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Ping-pong Paulo Skaf fala de sua vocação política e do futuro da indústria brasileira Tecnologia Satish Khatu, da IBM, em entrevista exclusiva Rhodia O case de desenvolvimento sustentável da empresa em evento do IBEF SP CVM equipara o mercado de capitais brasileiro aos melhores do mundo Agilidade e transparência ©iStockphoto.com/CreativeChain Design House INSTITUTO BRASILEIRO DE EXECUTIVOS DE FINANÇAS DE SÃO PAULO - IBEF SP ANO XII N 141 MARÇO 2010

Agilidade e transparênciaAs Instruções 480 e 481 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em vigor desde janeiro deste ano, visam a promover a governança corporativa e a levar

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Page 1: Agilidade e transparênciaAs Instruções 480 e 481 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em vigor desde janeiro deste ano, visam a promover a governança corporativa e a levar

Ping-pongPaulo Skaf fala de sua vocação política e do futuro da indústria brasileira

TecnologiaSatish Khatu, da IBM, em entrevista exclusiva

RhodiaO case de desenvolvimento sustentável da empresa em evento do IBEF SP

CVM equipara o mercado de capitais brasileiro aos melhores do mundo

Agilidade e transparência

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INSTITUTO BRASILEIRO DE EXECUTIVOS DE FINANÇAS DE SÃO PAULO - IBEF SP

ANO XII N 141 MARÇO 2010

Page 2: Agilidade e transparênciaAs Instruções 480 e 481 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em vigor desde janeiro deste ano, visam a promover a governança corporativa e a levar

I ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDANTES DE FINANÇASO CAMINHO PARA O SUCESSO NA CARREIRA

• Oportunidades na Área de Finanças Executivoseheadhuntersrenomadosrelatandooqueacontecenomercado

• Como se Preparar para a Carreira de Executivo Financeiro Acadêmicosconsagradosdandoasprincipaisdicas

• Experiências de Sucesso Presidentesdegrandesempresasfalandocomochegaramlá

Palestrantes confirmados• Carlos Alberto Júlio (presidentedaTecnisa)• Henrique Luz (sóciodaPwCepresidentedoIBEFNacional) • José Roberto Securato (professordaFEA/USPePUC/SP,LaboratóriodeFinanças-FIA)• Marcelo De Lucca (diretordaMichaelPage) • Ricardo Pelegrini (presidentedaIBMBrasil)• Tharcísio de Souza Santos (vice-diretordaFac.deAdministração-FAAP)

Moderadores• Eduardo de Toledo (presidentedaBiopalma) • José Cláudio Securato (diretordaSaintPaulInstituteofFinance) • Luiz Roberto Calado (gerentedeCertificaçãoProfissionaleEducaçãodeInvestidoresdaAnbima)

8 de maio de 2010Palácio das Convenções do Anhembi Auditório Elis Regina

Pré-inscriçõeswww.ibef.com.brwww.ibef.org.br

Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo - IBEF SP

Realização

Page 3: Agilidade e transparênciaAs Instruções 480 e 481 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em vigor desde janeiro deste ano, visam a promover a governança corporativa e a levar

Editorial

Walter Machado de BarrosPresidente do Conselho de Administração do IBEF [email protected]

Índice

Guto

Marq

ues

Destaque para as novas regulamentações do mercado de capitais

As Instruções 480 e 481 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em vigor desde janeiro deste ano, visam a promover a governança corporativa e a levar o País ao mesmo patamar dos mercados em que há mais agilidade e transparência nas transações, com mais informações aos investidores, de forma padronizada e com atualizações regulares. Espera-se, também, que provoquem um incremento na participação e representação dos acionistas nas assembleias. Todos concordam que se tratam de providências benéficas, importantes e há muito tempo necessárias. Há grandes emissores presentes na bolsa de Nova York, via ADRs, e em outras bolsas de valores, como a Euronext Paris e a Latibex, habituados a lidar com tal nível de exigência. No entanto, embora a importância e os benefícios dessas mudanças sejam reconhecidos, o mercado ainda tem dúvidas, críticas e expectativas quanto às duas normas. Nesse contexto, IBEF News deu um profundo mergulho no mercado ao elaborar a matéria de capa desta edição. Por meio do depoimento dos principais agentes, a reportagem fez um amplo e oportuno balanço das novas regulamentações. Confira na página 20.

Recomendo a leitura do interessante paper em que Eduardo Chehab, da Standard & Poor’s, apre-senta estudo sobre a transparência e a qualidade da divulgação de informações, e que teve como amostra as empresas que compõem o Índice Bovespa. Suas conclusões, anteriores à Instrução 480, revelam, de forma inédita, que o fato de uma empresa estar registrada no Novo Mercado não implica necessariamente em que ela tenha uma melhor qualidade de divulgação de informações do que a registrada em outros segmentos (pg. 34).

A sustentabilidade chegou ao IBEF São Paulo. IBEF News noticia a criação da Subcomissão de Sus-tentabilidade do Instituto (pg. 48) e o café da manhã com o presidente da Rhodia, Marcos De Marchi, que apresentou o case de sustentabilidade de sua empresa como eixo do crescimento corporativo e foco na exigência de responsabilidade (pg. 8).

Finalmente, registro que a revista reservou um espaço emblematicamente chamado “Tema Livre” (pg. 41), em que, mensalmente, o jornalista e analista político e econômico Antonio Machado apresen-tará reflexões resultantes de sua vivência e rica experiência profissional – reconhecida por dois prêmios Esso de Jornalismo Econômico –, que inclui a editoria de economia do Estadão e da Veja, a direção da revista Exame e hoje prossegue com colunas nos jornais Correio Braziliense, Estado de Minas e Jornal do Commercio, e com o comando do portal CidadeBiz – parceiro há vários anos do site do IBEF SP – e do Instituto Talento Brasil.

INSTITUTO BRASILEIRO DE EXECUTIVOS DE FINANÇAS DE SÃO PAULO - IBEF SP

Conselho de AdministraçãoPresidente: Walter M. Machado de Barros Vice-presidente: Keyler Carvalho Rocha

Conselheiros: Antonio Luiz Pizarro Manso, Britaldo Pedrosa Soares, Eduardo de Toledo,

Helio Ribeiro Duarte, Luis Felipe Schiriak, Rubens Batista Jr. e

Stéphane Frantz E. Engelhard

Diretoria ExecutivaPresidente: Rodrigo Kede de Freitas Lima

Primeiro Vice-presidente: Bernardo SzpigelVice-presidentes: André Luis Rodrigues,

Antonio Sergio de Almeida, Ivan de Souza, José Augusto Miranda, José Claudio Securato,

José Rogério Luiz, Linomar Barros Deroldo,Luiz Roberto Calado e Plinio Marafon

Conselho FiscalPresidente: Wagner Mar

Conselheiros: Mário Togneri e Paulo Bezerril Jr. Suplentes: Carlos Roberto de Mello,

José Adalber Alencar e José Cesar Guiotti

Comissão de Relações PúblicasPresidente: Leonardo Barros Brito de Pinho

Membros: Elvio Agnelli, Fábio Jorge Celeguim, Flávio Kezam Málaga, Glauco Ulisses de Oliveira,

Guilherme Camargo, Ivan de Souza, José Adalber Alencar, José Cesar Guiotti,

Mário Togneri e Sergio Volk

Diretor-GerenteMario de Rezende Pierri

Av. Paulista, 2073, Ed. Horsa II, Cj 801 01311-300 São Paulo, SP

Tel 11 3289 1844 Fax 11 3284 1745 [email protected]

www.ibef.com.br ou www.ibef.org.br

Publicação interna do IBEF SP, editada através da Comissão de Relações Públicas.

Jornalista responsável: Rodney Vergili (Mtb nº 11.420)

RedaçãoCarolina Bridi (Coordenadora), Ana Carla Lopes,

Ana Carolina Escudeiro, Daniela Mainardi, Gabriela Nascimento, Giovana Ottenbreit, Jennifer Almeida,

Jonathas Ruiz, Juliana Tancler e Naiara Bertão.

Design e produção gráficaEDF Design Gráfico/Web Design (www.edf.com.br)

Pré-impressão e ImpressãoFabracor

Tiragem2.000 exemplares

As opiniões emitidas nos artigos assinados não refletem necessariamente as posições do IBEF SP

e são de exclusiva responsabilidade dos autores.

A reprodução total ou parcial do conteúdo da publicação depende de autorização por escrito.

Rapidinhas4

Ping-pong6Um empresário com vocação política

Cafédamanhã8IBEF SP apresenta case de desenvolvimento sustentável da Rhodia

Administração14IBEF SP debate responsabilidades do administrador

Matériadecapa20Instruções CVM 480 e 481 – A hora do full disclosure

Tecnologia32IBM aposta na inovação de soluções

Artigo34Transparência de informações – Brasil está colhendo os benefícios da regulamentação, por Eduardo G. Chehab

Pontodevista38O futuro: CFOnomics?, por Luiz Roberto Calado

Temalivre41Mares Revoltos, por Antonio Machado

Indústria42IBEF SP visita fábrica da General Motors

Institucional48Comissão Técnica do IBEF SP cria Subcomissão de Sustentabilidade

SistemaIBEF50IBEF Rio de Janeiro: pioneirismo e tradição

IBEFMulher53

IBEFJovem55

Executivos&Empresas56Os passes de um botafoguense na carreira executiva

Aniversariantes/NovosAssociados57

Opinião58Abertura de mercado de seguros, por José Adalber Alencar

Page 4: Agilidade e transparênciaAs Instruções 480 e 481 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em vigor desde janeiro deste ano, visam a promover a governança corporativa e a levar

Rapidinhas

Walter Machado de Barros, presidente do Conselho de Admi-nistração do IBEF SP, participa como palestrante do 1º Con-gresso Ética nos Negócios, organizado pelo Instituto Brasileiro de Ética nos Negócios, que se realiza de 23 a 25 de março pró-ximo no Espaço Wynn do World Trade Center, em São Paulo. A Saída da Crise Passa pela Ética será o tema tratado pelo chairman do IBEF SP em sua palestra, programada para o dia 25, das 17h às 18h.

• • • • • •

Ricardo Eguchi, líder dos assuntos de planejamento estratégico na Comissão Técnica do IBEF São Paulo, é o novo Chief Financial Officer (CFO) da MZ Consult. Eguchi deixou o cargo de Diretor de Planejamento & Finanças da Terex e na MZ terá a missão de estruturar as áreas de Finanças, Administrativa, Jurídica e de TI para suportar o crescimento corporativo, por meio de aquisições e fusões nos mercados emergentes. Sua experiência anterior inclui Alcoa, Carrefour, Aventis e Bayer.

• • • • • •

O ibefiano Manoel Horácio Francisco da Silva, vencedor do Prêmio Equilibrista do IBEF SP em 1989 e presidente do Banco Fator, é o novo presidente do Conselho de Adminis-tração da TIM Participações S.A. Anteriormente, Manoel Horácio foi presidente da Telemar e dirigiu a área de Papel e Celulose da Cia. Vale do Rio Doce. Ele também trabalhou no Grupo Ericsson do Brasil, tendo sido presidente de várias das empresas do Grupo. Foi, também, diretor-presidente da Ficap, diretor-presidente corporativo da Sharp Equipamen-tos Eletrônicos e diretor-superintendente na Companhia Siderúrgica Nacional.

Luciana Medeiros von Adamek, diretora da Pri-cewaterhouseCoopers, e Daniel Levy, CFO da Johnson & Johnson, são os novos vice-presiden-

tes da Diretoria Executiva do IBEF SP, conforme indicação de Rodrigo Kede, presidente da Diretoria Executiva, referendada pelo Conselho de Administração, com o apoio de seu presi-dente, Walter Machado de Barros, em reunião de 11 de feve-reiro último. Com a nomeação de Luciana, o IBEF Mulher, que ela coordena desde sua criação, ganha maior status dentro do Instituto. Daniel Levy, que até sua nomeação era diretor vogal do IBEF SP, será responsável pelo desenvolvimento de programas e ações de marketing da Entidade.

Arq

uiv

o IB

EF S

P

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o IB

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IBEF São Paulo tem novos VPs

31 de março, das 7h30 às 9h30 – Sede do IBEF SP

Café da ManhãA Tecnologia de Identificação por Radiofrequência (RFID) e o Impacto nos NegóciosPalestrante: Regiane Relva Romano (FGV/ESPM/Unifieo)

Programe-se

Registro

Carlos Alberto Bifulco, presidente do

Conselho Consultivo do IBEF SP (foto), está

coordenando uma comissão do IBEF Nacio-

nal que tem por objetivo identificar e ana-

lisar as oportunidades de filiação do Insti-

tuto a entidades internacionais correlatas.

A filiação a essas entidades facilitaria

a participação dos associados do IBEF em

congressos internacionais realizados no

exterior e também poderia viabilizar a discussão de temas técnicos

com executivos financeiros e autoridades de outros países.

Conforme apurou a IBEF News, as informações disponíveis até o

momento indicam que as maiores oportunidades estariam em acor-

dos bilaterais do IBEF com outros institutos, dentre os quais a FIA

– Financial International Association (EUA), Instituto Argentino de

Executivos de Finanças, Instituto Asiático de Executivos de Finanças

e outras entidades.

São membros da comissão: Claudio Enrique Lubascher ( IBEF PR),

Laurindo Souza de Deus Filho ( IBEF MG), Luciano Machado ( IBEF ES),

Moacir Zanatta ( IBEF Brasília), Roberto Lima Netto ( IBEF RJ), Ricardo

Russowsky ( IBEF RS), Rodrigo Kede ( IBEF SP), Saulo Duarte Junior

( IBEF Campinas) e Simone Melo Fridschtein ( IBEF CE). O prof. Nelson

Carvalho, da FEA-USP, que possui grande experiência no relaciona-

mento com instituições estrangeiras, atua como colaborador.

Internacionalização do IBEF

Informações detalhadas e inscrições em www.ibef.com.br.

Guto

Marq

ues

9 de abril, 8h – Hotel Unique

Painel CEOsCom a participação dos primeiros executivos degrandes empresas.

27 de abril, das 19h às 21h – Cantaloup Restaurante

Coquetel de Recepção aos Novos Associados

8 de maio – Palácio das Convenções do Anhembi

I ENEF – Encontro Nacional de Estudantes de FinançasO caminho para o sucesso na carreira.

4 IBEF NEWS • Março 2010

Page 5: Agilidade e transparênciaAs Instruções 480 e 481 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em vigor desde janeiro deste ano, visam a promover a governança corporativa e a levar
Page 6: Agilidade e transparênciaAs Instruções 480 e 481 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em vigor desde janeiro deste ano, visam a promover a governança corporativa e a levar

Ping-pong

do desenvolvimento de nossa nação. Recentemente, inclusive, tivemos vários empresários que se filiaram a parti-dos políticos, num movimento que só fortalece a democracia. Como já disse, é muito bom que os quadros políticos partidários sejam renova-dos de tempos em tempos. Agora, o que eu acredito é que cada um deve seguir a sua vocação, sem deixar de estar atento ao que acontece nos governos, em todos os níveis, e lutar para que o Brasil cresça de maneira constante e sólida.

IN – Quais os critérios levados em consideração para a escolha do PSB como seu partido político? O que o senhor espera fazer dentro da filoso-fia do partido e em consonância com os seus pensamentos?PS – Fiquei honrado ao receber convi-tes de vários partidos, mas optei pelo PSB porque acredito em sua força, em sua vontade de fazer do Brasil um país melhor. Fui, inclusive, convidado pelo PSB para ser candidato ao governo do Estado de São Paulo e, em breve, teremos uma definição. Por enquanto, minha dedicação continua sendo às entidades que presido: Fiesp, Ciesp, IRS [Instituto Roberto Simonsen], Sesi e Senai de São Paulo.

IN – Em sua opinião, a indústria bra-sileira está preparada para crescer mais de 8% ao ano sem gerar pres-são inflacionária?PS – O Brasil está em um excelente momento. Nós fomos o último país a entrar na crise e o primeiro a sair

dela. Superamos perdas e geramos 1 milhão de empregos em 2009, isso em plena crise financeira internacio-nal. Mas, sem dúvida, o setor mais atingido por ela foi a indústria brasi-leira. O segmento vem conseguindo se recuperar de forma lenta, mas o crescimento só virá neste ano, quando a produção industrial deve alcançar 12%, enquanto o PIB brasileiro deve atingir os 6%. Isso porque o cenário externo estará menos adverso e o consumo doméstico continuará em rota de crescimento, impulsionado pela oferta cada vez maior de crédito e da massa salarial. Com relação à inflação, vemos que a alta verificada recentemente, que não é expressiva, vem da forte influência de itens como alimentos, transporte e educação. No caso das tarifas de ônibus e das mensalidades escolares, os aumen-tos acontecem pontualmente em janeiro e uma vez ao ano. Já no caso dos alimentos e do álcool, a entrada da safra regularizará a oferta e, por consequência, os preços. Portanto, esse aumento dos preços observado no início de 2010 nada mais é do que um movimento natural da economia. E creio que vamos continuar crescendo na mesma proporção nos próximos anos, basta acreditar na capacidade de nosso povo e trabalhar, ardua-mente, para consolidar o Brasil como uma economia forte.

IN – Quais seriam os limitadores para um crescimento mais destacado da economia brasileira? Como fazer para superar essas limitações?

IBEF News – O senhor decidiu pela carreira política, o que não é uma ten-dência entre os empresários: o que o levou a assumir esta posição?Paulo Skaf – Eu sempre fui preocu-pado em servir ao próximo e, desde cedo, tive interesse pela vida asso-ciativa. Foi muito natural. Primeiro participei de grêmio estudantil e, mais tarde, fui presidente de sindi-cato, associação, enfim, entidades de classe. Agora, decidi exercer minha cidadania de forma ainda mais plena, e um dos caminhos para tanto, no Brasil, é ingressar em um partido polí-tico. Na democracia, não existe polí-tica sem partidos, e eles, por sua vez, não existem sem os seus membros. Nós temos uma tendência a reclamar muito dos políticos. Mas, em vez de apenas criticar, precisamos agir e oxi-genar os partidos com nomes novos, fortalecer a democracia. O caminho para isso é a filiação partidária e por isso filiei-me ao Partido Socialista Brasileiro (PSB).

IN – Por que, muitas vezes, os em-presários são tão refratários a par-ticipar do processo político como agentes ativos, preferindo sempre o financiamento de candidatos por eles preferidos?PS – Não posso falar das ideias e opi-niões políticas do empresariado em geral, pois cada um tem seu ponto de vista e ele deve ser respeitado. O que eu vejo, no entanto, é que a classe empresarial sempre se engajou na luta por um Brasil melhor e sempre cumpriu seu papel como fomentadora

O presidente da Fiesp/Ciesp

(Federação das Indústrias do

Estado de São Paulo/Centro

das Indústrias do Estado de

São Paulo), Paulo Skaf, conta

com exclusividade à IBEF

News por que tomou a decisão

de ingressar na política. Ao

avaliar que o processo se deu

de forma natural, com aptidão

política desde os tempos

de estudante, o empresário

aponta esta como uma de

suas vocações.

A opção de se filiar ao PSB

(Partido Socialista Brasileiro)

rendeu um convite para se

candidatar ao governo do

Estado de São Paulo. Enquanto

a definição da candidatura

não sai, Skaf segue à frente

da Fiesp, acreditando em um

significativo crescimento da

indústria em 2010 sem pressão

inflacionária. “Este aumento

dos preços observado no

início de 2010 nada mais é do

que um movimento natural

da economia”, acredita,

vislumbrando desenvolvimento

baseado na capacidade de

trabalho árduo da população

brasileira e do empresariado

para consolidar o Brasil como

uma economia forte. De acordo

com ele, as reformas urgem e a

ética é a palavra de ordem.

Um empresário com vocação políticaPaulo Skaf fala sobre a perspectiva de atuação a partir da filiação ao PSB

6 IBEF NEWS • Março 2010

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PS – O Brasil precisa, e para ontem, de uma série de reformas estruturais: tra-balhista, política, previdenciária e tri-butária. É necessário que o presidente da República, governadores, senadores e deputados eleitos assumam, ainda neste ano, o compromisso de realizar imediatamente essas reformas, que devem ser feitas já no início do pró-ximo mandato, em 2011. Só assim o País se desenvolverá ainda mais e atrairá mais investidores.

IN – As recentes reduções de impostos procedidas pelo governo federal tive-ram como resposta um vigoroso crescimento nas vendas dos setores envolvidos: não seria esta uma deci-são óbvia para alavancar o cresci-mento de nossa economia? Por que o governo é tão tímido em iniciativas com essas?PS – A Fiesp e o Ciesp defendem a ban-deira da redução de impostos no Brasil como forma de alavancar, fortemente, o nosso desenvolvimento econômico. Não podemos conviver com uma carga

tributária em torno de 35% do PIB. Isso asfixia a atividade econômica produtiva e torna nossos produtos pouco competitivos no cenário inter-nacional. Outro ponto importante a ser abordado é o fator regressividade. No Brasil, famílias com renda de até dois salários mínimos gastam 54% dos seus ganhos só com impostos, ao passo que aquelas com uma renda familiar de seis a oito salários-mínimos pagam 35%. Aí entra a dis-cussão da ineficiência do Estado, que onera muito e de forma desigual e, além disso, aplica inadequadamente os impostos recolhidos. O que nos perguntamos é, se o sistema tribu-tário brasileiro é ineficiente, por que o governo não faz uma reforma tri-butária? A reforma tributária se faz urgente para que o País possa cres-cer de forma sustentável. No caso do fim da redução do IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados], em vez de retirar benefícios, esperávamos que a isenção fosse estendida a outras cadeias. A redução do imposto criou

O empresário Paulo Antonio Skaf exerce, desde 2005, os cargos de presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), do Sesi-SP (Serviço Social da Indústria) e do Senai-SP (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), do IRS (Instituto Roberto Simonsen), além de ser vice-presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria) e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) do Presidente da República. Antes disso, presidiu o Sebrae-SP, o Sinditêxtil (Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Estado de São Paulo) e a Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção). Foi membro do Conselho Administrativo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Div

ulg

ação

um círculo virtuoso na economia, com aumento da produção, do emprego e das vendas, inclusive com aumento de arrecadação pelo governo. Além disso, a medida ajudou nosso país a superar os efeitos da crise financeira interna-cional. A extinção da CPMF [Contribui-ção Provisória sobre Movimentação Financeira], bandeira levantada e con-quistada pela Fiesp ao lado de outras instituições, em nome de todos os brasileiros, deve servir como exemplo para que busquemos uma ampla re-forma tributária no Brasil.

