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Guapimirim

Agenda 21 Guapimirim

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Agenda 21 de Guapimirim

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  • Guapimirim

  • 4AGENDA 21 COMPERJ

    Grupo Gestor:

    Petrobras Gilberto Maldonado Puig

    Ministrio do Meio Ambiente

    Karla Monteiro Matos (2007 a junho de 2010) Geraldo Abreu (a partir de julho de 2010)

    Secretaria de Estado do Ambiente (RJ)

    Carlos Frederico Castelo Branco

    Equipe:

    Coordenao Geral: Ricardo Frosini de Barros Ferraz

    Coordenao Tcnica: Patricia Kranz

    Redao: Arilda TeixeiraJanete AbrahoKtia Valria Pereira GonzagaPatricia KranzThiago Ferreira de Albuquerque

    Pesquisa: Mnica Deluqui e Ruth Saldanha

    Reviso de Contedo: Ruth Saldanha

    Reviso: Bruno Piotto e Fani Knoploch

    Leitura Crtica: Cludia Pfeiffer

    Edio de Texto: Vania Mezzonato / Via Texto

    Colaborao: Ana Paula CostaBruno PiottoHebert LimaLiane ReisLuiz NascimentoNathlia Arajo e Silva

    Fomento dos Fruns: Ana Paula Costa

    Colaborao: Leandro QuintoPaulo BrahimRoberto Rocco

    Projeto Grfi co: Grevy Conti Designers

    Seleo e Tratamento de Imagens:

    Maria Clara de Moraes

    Fotos: Amablio Macedo, Ana Paula Costa, Elizabeth Bravo, Jose Carlos Della Vedova, Lucileide de Lara Souza, Marlene Maria Rodrigues, Roberto Rocco, Urano SavayaBanco de Imagens Petrobras / Cris IsidoroAndressa Pieroni Santana / Banco de Imagens do ICMBio, Carlos Augusto Ribeiro Barbosa / Banco de Imagens do ICMBio, APA Guapimirim / Banco de Imagens do ICMBioBanco de Imagens do CPRJ / Marcos Felipe

    Impresso: Minister

  • 5MEMBROS DO FRUM DA AGENDA 21 DE GUAPIMIRIM

    Membros Fundadores

    Primeiro Setor

    1. Jaqueline Ferreira R. Patrcio

    2. Julio Henrique Camargo

    3. Mrcia Teixeira de Mnaco

    4. Marilene Vargas Ribeiro

    5. Marinete Seixas Chaves Cheppi

    6. Marlene Maria Rodrigues

    7. Roberto Rmulo Brando

    Segundo Setor

    8. Eliani de S Mayerhofer

    9. Jos Carlos Della Vedova R.Dantas

    10. Juara Maria Fontes Cerqueira

    11. Rogrio de Almeida Vidaurre

    Terceiro Setor

    12. Alosio Dias Cunha

    13. Ana Helena Goulart

    14. Angela Frana de Oliveira

    15. Maria Ana Oliveti Tuo Gava

    16. Maria Emilia Medeiros do Nascimento

    17. Tho Fernandes

    Comunidade

    18. Alvaro da Silva Coutinho

    19. Gilson Machado de Abreu

    20. Jogiliene Felix da Costa Silva

    Membros Natos1. Carlito Vieira de Almeida - Conselho Municipal de Sade

    2. Eduardo C. V. Rubio - Estao Ecolgica Paraso

    3. Fbio Rangel Macieira - Secretaria Municipal de Obras

    4. Luiz Fernando Saraiva da Silva - Secretaria Municipal de Meio Ambiente e de Desenvolvimento Sustentvel

    5. Marcus Gomes - Parque Nacional da Serra dos rgos

    6. Marlon Vivas Cabral - Cmara dos Vereadores

    7. Paulo Csar da Rocha - Cmara dos Vereadores

    8. Paulo Clem - Secretaria Municipal de Educao e Cultura

    9. Reinaldo Luiz de Almeida Ozolins - Conselho Municipal de Assistncia Social

    10. Rosevane Correa da Silva - Conselho Municipal de Educao

    11. Sonia Maria Eduardo de Frana - Centro de Primatologia do Rio de Janeiro

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  • Um dos principais empreendimentos da histria da Petrobras, o Complexo Petroqumico do Rio de Janeiro (Comperj) dever entrar em operao em 2013. Situado em Itabora, vai transformar o perfil socioeconmico de sua regio de inf luncia.

    Ciente da necessidade de estabelecer um relacionamento positivo com as comunidades sob inf luncia direta de suas operaes, a Petrobras, em parceria com o Ministrio do Meio Ambiente, a Secretaria de Ambiente do Estado do Rio de Janeiro e organizaes da sociedade civil, desenvolveu uma metodologia para implementar a Agenda 21 Local nos municpios localizados no entorno do Comperj.

    Em todo o mundo, j foram desenvolvidas mais de 5 mil Agendas 21 Locais, e diversas empresas utilizaram ou utilizam a Agenda 21 em seus processos de planejamento e alinhamento com a sustentabilidade. No entanto, no se conhece experincia anterior que tenha fomentado um processo em escala semelhante, nem que empregue a Agenda 21 como base de poltica de relacionamento e de comunicao, o que torna esta expe-rincia uma estratgia empresarial indita.

    A implementao de Agendas 21 Locais colabora para estruturar modelos sustentveis de desenvolvimento, ao mesmo tempo em que esclarece o papel de cada setor social nesse processo. Alm disso, neste caso, contribui para que os municpios se preparem mais adequadamente para os impactos e oportunidades advindos do desenvolvimento impulsionado pelo Comperj e por outras empresas que se instalaro na regio.

    A Agenda 21 Comperj expressa o compromisso por parte da Petrobras, do Ministrio do Meio Ambiente, da Secretaria de Ambiente do Estado do Rio de Janeiro e de todos os demais envolvidos, de promover um desenvolvimento pautado na sustentabilidade no entorno da regio em que o Comperj se insere.

    Esse esforo s foi possvel devido ampla participao de toda a sociedade. Assim, agradecemos a todas as instituies, empresas, associaes e cidados que, voluntaria-mente, dedicaram seu tempo e esforos ao fortalecimento da cidadania em seus munic-pios em busca de um modelo de desenvolvimento que leve qualidade de vida para todos.

    Estendemos nosso agradecimento tambm a todas as prefeituras e cmaras de vereado-res, ao Poder Judicirio e a outros representantes do Primeiro Setor por sua participao ativa nesse processo.

    Esperamos que a Agenda 21, fruto de trabalho intenso e amplo compromisso, contribua para a construo de um futuro de paz e prosperidade para esta e as prximas geraes. Transform-la em realidade uma tarefa de todos.

    Grupo Gestor da Agenda 21 Comperj

  • Senhores e senhoras,

    A Agenda 21 um instrumento de planejamento participativo, voltado para o desenvol-vimento sustentvel, priorizando aes que busquem justia social, eficincia econmica e conservao ambiental. Portanto, trata-se de uma Agenda para o Desenvolvimento Sustentvel.

    Em nosso municpio, temos implantada a Agenda 21 Local, formalizada atravs do Frum da Agenda 21 de Guapimirim.

    O Frum da Agenda 21 de Guapimirim desenvolveu um processo de planejamento integrado e participativo que envolveu sociedade civil e governo, atravs da anlise dos problemas locais, com abordagens sociais, culturais, ambientais, institucionais e econmicas, para formular o Plano Local de Desenvolvimento Sustentvel de Guapi-mirim PLDS.

    Esse importante instrumento deve ref letir os anseios e necessidades locais, por meio de projetos e aes a serem implementados em curto, mdio e longo prazos, com os respec-tivos meios de implementao e responsabilidades, quer do governo como da sociedade.

    com grande satisfao que apresento o Plano Local de Desenvolvimento Sustentvel de Guapimirim, importante instrumento para, junto com outros planos locais, alcan-armos o que de melhor desejamos para nosso municpio, eternizando-o de fato e de direito como um paraso ecolgico e social.

    Esse o compromisso que governo e sociedade assumem, juntos, de forma integrada e participativa para o uso social e poltico da Agenda 21.

    Renato Costa de Mello Junior

    Prefeito de Guapimirim

  • Na maioria das vezes, situaes novas quando se apresentam so percebidas como ameaas. Com a chegada do Complexo Petroqumico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), instalado em Itabora-RJ, no foi diferente. Os municpios prximos desse empreendimento sero afetados, direta ou indiretamente, uns numa proporo maior e outros menos, imediatamente ref lexos relativo a questes socioambientais chamaram a ateno de todos ns sobre as conseqncias a serem sentidas em Guapimirim.

    Motivados por essas preocupaes, com os impactos gerados pelo Comperj, um grupo de cidados passou a reu-nir-se e, num processo aberto, participativo e democrtico, procurou identificar necessidades, potencialidades,c prioridades e propostas de solues, buscando transformar as ameaas em oportunidades para nosso municpio. Ao longo desse tempo, algumas dessas pessoas concluram sua contribuio, outros se associaram, iniciando sua participao, e muitos continuam nessa caminhada.

    Em maro de 2009, apoiado pela Lei Municipal no 261, de dezembro de 1999, foi criado o FRUM da AGENDA 21 de GUAPIMIRIM, constitudo por Membros Fundadores, aquele grupo de cidados representando a Sociedade Civil Organizada e Membros Natos que representam entidades pblicas e foras locais. O Frum da Agenda 21 de Guapimirim se caracteriza pela diversidade, pluralidade e representatividade de seus membros, legitimando dessa forma o processo de construo coletiva, trazendo para ele toda riqueza de olhares crticos, saberes populares ou acadmicos, bagagens de conhecimentos e experincias de vida, entre outros tantos valores. Esse trabalho se iniciou sob a conduo de nosso companheiro Valmir Rosa e na sade deste, por nossa companheira Maria Emlia Medeiros.

    Hoje, com muita satisfao e orgulho, estamos vivenciando a formalizao da apresentao do trabalho produzido pelo Frum da Agenda 21 de Guapimirim, que o Plano Local de Desenvolvimento Sustentvel PLDS. Esse o marco inicial, mas muitos outros desafios precisaro ser vencidos. O Frum da Agenda 21 de Guapimirim dinmico e renovvel que tem inicio, mas no esgota porque um processo continuo.

    Passamos a contar com importante instrumento que consolida prticas e/ou aes a serem realizadas, desde o n-vel individual at o nvel institucional. necessrio que todos estejamos compromissados com este plano Poder Executivo, Poder Legislativo, Empresariado e Sociedade Civil, para de fato alcanarmos um desenvolvimento com qualidade de vida em nosso municpio. Urge a necessidade dos Gestores Pblicos, junto com a Sociedade Civil Or-ganizada, reconhecer o homem e seu ambiente, integrando e potencializando as melhores condies para termos em Guapimirim a adoo das melhores prticas para uma vida em harmonia com a natureza, o ambiente e seres vivos.

    Enfi m, esperamos que este Plano Local de Desenvolvimento Sustentvel PLDS contribua signifi cativamente para Guapimirim demonstrar responsabilidade e compromisso com prticas para uma qualidade de vida sustentvel.

