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Universidade de Lisboa FACULDADE DE MEDICINA DENTÁRIA AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS RUI MIGUEL NETO MARTINS Dissertação orientada pela Profª. Doutora Paula Faria Marques co-orientada pelo Prof. Doutor Luís Jardim MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA DENTÁRIA 2018

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Universidade de Lisboa

FACULDADE DE MEDICINA DENTÁRIA

AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES

ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

RUI MIGUEL NETO MARTINS

Dissertação orientada pela Profª. Doutora Paula Faria Marques

co-orientada pelo Prof. Doutor Luís Jardim

MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA DENTÁRIA

2018

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Universidade de Lisboa

FACULDADE DE MEDICINA DENTÁRIA

AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES

ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

RUI MIGUEL NETO MARTINS

Dissertação orientada pela Profª. Doutora Paula Faria Marques

co-orientada pelo Prof. Doutor Luís Jardim

MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA DENTÁRIA

2018

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ii AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

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iii AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

AGRADECIMENTOS

Começo por deixar um especial agradecimento aos meus orientadores, Profª. Doutora

Paula Marques e Prof. Doutor Luís Jardim, por toda a disponibilidade e dedicação para a

realização desta dissertação. Muito obrigado pelo carinho e confiança depositada em mim.

Aos meus colegas, adereço uma palavra de carinho pelos momentos que passamos nos

últimos seis anos nesta faculdade. Foram bons os tempos de aulas, melhores ainda os de lazer.

Muito obrigado pela partilha de conhecimento e por todo o apoio, não só nas provais

individuais, como também nos trabalhos de grupo. Foram fundamentais.

Aos funcionários desta faculdade, que através de muito esforço ultrapassam as

adversidades e permitem o desenrolar normal de toda a atividade académica. Desde os

audiovisuais até à cafetaria. Não me esqueço dos seguranças, mulheres da limpeza e todos os

auxiliares da clínica. Também as senhoras da biblioteca e, como não podia faltar, o mítico da

papelaria. O meu sincero agradecimento.

À minha dupla, um especial agradecimento por estes dois últimos anos. Foste uma

ótima companhia e uma excelente colega de trabalho. Sem a tua ajuda certamente teria sido

muito mais difícil. Muito obrigado Joana!

Aos amigos do peito, por estarem sempre presentes apesar da distância. Vocês que me

acompanham desde pequeno, sempre estarão no meu pensamento.

Aos meus camaradas e amigos da Academia, por me ajudarem a superar as

adversidades e tornarem este percurso muito mais tranquilo e divertido. Um especial

agradecimento ao Rafael e ao João, por terem acompanhado de mais perto o meu percurso

nesta faculdade, contribuindo bastante para a sua conclusão.

Por fim, mas mais importante, a toda a minha família. Aos meus pais e irmãos, que

sempre me acompanharam com preocupação, saudade e grande união. Muito obrigado por

todas as palavras de incentivo. Estarão sempre no meu coração!

À minha incrível e fantástica namorada, deixo estas últimas palavras. Muito obrigado

por todo o apoio que me tens dado ao longo destes últimos anos. Apesar da distância, estás

sempre presente. Te adoro!

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iv AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

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v AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

RESUMO

A agenésia dentária é uma patologia caracterizada pela ausência de um ou mais dentes,

e está presente em cerca de 3 a 10% da população atual. A falta de dentes pode ter

repercussões a nível estético e funcional.

Esta patologia divide-se em três grupos: hipodontia (ausência de 1 a 5 dentes),

oligodontia (ausência de mais de 6 dentes) e anodontia (ausência total de dentes). O número

de dentes ausentes determina a severidade do problema. A sua origem deriva de várias

mutações genéticas, nomeadamente dos genes MSX1, AXIN2e PAX9.

O dente que mais frequentemente se apresenta congenitamente ausente é o terceiro

molar, apesar de não ser considerado em todos os estudos. Assim, alguma literatura considera

os incisivos laterais superiores e os segundos pré-molares inferiores como sendo os dentes

mais frequentemente ausentes.

Os casos mais comuns de hipodontia são a agenésia única ou de dois dentes

bilateralmente. Existem registos na literatura que evidenciam a associação da agenésia dos

segundos pré-molares inferiores com a agenésia de outros pré-molares e/ou com a agenésia de

incisivos laterais superiores, em casos de ausências múltiplas.

O diagnóstico desta patologia deve ser precoce e detalhado, através da observação

clínica e de exames radiográficos, que permitam a uma equipa multidisciplinar a elaboração

de um plano de tratamento completo que se adapte ao paciente e às suas condições

socioeconómicas.

Palavras-chave: agenésia; hipodontia; segundos pré-molares inferiores; incisivos

laterais superiores.

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vi AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

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vii AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

ABSTRACT

Dental agenesis is a pathology characterized by the absence of one or more teeth, being

present in about 3 to 10 % of the population. The lack of teeth might potentially lead to

aesthetic and functional repercussions.

This pathology is divided into three groups: hypodontia (absence of 1 to 5 teeth),

oligodontia (absence of more than 6 teeth) and anodontia (total absence of teeth). The number

of teeth missing will define the severity of the problem. The origin of this pathology is related

to genes mutations. The genes involved are MSX1, AXIN2e and PAX9.

Although the most commonly congenitally absent tooth is the third molar, it is not

considered in all studies. Thus, the literature considers the upper lateral incisors and the lower

second premolars as the most frequently absent teeth.

The most common cases of hypodontia are single-tooth or two teeth bilateral agenesis.

Scientific evidence unveils the association of agenesis between the second lower premolars

and agenesis of other premolars and/or agenesis of upper lateral incisors, in cases of multiple

absences.

The diagnosis should be early and detailed, through clinical observation and

radiographic examinations, which allows a multidisciplinary team to elaborate a complete

treatment plan that adapts to the patient and their socioeconomic conditions.

Keywords: agenesis; hypodontia; lower second premolars; upperlateral incisors.

