AFRFB REG Civil Lauro Escobar Aula 04

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBAR

AULA 04FATOS E ATOS JURDICOS= PRIMEIRA PARTE =

Meus Amigos e Alunos. Como vimos, uma relao jurdica formada por trs elementos: a) Elemento Subjetivo so os sujeitos de direito, as pessoas; b) Elemento Objetivo a prestao, o objeto do direito; c) Elemento Imaterial o vnculo que se estabelece entre os sujeitos e os bens. J estudamos os Sujeitos de Direito (as Pessoas Fsicas ou Jurdicas) e os Objetos do Direito (que so os Bens). Hoje veremos o elemento que estabelece a ligao entre os sujeitos e os bens, isto , o vnculo entre as pessoas tendo como objeto os bens. As relaes jurdicas tambm possuem um ciclo vital: nascem, se desenvolvem, podem ser conservadas, modificadas ou transferidas e se extinguem. Elas tm como fonte geradora os fatos jurdicos. H sempre um fato que antecede o surgimento de um direito subjetivo. Fato, portanto, um evento, um acontecimento. O tema Fatos e Atos Jurdicos deve ser visto bem devagar. Por isso, o desmembramos em duas aulas. Esta primeira introdutria. Costumo fazer isso tambm nas aulas presenciais. Primeiro dou essa parte terica (e bota terica nisso). Os alunos, de uma forma geral, no gostam muito dessa primeira parte do tema. Mas ela imprescindvel. Por isso vou fazer o possvel para torn-la mais agradvel... Hoje, o que veremos base da matria, que ser importantssimo para o futuro, quando analisaremos o Direito das Obrigaes, os Contratos, etc. Os Fatos, Atos e Negcios Jurdicos so pontos fundamentais para entender as prximas aulas. Por isso damos essa primeira parte e esperamos os alunos deglutirem a teoria. Leiam e releiam com todo carinho este incio. Na prxima aula daremos a segunda parte do tema proposto. A experincia demonstra que assim procedendo, tudo ficar mais fcil entender. Falaremos hoje sobre alguns conceitos, classificaes, e, principalmente da prescrio e da decadncia. Este, na verdade, o ponto central da aula. Depois, na prxima aula, passaremos para uma parte mais dinmica, onde veremos o Negcio Jurdico e seus elementos constitutivos, alm da ineficcia (nulidade e anulabilidade) do Negcio Jurdico. Comecemos, ento. Vimos acima que o Fato um acontecimento. Assim, de incio, vamos diferenciar um fato comum de um fato jurdico. H fatos que no interessam ao Direito. Exemplo: quando uma pessoa passeia por um jardim, est www.pontodosconcursos.com.br ww w. po nt od os co nc ur s. co m.br

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBARpraticando um fato comum, que no sofre a incidncia do direito. Porm, se essa pessoa que est passeando comprar um saco de pipocas, alugar uma bicicleta ou pisar sobre o gramado, causando danos vegetao ou mesmo alimentar os animais em um zoolgico (condutas consideradas como proibidas), tais fatos passaro a interessar ao direito, causado repercusses. Portanto, para um acontecimento seja considerado como fato jurdico necessrio que esse acontecimento, de alguma forma, cause algum reflexo no mbito do direito. Seja este reflexo lcito ou ilcito. Observem a seguinte classificao: Fato Comum ao humana ou fato da natureza que no interessa ao Direito. No estudaremos isso, pois, como disse, no interessa ao Direito (para qu estudar algo que no nos interessa... e nem cai nos exames?). Fato Jurdico (em sentido amplo lato sensu) acontecimento ao qual o Direito atribui efeitos e relevncia jurdica. Exemplo: um contrato de locao um fato jurdico (mais para frente veremos que ele mais do que isso; um negcio jurdico), pois tanto o locador, como o locatrio assumem compromissos e ficam vinculados um ao outro. Deste vnculo surgem direitos e deveres para ambas as partes; surgem efeitos, ou seja, reflexos no campo do direito.

Baseado no foi dito acima, podemos conceituar os Fatos Jurdicos como sendo os acontecimentos previstos em norma de direito, em razo dos quais nascem, se modificam, subsistem e se extinguem as relaes jurdicas. Para efeito de memorizao dos elementos do Fato Jurdico, costumo usar em sala de aula a expresso A.R.M.E. (Aquisio, Resguardo, Modificao e Extino) de Direitos. Vejamos: Aquisio de Direitos a conjuno dos direitos com seu titular. Ocorre a aquisio de um direito com a sua incorporao ao patrimnio e personalidade do titular. Dessa forma, surge a propriedade quando o bem se subordina a seu titular. Exemplos: quando eu acho um livro abandonado (e no perdido) ou quando eu compro um automvel de um amigo, eu me torno proprietrio destes bens; adquiri direitos sobre eles. Os direitos podem ser adquiridos de forma originria ou derivada: a) Originria o direito nasce no momento em que o titular se apossa ou se apropria de um bem de maneira direta, sem a participao de outra pessoa. O direito no tem existncia objetiva anterior; ou mesmo que a tivesse, no h uma transmisso pelo seu titular. Exemplos: pescar um peixe em altomar, achar uma coisa abandonada, usucapir um terreno, etc. b) Derivada ocorre quando h uma transmisso do direito de propriedade, existindo uma relao jurdica entre o anterior e o atual titular. Exemplos: vender um carro ou uma casa para outra pessoa a propriedade do carro ou da casa passou de uma pessoa para outra, da ser considerada como transmisso derivada; a aquisio de direitos pelos herdeiros, etc. Lembrando que o direito adquirido com todas as qualidades e defeitos do ttulo anterior. www.pontodosconcursos.com.br ww w. po nt od os co nc ur s. co m.br

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBARA aquisio ainda pode ser: c) Gratuita quando no h uma contraprestao na aquisio. Exemplo: uma pessoa adquire um bem por uma doao; neste caso no h uma contraprestao nesta doao; o mesmo pode ocorrer quando se recebe um bem por herana. d) Onerosa quando h uma contraprestao na aquisio. Exemplo: a pessoa adquire o bem por meio de uma compra e venda se por um lado recebeu o bem, por outro lado pagou por este bem, havendo, portanto uma contraprestao na aquisio; o mesmo ocorre com em uma troca ou na locao. Resguardo (proteo ou defesa) de Direitos So atos praticados pela pessoa que servem para proteger os seus direitos. Ou seja, o titular de um direito deve praticar atos conservatrios, preventivos (garantindo o direito contra futura violao) ou repressivos (so os que visam restaurar eventual direito violado). Costuma-se dizer que no pode haver direito subjetivo sem a correspondente proteo. Exemplo: Direito de Reteno: uma pessoa possui um bem (que no seu, mas est de boa-f nesta posse, ou seja, acredita que a coisa sua) e realiza neste bem benfeitorias necessrias (conserto dos alicerces, do telhado de uma casa, etc.) ou teis (construo de uma garagem); posteriormente o real proprietrio move uma ao contra o possuidor de boa-f e ganha a ao; o possuidor deve ir embora; mas realizou benfeitorias, devendo ser indenizado; se a outra parte no a indeniza, ela pode reter o bem at que seja indenizado pelas benfeitorias (art. 1.219, CC). Outros exemplos: arresto que a apreenso judicial de coisa litigiosa ou de bens para a segurana da dvida; sequestro que o depsito judicial da coisa litigiosa para garantia do direito; protesto, etc. H, tambm a defesa preventiva: a) Extrajudicial so hipteses de defesa de direitos sem ser necessrio ingressar em juzo: quando se estabelece uma clusula penal em um contrato (trata-se da multa contratual) o que se quer na verdade estabelecer uma garantia para o cumprimento deste contrato. Outros exemplos: o sinal (tambm chamado de arras) um adiantamento da quantia que ser paga tambm para garantir o cumprimento da obrigao; a fiana, que serve para garantir o pagamento da dvida (se o devedor principal no pagar a dvida, o credor pode acionar o fiador), etc. b) Judicial so as aes judiciais para proteo de direitos. Recorre-se autoridade judicial competente para restabelecer um direito j violado ou para proteger um direito ameaado. Lembrando que para a propositura de uma ao judicial necessrio ter um interesse legtimo (econmico ou moral). Exemplos: Mandado de Segurana (que visa proteger um direito lquido e certo); Interdito Proibitrio (que uma ao possessria, que visa proteger uma pessoa de eventuais ameaas a sua posse), etc. Caros Alunos lembrem-se do brocardo: A todo Direito corresponde uma Ao que o assegura. Se houver ameaa ou violao (por ao ou omisso) a um direito subjetivo, este ser protegido por meio de uma ao

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBARjudicial (art. 5o, XXXV, CF/88 a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa de direito). Imaginem o seguinte exemplo: Todos ns sabemos que todo cidado tem o direito de ir, vir e permanecer. Esse um Direito que todos ns temos; dizemos que este um direito material. Agora... e se uma autoridade policial diz que voc est preso em flagrante, sem ter um motivo plausvel para esta priso? o famoso teje preso. O que voc faria?? Com certeza voc entraria com um Habeas Corpus!!! Ora, o Habeas Corpus uma Ao. Assim, ns temos um Direito (no caso o direito de locomoo, de ir, vir e permanecer). Violado este Direito, surge a Ao (no caso o Habeas Corpus). Art. 5o, LXVIII, CF/88: conceder-se- habeas-corpus sempre que algum sofrer ou se achar ameaado de sofrer violncia ou coao em sua liberdade de locomoo, por ilegalidade ou abuso de poder. O mesmo pode ocorrer com uma propriedade. Eu comprei um stio. Paguei por ele. Tenho a escritura e o registro. Portanto meu, eu tenho direito de propriedade. Mas algum invadiu a minha propriedade. O que farei? Com certeza entrarei com uma Ao. Ao de Reintegrao de Posse. Portanto, voltando e reforando a idia... a todo direito corresponde uma ao. Ao o meio que o titular do direito dispe para obter a atuao do Poder Judicirio, no sentido de solucionar litgios relativos a interesses jurdicos (art. 3o do Cdigo de Processo Civil Para propor ou contestar uma ao necessrio ter legtimo interesse econmico ou moral neste sentido a Smula 409 do Supremo Tribunal Federal). Sabemos que no Brasil ns no podemos fazer justia pelas prprias mos, sob pena at de cometermos um crime (exerccio arbitrrio das prprias razes art. 345, Cdigo Penal). Se uma pessoa me deve seis meses de aluguel eu no posso ir at sua casa, lhe dar uns tabefes e exigir o pagamento devido ou coloc-la no olho da rua. No! O correto ingressar com uma ao de despejo por falta de pagamento e requerer tambm o pagamento dos aluguis atrasados. No entanto, admite-se, excepcionalmente, a autodefesa ou autotutela de um direito, como no caso da legtima defesa da posse (art. 1.210, 1o, CC), do penhor legal, etc. Veremos isso em outras aulas mais frente. Modificao (ou transformao) de Direitos Os direitos podem sofrer modificaes em seu contedo (objeto) ou em seus titulares, sem que haja alterao em sua substncia. A modificao do direito pode ser objetiva ou subjetiva: a) Objetiva atinge a qualidade ou quantidade do objeto ou o contedo da relao jurdica. Exemplos: o credor de uma saca de feijo aceita o equivalente em dinheiro; uma pessoa est devendo uma quantia em dinheiro e o credor aceita um terreno em substituio. b) Subjetiva substituio de uma das pessoas (sujeito ativo ou passivo) envolvidas na obrigao, podendo ser inter vivos (contrato) ou causa mortis. Exemplo: testamento ex: morre o titular de um direito e este se transmite aos seus sucessores. Outros exemplos: desapropriao, venda de um bem, etc. Alguns autores afirmam que a transmisso dos direitos seria um quinto elemento do Fato Jurdico. Lembrem-se que h direitos que no www.pontodosconcursos.com.br ww w. po nt od os co nc ur s. co m.br

