afrfb Comercial aula 5

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CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB 2009 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA AULA 05

Ol, amigo(a) concurseiro(a)! Chegamos Aula 05 de Direito Comercial para AFRFB 2009. Hoje trataremos do item 6 do edital: 6. Recuperao judicial e extrajudicial. Falncia. Classificao creditria. Trata-se de matria referente ao Direito Falimentar. Vamos l! 1 DIREITO FALIMENTAR O Direito Falimentar pode ser visto como o segmento do Direito Comercial que tem por objeto as regras destinadas preservao e reorganizao da atividade empresria em crise e adequada conduo do processo de falncia do empresrio, quando no for possvel a sua recuperao. O empresrio (expresso que estamos empregando aqui com o sentido de empresrio individual ou de sociedade empresria), no desenvolvimento de suas atividades, est sujeito a problemas diversos, que podem acarretar um resultado negativo (prejuzo) da empresa, o qual, se persistente, acaba por gerar uma situao de insolvncia patrimonial (ativo menor que o passivo situao lquida negativa) ou mesmo de falta de liquidez (disponibilidades), que impeam o empresrio de honrar suas obrigaes. Em alguns casos, possvel a reorganizao da atividade empresarial, de modo a se restabelecer a sade econmico-financeira da empresa. Em outros, a situao torna-se to grave que o empresrio no tem mais possibilidade de continuar existindo, havendo a necessidade de que seja decretada sua falncia.

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No s as sociedades empresrias, mas tambm as sociedades simples e mesmo outros tipos de entidades (e at pessoas fsicas) podem se tornar insolventes, isto , podem ingressar em uma situao em que seus bens e direitos sejam insuficientes para saldar todas as suas obrigaes. Esse estado patrimonial denominado de insolvncia econmica ou real, chamada tambm de insolvabilidade. Em alguns casos, esse estado pode ser presumido pela lei, em funo de certas situaes fticas, ainda que no se prove efetivamente a inferioridade do ativo em relao ao passivo (insolvncia jurdica ou presumida). Atualmente, em uma relao jurdica patrimonial, a garantia dos credores o patrimnio do devedor, de modo que, se uma pessoa no honra suas obrigaes, os credores podem acion-la judicialmente, a fim de que seus bens sejam arrecadados, alienados (vendidos) e o respectivo produto da alienao seja entregue aos credores para quitao das dvidas, havendo, aps isso, o retorno do eventual saldo remanescente ao devedor. Isso feito por meio do processo judicial de execuo. Ocorre, porm, que a execuo judicial pode se dar de maneira individual ou coletiva. A execuo individual tem lugar quando um nico devedor apresenta seu ttulo executivo em juzo e pede ao juiz que determine ao devedor que satisfaa seu crdito. J a execuo coletiva acontece quando se verifica que o devedor est insolvente, o que permite que o juiz, a pedido do credor interessado, declare oficialmente essa situao de insolvncia e d incio execuo coletiva, com a consequente convocao dos demais credores porventura existentes, para habilitarem seus crditos no processo de execuo.

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A execuo individual e a execuo coletiva de entidades noempresrias so feitas segundo os procedimentos previstos no Cdigo de Processo Civil (CPC). J a execuo coletiva do empresrio e da sociedade empresria ocorre nos moldes estabelecidos na Lei 11.101/2005 (Lei de Falncias LF). A partir de agora, quando nada for dito, o dispositivo legal citado nesta aula ser referente a essa Lei. A falncia, portanto, o processo de execuo coletiva do devedor empresrio insolvente (embora essa insolvncia possa ser meramente jurdica, e no econmica, como veremos adiante). Nela ocorre o chamado concurso de credores, isto , a reunio de todos os credores do empresrio, para apresentarem seus respectivos crditos, a fim de se habilitarem ao recebimento dos valores que lhes so devidos, o que ocorre aps a liquidao (venda) judicial do patrimnio do devedor falido. A execuo coletiva visa a combater a injustia de que um credor obtenha a realizao integral de seu crdito, enquanto outro termine por nada receber (devido insuficincia do patrimnio do devedor), apenas porque aquele ajuizou a ao de execuo individual posteriormente a este. A decretao da falncia confere as mesmas chances de satisfao do crdito a todos os credores de uma mesma classe (veremos que h vrias classes de crditos na falncia, que so ordenados segundo as regras da chamada classificao creditria). Essa paridade (igualdade) de condies entre os credores na falncia materializa o princpio da par conditio creditorum. Alm do processo de falncia, a Lei 11.101/2005 prev tambm o procedimento de recuperao (ou reorganizao) do empresrio, de forma a evitar sua falncia. Trata-se, neste caso, de um plano de www.pontodosconcursos.com.br

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reorganizao da empresa, com a adoo de vrias medidas, como adiamento ou parcelamento do pagamento de dvidas, reduo parcial do valor das obrigaes, novao (substituio) de dvidas e outras medidas pertinentes, com o intuito de permitir que o empresrio se recupere da crise econmica por que vem passando. A recuperao da empresa pode ser judicial ou extrajudicial. No primeiro caso, o empresrio solicita em juzo que a recuperao lhe seja deferida, apresentando as razes que o levaram sua atual condio econmica e propondo um plano de recuperao da empresa que o retire dessa situao, o qual ser executado sob a superviso do juiz. Na segunda hiptese, o devedor prope e negocia com seus credores um plano de recuperao extrajudicial, e solicita ao juiz a homologao do acordo celebrado pelos envolvidos. Pessoas Sujeitas Falncia e Recuperao de Empresas A Lei de Falncias estabelece, no seu art. 1., que disciplina a recuperao judicial, a recuperao extrajudicial e a falncia do empresrio e da sociedade empresria, doravante (de agora em diante) referidos simplesmente como devedor. Desse modo, a Lei se aplica queles que exercem atividade de empresa (obs.: a partir de agora, quando eu me referir sociedade empresria ou ao empresrio individual, utilizarei tanto a palavra empresrio como a palavra devedor, OK?). importante ressaltar que, embora a falncia e a recuperao de empresas seja aplicvel apenas ao empresrio, nem todas as pessoas que exercem empresa esto sujeitas Lei de Falncias. No se aplica essa Lei a (art. 2.): www.pontodosconcursos.com.br

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- empresas pblicas e sociedades de economia mista; - instituies financeiras pblica ou privada; - cooperativas de crdito (na verdade, quaisquer cooperativas, por serem sociedades simples); - consrcios de sociedades; - entidades de previdncia complementar; - operadoras de plano de sade; - sociedades seguradoras; - sociedade de capitalizao; - outras entidades legalmente equiparadas s anteriores; e Essas entidades possuem regras prprias de liquidao estabelecidas em lei. As instituies financeiras, por exemplo, esto sujeitas a liquidao extrajudicial, a ser decretada pelo Banco Central, nos termos da Lei 6.024/1974; na Lei as cooperativas as de crdito seguem as normas da Lei so 5.764/1971 e da Lei Complementar 130/2009; os consrcios so previstos 6.404/1976; entidades de previdncia complementar liquidadas extrajudicialmente, nos termos da Lei Complementar 109/2001; o mesmo vale para as operadoras de plano de sade, conforme a Lei 9.656/1998; as sociedades seguradoras e as sociedade de capitalizao, por sua vez, tm sua liquidao extrajudicial decretada com base no Decreto-Lei 73/1966 (as segundas por fora do disposto no art. 4. do Decreto-Lei 261/1967). Eis algumas questes de prova sobre o assunto: (CESPE/ADVOGADO/HEMOBRAS/2008) As empresas pblicas esto sujeitas ao regime de falncias. www.pontodosconcursos.com.br

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Gabarito: Errado (CESPE/ADVOGADO/HEMOBRAS/2008) Em caso de iminente estado de insolvncia da HEMOBRAS [empresa pblica vinculada ao Ministrio da Sade], no obstante o princpio da preservao da empresa, a Unio Federal no poder ajuizar pedido de recuperao judicial, nos termos da nova lei de falncias e de recuperao de empresas. Gabarito: Certo O primeiro item errado e o segundo correto porque as empresas pblicas no se sujeitam s regras da Lei de Falncias. A Lei define ainda o juzo competente para homologar o plano de recuperao extrajudicial, deferir a recuperao judicial ou decretar a falncia do empresrio. o juzo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil (art. 3.). O principal estabelecimento aquele onde est concentrado o maior volume das operaes empresariais. o principal do ponto de visa econmico, e no do ponto de vista jurdico. No se deve considerar como principal estabelecimento, portanto, o local da sede da empresa. No caso da sociedade estrangeira, deve-se buscar a filial economicamente mais importante. 2 DISPOSIES COMUNS RECUPERAO JUDICIAL E FALNCIA

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Inicialmente destaque-se que nem todas as obrigaes do devedor podem ser exigidas na falncia e na recuperao judicial. Os credores no podem exigir do devedor, na recuperao judicial ou na falncia (art. 5.): as obrigaes a ttulo gratuito (ex.: doao feita pelo devedor, cujo objeto ainda no tenha sido entregue ao donatrio); as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperao judicial ou na falncia (ex.: passagem e hotel de advogado ou do prprio credor), salvo as custas judiciais decorrentes de litgio com o devedor. Suspenso das Aes e Execues em Face do Devedor A decretao da falncia ou o deferimento do processamento da recuperao judicial suspende o curso de todas as aes e execues em face do devedor (se j estiverem em andamento) ou de sua prescrio (se ainda no tiverem sido ajuizadas), inclusive aquelas dos credores particulares dos scios solidrios com a sociedade (art. 6.). A prescrio o fenmeno que extingue o direito do interessado de exigir a reparao de um direito seu que tenha sido violado por algum (direito de pretenso) (art. 189 do CC/2002), acarretando, em consequncia, a perda do direito de ao, isto , do direito de ajuizar um processo judicial para reparao do direito violado. Decorrido o prazo prescricional previsto em lei, a pessoa no pode mais demandar judicialmente o responsvel pela reparao do seu direito. A decretao da falncia ou o deferimento do processamento da recuperao judicial suspende esse prazo.