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viii AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

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ix AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

ÍNDICE

Pagina(s)

Agradecimentos ………………………………………………. iii

Resumo ………………………………………………. v

Abstract vii

1. Introdução ………………………………………………. 1

2. Objetivo ………………………………………………. 3

3. Materiais e Métodos ………………………………………. 3

4. Definição de agenésia ………………………………………. 4

5. Etiologia das agenésias ………………………………………. 5

5.1 Fatores locais ………………………………………. 5

5.2 Fatores sistémicos ………………………………. 5

5.3 Fatores genéticos ………………………………. 6

5.3.1. Agenésias sindrómicas ………………. 7

5.3.2. Agenésias não sindrómicas ………………. 9

6. Prevalência das agenésias ………………………………. 10

6.1. Dentes mais frequentemente afetados ………………. 10

6.2. Relação com o género ………………………………. 13

7. Agenésias múltiplas ………………………………………. 15

8. Diagnóstico das agenésias ………………………………. 17

9. Tratamento das agenésias ………………………………. 18

10. Agenésias e saúde oral ………………………………. 20

11. Conclusões ………………………………………………. 22

Referências Bibliográficas ………………………………………. 24

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x AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

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1 AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

1. INTRODUÇÃO

Os dentes e os tecidos periodontais são estruturas fundamentais do sistema

estomatognático, pelo que qualquer anomalia que ocorra nestes tecidos, tais como

malformações ou agenésias dentárias, pode ter grandes implicações e consequentes alterações

na oclusão. Por isto é importante estar atento ao processo de desenvolvimento e erupção

dentária, despistando eventuais alterações de modo a permitir o adequado delineamento de

um plano de tratamento que permita alcançar a melhor harmonia oclusal, estética e funcional

(Seabra e cols, 2008; Carvalho e cols, 2011; Rakhshan e Rakhshan, 2015; Fauzi e cols, 2018).

O estudo do desenvolvimento embrionário permite saber que os maxilares estão

divididos em diferentes zonas com diferentes inervações. Esta observação baseada em estudos

pré-natais sobre a inervação, demonstrou que existia uma inervação separada para a região do

canino / pré-molar, tanto na mandíbula quanto na maxila (Kenrad e cols, 2013).

O desenvolvimento dentário depende da inervação e do ectomesenquima, ambos

desenvolvidos a partir da mesma zona da crista neural. Assim, juntamente com a mucosa, o

ectomesenquima e a inervação são os responsáveis pela formação dos dentes. Distúrbios num

ou mais desses componentes teciduais podem resultar em agenésia de um ou mais dentes

(Kenrad e cols, 2013).

A coordenação entre a ocorrência de agenésia na maxila e mandíbula em cada lado

poderia presumivelmente ser controlada pelos nervos periféricos coordenados no gânglio do

trigémeo direito para o lado direito e no gânglio do trigémeo esquerdo para o lado esquerdo.

A ocorrência de agenésia dentária tem sido o foco de vários estudos há muitos anos, desde

relatos de casos isolados até projeções de grandes populações (Kenrad e cols, 2013).

Na literatura verifica-se que o terceiro molar é o dente mais frequentemente ausente, no

entanto, geralmente não são incluídos nos estudos realizados (Fournier e cols., 2018).

Relativamente ao segundo dente mais frequentemente ausente, para alguns autores é o

incisivo lateral superior (Muller e cols, 1970; Silva Meza, 2003), enquanto que, para outros, é

o segundo pré-molar inferior (Polder e cols, 2004; Khalaf e cols, 2014; Badrov e cols, 2017;

Sejdini e Çerkezi, 2018).

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2 AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

Deste modo, a agenésia de segundos pré-molares é das mais frequentemente

identificadas no dia-a-dia da prática clínica, sendo importante perceber a sua interação com

outras agenésias e anomalias dentárias. De facto, estão muitas vezes associadas à agenésia de

um ou mais dentes, tanto na mandíbula como na maxila (Muller e cols, 1970; Polder e cols,

2004; Badrov e cols, 2017).

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3 AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

2. OBJETIVO

O objetivo da dissertação é o de realizar uma revisão bibliográfica narrativa da

literatura sobre agenésias dentárias, avaliando criticamente os resultados dos estudos

incluídos de forma a verificar a prevalência, possível etiologia, problemas associados à falta

de dentes, em particular o envolvimento dos segundos pré-molares e perceber a sua

associação com outras agenésias.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Para a elaboração desta dissertação de mestrado foi efetuada uma pesquisa bibliográfica

nas bases de dados eletrónicas de referência, a MEDLINE (pubmed -

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed) e a Cochrane Library

(https://www.cochranelibrary.com/), bem como nas publicações não indexadas no Repositório

Científico de Acesso Aberto de Portugal (https://www.rcaap.pt/) e biblioteca da Faculdade de

Medicina Dentária da Universidade de Lisboa. A pesquisa foi realizada até outubro de 2018,

restrita a artigos publicados em língua portuguesa, inglesa e espanhola, sem limitação de data

e as palavras-chave em inglês usadas foram: “pre-molar”, “agenesia”, “hypodontia”,

“oligodontia”, “teeth agenesis”, “multiple agenesis”, “multiple tooth agenesis” e “hypodontia

patterns”.

A seleção inicial dos artigos foi feita com base na leitura do título e do resumo. Para os

artigos considerados importantes foram obtidos os textos integrais.

Posteriormente, recorrendo à bibliografia da literatura previamente incluída nesta

revisão foi feita uma busca manual de artigos considerados relevantes para o tema em

questão.

Nesta revisão literária foram incluídos um total de 50 artigos.

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4 AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

4. DEFINIÇÃO DE AGENÉSIA

A agenésia dentária é definida como a diminuição do número de dentes, também

conhecida como dentes congenitamente ausentes, resultado de distúrbios que ocorrem durante

a odontogénese. Um dente é considerado como congenitamente ausente quando não erupciona

na cavidade oral e a mineralização não é visível nas radiografias (Carvalho e cols, 2011,

Yemitan e cols, 2016; Fauzi e cols, 2018; Sejdini e Çerkezi, 2018). A sua etiologia pode estar

relacionada com fatores locais, sistémicos e genéticos (Silva Meza, 2003).

Os dentes congenitamente ausentes são uma anomalia que pode resultar num mau

posicionamento dentário, comprometimento periodontal, e alterações estéticas e funcionais

significativas (Silva Meza, 2003).

A agenésia pode dividir-se em três grupos: hipodontia, oligodontia e anodontia (Silva

Meza, 2003; Seabra e cols, 2008; Fauzi e cols, 2018; Fournier e cols, 2018; Sejdini e Çerkezi,

2018). A primeira, caracteriza-se pela falta de 1 a 5 peças dentárias. A segunda, corresponde a

ausências de 6 ou mais dentes, excluindo os terceiros molares. Por último, a ausência total de

dentes define-se como anodontia (Silva Meza, 2003; Seabra e cols, 2008; Fauzi e cols, 2018;

Fournier e cols, 2018; Sejdini e Çerkezi, 2018).

A agenésia dentária é uma anomalia muito frequente na dentição permanente, afetando,

ainda assim, a dentição decídua (Silva Meza, 2003; Seabra e cols, 2008; Rakhshan e

Rakhshan, 2016). Segundo Tallón-Walton e colaboradores (2014), a prevalência de

hipodontia da dentição decídua varia de 0,4 a 0,9%, verificando-se uma forte associação entre

a ausência congénita das dentições decídua e permanente.