    Eliani Mayerhofer

    Coordenadora do Frum da Agenda 21 de Guapimirim

  • SumrioDESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL E A AGENDA 21 15 A Agenda 21 Local 14 A Agenda 21 no Brasil 15

    O COMPERJ 16 Agendas 21 Locais na Regio 16 Premissas 17 Organizao da Sociedade 17 Metodologia 18 Desafios e Lies Aprendidas 22

    O MUNICPIO DE GUAPIMIRIM 25 Um pouco da histria de Guapimirim 25 Processo de construo da Agenda 21 Local 26

    AGENDA 21 DE GUAPIMIRIM 29 Para ler a Agenda 29 Vetores Qualitativos 30 Vocao e Viso 33

    ORDEM AMBIENTAL 35 Recursos Naturais 36 Recursos Hdricos 43 Biodiversidade 48 Mudanas Climticas 52

  • ORDEM FSICA 57 Habitao 58 Saneamento 62 Mobilidade e Transporte 66 Segurana 69

    ORDEM SOCIAL 73 Educao 74 Educao Ambiental 77 Cultura 79 Sade 82 Grupos Principais 85 Padres de Consumo 90 Esporte e Lazer 92

    ORDEM ECONMICA 95 Gerao de Trabalho, Renda e Incluso Social 96 Agricultura 104 Indstria e Comrcio 108 Turismo 112 Gerao de Resduos 116

    MEIOS DE IMPLEMENTAO 119 Cincia e Tecnologia 120 Recursos Financeiros 124 Mobilizao e Comunicao 129 Gesto Ambiental 132

    AES DA PETROBRAS NA REGIO 138 Programas ambientais 138 Projetos sociais 140

    GLOSSRIO (SIGLAS) 142PARTICIPANTES 146CRDITOS TCNICOS E INSTITUCIONAIS 152

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    DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL E A AGENDA 21

    A sustentabilidade no tem a ver apenas com a biologia,a economia e a ecologia, tem a ver com a relao que mantemos com ns mesmos, com os outros e com a natureza.(Moacir Gadotti)

    A vida depende essencialmente do que a Terra oferece gua, ar, terra, minerais, plantas e animais. Todavia, h algumas dcadas, esses recursos naturais vm dando sinais de esgotamento ou de degradao, principalmente em funo do consumo dos seres humanos, que esto se apropriando de cerca de 20% da produo mundial de matria orgnica. Como um planeta com recursos em grande parte finitos pode abrigar e prover a crescente populao de seres humanos e as demais espcies que nele vivem?

    Evidncias cientf icas sobre os crescentes problemas ambientais levaram a Organizao das Naes Unidas (ONU) a reunir 113 pases, em 1972, no primeiro grande evento internacional sobre o meio ambiente a Confern-cia das Naes Unidas sobre o Desenvolvimento e Meio Ambiente Humano, conhecida como Conferncia de Estocolmo. Uma das concluses do encontro foi que era preciso rever a prpria noo de desenvolvimento. Para tanto, foi criada a Comisso Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento, que, em 1987, publicou o relatrio Nosso Futuro Comum, no qual foi consagrado o conceito de desenvolvimento sustentvel.

    A Comisso declarou que a economia global, para atender s necessidades e interesses legtimos das pessoas, deve crescer de acordo com os limites naturais do planeta e lanou o conceito de sustentabilidade. A humanidade tem a capacidade de tornar o desenvolvimento sustentvel de assegurar que ele atenda s necessidades do presente sem comprometer a habilidade das futuras geraes de satisfazer suas prprias necessidades.

    Em busca desse novo modelo de desenvolvimento, em 1992 a ONU convocou a Conferncia das Naes Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro e que ficou conhecida como Rio-92. Tratou-se, na poca, do maior evento voltado para o meio ambiente at ento realizado pela ONU, contando com a representao de 179 naes e seus principais dirigentes.

    Um dos principais resultados da Rio-92 foi o documento do Programa Agenda 21, que aponta o desenvolvimento sustentvel como o caminho para reverter tanto a pobreza quanto a destruio do meio ambiente. O documento lista as aes necessrias para deter, ou pelo menos reduzir, a degradao da terra, do ar e da gua e preservar as f lorestas e a diversidade das espcies de vida. Trata da pobreza e do consumo excessivo, ataca as desigualdades e alerta

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    para a necessidade de polticas de integrao entre questes ambientais, sociais e econmicas.

    Em seus 40 captulos, o documento detalha as aes esperadas dos governos que se comprometeram com a Agenda 21 e os papis que cabem a empres-rios, sindicatos, cientistas, professores, povos indgenas, mulheres, jovens e crianas na construo de um novo modelo de desenvolvimento para o mundo.

    A Agenda 21 localMais de dois teros das declaraes da Agenda 21 adotadas pelos governos nacionais participantes da Rio-92 no podem ser cumpridos sem a cooperao e o compromisso dos governos locais. Em todo o documento h uma forte nfase na ao local e na administrao descentralizada.

    Mais precisamente, a ideia da elaborao das Agendas 21 Locais vem do captulo 28 da Agenda 21, o qual afirma que no nvel local que as aes ocorrem concretamente e, assim, as comunidades que usam os recursos natu-rais para sua sobrevivncia que podem ser mais eficientemente mobilizadas para proteg-los.

    A Agenda 21 Local um processo de elaborao de polticas pblicas volta-das para o desenvolvimento sustentvel e de sua implementao por meio da formao de parcerias entre autoridades locais e outros setores, orientando-os rumo ao futuro desejado.

    O processo de construo de Agendas 21 Locais se inicia com um levantamento dos problemas, preocupaes e potencialidades de cada territrio, seguido da elaborao de um plano local de desenvolvimento sustentvel, de forma consensual e com ampla participao de todos os setores da sociedade.

    A construo das Agendas 21 Locais se d por meio dos Fruns de Agenda 21, espaos de dilogo onde representantes de diversos setores da sociedade se renem regularmente para acompanhar a construo das Agendas 21 Locais e a viabilizao dos Planos Locais de Desenvolvimento Sustentvel.

    A construo de Agendas 21 Locais um processo contnuo e no um nico acontecimento, documento ou atividade. No existe uma lista de tarefas a executar, mas uma metodologia que envolve uma srie de atividades, ferra-mentas e abordagens que podem ser escolhidas de acordo com as circuns-tncias e prioridades locais, e que devero ser constantemente trabalhadas e atualizadas.

    Todo cidadobrasileiro deveria

    conhecer a Agenda 21, especialmente neste

    momento em que o mundo est discutindo como

    enfrentar o desafio das mudanas climticas.

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    A Agenda 21 no BrasilO processo de elaborao da Agenda 21 brasileira se deu entre 1996 e 2002, e foi coordenado pela Comisso de Polticas de Desenvolvimento Sustentvel (CPDS). Durante esse perodo, cerca de 40 mil pessoas em todo o Pas foram ouvidas, em um processo que valorizava a participao cidad e democrtica.

    No ano seguinte ao trmino da sua elaborao, a Agenda 21 brasileira foi alocada como parte integrante do Plano Plurianual (PPA) do governo fede-ral o que lhe proporcionou maior fora poltica e institucional e deu-se incio fase de implementao.

    A Agenda 21 brasileira cita quatro dimenses bsicas no processo de cons-truo do desenvolvimento sustentvel:

    tica demanda que se reconhea que o que est em jogo a vida no planeta e a prpria espcie humana;

    Temporal determina a necessidade de planejamento a longo prazo, rompendo com a lgica imediatista;

    Social expressa o consenso de que o desenvolvimento sustentvel s poder ser alcanado por uma sociedade democrtica e mais igualitria;

    Prtica reconhece que a sustentabilidade s ser conquistada por meio da mudana de hbitos de consumo e de comportamentos.

    Assim como nos demais pases, a Agenda 21 brasileira no pode ser cumprida sem a cooperao e o compromisso dos governos locais.

    Segundo o Ministrio do Meio Ambiente (MMA), a Agenda 21 Local o Segundo o Ministrio do Meio Ambiente (MMA), a Agenda 21 Local o processo de planejamento participativo de determinado territrio que en-processo de planejamento participativo de determinado territrio que en-volve a implantao de um Frum de Agenda 21. Composto por governo e volve a implantao de um Frum de Agenda 21. Composto por governo e sociedade civil, o Frum responsvel pela construo de um Plano Local sociedade civil, o Frum responsvel pela construo de um Plano Local de Desenvolvimento Sustentvel (PLDS), que estrutura as prioridades locais de Desenvolvimento Sustentvel (PLDS), que estrutura as prioridades locais por meio de projetos e aes de curto, mdio e longo prazos. No Frum so por meio de projetos e aes de curto, mdio e longo prazos. No Frum so tambm definidas as responsabilidades do governo e dos demais setores tambm definidas as responsabilidades do governo e dos demais setores da sociedade local na implementao, acompanhamento e reviso desses da sociedade local na implementao, acompanhamento e reviso desses projetos e aes.projetos e aes.

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    O COMPERJO Complexo Petroqumico do Rio de Janeiro (Comperj), um dos principais empreendimentos da Petrobras no setor petroqumico, est sendo construdo no municpio de Itabora, no Estado do Rio de Janeiro.

    Quando entrar em operao, o complexo agregar valor ao petrleo nacional e reduzir a necessidade de importao de derivados e produtos petroqumicos. Alm disso, atrair novos investimentos e estimular a criao de empregos diretos, indiretos e por efeito renda, modificando o perfil socioeconmico da regio do leste f luminense.

    Para mais informaes sobre o Complexo Petroqumico do Rio de Janeiro, acesse o site www.comperj.com.br

    Mapa 1: rea de atuao da Agenda 21 Comperj

    Agendas 21 locais na regioO projeto Agenda 21 Comperj uma iniciativa de responsabilidade socio-ambiental da Petrobras, em parceria com o Ministrio do Meio Ambiente e a Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro, que formam o Grupo Gestor do projeto. parte do programa de relacionamento que a companhia est promovendo junto aos 15 municpios localizados nas proximidades do Comperj: Cachoeiras de Macacu, Casimiro de Abreu, Guapimirim, Itabora, Mag, Maric, Niteri, Nova Friburgo, Rio Bonito, Rio de Janeiro, So Gonalo, Saquarema, Silva Jardim, Tangu e Terespolis. Juntos, estes municpios re-presentam uma rea de 8.116 km2, com mais de oito milhes de habitantes, dos quais seis milhes correspondem populao do municpio do Rio de Janeiro.

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    O objetivo do projeto criar e fomentar processos de Agenda 21 Locais, con-tribuindo para o desenvolvimento sustentvel em toda a regio e melhorando a qualidade de vida de seus habitantes, hoje e no futuro.

    O projeto Agenda 21 Comperj foi realizado simultaneamente em todos os municpios participantes, com exceo do Rio de Janeiro. Este municpio se encontra na fase de Consolidao Municipal (ver Metodologia), devido complexidade local e aos planos de preparao para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpadas de 2016, ainda em elaborao.

    A descrio e os documentos gerados em cada etapa podem ser encontrados no site www.agenda21comperj.com.br.

    Com o lanamento das Agendas e a implementao dos Fruns Locais em cada municpio, o projeto encerrado, e os Fruns passam a ser acompanhados pelo Programa Petrobras Agenda 21 e a se relacionar diretamente com o Comperj.

    Uma vez finalizadas, as Agendas 21 passam a ser uma referncia para a Uma vez finalizadas, as Agendas 21 passam a ser uma referncia para a implantao de polticas pblicas e aes compensatrias e de responsabi-implantao de polticas pblicas e aes compensatrias e de responsabi-lidade socioambiental de empresas que devero se instalar na regio.lidade socioambiental de empresas que devero se instalar na regio.

    PremissasO projeto Agenda 21 Comperj adota as premissas de construo de Agenda 21 preconizadas pelo Ministrio do Meio Ambiente (MMA):

    Abordagem multissetorial e sistmica, que envolve as dimenses econ-mica, social e ambiental;

    Sustentabilidade progressiva e ampliada, ou seja, construo de consensos e parcerias a partir da realidade atual para o futuro desejado;

    Planejamento estratgico participativo: a Agenda 21 no pode ser um documento de governo, mas um projeto de toda a sociedade;

    Envolvimento constante dos atores no estabelecimento de parcerias, aberto participao e ao engajamento de pessoas, instituies e organizaes da sociedade;

    Processo to importante quanto o produto; Consensos para superao de entraves do atual processo de desenvolvimento.