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Para assegurar essa suspenso, eventuais aes individuais que venham a ser propostas contra o devedor devem ser comunicadas ao juzo (vara) da falncia ou da recuperao judicial pelo juiz competente, quando receber a petio inicial, ou pelo prprio devedor, quando receber a citao (art. 6. 6.). Uma vez suspensos os processos, as questes neles debatidas so atradas para o juzo da falncia ou da recuperao judicial. Todavia, a suspenso comportar algumas excees. Por exemplo, a ao que demandar quantia ilquida, isto , cujo valor ainda no esteja plenamente determinado (no seja lquido), ter prosseguimento no juzo no qual estiver se processando (art. 6. 1.). Uma vez liquidada a quantia, o crdito ento encaminhado ao juzo da falncia, para classificao junto aos dos demais credores, conforme sua natureza (a classificao creditria ser vista adiante). Por exemplo, se algum processa o empresrio falido em razo de uma batida de automvel, cujo valor de indenizao ainda ser apurado no processo, a ao ter seguimento no juzo original at a determinao desse valor. S ento o credor ingressar nos autos da falncia, para recebimento da indenizao, de acordo com a ordem de preferncia dos demais credores nos autos da falncia. Tambm as aes de natureza trabalhista sero processadas perante a justia especializada (Justia do Trabalho) at a apurao do respectivo crdito, que ser ento inscrito no quadro geral de credores pelo valor determinado (liquidado) na sentena trabalhista (art. 6. 2.). Tanto no caso de quantia ilquida como no de crdito trabalhista, o juiz no qual se processa o litgio poder determinar a reserva da importncia www.pontodosconcursos.com.br

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que estimar devida, com o que o juzo da recuperao ou da falncia dever conservar montante suficiente para pagamento desses crditos, quando eles vierem, afinal, para o mbito do processo de recuperao ou falimentar. Uma vez reconhecido lquido o direito, ser o crdito includo na classe prpria entre os demais credores do empresrio (art. 6. 3.). Por outro lado, se esses crditos no vierem a ser reconhecidos nos respectivos juzos de origem, os valores anteriormente reservados sero objeto de rateio suplementar entre os credores remanescentes (art. 149, 1.). No caso de recuperao judicial, a suspenso no ultrapassar 180 dias (perodo de blindagem), contados do deferimento do processamento da recuperao. Aps esse prazo, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas aes e execues individuais ser restabelecido, independentemente de pronunciamento judicial (art. 6. 4.). J na falncia, o prazo prescricional relativo s obrigaes do falido s recomea a correr a partir do dia em que transitar em julgado a sentena do encerramento da falncia (art. 157). Outra exceo suspenso so as execues de natureza fiscal. Estas no so suspensas pelo deferimento da recuperao judicial, ressalvada a concesso de parcelamento nos termos do Cdigo Tributrio Nacional (CTN) e da legislao ordinria especfica (art. 6. 7.) (o parcelamento do crdito tributrio estudado no Direito Tributrio, lembra?). Em relao a esse tema, o art. 187 do CTN dispe que a cobrana judicial do crdito tributrio no sujeita a concurso de credores ou habilitao em falncia ou recuperao judicial (habilitao o procedimento de verificao da validade e exatido do valor do crdito nos www.pontodosconcursos.com.br

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autos da falncia ou da recuperao judicial veremos isso frente). O mesmo ocorre com outros crditos inscritos em Dvida Ativa da Fazenda Pblica (art. 29 da Lei 6.830/1980 Lei de Execuo Fiscal). Em funo desses dispositivos, Fbio Ulhoa Coelho entende que a execuo fiscal em face do devedor deve prosseguir mesmo no caso de decretao de falncia (e no s no caso de deferimento de recuperao judicial, como expressa o art. 6. 7., da LF). Alis, esse entendimento j foi declarado tambm pelo STJ:CONFLITO NEGATIVO DE COMPETNCIA - PROCESSUAL CIVIL - EXECUO FISCAL - COMPETNCIA TERRITORIAL SOMENTE EXCETUADA POR PROVOCAO DO INTERESSADO - FALNCIA - JUZO FALIMENTAR NO-SUJEIO DA COBRANA DE DBITOS FISCAIS HABILITAO DO CRDITO NO JUZO FALIMENTAR - ART. 29 DA LEI N. 6.830/90 COMPETNCIA INALTERADA DO FORO ONDE PROPOSTA A EXECUO FISCAL. 1. A incompetncia relativa no pode ser declarada de ofcio. Verbete 33 da Smula/STJ. 2. Conforme estabelece o art. 29 da Lei de Execues Fiscais (Lei n. 6.830/80), que segue a determinao do art. 187 do Cdigo Tributrio Nacional, a cobrana judicial da dvida da Fazenda Pblica no se sujeita habilitao em falncia, submetendo-se apenas classificao dos crditos. 3. Assim, pode a execuo fiscal ajuizada em face da Massa Falida ser processada normalmente no foro onde foi proposta, mesmo que o Juzo Falimentar seja em outra Circunscrio. Conflito conhecido, para declarar a competncia do Juzo Federal da 12 Vara da Seo Judiciria de So Paulo, o suscitado. (CC 63.919/PE, Primeira Seo, Relator Ministro Humberto Martins, DJ 12/02/2007) (grifamos)

Alm disso, ainda segundo o STJ (REsp 1.103.405/MG), o art. 187 do CTN e o art. 29 da Lei de Execuo Fiscal no representam bice habilitao de crditos tributrios no concurso de credores da falncia. Trata-se, na verdade, de uma prerrogativa da entidade pblica em poder optar entre o pagamento do crdito pelo rito da execuo fiscal (Lei 6.830/1980) ou mediante habilitao do crdito tributrio. Segundo a Corte, www.pontodosconcursos.com.br

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escolhendo a Fazenda Pblica um rito, ocorre a renncia da utilizao do outro, no se admitindo uma garantia dplice. De qualquer forma, o produto da arrematao realizada na execuo fiscal deve ser colocado disposio do juzo falimentar, para pagamento conforme a ordem de preferncia legal dos crditos devidos pelo devedor (trabalhistas, com garantia real, fiscais, quirografrios, etc. veremos as regras de classificao dos crditos adiante). Em outras palavras, embora o crdito fiscal no se submeta a habilitao, submete-se classificao dos crditos, para efeito de pagamento aos credores. Outra exceo suspenso das aes e execues so as causas no reguladas pela Lei de Falncias em que o falido figure como autor ou litisconsorte ativo (art. 76). Exemplo: o empresrio autor de uma ao de indenizao contra terceiro que bateu em seu carro. Tambm no so atradas para o juzo falimentar as aes de conhecimento que envolvam a Unio, autarquia federal ou empresa pblica federal, por fora do art. 109, I, da Constituio Federal. Alm disso, tambm no se suspende a execuo individual cuja hasta pblica para alienao dos bens do devedor j tenha sido designada, no momento da decretao da falncia, por uma questo de economia processual. Neste caso, o valor apurado com a venda deve ser destinado ao juzo da falncia, para incluso no quadro geral de credores. Por outro lado, se a hasta pblica j tiver sido realizada, o valor apurado ser destinado ao exequente e o eventual saldo restante destinado ao juzo da falncia.

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Por fim, ressalte-se que a distribuio do pedido de falncia ou de recuperao judicial previne a jurisdio (isto , torna obrigatria a distribuio do processo para o mesmo juzo, denominado juzo prevento) para qualquer outro pedido de recuperao judicial ou de falncia, relativo ao mesmo devedor (art. 6. 8.). Veja algumas questes sobre a suspenso de aes e execues em face do devedor falido ou em recuperao judicial: (FCC/ANALISTA DE REGULAO REA DIREITO/ANS/2007) O deferimento do processamento da recuperao judicial suspender, por at 180 dias, o curso das A) execues fiscais movidas contra o devedor, ressalvada a concesso de parcelamento na forma da lei. B) aes de natureza cvel contra o devedor nas quais se demandar quantia ilquida. C) aes de natureza trabalhista nas quais ainda no tenha sido apurado o crdito do reclamante. D) aes e execues dos credores particulares do scio solidrio em face do devedor. E) aes de qualquer natureza movidas pelo devedor, nas quais figurar como credor. Gabarito: D A letra A errada porque o curso das execues fiscais movidas contra o devedor no suspenso, ressalvada a concesso de parcelamento nos termos do CTN e da legislao ordinria especfica. A letra B falsa, j que aes em face do devedor nas quais se demandam quantias ilquidas www.pontodosconcursos.com.br

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tambm no so suspensas. A letra C incorreta, pois aes de natureza trabalhista nas quais ainda no tenha sido apurado o crdito do reclamante continuam a tramitar na Justia do Trabalho at a apurao da quantia. A letra D o gabarito, uma vez que a decretao da falncia ou o deferimento do processamento da recuperao judicial suspende o curso da prescrio e de todas as aes e execues em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do scio solidrio (art. 6. da LF). Finalmente, a letra E errada porque, no caso de aes movidas pelo devedor, nas quais ele figure como credor, no so suspensas aquelas no reguladas na Lei de Falncias (art. 76). (CESPE/TCNICO DE Considere NVEL que SUPERIOR/REA determinada sociedade

JURDICA/EMBRAPA/2005)

limitada, passando por grave crise econmico-financeira, requeira ao juzo competente sua recuperao judicial e, verificados os requisitos legais, seja deferido o pedido. Assim, em razo do deferimento da recuperao judicial, todas as aes executivas contra a sociedade sero suspensas, inclusive as de natureza fiscal. Gabarito: Errado O item errado porque o deferimento da recuperao judicial no suspende as aes de execuo fiscal, nem as execues individuais cuja hasta pblica j tenha sido designada. Administrador Judicial O administrador judicial o auxiliar do juiz nos processos de falncia e recuperao judicial. www.pontodosconcursos.com.br

Dever

ser

profissional

idneo,

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preferencialmente

(e

no

necessariamente)

advogado,

economista,

administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurdica especializada (art. 21). Se o administrador for pessoa jurdica, dever ser indicado o nome de profissional responsvel pela conduo do processo de falncia ou de recuperao judicial, que no poder ser substitudo sem autorizao do juiz (art. 21, par. nico). Os deveres do administrador judicial na falncia e na recuperao judicial encontram-se no art. 22 da Lei de Falncias. Na recuperao judicial, ele apenas fiscaliza as atividades do devedor (o qual permanece na administrao de seus bens) e o cumprimento do plano de recuperao judicial (art. 22, II, a). J na falncia, ele efetivamente administra a empresa, se houver continuao provisria da atividade (art. 99, XI), uma vez que o devedor perde o direito de administrar os seus bens ou deles dispor (art. 103). Se, no exerccio de suas funes, o administrador judicial no se sentir capaz de desempenhar alguma tarefa, ele poder contratar auxiliares, para ajud-lo em suas atribuies (art. 22, I, h). O administrador judicial deixa suas funes por substituio ou por destituio. No primeiro caso, o administrador deixa a funo por no se enquadrar nas exigncias da Lei, sem carter punitivo. Por exemplo, no pode ser administrador judicial quem tiver relao de parentesco ou afinidade at o 3. grau com o devedor, seus administradores, controladores ou representantes legais ou deles for amigo, inimigo ou dependente (art. 30, 1.). Neste caso, o devedor, qualquer credor ou o Ministrio Pblico poder requerer ao juiz a substituio do administrador judicial (art. 30,

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2.).