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBARcomportam modificao em seu sujeito por serem personalssimos (tambm chamados de intuitu personae). Extino de Direitos quando sobrevm uma causa que elimina os seus elementos essenciais. Notem que o perecimento deve ser total. Se for parcial, o direito persiste sobre esta parte, bem como sobre o remanescente da coisa destruda. Se a extino puder ser atribuda a algum, este ser o responsvel pelos prejuzos, devendo ressarci-los. Observem, com ateno, os principais exemplos de extino dos direitos (entre outros): perecimento do objeto (ex: anel que cai em um rio profundo e levado pela correnteza) ou perda das qualidades essenciais do objeto (ex: campo de plantao invadido pelo mar). renncia quando o titular de um direito, dele se despoja, sem transferi-lo a quem quer que seja; ele abre mo de um direito que teria (ex: renncia herana). abandono inteno do titular de se desfazer da coisa no querendo ser mais seu dono (ex: jogar um par de sapatos velho no lixo). alienao que o ato de transferir o objeto de um patrimnio a outro, de forma onerosa (compra e venda) ou gratuita (doao). falecimento do titular, sendo direito personalssimo, e por isso, intransfervel. confuso numa s pessoa se renem as qualidades de credor e devedor. prescrio ou decadncia analisaremos mais adiante, ainda na aula de hoje.

Bem, com isso encerramos esta parte bem introdutria sobre o Fato Jurdico e seus Elementos (A.R.M.E.). Vejamos agora uma classificao dos Fatos Jurdicos. Podemos dizer que o Fato Jurdico se divide em Natural (tratase de um fato qualquer da natureza) ou Humano (aquele o praticado por ns, os seres humanos). Cada um destes itens possui uma subdiviso. Reparem no quadro abaixo. Ele nos d uma viso geral do tema e de extrema importncia. Daqui para frente (inclusive continuando na prxima aula), vamos analisar cada item deste quadro, aprofundando-os. ATENO Sempre que tiverem qualquer dvida sobre o assunto tratado, retornem ao quadro abaixo. FATO A) COMUM acontecimento sem repercusso no Direito. B) JURDICO aquele ao qual o Direito atribui efeitos (A.R.M.E.). I. FATO JURDICO NATURAL (Fato Jurdico em Sentido Estrito ou Stricto Sensu) no h a manifestao de vontade humana.

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBAR1) Ordinrio o que ocorre normalmente, produzindo efeitos jurdicos: nascimento, maioridade, morte (por causas naturais), aluvio (art. 1.250, CC), avulso (art. 1.251, CC), o decurso de tempo, etc. 2) Extraordinrio trata-se do caso fortuito ou da fora maior (terremoto, maremoto, etc.); mesmo assim tem importncia ao direito, por exclurem, como regra, a responsabilidade. II. FATO JURDICO HUMANO (ou simplesmente ATO) contam com a participao humana. Veremos este tema na prxima aula, de forma mais detalhada. Mas, por enquanto, importante que se saiba: 1) ATO JURDICO EM SENTIDO AMPLO (tambm chamado de Ato Jurdico Voluntrio ou Lcito): a) Ato Jurdico em Sentido Estrito (stricto sensu) h a participao humana, mas os efeitos so os impostos pela lei (ex: reconhecimento de filho, fixao de domiclio); no h regulamentao da autonomia privada. b) Negcio Jurdico h a participao humana e os efeitos desta participao so ditados pela prpria manifestao de vontade; os efeitos so os desejados pelas partes (ex: contrato, testamento, etc.). H, portanto, autonomia privada. 2) ATO ILCITO (ou Involuntrio) o praticado em desacordo com a ordem jurdica (arts. 186 e 187, CC). Na realidade a conduta voluntria e consciente, transgredindo um dever jurdico. Entretanto, os efeitos da prtica deste ato que so involuntrios. A consequncia da prtica do ato ilcito o surgimento do dever de reparar o dano causado. Pode atuar nas seguintes reas do Direito: a) Penal violao de um dever tipificado como crime, pressupondo um prejuzo causado sociedade; desrespeitado, compromete-se a ordem social (norma de ordem pblica); a sano pessoal, ou seja, a pessoa do infrator imputvel que ir responder pela conduta (no se transmite a responsabilidade a terceiros). b) Administrativo violao de um dever que se tem para com a Administrao; a sano tambm pessoal. c) Civil violao de um dever contratual ou legal, pressupondo um dano a terceiro; a sano patrimonial, ou seja, atinge o patrimnio do lesante (como regra). Caros alunos. Muito cuidado aqui. No raro cair algumas questes sobre a classificao acima. E isso pode causar certa confuso ao aluno. Querem um exemplo? Duas indagaes iniciais (responda sem olhar a classificao): O Ato Ilcito um Ato Jurdico? O Ato Ilcito um Fato Jurdico? . ... Resposta: basta analisar a classificao acima com ateno (agora d uma olhada) que iremos concluir que o Ato Ilcito um Fato Jurdico (humano), porm no um Ato Jurdico!!! www.pontodosconcursos.com.br ww w. po nt od os co nc ur s. co m.br

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBARContinuemos. O primeiro item do quadro que iremos analisar na aula de hoje o Fato Jurdico Natural. A doutrina tambm o chama de Fato Jurdico em Sentido Estrito ou Fato Jurdico Stricto Sensu. So expresses sinnimas, mas que costumam cair e confundem... Pois bem. Fato Natural o acontecimento que ocorre independentemente da vontade humana, mas mesmo assim pode produzir efeitos jurdicos, criando, modificando ou extinguindo direitos. Podem ser divididos ou classificados em: 1) Ordinrios Pergunto: o que h de mais certo em nossa vida?? A morte! Ela ocorrer independente de nossa vontade. Portanto a morte um fato natural. o exemplo clssico. Lgico que estou falando da morte por causas naturais (costumo brincar a morte morrida). Pois um homicdio (brincando ainda a morte matada) crime, portanto ato ilcito. Outros exemplos de Fatos Jurdicos Naturais Ordinrios: o nascimento, a maioridade, o decurso de tempo que juridicamente se apresente sob a forma de prazo (intervalo de dois termos), a usucapio (essa matria vista no Direito das Coisas, quando o edital exigir esse item), o decurso de tempo, como a prescrio e a decadncia, etc. Estes ltimos temas so importantssimo e sero analisados de forma autnoma, ainda nesta aula. 2) Extraordinrios so causas ligadas ao caso fortuito ou fora maior, onde se configura uma imprevisibilidade e inevitabilidade do evento, alm da ausncia de culpa pelo ocorrido. No h uma unanimidade dos autores para se conceituar e diferenciar tais institutos. Para alguns, caso fortuito seria um evento da natureza, imprevisvel e inevitvel (ex: uma tempestade, um terremoto, um tsunami, etc.). J fora maior o que decorre de uma atuao humana imprevisvel e inevitvel interferindo no ato (ex: uma greve). Para outros o conceito exatamente o inverso. Para outros ainda, o caso fortuito decorre de uma causa desconhecida (ex: exploso de uma caldeira em uma usina) e na fora maior conhece-se a causa, que fato da natureza (ex: raio que provoca um incndio). Outros autores tratam ambos os termos como sinnimos. Slvio Venosa assim leciona: caso fortuito e fora maior so situaes invencveis, que refogem s foras humanas, ou s foras do devedor, impedindo e impossibilitando o cumprimento da obrigao. Geralmente costuma cair nos exames apenas os termos Caso Fortuito ou Fora Maior e no a situao propriamente dita. E quando cai a situao (ex: um terremoto), basta o aluno saber classific-la o fato como fato jurdico natural (ou fato jurdico em sentido estrito stricto sensu) extraordinrio.

PRESCRIO E DECADNCIA COMO FATO JURDICOAs obrigaes jurdicas no so eternas. Se eu empresto determinada quantia em dinheiro a uma pessoa eu no posso ficar cobrando esta dvida a vida inteira. Eu tenho um prazo determinado para exigir o cumprimento da obrigao. Se eu no cobrar dentro deste prazo (que fixado pela lei e que www.pontodosconcursos.com.br ww w. po nt od os co nc ur s. co m.br

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBARveremos mais adiante), eu no poderei mais cobrar. Assim, para que haja uma tranquilidade na ordem jurdica, fundada na necessidade de estabilidade social, da certeza do direito e de que as relaes jurdicas no se prorrogam indefinidamente, surgiram os institutos da prescrio e da decadncia (embora alguns direitos sejam imprescritveis, como o direito de reconhecimento de paternidade, direito ao nome, direito aos alimentos, etc.). A questo se liga ao decurso do tempo. Assim, o decurso do tempo, aliado a inrcia do titular do direito, faz com que a situao de afronta ao direito prevalea sobre o prprio direito. Exemplo: o credor de uma dvida em dinheiro, que no recebeu o que lhe devido, tem o direito de ajuizar uma ao para cobrar esta dvida. Mas se ele deixa de ajuizar a ao cabvel, aps certo tempo, perde o direito de faz-lo, consolidando-se uma situao contrria a seus interesses, mas que ocorreu por sua prpria culpa; por desdia sua. H um brocardo em latim, muito conhecido, que diz: dormientibus non succurrit jus o direito no socorre aos que dormem. O fundamento dessa proteo a situaes consolidadas no tempo (embora contrrias ao direito de algum) a paz social, impedindo que essa pudesse ser conturbada a qualquer tempo por quem se julgasse prejudicado em algum direito seu. Se a pessoa no cuidou de defender seu direito a tempo, praticamente renunciou a este direito, aceitando inerte a afronta que lhe era feita. No se trata de um instituto justo e nem esta a preocupao; o que se busca uma questo de segurana jurdica, de tranquilidade. Ningum se veria seguro em seus direitos, se a qualquer tempo pudesse v-los na contingncia de serem contestados por fatos ocorridos h muito tempo. Assim, Prescrio e Decadncia so causas extintivas decorrentes do no exerccio de um direito durante determinado prazo. Inrcia e decurso de prazo so seus elementos comuns. Ateno O tema Prescrio e Decadncia comum a todas as matrias do Direito. O Direito Penal, Administrativo, Tributrio, Comercial, Trabalhista.... todas elas tratam do assunto. Lgico que cada matria possui as suas peculiaridades. Vamos dar o enfoque apenas sob a tica do Direito Civil. Se cair uma questo sobre esse tema, observem bem em sua prova, qual ramo do Direito est sendo abordado. Reforo: o que vamos falar aqui se refere ao Direito Civil (embora algumas coisas possam ser aproveitadas pelas outras matrias). Vamos falar primeiro da Prescrio e depois da Decadncia. Mas antes, gostaria de citar uma curiosidade (at porque j vi cair isto em alguns concursos recentes): o Cdigo Civil anterior no mencionava a expresso Decadncia. Para ele tudo era Prescrio. Ele possua um artigo que dizia: Prescreve... e elencava uma srie de situaes. Era a doutrina que analisando item por item daquela relao dizia o que era Prescrio e o que era Decadncia. Mas mesmo assim, no havia um consenso sobre todos os temas. Resumindo: era uma baguna... Hoje a matria est bem mais fcil. O Cdigo diz exatamente o que Prescrio e o que Decadncia. Ele conceitua ambos os institutos. E menciona as situaes e os prazos de um e outro caso. Alm disso, ainda existem alguns macetes de concurso facilitam a diferenciao.

