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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ ANDRÉIA VILCZAK AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUÇÃO DE FUMO: ESTUDO DE CASO DOS FUMICULTORES CONTRATADOS PELA SOUZA CRUZ EM PRUDENTÓPOLIS- PR CURITIBA 2016

AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUÇÃO DE FUMO: ESTUDO DE …

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Page 1: AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUÇÃO DE FUMO: ESTUDO DE …

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANAacute

ANDREacuteIA VILCZAK

AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO ESTUDO DE CASO DOS FUMICULTORES CONTRATADOS PELA SOUZA CRUZ EM PRUDENTOacutePOLIS-

PR

CURITIBA

2016

2

ANDREacuteIA VILCZAK

AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO ESTUDO DE CASO DOS FUMICULTORES CONTRATADOS PELA SOUZA CRUZ EM PRUDENTOacutePOLIS-

PR

Dissertaccedilatildeo de Mestrado apresentada para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Geografia pela Universidade Federal do Paranaacute na Linha de Pesquisa ndash Produccedilatildeo e Transformaccedilatildeo do Espaccedilo Urbano-Regional Orientaccedilatildeo Prof Dr Luis Lopes Diniz Filho

CURITIBA

2016

3

4

5

Dedico este trabalho agrave minha famiacutelia e aos fumicultores do

municiacutepio de PrudentoacutepolisPR que influenciaram no

desenvolvimento deste trabalho Aos fumicultores pela

paciecircncia e colaboraccedilatildeo nas pesquisas de campo com dados

que foram fundamentais para retratar sua realidade

6

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao meu orientador Prof Dr Luis

Lopes Diniz Filho pela sua atenccedilatildeo compreensatildeo e tambeacutem pelas suas valiosas

consideraccedilotildees no processo de desenvolvimento dessa pesquisa sendo um exemplo

de profissional

Agrave minha famiacutelia em especial aos meus pais Carlos e Ana aos meus irmatildeos

Amilton e Adriana que sempre apoiaram no periacuteodo de realizaccedilatildeo da dissertaccedilatildeo Ao

meu sobrinho Beniacutecio pela alegria que traz a todos noacutes ao Ian que estaraacute chegando

nas proacuteximas semanas Agradeccedilo tambeacutem a minha cunhada e cunhado pelo apoio

Aos amigos e familiares Ana Maacutercia Adriana Noeli Rogeacuterio Edna

Elisangela Milena Eliana Paulo Maria entre outros que de alguma forma

contribuiacuteram para que esse trabalho fosse finalizado Obrigada a todos vocecircs pelo

companheirismo

Aos professores Dr Sergio Fajardo e Dr Danilo Volochko pelas valiosas

contribuiccedilotildees agrave pesquisa

Aos colegas e professores do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia da

Universidade Federal do Paranaacute como tambeacutem a secretaacuteria Adriana Cristina de

Oliveira e ao Luiz Carlos Zem pelo apoio em questotildees burocraacuteticas durante o

periacuteodo do mestrado

A CAPES (Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal do Niacutevel Superior)

pelo auxiacutelio atraveacutes da bolsa de estudo

Agrave Adriana Kutzmy e Gabriela Strechar pela atenccedilatildeo e por acompanhar nos

trabalhos de campo realizados com os fumicultores do municiacutepio de

PrudentoacutepolisPR

E por fim agradeccedilo a todos os fumicultores que participaram das entrevistas

de campo A todos meu agradecimento

7

RESUMO O presente trabalho visa analisar os resultados obtidos pela agricultura familiar no cultivo do fumo levando em consideraccedilatildeo as razotildees econocircmicas pela opccedilatildeo em produzir a cultura Desse modo o estudo de caso dos fumicultores de Prudentoacutepolis-PR fornece subsiacutedios para a avaliaccedilatildeo criacutetica dos dois principais paradigmas de estudo do agro na geografia rural e ciecircncias afins ou seja o paradigma da agricultura familiar e da agricultura camponesa Para tanto utilizou-se de revisotildees bibliograacuteficas de autores que trabalham nas distintas linhas paradigmaacuteticas como tambeacutem da caracterizaccedilatildeo dos agricultores familiares produtores de fumo atraveacutes do uso de fontes secundaacuterias (Censos agropecuaacuterios) aleacutem da aplicaccedilatildeo de questionaacuterios para um universo de sessenta fumicultores contratados pela empresa Souza Cruz em Prudentoacutepolis A partir das revisotildees bibliograacuteficas e dos dados obtidos no estudo de caso levantou-se a hipoacutetese de que o paradigma da agricultura camponesa natildeo eacute adequando para explicar a realidade estudada Palavras chave Agricultura Familiar Fumicultura Abordagens Paradigmaacuteticas

ABSTRACT

The aim of this study is to analyze the results obtained by family farming in the cultivation of tobacco considering the economic reasons for the choice to produce the crop Thus the case study of Prudentoacutepolis-PR tobacco growers provides subsidies for the critical evaluation of the two main paradigms of agro studies in rural geography and related sciences that is the paradigm of family farming and peasant farming For this purpose bibliographic reviews of authors working in different paradigmatic lines were used as well as the characterization of family farmers tobacco growers through the use of secondary sources (Census of agriculture) and the application of questionnaires to a group of sixty tobacco growers hired by Souza Cruz company in the city of Prudentoacutepolis From the literature review and the obtained data in the case study we raised the hypothesis that the paradigm of peasant farming is not suitable to explain the studied reality Keywords Family farming Tobacco Farming Paradigmatic Approaches

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LISTA DE SIGLAS

AFUBRA - Associaccedilatildeo dos Fumicultores do Brasil

BAT - British American Tobacco

CBFF ndash Companhia Brasileira de Fumo em Folha

DERAL - Departamento de Economia Rural

EMATER ndash Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IPARDES (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social)

PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

SEAB - Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento

SINDITABACO ndash Sindicato Interestadual da Induacutestria do Tabaco

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA 46 Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 59 FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 60 FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES 62 FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 63 FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR 64 FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR78 FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 79 FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO 90 FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE 91 FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA 92 FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO 94 FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS 94 FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO 95 FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA 96 FIGURA 16 - BENS ADQUiRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA 97 FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF 99 FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA 100 FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO 102

10

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL 39 TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO 41 TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013 42 TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012 42 TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute 46 TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006 48 TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006 50 TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006 51 TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000 52 TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006 53 TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012 54 TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010) 55 TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE 84 TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 85 TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 86 TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS 87 TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 88 TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES 88 TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES 89 TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE 91

11

TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES 93 TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO 95 TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO) 98 TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO101 TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO 103 TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS 104

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA 36 QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL 44 QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314 47 QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010) 56 QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR 65 QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR66 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR 66 QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006 71 QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 72 QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR 72 QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES 74 QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS 75 QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 81 QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 82 QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 84

12

QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS 102 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS 103 QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 105

LISTA DE GRAacuteFICOS

GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO45 GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS 67

13

SUMAacuteRIO INTRODUCcedilAtildeO 14 CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS 19

11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA 19

12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR 23

13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS 27

CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32

21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32 22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL 47

CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO 58

31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR 58

32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS 69

CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO 76 41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES 78 REFEREcircNCIAS 113 ANEXOS 2

14

INTRODUCcedilAtildeO

De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de

fumo sendo que essa produccedilatildeo encontra-se concentrada nos estados do Rio

Grande do Sul Santa Catarina e Paranaacute alimentando uma cadeia produtiva com

envolvimento de 25 milhotildees de pessoas o qual inclui setores como a produccedilatildeo

transporte comercializaccedilatildeo industrializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e exportaccedilatildeo (AFUBRA

2011)

No municiacutepio de Prudentoacutepolis a atividade fumageira tem grande relevacircncia

econocircmica principalmente para a agricultura familiar uma vez que os dados do

Censo Demograacutefico de 2010 mostram que 54 da populaccedilatildeo residem na aacuterea rural

existindo um nuacutemero maior de unidade de produccedilatildeo familiar em detrimento das

unidades patronais de produccedilatildeo

A produccedilatildeo de fumo em Prudentoacutepolis eacute realizada somente nas regiotildees

Central e Sul do municiacutepio devido ao clima e topografia dos solos favoraacuteveis agrave

cultura Outro fator que tambeacutem ocasiona a atraccedilatildeo para a fumicultura eacute a

possibilidade de usufruir de pequenas aacutereas de terras deixando disponiacutevel o

excedente da propriedade para outras atividades que somem na geraccedilatildeo de renda

Nesse sentido o objetivo da pesquisa eacute analisar os resultados obtidos pela

agricultura familiar com essa cultura e as razotildees econocircmicas de sua opccedilatildeo pelo

fumo Portanto uma contribuiccedilatildeo desse estudo de caso eacute fornecer subsiacutedios para a

avaliaccedilatildeo criacutetica dos dois principais paradigmas de estudo do agro na geografia rural

e ciecircncias afins

Para a realizaccedilatildeo do presente trabalho foi fundamental atraveacutes das

abordagens sobre a agricultura familiar e camponesa avaliar se realmente existe

uma oposiccedilatildeo entre agricultor familiar e o agronegoacutecio no caso do setor fumageiro

uma vez que o fumo eacute uma commoditie de exportaccedilatildeo e a produccedilatildeo eacute realizada por

pequenos produtores Para tanto foi realizada uma revisatildeo bibliograacutefica sobre os

paradigmas da agricultura familiar e da agricultura camponesa na geografia rural e

aacutereas de pesquisa afins com a finalidade de identificar os conceitos de territoacuterio e

territorialidade derivados desses paradigmas Foram feitas tambeacutem uma

caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de

15

fontes secundaacuterias (Censos Agropecuaacuterios e outras) e uma pesquisa de campo

mediante a aplicaccedilatildeo de questionaacuterio com o fim de caracterizar os produtores rurais

desse municiacutepio contratados pela empresa Souza Cruz como fornecedores de

tabaco

Nesse sentido buscou-se metodologicamente envolver teacutecnicas de base

qualitativa sendo que esse tipo de abordagem se caracteriza por ldquoanalisar e

interpretar os dados refletir e explorar o que eles podem propiciarrdquo (OLIVEIRA

2010) A pesquisa quantitativa tambeacutem faz parte deste estudo uma vez que traz

algumas teacutecnicas que possibilitam a busca de informaccedilotildees e dados mais amplos

muitas vezes impossiacuteveis de serem alcanccedilados somente pelo pesquisador como por

exemplo aqueles dados disponibilizados pelos oacutergatildeos puacuteblicos como EMATER

(Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural) IPARDES (Instituto Paranaense

de Desenvolvimento Econocircmico e Social ) IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica) e DERAL (Departamento de Economia Rural) O meacutetodo quantitativo

considera que tudo eacute quantificaacutevel ou seja significa traduzir opiniotildees e informaccedilotildees

em nuacutemeros que seratildeo classificados e analisados

Os meacutetodos qualitativos e quantitativos natildeo se excluem Embora difiram quanto agrave forma e agrave ecircnfase os meacutetodos qualitativos trazem como contribuiccedilatildeo ao trabalho de pesquisa uma mistura de procedimentos de cunho racional e intuitivo capazes de contribuir para a melhor compreensatildeo dos fenocircmenos Pode-se distinguir o enfoque qualitativo do quantitativo mas natildeo seria correto afirmar que guardam relaccedilatildeo de oposiccedilatildeo (POPE MAYS 1995 p42)

Sendo assim no iniacutecio do desenvolvimento do presente estudo foi realizada

uma entrevista com questotildees semiestruturadas (em anexo) para um grupo de dez

fumicultores contratados pela empresa Souza Cruz e que estatildeo na atividade

fumageira haacute mais de dez anos Esse puacuteblico foi escolhido intencionalmente a partir

dos dados da localizaccedilatildeo das propriedades dos associados da empresa no

municiacutepio de Prudentoacutepolis Recorreu-se a esse meacutetodo pois os dados obtidos em

campo eram necessaacuterios para poder avaliar as abordagens ligadas ao paradigma da

agricultura camponesa e da agricultura familiar e que natildeo poderiam ser obtidos

atraveacutes de fontes secundaacuterias

Posteriormente foi realizada uma entrevista com perguntas semiestruturadas

(em anexo) para o instrutor teacutecnico da Souza Cruz jaacute que o mesmo representa a

16

empresa no municiacutepio Essa entrevista teve como objetivo analisar o ponto de vista

da empresa sobre a atividade fumageira na localidade

Ao verificar que em Prudentoacutepolis a produccedilatildeo de fumo acontece somente na

regiatildeo Central e Sul devido ao relevo mais inclinado da regiatildeo norte foi interessante

ir ateacute essa regiatildeo com topografia mais acentuada para analisar os tipos de cultivos

que satildeo realizados O objetivo desse trabalho de campo foi principalmente o de

conhecer a realidade das famiacutelias do municiacutepio natildeo inseridas na cultura do fumo

com visitas a realizar futuras pesquisas sobre a agricultura familiar Assim dado o

caraacuteter complementar e exploratoacuterio desse trabalho a coleta de informaccedilotildees se deu

por meio de conversas informais

Nos meses de novembro e dezembro de 2015 foi realizada outra entrevista

com perguntas semiestruturadas (em anexo) para uma amostragem de sessenta

fumicultores contratados pela Souza Cruz As perguntas feitas nessa entrevista

estatildeo relacionadas basicamente a dados socioeconocircmicos das famiacuteliasos quais

juntamente com dados mais gerais do censo agropecuaacuterio permitem conhecer o

perfil desses fumicultores Portanto as informaccedilotildees referentes a essas entrevistas

apresentam-se mais detalhadas no capiacutetulo IV

Nesse sentido as entrevistas constituem teacutecnicas alternativas para coleta de

dados natildeo documentados sobre determinado tema ldquoEacute uma teacutecnica de interaccedilatildeo

social [] em que uma das partes busca obter dados e outra se apresenta como

fonte de informaccedilatildeordquo (GERHARDT SILVEIRA 2009)

O pesquisador organiza um conjunto de questotildees (roteiros) sobre o tema que estaacute sendo estudado mas permite e agraves vezes ateacute incentiva que o entrevistado fale livremente sobre assuntos que vatildeo surgindo como desdobramentos do tema principal (GERHARDT SILVEIRA 2009)

Para Duarte (2002 p 143) ldquonuma metodologia de base qualitativa o nuacutemero

de sujeitos que viratildeo a compor o quadro das entrevistas dificilmente pode ser

determinado a piorirdquo Ou seja tudo vai estar relacionado com a qualidade das

informaccedilotildees obtidas a partir de cada entrevista sempre levando em consideraccedilatildeo a

profundidade e o grau de recorrecircncia e divergecircncia das informaccedilotildees Enquanto

estiverem aparecendo ldquodadosrdquo originais ou pistas que possam indicar novas

perspectivas aacute investigaccedilatildeo em curso as entrevistas precisam continuar sendo feitas

(DUARTE 2002 p 144)

17

Portanto a pesquisa estaacute estruturada em quatro capiacutetulos sendo que no

primeiro capiacutetulo falar-se-aacute sobre as abordagens ligadas a agricultura camponesa e

agricultura familiar com intuito de apresentar algumas das visotildees de cada

paradigma para que no decorrer do trabalho possa ser feito uma avaliaccedilatildeo dessas

abordagens na produccedilatildeo fumageira como tambeacutem expor o conceito de territoacuterio e

territorialidade que derivam desses paradigmas

No capiacutetulo seguinte visando compreender os fatores que proporcionaram ao

paiacutes se tornar referecircncia no setor fumageiro realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica

da origem do fumo e a sua consequente inserccedilatildeo em uma escala comercial O

estudo desses elementos foi fundamental para entender os motivos que contribuiacuteram

para a inserccedilatildeo da produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Tambeacutem pelo

fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo

de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral

dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura

familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo

do agronegoacutecio

Na sequecircncia o capiacutetulo III mostra os processos de ocupaccedilatildeo do municiacutepio

de Prudentoacutepolis e a consequente inserccedilatildeo da produccedilatildeo fumageira nas unidades de

produccedilatildeo familiar Nesse sentido como o trabalho vem abordando a existecircncia de

uma agricultura familiar heterogecircnea buscou-se conhecer o perfil dos agricultores

familiar do municiacutepio atraveacutes da caracterizaccedilatildeo dessas famiacutelias tendo como escopo

as fontes secundaacuterias do IBGE

No capiacutetulo IV satildeo apresentados os dados do trabalho de campo que foi

realizado com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela empresa

Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Os dados

de campo que retratam a realidade dos entrevistados juntamente com dados

secundaacuterios tecircm por finalidade contribuir na avaliaccedilatildeo dos paradigmas da

camponesa e da agricultura familiar com base no setor fumageiro

Por fim satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais do trabalho seguindo nas

avaliaccedilotildees das abordagens paradigmaacuteticas agrave luz do estudo de caso dos fumicultores

entrevistados mostrando que os agricultores familiares entrevistados buscam

18

atraveacutes de suas condiccedilotildees de tecnologias estrutura fundiaacuteria e matildeo de obra se

inserir em setores mais competitivos visando agrave maximizaccedilatildeo dos lucros

A realizaccedilatildeo dessa pesquisa eacute pertinente pelo fato de mostrar que os

fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de commoditie atraveacutes de uma cadeia

produtiva competitiva levando em consideraccedilatildeo as condiccedilotildees do produtor e

conforme os dados de campo eacute notoacuterio que os entrevistados atraveacutes da renda do

fumo conseguiram adquirir bens capitais de grande importacircncia como a compra de

terra lotes na cidade de carro trator maquinaacuterios agriacutecolas e casa Bens esses que

muitas vezes natildeo conseguiriam adquirir se produzissem somente culturas

tradicionais do municiacutepio como eacute o caso do feijatildeo e milho pelo fato da pequena

quantidade de terras que possuem Dessa forma eacute certo que os agricultores

familiares entrevistados da mesma forma que os agricultores patronais buscam

maximizar seus lucros uma vez que os dados de campo mostram que os

fumicultores tecircm pretensotildees de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou

seja agem no mercado como pequenos capitalistas

19

CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS

Sabe-se que nas ciecircncias sociais existem diferentes concepccedilotildees teoacutericas para

a compreensatildeo do desenvolvimento do capitalismo no campo destacando-se de

um lado o paradigma da Agricultura Camponesa (Questatildeo Agraacuteria) e de outro o

paradigma da Agricultura Familiar (Capitalismo Agraacuterio) Nesse sentido o presente

capiacutetulo expotildee algumas das abordagens ligadas ao paradigma da agricultura

camponesa e das abordagens ligadas agrave agricultura familiar como objetivo de

identificar o conceito de TerritoacuterioTerritorialidade derivados desses paradigmas A

finalidade de entender as correntes de pensamento paradigmaacutetico permitiraacute entatildeo

avaliar essas abordagens agrave luz de um estudo de caso sobre a fumicultura no

municiacutepio de PrudentoacutepolisPR

11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA

As muacuteltiplas formas de interpretaccedilatildeo da questatildeo agraacuteria no espaccedilo rural e

consequentemente do paradigma camponecircs tecircm como principal referecircncia as teorias

marxistas seja as de autores como Lecircnin (1982) e Kautsky (1998) que defenderam

a tese do desaparecimento da classe camponesa e a consequente emergecircncia de

duas classes distintas - a burguesa e a proletaacuteria - como produto da industrializaccedilatildeo

da agricultura seja a de autores como Chayanov (1974) Oliveira (1987) e

Fernandes (1996) entre outros que satildeo contraacuterios agrave teoria sobre a tendecircncia agrave

proletarizaccedilatildeo do campesinato e que defendem a permanecircncia desta classe social

como resultado do processo desigual e contraditoacuterio de desenvolvimento

impulsionado pelo sistema capitalista

Nesse sentido para Fernandes (2008) os estudos feitos agrave luz do paradigma

camponecircs se caracterizam por analisar a luta de classes a conflitualidade e as

contradiccedilotildees inerentes agraves relaccedilotildees capitalistas e natildeo capitalistas de produccedilatildeo1 Um

tema importante nessa linha de pesquisa eacutea sujeiccedilatildeo da renda dos camponeses

perante as empresas que tecircm o monopoacutelio da produccedilatildeo de commodities agriacutecolas

como as agroinduacutestrias fumageiras

1 O campesinato eacute entendido como um sistema produtivo diferenciado do agronegoacutecio

20

Os seguidores do paradigma camponecircs como Fernandes (2013) entendem

que a industrializaccedilatildeo da agricultura resulta em um problema estrutural devido ao

desenvolvimento desigual e contraditoacuterio do capitalismo e que a uacutenica soluccedilatildeo estaacute

na superaccedilatildeo desse sistema pois a industrializaccedilatildeo da agricultura contribui para que

as unidades camponesas de produccedilatildeo se tornem mais vulneraacuteveis ao capital

Para Feliacutecio (2006) nesse paradigma natildeo haacute diferenccedilas entre agricultor

familiar e camponecircs pois ambos satildeo assim definidos por terem a famiacutelia e o trabalho

familiar por caracteriacutestica a qual natildeo objetiva a superaccedilatildeo do trabalho familiar O

termo camponecircs eacute tratado pelos teoacutericos do paradigma do capitalismo agraacuterio como

agricultores familiares nesse sentido

O produtor familiar que utiliza os recursos teacutecnicos e estaacute altamente integrado ao mercado natildeo eacute um camponecircs mas sim um agricultor familiar Desse modo pode-se afirmar que a agricultura camponesa eacute familiar mas nem toda a agricultura familiar eacute camponesa ou que todo camponecircs eacute agricultor familiar mas nem todo agricultor familiar eacute camponecircs (FERNANDES 2001)

Com relaccedilatildeo agrave inserccedilatildeo da agricultura familiar nas formas de produccedilatildeo

capitalistas no campo Thomaz Juacutenior (2008) considera que a loacutegica do capital impotildee

que o agricultor esteja preso agrave gestatildeo de uma empresa e natildeo mais da sua proacutepria

famiacutelia Poreacutem o autor defende que mesmo integrado a essa loacutegica de produccedilatildeo o

camponecircs busca alternativas para natildeo aderir totalmente agraves estruturas mercantis de

produccedilatildeo visando reestabelecer os princiacutepios de sociabilidade e produccedilatildeo para o

autoconsumo Nesse sentido para esse paradigma o camponecircs visa agrave

sobrevivecircncia mas se o capital apresenta uma proposta de parceria de lucros como

na integraccedilatildeo das empresas fumageiras o camponecircs aceita Subordina-se mas se

essa possibilidade de lucro acaba ele volta para a estrateacutegia primeira por natildeo

desejar desfazer-se da terra

Para Shanin (2008) o camponecircs corresponde a um ldquomodo de vidardquo que

envolve um conjunto de elementos como a diversidade nas formas de trabalhar com

a terra Teacutecnicas essas que satildeo passadas de pais para filhos possibilitando estreita

ligaccedilatildeo entre a terra e a famiacutelia uma vez que a famiacutelia eacute dona do proacuteprio trabalho

podendo escolher a melhor forma de fazecirc-lo Tambeacutem enfatiza a especificidade da

loacutegica econocircmica camponesa a qual produz visando a satisfaccedilatildeo das necessidades

21

da famiacutelia sendo capaz de se ajustar aos niacuteveis de remuneraccedilatildeo mais baixos em

momentos desfavoraacuteveis

Ploeg (2009) afirma que o camponecircs de hoje natildeo pode ser compreendido

como sinocircnimo de atraso e sim como um ldquocamponecircs modernordquo inserido na

realidade capitalista poreacutem carregando em seu cerne a condiccedilatildeo camponesa Por

condiccedilatildeo camponesa Ploeg (2009) entende a luta por autonomia e progresso como

uma forma de construccedilatildeo e reproduccedilatildeo de um meio de vida rural em um contexto

adverso caracterizado por relaccedilotildees de dependecircncia marginalizaccedilatildeo e privaccedilatildeo

Portanto para o autor supracitado o campesinato deve ser explicado a partir das

relaccedilotildees de contradiccedilotildeesconflitualidades existentes no espaccedilo rural

Fernandes (2000) ao falar sobre a formaccedilatildeo do campesinato afirma que

essa formaccedilatildeo natildeo acontece somente pela reproduccedilatildeo ampliada das contradiccedilotildees

do capitalismo mas tambeacutem atraveacutes da luta pela terra na qual tem enfrentado a

condiccedilatildeo loacutegica do capital Nesse sentido Ploeg (2009) menciona sobre a dualidade

entre a produccedilatildeo camponesa e a capitalista na qual

[] a agricultura camponesa eacute fortemente baseada no capital ecoloacutegico (especialmente a natureza viva) enquanto que a agricultura empresarial afasta-se progressivamente da natureza Insumos e outros fatores artificiais de crescimento substituem os recursos naturais o que significa que a agricultura estaacute sendo industrializada (PLOEG 2009 p17)

A expansatildeo do modo capitalista de produccedilatildeo (na sua reproduccedilatildeo ampliada do

capital) aleacutem de redefinir antigas relaccedilotildees subordinando-as agrave sua produccedilatildeo

engendra relaccedilotildees natildeo capitalistas iguais e contraditoriamente necessaacuterias agrave sua

reproduccedilatildeo (OLIVEIRA 2010) Nesse sentido para Paulino e Almeida (2010) a

reproduccedilatildeo do campesinato ldquodeve ser entendida a partir das diversas contradiccedilotildees

do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma contradiccedilatildeo e

natildeo de uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeordquo

No que diz respeito agrave produccedilatildeo de fumo para o paradigma camponecircs a

integraccedilatildeo agrave induacutestria fumageira significauma intervenccedilatildeo nos modos de produccedilatildeo

camponesa visando padroniza-los deixando o camponecircs com pouca autonomia para

determinar a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo

Para Fernandes (2008) o sistema de produccedilatildeo do agronegoacutecio eacute distinto do

sistema de produccedilatildeo da agricultura camponesa uma vez que o sistema agriacutecola

22

camponecircs tem por referecircncia a reproduccedilatildeo a biodiversidade e o trabalho familiar

natildeo objetivando o plantio de uma uacutenica cultura para o mercado como no modelo

agroexportador Poreacutem Fernandes (2008 p 166) afirma que como eacute o capital que

controla a tecnologia o conhecimento o mercado e as poliacuteticas agriacutecolas

subalterniza o camponecircs Ou seja para Fernandes o sistema agriacutecola camponecircs

natildeo eacute parte do agronegoacutecio

De acordo Paulino com (2012) os camponeses comparecem ao mundo do

trabalho como entidades familiares Dessa forma como eacute a famiacutelia que se prontifica

em produzir a mateacuteria prima para a induacutestria fumageira entatildeo natildeo se refere agrave venda

do trabalho camponecircs e sim da produccedilatildeo na qual estaacute contida o trabalho familiar o

qual exige um ritmo diferenciado

Roos (2015) salienta que no caso da produccedilatildeo fumageira realizada pelos

camponeses ldquoa racionalidade eacute movida pela necessidade de um espaccedilo que possa

servir a um conjunto de atividadesrdquonatildeo objetivando somente a valorizaccedilatildeo que os

galpotildees e as estufas de fumo possam gerar sobre a renda da terra

Nesse sentido as transformaccedilotildees no campo brasileiro relacionadas ao

processo de modernizaccedilatildeo da agricultura se assentam sobre uma estrutura

complexa compreendida pela integraccedilatildeo da agricultura e da induacutestria caracterizada

na maior parte por produzir produtos de exportaccedilatildeo como eacute o caso das induacutestrias

fumageiras aves e suiacutenos

Portanto para esse paradigma a conflitualidade eacute inerente ao processo de

formaccedilatildeo do capitalismo e do campesinato por causa da contradiccedilatildeo criada pela

destruiccedilatildeo criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo simultacircneas dessas relaccedilotildees sociais (FENANDES

2008) O camponecircs possui um sistema agriacutecola proacuteprio que natildeo faz parte do

agronegoacutecio e apresenta uma loacutegica de reproduccedilatildeo distinta todavia os camponeses

estatildeo subalternos agrave hegemonia daquele modelo de desenvolvimento econocircmico

(ROOS2015)

Roos (2015) ao analisar a obra de Chayanov2 afirma que o deslocamento de

membros da famiacutelia para outras atividades (venda de forccedila de trabalho) estaacute

assentado na satisfaccedilatildeo das necessidades e natildeo na maximizaccedilatildeo de lucros

2 CHAYANOV AV La organizaciacuteon de la unidad econoacutemica campesina Buenos Aries Nueva Visioacuten 1974

23

possiacuteveis (relaccedilotildees capitalistas) pois o principal objetivo das transaccedilotildees

econocircmicas camponesas eacute a reproduccedilatildeo do grupo social

Para Paulino (2003) a heterogeneidade no campo estaacute marcada por dois

tipos de propriedade privada de um lado a propriedade capitalista e de outro a

propriedade camponesa Na propriedade capitalista a terra eacute um objeto de negoacutecio

pelo fato de haver exploraccedilatildeo do trabalho alheio ao passo que a propriedade

camponesa constitui-se em terra de trabalho natildeo tendo como intuito a acumulaccedilatildeo

de capital e sim a sobrevivecircncia familiar Nesse sentido para a autora a dualidade

entre terra de negoacutecios e terra de trabalho se explica com base no caraacuteter

contraditoacuterio do desenvolvimento capitalista

Portanto o camponecircs ao incorporar elementos da loacutegica do agronegoacutecio

como ao plantar fumo e soja utilizando agrotoacutexicos adubos quiacutemicos entre outros

gastos relacionados ao plantio e colheita satildeo compreendidos no paradigma

camponecircs a partir do capital sujeitando e expropriando a renda camponesa e

consequentemente deixando o agricultor mais vulneraacutevel

12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR

No Brasil os estudos e debates sobre a categoria da agricultura familiar

ganharam forccedila a partir do fim da deacutecada de 1980 e iniacutecio da deacutecada de 1990

quando essa categoria tem maior representatividade no cenaacuterio socioeconocircmico

brasileiro Inuacutemeros conceitos e caracterizaccedilotildees foram criados para tentar explicar

os indiviacuteduos pertencentes a esse grupo Nesse sentido para Anjos (2003) a

agricultura familiar brasileira se estrutura

ldquocomo uma nova categoria poliacutetica portadora de uma consideraacutevel fonte de legitimidade social que simultaneamente representa os interesses dos pequenos produtores rurais das famiacutelias assentadas dos arrendataacuterios dos agricultores familiares integrados aos complexos agroindustriais e de outros atores sociais do campo brasileirordquo (ANJOS 2003 p 245)

No decorrer da deacutecada de 1990 os estudos voltados para o universo da

agricultura familiare que se destacam na literatura estatildeo em Veiga (1991)

Abramovay (1992) Lamarche (1998) entre outros Esses estudos aleacutem de

trazerem um panorama geral sobre a agricultura familiar daqueles anos tambeacutem

mostraram que as formas familiares de agricultura natildeo eram e nem satildeo

24

homogecircneas poreacutem satildeo importantes para promover o desenvolvimento econocircmico

no Brasil

Abramovay (1992) foi o primeiro no Brasil que distinguiu campesinato de

agricultor familiar afirmando que o agricultor familiar eacute oriundo do camponecircs poreacutem

apresenta distintas formas de organizaccedilatildeo do trabalho tendo como pretensatildeo

inserir-se ao mercado Tambeacutem ao se referir agrave regiatildeo Sul do Brasil o autor afirma

queldquoos agricultores familiares integram-se plenamente a estruturas nacionais de

mercado transformam natildeo soacute sua base teacutecnica mas sobretudo o ciacuterculo social em

que se reproduzem e metamorfoseiam-se numa nova categoria social de

camponeses tornam-se agricultores profissionaisrdquo (ABRAMOVAY 1992 p 126-

127)

Abramovay (1992) Veiga (1991) e Lamarche (1998) entendem que a

agricultura familiar eacute uma categoria que manteacutem a loacutegica familiar de produccedilatildeo

poreacutem estaacute ligada agrave loacutegica capitalista de integraccedilatildeo aos mercados Nesse sentidoo

autor da corrente marxista Claus Germer (1996) alerta para o problema de

conceituar a agricultura familiar em oposiccedilatildeo agrave agricultura patronal o qual favorece

sem sentido a noccedilatildeo de embate entre esses modos de produccedilatildeo

Pensadores da corrente teoacuterica que discutem a agricultura familiar como por

exemplo Valente (2008) Diniz Filho (2011) e Navarro (2014) entre outros natildeo

costumam fazer uma oposiccedilatildeo radical entre a agricultura familiar e o agronegoacutecio

tal como se observa no paradigma camponecircs pelo fato que de alguma forma os

agricultores familiares fazem parte do agronegoacutecio Nesse sentido apontam que a

agricultura familiar brasileira eacute heterogecircnea e necessita ser trabalhada com

tipologias como por exemplo nos estudos organizados por Lamarche (1998) e pela

caracterizaccedilatildeo da agricultura familiar por grupos A B C e D realizados a partir do

estudo ldquoNovo retrato da agricultura familiar brasileira (2000)rdquo Esses estudos

mostram que existem muitas formas de agricultores familiares que se aproximam

bastante do padratildeo do agronegoacutecio Portanto para esse paradigma natildeo haacute

incompatibilidade ou conflitos radicais dos agricultores familiares em relaccedilatildeo ao

capital visto que estatildeo inseridos no mercado

Lamarche (1998) identificou quatro modelos aproximados para distinguir os

tipos de agricultores familiares a partir do tipo e grau de dependecircncia financeira de

mercado e da tecnologia para produccedilatildeo Os quatro modelos consistem em Modelo

empresa caracteriza as unidades produtivas que possuem grande dependecircncia

25

tecnoloacutegica financeira e comercial dependente de matildeo de obra assalariada

(temporaacuteria ou permanente) natildeo possuindo grande apego agrave propriedade (terra)

Modelo empresa familiar satildeo dependentes dos sistemas tecnoloacutegicos financeiros e

de mercado a matildeo de obra eacute familiar tendo por objetivo a reproduccedilatildeo familiar a

partir da terra Modelo agricultura camponesa e de subsistecircncia eacute caracterizada

pelo grande envolvimento da famiacutelia na unidade produtiva pouco dependente de

tecnologias e mercados externos visando satisfazer as necessidades familiares

com pouca produccedilatildeo para comercializar aleacutem de preservarem os patrimocircnios com

intuito de sobrevivecircncia da famiacutelia E por fim o modelo agricultura moderna que eacute

um modelo de agricultura competitiva que estaacute em constante diminuiccedilatildeo das

relaccedilotildees familiares de produccedilatildeo buscando autonomia teacutecnica financeira e de

mercado

Tambeacutem no sentido de entender as caracteriacutesticas do puacuteblico que fazia parte

do rural brasileiro o estudo realizado pela FAOINCRA no ano de 1994 separou os

agricultores entre familiares e patronais sendo que o grupo dos familiares ganhou

outras trecircs subdivisotildees Agricultores Familiares Consolidados que remete aos

agricultores familiares jaacute integrados ao mercado Agricultores familiares em

transiccedilatildeo ou seja aqueles em processo de integraccedilatildeo aos mercados e Agricultores

Familiares Perifeacutericos caracteriacutesticos daqueles com poucas possibilidades de

integraccedilatildeo aos mercados Poreacutem conforme Bittencourt e Peraci (2010) esse

agrupamento da categoria familiar foi utilizado soacute ateacute 1999 quando ganhou outra

classificaccedilatildeo agora a partir de quatro subdivisotildees dos grupos familiares A B C e D

A tipificaccedilatildeo das unidades familiares em quatro grupos eacute produto do estudo

realizado com base nos dados do Censo Agropecuaacuterio de 1996 e coordenado por

Carlos Enrique Guanziroli (FAO) e Silvia Elizabeth Cardin (INCRA) no ano de 2000

intitulado ldquoO novo retrato da agricultura familiar O Brasil redescobertordquoque

objetivou fazer uma nova tipificaccedilatildeo das unidades familiares localizadas no territoacuterio

brasileiro Esse agrupamento foi definido pela Resoluccedilatildeo 2629 de agosto de 1999

a qual foi adotada para que as regras de financiamento fossem mais adequadas agrave

realidade de cada segmento social (Schneider Czala Matei 2004 p 26)

Da mesma forma que os estudos feitos por Lamarche (1998) os resultados

dos trabalhos realizados pela FAOINCRA afirmam que a agricultura brasileira

apresenta uma grande diversidade em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo dos produtores agrave aptidatildeo

da terra agrave disponibilidade de infraestrutura etc natildeo apenas entre as regiotildees mas

26

tambeacutem dentro de cada regiatildeo (Guanziroli Cardin 2000) Esses autores insistem

na importacircncia de aprofundar o conhecimento dessas realidades do espaccedilo rural

com o intuito de incorporar de forma efetiva esses conhecimentos ao planejamento

de poliacuteticas puacuteblicas

Como o presente estudo objetiva a identificaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo dos

produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis atraveacutes da tipologia dos grupos

familiares eacute fundamental detalhar as caracteriacutesticas de cada grupo3 Agricultores

Familiares tipo A considerados como os mais capitalizados e muito integrados ao

mercado Agricultores Familiares tipo B que estatildeo em vias de capitalizaccedilatildeo e

integrados ao mercado Agricultores Familiares tipo C que se apresentam em vias

de descapitalizaccedilatildeo e pouco integrados aos mercados e os Agricultores Familiares

tipo D sendo compreendidos como descapitalizados

Essas delimitaccedilotildees estabelecidas entre a agricultura familiar e a patronal

como tambeacutem na diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os proacuteprios agricultores

familiares proporcionou a identificaccedilatildeo dos distintos graus de desenvolvimento e

das distintas loacutegicas adotadas para a reproduccedilatildeo familiar

Para esse paradigma o agricultor familiar natildeo eacute um camponecircs mas sim um

empresaacuterio capitalista de pequeno porte inserido no mercado e que busca

maximizar a sua produccedilatildeo mas como eacute de pequeno porte ainda natildeo se

desvinculou totalmente do processo produtivo necessitando da matildeo de obra familiar

para o desenvolvimento das atividades a qual eacute caracteriacutestica das unidades

familiares No caso da produccedilatildeo de fumo conforme se veraacute com detalhes adiante o

pequeno capitalista estaacute presente em todo o processo desde o plantio ateacute a venda

da produccedilatildeo

Schneider (2006) menciona a falta de compreensatildeo dos modos familiares e

sua inserccedilatildeo nos mercados capitalistas uma vez que se deixam enredar no debate

sobre um suposto dualismo entre o agronegoacutecio e agricultura familiar como se os

3Considera-se que a tipologia elaborada pela FAOINCRA (2000) busca estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares dando-se em funccedilatildeo do custo de oportunidade do trabalho dado esse obtido atraveacutes do valor da diaacuteria regional mais 20 Tambeacutem o universo familiar foi delimitado atraveacutes das variaacuteveis em que a direccedilatildeo dos trabalhos do estabelecimento era exercida pelo produtor o trabalho familiar era superior ao trabalho contratado e por fim a aacuterea regional que varia de 4 ateacute 15 moacutedulos fiscais

27

envolvidos natildeo estivessem interessados em um mesmo processo ou seja da

produccedilatildeo e do consumo Nessa mesma linha de pensamento Veiga (2004) afirma

que ldquoo agronegoacutecio no Brasil natildeo eacute soacute uma atividade de grandes produtores e que

natildeo haacute oposiccedilatildeo com agricultura familiarrdquo uma vez que a agricultura familiar

sustenta um dos ramos mais bem sucedidos do agronegoacutecio como as cadeias

produtivas de exportaccedilatildeo de frango suiacutenos e tambeacutem com grande expressividade

a cadeia do fumo

O agronegoacutecio eacute composto fundamentalmente por agricultores familiares Eles conseguiram se firmar em setores extremamente modernos como a produccedilatildeo de aves suiacutenos fumo produtos esses ligados a mercados internacionais (ABRAMOVAY 2003 p 7)

De acordo com Valente (2008) vem sendo estabelecido o consenso de que

as atividades desenvolvidas ao longo da cadeia produtiva tanto patronais quanto

familiares satildeo complementares Nessa perspectiva menciona que faz-se necessaacuterio

um estudo do que aproxima e do que afasta aqueles que se inserem no agronegoacutecio

para assim ser possiacutevel pleitear distintas poliacuteticas agriacutecolas de acordo com os

interesses de casa categoria

Enquanto Fernandes (2001)Paulino (2003)Oliveira (2004) e Roos (2015)

defendem a oposiccedilatildeo do agronegoacutecio agrave agricultura familiar devido agraves

conflitualidades entre as classesSchneider (2006) Navarro (2007 2014) Valente

(2008) Diniz Filho (2011) e Jank (2006) consideram falso esse dualismo entre a

agricultura familiar e o agronegoacutecio uma vez que os agricultores buscam maximizar

seus lucros Nesse sentido afirma Jank (2006) que

O Brasil tem sido proacutedigo em produzir falsas dicotomias como a ideia do agronegoacutecio contra a pequena agricultura a agricultura patronal contra a agricultura familiar ou grandes produtores contra os sem-terra [] caso uacutenico no mundo o Brasil tem dois ministeacuterios da agricultura vivendo uma guerra surda por atenccedilatildeo e recursos um cuidando de mecanismos tradicionais de poliacuteticas agriacutecolas e o outro da reforma agraacuteria e da agricultura familiar (JANK 2006 P a2)

13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS

28

O estudo do territoacuterio vem sendo constituiacutedo em uma tradiccedilatildeo do pensamento

geograacutefico nos uacuteltimos 100 anos (VALVERDE 2004) Instintivamente o seu conceito

remota agrave ideia de lugar espaccedilo de residecircncia ou local onde se desenrolaratildeo as

muacuteltiplas relaccedilotildees entre os agentes sejam sociais ou econocircmicos (MARIANI

ARRUDA 2010)

Nesse ponto de vista Fernandes (2008) cita que a globalizaccedilatildeo e a hegemonia

das poliacuteticas neoliberais provocaram a emergecircncia do conceito de territoacuterio em duas

direccedilotildees De um lado os estudos sobre territoacuterios feitos agrave luz do paradigma

camponecircs e de outro o estudo de territoacuterio a partir do paradigma da agricultura

familiar O territoacuterio para o paradigma camponecircs eacute explicado a partir da criacutetica aos

modelos de produccedilatildeo capitalista sendo que as anaacutelises satildeo feitas sob a oacutetica de

territoacuterio multidimensional entendido a partir das conflitualidades e contradiccedilotildees

entre as classes sociais

Jaacute o paradigma da agricultura familiar ao analisar o territoacuterio natildeo utiliza os

procedimentos para estudar as conflitualidades e sim trabalha com o objetivo de

classificar as desigualdades sociais Nesse sentido o tema de estudo predominante

nesse paradigma eacute a reproduccedilatildeo das relaccedilotildees capitalistas ou seja a forma como os

agricultores buscam se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo sem que haja

uma conflitualidade entre classes ou territoacuterios No caso dos conflitos existentes no

campo para o paradigma da agricultura familiar deve-se trabalhar a partir do grau

que esses conflitos acontecem natildeo generalizando a partir de casos radicais de

conflitos entre os distintos territoacuterios No caso da fumicultura pode-se dizer que natildeo

satildeo identificados conflitos tatildeo radicais ao passo que na produccedilatildeo de subsistecircncia

esse acontecimento pode acontecer de forma diferenciada

Diversos satildeo os acontecimentos e agentes responsaacuteveis por instituir funccedilatildeo e

particularidades aos espaccedilos Como exemplos desses acontecimentos podem ser

citadas ldquoas atividades econocircmicas os empreendimentos das

multinacionaistransnacionais comunidades tiacutepicas como tambeacutem do poder puacuteblicordquo

(MARIANI ARRUDA 2010) os quais satildeo responsaacuteveis pela construccedilatildeo de

territoacuterios Haesbaert (2007) destaca a existecircncia de territoacuterios funcionais desde que

o territoacuterio apresente um papel de receptaacuteculos de atividades econocircmicas

possuindo muacuteltiplas funccedilotildees conforme seu interesse em atuar naquele territoacuterio

29

Fernandes (2008) adepto do paradigma camponecircs ao trabalhar os diferentes

territoacuterios destaca a importacircncia de analisar o territoacuterio atraveacutes da

multidimensionalidadeconflitualidade que satildeo concebidas atraveacutes de um conjunto

de conflitos inscritos nas relaccedilotildees indissociaacuteveis entre desenvolvimento e disputas

territoriais Para o autor a definiccedilatildeo de territoacuterio estaacute relacionada agrave existecircncia de

poder entre classes ao passo que a conflitualidade existe devido agraves disputas

territoriais entre o capital e o campesinato ou seja de distintos territoacuterios e

funcionalidades

Oliveira (2001) aponta que devido agraves forccedilas produtivas capitalistas ocorrerem

de maneira desigual e contraditoacuteria no territoacuterio em algumas circunstacircncias eacute mais

conveniente para o capital monopolizar o territoacuterio ao inveacutes de se territorializar ou

seja neste caso para o paradigma camponecircs o capital natildeo expropria o camponecircs

fumicultor poreacutem subordina esse agente social ao ditar as regras de produccedilatildeo como

tipos de sementes insumos quiacutemicos teacutecnicas de produccedilatildeo entre outros elementos

que estatildeo relacionados agrave produccedilatildeo Trata-se da territorializaccedilatildeo do capital

monopolista (OLIVEIRA 2001) o qual monopoliza a circulaccedilatildeo e domina os meios

de produccedilatildeo e a terra (ROOS 2015)

Nesse sentido no territoacuterio a accedilatildeo das empresas transnacionais como por

exemplo a Souza Cruz configuram o processo chamado por Oliveira (2005) e Roos

(2015) de ldquomonopolizaccedilatildeo do territoacuteriordquo uma vez que a empresa se instala em aacutereas

estrateacutegicas monopoliza o territoacuterio e firma acordos com os produtores familiares e

natildeo familiares que produzem fumo sendo entendidos entatildeo a partir da sujeiccedilatildeo da

renda da terra ao capital onde o produtor atraveacutes da integraccedilatildeo tem pouco poder

nas negociaccedilotildees

Para Fernandes (2008) a existecircncia de distintos territoacuterios entre o campesinato

e o agronegoacutecio eacute dada a partir das formas de organizaccedilatildeo espacial e de paisagens

geograacuteficas sendo o territoacuterio do agronegoacutecio caracterizado pela monocultura

desertificaccedilatildeo populacional produtivismo para exportaccedilatildeo grande escala e

homogeneidade ao passo que o territoacuterio camponecircs eacute representado pela

heterogeneidade da paisagem frequente povoamento policultura e produccedilatildeo

diversificada Por fim o territoacuterio monopolizado pelo agronegoacutecio se distingue pela

homogeneidade da paisagem geograacutefica e pela subalternidade e controle

tecnoloacutegico das commodities que se utilizam dos territoacuterios camponeses

30

(FERNANDES 2008) Portanto para os seguidores desse paradigma o capital

forma os seus territoacuterios atraveacutes da expansatildeo e controle de aacutereas em todas as

regiotildees subalternizando o camponecircs atraveacutes da integraccedilatildeo Sobre a monopolizaccedilatildeo

do territoacuterio Fernandes (2008) destaca que

Quando o tempo de trabalho eacute maior do que o de produccedilatildeo o capital age atraveacutes da monopolizaccedilatildeo do territoacuterio e da sujeiccedilatildeo da renda da terra Neste caso o campo continua povoado por camponeses ou pequenos ou meacutedios capitalistas que passam a produzir de acordo com o que lhes diz a induacutestria Eacute o caso por exemplo da laranja do fumo a avicultura e da suinocultura entre outros (FERNANDES 2008 p 196)

As anaacutelises voltadas ao paradigma camponecircs e que tratam dos assuntos

relacionados agrave produccedilatildeo de fumo como por exemplo o trabalho de Roos (2015)

afirmam que a subalternidade camponesa estaacute expressa na sujeiccedilatildeo da renda e na

monopolizaccedilatildeo do territoacuterioterritorialidade pelo capital uma vez que a

monopolizaccedilatildeo do territoacuterio pelo capital eacute entendida como territorialidade capitalista

no territoacuterio camponecircs Nesse sentido Roos (2015) compreende territorialidade

como o uso do territoacuterio ponderando que este eacute exclusivamente produzido por uma

relaccedilatildeo social que somente pode ser realizada pelo sujeito onde a territorialidade

pode ser camponesa ou capitalista

Nesse ponto de vista em relaccedilatildeo agrave produccedilatildeo de fumo nas unidades

familiares o paradigma camponecircs compreende que as relaccedilotildees capitalistas

subordinam as relaccedilotildees camponesas e consequentemente o seu territoacuterio pelo fato

das bases teacutecnicas de produccedilatildeo estarem determinadas pelas multinacionais como

por exemplo atraveacutes dos contratos de compra de fumo de empresas com a Souza

Cruz

O territoacuterio eacute instituiacutedo por sujeitos e grupos sociais que se afirmam por meio dele Assim haacute sempre territoacuterio e territorialidade ou seja processos sociais de territorializaccedilatildeo Num mesmo territoacuterio haacute sempre muacuteltiplas territorialidades (PORTO-GONCcedilALVES 2006)

Roos (2015) destaca que mesmo onde as empresas fumageiras determinam

o padratildeo tecnoloacutegico (infraestrutura tipos de sementes insumos utilizados formas

de semeadura etc) natildeo tiram dos camponeses a autonomia sobre o seu trabalho o

tempo e as decisotildees Assim o autor afirma que o territoacuterio continua sendo de

domiacutenio dos camponeses poreacutem o capital exerce sua territorialidade subordinando a

renda camponesa na medida em que se incorporam agrave loacutegica capitalista

31

A territorialidade deriva de territoacuterio como produto das muacuteltiplas relaccedilotildees de

poder presentes e que estatildeo intrinsicamente relacionadas aos modelos de produccedilatildeo

podendo como destacado por Porto-Gonccedilalves (2006) e Fernandes (2008) coexistir

vaacuterias territorialidades em um mesmo territoacuterio

As territorialidades expressam as relaccedilotildees de poder que determinam as

configuraccedilotildees territoriais Elas contribuem para a identificaccedilatildeo de quem domina e de

quem eacute o dominado nos territoacuterios As territorialidades tambeacutem estatildeo expressas nas

paisagens de modo que seus componentes revelam as relaccedilotildees sociais poliacuteticas e

econocircmicas (FERNANDES 2010)

Fernandes (2008 2009) acrescenta que a disputa territorial entre o

campesinato e o agronegoacutecio pode acontecer por duas formas distintas pela

desterritorializaccedilatildeo e pelo controle das territorialidades por possuiacuterem relaccedilotildees

sociais distintas e modelos divergentes de produccedilatildeo os quais resultam em conflitos

Portanto ainda no que diz respeito ao paradigma camponecircs Paulino e

Almeida (2010) defendem a ideia de que embora o campesinato seja uma relaccedilatildeo

natildeo capitalista ldquosua reproduccedilatildeo deve ser entendida a partir das diversas

contradiccedilotildees do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma

contradiccedilatildeo e natildeo de uma articulaccedilatildeo de modos de produccedilatildeordquo Jaacute no paradigma da

agricultura familiar a inserccedilatildeo do agricultor nos mercados capitalistas natildeo eacute

compreendida pela conflitualidade entre territoacuterio camponecircs e do agronegoacutecio

sendo que ambos buscam maximizaccedilatildeo de sua produccedilatildeo

A partir do exposto eacute possiacutevel entender que os estudos feitos agrave luz do

paradigma da agricultura camponesa e que tratam de temas relacionados agrave

produccedilatildeo de fumo no Sul do Brasil afirmam a existecircncia de conflitos muitas vezes

ldquoveladosrdquo entre o territoacuterio dos fumicultores e a territorialidade corporativa das

empresas fumageiras

32

CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL

De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de

fumo Por esse fato o presente capiacutetulo tem como objetivo salientar os fatores que

proporcionaram ao paiacutes se tornar referecircncia nesse setor uma vez que a fumicultura

eacute desenvolvidaem sua maioriapela agricultura familiar (AFUBRA 2015) De

maneira cronoloacutegica realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica da origem do fumo e

sua consequente inserccedilatildeo em uma produccedilatildeo de escala comercial analisando o

cultivo o mercado e outros aspectos sejam das esferas produtiva social e

econocircmica visto que esses elementos satildeo fundamentais para entender os motivos

pelos quais contribuiacuteram para a inserccedilatildeo dessa produccedilatildeo no municiacutepio de

PrudentoacutepolisPR que seraacute tratado com mais detalhes no capiacutetulo III Tambeacutem pelo

fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo

de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral

dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura

familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo

do agronegoacutecio

21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL

A partir do iniacutecio da deacutecada de 1990 o Brasil vem ocupando uma posiccedilatildeo de

destaque no mercado mundial do fumo pelo volume produzido e pela qualidade que

o produto possui

Ao analisar as origens4 dessa cultura as respostas satildeo um pouco distintas pois

existem possiacuteveis afirmaccedilotildees de que o fumo era consumido desde o seacuteculo IX no

continente Asiaacutetico Todavia Frozza (1998) afirma que o cultivo e uso das folhas

datam de mais de quatro mil anos e que ocorreram nas regiotildees da Ameacuterica do Norte

e Central onde hoje se situam o Meacutexico e a Guatemala Ainda de acordo com esse

autor satildeo os povos Maias que teriam iniciado o plantio dessa cultura

4 O tabaco tambeacutem chamado de fumo eacute uma erva do gecircnero das plantas solanaacuteceas cujas folhas depois de preparadas servem mais comumente para fumar cheirar ou mascar (SILVA 2012)

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Nardi (1985) e Saffrin (1995) afirmam que o fumo tem suas origens nos vales

orientais dos Andes bolivianos e que chegou ao territoacuterio brasileiro atraveacutes das

migraccedilotildees dos iacutendios principalmente os iacutendios Tupi-Guarani Convergindo com

Nardi e Saffrin Souza Cruz (2011) afirma que o fumo eacute uma planta originaacuteria dos

Andes e que acompanhou as migraccedilotildees dos iacutendios por toda a Ameacuterica Central ateacute

chegar ao territoacuterio brasileiro

Os colonizadores portugueses atraveacutes dos povos indiacutegenas introduziram o haacutebito

do consumo de fumo (BOEIRA 2002) tendo acesso ao produto atraveacutes do

escambo Dessa forma satildeo criadas as primeiras legislaccedilotildees para regulamentar a

atividade fumageira como a Junta de Administraccedilatildeo do Tabaco de 1674 a qual

servia para orientar o comeacutercio das especiarias em Portugal e suas colocircnias e

institucionalizou o monopoacutelio portuguecircs sobre o produto Nesse contexto o tipo de

fumo produzido era o escuro de corda sendo que o mesmo era usado para fabricar

o rapeacute o cigarro e charutos (SILVA 2002)

No iniacutecio do seacuteculo XIX a produccedilatildeo em escala comercial ocupou aacutereas reduzidas e

concentradas entre o litoral dos atuais estados da Bahia (Recocircncavo Baiano) e

Recife proporcionando o abastecimento do mercado europeu Os fatores que

contribuiacuteram para a produccedilatildeo do fumo foram agrave existecircncia de matildeo de obra familiar e o

desejo de desenvolver a regiatildeo Para Silva (2002) a cultura do fumo ao contraacuterio da

cana-de-accediluacutecar que era plantada somente nos latifuacutendios foi e ainda eacute

desenvolvida pela sua maioria em pequenas propriedades

A produccedilatildeo se expandiu para os estados de Minas Gerais Goiaacutes Satildeo Paulo

e sobretudo para a regiatildeo Sul do Brasil regiatildeo essa colonizada por imigrantes

europeus que se dedicaram a atividade como eacute o caso do municiacutepio de

Prudentoacutepolis no Paranaacute

O fumo ldquoproduto antes principalmente destinado ao escambo de escravos na segunda metade do seacuteculo passou a encontrar mercado crescente na Europa A quantidade exportada aumentou 361 por cento entre os anos de quarenta e noventa e os preccedilos meacutedios subiram 41 por centordquo(FURTADO p47 1984apud Silva 2002 p 38)

De acordo com Silva (2002) na regiatildeo Sul do Brasilas primeiras plantaccedilotildees

de fumo iniciaram-se em 1824 na colocircnia de Satildeo LeopoldoRS a mesma colonizada

por imigrantes alematildees e em 1850 na colocircnia Santa CruzRS Nessa regiatildeo foram

34

cultivadas variedades de fumos claros como o chinecircs (conhecido atualmente como

amarelinho) e mais tarde o Virgiacutenia devido agrave melhor aceitaccedilatildeo no mercado externo

sendo usado para a fabricaccedilatildeo de cigarros

Como destaca Spies (2000) o principal fator para os imigrantes se dedicarem a

atividade fumageira foram as precaacuterias condiccedilotildees econocircmicas em que se

encontravam pois produziam somente os alimentos para sua subsistecircncia e o

excedente natildeo era suficiente para provecirc-los Dessa forma viram na produccedilatildeo de

fumo uma alternativa para a melhora da situaccedilatildeo financeira familiar Outras

caracteriacutesticas que devem ser levadas em consideraccedilatildeo uma vez que contribuiacuteram

para que os imigrantes se dedicassem a produccedilatildeo de fumo satildeo a estrutura fundiaacuteria

baseada em pequenos lotes de terras e a disponibilidade de matildeo de obra da proacutepria

famiacutelia

Conforme Souza Cruz (2011) outro marco relevante no setor fumageiro foi agrave

criaccedilatildeo da empresa Souza Cruz pelo imigrante portuguecircs Albino Souza Cruz no ano

de 1903 no estado do Rio de Janeiro colocando em funcionamento a primeira

maacutequina do Brasil a produzir cigarros jaacute enrolados em papel Poreacutem com a

necessidade de investir no ramo para acelerar o ritmo de crescimento em

1914Albino Souza Cruz transformou a companhia em uma sociedade anocircnima

passando o controle acionaacuterio ao grupo British American Tabacco (BAT) fato que

permitiu o crescimento da Souza Cruz (SOUZA CRUZ 2015)

A expansatildeo da produccedilatildeo de fumo ocasionou algumas fusotildees entre empresas

do setor Vogt (1994) menciona que os anos entre 1917 e 1993 satildeo caracterizados

por aglutinaccedilotildees e fusotildees das empresas de comeacutercio e beneficiamento do tabaco A

entrada do capital internacional acarretou mudanccedilas na dinacircmica econocircmica da

regiatildeo

Na cidade de Santa CruzRS encontra-se o maior polo fumicultor do Brasil e

conforme AFUBRA (2001) um fato marcante na mudanccedila da dinacircmica econocircmica

desse muniacutecipio e regiatildeo se deu em 1917 com a iniciativa da BAT de instalar a

primeira usina de processamento de fumo no paiacutes com o nome de ldquoThe Brazilian

Tabacco Corporationrdquo Sua razatildeo social foi alterada no ano de 1920 para Companhia

Brasileira de Fumo em Folha (CBFF) e finalmente em 1955 alterada para

Companhia de Cigarros Souza Cruz ndash Induacutestria e Comeacutercio (SILVA 2002) A

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companhia foi fundamental para que o Brasil alcancasse ainda mais os mercados

mundiais atraveacutes de algumas melhorias proporcionadas por ela

Vogt (1994) destaca que a partir de 1924 a companhia de capital internacional

comeccedilou a investir e incentivar os fumicultores a utilizarem insumos quiacutemicos para

obter uma melhor produtividade e qualidade do fumo o que se refletia no mercado

de cigarros que cada vez ficava mais exigente O melhoramento geneacutetico das

sementes foi outro condicionante para que se obtivesse um aumento da

produtividade e qualidade do fumo

De acordo com Vogt (1994) o mercado fumageiro brasileiro teve uma boa

elevaccedilatildeo nas exportaccedilotildees com o fim da segunda Guerra Mundial jaacute que os paiacuteses

que ateacute entatildeo eram grandes produtores de cigarros se encontravam desorganizados

pelos conflitos poliacuteticos e econocircmicos Outro fator que contribuiu para a maior

demanda do fumo brasileiro foi uma grande estiagem que afetou os paiacuteses

produtores de fumo na safra de 19441945 ocasionando dessa forma um aumento

nos preccedilos pagos pelos mercados internacionais entre os anos de 1944 e 1946

estimulando assim o aumento da produccedilatildeo brasileira devido aos grandes ganhos

obtidos no mercado externo

Contudo houve um aumento da produccedilatildeo sem o proporcional aumento da

qualidade do fumo causando certa preocupaccedilatildeo na balanccedila comercial Para piorar a

situaccedilatildeo no final da deacutecada de 1940 Franccedila Espanha Beacutelgica Holanda e

Dinamarca que eram os principais importadores do tabaco brasileiro foram

contemplados com o Plano Marshall e passaram a adquirir o fumo norte-americano

jaacute que possuiacutea uma qualidade melhor ldquoDesse modo o Brasil natildeo estava conseguido

uma boa representatividade no mercado externordquo (VOGT p 102 1994)

Ao encontro das discussotildees de Vogt Seffrin (1995) afirma que os fumicultores

foram os principais prejudicados com essa superproduccedilatildeo ocorrida na deacutecada de

1950 os quais entregavam a produccedilatildeo a preccedilos piacutefios de maneira a natildeo incorrer em

prejuiacutezos ainda maiores Como por exemplo quando a entatildeo Companhia Brasileira

de Fumos em Folha que atualmente tem o nome de Souza Cruz abriu um comeacutercio

de compra livre de fumos escuros os quais tinham um valor de mercado bem abaixo

da meacutedia e os fumicultores da regiatildeo Sul do Brasil sem outras saiacutedas de mercado

acabaram vendendo o fumo claro (de valor maior) por preccedilo de fumos escuros

36

Com a queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo no cenaacuterio mundial a

quantidade da produccedilatildeo do fumo era limitada e a produccedilatildeo fumageira das deacutecadas

de 1950 e 1960 (tabela 1) era destinada na sua maioria para o mercado nacional

A elevaccedilatildeo desorganizada da produccedilatildeo fumageira gerou na regiatildeo nos anos de 50 e 60 grandes estoques de excedentes natildeo comercializaacuteveis O fumo abarrotava os armazeacutens das firmas e das cooperativas natildeo tendo o colono como despachar o seu cultivo (VOGT 1994)

Portanto a produccedilatildeo de fumo no Brasil eacute mais expressiva a partir da segunda

metade do seacuteculo XX sobretudo no poacutes-guerra quando a ampliaccedilatildeo das aacutereas de

produccedilatildeo veio associada ao aumento da qualidade e produtividade das lavouras

como tambeacutem da produccedilatildeo industrial dos cigarros

ANO PRODUCcedilAO T EXPORTACcedilAO T

1961 60408 10919 1963 82851 14522 1965 91159 14008 1967 112234 9289 1969 99804 13778 1971 97206 18556 1973 82030 20248 1975 97722 41277

QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA

Fonte VOGT 1994

Como pode ser visto as melhoras nas exportaccedilotildees comeccedilam somente na deacutecada de

1970 A deacutecada de 1960 foi marcada por poucas vendas para o mercado externo

natildeo chegando a exportar 15 da produccedilatildeo total Conforme Sefrin (1995) devido a

essa queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo para o exterior na deacutecada de

1960 os fumicultores encontravam-se em condiccedilotildees econocircmicas peacutessimas pois

aleacutem de ser um trabalho aacuterduo os lucros eram iacutenfimos natildeo conseguindo muitas

vezes fazer o pagamento do financiamento da produccedilatildeo aleacutem das safras serem

afetadas pelas intempeacuteries climaacuteticas encontrando-se cada vez mais

desamparados Como aponta Safrin (1995) os pagamentos muitas vezes eram feitos

no ano seguinte da venda e com preccedilos ainda reduzidos

Para que a produccedilatildeo brasileira do fumo pudesse voltar ao cenaacuterio internacional era

indispensaacutevel um salto qualitativo na produccedilatildeo do fumo fato que exigiria a injeccedilatildeo

de grande quantidade de capital na produccedilatildeo Conforme Vogt (1994) os

37

investimentos necessaacuterios para a melhoria da qualidade estavam relacionados agrave

aquisiccedilatildeo de sementes adubos pesticidas instrumentos agriacutecolas construccedilatildeo de

estufas bem como a assistecircncia teacutecnica constantemente presente na propriedade

do colono e a garantia da compra integral da produccedilatildeo sendo mais um fator que

impulsionou a Souza Cruz a investir nessa regiatildeo

De acordo com Silva (2002) para corroborar na soluccedilatildeo dos problemas

econocircmicos dos fumicultores surgiram movimentos de uniatildeo dos interesses dos

mesmos o que resultou na sugestatildeo para a criaccedilatildeo de uma associaccedilatildeo formal dos

fumicultores Sendo assim no dia 21 de marccedilo de 1955 na cidade de Santa Cruz do

SulRS foi criada a Associaccedilatildeo dos Plantadores de Fumo em Folha do Rio Grande

do Sul a qual em 1963 mudou sua razatildeo social para Associaccedilatildeo dos Fumicultores

do Brasil (AFUBRA) passando a abranger tambeacutem os estados de Santa Catarina e

Paranaacute (AFUBRA 2014) Dessa forma a entidade foi criada devido a dois fatores

principais a instabilidade do mercado e dos preccedilos do tabaco e a inexistecircncia de

auxiacutelio econocircmico contra danos por granizo nas lavouras

Com a injeccedilatildeo de capital para a melhoria na produccedilatildeo do fumo e com a

criaccedilatildeo da AFUBRA os fumicultores encontravam-se mais confiantes pelo fato de

estarem obtendo melhores rendimentos Apesar desse desequiliacutebrio nas

exportaccedilotildees pelo qual o mercado fumageiro passou nas deacutecadas de 1950 e 1960

Spies (2000) destaca que a induacutestria do fumo jaacute era a mais importante da regiatildeo de

Santa Cruz no Rio Grande do Sul entre os anos de 1952 e 1965 pois no ano de

1924 os produtos de subsistecircncia representavam 70 da produccedilatildeo e na deacutecada de

1950 esse valor caiu para 413 do total da produccedilatildeo agriacutecola regional

Conforme destaca Vogt (1994) o final da deacutecada de 1960 e com maior

intensidade nas deacutecadas de 1970 e 1980 a fumicultura brasileira volta a ter um

aumento significativo em termos de aacuterea produzida e exportaccedilatildeo da produccedilatildeo devido

principalmente agrave abertura do mercado internacional para os fumos brasileiros mas

tambeacutem agrave adoccedilatildeo de poliacuteticas favoraacuteveis agrave instalaccedilatildeo de agroinduacutestrias no paiacutes

resultando na consolidaccedilatildeo dos complexos agroindustriais

Na deacutecada de 1970 e 1980 era notaacutevel o progresso do setor fumageiro na

regiatildeo Sul do Brasil Esse fato refletiu nas exportaccedilotildees pois a quantidade do fumo

em folha exportado pelo Brasil daacute um salto de 55 mil toneladas exportadas no ano

38

de 1965 para 170 mil toneladas no ano de 1985 dando assim a configuraccedilatildeo da

atual estrutura fumageira do Brasil

Com a consolidaccedilatildeo do Complexo Agroindustrial Brasileiro ou seja da

integraccedilatildeo entre a agricultura e a induacutestria o setor fumageiro ganhou grande

impulso e os estados de Santa Catarina e Paranaacute tambeacutem receberam consideraacuteveis

incentivos para se especializar na produccedilatildeo Foi nesse periacuteodo que a produccedilatildeo em

maior escala atingiu o municiacutepio de PrudentoacutepolisPR e um nuacutemero maior de famiacutelias

aderiu a esse cultivo

Durante a deacutecada de 70 consolidou-se a atual estrutura fumageira existente no Brasil meridional [] ao mesmo tempo os cultivos nos estados de Santa Catarina e Paranaacute foram intensificados pelas corporaccedilotildees que introduziram o tabaco em novas aacutereas para responder a demanda internacional (VOGT 1994)

Dessa forma a proliferaccedilatildeo das lavouras de fumo acontece

concomitantemente nos trecircs estados da regiatildeo Sul do Brasil e estes se destacam

pela qualidade do fumo que produzem Silva (2002) aponta que a chegada de outras

empresas multinacionais com intenccedilatildeo de expandir-se impulsionou o processo de

organizaccedilatildeo da produccedilatildeo do fumo incentivando a especializaccedilatildeo dos envolvidos nas

atividades

Em Santa Catarina e no Paranaacute o cultivo de fumo de estufa de caraacuteter

comercial daacute-se a partir da empresa Souza Cruz a partir da deacutecada de 1960 a qual

oferecia o sistema integrado de produccedilatildeo Ou seja os fumicultores plantariam o

fumo a Souza Cruz entraria com o financiamento da produccedilatildeo (fornecimento da

estufa de insumos e assistecircncia teacutecnica) e no final da safra o fumicultor fazia o

pagamento para a empresa com sua proacutepria produccedilatildeo No Paranaacute a Souza Cruz

inseriu primeiramente a produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Irati (principal polo

fumageiro do Paranaacute onde se localiza o municiacutepio de Prudentoacutepolis)

A partir da deacutecada de 1980 a produccedilatildeo vem aumentando Vogt (1994) expotildee

que a regiatildeo Sul do paiacutes aumentou sua produccedilatildeo em aproximadamente 60 entre

as safras de 198788 e 19921993 dando um salto de 350 mil para 560 mil

toneladas

39

TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL

SAFRA AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS

KG ha R$Kg

1995 200830 348000 132680 1733 155

2000 257660 359040 134850 2092 200

2005 439220 842990 198040 1919 433

2006 417420 769660 193310 1844 415

2007 360910 758660 182650 2102 425

2008 348720 713870 180520 2047 541

2009 374060 744280 186580 1990 590

2010 370830 691870 185160 1866 635

2011 372930 832830 186810 2233 493

2012 324610 727510 165170 2241 630

2013 313675 712750 159595 2272 745

2014 323700 731390 162410 2259 728

Fonte AFUBRA2015

A safra de 2005 mostra novamente um aumento significativo na produccedilatildeo

total Sul brasileira chegando a 842990 toneladas anuais (tabela 1) De 2005 para

caacute a produccedilatildeo oscilou entre 842990 e 691870 toneladas anuais (conforme a

demanda do mercado) com um leve decreacutescimo nos uacuteltimos trecircs anos

A produtividade do fumo aumentou na deacutecada de 2000 devido agrave introduccedilatildeo de

novas teacutecnicas que permitiram a diminuiccedilatildeo do uso de matildeo de obra Na safra de

1995 a produtividade meacutedia foi de 1733 kgha aumentando consideravelmente

para a uacuteltima safra a qual chegou a 2259 Kgha Nos anos de 2005 e 2006

percebe-se um aumento na quantidade de famiacutelias envolvidas na atividade quadro

esse invertido no ano de 2007 ocorrendo queda no nuacutemero dessas famiacutelias

Apesar da diminuiccedilatildeo do nuacutemero das famiacutelias na atividade em geral a

produccedilatildeo natildeo eacute afetada o quase deve agrave modernizaccedilatildeo das estufas de secagem

que resultou na diminuiccedilatildeo da matildeo de obra favorecendo o aumento da produccedilatildeo

por parte das famiacutelias que permaneceram no setor Conforme um produtor

entrevistado durante o trabalho de campo desta pesquisa

40

Depois que modernizamos a nossa estufa no ano de 2005 conseguimos aumentar a produccedilatildeo e diminuir a matildeo de obra [] antes precisava de quatro pessoas para colheita e pelo menos mais 4 para fazer a costura das folhas de fumo no galpatildeo antes de colocar na estufa [] quando descarregava as folhas da estufa era preciso tirar todos os fios do fumo [] dava muito trabalho Com a modernizaccedilatildeo isso acabou [] o fumo que vem da lavoura vai direto para a estufa Precisamos soacute de pessoas para colher e carregar direto na estufa O trabalho eacute mais leve nos dias de hoje com esse tipo de estufa (FUMICULTOR DA LINHA RIO PRETO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)

Sei que o fumo por si soacute jaacute eacute um veneno mas usamos os equipamentos de proteccedilatildeo que eacute seguro Hoje usamos agrotoacutexicos porque daacute menos serviccedilo e sai mais barato que pagar pra carpir [] soacute por isso mesmo[] Quando produzia morangos usava mais veneno ainda [] sabemos que o veneno natildeo faz bem nem pra noacutes nem para a natureza mas natildeo temos outras opccedilotildees (FUMICULTOR DA LINHA DEZEMBRO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)

Diniz Filho (2011) tambeacutem ressalta que especificamente no caso das

tecnologias de produccedilatildeo agriacutecola a opccedilatildeo dos agricultores familiares pelo uso de

maacutequinas e produtos quiacutemicos eacute estimulada pelo interesse de eliminar certos tipos

de trabalho braccedilal muito penosos Nesse sentidodiscorda-se do paradigma

camponecircs pelo fato de opor o agricultor familiar ao agronegoacutecio afirmando que o

primeiro prima por praacuteticas mais sustentaacuteveis com objetivo de reproduzir somente o

modo de vida ao passo que o agronegoacutecio tenderia a usar tecnologias mais

danosas para o meio ambiente por estar preocupado apenas com lucratividade

Com relaccedilatildeo agrave venda do fumo o preccedilo do quilo varia a cada ano e a

sistemaacutetica para que se estabeleccedila o valor da safra entre os fumicultores e a

induacutestria fumageira incide em acordos com as entidades representativas dos

produtores como a Afubra Associaccedilotildees Federaccedilatildeo e o Sinditabaco que representa

as induacutestrias (DERALSEAB 2014) Apoacutes as negociaccedilotildees e a assinatura do

protocolo eacute que se estabelecem os preccedilos para as variadas qualidades do fumo

Nesse sentido o preccedilo do quilo do fumo eacute regulado conforme a oferta e demanda do

produtopelo mercado expressando adequadamente o valor marginal muitas vezes

pago aos produtores Dessa forma discorda-se de Roos (2015) quando afirma que

os fumicultores estatildeo subordinados pelas empresas fumageiras por terem pouca

representatividade na hora de fixar o preccedilo do quilo do fumo

Conforme AFUBRA (2015) para o fumo Virgiacutenia que eacute uma variedade dos

fumos de coloraccedilatildeo clara satildeo estabelecidas 41 variedades de classificaccedilatildeo sendo a

variedade mais bem paga a BO1 que valia 922 reais o quilo na safra de 20142015

41

e a variedade de menor valor o ST (farelos do fumo) tabelado a 054reais por quilo

Jaacute para o fumo Burley que eacute uma variedade dos fumos de coloraccedilatildeo escura satildeo

estabelecidas 30 diferentes variedades A mais bem paga eacute a B1 que equivale a

811 para cada quilo e a variedade menos valorizada eacute a G (farelos do fumo) que

vale 060 reais por quilo Quando o fumo eacute vendido para a empresa sempre eacute feito

uma meacutedia de toda venda e como revelam os dados da tabela 2 a meacutedia do quilo

pago para os produtores na safra de 201415 foi de 728 reais por quilo

Atualmente a regiatildeo Sul do Brasil se destaca pela maior produccedilatildeo de fumo

do paiacutes participando com 981 do total produzido Os trecircs estados sulinos satildeo

responsaacuteveis por colocar o paiacutes como o segundo maior produtor ena primeira

posiccedilatildeo no quesito exportaccedilatildeo mundial

TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO

ESTADOS AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)

PARTPRODUCcedilAtildeO ()

Rio Grande do Sul

204000 412000 2020 481

Santa Catarina 120000 258000 2150 301

Paranaacute 76000 171000 2250 200

Alagoas 9000 11000 1222 13

Bahia 3000 3000 1000 03

Outros 2000 2000 1000 02

Brasil 414000 857000 2070 100

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) 2014

A produccedilatildeo do fumo e a atuaccedilatildeo das empresas desse setor se datildeo de forma

mais intensa nos paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso do Brasil devido agrave

disponibilidade de matildeo de obra barata facilidade das multinacionais se instalarem

atraveacutes dos incentivos fiscais inexistecircncia de leis ambientaisriacutegidas e por ser a

atividade que gera mais renda se comparada a outras culturas produzidas em

pequena escala

42

TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013

PRODUCcedilAtildeO haacute PRODUCcedilAtildeO KG

VALOR R$

Animal x 1362412180 2565555940 26

Vegetal 1515650 2487306782 2077480 21

Tabaco 309350 705570000 5383773200 54

Total 1825000 4555288952 10026810100 100

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014

A partir dos dados apresentados pode-se destacar que a produccedilatildeo de fumo

na regiatildeo Sul do Brasil eacute responsaacutevel pela maior renda de muitos agricultores

familiares jaacute que os estados possuem uma grande quantidade de pequenas

propriedades e que dependem da produccedilatildeo do fumo para sua reproduccedilatildeo

econocircmica

Ahrens (2008) afirma que a produccedilatildeo mundial estaacute migrando dos paiacuteses

desenvolvidos para os paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso dos Estados

Unidos que apesar de aparecer como um dos principais produtores de fumo teve

sua produccedilatildeo prejudicada devido aos altos custos de cultivo e agrave escassez de matildeo de

obra

TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012

PAIacuteSES PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

PROCESSADO (t)

CONSUMO (t)

ESTOQUE EXPORTACcedilAtildeO (t)

IMPORTACcedilAtildeO (t)

1 China 2160000 256205 553960 0 538960

2 Brasil 670820 86060 112580 651190 12320

3 Iacutendia 576740 465510 134240 271060 200930

4 Estados Unidos

212020 441720 1580130 153130 420440

5 Indoneacutesia 191260 147940 134830 50270 27440

43

6 Turquia 152190 106240 34620 98200 60430

7 Zimbabwe 127190 3990 229930 43520 80

8 Argentina 103790 29950 364650 36100 1630

9 Paquistatildeo 74910 76300 91570 5390 10390

10 Malavi 71320 1290 166580 91500 890

93 Outros 1533150 1850430 3055200 608630 725480

103 Total 5873390 5771480 6468290 2008990 2008990

Fonte AFUBRA 2014

Apesar de a China ser a maior produtora mundial de fumo acaba consumindo

toda essa produccedilatildeo e na safra de 20112012 ainda importou 538960 toneladas

para suprir sua demanda interna Jaacute o Brasil que estaacute na 2ordm posiccedilatildeo de produccedilatildeo

mundial de fumo destina a maior parte da sua produccedilatildeo para o mercado externo Na

safra de 2013 88 da produccedilatildeo se dirigiu ao mercado externo (quadro 2) ficando

no paiacutes apenas 12 da produccedilatildeo para a fabricaccedilatildeo de cigarros cigarrilhas e

charutos Conforme DERALSEAB (2013) das 627000 toneladas exportadas em

2013 a regiatildeo Sul contribuiu com 624000 toneladas representando o equivalente

de 955 das exportaccedilotildees brasileiras

O quadro 2 mostra que apesar de a maior quantidade do fumo produzido no

Brasil se dirigir para o mercado externo os maiores faturamentos estatildeo relacionados

ao fumo consumido no proacuteprio paiacutes atingindo um lucro total maior que as

exportaccedilotildees O fato de as exportaccedilotildees renderem menos lucros que o fumo

consumido no proacuteprio paiacutes se daacute deve ao fato de o fumo exportado natildeo passar por

processamentos de agregaccedilatildeo de valor(exportaccedilatildeo de folhas e talos) Enquanto

isso toda a produccedilatildeo consumida no paiacutes tanto os fumos claros como os escuros

passa por vaacuterios processamentos de agregaccedilatildeo de valor ateacute obter os cigarros

cigarrilhas e charutos prontos para consumo

A distribuiccedilatildeo da renda bruta do setor fumageiro (quadro 2) estaacute dividida

entre tributosGoverno induacutestria produtor e varejista sendo que 459 dessa renda

eacute destinada ao governo O produtor fatura em torno de 205 do total da renda

faturamento esse que deve ser destinado para a compra dos insumos pagamento

do seguro da produccedilatildeo matildeo de obra desgastes com a terra implementos que usa

na produccedilatildeo gastos com a secagem das folhas do fumo aleacutem de prejuiacutezos que

podem vir a acontecer durante a produccedilatildeo

44

Jaacute os varejistas apesar de auferirem 6 do faturamento natildeo tecircm gastos tatildeo

altos comoos produtores Aleacutem do mais esse setor ganha na quantidade sendo que

existe um nuacutemero muito maior de fumicultores que de varejistas Isso tambeacutem

acontece com a induacutestria que tem seus ganhos principalmente no volume e na

agregaccedilatildeo de valor do produto

Pelos dados apresentados apresentados no quadro 2 pode-se concluir que o

maior beneficiado com o faturamento da produccedilatildeo de fumo eacute o setor puacuteblico atraveacutes

de impostros

QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL

ESPECIFICACcedilAtildeO

2012 2013

R$ Toneladas R$ Toneladas

Consumo Domeacutestico

1635750730000 88990 12 1765594334000 84350 12

Exportaccedilatildeo 645663700000 637780 88 722287181000 627230 88

TOTAL 2281414430000 726770 100 2487881515000 711580 100

DISTRIBUICcedilAtildeO DA RENDA BRUTA

Tributos Governos

1048025493000 459 1076394659000 433

Induacutestria 627838400000 275 720610862000 290

Produtor 467329600000 205 541693230000 217

Varejista 138220930700 61 149182764000 60

TOTAL 2281414430000 100 2487881515000 100

FONTE AFUBRA2013

De acordo com dados da DERALSEAB (2015) no ano de 2014 o fumo

brasileiro foi destinado para mais de cem paiacuteses abrangendo principalmente paiacuteses

da Uniatildeo Europeia (42) seguidos do Extremo Oriente (26) Ameacuterica do Norte

(13) Aacutefrica (7) Leste Europeu (7) e Ameacuterica Latina (5) Atualmente a

liderenccedila brasileira nas exportaccedilotildees se daacute devido agrave excelente qualidade do fumo agrave

regularidade da produccedilatildeo e agrave competitividade com os preccedilos dos demais paiacuteses

produtores

45

42

26

13

7

7

5

Uniatildeo Europeia

Oriente Meacutedio

Ameacuterica do Norte

Aacutefrica

Leste Europeu

Ameacuterica Latina

Paiacuteses importadores do fumo brasileiro

Fonte

DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014

Conforme DERAL (2014) no Paranaacute as lavouras com predomiacutenio de fumos

claros concentram-se nos nuacutecleos regionais de Irati Ponta Grossa Curitiba Uniatildeo

da Vitoacuteria e Guarapuava Jaacute em Francisco Beltratildeo Pato Branco Cascavel e Toledo

cultivam-se os fumos escuros

Na figura 1 estatildeo expostos os municiacutepios produtores de fumo e a meacutedia de

hectares que cada municiacutepio ocupa com essa culturaNota-se que a produccedilatildeo de

fumo no estado se concentra em sua maioria na regiatildeo Sudeste Centro-Sul

Sudoeste e Oeste

O municiacutepio de Prudentoacutepolis pertence ao nuacutecleo de Irati nuacutecleo esse que

ocupa o primeiro lugar no ranking de produccedilatildeo de fumos claros do estado conforme

a tabela 5

GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO

46

FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA Fonte IBGE 2014

TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute

Nuacutecleos regionais

Safra 20132014 Safra 20142015 Participaccedilatildeo

Aacuterea (ha) Produccedilatildeo(t) Aacuterea (ha) Produccedilatildeo (t) ()

Irati 19300 43425 19500 43875 244

Ponta Grossa 17562 42605 18862 45268 251

Curitiba 13300 30493 13300 34580 12

Uniatildeo da Vitoacuteria

7500 15750 7600 15580 87

Guarapuava 5000 12400 4900 13230 73

Francisco Beltratildeo

4350 9904 4300 10320 57

Cascavel 3600 7556 3500 7453 41

Outros 4774 10711 4496 9907 55

Total 75386 172844 76308 180213 1000

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014

47

Na safra de 20122013 os municiacutepios paranaenses que se destacaram no

volume de fumo produzido foram Satildeo Joatildeo do Triunfo Rio Azul Prudentoacutepolis

Ipiranga e Irati As 1813 famiacutelias que cultivam fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis

foram responsaacuteveis por produzir 10192 toneladas do produto

Para os municiacutepios de Satildeo Joatildeo do Triunfo e Rio Azul se comparados os

volumes produzidos (quadro 3) nota-se quea quantidade em toneladas natildeo

apresenta tanta diferenccedila entre ambos sendo 13458 toneladas em Satildeo Joatildeo do

Triunfo e 13268 toneladas em Rio Azul Poreacutem em relaccedilatildeo ao nuacutemero de famiacutelias

que trabalham na atividade fumageira em Rio Azul esse nuacutemero eacute bem maior que

em Satildeo Joatildeo do Triunfo Esse fatoeacute resultado da opccedilatildeo das famiacutelias de Rio Azul

porproduzirem menores quantidades de fumo por unidade familiar como tambeacutem

por intempeacuteries climaacuteticas (granizo ventos) que impediram de colher toda a

produccedilatildeo

PARANAacute PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTORES

Satildeo Joatildeo do Triunfo 13458 1968

Rio Azul 13268 2610

Prudentoacutepolis 10192 1813

Ipiranga 9323 1661

Irati 8539 1558

QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) AFUBRA 2014

22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL

De acordo com Sauer (2008) em 1996 a criaccedilatildeo do PRONAF (Programa

Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) trouxe avanccedilos poliacuteticos

voltados aos agricultores familiares permitindo o reconhecimento destes enquanto

categoria social epossibilitando o acesso ao creacutedito agriacutecola Creacutedito esse que

48

quando usado de maneira correta contribui significativamente para o aumento da

produccedilatildeo

Dentre os vaacuterios estudos que retratam a evoluccedilatildeo da agricultura familiar

brasileira nas uacuteltimas deacutecadas destaca-seldquoO Novo Retrato Da Agricultura Familiar

Brasileirardquo Nesse estudo os autores mencionam a importacircncia de refletir sobre o

espaccedilo rural tendo como escopo a sua diversidade pelo fato da existecircncia de

distintos tipos de agricultores familiares que possuem interesses e estrateacutegias

particulares de produccedilatildeo agropecuaacuteria Nesse sentido da mesma forma que existe

uma diversidade de agricultores familiares deveratildeo tambeacutem existir poliacuteticas

agriacutecolas e tipos de assistecircncia teacutecnica distinto para cada grupo com intuito desses

empregarem em sua produccedilatildeo tecnologias que possibilitam o seu fortalecimento e

expansatildeo diante dos mercados

Sobre a diversidade da agricultura familiar brasileira a tabela 6 mostra de que

forma satildeo distribuiacutedos os tipos familiares a renda monetaacuteria anual e qual a

porcentagem na participaccedilatildeo do valor bruto da agricultura familiar por grupo familiar

TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006

Grupos familiares Nuacutemero de agricultores familiares

segundo o tipo

Total VBP familiares

Renda Monetaacuteria

liacutequida anual em reais

A 452750 695 5323600

B 964140 157 372500

C 574961 47 149900

D 2560274 102 25500

Total 4551855 -

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

A partir dos dados sobre a caracterizaccedilatildeo dos grupos familiares nota-se que

o grupo com um contingente maior de agricultores familiares no ano de 2006 foi o

grupo D ou seja os descapitalizados Esses agricultores familiares de acordo com

Guanziroli et al (2012) estatildeo em sua maioria concentrados nas regiotildees Norte e

Nordeste do Brasil sendo os que menos empregam aparatos tecnoloacutegicos Desse

modo o autor afirma que o grau de especializaccedilatildeo e tecnificaccedilatildeo tem maior

49

influecircncia na geraccedilatildeo de renda do que a quantidade de terra possuiacuteda por cada

unidade familiar Sobre o grupo familiar D o estudo tambeacutem menciona que

[] entre os agricultores familiares do tipo D tambeacutem existem agricultores mais capitalizados os quais podem ter sido classificados neste grupo devido agrave frustraccedilatildeo de safra baixos preccedilos de seus produtos no mercado ou a realizaccedilatildeo de novos investimentos nos quais as receitas ainda natildeo estatildeo superando as despesas Esta afirmaccedilatildeo estaacute baseada na participaccedilatildeo percentual do creacutedito rural obtido e dos investimentos realizados por estabelecimentos deste tipo (FAOINCRA)

Os agricultores familiares dos grupos A e B considerados como capitalizados

e em vias de capitalizaccedilatildeo correspondem principalmente aos produtores familiares

da regiatildeo Sul do paiacutes O desempenho desses grupos se deve ao fato de estarem

inseridos em cadeias produtivas mais competitivas as quais trazem melhores

retornos econocircmicos

Guanziroli et al (2012) apontam que os produtores familiares do tipo A tecircm

uma renda anual elevada em parte porque na aacuterea rural podem se beneficiar da

produccedilatildeo para autoconsumo natildeo pagam aluguel e as taxas sobre o valor da aacutegua e

luz satildeo mais baixas se comparadas com a urbana Dessa forma o padratildeo de vida

desses agricultores eacute compatiacutevel com a da classe meacutedia urbana Entretanto existe

uma distacircncia muito grande entre os produtores do grupo A e os demais

Nesse sentido Guanziroli et al (2006) com base no estudo ldquoDez anos de

evoluccedilatildeo da agricultura familiar no Brasil (1996 e 2006)rdquo compararam os dados do

censo agropecuaacuterio de 1996 com o de 2006 a fim de dar respostas a algumas

inquietudes sobre a evoluccedilatildeo da agricultura familiar no dececircnio analisando o

processo de modernizaccedilatildeo da agricultura familiar por meio da evoluccedilatildeo de algumas

variaacuteveis (uso de maquinaacuterios insumos entre outras tecnologias) Dentre outros

resultados esse estudo mostrou que houve crescimento do nuacutemero de agricultores

familiares entre os censos o qual passou de 4139000 para 4551855 Ou seja em

1996 8517 do total dos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros eram

familiares e em 2006 essa porcentagem aumenta para 8796 do total

Os dados desse estudo tambeacutem mostraram que os agricultores familiares

pertencentes ao grupo A e quanto muito aos grupos A e B desempenham um papel

importante em termos econocircmicos Jaacute o grupo C e principalmente os agricultores

familiares do grupo D produzem tatildeo pouco que remetem aquela visatildeo do agricultor

50

familiar de subsistecircncia que comercializa pequenos excedentes econocircmicos em

mercados locais

O uso de tecnologias pelos agricultores familiares como maquinaacuterios e

insumos quiacutemicos contribuiu para o aumento da produccedilatildeo e da produtividade

acontecimento esse que possibilitou a ascensatildeo do universo familiar no cenaacuterio

agropecuaacuterio brasileiro com significativa importacircncia na produccedilatildeo tanto de gecircneros

alimentiacutecios de consumo nacional como tambeacutem de commodities de exportaccedilatildeo

caso a produccedilatildeo de fumo As tecnologias voltadas para a produccedilatildeo de fumo

referem-se a modernizaccedilatildeo das estufas de secagem das folhas de fumo de

sementes melhoradas geneticamente aleacutem dos insumos agriacutecolas

De acordo com Guanziroli et al (2006) as anaacutelises regionais sobre a

agricultura familiar brasileira para o ano de 2006 mostram que as regiotildees Norte

Nordeste e Sul apresentam maior participaccedilatildeo percentual de agricultores familiares

na produccedilatildeo regional em detrimento das regiotildees Centro-Oeste e Sudesteas quais

caracterizam-se pela maior expressividade da agricultura patronal

TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006

Regiatildeo 2006

Norte 6018

Nordeste 4738

Sudeste 2228

Sul 5443

Centro-Oeste 1453

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

Outro dado importante trazido pelos autores supracitados estaacute relacionado ao

fator produtividade como se vecirc pela comparaccedilatildeo entre os agricultores familiares e

natildeo familiares por regiatildeo (tabela 8) Os agricultores familiares pelo fato de

possuiacuterem quantidades de terras menores tendem a ser mais produtivos que o

agricultor natildeo familiar Nesse sentido concorda-se com Navarro (2014) ao apontar

que a ampliaccedilatildeo no acesso de tecnologias agrave agricultura de menor porte econocircmico eacute

necessaacuteria para a permanecircncia desses produtores no rural

51

A produccedilatildeo de fumo da regiatildeo Sul do Brasil eacute um exemplo que retrata que a

agricultura familiar eacute mais eficiente no uso da matildeo de obra e da terra quando

comparada aos agricultores patronais A necessidade da intensificaccedilatildeo da matildeo de

obra familiar para aumentar a produccedilatildeo exemplifica bem o porquecirc da maior parte

empregada na agricultura estaacute no segmento familiar apesar desse segmento natildeo ser

predominante na produccedilatildeo agriacutecola brasileira Dessa maneira Abramovay (1992 p

209) afirma que ldquonatildeo haacute atividade econocircmica em que o trabalho e a gestatildeo

estruturam-se tatildeo fortemente em torno de viacutenculos de parentesco e onde a

participaccedilatildeo da matildeo de obra natildeo contratada seja tatildeo importante como na agricultura

familiarrdquo

TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006

Brasil e Regiotildees

Valor produzido por hectare (R$ de 2006)

Natildeo familiar Familiar

Norte 1113 2410

Nordeste 3783 3907

Sudeste 10546 7378

Sul 8373 13376

Centro-Oeste 2727 2851

Brasil 4617 5546

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

Atraveacutes da regionalizaccedilatildeo e do valor produzido por hectare percebe-se que

os agricultores familiares da regiatildeo Sul satildeo mais eficientes no valor produzido e

segundo Guanziroli et al (2012) a predominacircncia de agricultores familiares nas

cadeias produtivas como a fumicultura a avicultura e suinocultura favorece o

aumento da produtividade por aacuterea Eacute nesse sentido que pode-se afirmar natildeo existir

dicotomia ou oposiccedilatildeo entre a agricultura familiar e a patronal uma vez que a

competiccedilatildeo no mercado faz com que cada um desses segmentos tenda a

predominar nos setores em que apresenta capacidade para produzir com mais

eficiecircncia

Na regiatildeo Sudeste a alta tecnologia empregada pelos agricultores natildeo

familiares consegue superar a produtividade da agricultura familiar Jaacute nas regiotildees

Norte e Nordeste encontram-se os menores iacutendices de produtividade da agricultura

52

familiar brasileira fato relacionado a vaacuterios fatores principalmente os solos menos

produtivos clima cultivo de culturas que tecircm um retorno de investimento menor e

tambeacutem a menor disponibilidade de tecnologias assistecircncia teacutecnica e poliacuteticas

agriacutecolas capazes de inverter esse quadro

Aleacutem da representatividade bastante grande (956) da produccedilatildeo de fumo a

agricultura familiar brasileira tem participaccedilatildeo significativa na produccedilatildeo de gecircneros

alimentiacutecios como arroz feijatildeo e mandioca Tambeacutem contabiliza-se um nuacutemero

significativo de agricultores familiares envolvidos nas cadeias produtivas

caracteriacutesticas do agronegoacutecio como soja trigo e milho (tabela 9)

No caso dos produtos de origem animal (tabela 10) a participaccedilatildeo da

agricultura familiar tambeacutem eacute significativa ou seja concorda-se com Guanziroli et al

(2012) quando afirma que produzir alimentos como arroz feijatildeo ou mandioca natildeo

quer dizer necessariamente que esses produtores satildeo camponeses ou produtores

de subsistecircncia pois na grande maioria dos estabelecimentos produz-se totalmente

para o mercado ou seja seu objetivo natildeo eacute somente a subsistecircncia e sim vender a

produccedilatildeo

TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000

PRODUTO 2006

Arroz 3919

Cana-de-accediluacutecar 1024

Cebola 6959

Fumo 9567

Mandioca 9317

Milho 5190

Soja 2360

Trigo 3638

Feijatildeo 7659

Banana 6240

Cafeacute 2967

Laranja 2525

Uva 5363

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

53

TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006

TIPO DE PRODUCcedilAtildeO 2006

Pecuaacuteria de corte 1665

Pecuaacuteria de leite 6053

Suiacutenos 5245

Aves 3034

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

A produccedilatildeo de fumo na regiatildeo Sul do Brasil tambeacutem tem grande

expressividade no contingente de pessoal ocupado (PO) ou seja conforme

demonstrado na tabela abaixo 9 da PO agriacutecola de 2012 estava ocupada nessa

atividade De acordo com Maia e Sakamoto (2015) no Sul destacam-se aleacutem dos

ocupados no cultivo do fumo os ocupados no cultivo da soja (10 da PO agriacutecola)

que representavam em 2012 90 e 63 dos ocupados nos respectivos ramos de

atividade do conjunto da PO agriacutecola brasileira

Para esses autores a dinacircmica da PO agriacutecola brasileira foi influenciada pela

regiatildeo Nordeste que apesar de conter o contingente agriacutecola mais expressivo do

Paiacutes (44 do total da PO agriacutecola brasileira) passou por uma grande reduccedilatildeo de

28 da PO agriacutecola entre os anos de 2005 e 2012 Buainain et al (2013) apud Maia

Sakamoto (2014) destacam que esse processo de esvaziamento na regiatildeo

Nordeste estaria associado tanto agrave inviabilidade econocircmica do minifuacutendio quanto agraves

diferenccedilas de qualidade de vida e oportunidades de emprego entre os meios rural e

urbano

54

TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012

Grupos 2012

N (1000)

Criaccedilatildeo de bovinos e outros animais 402 188

Cultivo de hortaliccedilas legumes flores etc 305 143

Cultivo de Soja 207 97

Produccedilatildeo mista lavoura temporaacuteria e pecuaacuteria

197 92

Cultivo de milho 194 91

Cultivo de fumo 194 91

Outras atividades 632 297

Total 2131 100

Fonte Maia e Sakamoto 2014 Dados primaacuterios IBGE 2012

Com relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos ocupantes em atividades agropecuaacuterias por

condiccedilatildeo de pobreza (tabela 12) nota-se que os ocupados pobres na produccedilatildeo de

fumo correspondem a 7 do total que eacute um percentual de pobres em geral menor

do que os encontrados em outras produccedilotildees como nas de mandioca (26) arroz

(29) milho (24) e horticultura (12)

As culturas da soja cafeacute cana-de-accediluacutecar e frutas satildeo as que tecircm menores

taxas de pobreza com valores respectivos de 24 45 46 e 63 A

proporccedilatildeo meacutedia brasileira para todos os ocupados em atividades agropecuaacuterias eacute

de 146

Desse modo pode-se dizer que as culturas tradicionais como arroz

mandioca e milho satildeo as que tecircm maiores taxas de pobreza Esse fato faz sentido

em Prudentoacutepolis pois na regiatildeo Norte do municiacutepio onde a produccedilatildeo de fumo natildeo

eacute realizada devido agraves caracteriacutesticas do clima e da topografia o niacutevel de

desenvolvimento eacute menor que na parte Central e Sul do municiacutepio Esse contraste

se revela natildeo somente pela comparaccedilatildeo entre culturas tradicionais e a produccedilatildeo de

fumo pois tambeacutem as outras culturas tendem a gerar menores taxas de pobreza

A produccedilatildeo de frutas eacute uma boa opccedilatildeo para a geraccedilatildeo de renda dos

agricultores familiares em geral pois apresenta uma taxa de pobreza bem menor

55

ainda que a do fumo Poreacutem para essa produccedilatildeo seria necessaacuteria a especializaccedilatildeo

e a tecnificaccedilatildeo desses agricultores realizadas a partir de poliacuteticas de incentivos a

tecnificaccedilatildeo e assistecircncia para agricultura familiar como apontado por Navarro

(2014) Ou seja a quantidade de tecnologia empregada de forma correta estaacute

intrinsecamente relacionada agrave renda do agricultor Sobre tecnologia para a

agricultura familiar Valente (2008) ressalta que ldquodeve-se compreender a tecnologia

natildeo como panaceacuteia mas conhecimento que estaria a exigir inovaccedilotildees institucionais

como poliacuteticas puacuteblicas parcerias e outras accedilotildees que a ele devem ser conjugadasrdquo

TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010)

Atividade Natildeo pobre Pobre Pobres () Total

Arroz 137325 56589 292 193914

Milho 389402 126624 245 516026

Algodatildeo 7322 579 73 7901

Cana-de-accediluacutecar 214497 10189 45 224686

Fumo 215365 16116 70 231481

Soja 96235 2387 24 98622

Mandioca 376239 132050 260 508288

Horticultura 522745 72322 122 595067

Frutas 236742 15808 63 252550

Cafeacute 552738 26757 46 579496

Cacau 67809 6670 90 74479

Pecuaacuteria 1611624 149626 85 1761250

Outros cultivos 4389749 942358 177 5332108

Outros agropecuaacuteria

1609597 226670 123 1836267

Total 10427388 1784746 146 12212134

Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010

Portanto os dados da tabela 12 mostram que realmente existem vaacuterias

culturas que geram uma taxa de pobreza bem menor que a cultura do fumo mas em

contrapartida existem aquelas que geram taxas de pobreza bem maiores Assim

pode-se dizer que os agricultores familiares que produzem fumo analisam os fatores

56

relacionados agrave matildeo de obra terra maquinaacuterios disponibilidade de capital

conhecimento teacutecnico e agrave lucratividade por atividade optando pela produccedilatildeo mais

rentaacutevel dentre aquelas para as quais possuem capacidade teacutecnica e financeira para

produzir

No quadro 4 podemos ver como ocorre a distribuiccedilatildeo das atividades

agropecuaacuterias entre os domiciacutelios rurais e urbanos Nesse sentido aproporccedilatildeo dos

ocupados em atividades agriacutecolas e que residem em aacutereas urbanas satildeo maiores em

cultivos como cana-de-accediluacutecar algodatildeo e frutas (607 516 e 451

respectivamente) ao passo que no cultivo do fumo cacau milho e arroz essas

proporccedilotildees satildeo bem menores (65 224 245 e 292)

Do ponto de vista da fixaccedilatildeo do homem no campo a cultura do fumo eacute mais

eficiente se comparadas com aquelas mais mecanizaacuteveis em que o contingente de

ocupados em atividades agriacutecolas eacute maior na aacuterea urbana O fato de a produccedilatildeo de

fumo ser pouco mecanizaacutevel no Brasil principalmente na colheita exige a matildeo de

obra familiar sem contar a necessidade da contrataccedilatildeo de matildeo de obra nos

periacuteodos de colheita do produto

Atividade Urbano Rural Urbano () Total Arroz 63133 130781 326 193914 Milho 114789 401228 222 516026 Algodatildeo 4075 3826 516 7901 Cana-de-accediluacutecar 136484 88202 607 224686 Fumo 15105 216376 65 231481 Soja 32958 65664 334 98622 Mandioca 86628 421660 170 508288 Horticultura 233989 361078 393 595067 Frutas 113813 138738 451 252550 Cafeacute 213751 365744 369 579496 Cacau 16683 57796 224 74479 Pecuaacuteria 466018 1295232 265 1761250 Outros cultivos 1625626 3706482 305 5332108 Outros agropecuaacuteria

889452 946815 484 1836267

QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010)

Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010

De acordo com Neder (2014) os municiacutepios brasileiros de maior porte

populacional se dedicam mais expressivamente agraves atividades de serviccedilos e induacutestria

57

(atividades natildeo agropecuaacuterias) ao passo que os municiacutepios com menor populaccedilatildeo

encontram-se mais relacionados agrave pecuaacuteria soja e fumo Dado esse que se

confirma no municiacutepio de Prudentoacutepolis como tambeacutem na grande parte dos

municiacutepios produtores de fumo da regiatildeo Sul do Brasil os quais satildeo caracterizados

pelo baixo contingente populacional sendo que um nuacutemero razoaacutevel deles tem

populaccedilatildeo predominantemente rural

A partir dos dados apresentados nota-se que a agricultura familiar brasileira

tambeacutem produz commodities para o mercado externo como nas cadeias de aves

suiacutenos soja e fumo Redefinindo assim a visatildeo dualista e superando o dilema entre

a agricultura para o mercado interno e a agricultura para exportaccedilatildeo (SILVEIRA

2014)

Portanto sabendo da inegaacutevel dualidade entre as formas de fazer agricultura

no rural brasileiro estando de um lado a agricultura patronal e do outro a agricultura

familiar concorda-se com Elesbatildeo (2007) quando afirma que natildeo tem fundamento

priorizar nem um segmento e nem outro dentro da agropecuaacuteria pois deve-se olhar

para o rural como um territoacuterio de diversidade onde haacute espaccedilo e necessidade para o

desenvolvimento tanto da produccedilatildeo de commoditiescomo tambeacutem para a

diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo na agricultura familiar tendo como escopo para as

pesquisas a heterogeneidade do segmento familiar

58

CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO

Este capiacutetulo tem por objetivo mostrar os processos de ocupaccedilatildeo do territoacuterio

de Prudentoacutepolis como tambeacutem os elementos que proporcionaram a inserccedilatildeo da

cultura do fumo nas unidades familiares a qual contribuiu para a reproduccedilatildeo

econocircmica desses produtores Nesse sentido a caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais

familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de fontes secundaacuterias como o IBGE eacute

fundamental para conhecer o perfil das unidades familiares

31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR

O municiacutepio de Prudentoacutepolis estaacute localizado na mesorregiatildeo Sudeste do

estado do Paranaacute (figura 2) sendo o terceiro municiacutepio paranaense com maior aacuterea

territorial Estaacute situado a latitude 25ordm 12rsquo 47rdquoS longitude 50ordm 58 40 W e na altitude

de 840 metros (IBGE 2010)

A partir de dados do censo demograacutefico (IBGE 2010) constata-se que

atualmente a maior parte da populaccedilatildeo Prudentopolitana reside na aacuterea rural ou

seja do total de 48793 habitantes 54 vivem na aacuterea rural e 46 na urbana

59

Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO Fonte IBGE (2010) Autor VILCZAK A (2015)

A ocupaccedilatildeo territorial do municiacutepio de Prudentoacutepolis se deu principalmente

atraveacutes da entrada de grande contingentes de imigrantes europeus No Paranaacute

entre os anos de 1829 e 1911 chegaram aproximadamente 83012 mil estrangeiros

de origem eslava (SENETRA 2014) os quais se dirigiram em sua maioria para os

arredores de Curitiba Prudentoacutepolis e Mallet

No municiacutepio de Prudentoacutepolis um contingente maior de imigrantes chegou

entre os anos de 1896 e 1897 Por esse fato atualmente cerca de 75 da

populaccedilatildeo satildeo descendentes de imigrantes ucranianos e em menor escala de

poloneses

Conforme Hauresko (2012) Prudentoacutepolis eacute uma das antigas colocircnias do

interior do Paranaacute instalada em 1895 no denominado distrito de Satildeo Joatildeo de

Capanema sendo a construccedilatildeo da estrada de rodagem Rio Grande do Sul ndash Satildeo

Paulo um dos fatores para a atraccedilatildeo desses imigrantes os quais foram inseridos

numa poliacutetica de instalaccedilatildeo de pequenas propriedades

Os lotes de terra eram recebidos pelos imigrantes e deveriam ser quitados na

medida em que prosperassem economicamente Esses lotes eram desmatados

pelos proacuteprios imigrantes onde construiacuteam casas provisoacuterias de madeira para

abrigar a famiacutelia como demonstra a figura 3

60

FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

Fonte Acervo do Museu do Milecircnio em PrudentoacutepolisPR

A colocircnia foi elevada a categoria de Vila no ano de 1906 pelo processo de

desmembramento do municiacutepio de Guarapuava No ano de 1929 foi elevada agrave

condiccedilatildeo de municiacutepio sendo constituiacutedo pelos distritos de Patos Velhos Jaciaba e

Prudentoacutepolis

No iniacutecio da colonizaccedilatildeo a semente de pinhatildeo era o principal alimento de

subsistecircncia para o imigrante De acordo com Zaroski (2001) os imigrantes colhiam

os pinhotildees e os transformavam em farinha e fubaacute atraveacutes dos moinhos caseiros e

assim substituiacuteam as farinhas de trigo e centeio Quando se instalaram

definitivamente em seus lotes esses imigrantes comeccedilaram a produzir as sementes

de trigo e centeio tambeacutem para a subsistecircncia

De acordo com Hauresko (2012) uma das primeiras atividades econocircmicas

significativas para as famiacutelias descendentes de imigrantes foi a extraccedilatildeo da erva-

mate jaacute que eacute uma planta nativa da regiatildeo

Uma das mais importantes induacutestrias do proacutespero municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute incontestavelmente a do matte que o municiacutepio produz abundantemente Fundada a colocircnia de Prudentoacutepolis composta na sua maioria de polonezes ruthenos e ukranianos coube a cada colono um lote de 5 a 10 alqueires de terras feacuterteis (BRASIL1929 p 28-29 citado por Hauresko 2012)

61

As pequenas glebas de terra que os imigrantes possuiacuteam rendiam a eles a

extraccedilatildeo da erva-mate como tambeacutem a produccedilatildeo de alimentos para autoconsumo e

mais tarde para a comercializaccedilatildeo Nessa continuidade os produtos agriacutecolas que

se destacam historicamente na participaccedilatildeo econocircmica do municiacutepio foram o cultivo

de feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata suiacutenos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de

gado (EMATER 2014) Poreacutem a renda gerada por essas culturas era iacutenfima de um

lado pela baixa produccedilatildeo que alcanccedilavam devido agrave ausecircncia naquele periacuteodo de

um pacote tecnoloacutegico que potencializasse a produccedilatildeo e de outro lado pela falta de

mercado para receber esses produtos

Diante disso a produccedilatildeo de fumo foi uma importante atividade geradora de

renda para a agricultura familiar principalmente a partir da deacutecada de 1970 Por

outro lado a inserccedilatildeo dessa cultura tambeacutem eacute resultado do papel que as empresas

fumageiras tiveram na regiatildeo Sul do Brasil Ou seja a produccedilatildeo se definiu e se

consolidou devido principalmente as empresas fumageiras em ir ateacute o fumicultor

devido a competitividade que o setor apresenta

Na primeira metade do seacuteculo XX muitas famiacutelias jaacute se dedicavam a produccedilatildeo

de fumo tanto de corda (consumo proacuteprio) como tambeacutem de folhas de fumo para

venda Produziam em pequenas quantidades pois todo o trabalho era manual

conforme relata o fumicultor

Eu lembro bem quando o meu avocirc fez a estufa para noacutes trabalhar com o fumo foi mais ou menos nos anos de 1960[] foi bom negoacutecio porque outra lavoura natildeo dava tanto lucro noacutes eacuteramos em bastante irmatildeos e todos ajudavam [] natildeo era faacutecil como hoje que temos trator estufa eleacutetrica Antes era tudo feito com os cavalos e a gente trabalhava muito de sol a sol (Fumicultor da Comunidade de Linha Dezembro entrevistado no dia 9 de junho de 2014) Antes de comeccedilar de plantar fumo noacutes produziacuteamos soacute para consumo o feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata porcos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de gado []Nossa situaccedilatildeo financeira era muito difiacutecil [] natildeo tinha uma renda certa passava muitas necessidades principalmente quando precisava para a sauacutede (Fumicultor da Comunidade de Linha Rio Preto entrevistado em junho de 2014)

No municiacutepio a produccedilatildeo de fumo teve grande procura a partir da metade do

seacuteculo XX Tambeacutem houve incentivos principalmente por parte da Souza Cruz uma

vez que a cultura se desenvolveu bem em algumas regiotildees

62

No ano de 2014 a Emater de Prudentoacutepolis registrou a existecircncia de 8100

famiacutelias de agricultores das quais 1813 o que corresponde a 22 estatildeo

envolvidas no sistema de produccedilatildeo integrada de fumos claros com as empresas

fumageiras que atuam no municiacutepio

A figura 4 mostra a concentraccedilatildeo na parte Sul e Central das 1813 famiacutelias

que produzem o fumo em Prudentoacutepolis Essa concentraccedilatildeo estaacute relacionada agrave

topografia e ao clima De acordo com Kraiczek e Antoneli (2012) na regiatildeo Norte do

municiacutepio a produccedilatildeo natildeo eacute realizada devido ao relevo declivoso (figura 5) improacuteprio

para algumas atividades agriacutecolas como tambeacutem pelo fato de as condiccedilotildees

climaacuteticas serem diferenciadas

FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES

FONTE AFUBRA ndash Mapa elaborado a partir das localidades onde se encontram os produtores Org Kraiczek 2014

63

FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

FonteSRTM ndash USGS-USA (2000) ORG Kurta M (2014)

De acordo com o exposto muitas famiacutelias da regiatildeo Norte do municiacutepio se

interessam pelo plantio de fumo principalmente pela geraccedilatildeo de renda e venda

garantida do produto poreacutem natildeo o produzem devido aos fatores limitantes

De acordo com Emater (2014) devido agraves limitaccedilotildees climaacuteticas e topograacuteficas

as culturas que prevalecem naquela regiatildeo satildeo o feijatildeo milho mandioca maracujaacute

uva e produtos de autoconsumo familiar Esses agricultores familiares sinalizam a

falta de opccedilatildeo de cultivo economicamente rentaacutevel bem como a necessidade da

melhoria nas estradas rurais as quais satildeo fundamentais para escoar a produccedilatildeo

A regiatildeo tambeacutem se caracteriza pelo menor niacutevel de mecanizaccedilatildeo da

produccedilatildeo quando comparada com as regiotildees Central e Sul necessitando de matildeo de

obra intensiva para a produccedilatildeo Extensas aacutereas de lavoura satildeo plantadas

manejadas e colhidas manualmente retratando assim a dificuldade do trabalho

nessa regiatildeo (figura 6)

64

FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR

Fonte Vilczak (2014)

A foto da esquerda mostra uma lavoura de feijatildeo que foi plantada agrave matildeo por

um agricultor familiar do Norte do municiacutepio (Comunidade da Linha Barra de Areia)

o agricultor retrata a dificuldade de trabalhar nessa regiatildeo A foto da direita retrata de

que forma se apresenta o relevo daquela regiatildeo

Conforme dados da Emater (2014) a ocupaccedilatildeo do solo no municiacutepio se daacute

pelas lavouras anuais e perenes matas nativas matas naturais de preservaccedilatildeo

permanente reflorestamentos e pastagens Segundo dados do Ipardes (2013) as

atividades agropecuaacuterias que se destacam atualmente na geraccedilatildeo de renda e no

nuacutemero de hectares ocupados por plantio em Prudentoacutepolis satildeo a produccedilatildeo de leite

bovino e o plantio de fumo soja milho feijatildeo preto e trigo Aleacutem dessas outras

atividades de significacircncia menor para a economia satildeo apresentados nos quadros 5

e 6

65

CULTURAS AacuteREA COLHIDA (ha)

PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)

VALOR (R$

100000)

Abacate 1 30 30000

Abacaxi (mil frutos)

1 11 11000 12

Alho 10 53 5300 265

Amendoim (em casca)

15 20 1333 32

Arroz (em casca)

540 1200 2222 926

Aveia (em gratildeo) 90 198 2200 99

Banana 1 9 9000 5

Batata-inglesa 130 3874 29808 3937

Cana-de-accediluacutecar 26 1325 50962 53

Cebola 60 840 14000 798

Centeio (em gratildeo)

90 135 1500 54

Feijatildeo 27300 33040 1210 70323

Fumo (folha) 4400 9701 2205 58206

Laranja 47 940 20000 544

Maracujaacute

106

530 5000 1007

Mandioca 365 8395 23000 2686

Milho 19870 107088 5389 45699

Pecircssego 13 52 4000 94

Soja 23310 73570 3156 68546

Tomate 5 205 50000 217

Trigo 4210 13472 3200 9508

Uva 28 205 7321 372

QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR

FONTE IBGE - Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013

66

PRODUTOS PRODUCcedilAtildeO VALOR (R$ 100000)

Latilde (Kg) 10930 109

Leite (mil litros) 8308 9965

Mel de abelha (Kg) 290000 2900

Ovos de galinha (mil dz) 245 662

QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

FONTE IPARDES 2015 (IBGE SAFRA DE 2013)

Dentre os setores econocircmicos responsaacuteveis pela formaccedilatildeo do PIB do

municiacutepio de Prudentoacutepolis destacam-se os setores de serviccedilos e a agropecuaacuteria

(quadro 7) Com relaccedilatildeo ao setor de serviccedilos o mesmo tambeacutem estaacute relacionado agraves

atividades agropecuaacuterias

O baixo percentual de participaccedilatildeo das induacutestrias no PIB do municiacutepio se

reflete na baixa agregaccedilatildeo de valor sobre os produtos principalmente nos de origem

animal e da fruticultura entre outros produtos que poderiam gerar mais renda para

os produtores se fossem beneficiados por eles proacuteprios

Setor Prudentoacutepolis Paranaacute

Mil R$ ()

Mil R$ ()

Agropecuaacuteria 115127 2791 12816893 675 Induacutestria 35579 863 46858018 2466 Serviccedilos 237699 5762 106694466 5616

Impostos produtos liacutequidos de subsidio

24099 584 23622577 1243

PIB a preccedilo corrente 412504 100 189991954 100 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR

IBGE 2012 Org Vilczak A 2015

De acordo com Emater (2014) existem no municiacutepio quatorze categorias de

agroinduacutestrias as quais satildeo consideradas de pequeno e meacutedio porte com destaque

para as agroinduacutestrias de embutidos e defumados erva-mate farinha de milho e

quirera Sabendo da importacircncia do setor agropecuaacuterio para a economia do

municiacutepio o graacutefico 2 mostra as atividades com maior geraccedilatildeo de renda

67

GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS

FONTE IBGE Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013 Org VILCZAK A (2014)

Se analisarmos somente a renda obtida por cada cultura notaremos que o

feijatildeo e a soja satildeo as que mais geram receita seguido do fumo milho trigo e arroz

Contudo ao analisarmos a receita e a aacuterea cultivada de cada lavoura notamos que a

produccedilatildeo de fumo eacute a mais rentaacutevel

A partir do graacutefico pode-se entender o porquecirc das famiacutelias permanecerem na

atividade fumageira Estas satildeo motivadas principalmente pela renda obtida aleacutem da

constataccedilatildeo a partir de trabalhos de campo de que a maioria dos fumicultores estatildeo

na atividade haacute muitos anos e que esta ocupaccedilatildeo eacute passada de uma geraccedilatildeo para

outra

Noacutes plantamos fumos haacute 15 anos e antes de eu e minha esposa casar eu plantava o fumo com meus pais e minha esposa com os pais dela e agora pegamos uma estufa para noacutes e continuamos na produccedilatildeo [] Jaacute sabemos bem como produzir um fumo de qualidade boa [] jaacute investimos em outras atividades mas natildeo deu lucro igual do fumo [] trecircs anos atraacutes fizemos financiamento para tanques de peixe investi 10 mil reais para fazer os tanques e comprar os alevinos e como noacutes natildeo tinha acompanhamento teacutecnico e muito menos experiecircncia em produzir peixe natildeo tivemos lucros Produzimos feijatildeo milho soja mas a maior renda vem do fumo (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Dezembro em maio de 2014)

926

70323

58206

45699

68546

9508

540

27300

4400

19870

23310

4210

0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000

Arroz

Feijatildeo

fumo

Milho

Soja

Trigo

Aacuterea Plantada (ha) Valor Produccedilatildeo (R$ 100000)

68

A produccedilatildeo de leite tambeacutem tem uma expressiva contribuiccedilatildeo para a

economia do municiacutepio pois nos uacuteltimos anos intensificou-se a dedicaccedilatildeo dos

agricultores familiares nessa atividade Dessa forma muitos dos fumicultores

tambeacutem produzem leite pelo fato de possuir mercado garantido e tambeacutem devido ao

pagamento do leite ser realizado mensalmente o que natildeo acontece com o fumo

Nas propriedades que combinam a produccedilatildeo de leite com a do fumo os agricultores

familiares usam a renda do leite para gastos mensais fixos da famiacutelia e a renda da

safra do fumo eacute investido na propriedade pois gera receitas mais altas

Agora com a renda do fumo e do leite as coisas se equilibraram que com o dinheiro do leite usamos para os gastos do mecircs e quando vendemos a safra do fumo investimos na propriedade jaacute fizemos casa de alvenaria cerca paiol novo galinheiro compramos trator carro [] a gente trabalha mais mas pelo menos natildeo passamos grandes necessidadade (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Visconde de Guarapuavaem maio de 2014)

De acordo com a EMATER (2014) nos uacuteltimos anos houve aumento do

nuacutemero de agricultores familiares que se dedicaram agrave produccedilatildeo de leite e aos

poucos abandonaram o cultivo do fumo A partir dos trabalhos de campo percebe-se

que muitas vezes os mais jovens pretendem investir na atividade leiteira fazer

cursos e se especializar no uso de tecnologias que permitam maior produtividade

dos animais ou seja casais mais novos que pretendem permanecer no campo

geralmente com niacutevel de escolaridade maior buscam ser mais competitivos como

por exemplo o depoimento de um casal que reside na Linha Visconde de

Guarapuava e de outro que reside na Linha Dezembro

Os nossos pais plantam fumo e quando casamos tambeacutem comeccedilamos a produzir fumo e leite e achamos que se noacutes se especializasse soacute na produccedilatildeo de leite a gente teria mais facilidade porque temos pouca terra (5 alqueires) [] agora temos 32 vacas de leite fora os terneiros e temos uma renda ateacute que razoaacutevel por mecircs (Agricultora familiar entrevistada5 na comunidade de Linha Visconde de Guarapuava)

Sempre plantei fumo mas como casei no ano passado eu e minha mulher decedimos plantar fumo somente nesse ano e no proacuteximo ano investir mais no leite que temos mais facilidade apesar de ter que trabalhar todos os dias de manhatilde e de tarde para tirar o leite e ainda durante o dia plantar os pastos [] no fumo natildeo precisa ficar o ano todo trabalhando mas mesmo assim vamos se especializar soacute com a produccedilatildeo de leite e outras lavouras (Fumicultor entrevistado na comunidade de Linha Dezembro)

5 A agricultora relata que atualmente soacute ajuda os pais com as atividades do fumo nos dias de colheita

69

Portanto nota-se que os mesmos usam da racionalidade econocircmica para

definir o que produzir natildeo buscando somente a sobrevivecircncia da famiacutelia e se

especializando nas atividades em que acreditam serem mais eficiente considerando

as caracteriacutesticas de suas propriedades Buscam assim melhorar de vida seguindo

uma racionalidade tipo capitalista

32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS

Como jaacute visto no item anterior o municiacutepio de Prudentoacutepolis sempre possuiu

uma base produtiva alicerccedilada estruturalmente no setor agropecuaacuterio e de acordo

com dados da Emater de Prudentoacutepolis (2014) o puacuteblico que faz parte do rural do

municiacutepio estaacute composto pela categoria Agricultura familiar constando um nuacutemero

de 8100 estabelecimentos Agricultura Patronal com 1750 estabelecimentos e por

40 famiacutelias Indiacutegenas aleacutem daqueles trabalhadores rurais contratados nos periacuteodos

de safra para desenvolver atividades no campo

Nota-se que em Prudentoacutepolis a categoria da agricultura familiar eacute

predominante em relaccedilatildeo agrave patronal Desse modo a caracterizaccedilatildeo dos produtores

rurais familiares a partir de conceitos e dados estatiacutesticos sistematizados para todo o

paiacutes se torna pertinente para que possamos estimar em quais grupos existe a maior

concentraccedilatildeo desses produtores familiares no municiacutepio e qual eacute a dinacircmica de

produccedilatildeo desses grupos A tipologia entre os agricultores familiares tem por objetivo

estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares devido

a sua heterogeneidade (FAOINCRA 2000) Sendo assim o grupo A refere-se

aquele produtor com renda total superior a trecircs vezes o valor da diaacuteria o grupo B ao

produtor com renda total superior a uma vez ateacute trecircs vezes o valor da diaacuteria no

grupo C estatildeo aqueles com renda total superior agrave metade ateacute uma vez o valor da

diaacuteria e por fim o grupo D com renda total igual ou inferior agrave metade do valor da

diaacuteria

A existecircncia de quatro grupos distintos dentro do universo familiar eacute resultante

de vaacuterios fatores como por exemplo a disponibilidade de terras agricultaacuteveis (como

aquelas localizadas na regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis) as tecnologias

empregadas pelas unidades familiares a forma de administraccedilatildeo da propriedade os

70

preccedilos e mercados aos quais a produccedilatildeo eacute destinada fatores climaacuteticos entre

outros Portanto os distintos tipos de produtores satildeo portadores de racionalidades

especificas e buscam se adaptar ao meio em que estatildeo inseridos

O universo agraacuterio eacute extremamente complexo seja em funccedilatildeo da grande diversidade da paisagem agraacuteria (meio fiacutesico ambiente variaacuteveis econocircmicas etc) seja em virtude da existecircncia de diferentes tipos de agricultores os quais tecircm interesses particulares estrateacutegias proacuteprias de sobrevivecircncia e de produccedilatildeo e que portanto respondem de maneira diferenciada a desafios e restriccedilotildees semelhantes (FAOINCRA 2000)

Os dados mais gerais que tratam de variaacuteveis da caracterizaccedilatildeo dos

agricultores familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis pertencem ao censo

agropecuaacuterio de 2006 momento aquele em que o universo da agricultura familiar era

composto por aproximadamente 7409 estabelecimentos sendo que no ano de

2014 a Emater do municiacutepio registrou um nuacutemero aproximado de 8100 agricultores

familiares um aumento de 691 estabelecimentos Esse aumento dos agricultores

familiares no dececircnio pode ser resultado da subdivisatildeo das propriedades jaacute

existentes

Dentre os quatro grupos familiares (Quadro 8) o maior nuacutemero de agricultores

familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis encontra-se no grupo D ou seja aqueles

agricultores familiares descapitalizados e com baixo niacutevel de integraccedilatildeo ao mercado

No grupo A considerado como capitalizado e com grande integraccedilatildeo aos mercados

existe um contingente menor de agricultores

Nuacutemero bastante significativo de produtores familiares estaacute representado pelo

grupo B grupo esse que estaacute em processo de capitalizaccedilatildeo e integrado ao mercado

Os agricultores familiares capitalizados e em processo de capitalizaccedilatildeo satildeo em

menores nuacutemeros que os descapitalizados e os em processo de descapitalizaccedilatildeo

71

Cidade Agricultura familiar por grupo

Nordm Absoluto de estabelecimentos por grupo

familiar

Prud

entoacute

polis

PR

Familiar ndash tipo A 783

Familiar ndash tipo B 2168

Familiar ndash tipo C 1387

Familiar ndash tipo D 3071

Total 7409

QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006

Fonte IBGE 2006

Conforme os dados do IBGE (2006) eacute importante ressaltar que em

Prudentoacutepolis o grupo A representa cerca de 10 do total de estabelecimentos

familiares o que eacute aproximadamente a mesma proporccedilatildeo verificada para o Brasil

onde haacute cerca de 460 mil produtores do grupo A num universo de pouco mais de 4

milhotildees de estabelecimentos familiares

Dentro do universo dos agricultores familiares de Prudentoacutepolis nota-se que a

grande maioria deles independentemente do tipo familiar possui terras proacuteprias

como demonstrado no quadro 9 O fato de a grande maioria possuir terras proacuteprias

estaacute relacionado ao loteamento feito no periacuteodo da colonizaccedilatildeo do municiacutepio sendo

que apesar de ter acontecido a venda e compra de algum desses lotes em termos

gerais a questatildeo do acesso agrave terras permanece inalterada entre os agricultores

familiares locais

72

Variaacutevel

Agricultura familiar por grupo

Nordm Absoluto de propriedades por grupo

no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR

Terras proacuteprias

Familiar ndash tipo A 700

Familiar ndash tipo B 2016

Familiar ndash tipo C 1338

Familiar ndash tipo D 2966

Total 7020

QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)

Com relaccedilatildeo aos tipos de cultivo nota-se pelo quadro 10 que os produtores

de fumo se concentram nos grupos A e B Ou seja do ponto de vista econocircmico a

produccedilatildeo tende a oferecer uma renda maior do que o milho e o feijatildeo por exemplo

visto que a maior concentraccedilatildeo desses agricultores familiares estaacute nos grupos C e D

A maior parte dos produtores de fumo tem um niacutevel alto de integraccedilatildeo com o

mercado quer dizer natildeo satildeo camponeses e sim pequenos capitalistas que visam

lucros mantendo-se competitivos com objetivo de crescimento econocircmico

QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)

Nesse sentido concorda-se com as abordagens ligadas ao capitalismo

agraacuterio segundo as quais a integraccedilatildeo dos fumicultores com as induacutestrias

Grupo familiar Fumo Feijatildeo Milho Soja Familiar ndash tipo A 520 493 540 109

Familiar ndash tipo B 798 1464 1484 110

Familiar ndash tipo C 128 1058 974 56

Familiar ndash tipo D 89 2125 1773 84

Agricultor natildeo familiar

19 76 93 44

Total de

estabelecimentos

1555

5216

4864

403

73

fumageiras oferece maiores oportunidades para capitalizaccedilatildeo ao passo que a

maioria daquelas famiacutelias que produzem feijatildeo e milho estaacute no grupo familiar em vias

de descapitalizaccedilatildeo e descapitalizados auferindo renda menor

Quando somados as colunas do quadro 10 vemos que o nuacutemero para cada

linha supera o total de estabelecimentos de cada categoria apresentados nos

quadros anteriores Isso mostra que haacute muitos fumicultores que natildeo se dedicam

apenas ao fumo mas tambeacutem ao feijatildeo milho e ou soja A partir dai pode-se

levantar a hipoacutetese de que muitos produtores do grupo A manteacutem pequenas

produccedilotildees de feijatildeo eou milho para autoconsumo Outra hipoacutetese eacute que haacute

produtores do grupo B que estatildeo tentando fazer a transiccedilatildeo das culturas de feijatildeo

eou milho para a cultura de fumo motivo pelo qual deram iniacutecio a produccedilatildeo deste

uacuteltimo sem abandonar os cultivos mais tradicionais

No municiacutepio tambeacutem existem dezenove agricultores natildeo familiares que

produzem fumo e usam da matildeo de obra contratada para cultivar a commoditie

devido agrave baixa mecanizaccedilatildeo disponiacutevel para esse tipo de lavouraDesse modo os

agricultores natildeo familiares tambeacutem tecircm interesse na rentabilidade por hectare e no

mercado garantido do fumo

A produccedilatildeo de soja tem uma expressividade na agricultura familiar com

destaque para os grupos A e B O milho e feijatildeo satildeo as culturas que predominam

nos grupos familiares

Para as variaacuteveis ligadas agrave modernizaccedilatildeo da agricultura foi contabilizado o

nuacutemero de tratores existente nas propriedades familiares como tambeacutem a utilizaccedilatildeo

de agrotoacutexicos entre esses grupos mediante dados do IBGE como apresentado no

quadro 11 Dos 7409 estabelecimentos familiares 1384 possuiacuteam trator no ano de

2006 ou seja 18

Nesse sentido pode-se dizer que no ano de 2006 um universo pequeno de

agricultores familiares possuiacutea trator No grupo A 34 dos agricultores tinham

tratores O grupo B foi o menos expressivo nessa variaacutevel com 12 de

estabelecimentos com trator seguidos de 15 no grupo C e de 20 no grupo D

74

Agricultura familiar por grupo de agricultores

Nuacutemero total de estabelecimentos familiares

Nuacutemero de estabelecimentos com tratores

de tratores por grupo familiar

Familiar ndash tipo A 783 269 34

Familiar ndash tipo B 2168 278 12

Familiar ndash tipo C 1387 209 15

Familiar ndash tipo D 3071 628 20

Total 7409 1384 18

QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES

Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015) O uso de agrotoacutexicos eacute feito por uma parcela expressiva de agricultores

familiares posto que 77 deles usam algum tipo desse produto Em termos

percentuais os agricultores familiares do grupo A satildeo os que mais usam seguidos

do grupo B com 82 grupo Ccom 75 epor fim o grupo D com 69 dos

agricultores que fazem uso desse insumo agriacutecola Assim vale notar que o uso de

agrotoacutexicos natildeo estaacute associado apenas agrave produccedilatildeo de fumo pois os grupos

familiares que produzem predominantemente feijatildeo e milho tambeacutem utilizam

produtos quiacutemicos intensamente Nesse sentido concorda-se com DINIZ FILHO

(2011) quando menciona que

[] a incorporaccedilatildeo de elementos econocircmicos e tecnoloacutegicos da agricultura patronal eacute uma estrateacutegia amplamente utilizada por agricultores familiares do mundo todo para se manterem competitivos no bojo da modernizaccedilatildeo agriacutecola embora frequentemente tal incorporaccedilatildeo fique incompleta devido agrave falta de capital para investimentos e das caracteriacutesticas de muitas propriedades familiares tais como pequena dimensatildeo ou relevo inclinado

75

Agricultura familiar por grupo de agricultores

Nuacutemero total de estabelecimentos familiares

Nuacutemero de estabelecimentos que usam agrotoacutexicos

de estab que usam agrotoacutexicos

Familiar ndash tipo A 783 734 93

Familiar ndash tipo B 2168 1794 82

Familiar ndash tipo C 1387 1048 75

Familiar ndash tipo D 3071 2108 69

Total 7409 5684 77

QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS

Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)

Os dados mostram que a agricultura familiar no municiacutepio de Prudentoacutepolis

tambeacutem se beneficia dos aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo da agricultura

concordando com Diniz Filho (2011) quando afirma ser notoacuterio que a monocultura a

mecanizaccedilatildeo e o uso de pesticidas e fertilizantes quiacutemicos satildeo amplamente

disseminados entre os produtores familiares Nesse sentido pode-se dizer que a

agricultura familiar da mesma forma que o agronegoacutecio estaacute preocupada

primeiramente com os lucros do que em usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis e que

busquem somente reproduzir o seu modo de vida

Portanto pode-se afirmar que a produccedilatildeo de fumo eacute considerada uma

atividade que permite renda razoaacutevel para o produtor uma vez que no municiacutepio de

Prudentoacutepolis esses agricultores familiares estatildeo concentrados no tipo familiar mais

capitalizado condizendo assim com os dados mais gerais sobre a agricultura

familiar brasileira apresentados no capiacutetulo anterior segundo os quais a cultura do

fumo gera menor niacutevel de pobreza que culturas alimentares voltadas para o

consumo popular e frequentemente associadas agrave produccedilatildeo de subsistecircncia

Finalmente vale notar que a pesquisa de campo realizada no acircmbito desta pesquisa

corroborou os resultados obtidos pela anaacutelise de dados estatiacutesticos de fontes

oficiais conforme se veraacute a seguir

76

CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO

Este capiacutetulo tem por objetivo expor os dados dos trabalhos de campo

realizados com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela

empresa Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis A

contrataccedilatildeo eacute feita atraveacutes do sistema de produccedilatildeo integrada no qual a empresa

garante a compra de toda a produccedilatildeo fornece assistecircncia teacutecnica aos contratados

define os padrotildees de fumo a serem produzidos de acordo com as demandas de

mercado bem como estipula os preccedilos do quilo de fumo junto ao sindicato dos

fumicultores do Brasil (SINDITABACO)

Na safra de 20142015 duzentos e noventa e cinco produtores familiares de

Prudentoacutepolis foram contratados pela Souza Cruz como fornecedores de fumo Para

dar suporte a esses fumicultores trabalham trecircs instrutores teacutecnicos cada qual

atuando na sua aacuterea de abrangecircncia acompanhando os mesmos associados desde

o iniacutecio ateacute o final da safra

A finalidade do instrutor teacutecnico eacute de prestar assistecircncia aos fumicultores em

todos os processos da produccedilatildeo do fumo como a definiccedilatildeo da quantidade de peacutes

de fumo que seraacute plantada a compra de insumos para produccedilatildeo a realizaccedilatildeo do

seguro da safra juntamente com a Afubra assistecircncia teacutecnica nos tratos culturais da

planta estabelecimento de estimativas de quilos de fumo que o produtor

comercializaraacute com a empresa acompanhamento na colheita secagem

classificaccedilatildeo e a venda do produto

O instrutor teacutecnico entrevistado expotildee que aleacutem da empresa Souza Cruz

outras cinco empresas6 do mesmo ramo atuam no municiacutepio com intuito de contratar

fumicultores atraveacutes do sistema integrado Menciona tambeacutem que natildeo existem

grandes conflitos concorrenciais entre essas empresas como jaacute existiu na deacutecada

de 1990 quando uma empresa fazia o maacuteximo para atrair maior quantidade de

associados Nos uacuteltimos anos cada empresa tem os seus produtores certos natildeo

6Universal Leaf Tabacos Ltda CTA ndash Continental Tobaccos Alliance One Exportadora de Fumo Ltda Premium Tabacos do Brasil SA e a A Japan Tabacco Inc (JTI)

77

existindo alto niacutevel de migraccedilatildeo desses entre as empresas uma vez que todas

trabalham no mesmo sistema e os preccedilos do quilo de fumo satildeo tabelados

A logiacutestica de transporte do fumo da residecircncia do produtor ateacute a usina de

beneficiamento da Souza Cruz eacute terceirizada sendo que no municiacutepio satildeo trecircs

transportadoras credenciadas pela empresa A proacutepria Souza Cruz natildeo possui

depoacutesitos de armazenamento de fumo em Prudentoacutepolis Desse modo as trecircs

transportadoras credenciadas satildeo responsaacuteveis por fazer o recolhimento da

produccedilatildeo direto do depoacutesito do produtor A transportadora coleta o fumo nas

propriedades dos fumicultores com um caminhatildeo de menor porte e no barracatildeo da

proacutepria transportadora eacute feito o transbordo para as carretas que seguem ateacute a usina

de beneficiamento

Como na assistecircncia teacutecnica cada transportadora tambeacutem tem uma regiatildeo de

abrangecircncia para recolher o fumo A produccedilatildeo que sai dos depoacutesitos dos produtores

jaacute estaacute 100 assegurada caso aconteccedila imprevistos com a viagem Apoacutes a

descarga do fumo na usina de beneficiamento a transportadora utiliza o mesmo

frete para trazer os insumos agriacutecolas para a proacutexima safra

Apesar de possuir uma usina de processamento de fumo no municiacutepio de Rio

Negro no Paranaacute a produccedilatildeo do municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute enviada para a usina

de BlumenauSC pois a usina de Rio Negro tem capacidade de atender somente agrave

produccedilatildeo da regiatildeo Oeste e Sudoeste paranaense e tambeacutem do ponto de vista

logiacutestico eacute mais viaacutevel enviar a produccedilatildeo de Prudentoacutepolis para Blumenau

A partir de dados da Afubra da Souza Cruz e dos dados de campo foi

construiacutedo um fluxograma para exemplificar as etapas em que o fumo produzido no

municiacutepio de Prudentoacutepolis passa ateacute chegar ao consumidor

78

FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

Fonte Souza Cruz e AFUBRA 2014

Org VILCZAK A 2015

41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES

As informaccedilotildees que seratildeo apresentadas a seguir dizem respeito a sessenta

famiacutelias entrevistadas e que satildeo contratadas pela empresa fumageira Souza Cruz

no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR

As famiacutelias entrevistadas residem em seis diferentes localidades do municiacutepio

de Prudentoacutepolis sendo elas Comunidade da Linha Dezembro Comunidade da

Linha Visconde de Guarapuava Comunidade da Linha Marcondes Comunidade da

Linha Barra Vermelha Comunidade da Linha Antocircnio Olinto e Comunidade da Linha

Tira Cisma (figura 8) Para localizar esses fumicultores os instrutores teacutecnicos da

Souza Cruz forneceram uma listagem de todos os produtores e de sua respectiva

localidade de residecircncia Cabe destacar que as entrevistas natildeo foram direcionadas e

nem realizadas com a presenccedila desses instrutores

79

FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS

A seleccedilatildeo das localidades foi feita levando-se em conta a maior concentraccedilatildeo

de produtores de fumo e a maior acessibilidade em relaccedilatildeo agrave aceitaccedilatildeo dos mesmos

em responderem os questionaacuterios

Para a realizaccedilatildeo das entrevistas fez-se necessaacuterio o auxiacutelio de um agente

comunitaacuterio que tinha maior contato com os fumicultores para que os mesmos

pudessem responder o questionaacuterio com maior seguranccedila Recorreu-se a esse

meacutetodo pelo fato de alguns fumicultores convidados a participar da entrevista natildeo

ficarem tranquilos suspeitando que se tratasse de uma pesquisa que natildeo favorecia

aos ideais deles uma vez que possuem ldquomedordquo de certas campanhas

governamentais que incentivam o fim do plantio do fumo

As primeiras entrevistas foram realizadas na Linha Dezembro Linha Visconde

de Guarapuava e Linha Marcondes sendo que as mesmas foram conduzidas

juntamente com a agente comunitaacuteria Gabriela Strechar (residente na Linha

Visconde de Guarapuava) e contabilizou um total de 19 fumicultores Na Linha Barra