O

administrador

judicial

substitudo

ser

remunerado

proporcionalmente ao trabalho realizado (art. 24, 3.). Se houver renncia do administrador judicial, ele tambm ser substitudo. Ningum obrigado a aceitar a funo, podendo ainda renunciar a ela posteriormente. Neste caso, s haver remunerao pelo trabalho realizado se a renncia for fundamentada em relevante razo (art. 24, 3.). J a destituio uma medida sancionadora aplicada ao

administrador que no cumpre a contento seus deveres, o que pode ocorrer por desobedincia aos preceitos legais, descumprimento de deveres, omisso, negligncia ou prtica de ato lesivo s atividades do devedor ou a terceiros (art. 31). Neste caso, alm de outras eventuais implicaes civis e penais, o destitudo no poder exercer novamente as funes de administrador judicial por cinco anos (art. 30). O administrador judicial destitudo no ter direito remunerao pelo trabalho desempenhado (art. 24, 3.). Veja uma questo da Esaf envolvendo as funes do administrador judicial: (ESAF/DEFENSOR PBLICO/CE/2002/ADAPTADA) Quanto aos efeitos da falncia e da recuperao judicial, assinale a alternativa verdadeira: A) o administrador judicial da falncia e o da recuperao judicial tm as mesmas atribuies; B) na recuperao judicial, ao contrrio do que acontece na falncia, o devedor no fica privado da administrao da empresa;

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C) continuando na administrao dos seus bens, o devedor em recuperao judicial pode alienar bens imveis sem autorizao judicial; D) o administrador judicial da falncia fiscaliza a administrao da massa falida e o administrador judicial da recuperao judicial administra a empresa em recuperao. Gabarito: B A letra A falsa, pois, na recuperao judicial, o administrador judicial fiscaliza as atividades do devedor (o qual continua na administrao da empresa) e o cumprimento do plano de recuperao judicial (art. 22, II, a), enquanto, na falncia, ele efetivamente administra a empresa, se houver continuao provisria da atividade (art. 99, XI), uma vez que o devedor perde o direito de administrar os seus bens ou deles dispor (art. 103). Em funo disso, a letra B o gabarito. A letra C errada porque, como veremos frente, aps a distribuio do pedido de recuperao judicial, o devedor no poder alienar ou onerar bens ou direitos de seu ativo permanente, salvo evidente utilidade reconhecida pelo juiz, depois de ouvido o comit de credores, com exceo dos bens e direitos previamente relacionados no plano de recuperao judicial (art. 66). Por fim, a letra D incorreta, pois o que ocorre justamente o contrrio do que consta nesta alternativa, conforme comentrios acima letra A. Assembleia Geral de Credores A assembleia geral de credores rgo colegiado de deliberao na falncia e na recuperao judicial com atribuies de deliberar sobre qualquer matria que possa afetar os interesses dos credores, inclusive www.pontodosconcursos.com.br

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sobre a constituio do comit de credores (que ser visto a seguir). Suas atribuies so elencadas no art. 35 da LF. A assembleia ser composta pelas seguintes classes de credores (art. 41): titulares de crditos derivados da legislao do trabalho

(independentemente do valor do crdito) e de crditos decorrentes de acidentes de trabalho; titulares de crditos com garantia real (at o limite do valor do bem gravado, isto , do bem dado em penhor, hipoteca ou anticrese); titulares de crditos quirografrios, crditos com privilgio especial, crditos com privilgio geral e crditos subordinados, bem como os titulares de crditos com garantia real, quanto ao montante que exceder valor do bem gravado.OBS.: essas diversas espcies de crditos sero estudadas adiante, por ocasio do estudo da classificao creditria.

Ressalte-se que, no caso concreto, podem no existir determinados tipos de crdito. Por exemplo, pode haver apenas crditos trabalhistas e quirografrios, situao em que a assembleia ter apenas duas classes. Ou ento apenas crditos quirografrios, quando haver s uma classe. A regra que o voto de cada credor seja proporcional ao valor de seu crdito (art. 38). Como regra, considera-se aprovada a proposta que obtenha votos favorveis de credores que representem mais da metade do valor total dos crditos presentes assembleia geral (art. 42). Excetuamse as deliberaes sobre (art. 42, 2. parte): plano de recuperao judicial (regras a seguir); composio do comit de credores (ser constitudo por www.pontodosconcursos.com.br

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deliberao de qualquer das classes de credores na assembleia geral art. 26); e forma alternativa de realizao do ativo do devedor falido (art. 145), cuja aprovao depende do voto favorvel de credores que representem dois teros dos crditos presentes assembleia (art. 46). Nas deliberaes sobre o plano de recuperao judicial, algumas regras especiais devem ser observadas, conforme a seguir: - todas as classes de credores da assembleia devero aprovar a proposta (art. 45); - nas duas ltimas classes citadas acima (classe 2: crditos com garantia real; e classe 3: crditos quirografrios, com privilgio especial, com privilgio geral e crditos subordinados), a proposta dever ser aprovada por mais da metade dos crditos presentes assembleia e, cumulativamente, pela maioria simples dos credores presentes (art. 45, 1.); - na classe dos crditos trabalhistas e de acidentes de trabalho (classe 1), a proposta dever ser aprovada pela maioria simples dos credores presentes, independentemente do valor de seu crdito (art. 45, 2.); - o credor no ter direito a voto e no ser considerado para fins de verificao de qurum de deliberao se o plano de recuperao judicial no alterar o valor ou as condies originais de pagamento de seu crdito (art. 45, 3.). Comit de Credores O comit de credores rgo de existncia facultativa na recuperao judicial e na falncia. Possui as atribuies, entre outras, de www.pontodosconcursos.com.br

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fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial e de zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento da lei (art. 27, I, a e b). Outras atribuies do comit esto no art. 27 da LF. O comit ser constitudo por deliberao de qualquer das classes de credores na assembleia geral e ter a seguinte composio (art. 26): um representante indicado pela classe de credores trabalhistas, com dois suplentes; um representante indicado pela classe de credores com direitos reais de garantia ou com privilgios pela especiais, com dois classe de credores suplentes; um representante indicado quirografrios ou com privilgios gerais, com dois suplentes. Na escolha dos representantes de cada classe no comit de credores, somente os respectivos membros podero votar (art. 44). A falta de indicao de representante por quaisquer das classes no prejudicar a constituio do comit, que poder funcionar com nmero inferior ao previsto acima (art. 26, 1.). Caso no seja possvel a obteno de maioria em deliberao do comit, o impasse ser resolvido pelo administrador judicial ou, na incompatibilidade deste, pelo juiz (art. 27, 2.). Do mesmo modo, se no for constitudo o comit de credores, caber ao administrador judicial ou, na incompatibilidade deste, ao juiz exercer suas atribuies (art. 28). A incompatibilidade citada pode ocorrer, por exemplo, na atribuio do comit de examinar as contas do administrador. Obviamente no h sentido em o

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administrador examinar as prprias contas. Neste caso, o juiz exercer a atribuio. Assim como ocorre com a funo de administrador judicial, no pode integrar o comit de credores quem, nos ltimos cinco anos, no exerccio do cargo de administrador judicial ou de membro de comit em falncia ou recuperao judicial anterior, foi destitudo, deixou de prestar contas dentro dos prazos legais ou teve a prestao de contas desaprovada (art. 30). O mesmo vale para quem tiver relao de parentesco ou afinidade at o 3 grau com o devedor, seus administradores, controladores ou representantes legais ou deles for amigo, inimigo ou dependente (art. 30, 1.). O administrador judicial e os membros do comit respondero pelos prejuzos causados massa falida, ao devedor ou aos credores por dolo ou culpa, devendo o dissidente em deliberao do comit consignar sua discordncia em ata para eximir-se da responsabilidade (art. 32). Habilitao dos Crditos A habilitao dos crditos o procedimento de apresentao, pelos diversos credores do empresrio, dos seus respectivos crditos e de verificao, pelo administrador judicial, da validade e da exatido dos valores apresentados. A habilitao de um crdito permite que o administrador e os demais credores tomem conhecimento dele e que o respectivo valor seja includo na classificao dos crditos, aps a verificao de sua legitimidade pelo administrador.