IN – Os escândalos denominados "mensalões" abalaram a credibili-dade dos políticos brasileiros. O que os empresários pretendem fazer para selecionar os candidatos e partidos políticos que deverão receber as con-tribuições nas próximas eleições?PS – A Fiesp mantém independência institucional e pensamento crítico em relação a todos os governos. Os empresários, assim como todos os cidadãos brasileiros, devem exigir transparência e o cumprimento da lei acima de tudo. Ética é a palavra de ordem.

IN – Caso o senhor venha a ser eleito para algum cargo nas próximas elei-ções, como ficará a situação da Fiesp? Já existe um processo sucessório em andamento?PS – O estatuto da Fiesp prevê que, em caso da ausência do presidente, assu-mirá o primeiro vice-presidente, cargo que hoje é ocupado pelo empresário Benjamin Steinbruch.

"O Brasil precisa, e para ontem, de uma série de reformas estruturais: trabalhista, política, previdenciária e tributária. É necessário que o presidente da República, governadores, senadores e deputados eleitos assumam, ainda neste ano, o compromisso de realizar imediatamente essas reformas"

7IBEF NEWS • Março 2010

Page 8: Agilidade e transparênciaAs Instruções 480 e 481 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em vigor desde janeiro deste ano, visam a promover a governança corporativa e a levar

Café da manhã

IBEF SP apresenta case de desenvolvimento sustentável da RhodiaPresidentedogrupocontacomoaempresaposiciona-sequandooassuntoésustentabilidade

A Diretoria Executiva do IBEF SP inaugurou a agenda de eventos para o ano de 2010 com a realização do café da manhã O Desenvolvimento Sustentável para a Rhodia: Exigência de Responsabilidade e Eixo Estra-tégico de Crescimento, no dia 26 de janeiro, no Hotel Grand Hyatt, em São Paulo. O presidente da Rhodia na América Latina, Marcos De Marchi, apresentou o case de sustentabilidade do grupo durante o evento, que contou com o patrocínio de ERM.

Durante a abertura do evento, Walter Machado de Barros, presidente do Conselho de Administração do IBEF SP, afirmou que, cada vez mais em voga na co-munidade de finanças, a sustentabilidade está na pauta

Marcos De Marchi (presidente da Rhodia na América Latina)

da gestão empresarial não só pelo ponto de vista da governança corporativa, mas também do planejamento estratégico das empresas.

Desde 2009, o IBEF SP dedica especial atenção à temática por meio da Subcomissão de Sustentabilidade que integra a Comissão Técnica. Presidida por Antô-nio Luís Aulicino, a subcomissão tem como missão sensibilizar e conscientizar os executivos de finanças sobre conceitos, práticas e metodologias relacionadas ao desenvolvimento sustentável. “Visamos aprimorar a competência entendida como combinação de conhe-cimento, habilidade e atitude dos executivos de fi-nanças”, afirmou Aulicino.

8 IBEF NEWS • Março 2010

Page 9: Agilidade e transparênciaAs Instruções 480 e 481 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em vigor desde janeiro deste ano, visam a promover a governança corporativa e a levar

Embora tenha forte presença em mercados tradicionais como o europeu (30%) e o norte-americano – Estados Unidos e Canadá (17%) –, De Marchi destacou que a Rhodia pos-sui presença global equilibrada bem posicionada nos merca-dos de rápido crescimento, como América Latina (17%) e Ásia (27%). “Esses dados revelam a participação em 2008, mas há grande tendência de aumento desses números nos resultados de 2009”, afirmou.

Pioneirismo e inovação Há 90 anos no Brasil, a Rhodia foi a primeira implantação

industrial francesa no País. De Marchi observou que a empresa sempre manteve uma postura de inovação no Brasil, ao introdu-zir novos produtos, processos e gestão. “Fomos os primeiros a produzir penicilina no Brasil e somos, até hoje, o único produtor de fenol no continente”, enfatizou.

A presença no mercado brasileiro garante à Rhodia a possibi-lidade de utilizar recursos locais, o que diversifica seu portfólio de produtos. Desde a década de 1940, a companhia produz solven-

1 - Walter Machado de Barros (WMB/IBEF SP). 2 - André Luis Rodrigues (Rhodia). 3 - Aron Zylberman (Cyrela). 4 - Luiz Roberto Calado (Anbima).

1

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Fotos: Jacinto Alvarez

Marcos De Marchi (presidente da Rhodia na América Latina), André Luis Rodrigues (Rhodia) e Ivan de Souza (Cincom Systems)

Liderança A Rhodia possui atuação mundial em

química de especialidades e é líder em im-portantes mercados, como de polímeros e de formulações. Em 2008, a empresa teve fatu-ramento de i 4,8 bilhões e 22% das ven-das são oriundas de produtos com menos de cinco anos. Segundo De Marchi, esse dado representa índice elevado de inovação de portfólio, já que a indústria química possui processo lento de evolução.

Com 14.500 funcionários em todo o mundo, a Rhodia é dividida em seis empre-sas líderes de mercado: a Poliamida, que representa 38% dos negócios da Rhodia e fornece bens industriais e de consumo, principalmente provenientes da poliamida 6.6; a Novecare, responsável por produtos de alto desempenho utilizados em indús-tria de cosméticos, limpeza e agroquímicos, com 20% do grupo; a Silcea, que é líder mundial em sílicas de alto desempenho e representa 16%; a Acetow, que representa 10% e produz fibras de acetato de celulose utilizadas na produção de filtros de cigarro; a Eco Services, com 6% do grupo Rhodia, líder na tecnologia de regeneração do ácido sulfúrico; e a Energy Services, que gerencia o fornecimento de energia para a Rhodia e seus terceiros e é responsável por 5% do grupo. Outros negócios representam 5% do grupo Rhodia.

9IBEF NEWS • Março 2010

Page 10: Agilidade e transparênciaAs Instruções 480 e 481 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em vigor desde janeiro deste ano, visam a promover a governança corporativa e a levar

tes a partir da cana-de-açúcar e, segundo De Marchi, a utilização do etanol é cada vez mais frequente.

Atualmente, o grupo fatura R$ 2,8 bilhões no Brasil, onde emprega cerca de 3 mil funcionários em suas cinco unidades industriais: duas em Santo André; uma em São Bernardo do Campo; uma em Jacareí; e uma em Paulínia, onde também se localiza um dos cinco centros mundiais de pesquisa da Rhodia. De acordo com De Marchi, as exportações dividem-se em 30% para América Latina, 26% para América do Norte, 28% para Europa, 10% para Ásia e 6% para outras localidades. “Devido ao equilíbrio do balanço de distribuição, que é saudável, a Rhodia comportou-se bem durante a crise”, salientou.

Iniciativas sustentáveis Em 2007, a Rhodia incluiu o desenvolvimento sustentável

em seu planejamento estratégico. Com o slogan “A química é nosso mundo. A responsabilidade é o nosso jeito de ser”, a em-presa reescreveu sua missão já de forma sustentável com a parti-cipação de 50 funcionários de todos os países em que a compa-nhia está presente, conforme relatou De Marchi.

Para o executivo, o desenvolvimento sustentável combina não só fatores ambientais, mas também econômicos e sociais. A Rhodia desenvolve, além de projetos relacionados à preservação do meio ambiente, iniciativas no campo social por meio do Ins-tituto Fundação Rhodia. De Marchi destacou o projeto Alquimia Jovem – o primeiro a ser implementado pelo Instituto – que tem o objetivo de contribuir no desenvolvimento humano dos jovens participantes por meio de atividades de educação complementa-res à rotina escolar. “O Brasil caminha na direção correta quando o tema é sustentabilidade”, afirmou.

Luiz Roberto Calado (Anbima), José Claudio Securato (Saint Paul Escola de Negócios), Walter Machado de Barros (WMB/IBEF SP), Marcos De Marchi (presidente da Rhodia na América Latina), André Luis Rodrigues (Rhodia) e Ivan de Souza (Cincom Systems)

Café da manhã

10 IBEF NEWS • Março 2010

Page 11: Agilidade e transparênciaAs Instruções 480 e 481 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em vigor desde janeiro deste ano, visam a promover a governança corporativa e a levar

"Toda água é recirculada, tratada e volta a

nossas colunas de resfriamento. Não é água

potável, é a água industrial, mas não jogamos

nada no Tamanduateí"

"Usamos nossa excelência e capacidade de inovar a

favor dos nossos clientes para que eles desenvolvam

atividades sustentáveis e tenham capacidade

competitiva com seus concorrentes"

"Hoje somos grande abatedor de gases do efeito

estufa. Só a unidade de Paulínia equivale a

1,2 milhão de automóveis parando de circular. A

frota brasileira possui 25 milhões de automóveis,

o que corresponde a 5% dos automóveis no Brasil

deixando de circular"

A segurança das pessoas e a proteção à saúde e ao meio ambiente também integram as práticas sustentáveis da em-presa. Em 1980, eram registrados 40 acidentes com afasta-mento por 1 milhão de horas trabalhadas. Atualmente, são registrados 0,59 acidentes no mundo, enquanto no Brasil esse índice chega a 0,2. “Isso é uma amostra absoluta de que segu-rança é nossa prioridade e de que estamos caminhando nessa direção”, destacou De Marchi.

Ele também apontou a renovação do acordo mundial de res-ponsabilidade social assinado com o Icem (International Federa-tion of Chemical, Energy, Mine and General Worker’s Union), organização internacional que reúne sindicatos da indústria quí-mica de todo o mundo, como uma prática sustentável. “Usamos nossa excelência e capacidade de inovar a favor dos nossos clien-tes para que eles desenvolvam atividades sustentáveis e tenham capacidade competitiva com seus concorrentes”, ressaltou.

Diante dos desafios impostos pelas mudanças climáticas, a Rhodia preocupou-se em adequar seus processos a uma nova rea-lidade em que a preservação do meio ambiente é fator decisivo para realização de novos negócios. Iniciativas que visam o reúso, a redução e a reciclagem de água exemplificam essa preocupação.

Em Santo André, a Rhodia desenvolveu um projeto cujo objetivo era consumir menos água e reduzir a emissão de efluen-tes no Rio Tamanduateí. De Marchi relatou que a iniciativa foi tão bem-sucedida que, atualmente, a redução de consumo de água corresponde a uma cidade de 20 mil habitantes e a emis-são de efluentes no Rio Tamanduateí chegou a zero. “Toda água é recirculada, tratada e volta a nossas colunas de resfriamento. Não é água potável, é a água industrial, mas não jogamos nada no Tamanduateí”, declarou. Outra iniciativa é o tratamento bioló-gico adotado na unidade de Paulínia, onde foi desenvolvida uma bactéria que ingere o fenolato presente nos efluentes.

Antonio Luiz Aulicino (IDS) e Ticiana Halasz (Grupo Wheaton Brasil)

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Sergio Volk (Magno Consultores), Walter Machado de Barros (WMB/IBEF SP), Eduardo Chehab (Standard & Poor's) e Roberto Goldstajn (Hand, Goldstajn Advs. Associados)

Marcelo Kubli D. Vieira (Rhodia), Walter Machado de Barros (WMB/IBEF SP), Antonio Luiz Aulicino (IDS), Marcos De Marchi (presidente da Rhodia na América Latina) e José Claudio Securato (Saint Paul Escola de Negócios)

De forma a realizar negócios de jeito inovador e responsável, a Rhodia preocupa-se com recentes mudanças climáticas. De acordo com De Marchi, a empresa possui três eixos de traba-lho: utilização de tecnologia limpa para redução de emissão de gases, abatimento de gases de efeito estufa e gerenciamento de CO2 (dióxido de carbono). Dentre as iniciativas, ele ressaltou a conversão de caldeiras de óleo para gás nas unidades de Santo André, São Bernardo do Campo e Paulínia, o que garante índices de poluição baixos.

O executivo ainda mencionou a utilização de energias reno-váveis, como a energia solar, já utilizada na França, e a biomassa, que está em fase avançada de estudos. “Hoje somos grande aba-tedores de gases do efeito estufa. Só a unidade de Paulínia equi-vale a 1,2 milhão de automóveis parando de circular. A frota brasileira possui 25 milhões de automóveis, o que corresponde a 5% dos automóveis no Brasil deixando de circular”, comparou.

Avaliação de resultadosNa visão de De Marchi, não basta desenvolver iniciati-

vas que visem ao desenvolvimento sustentável. É preciso criar ferramentas que avaliem o desempenho e o esforço da companhia na busca por essas práticas. Assim, a Rhodia criou o Rhodia Way, processo contínuo de autoavaliação e gerenciamento dos comprometimentos assumidos com seis stakeholders: clientes, empregados, meio ambiente, acionistas, fornecedores e comunidades. “Aplicamos nossas metodolo-gias internas de medição de índice de segurança ao tema de sustentabilidade”, declarou.

O executivo explicou que para cada stakeholder foram definidos os compromissos a serem cumpridos, os quais foram transformados posteriormente em práticas. Dessa forma, cada prática é avaliada de acordo com o estágio em que se encontra: introdutório, em desenvolvimento, matu-ridade e performance. Ele ainda relatou que cada público estratégico envolvido no processo de desenvolvimento sus-tentável possui um site, onde são descritas as práticas de maneira que a Rhodia possa acompanhar o andamento das ações e, assim, impor ao menos três pontos a serem mais bem trabalhados. “Com isso caminhamos gradualmente para que cada empresa alcance a sustentabilidade”, afirmou.

Embora a indústria química possua um ciclo de inovação lento, cerca de 22% dos produtos fabricados atualmente pela Rhodia possuem menos de cinco anos. De Marchi ressaltou que a companhia preocupou-se em reforçar o crivo para que os projetos fossem aceitos na pesquisa de desenvolvimento. Ele mencionou que, além de critérios de geração e captura de valor e competitividade, a Rhodia considera como cri-térios de seleção a toxicidade, a ecotoxicidade, fonte reno-vável de matéria-prima, reciclabilidade e ecoeficiência. “Um exemplo é a poliamida, de cujo refugo nada vendemos, pois a refundimos, despolimerizamos e repolimerizamos. Além disso, temos projeto com clientes de pegarmos a poliamida após usada e a reutilizarmos”, relatou.

José Claudio Securato (Saint Paul Escola de Negócios)

Café da manhã

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Luiz Roberto Calado (Anbima), Lili Antunes (Valor Econômico) e Andrea Flores (Valor Econômico)

Walter Machado de Barros (WMB/IBEF SP), Marcos De Marchi (presidente da Rhodia na América Latina), André Luis Rodrigues (Rhodia) e José Claudio Securato (Saint Paul Escola de Negócios)

Walter Machado de Barros (WMB/IBEF SP) e Luiz Claudio Fontes (Terco Grant Thornton)

O executivo reforçou o objetivo da Rhodia em desenvolver produtos afina-dos com a sustentabilidade. Para ele, a química do futuro desenvolve produtos que agridem cada vez menos o meio am-biente e buscam o bem-estar dos consu-midores, como o detergente concentrado que reduz em 20% o volume a ser uti-lizado; e a Emana, novo fio inteligente de poliamida que oferece propriedades de regulação térmica e melhora a circu-lação sanguínea. “Hoje, 32% das vendas da Rhodia são provenientes de produtos que auxiliam os clientes a vencer desafios do desenvolvimento sustentável. Com o crivo e a gestão de inovação, esse número vai aumentar”, observou.

Durante os anos 1990, a Rhodia cons-cientizou-se do impacto significativo que a

emissão de gases de efeito estufa causa sobre o meio ambiente e comprometeu-se a reduzir os níveis de emissão. Entre 1997 e 2008, a Rhodia reduziu em 90% a emissão de gás carbônico, passando de 40 milhões de toneladas para 4 milhões. “É o resul-tado mais significativo de toda a indústria química”, afirmou.

Colhendo frutosProdutos e métodos de fabricação que consideram as exi-

gências do desenvolvimento sustentável conduziram a Rhodia a um patamar diferenciado no segmento industrial. De acordo com De Marchi, o comprometimento com essa tendência e a transformação de metas e estratégias de atuação garantiram reco-nhecimento à empresa, com entrega de certificações.

Pelo segundo ano, a Rhodia é uma das 250 empresas selecionadas pelo Índice Dow Jones de Sustentabilidade, que considera as melhores companhias em responsabilidade social corporativa dentre 2.500 empresas listadas nos mercados de capitais. No setor químico, eram 90 candidatos e dez foram classificados. “O relatório afirma que a razão do nosso reconhe-cimento é a qualidade de mecanismo de preservação ambien-tal, redução dos gases de efeito estufa, gerenciamento Rhodia Way e política de saúde e segurança”, apontou.

Embora a aplicabilidade do desenvolvimento sustentável ao setor químico possa ser considerada difícil, De Marchi acre-dita que a determinação política da direção da companhia e o apoio dos funcionários são fatores fundamentais para reali-zação das iniciativas. O executivo acredita que a combinação de iniciativa, convicção e boa vontade aliada à medição dos progressos dos compromissos assegurados caminha na promo-ção do sucesso das práticas sustentáveis. “A sustentabilidade não é apenas uma exigência de responsabilidade, mas também um eixo estratégico de crescimento. Quem não tiver produtos que ajudem o seu cliente a ser sustentável vai morrer daqui a algum tempo”, finalizou.

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Page 14: Agilidade e transparênciaAs Instruções 480 e 481 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em vigor desde janeiro deste ano, visam a promover a governança corporativa e a levar

Administração

IBEF SP debate responsabilidades do administradorEspecialistasabordamresponsabilidadesfiscal,civil,comercialetrabalhista

A Comissão Técnica do IBEF SP realizou café da manhã com o tema Respon-sabilidades do Administrador no dia 9 de fevereiro, na sede do Instituto, em São Paulo. Roberto Goldstajn e Marcelo Vieira von Adamek abordaram as responsabi-lidades fiscal, civil, comercial e trabalhista do administrador sob um viés prático.

Na abertura do evento, André de Araújo Souza, presidente da Comissão Téc-nica do IBEF SP, destacou a importância de tratar a responsabilidade dos adminis-tradores dentro de suas corporações, já que cotidianamente são exigidas rígidas condutas dos executivos.

Roberto Goldstajn, presidente da Subcomissão de Impostos da Comissão Téc-nica do IBEF SP, apresentou os resultados da pesquisa sobre responsabilidade do executivo realizada entre os associados do IBEF SP. “O administrador financeiro tem uma pressão enorme por resultados”, ressaltou Goldstajn.

Ele apontou que a pesquisa entre os associados do Instituto tinha o objetivo de identificar as dificuldades, acúmulo de funções e as áreas que estavam sob a responsabilidade dos executivos. “Perguntamos por quais dessas áreas – adminis-trativa, comercial, controladoria, fiscal, jurídica – o executivo se responsabilizava. A pesquisa revelou que mais de 50% dos entrevistados eram responsáveis por três ou quatro áreas”, afirmou.

A pesquisa também avaliou o nível de conhecimento sobre riscos da função e posição e as ferramentas preventivas disponíveis. “Por conta desse levantamento, percebemos como é importante esclarecer a responsabilidade do administrador”, disse o presidente da Subcomissão de Impostos.

Mario Edison Almeida, Eduardo Chehab (Standard & Poor's) e Luis Rodeguero (Tabvlae Invest.)

O IBEF Mulher marca presença nos eventos do Instituto: Helena Bianqui (Virbac) e Júnia Cordeiro (Lar Escola S. Francisco)

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IBEF SP debate responsabilidades do administrador

"Recomendo atenção ao planejamento tributário, que deve ser fruto de reflexão e estar diretamente ligado aos negócios, e não ser uma forma de fugir da tributação"

Roberto Goldstajn (Hand, Goldstajn Advogados Associados/presidente da Subcomissão de Impostos da Comissão Técnica do IBEF SP)

Responsabilidade civilO advogado e coordenador dos cursos

de direito societário e direito empresarial do Centro de Extensão Universitária de São Paulo (CEU), Marcelo Vieira von Ada-mek, apresentou, sob um enfoque prático, a responsabilidade civil do administrador. Ele observou que é preciso saber, primei-ramente, quem é o administrador, já que não é o título que a pessoa utiliza na em-presa que o sujeita a determinado regime jurídico. “É muito comum, sobretudo em sociedades limitadas, que alguns funcioná-rios recebam o título de diretor, sem que de fato sejam administradores”, apontou.

Para fins de responsabilidade civil, os administradores são os titulares de órgãos de administração que, de acordo com Mar-celo, no direito brasileiro são, em primeira instância, os diretores que figuram no con-trato social ou os membros do conselho de administração. “Não são administrado-res, embora a eles possam recair algumas regras próprias, os membros de conselho fiscais e de órgãos técnicos e consultivos”, afirmou. Marcelo ainda comentou sobre o administrador extraordinário, nomeado quando há dissolução da sociedade. Ele explicou que, nesse caso, o administrador é o liquidante cuja nomeação se dá du-rante o processo de liquidação.

Embora o administrador tenha pode-res e, assim, responsabilidades, Marcelo destacou que na responsabilidade civil

deve haver um ponto de equilíbrio para que não seja imputada ao administrador qualquer responsabilidade, afastando do exercício da função pessoas bem-intencio-nadas. Dessa forma, ele ressaltou que para não consagrar a impunidade nem afastar pessoas idôneas de funções administra-tivas, existem pressupostos de quando ocorre a responsabilidade civil, sendo: comportamento antijurídico como ação ou omissão culposa por parte do admi-nistrador; dano causado à sociedade, aos sócios e a terceiros; e nexo de causalidade que relaciona a conduta do administrador com o dano experimentado. “Presentes esses três pressupostos, aí sim pode-se falar em responsabilidade civil do adminis-trador”, enfatizou.

