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colônia japonesa do Brasil comemora o centenário da imigração Aqui no DANTE: Mia Couto visitou nossa Escola Ensaio: os 50 anos da bossa nova Guia Foco: tudo para o seu entretenimento Agosto 2008 - Ano I - nº 01 A

Agosto 2008 - Ano I - nº 01 · diretor de filmes como idade de Deus e O Jardineiro Fiel. Os dois lembram o ditado acima referido e encaram a expectativa de fazer um trabalho de qualidade,

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colônia japonesa do Brasil

comemora o centenário da

imigração

Aqui no DANTE: Mia Couto visitou

nossa Escola

Ensaio: os 50

anos da bossa nova

Guia Foco: tudo para o seu

entretenimento

Agosto 2008 - Ano I - nº 01

A

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Foco / Agosto2008

Teasers* da campanha de

lançamento da

Quem somos

Alunos jornalistas: Beatriz Genestreti, Beatriz Wixak Procopio Ferraz, Caio Tabarin Stancati, Isabelle Bruno Nahas, Juliana Tranjan Tafner, Lucas Cassoli Cortez, Lucas Gallo Otto, Pedro de Alcantara Graça, Taís Sofia Cunha de Barros Penteado

Jornalista responsável: Marcella Chartier

Professora responsável: Renata Guimarães Pastore

Revisão final: Profª. Leila Longo e Luiz Eduardo Vicentin

Uma realização dos Departamentos de Língua Portuguesa, Tecnologia Educacional, Comunicação e Eventos e Editoração do Colégio Dante Alighieri

*Você reparou que estava sendo observado nos últimos dias? Era a campanha de lançamento da Foco, com teasers (peças publicitárias) espalhados em alguns ambientes do Colégio. A idéia era chamar a sua atenção para o olhar atento que a equipe de redação da Foco vem dirigindo a tudo o que se passa à nossa volta.

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Foco / Agosto2008

Editorial 4

Making Off 5

Aqui no DANTE 6

Em busca da identidade

Luz, câmera, ação!

Teatro e cinema no mesmo espetáculo

Rubem Alves inova com seu audiolivro

Off DANTE 11 Um Fernando Pessoa de João Pessoa

Dom João: herói ou fujão? 12

Capa 14

Uma mistura que já dura 100 anos

Perfil 19 Duas em uma

Os extremos da China 20

Inside DANTE 21

Ensaio 26 50, mas com corpo de 20

Guia Foco 28

Ladra de livros, amante de histórias

O viciante House

Ferrorama Rocks!

Com chapéu e tudo

Crônica 30 O velho controlador

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omo nunca escrevi um editorial, não sei bem como começar. É difícil

falar sobre a Oficina de Jornalismo e explicar o processo de construção de nosso primeiro número. Começamos a nos encontrar em março, uma vez por semana, em um laboratório de informática do Dante onde debatemos questões éticas e temas da atualidade; aprendemos sobre jornalismo; e, é claro, produzimos reportagens para a primeira edição da Revista Foco. Durante a semana, trocamos idéias por meio de uma lista de e-mails e pelo ambiente de ensino e aprendizagem a distância, o Moodle.

É claro que tivemos a Marcella e a Renata ao nosso lado para nos ajudar, mas foi difícil. Minha mãe sempre diz: “Confiança e amizade são a base para qualquer relacionamento”. E ela está certa. Principalmente quando se trata de um relacionamento entre um bando de gente sem experiência em escrever reportagens.

Para dar certo, um trabalho em grupo precisa ser como um quebra-cabeça: todas as peças são diferentes, mas, no final, acabam formando uma linda imagem. Tivemos, portanto, de aprender a confiar, a deixar que cada um fizesse a sua parte.

Para esta primeira edição, não tínhamos idéia do que fazer. Até que foram surgindo eventos e mais eventos, idéias e mais idéias, e a dúvida se transformou em: “Sobre o que não falar?”.

“Os cem anos da imigração japonesa” foi uma das primeiras pautas a surgir. Depois, pensamos em falar sobre “Os 200 anos da chegada da família real ao Brasil”, e sobre “Os 50 anos da Bossa Nova”. Isso formou uma espécie de linha do tempo da história brasileira, com fatos que nos influenciam até hoje. E nosso objetivo é dividir com você, leitor, em páginas leves e com um toque de humor, a informação que adquirimos!

As outras matérias surgiram de acordo com interesses mais particulares, como é o caso das pautas sobre a China e sobre as visitas ilustres ao Dante, como a do escritor Mia Couto, a do educador e escritor Rubem Alves, e a de Quico Meirelles e Pedro Morelli. Temos também nossa seção de dicas culturais e artigos sobre as descobertas que fizemos a respeito de professores e funcionários do Colégio.

Espero que todos fiquem satisfeitos com o resultado.

Boa leitura!

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Reunião da equipe de redação da Foco

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Autógrafo de Mia Couto

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Foco / Agosto2008

Em busca da identidade

onsiderado um dos principais escritores contemporâneos de língua

portuguesa, Mia Couto esteve no Dante no dia 26 de março para dar uma palestra no auditório Miro Noschese, onde estavam presentes cerca de duzentas pessoas, entre alunos, professores e funcionários.

Sócio-correspondente da Acade-mia Brasileira de Letras, o escritor António Emílio Leite Couto, conhecido como Mia Couto, ganhou esse apelido do irmãozinho que não conseguia dizer "Emílio". Segundo o próprio autor, a utilização de tal apelido tem direta relação com sua paixão por gatos. Tamanha era essa paixão que, em sua infância, de tanto brincar com esses animais, chegava a ser visto como um deles. Filho de portugueses, Couto cursou Biologia e Jornalismo. Ainda jovem, foi militante da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) e participou da luta pela independência de seu país, que se libertou de Portugal em 1975. “As pessoas em Moçambique viveram a guerra e não falam sobre isso, como se o conflito não houvesse existido. A literatura ajuda a recobrar a ferida, para que ela cicatrize e transforme a dor em história”, disse. Na

palestra, o autor também ressaltou o orgulho que sentiu quando participou não só da luta pela independência, como da composição do hino da pátria moçambicana. “Nós lutávamos e tínhamos uma polícia política que vigiava os nossos pensamentos”, disse Mia Couto. Em seus livros, o tema da busca pela identidade é constante, o que considera de extrema importância. “Nós não somos uma única coisa, somos várias pessoas juntas”, explica.

O autor também comentou a estreita relação que a África e o Brasil mantêm por causa do tráfico negreiro, que começou na época do Brasil Colônia. Talvez por essa proximidade, Couto cultive, desde a adolescência, um grande interesse por autores brasileiros como Jorge de Lima, Manuel Bandeira e João Cabral de Melo Neto.

O que mais manteve a atenção dos presentes foi a maneira poética com a qual Mia Couto falava. “Temos a impressão de que há mais estrelas no campo do que na cidade. Na verdade, estamos cegos e devemos apagar nossas luzes interiores para vermos as exteriores”, disse.