A gravidade da ausência congénita de dentes varia consoante o número de dentes em

falta, sendo definido como leve (falta de três ou menos dentes), moderada (entre quatro e seis

dentes) e severa (mais de seis dentes ausentes). A aplasia de mais de dois dentes no mesmo

quadrante pode ser uma indicação da necessidade de tratamento ortodôntico. Portanto, mesmo

os casos leves são relevantes, uma vez que hipodontia leve ou moderada terá necessariamente

de ser submetida a este tipo de tratamento (Rakhshan e Rakhshan, 2016).

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5 AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

5. ETIOLOGIA DAS AGENÉSIAS

A etiologia das agenésias pode estar relacionada com fatores locais, sistémicos e

genéticos (Silva Meza, 2003).

5.1 FATORES LOCAIS

O tamanho da mandíbula e da maxila determinará o espaço disponível para a erupção

dentária. Deste modo, a falta de espaço poderá ser uma das causas para a não formação de um

determinado dente (Rakhshan e Rakhshan, 2016). Além disso, infeções, fraturas ou

procedimentos cirúrgicos no local do gérmen dentário poderá afetar a continuidade do seu

desenvolvimento (Tallón-Walton e cols, 2014; Rakhshan e Rakhshan, 2016).

5.2 FATORES SISTÉMICOS

Do mesmo modo, verifica-se que a agenésia dentária também está associada à

quimioterapia, radioterapia e a patologias sistémicas. (Tallón-Walton e cols, 2014; Rakhshan

e Rakhshan, 2016).

Tanto a quimioterapia quanto a radioterapia são tratamentos frequentemente utilizados

em pacientes oncológicos. As principais manifestações orais possivelmente identificadas após

o tratamento oncológico de pacientes em idade de desenvolvimento dentário podem ser a

hipomineralização do esmalte, a hipoplasia do esmalte, o atraso da erupção dentária, a

microdontia e a hipodontia. Estas anomalias são mais frequentes em casos de pacientes

sujeitos a radioterapia numa idade inferior aos cinco anos (Wilberg e cols, 2016).

Wilberg e colaboradores (2016) verificaram que existem mais anomalias dentárias nos

pacientes diagnosticados antes dos cinco anos de idade e sujeitos a uma quimioterapia com

doses cumulativas de antraciclinas superior a 120 mg / m2.

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6 AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

5.3 FATORES GENÉTICOS

A agenésia dentária é causada por uma interrupção precoce do desenvolvimento do

gérmen dentário (Fournier e cols, 2018). É quase unânime que a causa mais frequente desta

anomalia de número se deve a fatores genéticos (Sejdini e Çerkezi, 2018).

Além disso, um simples defeito genético pode levar a diferentes expressões fenotípicas,

desde a agenésia dentária, a microdontia, à erupção dentária ectópica e também ao atraso no

desenvolvimento dentário (Garib e cols, 2009). A dentição permanente é mais frequentemente

afetada do que a dentição decídua (Vieira, 2003).

A principal causa de hipodontia e oligodontia deve-se sobretudo às mutações dos genes

PAX9 e MSX1. Estes genes manifestam-se no mesênquima durante a odontogénese. A

mutação do MSX1 está associada à falta de segundos pré-molares. Por sua vez, a mutação do

PAX9 está ligada às ausências dos incisivos laterais superiores e dos terceiros molares. A

mutação AXIN2 está associada à anodontia (Vieira, 2003; Polder e cols, 2004; Bozga e cols,

2014; Tallón-Walton e cols, 2014; Liang e cols, 2016; Bonczek e cols, 2017; Fauzi e cols,

2018).

Sanpei e colaboradores (2016), destacam a influência da mutação PAX9 na agenésia

dentária, sobretudo da maioria dos molares, segundos pré-molares e alguns incisivos. O

PAX9 está localizado no cromossoma 14, sendo considerado o gene responsável por

estabelecer o momento e o local de início da odontogénese (Tallón-Walton e cols, 2014;

Fauzi e cols, 2018).

O gene MSX1, presente no cromossoma 4, manifesta-se em vários tecidos

embrionários, incluindo o mesênquima dentário. Acredita-se que esteja relacionado com a

regulação da forma e posição dos dentes, estando muitas vezes associado à ausência congénita

de dentes e a diferentes formas de fenda labiopalatina (Tallón-Walton e cols, 2014; Liang e

cols, 2016).

Mutações no gene MSX1 também podem originar formas sindrómicas de agenésia

dentária, incluindo o síndrome de Wolf-Hirschhorn e o síndrome de Witkop (Vieira, 2003;

Liang e cols, 2016; Fauzi e cols, 2018).

O MSX1 é formado por dois exões, sendo que segundo exão inclui o homeodomínio

que é crucial para a estabilidade proteica, ligação ao ADN, repressão transcricional e

interações com outras moléculas odontogénicas, tais como o PAX9 (Liang e cols, 2016).

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7 AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

De facto, foi identificada uma relação funcional entre os genes PAX9 e MSX1 durante o

desenvolvimento dentário, estabelecendo outro potencial ponto de regulação. (Tallón-Walton

e cols, 2014). De acordo com Fauzi e colaboradores (2018), o gene PAX9 é responsável pela

expressão da proteína morfogenética óssea 4 que, por sua vez, regula ainda mais a expressão

do gene MSX1.

Também o estudo de Fournier e colaboradores (2018) corrobora as observações

anteriormente citadas, tendo estes autores descrito dois grupos de genes fortemente

relacionados com a agenésia dentária. Um relacionado com a agenésia isolada e outro

associado à ausência dentária interligada com outros síndromes. A mais frequente é a

agenésia isolada, devido à mutação dos genes MSX1, AXIN2 e PAX9. O primeiro manifesta-

se sobretudo na agenésia dos pré-molares, o segundo está relacionado com a anodontia e, por

último, o terceiro manifesta-se na agenésia de molares, incisivos laterais superiores e, ainda,

incisivos centrais inferiores (Polder e cols, 2004; Bozga e cols, 2014; Bonczek e cols, 2017;

Fauzi e cols, 2018).

Devido à grande componente genética associada às agenésias dentárias, esta deve ser

considerada como um importante sinal clínico para um possível síndrome subjacente

(Fournier e cols, 2018). Assim sendo, uma compreensão abrangente das mutações genéticas,

através do exame odontológico, beneficiará pacientes, médicos e geneticistas na deteção

precoce de outras possíveis complicações e possibilita a realização de um plano de tratamento

adequado (Fauzi e cols, 2018; Fournier e cols, 2018).

