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Amebíases Prof Cor Curso de Medicina FACIMED Agressão e Defesa Protozooses Intestinais

Agressão e Defesa Protozooses Intestinais Amebíases · Epidemiologia - estimativa: 480 milhões de infectados em todo o mundo (10% formas invasoras) - incidência variável: maior

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Amebíases

Prof Cor

Curso de Medicina

FACIMED

Agressão e Defesa

Protozooses Intestinais

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Espécies de amebas encontradas no homem:

Protozoário geralmente comensal na luz do intestino grosso,mas em determinadas condições, torna-se patogênica

AMEBÍASE

Intestino grosso:

Dientamoeba fragilis

Endolimax nana

Iodamoeba butschlii

Entamoeba hartmanni

Entamoeba coli

Entamoeba dispar

Entamoeba histolytica*

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Epidemiologia

- estimativa: 480 milhões de infectados em todo o mundo (10% formas invasoras)

- incidência variável: maior em regiões tropicais e subtropicais

- Brasil: predomínio de formas de colite não disentéricas e casos assintomáticos

- Região Amazônica: mais prevalente e com maior gravidade (até 19%) comformas disentéricas e abscessos hepáticos

Aspectos comuns:

- transmissão oral por ingestão de cistos

- mais frequente em adultos

- algumas profissões são mais acometidas

- diferentes animais são sensíveis, alguns podendo funcionar como fonte deinfecção para amebíase humana

- “portadores assintomáticos”: principais responsáveis pela contaminação dealimentos e disseminação de cistos

- cistos viáveis (ao abrigo da luz e umidade) durante cerca de 20 dias

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Distribuição geográfica

Ocorrência 50 milhões de casos invasivos/ano.

Regiões: Sul (2,5%), Sudeste (11%) e Norte (19%).

Alta prevalência em países em desenvolvimento.

México: 4o lugar dentre causa de morte

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Entamoeba histolytica - características

1) Trofozoíto

- à fresco apresenta-se pleomórfico, ativo, alongado, com missãocontínua e rápida de pseudópodes

- Vivem na luz do intestino grosso, podendo ocasionalmente, penetrar namucosa e produzir ulcerações intestinais ou em outros órgãos

- Locomoção por pseudópodes

- Alimentação por fagocitose (hemácias, bactérias e restos celulares) epinocitose

E. histolytica

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2) Cisto

- esféricos ou ovais; núcleo pouco visível a fresco possuem vacúolos deglicogênio

- núcleos bem visíveis variando de 1 a 4 (lugol ou Hem-Fe)

- membrana nuclear escura e endossoma pequeno

E. histolytica

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1. Entamoeba com cistos contendo oito núcleos - “Grupo coli”

Ex: E. coli (homem), E. muris (roedores), E. gallinarum (aves domésticas)

2. Entamoeba com cistos contendo quatro núcleos - “Grupo histolytica”

Ex: E. histolytica (homem), E. hartmanni (homem), E. ranarum (sapo e rã), E.invadens (cobras e répteis), E. moshkoviskii (vida livre)

3. Entamoeba de cisto com um núcleo

Ex: E. polecki (porco, macaco e o homem), E. suis (porco)

4. Entamoeba cujos cistos não são conhecidos ou não possuem cistos

Ex: E. gingivalis (homem e macaco)

Classificação - Entamoeba

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Entamoeba histolytica - ME

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Mecanismos de Transmissão

• Ingestão de cistos maduros

- uso de H2O sem tratamento contaminada por dejetoshumanos

- ingestão de alimentos contaminados (verduras cruas oucistos veiculados por moscas e baratas)

- “portadores assintomáticos” - falta de higiene domiciliar

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Ciclo biológico

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Patogenia e virulência

O que faz a E. histolytica mudar de um tipo comensal paraagressor/invasor???