Vermelha Linha Antocircnio Olinto e Linha Tiram Cisma foram realizadas 41 entrevistas

80

com a ajuda da agente comunitaacuteria Adriana Kutzmy moradora da Linha Barra

Vermelha e que tambeacutem tem grande conhecimentos sobre essas localidade e

moradores

As entrevistas foram realizadas nos meses de novembro e dezembro de

2015 periacuteodo da colheita do fumo A escolha desse periacuteodo para a coleta de dados

possibilitou conhecer a realidade de cada famiacutelia com relaccedilatildeo agraves formas de

produccedilatildeo colheita transporte e secagem das folhas de fumo

Caracterizaccedilatildeo das famiacutelias

a) Escolaridade feminina e masculina por faixa etaacuteria

Para a coleta de dados dessa variaacutevel foram levados em consideraccedilatildeo

somente as mulheres e homens que vivem nas unidades de produccedilatildeo familiar isto eacute

pessoas que migraram para as cidades e aquelas que se casaram e permanecem

no meio rural natildeo seratildeo contemplados nos quadro 13 e 14

Dentre as sessenta famiacutelias entrevistadas contabilizou-se um total de

duzentos e vinte e cinco membros que residem nas unidades de produccedilatildeo familiar

sendo cento e nove mulheres e cento e dezesseis homens

81

Faixa etaacuteria

S idade

escolar

S escolar idade

Ateacute o 5ordm ano

Do 6ordm ao 9ordm ano

Ensino meacutedio

Incompleto

Ensino meacutedio

completo

Ensino Superior

Cursos teacutecnicos

Total de

mulheres

0 - 05 anos 10 - 01 - - - - - 11

05 - 10 anos

- - 04 - - - - - 04

11 ndash 20 anos

- - 05 09 01 05 01 - 21

21 ndash 30 anos

- - 08 - 12 - 01 21

31 ndash 40 anos

- - 06 06 - 01 - - 13

41 ndash 50 anos

- - 14 06 - - - - 20

51 ndash 60 anos

- - 12 - - 01 - - 13

Acima de 61

- 01 04 - - 01 - - 06

Total 10 01 46 29 01 20 01 01 109

Percentual ()

09 01 43 27 01 17 01 01 100

QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Com relaccedilatildeo agraves mulheres entrevistadas pode-se notar um baixo grau de

escolarizaccedilatildeo dentre aquelas que possuem mais de 40 anos as quais no maacuteximo

tecircm ensino fundamental completo exceto uma senhora que estaacute na faixa etaacuteria de

51 a 60 anos e que possui ensino meacutedio completo e que era professora das seacuteries

iniciais Nota-se tambeacutem a existecircncia de duas famiacutelias com filhas cursando

universidade e curso teacutecnicos no periacuteodo da noite sendo que as mesmas trabalham

durante o dia na propriedade inclusive na produccedilatildeo de fumo

82

Todas as filhas dos fumicultores em idade escolar estatildeo matriculadas nas

suas respectivas seacuteries de ensino Na faixa etaacuteria de 21 a 30 anos a maioria tem o

ensino meacutedio completo e natildeo demonstra pretensotildees de fazer curso superior nos

proacuteximos anos

Apesar da baixa escolaridade somente uma pessoa entrevistada e que tem

mais que 61 anos de idade nunca frequentou uma escola

De acordo com as entrevistas percebe-se que grande parte das mulheres

quando terminam o ensino meacutedio migra para alguma cidade com pretensotildees de

estudar ou trabalhar

Faixa etaacuteria

S idade

escolar

S escolar idade

Ateacute o 5ordm ano

Do 6ordm ao 9ordm ano

Ensino meacutedio

Incompleto

Ensino meacutedio

completo

Ensino Superior

Cursos teacutecnicos

Total de homens

0 - 05 anos 09 - - - - - - - 09

05 - 10 anos

- - 08 - - - - - 08

11 ndash 20 anos

- - 05 07 07 03 - - 22

21 ndash 30 anos

- - - 02 03 13 01 - 19

31 ndash 40 anos

- 01 08 06 - 05 01 03 24

41 ndash 50 anos

- - 11 - - - - - 11

51 ndash 60 anos

- - 18 - - - - - 18

Acima de 61

- - 05 - - - - - 05

Total 09 01 55 15 10 21 02 03 116

Percentual ()

07 01 47 13 09 18 02 03 100

QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO

Fonte Pesquisa de campo (2015)

83

No universo masculino da mesma forma que no feminino percebe-se que as

menores escolaridades estatildeo entre aqueles que possuem mais de 40 anos de idade

Um entrevistado que possui entre 31 e 40 anos cursou trecircs anos no ensino

superior poreacutem alega que natildeo tem pretensotildees em curto prazo em concluir ou

trabalhar fora da propriedade devido a melhor qualidade de vida que pode ter em

relaccedilatildeo agrave cidade Nessa mesma faixa etaacuteria (31 a 40 anos) trecircs homens

frequentaram cursos teacutecnicos sendo que dois concluiacuteram teacutecnico em agropecuaacuteria e

um teacutecnico florestal

Um homem entre 21 e 30 anos concluiu haacute dois anos o curso superior em

contabilidade afirmou que jaacute trabalhou na sua aacuterea de formaccedilatildeo mas que nesse

ano decidiu trabalhar na produccedilatildeo de fumo poreacutem tem pretensotildees de voltar a

trabalhar na aacuterea de formaccedilatildeo

b) Estrutura familiar

Para a coleta de dados correspondente agrave variaacutevel apresentada no quadro 15

tambeacutem foram levadas em consideraccedilatildeo somente as pessoas que vivem na unidade

familiar Dessa forma a quantidade de membros que compotildee as famiacutelias

entrevistadas natildeo eacute numerosa apresentando a maior porcentagem de famiacutelias

compostas por trecircs e quatro pessoas (30 e 42) Aquelas com mais de cinco

membros correspondem na sua maior parte por famiacutelias onde os pais da esposa ou

do marido estatildeo vivendo juntos

Nuacutemero total dos

membros das famiacutelias

Nordm de famiacutelias Nuacutemero total de membros

Percentual ()

Um membro 0 0 0

Dois membros 6 12 10

Trecircs membros 18 54 30

Quatro membros 25 100 42

Cinco membros 07 35 12

Seis membros 04 24 6

84

Total 60 225 100

QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Os dados sobre as famiacutelias em que pelo menos um dos membros migrou para

alguma cidade com intuito de trabalhar estudar ou trabalhar e estudar estatildeo

apresentados na tabela abaixo

TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE

Motivos da migraccedilatildeo Nordm de famiacutelias Percentual () Somente estudar (cursos teacutecnicos Universidade)

9 15

Estudar (cursos teacutecnicos Universidade) e Trabalho

14 23

Somente trabalhar 6 10 Nenhum membro migrou

para a cidade 31 52

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)

Nota-se que 48 das famiacutelias entrevistadas tiveram pelo menos um membro

que migrou para a cidade com objetivo de estudar ou trabalhar Os que relataram

que a migraccedilatildeo foi com intuito de estudar afirmam que os estudos estatildeo

relacionados a cursos teacutecnicos e universitaacuterios como jaacute expostos acima

Vale lembrar a existecircncia de famiacutelias em que os filhos ainda natildeo estatildeo em

idades suficientes para fazer um curso teacutecnico ou universidade ou seja nos

proacuteximos anos provavelmente haveraacute um percentual maior de jovens saindo do

campo com intuito de estudar ou trabalhar em outras atividades com maiores

oportunidades que a produccedilatildeo de fumo

Esse processo migratoacuterio da populaccedilatildeo rural para o urbano no caso dos

fumicultores entrevistados pode estar relacionado com aquilo exposto por (2014)

segundo o qual atualmente nas regiotildees rurais brasileiras a migraccedilatildeo jaacute natildeo eacute mais

um processo em que as condiccedilotildees ldquopor mais pobreza que existamrdquo estatildeo

expulsando as pessoas do campo mas sim um movimento que ocorre quando

existem fatores de atraccedilatildeo no meio urbano Poreacutem natildeo devemos desprezar que

nesse processo tambeacutem estatildeo embutidos outros fatores como os culturais e ateacute

85

pessoais ou seja o que se passa pela cabeccedila das pessoas natildeo somente dessas

que vivem no rural e estatildeo indo para a cidade mas tambeacutem daquelas que jaacute vivem

em cidades de menor porte e migram para grandes centros urbanos Contudo essas

questotildees de ordem cultural e pessoal escapam aos objetivos desta pesquisa

Condiccedilatildeo do fumicultor

TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA

Anos Nordm de famiacutelias Percentual ()

0 ndash 5 anos 0 0

6 ndash 10 anos 4 6

10 ndash 15 anos 12 20

15 ndash 20 anos 16 27

21 ndash 25 anos 12 20

26 ndash 30 anos 10 17

Mais de 30 anos 6 10

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

O periacuteodo de tempo com maior expressividade em que esses agricultores

familiares estatildeo envolvidos na atividade fumageira variam em torno de 10 a 30 anos

Nenhuma famiacutelia entrevistada comeccedilou a produzir fumo nos uacuteltimos cinco anos

Esse fato vai ao encontro de dados mais gerais da Afubra (2015) demonstrando

que entre o ano de 2010 e 2014 o nuacutemero de famiacutelias produtoras de fumo caiu de

185160 para 162410

Esse fato estaacute relacionado principalmente agrave migraccedilatildeo de jovens para as

cidades e pelo fato dos casais mais novos que possuem filhos com idades

insuficientes para trabalhar na atividade fumageira buscarem se promover

economicamente atraveacutes de outras atividades

A queda do nuacutemero de famiacutelias na fumicultura nos uacuteltimos anos tambeacutem estaacute

relacionada com a maior escolaridade das pessoas que vivem no rural pois esses

estatildeo se dedicando a atividades selecionadas por eles como mais oportunas eou

mais competitivas Aqui natildeo podemos desconsiderar tambeacutem a opccedilatildeo das famiacutelias

86

natildeo entrarem na atividade fumageira pelas questotildees da sauacutede (contato com

agrotoacutexicos e doenccedila da folha verde)

TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

Nordm de famiacutelias Percentual ()

Pela renda e venda garantida

12 20

Pouca disponibilidade de terras

06 10

Pela renda venda garantida e pouca terra

35 58

Falta de outras opccedilotildees de atividade agropecuaacuteria

07 12

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Das famiacutelias entrevistadas 58 declararam que optam pela produccedilatildeo de

fumo por trecircs motivos principais a renda a garantia de venda e a pouca aacuterea de

terra que possuem Jaacute para 20 das famiacutelias entrevistadas os principais motivos

estatildeo na geraccedilatildeo de renda e venda garantida

As famiacutelias que natildeo declararam a pouca quantidade de terra como empecilho

para a realizaccedilatildeo de outra atividade que substitua por completo a produccedilatildeo de fumo

mencionam que plantam o fumo devido agrave renda e que como estatildeo inseridos na

cadeia produtiva de gratildeos que eacute mecanizada sobra matildeo de obra para trabalhar

com o fumo Esses exemplos demonstram que os agricultores familiares produzem

para maximizar os lucros e crescer economicamente da mesma forma que os

grandes proprietaacuterios como exposto no paradigma da agricultura familiar

A falta de outras atividades agropecuaacuterias tambeacutem foi mencionada por 12

das famiacutelias entrevistadas pois apesar de existir outros tipos de cultivo no municiacutepio

como por exemplo a produccedilatildeo de verduras de morangos de pepinos e de ervas

medicinais essas famiacutelias declararam que esses cultivos natildeo geram uma renda por

hectare como o fumo Uma fumicultora entrevistada na Linha Marcondes comenta

Eu ldquoplantava as coisasrdquo para a merenda escolar aqui da escola [] noacutes tinha que comprar as sementes e tudo o que precisava pra produzir essas verduras [] quando levava na escola ficavam colocando defeito na minha produccedilatildeo [] queriam que eu levasse todo dia dez peacutes de alface na escola [] que lucro eu ia ter ir todo dia na escola levar soacute dez peacutes de alface E

87

ainda recebia soacute depois de 40 dias que entreguei a produccedilatildeo e ainda agraves vezes atrasava [] O fumo eacute muito cansativo soacute que a gente natildeo precisa ficar se humilhando pra comprar a produccedilatildeo da gente a firma leva tudo seja o melhor fumo seja o pior

A fumicultora retrata que apesar do trabalho na produccedilatildeo de fumo ser mais

cansativa que outras atividades o fato de se ter a venda garantida de toda a

produccedilatildeo compensa as desvantagens

TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS

Quantidades de peacutes de fumo

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

25000 - 30000 peacutes 14 23

31000 ndash 50000 peacutes 26 44

51000 ndash 70000 peacutes 05 08

71000 ndash 90000 peacutes 07 12

91000 ndash 120000 peacutes 05 08

121000 -140000 peacutes 03 05

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)

Dentre as famiacutelias entrevistadas a quantidade miacutenima de produccedilatildeo eacute de

25000 peacutes e a maacutexima de 140000 peacutes poreacutem a maior concentraccedilatildeo estaacute ente

31000 e 50000 peacutes A quantidade de peacutes que satildeo plantados estaacute relacionada agrave

matildeo de obra disponiacutevel uma vez que esses fumicultores antes de planejar a

proacutexima safra levam em consideraccedilatildeo primeiramente a relaccedilatildeo entre a quantidade

de matildeo de obra disponivel com a quantidade de peacutes de fumo De acordo com o

instrutor teacutecnico da Souza Cruz uma pessoa consegue produzir em meacutedia 20000

peacutes de fumo por safra (usando matildeo de obra de terceiros somente para os dias de

colheita)

Condiccedilatildeo das terras usadas pelos fumicultores entrevistados

88

TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS

Condiccedilatildeo da terra Nordm de famiacutelias Percentual ()

Somente terra proacutepria 33 55

Terra proacutepria e arrendada 22 37

Somente terras arrendadas 05 08

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Para coletar esses dados foi levado em consideraccedilatildeo o total das terras

usadas pelos fumicultores independentemente da cultura plantada aleacutem do fumo

Desse modo nota-se que a grande maioria possui terras proacuteprias (92) sendo que

55 cultivam somente em terras proacuteprias e 37 aleacutem das terras proacuteprias arrenda

com intuito de aumentar a produccedilatildeo tanto de fumo como de gratildeo e outros Existem

8 que natildeo possuiacuteam terras proacuteprias e que necessitam arrendar para produzir o

fumo

TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES

Somente terra proacutepria Nordm de famiacutelias Porcentagem ()

Ateacute 5 hectares 11 20

6 a 10 hectares 14 25

11 a 15 hectares 8 15

16 a 20 hectares 6 11

21 a 25 hectares 6 11

26 a 30 hectares 2 04

31 a 40 hectares 4 07

Mais de 40 hectares 4 07

Total 55 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Dos sessenta fumicultores entrevistados cinco natildeo possuem terras proacuteprias

E dos cinquenta e cinco que possuem a maior porcentagem de famiacutelias tem ateacute 15

hectares Nesse sentido esses nuacutemeros satildeo compatiacuteveis com os dados mais gerais

da regiatildeo Sul do Brasil onde a maior concentraccedilatildeo de famiacutelias possui ateacute 20

89

hectares de terra (AFUBRA 2015) A aquisiccedilatildeo das terras foi principalmente por

heranccedila e em parcelas menores atraveacutes de compra

Formas de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria das unidades familiares dos fumicultores

entrevistados

Este item refere-se aos tipos de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria que aleacutem do fumo

trazem renda para a unidade de produccedilatildeo familiar Com base nos dados de campo

verificam-se nas propriedades aleacutem da produccedilatildeo do fumo as produccedilotildees de feijatildeo

milho soja erva-mate e a produccedilatildeo de leite

TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES

Tipo de produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nuacutemeros de famiacutelias Percentual ()

Somente fumo 20 33 Fumo e soja 06 10

Fumo soja feijatildeo e milho 20 33 Fumo Soja milho e leite 03 5 Fumo feijatildeo milho e erva-

Mate 11 19

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

De acordo com os dados expostos 33 dos entrevistados afirmam que a

produccedilatildeo da propriedade com pretensatildeo de venda eacute somente o fumo outros 33

aleacutem do fumo produzem soja e feijatildeo seguidos de 19 que se dedicam agrave produccedilatildeo

de fumo feijatildeo milho e erva-mate e menos de 5 declarar produzir para a venda o

fumo a soja o milho e o leite

Nesse sentido 67 dos entrevistados diversificam a produccedilatildeo com intuito de obter

mais fontes de renda Poreacutem alegam que a maior renda por aacuterea plantada vem da

produccedilatildeo de fumo

A produccedilatildeo de eucaliptos (figura 9) tambeacutem eacute bastante comum nas

propriedades pois eacute fonte de energia para a secagem das folhas do fumo Nas

estufas tradicionais o uso de lenha eacute muito maior que nas estufas eleacutetricas

90

FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO

Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2016)

A figura 9 exemplifica uma propriedade de fumicultor que produz a soja para

venda e eucalipto para a secagem do fumo A imagem da esquerda representa a

lavoura de um fumicultor na linha dezembro com produccedilatildeo de soja e ao fundo

notam-se plantaccedilotildees de eucaliptos para usar na secagem das folhas de fumo Na

imagem da direita tambeacutem pode ser vista a lavoura de fumo e ao fundo plantaccedilotildees

de eucaliptos

A erva-mate tambeacutem serve como fonte de renda dos fumicultores sendo que

em aacutereas de faxinal7 os peacutes de erva-mate formam mantidos e outros espaccedilos

usados para o cultivo de soja ou feijatildeo como demonstrado na figura 10 Em algumas

propriedades a erva-mate natildeo eacute nativa e foi plantada nos uacuteltimos anos em escalas

maiores devido agrave rentabilidade

7Por faxinal entende-se as terras tradicionalmente ocupadas para o uso comum de pastagens e florestas no Paranaacute que designam situaccedilotildees em que a produccedilatildeo familiar de acordo com suas possibilidades combina apropriaccedilatildeo privada e coletiva dos recursos naturais (HAURESKO C 2012)

91

FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE

Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2015)

Aleacutem da produccedilatildeo com pretensatildeo de venda nas propriedades visitadas

tambeacutem nota-se a presenccedila da produccedilatildeo para autoconsumo da famiacutelia Essas

alegam que produzem certos produtos para diminuir os gastos com mercado e por

produzirem de acordo com suas preferecircncias alimentares Apenas 6 dos

entrevistados natildeo produzem nada para autoconsumo alegando que comprar sai

mais barato que produzir

TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE

Produccedilatildeo para autoconsumo

Nuacutemero de famiacutelias Percentual ()

Horta 08 13 Horta criaccedilatildeo de galinhas e

porcos 16 27

Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos feijatildeo e milho

07 12

Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos e criaccedilatildeo gado (corte

e leite) feijatildeo e milho

25 42

Nenhuma produccedilatildeo para auto consumo

04 6

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

Sobre a produccedilatildeo de feijatildeo para autoconsumo alguns produtores

mencionam que produzem separadamente o feijatildeo para a venda do feijatildeo para

92

consumo da famiacutelia afirmando que no feijatildeo para venda satildeo aplicados dessecantes

para acelerar o periacuteodo de colheita e no feijatildeo que eacute para o consumo natildeo utilizam

essa praacutetica Esse fato natildeo eacute raro no municiacutepio acontecendo tanto nas pequenas

propriedades como nas grandes Isso demonstra que os agricultores familiares estatildeo

interessados no lucro de sua produccedilatildeo e natildeo tecircm muita preocupaccedilatildeo com as

praacuteticas que os ambientalistas e produtores orgacircnicos qualificam como sustentaacuteveis

Dessa forma eacute desnecessaacuteria a visatildeo dualista ente pequenos e grandes produtores

agriacutecolas concordando entatildeo com Diniz Filho (2011) quando escreve o texto

intitulado Agricultura familiar e meio ambiente o perigo da simplificaccedilatildeo ideoloacutegica

mencionando que organizaccedilotildees como CNBB e MST buscam toda sorte de

argumentos para contrapor o agronegoacutecio agrave agricultura camponesa afirmando que o

agronegoacutecio destroacutei a natureza por estar preocupado com lucros ao passo que os

agricultores familiares tenderiam a usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis porque

buscam somente reproduzir seu modo de vida

A produccedilatildeo de animais como vacas de leite boi para engorda criaccedilatildeo de

porcos e galinhas tambeacutem eacute comum entre os produtores de fumo como mostra a

figura 11

FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

93

Portanto conforme afirma Ternoski (2013) a renda agriacutecola dos

estabelecimentos familiares eacute composta da venda de produtos agropecuaacuterios e de

autoconsumo O autoconsumo eacute a quantidade que a famiacutelia consome em produtos

que produz no estabelecimento podendo ser de origem animal ou vegetal como

tambeacutem da transformaccedilatildeo caseira ou seja esses produtos complementam a renda

dos agricultores pelo fato de natildeo precisarem ser comparados pois se destinados ao

mercado podem gerar receita

Acesso a tecnologias e ao creacutedito agriacutecola

TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES

Nordm de famiacutelias Percentual () Possui uma estufa eleacutetrica 54 90

Natildeo possui estufa eleacutetrica 6 10

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

A Grande maioria dos fumicultores (90) possui em sua propriedade a estufa

eleacutetrica Essas famiacutelias afirmam que quando mudaram da estufa tradicional para a

eleacutetrica os trabalhos com matildeo de obra diminuiacuteram bastante pois para secar o fumo

na estufa eleacutetrica natildeo eacute necessaacuterio amarrar as folhas de fumo como demonstra a

figura 12 Jaacute nas estufas tradicionais em que a secagem natildeo eacute eleacutetrica a

quantidade de matildeo de obra exigida eacute bem maior como demonstrado na figura 13

As famiacutelias que natildeo possuem estufa eleacutetrica mencionam que natildeo pretendem

produzir por muito tempo o fumo desse modo natildeo seria viaacutevel adaptar ao sistema

eleacutetrico Nas propriedades onde a produccedilatildeo eacute maior de 70000 peacutes existem duas

estufas (figura 14)

94

FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO

Fonte Vilczak A Trabalho de campo (2016)

FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS

95

Fonte KUTZMY A Trabalho de campo (2015)

FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)

TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO

Bens adquiridos Nordm de famiacutelias Percentual ()

Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e terras no espaccedilo rural

20 33

Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e

terreno na cidade

6 10

Casa carro e terra 4 7

Carro casa trator e implementos agriacutecolas

26 43

Somente carro e casa 4 7

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

A partir dos dados acima pode-se notar que todos os entrevistados

conseguiram adquirir bens de capital considerados de grande importacircncia como

terrenos trator implementos agriacutecolas casa lotes no periacutemetro urbano entre outros

bens de menor importacircncia como eletrodomeacutesticos aleacutem dos reparos feitos na

96

propriedade que natildeo foram contabilizados pela pesquisa apesar de mencionados

pelos entrevistados As figuras 15 e 16 satildeo de algumas propriedades de produtores

de fumo entrevistados propriedades essas com casas de alvenaria galpatildeo e carro

Desse modo concorda-se com a tese de doutoramento de Manuel Antonio

Nunguiacutea Payas intitulada Empresaacuterio familial rural a integraccedilatildeo agrave agroinduacutestria de

fumo e diferenciaccedilatildeo em que o autor faz um estudo sobre a produccedilatildeo de fumo no

municiacutepio de Rio AzulPR mencionando que os fumicultores integrados estudados

por ele tiveram um aumento no patrimocircnio e que esses natildeo estatildeo inseridos na

produccedilatildeo somente para satisfaccedilatildeo das necessidades de sobrevivecircncia familiar mas

sim agindo no mercado como empresaacuterios investindo o seu capital nas atividades

com expectativa de maiores lucros e menores riscos ou seja analisando o custo de

oportunidade de cada cultura Nesse sentido para o autor o produtor familiar

integrado eacute um empresaacuterio que apresenta como principal caracteriacutestica a matildeo de

obra e propriedade familiares

FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)

97

FIGURA 16 - BENS ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)

A produccedilatildeo de fumo apesar de ser considerada pelos proacuteprios fumicultores

como uma atividade que exige muita matildeo de obra representou melhoria na

qualidade de vida deles pois grande parte das famiacutelias entrevistadas conseguiu

adquirir bens materiais como terras lotes no periacutemetro urbano casa carro trator

entre outros de menor valor bens esses dificilmente adquiridos somente com

atividades agriacutecolas tradicionais como milho feijatildeo e outros A explicaccedilatildeo para que

esses agricultores familiares escolham primeiramente a produccedilatildeo de fumo e natildeo a

produccedilatildeo de alguma cultura tradicional desenvolvida com grande representatividade

no municiacutepio desde a segunda metade do seacuteculo XIX estaacute no custo de

oportunidade dessa cultura Os fumicultores avaliam primeiramente os ganhos

econocircmicos que essa cultura proporciona em relaccedilatildeo agrave quantidade de terras

disponiacutevel em suas propriedades eou por meio de arrendamento

Outro fato que exemplifica a melhoria da qualidade de vida dos fumicultores

pode ser observado no proacuteprio municiacutepio A regiatildeo Norte de Prudentoacutepolis eacute

caracterizada pela produccedilatildeo de culturas tradicionais sendo que na grande maioria

das vezes essas lavouras satildeo realizadas manualmente devido agrave topografia muito

acentuada 8 Essa regiatildeo eacute considerada como menos desenvolvida que a regiatildeo

central e Sul devido agrave baixa produtividade por unidades familiares

Isso natildeo significa que se esteja afirmando aqui que a soluccedilatildeo econocircmica para

os produtores familiares da regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis seria a

8Atividades agriacutecolas consideradas muitas vezes mais penosas que a proacutepria produccedilatildeo de fumo pois esses agricultores carregam sacas de feijatildeo e de espigas de milho nas proacuteprias costas em terrenos muito iacutengremes aleacutem do plantio e dos tratos culturais realizados manualmente ou com traccedilatildeo animal

98

opccedilatildeo pelo cultivo do fumo Apenas constata-se que a inserccedilatildeo dos pequenos

produtores nos mercados e culturas mais seguras economicamente lhes proporciona

uma melhora econocircmica ao passo que tambeacutem o uso de aparatos tecnoloacutegicos

contribui para o aumento da produtividade e consequentemente ganhos monetaacuterios

maiores

Concorda-se com Schultz (1965) quando defende que a eficiecircncia e a

maximizaccedilatildeo do lucro satildeo partes de um sistema econocircmico eficiente e racional

Esse autor considera que todos os agricultores capitalizados ou de subsistecircncia

analisam a relaccedilatildeo entre a entrada de insumos e os resultados econocircmicos da

mesma maneira que os empresaacuterios modernos sendo o produtor um maximizador

de lucros em busca da eficiecircncia econocircmica

Nesse sentido a modernizaccedilatildeo da agricultura e a expansatildeo dos mercados

contribuiacuteram para de um lado expropriar algumas unidades de produccedilatildeo familiar e

de outro transformar agricultores familiares em empresaacuterios rurais com dependecircncia

tecnoloacutegica e financeira do mercado neste caso prevalecendo agrave racionalizaccedilatildeo

econocircmica e o objetivo principal da unidade de produccedilatildeo passando a ser a inserccedilatildeo

no mercado e a ampliaccedilatildeo dos lucros

TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO)

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

Utiliza Frequentemente essa linha de creacutedito

36 60

Utilizou algumas vezes mas natildeo utiliza mais

5 8

Nunca utilizou esse tipo de creacutedito

19 32

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

A grande maioria dos produtores entrevistados (60) utiliza a linha de creacutedito do

PRONAF tanto o custeio agriacutecola como tambeacutem o PRONAF investimento O

PRONAF custeio estaacute ligado agrave produccedilatildeo de gratildeos (soja milho feijatildeo) e o PRONAF

investimento estaacute voltado para a compra de trator implementos agriacutecolas

99

(plantadeiras carretas pulverizadores) e tambeacutem para investimentos com a

produccedilatildeo leiteira (ordenhadeiras e resfriadores)

Os fumicultores que aderiram ao PRONAF mencionam que o creacutedito agriacutecola

possibilitou a compra de trator e a carreta para o transporte do fumo da lavoura para

a estufa preparo do solo aplicaccedilatildeo de agrotoacutexicos etc aquisiccedilatildeo essa impossiacutevel

com pagamento agrave vista A figura 17 mostra tratores e carretas adquiridos por um

fumicultor morador da Linha Dezembroe por um da Comunidade de Linha Antocircnio

Olinto atraveacutes do PRONAF e conforme relata o fumicultor da Comunidade de Linha

Dezembro

Para noacutes o PRONAF eacute bom que financiamos o trator e outros maquinaacuterios [] antes tinha que trazer o fumo com carroccedila e cavalos agraves vezes os bichos ficavam doente na safra agraves vezes morriam [] agora com o trator e a carreta daacute pra trazer mais fumo da roccedila [] para noacutes deu uma grande diferenccedila (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)

FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

O fumicultor da Linha Dezembro relata que adquiriu o trator no ano de 2011

dando como entrada R$ 10000 teve carecircncia de pagamento por dois anos (2012 e

2013) e o restante do valor seraacute quitado entre 2014 e 2019 com parcelas anuais

entre R$ 9000 e R$ 8000 O mesmo comenta que com o dinheiro do fumo

consegue pagar as parcelas nas datas certas para o banco

Os agricultores que possuem trator fazem trabalhos terceirizados para

aqueles que natildeo possuem obtendo assim uma renda extra durante o ano O

fumicultor da Linha Dezembro afirma tambeacutem que a linha de creacutedito do PRONAF

100

trouxe melhora nas condiccedilotildees de trabalho e financeiras pois aumentaram a

produccedilatildeo e a produtividade

Aqueles que mencionaram terem usado a linha de creacutedito do PRONAF mas

que atualmente natildeo usam mais satildeo aqueles que jaacute compraram os implementos

agriacutecolas de que necessitavam e que compram os insumos para o plantio com

pagamento agrave vista ou a prazo na cooperativa agriacutecola mista de Prudentoacutepolis

(CAMP)

Os que nunca usaram as linhas de creacutedito do PRONAF satildeo fumicultores que

tambeacutem compram com pagamento agrave vista ou a prazo por meio da CAMP para pagar

com a produccedilatildeo Jaacute os que possuem trator compram agrave vista ou de vizinhos e

parentes pagando em prestaccedilotildees anuais sem relaccedilatildeo com bancos Esses alegam

ter receio de natildeo conseguir quitar o financiamento e por isso natildeo aderem ao

PRONAF

Outra forma de transportar o fumo da lavoura para a estufa eacute atraveacutes de

caminhonetes e tambeacutem atraveacutes de carroccedilas como mostra as fotos da figura 18

FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

101

TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

Matildeo de obra empregada na atividade fumageira

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

Somente matildeo de obra familiar

4 7

Contrataccedilatildeo de matildeo de obra em todo o periacuteodo da safra

0 0

Contrataccedilatildeo de matildeo de obra somente para a colheita

18 30

Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras em todo o periacuteodo da safra

8 13

Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras

somente para a colheita

30 50

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Nota-se que 63 das famiacutelias usam o sistema de trocas de dias para a

produccedilatildeo de fumo poreacutem 50 desses fazem parcerias somente nos dias de

colheita os quais variam entre um dia e meio a dois dias Essa parceria eacute feita para

natildeo contratar matildeo de obra poreacutem esses fumicultores tecircm um controle da quantidade

dos dias trocados entre eles e no final da safra aquele que estiver devendo horas

trabalhadas acerta em dinheiro conforme o valor da diaacuteria paga para colheita a qual

estaacute em torno de 100 a 120 reais

O tempo de secagem das folhas de fumo na estufa varia entre cinco e seis

dias Apoacutes secas essas folhas precisam ficar mais um dia dentro da estufa para

esfriar ou seja o periacuteodo entre o dia da colheita e o dia de tirar as folhas de fumo da

estufa varia de oito a dez dias e a quantidade meacutedia de colheitas por safra eacute entre

seis e oito

Nesse sentido os meses de novembro dezembro janeiro e parte de fevereiro

satildeo de trabalho intenso motivo pelo qual muitos dos entrevistados afirmam que a

desvantagem de produzir o fumo estaacute relacionada ao trabalho intenso nesses

meses

As famiacutelias com mais de quatro membros com idade suficiente (18 anos) para

estarem envolvidos na produccedilatildeo de fumo alegam que conseguem vencer

tranquilamente os trabalhos somente com a matildeo de obra familiar e que raramente

102

contratam matildeo de obra para a colheita (figura 19) Nessa perspectiva trabalham

intensamente nos dois dias de colheita e no restante dos dias (quando o fumo estaacute

secando) se dedicam a outras atividades da propriedade

FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

Tipos de famiacutelias Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Famiacutelia com apenas um

membro aposentado 10 17

Famiacutelia com dois membros aposentados

8 13

Famiacutelia com membro que recebe bolsa famiacutelia

5 8

Famiacutelia sem nenhum membro que recebe repasse social

37 62

Total 60 100 QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Os dados mostram que 62 das famiacutelias entrevistadas natildeo se beneficiam de

repasses sociais jaacute 17 das famiacutelias satildeo compostas por um membro que recebe

aposentadoria e 13 delas com dois membros aposentados Esses aposentados

natildeo satildeo os responsaacuteveis pela produccedilatildeo de fumo da famiacutelia poreacutem muitos alegam

que ajudam em tarefas consideradas por eles leves como a classificaccedilatildeo das folhas

do fumo jaacute que eacute realizada em ambientes protegidos das intempeacuteries e sentados

Uma parcela de 8 se beneficia do bolsa famiacutelia poreacutem alegam que esse valor

mesmo ajudando nas necessidades dos filhos natildeo eacute a maior parte da renda familiar

103

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos 0 0 Sempre tem problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina ( doenccedila da folha verde) (

acircnsia vocircmitos e mal estar)

25

42

Jaacute teve problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina

(doenccedila da folha verde) ( acircnsia vocircmitos e mal-estar)

16

27

Nunca teve problemas de sauacutede relacionados agrave

produccedilatildeo de fumo

19

31

Total 60 100 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Ao perguntar sobre intoxicaccedilatildeo dos fumicultores por agrotoacutexicos nenhuma

famiacutelia alegou ter acontecido esse fato com os membros da famiacutelia Afirmam que a

quantidade de agrotoacutexico que passam no fumo eacute menor que na soja milho e feijatildeo e

que quando vatildeo manusear agrotoacutexicos fazem o uso dos equipamentos de proteccedilatildeo

individual jaacute que diferente de outras culturas mecanizaacuteveis a pulverizaccedilatildeo do

agrotoacutexico no fumo eacute totalmente manual

Uma parcela expressiva de 69 alega que pelo menos um dos membros da

famiacutelia tem ou jaacute teve intoxicaccedilatildeo por nicotina ao realizar a colheita de fumo esses

que se apresentam de formas distintas de um indiviacuteduo para outro como acircnsia

vocircmitos mal-estar e insocircnia

Uma porcentagem menor composta por 31 das famiacutelias entrevistadas

dizem que nunca nenhum dos membros teve sintomas diferenciados apoacutes o contato

com a folha de fumo

TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO

Desvantagens da produccedilatildeo de fumo

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

Exige muito trabalho 18 30 Exige muito trabalho e causa

problemas de sauacutede 27 45

Falta de matildeo de obra para contratar

8 13

Natildeo vecirc desvantagens em produzir fumo

7 12

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo ( 2015)

104

Dos entrevistados 30 afirmam que a principal desvantagem eacute a

intensificaccedilatildeo do trabalho principalmente nos dias de colheita e aplicaccedilatildeo de

agrotoacutexicos os quais satildeo feitos manualmente Jaacute 45 deles afirmam que a

produccedilatildeo de fumo aleacutem de exigir muito trabalho tambeacutem traz problemas de sauacutede

normalmente aqueles que satildeo mais sensiacuteveis quando em contato com a nicotina

presente nas folhas do fumo (doenccedila da folha verde)

Outra variaacutevel que 13 dos entrevistados consideram desvantagem eacute a

questatildeo da matildeo de obra visto alegarem que principalmente para aquelas famiacutelias

que satildeo compostas de trecircs a quatro membros e que normalmente produzem uma

quantidade maior que a famiacutelia consiga dar conta tecircm muita dificuldade de encontrar

pessoas disponiacuteveis para contratar tendo assim que aumentar as jornadas de

trabalho ou diminuir a produccedilatildeo

Por fim uma parcela de 12 afirma que natildeo haacute qualquer desvantagem em

produzir fumo justificando que independentemente da atividade a ser realizada

deve-se trabalhar Dentre os entrevistados quatro famiacutelias afirmam que preferem

produzir fumo porque natildeo trabalham nos finais de semana e o trabalho natildeo dura o

ano todo como ocorre na produccedilatildeo leiteira que exige o empenho diaacuterio Para esses

a produccedilatildeo de fumo permite uma flexibilizaccedilatildeo do trabalho bem maior que a

produccedilatildeo de leite Nesse sentido pode-se concluir que cada famiacutelia tem preferecircncias

distintas na escolha da atividade que vai ser desenvolvida na propriedade

TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Sempre lecirc 6 10 Agraves vezes 18 30

Jaacute leu mas natildeo lecirc mais 6 10 Nunca leu 30 50

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

Dentre as famiacutelias entrevistadas nota-se que a metade delas nunca leu o

contrato emitido pela Souza Cruz justificando natildeo ter interesse na leitura ou por

saber do conteuacutedo do contrato por meio de vizinhos ou do instrutor teacutecnico

105

Agraves vezes quando a gente pede o instrutor lecirc direito pra gente pois natildeo tenho muito estudo e demora de mais pra ler tudo (Fumicultor da comunidade de Linha Antocircnio Olinto) Natildeo leio porque jaacute sei o que estaacute escrito todo ano eacute igual (Fumicultor da comunidade de Linha Visconde de Guarapuava) Natildeo leio a gente confia na firma (Fumicultor da comunidade de Linha Marcondes) Leio todo o contrato mas depois que assino e que instrutor vai embora (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)

A baixa escolaridade juntamente com poucos haacutebitos de leitura satildeo os

principais fatores que geram contratos assinados sem preacutevias leituras

Expectativas das famiacutelias em permanecer na atividade fumageira

Pretensotildees Nordm de famiacutelias Percentual ()

Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo por tempo

indeterminado

35 58

Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo poreacutem

diminuir a produccedilatildeo

18 30

Pretende parar completamente com a produccedilatildeo de fumo em

pequeno prazo de tempo (1 a 3 anos)

7 12

Total 60 100

QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Conforme demonstrado na tabela acima 58 das famiacutelias pretendem

permanecer com a produccedilatildeo de fumo por tempo indeterminado Jaacute 30 delas

pretendem continuar poreacutem diminuir o volume produzido Essas 30 das famiacutelias

mencionam que querem diminuir a produccedilatildeo pela falta de matildeo de obra uma vez que

os filhos estatildeo com intenccedilatildeo de sair de casa por motivos distintos como estudar

trabalhar em outro ramo etc

Outros 7 do total dos entrevistos tecircm a intenccedilatildeo de parar de produzir fumo

nos proacuteximos trecircs anos afirmando que vatildeo migrar para setores mais competitivos

106

como a soja e o leite Outros afirmam que querem parar porque jaacute estatildeo

aposentados e os filhos pretendem trabalhar em outras atividades de modo que a

famiacutelia tende a ficar pequena demais para essa cultura

Com relaccedilatildeo agrave venda da produccedilatildeo de fumo todos os entrevistados afirmam

que vendem a produccedilatildeo para a empresa integrada poreacutem os quilos produzidos

excedentes ao contrato firmado agraves vezes satildeo vendidos para atravessadores ou ateacute

mesmo para outras empresas Os fumicultores mencionaram que no geral tecircm

uma relaccedilatildeo tranquila com a empresa poreacutem existem safras em que o preccedilo do

quilo do fumo do ponto de vista deles deveria ser maior Esse fato eacute entendido pelo

paradigma da agricultura camponesa como conflito entre a territorialidade

corporativa Souza Cruz e a territorialidade dos fumicultores pelo fato de agricultor

natildeo ter autonomia de decisatildeo do preccedilo pago por quilo do fumo existindo entatildeo certo

conflito muitas vezes ldquosilenciosordquo entre essas territorialidades

Todavia o paradigma da agricultura familiar por natildeo estar baseado em

teorias anticapitalistas explica os processos de formaccedilatildeo de preccedilos a partir de

pressupostos teoacutericos diferentes Numa economia de mercado o vendedor jamais

possui autonomia plena para decidir o preccedilo do seu produto pois satildeo os

compradores que avaliam de acordo com seus objetivos e necessidades quanto

estatildeo dispostos a pagar por um bem ou serviccedilo Mas ao mesmo tempo os

compradores tambeacutem natildeo possuem autonomia para decidir o preccedilo de um produto

ao seu bel prazer pois se o vendedor natildeo considerar a venda vantajosa deixaraacute de

produzir ou de revender o produto em questatildeo para se dedicar a outra atividade

econocircmica mais rentaacutevel No caso em pauta a Souza Cruz eacute obrigada a pagar um

preccedilo que supere o custo de oportunidade para os agricultores familiares de

produzir leite feijatildeo soja ou qualquer outro produto sob pena de a empresa perder

seus fornecedores

Nesse sentido vale recordar as informaccedilotildees apresentadas na Tabela 15 visto que

20 dos entrevistados afirmam ter escolhido produzir fumo devido agrave renda que essa

cultura oferece e tambeacutem agrave garantia de venda b) 58 responderam que essa

escolha se deu em funccedilatildeo da renda da venda garantida e tambeacutem da pouca

disponibilidade de terras em suas propriedades c) 10 citaram apenas a pouca

disponibilidade de terras como motivo para plantar fumo d) 12 afirmaram que essa

opccedilatildeo se daacute apenas pela falta de outras opccedilotildees

107

Outro fator que regula o valor pago por quilo de fumo como jaacute demonstrado no

trabalho estaacute relacionado a oferta e demanda do produto pelo mercado A safra de

20152016 eacute um exemplo na qual devido ao baixo estoque de fumo nos armazeacutens

das empresas e pela procura desse produto por parte dos consumidores o valores

pagos por quilo de fumo aumentaram fato esse notado tambeacutem em outros produtos

do setor do agronegoacutecio

Isso indica que o paradigma da agricultura familiar eacute o que se mostra coerente com

os dados da pesquisa de campo pois fica claro que os produtores familiares optam

pelo fumo em funccedilatildeo de um caacutelculo dos custos de oportunidade que considera os

fatores rentabilidade garantia de renda e disponibilidade de terra de sorte que os

preccedilos praticados pela Souza Cruz tecircm um patamar miacutenimo definido pela avaliaccedilatildeo

que os agricultores fazem desses custos E essa conclusatildeo eacute reforccedilada quando se

relembram as informaccedilotildees da Tabela 19 posto que apenas 33 dos entrevistados

se dedicam exclusivamente ao fumo enquanto os demais produzem e

comercializam tambeacutem outros tipos de produtos tais como leite soja e feijatildeo

Mais uma vez verifica-se que cada famiacutelia tem projetos distintos os quais

estatildeo intrinsecamente relacionados agrave estrutura familiar agrave disponibilidade de terras e

outros fatores gerando estrateacutegias diferenciadas para se reproduzir no campo

havendo desde aqueles produtores que vecircm na atividade fumageira o seu futuro ateacute

aqueles que pretendem migrar o mais raacutepido possiacutevel para outra atividade Nesse

sentido vemos que essas famiacutelias buscam ser competitivas nas atividades que

realizam se dedicando agravequelas que julgam mais rentaacuteveis eou combinando duas ou

mais culturas para obter mais vantagens

108

V - CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O desenvolvimento desta pesquisa baseada no estudo de caso de uma

amostragem de produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis contratados pela

empresa Souza Cruz permitiu demonstrar que os agricultores familiares

entrevistados buscam atraveacutes de suas condiccedilotildees de produtor se inserir em setores

que permitem maximizar seus lucros Portanto a realizaccedilatildeo desta pesquisa eacute

pertinente pelo fato de mostrar que os fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de

commoditie atraveacutes de uma cadeia produtiva competitiva

Dessa forma a caracterizaccedilatildeo dos fumicultores a partir dos grupos A B C e

D se justifica por apresentarem dados oficiais e sistematizados o que contribui para

natildeo generalizar os resultados somente a partir da amostragem dos fumicultores

entrevistados nos trabalhos de campo Demonstrando que no municiacutepio de

Prudentoacutepolis a maior parte dos fumicultores se aproxima daqueles agricultores

familiares do tipo A e B Ou seja aqueles capitalizados e em processo de

capitalizaccedilatildeo indicando que a cultura de fumo estaacute dentre aquelas que geram uma

taxa de pobreza menor no meio rural Essa constataccedilatildeo tambeacutem eacute notada a partir

das entrevistas de campo conforme demonstrado na Tabela 22 posto que todos os

entrevistados conseguiram com a renda do fumo adquirir bens de capital como casa

carro trator terra de cultivo lote no periacutemetro urbano aleacutem daqueles bens de capital

como os eletrodomeacutesticos

Com isso a visatildeo dualista entre agricultura familiar e agronegoacutecio natildeo eacute

compreendida com adequada nesse trabalho pelo fato de existirem muitas formas

de agricultores familiares que se aproximam ao padratildeo do agronegoacutecio como por

exemplo os fumicultores que estatildeo no grupo A e B Desse modo compreende-se

que os fumicultores entrevistados da mesma forma que a agricultura patronal

buscam atraveacutes da modernizaccedilatildeo e do uso de insumos agriacutecolas (agrotoacutexicos e

fertilizantes) meios para permanecerem integrados e competitivos no mercado

Os fumicultores estatildeo inseridos ao complexo agroindustrial fumageiro e por

conseguinte estatildeo prosperando economicamente concordando-se entatildeo com os

pressupostos teoacutericos voltados ao paradigma da agricultura familiar e com autores

como Valente (2008) Diniz (2011) e Navarro (2014) que natildeo costumam fazer uma

109

oposiccedilatildeo radical entre agricultura familiar e agronegoacutecio ao ponto de existir

conflitualidades de interesses entre ambos Ou seja conflito entre a territorialidade

coorporativa da induacutestria fumageira e a territorialidade da agricultura familiar

camponesa

Desse modo a pesquisa tambeacutem natildeo tem por objetivo afirmar que no Brasil

natildeo existam sistemas de produccedilatildeo camponesa poreacutem os dados de campo mostram

que no caso em estudo 67 dos entrevistados natildeo produzem somente fumo e que

esses estatildeo inseridos em outras cadeias produtivas como leite feijatildeo soja e milho

ou seja os fumicultores tem mais opccedilotildees poreacutem acham interessante continuar com o

fumo Esses dados natildeo satildeo diferentes do restante do Brasil natildeo generalizando

somente a partir dos entrevistados

Apesar das oscilaccedilotildees no volume produzido como tambeacutem em relaccedilatildeo ao

mercado do fumo no Brasil e consequentemente no municiacutepio de Prudentoacutepolis

conforme exposto nos capiacutetulos II e III nota-se que essa cultura proporcionou a

ascensatildeo econocircmica desses agricultores familiares sendo que muitos desses

pequenos capitalistas como jaacute mencionado conseguiram adquiri terras para entatildeo

competir nos setores de gratildeos como a soja e o milho que a competitividade eacute

melhor para grandes proprietaacuterios querendo assim dar esse salto e ao mesmo

tempo trabalhando com a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo com intuito de deixar a renda

da propriedade menos vulneraacutevel A partir desses fatos e de acordo com os

resultados dos dados de campo eacute coerente dizer que o direcionamento dos

agricultores entrevistados para o cultivo de culturas que tem maior rentabilidade

proporcionou melhoras nas condiccedilotildees econocircmicas da famiacutelia pois somente com a

lavoura tradicional e pequena criaccedilatildeo de animais natildeo seria possiacutevel conquistar bens

de capital

Nesse sentido Navarro (2014) aponta que o preccedilo dos alimentos consumidos

pelos brasileiros em termos de reais diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas devido a inserccedilatildeo

dos pacotes tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo agriacutecola que proporcionaram o aumento

da produtividade e a consequente queda do preccedilo final contribuindo para a

facilidade de acesso desses produtos por parte da populaccedilatildeo jaacute em contra partida o

custo para uma pessoa manter seu haacutebito de fumar aumentou Ou seja os

agricultores que permaneceram ou inseriram-se na produccedilatildeo de fumo tiveram um

aumento na sua rentabilidade

110

Dessa forma eacute certo que os agricultores familiares entrevistados da mesma

forma que os agricultores patronais buscam aumentar seus rendimentos uma vez

que os dados de campo mostram que uma porccedilatildeo dos fumicultores tem pretensotildees

de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou seja agem no mercado

como pequenos capitalistas Poreacutem esses agricultores ainda natildeo migram totalmente

para outras atividades por ser esta uma das poucas cadeias produtivas compatiacuteveis

com as suas condiccedilotildees de produtor Tambeacutem muitos produtores podem encontrar

dificuldades em migrar para outras culturas que exigem maiores recursos

(SCHOENHALS et al 2009) necessitando assim de linhas de creacuteditos agriacutecolas

direcionados para esses agricultores

Os autores como Fernandes (2008) e Roos (2015) que trabalham na

perspectiva do paradigma da agricultura camponesa afirmam haver conflitualidade

entre os camponeses e as agroinduacutestrias que trabalham no sistema de produccedilatildeo

integrada como eacute o caso da agroinduacutestria fumageira afirmando existir uma sujeiccedilatildeo

da renda dos camponeses uma vez que os agricultores camponeses natildeo possuem

autonomia com relaccedilatildeo ao modo de produzir o produto como tambeacutem na hora de

fixar o preccedilo final da safra Poreacutem natildeo eacute levado em consideraccedilatildeo que o preccedilo do

quilo do fumo pago ao produtor contratado estaacute intrinsecamente relacionado a oferta

e demanda do produto por parte do mercado o que expressa adequadamente o

valor marginal pago muitas vezes aos fumicultores visto que a empresa tambeacutem

deve colocar a sua margem de lucro conforme a demanda do produto

Outra questatildeo voltada ao paradigma camponecircs eacute em relaccedilatildeo agrave

industrializaccedilatildeo da agricultura e apontada por Fernandes (2013) como um processo

que resulta no desenvolvimento desigual e contraditoacuterio no campo que deixa as

unidades camponesas de produccedilatildeo se tornar mais vulneraacuteveis ao capital Poreacutem os

dados da Tabela 23 mostram que 68 dos entrevistados usam ou jaacute utilizaram

alguma linha de creacutedito agriacutecola para o investimento em maquinaacuterios agriacutecolas

afirmando que conseguem tem uma produtividade maior e que conseguem pagar as

prestaccedilotildees desses maquinaacuterios tranquilamente

Sabendo que Ploeg (2009) afirma que o camponecircs eacute caracterizado por lutar

por sua autonomia uma vez que conforme apontado pro Thomaz Juacutenior (2008) a

loacutegica do capital impotildee que o agricultor esteja preso a gestatildeo de uma empresa e natildeo

111

mais de sua famiacutelia natildeo se completa para essa pesquisa uma vez que a explicaccedilatildeo

para a empresa estabelecer os seus moldes de produccedilatildeo se baseia na demanda do

produto pelo mercado instituindo assim para os seus contratados os tipos de fumos

com maiores demandas o que justifica a empresa impor o tipo de variedade de fumo

que quer comprar como tambeacutem os tratos culturais necessaacuterios para se chegar ao

produto desejado

Contraditoacuterio ao que foi exposto por Paulino e Almeida (2010) quando

mencionam que o campesinato deve ser considerado como uma contradiccedilatildeo e natildeo

como uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeo capitalista os resultados da

pesquisa mostraram que a articulaccedilatildeo com os modelos de produccedilatildeo capitalistas

proporcionaram a permanecircncia de agricultores familiares no espaccedilo rural uma vez

que os aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo que eacute bastante disseminada entre

agricultores familiares induziram o aumento da rentabilidade diminuindo assim as

taxas de pobreza Aleacutem disso nota-se que o fumicultores sendo pequenos

capitalistas natildeo buscam somente a reproduccedilatildeo do modo de vida mas sim agem no

mercado investindo em setores mais rentaacuteveis adequado para a sua condiccedilatildeo de

produtor com pretensatildeo de torna-se um agricultor ainda mais competitivo

Mais uma vez defende-se que a inserccedilatildeo dos agricultores familiares aos

mercados capitalistas natildeo deve ser entendido a partir de um dualismo estando de

um lado o agronegoacutecio e de outro o camponecircs como jaacute ressaltado por Schneider

(2006) que tanto um quanto outro grupo estaacute interessado em um mesmo processo

que eacute o da produccedilatildeo e o do consumo Nesse sentido eacute importante se trabalhar com

a heterogeneidade da agricultura familiar para assim se pensar como esses

agricultores podem se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo

Portanto a presente pesquisa embasada nos dados de campo mostra que a

cultura de fumo ateacute entatildeo eacute a principal orientaccedilatildeo financeira dos agricultores

familiares entrevistados seguidas de outras estrateacutegias de reproduccedilatildeo como o

cultivo da soja produccedilatildeo de leite feijatildeo milho Demonstrando dessa forma que os

mesmos buscam maximizar seus lucros e diversificar sua produccedilatildeo para diminuir a

vulnerabilidade econocircmica da propriedade Contudo pode afirmar atraveacutes do

paradigma da agricultura familiar que os fumicultores considerados como pequenos

capitalistas se reproduzem no mercado sob pressatildeo das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e

112

da concorrecircncia e buscam ser competitivos natildeo havendo incompatibilidade ou

conflitos dos agricultores familiares para com o capital

113

REFEREcircNCIAS

ABRAMOVAY R Paradigmas do capitalismo agraacuterio em questatildeo Satildeo Paulo Hucitec 1992 275 p Agricultura familiar e uso do solo Satildeo Paulo em Perspectiva Satildeo Paulo v 11 n 2 p 73-78 1997 Eacute necessaacuterio cobrar resultados se assentamentos pesquisador defende loacutegica empreendedora para os assentamentos O Estado de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 21 dez 2003 Nacional p 7 Entrevista AHRENS D C LLANILO R F MILLEO R D S Possibilidades de diversificaccedilatildeo do cultivo de fumo convencional por sistema de produccedilatildeo de base agroecoloacutegica no Centro-Sul do Paranaacute Brasil IAPAR ndash Instituto Agronocircmico do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwiaparbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1177 Acesso em 17042015 ALLIANCE ONE EXPORTADORA DE TABACOS Corporate Profile Disponiacutevel em lthttpwwwaointlcomaugt Acesso em 27082015 ALTAFIN I Reflexotildees sobre o conceito de agricultura familiar Brasiacutelia 2005 18 p Disponiacutevel em lthttpmstemdadosorgsitesdefaultfilesReflexC3B5es20sobre20o2 0conceito20de20agricultura20familiar20-20Iara20Altafin20- 202007_0pdfgt Acesso em 200220015 ANJOS F S Agricultura familiar pluriatividade e desenvolvimento rural no sul do Brasil EGUFPEL Pelotas RS 2003 ANTONELI V THOMAZ EL Relaccedilatildeo entre o cultivo de fumo (nicotina tabacum) e a produccedilatildeo de sedimento na Bacia do Arroio Boa Vista Guamiranga ndash PR Associaccedilatildeo de geografia teoreacutetica ndash Ageteo V 35 nordm 2 maiago 2010 AGRICULTURA Fact-sheets OMC ndash Organizaccedilatildeo comum de mercado Reforma do sector do tabaco 1997 Disponiacutevel em lthttpeceuropaeuagriculturepublifacttobaccoindex_pthtmgt Acesso em 05062014 ANUAacuteRIO BRASILEIRO DO TABACO 2014Editora Gazeta Santa Cruz Santa Cruz do Sul 2014 AFUBRA - ASSOCIACcedilAtildeO DOS FUMICULTORES DO BRASIL Cadeia produtiva do tabaco2015 Disponiacutevel em ltlthttpwwwafubracombrindexphpconteudoshowid71gt Acesso em 10122014

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117

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118 lthttpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=412060ampidtema=1 36ampsearch=parana|prudentopolis|producao-agricola-municipal-lavoura- permanente-2013gt Produccedilatildeo agriacutecola municipal ndash Lavoura temporaacuteria 2013 Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=412060ampidtema=1 37ampsearch=parana|prudentopolis|producao-agricola-municipal-lavoura- temporaria-2013gt Acesso em 23042015 Produccedilatildeo agriacutecola municipal ndash Pecuaacuteria 2013 Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=412060ampidtema=1 35ampsearch=parana|prudentopolis|pecuaria-2013gtAcesso em 23042015 INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANAacute (IAP) Moacutedulos fiscais dos municiacutepio do paranaacute Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1328gt Acesso em 11032015Acesso em 23042015 INSTITUTO PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO ECONOcircMICO E SOCIAL (IPARDES) Caderno estatiacutestico do municiacutepio de Prudentoacutepolis 2015 INSTITUTO PARANAENSE DE ASSISTEcircNCIA TEacuteCNICA E EXTENSAtildeO RURAL Promoccedilatildeo da agricultura familiar sustentaacutevel na regiatildeo Centro Sul do Paranaacute ndash Chamada puacuteblica SAFATER nordm 2012 lote 34 Curitiba 2012 INSTITUTO SOUZA CRUZ Novos rurais 2015 Disponiacutevel em lthttpwwwinstitutosouzacruzorgbrgroupmssitesINS_8BFK5YnsfvwPages WebLiveDO8U4Q3Nopendocumentgt Acesso em 05082015 JANK M S Revendo as poliacuteticas agriacutecolas e agraacuterias O estado de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 4 out 2006 Espaccedilo Aberto p A2 Disponiacutevel em httpwww2senadogovbrbdsfbitstreamid528821noticiahtm Acesso em 02 jun 2014 JAPAN TABACCO IND About tobacco Disponiacutevel em lthttpwwwjticomabout-tobaccogt Acesso em 05082015 KAUTSKI K A questatildeo agraacuteria Traduccedilatildeo de Otto E W MAAS Coleccedilatildeo Pensamento Social-Democrata Brasilia DF Linha Graacutefica Editora1998 588p KIST B B Anuaacuterio brasileiro do fumo Editora Gazeta Santa Cruz do Sul 2004 KRAICZEK T ANTONELI A O avanccedilo do cultivo do Tabaco no municiacutepio de Prudentoacutepolis-Pr estudo de caso da deacutecada de 2000 Revisata Percurso ndash NEMO Maringaacute V4 n2 p 59-77 2012

119

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120

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1

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2

ANEXOS

1ordm Trabalho de Campo Conhecimento da aacuterea de estudo e visita a 10 propriedades que produzem fumo haacute mais de 10 anos Data do campo mecircs de Julho e Agosto de 2014

1) Qual foi o ano em que iniciou as atividades na produccedilatildeo de fumo

2) Qual eacute o motivo que trabalha na produccedilatildeo do fumo

3) A matildeo de obra na atividade fumageira eacute muito desgastante

4) Sua propriedade eacute diversificada Quais as culturas que produz na

propriedade aleacutem do fumo

5) Qual eacute a maior renda da propriedade

6) Como eacute feita a classificaccedilatildeo das folhas de fumo destinadas a venda

2ordm Trabalho de campo Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio Aplicado ao orientador teacutecnico da Souza Cruz o qual representa a Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis Orientador teacutecnico Tarciacutesio Kraiczek Data da entrevista 13072015

1 Quantos orientadores teacutecnicos a empresa possui no municiacutepio de

Prudentoacutepolis

2 Haacute quantos anos vocecirc trabalha na assistecircncia teacutecnica para os

fumicultores associados da Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis

3 Quantos associados a empresa Souza Cruz teve na safra de 2014

4 Quais satildeo as empresas fumageiras concorrentes da Souza Cruz no

municiacutepio Qual a relaccedilatildeo entre essas empresas

5 A empresa Souza Cruz tem alguma unidade de recebimento do fumo no

municiacutepio de Prudentoacutepolis para a produccedilatildeo ficar armazenada antes de

ser enviado para uma usina de Processamento de fumo

3

6 Para qual das trecircs usinas de processamento o fumo produzido no

municiacutepio eacute envido

7 A empresa tem uma cota miacutenima e maacutexima de peacutes de fumo por

produtor

8 Qual eacute a meacutedia de peacutes de fumo uma pessoa consegue produzir por

safra

9 No seu ponto de vista como orientador teacutecnico como se daacute a relaccedilatildeo

entre a empresa Souza Cruz e os fumicultores do municiacutepio

10 Qual a relaccedilatildeo da empresa para com os projetos de diversificaccedilatildeo da propriedade

3ordm Trabalho de Campo Entrevista de campo para obtenccedilatildeo de dados socioeconocircmicos dos produtores

de fumo da empresa Souza Cruz do municiacutepio de Prudentoacutepolis - PR

Data do campo Novembro e Dezembro de 2015 1- Caracterizaccedilatildeo da famiacutelia

Membros Idade Gecircnero Escolaridade (escola puacuteblica ou privada)

Fumicultor Eacute fumante

Motivos do ecircxodo

1 2 3 4 5 6 7 8

2- Haacute quantos anos trabalha na atividade fumageira

3- Qual o motivo pela opccedilatildeo de produzir fumo

4- Pretende permanecer na atividade fumageira Quais motivos Por qual

atividade substituiria a produccedilatildeo de fumo

4

5- Possui estufa eleacutetrica de secagem do fumo

6- Quais bens capitais vocecirc conseguiu adquirir com a renda oriunda da

produccedilatildeo de fumo

7- Possui na propriedade

( ) Trator ( ) Carro ( ) moto ( ) telefone ( ) internet

8- Posse da terra e quantidade de alqueires

( ) Proacutepria ____ ( ) Arrendada e Parceiro _____

( ) Arrendada ____ ( ) Proacutepria e Arrendada _____

( ) Proacutepria e Parceiro ____

9- Se for proacutepria como adquiriu essas terras

10- Satildeo plantados por ano quantos peacutes de fumo Quantidade de aacuterea

utilizada

11- Faz contrataccedilatildeo de matildeo de obra para a produccedilatildeo de fumo

( ) Sim ( ) Natildeo

12- Se existe a contrataccedilatildeo de matildeo de obra em que periacuteodo da safra

acontece

( ) Todo o periacuteodo da safra ( ) Tratos culturais ( ) Plantio ( )

Classificaccedilatildeo ( ) Colheita

13- Vocecirc lecirc o contrato da sua produccedilatildeo com a empresa Souza Cruz

Justifique

14- Aleacutem da produccedilatildeo de fumo quais outras atividades agropecuaacuterias satildeo

realizadas na propriedade para garantir a renda da famiacutelia

Para comercializaccedilatildeo Para consumo na propriedade

5

15- De qual atividade realizada na propriedade vem a maior renda

16- Como eacute a sua relaccedilatildeo com a empresa descreva o seu ponto de vista

17- Vende toda a produccedilatildeo para a empresa associada

18- No seu ponto de vista quais satildeo as vantagens e desvantagens de produzir

fumo

19- Em relaccedilatildeo agrave sauacutede e produccedilatildeo de fumo houve casos na famiacutelia de

A) Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos

B) Intoxicaccedilatildeo por nicotina (doenccedila da folha verde)

C) Problemas ortopeacutedicos

D) Transtornos mentais (depressatildeo ansiedade esquizofrenia etc)

E) Outros __________________________________________

20- Haacute incentivos governamentais para o desenvolvimento de outras atividades

e o consequente abandono do ramo fumageiro Se sim quais e por que natildeo

houve migraccedilatildeo para outra atividade

21- A partir do momento em que vocecirc comeccedilou a produzir o fumo acha que

suas condiccedilotildees financeiras melhoraram

22- Participa do PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar)

23- Na famiacutelia tem algum membro que recebe algum tipo de repasses de

programas sociais Se sim quais

24- Vocecirc tem conhecimento de algum projeto de diversificaccedilatildeo de

propriedades que estaacute sendo realizado por oacutergatildeos puacuteblicos no municiacutepio

  • AGRADECIMENTOS
  • Palavras chave Agricultura Familiar Fumicultura Abordagens Paradigmaacuteticas
  • Keywords Family farming Tobacco Farming Paradigmatic Approaches
  • LISTA DE SIGLAS
  • SUMAacuteRIO
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS
  • 11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA
  • ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR
  • CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS
  • CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
  • 21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
  • 22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL
  • CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO
  • 31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR
  • 32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS
  • CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO
  • 41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES
  • REFEREcircNCIAS
  • ABRAMOVAY R Paradigmas do capitalismo agraacuterio em questatildeo Satildeo
  • Paulo Hucitec 1992 275 p
  • Disponiacutevel em lthttpwwwaointlcomaugt Acesso em 27082015
  • FERNANDES B M MST Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra
  • GERMER Claus A irrelevacircncia praacutetica da agricultura ldquofamiliarrdquo para o
  • INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA (IBGE)
  • WebLiveDO8U4Q3Nopendocumentgt Acesso em 05082015
  • OBSERVATOacuteRIO DA POLITICA NACIONAL DE CONTROLE DO TABACO
  • ROSEacuteLIA P Induacutestria e territoacuterio no Brasil Contemporacircneo Editora
  • SINDICATO INTERESTADUAL DA INDUacuteSTRIA DO TABACO
  • SPOSITO E S Redes e cidades Satildeo Paulo UNESP2008
  • SPIES R O processo de Especializaccedilatildeo Produtiva da Microrregiatildeo
  • Fumicultura de Santa Cruz do Sul- RS Santa Cruz do Sul UNISC 2000
  • VOGT O P A produccedilatildeo de fumo em Santa Cruz do Sul ndash RS (1849-1993)
  • Santa Cruz do Sul Edunisc 1997
  • ZAROSKI N G A utilizaccedilatildeo do tempo pelos imigrantes ucranianos de
  • ANEXOS
Page 2: AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUÇÃO DE FUMO: ESTUDO DE …

2

ANDREacuteIA VILCZAK

AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO ESTUDO DE CASO DOS FUMICULTORES CONTRATADOS PELA SOUZA CRUZ EM PRUDENTOacutePOLIS-

PR

Dissertaccedilatildeo de Mestrado apresentada para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Geografia pela Universidade Federal do Paranaacute na Linha de Pesquisa ndash Produccedilatildeo e Transformaccedilatildeo do Espaccedilo Urbano-Regional Orientaccedilatildeo Prof Dr Luis Lopes Diniz Filho

CURITIBA

2016

3

4

5

Dedico este trabalho agrave minha famiacutelia e aos fumicultores do

municiacutepio de PrudentoacutepolisPR que influenciaram no

desenvolvimento deste trabalho Aos fumicultores pela

paciecircncia e colaboraccedilatildeo nas pesquisas de campo com dados

que foram fundamentais para retratar sua realidade

6

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao meu orientador Prof Dr Luis

Lopes Diniz Filho pela sua atenccedilatildeo compreensatildeo e tambeacutem pelas suas valiosas

consideraccedilotildees no processo de desenvolvimento dessa pesquisa sendo um exemplo

de profissional

Agrave minha famiacutelia em especial aos meus pais Carlos e Ana aos meus irmatildeos

Amilton e Adriana que sempre apoiaram no periacuteodo de realizaccedilatildeo da dissertaccedilatildeo Ao

meu sobrinho Beniacutecio pela alegria que traz a todos noacutes ao Ian que estaraacute chegando

nas proacuteximas semanas Agradeccedilo tambeacutem a minha cunhada e cunhado pelo apoio

Aos amigos e familiares Ana Maacutercia Adriana Noeli Rogeacuterio Edna

Elisangela Milena Eliana Paulo Maria entre outros que de alguma forma

contribuiacuteram para que esse trabalho fosse finalizado Obrigada a todos vocecircs pelo

companheirismo

Aos professores Dr Sergio Fajardo e Dr Danilo Volochko pelas valiosas

contribuiccedilotildees agrave pesquisa

Aos colegas e professores do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia da

Universidade Federal do Paranaacute como tambeacutem a secretaacuteria Adriana Cristina de

Oliveira e ao Luiz Carlos Zem pelo apoio em questotildees burocraacuteticas durante o

periacuteodo do mestrado

A CAPES (Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal do Niacutevel Superior)

pelo auxiacutelio atraveacutes da bolsa de estudo

Agrave Adriana Kutzmy e Gabriela Strechar pela atenccedilatildeo e por acompanhar nos

trabalhos de campo realizados com os fumicultores do municiacutepio de

PrudentoacutepolisPR

E por fim agradeccedilo a todos os fumicultores que participaram das entrevistas

de campo A todos meu agradecimento

7

RESUMO O presente trabalho visa analisar os resultados obtidos pela agricultura familiar no cultivo do fumo levando em consideraccedilatildeo as razotildees econocircmicas pela opccedilatildeo em produzir a cultura Desse modo o estudo de caso dos fumicultores de Prudentoacutepolis-PR fornece subsiacutedios para a avaliaccedilatildeo criacutetica dos dois principais paradigmas de estudo do agro na geografia rural e ciecircncias afins ou seja o paradigma da agricultura familiar e da agricultura camponesa Para tanto utilizou-se de revisotildees bibliograacuteficas de autores que trabalham nas distintas linhas paradigmaacuteticas como tambeacutem da caracterizaccedilatildeo dos agricultores familiares produtores de fumo atraveacutes do uso de fontes secundaacuterias (Censos agropecuaacuterios) aleacutem da aplicaccedilatildeo de questionaacuterios para um universo de sessenta fumicultores contratados pela empresa Souza Cruz em Prudentoacutepolis A partir das revisotildees bibliograacuteficas e dos dados obtidos no estudo de caso levantou-se a hipoacutetese de que o paradigma da agricultura camponesa natildeo eacute adequando para explicar a realidade estudada Palavras chave Agricultura Familiar Fumicultura Abordagens Paradigmaacuteticas

ABSTRACT

The aim of this study is to analyze the results obtained by family farming in the cultivation of tobacco considering the economic reasons for the choice to produce the crop Thus the case study of Prudentoacutepolis-PR tobacco growers provides subsidies for the critical evaluation of the two main paradigms of agro studies in rural geography and related sciences that is the paradigm of family farming and peasant farming For this purpose bibliographic reviews of authors working in different paradigmatic lines were used as well as the characterization of family farmers tobacco growers through the use of secondary sources (Census of agriculture) and the application of questionnaires to a group of sixty tobacco growers hired by Souza Cruz company in the city of Prudentoacutepolis From the literature review and the obtained data in the case study we raised the hypothesis that the paradigm of peasant farming is not suitable to explain the studied reality Keywords Family farming Tobacco Farming Paradigmatic Approaches

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LISTA DE SIGLAS

AFUBRA - Associaccedilatildeo dos Fumicultores do Brasil

BAT - British American Tobacco

CBFF ndash Companhia Brasileira de Fumo em Folha

DERAL - Departamento de Economia Rural

EMATER ndash Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IPARDES (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social)

PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

SEAB - Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento

SINDITABACO ndash Sindicato Interestadual da Induacutestria do Tabaco

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA 46 Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 59 FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 60 FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES 62 FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 63 FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR 64 FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR78 FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 79 FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO 90 FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE 91 FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA 92 FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO 94 FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS 94 FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO 95 FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA 96 FIGURA 16 - BENS ADQUiRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA 97 FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF 99 FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA 100 FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO 102

10

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL 39 TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO 41 TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013 42 TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012 42 TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute 46 TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006 48 TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006 50 TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006 51 TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000 52 TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006 53 TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012 54 TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010) 55 TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE 84 TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 85 TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 86 TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS 87 TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 88 TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES 88 TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES 89 TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE 91

11

TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES 93 TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO 95 TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO) 98 TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO101 TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO 103 TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS 104

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA 36 QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL 44 QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314 47 QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010) 56 QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR 65 QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR66 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR 66 QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006 71 QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 72 QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR 72 QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES 74 QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS 75 QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 81 QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 82 QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 84

12

QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS 102 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS 103 QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 105

LISTA DE GRAacuteFICOS

GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO45 GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS 67

13

SUMAacuteRIO INTRODUCcedilAtildeO 14 CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS 19

11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA 19

12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR 23

13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS 27

CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32

21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32 22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL 47

CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO 58

31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR 58

32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS 69

CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO 76 41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES 78 REFEREcircNCIAS 113 ANEXOS 2

14

INTRODUCcedilAtildeO

De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de

fumo sendo que essa produccedilatildeo encontra-se concentrada nos estados do Rio

Grande do Sul Santa Catarina e Paranaacute alimentando uma cadeia produtiva com

envolvimento de 25 milhotildees de pessoas o qual inclui setores como a produccedilatildeo

transporte comercializaccedilatildeo industrializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e exportaccedilatildeo (AFUBRA

2011)

No municiacutepio de Prudentoacutepolis a atividade fumageira tem grande relevacircncia

econocircmica principalmente para a agricultura familiar uma vez que os dados do

Censo Demograacutefico de 2010 mostram que 54 da populaccedilatildeo residem na aacuterea rural

existindo um nuacutemero maior de unidade de produccedilatildeo familiar em detrimento das

unidades patronais de produccedilatildeo

A produccedilatildeo de fumo em Prudentoacutepolis eacute realizada somente nas regiotildees

Central e Sul do municiacutepio devido ao clima e topografia dos solos favoraacuteveis agrave

cultura Outro fator que tambeacutem ocasiona a atraccedilatildeo para a fumicultura eacute a

possibilidade de usufruir de pequenas aacutereas de terras deixando disponiacutevel o

excedente da propriedade para outras atividades que somem na geraccedilatildeo de renda

Nesse sentido o objetivo da pesquisa eacute analisar os resultados obtidos pela

agricultura familiar com essa cultura e as razotildees econocircmicas de sua opccedilatildeo pelo

fumo Portanto uma contribuiccedilatildeo desse estudo de caso eacute fornecer subsiacutedios para a

avaliaccedilatildeo criacutetica dos dois principais paradigmas de estudo do agro na geografia rural

e ciecircncias afins

Para a realizaccedilatildeo do presente trabalho foi fundamental atraveacutes das

abordagens sobre a agricultura familiar e camponesa avaliar se realmente existe

uma oposiccedilatildeo entre agricultor familiar e o agronegoacutecio no caso do setor fumageiro

uma vez que o fumo eacute uma commoditie de exportaccedilatildeo e a produccedilatildeo eacute realizada por

pequenos produtores Para tanto foi realizada uma revisatildeo bibliograacutefica sobre os

paradigmas da agricultura familiar e da agricultura camponesa na geografia rural e

aacutereas de pesquisa afins com a finalidade de identificar os conceitos de territoacuterio e

territorialidade derivados desses paradigmas Foram feitas tambeacutem uma

caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de

15

fontes secundaacuterias (Censos Agropecuaacuterios e outras) e uma pesquisa de campo

mediante a aplicaccedilatildeo de questionaacuterio com o fim de caracterizar os produtores rurais

desse municiacutepio contratados pela empresa Souza Cruz como fornecedores de

tabaco

Nesse sentido buscou-se metodologicamente envolver teacutecnicas de base

qualitativa sendo que esse tipo de abordagem se caracteriza por ldquoanalisar e

interpretar os dados refletir e explorar o que eles podem propiciarrdquo (OLIVEIRA

2010) A pesquisa quantitativa tambeacutem faz parte deste estudo uma vez que traz

algumas teacutecnicas que possibilitam a busca de informaccedilotildees e dados mais amplos

muitas vezes impossiacuteveis de serem alcanccedilados somente pelo pesquisador como por

exemplo aqueles dados disponibilizados pelos oacutergatildeos puacuteblicos como EMATER

(Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural) IPARDES (Instituto Paranaense

de Desenvolvimento Econocircmico e Social ) IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica) e DERAL (Departamento de Economia Rural) O meacutetodo quantitativo

considera que tudo eacute quantificaacutevel ou seja significa traduzir opiniotildees e informaccedilotildees

em nuacutemeros que seratildeo classificados e analisados

Os meacutetodos qualitativos e quantitativos natildeo se excluem Embora difiram quanto agrave forma e agrave ecircnfase os meacutetodos qualitativos trazem como contribuiccedilatildeo ao trabalho de pesquisa uma mistura de procedimentos de cunho racional e intuitivo capazes de contribuir para a melhor compreensatildeo dos fenocircmenos Pode-se distinguir o enfoque qualitativo do quantitativo mas natildeo seria correto afirmar que guardam relaccedilatildeo de oposiccedilatildeo (POPE MAYS 1995 p42)

Sendo assim no iniacutecio do desenvolvimento do presente estudo foi realizada

uma entrevista com questotildees semiestruturadas (em anexo) para um grupo de dez

fumicultores contratados pela empresa Souza Cruz e que estatildeo na atividade

fumageira haacute mais de dez anos Esse puacuteblico foi escolhido intencionalmente a partir

dos dados da localizaccedilatildeo das propriedades dos associados da empresa no

municiacutepio de Prudentoacutepolis Recorreu-se a esse meacutetodo pois os dados obtidos em

campo eram necessaacuterios para poder avaliar as abordagens ligadas ao paradigma da

agricultura camponesa e da agricultura familiar e que natildeo poderiam ser obtidos

atraveacutes de fontes secundaacuterias

Posteriormente foi realizada uma entrevista com perguntas semiestruturadas

(em anexo) para o instrutor teacutecnico da Souza Cruz jaacute que o mesmo representa a

16

empresa no municiacutepio Essa entrevista teve como objetivo analisar o ponto de vista

da empresa sobre a atividade fumageira na localidade

Ao verificar que em Prudentoacutepolis a produccedilatildeo de fumo acontece somente na

regiatildeo Central e Sul devido ao relevo mais inclinado da regiatildeo norte foi interessante

ir ateacute essa regiatildeo com topografia mais acentuada para analisar os tipos de cultivos

que satildeo realizados O objetivo desse trabalho de campo foi principalmente o de

conhecer a realidade das famiacutelias do municiacutepio natildeo inseridas na cultura do fumo

com visitas a realizar futuras pesquisas sobre a agricultura familiar Assim dado o

caraacuteter complementar e exploratoacuterio desse trabalho a coleta de informaccedilotildees se deu

por meio de conversas informais

Nos meses de novembro e dezembro de 2015 foi realizada outra entrevista

com perguntas semiestruturadas (em anexo) para uma amostragem de sessenta

fumicultores contratados pela Souza Cruz As perguntas feitas nessa entrevista

estatildeo relacionadas basicamente a dados socioeconocircmicos das famiacuteliasos quais

juntamente com dados mais gerais do censo agropecuaacuterio permitem conhecer o

perfil desses fumicultores Portanto as informaccedilotildees referentes a essas entrevistas

apresentam-se mais detalhadas no capiacutetulo IV

Nesse sentido as entrevistas constituem teacutecnicas alternativas para coleta de

dados natildeo documentados sobre determinado tema ldquoEacute uma teacutecnica de interaccedilatildeo

social [] em que uma das partes busca obter dados e outra se apresenta como

fonte de informaccedilatildeordquo (GERHARDT SILVEIRA 2009)

O pesquisador organiza um conjunto de questotildees (roteiros) sobre o tema que estaacute sendo estudado mas permite e agraves vezes ateacute incentiva que o entrevistado fale livremente sobre assuntos que vatildeo surgindo como desdobramentos do tema principal (GERHARDT SILVEIRA 2009)

Para Duarte (2002 p 143) ldquonuma metodologia de base qualitativa o nuacutemero

de sujeitos que viratildeo a compor o quadro das entrevistas dificilmente pode ser

determinado a piorirdquo Ou seja tudo vai estar relacionado com a qualidade das

informaccedilotildees obtidas a partir de cada entrevista sempre levando em consideraccedilatildeo a

profundidade e o grau de recorrecircncia e divergecircncia das informaccedilotildees Enquanto

estiverem aparecendo ldquodadosrdquo originais ou pistas que possam indicar novas

perspectivas aacute investigaccedilatildeo em curso as entrevistas precisam continuar sendo feitas

(DUARTE 2002 p 144)

17

Portanto a pesquisa estaacute estruturada em quatro capiacutetulos sendo que no

primeiro capiacutetulo falar-se-aacute sobre as abordagens ligadas a agricultura camponesa e

agricultura familiar com intuito de apresentar algumas das visotildees de cada

paradigma para que no decorrer do trabalho possa ser feito uma avaliaccedilatildeo dessas

abordagens na produccedilatildeo fumageira como tambeacutem expor o conceito de territoacuterio e

territorialidade que derivam desses paradigmas

No capiacutetulo seguinte visando compreender os fatores que proporcionaram ao

paiacutes se tornar referecircncia no setor fumageiro realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica

da origem do fumo e a sua consequente inserccedilatildeo em uma escala comercial O

estudo desses elementos foi fundamental para entender os motivos que contribuiacuteram

para a inserccedilatildeo da produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Tambeacutem pelo

fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo

de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral

dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura

familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo

do agronegoacutecio

Na sequecircncia o capiacutetulo III mostra os processos de ocupaccedilatildeo do municiacutepio

de Prudentoacutepolis e a consequente inserccedilatildeo da produccedilatildeo fumageira nas unidades de

produccedilatildeo familiar Nesse sentido como o trabalho vem abordando a existecircncia de

uma agricultura familiar heterogecircnea buscou-se conhecer o perfil dos agricultores

familiar do municiacutepio atraveacutes da caracterizaccedilatildeo dessas famiacutelias tendo como escopo

as fontes secundaacuterias do IBGE

No capiacutetulo IV satildeo apresentados os dados do trabalho de campo que foi

realizado com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela empresa

Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Os dados

de campo que retratam a realidade dos entrevistados juntamente com dados

secundaacuterios tecircm por finalidade contribuir na avaliaccedilatildeo dos paradigmas da

camponesa e da agricultura familiar com base no setor fumageiro

Por fim satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais do trabalho seguindo nas

avaliaccedilotildees das abordagens paradigmaacuteticas agrave luz do estudo de caso dos fumicultores

entrevistados mostrando que os agricultores familiares entrevistados buscam

18

atraveacutes de suas condiccedilotildees de tecnologias estrutura fundiaacuteria e matildeo de obra se

inserir em setores mais competitivos visando agrave maximizaccedilatildeo dos lucros

A realizaccedilatildeo dessa pesquisa eacute pertinente pelo fato de mostrar que os

fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de commoditie atraveacutes de uma cadeia

produtiva competitiva levando em consideraccedilatildeo as condiccedilotildees do produtor e

conforme os dados de campo eacute notoacuterio que os entrevistados atraveacutes da renda do

fumo conseguiram adquirir bens capitais de grande importacircncia como a compra de

terra lotes na cidade de carro trator maquinaacuterios agriacutecolas e casa Bens esses que

muitas vezes natildeo conseguiriam adquirir se produzissem somente culturas

tradicionais do municiacutepio como eacute o caso do feijatildeo e milho pelo fato da pequena

quantidade de terras que possuem Dessa forma eacute certo que os agricultores

familiares entrevistados da mesma forma que os agricultores patronais buscam

maximizar seus lucros uma vez que os dados de campo mostram que os

fumicultores tecircm pretensotildees de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou

seja agem no mercado como pequenos capitalistas

19

CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS

Sabe-se que nas ciecircncias sociais existem diferentes concepccedilotildees teoacutericas para

a compreensatildeo do desenvolvimento do capitalismo no campo destacando-se de

um lado o paradigma da Agricultura Camponesa (Questatildeo Agraacuteria) e de outro o

paradigma da Agricultura Familiar (Capitalismo Agraacuterio) Nesse sentido o presente

capiacutetulo expotildee algumas das abordagens ligadas ao paradigma da agricultura

camponesa e das abordagens ligadas agrave agricultura familiar como objetivo de

identificar o conceito de TerritoacuterioTerritorialidade derivados desses paradigmas A

finalidade de entender as correntes de pensamento paradigmaacutetico permitiraacute entatildeo

avaliar essas abordagens agrave luz de um estudo de caso sobre a fumicultura no

municiacutepio de PrudentoacutepolisPR

11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA

As muacuteltiplas formas de interpretaccedilatildeo da questatildeo agraacuteria no espaccedilo rural e

consequentemente do paradigma camponecircs tecircm como principal referecircncia as teorias

marxistas seja as de autores como Lecircnin (1982) e Kautsky (1998) que defenderam

a tese do desaparecimento da classe camponesa e a consequente emergecircncia de

duas classes distintas - a burguesa e a proletaacuteria - como produto da industrializaccedilatildeo

da agricultura seja a de autores como Chayanov (1974) Oliveira (1987) e

Fernandes (1996) entre outros que satildeo contraacuterios agrave teoria sobre a tendecircncia agrave

proletarizaccedilatildeo do campesinato e que defendem a permanecircncia desta classe social

como resultado do processo desigual e contraditoacuterio de desenvolvimento

impulsionado pelo sistema capitalista

Nesse sentido para Fernandes (2008) os estudos feitos agrave luz do paradigma

camponecircs se caracterizam por analisar a luta de classes a conflitualidade e as

contradiccedilotildees inerentes agraves relaccedilotildees capitalistas e natildeo capitalistas de produccedilatildeo1 Um

tema importante nessa linha de pesquisa eacutea sujeiccedilatildeo da renda dos camponeses

perante as empresas que tecircm o monopoacutelio da produccedilatildeo de commodities agriacutecolas

como as agroinduacutestrias fumageiras

1 O campesinato eacute entendido como um sistema produtivo diferenciado do agronegoacutecio

20

Os seguidores do paradigma camponecircs como Fernandes (2013) entendem

que a industrializaccedilatildeo da agricultura resulta em um problema estrutural devido ao

desenvolvimento desigual e contraditoacuterio do capitalismo e que a uacutenica soluccedilatildeo estaacute

na superaccedilatildeo desse sistema pois a industrializaccedilatildeo da agricultura contribui para que

as unidades camponesas de produccedilatildeo se tornem mais vulneraacuteveis ao capital

Para Feliacutecio (2006) nesse paradigma natildeo haacute diferenccedilas entre agricultor

familiar e camponecircs pois ambos satildeo assim definidos por terem a famiacutelia e o trabalho

familiar por caracteriacutestica a qual natildeo objetiva a superaccedilatildeo do trabalho familiar O

termo camponecircs eacute tratado pelos teoacutericos do paradigma do capitalismo agraacuterio como

agricultores familiares nesse sentido

O produtor familiar que utiliza os recursos teacutecnicos e estaacute altamente integrado ao mercado natildeo eacute um camponecircs mas sim um agricultor familiar Desse modo pode-se afirmar que a agricultura camponesa eacute familiar mas nem toda a agricultura familiar eacute camponesa ou que todo camponecircs eacute agricultor familiar mas nem todo agricultor familiar eacute camponecircs (FERNANDES 2001)

Com relaccedilatildeo agrave inserccedilatildeo da agricultura familiar nas formas de produccedilatildeo

capitalistas no campo Thomaz Juacutenior (2008) considera que a loacutegica do capital impotildee

que o agricultor esteja preso agrave gestatildeo de uma empresa e natildeo mais da sua proacutepria

famiacutelia Poreacutem o autor defende que mesmo integrado a essa loacutegica de produccedilatildeo o

camponecircs busca alternativas para natildeo aderir totalmente agraves estruturas mercantis de

produccedilatildeo visando reestabelecer os princiacutepios de sociabilidade e produccedilatildeo para o

autoconsumo Nesse sentido para esse paradigma o camponecircs visa agrave

sobrevivecircncia mas se o capital apresenta uma proposta de parceria de lucros como

na integraccedilatildeo das empresas fumageiras o camponecircs aceita Subordina-se mas se

essa possibilidade de lucro acaba ele volta para a estrateacutegia primeira por natildeo

desejar desfazer-se da terra

Para Shanin (2008) o camponecircs corresponde a um ldquomodo de vidardquo que

envolve um conjunto de elementos como a diversidade nas formas de trabalhar com

a terra Teacutecnicas essas que satildeo passadas de pais para filhos possibilitando estreita

ligaccedilatildeo entre a terra e a famiacutelia uma vez que a famiacutelia eacute dona do proacuteprio trabalho

podendo escolher a melhor forma de fazecirc-lo Tambeacutem enfatiza a especificidade da

loacutegica econocircmica camponesa a qual produz visando a satisfaccedilatildeo das necessidades

21

da famiacutelia sendo capaz de se ajustar aos niacuteveis de remuneraccedilatildeo mais baixos em

momentos desfavoraacuteveis

Ploeg (2009) afirma que o camponecircs de hoje natildeo pode ser compreendido

como sinocircnimo de atraso e sim como um ldquocamponecircs modernordquo inserido na

realidade capitalista poreacutem carregando em seu cerne a condiccedilatildeo camponesa Por

condiccedilatildeo camponesa Ploeg (2009) entende a luta por autonomia e progresso como

uma forma de construccedilatildeo e reproduccedilatildeo de um meio de vida rural em um contexto

adverso caracterizado por relaccedilotildees de dependecircncia marginalizaccedilatildeo e privaccedilatildeo

Portanto para o autor supracitado o campesinato deve ser explicado a partir das

relaccedilotildees de contradiccedilotildeesconflitualidades existentes no espaccedilo rural

Fernandes (2000) ao falar sobre a formaccedilatildeo do campesinato afirma que

essa formaccedilatildeo natildeo acontece somente pela reproduccedilatildeo ampliada das contradiccedilotildees

do capitalismo mas tambeacutem atraveacutes da luta pela terra na qual tem enfrentado a

condiccedilatildeo loacutegica do capital Nesse sentido Ploeg (2009) menciona sobre a dualidade

entre a produccedilatildeo camponesa e a capitalista na qual

[] a agricultura camponesa eacute fortemente baseada no capital ecoloacutegico (especialmente a natureza viva) enquanto que a agricultura empresarial afasta-se progressivamente da natureza Insumos e outros fatores artificiais de crescimento substituem os recursos naturais o que significa que a agricultura estaacute sendo industrializada (PLOEG 2009 p17)

A expansatildeo do modo capitalista de produccedilatildeo (na sua reproduccedilatildeo ampliada do

capital) aleacutem de redefinir antigas relaccedilotildees subordinando-as agrave sua produccedilatildeo

engendra relaccedilotildees natildeo capitalistas iguais e contraditoriamente necessaacuterias agrave sua

reproduccedilatildeo (OLIVEIRA 2010) Nesse sentido para Paulino e Almeida (2010) a

reproduccedilatildeo do campesinato ldquodeve ser entendida a partir das diversas contradiccedilotildees

do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma contradiccedilatildeo e

natildeo de uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeordquo

No que diz respeito agrave produccedilatildeo de fumo para o paradigma camponecircs a

integraccedilatildeo agrave induacutestria fumageira significauma intervenccedilatildeo nos modos de produccedilatildeo

camponesa visando padroniza-los deixando o camponecircs com pouca autonomia para

determinar a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo

Para Fernandes (2008) o sistema de produccedilatildeo do agronegoacutecio eacute distinto do

sistema de produccedilatildeo da agricultura camponesa uma vez que o sistema agriacutecola

22

camponecircs tem por referecircncia a reproduccedilatildeo a biodiversidade e o trabalho familiar

natildeo objetivando o plantio de uma uacutenica cultura para o mercado como no modelo

agroexportador Poreacutem Fernandes (2008 p 166) afirma que como eacute o capital que

controla a tecnologia o conhecimento o mercado e as poliacuteticas agriacutecolas

subalterniza o camponecircs Ou seja para Fernandes o sistema agriacutecola camponecircs

natildeo eacute parte do agronegoacutecio

De acordo Paulino com (2012) os camponeses comparecem ao mundo do

trabalho como entidades familiares Dessa forma como eacute a famiacutelia que se prontifica

em produzir a mateacuteria prima para a induacutestria fumageira entatildeo natildeo se refere agrave venda

do trabalho camponecircs e sim da produccedilatildeo na qual estaacute contida o trabalho familiar o

qual exige um ritmo diferenciado

Roos (2015) salienta que no caso da produccedilatildeo fumageira realizada pelos

camponeses ldquoa racionalidade eacute movida pela necessidade de um espaccedilo que possa

servir a um conjunto de atividadesrdquonatildeo objetivando somente a valorizaccedilatildeo que os

galpotildees e as estufas de fumo possam gerar sobre a renda da terra

Nesse sentido as transformaccedilotildees no campo brasileiro relacionadas ao

processo de modernizaccedilatildeo da agricultura se assentam sobre uma estrutura

complexa compreendida pela integraccedilatildeo da agricultura e da induacutestria caracterizada

na maior parte por produzir produtos de exportaccedilatildeo como eacute o caso das induacutestrias

fumageiras aves e suiacutenos

Portanto para esse paradigma a conflitualidade eacute inerente ao processo de

formaccedilatildeo do capitalismo e do campesinato por causa da contradiccedilatildeo criada pela

destruiccedilatildeo criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo simultacircneas dessas relaccedilotildees sociais (FENANDES

2008) O camponecircs possui um sistema agriacutecola proacuteprio que natildeo faz parte do

agronegoacutecio e apresenta uma loacutegica de reproduccedilatildeo distinta todavia os camponeses

estatildeo subalternos agrave hegemonia daquele modelo de desenvolvimento econocircmico

(ROOS2015)

Roos (2015) ao analisar a obra de Chayanov2 afirma que o deslocamento de

membros da famiacutelia para outras atividades (venda de forccedila de trabalho) estaacute

assentado na satisfaccedilatildeo das necessidades e natildeo na maximizaccedilatildeo de lucros

2 CHAYANOV AV La organizaciacuteon de la unidad econoacutemica campesina Buenos Aries Nueva Visioacuten 1974

23

possiacuteveis (relaccedilotildees capitalistas) pois o principal objetivo das transaccedilotildees

econocircmicas camponesas eacute a reproduccedilatildeo do grupo social

Para Paulino (2003) a heterogeneidade no campo estaacute marcada por dois

tipos de propriedade privada de um lado a propriedade capitalista e de outro a

propriedade camponesa Na propriedade capitalista a terra eacute um objeto de negoacutecio

pelo fato de haver exploraccedilatildeo do trabalho alheio ao passo que a propriedade

camponesa constitui-se em terra de trabalho natildeo tendo como intuito a acumulaccedilatildeo

de capital e sim a sobrevivecircncia familiar Nesse sentido para a autora a dualidade

entre terra de negoacutecios e terra de trabalho se explica com base no caraacuteter

contraditoacuterio do desenvolvimento capitalista

Portanto o camponecircs ao incorporar elementos da loacutegica do agronegoacutecio

como ao plantar fumo e soja utilizando agrotoacutexicos adubos quiacutemicos entre outros

gastos relacionados ao plantio e colheita satildeo compreendidos no paradigma

camponecircs a partir do capital sujeitando e expropriando a renda camponesa e

consequentemente deixando o agricultor mais vulneraacutevel

12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR

No Brasil os estudos e debates sobre a categoria da agricultura familiar

ganharam forccedila a partir do fim da deacutecada de 1980 e iniacutecio da deacutecada de 1990

quando essa categoria tem maior representatividade no cenaacuterio socioeconocircmico

brasileiro Inuacutemeros conceitos e caracterizaccedilotildees foram criados para tentar explicar

os indiviacuteduos pertencentes a esse grupo Nesse sentido para Anjos (2003) a

agricultura familiar brasileira se estrutura

ldquocomo uma nova categoria poliacutetica portadora de uma consideraacutevel fonte de legitimidade social que simultaneamente representa os interesses dos pequenos produtores rurais das famiacutelias assentadas dos arrendataacuterios dos agricultores familiares integrados aos complexos agroindustriais e de outros atores sociais do campo brasileirordquo (ANJOS 2003 p 245)

No decorrer da deacutecada de 1990 os estudos voltados para o universo da

agricultura familiare que se destacam na literatura estatildeo em Veiga (1991)

Abramovay (1992) Lamarche (1998) entre outros Esses estudos aleacutem de

trazerem um panorama geral sobre a agricultura familiar daqueles anos tambeacutem

mostraram que as formas familiares de agricultura natildeo eram e nem satildeo

24

homogecircneas poreacutem satildeo importantes para promover o desenvolvimento econocircmico

no Brasil

Abramovay (1992) foi o primeiro no Brasil que distinguiu campesinato de

agricultor familiar afirmando que o agricultor familiar eacute oriundo do camponecircs poreacutem

apresenta distintas formas de organizaccedilatildeo do trabalho tendo como pretensatildeo

inserir-se ao mercado Tambeacutem ao se referir agrave regiatildeo Sul do Brasil o autor afirma

queldquoos agricultores familiares integram-se plenamente a estruturas nacionais de

mercado transformam natildeo soacute sua base teacutecnica mas sobretudo o ciacuterculo social em

que se reproduzem e metamorfoseiam-se numa nova categoria social de

camponeses tornam-se agricultores profissionaisrdquo (ABRAMOVAY 1992 p 126-

127)

Abramovay (1992) Veiga (1991) e Lamarche (1998) entendem que a

agricultura familiar eacute uma categoria que manteacutem a loacutegica familiar de produccedilatildeo

poreacutem estaacute ligada agrave loacutegica capitalista de integraccedilatildeo aos mercados Nesse sentidoo

autor da corrente marxista Claus Germer (1996) alerta para o problema de

conceituar a agricultura familiar em oposiccedilatildeo agrave agricultura patronal o qual favorece

sem sentido a noccedilatildeo de embate entre esses modos de produccedilatildeo

Pensadores da corrente teoacuterica que discutem a agricultura familiar como por

exemplo Valente (2008) Diniz Filho (2011) e Navarro (2014) entre outros natildeo

costumam fazer uma oposiccedilatildeo radical entre a agricultura familiar e o agronegoacutecio

tal como se observa no paradigma camponecircs pelo fato que de alguma forma os

agricultores familiares fazem parte do agronegoacutecio Nesse sentido apontam que a

agricultura familiar brasileira eacute heterogecircnea e necessita ser trabalhada com

tipologias como por exemplo nos estudos organizados por Lamarche (1998) e pela

caracterizaccedilatildeo da agricultura familiar por grupos A B C e D realizados a partir do

estudo ldquoNovo retrato da agricultura familiar brasileira (2000)rdquo Esses estudos

mostram que existem muitas formas de agricultores familiares que se aproximam

bastante do padratildeo do agronegoacutecio Portanto para esse paradigma natildeo haacute

incompatibilidade ou conflitos radicais dos agricultores familiares em relaccedilatildeo ao

capital visto que estatildeo inseridos no mercado

Lamarche (1998) identificou quatro modelos aproximados para distinguir os

tipos de agricultores familiares a partir do tipo e grau de dependecircncia financeira de

mercado e da tecnologia para produccedilatildeo Os quatro modelos consistem em Modelo

empresa caracteriza as unidades produtivas que possuem grande dependecircncia

25

tecnoloacutegica financeira e comercial dependente de matildeo de obra assalariada

(temporaacuteria ou permanente) natildeo possuindo grande apego agrave propriedade (terra)

Modelo empresa familiar satildeo dependentes dos sistemas tecnoloacutegicos financeiros e

de mercado a matildeo de obra eacute familiar tendo por objetivo a reproduccedilatildeo familiar a

partir da terra Modelo agricultura camponesa e de subsistecircncia eacute caracterizada

pelo grande envolvimento da famiacutelia na unidade produtiva pouco dependente de

tecnologias e mercados externos visando satisfazer as necessidades familiares

com pouca produccedilatildeo para comercializar aleacutem de preservarem os patrimocircnios com

intuito de sobrevivecircncia da famiacutelia E por fim o modelo agricultura moderna que eacute

um modelo de agricultura competitiva que estaacute em constante diminuiccedilatildeo das

relaccedilotildees familiares de produccedilatildeo buscando autonomia teacutecnica financeira e de

mercado

Tambeacutem no sentido de entender as caracteriacutesticas do puacuteblico que fazia parte

do rural brasileiro o estudo realizado pela FAOINCRA no ano de 1994 separou os

agricultores entre familiares e patronais sendo que o grupo dos familiares ganhou

outras trecircs subdivisotildees Agricultores Familiares Consolidados que remete aos

agricultores familiares jaacute integrados ao mercado Agricultores familiares em

transiccedilatildeo ou seja aqueles em processo de integraccedilatildeo aos mercados e Agricultores

Familiares Perifeacutericos caracteriacutesticos daqueles com poucas possibilidades de

integraccedilatildeo aos mercados Poreacutem conforme Bittencourt e Peraci (2010) esse

agrupamento da categoria familiar foi utilizado soacute ateacute 1999 quando ganhou outra

classificaccedilatildeo agora a partir de quatro subdivisotildees dos grupos familiares A B C e D

A tipificaccedilatildeo das unidades familiares em quatro grupos eacute produto do estudo

realizado com base nos dados do Censo Agropecuaacuterio de 1996 e coordenado por

Carlos Enrique Guanziroli (FAO) e Silvia Elizabeth Cardin (INCRA) no ano de 2000

intitulado ldquoO novo retrato da agricultura familiar O Brasil redescobertordquoque

objetivou fazer uma nova tipificaccedilatildeo das unidades familiares localizadas no territoacuterio

brasileiro Esse agrupamento foi definido pela Resoluccedilatildeo 2629 de agosto de 1999

a qual foi adotada para que as regras de financiamento fossem mais adequadas agrave

realidade de cada segmento social (Schneider Czala Matei 2004 p 26)

Da mesma forma que os estudos feitos por Lamarche (1998) os resultados

dos trabalhos realizados pela FAOINCRA afirmam que a agricultura brasileira

apresenta uma grande diversidade em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo dos produtores agrave aptidatildeo

da terra agrave disponibilidade de infraestrutura etc natildeo apenas entre as regiotildees mas

26

tambeacutem dentro de cada regiatildeo (Guanziroli Cardin 2000) Esses autores insistem

na importacircncia de aprofundar o conhecimento dessas realidades do espaccedilo rural

com o intuito de incorporar de forma efetiva esses conhecimentos ao planejamento

de poliacuteticas puacuteblicas

Como o presente estudo objetiva a identificaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo dos

produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis atraveacutes da tipologia dos grupos

familiares eacute fundamental detalhar as caracteriacutesticas de cada grupo3 Agricultores

Familiares tipo A considerados como os mais capitalizados e muito integrados ao

mercado Agricultores Familiares tipo B que estatildeo em vias de capitalizaccedilatildeo e

integrados ao mercado Agricultores Familiares tipo C que se apresentam em vias

de descapitalizaccedilatildeo e pouco integrados aos mercados e os Agricultores Familiares

tipo D sendo compreendidos como descapitalizados

Essas delimitaccedilotildees estabelecidas entre a agricultura familiar e a patronal

como tambeacutem na diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os proacuteprios agricultores

familiares proporcionou a identificaccedilatildeo dos distintos graus de desenvolvimento e

das distintas loacutegicas adotadas para a reproduccedilatildeo familiar

Para esse paradigma o agricultor familiar natildeo eacute um camponecircs mas sim um

empresaacuterio capitalista de pequeno porte inserido no mercado e que busca

maximizar a sua produccedilatildeo mas como eacute de pequeno porte ainda natildeo se

desvinculou totalmente do processo produtivo necessitando da matildeo de obra familiar

para o desenvolvimento das atividades a qual eacute caracteriacutestica das unidades

familiares No caso da produccedilatildeo de fumo conforme se veraacute com detalhes adiante o

pequeno capitalista estaacute presente em todo o processo desde o plantio ateacute a venda

da produccedilatildeo

Schneider (2006) menciona a falta de compreensatildeo dos modos familiares e

sua inserccedilatildeo nos mercados capitalistas uma vez que se deixam enredar no debate

sobre um suposto dualismo entre o agronegoacutecio e agricultura familiar como se os

3Considera-se que a tipologia elaborada pela FAOINCRA (2000) busca estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares dando-se em funccedilatildeo do custo de oportunidade do trabalho dado esse obtido atraveacutes do valor da diaacuteria regional mais 20 Tambeacutem o universo familiar foi delimitado atraveacutes das variaacuteveis em que a direccedilatildeo dos trabalhos do estabelecimento era exercida pelo produtor o trabalho familiar era superior ao trabalho contratado e por fim a aacuterea regional que varia de 4 ateacute 15 moacutedulos fiscais

27

envolvidos natildeo estivessem interessados em um mesmo processo ou seja da

produccedilatildeo e do consumo Nessa mesma linha de pensamento Veiga (2004) afirma

que ldquoo agronegoacutecio no Brasil natildeo eacute soacute uma atividade de grandes produtores e que

natildeo haacute oposiccedilatildeo com agricultura familiarrdquo uma vez que a agricultura familiar

sustenta um dos ramos mais bem sucedidos do agronegoacutecio como as cadeias

produtivas de exportaccedilatildeo de frango suiacutenos e tambeacutem com grande expressividade

a cadeia do fumo

O agronegoacutecio eacute composto fundamentalmente por agricultores familiares Eles conseguiram se firmar em setores extremamente modernos como a produccedilatildeo de aves suiacutenos fumo produtos esses ligados a mercados internacionais (ABRAMOVAY 2003 p 7)

De acordo com Valente (2008) vem sendo estabelecido o consenso de que

as atividades desenvolvidas ao longo da cadeia produtiva tanto patronais quanto

familiares satildeo complementares Nessa perspectiva menciona que faz-se necessaacuterio

um estudo do que aproxima e do que afasta aqueles que se inserem no agronegoacutecio

para assim ser possiacutevel pleitear distintas poliacuteticas agriacutecolas de acordo com os

interesses de casa categoria

Enquanto Fernandes (2001)Paulino (2003)Oliveira (2004) e Roos (2015)

defendem a oposiccedilatildeo do agronegoacutecio agrave agricultura familiar devido agraves

conflitualidades entre as classesSchneider (2006) Navarro (2007 2014) Valente

(2008) Diniz Filho (2011) e Jank (2006) consideram falso esse dualismo entre a

agricultura familiar e o agronegoacutecio uma vez que os agricultores buscam maximizar

seus lucros Nesse sentido afirma Jank (2006) que

O Brasil tem sido proacutedigo em produzir falsas dicotomias como a ideia do agronegoacutecio contra a pequena agricultura a agricultura patronal contra a agricultura familiar ou grandes produtores contra os sem-terra [] caso uacutenico no mundo o Brasil tem dois ministeacuterios da agricultura vivendo uma guerra surda por atenccedilatildeo e recursos um cuidando de mecanismos tradicionais de poliacuteticas agriacutecolas e o outro da reforma agraacuteria e da agricultura familiar (JANK 2006 P a2)

13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS

28

O estudo do territoacuterio vem sendo constituiacutedo em uma tradiccedilatildeo do pensamento

geograacutefico nos uacuteltimos 100 anos (VALVERDE 2004) Instintivamente o seu conceito

remota agrave ideia de lugar espaccedilo de residecircncia ou local onde se desenrolaratildeo as

muacuteltiplas relaccedilotildees entre os agentes sejam sociais ou econocircmicos (MARIANI

ARRUDA 2010)

Nesse ponto de vista Fernandes (2008) cita que a globalizaccedilatildeo e a hegemonia

das poliacuteticas neoliberais provocaram a emergecircncia do conceito de territoacuterio em duas

direccedilotildees De um lado os estudos sobre territoacuterios feitos agrave luz do paradigma

camponecircs e de outro o estudo de territoacuterio a partir do paradigma da agricultura

familiar O territoacuterio para o paradigma camponecircs eacute explicado a partir da criacutetica aos

modelos de produccedilatildeo capitalista sendo que as anaacutelises satildeo feitas sob a oacutetica de

territoacuterio multidimensional entendido a partir das conflitualidades e contradiccedilotildees

entre as classes sociais

Jaacute o paradigma da agricultura familiar ao analisar o territoacuterio natildeo utiliza os

procedimentos para estudar as conflitualidades e sim trabalha com o objetivo de

classificar as desigualdades sociais Nesse sentido o tema de estudo predominante

nesse paradigma eacute a reproduccedilatildeo das relaccedilotildees capitalistas ou seja a forma como os

agricultores buscam se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo sem que haja

uma conflitualidade entre classes ou territoacuterios No caso dos conflitos existentes no

campo para o paradigma da agricultura familiar deve-se trabalhar a partir do grau

que esses conflitos acontecem natildeo generalizando a partir de casos radicais de

conflitos entre os distintos territoacuterios No caso da fumicultura pode-se dizer que natildeo

satildeo identificados conflitos tatildeo radicais ao passo que na produccedilatildeo de subsistecircncia

esse acontecimento pode acontecer de forma diferenciada

Diversos satildeo os acontecimentos e agentes responsaacuteveis por instituir funccedilatildeo e

particularidades aos espaccedilos Como exemplos desses acontecimentos podem ser

citadas ldquoas atividades econocircmicas os empreendimentos das

multinacionaistransnacionais comunidades tiacutepicas como tambeacutem do poder puacuteblicordquo

(MARIANI ARRUDA 2010) os quais satildeo responsaacuteveis pela construccedilatildeo de

territoacuterios Haesbaert (2007) destaca a existecircncia de territoacuterios funcionais desde que

o territoacuterio apresente um papel de receptaacuteculos de atividades econocircmicas

possuindo muacuteltiplas funccedilotildees conforme seu interesse em atuar naquele territoacuterio

29

Fernandes (2008) adepto do paradigma camponecircs ao trabalhar os diferentes

territoacuterios destaca a importacircncia de analisar o territoacuterio atraveacutes da

multidimensionalidadeconflitualidade que satildeo concebidas atraveacutes de um conjunto

de conflitos inscritos nas relaccedilotildees indissociaacuteveis entre desenvolvimento e disputas

territoriais Para o autor a definiccedilatildeo de territoacuterio estaacute relacionada agrave existecircncia de

poder entre classes ao passo que a conflitualidade existe devido agraves disputas

territoriais entre o capital e o campesinato ou seja de distintos territoacuterios e

funcionalidades

Oliveira (2001) aponta que devido agraves forccedilas produtivas capitalistas ocorrerem

de maneira desigual e contraditoacuteria no territoacuterio em algumas circunstacircncias eacute mais

conveniente para o capital monopolizar o territoacuterio ao inveacutes de se territorializar ou

seja neste caso para o paradigma camponecircs o capital natildeo expropria o camponecircs

fumicultor poreacutem subordina esse agente social ao ditar as regras de produccedilatildeo como

tipos de sementes insumos quiacutemicos teacutecnicas de produccedilatildeo entre outros elementos

que estatildeo relacionados agrave produccedilatildeo Trata-se da territorializaccedilatildeo do capital

monopolista (OLIVEIRA 2001) o qual monopoliza a circulaccedilatildeo e domina os meios

de produccedilatildeo e a terra (ROOS 2015)

Nesse sentido no territoacuterio a accedilatildeo das empresas transnacionais como por

exemplo a Souza Cruz configuram o processo chamado por Oliveira (2005) e Roos

(2015) de ldquomonopolizaccedilatildeo do territoacuteriordquo uma vez que a empresa se instala em aacutereas

estrateacutegicas monopoliza o territoacuterio e firma acordos com os produtores familiares e

natildeo familiares que produzem fumo sendo entendidos entatildeo a partir da sujeiccedilatildeo da

renda da terra ao capital onde o produtor atraveacutes da integraccedilatildeo tem pouco poder

nas negociaccedilotildees

Para Fernandes (2008) a existecircncia de distintos territoacuterios entre o campesinato

e o agronegoacutecio eacute dada a partir das formas de organizaccedilatildeo espacial e de paisagens

geograacuteficas sendo o territoacuterio do agronegoacutecio caracterizado pela monocultura

desertificaccedilatildeo populacional produtivismo para exportaccedilatildeo grande escala e

homogeneidade ao passo que o territoacuterio camponecircs eacute representado pela

heterogeneidade da paisagem frequente povoamento policultura e produccedilatildeo

diversificada Por fim o territoacuterio monopolizado pelo agronegoacutecio se distingue pela

homogeneidade da paisagem geograacutefica e pela subalternidade e controle

tecnoloacutegico das commodities que se utilizam dos territoacuterios camponeses

30

(FERNANDES 2008) Portanto para os seguidores desse paradigma o capital

forma os seus territoacuterios atraveacutes da expansatildeo e controle de aacutereas em todas as

regiotildees subalternizando o camponecircs atraveacutes da integraccedilatildeo Sobre a monopolizaccedilatildeo

do territoacuterio Fernandes (2008) destaca que

Quando o tempo de trabalho eacute maior do que o de produccedilatildeo o capital age atraveacutes da monopolizaccedilatildeo do territoacuterio e da sujeiccedilatildeo da renda da terra Neste caso o campo continua povoado por camponeses ou pequenos ou meacutedios capitalistas que passam a produzir de acordo com o que lhes diz a induacutestria Eacute o caso por exemplo da laranja do fumo a avicultura e da suinocultura entre outros (FERNANDES 2008 p 196)

As anaacutelises voltadas ao paradigma camponecircs e que tratam dos assuntos

relacionados agrave produccedilatildeo de fumo como por exemplo o trabalho de Roos (2015)

afirmam que a subalternidade camponesa estaacute expressa na sujeiccedilatildeo da renda e na

monopolizaccedilatildeo do territoacuterioterritorialidade pelo capital uma vez que a

monopolizaccedilatildeo do territoacuterio pelo capital eacute entendida como territorialidade capitalista

no territoacuterio camponecircs Nesse sentido Roos (2015) compreende territorialidade

como o uso do territoacuterio ponderando que este eacute exclusivamente produzido por uma

relaccedilatildeo social que somente pode ser realizada pelo sujeito onde a territorialidade

pode ser camponesa ou capitalista

Nesse ponto de vista em relaccedilatildeo agrave produccedilatildeo de fumo nas unidades

familiares o paradigma camponecircs compreende que as relaccedilotildees capitalistas

subordinam as relaccedilotildees camponesas e consequentemente o seu territoacuterio pelo fato

das bases teacutecnicas de produccedilatildeo estarem determinadas pelas multinacionais como

por exemplo atraveacutes dos contratos de compra de fumo de empresas com a Souza

Cruz

O territoacuterio eacute instituiacutedo por sujeitos e grupos sociais que se afirmam por meio dele Assim haacute sempre territoacuterio e territorialidade ou seja processos sociais de territorializaccedilatildeo Num mesmo territoacuterio haacute sempre muacuteltiplas territorialidades (PORTO-GONCcedilALVES 2006)

Roos (2015) destaca que mesmo onde as empresas fumageiras determinam

o padratildeo tecnoloacutegico (infraestrutura tipos de sementes insumos utilizados formas

de semeadura etc) natildeo tiram dos camponeses a autonomia sobre o seu trabalho o

tempo e as decisotildees Assim o autor afirma que o territoacuterio continua sendo de

domiacutenio dos camponeses poreacutem o capital exerce sua territorialidade subordinando a

renda camponesa na medida em que se incorporam agrave loacutegica capitalista

31

A territorialidade deriva de territoacuterio como produto das muacuteltiplas relaccedilotildees de

poder presentes e que estatildeo intrinsicamente relacionadas aos modelos de produccedilatildeo

podendo como destacado por Porto-Gonccedilalves (2006) e Fernandes (2008) coexistir

vaacuterias territorialidades em um mesmo territoacuterio

As territorialidades expressam as relaccedilotildees de poder que determinam as

configuraccedilotildees territoriais Elas contribuem para a identificaccedilatildeo de quem domina e de

quem eacute o dominado nos territoacuterios As territorialidades tambeacutem estatildeo expressas nas

paisagens de modo que seus componentes revelam as relaccedilotildees sociais poliacuteticas e

econocircmicas (FERNANDES 2010)

Fernandes (2008 2009) acrescenta que a disputa territorial entre o

campesinato e o agronegoacutecio pode acontecer por duas formas distintas pela

desterritorializaccedilatildeo e pelo controle das territorialidades por possuiacuterem relaccedilotildees

sociais distintas e modelos divergentes de produccedilatildeo os quais resultam em conflitos

Portanto ainda no que diz respeito ao paradigma camponecircs Paulino e

Almeida (2010) defendem a ideia de que embora o campesinato seja uma relaccedilatildeo

natildeo capitalista ldquosua reproduccedilatildeo deve ser entendida a partir das diversas

contradiccedilotildees do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma

contradiccedilatildeo e natildeo de uma articulaccedilatildeo de modos de produccedilatildeordquo Jaacute no paradigma da

agricultura familiar a inserccedilatildeo do agricultor nos mercados capitalistas natildeo eacute

compreendida pela conflitualidade entre territoacuterio camponecircs e do agronegoacutecio

sendo que ambos buscam maximizaccedilatildeo de sua produccedilatildeo

A partir do exposto eacute possiacutevel entender que os estudos feitos agrave luz do

paradigma da agricultura camponesa e que tratam de temas relacionados agrave

produccedilatildeo de fumo no Sul do Brasil afirmam a existecircncia de conflitos muitas vezes

ldquoveladosrdquo entre o territoacuterio dos fumicultores e a territorialidade corporativa das

empresas fumageiras

32

CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL

De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de

fumo Por esse fato o presente capiacutetulo tem como objetivo salientar os fatores que

proporcionaram ao paiacutes se tornar referecircncia nesse setor uma vez que a fumicultura

eacute desenvolvidaem sua maioriapela agricultura familiar (AFUBRA 2015) De

maneira cronoloacutegica realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica da origem do fumo e

sua consequente inserccedilatildeo em uma produccedilatildeo de escala comercial analisando o

cultivo o mercado e outros aspectos sejam das esferas produtiva social e

econocircmica visto que esses elementos satildeo fundamentais para entender os motivos

pelos quais contribuiacuteram para a inserccedilatildeo dessa produccedilatildeo no municiacutepio de

PrudentoacutepolisPR que seraacute tratado com mais detalhes no capiacutetulo III Tambeacutem pelo

fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo

de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral

dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura

familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo

do agronegoacutecio

21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL

A partir do iniacutecio da deacutecada de 1990 o Brasil vem ocupando uma posiccedilatildeo de

destaque no mercado mundial do fumo pelo volume produzido e pela qualidade que

o produto possui

Ao analisar as origens4 dessa cultura as respostas satildeo um pouco distintas pois

existem possiacuteveis afirmaccedilotildees de que o fumo era consumido desde o seacuteculo IX no

continente Asiaacutetico Todavia Frozza (1998) afirma que o cultivo e uso das folhas

datam de mais de quatro mil anos e que ocorreram nas regiotildees da Ameacuterica do Norte

e Central onde hoje se situam o Meacutexico e a Guatemala Ainda de acordo com esse

autor satildeo os povos Maias que teriam iniciado o plantio dessa cultura

4 O tabaco tambeacutem chamado de fumo eacute uma erva do gecircnero das plantas solanaacuteceas cujas folhas depois de preparadas servem mais comumente para fumar cheirar ou mascar (SILVA 2012)

33

Nardi (1985) e Saffrin (1995) afirmam que o fumo tem suas origens nos vales

orientais dos Andes bolivianos e que chegou ao territoacuterio brasileiro atraveacutes das

migraccedilotildees dos iacutendios principalmente os iacutendios Tupi-Guarani Convergindo com

Nardi e Saffrin Souza Cruz (2011) afirma que o fumo eacute uma planta originaacuteria dos

Andes e que acompanhou as migraccedilotildees dos iacutendios por toda a Ameacuterica Central ateacute

chegar ao territoacuterio brasileiro

Os colonizadores portugueses atraveacutes dos povos indiacutegenas introduziram o haacutebito

do consumo de fumo (BOEIRA 2002) tendo acesso ao produto atraveacutes do

escambo Dessa forma satildeo criadas as primeiras legislaccedilotildees para regulamentar a

atividade fumageira como a Junta de Administraccedilatildeo do Tabaco de 1674 a qual

servia para orientar o comeacutercio das especiarias em Portugal e suas colocircnias e

institucionalizou o monopoacutelio portuguecircs sobre o produto Nesse contexto o tipo de

fumo produzido era o escuro de corda sendo que o mesmo era usado para fabricar

o rapeacute o cigarro e charutos (SILVA 2002)

No iniacutecio do seacuteculo XIX a produccedilatildeo em escala comercial ocupou aacutereas reduzidas e

concentradas entre o litoral dos atuais estados da Bahia (Recocircncavo Baiano) e

Recife proporcionando o abastecimento do mercado europeu Os fatores que

contribuiacuteram para a produccedilatildeo do fumo foram agrave existecircncia de matildeo de obra familiar e o

desejo de desenvolver a regiatildeo Para Silva (2002) a cultura do fumo ao contraacuterio da

cana-de-accediluacutecar que era plantada somente nos latifuacutendios foi e ainda eacute

desenvolvida pela sua maioria em pequenas propriedades

A produccedilatildeo se expandiu para os estados de Minas Gerais Goiaacutes Satildeo Paulo

e sobretudo para a regiatildeo Sul do Brasil regiatildeo essa colonizada por imigrantes

europeus que se dedicaram a atividade como eacute o caso do municiacutepio de

Prudentoacutepolis no Paranaacute

O fumo ldquoproduto antes principalmente destinado ao escambo de escravos na segunda metade do seacuteculo passou a encontrar mercado crescente na Europa A quantidade exportada aumentou 361 por cento entre os anos de quarenta e noventa e os preccedilos meacutedios subiram 41 por centordquo(FURTADO p47 1984apud Silva 2002 p 38)

De acordo com Silva (2002) na regiatildeo Sul do Brasilas primeiras plantaccedilotildees

de fumo iniciaram-se em 1824 na colocircnia de Satildeo LeopoldoRS a mesma colonizada

por imigrantes alematildees e em 1850 na colocircnia Santa CruzRS Nessa regiatildeo foram

34

cultivadas variedades de fumos claros como o chinecircs (conhecido atualmente como

amarelinho) e mais tarde o Virgiacutenia devido agrave melhor aceitaccedilatildeo no mercado externo

sendo usado para a fabricaccedilatildeo de cigarros

Como destaca Spies (2000) o principal fator para os imigrantes se dedicarem a

atividade fumageira foram as precaacuterias condiccedilotildees econocircmicas em que se

encontravam pois produziam somente os alimentos para sua subsistecircncia e o

excedente natildeo era suficiente para provecirc-los Dessa forma viram na produccedilatildeo de

fumo uma alternativa para a melhora da situaccedilatildeo financeira familiar Outras

caracteriacutesticas que devem ser levadas em consideraccedilatildeo uma vez que contribuiacuteram

para que os imigrantes se dedicassem a produccedilatildeo de fumo satildeo a estrutura fundiaacuteria

baseada em pequenos lotes de terras e a disponibilidade de matildeo de obra da proacutepria

famiacutelia

Conforme Souza Cruz (2011) outro marco relevante no setor fumageiro foi agrave

criaccedilatildeo da empresa Souza Cruz pelo imigrante portuguecircs Albino Souza Cruz no ano

de 1903 no estado do Rio de Janeiro colocando em funcionamento a primeira

maacutequina do Brasil a produzir cigarros jaacute enrolados em papel Poreacutem com a

necessidade de investir no ramo para acelerar o ritmo de crescimento em

1914Albino Souza Cruz transformou a companhia em uma sociedade anocircnima

passando o controle acionaacuterio ao grupo British American Tabacco (BAT) fato que

permitiu o crescimento da Souza Cruz (SOUZA CRUZ 2015)

A expansatildeo da produccedilatildeo de fumo ocasionou algumas fusotildees entre empresas

do setor Vogt (1994) menciona que os anos entre 1917 e 1993 satildeo caracterizados

por aglutinaccedilotildees e fusotildees das empresas de comeacutercio e beneficiamento do tabaco A

entrada do capital internacional acarretou mudanccedilas na dinacircmica econocircmica da

regiatildeo

Na cidade de Santa CruzRS encontra-se o maior polo fumicultor do Brasil e

conforme AFUBRA (2001) um fato marcante na mudanccedila da dinacircmica econocircmica

desse muniacutecipio e regiatildeo se deu em 1917 com a iniciativa da BAT de instalar a

primeira usina de processamento de fumo no paiacutes com o nome de ldquoThe Brazilian

Tabacco Corporationrdquo Sua razatildeo social foi alterada no ano de 1920 para Companhia

Brasileira de Fumo em Folha (CBFF) e finalmente em 1955 alterada para

Companhia de Cigarros Souza Cruz ndash Induacutestria e Comeacutercio (SILVA 2002) A

35

companhia foi fundamental para que o Brasil alcancasse ainda mais os mercados

mundiais atraveacutes de algumas melhorias proporcionadas por ela

Vogt (1994) destaca que a partir de 1924 a companhia de capital internacional

comeccedilou a investir e incentivar os fumicultores a utilizarem insumos quiacutemicos para

obter uma melhor produtividade e qualidade do fumo o que se refletia no mercado

de cigarros que cada vez ficava mais exigente O melhoramento geneacutetico das

sementes foi outro condicionante para que se obtivesse um aumento da

produtividade e qualidade do fumo

De acordo com Vogt (1994) o mercado fumageiro brasileiro teve uma boa

elevaccedilatildeo nas exportaccedilotildees com o fim da segunda Guerra Mundial jaacute que os paiacuteses

que ateacute entatildeo eram grandes produtores de cigarros se encontravam desorganizados

pelos conflitos poliacuteticos e econocircmicos Outro fator que contribuiu para a maior

demanda do fumo brasileiro foi uma grande estiagem que afetou os paiacuteses

produtores de fumo na safra de 19441945 ocasionando dessa forma um aumento

nos preccedilos pagos pelos mercados internacionais entre os anos de 1944 e 1946

estimulando assim o aumento da produccedilatildeo brasileira devido aos grandes ganhos

obtidos no mercado externo

Contudo houve um aumento da produccedilatildeo sem o proporcional aumento da

qualidade do fumo causando certa preocupaccedilatildeo na balanccedila comercial Para piorar a

situaccedilatildeo no final da deacutecada de 1940 Franccedila Espanha Beacutelgica Holanda e

Dinamarca que eram os principais importadores do tabaco brasileiro foram

contemplados com o Plano Marshall e passaram a adquirir o fumo norte-americano

jaacute que possuiacutea uma qualidade melhor ldquoDesse modo o Brasil natildeo estava conseguido

uma boa representatividade no mercado externordquo (VOGT p 102 1994)

Ao encontro das discussotildees de Vogt Seffrin (1995) afirma que os fumicultores

foram os principais prejudicados com essa superproduccedilatildeo ocorrida na deacutecada de

1950 os quais entregavam a produccedilatildeo a preccedilos piacutefios de maneira a natildeo incorrer em

prejuiacutezos ainda maiores Como por exemplo quando a entatildeo Companhia Brasileira

de Fumos em Folha que atualmente tem o nome de Souza Cruz abriu um comeacutercio

de compra livre de fumos escuros os quais tinham um valor de mercado bem abaixo

da meacutedia e os fumicultores da regiatildeo Sul do Brasil sem outras saiacutedas de mercado

acabaram vendendo o fumo claro (de valor maior) por preccedilo de fumos escuros

36

Com a queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo no cenaacuterio mundial a

quantidade da produccedilatildeo do fumo era limitada e a produccedilatildeo fumageira das deacutecadas

de 1950 e 1960 (tabela 1) era destinada na sua maioria para o mercado nacional

A elevaccedilatildeo desorganizada da produccedilatildeo fumageira gerou na regiatildeo nos anos de 50 e 60 grandes estoques de excedentes natildeo comercializaacuteveis O fumo abarrotava os armazeacutens das firmas e das cooperativas natildeo tendo o colono como despachar o seu cultivo (VOGT 1994)

Portanto a produccedilatildeo de fumo no Brasil eacute mais expressiva a partir da segunda

metade do seacuteculo XX sobretudo no poacutes-guerra quando a ampliaccedilatildeo das aacutereas de

produccedilatildeo veio associada ao aumento da qualidade e produtividade das lavouras

como tambeacutem da produccedilatildeo industrial dos cigarros

ANO PRODUCcedilAO T EXPORTACcedilAO T

1961 60408 10919 1963 82851 14522 1965 91159 14008 1967 112234 9289 1969 99804 13778 1971 97206 18556 1973 82030 20248 1975 97722 41277

QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA

Fonte VOGT 1994

Como pode ser visto as melhoras nas exportaccedilotildees comeccedilam somente na deacutecada de

1970 A deacutecada de 1960 foi marcada por poucas vendas para o mercado externo

natildeo chegando a exportar 15 da produccedilatildeo total Conforme Sefrin (1995) devido a

essa queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo para o exterior na deacutecada de

1960 os fumicultores encontravam-se em condiccedilotildees econocircmicas peacutessimas pois

aleacutem de ser um trabalho aacuterduo os lucros eram iacutenfimos natildeo conseguindo muitas

vezes fazer o pagamento do financiamento da produccedilatildeo aleacutem das safras serem

afetadas pelas intempeacuteries climaacuteticas encontrando-se cada vez mais

desamparados Como aponta Safrin (1995) os pagamentos muitas vezes eram feitos

no ano seguinte da venda e com preccedilos ainda reduzidos

Para que a produccedilatildeo brasileira do fumo pudesse voltar ao cenaacuterio internacional era

indispensaacutevel um salto qualitativo na produccedilatildeo do fumo fato que exigiria a injeccedilatildeo

de grande quantidade de capital na produccedilatildeo Conforme Vogt (1994) os

37

investimentos necessaacuterios para a melhoria da qualidade estavam relacionados agrave

aquisiccedilatildeo de sementes adubos pesticidas instrumentos agriacutecolas construccedilatildeo de

estufas bem como a assistecircncia teacutecnica constantemente presente na propriedade

do colono e a garantia da compra integral da produccedilatildeo sendo mais um fator que

impulsionou a Souza Cruz a investir nessa regiatildeo

De acordo com Silva (2002) para corroborar na soluccedilatildeo dos problemas

econocircmicos dos fumicultores surgiram movimentos de uniatildeo dos interesses dos

mesmos o que resultou na sugestatildeo para a criaccedilatildeo de uma associaccedilatildeo formal dos

fumicultores Sendo assim no dia 21 de marccedilo de 1955 na cidade de Santa Cruz do

SulRS foi criada a Associaccedilatildeo dos Plantadores de Fumo em Folha do Rio Grande

do Sul a qual em 1963 mudou sua razatildeo social para Associaccedilatildeo dos Fumicultores

do Brasil (AFUBRA) passando a abranger tambeacutem os estados de Santa Catarina e

Paranaacute (AFUBRA 2014) Dessa forma a entidade foi criada devido a dois fatores

principais a instabilidade do mercado e dos preccedilos do tabaco e a inexistecircncia de

auxiacutelio econocircmico contra danos por granizo nas lavouras

Com a injeccedilatildeo de capital para a melhoria na produccedilatildeo do fumo e com a

criaccedilatildeo da AFUBRA os fumicultores encontravam-se mais confiantes pelo fato de

estarem obtendo melhores rendimentos Apesar desse desequiliacutebrio nas

exportaccedilotildees pelo qual o mercado fumageiro passou nas deacutecadas de 1950 e 1960

Spies (2000) destaca que a induacutestria do fumo jaacute era a mais importante da regiatildeo de

Santa Cruz no Rio Grande do Sul entre os anos de 1952 e 1965 pois no ano de

1924 os produtos de subsistecircncia representavam 70 da produccedilatildeo e na deacutecada de

1950 esse valor caiu para 413 do total da produccedilatildeo agriacutecola regional

Conforme destaca Vogt (1994) o final da deacutecada de 1960 e com maior

intensidade nas deacutecadas de 1970 e 1980 a fumicultura brasileira volta a ter um

aumento significativo em termos de aacuterea produzida e exportaccedilatildeo da produccedilatildeo devido

principalmente agrave abertura do mercado internacional para os fumos brasileiros mas

tambeacutem agrave adoccedilatildeo de poliacuteticas favoraacuteveis agrave instalaccedilatildeo de agroinduacutestrias no paiacutes

resultando na consolidaccedilatildeo dos complexos agroindustriais

Na deacutecada de 1970 e 1980 era notaacutevel o progresso do setor fumageiro na

regiatildeo Sul do Brasil Esse fato refletiu nas exportaccedilotildees pois a quantidade do fumo

em folha exportado pelo Brasil daacute um salto de 55 mil toneladas exportadas no ano

38

de 1965 para 170 mil toneladas no ano de 1985 dando assim a configuraccedilatildeo da

atual estrutura fumageira do Brasil

Com a consolidaccedilatildeo do Complexo Agroindustrial Brasileiro ou seja da

integraccedilatildeo entre a agricultura e a induacutestria o setor fumageiro ganhou grande

impulso e os estados de Santa Catarina e Paranaacute tambeacutem receberam consideraacuteveis

incentivos para se especializar na produccedilatildeo Foi nesse periacuteodo que a produccedilatildeo em

maior escala atingiu o municiacutepio de PrudentoacutepolisPR e um nuacutemero maior de famiacutelias

aderiu a esse cultivo

Durante a deacutecada de 70 consolidou-se a atual estrutura fumageira existente no Brasil meridional [] ao mesmo tempo os cultivos nos estados de Santa Catarina e Paranaacute foram intensificados pelas corporaccedilotildees que introduziram o tabaco em novas aacutereas para responder a demanda internacional (VOGT 1994)

Dessa forma a proliferaccedilatildeo das lavouras de fumo acontece

concomitantemente nos trecircs estados da regiatildeo Sul do Brasil e estes se destacam

pela qualidade do fumo que produzem Silva (2002) aponta que a chegada de outras

empresas multinacionais com intenccedilatildeo de expandir-se impulsionou o processo de

organizaccedilatildeo da produccedilatildeo do fumo incentivando a especializaccedilatildeo dos envolvidos nas

atividades

Em Santa Catarina e no Paranaacute o cultivo de fumo de estufa de caraacuteter

comercial daacute-se a partir da empresa Souza Cruz a partir da deacutecada de 1960 a qual

oferecia o sistema integrado de produccedilatildeo Ou seja os fumicultores plantariam o

fumo a Souza Cruz entraria com o financiamento da produccedilatildeo (fornecimento da

estufa de insumos e assistecircncia teacutecnica) e no final da safra o fumicultor fazia o

pagamento para a empresa com sua proacutepria produccedilatildeo No Paranaacute a Souza Cruz

inseriu primeiramente a produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Irati (principal polo

fumageiro do Paranaacute onde se localiza o municiacutepio de Prudentoacutepolis)

A partir da deacutecada de 1980 a produccedilatildeo vem aumentando Vogt (1994) expotildee

que a regiatildeo Sul do paiacutes aumentou sua produccedilatildeo em aproximadamente 60 entre

as safras de 198788 e 19921993 dando um salto de 350 mil para 560 mil

toneladas

39

TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL

SAFRA AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS

KG ha R$Kg

1995 200830 348000 132680 1733 155

2000 257660 359040 134850 2092 200

2005 439220 842990 198040 1919 433

2006 417420 769660 193310 1844 415

2007 360910 758660 182650 2102 425

2008 348720 713870 180520 2047 541

2009 374060 744280 186580 1990 590

2010 370830 691870 185160 1866 635

2011 372930 832830 186810 2233 493

2012 324610 727510 165170 2241 630

2013 313675 712750 159595 2272 745

2014 323700 731390 162410 2259 728

Fonte AFUBRA2015

A safra de 2005 mostra novamente um aumento significativo na produccedilatildeo

total Sul brasileira chegando a 842990 toneladas anuais (tabela 1) De 2005 para

caacute a produccedilatildeo oscilou entre 842990 e 691870 toneladas anuais (conforme a

demanda do mercado) com um leve decreacutescimo nos uacuteltimos trecircs anos

A produtividade do fumo aumentou na deacutecada de 2000 devido agrave introduccedilatildeo de

novas teacutecnicas que permitiram a diminuiccedilatildeo do uso de matildeo de obra Na safra de

1995 a produtividade meacutedia foi de 1733 kgha aumentando consideravelmente

para a uacuteltima safra a qual chegou a 2259 Kgha Nos anos de 2005 e 2006

percebe-se um aumento na quantidade de famiacutelias envolvidas na atividade quadro

esse invertido no ano de 2007 ocorrendo queda no nuacutemero dessas famiacutelias

Apesar da diminuiccedilatildeo do nuacutemero das famiacutelias na atividade em geral a

produccedilatildeo natildeo eacute afetada o quase deve agrave modernizaccedilatildeo das estufas de secagem

que resultou na diminuiccedilatildeo da matildeo de obra favorecendo o aumento da produccedilatildeo

por parte das famiacutelias que permaneceram no setor Conforme um produtor

entrevistado durante o trabalho de campo desta pesquisa

40

Depois que modernizamos a nossa estufa no ano de 2005 conseguimos aumentar a produccedilatildeo e diminuir a matildeo de obra [] antes precisava de quatro pessoas para colheita e pelo menos mais 4 para fazer a costura das folhas de fumo no galpatildeo antes de colocar na estufa [] quando descarregava as folhas da estufa era preciso tirar todos os fios do fumo [] dava muito trabalho Com a modernizaccedilatildeo isso acabou [] o fumo que vem da lavoura vai direto para a estufa Precisamos soacute de pessoas para colher e carregar direto na estufa O trabalho eacute mais leve nos dias de hoje com esse tipo de estufa (FUMICULTOR DA LINHA RIO PRETO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)

Sei que o fumo por si soacute jaacute eacute um veneno mas usamos os equipamentos de proteccedilatildeo que eacute seguro Hoje usamos agrotoacutexicos porque daacute menos serviccedilo e sai mais barato que pagar pra carpir [] soacute por isso mesmo[] Quando produzia morangos usava mais veneno ainda [] sabemos que o veneno natildeo faz bem nem pra noacutes nem para a natureza mas natildeo temos outras opccedilotildees (FUMICULTOR DA LINHA DEZEMBRO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)

Diniz Filho (2011) tambeacutem ressalta que especificamente no caso das

tecnologias de produccedilatildeo agriacutecola a opccedilatildeo dos agricultores familiares pelo uso de

maacutequinas e produtos quiacutemicos eacute estimulada pelo interesse de eliminar certos tipos

de trabalho braccedilal muito penosos Nesse sentidodiscorda-se do paradigma

camponecircs pelo fato de opor o agricultor familiar ao agronegoacutecio afirmando que o

primeiro prima por praacuteticas mais sustentaacuteveis com objetivo de reproduzir somente o

modo de vida ao passo que o agronegoacutecio tenderia a usar tecnologias mais

danosas para o meio ambiente por estar preocupado apenas com lucratividade

Com relaccedilatildeo agrave venda do fumo o preccedilo do quilo varia a cada ano e a

sistemaacutetica para que se estabeleccedila o valor da safra entre os fumicultores e a

induacutestria fumageira incide em acordos com as entidades representativas dos

produtores como a Afubra Associaccedilotildees Federaccedilatildeo e o Sinditabaco que representa

as induacutestrias (DERALSEAB 2014) Apoacutes as negociaccedilotildees e a assinatura do

protocolo eacute que se estabelecem os preccedilos para as variadas qualidades do fumo

Nesse sentido o preccedilo do quilo do fumo eacute regulado conforme a oferta e demanda do

produtopelo mercado expressando adequadamente o valor marginal muitas vezes

pago aos produtores Dessa forma discorda-se de Roos (2015) quando afirma que

os fumicultores estatildeo subordinados pelas empresas fumageiras por terem pouca

representatividade na hora de fixar o preccedilo do quilo do fumo

Conforme AFUBRA (2015) para o fumo Virgiacutenia que eacute uma variedade dos

fumos de coloraccedilatildeo clara satildeo estabelecidas 41 variedades de classificaccedilatildeo sendo a

variedade mais bem paga a BO1 que valia 922 reais o quilo na safra de 20142015

41

e a variedade de menor valor o ST (farelos do fumo) tabelado a 054reais por quilo

Jaacute para o fumo Burley que eacute uma variedade dos fumos de coloraccedilatildeo escura satildeo

estabelecidas 30 diferentes variedades A mais bem paga eacute a B1 que equivale a