    Organizao da sociedadeO projeto Agenda 21 Comperj substituiu a diviso paritria da malha social entre governo e sociedade civil, comumente adotada, pela diviso em quatro setores pblico, privado, sociedade civil organizada e a comunidade no

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    intuito de identificar mais detalhadamente as demandas locais, fortalecendo a representao dos diversos segmentos.

    SETORES REPRESENTAO

    Primeiro Prefeituras, Cmaras de Vereadores, poderes Legislativo e Judicirio, rgos e empresas pblicos

    Segundo Empresas de capital privado, associaes e federaes do setor produtivo

    Terceiro ONGs, sindicatos, associaes de classe, clubes, fundaes

    Comunidade Associaes de moradores e de pescadores, e cidados em geral

    MetodologiaA metodologia do Projeto Agenda 21 Comperj constituda de cinco etapas:

    1) Mobilizao da Sociedade;

    2) Construo Coletiva;

    3) Consolidao Municipal;

    4) Formalizao dos Fruns Locais;

    5) Finalizao das Agendas.

    A descrio resumida dessas etapas e dos produtos delas resultantes se en-contra nas tabelas das pginas seguintes e de forma mais detalhada no site www.agenda21comperj.com.br.

    Para executar as quatro primeiras fases, foram contratadas, por meio de licitao, quatro Organizaes No Governamentais Instituto Ipanema, Instituto de Estudos da Religio - Iser, Rodaviva e Associao de Servios Ambientais - ASA , encarregadas da mobilizao dos setores sociais e da facilitao de oficinas.

    Para o acompanhamento da fase de Finalizao das Agendas, incluindo re-dao, diagramao, impresso e eventos de lanamento, foram contratados consultores especializados.

    Como resultado deste processo, as diferentes demandas da sociedade foram identi-fi cadas e sistematizadas em um mapeamento detalhado do cenrio local, contem-plando anseios, propostas e vises dos quatro setores dos municpios abrangidos.

    Com a sociedade local representada nos Fruns de maneira paritria e com um objetivo comum, foi possvel construir os Planos Locais de Desenvolvi-mento Sustentvel.

    O trabalho voluntrio difcil, mas acredito que

    atravs do Frum de Agenda 21 podemos fazer

    as coisas acontecerem. Esta crena me faz seguir em frente

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    ETAPAS ATIVIDADES RESULTADOS/PRODUTOS RESPONSABILIDADES

    Mobilizao da SociedadeMaro de 2007 a Janeiro de 2008

    Caravana Comperj, em cada municpio, para: Apresentar o Comperj, o projeto de Agenda 21 e as demais aes planejadas para a regio;

    Identificar lideranas e atores estratgicos locais;

    Sensibilizar e mobilizar os setores;

    Envolver a comunidade no processo;

    Divulgar o calendrio de eventos relacionados Agenda 21.

    Na regio: 15 Caravanas Comperj realizadas;

    1.589 representantes do poder pblico, 900 da iniciativa privada, 850 do Terceiro Setor e 5.038 muncipes em geral, movimentos populares e associaes de moradores mobilizados para a fase seguinte do processo;

    Frum Regional da Agenda 21 Comperj criado em reunio com a presena de 2.700 pessoas.

    MMA/SEA/Petrobras (Grupo Gestor)

    Coordenao e responsabilidade operacional

    Construo ColetivaJaneiro a Setembro de 2008

    Seis reunies por setor em cada municpio para: Fortalecer os setores, identificar seus interesses e promover o alinhamento da viso de cada um sobre o municpio;

    Realizar o Levantamento das Percepes Setoriais (LPS), identificando preocupaes e potencialidades;

    Elaborar Planos de Ao Setoriais;

    Eleger sete representantes de cada setor.

    Na regio: 369 reunies ordinrias e 197 extraordinrias realizadas;

    292 representantes eleitos para participao nas atividades da fase seguinte.

    Em cada municpio: Estgios de desenvolvimento do municpio em relao aos 40 captulos da Agenda 21 Global identificados (Vetores Qualitativos)1;

    Preocupaes e potencialidades de cada setor identificadas;

    Planos Setoriais elaborados;

    Setores sociais fortalecidos e integrados.

    MMA/SEA/Petrobras (Grupo Gestor)

    Fundao Jos Pelcio (UFRJ)

    ONGs Ipanema, Iser, Roda Viva, ASA

    Frum Regional Agenda 21 Comperj

    Coordenaoestratgica

    Coordenaoexecutiva

    Responsabilidadeoperacional

    Monitoramento

    1 Os Vetores Qualitativos foram elaborados a partir da metodologia do Instituto Ethos para a construo do desenvolvimento sustentvel em empresas. Esta ferramenta defi niu uma escala que possibilitou a identifi cao do estgio no qual o municpio se encontrava em relao a cada um dos 40 captulos da Agenda 21, ajudando os participantes a relacion-los com a realidade local e planejar aonde gostariam de chegar.

    Ao final das cinco etapas, as Agendas 21 Comperj compem um mosaico do contexto regional e oferecem uma viso privilegiada do cenrio no qual o Complexo Petroqumico ser instalado, indicando as potencialidades que podem ser aproveitadas em benefcio de todos, fortalecendo a cidadania e a organizao social.

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    ETAPAS ATIVIDADES RESULTADOS/PRODUTOS RESPONSABILIDADES

    Consolidao MunicipalNovembro de 2008 a Junho de 2009

    Duas ofi cinas com os representantes dos quatro setores de cada municpio para: Integrar os setores, orientando-os para um objetivo comum: o desenvolvimento sustentvel do municpio;

    Obter consenso sobre os estgios dos vetores estabelecidos pelos quatro setores;

    Obter consenso sobre as preocupaes e potencialidades elencadas pelos quatro setores;

    Identificar a vocao e construir uma viso de futuro para o municpio com base na realidade local, bem como oportunidades e demandas decorrentes da implantao do Comperj;

    Elaborar um plano de ao com base nos temas estruturantes de planejamento;

    Elaborar o detalhamento preliminar de propostas para viabilizar o plano de ao.

    Na regio:30 oficinas de 20 horas cada.

    Em cada municpio: Consenso acerca das preocupaes e potencialidades municipais e estgios dos vetores identificados;

    Planos de ao municipais elaborados;

    Primeira verso de Vocao e Viso de Futuro do municpio;

    Propostas de ao detalhadas, prioridades e prximos passos estabelecidos e possveis parceiros e fontes de financiamento identificados;

    Setores sociais integrados em um Frum da Agenda 21.

    MMA/SEA/ Petrobras (Grupo Gestor)

    Ipanema, Iser, Roda Viva, ASA

    Consultoria

    Coordenaoestratgica e executiva

    Responsabilidade operacional e metodolgica

    ILTC2

    Um grupo de pessoas motivadas, cada uma fazendo a sua parte, assim se constri

    um municpio melhor!

    2 ILTC Instituto de Lgica, Filosofi a e Teoria da Cincia

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    ETAPAS ATIVIDADES RESULTADOS/PRODUTOS RESPONSABILIDADES

    Formalizao dos Fruns LocaisJulho a Dezembro de 2009

    Duas ofi cinas em cada municpio para: Orientar os Fruns para sua organizao, estruturao e formalizao atravs de projeto de lei ou decreto;

    Desenvolver o Regimento Interno;

    Aprimorar a vocao e a viso de futuro municipal;

    Realizar a anlise tcnica das propostas de ao.

    Na regio: 28 oficinas e diversas visitas tcnicas realizadas;

    Portal na internet para relacionamento e divulgao do projeto lanado.

    Em cada municpio: Decreto ou projeto de lei criando o Frum da Agenda 21 Local aprovado;

    Regimento interno do Frum elaborado;

    Frum organizado com estruturas de coordenao, secretaria executiva e grupos de trabalho;

    Primeira verso do Plano Local de Desenvolvimento Sustentvel finalizada;

    Segunda verso da vocao e da viso de futuro municipal desenvolvida;

    Propostas de ao analisadas tecnicamente.

    MMA/SEA/ Petrobras (Grupo Gestor)

    Ipanema, Iser, Roda Viva, ASA

    Coordenaoestratgica e executiva

    Responsabilidade operacional e metodolgica

    Finalizao das AgendasJaneiro de 2010 a Junho de 2011

    Consultoria e servios para: Pesquisar dados estatsticos e informaes tcnicas;

    Levantar e produzir material visual;

    Redigir, editar, revisar, diagramar e imprimir as Agendas.

    Duas ofi cinas em cada municpio, para: Validar os textos de diagnsticos;

    Atualizar e validar as propostas de ao.

    Cinco encontros de coordenao dos Fruns de Agenda 21 Locais para: Promover a integrao e fomentar o apoio mtuo entre os Fruns locais.

    Encontros, reunies locais e contato permanente para: Fortalecer a integrao do Frum com o poder pblico local;

    Desenvolver e fomentar o Frum Local.

    Na regio: 28 oficinas e diversos encontros e reunies locais e regionais realizados;

    Comit Regional da Agenda 21 Comperj estruturado para apoiar os Fruns e planejar e facilitar aes regionais ou intermunicipais.

    Em cada municpio: Frum de Agenda 21 Local em funcionamento;

    Agenda 21 Local publicada e lanada;

    Site do Frum Local em funcionamento;

    Vdeo da Agenda 21 local produzido.

    MMA/SEA/Petrobras (Grupo Gestor)

    Consultores contratados

    Coordenaoestratgica e executiva

    Responsabilidade tcnica e operacional

  • 22

    DESAFIOS E LIES APRENDIDASProcessos participativos so sempre muito complexos. A ordem de grandeza deste projeto 15 municpios envolvidos e mais de 8 mil participantes di-retos se por um lado o tornava mais estimulante, por outro aumentava os desafios para o sucesso da iniciativa.

    O primeiro deles foi o fato de se tratar de um projeto iniciado pela Petro-bras tendo como elemento def inidor do territrio de atuao os munic-pios inf luenciados pela implantao do Complexo Petroqumico do Rio de Janeiro (Comperj).

    Em geral, processos de Agenda 21 Local so iniciados pelo poder pblico municipal ou por organizaes da sociedade civil, sendo, por vezes mais difcil obter a adeso do Segundo Setor. Alm disso, empresas do porte da Petrobras despertam resistncias e expectativas muitas vezes desmedidas.

    No entanto, a ateno dedicada ao projeto, coordenado e acompanhado pela Petrobras, e a transparncia na conduo dos processos minimizaram posturas negativas e foram decisivas para conseguir o comprometimento de todos os participantes.

    A inovao metodolgica de iniciar o trabalho dividindo os segmentos so-ciais foi bem-sucedida, propiciando que os interesses ficassem bem definidos e alinhados internamente nos setores e, depois, igualmente representados. Embora o sistema simplificado de indicadores os Vetores Qualitativos precise ser aperfeioado, ficou clara sua utilidade para que todos tomassem conhecimento do contedo da Agenda 21. No entanto, a complexidade de alguns temas e a falta de correspondncia de outros com a realidade local dificultaram a compreenso de alguns participantes.

    O tempo dedicado s etapas iniciais constituiu uma limitao para uma me-lhor identificao de lideranas representativas, para que novas pessoas se incorporassem ao processo e para a capacitao dos participantes em tantos e to variados temas. Estes percalos foram trabalhados nas etapas seguintes.

