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Agente e Escrivão da PF – Direito Penal – Sílvio Maciel – 04.08.2010 - Aula n. 01 AGENTE E ESCRIVÃO DA POLÍCIA FEDERAL Disciplina: Direito Penal Prof. Sílvio Maciel Data: 04.08.2010 Aula nº 01 MATERIAL DE APOIO – MONITORIA Índice 1. Artigos Correlatos 1.1. Teoria do crime em síntese 1.2. A pessoa jurídica como autora de crimes 2. Jurisprudência 2.1. Súmula 715 STF 3. Assista 3.1. As contravenções penais admitem a tentativa? 4. Leia 4.1. O que se entende por sujeito passivo próprio? 4.2. Crime comum e crime próprio 5. Simulados 1. ARTIGOS CORRELATOS 1.1. TEORIA DO CRIME EM SÍNTESE Elaborado em 01.2008 Autor: Gecivaldo Vasconcelos Ferreira - Delegado de Polícia Federal. Professor universitário de Direito Pe- nal. O ponto de partida para os aprendizes do direito penal é justamente, diante de um fato concreto, identifi- car se ali está presente ou não um fato criminoso. Para o experimentado operador do direito, essa identificação flui de maneira natural, às vezes até de for- ma pouco técnica. Vamos encontrar profissionais que sabem que determinado fato não se constitui crime, porém não sabem explicar o porquê de sua conclusão. Se isto é assim para o profissional de carreira jurídica, imagine como deve ser para o aluno que ainda dá os primeiros passos no estudo do crime. Sente-se muitas vezes perdido diante de tanta teoria, chegando até acreditar que elas para nada servem na prática. Ledo engano, pois as teorias são os pilares do direito penal. E, para definir se um fato é criminoso ou não, existe uma, a teoria maior do direito penal: a teoria do crime. Esta teoria, dentro da corrente que filiamo-nos (majoritária na doutrina pátria) diz que crime é um fato típico, ilícito e culpável. Simplesmente isso. Portanto, diante de um fato basta o observador identificar se ele é típico, ilícito e culpável. Se for, pode-se dizer que ele é um fato criminoso. Há o crime.

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    AGENTE E ESCRIVO DA POLCIA FEDERAL Disciplina: Direito Penal Prof. Slvio Maciel Data: 04.08.2010 Aula n 01

    MATERIAL DE APOIO MONITORIA

    ndice 1. Artigos Correlatos 1.1. Teoria do crime em sntese 1.2. A pessoa jurdica como autora de crimes 2. Jurisprudncia 2.1. Smula 715 STF 3. Assista 3.1. As contravenes penais admitem a tentativa? 4. Leia 4.1. O que se entende por sujeito passivo prprio? 4.2. Crime comum e crime prprio 5. Simulados 1. ARTIGOS CORRELATOS 1.1. TEORIA DO CRIME EM SNTESE Elaborado em 01.2008 Autor: Gecivaldo Vasconcelos Ferreira - Delegado de Polcia Federal. Professor universitrio de Direito Pe-nal. O ponto de partida para os aprendizes do direito penal justamente, diante de um fato concreto, identifi-car se ali est presente ou no um fato criminoso. Para o experimentado operador do direito, essa identificao flui de maneira natural, s vezes at de for-ma pouco tcnica. Vamos encontrar profissionais que sabem que determinado fato no se constitui crime, porm no sabem explicar o porqu de sua concluso. Se isto assim para o profissional de carreira jurdica, imagine como deve ser para o aluno que ainda d os primeiros passos no estudo do crime. Sente-se muitas vezes perdido diante de tanta teoria, chegando at acreditar que elas para nada servem na prtica. Ledo engano, pois as teorias so os pilares do direito penal. E, para definir se um fato criminoso ou no, existe uma, a teoria maior do direito penal: a teoria do crime. Esta teoria, dentro da corrente que filiamo-nos (majoritria na doutrina ptria) diz que crime um fato tpico, ilcito e culpvel. Simplesmente isso. Portanto, diante de um fato basta o observador identificar se ele tpico, ilcito e culpvel. Se for, pode-se dizer que ele um fato criminoso. H o crime.