Marcelo acrescentou que sobre os administradores recaem múltiplos deve-res, tanto obrigações de meio como de resultado. Em determinadas obrigações, a responsabilidade do administrador só se encerra quando há o resultado, porém,

existem aquelas em que o administrador se compromete apenas na gestão e não na obtenção de resultados, o que é chamado de obrigação de meio. “O administrador não se obriga a atingir resultados para a sociedade, não se obriga a dar lucro à so-ciedade, mas a gerir de maneira idônea a busca por esses resultados”, explicou.

A necessidade de formação técnica para a ocupação de cargos de gestão tem sido alvo de críticas. Entretanto, Marcelo observou que a qualificação desses profis-sionais é exigência do próprio mercado. “É o mercado que vai dizer o que pressupõe da pessoa que venha a ocupar cargos no exercício de funções de administração”, argumentou. Para ele, a exigência de for-mação acadêmica para esses cargos pode trazer, em determinados regiões, a escas-sez de profissionais. “Há brilhantes profis-sionais que são autodidatas”, ponderou.

Ainda que a companhia atinja resul-tados positivos com a obtenção de lucros, isso não indica que a gestão social tenha sido feita de maneira adequada. Marcelo reforçou que o lucro por si só não abona a gestão social, e o contrário também é válido: o prejuízo não pode ser enten-dido como sinal de má administração. “O prejuízo pode ser uma particularidade do setor em que a empresa atua”, exempli-ficou. Entretanto, o palestrante ressaltou que dificilmente procura-se identificar falta na gestão quando não há prejuízo.

"O administrador não se obriga a atingir resultados para a sociedade, não se obriga a dar lucro à sociedade, mas a gerir de maneira idônea a busca por esses resultados"

Marcelo Vieira von Adamek (advogado e coordenador dos cursos de direito societário e direito empresarial do Centro de Extensão Universitária de São Paulo – CEU)

Fotos: Jacinto Alvarez

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Marcelo Vieira von Adamek (palestrante), Andre A. de Souza (Ernst & Young), Roberto Goldstajn (Hand, Goldstajn Advogados Associados) e Marcos Laredo (Ernst & Young)

De acordo com Marcelo, é difícil definir a falta de diligência na gestão em caso concreto. Portanto, o juiz avalia não somente as decisões negligentes, mas as decisões irracionais tomadas sem a devida coleta de informações durante o processo decisório. “Se o administrador busca os aconselhamentos disponíveis, como um laudo de consultoria, reflete antes de tomar a decisão ao invés de tomá-la de maneira desinteressada e evita conflito de interesses, ainda que posteriormente a decisão cause algum tipo de prejuízo, pode não ser causa de responsabilidade civil do administrador”, observou.

Em uma companhia fechada, todos podem ser responsabilizados por alguma falta sobre a qual o colegiado não tenha se manifestado. Já nas companhias aber-tas, entende-se que a divisão de tarefas tem um caráter departamental e, dessa forma, é responsabilizado apenas o admi-nistrador diretamente envolvido no des-cumprimento da função. No caso de uma decisão colegiada, todos são chamados a responder, salvo quando o administrador discordante da decisão a ser tomada regis-tra em ata o seu parecer contrário. “A falta do administrador na reunião, por si só, não é excludente, não é suficiente para isentá-lo da responsabilidade”, afirmou.

Os administradores ainda podem ser responsabilizados por atos de seus subor-dinados quando falharem no exercício do dever geral de fiscalização. “O admi-nistrador não tem o dom de onipresença e ubiquidade, mas deve adotar medidas de controle e fiscalização dos atos de seus subordinados”, acrescentou Marcelo.

Responsabilidade tributária Roberto Goldstajn, presidente da Subco-

missão de Impostos da Comissão Técnica do IBEF SP, apresentou casos práticos relaciona-dos à responsabilidade tributária, em que o administrador está sujeito a diferentes riscos. Ele apontou como desafios o planejamento tributário e a convergência ao padrão inter-nacional de contabilidade, o IFRS. “Reco-mendo atenção ao planejamento tributário, que deve ser fruto de reflexão e estar dire-tamente ligado aos negócios, e não ser uma forma de fugir da tributação”, aconselhou.

Além de se manterem atualizadas com as novas regras de contabilidade, as empresas devem atentar para a divulgação dos pronunciamentos do CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis), que nor-teiam o dia a dia do setor financeiro das companhias. Outro destaque é o Sistema Público de Escrituração Digital (Sped).

Responsabilidade trabalhistaDe acordo com Marcelo von Adamek,

a jurídica trabalhista entende que alguém lucrou com o trabalho do empregado e que deve pagar a dívida, portanto não há limi-tação de responsabilidade. “Na filosofia da justiça trabalhista, existe um débito e alguém vai pagar, não importa quem seja. Em pri-meiro lugar serão os sócios e, no segundo momento, os administradores”, explicou.

Mesmo que o sócio seja minoritário, ele poderá responder juridicamente quando chamado à Justiça do Trabalho. Marcelo ressaltou que a única forma de limitação existente até o momento é a do acionista, a qual também tem sido questionada. “Até mesmo em sociedades anônimas fechadas o acionista tem sofrido penhora de bens na justiça trabalhista, sendo obrigado a se defender até em segunda instância no Tri-bunal Regional do Trabalho”, contou.

Quando há a falência da companhia, pode ocorrer uma decisão favorável para o administrador quando chamado à Justiça do Trabalho, já que não há recursos para

liquidar os débitos. Outra decisão favorá-vel ao administrador é quando ele prova que também era funcionário da compa-nhia. “O diretor de uma companhia limi-tada pode se isentar da responsabilidade quando provar que é um empregado, já que não pode ser empregado e emprega-dor ao mesmo tempo”, observou.

Segundo Marcelo, existem três credo-res agressivos: trabalhista, fiscal e normal, podendo ser entendido como comercial. O palestrante aconselhou a dar prioridade a esses credores, já que estão submetidos a rígidas penalidades. Aconselhou ainda que no ato de uma rescisão contratual de socie-dade, o sócio que deixa a companhia exija o registro da saída da gestão social na junta co-mercial. “Muitas vezes o sócio remanescente não registra a alteração na sociedade, o que pode penalizá-lo posteriormente”, alertou.

Como forma de evitar danos às compa-nhias e penalizações aos administradores, Roberto Goldstajn recomendou que a em-presa invista em treinamento para equipe interna e na busca de profissionais qualifi-cados que tenham competência, uma vez que os administradores não conseguem fis-calizar todos os atos de seus subordinados. Já para equipe externa, ele recomendou que as companhias busquem consulto-rias confiáveis. “A adoção de mecanismos de compliance e o registro de dissidência em atos coletivos também colaboram no sucesso das companhias”, concluiu.

Administração

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Matéria de capa

Instruções CVM 480 e 481

A hora do full disclosure

Apesar de destacar a importância e os benefícios das mudanças, mercado ainda abriga dúvidas, críticas e expectativas quanto às duas novas normas da CVM

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Com o objetivo de modernizar, dinamizar e tornar mais transpa-rente o mercado de capitais no Brasil, a Comissão de Valores Mobili-ários (CVM) editou duas novas instruções, que estão em vigor desde janeiro deste ano. A nº 480, de 7 de dezembro de 2009, norma-tiza o registro de emissores de valores, dispõe sobre as informações que devem ser divulgadas e implementa o Formulário de Referên-cia como obrigatoriedade, substituindo o IAN. Já a de nº 481, de 17 de dezembro de 2009, traz mais exigências quanto aos dados que devem ser divulgados na realização de assembleias e regulamenta o voto por procuração, ou proxy voting.

As mudanças visam a promover a governança corporativa e levar o País ao mesmo patamar de mercados em que há mais agilidade e transparência nas transações. Além disso, as companhias passarão a tornar disponíveis mais informações aos investidores, de forma padro-nizada e com atualizações regulares. Também é esperado um incre-mento na participação e representação dos acionistas em assembleias.

Que se trata de algo benéfico, importante e há muito tempo ne-cessário, visto que a legislação anterior datava de 1993, todos concor-dam. Mas, quanto aos impactos inerentes ao processo, o setor apre-senta bastante discrepância. De um lado, há grandes emissores com ações listadas na bolsa de Nova York, habituados a lidar com tal nível de exigências. De outro, companhias que estão há muitos anos sem apresentar um prospecto e, agora, têm um grande desafio pela frente.

Críticas também não faltam. A questão da divulgação das remu-nerações dos administradores, da profundidade e complexidade dos dados requeridos e da divisão dos emissores em somente duas cate-gorias está entre os alvos dos executivos, analistas e advogados da área. Dúvidas quanto à rapidez da CVM em analisar e aprovar os processos de ofertas públicas num prazo muito menor, após as mu-danças, também estão entre os motivos de inquietação. Uma coisa, no entanto, é certa: para a maioria das companhias de capital aberto brasileiras, ainda há muito trabalho por fazer, e já não há mais como escapar do full disclosure.

20 IBEF NEWS • Março 2010

Page 21: Agilidade e transparênciaAs Instruções 480 e 481 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em vigor desde janeiro deste ano, visam a promover a governança corporativa e a levar

Crescimento demanda mercado mais maduro e veloz

Em ritmo de expansão, o mercado brasileiro vem desfrutando bons níveis de investimentos estrangeiros. Há gran-des companhias abertas competindo internacionalmente, o desempenho da economia após a crise financeira mun-dial foi notório, e o caminho rumo à transparência e governança corporativa já não pode mais ser revertido.

Henry Sztutman, advogado do es-critório Pinheiro Neto, diz que o novo papel do País no contexto internacional, de fato, exige mais responsabilidade. “As expectativas são muito boas e, em geral, as alterações são muito bem-vindas como parte do amadurecimento do mercado brasileiro. O Brasil tornou-se realmente um adulto no cenário econômico e, com isso, requer outro patamar de conduta no mercado de capitais”, indica.

Essas alterações, devido à maturação econômica e a uma maior exposição e interação com os mercados desenvolvi-dos, são estimuladas por meio de refor-mas na regulamentação e publicação de novas normas. A criação do Novo Mercado, no passado, e a implemen-tação das normas IFRS, atualmente em curso, são alguns destaques. Agora, a CVM introduz as Instruções 480 e 481,

trazendo uma série de mudanças para o mercado de capitais brasileiro, visando corrigir deficiências antigas.

Antonio Castro, presidente da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), indica que maior rapidez no funcionamento do mer-cado era esperada havia muito tempo. “Existia uma preocupação muito antiga de se agilizar os processos de emissões

no Brasil. A gente comparava as emis-sões daqui com as de outros países da Europa e dos Estados Unidos, e o que caracterizava as operações brasileiras era a lentidão entre o começo do processo e a emissão ocorrer”, afirma.

Além disso, o mercado tinha como características a reduzida participação dos acionistas em assembleias e a falta de divulgação de informações padro-nizadas e regularmente atualizadas. In-vestidores domésticos e estrangeiros só tinham acesso a informações mais den-sas e completas sobre as companhias brasileiras quando eram lançados pros-pectos de ofertas de distribuição.

Para Elizabeth Rios Machado, supe-rintendente de relações com empresas da CVM, as novas instruções visam jus-tamente mudar o padrão de informa-ção dos emissores. “A 480, que trata do registro de emissor, exige um padrão muito mais apurado de emissor de valor mobiliário, sensivelmente superior ao que a regulamentação anterior exigia, tendo o Formulário de Referência como prospecto permanente. Quando a com-panhia ia a mercado captar, ela divul-gava um prospecto que tinha informa-ções da melhor qualidade, não só sobre a oferta, mas sobre a própria empresa.

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"Existia uma preocupação muito antiga de se agilizar os processos de emissões no Brasil. A gente comparava as emissões daqui com as de outros países da Europa e Estados Unidos, e o que caracterizava as operações brasileiras era a lentidão entre o começo do processo e a emissão ocorrer"

AntonioCastro(Abrasca)

"As expectativas são muito boas e, em geral, as alterações são muito bem-vindas como parte do amadurecimento do mercado brasileiro. O Brasil tornou-se realmente um adulto no cenário econômico e, com isso, requer outro patamar de conduta no mercado de capitais"

HenrySztutman(PinheiroNetoAdvogados)

21IBEF NEWS • Março 2010

Page 22: Agilidade e transparênciaAs Instruções 480 e 481 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em vigor desde janeiro deste ano, visam a promover a governança corporativa e a levar

Na vida normal da companhia, no antigo formulário IAN, que deixa de existir, essa qualidade de informação deixava bastante a desejar”, explica, ressaltando que o grande objetivo agora é tentar equilibrar essa quali-dade de informação.

Além de fornecer dados de qua-lidade com regularidade, a 480 deve tornar as transações mais simples e rápidas, já que todas as companhias abertas brasileiras terão um prospecto permanente e padronizado (o For-mulário de Referência) arquivado na CVM e, no momento de uma capta-ção, será necessário publicar somente um prospecto suplementar com as informações referentes à operação atual. Outro aspecto é o da compa-rabilidade, já que todas as empresas de capital aberto brasileiras terão que fornecer o mesmo tipo de informação.

Leopoldo Viriato Saboya, CFO da Brasil Foods, vê nas mudanças também a função de manter o inte-resse dos estrangeiros no País. “São mudanças fundamentais para o cres-cimento da demanda por parte de investidores globais exigentes, espe-cialmente considerando o potencial estratégico que é investir no Brasil e em grandes empresas brasileiras com elevado padrão de governança corpo-rativa”, aponta.

Em relação aos pedidos públicos de procuração, a Instrução busca fomentar a participação dos acionistas no processo decisório da companhia, sobretudo através da internet.Nesse sentido, a Instrução dispõe que:

Acionistas que representem mais de 0,5% do capital social podem incluir candidatos para o conselho de administração ou para o conselho fiscal nos pedidos públicos feitos pela administração (art. 28);

As companhias que tiverem sistema eletrônico de procurações deverão permitir que acionistas com mais de 0,5% do capital façam pedidos públicos de procuração por meio desse sistema (art. 31); e

A companhia que não instituir um sistema eletrônico de procurações deverá arcar com uma parcela dos custos de pedidos públicos de procuração promovidos por acionistas que representem mais de 0,5% do capital social, dentro de determinados limites (art. 32).

Consolidar as regras que tratam de registro de emissor de valores mobiliários, de modo que os procedimentos de registro, prestação de informações, conversão, suspensão e cancelamento sejam idênticos para todos os emissores.

Companhias abertas.

Emissores de ações que lastreiam BDR.

Securitizadoras.

22 IBEF NEWS • Março 2010

Matéria de capa

Instrução CVM nº 481/09 –em vigor desde 1º de janeiro de 2010

Objetivos da Instrução nº 480

Fonte: CVM.

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panhias, que estão tendo que levantar e divulgar com até 30 dias de antecedên-cia uma vasta gama de informações para seus acionistas. Já o Formulário de Refe-rência, exigência da 480, será obrigató-rio só a partir de maio, e inclui requisitos como detalhes de salários de conselhei-ros e diretores, políticas de remunera-ção, comentários dos administradores acerca da situação financeira da compa-

nhia, estratégias e os riscos envolvidos nas operações da companhia.

“Trata-se da lista de exigências mais longa, detalhada e completa que já foi publicada no mercado brasileiro até hoje. E aí, realmente, o Brasil fica em pé de igualdade com qualquer dos mercados desenvolvidos. Não vejo carência de infor-mação material”, comenta o advogado da área de mercado de capitais Renato Xime-nes, do escritório Mattos Filho.

Para uma empresa como a Petrobras, que integra o grupo dos grandes emis-sores, tal nível de rigor inédito no Brasil não apresenta grande dificuldade. Ale-xandre Quintão Fernandes, gerente de RI da companhia, diz que o fato de ter ações listadas na bolsa de Nova York faz com que a Petrobras esteja acostumada a fornecer informações dessa profundi-dade, mas confirma que nem todos estão na mesma situação. “As empresas que não têm ADRs [American Depositary Receipt] e não estão habituadas a fazer um shelf registration vão ter mais dificul-dades. Tem muita dúvida operacional, de como tornar disponíveis as informações. Quanto ao Formulário de Referência, por exemplo, a obrigatoriedade é para maio, mas a CVM ainda não liberou o sistema para fazer. Há bastante dúvida, e

A Instrução 480 vem substituir a 202, uma norma que já completaria 17 anos. E, em grande parte, transforma em exigências padronizadas e regula-res o que a Instrução 400 demandava somente quando ofertas de distribuição eram realizadas, por meio dos prospec-tos. Daí a origem do termo Formulário de Referência, que nada mais é do que um prospecto permanente, o que no mercado americano se conhece por shelf registration.

Se a “nova 202” finalmente entra em vigor após um longo período de expectativas e discussões em torno das mudanças necessárias, a 481 chega para inovar, regulamentando o voto por procuração pública (proxy voting) e proibindo a utilização de “assuntos gerais” como a pauta de assembleias. De acordo com as novas regras, as com-panhias terão que divulgar com ante-cedência uma série de informações a respeito das assembleias de acionistas, não só detalhando a pauta como apre-sentando densas e complexas informa-ções da empresa que sejam necessárias à preparação para as discussões e vota-ções das pautas em questão.

Com a proximidade da temporada de assembleias gerais em março e abril, a 481 já faz parte do cotidiano das com-

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"São mudanças fundamentais para o crescimento da demanda por parte de investidores globais exigentes, especialmente considerando o potencial estratégico que é investir no Brasil e em grandes empresas brasileiras com elevado padrão de governança corporativa"

LeopoldoViriatoSaboya(BrasilFoods)

"À medida que o mercado evolui e se tem uma base acionária cada vez maior, caracteristicamente de ordinárias, ou seja, ações com direito a voto, fica cada vez mais gritante a necessidade de nãoter dificuldades à participaçãoem assembleias"

ElizabethRiosMachado(CVM)

23IBEF NEWS • Março 2010

Page 24: Agilidade e transparênciaAs Instruções 480 e 481 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em vigor desde janeiro deste ano, visam a promover a governança corporativa e a levar

as empresas que nunca fizeram terão um trabalho adicional”, explica.

É o caso de José Roberto Lettiere, CFO e diretor de Relações com Inves-tidores da Alpargatas e diretor vogal do IBEF SP. “A dificuldade é iniciar o processo: o tempo que nós temos de preparação de tudo isso e o formato que ainda não está claro. Mas, uma vez implementado, já colocado em prática de forma rotineira, vai facilitar, com certeza. O grande impacto é na implementação”, indica.

I-CVM 480: dinamismo e rigorÉ exatamente nesta etapa de im-

plementação que aparecem os maio-res desafios. Levantar as informações exigidas pela Instrução 480 pode ser um processo demorado e traba-lhoso para algumas companhias. Se-gundo os executivos financeiros, de RI e especialistas da área, há duas formas de diferenciar as empresas. A primeira separa aquelas que fizeram uma oferta de distribuição nos últi-mos dois ou três anos (e assim ainda podem usufruir as informações apu-radas para seus prospectos) daquelas que não emitiram ações nos últimos anos e, assim, têm que começar do zero. Já a segunda visão destaca três grupos: os grandes emissores, com float acima de US$ 5 bilhões; os emis-

Melhorar a qualidade das informações periódicas prestadas por emissores de valores mobiliários.

Troca de dados específicos por informações sobre políticas e procedimentos.

Uso de tabelas sempre que possível.

Regras para assegurar que as informações prestadas sejam úteis à avaliação dos valores mobiliários, evitando a divulgação de textos padronizados ou excessivamente genéricos (art. 14 a 19).

Áreas em que a Instrução avança: MD&A, políticas da administração, remuneração de administradores, política de utilização de instrumentos financeiros e estrutura operacional e administrativa de controle de riscos de mercado.

Mudar o modelo de prestação de informação.

O formulário de referência faz as vezes de um prospecto permanente.

Todas as informações relativas aos emissores de valores mobiliários encontradas em prospectos estarão no Formulário de Referência.

Inspirado no que a International Organization of Securities Commissions (Iosco) chama de shelf registration system.

Por que é importante?

Fonte permanente e confiável de informação.

Agilidade nos processos de registro.

Melhor precificação no secundário.

24 IBEF NEWS • Março 2010

Matéria de capa

Objetivos da Instrução nº 480

Fonte: CVM.

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sores de menor dimensão; e finalmente as companhias que são de capital aberto, mas não fazem emissões.

Renato Ximenes, do escritório de advocacia Mattos Filho, indica formas de encarar o problema. Para o grupo das empresas que fizeram ofertas de distri-buição por meio de IPOs ou follow-ons recentemente, o processo parece ser mais fácil. “Juntando o que havia no prospecto mais os relatórios trimestrais e notas explicativas, você consegue fazer uma mistura, atualizada com informa-ções da administração, e monta-se um documento decente sem um esforço muito grande”, explica.

Já no caso das companhias que não prestam informações com essa profun-didade há muito tempo, o advogado enxerga dois movimentos ocorrendo no mercado. “Um é o de simplesmente cumprir tabela. Passar pelas exigências de informação com o que se tem dis-ponível, montando um documento que supostamente vai ser muito pobre em informação”, afirma. Por outro lado, há companhias se organizando de forma mais intensa para se apresentarem ao mercado de uma maneira mais transpa-rente. As empresas desse grupo estariam passando por processos de auditoria, revisão de informações, levantamento

de dados, “como se estivessem se prepa-rando para uma oferta, e aí vão, com a ajuda de auditores e escritórios de advo-gados, ter um conjunto de informações comparável ao que se encontra em gran-des companhias”, indica Ximenes.

Devido ao prazo final em maio, haveria também um número de empre-sas que ainda não teria atentado para o volume e detalhamento de informações

que está sendo exigido. “Isso acontece também por conta da inércia que existia com relação à preparação do IAN, que podia ser preenchido por uma ou duas pessoas”, complementa o advogado do escritório Mattos Filho.

Quanto à necessidade da contrata-ção de escritórios de advocacia, Antonio Castro, presidente da Abrasca, vê dife-rentes relações de custo e benefício para as companhias. “Para aquele grupo que faz emissões, mas não são tão grandes, dependendo das emissões, a contratação de um escritório pode se justificar pelo benefício que as empresas vão ter. Já para o grupo composto por empresas que são tradicionalmente de capital aberto, mas não fazem emissões, contratar um escri-tório de advocacia pode representar um custo adicional sem o benefício. No Bra-sil, o número de empresas desse último grupo é bastante grande”, observa.