    Outra questo foi o equilbrio delicado entre usar a mesma metodologia para todos os municpios e fazer as adaptaes necessrias s diferentes reali-dades encontradas. Quanto mais o processo evolua, mais as diferenas se acentuavam. Mesmo assim, foi possvel alcanar um resultado que ref lete as peculiaridades de cada municpio e o grau de maturidade de cada grupo mantendo uma estrutura semelhante e apoiando a todos da mesma forma.

    A construo do consenso em torno das preocupaes, potencialidades e aes identificadas foi bem-sucedida graas concordncia em torno de ob-jetivos comuns, ao estabelecimento de regras claras e ao de facilitadores experientes. A consolidao dos Fruns requer uma boa compreenso do que

  • 23

    representatividade e tempo para que esta se desenvolva. O debate sobre o Regimento Interno foi um momento rico e determinante para a sustentabili-dade dos Fruns. Assim, foi encaminhado sem pressa, com foco nos valores que cada grupo desejava adotar e por meio do desenvolvimento de critrios para a tomada de deciso.

    A criao de um portal com um site para cada municpio, com notcias atuali-zadas, divulgao de oportunidades, editais e boas prticas, biblioteca, vdeos e ferramentas de interatividade, como o chat, traz inmeras possibilidades de comunicao, funcionando como uma vitrine do projeto e uma janela dos Fruns para o mundo.

    Alm de democratizar e dar transparncia s atividades de cada Frum Local, o portal proporciona a troca de experincias entre eles, criando uma sinergia para seu desenvolvimento. As limitaes de acesso internet na regio so uma barreira que esperamos seja superada em breve.

    Finalmente, a integrao entre os saberes tcnico e popular um dos aspectos mais gratificantes do processo e foi conduzida cuidadosamente com a cons-truo dos textos das Agendas a partir do contato constante com os Fruns. As preocupaes e potencialidades indicadas por consenso nas reunies foram suplementadas por informaes tcnicas obtidas de diversas fontes, como institutos de pesquisa, prefeituras e agncias governamentais diversas.

    O processo de consulta continuou durante a etapa de finalizao da Agenda. Sempre que as informaes coletadas divergiam da percepo dos partici-pantes e quando incongruncias ou questes tcnicas eram identificadas, os consultores se dedicavam a dirimir as dvidas, por telefone, e-mail ou em reunies presenciais. Os Fruns tambm se empenharam em qualif icar o trabalho realizado, que foi aprimorado progressivamente. A evoluo deste processo pode ser verificada nos documentos postados no site de cada mu-nicpio na internet.

    Ao longo do processo foram necessrias diversas adaptaes, naturais em pro-cessos participativos, j que estes, por sua natureza, no ocorrem exatamente de acordo com o planejado. Todos os envolvidos aprenderam a f lexibilizar suas expectativas e atitudes em prol do bem comum.

    O resultado que apresentamos agora a sntese deste percurso de mais de trs anos, durante os quais foram construdas novas relaes e aprofundado o entendimento de todos os envolvidos sobre o modelo de desenvolvimento almejado para a regio. A diversidade uma premissa da sustentabilidade e, assim como a participao, demanda transparncia e responsabilidade individual e coletiva pelos resultados alcanados.

    Um processo de Agenda 21 Local a construo participativa do consenso possvel entre interesses diversos, com o objetivo comum de promover a

    Este um processo fundamental para o desenvolvimento sustentvel local.

  • 24

    qualidade de vida e a justia social, sem perder de vista os limites impostos pelo planeta e tendo um futuro sustentvel como horizonte comum.

    A Agenda 21 publicada o incio da jornada rumo a este futuro.

    Membros e facilitadores do Frum da Agenda 21 de Guapimirim

  • 25

    O MUNICPIO DE GUAPIMIRIM

    rea total: 360.813 km

    Populao: 51.487 habitantes (IBGE 2010)

    Economia: Servios e indstria

    PIB: R$ 380.661 milhes (IBGE 2008)

    Participao no PIB estadual: 0,11% (Ceperj 2007)

    Situado na Baixada Fluminense, regio metropolitana do Rio de Janeiro, Gua-pimirim se emancipou do municpio de Mag em 1990. Situado em um vale no fundo da Baa de Guanabara, na base da Serra dos rgos, est inserido na regio turstica conhecida como Serra Verde Imperial.

    Guapimirim destaca-se por ter 70% de seu territrio em rea de proteo am-biental, com cinco APAs, entre elas a de Guapimirim, que abrange a rea de manguezal mais preservada do Estado, conhecida como Pantanal Fluminense.

    Um pouco da histria de GuapimirimOs primeiros registros de Guapimirim datam de 1674 e citam um povoado s margens do rio de mesmo nome. No final do sculo 18, surgiu o povoado de Santana, que ficava no caminho das tropas que cruzavam a Serra dos rgos e seguiam em direo s Minas Gerais. O cemitrio de Santana, que at hoje serve cidade, foi construdo naquela poca, em funo das vrias epidemias que af ligiam a populao.

    Foi tambm no final do sculo 18 que surgiu o povoado da Barreira nome cuja origem deve-se ao fato de ali ter sido instalada uma espcie de pedgio. Na mesma regio encontra-se a Igreja de Nossa Senhora da Conceio (1713) e a antiga sede da Fazenda Barreira, que hoje abriga o Museu Von Martius, em homenagem a Frederik Von Martius, naturalista alemo que estudou a f lora e a fauna da regio a convite de D. Pedro II. Na poca da Guerra do Paraguai, o imperador hospedou-se no local, interessado em avaliar as plantaes da quina calisaia, de onde se extrai o quinino, medicamento que combate a malria e seria utilizado pelo exrcito brasileiro.

    A construo da Estrada de Ferro Terespolis, em 1895 marca o momento de transio do municpio para os tempos modernos, atraindo uma populao, em sua maioria, formada de lavradores e ferrovirios.

    Produto Interno Bruto (PIB) Produto Interno Bruto (PIB) Indicador que mede a produo de um territrio, segundo trs grupos principais: agropecuria (agricul-tura, extrativa vegetal e pecuria); indstria (extrativa mineral, trans-formao, servios industriais de utilidade pblica e construo civil); e servios (comrcio, transporte, comunicao e servios da adminis-trao pblica, entre outros).

    O nome do municpio se origina O nome do municpio se origina da palavra Aguape-mirim da palavra Aguape-mirim cor-ruptela da palavra tupi Aaguap-y, o rio dos guaps (planta fl utuan-te) ou, de acordo com outra fonte, Aguape variante de aguap pe-queno; guapemirim.

    Carl Friedrich Philipp von Martius (1794 1868) foi um dos mais importantes pesquisadores que estudaram o Brasil

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    Em 1939, o ento presidente Getlio Vargas criou o Parque Nacional da Serra dos rgos, e a Fazenda Barreira foi incorporada ao patrimnio am-biental da Unio.

    Com a construo da rodovia BR-116, em 1958, o transporte ferrovirio en-trou em decadncia. Por outro lado, a nova rodovia facilitou o acesso serra e foi fator preponderante na intensificao do processo de ocupao, com o surgimento de diversas casas de veraneio.

    Em plebiscito realizado no dia 25 de novembro de 1990, Guapimirim se emancipou do municpio de Mag.

    O processo de construo da Agenda 21 Local

    Em 2003, a Cmara dos Vereadores de Guapimirim aprovou uma lei insti-tuindo a Agenda 21 Local e seu Frum no municpio. No entanto, no houve nenhuma iniciativa que efetivamente tenha levado o processo adiante.

    Em 18 de abril de 2007, a Caravana Comperj da Petrobras visitou Guapimirim para divulgar o empreendimento e as aes de relacionamento propostas para a regio, convidando lideranas a participar do processo de construo da Agenda 21 Local.

    Em 25 de setembro daquele ano, em reunio em Itabora, com a presena de cerca de 2.700 pessoas dos 14 municpios do entorno do Comperj, foi escolhido um representante de cada segmento social (governo, empresariado, ONGs e comu-nidade), por municpio, para formar o Frum Regional da Agenda 21 Comperj.

    Assim, cada municpio passou a contar com quatro representantes no Frum Regional, que ficou responsvel pelo monitoramento dos encontros e pelo andamento das Agendas 21 municipais. Este Frum tinha carter consultivo ao Grupo Gestor e a tarefa de facilitar a integrao de aes regionais ou de grupos de municpios.

    Em dezembro de 2007, quatro ONGs ASA, Instituto Ipanema, Instituto Roda Viva e Iser iniciaram o trabalho de mobilizao junto a cada setor, utilizando as estratgias mais adequadas a cada um. O incio da mobilizao em Gua-pimirim foi difcil, enfrentando resistncia de quase todos os setores sociais.

    Em janeiro de 2008, iniciou-se, em Guapimirim, uma rodada de trs reunies para o levantamento das percepes de cada segmento, utilizando Vetores Qualitativos elaborados a partir da metodologia do Instituto Ethos para a promoo do desenvolvimento sustentvel em empresas. Esta ferramenta definiu uma escala que possibilitou a identificao do estgio no qual cada

    Ofi cina realizada com o Frum de Guapimirim em junho de 2009

  • 27

    municpio se encontrava em relao a cada um dos 40 captulos da Agenda 21, ajudando os participantes a planejar aonde gostariam de chegar.

    Aps a leitura do ttulo dos captulos e da descrio de cada estgio, era solicitado aos participantes que escolhessem aquele que melhor retratasse o municpio. Nas duas reunies seguintes, os resultados orientaram a elaborao de um painel de preocupaes e potencialidades locais.

    Foram realizados mais trs encontros por setor, nos quais os participantes definiram as aes necessrias para prevenir ou mitigar as questes identi-ficadas como preocupaes e para aproveitar, da melhor forma possvel, as potencialidades levantadas. No ltimo desses encontros, cada setor indicou cinco representantes e dois suplentes para compor o Frum da Agenda 21 de Guapimirim, totalizando 28 componentes.

    A Fase de Consolidao do processo reuniu os quatro setores para consolidar coletivamente as potencialidades e preocupaes apontadas por cada um deles. Em 18 de novembro de 2008, os representantes do municpio viajaram at Rio Bonito para trabalhar nas oficinas de consolidao. A partir delas, os resultados setoriais foram estruturados, e o Frum da Agenda 21 de Gua-pimirim passou a contar com essa representao.

    Nos dias 11, 12 e 13 de maio de 2009, foi realizada a oficina para iniciar o pro-cesso de construo de vocao e viso de futuro de Guapimirim, consolidar as aes em propostas e iniciar seu detalhamento. Este trabalho foi realizado com uma nova estrutura, agrupando os 40 captulos da Agenda 21 Global conforme suas afinidades em: Ordem Fsica, Ordem Ambiental, Ordem Social, Ordem Econmica e Ordem Meios de Implementao, divididos em temas.

    O Frum de Guapimirim manteve-se mobilizado, promovendo reunies regu-larmente. Alm disso, alguns representantes estabeleceram um sistema de or-ganizao interno voltado para apresentar a Agenda 21 em escolas, associaes e outros locais disponveis para divulgar as aes. Em 4 de junho de 2009, foi realizada uma ofi cina para atualizar os trabalhos e fortalecer o Frum.

    Nesse perodo, foi desenvolvido um portal na internet, voltado para a comu-nicao dos Fruns e a divulgao do projeto e de seus resultados www.agenda21comperj.com.br com um site para cada municpio. Atualizados frequentemente, eles dispem de uma rea interna com ferramentas de co-municao que permitem o contato entre os membros dos Fruns.

