AGRESSÃO

Por que se manifestam comportamentos agressivos?

São instintivos? São aprendidos?

Qual a sua origem?

Quais as soluções?

Em 2006, 39 mulheres portuguesas foram mortas pelos maridos.

(relatório da Amnistia Internacional, 2008)

Sob o título “Alegações de maus tratos pela polícia e subsequente impunidade”, o relatório dá conta do caso Albino Libânio, um recluso do Estabelecimento Prisional de Lisboa, que teria sido alegadamente espancado por sete guardas prisionais em 2003. Os guardas foram, porém, absolvidos em tribunal, em Maio de 2007 – quatro anos depois dos factos – por ausência de prova em julgamento.

Agressão é qualquer forma de comportamento destinado a prejudicar ou ferir outro ser vivo (Baron & Byrne, 1992).

É o comportamento cuja intenção é o dano físico ou psicológico de uma outra pessoa.

"A análise de Hobbes mostra que a agressão não é um impulso primitivo e irracional, tampouco uma "patologia". Em vez disso, ela é o resultado quase inevitável da dinâmica dos organismos sociais racionais movidos pelo auto-interesse".

Steven Pinker

(1) Instintos: Sigmund Freud, na teoria psicanalítica, afirma que os

impulsos agressivos são inatos, e por isso, instintivos.

Segundo a Etologia, ciência que estuda o comportamento animal, a agressão contribui para a sobrevivência dos mais aptos, evita a superpopulação e permite que os animais mais fortes conquistem um parceiro e se reproduzam (Lorenz, Morris et al.).

(2) Genes: A genética predispõe para temperamentos agressivos,

mas a interacção é complexa e depende também da experiência social e do comportamento de cada indivíduo.

O Homem, como evoluiu de ancestrais instintivamente violentos, é portador de impulsos destrutivos na sua composição genética.

(3) Cérebro e sistema nervoso: A estimulação eléctrica ou lesão de partes específicas

do cérebro de um animal tem efeito directo sobre a agressão.

Os “centros de agressão” são o hipotálamo, a amígdala e outras partes do sistema límbico. Lesões, nestas áreas, podem causar comportamentos agressivos.

José Delgado (1969), implantando radioreceptores sensíveis ao hipotálamo de gatos, macacos e outras espécies, conseguiu electronicamente activá-lo e controlar o comportamento agressivo.

Contudo, os estudos de estimulação cerebral proporcionam resultados pouco consistentes. Pois, neles, alguns animais não manifestam agressão, a menos que se observem certas condições ambientais.

(4) Desordens mentais: A esquizofrenia pode desencadear comportamentos

agressivos.

Embora a imprensa explicite casos de crimes cometidos por esquizofrénicos, a realidade é que apenas uma pequena fracção destes sujeitos são perigosos. Quando episódios agressivos ocorrem é porque a doença não foi tratada ou não tem sido tratada, porque teve um tratamento inadequado ou refractário.

(5) Hormonas e neurotransmissores (substâncias químicas produzidas pelos neurónios):

A testosterona, que é uma hormona masculina, está

ligada ao espoletar de comportamentos agressivos.

Baixos níveis dos neurotransmissores de serotonina e Gaba também.

(1) Cultura:

Algumas práticas culturais geram mais agressividade que outras.

Ex.º: crianças desde pequenas são estimuladas no Japão a valorizar a harmonia social, mas nos EUA são estimuladas ao individualismo.

A proposta de que a cultura moderna instiga à agressão em relação a culturas indígenas ou pré-históricas é baseada na filosofia do “bom selvagem” de Rousseau e da "tabua rasa" de Locke.

Foi descartada pela evidência de que essas sociedades eram proporcionalmente mais agressivas que a nossa.

CULTURA: Correlação entre o arsenal de armas e a taxa de homicídios?

Os números indicam que sim.

Estudo de Nisbett (1993): subcultura da violência do Sul dos EUA: o n.º de homicídios é duas a três vezes mais elevado que no Norte. Nisbett estudou as atitudes dos Sulistas face à agressão.

CONCLUSÕES: Mais a favor das guerras, dos castigos

corporais e da venda livre de armas; Valorização da auto-protecção; Sensibilidade particular ao insulto que

gere uma resposta agressiva; Ripostar é uma tradição; Cultura de honra; Pobreza.

(2) Filmes violentos:Desencadeiam:

(a) aprendizagem: Os media contribuem para a aprendizagem por modelação (modelos) e facultam ideias. Se o agressor for simpático, ao ponto de ocorrer identificação com ele, a agressão sai reforçada.

A exposição à agressividade televisiva ou a jogos de entretenimento tendem a aumentar o comportamento agressivo (Fishhoff, 1999; Freedman, 1984; Freedman, 1996; Freedman, 2002; Renfrew, 1997).

(b) Facilitação: Tornam os espectadores mais violentos, activam esses comportamentos;

(c) Desinibição: os espectadores aprendem a não recear cometer um certo acto, por ele ser recompensado ou não punido;

(d) Dessensibilização: alimenta a banalização e a neutralização à agressão, se bem que, nas crianças, provoque ansiedade e pesadelos.

(e) Visão paranóica do mundo: acreditar que o mundo se assemelha à imagem projectada pela televisão e outros media e, por isso, viver amedrontado. Caso dos idosos.

(3) Acesso a armas de fogo Não há nenhuma correlação observável

entre o acesso a armas de fogo e agressão, apesar desse instrumento tornar a agressão mais efectiva e fácil.

Análises estatísticas sugerem que a correlação pode ser até inversa (Lott, 1998). A presença próxima da arma incita ao comportamento agressivo.

(4) Abuso de certas substâncias: O abuso de substâncias entorpecentes, principalmente

o álcool, acarreta consequências sociais tais como: violência doméstica e maus tratos, roubos, assassinatos, esfaqueamentos…