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A

verificao

dos

crditos

ser

inicialmente

realizada

pelo

administrador judicial, com base nos livros contbeis e documentos comerciais e fiscais do devedor e nos documentos que lhe forem apresentados pelos credores (art. 7.). Feito isso, ser publicado um edital contendo a primeira relao de credores. Estes tero quinze dias para apresentar ao administrador judicial suas habilitaes ou suas divergncias quanto aos crditos relacionados (art. 7., 1.). Com base nas informaes obtidas, o administrador far publicar, em 45 dias, contados do trmino do prazo anterior, novo edital contendo a segunda relao de credores (art. 7., 2.). Aps isso, o comit de credores, qualquer credor, o devedor, seus scios ou o Ministrio Pblico tero dez dias, contados da publicao, para apresentar ao juiz impugnao contra a relao de credores, apresentando suas razes (art. 8.). Decididas as eventuais impugnaes ou no havendo oposio de nenhum interessado, o juiz homologar, como quadro geral de credores, a segunda relao de credores, com as eventuais alteraes decorrentes das impugnaes porventura apresentadas (art. 18). As habilitaes de crdito recebidas aps o prazo inicial de quinze dias sero consideradas retardatrias (art. 10). Na recuperao judicial, os titulares de crditos retardatrios no tero direito a voto nas deliberaes da assembleia geral de credores, salvo os crditos trabalhistas (art. 10, 1.). Na falncia, essa regra tambm aplicvel, exceto se o crdito, apesar do atraso, tiver sido includo no quadro geral de credores homologado pelo juiz (art. 10, 2.). Na falncia, os crditos retardatrios perdero o direito a rateios (distribuio de valores) eventualmente realizados entre os credores. www.pontodosconcursos.com.br

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Todavia, o credor possa requerer que seja feita a reserva de valor para satisfao de seu crdito, enquanto se discute a incluso do seu valor no quadro geral (art. 10, 4. e 6.). Os crditos retardatrios ficaro sujeitos tambm ao pagamento de custas, no se computando, todavia, as despesas acessrias compreendidas entre o trmino do prazo de 15 dias e a data do pedido de habilitao do crdito retardatrio (art. 10, 3.). Por fim, caso o devedor esteja em recuperao judicial e haja a convolao (converso) desta em falncia (por exemplo, por descumprimento das medidas do plano de recuperao pelo devedor), os crditos remanescentes que j tenham sido definitivamente includos no quadro geral de credores da recuperao sero considerados habilitados na falncia, sem prejuzo do prosseguimento de outras habilitaes que eventualmente estejam em curso (art. 80). 3 RECUPERAO JUDICIAL A recuperao judicial tem por objetivo viabilizar a superao da situao de crise econmico-financeira do devedor, a fim de permitir a manuteno da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservao da empresa, sua funo social e o estmulo atividade econmica (art. 47). Legitimados a Requerer a Recuperao Judicial Pode requerer recuperao judicial o devedor que, no momento do pedido, exera regularmente suas atividades h mais de dois anos (portanto no pode ser empresrio irregular) e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente (art. 48): www.pontodosconcursos.com.br

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no ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentena transitada em julgado, as responsabilidades da decorrentes; no ter, h menos de cinco anos, obtido concesso de recuperao judicial; no ter, h menos de oito anos, obtido concesso de recuperao judicial para Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (arts. 70 a 72); no ter sido condenado ou no ter, como administrador ou scio controlador, pessoa condenada por crime falimentar. A recuperao judicial tambm poder ser requerida pelo cnjuge sobrevivente, pelos herdeiros do devedor, pelo inventariante ou pelo scio remanescente (art. 48, par. nico). A concesso de recuperao judicial depende ainda da apresentao de prova de quitao de todos os tributos ou da suspenso da exigibilidade dos crditos tributrios, por meio de certido negativa ou certido positiva com efeito de negativa (art. 191-A do CTN). Nesse sentido, a LF estabelece que, aps a juntada aos autos do plano de recuperao judicial aprovado pela assembleia geral de credores, o devedor dever apresentar certides negativas de dbitos tributrios (art. 57). Para viabilizar a recuperao, a Fazenda Pblica poder deferir o parcelamento de seus crditos, de acordo com as normas do CTN (art. 68). Isso porque, provavelmente, o devedor que solicita a recuperao ter dvidas tributrias, j que normalmente as primeiras obrigaes que o empresrio em crise deixa de pagar so justamente os tributos. Pedido de Recuperao www.pontodosconcursos.com.br

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A petio inicial do pedido de recuperao judicial dever conter a exposio das causas concretas da situao patrimonial do devedor e das razes da crise econmico-financeira (art. 51, I), bem como com as demonstraes contbeis relativas aos trs ltimos exerccios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido (art. 51, II) e a relao nominal completa dos credores do empresrio (art. 51, III). Outros requisitos podem ser vistos no art. 51 da Lei. Estando a petio inicial devidamente instruda, o juiz deferir o processamento da recuperao judicial (no ainda o deferimento da recuperao em si, apenas a admisso do pedido) e, no mesmo ato, nomear o administrador judicial (art. 52). Aps a distribuio do pedido de recuperao judicial, o devedor no poder alienar ou onerar bens ou direitos de seu ativo permanente, salvo evidente utilidade reconhecida pelo juiz, depois de ouvido o comit de credores, com exceo dos bens e direitos previamente relacionados no plano de recuperao judicial (art. 66). O devedor no poder desistir do pedido de recuperao judicial aps o deferimento de seu processamento, salvo se obtiver aprovao da desistncia na assembleia geral de credores (art. 52, 4.). Plano de Recuperao Judicial A partir da publicao da deciso que deferir o processamento da recuperao judicial, o devedor ter 60 dias para apresentar em juzo o plano de recuperao, sob pena de decretao de sua falncia (art. 53).

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Eis uma questo sobre o assunto: (CESPE/TCNICO DE Dever NVEL ser decretada SUPERIOR/REA a falncia de

JURDICA/EMBRAPA/2005)

sociedade empresria que apresente seu plano de recuperao em prazo superior a sessenta dias aps a publicao da deciso que tenha deferido o processamento da recuperao judicial. Gabarito: Certo O item correto, pois o prazo para o devedor apresentar em juzo seu plano de recuperao judicial de 60 dias, contados da publicao da deciso que deferir o processamento da recuperao, sob pena de decretao de falncia. A proposta de plano de recuperao judicial dever conter (art. 53): discriminao pormenorizada dos meios de recuperao a serem empregados e seu resumo. Entre esses meios, destacam-se (art. 50): concesso de prazos e condies especiais para pagamento das obrigaes; reduo salarial, compensao de horrios e reduo da jornada de trabalho, mediante acordo ou conveno coletiva; dao em pagamento ou novao de dvidas; constituio de sociedade de credores; venda parcial de bens; usufruto da empresa; emisso de valores mobilirios; etc. Note que a relao do art. 50 da LF apenas exemplificativa, podendo o plano adotar outras medidas que se mostrem adequadas recuperao do devedor; demonstrao de sua viabilidade econmica; e

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laudo econmico-financeiro e de avaliao dos bens e ativos do devedor, subscrito por profissional legalmente habilitado ou empresa especializada. Se houver previso de alienao de bem objeto de garantia real, a supresso da garantia ou sua substituio somente sero admitidas mediante aprovao expressa do credor titular da respectiva garantia (art. 50, 1.). Nos crditos em moeda estrangeira, a variao cambial ser conservada como parmetro de indexao da correspondente obrigao e s poder ser afastada se o credor titular do respectivo crdito aprovar expressamente a medida (art. 50, 1.). A ordem de pagamento dos crditos do devedor ser a estabelecida no plano de recuperao, que no poder prever, contudo, prazo superior a um ano para pagamento dos crditos trabalhistas ou de acidentes de trabalho vencidos at a data do pedido de recuperao judicial (art. 54), nem prever prazo superior a 30 dias para o pagamento, at o limite de cinco salrios mnimos por trabalhador, dos crditos de natureza estritamente salarial (ex.: salrios, horas-extras, gratificaes de funo, etc.) vencidos nos trs meses anteriores ao pedido de recuperao judicial (art. 54, par. nico). Aprovao dos Credores Deferido o processamento da recuperao judicial, o juiz ordenar a publicao de edital contendo aviso aos credores sobre o recebimento do plano de recuperao e fixar prazo para a manifestao de eventuais objees por qualquer credor (art. 53, par. nico). Esse prazo, segundo a

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Lei, deve ser de trinta dias, contados da publicao da relao de credores (art. 55). Frise-se que o deferimento do processamento da recuperao judicial no ainda o deferimento da recuperao em si. Essa deciso s ser tomada aps a aprovao do plano de recuperao pela assembleia geral de credores. Se no houver objees ao plano de recuperao judicial apresentado, o juiz conceder desde logo a recuperao judicial ao devedor (art. 58). Havendo objeo de qualquer credor, o juiz convocar a assembleia geral de credores para deliberar sobre o plano de recuperao, que poder sofrer alteraes na assembleia, desde que haja expressa concordncia do devedor e em termos que no impliquem diminuio dos direitos exclusivamente dos credores ausentes. Aprovado o plano pelos credores, o juiz conceder a recuperao judicial nos moldes do plano aprovado (art. 58). Por outro lado, se o plano for rejeitado pela assembleia geral, o juiz decretar a falncia do devedor (art. 56). Veja estas questes da Esaf sobre os assuntos at agora abordados: (ESAF/PROCURADOR DF/2007) Modernamente empresas tm sofrido vrias crises, que podem significar uma deteriorao das condies econmicas de sua atuao, bem como uma dificuldade de ordem financeira para o prosseguimento da atividade. Tais crises podem advir de fatores alheios ao empresrio, mas tambm podem advir de caractersticas intrnsecas sua atuao. Entre as possveis solues para essa crise, est a recuperao judicial, sobre a qual correto afirmar: www.pontodosconcursos.com.br

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a) os credores fiscais ficam sujeitos s condies aprovadas no plano de recuperao judicial. b) no haver a nomeao de administrador judicial. c) a lei enumera taxativamente as medidas que podem ser invocadas na recuperao. d) as sociedades limitadas, ainda que no tenham objeto empresarial, podem requerer a recuperao judicial. e) a no aprovao do plano de recuperao judicial, pela assemblia de credores, acarretar a convolao em falncia. Gabarito: E A letra A falsa, pois os credores fiscais no ficam sujeitos s condies aprovadas no plano de recuperao judicial, tanto que o deferimento do plano depende da apresentao de prova de quitao de todos os tributos ou da suspenso da exigibilidade dos crditos tributrios (art. 191-A do CTN e art. 57 da LF). A letra B errada, j que o administrador judicial o auxiliar do juiz na administrao dos bens do devedor tanto nos processos de falncia como nos de recuperao judicial. A letra C falsa, pois o rol de medidas que podem ser adotadas na recuperao judicial apenas exemplificativo (art. 50). A letra D incorreta porque apenas o empresrio e a sociedade empresria podem requerer a recuperao judicial. E a letra E verdadeira porque, se o plano de recuperao judicial for rejeitado pela assembleia geral de credores, o juiz decretar a falncia do devedor (art. 56, 4.). (ESAF/AGENTE FISCAL DE TRIBUTOS ESTADUAIS/SEFAZ-