811 para cada quilo e a variedade menos valorizada eacute a G (farelos do fumo) que

vale 060 reais por quilo Quando o fumo eacute vendido para a empresa sempre eacute feito

uma meacutedia de toda venda e como revelam os dados da tabela 2 a meacutedia do quilo

pago para os produtores na safra de 201415 foi de 728 reais por quilo

Atualmente a regiatildeo Sul do Brasil se destaca pela maior produccedilatildeo de fumo

do paiacutes participando com 981 do total produzido Os trecircs estados sulinos satildeo

responsaacuteveis por colocar o paiacutes como o segundo maior produtor ena primeira

posiccedilatildeo no quesito exportaccedilatildeo mundial

TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO

ESTADOS AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)

PARTPRODUCcedilAtildeO ()

Rio Grande do Sul

204000 412000 2020 481

Santa Catarina 120000 258000 2150 301

Paranaacute 76000 171000 2250 200

Alagoas 9000 11000 1222 13

Bahia 3000 3000 1000 03

Outros 2000 2000 1000 02

Brasil 414000 857000 2070 100

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) 2014

A produccedilatildeo do fumo e a atuaccedilatildeo das empresas desse setor se datildeo de forma

mais intensa nos paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso do Brasil devido agrave

disponibilidade de matildeo de obra barata facilidade das multinacionais se instalarem

atraveacutes dos incentivos fiscais inexistecircncia de leis ambientaisriacutegidas e por ser a

atividade que gera mais renda se comparada a outras culturas produzidas em

pequena escala

42

TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013

PRODUCcedilAtildeO haacute PRODUCcedilAtildeO KG

VALOR R$

Animal x 1362412180 2565555940 26

Vegetal 1515650 2487306782 2077480 21

Tabaco 309350 705570000 5383773200 54

Total 1825000 4555288952 10026810100 100

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014

A partir dos dados apresentados pode-se destacar que a produccedilatildeo de fumo

na regiatildeo Sul do Brasil eacute responsaacutevel pela maior renda de muitos agricultores

familiares jaacute que os estados possuem uma grande quantidade de pequenas

propriedades e que dependem da produccedilatildeo do fumo para sua reproduccedilatildeo

econocircmica

Ahrens (2008) afirma que a produccedilatildeo mundial estaacute migrando dos paiacuteses

desenvolvidos para os paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso dos Estados

Unidos que apesar de aparecer como um dos principais produtores de fumo teve

sua produccedilatildeo prejudicada devido aos altos custos de cultivo e agrave escassez de matildeo de

obra

TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012

PAIacuteSES PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

PROCESSADO (t)

CONSUMO (t)

ESTOQUE EXPORTACcedilAtildeO (t)

IMPORTACcedilAtildeO (t)

1 China 2160000 256205 553960 0 538960

2 Brasil 670820 86060 112580 651190 12320

3 Iacutendia 576740 465510 134240 271060 200930

4 Estados Unidos

212020 441720 1580130 153130 420440

5 Indoneacutesia 191260 147940 134830 50270 27440

43

6 Turquia 152190 106240 34620 98200 60430

7 Zimbabwe 127190 3990 229930 43520 80

8 Argentina 103790 29950 364650 36100 1630

9 Paquistatildeo 74910 76300 91570 5390 10390

10 Malavi 71320 1290 166580 91500 890

93 Outros 1533150 1850430 3055200 608630 725480

103 Total 5873390 5771480 6468290 2008990 2008990

Fonte AFUBRA 2014

Apesar de a China ser a maior produtora mundial de fumo acaba consumindo

toda essa produccedilatildeo e na safra de 20112012 ainda importou 538960 toneladas

para suprir sua demanda interna Jaacute o Brasil que estaacute na 2ordm posiccedilatildeo de produccedilatildeo

mundial de fumo destina a maior parte da sua produccedilatildeo para o mercado externo Na

safra de 2013 88 da produccedilatildeo se dirigiu ao mercado externo (quadro 2) ficando

no paiacutes apenas 12 da produccedilatildeo para a fabricaccedilatildeo de cigarros cigarrilhas e

charutos Conforme DERALSEAB (2013) das 627000 toneladas exportadas em

2013 a regiatildeo Sul contribuiu com 624000 toneladas representando o equivalente

de 955 das exportaccedilotildees brasileiras

O quadro 2 mostra que apesar de a maior quantidade do fumo produzido no

Brasil se dirigir para o mercado externo os maiores faturamentos estatildeo relacionados

ao fumo consumido no proacuteprio paiacutes atingindo um lucro total maior que as

exportaccedilotildees O fato de as exportaccedilotildees renderem menos lucros que o fumo

consumido no proacuteprio paiacutes se daacute deve ao fato de o fumo exportado natildeo passar por

processamentos de agregaccedilatildeo de valor(exportaccedilatildeo de folhas e talos) Enquanto

isso toda a produccedilatildeo consumida no paiacutes tanto os fumos claros como os escuros

passa por vaacuterios processamentos de agregaccedilatildeo de valor ateacute obter os cigarros

cigarrilhas e charutos prontos para consumo

A distribuiccedilatildeo da renda bruta do setor fumageiro (quadro 2) estaacute dividida

entre tributosGoverno induacutestria produtor e varejista sendo que 459 dessa renda

eacute destinada ao governo O produtor fatura em torno de 205 do total da renda

faturamento esse que deve ser destinado para a compra dos insumos pagamento

do seguro da produccedilatildeo matildeo de obra desgastes com a terra implementos que usa

na produccedilatildeo gastos com a secagem das folhas do fumo aleacutem de prejuiacutezos que

podem vir a acontecer durante a produccedilatildeo

44

Jaacute os varejistas apesar de auferirem 6 do faturamento natildeo tecircm gastos tatildeo

altos comoos produtores Aleacutem do mais esse setor ganha na quantidade sendo que

existe um nuacutemero muito maior de fumicultores que de varejistas Isso tambeacutem

acontece com a induacutestria que tem seus ganhos principalmente no volume e na

agregaccedilatildeo de valor do produto

Pelos dados apresentados apresentados no quadro 2 pode-se concluir que o

maior beneficiado com o faturamento da produccedilatildeo de fumo eacute o setor puacuteblico atraveacutes

de impostros

QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL

ESPECIFICACcedilAtildeO

2012 2013

R$ Toneladas R$ Toneladas

Consumo Domeacutestico

1635750730000 88990 12 1765594334000 84350 12

Exportaccedilatildeo 645663700000 637780 88 722287181000 627230 88

TOTAL 2281414430000 726770 100 2487881515000 711580 100

DISTRIBUICcedilAtildeO DA RENDA BRUTA

Tributos Governos

1048025493000 459 1076394659000 433

Induacutestria 627838400000 275 720610862000 290

Produtor 467329600000 205 541693230000 217

Varejista 138220930700 61 149182764000 60

TOTAL 2281414430000 100 2487881515000 100

FONTE AFUBRA2013

De acordo com dados da DERALSEAB (2015) no ano de 2014 o fumo

brasileiro foi destinado para mais de cem paiacuteses abrangendo principalmente paiacuteses

da Uniatildeo Europeia (42) seguidos do Extremo Oriente (26) Ameacuterica do Norte

(13) Aacutefrica (7) Leste Europeu (7) e Ameacuterica Latina (5) Atualmente a

liderenccedila brasileira nas exportaccedilotildees se daacute devido agrave excelente qualidade do fumo agrave

regularidade da produccedilatildeo e agrave competitividade com os preccedilos dos demais paiacuteses

produtores

45

42

26

13

7

7

5

Uniatildeo Europeia

Oriente Meacutedio

Ameacuterica do Norte

Aacutefrica

Leste Europeu

Ameacuterica Latina

Paiacuteses importadores do fumo brasileiro

Fonte

DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014

Conforme DERAL (2014) no Paranaacute as lavouras com predomiacutenio de fumos

claros concentram-se nos nuacutecleos regionais de Irati Ponta Grossa Curitiba Uniatildeo

da Vitoacuteria e Guarapuava Jaacute em Francisco Beltratildeo Pato Branco Cascavel e Toledo

cultivam-se os fumos escuros

Na figura 1 estatildeo expostos os municiacutepios produtores de fumo e a meacutedia de

hectares que cada municiacutepio ocupa com essa culturaNota-se que a produccedilatildeo de

fumo no estado se concentra em sua maioria na regiatildeo Sudeste Centro-Sul

Sudoeste e Oeste

O municiacutepio de Prudentoacutepolis pertence ao nuacutecleo de Irati nuacutecleo esse que

ocupa o primeiro lugar no ranking de produccedilatildeo de fumos claros do estado conforme

a tabela 5

GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO

46

FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA Fonte IBGE 2014

TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute

Nuacutecleos regionais

Safra 20132014 Safra 20142015 Participaccedilatildeo

Aacuterea (ha) Produccedilatildeo(t) Aacuterea (ha) Produccedilatildeo (t) ()

Irati 19300 43425 19500 43875 244

Ponta Grossa 17562 42605 18862 45268 251

Curitiba 13300 30493 13300 34580 12

Uniatildeo da Vitoacuteria

7500 15750 7600 15580 87

Guarapuava 5000 12400 4900 13230 73

Francisco Beltratildeo

4350 9904 4300 10320 57

Cascavel 3600 7556 3500 7453 41

Outros 4774 10711 4496 9907 55

Total 75386 172844 76308 180213 1000

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014

47

Na safra de 20122013 os municiacutepios paranaenses que se destacaram no

volume de fumo produzido foram Satildeo Joatildeo do Triunfo Rio Azul Prudentoacutepolis

Ipiranga e Irati As 1813 famiacutelias que cultivam fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis

foram responsaacuteveis por produzir 10192 toneladas do produto

Para os municiacutepios de Satildeo Joatildeo do Triunfo e Rio Azul se comparados os

volumes produzidos (quadro 3) nota-se quea quantidade em toneladas natildeo

apresenta tanta diferenccedila entre ambos sendo 13458 toneladas em Satildeo Joatildeo do

Triunfo e 13268 toneladas em Rio Azul Poreacutem em relaccedilatildeo ao nuacutemero de famiacutelias

que trabalham na atividade fumageira em Rio Azul esse nuacutemero eacute bem maior que

em Satildeo Joatildeo do Triunfo Esse fatoeacute resultado da opccedilatildeo das famiacutelias de Rio Azul

porproduzirem menores quantidades de fumo por unidade familiar como tambeacutem

por intempeacuteries climaacuteticas (granizo ventos) que impediram de colher toda a

produccedilatildeo

PARANAacute PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTORES

Satildeo Joatildeo do Triunfo 13458 1968

Rio Azul 13268 2610

Prudentoacutepolis 10192 1813

Ipiranga 9323 1661

Irati 8539 1558

QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) AFUBRA 2014

22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL

De acordo com Sauer (2008) em 1996 a criaccedilatildeo do PRONAF (Programa

Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) trouxe avanccedilos poliacuteticos

voltados aos agricultores familiares permitindo o reconhecimento destes enquanto

categoria social epossibilitando o acesso ao creacutedito agriacutecola Creacutedito esse que

48

quando usado de maneira correta contribui significativamente para o aumento da

produccedilatildeo

Dentre os vaacuterios estudos que retratam a evoluccedilatildeo da agricultura familiar

brasileira nas uacuteltimas deacutecadas destaca-seldquoO Novo Retrato Da Agricultura Familiar

Brasileirardquo Nesse estudo os autores mencionam a importacircncia de refletir sobre o

espaccedilo rural tendo como escopo a sua diversidade pelo fato da existecircncia de

distintos tipos de agricultores familiares que possuem interesses e estrateacutegias

particulares de produccedilatildeo agropecuaacuteria Nesse sentido da mesma forma que existe

uma diversidade de agricultores familiares deveratildeo tambeacutem existir poliacuteticas

agriacutecolas e tipos de assistecircncia teacutecnica distinto para cada grupo com intuito desses

empregarem em sua produccedilatildeo tecnologias que possibilitam o seu fortalecimento e

expansatildeo diante dos mercados

Sobre a diversidade da agricultura familiar brasileira a tabela 6 mostra de que

forma satildeo distribuiacutedos os tipos familiares a renda monetaacuteria anual e qual a

porcentagem na participaccedilatildeo do valor bruto da agricultura familiar por grupo familiar

TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006

Grupos familiares Nuacutemero de agricultores familiares

segundo o tipo

Total VBP familiares

Renda Monetaacuteria

liacutequida anual em reais

A 452750 695 5323600

B 964140 157 372500

C 574961 47 149900

D 2560274 102 25500

Total 4551855 -

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

A partir dos dados sobre a caracterizaccedilatildeo dos grupos familiares nota-se que

o grupo com um contingente maior de agricultores familiares no ano de 2006 foi o

grupo D ou seja os descapitalizados Esses agricultores familiares de acordo com

Guanziroli et al (2012) estatildeo em sua maioria concentrados nas regiotildees Norte e

Nordeste do Brasil sendo os que menos empregam aparatos tecnoloacutegicos Desse

modo o autor afirma que o grau de especializaccedilatildeo e tecnificaccedilatildeo tem maior

49

influecircncia na geraccedilatildeo de renda do que a quantidade de terra possuiacuteda por cada

unidade familiar Sobre o grupo familiar D o estudo tambeacutem menciona que

[] entre os agricultores familiares do tipo D tambeacutem existem agricultores mais capitalizados os quais podem ter sido classificados neste grupo devido agrave frustraccedilatildeo de safra baixos preccedilos de seus produtos no mercado ou a realizaccedilatildeo de novos investimentos nos quais as receitas ainda natildeo estatildeo superando as despesas Esta afirmaccedilatildeo estaacute baseada na participaccedilatildeo percentual do creacutedito rural obtido e dos investimentos realizados por estabelecimentos deste tipo (FAOINCRA)

Os agricultores familiares dos grupos A e B considerados como capitalizados

e em vias de capitalizaccedilatildeo correspondem principalmente aos produtores familiares

da regiatildeo Sul do paiacutes O desempenho desses grupos se deve ao fato de estarem

inseridos em cadeias produtivas mais competitivas as quais trazem melhores

retornos econocircmicos

Guanziroli et al (2012) apontam que os produtores familiares do tipo A tecircm

uma renda anual elevada em parte porque na aacuterea rural podem se beneficiar da

produccedilatildeo para autoconsumo natildeo pagam aluguel e as taxas sobre o valor da aacutegua e

luz satildeo mais baixas se comparadas com a urbana Dessa forma o padratildeo de vida

desses agricultores eacute compatiacutevel com a da classe meacutedia urbana Entretanto existe

uma distacircncia muito grande entre os produtores do grupo A e os demais

Nesse sentido Guanziroli et al (2006) com base no estudo ldquoDez anos de

evoluccedilatildeo da agricultura familiar no Brasil (1996 e 2006)rdquo compararam os dados do

censo agropecuaacuterio de 1996 com o de 2006 a fim de dar respostas a algumas

inquietudes sobre a evoluccedilatildeo da agricultura familiar no dececircnio analisando o

processo de modernizaccedilatildeo da agricultura familiar por meio da evoluccedilatildeo de algumas

variaacuteveis (uso de maquinaacuterios insumos entre outras tecnologias) Dentre outros

resultados esse estudo mostrou que houve crescimento do nuacutemero de agricultores

familiares entre os censos o qual passou de 4139000 para 4551855 Ou seja em

1996 8517 do total dos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros eram

familiares e em 2006 essa porcentagem aumenta para 8796 do total

Os dados desse estudo tambeacutem mostraram que os agricultores familiares

pertencentes ao grupo A e quanto muito aos grupos A e B desempenham um papel

importante em termos econocircmicos Jaacute o grupo C e principalmente os agricultores

familiares do grupo D produzem tatildeo pouco que remetem aquela visatildeo do agricultor

50

familiar de subsistecircncia que comercializa pequenos excedentes econocircmicos em

mercados locais

O uso de tecnologias pelos agricultores familiares como maquinaacuterios e

insumos quiacutemicos contribuiu para o aumento da produccedilatildeo e da produtividade

acontecimento esse que possibilitou a ascensatildeo do universo familiar no cenaacuterio

agropecuaacuterio brasileiro com significativa importacircncia na produccedilatildeo tanto de gecircneros

alimentiacutecios de consumo nacional como tambeacutem de commodities de exportaccedilatildeo

caso a produccedilatildeo de fumo As tecnologias voltadas para a produccedilatildeo de fumo

referem-se a modernizaccedilatildeo das estufas de secagem das folhas de fumo de

sementes melhoradas geneticamente aleacutem dos insumos agriacutecolas

De acordo com Guanziroli et al (2006) as anaacutelises regionais sobre a

agricultura familiar brasileira para o ano de 2006 mostram que as regiotildees Norte

Nordeste e Sul apresentam maior participaccedilatildeo percentual de agricultores familiares

na produccedilatildeo regional em detrimento das regiotildees Centro-Oeste e Sudesteas quais

caracterizam-se pela maior expressividade da agricultura patronal

TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006

Regiatildeo 2006

Norte 6018

Nordeste 4738

Sudeste 2228

Sul 5443

Centro-Oeste 1453

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

Outro dado importante trazido pelos autores supracitados estaacute relacionado ao

fator produtividade como se vecirc pela comparaccedilatildeo entre os agricultores familiares e

natildeo familiares por regiatildeo (tabela 8) Os agricultores familiares pelo fato de

possuiacuterem quantidades de terras menores tendem a ser mais produtivos que o

agricultor natildeo familiar Nesse sentido concorda-se com Navarro (2014) ao apontar

que a ampliaccedilatildeo no acesso de tecnologias agrave agricultura de menor porte econocircmico eacute

necessaacuteria para a permanecircncia desses produtores no rural

51

A produccedilatildeo de fumo da regiatildeo Sul do Brasil eacute um exemplo que retrata que a

agricultura familiar eacute mais eficiente no uso da matildeo de obra e da terra quando

comparada aos agricultores patronais A necessidade da intensificaccedilatildeo da matildeo de

obra familiar para aumentar a produccedilatildeo exemplifica bem o porquecirc da maior parte

empregada na agricultura estaacute no segmento familiar apesar desse segmento natildeo ser

predominante na produccedilatildeo agriacutecola brasileira Dessa maneira Abramovay (1992 p

209) afirma que ldquonatildeo haacute atividade econocircmica em que o trabalho e a gestatildeo

estruturam-se tatildeo fortemente em torno de viacutenculos de parentesco e onde a

participaccedilatildeo da matildeo de obra natildeo contratada seja tatildeo importante como na agricultura

familiarrdquo

TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006

Brasil e Regiotildees

Valor produzido por hectare (R$ de 2006)

Natildeo familiar Familiar

Norte 1113 2410

Nordeste 3783 3907

Sudeste 10546 7378

Sul 8373 13376

Centro-Oeste 2727 2851

Brasil 4617 5546

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

Atraveacutes da regionalizaccedilatildeo e do valor produzido por hectare percebe-se que

os agricultores familiares da regiatildeo Sul satildeo mais eficientes no valor produzido e

segundo Guanziroli et al (2012) a predominacircncia de agricultores familiares nas

cadeias produtivas como a fumicultura a avicultura e suinocultura favorece o

aumento da produtividade por aacuterea Eacute nesse sentido que pode-se afirmar natildeo existir

dicotomia ou oposiccedilatildeo entre a agricultura familiar e a patronal uma vez que a

competiccedilatildeo no mercado faz com que cada um desses segmentos tenda a

predominar nos setores em que apresenta capacidade para produzir com mais

eficiecircncia

Na regiatildeo Sudeste a alta tecnologia empregada pelos agricultores natildeo

familiares consegue superar a produtividade da agricultura familiar Jaacute nas regiotildees

Norte e Nordeste encontram-se os menores iacutendices de produtividade da agricultura

52

familiar brasileira fato relacionado a vaacuterios fatores principalmente os solos menos

produtivos clima cultivo de culturas que tecircm um retorno de investimento menor e

tambeacutem a menor disponibilidade de tecnologias assistecircncia teacutecnica e poliacuteticas

agriacutecolas capazes de inverter esse quadro

Aleacutem da representatividade bastante grande (956) da produccedilatildeo de fumo a

agricultura familiar brasileira tem participaccedilatildeo significativa na produccedilatildeo de gecircneros

alimentiacutecios como arroz feijatildeo e mandioca Tambeacutem contabiliza-se um nuacutemero

significativo de agricultores familiares envolvidos nas cadeias produtivas

caracteriacutesticas do agronegoacutecio como soja trigo e milho (tabela 9)

No caso dos produtos de origem animal (tabela 10) a participaccedilatildeo da

agricultura familiar tambeacutem eacute significativa ou seja concorda-se com Guanziroli et al

(2012) quando afirma que produzir alimentos como arroz feijatildeo ou mandioca natildeo

quer dizer necessariamente que esses produtores satildeo camponeses ou produtores

de subsistecircncia pois na grande maioria dos estabelecimentos produz-se totalmente

para o mercado ou seja seu objetivo natildeo eacute somente a subsistecircncia e sim vender a

produccedilatildeo

TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000

PRODUTO 2006

Arroz 3919

Cana-de-accediluacutecar 1024

Cebola 6959

Fumo 9567

Mandioca 9317

Milho 5190

Soja 2360

Trigo 3638

Feijatildeo 7659

Banana 6240

Cafeacute 2967

Laranja 2525

Uva 5363

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

53

TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006

TIPO DE PRODUCcedilAtildeO 2006

Pecuaacuteria de corte 1665

Pecuaacuteria de leite 6053

Suiacutenos 5245

Aves 3034

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

A produccedilatildeo de fumo na regiatildeo Sul do Brasil tambeacutem tem grande

expressividade no contingente de pessoal ocupado (PO) ou seja conforme

demonstrado na tabela abaixo 9 da PO agriacutecola de 2012 estava ocupada nessa

atividade De acordo com Maia e Sakamoto (2015) no Sul destacam-se aleacutem dos

ocupados no cultivo do fumo os ocupados no cultivo da soja (10 da PO agriacutecola)

que representavam em 2012 90 e 63 dos ocupados nos respectivos ramos de

atividade do conjunto da PO agriacutecola brasileira

Para esses autores a dinacircmica da PO agriacutecola brasileira foi influenciada pela

regiatildeo Nordeste que apesar de conter o contingente agriacutecola mais expressivo do

Paiacutes (44 do total da PO agriacutecola brasileira) passou por uma grande reduccedilatildeo de

28 da PO agriacutecola entre os anos de 2005 e 2012 Buainain et al (2013) apud Maia

Sakamoto (2014) destacam que esse processo de esvaziamento na regiatildeo

Nordeste estaria associado tanto agrave inviabilidade econocircmica do minifuacutendio quanto agraves

diferenccedilas de qualidade de vida e oportunidades de emprego entre os meios rural e

urbano

54

TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012

Grupos 2012

N (1000)

Criaccedilatildeo de bovinos e outros animais 402 188

Cultivo de hortaliccedilas legumes flores etc 305 143

Cultivo de Soja 207 97

Produccedilatildeo mista lavoura temporaacuteria e pecuaacuteria

197 92

Cultivo de milho 194 91

Cultivo de fumo 194 91

Outras atividades 632 297

Total 2131 100

Fonte Maia e Sakamoto 2014 Dados primaacuterios IBGE 2012

Com relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos ocupantes em atividades agropecuaacuterias por

condiccedilatildeo de pobreza (tabela 12) nota-se que os ocupados pobres na produccedilatildeo de

fumo correspondem a 7 do total que eacute um percentual de pobres em geral menor

do que os encontrados em outras produccedilotildees como nas de mandioca (26) arroz

(29) milho (24) e horticultura (12)

As culturas da soja cafeacute cana-de-accediluacutecar e frutas satildeo as que tecircm menores

taxas de pobreza com valores respectivos de 24 45 46 e 63 A

proporccedilatildeo meacutedia brasileira para todos os ocupados em atividades agropecuaacuterias eacute

de 146

Desse modo pode-se dizer que as culturas tradicionais como arroz

mandioca e milho satildeo as que tecircm maiores taxas de pobreza Esse fato faz sentido

em Prudentoacutepolis pois na regiatildeo Norte do municiacutepio onde a produccedilatildeo de fumo natildeo

eacute realizada devido agraves caracteriacutesticas do clima e da topografia o niacutevel de

desenvolvimento eacute menor que na parte Central e Sul do municiacutepio Esse contraste

se revela natildeo somente pela comparaccedilatildeo entre culturas tradicionais e a produccedilatildeo de

fumo pois tambeacutem as outras culturas tendem a gerar menores taxas de pobreza

A produccedilatildeo de frutas eacute uma boa opccedilatildeo para a geraccedilatildeo de renda dos

agricultores familiares em geral pois apresenta uma taxa de pobreza bem menor

55

ainda que a do fumo Poreacutem para essa produccedilatildeo seria necessaacuteria a especializaccedilatildeo

e a tecnificaccedilatildeo desses agricultores realizadas a partir de poliacuteticas de incentivos a

tecnificaccedilatildeo e assistecircncia para agricultura familiar como apontado por Navarro

(2014) Ou seja a quantidade de tecnologia empregada de forma correta estaacute

intrinsecamente relacionada agrave renda do agricultor Sobre tecnologia para a

agricultura familiar Valente (2008) ressalta que ldquodeve-se compreender a tecnologia

natildeo como panaceacuteia mas conhecimento que estaria a exigir inovaccedilotildees institucionais

como poliacuteticas puacuteblicas parcerias e outras accedilotildees que a ele devem ser conjugadasrdquo

TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010)

Atividade Natildeo pobre Pobre Pobres () Total

Arroz 137325 56589 292 193914

Milho 389402 126624 245 516026

Algodatildeo 7322 579 73 7901

Cana-de-accediluacutecar 214497 10189 45 224686

Fumo 215365 16116 70 231481

Soja 96235 2387 24 98622

Mandioca 376239 132050 260 508288

Horticultura 522745 72322 122 595067

Frutas 236742 15808 63 252550

Cafeacute 552738 26757 46 579496

Cacau 67809 6670 90 74479

Pecuaacuteria 1611624 149626 85 1761250

Outros cultivos 4389749 942358 177 5332108

Outros agropecuaacuteria

1609597 226670 123 1836267

Total 10427388 1784746 146 12212134

Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010

Portanto os dados da tabela 12 mostram que realmente existem vaacuterias

culturas que geram uma taxa de pobreza bem menor que a cultura do fumo mas em

contrapartida existem aquelas que geram taxas de pobreza bem maiores Assim

pode-se dizer que os agricultores familiares que produzem fumo analisam os fatores

56

relacionados agrave matildeo de obra terra maquinaacuterios disponibilidade de capital

conhecimento teacutecnico e agrave lucratividade por atividade optando pela produccedilatildeo mais

rentaacutevel dentre aquelas para as quais possuem capacidade teacutecnica e financeira para

produzir

No quadro 4 podemos ver como ocorre a distribuiccedilatildeo das atividades

agropecuaacuterias entre os domiciacutelios rurais e urbanos Nesse sentido aproporccedilatildeo dos

ocupados em atividades agriacutecolas e que residem em aacutereas urbanas satildeo maiores em

cultivos como cana-de-accediluacutecar algodatildeo e frutas (607 516 e 451

respectivamente) ao passo que no cultivo do fumo cacau milho e arroz essas

proporccedilotildees satildeo bem menores (65 224 245 e 292)

Do ponto de vista da fixaccedilatildeo do homem no campo a cultura do fumo eacute mais

eficiente se comparadas com aquelas mais mecanizaacuteveis em que o contingente de

ocupados em atividades agriacutecolas eacute maior na aacuterea urbana O fato de a produccedilatildeo de

fumo ser pouco mecanizaacutevel no Brasil principalmente na colheita exige a matildeo de

obra familiar sem contar a necessidade da contrataccedilatildeo de matildeo de obra nos

periacuteodos de colheita do produto

Atividade Urbano Rural Urbano () Total Arroz 63133 130781 326 193914 Milho 114789 401228 222 516026 Algodatildeo 4075 3826 516 7901 Cana-de-accediluacutecar 136484 88202 607 224686 Fumo 15105 216376 65 231481 Soja 32958 65664 334 98622 Mandioca 86628 421660 170 508288 Horticultura 233989 361078 393 595067 Frutas 113813 138738 451 252550 Cafeacute 213751 365744 369 579496 Cacau 16683 57796 224 74479 Pecuaacuteria 466018 1295232 265 1761250 Outros cultivos 1625626 3706482 305 5332108 Outros agropecuaacuteria

889452 946815 484 1836267

QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010)

Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010

De acordo com Neder (2014) os municiacutepios brasileiros de maior porte

populacional se dedicam mais expressivamente agraves atividades de serviccedilos e induacutestria

57

(atividades natildeo agropecuaacuterias) ao passo que os municiacutepios com menor populaccedilatildeo

encontram-se mais relacionados agrave pecuaacuteria soja e fumo Dado esse que se

confirma no municiacutepio de Prudentoacutepolis como tambeacutem na grande parte dos

municiacutepios produtores de fumo da regiatildeo Sul do Brasil os quais satildeo caracterizados

pelo baixo contingente populacional sendo que um nuacutemero razoaacutevel deles tem

populaccedilatildeo predominantemente rural

A partir dos dados apresentados nota-se que a agricultura familiar brasileira

tambeacutem produz commodities para o mercado externo como nas cadeias de aves

suiacutenos soja e fumo Redefinindo assim a visatildeo dualista e superando o dilema entre

a agricultura para o mercado interno e a agricultura para exportaccedilatildeo (SILVEIRA

2014)

Portanto sabendo da inegaacutevel dualidade entre as formas de fazer agricultura

no rural brasileiro estando de um lado a agricultura patronal e do outro a agricultura

familiar concorda-se com Elesbatildeo (2007) quando afirma que natildeo tem fundamento

priorizar nem um segmento e nem outro dentro da agropecuaacuteria pois deve-se olhar

para o rural como um territoacuterio de diversidade onde haacute espaccedilo e necessidade para o

desenvolvimento tanto da produccedilatildeo de commoditiescomo tambeacutem para a

diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo na agricultura familiar tendo como escopo para as

pesquisas a heterogeneidade do segmento familiar

58

CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO

Este capiacutetulo tem por objetivo mostrar os processos de ocupaccedilatildeo do territoacuterio

de Prudentoacutepolis como tambeacutem os elementos que proporcionaram a inserccedilatildeo da

cultura do fumo nas unidades familiares a qual contribuiu para a reproduccedilatildeo

econocircmica desses produtores Nesse sentido a caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais

familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de fontes secundaacuterias como o IBGE eacute

fundamental para conhecer o perfil das unidades familiares

31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR

O municiacutepio de Prudentoacutepolis estaacute localizado na mesorregiatildeo Sudeste do

estado do Paranaacute (figura 2) sendo o terceiro municiacutepio paranaense com maior aacuterea

territorial Estaacute situado a latitude 25ordm 12rsquo 47rdquoS longitude 50ordm 58 40 W e na altitude

de 840 metros (IBGE 2010)

A partir de dados do censo demograacutefico (IBGE 2010) constata-se que

atualmente a maior parte da populaccedilatildeo Prudentopolitana reside na aacuterea rural ou

seja do total de 48793 habitantes 54 vivem na aacuterea rural e 46 na urbana

59

Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO Fonte IBGE (2010) Autor VILCZAK A (2015)

A ocupaccedilatildeo territorial do municiacutepio de Prudentoacutepolis se deu principalmente

atraveacutes da entrada de grande contingentes de imigrantes europeus No Paranaacute

entre os anos de 1829 e 1911 chegaram aproximadamente 83012 mil estrangeiros

de origem eslava (SENETRA 2014) os quais se dirigiram em sua maioria para os

arredores de Curitiba Prudentoacutepolis e Mallet

No municiacutepio de Prudentoacutepolis um contingente maior de imigrantes chegou

entre os anos de 1896 e 1897 Por esse fato atualmente cerca de 75 da

populaccedilatildeo satildeo descendentes de imigrantes ucranianos e em menor escala de

poloneses

Conforme Hauresko (2012) Prudentoacutepolis eacute uma das antigas colocircnias do

interior do Paranaacute instalada em 1895 no denominado distrito de Satildeo Joatildeo de

Capanema sendo a construccedilatildeo da estrada de rodagem Rio Grande do Sul ndash Satildeo

Paulo um dos fatores para a atraccedilatildeo desses imigrantes os quais foram inseridos

numa poliacutetica de instalaccedilatildeo de pequenas propriedades

Os lotes de terra eram recebidos pelos imigrantes e deveriam ser quitados na

medida em que prosperassem economicamente Esses lotes eram desmatados

pelos proacuteprios imigrantes onde construiacuteam casas provisoacuterias de madeira para

abrigar a famiacutelia como demonstra a figura 3

60

FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

Fonte Acervo do Museu do Milecircnio em PrudentoacutepolisPR

A colocircnia foi elevada a categoria de Vila no ano de 1906 pelo processo de

desmembramento do municiacutepio de Guarapuava No ano de 1929 foi elevada agrave

condiccedilatildeo de municiacutepio sendo constituiacutedo pelos distritos de Patos Velhos Jaciaba e

Prudentoacutepolis

No iniacutecio da colonizaccedilatildeo a semente de pinhatildeo era o principal alimento de

subsistecircncia para o imigrante De acordo com Zaroski (2001) os imigrantes colhiam

os pinhotildees e os transformavam em farinha e fubaacute atraveacutes dos moinhos caseiros e

assim substituiacuteam as farinhas de trigo e centeio Quando se instalaram

definitivamente em seus lotes esses imigrantes comeccedilaram a produzir as sementes

de trigo e centeio tambeacutem para a subsistecircncia

De acordo com Hauresko (2012) uma das primeiras atividades econocircmicas

significativas para as famiacutelias descendentes de imigrantes foi a extraccedilatildeo da erva-

mate jaacute que eacute uma planta nativa da regiatildeo

Uma das mais importantes induacutestrias do proacutespero municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute incontestavelmente a do matte que o municiacutepio produz abundantemente Fundada a colocircnia de Prudentoacutepolis composta na sua maioria de polonezes ruthenos e ukranianos coube a cada colono um lote de 5 a 10 alqueires de terras feacuterteis (BRASIL1929 p 28-29 citado por Hauresko 2012)

61

As pequenas glebas de terra que os imigrantes possuiacuteam rendiam a eles a

extraccedilatildeo da erva-mate como tambeacutem a produccedilatildeo de alimentos para autoconsumo e

mais tarde para a comercializaccedilatildeo Nessa continuidade os produtos agriacutecolas que

se destacam historicamente na participaccedilatildeo econocircmica do municiacutepio foram o cultivo

de feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata suiacutenos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de

gado (EMATER 2014) Poreacutem a renda gerada por essas culturas era iacutenfima de um

lado pela baixa produccedilatildeo que alcanccedilavam devido agrave ausecircncia naquele periacuteodo de

um pacote tecnoloacutegico que potencializasse a produccedilatildeo e de outro lado pela falta de

mercado para receber esses produtos

Diante disso a produccedilatildeo de fumo foi uma importante atividade geradora de

renda para a agricultura familiar principalmente a partir da deacutecada de 1970 Por

outro lado a inserccedilatildeo dessa cultura tambeacutem eacute resultado do papel que as empresas

fumageiras tiveram na regiatildeo Sul do Brasil Ou seja a produccedilatildeo se definiu e se

consolidou devido principalmente as empresas fumageiras em ir ateacute o fumicultor

devido a competitividade que o setor apresenta

Na primeira metade do seacuteculo XX muitas famiacutelias jaacute se dedicavam a produccedilatildeo

de fumo tanto de corda (consumo proacuteprio) como tambeacutem de folhas de fumo para

venda Produziam em pequenas quantidades pois todo o trabalho era manual

conforme relata o fumicultor

Eu lembro bem quando o meu avocirc fez a estufa para noacutes trabalhar com o fumo foi mais ou menos nos anos de 1960[] foi bom negoacutecio porque outra lavoura natildeo dava tanto lucro noacutes eacuteramos em bastante irmatildeos e todos ajudavam [] natildeo era faacutecil como hoje que temos trator estufa eleacutetrica Antes era tudo feito com os cavalos e a gente trabalhava muito de sol a sol (Fumicultor da Comunidade de Linha Dezembro entrevistado no dia 9 de junho de 2014) Antes de comeccedilar de plantar fumo noacutes produziacuteamos soacute para consumo o feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata porcos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de gado []Nossa situaccedilatildeo financeira era muito difiacutecil [] natildeo tinha uma renda certa passava muitas necessidades principalmente quando precisava para a sauacutede (Fumicultor da Comunidade de Linha Rio Preto entrevistado em junho de 2014)

No municiacutepio a produccedilatildeo de fumo teve grande procura a partir da metade do

seacuteculo XX Tambeacutem houve incentivos principalmente por parte da Souza Cruz uma

vez que a cultura se desenvolveu bem em algumas regiotildees

62

No ano de 2014 a Emater de Prudentoacutepolis registrou a existecircncia de 8100

famiacutelias de agricultores das quais 1813 o que corresponde a 22 estatildeo

envolvidas no sistema de produccedilatildeo integrada de fumos claros com as empresas

fumageiras que atuam no municiacutepio

A figura 4 mostra a concentraccedilatildeo na parte Sul e Central das 1813 famiacutelias

que produzem o fumo em Prudentoacutepolis Essa concentraccedilatildeo estaacute relacionada agrave

topografia e ao clima De acordo com Kraiczek e Antoneli (2012) na regiatildeo Norte do

municiacutepio a produccedilatildeo natildeo eacute realizada devido ao relevo declivoso (figura 5) improacuteprio

para algumas atividades agriacutecolas como tambeacutem pelo fato de as condiccedilotildees

climaacuteticas serem diferenciadas

FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES

FONTE AFUBRA ndash Mapa elaborado a partir das localidades onde se encontram os produtores Org Kraiczek 2014

63

FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

FonteSRTM ndash USGS-USA (2000) ORG Kurta M (2014)

De acordo com o exposto muitas famiacutelias da regiatildeo Norte do municiacutepio se

interessam pelo plantio de fumo principalmente pela geraccedilatildeo de renda e venda

garantida do produto poreacutem natildeo o produzem devido aos fatores limitantes

De acordo com Emater (2014) devido agraves limitaccedilotildees climaacuteticas e topograacuteficas

as culturas que prevalecem naquela regiatildeo satildeo o feijatildeo milho mandioca maracujaacute

uva e produtos de autoconsumo familiar Esses agricultores familiares sinalizam a

falta de opccedilatildeo de cultivo economicamente rentaacutevel bem como a necessidade da

melhoria nas estradas rurais as quais satildeo fundamentais para escoar a produccedilatildeo

A regiatildeo tambeacutem se caracteriza pelo menor niacutevel de mecanizaccedilatildeo da

produccedilatildeo quando comparada com as regiotildees Central e Sul necessitando de matildeo de

obra intensiva para a produccedilatildeo Extensas aacutereas de lavoura satildeo plantadas

manejadas e colhidas manualmente retratando assim a dificuldade do trabalho

nessa regiatildeo (figura 6)

64

FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR

Fonte Vilczak (2014)

A foto da esquerda mostra uma lavoura de feijatildeo que foi plantada agrave matildeo por

um agricultor familiar do Norte do municiacutepio (Comunidade da Linha Barra de Areia)

o agricultor retrata a dificuldade de trabalhar nessa regiatildeo A foto da direita retrata de

que forma se apresenta o relevo daquela regiatildeo

Conforme dados da Emater (2014) a ocupaccedilatildeo do solo no municiacutepio se daacute

pelas lavouras anuais e perenes matas nativas matas naturais de preservaccedilatildeo

permanente reflorestamentos e pastagens Segundo dados do Ipardes (2013) as

atividades agropecuaacuterias que se destacam atualmente na geraccedilatildeo de renda e no

nuacutemero de hectares ocupados por plantio em Prudentoacutepolis satildeo a produccedilatildeo de leite

bovino e o plantio de fumo soja milho feijatildeo preto e trigo Aleacutem dessas outras

atividades de significacircncia menor para a economia satildeo apresentados nos quadros 5

e 6

65

CULTURAS AacuteREA COLHIDA (ha)

PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)

VALOR (R$

100000)

Abacate 1 30 30000

Abacaxi (mil frutos)

1 11 11000 12

Alho 10 53 5300 265

Amendoim (em casca)

15 20 1333 32

Arroz (em casca)

540 1200 2222 926

Aveia (em gratildeo) 90 198 2200 99

Banana 1 9 9000 5

Batata-inglesa 130 3874 29808 3937

Cana-de-accediluacutecar 26 1325 50962 53

Cebola 60 840 14000 798

Centeio (em gratildeo)

90 135 1500 54

Feijatildeo 27300 33040 1210 70323

Fumo (folha) 4400 9701 2205 58206

Laranja 47 940 20000 544

Maracujaacute

106

530 5000 1007

Mandioca 365 8395 23000 2686

Milho 19870 107088 5389 45699

Pecircssego 13 52 4000 94

Soja 23310 73570 3156 68546

Tomate 5 205 50000 217

Trigo 4210 13472 3200 9508

Uva 28 205 7321 372

QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR

FONTE IBGE - Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013

66

PRODUTOS PRODUCcedilAtildeO VALOR (R$ 100000)

Latilde (Kg) 10930 109

Leite (mil litros) 8308 9965

Mel de abelha (Kg) 290000 2900

Ovos de galinha (mil dz) 245 662

QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

FONTE IPARDES 2015 (IBGE SAFRA DE 2013)

Dentre os setores econocircmicos responsaacuteveis pela formaccedilatildeo do PIB do

municiacutepio de Prudentoacutepolis destacam-se os setores de serviccedilos e a agropecuaacuteria

(quadro 7) Com relaccedilatildeo ao setor de serviccedilos o mesmo tambeacutem estaacute relacionado agraves

atividades agropecuaacuterias

O baixo percentual de participaccedilatildeo das induacutestrias no PIB do municiacutepio se

reflete na baixa agregaccedilatildeo de valor sobre os produtos principalmente nos de origem

animal e da fruticultura entre outros produtos que poderiam gerar mais renda para

os produtores se fossem beneficiados por eles proacuteprios

Setor Prudentoacutepolis Paranaacute

Mil R$ ()

Mil R$ ()

Agropecuaacuteria 115127 2791 12816893 675 Induacutestria 35579 863 46858018 2466 Serviccedilos 237699 5762 106694466 5616

Impostos produtos liacutequidos de subsidio

24099 584 23622577 1243

PIB a preccedilo corrente 412504 100 189991954 100 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR

IBGE 2012 Org Vilczak A 2015

De acordo com Emater (2014) existem no municiacutepio quatorze categorias de

agroinduacutestrias as quais satildeo consideradas de pequeno e meacutedio porte com destaque

para as agroinduacutestrias de embutidos e defumados erva-mate farinha de milho e

quirera Sabendo da importacircncia do setor agropecuaacuterio para a economia do

municiacutepio o graacutefico 2 mostra as atividades com maior geraccedilatildeo de renda

67

GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS

FONTE IBGE Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013 Org VILCZAK A (2014)

Se analisarmos somente a renda obtida por cada cultura notaremos que o

feijatildeo e a soja satildeo as que mais geram receita seguido do fumo milho trigo e arroz

Contudo ao analisarmos a receita e a aacuterea cultivada de cada lavoura notamos que a

produccedilatildeo de fumo eacute a mais rentaacutevel

A partir do graacutefico pode-se entender o porquecirc das famiacutelias permanecerem na

atividade fumageira Estas satildeo motivadas principalmente pela renda obtida aleacutem da

constataccedilatildeo a partir de trabalhos de campo de que a maioria dos fumicultores estatildeo

na atividade haacute muitos anos e que esta ocupaccedilatildeo eacute passada de uma geraccedilatildeo para

outra

Noacutes plantamos fumos haacute 15 anos e antes de eu e minha esposa casar eu plantava o fumo com meus pais e minha esposa com os pais dela e agora pegamos uma estufa para noacutes e continuamos na produccedilatildeo [] Jaacute sabemos bem como produzir um fumo de qualidade boa [] jaacute investimos em outras atividades mas natildeo deu lucro igual do fumo [] trecircs anos atraacutes fizemos financiamento para tanques de peixe investi 10 mil reais para fazer os tanques e comprar os alevinos e como noacutes natildeo tinha acompanhamento teacutecnico e muito menos experiecircncia em produzir peixe natildeo tivemos lucros Produzimos feijatildeo milho soja mas a maior renda vem do fumo (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Dezembro em maio de 2014)

926

70323

58206

45699

68546

9508

540

27300

4400

19870

23310

4210

0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000

Arroz

Feijatildeo

fumo

Milho

Soja

Trigo

Aacuterea Plantada (ha) Valor Produccedilatildeo (R$ 100000)

68

A produccedilatildeo de leite tambeacutem tem uma expressiva contribuiccedilatildeo para a

economia do municiacutepio pois nos uacuteltimos anos intensificou-se a dedicaccedilatildeo dos

agricultores familiares nessa atividade Dessa forma muitos dos fumicultores

tambeacutem produzem leite pelo fato de possuir mercado garantido e tambeacutem devido ao

pagamento do leite ser realizado mensalmente o que natildeo acontece com o fumo

Nas propriedades que combinam a produccedilatildeo de leite com a do fumo os agricultores

familiares usam a renda do leite para gastos mensais fixos da famiacutelia e a renda da

safra do fumo eacute investido na propriedade pois gera receitas mais altas

Agora com a renda do fumo e do leite as coisas se equilibraram que com o dinheiro do leite usamos para os gastos do mecircs e quando vendemos a safra do fumo investimos na propriedade jaacute fizemos casa de alvenaria cerca paiol novo galinheiro compramos trator carro [] a gente trabalha mais mas pelo menos natildeo passamos grandes necessidadade (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Visconde de Guarapuavaem maio de 2014)

De acordo com a EMATER (2014) nos uacuteltimos anos houve aumento do

nuacutemero de agricultores familiares que se dedicaram agrave produccedilatildeo de leite e aos

poucos abandonaram o cultivo do fumo A partir dos trabalhos de campo percebe-se

que muitas vezes os mais jovens pretendem investir na atividade leiteira fazer

cursos e se especializar no uso de tecnologias que permitam maior produtividade

dos animais ou seja casais mais novos que pretendem permanecer no campo

geralmente com niacutevel de escolaridade maior buscam ser mais competitivos como

por exemplo o depoimento de um casal que reside na Linha Visconde de

Guarapuava e de outro que reside na Linha Dezembro

Os nossos pais plantam fumo e quando casamos tambeacutem comeccedilamos a produzir fumo e leite e achamos que se noacutes se especializasse soacute na produccedilatildeo de leite a gente teria mais facilidade porque temos pouca terra (5 alqueires) [] agora temos 32 vacas de leite fora os terneiros e temos uma renda ateacute que razoaacutevel por mecircs (Agricultora familiar entrevistada5 na comunidade de Linha Visconde de Guarapuava)

Sempre plantei fumo mas como casei no ano passado eu e minha mulher decedimos plantar fumo somente nesse ano e no proacuteximo ano investir mais no leite que temos mais facilidade apesar de ter que trabalhar todos os dias de manhatilde e de tarde para tirar o leite e ainda durante o dia plantar os pastos [] no fumo natildeo precisa ficar o ano todo trabalhando mas mesmo assim vamos se especializar soacute com a produccedilatildeo de leite e outras lavouras (Fumicultor entrevistado na comunidade de Linha Dezembro)

5 A agricultora relata que atualmente soacute ajuda os pais com as atividades do fumo nos dias de colheita

69

Portanto nota-se que os mesmos usam da racionalidade econocircmica para

definir o que produzir natildeo buscando somente a sobrevivecircncia da famiacutelia e se

especializando nas atividades em que acreditam serem mais eficiente considerando

as caracteriacutesticas de suas propriedades Buscam assim melhorar de vida seguindo

uma racionalidade tipo capitalista

32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS

Como jaacute visto no item anterior o municiacutepio de Prudentoacutepolis sempre possuiu

uma base produtiva alicerccedilada estruturalmente no setor agropecuaacuterio e de acordo

com dados da Emater de Prudentoacutepolis (2014) o puacuteblico que faz parte do rural do

municiacutepio estaacute composto pela categoria Agricultura familiar constando um nuacutemero

de 8100 estabelecimentos Agricultura Patronal com 1750 estabelecimentos e por

40 famiacutelias Indiacutegenas aleacutem daqueles trabalhadores rurais contratados nos periacuteodos

de safra para desenvolver atividades no campo

Nota-se que em Prudentoacutepolis a categoria da agricultura familiar eacute

predominante em relaccedilatildeo agrave patronal Desse modo a caracterizaccedilatildeo dos produtores

rurais familiares a partir de conceitos e dados estatiacutesticos sistematizados para todo o

paiacutes se torna pertinente para que possamos estimar em quais grupos existe a maior

concentraccedilatildeo desses produtores familiares no municiacutepio e qual eacute a dinacircmica de

produccedilatildeo desses grupos A tipologia entre os agricultores familiares tem por objetivo

estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares devido

a sua heterogeneidade (FAOINCRA 2000) Sendo assim o grupo A refere-se

aquele produtor com renda total superior a trecircs vezes o valor da diaacuteria o grupo B ao

produtor com renda total superior a uma vez ateacute trecircs vezes o valor da diaacuteria no

grupo C estatildeo aqueles com renda total superior agrave metade ateacute uma vez o valor da

diaacuteria e por fim o grupo D com renda total igual ou inferior agrave metade do valor da

diaacuteria

A existecircncia de quatro grupos distintos dentro do universo familiar eacute resultante

de vaacuterios fatores como por exemplo a disponibilidade de terras agricultaacuteveis (como

aquelas localizadas na regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis) as tecnologias

empregadas pelas unidades familiares a forma de administraccedilatildeo da propriedade os

70

preccedilos e mercados aos quais a produccedilatildeo eacute destinada fatores climaacuteticos entre

outros Portanto os distintos tipos de produtores satildeo portadores de racionalidades

especificas e buscam se adaptar ao meio em que estatildeo inseridos

O universo agraacuterio eacute extremamente complexo seja em funccedilatildeo da grande diversidade da paisagem agraacuteria (meio fiacutesico ambiente variaacuteveis econocircmicas etc) seja em virtude da existecircncia de diferentes tipos de agricultores os quais tecircm interesses particulares estrateacutegias proacuteprias de sobrevivecircncia e de produccedilatildeo e que portanto respondem de maneira diferenciada a desafios e restriccedilotildees semelhantes (FAOINCRA 2000)

Os dados mais gerais que tratam de variaacuteveis da caracterizaccedilatildeo dos

agricultores familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis pertencem ao censo

agropecuaacuterio de 2006 momento aquele em que o universo da agricultura familiar era

composto por aproximadamente 7409 estabelecimentos sendo que no ano de

2014 a Emater do municiacutepio registrou um nuacutemero aproximado de 8100 agricultores

familiares um aumento de 691 estabelecimentos Esse aumento dos agricultores

familiares no dececircnio pode ser resultado da subdivisatildeo das propriedades jaacute

existentes

Dentre os quatro grupos familiares (Quadro 8) o maior nuacutemero de agricultores

familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis encontra-se no grupo D ou seja aqueles

agricultores familiares descapitalizados e com baixo niacutevel de integraccedilatildeo ao mercado

No grupo A considerado como capitalizado e com grande integraccedilatildeo aos mercados

existe um contingente menor de agricultores

Nuacutemero bastante significativo de produtores familiares estaacute representado pelo

grupo B grupo esse que estaacute em processo de capitalizaccedilatildeo e integrado ao mercado

Os agricultores familiares capitalizados e em processo de capitalizaccedilatildeo satildeo em

menores nuacutemeros que os descapitalizados e os em processo de descapitalizaccedilatildeo

71

Cidade Agricultura familiar por grupo

Nordm Absoluto de estabelecimentos por grupo

familiar

Prud

entoacute

polis

PR

Familiar ndash tipo A 783

Familiar ndash tipo B 2168

Familiar ndash tipo C 1387

Familiar ndash tipo D 3071

Total 7409

QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006

Fonte IBGE 2006

Conforme os dados do IBGE (2006) eacute importante ressaltar que em

Prudentoacutepolis o grupo A representa cerca de 10 do total de estabelecimentos

familiares o que eacute aproximadamente a mesma proporccedilatildeo verificada para o Brasil

onde haacute cerca de 460 mil produtores do grupo A num universo de pouco mais de 4

milhotildees de estabelecimentos familiares

Dentro do universo dos agricultores familiares de Prudentoacutepolis nota-se que a

grande maioria deles independentemente do tipo familiar possui terras proacuteprias

como demonstrado no quadro 9 O fato de a grande maioria possuir terras proacuteprias

estaacute relacionado ao loteamento feito no periacuteodo da colonizaccedilatildeo do municiacutepio sendo

que apesar de ter acontecido a venda e compra de algum desses lotes em termos

gerais a questatildeo do acesso agrave terras permanece inalterada entre os agricultores

familiares locais

72

Variaacutevel

Agricultura familiar por grupo

Nordm Absoluto de propriedades por grupo

no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR

Terras proacuteprias

Familiar ndash tipo A 700

Familiar ndash tipo B 2016

Familiar ndash tipo C 1338

Familiar ndash tipo D 2966

Total 7020

QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)

Com relaccedilatildeo aos tipos de cultivo nota-se pelo quadro 10 que os produtores

de fumo se concentram nos grupos A e B Ou seja do ponto de vista econocircmico a

produccedilatildeo tende a oferecer uma renda maior do que o milho e o feijatildeo por exemplo

visto que a maior concentraccedilatildeo desses agricultores familiares estaacute nos grupos C e D

A maior parte dos produtores de fumo tem um niacutevel alto de integraccedilatildeo com o

mercado quer dizer natildeo satildeo camponeses e sim pequenos capitalistas que visam

lucros mantendo-se competitivos com objetivo de crescimento econocircmico

QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)

Nesse sentido concorda-se com as abordagens ligadas ao capitalismo

agraacuterio segundo as quais a integraccedilatildeo dos fumicultores com as induacutestrias

Grupo familiar Fumo Feijatildeo Milho Soja Familiar ndash tipo A 520 493 540 109

Familiar ndash tipo B 798 1464 1484 110

Familiar ndash tipo C 128 1058 974 56

Familiar ndash tipo D 89 2125 1773 84

Agricultor natildeo familiar

19 76 93 44

Total de

estabelecimentos

1555

5216

4864

403

73

fumageiras oferece maiores oportunidades para capitalizaccedilatildeo ao passo que a

maioria daquelas famiacutelias que produzem feijatildeo e milho estaacute no grupo familiar em vias

de descapitalizaccedilatildeo e descapitalizados auferindo renda menor

Quando somados as colunas do quadro 10 vemos que o nuacutemero para cada

linha supera o total de estabelecimentos de cada categoria apresentados nos

quadros anteriores Isso mostra que haacute muitos fumicultores que natildeo se dedicam

apenas ao fumo mas tambeacutem ao feijatildeo milho e ou soja A partir dai pode-se

levantar a hipoacutetese de que muitos produtores do grupo A manteacutem pequenas

produccedilotildees de feijatildeo eou milho para autoconsumo Outra hipoacutetese eacute que haacute

produtores do grupo B que estatildeo tentando fazer a transiccedilatildeo das culturas de feijatildeo

eou milho para a cultura de fumo motivo pelo qual deram iniacutecio a produccedilatildeo deste

uacuteltimo sem abandonar os cultivos mais tradicionais

No municiacutepio tambeacutem existem dezenove agricultores natildeo familiares que

produzem fumo e usam da matildeo de obra contratada para cultivar a commoditie

devido agrave baixa mecanizaccedilatildeo disponiacutevel para esse tipo de lavouraDesse modo os

agricultores natildeo familiares tambeacutem tecircm interesse na rentabilidade por hectare e no

mercado garantido do fumo

A produccedilatildeo de soja tem uma expressividade na agricultura familiar com

destaque para os grupos A e B O milho e feijatildeo satildeo as culturas que predominam

nos grupos familiares

Para as variaacuteveis ligadas agrave modernizaccedilatildeo da agricultura foi contabilizado o

nuacutemero de tratores existente nas propriedades familiares como tambeacutem a utilizaccedilatildeo

de agrotoacutexicos entre esses grupos mediante dados do IBGE como apresentado no

quadro 11 Dos 7409 estabelecimentos familiares 1384 possuiacuteam trator no ano de

2006 ou seja 18

Nesse sentido pode-se dizer que no ano de 2006 um universo pequeno de

agricultores familiares possuiacutea trator No grupo A 34 dos agricultores tinham

tratores O grupo B foi o menos expressivo nessa variaacutevel com 12 de

estabelecimentos com trator seguidos de 15 no grupo C e de 20 no grupo D

74

Agricultura familiar por grupo de agricultores

Nuacutemero total de estabelecimentos familiares

Nuacutemero de estabelecimentos com tratores

de tratores por grupo familiar

Familiar ndash tipo A 783 269 34

Familiar ndash tipo B 2168 278 12

Familiar ndash tipo C 1387 209 15

Familiar ndash tipo D 3071 628 20

Total 7409 1384 18

QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES

Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015) O uso de agrotoacutexicos eacute feito por uma parcela expressiva de agricultores

familiares posto que 77 deles usam algum tipo desse produto Em termos

percentuais os agricultores familiares do grupo A satildeo os que mais usam seguidos

do grupo B com 82 grupo Ccom 75 epor fim o grupo D com 69 dos

agricultores que fazem uso desse insumo agriacutecola Assim vale notar que o uso de

agrotoacutexicos natildeo estaacute associado apenas agrave produccedilatildeo de fumo pois os grupos

familiares que produzem predominantemente feijatildeo e milho tambeacutem utilizam

produtos quiacutemicos intensamente Nesse sentido concorda-se com DINIZ FILHO

(2011) quando menciona que

[] a incorporaccedilatildeo de elementos econocircmicos e tecnoloacutegicos da agricultura patronal eacute uma estrateacutegia amplamente utilizada por agricultores familiares do mundo todo para se manterem competitivos no bojo da modernizaccedilatildeo agriacutecola embora frequentemente tal incorporaccedilatildeo fique incompleta devido agrave falta de capital para investimentos e das caracteriacutesticas de muitas propriedades familiares tais como pequena dimensatildeo ou relevo inclinado

75

Agricultura familiar por grupo de agricultores

Nuacutemero total de estabelecimentos familiares

Nuacutemero de estabelecimentos que usam agrotoacutexicos

de estab que usam agrotoacutexicos

Familiar ndash tipo A 783 734 93

Familiar ndash tipo B 2168 1794 82

Familiar ndash tipo C 1387 1048 75

Familiar ndash tipo D 3071 2108 69

Total 7409 5684 77

QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS

Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)

Os dados mostram que a agricultura familiar no municiacutepio de Prudentoacutepolis

tambeacutem se beneficia dos aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo da agricultura

concordando com Diniz Filho (2011) quando afirma ser notoacuterio que a monocultura a

mecanizaccedilatildeo e o uso de pesticidas e fertilizantes quiacutemicos satildeo amplamente

disseminados entre os produtores familiares Nesse sentido pode-se dizer que a

agricultura familiar da mesma forma que o agronegoacutecio estaacute preocupada

primeiramente com os lucros do que em usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis e que

busquem somente reproduzir o seu modo de vida

Portanto pode-se afirmar que a produccedilatildeo de fumo eacute considerada uma

atividade que permite renda razoaacutevel para o produtor uma vez que no municiacutepio de

Prudentoacutepolis esses agricultores familiares estatildeo concentrados no tipo familiar mais

capitalizado condizendo assim com os dados mais gerais sobre a agricultura

familiar brasileira apresentados no capiacutetulo anterior segundo os quais a cultura do

fumo gera menor niacutevel de pobreza que culturas alimentares voltadas para o

consumo popular e frequentemente associadas agrave produccedilatildeo de subsistecircncia

Finalmente vale notar que a pesquisa de campo realizada no acircmbito desta pesquisa

corroborou os resultados obtidos pela anaacutelise de dados estatiacutesticos de fontes

oficiais conforme se veraacute a seguir

76

CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO

Este capiacutetulo tem por objetivo expor os dados dos trabalhos de campo

realizados com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela

empresa Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis A

contrataccedilatildeo eacute feita atraveacutes do sistema de produccedilatildeo integrada no qual a empresa

garante a compra de toda a produccedilatildeo fornece assistecircncia teacutecnica aos contratados

define os padrotildees de fumo a serem produzidos de acordo com as demandas de

mercado bem como estipula os preccedilos do quilo de fumo junto ao sindicato dos

fumicultores do Brasil (SINDITABACO)

Na safra de 20142015 duzentos e noventa e cinco produtores familiares de

Prudentoacutepolis foram contratados pela Souza Cruz como fornecedores de fumo Para

dar suporte a esses fumicultores trabalham trecircs instrutores teacutecnicos cada qual

atuando na sua aacuterea de abrangecircncia acompanhando os mesmos associados desde

o iniacutecio ateacute o final da safra

A finalidade do instrutor teacutecnico eacute de prestar assistecircncia aos fumicultores em

todos os processos da produccedilatildeo do fumo como a definiccedilatildeo da quantidade de peacutes

de fumo que seraacute plantada a compra de insumos para produccedilatildeo a realizaccedilatildeo do

seguro da safra juntamente com a Afubra assistecircncia teacutecnica nos tratos culturais da

planta estabelecimento de estimativas de quilos de fumo que o produtor

comercializaraacute com a empresa acompanhamento na colheita secagem

classificaccedilatildeo e a venda do produto

O instrutor teacutecnico entrevistado expotildee que aleacutem da empresa Souza Cruz

outras cinco empresas6 do mesmo ramo atuam no municiacutepio com intuito de contratar

fumicultores atraveacutes do sistema integrado Menciona tambeacutem que natildeo existem

grandes conflitos concorrenciais entre essas empresas como jaacute existiu na deacutecada

de 1990 quando uma empresa fazia o maacuteximo para atrair maior quantidade de

associados Nos uacuteltimos anos cada empresa tem os seus produtores certos natildeo

6Universal Leaf Tabacos Ltda CTA ndash Continental Tobaccos Alliance One Exportadora de Fumo Ltda Premium Tabacos do Brasil SA e a A Japan Tabacco Inc (JTI)

77

existindo alto niacutevel de migraccedilatildeo desses entre as empresas uma vez que todas

trabalham no mesmo sistema e os preccedilos do quilo de fumo satildeo tabelados

A logiacutestica de transporte do fumo da residecircncia do produtor ateacute a usina de

beneficiamento da Souza Cruz eacute terceirizada sendo que no municiacutepio satildeo trecircs

transportadoras credenciadas pela empresa A proacutepria Souza Cruz natildeo possui

depoacutesitos de armazenamento de fumo em Prudentoacutepolis Desse modo as trecircs

transportadoras credenciadas satildeo responsaacuteveis por fazer o recolhimento da

produccedilatildeo direto do depoacutesito do produtor A transportadora coleta o fumo nas

propriedades dos fumicultores com um caminhatildeo de menor porte e no barracatildeo da

proacutepria transportadora eacute feito o transbordo para as carretas que seguem ateacute a usina

de beneficiamento

Como na assistecircncia teacutecnica cada transportadora tambeacutem tem uma regiatildeo de

abrangecircncia para recolher o fumo A produccedilatildeo que sai dos depoacutesitos dos produtores

jaacute estaacute 100 assegurada caso aconteccedila imprevistos com a viagem Apoacutes a

descarga do fumo na usina de beneficiamento a transportadora utiliza o mesmo

frete para trazer os insumos agriacutecolas para a proacutexima safra

Apesar de possuir uma usina de processamento de fumo no municiacutepio de Rio

Negro no Paranaacute a produccedilatildeo do municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute enviada para a usina

de BlumenauSC pois a usina de Rio Negro tem capacidade de atender somente agrave

produccedilatildeo da regiatildeo Oeste e Sudoeste paranaense e tambeacutem do ponto de vista

logiacutestico eacute mais viaacutevel enviar a produccedilatildeo de Prudentoacutepolis para Blumenau

A partir de dados da Afubra da Souza Cruz e dos dados de campo foi

construiacutedo um fluxograma para exemplificar as etapas em que o fumo produzido no

municiacutepio de Prudentoacutepolis passa ateacute chegar ao consumidor

78

FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

Fonte Souza Cruz e AFUBRA 2014

Org VILCZAK A 2015

41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES

As informaccedilotildees que seratildeo apresentadas a seguir dizem respeito a sessenta

famiacutelias entrevistadas e que satildeo contratadas pela empresa fumageira Souza Cruz

no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR

As famiacutelias entrevistadas residem em seis diferentes localidades do municiacutepio

de Prudentoacutepolis sendo elas Comunidade da Linha Dezembro Comunidade da

Linha Visconde de Guarapuava Comunidade da Linha Marcondes Comunidade da

Linha Barra Vermelha Comunidade da Linha Antocircnio Olinto e Comunidade da Linha

Tira Cisma (figura 8) Para localizar esses fumicultores os instrutores teacutecnicos da

Souza Cruz forneceram uma listagem de todos os produtores e de sua respectiva

localidade de residecircncia Cabe destacar que as entrevistas natildeo foram direcionadas e

nem realizadas com a presenccedila desses instrutores

79

FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS

A seleccedilatildeo das localidades foi feita levando-se em conta a maior concentraccedilatildeo

de produtores de fumo e a maior acessibilidade em relaccedilatildeo agrave aceitaccedilatildeo dos mesmos

em responderem os questionaacuterios

Para a realizaccedilatildeo das entrevistas fez-se necessaacuterio o auxiacutelio de um agente

comunitaacuterio que tinha maior contato com os fumicultores para que os mesmos

pudessem responder o questionaacuterio com maior seguranccedila Recorreu-se a esse

meacutetodo pelo fato de alguns fumicultores convidados a participar da entrevista natildeo

ficarem tranquilos suspeitando que se tratasse de uma pesquisa que natildeo favorecia

aos ideais deles uma vez que possuem ldquomedordquo de certas campanhas

governamentais que incentivam o fim do plantio do fumo

As primeiras entrevistas foram realizadas na Linha Dezembro Linha Visconde

de Guarapuava e Linha Marcondes sendo que as mesmas foram conduzidas

juntamente com a agente comunitaacuteria Gabriela Strechar (residente na Linha

Visconde de Guarapuava) e contabilizou um total de 19 fumicultores Na Linha Barra

Vermelha Linha Antocircnio Olinto e Linha Tiram Cisma foram realizadas 41 entrevistas

80

com a ajuda da agente comunitaacuteria Adriana Kutzmy moradora da Linha Barra

Vermelha e que tambeacutem tem grande conhecimentos sobre essas localidade e

moradores

As entrevistas foram realizadas nos meses de novembro e dezembro de

2015 periacuteodo da colheita do fumo A escolha desse periacuteodo para a coleta de dados

possibilitou conhecer a realidade de cada famiacutelia com relaccedilatildeo agraves formas de

produccedilatildeo colheita transporte e secagem das folhas de fumo

Caracterizaccedilatildeo das famiacutelias

a) Escolaridade feminina e masculina por faixa etaacuteria

Para a coleta de dados dessa variaacutevel foram levados em consideraccedilatildeo

somente as mulheres e homens que vivem nas unidades de produccedilatildeo familiar isto eacute

pessoas que migraram para as cidades e aquelas que se casaram e permanecem

no meio rural natildeo seratildeo contemplados nos quadro 13 e 14

Dentre as sessenta famiacutelias entrevistadas contabilizou-se um total de

duzentos e vinte e cinco membros que residem nas unidades de produccedilatildeo familiar

sendo cento e nove mulheres e cento e dezesseis homens

81

Faixa etaacuteria

S idade

escolar

S escolar idade

Ateacute o 5ordm ano

Do 6ordm ao 9ordm ano

Ensino meacutedio

Incompleto

Ensino meacutedio

completo

Ensino Superior

Cursos teacutecnicos

Total de

mulheres

0 - 05 anos 10 - 01 - - - - - 11

05 - 10 anos

- - 04 - - - - - 04

11 ndash 20 anos

- - 05 09 01 05 01 - 21

21 ndash 30 anos

- - 08 - 12 - 01 21

31 ndash 40 anos

- - 06 06 - 01 - - 13

41 ndash 50 anos

- - 14 06 - - - - 20

51 ndash 60 anos

- - 12 - - 01 - - 13

Acima de 61

- 01 04 - - 01 - - 06

Total 10 01 46 29 01 20 01 01 109

Percentual ()

09 01 43 27 01 17 01 01 100

QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Com relaccedilatildeo agraves mulheres entrevistadas pode-se notar um baixo grau de

escolarizaccedilatildeo dentre aquelas que possuem mais de 40 anos as quais no maacuteximo

tecircm ensino fundamental completo exceto uma senhora que estaacute na faixa etaacuteria de

51 a 60 anos e que possui ensino meacutedio completo e que era professora das seacuteries

iniciais Nota-se tambeacutem a existecircncia de duas famiacutelias com filhas cursando

universidade e curso teacutecnicos no periacuteodo da noite sendo que as mesmas trabalham

durante o dia na propriedade inclusive na produccedilatildeo de fumo

82

Todas as filhas dos fumicultores em idade escolar estatildeo matriculadas nas

suas respectivas seacuteries de ensino Na faixa etaacuteria de 21 a 30 anos a maioria tem o

ensino meacutedio completo e natildeo demonstra pretensotildees de fazer curso superior nos

proacuteximos anos

Apesar da baixa escolaridade somente uma pessoa entrevistada e que tem

mais que 61 anos de idade nunca frequentou uma escola

De acordo com as entrevistas percebe-se que grande parte das mulheres

quando terminam o ensino meacutedio migra para alguma cidade com pretensotildees de

estudar ou trabalhar

Faixa etaacuteria

S idade

escolar

S escolar idade

Ateacute o 5ordm ano

Do 6ordm ao 9ordm ano

Ensino meacutedio

Incompleto

Ensino meacutedio

completo

Ensino Superior

Cursos teacutecnicos

Total de homens

0 - 05 anos 09 - - - - - - - 09

05 - 10 anos

- - 08 - - - - - 08

11 ndash 20 anos

- - 05 07 07 03 - - 22

21 ndash 30 anos

- - - 02 03 13 01 - 19

31 ndash 40 anos

- 01 08 06 - 05 01 03 24

41 ndash 50 anos

- - 11 - - - - - 11

51 ndash 60 anos

- - 18 - - - - - 18

Acima de 61

- - 05 - - - - - 05

Total 09 01 55 15 10 21 02 03 116

Percentual ()

07 01 47 13 09 18 02 03 100

QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO

Fonte Pesquisa de campo (2015)

83

No universo masculino da mesma forma que no feminino percebe-se que as

menores escolaridades estatildeo entre aqueles que possuem mais de 40 anos de idade

Um entrevistado que possui entre 31 e 40 anos cursou trecircs anos no ensino

superior poreacutem alega que natildeo tem pretensotildees em curto prazo em concluir ou

trabalhar fora da propriedade devido a melhor qualidade de vida que pode ter em

relaccedilatildeo agrave cidade Nessa mesma faixa etaacuteria (31 a 40 anos) trecircs homens

frequentaram cursos teacutecnicos sendo que dois concluiacuteram teacutecnico em agropecuaacuteria e

um teacutecnico florestal

Um homem entre 21 e 30 anos concluiu haacute dois anos o curso superior em

contabilidade afirmou que jaacute trabalhou na sua aacuterea de formaccedilatildeo mas que nesse

ano decidiu trabalhar na produccedilatildeo de fumo poreacutem tem pretensotildees de voltar a

trabalhar na aacuterea de formaccedilatildeo

b) Estrutura familiar

Para a coleta de dados correspondente agrave variaacutevel apresentada no quadro 15

tambeacutem foram levadas em consideraccedilatildeo somente as pessoas que vivem na unidade

familiar Dessa forma a quantidade de membros que compotildee as famiacutelias

entrevistadas natildeo eacute numerosa apresentando a maior porcentagem de famiacutelias

compostas por trecircs e quatro pessoas (30 e 42) Aquelas com mais de cinco

membros correspondem na sua maior parte por famiacutelias onde os pais da esposa ou

do marido estatildeo vivendo juntos

Nuacutemero total dos

membros das famiacutelias

Nordm de famiacutelias Nuacutemero total de membros

Percentual ()

Um membro 0 0 0

Dois membros 6 12 10

Trecircs membros 18 54 30

Quatro membros 25 100 42

Cinco membros 07 35 12

Seis membros 04 24 6

84

Total 60 225 100

QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Os dados sobre as famiacutelias em que pelo menos um dos membros migrou para

alguma cidade com intuito de trabalhar estudar ou trabalhar e estudar estatildeo

apresentados na tabela abaixo

TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE

Motivos da migraccedilatildeo Nordm de famiacutelias Percentual () Somente estudar (cursos teacutecnicos Universidade)

9 15

Estudar (cursos teacutecnicos Universidade) e Trabalho

14 23

Somente trabalhar 6 10 Nenhum membro migrou

para a cidade 31 52

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)

Nota-se que 48 das famiacutelias entrevistadas tiveram pelo menos um membro

que migrou para a cidade com objetivo de estudar ou trabalhar Os que relataram

que a migraccedilatildeo foi com intuito de estudar afirmam que os estudos estatildeo

relacionados a cursos teacutecnicos e universitaacuterios como jaacute expostos acima

Vale lembrar a existecircncia de famiacutelias em que os filhos ainda natildeo estatildeo em

idades suficientes para fazer um curso teacutecnico ou universidade ou seja nos

proacuteximos anos provavelmente haveraacute um percentual maior de jovens saindo do

campo com intuito de estudar ou trabalhar em outras atividades com maiores

oportunidades que a produccedilatildeo de fumo

Esse processo migratoacuterio da populaccedilatildeo rural para o urbano no caso dos

fumicultores entrevistados pode estar relacionado com aquilo exposto por (2014)

segundo o qual atualmente nas regiotildees rurais brasileiras a migraccedilatildeo jaacute natildeo eacute mais

um processo em que as condiccedilotildees ldquopor mais pobreza que existamrdquo estatildeo

expulsando as pessoas do campo mas sim um movimento que ocorre quando

existem fatores de atraccedilatildeo no meio urbano Poreacutem natildeo devemos desprezar que

nesse processo tambeacutem estatildeo embutidos outros fatores como os culturais e ateacute

85

pessoais ou seja o que se passa pela cabeccedila das pessoas natildeo somente dessas

que vivem no rural e estatildeo indo para a cidade mas tambeacutem daquelas que jaacute vivem

em cidades de menor porte e migram para grandes centros urbanos Contudo essas

questotildees de ordem cultural e pessoal escapam aos objetivos desta pesquisa

Condiccedilatildeo do fumicultor

TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA

Anos Nordm de famiacutelias Percentual ()

0 ndash 5 anos 0 0

6 ndash 10 anos 4 6

10 ndash 15 anos 12 20

15 ndash 20 anos 16 27

21 ndash 25 anos 12 20

26 ndash 30 anos 10 17

Mais de 30 anos 6 10

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

O periacuteodo de tempo com maior expressividade em que esses agricultores

familiares estatildeo envolvidos na atividade fumageira variam em torno de 10 a 30 anos

Nenhuma famiacutelia entrevistada comeccedilou a produzir fumo nos uacuteltimos cinco anos

Esse fato vai ao encontro de dados mais gerais da Afubra (2015) demonstrando

que entre o ano de 2010 e 2014 o nuacutemero de famiacutelias produtoras de fumo caiu de

185160 para 162410

Esse fato estaacute relacionado principalmente agrave migraccedilatildeo de jovens para as

cidades e pelo fato dos casais mais novos que possuem filhos com idades

insuficientes para trabalhar na atividade fumageira buscarem se promover

economicamente atraveacutes de outras atividades

A queda do nuacutemero de famiacutelias na fumicultura nos uacuteltimos anos tambeacutem estaacute

relacionada com a maior escolaridade das pessoas que vivem no rural pois esses

estatildeo se dedicando a atividades selecionadas por eles como mais oportunas eou

mais competitivas Aqui natildeo podemos desconsiderar tambeacutem a opccedilatildeo das famiacutelias

86

natildeo entrarem na atividade fumageira pelas questotildees da sauacutede (contato com

agrotoacutexicos e doenccedila da folha verde)

TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

Nordm de famiacutelias Percentual ()

Pela renda e venda garantida

12 20

Pouca disponibilidade de terras

06 10

Pela renda venda garantida e pouca terra

35 58

Falta de outras opccedilotildees de atividade agropecuaacuteria

07 12

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Das famiacutelias entrevistadas 58 declararam que optam pela produccedilatildeo de

fumo por trecircs motivos principais a renda a garantia de venda e a pouca aacuterea de

terra que possuem Jaacute para 20 das famiacutelias entrevistadas os principais motivos

estatildeo na geraccedilatildeo de renda e venda garantida

As famiacutelias que natildeo declararam a pouca quantidade de terra como empecilho

para a realizaccedilatildeo de outra atividade que substitua por completo a produccedilatildeo de fumo

mencionam que plantam o fumo devido agrave renda e que como estatildeo inseridos na

cadeia produtiva de gratildeos que eacute mecanizada sobra matildeo de obra para trabalhar

com o fumo Esses exemplos demonstram que os agricultores familiares produzem

para maximizar os lucros e crescer economicamente da mesma forma que os

grandes proprietaacuterios como exposto no paradigma da agricultura familiar

A falta de outras atividades agropecuaacuterias tambeacutem foi mencionada por 12

das famiacutelias entrevistadas pois apesar de existir outros tipos de cultivo no municiacutepio

como por exemplo a produccedilatildeo de verduras de morangos de pepinos e de ervas

medicinais essas famiacutelias declararam que esses cultivos natildeo geram uma renda por

hectare como o fumo Uma fumicultora entrevistada na Linha Marcondes comenta

Eu ldquoplantava as coisasrdquo para a merenda escolar aqui da escola [] noacutes tinha que comprar as sementes e tudo o que precisava pra produzir essas verduras [] quando levava na escola ficavam colocando defeito na minha produccedilatildeo [] queriam que eu levasse todo dia dez peacutes de alface na escola [] que lucro eu ia ter ir todo dia na escola levar soacute dez peacutes de alface E

87

ainda recebia soacute depois de 40 dias que entreguei a produccedilatildeo e ainda agraves vezes atrasava [] O fumo eacute muito cansativo soacute que a gente natildeo precisa ficar se humilhando pra comprar a produccedilatildeo da gente a firma leva tudo seja o melhor fumo seja o pior

A fumicultora retrata que apesar do trabalho na produccedilatildeo de fumo ser mais

cansativa que outras atividades o fato de se ter a venda garantida de toda a

produccedilatildeo compensa as desvantagens

TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS

Quantidades de peacutes de fumo

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

25000 - 30000 peacutes 14 23

31000 ndash 50000 peacutes 26 44

51000 ndash 70000 peacutes 05 08

71000 ndash 90000 peacutes 07 12

91000 ndash 120000 peacutes 05 08

121000 -140000 peacutes 03 05

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)

Dentre as famiacutelias entrevistadas a quantidade miacutenima de produccedilatildeo eacute de

25000 peacutes e a maacutexima de 140000 peacutes poreacutem a maior concentraccedilatildeo estaacute ente

31000 e 50000 peacutes A quantidade de peacutes que satildeo plantados estaacute relacionada agrave

matildeo de obra disponiacutevel uma vez que esses fumicultores antes de planejar a

proacutexima safra levam em consideraccedilatildeo primeiramente a relaccedilatildeo entre a quantidade

de matildeo de obra disponivel com a quantidade de peacutes de fumo De acordo com o

instrutor teacutecnico da Souza Cruz uma pessoa consegue produzir em meacutedia 20000

peacutes de fumo por safra (usando matildeo de obra de terceiros somente para os dias de

colheita)

Condiccedilatildeo das terras usadas pelos fumicultores entrevistados

88

TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS

Condiccedilatildeo da terra Nordm de famiacutelias Percentual ()

Somente terra proacutepria 33 55

Terra proacutepria e arrendada 22 37

Somente terras arrendadas 05 08

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Para coletar esses dados foi levado em consideraccedilatildeo o total das terras

usadas pelos fumicultores independentemente da cultura plantada aleacutem do fumo

Desse modo nota-se que a grande maioria possui terras proacuteprias (92) sendo que

55 cultivam somente em terras proacuteprias e 37 aleacutem das terras proacuteprias arrenda

com intuito de aumentar a produccedilatildeo tanto de fumo como de gratildeo e outros Existem

8 que natildeo possuiacuteam terras proacuteprias e que necessitam arrendar para produzir o

fumo

TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES

Somente terra proacutepria Nordm de famiacutelias Porcentagem ()

Ateacute 5 hectares 11 20

6 a 10 hectares 14 25

11 a 15 hectares 8 15

16 a 20 hectares 6 11

21 a 25 hectares 6 11

26 a 30 hectares 2 04

31 a 40 hectares 4 07

Mais de 40 hectares 4 07

Total 55 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Dos sessenta fumicultores entrevistados cinco natildeo possuem terras proacuteprias

E dos cinquenta e cinco que possuem a maior porcentagem de famiacutelias tem ateacute 15

hectares Nesse sentido esses nuacutemeros satildeo compatiacuteveis com os dados mais gerais

da regiatildeo Sul do Brasil onde a maior concentraccedilatildeo de famiacutelias possui ateacute 20

89

hectares de terra (AFUBRA 2015) A aquisiccedilatildeo das terras foi principalmente por

heranccedila e em parcelas menores atraveacutes de compra

Formas de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria das unidades familiares dos fumicultores

entrevistados

Este item refere-se aos tipos de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria que aleacutem do fumo

trazem renda para a unidade de produccedilatildeo familiar Com base nos dados de campo

verificam-se nas propriedades aleacutem da produccedilatildeo do fumo as produccedilotildees de feijatildeo

milho soja erva-mate e a produccedilatildeo de leite

TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES

Tipo de produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nuacutemeros de famiacutelias Percentual ()

Somente fumo 20 33 Fumo e soja 06 10

Fumo soja feijatildeo e milho 20 33 Fumo Soja milho e leite 03 5 Fumo feijatildeo milho e erva-

Mate 11 19

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

De acordo com os dados expostos 33 dos entrevistados afirmam que a

produccedilatildeo da propriedade com pretensatildeo de venda eacute somente o fumo outros 33

aleacutem do fumo produzem soja e feijatildeo seguidos de 19 que se dedicam agrave produccedilatildeo

de fumo feijatildeo milho e erva-mate e menos de 5 declarar produzir para a venda o

fumo a soja o milho e o leite

Nesse sentido 67 dos entrevistados diversificam a produccedilatildeo com intuito de obter

mais fontes de renda Poreacutem alegam que a maior renda por aacuterea plantada vem da

produccedilatildeo de fumo

A produccedilatildeo de eucaliptos (figura 9) tambeacutem eacute bastante comum nas

propriedades pois eacute fonte de energia para a secagem das folhas do fumo Nas

estufas tradicionais o uso de lenha eacute muito maior que nas estufas eleacutetricas

90

FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO

Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2016)

A figura 9 exemplifica uma propriedade de fumicultor que produz a soja para

venda e eucalipto para a secagem do fumo A imagem da esquerda representa a

lavoura de um fumicultor na linha dezembro com produccedilatildeo de soja e ao fundo

notam-se plantaccedilotildees de eucaliptos para usar na secagem das folhas de fumo Na

imagem da direita tambeacutem pode ser vista a lavoura de fumo e ao fundo plantaccedilotildees

de eucaliptos

A erva-mate tambeacutem serve como fonte de renda dos fumicultores sendo que

em aacutereas de faxinal7 os peacutes de erva-mate formam mantidos e outros espaccedilos

usados para o cultivo de soja ou feijatildeo como demonstrado na figura 10 Em algumas

propriedades a erva-mate natildeo eacute nativa e foi plantada nos uacuteltimos anos em escalas

maiores devido agrave rentabilidade

7Por faxinal entende-se as terras tradicionalmente ocupadas para o uso comum de pastagens e florestas no Paranaacute que designam situaccedilotildees em que a produccedilatildeo familiar de acordo com suas possibilidades combina apropriaccedilatildeo privada e coletiva dos recursos naturais (HAURESKO C 2012)

91

FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE

Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2015)

Aleacutem da produccedilatildeo com pretensatildeo de venda nas propriedades visitadas

tambeacutem nota-se a presenccedila da produccedilatildeo para autoconsumo da famiacutelia Essas

alegam que produzem certos produtos para diminuir os gastos com mercado e por

produzirem de acordo com suas preferecircncias alimentares Apenas 6 dos

entrevistados natildeo produzem nada para autoconsumo alegando que comprar sai

mais barato que produzir

TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE

Produccedilatildeo para autoconsumo

Nuacutemero de famiacutelias Percentual ()

Horta 08 13 Horta criaccedilatildeo de galinhas e

porcos 16 27

Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos feijatildeo e milho

07 12

Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos e criaccedilatildeo gado (corte

e leite) feijatildeo e milho

25 42

Nenhuma produccedilatildeo para auto consumo

04 6

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

Sobre a produccedilatildeo de feijatildeo para autoconsumo alguns produtores

mencionam que produzem separadamente o feijatildeo para a venda do feijatildeo para

92

consumo da famiacutelia afirmando que no feijatildeo para venda satildeo aplicados dessecantes

para acelerar o periacuteodo de colheita e no feijatildeo que eacute para o consumo natildeo utilizam

essa praacutetica Esse fato natildeo eacute raro no municiacutepio acontecendo tanto nas pequenas

propriedades como nas grandes Isso demonstra que os agricultores familiares estatildeo

interessados no lucro de sua produccedilatildeo e natildeo tecircm muita preocupaccedilatildeo com as

praacuteticas que os ambientalistas e produtores orgacircnicos qualificam como sustentaacuteveis

Dessa forma eacute desnecessaacuteria a visatildeo dualista ente pequenos e grandes produtores

agriacutecolas concordando entatildeo com Diniz Filho (2011) quando escreve o texto

intitulado Agricultura familiar e meio ambiente o perigo da simplificaccedilatildeo ideoloacutegica

mencionando que organizaccedilotildees como CNBB e MST buscam toda sorte de

argumentos para contrapor o agronegoacutecio agrave agricultura camponesa afirmando que o

agronegoacutecio destroacutei a natureza por estar preocupado com lucros ao passo que os

agricultores familiares tenderiam a usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis porque

buscam somente reproduzir seu modo de vida

A produccedilatildeo de animais como vacas de leite boi para engorda criaccedilatildeo de

porcos e galinhas tambeacutem eacute comum entre os produtores de fumo como mostra a

figura 11

FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

93

Portanto conforme afirma Ternoski (2013) a renda agriacutecola dos

estabelecimentos familiares eacute composta da venda de produtos agropecuaacuterios e de

autoconsumo O autoconsumo eacute a quantidade que a famiacutelia consome em produtos

que produz no estabelecimento podendo ser de origem animal ou vegetal como

tambeacutem da transformaccedilatildeo caseira ou seja esses produtos complementam a renda

dos agricultores pelo fato de natildeo precisarem ser comparados pois se destinados ao

mercado podem gerar receita

Acesso a tecnologias e ao creacutedito agriacutecola

TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES

Nordm de famiacutelias Percentual () Possui uma estufa eleacutetrica 54 90

Natildeo possui estufa eleacutetrica 6 10

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

A Grande maioria dos fumicultores (90) possui em sua propriedade a estufa

eleacutetrica Essas famiacutelias afirmam que quando mudaram da estufa tradicional para a

eleacutetrica os trabalhos com matildeo de obra diminuiacuteram bastante pois para secar o fumo

na estufa eleacutetrica natildeo eacute necessaacuterio amarrar as folhas de fumo como demonstra a

figura 12 Jaacute nas estufas tradicionais em que a secagem natildeo eacute eleacutetrica a

quantidade de matildeo de obra exigida eacute bem maior como demonstrado na figura 13

As famiacutelias que natildeo possuem estufa eleacutetrica mencionam que natildeo pretendem

produzir por muito tempo o fumo desse modo natildeo seria viaacutevel adaptar ao sistema

eleacutetrico Nas propriedades onde a produccedilatildeo eacute maior de 70000 peacutes existem duas

estufas (figura 14)

94

FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO

Fonte Vilczak A Trabalho de campo (2016)

FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS

95

Fonte KUTZMY A Trabalho de campo (2015)

FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)

TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO

Bens adquiridos Nordm de famiacutelias Percentual ()

Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e terras no espaccedilo rural

20 33

Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e

terreno na cidade

6 10

Casa carro e terra 4 7

Carro casa trator e implementos agriacutecolas

26 43

Somente carro e casa 4 7

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

A partir dos dados acima pode-se notar que todos os entrevistados

conseguiram adquirir bens de capital considerados de grande importacircncia como

terrenos trator implementos agriacutecolas casa lotes no periacutemetro urbano entre outros

bens de menor importacircncia como eletrodomeacutesticos aleacutem dos reparos feitos na

96

propriedade que natildeo foram contabilizados pela pesquisa apesar de mencionados

pelos entrevistados As figuras 15 e 16 satildeo de algumas propriedades de produtores

de fumo entrevistados propriedades essas com casas de alvenaria galpatildeo e carro

Desse modo concorda-se com a tese de doutoramento de Manuel Antonio

Nunguiacutea Payas intitulada Empresaacuterio familial rural a integraccedilatildeo agrave agroinduacutestria de

fumo e diferenciaccedilatildeo em que o autor faz um estudo sobre a produccedilatildeo de fumo no

municiacutepio de Rio AzulPR mencionando que os fumicultores integrados estudados

por ele tiveram um aumento no patrimocircnio e que esses natildeo estatildeo inseridos na

produccedilatildeo somente para satisfaccedilatildeo das necessidades de sobrevivecircncia familiar mas

sim agindo no mercado como empresaacuterios investindo o seu capital nas atividades

com expectativa de maiores lucros e menores riscos ou seja analisando o custo de

oportunidade de cada cultura Nesse sentido para o autor o produtor familiar

integrado eacute um empresaacuterio que apresenta como principal caracteriacutestica a matildeo de

obra e propriedade familiares

FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)

97

FIGURA 16 - BENS ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)

A produccedilatildeo de fumo apesar de ser considerada pelos proacuteprios fumicultores

como uma atividade que exige muita matildeo de obra representou melhoria na

qualidade de vida deles pois grande parte das famiacutelias entrevistadas conseguiu

adquirir bens materiais como terras lotes no periacutemetro urbano casa carro trator

entre outros de menor valor bens esses dificilmente adquiridos somente com

atividades agriacutecolas tradicionais como milho feijatildeo e outros A explicaccedilatildeo para que

esses agricultores familiares escolham primeiramente a produccedilatildeo de fumo e natildeo a

produccedilatildeo de alguma cultura tradicional desenvolvida com grande representatividade

no municiacutepio desde a segunda metade do seacuteculo XIX estaacute no custo de

oportunidade dessa cultura Os fumicultores avaliam primeiramente os ganhos

econocircmicos que essa cultura proporciona em relaccedilatildeo agrave quantidade de terras

disponiacutevel em suas propriedades eou por meio de arrendamento

Outro fato que exemplifica a melhoria da qualidade de vida dos fumicultores

pode ser observado no proacuteprio municiacutepio A regiatildeo Norte de Prudentoacutepolis eacute

caracterizada pela produccedilatildeo de culturas tradicionais sendo que na grande maioria

das vezes essas lavouras satildeo realizadas manualmente devido agrave topografia muito

acentuada 8 Essa regiatildeo eacute considerada como menos desenvolvida que a regiatildeo

central e Sul devido agrave baixa produtividade por unidades familiares

Isso natildeo significa que se esteja afirmando aqui que a soluccedilatildeo econocircmica para

os produtores familiares da regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis seria a

8Atividades agriacutecolas consideradas muitas vezes mais penosas que a proacutepria produccedilatildeo de fumo pois esses agricultores carregam sacas de feijatildeo e de espigas de milho nas proacuteprias costas em terrenos muito iacutengremes aleacutem do plantio e dos tratos culturais realizados manualmente ou com traccedilatildeo animal

98

opccedilatildeo pelo cultivo do fumo Apenas constata-se que a inserccedilatildeo dos pequenos

produtores nos mercados e culturas mais seguras economicamente lhes proporciona

uma melhora econocircmica ao passo que tambeacutem o uso de aparatos tecnoloacutegicos

contribui para o aumento da produtividade e consequentemente ganhos monetaacuterios

maiores

Concorda-se com Schultz (1965) quando defende que a eficiecircncia e a

maximizaccedilatildeo do lucro satildeo partes de um sistema econocircmico eficiente e racional

Esse autor considera que todos os agricultores capitalizados ou de subsistecircncia

analisam a relaccedilatildeo entre a entrada de insumos e os resultados econocircmicos da

mesma maneira que os empresaacuterios modernos sendo o produtor um maximizador

de lucros em busca da eficiecircncia econocircmica

Nesse sentido a modernizaccedilatildeo da agricultura e a expansatildeo dos mercados

contribuiacuteram para de um lado expropriar algumas unidades de produccedilatildeo familiar e

de outro transformar agricultores familiares em empresaacuterios rurais com dependecircncia

tecnoloacutegica e financeira do mercado neste caso prevalecendo agrave racionalizaccedilatildeo

econocircmica e o objetivo principal da unidade de produccedilatildeo passando a ser a inserccedilatildeo

no mercado e a ampliaccedilatildeo dos lucros

TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO)

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

Utiliza Frequentemente essa linha de creacutedito

36 60

Utilizou algumas vezes mas natildeo utiliza mais

5 8

Nunca utilizou esse tipo de creacutedito

19 32

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

A grande maioria dos produtores entrevistados (60) utiliza a linha de creacutedito do

PRONAF tanto o custeio agriacutecola como tambeacutem o PRONAF investimento O

PRONAF custeio estaacute ligado agrave produccedilatildeo de gratildeos (soja milho feijatildeo) e o PRONAF

investimento estaacute voltado para a compra de trator implementos agriacutecolas

99

(plantadeiras carretas pulverizadores) e tambeacutem para investimentos com a

produccedilatildeo leiteira (ordenhadeiras e resfriadores)

Os fumicultores que aderiram ao PRONAF mencionam que o creacutedito agriacutecola

possibilitou a compra de trator e a carreta para o transporte do fumo da lavoura para

a estufa preparo do solo aplicaccedilatildeo de agrotoacutexicos etc aquisiccedilatildeo essa impossiacutevel

com pagamento agrave vista A figura 17 mostra tratores e carretas adquiridos por um

fumicultor morador da Linha Dezembroe por um da Comunidade de Linha Antocircnio

Olinto atraveacutes do PRONAF e conforme relata o fumicultor da Comunidade de Linha

Dezembro

Para noacutes o PRONAF eacute bom que financiamos o trator e outros maquinaacuterios [] antes tinha que trazer o fumo com carroccedila e cavalos agraves vezes os bichos ficavam doente na safra agraves vezes morriam [] agora com o trator e a carreta daacute pra trazer mais fumo da roccedila [] para noacutes deu uma grande diferenccedila (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)

FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

O fumicultor da Linha Dezembro relata que adquiriu o trator no ano de 2011

dando como entrada R$ 10000 teve carecircncia de pagamento por dois anos (2012 e

2013) e o restante do valor seraacute quitado entre 2014 e 2019 com parcelas anuais

entre R$ 9000 e R$ 8000 O mesmo comenta que com o dinheiro do fumo

consegue pagar as parcelas nas datas certas para o banco

Os agricultores que possuem trator fazem trabalhos terceirizados para

aqueles que natildeo possuem obtendo assim uma renda extra durante o ano O

fumicultor da Linha Dezembro afirma tambeacutem que a linha de creacutedito do PRONAF

100

trouxe melhora nas condiccedilotildees de trabalho e financeiras pois aumentaram a

produccedilatildeo e a produtividade

Aqueles que mencionaram terem usado a linha de creacutedito do PRONAF mas

que atualmente natildeo usam mais satildeo aqueles que jaacute compraram os implementos

agriacutecolas de que necessitavam e que compram os insumos para o plantio com

pagamento agrave vista ou a prazo na cooperativa agriacutecola mista de Prudentoacutepolis

(CAMP)

Os que nunca usaram as linhas de creacutedito do PRONAF satildeo fumicultores que

tambeacutem compram com pagamento agrave vista ou a prazo por meio da CAMP para pagar

com a produccedilatildeo Jaacute os que possuem trator compram agrave vista ou de vizinhos e

parentes pagando em prestaccedilotildees anuais sem relaccedilatildeo com bancos Esses alegam

ter receio de natildeo conseguir quitar o financiamento e por isso natildeo aderem ao

PRONAF

Outra forma de transportar o fumo da lavoura para a estufa eacute atraveacutes de

caminhonetes e tambeacutem atraveacutes de carroccedilas como mostra as fotos da figura 18

FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

101

TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

Matildeo de obra empregada na atividade fumageira

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

Somente matildeo de obra familiar

4 7

Contrataccedilatildeo de matildeo de obra em todo o periacuteodo da safra

0 0

Contrataccedilatildeo de matildeo de obra somente para a colheita

18 30

Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras em todo o periacuteodo da safra

8 13

Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras

somente para a colheita

30 50

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Nota-se que 63 das famiacutelias usam o sistema de trocas de dias para a

produccedilatildeo de fumo poreacutem 50 desses fazem parcerias somente nos dias de

colheita os quais variam entre um dia e meio a dois dias Essa parceria eacute feita para

natildeo contratar matildeo de obra poreacutem esses fumicultores tecircm um controle da quantidade

dos dias trocados entre eles e no final da safra aquele que estiver devendo horas

trabalhadas acerta em dinheiro conforme o valor da diaacuteria paga para colheita a qual

estaacute em torno de 100 a 120 reais

O tempo de secagem das folhas de fumo na estufa varia entre cinco e seis

dias Apoacutes secas essas folhas precisam ficar mais um dia dentro da estufa para

esfriar ou seja o periacuteodo entre o dia da colheita e o dia de tirar as folhas de fumo da

estufa varia de oito a dez dias e a quantidade meacutedia de colheitas por safra eacute entre

seis e oito

Nesse sentido os meses de novembro dezembro janeiro e parte de fevereiro

satildeo de trabalho intenso motivo pelo qual muitos dos entrevistados afirmam que a

desvantagem de produzir o fumo estaacute relacionada ao trabalho intenso nesses

meses

As famiacutelias com mais de quatro membros com idade suficiente (18 anos) para

estarem envolvidos na produccedilatildeo de fumo alegam que conseguem vencer

tranquilamente os trabalhos somente com a matildeo de obra familiar e que raramente

102

contratam matildeo de obra para a colheita (figura 19) Nessa perspectiva trabalham

intensamente nos dois dias de colheita e no restante dos dias (quando o fumo estaacute

secando) se dedicam a outras atividades da propriedade

FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

Tipos de famiacutelias Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Famiacutelia com apenas um

membro aposentado 10 17

Famiacutelia com dois membros aposentados

8 13

Famiacutelia com membro que recebe bolsa famiacutelia

5 8

Famiacutelia sem nenhum membro que recebe repasse social

37 62

Total 60 100 QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Os dados mostram que 62 das famiacutelias entrevistadas natildeo se beneficiam de

repasses sociais jaacute 17 das famiacutelias satildeo compostas por um membro que recebe

aposentadoria e 13 delas com dois membros aposentados Esses aposentados

natildeo satildeo os responsaacuteveis pela produccedilatildeo de fumo da famiacutelia poreacutem muitos alegam

que ajudam em tarefas consideradas por eles leves como a classificaccedilatildeo das folhas

do fumo jaacute que eacute realizada em ambientes protegidos das intempeacuteries e sentados

Uma parcela de 8 se beneficia do bolsa famiacutelia poreacutem alegam que esse valor

mesmo ajudando nas necessidades dos filhos natildeo eacute a maior parte da renda familiar

103

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos 0 0 Sempre tem problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina ( doenccedila da folha verde) (

acircnsia vocircmitos e mal estar)

25

42

Jaacute teve problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina

(doenccedila da folha verde) ( acircnsia vocircmitos e mal-estar)

16

27

Nunca teve problemas de sauacutede relacionados agrave

produccedilatildeo de fumo

19

31

Total 60 100 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Ao perguntar sobre intoxicaccedilatildeo dos fumicultores por agrotoacutexicos nenhuma

famiacutelia alegou ter acontecido esse fato com os membros da famiacutelia Afirmam que a

quantidade de agrotoacutexico que passam no fumo eacute menor que na soja milho e feijatildeo e

que quando vatildeo manusear agrotoacutexicos fazem o uso dos equipamentos de proteccedilatildeo

individual jaacute que diferente de outras culturas mecanizaacuteveis a pulverizaccedilatildeo do

agrotoacutexico no fumo eacute totalmente manual

Uma parcela expressiva de 69 alega que pelo menos um dos membros da

famiacutelia tem ou jaacute teve intoxicaccedilatildeo por nicotina ao realizar a colheita de fumo esses

que se apresentam de formas distintas de um indiviacuteduo para outro como acircnsia

vocircmitos mal-estar e insocircnia

Uma porcentagem menor composta por 31 das famiacutelias entrevistadas

dizem que nunca nenhum dos membros teve sintomas diferenciados apoacutes o contato

com a folha de fumo

TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO

Desvantagens da produccedilatildeo de fumo

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

Exige muito trabalho 18 30 Exige muito trabalho e causa

problemas de sauacutede 27 45

Falta de matildeo de obra para contratar

8 13

Natildeo vecirc desvantagens em produzir fumo

7 12

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo ( 2015)

104

Dos entrevistados 30 afirmam que a principal desvantagem eacute a

intensificaccedilatildeo do trabalho principalmente nos dias de colheita e aplicaccedilatildeo de

agrotoacutexicos os quais satildeo feitos manualmente Jaacute 45 deles afirmam que a

produccedilatildeo de fumo aleacutem de exigir muito trabalho tambeacutem traz problemas de sauacutede

normalmente aqueles que satildeo mais sensiacuteveis quando em contato com a nicotina

presente nas folhas do fumo (doenccedila da folha verde)

Outra variaacutevel que 13 dos entrevistados consideram desvantagem eacute a

questatildeo da matildeo de obra visto alegarem que principalmente para aquelas famiacutelias

que satildeo compostas de trecircs a quatro membros e que normalmente produzem uma

quantidade maior que a famiacutelia consiga dar conta tecircm muita dificuldade de encontrar

pessoas disponiacuteveis para contratar tendo assim que aumentar as jornadas de

trabalho ou diminuir a produccedilatildeo

Por fim uma parcela de 12 afirma que natildeo haacute qualquer desvantagem em

produzir fumo justificando que independentemente da atividade a ser realizada

deve-se trabalhar Dentre os entrevistados quatro famiacutelias afirmam que preferem

produzir fumo porque natildeo trabalham nos finais de semana e o trabalho natildeo dura o

ano todo como ocorre na produccedilatildeo leiteira que exige o empenho diaacuterio Para esses

a produccedilatildeo de fumo permite uma flexibilizaccedilatildeo do trabalho bem maior que a

produccedilatildeo de leite Nesse sentido pode-se concluir que cada famiacutelia tem preferecircncias

distintas na escolha da atividade que vai ser desenvolvida na propriedade

TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Sempre lecirc 6 10 Agraves vezes 18 30

Jaacute leu mas natildeo lecirc mais 6 10 Nunca leu 30 50

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

Dentre as famiacutelias entrevistadas nota-se que a metade delas nunca leu o

contrato emitido pela Souza Cruz justificando natildeo ter interesse na leitura ou por

saber do conteuacutedo do contrato por meio de vizinhos ou do instrutor teacutecnico

105

Agraves vezes quando a gente pede o instrutor lecirc direito pra gente pois natildeo tenho muito estudo e demora de mais pra ler tudo (Fumicultor da comunidade de Linha Antocircnio Olinto) Natildeo leio porque jaacute sei o que estaacute escrito todo ano eacute igual (Fumicultor da comunidade de Linha Visconde de Guarapuava) Natildeo leio a gente confia na firma (Fumicultor da comunidade de Linha Marcondes) Leio todo o contrato mas depois que assino e que instrutor vai embora (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)

A baixa escolaridade juntamente com poucos haacutebitos de leitura satildeo os

principais fatores que geram contratos assinados sem preacutevias leituras

Expectativas das famiacutelias em permanecer na atividade fumageira

Pretensotildees Nordm de famiacutelias Percentual ()

Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo por tempo

indeterminado

35 58

Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo poreacutem

diminuir a produccedilatildeo

18 30

Pretende parar completamente com a produccedilatildeo de fumo em

pequeno prazo de tempo (1 a 3 anos)

7 12

Total 60 100

QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Conforme demonstrado na tabela acima 58 das famiacutelias pretendem

permanecer com a produccedilatildeo de fumo por tempo indeterminado Jaacute 30 delas

pretendem continuar poreacutem diminuir o volume produzido Essas 30 das famiacutelias

mencionam que querem diminuir a produccedilatildeo pela falta de matildeo de obra uma vez que

os filhos estatildeo com intenccedilatildeo de sair de casa por motivos distintos como estudar

trabalhar em outro ramo etc

Outros 7 do total dos entrevistos tecircm a intenccedilatildeo de parar de produzir fumo

nos proacuteximos trecircs anos afirmando que vatildeo migrar para setores mais competitivos

106

como a soja e o leite Outros afirmam que querem parar porque jaacute estatildeo

aposentados e os filhos pretendem trabalhar em outras atividades de modo que a

famiacutelia tende a ficar pequena demais para essa cultura

Com relaccedilatildeo agrave venda da produccedilatildeo de fumo todos os entrevistados afirmam

que vendem a produccedilatildeo para a empresa integrada poreacutem os quilos produzidos

excedentes ao contrato firmado agraves vezes satildeo vendidos para atravessadores ou ateacute

mesmo para outras empresas Os fumicultores mencionaram que no geral tecircm

uma relaccedilatildeo tranquila com a empresa poreacutem existem safras em que o preccedilo do

quilo do fumo do ponto de vista deles deveria ser maior Esse fato eacute entendido pelo

paradigma da agricultura camponesa como conflito entre a territorialidade

corporativa Souza Cruz e a territorialidade dos fumicultores pelo fato de agricultor

natildeo ter autonomia de decisatildeo do preccedilo pago por quilo do fumo existindo entatildeo certo

conflito muitas vezes ldquosilenciosordquo entre essas territorialidades

Todavia o paradigma da agricultura familiar por natildeo estar baseado em

teorias anticapitalistas explica os processos de formaccedilatildeo de preccedilos a partir de

pressupostos teoacutericos diferentes Numa economia de mercado o vendedor jamais

possui autonomia plena para decidir o preccedilo do seu produto pois satildeo os

compradores que avaliam de acordo com seus objetivos e necessidades quanto

estatildeo dispostos a pagar por um bem ou serviccedilo Mas ao mesmo tempo os

compradores tambeacutem natildeo possuem autonomia para decidir o preccedilo de um produto

ao seu bel prazer pois se o vendedor natildeo considerar a venda vantajosa deixaraacute de

produzir ou de revender o produto em questatildeo para se dedicar a outra atividade

econocircmica mais rentaacutevel No caso em pauta a Souza Cruz eacute obrigada a pagar um

preccedilo que supere o custo de oportunidade para os agricultores familiares de

produzir leite feijatildeo soja ou qualquer outro produto sob pena de a empresa perder

seus fornecedores

Nesse sentido vale recordar as informaccedilotildees apresentadas na Tabela 15 visto que

20 dos entrevistados afirmam ter escolhido produzir fumo devido agrave renda que essa

cultura oferece e tambeacutem agrave garantia de venda b) 58 responderam que essa

escolha se deu em funccedilatildeo da renda da venda garantida e tambeacutem da pouca

disponibilidade de terras em suas propriedades c) 10 citaram apenas a pouca

disponibilidade de terras como motivo para plantar fumo d) 12 afirmaram que essa

opccedilatildeo se daacute apenas pela falta de outras opccedilotildees

107

Outro fator que regula o valor pago por quilo de fumo como jaacute demonstrado no

trabalho estaacute relacionado a oferta e demanda do produto pelo mercado A safra de

20152016 eacute um exemplo na qual devido ao baixo estoque de fumo nos armazeacutens

das empresas e pela procura desse produto por parte dos consumidores o valores

pagos por quilo de fumo aumentaram fato esse notado tambeacutem em outros produtos

do setor do agronegoacutecio

Isso indica que o paradigma da agricultura familiar eacute o que se mostra coerente com

os dados da pesquisa de campo pois fica claro que os produtores familiares optam

pelo fumo em funccedilatildeo de um caacutelculo dos custos de oportunidade que considera os

fatores rentabilidade garantia de renda e disponibilidade de terra de sorte que os

preccedilos praticados pela Souza Cruz tecircm um patamar miacutenimo definido pela avaliaccedilatildeo

que os agricultores fazem desses custos E essa conclusatildeo eacute reforccedilada quando se

relembram as informaccedilotildees da Tabela 19 posto que apenas 33 dos entrevistados

se dedicam exclusivamente ao fumo enquanto os demais produzem e

comercializam tambeacutem outros tipos de produtos tais como leite soja e feijatildeo

Mais uma vez verifica-se que cada famiacutelia tem projetos distintos os quais

estatildeo intrinsecamente relacionados agrave estrutura familiar agrave disponibilidade de terras e

outros fatores gerando estrateacutegias diferenciadas para se reproduzir no campo

havendo desde aqueles produtores que vecircm na atividade fumageira o seu futuro ateacute

aqueles que pretendem migrar o mais raacutepido possiacutevel para outra atividade Nesse

sentido vemos que essas famiacutelias buscam ser competitivas nas atividades que

realizam se dedicando agravequelas que julgam mais rentaacuteveis eou combinando duas ou

mais culturas para obter mais vantagens

108

V - CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O desenvolvimento desta pesquisa baseada no estudo de caso de uma

amostragem de produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis contratados pela

empresa Souza Cruz permitiu demonstrar que os agricultores familiares

entrevistados buscam atraveacutes de suas condiccedilotildees de produtor se inserir em setores

que permitem maximizar seus lucros Portanto a realizaccedilatildeo desta pesquisa eacute

pertinente pelo fato de mostrar que os fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de

commoditie atraveacutes de uma cadeia produtiva competitiva

Dessa forma a caracterizaccedilatildeo dos fumicultores a partir dos grupos A B C e

D se justifica por apresentarem dados oficiais e sistematizados o que contribui para

natildeo generalizar os resultados somente a partir da amostragem dos fumicultores

entrevistados nos trabalhos de campo Demonstrando que no municiacutepio de

Prudentoacutepolis a maior parte dos fumicultores se aproxima daqueles agricultores

familiares do tipo A e B Ou seja aqueles capitalizados e em processo de

capitalizaccedilatildeo indicando que a cultura de fumo estaacute dentre aquelas que geram uma

taxa de pobreza menor no meio rural Essa constataccedilatildeo tambeacutem eacute notada a partir

das entrevistas de campo conforme demonstrado na Tabela 22 posto que todos os

entrevistados conseguiram com a renda do fumo adquirir bens de capital como casa

carro trator terra de cultivo lote no periacutemetro urbano aleacutem daqueles bens de capital

como os eletrodomeacutesticos

Com isso a visatildeo dualista entre agricultura familiar e agronegoacutecio natildeo eacute

compreendida com adequada nesse trabalho pelo fato de existirem muitas formas

de agricultores familiares que se aproximam ao padratildeo do agronegoacutecio como por

exemplo os fumicultores que estatildeo no grupo A e B Desse modo compreende-se

que os fumicultores entrevistados da mesma forma que a agricultura patronal

buscam atraveacutes da modernizaccedilatildeo e do uso de insumos agriacutecolas (agrotoacutexicos e

fertilizantes) meios para permanecerem integrados e competitivos no mercado

Os fumicultores estatildeo inseridos ao complexo agroindustrial fumageiro e por

conseguinte estatildeo prosperando economicamente concordando-se entatildeo com os

pressupostos teoacutericos voltados ao paradigma da agricultura familiar e com autores

como Valente (2008) Diniz (2011) e Navarro (2014) que natildeo costumam fazer uma

109

oposiccedilatildeo radical entre agricultura familiar e agronegoacutecio ao ponto de existir

conflitualidades de interesses entre ambos Ou seja conflito entre a territorialidade

coorporativa da induacutestria fumageira e a territorialidade da agricultura familiar

camponesa

Desse modo a pesquisa tambeacutem natildeo tem por objetivo afirmar que no Brasil

natildeo existam sistemas de produccedilatildeo camponesa poreacutem os dados de campo mostram

que no caso em estudo 67 dos entrevistados natildeo produzem somente fumo e que

esses estatildeo inseridos em outras cadeias produtivas como leite feijatildeo soja e milho

ou seja os fumicultores tem mais opccedilotildees poreacutem acham interessante continuar com o

fumo Esses dados natildeo satildeo diferentes do restante do Brasil natildeo generalizando

somente a partir dos entrevistados

Apesar das oscilaccedilotildees no volume produzido como tambeacutem em relaccedilatildeo ao

mercado do fumo no Brasil e consequentemente no municiacutepio de Prudentoacutepolis

conforme exposto nos capiacutetulos II e III nota-se que essa cultura proporcionou a

ascensatildeo econocircmica desses agricultores familiares sendo que muitos desses

pequenos capitalistas como jaacute mencionado conseguiram adquiri terras para entatildeo

competir nos setores de gratildeos como a soja e o milho que a competitividade eacute

melhor para grandes proprietaacuterios querendo assim dar esse salto e ao mesmo

tempo trabalhando com a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo com intuito de deixar a renda

da propriedade menos vulneraacutevel A partir desses fatos e de acordo com os

resultados dos dados de campo eacute coerente dizer que o direcionamento dos

agricultores entrevistados para o cultivo de culturas que tem maior rentabilidade

proporcionou melhoras nas condiccedilotildees econocircmicas da famiacutelia pois somente com a

lavoura tradicional e pequena criaccedilatildeo de animais natildeo seria possiacutevel conquistar bens

de capital

Nesse sentido Navarro (2014) aponta que o preccedilo dos alimentos consumidos

pelos brasileiros em termos de reais diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas devido a inserccedilatildeo

dos pacotes tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo agriacutecola que proporcionaram o aumento

da produtividade e a consequente queda do preccedilo final contribuindo para a

facilidade de acesso desses produtos por parte da populaccedilatildeo jaacute em contra partida o

custo para uma pessoa manter seu haacutebito de fumar aumentou Ou seja os

agricultores que permaneceram ou inseriram-se na produccedilatildeo de fumo tiveram um

aumento na sua rentabilidade

110

Dessa forma eacute certo que os agricultores familiares entrevistados da mesma

forma que os agricultores patronais buscam aumentar seus rendimentos uma vez

que os dados de campo mostram que uma porccedilatildeo dos fumicultores tem pretensotildees

de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou seja agem no mercado

como pequenos capitalistas Poreacutem esses agricultores ainda natildeo migram totalmente

para outras atividades por ser esta uma das poucas cadeias produtivas compatiacuteveis

com as suas condiccedilotildees de produtor Tambeacutem muitos produtores podem encontrar

dificuldades em migrar para outras culturas que exigem maiores recursos

(SCHOENHALS et al 2009) necessitando assim de linhas de creacuteditos agriacutecolas

direcionados para esses agricultores

Os autores como Fernandes (2008) e Roos (2015) que trabalham na

perspectiva do paradigma da agricultura camponesa afirmam haver conflitualidade

entre os camponeses e as agroinduacutestrias que trabalham no sistema de produccedilatildeo

integrada como eacute o caso da agroinduacutestria fumageira afirmando existir uma sujeiccedilatildeo

da renda dos camponeses uma vez que os agricultores camponeses natildeo possuem

autonomia com relaccedilatildeo ao modo de produzir o produto como tambeacutem na hora de

fixar o preccedilo final da safra Poreacutem natildeo eacute levado em consideraccedilatildeo que o preccedilo do

quilo do fumo pago ao produtor contratado estaacute intrinsecamente relacionado a oferta

e demanda do produto por parte do mercado o que expressa adequadamente o

valor marginal pago muitas vezes aos fumicultores visto que a empresa tambeacutem

deve colocar a sua margem de lucro conforme a demanda do produto

Outra questatildeo voltada ao paradigma camponecircs eacute em relaccedilatildeo agrave

industrializaccedilatildeo da agricultura e apontada por Fernandes (2013) como um processo

que resulta no desenvolvimento desigual e contraditoacuterio no campo que deixa as

unidades camponesas de produccedilatildeo se tornar mais vulneraacuteveis ao capital Poreacutem os

dados da Tabela 23 mostram que 68 dos entrevistados usam ou jaacute utilizaram

alguma linha de creacutedito agriacutecola para o investimento em maquinaacuterios agriacutecolas

afirmando que conseguem tem uma produtividade maior e que conseguem pagar as

prestaccedilotildees desses maquinaacuterios tranquilamente

Sabendo que Ploeg (2009) afirma que o camponecircs eacute caracterizado por lutar

por sua autonomia uma vez que conforme apontado pro Thomaz Juacutenior (2008) a

loacutegica do capital impotildee que o agricultor esteja preso a gestatildeo de uma empresa e natildeo

111

mais de sua famiacutelia natildeo se completa para essa pesquisa uma vez que a explicaccedilatildeo

para a empresa estabelecer os seus moldes de produccedilatildeo se baseia na demanda do

produto pelo mercado instituindo assim para os seus contratados os tipos de fumos

com maiores demandas o que justifica a empresa impor o tipo de variedade de fumo

que quer comprar como tambeacutem os tratos culturais necessaacuterios para se chegar ao

produto desejado

Contraditoacuterio ao que foi exposto por Paulino e Almeida (2010) quando

mencionam que o campesinato deve ser considerado como uma contradiccedilatildeo e natildeo

como uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeo capitalista os resultados da

pesquisa mostraram que a articulaccedilatildeo com os modelos de produccedilatildeo capitalistas

proporcionaram a permanecircncia de agricultores familiares no espaccedilo rural uma vez

que os aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo que eacute bastante disseminada entre

agricultores familiares induziram o aumento da rentabilidade diminuindo assim as

taxas de pobreza Aleacutem disso nota-se que o fumicultores sendo pequenos

capitalistas natildeo buscam somente a reproduccedilatildeo do modo de vida mas sim agem no

mercado investindo em setores mais rentaacuteveis adequado para a sua condiccedilatildeo de

produtor com pretensatildeo de torna-se um agricultor ainda mais competitivo

Mais uma vez defende-se que a inserccedilatildeo dos agricultores familiares aos

mercados capitalistas natildeo deve ser entendido a partir de um dualismo estando de

um lado o agronegoacutecio e de outro o camponecircs como jaacute ressaltado por Schneider

(2006) que tanto um quanto outro grupo estaacute interessado em um mesmo processo

que eacute o da produccedilatildeo e o do consumo Nesse sentido eacute importante se trabalhar com

a heterogeneidade da agricultura familiar para assim se pensar como esses

agricultores podem se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo

Portanto a presente pesquisa embasada nos dados de campo mostra que a

cultura de fumo ateacute entatildeo eacute a principal orientaccedilatildeo financeira dos agricultores

familiares entrevistados seguidas de outras estrateacutegias de reproduccedilatildeo como o

cultivo da soja produccedilatildeo de leite feijatildeo milho Demonstrando dessa forma que os

mesmos buscam maximizar seus lucros e diversificar sua produccedilatildeo para diminuir a

vulnerabilidade econocircmica da propriedade Contudo pode afirmar atraveacutes do

paradigma da agricultura familiar que os fumicultores considerados como pequenos

capitalistas se reproduzem no mercado sob pressatildeo das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e

112

da concorrecircncia e buscam ser competitivos natildeo havendo incompatibilidade ou

conflitos dos agricultores familiares para com o capital

113

REFEREcircNCIAS

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118 lthttpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=412060ampidtema=1 36ampsearch=parana|prudentopolis|producao-agricola-municipal-lavoura- permanente-2013gt Produccedilatildeo agriacutecola municipal ndash Lavoura temporaacuteria 2013 Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=412060ampidtema=1 37ampsearch=parana|prudentopolis|producao-agricola-municipal-lavoura- temporaria-2013gt Acesso em 23042015 Produccedilatildeo agriacutecola municipal ndash Pecuaacuteria 2013 Disponiacutevel em lthttpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=412060ampidtema=1 35ampsearch=parana|prudentopolis|pecuaria-2013gtAcesso em 23042015 INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANAacute (IAP) Moacutedulos fiscais dos municiacutepio do paranaacute Disponiacutevel em lthttpwwwiapprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1328gt Acesso em 11032015Acesso em 23042015 INSTITUTO PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO ECONOcircMICO E SOCIAL (IPARDES) Caderno estatiacutestico do municiacutepio de Prudentoacutepolis 2015 INSTITUTO PARANAENSE DE ASSISTEcircNCIA TEacuteCNICA E EXTENSAtildeO RURAL Promoccedilatildeo da agricultura familiar sustentaacutevel na regiatildeo Centro Sul do Paranaacute ndash Chamada puacuteblica SAFATER nordm 2012 lote 34 Curitiba 2012 INSTITUTO SOUZA CRUZ Novos rurais 2015 Disponiacutevel em lthttpwwwinstitutosouzacruzorgbrgroupmssitesINS_8BFK5YnsfvwPages WebLiveDO8U4Q3Nopendocumentgt Acesso em 05082015 JANK M S Revendo as poliacuteticas agriacutecolas e agraacuterias O estado de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 4 out 2006 Espaccedilo Aberto p A2 Disponiacutevel em httpwww2senadogovbrbdsfbitstreamid528821noticiahtm Acesso em 02 jun 2014 JAPAN TABACCO IND About tobacco Disponiacutevel em lthttpwwwjticomabout-tobaccogt Acesso em 05082015 KAUTSKI K A questatildeo agraacuteria Traduccedilatildeo de Otto E W MAAS Coleccedilatildeo Pensamento Social-Democrata Brasilia DF Linha Graacutefica Editora1998 588p KIST B B Anuaacuterio brasileiro do fumo Editora Gazeta Santa Cruz do Sul 2004 KRAICZEK T ANTONELI A O avanccedilo do cultivo do Tabaco no municiacutepio de Prudentoacutepolis-Pr estudo de caso da deacutecada de 2000 Revisata Percurso ndash NEMO Maringaacute V4 n2 p 59-77 2012

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120

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121 SANTOS M A Territorialidade e a Sustentabilidade ou a Ecologia do Espaccedilo Poliacutetico In Sociedade amp Natureza Uberlacircndia UFU ano 9 n 17 p 41- 561997a Metamorfoses de espaccedilo habitado Satildeo Paulo Hucitec 1997b A Natureza do Espaccedilo Teacutecnica e Tempo Razatildeo e Emoccedilatildeo Satildeo Paulo Hucitec 1996 Metamorfoses de espaccedilo habitado Satildeo Paulo Hucitec 1997 O Territoacuterio e o Saber Local algumas categorias de anaacutelise Cadernos IPPUR Rio de Janeiro Ano XIII Nordm 2 p 15-26 1999a O dinheiro e o territoacuterio Revista da Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia

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123 SINDICATO INTERESTADUAL DA INDUacuteSTRIA DO TABACO (SINDITABACO) Disponiacutevel em lthttpsinditabacocombrgt Acesso em 01042015 SOUZA MJLde O territoacuterio sobre o espaccedilo e poder autonomia e desenvolvimento In CASTRO IE de GOMES PC da C CORREcircA RL (Orgs) Geografia Conceitos e temas 5 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2003 ldquoTerritoacuteriordquo da divergecircncia (e da concepccedilatildeo) em torno das imprecisas fronteiras de um conceito fundamental In SAQUET MA SPOSITO E S (Org) Territorio e territorialidade teorias processos e conflitos Satildeo Paulo UNESP 2009 O territoacuterio Sobre espaccedilo e poder autonomia e desenvolvimento In CASTRO I E De CORREcircA R L amp p C (Org) Geografia Conceitos e Temas Rio de Janeiro Ed Bertrand Brasil 2005 SPOSITO E S Redes e cidades Satildeo Paulo UNESP2008 SOUZA CRUZ Relatoacuterio da administraccedilatildeo Periacuteodo de 3 meses findo em 31 de marccedilo de 2015 SOUZA CRUZ Nossa histoacuteria 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLive DO7V9K2Wopendocumentgt Acesso em 04022015 British American Tabacco 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLive DO7V9KSXopendocument gt Acesso em 02042015 Distribuiccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em lthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLive DO7V9J5Zopendocumentgt Acesso em 02042015 Mercado de cigarros 2015 Disponiacutevel em ltlthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLiv eDO7V9KNXopendocumentgt Acesso em 03042015 Instituto Souza Cruz 2015 Disponiacutevel em lthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLive DO7V9Q36opendocumentgt Acesso em 20062015 SPIES R O processo de Especializaccedilatildeo Produtiva da Microrregiatildeo Fumicultura de Santa Cruz do Sul- RS Santa Cruz do Sul UNISC 2000 TERNOSKI S Estrateacutegias de melhoria da renda da agricultura familiar Anaacutelise a partir da base social da CresolPrudentoacutepolis Dissertaccedilatildeo ( Mestrado em Desenvolvimento Regional) Universidade Tecnoloacutegica Federal do Paranaacute Pato Branco 2013

1

THOMAZ JA Trabalho e territoacuterio em disputa In PAULINO E T FABRINI J E (Orgs) Campesinato e territoacuterios em disputa Satildeo Paulo SP Expressatildeo Popular 2008 P 327-356 UNIVERSAL CORPORATION ndash Fundation Disponiacutevel em lthttpwwwuniversalcorpcomFoundationDefaultaspx gt VALVERDE RRHF Transformaccedilotildees no conceito de Territoacuterio GEOUSP ndash Espaccedilo e tempo Satildeo Paulo N 15 pp 119 ndash 126 2004 Disponiacutevel em lt httpwwwgeografiafflchuspbrpublicacoesGeouspGeousp15Artigo8pdfgt Acesso em 30 de outubro de 2015 VALENTE A L E F Algumas reflexotildees sobre a polecircmica Agronegoacutecio versus Agricultura Familiar Brasiacutelia Texto para Discussatildeo 29 Brasiacutelia Embrapa Informaccedilotildees tecnoloacutegicas 2008 78p VENTURA Magda Maria O estudo de caso como modalidade de pesquisa Revista da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro v 20 n 5 p383-386 setout 2007 Disponiacutevel em lthttpsociedadescardiolbrsocerjrevista2007_05a2007_v20_n05_art10pdfgt Acesso em 20122015 VEIGA JE O desenvolvimento agriacutecola uma visatildeo histoacuterica Satildeo Paulo Hucitec 1991 Cidades imaginaacuterias Campinas Autores associados 2002 Muita fantasia sobre um uacutenico assunto Folha de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 28 Jan 2004 Dinheiro B2 VOGT O P A produccedilatildeo de fumo em Santa Cruz do Sul ndash RS (1849-1993) Santa Cruz do Sul Edunisc 1997 WANDERLEY Maria de Nazareth B O mundo rural como um espaccedilo de vida reflexotildees sobre a propriedade da terra agricultura familiar Porto Alegre editora da UFRGS 2009 WANDERLEY Maria de Nazareth Baudel Raiacutezes Histoacutericas do Campesinato Brasileiro In TEDESCO Joatildeo Carlos (Org) Agricultura Familiar Realidades e Perspectivas 2a Ed Passo Fundo EDIUPF 1999 Cap 1 p 21-55 ZAROSKI N G A utilizaccedilatildeo do tempo pelos imigrantes ucranianos de Prudentoacutepolis 1940-1960 50f TCC (Graduaccedilatildeo em Histoacuteria) Curitiba UFPR 2001

2

ANEXOS

1ordm Trabalho de Campo Conhecimento da aacuterea de estudo e visita a 10 propriedades que produzem fumo haacute mais de 10 anos Data do campo mecircs de Julho e Agosto de 2014

1) Qual foi o ano em que iniciou as atividades na produccedilatildeo de fumo

2) Qual eacute o motivo que trabalha na produccedilatildeo do fumo

3) A matildeo de obra na atividade fumageira eacute muito desgastante

4) Sua propriedade eacute diversificada Quais as culturas que produz na

propriedade aleacutem do fumo

5) Qual eacute a maior renda da propriedade

6) Como eacute feita a classificaccedilatildeo das folhas de fumo destinadas a venda

2ordm Trabalho de campo Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio Aplicado ao orientador teacutecnico da Souza Cruz o qual representa a Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis Orientador teacutecnico Tarciacutesio Kraiczek Data da entrevista 13072015

1 Quantos orientadores teacutecnicos a empresa possui no municiacutepio de

Prudentoacutepolis

2 Haacute quantos anos vocecirc trabalha na assistecircncia teacutecnica para os

fumicultores associados da Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis

3 Quantos associados a empresa Souza Cruz teve na safra de 2014

4 Quais satildeo as empresas fumageiras concorrentes da Souza Cruz no

municiacutepio Qual a relaccedilatildeo entre essas empresas

5 A empresa Souza Cruz tem alguma unidade de recebimento do fumo no

municiacutepio de Prudentoacutepolis para a produccedilatildeo ficar armazenada antes de

ser enviado para uma usina de Processamento de fumo

3

6 Para qual das trecircs usinas de processamento o fumo produzido no

municiacutepio eacute envido

7 A empresa tem uma cota miacutenima e maacutexima de peacutes de fumo por

produtor

8 Qual eacute a meacutedia de peacutes de fumo uma pessoa consegue produzir por

safra

9 No seu ponto de vista como orientador teacutecnico como se daacute a relaccedilatildeo

entre a empresa Souza Cruz e os fumicultores do municiacutepio

10 Qual a relaccedilatildeo da empresa para com os projetos de diversificaccedilatildeo da propriedade

3ordm Trabalho de Campo Entrevista de campo para obtenccedilatildeo de dados socioeconocircmicos dos produtores

de fumo da empresa Souza Cruz do municiacutepio de Prudentoacutepolis - PR

Data do campo Novembro e Dezembro de 2015 1- Caracterizaccedilatildeo da famiacutelia

Membros Idade Gecircnero Escolaridade (escola puacuteblica ou privada)

Fumicultor Eacute fumante

Motivos do ecircxodo

1 2 3 4 5 6 7 8

2- Haacute quantos anos trabalha na atividade fumageira

3- Qual o motivo pela opccedilatildeo de produzir fumo

4- Pretende permanecer na atividade fumageira Quais motivos Por qual

atividade substituiria a produccedilatildeo de fumo

4

5- Possui estufa eleacutetrica de secagem do fumo

6- Quais bens capitais vocecirc conseguiu adquirir com a renda oriunda da

produccedilatildeo de fumo

7- Possui na propriedade

( ) Trator ( ) Carro ( ) moto ( ) telefone ( ) internet

8- Posse da terra e quantidade de alqueires

( ) Proacutepria ____ ( ) Arrendada e Parceiro _____

( ) Arrendada ____ ( ) Proacutepria e Arrendada _____

( ) Proacutepria e Parceiro ____

9- Se for proacutepria como adquiriu essas terras

10- Satildeo plantados por ano quantos peacutes de fumo Quantidade de aacuterea

utilizada

11- Faz contrataccedilatildeo de matildeo de obra para a produccedilatildeo de fumo

( ) Sim ( ) Natildeo

12- Se existe a contrataccedilatildeo de matildeo de obra em que periacuteodo da safra

acontece

( ) Todo o periacuteodo da safra ( ) Tratos culturais ( ) Plantio ( )

Classificaccedilatildeo ( ) Colheita

13- Vocecirc lecirc o contrato da sua produccedilatildeo com a empresa Souza Cruz

Justifique

14- Aleacutem da produccedilatildeo de fumo quais outras atividades agropecuaacuterias satildeo

realizadas na propriedade para garantir a renda da famiacutelia

Para comercializaccedilatildeo Para consumo na propriedade

5

15- De qual atividade realizada na propriedade vem a maior renda

16- Como eacute a sua relaccedilatildeo com a empresa descreva o seu ponto de vista

17- Vende toda a produccedilatildeo para a empresa associada

18- No seu ponto de vista quais satildeo as vantagens e desvantagens de produzir

fumo

19- Em relaccedilatildeo agrave sauacutede e produccedilatildeo de fumo houve casos na famiacutelia de

A) Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos

B) Intoxicaccedilatildeo por nicotina (doenccedila da folha verde)

C) Problemas ortopeacutedicos

D) Transtornos mentais (depressatildeo ansiedade esquizofrenia etc)

E) Outros __________________________________________

20- Haacute incentivos governamentais para o desenvolvimento de outras atividades

e o consequente abandono do ramo fumageiro Se sim quais e por que natildeo

houve migraccedilatildeo para outra atividade

21- A partir do momento em que vocecirc comeccedilou a produzir o fumo acha que

suas condiccedilotildees financeiras melhoraram

22- Participa do PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar)

23- Na famiacutelia tem algum membro que recebe algum tipo de repasses de

programas sociais Se sim quais

24- Vocecirc tem conhecimento de algum projeto de diversificaccedilatildeo de

propriedades que estaacute sendo realizado por oacutergatildeos puacuteblicos no municiacutepio

  • AGRADECIMENTOS
  • Palavras chave Agricultura Familiar Fumicultura Abordagens Paradigmaacuteticas
  • Keywords Family farming Tobacco Farming Paradigmatic Approaches
  • LISTA DE SIGLAS
  • SUMAacuteRIO
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS
  • 11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA
  • ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR
  • CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS
  • CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
  • 21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
  • 22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL
  • CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO
  • 31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR
  • 32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS
  • CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO
  • 41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES
  • REFEREcircNCIAS
  • ABRAMOVAY R Paradigmas do capitalismo agraacuterio em questatildeo Satildeo
  • Paulo Hucitec 1992 275 p
  • Disponiacutevel em lthttpwwwaointlcomaugt Acesso em 27082015
  • FERNANDES B M MST Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra
  • GERMER Claus A irrelevacircncia praacutetica da agricultura ldquofamiliarrdquo para o
  • INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA (IBGE)
  • WebLiveDO8U4Q3Nopendocumentgt Acesso em 05082015
  • OBSERVATOacuteRIO DA POLITICA NACIONAL DE CONTROLE DO TABACO
  • ROSEacuteLIA P Induacutestria e territoacuterio no Brasil Contemporacircneo Editora
  • SINDICATO INTERESTADUAL DA INDUacuteSTRIA DO TABACO
  • SPOSITO E S Redes e cidades Satildeo Paulo UNESP2008
  • SPIES R O processo de Especializaccedilatildeo Produtiva da Microrregiatildeo
  • Fumicultura de Santa Cruz do Sul- RS Santa Cruz do Sul UNISC 2000
  • VOGT O P A produccedilatildeo de fumo em Santa Cruz do Sul ndash RS (1849-1993)
  • Santa Cruz do Sul Edunisc 1997
  • ZAROSKI N G A utilizaccedilatildeo do tempo pelos imigrantes ucranianos de
  • ANEXOS
Page 3: AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUÇÃO DE FUMO: ESTUDO DE …

3

4

5

Dedico este trabalho agrave minha famiacutelia e aos fumicultores do

municiacutepio de PrudentoacutepolisPR que influenciaram no

desenvolvimento deste trabalho Aos fumicultores pela

paciecircncia e colaboraccedilatildeo nas pesquisas de campo com dados

que foram fundamentais para retratar sua realidade

6

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao meu orientador Prof Dr Luis

Lopes Diniz Filho pela sua atenccedilatildeo compreensatildeo e tambeacutem pelas suas valiosas

consideraccedilotildees no processo de desenvolvimento dessa pesquisa sendo um exemplo

de profissional

Agrave minha famiacutelia em especial aos meus pais Carlos e Ana aos meus irmatildeos

Amilton e Adriana que sempre apoiaram no periacuteodo de realizaccedilatildeo da dissertaccedilatildeo Ao

meu sobrinho Beniacutecio pela alegria que traz a todos noacutes ao Ian que estaraacute chegando

nas proacuteximas semanas Agradeccedilo tambeacutem a minha cunhada e cunhado pelo apoio

Aos amigos e familiares Ana Maacutercia Adriana Noeli Rogeacuterio Edna

Elisangela Milena Eliana Paulo Maria entre outros que de alguma forma

contribuiacuteram para que esse trabalho fosse finalizado Obrigada a todos vocecircs pelo

companheirismo

Aos professores Dr Sergio Fajardo e Dr Danilo Volochko pelas valiosas

contribuiccedilotildees agrave pesquisa

Aos colegas e professores do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia da

Universidade Federal do Paranaacute como tambeacutem a secretaacuteria Adriana Cristina de

Oliveira e ao Luiz Carlos Zem pelo apoio em questotildees burocraacuteticas durante o

periacuteodo do mestrado

A CAPES (Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal do Niacutevel Superior)

pelo auxiacutelio atraveacutes da bolsa de estudo

Agrave Adriana Kutzmy e Gabriela Strechar pela atenccedilatildeo e por acompanhar nos

trabalhos de campo realizados com os fumicultores do municiacutepio de

PrudentoacutepolisPR

E por fim agradeccedilo a todos os fumicultores que participaram das entrevistas

de campo A todos meu agradecimento

7

RESUMO O presente trabalho visa analisar os resultados obtidos pela agricultura familiar no cultivo do fumo levando em consideraccedilatildeo as razotildees econocircmicas pela opccedilatildeo em produzir a cultura Desse modo o estudo de caso dos fumicultores de Prudentoacutepolis-PR fornece subsiacutedios para a avaliaccedilatildeo criacutetica dos dois principais paradigmas de estudo do agro na geografia rural e ciecircncias afins ou seja o paradigma da agricultura familiar e da agricultura camponesa Para tanto utilizou-se de revisotildees bibliograacuteficas de autores que trabalham nas distintas linhas paradigmaacuteticas como tambeacutem da caracterizaccedilatildeo dos agricultores familiares produtores de fumo atraveacutes do uso de fontes secundaacuterias (Censos agropecuaacuterios) aleacutem da aplicaccedilatildeo de questionaacuterios para um universo de sessenta fumicultores contratados pela empresa Souza Cruz em Prudentoacutepolis A partir das revisotildees bibliograacuteficas e dos dados obtidos no estudo de caso levantou-se a hipoacutetese de que o paradigma da agricultura camponesa natildeo eacute adequando para explicar a realidade estudada Palavras chave Agricultura Familiar Fumicultura Abordagens Paradigmaacuteticas

ABSTRACT

The aim of this study is to analyze the results obtained by family farming in the cultivation of tobacco considering the economic reasons for the choice to produce the crop Thus the case study of Prudentoacutepolis-PR tobacco growers provides subsidies for the critical evaluation of the two main paradigms of agro studies in rural geography and related sciences that is the paradigm of family farming and peasant farming For this purpose bibliographic reviews of authors working in different paradigmatic lines were used as well as the characterization of family farmers tobacco growers through the use of secondary sources (Census of agriculture) and the application of questionnaires to a group of sixty tobacco growers hired by Souza Cruz company in the city of Prudentoacutepolis From the literature review and the obtained data in the case study we raised the hypothesis that the paradigm of peasant farming is not suitable to explain the studied reality Keywords Family farming Tobacco Farming Paradigmatic Approaches

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LISTA DE SIGLAS

AFUBRA - Associaccedilatildeo dos Fumicultores do Brasil

BAT - British American Tobacco

CBFF ndash Companhia Brasileira de Fumo em Folha

DERAL - Departamento de Economia Rural

EMATER ndash Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IPARDES (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social)

PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

SEAB - Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento

SINDITABACO ndash Sindicato Interestadual da Induacutestria do Tabaco

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA 46 Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 59 FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 60 FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES 62 FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 63 FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR 64 FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR78 FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 79 FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO 90 FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE 91 FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA 92 FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO 94 FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS 94 FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO 95 FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA 96 FIGURA 16 - BENS ADQUiRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA 97 FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF 99 FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA 100 FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO 102

10

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL 39 TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO 41 TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013 42 TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012 42 TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute 46 TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006 48 TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006 50 TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006 51 TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000 52 TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006 53 TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012 54 TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010) 55 TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE 84 TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 85 TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 86 TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS 87 TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 88 TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES 88 TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES 89 TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE 91

11

TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES 93 TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO 95 TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO) 98 TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO101 TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO 103 TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS 104

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA 36 QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL 44 QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314 47 QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010) 56 QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR 65 QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR66 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR 66 QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006 71 QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 72 QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR 72 QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES 74 QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS 75 QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 81 QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 82 QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 84

12

QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS 102 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS 103 QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 105

LISTA DE GRAacuteFICOS

GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO45 GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS 67