    Em 19 de outubro de 2009 a Cmara Municipal aprovou as mudanas que adequaram a lei da Agenda 21 composio do Frum estabelecida pelo pro-cesso da Agenda 21 Comperj, cujos membros ficaram indicados como Membros Fundadores. A estes, em Guapimirim, somam-se os Membros Natos, que so: o prefeito, os titulares das secretarias de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel, de Obras, de Educao e Cultura e de Ao e Promoo Social,

    Primeira reunio dos coordenadores dos Fruns da Agenda 21 Comperj

  • 28

    alm de um representante indicado dos conselhos de Educao, de Sade, de Assistncia Social, de Defesa dos Direitos da Criana e do Adolescente e do Meio Ambiente. Alm destes, ainda conta com um representante das Unidades de Conservao do municpio e um do Centro de Primatologia.

    Em novembro, foram contratados quatro consultores para desenvolver e implementar uma metodologia de fortalecimento dos Fruns e trabalhar na elaborao das Agendas.

    Em 2010, aps uma anlise dos resultados alcanados, iniciou-se uma nova rodada de oficinas. Em Guapimirim, foram realizadas cinco reunies para reviso do andamento dos trabalhos, apresentao do site, apoio formao de parcerias e elaborao de aes de comunicao.

    Em 19 de maro, 1o de outubro e 3 de dezembro de 2010, foram realizadas reunies com os coordenadores de todos os Fruns para promover a troca de experincias e fomentar aes regionais estratgicas.

    O Frum da Agenda 21 de Guapimirim se mantm ativo, reunindo-se regu-larmente e desenvolvendo diversas atividades, como realizao de palestras e estudos, em parceria com o Centro de Sade da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e o lanamento de um jornal da Agenda 21 Local, com tiragem de 20 mil exemplares distribudos em todo o municpio e de uma cartilha sobre seus objetivos e metodologia. Alm disso, desenvolveu uma metodologia para sistematizao de seu trabalho o Plano de Ao do Frum (PAF).

  • 29

    AGENDA 21 DE GUAPIMIRIM

    Para ler a AgendaEste trabalho resultado do empenho e esforo voluntrios de moradores de Guapimirim, que atuaram em conjunto com tcnicos e consultores nas diversas fases do projeto Agenda 21 Comperj.

    O trabalho foi dividido em cinco ORDENS e 24 TEMAS referentes aos 40 captulos da Agenda 21. Cada tema apresenta a situao do municpio de acordo com os dados e informaes mais recentes.

    EIXOS ESTRUTURANTES

    TEMAS CAPTULOS DA AGENDA 21 GLOBAL

    ORDEM AMBIENTAL

    Recursos Naturais 10, 11, 12, 13, 16

    Recursos Hdricos 17 e 18

    Biodiversidade 15

    Mudanas Climticas 9, 15 e 18

    ORDEM FSICA Habitao 7

    Saneamento 18 e 21

    Mobilidade e Transporte 5

    Segurana 3, 23, 25, 26, 27

    ORDEM SOCIAL Educao, Educao Ambiental e Cultura

    36

    Grupos Principais 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29

    Sade 6

    Esporte e Lazer 23, 24, 25, 26, 27, 36

    Padres de Consumo 4

    ORDEM ECONMICA

    Gerao de renda e incluso social

    3

    Agricultura 3, 14, 32

    Indstria e Comrcio 3, 30

    Turismo 3, 36

    Gerao de Resduos 19, 20, 22

    MEIOS DE IMPLEMENTAO

    Cincia e Tecnologia 31, 35

    Recursos Financeiros 2, 33, 34, 37

    Comunicao e Mobilizao 8, 40

    Gesto Ambiental 1, 8, 28, 38, 39 40

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    Logo aps um breve diagnstico da situao em que se encontra o munic-pio, esto listadas as propostas e seus respectivos nveis de prioridade (alta - , mdia - ou baixa - ). As propostas renem um conjunto de aes, elaboradas para solucionar as preocupaes elencadas, e de estratgias que promovam o melhor aproveitamento das potencialidades identificadas.

    As aes esto subdivididas em LINHAS DE ATUAO. Dessa forma, poss-vel identificar todas as aes de uma agenda, segundo a atividade demandada para sua execuo, independentemente do tema.

    Ao final de cada TEMA encontram-se reunidos os possveis parceiros e as possveis fontes de financiamento elencadas para as propostas de seus temas.

    No site www.agenda21guapimirim.com.br est disponvel a Ficha de Detalha-mento de cada proposta, com a lista dos possveis parceiros para sua execuo, os especialistas da cidade que podem colaborar com o projeto, as fontes de fi -nanciamento identifi cadas e os primeiros passos para sua implementao, alm das PERCEPES, dos PLANOS SETORIAIS e demais resultados.

    No CD encartado nesta publicao encontram-se todos os resultados do processo e uma verso digital da Agenda 21 de Tangu.

    Vetores Qualitativos e os 40 captulos da Agenda 21 de Guapimirim

    A tabela da pgina seguinte apresenta o resultado da consolidao das percepes de todos os que participaram da Fase de Construo Coletiva da Agenda 21 de Guapimirim, avaliando a situao do municpio em relao a cada um dos captulos da Agenda 21 Global.

    Estgios da tabela:

    1 Quase nada foi feito

    2 J existem aes encaminhadas

    3 J h alguns resultados

    4 Estamos satisfeitos

    Eu espero que nos prximos dez anos possamos olhar e

    dizer que o nosso trabalho funciona, que somos um municpio que conta com

    uma participao popular ativa.

    Guapimirim

    Esto elencadas tambm, e evidenciadas por fontes em itlico, as preocupaes dos moradores e as potencialidades do municpio, conforme percebidas e apontadas por consenso pelos participantes do processo.

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    Captulos da Agenda 21Estgio

    1 2 3 4

    1 Prembulo

    2 Cooperao internacional para acelerar o desenvolvimento sustentvel nos pases em desenvolvimento e nas polticas internas

    3 Combater a pobreza

    4 Mudar os padres de consumo

    5 Dinmica demogrfica e sustentabilidade

    6 Proteger e promover a sade humana

    7 Promover assentamentos humanos sustentveis

    8 Integrar o meio ambiente e o desenvolvimento nas tomadas de deciso

    9 Proteger a atmosfera

    10 Integrar o planejamento e o gerenciamento dos recursos do solo

    11 Combater o desflorestamento

    12 Gerenciar ecossistemas frgeis: combater a seca e a desertificao

    13 Gerenciar ecossistemas frgeis: desenvolvimento sustentvel das montanhas

    14 Promover o desenvolvimento rural e a agricultura sustentveis

    15 Conservar a diversidade biolgica

    16 Gerenciamento responsvel ambientalmente da biotecnologia

    17 Proteo dos oceanos, todos os mares, inclusive internos, e reas costeiras, e a proteo, uso racional e desenvolvimento de seus recursos para a vida

    18 Proteger a qualidade e suprimento dos recursos de gua limpa: aplicao de abordagens integradas ao desenvolvimento, gerenciamento e uso dos recursos hdricos

    19 Gerenciar de forma ambientalmente responsvel os produtos qumicos txicos, incluindo a preveno do trfico ilegal internacional de resduos e produtos perigosos

  • 32

    Captulos da Agenda 21Estgio

    1 2 3 4

    20 Gerenciar de forma ambientalmente sustentvel os resduos perigosos, incluindo a preveno do trfico ilegal internacional de resduos perigosos

    21 Gerenciar de forma ambientalmente responsvel os resduos slidos e os relacionados ao esgotamento sanitrio

    22 Gerenciar de forma segura e ambientalmente responsvel os resduos radioativos

    23 Fortalecer o papel dos principais grupos sociais

    24 Ao global para as mulheres pelo desenvolvimento sustentvel e equitativo

    25 Crianas e jovens e o desenvolvimento sustentvel

    26 Reconhecer e fortalecer o papel dos povos indgenas e suas comunidades

    27 Fortalecer o papel das Organizaes No-Governamentais: parceiras para o desenvolvimento sustentvel

    28 Iniciativas das autoridades locais em apoio Agenda 21

    29 Fortalecer o papel dos trabalhadores e sindicatos

    30 Fortalecer o papel da indstria e dos negcios

    31 Comunidade cientfica e tecnolgica

    32 Fortalecer o papel dos fazendeiros

    33 Recursos e mecanismos financeiros

    34 Tecnologia ambientalmente responsvel: transferncia, cooperao e capacitao

    35 Cincia para o desenvolvimento sustentvel

    36 Promover a educao, conscincia pblica e treinamento

    37 Mecanismos nacionais e internacionais de cooperao para a capacitao em pases em desenvolvimento

    38 Arranjos institucionais internacionais

    39 Instrumentos e mecanismos legais internacionais

    40 Informao para a tomada de decises

  • 33

    Vocao e VisoUma viso sem ao no passa de um sonho.Ao sem viso s um passatempo. Mas uma viso com ao pode mudar o mundo.(Joel Baker vdeo: A Viso do Futuro)

    A vocao o conjunto de competncias, recursos e produtividade local de um municpio em todos reas: econmica, ambiental, artstica-cultural, turstica, educacional.

    A viso de futuro define o que se espera do municpio no futuro, inspirando e motivando as pessoas a fazer as melhores escolhas nos momentos de deciso e a enfrentar com perseverana a espera pelos resultados.

    Os participantes do processo de construo da Agenda 21 de Guapimirim fizeram uma srie de reunies para construir a vocao e viso de futurodo municpio. Um primeiro resultado foi revisto na Oficina Local, sendo que o municpio ainda trabalha para chegar verso definitiva.

    Eu espero que nos prximos dez anos possamos olhar e dizer que o nosso trabalho funciona, que somos um municpio que conta com uma participao popular ativa.

    Vocaoecoturismointeresse histrico-culturalagronegcioservios (lazer, recreao, eventos culturais)

    Viso de futuro

    Ser referncia como polo formador de conscincia ambiental e cultural, sus-tentado por uma sociedade mobilizada e participativa que garanta excelncia qualidade de vida de sua populao.

  • Ordem Ambiental1

  • 36

    RECURSOS NATURAISChamamos de recursos naturais tudo o que obtemos da natureza com os objetivos de desenvolvimento, sobrevivncia e conforto da sociedade. So classificados como renovveis quando, mesmo explorados por algum tem-po em determinado lugar, continuam disponveis, e como no renovveis quando inevitavelmente se esgotam.

    A vida humana depende dos recursos naturais terra, gua, f lorestas, re-cursos marinhos e costeiros e de suas mltiplas funes. Tanto os seres humanos quanto os demais seres vivos, agora e no futuro, tm direito a um meio ambiente saudvel, que fornea os meios necessrios a uma vida digna. Para isto, preciso manter os ecossistemas, a biodiversidade e os servios ambientais em quantidade e qualidade apropriadas.

    No possvel pensar em um futuro para a humanidade sem construir uma relao adequada entre o homem e a natureza que o cerca. E essa magnfica variedade de formas de vida no pode ser vista apenas como recursos na-turais, sem a valorizao dos inmeros benefcios intangveis que nos traz.

    O municpio de Guapimirim, localizado em um vale na base da Serra dos rgos, apresenta grande variedade de relevos. A regio abrange desde reas de baixada at as que apresentam relevos bastante acidentados, onde so encontradas cadeias de montanhas com altitudes superiores a 2 mil me-tros. Um de seus mais importantes patrimnios ambientais o Dedo de Deus.

    A populao tem orgulho da natureza de Guapimirim. Com razo, j que l ainda possvel encontrar recursos naturais preservados e reas f loresta-das, alm do Parque Nacional da Serra dos rgos (Parnaso) e das APAs de Guapimirim, Guapi-Guapiau e Petrpolis. Segundo a prefeitura, as Uni-dades de Conservao (UC) cobrem cerca de 80% do territrio municipal, como o Parque Nacional da Serra dos rgos (federal), o Parque Estadual dos Trs Picos (estadual) e a APA de Guapimirim (federal), que protege os manguezais da regio.