5.3.1 Agenésias sindrómicas:

A agenésia dentária tem sido associada a diversos casos de síndrome. A hipodontia

sindrómica deve-se provavelmente a anomalias cromossómicas, teratogenes ou síndromes não

categorizados, cujas causas permanecem desconhecidas (Andersson e cols, 2014).

Estudos anteriores verificaram que a mutação do gene MSX1 está relacionada com o

síndrome de Wolf-Hirschhorn e o síndrome de Witkop. O síndrome de Wolf-Hirschhorn é

causada por uma deleção do locus WHS - incluindo MSX1 - no cromossoma 4p. Este

síndrome caracteriza-se por atraso mental e de crescimento, convulsões, aspeto craniofacial

característico, e agenésia dentária. O síndrome de Witkop resulta de uma mutação sem sentido

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8 AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

do gene MSX1. Este síndrome caracteriza-se por agenésia dentária e displasia ungueal (Liang

e cols, 2016).

A síndrome de Down é outro dos exemplos com evidente associação com a agenésia

dentária. A hipodontia do terceiro molar é comum entre as crianças com síndrome de Down,

com uma prevalência de 74%, muito superior aos 16,4% entre os indivíduos de

desenvolvimento normal. O tipo e localização das agenésias no síndrome de Down são

idênticas aos restantes indivíduos da população. As crianças com síndrome de Down também

são mais propensas a atrasos na erupção de dentes decíduos, sendo um aspeto importante a ter

em conta na observação destes casos (Andersson e cols, 2014).

O síndrome blefarociláctica também envolve a agenésia dentária. Este síndrome é uma

condição autossómica dominante rara, caracterizado por anomalias do olho, lábios e

desenvolvimento dentário, verificando-se uma fenda labiopalatina bilateral e oligodontia

(Awadh e cols, 2017).

Assim, o padrão esquelético craniofacial traduz-se numa classe esquelética III com

uma maxila hipoplásica. Os pacientes com síndrome blefarociláctica têm uma dimensão

reduzida da face ântero-inferior, discrepância maxilar-mandibular acentuada e múltiplas

anomalias dentárias, sendo que estas podem ser dentes cónicos, microdontia, taurodontismo,

rotações, irregularidades de cúspides e hipoplasia de esmalte. As anomalias dentárias são

frequentemente associadas à agenésia dentária e quanto mais grave a agenésia dentária, maior

a probabilidade de se encontrarem anomalias dentárias associadas (Awadh e cols, 2017).

O padrão de agenésia dentária na síndrome blefarociláctica é invulgar, uma vez que

inclui dentes que raramente estão associados à agenésia, tais como os incisivos centrais

superiores e caninos superiores e inferiores. Os dentes permanentes mais frequentemente

ausentes neste síndrome são os da região anterior da maxila, que corresponde à fenda

labiopalatina bilateral (Awadh e cols, 2017).

Awadh e colaboradores (2017) verificaram, que o número médio de dentes

permanentes ausentes por agenésia nos pacientes com síndrome blefarociláctica é de 13,7,

excluindo os terceiros molares. Relativamente à dentição decídua, o número médio de dentes

decíduos ausentes é de 8,25.

Antonarakis e Suri (2014) verificaram, no seu estudo, que a agenésia dentária também é

frequentemente encontrada em pessoas com síndrome de Pierre Robin. Esta doença é

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9 AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

caracterizada pela tríade de micrognatia, fenda palatina e desconforto respiratório acentuado

causado pela obstrução das vias aéreas no período neonatal. Estima-se que a prevalência de

síndrome de Pierre Robin seja entre 1 em 8500 a 1 em 20.000 nascimentos, sendo que a

prevalência de agenesia dentária associada a esta doença ronda entre os 30% a 50%. A

mandíbula foi mais vezes afetada do que a maxila e o número de dentes ausentes neste estudo

variou de 1 a 6. A agenésia dos segundos pré-molares inferiores é o padrão predominante de

agenésia dentária em pacientes com síndrome de Pierre Robin (Antonarakis e Suri, 2014; de

Smalen e cols, 2017).

A displasia ectodérmica é outra das patologias caracterizada pela agenésia de múltiplos

dentes, verificando-se muitas vezes anodontia da dentição decídua e/ou da dentição

permanente. Esta é uma doença de carácter hereditário, com uma incidência de 1 a cada

17000 nascimentos e uma prevalência de 17,3 por 100000 mulheres e 1 por 100000 homens

(Seabra e cols, 2008; Schnabl e cols, 2018).

5.3.2 Agenésias não sindrómicas:

A agenésia dentária pode ocorrer isoladamente quando não relacionada com um

síndrome e está associada a mutações em 4 genes: PAX9, MSX1, WNT10A e AXIN2

(Badrov e cols, 2017; Gkantidis e cols, 2017; Fournier e cols, 2018).

No estudo de Gkantidis e colaboradores (2017) verificou-se que os fenótipos de

indivíduos com agenésias dentárias não sindrómicas apresentava alguma complexidade

quando se tinha em conta as suas características dentárias e esqueléticas. Variações na forma

do dente, redução do seu tamanho e do número de dentes posteriores, incisivos laterais

superiores subdesenvolvidos ou mal formados, caninos impactados palatinamente, segundos

pré-molares mandibulares deslocados distalmente e taurodontismo são mais frequentemente

observados em pacientes com agenésia dentária não sindrómica em comparação com a

população geral.

Awadh e colaboradores (2017) relatam ainda a ocorrência de agenésia dentária em

pacientes com fenda labiopalatina bilateral não sindrómica. A agenésia dentária é menos

comum em pacientes com fenda labiopalatina isolada e mais grave nos casos com fenda

labiopalatina bilateral. Mehrotra (2015) refere que esta anomalia tem origem numa mutação

genética, não sendo ainda possível associá-la a um gene específico.

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10 AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

6. PREVALÊNCIA

Segundo Fauzi e colaboradores (2018) a hipodontia afeta quase 20% da população

atual. Por outro lado, Sejdini e Çerkezi afirmam uma menor prevalência, que varia entre

2,63% a 11,2%, dependendo da raça e de um modo semelhante, Al-Abdallah e colaboradores

(2015) apontam para uma incidência entre 2,7% a 12,2% na dentição permanente, excluindo

os terceiros molares.

Excluindo os terceiros molares, a maioria dos estudos aponta para valores de

prevalência da agenésia de outros dentes na ordem de 3 a 10%, dependendo dos exames

realizados e dos perfis demográficos e geográficos da amostra (Andersson e cols, 2014;

Antonarakis e Suri, 2014; Awadh e cols, 2017; Choi e cols, 2017; Gkantidis e cols, 2017)

A agenésia dentária, afeta cerca de 5,5% dos europeus (Polder e cols, 2004; Fournier e

cols, 2018). No entanto, de acordo com Badrov e colaboradores (2017), as meta-análises mais

recentes referem valores para a prevalência de dentes permanentes congenitamente ausentes

na Europa ligeiramente superiores na ordem dos 7,0%.

