16
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) DESEMBARGADOR(A) DA 16ª CÂMARA CIVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO GRANDE DO SUL. PROCESSO 70055166912 AGRAVO INTERNO COM PEDIDO DE RETRATAÇÃO IACIRA ADRIANA ARAÚJO GONÇALVES , qualificada nos autos, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com sua procuradora abaixo firmados, no RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO, vem propor AGRAVO INTERNO COM PEDIDO DE IMEDIATA RETRATAÇÃO, visando modificar decisão monocrática negatória de seguimento do agravo de instrumento, considerando o prazo da primeira decisão de 1º grau ser razoável o prazo de 45 dias ( findos em 22 de julho), requerendo a sua revogação por esse Egrégio Tribunal, pelos fatos e direitos passa a expor: 1. Conforme se observa nas cópias anexas, o presente RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO foi proposto em 17/06/2013, tomando, a Agravante, a data da publicação da nota de expediente 2041/2013 (07/06/2013) como o termo “a quo”, considerando a decisão de fl. 109, decorrente do iminente despejo compulsório do imóvel, sede de Escola Infantil, na qual trouxe, aos autos, novos elementos para nova

Agravo Interno Adriana Despejo Escola Infantil

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Agravo Interno Adriana Despejo Escola Infantil

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) DESEMBARGADOR(A) DA 16ª CÂMARA CIVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO GRANDE DO SUL.

PROCESSO 70055166912AGRAVO INTERNO COM PEDIDO DE RETRATAÇÃO

IACIRA ADRIANA ARAÚJO GONÇALVES, já qualificada nos autos, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com sua procuradora abaixo firmados, no RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO, vem propor AGRAVO INTERNO COM PEDIDO DE IMEDIATA RETRATAÇÃO, visando modificar decisão monocrática negatória de seguimento do agravo de instrumento, considerando o prazo da primeira decisão de 1º grau ser razoável o prazo de 45 dias ( findos em 22 de julho), requerendo a sua revogação por esse Egrégio Tribunal, pelos fatos e direitos passa a expor:

1. Conforme se observa nas cópias anexas, o presente RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO foi proposto em 17/06/2013, tomando, a Agravante, a data da publicação da nota de expediente 2041/2013 (07/06/2013) como o termo “a quo”, considerando a decisão de fl. 109, decorrente do iminente despejo compulsório do imóvel, sede de Escola Infantil, na qual trouxe, aos autos, novos elementos para nova apreciação no sentido de se dar, ao caso em comento, proteção especial da Lei 8.245/91, no que diz respeito aos prazos do art. 63 e parágrafo segundo.

2. Eméritos julgadores, cumpre registrar, preliminarmente, antes do exame da questão de fundo da presente peça que, além de se estar se perquirindo o “exíguo” prazo de 45 dias para a desocupação do imóvel, a situação processual da análise do agravo de instrumento se deu, efetivamente, 30

Page 2: Agravo Interno Adriana Despejo Escola Infantil

dias após a sua distribuição, evidenciando o prejuízo da decisão de fls. 146—8 e versos, também pelo decurso de tempo, quase que atingindo o prazo para o cumprimento da decisão de 1º grau.

3. Assim é que, levando a reapreciação do tema ao Colegiado, a agravante arrisca-se a dizer que, equivocados os julgados ao justificarem não terem as escolas infantis o mesmo tratamento legal das escolas de ensino fundamental e médio, bem como do ensino superior, já que não apresentam o “formato” das escolas que possuem período letivo regular, justificando, nesta linha, que não há que se falar em coincidência com o período de férias escolares para a desocupação do imóvel, que é o fim precípuo do artigo em discussão” (fl. 147).

4. Raciocínio sem base orientadora educacional, é o que fez a decisão do agravo de instrumento, pois o cotejo da lei que apóia a ação de despejo, deve estar alicerçada no conhecimento técnico a que o juiz deve se atentar.

5. Eméritos Desembargadores, o tema merece mais aprofundamento, já que o assunto trazido à discussão deve ter presente as linhas e Diretrizes Educacionais traçados pelo Ministério de Educação, órgão competente para a organização de todo os estabelecimentos de ensino do país, razão pela qual, o julgado ao se debruçar sobre o estudo da interpretação do dispositivo que preceitua “ ... QUE A DESUCUPAÇÃO COINCIDA COM O PERÍODO DE FÉRIAS ESCOLARES (parágrafo segundo do art. 63 da Lei 8.245/91), deve entender o contexto regulador administrativo educacional informador da Bases de Ensino para melhor aparelhar sua decisão.