    No entanto, os participantes afirmaram temer o uso desordenado e a destrui-o dos recursos naturais do municpio. Acrescentaram que a ausncia de infraestrutura para a conservao de montanhas, cachoeiras e stios arqueo-lgicos denota a insufi cincia de polticas para o desenvolvimento turstico.

    Parque Nacional da Serra dos rgos O Parque Nacional da Serra dos rgos (Parnaso) abrange os municpios de Terespolis, Petrpolis, Mag e Guapimirim, com uma rea de cerca de 20 milhectares. o terceiro mais antigo parque nacional brasileiro criado em 1939, atravs de um decreto do ento presidente Getlio Vargas. O Parnaso abriga uma rica fauna e f lora

    Mata At lnt ica Mata At lnt ica Um dos bio-mas mais ricos em biodiversidade do mundo, chegou a ocupar quase todo o litoral brasileiro. Devido ao intenso desmatamento, iniciado com a chegada dos colonizadores por tugueses, atualmente restam apenas 7% de sua rea or iginal. Considerada uma das fl orestas mais ameaadas do planeta, nela esto localizados mananciais hdricos es-senciais ao abastecimento de cerca de 70% da populao brasileira.

    Guapimirim conta com vrias Unidades de Conservao

  • 37

    tpicas da encosta atlntica brasileira e oferece muitas possibilidades de lazer e vrias atraes, como trilhas para trekking, cachoeiras, reas de escalada, uma piscina natural, alm de dezenas de belssimos recantos.

    Mapa 2: Localizao das Unidades de Conservao existentes em Guapimirim

    Fonte: Prefeitura Municipal de Guapimirim 2010.

  • 38

    Segundo os dados do Lima-Coppe/UFRJ, em 2008 o municpio apresentava 42,7% de seu territrio com cobertura vegetal. Alm disso, tambm possui importantes fragmentos f lorestais nas reas de colinas, circundadas por ex-tensas reas cobertas por pastagens. Os mais importantes remanescentes de manguezais do entorno da Baa de Guanabara esto em Guapimirim.

    Grfi co 1: Proporo do uso do solo no municpio de Guapimirim

    (*) Inclui gua, af loramentos rochosos e usos no identificados.Fonte: Lima/Coppe/UFRJ, com base em geoprocessamento de imagens Landsat e CBERS e Probio.

    Unidades de Conservao (UC) Unidades de Conservao (UC) reas de proteo ambiental legal-mente institudas pelas trs esferas do poder pblico (municipal, esta-dual e federal). Dividem-se em dois grupos: as de proteo integral, que no podem ser habitadas pelo ho-mem, sendo admitido apenas o uso indireto de seus recursos naturais em atividades como pesquisa cient-fi ca e turismo ecolgico; e as de uso sustentvel, onde permitida a pre-sena de moradores, com o objetivo de compatibilizar a conservao da natureza com o uso sustentvel dos recursos naturais (World Wildlife Fund WWF).

    reas de Proteo Ambienta l reas de Proteo Ambienta l (APA) (APA) reas naturais (incluindo recursos ambientais e guas juris-dicionais) legalmente institudas pelo poder pblico, com limites de-fi nidos e caractersticas relevantes, com objetivos de conservao e sob regime especial de administrao, s quais se aplicam garantias ade-quadas de proteo.

    15.422,5 ha42,7% 19.922,5 ha

    55,2%

    596,4 ha1,7%

    140,0 ha0,4%

    rea antropizada

    Cobertura vegetal

    Outros*

    rea urbana

    Manguezal da APA de Guapimirim

  • 39

    Mapa 3: Cobertura vegetal do municpio de Guapimirim e arredores

    Fonte: UFF/ONU Habitat, 2010.

    Os participantes do processo da Agenda 21 Local se mostraram conscientes da importncia deste cenrio ao ressaltarem que o municpio tem um meio ambiente propcio para ecoturismo e esportes radicais em suas oito Unidades de Conservao, que contam com roteiros e mapas dos atrativos naturais. Esses aspectos demonstram o potencial do municpio para trabalhar com o aproveitamento da natureza, e, segundo os participantes, esto sendo desen-volvidos projetos com este perfi l.

    Em relao s Unidades de Conservao de Uso Sustentvel, as reas de Prote-o Ambiental de Guapi-Guapiau e Petrpolis abrangem pouco mais de 20% do territrio municipal, com vegetao em razovel estado de conservao. No caso das Unidades de Conservao de Proteo Integral, o Parque Nacional da Serra dos rgos (Parnaso) que conta com um conselho consultivo , o Parque Estadual dos Trs Picos e as Estaes Ecolgicas do Paraso e Gua-nabara, juntos, compreendem 19,1% do municpio. Essas localidades esto inseridas no Mosaico da Mata Atlntica Central Fluminense e so prioritrias para a preservao da Mata Atlntica.

    Extrao de areia Extrao de areia Para a extra-o de areia preciso obter licen-a do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (Ibama) e do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), e au-torizao do Departamento Nacional de Produo Mineral. A falta de licena ou o exerccio da atividade em desacordo com a licena conce-dida implicam pena de deteno de seis meses a um ano, alm de multa.

  • 40

    No entanto, a populao mostrou-se preocupada com a inexistncia de um inventrio ofi cial do patrimnio natural do municpio, a ausncia de infor-maes sobre o manejo de ecossistemas frgeis e a necessidade de aumentar o mapeamento de montanhas e morros. Outro ponto levantado o desconhe-cimento sobre a regularizao das atividades de explorao das jazidas de areia, saibro, pedras e argila no municpio.

    Alm disso, tambm causam preocupao o descumprimento e a falta de divulgao do Cdigo Ambiental, aliados inefi ccia do controle do des-matamento fl orestal no municpio. Efetivamente, os remanescentes de Mata Atlntica esto sofrendo um crescente processo de degradao ambiental. Os principais motivos so atribudos ao crescimento urbano desordenado, extrao de madeira para a produo de carvo, ao aumento da grilagem de terras e substituio de f lorestas por pastagens.

    Outra importante questo para a preservao dos recursos naturais de Guapi-mirim a ausncia de um Corpo de Bombeiros, apesar de o grupo estar ciente de que o municpio no tem populao que justifique a instalao de uma unidade no local. Tambm faltam cursos de Brigada de Moradores junto ao Corpo de Bombeiros e Defesa Civil Estadual no tocante formao de agentes comunitrios de Defesa Civil. Especialmente porque, segundo o grupo, h grande capacidade para a criao de grupos organizados da sociedade civil para combater o desmatamento e potencial humano para auxiliar no refl ores-tamento. Para que isso se torne realidade, faltam programas de conscientizao para a populao, entre outras coisas.

    Desde 2005, a Defesa Civil municipal oferece cursos de capacitao de jovens e moradores, orientando a comunidade de reas de risco, e vem monitorando as reas de maior incidncia de focos de incndio na vegetao f lorestal. A Defesa Civil de Guapimirim mantm boa articulao com os rgos ambientais e com as Secretarias municipais sobre aes emergenciais e combate incndios nas matas. No entanto, precisa ser melhor equipada.

    Outras preocupaes esto relacionadas ao manejo inadequado do solo e ao au-mento de grilagem nas reas fl orestais. O grupo afi rmou que a fi scalizao ambiental insufi ciente, havendo necessidade de recursos humanos (reali-zao de concurso pblico) e fi nanceiros (nas trs esferas do governo) para o aperfeioamento do trabalho de preservao ambiental.

    Alm do desmatamento que isola trechos da Mata Atlntica e reduz o n-mero de matas ecologicamente mais viveis, outra aspecto importante para a conservao de remanescentes f lorestais est associado ao fato de terem sido registrados desmatamentos no interior e em zonas de amortecimento das Unidades de Conservao.

    O Parque Nacional da Serra dos rgos cortado por vrios rios com piscinas naturais

  • 41

    PROPOSTAS

    Alta prioridade Mdia prioridade Baixa prioridade

    Aumento da fiscalizao nas reas de serras e montanhas Gesto pblica

    1. 1. Integrar as aes emergenciais nas Secretarias Municipais, visando o bem-estar da populao que habita reas de risco.

    Infraestrutura2. 2. Aumentar o quadro de funcionrios da Secretaria Munici-

    pal de Meio Ambiente, para fiscalizar as reas de serras e montanhas da regio.

    Planejamento 3. 3. Buscar junto aos rgos competentes a of ic ia l izao

    de voluntr ios para atuarem como f iscais ambientais (agentes ambientais).

    Aumento da fiscalizao em reas propcias invaso e especulao Planejamento

    1. 1. Estimular o desenvolvimento de um plano estratgico para que a populao denuncie os crimes ambientais, utilizando, inclusive, um servio de Disque-Denncia.

    Fiscalizao 2. 2. Fiscalizar as reas de interesse grileiros e posseiros.

    Propostas para a divulgao do Cdigo Ambiental Gesto pblica

    1. 1. Cumprir o Cdigo Ambiental e aplicar os Termos de Ajuste de Conduta.

    Comunicao2. 2. Elaborar uma cartilha de divulgao do Cdigo Ambiental.

    3. 3. Realizar ciclos de palestras com especialistas em associaes, entidades religiosas, escolas e agremiaes, entre outras.

    Plano de preservao dos recursos naturais do municpio Planejamento

    1. 1. Criar um comit no Frum da Agenda 21 Local para estu-dar o patrimnio ambiental do municpio, em especial os aspectos geolgicos.

    2. 2. Criar subfruns de Educao Ambiental do Frum da Agenda 21 Local nas escolas, associaes de moradores e associaes religiosas, entre outras, para viabilizar aes estratgicas de preservao dos recursos naturais do municpio.

    Articulao3. 3. Estabelecer parcerias com rgos pblicos e universidades

    para estudos tcnicos que promovam o levantamento e divulgao dos recursos naturais do municpio.

    Gesto pblica4. 4. Elaborar um plano de gesto participativa que fomente

    polticas pblicas voltadas para o ecoturismo.

    Infraestrutura5. 5. Ampliar o quadro de funcionrios pblicos para fiscalizar

    as reas prximas aos rios e remanescentes f lorestais de Mata Atlntica.

    6. 6. Melhorar a infraestrutura para os f iscais que atuam na Secretaria Municipal de Meio Ambiente (GPS, computadores e outros equipamentos necessrios).

    Plano integrado de gesto das unidades de conservao Planejamento

    1. 1. Criar um grupo de trabalho no Frum da Agenda 21 Local com especialistas para promover a gesto integrada das Unidades de Conservao existentes na regio.

    Infraestrutura2. 2. Instalar uma sede da APA Municipal de Guapi-Guapiau,

    com infraestrutura adequada para a proteo e contempla-o da natureza (ex.: Brigada de Incndio 24 horas, rea de lazer, entre outros).

  • 42

    Gesto pblica3. 3. Reivindicar maior empenho dos rgos competentes na

    proteo dos recursos naturais que abrangem os corredores ecolgicos da regio da Serra Verde Imperial.

    4. 4. Acompanhar a implantao do Mosaico da Mata Atlntica Central Fluminense, visando estimular a gesto integrada entre as Unidades de Conservao e as comunidades do entorno.

    Elaborao de projetos5. 5. Elaborar projetos de Educao Ambiental nas comunidades

    do entorno das Unidades de Conservao do municpio.

    Fiscalizao 6. 6. Monitorar os projetos ambientais desenvolvidos nas Unida-

    des de Conservao do municpio.

