são as pessoas, que irão compor
os quadros com seu conhecimento técnico, científico, acadêmico, pedagógico, capacidade de
comunicação, articulação, motivação e criação de redes.
A Visão Baseada nas Instituições remete os programas a dispensar atenção à dinâmica
do contexto político-legal, econômico, tecnológico e social, destacando de maneira especial
os órgãos reguladores como a Capes, que através de seu sistema de avaliação tende a tornar os
cursos isomórficos (Langrafe, Boaventura, Silva e da Silva, 2009), devido a uma lista de
critérios de avaliação rígida e única. Os critérios são os mesmos para todos os programas,
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independente de sua localização geográfica, questões culturais, econômicas ou sociais e,
maior ou menor facilidade de acesso aos recursos. Esse fator conduz ao isomorfismo entre as
instituições, conduzindo as decisões quanto à alocação de recursos de forma alinhada com as
exigências reguladoras governamentais. Nesse sentido, é preciso resgatar (Powell, 1991;
Zukin & Dimaggio 1990), que afirmam que forças institucionais produzem consequências
importantes para as organizações quanto aos seus recursos, porque eles moldam, entre outras
coisas, a natureza da atividade econômica.
No estudo realizado foi notável a presença de isomorfismo entre as instituições. O
principal elemento que chama a atenção são as linhas de pesquisa. Nota-se que os programas
mais antigos possuem varias linhas de pesquisa e os mais novos, em geral, possuem 4 ou
menos linhas de pesquisa. A esse respeito, Dacin (1997), afirma que é provável que as forças
institucionais sejam especialmente marcantes na época de fundação de uma organização e que
se adote características compatíveis com as condições normativas vigentes na busca da
legitimidade.
Retomando a análise de todo o contexto educacional a partir da visão das três
abordagens, verificamos que nenhuma delas é completa e que para compreender as relações
que se estabelecem nesse segmento é preciso unir as três, corroborando com a visão de Peng
(2002; et al., 2009), que enfatiza que a estratégia de uma organização sofre influência de
elementos que podem ser compreendidos a partir de três abordagens, sendo a competição
baseada na indústria, recursos e capacidades específicos da empresa e condições institucionais
e transições, com destaque para a abordagem mais moderna voltada ao isomorfismo, que
tende a tornar as instituições cada vez mais semelhantes para atenderem aos critérios de
avaliação.
5 Conclusões
Esse estudo teve por objetivo identificar a formação de grupos estratégicos entre os
PPGAs stricto sensu de Administração e verificar as similaridades quanto à alocação dos
recursos, tendo como pano de fundo a abordagem do tripé da estratégia (Peng, 2002; et al.
2009), que dentre suas correntes teóricas contempla a Visão Baseada em Instituições, que traz
no arcabouço neo-institucional, o isomorfismo. Como ferramenta, foi aplicado o método Co-
plot, escolhido por tornar possível a observação conjunta e individual de observações e
variáveis simultaneamente, demonstrando o comportamento dos programas entre si, medindo
a correlação entre as variáveis, além de proporcionar a verificação das inter-relações entre as
variáveis estruturais e formação dos grupos.
Os resultados apontaram a formação de grupos estratégicos coesos entre os programas,
permitindo a identificação de uma série de similaridades entre os componentes de cada grupo.
A idade e corpo docente dos programas foram as variáveis determinantes para identificação
de isomorfismo entre os grupos. A consequência do isomorfismo é a uniformização de
comportamento dos gestores quanto à aceitação e assimilação das normas institucionais e, no
campo da pós-graduação, a regulamentação é incisiva e reflete diretamente o desempenho dos
programas através das notas atribuídas pela Capes em suas avaliações trienais.
Na análise dos resultados as relações entre os programas foram interpretados à luz das
abordagens da Visão Baseada na Indústria e Visão Baseada em Recursos, demonstrando que
isoladamente nenhuma delas foi suficiente para explicar o contexto organizacional que
permeia as instituições de ensino brasileiras, especialmente as pós-graduações stricto sensu,
que sofrem pressões ainda maiores por terem como função entregar à sua clientela ensino,
pesquisa e a responsabilidade de contribuir com a evolução da ciência e da tecnologia.
Portanto, a criação do Tripé Estratégico por Peng, incluindo a Visão Baseada em Instituições
é perfeitamente adequada ao segmento estudado, especialmente por incluir a visão isomórfica.
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A principal limitação do estudo reside na fonte da coleta de dados. Todos os dados
foram coletados na Plataforma Sucupira e são referentes à Avaliação Trienal Capes 2013,
entretanto, constatamos que alguns dados não estão mais atualizados ao visitar as páginas
eletrônicas dos programas. Entretanto, nos restringimos a utilizar os dados oficiais, por isso,
mesmo que encontradas divergências ou diante da dúvida quanto à informação, utilizamos a
informação oficial.
Recomendamos para os próximos estudos a avaliação dos dados da Avaliação Trienal
de 2016, assim que forem publicados. Recomendamos também que sejam apuradas as
variáveis qualitativas de cada curso, como produção do corpo docente, cumprimento de
prazos e objetivos pelo corpo discente, produção tecnológica e demais decisões quanto à
alocação e captação de recursos, para que seja possível compreender com profundidade as
características de cada grupo de cursos.
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