6. Neste sentido, a conclusão da decisão agravada não está calcada em dados técnicos precisos a ponto de definir o que seja – PERÍODO LETIVO REGULAR – quando está a se falar em carga horária de escola infantil, posto haver regramento sobre a duração do ano escolar na educação infantil.

7. Sobre as diretrizes de funcionamento dos estabelecimentos tidos como Escolas Infantis, o Ministério da Educação, editou neste ano de 2013, documento titulado – DÚVIDAS MAIS FREQUENTES SOBRE EDUCAÇÃO INFANTIL, com o que se permite repeti-las, para melhor compreensão do tema.

Esclarece a pergunta 15:

Page 3: Agravo Interno Adriana Despejo Escola Infantil

“15. Qual é a carga horária mínima anual para a educação Infantil? Não existe uma definição nacional em relação a duração do ano escolar na educação infantil. Alguns sistemas municipais e estaduais definem na suas normativas. Em geral, nas instituições públicas o funcionamento da educação infantil acompanha o do ensino fundamental e médio, que conforme a LDB devem ter 200 dias e 800 horas como carga mínima anual. ( sublinhamos)

8. Nesta mesma trilha, a resposta da pergunta 16, define o horário de funcionamento da rede privada quando diz:

16. Quem define o horário de funcionamento dos estabelecimentos de educação infantil? No caso da rede privada, é a própria instituição. Na rede pública, são as Secretarias de Educação.

9. Diante desta diretriz, se encaminham às escolas infantis privadas, a instituição de PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO, como documento indispensável ao funcionamento das atividades da escola infantil, definindo a sua ação educativa, suas concepções pedagógicas, organização do trabalho e da ação educativa e a avaliação sistemática e constante das crianças.

10. Este controle e fiscalização se faz pela Secretaria Municipal de Educação – SMED- ao estabelecer as diretrizes municipais das escolas infantis, incluindo as escolas privadas.

Encontra-se no site da Prefeitura de Porto Alegre, a seguinte sugestão aos administradores de escolas privadas:

“Projeto Político-Pedagógico

 

Regimento Escolar                                         Projeto Político-Pedagógico

Sugestão para a elaboração do Projeto Político-Pedagógico da instituição.

Apresentação

O atendimento à faixa etária de 0 a 6 anos - Educação Infantil - constitui-se, desde a promulgação da atual LDBEN – Nº 9394/96, como a primeira etapa da Educação Básica, seguida pelo Ensino Fundamental e Médio. Nesse sentido, a expressão Educação Infantil busca integrar o atendimento a esta faixa etária, rompendo

Page 4: Agravo Interno Adriana Despejo Escola Infantil

com a raiz assistencialista, histórica na modalidade de atendimento creche, ou com o viés preparatório, tradicional no ensino pré-escolar.

Assim, o conceito de criança de 0 a 6 anos como sujeito de direitos, reconhecido na Constituição Federal de 1988 e fortalecido no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, Lei 8069/1990, garante a titularidade do direito ao atendimento em creches ou pré-escolas às crianças, sendo que, independente da denominação dos estabelecimentos, é responsabilidade destes oferecer cuidado e educação, de forma intencional e sistemática.

Para a efetivação desses objetivos, faz-se indispensável que cada instituição possua/construa um documento com a função de planejamento global de sua ação educativa. Nos meios educacionais, o referido documento é conhecido como Projeto Educativo ou Proposta Político-Pedagógica – PPP. Segundo Vasconcellos, este documento é:

“(...) um instrumento teórico-metodológico que visa ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano da escola, só que de forma refletida, consciente, sistematizada, orgânica, científica, e, o que é essencial, participativa. É uma metodologia de trabalho que possibilita ressignificar a ação de todos os agentes da escola”.(1995:143)

Para Veiga, o Projeto Político-Pedagógico, carregando o caráter de projeto de sua origem etimológica latina (projectu), cumpre a função de dar um rumo, uma direção à instituição. Aliamo-nos  a essa autora, quando destaca o caráter político e o caráter pedagógico deste documento. Diz a autora que o projeto de escola é sempre:

“... uma ação intencional, com um sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente. Por isso, todo projeto pedagógico da escola é, também, um projeto político por estar intimamente articulado ao compromisso sóciopolítico com os interesses reais e coletivos da população majoritária. É político, no sentido de compromisso com a formação do cidadão para um tipo de sociedade. ‘A dimensão política se cumpre na medida em que ela se realiza enquanto prática especificamente pedagógica.’ (Saviani 1983, p.93). Na dimensão pedagógica reside a possibilidade da efetivação da intencionalidade da escola, que é a formação do cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo. Pedagógico, no sentido de definir as ações educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade”. (1996:12)

Nesse sentido, o objetivo principal da elaboração deste documento por uma instituição educativa não está ligado apenas às exigências

Page 5: Agravo Interno Adriana Despejo Escola Infantil

legais ou aos aspectos relacionados ao cumprimento de sua formalização textual, mas, sim, à qualidade conseguida ao longo do processo de sua elaboração, uma vez que o PPP somente se constituirá em referência para as ações educativas se os sujeitos da comunidade escolar se reconhecerem nele, para referendá-lo como tal.

A Smed, na qualidade de Administradora do Sistema Municipal de Ensino (Lei 8198/98), toma a iniciativa de distribuir este roteiro-sugestão, com o objetivo de contribuir com os estabelecimentos de Educação Infantil   no processo de elaboração do projeto político- pedagógico, um dos documentos exigidos no processo de regularização das instituições junto ao Conselho Municipal de Educação - CME, tendo por base os artigos 9º e 10º da Resolução 003/01 deste Conselho e os fundamentos norteadores apontados na Resolução 001/99 do Conselho Nacional de Educação.

Destacamos que os itens aqui apresentados podem encontrar-se sob outra nomenclatura ou outra forma/sequência de organização em várias obras pedagógicas. Não é esta a questão principal; o indispensável é que o documento expresse a realidade de cada instituição, justificadas as suas escolhas teóricas, contendo outros ou mais itens que retratem cada coletivo institucional.

ROTEIRO SUGESTIVO PARA PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO

Sumário – Constar o nome de todos os capítulos, títulos e subtítulos, e números de páginas.Identificação – A escola apresenta seus dados de identificação (nome, endereço...)Introdução - A escola/instituição apresenta seu projeto político pedagógico, explicitando suas concepções quanto a esta matéria e relata aspectos que julgar importantes do processo de elaboração do documento, incluindo envolvimento com as famílias, comunidade, conforme aponta a letra “c”, do artigo 10 da Resolução 003/01 do CME. A redação desta parte deve ser feita ao final do processo.Histórico – Apresentar a história da escola; como surgiu, por quê, em que ano teve origem, como é mantida, para qual comunidade, houve mudanças de sede, qual a influência do trabalho realizado pela escola na comunidade.Diagnóstico - Descrever como é a comunidade e a situação do entorno da escola, características da comunidade (culturais e sociais), situação socioeconômica das famílias atendidas, como acontece a inserção da escola nesta comunidade (relações), diagnóstico da realidade global na qual a instituição está inserida (cidade, bairro), explicitar como a instituição “vê” o mundo ao seu redor.Fundamentos - A escola/instituição apresenta as

Page 6: Agravo Interno Adriana Despejo Escola Infantil

concepções/visões/princípios que norteiam seu projeto político pedagógico, detalha como embasa suas concepções no que se refere a: criança, infância, desenvolvimento infantil, aprendizagem, escola e educadores; como prevê e pensa a educação inclusiva, o acolhimento às diferenças de gênero, etnia, raça e religião. Definir sua linha pedagógica e quais teóricos utilizados para embasar sua prática pedagógica diária. Levar em conta os princípíos:

• Filosóficos: Visão de mundo, sociedade, homem, conhecimento, criança, infância, instituição de Educação Infantil, educador/a.• Socioantropológicos: Visão do contexto sociocultural das crianças e de suas famílias, concepções sobre as relações com as famílias, com a comunidade, com outras entidades, movimentos sociais, órgãos da cidade.• Psicopedagógicos: Visão de desenvolvimento infantil, de ensino-aprendizagem, de construção do conhecimento.