C

Foto: Pedro de Alcantara Fonte: http://guerras.brasilescola.com/seculo-xx/guerra-independencia-mocambique.htm

Protestos a favor da independência de Moçambique

Sem muita formalidade, Mia desceu do palco e deu sua palestra mais perto dos alunos

POR CAIO TABARIN STANCATI, LUCAS CASSOLI E PEDRO DE ALCANTARA

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Luz, câmera, ação!

uem não se lembra do ditado “filho de peixe, peixinho é”? Pedro Morelli cursa o 5º ano da faculdade de

Cinema da USP e é filho de Paulo Morelli, sócio da produtora O2 Filmes e diretor da série “Cidade dos Homens”, exibida na TV Globo. Quico Meirelles está no 2º ano da faculdade de Audiovisual da mesma universidade e é filho de Fernando Meirelles, também sócio da O2 e diretor de filmes como “Cidade de Deus” e “O Jardineiro Fiel”. Os dois lembram o ditado acima referido e encaram a expectativa de fazer um trabalho de qualidade, à altura do que é apresentado por seus pais. Quico e Pedro estiveram no Colégio no dia 26 de março para realizar uma palestra aos alunos das 3as séries do Ensino Médio. Nela contaram sobre a experiência que tiveram, ainda novatos, ao participarem de uma das maiores recentes produções do cinema, “Cegueira”. O filme é baseado no livro Ensaio sobre a cegueira, do autor português José Saramago, e dirigido por Fernando Meirelles. O curta abriu o Festival de Cannes deste ano e já recebeu críticas bastante positivas. Quico e Pedro fizeram parte, respectivamente, da direção e da figuração do filme.

A dupla concedeu esta entrevista à Foco: Foco: Para vocês, o cinema nacional vive seu melhor

momento?

Pedro: Sim, eu acho que o cinema nacional vive a sua

melhor fase, uma vez que a indústria cinematográfica

brasileira está começando a se formar. Com mais

freqüência, a cada ano, são lançados filmes melhores, que

rendem grandes bilheterias, como “Tropa de Elite” e

“Cidade de Deus”.

Quico: Sim, ele vive bons momentos sempre que um bom

filme nacional é lançado.

Quico Meirelles é filho de Fernando Meirelles (cineasta que dirigiu “Cidade de Deus” e “O Jardineiro Fiel”, e sócio da produtora O2 - de comerciais, séries de TV e filmes). Quico está no 2º ano da Faculdade de Audiovisual da USP.

Pedro Morelli é filho de Paulo Morelli (sócio da O2, e diretor da série “Cidade dos Homens”). Pedro está no 5º ano da Faculdade de Cinema da USP.

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Fotos: Pedro de Alcantara

POR CAIO TABARIN STANCATI, LUCAS CASSOLI E PEDRO DE ALCANTARA

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Foco: A opção por seguir a carreira cinematográfica foi totalmente influenciada

pelos seus pais? Ou vocês acham que não houve essa influência?

Pedro: Sim, desde criança nós crescemos em um meio cinematográfico,

acompanhamos os nossos pais filmando e produzindo filmes, e isso acabou

influenciando. Quando prestei vestibular, me perguntei muito se era uma carreira

que eu queria mesmo seguir, ou se iria fazer o curso por causa do meu pai. Hoje

tenho certeza de que é porque eu gosto.

Quico: Não tem como negar que nós fomos um pouco influenciados. Se meus pais

fossem dentistas, a probabilidade de eu seguir a carreira que escolhi seria bem

menor. Eu cresci com o meu pai fazendo montagens, comerciais, curtas e longas-

metragens. É natural, despertou um interesse. Mas, quando prestei vestibular,

pensei: vou tentar fazer Audiovisual e, se não der, tento História ou Matemática.

Foco: Vocês sentem muita pressão para brilhar como seus pais na carreira que

estão seguindo?

Pedro: Sofri pressão sim. Costumava pensar sobre o que esperavam de mim, mas

com o tempo a gente pega confiança. Ninguém vai lhe abrir as portas se você não

for bom no que faz. Espero conseguir. Mas, se eu perceber que não estou indo bem,

não vou insistir e procurarei uma outra área. No começo, a O2 pode nos ajudar e,

inclusive, facilitar, mas eu também preciso mostrar que eu sou bom no que faço.

Quico: Como o Pedro já disse, obviamente a O2, que é uma grande empresa da área

cinematográfica, pode facilitar. Porém, nós não podemos viver de uma mentira. As

pessoas podem esperar que nós sejamos tão bons quanto os nossos pais, e nós

vamos tentar ser.

Foco: O que se aprende em uma faculdade de Cinema?

Pedro: Tudo o que envolve cinema: sua história, os recursos audiovisuais... Porém,

do que eu mais gosto na faculdade são os trabalhos práticos. Nós temos que

refilmar algumas cenas. Por exemplo, quando eu estava em meu primeiro ano da

faculdade, fiz uma refilmagem de uma cena de "Snatch - Porcos e Diamantes", ficou

bem interessante, e o professor gostou. A maioria, porém, não fica tão boa porque a

gente não sabe muito bem o que fazer no começo. Com certeza, esse é o melhor

aprendizado.

Quico: A liberdade é muito grande, e, pelo menos na USP, nós podemos escolher as

matérias que mais nos interessam e tirar do currículo aquelas de que não gostamos.

Outro aspecto interessante da faculdade, como o Pedro disse, são os trabalhos.

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Normalmente, não sai nada maravilhoso, essencialmente porque ninguém sabe

muito bem o que fazer. O que vale é tentar, quebrar a cara, fazer o melhor e

aprender, já que, na faculdade, não há a cobrança de que os trabalhos fiquem

excelentes. Um exemplo de trabalho prático é a refilmagem de uma seqüência de

“Cidade de Deus”, que fiz no final do ano passado (primeiro ano do curso). Foi muito

engraçado, porque uns amigos já queriam fazer, e eu ainda não tinha grupo, então

meio que, por coincidência, peguei justo esse filme para recriar.

Foco: Ainda novatos, vocês participaram do filme “Cegueira”. Como é a sensação

de envolver-se em uma produção como essa?

Pedro: Foi muito interessante, principalmente pelo aprendizado, já que “Cegueira” é

uma das maiores produções dos últimos tempos. Apesar de ele ser falado em inglês,

trata-se de uma co-produção da qual participam o Brasil, o Canadá, o Reino Unido e

o Japão.

Quico: Concordo com o Pedro, a produção foi muito interessante, e eu aprendi

bastante.

Foco: Foi veiculado na mídia que vocês filmaram, durante os intervalos de

“Cegueira”, um curta-metragem piada, chamado Blondness. Parece que é uma

paródia. Como foi fazer o curta?

Pedro: Em inglês, o curta se chama Blindness. Enquanto as pessoas estão andando

nos corredores, elas começam a falar: “I’m blind, I’m blind” (“Estou Cega, estou

cega”). Já nas gravações de “Cegueira”, uma menina da produção teve a idéia de

fazer um curta que se chama Blondness, em que as pessoas estão andando nos

corredores e começam a falar: “I’m blond, I’m blond” (“Estou loira, estou loira”). Elas

ficam loiras e burras ao acaso. No elenco, tínhamos um ator negro, careca, que

nesse curta aparece com uma peruca loira na cabeça. É muito engraçado.

Foco: Vocês acham que o sucesso do cinema brasileiro está condicionado à

exposição das nossas feridas sociais como em “Cidade de Deus”, “Tropa de Elite” e

“Central do Brasil”?

Pedro: Não necessariamente. Mas nossas feridas sociais atuais acabam

movimentando e dando perspectiva para girar o mercado, principalmente o

cinematográfico.

Quico: Acho que não, mas é fato que mostrar as nossas feridas sociais fez as pessoas voltarem a se interessar pelo cinema nacional. Porém, também existem, atualmente, filmes que não expõem problemas como violência e drogas nem fazem tanto sucesso quanto “Tropa de Elite”, “Central do Brasil” e “Cidade de Deus”, mas também são maravilhosos.