Ele indica que o trabalho será muito mais intenso para as empresas de capital aberto que não fazem emissões, e não chega a haver um ganho significativo para essas que não são ativas. “Temos cerca de cem empresas ativas, fazendo emissões no Brasil. E as mais de 300 que não são ativas estão sujeitas às mesmas exigências, mas se entende o objetivo de

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"Trata-se da lista de exigências mais longa, detalhada e completa que já foi publicada no mercado brasileiro até hoje. E aí, realmente, o Brasil fica em pé de igualdade com qualquer dos mercados desenvolvidos. Não vejo carência de informação material"

RenatoXimenes(EscritórioMattosFilho)

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"Todas essas matérias vão demandar um nível maior de informações com 15 dias de antecedência às assembleias. Os impactos da 481 serão logo identificados devido à proximidade da temporada de assembleias em março e abril"

PaulaVieira(EscritórioMattosFilho)

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Objetivos da Instrução nº 480padronizar, garantindo maior compa-rabilidade entre empresas do mesmo setor, por exemplo”, complementa.

Na visão de Leopoldo Saboya, da Brasil Foods, a principal diferença quanto aos impactos das adaptações será o nível de divulgação de informa-ções ao qual a companhia está habitu-ada, sendo que as empresas que listam suas ações no exterior encontram-se em vantagem. “A Brasil Foods é uma das empresas brasileiras que já têm algo que poderíamos chamar de um processo mais avançado de divulga-ção de suas informações e, portanto, não sofrerá impactos significativos de adaptação para o cumprimento das obrigatoriedades disciplinadas pelas instruções 480 e 481 da CVM”, garante. Ele complementa que a Brasil Foods é listada na bolsa de Nova York e que muitas das exigências interna-cionais se assemelham ao que a 480 está requerendo, não sendo neces-sário fazer investimentos adicionais para se adequar à Instrução.

Em situação semelhante, Domin-gos Abreu, diretor executivo do Bra-desco, afirma que serão realizadas algumas adaptações para atender a itens específicos, mas que “a adoção das novas normas pelo Bradesco não apresentará grande impacto nos pro-cessos e rotinas atuais em relação às

informações já prestadas aos investi-dores, acionistas e órgãos reguladores”, diz. O diretor classifica a governança e transparência do banco como “avança-das” e diz que, em vista do nível de dis-closure praticado, não será necessário um investimento relevante.

Na Petrobras, que integra o grupo dos grandes emissores, o processo tam-bém tem ocorrido de forma tranquila. “Como a Petrobras já é uma empresa listada na bolsa de Nova York, a compa-nhia já estava estruturada para ter esse tipo de informação. Na verdade, o que está se fazendo é criar um documento que vai ter uma utilidade muito grande para as empresas no Brasil, que, de certa maneira, já é arquivada lá nos Esta-dos Unidos. Num primeiro momento, não estamos vendo grandes impactos”, afirma Alexandre Quintão Fernandes, gerente de RI da companhia.

Ele observa que há pequenas mu-danças e diferenciação das informações, apesar de 50% dos documentos arqui-vados nos Estados Unidos e requeridos agora pela 480 serem essencialmente a mesma coisa. “Por isso, a Petrobras

optou por fazer o processo todo inter-namente. Não contratamos consultoria, advogados, nada até o momento”, conta.

Na Totvs, do setor de softwares, deverá haver investimentos para reali-zar a adequação e suprir as informações necessárias, adianta José Rogério Luiz, vice-presidente executivo e financeiro e vice-presidente da Diretoria Executiva do IBEF SP. “Estimo que o processo vai requerer pelo menos 50% a mais de de-dicação em relação aos períodos anterio-res, além de ter maior envolvimento de outros gestores da empresa, que não os de financeiro e planejamento”, comple-menta. Na mesma linha, o departamento de RI da Camargo Corrêa Desenvolvi-mentos Imobiliários também informou que investimentos serão necessários. “As novas regras requerem adoção de algu-mas práticas que precisarão de conheci-mento e treinamento, acarretando cus-tos incrementais para implementação”, destaca a companhia por meio de sua assessoria de imprensa.

Integrando o grupo de empre-sas que são de capital aberto, mas há muito tempo não realizam emissões,

Criar categorias de emissores de valores mobiliários.

Estabelecer regimes de prestação de informações adequados a cada uma das categorias criadas.

A divisão em categorias permite que se exija muito mais informação dos emissores mais expostos ao mercado, sem onerar substancialmente os emissores com menos exposição.

26 IBEF NEWS • Março 2010

Matéria de capa

Fonte: CVM.

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"Quando há condições favoráveis, taxas boas para sua captação, você envia a documentação e o processo já se inicia. No Brasil, no passado, teríamos que fazer um prospecto completo, enviar para a CVM, que tem 30 dias para analisar, pede correções se necessário e aguarda o retorno. Nesse processo, muitas vezes, se perdiam janelas de oportunidade devido à dilatação muito grande de prazo"

AlexandreQuintãoFernandes(Petrobras)

a Alpargatas também deve encontrar mais trabalho do que companhias que listam suas ações nos Estados Unidos. José Roberto Lettiere, CFO e diretor de RI da empresa, indica que o Formulário de Referência é um documento muito mais complexo e detalhado, com uma dimensão muito maior do que o IAN. “Tem que se estruturar um pouco mais para que possa realmente entregar o nível de informações que são requeri-das. E, hoje, a maioria das empresas não tem uma estrutura para colocar esse tipo de tarefa na sua rotina. Teremos que nos adaptar”, informa.

O exemplo da Alpargatas mostra a realidade da maioria das empresas de capital aberto, já que os grandes emissores com um free float acima da média e ações listadas no exterior inte-gram um grupo muito pequeno. “Nós teremos que realmente iniciar o traba-lho desde o zero; é um questionário muito amplo, muito sofisticado, no qual temos que descrever processos, políticas, falar basicamente de todas as áreas da companhia, emitir opiniões da administração. Será necessário elabo-rar um processo específico para tratar desse tema”, diz Lettiere.

O CFO explica que já está sendo auxiliado por advogados, ao menos na

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"A dificuldade é iniciar o processo: o tempo que nós temos de preparação de tudo isso e o formato que ainda não está claro. Mas, uma vez implementado, já colocado em prática de forma rotineira, vai facilitar, com certeza. O grande impacto é na implementação"

JoséRobertoLettiere(Alpargatas/IBEFSP)

parte inicial do processo, visto que tudo tem de ser redigido desde o início. “Eu acho que no início será uma nova ativi-dade que nós não tínhamos planejado, até no nível estrutural, e mesmo de cus-tos. Vamos ter que gastar com redatores e advogados para revisar temas especí-ficos. Provavelmente auditorias, já que é um trabalho novo, adicional também para elas”, indica.

A maior polêmica da Instrução 480 ficou por conta da necessidade de divul-gação do maior e menor salário dos administradores integrantes dos con-selhos e da diretoria executiva, assim como das políticas de remuneração, bônus, participação em ações. Antonio Castro resume algumas das críticas. “A única coisa que as empresas realmente tiveram um pouco de dificuldade em entender foi fazer uma individualização da maior remuneração dos conselhos e diretoria executiva. O ponto de vista das empresas é que essa é uma informação com a qual os investidores não chegam a ter uma preocupação. Aparentemente esse aspecto foi a tendência de copiar o modelo de países como Estados Uni-dos e Inglaterra. As empresas se sentem desconfortáveis em dar para os investi-dores informações que, na verdade, não dão nem para o seu público interno. Os demais temas são vistos como altamente meritórios”, avalia.

Para o advogado Henry Sztutman, do escritório Pinheiro Neto, esse tema levanta polêmica. “Isso atiça a curiosi-dade pública, não necessariamente au-menta a qualidade das informações aos investidores e faz com que as pessoas que exercem cargos importantes nas

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companhias tenham que reforçar sua preocupação com questões de segu-rança, para si e seus familiares. Talvez nesse ponto em particular, a CVM tenha ‘exagerado na dose’”, expõe.

Elizabeth Rios Machado, da CVM, diz que foi preciso avançar nessa matéria. “Este foi um ponto levantado desde o início e a CVM fez ques-tão de perguntar a opinião do mer-cado no edital de audiência pública. Houve reações, lógico, mas de qual-quer maneira é uma questão que não dava para continuar no padrão do passado, de não ter nenhuma infor-mação sobre remuneração. Assim, o investidor consegue melhor entender a companhia”, conclui.

Agilidade é a vantagemEntre os principais benefícios iden-

tificados pelos executivos e especia-listas com a adoção da Instrução 480 estão a rapidez proporcionada pelo Formulário de Referência e a transpa-rência aos investidores. Para Saboya, da Brasil Foods, trata-se de um avanço para o mercado de capitais brasileiro, “trazendo importantes benefícios para os investidores, analistas e para as pró-prias empresas, pois abrange aspectos relevantes, como agilidade nos pro-cessos de registro e uniformização dos padrões entre as informações

regularmente mandatórias e as incluí-das ocasionalmente em prospectos de ofertas públicas de emissão de valores mobiliários, permitindo uma fonte per-manente e confiável das informações de uma companhia aberta. Além, é claro, de respaldar melhor o investidor para a sua tomada de decisão pela abrangên-cia e inclusão de regras que asseguram maior transparência”, resume.

A questão das janelas de oportuni-dades também foi lembrada como um grande benefício da nova regulação. Fa-zendo uma comparação com o mercado americano, onde já se trabalha há mais tempo com o shelf registration, Alexan-dre Quintão Fernandes, da Petrobras, diz que basta preparar a documentação da operação em si e ficar observando as janelas. “Quando há condições favorá-veis, taxas boas para sua captação, você envia a documentação e o processo já se inicia. No Brasil, no passado, tería-mos que fazer um prospecto completo, enviar para a CVM, que tem 30 dias para analisar, pede correções se necessário e aguarda o retorno. Nesse processo, mui-tas vezes, se perdiam janelas de oportu-nidade devido à dilatação muito grande de prazo”, comenta.

Antonio Castro, da Abrasca, acres-

centa que o aumento de transpa-rência ao investidor pode ter ainda um impacto positivo na precificação dos papéis. “Quando o investidor não está bem informado, isso gera algumas incertezas. E, às vezes, a maneira com a qual ele lida com essa incerteza é colo-cando algum desconto na precificação dos papéis. Acredito que a 480 tem essa filosofia de dar bastante informa-ção, o que ajuda muito o processo de precificação”, conclui.

Quanto às pequenas, médias e micro-empresas, vale a pena lembrar que elas não terão impacto algum, já que as Instruções não são aplicadas a elas, mesmo que emitam valores mobi-liários. “Já existia um comando na ins-trução 400, que a distribuição por parte dessas empresas estaria isenta do regis-tro de distribuição. Daí a 480 trouxe também, até para casar uma coisa com a outra, que, na medida em que elas não necessitam do registro de distri-buição, não precisam também do regis-tro de emissor, estão dispensadas. Elas vão poder distribuir sem ter o registro. E, se elas não têm registro na CVM, logo as exigências das duas instruções não se aplicam a elas”, explica Elizabeth Rios Machado, da CVM.

I-CVM 481: maior participação e representatividade

Diferentemente da Instrução 480, que substituiu a 202 e era aguardada havia muito tempo, a 481 tem um cará-ter maior de inovação, trazendo aspectos que não eram regulados com tamanha profundidade e sistematização, como as exigências de informações a serem divul-gadas antes de assembleias e os sistemas de procuração pública (proxy voting). Para Paula Vieira, advogada do escritório Mattos Filho, a 481 impõe menos obri-gações e será menos impactante do que a 480. “Mas ela não deixa de causar im-pacto e, em relação ao proxy voting, real-mente foi um progresso, que possibilita mais aos minoritários participarem de decisões, e às companhias abertas atin-gir o quórum necessário. Ela incentiva a participação”, explica a advogada.

"Quando o investidor não está bem informado, isso gera algumas incertezas. E, às vezes, a maneira com a qual ele lida com essa incerteza é colocando algum desconto na precificação dos papéis. Acredito que a 480 tem essa filosofia de dar bastante informação, o que ajuda muito o processo de precificação"

AntonioCastro(Abrasca)

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A questão da representatividade é um problema antigo para as compa-nhias abertas brasileiras, já que, histori-camente, há pouca participação e vota-ção nas assembleias, ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos, onde grandes empresas realizam suas assem-bleias gerais em hotéis ou até estádios, contando com até 5 mil acionistas pre-sentes. “Na Petrobras, às vezes, você tem menos de cem pessoas participando”, diz Alexandre Quintão Fernandes. Na mesma linha, o advogado Henry Sztut-man, do escritório Pinheiro Neto, afirma que, “ao menos a médio prazo, espera-se que haja menos absenteísmo e mais votos em assembleias gerais”.

Já Leopoldo Viriato Saboya, da Brasil Foods, ressalta a importância e o direito de o acionista estar bem informado, e vê como um avanço as determinações da Instrução 481. “Compartilhamos do princípio de garantir aos acionistas o seu direito de votar, com o fornecimento de informações adequadas para sua análise. Entendemos que a nova regra trouxe um avanço nesse sentido, o que permitirá aos investidores exercerem seus direitos de forma justa”, avalia.

Há pontos da 481 que merecem esclarecimento. Elizabeth Rios Machado, da CVM, indica que não existe a obri-

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"A adoção das novas normas pelo Bradesco não apresentará grande impacto nos processos e rotinas atuais em relação às informações já prestadas aos investidores, acionistas e órgãos reguladores"

DomingosAbreu(Bradesco)

gatoriedade de utilização de sistemas eletrônicos. “O que existe é um incen-tivo para que as companhias passem a utilizar esses sistemas para facilitar a re-alização e representação em assembleias e mesmo a votação”, explica. Quanto ao ressarcimento de custos incorridos para a realização de voto por procuração pública quando os sistemas eletrônicos não estiverem disponibilizados, há uma

regra a ser seguida. “Se o procurador indica um membro para o conselho de administração, por exemplo, e ele tem êxito nessa indicação, a pessoa é eleita, a companhia é obrigada a ressarci-lo nas despesas de proxy. No caso de nenhuma das matérias ou nomes sugeridos por ele terem sido aceitos na assembleia, a com-panhia tem que ressarcir pelo menos 50% das despesas”, esclarece.

A superintendente de relações com empresas ainda indica que a 481 fez-se necessária devido à modernização do mercado. “Quando se tinha uma estru-tura de mercado com capital concen-trado, isso não chamava tanto a atenção. À medida que o mercado evolui e se tem uma base acionária cada vez maior, caracteristicamente de ordinárias, ou seja, ações com direito a voto, fica cada vez mais gritante a necessidade de não ter dificuldades à participação em assem-bleias”, conclui.

Entre os impactos trazidos pela 481, a advogada Paula Vieira ressalta temas específicos sobre os quais será mais difí-cil divulgar informações: remuneração dos administradores, aumento de capital, eleição de administradores, comentários dos gestores sobre a situação financeira da companhia e reforma estatutária. A

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"Estimo que o processo vai requerer pelo menos 50% a mais de dedicação em relação aos períodos anteriores, além de ter maior envolvimento de outros gestores da empresa, que não os de financeiro e planejamento"

JoséRogérioLuiz(Totvs/IBEFSP)

29IBEF NEWS • Março 2010

Page 30: Agilidade e transparênciaAs Instruções 480 e 481 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em vigor desde janeiro deste ano, visam a promover a governança corporativa e a levar

“Todas essas matérias vão demandar um nível maior de informações com 15 dias de antecedência às assem-bleias. Os impactos da 481 serão logo identificados devido à proximidade da temporada de assembleias em março e abril”, aponta.

José Rogério Luiz, da Totvs, salienta que o nível de detalhamento exigido pela norma é o principal desa-fio a ser enfrentado. Da mesma forma, Lettiere, da Alpargatas, indica que a preparação para as assembleias vai demandar mais tempo. “Hoje em dia é mais resumido e mais simples. Neces-sitará de mais elaboração, mas como conceito, sem dúvida, é positivo”, afirma. Apesar do otimismo, Lettiere mostra-se cauteloso em relação à pro-fundidade das mudanças. “Eu acho que ir de uma vez de um extremo ao outro pode, eventualmente, não ser o melhor caminho”, cogita.

Na Camargo Corrêa Desenvolvi-mentos Imobiliários e no Bradesco, a nova regulamentação não terá im-pactos significativos, já que as roti-nas atuais não diferem muito do que é requerido na 481. Na mesma linha, Alexandre Quintão Fernan-des informa que a Petrobras já tinha incorporado padrões semelhantes no que diz respeito à divulgação de informações no período anterior à

"Há dúvidas se a CVM vai ter a capacidade de absorver todas essas informações e processar esses dados, apresentando comentários logo nos primeiros anos em que eles estiverem disponíveis ou se teremos também um processo em que durante um tempo a análise dessas informações será feita na medida em que as companhias precisem acessar o mercado"

RenatoXimenes(EscritórioMattosFilho)

realização de assembleias. O gerente explica que o processo de proxy voting é utilizado em larga escala nos Estados Unidos, com seus acionistas america-nos, mas no Brasil ainda não se che-gou a uma determinação de como vai funcionar. “Não pretendemos, por enquanto, desenvolver um sistema próprio de votação on-line. Então, se optarmos por isso, a grande probabi-lidade é a de contratar uma empresa especializada”, diz.

Na visão de Henry Sztutman, advo-gado do escritório Pinheiro Neto, quanto mais aumentar o número de empresas com capital pulverizado no País, “maiores as chances de começar-mos a ver no Brasil o fenômeno anglo-saxão de disputas por procurações de acionistas, as proxy fights, especialmente na eleição dos administradores. Será uma evolução muito interessante e, a julgar pelo ritmo de desenvolvimento do mercado dos últimos cinco a dez anos, bastante rápida. Por outro lado, ainda que a cultura brasileira de negó-cios seja menos litigiosa e mais forma-dora de consenso, eventuais abusos de minoritários ativistas, quando detecta-dos, terão que ser contidos com o apoio da CVM”, alerta.

As novas Instruções 480 e 481 demandam grande volume de infor-mações e, em sua maioria, as empresas terão que realizar investimentos com auditorias, consultorias e escritórios de advocacia para conseguir suprir a de-manda. De acordo com o órgão regula-dor, um dos principais objetivos, além da maior transparência, é agilizar e dinami-zar o mercado, tornando o processo de apreciação dos prospectos, quando da realização de emissões de valores, muito mais rápido. O fato é que a velocidade não depende somente das companhias, mas também do próprio regulador.

Otimista, Antonio Castro, da Abrasca, diz que os grandes emissores devem ter um grande benefício com a velocidade proposta pelas novas instruções. “São aquelas empresas que têm um float, ou seja, ações negociadas no mercado, com valor não inferior a US$ 5 bilhões, que possivelmente vão fazer processos com o prazo de uma semana”, diz.

Já o advogado do escritório Mattos Filho, Renato Ximenes, tem dúvidas. “Agora haverá a oportunidade de a CVM ter acesso a esse tipo de informa-ção numa base muito mais contínua e, teoricamente, ter uma redução esperada no processo todo para novas ofertas. Há dúvidas se a CVM vai ter a capacidade de absorver todas essas informações e processar esses dados, apresentando comentários logo nos primeiros anos em que eles estiverem disponíveis ou se teremos também um processo em que, durante um tempo, a análise des-sas informações será feita à medida que as companhias precisem acessar o mer-cado”, indica.

Que as evoluções saltam aos olhos dos acionistas e às práticas das empre-sas, não há dúvidas. No entanto, como em toda mudança, o período de adap-tação significa um desafio, que inclui não só as empresas, mas também a receptividade dos investidores e o tra-balho dos reguladores de retorno ao atendimento das novas exigências. Os próximos meses serão, no mínimo, esti-mulantes para os players do mercado de capitais nacional.

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Matéria de capa

Page 31: Agilidade e transparênciaAs Instruções 480 e 481 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em vigor desde janeiro deste ano, visam a promover a governança corporativa e a levar

31IBEF NEWS • Março 2010

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IBM aposta na inovação de soluções

O gerente geral de Serviços de Tecnologia para a unidade de mercados emergentes da IBM, Satish Khatu, esteve no Brasil recentemente e falou sobre as estratégias da companhia, criação de valor, terceirização, importância da área de Tecnologia da Informação na gestão de empresas e posicionamento do Brasil na estratégia global da IBM. Confira abaixo as principais ideias de Satish Khatu e da IBM.

Satish Khatu expõe estratégias da companhia na competitiva indústria de TI

IBEF News – Nos últimos três anos, a IBM ampliou suas margens em 3,5 pontos – o que é substancial, principalmente em uma indústria altamente competitiva, como Tecnologia da Informação. Quais foram as principais fontes de criação de valor que viabilizaram esse resultado? Satish Khatu – A IBM transformou seus ne-gócios para tirar proveito de importantes mudanças antecipadas pela própria em-presa. Dessa forma, reorganizamos nossos negócios para migrar para áreas emer-gentes de maior valor agregado. A IBM fez importantes aquisições nos últimos anos, tais como Lotus, parte da consulto-ria da PricewaterhouseCoopers, Informix e ISS, ampliando sua base de ativos, capital intelectual e conhecimento de indústria. O objetivo central dessas aquisições foi trazer mais inovação a nossas soluções, de modo a viabilizar o sucesso de nossos clientes. Também implementamos uma rígida gestão de custos que foi particularmente viabili-zada por nosso modelo de empresa global-mente integrada. Esse modelo aproveita a expertise e o ambiente econômico de cada região para levar operações e posições de trabalho ao lugar certo e com melhor

custo, em qualquer lugar do mundo. Ele também integra essas operações de forma horizontal e global. Por outro lado, vendemos negócios de baixa margem, que passaram a não ser mais foco da nossa estratégia, commodities em geral. Um bom exemplo foi a venda da nossa divisão de computadores pessoais para a chinesa Lenovo. Basicamente, redirecionamos capital para áreas que permitiriam nos diferenciar de nossos concorrentes e expandir nossa ca-pacidade de atendê-los com soluções de ponta a ponta para seus problemas de ne-gócios. Foi a combinação de todos esses elementos da estratégia da IBM que resul-tou na expansão da nossa margem nos últimos anos.