PI/2001/ADAPTADA) A recuperao judicial

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a) abrange todos os crditos vencidos e vincendos, como forma de buscar-se a preservao da empresa. b) leva ao afastamento do titular da empresa, considerado incapaz para a tentativa de seu salvamento. c) deve ser aprovada por todos os credores do empresrio. d) cujo plano rejeitado pela assembleia geral de credores convolada em falncia, se houver requerimento de qualquer credor. e) depende da inexistncia de impedimentos e do preenchimento das condies legais. Gabarito: E A letra A falsa, pois, embora o art. 49 da LF diga que esto sujeitos recuperao judicial todos os crditos existentes na data do pedido, ainda que no vencidos, h excees legais, como os crditos fiscais (art. 191-A do CTN e art. 57 da LF) e outros previstos no art. 49, 3. e 4., da LF. A letra B incorreta porque o titular da empresa no afastado da administrao do negcio na recuperao judicial. A letra C falsa porque a recuperao judicial deve ser aprovada pela assembleia geral de credores, mas no se exige a unanimidade dos votos de todos os credores (art. 45). A letra D errada, j que a rejeio do plano de recuperao judicial pela assembleia geral de credores acarreta a decretao da falncia do devedor pelo juiz, independentemente de requerimento de qualquer credor. Por fim, a letra E o gabarito, pois no poder requerer a recuperao judicial o devedor que se enquadre nos impedimentos do art. 48 da LF, devendo ainda cumprir as demais condies previstas na Lei para a concesso do pleito, como a apresentao de certides negativas de dbitos tributrios (art. 57). www.pontodosconcursos.com.br

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Os requisitos para aprovao

do

plano de recuperao pela

assembleia foram j vistos quando tratamos especificamente da assembleia geral de credores (art. 45 reveja acima). importante destacar, contudo, que o juiz pode decidir conceder a recuperao judicial mesmo que o plano no tenha sido aprovado com base nos requisitos estudados. Para isso, preciso que, na mesma assembleia, tenha sido obtido, cumulativamente (art. 58, 1.): o voto favorvel de credores que representem mais da metade do valor de todos os crditos presentes assembleia, independentemente de classes; a aprovao de duas das classes de credores (classes 1, 2 e 3, vistas acima) ou, caso haja somente duas classes com credores votantes, a aprovao de pelo menos uma delas; na classe que o houver rejeitado, o voto favorvel de mais de um tero dos credores, computados na forma dos 1. e 2. do art. 45 da Lei. Alm disso, essa excepcional concesso s pode ser deferida pelo juiz se isso no implicar tratamento diferenciado entre os credores da classe que houver rejeitado o plano (art. 58, 2.). Segundo a LF, esto sujeitos recuperao judicial todos os crditos existentes na data do pedido, ainda que no vencidos (art. 49). Note, assim, que, mesmo que determinado credor no concorde com o plano ou esteja ausente na assembleia geral, ele poder ser atingido pelas medidas do plano aprovado. Apesar do dispositivo, lembre que o Fisco no fica

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sujeitos s condies aprovadas no plano de recuperao judicial, como visto acima. Alm disso, no se submetem aos efeitos da recuperao judicial as seguintes espcies de credores (art. 49, 3. e 4.): proprietrio fiducirio (ex.: banco que detenha a propriedade de imvel em razo de contrato de alienao fiduciria em garantia); arrendador mercantil; proprietrio ou promitente vendedor de imvel com clusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade; proprietrio em contrato de venda com reserva de domnio; Nesses casos, embora prevaleam os direitos de propriedade dos credores sobre a respectiva coisa e as condies contratuais celebradas, no ser permitida, durante o perodo de blindagem de 180 dias (art. 6., 4.), a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial (art. 49, 3., in fine). Tambm no se sujeitar aos efeitos da recuperao judicial o credor de importncia entregue ao devedor, em moeda corrente nacional, decorrente de adiantamento a contrato de cmbio para exportao (art. 49, 4.). Eis outra questo da Esaf sobre a recuperao judicial: (ESAF/JUIZ DO TRABALHO/TRT 7. REGIO/2005) A nova lei de recuperao e falncias Lei n 11.101/2005, no que diz respeito reorganizao judicial da empresa em crise, www.pontodosconcursos.com.br

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a) d aos credores titulares de crditos quirografrios direito de se oporem s decises de interesse de empregados. b) divide os credores em grupos de interesses homogneos para facilitar a tomada de decises. c) trata os empregados como credores especiais. d) cria um modelo de cooperao entre empresrio e credores, voluntrios e involuntrios. e) pretende privilegiar a continuidade da atividade em relao a outros interesses, inclusive os do fisco. Gabarito: D A letra A errada, j que no h previso na LF de que os credores quirografrios possam se opor s decises de interesse dos empregados. Pelo contrrio, em relao aprovao do plano de recuperao (ou reorganizao) judicial, a Lei prev requisitos mais flexveis para que proposta seja aprovada pelos credores trabalhistas (art. 45, 2.). A letra B incorreta, pois a diviso dos credores em classes, na assembleia geral (art. 41), no necessariamente os agrupa segundo interesses homogneos. Por exemplo, a classe 3 composta por titulares de crditos quirografrios, com privilgio especial, com privilgio geral ou subordinados, os quais podem ter interesses conflitantes entre si. A letra C falsa porque a LF no estabelece que os empregados so credores especiais na recuperao judicial, muito embora lhes assegure prazo no superior a um ano para pagamento dos crditos derivados da legislao do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho vencidos at a data do pedido de recuperao judicial (art. 54). A letra D o gabarito, pois a reorganizao judicial visa a estabelecer um plano por meio do qual o www.pontodosconcursos.com.br

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empresrio

adota,

em

concordncia

com

os

credores,

as

medidas

necessrias recuperao da atividade empresria. Como a aprovao do plano no exige unanimidade, mesmo credores que votaram contra ele (involuntrios) sujeitam-se s medidas deliberadas. Por fim, a letra E errada porque a recuperao judicial no se sobrepe aos interesses do fisco, j que o deferimento do plano exige a comprovao de regularidade tributria (art. 191-A do CTN e art. 57 da LF). Execuo do Plano Concedida a recuperao judicial, o devedor ou seus administradores sero mantidos na conduo da atividade empresarial, sob fiscalizao do comit de credores, se houver, e do administrador judicial, salvo se tiverem praticado algum dos atos graves previstos art. 64 da Lei. Neste caso, o juiz destituir o administrador, que ser substitudo na forma prevista nos atos constitutivos do devedor ou no plano de recuperao judicial (art. 64, par. nico). Quando do afastamento do devedor ou do administrador, o juiz convocar a assembleia geral de credores para deliberar sobre o nome do gestor judicial que assumir a administrao das atividades do devedor, aplicando-se a ele, no que couber, as normas sobre deveres, impedimentos e remunerao do administrador judicial (art. 65). Em todos os atos, contratos e documentos firmados pelo devedor em recuperao judicial dever ser acrescida, aps o nome empresarial, a expresso em recuperao judicial. O juiz determinar ao Registro Pblico de Empresas a anotao da recuperao judicial no registro correspondente (art. 69). www.pontodosconcursos.com.br

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O plano de recuperao judicial implica novao (substituio) dos crditos anteriores ao pedido, e obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos (art. 59). Se houver previso de alienao de bem objeto de garantia real, a supresso da garantia ou sua substituio somente sero admitidas mediante aprovao expressa do credor titular da respectiva garantia (art. 59, caput, in fine). A deciso judicial que conceder a recuperao judicial constituir ttulo executivo judicial, nos termos do CPC (art. 59, 1.). Contra essa deciso cabe o recurso de agravo, que pode ser interposto por qualquer credor ou pelo Ministrio Pblico (art. 59, 2.). Se o plano de recuperao judicial aprovado envolver alienao judicial de filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor, o juiz ordenar a sua realizao, observadas as modalidades de alienao de bens do devedor, previstas no art. 142 da LF (leilo, propostas fechadas e prego estudadas adiante) (art. 60). O objeto da alienao estar livre de qualquer nus e no haver sucesso do arrematante nas obrigaes do devedor, inclusive as de natureza tributria (art. 60, par. nico), salvo se o arrematante for (art. 60, par. nico, c/c art. 141, 1.): scio da sociedade falida, ou sociedade controlada pelo falido; parente, em linha reta ou colateral at o quarto grau, consanguneo ou afim, do falido ou de scio da sociedade falida; ou identificado como agente do falido com o objetivo de fraudar a sucesso.