- existência de cepas com diferentes graus de virulência*,desde simples comensais até formas invasivas (complexocomposto de um número desconhecido de cepas oulinhagens)

- existência de duas diferentes espécies morfológicas ebioquimicamente semelhantes: E. histolytica (patôgenica) eE. dispar (não-patogênica)

- existência de uma espécie parasita obrigatória de tecidose que sempre invade a parede intestinal, podendo ou nãoapresentar as diversas formas clínicas da doença

*Virulência: é a severidade e rapidez com que um agenteinfeccioso provoca lesões no hospedeiro

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Período de incubação: 7 dias até 4 meses

I. Formas assintomáticas (80 a 90% dos casos)

II. Formas sintomáticas

1. Amebíase intestinal

• Colites não-disentéricas (2 a 4 evacuações/dia, diarréicas ou não,fezes pastosas, às vezes com muco ou sangue; desconfortoabdominal ou cólicas)

• Colites disentéricas (8 ou mais evacuações/dia, cólicas e diarréia,com muco e sangue, tenesmo, tremores de frio)

Complicações: perfurações, peritonites, hemorragias, estenose, apendicite

Manifestações clínicas

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2. Amebíase extra-intestinal

• Abscesso hepático (dor, febre irregular e hepatomegalia) →

calafrio, anorexia e perda de peso

Complicações: invasão bacteriana, pericardites

• Abscessos pulmonares e cerebrais

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AMEBA

INVASIVA

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Úlceras intestinais

Ulcerações múltiplas no ceco e cólon

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Lesão cutânea acometendo a região perianal e nádegas

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Diagnóstico

difícil de ser feito por ter sintomatologia comum a váriasdoenças intestinais (disenteria bacilar, salmoneloses,esquistossomose, etc)

definitivo pelo encontro de parasitos nas fezes (trofozoítos ou cistos)

verificação do aspecto e consistência das fezes

Fezes formadas: encontro de cistos

I) Clínico

II) Laboratorial

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ZnCl2

NaCl

Microscopia

WC

Purificação de formas de ameba(também eficiente para ovos de Schistosoma, cistos de Giardia, Coccideos etc.)

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Microscopia

Trofozoíta E. histolytica

Cisto E. histolytica

Cisto E. histolytica e hartmanni Trofozoíta E. hartmanni

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III) Imunológico:

95% dos casos de amebíase extraintestinal

ELISA, imunofluorescência indireta, hemaglutinação indireta,

contra-imunoeletroforese, imunodifusão em gel de ágar,

radioimunoensaio e punção hepática, retossigmoidoscopia

IV) Outros:

Reação em cadeia da polimerase (PCR)

Endoscopia (retossigmoidoscopia e colonoscopia)

Procedimentos de imagem (Raios X,ultra-sonografia,

tomografia computadorizada e ressonância magnética) para

abscessos hepáticos

Diagnóstico

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Medidas de saneamento básico

Controle dos indivíduos que manipulam alimentos

Lavar as mãos após uso do sanitário

Lavagem cuidadosa dos vegetais com água potável e imersão em soluçãode iodo ou permanganato de potássio (15 minutos)

Evitar práticas sexuais que favoreçam o contato fecal-oral

Investigação da fonte de infecção através de exame coproscópico

Fiscalização dos prestadores de serviços na área de alimentos, pelavigilância sanitária

Em pacientes internados precauções do tipo entérico com desinfecção eeliminação sanitária das fezes

Combate a insetos (transmissão mecânica de cistos)

Controle

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Tratamento1. Amebicidas que atuam diretamente na luz intestinal:

- derivados da quinoleína: diiodo-hidroxiquinoleína, iodocloro-hidroxiquinoleína e cloridroxiquinoleína

- antibióticos: paramomicina e eritromicina

- outros: fuorato de diloxamina, clorobetamida, clorofenoxamida eetofamida

2. Amebicidas de ação tissular (parede do intestino e fígado):

- compostos de cloridrato de emetina, cloridrato de diidroemetina ecloroquina

3. Amebicidas que atuam tanto na luz intestinal como nos tecidos:

- tetraciclinas e seus derivados, clorotetraciclina e oxitetraciclinas;eritromicina; espiramicina e paramomicina

Derivados imidazólicos: metronidazol (Flagyl), ornidazol, nitroimidazol eseus derivados, secnidazol e tinidazol

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Tratamento (seguindo Markell & Voge)

Amebiasis assintomática (apenas cistos nas fezes) : Furamid (3x por dia, 500 mg)

Amebiasis assintomática (trofozoítas + cistos nas fezes): Iodoquinol (3x por dia 650 mg, 20 dias) ou

Metronidazol (3x por dia 750 mg,10 dias)

Colite amébica : Cloroquina, 2x por dia 250 mg,14-20 dias plus Metronidazol

Diarréia amébica aguda : Emetin-HCl, 1mg/kg (max. 65 mg)ouDehydroemetin 1,5 mg/kg i.m./s.c.depois segue colite amébica

Abscesso hepático amébico : Metronidazol plus Dehydroemetinpor 10 dias.