IN – Em 2008, a IBM lançou a Unidade de Growth Markets, reunindo 140 países de todo o mundo com culturas, idiomas e fusos horário variados, e em diferentes estágios de desenvolvimento. O que estava por trás dessa iniciativa e quais foram os resultados até o momento? SK – À primeira vista, Egito, México, Polô-nia e Vietnã parecem pertencer a diferentes

mundos. Cada um deles tem uma cultura, idioma, história e localização geográfica distintos. Entretanto, de uma perspectiva estratégica de desenvolvimento de mer-cado, esses países têm mais similaridades do que pode parecer à primeira vista. Por exemplo, todos eles têm alto crescimento do PIB, baixa penetração no mercado de TI, market share com espaço para melhora e recursos limitados que precisam trabalhar em modelos de negócios mais inovadores. Em resumo, esses países representam 60% do crescimento dos negócios no mundo. No terceiro trimestre de 2009, os chamados growth markets (mercados emergentes) foram responsáveis por 19% dos resul-tados de receita da IBM e ultrapassaram o crescimento dos países maduros em 5 pontos. Já os países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) ultrapassaram em 10 pontos. No futuro, esses países continuarão a representar uma enorme fonte de oportuni-dades, com a duplicação da população de consumidores. Com isso em mente, temos o compromisso de continuar a investir nesses mercados, pois sabemos que eles têm um papel-chave na estratégia de cres-cimento de longo prazo da IBM.

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32 IBEF NEWS • Março 2010

Tecnologia

Page 33: Agilidade e transparênciaAs Instruções 480 e 481 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em vigor desde janeiro deste ano, visam a promover a governança corporativa e a levar

IN – Cada vez mais empresas dependem de TI para conduzir suas operações. Portanto, a transformação de TI tem um impacto signi-ficativo no desempenho de negócios. Nesse contexto, a terceirização pode ser um ins-trumento importante para ajudar empresas a impulsionar a transformação de TI de que elas precisam para ganhar vantagem com-petitiva. Com base na sua experiência, quais são os principais benefícios financeiros da terceirização de TI? SK – Quando comparamos casos de out-sourcing, vemos claramente que os clientes que aderiram à terceirização superaram o desempenho de seus pares que não tercei-rizaram, do ponto de vista de suas métricas financeiras, incluindo despesas de vendas, gerais e administrativas, lucro bruto e ope-racional. Também temos visto que os clien-tes de terceirização apresentam melhorias significativas em seu desempenho finan-ceiro quando comparados à performance antes da terceirização.

IN – Como o Brasil está posicionado na estratégia global de serviços da IBM? SK – Há muito tempo o Brasil tem tido um papel importante no contexto mundial da IBM. O País foi a primeira subsidiária da IBM a ser estabelecida fora dos Estados Unidos, em 1917. A IBM Brasil tem hoje uma força de trabalho de cerca de 19 mil profissionais. Nosso centro de serviços em Hortolândia é um dos maiores global delivery centers do mundo e, junto com a Argentina, a China e a Índia, a IBM o utiliza para oferecer serviços a clientes do mundo inteiro. A IBM Brasil é responsável por mais de um terço dos serviços de TI exportados pelo País, com mais de 200 clientes fora de nossas fronteiras.

IN – Ouvimos cada vez mais sobre cloud computing como um modo pelo qual as empresas terão acesso a serviços de TI de maneira mais fácil e barata. Você poderia descrever como a IBM está se posicionando nesse novo modelo? SK – Os avanços de adoção da tecnolo-gia impulsionados pelo uso exponencial da internet, proliferação de dispositivos

Satish Khatu é gerente-geral da Unidade de Growth Markets de GTS da IBM. Durante a sua ocupação na IBM, Satish realizou várias lideranças e cargos de gestão nos EUA e na Ásia, nas áreas de Vendas, Marketing, Fi-nanças e Serviços, e realizou uma atribuição sobre a estratégia corporativa dos funcioná-rios. Em 1993, juntou-se ao serviço de equipe de executivos da IBM em Nova York e tem um extensivo background na formação de parcerias complexas na área de serviços de TI. Nos EUA, conduziu esforços no desenvol-vimento de outsourcing da IBM Business no setor industrial. Na Ásia, ele formou subsi-diárias da IBM na Índia, desenvolveu negó-cios de outsourcing da IBM no Japão e no Sudeste Asiático e estabeleceu várias alian-ças de TI em toda a região. Antes de ingres-sar na IBM, passou sete anos nos negócios de software de aplicação.

conectados e tecnologia embutida, au-mento do uso das redes sociais e de ferra-mentas de colaboração aberta podem exigir o aumento de investimentos em infraestru-tura de TI. Nesse sentido, a nuvem pode ser implementada de diferentes formas: privada, pública ou híbrida. Uma nuvem privada é basicamente gerenciada pela empresa e pertence a ela, com acesso limitado à rede corporativa e de parceiros. Uma nuvem pública é gerenciada por um fornecedor de serviços e pertence a ele, com acesso ilimitado para assinantes. A implementação híbrida equilibra as vanta-gens de ambos os modelos, com serviços fornecidos ou pela internet (pública) ou pelo centro de processamento de dados da empresa (privada). A IBM oferece serviços de cloud computing para clientes, ajuda parceiros de software a projetar, construir e oferecer serviços em nuvem para o mercado e ajuda clientes a integrar computa-ção em nuvem em suas empresas. Recentemente, a IBM anunciou a abertura e construção de centros de processamento de dados na Nova Zelândia e na Coréia do Sul para operar serviços de cloud para seus clientes. E também lançou um labo-ratório de pesquisa em Hong Kong para desenvolver tecnologia de colaboração para aplicativos de computação em nuvem com base em software Lotus. Outras iniciativas importantes nessa área são a parceria que desenvolvemos recen-temente com o Google e a Amazon. Com o Google, a IBM pretende oferecer ferra-mentas de desenvolvimento a estudantes de TI, de modo que eles possam obter a qualificação avançada de programação necessária para inovar e lidar com os desafios desse modelo de computação e, desse modo, impulsionar a próxima fase de crescimento da internet. A IBM e o Google já dedicaram um amplo cluster de várias centenas de computadores para esse programa, que deve crescer para alguns milhares de servidores ao longo do tempo. No contrato com a Amazon, a IBM forne-cerá software líder de mercado para clien-tes e desenvolvedores em um novo modelo “pague quando usar”.

"A IBM Brasil tem hoje uma força de trabalho de cerca de 19 mil profissionais. Nosso centro de serviços em Hortolândia é um dos maiores global delivery centers do mundo e, junto com a Argentina, a China e a Índia, a IBM o utiliza para oferecer serviços a clientes do mundo inteiro. A IBM Brasil é responsável por mais de um terço dos serviços de TI exportados pelo País, com mais de 200 clientes fora de nossas fronteiras"

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Page 34: Agilidade e transparênciaAs Instruções 480 e 481 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em vigor desde janeiro deste ano, visam a promover a governança corporativa e a levar

Transparência de informações – Brasil está colhendo os benefícios da regulamentação

Artigo

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ação

por Eduardo G. Chehab*

"Nos últimos anos, ocorreram

reformas significativas na

governança corporativa das

empresas brasileiras. Essas

reformas originaram-se da

introdução do conceito do Novo

Mercado e de alterações na

Lei das Sociedades Anônimas

e na legislação de títulos e

valores mobiliários, derivadas

da convicção de que o mercado

de capitais deveria passar a

desempenhar um papel muito mais

importante no desenvolvimento

econômico do País"

Historicamente, o mercado de capitais desempenhou um papel apenas secun-dário no atendimento das necessidades financeiras das empresas brasileiras, que eram cobertas por seus próprios lucros acumulados e por financiamentos concedi-dos por instituições financeiras e entidades governamentais. Entretanto, as enormes demandas sociais do País e a escassez de recursos financeiros limitaram a capaci-dade do Estado de manter seu papel de provedor de capital. Uma mudança gra-dual na disponibilidade de recursos iniciou-se com a abertura do mercado brasileiro aos produtos estrangeiros na década de 1990. As empresas passaram a enfrentar uma intensa concorrência internacional, necessitando então de mais capital para se modernizarem e assim poderem enfrentar os novos concorrentes. Essa demanda de capital somente poderia ser atendida com o desenvolvimento e a expansão do mer-cado de capitais local, juntamente com uma melhoria na economia interna. Para auxiliar nesse processo, foram aprovadas novas regras que abordavam solução para problemas de governança e focavam-se principalmente em uma maior obrigatorie-dade de transparência e de divulgação de informações, bem como na proteção dos direitos dos acionistas minoritários.

Nos últimos anos, ocorreram reformas significativas na governança corporativa das empresas brasileiras. Essas reformas origina-ram-se da introdução do conceito do Novo

Mercado e de alterações na Lei das Socie-dades Anônimas e na legislação de títulos e valores mobiliários, derivadas da convicção de que o mercado de capitais deveria passar a desempenhar um papel muito mais impor-tante no desenvolvimento econômico do País. Uma das chaves para um mercado saudável e bem-sucedido é a introdução e o apoio a medidas rígidas de governança corporativa.

Em acréscimo às medidas adicionais de divulgação de informações, a convergência do sistema contábil brasileiro para as práticas contábeis internacionais (IFRS) foi acelerada nos últimos anos em consequência da glo-balização dos mercados e da crescente pre-sença do capital estrangeiro no País.

Em consequência desses aprimoramen-tos, o mercado de capitais brasileiro apre-sentou forte desenvolvimento a partir de 2006: no período de 2006 a 2008, foram captados quase R$ 80 bilhões com a emis-são de ações e R$ 154 bilhões com a emis-são de debêntures.

Com o aprofundamento da crise glo-bal de crédito, entre meados de 2008 e de 2009, as emissões de ações e debêntures foram praticamente nulas. Com a recupe-ração a partir do segundo semestre de 2009, as emissões de ações voltaram a ocorrer e atingiram R$ 47 bilhões em 2009, incluindo algumas emissões bastante relevantes como as de Visanet, Santander, Brasil Foods e Cetip. O mercado de debêntures também melho-rou a partir de meados de 2009, com um total de emissões de R$ 25 bilhões no ano.

34 IBEF NEWS • Março 2010

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Transparência de informaçõesdas empresas que compõem o Índice Bovespa

A área responsável pelo escore de go-vernança corporativa da Standard & Poor’s realizou em 2009 um estudo sobre a transparência e a qualidade da divulgação de informações utilizando como amos-tra as empresas que compõem o Índice Bovespa. Essa carteira teórica representa mais de 80% do volume diário de opera-ções da Bolsa de Valores.

Dentre as 56 empresas analisadas, 34 estão presentes também na NYSE por meio da negociação de ADRs e algumas são negociadas em outras bolsas de valo-res, como a Euronex Paris e a Latibex.

Nessa análise levaram-se em conside-ração os dados incluídos nas três principais fontes de informações públicas:

Relatórios anuais; Divulgação de informações nos sites

das empresas na internet; Relatórios publicados nos sites dos

órgãos reguladores CVM e SEC.Esse estudo analisou apenas informa-

ções públicas. Foram pesquisados 109 itens relativos a:

• Estrutura acionária e direitos dos acionistas;

• Informações financeiras e operacionais;• Estrutura e processos do conselho de

administração e da diretoria executiva.

ConstataçõesOs resultados de nossa pesquisa reve-

lam que, como apresentado no Gráfico 1, o escore médio de transparência T&D (do inglês Transparency & Disclosure) das empre-sas componentes do Índice Bovespa é de 66,1%, variando de 44% a 83%.

A concentração de empresas com esco-res T&D entre 60% e 69% é a mais ele-vada e equivale a 37% do total da amostra, seguida pelas empresas com escore entre 70% e 79% (30% da amostra). Como apre-sentado no Gráfico 2, quatro empresas apre-sentaram escore igual ou superior a 80%.

Consideramos que o escore T&D médio

obtido pelas empresas componentes do Índice Bovespa pode ser considerado plena-mente satisfatório, particularmente quando comparado com outros mercados emergen-tes pesquisados. Por exemplo, em 2008 o escore médio das 90 maiores empresas rus-sas de capital aberto foi de 56%, e o das 300 maiores empresas chinesas foi de 46%. Outra pesquisa de T&D conduzida recen-temente pela S&P no Cazaquistão mostrou que as 22 empresas de capital aberto mais importantes tiveram escore médio de 44%. Como seria de se esperar, alguns países desenvolvidos mostraram práticas mais con-solidadas de divulgação de informações: por exemplo, em 2003 (último ano em que a S&P conduziu a pesquisa nesses países), os escores médios de T&D do Reino Unido, França e Estados Unidos foram de 71%, 68% e 70%, respectivamente.

Empresas com ADRs negociados na NYSE são obrigadas a ter níveis mais elevados de divulgação de informações em inglês

As empresas com ações negociadas em outras bolsas de valores, principalmente as que têm ADRs Nível 2 e 3 na NYSE, apre-sentaram nível de divulgação de informações, principalmente em inglês, muito mais eleva-dos do que as demais componentes do Índice Bovespa. Como resultado, conforme consta-tado no Gráfico 3, as empresas com ações negociadas em ambas as bolsas apresentaram escores de transparência (72,4%) melhores

Gráfico 1 – Distribuição das empresas segundo o escore T&D total

Gráfico 2 – Concentração das empresas por escore T&D

40%

45%

50%

55%

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65%

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Top 10 companies

0%49% – 40% 59% – 50% 69% – 60%

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79% – 70% 89% – 80%

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15%

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25%

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35%

40%

35IBEF NEWS • Março 2010

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Artigo

do que as negociadas apenas na Bovespa, que tiveram escore médio de 59,8%.

As empresas que não têm ADRs Nível 2 ou 3 em geral fornecem informa-ções abrangentes em português mas nem todos os documentos são apresentados em inglês, o que é um aspecto fraco sob o ponto de vista de um investidor estran-geiro, mesmo que o nível necessário de divulgação de informações em português já seja consideravelmente elevado.

As 10 melhores empresas em termos de T&D

Segundo nosso levantamento, as 10 empresas mais transparentes em nossa amostra foram as listadas na Tabela 1.

Entre as 10 melhores, quatro são do segmento Nível 1 da Bovespa (Gerdau, Vale, VCP e Cemig), três do Nível 2 (Gol, Net e TAM), duas do segmento Tradicio-nal (Petrobras e AmBev) e apenas uma do Novo Mercado (Embraer).

Concluímos então que o fato de uma empresa estar registrada no Novo Mer-cado não implica necessariamente que ela tem uma melhor qualidade de divulgação de informações do que as registradas em outros segmentos. Existem empresas que não são negociadas no Novo Mercado porque a legislação limita a participação de acionistas estrangeiros em seu capital votante, como é o caso das companhias aéreas e das empresas de TV por assinatura.

Todas essas 10 empresas têm ADRs

Nível 2 ou 3 negociados na NYSE, o que as obriga a ter um nível mais abrangente de divulgação de informações em inglês, em acréscimo ao nível elevado obrigatório de divulgação de informações em português.

Além disto, chegamos às seguintes outras conclusões:

A diferença entre as empresas com os escores mais altos e mais baixos não é significativa, variando entre 75% e 83%. Além disso, a diferença média entre as empresas classificadas consecutivamente foi bem pequena, como também pode ser observado no Gráfico 1.

Essas 10 melhores empresas tiveram escore bastante similar no primeiro indi-cador – Estrutura Acionária e Direitos dos Acionistas. Entre outras questões, esse cri-tério relaciona-se à divulgação dos prin-cipais acionistas, as diretrizes de gover-nança corporativa da empresa, transpa-

rência dos estatutos e código de conduta, organização das assembleias gerais de acionistas e uma política de dividendos. Os pontos mais fracos nesse indicador relacionam-se à ausência de informações claras sobre a forma como os acionis-tas nomeiam os membros do conselho de administração, como convocam uma assembleia, apresentam propostas ou fazem consultas ao conselho.

A dispersão entre os escores de trans-parência foi mais ampla no segundo bloco – Informações Financeiras e Operacionais. As principais questões abrangidas nessa área de análise foram: prazo de divulgação das demonstrações financeiras, abrangências das informações gerais nas notas explica-tivas, como análise setorial, detalhamento da receita por produtos e países, política de auditoria, transações interempresas, relatórios sobre responsabilidade social,

Gráfico 3 – Exigências de divulgação de informações

69% – 60% 79% – 70% 89% – 80%59% – 50%49% – 40%0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Escore T&DP

arce

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as e

mp

resa

s na

am

ost

ra Empresas obrigadas a divulgar documentos na SEC (ADRs 2 ou 3)

Empresas NÃO obrigadas a divulgar documentos na SEC

Escore de cada bloco

Classificação Empresa Escore total Estrutura Acionária e Informações Financeiras Estrutura e processos do

Direitos dos Acionistas e Operacionais Conselho e da Diretoria

1 Gerdau S.A. 83,1% 82,7% 92,3% 64,3%

2 Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A. 82,5% 87,6% 87,9% 64,3%

3 Vale S.A. 81,6% 89,8% 84,3% 64,3%

4 Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras 79,6% 85,0% 91,8% 46,3%

5 Votorantim Celulose e Papel – VCP 79,1% 88,2% 83,7% 56,9%

6 Net Serviços de Comunicação S.A. 78,9% 84,9% 85,4% 56,9%

7 Embraer – Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A. 78,7% 86,5% 85,3% 54,1%

8 Companhia Energética Minas Gerais – Cemig 76,3% 80,9% 84,2% 52,9%

9 TAM S.A. 76,0% 82,6% 79,1% 60,6%

10 Companhia de Bebidas das Américas – Ambev 74,8% 85,5% 72,9% 64,3%

Tabela 1

36 IBEF NEWS • Março 2010

Page 37: Agilidade e transparênciaAs Instruções 480 e 481 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em vigor desde janeiro deste ano, visam a promover a governança corporativa e a levar

* Eduardo Chehab é diretor da Standard & Poor’s desde 2006, sendo há cerca de um ano e meio responsável pela área de Scores de Governança Corporativa. Antes da Standard & Poor’s, foi executivo das áreas de Crédito para Pessoa Jurídica em bancos internacionais e nacionais, como ABN Amro Real, WestLB, BMC e Safra. É graduado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica, pós-graduado em Administração de Empresas pela FGV e possui também MBA em Finanças pelo Ibmec.

respeito pelo meio ambiente e cidadania, entre outros. De forma geral, os pontos mais fracos nesse bloco decorreram de informações reduzidas sobre projeção de resultados para os próximos exercícios, política de rotação dos auditores, critérios para distribuição de dotações a progra-mas sociais e ausência de demonstrações financeiras intermediárias em conformi-dade com o US Gaap ou IFRS.

Como esperado, no terceiro indicador avaliado – Estrutura e Processos do Conse-lho e da Administração – os escores foram em geral mais baixos, em decorrência da ausência de informações detalhadas sobre a remuneração dos executivos e dos mem-bros do conselho, uma característica não apenas do Brasil mas de praticamente todos os mercados emergentes. Até o momento, a Usiminas é a única empresa brasileira a apresentar níveis elevados de informações sobre a remuneração dos executivos e dos membros do seu Conselho.

Principais pontos fortes e fracos constatados nesta pesquisa T&D

Identificamos na Tabela 2 os itens que, de forma geral, foram informados em um nível satisfatório (pontos for-tes) e os que não foram divulgados ou foram divulgados apenas de forma vaga (pontos fracos).

ConclusãoNesta pesquisa de Transparência e

Divulgação de Informações, a primeira conduzida pela Standard & Poor’s no Bra-sil, as empresas incluídas na amostra, isto é, as componentes do Índice Bovespa, pontuaram em nível relativamente satis-fatório. Ainda assim, esperamos que os escores obtidos melhorem ainda mais nos próximos anos com a conversão das prá-ticas contábeis para IFRS a partir de 2010 e com a adoção de políticas de governança mais rígidas em razão da novas regulamen-tações atualmente em desenvolvimento pela CVM. Além disso, alguns dos pon-tos fracos na divulgação de informações apontados em nosso estudo já estão em discussão com vista a assegurar níveis mais elevados de transparência em todas as empresas listadas do Brasil.

Tabela 2

Informações sobre o tipo, quantidade e direitos de cada classe de ações

Informações sobre todos os acionistas com participação superior a 5%

Disponibilidade de diretrizes de governança corporativa, código de conduta, estatutos e políticas de divulgação de informações

Política de dividendos formalizada

Atas das últimas assembleias gerais e reuniões do Conselho

Calendário das datas futuras importantes

Disponibilidade de informações detalhadas abordando os últimos eventos ordinários e extraordinários

A forma como os acionistas podem convocar uma Assembleia Geral e apresentar propostas para a Assembleia

Procedimentos para apresentar consultas ao Conselho de Administração

O material para as assembleias de acionistas nem sempre são encontrados com facilidade no site da empresa na Internet como informado

Pontos fortes Pontos fracos

Estrutura Acionária e Direitos dos Acionistas

Informações claras sobre os padrões contábeis utilizados

Saldos das transações interempresas na data do encerramento das demonstrações financeiras

Detalhes sobre os tipos de negócios da empresa, participação de mercado, visão geral das tendências

Detalhamento dos principais dados das demonstrações financeiras, como receitas (por produto e por país), custos, métodos de avaliação de ativos, relação de subsidiárias e afiliadas

Diversas empresas apresentaram as demonstrações financeiras segundo o US GAAP ou IFRS apenas após a assembleia geral de acionistas, que normalmente ocorre no final de abril

Diversas empresas apresentaram apenas as demons-trações financeiras anuais, e não as demonstrações financeiras intermediárias, segundo o US GAAP ou IFRS

Falta de mais detalhes sobre as transações interempresas, como preços, volumes, etc.

Ausência de informações sobre a estrutura acionária das afiliadas nas quais a empresa detém participação minoritária

Política da empresa para a rotação dos auditores

Ausência de informações detalhadas sobre os critérios usados pela empresa para aplicar recursos em progra-mas sociais e filantrópicos

Informações Financeiras e Operacionais

Relação detalhada dos membros do Conselho de Administração e dos executivos, incluindo informações sobre seu histórico profissional

Ausência de informações detalhadas sobre as atividades da auditoria interna e do comitê de auditoria, e a quem estão subordinados

Ausência de informações detalhadas sobre a remuneração dos executivos e membros do Conselho de Administração, como suas bonificações são calculadas, etc.