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBARVou mencion-los depois para facilitar ainda mais este estudo, que admito, bem terico.

I. PRESCRIO(arts. 189/206, CC) Direito Subjetivo a faculdade que o ordenamento reconhece a algum de exigir de outrem determinado comportamento. Representa a estrutura da relao poder-dever, em que o poder de uma das partes corresponde ao dever da outra. A infrao deste dever resulta (nas relaes jurdicas patrimoniais) um dano para o titular do direito subjetivo. Por isso, todo direito subjetivo deve (ou deveria) ser protegido por uma ao. No momento em que este direito violado surge o poder de se exigir do devedor uma ao ou omisso, que permite a composio do dano ocorrido. A doutrina chama este direito de exigir de pretenso. Pretenso a expresso utilizada para caracterizar o poder de exigir de outrem, coercitivamente, o cumprimento de um dever. Alguns autores usam as expresses direito subjetivo e pretenso como sinnimas. J a prescrio a perda do direito esta pretenso, pela inrcia do seu titular durante determinado espao de tempo previsto na lei. Ela se opera tanto em relao s pessoas naturais (fsicas) como em relao s pessoas jurdicas. Segundo Clvis Bevilqua, prescrio a perda da ao atribuda a um direito e de toda a sua capacidade defensiva, em consequncia do no-uso dela durante determinado espao de tempo. Na vigncia do Cdigo anterior falava-se que prescrio era a perda do direito de uma ao que poderia ter sido ajuizada. Conceitua-se o direito de ao como um direito subjetivo pblico e abstrato dirigido ao Estado em no parte contrria. Assim, por coerncia aos ensinamentos processuais, o atual Cdigo consolidou a idia de que a prescrio no atinge a ao propriamente dita, mas a pretenso. Nossa misso aqui objetiva. O que vem caindo nos concursos. Evitando discusses doutrinrias e indicando que no se trata de direito subjetivo pblico abstrato de ao, o atual Cdigo adotou a tese da prescrio da pretenso. isso o que nos interessa. Evitem maiores divagaes sobre o tema. Atualmente e tecnicamente devemos falar que prescrio causa extintiva do direito pelo seu no exerccio no prazo da lei. E o texto da lei claro ao dar como objeto da prescrio a pretenso de direito material (e no a ao). A pretenso deduzida em juzo por meio de uma ao. Violado um direito nasce para o seu titular uma pretenso. E o prazo prescricional s se inicia no momento em que violado o direito. Se a pessoa permanecer inerte, a consequncia ser a perda desta pretenso. Logo a prescrio uma sano ao titular do direito violado (que foi negligente, no postulando, ou seja, no requerendo ou exigindo seu direito em momento adequado). Requisitos da Prescrio: a) violao do direito com o nascimento da pretenso; b) inrcia do titular; c) decurso do prazo fixado em lei. www.pontodosconcursos.com.br ww w. po nt od os co nc ur s. co m.br

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBAREmbora esta expresso seja bem tcnica, precisamos mencion-la, pois muitos concursos a exigem. Especialmente os da rea jurdica. Trata-se da actio nata. Isto , no pode correr a prescrio enquanto no nascer a ao possvel de ser ajuizada pela violao do direito. Exemplificando: emprestei uma quantia em dinheiro a uma pessoa, estipulando que a dvida dever ser paga daqui a seis meses. Ora, enquanto a dvida no vencer, o prazo prescricional tambm no comea a correr. Ele s se inicia a partir do momento em que o credor tem o direito de ingressar com a ao. Notem, ainda, que mesmo ocorrendo a prescrio, ainda h a conservao do direito propriamente dito. Com a prescrio perde-se apenas o direito pretenso (no havendo mais a ao para exercer o direito em juzo). Mas o direito em si (o direito dvida propriamente dita) ainda existe, est mantida. Vamos recordar. O instituto no serve para proteger o lesante. Trata-se de uma punio ao prprio lesado por sua inrcia. Baseia-se no interesse social de pacificao das demandas. A prescrio extingue a pretenso. Extinta a pretenso se perde o direito de ajuizar a ao, ou seja, se perde o direito de resolver a pendncia judicialmente. Todavia, o direito em si (o direito material, o direito propriamente dito) permanece inclume, s que sem proteo jurdica para solucion-lo. Agora um exemplo: emprestei uma quantia em dinheiro para outra pessoa. Esta no me devolveu o dinheiro no prazo estipulado no contrato. A partir deste momento, ou seja, da data em que a dvida deveria ser paga e no o foi, houve a violao ao meu direito de crdito, comeando a correr o prazo prescricional. Neste momento nasceu a pretenso (actio nata), que a possibilidade de se exigir o direito. A partir da eu j posso ingressar com uma ao pleiteando meu direito. S que eu no ingressei com esta ao. Passado o prazo fixado na lei, a dvida prescreve. Ou seja, eu no posso mais ingressar com a ao judicial pedindo o valor da dvida. Pergunto: E se o devedor paga a dvida que estava prescrita?? Pode esse devedor, aps o pagamento e percebendo que havia ocorrido a prescrio, se arrepender e pedir o dinheiro de volta? Resposta = No! A dvida estava prescrita, mas a pessoa no pode mais pedir de volta o dinheiro que pagou. Se uma pessoa pagar espontaneamente uma dvida prescrita, este pagamento valeu! E por que? Porque o direito material ainda existia. A pessoa ainda estava me devendo; a dvida (que no caso o direito material) ainda existia. O direito ao crdito no foi extinto pela prescrio. Observem que a prescrio atingiu apenas a pretenso. Eu s perdi o instrumento judicial para cobrar a dvida (ou seja, o direito de ao). E no dvida propriamente dita. Portanto ele pagou algo que existia. Assim, valeu o pagamento realizado, mesmo que ao esteja prescrita, no se podendo pedir a devoluo da quantia paga. Costuma-se dizer que o direito prescrito converte-se em uma obrigao natural, isto , uma obrigao sem proteo judicial. DISPOSIES GERAIS SOBRE A PRESCRIO Costumo explicar cada item do Cdigo Civil sobre a prescrio de forma individualizada. uma maneira bem didtica de dar essa matria. Assim: www.pontodosconcursos.com.br ww w. po nt od os co nc ur s. co m.br

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBARExceo (art. 190, CC) Determina o Cdigo Civil: A exceo prescreve no mesmo prazo em que a pretenso (art. 190, CC). Inicialmente cabe um esclarecimento quanto a esta frase, em especial queles que no tm formao jurdica. A expresso exceo possui basicamente dois sentidos. De uma forma geral significa aquilo que foge regra; que no se inclui em determinada situao; d uma idia de ressalva, de reserva, de excluso. No entanto, na tcnica jurdica o vocbulo significa uma outra coisa: ele indica uma forma de defesa realizada por uma das partes (em geral o ru) em um processo para opor-se a um direito do adversrio. O autor deduz uma pretenso (exigindo do ru o cumprimento de um dever jurdico). E o ru pode se defender por meio de uma exceo. Muitas vezes esta defesa indireta, pois o ru, sem negar categoricamente o fato alegado pelo autor, alega um outro fato ou direito com o objetivo de elidir ou paralisar a ao proposta. Trata-se de uma expresso mais ligada ao Direito Processual (Civil ou Penal). A doutrina costuma afirmar que as excees so foras contrastantes s aes; um verdadeiro contradireito do ru que visa elidir as consequncias jurdicas pretendidas pelo autor. Exemplos: o autor ingressa com uma ao (deduzindo uma pretenso cobrando uma dvida) e o ru alega como defesa que j foi processado, sendo que a ao foi julgada improcedente por aquele mesmo fato (neste caso falamos em exceo de coisa julgada); ou alega que j h uma ao pendente sobre o mesmo assunto (exceo de litispendncia); ou que aquele juzo incompetente para apreciar este tipo de questionamentos (exceo de incompetncia); ou que ele no parte legtima no processo (exceo de ilegitimidade processual); etc. Um outro exemplo o seguinte: A ingressa com uma ao em face de B cobrando uma dvida; B por sua vez alega que A tambm seu devedor; neste caso, A e B so credores e devedores reciprocamente, sendo que ambas as dvidas se compensam e as obrigaes se extinguem. O que o dispositivo legal quer dizer que o prazo dado para a manifestao do contradireito (que a exceo ou a defesa) exatamente o mesmo que a lei estipula para que o titular da ao exera sua pretenso. Por isso costuma-se dizer que a exceo (defesa) nasce com o exerccio da pretenso. Renncia (art. 191, CC) O art. 191, CC prev que a renncia (que um ato unilateral, produzindo efeitos sem necessidade da manifestao de vontade da outra parte) da prescrio pode ser expressa ou tcita, e s valer, sendo feita sem prejuzo de terceiro, depois que a prescrio se consumar. Apesar de pequeno, este dispositivo muito importante, cai muito nas provas e exames, alm de trazer diversas consequncias jurdicas. Vamos por partes. Inicialmente nosso Cdigo no admite a renncia prvia ou antecipada. Ou seja, o devedor no pode renunciar prescrio antes dela ocorrer. Exemplo: Digamos que eu seja um credor. O devedor no pagou o que deve. Eu tenho um prazo para entrar com a ao. Mas eu no entrei com a ao no prazo legal. Portanto ocorreu a prescrio. Mas, mesmo prescrita a dvida, o devedor pode pagar o que deve. E se ele assim proceder (pagando a dvida aps www.pontodosconcursos.com.br ww w. po nt od os co nc ur s. co m.br