Planejamento – Explicitar a concepção de planejamento e a organização interna (espaços e tempos), fundamentando com base em referencial teórico. Como planeja sua ação educativa, como organiza os espaços e tempos, como faz as reuniões, com que periodicidade, quem participa, quem planeja, como documenta e registra o planejamento.Organização da ação educativa - Explicitar como a escola/instituição planeja a ação didático-pedagógica, qual metodologia é utilizada (pedagogia de projetos, rede temática, tema gerador, linguagens geradoras...), bem como a fundamentação teórica que a sustenta. Explicitar quais eixos de trabalho são priorizados e como garantem acesso às diferentes manifestações culturais, respeitando as diversas linguagens e expressões, como promove a integração entre elas, como integra as diversas áreas do conhecimento e os aspectos da vida cidadã numa abordagem interdisciplinar. Resolução 003/01, artigo 10, do CME.Acompanhamento e registro – Explicitar concepções e critérios sobre a avaliação. Explicar como avaliam, para quê, quem participa do processo, como documentam, qual a periodicidade. Esclarecer o que compõe o documento final (relatório, ficha, produções das crianças, portfólio...), de que maneira é entregue e para quem. Informar que é avaliado: crianças, profissionais, escola, comunidade, família.Organização dos grupos etários – Definir como estão organizados os grupos e quais os critérios utilizados para esta classificação, nome dos grupos e se há diferença na organização entre os turnos. Citar a legislação referente ao número de crianças e adultos que as atendem, e também a relação criança/m². Citar a Resolução 003/01 – CME e a Lei Complementar nº544/06 – SMOV.Organização do Ambiente Físico - Apresentar o espaço físico destacando a funcionalidade dos ambientes relacionando com a fundamentação pedagógica de opção da escola. Não são necessários

Page 7: Agravo Interno Adriana Despejo Escola Infantil

o detalhamento do ambiente e a descrição do mobiliário. Preferencialmente, utilizar seu referencial teórico.Equipe Multiprofissional – Apresentar toda a equipe que trabalha na escola, não colocando as suas atribuições, mas sim a inserção destes profissionais no currículo da escola. Informar se há atividades/oficinas extras, definindo por que são oferecidas e como acontecem. No caso de serem opcionais, explicitar como é o atendimento às crianças que não participam destas. Citar a formação dos profissionais e se está em conformidade com a Resolução 003/01-CME, nos artigos 12, 13, 14, 17. Referências - Item no qual a escola coloca as referências bibliográficas e/ou virtuais que foram utilizadas na construção do Projeto Político-Pedagógico.

Dicas - Evitar nomes próprios, ano e números que possam ser alterados anualmente; - Entregar cópia sem encadernar; - Fazer correção ortográfica geral do texto; - Não fazer cópias de sites da Internet, a não ser que sejam mencionados nas referências; - Na edição final utilizar as normas da ABNT; - Não ilustrar com fotos e outros anexos.

Referências deste roteiro:ARROYO, Miguel. Construção da proposta político-pedagógica da rede municipal de Belo Horizonte. In: Espaços da escola. Ano 4, n. 13. Ijuí, Unijuí, 1994.KLINGELFUS, Nora Lúcia. A rede dos saberes que se entrelaçam. (xerox)SANTIAGO, Anna Rosa F. Projeto político-pedagógico da escola: desafio à organização dos educadores. In: VEIGA, Ilma P. A. (org.) Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. Campinas: Papirus, 1996.SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses sobre educação e política. São Paulo: Cortez, Autores Associados, 1983.TENTOR, Sônia Bastos. Projeto político – pedagógico: pressupostos básicos que devem nortear a estruturação da proposta. In: Revista do Professor. POA, 16 (62), p. 43-44, abr/jun 2000.VEIGA, Ilma P. A. Projeto político-pedagógico da escola: uma construção coletiva. In: VEIGA, Ilma P. A. (org.). Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. Campinas: Papirus, 1996. (GRIFAMOS).

11. Ainda, prevê a SEMED, O Manual da Educação Infantil explicitando:

Page 8: Agravo Interno Adriana Despejo Escola Infantil

“Este material tem como objetivo orientar os pais e a comunidade em geral para a regularização das instituições de Educação Infantil em Porto Alegre. No material, são abordadas questões sobre educação, saúde, higiene, segurança, espaços físicos, formação dos profissionais, organização dos grupos de crianças, político-pedagógico e regimento escolar, buscando qualificar a Educação Infantil.

Conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente, artigo 4º, Lei Federal nº 8.069/90: "É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária".

(...)

E indica o que seja o PPP e RI das escolas, expondo:

“Projeto Político-Pedagógico e Regimento EscolarTodo estabelecimento de Educação deve possuir o seu Projeto Político-Pedagógico (PPP) e o Regimento Escolar, ou estar em processo de construção. A comunidade escolar como um todo (funcionários, professores, famílias, etc.) deve estar envolvida na elaboração, implementação e avaliação do PPP.

A Educação Infantil é ação pedagógica planejada que envolve cuidar e educar, considerando as vivências já adquiridas pelas crianças e o contexto em que vivem.Um projeto pedagógico deve ter por objetivo o desenvolvimento permanente das crianças e deve estar em constante reflexão e avaliação, garantindo os direitos da criança no interior da instituição de Educação Infantil/escola para que esses se efetivem  em sua totalidade.

Dessa forma, tanto o PPP quanto o Regimento Escolar estarão concretizando uma concepção de Criança como Sujeito de Direitos, expressa no Estatuto da Criança e do Adolescente.

O que é um Projeto Político-PedagógicoÉ o documento da instituição/escola que define sua função social, sua história, devendo conter uma concepção de infância, de desenvolvimento infantil, de aprendizagem, caracterizando o embasamento teórico da ação pedagógica desenvolvida.

O que deve conter um Projeto Político-PedagógicoDeve conter a forma de planejamento e de registro das atividades propostas; a organização dos grupos de crianças e dos ambientes físicos destinados a elas, conforme a faixa etária; a oferta de atividades complementares; e a forma de avaliação (periodicidade, sujeitos envolvidos, etc.). GRIFAMOS

O que é um Regimento EscolarÉ o documento que define a organização e o funcionamento do estabelecimento, devendo estar relacionado com o PPP e baseado nas legislações pertinentes. A forma de gestão (atribuições dos diferentes setores e equipes), os princípios de convivência, a organização das turmas e do calendário escolar, as formas de matrícula e o

Page 9: Agravo Interno Adriana Despejo Escola Infantil

cancelamento, dentre outros aspectos administrativos que deverão estar discriminados no Regimento Escolar. GRIFAMOS. 

12. Realizado o estudo sobre as especificações educacionais que disciplinam o regramento das escolas infantis, no caso da Escola Infantil Mundo Mágico, há o cumprimento das exigências quanto à formação e apresentação dos documentos requeridos pela Secretária de Educação Municipal, diante do que, se observa pelos documentos juntados as fls. 112 a 121 (PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO) e pelas fls. 126 a 141 (REGIMENTO INTERNO), haver disposição expressa quanto à AVALIAÇÃO ser ANUAL (fl. 139).

13. Em sendo expressa a disposição de que a avaliação das crianças será anual e na forma preconiza na legislação educacional, de forma a não interferir nas concepções e organização do trabalho da escola, por se tratar de níveis de atendimento organizados de acordo com a faixa etária e nível de desenvolvimento, imperioso não se quebre os objetivos traçados para o ano de 2013 que finalizará com o relatório de avaliação, na qual demonstrará o alcance do plano de ação.

14. Desta análise, pode-se inferir que, o argumento decisório agravado não procurou fazer o cotejo necessário à legislação pertinente e aplicável aos estabelecimentos educacionais como um todo, independente do nível educacional, dando um tratamento restrito e superficial quanto à disposição legal ao referir que a desocupação deveria coincidir com o período de férias escolares.

15. Em que pese à douta magistrada entender não haver na escola infantil “formato” e sequer período letivo regular, tal interpretação não é acertada quando a própria legislação pertinente dá outro tratamento visando a proteger propostas pedagógicas ou projeto político pedagógico que definem as metas que se pretendem ao longo do período correspondente a faixa etária da criança, no seu nível de atendimento (fl. 129 - classificação do Regimento Interno), o que, por sem dúvida, poder-se-ia definir como “ANO LETIVO das escolas infantis”!!!