Estrutura e Processos do Conselho e da Administração

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Ponto de vista

Os dois últimos anos levaram consigo uma das mais graves crises financeiras da história. Foi um período difícil e desa-fiador para os profissionais de finanças das corporações em todo o mundo. No Brasil, em particular, o talento do diretor financeiro foi questionado com o advento da crise dos derivativos. No entanto, o papel do CFO transcendeu os elementos tradicionais das finanças clássicas, tornando-o responsável por resultados surpreendentes em muitas organizações, sendo coroado também por implementar o Sped e o IFRS.

Quando realizamos a nossa primeira investigação sobre o papel do executivo financeiro, alguns jovens profissionais ainda viam o controller como o auge da sua ambição profissional. Naquela lógica, os financistas chefes deveriam produzir as declarações fiscais e com-pilações do orçamento anual. Embora essas funções continuem a ser impor-tantes, os CFOs agregaram novos hori-zontes por meio da supervisão, com um esforço de compliance regulamentar cada vez mais complexo, o que sancionou o seu ingresso definitivo no campo da tomada de decisões estratégicas a fim de reduzir o tempo e os custos associa-dos à conformidade.

Para desmistificar esses conceitos e dis-cutir o futuro da profissão, o IBEF Jovem realizou um evento celebrando a carreira de finanças*. Na ocasião, vimos, com certa convicção, que os CFOs (e suas equipes financeiras) estão continuamente expan-dindo as suas atribuições. Eles experimen-taram um maior envolvimento no trabalho estratégico e comercial, indo além das con-formidades de regulamentações e relatórios financeiros, passando a inserir no cotidiano gestão de risco e controle interno.

O desafio é assumir as novas respon-sabilidades sem comprometer a quali-dade na execução das funções financeiras mais tradicionais. Afinal, além de todas as atribuições, o CFO ainda não poderá prescindir de criar e liderar uma equipe de alto desempenho e alinhá-la com a visão, meta e objetivos da organização, passando-lhe a visão global de negócios.

A incerteza dos negócios nesse pós-crise ainda pode aumentar a contribui-ção de profissionais de finanças alta-mente qualificados em suas organiza-ções. Os progressos dependerão de uma liderança forte que alinhe o poder da equipe de finanças a uma visão comum. Algumas técnicas consideradas as me-lhores práticas em matéria de finanças devem ser repensadas.

O futuro: CFOnomics?

por Luiz Roberto Calado*Jacin

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* evento comentado na IBEF News 138. Mediei a mesa do evento, o qual contou com presenças que auxiliaram a embasar este texto: Marcelo de Lucca, diretor executivo da Michael Page; João Márcio Souza, diretor da Hays Recrutamento; Antonio Salvador, diretor de RH da PwC; Edmundo Baltazar, CFO da Google; e André Rodrigues, vice-presidente da Diretoria Executiva do IBEF SP e vice-presidente financeiro da Rhodia.

"Os CFOs agregaram novos

horizontes por meio da supervisão,

com um esforço de compliance

regulamentar cada vez mais

complexo, o que sancionou o seu

ingresso definitivo no campo da

tomada de decisões estratégicas"

38 IBEF NEWS • Março 2010

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De um lado, grandes organizações estão enfrentando fases de fusão e incorporação (BM&FBovespa, BR Foods, Anbima). De outro, o Brasil tem sido um dos países com maior número e volume de IPOs no mundo. Nessas esferas, os profissionais de finanças possuem uma competência fundamental, pois forne-cem a estrutura para gerenciar a organi-zação, alinhada à estratégia apresentada pela nova empresa que se criou.

Desse modo, a tendência é de que seu papel como líder empresarial se torne mais exigido. Em particular, há um consenso de que profissionais de fi-nanças têm papel vital a desempenhar na navegação e gestão de negócios por meio dos desafios do mundo comercial. Cabe lembrar, a esse propósito, que o CFO está se tornando mais envolvido em todas as características do negó-cio, incluindo aspectos aparentemente externos, como a sustentabilidade socio-ambiental. Temos sido os principais res-ponsáveis pela inserção mais efetiva dessa temática em nossas organizações,

com inclusão de metas e indicadores com base em padrões mundiais, como o Carbon Disclosure Project (CDP).

Em face de todas as alterações apon-tadas, algo continua como era antes: garantir que a estratégia implementada seja cumprida exige uma combinação de monitoramento de desempenho e gestão, conseguida por meio de meca-nismos como relatórios de gestão com foco na qualidade da informação geren-cial, planejamento de negócios e de pre-visão. Nessa esfera, os profissionais de finanças no Brasil historicamente tive-ram um ótimo desempenho.

Não consigo pensar em 2009 sem lembrar os eventos que foram realizados no IBEF SP, o qual foi palco de discus-sões de aplicabilidade prática em nossas organizações. No futuro, tenho a con-vicção de que o IBEF continuará agre-gando conhecimento aos associados, de modo ainda mais vigoroso. Por fim, a tese do (super)freakonomics relata que os incentivos impactam a sociedade, visto que influenciam as decisões e, conse-

quentemente, os resultados dessas ações na economia. Visto de outra forma, a teoria poderia ser complementada, a par-tir da confirmação da atuação vital dos executivos financeiros para o resultado das empresas de um país, numa espécie de CFOnomics...

(*) Luiz Roberto Calado, vice-presidente da Diretoria Executiva do IBEF SP, douto-rando em Finanças Sustentáveis na Rheinis-chen Friedrich-Wilhelms-Universität Bonn na Alemanha, economista (USP) e mestre em Administração, é gerente de Certificação Profissional e Educação de Investidores na Anbima – Associação Brasileira das Entida-des dos Mercados Financeiro e de Capitais. É coautor do livro 100 Dúvidas sobre Fi-nanças, da Editora Saint Paul, 2008, e autor dos livros Regulação e Autorregulação do Mercado Financeiro: Conceito, Evolução e Tendências num Contexto de Crise, Editora Saint Paul, 2009, e Imóveis: seu Guia para Fazer da Compra e Venda um Grande Negócio, Editora Saraiva, 2010.

"O CFO está se tornando

mais envolvido em todas

as características do

negócio, incluindo aspectos

aparentemente externos, como a

sustentabilidade socioambiental"

Evolução ao longo do tempo

Tempo Exigências Visão do executivo

Década de 1990 Foco em melhorar a eficiência do processo, pensando sob a ótica do custo-benefício.

CFO "parceiros de negócios".

A partir de 2000 Gestão de riscos e controle interno. Administração de shared services (serviços compartilhados). Pensamento “custo-risco-benefício”.

CFO cada vez mais envolvido em questões não contábeis.

A partir de 2005 Regulamentação, governança corporativa, sustentabilidade socioambiental. IFRS. Pensamento transdisciplinar: finanças-gestão-sociedade.

Atualização de suas capacidades de execução e apoio a seus pares diretores e membros do conselho.

Futuro Aumento da colaboração com a gerência executiva sobre estratégia e trabalho comercial. Pensamento: do retorno financeiro para o retorno social.

Ênfase na incorporação de informação e de conformidade em processos de negócio. Foco na sustentabilidade.

Nota: O CFO atualmente é avaliado, em média, apenas 40% por seu empenho nas chamadas “tarefas tradicionais”.

39IBEF NEWS • Março 2010

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SocioesportivoInscrições abertas

2010

26º SocioesportivoCOMANDATUBA 2010Faça sua reserva o quanto antes e aproveite o pagamento em 5 parcelas.

Serão quatro dias de lazer, esporte, relacionamento, troca de informações e de um merecido relax.

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Realização: Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo – IBEF SP www.ibef.com.br ou www.ibef.org.br

26º Encontro Socioesportivo de Executivos de FinançasHotel Transamérica Ilha de Comandatuba • 2 a 6 de junho de 2010

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O mundo gira e a economia rodopia entre o pessimismo e otimismo. Ambos à larga, sem meio termo. Mais lá fora que aqui, pautado pelo calen-dário eleitoral tratorado pelo governo sobre uma oposição sem apetite e, a sete meses das elei-ções, ainda sem candidato formal.

A economia global surfa outra onda de incer-tezas, crispada agora pela desconfiança com a sol-vência dos países com déficits fiscais e dívidas mais esgarçadas, como os que estão na beira do abismo da zona do euro, tipo Grécia, o suspeito da hora, Por-tugal, Espanha, Irlanda. Mas também pelas potên-cias que abusaram do direito – mais imposto que aceito – de ditar regras que só valiam para os outros.

É o caso dos EUA, espécie de dependente quí-mico das emissões de dólar. Do Japão, a primeira das grandes economias a trapacear a insolvência bancária em massa encampando crédito podre pri-vado no início de 1990 e, depois, rearticular o retorno à normalidade por meio de investimentos públicos maciços, juros negativos e dívida pública, que hoje é mais que o dobro de seu Produto Interno Bruto.

Enquanto foi apenas um ou outro país domi-nante a esconder as suas mazelas econômicas e políticas, funcionou. Como os EUA depois do estouro da bolha das empresas de internet nego-ciadas na Nasdaq, a bolsa eletrônica de Nova York, que evitaram quebradeira e recessão inflando outra bolha – a dos imóveis e do mercado de hipotecas.

O mundo veio assim nos últimos 25 anos, a era de prosperidade que parecia sem fim. E ainda pode ser, se os principais países tiverem a sabe-doria de recuperar a parcela da demanda que caiu no vácuo ao secar a riqueza criada pelo endivi-damento financeiro por meio dos instrumentos e títulos desconectados da economia real.

Como é que é? A inventividade financeira per-mitiu “criar” liquidez com a derivação de dívidas primárias e antecipação da expectativa de receita de produtos ainda não vendidos, muitas vezes nem sequer produzidos.

Ela encontrou solo fértil na desregulamen-tação dos mercados nos EUA, e em seguida no

Mares Revoltos

resto do mundo (por sorte, não no Brasil, também por que viemos de uma crise bancária nos anos 1990). Com parcimônia e autocontrole, tais inova-ções teriam sido benéficas para a sociedade, não motivo para sofrimentos.

A virtude corrompida O acesso dos países, empresas e pessoas ao

crédito foi facilitado pela sua ampliação. O custo baixou, o prazo aumentou e diminuiu a exigência para se endividar.

Foi o que tirou do limbo, assim como a globaliza-ção das cadeias industriais e do mercado financeiro, os países em desenvolvimento, agora chamados, pelo menos os mais bem sucedidos, de “economias emergentes”, como China, Índia e Brasil.

Tal processo virtuoso se corrompeu no ca-minho, quando a criação de liquidez, original-mente decorrente do lucro e renda das atividades reais – e regulado pela política monetária e fiscal dos governos –, tornou-se autônomo e se agravou pelo descontrole.

De déficits à ciranda Primeiro, pela facilidade de os EUA bancarem

seus déficits com os superávits da China, Japão, em menor escala de outros emergentes, como Rússia, Brasil e Índia. Segundo, quando os ban-cos e fundos se endividam para aplicar em papeis criados pela ciranda por meio dos derivativos de contratos de dívida original. A crise começa ai.

A China se serviu da multiplicação não-oficial da liquidez para erguer fábricas. Os EUA, para sus-tentar consumo financiado com o endividamento e liquidação da poupança. Os países europeus, para expandir gasto público apoiado por dívidas “giradas” pelo mercado febril. No Brasil, a econo-mia tem oscilado entre estes extremos.

Keynes foi adulterado Com a explosão em serie das bolhas de espe-

culação, começando pela de hipotecas nos EUA a partir do meio do segundo semestre de 2007, viria

a recessão corretiva, e ruinosa. Bancos faliriam. Indústrias seriam incineradas. O desemprego engrossaria. Governos cairiam.

O Armagedon foi evitado pela repetição do que fizera o Japão, mas mantendo a deturpação da idéia do gasto fiscal anticíclico que o grande economista John Keynes pensara para economias abaladas pela demanda em fuga.

Os Tesouros nacionais assumiram dívidas, sol-taram liquidez, mas em meio à overdose de dívidas e consumidor exaurido. Qualquer chuvisco teria conseqüência de um temporal. Pingou na Grécia, e inundou a Europa. Nos EUA, o céu segue nublado. O Japão é um enigma. A China parece que vai bem, mas se sabe dela só o que o governo revela.

E assim estamos no mundo: com o investi-dor outra vez desconfiado, agora com a solvên-cia dos países.

Piração coletiva A receita aviada para casos extremos, como

da Grécia, atesta boa parte da insanidade gerada pela prosperidade econômica nos últimos anos.

Ela prospera pela dívida de países, empre-sas e pessoas. Que, praticada em excesso, leva todos à ruína, contornada pela assunção de mais dívida pelos governos, sobretudo resgatando da insolvência a mesma banca que hoje desconfia da dívida criada para acudi-la.

Países afogados por dívidas, como EUA, se apóiam em mais dívida a fim de continuar boiando, o que só os salvará se reproduzir outro ciclo de expansão de riqueza, originada de inves-timento e inovação – não do consumo movido a renda bancada por vento.

Reza-se para que esta piração não acometa nossos atuais e futuros governantes.

* Antonio Machado é jornalista, colunista dos jornais Correio Braziliense, Estado de Minas e Jornal do Commercio, e editor do site Cidade Biz.

Mundo surfa outra onda de incertezas, crispada pela desconfiança com a solvência de países

Tema livre

Antonio Machado* Div

ulg

ação

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Indústria

IBEF SP visita fábrica da General Motors

Os associados do IBEF SP conheceram as perspectivas de investimento e os novos modelos que a montadora General Motors do Brasil (GMB) prepara para os próximos anos du-rante visita à fábrica de São Caetano do Sul, realizada em 10 de fevereiro.

Fundada em 26 de janeiro de 1925, no bairro do Ipiranga, na cidade de São Paulo, a General Motors comemora 85 anos de atividades no Brasil com renovação da linha de produtos e quebra de recordes em vendas.

No início, as atividades restringiam-se à montagem de veícu-los importados dos Estados Unidos. Hoje, a GM conta com três complexos industriais produtores de veículos no País: uma em São Caetano do Sul, uma em São José dos Campos (ambas no Estado de São Paulo) e uma em Gravataí, no Rio Grande do Sul, considerada uma das quatro mais modernas no mundo. Também em São Paulo a empresa possui unidades complementares em Mogi das Cruzes, Sorocaba e Indaiatuba.

Ao longo de mais de oito décadas, a GMB fez história ao lançar modelos que marcaram o mercado automobilístico bra-

sileiro. Em 1968, a empresa ampliou sua linha de produtos com o lançamento do Opala, o primeiro automóvel da marca Chevrolet a ser produzido no Brasil. O sucesso do modelo, que só parou de ser produzido 24 anos depois, em 1992, refletiu-se no número de unidades vendidas: 1 milhão. Outro ícone é o Chevette, lançado em 1977, que alcançou 1,2 milhão de unida-des vendidas até ser substituído pelo Corsa, em 1994.

Linha de montagemEm 1930, a GMB inaugurou sua primeira fábrica nacional,

na cidade de São Caetano do Sul, onde atualmente são fabri-cados os modelos Astra, Classic e Vectra. Durante a visita, os associados do IBEF SP foram recepcionados por Airton Cous-seau, diretor de Vendas Corporativas da GMB, que apontou a diferença da fábrica de São Caetano em relação a outras unida-des. “Na mesma linha de montagem, há plataformas diferentes de produtos”, observou.

Marcos Munhoz, diretor nacional de Vendas e Marketing da empresa, acrescentou que esse tipo montagem tem um

Fotos: Jacinto Alvarez

Comissão de associados conhece linha de montagem da fábrica de São Caetano do Sul

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grande diferencial, que é manter a constância na fabricação de produtos de diferentes linhas de montagem. “Quando se tem uma fábrica de um produto, tudo é sincronizado e todo dia o funcionário faz a mesma coisa. Trabalha-mos 21 horas por dia, de segunda a sábado, fazendo produtos diferentes com a mesma constância. É aí que moram alguns dos se-gredos”, ressaltou.

Sob a orientação de Luiz Fantini, assistente de gerência na Estamparia, a visita à fábrica da GMB iniciou pela área de Estamparia, onde são produzidas as peças utilizadas na montagem não só dos veículos fabricados em São Caetano do Sul, mas também para projetos como o Volt, carro elétrico desenvolvido pela montadora, e para outras unidades nacionais e internacionais da empresa. “O mercado de ferramentaria, que integra o setor de Estamparia, é acirrado entre as unidades da GM em todo o mundo, espe-cialmente entre Brasil e Coréia do Sul no pro-jeto do Agile”, declarou Fantini.

Na Estamparia, em três turnos, trabalham 107 funcionários em seis prensas com dife-rentes intensidades. Fantini ressaltou que os retalhos das chapas metálicas são coletados e vendidos para empresas como a Gerdau, que reutiliza o material. Em média, são enfardadas 100 toneladas de retalhos por dia. “Nosso setor adota um padrão de qualidade, produtividade e medidas que garantem maior proteção ao operador das prensas”, afirmou.

Após a confecção das peças na Estampa-ria, a formação dos conjuntos é feita pelo setor de Montagem Geral (MVA). Roberto Olivares, gerente de funilaria, explicou que o setor “dá forma” às peças. “Recebemos os componentes soltos e damos forma aos carros, estruturando-os”, contou. De acordo com Olivares, em média, são montadas 50 carrocerias por hora, sendo que 50% são do modelo Classic.

Sérgio Copetti, responsável pela área de Tapeçaria e Mecânica de Montagem, apresen-tou a parte final do processo de fabricação dos automóveis, que inclui a colocação de fluidos hidráulicos, acabamento interno de estofados, funilaria e junção do motor à carroceria. Tra-ta-se de um momento crítico na montagem do automóvel, que exige grande responsabilidade. “É preciso haver sincronismo para que o casa-mento entre as peças seja perfeito”, destacou. Segundo Copetti, são produzidos de 840 a 860 carros novos por dia.

Lançado em outubro de 2009, o Agile é o mais importante projeto da GM brasileira desde o Celta e teve mais de 14 mil unidades emplacadas em dois meses

Indústria automobilísticaO nível de mecanização é um dos fatores que indicam o grau de moderni-

zação de uma unidade fabril na indústria automobilística. De acordo com Marcos Munhoz, diretor nacional de Vendas e Marketing da GMB, a mecanização é um fator que considera três pontos: custo, qualidade e fatores ergonômicos. Atual-mente, as quatro fábricas mais modernas da GM no mundo são Rosário, México, Polônia e Gravataí, no Rio Grande do Sul.

As operações da GM dividem-se em três regiões: América do Norte, Europa e outros 72 países. Segundo Munhoz, é nessa maior parcela que o Brasil está inserido, ao lado de países como Índia, China e Coréia do Sul. “Embora seja a Colômbia o maior market share, com 44%, o país tem uma representatividade pequena, quando compa-rada ao volume de vendas de outros países que compõem esse grupo”, afirmou.

Para estabelecer seu plano quinquenal de projetos e investimentos, a GM atenta à sensibilidade externa com objetivo de definir perspectivas de vendas de suas 18 linhas de produtos. Após a definição do orçamento anual, a empresa volta-se a análises mensais das expectativas de cada produto e da capacidade produtiva da fábrica. Um dos índices que baliza o planejamento da montadora é o Índice de Confiança na Indústria, medido pelo Banco Central do Brasil. “Imaginamos que

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os empresários sejam menos volúveis do que os consumidores finais”, afirmou Munhoz. Já o Índice de Confiança do Consumi-dor, também utilizado pela GM, evidencia maior volatilidade, refletindo com maior impacto no curto prazo.

As recentes concessões de crédito a um novo perfil de con-sumidor, assim como a redução na alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), impulsionaram as vendas de auto-móveis no Brasil, onde a média de troca dos veículos ocorre a cada 3,2 anos.

Segundo Munhoz, essa mudança no perfil do consumidor trouxe diferentes comportamentos para o setor bancário, que aos poucos se adapta à nova reali-dade do mercado, alterando as análises de crédito e de risco. “No Brasil, o auto-móvel zero quilômetro era basicamente comprado pelas classes A e B. Hoje, há

Na mesa: Berenice Nascimento (Cincom Systems), Ivan de Souza (Cincom Systems), Edson Florentino (Matrizaria e Estamparia Morillo), Rafael Ricco Morillo (Matrizaria e Estamparia Morillo), Adriana Diniz Gurgel (Oresund Business & Consulting), Felipe Ricco Morillo (Matrizaria e Estamparia Morillo), Fabio S. Astolfi (Persevia Financial Consulting), Clayton Bernardes (Omya do Brasil), Alex Scoralick (Oracle), Sergio Diniz (Banco GMAC), Luciano C. N. Santos Lima (Samgung Electronics), Carlos Roberto de Mello (Goodwill Consult. Empresarial) e Marcelo Heredia (GM). Atrás: Luthero C. Barbosa Jr. (Dauro Dórea & Advogados), Laércio Geronasso (Tradição Adm. de Consórcio), Antonio Chang (Fram Capital), Hirosi Tanahara (BPN Brasil), Roberto Menegatti (Porto Forte) e Milton de Medeiros Speranzini

Na mesa: Adriana Diniz Gurgel (Oresund Business & Consulting), Felipe Ricco Morillo (Matrizaria e Estamparia Morillo), Fabio S. Astolfi (Persevia Financial Consulting), Clayton Bernardes (Omya do Brasil), Alex Scoralick (Oracle), Pedro Lopes (BES Securities do Brasil), Sergio Diniz (Banco GMAC), Luciano C. N. Santos Lima (Samgung Electronics), Carlos Roberto de Mello (Goodwill Consult. Empresarial) e Marcelo Heredia (GM). Atrás: Luthero C. Barbosa Jr. (Dauro Dórea & Advogados), Laércio Geronasso (Tradição Adm. de Consórcio), Antonio Chang (Fram Capital), Hirosi Tanahara (BPN Brasil), Roberto Menegatti (Porto Forte) e Milton de Medeiros Speranzini

Dawson Zanetelli (GM)Airton Cousseau (GM)

uma nova equação em que a classe C1 começa a participar com renda familiar. A concessão de crédito foi uma grande alavanca da indústria nos últimos anos”, afirmou. Em novembro de 2009, o saldo do crédito bancário chegou a R$ 1,388 trilhão, o que representa 44,9% do PIB brasileiro.