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBARo prazo prescricional) estar renunciando prescrio. Portanto a renncia um ato do devedor. No entanto o devedor somente pode renunciar prescrio aps a consumao desta. Enquanto o prazo prescricional estiver fluindo, o devedor no pode renunciar prescrio. Isto para no destruir a sua eficcia prtica. Se assim no fosse o credor poderia inserir uma clusula abusiva em um contrato. Exemplo: o credor insere no prprio contrato uma clusula em que o devedor renuncia (isto desiste do direito de aleg-la) de forma antecipada, eventual e futura prescrio. A lei probe esta conduta. Caso contrrio qualquer credor poderia colocar uma clusula no contrato de que o seu direito permaneceria vlido e eficaz at o momento que ele, credor, desejasse e eventualmente ingressasse com a ao judicial. Ou seja, poderia propor a ao quando quisesse. Outra coisa: no pode haver renncia prescrio quando esta for em prejuzo de terceiros. Exemplo: A deve a B e C determinada quantia (duas dvidas autnomas). Em relao a B a dvida est prescrita. Resta ento A pagar C. No entanto A renuncia a prescrio em relao a B e paga sua dvida em relao a ele. A seguir alega que no tem mais dinheiro para pagar C. Ora, a dvida estava prescrita. B no tinha mais como cobrar a dvida. E A ao pagar B, renunciou prescrio, mas prejudicou os direitos de C. Portanto esta conduta no permitida. Trata-se de uma evidente fraude contra credores, sendo que C pode anular a renncia e pedir a entrega do dinheiro para si. Finalmente a renncia pode ser expressa ou tcita. Na expressa o prescribente (pessoa a quem a prescrio aproveitaria) abre mo do direito de forma explcita, dizendo que no deseja dela se utilizar. J a tcita aquela em que ele pratica atos incompatveis com a prescrio. O exemplo clssico o prprio pagamento de uma dvida j prescrita. Se eu pago uma dvida que j estava prescrita, eu estou renunciando tacitamente prescrio. Como vimos, isso possvel. Desde que no afete direito de terceiros. Outros exemplos: fazer uma transao de dvida prescrita, ou uma novao, etc. vamos ver estes itens na aula referente ao Direito das Obrigaes. Alegao (art. 193, CC) A prescrio pode ser alegada em qualquer fase de um processo, mesmo em grau de recurso pela parte a que aproveita, ou seja, pela parte interessada ou beneficiada com a sua declarao. Uma ao geralmente interposta perante um Juiz singular (Primeira Instncia) e o processo deve seguir um trmite. A prescrio pode ser alegada em qualquer momento deste trmite processual: na contestao, na audincia de oitiva de testemunhas, nos debates, no julgamento, etc. Aps a sentena do Juiz, as partes podem recorrer da deciso. O processo ento ser encaminhado para um Tribunal, que o rgo de Segunda Instncia. Tambm nele a prescrio pode ser arguida. H uma regra que diz que o ru deve alegar toda matria de defesa na contestao. Pois a alegao da prescrio uma exceo, uma vez que pode ser feita na prpria contestao ou em qualquer outro momento durante o tramite processual.

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBARA doutrina aponta que no cabvel a alegao de prescrio na fase de liquidao em processo de execuo, nem em fase de liquidao da sentena. Ou seja, o processo, propriamente dito j acabou. Agora somente estamos executando o que ficou anteriormente decidido. Portanto no teria cabimento alegar a prescrio no momento de se executar o que j foi exaustivamente debatido. Tambm se tem entendido que embora o art. 193 diga que a prescrio possa ser alegada em qualquer grau de jurisdio, ela no poderia ser alegada, pela primeira vez, perante o Superior Tribunal de Justia (STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF), pois estes Tribunais so consideradas como Instncias Especiais e Extraordinrias. Eles somente poderiam conhecer de recursos nos quais tenha havido prvio debate da matria em outras instncias (chamamos isso de pr-questionamento). Efeitos Essenciais da Prescrio Os particulares, por meio de um contrato, no podem declarar que um direito imprescritvel. S a lei pode faz-lo e mesmo assim em circunstncias muito especiais, conforme veremos. Os prazos prescricionais no podem ser alterados pelos particulares, mesmo que haja um acordo de vontades entre eles (art. 192, CC), seja para se reduzi-los ou aument-los. a lei que determina quais so os prazos prescricionais, impedindo que eles sejam alterados. Antes de consumada irrenuncivel (como vimos no se pode renunciar a prescrio que ainda no ocorreu actio nata). Os relativamente incapazes (art. 4o, CC) e as pessoas jurdicas, tambm tm direito a ao regressiva contra os seus assistentes ou representantes legais que derem causa prescrio, ou no a alegarem oportunamente (art. 195, CC). Exemplo: um rapaz com 16 anos que est sob tutela, possui um crdito. Seu representante legal sabe disso e no ingressa com a ao para cobrar a dvida. Com o tempo ocorre a prescrio. Em relao dvida nada mais pode ser feito. Ela est prescrita. Mas posteriormente o rapaz poder acionar o seu tutor em razo de sua no-alegao do direito. Trata-se de mais uma forma de se proteger e preservar o patrimnio de incapazes ou das empresas. Suspensa a prescrio em favor de um credor solidrio, somente se suspender a prescrio em favor dos demais se a obrigao for indivisvel. Exemplo: Antnio se comprometeu a entregar um cavalo de raa para Bernardo e Carlos de forma solidria. Assim, eles so credores solidrios de um bem indivisvel (o cavalo). Se por algum motivo o prazo prescricional for suspenso em relao a Bernardo, este prazo, por fora de lei (art. 201, CC), tambm ficar suspenso em relao a Carlos, pois a obrigao alm de solidria indivisvel. No entanto, se a obrigao for divisvel a prescrio somente ficar suspensa em relao a Bernardo, correndo normalmente em relao ao outro credor.

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBAR Observao Todos estes efeitos citados acima tm uma incidncia incrvelem concursos pblicos!!! Pessoas a quem aproveita A prescrio pode ser alegada e aproveita tanto s pessoas fsicas como s jurdicas. A prescrio iniciada contra uma pessoa continua a correr contra seu sucessor (art. 196, CC), a ttulo universal (herana) ou singular (legado). Ou seja, se um prazo prescricional comeou a correr contra uma pessoa, falecendo esta no curso do prazo, este continua a correr normalmente. Os herdeiros disporo apenas do prazo faltante para exercer a pretenso. Exemplo: A tem um direito de ao em face de B. Digamos que o prazo prescricional de dez anos. Passados sete anos A no ingressou com a ao e faleceu. Neste caso os herdeiros de A ainda tm mais trs anos para mover a ao. O prazo no para em razo de sua morte. Mas h uma exceo a essa regra: na hiptese em que o sucessor absolutamente incapaz. Neste caso a prescrio no corre (fica impedida ou suspensa, como veremos adiante). Aproveitando o exemplo acima: A faleceu e seu nico filho tem 12 anos de idade. Com a morte de A o prazo prescricional fica paralisado, suspenso, somente se reiniciando quando o herdeiro completar 16 anos (pois passa a ser relativamente incapaz). Finalmente em relao a este tpico: prescrevendo o direito principal, prescrevem tambm os acessrios. Exemplo: se a dvida principal prescreveu, com ela prescreveu tambm a multa contratual (trata-se da aplicao da regra, que aqui tambm se aplica, de que os acessrios acompanham o principal"). Declarao de Ofcio (ex officio) Indagao relevante: um Juiz, no curso de uma ao judicial, pode reconhecer a prescrio, mesmo que a outra parte no tenha alegado, ou seja, mesmo que no tenha sido provocado para decidir a respeito? Exemplo: digamos que uma eventual pretenso j esteja prescrita. Eu tenho cincia deste fato, mas, assumindo o risco, ingresso com a ao judicial mesmo assim... A outra parte no alega a prescrio (dizemos na gria que ela engoliu barriga ou comeu bola). Mas o Juiz percebe que ocorreu a prescrio. Pergunto: pode o Juiz reconhecer a prescrio sem que a mesma tenha sido alegada (chamamos isso de declarao ex officio)? O entendimento era de que o Juiz no podia suprir, de ofcio, a alegao de prescrio, salvo se favorecesse a pessoa absolutamente incapaz. Era o que dispunha o art. 194, CC. Se a outra parte no alegasse a prescrio o Juiz estaria entendendo que houve renncia tcita da prescrio. Portanto ele no poderia reconhec-la sem ser provocado; sem que houvesse pedido da parte contrria. No entanto a Lei n 11.280 de 16 de fevereiro de 2006 revogou o artigo 194 do Cdigo Civil. Ou seja, atualmente o Juiz poder declarar a prescrio de uma ao, independentemente de requerimento da outra parte, em qualquer

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBARsituao. E no somente na hiptese de favorecer a pessoa absolutamente incapaz, como era anteriormente. Requisitos para se reconhecer a Prescrio: pretenso a ser exercida (a pretenso nasce com a violao de um direito). inrcia do titular desta pretenso (no exerccio do direito). continuidade dessa inrcia durante certo lapso de tempo fixado em lei. ausncia de algum fato ou ato a que a lei confira eficcia impeditiva, suspensiva ou interruptiva de curso prescricional, conforme veremos logo adiante. Causas Impeditivas, Suspensivas e Interruptivas da Prescrio Em princpio, uma vez exigvel o direito subjetivo surge a pretenso. A partir da comea a correr o prazo prescricional para se ingressar com a ao adequada. No entanto a lei prev situaes em que o prazo sequer inicia seu fluxo, ainda que j surgida a pretenso (so as causas impeditivas) ou que suspendem o curso da prescrio j iniciada (so as causas suspensivas) ou mesmo fazem com que o prazo seja reiniciado (so as causas interruptivas). A relao destas hipteses taxativa. Ou seja, as causas esto expressamente previstas na lei, no se podendo fazer uma interpretao extensiva. Isto porque estas causas s podem ser estabelecidas por uma lei (trata-se de uma norma de ordem pblica). Vamos ver item por item, todas as situaes previstas no Cdigo Civil: 1) CAUSAS IMPEDITIVAS E SUSPENSIVAS (arts. 197, 198 e 199 do CC) De incio, cumpre destacar que a diferena entre impedimento e suspenso do prazo prescricional sutil. Ambas possuem o mesmo regime jurdico. Porm se diferenciam: Causas impeditivas so circunstncias que impedem que o curso prescricional se inicie, em razo do estado de uma pessoa individual ou familiar (atendendo a razes de confiana, amizade, parentesco e de ordem moral). A contagem do prazo no se inicia enquanto durar a impossibilidade jurdica do impedimento. Ou seja, se o prazo ainda no comeou a fluir a causa ou obstculo impede que ele comece. Se o obstculo surge aps o prazo ter iniciado, ocorre a suspenso. Causas suspensivas so circunstncias que paralisam temporariamente o curso prescricional, sem prejuzo do tempo j decorrido. O prazo prescricional vinha fluindo normalmente, sendo que ocorreu um fato que o fez paralisar. Neste momento a contagem do prazo fica suspensa. Superado esse fato, extinta a circunstncia, o prazo prescricional volta a correr de onde parou, aproveitando-se e computando-se o prazo j decorrido antes do fato. Segundo os artigos mencionados acima, no corre a prescrio:

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBAR Entre os cnjuges na constncia da sociedade conjugal. Observem que dependendo do momento em que a dvida venceu pode ser hiptese de impedimento ou de suspenso do prazo. Exemplos: uma mulher empresta determinada quantia a seu namorado. Quando esta dvida vence, eles j esto casados (no importando qual o regime de bens adotado pelo casal) e o marido no paga a dvida. O prazo prescricional sequer se iniciou, pois no corre prescrio na constncia do casamento. hiptese de impedimento. Se eles se separarem a mulher teria (ao menos em tese) o direito de cobrar aquela dvida. No entanto se a dvida venceu antes do casamento, o prazo prescricional j se iniciou. Aps isso, sem que haja o pagamento da dvida, credora e devedor se casam. Neste momento o prazo fica suspenso. Se eles se separarem o prazo prescricional volta a fluir pelo tempo que ainda resta. Entre ascendentes e descendentes durante o poder familiar. Exemplo: vamos imaginar que haja um conflito de interesses entre um menor e seus pais (ou avs). Seria um absurdo se exigir que o menor ingressasse com uma ao judicial contra seus ascendentes para preservar seus direitos, sob pena de prescrio. Portanto, aguarda-se a extino do poder familiar (18 anos), quando ento a pessoa, sentindo-se lesada, poder acionar seus ascendentes. Entre tutelados ou curatelados e seus tutores e curadores, durante a tutela ou curatela. a mesma justificativa em relao ao menor e seus pais. Protegese, assim, o interesse do incapaz quanto falta de zelo de seus representantes legais (tutores e curadores). Contra os absolutamente incapazes (art. 3o, CC). Exemplo: vamos imaginar que uma pessoa que credora de outra, falea. O de cujus (o falecido) deixou um filho que tem oito anos de idade. Essa criana nem ao menos sabe de seus direitos, que tm crditos a receber. Por isso, para proteg-la, o CC determina que no corre prescrio contra ela, pois absolutamente incapaz. Aguarda-se, assim, que complete 16 anos (e seja relativamente incapaz); somente a partir da o fluxo do prazo prescricional ter incio. No entanto a prescrio pode correr a favor dos absolutamente incapazes (ex: quando o incapaz o devedor e o credor no o aciona no tempo certo). Contra os ausentes do Brasil em servio pblico da Unio, dos Estados e Municpios. Contra os que se acharem servindo nas Foras Armadas, em tempo de guerra. Pendendo condio suspensiva (sobre este tema, veremos os elementos acidentais do Negcio Jurdico, que ser ministrado na prxima aula). Acompanhem o desenvolvimento lgico neste exemplo: eu lhe darei um carro se voc passar no concurso (esta uma condio suspensiva). Enquanto voc no passar no concurso, isto , enquanto a condio no for realizada, voc no adquire o direito. Se no houve a aquisio do direito, ainda no h uma ao para proteger o direito. E se no h uma ao que se possa exercitar, o prazo prescricional no se inicia.

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBAR No estando vencido o prazo. Trata-se do mesmo princpio do item anterior. Se o prazo de uma dvida ainda no venceu, ainda no se pode exigir o seu pagamento. E se ainda no se pode exigi-lo o prazo prescricional tambm no pode ter incio. Trata-se, mais uma vez da aplicao do princpio da actio nata. Pendendo ao de evico, suspende-se tambm a prescrio em andamento. Evico a perda da propriedade para terceiro em virtude de ato jurdico anterior e de sentena judicial (este tema analisado no Direito das Coisas). Exemplo: h um litgio para se saber quem o proprietrio de um imvel. Enquanto no resolvido este litgio definitivamente, o prazo prescricional no pode ter incio. Mais uma vez trata-se do princpio da actio nata (a prescrio no corre enquanto no nascer a ao possvel de ser ajuizada). Quando a ao se originar de fato que deva ser apurado no juzo criminal no correr a prescrio antes da respectiva sentena definitiva (art. 200, CC). Exemplo: foi instaurado um processo criminal em que A acusado de matar B. A alega que no matou (negativa de autoria). Neste caso a deciso criminal ir influir no Direito Civil. Como regra h uma independncia entre as esferas criminal, civil e administrativa (art. 935, CC). Mas em algumas situaes (ex: a existncia ou no do fato delituoso e a negativa de autoria), a deciso criminal faz coisa julgada no cvel. Portanto, deve-se aguardar o desfecho do processo criminal. Somente depois que a questo for resolvida no Juzo Criminal, apontando a autoria e a materialidade do delito que se inicia o prazo prescricional. No nosso exemplo: aguarda-se a sentena criminal. Se A for condenado criminalmente, a partir desta condenao inicia-se o prazo de prescrio para que os familiares de B ingressem com eventual ao de reparao de danos pela prtica do ato ilcito no Juzo Cvel. Vejamos agora um exemplo prtico em relao aos efeitos da suspenso da prescrio: imaginem um direito qualquer, cujo prazo prescricional previsto na lei seja de cinco anos. Passaram-se trs anos e a pessoa no entrou com a ao judicial adequada. Aps esse perodo (trs anos), surge uma causa suspensiva da prescrio. A partir deste momento o prazo fica paralisado, suspenso. Durante o perodo em que o prazo esteve parado, ele no computado. Posteriormente a circunstncia que fez com que o prazo fosse suspenso, deixou de existir. O prazo volta a correr. O credor tem direito de ingressar com a ao de cobrana. Mas s pelo prazo que resta. No exemplo dado s restam dois anos. Ou seja: cinco anos (prazo inicial) menos trs anos (prazo que j havia ocorrido), igual a dois anos (o que ainda resta). Assim, esse o prazo que resta para se ingressar com a ao, antes do prazo fatal da prescrio. O prazo volta a correr contado da data em que havia parado. Costumo sempre dar o seguinte quadrinho para se entender melhor o tema: Suspenso do Prazo Prescricional 1 Ano 2 Ano 3 4 5

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBARde prazo Fluxo prescricional de 05 anos, onde j decorreram 03 anos. Suspenso do Prazo Cessada a suspenso, o prazo retoma seu fluxo pelo saldo (no caso so mais 02 anos).

Observao Importante Diz o art. 201, CC que Suspensa a prescrio em favor de um dos credores solidrios, s aproveitam os outros se a obrigao for indivisvel. J vimos este dispositivo. Mas vamos explicar isso melhor. Se uma obrigao tiver credores solidrios (ou seja, qualquer credor pode exigir do devedor a prestao por inteiro), mas o objeto divisvel (ex: dinheiro), e ocorreu uma causa de suspenso de prescrio para apenas um dos credores, a prescrio ficar suspensa apenas em relao este credor (ou seja, em relao aos demais credores o prazo continua a correr normalmente). Exemplo: trs pessoas so credoras de uma quarta de uma importncia em dinheiro. Um dos credores se tornou absolutamente incapaz. Neste caso a prescrio somente no corre contra o incapaz, correndo normalmente contra os demais, pois a obrigao de entregar dinheiro divisvel. Por outro lado, se a obrigao solidria for indivisvel, uma vez suspensa a prescrio em favor de um dos credores, tal suspenso aproveitar (ser estendida) aos demais. Exemplo: dois credores, sendo que um tem 13 anos (absolutamente incapaz) tm direito de receber um cavalo puro-sangue reprodutor (obrigao indivisvel). Neste caso o prazo prescricional somente comear a fluir para todos quando o incapaz completar 16 anos (pois a partir da ele deixa de ser absolutamente incapaz). 2) CAUSAS INTERRUPTIVAS (art. 202 a 204, CC) So circunstncias que impedem o fluxo normal do prazo prescricional, inutilizando o tempo j decorrido, de modo que o prazo recomea a correr a partir da data do ato que o interrompeu, ou seja, o perodo j decorrido inutilizado e o prazo volta a correr novamente por inteiro. A contagem recomea do zero. Exemplo: o prazo prescricional de cinco anos. Aps trs anos de fluncia de prazo foi o mesmo interrompido. Este prazo recomea do zero. A parte tem mais cinco anos para entrar com a ao apropriada. O efeito instantneo: o prazo recomea a correr da data do ato que a interrompeu, ou do ltimo ato do processo para a interromper. Suspenso X Interrupo A grande diferena ente suspenso e interrupo da prescrio que na suspenso o prazo temporariamente paralisado, de forma que superado o fato suspensivo, a prescrio continua a correr computando-se o tempo que j tinha decorrido (recomea a correr pelo tempo faltante). J na interrupo a causa interruptiva faz com que o prazo j iniciado seja desconsiderado, comeando a ser contado de novo desde o incio. www.pontodosconcursos.com.br ww w. po nt od os co nc ur s. co m.br

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBAROutra coisa: Na interrupo, como regra, exige-se um comportamento ativo, uma provocao do credor (ex: a notificao). J na suspenso exige-se apenas a ocorrncia de um fato previsto na lei; ocorrido este, o prazo prescricional suspenso de forma automtica. Causas Como vimos acima, a interrupo depende, em regra, de um comportamento ativo do credor, que deve mostrar interesse no exerccio ou proteo do direito. So causas que interrompem a prescrio: O despacho do Juiz, mesmo incompetente, que determinar a citao, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual. Aqui necessrio fazer uma conexo com o art. 219 do Cdigo de Processo Civil: A citao vlida torna prevento o juzo, induz litispendncia e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por Juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrio. Notem que h um certo conflito entre o texto do Cdigo Civil (que menciona o despacho do Juiz) e o texto do Cdigo de Processo Civil (que menciona a citao em si). A doutrina vem tentando harmonizar os dois dispositivos, prevalecendo a tese de que a interrupo se d com a citao, porm, com efeitos retroativos data da propositura da ao, desde que obedecidos os prazos fixados na lei processual. O protesto judicial (trata-se de uma ao judicial, na verdade uma medida cautelar prevista no CPC) ou o protesto cambial (ou seja, o protesto extrajudicial de um ttulo de crdito como o protesto de um cheque, de uma nota promissria ou de uma duplicata). Ambas as situaes se destinam a prevenir responsabilidade, ressalvar e conservar direitos ou manifestar qualquer inteno de modo formal. Tais providncias refletem um comportamento ativo do credor, demonstrando a sua inteno de agir, de ver seu crdito pago, constituindo o devedor em mora e interrompendo a prescrio. A apresentao do ttulo de crdito em juzo de inventrio, ou em concurso de devedores. A habilitao do credor em inventrio, na falncia ou nos autos de insolvncia civil, constitui comportamento que tambm demonstra a inteno do credor em interromper a prescrio. Qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor. Exemplo: interpelao judicial, notificao judicial, aes cautelares de uma forma geral, etc. Qualquer ato inequvoco ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito do devedor. Exemplo: pagamento de uma parcela do dbito, pedido de prorrogao de prazo para pagamento da dvida, etc. Esta hiptese muito interessante, pois se trata da nica em que h interrupo da prescrio, sem que haja uma atividade do credor, mas sim do devedor. Ateno A interrupo da prescrio no Direito Civil s poder se dar uma vez ( o que determina expressamente o art. 202, caput, CC). A restrio

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBAR benfica, evitando, com isso inmeras interrupes abusivas, a m-f e o adiamento da soluo das pendncias. Exemplo prtico de uma hiptese de interrupo do prazo de prescrio: imaginem novamente um direito qualquer, cujo prazo prescricional seja de cinco anos. Passaram-se trs anos e a pessoa no entrou com a ao judicial. Aps esse prazo, surge uma causa interruptiva da prescrio (ex: credor ingressa com uma notificao ou protesta um ttulo de crdito). Neste caso o prazo zera, ou seja, volta estaca zero. O prazo reinicia o seu curso. A pessoa tinha cinco anos para exercer o direito. Passaram-se trs e no exerceu. Com a interrupo devolve-se o prazo de cinco anos para ingressar com a ao principal. Vejam o quadro abaixo que facilita o entendimento da matria: Interrupo do Prazo Prescricional 1 Ano 2 3 Interrupo Do Prazo 1 2 Ano 3 4 5

Fluxo de um prazo prescricional de 05 anos, onde j decorreram 03 anos.