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    Fato tpico o fato material no qual se identifica a efetivao de uma conduta prevista no tipo penal in-criminador, e ainda, que afeta ou ameaa de forma relevante bens penalmente tutelados. Possui os se-guintes elementos: a) conduta (dolosa ou culposa, omissiva ou comissiva); b) resultado jurdi-co/normativo; c) nexo de causalidade (entre a conduta e o resutado); d) tipicidade (formal e conglobante) [01]. Para que o fato seja tpico deve possuir os elementos enunciados. Ressaltando-se que h autores que de-fendem seja elemento do fato tpico o resultado naturalstico. Para essa corrente, tal resultado seria im-prescindvel, assim como o nexo de causalidade, apenas nos crimes materiais. Entendemos de forma dife-rente, acreditando que como elemento do fato tpico deva figurar o resultado jurdico (normativo), enten-dendo-se este como a leso ou ameaa de leso ao bem jurdico tutelado. Sendo que, por este ngulo, todo fato tpico deve possuir resultado [02], elevando-se este categoria de elemento essencial. A despeito da polmica supra, fato que, se diante do fato concreto, verifica-se que este no tpico (por conta da ausncia ou excluso de um de seus elementos essenciais), de pronto fica descartada a ocorrn-cia do fato como criminoso. De outro modo, acaso superada a primeira fase da anlise, chegando-se concluso do fato ser tpico, deve-se investigar se o mesmo ilcito ou no. Para saber se o fato ilcito, a melhor maneira fazer um raciocnio a contrario sensu; ou seja, deve-se verificar se est presente alguma das excludentes de ilicitude: a) estado de necessidade; b) legtima defe-sa; c) estrito cumprimento de dever legal; d) exerccio regular de direito; e) livre e eficaz consentimento do ofendido. Se estiver, o fato no ilcito. Se for lcito, intil se continuar com a anlise, pois isso j leva concluso sobre a inexistncia de crime. Concluindo-se pela ilicitude do fato, por ltimo deve-se averiguar se o fato culpvel, pelo que se deve averiguar a presena dos elementos essenciais da culpabilidade, quais sejam: a) imputabilidade; b) po-tencial conscincia sobre a ilicitude do fato; c) exigibilidade de conduta diversa. Para decidir sobre a presena da imputabilidade, o melhor critrio tambm fazer um raciocnio a contra-rio sensu, averiguando a presena de uma de suas excludentes, que so as seguintes: a) doena mental (art. 26 do CP); b) imaturidade natural (menoridade penal art. 27 do CP); c) embriaguez completa pro-veniente de caso fortuito ou fora maior (art. 28, 1, do CP); d) condio de silvcola inadaptado [03]. Presente uma dessas excludentes, no h imputabilidade e, por conseguinte, o fato no culpvel (no h culpabilidade). Quanto potencial conscincia da ilicitude do fato, tambm a melhor forma de identificar se ela est pre-sente ou no atravs da averiguao da presena de sua nica excludente: o erro de proibio inevit-vel (art. 21 do CP, parte intermediria). Acaso tenha ocorrido erro de proibio inevitvel, no h poten-cial conscincia da ilicitude do fato, no sendo tambm o fato culpvel. No tocante exigibilidade de conduta diversa, prevalece o mesmo raciocnio. Busca-se identificar suas excludentes que so, a princpio, duas (ambas previstas no art. 22 do CP): a) coao moral irresistvel; e b) obedincia hierrquica. A doutrina majoritria admite, no entanto, causas supralegais de excluso da exigibilidade de conduta diversa, que devem ser identificadas diante das situaes concretas, sempre ten-do em mente o raciocnio de que para excluir a exigibilidade de conduta diversa, o proceder do agente deve estar em consonncia com o comportamento que a sociedade exige para a situao que se apresen-ta. Superada a anlise da culpabilidade, chegando-se concluso de que o fato culpvel, e j tendo conclu-do que o mesmo tpico e ilcito, finalmente se pode dizer que estamos diante de um crime. Embora parea simplista o que ora apresentamos, como j dissemos no incio, no raras so as situaes que at mesmo profissionais de larga experincia cometem erros ao identificar de forma tecnicamente apropriada qual o melhor argumento para defender a absolvio de algum por no ter cometido crime nenhum.