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Teatro e cinema no mesmo espetáculo

moção, sonho e esperança foi o que mostrou o Teatro Jovem aos alunos,

pais e professores, em quatro apresentações realizadas no Dante, nos dias 27 e 28 de março.

Os atores são Eduardo Bakr (autor do texto) e Tadeu Aguiar (diretor da peça). Uma peculiaridade desse es-petáculo é a projeção, em uma tela, de trechos de um filme. Há também um interessante cenário: um vagão de metrô sob forte iluminação.

Tadeu, que atua no Projeto Teatro Jovem desde 1995, justifica a escolha do tema: “Percebemos que o jovem não tem sonhos de longo prazo, e

queríamos mostrar que isso vale a pena”. Porém, a peça é indicada não só para alunos, mas também para pais e educadores.

Ao final de cada apresentação, houve um debate com a platéia, e Tadeu ficou impressionado ao perceber que os alunos tinham compreendido bem a idéia do projeto.

O público lotou o auditório em todas as sessões e deixou os atores muito

satisfeitos. “Para mim, foi uma realização muito grande, pois a arte tem que ter pluralidade, e ver tantas e tão diferentes reações significa que nosso trabalho repercutiu”, afirmou Tadeu.

Rubem Alves inova com seu audiolivro

ubem Alves lançou no dia 17 de abril, em nosso Colégio, o seu mais novo

audiolivro, A Arte do Ensinar, feito em parceria com o músico Marcílio Menezes. O educador e escritor fez um breve discurso e, em seguida, Menezes e sua banda apresentaram-se.

Rubem Alves contou à Foco o que o motivou a passar suas obras para audiolivros: “A idéia surgiu quando recebi um e-mail de uma mulher que era cega e não tinha fácil acesso aos meus livros’’.

Sobre as vantagens desse método para pessoas da área da educação,

disse: “Eles são muito bons para provocar idéias em uma roda de professores’’. Porém, o educador deixou claro que seus livros abordam os mais variados temas, assim podem ser lidos por qualquer pessoa.

Rubem Alves comentou também sobre o que considera um problema na educação do Brasil: a falta de relação entre os conteúdos estudados e o cotidiano do estudante. O educador afirmou ainda que a arte de ensinar consiste em “provocar espanto pelas coisas”.

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POR LUCAS OTTO

POR LUCAS OTTO

Uma plataforma de metrô transformou o palco do Dante em um espetáculo surpreendente

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Um Fernando Pessoa de João Pessoa

evemos, principalmente, às dores de amor o surgimento de grandes

poetas. Para nossa sorte, esse foi o caso de Loami Moura de Souza, conhecido como Moura, funcionário responsável pela disciplina do edifício Ruy Barbosa do Dante.

Moura herdou do pai o talento para a poesia, mas a inspiração veio de 15 rompimentos sofridos no longo namoro com Neusênia, seu grande amor da juventude.

Sua primeira poesia intitula-se “Devaneio”. Moura é autor do livro Navegando na poesia, publicado em 1999. Além dos poemas, ele faz sozinho as ilustrações para suas obras, sem nunca ter estudado para isso.

Nascido em João Pessoa, na Paraíba, e hoje com 49 anos, Moura veio para São Paulo, aos dezessete, após ter ficado órfão de mãe. “Sinto falta das brincadeiras de criança, dos dias em que passava escondendo os pertences dos matutos com os amigos e da areia branca das praias”, diz.

Hoje, ele mora em Franco da Rocha, região metropolitana da capital, é pai de quatro filhos e tem um neto. Está no Dante há 25 anos, onde ingressou depois de ter trabalhado sete anos no Colégio Batista Brasileiro (instituição em que estudou até concluir o ensino médio).

“Para se sentir completo, um homem tem que escrever um livro, plantar uma árvore e ter um filho”, disse Moura, orgulhoso. E agora que já escreveu um livro, teve filhos e plantou árvores, Moura se sente um homem completo. Mas ainda tem muitos sonhos: “Paz mundial, amor verdadeiro entre os casais, tolerância e o fim da fome no mundo.”

D

POR TAÍS PENTEADO

Devaneio Perdido no devaneio de um tempo Com lágrimas banhando meu rosto Comigo um grande desgosto Da mulher amada Parece não ser nada Sofrer por uma grande paixão Mas a maior decepção É não poder tocá-la Amar, amar e amar... Algo que maltrata a gente Só se sabe o que é amar Quem no peito o amor sente É que está na mente A presença da mulher querida Não podendo esquecê-la É parte da nossa vida No devaneio a ferida Que arde no coração No peito a dor mais doída A dor de uma paixão

“Aqui é o meu escritório”, diz o poeta Moura. Sob o vidro de sua mesa, parte das suas obras Foto: Pedro de Alcantara s

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Dom João: herói ou fujão?

começo da história você já sabe: a família real portuguesa veio

para o Brasil fugindo de Napoleão, que queria que os portugueses cortassem suas relações econômicas com a Inglaterra. Como Portugal não aceitou, os franceses resolveram invadir o país, e a família real se mandou para o Brasil (na época, colônia portuguesa) com ajuda de soldados ingleses, em 1807.

Imagine a população litorânea aguardando a chegada da corte, sem ao menos saber direito o que isso significava. Muitos barcos, festas e maluquice, principalmente por parte da nossa excelentíssima rainha Maria, que, no dia da fuga para o Brasil, gritou de dentro da carruagem para o

cocheiro: “Pare de correr, senão vão achar que estamos fugindo!”.

Mas, para a população de Portugal da época, isso não foi nada engraçado. Registros afirmam que as pessoas choravam por se sentirem abandonadas e desoladas. Afinal, não era nada confortável ver o rei ir embora deixando o povo à mercê da invasão das tropas de Napoleão.

Quando pensamos na chegada da família real, sempre nos vem à cabeça a imagem de lindos barcos, cheios de frufrus, comida boa, mulheres com vestidos lindos e jóias, homens de roupas elegantes e barba feita. Todos saudáveis, fazendo festa... Mas será que foi isso mesmo?

O

POR JUH TAFNER E TAÍS PENTEADO

Imagens: http://www.casadehistoria.com.br/img/fts/conteudo/15/Fuga2.jpg http://www.docemaior.blog.br/clube/archives/dom_joao_sexto.jpg http://g1.globo.com/Noticias/PopArte/foto/0,,11559685-EX,00.jpg http://www.geocities.com/nunes_garcia/jpgs/paco1808.jpg http://criarmundos.do.sapo.pt/images/bandeira8.gif

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Foco / Agosto2008

Algumas verdades para você: * Não se pode dizer que a viagem foi um mar de rosas, já que aconteceram

tempestades, ondas muito altas e destruição quase total ou total de algumas embarcações. Com isso, a maioria dos passageiros, que tinha estômago real muito frágil e pouca experiência em alto mar, apresentava problemas após o almoço, ou seja, colocava tudo para fora. Isso quando haviam colocado algo para dentro...

* Havia grandes embarcações, com capacidade para muitos passageiros e bagagens, mas na pressa de encaixotar seus mais preciosos bens, alguns dos nossos queridos amigos se esqueciam de verificar se seus caixotes tinham sido devidamente colocados nas embarcações corretas, o que em muitos casos não acontecia. É claro que esses caixotes não tinham só jóias... Armazenavam também suas caríssimas roupas. Então você pode imaginar como foram três meses de viagem com a mesma roupa.

* Doenças nos passageiros, comuns nos navios, não eram tratadas. As pessoas comiam carne podre, pão bolorento e afins... Até os piolhos tomaram posse do couro cabeludo dos passageiros, fazendo com que tivessem de raspar os cabelos.