6.1 DENTES MAIS FREQUENTEMENTE AFETADOS

Embora a ausência congénita dos terceiros molares seja a mais frequente, usualmente

este dente não é incluído nos estudos por dois motivos. Primeiro, porque a prevalência da sua

agenésia é muito superior e apresenta uma grande diferença relativamente aos restantes

dentes. Segundo, a população incluída na amostra da maioria dos estudos é geralmente

constituída por crianças de idades inferiores à idade correspondente à calcificação do gérmen

dentário do terceiro molar, não sendo, portanto, possível a sua visualização radiográfica

(Rakhshan e Rakhshan, 2016; Fournier e cols, 2018).

Assim, de modo a tornar os resultados uniformes, nesta revisão bibliográfica só serão

analisados estudos que não incluíram os terceiros molares.

Na literatura, não existe um consenso entre os vários autores relativamente ao segundo

dente mais frequentemente ausente, após o terceiro molar (Silva Meza, 2003; Yemitan e cols,

2016). Por um lado, alguns autores defendem que a agenésia é mais comum ao nível do

incisivo lateral superior (Muller e cols, 1970; Silva Meza, 2003), enquanto, por outro lado,

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11 AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

outros defendem que os dentes mais frequentemente ausentes são os segundos pré-molares

inferiores (Polder e cols, 2004; Khalaf e cols, 2014; Badrov e cols, 2017; Sejdini e Çerkezi,

2018).

Os casos mais comuns de agenésia são as ausências dos incisivos laterais superiores e

dos segundos pré-molares (Muller e cols, 1970; Silva Meza, 2003; Polder e cols, 2004;

Badrov e cols, 2017; Fauzi e cols, 2018; Sejdini e Çerkezi, 2018). Os primeiros molares e os

incisivos centrais superiores são os dentes menos afetados (Polder e cols, 2004; Fournier e

cols, 2018).

Na meta-análise de Polder e colaboradores (2004), os dentes mais frequentemente

ausentes foram, em primeiro lugar, os segundos pré-molares inferiores (2,91% - 3,22%),

seguidos dos incisivos laterais superiores (1,55% - 1,78%) e, em terceiro lugar, os segundos

pré-molares inferiores (1,39% - 1,61%).

No estudo clínico de Muller e colaboradores (1970), verificou-se que a maioria das

ausências congénitas dentárias ocorrem na mandíbula, em relação à maxila. Do mesmo modo,

identificou-se o incisivo lateral superior como o dente mais frequentemente ausente, ao

contrário de outros estudos que afirmam ser o segundo pré-molar inferior. Muller e

colaboradores (1970) afirmam também que é pouco comum um indivíduo afetado ter mais de

dois dentes permanentes congenitamente ausentes, sendo que entre 80% a 90% dos sujeitos

estudados tinha ou um ou dois dentes congenitamente ausentes.

Verifica-se uma simetria bilateral para dentes individuais, exceto para o segundo pré-

molar inferior, onde o lado esquerdo domina. Na maxila, esses dados mostram mais dentes

ausentes à direita do que no lado esquerdo e verifica-se o inverso na mandíbula (Muller e

cols, 1970).

Rølling e Poulsen (2009) verificaram que a agenésia unilateral do segundo pré-molar é

mais comum do que a sua agenésia bilateral.

Contrariamente, Badrov e colaboradores (2017) defendem que os dentes mais afetados

são os segundos pré-molares inferiores e, só depois, os incisivos laterais superiores. Segundo

o mesmo autor, estes dados são coerentes com o padrão de distribuição da ausência congénita

de dentes de outros estudos.

No entanto, este mesmo estudo de Badrov e colaboradores (2017), no que diz respeito à

prevalência de dentes permanentes congenitamente ausentes entre os maxilares, acaba por

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12 AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

corroborar o resultado obtido por Muller e colaboradores (1970), verificando uma distribuição

de casos duas vezes superior na mandíbula comparativamente ao maxilar.

Em meta-análises anteriores, apurou-se a existência de uma distribuição uniforme entre

a mandíbula e a maxila (Polder e cols, 2004; Khalaf e cols, 2014). Estes autores são

corroborados pelos estudos de Silva Meza (2003) e de Fournier e colaboradores (2018).

Khalaf e colaboradores (2014) não verificaram diferenças estatisticamente significativas na

predominância de dentes permanentes congenitamente ausentes entre pacientes ortodônticos e

outros tipos de população.

Segundo Al-Abdallah e colaboradores (2015), na maxila, os incisivos laterais são os

dentes mais frequentemente ausentes (87,7%), seguidos pelos segundos pré-molares

superiores (10,4%). Na mandíbula, os dentes ausentes mais comuns foram os segundos pré-

molares (64,3%), seguidos pelos incisivos centrais inferiores (38,6%).

Desta forma, podemos verificar que os estudos mais recentes identificam o segundo pré-

molar inferior como o dente mais frequentemente afetado pela agenésia congénita. Logo, a

ideia de que o incisivo lateral superior seria o dente mais frequentemente ausente é cada vez

mais desacreditada na comunidade científica atual (Badrov e cols, 2017; Sejdini e Çerkezi,

2018).

De facto, apesar de Silva Meza (2003) defender que o dente mais frequentemente

ausente, após o terceiro molar, ser o incisivo lateral superior, admite a indefinição desta

ordenação atendendo aos registos de outros autores, que identificam o segundo pré-molar

inferior como o segundo mais frequentemente ausente em casos de hipodontia.

Tallón-Walton e colaboradores (2014) verificaram, no seu estudo sobre a influência de

mutações genéticas na agenésia dentária, que os terceiros molares são os dentes mais

frequentemente ausentes, seguidos pelos segundos pré-molares superiores e inferiores e, só

depois, pelos incisivos laterais superiores.

A ausência congénita mais comum na arcada mandibular é a do segundo pré-molar

(Polder e cols, 2004; Khalaf e cols, 2014; Badrov e cols, 2017; Sejdini e Çerkezi, 2018). A

carência desta peça dentária resulta na preservação mais prolongada do segundo molar

decíduo inferior (Al-Abdallah e cols, 2015), originando alterações funcionais e estéticas

(Badrov e cols, 2017; Fauzi e cols, 2018).

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13 AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

Verificou-se, em vários estudos, que os incisivos centrais superiores e quase todos os

primeiros molares raramente estão congenitamente ausentes (Muller e cols, 1970; Polder e

cols, 2004; Khalaf e cols, 2014; Badrov e cols, 2017).