13

SUMAacuteRIO INTRODUCcedilAtildeO 14 CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS 19

11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA 19

12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR 23

13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS 27

CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32

21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32 22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL 47

CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO 58

31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR 58

32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS 69

CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO 76 41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES 78 REFEREcircNCIAS 113 ANEXOS 2

14

INTRODUCcedilAtildeO

De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de

fumo sendo que essa produccedilatildeo encontra-se concentrada nos estados do Rio

Grande do Sul Santa Catarina e Paranaacute alimentando uma cadeia produtiva com

envolvimento de 25 milhotildees de pessoas o qual inclui setores como a produccedilatildeo

transporte comercializaccedilatildeo industrializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e exportaccedilatildeo (AFUBRA

2011)

No municiacutepio de Prudentoacutepolis a atividade fumageira tem grande relevacircncia

econocircmica principalmente para a agricultura familiar uma vez que os dados do

Censo Demograacutefico de 2010 mostram que 54 da populaccedilatildeo residem na aacuterea rural

existindo um nuacutemero maior de unidade de produccedilatildeo familiar em detrimento das

unidades patronais de produccedilatildeo

A produccedilatildeo de fumo em Prudentoacutepolis eacute realizada somente nas regiotildees

Central e Sul do municiacutepio devido ao clima e topografia dos solos favoraacuteveis agrave

cultura Outro fator que tambeacutem ocasiona a atraccedilatildeo para a fumicultura eacute a

possibilidade de usufruir de pequenas aacutereas de terras deixando disponiacutevel o

excedente da propriedade para outras atividades que somem na geraccedilatildeo de renda

Nesse sentido o objetivo da pesquisa eacute analisar os resultados obtidos pela

agricultura familiar com essa cultura e as razotildees econocircmicas de sua opccedilatildeo pelo

fumo Portanto uma contribuiccedilatildeo desse estudo de caso eacute fornecer subsiacutedios para a

avaliaccedilatildeo criacutetica dos dois principais paradigmas de estudo do agro na geografia rural

e ciecircncias afins

Para a realizaccedilatildeo do presente trabalho foi fundamental atraveacutes das

abordagens sobre a agricultura familiar e camponesa avaliar se realmente existe

uma oposiccedilatildeo entre agricultor familiar e o agronegoacutecio no caso do setor fumageiro

uma vez que o fumo eacute uma commoditie de exportaccedilatildeo e a produccedilatildeo eacute realizada por

pequenos produtores Para tanto foi realizada uma revisatildeo bibliograacutefica sobre os

paradigmas da agricultura familiar e da agricultura camponesa na geografia rural e

aacutereas de pesquisa afins com a finalidade de identificar os conceitos de territoacuterio e

territorialidade derivados desses paradigmas Foram feitas tambeacutem uma

caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de

15

fontes secundaacuterias (Censos Agropecuaacuterios e outras) e uma pesquisa de campo

mediante a aplicaccedilatildeo de questionaacuterio com o fim de caracterizar os produtores rurais

desse municiacutepio contratados pela empresa Souza Cruz como fornecedores de

tabaco

Nesse sentido buscou-se metodologicamente envolver teacutecnicas de base

qualitativa sendo que esse tipo de abordagem se caracteriza por ldquoanalisar e

interpretar os dados refletir e explorar o que eles podem propiciarrdquo (OLIVEIRA

2010) A pesquisa quantitativa tambeacutem faz parte deste estudo uma vez que traz

algumas teacutecnicas que possibilitam a busca de informaccedilotildees e dados mais amplos

muitas vezes impossiacuteveis de serem alcanccedilados somente pelo pesquisador como por

exemplo aqueles dados disponibilizados pelos oacutergatildeos puacuteblicos como EMATER

(Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural) IPARDES (Instituto Paranaense

de Desenvolvimento Econocircmico e Social ) IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica) e DERAL (Departamento de Economia Rural) O meacutetodo quantitativo

considera que tudo eacute quantificaacutevel ou seja significa traduzir opiniotildees e informaccedilotildees

em nuacutemeros que seratildeo classificados e analisados

Os meacutetodos qualitativos e quantitativos natildeo se excluem Embora difiram quanto agrave forma e agrave ecircnfase os meacutetodos qualitativos trazem como contribuiccedilatildeo ao trabalho de pesquisa uma mistura de procedimentos de cunho racional e intuitivo capazes de contribuir para a melhor compreensatildeo dos fenocircmenos Pode-se distinguir o enfoque qualitativo do quantitativo mas natildeo seria correto afirmar que guardam relaccedilatildeo de oposiccedilatildeo (POPE MAYS 1995 p42)

Sendo assim no iniacutecio do desenvolvimento do presente estudo foi realizada

uma entrevista com questotildees semiestruturadas (em anexo) para um grupo de dez

fumicultores contratados pela empresa Souza Cruz e que estatildeo na atividade

fumageira haacute mais de dez anos Esse puacuteblico foi escolhido intencionalmente a partir

dos dados da localizaccedilatildeo das propriedades dos associados da empresa no

municiacutepio de Prudentoacutepolis Recorreu-se a esse meacutetodo pois os dados obtidos em

campo eram necessaacuterios para poder avaliar as abordagens ligadas ao paradigma da

agricultura camponesa e da agricultura familiar e que natildeo poderiam ser obtidos

atraveacutes de fontes secundaacuterias

Posteriormente foi realizada uma entrevista com perguntas semiestruturadas

(em anexo) para o instrutor teacutecnico da Souza Cruz jaacute que o mesmo representa a

16

empresa no municiacutepio Essa entrevista teve como objetivo analisar o ponto de vista

da empresa sobre a atividade fumageira na localidade

Ao verificar que em Prudentoacutepolis a produccedilatildeo de fumo acontece somente na

regiatildeo Central e Sul devido ao relevo mais inclinado da regiatildeo norte foi interessante

ir ateacute essa regiatildeo com topografia mais acentuada para analisar os tipos de cultivos

que satildeo realizados O objetivo desse trabalho de campo foi principalmente o de

conhecer a realidade das famiacutelias do municiacutepio natildeo inseridas na cultura do fumo

com visitas a realizar futuras pesquisas sobre a agricultura familiar Assim dado o

caraacuteter complementar e exploratoacuterio desse trabalho a coleta de informaccedilotildees se deu

por meio de conversas informais

Nos meses de novembro e dezembro de 2015 foi realizada outra entrevista

com perguntas semiestruturadas (em anexo) para uma amostragem de sessenta

fumicultores contratados pela Souza Cruz As perguntas feitas nessa entrevista

estatildeo relacionadas basicamente a dados socioeconocircmicos das famiacuteliasos quais

juntamente com dados mais gerais do censo agropecuaacuterio permitem conhecer o

perfil desses fumicultores Portanto as informaccedilotildees referentes a essas entrevistas

apresentam-se mais detalhadas no capiacutetulo IV

Nesse sentido as entrevistas constituem teacutecnicas alternativas para coleta de

dados natildeo documentados sobre determinado tema ldquoEacute uma teacutecnica de interaccedilatildeo

social [] em que uma das partes busca obter dados e outra se apresenta como

fonte de informaccedilatildeordquo (GERHARDT SILVEIRA 2009)

O pesquisador organiza um conjunto de questotildees (roteiros) sobre o tema que estaacute sendo estudado mas permite e agraves vezes ateacute incentiva que o entrevistado fale livremente sobre assuntos que vatildeo surgindo como desdobramentos do tema principal (GERHARDT SILVEIRA 2009)

Para Duarte (2002 p 143) ldquonuma metodologia de base qualitativa o nuacutemero

de sujeitos que viratildeo a compor o quadro das entrevistas dificilmente pode ser

determinado a piorirdquo Ou seja tudo vai estar relacionado com a qualidade das

informaccedilotildees obtidas a partir de cada entrevista sempre levando em consideraccedilatildeo a

profundidade e o grau de recorrecircncia e divergecircncia das informaccedilotildees Enquanto

estiverem aparecendo ldquodadosrdquo originais ou pistas que possam indicar novas

perspectivas aacute investigaccedilatildeo em curso as entrevistas precisam continuar sendo feitas

(DUARTE 2002 p 144)

17

Portanto a pesquisa estaacute estruturada em quatro capiacutetulos sendo que no

primeiro capiacutetulo falar-se-aacute sobre as abordagens ligadas a agricultura camponesa e

agricultura familiar com intuito de apresentar algumas das visotildees de cada

paradigma para que no decorrer do trabalho possa ser feito uma avaliaccedilatildeo dessas

abordagens na produccedilatildeo fumageira como tambeacutem expor o conceito de territoacuterio e

territorialidade que derivam desses paradigmas

No capiacutetulo seguinte visando compreender os fatores que proporcionaram ao

paiacutes se tornar referecircncia no setor fumageiro realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica

da origem do fumo e a sua consequente inserccedilatildeo em uma escala comercial O

estudo desses elementos foi fundamental para entender os motivos que contribuiacuteram

para a inserccedilatildeo da produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Tambeacutem pelo

fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo

de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral

dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura

familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo

do agronegoacutecio

Na sequecircncia o capiacutetulo III mostra os processos de ocupaccedilatildeo do municiacutepio

de Prudentoacutepolis e a consequente inserccedilatildeo da produccedilatildeo fumageira nas unidades de

produccedilatildeo familiar Nesse sentido como o trabalho vem abordando a existecircncia de

uma agricultura familiar heterogecircnea buscou-se conhecer o perfil dos agricultores

familiar do municiacutepio atraveacutes da caracterizaccedilatildeo dessas famiacutelias tendo como escopo

as fontes secundaacuterias do IBGE

No capiacutetulo IV satildeo apresentados os dados do trabalho de campo que foi

realizado com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela empresa

Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Os dados

de campo que retratam a realidade dos entrevistados juntamente com dados

secundaacuterios tecircm por finalidade contribuir na avaliaccedilatildeo dos paradigmas da

camponesa e da agricultura familiar com base no setor fumageiro

Por fim satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais do trabalho seguindo nas

avaliaccedilotildees das abordagens paradigmaacuteticas agrave luz do estudo de caso dos fumicultores

entrevistados mostrando que os agricultores familiares entrevistados buscam

18

atraveacutes de suas condiccedilotildees de tecnologias estrutura fundiaacuteria e matildeo de obra se

inserir em setores mais competitivos visando agrave maximizaccedilatildeo dos lucros

A realizaccedilatildeo dessa pesquisa eacute pertinente pelo fato de mostrar que os

fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de commoditie atraveacutes de uma cadeia

produtiva competitiva levando em consideraccedilatildeo as condiccedilotildees do produtor e

conforme os dados de campo eacute notoacuterio que os entrevistados atraveacutes da renda do

fumo conseguiram adquirir bens capitais de grande importacircncia como a compra de

terra lotes na cidade de carro trator maquinaacuterios agriacutecolas e casa Bens esses que

muitas vezes natildeo conseguiriam adquirir se produzissem somente culturas

tradicionais do municiacutepio como eacute o caso do feijatildeo e milho pelo fato da pequena

quantidade de terras que possuem Dessa forma eacute certo que os agricultores

familiares entrevistados da mesma forma que os agricultores patronais buscam

maximizar seus lucros uma vez que os dados de campo mostram que os

fumicultores tecircm pretensotildees de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou

seja agem no mercado como pequenos capitalistas

19

CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS

Sabe-se que nas ciecircncias sociais existem diferentes concepccedilotildees teoacutericas para

a compreensatildeo do desenvolvimento do capitalismo no campo destacando-se de

um lado o paradigma da Agricultura Camponesa (Questatildeo Agraacuteria) e de outro o

paradigma da Agricultura Familiar (Capitalismo Agraacuterio) Nesse sentido o presente

capiacutetulo expotildee algumas das abordagens ligadas ao paradigma da agricultura

camponesa e das abordagens ligadas agrave agricultura familiar como objetivo de

identificar o conceito de TerritoacuterioTerritorialidade derivados desses paradigmas A

finalidade de entender as correntes de pensamento paradigmaacutetico permitiraacute entatildeo

avaliar essas abordagens agrave luz de um estudo de caso sobre a fumicultura no

municiacutepio de PrudentoacutepolisPR

11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA

As muacuteltiplas formas de interpretaccedilatildeo da questatildeo agraacuteria no espaccedilo rural e

consequentemente do paradigma camponecircs tecircm como principal referecircncia as teorias

marxistas seja as de autores como Lecircnin (1982) e Kautsky (1998) que defenderam

a tese do desaparecimento da classe camponesa e a consequente emergecircncia de

duas classes distintas - a burguesa e a proletaacuteria - como produto da industrializaccedilatildeo

da agricultura seja a de autores como Chayanov (1974) Oliveira (1987) e

Fernandes (1996) entre outros que satildeo contraacuterios agrave teoria sobre a tendecircncia agrave

proletarizaccedilatildeo do campesinato e que defendem a permanecircncia desta classe social

como resultado do processo desigual e contraditoacuterio de desenvolvimento

impulsionado pelo sistema capitalista

Nesse sentido para Fernandes (2008) os estudos feitos agrave luz do paradigma

camponecircs se caracterizam por analisar a luta de classes a conflitualidade e as

contradiccedilotildees inerentes agraves relaccedilotildees capitalistas e natildeo capitalistas de produccedilatildeo1 Um

tema importante nessa linha de pesquisa eacutea sujeiccedilatildeo da renda dos camponeses

perante as empresas que tecircm o monopoacutelio da produccedilatildeo de commodities agriacutecolas

como as agroinduacutestrias fumageiras

1 O campesinato eacute entendido como um sistema produtivo diferenciado do agronegoacutecio

20

Os seguidores do paradigma camponecircs como Fernandes (2013) entendem

que a industrializaccedilatildeo da agricultura resulta em um problema estrutural devido ao

desenvolvimento desigual e contraditoacuterio do capitalismo e que a uacutenica soluccedilatildeo estaacute

na superaccedilatildeo desse sistema pois a industrializaccedilatildeo da agricultura contribui para que

as unidades camponesas de produccedilatildeo se tornem mais vulneraacuteveis ao capital

Para Feliacutecio (2006) nesse paradigma natildeo haacute diferenccedilas entre agricultor

familiar e camponecircs pois ambos satildeo assim definidos por terem a famiacutelia e o trabalho

familiar por caracteriacutestica a qual natildeo objetiva a superaccedilatildeo do trabalho familiar O

termo camponecircs eacute tratado pelos teoacutericos do paradigma do capitalismo agraacuterio como

agricultores familiares nesse sentido

O produtor familiar que utiliza os recursos teacutecnicos e estaacute altamente integrado ao mercado natildeo eacute um camponecircs mas sim um agricultor familiar Desse modo pode-se afirmar que a agricultura camponesa eacute familiar mas nem toda a agricultura familiar eacute camponesa ou que todo camponecircs eacute agricultor familiar mas nem todo agricultor familiar eacute camponecircs (FERNANDES 2001)

Com relaccedilatildeo agrave inserccedilatildeo da agricultura familiar nas formas de produccedilatildeo

capitalistas no campo Thomaz Juacutenior (2008) considera que a loacutegica do capital impotildee

que o agricultor esteja preso agrave gestatildeo de uma empresa e natildeo mais da sua proacutepria

famiacutelia Poreacutem o autor defende que mesmo integrado a essa loacutegica de produccedilatildeo o

camponecircs busca alternativas para natildeo aderir totalmente agraves estruturas mercantis de

produccedilatildeo visando reestabelecer os princiacutepios de sociabilidade e produccedilatildeo para o

autoconsumo Nesse sentido para esse paradigma o camponecircs visa agrave

sobrevivecircncia mas se o capital apresenta uma proposta de parceria de lucros como

na integraccedilatildeo das empresas fumageiras o camponecircs aceita Subordina-se mas se

essa possibilidade de lucro acaba ele volta para a estrateacutegia primeira por natildeo

desejar desfazer-se da terra

Para Shanin (2008) o camponecircs corresponde a um ldquomodo de vidardquo que

envolve um conjunto de elementos como a diversidade nas formas de trabalhar com

a terra Teacutecnicas essas que satildeo passadas de pais para filhos possibilitando estreita

ligaccedilatildeo entre a terra e a famiacutelia uma vez que a famiacutelia eacute dona do proacuteprio trabalho

podendo escolher a melhor forma de fazecirc-lo Tambeacutem enfatiza a especificidade da

loacutegica econocircmica camponesa a qual produz visando a satisfaccedilatildeo das necessidades

21

da famiacutelia sendo capaz de se ajustar aos niacuteveis de remuneraccedilatildeo mais baixos em

momentos desfavoraacuteveis

Ploeg (2009) afirma que o camponecircs de hoje natildeo pode ser compreendido

como sinocircnimo de atraso e sim como um ldquocamponecircs modernordquo inserido na

realidade capitalista poreacutem carregando em seu cerne a condiccedilatildeo camponesa Por

condiccedilatildeo camponesa Ploeg (2009) entende a luta por autonomia e progresso como

uma forma de construccedilatildeo e reproduccedilatildeo de um meio de vida rural em um contexto

adverso caracterizado por relaccedilotildees de dependecircncia marginalizaccedilatildeo e privaccedilatildeo

Portanto para o autor supracitado o campesinato deve ser explicado a partir das

relaccedilotildees de contradiccedilotildeesconflitualidades existentes no espaccedilo rural

Fernandes (2000) ao falar sobre a formaccedilatildeo do campesinato afirma que

essa formaccedilatildeo natildeo acontece somente pela reproduccedilatildeo ampliada das contradiccedilotildees

do capitalismo mas tambeacutem atraveacutes da luta pela terra na qual tem enfrentado a

condiccedilatildeo loacutegica do capital Nesse sentido Ploeg (2009) menciona sobre a dualidade

entre a produccedilatildeo camponesa e a capitalista na qual

[] a agricultura camponesa eacute fortemente baseada no capital ecoloacutegico (especialmente a natureza viva) enquanto que a agricultura empresarial afasta-se progressivamente da natureza Insumos e outros fatores artificiais de crescimento substituem os recursos naturais o que significa que a agricultura estaacute sendo industrializada (PLOEG 2009 p17)

A expansatildeo do modo capitalista de produccedilatildeo (na sua reproduccedilatildeo ampliada do

capital) aleacutem de redefinir antigas relaccedilotildees subordinando-as agrave sua produccedilatildeo

engendra relaccedilotildees natildeo capitalistas iguais e contraditoriamente necessaacuterias agrave sua

reproduccedilatildeo (OLIVEIRA 2010) Nesse sentido para Paulino e Almeida (2010) a

reproduccedilatildeo do campesinato ldquodeve ser entendida a partir das diversas contradiccedilotildees

do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma contradiccedilatildeo e

natildeo de uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeordquo

No que diz respeito agrave produccedilatildeo de fumo para o paradigma camponecircs a

integraccedilatildeo agrave induacutestria fumageira significauma intervenccedilatildeo nos modos de produccedilatildeo

camponesa visando padroniza-los deixando o camponecircs com pouca autonomia para

determinar a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo

Para Fernandes (2008) o sistema de produccedilatildeo do agronegoacutecio eacute distinto do

sistema de produccedilatildeo da agricultura camponesa uma vez que o sistema agriacutecola

22

camponecircs tem por referecircncia a reproduccedilatildeo a biodiversidade e o trabalho familiar

natildeo objetivando o plantio de uma uacutenica cultura para o mercado como no modelo

agroexportador Poreacutem Fernandes (2008 p 166) afirma que como eacute o capital que

controla a tecnologia o conhecimento o mercado e as poliacuteticas agriacutecolas

subalterniza o camponecircs Ou seja para Fernandes o sistema agriacutecola camponecircs

natildeo eacute parte do agronegoacutecio

De acordo Paulino com (2012) os camponeses comparecem ao mundo do

trabalho como entidades familiares Dessa forma como eacute a famiacutelia que se prontifica

em produzir a mateacuteria prima para a induacutestria fumageira entatildeo natildeo se refere agrave venda

do trabalho camponecircs e sim da produccedilatildeo na qual estaacute contida o trabalho familiar o

qual exige um ritmo diferenciado

Roos (2015) salienta que no caso da produccedilatildeo fumageira realizada pelos

camponeses ldquoa racionalidade eacute movida pela necessidade de um espaccedilo que possa

servir a um conjunto de atividadesrdquonatildeo objetivando somente a valorizaccedilatildeo que os

galpotildees e as estufas de fumo possam gerar sobre a renda da terra

Nesse sentido as transformaccedilotildees no campo brasileiro relacionadas ao

processo de modernizaccedilatildeo da agricultura se assentam sobre uma estrutura

complexa compreendida pela integraccedilatildeo da agricultura e da induacutestria caracterizada

na maior parte por produzir produtos de exportaccedilatildeo como eacute o caso das induacutestrias

fumageiras aves e suiacutenos

Portanto para esse paradigma a conflitualidade eacute inerente ao processo de

formaccedilatildeo do capitalismo e do campesinato por causa da contradiccedilatildeo criada pela

destruiccedilatildeo criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo simultacircneas dessas relaccedilotildees sociais (FENANDES

2008) O camponecircs possui um sistema agriacutecola proacuteprio que natildeo faz parte do

agronegoacutecio e apresenta uma loacutegica de reproduccedilatildeo distinta todavia os camponeses

estatildeo subalternos agrave hegemonia daquele modelo de desenvolvimento econocircmico

(ROOS2015)

Roos (2015) ao analisar a obra de Chayanov2 afirma que o deslocamento de

membros da famiacutelia para outras atividades (venda de forccedila de trabalho) estaacute

assentado na satisfaccedilatildeo das necessidades e natildeo na maximizaccedilatildeo de lucros

2 CHAYANOV AV La organizaciacuteon de la unidad econoacutemica campesina Buenos Aries Nueva Visioacuten 1974

23

possiacuteveis (relaccedilotildees capitalistas) pois o principal objetivo das transaccedilotildees

econocircmicas camponesas eacute a reproduccedilatildeo do grupo social

Para Paulino (2003) a heterogeneidade no campo estaacute marcada por dois

tipos de propriedade privada de um lado a propriedade capitalista e de outro a

propriedade camponesa Na propriedade capitalista a terra eacute um objeto de negoacutecio

pelo fato de haver exploraccedilatildeo do trabalho alheio ao passo que a propriedade

camponesa constitui-se em terra de trabalho natildeo tendo como intuito a acumulaccedilatildeo

de capital e sim a sobrevivecircncia familiar Nesse sentido para a autora a dualidade

entre terra de negoacutecios e terra de trabalho se explica com base no caraacuteter

contraditoacuterio do desenvolvimento capitalista

Portanto o camponecircs ao incorporar elementos da loacutegica do agronegoacutecio

como ao plantar fumo e soja utilizando agrotoacutexicos adubos quiacutemicos entre outros

gastos relacionados ao plantio e colheita satildeo compreendidos no paradigma

camponecircs a partir do capital sujeitando e expropriando a renda camponesa e

consequentemente deixando o agricultor mais vulneraacutevel

12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR

No Brasil os estudos e debates sobre a categoria da agricultura familiar

ganharam forccedila a partir do fim da deacutecada de 1980 e iniacutecio da deacutecada de 1990

quando essa categoria tem maior representatividade no cenaacuterio socioeconocircmico

brasileiro Inuacutemeros conceitos e caracterizaccedilotildees foram criados para tentar explicar

os indiviacuteduos pertencentes a esse grupo Nesse sentido para Anjos (2003) a

agricultura familiar brasileira se estrutura

ldquocomo uma nova categoria poliacutetica portadora de uma consideraacutevel fonte de legitimidade social que simultaneamente representa os interesses dos pequenos produtores rurais das famiacutelias assentadas dos arrendataacuterios dos agricultores familiares integrados aos complexos agroindustriais e de outros atores sociais do campo brasileirordquo (ANJOS 2003 p 245)

No decorrer da deacutecada de 1990 os estudos voltados para o universo da

agricultura familiare que se destacam na literatura estatildeo em Veiga (1991)

Abramovay (1992) Lamarche (1998) entre outros Esses estudos aleacutem de

trazerem um panorama geral sobre a agricultura familiar daqueles anos tambeacutem

mostraram que as formas familiares de agricultura natildeo eram e nem satildeo

24

homogecircneas poreacutem satildeo importantes para promover o desenvolvimento econocircmico

no Brasil

Abramovay (1992) foi o primeiro no Brasil que distinguiu campesinato de

agricultor familiar afirmando que o agricultor familiar eacute oriundo do camponecircs poreacutem

apresenta distintas formas de organizaccedilatildeo do trabalho tendo como pretensatildeo

inserir-se ao mercado Tambeacutem ao se referir agrave regiatildeo Sul do Brasil o autor afirma

queldquoos agricultores familiares integram-se plenamente a estruturas nacionais de

mercado transformam natildeo soacute sua base teacutecnica mas sobretudo o ciacuterculo social em

que se reproduzem e metamorfoseiam-se numa nova categoria social de

camponeses tornam-se agricultores profissionaisrdquo (ABRAMOVAY 1992 p 126-

127)

Abramovay (1992) Veiga (1991) e Lamarche (1998) entendem que a

agricultura familiar eacute uma categoria que manteacutem a loacutegica familiar de produccedilatildeo

poreacutem estaacute ligada agrave loacutegica capitalista de integraccedilatildeo aos mercados Nesse sentidoo

autor da corrente marxista Claus Germer (1996) alerta para o problema de

conceituar a agricultura familiar em oposiccedilatildeo agrave agricultura patronal o qual favorece

sem sentido a noccedilatildeo de embate entre esses modos de produccedilatildeo

Pensadores da corrente teoacuterica que discutem a agricultura familiar como por

exemplo Valente (2008) Diniz Filho (2011) e Navarro (2014) entre outros natildeo

costumam fazer uma oposiccedilatildeo radical entre a agricultura familiar e o agronegoacutecio

tal como se observa no paradigma camponecircs pelo fato que de alguma forma os

agricultores familiares fazem parte do agronegoacutecio Nesse sentido apontam que a

agricultura familiar brasileira eacute heterogecircnea e necessita ser trabalhada com

tipologias como por exemplo nos estudos organizados por Lamarche (1998) e pela

caracterizaccedilatildeo da agricultura familiar por grupos A B C e D realizados a partir do

estudo ldquoNovo retrato da agricultura familiar brasileira (2000)rdquo Esses estudos

mostram que existem muitas formas de agricultores familiares que se aproximam

bastante do padratildeo do agronegoacutecio Portanto para esse paradigma natildeo haacute

incompatibilidade ou conflitos radicais dos agricultores familiares em relaccedilatildeo ao

capital visto que estatildeo inseridos no mercado

Lamarche (1998) identificou quatro modelos aproximados para distinguir os

tipos de agricultores familiares a partir do tipo e grau de dependecircncia financeira de

mercado e da tecnologia para produccedilatildeo Os quatro modelos consistem em Modelo

empresa caracteriza as unidades produtivas que possuem grande dependecircncia

25

tecnoloacutegica financeira e comercial dependente de matildeo de obra assalariada

(temporaacuteria ou permanente) natildeo possuindo grande apego agrave propriedade (terra)

Modelo empresa familiar satildeo dependentes dos sistemas tecnoloacutegicos financeiros e

de mercado a matildeo de obra eacute familiar tendo por objetivo a reproduccedilatildeo familiar a

partir da terra Modelo agricultura camponesa e de subsistecircncia eacute caracterizada

pelo grande envolvimento da famiacutelia na unidade produtiva pouco dependente de

tecnologias e mercados externos visando satisfazer as necessidades familiares

com pouca produccedilatildeo para comercializar aleacutem de preservarem os patrimocircnios com

intuito de sobrevivecircncia da famiacutelia E por fim o modelo agricultura moderna que eacute

um modelo de agricultura competitiva que estaacute em constante diminuiccedilatildeo das

relaccedilotildees familiares de produccedilatildeo buscando autonomia teacutecnica financeira e de

mercado

Tambeacutem no sentido de entender as caracteriacutesticas do puacuteblico que fazia parte

do rural brasileiro o estudo realizado pela FAOINCRA no ano de 1994 separou os

agricultores entre familiares e patronais sendo que o grupo dos familiares ganhou

outras trecircs subdivisotildees Agricultores Familiares Consolidados que remete aos

agricultores familiares jaacute integrados ao mercado Agricultores familiares em

transiccedilatildeo ou seja aqueles em processo de integraccedilatildeo aos mercados e Agricultores

Familiares Perifeacutericos caracteriacutesticos daqueles com poucas possibilidades de

integraccedilatildeo aos mercados Poreacutem conforme Bittencourt e Peraci (2010) esse

agrupamento da categoria familiar foi utilizado soacute ateacute 1999 quando ganhou outra

classificaccedilatildeo agora a partir de quatro subdivisotildees dos grupos familiares A B C e D

A tipificaccedilatildeo das unidades familiares em quatro grupos eacute produto do estudo

realizado com base nos dados do Censo Agropecuaacuterio de 1996 e coordenado por

Carlos Enrique Guanziroli (FAO) e Silvia Elizabeth Cardin (INCRA) no ano de 2000

intitulado ldquoO novo retrato da agricultura familiar O Brasil redescobertordquoque

objetivou fazer uma nova tipificaccedilatildeo das unidades familiares localizadas no territoacuterio

brasileiro Esse agrupamento foi definido pela Resoluccedilatildeo 2629 de agosto de 1999

a qual foi adotada para que as regras de financiamento fossem mais adequadas agrave

realidade de cada segmento social (Schneider Czala Matei 2004 p 26)

Da mesma forma que os estudos feitos por Lamarche (1998) os resultados

dos trabalhos realizados pela FAOINCRA afirmam que a agricultura brasileira

apresenta uma grande diversidade em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo dos produtores agrave aptidatildeo

da terra agrave disponibilidade de infraestrutura etc natildeo apenas entre as regiotildees mas

26

tambeacutem dentro de cada regiatildeo (Guanziroli Cardin 2000) Esses autores insistem

na importacircncia de aprofundar o conhecimento dessas realidades do espaccedilo rural

com o intuito de incorporar de forma efetiva esses conhecimentos ao planejamento

de poliacuteticas puacuteblicas

Como o presente estudo objetiva a identificaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo dos

produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis atraveacutes da tipologia dos grupos

familiares eacute fundamental detalhar as caracteriacutesticas de cada grupo3 Agricultores

Familiares tipo A considerados como os mais capitalizados e muito integrados ao

mercado Agricultores Familiares tipo B que estatildeo em vias de capitalizaccedilatildeo e

integrados ao mercado Agricultores Familiares tipo C que se apresentam em vias

de descapitalizaccedilatildeo e pouco integrados aos mercados e os Agricultores Familiares

tipo D sendo compreendidos como descapitalizados

Essas delimitaccedilotildees estabelecidas entre a agricultura familiar e a patronal

como tambeacutem na diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os proacuteprios agricultores

familiares proporcionou a identificaccedilatildeo dos distintos graus de desenvolvimento e

das distintas loacutegicas adotadas para a reproduccedilatildeo familiar

Para esse paradigma o agricultor familiar natildeo eacute um camponecircs mas sim um

empresaacuterio capitalista de pequeno porte inserido no mercado e que busca

maximizar a sua produccedilatildeo mas como eacute de pequeno porte ainda natildeo se

desvinculou totalmente do processo produtivo necessitando da matildeo de obra familiar

para o desenvolvimento das atividades a qual eacute caracteriacutestica das unidades

familiares No caso da produccedilatildeo de fumo conforme se veraacute com detalhes adiante o

pequeno capitalista estaacute presente em todo o processo desde o plantio ateacute a venda

da produccedilatildeo

Schneider (2006) menciona a falta de compreensatildeo dos modos familiares e

sua inserccedilatildeo nos mercados capitalistas uma vez que se deixam enredar no debate

sobre um suposto dualismo entre o agronegoacutecio e agricultura familiar como se os

3Considera-se que a tipologia elaborada pela FAOINCRA (2000) busca estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares dando-se em funccedilatildeo do custo de oportunidade do trabalho dado esse obtido atraveacutes do valor da diaacuteria regional mais 20 Tambeacutem o universo familiar foi delimitado atraveacutes das variaacuteveis em que a direccedilatildeo dos trabalhos do estabelecimento era exercida pelo produtor o trabalho familiar era superior ao trabalho contratado e por fim a aacuterea regional que varia de 4 ateacute 15 moacutedulos fiscais

27

envolvidos natildeo estivessem interessados em um mesmo processo ou seja da

produccedilatildeo e do consumo Nessa mesma linha de pensamento Veiga (2004) afirma

que ldquoo agronegoacutecio no Brasil natildeo eacute soacute uma atividade de grandes produtores e que

natildeo haacute oposiccedilatildeo com agricultura familiarrdquo uma vez que a agricultura familiar

sustenta um dos ramos mais bem sucedidos do agronegoacutecio como as cadeias

produtivas de exportaccedilatildeo de frango suiacutenos e tambeacutem com grande expressividade

a cadeia do fumo

O agronegoacutecio eacute composto fundamentalmente por agricultores familiares Eles conseguiram se firmar em setores extremamente modernos como a produccedilatildeo de aves suiacutenos fumo produtos esses ligados a mercados internacionais (ABRAMOVAY 2003 p 7)

De acordo com Valente (2008) vem sendo estabelecido o consenso de que

as atividades desenvolvidas ao longo da cadeia produtiva tanto patronais quanto

familiares satildeo complementares Nessa perspectiva menciona que faz-se necessaacuterio

um estudo do que aproxima e do que afasta aqueles que se inserem no agronegoacutecio

para assim ser possiacutevel pleitear distintas poliacuteticas agriacutecolas de acordo com os

interesses de casa categoria

Enquanto Fernandes (2001)Paulino (2003)Oliveira (2004) e Roos (2015)

defendem a oposiccedilatildeo do agronegoacutecio agrave agricultura familiar devido agraves

conflitualidades entre as classesSchneider (2006) Navarro (2007 2014) Valente

(2008) Diniz Filho (2011) e Jank (2006) consideram falso esse dualismo entre a

agricultura familiar e o agronegoacutecio uma vez que os agricultores buscam maximizar

seus lucros Nesse sentido afirma Jank (2006) que

O Brasil tem sido proacutedigo em produzir falsas dicotomias como a ideia do agronegoacutecio contra a pequena agricultura a agricultura patronal contra a agricultura familiar ou grandes produtores contra os sem-terra [] caso uacutenico no mundo o Brasil tem dois ministeacuterios da agricultura vivendo uma guerra surda por atenccedilatildeo e recursos um cuidando de mecanismos tradicionais de poliacuteticas agriacutecolas e o outro da reforma agraacuteria e da agricultura familiar (JANK 2006 P a2)

13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS

28

O estudo do territoacuterio vem sendo constituiacutedo em uma tradiccedilatildeo do pensamento

geograacutefico nos uacuteltimos 100 anos (VALVERDE 2004) Instintivamente o seu conceito

remota agrave ideia de lugar espaccedilo de residecircncia ou local onde se desenrolaratildeo as

muacuteltiplas relaccedilotildees entre os agentes sejam sociais ou econocircmicos (MARIANI

ARRUDA 2010)

Nesse ponto de vista Fernandes (2008) cita que a globalizaccedilatildeo e a hegemonia

das poliacuteticas neoliberais provocaram a emergecircncia do conceito de territoacuterio em duas

direccedilotildees De um lado os estudos sobre territoacuterios feitos agrave luz do paradigma

camponecircs e de outro o estudo de territoacuterio a partir do paradigma da agricultura

familiar O territoacuterio para o paradigma camponecircs eacute explicado a partir da criacutetica aos

modelos de produccedilatildeo capitalista sendo que as anaacutelises satildeo feitas sob a oacutetica de

territoacuterio multidimensional entendido a partir das conflitualidades e contradiccedilotildees

entre as classes sociais

Jaacute o paradigma da agricultura familiar ao analisar o territoacuterio natildeo utiliza os

procedimentos para estudar as conflitualidades e sim trabalha com o objetivo de

classificar as desigualdades sociais Nesse sentido o tema de estudo predominante

nesse paradigma eacute a reproduccedilatildeo das relaccedilotildees capitalistas ou seja a forma como os

agricultores buscam se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo sem que haja

uma conflitualidade entre classes ou territoacuterios No caso dos conflitos existentes no

campo para o paradigma da agricultura familiar deve-se trabalhar a partir do grau

que esses conflitos acontecem natildeo generalizando a partir de casos radicais de

conflitos entre os distintos territoacuterios No caso da fumicultura pode-se dizer que natildeo

satildeo identificados conflitos tatildeo radicais ao passo que na produccedilatildeo de subsistecircncia

esse acontecimento pode acontecer de forma diferenciada

Diversos satildeo os acontecimentos e agentes responsaacuteveis por instituir funccedilatildeo e

particularidades aos espaccedilos Como exemplos desses acontecimentos podem ser

citadas ldquoas atividades econocircmicas os empreendimentos das

multinacionaistransnacionais comunidades tiacutepicas como tambeacutem do poder puacuteblicordquo

(MARIANI ARRUDA 2010) os quais satildeo responsaacuteveis pela construccedilatildeo de

territoacuterios Haesbaert (2007) destaca a existecircncia de territoacuterios funcionais desde que

o territoacuterio apresente um papel de receptaacuteculos de atividades econocircmicas

possuindo muacuteltiplas funccedilotildees conforme seu interesse em atuar naquele territoacuterio

29

Fernandes (2008) adepto do paradigma camponecircs ao trabalhar os diferentes

territoacuterios destaca a importacircncia de analisar o territoacuterio atraveacutes da

multidimensionalidadeconflitualidade que satildeo concebidas atraveacutes de um conjunto

de conflitos inscritos nas relaccedilotildees indissociaacuteveis entre desenvolvimento e disputas

territoriais Para o autor a definiccedilatildeo de territoacuterio estaacute relacionada agrave existecircncia de

poder entre classes ao passo que a conflitualidade existe devido agraves disputas

territoriais entre o capital e o campesinato ou seja de distintos territoacuterios e

funcionalidades

Oliveira (2001) aponta que devido agraves forccedilas produtivas capitalistas ocorrerem

de maneira desigual e contraditoacuteria no territoacuterio em algumas circunstacircncias eacute mais

conveniente para o capital monopolizar o territoacuterio ao inveacutes de se territorializar ou

seja neste caso para o paradigma camponecircs o capital natildeo expropria o camponecircs

fumicultor poreacutem subordina esse agente social ao ditar as regras de produccedilatildeo como

tipos de sementes insumos quiacutemicos teacutecnicas de produccedilatildeo entre outros elementos

que estatildeo relacionados agrave produccedilatildeo Trata-se da territorializaccedilatildeo do capital

monopolista (OLIVEIRA 2001) o qual monopoliza a circulaccedilatildeo e domina os meios

de produccedilatildeo e a terra (ROOS 2015)

Nesse sentido no territoacuterio a accedilatildeo das empresas transnacionais como por

exemplo a Souza Cruz configuram o processo chamado por Oliveira (2005) e Roos

(2015) de ldquomonopolizaccedilatildeo do territoacuteriordquo uma vez que a empresa se instala em aacutereas

estrateacutegicas monopoliza o territoacuterio e firma acordos com os produtores familiares e

natildeo familiares que produzem fumo sendo entendidos entatildeo a partir da sujeiccedilatildeo da

renda da terra ao capital onde o produtor atraveacutes da integraccedilatildeo tem pouco poder

nas negociaccedilotildees

Para Fernandes (2008) a existecircncia de distintos territoacuterios entre o campesinato

e o agronegoacutecio eacute dada a partir das formas de organizaccedilatildeo espacial e de paisagens

geograacuteficas sendo o territoacuterio do agronegoacutecio caracterizado pela monocultura

desertificaccedilatildeo populacional produtivismo para exportaccedilatildeo grande escala e

homogeneidade ao passo que o territoacuterio camponecircs eacute representado pela

heterogeneidade da paisagem frequente povoamento policultura e produccedilatildeo

diversificada Por fim o territoacuterio monopolizado pelo agronegoacutecio se distingue pela

homogeneidade da paisagem geograacutefica e pela subalternidade e controle

tecnoloacutegico das commodities que se utilizam dos territoacuterios camponeses

30

(FERNANDES 2008) Portanto para os seguidores desse paradigma o capital

forma os seus territoacuterios atraveacutes da expansatildeo e controle de aacutereas em todas as

regiotildees subalternizando o camponecircs atraveacutes da integraccedilatildeo Sobre a monopolizaccedilatildeo

do territoacuterio Fernandes (2008) destaca que

Quando o tempo de trabalho eacute maior do que o de produccedilatildeo o capital age atraveacutes da monopolizaccedilatildeo do territoacuterio e da sujeiccedilatildeo da renda da terra Neste caso o campo continua povoado por camponeses ou pequenos ou meacutedios capitalistas que passam a produzir de acordo com o que lhes diz a induacutestria Eacute o caso por exemplo da laranja do fumo a avicultura e da suinocultura entre outros (FERNANDES 2008 p 196)

As anaacutelises voltadas ao paradigma camponecircs e que tratam dos assuntos

relacionados agrave produccedilatildeo de fumo como por exemplo o trabalho de Roos (2015)

afirmam que a subalternidade camponesa estaacute expressa na sujeiccedilatildeo da renda e na

monopolizaccedilatildeo do territoacuterioterritorialidade pelo capital uma vez que a

monopolizaccedilatildeo do territoacuterio pelo capital eacute entendida como territorialidade capitalista

no territoacuterio camponecircs Nesse sentido Roos (2015) compreende territorialidade

como o uso do territoacuterio ponderando que este eacute exclusivamente produzido por uma

relaccedilatildeo social que somente pode ser realizada pelo sujeito onde a territorialidade

pode ser camponesa ou capitalista

Nesse ponto de vista em relaccedilatildeo agrave produccedilatildeo de fumo nas unidades

familiares o paradigma camponecircs compreende que as relaccedilotildees capitalistas

subordinam as relaccedilotildees camponesas e consequentemente o seu territoacuterio pelo fato

das bases teacutecnicas de produccedilatildeo estarem determinadas pelas multinacionais como

por exemplo atraveacutes dos contratos de compra de fumo de empresas com a Souza

Cruz

O territoacuterio eacute instituiacutedo por sujeitos e grupos sociais que se afirmam por meio dele Assim haacute sempre territoacuterio e territorialidade ou seja processos sociais de territorializaccedilatildeo Num mesmo territoacuterio haacute sempre muacuteltiplas territorialidades (PORTO-GONCcedilALVES 2006)

Roos (2015) destaca que mesmo onde as empresas fumageiras determinam

o padratildeo tecnoloacutegico (infraestrutura tipos de sementes insumos utilizados formas

de semeadura etc) natildeo tiram dos camponeses a autonomia sobre o seu trabalho o

tempo e as decisotildees Assim o autor afirma que o territoacuterio continua sendo de

domiacutenio dos camponeses poreacutem o capital exerce sua territorialidade subordinando a

renda camponesa na medida em que se incorporam agrave loacutegica capitalista

31

A territorialidade deriva de territoacuterio como produto das muacuteltiplas relaccedilotildees de

poder presentes e que estatildeo intrinsicamente relacionadas aos modelos de produccedilatildeo

podendo como destacado por Porto-Gonccedilalves (2006) e Fernandes (2008) coexistir

vaacuterias territorialidades em um mesmo territoacuterio

As territorialidades expressam as relaccedilotildees de poder que determinam as

configuraccedilotildees territoriais Elas contribuem para a identificaccedilatildeo de quem domina e de

quem eacute o dominado nos territoacuterios As territorialidades tambeacutem estatildeo expressas nas

paisagens de modo que seus componentes revelam as relaccedilotildees sociais poliacuteticas e

econocircmicas (FERNANDES 2010)

Fernandes (2008 2009) acrescenta que a disputa territorial entre o

campesinato e o agronegoacutecio pode acontecer por duas formas distintas pela

desterritorializaccedilatildeo e pelo controle das territorialidades por possuiacuterem relaccedilotildees

sociais distintas e modelos divergentes de produccedilatildeo os quais resultam em conflitos

Portanto ainda no que diz respeito ao paradigma camponecircs Paulino e

Almeida (2010) defendem a ideia de que embora o campesinato seja uma relaccedilatildeo

natildeo capitalista ldquosua reproduccedilatildeo deve ser entendida a partir das diversas

contradiccedilotildees do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma

contradiccedilatildeo e natildeo de uma articulaccedilatildeo de modos de produccedilatildeordquo Jaacute no paradigma da

agricultura familiar a inserccedilatildeo do agricultor nos mercados capitalistas natildeo eacute

compreendida pela conflitualidade entre territoacuterio camponecircs e do agronegoacutecio

sendo que ambos buscam maximizaccedilatildeo de sua produccedilatildeo

A partir do exposto eacute possiacutevel entender que os estudos feitos agrave luz do

paradigma da agricultura camponesa e que tratam de temas relacionados agrave

produccedilatildeo de fumo no Sul do Brasil afirmam a existecircncia de conflitos muitas vezes

ldquoveladosrdquo entre o territoacuterio dos fumicultores e a territorialidade corporativa das

empresas fumageiras

32

CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL

De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de

fumo Por esse fato o presente capiacutetulo tem como objetivo salientar os fatores que

proporcionaram ao paiacutes se tornar referecircncia nesse setor uma vez que a fumicultura

eacute desenvolvidaem sua maioriapela agricultura familiar (AFUBRA 2015) De

maneira cronoloacutegica realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica da origem do fumo e

sua consequente inserccedilatildeo em uma produccedilatildeo de escala comercial analisando o

cultivo o mercado e outros aspectos sejam das esferas produtiva social e

econocircmica visto que esses elementos satildeo fundamentais para entender os motivos

pelos quais contribuiacuteram para a inserccedilatildeo dessa produccedilatildeo no municiacutepio de

PrudentoacutepolisPR que seraacute tratado com mais detalhes no capiacutetulo III Tambeacutem pelo

fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo

de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral

dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura

familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo

do agronegoacutecio

21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL

A partir do iniacutecio da deacutecada de 1990 o Brasil vem ocupando uma posiccedilatildeo de

destaque no mercado mundial do fumo pelo volume produzido e pela qualidade que

o produto possui

Ao analisar as origens4 dessa cultura as respostas satildeo um pouco distintas pois

existem possiacuteveis afirmaccedilotildees de que o fumo era consumido desde o seacuteculo IX no

continente Asiaacutetico Todavia Frozza (1998) afirma que o cultivo e uso das folhas

datam de mais de quatro mil anos e que ocorreram nas regiotildees da Ameacuterica do Norte

e Central onde hoje se situam o Meacutexico e a Guatemala Ainda de acordo com esse

autor satildeo os povos Maias que teriam iniciado o plantio dessa cultura

4 O tabaco tambeacutem chamado de fumo eacute uma erva do gecircnero das plantas solanaacuteceas cujas folhas depois de preparadas servem mais comumente para fumar cheirar ou mascar (SILVA 2012)

33

Nardi (1985) e Saffrin (1995) afirmam que o fumo tem suas origens nos vales

orientais dos Andes bolivianos e que chegou ao territoacuterio brasileiro atraveacutes das

migraccedilotildees dos iacutendios principalmente os iacutendios Tupi-Guarani Convergindo com

Nardi e Saffrin Souza Cruz (2011) afirma que o fumo eacute uma planta originaacuteria dos

Andes e que acompanhou as migraccedilotildees dos iacutendios por toda a Ameacuterica Central ateacute

chegar ao territoacuterio brasileiro

Os colonizadores portugueses atraveacutes dos povos indiacutegenas introduziram o haacutebito

do consumo de fumo (BOEIRA 2002) tendo acesso ao produto atraveacutes do

escambo Dessa forma satildeo criadas as primeiras legislaccedilotildees para regulamentar a

atividade fumageira como a Junta de Administraccedilatildeo do Tabaco de 1674 a qual

servia para orientar o comeacutercio das especiarias em Portugal e suas colocircnias e

institucionalizou o monopoacutelio portuguecircs sobre o produto Nesse contexto o tipo de

fumo produzido era o escuro de corda sendo que o mesmo era usado para fabricar

o rapeacute o cigarro e charutos (SILVA 2002)

No iniacutecio do seacuteculo XIX a produccedilatildeo em escala comercial ocupou aacutereas reduzidas e

concentradas entre o litoral dos atuais estados da Bahia (Recocircncavo Baiano) e

Recife proporcionando o abastecimento do mercado europeu Os fatores que

contribuiacuteram para a produccedilatildeo do fumo foram agrave existecircncia de matildeo de obra familiar e o

desejo de desenvolver a regiatildeo Para Silva (2002) a cultura do fumo ao contraacuterio da

cana-de-accediluacutecar que era plantada somente nos latifuacutendios foi e ainda eacute

desenvolvida pela sua maioria em pequenas propriedades

A produccedilatildeo se expandiu para os estados de Minas Gerais Goiaacutes Satildeo Paulo

e sobretudo para a regiatildeo Sul do Brasil regiatildeo essa colonizada por imigrantes

europeus que se dedicaram a atividade como eacute o caso do municiacutepio de

Prudentoacutepolis no Paranaacute

O fumo ldquoproduto antes principalmente destinado ao escambo de escravos na segunda metade do seacuteculo passou a encontrar mercado crescente na Europa A quantidade exportada aumentou 361 por cento entre os anos de quarenta e noventa e os preccedilos meacutedios subiram 41 por centordquo(FURTADO p47 1984apud Silva 2002 p 38)

De acordo com Silva (2002) na regiatildeo Sul do Brasilas primeiras plantaccedilotildees

de fumo iniciaram-se em 1824 na colocircnia de Satildeo LeopoldoRS a mesma colonizada

por imigrantes alematildees e em 1850 na colocircnia Santa CruzRS Nessa regiatildeo foram

34

cultivadas variedades de fumos claros como o chinecircs (conhecido atualmente como

amarelinho) e mais tarde o Virgiacutenia devido agrave melhor aceitaccedilatildeo no mercado externo

sendo usado para a fabricaccedilatildeo de cigarros

Como destaca Spies (2000) o principal fator para os imigrantes se dedicarem a

atividade fumageira foram as precaacuterias condiccedilotildees econocircmicas em que se

encontravam pois produziam somente os alimentos para sua subsistecircncia e o

excedente natildeo era suficiente para provecirc-los Dessa forma viram na produccedilatildeo de

fumo uma alternativa para a melhora da situaccedilatildeo financeira familiar Outras

caracteriacutesticas que devem ser levadas em consideraccedilatildeo uma vez que contribuiacuteram

para que os imigrantes se dedicassem a produccedilatildeo de fumo satildeo a estrutura fundiaacuteria

baseada em pequenos lotes de terras e a disponibilidade de matildeo de obra da proacutepria

famiacutelia

Conforme Souza Cruz (2011) outro marco relevante no setor fumageiro foi agrave

criaccedilatildeo da empresa Souza Cruz pelo imigrante portuguecircs Albino Souza Cruz no ano

de 1903 no estado do Rio de Janeiro colocando em funcionamento a primeira

maacutequina do Brasil a produzir cigarros jaacute enrolados em papel Poreacutem com a

necessidade de investir no ramo para acelerar o ritmo de crescimento em

1914Albino Souza Cruz transformou a companhia em uma sociedade anocircnima

passando o controle acionaacuterio ao grupo British American Tabacco (BAT) fato que

permitiu o crescimento da Souza Cruz (SOUZA CRUZ 2015)

A expansatildeo da produccedilatildeo de fumo ocasionou algumas fusotildees entre empresas

do setor Vogt (1994) menciona que os anos entre 1917 e 1993 satildeo caracterizados

por aglutinaccedilotildees e fusotildees das empresas de comeacutercio e beneficiamento do tabaco A

entrada do capital internacional acarretou mudanccedilas na dinacircmica econocircmica da

regiatildeo

Na cidade de Santa CruzRS encontra-se o maior polo fumicultor do Brasil e

conforme AFUBRA (2001) um fato marcante na mudanccedila da dinacircmica econocircmica

desse muniacutecipio e regiatildeo se deu em 1917 com a iniciativa da BAT de instalar a

primeira usina de processamento de fumo no paiacutes com o nome de ldquoThe Brazilian

Tabacco Corporationrdquo Sua razatildeo social foi alterada no ano de 1920 para Companhia

Brasileira de Fumo em Folha (CBFF) e finalmente em 1955 alterada para

Companhia de Cigarros Souza Cruz ndash Induacutestria e Comeacutercio (SILVA 2002) A

35

companhia foi fundamental para que o Brasil alcancasse ainda mais os mercados

mundiais atraveacutes de algumas melhorias proporcionadas por ela

Vogt (1994) destaca que a partir de 1924 a companhia de capital internacional

comeccedilou a investir e incentivar os fumicultores a utilizarem insumos quiacutemicos para

obter uma melhor produtividade e qualidade do fumo o que se refletia no mercado

de cigarros que cada vez ficava mais exigente O melhoramento geneacutetico das

sementes foi outro condicionante para que se obtivesse um aumento da

produtividade e qualidade do fumo

De acordo com Vogt (1994) o mercado fumageiro brasileiro teve uma boa

elevaccedilatildeo nas exportaccedilotildees com o fim da segunda Guerra Mundial jaacute que os paiacuteses

que ateacute entatildeo eram grandes produtores de cigarros se encontravam desorganizados

pelos conflitos poliacuteticos e econocircmicos Outro fator que contribuiu para a maior

demanda do fumo brasileiro foi uma grande estiagem que afetou os paiacuteses

produtores de fumo na safra de 19441945 ocasionando dessa forma um aumento

nos preccedilos pagos pelos mercados internacionais entre os anos de 1944 e 1946

estimulando assim o aumento da produccedilatildeo brasileira devido aos grandes ganhos

obtidos no mercado externo

Contudo houve um aumento da produccedilatildeo sem o proporcional aumento da

qualidade do fumo causando certa preocupaccedilatildeo na balanccedila comercial Para piorar a

situaccedilatildeo no final da deacutecada de 1940 Franccedila Espanha Beacutelgica Holanda e

Dinamarca que eram os principais importadores do tabaco brasileiro foram

contemplados com o Plano Marshall e passaram a adquirir o fumo norte-americano

jaacute que possuiacutea uma qualidade melhor ldquoDesse modo o Brasil natildeo estava conseguido

uma boa representatividade no mercado externordquo (VOGT p 102 1994)

Ao encontro das discussotildees de Vogt Seffrin (1995) afirma que os fumicultores

foram os principais prejudicados com essa superproduccedilatildeo ocorrida na deacutecada de

1950 os quais entregavam a produccedilatildeo a preccedilos piacutefios de maneira a natildeo incorrer em

prejuiacutezos ainda maiores Como por exemplo quando a entatildeo Companhia Brasileira

de Fumos em Folha que atualmente tem o nome de Souza Cruz abriu um comeacutercio

de compra livre de fumos escuros os quais tinham um valor de mercado bem abaixo

da meacutedia e os fumicultores da regiatildeo Sul do Brasil sem outras saiacutedas de mercado

acabaram vendendo o fumo claro (de valor maior) por preccedilo de fumos escuros

36

Com a queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo no cenaacuterio mundial a

quantidade da produccedilatildeo do fumo era limitada e a produccedilatildeo fumageira das deacutecadas

de 1950 e 1960 (tabela 1) era destinada na sua maioria para o mercado nacional

A elevaccedilatildeo desorganizada da produccedilatildeo fumageira gerou na regiatildeo nos anos de 50 e 60 grandes estoques de excedentes natildeo comercializaacuteveis O fumo abarrotava os armazeacutens das firmas e das cooperativas natildeo tendo o colono como despachar o seu cultivo (VOGT 1994)

Portanto a produccedilatildeo de fumo no Brasil eacute mais expressiva a partir da segunda

metade do seacuteculo XX sobretudo no poacutes-guerra quando a ampliaccedilatildeo das aacutereas de

produccedilatildeo veio associada ao aumento da qualidade e produtividade das lavouras

como tambeacutem da produccedilatildeo industrial dos cigarros

ANO PRODUCcedilAO T EXPORTACcedilAO T

1961 60408 10919 1963 82851 14522 1965 91159 14008 1967 112234 9289 1969 99804 13778 1971 97206 18556 1973 82030 20248 1975 97722 41277

QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA

Fonte VOGT 1994

Como pode ser visto as melhoras nas exportaccedilotildees comeccedilam somente na deacutecada de

1970 A deacutecada de 1960 foi marcada por poucas vendas para o mercado externo

natildeo chegando a exportar 15 da produccedilatildeo total Conforme Sefrin (1995) devido a

essa queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo para o exterior na deacutecada de

1960 os fumicultores encontravam-se em condiccedilotildees econocircmicas peacutessimas pois

aleacutem de ser um trabalho aacuterduo os lucros eram iacutenfimos natildeo conseguindo muitas

vezes fazer o pagamento do financiamento da produccedilatildeo aleacutem das safras serem

afetadas pelas intempeacuteries climaacuteticas encontrando-se cada vez mais

desamparados Como aponta Safrin (1995) os pagamentos muitas vezes eram feitos

no ano seguinte da venda e com preccedilos ainda reduzidos

Para que a produccedilatildeo brasileira do fumo pudesse voltar ao cenaacuterio internacional era

indispensaacutevel um salto qualitativo na produccedilatildeo do fumo fato que exigiria a injeccedilatildeo

de grande quantidade de capital na produccedilatildeo Conforme Vogt (1994) os

37

investimentos necessaacuterios para a melhoria da qualidade estavam relacionados agrave

aquisiccedilatildeo de sementes adubos pesticidas instrumentos agriacutecolas construccedilatildeo de

estufas bem como a assistecircncia teacutecnica constantemente presente na propriedade

do colono e a garantia da compra integral da produccedilatildeo sendo mais um fator que

impulsionou a Souza Cruz a investir nessa regiatildeo

De acordo com Silva (2002) para corroborar na soluccedilatildeo dos problemas

econocircmicos dos fumicultores surgiram movimentos de uniatildeo dos interesses dos

mesmos o que resultou na sugestatildeo para a criaccedilatildeo de uma associaccedilatildeo formal dos

fumicultores Sendo assim no dia 21 de marccedilo de 1955 na cidade de Santa Cruz do

SulRS foi criada a Associaccedilatildeo dos Plantadores de Fumo em Folha do Rio Grande

do Sul a qual em 1963 mudou sua razatildeo social para Associaccedilatildeo dos Fumicultores

do Brasil (AFUBRA) passando a abranger tambeacutem os estados de Santa Catarina e

Paranaacute (AFUBRA 2014) Dessa forma a entidade foi criada devido a dois fatores

principais a instabilidade do mercado e dos preccedilos do tabaco e a inexistecircncia de

auxiacutelio econocircmico contra danos por granizo nas lavouras

Com a injeccedilatildeo de capital para a melhoria na produccedilatildeo do fumo e com a

criaccedilatildeo da AFUBRA os fumicultores encontravam-se mais confiantes pelo fato de

estarem obtendo melhores rendimentos Apesar desse desequiliacutebrio nas

exportaccedilotildees pelo qual o mercado fumageiro passou nas deacutecadas de 1950 e 1960

Spies (2000) destaca que a induacutestria do fumo jaacute era a mais importante da regiatildeo de

Santa Cruz no Rio Grande do Sul entre os anos de 1952 e 1965 pois no ano de

1924 os produtos de subsistecircncia representavam 70 da produccedilatildeo e na deacutecada de

1950 esse valor caiu para 413 do total da produccedilatildeo agriacutecola regional

Conforme destaca Vogt (1994) o final da deacutecada de 1960 e com maior

intensidade nas deacutecadas de 1970 e 1980 a fumicultura brasileira volta a ter um

aumento significativo em termos de aacuterea produzida e exportaccedilatildeo da produccedilatildeo devido

principalmente agrave abertura do mercado internacional para os fumos brasileiros mas

tambeacutem agrave adoccedilatildeo de poliacuteticas favoraacuteveis agrave instalaccedilatildeo de agroinduacutestrias no paiacutes

resultando na consolidaccedilatildeo dos complexos agroindustriais

Na deacutecada de 1970 e 1980 era notaacutevel o progresso do setor fumageiro na

regiatildeo Sul do Brasil Esse fato refletiu nas exportaccedilotildees pois a quantidade do fumo

em folha exportado pelo Brasil daacute um salto de 55 mil toneladas exportadas no ano

38

de 1965 para 170 mil toneladas no ano de 1985 dando assim a configuraccedilatildeo da

atual estrutura fumageira do Brasil

Com a consolidaccedilatildeo do Complexo Agroindustrial Brasileiro ou seja da

integraccedilatildeo entre a agricultura e a induacutestria o setor fumageiro ganhou grande

impulso e os estados de Santa Catarina e Paranaacute tambeacutem receberam consideraacuteveis

incentivos para se especializar na produccedilatildeo Foi nesse periacuteodo que a produccedilatildeo em

maior escala atingiu o municiacutepio de PrudentoacutepolisPR e um nuacutemero maior de famiacutelias

aderiu a esse cultivo

Durante a deacutecada de 70 consolidou-se a atual estrutura fumageira existente no Brasil meridional [] ao mesmo tempo os cultivos nos estados de Santa Catarina e Paranaacute foram intensificados pelas corporaccedilotildees que introduziram o tabaco em novas aacutereas para responder a demanda internacional (VOGT 1994)

Dessa forma a proliferaccedilatildeo das lavouras de fumo acontece

concomitantemente nos trecircs estados da regiatildeo Sul do Brasil e estes se destacam

pela qualidade do fumo que produzem Silva (2002) aponta que a chegada de outras

empresas multinacionais com intenccedilatildeo de expandir-se impulsionou o processo de

organizaccedilatildeo da produccedilatildeo do fumo incentivando a especializaccedilatildeo dos envolvidos nas

atividades

Em Santa Catarina e no Paranaacute o cultivo de fumo de estufa de caraacuteter

comercial daacute-se a partir da empresa Souza Cruz a partir da deacutecada de 1960 a qual

oferecia o sistema integrado de produccedilatildeo Ou seja os fumicultores plantariam o

fumo a Souza Cruz entraria com o financiamento da produccedilatildeo (fornecimento da

estufa de insumos e assistecircncia teacutecnica) e no final da safra o fumicultor fazia o

pagamento para a empresa com sua proacutepria produccedilatildeo No Paranaacute a Souza Cruz

inseriu primeiramente a produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Irati (principal polo

fumageiro do Paranaacute onde se localiza o municiacutepio de Prudentoacutepolis)

A partir da deacutecada de 1980 a produccedilatildeo vem aumentando Vogt (1994) expotildee

que a regiatildeo Sul do paiacutes aumentou sua produccedilatildeo em aproximadamente 60 entre

as safras de 198788 e 19921993 dando um salto de 350 mil para 560 mil

toneladas

39

TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL

SAFRA AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS

KG ha R$Kg

1995 200830 348000 132680 1733 155

2000 257660 359040 134850 2092 200

2005 439220 842990 198040 1919 433

2006 417420 769660 193310 1844 415

2007 360910 758660 182650 2102 425

2008 348720 713870 180520 2047 541

2009 374060 744280 186580 1990 590

2010 370830 691870 185160 1866 635

2011 372930 832830 186810 2233 493

2012 324610 727510 165170 2241 630

2013 313675 712750 159595 2272 745

2014 323700 731390 162410 2259 728

Fonte AFUBRA2015

A safra de 2005 mostra novamente um aumento significativo na produccedilatildeo

total Sul brasileira chegando a 842990 toneladas anuais (tabela 1) De 2005 para

caacute a produccedilatildeo oscilou entre 842990 e 691870 toneladas anuais (conforme a

demanda do mercado) com um leve decreacutescimo nos uacuteltimos trecircs anos

A produtividade do fumo aumentou na deacutecada de 2000 devido agrave introduccedilatildeo de

novas teacutecnicas que permitiram a diminuiccedilatildeo do uso de matildeo de obra Na safra de

1995 a produtividade meacutedia foi de 1733 kgha aumentando consideravelmente

para a uacuteltima safra a qual chegou a 2259 Kgha Nos anos de 2005 e 2006

percebe-se um aumento na quantidade de famiacutelias envolvidas na atividade quadro

esse invertido no ano de 2007 ocorrendo queda no nuacutemero dessas famiacutelias

Apesar da diminuiccedilatildeo do nuacutemero das famiacutelias na atividade em geral a

produccedilatildeo natildeo eacute afetada o quase deve agrave modernizaccedilatildeo das estufas de secagem

que resultou na diminuiccedilatildeo da matildeo de obra favorecendo o aumento da produccedilatildeo

por parte das famiacutelias que permaneceram no setor Conforme um produtor

entrevistado durante o trabalho de campo desta pesquisa

40

Depois que modernizamos a nossa estufa no ano de 2005 conseguimos aumentar a produccedilatildeo e diminuir a matildeo de obra [] antes precisava de quatro pessoas para colheita e pelo menos mais 4 para fazer a costura das folhas de fumo no galpatildeo antes de colocar na estufa [] quando descarregava as folhas da estufa era preciso tirar todos os fios do fumo [] dava muito trabalho Com a modernizaccedilatildeo isso acabou [] o fumo que vem da lavoura vai direto para a estufa Precisamos soacute de pessoas para colher e carregar direto na estufa O trabalho eacute mais leve nos dias de hoje com esse tipo de estufa (FUMICULTOR DA LINHA RIO PRETO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)

Sei que o fumo por si soacute jaacute eacute um veneno mas usamos os equipamentos de proteccedilatildeo que eacute seguro Hoje usamos agrotoacutexicos porque daacute menos serviccedilo e sai mais barato que pagar pra carpir [] soacute por isso mesmo[] Quando produzia morangos usava mais veneno ainda [] sabemos que o veneno natildeo faz bem nem pra noacutes nem para a natureza mas natildeo temos outras opccedilotildees (FUMICULTOR DA LINHA DEZEMBRO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)

Diniz Filho (2011) tambeacutem ressalta que especificamente no caso das

tecnologias de produccedilatildeo agriacutecola a opccedilatildeo dos agricultores familiares pelo uso de

maacutequinas e produtos quiacutemicos eacute estimulada pelo interesse de eliminar certos tipos

de trabalho braccedilal muito penosos Nesse sentidodiscorda-se do paradigma

camponecircs pelo fato de opor o agricultor familiar ao agronegoacutecio afirmando que o

primeiro prima por praacuteticas mais sustentaacuteveis com objetivo de reproduzir somente o

modo de vida ao passo que o agronegoacutecio tenderia a usar tecnologias mais

danosas para o meio ambiente por estar preocupado apenas com lucratividade

Com relaccedilatildeo agrave venda do fumo o preccedilo do quilo varia a cada ano e a

sistemaacutetica para que se estabeleccedila o valor da safra entre os fumicultores e a

induacutestria fumageira incide em acordos com as entidades representativas dos

produtores como a Afubra Associaccedilotildees Federaccedilatildeo e o Sinditabaco que representa

as induacutestrias (DERALSEAB 2014) Apoacutes as negociaccedilotildees e a assinatura do

protocolo eacute que se estabelecem os preccedilos para as variadas qualidades do fumo

Nesse sentido o preccedilo do quilo do fumo eacute regulado conforme a oferta e demanda do

produtopelo mercado expressando adequadamente o valor marginal muitas vezes

pago aos produtores Dessa forma discorda-se de Roos (2015) quando afirma que

os fumicultores estatildeo subordinados pelas empresas fumageiras por terem pouca

representatividade na hora de fixar o preccedilo do quilo do fumo

Conforme AFUBRA (2015) para o fumo Virgiacutenia que eacute uma variedade dos

fumos de coloraccedilatildeo clara satildeo estabelecidas 41 variedades de classificaccedilatildeo sendo a

variedade mais bem paga a BO1 que valia 922 reais o quilo na safra de 20142015

41

e a variedade de menor valor o ST (farelos do fumo) tabelado a 054reais por quilo

Jaacute para o fumo Burley que eacute uma variedade dos fumos de coloraccedilatildeo escura satildeo

estabelecidas 30 diferentes variedades A mais bem paga eacute a B1 que equivale a

811 para cada quilo e a variedade menos valorizada eacute a G (farelos do fumo) que

vale 060 reais por quilo Quando o fumo eacute vendido para a empresa sempre eacute feito

uma meacutedia de toda venda e como revelam os dados da tabela 2 a meacutedia do quilo

pago para os produtores na safra de 201415 foi de 728 reais por quilo

Atualmente a regiatildeo Sul do Brasil se destaca pela maior produccedilatildeo de fumo

do paiacutes participando com 981 do total produzido Os trecircs estados sulinos satildeo

responsaacuteveis por colocar o paiacutes como o segundo maior produtor ena primeira

posiccedilatildeo no quesito exportaccedilatildeo mundial

TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO

ESTADOS AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)

PARTPRODUCcedilAtildeO ()

Rio Grande do Sul

204000 412000 2020 481

Santa Catarina 120000 258000 2150 301

Paranaacute 76000 171000 2250 200

Alagoas 9000 11000 1222 13

Bahia 3000 3000 1000 03

Outros 2000 2000 1000 02

Brasil 414000 857000 2070 100

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) 2014

A produccedilatildeo do fumo e a atuaccedilatildeo das empresas desse setor se datildeo de forma

mais intensa nos paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso do Brasil devido agrave

disponibilidade de matildeo de obra barata facilidade das multinacionais se instalarem

atraveacutes dos incentivos fiscais inexistecircncia de leis ambientaisriacutegidas e por ser a

atividade que gera mais renda se comparada a outras culturas produzidas em

pequena escala

42

TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013

PRODUCcedilAtildeO haacute PRODUCcedilAtildeO KG

VALOR R$

Animal x 1362412180 2565555940 26

Vegetal 1515650 2487306782 2077480 21

Tabaco 309350 705570000 5383773200 54

Total 1825000 4555288952 10026810100 100

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014

A partir dos dados apresentados pode-se destacar que a produccedilatildeo de fumo

na regiatildeo Sul do Brasil eacute responsaacutevel pela maior renda de muitos agricultores

familiares jaacute que os estados possuem uma grande quantidade de pequenas

propriedades e que dependem da produccedilatildeo do fumo para sua reproduccedilatildeo

econocircmica

Ahrens (2008) afirma que a produccedilatildeo mundial estaacute migrando dos paiacuteses

desenvolvidos para os paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso dos Estados

Unidos que apesar de aparecer como um dos principais produtores de fumo teve

sua produccedilatildeo prejudicada devido aos altos custos de cultivo e agrave escassez de matildeo de

obra

TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012

PAIacuteSES PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

PROCESSADO (t)

CONSUMO (t)

ESTOQUE EXPORTACcedilAtildeO (t)

IMPORTACcedilAtildeO (t)

1 China 2160000 256205 553960 0 538960

2 Brasil 670820 86060 112580 651190 12320

3 Iacutendia 576740 465510 134240 271060 200930

4 Estados Unidos

212020 441720 1580130 153130 420440

5 Indoneacutesia 191260 147940 134830 50270 27440

43

6 Turquia 152190 106240 34620 98200 60430

7 Zimbabwe 127190 3990 229930 43520 80

8 Argentina 103790 29950 364650 36100 1630

9 Paquistatildeo 74910 76300 91570 5390 10390

10 Malavi 71320 1290 166580 91500 890

93 Outros 1533150 1850430 3055200 608630 725480

103 Total 5873390 5771480 6468290 2008990 2008990

Fonte AFUBRA 2014

Apesar de a China ser a maior produtora mundial de fumo acaba consumindo

toda essa produccedilatildeo e na safra de 20112012 ainda importou 538960 toneladas

para suprir sua demanda interna Jaacute o Brasil que estaacute na 2ordm posiccedilatildeo de produccedilatildeo

mundial de fumo destina a maior parte da sua produccedilatildeo para o mercado externo Na

safra de 2013 88 da produccedilatildeo se dirigiu ao mercado externo (quadro 2) ficando

no paiacutes apenas 12 da produccedilatildeo para a fabricaccedilatildeo de cigarros cigarrilhas e

charutos Conforme DERALSEAB (2013) das 627000 toneladas exportadas em

2013 a regiatildeo Sul contribuiu com 624000 toneladas representando o equivalente

de 955 das exportaccedilotildees brasileiras

O quadro 2 mostra que apesar de a maior quantidade do fumo produzido no

Brasil se dirigir para o mercado externo os maiores faturamentos estatildeo relacionados

ao fumo consumido no proacuteprio paiacutes atingindo um lucro total maior que as

exportaccedilotildees O fato de as exportaccedilotildees renderem menos lucros que o fumo

consumido no proacuteprio paiacutes se daacute deve ao fato de o fumo exportado natildeo passar por

processamentos de agregaccedilatildeo de valor(exportaccedilatildeo de folhas e talos) Enquanto

isso toda a produccedilatildeo consumida no paiacutes tanto os fumos claros como os escuros

passa por vaacuterios processamentos de agregaccedilatildeo de valor ateacute obter os cigarros

cigarrilhas e charutos prontos para consumo

A distribuiccedilatildeo da renda bruta do setor fumageiro (quadro 2) estaacute dividida

entre tributosGoverno induacutestria produtor e varejista sendo que 459 dessa renda

eacute destinada ao governo O produtor fatura em torno de 205 do total da renda

faturamento esse que deve ser destinado para a compra dos insumos pagamento

do seguro da produccedilatildeo matildeo de obra desgastes com a terra implementos que usa

na produccedilatildeo gastos com a secagem das folhas do fumo aleacutem de prejuiacutezos que

podem vir a acontecer durante a produccedilatildeo

44

Jaacute os varejistas apesar de auferirem 6 do faturamento natildeo tecircm gastos tatildeo

altos comoos produtores Aleacutem do mais esse setor ganha na quantidade sendo que

existe um nuacutemero muito maior de fumicultores que de varejistas Isso tambeacutem

acontece com a induacutestria que tem seus ganhos principalmente no volume e na

agregaccedilatildeo de valor do produto

Pelos dados apresentados apresentados no quadro 2 pode-se concluir que o

maior beneficiado com o faturamento da produccedilatildeo de fumo eacute o setor puacuteblico atraveacutes

de impostros

QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL

ESPECIFICACcedilAtildeO

2012 2013

R$ Toneladas R$ Toneladas

Consumo Domeacutestico

1635750730000 88990 12 1765594334000 84350 12

Exportaccedilatildeo 645663700000 637780 88 722287181000 627230 88

TOTAL 2281414430000 726770 100 2487881515000 711580 100

DISTRIBUICcedilAtildeO DA RENDA BRUTA

Tributos Governos

1048025493000 459 1076394659000 433

Induacutestria 627838400000 275 720610862000 290

Produtor 467329600000 205 541693230000 217

Varejista 138220930700 61 149182764000 60

TOTAL 2281414430000 100 2487881515000 100

FONTE AFUBRA2013

De acordo com dados da DERALSEAB (2015) no ano de 2014 o fumo

brasileiro foi destinado para mais de cem paiacuteses abrangendo principalmente paiacuteses

da Uniatildeo Europeia (42) seguidos do Extremo Oriente (26) Ameacuterica do Norte

(13) Aacutefrica (7) Leste Europeu (7) e Ameacuterica Latina (5) Atualmente a

liderenccedila brasileira nas exportaccedilotildees se daacute devido agrave excelente qualidade do fumo agrave

regularidade da produccedilatildeo e agrave competitividade com os preccedilos dos demais paiacuteses

produtores

45

42

26

13

7

7

5

Uniatildeo Europeia

Oriente Meacutedio

Ameacuterica do Norte

Aacutefrica

Leste Europeu

Ameacuterica Latina

Paiacuteses importadores do fumo brasileiro

Fonte

DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014

Conforme DERAL (2014) no Paranaacute as lavouras com predomiacutenio de fumos

claros concentram-se nos nuacutecleos regionais de Irati Ponta Grossa Curitiba Uniatildeo

da Vitoacuteria e Guarapuava Jaacute em Francisco Beltratildeo Pato Branco Cascavel e Toledo

cultivam-se os fumos escuros

Na figura 1 estatildeo expostos os municiacutepios produtores de fumo e a meacutedia de

hectares que cada municiacutepio ocupa com essa culturaNota-se que a produccedilatildeo de

fumo no estado se concentra em sua maioria na regiatildeo Sudeste Centro-Sul

Sudoeste e Oeste

O municiacutepio de Prudentoacutepolis pertence ao nuacutecleo de Irati nuacutecleo esse que

ocupa o primeiro lugar no ranking de produccedilatildeo de fumos claros do estado conforme

a tabela 5

GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO

46

FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA Fonte IBGE 2014

TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute

Nuacutecleos regionais

Safra 20132014 Safra 20142015 Participaccedilatildeo

Aacuterea (ha) Produccedilatildeo(t) Aacuterea (ha) Produccedilatildeo (t) ()

Irati 19300 43425 19500 43875 244

Ponta Grossa 17562 42605 18862 45268 251

Curitiba 13300 30493 13300 34580 12

Uniatildeo da Vitoacuteria

7500 15750 7600 15580 87

Guarapuava 5000 12400 4900 13230 73

Francisco Beltratildeo

4350 9904 4300 10320 57

Cascavel 3600 7556 3500 7453 41

Outros 4774 10711 4496 9907 55

Total 75386 172844 76308 180213 1000

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014

47

Na safra de 20122013 os municiacutepios paranaenses que se destacaram no

volume de fumo produzido foram Satildeo Joatildeo do Triunfo Rio Azul Prudentoacutepolis

Ipiranga e Irati As 1813 famiacutelias que cultivam fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis

foram responsaacuteveis por produzir 10192 toneladas do produto

Para os municiacutepios de Satildeo Joatildeo do Triunfo e Rio Azul se comparados os

volumes produzidos (quadro 3) nota-se quea quantidade em toneladas natildeo

apresenta tanta diferenccedila entre ambos sendo 13458 toneladas em Satildeo Joatildeo do

Triunfo e 13268 toneladas em Rio Azul Poreacutem em relaccedilatildeo ao nuacutemero de famiacutelias

que trabalham na atividade fumageira em Rio Azul esse nuacutemero eacute bem maior que

em Satildeo Joatildeo do Triunfo Esse fatoeacute resultado da opccedilatildeo das famiacutelias de Rio Azul

porproduzirem menores quantidades de fumo por unidade familiar como tambeacutem

por intempeacuteries climaacuteticas (granizo ventos) que impediram de colher toda a

produccedilatildeo

PARANAacute PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTORES

Satildeo Joatildeo do Triunfo 13458 1968

Rio Azul 13268 2610

Prudentoacutepolis 10192 1813

Ipiranga 9323 1661

Irati 8539 1558

QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) AFUBRA 2014

22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL

De acordo com Sauer (2008) em 1996 a criaccedilatildeo do PRONAF (Programa

Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) trouxe avanccedilos poliacuteticos

voltados aos agricultores familiares permitindo o reconhecimento destes enquanto

categoria social epossibilitando o acesso ao creacutedito agriacutecola Creacutedito esse que

48

quando usado de maneira correta contribui significativamente para o aumento da

produccedilatildeo

Dentre os vaacuterios estudos que retratam a evoluccedilatildeo da agricultura familiar

brasileira nas uacuteltimas deacutecadas destaca-seldquoO Novo Retrato Da Agricultura Familiar

Brasileirardquo Nesse estudo os autores mencionam a importacircncia de refletir sobre o

espaccedilo rural tendo como escopo a sua diversidade pelo fato da existecircncia de

distintos tipos de agricultores familiares que possuem interesses e estrateacutegias

particulares de produccedilatildeo agropecuaacuteria Nesse sentido da mesma forma que existe

uma diversidade de agricultores familiares deveratildeo tambeacutem existir poliacuteticas

agriacutecolas e tipos de assistecircncia teacutecnica distinto para cada grupo com intuito desses

empregarem em sua produccedilatildeo tecnologias que possibilitam o seu fortalecimento e

expansatildeo diante dos mercados

Sobre a diversidade da agricultura familiar brasileira a tabela 6 mostra de que

forma satildeo distribuiacutedos os tipos familiares a renda monetaacuteria anual e qual a

porcentagem na participaccedilatildeo do valor bruto da agricultura familiar por grupo familiar

TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006

Grupos familiares Nuacutemero de agricultores familiares

segundo o tipo

Total VBP familiares

Renda Monetaacuteria

liacutequida anual em reais

A 452750 695 5323600

B 964140 157 372500

C 574961 47 149900

D 2560274 102 25500

Total 4551855 -

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

A partir dos dados sobre a caracterizaccedilatildeo dos grupos familiares nota-se que

o grupo com um contingente maior de agricultores familiares no ano de 2006 foi o

grupo D ou seja os descapitalizados Esses agricultores familiares de acordo com

Guanziroli et al (2012) estatildeo em sua maioria concentrados nas regiotildees Norte e

Nordeste do Brasil sendo os que menos empregam aparatos tecnoloacutegicos Desse

modo o autor afirma que o grau de especializaccedilatildeo e tecnificaccedilatildeo tem maior

49

influecircncia na geraccedilatildeo de renda do que a quantidade de terra possuiacuteda por cada

unidade familiar Sobre o grupo familiar D o estudo tambeacutem menciona que

[] entre os agricultores familiares do tipo D tambeacutem existem agricultores mais capitalizados os quais podem ter sido classificados neste grupo devido agrave frustraccedilatildeo de safra baixos preccedilos de seus produtos no mercado ou a realizaccedilatildeo de novos investimentos nos quais as receitas ainda natildeo estatildeo superando as despesas Esta afirmaccedilatildeo estaacute baseada na participaccedilatildeo percentual do creacutedito rural obtido e dos investimentos realizados por estabelecimentos deste tipo (FAOINCRA)

Os agricultores familiares dos grupos A e B considerados como capitalizados

e em vias de capitalizaccedilatildeo correspondem principalmente aos produtores familiares

da regiatildeo Sul do paiacutes O desempenho desses grupos se deve ao fato de estarem

inseridos em cadeias produtivas mais competitivas as quais trazem melhores

retornos econocircmicos

Guanziroli et al (2012) apontam que os produtores familiares do tipo A tecircm

uma renda anual elevada em parte porque na aacuterea rural podem se beneficiar da

produccedilatildeo para autoconsumo natildeo pagam aluguel e as taxas sobre o valor da aacutegua e

luz satildeo mais baixas se comparadas com a urbana Dessa forma o padratildeo de vida

desses agricultores eacute compatiacutevel com a da classe meacutedia urbana Entretanto existe

uma distacircncia muito grande entre os produtores do grupo A e os demais

Nesse sentido Guanziroli et al (2006) com base no estudo ldquoDez anos de

evoluccedilatildeo da agricultura familiar no Brasil (1996 e 2006)rdquo compararam os dados do

censo agropecuaacuterio de 1996 com o de 2006 a fim de dar respostas a algumas

inquietudes sobre a evoluccedilatildeo da agricultura familiar no dececircnio analisando o

processo de modernizaccedilatildeo da agricultura familiar por meio da evoluccedilatildeo de algumas

variaacuteveis (uso de maquinaacuterios insumos entre outras tecnologias) Dentre outros

resultados esse estudo mostrou que houve crescimento do nuacutemero de agricultores

familiares entre os censos o qual passou de 4139000 para 4551855 Ou seja em

1996 8517 do total dos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros eram

familiares e em 2006 essa porcentagem aumenta para 8796 do total

Os dados desse estudo tambeacutem mostraram que os agricultores familiares

pertencentes ao grupo A e quanto muito aos grupos A e B desempenham um papel

importante em termos econocircmicos Jaacute o grupo C e principalmente os agricultores

familiares do grupo D produzem tatildeo pouco que remetem aquela visatildeo do agricultor

50

familiar de subsistecircncia que comercializa pequenos excedentes econocircmicos em

mercados locais

O uso de tecnologias pelos agricultores familiares como maquinaacuterios e

insumos quiacutemicos contribuiu para o aumento da produccedilatildeo e da produtividade

acontecimento esse que possibilitou a ascensatildeo do universo familiar no cenaacuterio

agropecuaacuterio brasileiro com significativa importacircncia na produccedilatildeo tanto de gecircneros

alimentiacutecios de consumo nacional como tambeacutem de commodities de exportaccedilatildeo

caso a produccedilatildeo de fumo As tecnologias voltadas para a produccedilatildeo de fumo

referem-se a modernizaccedilatildeo das estufas de secagem das folhas de fumo de

sementes melhoradas geneticamente aleacutem dos insumos agriacutecolas

De acordo com Guanziroli et al (2006) as anaacutelises regionais sobre a

agricultura familiar brasileira para o ano de 2006 mostram que as regiotildees Norte

Nordeste e Sul apresentam maior participaccedilatildeo percentual de agricultores familiares

na produccedilatildeo regional em detrimento das regiotildees Centro-Oeste e Sudesteas quais

caracterizam-se pela maior expressividade da agricultura patronal

TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006

Regiatildeo 2006

Norte 6018

Nordeste 4738

Sudeste 2228

Sul 5443

Centro-Oeste 1453

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

Outro dado importante trazido pelos autores supracitados estaacute relacionado ao

fator produtividade como se vecirc pela comparaccedilatildeo entre os agricultores familiares e

natildeo familiares por regiatildeo (tabela 8) Os agricultores familiares pelo fato de

possuiacuterem quantidades de terras menores tendem a ser mais produtivos que o

agricultor natildeo familiar Nesse sentido concorda-se com Navarro (2014) ao apontar

que a ampliaccedilatildeo no acesso de tecnologias agrave agricultura de menor porte econocircmico eacute

necessaacuteria para a permanecircncia desses produtores no rural

51

A produccedilatildeo de fumo da regiatildeo Sul do Brasil eacute um exemplo que retrata que a

agricultura familiar eacute mais eficiente no uso da matildeo de obra e da terra quando

comparada aos agricultores patronais A necessidade da intensificaccedilatildeo da matildeo de

obra familiar para aumentar a produccedilatildeo exemplifica bem o porquecirc da maior parte

empregada na agricultura estaacute no segmento familiar apesar desse segmento natildeo ser

predominante na produccedilatildeo agriacutecola brasileira Dessa maneira Abramovay (1992 p

209) afirma que ldquonatildeo haacute atividade econocircmica em que o trabalho e a gestatildeo

estruturam-se tatildeo fortemente em torno de viacutenculos de parentesco e onde a

participaccedilatildeo da matildeo de obra natildeo contratada seja tatildeo importante como na agricultura

familiarrdquo

TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006

Brasil e Regiotildees

Valor produzido por hectare (R$ de 2006)

Natildeo familiar Familiar

Norte 1113 2410

Nordeste 3783 3907

Sudeste 10546 7378

Sul 8373 13376

Centro-Oeste 2727 2851

Brasil 4617 5546

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

Atraveacutes da regionalizaccedilatildeo e do valor produzido por hectare percebe-se que

os agricultores familiares da regiatildeo Sul satildeo mais eficientes no valor produzido e

segundo Guanziroli et al (2012) a predominacircncia de agricultores familiares nas

cadeias produtivas como a fumicultura a avicultura e suinocultura favorece o

aumento da produtividade por aacuterea Eacute nesse sentido que pode-se afirmar natildeo existir

dicotomia ou oposiccedilatildeo entre a agricultura familiar e a patronal uma vez que a

competiccedilatildeo no mercado faz com que cada um desses segmentos tenda a

predominar nos setores em que apresenta capacidade para produzir com mais

eficiecircncia

Na regiatildeo Sudeste a alta tecnologia empregada pelos agricultores natildeo

familiares consegue superar a produtividade da agricultura familiar Jaacute nas regiotildees

Norte e Nordeste encontram-se os menores iacutendices de produtividade da agricultura

52

familiar brasileira fato relacionado a vaacuterios fatores principalmente os solos menos

produtivos clima cultivo de culturas que tecircm um retorno de investimento menor e

tambeacutem a menor disponibilidade de tecnologias assistecircncia teacutecnica e poliacuteticas

agriacutecolas capazes de inverter esse quadro

Aleacutem da representatividade bastante grande (956) da produccedilatildeo de fumo a

agricultura familiar brasileira tem participaccedilatildeo significativa na produccedilatildeo de gecircneros

alimentiacutecios como arroz feijatildeo e mandioca Tambeacutem contabiliza-se um nuacutemero

significativo de agricultores familiares envolvidos nas cadeias produtivas

caracteriacutesticas do agronegoacutecio como soja trigo e milho (tabela 9)

No caso dos produtos de origem animal (tabela 10) a participaccedilatildeo da

agricultura familiar tambeacutem eacute significativa ou seja concorda-se com Guanziroli et al

(2012) quando afirma que produzir alimentos como arroz feijatildeo ou mandioca natildeo

quer dizer necessariamente que esses produtores satildeo camponeses ou produtores

de subsistecircncia pois na grande maioria dos estabelecimentos produz-se totalmente

para o mercado ou seja seu objetivo natildeo eacute somente a subsistecircncia e sim vender a

produccedilatildeo

TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000

PRODUTO 2006

Arroz 3919

Cana-de-accediluacutecar 1024

Cebola 6959

Fumo 9567

Mandioca 9317

Milho 5190

Soja 2360

Trigo 3638

Feijatildeo 7659

Banana 6240

Cafeacute 2967

Laranja 2525

Uva 5363

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

53

TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006

TIPO DE PRODUCcedilAtildeO 2006

Pecuaacuteria de corte 1665

Pecuaacuteria de leite 6053

Suiacutenos 5245

Aves 3034

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

A produccedilatildeo de fumo na regiatildeo Sul do Brasil tambeacutem tem grande

expressividade no contingente de pessoal ocupado (PO) ou seja conforme

demonstrado na tabela abaixo 9 da PO agriacutecola de 2012 estava ocupada nessa

atividade De acordo com Maia e Sakamoto (2015) no Sul destacam-se aleacutem dos

ocupados no cultivo do fumo os ocupados no cultivo da soja (10 da PO agriacutecola)

que representavam em 2012 90 e 63 dos ocupados nos respectivos ramos de

atividade do conjunto da PO agriacutecola brasileira

Para esses autores a dinacircmica da PO agriacutecola brasileira foi influenciada pela

regiatildeo Nordeste que apesar de conter o contingente agriacutecola mais expressivo do

Paiacutes (44 do total da PO agriacutecola brasileira) passou por uma grande reduccedilatildeo de

28 da PO agriacutecola entre os anos de 2005 e 2012 Buainain et al (2013) apud Maia

Sakamoto (2014) destacam que esse processo de esvaziamento na regiatildeo

Nordeste estaria associado tanto agrave inviabilidade econocircmica do minifuacutendio quanto agraves

diferenccedilas de qualidade de vida e oportunidades de emprego entre os meios rural e

urbano

54

TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012

Grupos 2012

N (1000)

Criaccedilatildeo de bovinos e outros animais 402 188

Cultivo de hortaliccedilas legumes flores etc 305 143

Cultivo de Soja 207 97

Produccedilatildeo mista lavoura temporaacuteria e pecuaacuteria

197 92

Cultivo de milho 194 91

Cultivo de fumo 194 91

Outras atividades 632 297

Total 2131 100

Fonte Maia e Sakamoto 2014 Dados primaacuterios IBGE 2012

Com relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos ocupantes em atividades agropecuaacuterias por

condiccedilatildeo de pobreza (tabela 12) nota-se que os ocupados pobres na produccedilatildeo de

fumo correspondem a 7 do total que eacute um percentual de pobres em geral menor

do que os encontrados em outras produccedilotildees como nas de mandioca (26) arroz

(29) milho (24) e horticultura (12)

As culturas da soja cafeacute cana-de-accediluacutecar e frutas satildeo as que tecircm menores

taxas de pobreza com valores respectivos de 24 45 46 e 63 A

proporccedilatildeo meacutedia brasileira para todos os ocupados em atividades agropecuaacuterias eacute

de 146

Desse modo pode-se dizer que as culturas tradicionais como arroz

mandioca e milho satildeo as que tecircm maiores taxas de pobreza Esse fato faz sentido

em Prudentoacutepolis pois na regiatildeo Norte do municiacutepio onde a produccedilatildeo de fumo natildeo

eacute realizada devido agraves caracteriacutesticas do clima e da topografia o niacutevel de

desenvolvimento eacute menor que na parte Central e Sul do municiacutepio Esse contraste

se revela natildeo somente pela comparaccedilatildeo entre culturas tradicionais e a produccedilatildeo de

fumo pois tambeacutem as outras culturas tendem a gerar menores taxas de pobreza

A produccedilatildeo de frutas eacute uma boa opccedilatildeo para a geraccedilatildeo de renda dos

agricultores familiares em geral pois apresenta uma taxa de pobreza bem menor

55

ainda que a do fumo Poreacutem para essa produccedilatildeo seria necessaacuteria a especializaccedilatildeo

e a tecnificaccedilatildeo desses agricultores realizadas a partir de poliacuteticas de incentivos a

tecnificaccedilatildeo e assistecircncia para agricultura familiar como apontado por Navarro

(2014) Ou seja a quantidade de tecnologia empregada de forma correta estaacute

intrinsecamente relacionada agrave renda do agricultor Sobre tecnologia para a

agricultura familiar Valente (2008) ressalta que ldquodeve-se compreender a tecnologia

natildeo como panaceacuteia mas conhecimento que estaria a exigir inovaccedilotildees institucionais

como poliacuteticas puacuteblicas parcerias e outras accedilotildees que a ele devem ser conjugadasrdquo

TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010)

Atividade Natildeo pobre Pobre Pobres () Total

Arroz 137325 56589 292 193914

Milho 389402 126624 245 516026

Algodatildeo 7322 579 73 7901

Cana-de-accediluacutecar 214497 10189 45 224686

Fumo 215365 16116 70 231481

Soja 96235 2387 24 98622

Mandioca 376239 132050 260 508288

Horticultura 522745 72322 122 595067

Frutas 236742 15808 63 252550

Cafeacute 552738 26757 46 579496

Cacau 67809 6670 90 74479

Pecuaacuteria 1611624 149626 85 1761250

Outros cultivos 4389749 942358 177 5332108

Outros agropecuaacuteria

1609597 226670 123 1836267

Total 10427388 1784746 146 12212134

Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010

Portanto os dados da tabela 12 mostram que realmente existem vaacuterias

culturas que geram uma taxa de pobreza bem menor que a cultura do fumo mas em

contrapartida existem aquelas que geram taxas de pobreza bem maiores Assim

pode-se dizer que os agricultores familiares que produzem fumo analisam os fatores

56

relacionados agrave matildeo de obra terra maquinaacuterios disponibilidade de capital

conhecimento teacutecnico e agrave lucratividade por atividade optando pela produccedilatildeo mais

rentaacutevel dentre aquelas para as quais possuem capacidade teacutecnica e financeira para

produzir

No quadro 4 podemos ver como ocorre a distribuiccedilatildeo das atividades

agropecuaacuterias entre os domiciacutelios rurais e urbanos Nesse sentido aproporccedilatildeo dos

ocupados em atividades agriacutecolas e que residem em aacutereas urbanas satildeo maiores em

cultivos como cana-de-accediluacutecar algodatildeo e frutas (607 516 e 451

respectivamente) ao passo que no cultivo do fumo cacau milho e arroz essas

proporccedilotildees satildeo bem menores (65 224 245 e 292)

Do ponto de vista da fixaccedilatildeo do homem no campo a cultura do fumo eacute mais

eficiente se comparadas com aquelas mais mecanizaacuteveis em que o contingente de

ocupados em atividades agriacutecolas eacute maior na aacuterea urbana O fato de a produccedilatildeo de

fumo ser pouco mecanizaacutevel no Brasil principalmente na colheita exige a matildeo de

obra familiar sem contar a necessidade da contrataccedilatildeo de matildeo de obra nos

periacuteodos de colheita do produto

Atividade Urbano Rural Urbano () Total Arroz 63133 130781 326 193914 Milho 114789 401228 222 516026 Algodatildeo 4075 3826 516 7901 Cana-de-accediluacutecar 136484 88202 607 224686 Fumo 15105 216376 65 231481 Soja 32958 65664 334 98622 Mandioca 86628 421660 170 508288 Horticultura 233989 361078 393 595067 Frutas 113813 138738 451 252550 Cafeacute 213751 365744 369 579496 Cacau 16683 57796 224 74479 Pecuaacuteria 466018 1295232 265 1761250 Outros cultivos 1625626 3706482 305 5332108 Outros agropecuaacuteria

889452 946815 484 1836267

QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010)

Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010

De acordo com Neder (2014) os municiacutepios brasileiros de maior porte

populacional se dedicam mais expressivamente agraves atividades de serviccedilos e induacutestria

57

(atividades natildeo agropecuaacuterias) ao passo que os municiacutepios com menor populaccedilatildeo

encontram-se mais relacionados agrave pecuaacuteria soja e fumo Dado esse que se

confirma no municiacutepio de Prudentoacutepolis como tambeacutem na grande parte dos

municiacutepios produtores de fumo da regiatildeo Sul do Brasil os quais satildeo caracterizados

pelo baixo contingente populacional sendo que um nuacutemero razoaacutevel deles tem

populaccedilatildeo predominantemente rural

A partir dos dados apresentados nota-se que a agricultura familiar brasileira

tambeacutem produz commodities para o mercado externo como nas cadeias de aves

suiacutenos soja e fumo Redefinindo assim a visatildeo dualista e superando o dilema entre

a agricultura para o mercado interno e a agricultura para exportaccedilatildeo (SILVEIRA

2014)

Portanto sabendo da inegaacutevel dualidade entre as formas de fazer agricultura

no rural brasileiro estando de um lado a agricultura patronal e do outro a agricultura

familiar concorda-se com Elesbatildeo (2007) quando afirma que natildeo tem fundamento

priorizar nem um segmento e nem outro dentro da agropecuaacuteria pois deve-se olhar

para o rural como um territoacuterio de diversidade onde haacute espaccedilo e necessidade para o

desenvolvimento tanto da produccedilatildeo de commoditiescomo tambeacutem para a

diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo na agricultura familiar tendo como escopo para as

pesquisas a heterogeneidade do segmento familiar

58

CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO

Este capiacutetulo tem por objetivo mostrar os processos de ocupaccedilatildeo do territoacuterio

de Prudentoacutepolis como tambeacutem os elementos que proporcionaram a inserccedilatildeo da

cultura do fumo nas unidades familiares a qual contribuiu para a reproduccedilatildeo

econocircmica desses produtores Nesse sentido a caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais

familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de fontes secundaacuterias como o IBGE eacute

fundamental para conhecer o perfil das unidades familiares

31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR

O municiacutepio de Prudentoacutepolis estaacute localizado na mesorregiatildeo Sudeste do

estado do Paranaacute (figura 2) sendo o terceiro municiacutepio paranaense com maior aacuterea

territorial Estaacute situado a latitude 25ordm 12rsquo 47rdquoS longitude 50ordm 58 40 W e na altitude

de 840 metros (IBGE 2010)

A partir de dados do censo demograacutefico (IBGE 2010) constata-se que

atualmente a maior parte da populaccedilatildeo Prudentopolitana reside na aacuterea rural ou

seja do total de 48793 habitantes 54 vivem na aacuterea rural e 46 na urbana

59

Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO Fonte IBGE (2010) Autor VILCZAK A (2015)

A ocupaccedilatildeo territorial do municiacutepio de Prudentoacutepolis se deu principalmente

atraveacutes da entrada de grande contingentes de imigrantes europeus No Paranaacute

entre os anos de 1829 e 1911 chegaram aproximadamente 83012 mil estrangeiros

de origem eslava (SENETRA 2014) os quais se dirigiram em sua maioria para os

arredores de Curitiba Prudentoacutepolis e Mallet

No municiacutepio de Prudentoacutepolis um contingente maior de imigrantes chegou

entre os anos de 1896 e 1897 Por esse fato atualmente cerca de 75 da

populaccedilatildeo satildeo descendentes de imigrantes ucranianos e em menor escala de

poloneses

Conforme Hauresko (2012) Prudentoacutepolis eacute uma das antigas colocircnias do

interior do Paranaacute instalada em 1895 no denominado distrito de Satildeo Joatildeo de

Capanema sendo a construccedilatildeo da estrada de rodagem Rio Grande do Sul ndash Satildeo

Paulo um dos fatores para a atraccedilatildeo desses imigrantes os quais foram inseridos

numa poliacutetica de instalaccedilatildeo de pequenas propriedades

Os lotes de terra eram recebidos pelos imigrantes e deveriam ser quitados na

medida em que prosperassem economicamente Esses lotes eram desmatados

pelos proacuteprios imigrantes onde construiacuteam casas provisoacuterias de madeira para

abrigar a famiacutelia como demonstra a figura 3

60

FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

Fonte Acervo do Museu do Milecircnio em PrudentoacutepolisPR

A colocircnia foi elevada a categoria de Vila no ano de 1906 pelo processo de

desmembramento do municiacutepio de Guarapuava No ano de 1929 foi elevada agrave

condiccedilatildeo de municiacutepio sendo constituiacutedo pelos distritos de Patos Velhos Jaciaba e

Prudentoacutepolis

No iniacutecio da colonizaccedilatildeo a semente de pinhatildeo era o principal alimento de

subsistecircncia para o imigrante De acordo com Zaroski (2001) os imigrantes colhiam

os pinhotildees e os transformavam em farinha e fubaacute atraveacutes dos moinhos caseiros e

assim substituiacuteam as farinhas de trigo e centeio Quando se instalaram

definitivamente em seus lotes esses imigrantes comeccedilaram a produzir as sementes

de trigo e centeio tambeacutem para a subsistecircncia

De acordo com Hauresko (2012) uma das primeiras atividades econocircmicas

significativas para as famiacutelias descendentes de imigrantes foi a extraccedilatildeo da erva-

mate jaacute que eacute uma planta nativa da regiatildeo

Uma das mais importantes induacutestrias do proacutespero municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute incontestavelmente a do matte que o municiacutepio produz abundantemente Fundada a colocircnia de Prudentoacutepolis composta na sua maioria de polonezes ruthenos e ukranianos coube a cada colono um lote de 5 a 10 alqueires de terras feacuterteis (BRASIL1929 p 28-29 citado por Hauresko 2012)

61

As pequenas glebas de terra que os imigrantes possuiacuteam rendiam a eles a

extraccedilatildeo da erva-mate como tambeacutem a produccedilatildeo de alimentos para autoconsumo e

mais tarde para a comercializaccedilatildeo Nessa continuidade os produtos agriacutecolas que

se destacam historicamente na participaccedilatildeo econocircmica do municiacutepio foram o cultivo

de feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata suiacutenos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de

gado (EMATER 2014) Poreacutem a renda gerada por essas culturas era iacutenfima de um

lado pela baixa produccedilatildeo que alcanccedilavam devido agrave ausecircncia naquele periacuteodo de

um pacote tecnoloacutegico que potencializasse a produccedilatildeo e de outro lado pela falta de

mercado para receber esses produtos

Diante disso a produccedilatildeo de fumo foi uma importante atividade geradora de

renda para a agricultura familiar principalmente a partir da deacutecada de 1970 Por

outro lado a inserccedilatildeo dessa cultura tambeacutem eacute resultado do papel que as empresas

fumageiras tiveram na regiatildeo Sul do Brasil Ou seja a produccedilatildeo se definiu e se

consolidou devido principalmente as empresas fumageiras em ir ateacute o fumicultor

devido a competitividade que o setor apresenta

Na primeira metade do seacuteculo XX muitas famiacutelias jaacute se dedicavam a produccedilatildeo

de fumo tanto de corda (consumo proacuteprio) como tambeacutem de folhas de fumo para

venda Produziam em pequenas quantidades pois todo o trabalho era manual

conforme relata o fumicultor

Eu lembro bem quando o meu avocirc fez a estufa para noacutes trabalhar com o fumo foi mais ou menos nos anos de 1960[] foi bom negoacutecio porque outra lavoura natildeo dava tanto lucro noacutes eacuteramos em bastante irmatildeos e todos ajudavam [] natildeo era faacutecil como hoje que temos trator estufa eleacutetrica Antes era tudo feito com os cavalos e a gente trabalhava muito de sol a sol (Fumicultor da Comunidade de Linha Dezembro entrevistado no dia 9 de junho de 2014) Antes de comeccedilar de plantar fumo noacutes produziacuteamos soacute para consumo o feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata porcos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de gado []Nossa situaccedilatildeo financeira era muito difiacutecil [] natildeo tinha uma renda certa passava muitas necessidades principalmente quando precisava para a sauacutede (Fumicultor da Comunidade de Linha Rio Preto entrevistado em junho de 2014)

No municiacutepio a produccedilatildeo de fumo teve grande procura a partir da metade do

seacuteculo XX Tambeacutem houve incentivos principalmente por parte da Souza Cruz uma

vez que a cultura se desenvolveu bem em algumas regiotildees

62

No ano de 2014 a Emater de Prudentoacutepolis registrou a existecircncia de 8100

famiacutelias de agricultores das quais 1813 o que corresponde a 22 estatildeo

envolvidas no sistema de produccedilatildeo integrada de fumos claros com as empresas

fumageiras que atuam no municiacutepio

A figura 4 mostra a concentraccedilatildeo na parte Sul e Central das 1813 famiacutelias

que produzem o fumo em Prudentoacutepolis Essa concentraccedilatildeo estaacute relacionada agrave

topografia e ao clima De acordo com Kraiczek e Antoneli (2012) na regiatildeo Norte do

municiacutepio a produccedilatildeo natildeo eacute realizada devido ao relevo declivoso (figura 5) improacuteprio

para algumas atividades agriacutecolas como tambeacutem pelo fato de as condiccedilotildees

climaacuteticas serem diferenciadas

FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES

FONTE AFUBRA ndash Mapa elaborado a partir das localidades onde se encontram os produtores Org Kraiczek 2014

63

FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

FonteSRTM ndash USGS-USA (2000) ORG Kurta M (2014)

De acordo com o exposto muitas famiacutelias da regiatildeo Norte do municiacutepio se

interessam pelo plantio de fumo principalmente pela geraccedilatildeo de renda e venda

garantida do produto poreacutem natildeo o produzem devido aos fatores limitantes

De acordo com Emater (2014) devido agraves limitaccedilotildees climaacuteticas e topograacuteficas

as culturas que prevalecem naquela regiatildeo satildeo o feijatildeo milho mandioca maracujaacute

uva e produtos de autoconsumo familiar Esses agricultores familiares sinalizam a

falta de opccedilatildeo de cultivo economicamente rentaacutevel bem como a necessidade da

melhoria nas estradas rurais as quais satildeo fundamentais para escoar a produccedilatildeo

A regiatildeo tambeacutem se caracteriza pelo menor niacutevel de mecanizaccedilatildeo da

produccedilatildeo quando comparada com as regiotildees Central e Sul necessitando de matildeo de

obra intensiva para a produccedilatildeo Extensas aacutereas de lavoura satildeo plantadas

manejadas e colhidas manualmente retratando assim a dificuldade do trabalho

nessa regiatildeo (figura 6)

64

FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR

Fonte Vilczak (2014)

A foto da esquerda mostra uma lavoura de feijatildeo que foi plantada agrave matildeo por

um agricultor familiar do Norte do municiacutepio (Comunidade da Linha Barra de Areia)

o agricultor retrata a dificuldade de trabalhar nessa regiatildeo A foto da direita retrata de

que forma se apresenta o relevo daquela regiatildeo

Conforme dados da Emater (2014) a ocupaccedilatildeo do solo no municiacutepio se daacute

pelas lavouras anuais e perenes matas nativas matas naturais de preservaccedilatildeo

permanente reflorestamentos e pastagens Segundo dados do Ipardes (2013) as

atividades agropecuaacuterias que se destacam atualmente na geraccedilatildeo de renda e no

nuacutemero de hectares ocupados por plantio em Prudentoacutepolis satildeo a produccedilatildeo de leite

bovino e o plantio de fumo soja milho feijatildeo preto e trigo Aleacutem dessas outras

atividades de significacircncia menor para a economia satildeo apresentados nos quadros 5

e 6

65

CULTURAS AacuteREA COLHIDA (ha)

PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)

VALOR (R$

100000)

Abacate 1 30 30000

Abacaxi (mil frutos)

1 11 11000 12

Alho 10 53 5300 265

Amendoim (em casca)

15 20 1333 32

Arroz (em casca)

540 1200 2222 926

Aveia (em gratildeo) 90 198 2200 99

Banana 1 9 9000 5

Batata-inglesa 130 3874 29808 3937

Cana-de-accediluacutecar 26 1325 50962 53

Cebola 60 840 14000 798

Centeio (em gratildeo)

90 135 1500 54

Feijatildeo 27300 33040 1210 70323

Fumo (folha) 4400 9701 2205 58206

Laranja 47 940 20000 544

Maracujaacute

106

530 5000 1007

Mandioca 365 8395 23000 2686

Milho 19870 107088 5389 45699

Pecircssego 13 52 4000 94

Soja 23310 73570 3156 68546

Tomate 5 205 50000 217

Trigo 4210 13472 3200 9508

Uva 28 205 7321 372

QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR

FONTE IBGE - Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013

66

PRODUTOS PRODUCcedilAtildeO VALOR (R$ 100000)

Latilde (Kg) 10930 109

Leite (mil litros) 8308 9965

Mel de abelha (Kg) 290000 2900

Ovos de galinha (mil dz) 245 662

QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

FONTE IPARDES 2015 (IBGE SAFRA DE 2013)

Dentre os setores econocircmicos responsaacuteveis pela formaccedilatildeo do PIB do

municiacutepio de Prudentoacutepolis destacam-se os setores de serviccedilos e a agropecuaacuteria

(quadro 7) Com relaccedilatildeo ao setor de serviccedilos o mesmo tambeacutem estaacute relacionado agraves

atividades agropecuaacuterias

O baixo percentual de participaccedilatildeo das induacutestrias no PIB do municiacutepio se

reflete na baixa agregaccedilatildeo de valor sobre os produtos principalmente nos de origem

animal e da fruticultura entre outros produtos que poderiam gerar mais renda para

os produtores se fossem beneficiados por eles proacuteprios

Setor Prudentoacutepolis Paranaacute

Mil R$ ()

Mil R$ ()

Agropecuaacuteria 115127 2791 12816893 675 Induacutestria 35579 863 46858018 2466 Serviccedilos 237699 5762 106694466 5616

Impostos produtos liacutequidos de subsidio

24099 584 23622577 1243

PIB a preccedilo corrente 412504 100 189991954 100 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR

IBGE 2012 Org Vilczak A 2015

De acordo com Emater (2014) existem no municiacutepio quatorze categorias de

agroinduacutestrias as quais satildeo consideradas de pequeno e meacutedio porte com destaque

para as agroinduacutestrias de embutidos e defumados erva-mate farinha de milho e

quirera Sabendo da importacircncia do setor agropecuaacuterio para a economia do

municiacutepio o graacutefico 2 mostra as atividades com maior geraccedilatildeo de renda

67

GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS

FONTE IBGE Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013 Org VILCZAK A (2014)

Se analisarmos somente a renda obtida por cada cultura notaremos que o

feijatildeo e a soja satildeo as que mais geram receita seguido do fumo milho trigo e arroz

Contudo ao analisarmos a receita e a aacuterea cultivada de cada lavoura notamos que a

produccedilatildeo de fumo eacute a mais rentaacutevel

A partir do graacutefico pode-se entender o porquecirc das famiacutelias permanecerem na

atividade fumageira Estas satildeo motivadas principalmente pela renda obtida aleacutem da

constataccedilatildeo a partir de trabalhos de campo de que a maioria dos fumicultores estatildeo

na atividade haacute muitos anos e que esta ocupaccedilatildeo eacute passada de uma geraccedilatildeo para

outra

Noacutes plantamos fumos haacute 15 anos e antes de eu e minha esposa casar eu plantava o fumo com meus pais e minha esposa com os pais dela e agora pegamos uma estufa para noacutes e continuamos na produccedilatildeo [] Jaacute sabemos bem como produzir um fumo de qualidade boa [] jaacute investimos em outras atividades mas natildeo deu lucro igual do fumo [] trecircs anos atraacutes fizemos financiamento para tanques de peixe investi 10 mil reais para fazer os tanques e comprar os alevinos e como noacutes natildeo tinha acompanhamento teacutecnico e muito menos experiecircncia em produzir peixe natildeo tivemos lucros Produzimos feijatildeo milho soja mas a maior renda vem do fumo (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Dezembro em maio de 2014)

926

70323

58206

45699

68546

9508

540

27300

4400

19870

23310

4210

0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000

Arroz

Feijatildeo

fumo

Milho

Soja

Trigo

Aacuterea Plantada (ha) Valor Produccedilatildeo (R$ 100000)

68

A produccedilatildeo de leite tambeacutem tem uma expressiva contribuiccedilatildeo para a

economia do municiacutepio pois nos uacuteltimos anos intensificou-se a dedicaccedilatildeo dos

agricultores familiares nessa atividade Dessa forma muitos dos fumicultores

tambeacutem produzem leite pelo fato de possuir mercado garantido e tambeacutem devido ao

pagamento do leite ser realizado mensalmente o que natildeo acontece com o fumo

Nas propriedades que combinam a produccedilatildeo de leite com a do fumo os agricultores

familiares usam a renda do leite para gastos mensais fixos da famiacutelia e a renda da

safra do fumo eacute investido na propriedade pois gera receitas mais altas

Agora com a renda do fumo e do leite as coisas se equilibraram que com o dinheiro do leite usamos para os gastos do mecircs e quando vendemos a safra do fumo investimos na propriedade jaacute fizemos casa de alvenaria cerca paiol novo galinheiro compramos trator carro [] a gente trabalha mais mas pelo menos natildeo passamos grandes necessidadade (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Visconde de Guarapuavaem maio de 2014)

De acordo com a EMATER (2014) nos uacuteltimos anos houve aumento do

nuacutemero de agricultores familiares que se dedicaram agrave produccedilatildeo de leite e aos

poucos abandonaram o cultivo do fumo A partir dos trabalhos de campo percebe-se

que muitas vezes os mais jovens pretendem investir na atividade leiteira fazer

cursos e se especializar no uso de tecnologias que permitam maior produtividade

dos animais ou seja casais mais novos que pretendem permanecer no campo

geralmente com niacutevel de escolaridade maior buscam ser mais competitivos como

por exemplo o depoimento de um casal que reside na Linha Visconde de

Guarapuava e de outro que reside na Linha Dezembro

Os nossos pais plantam fumo e quando casamos tambeacutem comeccedilamos a produzir fumo e leite e achamos que se noacutes se especializasse soacute na produccedilatildeo de leite a gente teria mais facilidade porque temos pouca terra (5 alqueires) [] agora temos 32 vacas de leite fora os terneiros e temos uma renda ateacute que razoaacutevel por mecircs (Agricultora familiar entrevistada5 na comunidade de Linha Visconde de Guarapuava)

Sempre plantei fumo mas como casei no ano passado eu e minha mulher decedimos plantar fumo somente nesse ano e no proacuteximo ano investir mais no leite que temos mais facilidade apesar de ter que trabalhar todos os dias de manhatilde e de tarde para tirar o leite e ainda durante o dia plantar os pastos [] no fumo natildeo precisa ficar o ano todo trabalhando mas mesmo assim vamos se especializar soacute com a produccedilatildeo de leite e outras lavouras (Fumicultor entrevistado na comunidade de Linha Dezembro)

5 A agricultora relata que atualmente soacute ajuda os pais com as atividades do fumo nos dias de colheita

69

Portanto nota-se que os mesmos usam da racionalidade econocircmica para

definir o que produzir natildeo buscando somente a sobrevivecircncia da famiacutelia e se

especializando nas atividades em que acreditam serem mais eficiente considerando

as caracteriacutesticas de suas propriedades Buscam assim melhorar de vida seguindo

uma racionalidade tipo capitalista

32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS

Como jaacute visto no item anterior o municiacutepio de Prudentoacutepolis sempre possuiu

uma base produtiva alicerccedilada estruturalmente no setor agropecuaacuterio e de acordo

com dados da Emater de Prudentoacutepolis (2014) o puacuteblico que faz parte do rural do

municiacutepio estaacute composto pela categoria Agricultura familiar constando um nuacutemero

de 8100 estabelecimentos Agricultura Patronal com 1750 estabelecimentos e por

40 famiacutelias Indiacutegenas aleacutem daqueles trabalhadores rurais contratados nos periacuteodos

de safra para desenvolver atividades no campo

Nota-se que em Prudentoacutepolis a categoria da agricultura familiar eacute

predominante em relaccedilatildeo agrave patronal Desse modo a caracterizaccedilatildeo dos produtores

rurais familiares a partir de conceitos e dados estatiacutesticos sistematizados para todo o

paiacutes se torna pertinente para que possamos estimar em quais grupos existe a maior

concentraccedilatildeo desses produtores familiares no municiacutepio e qual eacute a dinacircmica de

produccedilatildeo desses grupos A tipologia entre os agricultores familiares tem por objetivo

estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares devido

a sua heterogeneidade (FAOINCRA 2000) Sendo assim o grupo A refere-se

aquele produtor com renda total superior a trecircs vezes o valor da diaacuteria o grupo B ao

produtor com renda total superior a uma vez ateacute trecircs vezes o valor da diaacuteria no

grupo C estatildeo aqueles com renda total superior agrave metade ateacute uma vez o valor da

diaacuteria e por fim o grupo D com renda total igual ou inferior agrave metade do valor da

diaacuteria

A existecircncia de quatro grupos distintos dentro do universo familiar eacute resultante

de vaacuterios fatores como por exemplo a disponibilidade de terras agricultaacuteveis (como

aquelas localizadas na regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis) as tecnologias

empregadas pelas unidades familiares a forma de administraccedilatildeo da propriedade os

70

preccedilos e mercados aos quais a produccedilatildeo eacute destinada fatores climaacuteticos entre

outros Portanto os distintos tipos de produtores satildeo portadores de racionalidades

especificas e buscam se adaptar ao meio em que estatildeo inseridos

O universo agraacuterio eacute extremamente complexo seja em funccedilatildeo da grande diversidade da paisagem agraacuteria (meio fiacutesico ambiente variaacuteveis econocircmicas etc) seja em virtude da existecircncia de diferentes tipos de agricultores os quais tecircm interesses particulares estrateacutegias proacuteprias de sobrevivecircncia e de produccedilatildeo e que portanto respondem de maneira diferenciada a desafios e restriccedilotildees semelhantes (FAOINCRA 2000)

Os dados mais gerais que tratam de variaacuteveis da caracterizaccedilatildeo dos

agricultores familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis pertencem ao censo

agropecuaacuterio de 2006 momento aquele em que o universo da agricultura familiar era

composto por aproximadamente 7409 estabelecimentos sendo que no ano de

2014 a Emater do municiacutepio registrou um nuacutemero aproximado de 8100 agricultores

familiares um aumento de 691 estabelecimentos Esse aumento dos agricultores

familiares no dececircnio pode ser resultado da subdivisatildeo das propriedades jaacute

existentes

Dentre os quatro grupos familiares (Quadro 8) o maior nuacutemero de agricultores

familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis encontra-se no grupo D ou seja aqueles

agricultores familiares descapitalizados e com baixo niacutevel de integraccedilatildeo ao mercado

No grupo A considerado como capitalizado e com grande integraccedilatildeo aos mercados

existe um contingente menor de agricultores

Nuacutemero bastante significativo de produtores familiares estaacute representado pelo

grupo B grupo esse que estaacute em processo de capitalizaccedilatildeo e integrado ao mercado

Os agricultores familiares capitalizados e em processo de capitalizaccedilatildeo satildeo em

menores nuacutemeros que os descapitalizados e os em processo de descapitalizaccedilatildeo

71

Cidade Agricultura familiar por grupo

Nordm Absoluto de estabelecimentos por grupo

familiar

Prud

entoacute

polis

PR

Familiar ndash tipo A 783

Familiar ndash tipo B 2168

Familiar ndash tipo C 1387

Familiar ndash tipo D 3071

Total 7409

QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006

Fonte IBGE 2006

Conforme os dados do IBGE (2006) eacute importante ressaltar que em

Prudentoacutepolis o grupo A representa cerca de 10 do total de estabelecimentos

familiares o que eacute aproximadamente a mesma proporccedilatildeo verificada para o Brasil

onde haacute cerca de 460 mil produtores do grupo A num universo de pouco mais de 4

milhotildees de estabelecimentos familiares

Dentro do universo dos agricultores familiares de Prudentoacutepolis nota-se que a

grande maioria deles independentemente do tipo familiar possui terras proacuteprias

como demonstrado no quadro 9 O fato de a grande maioria possuir terras proacuteprias

estaacute relacionado ao loteamento feito no periacuteodo da colonizaccedilatildeo do municiacutepio sendo

que apesar de ter acontecido a venda e compra de algum desses lotes em termos

gerais a questatildeo do acesso agrave terras permanece inalterada entre os agricultores

familiares locais

72

Variaacutevel

Agricultura familiar por grupo

Nordm Absoluto de propriedades por grupo

no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR

Terras proacuteprias

Familiar ndash tipo A 700

Familiar ndash tipo B 2016

Familiar ndash tipo C 1338

Familiar ndash tipo D 2966

Total 7020

QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)

Com relaccedilatildeo aos tipos de cultivo nota-se pelo quadro 10 que os produtores

de fumo se concentram nos grupos A e B Ou seja do ponto de vista econocircmico a

produccedilatildeo tende a oferecer uma renda maior do que o milho e o feijatildeo por exemplo

visto que a maior concentraccedilatildeo desses agricultores familiares estaacute nos grupos C e D

A maior parte dos produtores de fumo tem um niacutevel alto de integraccedilatildeo com o

mercado quer dizer natildeo satildeo camponeses e sim pequenos capitalistas que visam

lucros mantendo-se competitivos com objetivo de crescimento econocircmico

QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)

Nesse sentido concorda-se com as abordagens ligadas ao capitalismo

agraacuterio segundo as quais a integraccedilatildeo dos fumicultores com as induacutestrias

Grupo familiar Fumo Feijatildeo Milho Soja Familiar ndash tipo A 520 493 540 109

Familiar ndash tipo B 798 1464 1484 110

Familiar ndash tipo C 128 1058 974 56

Familiar ndash tipo D 89 2125 1773 84

Agricultor natildeo familiar

19 76 93 44

Total de

estabelecimentos

1555

5216

4864

403

73

fumageiras oferece maiores oportunidades para capitalizaccedilatildeo ao passo que a

maioria daquelas famiacutelias que produzem feijatildeo e milho estaacute no grupo familiar em vias

de descapitalizaccedilatildeo e descapitalizados auferindo renda menor

Quando somados as colunas do quadro 10 vemos que o nuacutemero para cada

linha supera o total de estabelecimentos de cada categoria apresentados nos

quadros anteriores Isso mostra que haacute muitos fumicultores que natildeo se dedicam

apenas ao fumo mas tambeacutem ao feijatildeo milho e ou soja A partir dai pode-se

levantar a hipoacutetese de que muitos produtores do grupo A manteacutem pequenas

produccedilotildees de feijatildeo eou milho para autoconsumo Outra hipoacutetese eacute que haacute

produtores do grupo B que estatildeo tentando fazer a transiccedilatildeo das culturas de feijatildeo

eou milho para a cultura de fumo motivo pelo qual deram iniacutecio a produccedilatildeo deste

uacuteltimo sem abandonar os cultivos mais tradicionais

No municiacutepio tambeacutem existem dezenove agricultores natildeo familiares que

produzem fumo e usam da matildeo de obra contratada para cultivar a commoditie

devido agrave baixa mecanizaccedilatildeo disponiacutevel para esse tipo de lavouraDesse modo os

agricultores natildeo familiares tambeacutem tecircm interesse na rentabilidade por hectare e no

mercado garantido do fumo

A produccedilatildeo de soja tem uma expressividade na agricultura familiar com

destaque para os grupos A e B O milho e feijatildeo satildeo as culturas que predominam

nos grupos familiares

Para as variaacuteveis ligadas agrave modernizaccedilatildeo da agricultura foi contabilizado o

nuacutemero de tratores existente nas propriedades familiares como tambeacutem a utilizaccedilatildeo

de agrotoacutexicos entre esses grupos mediante dados do IBGE como apresentado no

quadro 11 Dos 7409 estabelecimentos familiares 1384 possuiacuteam trator no ano de

2006 ou seja 18

Nesse sentido pode-se dizer que no ano de 2006 um universo pequeno de

agricultores familiares possuiacutea trator No grupo A 34 dos agricultores tinham

tratores O grupo B foi o menos expressivo nessa variaacutevel com 12 de

estabelecimentos com trator seguidos de 15 no grupo C e de 20 no grupo D

74

Agricultura familiar por grupo de agricultores

Nuacutemero total de estabelecimentos familiares

Nuacutemero de estabelecimentos com tratores

de tratores por grupo familiar

Familiar ndash tipo A 783 269 34

Familiar ndash tipo B 2168 278 12

Familiar ndash tipo C 1387 209 15

Familiar ndash tipo D 3071 628 20

Total 7409 1384 18

QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES

Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015) O uso de agrotoacutexicos eacute feito por uma parcela expressiva de agricultores

familiares posto que 77 deles usam algum tipo desse produto Em termos

percentuais os agricultores familiares do grupo A satildeo os que mais usam seguidos

do grupo B com 82 grupo Ccom 75 epor fim o grupo D com 69 dos

agricultores que fazem uso desse insumo agriacutecola Assim vale notar que o uso de

agrotoacutexicos natildeo estaacute associado apenas agrave produccedilatildeo de fumo pois os grupos

familiares que produzem predominantemente feijatildeo e milho tambeacutem utilizam

produtos quiacutemicos intensamente Nesse sentido concorda-se com DINIZ FILHO

(2011) quando menciona que

[] a incorporaccedilatildeo de elementos econocircmicos e tecnoloacutegicos da agricultura patronal eacute uma estrateacutegia amplamente utilizada por agricultores familiares do mundo todo para se manterem competitivos no bojo da modernizaccedilatildeo agriacutecola embora frequentemente tal incorporaccedilatildeo fique incompleta devido agrave falta de capital para investimentos e das caracteriacutesticas de muitas propriedades familiares tais como pequena dimensatildeo ou relevo inclinado

75

Agricultura familiar por grupo de agricultores

Nuacutemero total de estabelecimentos familiares

Nuacutemero de estabelecimentos que usam agrotoacutexicos

de estab que usam agrotoacutexicos

Familiar ndash tipo A 783 734 93

Familiar ndash tipo B 2168 1794 82

Familiar ndash tipo C 1387 1048 75

Familiar ndash tipo D 3071 2108 69

Total 7409 5684 77

QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS

Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)

Os dados mostram que a agricultura familiar no municiacutepio de Prudentoacutepolis

tambeacutem se beneficia dos aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo da agricultura

concordando com Diniz Filho (2011) quando afirma ser notoacuterio que a monocultura a

mecanizaccedilatildeo e o uso de pesticidas e fertilizantes quiacutemicos satildeo amplamente

disseminados entre os produtores familiares Nesse sentido pode-se dizer que a

agricultura familiar da mesma forma que o agronegoacutecio estaacute preocupada

primeiramente com os lucros do que em usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis e que

busquem somente reproduzir o seu modo de vida

Portanto pode-se afirmar que a produccedilatildeo de fumo eacute considerada uma

atividade que permite renda razoaacutevel para o produtor uma vez que no municiacutepio de

Prudentoacutepolis esses agricultores familiares estatildeo concentrados no tipo familiar mais

capitalizado condizendo assim com os dados mais gerais sobre a agricultura

familiar brasileira apresentados no capiacutetulo anterior segundo os quais a cultura do

fumo gera menor niacutevel de pobreza que culturas alimentares voltadas para o

consumo popular e frequentemente associadas agrave produccedilatildeo de subsistecircncia

Finalmente vale notar que a pesquisa de campo realizada no acircmbito desta pesquisa

corroborou os resultados obtidos pela anaacutelise de dados estatiacutesticos de fontes

oficiais conforme se veraacute a seguir

76

CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO

Este capiacutetulo tem por objetivo expor os dados dos trabalhos de campo

realizados com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela

empresa Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis A

contrataccedilatildeo eacute feita atraveacutes do sistema de produccedilatildeo integrada no qual a empresa

garante a compra de toda a produccedilatildeo fornece assistecircncia teacutecnica aos contratados

define os padrotildees de fumo a serem produzidos de acordo com as demandas de

mercado bem como estipula os preccedilos do quilo de fumo junto ao sindicato dos

fumicultores do Brasil (SINDITABACO)

Na safra de 20142015 duzentos e noventa e cinco produtores familiares de

Prudentoacutepolis foram contratados pela Souza Cruz como fornecedores de fumo Para

dar suporte a esses fumicultores trabalham trecircs instrutores teacutecnicos cada qual

atuando na sua aacuterea de abrangecircncia acompanhando os mesmos associados desde

o iniacutecio ateacute o final da safra

A finalidade do instrutor teacutecnico eacute de prestar assistecircncia aos fumicultores em

todos os processos da produccedilatildeo do fumo como a definiccedilatildeo da quantidade de peacutes

de fumo que seraacute plantada a compra de insumos para produccedilatildeo a realizaccedilatildeo do

seguro da safra juntamente com a Afubra assistecircncia teacutecnica nos tratos culturais da

planta estabelecimento de estimativas de quilos de fumo que o produtor

comercializaraacute com a empresa acompanhamento na colheita secagem

classificaccedilatildeo e a venda do produto

O instrutor teacutecnico entrevistado expotildee que aleacutem da empresa Souza Cruz

outras cinco empresas6 do mesmo ramo atuam no municiacutepio com intuito de contratar

fumicultores atraveacutes do sistema integrado Menciona tambeacutem que natildeo existem

grandes conflitos concorrenciais entre essas empresas como jaacute existiu na deacutecada

de 1990 quando uma empresa fazia o maacuteximo para atrair maior quantidade de

associados Nos uacuteltimos anos cada empresa tem os seus produtores certos natildeo

6Universal Leaf Tabacos Ltda CTA ndash Continental Tobaccos Alliance One Exportadora de Fumo Ltda Premium Tabacos do Brasil SA e a A Japan Tabacco Inc (JTI)

77

existindo alto niacutevel de migraccedilatildeo desses entre as empresas uma vez que todas

trabalham no mesmo sistema e os preccedilos do quilo de fumo satildeo tabelados

A logiacutestica de transporte do fumo da residecircncia do produtor ateacute a usina de

beneficiamento da Souza Cruz eacute terceirizada sendo que no municiacutepio satildeo trecircs

transportadoras credenciadas pela empresa A proacutepria Souza Cruz natildeo possui

depoacutesitos de armazenamento de fumo em Prudentoacutepolis Desse modo as trecircs

transportadoras credenciadas satildeo responsaacuteveis por fazer o recolhimento da

produccedilatildeo direto do depoacutesito do produtor A transportadora coleta o fumo nas

propriedades dos fumicultores com um caminhatildeo de menor porte e no barracatildeo da

proacutepria transportadora eacute feito o transbordo para as carretas que seguem ateacute a usina

de beneficiamento

Como na assistecircncia teacutecnica cada transportadora tambeacutem tem uma regiatildeo de

abrangecircncia para recolher o fumo A produccedilatildeo que sai dos depoacutesitos dos produtores

jaacute estaacute 100 assegurada caso aconteccedila imprevistos com a viagem Apoacutes a

descarga do fumo na usina de beneficiamento a transportadora utiliza o mesmo

frete para trazer os insumos agriacutecolas para a proacutexima safra

Apesar de possuir uma usina de processamento de fumo no municiacutepio de Rio

Negro no Paranaacute a produccedilatildeo do municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute enviada para a usina

de BlumenauSC pois a usina de Rio Negro tem capacidade de atender somente agrave

produccedilatildeo da regiatildeo Oeste e Sudoeste paranaense e tambeacutem do ponto de vista

logiacutestico eacute mais viaacutevel enviar a produccedilatildeo de Prudentoacutepolis para Blumenau

A partir de dados da Afubra da Souza Cruz e dos dados de campo foi

construiacutedo um fluxograma para exemplificar as etapas em que o fumo produzido no

municiacutepio de Prudentoacutepolis passa ateacute chegar ao consumidor

78

FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

Fonte Souza Cruz e AFUBRA 2014

Org VILCZAK A 2015

41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES

As informaccedilotildees que seratildeo apresentadas a seguir dizem respeito a sessenta

famiacutelias entrevistadas e que satildeo contratadas pela empresa fumageira Souza Cruz

no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR

As famiacutelias entrevistadas residem em seis diferentes localidades do municiacutepio

de Prudentoacutepolis sendo elas Comunidade da Linha Dezembro Comunidade da

Linha Visconde de Guarapuava Comunidade da Linha Marcondes Comunidade da

Linha Barra Vermelha Comunidade da Linha Antocircnio Olinto e Comunidade da Linha

Tira Cisma (figura 8) Para localizar esses fumicultores os instrutores teacutecnicos da

Souza Cruz forneceram uma listagem de todos os produtores e de sua respectiva

localidade de residecircncia Cabe destacar que as entrevistas natildeo foram direcionadas e

nem realizadas com a presenccedila desses instrutores

79

FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS

A seleccedilatildeo das localidades foi feita levando-se em conta a maior concentraccedilatildeo

de produtores de fumo e a maior acessibilidade em relaccedilatildeo agrave aceitaccedilatildeo dos mesmos

em responderem os questionaacuterios

Para a realizaccedilatildeo das entrevistas fez-se necessaacuterio o auxiacutelio de um agente

comunitaacuterio que tinha maior contato com os fumicultores para que os mesmos

pudessem responder o questionaacuterio com maior seguranccedila Recorreu-se a esse

meacutetodo pelo fato de alguns fumicultores convidados a participar da entrevista natildeo

ficarem tranquilos suspeitando que se tratasse de uma pesquisa que natildeo favorecia

aos ideais deles uma vez que possuem ldquomedordquo de certas campanhas

governamentais que incentivam o fim do plantio do fumo

As primeiras entrevistas foram realizadas na Linha Dezembro Linha Visconde

de Guarapuava e Linha Marcondes sendo que as mesmas foram conduzidas

juntamente com a agente comunitaacuteria Gabriela Strechar (residente na Linha

Visconde de Guarapuava) e contabilizou um total de 19 fumicultores Na Linha Barra

Vermelha Linha Antocircnio Olinto e Linha Tiram Cisma foram realizadas 41 entrevistas

80

com a ajuda da agente comunitaacuteria Adriana Kutzmy moradora da Linha Barra

Vermelha e que tambeacutem tem grande conhecimentos sobre essas localidade e

moradores

As entrevistas foram realizadas nos meses de novembro e dezembro de

2015 periacuteodo da colheita do fumo A escolha desse periacuteodo para a coleta de dados

possibilitou conhecer a realidade de cada famiacutelia com relaccedilatildeo agraves formas de

produccedilatildeo colheita transporte e secagem das folhas de fumo

Caracterizaccedilatildeo das famiacutelias

a) Escolaridade feminina e masculina por faixa etaacuteria

Para a coleta de dados dessa variaacutevel foram levados em consideraccedilatildeo

somente as mulheres e homens que vivem nas unidades de produccedilatildeo familiar isto eacute

pessoas que migraram para as cidades e aquelas que se casaram e permanecem

no meio rural natildeo seratildeo contemplados nos quadro 13 e 14

Dentre as sessenta famiacutelias entrevistadas contabilizou-se um total de

duzentos e vinte e cinco membros que residem nas unidades de produccedilatildeo familiar

sendo cento e nove mulheres e cento e dezesseis homens

81

Faixa etaacuteria

S idade

escolar

S escolar idade

Ateacute o 5ordm ano

Do 6ordm ao 9ordm ano

Ensino meacutedio

Incompleto

Ensino meacutedio

completo

Ensino Superior

Cursos teacutecnicos

Total de

mulheres

0 - 05 anos 10 - 01 - - - - - 11

05 - 10 anos

- - 04 - - - - - 04

11 ndash 20 anos

- - 05 09 01 05 01 - 21

21 ndash 30 anos

- - 08 - 12 - 01 21

31 ndash 40 anos

- - 06 06 - 01 - - 13

41 ndash 50 anos

- - 14 06 - - - - 20

51 ndash 60 anos

- - 12 - - 01 - - 13

Acima de 61

- 01 04 - - 01 - - 06

Total 10 01 46 29 01 20 01 01 109

Percentual ()

09 01 43 27 01 17 01 01 100

QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Com relaccedilatildeo agraves mulheres entrevistadas pode-se notar um baixo grau de

escolarizaccedilatildeo dentre aquelas que possuem mais de 40 anos as quais no maacuteximo

tecircm ensino fundamental completo exceto uma senhora que estaacute na faixa etaacuteria de

51 a 60 anos e que possui ensino meacutedio completo e que era professora das seacuteries

iniciais Nota-se tambeacutem a existecircncia de duas famiacutelias com filhas cursando

universidade e curso teacutecnicos no periacuteodo da noite sendo que as mesmas trabalham

durante o dia na propriedade inclusive na produccedilatildeo de fumo

82

Todas as filhas dos fumicultores em idade escolar estatildeo matriculadas nas

suas respectivas seacuteries de ensino Na faixa etaacuteria de 21 a 30 anos a maioria tem o

ensino meacutedio completo e natildeo demonstra pretensotildees de fazer curso superior nos

proacuteximos anos

Apesar da baixa escolaridade somente uma pessoa entrevistada e que tem

mais que 61 anos de idade nunca frequentou uma escola

De acordo com as entrevistas percebe-se que grande parte das mulheres

quando terminam o ensino meacutedio migra para alguma cidade com pretensotildees de

estudar ou trabalhar

Faixa etaacuteria

S idade

escolar

S escolar idade

Ateacute o 5ordm ano

Do 6ordm ao 9ordm ano

Ensino meacutedio

Incompleto

Ensino meacutedio

completo

Ensino Superior

Cursos teacutecnicos

Total de homens

0 - 05 anos 09 - - - - - - - 09

05 - 10 anos

- - 08 - - - - - 08

11 ndash 20 anos

- - 05 07 07 03 - - 22

21 ndash 30 anos

- - - 02 03 13 01 - 19

31 ndash 40 anos

- 01 08 06 - 05 01 03 24

41 ndash 50 anos

- - 11 - - - - - 11

51 ndash 60 anos

- - 18 - - - - - 18

Acima de 61

- - 05 - - - - - 05

Total 09 01 55 15 10 21 02 03 116

Percentual ()

07 01 47 13 09 18 02 03 100

QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO

Fonte Pesquisa de campo (2015)

83

No universo masculino da mesma forma que no feminino percebe-se que as

menores escolaridades estatildeo entre aqueles que possuem mais de 40 anos de idade

Um entrevistado que possui entre 31 e 40 anos cursou trecircs anos no ensino

superior poreacutem alega que natildeo tem pretensotildees em curto prazo em concluir ou

trabalhar fora da propriedade devido a melhor qualidade de vida que pode ter em

relaccedilatildeo agrave cidade Nessa mesma faixa etaacuteria (31 a 40 anos) trecircs homens

frequentaram cursos teacutecnicos sendo que dois concluiacuteram teacutecnico em agropecuaacuteria e

um teacutecnico florestal

Um homem entre 21 e 30 anos concluiu haacute dois anos o curso superior em

contabilidade afirmou que jaacute trabalhou na sua aacuterea de formaccedilatildeo mas que nesse

ano decidiu trabalhar na produccedilatildeo de fumo poreacutem tem pretensotildees de voltar a

trabalhar na aacuterea de formaccedilatildeo

b) Estrutura familiar

Para a coleta de dados correspondente agrave variaacutevel apresentada no quadro 15

tambeacutem foram levadas em consideraccedilatildeo somente as pessoas que vivem na unidade

familiar Dessa forma a quantidade de membros que compotildee as famiacutelias

entrevistadas natildeo eacute numerosa apresentando a maior porcentagem de famiacutelias

compostas por trecircs e quatro pessoas (30 e 42) Aquelas com mais de cinco

membros correspondem na sua maior parte por famiacutelias onde os pais da esposa ou

do marido estatildeo vivendo juntos

Nuacutemero total dos

membros das famiacutelias

Nordm de famiacutelias Nuacutemero total de membros

Percentual ()

Um membro 0 0 0

Dois membros 6 12 10

Trecircs membros 18 54 30

Quatro membros 25 100 42

Cinco membros 07 35 12

Seis membros 04 24 6

84

Total 60 225 100

QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Os dados sobre as famiacutelias em que pelo menos um dos membros migrou para

alguma cidade com intuito de trabalhar estudar ou trabalhar e estudar estatildeo

apresentados na tabela abaixo

TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE

Motivos da migraccedilatildeo Nordm de famiacutelias Percentual () Somente estudar (cursos teacutecnicos Universidade)