Concluindo, não foi nenhuma viagem de primeira classe, com champanhe e poltronas reclináveis, e sim um verdadeiro caos flutuante!

Quando a tripulação restante

chegou, foi recebida pela população carioca, que, ao ver as mulheres da corte portuguesa com turbantes (por estarem carecas), achou que fosse a nova tendência da alta costura européia e começou a usá-los.

No começo, foi uma festa, com comida e tratamento especial para todos, mas, com o passar do tempo, a situação mudou.

As pessoas começaram a ser requisitadas a trabalhar para a corte e tiveram de ceder suas casas para que a “galera V.I.P.” de Portugal pudesse acomodar seus traseiros reais longe do sol e do calor.

Até hoje, tem gente que diz que

a diferença das classes sociais do Brasil se deve à vinda da família real.

Mas o que será que teria acontecido se eles não tivessem vindo? “Para Portugal seria complicado, porque Napoleão invadiu o país”, diz o prof. Carlos Roberto Diago, coordenador do Departamento de História do Dante. Ele afirma também que, “com a vinda da corte, houve um desenvolvimento do Brasil, pois era preciso criar uma infra-estrutura compatível com a que a família real tinha em Portugal”.

Apesar de tantos problemas, até que saímos lucrando. Como se diz, “há males que vêm para o bem”.

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Uma mistura que já dura 100 anos

s imigrantes japoneses vieram ao Brasil em busca de emprego e melhores condições de vida, já que o Japão passava por crises financeiras e humanitárias.

Em 18 de junho de 1908, chegou ao Porto de Santos o primeiro navio com 165 famílias japonesas, o Kasato-Maru, trazendo um enriquecimento cultural definitivo para a história brasileira.

Os navios balançavam muito, e as condições higiênicas em seus interiores eram precárias. Os imigrantes que vieram posteriormente também relatam histórias parecidas "Meus amigos chegaram ao Brasil mais magros, porque não conseguiam comer com o balanço do mar. Mas eu cheguei mais gordo do que quando saí do Japão, afinal era esportista, e fui um dos poucos que não sentiam enjôo no cargueiro", relembra Shichiei Shida (também conhecido como Yukio Shida), de 63 anos, imigrante que veio ao Brasil em 1968, quando tinha 23. “Eu vi um anúncio no metrô: ‘Precisa-se de técnicos para trabalhar no Brasil’ e resolvi tentar”, conta. Ele viajou por dois meses em um navio cargueiro que ficava dois dias parado em cada cidade por onde passava. "Nos portos, procurávamos restaurantes, porque a comida do navio era muito ruim”, afirma o imigrante.

Um fato engraçado dessas paradas foi a grande procura pela banana, fruta que não existia no Japão e que conquistou o paladar dos passageiros. Na chegada, um dos principais obstáculos foi a língua. "No Japão, eu tive seis meses de curso de português, oferecido pela empresa brasileira que nos trouxe até aqui, mas era muito fraco", comenta.

Embora tivesse dificuldade com o idioma e com o clima quente, a adaptação com a alimentação foi fácil. “Nunca tinha comido carne bovina e, na primeira vez em que vi um açougue, assustei-me com tantos quilos de carne e pensei ‘Nossa, isso é um paraíso’”, relembra Shida. Quando chegou ao Brasil, trabalhou

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POR BEATRIZ GEE, BEATRIZ WIXAK E CAIO TABARIN STANCATI

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Foco / Agosto2008

como técnico de montagem em uma empresa que produzia tanques para armazenar até 5 mil litros de cerveja."Para mim, foi uma grande aventura de jovem”, diz.

A cultura japonesa continua muito presente na vida de Shida. "Mantenho a minha religião, o Budismo, e o respeito para com os mais velhos”, afirma o imigrante. Ele voltou ao Japão cinco vezes, mas apenas para visitar parentes. Não sente mais tantas saudades como no início.

De qualquer forma, o principal motivo que o mantém no Brasil é o profissional. "Trabalho com massagens, tratando bronquite asmática e também sou

acupunturista. O trabalho aqui é mais fácil. Eu não seria tão bem-sucedido no Japão, já que a concorrência é maior", conta Shida.

Toshiki Kurahashi, de 45 anos, gerente geral de planejamento da Panasonic, também veio ao Brasil por motivos

profissionais. Esteve pela primeira vez no país em 1987, quando se encantou por nossa cultura. Retornou

mais três vezes, respectivamente nos anos de 1989, 1998 e 2005, e agora, em 2008, voltou para ficar.

No início, também teve problemas para se adaptar ao idioma. "Senti muita dificuldade, porque a estrutura da língua é muito diferente", lembra Toshiki, que fez aulas de português no Brasil.

No primeiro ano em nosso país, residiu em uma casa de família em Taubaté, interior de São Paulo, e logo pôde perceber que as relações humanas, principalmente as

familiares, são extremamente fortes, como no Japão. “Mas aqui as pessoas são mais calorosas;

no Japão existe maior rigidez”, comenta. Esse rigor peculiar da cultura japonesa

manifesta-se em cada elemento de suas tradições. A dieta, na maior parte saudável, é um exemplo. “A

comida brasileira é muito gordurosa, preciso tomar cuidado”, diz o imigrante. Mas, apesar das diferenças gritantes

entre a culinária japonesa e a brasileira (veja texto na pág. 18), Toshiki gosta muito de pratos típicos daqui, como churrasco e feijoada.

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Foco / Agosto2008

A mistura das culturas japonesa e brasileira influenciou não só os imigrantes

como os seus descendentes. Em alguns casos, como o da advogada nissei (veja glossário na pág. 18) Sonia Yabe, de 45 anos, predominam os costumes brasileiros sobre os de suas origens japonesas. "Nunca tive uma educação estritamente japonesa, fui criada como filha de japoneses que vivem no Brasil", afirma. Com 2 anos de idade, ela começou a freqüentar uma escola japonesa, na qual ficou até o pré (que corresponde, hoje, ao 1º ano do Ensino Fundamental) e depois mudou-se para uma escola de currículo nacional. Sonia tem familiares no Japão, mas são os pais dela que mantêm contato com eles. "E, para falar a verdade, sei o básico sobre a história da imigração, como a necessidade de escapar da fome e da miséria e o fato de que muitos deles acabaram não voltando para o Japão", assume. Mesmo sem manter muitos costumes orientais, a culinária e o idioma japonês sempre estiveram presentes em sua vida. "No inverno, nós temos uma sopa, o missoshiro, e alguns pratos de origem oriental misturados aos de origem ocidental."

Ela fala japonês, mas não fluentemente. "Entendo bastante porque minha avó só falava japonês e, em minha casa, sempre houve uma grande mistura de português e japonês nas conversas".

Sonia nunca foi ao Japão, mas diz que tem vontade de conhecer o país. A cultura nipônica, no entanto, não chama muito sua atenção. "Eu acho bonito o interesse das pessoas de origem japonesa por sua cultura, mas essa não me fascina muito...". Ela também nunca se sentiu especial por ser nissei e até sofreu preconceito. "Na minha adolescência, me irritava muito com brincadeiras maliciosas sobre a minha ascendência. Tinha meninos que falavam 'olha os olhos puxados, a japonesa passando'", lembra.

Já a estudante Bianca Maranhão, de 15 anos, apesar de não ser descendente de japoneses, é grande apreciadora da cultura oriental. "Comecei a me interessar por animes e mangás (veja glossário) há quatro anos, influenciada por minha prima. Em uma tarde, ela explicou-me sobre os quadrinhos e desenhos animados japoneses e, depois disso, eu simplesmente me apaixonei por essa cultura", conta. Mas ela gostava de desenhos japoneses animados desde criança, quando via Dragon Ball Z, Cavaleiros do Zodíaco, Pokémon, entre outros.