6.2 RELAÇÃO COM O GÉNERO

No que diz respeito à prevalência da agenésia dentária entre homens e mulheres,

diferentes autores manifestam opiniões contrárias. Por um lado, um grupo reconhece não ter

identificado diferenças estatisticamente significativas entre os dois géneros (Silva Meza,

2003; Sejdini e Çerkezi, 2018). Por outro lado, o outro grupo defende que existe uma maior

prevalência de dentes permanentes congenitamente ausentes no sexo feminino (Polder e cols,

2004; Rølling e Poulsen, 2009; Khalaf e cols, 2014; Badrov e cols, 2017). Esta ausência

dentária pode ser uma consequência da menor dimensão dos seus maxilares, o que pode

interferir na formação do gérmen dentário (Rakhshan e Rakhshan, 2016).

Kenrad e colaboradores (2013), investigaram os padrões entre a agenésia do segundo

pré-molar nos diferentes géneros. Neste estudo não foram incluídas as crianças com

síndromes e outras malformações congénitas conhecidas. Estes autores fizeram a divisão da

amostra do seu estudo em dois grupos. Num dos grupos analisaram as agenésias unilaterais, e

verificaram que incluía 61% de todos os pacientes com agenésia do segundo pré-molar

mandibular, quase igualmente distribuída entre homens e mulheres.

Nos homens, localizaram mais agenésias no lado esquerdo comparado ao lado direito,

enquanto que nas mulheres essa distribuição foi aproximadamente a mesma. No outro grupo,

analisaram as agenésias bilaterais, verificando que a agenésia bilateral do segundo pré-molar

na mandíbula ocorreu quase duas vezes mais em mulheres do que nos homens. A comparação

dos dois grupos mostrou que a agenésia unilateral do segundo pré-molar mandibular ocorreu

significativamente mais frequentemente em comparação à sua agenésia bilateral (Kenrad e

cols, 2013).

Do mesmo modo, na maxila verificaram-se mais casos de agenésia do segundo pré-

molar superior nas mulheres do que nos homens, sendo que 56% destes pacientes tinham

agenésias unilaterais. As mulheres foram afetadas duas vezes mais do que os homens (Kenrad

e cols, 2013).

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14 AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

Relativamente à distribuição das agenésias unilaterais dos segundos pré-molares

superiores pelo lado esquerdo e direito, não se verificaram diferenças estatisticamente

significativas, tanto para os homens como para as mulheres. Em relação à agenésia bilateral

do segundo pré-molar na maxila, verificou-se uma frequência duas vezes superior nas

mulheres em relação aos homens (Kenrad e cols, 2013).

Assim, a probabilidade de encontrar agenésia do segundo pré-molar na maxila é

significativamente maior em mulheres do que nos homens enquanto que na mandíbula, a

probabilidade de encontrar agenésia do segundo pré-molar na mulher e no homem é

semelhante (Kenrad e cols, 2013).

Relativamente à agenésia associada a síndromes existem poucos estudos, no entanto,

em pacientes com síndrome de Pierre Robin, não foram encontradas diferenças significativas

quando comparados os dois géneros (Antonarakis e Suri, 2014).

Kenrad e colaboradores (2013), analisaram o padrão da agenésia na maxila e

mandíbula no grupo total (feminino e masculino) e verificaram uma associação significativa

entre a ocorrência de agenésia dos dentes 25 e 35. Esta associação apenas foi estatisticamente

significativa no género masculino. Contrariamente, não se verificou uma associação

significativa entre a agenésia dos dentes 15 e 45, tanto nos homens como nas mulheres.

De acordo com Badrov e colaboradores (2017), a agenésia dos segundos pré-molares

inferiores é consensual como sendo a mais frequente, tanto para os homens como para as

mulheres. Todavia, os autores verificaram diferenças no subsequente dente mais

frequentemente ausente. Por um lado, para os homens, foi o incisivo lateral superior, por

outro lado, para as mulheres, foi o segundo pré-molar superior.

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15 AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

7. AGENÉSIAS MÚLTIPLAS

Nesta seção serão abordadas apenas os casos de agenésia múltipla, ou seja, que

envolvam a ausência simultânea de dois ou mais dentes.

No estudo de Rakhshan e Rakhshan (2016) foram observados indivíduos com ausência

congénita de dentes. Foi feita uma divisão em dois grupos, o primeiro integrava pacientes que

tiveram acompanhamento regular dos médicos dentistas, o segundo era composto por pessoas

aleatoriamente selecionadas na população. Os autores verificaram que estavam

congenitamente ausentes em média cerca de 2 dentes no primeiro grupo, enquanto que no

segundo grupo a média foi de 1,5 dentes.

Os mesmos autores verificaram ainda que, em termos gerais, entre 75% a 90% da

população não apresenta mais do que dois dentes congenitamente ausentes, corroborando o

anterior estudo de Muller e colaboradores (1970). Mais recentemente, Fournier e

colaboradores (2018) ratificaram estes mesmos resultados.

Numa outra vertente, Badrov e colaboradores (2017) analisaram a relação entre as

agenésias singulares e simultâneas bilaterais. Os autores verificaram uma maior predisposição

para a ocorrência de agenésias múltiplas bilaterais do que para a agenésia unilateral. Assim,

existem mais casos de hipodontia bilateral de segundos pré-molares inferiores e incisivos

laterais superiores relativamente à hipodontia unilateral.

Choi e colaboradores (2017) verificaram que em 50% dos casos de hipodontia unilateral

do incisivo lateral superior houve microdontia do dente contralateral. Garib e colaboradores

(2009) mostraram que 21,2% dos pacientes com agenésia do segundo pré-molar também

apresentavam agenésia de outros dentes permanentes.

No estudo de Muller e colaboradores (1970), em caso de ausência de um ou dois dentes,

o mais frequentemente ausente foi o incisivo lateral superior. Em ausências superiores a 2

dentes, verificou-se que o dente mais vezes ausente foi o segundo pré-molar inferior. Na

sequência deste estudo, perante múltiplas agenésias é possível verificar uma forte associação

entre a agenésia dos segundos pré-molares, maxilar e mandibular, bilateral e, ainda, com o

incisivo lateral superior.

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16 AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

De acordo com o mesmo estudo, em caso de agenésia de dois dentes, a combinação dos

dois dentes mais frequentemente ausentes são os incisivos laterais superiores (50,7%),

seguidos pelos segundos pré-molares inferiores (22,7%), os segundos pré-molares superiores

(6,9%) e os incisivos centrais inferiores (5,9%). A simetria bilateral ocorre em 90,6% das

combinações e apenas 2,0% das combinações têm simetria maxilar-mandibular.