9 15

Estudar (cursos teacutecnicos Universidade) e Trabalho

14 23

Somente trabalhar 6 10 Nenhum membro migrou

para a cidade 31 52

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)

Nota-se que 48 das famiacutelias entrevistadas tiveram pelo menos um membro

que migrou para a cidade com objetivo de estudar ou trabalhar Os que relataram

que a migraccedilatildeo foi com intuito de estudar afirmam que os estudos estatildeo

relacionados a cursos teacutecnicos e universitaacuterios como jaacute expostos acima

Vale lembrar a existecircncia de famiacutelias em que os filhos ainda natildeo estatildeo em

idades suficientes para fazer um curso teacutecnico ou universidade ou seja nos

proacuteximos anos provavelmente haveraacute um percentual maior de jovens saindo do

campo com intuito de estudar ou trabalhar em outras atividades com maiores

oportunidades que a produccedilatildeo de fumo

Esse processo migratoacuterio da populaccedilatildeo rural para o urbano no caso dos

fumicultores entrevistados pode estar relacionado com aquilo exposto por (2014)

segundo o qual atualmente nas regiotildees rurais brasileiras a migraccedilatildeo jaacute natildeo eacute mais

um processo em que as condiccedilotildees ldquopor mais pobreza que existamrdquo estatildeo

expulsando as pessoas do campo mas sim um movimento que ocorre quando

existem fatores de atraccedilatildeo no meio urbano Poreacutem natildeo devemos desprezar que

nesse processo tambeacutem estatildeo embutidos outros fatores como os culturais e ateacute

85

pessoais ou seja o que se passa pela cabeccedila das pessoas natildeo somente dessas

que vivem no rural e estatildeo indo para a cidade mas tambeacutem daquelas que jaacute vivem

em cidades de menor porte e migram para grandes centros urbanos Contudo essas

questotildees de ordem cultural e pessoal escapam aos objetivos desta pesquisa

Condiccedilatildeo do fumicultor

TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA

Anos Nordm de famiacutelias Percentual ()

0 ndash 5 anos 0 0

6 ndash 10 anos 4 6

10 ndash 15 anos 12 20

15 ndash 20 anos 16 27

21 ndash 25 anos 12 20

26 ndash 30 anos 10 17

Mais de 30 anos 6 10

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

O periacuteodo de tempo com maior expressividade em que esses agricultores

familiares estatildeo envolvidos na atividade fumageira variam em torno de 10 a 30 anos

Nenhuma famiacutelia entrevistada comeccedilou a produzir fumo nos uacuteltimos cinco anos

Esse fato vai ao encontro de dados mais gerais da Afubra (2015) demonstrando

que entre o ano de 2010 e 2014 o nuacutemero de famiacutelias produtoras de fumo caiu de

185160 para 162410

Esse fato estaacute relacionado principalmente agrave migraccedilatildeo de jovens para as

cidades e pelo fato dos casais mais novos que possuem filhos com idades

insuficientes para trabalhar na atividade fumageira buscarem se promover

economicamente atraveacutes de outras atividades

A queda do nuacutemero de famiacutelias na fumicultura nos uacuteltimos anos tambeacutem estaacute

relacionada com a maior escolaridade das pessoas que vivem no rural pois esses

estatildeo se dedicando a atividades selecionadas por eles como mais oportunas eou

mais competitivas Aqui natildeo podemos desconsiderar tambeacutem a opccedilatildeo das famiacutelias

86

natildeo entrarem na atividade fumageira pelas questotildees da sauacutede (contato com

agrotoacutexicos e doenccedila da folha verde)

TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

Nordm de famiacutelias Percentual ()

Pela renda e venda garantida

12 20

Pouca disponibilidade de terras

06 10

Pela renda venda garantida e pouca terra

35 58

Falta de outras opccedilotildees de atividade agropecuaacuteria

07 12

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Das famiacutelias entrevistadas 58 declararam que optam pela produccedilatildeo de

fumo por trecircs motivos principais a renda a garantia de venda e a pouca aacuterea de

terra que possuem Jaacute para 20 das famiacutelias entrevistadas os principais motivos

estatildeo na geraccedilatildeo de renda e venda garantida

As famiacutelias que natildeo declararam a pouca quantidade de terra como empecilho

para a realizaccedilatildeo de outra atividade que substitua por completo a produccedilatildeo de fumo

mencionam que plantam o fumo devido agrave renda e que como estatildeo inseridos na

cadeia produtiva de gratildeos que eacute mecanizada sobra matildeo de obra para trabalhar

com o fumo Esses exemplos demonstram que os agricultores familiares produzem

para maximizar os lucros e crescer economicamente da mesma forma que os

grandes proprietaacuterios como exposto no paradigma da agricultura familiar

A falta de outras atividades agropecuaacuterias tambeacutem foi mencionada por 12

das famiacutelias entrevistadas pois apesar de existir outros tipos de cultivo no municiacutepio

como por exemplo a produccedilatildeo de verduras de morangos de pepinos e de ervas

medicinais essas famiacutelias declararam que esses cultivos natildeo geram uma renda por

hectare como o fumo Uma fumicultora entrevistada na Linha Marcondes comenta

Eu ldquoplantava as coisasrdquo para a merenda escolar aqui da escola [] noacutes tinha que comprar as sementes e tudo o que precisava pra produzir essas verduras [] quando levava na escola ficavam colocando defeito na minha produccedilatildeo [] queriam que eu levasse todo dia dez peacutes de alface na escola [] que lucro eu ia ter ir todo dia na escola levar soacute dez peacutes de alface E

87

ainda recebia soacute depois de 40 dias que entreguei a produccedilatildeo e ainda agraves vezes atrasava [] O fumo eacute muito cansativo soacute que a gente natildeo precisa ficar se humilhando pra comprar a produccedilatildeo da gente a firma leva tudo seja o melhor fumo seja o pior

A fumicultora retrata que apesar do trabalho na produccedilatildeo de fumo ser mais

cansativa que outras atividades o fato de se ter a venda garantida de toda a

produccedilatildeo compensa as desvantagens

TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS

Quantidades de peacutes de fumo

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

25000 - 30000 peacutes 14 23

31000 ndash 50000 peacutes 26 44

51000 ndash 70000 peacutes 05 08

71000 ndash 90000 peacutes 07 12

91000 ndash 120000 peacutes 05 08

121000 -140000 peacutes 03 05

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)

Dentre as famiacutelias entrevistadas a quantidade miacutenima de produccedilatildeo eacute de

25000 peacutes e a maacutexima de 140000 peacutes poreacutem a maior concentraccedilatildeo estaacute ente

31000 e 50000 peacutes A quantidade de peacutes que satildeo plantados estaacute relacionada agrave

matildeo de obra disponiacutevel uma vez que esses fumicultores antes de planejar a

proacutexima safra levam em consideraccedilatildeo primeiramente a relaccedilatildeo entre a quantidade

de matildeo de obra disponivel com a quantidade de peacutes de fumo De acordo com o

instrutor teacutecnico da Souza Cruz uma pessoa consegue produzir em meacutedia 20000

peacutes de fumo por safra (usando matildeo de obra de terceiros somente para os dias de

colheita)

Condiccedilatildeo das terras usadas pelos fumicultores entrevistados

88

TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS

Condiccedilatildeo da terra Nordm de famiacutelias Percentual ()

Somente terra proacutepria 33 55

Terra proacutepria e arrendada 22 37

Somente terras arrendadas 05 08

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Para coletar esses dados foi levado em consideraccedilatildeo o total das terras

usadas pelos fumicultores independentemente da cultura plantada aleacutem do fumo

Desse modo nota-se que a grande maioria possui terras proacuteprias (92) sendo que

55 cultivam somente em terras proacuteprias e 37 aleacutem das terras proacuteprias arrenda

com intuito de aumentar a produccedilatildeo tanto de fumo como de gratildeo e outros Existem

8 que natildeo possuiacuteam terras proacuteprias e que necessitam arrendar para produzir o

fumo

TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES

Somente terra proacutepria Nordm de famiacutelias Porcentagem ()

Ateacute 5 hectares 11 20

6 a 10 hectares 14 25

11 a 15 hectares 8 15

16 a 20 hectares 6 11

21 a 25 hectares 6 11

26 a 30 hectares 2 04

31 a 40 hectares 4 07

Mais de 40 hectares 4 07

Total 55 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Dos sessenta fumicultores entrevistados cinco natildeo possuem terras proacuteprias

E dos cinquenta e cinco que possuem a maior porcentagem de famiacutelias tem ateacute 15

hectares Nesse sentido esses nuacutemeros satildeo compatiacuteveis com os dados mais gerais

da regiatildeo Sul do Brasil onde a maior concentraccedilatildeo de famiacutelias possui ateacute 20

89

hectares de terra (AFUBRA 2015) A aquisiccedilatildeo das terras foi principalmente por

heranccedila e em parcelas menores atraveacutes de compra

Formas de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria das unidades familiares dos fumicultores

entrevistados

Este item refere-se aos tipos de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria que aleacutem do fumo

trazem renda para a unidade de produccedilatildeo familiar Com base nos dados de campo

verificam-se nas propriedades aleacutem da produccedilatildeo do fumo as produccedilotildees de feijatildeo

milho soja erva-mate e a produccedilatildeo de leite

TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES

Tipo de produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nuacutemeros de famiacutelias Percentual ()

Somente fumo 20 33 Fumo e soja 06 10

Fumo soja feijatildeo e milho 20 33 Fumo Soja milho e leite 03 5 Fumo feijatildeo milho e erva-

Mate 11 19

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

De acordo com os dados expostos 33 dos entrevistados afirmam que a

produccedilatildeo da propriedade com pretensatildeo de venda eacute somente o fumo outros 33

aleacutem do fumo produzem soja e feijatildeo seguidos de 19 que se dedicam agrave produccedilatildeo

de fumo feijatildeo milho e erva-mate e menos de 5 declarar produzir para a venda o

fumo a soja o milho e o leite

Nesse sentido 67 dos entrevistados diversificam a produccedilatildeo com intuito de obter

mais fontes de renda Poreacutem alegam que a maior renda por aacuterea plantada vem da

produccedilatildeo de fumo

A produccedilatildeo de eucaliptos (figura 9) tambeacutem eacute bastante comum nas

propriedades pois eacute fonte de energia para a secagem das folhas do fumo Nas

estufas tradicionais o uso de lenha eacute muito maior que nas estufas eleacutetricas

90

FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO

Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2016)

A figura 9 exemplifica uma propriedade de fumicultor que produz a soja para

venda e eucalipto para a secagem do fumo A imagem da esquerda representa a

lavoura de um fumicultor na linha dezembro com produccedilatildeo de soja e ao fundo

notam-se plantaccedilotildees de eucaliptos para usar na secagem das folhas de fumo Na

imagem da direita tambeacutem pode ser vista a lavoura de fumo e ao fundo plantaccedilotildees

de eucaliptos

A erva-mate tambeacutem serve como fonte de renda dos fumicultores sendo que

em aacutereas de faxinal7 os peacutes de erva-mate formam mantidos e outros espaccedilos

usados para o cultivo de soja ou feijatildeo como demonstrado na figura 10 Em algumas

propriedades a erva-mate natildeo eacute nativa e foi plantada nos uacuteltimos anos em escalas

maiores devido agrave rentabilidade

7Por faxinal entende-se as terras tradicionalmente ocupadas para o uso comum de pastagens e florestas no Paranaacute que designam situaccedilotildees em que a produccedilatildeo familiar de acordo com suas possibilidades combina apropriaccedilatildeo privada e coletiva dos recursos naturais (HAURESKO C 2012)

91

FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE

Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2015)

Aleacutem da produccedilatildeo com pretensatildeo de venda nas propriedades visitadas

tambeacutem nota-se a presenccedila da produccedilatildeo para autoconsumo da famiacutelia Essas

alegam que produzem certos produtos para diminuir os gastos com mercado e por

produzirem de acordo com suas preferecircncias alimentares Apenas 6 dos

entrevistados natildeo produzem nada para autoconsumo alegando que comprar sai

mais barato que produzir

TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE

Produccedilatildeo para autoconsumo

Nuacutemero de famiacutelias Percentual ()

Horta 08 13 Horta criaccedilatildeo de galinhas e

porcos 16 27

Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos feijatildeo e milho

07 12

Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos e criaccedilatildeo gado (corte

e leite) feijatildeo e milho

25 42

Nenhuma produccedilatildeo para auto consumo

04 6

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

Sobre a produccedilatildeo de feijatildeo para autoconsumo alguns produtores

mencionam que produzem separadamente o feijatildeo para a venda do feijatildeo para

92

consumo da famiacutelia afirmando que no feijatildeo para venda satildeo aplicados dessecantes

para acelerar o periacuteodo de colheita e no feijatildeo que eacute para o consumo natildeo utilizam

essa praacutetica Esse fato natildeo eacute raro no municiacutepio acontecendo tanto nas pequenas

propriedades como nas grandes Isso demonstra que os agricultores familiares estatildeo

interessados no lucro de sua produccedilatildeo e natildeo tecircm muita preocupaccedilatildeo com as

praacuteticas que os ambientalistas e produtores orgacircnicos qualificam como sustentaacuteveis

Dessa forma eacute desnecessaacuteria a visatildeo dualista ente pequenos e grandes produtores

agriacutecolas concordando entatildeo com Diniz Filho (2011) quando escreve o texto

intitulado Agricultura familiar e meio ambiente o perigo da simplificaccedilatildeo ideoloacutegica

mencionando que organizaccedilotildees como CNBB e MST buscam toda sorte de

argumentos para contrapor o agronegoacutecio agrave agricultura camponesa afirmando que o

agronegoacutecio destroacutei a natureza por estar preocupado com lucros ao passo que os

agricultores familiares tenderiam a usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis porque

buscam somente reproduzir seu modo de vida

A produccedilatildeo de animais como vacas de leite boi para engorda criaccedilatildeo de

porcos e galinhas tambeacutem eacute comum entre os produtores de fumo como mostra a

figura 11

FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

93

Portanto conforme afirma Ternoski (2013) a renda agriacutecola dos

estabelecimentos familiares eacute composta da venda de produtos agropecuaacuterios e de

autoconsumo O autoconsumo eacute a quantidade que a famiacutelia consome em produtos

que produz no estabelecimento podendo ser de origem animal ou vegetal como

tambeacutem da transformaccedilatildeo caseira ou seja esses produtos complementam a renda

dos agricultores pelo fato de natildeo precisarem ser comparados pois se destinados ao

mercado podem gerar receita

Acesso a tecnologias e ao creacutedito agriacutecola

TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES

Nordm de famiacutelias Percentual () Possui uma estufa eleacutetrica 54 90

Natildeo possui estufa eleacutetrica 6 10

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

A Grande maioria dos fumicultores (90) possui em sua propriedade a estufa

eleacutetrica Essas famiacutelias afirmam que quando mudaram da estufa tradicional para a

eleacutetrica os trabalhos com matildeo de obra diminuiacuteram bastante pois para secar o fumo

na estufa eleacutetrica natildeo eacute necessaacuterio amarrar as folhas de fumo como demonstra a

figura 12 Jaacute nas estufas tradicionais em que a secagem natildeo eacute eleacutetrica a

quantidade de matildeo de obra exigida eacute bem maior como demonstrado na figura 13

As famiacutelias que natildeo possuem estufa eleacutetrica mencionam que natildeo pretendem

produzir por muito tempo o fumo desse modo natildeo seria viaacutevel adaptar ao sistema

eleacutetrico Nas propriedades onde a produccedilatildeo eacute maior de 70000 peacutes existem duas

estufas (figura 14)

94

FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO

Fonte Vilczak A Trabalho de campo (2016)

FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS

95

Fonte KUTZMY A Trabalho de campo (2015)

FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)

TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO

Bens adquiridos Nordm de famiacutelias Percentual ()

Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e terras no espaccedilo rural

20 33

Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e

terreno na cidade

6 10

Casa carro e terra 4 7

Carro casa trator e implementos agriacutecolas

26 43

Somente carro e casa 4 7

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

A partir dos dados acima pode-se notar que todos os entrevistados

conseguiram adquirir bens de capital considerados de grande importacircncia como

terrenos trator implementos agriacutecolas casa lotes no periacutemetro urbano entre outros

bens de menor importacircncia como eletrodomeacutesticos aleacutem dos reparos feitos na

96

propriedade que natildeo foram contabilizados pela pesquisa apesar de mencionados

pelos entrevistados As figuras 15 e 16 satildeo de algumas propriedades de produtores

de fumo entrevistados propriedades essas com casas de alvenaria galpatildeo e carro

Desse modo concorda-se com a tese de doutoramento de Manuel Antonio

Nunguiacutea Payas intitulada Empresaacuterio familial rural a integraccedilatildeo agrave agroinduacutestria de

fumo e diferenciaccedilatildeo em que o autor faz um estudo sobre a produccedilatildeo de fumo no

municiacutepio de Rio AzulPR mencionando que os fumicultores integrados estudados

por ele tiveram um aumento no patrimocircnio e que esses natildeo estatildeo inseridos na

produccedilatildeo somente para satisfaccedilatildeo das necessidades de sobrevivecircncia familiar mas

sim agindo no mercado como empresaacuterios investindo o seu capital nas atividades

com expectativa de maiores lucros e menores riscos ou seja analisando o custo de

oportunidade de cada cultura Nesse sentido para o autor o produtor familiar

integrado eacute um empresaacuterio que apresenta como principal caracteriacutestica a matildeo de

obra e propriedade familiares

FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)

97

FIGURA 16 - BENS ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)

A produccedilatildeo de fumo apesar de ser considerada pelos proacuteprios fumicultores

como uma atividade que exige muita matildeo de obra representou melhoria na

qualidade de vida deles pois grande parte das famiacutelias entrevistadas conseguiu

adquirir bens materiais como terras lotes no periacutemetro urbano casa carro trator

entre outros de menor valor bens esses dificilmente adquiridos somente com

atividades agriacutecolas tradicionais como milho feijatildeo e outros A explicaccedilatildeo para que

esses agricultores familiares escolham primeiramente a produccedilatildeo de fumo e natildeo a

produccedilatildeo de alguma cultura tradicional desenvolvida com grande representatividade

no municiacutepio desde a segunda metade do seacuteculo XIX estaacute no custo de

oportunidade dessa cultura Os fumicultores avaliam primeiramente os ganhos

econocircmicos que essa cultura proporciona em relaccedilatildeo agrave quantidade de terras

disponiacutevel em suas propriedades eou por meio de arrendamento

Outro fato que exemplifica a melhoria da qualidade de vida dos fumicultores

pode ser observado no proacuteprio municiacutepio A regiatildeo Norte de Prudentoacutepolis eacute

caracterizada pela produccedilatildeo de culturas tradicionais sendo que na grande maioria

das vezes essas lavouras satildeo realizadas manualmente devido agrave topografia muito

acentuada 8 Essa regiatildeo eacute considerada como menos desenvolvida que a regiatildeo

central e Sul devido agrave baixa produtividade por unidades familiares

Isso natildeo significa que se esteja afirmando aqui que a soluccedilatildeo econocircmica para

os produtores familiares da regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis seria a

8Atividades agriacutecolas consideradas muitas vezes mais penosas que a proacutepria produccedilatildeo de fumo pois esses agricultores carregam sacas de feijatildeo e de espigas de milho nas proacuteprias costas em terrenos muito iacutengremes aleacutem do plantio e dos tratos culturais realizados manualmente ou com traccedilatildeo animal

98

opccedilatildeo pelo cultivo do fumo Apenas constata-se que a inserccedilatildeo dos pequenos

produtores nos mercados e culturas mais seguras economicamente lhes proporciona

uma melhora econocircmica ao passo que tambeacutem o uso de aparatos tecnoloacutegicos

contribui para o aumento da produtividade e consequentemente ganhos monetaacuterios

maiores

Concorda-se com Schultz (1965) quando defende que a eficiecircncia e a

maximizaccedilatildeo do lucro satildeo partes de um sistema econocircmico eficiente e racional

Esse autor considera que todos os agricultores capitalizados ou de subsistecircncia

analisam a relaccedilatildeo entre a entrada de insumos e os resultados econocircmicos da

mesma maneira que os empresaacuterios modernos sendo o produtor um maximizador

de lucros em busca da eficiecircncia econocircmica

Nesse sentido a modernizaccedilatildeo da agricultura e a expansatildeo dos mercados

contribuiacuteram para de um lado expropriar algumas unidades de produccedilatildeo familiar e

de outro transformar agricultores familiares em empresaacuterios rurais com dependecircncia

tecnoloacutegica e financeira do mercado neste caso prevalecendo agrave racionalizaccedilatildeo

econocircmica e o objetivo principal da unidade de produccedilatildeo passando a ser a inserccedilatildeo

no mercado e a ampliaccedilatildeo dos lucros

TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO)

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

Utiliza Frequentemente essa linha de creacutedito

36 60

Utilizou algumas vezes mas natildeo utiliza mais

5 8

Nunca utilizou esse tipo de creacutedito

19 32

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

A grande maioria dos produtores entrevistados (60) utiliza a linha de creacutedito do

PRONAF tanto o custeio agriacutecola como tambeacutem o PRONAF investimento O

PRONAF custeio estaacute ligado agrave produccedilatildeo de gratildeos (soja milho feijatildeo) e o PRONAF

investimento estaacute voltado para a compra de trator implementos agriacutecolas

99

(plantadeiras carretas pulverizadores) e tambeacutem para investimentos com a

produccedilatildeo leiteira (ordenhadeiras e resfriadores)

Os fumicultores que aderiram ao PRONAF mencionam que o creacutedito agriacutecola

possibilitou a compra de trator e a carreta para o transporte do fumo da lavoura para

a estufa preparo do solo aplicaccedilatildeo de agrotoacutexicos etc aquisiccedilatildeo essa impossiacutevel

com pagamento agrave vista A figura 17 mostra tratores e carretas adquiridos por um

fumicultor morador da Linha Dezembroe por um da Comunidade de Linha Antocircnio

Olinto atraveacutes do PRONAF e conforme relata o fumicultor da Comunidade de Linha

Dezembro

Para noacutes o PRONAF eacute bom que financiamos o trator e outros maquinaacuterios [] antes tinha que trazer o fumo com carroccedila e cavalos agraves vezes os bichos ficavam doente na safra agraves vezes morriam [] agora com o trator e a carreta daacute pra trazer mais fumo da roccedila [] para noacutes deu uma grande diferenccedila (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)

FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

O fumicultor da Linha Dezembro relata que adquiriu o trator no ano de 2011

dando como entrada R$ 10000 teve carecircncia de pagamento por dois anos (2012 e

2013) e o restante do valor seraacute quitado entre 2014 e 2019 com parcelas anuais

entre R$ 9000 e R$ 8000 O mesmo comenta que com o dinheiro do fumo

consegue pagar as parcelas nas datas certas para o banco

Os agricultores que possuem trator fazem trabalhos terceirizados para

aqueles que natildeo possuem obtendo assim uma renda extra durante o ano O

fumicultor da Linha Dezembro afirma tambeacutem que a linha de creacutedito do PRONAF

100

trouxe melhora nas condiccedilotildees de trabalho e financeiras pois aumentaram a

produccedilatildeo e a produtividade

Aqueles que mencionaram terem usado a linha de creacutedito do PRONAF mas

que atualmente natildeo usam mais satildeo aqueles que jaacute compraram os implementos

agriacutecolas de que necessitavam e que compram os insumos para o plantio com

pagamento agrave vista ou a prazo na cooperativa agriacutecola mista de Prudentoacutepolis

(CAMP)

Os que nunca usaram as linhas de creacutedito do PRONAF satildeo fumicultores que

tambeacutem compram com pagamento agrave vista ou a prazo por meio da CAMP para pagar

com a produccedilatildeo Jaacute os que possuem trator compram agrave vista ou de vizinhos e

parentes pagando em prestaccedilotildees anuais sem relaccedilatildeo com bancos Esses alegam

ter receio de natildeo conseguir quitar o financiamento e por isso natildeo aderem ao

PRONAF

Outra forma de transportar o fumo da lavoura para a estufa eacute atraveacutes de

caminhonetes e tambeacutem atraveacutes de carroccedilas como mostra as fotos da figura 18

FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

101

TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

Matildeo de obra empregada na atividade fumageira

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

Somente matildeo de obra familiar

4 7

Contrataccedilatildeo de matildeo de obra em todo o periacuteodo da safra

0 0

Contrataccedilatildeo de matildeo de obra somente para a colheita

18 30

Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras em todo o periacuteodo da safra

8 13

Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras

somente para a colheita

30 50

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Nota-se que 63 das famiacutelias usam o sistema de trocas de dias para a

produccedilatildeo de fumo poreacutem 50 desses fazem parcerias somente nos dias de

colheita os quais variam entre um dia e meio a dois dias Essa parceria eacute feita para

natildeo contratar matildeo de obra poreacutem esses fumicultores tecircm um controle da quantidade

dos dias trocados entre eles e no final da safra aquele que estiver devendo horas

trabalhadas acerta em dinheiro conforme o valor da diaacuteria paga para colheita a qual

estaacute em torno de 100 a 120 reais

O tempo de secagem das folhas de fumo na estufa varia entre cinco e seis

dias Apoacutes secas essas folhas precisam ficar mais um dia dentro da estufa para

esfriar ou seja o periacuteodo entre o dia da colheita e o dia de tirar as folhas de fumo da

estufa varia de oito a dez dias e a quantidade meacutedia de colheitas por safra eacute entre

seis e oito

Nesse sentido os meses de novembro dezembro janeiro e parte de fevereiro

satildeo de trabalho intenso motivo pelo qual muitos dos entrevistados afirmam que a

desvantagem de produzir o fumo estaacute relacionada ao trabalho intenso nesses

meses

As famiacutelias com mais de quatro membros com idade suficiente (18 anos) para

estarem envolvidos na produccedilatildeo de fumo alegam que conseguem vencer

tranquilamente os trabalhos somente com a matildeo de obra familiar e que raramente

102

contratam matildeo de obra para a colheita (figura 19) Nessa perspectiva trabalham

intensamente nos dois dias de colheita e no restante dos dias (quando o fumo estaacute

secando) se dedicam a outras atividades da propriedade

FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

Tipos de famiacutelias Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Famiacutelia com apenas um

membro aposentado 10 17

Famiacutelia com dois membros aposentados

8 13

Famiacutelia com membro que recebe bolsa famiacutelia

5 8

Famiacutelia sem nenhum membro que recebe repasse social

37 62

Total 60 100 QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Os dados mostram que 62 das famiacutelias entrevistadas natildeo se beneficiam de

repasses sociais jaacute 17 das famiacutelias satildeo compostas por um membro que recebe

aposentadoria e 13 delas com dois membros aposentados Esses aposentados

natildeo satildeo os responsaacuteveis pela produccedilatildeo de fumo da famiacutelia poreacutem muitos alegam

que ajudam em tarefas consideradas por eles leves como a classificaccedilatildeo das folhas

do fumo jaacute que eacute realizada em ambientes protegidos das intempeacuteries e sentados

Uma parcela de 8 se beneficia do bolsa famiacutelia poreacutem alegam que esse valor

mesmo ajudando nas necessidades dos filhos natildeo eacute a maior parte da renda familiar

103

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos 0 0 Sempre tem problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina ( doenccedila da folha verde) (

acircnsia vocircmitos e mal estar)

25

42

Jaacute teve problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina

(doenccedila da folha verde) ( acircnsia vocircmitos e mal-estar)

16

27

Nunca teve problemas de sauacutede relacionados agrave

produccedilatildeo de fumo

19

31

Total 60 100 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Ao perguntar sobre intoxicaccedilatildeo dos fumicultores por agrotoacutexicos nenhuma

famiacutelia alegou ter acontecido esse fato com os membros da famiacutelia Afirmam que a

quantidade de agrotoacutexico que passam no fumo eacute menor que na soja milho e feijatildeo e

que quando vatildeo manusear agrotoacutexicos fazem o uso dos equipamentos de proteccedilatildeo

individual jaacute que diferente de outras culturas mecanizaacuteveis a pulverizaccedilatildeo do

agrotoacutexico no fumo eacute totalmente manual

Uma parcela expressiva de 69 alega que pelo menos um dos membros da

famiacutelia tem ou jaacute teve intoxicaccedilatildeo por nicotina ao realizar a colheita de fumo esses

que se apresentam de formas distintas de um indiviacuteduo para outro como acircnsia

vocircmitos mal-estar e insocircnia

Uma porcentagem menor composta por 31 das famiacutelias entrevistadas

dizem que nunca nenhum dos membros teve sintomas diferenciados apoacutes o contato

com a folha de fumo

TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO

Desvantagens da produccedilatildeo de fumo

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

Exige muito trabalho 18 30 Exige muito trabalho e causa

problemas de sauacutede 27 45

Falta de matildeo de obra para contratar

8 13

Natildeo vecirc desvantagens em produzir fumo

7 12

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo ( 2015)

104

Dos entrevistados 30 afirmam que a principal desvantagem eacute a

intensificaccedilatildeo do trabalho principalmente nos dias de colheita e aplicaccedilatildeo de

agrotoacutexicos os quais satildeo feitos manualmente Jaacute 45 deles afirmam que a

produccedilatildeo de fumo aleacutem de exigir muito trabalho tambeacutem traz problemas de sauacutede

normalmente aqueles que satildeo mais sensiacuteveis quando em contato com a nicotina

presente nas folhas do fumo (doenccedila da folha verde)

Outra variaacutevel que 13 dos entrevistados consideram desvantagem eacute a

questatildeo da matildeo de obra visto alegarem que principalmente para aquelas famiacutelias

que satildeo compostas de trecircs a quatro membros e que normalmente produzem uma

quantidade maior que a famiacutelia consiga dar conta tecircm muita dificuldade de encontrar

pessoas disponiacuteveis para contratar tendo assim que aumentar as jornadas de

trabalho ou diminuir a produccedilatildeo

Por fim uma parcela de 12 afirma que natildeo haacute qualquer desvantagem em

produzir fumo justificando que independentemente da atividade a ser realizada

deve-se trabalhar Dentre os entrevistados quatro famiacutelias afirmam que preferem

produzir fumo porque natildeo trabalham nos finais de semana e o trabalho natildeo dura o

ano todo como ocorre na produccedilatildeo leiteira que exige o empenho diaacuterio Para esses

a produccedilatildeo de fumo permite uma flexibilizaccedilatildeo do trabalho bem maior que a

produccedilatildeo de leite Nesse sentido pode-se concluir que cada famiacutelia tem preferecircncias

distintas na escolha da atividade que vai ser desenvolvida na propriedade

TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Sempre lecirc 6 10 Agraves vezes 18 30

Jaacute leu mas natildeo lecirc mais 6 10 Nunca leu 30 50

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

Dentre as famiacutelias entrevistadas nota-se que a metade delas nunca leu o

contrato emitido pela Souza Cruz justificando natildeo ter interesse na leitura ou por

saber do conteuacutedo do contrato por meio de vizinhos ou do instrutor teacutecnico

105

Agraves vezes quando a gente pede o instrutor lecirc direito pra gente pois natildeo tenho muito estudo e demora de mais pra ler tudo (Fumicultor da comunidade de Linha Antocircnio Olinto) Natildeo leio porque jaacute sei o que estaacute escrito todo ano eacute igual (Fumicultor da comunidade de Linha Visconde de Guarapuava) Natildeo leio a gente confia na firma (Fumicultor da comunidade de Linha Marcondes) Leio todo o contrato mas depois que assino e que instrutor vai embora (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)

A baixa escolaridade juntamente com poucos haacutebitos de leitura satildeo os

principais fatores que geram contratos assinados sem preacutevias leituras

Expectativas das famiacutelias em permanecer na atividade fumageira

Pretensotildees Nordm de famiacutelias Percentual ()

Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo por tempo

indeterminado

35 58

Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo poreacutem

diminuir a produccedilatildeo

18 30

Pretende parar completamente com a produccedilatildeo de fumo em

pequeno prazo de tempo (1 a 3 anos)

7 12

Total 60 100

QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Conforme demonstrado na tabela acima 58 das famiacutelias pretendem

permanecer com a produccedilatildeo de fumo por tempo indeterminado Jaacute 30 delas

pretendem continuar poreacutem diminuir o volume produzido Essas 30 das famiacutelias

mencionam que querem diminuir a produccedilatildeo pela falta de matildeo de obra uma vez que

os filhos estatildeo com intenccedilatildeo de sair de casa por motivos distintos como estudar

trabalhar em outro ramo etc

Outros 7 do total dos entrevistos tecircm a intenccedilatildeo de parar de produzir fumo

nos proacuteximos trecircs anos afirmando que vatildeo migrar para setores mais competitivos

106

como a soja e o leite Outros afirmam que querem parar porque jaacute estatildeo

aposentados e os filhos pretendem trabalhar em outras atividades de modo que a

famiacutelia tende a ficar pequena demais para essa cultura

Com relaccedilatildeo agrave venda da produccedilatildeo de fumo todos os entrevistados afirmam

que vendem a produccedilatildeo para a empresa integrada poreacutem os quilos produzidos

excedentes ao contrato firmado agraves vezes satildeo vendidos para atravessadores ou ateacute

mesmo para outras empresas Os fumicultores mencionaram que no geral tecircm

uma relaccedilatildeo tranquila com a empresa poreacutem existem safras em que o preccedilo do

quilo do fumo do ponto de vista deles deveria ser maior Esse fato eacute entendido pelo

paradigma da agricultura camponesa como conflito entre a territorialidade

corporativa Souza Cruz e a territorialidade dos fumicultores pelo fato de agricultor

natildeo ter autonomia de decisatildeo do preccedilo pago por quilo do fumo existindo entatildeo certo

conflito muitas vezes ldquosilenciosordquo entre essas territorialidades

Todavia o paradigma da agricultura familiar por natildeo estar baseado em

teorias anticapitalistas explica os processos de formaccedilatildeo de preccedilos a partir de

pressupostos teoacutericos diferentes Numa economia de mercado o vendedor jamais

possui autonomia plena para decidir o preccedilo do seu produto pois satildeo os

compradores que avaliam de acordo com seus objetivos e necessidades quanto

estatildeo dispostos a pagar por um bem ou serviccedilo Mas ao mesmo tempo os

compradores tambeacutem natildeo possuem autonomia para decidir o preccedilo de um produto

ao seu bel prazer pois se o vendedor natildeo considerar a venda vantajosa deixaraacute de

produzir ou de revender o produto em questatildeo para se dedicar a outra atividade

econocircmica mais rentaacutevel No caso em pauta a Souza Cruz eacute obrigada a pagar um

preccedilo que supere o custo de oportunidade para os agricultores familiares de

produzir leite feijatildeo soja ou qualquer outro produto sob pena de a empresa perder

seus fornecedores

Nesse sentido vale recordar as informaccedilotildees apresentadas na Tabela 15 visto que

20 dos entrevistados afirmam ter escolhido produzir fumo devido agrave renda que essa

cultura oferece e tambeacutem agrave garantia de venda b) 58 responderam que essa

escolha se deu em funccedilatildeo da renda da venda garantida e tambeacutem da pouca

disponibilidade de terras em suas propriedades c) 10 citaram apenas a pouca

disponibilidade de terras como motivo para plantar fumo d) 12 afirmaram que essa

opccedilatildeo se daacute apenas pela falta de outras opccedilotildees

107

Outro fator que regula o valor pago por quilo de fumo como jaacute demonstrado no

trabalho estaacute relacionado a oferta e demanda do produto pelo mercado A safra de

20152016 eacute um exemplo na qual devido ao baixo estoque de fumo nos armazeacutens

das empresas e pela procura desse produto por parte dos consumidores o valores

pagos por quilo de fumo aumentaram fato esse notado tambeacutem em outros produtos

do setor do agronegoacutecio

Isso indica que o paradigma da agricultura familiar eacute o que se mostra coerente com

os dados da pesquisa de campo pois fica claro que os produtores familiares optam

pelo fumo em funccedilatildeo de um caacutelculo dos custos de oportunidade que considera os

fatores rentabilidade garantia de renda e disponibilidade de terra de sorte que os

preccedilos praticados pela Souza Cruz tecircm um patamar miacutenimo definido pela avaliaccedilatildeo

que os agricultores fazem desses custos E essa conclusatildeo eacute reforccedilada quando se

relembram as informaccedilotildees da Tabela 19 posto que apenas 33 dos entrevistados

se dedicam exclusivamente ao fumo enquanto os demais produzem e

comercializam tambeacutem outros tipos de produtos tais como leite soja e feijatildeo

Mais uma vez verifica-se que cada famiacutelia tem projetos distintos os quais

estatildeo intrinsecamente relacionados agrave estrutura familiar agrave disponibilidade de terras e

outros fatores gerando estrateacutegias diferenciadas para se reproduzir no campo

havendo desde aqueles produtores que vecircm na atividade fumageira o seu futuro ateacute

aqueles que pretendem migrar o mais raacutepido possiacutevel para outra atividade Nesse

sentido vemos que essas famiacutelias buscam ser competitivas nas atividades que

realizam se dedicando agravequelas que julgam mais rentaacuteveis eou combinando duas ou

mais culturas para obter mais vantagens

108

V - CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O desenvolvimento desta pesquisa baseada no estudo de caso de uma

amostragem de produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis contratados pela

empresa Souza Cruz permitiu demonstrar que os agricultores familiares

entrevistados buscam atraveacutes de suas condiccedilotildees de produtor se inserir em setores

que permitem maximizar seus lucros Portanto a realizaccedilatildeo desta pesquisa eacute

pertinente pelo fato de mostrar que os fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de

commoditie atraveacutes de uma cadeia produtiva competitiva

Dessa forma a caracterizaccedilatildeo dos fumicultores a partir dos grupos A B C e

D se justifica por apresentarem dados oficiais e sistematizados o que contribui para

natildeo generalizar os resultados somente a partir da amostragem dos fumicultores

entrevistados nos trabalhos de campo Demonstrando que no municiacutepio de

Prudentoacutepolis a maior parte dos fumicultores se aproxima daqueles agricultores

familiares do tipo A e B Ou seja aqueles capitalizados e em processo de

capitalizaccedilatildeo indicando que a cultura de fumo estaacute dentre aquelas que geram uma

taxa de pobreza menor no meio rural Essa constataccedilatildeo tambeacutem eacute notada a partir

das entrevistas de campo conforme demonstrado na Tabela 22 posto que todos os

entrevistados conseguiram com a renda do fumo adquirir bens de capital como casa

carro trator terra de cultivo lote no periacutemetro urbano aleacutem daqueles bens de capital

como os eletrodomeacutesticos

Com isso a visatildeo dualista entre agricultura familiar e agronegoacutecio natildeo eacute

compreendida com adequada nesse trabalho pelo fato de existirem muitas formas

de agricultores familiares que se aproximam ao padratildeo do agronegoacutecio como por

exemplo os fumicultores que estatildeo no grupo A e B Desse modo compreende-se

que os fumicultores entrevistados da mesma forma que a agricultura patronal

buscam atraveacutes da modernizaccedilatildeo e do uso de insumos agriacutecolas (agrotoacutexicos e

fertilizantes) meios para permanecerem integrados e competitivos no mercado

Os fumicultores estatildeo inseridos ao complexo agroindustrial fumageiro e por

conseguinte estatildeo prosperando economicamente concordando-se entatildeo com os

pressupostos teoacutericos voltados ao paradigma da agricultura familiar e com autores

como Valente (2008) Diniz (2011) e Navarro (2014) que natildeo costumam fazer uma

109

oposiccedilatildeo radical entre agricultura familiar e agronegoacutecio ao ponto de existir

conflitualidades de interesses entre ambos Ou seja conflito entre a territorialidade

coorporativa da induacutestria fumageira e a territorialidade da agricultura familiar

camponesa

Desse modo a pesquisa tambeacutem natildeo tem por objetivo afirmar que no Brasil

natildeo existam sistemas de produccedilatildeo camponesa poreacutem os dados de campo mostram

que no caso em estudo 67 dos entrevistados natildeo produzem somente fumo e que

esses estatildeo inseridos em outras cadeias produtivas como leite feijatildeo soja e milho

ou seja os fumicultores tem mais opccedilotildees poreacutem acham interessante continuar com o

fumo Esses dados natildeo satildeo diferentes do restante do Brasil natildeo generalizando

somente a partir dos entrevistados

Apesar das oscilaccedilotildees no volume produzido como tambeacutem em relaccedilatildeo ao

mercado do fumo no Brasil e consequentemente no municiacutepio de Prudentoacutepolis

conforme exposto nos capiacutetulos II e III nota-se que essa cultura proporcionou a

ascensatildeo econocircmica desses agricultores familiares sendo que muitos desses

pequenos capitalistas como jaacute mencionado conseguiram adquiri terras para entatildeo

competir nos setores de gratildeos como a soja e o milho que a competitividade eacute

melhor para grandes proprietaacuterios querendo assim dar esse salto e ao mesmo

tempo trabalhando com a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo com intuito de deixar a renda

da propriedade menos vulneraacutevel A partir desses fatos e de acordo com os

resultados dos dados de campo eacute coerente dizer que o direcionamento dos

agricultores entrevistados para o cultivo de culturas que tem maior rentabilidade

proporcionou melhoras nas condiccedilotildees econocircmicas da famiacutelia pois somente com a

lavoura tradicional e pequena criaccedilatildeo de animais natildeo seria possiacutevel conquistar bens

de capital

Nesse sentido Navarro (2014) aponta que o preccedilo dos alimentos consumidos

pelos brasileiros em termos de reais diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas devido a inserccedilatildeo

dos pacotes tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo agriacutecola que proporcionaram o aumento

da produtividade e a consequente queda do preccedilo final contribuindo para a

facilidade de acesso desses produtos por parte da populaccedilatildeo jaacute em contra partida o

custo para uma pessoa manter seu haacutebito de fumar aumentou Ou seja os

agricultores que permaneceram ou inseriram-se na produccedilatildeo de fumo tiveram um

aumento na sua rentabilidade

110

Dessa forma eacute certo que os agricultores familiares entrevistados da mesma

forma que os agricultores patronais buscam aumentar seus rendimentos uma vez

que os dados de campo mostram que uma porccedilatildeo dos fumicultores tem pretensotildees

de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou seja agem no mercado

como pequenos capitalistas Poreacutem esses agricultores ainda natildeo migram totalmente

para outras atividades por ser esta uma das poucas cadeias produtivas compatiacuteveis

com as suas condiccedilotildees de produtor Tambeacutem muitos produtores podem encontrar

dificuldades em migrar para outras culturas que exigem maiores recursos

(SCHOENHALS et al 2009) necessitando assim de linhas de creacuteditos agriacutecolas

direcionados para esses agricultores

Os autores como Fernandes (2008) e Roos (2015) que trabalham na

perspectiva do paradigma da agricultura camponesa afirmam haver conflitualidade

entre os camponeses e as agroinduacutestrias que trabalham no sistema de produccedilatildeo

integrada como eacute o caso da agroinduacutestria fumageira afirmando existir uma sujeiccedilatildeo

da renda dos camponeses uma vez que os agricultores camponeses natildeo possuem

autonomia com relaccedilatildeo ao modo de produzir o produto como tambeacutem na hora de

fixar o preccedilo final da safra Poreacutem natildeo eacute levado em consideraccedilatildeo que o preccedilo do

quilo do fumo pago ao produtor contratado estaacute intrinsecamente relacionado a oferta

e demanda do produto por parte do mercado o que expressa adequadamente o

valor marginal pago muitas vezes aos fumicultores visto que a empresa tambeacutem

deve colocar a sua margem de lucro conforme a demanda do produto

Outra questatildeo voltada ao paradigma camponecircs eacute em relaccedilatildeo agrave

industrializaccedilatildeo da agricultura e apontada por Fernandes (2013) como um processo

que resulta no desenvolvimento desigual e contraditoacuterio no campo que deixa as

unidades camponesas de produccedilatildeo se tornar mais vulneraacuteveis ao capital Poreacutem os

dados da Tabela 23 mostram que 68 dos entrevistados usam ou jaacute utilizaram

alguma linha de creacutedito agriacutecola para o investimento em maquinaacuterios agriacutecolas

afirmando que conseguem tem uma produtividade maior e que conseguem pagar as

prestaccedilotildees desses maquinaacuterios tranquilamente

Sabendo que Ploeg (2009) afirma que o camponecircs eacute caracterizado por lutar

por sua autonomia uma vez que conforme apontado pro Thomaz Juacutenior (2008) a

loacutegica do capital impotildee que o agricultor esteja preso a gestatildeo de uma empresa e natildeo

111

mais de sua famiacutelia natildeo se completa para essa pesquisa uma vez que a explicaccedilatildeo

para a empresa estabelecer os seus moldes de produccedilatildeo se baseia na demanda do

produto pelo mercado instituindo assim para os seus contratados os tipos de fumos

com maiores demandas o que justifica a empresa impor o tipo de variedade de fumo

que quer comprar como tambeacutem os tratos culturais necessaacuterios para se chegar ao

produto desejado

Contraditoacuterio ao que foi exposto por Paulino e Almeida (2010) quando

mencionam que o campesinato deve ser considerado como uma contradiccedilatildeo e natildeo

como uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeo capitalista os resultados da

pesquisa mostraram que a articulaccedilatildeo com os modelos de produccedilatildeo capitalistas

proporcionaram a permanecircncia de agricultores familiares no espaccedilo rural uma vez

que os aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo que eacute bastante disseminada entre

agricultores familiares induziram o aumento da rentabilidade diminuindo assim as

taxas de pobreza Aleacutem disso nota-se que o fumicultores sendo pequenos

capitalistas natildeo buscam somente a reproduccedilatildeo do modo de vida mas sim agem no

mercado investindo em setores mais rentaacuteveis adequado para a sua condiccedilatildeo de

produtor com pretensatildeo de torna-se um agricultor ainda mais competitivo

Mais uma vez defende-se que a inserccedilatildeo dos agricultores familiares aos

mercados capitalistas natildeo deve ser entendido a partir de um dualismo estando de

um lado o agronegoacutecio e de outro o camponecircs como jaacute ressaltado por Schneider

(2006) que tanto um quanto outro grupo estaacute interessado em um mesmo processo

que eacute o da produccedilatildeo e o do consumo Nesse sentido eacute importante se trabalhar com

a heterogeneidade da agricultura familiar para assim se pensar como esses

agricultores podem se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo

Portanto a presente pesquisa embasada nos dados de campo mostra que a

cultura de fumo ateacute entatildeo eacute a principal orientaccedilatildeo financeira dos agricultores

familiares entrevistados seguidas de outras estrateacutegias de reproduccedilatildeo como o

cultivo da soja produccedilatildeo de leite feijatildeo milho Demonstrando dessa forma que os

mesmos buscam maximizar seus lucros e diversificar sua produccedilatildeo para diminuir a

vulnerabilidade econocircmica da propriedade Contudo pode afirmar atraveacutes do

paradigma da agricultura familiar que os fumicultores considerados como pequenos

capitalistas se reproduzem no mercado sob pressatildeo das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e

112

da concorrecircncia e buscam ser competitivos natildeo havendo incompatibilidade ou

conflitos dos agricultores familiares para com o capital

113

REFEREcircNCIAS

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120

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121 SANTOS M A Territorialidade e a Sustentabilidade ou a Ecologia do Espaccedilo Poliacutetico In Sociedade amp Natureza Uberlacircndia UFU ano 9 n 17 p 41- 561997a Metamorfoses de espaccedilo habitado Satildeo Paulo Hucitec 1997b A Natureza do Espaccedilo Teacutecnica e Tempo Razatildeo e Emoccedilatildeo Satildeo Paulo Hucitec 1996 Metamorfoses de espaccedilo habitado Satildeo Paulo Hucitec 1997 O Territoacuterio e o Saber Local algumas categorias de anaacutelise Cadernos IPPUR Rio de Janeiro Ano XIII Nordm 2 p 15-26 1999a O dinheiro e o territoacuterio Revista da Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia

UFF Rio de Janeiro nordm1 Ano 1 p 7-13 Junho de 1999b O retorno do territoacuterio In Observatorio Social de Ameacuterica Latina) Buenos Aries antildeo 6 n 16 jun 2005 Disponiacutevel em lthttpbibliotecavirtualclacsoorgararlibrososalosal16D16Santospdfgt Acesso em 06062015 SANTOS M e SILVEIRA M L O Brasil territoacuterio e sociedade no iniacutecio do seacuteculo XXI6 Ed Rio de Janeiro Record 2004 SAQUET Marcos Aureacutelio Abordagens e concepccedilotildees de territoacuterio Satildeo Paulo Expressatildeo Popular 2007 a As diferentes abordagens do territoacuterio e a apreensatildeo do movimento e da (i) materialidade Geosul Florianoacutepolis v 22 n 43 p 55-76 janjun2007b Os tempos e os territoacuterios da colonizaccedilatildeo italiana 2 Ed Porto Alegre RS 2003 Por uma abordagem territorial In SAQUET M A SPOSITO ES (Org) Territoacuterios e territorialidades teorias processos e conflitos Satildeo Paulo Expressatildeo Popular 2009 Por uma Geografia das territorialidades e das temporalidades uma concepccedilatildeo multidimensional voltada para a cooperaccedilatildeo e para o desenvolvimento territorial 1 ed Satildeo Paulo Outras Expressotildees 2011 128 p SCHNEIDER S Agricultura familiar e industrializaccedilatildeo Pluriatividade e descentralizaccedilatildeo industrial no Rio Grande do Sul Porto Alegre Edurgs 1999 Introduccedilatildeo In SCHNEIDER S (Org) Diversidade da agricultura familiar Porto Alegre Editora da UFRGS 2006 P 7-12

122 SAUER Seacutergio Agricultura familiar versus agronegoacutecio a dinacircmica sociopoliacutetica do campo brasileiro Embrapa Informaccedilotildees Tecnoloacutegicas Brasilia DF ndash 2008 SEABDERAL- Anaacutelise da Conjuntura Agropecuaacuteria- Fumo Safra 2014 Disponiacutevel em lt httpwwwagriculturaprgovbrarquivosFilederalPrognosticosfumo_2014_15 pdfgt Acesso em 23102015 SEFFRIN Guido O FUMO NO BRASIL E NO MUNDO Afubra 40 anos Santa Rosa RS Graacutefica REX 1995 SCHOENHALS M et Al Anaacutelise dos impactos da fumicultira sobre o meio ambiente agrave sauacutede dos fumicultores e iniciativas de gestatildeo ambiental na induacutestria do tabaco Engenharia Ambiental Espirito Santo do Pinhal v 6 n 2 p 016-037 2009 Disponiacutevel em lt httpswwwgooglecombrsearchq=SCHOENHALS2C+M+et+Al+Anaacutelise+ dos+impactos+da+fumicultira+sobre+o+meio+ambiente2C+agrave Acesso em 17072015 SENETRA A Dilemas soacutecioterritoriais da agricultura familiar em Prudentoacutepolis-PR Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Geografia) Universidade Estadual de Ponta Grossa Ponta Grossa 2014 SHANIN T Liccedilotildees camponesas In PAULINO E T FABRINI J E (Orgs) Campesinato e territoacuterios em disputa Satildeo Paulo SP Expressatildeo Popular 2008 P 23-48 SILVA SBde M SILVA BCN Estudos sobre a globalizaccedilatildeo territoacuterio e Bahia 2 ed Salvador BA UFBA 2006a SILVA LX Anaacutelise do complexo agroindustrial fumageiro sul-brasileiro sob o enfoque da economia dos custos de transaccedilatildeo 2002 279 f Tese (Doutorado em Economia) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2002b SILVEIRA R L Da Rede agroindustrial do fumo e dinacircmica de organizaccedilatildeo espacial e de usos do territoacuterio na regiatildeo Sul do Brasil Relatoacuterio do Projeto de pesquisa - CNPq Edital 032008 UNISC Santa Cruz do Sul Janeiro de 2011 SILVEIRA R L F NAVARRO Z Quais os riscos mais relevantes nas atividades agropecuaacuterias In Bauani A M ALVES E SILVEIRA J M NAVARRO (Orgs) O mundo rural no Brasil do Seacuteculo 21 a forma de um novo padratildeo agraacuterio e agriacutecola Brasiacutelia DF Embrapa 2014 1186 p SIMONSEN R C Histoacuteria Econocircmica do Brasil (15001820) Satildeo Paulo Nacional 1967 5ed 475p

123 SINDICATO INTERESTADUAL DA INDUacuteSTRIA DO TABACO (SINDITABACO) Disponiacutevel em lthttpsinditabacocombrgt Acesso em 01042015 SOUZA MJLde O territoacuterio sobre o espaccedilo e poder autonomia e desenvolvimento In CASTRO IE de GOMES PC da C CORREcircA RL (Orgs) Geografia Conceitos e temas 5 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2003 ldquoTerritoacuteriordquo da divergecircncia (e da concepccedilatildeo) em torno das imprecisas fronteiras de um conceito fundamental In SAQUET MA SPOSITO E S (Org) Territorio e territorialidade teorias processos e conflitos Satildeo Paulo UNESP 2009 O territoacuterio Sobre espaccedilo e poder autonomia e desenvolvimento In CASTRO I E De CORREcircA R L amp p C (Org) Geografia Conceitos e Temas Rio de Janeiro Ed Bertrand Brasil 2005 SPOSITO E S Redes e cidades Satildeo Paulo UNESP2008 SOUZA CRUZ Relatoacuterio da administraccedilatildeo Periacuteodo de 3 meses findo em 31 de marccedilo de 2015 SOUZA CRUZ Nossa histoacuteria 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLive DO7V9K2Wopendocumentgt Acesso em 04022015 British American Tabacco 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLive DO7V9KSXopendocument gt Acesso em 02042015 Distribuiccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em lthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLive DO7V9J5Zopendocumentgt Acesso em 02042015 Mercado de cigarros 2015 Disponiacutevel em ltlthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLiv eDO7V9KNXopendocumentgt Acesso em 03042015 Instituto Souza Cruz 2015 Disponiacutevel em lthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLive DO7V9Q36opendocumentgt Acesso em 20062015 SPIES R O processo de Especializaccedilatildeo Produtiva da Microrregiatildeo Fumicultura de Santa Cruz do Sul- RS Santa Cruz do Sul UNISC 2000 TERNOSKI S Estrateacutegias de melhoria da renda da agricultura familiar Anaacutelise a partir da base social da CresolPrudentoacutepolis Dissertaccedilatildeo ( Mestrado em Desenvolvimento Regional) Universidade Tecnoloacutegica Federal do Paranaacute Pato Branco 2013

1

THOMAZ JA Trabalho e territoacuterio em disputa In PAULINO E T FABRINI J E (Orgs) Campesinato e territoacuterios em disputa Satildeo Paulo SP Expressatildeo Popular 2008 P 327-356 UNIVERSAL CORPORATION ndash Fundation Disponiacutevel em lthttpwwwuniversalcorpcomFoundationDefaultaspx gt VALVERDE RRHF Transformaccedilotildees no conceito de Territoacuterio GEOUSP ndash Espaccedilo e tempo Satildeo Paulo N 15 pp 119 ndash 126 2004 Disponiacutevel em lt httpwwwgeografiafflchuspbrpublicacoesGeouspGeousp15Artigo8pdfgt Acesso em 30 de outubro de 2015 VALENTE A L E F Algumas reflexotildees sobre a polecircmica Agronegoacutecio versus Agricultura Familiar Brasiacutelia Texto para Discussatildeo 29 Brasiacutelia Embrapa Informaccedilotildees tecnoloacutegicas 2008 78p VENTURA Magda Maria O estudo de caso como modalidade de pesquisa Revista da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro v 20 n 5 p383-386 setout 2007 Disponiacutevel em lthttpsociedadescardiolbrsocerjrevista2007_05a2007_v20_n05_art10pdfgt Acesso em 20122015 VEIGA JE O desenvolvimento agriacutecola uma visatildeo histoacuterica Satildeo Paulo Hucitec 1991 Cidades imaginaacuterias Campinas Autores associados 2002 Muita fantasia sobre um uacutenico assunto Folha de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 28 Jan 2004 Dinheiro B2 VOGT O P A produccedilatildeo de fumo em Santa Cruz do Sul ndash RS (1849-1993) Santa Cruz do Sul Edunisc 1997 WANDERLEY Maria de Nazareth B O mundo rural como um espaccedilo de vida reflexotildees sobre a propriedade da terra agricultura familiar Porto Alegre editora da UFRGS 2009 WANDERLEY Maria de Nazareth Baudel Raiacutezes Histoacutericas do Campesinato Brasileiro In TEDESCO Joatildeo Carlos (Org) Agricultura Familiar Realidades e Perspectivas 2a Ed Passo Fundo EDIUPF 1999 Cap 1 p 21-55 ZAROSKI N G A utilizaccedilatildeo do tempo pelos imigrantes ucranianos de Prudentoacutepolis 1940-1960 50f TCC (Graduaccedilatildeo em Histoacuteria) Curitiba UFPR 2001

2

ANEXOS

1ordm Trabalho de Campo Conhecimento da aacuterea de estudo e visita a 10 propriedades que produzem fumo haacute mais de 10 anos Data do campo mecircs de Julho e Agosto de 2014

1) Qual foi o ano em que iniciou as atividades na produccedilatildeo de fumo

2) Qual eacute o motivo que trabalha na produccedilatildeo do fumo

3) A matildeo de obra na atividade fumageira eacute muito desgastante

4) Sua propriedade eacute diversificada Quais as culturas que produz na

propriedade aleacutem do fumo

5) Qual eacute a maior renda da propriedade

6) Como eacute feita a classificaccedilatildeo das folhas de fumo destinadas a venda

2ordm Trabalho de campo Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio Aplicado ao orientador teacutecnico da Souza Cruz o qual representa a Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis Orientador teacutecnico Tarciacutesio Kraiczek Data da entrevista 13072015

1 Quantos orientadores teacutecnicos a empresa possui no municiacutepio de

Prudentoacutepolis

2 Haacute quantos anos vocecirc trabalha na assistecircncia teacutecnica para os

fumicultores associados da Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis

3 Quantos associados a empresa Souza Cruz teve na safra de 2014

4 Quais satildeo as empresas fumageiras concorrentes da Souza Cruz no

municiacutepio Qual a relaccedilatildeo entre essas empresas

5 A empresa Souza Cruz tem alguma unidade de recebimento do fumo no

municiacutepio de Prudentoacutepolis para a produccedilatildeo ficar armazenada antes de

ser enviado para uma usina de Processamento de fumo

3

6 Para qual das trecircs usinas de processamento o fumo produzido no

municiacutepio eacute envido

7 A empresa tem uma cota miacutenima e maacutexima de peacutes de fumo por

produtor

8 Qual eacute a meacutedia de peacutes de fumo uma pessoa consegue produzir por

safra

9 No seu ponto de vista como orientador teacutecnico como se daacute a relaccedilatildeo

entre a empresa Souza Cruz e os fumicultores do municiacutepio

10 Qual a relaccedilatildeo da empresa para com os projetos de diversificaccedilatildeo da propriedade

3ordm Trabalho de Campo Entrevista de campo para obtenccedilatildeo de dados socioeconocircmicos dos produtores

de fumo da empresa Souza Cruz do municiacutepio de Prudentoacutepolis - PR

Data do campo Novembro e Dezembro de 2015 1- Caracterizaccedilatildeo da famiacutelia

Membros Idade Gecircnero Escolaridade (escola puacuteblica ou privada)

Fumicultor Eacute fumante

Motivos do ecircxodo

1 2 3 4 5 6 7 8

2- Haacute quantos anos trabalha na atividade fumageira

3- Qual o motivo pela opccedilatildeo de produzir fumo

4- Pretende permanecer na atividade fumageira Quais motivos Por qual

atividade substituiria a produccedilatildeo de fumo

4

5- Possui estufa eleacutetrica de secagem do fumo

6- Quais bens capitais vocecirc conseguiu adquirir com a renda oriunda da

produccedilatildeo de fumo

7- Possui na propriedade

( ) Trator ( ) Carro ( ) moto ( ) telefone ( ) internet

8- Posse da terra e quantidade de alqueires

( ) Proacutepria ____ ( ) Arrendada e Parceiro _____

( ) Arrendada ____ ( ) Proacutepria e Arrendada _____

( ) Proacutepria e Parceiro ____

9- Se for proacutepria como adquiriu essas terras

10- Satildeo plantados por ano quantos peacutes de fumo Quantidade de aacuterea

utilizada

11- Faz contrataccedilatildeo de matildeo de obra para a produccedilatildeo de fumo

( ) Sim ( ) Natildeo

12- Se existe a contrataccedilatildeo de matildeo de obra em que periacuteodo da safra

acontece

( ) Todo o periacuteodo da safra ( ) Tratos culturais ( ) Plantio ( )

Classificaccedilatildeo ( ) Colheita

13- Vocecirc lecirc o contrato da sua produccedilatildeo com a empresa Souza Cruz

Justifique

14- Aleacutem da produccedilatildeo de fumo quais outras atividades agropecuaacuterias satildeo

realizadas na propriedade para garantir a renda da famiacutelia

Para comercializaccedilatildeo Para consumo na propriedade

5

15- De qual atividade realizada na propriedade vem a maior renda

16- Como eacute a sua relaccedilatildeo com a empresa descreva o seu ponto de vista

17- Vende toda a produccedilatildeo para a empresa associada

18- No seu ponto de vista quais satildeo as vantagens e desvantagens de produzir

fumo

19- Em relaccedilatildeo agrave sauacutede e produccedilatildeo de fumo houve casos na famiacutelia de

A) Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos

B) Intoxicaccedilatildeo por nicotina (doenccedila da folha verde)

C) Problemas ortopeacutedicos

D) Transtornos mentais (depressatildeo ansiedade esquizofrenia etc)

E) Outros __________________________________________

20- Haacute incentivos governamentais para o desenvolvimento de outras atividades

e o consequente abandono do ramo fumageiro Se sim quais e por que natildeo

houve migraccedilatildeo para outra atividade

21- A partir do momento em que vocecirc comeccedilou a produzir o fumo acha que

suas condiccedilotildees financeiras melhoraram

22- Participa do PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar)

23- Na famiacutelia tem algum membro que recebe algum tipo de repasses de

programas sociais Se sim quais

24- Vocecirc tem conhecimento de algum projeto de diversificaccedilatildeo de

propriedades que estaacute sendo realizado por oacutergatildeos puacuteblicos no municiacutepio

  • AGRADECIMENTOS
  • Palavras chave Agricultura Familiar Fumicultura Abordagens Paradigmaacuteticas
  • Keywords Family farming Tobacco Farming Paradigmatic Approaches
  • LISTA DE SIGLAS
  • SUMAacuteRIO
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS
  • 11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA
  • ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR
  • CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS
  • CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
  • 21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
  • 22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL
  • CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO
  • 31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR
  • 32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS
  • CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO
  • 41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES
  • REFEREcircNCIAS
  • ABRAMOVAY R Paradigmas do capitalismo agraacuterio em questatildeo Satildeo
  • Paulo Hucitec 1992 275 p
  • Disponiacutevel em lthttpwwwaointlcomaugt Acesso em 27082015
  • FERNANDES B M MST Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra
  • GERMER Claus A irrelevacircncia praacutetica da agricultura ldquofamiliarrdquo para o
  • INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA (IBGE)
  • WebLiveDO8U4Q3Nopendocumentgt Acesso em 05082015
  • OBSERVATOacuteRIO DA POLITICA NACIONAL DE CONTROLE DO TABACO
  • ROSEacuteLIA P Induacutestria e territoacuterio no Brasil Contemporacircneo Editora
  • SINDICATO INTERESTADUAL DA INDUacuteSTRIA DO TABACO
  • SPOSITO E S Redes e cidades Satildeo Paulo UNESP2008
  • SPIES R O processo de Especializaccedilatildeo Produtiva da Microrregiatildeo
  • Fumicultura de Santa Cruz do Sul- RS Santa Cruz do Sul UNISC 2000
  • VOGT O P A produccedilatildeo de fumo em Santa Cruz do Sul ndash RS (1849-1993)
  • Santa Cruz do Sul Edunisc 1997
  • ZAROSKI N G A utilizaccedilatildeo do tempo pelos imigrantes ucranianos de
  • ANEXOS
Page 4: AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUÇÃO DE FUMO: ESTUDO DE …

4

5

Dedico este trabalho agrave minha famiacutelia e aos fumicultores do

municiacutepio de PrudentoacutepolisPR que influenciaram no

desenvolvimento deste trabalho Aos fumicultores pela

paciecircncia e colaboraccedilatildeo nas pesquisas de campo com dados

que foram fundamentais para retratar sua realidade

6

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao meu orientador Prof Dr Luis

Lopes Diniz Filho pela sua atenccedilatildeo compreensatildeo e tambeacutem pelas suas valiosas

consideraccedilotildees no processo de desenvolvimento dessa pesquisa sendo um exemplo

de profissional

Agrave minha famiacutelia em especial aos meus pais Carlos e Ana aos meus irmatildeos

Amilton e Adriana que sempre apoiaram no periacuteodo de realizaccedilatildeo da dissertaccedilatildeo Ao

meu sobrinho Beniacutecio pela alegria que traz a todos noacutes ao Ian que estaraacute chegando

nas proacuteximas semanas Agradeccedilo tambeacutem a minha cunhada e cunhado pelo apoio

Aos amigos e familiares Ana Maacutercia Adriana Noeli Rogeacuterio Edna

Elisangela Milena Eliana Paulo Maria entre outros que de alguma forma

contribuiacuteram para que esse trabalho fosse finalizado Obrigada a todos vocecircs pelo

companheirismo

Aos professores Dr Sergio Fajardo e Dr Danilo Volochko pelas valiosas

contribuiccedilotildees agrave pesquisa

Aos colegas e professores do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia da

Universidade Federal do Paranaacute como tambeacutem a secretaacuteria Adriana Cristina de

Oliveira e ao Luiz Carlos Zem pelo apoio em questotildees burocraacuteticas durante o

periacuteodo do mestrado

A CAPES (Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal do Niacutevel Superior)

pelo auxiacutelio atraveacutes da bolsa de estudo

Agrave Adriana Kutzmy e Gabriela Strechar pela atenccedilatildeo e por acompanhar nos

trabalhos de campo realizados com os fumicultores do municiacutepio de

PrudentoacutepolisPR

E por fim agradeccedilo a todos os fumicultores que participaram das entrevistas

de campo A todos meu agradecimento

7

RESUMO O presente trabalho visa analisar os resultados obtidos pela agricultura familiar no cultivo do fumo levando em consideraccedilatildeo as razotildees econocircmicas pela opccedilatildeo em produzir a cultura Desse modo o estudo de caso dos fumicultores de Prudentoacutepolis-PR fornece subsiacutedios para a avaliaccedilatildeo criacutetica dos dois principais paradigmas de estudo do agro na geografia rural e ciecircncias afins ou seja o paradigma da agricultura familiar e da agricultura camponesa Para tanto utilizou-se de revisotildees bibliograacuteficas de autores que trabalham nas distintas linhas paradigmaacuteticas como tambeacutem da caracterizaccedilatildeo dos agricultores familiares produtores de fumo atraveacutes do uso de fontes secundaacuterias (Censos agropecuaacuterios) aleacutem da aplicaccedilatildeo de questionaacuterios para um universo de sessenta fumicultores contratados pela empresa Souza Cruz em Prudentoacutepolis A partir das revisotildees bibliograacuteficas e dos dados obtidos no estudo de caso levantou-se a hipoacutetese de que o paradigma da agricultura camponesa natildeo eacute adequando para explicar a realidade estudada Palavras chave Agricultura Familiar Fumicultura Abordagens Paradigmaacuteticas

ABSTRACT

The aim of this study is to analyze the results obtained by family farming in the cultivation of tobacco considering the economic reasons for the choice to produce the crop Thus the case study of Prudentoacutepolis-PR tobacco growers provides subsidies for the critical evaluation of the two main paradigms of agro studies in rural geography and related sciences that is the paradigm of family farming and peasant farming For this purpose bibliographic reviews of authors working in different paradigmatic lines were used as well as the characterization of family farmers tobacco growers through the use of secondary sources (Census of agriculture) and the application of questionnaires to a group of sixty tobacco growers hired by Souza Cruz company in the city of Prudentoacutepolis From the literature review and the obtained data in the case study we raised the hypothesis that the paradigm of peasant farming is not suitable to explain the studied reality Keywords Family farming Tobacco Farming Paradigmatic Approaches

8

LISTA DE SIGLAS

AFUBRA - Associaccedilatildeo dos Fumicultores do Brasil

BAT - British American Tobacco

CBFF ndash Companhia Brasileira de Fumo em Folha

DERAL - Departamento de Economia Rural

EMATER ndash Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IPARDES (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social)

PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

SEAB - Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento

SINDITABACO ndash Sindicato Interestadual da Induacutestria do Tabaco

9

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA 46 Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 59 FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 60 FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES 62 FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 63 FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR 64 FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR78 FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 79 FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO 90 FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE 91 FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA 92 FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO 94 FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS 94 FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO 95 FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA 96 FIGURA 16 - BENS ADQUiRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA 97 FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF 99 FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA 100 FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO 102

10

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL 39 TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO 41 TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013 42 TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012 42 TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute 46 TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006 48 TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006 50 TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006 51 TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000 52 TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006 53 TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012 54 TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010) 55 TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE 84 TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 85 TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 86 TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS 87 TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 88 TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES 88 TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES 89 TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE 91

11

TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES 93 TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO 95 TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO) 98 TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO101 TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO 103 TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS 104

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA 36 QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL 44 QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314 47 QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010) 56 QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR 65 QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR66 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR 66 QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006 71 QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 72 QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR 72 QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES 74 QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS 75 QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 81 QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 82 QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 84

12

QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS 102 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS 103 QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 105

LISTA DE GRAacuteFICOS

GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO45 GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS 67

13

SUMAacuteRIO INTRODUCcedilAtildeO 14 CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS 19

11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA 19

12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR 23

13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS 27

CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32

21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32 22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL 47

CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO 58

31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR 58

32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS 69

CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO 76 41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES 78 REFEREcircNCIAS 113 ANEXOS 2

14

INTRODUCcedilAtildeO

De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de

fumo sendo que essa produccedilatildeo encontra-se concentrada nos estados do Rio

Grande do Sul Santa Catarina e Paranaacute alimentando uma cadeia produtiva com

envolvimento de 25 milhotildees de pessoas o qual inclui setores como a produccedilatildeo

transporte comercializaccedilatildeo industrializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e exportaccedilatildeo (AFUBRA

2011)

No municiacutepio de Prudentoacutepolis a atividade fumageira tem grande relevacircncia

econocircmica principalmente para a agricultura familiar uma vez que os dados do

Censo Demograacutefico de 2010 mostram que 54 da populaccedilatildeo residem na aacuterea rural

existindo um nuacutemero maior de unidade de produccedilatildeo familiar em detrimento das

unidades patronais de produccedilatildeo

A produccedilatildeo de fumo em Prudentoacutepolis eacute realizada somente nas regiotildees

Central e Sul do municiacutepio devido ao clima e topografia dos solos favoraacuteveis agrave

cultura Outro fator que tambeacutem ocasiona a atraccedilatildeo para a fumicultura eacute a

possibilidade de usufruir de pequenas aacutereas de terras deixando disponiacutevel o

excedente da propriedade para outras atividades que somem na geraccedilatildeo de renda

Nesse sentido o objetivo da pesquisa eacute analisar os resultados obtidos pela

agricultura familiar com essa cultura e as razotildees econocircmicas de sua opccedilatildeo pelo

fumo Portanto uma contribuiccedilatildeo desse estudo de caso eacute fornecer subsiacutedios para a

avaliaccedilatildeo criacutetica dos dois principais paradigmas de estudo do agro na geografia rural

e ciecircncias afins

Para a realizaccedilatildeo do presente trabalho foi fundamental atraveacutes das

abordagens sobre a agricultura familiar e camponesa avaliar se realmente existe

uma oposiccedilatildeo entre agricultor familiar e o agronegoacutecio no caso do setor fumageiro

uma vez que o fumo eacute uma commoditie de exportaccedilatildeo e a produccedilatildeo eacute realizada por

pequenos produtores Para tanto foi realizada uma revisatildeo bibliograacutefica sobre os

paradigmas da agricultura familiar e da agricultura camponesa na geografia rural e

aacutereas de pesquisa afins com a finalidade de identificar os conceitos de territoacuterio e

territorialidade derivados desses paradigmas Foram feitas tambeacutem uma

caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de

15

fontes secundaacuterias (Censos Agropecuaacuterios e outras) e uma pesquisa de campo

mediante a aplicaccedilatildeo de questionaacuterio com o fim de caracterizar os produtores rurais

desse municiacutepio contratados pela empresa Souza Cruz como fornecedores de

tabaco

Nesse sentido buscou-se metodologicamente envolver teacutecnicas de base

qualitativa sendo que esse tipo de abordagem se caracteriza por ldquoanalisar e

interpretar os dados refletir e explorar o que eles podem propiciarrdquo (OLIVEIRA

2010) A pesquisa quantitativa tambeacutem faz parte deste estudo uma vez que traz

algumas teacutecnicas que possibilitam a busca de informaccedilotildees e dados mais amplos

muitas vezes impossiacuteveis de serem alcanccedilados somente pelo pesquisador como por

exemplo aqueles dados disponibilizados pelos oacutergatildeos puacuteblicos como EMATER

(Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural) IPARDES (Instituto Paranaense

de Desenvolvimento Econocircmico e Social ) IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica) e DERAL (Departamento de Economia Rural) O meacutetodo quantitativo

considera que tudo eacute quantificaacutevel ou seja significa traduzir opiniotildees e informaccedilotildees

em nuacutemeros que seratildeo classificados e analisados

Os meacutetodos qualitativos e quantitativos natildeo se excluem Embora difiram quanto agrave forma e agrave ecircnfase os meacutetodos qualitativos trazem como contribuiccedilatildeo ao trabalho de pesquisa uma mistura de procedimentos de cunho racional e intuitivo capazes de contribuir para a melhor compreensatildeo dos fenocircmenos Pode-se distinguir o enfoque qualitativo do quantitativo mas natildeo seria correto afirmar que guardam relaccedilatildeo de oposiccedilatildeo (POPE MAYS 1995 p42)

Sendo assim no iniacutecio do desenvolvimento do presente estudo foi realizada

uma entrevista com questotildees semiestruturadas (em anexo) para um grupo de dez

fumicultores contratados pela empresa Souza Cruz e que estatildeo na atividade

fumageira haacute mais de dez anos Esse puacuteblico foi escolhido intencionalmente a partir

dos dados da localizaccedilatildeo das propriedades dos associados da empresa no

municiacutepio de Prudentoacutepolis Recorreu-se a esse meacutetodo pois os dados obtidos em

campo eram necessaacuterios para poder avaliar as abordagens ligadas ao paradigma da

agricultura camponesa e da agricultura familiar e que natildeo poderiam ser obtidos

atraveacutes de fontes secundaacuterias

Posteriormente foi realizada uma entrevista com perguntas semiestruturadas

(em anexo) para o instrutor teacutecnico da Souza Cruz jaacute que o mesmo representa a

16

empresa no municiacutepio Essa entrevista teve como objetivo analisar o ponto de vista

da empresa sobre a atividade fumageira na localidade

Ao verificar que em Prudentoacutepolis a produccedilatildeo de fumo acontece somente na

regiatildeo Central e Sul devido ao relevo mais inclinado da regiatildeo norte foi interessante

ir ateacute essa regiatildeo com topografia mais acentuada para analisar os tipos de cultivos

que satildeo realizados O objetivo desse trabalho de campo foi principalmente o de

conhecer a realidade das famiacutelias do municiacutepio natildeo inseridas na cultura do fumo

com visitas a realizar futuras pesquisas sobre a agricultura familiar Assim dado o

caraacuteter complementar e exploratoacuterio desse trabalho a coleta de informaccedilotildees se deu

por meio de conversas informais

Nos meses de novembro e dezembro de 2015 foi realizada outra entrevista

com perguntas semiestruturadas (em anexo) para uma amostragem de sessenta

fumicultores contratados pela Souza Cruz As perguntas feitas nessa entrevista

estatildeo relacionadas basicamente a dados socioeconocircmicos das famiacuteliasos quais

juntamente com dados mais gerais do censo agropecuaacuterio permitem conhecer o

perfil desses fumicultores Portanto as informaccedilotildees referentes a essas entrevistas

apresentam-se mais detalhadas no capiacutetulo IV

Nesse sentido as entrevistas constituem teacutecnicas alternativas para coleta de

dados natildeo documentados sobre determinado tema ldquoEacute uma teacutecnica de interaccedilatildeo

social [] em que uma das partes busca obter dados e outra se apresenta como

fonte de informaccedilatildeordquo (GERHARDT SILVEIRA 2009)

O pesquisador organiza um conjunto de questotildees (roteiros) sobre o tema que estaacute sendo estudado mas permite e agraves vezes ateacute incentiva que o entrevistado fale livremente sobre assuntos que vatildeo surgindo como desdobramentos do tema principal (GERHARDT SILVEIRA 2009)

Para Duarte (2002 p 143) ldquonuma metodologia de base qualitativa o nuacutemero

de sujeitos que viratildeo a compor o quadro das entrevistas dificilmente pode ser

determinado a piorirdquo Ou seja tudo vai estar relacionado com a qualidade das

informaccedilotildees obtidas a partir de cada entrevista sempre levando em consideraccedilatildeo a

profundidade e o grau de recorrecircncia e divergecircncia das informaccedilotildees Enquanto

estiverem aparecendo ldquodadosrdquo originais ou pistas que possam indicar novas

perspectivas aacute investigaccedilatildeo em curso as entrevistas precisam continuar sendo feitas

(DUARTE 2002 p 144)

17

Portanto a pesquisa estaacute estruturada em quatro capiacutetulos sendo que no

primeiro capiacutetulo falar-se-aacute sobre as abordagens ligadas a agricultura camponesa e

agricultura familiar com intuito de apresentar algumas das visotildees de cada

paradigma para que no decorrer do trabalho possa ser feito uma avaliaccedilatildeo dessas

abordagens na produccedilatildeo fumageira como tambeacutem expor o conceito de territoacuterio e

territorialidade que derivam desses paradigmas

No capiacutetulo seguinte visando compreender os fatores que proporcionaram ao

paiacutes se tornar referecircncia no setor fumageiro realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica

da origem do fumo e a sua consequente inserccedilatildeo em uma escala comercial O

estudo desses elementos foi fundamental para entender os motivos que contribuiacuteram

para a inserccedilatildeo da produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Tambeacutem pelo

fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo

de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral

dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura

familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo

do agronegoacutecio

Na sequecircncia o capiacutetulo III mostra os processos de ocupaccedilatildeo do municiacutepio

de Prudentoacutepolis e a consequente inserccedilatildeo da produccedilatildeo fumageira nas unidades de

produccedilatildeo familiar Nesse sentido como o trabalho vem abordando a existecircncia de

uma agricultura familiar heterogecircnea buscou-se conhecer o perfil dos agricultores

familiar do municiacutepio atraveacutes da caracterizaccedilatildeo dessas famiacutelias tendo como escopo

as fontes secundaacuterias do IBGE

No capiacutetulo IV satildeo apresentados os dados do trabalho de campo que foi

realizado com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela empresa

Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Os dados

de campo que retratam a realidade dos entrevistados juntamente com dados

secundaacuterios tecircm por finalidade contribuir na avaliaccedilatildeo dos paradigmas da

camponesa e da agricultura familiar com base no setor fumageiro

Por fim satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais do trabalho seguindo nas

avaliaccedilotildees das abordagens paradigmaacuteticas agrave luz do estudo de caso dos fumicultores

entrevistados mostrando que os agricultores familiares entrevistados buscam

18

atraveacutes de suas condiccedilotildees de tecnologias estrutura fundiaacuteria e matildeo de obra se

inserir em setores mais competitivos visando agrave maximizaccedilatildeo dos lucros

A realizaccedilatildeo dessa pesquisa eacute pertinente pelo fato de mostrar que os

fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de commoditie atraveacutes de uma cadeia

produtiva competitiva levando em consideraccedilatildeo as condiccedilotildees do produtor e

conforme os dados de campo eacute notoacuterio que os entrevistados atraveacutes da renda do

fumo conseguiram adquirir bens capitais de grande importacircncia como a compra de

terra lotes na cidade de carro trator maquinaacuterios agriacutecolas e casa Bens esses que

muitas vezes natildeo conseguiriam adquirir se produzissem somente culturas

tradicionais do municiacutepio como eacute o caso do feijatildeo e milho pelo fato da pequena

quantidade de terras que possuem Dessa forma eacute certo que os agricultores

familiares entrevistados da mesma forma que os agricultores patronais buscam

maximizar seus lucros uma vez que os dados de campo mostram que os

fumicultores tecircm pretensotildees de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou

seja agem no mercado como pequenos capitalistas

19

CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS

Sabe-se que nas ciecircncias sociais existem diferentes concepccedilotildees teoacutericas para

a compreensatildeo do desenvolvimento do capitalismo no campo destacando-se de

um lado o paradigma da Agricultura Camponesa (Questatildeo Agraacuteria) e de outro o

paradigma da Agricultura Familiar (Capitalismo Agraacuterio) Nesse sentido o presente

capiacutetulo expotildee algumas das abordagens ligadas ao paradigma da agricultura

camponesa e das abordagens ligadas agrave agricultura familiar como objetivo de

identificar o conceito de TerritoacuterioTerritorialidade derivados desses paradigmas A

finalidade de entender as correntes de pensamento paradigmaacutetico permitiraacute entatildeo

avaliar essas abordagens agrave luz de um estudo de caso sobre a fumicultura no

municiacutepio de PrudentoacutepolisPR

11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA

As muacuteltiplas formas de interpretaccedilatildeo da questatildeo agraacuteria no espaccedilo rural e

consequentemente do paradigma camponecircs tecircm como principal referecircncia as teorias

marxistas seja as de autores como Lecircnin (1982) e Kautsky (1998) que defenderam

a tese do desaparecimento da classe camponesa e a consequente emergecircncia de

duas classes distintas - a burguesa e a proletaacuteria - como produto da industrializaccedilatildeo

da agricultura seja a de autores como Chayanov (1974) Oliveira (1987) e

Fernandes (1996) entre outros que satildeo contraacuterios agrave teoria sobre a tendecircncia agrave

proletarizaccedilatildeo do campesinato e que defendem a permanecircncia desta classe social

como resultado do processo desigual e contraditoacuterio de desenvolvimento

impulsionado pelo sistema capitalista

Nesse sentido para Fernandes (2008) os estudos feitos agrave luz do paradigma

camponecircs se caracterizam por analisar a luta de classes a conflitualidade e as

contradiccedilotildees inerentes agraves relaccedilotildees capitalistas e natildeo capitalistas de produccedilatildeo1 Um

tema importante nessa linha de pesquisa eacutea sujeiccedilatildeo da renda dos camponeses

perante as empresas que tecircm o monopoacutelio da produccedilatildeo de commodities agriacutecolas

como as agroinduacutestrias fumageiras

1 O campesinato eacute entendido como um sistema produtivo diferenciado do agronegoacutecio

20

Os seguidores do paradigma camponecircs como Fernandes (2013) entendem

que a industrializaccedilatildeo da agricultura resulta em um problema estrutural devido ao

desenvolvimento desigual e contraditoacuterio do capitalismo e que a uacutenica soluccedilatildeo estaacute

na superaccedilatildeo desse sistema pois a industrializaccedilatildeo da agricultura contribui para que

as unidades camponesas de produccedilatildeo se tornem mais vulneraacuteveis ao capital

Para Feliacutecio (2006) nesse paradigma natildeo haacute diferenccedilas entre agricultor

familiar e camponecircs pois ambos satildeo assim definidos por terem a famiacutelia e o trabalho

familiar por caracteriacutestica a qual natildeo objetiva a superaccedilatildeo do trabalho familiar O

termo camponecircs eacute tratado pelos teoacutericos do paradigma do capitalismo agraacuterio como

agricultores familiares nesse sentido

O produtor familiar que utiliza os recursos teacutecnicos e estaacute altamente integrado ao mercado natildeo eacute um camponecircs mas sim um agricultor familiar Desse modo pode-se afirmar que a agricultura camponesa eacute familiar mas nem toda a agricultura familiar eacute camponesa ou que todo camponecircs eacute agricultor familiar mas nem todo agricultor familiar eacute camponecircs (FERNANDES 2001)

Com relaccedilatildeo agrave inserccedilatildeo da agricultura familiar nas formas de produccedilatildeo

capitalistas no campo Thomaz Juacutenior (2008) considera que a loacutegica do capital impotildee

que o agricultor esteja preso agrave gestatildeo de uma empresa e natildeo mais da sua proacutepria

famiacutelia Poreacutem o autor defende que mesmo integrado a essa loacutegica de produccedilatildeo o

camponecircs busca alternativas para natildeo aderir totalmente agraves estruturas mercantis de

produccedilatildeo visando reestabelecer os princiacutepios de sociabilidade e produccedilatildeo para o

autoconsumo Nesse sentido para esse paradigma o camponecircs visa agrave

sobrevivecircncia mas se o capital apresenta uma proposta de parceria de lucros como

na integraccedilatildeo das empresas fumageiras o camponecircs aceita Subordina-se mas se

essa possibilidade de lucro acaba ele volta para a estrateacutegia primeira por natildeo

desejar desfazer-se da terra

Para Shanin (2008) o camponecircs corresponde a um ldquomodo de vidardquo que

envolve um conjunto de elementos como a diversidade nas formas de trabalhar com

a terra Teacutecnicas essas que satildeo passadas de pais para filhos possibilitando estreita

ligaccedilatildeo entre a terra e a famiacutelia uma vez que a famiacutelia eacute dona do proacuteprio trabalho

podendo escolher a melhor forma de fazecirc-lo Tambeacutem enfatiza a especificidade da

loacutegica econocircmica camponesa a qual produz visando a satisfaccedilatildeo das necessidades

21

da famiacutelia sendo capaz de se ajustar aos niacuteveis de remuneraccedilatildeo mais baixos em

momentos desfavoraacuteveis

Ploeg (2009) afirma que o camponecircs de hoje natildeo pode ser compreendido

como sinocircnimo de atraso e sim como um ldquocamponecircs modernordquo inserido na

realidade capitalista poreacutem carregando em seu cerne a condiccedilatildeo camponesa Por

condiccedilatildeo camponesa Ploeg (2009) entende a luta por autonomia e progresso como

uma forma de construccedilatildeo e reproduccedilatildeo de um meio de vida rural em um contexto

adverso caracterizado por relaccedilotildees de dependecircncia marginalizaccedilatildeo e privaccedilatildeo

Portanto para o autor supracitado o campesinato deve ser explicado a partir das

relaccedilotildees de contradiccedilotildeesconflitualidades existentes no espaccedilo rural

Fernandes (2000) ao falar sobre a formaccedilatildeo do campesinato afirma que

essa formaccedilatildeo natildeo acontece somente pela reproduccedilatildeo ampliada das contradiccedilotildees

do capitalismo mas tambeacutem atraveacutes da luta pela terra na qual tem enfrentado a

condiccedilatildeo loacutegica do capital Nesse sentido Ploeg (2009) menciona sobre a dualidade

entre a produccedilatildeo camponesa e a capitalista na qual

[] a agricultura camponesa eacute fortemente baseada no capital ecoloacutegico (especialmente a natureza viva) enquanto que a agricultura empresarial afasta-se progressivamente da natureza Insumos e outros fatores artificiais de crescimento substituem os recursos naturais o que significa que a agricultura estaacute sendo industrializada (PLOEG 2009 p17)

A expansatildeo do modo capitalista de produccedilatildeo (na sua reproduccedilatildeo ampliada do

capital) aleacutem de redefinir antigas relaccedilotildees subordinando-as agrave sua produccedilatildeo

engendra relaccedilotildees natildeo capitalistas iguais e contraditoriamente necessaacuterias agrave sua

reproduccedilatildeo (OLIVEIRA 2010) Nesse sentido para Paulino e Almeida (2010) a

reproduccedilatildeo do campesinato ldquodeve ser entendida a partir das diversas contradiccedilotildees

do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma contradiccedilatildeo e

natildeo de uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeordquo

No que diz respeito agrave produccedilatildeo de fumo para o paradigma camponecircs a

integraccedilatildeo agrave induacutestria fumageira significauma intervenccedilatildeo nos modos de produccedilatildeo

camponesa visando padroniza-los deixando o camponecircs com pouca autonomia para

determinar a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo

Para Fernandes (2008) o sistema de produccedilatildeo do agronegoacutecio eacute distinto do

sistema de produccedilatildeo da agricultura camponesa uma vez que o sistema agriacutecola

22

camponecircs tem por referecircncia a reproduccedilatildeo a biodiversidade e o trabalho familiar

natildeo objetivando o plantio de uma uacutenica cultura para o mercado como no modelo

agroexportador Poreacutem Fernandes (2008 p 166) afirma que como eacute o capital que

controla a tecnologia o conhecimento o mercado e as poliacuteticas agriacutecolas

subalterniza o camponecircs Ou seja para Fernandes o sistema agriacutecola camponecircs

natildeo eacute parte do agronegoacutecio

De acordo Paulino com (2012) os camponeses comparecem ao mundo do

trabalho como entidades familiares Dessa forma como eacute a famiacutelia que se prontifica

em produzir a mateacuteria prima para a induacutestria fumageira entatildeo natildeo se refere agrave venda

do trabalho camponecircs e sim da produccedilatildeo na qual estaacute contida o trabalho familiar o

qual exige um ritmo diferenciado

Roos (2015) salienta que no caso da produccedilatildeo fumageira realizada pelos

camponeses ldquoa racionalidade eacute movida pela necessidade de um espaccedilo que possa

servir a um conjunto de atividadesrdquonatildeo objetivando somente a valorizaccedilatildeo que os

galpotildees e as estufas de fumo possam gerar sobre a renda da terra

Nesse sentido as transformaccedilotildees no campo brasileiro relacionadas ao

processo de modernizaccedilatildeo da agricultura se assentam sobre uma estrutura

complexa compreendida pela integraccedilatildeo da agricultura e da induacutestria caracterizada

na maior parte por produzir produtos de exportaccedilatildeo como eacute o caso das induacutestrias

fumageiras aves e suiacutenos

Portanto para esse paradigma a conflitualidade eacute inerente ao processo de

formaccedilatildeo do capitalismo e do campesinato por causa da contradiccedilatildeo criada pela

destruiccedilatildeo criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo simultacircneas dessas relaccedilotildees sociais (FENANDES

2008) O camponecircs possui um sistema agriacutecola proacuteprio que natildeo faz parte do

agronegoacutecio e apresenta uma loacutegica de reproduccedilatildeo distinta todavia os camponeses

estatildeo subalternos agrave hegemonia daquele modelo de desenvolvimento econocircmico

(ROOS2015)

Roos (2015) ao analisar a obra de Chayanov2 afirma que o deslocamento de

membros da famiacutelia para outras atividades (venda de forccedila de trabalho) estaacute

assentado na satisfaccedilatildeo das necessidades e natildeo na maximizaccedilatildeo de lucros

2 CHAYANOV AV La organizaciacuteon de la unidad econoacutemica campesina Buenos Aries Nueva Visioacuten 1974

23

possiacuteveis (relaccedilotildees capitalistas) pois o principal objetivo das transaccedilotildees

econocircmicas camponesas eacute a reproduccedilatildeo do grupo social

Para Paulino (2003) a heterogeneidade no campo estaacute marcada por dois

tipos de propriedade privada de um lado a propriedade capitalista e de outro a

propriedade camponesa Na propriedade capitalista a terra eacute um objeto de negoacutecio

pelo fato de haver exploraccedilatildeo do trabalho alheio ao passo que a propriedade

camponesa constitui-se em terra de trabalho natildeo tendo como intuito a acumulaccedilatildeo

de capital e sim a sobrevivecircncia familiar Nesse sentido para a autora a dualidade

entre terra de negoacutecios e terra de trabalho se explica com base no caraacuteter

contraditoacuterio do desenvolvimento capitalista

Portanto o camponecircs ao incorporar elementos da loacutegica do agronegoacutecio

como ao plantar fumo e soja utilizando agrotoacutexicos adubos quiacutemicos entre outros

gastos relacionados ao plantio e colheita satildeo compreendidos no paradigma

camponecircs a partir do capital sujeitando e expropriando a renda camponesa e

consequentemente deixando o agricultor mais vulneraacutevel

12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR

No Brasil os estudos e debates sobre a categoria da agricultura familiar

ganharam forccedila a partir do fim da deacutecada de 1980 e iniacutecio da deacutecada de 1990

quando essa categoria tem maior representatividade no cenaacuterio socioeconocircmico

brasileiro Inuacutemeros conceitos e caracterizaccedilotildees foram criados para tentar explicar

os indiviacuteduos pertencentes a esse grupo Nesse sentido para Anjos (2003) a

agricultura familiar brasileira se estrutura

ldquocomo uma nova categoria poliacutetica portadora de uma consideraacutevel fonte de legitimidade social que simultaneamente representa os interesses dos pequenos produtores rurais das famiacutelias assentadas dos arrendataacuterios dos agricultores familiares integrados aos complexos agroindustriais e de outros atores sociais do campo brasileirordquo (ANJOS 2003 p 245)

No decorrer da deacutecada de 1990 os estudos voltados para o universo da

agricultura familiare que se destacam na literatura estatildeo em Veiga (1991)

Abramovay (1992) Lamarche (1998) entre outros Esses estudos aleacutem de

trazerem um panorama geral sobre a agricultura familiar daqueles anos tambeacutem

mostraram que as formas familiares de agricultura natildeo eram e nem satildeo

24

homogecircneas poreacutem satildeo importantes para promover o desenvolvimento econocircmico

no Brasil

Abramovay (1992) foi o primeiro no Brasil que distinguiu campesinato de

agricultor familiar afirmando que o agricultor familiar eacute oriundo do camponecircs poreacutem

apresenta distintas formas de organizaccedilatildeo do trabalho tendo como pretensatildeo

inserir-se ao mercado Tambeacutem ao se referir agrave regiatildeo Sul do Brasil o autor afirma

queldquoos agricultores familiares integram-se plenamente a estruturas nacionais de

mercado transformam natildeo soacute sua base teacutecnica mas sobretudo o ciacuterculo social em

que se reproduzem e metamorfoseiam-se numa nova categoria social de

camponeses tornam-se agricultores profissionaisrdquo (ABRAMOVAY 1992 p 126-

127)

Abramovay (1992) Veiga (1991) e Lamarche (1998) entendem que a

agricultura familiar eacute uma categoria que manteacutem a loacutegica familiar de produccedilatildeo

poreacutem estaacute ligada agrave loacutegica capitalista de integraccedilatildeo aos mercados Nesse sentidoo

autor da corrente marxista Claus Germer (1996) alerta para o problema de

conceituar a agricultura familiar em oposiccedilatildeo agrave agricultura patronal o qual favorece

sem sentido a noccedilatildeo de embate entre esses modos de produccedilatildeo

Pensadores da corrente teoacuterica que discutem a agricultura familiar como por

exemplo Valente (2008) Diniz Filho (2011) e Navarro (2014) entre outros natildeo

costumam fazer uma oposiccedilatildeo radical entre a agricultura familiar e o agronegoacutecio

tal como se observa no paradigma camponecircs pelo fato que de alguma forma os

agricultores familiares fazem parte do agronegoacutecio Nesse sentido apontam que a

agricultura familiar brasileira eacute heterogecircnea e necessita ser trabalhada com

tipologias como por exemplo nos estudos organizados por Lamarche (1998) e pela

caracterizaccedilatildeo da agricultura familiar por grupos A B C e D realizados a partir do

estudo ldquoNovo retrato da agricultura familiar brasileira (2000)rdquo Esses estudos

mostram que existem muitas formas de agricultores familiares que se aproximam

bastante do padratildeo do agronegoacutecio Portanto para esse paradigma natildeo haacute

incompatibilidade ou conflitos radicais dos agricultores familiares em relaccedilatildeo ao

capital visto que estatildeo inseridos no mercado

Lamarche (1998) identificou quatro modelos aproximados para distinguir os

tipos de agricultores familiares a partir do tipo e grau de dependecircncia financeira de

mercado e da tecnologia para produccedilatildeo Os quatro modelos consistem em Modelo

empresa caracteriza as unidades produtivas que possuem grande dependecircncia

25

tecnoloacutegica financeira e comercial dependente de matildeo de obra assalariada

(temporaacuteria ou permanente) natildeo possuindo grande apego agrave propriedade (terra)

Modelo empresa familiar satildeo dependentes dos sistemas tecnoloacutegicos financeiros e

de mercado a matildeo de obra eacute familiar tendo por objetivo a reproduccedilatildeo familiar a

partir da terra Modelo agricultura camponesa e de subsistecircncia eacute caracterizada

pelo grande envolvimento da famiacutelia na unidade produtiva pouco dependente de

tecnologias e mercados externos visando satisfazer as necessidades familiares

com pouca produccedilatildeo para comercializar aleacutem de preservarem os patrimocircnios com

intuito de sobrevivecircncia da famiacutelia E por fim o modelo agricultura moderna que eacute

um modelo de agricultura competitiva que estaacute em constante diminuiccedilatildeo das

relaccedilotildees familiares de produccedilatildeo buscando autonomia teacutecnica financeira e de

mercado

Tambeacutem no sentido de entender as caracteriacutesticas do puacuteblico que fazia parte

do rural brasileiro o estudo realizado pela FAOINCRA no ano de 1994 separou os

agricultores entre familiares e patronais sendo que o grupo dos familiares ganhou

outras trecircs subdivisotildees Agricultores Familiares Consolidados que remete aos

agricultores familiares jaacute integrados ao mercado Agricultores familiares em

transiccedilatildeo ou seja aqueles em processo de integraccedilatildeo aos mercados e Agricultores

Familiares Perifeacutericos caracteriacutesticos daqueles com poucas possibilidades de

integraccedilatildeo aos mercados Poreacutem conforme Bittencourt e Peraci (2010) esse

agrupamento da categoria familiar foi utilizado soacute ateacute 1999 quando ganhou outra

classificaccedilatildeo agora a partir de quatro subdivisotildees dos grupos familiares A B C e D

A tipificaccedilatildeo das unidades familiares em quatro grupos eacute produto do estudo

realizado com base nos dados do Censo Agropecuaacuterio de 1996 e coordenado por

Carlos Enrique Guanziroli (FAO) e Silvia Elizabeth Cardin (INCRA) no ano de 2000

intitulado ldquoO novo retrato da agricultura familiar O Brasil redescobertordquoque

objetivou fazer uma nova tipificaccedilatildeo das unidades familiares localizadas no territoacuterio

brasileiro Esse agrupamento foi definido pela Resoluccedilatildeo 2629 de agosto de 1999

a qual foi adotada para que as regras de financiamento fossem mais adequadas agrave

realidade de cada segmento social (Schneider Czala Matei 2004 p 26)

Da mesma forma que os estudos feitos por Lamarche (1998) os resultados

dos trabalhos realizados pela FAOINCRA afirmam que a agricultura brasileira

apresenta uma grande diversidade em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo dos produtores agrave aptidatildeo

da terra agrave disponibilidade de infraestrutura etc natildeo apenas entre as regiotildees mas

26

tambeacutem dentro de cada regiatildeo (Guanziroli Cardin 2000) Esses autores insistem

na importacircncia de aprofundar o conhecimento dessas realidades do espaccedilo rural

com o intuito de incorporar de forma efetiva esses conhecimentos ao planejamento

de poliacuteticas puacuteblicas

Como o presente estudo objetiva a identificaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo dos

produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis atraveacutes da tipologia dos grupos

familiares eacute fundamental detalhar as caracteriacutesticas de cada grupo3 Agricultores

Familiares tipo A considerados como os mais capitalizados e muito integrados ao

mercado Agricultores Familiares tipo B que estatildeo em vias de capitalizaccedilatildeo e

integrados ao mercado Agricultores Familiares tipo C que se apresentam em vias

de descapitalizaccedilatildeo e pouco integrados aos mercados e os Agricultores Familiares

tipo D sendo compreendidos como descapitalizados

Essas delimitaccedilotildees estabelecidas entre a agricultura familiar e a patronal

como tambeacutem na diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os proacuteprios agricultores

familiares proporcionou a identificaccedilatildeo dos distintos graus de desenvolvimento e

das distintas loacutegicas adotadas para a reproduccedilatildeo familiar

Para esse paradigma o agricultor familiar natildeo eacute um camponecircs mas sim um

empresaacuterio capitalista de pequeno porte inserido no mercado e que busca

maximizar a sua produccedilatildeo mas como eacute de pequeno porte ainda natildeo se

desvinculou totalmente do processo produtivo necessitando da matildeo de obra familiar

para o desenvolvimento das atividades a qual eacute caracteriacutestica das unidades

familiares No caso da produccedilatildeo de fumo conforme se veraacute com detalhes adiante o

pequeno capitalista estaacute presente em todo o processo desde o plantio ateacute a venda

da produccedilatildeo

Schneider (2006) menciona a falta de compreensatildeo dos modos familiares e

sua inserccedilatildeo nos mercados capitalistas uma vez que se deixam enredar no debate

sobre um suposto dualismo entre o agronegoacutecio e agricultura familiar como se os

3Considera-se que a tipologia elaborada pela FAOINCRA (2000) busca estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares dando-se em funccedilatildeo do custo de oportunidade do trabalho dado esse obtido atraveacutes do valor da diaacuteria regional mais 20 Tambeacutem o universo familiar foi delimitado atraveacutes das variaacuteveis em que a direccedilatildeo dos trabalhos do estabelecimento era exercida pelo produtor o trabalho familiar era superior ao trabalho contratado e por fim a aacuterea regional que varia de 4 ateacute 15 moacutedulos fiscais

27

envolvidos natildeo estivessem interessados em um mesmo processo ou seja da

produccedilatildeo e do consumo Nessa mesma linha de pensamento Veiga (2004) afirma

que ldquoo agronegoacutecio no Brasil natildeo eacute soacute uma atividade de grandes produtores e que

natildeo haacute oposiccedilatildeo com agricultura familiarrdquo uma vez que a agricultura familiar

sustenta um dos ramos mais bem sucedidos do agronegoacutecio como as cadeias

produtivas de exportaccedilatildeo de frango suiacutenos e tambeacutem com grande expressividade

a cadeia do fumo

O agronegoacutecio eacute composto fundamentalmente por agricultores familiares Eles conseguiram se firmar em setores extremamente modernos como a produccedilatildeo de aves suiacutenos fumo produtos esses ligados a mercados internacionais (ABRAMOVAY 2003 p 7)

De acordo com Valente (2008) vem sendo estabelecido o consenso de que

as atividades desenvolvidas ao longo da cadeia produtiva tanto patronais quanto

familiares satildeo complementares Nessa perspectiva menciona que faz-se necessaacuterio

um estudo do que aproxima e do que afasta aqueles que se inserem no agronegoacutecio

para assim ser possiacutevel pleitear distintas poliacuteticas agriacutecolas de acordo com os

interesses de casa categoria

Enquanto Fernandes (2001)Paulino (2003)Oliveira (2004) e Roos (2015)

defendem a oposiccedilatildeo do agronegoacutecio agrave agricultura familiar devido agraves

conflitualidades entre as classesSchneider (2006) Navarro (2007 2014) Valente

(2008) Diniz Filho (2011) e Jank (2006) consideram falso esse dualismo entre a

agricultura familiar e o agronegoacutecio uma vez que os agricultores buscam maximizar

seus lucros Nesse sentido afirma Jank (2006) que

O Brasil tem sido proacutedigo em produzir falsas dicotomias como a ideia do agronegoacutecio contra a pequena agricultura a agricultura patronal contra a agricultura familiar ou grandes produtores contra os sem-terra [] caso uacutenico no mundo o Brasil tem dois ministeacuterios da agricultura vivendo uma guerra surda por atenccedilatildeo e recursos um cuidando de mecanismos tradicionais de poliacuteticas agriacutecolas e o outro da reforma agraacuteria e da agricultura familiar (JANK 2006 P a2)

13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS

28

O estudo do territoacuterio vem sendo constituiacutedo em uma tradiccedilatildeo do pensamento

geograacutefico nos uacuteltimos 100 anos (VALVERDE 2004) Instintivamente o seu conceito

remota agrave ideia de lugar espaccedilo de residecircncia ou local onde se desenrolaratildeo as

muacuteltiplas relaccedilotildees entre os agentes sejam sociais ou econocircmicos (MARIANI

ARRUDA 2010)

Nesse ponto de vista Fernandes (2008) cita que a globalizaccedilatildeo e a hegemonia

das poliacuteticas neoliberais provocaram a emergecircncia do conceito de territoacuterio em duas

direccedilotildees De um lado os estudos sobre territoacuterios feitos agrave luz do paradigma

camponecircs e de outro o estudo de territoacuterio a partir do paradigma da agricultura

familiar O territoacuterio para o paradigma camponecircs eacute explicado a partir da criacutetica aos

modelos de produccedilatildeo capitalista sendo que as anaacutelises satildeo feitas sob a oacutetica de

territoacuterio multidimensional entendido a partir das conflitualidades e contradiccedilotildees

entre as classes sociais

Jaacute o paradigma da agricultura familiar ao analisar o territoacuterio natildeo utiliza os

procedimentos para estudar as conflitualidades e sim trabalha com o objetivo de

classificar as desigualdades sociais Nesse sentido o tema de estudo predominante

nesse paradigma eacute a reproduccedilatildeo das relaccedilotildees capitalistas ou seja a forma como os

agricultores buscam se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo sem que haja

uma conflitualidade entre classes ou territoacuterios No caso dos conflitos existentes no

campo para o paradigma da agricultura familiar deve-se trabalhar a partir do grau

que esses conflitos acontecem natildeo generalizando a partir de casos radicais de

conflitos entre os distintos territoacuterios No caso da fumicultura pode-se dizer que natildeo

satildeo identificados conflitos tatildeo radicais ao passo que na produccedilatildeo de subsistecircncia

esse acontecimento pode acontecer de forma diferenciada

Diversos satildeo os acontecimentos e agentes responsaacuteveis por instituir funccedilatildeo e

particularidades aos espaccedilos Como exemplos desses acontecimentos podem ser

citadas ldquoas atividades econocircmicas os empreendimentos das

multinacionaistransnacionais comunidades tiacutepicas como tambeacutem do poder puacuteblicordquo

(MARIANI ARRUDA 2010) os quais satildeo responsaacuteveis pela construccedilatildeo de

territoacuterios Haesbaert (2007) destaca a existecircncia de territoacuterios funcionais desde que

o territoacuterio apresente um papel de receptaacuteculos de atividades econocircmicas

possuindo muacuteltiplas funccedilotildees conforme seu interesse em atuar naquele territoacuterio

29

Fernandes (2008) adepto do paradigma camponecircs ao trabalhar os diferentes

territoacuterios destaca a importacircncia de analisar o territoacuterio atraveacutes da

multidimensionalidadeconflitualidade que satildeo concebidas atraveacutes de um conjunto

de conflitos inscritos nas relaccedilotildees indissociaacuteveis entre desenvolvimento e disputas

territoriais Para o autor a definiccedilatildeo de territoacuterio estaacute relacionada agrave existecircncia de

poder entre classes ao passo que a conflitualidade existe devido agraves disputas

territoriais entre o capital e o campesinato ou seja de distintos territoacuterios e

funcionalidades

Oliveira (2001) aponta que devido agraves forccedilas produtivas capitalistas ocorrerem

de maneira desigual e contraditoacuteria no territoacuterio em algumas circunstacircncias eacute mais

conveniente para o capital monopolizar o territoacuterio ao inveacutes de se territorializar ou

seja neste caso para o paradigma camponecircs o capital natildeo expropria o camponecircs

fumicultor poreacutem subordina esse agente social ao ditar as regras de produccedilatildeo como

tipos de sementes insumos quiacutemicos teacutecnicas de produccedilatildeo entre outros elementos

que estatildeo relacionados agrave produccedilatildeo Trata-se da territorializaccedilatildeo do capital

monopolista (OLIVEIRA 2001) o qual monopoliza a circulaccedilatildeo e domina os meios

de produccedilatildeo e a terra (ROOS 2015)

Nesse sentido no territoacuterio a accedilatildeo das empresas transnacionais como por

exemplo a Souza Cruz configuram o processo chamado por Oliveira (2005) e Roos

(2015) de ldquomonopolizaccedilatildeo do territoacuteriordquo uma vez que a empresa se instala em aacutereas

estrateacutegicas monopoliza o territoacuterio e firma acordos com os produtores familiares e

natildeo familiares que produzem fumo sendo entendidos entatildeo a partir da sujeiccedilatildeo da

renda da terra ao capital onde o produtor atraveacutes da integraccedilatildeo tem pouco poder

nas negociaccedilotildees

Para Fernandes (2008) a existecircncia de distintos territoacuterios entre o campesinato

e o agronegoacutecio eacute dada a partir das formas de organizaccedilatildeo espacial e de paisagens

geograacuteficas sendo o territoacuterio do agronegoacutecio caracterizado pela monocultura

desertificaccedilatildeo populacional produtivismo para exportaccedilatildeo grande escala e

homogeneidade ao passo que o territoacuterio camponecircs eacute representado pela

heterogeneidade da paisagem frequente povoamento policultura e produccedilatildeo

diversificada Por fim o territoacuterio monopolizado pelo agronegoacutecio se distingue pela

homogeneidade da paisagem geograacutefica e pela subalternidade e controle

tecnoloacutegico das commodities que se utilizam dos territoacuterios camponeses

30

(FERNANDES 2008) Portanto para os seguidores desse paradigma o capital

forma os seus territoacuterios atraveacutes da expansatildeo e controle de aacutereas em todas as

regiotildees subalternizando o camponecircs atraveacutes da integraccedilatildeo Sobre a monopolizaccedilatildeo

do territoacuterio Fernandes (2008) destaca que

Quando o tempo de trabalho eacute maior do que o de produccedilatildeo o capital age atraveacutes da monopolizaccedilatildeo do territoacuterio e da sujeiccedilatildeo da renda da terra Neste caso o campo continua povoado por camponeses ou pequenos ou meacutedios capitalistas que passam a produzir de acordo com o que lhes diz a induacutestria Eacute o caso por exemplo da laranja do fumo a avicultura e da suinocultura entre outros (FERNANDES 2008 p 196)

As anaacutelises voltadas ao paradigma camponecircs e que tratam dos assuntos

relacionados agrave produccedilatildeo de fumo como por exemplo o trabalho de Roos (2015)

afirmam que a subalternidade camponesa estaacute expressa na sujeiccedilatildeo da renda e na

monopolizaccedilatildeo do territoacuterioterritorialidade pelo capital uma vez que a

monopolizaccedilatildeo do territoacuterio pelo capital eacute entendida como territorialidade capitalista

no territoacuterio camponecircs Nesse sentido Roos (2015) compreende territorialidade

como o uso do territoacuterio ponderando que este eacute exclusivamente produzido por uma

relaccedilatildeo social que somente pode ser realizada pelo sujeito onde a territorialidade

pode ser camponesa ou capitalista

Nesse ponto de vista em relaccedilatildeo agrave produccedilatildeo de fumo nas unidades

familiares o paradigma camponecircs compreende que as relaccedilotildees capitalistas

subordinam as relaccedilotildees camponesas e consequentemente o seu territoacuterio pelo fato

das bases teacutecnicas de produccedilatildeo estarem determinadas pelas multinacionais como

por exemplo atraveacutes dos contratos de compra de fumo de empresas com a Souza

Cruz

O territoacuterio eacute instituiacutedo por sujeitos e grupos sociais que se afirmam por meio dele Assim haacute sempre territoacuterio e territorialidade ou seja processos sociais de territorializaccedilatildeo Num mesmo territoacuterio haacute sempre muacuteltiplas territorialidades (PORTO-GONCcedilALVES 2006)

Roos (2015) destaca que mesmo onde as empresas fumageiras determinam

o padratildeo tecnoloacutegico (infraestrutura tipos de sementes insumos utilizados formas

de semeadura etc) natildeo tiram dos camponeses a autonomia sobre o seu trabalho o

tempo e as decisotildees Assim o autor afirma que o territoacuterio continua sendo de

domiacutenio dos camponeses poreacutem o capital exerce sua territorialidade subordinando a

renda camponesa na medida em que se incorporam agrave loacutegica capitalista

31

A territorialidade deriva de territoacuterio como produto das muacuteltiplas relaccedilotildees de

poder presentes e que estatildeo intrinsicamente relacionadas aos modelos de produccedilatildeo

podendo como destacado por Porto-Gonccedilalves (2006) e Fernandes (2008) coexistir

vaacuterias territorialidades em um mesmo territoacuterio

As territorialidades expressam as relaccedilotildees de poder que determinam as

configuraccedilotildees territoriais Elas contribuem para a identificaccedilatildeo de quem domina e de

quem eacute o dominado nos territoacuterios As territorialidades tambeacutem estatildeo expressas nas

paisagens de modo que seus componentes revelam as relaccedilotildees sociais poliacuteticas e

econocircmicas (FERNANDES 2010)

Fernandes (2008 2009) acrescenta que a disputa territorial entre o

campesinato e o agronegoacutecio pode acontecer por duas formas distintas pela

desterritorializaccedilatildeo e pelo controle das territorialidades por possuiacuterem relaccedilotildees

sociais distintas e modelos divergentes de produccedilatildeo os quais resultam em conflitos

Portanto ainda no que diz respeito ao paradigma camponecircs Paulino e

Almeida (2010) defendem a ideia de que embora o campesinato seja uma relaccedilatildeo

natildeo capitalista ldquosua reproduccedilatildeo deve ser entendida a partir das diversas

contradiccedilotildees do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma

contradiccedilatildeo e natildeo de uma articulaccedilatildeo de modos de produccedilatildeordquo Jaacute no paradigma da

agricultura familiar a inserccedilatildeo do agricultor nos mercados capitalistas natildeo eacute

compreendida pela conflitualidade entre territoacuterio camponecircs e do agronegoacutecio

sendo que ambos buscam maximizaccedilatildeo de sua produccedilatildeo

A partir do exposto eacute possiacutevel entender que os estudos feitos agrave luz do

paradigma da agricultura camponesa e que tratam de temas relacionados agrave

produccedilatildeo de fumo no Sul do Brasil afirmam a existecircncia de conflitos muitas vezes

ldquoveladosrdquo entre o territoacuterio dos fumicultores e a territorialidade corporativa das

empresas fumageiras

32

CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL

De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de

fumo Por esse fato o presente capiacutetulo tem como objetivo salientar os fatores que

proporcionaram ao paiacutes se tornar referecircncia nesse setor uma vez que a fumicultura

eacute desenvolvidaem sua maioriapela agricultura familiar (AFUBRA 2015) De

maneira cronoloacutegica realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica da origem do fumo e

sua consequente inserccedilatildeo em uma produccedilatildeo de escala comercial analisando o

cultivo o mercado e outros aspectos sejam das esferas produtiva social e

econocircmica visto que esses elementos satildeo fundamentais para entender os motivos

pelos quais contribuiacuteram para a inserccedilatildeo dessa produccedilatildeo no municiacutepio de

PrudentoacutepolisPR que seraacute tratado com mais detalhes no capiacutetulo III Tambeacutem pelo

fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo

de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral

dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura

familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo

do agronegoacutecio

21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL

A partir do iniacutecio da deacutecada de 1990 o Brasil vem ocupando uma posiccedilatildeo de

destaque no mercado mundial do fumo pelo volume produzido e pela qualidade que

o produto possui

Ao analisar as origens4 dessa cultura as respostas satildeo um pouco distintas pois

existem possiacuteveis afirmaccedilotildees de que o fumo era consumido desde o seacuteculo IX no

continente Asiaacutetico Todavia Frozza (1998) afirma que o cultivo e uso das folhas

datam de mais de quatro mil anos e que ocorreram nas regiotildees da Ameacuterica do Norte

e Central onde hoje se situam o Meacutexico e a Guatemala Ainda de acordo com esse

autor satildeo os povos Maias que teriam iniciado o plantio dessa cultura

4 O tabaco tambeacutem chamado de fumo eacute uma erva do gecircnero das plantas solanaacuteceas cujas folhas depois de preparadas servem mais comumente para fumar cheirar ou mascar (SILVA 2012)

33

Nardi (1985) e Saffrin (1995) afirmam que o fumo tem suas origens nos vales

orientais dos Andes bolivianos e que chegou ao territoacuterio brasileiro atraveacutes das

migraccedilotildees dos iacutendios principalmente os iacutendios Tupi-Guarani Convergindo com

Nardi e Saffrin Souza Cruz (2011) afirma que o fumo eacute uma planta originaacuteria dos

Andes e que acompanhou as migraccedilotildees dos iacutendios por toda a Ameacuterica Central ateacute

chegar ao territoacuterio brasileiro

Os colonizadores portugueses atraveacutes dos povos indiacutegenas introduziram o haacutebito

do consumo de fumo (BOEIRA 2002) tendo acesso ao produto atraveacutes do

escambo Dessa forma satildeo criadas as primeiras legislaccedilotildees para regulamentar a

atividade fumageira como a Junta de Administraccedilatildeo do Tabaco de 1674 a qual

servia para orientar o comeacutercio das especiarias em Portugal e suas colocircnias e

institucionalizou o monopoacutelio portuguecircs sobre o produto Nesse contexto o tipo de

fumo produzido era o escuro de corda sendo que o mesmo era usado para fabricar

o rapeacute o cigarro e charutos (SILVA 2002)

No iniacutecio do seacuteculo XIX a produccedilatildeo em escala comercial ocupou aacutereas reduzidas e

concentradas entre o litoral dos atuais estados da Bahia (Recocircncavo Baiano) e

Recife proporcionando o abastecimento do mercado europeu Os fatores que

contribuiacuteram para a produccedilatildeo do fumo foram agrave existecircncia de matildeo de obra familiar e o

desejo de desenvolver a regiatildeo Para Silva (2002) a cultura do fumo ao contraacuterio da

cana-de-accediluacutecar que era plantada somente nos latifuacutendios foi e ainda eacute

desenvolvida pela sua maioria em pequenas propriedades

A produccedilatildeo se expandiu para os estados de Minas Gerais Goiaacutes Satildeo Paulo

e sobretudo para a regiatildeo Sul do Brasil regiatildeo essa colonizada por imigrantes

europeus que se dedicaram a atividade como eacute o caso do municiacutepio de

Prudentoacutepolis no Paranaacute

O fumo ldquoproduto antes principalmente destinado ao escambo de escravos na segunda metade do seacuteculo passou a encontrar mercado crescente na Europa A quantidade exportada aumentou 361 por cento entre os anos de quarenta e noventa e os preccedilos meacutedios subiram 41 por centordquo(FURTADO p47 1984apud Silva 2002 p 38)

De acordo com Silva (2002) na regiatildeo Sul do Brasilas primeiras plantaccedilotildees

de fumo iniciaram-se em 1824 na colocircnia de Satildeo LeopoldoRS a mesma colonizada

por imigrantes alematildees e em 1850 na colocircnia Santa CruzRS Nessa regiatildeo foram

34

cultivadas variedades de fumos claros como o chinecircs (conhecido atualmente como

amarelinho) e mais tarde o Virgiacutenia devido agrave melhor aceitaccedilatildeo no mercado externo

sendo usado para a fabricaccedilatildeo de cigarros

Como destaca Spies (2000) o principal fator para os imigrantes se dedicarem a

atividade fumageira foram as precaacuterias condiccedilotildees econocircmicas em que se

encontravam pois produziam somente os alimentos para sua subsistecircncia e o

excedente natildeo era suficiente para provecirc-los Dessa forma viram na produccedilatildeo de

fumo uma alternativa para a melhora da situaccedilatildeo financeira familiar Outras

caracteriacutesticas que devem ser levadas em consideraccedilatildeo uma vez que contribuiacuteram

para que os imigrantes se dedicassem a produccedilatildeo de fumo satildeo a estrutura fundiaacuteria

baseada em pequenos lotes de terras e a disponibilidade de matildeo de obra da proacutepria

famiacutelia

Conforme Souza Cruz (2011) outro marco relevante no setor fumageiro foi agrave

criaccedilatildeo da empresa Souza Cruz pelo imigrante portuguecircs Albino Souza Cruz no ano

de 1903 no estado do Rio de Janeiro colocando em funcionamento a primeira

maacutequina do Brasil a produzir cigarros jaacute enrolados em papel Poreacutem com a

necessidade de investir no ramo para acelerar o ritmo de crescimento em

1914Albino Souza Cruz transformou a companhia em uma sociedade anocircnima

passando o controle acionaacuterio ao grupo British American Tabacco (BAT) fato que

permitiu o crescimento da Souza Cruz (SOUZA CRUZ 2015)

A expansatildeo da produccedilatildeo de fumo ocasionou algumas fusotildees entre empresas

do setor Vogt (1994) menciona que os anos entre 1917 e 1993 satildeo caracterizados

por aglutinaccedilotildees e fusotildees das empresas de comeacutercio e beneficiamento do tabaco A

entrada do capital internacional acarretou mudanccedilas na dinacircmica econocircmica da

regiatildeo

Na cidade de Santa CruzRS encontra-se o maior polo fumicultor do Brasil e

conforme AFUBRA (2001) um fato marcante na mudanccedila da dinacircmica econocircmica

desse muniacutecipio e regiatildeo se deu em 1917 com a iniciativa da BAT de instalar a

primeira usina de processamento de fumo no paiacutes com o nome de ldquoThe Brazilian

Tabacco Corporationrdquo Sua razatildeo social foi alterada no ano de 1920 para Companhia

Brasileira de Fumo em Folha (CBFF) e finalmente em 1955 alterada para

Companhia de Cigarros Souza Cruz ndash Induacutestria e Comeacutercio (SILVA 2002) A

35

companhia foi fundamental para que o Brasil alcancasse ainda mais os mercados

mundiais atraveacutes de algumas melhorias proporcionadas por ela

Vogt (1994) destaca que a partir de 1924 a companhia de capital internacional

comeccedilou a investir e incentivar os fumicultores a utilizarem insumos quiacutemicos para

obter uma melhor produtividade e qualidade do fumo o que se refletia no mercado

de cigarros que cada vez ficava mais exigente O melhoramento geneacutetico das

sementes foi outro condicionante para que se obtivesse um aumento da

produtividade e qualidade do fumo

De acordo com Vogt (1994) o mercado fumageiro brasileiro teve uma boa

elevaccedilatildeo nas exportaccedilotildees com o fim da segunda Guerra Mundial jaacute que os paiacuteses

que ateacute entatildeo eram grandes produtores de cigarros se encontravam desorganizados

pelos conflitos poliacuteticos e econocircmicos Outro fator que contribuiu para a maior

demanda do fumo brasileiro foi uma grande estiagem que afetou os paiacuteses

produtores de fumo na safra de 19441945 ocasionando dessa forma um aumento

nos preccedilos pagos pelos mercados internacionais entre os anos de 1944 e 1946

estimulando assim o aumento da produccedilatildeo brasileira devido aos grandes ganhos

obtidos no mercado externo

Contudo houve um aumento da produccedilatildeo sem o proporcional aumento da

qualidade do fumo causando certa preocupaccedilatildeo na balanccedila comercial Para piorar a

situaccedilatildeo no final da deacutecada de 1940 Franccedila Espanha Beacutelgica Holanda e

Dinamarca que eram os principais importadores do tabaco brasileiro foram

contemplados com o Plano Marshall e passaram a adquirir o fumo norte-americano

jaacute que possuiacutea uma qualidade melhor ldquoDesse modo o Brasil natildeo estava conseguido

uma boa representatividade no mercado externordquo (VOGT p 102 1994)

Ao encontro das discussotildees de Vogt Seffrin (1995) afirma que os fumicultores

foram os principais prejudicados com essa superproduccedilatildeo ocorrida na deacutecada de

1950 os quais entregavam a produccedilatildeo a preccedilos piacutefios de maneira a natildeo incorrer em

prejuiacutezos ainda maiores Como por exemplo quando a entatildeo Companhia Brasileira

de Fumos em Folha que atualmente tem o nome de Souza Cruz abriu um comeacutercio

de compra livre de fumos escuros os quais tinham um valor de mercado bem abaixo

da meacutedia e os fumicultores da regiatildeo Sul do Brasil sem outras saiacutedas de mercado

acabaram vendendo o fumo claro (de valor maior) por preccedilo de fumos escuros

36

Com a queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo no cenaacuterio mundial a

quantidade da produccedilatildeo do fumo era limitada e a produccedilatildeo fumageira das deacutecadas

de 1950 e 1960 (tabela 1) era destinada na sua maioria para o mercado nacional

A elevaccedilatildeo desorganizada da produccedilatildeo fumageira gerou na regiatildeo nos anos de 50 e 60 grandes estoques de excedentes natildeo comercializaacuteveis O fumo abarrotava os armazeacutens das firmas e das cooperativas natildeo tendo o colono como despachar o seu cultivo (VOGT 1994)

Portanto a produccedilatildeo de fumo no Brasil eacute mais expressiva a partir da segunda

metade do seacuteculo XX sobretudo no poacutes-guerra quando a ampliaccedilatildeo das aacutereas de

produccedilatildeo veio associada ao aumento da qualidade e produtividade das lavouras

como tambeacutem da produccedilatildeo industrial dos cigarros

ANO PRODUCcedilAO T EXPORTACcedilAO T

1961 60408 10919 1963 82851 14522 1965 91159 14008 1967 112234 9289 1969 99804 13778 1971 97206 18556 1973 82030 20248 1975 97722 41277

QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA

Fonte VOGT 1994

Como pode ser visto as melhoras nas exportaccedilotildees comeccedilam somente na deacutecada de

1970 A deacutecada de 1960 foi marcada por poucas vendas para o mercado externo

natildeo chegando a exportar 15 da produccedilatildeo total Conforme Sefrin (1995) devido a

essa queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo para o exterior na deacutecada de

1960 os fumicultores encontravam-se em condiccedilotildees econocircmicas peacutessimas pois

aleacutem de ser um trabalho aacuterduo os lucros eram iacutenfimos natildeo conseguindo muitas

vezes fazer o pagamento do financiamento da produccedilatildeo aleacutem das safras serem

afetadas pelas intempeacuteries climaacuteticas encontrando-se cada vez mais

desamparados Como aponta Safrin (1995) os pagamentos muitas vezes eram feitos

no ano seguinte da venda e com preccedilos ainda reduzidos

Para que a produccedilatildeo brasileira do fumo pudesse voltar ao cenaacuterio internacional era

indispensaacutevel um salto qualitativo na produccedilatildeo do fumo fato que exigiria a injeccedilatildeo

de grande quantidade de capital na produccedilatildeo Conforme Vogt (1994) os

37

investimentos necessaacuterios para a melhoria da qualidade estavam relacionados agrave

aquisiccedilatildeo de sementes adubos pesticidas instrumentos agriacutecolas construccedilatildeo de

estufas bem como a assistecircncia teacutecnica constantemente presente na propriedade

do colono e a garantia da compra integral da produccedilatildeo sendo mais um fator que

impulsionou a Souza Cruz a investir nessa regiatildeo

De acordo com Silva (2002) para corroborar na soluccedilatildeo dos problemas

econocircmicos dos fumicultores surgiram movimentos de uniatildeo dos interesses dos

mesmos o que resultou na sugestatildeo para a criaccedilatildeo de uma associaccedilatildeo formal dos

fumicultores Sendo assim no dia 21 de marccedilo de 1955 na cidade de Santa Cruz do

SulRS foi criada a Associaccedilatildeo dos Plantadores de Fumo em Folha do Rio Grande

do Sul a qual em 1963 mudou sua razatildeo social para Associaccedilatildeo dos Fumicultores

do Brasil (AFUBRA) passando a abranger tambeacutem os estados de Santa Catarina e

Paranaacute (AFUBRA 2014) Dessa forma a entidade foi criada devido a dois fatores

principais a instabilidade do mercado e dos preccedilos do tabaco e a inexistecircncia de

auxiacutelio econocircmico contra danos por granizo nas lavouras

Com a injeccedilatildeo de capital para a melhoria na produccedilatildeo do fumo e com a

criaccedilatildeo da AFUBRA os fumicultores encontravam-se mais confiantes pelo fato de

estarem obtendo melhores rendimentos Apesar desse desequiliacutebrio nas

exportaccedilotildees pelo qual o mercado fumageiro passou nas deacutecadas de 1950 e 1960

Spies (2000) destaca que a induacutestria do fumo jaacute era a mais importante da regiatildeo de

Santa Cruz no Rio Grande do Sul entre os anos de 1952 e 1965 pois no ano de

1924 os produtos de subsistecircncia representavam 70 da produccedilatildeo e na deacutecada de

1950 esse valor caiu para 413 do total da produccedilatildeo agriacutecola regional

Conforme destaca Vogt (1994) o final da deacutecada de 1960 e com maior

intensidade nas deacutecadas de 1970 e 1980 a fumicultura brasileira volta a ter um

aumento significativo em termos de aacuterea produzida e exportaccedilatildeo da produccedilatildeo devido

principalmente agrave abertura do mercado internacional para os fumos brasileiros mas

tambeacutem agrave adoccedilatildeo de poliacuteticas favoraacuteveis agrave instalaccedilatildeo de agroinduacutestrias no paiacutes

resultando na consolidaccedilatildeo dos complexos agroindustriais

Na deacutecada de 1970 e 1980 era notaacutevel o progresso do setor fumageiro na

regiatildeo Sul do Brasil Esse fato refletiu nas exportaccedilotildees pois a quantidade do fumo

em folha exportado pelo Brasil daacute um salto de 55 mil toneladas exportadas no ano

38

de 1965 para 170 mil toneladas no ano de 1985 dando assim a configuraccedilatildeo da

atual estrutura fumageira do Brasil

Com a consolidaccedilatildeo do Complexo Agroindustrial Brasileiro ou seja da

integraccedilatildeo entre a agricultura e a induacutestria o setor fumageiro ganhou grande

impulso e os estados de Santa Catarina e Paranaacute tambeacutem receberam consideraacuteveis

incentivos para se especializar na produccedilatildeo Foi nesse periacuteodo que a produccedilatildeo em

maior escala atingiu o municiacutepio de PrudentoacutepolisPR e um nuacutemero maior de famiacutelias

aderiu a esse cultivo

Durante a deacutecada de 70 consolidou-se a atual estrutura fumageira existente no Brasil meridional [] ao mesmo tempo os cultivos nos estados de Santa Catarina e Paranaacute foram intensificados pelas corporaccedilotildees que introduziram o tabaco em novas aacutereas para responder a demanda internacional (VOGT 1994)

Dessa forma a proliferaccedilatildeo das lavouras de fumo acontece

concomitantemente nos trecircs estados da regiatildeo Sul do Brasil e estes se destacam

pela qualidade do fumo que produzem Silva (2002) aponta que a chegada de outras

empresas multinacionais com intenccedilatildeo de expandir-se impulsionou o processo de

organizaccedilatildeo da produccedilatildeo do fumo incentivando a especializaccedilatildeo dos envolvidos nas

atividades

Em Santa Catarina e no Paranaacute o cultivo de fumo de estufa de caraacuteter

comercial daacute-se a partir da empresa Souza Cruz a partir da deacutecada de 1960 a qual

oferecia o sistema integrado de produccedilatildeo Ou seja os fumicultores plantariam o

fumo a Souza Cruz entraria com o financiamento da produccedilatildeo (fornecimento da

estufa de insumos e assistecircncia teacutecnica) e no final da safra o fumicultor fazia o

pagamento para a empresa com sua proacutepria produccedilatildeo No Paranaacute a Souza Cruz

inseriu primeiramente a produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Irati (principal polo

fumageiro do Paranaacute onde se localiza o municiacutepio de Prudentoacutepolis)

A partir da deacutecada de 1980 a produccedilatildeo vem aumentando Vogt (1994) expotildee

que a regiatildeo Sul do paiacutes aumentou sua produccedilatildeo em aproximadamente 60 entre

as safras de 198788 e 19921993 dando um salto de 350 mil para 560 mil

toneladas

39

TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL

SAFRA AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS

KG ha R$Kg

1995 200830 348000 132680 1733 155

2000 257660 359040 134850 2092 200

2005 439220 842990 198040 1919 433

2006 417420 769660 193310 1844 415

2007 360910 758660 182650 2102 425

2008 348720 713870 180520 2047 541

2009 374060 744280 186580 1990 590

2010 370830 691870 185160 1866 635

2011 372930 832830 186810 2233 493

2012 324610 727510 165170 2241 630

2013 313675 712750 159595 2272 745

2014 323700 731390 162410 2259 728

Fonte AFUBRA2015

A safra de 2005 mostra novamente um aumento significativo na produccedilatildeo

total Sul brasileira chegando a 842990 toneladas anuais (tabela 1) De 2005 para

caacute a produccedilatildeo oscilou entre 842990 e 691870 toneladas anuais (conforme a

demanda do mercado) com um leve decreacutescimo nos uacuteltimos trecircs anos

A produtividade do fumo aumentou na deacutecada de 2000 devido agrave introduccedilatildeo de

novas teacutecnicas que permitiram a diminuiccedilatildeo do uso de matildeo de obra Na safra de

1995 a produtividade meacutedia foi de 1733 kgha aumentando consideravelmente

para a uacuteltima safra a qual chegou a 2259 Kgha Nos anos de 2005 e 2006

percebe-se um aumento na quantidade de famiacutelias envolvidas na atividade quadro

esse invertido no ano de 2007 ocorrendo queda no nuacutemero dessas famiacutelias

Apesar da diminuiccedilatildeo do nuacutemero das famiacutelias na atividade em geral a

produccedilatildeo natildeo eacute afetada o quase deve agrave modernizaccedilatildeo das estufas de secagem

que resultou na diminuiccedilatildeo da matildeo de obra favorecendo o aumento da produccedilatildeo

por parte das famiacutelias que permaneceram no setor Conforme um produtor

entrevistado durante o trabalho de campo desta pesquisa

40

Depois que modernizamos a nossa estufa no ano de 2005 conseguimos aumentar a produccedilatildeo e diminuir a matildeo de obra [] antes precisava de quatro pessoas para colheita e pelo menos mais 4 para fazer a costura das folhas de fumo no galpatildeo antes de colocar na estufa [] quando descarregava as folhas da estufa era preciso tirar todos os fios do fumo [] dava muito trabalho Com a modernizaccedilatildeo isso acabou [] o fumo que vem da lavoura vai direto para a estufa Precisamos soacute de pessoas para colher e carregar direto na estufa O trabalho eacute mais leve nos dias de hoje com esse tipo de estufa (FUMICULTOR DA LINHA RIO PRETO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)

Sei que o fumo por si soacute jaacute eacute um veneno mas usamos os equipamentos de proteccedilatildeo que eacute seguro Hoje usamos agrotoacutexicos porque daacute menos serviccedilo e sai mais barato que pagar pra carpir [] soacute por isso mesmo[] Quando produzia morangos usava mais veneno ainda [] sabemos que o veneno natildeo faz bem nem pra noacutes nem para a natureza mas natildeo temos outras opccedilotildees (FUMICULTOR DA LINHA DEZEMBRO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)

Diniz Filho (2011) tambeacutem ressalta que especificamente no caso das

tecnologias de produccedilatildeo agriacutecola a opccedilatildeo dos agricultores familiares pelo uso de

maacutequinas e produtos quiacutemicos eacute estimulada pelo interesse de eliminar certos tipos

de trabalho braccedilal muito penosos Nesse sentidodiscorda-se do paradigma

camponecircs pelo fato de opor o agricultor familiar ao agronegoacutecio afirmando que o

primeiro prima por praacuteticas mais sustentaacuteveis com objetivo de reproduzir somente o

modo de vida ao passo que o agronegoacutecio tenderia a usar tecnologias mais

danosas para o meio ambiente por estar preocupado apenas com lucratividade

Com relaccedilatildeo agrave venda do fumo o preccedilo do quilo varia a cada ano e a

sistemaacutetica para que se estabeleccedila o valor da safra entre os fumicultores e a

induacutestria fumageira incide em acordos com as entidades representativas dos

produtores como a Afubra Associaccedilotildees Federaccedilatildeo e o Sinditabaco que representa

as induacutestrias (DERALSEAB 2014) Apoacutes as negociaccedilotildees e a assinatura do

protocolo eacute que se estabelecem os preccedilos para as variadas qualidades do fumo

Nesse sentido o preccedilo do quilo do fumo eacute regulado conforme a oferta e demanda do

produtopelo mercado expressando adequadamente o valor marginal muitas vezes

pago aos produtores Dessa forma discorda-se de Roos (2015) quando afirma que

os fumicultores estatildeo subordinados pelas empresas fumageiras por terem pouca

representatividade na hora de fixar o preccedilo do quilo do fumo

Conforme AFUBRA (2015) para o fumo Virgiacutenia que eacute uma variedade dos

fumos de coloraccedilatildeo clara satildeo estabelecidas 41 variedades de classificaccedilatildeo sendo a

variedade mais bem paga a BO1 que valia 922 reais o quilo na safra de 20142015

41

e a variedade de menor valor o ST (farelos do fumo) tabelado a 054reais por quilo

Jaacute para o fumo Burley que eacute uma variedade dos fumos de coloraccedilatildeo escura satildeo

estabelecidas 30 diferentes variedades A mais bem paga eacute a B1 que equivale a

811 para cada quilo e a variedade menos valorizada eacute a G (farelos do fumo) que

vale 060 reais por quilo Quando o fumo eacute vendido para a empresa sempre eacute feito

uma meacutedia de toda venda e como revelam os dados da tabela 2 a meacutedia do quilo

pago para os produtores na safra de 201415 foi de 728 reais por quilo

Atualmente a regiatildeo Sul do Brasil se destaca pela maior produccedilatildeo de fumo

do paiacutes participando com 981 do total produzido Os trecircs estados sulinos satildeo

responsaacuteveis por colocar o paiacutes como o segundo maior produtor ena primeira

posiccedilatildeo no quesito exportaccedilatildeo mundial

TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO

ESTADOS AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)

PARTPRODUCcedilAtildeO ()

Rio Grande do Sul

204000 412000 2020 481

Santa Catarina 120000 258000 2150 301

Paranaacute 76000 171000 2250 200

Alagoas 9000 11000 1222 13

Bahia 3000 3000 1000 03

Outros 2000 2000 1000 02

Brasil 414000 857000 2070 100

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) 2014

A produccedilatildeo do fumo e a atuaccedilatildeo das empresas desse setor se datildeo de forma

mais intensa nos paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso do Brasil devido agrave

disponibilidade de matildeo de obra barata facilidade das multinacionais se instalarem

atraveacutes dos incentivos fiscais inexistecircncia de leis ambientaisriacutegidas e por ser a

atividade que gera mais renda se comparada a outras culturas produzidas em

pequena escala

42

TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013

PRODUCcedilAtildeO haacute PRODUCcedilAtildeO KG

VALOR R$

Animal x 1362412180 2565555940 26

Vegetal 1515650 2487306782 2077480 21

Tabaco 309350 705570000 5383773200 54

Total 1825000 4555288952 10026810100 100

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014

A partir dos dados apresentados pode-se destacar que a produccedilatildeo de fumo

na regiatildeo Sul do Brasil eacute responsaacutevel pela maior renda de muitos agricultores

familiares jaacute que os estados possuem uma grande quantidade de pequenas

propriedades e que dependem da produccedilatildeo do fumo para sua reproduccedilatildeo

econocircmica

Ahrens (2008) afirma que a produccedilatildeo mundial estaacute migrando dos paiacuteses

desenvolvidos para os paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso dos Estados

Unidos que apesar de aparecer como um dos principais produtores de fumo teve

sua produccedilatildeo prejudicada devido aos altos custos de cultivo e agrave escassez de matildeo de

obra

TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012

PAIacuteSES PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

PROCESSADO (t)

CONSUMO (t)

ESTOQUE EXPORTACcedilAtildeO (t)

IMPORTACcedilAtildeO (t)