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As excees acima tm o ntido intuito de impedir a ocorrncia de fraude na recuperao judicial, j que o devedor poderia simular sua prpria aquisio, livrando-se das dvidas anteriores recuperao. O devedor permanecer em recuperao at que se cumpram todas as obrigaes previstas no plano que se vencerem at dois anos depois da concesso da recuperao (art. 61). Durante esse perodo, o descumprimento de qualquer obrigao prevista no plano acarretar a convolao da recuperao em falncia (art. 61, 1.). Se isso ocorrer, os credores tero reconstitudos seus direitos e garantias nas condies originalmente contratadas (antes da concesso da recuperao), deduzidos os valores eventualmente pagos e ressalvados os atos validamente praticados no mbito da recuperao judicial (art. 61, 2.). Por exemplo, imagine que um credor tinha R$ 100.000 a receber vista e aceitou receber R$ 80.000 em duas vezes, em 90 e 180 dias, aps a adoo do plano de recuperao da empresa. Caso a obrigao no seja cumprida e a falncia do empresrio seja decretada, seu crdito voltar a ser de R$ 100.000, com os juros e correo monetria sendo calculados com base nesse valor e a partir da data do vencimento original. Cumpridas as obrigaes vencidas nos dois anos, o juiz decretar por sentena o encerramento da recuperao judicial (art. 63). Mesmo assim, aps esse perodo, o plano de recuperao poder prosseguir (ex.: o parcelamento de uma dvida em trs anos), mas o devedor no ser mais considerado em recuperao judicial. O descumprimento de qualquer obrigao prevista no plano, aps os dois anos, autorizar o credor a requerer a execuo especfica (lembre que a deciso que concede a recuperao ttulo executivo judicial) ou a falncia do devedor (art. 62). www.pontodosconcursos.com.br

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Recuperao Judicial de Microempresas e Empresas de Pequeno Porte As microempresas (ME) e as empresas de pequeno porte (EPP) podero apresentar ( uma opo do empresrio) plano especial de recuperao judicial (art. 70, 1.). Uma primeira diferena, em relao ao plano de recuperao judicial comum, que, no plano especial, os credores no atingidos pelo plano no tm seus crditos habilitados na recuperao judicial (art. 70, 2.). Em compensao, o pedido de recuperao judicial com base em plano especial no no abrangidos pelo plano (art. 71, par. nico). Outra diferena que, se a ME ou EPP optar pelo plano especial de recuperao judicial, no ser convocada assembleia geral de credores para deliberar sobre o plano, e o juiz conceder a recuperao judicial, se atendidas as exigncias da Lei (art. 72). Por outro lado, o juiz julgar improcedente o pedido de recuperao judicial e decretar a falncia do devedor se houver objees de credores titulares de mais da metade dos crditos quirografrios (art. 72, par. nico). O plano especial de recuperao judicial limitar-se- s seguintes condies (art. 71): abranger exclusivamente os crditos quirografrios; prever parcelamento em at 36 parcelas mensais, iguais e sucessivas, corrigidas monetariamente e acrescidas de juros de 12% ao ano; www.pontodosconcursos.com.br

acarreta

a

suspenso do curso da prescrio nem das aes e execues por crditos

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prever o pagamento da primeira parcela no prazo mximo de 180 dias, contado da distribuio do pedido de recuperao judicial; estabelecer a necessidade de autorizao do juiz, aps ouvido o administrador judicial e o comit de credores, para o devedor aumentar despesas ou contratar empregados. Convolao da Recuperao Judicial em Falncia O juiz decretar a falncia durante o processo de recuperao judicial nos seguintes casos (art. 73): por deliberao da assembleia geral de credores, aprovada por mais da metade do valor dos crditos presentes; pela no-apresentao do plano de recuperao pelo devedor, em 60 dias da publicao da deciso que deferir o processamento da recuperao judicial; quando a assembleia geral de credores rejeitar o plano de recuperao; por descumprimento de qualquer obrigao assumida no plano de recuperao nos dois primeiros anos aps a concesso da recuperao judicial. Alm disso, nada impede a decretao da falncia em razo do inadimplemento de obrigao no-sujeita recuperao judicial ou em face da prtica dos chamados atos de falncia pelo devedor em recuperao (art. 73, par. nico) (veremos essas hipteses de decretao de falncia a seguir).

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Na convolao da recuperao em falncia, os atos de administrao, endividamento, onerao ou alienao praticados durante a recuperao judicial presumem-se vlidos, desde que realizados na forma da LF (art. 74). Segue uma questo sobre recuperao judicial: (ESAF/DEFENSOR judicial: A) no pode ser requerida por comerciante que deixou de se inscrever no registro de comrcio ou autenticar os livros indispensveis ao exerccio legal do comrcio. B) pode ser impetrada pelo comerciante de fato ou irregular. C) no pode ser convolada em falncia. D) no pode ser impetrada no curso do processo falimentar. Gabarito: A A letra A verdadeira porque, para requerer a recuperao judicial, o devedor deve, no momento do pedido, exercer regularmente suas atividades h mais de dois anos (art. 48 da LF). O exerccio regular da empresa pressupe no s o registro do empresrio na Junta Comercial (art. 967 do CC/2002), mas tambm a autenticao dos livros empresariais (art. 1.181 do CC/2002). Em funo disso, a letra B incorreta. A letra C errada, j que possvel a convolao da recuperao judicial em falncia, nas hipteses do art. 73 da LF, apresentadas acima. A letra D falsa, pois possvel ao devedor pleitear a recuperao judicial, aps ter sido requerida sua falncia, dentro do prazo da contestao (art. 95). PBLICO/CE/2002/ADAPTADA) A recuperao

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4 FALNCIA A falncia, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a preservar e otimizar a utilizao produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os intangveis, da empresa. O processo de falncia dever atender aos princpios da celeridade e da economia processual (art. 75). O juzo da falncia indivisvel, alm de ser competente para conhecer todas as aes sobre bens, interesses e negcios do falido (juzo universal), ressalvadas, como vimos, as causas trabalhistas, fiscais e aquelas no reguladas nesta Lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo (art. 76), alm de outras j estudadas acima. Independentemente do juzo onde se processe as aes e execues, todas elas devero ter prosseguimento no mais com o devedor figurando como autor ou ru, mas com o administrador judicial assumindo a causa, que dever ser intimado para representar a massa falida, sob pena de nulidade do processo (art. 76, par. nico). A decretao da falncia determina o vencimento antecipado das dvidas do devedor e dos scios ilimitada e solidariamente responsveis (estes tambm tm sua falncia decretada art. 81), com o abatimento proporcional dos juros, e converte todos os crditos em moeda estrangeira para a moeda do pas, pelo cmbio do dia da deciso judicial, para todos os efeitos da Lei (art. 77). Veja uma questo de prova sobre esse ponto:

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(CESPE/TCNICO

DE

NVEL a falncia

SUPERIOR/REA de determinado

JURDICA/EMBRAPA/2005)

Decretada

empresrio, todos os crditos em moeda estrangeira decorrentes de suas obrigaes sero convertidos em moeda do Pas, pelo cmbio do dia da deciso judicial. Gabarito: Certo O item correto, pois a decretao da falncia converte todos os crditos em moeda estrangeira para a moeda do pas, pelo cmbio do dia da deciso judicial. O processo de falncia em sentido amplo possui trs fases: - a fase pr-falimentar, que se inicia com o pedido de falncia e se encerra com a sentena declaratria de falncia; - a fase falimentar propriamente dita, que tem incio com a sentena declaratria de falncia e alcana seu fim com a sentena de encerramento da falncia, aps a realizao do ativo do empresrio, o pagamento do seu passivo e a apresentao, pelo administrador judicial da falncia, da prestao de contas e do relatrio final ao juiz (veremos todos esses procedimentos em detalhes adiante); - a fase de reabilitao do devedor, que se encerra com a sentena que declarar extintas suas obrigaes. Sujeitos Ativos da Falncia O pedido de falncia do empresrio pode ser requerido ao juiz pelas seguintes pessoas (art. 97): www.pontodosconcursos.com.br

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o prprio devedor (autofalncia arts. 105 a 107 veremos frente); o cnjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante; o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo da sociedade; qualquer credor. Se o credor for empresrio, ele dever apresentar, para requerer a falncia de outrem, certido do Registro Pblico de Empresas que comprove a regularidade de suas atividades (art. 97, 1.). Tal exigncia no se aplica em caso de autofalncia, pois mesmo a sociedade irregular ou de fato pode requerer a prpria falncia (art. 105, IV). Ressalte-se ainda que o STJ j se pronunciou (REsp 1.103.405/MG) no sentido de que no admissvel o requerimento de quebra por parte da Fazenda Pblica, uma vez que, neste caso, existe uma ao especfica pra cobrana dos crditos: a execuo fiscal (Lei 6.830/1980). Responsabilidade dos Scios na Falncia A deciso que decreta a falncia da sociedade com scios

ilimitadamente responsveis tambm acarreta a falncia destes, que ficam sujeitos aos mesmos efeitos jurdicos produzidos em relao sociedade falida e, por isso, devero ser citados para apresentar contestao, se assim o desejarem (art. 81). A regra vale inclusive para o scio que tenha se retirado voluntariamente ou tenha sido excludo da sociedade, h menos de dois anos, quanto s dvidas existentes na data www.pontodosconcursos.com.br

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do arquivamento da alterao do contrato, no caso de no terem sido solvidas at a data da decretao da falncia (art. 81, 1.). Por outro lado, quanto aos scios de responsabilidade limitada, aos controladores e aos administradores da sociedade falida, a respectiva responsabilidade pessoal ser apurada no prprio juzo da falncia, independentemente da realizao do ativo e da prova da sua insuficincia para cobrir o passivo, mediante ao de responsabilizao, que observar o procedimento ordinrio do CPC (art. 82). O prazo de prescrio dessa ao de dois anos, contados do trnsito em julgado da sentena de encerramento da falncia (art. 82, 1.). O juiz poder ordenar a indisponibilidade de bens particulares dos rus, em quantidade compatvel com o dano provocado, at o julgamento da ao de responsabilizao (art. 82, 2.). Fundamentos do Pedido de Falncia Para requerer a falncia de algum, o interessado no precisa comprovar a insolvncia econmica do empresrio (inferioridade do ativo em relao ao passivo), mas apenas a sua insolvncia jurdica, que como vimos, a presuno de insolvncia econmica, com base em determinados fatos elencados pela Lei como suficientes para tanto. Nesse sentido, a Lei de Falncias reza que ser decretada a falncia do devedor que (art. 94, I): I sem relevante razo de direito, no paga, no vencimento, obrigao lquida materializada em ttulo ou ttulos executivos