Perante a agenésia de três dentes, 61,1% das combinações envolvem exclusivamente

segundos pré-molares e 30,5% das combinações restantes envolvem um ou dois segundos

pré-molares. Enquanto que para indivíduos com quatro dentes congenitamente ausentes,

45,0% das combinações têm os quatro segundos pré-molares afetados (Muller e cols, 1970).

Nos casos de cinco e seis dentes ausentes estão pelo menos dois segundos pré-molares

incluídos em cada combinação. Em 80% dos indivíduos com seis dentes congenitamente

ausentes, todos os quatro segundos pré-molares estão incluídos nesses dentes em falta (Muller

e cols, 1970).

Assim sendo, associada à agenésia do segundo pré-molar, estão muitas vezes ausentes

outros segundos pré-molares e/ou os incisivos laterais superiores. Neste estudo não foram

incluídos os terceiros molares (Muller e cols, 1970).

Endo e colaboradores (2015) verificaram ainda que a agenésia de dois ou mais terceiros

molares está associada, muito frequentemente, à agenésia unilateral ou bilateral de incisivos

laterais superiores e segundos pré-molares superiores e inferiores. Posteriormente, o estudo de

Sanpei e colaboradores (2016) corrobora estes dados verificando um aumento das taxas de

prevalência de agenésia bilateral dos incisivos laterais superiores e segundos pré-molares

superiores nos indivíduos com agenésias do terceiro molar.

Na agenésia dentária, é raro encontrar um padrão de referência relativamente à

associação entre os vários dentes ausentes. Múltiplas possibilidades foram evidenciadas,

podendo, num caso, a agenésia do segundo pré-molar estar associada ao pré-molar

contralateral, mas, noutro caso, a ausência do mesmo pré-molar pode estar associada a um

incisivo lateral superior. Assim, não se pode prever qual será exatamente o(s) outro(s)

dente(s) afetado(s) quando detetada uma agenésia dentária. Apenas é possível prever quais

serão os dentes mais provavelmente associados àquela agenésia (Muller e cols, 1970; Polder e

cols, 2004; Fournier e cols, 2018).

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17 AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

A hipodontia bilateral de segundos pré-molares inferiores e incisivos laterais superiores

prevalece em relação à hipodontia unilateral (Badrov e cols, 2017). A hipodontia mais

frequente é a bilateral, seguida da ausência dentária única (Muller e cols, 1970; Badrov e cols,

2017). Nas ausências múltiplas, a agenésia do segundo pré-molar é a mais comum e está

associada quer a outros segundos pré-molares, quer a incisivos laterais superiores (Muller e

cols, 1970).

8. DIAGNÓSTICO

Para um correto diagnóstico da agenésia dentária, este deve ser realizado após os seis

anos de idade, não incluindo os terceiros molares, visto que corresponde ao período da

calcificação dos segundos pré-molares e segundos molares. Para tal, recorre-se à

ortopantomografia para visualização completa dos maxilares e dos gérmenes dentários em

desenvolvimento (Silva Meza, 2003; Bozga e cols, 2014; Badrov e cols, 2017). Além disso, é

fundamental recolher todos os dados clínicos, em particular sobre possíveis casos de agenésia

na família, patologias e síndromes. Doentes com síndromes como por exemplo o síndrome de

Down apresentam um atraso generalizado na erupção dentária, devendo haver especial

cuidado na determinação dos dentes congenitamente ausentes (Andersson e cols, 2014).

Este diagnóstico requer uma avaliação clínica e radiográfica. As radiografias assumem

um papel decisivo na análise das patologias e alterações morfológicas das estruturas orais,

nomeadamente, na monitorização do desenvolvimento da dentição. A radiografia panorâmica

é o meio auxiliar de diagnóstico de eleição pois permite uma visão geral das estruturas do

sistema estomatognatico de uma só vez, contribuindo para a deteção de outras patologias além

da agenésia dentária (Seabra e cols, 2008).

Para o diagnóstico de ausências congénitas de dentes permanentes é fundamental a

observação clínica e radiográfica regular e detalhada. A radiografia permite a observação dos

gérmenes dentários em desenvolvimento, no entanto, estádios iniciais da calcificação podem

não ser devidamente identificáveis. Deste modo, deve-se evitar realizar o diagnóstico

definitivo de agenésia em pacientes de idade inferior a 9 ou 10 anos uma vez que a

calcificação dentária pode estar atrasada, principalmente ao nível dos pré-molares inferiores

(Seabra e cols, 2008; Rakhshan e Rakhshan, 2016).

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18 AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

Uma vez que a infra oclusão dos molares decíduos e a microdontia dos incisivos laterais

podem ser detetadas na dentição mista precocemente, são sinais importantes para detetar

outras anomalias dentárias associadas numa fase ainda inicial (Choi e cols, 2017). Assim, o

diagnóstico deve ser precoce e abrangente (Al-Abdallah e cols, 2015; Gallucio e Pilotto,

2008) baseado na observação clínica e radiográfica cuidada das estruturas da cavidade oral

(Seabra e cols, 2008).

O exame objetivo assume um papel preponderante neste diagnóstico, devendo ter-se

atenção à má posição dentária, assimetrias, diastemas e alterações periodontais, uma vez que

condicionam a oclusão do paciente, o equilíbrio do sistema estomatognatico e a tomada de

decisão quanto ao delinear de um plano de tratamento (Silva Meza, 2003).

Desse modo, o diagnóstico precoce é fundamental e de extrema importância para a

obtenção do melhor resultado terapêutico para o paciente (Seabra e cols, 2008; Gallucio e

Pilotto, 2008; Al-Abdallah e cols, 2015). No que diz respeito à agenésia do segundo pré-

molar inferior, este diagnóstico é essencial para evitar possíveis complicações oclusais e

funcionais. (Gallucio e Pilotto, 2008; Badrov e cols, 2017; Fauzi e cols, 2018).

9. TRATAMENTO

O médico dentista não só deve ser capaz de realizar um completo e correto diagnóstico

da situação clínica dos pacientes, como também deve ser capaz de promover o tratamento

adequado de modo a manter ou reestabelecer uma harmonia oclusal, funcional e estética

(Gallucio e Pilotto, 2008; Seabra e cols, 2008).

Além disso, é essencial delinear um bom plano do tratamento, uma vez que estes casos

podem estar associados a alterações morfológicas craniofaciais, que poderão dificultar a

obtenção de uma oclusão adequada (Gallucio e Pilotto, 2008).

A duração e o custo do tratamento da ausência congénita de dentes permanentes

dependem da gravidade e da posição desses mesmos dentes ausentes (Badrov e cols, 2017).