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Ilustração: Carolina Penha

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E além de ler mangás e assistir aos animes, ela também cria. “Eu desenho pessoas, inspirando-me nos desenhos que já existem”. Bianca também se reúne com os seus amigos em encontros de fãs de animes/mangás (que, em geral, acontecem mensalmente em diferentes cidades do estado de São Paulo ou mesmo do Brasil), como o “Anime Dreams” e “Anime Friends”, nos quais há muitas atrações. "Tem lojas com camisetas temáticas, fantasias e DVDs, mangás, filmes, apresentações, campeonatos mundiais de

animes... Mas eu gosto mesmo dos cosplays (veja glossário)", empolga-se. "Eu não conheço a história da imigração japonesa e nunca fui ao

Japão, mas tenho muita vontade. Se pudesse escolher onde nascer, com certeza escolheria o Japão".

Pequena Tóquio

A Liberdade é um bairro típico japonês de São Paulo, um dos principais pontos turísticos da metrópole. Antes da abolição da escravatura, escravos eram açoitados na área, que se chamava Campo da Forca. Depois da abolição, o nome foi alterado para Liberdade.

Nos primeiros anos do século XX, iniciou-se a total mudança do bairro, por

causa da chegada do navio Kasato-Maru ao porto de Santos. Essa embarcação trouxe os

primeiros 782 imigrantes japoneses. Inicialmente, eles viveram como agricultores no interior. Muitos

não se acostumaram à rotina ainda muito escravocrata dos fazendeiros e voltaram para a capital.

Nas décadas seguintes, vieram mais de 30 navios repletos de japoneses, e a Liberdade foi abrigando os imigrantes. Hoje, nisseis, sanseis e apreciadores dessa cultura tão singular

vão ao bairro para comprar produtos vindos do Japão, como comida e roupas. A Liberdade, segundo os entrevistados desta reportagem, está muito longe de se parecer com o Japão. “Lá as ruas são muito organizadas e limpas”, comenta Shida. Ainda assim, pode ser um refúgio para os que sentem falta de sua terra natal.

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Foto

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Gee

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Obras de arte à mesa

A preparação do sushi em restaurantes é feita preferencialmente por homens, com o nome de “sushiman”, porque, em geral, eles possuem a mão menos quente que a das mulheres, o que preserva o sabor do peixe.

A culinária japonesa sofreu forte influência dos portugueses, principalmente nos seguintes pratos: o tempurá (pedaços fritos de vegetal ou marisco envoltos em uma massa fina e mole) e o sukiaki (uma espécie de ensopado).

Os peixes do sushi e do sashimi são ingeridos crus porque, originalmente, eram pratos dos operários japoneses, já que são preparados com rapidez e facilidade. Eles pegavam o arroz (cozido com pouco tempero, característica da cozinha oriental) e o envolviam, com o peixe cru, em uma alga, encontrada facilmente no Japão. Essa era a “marmita” dos operários japoneses.

O yakissoba (macarrão típico oriental, com molho shoyu e pedaços de legumes, carne ou frango) é originário da China e foi incorporado à culinária japonesa.

O japonês coloca pouco açúcar nos pratos doces e muito mais nos salgados.

Cada “sushiman” no Japão tem um treinamento de cerca de 10 anos para poder preparar os pratos.

“No Japão, é falta de respeito fazer visitas nas horas de refeição, a não ser que a pessoa seja convidada”, conta Shida.

http://alfarrabiosjr.zip.net/

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Fotos: Beatriz Gee

Glossário Nissei - filho de japoneses legítimos Sansei - neto de japoneses legítimos Mangá - revista em quadrinhos japonesa, que é lida de trás para frente Anime - desenho animado japonês Cosplay - palavra que deriva de costume player. Assim são denominados os fãs de anime/mangá, que gostam de se caracterizar à semelhança dos personagens desses desenhos

(da esq. à dir.)

Bianca, Shida,

Sonia e Toshiki

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Duas em uma

oi com muita simpatia que a professora Célia Regina

Goulart da Silva, de 30 anos, do Departamento de Tecnologia Educacional do Dante, respondeu às perguntas da Foco. E é assim que ela recebe os alunos todos os dias, não só aqui no Colégio, mas também na escola pública onde trabalha. Segundo a professora, os alunos de lá têm dificuldades no aprendizado, mas ainda assim as aulas dão bons resultados, e ela também acaba aprendendo. “É um enriquecimento pessoal para mim”, afirma.

Aqui no Dante, estamos acostumados com livros e computadores à nossa disposição, para trabalhos e outras atividades. Na escola pública, eles só têm a sala de aula. “Os alunos só têm acesso a revistas e a livros didáticos. Uma vez, preparei uma aula muito legal na informática e não pude entrar porque a sala, infelizmente, estava fechada”, lembra. A infra-estrutura, segundo ela, também não é das melhores. “Lá, não temos condições de utilizar o banheiro. Há dez goteiras na sala de aula, e o colégio quase não tem funcionários”, diz a professora.

Célia vive duas realidades completamente diferentes de segunda a sexta, das 6h45, horário em que chega ao Dante, até as 17 horas, quando acaba de lecionar no outro

colégio. “Um dia, na outra escola, lemos a palavra ‘pomar' durante a aula, e eles não sabiam o significado. Pesquisamos no dicionário, e no dia

seguinte um menino disse: ‘Minha mãe falou que pomar é isso, minha tia também...’ Então dá para perceber que o ensino vai além da sala de aula”, conta a professora.

Perguntamos também se a condição financeira precária dos alunos atrapalha na hora de fazer escolhas. “Eles são tão unidos e dão tanta importância ao valor da fraternidade, que não atrapalha”, respondeu Célia. E acrescentou: “Nesta semana, tinha um menino com um risco de giz no rosto. Eu falei: ‘Ah, vem aqui’ e passei a mão no rosto dele para limpar. Outro menino que estava atrás dele falou: ‘Aproveita, porque carinho de professora é igual a carinho de mãe.’ O menino que falou isso mora num abrigo”.

Célia conversou, em outra situação, com duas meninas que moram na favela. Uma vive no local desde que nasceu, e a outra se mudou para lá há pouco tempo. “A primeira não vê a hora de sair. A segunda está amando, porque tem espaço para brincar, as pessoas se gostam... Existe uma união entre todos, o que não é comum hoje em dia”, afirma a professora.

F POR JUH TAFNER

Foto: Juh Tafner

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Os extremos da China

A China, que hoje é o país mais populoso do mundo, agora enfrenta uma grande dificuldade na preparação do evento esportivo de maior importância do planeta: as Olimpíadas.

O principal problema é político: pessoas do mundo todo querem que o Tibete seja devolvido aos tibetanos. Os budistas são os principais favoráveis a essa devolução, já que o líder religioso mais influente, o dalai-lama, residia na região antes da invasão chinesa. Mas o governo chinês se opõe.

O professor Héliton Gomes Duarte, do Departamento de Geografia do Dante Alighieri, explica que a China apresentada na mídia, durante as Olimpíadas, não será a verdadeira. Várias questões serão omitidas, como a do Tibete. Outro fato

que evitarão expor é o da degradação ambiental (causada pelo uso indiscriminado dos recursos naturais e pela poluição), que gera mais um problema para o país, pois ameaça a saúde dos atletas. Apesar de as autoridades chinesas terem tomado providências a respeito, muitos maratonistas desistiram de participar dos jogos olímpicos.