1 China 2160000 256205 553960 0 538960

2 Brasil 670820 86060 112580 651190 12320

3 Iacutendia 576740 465510 134240 271060 200930

4 Estados Unidos

212020 441720 1580130 153130 420440

5 Indoneacutesia 191260 147940 134830 50270 27440

43

6 Turquia 152190 106240 34620 98200 60430

7 Zimbabwe 127190 3990 229930 43520 80

8 Argentina 103790 29950 364650 36100 1630

9 Paquistatildeo 74910 76300 91570 5390 10390

10 Malavi 71320 1290 166580 91500 890

93 Outros 1533150 1850430 3055200 608630 725480

103 Total 5873390 5771480 6468290 2008990 2008990

Fonte AFUBRA 2014

Apesar de a China ser a maior produtora mundial de fumo acaba consumindo

toda essa produccedilatildeo e na safra de 20112012 ainda importou 538960 toneladas

para suprir sua demanda interna Jaacute o Brasil que estaacute na 2ordm posiccedilatildeo de produccedilatildeo

mundial de fumo destina a maior parte da sua produccedilatildeo para o mercado externo Na

safra de 2013 88 da produccedilatildeo se dirigiu ao mercado externo (quadro 2) ficando

no paiacutes apenas 12 da produccedilatildeo para a fabricaccedilatildeo de cigarros cigarrilhas e

charutos Conforme DERALSEAB (2013) das 627000 toneladas exportadas em

2013 a regiatildeo Sul contribuiu com 624000 toneladas representando o equivalente

de 955 das exportaccedilotildees brasileiras

O quadro 2 mostra que apesar de a maior quantidade do fumo produzido no

Brasil se dirigir para o mercado externo os maiores faturamentos estatildeo relacionados

ao fumo consumido no proacuteprio paiacutes atingindo um lucro total maior que as

exportaccedilotildees O fato de as exportaccedilotildees renderem menos lucros que o fumo

consumido no proacuteprio paiacutes se daacute deve ao fato de o fumo exportado natildeo passar por

processamentos de agregaccedilatildeo de valor(exportaccedilatildeo de folhas e talos) Enquanto

isso toda a produccedilatildeo consumida no paiacutes tanto os fumos claros como os escuros

passa por vaacuterios processamentos de agregaccedilatildeo de valor ateacute obter os cigarros

cigarrilhas e charutos prontos para consumo

A distribuiccedilatildeo da renda bruta do setor fumageiro (quadro 2) estaacute dividida

entre tributosGoverno induacutestria produtor e varejista sendo que 459 dessa renda

eacute destinada ao governo O produtor fatura em torno de 205 do total da renda

faturamento esse que deve ser destinado para a compra dos insumos pagamento

do seguro da produccedilatildeo matildeo de obra desgastes com a terra implementos que usa

na produccedilatildeo gastos com a secagem das folhas do fumo aleacutem de prejuiacutezos que

podem vir a acontecer durante a produccedilatildeo

44

Jaacute os varejistas apesar de auferirem 6 do faturamento natildeo tecircm gastos tatildeo

altos comoos produtores Aleacutem do mais esse setor ganha na quantidade sendo que

existe um nuacutemero muito maior de fumicultores que de varejistas Isso tambeacutem

acontece com a induacutestria que tem seus ganhos principalmente no volume e na

agregaccedilatildeo de valor do produto

Pelos dados apresentados apresentados no quadro 2 pode-se concluir que o

maior beneficiado com o faturamento da produccedilatildeo de fumo eacute o setor puacuteblico atraveacutes

de impostros

QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL

ESPECIFICACcedilAtildeO

2012 2013

R$ Toneladas R$ Toneladas

Consumo Domeacutestico

1635750730000 88990 12 1765594334000 84350 12

Exportaccedilatildeo 645663700000 637780 88 722287181000 627230 88

TOTAL 2281414430000 726770 100 2487881515000 711580 100

DISTRIBUICcedilAtildeO DA RENDA BRUTA

Tributos Governos

1048025493000 459 1076394659000 433

Induacutestria 627838400000 275 720610862000 290

Produtor 467329600000 205 541693230000 217

Varejista 138220930700 61 149182764000 60

TOTAL 2281414430000 100 2487881515000 100

FONTE AFUBRA2013

De acordo com dados da DERALSEAB (2015) no ano de 2014 o fumo

brasileiro foi destinado para mais de cem paiacuteses abrangendo principalmente paiacuteses

da Uniatildeo Europeia (42) seguidos do Extremo Oriente (26) Ameacuterica do Norte

(13) Aacutefrica (7) Leste Europeu (7) e Ameacuterica Latina (5) Atualmente a

liderenccedila brasileira nas exportaccedilotildees se daacute devido agrave excelente qualidade do fumo agrave

regularidade da produccedilatildeo e agrave competitividade com os preccedilos dos demais paiacuteses

produtores

45

42

26

13

7

7

5

Uniatildeo Europeia

Oriente Meacutedio

Ameacuterica do Norte

Aacutefrica

Leste Europeu

Ameacuterica Latina

Paiacuteses importadores do fumo brasileiro

Fonte

DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014

Conforme DERAL (2014) no Paranaacute as lavouras com predomiacutenio de fumos

claros concentram-se nos nuacutecleos regionais de Irati Ponta Grossa Curitiba Uniatildeo

da Vitoacuteria e Guarapuava Jaacute em Francisco Beltratildeo Pato Branco Cascavel e Toledo

cultivam-se os fumos escuros

Na figura 1 estatildeo expostos os municiacutepios produtores de fumo e a meacutedia de

hectares que cada municiacutepio ocupa com essa culturaNota-se que a produccedilatildeo de

fumo no estado se concentra em sua maioria na regiatildeo Sudeste Centro-Sul

Sudoeste e Oeste

O municiacutepio de Prudentoacutepolis pertence ao nuacutecleo de Irati nuacutecleo esse que

ocupa o primeiro lugar no ranking de produccedilatildeo de fumos claros do estado conforme

a tabela 5

GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO

46

FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA Fonte IBGE 2014

TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute

Nuacutecleos regionais

Safra 20132014 Safra 20142015 Participaccedilatildeo

Aacuterea (ha) Produccedilatildeo(t) Aacuterea (ha) Produccedilatildeo (t) ()

Irati 19300 43425 19500 43875 244

Ponta Grossa 17562 42605 18862 45268 251

Curitiba 13300 30493 13300 34580 12

Uniatildeo da Vitoacuteria

7500 15750 7600 15580 87

Guarapuava 5000 12400 4900 13230 73

Francisco Beltratildeo

4350 9904 4300 10320 57

Cascavel 3600 7556 3500 7453 41

Outros 4774 10711 4496 9907 55

Total 75386 172844 76308 180213 1000

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014

47

Na safra de 20122013 os municiacutepios paranaenses que se destacaram no

volume de fumo produzido foram Satildeo Joatildeo do Triunfo Rio Azul Prudentoacutepolis

Ipiranga e Irati As 1813 famiacutelias que cultivam fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis

foram responsaacuteveis por produzir 10192 toneladas do produto

Para os municiacutepios de Satildeo Joatildeo do Triunfo e Rio Azul se comparados os

volumes produzidos (quadro 3) nota-se quea quantidade em toneladas natildeo

apresenta tanta diferenccedila entre ambos sendo 13458 toneladas em Satildeo Joatildeo do

Triunfo e 13268 toneladas em Rio Azul Poreacutem em relaccedilatildeo ao nuacutemero de famiacutelias

que trabalham na atividade fumageira em Rio Azul esse nuacutemero eacute bem maior que

em Satildeo Joatildeo do Triunfo Esse fatoeacute resultado da opccedilatildeo das famiacutelias de Rio Azul

porproduzirem menores quantidades de fumo por unidade familiar como tambeacutem

por intempeacuteries climaacuteticas (granizo ventos) que impediram de colher toda a

produccedilatildeo

PARANAacute PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTORES

Satildeo Joatildeo do Triunfo 13458 1968

Rio Azul 13268 2610

Prudentoacutepolis 10192 1813

Ipiranga 9323 1661

Irati 8539 1558

QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) AFUBRA 2014

22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL

De acordo com Sauer (2008) em 1996 a criaccedilatildeo do PRONAF (Programa

Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) trouxe avanccedilos poliacuteticos

voltados aos agricultores familiares permitindo o reconhecimento destes enquanto

categoria social epossibilitando o acesso ao creacutedito agriacutecola Creacutedito esse que

48

quando usado de maneira correta contribui significativamente para o aumento da

produccedilatildeo

Dentre os vaacuterios estudos que retratam a evoluccedilatildeo da agricultura familiar

brasileira nas uacuteltimas deacutecadas destaca-seldquoO Novo Retrato Da Agricultura Familiar

Brasileirardquo Nesse estudo os autores mencionam a importacircncia de refletir sobre o

espaccedilo rural tendo como escopo a sua diversidade pelo fato da existecircncia de

distintos tipos de agricultores familiares que possuem interesses e estrateacutegias

particulares de produccedilatildeo agropecuaacuteria Nesse sentido da mesma forma que existe

uma diversidade de agricultores familiares deveratildeo tambeacutem existir poliacuteticas

agriacutecolas e tipos de assistecircncia teacutecnica distinto para cada grupo com intuito desses

empregarem em sua produccedilatildeo tecnologias que possibilitam o seu fortalecimento e

expansatildeo diante dos mercados

Sobre a diversidade da agricultura familiar brasileira a tabela 6 mostra de que

forma satildeo distribuiacutedos os tipos familiares a renda monetaacuteria anual e qual a

porcentagem na participaccedilatildeo do valor bruto da agricultura familiar por grupo familiar

TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006

Grupos familiares Nuacutemero de agricultores familiares

segundo o tipo

Total VBP familiares

Renda Monetaacuteria

liacutequida anual em reais

A 452750 695 5323600

B 964140 157 372500

C 574961 47 149900

D 2560274 102 25500

Total 4551855 -

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

A partir dos dados sobre a caracterizaccedilatildeo dos grupos familiares nota-se que

o grupo com um contingente maior de agricultores familiares no ano de 2006 foi o

grupo D ou seja os descapitalizados Esses agricultores familiares de acordo com

Guanziroli et al (2012) estatildeo em sua maioria concentrados nas regiotildees Norte e

Nordeste do Brasil sendo os que menos empregam aparatos tecnoloacutegicos Desse

modo o autor afirma que o grau de especializaccedilatildeo e tecnificaccedilatildeo tem maior

49

influecircncia na geraccedilatildeo de renda do que a quantidade de terra possuiacuteda por cada

unidade familiar Sobre o grupo familiar D o estudo tambeacutem menciona que

[] entre os agricultores familiares do tipo D tambeacutem existem agricultores mais capitalizados os quais podem ter sido classificados neste grupo devido agrave frustraccedilatildeo de safra baixos preccedilos de seus produtos no mercado ou a realizaccedilatildeo de novos investimentos nos quais as receitas ainda natildeo estatildeo superando as despesas Esta afirmaccedilatildeo estaacute baseada na participaccedilatildeo percentual do creacutedito rural obtido e dos investimentos realizados por estabelecimentos deste tipo (FAOINCRA)

Os agricultores familiares dos grupos A e B considerados como capitalizados

e em vias de capitalizaccedilatildeo correspondem principalmente aos produtores familiares

da regiatildeo Sul do paiacutes O desempenho desses grupos se deve ao fato de estarem

inseridos em cadeias produtivas mais competitivas as quais trazem melhores

retornos econocircmicos

Guanziroli et al (2012) apontam que os produtores familiares do tipo A tecircm

uma renda anual elevada em parte porque na aacuterea rural podem se beneficiar da

produccedilatildeo para autoconsumo natildeo pagam aluguel e as taxas sobre o valor da aacutegua e

luz satildeo mais baixas se comparadas com a urbana Dessa forma o padratildeo de vida

desses agricultores eacute compatiacutevel com a da classe meacutedia urbana Entretanto existe

uma distacircncia muito grande entre os produtores do grupo A e os demais

Nesse sentido Guanziroli et al (2006) com base no estudo ldquoDez anos de

evoluccedilatildeo da agricultura familiar no Brasil (1996 e 2006)rdquo compararam os dados do

censo agropecuaacuterio de 1996 com o de 2006 a fim de dar respostas a algumas

inquietudes sobre a evoluccedilatildeo da agricultura familiar no dececircnio analisando o

processo de modernizaccedilatildeo da agricultura familiar por meio da evoluccedilatildeo de algumas

variaacuteveis (uso de maquinaacuterios insumos entre outras tecnologias) Dentre outros

resultados esse estudo mostrou que houve crescimento do nuacutemero de agricultores

familiares entre os censos o qual passou de 4139000 para 4551855 Ou seja em

1996 8517 do total dos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros eram

familiares e em 2006 essa porcentagem aumenta para 8796 do total

Os dados desse estudo tambeacutem mostraram que os agricultores familiares

pertencentes ao grupo A e quanto muito aos grupos A e B desempenham um papel

importante em termos econocircmicos Jaacute o grupo C e principalmente os agricultores

familiares do grupo D produzem tatildeo pouco que remetem aquela visatildeo do agricultor

50

familiar de subsistecircncia que comercializa pequenos excedentes econocircmicos em

mercados locais

O uso de tecnologias pelos agricultores familiares como maquinaacuterios e

insumos quiacutemicos contribuiu para o aumento da produccedilatildeo e da produtividade

acontecimento esse que possibilitou a ascensatildeo do universo familiar no cenaacuterio

agropecuaacuterio brasileiro com significativa importacircncia na produccedilatildeo tanto de gecircneros

alimentiacutecios de consumo nacional como tambeacutem de commodities de exportaccedilatildeo

caso a produccedilatildeo de fumo As tecnologias voltadas para a produccedilatildeo de fumo

referem-se a modernizaccedilatildeo das estufas de secagem das folhas de fumo de

sementes melhoradas geneticamente aleacutem dos insumos agriacutecolas

De acordo com Guanziroli et al (2006) as anaacutelises regionais sobre a

agricultura familiar brasileira para o ano de 2006 mostram que as regiotildees Norte

Nordeste e Sul apresentam maior participaccedilatildeo percentual de agricultores familiares

na produccedilatildeo regional em detrimento das regiotildees Centro-Oeste e Sudesteas quais

caracterizam-se pela maior expressividade da agricultura patronal

TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006

Regiatildeo 2006

Norte 6018

Nordeste 4738

Sudeste 2228

Sul 5443

Centro-Oeste 1453

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

Outro dado importante trazido pelos autores supracitados estaacute relacionado ao

fator produtividade como se vecirc pela comparaccedilatildeo entre os agricultores familiares e

natildeo familiares por regiatildeo (tabela 8) Os agricultores familiares pelo fato de

possuiacuterem quantidades de terras menores tendem a ser mais produtivos que o

agricultor natildeo familiar Nesse sentido concorda-se com Navarro (2014) ao apontar

que a ampliaccedilatildeo no acesso de tecnologias agrave agricultura de menor porte econocircmico eacute

necessaacuteria para a permanecircncia desses produtores no rural

51

A produccedilatildeo de fumo da regiatildeo Sul do Brasil eacute um exemplo que retrata que a

agricultura familiar eacute mais eficiente no uso da matildeo de obra e da terra quando

comparada aos agricultores patronais A necessidade da intensificaccedilatildeo da matildeo de

obra familiar para aumentar a produccedilatildeo exemplifica bem o porquecirc da maior parte

empregada na agricultura estaacute no segmento familiar apesar desse segmento natildeo ser

predominante na produccedilatildeo agriacutecola brasileira Dessa maneira Abramovay (1992 p

209) afirma que ldquonatildeo haacute atividade econocircmica em que o trabalho e a gestatildeo

estruturam-se tatildeo fortemente em torno de viacutenculos de parentesco e onde a

participaccedilatildeo da matildeo de obra natildeo contratada seja tatildeo importante como na agricultura

familiarrdquo

TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006

Brasil e Regiotildees

Valor produzido por hectare (R$ de 2006)

Natildeo familiar Familiar

Norte 1113 2410

Nordeste 3783 3907

Sudeste 10546 7378

Sul 8373 13376

Centro-Oeste 2727 2851

Brasil 4617 5546

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

Atraveacutes da regionalizaccedilatildeo e do valor produzido por hectare percebe-se que

os agricultores familiares da regiatildeo Sul satildeo mais eficientes no valor produzido e

segundo Guanziroli et al (2012) a predominacircncia de agricultores familiares nas

cadeias produtivas como a fumicultura a avicultura e suinocultura favorece o

aumento da produtividade por aacuterea Eacute nesse sentido que pode-se afirmar natildeo existir

dicotomia ou oposiccedilatildeo entre a agricultura familiar e a patronal uma vez que a

competiccedilatildeo no mercado faz com que cada um desses segmentos tenda a

predominar nos setores em que apresenta capacidade para produzir com mais

eficiecircncia

Na regiatildeo Sudeste a alta tecnologia empregada pelos agricultores natildeo

familiares consegue superar a produtividade da agricultura familiar Jaacute nas regiotildees

Norte e Nordeste encontram-se os menores iacutendices de produtividade da agricultura

52

familiar brasileira fato relacionado a vaacuterios fatores principalmente os solos menos

produtivos clima cultivo de culturas que tecircm um retorno de investimento menor e

tambeacutem a menor disponibilidade de tecnologias assistecircncia teacutecnica e poliacuteticas

agriacutecolas capazes de inverter esse quadro

Aleacutem da representatividade bastante grande (956) da produccedilatildeo de fumo a

agricultura familiar brasileira tem participaccedilatildeo significativa na produccedilatildeo de gecircneros

alimentiacutecios como arroz feijatildeo e mandioca Tambeacutem contabiliza-se um nuacutemero

significativo de agricultores familiares envolvidos nas cadeias produtivas

caracteriacutesticas do agronegoacutecio como soja trigo e milho (tabela 9)

No caso dos produtos de origem animal (tabela 10) a participaccedilatildeo da

agricultura familiar tambeacutem eacute significativa ou seja concorda-se com Guanziroli et al

(2012) quando afirma que produzir alimentos como arroz feijatildeo ou mandioca natildeo

quer dizer necessariamente que esses produtores satildeo camponeses ou produtores

de subsistecircncia pois na grande maioria dos estabelecimentos produz-se totalmente

para o mercado ou seja seu objetivo natildeo eacute somente a subsistecircncia e sim vender a

produccedilatildeo

TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000

PRODUTO 2006

Arroz 3919

Cana-de-accediluacutecar 1024

Cebola 6959

Fumo 9567

Mandioca 9317

Milho 5190

Soja 2360

Trigo 3638

Feijatildeo 7659

Banana 6240

Cafeacute 2967

Laranja 2525

Uva 5363

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

53

TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006

TIPO DE PRODUCcedilAtildeO 2006

Pecuaacuteria de corte 1665

Pecuaacuteria de leite 6053

Suiacutenos 5245

Aves 3034

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

A produccedilatildeo de fumo na regiatildeo Sul do Brasil tambeacutem tem grande

expressividade no contingente de pessoal ocupado (PO) ou seja conforme

demonstrado na tabela abaixo 9 da PO agriacutecola de 2012 estava ocupada nessa

atividade De acordo com Maia e Sakamoto (2015) no Sul destacam-se aleacutem dos

ocupados no cultivo do fumo os ocupados no cultivo da soja (10 da PO agriacutecola)

que representavam em 2012 90 e 63 dos ocupados nos respectivos ramos de

atividade do conjunto da PO agriacutecola brasileira

Para esses autores a dinacircmica da PO agriacutecola brasileira foi influenciada pela

regiatildeo Nordeste que apesar de conter o contingente agriacutecola mais expressivo do

Paiacutes (44 do total da PO agriacutecola brasileira) passou por uma grande reduccedilatildeo de

28 da PO agriacutecola entre os anos de 2005 e 2012 Buainain et al (2013) apud Maia

Sakamoto (2014) destacam que esse processo de esvaziamento na regiatildeo

Nordeste estaria associado tanto agrave inviabilidade econocircmica do minifuacutendio quanto agraves

diferenccedilas de qualidade de vida e oportunidades de emprego entre os meios rural e

urbano

54

TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012

Grupos 2012

N (1000)

Criaccedilatildeo de bovinos e outros animais 402 188

Cultivo de hortaliccedilas legumes flores etc 305 143

Cultivo de Soja 207 97

Produccedilatildeo mista lavoura temporaacuteria e pecuaacuteria

197 92

Cultivo de milho 194 91

Cultivo de fumo 194 91

Outras atividades 632 297

Total 2131 100

Fonte Maia e Sakamoto 2014 Dados primaacuterios IBGE 2012

Com relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos ocupantes em atividades agropecuaacuterias por

condiccedilatildeo de pobreza (tabela 12) nota-se que os ocupados pobres na produccedilatildeo de

fumo correspondem a 7 do total que eacute um percentual de pobres em geral menor

do que os encontrados em outras produccedilotildees como nas de mandioca (26) arroz

(29) milho (24) e horticultura (12)

As culturas da soja cafeacute cana-de-accediluacutecar e frutas satildeo as que tecircm menores

taxas de pobreza com valores respectivos de 24 45 46 e 63 A

proporccedilatildeo meacutedia brasileira para todos os ocupados em atividades agropecuaacuterias eacute

de 146

Desse modo pode-se dizer que as culturas tradicionais como arroz

mandioca e milho satildeo as que tecircm maiores taxas de pobreza Esse fato faz sentido

em Prudentoacutepolis pois na regiatildeo Norte do municiacutepio onde a produccedilatildeo de fumo natildeo

eacute realizada devido agraves caracteriacutesticas do clima e da topografia o niacutevel de

desenvolvimento eacute menor que na parte Central e Sul do municiacutepio Esse contraste

se revela natildeo somente pela comparaccedilatildeo entre culturas tradicionais e a produccedilatildeo de

fumo pois tambeacutem as outras culturas tendem a gerar menores taxas de pobreza

A produccedilatildeo de frutas eacute uma boa opccedilatildeo para a geraccedilatildeo de renda dos

agricultores familiares em geral pois apresenta uma taxa de pobreza bem menor

55

ainda que a do fumo Poreacutem para essa produccedilatildeo seria necessaacuteria a especializaccedilatildeo

e a tecnificaccedilatildeo desses agricultores realizadas a partir de poliacuteticas de incentivos a

tecnificaccedilatildeo e assistecircncia para agricultura familiar como apontado por Navarro

(2014) Ou seja a quantidade de tecnologia empregada de forma correta estaacute

intrinsecamente relacionada agrave renda do agricultor Sobre tecnologia para a

agricultura familiar Valente (2008) ressalta que ldquodeve-se compreender a tecnologia

natildeo como panaceacuteia mas conhecimento que estaria a exigir inovaccedilotildees institucionais

como poliacuteticas puacuteblicas parcerias e outras accedilotildees que a ele devem ser conjugadasrdquo

TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010)

Atividade Natildeo pobre Pobre Pobres () Total

Arroz 137325 56589 292 193914

Milho 389402 126624 245 516026

Algodatildeo 7322 579 73 7901

Cana-de-accediluacutecar 214497 10189 45 224686

Fumo 215365 16116 70 231481

Soja 96235 2387 24 98622

Mandioca 376239 132050 260 508288

Horticultura 522745 72322 122 595067

Frutas 236742 15808 63 252550

Cafeacute 552738 26757 46 579496

Cacau 67809 6670 90 74479

Pecuaacuteria 1611624 149626 85 1761250

Outros cultivos 4389749 942358 177 5332108

Outros agropecuaacuteria

1609597 226670 123 1836267

Total 10427388 1784746 146 12212134

Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010

Portanto os dados da tabela 12 mostram que realmente existem vaacuterias

culturas que geram uma taxa de pobreza bem menor que a cultura do fumo mas em

contrapartida existem aquelas que geram taxas de pobreza bem maiores Assim

pode-se dizer que os agricultores familiares que produzem fumo analisam os fatores

56

relacionados agrave matildeo de obra terra maquinaacuterios disponibilidade de capital

conhecimento teacutecnico e agrave lucratividade por atividade optando pela produccedilatildeo mais

rentaacutevel dentre aquelas para as quais possuem capacidade teacutecnica e financeira para

produzir

No quadro 4 podemos ver como ocorre a distribuiccedilatildeo das atividades

agropecuaacuterias entre os domiciacutelios rurais e urbanos Nesse sentido aproporccedilatildeo dos

ocupados em atividades agriacutecolas e que residem em aacutereas urbanas satildeo maiores em

cultivos como cana-de-accediluacutecar algodatildeo e frutas (607 516 e 451

respectivamente) ao passo que no cultivo do fumo cacau milho e arroz essas

proporccedilotildees satildeo bem menores (65 224 245 e 292)

Do ponto de vista da fixaccedilatildeo do homem no campo a cultura do fumo eacute mais

eficiente se comparadas com aquelas mais mecanizaacuteveis em que o contingente de

ocupados em atividades agriacutecolas eacute maior na aacuterea urbana O fato de a produccedilatildeo de

fumo ser pouco mecanizaacutevel no Brasil principalmente na colheita exige a matildeo de

obra familiar sem contar a necessidade da contrataccedilatildeo de matildeo de obra nos

periacuteodos de colheita do produto

Atividade Urbano Rural Urbano () Total Arroz 63133 130781 326 193914 Milho 114789 401228 222 516026 Algodatildeo 4075 3826 516 7901 Cana-de-accediluacutecar 136484 88202 607 224686 Fumo 15105 216376 65 231481 Soja 32958 65664 334 98622 Mandioca 86628 421660 170 508288 Horticultura 233989 361078 393 595067 Frutas 113813 138738 451 252550 Cafeacute 213751 365744 369 579496 Cacau 16683 57796 224 74479 Pecuaacuteria 466018 1295232 265 1761250 Outros cultivos 1625626 3706482 305 5332108 Outros agropecuaacuteria

889452 946815 484 1836267

QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010)

Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010

De acordo com Neder (2014) os municiacutepios brasileiros de maior porte

populacional se dedicam mais expressivamente agraves atividades de serviccedilos e induacutestria

57

(atividades natildeo agropecuaacuterias) ao passo que os municiacutepios com menor populaccedilatildeo

encontram-se mais relacionados agrave pecuaacuteria soja e fumo Dado esse que se

confirma no municiacutepio de Prudentoacutepolis como tambeacutem na grande parte dos

municiacutepios produtores de fumo da regiatildeo Sul do Brasil os quais satildeo caracterizados

pelo baixo contingente populacional sendo que um nuacutemero razoaacutevel deles tem

populaccedilatildeo predominantemente rural

A partir dos dados apresentados nota-se que a agricultura familiar brasileira

tambeacutem produz commodities para o mercado externo como nas cadeias de aves

suiacutenos soja e fumo Redefinindo assim a visatildeo dualista e superando o dilema entre

a agricultura para o mercado interno e a agricultura para exportaccedilatildeo (SILVEIRA

2014)

Portanto sabendo da inegaacutevel dualidade entre as formas de fazer agricultura

no rural brasileiro estando de um lado a agricultura patronal e do outro a agricultura

familiar concorda-se com Elesbatildeo (2007) quando afirma que natildeo tem fundamento

priorizar nem um segmento e nem outro dentro da agropecuaacuteria pois deve-se olhar

para o rural como um territoacuterio de diversidade onde haacute espaccedilo e necessidade para o

desenvolvimento tanto da produccedilatildeo de commoditiescomo tambeacutem para a

diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo na agricultura familiar tendo como escopo para as

pesquisas a heterogeneidade do segmento familiar

58

CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO

Este capiacutetulo tem por objetivo mostrar os processos de ocupaccedilatildeo do territoacuterio

de Prudentoacutepolis como tambeacutem os elementos que proporcionaram a inserccedilatildeo da

cultura do fumo nas unidades familiares a qual contribuiu para a reproduccedilatildeo

econocircmica desses produtores Nesse sentido a caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais

familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de fontes secundaacuterias como o IBGE eacute

fundamental para conhecer o perfil das unidades familiares

31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR

O municiacutepio de Prudentoacutepolis estaacute localizado na mesorregiatildeo Sudeste do

estado do Paranaacute (figura 2) sendo o terceiro municiacutepio paranaense com maior aacuterea

territorial Estaacute situado a latitude 25ordm 12rsquo 47rdquoS longitude 50ordm 58 40 W e na altitude

de 840 metros (IBGE 2010)

A partir de dados do censo demograacutefico (IBGE 2010) constata-se que

atualmente a maior parte da populaccedilatildeo Prudentopolitana reside na aacuterea rural ou

seja do total de 48793 habitantes 54 vivem na aacuterea rural e 46 na urbana

59

Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO Fonte IBGE (2010) Autor VILCZAK A (2015)

A ocupaccedilatildeo territorial do municiacutepio de Prudentoacutepolis se deu principalmente

atraveacutes da entrada de grande contingentes de imigrantes europeus No Paranaacute

entre os anos de 1829 e 1911 chegaram aproximadamente 83012 mil estrangeiros

de origem eslava (SENETRA 2014) os quais se dirigiram em sua maioria para os

arredores de Curitiba Prudentoacutepolis e Mallet

No municiacutepio de Prudentoacutepolis um contingente maior de imigrantes chegou

entre os anos de 1896 e 1897 Por esse fato atualmente cerca de 75 da

populaccedilatildeo satildeo descendentes de imigrantes ucranianos e em menor escala de

poloneses

Conforme Hauresko (2012) Prudentoacutepolis eacute uma das antigas colocircnias do

interior do Paranaacute instalada em 1895 no denominado distrito de Satildeo Joatildeo de

Capanema sendo a construccedilatildeo da estrada de rodagem Rio Grande do Sul ndash Satildeo

Paulo um dos fatores para a atraccedilatildeo desses imigrantes os quais foram inseridos

numa poliacutetica de instalaccedilatildeo de pequenas propriedades

Os lotes de terra eram recebidos pelos imigrantes e deveriam ser quitados na

medida em que prosperassem economicamente Esses lotes eram desmatados

pelos proacuteprios imigrantes onde construiacuteam casas provisoacuterias de madeira para

abrigar a famiacutelia como demonstra a figura 3

60

FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

Fonte Acervo do Museu do Milecircnio em PrudentoacutepolisPR

A colocircnia foi elevada a categoria de Vila no ano de 1906 pelo processo de

desmembramento do municiacutepio de Guarapuava No ano de 1929 foi elevada agrave

condiccedilatildeo de municiacutepio sendo constituiacutedo pelos distritos de Patos Velhos Jaciaba e

Prudentoacutepolis

No iniacutecio da colonizaccedilatildeo a semente de pinhatildeo era o principal alimento de

subsistecircncia para o imigrante De acordo com Zaroski (2001) os imigrantes colhiam

os pinhotildees e os transformavam em farinha e fubaacute atraveacutes dos moinhos caseiros e

assim substituiacuteam as farinhas de trigo e centeio Quando se instalaram

definitivamente em seus lotes esses imigrantes comeccedilaram a produzir as sementes

de trigo e centeio tambeacutem para a subsistecircncia

De acordo com Hauresko (2012) uma das primeiras atividades econocircmicas

significativas para as famiacutelias descendentes de imigrantes foi a extraccedilatildeo da erva-

mate jaacute que eacute uma planta nativa da regiatildeo

Uma das mais importantes induacutestrias do proacutespero municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute incontestavelmente a do matte que o municiacutepio produz abundantemente Fundada a colocircnia de Prudentoacutepolis composta na sua maioria de polonezes ruthenos e ukranianos coube a cada colono um lote de 5 a 10 alqueires de terras feacuterteis (BRASIL1929 p 28-29 citado por Hauresko 2012)

61

As pequenas glebas de terra que os imigrantes possuiacuteam rendiam a eles a

extraccedilatildeo da erva-mate como tambeacutem a produccedilatildeo de alimentos para autoconsumo e

mais tarde para a comercializaccedilatildeo Nessa continuidade os produtos agriacutecolas que

se destacam historicamente na participaccedilatildeo econocircmica do municiacutepio foram o cultivo

de feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata suiacutenos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de

gado (EMATER 2014) Poreacutem a renda gerada por essas culturas era iacutenfima de um

lado pela baixa produccedilatildeo que alcanccedilavam devido agrave ausecircncia naquele periacuteodo de

um pacote tecnoloacutegico que potencializasse a produccedilatildeo e de outro lado pela falta de

mercado para receber esses produtos

Diante disso a produccedilatildeo de fumo foi uma importante atividade geradora de

renda para a agricultura familiar principalmente a partir da deacutecada de 1970 Por

outro lado a inserccedilatildeo dessa cultura tambeacutem eacute resultado do papel que as empresas

fumageiras tiveram na regiatildeo Sul do Brasil Ou seja a produccedilatildeo se definiu e se

consolidou devido principalmente as empresas fumageiras em ir ateacute o fumicultor

devido a competitividade que o setor apresenta

Na primeira metade do seacuteculo XX muitas famiacutelias jaacute se dedicavam a produccedilatildeo

de fumo tanto de corda (consumo proacuteprio) como tambeacutem de folhas de fumo para

venda Produziam em pequenas quantidades pois todo o trabalho era manual

conforme relata o fumicultor

Eu lembro bem quando o meu avocirc fez a estufa para noacutes trabalhar com o fumo foi mais ou menos nos anos de 1960[] foi bom negoacutecio porque outra lavoura natildeo dava tanto lucro noacutes eacuteramos em bastante irmatildeos e todos ajudavam [] natildeo era faacutecil como hoje que temos trator estufa eleacutetrica Antes era tudo feito com os cavalos e a gente trabalhava muito de sol a sol (Fumicultor da Comunidade de Linha Dezembro entrevistado no dia 9 de junho de 2014) Antes de comeccedilar de plantar fumo noacutes produziacuteamos soacute para consumo o feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata porcos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de gado []Nossa situaccedilatildeo financeira era muito difiacutecil [] natildeo tinha uma renda certa passava muitas necessidades principalmente quando precisava para a sauacutede (Fumicultor da Comunidade de Linha Rio Preto entrevistado em junho de 2014)

No municiacutepio a produccedilatildeo de fumo teve grande procura a partir da metade do

seacuteculo XX Tambeacutem houve incentivos principalmente por parte da Souza Cruz uma

vez que a cultura se desenvolveu bem em algumas regiotildees

62

No ano de 2014 a Emater de Prudentoacutepolis registrou a existecircncia de 8100

famiacutelias de agricultores das quais 1813 o que corresponde a 22 estatildeo

envolvidas no sistema de produccedilatildeo integrada de fumos claros com as empresas

fumageiras que atuam no municiacutepio

A figura 4 mostra a concentraccedilatildeo na parte Sul e Central das 1813 famiacutelias

que produzem o fumo em Prudentoacutepolis Essa concentraccedilatildeo estaacute relacionada agrave

topografia e ao clima De acordo com Kraiczek e Antoneli (2012) na regiatildeo Norte do

municiacutepio a produccedilatildeo natildeo eacute realizada devido ao relevo declivoso (figura 5) improacuteprio

para algumas atividades agriacutecolas como tambeacutem pelo fato de as condiccedilotildees

climaacuteticas serem diferenciadas

FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES

FONTE AFUBRA ndash Mapa elaborado a partir das localidades onde se encontram os produtores Org Kraiczek 2014

63

FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

FonteSRTM ndash USGS-USA (2000) ORG Kurta M (2014)

De acordo com o exposto muitas famiacutelias da regiatildeo Norte do municiacutepio se

interessam pelo plantio de fumo principalmente pela geraccedilatildeo de renda e venda

garantida do produto poreacutem natildeo o produzem devido aos fatores limitantes

De acordo com Emater (2014) devido agraves limitaccedilotildees climaacuteticas e topograacuteficas

as culturas que prevalecem naquela regiatildeo satildeo o feijatildeo milho mandioca maracujaacute

uva e produtos de autoconsumo familiar Esses agricultores familiares sinalizam a

falta de opccedilatildeo de cultivo economicamente rentaacutevel bem como a necessidade da

melhoria nas estradas rurais as quais satildeo fundamentais para escoar a produccedilatildeo

A regiatildeo tambeacutem se caracteriza pelo menor niacutevel de mecanizaccedilatildeo da

produccedilatildeo quando comparada com as regiotildees Central e Sul necessitando de matildeo de

obra intensiva para a produccedilatildeo Extensas aacutereas de lavoura satildeo plantadas

manejadas e colhidas manualmente retratando assim a dificuldade do trabalho

nessa regiatildeo (figura 6)

64

FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR

Fonte Vilczak (2014)

A foto da esquerda mostra uma lavoura de feijatildeo que foi plantada agrave matildeo por

um agricultor familiar do Norte do municiacutepio (Comunidade da Linha Barra de Areia)

o agricultor retrata a dificuldade de trabalhar nessa regiatildeo A foto da direita retrata de

que forma se apresenta o relevo daquela regiatildeo

Conforme dados da Emater (2014) a ocupaccedilatildeo do solo no municiacutepio se daacute

pelas lavouras anuais e perenes matas nativas matas naturais de preservaccedilatildeo

permanente reflorestamentos e pastagens Segundo dados do Ipardes (2013) as

atividades agropecuaacuterias que se destacam atualmente na geraccedilatildeo de renda e no

nuacutemero de hectares ocupados por plantio em Prudentoacutepolis satildeo a produccedilatildeo de leite

bovino e o plantio de fumo soja milho feijatildeo preto e trigo Aleacutem dessas outras

atividades de significacircncia menor para a economia satildeo apresentados nos quadros 5

e 6

65

CULTURAS AacuteREA COLHIDA (ha)

PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)

VALOR (R$

100000)

Abacate 1 30 30000

Abacaxi (mil frutos)

1 11 11000 12

Alho 10 53 5300 265

Amendoim (em casca)

15 20 1333 32

Arroz (em casca)

540 1200 2222 926

Aveia (em gratildeo) 90 198 2200 99

Banana 1 9 9000 5

Batata-inglesa 130 3874 29808 3937

Cana-de-accediluacutecar 26 1325 50962 53

Cebola 60 840 14000 798

Centeio (em gratildeo)

90 135 1500 54

Feijatildeo 27300 33040 1210 70323

Fumo (folha) 4400 9701 2205 58206

Laranja 47 940 20000 544

Maracujaacute

106

530 5000 1007

Mandioca 365 8395 23000 2686

Milho 19870 107088 5389 45699

Pecircssego 13 52 4000 94

Soja 23310 73570 3156 68546

Tomate 5 205 50000 217

Trigo 4210 13472 3200 9508

Uva 28 205 7321 372

QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR

FONTE IBGE - Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013

66

PRODUTOS PRODUCcedilAtildeO VALOR (R$ 100000)

Latilde (Kg) 10930 109

Leite (mil litros) 8308 9965

Mel de abelha (Kg) 290000 2900

Ovos de galinha (mil dz) 245 662

QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

FONTE IPARDES 2015 (IBGE SAFRA DE 2013)

Dentre os setores econocircmicos responsaacuteveis pela formaccedilatildeo do PIB do

municiacutepio de Prudentoacutepolis destacam-se os setores de serviccedilos e a agropecuaacuteria

(quadro 7) Com relaccedilatildeo ao setor de serviccedilos o mesmo tambeacutem estaacute relacionado agraves

atividades agropecuaacuterias

O baixo percentual de participaccedilatildeo das induacutestrias no PIB do municiacutepio se

reflete na baixa agregaccedilatildeo de valor sobre os produtos principalmente nos de origem

animal e da fruticultura entre outros produtos que poderiam gerar mais renda para

os produtores se fossem beneficiados por eles proacuteprios

Setor Prudentoacutepolis Paranaacute

Mil R$ ()

Mil R$ ()

Agropecuaacuteria 115127 2791 12816893 675 Induacutestria 35579 863 46858018 2466 Serviccedilos 237699 5762 106694466 5616

Impostos produtos liacutequidos de subsidio

24099 584 23622577 1243

PIB a preccedilo corrente 412504 100 189991954 100 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR

IBGE 2012 Org Vilczak A 2015

De acordo com Emater (2014) existem no municiacutepio quatorze categorias de

agroinduacutestrias as quais satildeo consideradas de pequeno e meacutedio porte com destaque

para as agroinduacutestrias de embutidos e defumados erva-mate farinha de milho e

quirera Sabendo da importacircncia do setor agropecuaacuterio para a economia do

municiacutepio o graacutefico 2 mostra as atividades com maior geraccedilatildeo de renda

67

GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS

FONTE IBGE Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013 Org VILCZAK A (2014)

Se analisarmos somente a renda obtida por cada cultura notaremos que o

feijatildeo e a soja satildeo as que mais geram receita seguido do fumo milho trigo e arroz

Contudo ao analisarmos a receita e a aacuterea cultivada de cada lavoura notamos que a

produccedilatildeo de fumo eacute a mais rentaacutevel

A partir do graacutefico pode-se entender o porquecirc das famiacutelias permanecerem na

atividade fumageira Estas satildeo motivadas principalmente pela renda obtida aleacutem da

constataccedilatildeo a partir de trabalhos de campo de que a maioria dos fumicultores estatildeo

na atividade haacute muitos anos e que esta ocupaccedilatildeo eacute passada de uma geraccedilatildeo para

outra

Noacutes plantamos fumos haacute 15 anos e antes de eu e minha esposa casar eu plantava o fumo com meus pais e minha esposa com os pais dela e agora pegamos uma estufa para noacutes e continuamos na produccedilatildeo [] Jaacute sabemos bem como produzir um fumo de qualidade boa [] jaacute investimos em outras atividades mas natildeo deu lucro igual do fumo [] trecircs anos atraacutes fizemos financiamento para tanques de peixe investi 10 mil reais para fazer os tanques e comprar os alevinos e como noacutes natildeo tinha acompanhamento teacutecnico e muito menos experiecircncia em produzir peixe natildeo tivemos lucros Produzimos feijatildeo milho soja mas a maior renda vem do fumo (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Dezembro em maio de 2014)

926

70323

58206

45699

68546

9508

540

27300

4400

19870

23310

4210

0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000

Arroz

Feijatildeo

fumo

Milho

Soja

Trigo

Aacuterea Plantada (ha) Valor Produccedilatildeo (R$ 100000)

68

A produccedilatildeo de leite tambeacutem tem uma expressiva contribuiccedilatildeo para a

economia do municiacutepio pois nos uacuteltimos anos intensificou-se a dedicaccedilatildeo dos

agricultores familiares nessa atividade Dessa forma muitos dos fumicultores

tambeacutem produzem leite pelo fato de possuir mercado garantido e tambeacutem devido ao

pagamento do leite ser realizado mensalmente o que natildeo acontece com o fumo

Nas propriedades que combinam a produccedilatildeo de leite com a do fumo os agricultores

familiares usam a renda do leite para gastos mensais fixos da famiacutelia e a renda da

safra do fumo eacute investido na propriedade pois gera receitas mais altas

Agora com a renda do fumo e do leite as coisas se equilibraram que com o dinheiro do leite usamos para os gastos do mecircs e quando vendemos a safra do fumo investimos na propriedade jaacute fizemos casa de alvenaria cerca paiol novo galinheiro compramos trator carro [] a gente trabalha mais mas pelo menos natildeo passamos grandes necessidadade (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Visconde de Guarapuavaem maio de 2014)

De acordo com a EMATER (2014) nos uacuteltimos anos houve aumento do

nuacutemero de agricultores familiares que se dedicaram agrave produccedilatildeo de leite e aos

poucos abandonaram o cultivo do fumo A partir dos trabalhos de campo percebe-se

que muitas vezes os mais jovens pretendem investir na atividade leiteira fazer

cursos e se especializar no uso de tecnologias que permitam maior produtividade

dos animais ou seja casais mais novos que pretendem permanecer no campo

geralmente com niacutevel de escolaridade maior buscam ser mais competitivos como

por exemplo o depoimento de um casal que reside na Linha Visconde de

Guarapuava e de outro que reside na Linha Dezembro

Os nossos pais plantam fumo e quando casamos tambeacutem comeccedilamos a produzir fumo e leite e achamos que se noacutes se especializasse soacute na produccedilatildeo de leite a gente teria mais facilidade porque temos pouca terra (5 alqueires) [] agora temos 32 vacas de leite fora os terneiros e temos uma renda ateacute que razoaacutevel por mecircs (Agricultora familiar entrevistada5 na comunidade de Linha Visconde de Guarapuava)

Sempre plantei fumo mas como casei no ano passado eu e minha mulher decedimos plantar fumo somente nesse ano e no proacuteximo ano investir mais no leite que temos mais facilidade apesar de ter que trabalhar todos os dias de manhatilde e de tarde para tirar o leite e ainda durante o dia plantar os pastos [] no fumo natildeo precisa ficar o ano todo trabalhando mas mesmo assim vamos se especializar soacute com a produccedilatildeo de leite e outras lavouras (Fumicultor entrevistado na comunidade de Linha Dezembro)

5 A agricultora relata que atualmente soacute ajuda os pais com as atividades do fumo nos dias de colheita

69

Portanto nota-se que os mesmos usam da racionalidade econocircmica para

definir o que produzir natildeo buscando somente a sobrevivecircncia da famiacutelia e se

especializando nas atividades em que acreditam serem mais eficiente considerando

as caracteriacutesticas de suas propriedades Buscam assim melhorar de vida seguindo

uma racionalidade tipo capitalista

32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS

Como jaacute visto no item anterior o municiacutepio de Prudentoacutepolis sempre possuiu

uma base produtiva alicerccedilada estruturalmente no setor agropecuaacuterio e de acordo

com dados da Emater de Prudentoacutepolis (2014) o puacuteblico que faz parte do rural do

municiacutepio estaacute composto pela categoria Agricultura familiar constando um nuacutemero

de 8100 estabelecimentos Agricultura Patronal com 1750 estabelecimentos e por

40 famiacutelias Indiacutegenas aleacutem daqueles trabalhadores rurais contratados nos periacuteodos

de safra para desenvolver atividades no campo

Nota-se que em Prudentoacutepolis a categoria da agricultura familiar eacute

predominante em relaccedilatildeo agrave patronal Desse modo a caracterizaccedilatildeo dos produtores

rurais familiares a partir de conceitos e dados estatiacutesticos sistematizados para todo o

paiacutes se torna pertinente para que possamos estimar em quais grupos existe a maior

concentraccedilatildeo desses produtores familiares no municiacutepio e qual eacute a dinacircmica de

produccedilatildeo desses grupos A tipologia entre os agricultores familiares tem por objetivo

estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares devido

a sua heterogeneidade (FAOINCRA 2000) Sendo assim o grupo A refere-se

aquele produtor com renda total superior a trecircs vezes o valor da diaacuteria o grupo B ao

produtor com renda total superior a uma vez ateacute trecircs vezes o valor da diaacuteria no

grupo C estatildeo aqueles com renda total superior agrave metade ateacute uma vez o valor da

diaacuteria e por fim o grupo D com renda total igual ou inferior agrave metade do valor da

diaacuteria

A existecircncia de quatro grupos distintos dentro do universo familiar eacute resultante

de vaacuterios fatores como por exemplo a disponibilidade de terras agricultaacuteveis (como

aquelas localizadas na regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis) as tecnologias

empregadas pelas unidades familiares a forma de administraccedilatildeo da propriedade os

70

preccedilos e mercados aos quais a produccedilatildeo eacute destinada fatores climaacuteticos entre

outros Portanto os distintos tipos de produtores satildeo portadores de racionalidades

especificas e buscam se adaptar ao meio em que estatildeo inseridos

O universo agraacuterio eacute extremamente complexo seja em funccedilatildeo da grande diversidade da paisagem agraacuteria (meio fiacutesico ambiente variaacuteveis econocircmicas etc) seja em virtude da existecircncia de diferentes tipos de agricultores os quais tecircm interesses particulares estrateacutegias proacuteprias de sobrevivecircncia e de produccedilatildeo e que portanto respondem de maneira diferenciada a desafios e restriccedilotildees semelhantes (FAOINCRA 2000)

Os dados mais gerais que tratam de variaacuteveis da caracterizaccedilatildeo dos

agricultores familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis pertencem ao censo

agropecuaacuterio de 2006 momento aquele em que o universo da agricultura familiar era

composto por aproximadamente 7409 estabelecimentos sendo que no ano de

2014 a Emater do municiacutepio registrou um nuacutemero aproximado de 8100 agricultores

familiares um aumento de 691 estabelecimentos Esse aumento dos agricultores

familiares no dececircnio pode ser resultado da subdivisatildeo das propriedades jaacute

existentes

Dentre os quatro grupos familiares (Quadro 8) o maior nuacutemero de agricultores

familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis encontra-se no grupo D ou seja aqueles

agricultores familiares descapitalizados e com baixo niacutevel de integraccedilatildeo ao mercado

No grupo A considerado como capitalizado e com grande integraccedilatildeo aos mercados

existe um contingente menor de agricultores

Nuacutemero bastante significativo de produtores familiares estaacute representado pelo

grupo B grupo esse que estaacute em processo de capitalizaccedilatildeo e integrado ao mercado

Os agricultores familiares capitalizados e em processo de capitalizaccedilatildeo satildeo em

menores nuacutemeros que os descapitalizados e os em processo de descapitalizaccedilatildeo

71

Cidade Agricultura familiar por grupo

Nordm Absoluto de estabelecimentos por grupo

familiar

Prud

entoacute

polis

PR

Familiar ndash tipo A 783

Familiar ndash tipo B 2168

Familiar ndash tipo C 1387

Familiar ndash tipo D 3071

Total 7409

QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006

Fonte IBGE 2006

Conforme os dados do IBGE (2006) eacute importante ressaltar que em

Prudentoacutepolis o grupo A representa cerca de 10 do total de estabelecimentos

familiares o que eacute aproximadamente a mesma proporccedilatildeo verificada para o Brasil

onde haacute cerca de 460 mil produtores do grupo A num universo de pouco mais de 4

milhotildees de estabelecimentos familiares

Dentro do universo dos agricultores familiares de Prudentoacutepolis nota-se que a

grande maioria deles independentemente do tipo familiar possui terras proacuteprias

como demonstrado no quadro 9 O fato de a grande maioria possuir terras proacuteprias

estaacute relacionado ao loteamento feito no periacuteodo da colonizaccedilatildeo do municiacutepio sendo

que apesar de ter acontecido a venda e compra de algum desses lotes em termos

gerais a questatildeo do acesso agrave terras permanece inalterada entre os agricultores

familiares locais

72

Variaacutevel

Agricultura familiar por grupo

Nordm Absoluto de propriedades por grupo

no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR

Terras proacuteprias

Familiar ndash tipo A 700

Familiar ndash tipo B 2016

Familiar ndash tipo C 1338

Familiar ndash tipo D 2966

Total 7020

QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)

Com relaccedilatildeo aos tipos de cultivo nota-se pelo quadro 10 que os produtores

de fumo se concentram nos grupos A e B Ou seja do ponto de vista econocircmico a

produccedilatildeo tende a oferecer uma renda maior do que o milho e o feijatildeo por exemplo

visto que a maior concentraccedilatildeo desses agricultores familiares estaacute nos grupos C e D

A maior parte dos produtores de fumo tem um niacutevel alto de integraccedilatildeo com o

mercado quer dizer natildeo satildeo camponeses e sim pequenos capitalistas que visam

lucros mantendo-se competitivos com objetivo de crescimento econocircmico

QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)

Nesse sentido concorda-se com as abordagens ligadas ao capitalismo

agraacuterio segundo as quais a integraccedilatildeo dos fumicultores com as induacutestrias

Grupo familiar Fumo Feijatildeo Milho Soja Familiar ndash tipo A 520 493 540 109

Familiar ndash tipo B 798 1464 1484 110

Familiar ndash tipo C 128 1058 974 56

Familiar ndash tipo D 89 2125 1773 84

Agricultor natildeo familiar

19 76 93 44

Total de

estabelecimentos

1555

5216

4864

403

73

fumageiras oferece maiores oportunidades para capitalizaccedilatildeo ao passo que a

maioria daquelas famiacutelias que produzem feijatildeo e milho estaacute no grupo familiar em vias

de descapitalizaccedilatildeo e descapitalizados auferindo renda menor

Quando somados as colunas do quadro 10 vemos que o nuacutemero para cada

linha supera o total de estabelecimentos de cada categoria apresentados nos

quadros anteriores Isso mostra que haacute muitos fumicultores que natildeo se dedicam

apenas ao fumo mas tambeacutem ao feijatildeo milho e ou soja A partir dai pode-se

levantar a hipoacutetese de que muitos produtores do grupo A manteacutem pequenas

produccedilotildees de feijatildeo eou milho para autoconsumo Outra hipoacutetese eacute que haacute

produtores do grupo B que estatildeo tentando fazer a transiccedilatildeo das culturas de feijatildeo

eou milho para a cultura de fumo motivo pelo qual deram iniacutecio a produccedilatildeo deste

uacuteltimo sem abandonar os cultivos mais tradicionais

No municiacutepio tambeacutem existem dezenove agricultores natildeo familiares que

produzem fumo e usam da matildeo de obra contratada para cultivar a commoditie

devido agrave baixa mecanizaccedilatildeo disponiacutevel para esse tipo de lavouraDesse modo os

agricultores natildeo familiares tambeacutem tecircm interesse na rentabilidade por hectare e no

mercado garantido do fumo

A produccedilatildeo de soja tem uma expressividade na agricultura familiar com

destaque para os grupos A e B O milho e feijatildeo satildeo as culturas que predominam

nos grupos familiares

Para as variaacuteveis ligadas agrave modernizaccedilatildeo da agricultura foi contabilizado o

nuacutemero de tratores existente nas propriedades familiares como tambeacutem a utilizaccedilatildeo

de agrotoacutexicos entre esses grupos mediante dados do IBGE como apresentado no

quadro 11 Dos 7409 estabelecimentos familiares 1384 possuiacuteam trator no ano de

2006 ou seja 18

Nesse sentido pode-se dizer que no ano de 2006 um universo pequeno de

agricultores familiares possuiacutea trator No grupo A 34 dos agricultores tinham

tratores O grupo B foi o menos expressivo nessa variaacutevel com 12 de

estabelecimentos com trator seguidos de 15 no grupo C e de 20 no grupo D

74

Agricultura familiar por grupo de agricultores

Nuacutemero total de estabelecimentos familiares

Nuacutemero de estabelecimentos com tratores

de tratores por grupo familiar

Familiar ndash tipo A 783 269 34

Familiar ndash tipo B 2168 278 12

Familiar ndash tipo C 1387 209 15

Familiar ndash tipo D 3071 628 20

Total 7409 1384 18

QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES

Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015) O uso de agrotoacutexicos eacute feito por uma parcela expressiva de agricultores

familiares posto que 77 deles usam algum tipo desse produto Em termos

percentuais os agricultores familiares do grupo A satildeo os que mais usam seguidos

do grupo B com 82 grupo Ccom 75 epor fim o grupo D com 69 dos

agricultores que fazem uso desse insumo agriacutecola Assim vale notar que o uso de

agrotoacutexicos natildeo estaacute associado apenas agrave produccedilatildeo de fumo pois os grupos

familiares que produzem predominantemente feijatildeo e milho tambeacutem utilizam

produtos quiacutemicos intensamente Nesse sentido concorda-se com DINIZ FILHO

(2011) quando menciona que

[] a incorporaccedilatildeo de elementos econocircmicos e tecnoloacutegicos da agricultura patronal eacute uma estrateacutegia amplamente utilizada por agricultores familiares do mundo todo para se manterem competitivos no bojo da modernizaccedilatildeo agriacutecola embora frequentemente tal incorporaccedilatildeo fique incompleta devido agrave falta de capital para investimentos e das caracteriacutesticas de muitas propriedades familiares tais como pequena dimensatildeo ou relevo inclinado

75

Agricultura familiar por grupo de agricultores

Nuacutemero total de estabelecimentos familiares

Nuacutemero de estabelecimentos que usam agrotoacutexicos

de estab que usam agrotoacutexicos

Familiar ndash tipo A 783 734 93

Familiar ndash tipo B 2168 1794 82

Familiar ndash tipo C 1387 1048 75

Familiar ndash tipo D 3071 2108 69

Total 7409 5684 77

QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS

Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)

Os dados mostram que a agricultura familiar no municiacutepio de Prudentoacutepolis

tambeacutem se beneficia dos aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo da agricultura

concordando com Diniz Filho (2011) quando afirma ser notoacuterio que a monocultura a

mecanizaccedilatildeo e o uso de pesticidas e fertilizantes quiacutemicos satildeo amplamente

disseminados entre os produtores familiares Nesse sentido pode-se dizer que a

agricultura familiar da mesma forma que o agronegoacutecio estaacute preocupada

primeiramente com os lucros do que em usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis e que

busquem somente reproduzir o seu modo de vida

Portanto pode-se afirmar que a produccedilatildeo de fumo eacute considerada uma

atividade que permite renda razoaacutevel para o produtor uma vez que no municiacutepio de

Prudentoacutepolis esses agricultores familiares estatildeo concentrados no tipo familiar mais

capitalizado condizendo assim com os dados mais gerais sobre a agricultura

familiar brasileira apresentados no capiacutetulo anterior segundo os quais a cultura do

fumo gera menor niacutevel de pobreza que culturas alimentares voltadas para o

consumo popular e frequentemente associadas agrave produccedilatildeo de subsistecircncia

Finalmente vale notar que a pesquisa de campo realizada no acircmbito desta pesquisa

corroborou os resultados obtidos pela anaacutelise de dados estatiacutesticos de fontes

oficiais conforme se veraacute a seguir

76

CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO

Este capiacutetulo tem por objetivo expor os dados dos trabalhos de campo

realizados com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela

empresa Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis A

contrataccedilatildeo eacute feita atraveacutes do sistema de produccedilatildeo integrada no qual a empresa

garante a compra de toda a produccedilatildeo fornece assistecircncia teacutecnica aos contratados

define os padrotildees de fumo a serem produzidos de acordo com as demandas de

mercado bem como estipula os preccedilos do quilo de fumo junto ao sindicato dos

fumicultores do Brasil (SINDITABACO)

Na safra de 20142015 duzentos e noventa e cinco produtores familiares de

Prudentoacutepolis foram contratados pela Souza Cruz como fornecedores de fumo Para

dar suporte a esses fumicultores trabalham trecircs instrutores teacutecnicos cada qual

atuando na sua aacuterea de abrangecircncia acompanhando os mesmos associados desde

o iniacutecio ateacute o final da safra

A finalidade do instrutor teacutecnico eacute de prestar assistecircncia aos fumicultores em

todos os processos da produccedilatildeo do fumo como a definiccedilatildeo da quantidade de peacutes

de fumo que seraacute plantada a compra de insumos para produccedilatildeo a realizaccedilatildeo do

seguro da safra juntamente com a Afubra assistecircncia teacutecnica nos tratos culturais da

planta estabelecimento de estimativas de quilos de fumo que o produtor

comercializaraacute com a empresa acompanhamento na colheita secagem

classificaccedilatildeo e a venda do produto

O instrutor teacutecnico entrevistado expotildee que aleacutem da empresa Souza Cruz

outras cinco empresas6 do mesmo ramo atuam no municiacutepio com intuito de contratar

fumicultores atraveacutes do sistema integrado Menciona tambeacutem que natildeo existem

grandes conflitos concorrenciais entre essas empresas como jaacute existiu na deacutecada

de 1990 quando uma empresa fazia o maacuteximo para atrair maior quantidade de

associados Nos uacuteltimos anos cada empresa tem os seus produtores certos natildeo

6Universal Leaf Tabacos Ltda CTA ndash Continental Tobaccos Alliance One Exportadora de Fumo Ltda Premium Tabacos do Brasil SA e a A Japan Tabacco Inc (JTI)

77

existindo alto niacutevel de migraccedilatildeo desses entre as empresas uma vez que todas

trabalham no mesmo sistema e os preccedilos do quilo de fumo satildeo tabelados

A logiacutestica de transporte do fumo da residecircncia do produtor ateacute a usina de

beneficiamento da Souza Cruz eacute terceirizada sendo que no municiacutepio satildeo trecircs

transportadoras credenciadas pela empresa A proacutepria Souza Cruz natildeo possui

depoacutesitos de armazenamento de fumo em Prudentoacutepolis Desse modo as trecircs

transportadoras credenciadas satildeo responsaacuteveis por fazer o recolhimento da

produccedilatildeo direto do depoacutesito do produtor A transportadora coleta o fumo nas

propriedades dos fumicultores com um caminhatildeo de menor porte e no barracatildeo da

proacutepria transportadora eacute feito o transbordo para as carretas que seguem ateacute a usina

de beneficiamento

Como na assistecircncia teacutecnica cada transportadora tambeacutem tem uma regiatildeo de

abrangecircncia para recolher o fumo A produccedilatildeo que sai dos depoacutesitos dos produtores

jaacute estaacute 100 assegurada caso aconteccedila imprevistos com a viagem Apoacutes a

descarga do fumo na usina de beneficiamento a transportadora utiliza o mesmo

frete para trazer os insumos agriacutecolas para a proacutexima safra

Apesar de possuir uma usina de processamento de fumo no municiacutepio de Rio

Negro no Paranaacute a produccedilatildeo do municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute enviada para a usina

de BlumenauSC pois a usina de Rio Negro tem capacidade de atender somente agrave

produccedilatildeo da regiatildeo Oeste e Sudoeste paranaense e tambeacutem do ponto de vista

logiacutestico eacute mais viaacutevel enviar a produccedilatildeo de Prudentoacutepolis para Blumenau

A partir de dados da Afubra da Souza Cruz e dos dados de campo foi

construiacutedo um fluxograma para exemplificar as etapas em que o fumo produzido no

municiacutepio de Prudentoacutepolis passa ateacute chegar ao consumidor

78

FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

Fonte Souza Cruz e AFUBRA 2014

Org VILCZAK A 2015

41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES

As informaccedilotildees que seratildeo apresentadas a seguir dizem respeito a sessenta

famiacutelias entrevistadas e que satildeo contratadas pela empresa fumageira Souza Cruz

no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR

As famiacutelias entrevistadas residem em seis diferentes localidades do municiacutepio

de Prudentoacutepolis sendo elas Comunidade da Linha Dezembro Comunidade da

Linha Visconde de Guarapuava Comunidade da Linha Marcondes Comunidade da

Linha Barra Vermelha Comunidade da Linha Antocircnio Olinto e Comunidade da Linha

Tira Cisma (figura 8) Para localizar esses fumicultores os instrutores teacutecnicos da

Souza Cruz forneceram uma listagem de todos os produtores e de sua respectiva

localidade de residecircncia Cabe destacar que as entrevistas natildeo foram direcionadas e

nem realizadas com a presenccedila desses instrutores

79

FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS

A seleccedilatildeo das localidades foi feita levando-se em conta a maior concentraccedilatildeo

de produtores de fumo e a maior acessibilidade em relaccedilatildeo agrave aceitaccedilatildeo dos mesmos

em responderem os questionaacuterios

Para a realizaccedilatildeo das entrevistas fez-se necessaacuterio o auxiacutelio de um agente

comunitaacuterio que tinha maior contato com os fumicultores para que os mesmos

pudessem responder o questionaacuterio com maior seguranccedila Recorreu-se a esse

meacutetodo pelo fato de alguns fumicultores convidados a participar da entrevista natildeo

ficarem tranquilos suspeitando que se tratasse de uma pesquisa que natildeo favorecia

aos ideais deles uma vez que possuem ldquomedordquo de certas campanhas

governamentais que incentivam o fim do plantio do fumo

As primeiras entrevistas foram realizadas na Linha Dezembro Linha Visconde

de Guarapuava e Linha Marcondes sendo que as mesmas foram conduzidas

juntamente com a agente comunitaacuteria Gabriela Strechar (residente na Linha

Visconde de Guarapuava) e contabilizou um total de 19 fumicultores Na Linha Barra

Vermelha Linha Antocircnio Olinto e Linha Tiram Cisma foram realizadas 41 entrevistas

80

com a ajuda da agente comunitaacuteria Adriana Kutzmy moradora da Linha Barra

Vermelha e que tambeacutem tem grande conhecimentos sobre essas localidade e

moradores

As entrevistas foram realizadas nos meses de novembro e dezembro de

2015 periacuteodo da colheita do fumo A escolha desse periacuteodo para a coleta de dados

possibilitou conhecer a realidade de cada famiacutelia com relaccedilatildeo agraves formas de

produccedilatildeo colheita transporte e secagem das folhas de fumo

Caracterizaccedilatildeo das famiacutelias

a) Escolaridade feminina e masculina por faixa etaacuteria

Para a coleta de dados dessa variaacutevel foram levados em consideraccedilatildeo

somente as mulheres e homens que vivem nas unidades de produccedilatildeo familiar isto eacute

pessoas que migraram para as cidades e aquelas que se casaram e permanecem

no meio rural natildeo seratildeo contemplados nos quadro 13 e 14

Dentre as sessenta famiacutelias entrevistadas contabilizou-se um total de

duzentos e vinte e cinco membros que residem nas unidades de produccedilatildeo familiar

sendo cento e nove mulheres e cento e dezesseis homens

81

Faixa etaacuteria

S idade

escolar

S escolar idade

Ateacute o 5ordm ano

Do 6ordm ao 9ordm ano

Ensino meacutedio

Incompleto

Ensino meacutedio

completo

Ensino Superior

Cursos teacutecnicos

Total de

mulheres

0 - 05 anos 10 - 01 - - - - - 11

05 - 10 anos

- - 04 - - - - - 04

11 ndash 20 anos

- - 05 09 01 05 01 - 21

21 ndash 30 anos

- - 08 - 12 - 01 21

31 ndash 40 anos

- - 06 06 - 01 - - 13

41 ndash 50 anos

- - 14 06 - - - - 20

51 ndash 60 anos

- - 12 - - 01 - - 13

Acima de 61

- 01 04 - - 01 - - 06

Total 10 01 46 29 01 20 01 01 109

Percentual ()

09 01 43 27 01 17 01 01 100

QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Com relaccedilatildeo agraves mulheres entrevistadas pode-se notar um baixo grau de

escolarizaccedilatildeo dentre aquelas que possuem mais de 40 anos as quais no maacuteximo

tecircm ensino fundamental completo exceto uma senhora que estaacute na faixa etaacuteria de

51 a 60 anos e que possui ensino meacutedio completo e que era professora das seacuteries

iniciais Nota-se tambeacutem a existecircncia de duas famiacutelias com filhas cursando

universidade e curso teacutecnicos no periacuteodo da noite sendo que as mesmas trabalham

durante o dia na propriedade inclusive na produccedilatildeo de fumo

82

Todas as filhas dos fumicultores em idade escolar estatildeo matriculadas nas

suas respectivas seacuteries de ensino Na faixa etaacuteria de 21 a 30 anos a maioria tem o

ensino meacutedio completo e natildeo demonstra pretensotildees de fazer curso superior nos

proacuteximos anos

Apesar da baixa escolaridade somente uma pessoa entrevistada e que tem

mais que 61 anos de idade nunca frequentou uma escola

De acordo com as entrevistas percebe-se que grande parte das mulheres

quando terminam o ensino meacutedio migra para alguma cidade com pretensotildees de

estudar ou trabalhar

Faixa etaacuteria

S idade

escolar

S escolar idade

Ateacute o 5ordm ano

Do 6ordm ao 9ordm ano

Ensino meacutedio

Incompleto

Ensino meacutedio

completo

Ensino Superior

Cursos teacutecnicos

Total de homens

0 - 05 anos 09 - - - - - - - 09

05 - 10 anos

- - 08 - - - - - 08

11 ndash 20 anos

- - 05 07 07 03 - - 22

21 ndash 30 anos

- - - 02 03 13 01 - 19

31 ndash 40 anos

- 01 08 06 - 05 01 03 24

41 ndash 50 anos

- - 11 - - - - - 11

51 ndash 60 anos

- - 18 - - - - - 18

Acima de 61

- - 05 - - - - - 05

Total 09 01 55 15 10 21 02 03 116

Percentual ()

07 01 47 13 09 18 02 03 100

QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO

Fonte Pesquisa de campo (2015)

83

No universo masculino da mesma forma que no feminino percebe-se que as

menores escolaridades estatildeo entre aqueles que possuem mais de 40 anos de idade

Um entrevistado que possui entre 31 e 40 anos cursou trecircs anos no ensino

superior poreacutem alega que natildeo tem pretensotildees em curto prazo em concluir ou

trabalhar fora da propriedade devido a melhor qualidade de vida que pode ter em

relaccedilatildeo agrave cidade Nessa mesma faixa etaacuteria (31 a 40 anos) trecircs homens

frequentaram cursos teacutecnicos sendo que dois concluiacuteram teacutecnico em agropecuaacuteria e

um teacutecnico florestal

Um homem entre 21 e 30 anos concluiu haacute dois anos o curso superior em

contabilidade afirmou que jaacute trabalhou na sua aacuterea de formaccedilatildeo mas que nesse

ano decidiu trabalhar na produccedilatildeo de fumo poreacutem tem pretensotildees de voltar a

trabalhar na aacuterea de formaccedilatildeo

b) Estrutura familiar

Para a coleta de dados correspondente agrave variaacutevel apresentada no quadro 15

tambeacutem foram levadas em consideraccedilatildeo somente as pessoas que vivem na unidade

familiar Dessa forma a quantidade de membros que compotildee as famiacutelias

entrevistadas natildeo eacute numerosa apresentando a maior porcentagem de famiacutelias

compostas por trecircs e quatro pessoas (30 e 42) Aquelas com mais de cinco

membros correspondem na sua maior parte por famiacutelias onde os pais da esposa ou

do marido estatildeo vivendo juntos

Nuacutemero total dos

membros das famiacutelias

Nordm de famiacutelias Nuacutemero total de membros

Percentual ()

Um membro 0 0 0

Dois membros 6 12 10

Trecircs membros 18 54 30

Quatro membros 25 100 42

Cinco membros 07 35 12

Seis membros 04 24 6

84

Total 60 225 100

QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Os dados sobre as famiacutelias em que pelo menos um dos membros migrou para

alguma cidade com intuito de trabalhar estudar ou trabalhar e estudar estatildeo

apresentados na tabela abaixo

TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE

Motivos da migraccedilatildeo Nordm de famiacutelias Percentual () Somente estudar (cursos teacutecnicos Universidade)

9 15

Estudar (cursos teacutecnicos Universidade) e Trabalho

14 23

Somente trabalhar 6 10 Nenhum membro migrou

para a cidade 31 52

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)

Nota-se que 48 das famiacutelias entrevistadas tiveram pelo menos um membro

que migrou para a cidade com objetivo de estudar ou trabalhar Os que relataram

que a migraccedilatildeo foi com intuito de estudar afirmam que os estudos estatildeo

relacionados a cursos teacutecnicos e universitaacuterios como jaacute expostos acima

Vale lembrar a existecircncia de famiacutelias em que os filhos ainda natildeo estatildeo em

idades suficientes para fazer um curso teacutecnico ou universidade ou seja nos

proacuteximos anos provavelmente haveraacute um percentual maior de jovens saindo do

campo com intuito de estudar ou trabalhar em outras atividades com maiores

oportunidades que a produccedilatildeo de fumo

Esse processo migratoacuterio da populaccedilatildeo rural para o urbano no caso dos

fumicultores entrevistados pode estar relacionado com aquilo exposto por (2014)

segundo o qual atualmente nas regiotildees rurais brasileiras a migraccedilatildeo jaacute natildeo eacute mais

um processo em que as condiccedilotildees ldquopor mais pobreza que existamrdquo estatildeo

expulsando as pessoas do campo mas sim um movimento que ocorre quando

existem fatores de atraccedilatildeo no meio urbano Poreacutem natildeo devemos desprezar que

nesse processo tambeacutem estatildeo embutidos outros fatores como os culturais e ateacute

85

pessoais ou seja o que se passa pela cabeccedila das pessoas natildeo somente dessas

que vivem no rural e estatildeo indo para a cidade mas tambeacutem daquelas que jaacute vivem

em cidades de menor porte e migram para grandes centros urbanos Contudo essas

questotildees de ordem cultural e pessoal escapam aos objetivos desta pesquisa

Condiccedilatildeo do fumicultor

TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA

Anos Nordm de famiacutelias Percentual ()

0 ndash 5 anos 0 0

6 ndash 10 anos 4 6

10 ndash 15 anos 12 20

15 ndash 20 anos 16 27

21 ndash 25 anos 12 20

26 ndash 30 anos 10 17

Mais de 30 anos 6 10

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

O periacuteodo de tempo com maior expressividade em que esses agricultores

familiares estatildeo envolvidos na atividade fumageira variam em torno de 10 a 30 anos

Nenhuma famiacutelia entrevistada comeccedilou a produzir fumo nos uacuteltimos cinco anos

Esse fato vai ao encontro de dados mais gerais da Afubra (2015) demonstrando

que entre o ano de 2010 e 2014 o nuacutemero de famiacutelias produtoras de fumo caiu de

185160 para 162410

Esse fato estaacute relacionado principalmente agrave migraccedilatildeo de jovens para as

cidades e pelo fato dos casais mais novos que possuem filhos com idades

insuficientes para trabalhar na atividade fumageira buscarem se promover

economicamente atraveacutes de outras atividades

A queda do nuacutemero de famiacutelias na fumicultura nos uacuteltimos anos tambeacutem estaacute

relacionada com a maior escolaridade das pessoas que vivem no rural pois esses

estatildeo se dedicando a atividades selecionadas por eles como mais oportunas eou

mais competitivas Aqui natildeo podemos desconsiderar tambeacutem a opccedilatildeo das famiacutelias

86

natildeo entrarem na atividade fumageira pelas questotildees da sauacutede (contato com

agrotoacutexicos e doenccedila da folha verde)

TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

Nordm de famiacutelias Percentual ()

Pela renda e venda garantida

12 20

Pouca disponibilidade de terras

06 10

Pela renda venda garantida e pouca terra

35 58

Falta de outras opccedilotildees de atividade agropecuaacuteria

07 12

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Das famiacutelias entrevistadas 58 declararam que optam pela produccedilatildeo de

fumo por trecircs motivos principais a renda a garantia de venda e a pouca aacuterea de

terra que possuem Jaacute para 20 das famiacutelias entrevistadas os principais motivos

estatildeo na geraccedilatildeo de renda e venda garantida

As famiacutelias que natildeo declararam a pouca quantidade de terra como empecilho

para a realizaccedilatildeo de outra atividade que substitua por completo a produccedilatildeo de fumo

mencionam que plantam o fumo devido agrave renda e que como estatildeo inseridos na

cadeia produtiva de gratildeos que eacute mecanizada sobra matildeo de obra para trabalhar

com o fumo Esses exemplos demonstram que os agricultores familiares produzem

para maximizar os lucros e crescer economicamente da mesma forma que os

grandes proprietaacuterios como exposto no paradigma da agricultura familiar

A falta de outras atividades agropecuaacuterias tambeacutem foi mencionada por 12

das famiacutelias entrevistadas pois apesar de existir outros tipos de cultivo no municiacutepio

como por exemplo a produccedilatildeo de verduras de morangos de pepinos e de ervas

medicinais essas famiacutelias declararam que esses cultivos natildeo geram uma renda por

hectare como o fumo Uma fumicultora entrevistada na Linha Marcondes comenta

Eu ldquoplantava as coisasrdquo para a merenda escolar aqui da escola [] noacutes tinha que comprar as sementes e tudo o que precisava pra produzir essas verduras [] quando levava na escola ficavam colocando defeito na minha produccedilatildeo [] queriam que eu levasse todo dia dez peacutes de alface na escola [] que lucro eu ia ter ir todo dia na escola levar soacute dez peacutes de alface E

87

ainda recebia soacute depois de 40 dias que entreguei a produccedilatildeo e ainda agraves vezes atrasava [] O fumo eacute muito cansativo soacute que a gente natildeo precisa ficar se humilhando pra comprar a produccedilatildeo da gente a firma leva tudo seja o melhor fumo seja o pior

A fumicultora retrata que apesar do trabalho na produccedilatildeo de fumo ser mais

cansativa que outras atividades o fato de se ter a venda garantida de toda a

produccedilatildeo compensa as desvantagens

TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS

Quantidades de peacutes de fumo

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

25000 - 30000 peacutes 14 23

31000 ndash 50000 peacutes 26 44

51000 ndash 70000 peacutes 05 08

71000 ndash 90000 peacutes 07 12

91000 ndash 120000 peacutes 05 08

121000 -140000 peacutes 03 05

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)

Dentre as famiacutelias entrevistadas a quantidade miacutenima de produccedilatildeo eacute de

25000 peacutes e a maacutexima de 140000 peacutes poreacutem a maior concentraccedilatildeo estaacute ente

31000 e 50000 peacutes A quantidade de peacutes que satildeo plantados estaacute relacionada agrave

matildeo de obra disponiacutevel uma vez que esses fumicultores antes de planejar a

proacutexima safra levam em consideraccedilatildeo primeiramente a relaccedilatildeo entre a quantidade

de matildeo de obra disponivel com a quantidade de peacutes de fumo De acordo com o

instrutor teacutecnico da Souza Cruz uma pessoa consegue produzir em meacutedia 20000

peacutes de fumo por safra (usando matildeo de obra de terceiros somente para os dias de

colheita)

Condiccedilatildeo das terras usadas pelos fumicultores entrevistados

88

TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS

Condiccedilatildeo da terra Nordm de famiacutelias Percentual ()

Somente terra proacutepria 33 55

Terra proacutepria e arrendada 22 37

Somente terras arrendadas 05 08

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Para coletar esses dados foi levado em consideraccedilatildeo o total das terras

usadas pelos fumicultores independentemente da cultura plantada aleacutem do fumo

Desse modo nota-se que a grande maioria possui terras proacuteprias (92) sendo que

55 cultivam somente em terras proacuteprias e 37 aleacutem das terras proacuteprias arrenda

com intuito de aumentar a produccedilatildeo tanto de fumo como de gratildeo e outros Existem

8 que natildeo possuiacuteam terras proacuteprias e que necessitam arrendar para produzir o

fumo

TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES

Somente terra proacutepria Nordm de famiacutelias Porcentagem ()

Ateacute 5 hectares 11 20

6 a 10 hectares 14 25

11 a 15 hectares 8 15

16 a 20 hectares 6 11

21 a 25 hectares 6 11

26 a 30 hectares 2 04

31 a 40 hectares 4 07

Mais de 40 hectares 4 07

Total 55 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Dos sessenta fumicultores entrevistados cinco natildeo possuem terras proacuteprias

E dos cinquenta e cinco que possuem a maior porcentagem de famiacutelias tem ateacute 15

hectares Nesse sentido esses nuacutemeros satildeo compatiacuteveis com os dados mais gerais

da regiatildeo Sul do Brasil onde a maior concentraccedilatildeo de famiacutelias possui ateacute 20

89

hectares de terra (AFUBRA 2015) A aquisiccedilatildeo das terras foi principalmente por

heranccedila e em parcelas menores atraveacutes de compra

Formas de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria das unidades familiares dos fumicultores

entrevistados

Este item refere-se aos tipos de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria que aleacutem do fumo

trazem renda para a unidade de produccedilatildeo familiar Com base nos dados de campo

verificam-se nas propriedades aleacutem da produccedilatildeo do fumo as produccedilotildees de feijatildeo

milho soja erva-mate e a produccedilatildeo de leite

TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES

Tipo de produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nuacutemeros de famiacutelias Percentual ()

Somente fumo 20 33 Fumo e soja 06 10

Fumo soja feijatildeo e milho 20 33 Fumo Soja milho e leite 03 5 Fumo feijatildeo milho e erva-

Mate 11 19

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

De acordo com os dados expostos 33 dos entrevistados afirmam que a

produccedilatildeo da propriedade com pretensatildeo de venda eacute somente o fumo outros 33

aleacutem do fumo produzem soja e feijatildeo seguidos de 19 que se dedicam agrave produccedilatildeo

de fumo feijatildeo milho e erva-mate e menos de 5 declarar produzir para a venda o

fumo a soja o milho e o leite

Nesse sentido 67 dos entrevistados diversificam a produccedilatildeo com intuito de obter

mais fontes de renda Poreacutem alegam que a maior renda por aacuterea plantada vem da

produccedilatildeo de fumo

A produccedilatildeo de eucaliptos (figura 9) tambeacutem eacute bastante comum nas

propriedades pois eacute fonte de energia para a secagem das folhas do fumo Nas

estufas tradicionais o uso de lenha eacute muito maior que nas estufas eleacutetricas

90

FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO

Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2016)

A figura 9 exemplifica uma propriedade de fumicultor que produz a soja para

venda e eucalipto para a secagem do fumo A imagem da esquerda representa a

lavoura de um fumicultor na linha dezembro com produccedilatildeo de soja e ao fundo

notam-se plantaccedilotildees de eucaliptos para usar na secagem das folhas de fumo Na

imagem da direita tambeacutem pode ser vista a lavoura de fumo e ao fundo plantaccedilotildees

de eucaliptos

A erva-mate tambeacutem serve como fonte de renda dos fumicultores sendo que

em aacutereas de faxinal7 os peacutes de erva-mate formam mantidos e outros espaccedilos

usados para o cultivo de soja ou feijatildeo como demonstrado na figura 10 Em algumas

propriedades a erva-mate natildeo eacute nativa e foi plantada nos uacuteltimos anos em escalas

maiores devido agrave rentabilidade

7Por faxinal entende-se as terras tradicionalmente ocupadas para o uso comum de pastagens e florestas no Paranaacute que designam situaccedilotildees em que a produccedilatildeo familiar de acordo com suas possibilidades combina apropriaccedilatildeo privada e coletiva dos recursos naturais (HAURESKO C 2012)

91

FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE

Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2015)

Aleacutem da produccedilatildeo com pretensatildeo de venda nas propriedades visitadas

tambeacutem nota-se a presenccedila da produccedilatildeo para autoconsumo da famiacutelia Essas

alegam que produzem certos produtos para diminuir os gastos com mercado e por

produzirem de acordo com suas preferecircncias alimentares Apenas 6 dos

entrevistados natildeo produzem nada para autoconsumo alegando que comprar sai

mais barato que produzir

TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE

Produccedilatildeo para autoconsumo

Nuacutemero de famiacutelias Percentual ()

Horta 08 13 Horta criaccedilatildeo de galinhas e

porcos 16 27

Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos feijatildeo e milho

07 12

Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos e criaccedilatildeo gado (corte

e leite) feijatildeo e milho

25 42

Nenhuma produccedilatildeo para auto consumo

04 6

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

Sobre a produccedilatildeo de feijatildeo para autoconsumo alguns produtores

mencionam que produzem separadamente o feijatildeo para a venda do feijatildeo para

92

consumo da famiacutelia afirmando que no feijatildeo para venda satildeo aplicados dessecantes

para acelerar o periacuteodo de colheita e no feijatildeo que eacute para o consumo natildeo utilizam

essa praacutetica Esse fato natildeo eacute raro no municiacutepio acontecendo tanto nas pequenas

propriedades como nas grandes Isso demonstra que os agricultores familiares estatildeo

interessados no lucro de sua produccedilatildeo e natildeo tecircm muita preocupaccedilatildeo com as

praacuteticas que os ambientalistas e produtores orgacircnicos qualificam como sustentaacuteveis

Dessa forma eacute desnecessaacuteria a visatildeo dualista ente pequenos e grandes produtores

agriacutecolas concordando entatildeo com Diniz Filho (2011) quando escreve o texto

intitulado Agricultura familiar e meio ambiente o perigo da simplificaccedilatildeo ideoloacutegica

mencionando que organizaccedilotildees como CNBB e MST buscam toda sorte de

argumentos para contrapor o agronegoacutecio agrave agricultura camponesa afirmando que o

agronegoacutecio destroacutei a natureza por estar preocupado com lucros ao passo que os

agricultores familiares tenderiam a usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis porque

buscam somente reproduzir seu modo de vida

A produccedilatildeo de animais como vacas de leite boi para engorda criaccedilatildeo de

porcos e galinhas tambeacutem eacute comum entre os produtores de fumo como mostra a

figura 11

FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

93

Portanto conforme afirma Ternoski (2013) a renda agriacutecola dos

estabelecimentos familiares eacute composta da venda de produtos agropecuaacuterios e de

autoconsumo O autoconsumo eacute a quantidade que a famiacutelia consome em produtos

que produz no estabelecimento podendo ser de origem animal ou vegetal como

tambeacutem da transformaccedilatildeo caseira ou seja esses produtos complementam a renda

dos agricultores pelo fato de natildeo precisarem ser comparados pois se destinados ao

mercado podem gerar receita

Acesso a tecnologias e ao creacutedito agriacutecola

TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES

Nordm de famiacutelias Percentual () Possui uma estufa eleacutetrica 54 90

Natildeo possui estufa eleacutetrica 6 10

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

A Grande maioria dos fumicultores (90) possui em sua propriedade a estufa

eleacutetrica Essas famiacutelias afirmam que quando mudaram da estufa tradicional para a

eleacutetrica os trabalhos com matildeo de obra diminuiacuteram bastante pois para secar o fumo

na estufa eleacutetrica natildeo eacute necessaacuterio amarrar as folhas de fumo como demonstra a

figura 12 Jaacute nas estufas tradicionais em que a secagem natildeo eacute eleacutetrica a

quantidade de matildeo de obra exigida eacute bem maior como demonstrado na figura 13

As famiacutelias que natildeo possuem estufa eleacutetrica mencionam que natildeo pretendem

produzir por muito tempo o fumo desse modo natildeo seria viaacutevel adaptar ao sistema

eleacutetrico Nas propriedades onde a produccedilatildeo eacute maior de 70000 peacutes existem duas

estufas (figura 14)

94

FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO

Fonte Vilczak A Trabalho de campo (2016)

FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS

95

Fonte KUTZMY A Trabalho de campo (2015)

FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)

TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO

Bens adquiridos Nordm de famiacutelias Percentual ()

Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e terras no espaccedilo rural

20 33

Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e

terreno na cidade

6 10

Casa carro e terra 4 7

Carro casa trator e implementos agriacutecolas

26 43

Somente carro e casa 4 7

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

A partir dos dados acima pode-se notar que todos os entrevistados

conseguiram adquirir bens de capital considerados de grande importacircncia como

terrenos trator implementos agriacutecolas casa lotes no periacutemetro urbano entre outros

bens de menor importacircncia como eletrodomeacutesticos aleacutem dos reparos feitos na

96

propriedade que natildeo foram contabilizados pela pesquisa apesar de mencionados

pelos entrevistados As figuras 15 e 16 satildeo de algumas propriedades de produtores

de fumo entrevistados propriedades essas com casas de alvenaria galpatildeo e carro

Desse modo concorda-se com a tese de doutoramento de Manuel Antonio

Nunguiacutea Payas intitulada Empresaacuterio familial rural a integraccedilatildeo agrave agroinduacutestria de

fumo e diferenciaccedilatildeo em que o autor faz um estudo sobre a produccedilatildeo de fumo no

municiacutepio de Rio AzulPR mencionando que os fumicultores integrados estudados

por ele tiveram um aumento no patrimocircnio e que esses natildeo estatildeo inseridos na

produccedilatildeo somente para satisfaccedilatildeo das necessidades de sobrevivecircncia familiar mas

sim agindo no mercado como empresaacuterios investindo o seu capital nas atividades

com expectativa de maiores lucros e menores riscos ou seja analisando o custo de

oportunidade de cada cultura Nesse sentido para o autor o produtor familiar

integrado eacute um empresaacuterio que apresenta como principal caracteriacutestica a matildeo de

obra e propriedade familiares

FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)

97

FIGURA 16 - BENS ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)

A produccedilatildeo de fumo apesar de ser considerada pelos proacuteprios fumicultores

como uma atividade que exige muita matildeo de obra representou melhoria na

qualidade de vida deles pois grande parte das famiacutelias entrevistadas conseguiu

adquirir bens materiais como terras lotes no periacutemetro urbano casa carro trator

entre outros de menor valor bens esses dificilmente adquiridos somente com

atividades agriacutecolas tradicionais como milho feijatildeo e outros A explicaccedilatildeo para que

esses agricultores familiares escolham primeiramente a produccedilatildeo de fumo e natildeo a

produccedilatildeo de alguma cultura tradicional desenvolvida com grande representatividade

no municiacutepio desde a segunda metade do seacuteculo XIX estaacute no custo de

oportunidade dessa cultura Os fumicultores avaliam primeiramente os ganhos

econocircmicos que essa cultura proporciona em relaccedilatildeo agrave quantidade de terras

disponiacutevel em suas propriedades eou por meio de arrendamento

Outro fato que exemplifica a melhoria da qualidade de vida dos fumicultores

pode ser observado no proacuteprio municiacutepio A regiatildeo Norte de Prudentoacutepolis eacute

caracterizada pela produccedilatildeo de culturas tradicionais sendo que na grande maioria

das vezes essas lavouras satildeo realizadas manualmente devido agrave topografia muito

acentuada 8 Essa regiatildeo eacute considerada como menos desenvolvida que a regiatildeo

central e Sul devido agrave baixa produtividade por unidades familiares

Isso natildeo significa que se esteja afirmando aqui que a soluccedilatildeo econocircmica para

os produtores familiares da regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis seria a

8Atividades agriacutecolas consideradas muitas vezes mais penosas que a proacutepria produccedilatildeo de fumo pois esses agricultores carregam sacas de feijatildeo e de espigas de milho nas proacuteprias costas em terrenos muito iacutengremes aleacutem do plantio e dos tratos culturais realizados manualmente ou com traccedilatildeo animal

98

opccedilatildeo pelo cultivo do fumo Apenas constata-se que a inserccedilatildeo dos pequenos

produtores nos mercados e culturas mais seguras economicamente lhes proporciona

uma melhora econocircmica ao passo que tambeacutem o uso de aparatos tecnoloacutegicos

contribui para o aumento da produtividade e consequentemente ganhos monetaacuterios

maiores

Concorda-se com Schultz (1965) quando defende que a eficiecircncia e a

maximizaccedilatildeo do lucro satildeo partes de um sistema econocircmico eficiente e racional

Esse autor considera que todos os agricultores capitalizados ou de subsistecircncia

analisam a relaccedilatildeo entre a entrada de insumos e os resultados econocircmicos da

mesma maneira que os empresaacuterios modernos sendo o produtor um maximizador

de lucros em busca da eficiecircncia econocircmica

Nesse sentido a modernizaccedilatildeo da agricultura e a expansatildeo dos mercados

contribuiacuteram para de um lado expropriar algumas unidades de produccedilatildeo familiar e

de outro transformar agricultores familiares em empresaacuterios rurais com dependecircncia

tecnoloacutegica e financeira do mercado neste caso prevalecendo agrave racionalizaccedilatildeo

econocircmica e o objetivo principal da unidade de produccedilatildeo passando a ser a inserccedilatildeo

no mercado e a ampliaccedilatildeo dos lucros

TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO)

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

Utiliza Frequentemente essa linha de creacutedito

36 60

Utilizou algumas vezes mas natildeo utiliza mais

5 8

Nunca utilizou esse tipo de creacutedito

19 32

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

A grande maioria dos produtores entrevistados (60) utiliza a linha de creacutedito do

PRONAF tanto o custeio agriacutecola como tambeacutem o PRONAF investimento O

PRONAF custeio estaacute ligado agrave produccedilatildeo de gratildeos (soja milho feijatildeo) e o PRONAF

investimento estaacute voltado para a compra de trator implementos agriacutecolas

99

(plantadeiras carretas pulverizadores) e tambeacutem para investimentos com a

produccedilatildeo leiteira (ordenhadeiras e resfriadores)

Os fumicultores que aderiram ao PRONAF mencionam que o creacutedito agriacutecola

possibilitou a compra de trator e a carreta para o transporte do fumo da lavoura para

a estufa preparo do solo aplicaccedilatildeo de agrotoacutexicos etc aquisiccedilatildeo essa impossiacutevel

com pagamento agrave vista A figura 17 mostra tratores e carretas adquiridos por um

fumicultor morador da Linha Dezembroe por um da Comunidade de Linha Antocircnio

Olinto atraveacutes do PRONAF e conforme relata o fumicultor da Comunidade de Linha

Dezembro

Para noacutes o PRONAF eacute bom que financiamos o trator e outros maquinaacuterios [] antes tinha que trazer o fumo com carroccedila e cavalos agraves vezes os bichos ficavam doente na safra agraves vezes morriam [] agora com o trator e a carreta daacute pra trazer mais fumo da roccedila [] para noacutes deu uma grande diferenccedila (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)

FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

O fumicultor da Linha Dezembro relata que adquiriu o trator no ano de 2011

dando como entrada R$ 10000 teve carecircncia de pagamento por dois anos (2012 e

2013) e o restante do valor seraacute quitado entre 2014 e 2019 com parcelas anuais

entre R$ 9000 e R$ 8000 O mesmo comenta que com o dinheiro do fumo

consegue pagar as parcelas nas datas certas para o banco

Os agricultores que possuem trator fazem trabalhos terceirizados para

aqueles que natildeo possuem obtendo assim uma renda extra durante o ano O

fumicultor da Linha Dezembro afirma tambeacutem que a linha de creacutedito do PRONAF

100

trouxe melhora nas condiccedilotildees de trabalho e financeiras pois aumentaram a

produccedilatildeo e a produtividade

Aqueles que mencionaram terem usado a linha de creacutedito do PRONAF mas

que atualmente natildeo usam mais satildeo aqueles que jaacute compraram os implementos

agriacutecolas de que necessitavam e que compram os insumos para o plantio com

pagamento agrave vista ou a prazo na cooperativa agriacutecola mista de Prudentoacutepolis

(CAMP)

Os que nunca usaram as linhas de creacutedito do PRONAF satildeo fumicultores que

tambeacutem compram com pagamento agrave vista ou a prazo por meio da CAMP para pagar

com a produccedilatildeo Jaacute os que possuem trator compram agrave vista ou de vizinhos e

parentes pagando em prestaccedilotildees anuais sem relaccedilatildeo com bancos Esses alegam

ter receio de natildeo conseguir quitar o financiamento e por isso natildeo aderem ao

PRONAF

Outra forma de transportar o fumo da lavoura para a estufa eacute atraveacutes de

caminhonetes e tambeacutem atraveacutes de carroccedilas como mostra as fotos da figura 18

FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

101

TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

Matildeo de obra empregada na atividade fumageira

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

Somente matildeo de obra familiar

4 7

Contrataccedilatildeo de matildeo de obra em todo o periacuteodo da safra

0 0

Contrataccedilatildeo de matildeo de obra somente para a colheita

18 30

Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras em todo o periacuteodo da safra

8 13

Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras

somente para a colheita

30 50

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Nota-se que 63 das famiacutelias usam o sistema de trocas de dias para a

produccedilatildeo de fumo poreacutem 50 desses fazem parcerias somente nos dias de

colheita os quais variam entre um dia e meio a dois dias Essa parceria eacute feita para

natildeo contratar matildeo de obra poreacutem esses fumicultores tecircm um controle da quantidade

dos dias trocados entre eles e no final da safra aquele que estiver devendo horas

trabalhadas acerta em dinheiro conforme o valor da diaacuteria paga para colheita a qual

estaacute em torno de 100 a 120 reais

O tempo de secagem das folhas de fumo na estufa varia entre cinco e seis

dias Apoacutes secas essas folhas precisam ficar mais um dia dentro da estufa para

esfriar ou seja o periacuteodo entre o dia da colheita e o dia de tirar as folhas de fumo da

estufa varia de oito a dez dias e a quantidade meacutedia de colheitas por safra eacute entre

seis e oito

Nesse sentido os meses de novembro dezembro janeiro e parte de fevereiro

satildeo de trabalho intenso motivo pelo qual muitos dos entrevistados afirmam que a

desvantagem de produzir o fumo estaacute relacionada ao trabalho intenso nesses

meses

As famiacutelias com mais de quatro membros com idade suficiente (18 anos) para

estarem envolvidos na produccedilatildeo de fumo alegam que conseguem vencer

tranquilamente os trabalhos somente com a matildeo de obra familiar e que raramente

102

contratam matildeo de obra para a colheita (figura 19) Nessa perspectiva trabalham

intensamente nos dois dias de colheita e no restante dos dias (quando o fumo estaacute

secando) se dedicam a outras atividades da propriedade

FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

Tipos de famiacutelias Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Famiacutelia com apenas um

membro aposentado 10 17

Famiacutelia com dois membros aposentados

8 13

Famiacutelia com membro que recebe bolsa famiacutelia

5 8

Famiacutelia sem nenhum membro que recebe repasse social

37 62

Total 60 100 QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Os dados mostram que 62 das famiacutelias entrevistadas natildeo se beneficiam de

repasses sociais jaacute 17 das famiacutelias satildeo compostas por um membro que recebe

aposentadoria e 13 delas com dois membros aposentados Esses aposentados

natildeo satildeo os responsaacuteveis pela produccedilatildeo de fumo da famiacutelia poreacutem muitos alegam

que ajudam em tarefas consideradas por eles leves como a classificaccedilatildeo das folhas

do fumo jaacute que eacute realizada em ambientes protegidos das intempeacuteries e sentados

Uma parcela de 8 se beneficia do bolsa famiacutelia poreacutem alegam que esse valor

mesmo ajudando nas necessidades dos filhos natildeo eacute a maior parte da renda familiar

103

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos 0 0 Sempre tem problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina ( doenccedila da folha verde) (

acircnsia vocircmitos e mal estar)

25

42

Jaacute teve problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina

(doenccedila da folha verde) ( acircnsia vocircmitos e mal-estar)

16

27

Nunca teve problemas de sauacutede relacionados agrave

produccedilatildeo de fumo

19

31

Total 60 100 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Ao perguntar sobre intoxicaccedilatildeo dos fumicultores por agrotoacutexicos nenhuma

famiacutelia alegou ter acontecido esse fato com os membros da famiacutelia Afirmam que a

quantidade de agrotoacutexico que passam no fumo eacute menor que na soja milho e feijatildeo e

que quando vatildeo manusear agrotoacutexicos fazem o uso dos equipamentos de proteccedilatildeo

individual jaacute que diferente de outras culturas mecanizaacuteveis a pulverizaccedilatildeo do

agrotoacutexico no fumo eacute totalmente manual

Uma parcela expressiva de 69 alega que pelo menos um dos membros da

famiacutelia tem ou jaacute teve intoxicaccedilatildeo por nicotina ao realizar a colheita de fumo esses

que se apresentam de formas distintas de um indiviacuteduo para outro como acircnsia

vocircmitos mal-estar e insocircnia

Uma porcentagem menor composta por 31 das famiacutelias entrevistadas

dizem que nunca nenhum dos membros teve sintomas diferenciados apoacutes o contato

com a folha de fumo

TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO

Desvantagens da produccedilatildeo de fumo

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

Exige muito trabalho 18 30 Exige muito trabalho e causa

problemas de sauacutede 27 45

Falta de matildeo de obra para contratar

8 13

Natildeo vecirc desvantagens em produzir fumo

7 12

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo ( 2015)

104

Dos entrevistados 30 afirmam que a principal desvantagem eacute a

intensificaccedilatildeo do trabalho principalmente nos dias de colheita e aplicaccedilatildeo de

agrotoacutexicos os quais satildeo feitos manualmente Jaacute 45 deles afirmam que a

produccedilatildeo de fumo aleacutem de exigir muito trabalho tambeacutem traz problemas de sauacutede

normalmente aqueles que satildeo mais sensiacuteveis quando em contato com a nicotina

presente nas folhas do fumo (doenccedila da folha verde)

Outra variaacutevel que 13 dos entrevistados consideram desvantagem eacute a

questatildeo da matildeo de obra visto alegarem que principalmente para aquelas famiacutelias

que satildeo compostas de trecircs a quatro membros e que normalmente produzem uma

quantidade maior que a famiacutelia consiga dar conta tecircm muita dificuldade de encontrar

pessoas disponiacuteveis para contratar tendo assim que aumentar as jornadas de

trabalho ou diminuir a produccedilatildeo

Por fim uma parcela de 12 afirma que natildeo haacute qualquer desvantagem em

produzir fumo justificando que independentemente da atividade a ser realizada

deve-se trabalhar Dentre os entrevistados quatro famiacutelias afirmam que preferem

produzir fumo porque natildeo trabalham nos finais de semana e o trabalho natildeo dura o

ano todo como ocorre na produccedilatildeo leiteira que exige o empenho diaacuterio Para esses

a produccedilatildeo de fumo permite uma flexibilizaccedilatildeo do trabalho bem maior que a

produccedilatildeo de leite Nesse sentido pode-se concluir que cada famiacutelia tem preferecircncias

distintas na escolha da atividade que vai ser desenvolvida na propriedade

TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Sempre lecirc 6 10 Agraves vezes 18 30

Jaacute leu mas natildeo lecirc mais 6 10 Nunca leu 30 50

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

Dentre as famiacutelias entrevistadas nota-se que a metade delas nunca leu o

contrato emitido pela Souza Cruz justificando natildeo ter interesse na leitura ou por

saber do conteuacutedo do contrato por meio de vizinhos ou do instrutor teacutecnico

105

Agraves vezes quando a gente pede o instrutor lecirc direito pra gente pois natildeo tenho muito estudo e demora de mais pra ler tudo (Fumicultor da comunidade de Linha Antocircnio Olinto) Natildeo leio porque jaacute sei o que estaacute escrito todo ano eacute igual (Fumicultor da comunidade de Linha Visconde de Guarapuava) Natildeo leio a gente confia na firma (Fumicultor da comunidade de Linha Marcondes) Leio todo o contrato mas depois que assino e que instrutor vai embora (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)

A baixa escolaridade juntamente com poucos haacutebitos de leitura satildeo os

principais fatores que geram contratos assinados sem preacutevias leituras

Expectativas das famiacutelias em permanecer na atividade fumageira

Pretensotildees Nordm de famiacutelias Percentual ()

Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo por tempo

indeterminado

35 58

Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo poreacutem

diminuir a produccedilatildeo

18 30

Pretende parar completamente com a produccedilatildeo de fumo em

pequeno prazo de tempo (1 a 3 anos)

7 12

Total 60 100

QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Conforme demonstrado na tabela acima 58 das famiacutelias pretendem

permanecer com a produccedilatildeo de fumo por tempo indeterminado Jaacute 30 delas

pretendem continuar poreacutem diminuir o volume produzido Essas 30 das famiacutelias

mencionam que querem diminuir a produccedilatildeo pela falta de matildeo de obra uma vez que

os filhos estatildeo com intenccedilatildeo de sair de casa por motivos distintos como estudar

trabalhar em outro ramo etc

Outros 7 do total dos entrevistos tecircm a intenccedilatildeo de parar de produzir fumo

nos proacuteximos trecircs anos afirmando que vatildeo migrar para setores mais competitivos

106

como a soja e o leite Outros afirmam que querem parar porque jaacute estatildeo

aposentados e os filhos pretendem trabalhar em outras atividades de modo que a

famiacutelia tende a ficar pequena demais para essa cultura

Com relaccedilatildeo agrave venda da produccedilatildeo de fumo todos os entrevistados afirmam

que vendem a produccedilatildeo para a empresa integrada poreacutem os quilos produzidos

excedentes ao contrato firmado agraves vezes satildeo vendidos para atravessadores ou ateacute

mesmo para outras empresas Os fumicultores mencionaram que no geral tecircm

uma relaccedilatildeo tranquila com a empresa poreacutem existem safras em que o preccedilo do

quilo do fumo do ponto de vista deles deveria ser maior Esse fato eacute entendido pelo

paradigma da agricultura camponesa como conflito entre a territorialidade

corporativa Souza Cruz e a territorialidade dos fumicultores pelo fato de agricultor

natildeo ter autonomia de decisatildeo do preccedilo pago por quilo do fumo existindo entatildeo certo

conflito muitas vezes ldquosilenciosordquo entre essas territorialidades

Todavia o paradigma da agricultura familiar por natildeo estar baseado em

teorias anticapitalistas explica os processos de formaccedilatildeo de preccedilos a partir de

pressupostos teoacutericos diferentes Numa economia de mercado o vendedor jamais

possui autonomia plena para decidir o preccedilo do seu produto pois satildeo os

compradores que avaliam de acordo com seus objetivos e necessidades quanto

estatildeo dispostos a pagar por um bem ou serviccedilo Mas ao mesmo tempo os

compradores tambeacutem natildeo possuem autonomia para decidir o preccedilo de um produto

ao seu bel prazer pois se o vendedor natildeo considerar a venda vantajosa deixaraacute de

produzir ou de revender o produto em questatildeo para se dedicar a outra atividade

econocircmica mais rentaacutevel No caso em pauta a Souza Cruz eacute obrigada a pagar um

preccedilo que supere o custo de oportunidade para os agricultores familiares de

produzir leite feijatildeo soja ou qualquer outro produto sob pena de a empresa perder

seus fornecedores

Nesse sentido vale recordar as informaccedilotildees apresentadas na Tabela 15 visto que

20 dos entrevistados afirmam ter escolhido produzir fumo devido agrave renda que essa

cultura oferece e tambeacutem agrave garantia de venda b) 58 responderam que essa

escolha se deu em funccedilatildeo da renda da venda garantida e tambeacutem da pouca

disponibilidade de terras em suas propriedades c) 10 citaram apenas a pouca

disponibilidade de terras como motivo para plantar fumo d) 12 afirmaram que essa

opccedilatildeo se daacute apenas pela falta de outras opccedilotildees

107

Outro fator que regula o valor pago por quilo de fumo como jaacute demonstrado no

trabalho estaacute relacionado a oferta e demanda do produto pelo mercado A safra de

20152016 eacute um exemplo na qual devido ao baixo estoque de fumo nos armazeacutens

das empresas e pela procura desse produto por parte dos consumidores o valores

pagos por quilo de fumo aumentaram fato esse notado tambeacutem em outros produtos

do setor do agronegoacutecio

Isso indica que o paradigma da agricultura familiar eacute o que se mostra coerente com

os dados da pesquisa de campo pois fica claro que os produtores familiares optam

pelo fumo em funccedilatildeo de um caacutelculo dos custos de oportunidade que considera os

fatores rentabilidade garantia de renda e disponibilidade de terra de sorte que os

preccedilos praticados pela Souza Cruz tecircm um patamar miacutenimo definido pela avaliaccedilatildeo

que os agricultores fazem desses custos E essa conclusatildeo eacute reforccedilada quando se

relembram as informaccedilotildees da Tabela 19 posto que apenas 33 dos entrevistados

se dedicam exclusivamente ao fumo enquanto os demais produzem e

comercializam tambeacutem outros tipos de produtos tais como leite soja e feijatildeo

Mais uma vez verifica-se que cada famiacutelia tem projetos distintos os quais

estatildeo intrinsecamente relacionados agrave estrutura familiar agrave disponibilidade de terras e

outros fatores gerando estrateacutegias diferenciadas para se reproduzir no campo

havendo desde aqueles produtores que vecircm na atividade fumageira o seu futuro ateacute

aqueles que pretendem migrar o mais raacutepido possiacutevel para outra atividade Nesse

sentido vemos que essas famiacutelias buscam ser competitivas nas atividades que

realizam se dedicando agravequelas que julgam mais rentaacuteveis eou combinando duas ou

mais culturas para obter mais vantagens

108

V - CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O desenvolvimento desta pesquisa baseada no estudo de caso de uma

amostragem de produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis contratados pela

empresa Souza Cruz permitiu demonstrar que os agricultores familiares

entrevistados buscam atraveacutes de suas condiccedilotildees de produtor se inserir em setores

que permitem maximizar seus lucros Portanto a realizaccedilatildeo desta pesquisa eacute

pertinente pelo fato de mostrar que os fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de

commoditie atraveacutes de uma cadeia produtiva competitiva

Dessa forma a caracterizaccedilatildeo dos fumicultores a partir dos grupos A B C e

D se justifica por apresentarem dados oficiais e sistematizados o que contribui para

natildeo generalizar os resultados somente a partir da amostragem dos fumicultores

entrevistados nos trabalhos de campo Demonstrando que no municiacutepio de

Prudentoacutepolis a maior parte dos fumicultores se aproxima daqueles agricultores

familiares do tipo A e B Ou seja aqueles capitalizados e em processo de

capitalizaccedilatildeo indicando que a cultura de fumo estaacute dentre aquelas que geram uma

taxa de pobreza menor no meio rural Essa constataccedilatildeo tambeacutem eacute notada a partir

das entrevistas de campo conforme demonstrado na Tabela 22 posto que todos os

entrevistados conseguiram com a renda do fumo adquirir bens de capital como casa

carro trator terra de cultivo lote no periacutemetro urbano aleacutem daqueles bens de capital

como os eletrodomeacutesticos

Com isso a visatildeo dualista entre agricultura familiar e agronegoacutecio natildeo eacute

compreendida com adequada nesse trabalho pelo fato de existirem muitas formas

de agricultores familiares que se aproximam ao padratildeo do agronegoacutecio como por

exemplo os fumicultores que estatildeo no grupo A e B Desse modo compreende-se

que os fumicultores entrevistados da mesma forma que a agricultura patronal

buscam atraveacutes da modernizaccedilatildeo e do uso de insumos agriacutecolas (agrotoacutexicos e

fertilizantes) meios para permanecerem integrados e competitivos no mercado

Os fumicultores estatildeo inseridos ao complexo agroindustrial fumageiro e por

conseguinte estatildeo prosperando economicamente concordando-se entatildeo com os

pressupostos teoacutericos voltados ao paradigma da agricultura familiar e com autores

como Valente (2008) Diniz (2011) e Navarro (2014) que natildeo costumam fazer uma

109

oposiccedilatildeo radical entre agricultura familiar e agronegoacutecio ao ponto de existir

conflitualidades de interesses entre ambos Ou seja conflito entre a territorialidade

coorporativa da induacutestria fumageira e a territorialidade da agricultura familiar

camponesa

Desse modo a pesquisa tambeacutem natildeo tem por objetivo afirmar que no Brasil

natildeo existam sistemas de produccedilatildeo camponesa poreacutem os dados de campo mostram

que no caso em estudo 67 dos entrevistados natildeo produzem somente fumo e que

esses estatildeo inseridos em outras cadeias produtivas como leite feijatildeo soja e milho

ou seja os fumicultores tem mais opccedilotildees poreacutem acham interessante continuar com o

fumo Esses dados natildeo satildeo diferentes do restante do Brasil natildeo generalizando

somente a partir dos entrevistados

Apesar das oscilaccedilotildees no volume produzido como tambeacutem em relaccedilatildeo ao

mercado do fumo no Brasil e consequentemente no municiacutepio de Prudentoacutepolis

conforme exposto nos capiacutetulos II e III nota-se que essa cultura proporcionou a

ascensatildeo econocircmica desses agricultores familiares sendo que muitos desses

pequenos capitalistas como jaacute mencionado conseguiram adquiri terras para entatildeo

competir nos setores de gratildeos como a soja e o milho que a competitividade eacute

melhor para grandes proprietaacuterios querendo assim dar esse salto e ao mesmo

tempo trabalhando com a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo com intuito de deixar a renda

da propriedade menos vulneraacutevel A partir desses fatos e de acordo com os

resultados dos dados de campo eacute coerente dizer que o direcionamento dos

agricultores entrevistados para o cultivo de culturas que tem maior rentabilidade

proporcionou melhoras nas condiccedilotildees econocircmicas da famiacutelia pois somente com a

lavoura tradicional e pequena criaccedilatildeo de animais natildeo seria possiacutevel conquistar bens

de capital

Nesse sentido Navarro (2014) aponta que o preccedilo dos alimentos consumidos

pelos brasileiros em termos de reais diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas devido a inserccedilatildeo

dos pacotes tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo agriacutecola que proporcionaram o aumento

da produtividade e a consequente queda do preccedilo final contribuindo para a

facilidade de acesso desses produtos por parte da populaccedilatildeo jaacute em contra partida o

custo para uma pessoa manter seu haacutebito de fumar aumentou Ou seja os

agricultores que permaneceram ou inseriram-se na produccedilatildeo de fumo tiveram um

aumento na sua rentabilidade

110

Dessa forma eacute certo que os agricultores familiares entrevistados da mesma

forma que os agricultores patronais buscam aumentar seus rendimentos uma vez

que os dados de campo mostram que uma porccedilatildeo dos fumicultores tem pretensotildees

de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou seja agem no mercado

como pequenos capitalistas Poreacutem esses agricultores ainda natildeo migram totalmente

para outras atividades por ser esta uma das poucas cadeias produtivas compatiacuteveis

com as suas condiccedilotildees de produtor Tambeacutem muitos produtores podem encontrar

dificuldades em migrar para outras culturas que exigem maiores recursos

(SCHOENHALS et al 2009) necessitando assim de linhas de creacuteditos agriacutecolas

direcionados para esses agricultores

Os autores como Fernandes (2008) e Roos (2015) que trabalham na

perspectiva do paradigma da agricultura camponesa afirmam haver conflitualidade

entre os camponeses e as agroinduacutestrias que trabalham no sistema de produccedilatildeo

integrada como eacute o caso da agroinduacutestria fumageira afirmando existir uma sujeiccedilatildeo

da renda dos camponeses uma vez que os agricultores camponeses natildeo possuem

autonomia com relaccedilatildeo ao modo de produzir o produto como tambeacutem na hora de

fixar o preccedilo final da safra Poreacutem natildeo eacute levado em consideraccedilatildeo que o preccedilo do

quilo do fumo pago ao produtor contratado estaacute intrinsecamente relacionado a oferta

e demanda do produto por parte do mercado o que expressa adequadamente o

valor marginal pago muitas vezes aos fumicultores visto que a empresa tambeacutem

deve colocar a sua margem de lucro conforme a demanda do produto

Outra questatildeo voltada ao paradigma camponecircs eacute em relaccedilatildeo agrave

industrializaccedilatildeo da agricultura e apontada por Fernandes (2013) como um processo

que resulta no desenvolvimento desigual e contraditoacuterio no campo que deixa as

unidades camponesas de produccedilatildeo se tornar mais vulneraacuteveis ao capital Poreacutem os

dados da Tabela 23 mostram que 68 dos entrevistados usam ou jaacute utilizaram

alguma linha de creacutedito agriacutecola para o investimento em maquinaacuterios agriacutecolas

afirmando que conseguem tem uma produtividade maior e que conseguem pagar as

prestaccedilotildees desses maquinaacuterios tranquilamente

Sabendo que Ploeg (2009) afirma que o camponecircs eacute caracterizado por lutar

por sua autonomia uma vez que conforme apontado pro Thomaz Juacutenior (2008) a

loacutegica do capital impotildee que o agricultor esteja preso a gestatildeo de uma empresa e natildeo

111

mais de sua famiacutelia natildeo se completa para essa pesquisa uma vez que a explicaccedilatildeo

para a empresa estabelecer os seus moldes de produccedilatildeo se baseia na demanda do

produto pelo mercado instituindo assim para os seus contratados os tipos de fumos

com maiores demandas o que justifica a empresa impor o tipo de variedade de fumo

que quer comprar como tambeacutem os tratos culturais necessaacuterios para se chegar ao

produto desejado

Contraditoacuterio ao que foi exposto por Paulino e Almeida (2010) quando

mencionam que o campesinato deve ser considerado como uma contradiccedilatildeo e natildeo

como uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeo capitalista os resultados da

pesquisa mostraram que a articulaccedilatildeo com os modelos de produccedilatildeo capitalistas

proporcionaram a permanecircncia de agricultores familiares no espaccedilo rural uma vez

que os aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo que eacute bastante disseminada entre

agricultores familiares induziram o aumento da rentabilidade diminuindo assim as

taxas de pobreza Aleacutem disso nota-se que o fumicultores sendo pequenos

capitalistas natildeo buscam somente a reproduccedilatildeo do modo de vida mas sim agem no

mercado investindo em setores mais rentaacuteveis adequado para a sua condiccedilatildeo de

produtor com pretensatildeo de torna-se um agricultor ainda mais competitivo

Mais uma vez defende-se que a inserccedilatildeo dos agricultores familiares aos

mercados capitalistas natildeo deve ser entendido a partir de um dualismo estando de

um lado o agronegoacutecio e de outro o camponecircs como jaacute ressaltado por Schneider

(2006) que tanto um quanto outro grupo estaacute interessado em um mesmo processo

que eacute o da produccedilatildeo e o do consumo Nesse sentido eacute importante se trabalhar com

a heterogeneidade da agricultura familiar para assim se pensar como esses

agricultores podem se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo

Portanto a presente pesquisa embasada nos dados de campo mostra que a

cultura de fumo ateacute entatildeo eacute a principal orientaccedilatildeo financeira dos agricultores

familiares entrevistados seguidas de outras estrateacutegias de reproduccedilatildeo como o

cultivo da soja produccedilatildeo de leite feijatildeo milho Demonstrando dessa forma que os

mesmos buscam maximizar seus lucros e diversificar sua produccedilatildeo para diminuir a

vulnerabilidade econocircmica da propriedade Contudo pode afirmar atraveacutes do

paradigma da agricultura familiar que os fumicultores considerados como pequenos

capitalistas se reproduzem no mercado sob pressatildeo das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e

112

da concorrecircncia e buscam ser competitivos natildeo havendo incompatibilidade ou

conflitos dos agricultores familiares para com o capital

113

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UFF Rio de Janeiro nordm1 Ano 1 p 7-13 Junho de 1999b O retorno do territoacuterio In Observatorio Social de Ameacuterica Latina) Buenos Aries antildeo 6 n 16 jun 2005 Disponiacutevel em lthttpbibliotecavirtualclacsoorgararlibrososalosal16D16Santospdfgt Acesso em 06062015 SANTOS M e SILVEIRA M L O Brasil territoacuterio e sociedade no iniacutecio do seacuteculo XXI6 Ed Rio de Janeiro Record 2004 SAQUET Marcos Aureacutelio Abordagens e concepccedilotildees de territoacuterio Satildeo Paulo Expressatildeo Popular 2007 a As diferentes abordagens do territoacuterio e a apreensatildeo do movimento e da (i) materialidade Geosul Florianoacutepolis v 22 n 43 p 55-76 janjun2007b Os tempos e os territoacuterios da colonizaccedilatildeo italiana 2 Ed Porto Alegre RS 2003 Por uma abordagem territorial In SAQUET M A SPOSITO ES (Org) Territoacuterios e territorialidades teorias processos e conflitos Satildeo Paulo Expressatildeo Popular 2009 Por uma Geografia das territorialidades e das temporalidades uma concepccedilatildeo multidimensional voltada para a cooperaccedilatildeo e para o desenvolvimento territorial 1 ed Satildeo Paulo Outras Expressotildees 2011 128 p SCHNEIDER S Agricultura familiar e industrializaccedilatildeo Pluriatividade e descentralizaccedilatildeo industrial no Rio Grande do Sul Porto Alegre Edurgs 1999 Introduccedilatildeo In SCHNEIDER S (Org) Diversidade da agricultura familiar Porto Alegre Editora da UFRGS 2006 P 7-12

122 SAUER Seacutergio Agricultura familiar versus agronegoacutecio a dinacircmica sociopoliacutetica do campo brasileiro Embrapa Informaccedilotildees Tecnoloacutegicas Brasilia DF ndash 2008 SEABDERAL- Anaacutelise da Conjuntura Agropecuaacuteria- Fumo Safra 2014 Disponiacutevel em lt httpwwwagriculturaprgovbrarquivosFilederalPrognosticosfumo_2014_15 pdfgt Acesso em 23102015 SEFFRIN Guido O FUMO NO BRASIL E NO MUNDO Afubra 40 anos Santa Rosa RS Graacutefica REX 1995 SCHOENHALS M et Al Anaacutelise dos impactos da fumicultira sobre o meio ambiente agrave sauacutede dos fumicultores e iniciativas de gestatildeo ambiental na induacutestria do tabaco Engenharia Ambiental Espirito Santo do Pinhal v 6 n 2 p 016-037 2009 Disponiacutevel em lt httpswwwgooglecombrsearchq=SCHOENHALS2C+M+et+Al+Anaacutelise+ dos+impactos+da+fumicultira+sobre+o+meio+ambiente2C+agrave Acesso em 17072015 SENETRA A Dilemas soacutecioterritoriais da agricultura familiar em Prudentoacutepolis-PR Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Geografia) Universidade Estadual de Ponta Grossa Ponta Grossa 2014 SHANIN T Liccedilotildees camponesas In PAULINO E T FABRINI J E (Orgs) Campesinato e territoacuterios em disputa Satildeo Paulo SP Expressatildeo Popular 2008 P 23-48 SILVA SBde M SILVA BCN Estudos sobre a globalizaccedilatildeo territoacuterio e Bahia 2 ed Salvador BA UFBA 2006a SILVA LX Anaacutelise do complexo agroindustrial fumageiro sul-brasileiro sob o enfoque da economia dos custos de transaccedilatildeo 2002 279 f Tese (Doutorado em Economia) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2002b SILVEIRA R L Da Rede agroindustrial do fumo e dinacircmica de organizaccedilatildeo espacial e de usos do territoacuterio na regiatildeo Sul do Brasil Relatoacuterio do Projeto de pesquisa - CNPq Edital 032008 UNISC Santa Cruz do Sul Janeiro de 2011 SILVEIRA R L F NAVARRO Z Quais os riscos mais relevantes nas atividades agropecuaacuterias In Bauani A M ALVES E SILVEIRA J M NAVARRO (Orgs) O mundo rural no Brasil do Seacuteculo 21 a forma de um novo padratildeo agraacuterio e agriacutecola Brasiacutelia DF Embrapa 2014 1186 p SIMONSEN R C Histoacuteria Econocircmica do Brasil (15001820) Satildeo Paulo Nacional 1967 5ed 475p

123 SINDICATO INTERESTADUAL DA INDUacuteSTRIA DO TABACO (SINDITABACO) Disponiacutevel em lthttpsinditabacocombrgt Acesso em 01042015 SOUZA MJLde O territoacuterio sobre o espaccedilo e poder autonomia e desenvolvimento In CASTRO IE de GOMES PC da C CORREcircA RL (Orgs) Geografia Conceitos e temas 5 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2003 ldquoTerritoacuteriordquo da divergecircncia (e da concepccedilatildeo) em torno das imprecisas fronteiras de um conceito fundamental In SAQUET MA SPOSITO E S (Org) Territorio e territorialidade teorias processos e conflitos Satildeo Paulo UNESP 2009 O territoacuterio Sobre espaccedilo e poder autonomia e desenvolvimento In CASTRO I E De CORREcircA R L amp p C (Org) Geografia Conceitos e Temas Rio de Janeiro Ed Bertrand Brasil 2005 SPOSITO E S Redes e cidades Satildeo Paulo UNESP2008 SOUZA CRUZ Relatoacuterio da administraccedilatildeo Periacuteodo de 3 meses findo em 31 de marccedilo de 2015 SOUZA CRUZ Nossa histoacuteria 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLive DO7V9K2Wopendocumentgt Acesso em 04022015 British American Tabacco 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLive DO7V9KSXopendocument gt Acesso em 02042015 Distribuiccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em lthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLive DO7V9J5Zopendocumentgt Acesso em 02042015 Mercado de cigarros 2015 Disponiacutevel em ltlthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLiv eDO7V9KNXopendocumentgt Acesso em 03042015 Instituto Souza Cruz 2015 Disponiacutevel em lthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLive DO7V9Q36opendocumentgt Acesso em 20062015 SPIES R O processo de Especializaccedilatildeo Produtiva da Microrregiatildeo Fumicultura de Santa Cruz do Sul- RS Santa Cruz do Sul UNISC 2000 TERNOSKI S Estrateacutegias de melhoria da renda da agricultura familiar Anaacutelise a partir da base social da CresolPrudentoacutepolis Dissertaccedilatildeo ( Mestrado em Desenvolvimento Regional) Universidade Tecnoloacutegica Federal do Paranaacute Pato Branco 2013

1

THOMAZ JA Trabalho e territoacuterio em disputa In PAULINO E T FABRINI J E (Orgs) Campesinato e territoacuterios em disputa Satildeo Paulo SP Expressatildeo Popular 2008 P 327-356 UNIVERSAL CORPORATION ndash Fundation Disponiacutevel em lthttpwwwuniversalcorpcomFoundationDefaultaspx gt VALVERDE RRHF Transformaccedilotildees no conceito de Territoacuterio GEOUSP ndash Espaccedilo e tempo Satildeo Paulo N 15 pp 119 ndash 126 2004 Disponiacutevel em lt httpwwwgeografiafflchuspbrpublicacoesGeouspGeousp15Artigo8pdfgt Acesso em 30 de outubro de 2015 VALENTE A L E F Algumas reflexotildees sobre a polecircmica Agronegoacutecio versus Agricultura Familiar Brasiacutelia Texto para Discussatildeo 29 Brasiacutelia Embrapa Informaccedilotildees tecnoloacutegicas 2008 78p VENTURA Magda Maria O estudo de caso como modalidade de pesquisa Revista da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro v 20 n 5 p383-386 setout 2007 Disponiacutevel em lthttpsociedadescardiolbrsocerjrevista2007_05a2007_v20_n05_art10pdfgt Acesso em 20122015 VEIGA JE O desenvolvimento agriacutecola uma visatildeo histoacuterica Satildeo Paulo Hucitec 1991 Cidades imaginaacuterias Campinas Autores associados 2002 Muita fantasia sobre um uacutenico assunto Folha de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 28 Jan 2004 Dinheiro B2 VOGT O P A produccedilatildeo de fumo em Santa Cruz do Sul ndash RS (1849-1993) Santa Cruz do Sul Edunisc 1997 WANDERLEY Maria de Nazareth B O mundo rural como um espaccedilo de vida reflexotildees sobre a propriedade da terra agricultura familiar Porto Alegre editora da UFRGS 2009 WANDERLEY Maria de Nazareth Baudel Raiacutezes Histoacutericas do Campesinato Brasileiro In TEDESCO Joatildeo Carlos (Org) Agricultura Familiar Realidades e Perspectivas 2a Ed Passo Fundo EDIUPF 1999 Cap 1 p 21-55 ZAROSKI N G A utilizaccedilatildeo do tempo pelos imigrantes ucranianos de Prudentoacutepolis 1940-1960 50f TCC (Graduaccedilatildeo em Histoacuteria) Curitiba UFPR 2001

2

ANEXOS

1ordm Trabalho de Campo Conhecimento da aacuterea de estudo e visita a 10 propriedades que produzem fumo haacute mais de 10 anos Data do campo mecircs de Julho e Agosto de 2014

1) Qual foi o ano em que iniciou as atividades na produccedilatildeo de fumo

2) Qual eacute o motivo que trabalha na produccedilatildeo do fumo

3) A matildeo de obra na atividade fumageira eacute muito desgastante

4) Sua propriedade eacute diversificada Quais as culturas que produz na

propriedade aleacutem do fumo

5) Qual eacute a maior renda da propriedade

6) Como eacute feita a classificaccedilatildeo das folhas de fumo destinadas a venda

2ordm Trabalho de campo Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio Aplicado ao orientador teacutecnico da Souza Cruz o qual representa a Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis Orientador teacutecnico Tarciacutesio Kraiczek Data da entrevista 13072015

1 Quantos orientadores teacutecnicos a empresa possui no municiacutepio de

Prudentoacutepolis

2 Haacute quantos anos vocecirc trabalha na assistecircncia teacutecnica para os

fumicultores associados da Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis

3 Quantos associados a empresa Souza Cruz teve na safra de 2014

4 Quais satildeo as empresas fumageiras concorrentes da Souza Cruz no

municiacutepio Qual a relaccedilatildeo entre essas empresas

5 A empresa Souza Cruz tem alguma unidade de recebimento do fumo no

municiacutepio de Prudentoacutepolis para a produccedilatildeo ficar armazenada antes de

ser enviado para uma usina de Processamento de fumo

3

6 Para qual das trecircs usinas de processamento o fumo produzido no

municiacutepio eacute envido

7 A empresa tem uma cota miacutenima e maacutexima de peacutes de fumo por

produtor

8 Qual eacute a meacutedia de peacutes de fumo uma pessoa consegue produzir por

safra

9 No seu ponto de vista como orientador teacutecnico como se daacute a relaccedilatildeo

entre a empresa Souza Cruz e os fumicultores do municiacutepio

10 Qual a relaccedilatildeo da empresa para com os projetos de diversificaccedilatildeo da propriedade

3ordm Trabalho de Campo Entrevista de campo para obtenccedilatildeo de dados socioeconocircmicos dos produtores

de fumo da empresa Souza Cruz do municiacutepio de Prudentoacutepolis - PR

Data do campo Novembro e Dezembro de 2015 1- Caracterizaccedilatildeo da famiacutelia

Membros Idade Gecircnero Escolaridade (escola puacuteblica ou privada)

Fumicultor Eacute fumante

Motivos do ecircxodo

1 2 3 4 5 6 7 8

2- Haacute quantos anos trabalha na atividade fumageira

3- Qual o motivo pela opccedilatildeo de produzir fumo

4- Pretende permanecer na atividade fumageira Quais motivos Por qual

atividade substituiria a produccedilatildeo de fumo

4

5- Possui estufa eleacutetrica de secagem do fumo

6- Quais bens capitais vocecirc conseguiu adquirir com a renda oriunda da

produccedilatildeo de fumo

7- Possui na propriedade

( ) Trator ( ) Carro ( ) moto ( ) telefone ( ) internet

8- Posse da terra e quantidade de alqueires

( ) Proacutepria ____ ( ) Arrendada e Parceiro _____

( ) Arrendada ____ ( ) Proacutepria e Arrendada _____

( ) Proacutepria e Parceiro ____

9- Se for proacutepria como adquiriu essas terras

10- Satildeo plantados por ano quantos peacutes de fumo Quantidade de aacuterea

utilizada

11- Faz contrataccedilatildeo de matildeo de obra para a produccedilatildeo de fumo

( ) Sim ( ) Natildeo

12- Se existe a contrataccedilatildeo de matildeo de obra em que periacuteodo da safra

acontece

( ) Todo o periacuteodo da safra ( ) Tratos culturais ( ) Plantio ( )

Classificaccedilatildeo ( ) Colheita

13- Vocecirc lecirc o contrato da sua produccedilatildeo com a empresa Souza Cruz

Justifique

14- Aleacutem da produccedilatildeo de fumo quais outras atividades agropecuaacuterias satildeo

realizadas na propriedade para garantir a renda da famiacutelia

Para comercializaccedilatildeo Para consumo na propriedade

5

15- De qual atividade realizada na propriedade vem a maior renda

16- Como eacute a sua relaccedilatildeo com a empresa descreva o seu ponto de vista

17- Vende toda a produccedilatildeo para a empresa associada

18- No seu ponto de vista quais satildeo as vantagens e desvantagens de produzir

fumo

19- Em relaccedilatildeo agrave sauacutede e produccedilatildeo de fumo houve casos na famiacutelia de

A) Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos

B) Intoxicaccedilatildeo por nicotina (doenccedila da folha verde)

C) Problemas ortopeacutedicos

D) Transtornos mentais (depressatildeo ansiedade esquizofrenia etc)

E) Outros __________________________________________

20- Haacute incentivos governamentais para o desenvolvimento de outras atividades

e o consequente abandono do ramo fumageiro Se sim quais e por que natildeo

houve migraccedilatildeo para outra atividade

21- A partir do momento em que vocecirc comeccedilou a produzir o fumo acha que

suas condiccedilotildees financeiras melhoraram

22- Participa do PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar)

23- Na famiacutelia tem algum membro que recebe algum tipo de repasses de

programas sociais Se sim quais

24- Vocecirc tem conhecimento de algum projeto de diversificaccedilatildeo de

propriedades que estaacute sendo realizado por oacutergatildeos puacuteblicos no municiacutepio

  • AGRADECIMENTOS
  • Palavras chave Agricultura Familiar Fumicultura Abordagens Paradigmaacuteticas
  • Keywords Family farming Tobacco Farming Paradigmatic Approaches
  • LISTA DE SIGLAS
  • SUMAacuteRIO
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS
  • 11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA
  • ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR
  • CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS
  • CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
  • 21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
  • 22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL
  • CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO
  • 31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR
  • 32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS
  • CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO
  • 41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES
  • REFEREcircNCIAS
  • ABRAMOVAY R Paradigmas do capitalismo agraacuterio em questatildeo Satildeo
  • Paulo Hucitec 1992 275 p
  • Disponiacutevel em lthttpwwwaointlcomaugt Acesso em 27082015
  • FERNANDES B M MST Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra
  • GERMER Claus A irrelevacircncia praacutetica da agricultura ldquofamiliarrdquo para o
  • INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA (IBGE)
  • WebLiveDO8U4Q3Nopendocumentgt Acesso em 05082015
  • OBSERVATOacuteRIO DA POLITICA NACIONAL DE CONTROLE DO TABACO
  • ROSEacuteLIA P Induacutestria e territoacuterio no Brasil Contemporacircneo Editora
  • SINDICATO INTERESTADUAL DA INDUacuteSTRIA DO TABACO
  • SPOSITO E S Redes e cidades Satildeo Paulo UNESP2008
  • SPIES R O processo de Especializaccedilatildeo Produtiva da Microrregiatildeo
  • Fumicultura de Santa Cruz do Sul- RS Santa Cruz do Sul UNISC 2000
  • VOGT O P A produccedilatildeo de fumo em Santa Cruz do Sul ndash RS (1849-1993)
  • Santa Cruz do Sul Edunisc 1997
  • ZAROSKI N G A utilizaccedilatildeo do tempo pelos imigrantes ucranianos de
  • ANEXOS
Page 5: AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUÇÃO DE FUMO: ESTUDO DE …

5

Dedico este trabalho agrave minha famiacutelia e aos fumicultores do

municiacutepio de PrudentoacutepolisPR que influenciaram no

desenvolvimento deste trabalho Aos fumicultores pela

paciecircncia e colaboraccedilatildeo nas pesquisas de campo com dados

que foram fundamentais para retratar sua realidade

6

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao meu orientador Prof Dr Luis

Lopes Diniz Filho pela sua atenccedilatildeo compreensatildeo e tambeacutem pelas suas valiosas

consideraccedilotildees no processo de desenvolvimento dessa pesquisa sendo um exemplo

de profissional

Agrave minha famiacutelia em especial aos meus pais Carlos e Ana aos meus irmatildeos

Amilton e Adriana que sempre apoiaram no periacuteodo de realizaccedilatildeo da dissertaccedilatildeo Ao

meu sobrinho Beniacutecio pela alegria que traz a todos noacutes ao Ian que estaraacute chegando

nas proacuteximas semanas Agradeccedilo tambeacutem a minha cunhada e cunhado pelo apoio

Aos amigos e familiares Ana Maacutercia Adriana Noeli Rogeacuterio Edna

Elisangela Milena Eliana Paulo Maria entre outros que de alguma forma

contribuiacuteram para que esse trabalho fosse finalizado Obrigada a todos vocecircs pelo

companheirismo

Aos professores Dr Sergio Fajardo e Dr Danilo Volochko pelas valiosas

contribuiccedilotildees agrave pesquisa

Aos colegas e professores do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia da

Universidade Federal do Paranaacute como tambeacutem a secretaacuteria Adriana Cristina de

Oliveira e ao Luiz Carlos Zem pelo apoio em questotildees burocraacuteticas durante o

periacuteodo do mestrado

A CAPES (Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal do Niacutevel Superior)

pelo auxiacutelio atraveacutes da bolsa de estudo

Agrave Adriana Kutzmy e Gabriela Strechar pela atenccedilatildeo e por acompanhar nos

trabalhos de campo realizados com os fumicultores do municiacutepio de

PrudentoacutepolisPR

E por fim agradeccedilo a todos os fumicultores que participaram das entrevistas

de campo A todos meu agradecimento

7

RESUMO O presente trabalho visa analisar os resultados obtidos pela agricultura familiar no cultivo do fumo levando em consideraccedilatildeo as razotildees econocircmicas pela opccedilatildeo em produzir a cultura Desse modo o estudo de caso dos fumicultores de Prudentoacutepolis-PR fornece subsiacutedios para a avaliaccedilatildeo criacutetica dos dois principais paradigmas de estudo do agro na geografia rural e ciecircncias afins ou seja o paradigma da agricultura familiar e da agricultura camponesa Para tanto utilizou-se de revisotildees bibliograacuteficas de autores que trabalham nas distintas linhas paradigmaacuteticas como tambeacutem da caracterizaccedilatildeo dos agricultores familiares produtores de fumo atraveacutes do uso de fontes secundaacuterias (Censos agropecuaacuterios) aleacutem da aplicaccedilatildeo de questionaacuterios para um universo de sessenta fumicultores contratados pela empresa Souza Cruz em Prudentoacutepolis A partir das revisotildees bibliograacuteficas e dos dados obtidos no estudo de caso levantou-se a hipoacutetese de que o paradigma da agricultura camponesa natildeo eacute adequando para explicar a realidade estudada Palavras chave Agricultura Familiar Fumicultura Abordagens Paradigmaacuteticas

ABSTRACT

The aim of this study is to analyze the results obtained by family farming in the cultivation of tobacco considering the economic reasons for the choice to produce the crop Thus the case study of Prudentoacutepolis-PR tobacco growers provides subsidies for the critical evaluation of the two main paradigms of agro studies in rural geography and related sciences that is the paradigm of family farming and peasant farming For this purpose bibliographic reviews of authors working in different paradigmatic lines were used as well as the characterization of family farmers tobacco growers through the use of secondary sources (Census of agriculture) and the application of questionnaires to a group of sixty tobacco growers hired by Souza Cruz company in the city of Prudentoacutepolis From the literature review and the obtained data in the case study we raised the hypothesis that the paradigm of peasant farming is not suitable to explain the studied reality Keywords Family farming Tobacco Farming Paradigmatic Approaches

8

LISTA DE SIGLAS

AFUBRA - Associaccedilatildeo dos Fumicultores do Brasil

BAT - British American Tobacco

CBFF ndash Companhia Brasileira de Fumo em Folha

DERAL - Departamento de Economia Rural

EMATER ndash Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IPARDES (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social)

PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

SEAB - Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento

SINDITABACO ndash Sindicato Interestadual da Induacutestria do Tabaco

9

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA 46 Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 59 FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 60 FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES 62 FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 63 FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR 64 FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR78 FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 79 FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO 90 FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE 91 FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA 92 FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO 94 FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS 94 FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO 95 FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA 96 FIGURA 16 - BENS ADQUiRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA 97 FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF 99 FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA 100 FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO 102

10

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL 39 TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO 41 TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013 42 TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012 42 TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute 46 TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006 48 TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006 50 TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006 51 TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000 52 TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006 53 TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012 54 TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010) 55 TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE 84 TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 85 TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 86 TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS 87 TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 88 TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES 88 TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES 89 TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE 91

11

TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES 93 TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO 95 TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO) 98 TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO101 TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO 103 TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS 104

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA 36 QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL 44 QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314 47 QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010) 56 QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR 65 QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR66 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR 66 QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006 71 QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 72 QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR 72 QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES 74 QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS 75 QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 81 QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 82 QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 84

12

QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS 102 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS 103 QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 105

LISTA DE GRAacuteFICOS

GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO45 GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS 67

13

SUMAacuteRIO INTRODUCcedilAtildeO 14 CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS 19

11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA 19

12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR 23

13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS 27

CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32

21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32 22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL 47

CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO 58

31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR 58

32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS 69

CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO 76 41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES 78 REFEREcircNCIAS 113 ANEXOS 2

14

INTRODUCcedilAtildeO

De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de

fumo sendo que essa produccedilatildeo encontra-se concentrada nos estados do Rio

Grande do Sul Santa Catarina e Paranaacute alimentando uma cadeia produtiva com

envolvimento de 25 milhotildees de pessoas o qual inclui setores como a produccedilatildeo

transporte comercializaccedilatildeo industrializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e exportaccedilatildeo (AFUBRA

2011)

No municiacutepio de Prudentoacutepolis a atividade fumageira tem grande relevacircncia

econocircmica principalmente para a agricultura familiar uma vez que os dados do

Censo Demograacutefico de 2010 mostram que 54 da populaccedilatildeo residem na aacuterea rural

existindo um nuacutemero maior de unidade de produccedilatildeo familiar em detrimento das

unidades patronais de produccedilatildeo

A produccedilatildeo de fumo em Prudentoacutepolis eacute realizada somente nas regiotildees