Interrompido, o prazo fluir por mais 05 anos; inicia-se novamente, mas por apenas uma vez mais.

Quem pode promover a interrupo da prescrio? Nos termos do art. 203, CC, a interrupo da prescrio poder ser promovida por qualquer pessoa que tenha um interesse jurdico. Portanto tm legitimidade para o ato: o prprio titular do direito em via de prescrio. quem legalmente o represente. terceiro que tenha legtimo interesse (ex: credores, fiadores ou herdeiros do credor). Reflexos da interrupo da prescrio (art. 204, CC). Em princpio a interrupo da prescrio beneficia apenas quem a promove. Assim, como regra, no caso de pluralidade de credores, o fato de um credor promover a interrupo, tal fato beneficiar apenas quem alegou a interrupo e no ser estendido aos demais credores. Da mesma forma, como regra, se houver a pluralidade de devedores e o credor interrompeu a prescrio em relao a apenas um deles, este fato prejudicial no ser estendido aos demais devedores. No entanto h excees: Se for obrigao solidria (passiva ou ativa) a interrupo efetuada contra um devedor atingir (prejudicando) os demais; e a interrupo aberta por um dos credores atingir (beneficiando) os demais. Isto porque na solidariedade os vrios credores so considerados com um s credor e, da mesma forma, todos os devedores so considerados como um s devedor. A interrupo operada contra um dos herdeiros do devedor solidrio no prejudicar os outros herdeiros, a menos quando se tratar de obrigao indivisvel. Isto assim porque a solidariedade no se transmite aos herdeiros, salvo se a obrigao for indivisvel. www.pontodosconcursos.com.br ww w. po nt od os co nc ur s. co m.br

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBAR Finalmente, se um credor interrompe a prescrio contra o devedor de uma obrigao principal (ex: locao), interrompe-se, tambm, eventual prazo prescricional contra o devedor da obrigao acessria (ex: fiana). Lembrem-se mais uma vez da regra: o acessrio segue o principal.

PRAZOS PRESCRICIONAIS O prazo da prescrio o espao de tempo que decorre entre seu termo inicial e final. O atual Cdigo Civil em seu art. 205 optou por um critrio simplificado de 10 anos para o prazo prescricional geral, tanto para as aes pessoais como para as reais, salvo quando a lei no lhe haja fixado prazo menor. Assim, para sabermos em quanto tempo prescreve uma determinada ao, devemos proceder da seguinte forma: primeiramente verificamos se a ao que desejamos propor est prevista em algum dos pargrafos do art. 206, CC. Se encontrarmos a situao prevista em algum dispositivo, o prazo o nele determinado expressamente. Porm, se analisamos todas as situaes legais e no encontramos a ao que desejamos propor, aplica-se a regra geral de 10 anos do art. 205, CC. Temos, portanto temos duas espcies de prazo. Espcies de Prazo 1) Ordinrio (ou comum) 10 (dez) anos em aes pessoais (ex: uma ao de cobrana que envolve duas pessoas: credor e devedor) ou reais (ex: uma ao que envolve posse, propriedade, hipoteca, etc.), alusivas ao patrimnio do titular da pretenso. Art. 205, CC: A prescrio corre em dez anos, quando a lei no lhe haja fixado prazo menor. 2) Especial so prazos mais exguos (de um a cinco anos), pois h uma presuno de que conveniente reduzir o prazo geral para possibilitar o exerccio de certos direitos de forma a evitar que acontecimentos do passado remoto possam ainda ser questionados. Esto previstos no art. 206 e todos os seus pargrafos do CC. A diferena dos prazos repousa em uma valorao feita pelo legislador, bem como em condies pessoais do titulares das pretenses. No se discute se eles so longos ou curtos; so fixados pela lei, que a nica fonte deles em nosso sistema. Destacamos como os mais importantes (somente pelo fato de haver maior incidncia em concursos pblicos): a) 02 (dois) anos pretenso para haver prestaes alimentares, a partir da data em que se vencerem. interessante deixar claro que a prescrio somente atinge as prestaes alimentares e nunca o direito aos alimentos. O direito aos alimentos imprescritvel; o que prescreve so as prestaes alimentares. b) 03 (trs) anos pretenso de reparao civil por ato ilcito; pretenso para haver o pagamento de ttulos de crdito, a contar do vencimento (ressalvadas as disposies de lei especial); pretenso relativa a aluguis de prdios urbanos ou rsticos.

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBARc) 05 (cinco) anos pretenso dos profissionais liberais em geral (mdicos, advogados, contadores, etc.), pelos seus honorrios, contado o prazo da concluso do servio. Citamos agora os prazos prescricionais em geral: Prescrevem em 01 (um) ano: a) a pretenso dos hospedeiros ou fornecedores de vveres destinados a consumo no prprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos; b) a pretenso do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo: - para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que citado para responder ao de indenizao proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuncia do segurador; - quanto aos demais seguros, da cincia do fato gerador da pretenso; c) a pretenso dos tabelies, auxiliares da justia, serventurios judiciais, rbitros e peritos, pela percepo de emolumentos, custas e honorrios; d) a pretenso contra os peritos, pela avaliao dos bens que entraram para a formao do capital de sociedade annima, contado da publicao da ata da assemblia que aprovar o laudo; e) a pretenso dos credores no pagos contra os scios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicao da ata de encerramento da liquidao da sociedade. Prescreve em 02 (dois) anos: - a pretenso para haver prestaes alimentares, a partir da data em que se vencerem. Quando o edital exige o tema Direito de Famlia, aconselho ateno neste prazo, pois o que tem maior incidncia... Prescrevem em 03 (trs) anos: a) a pretenso relativa a aluguis de prdios urbanos ou rsticos; b) a pretenso para receber prestaes vencidas de rendas temporrias ou vitalcias; c) a pretenso para haver juros, dividendos ou quaisquer prestaes acessrias, pagveis, em perodos no maiores de um ano, com capitalizao ou sem ela; d) a pretenso de ressarcimento de enriquecimento sem causa; e) a pretenso de reparao civil; f) a pretenso de restituio dos lucros ou dividendos recebidos de m-f, correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuio;

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBARg) a pretenso contra as pessoas em seguida indicadas por violao da lei ou do estatuto, contado o prazo: - para os fundadores, da publicao dos atos constitutivos da sociedade annima; - para os administradores, ou fiscais, da apresentao, aos scios, do balano referente ao exerccio em que a violao tenha sido praticada, ou da reunio ou assemblia geral que dela deva tomar conhecimento; - para os liquidantes, da primeira assemblia semestral posterior violao; h) a pretenso para haver o pagamento de ttulo de crdito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposies de lei especial; i) a pretenso do beneficirio contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatrio. Prescreve em 04 (quatro) anos: - a pretenso relativa tutela, a contar da data da aprovao das contas. Prescrevem em 5 (cinco) anos: a) a pretenso de cobrana de dvidas lquidas constantes de instrumento pblico ou particular; b) a pretenso dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorrios, contado o prazo da concluso dos servios, da cessao dos respectivos contratos ou mandato; c) a pretenso do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juzo. AES IMPRESCRITVEIS Como vimos a prescritibilidade a regra, sendo que a imprescritibilidade a exceo. Assim, como exceo, so imprescritveis as aes que versem sobre: os direitos que protegem a personalidade, como a vida, a honra, o nome, a liberdade, a intimidade, a prpria imagem, as obras literrias, artsticas ou cientficas, etc. o estado da pessoa, como filiao (ex: investigao de paternidade), condio conjugal (separao judicial, divrcio), interdio dos incapazes, cidadania, etc. Uma pergunta que sempre me fazem a seguinte: um filho nascido fora de um casamento pode mover ao de investigao de paternidade a qualquer momento? No h prescrio para isso? Quanto a este tema h uma Smula do Supremo Tribunal Federal a respeito (n 149): imprescritvel a ao de investigao de paternidade, mas no o a de petio de herana. Portanto no h prazo par mover ao de investigao de paternidade. Porm a ao de petio de herana prescreve. Como vimos os prazos prescricionais especiais esto previstos no art. 206, CC. A petio de herana no est prevista naquele rol. Logo cai na regra geral do art. 205, CC cujo prazo de 10 anos. www.pontodosconcursos.com.br ww w. po nt od os co nc ur s. co m.br

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBAR o direito de famlia no que concerne questo inerente penso alimentcia, vida conjugal, regime de bens, etc. aes referentes aos bens pblicos de qualquer natureza. Lembrem-se que no pode haver usucapio referente aos bens pblicos, conforme o art. 102, CC. Smula 340 STF: Desde a vigncia do Cdigo Civil, os bens dominicais, como os demais bens pblicos, no podem ser adquiridos por usucapio. Usucapio no deixa de ser uma espcie de prescrio. Alguns autores inclusive a chamam de prescrio aquisitiva. ao para anular inscrio do nome empresarial feita com violao de lei ou do contrato.

II. DECADNCIA(arts. 207/211, CC) Como vimos mais acima, direito subjetivo a faculdade que o ordenamento reconhece a algum de exigir de outrem determinado comportamento. Entretanto existem alguns direitos subjetivos que no fazem nascer pretenses, pois so destitudos dos respectivos deveres. Eles so chamados de Direitos Potestativos. Direito Potestativo o poder que o agente tem de influir na esfera jurdica de outrem, constituindo, modificando ou extinguindo direitos, sem que este possa fazer alguma coisa, seno sujeitar-se a sua vontade. Exemplo: aceitar ou renunciar herana. Ningum pode me obrigar a aceitar uma herana; eu aceito se eu quiser. E a minha conduta em no aceitar a herana pode refletir em outras pessoas (nos meus filhos que no tero direito a estes bens, nos outros herdeiros que podero acrescer o seu quinho, etc.). Mas estas outras pessoas (lado passivo da relao jurdica) limitam-se apenas em se sujeitar ao exerccio da minha vontade. No h um dever da minha parte. No havendo dever no se pode falar em descumprimento. E consequentemente no h pretenso. Outros exemplos: aceitar ou no a proposta de um contrato de locao ou de oferta de emprego; possibilidade do patro em demite um funcionrio, etc. O tempo limita o exerccio dos direitos potestativos pela inrcia do respectivo titular. Caducidade (em sentido amplo) significa extino de direitos de uma forma geral. J a expresso decadncia usada em sentido estrito, consubstanciando na perda dos direitos potestativos, posto que foi ultrapassado um prazo que a lei estabeleceu para o exerccio de um direito. Assim, decadncia a perda do direito material ou do direito propriamente dito. Como falei acima, o Cdigo Civil atual apresenta mais uma inovao quanto ao tema, disciplinando, expressamente, a decadncia nos artigos 207 a 211. Com a decadncia, extingue-se, no s a pretenso, como o prprio direito existente, pelo no exerccio do mesmo no prazo estabelecido, de modo que nada mais resta. Este direito tambm chamado de direito material, direito propriamente dito, direito em si, etc. Em exames muito comum o uso