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    Quando, no entanto, dissecamos o conceito analtico de crime tudo parece ficar mais fcil, pelo menos para identificarmos onde exatamente est o ponto nefrlgico para o qual devem ser direcionados os estu-dos no sentido definir, por exemplo, sobre a presena de uma excludente de ilicitude, excludente de cul-pabilidade, ausncia de dolo ou qualquer outra questo que se encontre imersa nas fases que devem ser ultrapassadas at se chegar concluso de que um fato tpico, ilcito e culpvel. Pensando nisso, elaboramos a tabela prtica em anexo, que facilita um rpido raciocnio para identificar se um fato criminoso ou no. NOTAS 01 Estamos alinhados com a corrente que entende ser necessria, para a configurao do fato tpico, a presena no somente da tipicidade formal (entendendo-se esta como a perfeita subsuno do fato prati-cado descrio contida no tipo penal incriminador), mas tambm, e cumulativamente, a presena da tipicidade conglobante, considerando-se haver a presena desta quando a conduta do agente antinor-mativa (ou seja, no imposta ou fomentada pela norma) e afete bens de relevo para o direito penal (ti-picidade material). 02 Rogrio Greco (in Curso de Direito Penal Parte Geral, v. 1, 8 edio, Impetus, 2007, pgs. 216-217), na esteira de Luiz Flvio Gomes, afirma que: "Estamos, portanto, com Luiz Flvio Gomes, que no limita o resultado, previsto na redao do art. 13 do Cdigo Penal, somente queles considerados como naturals-ticos". Fernando Capez (in Curso de Direito Penal Parte Geral, v. 1, 6 edio, Saraiva, 2003, p. 142) tambm afirma que: "Todo crime tem resultado jurdico porque sempre agride um bem jurdico tutelado. Quando no houver resultado jurdico no existe crime. Assim, o homicdio atinge o bem vida; o furto e o estelionato, o patrimnio etc". 03 Explicita Francisco Dirceu Barros (in Direito Penal Parte Geral, 3 edio, Editora Campus, 2006, p. 471, que: "Apesar de inexistir dispositivo legal expresso, os ndios no-assimilados, autores de crime, conforme a doutrina e a jurisprudncia dominantes, so considerados, inimputveis ou semi-imputveis, de acordo com sua total ou parcial incapacidade de entender o carter ilcito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, em vista de desenvolvimento mental incompleto (art. 26 e seu par-grafo nico, do Cdigo Penal)".

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    ANEXO NICO

    TABELA PRTICA

    C R I M E

    Conduta, dolosa ou cul-posa (art. 18 do CP), comissiva ou omissiva.

    Observar que o erro de tipo (art. 20 do CP) inevitvel exclui o dolo e a culpa.

    Resultado jurdico/normativo (art. 13, primeira parte, do CP).

    Nexo de causalidade entre a conduta e o resul-tado (art. 13 do CP).

    Formal: adequao perfeita do fato lei penal incriminadora.

    FATO TPICO (fato material no qual se identifica a

    efetivao de uma conduta prevista no tipo penal incriminador, e ainda, que afeta ou ameaa de forma relevante

    bens penalmente tutelados).

    E L E M E N T O S

    Tipicidade Conglobante: quando a condu-ta do agente no imposta ou fomentada pela norma e afeta bens penalmente relevantes

    (tipicidade material).

    ILCITO (relao de antagonismo entre a con-duta do agente e o ordenamento jur-

    dico)

    E X C L U D E N T E S

    Estado de necessidade (arts. 23, I, e 24 do CP);

    Legtima defesa (arts. 23, II, e 25 do CP);

    Estrito cumprimento de dever legal (art. 23, III, do CP);

    Exerccio regular de direito (art. 23, III, do CP);

    Consentimento do ofendido (admissvel somente em alguns casos).

