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A lida com a roça não é novidade para o povo do Semiárido baiano. Não é diferente, também, para o povo do Mulungú, município de América Dourada. Cada família possui seu pedacinho de terra de sequeiro. Em 1988, surgiu a Associação de Produtores Rurais de Mulungú de América, visando produzir e comercializar tudo que fosse gerado naquele pedaço de chão. Foi aberto um poço no local, mas a água secou e as portas se fecharam. Vinte e cinco anos depois de sua fundação, a associação foi reaberta e hoje conta com 23 associados, entre homens e mulheres, que se juntaram na esperança de acessar uma tecnologia social, igual a tantas que já abastecem as casas da região. Plantando, tudo se dá! Na horta orgânica da Associação tem couve, coentro, alface, cebolinha, andú, milho, maxixe, quiabo e mamona. Com a venda das hortaliças, a sede está sendo levantada, tijolo por tijolo, pelos braços e fundos dos associados.A manutenção da associação é garantida pela continuidade do plantio. Essa foi a forma encontrada para fazer o dinheiro girar, mantendo o grupo unido e focado em crescer. Pela sua localização, distante de outros centros, os produtores têm dificuldades em escoar a produção. A água que chega à Mulungú vem da Barragem do Mirorós. Já chegou a faltar por 10 dias, deixando a comunidade em desespero e sem capacidade de produzir. Segundo a agricultora familiar e tesoureira da associação, dona Orlete, a ideia é aumentar a produção de hortaliças e verduras para comercializar fora da comunidade. “Se tivéssemos o apoio da prefeitura, se eles comprassem as coisas em nossas mãos, para escolas e postos de saúde, a ajuda seria grande. Não temos um meio de transporte para levar as verduras para outros lugares. Então, a gente mesmo planta, colhe, compra e começa tudo outra vez”, desabafa. Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 7 • nº1265 Julho/2013 Agricultoras de Mulungú de América criam horta orgânica na região América Dourada Mulheres se reunem para discutir as atividades da Associação. As hortaliças produzidas na Associação vão direto para a mesa das famílias.

Agricultoras de Mulungú de América criam horta orgânica na região

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Page 1: Agricultoras de Mulungú de América criam horta orgânica na região

A lida com a roça não é novidade para o povo do Semiárido baiano. Não é diferente, também, para o povo do Mulungú, município de América Dourada. Cada família possui seu pedacinho de terra de sequeiro.

Em 1988, surgiu a Associação de Produtores Rurais de Mulungú de América, visando produzir e comercializar tudo que fosse gerado naquele pedaço de chão. Foi aberto um poço no local, mas a água secou e as portas se fecharam. Vinte e cinco anos depois de sua fundação, a associação foi reaberta e hoje conta com 23 associados, entre homens e mulheres, que se juntaram na esperança de acessar uma tecnologia social, igual a tantas que já abastecem as casas da região.

Plantando, tudo se dá! Na horta orgânica da Associação tem couve, coentro, alface, cebolinha, andú, milho, maxixe, quiabo e mamona. Com a venda das hortaliças, a sede está sendo levantada, tijolo por tijolo, pelos braços e fundos dos associados.A manutenção da associação é garantida pela continuidade do plantio. Essa foi a forma encontrada para fazer o dinheiro girar, mantendo o grupo unido e focado em crescer. Pela sua localização, distante de outros centros, os produtores têm dificuldades em escoar a produção. A água que chega à Mulungú vem da Barragem do Mirorós. Já chegou a faltar por 10 dias,

deixando a comunidade em desespero e sem capacidade de produzir.

Segundo a agricultora familiar e tesoureira da associação, dona Orlete, a ideia é aumentar a produção de hortaliças e verduras para comercializar fora da comunidade. “Se tivéssemos o apoio da prefeitura, se eles comprassem as coisas em nossas mãos, para escolas e postos de saúde, a ajuda seria grande. Não temos um meio de transporte para levar as verduras para outros lugares. Então, a gente mesmo planta, colhe, compra e começa tudo outra vez”, desabafa.

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 7 • nº1265

Julho/2013

Agricultoras de Mulungú de América criam horta orgânica na região

América

Dourada

Mulheres se reunem para discutir as atividades da Associação.

As hortaliças produzidas na Associação vão direto para a mesa das famílias.

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Bahia

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Realização Patrocínio

São histórias como essa, de criatividade e trabalho em conjunto, que fazem com que tenhamos, cada vez mais, fé no povo do sertão. Através da sabedoria popular, viabilizam a construção de um semiárido mais produtivo e cheio de vida. Povo que luta e inspira, que faz reacender o orgulho e a dignidade em cada um, promovendo uma melhor qualidade de vida para si e para sua família.

CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SOCIOAMBIENTAL

As hortaliças orgânicas, além de serem ideais para o consumo, possuem alto poder de comercialização.

Afinal, o que são produtos orgânicos?

Produto orgânico é o resultado de um sistema de produção agrícola que não utiliza agrotóxicos, aditivos químicos ou modificações moleculares em sementes.Este cultivo busca manejar de forma equilibrada, através de métodos naturais de adubação e de controle de pragas, o solo e demais recursos naturais, preservando-os de contaminações e utilizando-os de maneira sustentável, mantendo a harmonia entre homem e natureza.Nas últimas décadas, o uso indiscriminado de agrotóxicos e produtos químicos na produção de alimentos vem causando preocupação em diversas partes do mundo. Um forte exemplo é a crítica ao modelo de agricultura

vigente que cresce à medida que estudos comprovam que os agrotóxicos contaminam os alimentos e o meio ambiente, causando danos à saúde.Os consumidores de produtos orgânicos destacam a diferença de preço e de qualidade entre os produtos orgânicos e os convencionais – “podem custar um pouco mais, mas não tem agrotóxicos, aditivos, conservantes, corantes ou acidulantes o que garante uma melhor qualidade na alimentação da minha família e estão sempre “fresquinhos”.