    Comunicao7. 7. Divulgar o Conselho Consultivo do Parnaso, visando maior

    integrao com a comunidade.

    Polticas pblicas de reflorestamento e recuperao de reas degradadas Planejamento

    1. 1. Ampliar as atividades dos programas de ref lorestamento existentes em escolas e associaes, entre outras.

    Infraestrutura2. 2. Instalar um horto f lorestal municipal, com bancos de semen-

    tes, plntulas e germoplasma de espcies nativas da Mata Atlntica, para a realizao de programas de recuperao de reas degradadas.

    Articulao3. 3. Realizar convnios com instituies de pesquisa especiali-

    zadas na rea de meio ambiente.

    Capacitao4. 4. Capacitar a populao local (agentes ambientais) para desenvol-

    ver programas e projetos de recuperao de reas degradadas.

    Plano de preveno s queimadas Gesto pblica

    1. 1. Melhorar a atuao das brigadas de incndio e salvamento para fiscalizar o desmatamento.

    Articulao2. 2. Fortalecer a ao conjunta das brigadas de incndio (ICMBio,

    Prevfogo e Segundo Grupamento de Socorro Florestal e Meio Ambiente), ampliando a atuao no combate s queimadas.

    Capacitao3. 3. Convidar a populao para participar dos cursos promovidos

    pelas brigadas de incndio.

    Infraestrutura4. 4. Instalar um quartel do Corpo de Bombeiros no municpio.

    Controle e fiscalizao das reas degradadas pela retirada de recursos naturais terrestres Estudos tcnicos

    1. 1. Realizar um levantamento das reas com potencial risco de explorao predatria dos recursos naturais.

    Fiscalizao2. 2. Fiscalizar as reas de extrativismo de recursos naturais

    terrestres ( jazidas de areia e saibreiras, entre outras).

    Possveis parceirosBatalho Florestal . Conselho Consultivo do Parque Nacional da Serra dos rgos . Conselho Gestor da APA de Guapimirim . Conselho Gestor da Estao Ecolgica da Guanabara . Corpo de Bombeiros . Concessionria Rio-Terespolis (CRT) . Detro . Dnit . DNPM . Embrapa . Empresas de telefonia mvel . Fontes da Serra Saneamento de Guapimirim Ltda. . Fundao SOS Mata Atlntica . Horto Pau-Brasil . Ibama Prevfogo . ICMBio . Inea . Inmet . Jardim Botnico do Rio de Janeiro . ONGs . Prefeitura Municipal . SEA . Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel . Universidades . Voluntrios.

    Possveis fontes de financiamentoBP Conservations Programme . BVS&A . Empresas associadas ao Comperj . Fecam . FNMA . Funbio . Fundao Acesita . Fundao Bradesco . Fundao O Boticrio de Proteo da Natureza . LOA.

  • 43

    Poluio Poluio Alterao das proprie-dades fsicas, qumicas e biolgicas do meio ambiente pelo lanamento de substncias slidas, lquidas ou gasosas que se tornem efetiva ou potencialmente nocivas sade, segurana e ao bem-estar da po-pulao, ou causem danos fl ora e fauna.

    Assoreamento Assoreamento Deposio de sedi-mentos (areia, detritos etc.) origina-dos de processos erosivos, transpor-tados pela chuva ou pelo vento para os cursos dgua e fundos de vale. Provoca a reduo da profundidade e da correnteza dos rios, dif icul-tando a navegao e diminuindo a massa de gua superfi cial.

    Bacia hidrogrfi ca Bacia hidrogrfi ca rea drenada por um rio principal e seus afl uentes, incluindo nascentes, subafl uentes etc. a unidade territorial de plane-jamento e gerenciamento das guas.

    RECURSOS HDRICOSA gua essencial vida no planeta. Embora seja um recurso renovvel, seu consumo excessivo, aliado ao desperdcio e poluio, vem causando um dficit global, em grande parte invisvel. Cada ser humano consome direta ou indiretamente quatro litros de gua por dia, enquanto o volume de gua necessrio para produzir nosso alimento dirio de pelo menos 2 mil litros. Isso explica por que aproximadamente 70% da gua consumida no mundo vo para a irrigao (outros 20% so usados na indstria e 10% nas residncias).

    Segundo a ONU, cerca de um tero da populao mundial vai sofrer os efeitos da escassez hdrica nos prximos anos. A anlise do ciclo completo de uso e reso da gua aponta o desaparecimento de mananciais como poos, lagos e rios, e destaca a pouca ateno dada diminuio das reservas subterrneas.

    O Brasil conta com recursos hdricos em abundncia, o que levou dissemi-nao de uma cultura de despreocupao e desperdcio de gua. No entanto, o Pas enfrenta problemas gravssimos: muitos cursos dgua sofrem com poluio por esgotos domsticos e dejetos industriais e agrcolas, e falta proteo para os principais mananciais.

    O uso sustentvel dos recursos hdricos depende do conhecimento da co-munidade sobre as guas de sua regio e de sua participao efetiva em seu gerenciamento.

    O municpio de Guapimirim reconhecido pela diversidade de fontes de gua mineral existentes na regio. A bacia hidrogrfica dos rios Guapi-Macacu est inserida no sistema hidrogrfico da Baa de Guanabara, compreendendo uma rea de drenagem de 1.250,8 km. Este valor corresponde a 31% do total da rea continental de contribuio da Baa de Guanabara que recebe de Guapimirim uma das guas menos poludas.

    Esta poro da regio hidrogrfica da Baa de Guanabara abrange os munic-pios de Cachoeiras de Macacu, Itabora e Guapimirim. Ao longo do seu trajeto, esta bacia hidrogrfica encontra-se sob a tutela federal do Parque Nacional da Serra dos rgos e das reas de Preservao Ambiental de Guapimirim e Petrpolis. O sistema de abastecimento de Imunana-Laranjal atende cerca de 2,5 milhes de habitantes, que residem em Itabora, So Gonalo e Niteri.

  • 44

    Mapa 4: Localizao geogrfi ca das bacias dos rios Guapi-Macacu

    Fonte: Proposta para o Plano Diretor para o corredor ecolgico Sambe-Santa F, 2009.

    Segundo o grupo, no municpio de Guapimirim, os rios esto cada vez mais polu-dos e com menos vazo. A contaminao do lenol fretico uma das questes que preocupam a populao, em meio aos problemas que ocorrem quando um corpo dgua recebe sistematicamente esgotos sanitrios no tratados. A ocupao urbana sem planejamento, o uso intensivo do solo e a instalao de indstrias colaboram para o aumento da eroso e assoreamento dos rios da regio.

    No municpio de Guapimirim h preocupao com a falta de proteo das matas ciliares devido inexistncia de programas e projetos relacionados a esta questo. O quadro se agrava com a falta de conscientizao quanto preservao dos mananciais e com a falta de fiscalizao satisfatria por parte da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Tambm h preocupao com a proteo insufi ciente dos manguezais.

    Alm disso, o impacto dos resduos industriais nos corpos hdricos pode le-var contaminao do lenol fretico e degradao do meio ambiente em geral. Futuramente, estes problemas podero acarretar o esgotamento dos recursos hdricos.

    Nas reas de serra, uma grande preocupao est associada ao fenmeno cabea dgua, bastante comum na regio. Paralelamente, os desabamentos de encostas sofrem a inf luncia da geografia local e se agravam, principal-

    Lenol fretico Lenol fretico Depsito de gua natura l no subsolo, guas sub-terrneas que alimentam os r ios perenes, garantindo a presena de gua durante todo o ano. A profun-didade do lenol fretico depende de vrios fatores.

    Eroso Eroso Processo pelo qual a ca-mada superfi cial do solo retirada pelo impacto de gotas de chuva, ventos e ondas, e transportada e depositada em outro lugar. Desgaste do solo.

  • 45

    Cabea dgua Cabea dgua Descida das pri-meiras enxurradas pelo leito seco dos rios, estendendo-se de uma outra margem; aumento sbito das guas dos rios.

    mente, na estao chuvosa. A populao de Guapimirim apontou a falta de um sistema de alerta integrado para preveno de desastres naturais existente apenas no Parque Nacional da Serra dos rgos como uma das difi culdades para prevenir moradores, turistas e rgos municipais em casos de eventuais acidentes. Atualmente, a Defesa Civil Municipal (em parceria com o Parnaso, Inea e Concessionria Rio-Terespolis) trabalha num programa preventivo e de alerta para os riscos de ocorrncias de cabeas dgua.

    Falta poltica de gerenciamento integrado e sustentvel das reas costeiras, e a gesto integrada de recursos hdricos ainda parcial, principalmente nas reas prximas da Baa de Guanabara. H necessidade de maior envolvimento dos rgos competentes no gerenciamento sustentvel dos recursos hdricos. Sob este aspecto, destaca-se a participao do municpio na diretoria colegia-da do Comit da Regio Hidrogrfica da Baa de Guanabara e dos Sistemas Lagunares de Maric e Jacarepagu, o que possibilita a realizao de projetos estratgicos para a proteo dos recursos hdricos.

    Poo do Sossego

    Vegetao tpica de manguezal

  • 46

    PROPOSTAS

    Alta prioridade Mdia prioridade Baixa prioridade

    Criao de um sistema de alarme para minimizar acidentes Articulao

    1. 1. Estabelecer parcerias com ICMBio, prefeitura e Concessio-nria Rio-Terespolis (CRT), para implementar um sistema de alarme sonoro para auxiliar na retirada dos banhistas nas reas de cachoeiras.

    Gesto pblica2. 2. Formar um grupamento de guarda-vidas na Defesa Civil

    do municpio.

    Infraestrutura3. 3. Desenvolver um sistema de comunicao adequado, sintoni-

    zado na mesma frequncia das rdios existentes no Parque Nacional da Serra dos rgos.

    4. 4. Instalar um centro meteorolgico de preciso nas reas de montanha (nas bacias dos rios Soberbo e Iconha).

    5. 5. Criar um sistema de sinalizao para preveno de acidentes nas reas de risco.

    Comunicao6. 6. Elaborar um plano de divulgao e conscientizao, com a

    distribuio de cartilhas aos banhistas e populao em geral.

    7. 7. Utilizar os meios de comunicao do municpio e espaos da Concessionria Rio-Terespolis (CRT) para divulgar o fenmeno cabea dgua.

    Aes coordenadas para a despoluio dos rios Estudos tcnicos

    1. 1. Realizar um levantamento detalhado das possveis fontes de contaminao do lenol fretico (cemitrio, indstrias, agricultura e lixo).

    Fiscalizao 2. 2. Fiscalizar a construo de barreiras para desviar o curso

    dos rios.

    3. 3. Monitorar os resduos lanados pelas indstrias e pequenas empresas nos corpos hdricos.

    Comunicao4. 4. Comunicar populao as consequncias do despejo de

    resduos nos rios.

    Estmulo a proteo e recuperao dos mananciais e matas ciliares Estudos tcnicos

    1. 1. Realizar um mapeamento dos crregos e rios que sofrem processo de degradao ambiental.

    Articulao2. 2. Estabelecer parcerias com as brigadas existentes no muni-

    cpio para auxiliar no monitoramento de crregos e rios.

    Elaborao de programas e projetos3. 3. Elaborar Programas de Recuperao de reas Degradadas

    (Prad) nas reas de nascentes e mata ciliar.

    Planejamento4. 4. Convidar a populao local para atuar em projetos de re-

    f lorestamento (mutires de ref lorestamento).

    5. 5. Remover as famlias que ocupam reas irregulares prximas a crregos e rios.