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protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 salrios mnimos na data do pedido de falncia; Trata-se da hiptese da impontualidade injustificada. Veja que possvel que seja decretada a falncia do devedor ainda que ele seja solvente economicamente, bastando, para isso, que deixe de pagar suas obrigaes nas datas previstas. So requisitos do pedido de falncia com base nesta hiptese: - impontualidade injustificada do devedor; - obrigao lquida (valor precisamente identificado); - comprovao da dvida por ttulo(s) executivo(s) devidamente protestado(s); - valor da obrigao superior a 40 salrios mnimos. Admite-se, neste caso, que vrios credores se renam em

litisconsrcio (dois ou mais credores atuando como autores do pedido de falncia), a fim de perfazer o limite mnimo de 40 salrios mnimos para o pedido de falncia ao juiz (art. 94, 1.). Veja uma questo de prova sobre o assunto: (FCC/ANALISTA DE REGULAO REA DIREITO/ANS/2007) Paulo, Pedro e Joo so credores da empresa Alpha Ltda., em decorrncia de obrigaes lquidas no pagas no vencimento e materializadas em ttulos executivos protestados, cuja soma corresponde a 25 salrios mnimos em relao a Paulo, a 18 salrios mnimos em relao a Pedro e a 10 salrios mnimos em relao a Joo. Nesse caso, certo que a falncia da empresa devedora pode ser requerida por www.pontodosconcursos.com.br

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A) Pedro, com base nos ttulos de que credor. B) Paulo, com base nos ttulos de que credor. C) Paulo e Pedro, se reunidos em litisconsrcio. D) Pedro e Joo, se reunidos em litisconsrcio. E) Paulo e Joo, se reunidos em litisconsrcio. Gabarito: C Uma vez que a decretao de falncia com base na impontualidade injustificada exige que valor da obrigao no satisfeita seja superior a 40 salrios mnimos, admitido o litisconsrcio de credores, a fim de perfazer esse limite mnimo, somente se Paulo e Pedro (ou os trs) se reunirem, ser possvel o pedido de quebra. O pedido de falncia com base na impontualidade deve ser instrudo com os ttulos executivos originais ou suas cpias autenticadas, se estiverem juntados em outro processo, acompanhados, em qualquer caso, dos respectivos instrumentos de protesto para fim falimentar nos termos da legislao especfica (art. 94, 1.). O diploma que rege a sistemtica do protesto a Lei 9.492/1997, que exige, em seu art. 14, para a regularidade do protesto, que o devedor seja intimado de sua protocolizao. Nesse sentido, importante conhecer o teor da Smula 361 do STJ, que diz que: A notificao do protesto, para requerimento de falncia da empresa devedora, exige a identificao da pessoa que a recebeu. No se admite, por exemplo, o pedido de quebra (falncia) do empresrio com base em ttulo cujo protesto tenha sido feito por edital. A pessoa identificada no precisa ser o prprio devedor ou seu representante legal, mas um de seus funcionrios, bastando que seja identificada.

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No caso de dvida com base em ttulo de crdito, o protesto comum j valer para fins de falncia. Para os ttulos que no comportam protesto cambial, como uma sentena judicial ou um contrato, deve ser tirado o protesto especial para fins de falncia. Eis uma questo da Esaf sobre o assunto: (ESAF/FISCAL DE TRIBUTOS ESTADUAIS/PA/2002/ADAPTADA) A

falncia de uma sociedade empresria pode ser requerida por a) credor que seja endossatrio de duplicata de prestao de servios sem aceite. b) credor que seja titular de crditos com garantia real. c) acionista de sociedade por aes. d) credor empresrio sem certido do Registro Pblico de Empresas. e) credor por obrigao vencida no protestada. Gabarito: C A letra A est errada porque a duplicata de servios sem aceite s ttulo hbil para instruir pedido de falncia, se estiver devidamente protestada e for comprovada a prestao dos servios (Smula STJ 248). A letra B falsa, pois no basta o credor possuir garantia real para requerer a falncia. Se o crdito ainda no estiver vencido, por exemplo, no poder ele exigir a falncia do devedor. A letra C o gabarito, j que a LF autoriza o cotista ou o acionista do devedor a requerer a falncia (art. 97, III). A letra D incorreta, j que o credor empresrio no registrado na Junta Comercial no pode requerer a falncia de uma sociedade empresria (art. 97, 1.), embora possa requerer a autofalncia (art. 105, IV). Por fim, a letra E errada porque o credor, para requerer a falncia com base em obrigao www.pontodosconcursos.com.br

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vencida, necessita realizar o protesto do ttulo para fim falimentar (art. 94, 3.). A falncia requerida com base na impontualidade no ser decretada se o devedor provar (art. 96): falsidade do ttulo executivo; prescrio para requerer a falncia; nulidade da obrigao ou do ttulo; pagamento da dvida; qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigao ou no legitime a cobrana de ttulo; vcio no protesto do ttulo ou em seu instrumento; apresentao de pedido de recuperao judicial no prazo da contestao (a Lei d essa possibilidade ao empresrio, nos termos do art. 95. As regras da recuperao judicial sero vistas mais frente); A segunda situao que autoriza a decretao da falncia ocorre quando o devedor (art. 94, II): II executado por qualquer quantia lquida, no paga, no deposita e no nomeia penhora bens suficientes dentro do prazo legal; Refere-se o dispositivo ao pedido de falncia por execuo frustrada. Neste caso, h um processo de execuo individual em curso e o executado, no mbito desse processo, no paga a dvida, no deposita bens suficientes ao seu pagamento e no oferece penhora (apreenso judicial dos bens para posterior alienao e pagamento do credor) bens suficientes para a satisfao da dvida. , no dizer de Fbio Ulhoa Coelho, uma trplice www.pontodosconcursos.com.br

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omisso do executado. Tais situaes autorizam o credor individual a requerer a falncia do executado, se este for empresrio. O pedido de falncia com base em execuo frustrada deve ser instrudo com certido expedida pelo juzo em que se processa a execuo (art. 94, 4.). No h aqui o limite de 40 salrios mnimos para requerer a falncia. Por fim, o juiz tambm pode decretar a falncia do devedor que (art. 94, III): III pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperao judicial: a) procede liquidao precipitada de seus ativos ou lana mo de meio ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos; b) realiza ou, por atos inequvocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar credores, negcio simulado ou alienao de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou no; c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou no, sem o consentimento de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo; d) simula a transferncia de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislao ou a fiscalizao ou para prejudicar credor; e) d ou refora garantia a credor por dvida contrada anteriormente sem ficar com bens livres e desembaraados suficientes para saldar seu passivo; f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores, abandona

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estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domiclio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento; g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigao assumida no plano de recuperao judicial. As hipteses acima configuram os chamados atos de falncia. O pedido da falncia com base em atos de falncia deve descrever os fatos que a caracterizam, juntando-se as provas que houver e especificando-se as que sero produzidas no processo. Eis uma questo sobre a falncia e a recuperao judicial: (ESAF/AFTE/RN/2004-2005/ADAPTADA) judicial, institutos jurdicos destinados Falncia e recuperao problemas

solucionar

resultantes de crise empresarial, tm por pressuposto: a) dificuldades de natureza patrimonial temporria. b) insolvncia e insolvabilidade, respectivamente. c) dificuldades de caixa que produzem atraso no pagamento de obrigaes. d) comportamentos comerciais temerrios dos responsveis pelas atividades das sociedades. e) a tutela do crdito. Gabarito: E Vale lembrar que pressuposto uma circunstncia ou um fato considerado como antecedente necessrio para a ocorrncia de outro. Assim, a letra A errada, pois, na falncia, as dificuldades patrimoniais do devedor podem ter carter permanente, tanto que se promove a liquidao www.pontodosconcursos.com.br

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judicial

e

a

extino a

da

empresa.

A

letra

B

falsa

porque

no a

necessariamente

recuperao

judicial

tem

por

pressuposto

insolvabilidade (insolvncia econmica ou real), podendo haver to-somente uma crise de liquidez, sem que o ativo seja efetivamente inferior ao passivo. A letra C falsa, pois possvel a decretao da falncia ainda que no haja atraso no pagamento de obrigaes, bastando que se configure a ocorrncia de um ato de falncia (art. 94, III). A letra D incorreta, j que a falncia pode ocorrer ainda que no haja comportamentos temerrios por parte do empresrio (atos de falncia), bastando, por exemplo, que se configure a impontualidade justificada (art. 94, I). Assim, a letra E a nica opo aceitvel, pois tanto a falncia como a recuperao judicial so institutos que visam a tutelar (proteger) o crdito e os interesses dos credores. Resposta do Devedor Uma vez citado (citao o ato pelo qual se chama a juzo o ru ou o interessado a fim de se defender art. 213 do CPC), o devedor poder apresentar contestao no prazo de dez dias (art. 98 da LF). Obviamente tal regra no se aplica ao caso da autofalncia, quando o prprio empresrio efetua o pedido de quebra, no havendo que se falar em sua citao. Como vimos, o devedor tem a possibilidade de apresentar pedido de recuperao judicial no prazo da contestao, hiptese em que no ser decretada sua falncia (arts. 95 e 96, VII). Alm disso, quando o pedido de falncia tiver por base a impontualidade ou a execuo frustrada, ele poder, ainda, no prazo da contestao, depositar o valor correspondente ao total do crdito, acrescido de correo monetria, juros e honorrios www.pontodosconcursos.com.br

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advocatcios, hiptese em que a falncia no ser decretada (art. 98, par. nico). Trata-se do chamado depsito elisivo. O devedor Se poder isso realizar o o depsito valor e tambm apresentar retornar

contestao.

acontecer,

depositado

poder

posteriormente ao empresrio, se suas alegaes forem acolhidas pelo juiz, ou ser levantado pelos credores, caso a contestao do devedor revele-se infrutfera. Em qualquer desses dois casos, no ser decretada a falncia. Obviamente, se o devedor optar por no contestar e apenas realizar o depsito, o valor ser, desde logo, entregue aos credores. Por outro lado, se o empresrio resolver apenas contestar, correr o risco de ver sua falncia decretada, se, ao final, o juiz no acolher as alegaes contidas em sua contestao. Por fim, se o devedor no contestar nem realizar o depsito elisivo (revel), o juiz decretar a sua falncia. Note ainda que o depsito parcial no elide a falncia, salvo se, no caso de impontualidade injustificada, o valor dos crditos remanescentes (no cobertos pelo depsito) for inferior a 40 salrios mnimos. Sentena Declaratria da Falncia A sentena que decretar a falncia do devedor dever compreender uma srie de determinaes, dentre elas (art. 99):OBS.: preocupe-se no tanto em decorar a relao abaixo, mas principalmente em entender o porqu (a lgica) de cada determinao. Em alguns casos, o entendimento completo da medida ser obtido aps estudarmos alguns institutos da falncia adiante, OK?