16. Dentro do sistema educacional que regem as escolas infantis e o interesse, já referido, de se ter uma ação assistencial às mulheres trabalhadoras (hoje, incluindo os homens trabalhadores), técnicamente, o trabalho

Page 10: Agravo Interno Adriana Despejo Escola Infantil

educacional dispensado, nesta fase de aprendizado infantil, não está ligado, diretamente, a período do ano titulado - férias escolares, pelo que se vê, normalmente, nos períodos escolares dos ensinos fundamental e médios, com o que a exclusão da proteção dada pelo parágrafo único do art. 63 da Lei 8.245/91 deve ser tida como destoante da legislação asseguradora do plano educacional para as crianças nesta fase educacional.

17. Neste sentido, a pergunta 14 do texto referido – DÚVIDAS SOBRE A EDUCAÇÃO INFANTIL – do Ministério da Educação descreve qual seria a regulamentação que orienta a educação infantil.

“A regulamentação é o conjunto de leis e normas que orienta a criação, a autorização, o funcionamento, a supervisão e a avaliação das instituições de educação infantil. Os sistemas de ensino têm autonomia para complementar a legislação nacional por meio de normas próprias, específicas e adequadas às características locais. O município que não organizou o sistema municipal de ensino, bem como não implantou o Conselho Municipal de Educação (CME), permanece integrado ao sistema estadual e segue as normas definidas pelo Conselho Estadual de Educação (CEE). Nas cidades em que o sistema municipal de ensino foi organizado, a competência da regulamentação da educação infantil é do Conselho Municipal de Educação (CME). “

18. A referência ora exposta, reflete a mudança acerca das creches que, desde o ano da edição da Lei que rege a Lei das Locações, mudou seu regramento, uma vez que deixaram de ter a feição assistencialista, de apoio às mulheres trabalhadoras, para fazer parte de um percurso educativo que deve se articular com os outros níveis de ensino formal e se estender por toda a vida”.

“ Não há uma regulamentação específica sobre como devem funcionar as creches, valendo para elas as mesmas diretrizes da segunda etapa da educação infantil. (...)

Page 11: Agravo Interno Adriana Despejo Escola Infantil

“ As creches estão vinculadas às normas educacionais do sistema de ensino ao qual pertencem. Devem contar com a presença de profissionais da educação em seus quadros de pessoal e estão sujeitas à supervisão pedagógica do órgão responsável pela administração da educação”.

De acordo com a LDB, os municípios são responsáveis pela oferta e a gestão da educação infantil.(...)

Outra questão importante é o período de atendimento das creches. No fim de 2011, o Conselho Nacional de Educação estabeleceu que as creches públicas não devem fechar durante as férias.

Considerando os cuidados específicos desta fase da vida e a importante relação com os demais direitos da infância. O Ministério da educação elaborou critérios de referência para uma creche que garanta os direitos integrais das crianças”. (texto extraído do site do Ministério da Educação(www.brasil.gov.br/sobre/educação/sistema-edicacional/creche)

19. Oportuno referir que a jurisprudência paulista colacionada (fl. 84/94) no pedido que respaldou a decisão de primeiro grau é feliz ao trazer um exame do ensino infantil à luz dos preceitos constitucionais garantidora da educação, como dever do Estado, bem como trazendo doutrina no sentido de estar a escola infantil incluída no ciclo de educação básica, ficando a locação protegida” (fl. 91).

20. Assim, com a devida vênia, a decisão monocrática lançada no agravo de instrumento, ao fundamentar que a escola infantil da agravante não tem o perfil ou “formato” de escola que possui período letivo regular, talvez ao desconhecer o regramento pátrio educacional, não fez o melhor cotejo do artigo da lei do Inquilinato às regras estabelecidas para o funcionamento das bases educacionais com as suas peculiaridades.

ISSO POSTO, requer a esse Tribunal de Justiça a PROCEDÊNCIA DO PEDIDO DO

Page 12: Agravo Interno Adriana Despejo Escola Infantil

PRESENTE AGRAVO INTERNO face a negativa de seguimento anotada pelo Relator, o que acarreta o não-conhecimento do agravo de instrumento.

Requer assim a RETRATAÇÃO de sua decisão monocrática para o devido seguimento do Agravo de Instrumento, a fim de ver suspensa a ordem de despejo no prazo sinalado pela juíza monocrática por ser caso do benefício do art. 63 , parágrafo 2º da Lei 8.245/91 no que diz respeito à imóvel locado para a utilização de escola infantil, devendo ser comunicado o Juízo a quo.

Nesses termos,Pede e espera deferimento.

Porto Alegre (RS), 22 de julho de 2013.

Tania ContursiOAB 39045