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBARda expresso: decadncia a perda de um direito potestativo, como vimos acima. O Cdigo Civil estabelece prazos para que a pessoa exera o seu direito potestativo. No se exercendo este direito dentro de determinado prazo, por no haver neste direito uma prestao, ela jamais poder faz-lo; tem-se a extino do prprio direito. Se algum paga um dbito cujo prazo eventualmente j havia sido atingido pela decadncia, essa pessoa tem direito restituio da importncia paga, porque no mais existia o direito quele crdito. Lembrem-se que se algum pagar algo que estava prescrito no pode pedir de volta o que pagou. O pagamento valeu. Por qu? Porque o Direito Material ainda existia. Mas se algum paga algo em que ocorreu a Decadncia, pode pedir o dinheiro de volta, pois pagou algo que no existe mais, sob o ponto de vista jurdico. No h mais o direito material. Costumamos dizer que ainda existe a dvida sob o ponto de vista moral; moralmente a pessoa ainda estaria devendo. Mas juridicamente a dvida no mais existe, pois a decadncia atingiu o prprio direito; a dvida em si. Decadncia X Prescrio Entre muitas outras diferenas (observem o quadro comparativo mais abaixo), a doutrina costuma enfatizar o seguinte: Na decadncia o prazo comea a fluir no momento em que nasce o direito; surge, simultaneamente direito e termo inicial. J o prazo prescricional s se inicia quando o direito violado; quando ocorre a leso ao direito subjetivo. Alm disso, os prazos prescricionais resultam exclusivamente da lei; j na decadncia, como veremos, os prazos podem ser legais ou convencionais, mas no podem ser suspensos ou interrompidos e, geralmente, so menores do que os prescricionais. Enquanto a prescrio atinge a pretenso, a decadncia atinge o prprio direito, o direito material. Ateno Direito de Ao X Direito Material

Para ficar bem claro que na Prescrio perde-se o direito pretenso e na Decadncia perde-se o direito material, costumo sempre diferenciar o que um direito material e o que um direito de ao. J falamos sobre isso. Vamos reforar... Vou inicialmente usar um exemplo do Direito Penal. A nossa Constituio Federal estabelece uma srie de Direitos e Garantias ao cidado. Um deles o Direito de Locomoo; o direito de ir, vir e permanecer (art. 5o, inciso LXVIII). Logo o Direito de Locomoo um direito propriamente dito, um direito material. Se uma autoridade viola esse direito, ou seja, determina a priso da pessoa de forma ilegal, o que esta pessoa deve fazer?? Ingressar com uma ao!!! Qual o nome desta ao? Habeas Corpus. O Habeas Corpus , ento, uma ao. Portanto: Direito Material o direito de locomoo; a liberdade. Direito de Ao Habeas Corpus. Outro exemplo, agora no Direito www.pontodosconcursos.com.br ww w. po nt od os co nc ur s. co m.br

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBARCivil: eu empresto determinada quantia de dinheiro a um conhecido. Qual o meu direito? De receber de volta o dinheiro que eu emprestei (direito ao crdito). Este o meu direito material; o meu direito propriamente dito. Se essa pessoa no me paga o que est devendo, est violando meu direito material. Com isso, nasce o meu direito pretenso. Ou seja, o meu direito de cobrar judicialmente o que ele me deve. Assim: Direito Material o de receber o que eu emprestei; Direito de Ao a Ao de Cobrana que devo propor. ESPCIES DE DECADNCIA O objeto da decadncia o direito que por determinao legal ou convencional (vontade humana unilateral ou bilateral), est subordinado condio de exerccio em certo espao de tempo, sob pena de caducidade. A decadncia pode ser classificada em: A) Decadncia Legal Ocorre quando o prazo estiver previsto na lei. Os exemplos de decadncia por determinao legal so os previstos expressamente no Cdigo Civil e em leis especiais. Exemplos: prazo para alegar defeito oculto em algum produto que adquiriu; prazo para anular um negcio jurdico por ter algum defeito relativo ao consentimento (erro, dolo, coao, etc. art. 178, CC). Segundo o art. 209, CC a decadncia resultante de prazo legal no pode ser renunciada pelas partes (nem antes e nem depois de consumada), sob pena de nulidade absoluta. Isto porque as hipteses legalmente previstas versam sobre questes de ordem pblica, no cabendo s partes afastar sua incidncia legal. B) Decadncia Convencional Ocorre quando sua previso decorrer de uma clusula pactuada pelas partes em um contrato (autonomia privada). A contrario sensu (entendimento doutrinrio) do art. 209, CC que probe a renncia da decadncia fixada em lei, pode-se concluir que possvel a renncia decadncia convencional. Exemplo clssico: oferta, em uma loja de eletrodomsticos, de venda vlida somente por alguns dias (a chamada liquidao total; ou queima de estoques, etc.). Exercido o direito afasta-se a decadncia, uma vez que esta se d quando o direito no exercido. Se voc no aproveitar a oferta dentro do prazo marcado, no poder mais ir loja para aproveitar a oferta. Como a oferta no mais existe, tambm o direito a ela se extinguiu. Outro exemplo: prazo para o exerccio do direito de arrependimento previsto no prprio contrato. Arguio Pelo art. 210, CC o Juiz deve (trata-se de um dever e no mera faculdade) conhecer e decretar a decadncia legal, mesmo que no haja provocao das partes, no momento em que a detectar. Falamos que neste caso o Juiz pode agir ex officio. Este direito irrenuncivel (diferentemente da prescrio, em que se pode renunciar, embora somente aps a sua www.pontodosconcursos.com.br ww w. po nt od os co nc ur s. co m.br

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBARconsumao). Na decadncia legal h um interesse social em se ver extinto o direito pelo seu no exerccio no prazo previsto em lei. Por analogia entende-se que a decadncia pode ser arguida em qualquer estado da causa e em qualquer instncia. Em que pese a revogao do art. 194, CC (referente prescrio), se o prazo decadencial foi estipulado pelas partes (convencional), o Juiz no pode reconhecer a decadncia de ofcio. Isto porque foram os prprios contratantes (e no a lei) que estabeleceram o prazo decadencial para o exerccio do direito. Portanto somente eles que teriam o direito de aleg-la, em qualquer fase do processo ou grau de jurisdio. Tal regra de extrai do art. 211, CC. Resumindo: a) o Juiz deve conhecer de ofcio a decadncia legal; b) o Juiz somente declara a decadncia convencional, se provocado pelo interessado; c) a parte interessada pode alegar a decadncia em qualquer grau de jurisdio. Efeitos O efeito da decadncia a extino do direito em decorrncia de inrcia do titular para o seu exerccio. O efeito tempo devastador: extingue o direito, extinguindo, indiretamente, a ao. Como regra, no se aplicam decadncia todas aquelas normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrio (art. 207, CC). Portanto o prazo decadencial corre contra todos (falamos em efeito erga omnes). Nem mesmo aquelas pessoas contra as quais no corre a prescrio ficam livres de seu efeito. A nica exceo a hiptese do art. 208, combinado com o art. 198, I ambos CC, pois o prazo decadencial no corre contra os absolutamente incapazes (embora possa correr a favor). Concluindo, salvo a hiptese mencionada pela lei, a decadncia somente pode ser obstada pelo efetivo exerccio do direito, dentro do lapso de tempo prefixado. A exemplo da prescrio, os relativamente incapazes e as pessoas jurdicas tambm tm direito de ao regressiva contra os seus assistentes ou representantes legais que deram causa decadncia ou no a alegaram oportunamente (art. 208, combinado com o art. 195, ambos do CC). Prazos Como vimos, atualmente os prazos prescricionais esto expressamente discriminados nos artigos 205 e 206, CC. Logo, todos os demais prazos estabelecidos pelo Cdigo so decadenciais. Citamos alguns, de forma exemplificativa: 03 dias sendo a coisa mvel, inexistindo prazo estipulado para exercer o direito de preempo (preferncia), aps a data em que o comprador tiver notificado o vendedor (art. 516, CC). 30 dias contados da tradio da coisa para o exerccio do direito de propor a ao em que o comprador pretende o abatimento do preo da coisa mvel recebida com vcio redibitrio ou rescindir o contrato e reaver o preo pago, mais perdas e danos (art. 445, CC) ao estimatria.

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBAR 60 dias para exercer o direito de preempo, inexistindo prazo estipulado, se a coisa for imvel, aps a data em que o comprador tiver notificado o vendedor (art. 516, CC). 90 dias para o consumidor obter o abatimento do preo de bem imvel recebido com vcio. 120 dias prazo para impetrar Mandado de Segurana, contados da cincia, pelo interessado, do ato impugnado (art. 23 da Lei n 12.016/09). 180 dias para o condmino, a quem no se deu conhecimento da venda, haver para si a parte vendida a estranhos, depositando o valor correspondente ao preo; direito de preferncia, se a coisa for mvel, reavendo o vendedor o bem para si (art. 513, pargrafo nico, CC); para anular casamento do menor quando no autorizado por seu representante legal, contados do dia em que cessou a incapacidade (se a iniciativa for do incapaz), a partir do casamento (se a proposta for do representante legal) ou morte do incapaz (se a atitude for tomada pelos seus herdeiros necessrios) art. 1.555 e 1, CC; para a anulao de casamento, contados da data da celebrao, de incapaz de consentir (art. 1.560, I, CC); para invalidar casamento de menor de 16 anos, contados para o menor do dia em que perfez essa idade e da data do matrimnio para seus representantes legais (art. 1.560, 2, CC). 01 ano para obter a redibio ou abatimento no preo, se for imvel, contado da entrega efetiva (art. 445, CC); para pleitear revogao de doao, contado da data do conhecimento do doador do fato que a autorizar (art. 559, CC). ano e dia para desfazer janela, sacada, terrao ou goteira sobre o seu prdio (art. 1.302, CC). 02 anos para mover ao rescisria (art. 495, CPC); para anular negcio jurdico, no havendo prazo, contados da data da concluso do ato (art. 179, CC); para exercer o direito de preferncia se a coisa for imvel (art. 513, pargrafo nico, CC); anulao de casamento se incompetente a autoridade celebrante (art. 1.560, II, CC); para pleitear anulao de ato praticado pelo consorte sem a outorga do outro, contado do trmino da sociedade conjugal (art. 1.649, CC). 03 anos para o vendedor de coisa imvel recobr-la, se reservou a si tal direito, mediante devoluo do preo e reembolso das despesas do comprador (art. 505, CC); exercer direito de intentar ao de anulao de casamento, contado da data da celebrao, em razo de erro essencial sobre a pessoa do outro cnjuge (art. 1.560, III, CC). 04 anos para pleitear anulao de negcio jurdico contado: no caso de coao, do dia em que ela cessar; no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou leso, do dia em que se realizou o negcio jurdico; no de ato de incapazes, no dia em que cessar a incapacidade (art. 178, I, II e III, CC); para intentar ao de anulao de casamento, contado da data da celebrao por ter havido coao (art. 1.560, IV, CC). www.pontodosconcursos.com.br ww w. po nt od os co nc ur s. co m.br