Mais uma característica negativa é a censura. Para se ter uma idéia, a liberdade dos chineses é cerceada a tal ponto que até o conteúdo da internet é monitorado.

Se a China mudará após tantas críticas, só o tempo dirá. Por enquanto, as mudanças parecem estar longe de acontecer.

POR LUCAS OTTO E ISABELLE NAHAS

A Muralha da China é grande como a burocracia do país

Família pobre chinesa: a desigualdade de renda é muito evidente

Estádio Olímpico de Pequim, conhecido como Ninho de Pássaro

Imagens: http://oglobo.globo.com/blogs/arquivos_upload/2007/08/27_848-300px-Gran-muralla-badalig-agosto-2004.jpg www.beifan.com Reuters

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Gestão Total

A Diretoria Executiva do Colégio é

constituída pelo presidente (dr. José de

Oliveira Messina), vice-presidente, dois

diretores secretários, dois diretores

financeiros e quatro diretores adjuntos.

Todos ex-alunos e com boas histórias do

período em que estudaram no Dante!

Localizada no edifício Leonardo da Vinci, a Diretoria Executiva conta também com duas secretárias. Conversamos com uma delas, a senhora Regina, que nos informou que o público atendido varia.

O Comando Pedagógico

Receber pais, alunos, professores e visitantes, além de participar de reuniões com assistentes e coorde-nadores do Colégio, bem como visitar as classes, são algumas das atividades do diretor geral pedagógico do Dante, o professor Lauro Spaggiari.

Nascido em São Paulo e filho de italianos, o professor Lauro estudou em

São Roque e veio à capital quando entrou no curso de Letras da USP. Começou no Dante como professor de italiano em 1979. E, em 1998, tornou-se assistente da diretoria responsável pelos alunos do edifício Galileo Galilei. Em 2002, assumiu a diretoria pedagógica do Colégio.

Classmate PC

Nossa equipe saiu pela Escola para conhecer os bastidores do Dante. Nas mãos, cada repórter tinha um Classmate PC, uma espécie de mini laptop, para registrar entrevistas com os funcionários. Além das notas feitas para esta edição da Foco, os alunos passaram a semana com os classmates, o que proporcionou uma experiência excelente de integração da tecnologia à educação. O apego foi tanto que alguns classmates receberam até nomes: “O meu é o Adolfo!”, avisou a Ju.

Leia abaixo alguns relatos dos nossos repórteres: “Eu adorei o classmate, é muuuuitooo mais prático! Todos os meus professores

amaram, porque eu fiquei de boca fechada na aula!”- Taís “O mais legal de tudo foi não precisar usar cadernos, e isso diminui o peso da

mochila” - Bia Wixak “Copiar uma matéria se tornou mais simples e me estimulou a prestar mais

atenção na aula, além de facilitar meu dia-a-dia” – Lucas Otto Veja o que nossa equipe de redação descobriu sobre o Dante.

POR LUCAS OTTO

POR JUH TAFNER

Fotos: Equipe Foco

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CIA CDA

Departamento de Segu-rança Externa do Colégio

Dante Alighieri conta com um grupo de seguranças, que sempre evitaram roubos no quarteirão da escola, apresentando um trabalho bastante responsável. O chefe desse departamento é Vilson Delgado (mais conhecido como Boi), que trabalha no Dante há mais de 22 anos.

Os funcionários desse setor também acompanham os estudantes não só em viagens como em campeonatos esportivos realizados em outras escolas.

Como se vê, aqui no Colégio, todos os alunos têm a segurança de uma escola de primeiro mundo!

Entre linhas

raci é a costureira de um colégio que ocupa um

quarteirão inteiro e, caso você não saiba, ela tem muito trabalho!

Quando a demanda ultrapassa os 100 saquinhos de pano ou os 400 quadradinhos de tecido encomendados para o prazo de, na melhor das hipóteses, uma semana, Iraci precisa dar conta do recado.

Cortinas, toalhas de mesa, materiais feitos com tecidos para eventos do Dante são obras-primas dessa brilhante costureira.

Ela entrou no Colégio como inspetora de alunos

(vigilante), passou dois anos na gráfica e depois foi para a sala de costura. Somando todo esse tempo, calculamos 31 anos de experiência aqui no Colégio Dante Alighieri.

De olho no Áudio

ui visitar o Audiovisual do nosso Colégio, setor em

que seis pessoas trabalham diariamente sob a coordenação de João Florêncio. Eles cobrem festas, comemorações, palestras, entre outros eventos. E o

ambiente, segundo os funcionários, é saudável e divertido.

Responsáveis também por disponibilizar o material tecnológico usado em classe, eles ajudam a tornar o ensino mais prático e interessante!

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POR CAIO TABARIN STANCATI

POR JUH TAFNER

POR BEATRIZ WIXAK

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Organização geral

uitos acham que o Almoxarifado é apenas um

estoque de fantasias, mas não é bem assim. Desde 1997, nesse setor ficam guardados todos os materiais do Colégio, como objetos de escritório, produtos de limpeza, trabalhos escolares e também fantasias para teatro. Além disso, preserva-se, nesse local, o patrimônio escolar, como computadores e bebedouros.

No Almoxarifado, também são controladas a entrada e a saída de materiais comprados pelo Colégio. “Temos, em média, 50 notas fiscais por

dia para verificar. Os números dos requerimentos têm que bater com o número de materiais no estoque”, afirma

Joaquim Felix Neto, responsável pelo setor.

Esse departamento conta com seis trabalhadores: três auxiliares de almoxarifado (incluindo um estagiário do Projeto Aprendiz, do governo) e três auxiliares de patrimônio.

O trabalho é árduo, mas, no fim, tudo fica mais organizado.

“Colégio Dante. Bom dia.”

centro de ligações telefônicas do Colégio fica situado no prédio

Michelangelo, na sala 39 do terceiro andar. É por meio dele que a escola inteira se comunica. Nesse centro, transferem-se tanto as ligações internas como as externas (por

exemplo, as ligações de pais). O setor conta com quatro funcionários que não podem deixar a mesa de trabalho nem um só minuto por causa da grande quantidade de telefonemas.

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POR BEATRIZ GEE

POR LUCAS CASSOLI

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Mangia che ti fa bene!

rroz com feijão, pão com manteiga e cafezinho bem

açucarado são, com certeza, os alimentos mais consumidos pelos brasileiros.

E é claro que, no refeitório do Dante, o que não falta é aquele cheirinho gostoso de comida. Assim que entrei, vi uma cesta com pãezinhos fresquinhos, café bem quente e muita conversa boa entre pessoas que só têm essa hora do dia para um social bem rápido.

Quando perguntei para o Antônio (mais conhecido como Paraíba), o responsável pelo refeitório, se ele já havia presenciado alguma discórdia, ele respondeu: “Se eu encher os potes de marmita de água, aí sim, voa tapa na orelha”, brincando, é claro. E Fábio, que estava na mesma

mesa, respondeu: “Somos todos uma família, aqui não tem briga não”.

“Todos os dias, passam por aqui mais ou

menos 500 pessoas” disse Paraíba, que conhece quase todo mundo. Quando perguntei se no refeitório rolava uma paquera, ele foi bem direto em sua resposta: “Aqui a gente trabalha, não tem tempo para paqueras, mas sempre há uma brecha para uma troca de informações”, uma confraternização, em outras palavras.

O cafezinho e o pão com manteiga são cortesia, mas o almoço cada um traz o seu. E Paraíba acrescenta: “O que mais sai é o arroz com feijão e o coxão duro ou mole” porque, como todos sabemos, brasileiro que é brasileiro, não abre mão dessa combinação.

