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AgnciasReguladoras
Apresentao
A Associao Brasileira de Agncias
Reguladoras (ABAR), atenta discusso
nacional sobre o papel das Agncias
Reguladoras, solicitou, em 2003, a Floriano de
Azevedo Marques Neto, advogado, Professor
Doutor do Departamento de Direito Pblico da
Faculdade de Direito da Universidade de So
Paulo e membro do Comit Executivo da
Sociedade Brasileira de Direito Pblico, uma
anlise sobre a moderna regulao estatal,
abrangendo a importncia das Agncias no
exerccio desta funo pblica, os
fundamentos jurdicos dos agentes reguladores
no Direito brasileiro e a separao que deve
existir entre polticas pblicas e atividade
regulatria. Dr. Floriano produziu o documento
solicitado que, aps debatido e aprovado
pelas 24 Agncias associadas, passou a
representar a posio da ABAR em relao aos
temas abordados.O presente trabalho uma sntese do estudo
efetuado, cuja ntegra se encontra
disposio dos interessados.Salientamos que o documento apresenta
questes relacionadas com a
constitucionalidade das Agncias, crticas ao
modelo atual e sugestes para o seu
aperfeioamento. A anlise mostra,
claramente, que as Agncias Regulatrias so,
sem dvida, instrumentos de fortalecimento do
Estado e que, no exerccio de suas atividades,
devem priorizar a transparncia de seus atos, o
ASSOCIAO BRASILEIRA DE AGNCIAS DE REGULAO - ABARAv. Borges de Medeiros, 659, 14 andar - Porto Alegre - RS - BrasilCEP - 90.020-023 - Telefone: (51) 3288.8869www.abar.org.br
DIRETORIA
Presidente - Maria Augusta FeldmanAGERGS - Agncia Estadual de Regulao dos Servios Pblicos Delegados do Rio Grande do Sul
Diretores:Eduardo Henrique Ellery FilhoANEEL - Agncia Nacional de Energia Eltrica
lvaro Otvio Vieira MachadoARSAL - Agncia Reguladora de Servios Pblicos do Estado de Alagoas
Zevi KannCSPE - Comisso de Servios Pblicos de Energia do Estado de So Paulo
Marco Antnio Sperb LeiteAGR - Agncia Goiana de Regulao, Controle e Fiscalizao de Servios Pblicos
Secretria Executiva e Financeira:Roberta Moraes de VasconcelosAGERGS - Agncia Estadual de Regulao dos Servios Pblicos Delegados do Rio Grande do Sul
A criao das Agncias de Regulao foi conseqncia de uma
profunda mudana na relao do aparelho estatal com a sociedade,
particularmente com a ordem econmica. At ento, a interveno
estatal estava centrada na supremacia do interesse pblico sobre os
interesses privados. No havia maior preocupao do Estado com o
equilbrio especfico do setor sob interveno, de vez que seus objetivos
eram de natureza geral.
O Estado assumia a explorao de atividades econmicas
relevantes ou essenciais e a poltica de preos era definida no ambiente
poltico. Eram avaliados fatores que no levavam em conta os interesses
especficos do setor regulado, gerando a instabilidade regulatria e a
inviabilidade da ao privada em setores sujeitos
interveno estatal.
O papel regulador do Estado
As transformaes ocorridas nos
ltimos anos apontam para o
fortalecimento do papel regulador
do Estado em detrimento do papel
AgnciasReguladoras
A interveno estatal:a relao entre Estado e sociedade
incentivo participao da sociedade no
processo regulatrio e a mediao de conflitos
como instrumentos para que se garanta o
equilbrio nas relaes entre o Poder Pblico, o
agente regulador, o ente regulado e os
cidados. Esperamos que a presente sntese contribua
para o debate em curso sobre as Agncias
Reguladoras e que a consolidao das
atividades regulatrias no Brasil, objetivo da
existncia da ABAR, sirva para os interesses
maiores da Nao brasileira.
Maria Augusta FeldmanPresidente da ABAR
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do Estado produtor de bens e servios. A atividade regulatria estatal
passa a dar relevncia separao entre o operador estatal e o ente
encarregado da regulao do respectivo setor; e admisso do setor
regulado da existncia de operadores privados competindo com o
operador pblico. introduzido o conceito de competio entre setores
sujeitos interveno estatal indireta.