A decisão clínica sobre a correção do espaço correspondente ao dente em falta deve ser

adequada ao espaço remanescente. Além disso, Garib e colaboradores (2009), evidenciaram

que, comparativamente à população geral, pacientes com agenésia de segundos pré-molares

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19 AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

têm uma prevalência significativamente maior de microdontia de incisivos laterais superiores,

caninos superiores deslocados palatinamente, angulação distal e mesial dos segundos molares

inferiores e infra-oclusão de molares decíduos. Deste modo, o plano de tratamento deve

incluir, por um lado, o encerramento do espaço com a eventual remodelação dos dentes ou a

abertura do espaço com a colocação subsequente de implantes dentários ou outro tratamento

restaurador, caso exista excesso ou falta de espaço, respetivamente (Badrov e cols, 2017). Por

outro lado, deve considerar-se uma eventual correção ortodôntica, para todos restantes dentes

que apresentem diferentes posições e angulações (Seabra e cols, 2008; Garib e cols, 2009;

Badrov e cols, 2017).

Segundo Seabra e colaboradores (2008), o tratamento deve ser iniciado assim que se

reúnam todas as condições necessárias ao bom encaminhamento do caso clínico com o

objetivo de se restabelecer as condições para um adequado desenvolvimento e crescimento do

paciente.

Na mesma linha de raciocínio, para Badrov e colaboradores (2017), considera que o

tratamento ortodôntico é o mais adequado, estando prevista uma dificuldade acrescida no

encerramento ortodôntico do espaço originado pela agenésia dentária (Garib e cols, 2009). O

momento ideal para se iniciar o tratamento ortodôntico depende da localização e do número

de dentes congenitamente ausentes, da idade, das características esqueléticas e dentárias do

paciente. Também são fatores relevantes a motivação do paciente e as condições

socioeconómicas da sua família.

Segundo o mesmo autor, podem surgir complicações durante o tratamento de pacientes

com dentes congenitamente ausentes, tais como o espaço disponível, o alinhamento dos

dentes, a presença de mordida profunda e a retenção final. O espaço disponível é influenciado

pela preservação ou não dos dentes decíduos e pela interação articular entre os dentes

adjacentes.

De acordo com Gkantidis e colaboradores (2017), as opções de tratamento em caso de

agenésia de dentes permanentes incluem a manutenção dos dentes decíduos durante o maior

tempo possível na arcada, a extração de dentes decíduos e a manutenção do espaço para futura

colocação do implante ou o encerramento ortodôntico do espaço com substituição dentária.

Nos casos mais complexos, com múltiplas agenésias dentárias, devem ser feitas combinações

das várias opções descritas anteriormente.

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20 AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

Sempre que possível, perante qualquer caso de agenésia dentária, o paciente deve ser

sujeito à intervenção de uma equipa médica multidisciplinar. Além dos ortodontistas e

odontopediatras, devem estar incluídos outros especialistas como prostodontistas,

periodontistas, endodontistas e cirurgiões orais. Deste modo, será possível obter o resultado

terapêutico ideal (Gallucio e Pilotto, 2008; Seabra e cols, 2008; Cantekin e cols, 2012; Al-

Abdallah e cols, 2015; Rakhshan e Rakhshan, 2016; Badrov e cols, 2017).

O tratamento deve ser iniciado assim que possível, de modo a promover o correto

desenvolvimento e restabelecer a função e a estética. Portanto, o seu planeamento deve

contemplar a intervenção de uma equipa multidisciplinar (Gallucio e Pilotto, 2008; Seabra e

cols, 2008; Al-Abdallah e cols, 2015).

10. AGENÉSIAS E SAÚDE ORAL

A saúde oral desempenha um papel significativo na qualidade de vida, portanto a

ausência de um ou mais dentes pode afetar a função mastigatória, provocar alteração da fala e

originar problemas estéticos. Além disso, pode também afetar emocionalmente o paciente,

contribuindo para uma diminuição da sua autoestima (Badrov e cols, 2017; Fauzi e cols,

2018).

No seu estudo, Al-Abdallah e colaboradores (2015) evidenciaram que a presença de

microdontia dos incisivos laterais superiores em cerca de 18% a 20% dos pacientes se

encontra associada com a agenésia dos segundos pré-molares. Assim, perante esta relação de

agenésia com outras malformações dentárias, é essencial a observação de toda a cavidade oral

para averiguar a existência destas situações. Estes casos têm enorme impacto na saúde oral

dos pacientes, não só a nível funcional, mas também psicossocial, uma vez que pode

comprometer a estética e a fonética (Cantekin e cols, 2012; Al-Abdallah e cols, 2015; Badrov

e cols, 2017; Fauzi e cols, 2018).

Portanto a agenésia de dentes permanentes é um importante problema clínico e de saúde

pública. Pacientes que têm ausência de dentes permanentes podem sofrer de uma reduzida

capacidade mastigatória, dificuldade na fala e aparência estética desfavorável (Cantekin e

cols, 2012).

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21 AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

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22 AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

11. CONCLUSÕES

Esta revisão narrativa permitiu concluir que os dentes mais frequentemente ausentes por

agenésia, após os terceiros molares, são os incisivos laterais superiores e segundos pré-

molares. Nos estudos mais recentes verifica-se uma maior prevalência do segundo pré-molar

inferior.

Os autores concordam que a agenésia manifesta-se, maioritariamente, com a ausência

de um ou dois dentes. No caso de ausências múltiplas, é mais frequente a agenésia bilateral,

comparativamente à agenésia unilateral. Deste modo, é possível verificar frequentes

associações entre a ausência dos segundos pré-molares inferiores com os segundos pré-

molares superiores, segundos pré-molares inferiores com os incisivos laterais superiores e,

todos estes dentes em simultâneo.

No que diz respeito à prevalência da agenésia entre homens e mulheres, ainda não existe

consenso entre os vários autores relativamente ao género mais afetado.

Apesar dos vários estudos, de um modo geral não se verificaram diferenças

significativas relativamente ao maxilar mais frequentemente afetado, tanto do lado esquerdo

como do lado direito.

Todos os autores concordam que o diagnóstico precoce é crucial para a obtenção dos

melhores resultados terapêuticos. Defendem ainda que as crianças devem ser monitorizadas

desde os 6 anos, através da observação clínica e radiográfica. Relativamente ao tratamento, é

quase unânime que este pode ser simples ou complexo, dependendo do número de dentes

afetados, devendo o paciente ser sujeito aos cuidados de uma equipa multidisciplinar,

incluindo odontopediatras, ortodontistas e cirurgiões orais.

São necessários mais estudos para verificar, não só qual o segundo dente mais afetado,

mas também para esclarecer se existe alguma diferença entre os géneros e os maxilares. Os

autores defendem que estes estudos deverão incluir crianças de idade superior a 12 anos.

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23 AGENESIA DE SEGUNDOS PRÉ-MOLARES- ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS AGENESIAS

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