Sorria, você está sendo filmado!

Departamento de Monito-ramento conta com o trabalho

atento de Reginaldo e Vanderlei, que se revezam para monitorar cerca de 170 câmeras espalhadas pelo Colégio e também na área externa. Esses equipamentos ficam ligados 24 horas por dia sem parar.

O monitoramento visa princi-palmente à segurança externa. Caso vejam algo suspeito, Reginaldo e Vanderlei informam o Departamento de Segurança.

Assim, são garantidos o bem-estar e a segurança da comunidade dantina.

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POR TAÍS PENTEADO

POR PEDRO DE ALCANTARA

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Garantindo a condução

onhece a garagem do Dante?

Fiquei encarregada de entrevistar os funcionários da garagem, todos muito simpáticos, por sinal! O mecânico José Vicente Gonçalves é o responsável pelo local e explicou o funcionamento desse setor.

Na garagem à qual nos dirigimos ficam os ônibus para a manutenção, que é feita por quatro funcionários. Eles realizam as funções

de mecânico, auxiliar de mecânico, lavador, eletri-cista, pintor e funileiro.

Mas não pense que o trabalho é feito às

pressas por exigir tantas tarefas. “Não sai nada que presta quando o trabalho é corrido”, afirma Vicente.

Há 37 ônibus, e quatro funcionários tomam conta de todos para que tudo fique seguro e confortável.

Consumismo controlado

ive acesso à “parte proibida” para alunos e passei pela

famosa porta de ferro que leva à seção de compras do Colégio. Cheguei ao novo prédio, o anexo do Michelangelo. Pensei que fosse encontrar um lugar cheio de gente, com muitos produtos, mas acabei por entrar em uma sala de administração.

Quem respondeu às minhas perguntas foi um funcionário chamado Anderson. Ele explicou que todas as compras feitas pelo Dante passam pelo departamento em que trabalha. Essas chegam após o contato de um

solicitador, são assinadas por um coordenador, depois vão para a Diretoria e, finalmente, chegam ao

Departamento de Compras, o qual escolhe o produto de melhor preço e qualidade.

Nesse setor, há cinco funcionários que realizam praticamente a mesma tarefa: recebem os pedidos, avaliam os preços e escolhem qual será o produto comprado. Anderson afirma: “Fun-cionamos como uma engrenagem”.

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POR JUH TAFNER

POR JUH TAFNER

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50, mas com corpo de 20

958 foi o ano dos que estavam predestinados a brilhar. Nele

assistiu-se ao início da tradição vitoriosa do Brasil nas copas mundiais; à fundação de uma das maiores companhias de pesquisa espacial norte-americana (Nasa); e ao nascimento da polêmica cantora Madonna. Foi também em 1958 que se conheceu um dos gêneros musicais brasileiros mais revolucionários, o qual ganharia fama nacional e internacional: a bossa nova.

Um fato ocorrido nesse ano, e considerado por muitos o marco inicial da bossa nova, foi a inesquecível performance de João Gilberto, que fez uma participação especial na gravação de Elizeth Cardoso, tocando ao violão a música Chega de Saudade. Essa composição faz parte do LP Canção do Amor Demais.

Porém, perpetuam-se os debates sobre a data precisa do nascimento do gênero. Existem muitas versões. Uma delas é a de que a bossa nova teve início quando Tom Jobim telefonou para Aloysio de Oliveira, então diretor artístico da gravadora Odeon, convidando-o para conhecer “um baiano que cantava diferente”. Esse era o próprio João Gilberto. Outra versão é a de que o início da bossa teve lugar em um bar no centro do Rio de Janeiro, onde se deu o lendário

encontro entre Antônio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, propiciado pelo crítico e historiador Lúcio Rangel.

Seja qual for a data precisa da criação da bossa nova, ela marcou história. Mas o que há de tão novo nesse gênero musical?

É preciso ressaltar que a bossa nova é considerada uma revolução do samba. Foi na década de 40 que se observaram os seus primeiros indícios, ou seja, os primeiros registros de compositores que utilizavam, em suas “músicas sambísticas”, elementos que, até então, só tinham sido usados em canções de jazz norte-americano e em composições eruditas. Os primeiros a lançarem mão dessa simples e, ao mesmo tempo, complexa fórmula foram: Custódio Mesquita, o violonista Garoto (Aníbal Augusto Sardinha) e os cantores Dick Farney e Lúcio Alves.

Há um grande equívoco em relação aos propósitos da bossa nova. Muitos acham que ela foi a música dos revolucionários ideológicos na época da ditadura militar. Convém lembrar, porém, que não houve, por parte dos seus compositores, deliberado interesse em posicionar-se contra a ditadura. Em contrapartida, a MPB preocupou-se em mostrar o quão ignorante e perversa a ditadura era, em músicas como: Apesar de Você, Cálice e o álbum Os Saltimbancos

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POR LUCAS CASSOLI

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(todos de Chico Buarque, talvez um dos maiores compositores da MPB). Embora houvesse uma diferença na forma de pensar desses compositores, não havia qualquer relação de ódio entre eles. Muito pelo contrário, eram grandes parceiros.

A bossa nova é um gênero tão

marcante que se perpetuou na alma

de grandes compositores nas décadas de 80 e 90. Um dos exemplos mais famosos é a canção Faz parte do meu show, de Agenor de Miranda Araújo Neto, ou, como é mais conhecido, Cazuza.

Mesmo que o gênero tenha perdido seus grandes nomes, ele continuará a ser lembrado por muito tempo. É provável que estejamos vivos para comemorar o seu centenário.

Ilustração: Carolina Penha

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Ladra de livros, amante de histórias

uando a morte conta uma história, você deve parar para

ler”. A frase, na contracapa de A menina que roubava livros, do australiano Markus Zusak, provoca o leitor. Nessa obra, a figura da morte, que sempre está presente na vida das pessoas, narra a história de Liesel, uma menina que vivia na Alemanha nazista na época da Segunda Guerra Mundial.

Desde o primeiro dos três encontros entre a morte e a garota, esta foi alvo da atenção daquela por causa de seu jeito de ser: mesmo no meio de tanta dor, entre sonhos e desgraças, amor e agonia, livros e destruição, a garota tenta sempre encontrar o melhor da

vida, apesar de a vida nem sempre lhe reservar o melhor.

A menina é deixada na casa de uma família de criação, onde se vê

cercada de um pai acordeonista mais do que amável; uma mãe boca suja; um vizinho corredor, com cabelo verde-limão; um visitante secreto com plumas em vez de cabelos e... muita sopa de ervilha.

É na casa dessa família, na rua Himmel, que Liesel vai aprender as

maiores lições de sua vida, desde ler e escrever até descobrir o verdadeiro poder das palavras, tanto nos preciosos livros roubados como dentro de si mesma.

O viciante HOUSE r. House surpreende novamente! Na quarta temporada, Dr. Gregory

House (Hugh Laurie) está mais irônico e inteligente e, é claro, ainda acompanhado por sua incrível equipe de médicos formada por Chase (Jesse Spencer), Cameron (Jennifer Morrison) e Foreman (Omar Epps), com a ajuda de Wilson (Robert Sean Leonard) e Cuddy (Lisa Edelstein), a administradora e médica-chefe do

hospital que está sempre em conflito com House.