Central e Sul do municiacutepio devido ao clima e topografia dos solos favoraacuteveis agrave

cultura Outro fator que tambeacutem ocasiona a atraccedilatildeo para a fumicultura eacute a

possibilidade de usufruir de pequenas aacutereas de terras deixando disponiacutevel o

excedente da propriedade para outras atividades que somem na geraccedilatildeo de renda

Nesse sentido o objetivo da pesquisa eacute analisar os resultados obtidos pela

agricultura familiar com essa cultura e as razotildees econocircmicas de sua opccedilatildeo pelo

fumo Portanto uma contribuiccedilatildeo desse estudo de caso eacute fornecer subsiacutedios para a

avaliaccedilatildeo criacutetica dos dois principais paradigmas de estudo do agro na geografia rural

e ciecircncias afins

Para a realizaccedilatildeo do presente trabalho foi fundamental atraveacutes das

abordagens sobre a agricultura familiar e camponesa avaliar se realmente existe

uma oposiccedilatildeo entre agricultor familiar e o agronegoacutecio no caso do setor fumageiro

uma vez que o fumo eacute uma commoditie de exportaccedilatildeo e a produccedilatildeo eacute realizada por

pequenos produtores Para tanto foi realizada uma revisatildeo bibliograacutefica sobre os

paradigmas da agricultura familiar e da agricultura camponesa na geografia rural e

aacutereas de pesquisa afins com a finalidade de identificar os conceitos de territoacuterio e

territorialidade derivados desses paradigmas Foram feitas tambeacutem uma

caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de

15

fontes secundaacuterias (Censos Agropecuaacuterios e outras) e uma pesquisa de campo

mediante a aplicaccedilatildeo de questionaacuterio com o fim de caracterizar os produtores rurais

desse municiacutepio contratados pela empresa Souza Cruz como fornecedores de

tabaco

Nesse sentido buscou-se metodologicamente envolver teacutecnicas de base

qualitativa sendo que esse tipo de abordagem se caracteriza por ldquoanalisar e

interpretar os dados refletir e explorar o que eles podem propiciarrdquo (OLIVEIRA

2010) A pesquisa quantitativa tambeacutem faz parte deste estudo uma vez que traz

algumas teacutecnicas que possibilitam a busca de informaccedilotildees e dados mais amplos

muitas vezes impossiacuteveis de serem alcanccedilados somente pelo pesquisador como por

exemplo aqueles dados disponibilizados pelos oacutergatildeos puacuteblicos como EMATER

(Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural) IPARDES (Instituto Paranaense

de Desenvolvimento Econocircmico e Social ) IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica) e DERAL (Departamento de Economia Rural) O meacutetodo quantitativo

considera que tudo eacute quantificaacutevel ou seja significa traduzir opiniotildees e informaccedilotildees

em nuacutemeros que seratildeo classificados e analisados

Os meacutetodos qualitativos e quantitativos natildeo se excluem Embora difiram quanto agrave forma e agrave ecircnfase os meacutetodos qualitativos trazem como contribuiccedilatildeo ao trabalho de pesquisa uma mistura de procedimentos de cunho racional e intuitivo capazes de contribuir para a melhor compreensatildeo dos fenocircmenos Pode-se distinguir o enfoque qualitativo do quantitativo mas natildeo seria correto afirmar que guardam relaccedilatildeo de oposiccedilatildeo (POPE MAYS 1995 p42)

Sendo assim no iniacutecio do desenvolvimento do presente estudo foi realizada

uma entrevista com questotildees semiestruturadas (em anexo) para um grupo de dez

fumicultores contratados pela empresa Souza Cruz e que estatildeo na atividade

fumageira haacute mais de dez anos Esse puacuteblico foi escolhido intencionalmente a partir

dos dados da localizaccedilatildeo das propriedades dos associados da empresa no

municiacutepio de Prudentoacutepolis Recorreu-se a esse meacutetodo pois os dados obtidos em

campo eram necessaacuterios para poder avaliar as abordagens ligadas ao paradigma da

agricultura camponesa e da agricultura familiar e que natildeo poderiam ser obtidos

atraveacutes de fontes secundaacuterias

Posteriormente foi realizada uma entrevista com perguntas semiestruturadas

(em anexo) para o instrutor teacutecnico da Souza Cruz jaacute que o mesmo representa a

16

empresa no municiacutepio Essa entrevista teve como objetivo analisar o ponto de vista

da empresa sobre a atividade fumageira na localidade

Ao verificar que em Prudentoacutepolis a produccedilatildeo de fumo acontece somente na

regiatildeo Central e Sul devido ao relevo mais inclinado da regiatildeo norte foi interessante

ir ateacute essa regiatildeo com topografia mais acentuada para analisar os tipos de cultivos

que satildeo realizados O objetivo desse trabalho de campo foi principalmente o de

conhecer a realidade das famiacutelias do municiacutepio natildeo inseridas na cultura do fumo

com visitas a realizar futuras pesquisas sobre a agricultura familiar Assim dado o

caraacuteter complementar e exploratoacuterio desse trabalho a coleta de informaccedilotildees se deu

por meio de conversas informais

Nos meses de novembro e dezembro de 2015 foi realizada outra entrevista

com perguntas semiestruturadas (em anexo) para uma amostragem de sessenta

fumicultores contratados pela Souza Cruz As perguntas feitas nessa entrevista

estatildeo relacionadas basicamente a dados socioeconocircmicos das famiacuteliasos quais

juntamente com dados mais gerais do censo agropecuaacuterio permitem conhecer o

perfil desses fumicultores Portanto as informaccedilotildees referentes a essas entrevistas

apresentam-se mais detalhadas no capiacutetulo IV

Nesse sentido as entrevistas constituem teacutecnicas alternativas para coleta de

dados natildeo documentados sobre determinado tema ldquoEacute uma teacutecnica de interaccedilatildeo

social [] em que uma das partes busca obter dados e outra se apresenta como

fonte de informaccedilatildeordquo (GERHARDT SILVEIRA 2009)

O pesquisador organiza um conjunto de questotildees (roteiros) sobre o tema que estaacute sendo estudado mas permite e agraves vezes ateacute incentiva que o entrevistado fale livremente sobre assuntos que vatildeo surgindo como desdobramentos do tema principal (GERHARDT SILVEIRA 2009)

Para Duarte (2002 p 143) ldquonuma metodologia de base qualitativa o nuacutemero

de sujeitos que viratildeo a compor o quadro das entrevistas dificilmente pode ser

determinado a piorirdquo Ou seja tudo vai estar relacionado com a qualidade das

informaccedilotildees obtidas a partir de cada entrevista sempre levando em consideraccedilatildeo a

profundidade e o grau de recorrecircncia e divergecircncia das informaccedilotildees Enquanto

estiverem aparecendo ldquodadosrdquo originais ou pistas que possam indicar novas

perspectivas aacute investigaccedilatildeo em curso as entrevistas precisam continuar sendo feitas

(DUARTE 2002 p 144)

17

Portanto a pesquisa estaacute estruturada em quatro capiacutetulos sendo que no

primeiro capiacutetulo falar-se-aacute sobre as abordagens ligadas a agricultura camponesa e

agricultura familiar com intuito de apresentar algumas das visotildees de cada

paradigma para que no decorrer do trabalho possa ser feito uma avaliaccedilatildeo dessas

abordagens na produccedilatildeo fumageira como tambeacutem expor o conceito de territoacuterio e

territorialidade que derivam desses paradigmas

No capiacutetulo seguinte visando compreender os fatores que proporcionaram ao

paiacutes se tornar referecircncia no setor fumageiro realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica

da origem do fumo e a sua consequente inserccedilatildeo em uma escala comercial O

estudo desses elementos foi fundamental para entender os motivos que contribuiacuteram

para a inserccedilatildeo da produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Tambeacutem pelo

fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo

de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral

dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura

familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo

do agronegoacutecio

Na sequecircncia o capiacutetulo III mostra os processos de ocupaccedilatildeo do municiacutepio

de Prudentoacutepolis e a consequente inserccedilatildeo da produccedilatildeo fumageira nas unidades de

produccedilatildeo familiar Nesse sentido como o trabalho vem abordando a existecircncia de

uma agricultura familiar heterogecircnea buscou-se conhecer o perfil dos agricultores

familiar do municiacutepio atraveacutes da caracterizaccedilatildeo dessas famiacutelias tendo como escopo

as fontes secundaacuterias do IBGE

No capiacutetulo IV satildeo apresentados os dados do trabalho de campo que foi

realizado com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela empresa

Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Os dados

de campo que retratam a realidade dos entrevistados juntamente com dados

secundaacuterios tecircm por finalidade contribuir na avaliaccedilatildeo dos paradigmas da

camponesa e da agricultura familiar com base no setor fumageiro

Por fim satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais do trabalho seguindo nas

avaliaccedilotildees das abordagens paradigmaacuteticas agrave luz do estudo de caso dos fumicultores

entrevistados mostrando que os agricultores familiares entrevistados buscam

18

atraveacutes de suas condiccedilotildees de tecnologias estrutura fundiaacuteria e matildeo de obra se

inserir em setores mais competitivos visando agrave maximizaccedilatildeo dos lucros

A realizaccedilatildeo dessa pesquisa eacute pertinente pelo fato de mostrar que os

fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de commoditie atraveacutes de uma cadeia

produtiva competitiva levando em consideraccedilatildeo as condiccedilotildees do produtor e

conforme os dados de campo eacute notoacuterio que os entrevistados atraveacutes da renda do

fumo conseguiram adquirir bens capitais de grande importacircncia como a compra de

terra lotes na cidade de carro trator maquinaacuterios agriacutecolas e casa Bens esses que

muitas vezes natildeo conseguiriam adquirir se produzissem somente culturas

tradicionais do municiacutepio como eacute o caso do feijatildeo e milho pelo fato da pequena

quantidade de terras que possuem Dessa forma eacute certo que os agricultores

familiares entrevistados da mesma forma que os agricultores patronais buscam

maximizar seus lucros uma vez que os dados de campo mostram que os

fumicultores tecircm pretensotildees de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou

seja agem no mercado como pequenos capitalistas

19

CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS

Sabe-se que nas ciecircncias sociais existem diferentes concepccedilotildees teoacutericas para

a compreensatildeo do desenvolvimento do capitalismo no campo destacando-se de

um lado o paradigma da Agricultura Camponesa (Questatildeo Agraacuteria) e de outro o

paradigma da Agricultura Familiar (Capitalismo Agraacuterio) Nesse sentido o presente

capiacutetulo expotildee algumas das abordagens ligadas ao paradigma da agricultura

camponesa e das abordagens ligadas agrave agricultura familiar como objetivo de

identificar o conceito de TerritoacuterioTerritorialidade derivados desses paradigmas A

finalidade de entender as correntes de pensamento paradigmaacutetico permitiraacute entatildeo

avaliar essas abordagens agrave luz de um estudo de caso sobre a fumicultura no

municiacutepio de PrudentoacutepolisPR

11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA

As muacuteltiplas formas de interpretaccedilatildeo da questatildeo agraacuteria no espaccedilo rural e

consequentemente do paradigma camponecircs tecircm como principal referecircncia as teorias

marxistas seja as de autores como Lecircnin (1982) e Kautsky (1998) que defenderam

a tese do desaparecimento da classe camponesa e a consequente emergecircncia de

duas classes distintas - a burguesa e a proletaacuteria - como produto da industrializaccedilatildeo

da agricultura seja a de autores como Chayanov (1974) Oliveira (1987) e

Fernandes (1996) entre outros que satildeo contraacuterios agrave teoria sobre a tendecircncia agrave

proletarizaccedilatildeo do campesinato e que defendem a permanecircncia desta classe social

como resultado do processo desigual e contraditoacuterio de desenvolvimento

impulsionado pelo sistema capitalista

Nesse sentido para Fernandes (2008) os estudos feitos agrave luz do paradigma

camponecircs se caracterizam por analisar a luta de classes a conflitualidade e as

contradiccedilotildees inerentes agraves relaccedilotildees capitalistas e natildeo capitalistas de produccedilatildeo1 Um

tema importante nessa linha de pesquisa eacutea sujeiccedilatildeo da renda dos camponeses

perante as empresas que tecircm o monopoacutelio da produccedilatildeo de commodities agriacutecolas

como as agroinduacutestrias fumageiras

1 O campesinato eacute entendido como um sistema produtivo diferenciado do agronegoacutecio

20

Os seguidores do paradigma camponecircs como Fernandes (2013) entendem

que a industrializaccedilatildeo da agricultura resulta em um problema estrutural devido ao

desenvolvimento desigual e contraditoacuterio do capitalismo e que a uacutenica soluccedilatildeo estaacute

na superaccedilatildeo desse sistema pois a industrializaccedilatildeo da agricultura contribui para que

as unidades camponesas de produccedilatildeo se tornem mais vulneraacuteveis ao capital

Para Feliacutecio (2006) nesse paradigma natildeo haacute diferenccedilas entre agricultor

familiar e camponecircs pois ambos satildeo assim definidos por terem a famiacutelia e o trabalho

familiar por caracteriacutestica a qual natildeo objetiva a superaccedilatildeo do trabalho familiar O

termo camponecircs eacute tratado pelos teoacutericos do paradigma do capitalismo agraacuterio como

agricultores familiares nesse sentido

O produtor familiar que utiliza os recursos teacutecnicos e estaacute altamente integrado ao mercado natildeo eacute um camponecircs mas sim um agricultor familiar Desse modo pode-se afirmar que a agricultura camponesa eacute familiar mas nem toda a agricultura familiar eacute camponesa ou que todo camponecircs eacute agricultor familiar mas nem todo agricultor familiar eacute camponecircs (FERNANDES 2001)

Com relaccedilatildeo agrave inserccedilatildeo da agricultura familiar nas formas de produccedilatildeo

capitalistas no campo Thomaz Juacutenior (2008) considera que a loacutegica do capital impotildee

que o agricultor esteja preso agrave gestatildeo de uma empresa e natildeo mais da sua proacutepria

famiacutelia Poreacutem o autor defende que mesmo integrado a essa loacutegica de produccedilatildeo o

camponecircs busca alternativas para natildeo aderir totalmente agraves estruturas mercantis de

produccedilatildeo visando reestabelecer os princiacutepios de sociabilidade e produccedilatildeo para o

autoconsumo Nesse sentido para esse paradigma o camponecircs visa agrave

sobrevivecircncia mas se o capital apresenta uma proposta de parceria de lucros como

na integraccedilatildeo das empresas fumageiras o camponecircs aceita Subordina-se mas se

essa possibilidade de lucro acaba ele volta para a estrateacutegia primeira por natildeo

desejar desfazer-se da terra

Para Shanin (2008) o camponecircs corresponde a um ldquomodo de vidardquo que

envolve um conjunto de elementos como a diversidade nas formas de trabalhar com

a terra Teacutecnicas essas que satildeo passadas de pais para filhos possibilitando estreita

ligaccedilatildeo entre a terra e a famiacutelia uma vez que a famiacutelia eacute dona do proacuteprio trabalho

podendo escolher a melhor forma de fazecirc-lo Tambeacutem enfatiza a especificidade da

loacutegica econocircmica camponesa a qual produz visando a satisfaccedilatildeo das necessidades

21

da famiacutelia sendo capaz de se ajustar aos niacuteveis de remuneraccedilatildeo mais baixos em

momentos desfavoraacuteveis

Ploeg (2009) afirma que o camponecircs de hoje natildeo pode ser compreendido

como sinocircnimo de atraso e sim como um ldquocamponecircs modernordquo inserido na

realidade capitalista poreacutem carregando em seu cerne a condiccedilatildeo camponesa Por

condiccedilatildeo camponesa Ploeg (2009) entende a luta por autonomia e progresso como

uma forma de construccedilatildeo e reproduccedilatildeo de um meio de vida rural em um contexto

adverso caracterizado por relaccedilotildees de dependecircncia marginalizaccedilatildeo e privaccedilatildeo

Portanto para o autor supracitado o campesinato deve ser explicado a partir das

relaccedilotildees de contradiccedilotildeesconflitualidades existentes no espaccedilo rural

Fernandes (2000) ao falar sobre a formaccedilatildeo do campesinato afirma que

essa formaccedilatildeo natildeo acontece somente pela reproduccedilatildeo ampliada das contradiccedilotildees

do capitalismo mas tambeacutem atraveacutes da luta pela terra na qual tem enfrentado a

condiccedilatildeo loacutegica do capital Nesse sentido Ploeg (2009) menciona sobre a dualidade

entre a produccedilatildeo camponesa e a capitalista na qual

[] a agricultura camponesa eacute fortemente baseada no capital ecoloacutegico (especialmente a natureza viva) enquanto que a agricultura empresarial afasta-se progressivamente da natureza Insumos e outros fatores artificiais de crescimento substituem os recursos naturais o que significa que a agricultura estaacute sendo industrializada (PLOEG 2009 p17)

A expansatildeo do modo capitalista de produccedilatildeo (na sua reproduccedilatildeo ampliada do

capital) aleacutem de redefinir antigas relaccedilotildees subordinando-as agrave sua produccedilatildeo

engendra relaccedilotildees natildeo capitalistas iguais e contraditoriamente necessaacuterias agrave sua

reproduccedilatildeo (OLIVEIRA 2010) Nesse sentido para Paulino e Almeida (2010) a

reproduccedilatildeo do campesinato ldquodeve ser entendida a partir das diversas contradiccedilotildees

do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma contradiccedilatildeo e

natildeo de uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeordquo

No que diz respeito agrave produccedilatildeo de fumo para o paradigma camponecircs a

integraccedilatildeo agrave induacutestria fumageira significauma intervenccedilatildeo nos modos de produccedilatildeo

camponesa visando padroniza-los deixando o camponecircs com pouca autonomia para

determinar a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo

Para Fernandes (2008) o sistema de produccedilatildeo do agronegoacutecio eacute distinto do

sistema de produccedilatildeo da agricultura camponesa uma vez que o sistema agriacutecola

22

camponecircs tem por referecircncia a reproduccedilatildeo a biodiversidade e o trabalho familiar

natildeo objetivando o plantio de uma uacutenica cultura para o mercado como no modelo

agroexportador Poreacutem Fernandes (2008 p 166) afirma que como eacute o capital que

controla a tecnologia o conhecimento o mercado e as poliacuteticas agriacutecolas

subalterniza o camponecircs Ou seja para Fernandes o sistema agriacutecola camponecircs

natildeo eacute parte do agronegoacutecio

De acordo Paulino com (2012) os camponeses comparecem ao mundo do

trabalho como entidades familiares Dessa forma como eacute a famiacutelia que se prontifica

em produzir a mateacuteria prima para a induacutestria fumageira entatildeo natildeo se refere agrave venda

do trabalho camponecircs e sim da produccedilatildeo na qual estaacute contida o trabalho familiar o

qual exige um ritmo diferenciado

Roos (2015) salienta que no caso da produccedilatildeo fumageira realizada pelos

camponeses ldquoa racionalidade eacute movida pela necessidade de um espaccedilo que possa

servir a um conjunto de atividadesrdquonatildeo objetivando somente a valorizaccedilatildeo que os

galpotildees e as estufas de fumo possam gerar sobre a renda da terra

Nesse sentido as transformaccedilotildees no campo brasileiro relacionadas ao

processo de modernizaccedilatildeo da agricultura se assentam sobre uma estrutura

complexa compreendida pela integraccedilatildeo da agricultura e da induacutestria caracterizada

na maior parte por produzir produtos de exportaccedilatildeo como eacute o caso das induacutestrias

fumageiras aves e suiacutenos

Portanto para esse paradigma a conflitualidade eacute inerente ao processo de

formaccedilatildeo do capitalismo e do campesinato por causa da contradiccedilatildeo criada pela

destruiccedilatildeo criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo simultacircneas dessas relaccedilotildees sociais (FENANDES

2008) O camponecircs possui um sistema agriacutecola proacuteprio que natildeo faz parte do

agronegoacutecio e apresenta uma loacutegica de reproduccedilatildeo distinta todavia os camponeses

estatildeo subalternos agrave hegemonia daquele modelo de desenvolvimento econocircmico

(ROOS2015)

Roos (2015) ao analisar a obra de Chayanov2 afirma que o deslocamento de

membros da famiacutelia para outras atividades (venda de forccedila de trabalho) estaacute

assentado na satisfaccedilatildeo das necessidades e natildeo na maximizaccedilatildeo de lucros

2 CHAYANOV AV La organizaciacuteon de la unidad econoacutemica campesina Buenos Aries Nueva Visioacuten 1974

23

possiacuteveis (relaccedilotildees capitalistas) pois o principal objetivo das transaccedilotildees

econocircmicas camponesas eacute a reproduccedilatildeo do grupo social

Para Paulino (2003) a heterogeneidade no campo estaacute marcada por dois

tipos de propriedade privada de um lado a propriedade capitalista e de outro a

propriedade camponesa Na propriedade capitalista a terra eacute um objeto de negoacutecio

pelo fato de haver exploraccedilatildeo do trabalho alheio ao passo que a propriedade

camponesa constitui-se em terra de trabalho natildeo tendo como intuito a acumulaccedilatildeo

de capital e sim a sobrevivecircncia familiar Nesse sentido para a autora a dualidade

entre terra de negoacutecios e terra de trabalho se explica com base no caraacuteter

contraditoacuterio do desenvolvimento capitalista

Portanto o camponecircs ao incorporar elementos da loacutegica do agronegoacutecio

como ao plantar fumo e soja utilizando agrotoacutexicos adubos quiacutemicos entre outros

gastos relacionados ao plantio e colheita satildeo compreendidos no paradigma

camponecircs a partir do capital sujeitando e expropriando a renda camponesa e

consequentemente deixando o agricultor mais vulneraacutevel

12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR

No Brasil os estudos e debates sobre a categoria da agricultura familiar

ganharam forccedila a partir do fim da deacutecada de 1980 e iniacutecio da deacutecada de 1990

quando essa categoria tem maior representatividade no cenaacuterio socioeconocircmico

brasileiro Inuacutemeros conceitos e caracterizaccedilotildees foram criados para tentar explicar

os indiviacuteduos pertencentes a esse grupo Nesse sentido para Anjos (2003) a

agricultura familiar brasileira se estrutura

ldquocomo uma nova categoria poliacutetica portadora de uma consideraacutevel fonte de legitimidade social que simultaneamente representa os interesses dos pequenos produtores rurais das famiacutelias assentadas dos arrendataacuterios dos agricultores familiares integrados aos complexos agroindustriais e de outros atores sociais do campo brasileirordquo (ANJOS 2003 p 245)

No decorrer da deacutecada de 1990 os estudos voltados para o universo da

agricultura familiare que se destacam na literatura estatildeo em Veiga (1991)

Abramovay (1992) Lamarche (1998) entre outros Esses estudos aleacutem de

trazerem um panorama geral sobre a agricultura familiar daqueles anos tambeacutem

mostraram que as formas familiares de agricultura natildeo eram e nem satildeo

24

homogecircneas poreacutem satildeo importantes para promover o desenvolvimento econocircmico

no Brasil

Abramovay (1992) foi o primeiro no Brasil que distinguiu campesinato de

agricultor familiar afirmando que o agricultor familiar eacute oriundo do camponecircs poreacutem

apresenta distintas formas de organizaccedilatildeo do trabalho tendo como pretensatildeo

inserir-se ao mercado Tambeacutem ao se referir agrave regiatildeo Sul do Brasil o autor afirma

queldquoos agricultores familiares integram-se plenamente a estruturas nacionais de

mercado transformam natildeo soacute sua base teacutecnica mas sobretudo o ciacuterculo social em

que se reproduzem e metamorfoseiam-se numa nova categoria social de

camponeses tornam-se agricultores profissionaisrdquo (ABRAMOVAY 1992 p 126-

127)

Abramovay (1992) Veiga (1991) e Lamarche (1998) entendem que a

agricultura familiar eacute uma categoria que manteacutem a loacutegica familiar de produccedilatildeo

poreacutem estaacute ligada agrave loacutegica capitalista de integraccedilatildeo aos mercados Nesse sentidoo

autor da corrente marxista Claus Germer (1996) alerta para o problema de

conceituar a agricultura familiar em oposiccedilatildeo agrave agricultura patronal o qual favorece

sem sentido a noccedilatildeo de embate entre esses modos de produccedilatildeo

Pensadores da corrente teoacuterica que discutem a agricultura familiar como por

exemplo Valente (2008) Diniz Filho (2011) e Navarro (2014) entre outros natildeo

costumam fazer uma oposiccedilatildeo radical entre a agricultura familiar e o agronegoacutecio

tal como se observa no paradigma camponecircs pelo fato que de alguma forma os

agricultores familiares fazem parte do agronegoacutecio Nesse sentido apontam que a

agricultura familiar brasileira eacute heterogecircnea e necessita ser trabalhada com

tipologias como por exemplo nos estudos organizados por Lamarche (1998) e pela

caracterizaccedilatildeo da agricultura familiar por grupos A B C e D realizados a partir do

estudo ldquoNovo retrato da agricultura familiar brasileira (2000)rdquo Esses estudos

mostram que existem muitas formas de agricultores familiares que se aproximam

bastante do padratildeo do agronegoacutecio Portanto para esse paradigma natildeo haacute

incompatibilidade ou conflitos radicais dos agricultores familiares em relaccedilatildeo ao

capital visto que estatildeo inseridos no mercado

Lamarche (1998) identificou quatro modelos aproximados para distinguir os

tipos de agricultores familiares a partir do tipo e grau de dependecircncia financeira de

mercado e da tecnologia para produccedilatildeo Os quatro modelos consistem em Modelo

empresa caracteriza as unidades produtivas que possuem grande dependecircncia

25

tecnoloacutegica financeira e comercial dependente de matildeo de obra assalariada

(temporaacuteria ou permanente) natildeo possuindo grande apego agrave propriedade (terra)

Modelo empresa familiar satildeo dependentes dos sistemas tecnoloacutegicos financeiros e

de mercado a matildeo de obra eacute familiar tendo por objetivo a reproduccedilatildeo familiar a

partir da terra Modelo agricultura camponesa e de subsistecircncia eacute caracterizada

pelo grande envolvimento da famiacutelia na unidade produtiva pouco dependente de

tecnologias e mercados externos visando satisfazer as necessidades familiares

com pouca produccedilatildeo para comercializar aleacutem de preservarem os patrimocircnios com

intuito de sobrevivecircncia da famiacutelia E por fim o modelo agricultura moderna que eacute

um modelo de agricultura competitiva que estaacute em constante diminuiccedilatildeo das

relaccedilotildees familiares de produccedilatildeo buscando autonomia teacutecnica financeira e de

mercado

Tambeacutem no sentido de entender as caracteriacutesticas do puacuteblico que fazia parte

do rural brasileiro o estudo realizado pela FAOINCRA no ano de 1994 separou os

agricultores entre familiares e patronais sendo que o grupo dos familiares ganhou

outras trecircs subdivisotildees Agricultores Familiares Consolidados que remete aos

agricultores familiares jaacute integrados ao mercado Agricultores familiares em

transiccedilatildeo ou seja aqueles em processo de integraccedilatildeo aos mercados e Agricultores

Familiares Perifeacutericos caracteriacutesticos daqueles com poucas possibilidades de

integraccedilatildeo aos mercados Poreacutem conforme Bittencourt e Peraci (2010) esse

agrupamento da categoria familiar foi utilizado soacute ateacute 1999 quando ganhou outra

classificaccedilatildeo agora a partir de quatro subdivisotildees dos grupos familiares A B C e D

A tipificaccedilatildeo das unidades familiares em quatro grupos eacute produto do estudo

realizado com base nos dados do Censo Agropecuaacuterio de 1996 e coordenado por

Carlos Enrique Guanziroli (FAO) e Silvia Elizabeth Cardin (INCRA) no ano de 2000

intitulado ldquoO novo retrato da agricultura familiar O Brasil redescobertordquoque

objetivou fazer uma nova tipificaccedilatildeo das unidades familiares localizadas no territoacuterio

brasileiro Esse agrupamento foi definido pela Resoluccedilatildeo 2629 de agosto de 1999

a qual foi adotada para que as regras de financiamento fossem mais adequadas agrave

realidade de cada segmento social (Schneider Czala Matei 2004 p 26)

Da mesma forma que os estudos feitos por Lamarche (1998) os resultados

dos trabalhos realizados pela FAOINCRA afirmam que a agricultura brasileira

apresenta uma grande diversidade em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo dos produtores agrave aptidatildeo

da terra agrave disponibilidade de infraestrutura etc natildeo apenas entre as regiotildees mas

26

tambeacutem dentro de cada regiatildeo (Guanziroli Cardin 2000) Esses autores insistem

na importacircncia de aprofundar o conhecimento dessas realidades do espaccedilo rural

com o intuito de incorporar de forma efetiva esses conhecimentos ao planejamento

de poliacuteticas puacuteblicas

Como o presente estudo objetiva a identificaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo dos

produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis atraveacutes da tipologia dos grupos

familiares eacute fundamental detalhar as caracteriacutesticas de cada grupo3 Agricultores

Familiares tipo A considerados como os mais capitalizados e muito integrados ao

mercado Agricultores Familiares tipo B que estatildeo em vias de capitalizaccedilatildeo e

integrados ao mercado Agricultores Familiares tipo C que se apresentam em vias

de descapitalizaccedilatildeo e pouco integrados aos mercados e os Agricultores Familiares

tipo D sendo compreendidos como descapitalizados

Essas delimitaccedilotildees estabelecidas entre a agricultura familiar e a patronal

como tambeacutem na diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os proacuteprios agricultores

familiares proporcionou a identificaccedilatildeo dos distintos graus de desenvolvimento e

das distintas loacutegicas adotadas para a reproduccedilatildeo familiar

Para esse paradigma o agricultor familiar natildeo eacute um camponecircs mas sim um

empresaacuterio capitalista de pequeno porte inserido no mercado e que busca

maximizar a sua produccedilatildeo mas como eacute de pequeno porte ainda natildeo se

desvinculou totalmente do processo produtivo necessitando da matildeo de obra familiar

para o desenvolvimento das atividades a qual eacute caracteriacutestica das unidades

familiares No caso da produccedilatildeo de fumo conforme se veraacute com detalhes adiante o

pequeno capitalista estaacute presente em todo o processo desde o plantio ateacute a venda

da produccedilatildeo

Schneider (2006) menciona a falta de compreensatildeo dos modos familiares e

sua inserccedilatildeo nos mercados capitalistas uma vez que se deixam enredar no debate

sobre um suposto dualismo entre o agronegoacutecio e agricultura familiar como se os

3Considera-se que a tipologia elaborada pela FAOINCRA (2000) busca estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares dando-se em funccedilatildeo do custo de oportunidade do trabalho dado esse obtido atraveacutes do valor da diaacuteria regional mais 20 Tambeacutem o universo familiar foi delimitado atraveacutes das variaacuteveis em que a direccedilatildeo dos trabalhos do estabelecimento era exercida pelo produtor o trabalho familiar era superior ao trabalho contratado e por fim a aacuterea regional que varia de 4 ateacute 15 moacutedulos fiscais

27

envolvidos natildeo estivessem interessados em um mesmo processo ou seja da

produccedilatildeo e do consumo Nessa mesma linha de pensamento Veiga (2004) afirma

que ldquoo agronegoacutecio no Brasil natildeo eacute soacute uma atividade de grandes produtores e que

natildeo haacute oposiccedilatildeo com agricultura familiarrdquo uma vez que a agricultura familiar

sustenta um dos ramos mais bem sucedidos do agronegoacutecio como as cadeias

produtivas de exportaccedilatildeo de frango suiacutenos e tambeacutem com grande expressividade

a cadeia do fumo

O agronegoacutecio eacute composto fundamentalmente por agricultores familiares Eles conseguiram se firmar em setores extremamente modernos como a produccedilatildeo de aves suiacutenos fumo produtos esses ligados a mercados internacionais (ABRAMOVAY 2003 p 7)

De acordo com Valente (2008) vem sendo estabelecido o consenso de que

as atividades desenvolvidas ao longo da cadeia produtiva tanto patronais quanto

familiares satildeo complementares Nessa perspectiva menciona que faz-se necessaacuterio

um estudo do que aproxima e do que afasta aqueles que se inserem no agronegoacutecio

para assim ser possiacutevel pleitear distintas poliacuteticas agriacutecolas de acordo com os

interesses de casa categoria

Enquanto Fernandes (2001)Paulino (2003)Oliveira (2004) e Roos (2015)

defendem a oposiccedilatildeo do agronegoacutecio agrave agricultura familiar devido agraves

conflitualidades entre as classesSchneider (2006) Navarro (2007 2014) Valente

(2008) Diniz Filho (2011) e Jank (2006) consideram falso esse dualismo entre a

agricultura familiar e o agronegoacutecio uma vez que os agricultores buscam maximizar

seus lucros Nesse sentido afirma Jank (2006) que

O Brasil tem sido proacutedigo em produzir falsas dicotomias como a ideia do agronegoacutecio contra a pequena agricultura a agricultura patronal contra a agricultura familiar ou grandes produtores contra os sem-terra [] caso uacutenico no mundo o Brasil tem dois ministeacuterios da agricultura vivendo uma guerra surda por atenccedilatildeo e recursos um cuidando de mecanismos tradicionais de poliacuteticas agriacutecolas e o outro da reforma agraacuteria e da agricultura familiar (JANK 2006 P a2)

13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS

28

O estudo do territoacuterio vem sendo constituiacutedo em uma tradiccedilatildeo do pensamento

geograacutefico nos uacuteltimos 100 anos (VALVERDE 2004) Instintivamente o seu conceito

remota agrave ideia de lugar espaccedilo de residecircncia ou local onde se desenrolaratildeo as

muacuteltiplas relaccedilotildees entre os agentes sejam sociais ou econocircmicos (MARIANI

ARRUDA 2010)

Nesse ponto de vista Fernandes (2008) cita que a globalizaccedilatildeo e a hegemonia

das poliacuteticas neoliberais provocaram a emergecircncia do conceito de territoacuterio em duas

direccedilotildees De um lado os estudos sobre territoacuterios feitos agrave luz do paradigma

camponecircs e de outro o estudo de territoacuterio a partir do paradigma da agricultura

familiar O territoacuterio para o paradigma camponecircs eacute explicado a partir da criacutetica aos

modelos de produccedilatildeo capitalista sendo que as anaacutelises satildeo feitas sob a oacutetica de

territoacuterio multidimensional entendido a partir das conflitualidades e contradiccedilotildees

entre as classes sociais

Jaacute o paradigma da agricultura familiar ao analisar o territoacuterio natildeo utiliza os

procedimentos para estudar as conflitualidades e sim trabalha com o objetivo de

classificar as desigualdades sociais Nesse sentido o tema de estudo predominante

nesse paradigma eacute a reproduccedilatildeo das relaccedilotildees capitalistas ou seja a forma como os

agricultores buscam se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo sem que haja

uma conflitualidade entre classes ou territoacuterios No caso dos conflitos existentes no

campo para o paradigma da agricultura familiar deve-se trabalhar a partir do grau

que esses conflitos acontecem natildeo generalizando a partir de casos radicais de

conflitos entre os distintos territoacuterios No caso da fumicultura pode-se dizer que natildeo

satildeo identificados conflitos tatildeo radicais ao passo que na produccedilatildeo de subsistecircncia

esse acontecimento pode acontecer de forma diferenciada

Diversos satildeo os acontecimentos e agentes responsaacuteveis por instituir funccedilatildeo e

particularidades aos espaccedilos Como exemplos desses acontecimentos podem ser

citadas ldquoas atividades econocircmicas os empreendimentos das

multinacionaistransnacionais comunidades tiacutepicas como tambeacutem do poder puacuteblicordquo

(MARIANI ARRUDA 2010) os quais satildeo responsaacuteveis pela construccedilatildeo de

territoacuterios Haesbaert (2007) destaca a existecircncia de territoacuterios funcionais desde que

o territoacuterio apresente um papel de receptaacuteculos de atividades econocircmicas

possuindo muacuteltiplas funccedilotildees conforme seu interesse em atuar naquele territoacuterio

29

Fernandes (2008) adepto do paradigma camponecircs ao trabalhar os diferentes

territoacuterios destaca a importacircncia de analisar o territoacuterio atraveacutes da

multidimensionalidadeconflitualidade que satildeo concebidas atraveacutes de um conjunto

de conflitos inscritos nas relaccedilotildees indissociaacuteveis entre desenvolvimento e disputas

territoriais Para o autor a definiccedilatildeo de territoacuterio estaacute relacionada agrave existecircncia de

poder entre classes ao passo que a conflitualidade existe devido agraves disputas

territoriais entre o capital e o campesinato ou seja de distintos territoacuterios e

funcionalidades

Oliveira (2001) aponta que devido agraves forccedilas produtivas capitalistas ocorrerem

de maneira desigual e contraditoacuteria no territoacuterio em algumas circunstacircncias eacute mais

conveniente para o capital monopolizar o territoacuterio ao inveacutes de se territorializar ou

seja neste caso para o paradigma camponecircs o capital natildeo expropria o camponecircs

fumicultor poreacutem subordina esse agente social ao ditar as regras de produccedilatildeo como

tipos de sementes insumos quiacutemicos teacutecnicas de produccedilatildeo entre outros elementos

que estatildeo relacionados agrave produccedilatildeo Trata-se da territorializaccedilatildeo do capital

monopolista (OLIVEIRA 2001) o qual monopoliza a circulaccedilatildeo e domina os meios

de produccedilatildeo e a terra (ROOS 2015)

Nesse sentido no territoacuterio a accedilatildeo das empresas transnacionais como por

exemplo a Souza Cruz configuram o processo chamado por Oliveira (2005) e Roos

(2015) de ldquomonopolizaccedilatildeo do territoacuteriordquo uma vez que a empresa se instala em aacutereas

estrateacutegicas monopoliza o territoacuterio e firma acordos com os produtores familiares e

natildeo familiares que produzem fumo sendo entendidos entatildeo a partir da sujeiccedilatildeo da

renda da terra ao capital onde o produtor atraveacutes da integraccedilatildeo tem pouco poder

nas negociaccedilotildees

Para Fernandes (2008) a existecircncia de distintos territoacuterios entre o campesinato

e o agronegoacutecio eacute dada a partir das formas de organizaccedilatildeo espacial e de paisagens

geograacuteficas sendo o territoacuterio do agronegoacutecio caracterizado pela monocultura

desertificaccedilatildeo populacional produtivismo para exportaccedilatildeo grande escala e

homogeneidade ao passo que o territoacuterio camponecircs eacute representado pela

heterogeneidade da paisagem frequente povoamento policultura e produccedilatildeo

diversificada Por fim o territoacuterio monopolizado pelo agronegoacutecio se distingue pela

homogeneidade da paisagem geograacutefica e pela subalternidade e controle

tecnoloacutegico das commodities que se utilizam dos territoacuterios camponeses

30

(FERNANDES 2008) Portanto para os seguidores desse paradigma o capital

forma os seus territoacuterios atraveacutes da expansatildeo e controle de aacutereas em todas as

regiotildees subalternizando o camponecircs atraveacutes da integraccedilatildeo Sobre a monopolizaccedilatildeo

do territoacuterio Fernandes (2008) destaca que

Quando o tempo de trabalho eacute maior do que o de produccedilatildeo o capital age atraveacutes da monopolizaccedilatildeo do territoacuterio e da sujeiccedilatildeo da renda da terra Neste caso o campo continua povoado por camponeses ou pequenos ou meacutedios capitalistas que passam a produzir de acordo com o que lhes diz a induacutestria Eacute o caso por exemplo da laranja do fumo a avicultura e da suinocultura entre outros (FERNANDES 2008 p 196)

As anaacutelises voltadas ao paradigma camponecircs e que tratam dos assuntos

relacionados agrave produccedilatildeo de fumo como por exemplo o trabalho de Roos (2015)

afirmam que a subalternidade camponesa estaacute expressa na sujeiccedilatildeo da renda e na

monopolizaccedilatildeo do territoacuterioterritorialidade pelo capital uma vez que a

monopolizaccedilatildeo do territoacuterio pelo capital eacute entendida como territorialidade capitalista

no territoacuterio camponecircs Nesse sentido Roos (2015) compreende territorialidade

como o uso do territoacuterio ponderando que este eacute exclusivamente produzido por uma

relaccedilatildeo social que somente pode ser realizada pelo sujeito onde a territorialidade

pode ser camponesa ou capitalista

Nesse ponto de vista em relaccedilatildeo agrave produccedilatildeo de fumo nas unidades

familiares o paradigma camponecircs compreende que as relaccedilotildees capitalistas

subordinam as relaccedilotildees camponesas e consequentemente o seu territoacuterio pelo fato

das bases teacutecnicas de produccedilatildeo estarem determinadas pelas multinacionais como

por exemplo atraveacutes dos contratos de compra de fumo de empresas com a Souza

Cruz

O territoacuterio eacute instituiacutedo por sujeitos e grupos sociais que se afirmam por meio dele Assim haacute sempre territoacuterio e territorialidade ou seja processos sociais de territorializaccedilatildeo Num mesmo territoacuterio haacute sempre muacuteltiplas territorialidades (PORTO-GONCcedilALVES 2006)

Roos (2015) destaca que mesmo onde as empresas fumageiras determinam

o padratildeo tecnoloacutegico (infraestrutura tipos de sementes insumos utilizados formas

de semeadura etc) natildeo tiram dos camponeses a autonomia sobre o seu trabalho o

tempo e as decisotildees Assim o autor afirma que o territoacuterio continua sendo de

domiacutenio dos camponeses poreacutem o capital exerce sua territorialidade subordinando a

renda camponesa na medida em que se incorporam agrave loacutegica capitalista

31

A territorialidade deriva de territoacuterio como produto das muacuteltiplas relaccedilotildees de

poder presentes e que estatildeo intrinsicamente relacionadas aos modelos de produccedilatildeo

podendo como destacado por Porto-Gonccedilalves (2006) e Fernandes (2008) coexistir

vaacuterias territorialidades em um mesmo territoacuterio

As territorialidades expressam as relaccedilotildees de poder que determinam as

configuraccedilotildees territoriais Elas contribuem para a identificaccedilatildeo de quem domina e de

quem eacute o dominado nos territoacuterios As territorialidades tambeacutem estatildeo expressas nas

paisagens de modo que seus componentes revelam as relaccedilotildees sociais poliacuteticas e

econocircmicas (FERNANDES 2010)

Fernandes (2008 2009) acrescenta que a disputa territorial entre o

campesinato e o agronegoacutecio pode acontecer por duas formas distintas pela

desterritorializaccedilatildeo e pelo controle das territorialidades por possuiacuterem relaccedilotildees

sociais distintas e modelos divergentes de produccedilatildeo os quais resultam em conflitos

Portanto ainda no que diz respeito ao paradigma camponecircs Paulino e

Almeida (2010) defendem a ideia de que embora o campesinato seja uma relaccedilatildeo

natildeo capitalista ldquosua reproduccedilatildeo deve ser entendida a partir das diversas

contradiccedilotildees do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma

contradiccedilatildeo e natildeo de uma articulaccedilatildeo de modos de produccedilatildeordquo Jaacute no paradigma da

agricultura familiar a inserccedilatildeo do agricultor nos mercados capitalistas natildeo eacute

compreendida pela conflitualidade entre territoacuterio camponecircs e do agronegoacutecio

sendo que ambos buscam maximizaccedilatildeo de sua produccedilatildeo

A partir do exposto eacute possiacutevel entender que os estudos feitos agrave luz do

paradigma da agricultura camponesa e que tratam de temas relacionados agrave

produccedilatildeo de fumo no Sul do Brasil afirmam a existecircncia de conflitos muitas vezes

ldquoveladosrdquo entre o territoacuterio dos fumicultores e a territorialidade corporativa das

empresas fumageiras

32

CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL

De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de

fumo Por esse fato o presente capiacutetulo tem como objetivo salientar os fatores que

proporcionaram ao paiacutes se tornar referecircncia nesse setor uma vez que a fumicultura

eacute desenvolvidaem sua maioriapela agricultura familiar (AFUBRA 2015) De

maneira cronoloacutegica realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica da origem do fumo e

sua consequente inserccedilatildeo em uma produccedilatildeo de escala comercial analisando o

cultivo o mercado e outros aspectos sejam das esferas produtiva social e

econocircmica visto que esses elementos satildeo fundamentais para entender os motivos

pelos quais contribuiacuteram para a inserccedilatildeo dessa produccedilatildeo no municiacutepio de

PrudentoacutepolisPR que seraacute tratado com mais detalhes no capiacutetulo III Tambeacutem pelo

fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo

de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral

dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura

familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo

do agronegoacutecio

21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL

A partir do iniacutecio da deacutecada de 1990 o Brasil vem ocupando uma posiccedilatildeo de

destaque no mercado mundial do fumo pelo volume produzido e pela qualidade que

o produto possui

Ao analisar as origens4 dessa cultura as respostas satildeo um pouco distintas pois

existem possiacuteveis afirmaccedilotildees de que o fumo era consumido desde o seacuteculo IX no

continente Asiaacutetico Todavia Frozza (1998) afirma que o cultivo e uso das folhas

datam de mais de quatro mil anos e que ocorreram nas regiotildees da Ameacuterica do Norte

e Central onde hoje se situam o Meacutexico e a Guatemala Ainda de acordo com esse

autor satildeo os povos Maias que teriam iniciado o plantio dessa cultura

4 O tabaco tambeacutem chamado de fumo eacute uma erva do gecircnero das plantas solanaacuteceas cujas folhas depois de preparadas servem mais comumente para fumar cheirar ou mascar (SILVA 2012)

33

Nardi (1985) e Saffrin (1995) afirmam que o fumo tem suas origens nos vales

orientais dos Andes bolivianos e que chegou ao territoacuterio brasileiro atraveacutes das

migraccedilotildees dos iacutendios principalmente os iacutendios Tupi-Guarani Convergindo com

Nardi e Saffrin Souza Cruz (2011) afirma que o fumo eacute uma planta originaacuteria dos

Andes e que acompanhou as migraccedilotildees dos iacutendios por toda a Ameacuterica Central ateacute

chegar ao territoacuterio brasileiro

Os colonizadores portugueses atraveacutes dos povos indiacutegenas introduziram o haacutebito

do consumo de fumo (BOEIRA 2002) tendo acesso ao produto atraveacutes do

escambo Dessa forma satildeo criadas as primeiras legislaccedilotildees para regulamentar a

atividade fumageira como a Junta de Administraccedilatildeo do Tabaco de 1674 a qual

servia para orientar o comeacutercio das especiarias em Portugal e suas colocircnias e

institucionalizou o monopoacutelio portuguecircs sobre o produto Nesse contexto o tipo de

fumo produzido era o escuro de corda sendo que o mesmo era usado para fabricar

o rapeacute o cigarro e charutos (SILVA 2002)

No iniacutecio do seacuteculo XIX a produccedilatildeo em escala comercial ocupou aacutereas reduzidas e

concentradas entre o litoral dos atuais estados da Bahia (Recocircncavo Baiano) e

Recife proporcionando o abastecimento do mercado europeu Os fatores que

contribuiacuteram para a produccedilatildeo do fumo foram agrave existecircncia de matildeo de obra familiar e o

desejo de desenvolver a regiatildeo Para Silva (2002) a cultura do fumo ao contraacuterio da

cana-de-accediluacutecar que era plantada somente nos latifuacutendios foi e ainda eacute

desenvolvida pela sua maioria em pequenas propriedades

A produccedilatildeo se expandiu para os estados de Minas Gerais Goiaacutes Satildeo Paulo

e sobretudo para a regiatildeo Sul do Brasil regiatildeo essa colonizada por imigrantes

europeus que se dedicaram a atividade como eacute o caso do municiacutepio de

Prudentoacutepolis no Paranaacute

O fumo ldquoproduto antes principalmente destinado ao escambo de escravos na segunda metade do seacuteculo passou a encontrar mercado crescente na Europa A quantidade exportada aumentou 361 por cento entre os anos de quarenta e noventa e os preccedilos meacutedios subiram 41 por centordquo(FURTADO p47 1984apud Silva 2002 p 38)

De acordo com Silva (2002) na regiatildeo Sul do Brasilas primeiras plantaccedilotildees

de fumo iniciaram-se em 1824 na colocircnia de Satildeo LeopoldoRS a mesma colonizada

por imigrantes alematildees e em 1850 na colocircnia Santa CruzRS Nessa regiatildeo foram

34

cultivadas variedades de fumos claros como o chinecircs (conhecido atualmente como

amarelinho) e mais tarde o Virgiacutenia devido agrave melhor aceitaccedilatildeo no mercado externo

sendo usado para a fabricaccedilatildeo de cigarros

Como destaca Spies (2000) o principal fator para os imigrantes se dedicarem a

atividade fumageira foram as precaacuterias condiccedilotildees econocircmicas em que se

encontravam pois produziam somente os alimentos para sua subsistecircncia e o

excedente natildeo era suficiente para provecirc-los Dessa forma viram na produccedilatildeo de

fumo uma alternativa para a melhora da situaccedilatildeo financeira familiar Outras

caracteriacutesticas que devem ser levadas em consideraccedilatildeo uma vez que contribuiacuteram

para que os imigrantes se dedicassem a produccedilatildeo de fumo satildeo a estrutura fundiaacuteria

baseada em pequenos lotes de terras e a disponibilidade de matildeo de obra da proacutepria

famiacutelia

Conforme Souza Cruz (2011) outro marco relevante no setor fumageiro foi agrave

criaccedilatildeo da empresa Souza Cruz pelo imigrante portuguecircs Albino Souza Cruz no ano

de 1903 no estado do Rio de Janeiro colocando em funcionamento a primeira

maacutequina do Brasil a produzir cigarros jaacute enrolados em papel Poreacutem com a

necessidade de investir no ramo para acelerar o ritmo de crescimento em

1914Albino Souza Cruz transformou a companhia em uma sociedade anocircnima

passando o controle acionaacuterio ao grupo British American Tabacco (BAT) fato que

permitiu o crescimento da Souza Cruz (SOUZA CRUZ 2015)

A expansatildeo da produccedilatildeo de fumo ocasionou algumas fusotildees entre empresas

do setor Vogt (1994) menciona que os anos entre 1917 e 1993 satildeo caracterizados

por aglutinaccedilotildees e fusotildees das empresas de comeacutercio e beneficiamento do tabaco A

entrada do capital internacional acarretou mudanccedilas na dinacircmica econocircmica da

regiatildeo

Na cidade de Santa CruzRS encontra-se o maior polo fumicultor do Brasil e

conforme AFUBRA (2001) um fato marcante na mudanccedila da dinacircmica econocircmica

desse muniacutecipio e regiatildeo se deu em 1917 com a iniciativa da BAT de instalar a

primeira usina de processamento de fumo no paiacutes com o nome de ldquoThe Brazilian

Tabacco Corporationrdquo Sua razatildeo social foi alterada no ano de 1920 para Companhia

Brasileira de Fumo em Folha (CBFF) e finalmente em 1955 alterada para

Companhia de Cigarros Souza Cruz ndash Induacutestria e Comeacutercio (SILVA 2002) A

35

companhia foi fundamental para que o Brasil alcancasse ainda mais os mercados

mundiais atraveacutes de algumas melhorias proporcionadas por ela

Vogt (1994) destaca que a partir de 1924 a companhia de capital internacional

comeccedilou a investir e incentivar os fumicultores a utilizarem insumos quiacutemicos para

obter uma melhor produtividade e qualidade do fumo o que se refletia no mercado

de cigarros que cada vez ficava mais exigente O melhoramento geneacutetico das

sementes foi outro condicionante para que se obtivesse um aumento da

produtividade e qualidade do fumo

De acordo com Vogt (1994) o mercado fumageiro brasileiro teve uma boa

elevaccedilatildeo nas exportaccedilotildees com o fim da segunda Guerra Mundial jaacute que os paiacuteses

que ateacute entatildeo eram grandes produtores de cigarros se encontravam desorganizados

pelos conflitos poliacuteticos e econocircmicos Outro fator que contribuiu para a maior

demanda do fumo brasileiro foi uma grande estiagem que afetou os paiacuteses

produtores de fumo na safra de 19441945 ocasionando dessa forma um aumento

nos preccedilos pagos pelos mercados internacionais entre os anos de 1944 e 1946

estimulando assim o aumento da produccedilatildeo brasileira devido aos grandes ganhos

obtidos no mercado externo

Contudo houve um aumento da produccedilatildeo sem o proporcional aumento da

qualidade do fumo causando certa preocupaccedilatildeo na balanccedila comercial Para piorar a

situaccedilatildeo no final da deacutecada de 1940 Franccedila Espanha Beacutelgica Holanda e

Dinamarca que eram os principais importadores do tabaco brasileiro foram

contemplados com o Plano Marshall e passaram a adquirir o fumo norte-americano

jaacute que possuiacutea uma qualidade melhor ldquoDesse modo o Brasil natildeo estava conseguido

uma boa representatividade no mercado externordquo (VOGT p 102 1994)

Ao encontro das discussotildees de Vogt Seffrin (1995) afirma que os fumicultores

foram os principais prejudicados com essa superproduccedilatildeo ocorrida na deacutecada de

1950 os quais entregavam a produccedilatildeo a preccedilos piacutefios de maneira a natildeo incorrer em

prejuiacutezos ainda maiores Como por exemplo quando a entatildeo Companhia Brasileira

de Fumos em Folha que atualmente tem o nome de Souza Cruz abriu um comeacutercio

de compra livre de fumos escuros os quais tinham um valor de mercado bem abaixo

da meacutedia e os fumicultores da regiatildeo Sul do Brasil sem outras saiacutedas de mercado

acabaram vendendo o fumo claro (de valor maior) por preccedilo de fumos escuros

36

Com a queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo no cenaacuterio mundial a

quantidade da produccedilatildeo do fumo era limitada e a produccedilatildeo fumageira das deacutecadas

de 1950 e 1960 (tabela 1) era destinada na sua maioria para o mercado nacional

A elevaccedilatildeo desorganizada da produccedilatildeo fumageira gerou na regiatildeo nos anos de 50 e 60 grandes estoques de excedentes natildeo comercializaacuteveis O fumo abarrotava os armazeacutens das firmas e das cooperativas natildeo tendo o colono como despachar o seu cultivo (VOGT 1994)

Portanto a produccedilatildeo de fumo no Brasil eacute mais expressiva a partir da segunda

metade do seacuteculo XX sobretudo no poacutes-guerra quando a ampliaccedilatildeo das aacutereas de

produccedilatildeo veio associada ao aumento da qualidade e produtividade das lavouras

como tambeacutem da produccedilatildeo industrial dos cigarros

ANO PRODUCcedilAO T EXPORTACcedilAO T

1961 60408 10919 1963 82851 14522 1965 91159 14008 1967 112234 9289 1969 99804 13778 1971 97206 18556 1973 82030 20248 1975 97722 41277

QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA

Fonte VOGT 1994

Como pode ser visto as melhoras nas exportaccedilotildees comeccedilam somente na deacutecada de

1970 A deacutecada de 1960 foi marcada por poucas vendas para o mercado externo

natildeo chegando a exportar 15 da produccedilatildeo total Conforme Sefrin (1995) devido a

essa queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo para o exterior na deacutecada de

1960 os fumicultores encontravam-se em condiccedilotildees econocircmicas peacutessimas pois

aleacutem de ser um trabalho aacuterduo os lucros eram iacutenfimos natildeo conseguindo muitas

vezes fazer o pagamento do financiamento da produccedilatildeo aleacutem das safras serem

afetadas pelas intempeacuteries climaacuteticas encontrando-se cada vez mais

desamparados Como aponta Safrin (1995) os pagamentos muitas vezes eram feitos

no ano seguinte da venda e com preccedilos ainda reduzidos

Para que a produccedilatildeo brasileira do fumo pudesse voltar ao cenaacuterio internacional era

indispensaacutevel um salto qualitativo na produccedilatildeo do fumo fato que exigiria a injeccedilatildeo

de grande quantidade de capital na produccedilatildeo Conforme Vogt (1994) os

37

investimentos necessaacuterios para a melhoria da qualidade estavam relacionados agrave

aquisiccedilatildeo de sementes adubos pesticidas instrumentos agriacutecolas construccedilatildeo de

estufas bem como a assistecircncia teacutecnica constantemente presente na propriedade

do colono e a garantia da compra integral da produccedilatildeo sendo mais um fator que

impulsionou a Souza Cruz a investir nessa regiatildeo

De acordo com Silva (2002) para corroborar na soluccedilatildeo dos problemas

econocircmicos dos fumicultores surgiram movimentos de uniatildeo dos interesses dos

mesmos o que resultou na sugestatildeo para a criaccedilatildeo de uma associaccedilatildeo formal dos

fumicultores Sendo assim no dia 21 de marccedilo de 1955 na cidade de Santa Cruz do

SulRS foi criada a Associaccedilatildeo dos Plantadores de Fumo em Folha do Rio Grande

do Sul a qual em 1963 mudou sua razatildeo social para Associaccedilatildeo dos Fumicultores

do Brasil (AFUBRA) passando a abranger tambeacutem os estados de Santa Catarina e

Paranaacute (AFUBRA 2014) Dessa forma a entidade foi criada devido a dois fatores

principais a instabilidade do mercado e dos preccedilos do tabaco e a inexistecircncia de

auxiacutelio econocircmico contra danos por granizo nas lavouras

Com a injeccedilatildeo de capital para a melhoria na produccedilatildeo do fumo e com a

criaccedilatildeo da AFUBRA os fumicultores encontravam-se mais confiantes pelo fato de

estarem obtendo melhores rendimentos Apesar desse desequiliacutebrio nas

exportaccedilotildees pelo qual o mercado fumageiro passou nas deacutecadas de 1950 e 1960

Spies (2000) destaca que a induacutestria do fumo jaacute era a mais importante da regiatildeo de

Santa Cruz no Rio Grande do Sul entre os anos de 1952 e 1965 pois no ano de

1924 os produtos de subsistecircncia representavam 70 da produccedilatildeo e na deacutecada de

1950 esse valor caiu para 413 do total da produccedilatildeo agriacutecola regional

Conforme destaca Vogt (1994) o final da deacutecada de 1960 e com maior

intensidade nas deacutecadas de 1970 e 1980 a fumicultura brasileira volta a ter um

aumento significativo em termos de aacuterea produzida e exportaccedilatildeo da produccedilatildeo devido

principalmente agrave abertura do mercado internacional para os fumos brasileiros mas

tambeacutem agrave adoccedilatildeo de poliacuteticas favoraacuteveis agrave instalaccedilatildeo de agroinduacutestrias no paiacutes

resultando na consolidaccedilatildeo dos complexos agroindustriais

Na deacutecada de 1970 e 1980 era notaacutevel o progresso do setor fumageiro na

regiatildeo Sul do Brasil Esse fato refletiu nas exportaccedilotildees pois a quantidade do fumo

em folha exportado pelo Brasil daacute um salto de 55 mil toneladas exportadas no ano

38

de 1965 para 170 mil toneladas no ano de 1985 dando assim a configuraccedilatildeo da

atual estrutura fumageira do Brasil

Com a consolidaccedilatildeo do Complexo Agroindustrial Brasileiro ou seja da

integraccedilatildeo entre a agricultura e a induacutestria o setor fumageiro ganhou grande

impulso e os estados de Santa Catarina e Paranaacute tambeacutem receberam consideraacuteveis

incentivos para se especializar na produccedilatildeo Foi nesse periacuteodo que a produccedilatildeo em

maior escala atingiu o municiacutepio de PrudentoacutepolisPR e um nuacutemero maior de famiacutelias

aderiu a esse cultivo

Durante a deacutecada de 70 consolidou-se a atual estrutura fumageira existente no Brasil meridional [] ao mesmo tempo os cultivos nos estados de Santa Catarina e Paranaacute foram intensificados pelas corporaccedilotildees que introduziram o tabaco em novas aacutereas para responder a demanda internacional (VOGT 1994)

Dessa forma a proliferaccedilatildeo das lavouras de fumo acontece

concomitantemente nos trecircs estados da regiatildeo Sul do Brasil e estes se destacam

pela qualidade do fumo que produzem Silva (2002) aponta que a chegada de outras

empresas multinacionais com intenccedilatildeo de expandir-se impulsionou o processo de

organizaccedilatildeo da produccedilatildeo do fumo incentivando a especializaccedilatildeo dos envolvidos nas

atividades

Em Santa Catarina e no Paranaacute o cultivo de fumo de estufa de caraacuteter

comercial daacute-se a partir da empresa Souza Cruz a partir da deacutecada de 1960 a qual

oferecia o sistema integrado de produccedilatildeo Ou seja os fumicultores plantariam o

fumo a Souza Cruz entraria com o financiamento da produccedilatildeo (fornecimento da

estufa de insumos e assistecircncia teacutecnica) e no final da safra o fumicultor fazia o

pagamento para a empresa com sua proacutepria produccedilatildeo No Paranaacute a Souza Cruz

inseriu primeiramente a produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Irati (principal polo

fumageiro do Paranaacute onde se localiza o municiacutepio de Prudentoacutepolis)

A partir da deacutecada de 1980 a produccedilatildeo vem aumentando Vogt (1994) expotildee

que a regiatildeo Sul do paiacutes aumentou sua produccedilatildeo em aproximadamente 60 entre

as safras de 198788 e 19921993 dando um salto de 350 mil para 560 mil

toneladas

39

TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL

SAFRA AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS

KG ha R$Kg

1995 200830 348000 132680 1733 155

2000 257660 359040 134850 2092 200

2005 439220 842990 198040 1919 433

2006 417420 769660 193310 1844 415

2007 360910 758660 182650 2102 425

2008 348720 713870 180520 2047 541

2009 374060 744280 186580 1990 590

2010 370830 691870 185160 1866 635

2011 372930 832830 186810 2233 493

2012 324610 727510 165170 2241 630

2013 313675 712750 159595 2272 745

2014 323700 731390 162410 2259 728

Fonte AFUBRA2015

A safra de 2005 mostra novamente um aumento significativo na produccedilatildeo

total Sul brasileira chegando a 842990 toneladas anuais (tabela 1) De 2005 para

caacute a produccedilatildeo oscilou entre 842990 e 691870 toneladas anuais (conforme a

demanda do mercado) com um leve decreacutescimo nos uacuteltimos trecircs anos

A produtividade do fumo aumentou na deacutecada de 2000 devido agrave introduccedilatildeo de

novas teacutecnicas que permitiram a diminuiccedilatildeo do uso de matildeo de obra Na safra de

1995 a produtividade meacutedia foi de 1733 kgha aumentando consideravelmente

para a uacuteltima safra a qual chegou a 2259 Kgha Nos anos de 2005 e 2006

percebe-se um aumento na quantidade de famiacutelias envolvidas na atividade quadro

esse invertido no ano de 2007 ocorrendo queda no nuacutemero dessas famiacutelias

Apesar da diminuiccedilatildeo do nuacutemero das famiacutelias na atividade em geral a

produccedilatildeo natildeo eacute afetada o quase deve agrave modernizaccedilatildeo das estufas de secagem

que resultou na diminuiccedilatildeo da matildeo de obra favorecendo o aumento da produccedilatildeo

por parte das famiacutelias que permaneceram no setor Conforme um produtor

entrevistado durante o trabalho de campo desta pesquisa

40

Depois que modernizamos a nossa estufa no ano de 2005 conseguimos aumentar a produccedilatildeo e diminuir a matildeo de obra [] antes precisava de quatro pessoas para colheita e pelo menos mais 4 para fazer a costura das folhas de fumo no galpatildeo antes de colocar na estufa [] quando descarregava as folhas da estufa era preciso tirar todos os fios do fumo [] dava muito trabalho Com a modernizaccedilatildeo isso acabou [] o fumo que vem da lavoura vai direto para a estufa Precisamos soacute de pessoas para colher e carregar direto na estufa O trabalho eacute mais leve nos dias de hoje com esse tipo de estufa (FUMICULTOR DA LINHA RIO PRETO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)

Sei que o fumo por si soacute jaacute eacute um veneno mas usamos os equipamentos de proteccedilatildeo que eacute seguro Hoje usamos agrotoacutexicos porque daacute menos serviccedilo e sai mais barato que pagar pra carpir [] soacute por isso mesmo[] Quando produzia morangos usava mais veneno ainda [] sabemos que o veneno natildeo faz bem nem pra noacutes nem para a natureza mas natildeo temos outras opccedilotildees (FUMICULTOR DA LINHA DEZEMBRO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)

Diniz Filho (2011) tambeacutem ressalta que especificamente no caso das

tecnologias de produccedilatildeo agriacutecola a opccedilatildeo dos agricultores familiares pelo uso de

maacutequinas e produtos quiacutemicos eacute estimulada pelo interesse de eliminar certos tipos

de trabalho braccedilal muito penosos Nesse sentidodiscorda-se do paradigma

camponecircs pelo fato de opor o agricultor familiar ao agronegoacutecio afirmando que o

primeiro prima por praacuteticas mais sustentaacuteveis com objetivo de reproduzir somente o

modo de vida ao passo que o agronegoacutecio tenderia a usar tecnologias mais

danosas para o meio ambiente por estar preocupado apenas com lucratividade

Com relaccedilatildeo agrave venda do fumo o preccedilo do quilo varia a cada ano e a

sistemaacutetica para que se estabeleccedila o valor da safra entre os fumicultores e a

induacutestria fumageira incide em acordos com as entidades representativas dos

produtores como a Afubra Associaccedilotildees Federaccedilatildeo e o Sinditabaco que representa

as induacutestrias (DERALSEAB 2014) Apoacutes as negociaccedilotildees e a assinatura do

protocolo eacute que se estabelecem os preccedilos para as variadas qualidades do fumo

Nesse sentido o preccedilo do quilo do fumo eacute regulado conforme a oferta e demanda do

produtopelo mercado expressando adequadamente o valor marginal muitas vezes

pago aos produtores Dessa forma discorda-se de Roos (2015) quando afirma que

os fumicultores estatildeo subordinados pelas empresas fumageiras por terem pouca

representatividade na hora de fixar o preccedilo do quilo do fumo

Conforme AFUBRA (2015) para o fumo Virgiacutenia que eacute uma variedade dos

fumos de coloraccedilatildeo clara satildeo estabelecidas 41 variedades de classificaccedilatildeo sendo a

variedade mais bem paga a BO1 que valia 922 reais o quilo na safra de 20142015

41

e a variedade de menor valor o ST (farelos do fumo) tabelado a 054reais por quilo

Jaacute para o fumo Burley que eacute uma variedade dos fumos de coloraccedilatildeo escura satildeo

estabelecidas 30 diferentes variedades A mais bem paga eacute a B1 que equivale a

811 para cada quilo e a variedade menos valorizada eacute a G (farelos do fumo) que

vale 060 reais por quilo Quando o fumo eacute vendido para a empresa sempre eacute feito

uma meacutedia de toda venda e como revelam os dados da tabela 2 a meacutedia do quilo

pago para os produtores na safra de 201415 foi de 728 reais por quilo

Atualmente a regiatildeo Sul do Brasil se destaca pela maior produccedilatildeo de fumo

do paiacutes participando com 981 do total produzido Os trecircs estados sulinos satildeo

responsaacuteveis por colocar o paiacutes como o segundo maior produtor ena primeira

posiccedilatildeo no quesito exportaccedilatildeo mundial

TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO

ESTADOS AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)

PARTPRODUCcedilAtildeO ()

Rio Grande do Sul

204000 412000 2020 481

Santa Catarina 120000 258000 2150 301

Paranaacute 76000 171000 2250 200

Alagoas 9000 11000 1222 13

Bahia 3000 3000 1000 03

Outros 2000 2000 1000 02

Brasil 414000 857000 2070 100

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) 2014

A produccedilatildeo do fumo e a atuaccedilatildeo das empresas desse setor se datildeo de forma

mais intensa nos paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso do Brasil devido agrave

disponibilidade de matildeo de obra barata facilidade das multinacionais se instalarem

atraveacutes dos incentivos fiscais inexistecircncia de leis ambientaisriacutegidas e por ser a

atividade que gera mais renda se comparada a outras culturas produzidas em

pequena escala

42

TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013

PRODUCcedilAtildeO haacute PRODUCcedilAtildeO KG

VALOR R$

Animal x 1362412180 2565555940 26

Vegetal 1515650 2487306782 2077480 21

Tabaco 309350 705570000 5383773200 54

Total 1825000 4555288952 10026810100 100

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014

A partir dos dados apresentados pode-se destacar que a produccedilatildeo de fumo

na regiatildeo Sul do Brasil eacute responsaacutevel pela maior renda de muitos agricultores

familiares jaacute que os estados possuem uma grande quantidade de pequenas

propriedades e que dependem da produccedilatildeo do fumo para sua reproduccedilatildeo

econocircmica

Ahrens (2008) afirma que a produccedilatildeo mundial estaacute migrando dos paiacuteses

desenvolvidos para os paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso dos Estados

Unidos que apesar de aparecer como um dos principais produtores de fumo teve

sua produccedilatildeo prejudicada devido aos altos custos de cultivo e agrave escassez de matildeo de

obra

TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012

PAIacuteSES PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

PROCESSADO (t)

CONSUMO (t)

ESTOQUE EXPORTACcedilAtildeO (t)

IMPORTACcedilAtildeO (t)

1 China 2160000 256205 553960 0 538960

2 Brasil 670820 86060 112580 651190 12320

3 Iacutendia 576740 465510 134240 271060 200930

4 Estados Unidos

212020 441720 1580130 153130 420440

5 Indoneacutesia 191260 147940 134830 50270 27440

43

6 Turquia 152190 106240 34620 98200 60430

7 Zimbabwe 127190 3990 229930 43520 80

8 Argentina 103790 29950 364650 36100 1630

9 Paquistatildeo 74910 76300 91570 5390 10390

10 Malavi 71320 1290 166580 91500 890

93 Outros 1533150 1850430 3055200 608630 725480

103 Total 5873390 5771480 6468290 2008990 2008990

Fonte AFUBRA 2014

Apesar de a China ser a maior produtora mundial de fumo acaba consumindo

toda essa produccedilatildeo e na safra de 20112012 ainda importou 538960 toneladas

para suprir sua demanda interna Jaacute o Brasil que estaacute na 2ordm posiccedilatildeo de produccedilatildeo

mundial de fumo destina a maior parte da sua produccedilatildeo para o mercado externo Na

safra de 2013 88 da produccedilatildeo se dirigiu ao mercado externo (quadro 2) ficando

no paiacutes apenas 12 da produccedilatildeo para a fabricaccedilatildeo de cigarros cigarrilhas e

charutos Conforme DERALSEAB (2013) das 627000 toneladas exportadas em

2013 a regiatildeo Sul contribuiu com 624000 toneladas representando o equivalente

de 955 das exportaccedilotildees brasileiras

O quadro 2 mostra que apesar de a maior quantidade do fumo produzido no

Brasil se dirigir para o mercado externo os maiores faturamentos estatildeo relacionados

ao fumo consumido no proacuteprio paiacutes atingindo um lucro total maior que as

exportaccedilotildees O fato de as exportaccedilotildees renderem menos lucros que o fumo

consumido no proacuteprio paiacutes se daacute deve ao fato de o fumo exportado natildeo passar por

processamentos de agregaccedilatildeo de valor(exportaccedilatildeo de folhas e talos) Enquanto

isso toda a produccedilatildeo consumida no paiacutes tanto os fumos claros como os escuros

passa por vaacuterios processamentos de agregaccedilatildeo de valor ateacute obter os cigarros

cigarrilhas e charutos prontos para consumo

A distribuiccedilatildeo da renda bruta do setor fumageiro (quadro 2) estaacute dividida

entre tributosGoverno induacutestria produtor e varejista sendo que 459 dessa renda

eacute destinada ao governo O produtor fatura em torno de 205 do total da renda

faturamento esse que deve ser destinado para a compra dos insumos pagamento

do seguro da produccedilatildeo matildeo de obra desgastes com a terra implementos que usa

na produccedilatildeo gastos com a secagem das folhas do fumo aleacutem de prejuiacutezos que

podem vir a acontecer durante a produccedilatildeo

44

Jaacute os varejistas apesar de auferirem 6 do faturamento natildeo tecircm gastos tatildeo

altos comoos produtores Aleacutem do mais esse setor ganha na quantidade sendo que

existe um nuacutemero muito maior de fumicultores que de varejistas Isso tambeacutem

acontece com a induacutestria que tem seus ganhos principalmente no volume e na

agregaccedilatildeo de valor do produto

Pelos dados apresentados apresentados no quadro 2 pode-se concluir que o

maior beneficiado com o faturamento da produccedilatildeo de fumo eacute o setor puacuteblico atraveacutes

de impostros

QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL

ESPECIFICACcedilAtildeO

2012 2013

R$ Toneladas R$ Toneladas

Consumo Domeacutestico

1635750730000 88990 12 1765594334000 84350 12

Exportaccedilatildeo 645663700000 637780 88 722287181000 627230 88

TOTAL 2281414430000 726770 100 2487881515000 711580 100

DISTRIBUICcedilAtildeO DA RENDA BRUTA

Tributos Governos

1048025493000 459 1076394659000 433

Induacutestria 627838400000 275 720610862000 290

Produtor 467329600000 205 541693230000 217

Varejista 138220930700 61 149182764000 60

TOTAL 2281414430000 100 2487881515000 100

FONTE AFUBRA2013

De acordo com dados da DERALSEAB (2015) no ano de 2014 o fumo

brasileiro foi destinado para mais de cem paiacuteses abrangendo principalmente paiacuteses

da Uniatildeo Europeia (42) seguidos do Extremo Oriente (26) Ameacuterica do Norte

(13) Aacutefrica (7) Leste Europeu (7) e Ameacuterica Latina (5) Atualmente a

liderenccedila brasileira nas exportaccedilotildees se daacute devido agrave excelente qualidade do fumo agrave

regularidade da produccedilatildeo e agrave competitividade com os preccedilos dos demais paiacuteses

produtores

45

42

26

13

7

7

5

Uniatildeo Europeia

Oriente Meacutedio

Ameacuterica do Norte

Aacutefrica

Leste Europeu

Ameacuterica Latina

Paiacuteses importadores do fumo brasileiro

Fonte

DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014

Conforme DERAL (2014) no Paranaacute as lavouras com predomiacutenio de fumos

claros concentram-se nos nuacutecleos regionais de Irati Ponta Grossa Curitiba Uniatildeo

da Vitoacuteria e Guarapuava Jaacute em Francisco Beltratildeo Pato Branco Cascavel e Toledo

cultivam-se os fumos escuros

Na figura 1 estatildeo expostos os municiacutepios produtores de fumo e a meacutedia de

hectares que cada municiacutepio ocupa com essa culturaNota-se que a produccedilatildeo de

fumo no estado se concentra em sua maioria na regiatildeo Sudeste Centro-Sul

Sudoeste e Oeste

O municiacutepio de Prudentoacutepolis pertence ao nuacutecleo de Irati nuacutecleo esse que

ocupa o primeiro lugar no ranking de produccedilatildeo de fumos claros do estado conforme

a tabela 5

GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO

46

FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA Fonte IBGE 2014

TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute

Nuacutecleos regionais

Safra 20132014 Safra 20142015 Participaccedilatildeo

Aacuterea (ha) Produccedilatildeo(t) Aacuterea (ha) Produccedilatildeo (t) ()

Irati 19300 43425 19500 43875 244

Ponta Grossa 17562 42605 18862 45268 251

Curitiba 13300 30493 13300 34580 12

Uniatildeo da Vitoacuteria

7500 15750 7600 15580 87

Guarapuava 5000 12400 4900 13230 73

Francisco Beltratildeo

4350 9904 4300 10320 57

Cascavel 3600 7556 3500 7453 41

Outros 4774 10711 4496 9907 55

Total 75386 172844 76308 180213 1000

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014

47

Na safra de 20122013 os municiacutepios paranaenses que se destacaram no

volume de fumo produzido foram Satildeo Joatildeo do Triunfo Rio Azul Prudentoacutepolis

Ipiranga e Irati As 1813 famiacutelias que cultivam fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis

foram responsaacuteveis por produzir 10192 toneladas do produto

Para os municiacutepios de Satildeo Joatildeo do Triunfo e Rio Azul se comparados os

volumes produzidos (quadro 3) nota-se quea quantidade em toneladas natildeo

apresenta tanta diferenccedila entre ambos sendo 13458 toneladas em Satildeo Joatildeo do

Triunfo e 13268 toneladas em Rio Azul Poreacutem em relaccedilatildeo ao nuacutemero de famiacutelias

que trabalham na atividade fumageira em Rio Azul esse nuacutemero eacute bem maior que

em Satildeo Joatildeo do Triunfo Esse fatoeacute resultado da opccedilatildeo das famiacutelias de Rio Azul

porproduzirem menores quantidades de fumo por unidade familiar como tambeacutem

por intempeacuteries climaacuteticas (granizo ventos) que impediram de colher toda a

produccedilatildeo

PARANAacute PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTORES

Satildeo Joatildeo do Triunfo 13458 1968

Rio Azul 13268 2610

Prudentoacutepolis 10192 1813

Ipiranga 9323 1661

Irati 8539 1558

QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) AFUBRA 2014

22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL

De acordo com Sauer (2008) em 1996 a criaccedilatildeo do PRONAF (Programa

Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) trouxe avanccedilos poliacuteticos

voltados aos agricultores familiares permitindo o reconhecimento destes enquanto

categoria social epossibilitando o acesso ao creacutedito agriacutecola Creacutedito esse que

48

quando usado de maneira correta contribui significativamente para o aumento da

produccedilatildeo

Dentre os vaacuterios estudos que retratam a evoluccedilatildeo da agricultura familiar

brasileira nas uacuteltimas deacutecadas destaca-seldquoO Novo Retrato Da Agricultura Familiar

Brasileirardquo Nesse estudo os autores mencionam a importacircncia de refletir sobre o

espaccedilo rural tendo como escopo a sua diversidade pelo fato da existecircncia de

distintos tipos de agricultores familiares que possuem interesses e estrateacutegias

particulares de produccedilatildeo agropecuaacuteria Nesse sentido da mesma forma que existe

uma diversidade de agricultores familiares deveratildeo tambeacutem existir poliacuteticas

agriacutecolas e tipos de assistecircncia teacutecnica distinto para cada grupo com intuito desses

empregarem em sua produccedilatildeo tecnologias que possibilitam o seu fortalecimento e

expansatildeo diante dos mercados

Sobre a diversidade da agricultura familiar brasileira a tabela 6 mostra de que

forma satildeo distribuiacutedos os tipos familiares a renda monetaacuteria anual e qual a

porcentagem na participaccedilatildeo do valor bruto da agricultura familiar por grupo familiar

TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006

Grupos familiares Nuacutemero de agricultores familiares

segundo o tipo

Total VBP familiares

Renda Monetaacuteria

liacutequida anual em reais

A 452750 695 5323600

B 964140 157 372500

C 574961 47 149900

D 2560274 102 25500

Total 4551855 -

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

A partir dos dados sobre a caracterizaccedilatildeo dos grupos familiares nota-se que

o grupo com um contingente maior de agricultores familiares no ano de 2006 foi o

grupo D ou seja os descapitalizados Esses agricultores familiares de acordo com

Guanziroli et al (2012) estatildeo em sua maioria concentrados nas regiotildees Norte e

Nordeste do Brasil sendo os que menos empregam aparatos tecnoloacutegicos Desse

modo o autor afirma que o grau de especializaccedilatildeo e tecnificaccedilatildeo tem maior

49

influecircncia na geraccedilatildeo de renda do que a quantidade de terra possuiacuteda por cada

unidade familiar Sobre o grupo familiar D o estudo tambeacutem menciona que

[] entre os agricultores familiares do tipo D tambeacutem existem agricultores mais capitalizados os quais podem ter sido classificados neste grupo devido agrave frustraccedilatildeo de safra baixos preccedilos de seus produtos no mercado ou a realizaccedilatildeo de novos investimentos nos quais as receitas ainda natildeo estatildeo superando as despesas Esta afirmaccedilatildeo estaacute baseada na participaccedilatildeo percentual do creacutedito rural obtido e dos investimentos realizados por estabelecimentos deste tipo (FAOINCRA)

Os agricultores familiares dos grupos A e B considerados como capitalizados

e em vias de capitalizaccedilatildeo correspondem principalmente aos produtores familiares

da regiatildeo Sul do paiacutes O desempenho desses grupos se deve ao fato de estarem

inseridos em cadeias produtivas mais competitivas as quais trazem melhores

retornos econocircmicos

Guanziroli et al (2012) apontam que os produtores familiares do tipo A tecircm

uma renda anual elevada em parte porque na aacuterea rural podem se beneficiar da

produccedilatildeo para autoconsumo natildeo pagam aluguel e as taxas sobre o valor da aacutegua e

luz satildeo mais baixas se comparadas com a urbana Dessa forma o padratildeo de vida

desses agricultores eacute compatiacutevel com a da classe meacutedia urbana Entretanto existe

uma distacircncia muito grande entre os produtores do grupo A e os demais

Nesse sentido Guanziroli et al (2006) com base no estudo ldquoDez anos de

evoluccedilatildeo da agricultura familiar no Brasil (1996 e 2006)rdquo compararam os dados do

censo agropecuaacuterio de 1996 com o de 2006 a fim de dar respostas a algumas

inquietudes sobre a evoluccedilatildeo da agricultura familiar no dececircnio analisando o

processo de modernizaccedilatildeo da agricultura familiar por meio da evoluccedilatildeo de algumas

variaacuteveis (uso de maquinaacuterios insumos entre outras tecnologias) Dentre outros

resultados esse estudo mostrou que houve crescimento do nuacutemero de agricultores

familiares entre os censos o qual passou de 4139000 para 4551855 Ou seja em

1996 8517 do total dos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros eram

familiares e em 2006 essa porcentagem aumenta para 8796 do total

Os dados desse estudo tambeacutem mostraram que os agricultores familiares

pertencentes ao grupo A e quanto muito aos grupos A e B desempenham um papel

importante em termos econocircmicos Jaacute o grupo C e principalmente os agricultores

familiares do grupo D produzem tatildeo pouco que remetem aquela visatildeo do agricultor

50

familiar de subsistecircncia que comercializa pequenos excedentes econocircmicos em

mercados locais

O uso de tecnologias pelos agricultores familiares como maquinaacuterios e

insumos quiacutemicos contribuiu para o aumento da produccedilatildeo e da produtividade

acontecimento esse que possibilitou a ascensatildeo do universo familiar no cenaacuterio

agropecuaacuterio brasileiro com significativa importacircncia na produccedilatildeo tanto de gecircneros

alimentiacutecios de consumo nacional como tambeacutem de commodities de exportaccedilatildeo

caso a produccedilatildeo de fumo As tecnologias voltadas para a produccedilatildeo de fumo

referem-se a modernizaccedilatildeo das estufas de secagem das folhas de fumo de

sementes melhoradas geneticamente aleacutem dos insumos agriacutecolas

De acordo com Guanziroli et al (2006) as anaacutelises regionais sobre a

agricultura familiar brasileira para o ano de 2006 mostram que as regiotildees Norte

Nordeste e Sul apresentam maior participaccedilatildeo percentual de agricultores familiares

na produccedilatildeo regional em detrimento das regiotildees Centro-Oeste e Sudesteas quais

caracterizam-se pela maior expressividade da agricultura patronal

TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006

Regiatildeo 2006

Norte 6018

Nordeste 4738

Sudeste 2228

Sul 5443

Centro-Oeste 1453

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

Outro dado importante trazido pelos autores supracitados estaacute relacionado ao

fator produtividade como se vecirc pela comparaccedilatildeo entre os agricultores familiares e

natildeo familiares por regiatildeo (tabela 8) Os agricultores familiares pelo fato de

possuiacuterem quantidades de terras menores tendem a ser mais produtivos que o

agricultor natildeo familiar Nesse sentido concorda-se com Navarro (2014) ao apontar

que a ampliaccedilatildeo no acesso de tecnologias agrave agricultura de menor porte econocircmico eacute

necessaacuteria para a permanecircncia desses produtores no rural

51

A produccedilatildeo de fumo da regiatildeo Sul do Brasil eacute um exemplo que retrata que a

agricultura familiar eacute mais eficiente no uso da matildeo de obra e da terra quando

comparada aos agricultores patronais A necessidade da intensificaccedilatildeo da matildeo de

obra familiar para aumentar a produccedilatildeo exemplifica bem o porquecirc da maior parte

empregada na agricultura estaacute no segmento familiar apesar desse segmento natildeo ser

predominante na produccedilatildeo agriacutecola brasileira Dessa maneira Abramovay (1992 p

209) afirma que ldquonatildeo haacute atividade econocircmica em que o trabalho e a gestatildeo

estruturam-se tatildeo fortemente em torno de viacutenculos de parentesco e onde a

participaccedilatildeo da matildeo de obra natildeo contratada seja tatildeo importante como na agricultura

familiarrdquo

TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006

Brasil e Regiotildees

Valor produzido por hectare (R$ de 2006)

Natildeo familiar Familiar

Norte 1113 2410

Nordeste 3783 3907

Sudeste 10546 7378

Sul 8373 13376

Centro-Oeste 2727 2851

Brasil 4617 5546

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

Atraveacutes da regionalizaccedilatildeo e do valor produzido por hectare percebe-se que

os agricultores familiares da regiatildeo Sul satildeo mais eficientes no valor produzido e

segundo Guanziroli et al (2012) a predominacircncia de agricultores familiares nas

cadeias produtivas como a fumicultura a avicultura e suinocultura favorece o

aumento da produtividade por aacuterea Eacute nesse sentido que pode-se afirmar natildeo existir

dicotomia ou oposiccedilatildeo entre a agricultura familiar e a patronal uma vez que a

competiccedilatildeo no mercado faz com que cada um desses segmentos tenda a

predominar nos setores em que apresenta capacidade para produzir com mais

eficiecircncia

Na regiatildeo Sudeste a alta tecnologia empregada pelos agricultores natildeo

familiares consegue superar a produtividade da agricultura familiar Jaacute nas regiotildees

Norte e Nordeste encontram-se os menores iacutendices de produtividade da agricultura

52

familiar brasileira fato relacionado a vaacuterios fatores principalmente os solos menos

produtivos clima cultivo de culturas que tecircm um retorno de investimento menor e

tambeacutem a menor disponibilidade de tecnologias assistecircncia teacutecnica e poliacuteticas

agriacutecolas capazes de inverter esse quadro

Aleacutem da representatividade bastante grande (956) da produccedilatildeo de fumo a

agricultura familiar brasileira tem participaccedilatildeo significativa na produccedilatildeo de gecircneros

alimentiacutecios como arroz feijatildeo e mandioca Tambeacutem contabiliza-se um nuacutemero

significativo de agricultores familiares envolvidos nas cadeias produtivas

caracteriacutesticas do agronegoacutecio como soja trigo e milho (tabela 9)

No caso dos produtos de origem animal (tabela 10) a participaccedilatildeo da

agricultura familiar tambeacutem eacute significativa ou seja concorda-se com Guanziroli et al

(2012) quando afirma que produzir alimentos como arroz feijatildeo ou mandioca natildeo

quer dizer necessariamente que esses produtores satildeo camponeses ou produtores

de subsistecircncia pois na grande maioria dos estabelecimentos produz-se totalmente

para o mercado ou seja seu objetivo natildeo eacute somente a subsistecircncia e sim vender a

produccedilatildeo

TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000

PRODUTO 2006

Arroz 3919

Cana-de-accediluacutecar 1024

Cebola 6959

Fumo 9567

Mandioca 9317

Milho 5190

Soja 2360

Trigo 3638

Feijatildeo 7659

Banana 6240

Cafeacute 2967

Laranja 2525

Uva 5363

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

53

TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006

TIPO DE PRODUCcedilAtildeO 2006

Pecuaacuteria de corte 1665

Pecuaacuteria de leite 6053

Suiacutenos 5245

Aves 3034

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

A produccedilatildeo de fumo na regiatildeo Sul do Brasil tambeacutem tem grande

expressividade no contingente de pessoal ocupado (PO) ou seja conforme

demonstrado na tabela abaixo 9 da PO agriacutecola de 2012 estava ocupada nessa

atividade De acordo com Maia e Sakamoto (2015) no Sul destacam-se aleacutem dos

ocupados no cultivo do fumo os ocupados no cultivo da soja (10 da PO agriacutecola)

que representavam em 2012 90 e 63 dos ocupados nos respectivos ramos de

atividade do conjunto da PO agriacutecola brasileira

Para esses autores a dinacircmica da PO agriacutecola brasileira foi influenciada pela

regiatildeo Nordeste que apesar de conter o contingente agriacutecola mais expressivo do

Paiacutes (44 do total da PO agriacutecola brasileira) passou por uma grande reduccedilatildeo de

28 da PO agriacutecola entre os anos de 2005 e 2012 Buainain et al (2013) apud Maia

Sakamoto (2014) destacam que esse processo de esvaziamento na regiatildeo

Nordeste estaria associado tanto agrave inviabilidade econocircmica do minifuacutendio quanto agraves

diferenccedilas de qualidade de vida e oportunidades de emprego entre os meios rural e

urbano

54

TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012

Grupos 2012

N (1000)

Criaccedilatildeo de bovinos e outros animais 402 188

Cultivo de hortaliccedilas legumes flores etc 305 143

Cultivo de Soja 207 97

Produccedilatildeo mista lavoura temporaacuteria e pecuaacuteria

197 92

Cultivo de milho 194 91

Cultivo de fumo 194 91

Outras atividades 632 297

Total 2131 100

Fonte Maia e Sakamoto 2014 Dados primaacuterios IBGE 2012

Com relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos ocupantes em atividades agropecuaacuterias por

condiccedilatildeo de pobreza (tabela 12) nota-se que os ocupados pobres na produccedilatildeo de

fumo correspondem a 7 do total que eacute um percentual de pobres em geral menor

do que os encontrados em outras produccedilotildees como nas de mandioca (26) arroz

(29) milho (24) e horticultura (12)

As culturas da soja cafeacute cana-de-accediluacutecar e frutas satildeo as que tecircm menores

taxas de pobreza com valores respectivos de 24 45 46 e 63 A

proporccedilatildeo meacutedia brasileira para todos os ocupados em atividades agropecuaacuterias eacute

de 146

Desse modo pode-se dizer que as culturas tradicionais como arroz

mandioca e milho satildeo as que tecircm maiores taxas de pobreza Esse fato faz sentido

em Prudentoacutepolis pois na regiatildeo Norte do municiacutepio onde a produccedilatildeo de fumo natildeo

eacute realizada devido agraves caracteriacutesticas do clima e da topografia o niacutevel de

desenvolvimento eacute menor que na parte Central e Sul do municiacutepio Esse contraste

se revela natildeo somente pela comparaccedilatildeo entre culturas tradicionais e a produccedilatildeo de

fumo pois tambeacutem as outras culturas tendem a gerar menores taxas de pobreza

A produccedilatildeo de frutas eacute uma boa opccedilatildeo para a geraccedilatildeo de renda dos

agricultores familiares em geral pois apresenta uma taxa de pobreza bem menor

55

ainda que a do fumo Poreacutem para essa produccedilatildeo seria necessaacuteria a especializaccedilatildeo

e a tecnificaccedilatildeo desses agricultores realizadas a partir de poliacuteticas de incentivos a

tecnificaccedilatildeo e assistecircncia para agricultura familiar como apontado por Navarro

(2014) Ou seja a quantidade de tecnologia empregada de forma correta estaacute

intrinsecamente relacionada agrave renda do agricultor Sobre tecnologia para a

agricultura familiar Valente (2008) ressalta que ldquodeve-se compreender a tecnologia

natildeo como panaceacuteia mas conhecimento que estaria a exigir inovaccedilotildees institucionais

como poliacuteticas puacuteblicas parcerias e outras accedilotildees que a ele devem ser conjugadasrdquo

TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010)

Atividade Natildeo pobre Pobre Pobres () Total

Arroz 137325 56589 292 193914

Milho 389402 126624 245 516026

Algodatildeo 7322 579 73 7901

Cana-de-accediluacutecar 214497 10189 45 224686

Fumo 215365 16116 70 231481

Soja 96235 2387 24 98622

Mandioca 376239 132050 260 508288

Horticultura 522745 72322 122 595067

Frutas 236742 15808 63 252550

Cafeacute 552738 26757 46 579496

Cacau 67809 6670 90 74479

Pecuaacuteria 1611624 149626 85 1761250

Outros cultivos 4389749 942358 177 5332108

Outros agropecuaacuteria

1609597 226670 123 1836267

Total 10427388 1784746 146 12212134

Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010

Portanto os dados da tabela 12 mostram que realmente existem vaacuterias

culturas que geram uma taxa de pobreza bem menor que a cultura do fumo mas em

contrapartida existem aquelas que geram taxas de pobreza bem maiores Assim

pode-se dizer que os agricultores familiares que produzem fumo analisam os fatores

56

relacionados agrave matildeo de obra terra maquinaacuterios disponibilidade de capital

conhecimento teacutecnico e agrave lucratividade por atividade optando pela produccedilatildeo mais

rentaacutevel dentre aquelas para as quais possuem capacidade teacutecnica e financeira para

produzir

No quadro 4 podemos ver como ocorre a distribuiccedilatildeo das atividades

agropecuaacuterias entre os domiciacutelios rurais e urbanos Nesse sentido aproporccedilatildeo dos

ocupados em atividades agriacutecolas e que residem em aacutereas urbanas satildeo maiores em

cultivos como cana-de-accediluacutecar algodatildeo e frutas (607 516 e 451

respectivamente) ao passo que no cultivo do fumo cacau milho e arroz essas

proporccedilotildees satildeo bem menores (65 224 245 e 292)

Do ponto de vista da fixaccedilatildeo do homem no campo a cultura do fumo eacute mais

eficiente se comparadas com aquelas mais mecanizaacuteveis em que o contingente de

ocupados em atividades agriacutecolas eacute maior na aacuterea urbana O fato de a produccedilatildeo de

fumo ser pouco mecanizaacutevel no Brasil principalmente na colheita exige a matildeo de

obra familiar sem contar a necessidade da contrataccedilatildeo de matildeo de obra nos

periacuteodos de colheita do produto

Atividade Urbano Rural Urbano () Total Arroz 63133 130781 326 193914 Milho 114789 401228 222 516026 Algodatildeo 4075 3826 516 7901 Cana-de-accediluacutecar 136484 88202 607 224686 Fumo 15105 216376 65 231481 Soja 32958 65664 334 98622 Mandioca 86628 421660 170 508288 Horticultura 233989 361078 393 595067 Frutas 113813 138738 451 252550 Cafeacute 213751 365744 369 579496 Cacau 16683 57796 224 74479 Pecuaacuteria 466018 1295232 265 1761250 Outros cultivos 1625626 3706482 305 5332108 Outros agropecuaacuteria

889452 946815 484 1836267

QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010)

Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010

De acordo com Neder (2014) os municiacutepios brasileiros de maior porte

populacional se dedicam mais expressivamente agraves atividades de serviccedilos e induacutestria

57

(atividades natildeo agropecuaacuterias) ao passo que os municiacutepios com menor populaccedilatildeo

encontram-se mais relacionados agrave pecuaacuteria soja e fumo Dado esse que se

confirma no municiacutepio de Prudentoacutepolis como tambeacutem na grande parte dos

municiacutepios produtores de fumo da regiatildeo Sul do Brasil os quais satildeo caracterizados

pelo baixo contingente populacional sendo que um nuacutemero razoaacutevel deles tem

populaccedilatildeo predominantemente rural

A partir dos dados apresentados nota-se que a agricultura familiar brasileira

tambeacutem produz commodities para o mercado externo como nas cadeias de aves

suiacutenos soja e fumo Redefinindo assim a visatildeo dualista e superando o dilema entre

a agricultura para o mercado interno e a agricultura para exportaccedilatildeo (SILVEIRA

2014)

Portanto sabendo da inegaacutevel dualidade entre as formas de fazer agricultura

no rural brasileiro estando de um lado a agricultura patronal e do outro a agricultura

familiar concorda-se com Elesbatildeo (2007) quando afirma que natildeo tem fundamento

priorizar nem um segmento e nem outro dentro da agropecuaacuteria pois deve-se olhar

para o rural como um territoacuterio de diversidade onde haacute espaccedilo e necessidade para o

desenvolvimento tanto da produccedilatildeo de commoditiescomo tambeacutem para a

diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo na agricultura familiar tendo como escopo para as

pesquisas a heterogeneidade do segmento familiar

58

CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO

Este capiacutetulo tem por objetivo mostrar os processos de ocupaccedilatildeo do territoacuterio

de Prudentoacutepolis como tambeacutem os elementos que proporcionaram a inserccedilatildeo da

cultura do fumo nas unidades familiares a qual contribuiu para a reproduccedilatildeo

econocircmica desses produtores Nesse sentido a caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais

familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de fontes secundaacuterias como o IBGE eacute

fundamental para conhecer o perfil das unidades familiares

31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR

O municiacutepio de Prudentoacutepolis estaacute localizado na mesorregiatildeo Sudeste do

estado do Paranaacute (figura 2) sendo o terceiro municiacutepio paranaense com maior aacuterea

territorial Estaacute situado a latitude 25ordm 12rsquo 47rdquoS longitude 50ordm 58 40 W e na altitude

de 840 metros (IBGE 2010)

A partir de dados do censo demograacutefico (IBGE 2010) constata-se que

atualmente a maior parte da populaccedilatildeo Prudentopolitana reside na aacuterea rural ou

seja do total de 48793 habitantes 54 vivem na aacuterea rural e 46 na urbana

59

Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO Fonte IBGE (2010) Autor VILCZAK A (2015)

A ocupaccedilatildeo territorial do municiacutepio de Prudentoacutepolis se deu principalmente

atraveacutes da entrada de grande contingentes de imigrantes europeus No Paranaacute

entre os anos de 1829 e 1911 chegaram aproximadamente 83012 mil estrangeiros

de origem eslava (SENETRA 2014) os quais se dirigiram em sua maioria para os

arredores de Curitiba Prudentoacutepolis e Mallet

No municiacutepio de Prudentoacutepolis um contingente maior de imigrantes chegou

entre os anos de 1896 e 1897 Por esse fato atualmente cerca de 75 da

populaccedilatildeo satildeo descendentes de imigrantes ucranianos e em menor escala de

poloneses

Conforme Hauresko (2012) Prudentoacutepolis eacute uma das antigas colocircnias do

interior do Paranaacute instalada em 1895 no denominado distrito de Satildeo Joatildeo de

Capanema sendo a construccedilatildeo da estrada de rodagem Rio Grande do Sul ndash Satildeo

Paulo um dos fatores para a atraccedilatildeo desses imigrantes os quais foram inseridos

numa poliacutetica de instalaccedilatildeo de pequenas propriedades

Os lotes de terra eram recebidos pelos imigrantes e deveriam ser quitados na

medida em que prosperassem economicamente Esses lotes eram desmatados

pelos proacuteprios imigrantes onde construiacuteam casas provisoacuterias de madeira para

abrigar a famiacutelia como demonstra a figura 3

60

FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

Fonte Acervo do Museu do Milecircnio em PrudentoacutepolisPR

A colocircnia foi elevada a categoria de Vila no ano de 1906 pelo processo de

desmembramento do municiacutepio de Guarapuava No ano de 1929 foi elevada agrave

condiccedilatildeo de municiacutepio sendo constituiacutedo pelos distritos de Patos Velhos Jaciaba e

Prudentoacutepolis

No iniacutecio da colonizaccedilatildeo a semente de pinhatildeo era o principal alimento de

subsistecircncia para o imigrante De acordo com Zaroski (2001) os imigrantes colhiam

os pinhotildees e os transformavam em farinha e fubaacute atraveacutes dos moinhos caseiros e

assim substituiacuteam as farinhas de trigo e centeio Quando se instalaram

definitivamente em seus lotes esses imigrantes comeccedilaram a produzir as sementes

de trigo e centeio tambeacutem para a subsistecircncia

De acordo com Hauresko (2012) uma das primeiras atividades econocircmicas

significativas para as famiacutelias descendentes de imigrantes foi a extraccedilatildeo da erva-

mate jaacute que eacute uma planta nativa da regiatildeo

Uma das mais importantes induacutestrias do proacutespero municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute incontestavelmente a do matte que o municiacutepio produz abundantemente Fundada a colocircnia de Prudentoacutepolis composta na sua maioria de polonezes ruthenos e ukranianos coube a cada colono um lote de 5 a 10 alqueires de terras feacuterteis (BRASIL1929 p 28-29 citado por Hauresko 2012)

61

As pequenas glebas de terra que os imigrantes possuiacuteam rendiam a eles a

extraccedilatildeo da erva-mate como tambeacutem a produccedilatildeo de alimentos para autoconsumo e

mais tarde para a comercializaccedilatildeo Nessa continuidade os produtos agriacutecolas que

se destacam historicamente na participaccedilatildeo econocircmica do municiacutepio foram o cultivo

de feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata suiacutenos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de

gado (EMATER 2014) Poreacutem a renda gerada por essas culturas era iacutenfima de um

lado pela baixa produccedilatildeo que alcanccedilavam devido agrave ausecircncia naquele periacuteodo de

um pacote tecnoloacutegico que potencializasse a produccedilatildeo e de outro lado pela falta de

mercado para receber esses produtos

Diante disso a produccedilatildeo de fumo foi uma importante atividade geradora de

renda para a agricultura familiar principalmente a partir da deacutecada de 1970 Por

outro lado a inserccedilatildeo dessa cultura tambeacutem eacute resultado do papel que as empresas

fumageiras tiveram na regiatildeo Sul do Brasil Ou seja a produccedilatildeo se definiu e se

consolidou devido principalmente as empresas fumageiras em ir ateacute o fumicultor

devido a competitividade que o setor apresenta

Na primeira metade do seacuteculo XX muitas famiacutelias jaacute se dedicavam a produccedilatildeo

de fumo tanto de corda (consumo proacuteprio) como tambeacutem de folhas de fumo para

venda Produziam em pequenas quantidades pois todo o trabalho era manual

conforme relata o fumicultor

Eu lembro bem quando o meu avocirc fez a estufa para noacutes trabalhar com o fumo foi mais ou menos nos anos de 1960[] foi bom negoacutecio porque outra lavoura natildeo dava tanto lucro noacutes eacuteramos em bastante irmatildeos e todos ajudavam [] natildeo era faacutecil como hoje que temos trator estufa eleacutetrica Antes era tudo feito com os cavalos e a gente trabalhava muito de sol a sol (Fumicultor da Comunidade de Linha Dezembro entrevistado no dia 9 de junho de 2014) Antes de comeccedilar de plantar fumo noacutes produziacuteamos soacute para consumo o feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata porcos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de gado []Nossa situaccedilatildeo financeira era muito difiacutecil [] natildeo tinha uma renda certa passava muitas necessidades principalmente quando precisava para a sauacutede (Fumicultor da Comunidade de Linha Rio Preto entrevistado em junho de 2014)

No municiacutepio a produccedilatildeo de fumo teve grande procura a partir da metade do

seacuteculo XX Tambeacutem houve incentivos principalmente por parte da Souza Cruz uma

vez que a cultura se desenvolveu bem em algumas regiotildees

62

No ano de 2014 a Emater de Prudentoacutepolis registrou a existecircncia de 8100

famiacutelias de agricultores das quais 1813 o que corresponde a 22 estatildeo

envolvidas no sistema de produccedilatildeo integrada de fumos claros com as empresas

fumageiras que atuam no municiacutepio

A figura 4 mostra a concentraccedilatildeo na parte Sul e Central das 1813 famiacutelias

que produzem o fumo em Prudentoacutepolis Essa concentraccedilatildeo estaacute relacionada agrave

topografia e ao clima De acordo com Kraiczek e Antoneli (2012) na regiatildeo Norte do

municiacutepio a produccedilatildeo natildeo eacute realizada devido ao relevo declivoso (figura 5) improacuteprio

para algumas atividades agriacutecolas como tambeacutem pelo fato de as condiccedilotildees

climaacuteticas serem diferenciadas

FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES

FONTE AFUBRA ndash Mapa elaborado a partir das localidades onde se encontram os produtores Org Kraiczek 2014

63

FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

FonteSRTM ndash USGS-USA (2000) ORG Kurta M (2014)

De acordo com o exposto muitas famiacutelias da regiatildeo Norte do municiacutepio se

interessam pelo plantio de fumo principalmente pela geraccedilatildeo de renda e venda

garantida do produto poreacutem natildeo o produzem devido aos fatores limitantes

De acordo com Emater (2014) devido agraves limitaccedilotildees climaacuteticas e topograacuteficas

as culturas que prevalecem naquela regiatildeo satildeo o feijatildeo milho mandioca maracujaacute

uva e produtos de autoconsumo familiar Esses agricultores familiares sinalizam a

falta de opccedilatildeo de cultivo economicamente rentaacutevel bem como a necessidade da

melhoria nas estradas rurais as quais satildeo fundamentais para escoar a produccedilatildeo

A regiatildeo tambeacutem se caracteriza pelo menor niacutevel de mecanizaccedilatildeo da

produccedilatildeo quando comparada com as regiotildees Central e Sul necessitando de matildeo de

obra intensiva para a produccedilatildeo Extensas aacutereas de lavoura satildeo plantadas

manejadas e colhidas manualmente retratando assim a dificuldade do trabalho

nessa regiatildeo (figura 6)

64

FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR

Fonte Vilczak (2014)

A foto da esquerda mostra uma lavoura de feijatildeo que foi plantada agrave matildeo por

um agricultor familiar do Norte do municiacutepio (Comunidade da Linha Barra de Areia)

o agricultor retrata a dificuldade de trabalhar nessa regiatildeo A foto da direita retrata de

que forma se apresenta o relevo daquela regiatildeo

Conforme dados da Emater (2014) a ocupaccedilatildeo do solo no municiacutepio se daacute

pelas lavouras anuais e perenes matas nativas matas naturais de preservaccedilatildeo

permanente reflorestamentos e pastagens Segundo dados do Ipardes (2013) as

atividades agropecuaacuterias que se destacam atualmente na geraccedilatildeo de renda e no

nuacutemero de hectares ocupados por plantio em Prudentoacutepolis satildeo a produccedilatildeo de leite

bovino e o plantio de fumo soja milho feijatildeo preto e trigo Aleacutem dessas outras

atividades de significacircncia menor para a economia satildeo apresentados nos quadros 5

e 6

65

CULTURAS AacuteREA COLHIDA (ha)

PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)

VALOR (R$

100000)

Abacate 1 30 30000

Abacaxi (mil frutos)

1 11 11000 12

Alho 10 53 5300 265

Amendoim (em casca)

15 20 1333 32

Arroz (em casca)

540 1200 2222 926

Aveia (em gratildeo) 90 198 2200 99

Banana 1 9 9000 5

Batata-inglesa 130 3874 29808 3937

Cana-de-accediluacutecar 26 1325 50962 53

Cebola 60 840 14000 798

Centeio (em gratildeo)

90 135 1500 54

Feijatildeo 27300 33040 1210 70323

Fumo (folha) 4400 9701 2205 58206

Laranja 47 940 20000 544

Maracujaacute

106

530 5000 1007

Mandioca 365 8395 23000 2686

Milho 19870 107088 5389 45699

Pecircssego 13 52 4000 94

Soja 23310 73570 3156 68546

Tomate 5 205 50000 217

Trigo 4210 13472 3200 9508

Uva 28 205 7321 372

QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR

FONTE IBGE - Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013

66

PRODUTOS PRODUCcedilAtildeO VALOR (R$ 100000)

Latilde (Kg) 10930 109

Leite (mil litros) 8308 9965

Mel de abelha (Kg) 290000 2900

Ovos de galinha (mil dz) 245 662

QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

FONTE IPARDES 2015 (IBGE SAFRA DE 2013)

Dentre os setores econocircmicos responsaacuteveis pela formaccedilatildeo do PIB do

municiacutepio de Prudentoacutepolis destacam-se os setores de serviccedilos e a agropecuaacuteria

(quadro 7) Com relaccedilatildeo ao setor de serviccedilos o mesmo tambeacutem estaacute relacionado agraves

atividades agropecuaacuterias

O baixo percentual de participaccedilatildeo das induacutestrias no PIB do municiacutepio se

reflete na baixa agregaccedilatildeo de valor sobre os produtos principalmente nos de origem

animal e da fruticultura entre outros produtos que poderiam gerar mais renda para

os produtores se fossem beneficiados por eles proacuteprios

Setor Prudentoacutepolis Paranaacute

Mil R$ ()

Mil R$ ()

Agropecuaacuteria 115127 2791 12816893 675 Induacutestria 35579 863 46858018 2466 Serviccedilos 237699 5762 106694466 5616

Impostos produtos liacutequidos de subsidio

24099 584 23622577 1243

PIB a preccedilo corrente 412504 100 189991954 100 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR

IBGE 2012 Org Vilczak A 2015

De acordo com Emater (2014) existem no municiacutepio quatorze categorias de

agroinduacutestrias as quais satildeo consideradas de pequeno e meacutedio porte com destaque

para as agroinduacutestrias de embutidos e defumados erva-mate farinha de milho e

quirera Sabendo da importacircncia do setor agropecuaacuterio para a economia do

municiacutepio o graacutefico 2 mostra as atividades com maior geraccedilatildeo de renda

67

GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS

FONTE IBGE Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013 Org VILCZAK A (2014)

Se analisarmos somente a renda obtida por cada cultura notaremos que o

feijatildeo e a soja satildeo as que mais geram receita seguido do fumo milho trigo e arroz

Contudo ao analisarmos a receita e a aacuterea cultivada de cada lavoura notamos que a

produccedilatildeo de fumo eacute a mais rentaacutevel

A partir do graacutefico pode-se entender o porquecirc das famiacutelias permanecerem na

atividade fumageira Estas satildeo motivadas principalmente pela renda obtida aleacutem da

constataccedilatildeo a partir de trabalhos de campo de que a maioria dos fumicultores estatildeo

na atividade haacute muitos anos e que esta ocupaccedilatildeo eacute passada de uma geraccedilatildeo para

outra

Noacutes plantamos fumos haacute 15 anos e antes de eu e minha esposa casar eu plantava o fumo com meus pais e minha esposa com os pais dela e agora pegamos uma estufa para noacutes e continuamos na produccedilatildeo [] Jaacute sabemos bem como produzir um fumo de qualidade boa [] jaacute investimos em outras atividades mas natildeo deu lucro igual do fumo [] trecircs anos atraacutes fizemos financiamento para tanques de peixe investi 10 mil reais para fazer os tanques e comprar os alevinos e como noacutes natildeo tinha acompanhamento teacutecnico e muito menos experiecircncia em produzir peixe natildeo tivemos lucros Produzimos feijatildeo milho soja mas a maior renda vem do fumo (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Dezembro em maio de 2014)

926

70323

58206

45699

68546

9508

540

27300

4400

19870

23310

4210

0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000

Arroz

Feijatildeo

fumo

Milho

Soja

Trigo

Aacuterea Plantada (ha) Valor Produccedilatildeo (R$ 100000)

68

A produccedilatildeo de leite tambeacutem tem uma expressiva contribuiccedilatildeo para a

economia do municiacutepio pois nos uacuteltimos anos intensificou-se a dedicaccedilatildeo dos

agricultores familiares nessa atividade Dessa forma muitos dos fumicultores

tambeacutem produzem leite pelo fato de possuir mercado garantido e tambeacutem devido ao

pagamento do leite ser realizado mensalmente o que natildeo acontece com o fumo

Nas propriedades que combinam a produccedilatildeo de leite com a do fumo os agricultores

familiares usam a renda do leite para gastos mensais fixos da famiacutelia e a renda da

safra do fumo eacute investido na propriedade pois gera receitas mais altas

Agora com a renda do fumo e do leite as coisas se equilibraram que com o dinheiro do leite usamos para os gastos do mecircs e quando vendemos a safra do fumo investimos na propriedade jaacute fizemos casa de alvenaria cerca paiol novo galinheiro compramos trator carro [] a gente trabalha mais mas pelo menos natildeo passamos grandes necessidadade (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Visconde de Guarapuavaem maio de 2014)

De acordo com a EMATER (2014) nos uacuteltimos anos houve aumento do

nuacutemero de agricultores familiares que se dedicaram agrave produccedilatildeo de leite e aos

poucos abandonaram o cultivo do fumo A partir dos trabalhos de campo percebe-se

que muitas vezes os mais jovens pretendem investir na atividade leiteira fazer

cursos e se especializar no uso de tecnologias que permitam maior produtividade

dos animais ou seja casais mais novos que pretendem permanecer no campo

geralmente com niacutevel de escolaridade maior buscam ser mais competitivos como

por exemplo o depoimento de um casal que reside na Linha Visconde de

Guarapuava e de outro que reside na Linha Dezembro

Os nossos pais plantam fumo e quando casamos tambeacutem comeccedilamos a produzir fumo e leite e achamos que se noacutes se especializasse soacute na produccedilatildeo de leite a gente teria mais facilidade porque temos pouca terra (5 alqueires) [] agora temos 32 vacas de leite fora os terneiros e temos uma renda ateacute que razoaacutevel por mecircs (Agricultora familiar entrevistada5 na comunidade de Linha Visconde de Guarapuava)

Sempre plantei fumo mas como casei no ano passado eu e minha mulher decedimos plantar fumo somente nesse ano e no proacuteximo ano investir mais no leite que temos mais facilidade apesar de ter que trabalhar todos os dias de manhatilde e de tarde para tirar o leite e ainda durante o dia plantar os pastos [] no fumo natildeo precisa ficar o ano todo trabalhando mas mesmo assim vamos se especializar soacute com a produccedilatildeo de leite e outras lavouras (Fumicultor entrevistado na comunidade de Linha Dezembro)

5 A agricultora relata que atualmente soacute ajuda os pais com as atividades do fumo nos dias de colheita

69

Portanto nota-se que os mesmos usam da racionalidade econocircmica para

definir o que produzir natildeo buscando somente a sobrevivecircncia da famiacutelia e se

especializando nas atividades em que acreditam serem mais eficiente considerando

as caracteriacutesticas de suas propriedades Buscam assim melhorar de vida seguindo

uma racionalidade tipo capitalista

32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS

Como jaacute visto no item anterior o municiacutepio de Prudentoacutepolis sempre possuiu

uma base produtiva alicerccedilada estruturalmente no setor agropecuaacuterio e de acordo

com dados da Emater de Prudentoacutepolis (2014) o puacuteblico que faz parte do rural do

municiacutepio estaacute composto pela categoria Agricultura familiar constando um nuacutemero

de 8100 estabelecimentos Agricultura Patronal com 1750 estabelecimentos e por

40 famiacutelias Indiacutegenas aleacutem daqueles trabalhadores rurais contratados nos periacuteodos

de safra para desenvolver atividades no campo

Nota-se que em Prudentoacutepolis a categoria da agricultura familiar eacute

predominante em relaccedilatildeo agrave patronal Desse modo a caracterizaccedilatildeo dos produtores

rurais familiares a partir de conceitos e dados estatiacutesticos sistematizados para todo o

paiacutes se torna pertinente para que possamos estimar em quais grupos existe a maior

concentraccedilatildeo desses produtores familiares no municiacutepio e qual eacute a dinacircmica de

produccedilatildeo desses grupos A tipologia entre os agricultores familiares tem por objetivo

estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares devido

a sua heterogeneidade (FAOINCRA 2000) Sendo assim o grupo A refere-se

aquele produtor com renda total superior a trecircs vezes o valor da diaacuteria o grupo B ao

produtor com renda total superior a uma vez ateacute trecircs vezes o valor da diaacuteria no

grupo C estatildeo aqueles com renda total superior agrave metade ateacute uma vez o valor da

diaacuteria e por fim o grupo D com renda total igual ou inferior agrave metade do valor da

diaacuteria

A existecircncia de quatro grupos distintos dentro do universo familiar eacute resultante

de vaacuterios fatores como por exemplo a disponibilidade de terras agricultaacuteveis (como

aquelas localizadas na regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis) as tecnologias

empregadas pelas unidades familiares a forma de administraccedilatildeo da propriedade os

70

preccedilos e mercados aos quais a produccedilatildeo eacute destinada fatores climaacuteticos entre

outros Portanto os distintos tipos de produtores satildeo portadores de racionalidades

especificas e buscam se adaptar ao meio em que estatildeo inseridos

O universo agraacuterio eacute extremamente complexo seja em funccedilatildeo da grande diversidade da paisagem agraacuteria (meio fiacutesico ambiente variaacuteveis econocircmicas etc) seja em virtude da existecircncia de diferentes tipos de agricultores os quais tecircm interesses particulares estrateacutegias proacuteprias de sobrevivecircncia e de produccedilatildeo e que portanto respondem de maneira diferenciada a desafios e restriccedilotildees semelhantes (FAOINCRA 2000)

Os dados mais gerais que tratam de variaacuteveis da caracterizaccedilatildeo dos

agricultores familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis pertencem ao censo

agropecuaacuterio de 2006 momento aquele em que o universo da agricultura familiar era

composto por aproximadamente 7409 estabelecimentos sendo que no ano de

2014 a Emater do municiacutepio registrou um nuacutemero aproximado de 8100 agricultores

familiares um aumento de 691 estabelecimentos Esse aumento dos agricultores

familiares no dececircnio pode ser resultado da subdivisatildeo das propriedades jaacute

existentes

Dentre os quatro grupos familiares (Quadro 8) o maior nuacutemero de agricultores

familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis encontra-se no grupo D ou seja aqueles

agricultores familiares descapitalizados e com baixo niacutevel de integraccedilatildeo ao mercado

No grupo A considerado como capitalizado e com grande integraccedilatildeo aos mercados

existe um contingente menor de agricultores

Nuacutemero bastante significativo de produtores familiares estaacute representado pelo

grupo B grupo esse que estaacute em processo de capitalizaccedilatildeo e integrado ao mercado

Os agricultores familiares capitalizados e em processo de capitalizaccedilatildeo satildeo em

menores nuacutemeros que os descapitalizados e os em processo de descapitalizaccedilatildeo

71

Cidade Agricultura familiar por grupo

Nordm Absoluto de estabelecimentos por grupo

familiar

Prud

entoacute

polis

PR

Familiar ndash tipo A 783

Familiar ndash tipo B 2168

Familiar ndash tipo C 1387

Familiar ndash tipo D 3071

Total 7409

QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006

Fonte IBGE 2006

Conforme os dados do IBGE (2006) eacute importante ressaltar que em

Prudentoacutepolis o grupo A representa cerca de 10 do total de estabelecimentos

familiares o que eacute aproximadamente a mesma proporccedilatildeo verificada para o Brasil

onde haacute cerca de 460 mil produtores do grupo A num universo de pouco mais de 4

milhotildees de estabelecimentos familiares

Dentro do universo dos agricultores familiares de Prudentoacutepolis nota-se que a

grande maioria deles independentemente do tipo familiar possui terras proacuteprias

como demonstrado no quadro 9 O fato de a grande maioria possuir terras proacuteprias

estaacute relacionado ao loteamento feito no periacuteodo da colonizaccedilatildeo do municiacutepio sendo

que apesar de ter acontecido a venda e compra de algum desses lotes em termos

gerais a questatildeo do acesso agrave terras permanece inalterada entre os agricultores

familiares locais

72

Variaacutevel

Agricultura familiar por grupo

Nordm Absoluto de propriedades por grupo

no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR

Terras proacuteprias

Familiar ndash tipo A 700

Familiar ndash tipo B 2016

Familiar ndash tipo C 1338

Familiar ndash tipo D 2966

Total 7020

QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)

Com relaccedilatildeo aos tipos de cultivo nota-se pelo quadro 10 que os produtores

de fumo se concentram nos grupos A e B Ou seja do ponto de vista econocircmico a

produccedilatildeo tende a oferecer uma renda maior do que o milho e o feijatildeo por exemplo

visto que a maior concentraccedilatildeo desses agricultores familiares estaacute nos grupos C e D

A maior parte dos produtores de fumo tem um niacutevel alto de integraccedilatildeo com o

mercado quer dizer natildeo satildeo camponeses e sim pequenos capitalistas que visam

lucros mantendo-se competitivos com objetivo de crescimento econocircmico

QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)

Nesse sentido concorda-se com as abordagens ligadas ao capitalismo

agraacuterio segundo as quais a integraccedilatildeo dos fumicultores com as induacutestrias

Grupo familiar Fumo Feijatildeo Milho Soja Familiar ndash tipo A 520 493 540 109

Familiar ndash tipo B 798 1464 1484 110

Familiar ndash tipo C 128 1058 974 56

Familiar ndash tipo D 89 2125 1773 84

Agricultor natildeo familiar

19 76 93 44

Total de

estabelecimentos

1555

5216

4864

403

73

fumageiras oferece maiores oportunidades para capitalizaccedilatildeo ao passo que a

maioria daquelas famiacutelias que produzem feijatildeo e milho estaacute no grupo familiar em vias

de descapitalizaccedilatildeo e descapitalizados auferindo renda menor

Quando somados as colunas do quadro 10 vemos que o nuacutemero para cada

linha supera o total de estabelecimentos de cada categoria apresentados nos

quadros anteriores Isso mostra que haacute muitos fumicultores que natildeo se dedicam

apenas ao fumo mas tambeacutem ao feijatildeo milho e ou soja A partir dai pode-se

levantar a hipoacutetese de que muitos produtores do grupo A manteacutem pequenas

produccedilotildees de feijatildeo eou milho para autoconsumo Outra hipoacutetese eacute que haacute

produtores do grupo B que estatildeo tentando fazer a transiccedilatildeo das culturas de feijatildeo

eou milho para a cultura de fumo motivo pelo qual deram iniacutecio a produccedilatildeo deste

uacuteltimo sem abandonar os cultivos mais tradicionais

No municiacutepio tambeacutem existem dezenove agricultores natildeo familiares que

produzem fumo e usam da matildeo de obra contratada para cultivar a commoditie

devido agrave baixa mecanizaccedilatildeo disponiacutevel para esse tipo de lavouraDesse modo os

agricultores natildeo familiares tambeacutem tecircm interesse na rentabilidade por hectare e no

mercado garantido do fumo

A produccedilatildeo de soja tem uma expressividade na agricultura familiar com

destaque para os grupos A e B O milho e feijatildeo satildeo as culturas que predominam

nos grupos familiares

Para as variaacuteveis ligadas agrave modernizaccedilatildeo da agricultura foi contabilizado o

nuacutemero de tratores existente nas propriedades familiares como tambeacutem a utilizaccedilatildeo

de agrotoacutexicos entre esses grupos mediante dados do IBGE como apresentado no

quadro 11 Dos 7409 estabelecimentos familiares 1384 possuiacuteam trator no ano de

2006 ou seja 18

Nesse sentido pode-se dizer que no ano de 2006 um universo pequeno de

agricultores familiares possuiacutea trator No grupo A 34 dos agricultores tinham

tratores O grupo B foi o menos expressivo nessa variaacutevel com 12 de

estabelecimentos com trator seguidos de 15 no grupo C e de 20 no grupo D

74

Agricultura familiar por grupo de agricultores

Nuacutemero total de estabelecimentos familiares

Nuacutemero de estabelecimentos com tratores

de tratores por grupo familiar

Familiar ndash tipo A 783 269 34

Familiar ndash tipo B 2168 278 12

Familiar ndash tipo C 1387 209 15

Familiar ndash tipo D 3071 628 20

Total 7409 1384 18

QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES

Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015) O uso de agrotoacutexicos eacute feito por uma parcela expressiva de agricultores

familiares posto que 77 deles usam algum tipo desse produto Em termos

percentuais os agricultores familiares do grupo A satildeo os que mais usam seguidos

do grupo B com 82 grupo Ccom 75 epor fim o grupo D com 69 dos

agricultores que fazem uso desse insumo agriacutecola Assim vale notar que o uso de

agrotoacutexicos natildeo estaacute associado apenas agrave produccedilatildeo de fumo pois os grupos

familiares que produzem predominantemente feijatildeo e milho tambeacutem utilizam

produtos quiacutemicos intensamente Nesse sentido concorda-se com DINIZ FILHO

(2011) quando menciona que

[] a incorporaccedilatildeo de elementos econocircmicos e tecnoloacutegicos da agricultura patronal eacute uma estrateacutegia amplamente utilizada por agricultores familiares do mundo todo para se manterem competitivos no bojo da modernizaccedilatildeo agriacutecola embora frequentemente tal incorporaccedilatildeo fique incompleta devido agrave falta de capital para investimentos e das caracteriacutesticas de muitas propriedades familiares tais como pequena dimensatildeo ou relevo inclinado

75

Agricultura familiar por grupo de agricultores

Nuacutemero total de estabelecimentos familiares

Nuacutemero de estabelecimentos que usam agrotoacutexicos

de estab que usam agrotoacutexicos

Familiar ndash tipo A 783 734 93

Familiar ndash tipo B 2168 1794 82

Familiar ndash tipo C 1387 1048 75

Familiar ndash tipo D 3071 2108 69

Total 7409 5684 77

QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS

Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)

Os dados mostram que a agricultura familiar no municiacutepio de Prudentoacutepolis

tambeacutem se beneficia dos aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo da agricultura

concordando com Diniz Filho (2011) quando afirma ser notoacuterio que a monocultura a

mecanizaccedilatildeo e o uso de pesticidas e fertilizantes quiacutemicos satildeo amplamente

disseminados entre os produtores familiares Nesse sentido pode-se dizer que a

agricultura familiar da mesma forma que o agronegoacutecio estaacute preocupada

primeiramente com os lucros do que em usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis e que

busquem somente reproduzir o seu modo de vida

Portanto pode-se afirmar que a produccedilatildeo de fumo eacute considerada uma

atividade que permite renda razoaacutevel para o produtor uma vez que no municiacutepio de

Prudentoacutepolis esses agricultores familiares estatildeo concentrados no tipo familiar mais

capitalizado condizendo assim com os dados mais gerais sobre a agricultura

familiar brasileira apresentados no capiacutetulo anterior segundo os quais a cultura do

fumo gera menor niacutevel de pobreza que culturas alimentares voltadas para o

consumo popular e frequentemente associadas agrave produccedilatildeo de subsistecircncia

Finalmente vale notar que a pesquisa de campo realizada no acircmbito desta pesquisa

corroborou os resultados obtidos pela anaacutelise de dados estatiacutesticos de fontes

oficiais conforme se veraacute a seguir

76

CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO

Este capiacutetulo tem por objetivo expor os dados dos trabalhos de campo

realizados com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela

empresa Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis A

contrataccedilatildeo eacute feita atraveacutes do sistema de produccedilatildeo integrada no qual a empresa

garante a compra de toda a produccedilatildeo fornece assistecircncia teacutecnica aos contratados

define os padrotildees de fumo a serem produzidos de acordo com as demandas de

mercado bem como estipula os preccedilos do quilo de fumo junto ao sindicato dos

fumicultores do Brasil (SINDITABACO)

Na safra de 20142015 duzentos e noventa e cinco produtores familiares de

Prudentoacutepolis foram contratados pela Souza Cruz como fornecedores de fumo Para

dar suporte a esses fumicultores trabalham trecircs instrutores teacutecnicos cada qual

atuando na sua aacuterea de abrangecircncia acompanhando os mesmos associados desde

o iniacutecio ateacute o final da safra

A finalidade do instrutor teacutecnico eacute de prestar assistecircncia aos fumicultores em

todos os processos da produccedilatildeo do fumo como a definiccedilatildeo da quantidade de peacutes

de fumo que seraacute plantada a compra de insumos para produccedilatildeo a realizaccedilatildeo do

seguro da safra juntamente com a Afubra assistecircncia teacutecnica nos tratos culturais da

planta estabelecimento de estimativas de quilos de fumo que o produtor

comercializaraacute com a empresa acompanhamento na colheita secagem

classificaccedilatildeo e a venda do produto

O instrutor teacutecnico entrevistado expotildee que aleacutem da empresa Souza Cruz

outras cinco empresas6 do mesmo ramo atuam no municiacutepio com intuito de contratar

fumicultores atraveacutes do sistema integrado Menciona tambeacutem que natildeo existem

grandes conflitos concorrenciais entre essas empresas como jaacute existiu na deacutecada

de 1990 quando uma empresa fazia o maacuteximo para atrair maior quantidade de

associados Nos uacuteltimos anos cada empresa tem os seus produtores certos natildeo

6Universal Leaf Tabacos Ltda CTA ndash Continental Tobaccos Alliance One Exportadora de Fumo Ltda Premium Tabacos do Brasil SA e a A Japan Tabacco Inc (JTI)

77

existindo alto niacutevel de migraccedilatildeo desses entre as empresas uma vez que todas

trabalham no mesmo sistema e os preccedilos do quilo de fumo satildeo tabelados

A logiacutestica de transporte do fumo da residecircncia do produtor ateacute a usina de

beneficiamento da Souza Cruz eacute terceirizada sendo que no municiacutepio satildeo trecircs

transportadoras credenciadas pela empresa A proacutepria Souza Cruz natildeo possui

depoacutesitos de armazenamento de fumo em Prudentoacutepolis Desse modo as trecircs

transportadoras credenciadas satildeo responsaacuteveis por fazer o recolhimento da

produccedilatildeo direto do depoacutesito do produtor A transportadora coleta o fumo nas

propriedades dos fumicultores com um caminhatildeo de menor porte e no barracatildeo da

proacutepria transportadora eacute feito o transbordo para as carretas que seguem ateacute a usina

de beneficiamento

Como na assistecircncia teacutecnica cada transportadora tambeacutem tem uma regiatildeo de

abrangecircncia para recolher o fumo A produccedilatildeo que sai dos depoacutesitos dos produtores

jaacute estaacute 100 assegurada caso aconteccedila imprevistos com a viagem Apoacutes a

descarga do fumo na usina de beneficiamento a transportadora utiliza o mesmo

frete para trazer os insumos agriacutecolas para a proacutexima safra

Apesar de possuir uma usina de processamento de fumo no municiacutepio de Rio

Negro no Paranaacute a produccedilatildeo do municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute enviada para a usina

de BlumenauSC pois a usina de Rio Negro tem capacidade de atender somente agrave

produccedilatildeo da regiatildeo Oeste e Sudoeste paranaense e tambeacutem do ponto de vista

logiacutestico eacute mais viaacutevel enviar a produccedilatildeo de Prudentoacutepolis para Blumenau

A partir de dados da Afubra da Souza Cruz e dos dados de campo foi

construiacutedo um fluxograma para exemplificar as etapas em que o fumo produzido no

municiacutepio de Prudentoacutepolis passa ateacute chegar ao consumidor

78

FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

Fonte Souza Cruz e AFUBRA 2014

Org VILCZAK A 2015

41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES

As informaccedilotildees que seratildeo apresentadas a seguir dizem respeito a sessenta

famiacutelias entrevistadas e que satildeo contratadas pela empresa fumageira Souza Cruz

no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR

As famiacutelias entrevistadas residem em seis diferentes localidades do municiacutepio

de Prudentoacutepolis sendo elas Comunidade da Linha Dezembro Comunidade da

Linha Visconde de Guarapuava Comunidade da Linha Marcondes Comunidade da

Linha Barra Vermelha Comunidade da Linha Antocircnio Olinto e Comunidade da Linha

Tira Cisma (figura 8) Para localizar esses fumicultores os instrutores teacutecnicos da

Souza Cruz forneceram uma listagem de todos os produtores e de sua respectiva

localidade de residecircncia Cabe destacar que as entrevistas natildeo foram direcionadas e

nem realizadas com a presenccedila desses instrutores

79

FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS

A seleccedilatildeo das localidades foi feita levando-se em conta a maior concentraccedilatildeo

de produtores de fumo e a maior acessibilidade em relaccedilatildeo agrave aceitaccedilatildeo dos mesmos

em responderem os questionaacuterios

Para a realizaccedilatildeo das entrevistas fez-se necessaacuterio o auxiacutelio de um agente

comunitaacuterio que tinha maior contato com os fumicultores para que os mesmos

pudessem responder o questionaacuterio com maior seguranccedila Recorreu-se a esse

meacutetodo pelo fato de alguns fumicultores convidados a participar da entrevista natildeo

ficarem tranquilos suspeitando que se tratasse de uma pesquisa que natildeo favorecia

aos ideais deles uma vez que possuem ldquomedordquo de certas campanhas

governamentais que incentivam o fim do plantio do fumo

As primeiras entrevistas foram realizadas na Linha Dezembro Linha Visconde

de Guarapuava e Linha Marcondes sendo que as mesmas foram conduzidas

juntamente com a agente comunitaacuteria Gabriela Strechar (residente na Linha

Visconde de Guarapuava) e contabilizou um total de 19 fumicultores Na Linha Barra

Vermelha Linha Antocircnio Olinto e Linha Tiram Cisma foram realizadas 41 entrevistas

80

com a ajuda da agente comunitaacuteria Adriana Kutzmy moradora da Linha Barra

Vermelha e que tambeacutem tem grande conhecimentos sobre essas localidade e

moradores

As entrevistas foram realizadas nos meses de novembro e dezembro de

2015 periacuteodo da colheita do fumo A escolha desse periacuteodo para a coleta de dados

possibilitou conhecer a realidade de cada famiacutelia com relaccedilatildeo agraves formas de

produccedilatildeo colheita transporte e secagem das folhas de fumo

Caracterizaccedilatildeo das famiacutelias

a) Escolaridade feminina e masculina por faixa etaacuteria

Para a coleta de dados dessa variaacutevel foram levados em consideraccedilatildeo

somente as mulheres e homens que vivem nas unidades de produccedilatildeo familiar isto eacute

pessoas que migraram para as cidades e aquelas que se casaram e permanecem

no meio rural natildeo seratildeo contemplados nos quadro 13 e 14

Dentre as sessenta famiacutelias entrevistadas contabilizou-se um total de

duzentos e vinte e cinco membros que residem nas unidades de produccedilatildeo familiar

sendo cento e nove mulheres e cento e dezesseis homens

81

Faixa etaacuteria

S idade

escolar

S escolar idade

Ateacute o 5ordm ano

Do 6ordm ao 9ordm ano

Ensino meacutedio

Incompleto

Ensino meacutedio

completo

Ensino Superior

Cursos teacutecnicos

Total de

mulheres

0 - 05 anos 10 - 01 - - - - - 11

05 - 10 anos

- - 04 - - - - - 04

11 ndash 20 anos

- - 05 09 01 05 01 - 21

21 ndash 30 anos

- - 08 - 12 - 01 21

31 ndash 40 anos

- - 06 06 - 01 - - 13

41 ndash 50 anos

- - 14 06 - - - - 20

51 ndash 60 anos

- - 12 - - 01 - - 13

Acima de 61

- 01 04 - - 01 - - 06

Total 10 01 46 29 01 20 01 01 109

Percentual ()

09 01 43 27 01 17 01 01 100

QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Com relaccedilatildeo agraves mulheres entrevistadas pode-se notar um baixo grau de

escolarizaccedilatildeo dentre aquelas que possuem mais de 40 anos as quais no maacuteximo

tecircm ensino fundamental completo exceto uma senhora que estaacute na faixa etaacuteria de

51 a 60 anos e que possui ensino meacutedio completo e que era professora das seacuteries

iniciais Nota-se tambeacutem a existecircncia de duas famiacutelias com filhas cursando

universidade e curso teacutecnicos no periacuteodo da noite sendo que as mesmas trabalham

durante o dia na propriedade inclusive na produccedilatildeo de fumo

82

Todas as filhas dos fumicultores em idade escolar estatildeo matriculadas nas

suas respectivas seacuteries de ensino Na faixa etaacuteria de 21 a 30 anos a maioria tem o

ensino meacutedio completo e natildeo demonstra pretensotildees de fazer curso superior nos

proacuteximos anos

Apesar da baixa escolaridade somente uma pessoa entrevistada e que tem

mais que 61 anos de idade nunca frequentou uma escola

De acordo com as entrevistas percebe-se que grande parte das mulheres

quando terminam o ensino meacutedio migra para alguma cidade com pretensotildees de

estudar ou trabalhar

Faixa etaacuteria

S idade

escolar

S escolar idade

Ateacute o 5ordm ano

Do 6ordm ao 9ordm ano

Ensino meacutedio

Incompleto

Ensino meacutedio

completo

Ensino Superior

Cursos teacutecnicos

Total de homens

0 - 05 anos 09 - - - - - - - 09

05 - 10 anos

- - 08 - - - - - 08

11 ndash 20 anos

- - 05 07 07 03 - - 22

21 ndash 30 anos

- - - 02 03 13 01 - 19

31 ndash 40 anos

- 01 08 06 - 05 01 03 24

41 ndash 50 anos

- - 11 - - - - - 11

51 ndash 60 anos

- - 18 - - - - - 18

Acima de 61

- - 05 - - - - - 05

Total 09 01 55 15 10 21 02 03 116

Percentual ()

07 01 47 13 09 18 02 03 100

QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO

Fonte Pesquisa de campo (2015)

83

No universo masculino da mesma forma que no feminino percebe-se que as

menores escolaridades estatildeo entre aqueles que possuem mais de 40 anos de idade

Um entrevistado que possui entre 31 e 40 anos cursou trecircs anos no ensino

superior poreacutem alega que natildeo tem pretensotildees em curto prazo em concluir ou

trabalhar fora da propriedade devido a melhor qualidade de vida que pode ter em

relaccedilatildeo agrave cidade Nessa mesma faixa etaacuteria (31 a 40 anos) trecircs homens

frequentaram cursos teacutecnicos sendo que dois concluiacuteram teacutecnico em agropecuaacuteria e

um teacutecnico florestal

Um homem entre 21 e 30 anos concluiu haacute dois anos o curso superior em

contabilidade afirmou que jaacute trabalhou na sua aacuterea de formaccedilatildeo mas que nesse

ano decidiu trabalhar na produccedilatildeo de fumo poreacutem tem pretensotildees de voltar a

trabalhar na aacuterea de formaccedilatildeo

b) Estrutura familiar

Para a coleta de dados correspondente agrave variaacutevel apresentada no quadro 15

tambeacutem foram levadas em consideraccedilatildeo somente as pessoas que vivem na unidade

familiar Dessa forma a quantidade de membros que compotildee as famiacutelias

entrevistadas natildeo eacute numerosa apresentando a maior porcentagem de famiacutelias

compostas por trecircs e quatro pessoas (30 e 42) Aquelas com mais de cinco

membros correspondem na sua maior parte por famiacutelias onde os pais da esposa ou

do marido estatildeo vivendo juntos

Nuacutemero total dos

membros das famiacutelias

Nordm de famiacutelias Nuacutemero total de membros

Percentual ()

Um membro 0 0 0

Dois membros 6 12 10

Trecircs membros 18 54 30

Quatro membros 25 100 42

Cinco membros 07 35 12

Seis membros 04 24 6

84

Total 60 225 100

QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Os dados sobre as famiacutelias em que pelo menos um dos membros migrou para

alguma cidade com intuito de trabalhar estudar ou trabalhar e estudar estatildeo

apresentados na tabela abaixo

TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE

Motivos da migraccedilatildeo Nordm de famiacutelias Percentual () Somente estudar (cursos teacutecnicos Universidade)

9 15

Estudar (cursos teacutecnicos Universidade) e Trabalho

14 23

Somente trabalhar 6 10 Nenhum membro migrou

para a cidade 31 52

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)

Nota-se que 48 das famiacutelias entrevistadas tiveram pelo menos um membro

que migrou para a cidade com objetivo de estudar ou trabalhar Os que relataram

que a migraccedilatildeo foi com intuito de estudar afirmam que os estudos estatildeo

relacionados a cursos teacutecnicos e universitaacuterios como jaacute expostos acima

Vale lembrar a existecircncia de famiacutelias em que os filhos ainda natildeo estatildeo em

idades suficientes para fazer um curso teacutecnico ou universidade ou seja nos

proacuteximos anos provavelmente haveraacute um percentual maior de jovens saindo do

campo com intuito de estudar ou trabalhar em outras atividades com maiores

oportunidades que a produccedilatildeo de fumo

Esse processo migratoacuterio da populaccedilatildeo rural para o urbano no caso dos

fumicultores entrevistados pode estar relacionado com aquilo exposto por (2014)

segundo o qual atualmente nas regiotildees rurais brasileiras a migraccedilatildeo jaacute natildeo eacute mais

um processo em que as condiccedilotildees ldquopor mais pobreza que existamrdquo estatildeo

expulsando as pessoas do campo mas sim um movimento que ocorre quando

existem fatores de atraccedilatildeo no meio urbano Poreacutem natildeo devemos desprezar que

nesse processo tambeacutem estatildeo embutidos outros fatores como os culturais e ateacute