O período de financiamento de automóveis também cresceu notadamente nos últimos anos no Brasil. Hoje, é possível finan-ciar um automóvel em até 80 meses, enquanto no passado a média não ultrapassava 30. Ainda que os financiamentos sejam cada vez mais frequentes, é o pagamento à vista que ainda pre-valece como a modalidade de pagamento na venda de veículos livres no Brasil, representando 42% das vendas. Já os financia-mentos chegam a 29%, leasing a 24% e consórcios a 5%.

Munhoz acredita que o maior prazo nos financiamentos pode estender o período de troca dos veículos. “O leasing operacional

Indústria

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Marcos Munhoz (GM) Wanda T. Consentino (GM)

ainda não existe, de fato, no Brasil, mas ele é o futuro”, acrescentou. Na opinião do executivo, o ano de 2009 foi histórico para a

indústria automobilística, que, em razão da crise financeira interna-cional, fechou fábricas, demitiu funcionários e reduziu a fabricação de veículos em todo o mundo. Um dos exemplos é a Rússia, cuja indústria automobilística tinha perspectivas de aproximar-se da brasileira nos próximos anos, mas reduziu sua produção em 50%. “Nesse cenário, o Brasil atuou de uma maneira extremamente diferente, sem fechamento de fábricas”, observou Munhoz.

Ainda que os setores industriais tenham sentido o impacto da crise em diferentes intensidades, ele afirmou que 2009 foi o melhor ano para a indústria automobilística brasileira. Em comparação a 2008, as vendas de veículos no Brasil cresceram 11% em 2009, enquanto nos Estados Unidos houve redução de 21%. Munhoz salientou que, em outros momentos da história, os Estados Unidos consolidaram-se como o maior mercado. Entretanto, durante a crise, foi a China que apresentou 51% de aumento na venda de veículos.

Luciano C. N. Santos Lima (Samgung Electronics), Carlos Prudêncio Alonso, Fabio S. Astolfi (Persevia Financial Consulting) e Clayton Bernardes (Omya do Brasil)

Carlos Roberto de Mello (Goodwill Consult. Empresarial), Ivan de Souza (Cincom Systems) e Sergio Diniz (Banco GMAC)

Mercado brasileiroAtualmente, o Brasil é o quinto

mercado em vendas de automóveis no mundo, o que se reflete na posi-ção que a General Motors do Brasil ocupa perante as demais unidades da companhia: a GMB é a terceira maior em vendas, atrás de Estados Unidos e Alemanha. No último ano, a filial brasileira vendeu cerca de 596 mil unidades, seu melhor desempenho em 85 anos de ativi-dades no mercado nacional. Con-siderando a venda de automóveis, ônibus e caminhões no Brasil, a par-ticipação da GMB é de 19%, atrás da Fiat (23,5%) e da Volkswagen (23,1%) e à frente da Ford (10,3%).

A venda de automóveis para cada mil habitantes no Brasil entre 2007 e 2009 cresceu de 13 para 16 veículos. Na China, esse número passou de sete para dez; e, na Alemanha, de 42 para 49. Nos Estados Unidos houve redução de 54 para 35 unidades. “Em países como os Estados Unidos, houve brutal redução de carros por habitante. São poucas exceções de paí-ses que tiveram recuperação rápida no período. No entanto, o Brasil é um deles”, destacou Munhoz. Em comparação a outros mercados, que em média possuem 45 automóveis para cada mil habitantes, o executivo reforçou que o Brasil possui um longo caminho de crescimento.

Ele destacou que o mercado de carros usados é quatro vezes maior do que o de veículos novos e que a alta carga tributária brasileira é um fator decisivo para a manutenção de uma frota de carros antigos. “O Celta, considerado um carro popular, possui 28% de imposto. O Brasil é um dos países com frota de veículos de maior longevidade. Ninguém mantém carro de 25 a 30 anos

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como o brasileiro”, apontou. Além de se constituir um risco ao motorista devido à ausência de itens de segurança como air-bags, carros antigos trazem danos como a poluição do meio ambiente.

Na opinião de Munhoz, a redução da frota de carros antigos é uma questão de tempo no Brasil. Ele salientou que na cidade de São Paulo já foram criadas inicia-tivas de inspeção veicular e alguns países já adotaram medidas que visam a reduzir os danos causados pela poluição. “A partir do quinto ano de uso, o IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) do carro cresceu em progressão geomé-trica no Japão. Um carro com dez anos de uso tem IPVA com custo mais alto que o do próprio veículo”, afirmou.

O descarte de automóveis usados é outra preocupação para a indústria auto-mobilística. Embora no Brasil o mercado de carros usados seja forte, Munhoz acredita que essa tendência vai se alterar nos próxi-

mos anos. Uma das alternativas seria a linha de desmontagem, que separa os compo-nentes do veículo, os quais são reutilizados em outras indústrias, como a de aço.

RenovaçãoA GMB prevê investimentos de R$ 5

bilhões até 2012 na ampliação de fábricas e construção de uma nova unidade de pro-dução de motores em Santa Catarina, entre outras ações. Esses investimentos integram o plano de modernização da GMB, que recebeu a missão de ser um dos centros globais de desenvolvimento de produtos.

Um desses novos produtos é o Che-vrolet Agile, apresentado por Dawson Zanetelli, gerente de Marketing do Pro-duto da montadora. Lançado em outubro de 2009, o modelo é o mais importante projeto da GM brasileira desde o Celta e teve mais de 14 mil unidades emplacadas em dois meses. “Já somos líderes na ca-tegoria. Imaginávamos vender quatro mil

unidades por mês, mas atingimos sete”, declarou Zanetelli.

Fabricado em Rosário, na Argentina, o automóvel foi totalmente desenvol-vido no Brasil, possui design moderno e amplo espaço interno para os ocupantes, em especial no banco traseiro. A cabine, chamada de dual cockpit – com ambientes bem definidos para motorista e passageiro –, reforça a sensação de espaço. Zanetelli relata que a concepção do projeto con-siderou o fato de que o motorista passa cada vez mais tempo dentro do carro. “O projeto foi feito de dentro para fora. Era preciso associar prazer, personalidade e agilidade em um mesmo modelo”, disse. O motor utilizado no Agile é o 1.4 Eco-noflex, o que destaca o modelo no seg-mento de carros pequenos, em que 45% dos modelos são carros 1.0.

Com duas versões de acabamento – a LT, básica com direção hidráulica e piloto automático, este último inédito em sua categoria, e a LTZ, que agrega rádio com Bluetooth, faróis de neblina e freio ABS –, o carro tem como opcionais ar condicio-nado e airbag duplo nas duas versões. O nome Agile, associado à agilidade, evoca sua vocação urbana.

A opinião de quem participouA visita reuniu 25 executivos. Na

opinião de Sérgio Diniz, CFO do Banco GMAC, que teve a ideia inicial e atuou com a GMAC para possibilitar o evento, a visita à fabrica da GM trouxe uma abordagem equilibrada que contemplou tanto o funcionamento de uma linha de montagem quanto o panorama do mer-cado automobilístico brasileiro e mundial. “Apesar de focadas no setor automotivo, conhecer as perspectivas do mercado bra-sileiro sempre ajuda os executivos finan-ceiros a elabor seus planejamentos nas empresas”, afirmou.

Fábio Astolfi, sócio-partner da Persevia Financial Consulting, comentou que em 1987 visitou uma fábrica da GM nos Esta-dos Unidos e que nesta segunda visita, na montadora em São Caetano do Sul, per-cebeu significativa redução de ruídos. Para ele, isso é um sinal da busca por eficiência do setor automotivo nas últimas décadas.

1- Sérgio Diniz (Banco GMAC)2 - Ivan de Souza (Cincom Systems)3 - Adriana Gurgel (Oresund Business & Consulting)4 - Berenice Barreto do Nascimento (Cincom Systems)5 - Fábio Astolfi (Persevia Financial Consulting)1 2

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Para Adriana Gurgel, da Oresund Business & Consulting, o setor de Estamparia, bem como a apresentação sobre o mercado de automóveis e as perspectivas do setor, foram os diferenciais da visita. Ela relatou que está desenvolvendo um trabalho para uma empresa de Estamparia para mercado de autopeças em uma escala de menor porte e que, portanto, a visita à GM aju-dou a entender o desenvolvimento de toda a cadeia produtiva.

Berenice Barreto do Nascimento, gerente financeira da Cincom Systems, contou que estava ansiosa para visitar o parque industrial da GM e conhecer todo o processo de fabricação de um automó-vel. "Superou minhas expectativas pela grandeza dos equipamen-tos e pela agilidade do processo. Achei uma atitude interessante do Marketing da GM, que tornou a marca ainda mais simpática ao consumidor brasileiro, o qual, com tantas opções no mercado, fica em dúvida sobre quando vai adquirir um novo veículo", apontou.

O vice-presidente da Diretoria Executiva do IBEF SP, Ivan de Souza, classificou a visita à fábrica da GM como muito inte-ressante. "Tivemos a oportunidade de conhecer uma instalação com mais de 80 anos de existência, onde convivem lado a lado as mais modernas linhas de montagem e outras de participação intensiva de mão de obra. Uma boa visão do mercado atual de automóveis nos foi apresentada, incluindo técnicas avançadas de

desenvolvimento de veículos com a participação de engenheiros brasileiros, como foi o caso do Agile", avaliou. Ivan disse que o IBEF SP planeja outras visitas a empresas por entender que se tratam de oportunidades de aproximação entre os associados, além de darem maior visibilidade ao Instituto.

Felipe Ricco Morillo (Matrizaria e Estamparia Morillo), Edson Florentino (Matrizaria e Estamparia Morillo) e Rafael Ricco Morillo (Matrizaria e Estamparia Morillo)

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Institucional

Comissão Técnica do IBEF SP cria Subcomissão de Sustentabilidade

Pesquisaentreassociadosdirecionouplanejamentodeatividadesdasubcomissãoem2010

A Comissão Técnica do IBEF SP, por intermédio de seu presidente, André Souza, e por sugestão de Silvio Dulinsky, CFO da Holcim, criou a Subcomissão de Sustentabilidade. Com a missão de aprimorar a competência – entendida como a combinação de conhecimento, habilidade e atitude – e de sensibilizar e conscientizar os executivos de finanças sobre conceitos, práticas e metodologias relacionadas com desen-volvimento sustentável, o Instituto deu apoio à iniciativa.

Uma pesquisa foi realizada com associados do IBEF SP no final de 2009, para programar eventos que contemplem o tema sustentabilidade. A quantidade de respostas, superando as expectativas, demonstrou o interesse dos associados do Ins-tituto no assunto desenvolvimento sustentável.

Além das questões de múltipla escolha, a pesquisa apre-sentou também uma questão livre, em que os associados puderam opinar sobre a forma pela qual a Subcomissão de Sustentabilidade deve abordar o tema desenvolvimento sus-tentável. Treze associados enriqueceram a maneira de elabo-rar os eventos com suas sugestões.

A partir disso, a subcomissão concluiu que fará eventos que contemplem, ao mesmo tempo, o conceito de susten-tabilidade com apresentação de casos práticos. A Comissão Técnica do IBEF SP fará seis eventos sobre o tema no ano de 2010. Além disso, a s;ubcomissão reúne-se mensalmente, toda primeira terça-feira de cada mês. Em caso de feriado, a reunião é transferida para a segunda terça-feira do mês.

Os membros da Subcomissão de Sustentabilidade e da Comissão Técnica agradecem a participação dos associados na pesquisa e esperam que muitos possam participar na con-tribuição com seus trabalhos e conhecimentos.

Confira o resultado da pesquisa:Nos eventos sobre sustentabilidade, os associados gostariam

que fossem abordados temas referentes a: Políticas de financiamento (42%); Gestão de risco (41%); Conceitos (40%); e Casos práticos de empresas (39%).

GRÁFICO 1Quais áreas relacionadas ao desenvolvimento sustentável você gostaria que o IBEF abordasse por meio da Subcomissão de Sustentabilidade?

42%

50,00%

40,00%

30,00%

20,00%

10,00%

Respondentes escolheram mais de uma alternativa0,00%

41% 40% 39%

Por

cent

agem

de

resp

ond

ente

por

alte

rnat

iva 37%

28%

18%

Políticas de financiamento

Gestão de riscos

Conceitos

Casos práticos de empresas

Políticas governamentais e setoriais

Avaliação de projetos

Relatórios e relacionamentoinstitucional

48 IBEF NEWS • Março 2010

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Comissão Técnica do IBEF SP cria Subcomissão de Sustentabilidade

GRÁFICO 4Em quais das seguintes áreas relacionadas com desenvolvimento sustentável você já participou diretamente na sua empresa?

GRÁFICO 2Como você avalia o seu nível de familiaridade com os seguintes conceitos?

Desenvolvimentosustentável Triple bottom line

Familiaridade regular

Pouca familiaridade

Sólida familiaridade

71,56%18,35%

10,09%

64,22%32,11%

3,67%

GRÁFICO 3A sua empresa publica um relatório desustentabilidade regularmente?

76,15%

22,02%

0,92% 0,92%

Não publica

Uma vez ao ano

A cada dois anos

A cada três anos

Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

03/02 02/03 06/04 04/05 08/06 06/07 03/08 14/09 05/10 09/11 07/12

Tabela 1Cronograma de reuniões em 2010 (das 18h às 20h)

A pesquisa verificou que os associados têm familiaridade regular com o tema desenvolvi-mento sustentável e pouca familiaridade com o tema triple bottom line, tornando coerente o ali-nhamento da solicitação de palestras com abor-dagem sobre os conceitos com casos práticos, conforme verificado no Gráfico 2.

Percebeu-se, ainda, que a maioria das empre-sas não publica relatório de sustentabilidade. Entre as que publicam, a prática é anual (Gráfico 3).

Verificou-se que 56% dos respondentes ainda não participaram diretamente, em sua empresa, na contribuição com o desenvolvimento sustentá-vel, enquanto 47% (24% + 23%) participaram de elaboração e/ou avaliação de políticas e práticas ou projetos (Gráfico 4).

As reuniões mensais serão realizadas conforme o cronograma da Tabela 1.

55,96%60,00%

50,00%

40,00%

30,00%

20,00%

10,00%

0,00%

Respondentes escolheram mais de uma alternativa

Por

cent

agem

de

resp

ond

ente

s p

or a

ltern

ativ

a es

colh

ida

24,77%22,02%

14,68%

9,17%

Ainda não tive contribuição direta

Participante de práticas e/ou projetos

Elaboração e/ou avaliação de políticas, práticas e/ou projetos relacionados com desenvolvimento sustentável

Elaboração de relatórios de sustentabilidade

Outras

49IBEF NEWS • Março 2010

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IBEF Rio de Janeiro: pioneirismo e tradição

Fundado em 19 de maio de 1971, na cidade do Rio de Janeiro, local onde é mantida a sede nacional do IBEF, o IBEF Rio de Janeiro reúne 850 associados de todo o Estado fluminense. Além de exe-cutivos e empresários de diversos setores, políticos, homens públicos, acadêmicos e profissionais liberais integram o quadro social da entidade, que abriu as portas do Instituto para outros setores em de-corrência da abrangência de assuntos que interessam à sociedade brasileira.

Capital do Brasil até o ano de 1960, quando a sede do governo federal foi transferida para Brasília, o Estado do Rio de Janeiro passou por um processo de esva-ziamento político e econômico, o que oca-sionou a indefinição de seu papel diante da nação brasileira. Progressivamente, ao longo de 50 anos, o Estado reencontrou suas vocações e potencialidades, redefi-niu sua importância econômica e vem se consolidando como um importante polo siderúrgico do Brasil.

O PIB de 2007 do Estado do Rio de Janeiro, calculado pelo IBGE (Instituto Bra-sileiro de Geografia e Estatística) em parce-ria com os órgãos estaduais de estatística, como a Ceperj (Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro), al-cançou o montante de R$ 296,8 bilhões, com taxa de crescimento de 3,6% em relação a 2006, sendo o segundo PIB do País, com participação de 11,2%. É con-siderada a segunda maior economia do

O IBEF está presente em dez cidades brasileiras, sendo oito em capitais, uma no Distrito Federal e uma em Campinas, no Estado de São Paulo. O IBEF São Paulo, seguido pelo IBEF Rio de Janeiro, é considerado a maior seccional do País. A cada edição, IBEF News focalizará uma seccional que compõe o Sistema IBEF. Nesta edição, apresentamos o IBEF Rio de Janeiro.

Brasil, perdendo apenas para São Paulo e, em 2008, apresentou saldo da balança comercial de US$ 4,1 bilhões.

A economia do Estado é diversificada, com parque industrial composto por indústrias metalúrgicas, siderúrgicas, quí-micas, de alimentos, mecânicas, editoriais e de celulose. Entretanto, é como impor-tante polo petrolífero, devido à produção da Bacia de Campos, e à atuação no setor de serviços, especialmente na indústria de turismo, que o Estado se destaca. A menor participação produtiva provém das atividades agropecuárias. Atualmente, o Estado passa por grandes investimentos – da ordem de R$ 100 bilhões – e, em 2016, a cidade do Rio de Janeiro sediará os Jogos Olímpicos.

A iniciativa de fundar o IBEF RJ partiu de um grupo de empresários e executivos, entre eles o empresário do Grupo Multi-terminais, Paul Richard Klien. Esse grupo tinha o objetivo de aprimorar os conhe-cimentos dos executivos de finanças e estreitar o intercâmbio de ideias com os mercados europeu e americano.

Considerado de utilidade pública nas esferas federal, estadual e municipal, o IBEF RJ presta inúmeros serviços em benefício da sociedade, como o aprimo-ramento de profissionais de diversos seto-res. “Somos considerados uma instituição de excelência que congrega os principais empresários e executivos locais”, afirma Marcos Chouin Varejão, diretor execu-tivo da entidade.

Para Roberto Lima Netto, presidente executivo do IBEF RJ, a entidade deve ser uma porta-voz da sociedade, em defesa de seus interesses econômicos e sociais, preservando-se independente. “Acredita-mos que a livre iniciativa é saudável para o País e pode melhorar a situação social do povo”, defende.

IniciativasEm 2001, o IBEF RJ criou a categoria

de associados intitulada “sócio universitá-rio”, que busca a renovação do quadro social. “Nossa preocupação com esse grupo é constante”, menciona Varejão. A crescente representação de executivas no mercado de trabalho também se reflete no quadro social da entidade. Recente-mente, de forma inédita, a entidade ele-geu a primeira mulher como Executiva do Ano – Prêmio O Equilibrista, Maria das Graças Silva Foster, diretora de Gás e Energia da Petrobras.

Varejão menciona que a estratégia do Instituto é aumentar a participação feminina na entidade, mas que ocasio-nalmente executivos e executivas têm a iniciativa de se reunirem separadamente, e essa atividade tem o apoio da Diretoria Executiva. “Nossa estratégia é manter o grupo de associadas próximo ao de asso-ciados, pois entendemos que, em uma instituição como a nossa, todos têm o mesmo peso e as atividades devem ser comuns a todos”, ressalta.

O IBEF RJ tem entre seus objetivos congregar e promover o desenvolvimento profissional dos associados, cultivando os princípios da boa ética profissional, social e empresarial. Perseguindo essa visão, hoje são realizados mais de 300 treina-mentos por ano, com duração média de oito horas, ministrados por profissionais em atividade, o que confere caráter prá-tico ao aprendizado.

50 IBEF NEWS • Março 2010

Sistema IBEF

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Confira a estrutura organizacional do IBEF Rio de Janeiro

“O executivo de finanças não precisa ser advogado, mas deve conhecer a área jurídica, por exemplo, que está diretamente relacionada ao seu cotidiano na empresa”, afirma Roberto Lima Netto, presidente executivo da entidade.

Além de treinamentos, o IBEF RJ realiza congressos, seminários, encontros e palestras que tratam de temas variados, abordando

ConselhodeAdministraçãoPresidenteLuiz Leonardo Cantidiano

Vice-presidenteMarcio João de Andrade Fortes

MembrosHenrique Luz, João Carlos França De Luca,José Carlos Monteiro, José Luiz Alquéres,José Octávio Vianello de Mello, Manuel Fernandes eRoberto Lima Netto

DiretoriaExecutivaPresidenteRoberto Procópio Lima Netto

Primeirovice-presidenteJosé Carlos Monteiro

Vice-presidentesAna Cristina França de Souza, Eduardo Jesus Teixeira,Gustavo Tavares da Cunha Mello, Ricardo Vieira Coelho eSergio Burrowes Raposo

DiretorexecutivoMarcos Chouin Varejão

ConselhoFiscalPresidenteTheóphilo de Azeredo Santos

MembrosJoão Carlos Reichmann Mader, Luiz Eduardo MarinhoJoão César de Oliveira Lima Júnior, Severino José da Silva eLuiz Affonso Romano

ConselhoConsultivoAry da Silva Graça Filho, Marcos Chouin Varejão,Ney Roberto Ottoni de Brito, Orlando Galvão Filho,Reynaldo Vilardo Aloy, Theóphilo de Azeredo Santos eValmar de Souza Paes

problemas e soluções cotidianas para a economia nacional e merca-dos. Esses eventos se revezam em importância dependendo do mo-mento da conjuntura nacional.

Na opinião de Varejão, um dos grandes desafios a serem enfren-tados pelas instituições represen-tativas de classes profissionais refere-se à adaptação operacio-nal. Ele afirma que as instituições atravessam um momento crítico devido ao êxodo de profissionais que, cada vez mais, são obrigados a permanecer em seus escritórios e que não dispõem de tempo para se dedicar a entidades. “O IBEF RJ terá a tarefa de criar um novo apelo para se manter forte. Esta-mos muito envolvidos com essa questão”, declara.

De acordo com Lima Netto, por vezes as empresas não podem se posicionar ou não querem se

indispor com o governo. Assim, é um desafio constante para o IBEF RJ manter-se atuante em favor dos interesses da co-munidade. “Defendemos a livre iniciativa das empresas, tanto públicas quanto privadas, da voracidade do governo”, afirmou, criticando a alta tributação brasileira, os altos gastos públicos e os baixos investimentos do governo.