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    Imputabilidade

    Excluem a imputabilidade:

    doena mental (art. 26 do CP);

    imaturidade natural (arts. 27 do CP, e

    228 da CF);

    embriaguez comple-ta proveniente de caso fortuito ou for-a maior (art. 28,

    1, do CP);

    condio de silvcola inadaptado.

    Potencial consci-ncia sobre a ilici-

    tude do fato

    O erro de proibio inevi-tvel (art. 21 do CP) exclui essa potencial conscincia.

    CULPVEL (juzo de reprovao sobre a conduta

    ilcita do agente)

    E L E M E N T O S

    Exigibilidade de conduta diversa

    Excluem esse elemento:

    Coao moral irre-sistvel (art. 22 do

    CP);

    Obedincia hierr-quica (art. 22 do

    CP);

    Causas supralegais (identificveis em

    situaes concretas)

    Fonte: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=10913 1.2. A PESSOA JURDICA COMO AUTORA DE CRIMES Elaborado em 27.12.2004

    Autor: Miguel Sales - Promotor de Justia em Pernambuco e professor de Direito

    Em dois momentos, a Constituio de 1988, rompendo com a tradio da doutrina penal, considera a pes-soa jurdica, sem distinguir se pblica ou privada, como ente capaz de cometer crime. A primeira previso est situada no captulo que trata dos princpios gerais da atividade econmica; a segunda, no que disci-plina o meio ambiente. Quer dizer, no concernente s relaes econmicas ou de natureza ambiental a Lei Maior entendeu que pode haver conduta da pessoa jurdica a se tipificar como crime.