Com cenários e casos de grande verossimilhança, House é uma série intrigante e prende a

atenção do espectador até o fim de cada capítulo. As filmagens, muitas vezes, são acompanhadas por verdadeiros médicos e especialistas para que a série pareça mais realista, e a linguagem técnica não atrapalha

o entendimento, pelo con-

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D POR PEDRO DE ALCANTARA

POR TAIS PENTEADO

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trário, torna o texto ainda mais interessante.

A série é apresentada no Universal Channel (TV paga) todas as quintas às 23h; sextas à 1h; sábado

às 19h e de segunda a sexta às 5h, 13h e 20h. Também é transmitida pela Rede Record (TV aberta) às quintas à meia noite.

Ferrorama Rocks!

ara vocês que gostam de rock tanto quanto eu, a dica é quente:

Ferrorama, uma banda influenciada por Beatles e Foo Fighters. Suas músicas tratam de assuntos variados, como a valorização da vida e os problemas sociais. Algumas ótimas são: “Bacana”, “Valorize a sua vida” e “Força”.

A história do grupo começou em 2004, quando os irmãos Thomaz, Júlio e Luiz Pimentel formaram uma banda de guitarra, bateria e baixo, já com o nome atual. Bem estruturada, a Ferrorama começou a atrair a atenção do público e foi convidada a tocar no programa “Na Rua” da TV JB.

Em 2006, Bob Bispo entrou na banda, com mais uma guitarra. A formação estava completa: Bob Bispo na guitarra, Thomaz na bateria, Júlio

no vocal e também na guitarra, e Luiz no baixo e no vocal. Seguindo a melhor linha de banda de irmãos como Oasis (Liam e Noel Gallagher), My

Chemical Romance (Gerard e Mike Way), The Stooges (Scott e Ron Ashton) e AC/DC (Angus e Malcom Young), eles fazem vários shows e são muito bons! Para ouvir, acessem: www.myspace.com/ferrorama

Foto: http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewprofile&friendid=95293601

Com chapéu e tudo

ó de ouvir a música, você já se lembra da clássica cena em que

Indy foge de uma imensa bola de pedra. E agora ele está de volta. Após quase 20 anos, Harrison Ford volta às telonas na pele de Indiana Jones em mais uma emocionante aventura. Desta vez, o famoso arqueólogo parte em busca do Reino da Caveira de Cristal que, de acordo com o enredo do

filme, está localizado na América do Sul. Apesar de erros de geografia incríveis, como o da cena em que Indy está na Floresta Amazônica e, por magia, seu carro-anfíbio (que já estava numa corredeira) vai parar nas cataratas do

Iguaçu, o filme é bom. Está repleto de efeitos especiais e cheio

de surpresas. Vale a pena ver!

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S POR PEDRO DE ALCANTARA

POR BEATRIZ GEE

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O Velho Controlador

- Pouso liberado, pista 17R. Entendido? 17 direita. Essa era a famosa voz que ecoava pelos fones das cabines (em inglês,

espanhol ou português). Qualquer um que pousasse no Aeroporto de Congonhas ouviria a mesma voz de 40 anos atrás.

Hoje, esse veterano controlador faria seu último contato com os aviões, que, ao pousarem suavemente, o deixavam aliviado.

Respirou fundo, colocou os fones, ajeitou o microfone, deu uma olhada no monitor e ouviu:

- Varig 168, procedente de Brasília, solicita pouso. - Varig 168, curva à esquerda, pista 17 direita livre, o céu é seu – disse

Amadeu com um longo suspiro e retirou os fones. Observou o avião nivelar com a pista e, logo depois, tocar o solo. Deu um

sorriso ao vê-lo chegar em segurança ao portão. Em seguida, Amadeu levantou-se da cadeira e foi aplaudido por todos. Perguntaram-lhe o que queria fazer daquele dia em diante, pois estava se

aposentando. - Primeiramente, irei usar minhas economias para realizar um sonho que há

tanto almejo: voar. Todos ficaram espantados e, quase em coro, disseram: - Não é possível! Você sempre trabalhou perto deles, mas nunca voou? - Não, afinal sempre tinha de cobrir escala ou ajudar na torre quando um

amigo ficava doente – disse comovido. Ninguém falou mais. Todos sabiam que Amadeu nunca faltara, mesmo com

tanto tempo de profissão. Até que um dos controladores disse: - Amadeu, para que gastar suas economias? Nós é que juntaremos um bom

dinheiro para você desfrutar uma digna semana de férias. - Ah, meu Deus! Jura que farão isso para mim? - Mas é claro! Não é todo dia que alguém como você se aposenta! Um mês depois, estava Amadeu no aeroporto. Puxou seu crachá e pediu para

entrar na torre. Atendido seu pedido, subiu para agradecer aos seus colegas pelo carinho e gesto de amizade. Em seguida, foi fazer seu check-in. Agora, era um passageiro.

O ex-controlador foi o primeiro a embarcar. Prontamente, as comissárias levaram-no à cabine e avisaram-lhe que se sentaria no jumpseat (assento extra da cabine).

Isso alegrou-o ainda mais. Recebeu um fone, e um de seus amigos falou do outro lado:

POR LUCAS OTTO

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Foco / Agosto2008

- Amadeu, então finalmente irá sair do chão, hein? - Carlinhos, meu garoto, vê se cuida desses aviões por mim, tá? - Entendido, chefe, tráfego à direita livre. Decolagem autorizada. Bom vôo! Os motores deram potência máxima, e lá se foi o avião do ex-controlador. Logo começou o serviço de bordo. A comida servida era pouca, por causa do

curto vôo até o Rio de Janeiro, mas satisfez bem o controlador. Após um tempo, Amadeu contou aos pilotos sobre as difíceis condições em

que orientara vôos em situações de emergência e mencionou também o dia em que chorou ao ver um pequeno avião bater no solo, matando a todos.

Ele até confessara que, se não fosse a hospitalidade dos tripulantes, teria ficado com receio de voar.

Chegando a mais de dez mil metros de altitude, o ex-controlador se espantou: - Nossa! Que maravilha daqui de cima. - Você não viu como é quando estamos voando baixo. Lembra-se daquele

avião Electra II? Pois bem, vou fazer a aproximação que ele fazia para pousarmos no Santos Dummont.

- Mas não é perigoso? Afinal, o Electra II era um avião muito diferente do nosso jato.

- Que nada, seu Amadeu! O senhor sabe que só voamos alto para não gastar tanto combustível. Então? Vamos?

- Já que não tem problema, pode ir, comandante. E, próximos ao Rio de Janeiro, desceram bastante até chegar a uma altitude

boa para contornar a costa. Nesse momento, nosso veterano controlador não tirava os olhos da janela da cabine. O céu de brigadeiro e o sol ardente, que refletiam na água cristalina, combinavam com aquele dia tão importante na vida de alguém que sempre orientara os pilotos, mas nunca havia sido guiado por eles.

Após contornar toda a costa, viu a pista. Parecia, como dizem, um porta-aviões. Com atenção, observou todo o procedimento de checagem e conversou com o controlador do Rio pelo rádio. Afinal, ele não era só conhecido em São Paulo, seu trabalho incentivara, inclusive, um jovem do Nordeste a seguir a carreira de controlador.

Na hora em que tocou o solo, seu mundo parou. Lembrou-se dos tantos aviões que vira pousar, de cada um deles tocando a pista: o pneu queimando e o barulho dos reversores acionados para frear o avião. Eram tantos modelos, tantas empresas e tantos comandantes que aquilo tudo parecia um filme. Até que o comandante o despertou daquele sonho:

- Chegamos, seu Amadeu. Pode abrir os olhos. Foi um pouso e tanto, hein? Ele apenas completou: - Que pouso! Nem sabe o que foi isso para mim.

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