51IBEF NEWS • Março 2010

Diretoria do IBEF-Rio durante almoço realizado em 2009 na sede do instituto

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e não empregadas; prorrogação da licença-maternidade e os

benefícios fiscais – Programa Empresa Cidadã; e o que ainda

poderá mudar – projetos de lei no Congresso Nacional), com a

dra. Mihoko Sirley Kimura, uma das sócias da área trabalhista e

previdenciária do escritório TozziniFreire Advogados.

Evento programado – O IBEF Mulher programou um evento

que contará com profissionais de sucesso palestrando sobre

temas que estão na agenda dos executivos, como gestão de

riscos em uma nova era. Novamente, o foco desse evento é a

atualização de temas relevantes no nosso dia a dia na visão de

homens e mulheres do mundo executivo e, também, o contato

e a troca de experiência com profissionais do mercado.

Este mês o calendário é marcado pelo Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março. Essa data teve origem no início do século 20, nas manifestações femininas por direito a voto e melhores condições de trabalho na Europa e nos Estados Unidos. Em 1975, a data foi adotada pelas Nações Unidas para recordar as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulhe-res, bem como as discriminações e as violências a que muitas mulheres ainda estão sujeitas em todo o mundo.

No Egito antigo, as mulheres eram na sua maioria analfabetas, não tinham quaisquer títulos importantes e, à exceção de membros da família real e das rainhas, tinham pouco poder político. Hoje, existe uma crescente constelação de mulheres em altos cargos exe-cutivos, em diversos segmentos, que tem êxito e são disputadas pelo mercado. No Brasil, temos, proporcionalmente, o dobro de mulheres em cargos de alta gerência do que em certos países desenvolvidos, e vemos grandes destaques de executivas mulheres que se tornaram CFOs, diretoras financeiras e presidentes de grandes empresas.

Se analisarmos os dois pontos da história, podemos imaginar o quanto as mulheres – e, é claro, os homens também – defenderam e apoiaram a igualdade de direitos, de tratamento e de viver. As mulheres continuam a ter múltiplas jornadas, e isso não há como negar. E, tal como os homens (que, é preciso também reconhecer,

Luciana Medeiros von Adamek, coordenadora-geral do IBEF Mulher

Notícias

O mês das mulheres

Reuniões mensais – Em fevereiro, iniciamos as reuniões

mensais do IBEF Mulher com a participação de diversas ibe-

fianas. A agenda de reuniões pode ser obtida no IBEF com

Marcia Vidal. Como sempre, todas são bem-vindas.

Legislação trabalhista – Em 4 de março, ocorreu evento na

sede do IBEF sobre as alterações na legislação trabalhista (que

abordou os seguintes tópicos: licença-maternidade e salário-

maternidade – o que a legislação trabalhista e previdenciá-

ria determina para as trabalhadoras em geral – empregadas

1•

3•

2•

hoje majoritariamente apoiam a carreira de suas mulheres), lidam com as múltiplas preocupações relativas ao trabalho, aos filhos, à família, às assistentes do lar, e por aí vai. Sem embargo, temos muito o que comemorar, embora muitas vezes, em nossa agenda lotada de compromissos e preocupações, não demos atenção a esse dia como algo especial. Temos muito o que comemorar, pois, sem esses movimentos, provavelmente não estaríamos aqui.

O que importa não é apenas um dia especial no ano, mas o significado de lembrar as conquistas e ver o caminho emo-cionante que qualquer um, sendo homem ou mulher, pode percorrer na vida. Por isso, comemoramos o Dia Internacional da Mulher com orgulho e muito otimismo de sermos mulheres ocupando lugares no mundo executivo.

Nesse clima, é com muito prazer que divulgamos a apro-vação pelo Conselho de Administração do IBEF da criação da Diretoria do IBEF Mulher. Fato que muito nos honra e pelo que agradecemos o apoio e o incentivo recebidos pelos membros do Conselho e pela Diretoria Executiva. Esperamos, assim, que cada vez mais a iniciativa do IBEF Mulher se consolide e se integre ao cotidiano da nossa instituição.

Saudações ibefianas.

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Muita atividade neste começo de ano

Nestes últimos meses, apesar do relativo recesso de even-tos do IBEF SP (geralmente o início de ano nas empresas é dedicado a diversas tarefas internas, como fechamento dos resultados do ano anterior e planejamento para o ano que está começando), os membros do IBEF Jovem se encontraram di-versas vezes, para inúmeras atividades: em 8 de março, Dia Internacional da Mulher, estiveram presentes na cerimônia de posse do novo Conselho do Ação Jovem – Gestão 2010, lidera-do por Andréa Beer, que pertinentemente escolheu essa data. O coordenador da Comissão de Parcerias, Frederico Bernardes (Itaú), representou o IBEF Jovem, parceiro do Ação Jovem (apoia-do pela BM&FBovespa). Estiveram também presentes Roberto Calado (vice-presidente do IBEF SP/Anbima) e o coordenador da Comissão de Relações Públicas do IBEF Jovem, Guilherme Camargo (Porto Forte). O IBEF Jovem também está cada vez mais próximo de seus pares “jovens” em importantes entida-des do Estado, como o CJE (Comitê de Jovens Empresários) da Fiesp e o IEE (Instituto de Estudos Empresariais), sem falar do antigo relacionamento com as empresas juniores das mais relevantes universidades e faculdades de São Paulo.

Semanas antes, o grupo do IBEF Jovem também se reuniu para o desenvolvimento do nosso próximo livro dedicado à car-reira, do qual vou falar com maiores detalhes em uma próxima coluna – será uma espécie de sequência do nosso bem-suce-dido 100 Dúvidas de Carreira para Executivos de Finanças. Bem-sucedido porque recebemos diversos relatos de jovens profis-sionais que encontraram no livro um apoio para decisões no árido início de uma carreira que não tem correspondente no meio acadêmico. Na verdade, “finanças” é uma profissão suportada por inúmeras carreiras de graduação, desde contabilidade, ad-ministração e economia até mesmo engenharia. Essa lacuna na ponte entre academia e vida executiva é um dos nossos focos de atuação e importante bandeira do IBEF Jovem, que é o ponto de contato entre os experientes profissionais do IBEF SP e os recém-chegados à carreira de finanças. Lacuna de integração que, com a realização do I ENEF – Encontro Nacional dos Estudantes de Finanças, no dia 8 de maio, queremos contribuir para reduzir.

Por fim, deixo aqui um recado de otimismo para este ano que começou movimentado: a crise certamente ficou para trás e a esperança de um magnífico 2010 está diante de nós!

Saudações ibefianas,

José Augusto Miranda (Guto)Vice-presidente IBEF SPPresidente IBEF Jovem

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Se é verdade que quando estamos bem no trabalho ficamos mais

críticos quanto a novas oportunidades profissionais, pensamos mais no

projeto e na carreira, é verdade também que é mais difícil pedir demis-

são, afinal estamos “bem”.

Como contar, que argumento usar, ou, mais ainda, e se houver uma

contraproposta? O momento de pedir demissão é, sem dúvida, um teste

de maturidade, o momento em que deixamos portas abertas ou as fecha-

mos, em que damos o recado ou nos esquivamos. Não existe fórmula

mágica, mas alguns conselhos podem ser úteis.

Uma vez tomada a decisão, evite compartilhar com metade da em-

presa antes de seu gestor. Ainda que por pouco tempo, ele é seu chefe,

por mais informal que seja o ambiente ou você não concorde com isso.

Não deixe de dar sua opinião. Nada de “cutucadas” ou recados a

um ou outro, dê sua opinião sobre o que pode ser feito para a empresa

crescer e melhorar. Mostre que você se importa. Faz diferença e é justo

com quem perde um talento.

E se vier a tal contraproposta? Lembre-se de que sua escolha precisa

respeitar seus valores, objetivos pessoais e profissionais. Se isso estiver

claro, você vai agradecer e seguir para seu novo desafio.

"Recebi uma proposta ótima! E agora?"

Ação Jovem

Guilherme Camargo (Porto Forte) e Frederico Prestes Bernardes (Itaú Securities), ambos do IBEF Jovem, ladeiam Andréa Beer (Máquina Comunicação Corporativa Integrada), na companhia de Luiz Roberto Calado (Anbima), vice-presidente da Diretoria Executiva do IBEF SP. A foto foi tirada em 8 de março último, no Wall Street Bar, durante o coquetel de posse de Andréa como presidente do Ação Jovem do Mercado Financeiro e de Capitais

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Os passes de um botafoguense na carreira executiva

André Souza

O diretor de Consultoria de Impostos da Ernst & Young, André Souza, pre-serva o respeito ao próximo e a escolha de ser otimista como seus pontos marcantes. Filho único, sempre teve o carinho e a atenção especial dos pais, nos quais encontrou o fator preponderante para a formação de sua persona-lidade. “As lições dos nossos pais a gente nunca esquece”, afirma. Profissionalmente,

uniu a educação familiar à forma-ção adequada e aos desafios da

carreira construída como auditor e consultor de impostos para conquistar a experiência passo a passo.

Graduado em Ciências Contábeis, em 1996, pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), André possui MBA em Finanças pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Em 1993, iniciou a carreira na empresa de auditoria nacional Walter Heuer.

Um ano mais tarde, ingressou como assistente na Ernst & Young, empresa na qual vem desenvolvendo ampla carreira. Começou no escritório do Rio de Janeiro e, em 2001, mudou-se para Belo Horizonte, onde permaneceu durante cinco anos. Há três anos chegou ao escritório de São Paulo e hoje é diretor de Consultoria de Impostos. Durante esses 16 anos de Ernst & Young, trilhou um ca-

Preferências

PalavraSabedoria

GuruDeus

Personalidade HistóricaJesus Cristo

Estilo MusicalClássico

Melhor FilmeForrest Gump – O Contador de Histórias

Melhor LivroProvérbios de Salomão, da Bíblia

EsportesBotafogo, sempre Botafogo

LazerBrincar e passear com meu filho, Gabriel

Culinária PreferidaPeixe de água salgada

País (fora o Brasil)Estados Unidos

Melhores CidadesSão Paulo e Rio de Janeiro

FériasParis

minho de ascensão, passando pelos cargos inerentes à car-reira, como assistente, sênior, gerente e gerente sênior.

Sua experiência profis-sional passa pela atuação com clientes de segmentos variados, como telecomuni-cações, tecnologia, siderurgia e farmacêutica, entre outros. “Um dos ativos de um auditor/consultor é estar presente nos clientes e entender os negócios de cada um. Isso faz com que cada consultoria seja uma experiência diferenciada, aumentando o conhecimento e a capacidade de prestar me-lhores serviços”, comenta. Para ele, os desafios dessa profissão são diários, para atender com perfeição e qualidade a assun-tos que sempre envolvem um valor significativo.

Como complemento a essa proximidade, ele encon-trou no IBEF SP uma forma de estar atualizado tecnica-mente e de se manter sempre em contato com seus pares. “O IBEF é a melhor insti-tuição de executivos do País”, afirma. Para ele, o Instituto contribui efeti-vamente com o sucesso profissio-nal do executivo de finanças. Ele participa das reuniões da instituição desde o início de sua carreira, quando acompanhava os gerentes e sócios da Ernst & Young André com seu filho na Disney

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Executivos&Empresas

nas reuniões do IBEF no Rio de Janeiro.

Atualmente, André é pre-sidente da Comissão Técnica do IBEF SP e membro da Comissão de Admissão e Frequência. Coordena um grupo de 42 ibefianos que produz conteúdo técnico para os associados do Instituto na forma de artigos, pesquisas e eventos. Adicionalmente à carreira, atua ainda como palestrante em assuntos tributários e instrutor em treinamentos.

Casado há 14 anos com Alessandra, André dedica a maior parte do tempo de lazer às atividades com o filho, Gabriel, de 12 anos. A prática de esportes, como futebol e tênis de mesa, além de assistir aos jogos do Botafogo e fazer viagens, são as atividades preferidas de pai e filho. Carioca, a paixão pelo Botafogo é antiga. “Assisto a todos os jogos e faço viagens exclusivas para ver o Botafogo de perto”, comenta o execu-tivo, que foi conselheiro do clube por nove anos.

56 IBEF NEWS • Março 2010

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Parabéns aos associados que aniversariam em abril!

1 Roberto Oliveira de Lima, Thierry Philippe Giraud, Carlos Alberto Bezerra de Moura

e Deise de Carvalho S. Lago 2 Werner August Sonksen, Eduardo Henrique Belham,

Reinaldo Hossepian Salles Lima e Dalmon Rogerio de Moraes Sapata 3 Antonio Felix

de Araujo Cintra 4 Valdir Oliveira Barbosa, João Alberto Gomes Bernacchio, Marcos

Aurelio Pereira Bueno e Gustavo Jose da Costa Poppe 5 Jose Henrique Caldas

Vianna 6 Alexandre Lemos Romualdo 10 Alexandre Costa Nacacio, Wagner Bertazo,

Valmir Forni, Antonio Dabus Filho e Carl Douglas de Gennaro Oliveira 11 Britaldo

Pedrosa Soares, Marcos Marcelo Aguirre Gonzalez, Ademir dos Santos, Mauro de

Marchi e Marcelo Basile de Moraes Leme 12 Henri Philippe Reichstul, Flavio Augusto

Meirelles e Fleury da Silveira 13 Alberto Edmond Dwek e Cesar Amendolara 14 Silvio

Alfredo Frugoli, Francinett Vidigal Jr. e Milena Colombini Zaniboni 15 Antonio Luiz

Tafner Ferreira e Silbert Sasdelli Junior 16 José Rubens Rodrigues Vicari e Francisco

Rodrigues da Luz 17 Paulo Bezerril Junior e Claudio Coracini 18 Daniel Rodrigues de

Oliveira Araújo, Mauricio Castanho Trancredi, Claudia Yu Watanabe e Celso Ricardo

Luchetta 19 Frederico Pimentel Ayres 20 Jose Eduardo Cabrera Fernandes, André

Carvalhal Rosa, Daniel Levy e Rogerio Vieira de Andrade 21 Custódio Filipe de

Jesus Pereira, Rosangela Silva Almeida e Rodrigo Ximenes de Genaro 22 Carlos

Alberto Cano Colucci 23 Ricardo Ramos da Silva Mollo 24 Délio R. Leite e Henrique

Meirelles Junqueira Franco 25 Alessandro Godano, Jose Roberto Securato, Américo

Genzini Filho e Luiz Roberto Calado 26 José Adalber Alencar, Antonio Salvador

Morante e Mauro Lobiano Parra 27 Pedro Luís da Silva Falcão, Pablo Fernandez e

André Giavina Bianchi 28 Flauzino Alves Ferreira Neto 29 Oscar Renzo Di Sabbato

Sandoval e Carlos Alberto Lacia 30 Sérgio Sesiki, Stephane Frantz Emmanuel

Engelhard e Silvio Alves Ferreira.

Novos Associados

Alexandre Chaves Staffa – Lazam MDS Adm. e Corretora de Seguros S.A.

Carla Paniagua Martins – SAP do Brasil Ltda.

Carlos Augusto Ayosa – IDS-Scheer Latin America

Edson de Paulo Serapicos – Votorantim Cimentos

Felipe Themudo Lessa Marcilio – HSBC Bank Brasil S.A.

Flavio Giani Ramos

Ligia Groba – Iguatemi Empresa de Shopping Centers

Marcos Bardagi – Servcater Internacional Ltda.

Tania Lehmann Hernandez – Fernandes, Figueiredo Advogados

Vanessa Prando Bertelli – PricewaterhouseCoopers Auditores Independentes

Virginia Santos Pereira Guimarães – Opice, Seixas e Périssé Advocacia S/C

57IBEF NEWS • Março 2010

Aniversários

Anuncie na IBEF News

Entre sem baterna sala de quem decide

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Opinião

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Abertura de mercado de

seguros

José Adalber Alencar é consultor independente de Riscos, Seguros e Benefícios e suplente do Conselho Fiscal do IBEF SP.

Reitero o que sempre falei sobre o que poderia acontecer quando o mercado de seguros abrisse: “Com o IRB, éramos felizes e não sabíamos.”

Quando o pessoal ávido pela abertura do mercado gritava, em alto e bom som, que não via a hora de o mercado estar livre e sem a participação do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), eu ques-tionava essa atitude.

Por muito tempo ouvi esse clamor, tal como ouvi as reclama-ções sobre as principais mudanças que nortearam a história do seguro, tais como o Decreto-Lei 73, bancos operando com segu-ros, corretoras de seguros cativas, programas de seguros enlatados (empresas multinacionais), etc.

Não obstante os acontecimentos, temos conseguido sobre-viver, e bem.

O mercado segurador bra-sileiro está passando por mais um ajuste, e estamos pagando por isso, pois vários são os ris-cos que estão sendo declina-dos, mesmo com ótima expe-riência e há tempos no mesmo grupo segurador.

Consequentemente, a cor-reria é grande e, muitas vezes, o segurado tem de assumir

seus riscos, como nos casos de empresas de produtos químicos, transportadoras e operadoras de logística, dentre outras.

Quando tínhamos o IRB como ressegurador único, ele era obri-gado a aceitar todos os riscos e as seguradoras sentiam-se confortá-veis, pois grande parcela de suas responsabilidades era transferida para o IRB, que era obrigado a engolir “alhos e bugalhos”.

Obviamente, com suas regras e custos – na maioria das vezes suportáveis –, o IRB era sempre o vilão da história, porém não nos deixava na mão.

O mercado brasileiro de seguros já conta com um grande número de resseguradores e corretores de resseguro. Muitas empresas estrangeiras ainda estão tentando ingressar no mercado, porém desistem após verificarem que a fatia de seguros a ser res-segurada não é compensadora em relação às exigências de capital e às rígidas regras impostas pelos órgãos legisladores.

O IRB ainda fica com uma boa parte dos bons negócios, abrindo mão somente do que não lhe interessa. Ele também concorre com os resseguradores, pois sua credibilidade e seu res-peito nos mercados compradores, principalmente no mercado londrino, são muito grandes. Vai demorar muito tempo para essa

hegemonia ser quebrada. O IRB é um nome sagrado brasi-leiro surfando pelo mundo do seguro.

Atualmente, os seguradores passaram a usar como vilões e desculpas pelos atropelos os contratos dos resseguradores, guide lines, normas internas de aceitação, falta de capacidade, clausu-lado da Superintendência de Seguros Privados (Susep), etc.

Alguns seguradores não estão mais aceitando grandes riscos e seguros especiais, concentrando-se nos negócios de seguro de automóvel pessoal e frota, seguros de pessoas, benefícios, seguros massificados, afinidade e previdência privada. Alguns seguradores também estão transferindo suas carteiras de negó-cio para outros seguradores.

Por precaução, seria recomendável iniciar o processo de reno-vação do programa de seguros no mínimo com três meses de antecedência, porque o segurador, após receber a proposta de emissão de apólice, tem 15 dias para confirmação da aceitação do risco, mesmo que tenha anteriormente oferecido cotação de prêmio. Isso é valido para os seguros novos e renovações.

É pena que tenhamos perdido, no decorrer do tempo, a confiabilidade representada pelo “fio de barba ou bigode”, jar-gão usado antes da criação do Llloyds de Londres, quando os embarcadores reunidos nos pubs, regados a drinques, garantiam acordos verbais em relação à possível perda de uma embarcação, acordos esses assinados em qualquer tipo de papel, sem qualquer formalidade. Coitado de quem não cumprisse tal acordo.

No passado não muito remoto, obtinham-se cotações de seguro “on fone” no mesmo momento em que eram solicitadas. Hoje, com toda a tecnologia on-line, os seguradores fornecem suas cotações entre 3 e 5 dias úteis, isso quando o sistema não cai, o pessoal não está em reunião, viajando ou em vista ex-terna, dentre outros motivos. Quanto mais modernizamos, mais complicamos, em tese.

Com tudo isso, o mercado segurador brasileiro é um dos mais fortes do mundo, pois está ligado a um sistema financeiro que é muito bem controlado, haja vista que os recentes proble-mas na economia mundial não afetaram nossa economia em cheio. Bancos e seguradores sobreviveram e saíram ilesos.

Na minha opinião, quanto ao seguro, estamos pagando o preço pela independência, pois é o que tem acontecido desde 7 de setembro de 1822. Toda independência e mudança tem seu preço e, consequentemente, o lado bom e o lado ruim.

Compete a nós buscarmos o melhor, ou arcarmos com os maus resultados.

Quanto ao seguro, reafirmo o refrão dito no início: “Éramos felizes e não sabíamos.”

"Compete a nós buscarmos o melhor,

ou arcarmos com os maus resultados"

58 IBEF NEWS • Março 2010

Page 59: Agilidade e transparênciaAs Instruções 480 e 481 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em vigor desde janeiro deste ano, visam a promover a governança corporativa e a levar

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Page 60: Agilidade e transparênciaAs Instruções 480 e 481 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em vigor desde janeiro deste ano, visam a promover a governança corporativa e a levar

• crédito micro pulverizado e comrecebíveis de curto prazo

• diversificação da carteira: baixaexposição a um setor específico

• rígida análise de crédito • alto retorno gerado aos mais de 400

acionistas, com um retorno médio nasações PN muito superior ao CDI.

(1) Para o cálculo do CDI líquido de I.R., consideramos uma alíquota de 22,5%incidente sobre ganho de capital - obtido com aplicações com prazo de até 180dias em fundos de renda fixa, conforme tabela da Receita Federal

Fonte: Banco Central do Brasil e Porto Forte S/A

• sólida equipe de gestão • governança corporativa: SA fechada

com divulgação de balanço e diversasinformações da empresa

• histórico de 7 anos de operações

Dados consolidados do Banco Central de crédito livre no país (excluindo osfinanciamentos direcionados para agricultura, habitação etc).

2004 2005 2006 2007 2008

ÍNDICE DE INADIMPLÊNCIA

Porto Forte Média Brasil

0,29%

3,40%

0,15%

3,41%

0,67%

3,34%3,79%

4,08%

3,05%

4,20%*

COMPARATIVOPN PORTO FORTE S/A como Percentual do CDI Líquido de I.R.(1)

0%50%

100%150%200%250%300%

PNPF/CDI líquido de I.R

239%

124%CDI

Dez 09190%

jun-

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