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    Na primeira situao, diz a Constituio: "A lei, sem prejuzo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurdica, estabelecer a responsabilidade desta, sujeitando-a s punies compatveis com a sua natureza nos atos praticados contra a ordem econmica e financeira e contra a economia popular." (art. 173, 5). Por sua vez, na outra hiptese, preceitua: "as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambi-ente sujeitaro os infratores, pessoas fsicas ou jurdicas, a sanes penais e administrativas, independen-temente da obrigao de reparar os danos causados." (art. 225, 3). Historicamente, o princpio Societas delinquire non potesta, que ainda adotado no ordenamento jurdico da maioria das naes, foi quebrado aps o fim da II Guerra Mundial, quando o Tribunal Militar de Nu-remberg admitiu a responsabilidade criminal de corporaes ou agrupamentos nazistas, como, por exem-plo, a Gestapo, ao conden-la pelos denominados crimes de guerra contra a humanidade. O Brasil, ao lado da Frana, Portugal e Espanha, foram pioneiros em admitir a responsabilidade penal da pessoa jurdica. Pelo Cdigo Penal Francs de 1994, que substituiu o ultrapassado de 1810, exceo do Estado, o ente jurdico responde penalmente por vrios tipos de delitos. Os Cdigos Penais de Portugal, reformado em 1995, e o da Espanha, revisto em 1996, embora prevejam a possibilidade de cometimentos de crimes pela pessoa jurdica de direito privado, no apresentam em seus textos disposies objetivas a respeito dos tipos penais a ela atribudos. Mesmo antes da Constituio de 1988, na legislao brasileira, mas no no Cdigo Penal, h, em diversas passagens, a referncia ao cometimento de crime pela pessoa jurdica, notadamente se essa for de direito privado. A propsito, leia-se o contido no art. 1 da Lei 7.492/86, o art. 14 c/c o pargrafo nico do art. 18 da Lei 6.938/81, todos recepcionados pela nova Carta Magna, e aps a edio desta, tm-se, agora, as disposies contidas nos arts. 1, 2 e 4 da Lei 8.137/90, no art. 15 da Lei 8.884/94 e, de forma mais clara e ampla, o que estabelece o art. 3 da 9.605/98 - a Lei de Crimes Ambientais -, ao prescrever que "As pessoas jurdicas sero responsabilizadas administrativa, civil e penalmente, conforme o disposto nes-ta Lei, nos casos em que a infrao seja cometida por deciso de seu representante legal ou contratual, ou de seu rgo colegiado, no interesse ou benefcio de sua entidade." Diz ainda, no pargrafo nico des-te artigo que "A responsabilidade das pessoas jurdicas no exclui a das pessoas fsicas, autoras, co-autoras ou partcipes do mesmo fato." E indo alm, adotando a teoria contempornea da desconsiderao da pessoa jurdica, preceitua em seu art. 4, que essa personalidade poder ser desprezada, caso ela seja obstculo ao ressarcimento de prejuzos causados qualidade de vida do meio-ambiente. Diz a Lei 8.884, de 11.06.94, ao dispor sobre a preveno e a represso s infraes contra a ordem eco-nmica, em seu art. 15, que ela se aplica s pessoas fsicas ou jurdicas de direito pblico ou privado, bem como a quaisquer associaes de entidades ou pessoas, constitudas de fato ou de direito, ainda que temporariamente, com ou sem personalidade jurdica, mesmo que exeram atividade sob regime de mo-noplio legal. Em resumo, a legislao brasileira e de alguns pases europeus, para certas situaes, vm incorporando ao direito penal, em contraponto velha teoria da culpabilidade pessoal, a responsabilidade penal da pes-soa jurdica, mesmo que agregada ao poder pblico, mormente nos casos relativos aos delitos contra o meio-ambiente, s relaes de consumo, ordem financeira e tributria, objetivando coibir a impunidade que pode decorrer de sua complexidade organizacional. A lei filha do tempo e o seu fim o Bem Comum. E no sentir de Isidoro, em suas Etimologias, "No em vista de um interesse privado, mas da comum utilidade dos cidados que uma lei deve ser escrita". Hoje, num mundo globalizado, crivado pelo materialismo consumista, pela fora econmica e financeira de grupos econmicos, as pessoas humanas vo, infelizmente, se tornando inferiorizadas em relao s pessoas jurdicas, notadamente as de cunho multinacional, que, por vezes, ensejam delitos complexos, acobertados na fraude e na nsia do lucro desmedido, sem falar nos crimes cometidos contra a Natureza, em detrimento dos direitos elementares dos cidados e dos interesses mais legtimos da sociedade. claro que no se vai colocar num presdio uma pessoa jurdica, at mesmo porque segundo Savigny, esta no passa de uma fico criada pelo sistema legal. Contudo, no resta dvida que ela

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    um plo em torno do qual se estabelece, hoje, a maioria das relaes jurdicas. Porm, como se sabe, ao lado da velha pena da restrio da liberdade, o Direito Penal moderno criou outras formas de penalizao, como, guisa de exemplificao, a multa, a dissoluo, a interdio, a suspenso da atividade, o confisco, a perda de benefcios fiscais, entre outros, plenamente em condies reais de serem aplicadas pessoa jurdica. Andou bem o legislador ptrio em atribuir responsabilidade penal pessoa jurdica, seja privada ou vincu-lada ao poder pblico, caso esta venha praticar condutas lesivas a direitos de interesse maior da socieda-de, onde no basta to-somente a responsabilizao civil. No se pode esquecer que, por vezes, muitos indivduos, sob o manto de uma pretendida impunidade e com suporte em teorias carcomidas pelo tempo, aglomeram-se para cometer crimes, notadamente os que dizem respeito s relaes de consumo ou que atentam contra a ordem econmica, financeira ou tributria. J os delitos de natureza ambiental so mais praticados em razo da prpria atividade da entidade empresarial, que cada vez mais carece de maior reprimenda, a fim de que todos possam viver com sadia qualidade de vida, conforme preceitua o art. 225 da Constituio da Repblica. Fonte: http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=438 2. JURISPRUDNCIA 2.1. Smula n 715 STF A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do cdi-go penal, no considerada para a concesso de outros benefcios, como o livramento condicional ou re-gime mais favorvel de execuo. 3. ASSISTA!!! 3.1. As contravenes penais admitem a tentativa? http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?story=20100301171813444 3. LEIA!!!