H diferenas substanciais quanto aos pressupostos, objetivos e
instrumentos da atividade estatal de regulao e a interveno direta no
domnio econmico. A interveno regulatria pautada pela
mediao e no pela imposio de objetivos e comportamentos
ditados pelo Estado, que passa a exercer sua autoridade no de forma
impositiva, mas arbitrando interesses e dando suporte para setores com
menor eficincia. Os objetivos da atividade regulatria se deslocam dos
interesses do Estado e passam a se identificar mais com os interesses da
sociedade. Ademais, a regulao vai demandar a construo de
mecanismos de interveno estatal que permitam efetivar essa nova
forma de relacionamento com os agentes econmicos. A mediao e
a interlocuo com os agentes envolvidos no setor regulado so
fundamentais.
A moderna regulao e a busca do equilbrio
A moderna noo de regulao remete idia de equilbrio dentro
de um dado sistema regulado. Esse poder envolver a introduo de
interesses gerais, externos ao sistema, que devero ser processados pelo
regulador de forma que a sua consecuo no acarrete a inviabilidade
do setor regulado. Assim, a ao estatal passa a depender do equilbrio
entre os interesses privados (competio, respeito aos direitos dos usurios,
admisso da explorao lucrativa de atividade econmica) e as metas e
objetivos de interesse pblico (universalizao, reduo de desigualdades,
modicidade de preos e tarifas, maiores investimentos, etc.).
A quebra de monoplios, a desestatizao ou a abertura de setores .
competio no necessariamente devem ser associados aos
mecanismos desregulatrios. Esses processos alimentam o
desenvolvimento de uma nova forma de regulao, possivelmente
mais firme e consistente. As transformaes no papel regulador do
Estado tambm no devem ser associadas aos processos de supresso
da interveno estatal sobre o domnio econmico. A reforma
regulatria vai no sentido exatamente contrrio aos processos de
desregulao ou de auto-regulao do mercado.
A moderna regulao e os interesses pblicos
Alm da funo estabilizadora, que busca preservar o equilbrio do
mercado, a atividade regulatria estatal tem, tambm, uma funo
redistributiva. A Constituio (artigo 174) d ao Estado, como ente
normativo e regulador da atividade econmica, a incumbncia de
incentivar e planejar atividades econmicas, o que d regulao uma
conotao muito mais ampla do que a simples correo de falhas de
mercado. Mas esse carter redistributivo coloca-se pela regulao a
partir de uma perspectiva de mediao de interesses e de busca de
equilbrio interno ao sistema regulado.
Atividade regulatria e atividade regulamentar
A regulao estatal envolve funes muito mais amplas do que a
funo regulamentar. Esta consiste em disciplinar uma atividade
mediante a emisso de comandos normativos, de carter geral, ainda
que com abrangncia meramente setorial. A regulao estatal envolve
atividades coercitivas, adjudicatrias, de coordenao e organizao.
E ainda funes de fiscalizao, sancionatrias, de conciliao, bem
como o exerccio de poderes coercitivos e funes de subsidiar e
recomendar a adoo de medidas de ordem geral pelo poder central.
O artigo 174 da Constituio imputa ao Estado o papel de agente
normativo e regulador da atividade econmica (includos os servios
pblicos). Assim, a funo reguladora deve abranger tanto as atividades
econmicas, cuja explorao est sujeita ao regime privado de
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mercado, quanto aquelas que tenham sido eleitas pela Constituio ou
pela Lei como servios pblicos. Se, nestas ltimas, a regulao estatal
inerente ao prprio regime de prestao, naquelas a regulao
tambm se justificar, caso estejamos diante de um setor relevante ou
essencial da vida econmica. Portanto, regular no sinnimo de
regulamentar.
No exerccio da atividade regulatria, o Estado orientado pela
perspectiva de intervir em setores da economia:
a) sem afastar a participao dos agentes privados;
b) separando as tarefas de regulao das de explorao de
atividade econmica, mesmo quando permanecer atuando
no setor atravs de um ente que controla;
c) orientando sua interveno para a defesa dos interesses dos
cidados, como participantes das relaes econmicas
travadas no setor regulado;
d) procurando manter o equilbrio interno ao setor regulado para
permitir a preservao e incremento das relaes de
competio (concorrncia), sem deixar de imprimir ao setor
pautas distributivas ou desenvolvimentistas tpicas de polticas
pblicas;
e) exercendo a autoridade estatal atravs de mecanismos e
procedimentos menos impositivos e mais voltados
composio e arbitramento de interesses, o que envolve maior
transparncia e participao na atividade regulatria.
Os entes estatais incumbidos da regulao devem ter como
caractersticas essenciais serem rgos pblicos, que concentrem vrias
funes e competncias, que estejam voltados para um setor da
economia que exija significativa especializao, objetivando a busca
de equilbrio entre interesses envolvidos com a atividade regulatria e
atuando com neutralidade em relao a estes interesses.
Cart