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBAR 05 anos impugnar a validade de testamento, contado da data de seu registro. Um exemplo que no est no Cdigo Civil o do art. 26 do Cdigo de Defesa do Consumidor, ou seja, o direito do consumidor de reclamar pelos vcios aparentes ou de fcil constatao, que caduca em: a) 30 (trinta) dias, tratando-se de fornecimento de servios e de produtos nodurveis; b) 90 (noventa) dias, tratando-se de fornecimento de servios e de produtos durveis. Meus amigos Como vimos, importantssima a distino e o conhecimento dos institutos da Prescrio e Decadncia. No entanto, alguns vocbulos de outras matrias tambm podem ser usados pelo examinador para tentar confundir o candidato. Portanto, mesmo estes no estando no programa de Direito Civil, acho interessante a sua meno e breve explicao. Em um curso jurdico, em uma Faculdade de Direito esses temas no so misturados em uma aula, pois pertencem a ramos diferentes do Direito. Mas para efeito de concursos, acho importante ressaltar a diferena, pois em uma questo o examinador pode colocar essas palavras em alternativas diversas, mesmo estando erradas, exatamente para confundir o candidato. Assim: Precluso a perda de uma faculdade ou de um direito processual, por no ter sido exercido no momento correto. Garante-se o avano da relao processual e obsta-se o seu recuo para fases anteriores. Todo processo tem um rito a ser seguido. Em cada fase do processo a lei faculta s partes praticarem determinados atos. Caso assim no procedam, perdem a oportunidade, ocorrendo a precluso. Exemplo: as partes tm um prazo para arrolar testemunhas no processo; o Juiz as notifica para tanto e elas nada requerem houve a precluso temporal. Outro exemplo: o Juiz condenou uma das partes e a intimou para recorrer da deciso. No entanto o condenado perdeu o prazo para recorrer da deciso. Ocorreu a precluso e ele no pode mais recorrer. Portanto a precluso impede que a questo seja renovada, dentro do mesmo processo (art. 183, CPC). Assim, ultrapassado o momento adequado para praticar o ato, o Juiz no ir reabrir mais este prazo... o processo segue adiante... Perempo o ato ou efeito de perimir; de extinguir algo. Juridicamente usado em trs situaes. No Processo Civil a perda do direito de ao pelo autor que foi contumaz (ou seja, que reiterou o erro), dando causa a trs arquivamentos sucessivos (art. 268, pargrafo nico do CPC), impedindo que a mesma ao seja proposta uma quarta vez. No Processo Penal ela tambm uma sano processual, mas somente existe nas aes penais privadas (ou seja, que se iniciam por meio de uma queixa-crime do ofendido e no por meio de denncia oferecida pelo Ministrio Pblico). O art. 60 do CPP, estabelece as hipteses de perempo (ex: quando o querelante o autor da ao; o ofendido deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos). J a terceira situao diz respeito ao Direito Civil,

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBARmais especificamente hipoteca. Neste caso perempo o nome que se d a extino da hipoteca aps o transcurso do prazo de trinta anos (art. 1.485, CC). Preempo este outro termo que serve para confundir o aluno em concursos. Observem que s trocar uma letra e pelo r e perempo se transforma em preempo. Preempo significa... prelao... Bem... e o que prelao? o direito de preferncia. Assim, preempo, prelao e preferncia so expresses sinnimas. Exemplo prtico: Se eu sou locador (proprietrio) de um imvel e desejo vender este imvel, preciso dar o direito de preferncia ao locatrio (inquilino) para que ele diga se quer ou no compr-lo. O mesmo pode ocorrer em um condomnio. Trs pessoas so donas de um barco. Um dos coproprietrios deseja vendar sua parte. Ele precisa dar o direito de preferncia aos demais condminos. Caros Alunos. O quadro que veremos adiante de suma importncia. a sntese do tema que estamos tratando = Prescrio e Decadncia. Recorra a este grfico sempre que estiver com alguma dvida sobre o assunto tratado. Se a dvida ainda continuar, releiam a matria. Distines entre Prescrio e DecadnciaPRESCRIO 1) Extingue apenas a pretenso (ao). No interfere no direito material. DECADNCIA 1) Extingue o direito material pela falta de exerccio dentro do prazo. Atinge indiretamente a ao. 2) Os prazos so estabelecidos pela lei ou pela vontade das partes. 3) Na decadncia decorrente de prazo legal o Juiz deve declar-la de oficio, independente de arguio. 4) A decadncia decorrente de prazo legal no pode ser renunciada pelas partes: nem antes e nem depois de consumada.

2) Os prazos so estabelecidos somente pela lei. 3) Atualmente pode ser declarada de ofcio pelo Juiz, mesmo nas aes patrimoniais. O art. 194, CC foi revogado. 4) A parte pode no aleg-la. renuncivel. Porm, somente aps a sua consumao. A renncia pode ser expressa ou tcita, mas nunca em prejuzo de terceiros. 5) No corre contra determinadas pessoas. O prazo pode ser impedido, suspenso ou interrompido. Ex: cnjuges, poder familiar, tutela, curatela, absolutamente incapazes, etc.

5) Corre contra todos (efeito erga omnes), como regra. No se suspende e nem se interrompe. Exceo no corre contra os absolutamente incapazes (art. 208, c.c. art. 198, I ambos do CC). 6) No se admite suspenso ou interrupo em favor daqueles contra os quais no corre prescrio. S pode ser obstada pelo exerccio efetivo do direito ou da ao.

6) Causas de impedimento ou suspenso arts. 197, 198, 199 e 200, CC. Causas de interrupo art. 202 CC. As causas esto expressamente previstas em lei, no se admitindo analogia.

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBAR7) Regra Geral Prazo de 10 anos (art. 205, CC). Prazos Especiais 01, 02, 03, 04 e 05 anos (conforme a hiptese do art. 206 e seus pargrafos, CC). 7) No h regra geral para os prazos. Eles podem ser de dias, meses e anos. Previstos em dispositivos esparsos pelo Cdigo e Leis Especiais.

Dica de Concurso Num caso concreto, para saber se o prazo prescricional ou decadencial (o examinador pode pedir isso muito comum, inclusive), procure inicialmente identificar se este prazo est previsto no art. 205 (prazo geral) ou no art. 206 (prazos especiais), do Cdigo Civil. Caso identifique o prazo nestes artigos, ser o mesmo prescricional. J os prazos decadenciais esto dispostos em outros dispositivos espalhados pelo Cdigo Civil e em leis especiais. Aps isso, verifique a contagem de prazos. Se for em dias, meses ou ano e dia, o prazo decadencial. Se o prazo for em anos (01, 02, 03, 04 05 ou 10) poder ser de prescrio ou de decadncia. Vamos agora apresentar o nosso j famoso quadrinho sintico, que um resumo do que foi falado na aula de hoje. Esse resumo tem a funo de ajudar o aluno a melhor assimilar os conceitos dados em aula e tambm de facilitar a reviso da matria para estudos futuros. QUADRO SINTICO FATOS E ATOS JURDICOS (1a Parte)I. FATO COMUM Ao humana ou fato da natureza sem repercusso na rbita do Direito. II. FATO JURDICO acontecimento ao qual o Direito atribui efeitos, possuindo relevncia jurdica. A.R.M.E. (Aquisio, Resguardo, Modificao e Extino) de Direitos. Alguns autores acrescentam tambm a Transmisso de Direitos. A) Aquisio de Direitos quando incorpora ao patrimnio ou personalidade de seu titular. B) Resguardo de Direitos atos praticados judicial ou extrajudicialmente para proteg-los, defend-los. C) Modificao de Direitos transformao de seu contedo ou de seu titular, sem alterao de sua essncia. D) Extino dos Direitos perecimento da coisa, alienao, prescrio e decadncia. III. CLASSIFICAO DOS FATOS JURDICOS A) Fato Jurdico Natural (Fato Jurdico em Sentido Estrito ou Stricto Sensu) veremos melhor mais abaixo, no item IV: 1) Ordinrio. 2) Extraordinrio. B) Fato Jurdico Humano (Ato) veremos melhor na prxima aula:

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CURSO ON-LINE DIREITO CIVIL - REGULAR PROFESSOR: LAURO ESCOBAR1) Ato Jurdico em Sentido Amplo (lato sensu) ou Voluntrio (Ato Lcito), englobando: a) Ato Jurdico em Sentido Estrito (stricto sensu) efeitos decorrentes da lei. b) Negcio Jurdico efeitos decorrentes da vontade das partes. 2) Ato Ilcito (ou Involuntrio) transgresso de um dever jurdico: a) Penal sano pessoal. b) Administrativo sano pessoal. c) Civil sano patrimonial dever de reparar o dano causado. IV. FATO JURDICO NATURAL ou FATO JURDICO EM SENTIDO ESTRITO (STRICTO SENSU) A) Ordinrio o que ocorre normalmente, produzindo efeitos jurdicos: nascimento, maioridade, morte (por causas naturais), aluvio (art. 1.250, CC), avulso (art. 1.251, CC), decurso de tempo (prescrio e decadncia), etc. B) Extraordinrio trata-se do caso fortuito ou da fora maior (ex: terremoto). Possui importncia ao Direito, pois excluem, como regra, a responsabilidade. Elementos: imprevisibilidade, inevitabilidade e ausncia de culpa. V. PRESCRIO (arts. 189 a 206, CC) A) Pretenso todo direito subjetivo deve ser protegido por uma ao. No momento em que o direito violado surge uma pretenso (actio nata). Prescrio a perda do direito a esta pretenso, pela inrcia do seu titular durante determinado espao de tempo. Atinge as pessoas naturais e as jurdicas. A exceo (forma de defesa) prescreve no mesmo prazo que a pretenso. B) Requisitos ao judicial exercitvel (pois houve a violao de um direito, nascendo, com isso, a pretenso) e inrcia do titular da ao por um espao de tempo previsto na lei. C) Renncia o devedor pode renunciar prescrio (ex: devedor paga uma dvida prescrita). Mas isto somente pode se dar depois que a prescrio se consumar ( proibida a renncia antecipada). A renncia pode ser expressa ou tcita, no se admitindo se for em prejuzo de terceiros. D) Alegao em qualquer fase do processo; em primeira ou segunda instncia. E) Declarao ex officio (ou seja, sem que a outra parte tenha alegado) O art. 194, CC foi revogado. Com isso, atualmente, o Juiz pode declarar a prescrio de uma ao, independentemente de requerimento da outra parte. F) Efeitos Essenciais 1) Somente a lei pode delimitar os prazos prescricionais. E eles no podem ser alterados pelos particulares, mesmo que haja acordo de vontades entre as partes. 2) Os relativamente incapazes (art. 4o, CC) e as pessoas jurdicas tm direito a ao regressiva contra os seus assistentes ou representantes legais que derem causa prescrio, ou no a alegarem oportunamente.

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