    3.1. O QUE SE ENTENDE POR SUJEITO PASSIVO PRPRIO? Elaborado em 10.12.2009 Autora: Denise Cristina Mantovani Cera

    O sujeito passivo de um crime o titular do bem jurdico lesado ou ameaado pela conduta criminosa, a pessoa que sofre as consequncias da infrao penal. Qualquer pessoa fsica ou jurdica pode ser sujeito passivo de um crime.

    Quando a lei exige qualidade ou condio especial da pessoa para que seja vtima esta sujeito passivo prprio. Podemos citar como exemplo o crime de infanticdio, que tem por sujeito passivo prprio o nas-cente ou neonato.

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    Art. 123 - Matar, sob a influncia do estado puerperal, o prprio filho, durante o parto ou logo aps:

    Pena - deteno, de dois a seis anos.

    Fonte: http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?story=20091130211708771

    3.2. CRIME COMUM E CRIME PRPRIO Elaborado em 27.05.2010 Autor: Luiz Flvio Gomes

    DESCOMPLICANDO O DIREITO

    Crime comum o que no exige nenhuma qualidade especial do sujeito ativo, leia-se, qualquer pessoa pode (em tese) comet-lo. Exemplo: homicdio, furto etc.

    Crime prprio (ou especial) o que exige uma qualidade especial do sujeito ativo (no qualquer pes-soa que pode comet-lo). Exemplo: infanticdio (somente a me pode ser autora desse crime).

    GOMES, Luiz Flvio. Direito penal: parte geral: volume 2. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007. p. 526.

    Fonte: http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?story=20100524180242399

    5. SIMULADOS 5.1. Com relao ao sujeito ativo e passivo do crime, correto afirmar que a) a pessoa jurdica, como titular de bens jurdicos protegidos pela lei penal, pode ser sujeito passivo de determinados crimes. b) sujeito ativo do crime o titular do bem jurdico lesado ou ameaado pela conduta criminosa. c) sujeito passivo do crime aquele que pratica a conduta tpica descrita na lei, ou seja, o fato tpico. d) o Estado, pessoa jurdica de direito pblico, no pode ser sujeito passivo de crime, sendo apenas o fun-cionrio pblico diretamente afetado pela conduta criminosa. e) o homem pode ser, ao mesmo tempo, sujeito ativo e sujeito passivo de crime, como no caso de autole-so para a prtica de fraude contra seguro (art. 171, pargrafo 2, inc. V, CP). 5.2. Em relao aos sujeitos ativo e passivo da infrao penal no ordenamento jurdico brasileiro, assinale a opo incorreta. a) A pessoa jurdica no pode ser sujeito ativo de infrao penal. b) Sujeito ativo do crime aquele que pratica a conduta descrita na lei. c) Sujeito passivo do crime o titular do bem jurdico lesado ou ameaado pela conduta criminosa. d) O conceito de sujeito ativo da infrao penal abrange no s aquele que pratica a ao principal, mas tambm quem colabora de alguma forma para a prtica do fato criminoso. e) Parte da doutrina entende que, sob o aspecto formal, o Estado sempre sujeito passivo do crime.

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    5.3. Em tema de crimes e contravenes, correto afirmar que a) s contravenes cominada, pela lei, a pena de recluso ou de deteno e multa, esta ltima sempre alternativa ou cumulativa com aquela. b) fato tpico o comportamento humano positivo ou negativo que provoca, em regra, um resultado, e previsto como infrao penal. c) so elementos do crime, apenas a antijuridicidade e a punibilidade. d) a existncia de causas concorrentes para o resultado de um fato, preexistentes ou concomitantes com a do agente, sempre excluem a sua responsabilidade. e) para haver crime necessrio que exista relao de causalidade entre a conduta e o seu autor. GABARITO 5.1. A 5.2. A 5.3. B