conter a sntese do pedido, a identificao do falido e os nomes dos seus administradores; www.pontodosconcursos.com.br

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fixar o termo legal da falncia (veremos o que o termo legal e quais os seus efeitos frente), sem poder retrotra-lo (retroced-lo) por mais de 90 dias, contados do pedido de falncia, do pedido de recuperao judicial ou do primeiro protesto por falta de pagamento, excluindo-se os protestos cancelados; ordenar ao falido que apresente, em at cinco dias, a relao de seus credores, se esta j no se encontrar nos autos, sob pena de desobedincia; fixar o prazo para a habilitao dos crditos; ordenar a suspenso de todas as aes e execues contra o falido, ressalvadas as hipteses previstas na Lei; proibir a prtica de qualquer ato de disposio ou onerao de bens do falido, submetendo-os preliminarmente autorizao judicial e do comit de credores, se houver, ressalvados os bens cuja venda faa parte das atividades normais do devedor, se autorizada a continuao provisria da empresa (o juiz poder autorizar a continuao da atividade, quando isso se mostrar favorvel aos interesses dos credores); determinar as diligncias necessrias para salvaguardar os interesses dos envolvidos, podendo inclusive ordenar a priso preventiva do falido ou de seus administradores, em caso de crime falimentar; ordenar ao Registro Pblico de Empresas que proceda anotao da falncia no registro do devedor, para que conste a expresso falido, a data da decretao da falncia e a inabilitao para exercer qualquer atividade empresarial (art. 102); nomear o administrador judicial;

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determinar a expedio de ofcios aos rgos e reparties pblicas e outras entidades para que informem a existncia de bens e direitos do falido; pronunciar-se a respeito da continuao provisria das atividades do falido com o administrador judicial ou da lacrao dos estabelecimentos; determinar, quando entender conveniente, a convocao da assembleia geral de credores para a constituio de comit de credores, podendo ainda autorizar a manuteno do comit eventualmente em funcionamento na recuperao judicial quando da decretao da falncia; ordenar a intimao do Ministrio Pblico e a comunicao por carta s Fazendas Pblicas Federal e de todos os Estados e Municpios em que o devedor tiver estabelecimento, para que tomem conhecimento da falncia. O juiz ordenar a publicao de edital contendo a ntegra da deciso que decretar a falncia, bem como a relao de credores (art. 99, par. nico). Da deciso que decreta a falncia cabe agravo, e da sentena que julga a improcedncia do pedido cabe apelao (art. 100). De modo geral, o agravo o recurso cabvel de deciso interlocutria do juiz (deciso de questo incidental, no curso de um processo, sem encerr-lo). J a apelao o recurso cabvel de sentena (deciso judicial que, em regra, pe fim ao processo). No presente caso, o que a Lei de Falncia quis dizer que, se a deciso decretar a falncia, haver o prosseguimento do processo, com o que a deciso ter natureza de deciso interlocutria (independentemente de ser chamada de sentena), da o cabimento de www.pontodosconcursos.com.br

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agravo. Se, por outro lado, a deciso indeferir o pedido de falncia, haver o encerramento do processo, razo do cabimento da apelao (ressaltese que, atualmente, em funo das novas regras processuais inseridas pela reforma do CPC, h sentenas que no encerram o processo, mas o estudo pormenorizado desse tema no faz parte do Direito Comercial). Se algum requerer a falncia de outrem por dolo (m-f), ser condenado, na sentena que julgar improcedente o pedido, a indenizar o devedor, apurando-se as perdas e danos na fase de liquidao da sentena (art. 101). O terceiro prejudicado tambm pode reclamar indenizao dos responsveis, mas, neste caso, por meio de ao prpria (art. 101, 2.). Eis uma questo sobre a decretao da falncia: (FCC/ADVOGADO/METR-SP/2008) Quanto sentena no

procedimento de falncia do devedor, correto afirmar A) Ordenar ao falido que apresente, no prazo mximo de cinco dias, relao nominal dos credores, indicando endereo, importncia, natureza e classificao dos respectivos crditos, se esta j no se encontrar nos autos, sob pena de desobedincia. B) Fixar o termo legal da falncia, podendo retroagi-lo at cento e vinte dias contados do pedido de recuperao judicial ou cento e oitenta dias do primeiro protesto por falta de pagamento. C) Da deciso que decreta a falncia cabe apelao, e da sentena que julga a improcedncia do pedido cabe agravo. D) Na mesma ao, o terceiro prejudicado tambm pode reclamar indenizao dos responsveis, pelo pedido de falncia, que agirem por culpa ou dolo. www.pontodosconcursos.com.br

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E) Quem por dolo ou culpa requerer a falncia de outrem ser condenado, na sentena que julgar improcedente o pedido, a indenizar o devedor, apurando-se as perdas e danos em ao prpria. Gabarito: A A letra A o gabarito, pois a sentena declaratria da falncia dever ordenar ao falido que apresente, em at cinco dias, a relao de seus credores, se esta j no se encontrar nos autos, sob pena de desobedincia. A letra B errada porque o termo legal da falncia no pode ser retroagido por mais de 90 dias, contados do pedido de falncia, do pedido de recuperao judicial ou do primeiro protesto por falta de pagamento. A letra C falsa, pois da deciso que decreta a falncia cabe agravo, e da sentena que julga a improcedncia do pedido cabe apelao (o inverso do que consta da alternativa). A letra D errada porque o terceiro prejudicado s pode reclamar indenizao dos responsveis pelo pedido de falncia em caso de dolo (no de culpa) e por meio de ao prpria. Por fim, a letra E incorreta, j que s haver indenizao pelo requerimento da falncia de outrem em caso de dolo (no de culpa) e a apurao de perdas e danos ocorrer na fase de liquidao da sentena, e no por meio de ao prpria. Autofalncia O devedor em crise econmico-financeira que julgue no atender aos requisitos para pleitear sua recuperao judicial dever requerer ao juzo sua prpria falncia, da expondo as razes (art. da impossibilidade Embora a de lei prosseguimento atividade empresarial 105).

determine ao empresrio que requeira a autofalncia neste caso, no h previso de nenhuma sano pelo descumprimento desse mandamento. www.pontodosconcursos.com.br

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Neste caso, a falncia ter por base a ocorrncia de insolvncia real ou a sua iminncia, confessada pelo prprio devedor e comprovada pelos documentos por ele apresentados. O pedido de autofalncia deve ser acompanhado dos seguintes documentos (art. 105): demonstraes contbeis dos trs ltimos exerccios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, compostas de: balano patrimonial, demonstrao de resultados acumulados, demonstrao do resultado desde o ltimo exerccio social e relatrio do fluxo de caixa; relao nominal dos credores; relao dos bens e direitos que compem o ativo; prova da condio de empresrio, contrato social ou estatuto em vigor ou, se no houver, a indicao de todos os scios (veja que o empresrio irregular tambm pode requerer autofalncia); livros obrigatrios e documentos contbeis exigidos por lei; relao dos administradores nos ltimos cinco anos. A sentena que decretar a falncia do devedor observar a forma j exposta acima. Decretada a falncia, aplicam-se integralmente os dispositivos relativos falncia requerida por terceiros (art. 107). Massa Falida A Massa falida pode ser entendida em sentido objetivo ou subjetivo. Massa falida objetiva o conjunto de bens e direitos arrecadados do

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falido. Massa falida subjetiva o conjunto de credores do falido, integrantes do quadro geral de credores. A massa falida objetiva no possui personalidade jurdica, mas detm capacidade processual, isto , pode ser parte em um processo judicial, sendo representada pelo administrador judicial (art. 12, III, do CPC). O CPC ainda fala em sndico, que o nome que a antiga Lei de Falncias (DecretoLei 7.661/1945) dava ao hoje chamado administrador judicial. Classificao Creditria A classificao dos crditos na falncia tema expressamente destacado no edital de AFRFB 2009, razo pela qual altamente provvel que uma das questes de Direito Comercial verse sobre este tema. Assim, estudaremos em detalhes este tpico. Uma vez decretada a falncia e habilitados todos os crditos, o administrador judicial deve promover a sua classificao, que consiste na ordenao de todos os crditos habilitados, segundo uma ordem de preferncia de recebimento dos respectivos valores, conforme os critrios previstos na Lei de Falncias. Embora vigore na falncia o princpio da par conditio creditorum, segundo o qual todos os credores devem ter as mesmas chances de recebimento de seu crdito, em paridade de condies, o fato que esse princpio s tem plena aplicao dentro da mesma classe de crditos. Todos os credores do empresrio falido so distribudos por estas classes, de modo que os crditos de determinada classe s podem ser satisfeitos aps o integral pagamento dos crditos da classe anterior. www.pontodosconcursos.com.br

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Crditos Concursais O art. 83 da Lei classifica os diversos crditos falimentares em ordem de preferncia para pagamento, dividindo-os em classes. So os chamados crditos concursais, devidos pelo devedor antes da decretao da falncia. A regra que os crditos da classe considerada inferior somente recebero seus valores se houver sobra, aps o pagamento dos crditos da classe superior. Se o patrimnio do devedor for insuficiente para pagar os crditos de uma determinada classe, dever haver o rateio proporcional entre eles, incidindo, neste momento, em sua plenitude, o princpio da par conditio creditorum. Segundo o art. 83, a classificao dos crditos na falncia obedece seguinte ordem: crditos derivados da legislao do trabalho (limitados a 150 salrios mnimos por credor o saldo restante ser crdito quirografrio) e crditos decorrentes de acidentes de trabalho; crditos com garantia real (at o limite do valor do bem gravado