    Participao do municpio no Comit de Bacias Hidrogrficas Comunicao

    1. 1. Divulgar para a populao a existncia do Comit de Bacias da Baa de Guanabara e das Lagoas de Jacarepagu e Maric e do Comit das Bacias Hidrogrficas do Leste da Guanabara (alm dos conselheiros).

    Programa de gesto dos recursos hdricos de Guapimirim Estudos tcnicos

    1. 1. Realizar um levantamento dos recursos hdricos no muni-cpio, identificando as reas impactadas.

    Gesto pblica2. 2. Elaborar polticas pblicas de gesto dos recursos hdricos,

    integradas com as demais esferas de governo.

    3. 3. Cobrar maior eficincia e eficcia no cumprimento da le-gislao ambiental.

    Comunicao4. 4. Divulgar a qualidade da gua.

  • 47

    5. 5. Elaborar programas informativos sobre gerenciamento e uso sustentvel da gua para toda a populao.

    6. 6. Informar a populao sobre o despejo dos resduos em rios que desguam na Baa de Guanabara.

    Uso consciente das fontes de gua mineral existentes no municpio Fiscalizao

    1. 1. Acompanhar a instalao de empresas que comercializam gua mineral.

    Infraestrutura2. 2. Melhorar a infraestrutura de fiscalizao da qualidade da

    gua mineral extrada no municpio.

    Planejamento3. 3. Cobrar das empresas instaladas no municpio a adoo do

    compromisso socioambiental.

    Polticas pblicas para o gerenciamento das reas costeiras Articulao

    1. 1. Estabelecer parcerias com escolas, universidades e ONGs para o desenvolvimento de projetos de Educao Ambiental e aes relacionadas revitalizao do manguezal.

    Elaborao de programas2. 2. Desenvolver programas para a manuteno da qualidade

    da gua dos rios Guapimirim, Caceribu e Magemirim, em parceria com os municpios de Itabora e Mag.

    Gesto pblica3. 3. Desenvolver um plano de gesto, integrada e participativa,

    das reas costeiras.

    4. 4. Elaborar polticas pblicas voltadas para a preservao dos

    manguezais.

    5. 5. Aplicar a legislao ambiental vigente referente instalao de novas indstrias e ao uso de recursos hdricos.

    Possveis parceiros2 Grupamento de Salvamento e Socorro Florestal . gua Mine-ral Dedo de Deus . gua Mineral Serra dos rgos . Associao Comercial, Industrial e Agropecuria de Guapimirim (Aciag) . Cedae . Cibrapel . Comit de Bacias da Baa de Guanabara e das Lagoas de Jacarepagu e Maric . Comit das Bacias Hidrogr-ficas do Leste da Guanabara . Concessionria Rio-Terespolis (CRT) . Conselho Consultivo do Parque Nacional da Serra dos rgos . Conselho Gestor da APA de Guapimirim . Conselho Gestor da Estao Ecolgica da Guanabara . Cooperativa Man-guezal Fluminense . DNPM . Fontes da Serra Saneamento de Guapimirim Ltda. . Ibama . ICMBio . Inea . Klabin . Marinha do Brasil . MP . ONGs . Prefeitura Municipal . Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel . TVerde . Universidades . Voluntrios.

    Possveis fontes de financiamentoCedae . CT-Hidro . Empresas associadas ao Comperj . FDS . FNMA . Fundo de Direito Difuso. LOA.

  • 48

    BIODIVERSIDADEA biodiversidade a base do equilbrio ecolgico do planeta. Sua conser-vao deve se concentrar na manuteno das espcies em seus ecossistemas naturais, por meio do aumento e da implantao efetiva das reas protegidas, que asseguram a manuteno da diversidade biolgica, a sobrevivncia das espcies ameaadas de extino e as funes ecolgicas dos ecossistemas.

    A biodiversidade interfere na estabilizao do clima, na purificao do ar e da gua, na manuteno da fertilidade do solo e do ciclo de nutrientes, alm de apresentar benefcios culturais, paisagsticos e estticos.

    As principais formas de destruio da diversidade biolgica so urbaniza-o descontrolada, ocupao irregular do solo, explorao mineral, des-matamentos e fragmentao de ecossistemas, queimadas, superexplorao de recursos naturais, utilizao de tecnologias inadequadas na produo f lorestal, pesqueira, agropecuria e industrial, indefinio de polticas p-blicas e implantao de obras de infraestrutura sem os devidos cuidados. Acrescentam-se ainda a introduo de espcies exticas da f lora e da fauna e a comercializao ilegal de espcies silvestres.

    O Brasil possui 25% da biodiversidade mundial, reunindo uma riqueza difcil de mensurar, pois h espcies que sequer foram identificadas. O Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (Ipea) estima o valor do patrimnio gentico brasileiro em US$ 2 trilhes (quatro vezes o PIB nacional). As cifras em jogo so altas. Produtos da biotecnologia (biodiversidade explorada), como cos-mticos, remdios e cultivares, constituem um mercado global que chega a US$ 800 bilhes por ano, cifra semelhante do setor petroqumico.

    Guapimirim abriga uma grande variedade de ecossistemas, e a existncia dos parques e APAs e de fragmentos isolados de Mata Atlntica possibilitou a identificao de diversas espcies, caracterizando uma grande riqueza de fauna e f lora, nativas e endmicas. Na regio podem ser encon-trados mamferos como cutia, quati, tamandu-mirim e macaco muriqui. Entre as aves, destacam-se o papagaio-do-peito-roxo, o bicudo e a jacutinga.

    Quati

    Jiboia

    Colhereiros so uma das espcies encontradas nos manguezais de Guapimirim

  • 49

    Tabela 1: Diversidade de vertebrados no Parque Nacional da Serra dos rgos

    Grupo Parnaso Brasil* Parnaso/Total Ameaadas**

    Mamferos 83 541 15,34% 28

    Aves 462 1.696 27,24% 72

    Rpteis 82 633 12,95% 1

    Anfbios 102 775 13,16% 16

    Peixes 6 2.106 0,28% 2

    Fonte: Lewinsohn, 2006.

    Contudo, apesar da existncia de rgos ambientais no municpio, a fi scaliza-o insufi ciente, e falta conscientizao sobre a necessidade de preservar a biodiversidade para o desenvolvimento. Ao longo dos anos, a explorao dos recursos naturais tem causado srios danos ao meio ambiente, resultando na extino local de espcies. Segundo os participantes, h risco de explorao dos recursos naturais sem controle legal (biopirataria), uma das atividades que mais comprometem a biodiversidade, segundo a Rede Nacional de Combate ao Trfico de Animais Silvestres (Renctas). O trfico de animais um problema srio, especialmente o de pssaros.

    A existncia de estudos cientficos e de instituies de pesquisa viabiliza o desenvolvimento de programas e projetos que podem promover a preservao da biodiversidade da regio. Uma das instituies locais que atuam na preser-vao de espcies ameaadas de extino o Centro de Primatologia (CPRJ), que abriga 250 primatas de pequeno e mdio portes, distribudos em 85 viveiros. Alm de atividades de pesquisa, o CPRJ mantm um patrimnio bitico2 de valor incalculvel, cujo gerenciamento considerado modelar por entidades nacionais e internacionais interessadas na preservao da vida selvagem.

    2 Relacionado ao bioma, ou seja, a um conjunto de diferentes ecossistemas que possuem certo nvel de homogeneidade.

    Bromlias

    Quaresmeira

  • 50

    Mapa 5: reas prioritrias para a preservao da biodiversidade no municpio de Guapimirim e arredores

    Fontes: IBGE, MMA, Petrobras 2010.

    Um dos maiores problemas so as citadas reas fragmentadas da Mata Atln-tica, que, ao ficarem isoladas umas das outras, reduzem as possibilidades de manuteno dos processos ambientais, contribuindo para aperda da biodi-versidade regional.

  • 51

    PROPOSTAS

    Alta prioridade Mdia prioridade Baixa prioridade

    Programa de preservao integrada da biodiversidade local Infraestrutura

    1. 1. Criar um Centro Municipal de Referncia em Biodiversidade, capacitando profissionais que atuam na rea ambiental.

    2. 2. Criar um Disque-Denncia para a populao denunciar atividades ligadas ao trfico de animais.

    Planejamento 3. 3. Integrar as informaes existentes nas Unidades de Con-

    servao que constituem o Mosaico Central Fluminense.

    Estudos tcnicos4. 4. Elaborar um inventrio completo da fauna e f lora da regio

    que complemente os trabalhos realizados no manguezal.

    Comunicao 5. 5. Divulgar o turismo de observao de pssaros.

    6. 6. Informar a comunidade sobre a biopirataria.

    7. 7. Desenvolver um projeto de comunicao sobre a importncia da fauna e f lora locais, visando desencorajar caadores.

    Aes para o fortalecimento do Centro de Primatologia Infraestrutura

    1. 1. Criar uma rea para visitao anexa ao Centro de Primatologia.

    Articulao2. 2. Buscar parcerias com instituies de pesquisa, visando ao

    fortalecimento do Centro de Primatologia.

    Comunicao3. 3. Solicitar ao Centro de Primatologia a divulgao dos resul-

    tados dos projetos de pesquisa desenvolvidos no municpio, encerrados ou em andamento.

    Possveis parceirosBatalho Florestal . Centro de Primatologia . Concessionria Rio-Terespolis (CRT) . Conselho Consultivo do Parque Nacional da Serra dos rgos . Conselho Gestor da APA de Guapimirim . Conselho Gestor da Estao Ecolgica da Guanabara . Corpo de Bombeiros . Fundao SOS Mata Atlntica . Horto Pau-Brasil . Ibama Prevfogo . ICMBio . Inea . Inmet . Jardim Botnico do Rio de Janeiro . ONGs . Prefeitura Municipal . SEA . Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel . Universidades . Voluntrios.

    Possveis fontes de financiamentoEmpresas associadas ao Comperj . Empresas conveniadas ao Arco Metropolitano . Fauna & Flora International . Fecam . FNMA . Funbio . Fundao O Boticrio de Proteo da Natureza . LOA . Programa Petrobras Ambiental.

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    MUDANAS CLIMTICASO aumento da concentrao dos gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera contribui para a reteno de calor na Terra, provoca a elevao da tempera-tura mdia do planeta e a principal causa das mudanas climticas. Isso se deve, principalmente, queima de combustveis fsseis (petrleo, gs natural e carvo mineral), ao desmatamento, s queimadas e aos incndios f lorestais.

    As principais consequncias do agravamento do efeito estufa so: tempe-raturas globais mdias mais elevadas, resultando em ruptura dos sistemas naturais; mudanas nos regimes de chuva e nos nveis de precipitao em muitas regies, com impactos na oferta de gua e na produo de alimentos; maior incidncia e intensidade de eventos climticos extremos, como ondas de calor, tempestades, enchentes, incndios e secas; elevao do nvel do mar e alteraes de ecossistemas, como o aumento de vetores transmissores de doenas e sua distribuio espacial.

    Na maioria dos pases, a maior dificuldade para controlar a emisso de GEE reside na queima de combustveis fsseis para a obteno de energia. J no Brasil, as principais causas so as queimadas e as emisses dos veculos automotores. A temperatura mdia no Pas aumentou aproximadamente 0,75 C no sculo 20, o que tem intensificado a ocorrncia de secas e enchentes, e provocou o surgimento de fenmenos climticos que no ocorriam no Brasil, como furaces.

    O clima do municpio de Guapimirim apresenta vero quente, mido e muito chuvoso, e inverno frio e seco. Um dos maiores problemas decorrentes das mudanas climticas est relacionado ao crescimento urbano desorde-nado na regio.

    O desmatamento dos remanescentes f lorestais de Mata Atln