85

pessoais ou seja o que se passa pela cabeccedila das pessoas natildeo somente dessas

que vivem no rural e estatildeo indo para a cidade mas tambeacutem daquelas que jaacute vivem

em cidades de menor porte e migram para grandes centros urbanos Contudo essas

questotildees de ordem cultural e pessoal escapam aos objetivos desta pesquisa

Condiccedilatildeo do fumicultor

TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA

Anos Nordm de famiacutelias Percentual ()

0 ndash 5 anos 0 0

6 ndash 10 anos 4 6

10 ndash 15 anos 12 20

15 ndash 20 anos 16 27

21 ndash 25 anos 12 20

26 ndash 30 anos 10 17

Mais de 30 anos 6 10

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

O periacuteodo de tempo com maior expressividade em que esses agricultores

familiares estatildeo envolvidos na atividade fumageira variam em torno de 10 a 30 anos

Nenhuma famiacutelia entrevistada comeccedilou a produzir fumo nos uacuteltimos cinco anos

Esse fato vai ao encontro de dados mais gerais da Afubra (2015) demonstrando

que entre o ano de 2010 e 2014 o nuacutemero de famiacutelias produtoras de fumo caiu de

185160 para 162410

Esse fato estaacute relacionado principalmente agrave migraccedilatildeo de jovens para as

cidades e pelo fato dos casais mais novos que possuem filhos com idades

insuficientes para trabalhar na atividade fumageira buscarem se promover

economicamente atraveacutes de outras atividades

A queda do nuacutemero de famiacutelias na fumicultura nos uacuteltimos anos tambeacutem estaacute

relacionada com a maior escolaridade das pessoas que vivem no rural pois esses

estatildeo se dedicando a atividades selecionadas por eles como mais oportunas eou

mais competitivas Aqui natildeo podemos desconsiderar tambeacutem a opccedilatildeo das famiacutelias

86

natildeo entrarem na atividade fumageira pelas questotildees da sauacutede (contato com

agrotoacutexicos e doenccedila da folha verde)

TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

Nordm de famiacutelias Percentual ()

Pela renda e venda garantida

12 20

Pouca disponibilidade de terras

06 10

Pela renda venda garantida e pouca terra

35 58

Falta de outras opccedilotildees de atividade agropecuaacuteria

07 12

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Das famiacutelias entrevistadas 58 declararam que optam pela produccedilatildeo de

fumo por trecircs motivos principais a renda a garantia de venda e a pouca aacuterea de

terra que possuem Jaacute para 20 das famiacutelias entrevistadas os principais motivos

estatildeo na geraccedilatildeo de renda e venda garantida

As famiacutelias que natildeo declararam a pouca quantidade de terra como empecilho

para a realizaccedilatildeo de outra atividade que substitua por completo a produccedilatildeo de fumo

mencionam que plantam o fumo devido agrave renda e que como estatildeo inseridos na

cadeia produtiva de gratildeos que eacute mecanizada sobra matildeo de obra para trabalhar

com o fumo Esses exemplos demonstram que os agricultores familiares produzem

para maximizar os lucros e crescer economicamente da mesma forma que os

grandes proprietaacuterios como exposto no paradigma da agricultura familiar

A falta de outras atividades agropecuaacuterias tambeacutem foi mencionada por 12

das famiacutelias entrevistadas pois apesar de existir outros tipos de cultivo no municiacutepio

como por exemplo a produccedilatildeo de verduras de morangos de pepinos e de ervas

medicinais essas famiacutelias declararam que esses cultivos natildeo geram uma renda por

hectare como o fumo Uma fumicultora entrevistada na Linha Marcondes comenta

Eu ldquoplantava as coisasrdquo para a merenda escolar aqui da escola [] noacutes tinha que comprar as sementes e tudo o que precisava pra produzir essas verduras [] quando levava na escola ficavam colocando defeito na minha produccedilatildeo [] queriam que eu levasse todo dia dez peacutes de alface na escola [] que lucro eu ia ter ir todo dia na escola levar soacute dez peacutes de alface E

87

ainda recebia soacute depois de 40 dias que entreguei a produccedilatildeo e ainda agraves vezes atrasava [] O fumo eacute muito cansativo soacute que a gente natildeo precisa ficar se humilhando pra comprar a produccedilatildeo da gente a firma leva tudo seja o melhor fumo seja o pior

A fumicultora retrata que apesar do trabalho na produccedilatildeo de fumo ser mais

cansativa que outras atividades o fato de se ter a venda garantida de toda a

produccedilatildeo compensa as desvantagens

TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS

Quantidades de peacutes de fumo

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

25000 - 30000 peacutes 14 23

31000 ndash 50000 peacutes 26 44

51000 ndash 70000 peacutes 05 08

71000 ndash 90000 peacutes 07 12

91000 ndash 120000 peacutes 05 08

121000 -140000 peacutes 03 05

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)

Dentre as famiacutelias entrevistadas a quantidade miacutenima de produccedilatildeo eacute de

25000 peacutes e a maacutexima de 140000 peacutes poreacutem a maior concentraccedilatildeo estaacute ente

31000 e 50000 peacutes A quantidade de peacutes que satildeo plantados estaacute relacionada agrave

matildeo de obra disponiacutevel uma vez que esses fumicultores antes de planejar a

proacutexima safra levam em consideraccedilatildeo primeiramente a relaccedilatildeo entre a quantidade

de matildeo de obra disponivel com a quantidade de peacutes de fumo De acordo com o

instrutor teacutecnico da Souza Cruz uma pessoa consegue produzir em meacutedia 20000

peacutes de fumo por safra (usando matildeo de obra de terceiros somente para os dias de

colheita)

Condiccedilatildeo das terras usadas pelos fumicultores entrevistados

88

TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS

Condiccedilatildeo da terra Nordm de famiacutelias Percentual ()

Somente terra proacutepria 33 55

Terra proacutepria e arrendada 22 37

Somente terras arrendadas 05 08

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Para coletar esses dados foi levado em consideraccedilatildeo o total das terras

usadas pelos fumicultores independentemente da cultura plantada aleacutem do fumo

Desse modo nota-se que a grande maioria possui terras proacuteprias (92) sendo que

55 cultivam somente em terras proacuteprias e 37 aleacutem das terras proacuteprias arrenda

com intuito de aumentar a produccedilatildeo tanto de fumo como de gratildeo e outros Existem

8 que natildeo possuiacuteam terras proacuteprias e que necessitam arrendar para produzir o

fumo

TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES

Somente terra proacutepria Nordm de famiacutelias Porcentagem ()

Ateacute 5 hectares 11 20

6 a 10 hectares 14 25

11 a 15 hectares 8 15

16 a 20 hectares 6 11

21 a 25 hectares 6 11

26 a 30 hectares 2 04

31 a 40 hectares 4 07

Mais de 40 hectares 4 07

Total 55 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Dos sessenta fumicultores entrevistados cinco natildeo possuem terras proacuteprias

E dos cinquenta e cinco que possuem a maior porcentagem de famiacutelias tem ateacute 15

hectares Nesse sentido esses nuacutemeros satildeo compatiacuteveis com os dados mais gerais

da regiatildeo Sul do Brasil onde a maior concentraccedilatildeo de famiacutelias possui ateacute 20

89

hectares de terra (AFUBRA 2015) A aquisiccedilatildeo das terras foi principalmente por

heranccedila e em parcelas menores atraveacutes de compra

Formas de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria das unidades familiares dos fumicultores

entrevistados

Este item refere-se aos tipos de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria que aleacutem do fumo

trazem renda para a unidade de produccedilatildeo familiar Com base nos dados de campo

verificam-se nas propriedades aleacutem da produccedilatildeo do fumo as produccedilotildees de feijatildeo

milho soja erva-mate e a produccedilatildeo de leite

TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES

Tipo de produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nuacutemeros de famiacutelias Percentual ()

Somente fumo 20 33 Fumo e soja 06 10

Fumo soja feijatildeo e milho 20 33 Fumo Soja milho e leite 03 5 Fumo feijatildeo milho e erva-

Mate 11 19

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

De acordo com os dados expostos 33 dos entrevistados afirmam que a

produccedilatildeo da propriedade com pretensatildeo de venda eacute somente o fumo outros 33

aleacutem do fumo produzem soja e feijatildeo seguidos de 19 que se dedicam agrave produccedilatildeo

de fumo feijatildeo milho e erva-mate e menos de 5 declarar produzir para a venda o

fumo a soja o milho e o leite

Nesse sentido 67 dos entrevistados diversificam a produccedilatildeo com intuito de obter

mais fontes de renda Poreacutem alegam que a maior renda por aacuterea plantada vem da

produccedilatildeo de fumo

A produccedilatildeo de eucaliptos (figura 9) tambeacutem eacute bastante comum nas

propriedades pois eacute fonte de energia para a secagem das folhas do fumo Nas

estufas tradicionais o uso de lenha eacute muito maior que nas estufas eleacutetricas

90

FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO

Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2016)

A figura 9 exemplifica uma propriedade de fumicultor que produz a soja para

venda e eucalipto para a secagem do fumo A imagem da esquerda representa a

lavoura de um fumicultor na linha dezembro com produccedilatildeo de soja e ao fundo

notam-se plantaccedilotildees de eucaliptos para usar na secagem das folhas de fumo Na

imagem da direita tambeacutem pode ser vista a lavoura de fumo e ao fundo plantaccedilotildees

de eucaliptos

A erva-mate tambeacutem serve como fonte de renda dos fumicultores sendo que

em aacutereas de faxinal7 os peacutes de erva-mate formam mantidos e outros espaccedilos

usados para o cultivo de soja ou feijatildeo como demonstrado na figura 10 Em algumas

propriedades a erva-mate natildeo eacute nativa e foi plantada nos uacuteltimos anos em escalas

maiores devido agrave rentabilidade

7Por faxinal entende-se as terras tradicionalmente ocupadas para o uso comum de pastagens e florestas no Paranaacute que designam situaccedilotildees em que a produccedilatildeo familiar de acordo com suas possibilidades combina apropriaccedilatildeo privada e coletiva dos recursos naturais (HAURESKO C 2012)

91

FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE

Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2015)

Aleacutem da produccedilatildeo com pretensatildeo de venda nas propriedades visitadas

tambeacutem nota-se a presenccedila da produccedilatildeo para autoconsumo da famiacutelia Essas

alegam que produzem certos produtos para diminuir os gastos com mercado e por

produzirem de acordo com suas preferecircncias alimentares Apenas 6 dos

entrevistados natildeo produzem nada para autoconsumo alegando que comprar sai

mais barato que produzir

TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE

Produccedilatildeo para autoconsumo

Nuacutemero de famiacutelias Percentual ()

Horta 08 13 Horta criaccedilatildeo de galinhas e

porcos 16 27

Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos feijatildeo e milho

07 12

Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos e criaccedilatildeo gado (corte

e leite) feijatildeo e milho

25 42

Nenhuma produccedilatildeo para auto consumo

04 6

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

Sobre a produccedilatildeo de feijatildeo para autoconsumo alguns produtores

mencionam que produzem separadamente o feijatildeo para a venda do feijatildeo para

92

consumo da famiacutelia afirmando que no feijatildeo para venda satildeo aplicados dessecantes

para acelerar o periacuteodo de colheita e no feijatildeo que eacute para o consumo natildeo utilizam

essa praacutetica Esse fato natildeo eacute raro no municiacutepio acontecendo tanto nas pequenas

propriedades como nas grandes Isso demonstra que os agricultores familiares estatildeo

interessados no lucro de sua produccedilatildeo e natildeo tecircm muita preocupaccedilatildeo com as

praacuteticas que os ambientalistas e produtores orgacircnicos qualificam como sustentaacuteveis

Dessa forma eacute desnecessaacuteria a visatildeo dualista ente pequenos e grandes produtores

agriacutecolas concordando entatildeo com Diniz Filho (2011) quando escreve o texto

intitulado Agricultura familiar e meio ambiente o perigo da simplificaccedilatildeo ideoloacutegica

mencionando que organizaccedilotildees como CNBB e MST buscam toda sorte de

argumentos para contrapor o agronegoacutecio agrave agricultura camponesa afirmando que o

agronegoacutecio destroacutei a natureza por estar preocupado com lucros ao passo que os

agricultores familiares tenderiam a usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis porque

buscam somente reproduzir seu modo de vida

A produccedilatildeo de animais como vacas de leite boi para engorda criaccedilatildeo de

porcos e galinhas tambeacutem eacute comum entre os produtores de fumo como mostra a

figura 11

FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

93

Portanto conforme afirma Ternoski (2013) a renda agriacutecola dos

estabelecimentos familiares eacute composta da venda de produtos agropecuaacuterios e de

autoconsumo O autoconsumo eacute a quantidade que a famiacutelia consome em produtos

que produz no estabelecimento podendo ser de origem animal ou vegetal como

tambeacutem da transformaccedilatildeo caseira ou seja esses produtos complementam a renda

dos agricultores pelo fato de natildeo precisarem ser comparados pois se destinados ao

mercado podem gerar receita

Acesso a tecnologias e ao creacutedito agriacutecola

TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES

Nordm de famiacutelias Percentual () Possui uma estufa eleacutetrica 54 90

Natildeo possui estufa eleacutetrica 6 10

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

A Grande maioria dos fumicultores (90) possui em sua propriedade a estufa

eleacutetrica Essas famiacutelias afirmam que quando mudaram da estufa tradicional para a

eleacutetrica os trabalhos com matildeo de obra diminuiacuteram bastante pois para secar o fumo

na estufa eleacutetrica natildeo eacute necessaacuterio amarrar as folhas de fumo como demonstra a

figura 12 Jaacute nas estufas tradicionais em que a secagem natildeo eacute eleacutetrica a

quantidade de matildeo de obra exigida eacute bem maior como demonstrado na figura 13

As famiacutelias que natildeo possuem estufa eleacutetrica mencionam que natildeo pretendem

produzir por muito tempo o fumo desse modo natildeo seria viaacutevel adaptar ao sistema

eleacutetrico Nas propriedades onde a produccedilatildeo eacute maior de 70000 peacutes existem duas

estufas (figura 14)

94

FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO

Fonte Vilczak A Trabalho de campo (2016)

FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS

95

Fonte KUTZMY A Trabalho de campo (2015)

FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)

TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO

Bens adquiridos Nordm de famiacutelias Percentual ()

Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e terras no espaccedilo rural

20 33

Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e

terreno na cidade

6 10

Casa carro e terra 4 7

Carro casa trator e implementos agriacutecolas

26 43

Somente carro e casa 4 7

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

A partir dos dados acima pode-se notar que todos os entrevistados

conseguiram adquirir bens de capital considerados de grande importacircncia como

terrenos trator implementos agriacutecolas casa lotes no periacutemetro urbano entre outros

bens de menor importacircncia como eletrodomeacutesticos aleacutem dos reparos feitos na

96

propriedade que natildeo foram contabilizados pela pesquisa apesar de mencionados

pelos entrevistados As figuras 15 e 16 satildeo de algumas propriedades de produtores

de fumo entrevistados propriedades essas com casas de alvenaria galpatildeo e carro

Desse modo concorda-se com a tese de doutoramento de Manuel Antonio

Nunguiacutea Payas intitulada Empresaacuterio familial rural a integraccedilatildeo agrave agroinduacutestria de

fumo e diferenciaccedilatildeo em que o autor faz um estudo sobre a produccedilatildeo de fumo no

municiacutepio de Rio AzulPR mencionando que os fumicultores integrados estudados

por ele tiveram um aumento no patrimocircnio e que esses natildeo estatildeo inseridos na

produccedilatildeo somente para satisfaccedilatildeo das necessidades de sobrevivecircncia familiar mas

sim agindo no mercado como empresaacuterios investindo o seu capital nas atividades

com expectativa de maiores lucros e menores riscos ou seja analisando o custo de

oportunidade de cada cultura Nesse sentido para o autor o produtor familiar

integrado eacute um empresaacuterio que apresenta como principal caracteriacutestica a matildeo de

obra e propriedade familiares

FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)

97

FIGURA 16 - BENS ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)

A produccedilatildeo de fumo apesar de ser considerada pelos proacuteprios fumicultores

como uma atividade que exige muita matildeo de obra representou melhoria na

qualidade de vida deles pois grande parte das famiacutelias entrevistadas conseguiu

adquirir bens materiais como terras lotes no periacutemetro urbano casa carro trator

entre outros de menor valor bens esses dificilmente adquiridos somente com

atividades agriacutecolas tradicionais como milho feijatildeo e outros A explicaccedilatildeo para que

esses agricultores familiares escolham primeiramente a produccedilatildeo de fumo e natildeo a

produccedilatildeo de alguma cultura tradicional desenvolvida com grande representatividade

no municiacutepio desde a segunda metade do seacuteculo XIX estaacute no custo de

oportunidade dessa cultura Os fumicultores avaliam primeiramente os ganhos

econocircmicos que essa cultura proporciona em relaccedilatildeo agrave quantidade de terras

disponiacutevel em suas propriedades eou por meio de arrendamento

Outro fato que exemplifica a melhoria da qualidade de vida dos fumicultores

pode ser observado no proacuteprio municiacutepio A regiatildeo Norte de Prudentoacutepolis eacute

caracterizada pela produccedilatildeo de culturas tradicionais sendo que na grande maioria

das vezes essas lavouras satildeo realizadas manualmente devido agrave topografia muito

acentuada 8 Essa regiatildeo eacute considerada como menos desenvolvida que a regiatildeo

central e Sul devido agrave baixa produtividade por unidades familiares

Isso natildeo significa que se esteja afirmando aqui que a soluccedilatildeo econocircmica para

os produtores familiares da regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis seria a

8Atividades agriacutecolas consideradas muitas vezes mais penosas que a proacutepria produccedilatildeo de fumo pois esses agricultores carregam sacas de feijatildeo e de espigas de milho nas proacuteprias costas em terrenos muito iacutengremes aleacutem do plantio e dos tratos culturais realizados manualmente ou com traccedilatildeo animal

98

opccedilatildeo pelo cultivo do fumo Apenas constata-se que a inserccedilatildeo dos pequenos

produtores nos mercados e culturas mais seguras economicamente lhes proporciona

uma melhora econocircmica ao passo que tambeacutem o uso de aparatos tecnoloacutegicos

contribui para o aumento da produtividade e consequentemente ganhos monetaacuterios

maiores

Concorda-se com Schultz (1965) quando defende que a eficiecircncia e a

maximizaccedilatildeo do lucro satildeo partes de um sistema econocircmico eficiente e racional

Esse autor considera que todos os agricultores capitalizados ou de subsistecircncia

analisam a relaccedilatildeo entre a entrada de insumos e os resultados econocircmicos da

mesma maneira que os empresaacuterios modernos sendo o produtor um maximizador

de lucros em busca da eficiecircncia econocircmica

Nesse sentido a modernizaccedilatildeo da agricultura e a expansatildeo dos mercados

contribuiacuteram para de um lado expropriar algumas unidades de produccedilatildeo familiar e

de outro transformar agricultores familiares em empresaacuterios rurais com dependecircncia

tecnoloacutegica e financeira do mercado neste caso prevalecendo agrave racionalizaccedilatildeo

econocircmica e o objetivo principal da unidade de produccedilatildeo passando a ser a inserccedilatildeo

no mercado e a ampliaccedilatildeo dos lucros

TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO)

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

Utiliza Frequentemente essa linha de creacutedito

36 60

Utilizou algumas vezes mas natildeo utiliza mais

5 8

Nunca utilizou esse tipo de creacutedito

19 32

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

A grande maioria dos produtores entrevistados (60) utiliza a linha de creacutedito do

PRONAF tanto o custeio agriacutecola como tambeacutem o PRONAF investimento O

PRONAF custeio estaacute ligado agrave produccedilatildeo de gratildeos (soja milho feijatildeo) e o PRONAF

investimento estaacute voltado para a compra de trator implementos agriacutecolas

99

(plantadeiras carretas pulverizadores) e tambeacutem para investimentos com a

produccedilatildeo leiteira (ordenhadeiras e resfriadores)

Os fumicultores que aderiram ao PRONAF mencionam que o creacutedito agriacutecola

possibilitou a compra de trator e a carreta para o transporte do fumo da lavoura para

a estufa preparo do solo aplicaccedilatildeo de agrotoacutexicos etc aquisiccedilatildeo essa impossiacutevel

com pagamento agrave vista A figura 17 mostra tratores e carretas adquiridos por um

fumicultor morador da Linha Dezembroe por um da Comunidade de Linha Antocircnio

Olinto atraveacutes do PRONAF e conforme relata o fumicultor da Comunidade de Linha

Dezembro

Para noacutes o PRONAF eacute bom que financiamos o trator e outros maquinaacuterios [] antes tinha que trazer o fumo com carroccedila e cavalos agraves vezes os bichos ficavam doente na safra agraves vezes morriam [] agora com o trator e a carreta daacute pra trazer mais fumo da roccedila [] para noacutes deu uma grande diferenccedila (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)

FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

O fumicultor da Linha Dezembro relata que adquiriu o trator no ano de 2011

dando como entrada R$ 10000 teve carecircncia de pagamento por dois anos (2012 e

2013) e o restante do valor seraacute quitado entre 2014 e 2019 com parcelas anuais

entre R$ 9000 e R$ 8000 O mesmo comenta que com o dinheiro do fumo

consegue pagar as parcelas nas datas certas para o banco

Os agricultores que possuem trator fazem trabalhos terceirizados para

aqueles que natildeo possuem obtendo assim uma renda extra durante o ano O

fumicultor da Linha Dezembro afirma tambeacutem que a linha de creacutedito do PRONAF

100

trouxe melhora nas condiccedilotildees de trabalho e financeiras pois aumentaram a

produccedilatildeo e a produtividade

Aqueles que mencionaram terem usado a linha de creacutedito do PRONAF mas

que atualmente natildeo usam mais satildeo aqueles que jaacute compraram os implementos

agriacutecolas de que necessitavam e que compram os insumos para o plantio com

pagamento agrave vista ou a prazo na cooperativa agriacutecola mista de Prudentoacutepolis

(CAMP)

Os que nunca usaram as linhas de creacutedito do PRONAF satildeo fumicultores que

tambeacutem compram com pagamento agrave vista ou a prazo por meio da CAMP para pagar

com a produccedilatildeo Jaacute os que possuem trator compram agrave vista ou de vizinhos e

parentes pagando em prestaccedilotildees anuais sem relaccedilatildeo com bancos Esses alegam

ter receio de natildeo conseguir quitar o financiamento e por isso natildeo aderem ao

PRONAF

Outra forma de transportar o fumo da lavoura para a estufa eacute atraveacutes de

caminhonetes e tambeacutem atraveacutes de carroccedilas como mostra as fotos da figura 18

FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

101

TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

Matildeo de obra empregada na atividade fumageira

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

Somente matildeo de obra familiar

4 7

Contrataccedilatildeo de matildeo de obra em todo o periacuteodo da safra

0 0

Contrataccedilatildeo de matildeo de obra somente para a colheita

18 30

Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras em todo o periacuteodo da safra

8 13

Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras

somente para a colheita

30 50

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Nota-se que 63 das famiacutelias usam o sistema de trocas de dias para a

produccedilatildeo de fumo poreacutem 50 desses fazem parcerias somente nos dias de

colheita os quais variam entre um dia e meio a dois dias Essa parceria eacute feita para

natildeo contratar matildeo de obra poreacutem esses fumicultores tecircm um controle da quantidade

dos dias trocados entre eles e no final da safra aquele que estiver devendo horas

trabalhadas acerta em dinheiro conforme o valor da diaacuteria paga para colheita a qual

estaacute em torno de 100 a 120 reais

O tempo de secagem das folhas de fumo na estufa varia entre cinco e seis

dias Apoacutes secas essas folhas precisam ficar mais um dia dentro da estufa para

esfriar ou seja o periacuteodo entre o dia da colheita e o dia de tirar as folhas de fumo da

estufa varia de oito a dez dias e a quantidade meacutedia de colheitas por safra eacute entre

seis e oito

Nesse sentido os meses de novembro dezembro janeiro e parte de fevereiro

satildeo de trabalho intenso motivo pelo qual muitos dos entrevistados afirmam que a

desvantagem de produzir o fumo estaacute relacionada ao trabalho intenso nesses

meses

As famiacutelias com mais de quatro membros com idade suficiente (18 anos) para

estarem envolvidos na produccedilatildeo de fumo alegam que conseguem vencer

tranquilamente os trabalhos somente com a matildeo de obra familiar e que raramente

102

contratam matildeo de obra para a colheita (figura 19) Nessa perspectiva trabalham

intensamente nos dois dias de colheita e no restante dos dias (quando o fumo estaacute

secando) se dedicam a outras atividades da propriedade

FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

Tipos de famiacutelias Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Famiacutelia com apenas um

membro aposentado 10 17

Famiacutelia com dois membros aposentados

8 13

Famiacutelia com membro que recebe bolsa famiacutelia

5 8

Famiacutelia sem nenhum membro que recebe repasse social

37 62

Total 60 100 QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Os dados mostram que 62 das famiacutelias entrevistadas natildeo se beneficiam de

repasses sociais jaacute 17 das famiacutelias satildeo compostas por um membro que recebe

aposentadoria e 13 delas com dois membros aposentados Esses aposentados

natildeo satildeo os responsaacuteveis pela produccedilatildeo de fumo da famiacutelia poreacutem muitos alegam

que ajudam em tarefas consideradas por eles leves como a classificaccedilatildeo das folhas

do fumo jaacute que eacute realizada em ambientes protegidos das intempeacuteries e sentados

Uma parcela de 8 se beneficia do bolsa famiacutelia poreacutem alegam que esse valor

mesmo ajudando nas necessidades dos filhos natildeo eacute a maior parte da renda familiar

103

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos 0 0 Sempre tem problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina ( doenccedila da folha verde) (

acircnsia vocircmitos e mal estar)

25

42

Jaacute teve problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina

(doenccedila da folha verde) ( acircnsia vocircmitos e mal-estar)

16

27

Nunca teve problemas de sauacutede relacionados agrave

produccedilatildeo de fumo

19

31

Total 60 100 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Ao perguntar sobre intoxicaccedilatildeo dos fumicultores por agrotoacutexicos nenhuma

famiacutelia alegou ter acontecido esse fato com os membros da famiacutelia Afirmam que a

quantidade de agrotoacutexico que passam no fumo eacute menor que na soja milho e feijatildeo e

que quando vatildeo manusear agrotoacutexicos fazem o uso dos equipamentos de proteccedilatildeo

individual jaacute que diferente de outras culturas mecanizaacuteveis a pulverizaccedilatildeo do

agrotoacutexico no fumo eacute totalmente manual

Uma parcela expressiva de 69 alega que pelo menos um dos membros da

famiacutelia tem ou jaacute teve intoxicaccedilatildeo por nicotina ao realizar a colheita de fumo esses

que se apresentam de formas distintas de um indiviacuteduo para outro como acircnsia

vocircmitos mal-estar e insocircnia

Uma porcentagem menor composta por 31 das famiacutelias entrevistadas

dizem que nunca nenhum dos membros teve sintomas diferenciados apoacutes o contato

com a folha de fumo

TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO

Desvantagens da produccedilatildeo de fumo

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

Exige muito trabalho 18 30 Exige muito trabalho e causa

problemas de sauacutede 27 45

Falta de matildeo de obra para contratar

8 13

Natildeo vecirc desvantagens em produzir fumo

7 12

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo ( 2015)

104

Dos entrevistados 30 afirmam que a principal desvantagem eacute a

intensificaccedilatildeo do trabalho principalmente nos dias de colheita e aplicaccedilatildeo de

agrotoacutexicos os quais satildeo feitos manualmente Jaacute 45 deles afirmam que a

produccedilatildeo de fumo aleacutem de exigir muito trabalho tambeacutem traz problemas de sauacutede

normalmente aqueles que satildeo mais sensiacuteveis quando em contato com a nicotina

presente nas folhas do fumo (doenccedila da folha verde)

Outra variaacutevel que 13 dos entrevistados consideram desvantagem eacute a

questatildeo da matildeo de obra visto alegarem que principalmente para aquelas famiacutelias

que satildeo compostas de trecircs a quatro membros e que normalmente produzem uma

quantidade maior que a famiacutelia consiga dar conta tecircm muita dificuldade de encontrar

pessoas disponiacuteveis para contratar tendo assim que aumentar as jornadas de

trabalho ou diminuir a produccedilatildeo

Por fim uma parcela de 12 afirma que natildeo haacute qualquer desvantagem em

produzir fumo justificando que independentemente da atividade a ser realizada

deve-se trabalhar Dentre os entrevistados quatro famiacutelias afirmam que preferem

produzir fumo porque natildeo trabalham nos finais de semana e o trabalho natildeo dura o

ano todo como ocorre na produccedilatildeo leiteira que exige o empenho diaacuterio Para esses

a produccedilatildeo de fumo permite uma flexibilizaccedilatildeo do trabalho bem maior que a

produccedilatildeo de leite Nesse sentido pode-se concluir que cada famiacutelia tem preferecircncias

distintas na escolha da atividade que vai ser desenvolvida na propriedade

TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Sempre lecirc 6 10 Agraves vezes 18 30

Jaacute leu mas natildeo lecirc mais 6 10 Nunca leu 30 50

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

Dentre as famiacutelias entrevistadas nota-se que a metade delas nunca leu o

contrato emitido pela Souza Cruz justificando natildeo ter interesse na leitura ou por

saber do conteuacutedo do contrato por meio de vizinhos ou do instrutor teacutecnico

105

Agraves vezes quando a gente pede o instrutor lecirc direito pra gente pois natildeo tenho muito estudo e demora de mais pra ler tudo (Fumicultor da comunidade de Linha Antocircnio Olinto) Natildeo leio porque jaacute sei o que estaacute escrito todo ano eacute igual (Fumicultor da comunidade de Linha Visconde de Guarapuava) Natildeo leio a gente confia na firma (Fumicultor da comunidade de Linha Marcondes) Leio todo o contrato mas depois que assino e que instrutor vai embora (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)

A baixa escolaridade juntamente com poucos haacutebitos de leitura satildeo os

principais fatores que geram contratos assinados sem preacutevias leituras

Expectativas das famiacutelias em permanecer na atividade fumageira

Pretensotildees Nordm de famiacutelias Percentual ()

Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo por tempo

indeterminado

35 58

Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo poreacutem

diminuir a produccedilatildeo

18 30

Pretende parar completamente com a produccedilatildeo de fumo em

pequeno prazo de tempo (1 a 3 anos)

7 12

Total 60 100

QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Conforme demonstrado na tabela acima 58 das famiacutelias pretendem

permanecer com a produccedilatildeo de fumo por tempo indeterminado Jaacute 30 delas

pretendem continuar poreacutem diminuir o volume produzido Essas 30 das famiacutelias

mencionam que querem diminuir a produccedilatildeo pela falta de matildeo de obra uma vez que

os filhos estatildeo com intenccedilatildeo de sair de casa por motivos distintos como estudar

trabalhar em outro ramo etc

Outros 7 do total dos entrevistos tecircm a intenccedilatildeo de parar de produzir fumo

nos proacuteximos trecircs anos afirmando que vatildeo migrar para setores mais competitivos

106

como a soja e o leite Outros afirmam que querem parar porque jaacute estatildeo

aposentados e os filhos pretendem trabalhar em outras atividades de modo que a

famiacutelia tende a ficar pequena demais para essa cultura

Com relaccedilatildeo agrave venda da produccedilatildeo de fumo todos os entrevistados afirmam

que vendem a produccedilatildeo para a empresa integrada poreacutem os quilos produzidos

excedentes ao contrato firmado agraves vezes satildeo vendidos para atravessadores ou ateacute

mesmo para outras empresas Os fumicultores mencionaram que no geral tecircm

uma relaccedilatildeo tranquila com a empresa poreacutem existem safras em que o preccedilo do

quilo do fumo do ponto de vista deles deveria ser maior Esse fato eacute entendido pelo

paradigma da agricultura camponesa como conflito entre a territorialidade

corporativa Souza Cruz e a territorialidade dos fumicultores pelo fato de agricultor

natildeo ter autonomia de decisatildeo do preccedilo pago por quilo do fumo existindo entatildeo certo

conflito muitas vezes ldquosilenciosordquo entre essas territorialidades

Todavia o paradigma da agricultura familiar por natildeo estar baseado em

teorias anticapitalistas explica os processos de formaccedilatildeo de preccedilos a partir de

pressupostos teoacutericos diferentes Numa economia de mercado o vendedor jamais

possui autonomia plena para decidir o preccedilo do seu produto pois satildeo os

compradores que avaliam de acordo com seus objetivos e necessidades quanto

estatildeo dispostos a pagar por um bem ou serviccedilo Mas ao mesmo tempo os

compradores tambeacutem natildeo possuem autonomia para decidir o preccedilo de um produto

ao seu bel prazer pois se o vendedor natildeo considerar a venda vantajosa deixaraacute de

produzir ou de revender o produto em questatildeo para se dedicar a outra atividade

econocircmica mais rentaacutevel No caso em pauta a Souza Cruz eacute obrigada a pagar um

preccedilo que supere o custo de oportunidade para os agricultores familiares de

produzir leite feijatildeo soja ou qualquer outro produto sob pena de a empresa perder

seus fornecedores

Nesse sentido vale recordar as informaccedilotildees apresentadas na Tabela 15 visto que

20 dos entrevistados afirmam ter escolhido produzir fumo devido agrave renda que essa

cultura oferece e tambeacutem agrave garantia de venda b) 58 responderam que essa

escolha se deu em funccedilatildeo da renda da venda garantida e tambeacutem da pouca

disponibilidade de terras em suas propriedades c) 10 citaram apenas a pouca

disponibilidade de terras como motivo para plantar fumo d) 12 afirmaram que essa

opccedilatildeo se daacute apenas pela falta de outras opccedilotildees

107

Outro fator que regula o valor pago por quilo de fumo como jaacute demonstrado no

trabalho estaacute relacionado a oferta e demanda do produto pelo mercado A safra de

20152016 eacute um exemplo na qual devido ao baixo estoque de fumo nos armazeacutens

das empresas e pela procura desse produto por parte dos consumidores o valores

pagos por quilo de fumo aumentaram fato esse notado tambeacutem em outros produtos

do setor do agronegoacutecio

Isso indica que o paradigma da agricultura familiar eacute o que se mostra coerente com

os dados da pesquisa de campo pois fica claro que os produtores familiares optam

pelo fumo em funccedilatildeo de um caacutelculo dos custos de oportunidade que considera os

fatores rentabilidade garantia de renda e disponibilidade de terra de sorte que os

preccedilos praticados pela Souza Cruz tecircm um patamar miacutenimo definido pela avaliaccedilatildeo

que os agricultores fazem desses custos E essa conclusatildeo eacute reforccedilada quando se

relembram as informaccedilotildees da Tabela 19 posto que apenas 33 dos entrevistados

se dedicam exclusivamente ao fumo enquanto os demais produzem e

comercializam tambeacutem outros tipos de produtos tais como leite soja e feijatildeo

Mais uma vez verifica-se que cada famiacutelia tem projetos distintos os quais

estatildeo intrinsecamente relacionados agrave estrutura familiar agrave disponibilidade de terras e

outros fatores gerando estrateacutegias diferenciadas para se reproduzir no campo

havendo desde aqueles produtores que vecircm na atividade fumageira o seu futuro ateacute

aqueles que pretendem migrar o mais raacutepido possiacutevel para outra atividade Nesse

sentido vemos que essas famiacutelias buscam ser competitivas nas atividades que

realizam se dedicando agravequelas que julgam mais rentaacuteveis eou combinando duas ou

mais culturas para obter mais vantagens

108

V - CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O desenvolvimento desta pesquisa baseada no estudo de caso de uma

amostragem de produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis contratados pela

empresa Souza Cruz permitiu demonstrar que os agricultores familiares

entrevistados buscam atraveacutes de suas condiccedilotildees de produtor se inserir em setores

que permitem maximizar seus lucros Portanto a realizaccedilatildeo desta pesquisa eacute

pertinente pelo fato de mostrar que os fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de

commoditie atraveacutes de uma cadeia produtiva competitiva

Dessa forma a caracterizaccedilatildeo dos fumicultores a partir dos grupos A B C e

D se justifica por apresentarem dados oficiais e sistematizados o que contribui para

natildeo generalizar os resultados somente a partir da amostragem dos fumicultores

entrevistados nos trabalhos de campo Demonstrando que no municiacutepio de

Prudentoacutepolis a maior parte dos fumicultores se aproxima daqueles agricultores

familiares do tipo A e B Ou seja aqueles capitalizados e em processo de

capitalizaccedilatildeo indicando que a cultura de fumo estaacute dentre aquelas que geram uma

taxa de pobreza menor no meio rural Essa constataccedilatildeo tambeacutem eacute notada a partir

das entrevistas de campo conforme demonstrado na Tabela 22 posto que todos os

entrevistados conseguiram com a renda do fumo adquirir bens de capital como casa

carro trator terra de cultivo lote no periacutemetro urbano aleacutem daqueles bens de capital

como os eletrodomeacutesticos

Com isso a visatildeo dualista entre agricultura familiar e agronegoacutecio natildeo eacute

compreendida com adequada nesse trabalho pelo fato de existirem muitas formas

de agricultores familiares que se aproximam ao padratildeo do agronegoacutecio como por

exemplo os fumicultores que estatildeo no grupo A e B Desse modo compreende-se

que os fumicultores entrevistados da mesma forma que a agricultura patronal

buscam atraveacutes da modernizaccedilatildeo e do uso de insumos agriacutecolas (agrotoacutexicos e

fertilizantes) meios para permanecerem integrados e competitivos no mercado

Os fumicultores estatildeo inseridos ao complexo agroindustrial fumageiro e por

conseguinte estatildeo prosperando economicamente concordando-se entatildeo com os

pressupostos teoacutericos voltados ao paradigma da agricultura familiar e com autores

como Valente (2008) Diniz (2011) e Navarro (2014) que natildeo costumam fazer uma

109

oposiccedilatildeo radical entre agricultura familiar e agronegoacutecio ao ponto de existir

conflitualidades de interesses entre ambos Ou seja conflito entre a territorialidade

coorporativa da induacutestria fumageira e a territorialidade da agricultura familiar

camponesa

Desse modo a pesquisa tambeacutem natildeo tem por objetivo afirmar que no Brasil

natildeo existam sistemas de produccedilatildeo camponesa poreacutem os dados de campo mostram

que no caso em estudo 67 dos entrevistados natildeo produzem somente fumo e que

esses estatildeo inseridos em outras cadeias produtivas como leite feijatildeo soja e milho

ou seja os fumicultores tem mais opccedilotildees poreacutem acham interessante continuar com o

fumo Esses dados natildeo satildeo diferentes do restante do Brasil natildeo generalizando

somente a partir dos entrevistados

Apesar das oscilaccedilotildees no volume produzido como tambeacutem em relaccedilatildeo ao

mercado do fumo no Brasil e consequentemente no municiacutepio de Prudentoacutepolis

conforme exposto nos capiacutetulos II e III nota-se que essa cultura proporcionou a

ascensatildeo econocircmica desses agricultores familiares sendo que muitos desses

pequenos capitalistas como jaacute mencionado conseguiram adquiri terras para entatildeo

competir nos setores de gratildeos como a soja e o milho que a competitividade eacute

melhor para grandes proprietaacuterios querendo assim dar esse salto e ao mesmo

tempo trabalhando com a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo com intuito de deixar a renda

da propriedade menos vulneraacutevel A partir desses fatos e de acordo com os

resultados dos dados de campo eacute coerente dizer que o direcionamento dos

agricultores entrevistados para o cultivo de culturas que tem maior rentabilidade

proporcionou melhoras nas condiccedilotildees econocircmicas da famiacutelia pois somente com a

lavoura tradicional e pequena criaccedilatildeo de animais natildeo seria possiacutevel conquistar bens

de capital

Nesse sentido Navarro (2014) aponta que o preccedilo dos alimentos consumidos

pelos brasileiros em termos de reais diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas devido a inserccedilatildeo

dos pacotes tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo agriacutecola que proporcionaram o aumento

da produtividade e a consequente queda do preccedilo final contribuindo para a

facilidade de acesso desses produtos por parte da populaccedilatildeo jaacute em contra partida o

custo para uma pessoa manter seu haacutebito de fumar aumentou Ou seja os

agricultores que permaneceram ou inseriram-se na produccedilatildeo de fumo tiveram um

aumento na sua rentabilidade

110

Dessa forma eacute certo que os agricultores familiares entrevistados da mesma

forma que os agricultores patronais buscam aumentar seus rendimentos uma vez

que os dados de campo mostram que uma porccedilatildeo dos fumicultores tem pretensotildees

de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou seja agem no mercado

como pequenos capitalistas Poreacutem esses agricultores ainda natildeo migram totalmente

para outras atividades por ser esta uma das poucas cadeias produtivas compatiacuteveis

com as suas condiccedilotildees de produtor Tambeacutem muitos produtores podem encontrar

dificuldades em migrar para outras culturas que exigem maiores recursos

(SCHOENHALS et al 2009) necessitando assim de linhas de creacuteditos agriacutecolas

direcionados para esses agricultores

Os autores como Fernandes (2008) e Roos (2015) que trabalham na

perspectiva do paradigma da agricultura camponesa afirmam haver conflitualidade

entre os camponeses e as agroinduacutestrias que trabalham no sistema de produccedilatildeo

integrada como eacute o caso da agroinduacutestria fumageira afirmando existir uma sujeiccedilatildeo

da renda dos camponeses uma vez que os agricultores camponeses natildeo possuem

autonomia com relaccedilatildeo ao modo de produzir o produto como tambeacutem na hora de

fixar o preccedilo final da safra Poreacutem natildeo eacute levado em consideraccedilatildeo que o preccedilo do

quilo do fumo pago ao produtor contratado estaacute intrinsecamente relacionado a oferta

e demanda do produto por parte do mercado o que expressa adequadamente o

valor marginal pago muitas vezes aos fumicultores visto que a empresa tambeacutem

deve colocar a sua margem de lucro conforme a demanda do produto

Outra questatildeo voltada ao paradigma camponecircs eacute em relaccedilatildeo agrave

industrializaccedilatildeo da agricultura e apontada por Fernandes (2013) como um processo

que resulta no desenvolvimento desigual e contraditoacuterio no campo que deixa as

unidades camponesas de produccedilatildeo se tornar mais vulneraacuteveis ao capital Poreacutem os

dados da Tabela 23 mostram que 68 dos entrevistados usam ou jaacute utilizaram

alguma linha de creacutedito agriacutecola para o investimento em maquinaacuterios agriacutecolas

afirmando que conseguem tem uma produtividade maior e que conseguem pagar as

prestaccedilotildees desses maquinaacuterios tranquilamente

Sabendo que Ploeg (2009) afirma que o camponecircs eacute caracterizado por lutar

por sua autonomia uma vez que conforme apontado pro Thomaz Juacutenior (2008) a

loacutegica do capital impotildee que o agricultor esteja preso a gestatildeo de uma empresa e natildeo

111

mais de sua famiacutelia natildeo se completa para essa pesquisa uma vez que a explicaccedilatildeo

para a empresa estabelecer os seus moldes de produccedilatildeo se baseia na demanda do

produto pelo mercado instituindo assim para os seus contratados os tipos de fumos

com maiores demandas o que justifica a empresa impor o tipo de variedade de fumo

que quer comprar como tambeacutem os tratos culturais necessaacuterios para se chegar ao

produto desejado

Contraditoacuterio ao que foi exposto por Paulino e Almeida (2010) quando

mencionam que o campesinato deve ser considerado como uma contradiccedilatildeo e natildeo

como uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeo capitalista os resultados da

pesquisa mostraram que a articulaccedilatildeo com os modelos de produccedilatildeo capitalistas

proporcionaram a permanecircncia de agricultores familiares no espaccedilo rural uma vez

que os aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo que eacute bastante disseminada entre

agricultores familiares induziram o aumento da rentabilidade diminuindo assim as

taxas de pobreza Aleacutem disso nota-se que o fumicultores sendo pequenos

capitalistas natildeo buscam somente a reproduccedilatildeo do modo de vida mas sim agem no

mercado investindo em setores mais rentaacuteveis adequado para a sua condiccedilatildeo de

produtor com pretensatildeo de torna-se um agricultor ainda mais competitivo

Mais uma vez defende-se que a inserccedilatildeo dos agricultores familiares aos

mercados capitalistas natildeo deve ser entendido a partir de um dualismo estando de

um lado o agronegoacutecio e de outro o camponecircs como jaacute ressaltado por Schneider

(2006) que tanto um quanto outro grupo estaacute interessado em um mesmo processo

que eacute o da produccedilatildeo e o do consumo Nesse sentido eacute importante se trabalhar com

a heterogeneidade da agricultura familiar para assim se pensar como esses

agricultores podem se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo

Portanto a presente pesquisa embasada nos dados de campo mostra que a

cultura de fumo ateacute entatildeo eacute a principal orientaccedilatildeo financeira dos agricultores

familiares entrevistados seguidas de outras estrateacutegias de reproduccedilatildeo como o

cultivo da soja produccedilatildeo de leite feijatildeo milho Demonstrando dessa forma que os

mesmos buscam maximizar seus lucros e diversificar sua produccedilatildeo para diminuir a

vulnerabilidade econocircmica da propriedade Contudo pode afirmar atraveacutes do

paradigma da agricultura familiar que os fumicultores considerados como pequenos

capitalistas se reproduzem no mercado sob pressatildeo das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e

112

da concorrecircncia e buscam ser competitivos natildeo havendo incompatibilidade ou

conflitos dos agricultores familiares para com o capital

113

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122 SAUER Seacutergio Agricultura familiar versus agronegoacutecio a dinacircmica sociopoliacutetica do campo brasileiro Embrapa Informaccedilotildees Tecnoloacutegicas Brasilia DF ndash 2008 SEABDERAL- Anaacutelise da Conjuntura Agropecuaacuteria- Fumo Safra 2014 Disponiacutevel em lt httpwwwagriculturaprgovbrarquivosFilederalPrognosticosfumo_2014_15 pdfgt Acesso em 23102015 SEFFRIN Guido O FUMO NO BRASIL E NO MUNDO Afubra 40 anos Santa Rosa RS Graacutefica REX 1995 SCHOENHALS M et Al Anaacutelise dos impactos da fumicultira sobre o meio ambiente agrave sauacutede dos fumicultores e iniciativas de gestatildeo ambiental na induacutestria do tabaco Engenharia Ambiental Espirito Santo do Pinhal v 6 n 2 p 016-037 2009 Disponiacutevel em lt httpswwwgooglecombrsearchq=SCHOENHALS2C+M+et+Al+Anaacutelise+ dos+impactos+da+fumicultira+sobre+o+meio+ambiente2C+agrave Acesso em 17072015 SENETRA A Dilemas soacutecioterritoriais da agricultura familiar em Prudentoacutepolis-PR Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Geografia) Universidade Estadual de Ponta Grossa Ponta Grossa 2014 SHANIN T Liccedilotildees camponesas In PAULINO E T FABRINI J E (Orgs) Campesinato e territoacuterios em disputa Satildeo Paulo SP Expressatildeo Popular 2008 P 23-48 SILVA SBde M SILVA BCN Estudos sobre a globalizaccedilatildeo territoacuterio e Bahia 2 ed Salvador BA UFBA 2006a SILVA LX Anaacutelise do complexo agroindustrial fumageiro sul-brasileiro sob o enfoque da economia dos custos de transaccedilatildeo 2002 279 f Tese (Doutorado em Economia) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2002b SILVEIRA R L Da Rede agroindustrial do fumo e dinacircmica de organizaccedilatildeo espacial e de usos do territoacuterio na regiatildeo Sul do Brasil Relatoacuterio do Projeto de pesquisa - CNPq Edital 032008 UNISC Santa Cruz do Sul Janeiro de 2011 SILVEIRA R L F NAVARRO Z Quais os riscos mais relevantes nas atividades agropecuaacuterias In Bauani A M ALVES E SILVEIRA J M NAVARRO (Orgs) O mundo rural no Brasil do Seacuteculo 21 a forma de um novo padratildeo agraacuterio e agriacutecola Brasiacutelia DF Embrapa 2014 1186 p SIMONSEN R C Histoacuteria Econocircmica do Brasil (15001820) Satildeo Paulo Nacional 1967 5ed 475p

123 SINDICATO INTERESTADUAL DA INDUacuteSTRIA DO TABACO (SINDITABACO) Disponiacutevel em lthttpsinditabacocombrgt Acesso em 01042015 SOUZA MJLde O territoacuterio sobre o espaccedilo e poder autonomia e desenvolvimento In CASTRO IE de GOMES PC da C CORREcircA RL (Orgs) Geografia Conceitos e temas 5 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2003 ldquoTerritoacuteriordquo da divergecircncia (e da concepccedilatildeo) em torno das imprecisas fronteiras de um conceito fundamental In SAQUET MA SPOSITO E S (Org) Territorio e territorialidade teorias processos e conflitos Satildeo Paulo UNESP 2009 O territoacuterio Sobre espaccedilo e poder autonomia e desenvolvimento In CASTRO I E De CORREcircA R L amp p C (Org) Geografia Conceitos e Temas Rio de Janeiro Ed Bertrand Brasil 2005 SPOSITO E S Redes e cidades Satildeo Paulo UNESP2008 SOUZA CRUZ Relatoacuterio da administraccedilatildeo Periacuteodo de 3 meses findo em 31 de marccedilo de 2015 SOUZA CRUZ Nossa histoacuteria 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLive DO7V9K2Wopendocumentgt Acesso em 04022015 British American Tabacco 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLive DO7V9KSXopendocument gt Acesso em 02042015 Distribuiccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em lthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLive DO7V9J5Zopendocumentgt Acesso em 02042015 Mercado de cigarros 2015 Disponiacutevel em ltlthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLiv eDO7V9KNXopendocumentgt Acesso em 03042015 Instituto Souza Cruz 2015 Disponiacutevel em lthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLive DO7V9Q36opendocumentgt Acesso em 20062015 SPIES R O processo de Especializaccedilatildeo Produtiva da Microrregiatildeo Fumicultura de Santa Cruz do Sul- RS Santa Cruz do Sul UNISC 2000 TERNOSKI S Estrateacutegias de melhoria da renda da agricultura familiar Anaacutelise a partir da base social da CresolPrudentoacutepolis Dissertaccedilatildeo ( Mestrado em Desenvolvimento Regional) Universidade Tecnoloacutegica Federal do Paranaacute Pato Branco 2013

1

THOMAZ JA Trabalho e territoacuterio em disputa In PAULINO E T FABRINI J E (Orgs) Campesinato e territoacuterios em disputa Satildeo Paulo SP Expressatildeo Popular 2008 P 327-356 UNIVERSAL CORPORATION ndash Fundation Disponiacutevel em lthttpwwwuniversalcorpcomFoundationDefaultaspx gt VALVERDE RRHF Transformaccedilotildees no conceito de Territoacuterio GEOUSP ndash Espaccedilo e tempo Satildeo Paulo N 15 pp 119 ndash 126 2004 Disponiacutevel em lt httpwwwgeografiafflchuspbrpublicacoesGeouspGeousp15Artigo8pdfgt Acesso em 30 de outubro de 2015 VALENTE A L E F Algumas reflexotildees sobre a polecircmica Agronegoacutecio versus Agricultura Familiar Brasiacutelia Texto para Discussatildeo 29 Brasiacutelia Embrapa Informaccedilotildees tecnoloacutegicas 2008 78p VENTURA Magda Maria O estudo de caso como modalidade de pesquisa Revista da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro v 20 n 5 p383-386 setout 2007 Disponiacutevel em lthttpsociedadescardiolbrsocerjrevista2007_05a2007_v20_n05_art10pdfgt Acesso em 20122015 VEIGA JE O desenvolvimento agriacutecola uma visatildeo histoacuterica Satildeo Paulo Hucitec 1991 Cidades imaginaacuterias Campinas Autores associados 2002 Muita fantasia sobre um uacutenico assunto Folha de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 28 Jan 2004 Dinheiro B2 VOGT O P A produccedilatildeo de fumo em Santa Cruz do Sul ndash RS (1849-1993) Santa Cruz do Sul Edunisc 1997 WANDERLEY Maria de Nazareth B O mundo rural como um espaccedilo de vida reflexotildees sobre a propriedade da terra agricultura familiar Porto Alegre editora da UFRGS 2009 WANDERLEY Maria de Nazareth Baudel Raiacutezes Histoacutericas do Campesinato Brasileiro In TEDESCO Joatildeo Carlos (Org) Agricultura Familiar Realidades e Perspectivas 2a Ed Passo Fundo EDIUPF 1999 Cap 1 p 21-55 ZAROSKI N G A utilizaccedilatildeo do tempo pelos imigrantes ucranianos de Prudentoacutepolis 1940-1960 50f TCC (Graduaccedilatildeo em Histoacuteria) Curitiba UFPR 2001

2

ANEXOS

1ordm Trabalho de Campo Conhecimento da aacuterea de estudo e visita a 10 propriedades que produzem fumo haacute mais de 10 anos Data do campo mecircs de Julho e Agosto de 2014

1) Qual foi o ano em que iniciou as atividades na produccedilatildeo de fumo

2) Qual eacute o motivo que trabalha na produccedilatildeo do fumo

3) A matildeo de obra na atividade fumageira eacute muito desgastante

4) Sua propriedade eacute diversificada Quais as culturas que produz na

propriedade aleacutem do fumo

5) Qual eacute a maior renda da propriedade

6) Como eacute feita a classificaccedilatildeo das folhas de fumo destinadas a venda

2ordm Trabalho de campo Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio Aplicado ao orientador teacutecnico da Souza Cruz o qual representa a Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis Orientador teacutecnico Tarciacutesio Kraiczek Data da entrevista 13072015

1 Quantos orientadores teacutecnicos a empresa possui no municiacutepio de

Prudentoacutepolis

2 Haacute quantos anos vocecirc trabalha na assistecircncia teacutecnica para os

fumicultores associados da Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis

3 Quantos associados a empresa Souza Cruz teve na safra de 2014

4 Quais satildeo as empresas fumageiras concorrentes da Souza Cruz no

municiacutepio Qual a relaccedilatildeo entre essas empresas

5 A empresa Souza Cruz tem alguma unidade de recebimento do fumo no

municiacutepio de Prudentoacutepolis para a produccedilatildeo ficar armazenada antes de

ser enviado para uma usina de Processamento de fumo

3

6 Para qual das trecircs usinas de processamento o fumo produzido no

municiacutepio eacute envido

7 A empresa tem uma cota miacutenima e maacutexima de peacutes de fumo por

produtor

8 Qual eacute a meacutedia de peacutes de fumo uma pessoa consegue produzir por

safra

9 No seu ponto de vista como orientador teacutecnico como se daacute a relaccedilatildeo

entre a empresa Souza Cruz e os fumicultores do municiacutepio

10 Qual a relaccedilatildeo da empresa para com os projetos de diversificaccedilatildeo da propriedade

3ordm Trabalho de Campo Entrevista de campo para obtenccedilatildeo de dados socioeconocircmicos dos produtores

de fumo da empresa Souza Cruz do municiacutepio de Prudentoacutepolis - PR

Data do campo Novembro e Dezembro de 2015 1- Caracterizaccedilatildeo da famiacutelia

Membros Idade Gecircnero Escolaridade (escola puacuteblica ou privada)

Fumicultor Eacute fumante

Motivos do ecircxodo

1 2 3 4 5 6 7 8

2- Haacute quantos anos trabalha na atividade fumageira

3- Qual o motivo pela opccedilatildeo de produzir fumo

4- Pretende permanecer na atividade fumageira Quais motivos Por qual

atividade substituiria a produccedilatildeo de fumo

4

5- Possui estufa eleacutetrica de secagem do fumo

6- Quais bens capitais vocecirc conseguiu adquirir com a renda oriunda da

produccedilatildeo de fumo

7- Possui na propriedade

( ) Trator ( ) Carro ( ) moto ( ) telefone ( ) internet

8- Posse da terra e quantidade de alqueires

( ) Proacutepria ____ ( ) Arrendada e Parceiro _____

( ) Arrendada ____ ( ) Proacutepria e Arrendada _____

( ) Proacutepria e Parceiro ____

9- Se for proacutepria como adquiriu essas terras

10- Satildeo plantados por ano quantos peacutes de fumo Quantidade de aacuterea

utilizada

11- Faz contrataccedilatildeo de matildeo de obra para a produccedilatildeo de fumo

( ) Sim ( ) Natildeo

12- Se existe a contrataccedilatildeo de matildeo de obra em que periacuteodo da safra

acontece

( ) Todo o periacuteodo da safra ( ) Tratos culturais ( ) Plantio ( )

Classificaccedilatildeo ( ) Colheita

13- Vocecirc lecirc o contrato da sua produccedilatildeo com a empresa Souza Cruz

Justifique

14- Aleacutem da produccedilatildeo de fumo quais outras atividades agropecuaacuterias satildeo

realizadas na propriedade para garantir a renda da famiacutelia

Para comercializaccedilatildeo Para consumo na propriedade

5

15- De qual atividade realizada na propriedade vem a maior renda

16- Como eacute a sua relaccedilatildeo com a empresa descreva o seu ponto de vista

17- Vende toda a produccedilatildeo para a empresa associada

18- No seu ponto de vista quais satildeo as vantagens e desvantagens de produzir

fumo

19- Em relaccedilatildeo agrave sauacutede e produccedilatildeo de fumo houve casos na famiacutelia de

A) Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos

B) Intoxicaccedilatildeo por nicotina (doenccedila da folha verde)

C) Problemas ortopeacutedicos

D) Transtornos mentais (depressatildeo ansiedade esquizofrenia etc)

E) Outros __________________________________________

20- Haacute incentivos governamentais para o desenvolvimento de outras atividades

e o consequente abandono do ramo fumageiro Se sim quais e por que natildeo

houve migraccedilatildeo para outra atividade

21- A partir do momento em que vocecirc comeccedilou a produzir o fumo acha que

suas condiccedilotildees financeiras melhoraram

22- Participa do PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar)

23- Na famiacutelia tem algum membro que recebe algum tipo de repasses de

programas sociais Se sim quais

24- Vocecirc tem conhecimento de algum projeto de diversificaccedilatildeo de

propriedades que estaacute sendo realizado por oacutergatildeos puacuteblicos no municiacutepio

  • AGRADECIMENTOS
  • Palavras chave Agricultura Familiar Fumicultura Abordagens Paradigmaacuteticas
  • Keywords Family farming Tobacco Farming Paradigmatic Approaches
  • LISTA DE SIGLAS
  • SUMAacuteRIO
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS
  • 11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA
  • ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR
  • CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS
  • CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
  • 21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
  • 22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL
  • CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO
  • 31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR
  • 32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS
  • CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO
  • 41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES
  • REFEREcircNCIAS
  • ABRAMOVAY R Paradigmas do capitalismo agraacuterio em questatildeo Satildeo
  • Paulo Hucitec 1992 275 p
  • Disponiacutevel em lthttpwwwaointlcomaugt Acesso em 27082015
  • FERNANDES B M MST Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra
  • GERMER Claus A irrelevacircncia praacutetica da agricultura ldquofamiliarrdquo para o
  • INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA (IBGE)
  • WebLiveDO8U4Q3Nopendocumentgt Acesso em 05082015
  • OBSERVATOacuteRIO DA POLITICA NACIONAL DE CONTROLE DO TABACO
  • ROSEacuteLIA P Induacutestria e territoacuterio no Brasil Contemporacircneo Editora
  • SINDICATO INTERESTADUAL DA INDUacuteSTRIA DO TABACO
  • SPOSITO E S Redes e cidades Satildeo Paulo UNESP2008
  • SPIES R O processo de Especializaccedilatildeo Produtiva da Microrregiatildeo
  • Fumicultura de Santa Cruz do Sul- RS Santa Cruz do Sul UNISC 2000
  • VOGT O P A produccedilatildeo de fumo em Santa Cruz do Sul ndash RS (1849-1993)
  • Santa Cruz do Sul Edunisc 1997
  • ZAROSKI N G A utilizaccedilatildeo do tempo pelos imigrantes ucranianos de
  • ANEXOS
Page 6: AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUÇÃO DE FUMO: ESTUDO DE …

6

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao meu orientador Prof Dr Luis

Lopes Diniz Filho pela sua atenccedilatildeo compreensatildeo e tambeacutem pelas suas valiosas

consideraccedilotildees no processo de desenvolvimento dessa pesquisa sendo um exemplo

de profissional

Agrave minha famiacutelia em especial aos meus pais Carlos e Ana aos meus irmatildeos

Amilton e Adriana que sempre apoiaram no periacuteodo de realizaccedilatildeo da dissertaccedilatildeo Ao

meu sobrinho Beniacutecio pela alegria que traz a todos noacutes ao Ian que estaraacute chegando

nas proacuteximas semanas Agradeccedilo tambeacutem a minha cunhada e cunhado pelo apoio

Aos amigos e familiares Ana Maacutercia Adriana Noeli Rogeacuterio Edna

Elisangela Milena Eliana Paulo Maria entre outros que de alguma forma

contribuiacuteram para que esse trabalho fosse finalizado Obrigada a todos vocecircs pelo

companheirismo

Aos professores Dr Sergio Fajardo e Dr Danilo Volochko pelas valiosas

contribuiccedilotildees agrave pesquisa

Aos colegas e professores do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geografia da

Universidade Federal do Paranaacute como tambeacutem a secretaacuteria Adriana Cristina de

Oliveira e ao Luiz Carlos Zem pelo apoio em questotildees burocraacuteticas durante o

periacuteodo do mestrado

A CAPES (Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal do Niacutevel Superior)

pelo auxiacutelio atraveacutes da bolsa de estudo

Agrave Adriana Kutzmy e Gabriela Strechar pela atenccedilatildeo e por acompanhar nos

trabalhos de campo realizados com os fumicultores do municiacutepio de

PrudentoacutepolisPR

E por fim agradeccedilo a todos os fumicultores que participaram das entrevistas

de campo A todos meu agradecimento

7

RESUMO O presente trabalho visa analisar os resultados obtidos pela agricultura familiar no cultivo do fumo levando em consideraccedilatildeo as razotildees econocircmicas pela opccedilatildeo em produzir a cultura Desse modo o estudo de caso dos fumicultores de Prudentoacutepolis-PR fornece subsiacutedios para a avaliaccedilatildeo criacutetica dos dois principais paradigmas de estudo do agro na geografia rural e ciecircncias afins ou seja o paradigma da agricultura familiar e da agricultura camponesa Para tanto utilizou-se de revisotildees bibliograacuteficas de autores que trabalham nas distintas linhas paradigmaacuteticas como tambeacutem da caracterizaccedilatildeo dos agricultores familiares produtores de fumo atraveacutes do uso de fontes secundaacuterias (Censos agropecuaacuterios) aleacutem da aplicaccedilatildeo de questionaacuterios para um universo de sessenta fumicultores contratados pela empresa Souza Cruz em Prudentoacutepolis A partir das revisotildees bibliograacuteficas e dos dados obtidos no estudo de caso levantou-se a hipoacutetese de que o paradigma da agricultura camponesa natildeo eacute adequando para explicar a realidade estudada Palavras chave Agricultura Familiar Fumicultura Abordagens Paradigmaacuteticas

ABSTRACT

The aim of this study is to analyze the results obtained by family farming in the cultivation of tobacco considering the economic reasons for the choice to produce the crop Thus the case study of Prudentoacutepolis-PR tobacco growers provides subsidies for the critical evaluation of the two main paradigms of agro studies in rural geography and related sciences that is the paradigm of family farming and peasant farming For this purpose bibliographic reviews of authors working in different paradigmatic lines were used as well as the characterization of family farmers tobacco growers through the use of secondary sources (Census of agriculture) and the application of questionnaires to a group of sixty tobacco growers hired by Souza Cruz company in the city of Prudentoacutepolis From the literature review and the obtained data in the case study we raised the hypothesis that the paradigm of peasant farming is not suitable to explain the studied reality Keywords Family farming Tobacco Farming Paradigmatic Approaches

8

LISTA DE SIGLAS

AFUBRA - Associaccedilatildeo dos Fumicultores do Brasil

BAT - British American Tobacco

CBFF ndash Companhia Brasileira de Fumo em Folha

DERAL - Departamento de Economia Rural

EMATER ndash Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IPARDES (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social)

PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

SEAB - Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento

SINDITABACO ndash Sindicato Interestadual da Induacutestria do Tabaco

9

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA 46 Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 59 FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 60 FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES 62 FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 63 FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR 64 FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR78 FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 79 FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO 90 FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE 91 FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA 92 FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO 94 FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS 94 FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO 95 FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA 96 FIGURA 16 - BENS ADQUiRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA 97 FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF 99 FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA 100 FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO 102

10

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL 39 TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO 41 TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013 42 TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012 42 TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute 46 TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006 48 TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006 50 TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006 51 TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000 52 TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006 53 TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012 54 TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010) 55 TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE 84 TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 85 TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 86 TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS 87 TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 88 TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES 88 TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES 89 TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE 91

11

TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES 93 TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO 95 TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO) 98 TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO101 TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO 103 TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS 104

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA 36 QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL 44 QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314 47 QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010) 56 QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR 65 QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR66 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR 66 QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006 71 QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 72 QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR 72 QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES 74 QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS 75 QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 81 QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 82 QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 84

12

QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS 102 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS 103 QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 105

LISTA DE GRAacuteFICOS

GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO45 GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS 67

13

SUMAacuteRIO INTRODUCcedilAtildeO 14 CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS 19

11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA 19

12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR 23

13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS 27

CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32

21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32 22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL 47

CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO 58

31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR 58

32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS 69

CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO 76 41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES 78 REFEREcircNCIAS 113 ANEXOS 2

14

INTRODUCcedilAtildeO

De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de

fumo sendo que essa produccedilatildeo encontra-se concentrada nos estados do Rio

Grande do Sul Santa Catarina e Paranaacute alimentando uma cadeia produtiva com

envolvimento de 25 milhotildees de pessoas o qual inclui setores como a produccedilatildeo

transporte comercializaccedilatildeo industrializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e exportaccedilatildeo (AFUBRA

2011)

No municiacutepio de Prudentoacutepolis a atividade fumageira tem grande relevacircncia

econocircmica principalmente para a agricultura familiar uma vez que os dados do

Censo Demograacutefico de 2010 mostram que 54 da populaccedilatildeo residem na aacuterea rural

existindo um nuacutemero maior de unidade de produccedilatildeo familiar em detrimento das

unidades patronais de produccedilatildeo

A produccedilatildeo de fumo em Prudentoacutepolis eacute realizada somente nas regiotildees

Central e Sul do municiacutepio devido ao clima e topografia dos solos favoraacuteveis agrave

cultura Outro fator que tambeacutem ocasiona a atraccedilatildeo para a fumicultura eacute a

possibilidade de usufruir de pequenas aacutereas de terras deixando disponiacutevel o

excedente da propriedade para outras atividades que somem na geraccedilatildeo de renda

Nesse sentido o objetivo da pesquisa eacute analisar os resultados obtidos pela

agricultura familiar com essa cultura e as razotildees econocircmicas de sua opccedilatildeo pelo

fumo Portanto uma contribuiccedilatildeo desse estudo de caso eacute fornecer subsiacutedios para a

avaliaccedilatildeo criacutetica dos dois principais paradigmas de estudo do agro na geografia rural

e ciecircncias afins

Para a realizaccedilatildeo do presente trabalho foi fundamental atraveacutes das

abordagens sobre a agricultura familiar e camponesa avaliar se realmente existe

uma oposiccedilatildeo entre agricultor familiar e o agronegoacutecio no caso do setor fumageiro

uma vez que o fumo eacute uma commoditie de exportaccedilatildeo e a produccedilatildeo eacute realizada por

pequenos produtores Para tanto foi realizada uma revisatildeo bibliograacutefica sobre os

paradigmas da agricultura familiar e da agricultura camponesa na geografia rural e

aacutereas de pesquisa afins com a finalidade de identificar os conceitos de territoacuterio e

territorialidade derivados desses paradigmas Foram feitas tambeacutem uma

caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de

15

fontes secundaacuterias (Censos Agropecuaacuterios e outras) e uma pesquisa de campo

mediante a aplicaccedilatildeo de questionaacuterio com o fim de caracterizar os produtores rurais

desse municiacutepio contratados pela empresa Souza Cruz como fornecedores de

tabaco

Nesse sentido buscou-se metodologicamente envolver teacutecnicas de base

qualitativa sendo que esse tipo de abordagem se caracteriza por ldquoanalisar e

interpretar os dados refletir e explorar o que eles podem propiciarrdquo (OLIVEIRA

2010) A pesquisa quantitativa tambeacutem faz parte deste estudo uma vez que traz

algumas teacutecnicas que possibilitam a busca de informaccedilotildees e dados mais amplos

muitas vezes impossiacuteveis de serem alcanccedilados somente pelo pesquisador como por

exemplo aqueles dados disponibilizados pelos oacutergatildeos puacuteblicos como EMATER

(Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural) IPARDES (Instituto Paranaense

de Desenvolvimento Econocircmico e Social ) IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica) e DERAL (Departamento de Economia Rural) O meacutetodo quantitativo

considera que tudo eacute quantificaacutevel ou seja significa traduzir opiniotildees e informaccedilotildees

em nuacutemeros que seratildeo classificados e analisados

Os meacutetodos qualitativos e quantitativos natildeo se excluem Embora difiram quanto agrave forma e agrave ecircnfase os meacutetodos qualitativos trazem como contribuiccedilatildeo ao trabalho de pesquisa uma mistura de procedimentos de cunho racional e intuitivo capazes de contribuir para a melhor compreensatildeo dos fenocircmenos Pode-se distinguir o enfoque qualitativo do quantitativo mas natildeo seria correto afirmar que guardam relaccedilatildeo de oposiccedilatildeo (POPE MAYS 1995 p42)

Sendo assim no iniacutecio do desenvolvimento do presente estudo foi realizada

uma entrevista com questotildees semiestruturadas (em anexo) para um grupo de dez

fumicultores contratados pela empresa Souza Cruz e que estatildeo na atividade

fumageira haacute mais de dez anos Esse puacuteblico foi escolhido intencionalmente a partir

dos dados da localizaccedilatildeo das propriedades dos associados da empresa no

municiacutepio de Prudentoacutepolis Recorreu-se a esse meacutetodo pois os dados obtidos em

campo eram necessaacuterios para poder avaliar as abordagens ligadas ao paradigma da

agricultura camponesa e da agricultura familiar e que natildeo poderiam ser obtidos

atraveacutes de fontes secundaacuterias

Posteriormente foi realizada uma entrevista com perguntas semiestruturadas

(em anexo) para o instrutor teacutecnico da Souza Cruz jaacute que o mesmo representa a

16

empresa no municiacutepio Essa entrevista teve como objetivo analisar o ponto de vista

da empresa sobre a atividade fumageira na localidade

Ao verificar que em Prudentoacutepolis a produccedilatildeo de fumo acontece somente na

regiatildeo Central e Sul devido ao relevo mais inclinado da regiatildeo norte foi interessante

ir ateacute essa regiatildeo com topografia mais acentuada para analisar os tipos de cultivos

que satildeo realizados O objetivo desse trabalho de campo foi principalmente o de

conhecer a realidade das famiacutelias do municiacutepio natildeo inseridas na cultura do fumo

com visitas a realizar futuras pesquisas sobre a agricultura familiar Assim dado o

caraacuteter complementar e exploratoacuterio desse trabalho a coleta de informaccedilotildees se deu

por meio de conversas informais

Nos meses de novembro e dezembro de 2015 foi realizada outra entrevista

com perguntas semiestruturadas (em anexo) para uma amostragem de sessenta

fumicultores contratados pela Souza Cruz As perguntas feitas nessa entrevista

estatildeo relacionadas basicamente a dados socioeconocircmicos das famiacuteliasos quais

juntamente com dados mais gerais do censo agropecuaacuterio permitem conhecer o

perfil desses fumicultores Portanto as informaccedilotildees referentes a essas entrevistas

apresentam-se mais detalhadas no capiacutetulo IV

Nesse sentido as entrevistas constituem teacutecnicas alternativas para coleta de

dados natildeo documentados sobre determinado tema ldquoEacute uma teacutecnica de interaccedilatildeo

social [] em que uma das partes busca obter dados e outra se apresenta como

fonte de informaccedilatildeordquo (GERHARDT SILVEIRA 2009)

O pesquisador organiza um conjunto de questotildees (roteiros) sobre o tema que estaacute sendo estudado mas permite e agraves vezes ateacute incentiva que o entrevistado fale livremente sobre assuntos que vatildeo surgindo como desdobramentos do tema principal (GERHARDT SILVEIRA 2009)

Para Duarte (2002 p 143) ldquonuma metodologia de base qualitativa o nuacutemero

de sujeitos que viratildeo a compor o quadro das entrevistas dificilmente pode ser

determinado a piorirdquo Ou seja tudo vai estar relacionado com a qualidade das

informaccedilotildees obtidas a partir de cada entrevista sempre levando em consideraccedilatildeo a

profundidade e o grau de recorrecircncia e divergecircncia das informaccedilotildees Enquanto

estiverem aparecendo ldquodadosrdquo originais ou pistas que possam indicar novas

perspectivas aacute investigaccedilatildeo em curso as entrevistas precisam continuar sendo feitas

(DUARTE 2002 p 144)

17

Portanto a pesquisa estaacute estruturada em quatro capiacutetulos sendo que no

primeiro capiacutetulo falar-se-aacute sobre as abordagens ligadas a agricultura camponesa e

agricultura familiar com intuito de apresentar algumas das visotildees de cada

paradigma para que no decorrer do trabalho possa ser feito uma avaliaccedilatildeo dessas

abordagens na produccedilatildeo fumageira como tambeacutem expor o conceito de territoacuterio e

territorialidade que derivam desses paradigmas

No capiacutetulo seguinte visando compreender os fatores que proporcionaram ao

paiacutes se tornar referecircncia no setor fumageiro realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica

da origem do fumo e a sua consequente inserccedilatildeo em uma escala comercial O

estudo desses elementos foi fundamental para entender os motivos que contribuiacuteram

para a inserccedilatildeo da produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Tambeacutem pelo

fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo

de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral

dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura

familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo

do agronegoacutecio

Na sequecircncia o capiacutetulo III mostra os processos de ocupaccedilatildeo do municiacutepio

de Prudentoacutepolis e a consequente inserccedilatildeo da produccedilatildeo fumageira nas unidades de

produccedilatildeo familiar Nesse sentido como o trabalho vem abordando a existecircncia de

uma agricultura familiar heterogecircnea buscou-se conhecer o perfil dos agricultores

familiar do municiacutepio atraveacutes da caracterizaccedilatildeo dessas famiacutelias tendo como escopo

as fontes secundaacuterias do IBGE

No capiacutetulo IV satildeo apresentados os dados do trabalho de campo que foi

realizado com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela empresa

Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Os dados

de campo que retratam a realidade dos entrevistados juntamente com dados

secundaacuterios tecircm por finalidade contribuir na avaliaccedilatildeo dos paradigmas da

camponesa e da agricultura familiar com base no setor fumageiro

Por fim satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais do trabalho seguindo nas

avaliaccedilotildees das abordagens paradigmaacuteticas agrave luz do estudo de caso dos fumicultores

entrevistados mostrando que os agricultores familiares entrevistados buscam

18

atraveacutes de suas condiccedilotildees de tecnologias estrutura fundiaacuteria e matildeo de obra se

inserir em setores mais competitivos visando agrave maximizaccedilatildeo dos lucros

A realizaccedilatildeo dessa pesquisa eacute pertinente pelo fato de mostrar que os

fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de commoditie atraveacutes de uma cadeia

produtiva competitiva levando em consideraccedilatildeo as condiccedilotildees do produtor e

conforme os dados de campo eacute notoacuterio que os entrevistados atraveacutes da renda do

fumo conseguiram adquirir bens capitais de grande importacircncia como a compra de

terra lotes na cidade de carro trator maquinaacuterios agriacutecolas e casa Bens esses que

muitas vezes natildeo conseguiriam adquirir se produzissem somente culturas

tradicionais do municiacutepio como eacute o caso do feijatildeo e milho pelo fato da pequena

quantidade de terras que possuem Dessa forma eacute certo que os agricultores

familiares entrevistados da mesma forma que os agricultores patronais buscam

maximizar seus lucros uma vez que os dados de campo mostram que os

fumicultores tecircm pretensotildees de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou

seja agem no mercado como pequenos capitalistas

19

CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS

Sabe-se que nas ciecircncias sociais existem diferentes concepccedilotildees teoacutericas para

a compreensatildeo do desenvolvimento do capitalismo no campo destacando-se de

um lado o paradigma da Agricultura Camponesa (Questatildeo Agraacuteria) e de outro o

paradigma da Agricultura Familiar (Capitalismo Agraacuterio) Nesse sentido o presente

capiacutetulo expotildee algumas das abordagens ligadas ao paradigma da agricultura

camponesa e das abordagens ligadas agrave agricultura familiar como objetivo de

identificar o conceito de TerritoacuterioTerritorialidade derivados desses paradigmas A

finalidade de entender as correntes de pensamento paradigmaacutetico permitiraacute entatildeo

avaliar essas abordagens agrave luz de um estudo de caso sobre a fumicultura no

municiacutepio de PrudentoacutepolisPR

11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA

As muacuteltiplas formas de interpretaccedilatildeo da questatildeo agraacuteria no espaccedilo rural e

consequentemente do paradigma camponecircs tecircm como principal referecircncia as teorias

marxistas seja as de autores como Lecircnin (1982) e Kautsky (1998) que defenderam

a tese do desaparecimento da classe camponesa e a consequente emergecircncia de

duas classes distintas - a burguesa e a proletaacuteria - como produto da industrializaccedilatildeo

da agricultura seja a de autores como Chayanov (1974) Oliveira (1987) e

Fernandes (1996) entre outros que satildeo contraacuterios agrave teoria sobre a tendecircncia agrave

proletarizaccedilatildeo do campesinato e que defendem a permanecircncia desta classe social

como resultado do processo desigual e contraditoacuterio de desenvolvimento

impulsionado pelo sistema capitalista

Nesse sentido para Fernandes (2008) os estudos feitos agrave luz do paradigma

camponecircs se caracterizam por analisar a luta de classes a conflitualidade e as

contradiccedilotildees inerentes agraves relaccedilotildees capitalistas e natildeo capitalistas de produccedilatildeo1 Um

tema importante nessa linha de pesquisa eacutea sujeiccedilatildeo da renda dos camponeses

perante as empresas que tecircm o monopoacutelio da produccedilatildeo de commodities agriacutecolas

como as agroinduacutestrias fumageiras

1 O campesinato eacute entendido como um sistema produtivo diferenciado do agronegoacutecio

20

Os seguidores do paradigma camponecircs como Fernandes (2013) entendem

que a industrializaccedilatildeo da agricultura resulta em um problema estrutural devido ao

desenvolvimento desigual e contraditoacuterio do capitalismo e que a uacutenica soluccedilatildeo estaacute

na superaccedilatildeo desse sistema pois a industrializaccedilatildeo da agricultura contribui para que

as unidades camponesas de produccedilatildeo se tornem mais vulneraacuteveis ao capital

Para Feliacutecio (2006) nesse paradigma natildeo haacute diferenccedilas entre agricultor

familiar e camponecircs pois ambos satildeo assim definidos por terem a famiacutelia e o trabalho

familiar por caracteriacutestica a qual natildeo objetiva a superaccedilatildeo do trabalho familiar O

termo camponecircs eacute tratado pelos teoacutericos do paradigma do capitalismo agraacuterio como

agricultores familiares nesse sentido

O produtor familiar que utiliza os recursos teacutecnicos e estaacute altamente integrado ao mercado natildeo eacute um camponecircs mas sim um agricultor familiar Desse modo pode-se afirmar que a agricultura camponesa eacute familiar mas nem toda a agricultura familiar eacute camponesa ou que todo camponecircs eacute agricultor familiar mas nem todo agricultor familiar eacute camponecircs (FERNANDES 2001)

Com relaccedilatildeo agrave inserccedilatildeo da agricultura familiar nas formas de produccedilatildeo

capitalistas no campo Thomaz Juacutenior (2008) considera que a loacutegica do capital impotildee

que o agricultor esteja preso agrave gestatildeo de uma empresa e natildeo mais da sua proacutepria

famiacutelia Poreacutem o autor defende que mesmo integrado a essa loacutegica de produccedilatildeo o

camponecircs busca alternativas para natildeo aderir totalmente agraves estruturas mercantis de

produccedilatildeo visando reestabelecer os princiacutepios de sociabilidade e produccedilatildeo para o

autoconsumo Nesse sentido para esse paradigma o camponecircs visa agrave

sobrevivecircncia mas se o capital apresenta uma proposta de parceria de lucros como

na integraccedilatildeo das empresas fumageiras o camponecircs aceita Subordina-se mas se

essa possibilidade de lucro acaba ele volta para a estrateacutegia primeira por natildeo

desejar desfazer-se da terra

Para Shanin (2008) o camponecircs corresponde a um ldquomodo de vidardquo que

envolve um conjunto de elementos como a diversidade nas formas de trabalhar com

a terra Teacutecnicas essas que satildeo passadas de pais para filhos possibilitando estreita

ligaccedilatildeo entre a terra e a famiacutelia uma vez que a famiacutelia eacute dona do proacuteprio trabalho

podendo escolher a melhor forma de fazecirc-lo Tambeacutem enfatiza a especificidade da

loacutegica econocircmica camponesa a qual produz visando a satisfaccedilatildeo das necessidades

21

da famiacutelia sendo capaz de se ajustar aos niacuteveis de remuneraccedilatildeo mais baixos em

momentos desfavoraacuteveis

Ploeg (2009) afirma que o camponecircs de hoje natildeo pode ser compreendido

como sinocircnimo de atraso e sim como um ldquocamponecircs modernordquo inserido na

realidade capitalista poreacutem carregando em seu cerne a condiccedilatildeo camponesa Por

condiccedilatildeo camponesa Ploeg (2009) entende a luta por autonomia e progresso como

uma forma de construccedilatildeo e reproduccedilatildeo de um meio de vida rural em um contexto

adverso caracterizado por relaccedilotildees de dependecircncia marginalizaccedilatildeo e privaccedilatildeo

Portanto para o autor supracitado o campesinato deve ser explicado a partir das

relaccedilotildees de contradiccedilotildeesconflitualidades existentes no espaccedilo rural

Fernandes (2000) ao falar sobre a formaccedilatildeo do campesinato afirma que

essa formaccedilatildeo natildeo acontece somente pela reproduccedilatildeo ampliada das contradiccedilotildees

do capitalismo mas tambeacutem atraveacutes da luta pela terra na qual tem enfrentado a

condiccedilatildeo loacutegica do capital Nesse sentido Ploeg (2009) menciona sobre a dualidade

entre a produccedilatildeo camponesa e a capitalista na qual

[] a agricultura camponesa eacute fortemente baseada no capital ecoloacutegico (especialmente a natureza viva) enquanto que a agricultura empresarial afasta-se progressivamente da natureza Insumos e outros fatores artificiais de crescimento substituem os recursos naturais o que significa que a agricultura estaacute sendo industrializada (PLOEG 2009 p17)

A expansatildeo do modo capitalista de produccedilatildeo (na sua reproduccedilatildeo ampliada do

capital) aleacutem de redefinir antigas relaccedilotildees subordinando-as agrave sua produccedilatildeo

engendra relaccedilotildees natildeo capitalistas iguais e contraditoriamente necessaacuterias agrave sua

reproduccedilatildeo (OLIVEIRA 2010) Nesse sentido para Paulino e Almeida (2010) a

reproduccedilatildeo do campesinato ldquodeve ser entendida a partir das diversas contradiccedilotildees

do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma contradiccedilatildeo e

natildeo de uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeordquo

No que diz respeito agrave produccedilatildeo de fumo para o paradigma camponecircs a

integraccedilatildeo agrave induacutestria fumageira significauma intervenccedilatildeo nos modos de produccedilatildeo

camponesa visando padroniza-los deixando o camponecircs com pouca autonomia para

determinar a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo

Para Fernandes (2008) o sistema de produccedilatildeo do agronegoacutecio eacute distinto do

sistema de produccedilatildeo da agricultura camponesa uma vez que o sistema agriacutecola

22

camponecircs tem por referecircncia a reproduccedilatildeo a biodiversidade e o trabalho familiar

natildeo objetivando o plantio de uma uacutenica cultura para o mercado como no modelo

agroexportador Poreacutem Fernandes (2008 p 166) afirma que como eacute o capital que

controla a tecnologia o conhecimento o mercado e as poliacuteticas agriacutecolas

subalterniza o camponecircs Ou seja para Fernandes o sistema agriacutecola camponecircs

natildeo eacute parte do agronegoacutecio

De acordo Paulino com (2012) os camponeses comparecem ao mundo do

trabalho como entidades familiares Dessa forma como eacute a famiacutelia que se prontifica

em produzir a mateacuteria prima para a induacutestria fumageira entatildeo natildeo se refere agrave venda

do trabalho camponecircs e sim da produccedilatildeo na qual estaacute contida o trabalho familiar o

qual exige um ritmo diferenciado

Roos (2015) salienta que no caso da produccedilatildeo fumageira realizada pelos

camponeses ldquoa racionalidade eacute movida pela necessidade de um espaccedilo que possa

servir a um conjunto de atividadesrdquonatildeo objetivando somente a valorizaccedilatildeo que os

galpotildees e as estufas de fumo possam gerar sobre a renda da terra

Nesse sentido as transformaccedilotildees no campo brasileiro relacionadas ao

processo de modernizaccedilatildeo da agricultura se assentam sobre uma estrutura

complexa compreendida pela integraccedilatildeo da agricultura e da induacutestria caracterizada

na maior parte por produzir produtos de exportaccedilatildeo como eacute o caso das induacutestrias

fumageiras aves e suiacutenos

Portanto para esse paradigma a conflitualidade eacute inerente ao processo de

formaccedilatildeo do capitalismo e do campesinato por causa da contradiccedilatildeo criada pela

destruiccedilatildeo criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo simultacircneas dessas relaccedilotildees sociais (FENANDES

2008) O camponecircs possui um sistema agriacutecola proacuteprio que natildeo faz parte do

agronegoacutecio e apresenta uma loacutegica de reproduccedilatildeo distinta todavia os camponeses

estatildeo subalternos agrave hegemonia daquele modelo de desenvolvimento econocircmico

(ROOS2015)

Roos (2015) ao analisar a obra de Chayanov2 afirma que o deslocamento de

membros da famiacutelia para outras atividades (venda de forccedila de trabalho) estaacute

assentado na satisfaccedilatildeo das necessidades e natildeo na maximizaccedilatildeo de lucros

2 CHAYANOV AV La organizaciacuteon de la unidad econoacutemica campesina Buenos Aries Nueva Visioacuten 1974

23

possiacuteveis (relaccedilotildees capitalistas) pois o principal objetivo das transaccedilotildees

econocircmicas camponesas eacute a reproduccedilatildeo do grupo social

Para Paulino (2003) a heterogeneidade no campo estaacute marcada por dois

tipos de propriedade privada de um lado a propriedade capitalista e de outro a

propriedade camponesa Na propriedade capitalista a terra eacute um objeto de negoacutecio

pelo fato de haver exploraccedilatildeo do trabalho alheio ao passo que a propriedade

camponesa constitui-se em terra de trabalho natildeo tendo como intuito a acumulaccedilatildeo

de capital e sim a sobrevivecircncia familiar Nesse sentido para a autora a dualidade

entre terra de negoacutecios e terra de trabalho se explica com base no caraacuteter

contraditoacuterio do desenvolvimento capitalista

Portanto o camponecircs ao incorporar elementos da loacutegica do agronegoacutecio

como ao plantar fumo e soja utilizando agrotoacutexicos adubos quiacutemicos entre outros

gastos relacionados ao plantio e colheita satildeo compreendidos no paradigma

camponecircs a partir do capital sujeitando e expropriando a renda camponesa e

consequentemente deixando o agricultor mais vulneraacutevel

12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR

No Brasil os estudos e debates sobre a categoria da agricultura familiar

ganharam forccedila a partir do fim da deacutecada de 1980 e iniacutecio da deacutecada de 1990

quando essa categoria tem maior representatividade no cenaacuterio socioeconocircmico

brasileiro Inuacutemeros conceitos e caracterizaccedilotildees foram criados para tentar explicar

os indiviacuteduos pertencentes a esse grupo Nesse sentido para Anjos (2003) a

agricultura familiar brasileira se estrutura

ldquocomo uma nova categoria poliacutetica portadora de uma consideraacutevel fonte de legitimidade social que simultaneamente representa os interesses dos pequenos produtores rurais das famiacutelias assentadas dos arrendataacuterios dos agricultores familiares integrados aos complexos agroindustriais e de outros atores sociais do campo brasileirordquo (ANJOS 2003 p 245)

No decorrer da deacutecada de 1990 os estudos voltados para o universo da

agricultura familiare que se destacam na literatura estatildeo em Veiga (1991)

Abramovay (1992) Lamarche (1998) entre outros Esses estudos aleacutem de

trazerem um panorama geral sobre a agricultura familiar daqueles anos tambeacutem

mostraram que as formas familiares de agricultura natildeo eram e nem satildeo

24

homogecircneas poreacutem satildeo importantes para promover o desenvolvimento econocircmico

no Brasil

Abramovay (1992) foi o primeiro no Brasil que distinguiu campesinato de

agricultor familiar afirmando que o agricultor familiar eacute oriundo do camponecircs poreacutem

apresenta distintas formas de organizaccedilatildeo do trabalho tendo como pretensatildeo

inserir-se ao mercado Tambeacutem ao se referir agrave regiatildeo Sul do Brasil o autor afirma

queldquoos agricultores familiares integram-se plenamente a estruturas nacionais de

mercado transformam natildeo soacute sua base teacutecnica mas sobretudo o ciacuterculo social em

que se reproduzem e metamorfoseiam-se numa nova categoria social de

camponeses tornam-se agricultores profissionaisrdquo (ABRAMOVAY 1992 p 126-

127)

Abramovay (1992) Veiga (1991) e Lamarche (1998) entendem que a

agricultura familiar eacute uma categoria que manteacutem a loacutegica familiar de produccedilatildeo

poreacutem estaacute ligada agrave loacutegica capitalista de integraccedilatildeo aos mercados Nesse sentidoo

autor da corrente marxista Claus Germer (1996) alerta para o problema de

conceituar a agricultura familiar em oposiccedilatildeo agrave agricultura patronal o qual favorece

sem sentido a noccedilatildeo de embate entre esses modos de produccedilatildeo

Pensadores da corrente teoacuterica que discutem a agricultura familiar como por

exemplo Valente (2008) Diniz Filho (2011) e Navarro (2014) entre outros natildeo

costumam fazer uma oposiccedilatildeo radical entre a agricultura familiar e o agronegoacutecio

tal como se observa no paradigma camponecircs pelo fato que de alguma forma os

agricultores familiares fazem parte do agronegoacutecio Nesse sentido apontam que a

agricultura familiar brasileira eacute heterogecircnea e necessita ser trabalhada com

tipologias como por exemplo nos estudos organizados por Lamarche (1998) e pela

caracterizaccedilatildeo da agricultura familiar por grupos A B C e D realizados a partir do

estudo ldquoNovo retrato da agricultura familiar brasileira (2000)rdquo Esses estudos

mostram que existem muitas formas de agricultores familiares que se aproximam

bastante do padratildeo do agronegoacutecio Portanto para esse paradigma natildeo haacute

incompatibilidade ou conflitos radicais dos agricultores familiares em relaccedilatildeo ao

capital visto que estatildeo inseridos no mercado

Lamarche (1998) identificou quatro modelos aproximados para distinguir os

tipos de agricultores familiares a partir do tipo e grau de dependecircncia financeira de

mercado e da tecnologia para produccedilatildeo Os quatro modelos consistem em Modelo

empresa caracteriza as unidades produtivas que possuem grande dependecircncia

25

tecnoloacutegica financeira e comercial dependente de matildeo de obra assalariada

(temporaacuteria ou permanente) natildeo possuindo grande apego agrave propriedade (terra)

Modelo empresa familiar satildeo dependentes dos sistemas tecnoloacutegicos financeiros e

de mercado a matildeo de obra eacute familiar tendo por objetivo a reproduccedilatildeo familiar a

partir da terra Modelo agricultura camponesa e de subsistecircncia eacute caracterizada

pelo grande envolvimento da famiacutelia na unidade produtiva pouco dependente de

tecnologias e mercados externos visando satisfazer as necessidades familiares

com pouca produccedilatildeo para comercializar aleacutem de preservarem os patrimocircnios com

intuito de sobrevivecircncia da famiacutelia E por fim o modelo agricultura moderna que eacute

um modelo de agricultura competitiva que estaacute em constante diminuiccedilatildeo das

relaccedilotildees familiares de produccedilatildeo buscando autonomia teacutecnica financeira e de

mercado

Tambeacutem no sentido de entender as caracteriacutesticas do puacuteblico que fazia parte

do rural brasileiro o estudo realizado pela FAOINCRA no ano de 1994 separou os

agricultores entre familiares e patronais sendo que o grupo dos familiares ganhou

outras trecircs subdivisotildees Agricultores Familiares Consolidados que remete aos

agricultores familiares jaacute integrados ao mercado Agricultores familiares em

transiccedilatildeo ou seja aqueles em processo de integraccedilatildeo aos mercados e Agricultores

Familiares Perifeacutericos caracteriacutesticos daqueles com poucas possibilidades de

integraccedilatildeo aos mercados Poreacutem conforme Bittencourt e Peraci (2010) esse

agrupamento da categoria familiar foi utilizado soacute ateacute 1999 quando ganhou outra

classificaccedilatildeo agora a partir de quatro subdivisotildees dos grupos familiares A B C e D

A tipificaccedilatildeo das unidades familiares em quatro grupos eacute produto do estudo

realizado com base nos dados do Censo Agropecuaacuterio de 1996 e coordenado por

Carlos Enrique Guanziroli (FAO) e Silvia Elizabeth Cardin (INCRA) no ano de 2000

intitulado ldquoO novo retrato da agricultura familiar O Brasil redescobertordquoque

objetivou fazer uma nova tipificaccedilatildeo das unidades familiares localizadas no territoacuterio

brasileiro Esse agrupamento foi definido pela Resoluccedilatildeo 2629 de agosto de 1999

a qual foi adotada para que as regras de financiamento fossem mais adequadas agrave

realidade de cada segmento social (Schneider Czala Matei 2004 p 26)

Da mesma forma que os estudos feitos por Lamarche (1998) os resultados

dos trabalhos realizados pela FAOINCRA afirmam que a agricultura brasileira

apresenta uma grande diversidade em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo dos produtores agrave aptidatildeo

da terra agrave disponibilidade de infraestrutura etc natildeo apenas entre as regiotildees mas

26

tambeacutem dentro de cada regiatildeo (Guanziroli Cardin 2000) Esses autores insistem

na importacircncia de aprofundar o conhecimento dessas realidades do espaccedilo rural

com o intuito de incorporar de forma efetiva esses conhecimentos ao planejamento

de poliacuteticas puacuteblicas

Como o presente estudo objetiva a identificaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo dos

produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis atraveacutes da tipologia dos grupos

familiares eacute fundamental detalhar as caracteriacutesticas de cada grupo3 Agricultores

Familiares tipo A considerados como os mais capitalizados e muito integrados ao

mercado Agricultores Familiares tipo B que estatildeo em vias de capitalizaccedilatildeo e

integrados ao mercado Agricultores Familiares tipo C que se apresentam em vias

de descapitalizaccedilatildeo e pouco integrados aos mercados e os Agricultores Familiares

tipo D sendo compreendidos como descapitalizados

Essas delimitaccedilotildees estabelecidas entre a agricultura familiar e a patronal

como tambeacutem na diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os proacuteprios agricultores

familiares proporcionou a identificaccedilatildeo dos distintos graus de desenvolvimento e

das distintas loacutegicas adotadas para a reproduccedilatildeo familiar

Para esse paradigma o agricultor familiar natildeo eacute um camponecircs mas sim um

empresaacuterio capitalista de pequeno porte inserido no mercado e que busca

maximizar a sua produccedilatildeo mas como eacute de pequeno porte ainda natildeo se

desvinculou totalmente do processo produtivo necessitando da matildeo de obra familiar

para o desenvolvimento das atividades a qual eacute caracteriacutestica das unidades

familiares No caso da produccedilatildeo de fumo conforme se veraacute com detalhes adiante o

pequeno capitalista estaacute presente em todo o processo desde o plantio ateacute a venda

da produccedilatildeo

Schneider (2006) menciona a falta de compreensatildeo dos modos familiares e

sua inserccedilatildeo nos mercados capitalistas uma vez que se deixam enredar no debate

sobre um suposto dualismo entre o agronegoacutecio e agricultura familiar como se os

3Considera-se que a tipologia elaborada pela FAOINCRA (2000) busca estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares dando-se em funccedilatildeo do custo de oportunidade do trabalho dado esse obtido atraveacutes do valor da diaacuteria regional mais 20 Tambeacutem o universo familiar foi delimitado atraveacutes das variaacuteveis em que a direccedilatildeo dos trabalhos do estabelecimento era exercida pelo produtor o trabalho familiar era superior ao trabalho contratado e por fim a aacuterea regional que varia de 4 ateacute 15 moacutedulos fiscais

27

envolvidos natildeo estivessem interessados em um mesmo processo ou seja da

produccedilatildeo e do consumo Nessa mesma linha de pensamento Veiga (2004) afirma

que ldquoo agronegoacutecio no Brasil natildeo eacute soacute uma atividade de grandes produtores e que

natildeo haacute oposiccedilatildeo com agricultura familiarrdquo uma vez que a agricultura familiar

sustenta um dos ramos mais bem sucedidos do agronegoacutecio como as cadeias

produtivas de exportaccedilatildeo de frango suiacutenos e tambeacutem com grande expressividade

a cadeia do fumo

O agronegoacutecio eacute composto fundamentalmente por agricultores familiares Eles conseguiram se firmar em setores extremamente modernos como a produccedilatildeo de aves suiacutenos fumo produtos esses ligados a mercados internacionais (ABRAMOVAY 2003 p 7)

De acordo com Valente (2008) vem sendo estabelecido o consenso de que

as atividades desenvolvidas ao longo da cadeia produtiva tanto patronais quanto

familiares satildeo complementares Nessa perspectiva menciona que faz-se necessaacuterio

um estudo do que aproxima e do que afasta aqueles que se inserem no agronegoacutecio

para assim ser possiacutevel pleitear distintas poliacuteticas agriacutecolas de acordo com os

interesses de casa categoria

Enquanto Fernandes (2001)Paulino (2003)Oliveira (2004) e Roos (2015)

defendem a oposiccedilatildeo do agronegoacutecio agrave agricultura familiar devido agraves

conflitualidades entre as classesSchneider (2006) Navarro (2007 2014) Valente

(2008) Diniz Filho (2011) e Jank (2006) consideram falso esse dualismo entre a

agricultura familiar e o agronegoacutecio uma vez que os agricultores buscam maximizar

seus lucros Nesse sentido afirma Jank (2006) que

O Brasil tem sido proacutedigo em produzir falsas dicotomias como a ideia do agronegoacutecio contra a pequena agricultura a agricultura patronal contra a agricultura familiar ou grandes produtores contra os sem-terra [] caso uacutenico no mundo o Brasil tem dois ministeacuterios da agricultura vivendo uma guerra surda por atenccedilatildeo e recursos um cuidando de mecanismos tradicionais de poliacuteticas agriacutecolas e o outro da reforma agraacuteria e da agricultura familiar (JANK 2006 P a2)

13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS

28

O estudo do territoacuterio vem sendo constituiacutedo em uma tradiccedilatildeo do pensamento

geograacutefico nos uacuteltimos 100 anos (VALVERDE 2004) Instintivamente o seu conceito

remota agrave ideia de lugar espaccedilo de residecircncia ou local onde se desenrolaratildeo as

muacuteltiplas relaccedilotildees entre os agentes sejam sociais ou econocircmicos (MARIANI

ARRUDA 2010)

Nesse ponto de vista Fernandes (2008) cita que a globalizaccedilatildeo e a hegemonia

das poliacuteticas neoliberais provocaram a emergecircncia do conceito de territoacuterio em duas

direccedilotildees De um lado os estudos sobre territoacuterios feitos agrave luz do paradigma

camponecircs e de outro o estudo de territoacuterio a partir do paradigma da agricultura

familiar O territoacuterio para o paradigma camponecircs eacute explicado a partir da criacutetica aos

modelos de produccedilatildeo capitalista sendo que as anaacutelises satildeo feitas sob a oacutetica de

territoacuterio multidimensional entendido a partir das conflitualidades e contradiccedilotildees

entre as classes sociais

Jaacute o paradigma da agricultura familiar ao analisar o territoacuterio natildeo utiliza os

procedimentos para estudar as conflitualidades e sim trabalha com o objetivo de

classificar as desigualdades sociais Nesse sentido o tema de estudo predominante

nesse paradigma eacute a reproduccedilatildeo das relaccedilotildees capitalistas ou seja a forma como os

agricultores buscam se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo sem que haja

uma conflitualidade entre classes ou territoacuterios No caso dos conflitos existentes no

campo para o paradigma da agricultura familiar deve-se trabalhar a partir do grau

que esses conflitos acontecem natildeo generalizando a partir de casos radicais de

conflitos entre os distintos territoacuterios No caso da fumicultura pode-se dizer que natildeo

satildeo identificados conflitos tatildeo radicais ao passo que na produccedilatildeo de subsistecircncia

esse acontecimento pode acontecer de forma diferenciada

Diversos satildeo os acontecimentos e agentes responsaacuteveis por instituir funccedilatildeo e

particularidades aos espaccedilos Como exemplos desses acontecimentos podem ser

citadas ldquoas atividades econocircmicas os empreendimentos das

multinacionaistransnacionais comunidades tiacutepicas como tambeacutem do poder puacuteblicordquo

(MARIANI ARRUDA 2010) os quais satildeo responsaacuteveis pela construccedilatildeo de

territoacuterios Haesbaert (2007) destaca a existecircncia de territoacuterios funcionais desde que

o territoacuterio apresente um papel de receptaacuteculos de atividades econocircmicas

possuindo muacuteltiplas funccedilotildees conforme seu interesse em atuar naquele territoacuterio

29

Fernandes (2008) adepto do paradigma camponecircs ao trabalhar os diferentes

territoacuterios destaca a importacircncia de analisar o territoacuterio atraveacutes da

multidimensionalidadeconflitualidade que satildeo concebidas atraveacutes de um conjunto

de conflitos inscritos nas relaccedilotildees indissociaacuteveis entre desenvolvimento e disputas

territoriais Para o autor a definiccedilatildeo de territoacuterio estaacute relacionada agrave existecircncia de

poder entre classes ao passo que a conflitualidade existe devido agraves disputas

territoriais entre o capital e o campesinato ou seja de distintos territoacuterios e

funcionalidades

Oliveira (2001) aponta que devido agraves forccedilas produtivas capitalistas ocorrerem

de maneira desigual e contraditoacuteria no territoacuterio em algumas circunstacircncias eacute mais

conveniente para o capital monopolizar o territoacuterio ao inveacutes de se territorializar ou

seja neste caso para o paradigma camponecircs o capital natildeo expropria o camponecircs

fumicultor poreacutem subordina esse agente social ao ditar as regras de produccedilatildeo como

tipos de sementes insumos quiacutemicos teacutecnicas de produccedilatildeo entre outros elementos

que estatildeo relacionados agrave produccedilatildeo Trata-se da territorializaccedilatildeo do capital

monopolista (OLIVEIRA 2001) o qual monopoliza a circulaccedilatildeo e domina os meios

de produccedilatildeo e a terra (ROOS 2015)

Nesse sentido no territoacuterio a accedilatildeo das empresas transnacionais como por

exemplo a Souza Cruz configuram o processo chamado por Oliveira (2005) e Roos

(2015) de ldquomonopolizaccedilatildeo do territoacuteriordquo uma vez que a empresa se instala em aacutereas

estrateacutegicas monopoliza o territoacuterio e firma acordos com os produtores familiares e

natildeo familiares que produzem fumo sendo entendidos entatildeo a partir da sujeiccedilatildeo da

renda da terra ao capital onde o produtor atraveacutes da integraccedilatildeo tem pouco poder

nas negociaccedilotildees

Para Fernandes (2008) a existecircncia de distintos territoacuterios entre o campesinato

e o agronegoacutecio eacute dada a partir das formas de organizaccedilatildeo espacial e de paisagens

geograacuteficas sendo o territoacuterio do agronegoacutecio caracterizado pela monocultura

desertificaccedilatildeo populacional produtivismo para exportaccedilatildeo grande escala e

homogeneidade ao passo que o territoacuterio camponecircs eacute representado pela

heterogeneidade da paisagem frequente povoamento policultura e produccedilatildeo

diversificada Por fim o territoacuterio monopolizado pelo agronegoacutecio se distingue pela

homogeneidade da paisagem geograacutefica e pela subalternidade e controle

tecnoloacutegico das commodities que se utilizam dos territoacuterios camponeses

30

(FERNANDES 2008) Portanto para os seguidores desse paradigma o capital

forma os seus territoacuterios atraveacutes da expansatildeo e controle de aacutereas em todas as

regiotildees subalternizando o camponecircs atraveacutes da integraccedilatildeo Sobre a monopolizaccedilatildeo

do territoacuterio Fernandes (2008) destaca que

Quando o tempo de trabalho eacute maior do que o de produccedilatildeo o capital age atraveacutes da monopolizaccedilatildeo do territoacuterio e da sujeiccedilatildeo da renda da terra Neste caso o campo continua povoado por camponeses ou pequenos ou meacutedios capitalistas que passam a produzir de acordo com o que lhes diz a induacutestria Eacute o caso por exemplo da laranja do fumo a avicultura e da suinocultura entre outros (FERNANDES 2008 p 196)

As anaacutelises voltadas ao paradigma camponecircs e que tratam dos assuntos

relacionados agrave produccedilatildeo de fumo como por exemplo o trabalho de Roos (2015)

afirmam que a subalternidade camponesa estaacute expressa na sujeiccedilatildeo da renda e na

monopolizaccedilatildeo do territoacuterioterritorialidade pelo capital uma vez que a

monopolizaccedilatildeo do territoacuterio pelo capital eacute entendida como territorialidade capitalista

no territoacuterio camponecircs Nesse sentido Roos (2015) compreende territorialidade

como o uso do territoacuterio ponderando que este eacute exclusivamente produzido por uma

relaccedilatildeo social que somente pode ser realizada pelo sujeito onde a territorialidade

pode ser camponesa ou capitalista

Nesse ponto de vista em relaccedilatildeo agrave produccedilatildeo de fumo nas unidades

familiares o paradigma camponecircs compreende que as relaccedilotildees capitalistas

subordinam as relaccedilotildees camponesas e consequentemente o seu territoacuterio pelo fato

das bases teacutecnicas de produccedilatildeo estarem determinadas pelas multinacionais como

por exemplo atraveacutes dos contratos de compra de fumo de empresas com a Souza

Cruz

O territoacuterio eacute instituiacutedo por sujeitos e grupos sociais que se afirmam por meio dele Assim haacute sempre territoacuterio e territorialidade ou seja processos sociais de territorializaccedilatildeo Num mesmo territoacuterio haacute sempre muacuteltiplas territorialidades (PORTO-GONCcedilALVES 2006)

Roos (2015) destaca que mesmo onde as empresas fumageiras determinam

o padratildeo tecnoloacutegico (infraestrutura tipos de sementes insumos utilizados formas

de semeadura etc) natildeo tiram dos camponeses a autonomia sobre o seu trabalho o

tempo e as decisotildees Assim o autor afirma que o territoacuterio continua sendo de

domiacutenio dos camponeses poreacutem o capital exerce sua territorialidade subordinando a

renda camponesa na medida em que se incorporam agrave loacutegica capitalista

31

A territorialidade deriva de territoacuterio como produto das muacuteltiplas relaccedilotildees de

poder presentes e que estatildeo intrinsicamente relacionadas aos modelos de produccedilatildeo

podendo como destacado por Porto-Gonccedilalves (2006) e Fernandes (2008) coexistir

vaacuterias territorialidades em um mesmo territoacuterio

As territorialidades expressam as relaccedilotildees de poder que determinam as

configuraccedilotildees territoriais Elas contribuem para a identificaccedilatildeo de quem domina e de

quem eacute o dominado nos territoacuterios As territorialidades tambeacutem estatildeo expressas nas

paisagens de modo que seus componentes revelam as relaccedilotildees sociais poliacuteticas e

econocircmicas (FERNANDES 2010)

Fernandes (2008 2009) acrescenta que a disputa territorial entre o

campesinato e o agronegoacutecio pode acontecer por duas formas distintas pela

desterritorializaccedilatildeo e pelo controle das territorialidades por possuiacuterem relaccedilotildees

sociais distintas e modelos divergentes de produccedilatildeo os quais resultam em conflitos

Portanto ainda no que diz respeito ao paradigma camponecircs Paulino e

Almeida (2010) defendem a ideia de que embora o campesinato seja uma relaccedilatildeo

natildeo capitalista ldquosua reproduccedilatildeo deve ser entendida a partir das diversas

contradiccedilotildees do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma

contradiccedilatildeo e natildeo de uma articulaccedilatildeo de modos de produccedilatildeordquo Jaacute no paradigma da

agricultura familiar a inserccedilatildeo do agricultor nos mercados capitalistas natildeo eacute

compreendida pela conflitualidade entre territoacuterio camponecircs e do agronegoacutecio

sendo que ambos buscam maximizaccedilatildeo de sua produccedilatildeo

A partir do exposto eacute possiacutevel entender que os estudos feitos agrave luz do

paradigma da agricultura camponesa e que tratam de temas relacionados agrave

produccedilatildeo de fumo no Sul do Brasil afirmam a existecircncia de conflitos muitas vezes

ldquoveladosrdquo entre o territoacuterio dos fumicultores e a territorialidade corporativa das

empresas fumageiras

32

CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL

De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de

fumo Por esse fato o presente capiacutetulo tem como objetivo salientar os fatores que

proporcionaram ao paiacutes se tornar referecircncia nesse setor uma vez que a fumicultura

eacute desenvolvidaem sua maioriapela agricultura familiar (AFUBRA 2015) De

maneira cronoloacutegica realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica da origem do fumo e

sua consequente inserccedilatildeo em uma produccedilatildeo de escala comercial analisando o

cultivo o mercado e outros aspectos sejam das esferas produtiva social e

econocircmica visto que esses elementos satildeo fundamentais para entender os motivos

pelos quais contribuiacuteram para a inserccedilatildeo dessa produccedilatildeo no municiacutepio de

PrudentoacutepolisPR que seraacute tratado com mais detalhes no capiacutetulo III Tambeacutem pelo

fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo

de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral

dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura

familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo

do agronegoacutecio

21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL

A partir do iniacutecio da deacutecada de 1990 o Brasil vem ocupando uma posiccedilatildeo de

destaque no mercado mundial do fumo pelo volume produzido e pela qualidade que

o produto possui

Ao analisar as origens4 dessa cultura as respostas satildeo um pouco distintas pois

existem possiacuteveis afirmaccedilotildees de que o fumo era consumido desde o seacuteculo IX no

continente Asiaacutetico Todavia Frozza (1998) afirma que o cultivo e uso das folhas

datam de mais de quatro mil anos e que ocorreram nas regiotildees da Ameacuterica do Norte

e Central onde hoje se situam o Meacutexico e a Guatemala Ainda de acordo com esse

autor satildeo os povos Maias que teriam iniciado o plantio dessa cultura

4 O tabaco tambeacutem chamado de fumo eacute uma erva do gecircnero das plantas solanaacuteceas cujas folhas depois de preparadas servem mais comumente para fumar cheirar ou mascar (SILVA 2012)

33

Nardi (1985) e Saffrin (1995) afirmam que o fumo tem suas origens nos vales

orientais dos Andes bolivianos e que chegou ao territoacuterio brasileiro atraveacutes das

migraccedilotildees dos iacutendios principalmente os iacutendios Tupi-Guarani Convergindo com

Nardi e Saffrin Souza Cruz (2011) afirma que o fumo eacute uma planta originaacuteria dos

Andes e que acompanhou as migraccedilotildees dos iacutendios por toda a Ameacuterica Central ateacute

chegar ao territoacuterio brasileiro

Os colonizadores portugueses atraveacutes dos povos indiacutegenas introduziram o haacutebito

do consumo de fumo (BOEIRA 2002) tendo acesso ao produto atraveacutes do

escambo Dessa forma satildeo criadas as primeiras legislaccedilotildees para regulamentar a

atividade fumageira como a Junta de Administraccedilatildeo do Tabaco de 1674 a qual

servia para orientar o comeacutercio das especiarias em Portugal e suas colocircnias e

institucionalizou o monopoacutelio portuguecircs sobre o produto Nesse contexto o tipo de

fumo produzido era o escuro de corda sendo que o mesmo era usado para fabricar

o rapeacute o cigarro e charutos (SILVA 2002)

No iniacutecio do seacuteculo XIX a produccedilatildeo em escala comercial ocupou aacutereas reduzidas e

concentradas entre o litoral dos atuais estados da Bahia (Recocircncavo Baiano) e

Recife proporcionando o abastecimento do mercado europeu Os fatores que

contribuiacuteram para a produccedilatildeo do fumo foram agrave existecircncia de matildeo de obra familiar e o

desejo de desenvolver a regiatildeo Para Silva (2002) a cultura do fumo ao contraacuterio da

cana-de-accediluacutecar que era plantada somente nos latifuacutendios foi e ainda eacute

desenvolvida pela sua maioria em pequenas propriedades

A produccedilatildeo se expandiu para os estados de Minas Gerais Goiaacutes Satildeo Paulo

e sobretudo para a regiatildeo Sul do Brasil regiatildeo essa colonizada por imigrantes

europeus que se dedicaram a atividade como eacute o caso do municiacutepio de

Prudentoacutepolis no Paranaacute

O fumo ldquoproduto antes principalmente destinado ao escambo de escravos na segunda metade do seacuteculo passou a encontrar mercado crescente na Europa A quantidade exportada aumentou 361 por cento entre os anos de quarenta e noventa e os preccedilos meacutedios subiram 41 por centordquo(FURTADO p47 1984apud Silva 2002 p 38)

De acordo com Silva (2002) na regiatildeo Sul do Brasilas primeiras plantaccedilotildees

de fumo iniciaram-se em 1824 na colocircnia de Satildeo LeopoldoRS a mesma colonizada

por imigrantes alematildees e em 1850 na colocircnia Santa CruzRS Nessa regiatildeo foram

34

cultivadas variedades de fumos claros como o chinecircs (conhecido atualmente como

amarelinho) e mais tarde o Virgiacutenia devido agrave melhor aceitaccedilatildeo no mercado externo

sendo usado para a fabricaccedilatildeo de cigarros

Como destaca Spies (2000) o principal fator para os imigrantes se dedicarem a

atividade fumageira foram as precaacuterias condiccedilotildees econocircmicas em que se

encontravam pois produziam somente os alimentos para sua subsistecircncia e o

excedente natildeo era suficiente para provecirc-los Dessa forma viram na produccedilatildeo de

fumo uma alternativa para a melhora da situaccedilatildeo financeira familiar Outras

caracteriacutesticas que devem ser levadas em consideraccedilatildeo uma vez que contribuiacuteram

para que os imigrantes se dedicassem a produccedilatildeo de fumo satildeo a estrutura fundiaacuteria

baseada em pequenos lotes de terras e a disponibilidade de matildeo de obra da proacutepria

famiacutelia

Conforme Souza Cruz (2011) outro marco relevante no setor fumageiro foi agrave

criaccedilatildeo da empresa Souza Cruz pelo imigrante portuguecircs Albino Souza Cruz no ano

de 1903 no estado do Rio de Janeiro colocando em funcionamento a primeira

maacutequina do Brasil a produzir cigarros jaacute enrolados em papel Poreacutem com a

necessidade de investir no ramo para acelerar o ritmo de crescimento em

1914Albino Souza Cruz transformou a companhia em uma sociedade anocircnima

passando o controle acionaacuterio ao grupo British American Tabacco (BAT) fato que

permitiu o crescimento da Souza Cruz (SOUZA CRUZ 2015)

A expansatildeo da produccedilatildeo de fumo ocasionou algumas fusotildees entre empresas

do setor Vogt (1994) menciona que os anos entre 1917 e 1993 satildeo caracterizados

por aglutinaccedilotildees e fusotildees das empresas de comeacutercio e beneficiamento do tabaco A

entrada do capital internacional acarretou mudanccedilas na dinacircmica econocircmica da

regiatildeo

Na cidade de Santa CruzRS encontra-se o maior polo fumicultor do Brasil e

conforme AFUBRA (2001) um fato marcante na mudanccedila da dinacircmica econocircmica

desse muniacutecipio e regiatildeo se deu em 1917 com a iniciativa da BAT de instalar a

primeira usina de processamento de fumo no paiacutes com o nome de ldquoThe Brazilian

Tabacco Corporationrdquo Sua razatildeo social foi alterada no ano de 1920 para Companhia

Brasileira de Fumo em Folha (CBFF) e finalmente em 1955 alterada para

Companhia de Cigarros Souza Cruz ndash Induacutestria e Comeacutercio (SILVA 2002) A

35

companhia foi fundamental para que o Brasil alcancasse ainda mais os mercados

mundiais atraveacutes de algumas melhorias proporcionadas por ela

Vogt (1994) destaca que a partir de 1924 a companhia de capital internacional

comeccedilou a investir e incentivar os fumicultores a utilizarem insumos quiacutemicos para

obter uma melhor produtividade e qualidade do fumo o que se refletia no mercado

de cigarros que cada vez ficava mais exigente O melhoramento geneacutetico das

sementes foi outro condicionante para que se obtivesse um aumento da

produtividade e qualidade do fumo

De acordo com Vogt (1994) o mercado fumageiro brasileiro teve uma boa

elevaccedilatildeo nas exportaccedilotildees com o fim da segunda Guerra Mundial jaacute que os paiacuteses

que ateacute entatildeo eram grandes produtores de cigarros se encontravam desorganizados

pelos conflitos poliacuteticos e econocircmicos Outro fator que contribuiu para a maior

demanda do fumo brasileiro foi uma grande estiagem que afetou os paiacuteses

produtores de fumo na safra de 19441945 ocasionando dessa forma um aumento

nos preccedilos pagos pelos mercados internacionais entre os anos de 1944 e 1946

estimulando assim o aumento da produccedilatildeo brasileira devido aos grandes ganhos

obtidos no mercado externo

Contudo houve um aumento da produccedilatildeo sem o proporcional aumento da

qualidade do fumo causando certa preocupaccedilatildeo na balanccedila comercial Para piorar a

situaccedilatildeo no final da deacutecada de 1940 Franccedila Espanha Beacutelgica Holanda e

Dinamarca que eram os principais importadores do tabaco brasileiro foram

contemplados com o Plano Marshall e passaram a adquirir o fumo norte-americano

jaacute que possuiacutea uma qualidade melhor ldquoDesse modo o Brasil natildeo estava conseguido

uma boa representatividade no mercado externordquo (VOGT p 102 1994)

Ao encontro das discussotildees de Vogt Seffrin (1995) afirma que os fumicultores

foram os principais prejudicados com essa superproduccedilatildeo ocorrida na deacutecada de

1950 os quais entregavam a produccedilatildeo a preccedilos piacutefios de maneira a natildeo incorrer em

prejuiacutezos ainda maiores Como por exemplo quando a entatildeo Companhia Brasileira

de Fumos em Folha que atualmente tem o nome de Souza Cruz abriu um comeacutercio

de compra livre de fumos escuros os quais tinham um valor de mercado bem abaixo

da meacutedia e os fumicultores da regiatildeo Sul do Brasil sem outras saiacutedas de mercado

acabaram vendendo o fumo claro (de valor maior) por preccedilo de fumos escuros

36

Com a queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo no cenaacuterio mundial a

quantidade da produccedilatildeo do fumo era limitada e a produccedilatildeo fumageira das deacutecadas

de 1950 e 1960 (tabela 1) era destinada na sua maioria para o mercado nacional

A elevaccedilatildeo desorganizada da produccedilatildeo fumageira gerou na regiatildeo nos anos de 50 e 60 grandes estoques de excedentes natildeo comercializaacuteveis O fumo abarrotava os armazeacutens das firmas e das cooperativas natildeo tendo o colono como despachar o seu cultivo (VOGT 1994)

Portanto a produccedilatildeo de fumo no Brasil eacute mais expressiva a partir da segunda

metade do seacuteculo XX sobretudo no poacutes-guerra quando a ampliaccedilatildeo das aacutereas de

produccedilatildeo veio associada ao aumento da qualidade e produtividade das lavouras

como tambeacutem da produccedilatildeo industrial dos cigarros

ANO PRODUCcedilAO T EXPORTACcedilAO T

1961 60408 10919 1963 82851 14522 1965 91159 14008 1967 112234 9289 1969 99804 13778 1971 97206 18556 1973 82030 20248 1975 97722 41277

QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA

Fonte VOGT 1994

Como pode ser visto as melhoras nas exportaccedilotildees comeccedilam somente na deacutecada de

1970 A deacutecada de 1960 foi marcada por poucas vendas para o mercado externo

natildeo chegando a exportar 15 da produccedilatildeo total Conforme Sefrin (1995) devido a

essa queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo para o exterior na deacutecada de

1960 os fumicultores encontravam-se em condiccedilotildees econocircmicas peacutessimas pois

aleacutem de ser um trabalho aacuterduo os lucros eram iacutenfimos natildeo conseguindo muitas

vezes fazer o pagamento do financiamento da produccedilatildeo aleacutem das safras serem

afetadas pelas intempeacuteries climaacuteticas encontrando-se cada vez mais

desamparados Como aponta Safrin (1995) os pagamentos muitas vezes eram feitos

no ano seguinte da venda e com preccedilos ainda reduzidos

Para que a produccedilatildeo brasileira do fumo pudesse voltar ao cenaacuterio internacional era

indispensaacutevel um salto qualitativo na produccedilatildeo do fumo fato que exigiria a injeccedilatildeo

de grande quantidade de capital na produccedilatildeo Conforme Vogt (1994) os

37

investimentos necessaacuterios para a melhoria da qualidade estavam relacionados agrave

aquisiccedilatildeo de sementes adubos pesticidas instrumentos agriacutecolas construccedilatildeo de

estufas bem como a assistecircncia teacutecnica constantemente presente na propriedade

do colono e a garantia da compra integral da produccedilatildeo sendo mais um fator que

impulsionou a Souza Cruz a investir nessa regiatildeo

De acordo com Silva (2002) para corroborar na soluccedilatildeo dos problemas

econocircmicos dos fumicultores surgiram movimentos de uniatildeo dos interesses dos

mesmos o que resultou na sugestatildeo para a criaccedilatildeo de uma associaccedilatildeo formal dos

fumicultores Sendo assim no dia 21 de marccedilo de 1955 na cidade de Santa Cruz do

SulRS foi criada a Associaccedilatildeo dos Plantadores de Fumo em Folha do Rio Grande

do Sul a qual em 1963 mudou sua razatildeo social para Associaccedilatildeo dos Fumicultores

do Brasil (AFUBRA) passando a abranger tambeacutem os estados de Santa Catarina e

Paranaacute (AFUBRA 2014) Dessa forma a entidade foi criada devido a dois fatores

principais a instabilidade do mercado e dos preccedilos do tabaco e a inexistecircncia de

auxiacutelio econocircmico contra danos por granizo nas lavouras

Com a injeccedilatildeo de capital para a melhoria na produccedilatildeo do fumo e com a

criaccedilatildeo da AFUBRA os fumicultores encontravam-se mais confiantes pelo fato de

estarem obtendo melhores rendimentos Apesar desse desequiliacutebrio nas

exportaccedilotildees pelo qual o mercado fumageiro passou nas deacutecadas de 1950 e 1960

Spies (2000) destaca que a induacutestria do fumo jaacute era a mais importante da regiatildeo de

Santa Cruz no Rio Grande do Sul entre os anos de 1952 e 1965 pois no ano de

1924 os produtos de subsistecircncia representavam 70 da produccedilatildeo e na deacutecada de

1950 esse valor caiu para 413 do total da produccedilatildeo agriacutecola regional

Conforme destaca Vogt (1994) o final da deacutecada de 1960 e com maior

intensidade nas deacutecadas de 1970 e 1980 a fumicultura brasileira volta a ter um

aumento significativo em termos de aacuterea produzida e exportaccedilatildeo da produccedilatildeo devido

principalmente agrave abertura do mercado internacional para os fumos brasileiros mas

tambeacutem agrave adoccedilatildeo de poliacuteticas favoraacuteveis agrave instalaccedilatildeo de agroinduacutestrias no paiacutes

resultando na consolidaccedilatildeo dos complexos agroindustriais

Na deacutecada de 1970 e 1980 era notaacutevel o progresso do setor fumageiro na

regiatildeo Sul do Brasil Esse fato refletiu nas exportaccedilotildees pois a quantidade do fumo

em folha exportado pelo Brasil daacute um salto de 55 mil toneladas exportadas no ano

38

de 1965 para 170 mil toneladas no ano de 1985 dando assim a configuraccedilatildeo da

atual estrutura fumageira do Brasil

Com a consolidaccedilatildeo do Complexo Agroindustrial Brasileiro ou seja da

integraccedilatildeo entre a agricultura e a induacutestria o setor fumageiro ganhou grande

impulso e os estados de Santa Catarina e Paranaacute tambeacutem receberam consideraacuteveis

incentivos para se especializar na produccedilatildeo Foi nesse periacuteodo que a produccedilatildeo em

maior escala atingiu o municiacutepio de PrudentoacutepolisPR e um nuacutemero maior de famiacutelias

aderiu a esse cultivo

Durante a deacutecada de 70 consolidou-se a atual estrutura fumageira existente no Brasil meridional [] ao mesmo tempo os cultivos nos estados de Santa Catarina e Paranaacute foram intensificados pelas corporaccedilotildees que introduziram o tabaco em novas aacutereas para responder a demanda internacional (VOGT 1994)

Dessa forma a proliferaccedilatildeo das lavouras de fumo acontece

concomitantemente nos trecircs estados da regiatildeo Sul do Brasil e estes se destacam

pela qualidade do fumo que produzem Silva (2002) aponta que a chegada de outras

empresas multinacionais com intenccedilatildeo de expandir-se impulsionou o processo de

organizaccedilatildeo da produccedilatildeo do fumo incentivando a especializaccedilatildeo dos envolvidos nas

atividades

Em Santa Catarina e no Paranaacute o cultivo de fumo de estufa de caraacuteter

comercial daacute-se a partir da empresa Souza Cruz a partir da deacutecada de 1960 a qual

oferecia o sistema integrado de produccedilatildeo Ou seja os fumicultores plantariam o

fumo a Souza Cruz entraria com o financiamento da produccedilatildeo (fornecimento da

estufa de insumos e assistecircncia teacutecnica) e no final da safra o fumicultor fazia o

pagamento para a empresa com sua proacutepria produccedilatildeo No Paranaacute a Souza Cruz

inseriu primeiramente a produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Irati (principal polo

fumageiro do Paranaacute onde se localiza o municiacutepio de Prudentoacutepolis)

A partir da deacutecada de 1980 a produccedilatildeo vem aumentando Vogt (1994) expotildee

que a regiatildeo Sul do paiacutes aumentou sua produccedilatildeo em aproximadamente 60 entre

as safras de 198788 e 19921993 dando um salto de 350 mil para 560 mil

toneladas

39

TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL

SAFRA AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS

KG ha R$Kg

1995 200830 348000 132680 1733 155

2000 257660 359040 134850 2092 200

2005 439220 842990 198040 1919 433

2006 417420 769660 193310 1844 415

2007 360910 758660 182650 2102 425

2008 348720 713870 180520 2047 541

2009 374060 744280 186580 1990 590

2010 370830 691870 185160 1866 635

2011 372930 832830 186810 2233 493

2012 324610 727510 165170 2241 630

2013 313675 712750 159595 2272 745

2014 323700 731390 162410 2259 728

Fonte AFUBRA2015

A safra de 2005 mostra novamente um aumento significativo na produccedilatildeo

total Sul brasileira chegando a 842990 toneladas anuais (tabela 1) De 2005 para

caacute a produccedilatildeo oscilou entre 842990 e 691870 toneladas anuais (conforme a

demanda do mercado) com um leve decreacutescimo nos uacuteltimos trecircs anos

A produtividade do fumo aumentou na deacutecada de 2000 devido agrave introduccedilatildeo de

novas teacutecnicas que permitiram a diminuiccedilatildeo do uso de matildeo de obra Na safra de

1995 a produtividade meacutedia foi de 1733 kgha aumentando consideravelmente

para a uacuteltima safra a qual chegou a 2259 Kgha Nos anos de 2005 e 2006

percebe-se um aumento na quantidade de famiacutelias envolvidas na atividade quadro

esse invertido no ano de 2007 ocorrendo queda no nuacutemero dessas famiacutelias

Apesar da diminuiccedilatildeo do nuacutemero das famiacutelias na atividade em geral a

produccedilatildeo natildeo eacute afetada o quase deve agrave modernizaccedilatildeo das estufas de secagem

que resultou na diminuiccedilatildeo da matildeo de obra favorecendo o aumento da produccedilatildeo

por parte das famiacutelias que permaneceram no setor Conforme um produtor

entrevistado durante o trabalho de campo desta pesquisa

40

Depois que modernizamos a nossa estufa no ano de 2005 conseguimos aumentar a produccedilatildeo e diminuir a matildeo de obra [] antes precisava de quatro pessoas para colheita e pelo menos mais 4 para fazer a costura das folhas de fumo no galpatildeo antes de colocar na estufa [] quando descarregava as folhas da estufa era preciso tirar todos os fios do fumo [] dava muito trabalho Com a modernizaccedilatildeo isso acabou [] o fumo que vem da lavoura vai direto para a estufa Precisamos soacute de pessoas para colher e carregar direto na estufa O trabalho eacute mais leve nos dias de hoje com esse tipo de estufa (FUMICULTOR DA LINHA RIO PRETO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)

Sei que o fumo por si soacute jaacute eacute um veneno mas usamos os equipamentos de proteccedilatildeo que eacute seguro Hoje usamos agrotoacutexicos porque daacute menos serviccedilo e sai mais barato que pagar pra carpir [] soacute por isso mesmo[] Quando produzia morangos usava mais veneno ainda [] sabemos que o veneno natildeo faz bem nem pra noacutes nem para a natureza mas natildeo temos outras opccedilotildees (FUMICULTOR DA LINHA DEZEMBRO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)

Diniz Filho (2011) tambeacutem ressalta que especificamente no caso das

tecnologias de produccedilatildeo agriacutecola a opccedilatildeo dos agricultores familiares pelo uso de

maacutequinas e produtos quiacutemicos eacute estimulada pelo interesse de eliminar certos tipos

de trabalho braccedilal muito penosos Nesse sentidodiscorda-se do paradigma

camponecircs pelo fato de opor o agricultor familiar ao agronegoacutecio afirmando que o

primeiro prima por praacuteticas mais sustentaacuteveis com objetivo de reproduzir somente o

modo de vida ao passo que o agronegoacutecio tenderia a usar tecnologias mais

danosas para o meio ambiente por estar preocupado apenas com lucratividade

Com relaccedilatildeo agrave venda do fumo o preccedilo do quilo varia a cada ano e a

sistemaacutetica para que se estabeleccedila o valor da safra entre os fumicultores e a

induacutestria fumageira incide em acordos com as entidades representativas dos

produtores como a Afubra Associaccedilotildees Federaccedilatildeo e o Sinditabaco que representa

as induacutestrias (DERALSEAB 2014) Apoacutes as negociaccedilotildees e a assinatura do

protocolo eacute que se estabelecem os preccedilos para as variadas qualidades do fumo

Nesse sentido o preccedilo do quilo do fumo eacute regulado conforme a oferta e demanda do

produtopelo mercado expressando adequadamente o valor marginal muitas vezes

pago aos produtores Dessa forma discorda-se de Roos (2015) quando afirma que

os fumicultores estatildeo subordinados pelas empresas fumageiras por terem pouca

representatividade na hora de fixar o preccedilo do quilo do fumo

Conforme AFUBRA (2015) para o fumo Virgiacutenia que eacute uma variedade dos

fumos de coloraccedilatildeo clara satildeo estabelecidas 41 variedades de classificaccedilatildeo sendo a

variedade mais bem paga a BO1 que valia 922 reais o quilo na safra de 20142015

41

e a variedade de menor valor o ST (farelos do fumo) tabelado a 054reais por quilo

Jaacute para o fumo Burley que eacute uma variedade dos fumos de coloraccedilatildeo escura satildeo

estabelecidas 30 diferentes variedades A mais bem paga eacute a B1 que equivale a

811 para cada quilo e a variedade menos valorizada eacute a G (farelos do fumo) que

vale 060 reais por quilo Quando o fumo eacute vendido para a empresa sempre eacute feito

uma meacutedia de toda venda e como revelam os dados da tabela 2 a meacutedia do quilo

pago para os produtores na safra de 201415 foi de 728 reais por quilo

Atualmente a regiatildeo Sul do Brasil se destaca pela maior produccedilatildeo de fumo

do paiacutes participando com 981 do total produzido Os trecircs estados sulinos satildeo

responsaacuteveis por colocar o paiacutes como o segundo maior produtor ena primeira

posiccedilatildeo no quesito exportaccedilatildeo mundial

TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO

ESTADOS AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)

PARTPRODUCcedilAtildeO ()

Rio Grande do Sul

204000 412000 2020 481

Santa Catarina 120000 258000 2150 301

Paranaacute 76000 171000 2250 200

Alagoas 9000 11000 1222 13

Bahia 3000 3000 1000 03

Outros 2000 2000 1000 02

Brasil 414000 857000 2070 100

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) 2014

A produccedilatildeo do fumo e a atuaccedilatildeo das empresas desse setor se datildeo de forma

mais intensa nos paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso do Brasil devido agrave

disponibilidade de matildeo de obra barata facilidade das multinacionais se instalarem

atraveacutes dos incentivos fiscais inexistecircncia de leis ambientaisriacutegidas e por ser a

atividade que gera mais renda se comparada a outras culturas produzidas em

pequena escala

42

TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013

PRODUCcedilAtildeO haacute PRODUCcedilAtildeO KG

VALOR R$

Animal x 1362412180 2565555940 26

Vegetal 1515650 2487306782 2077480 21

Tabaco 309350 705570000 5383773200 54

Total 1825000 4555288952 10026810100 100

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014

A partir dos dados apresentados pode-se destacar que a produccedilatildeo de fumo

na regiatildeo Sul do Brasil eacute responsaacutevel pela maior renda de muitos agricultores

familiares jaacute que os estados possuem uma grande quantidade de pequenas

propriedades e que dependem da produccedilatildeo do fumo para sua reproduccedilatildeo

econocircmica

Ahrens (2008) afirma que a produccedilatildeo mundial estaacute migrando dos paiacuteses

desenvolvidos para os paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso dos Estados

Unidos que apesar de aparecer como um dos principais produtores de fumo teve

sua produccedilatildeo prejudicada devido aos altos custos de cultivo e agrave escassez de matildeo de

obra

TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012

PAIacuteSES PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

PROCESSADO (t)

CONSUMO (t)

ESTOQUE EXPORTACcedilAtildeO (t)

IMPORTACcedilAtildeO (t)

1 China 2160000 256205 553960 0 538960

2 Brasil 670820 86060 112580 651190 12320

3 Iacutendia 576740 465510 134240 271060 200930

4 Estados Unidos

212020 441720 1580130 153130 420440

5 Indoneacutesia 191260 147940 134830 50270 27440

43

6 Turquia 152190 106240 34620 98200 60430

7 Zimbabwe 127190 3990 229930 43520 80

8 Argentina 103790 29950 364650 36100 1630

9 Paquistatildeo 74910 76300 91570 5390 10390

10 Malavi 71320 1290 166580 91500 890

93 Outros 1533150 1850430 3055200 608630 725480

103 Total 5873390 5771480 6468290 2008990 2008990

Fonte AFUBRA 2014

Apesar de a China ser a maior produtora mundial de fumo acaba consumindo

toda essa produccedilatildeo e na safra de 20112012 ainda importou 538960 toneladas

para suprir sua demanda interna Jaacute o Brasil que estaacute na 2ordm posiccedilatildeo de produccedilatildeo

mundial de fumo destina a maior parte da sua produccedilatildeo para o mercado externo Na

safra de 2013 88 da produccedilatildeo se dirigiu ao mercado externo (quadro 2) ficando

no paiacutes apenas 12 da produccedilatildeo para a fabricaccedilatildeo de cigarros cigarrilhas e

charutos Conforme DERALSEAB (2013) das 627000 toneladas exportadas em

2013 a regiatildeo Sul contribuiu com 624000 toneladas representando o equivalente

de 955 das exportaccedilotildees brasileiras

O quadro 2 mostra que apesar de a maior quantidade do fumo produzido no

Brasil se dirigir para o mercado externo os maiores faturamentos estatildeo relacionados

ao fumo consumido no proacuteprio paiacutes atingindo um lucro total maior que as

exportaccedilotildees O fato de as exportaccedilotildees renderem menos lucros que o fumo

consumido no proacuteprio paiacutes se daacute deve ao fato de o fumo exportado natildeo passar por

processamentos de agregaccedilatildeo de valor(exportaccedilatildeo de folhas e talos) Enquanto

isso toda a produccedilatildeo consumida no paiacutes tanto os fumos claros como os escuros

passa por vaacuterios processamentos de agregaccedilatildeo de valor ateacute obter os cigarros

cigarrilhas e charutos prontos para consumo

A distribuiccedilatildeo da renda bruta do setor fumageiro (quadro 2) estaacute dividida

entre tributosGoverno induacutestria produtor e varejista sendo que 459 dessa renda

eacute destinada ao governo O produtor fatura em torno de 205 do total da renda

faturamento esse que deve ser destinado para a compra dos insumos pagamento

do seguro da produccedilatildeo matildeo de obra desgastes com a terra implementos que usa

na produccedilatildeo gastos com a secagem das folhas do fumo aleacutem de prejuiacutezos que

podem vir a acontecer durante a produccedilatildeo

44

Jaacute os varejistas apesar de auferirem 6 do faturamento natildeo tecircm gastos tatildeo

altos comoos produtores Aleacutem do mais esse setor ganha na quantidade sendo que

existe um nuacutemero muito maior de fumicultores que de varejistas Isso tambeacutem

acontece com a induacutestria que tem seus ganhos principalmente no volume e na

agregaccedilatildeo de valor do produto

Pelos dados apresentados apresentados no quadro 2 pode-se concluir que o

maior beneficiado com o faturamento da produccedilatildeo de fumo eacute o setor puacuteblico atraveacutes

de impostros

QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL

ESPECIFICACcedilAtildeO

2012 2013

R$ Toneladas R$ Toneladas

Consumo Domeacutestico

1635750730000 88990 12 1765594334000 84350 12

Exportaccedilatildeo 645663700000 637780 88 722287181000 627230 88

TOTAL 2281414430000 726770 100 2487881515000 711580 100

DISTRIBUICcedilAtildeO DA RENDA BRUTA

Tributos Governos

1048025493000 459 1076394659000 433

Induacutestria 627838400000 275 720610862000 290

Produtor 467329600000 205 541693230000 217

Varejista 138220930700 61 149182764000 60

TOTAL 2281414430000 100 2487881515000 100

FONTE AFUBRA2013

De acordo com dados da DERALSEAB (2015) no ano de 2014 o fumo

brasileiro foi destinado para mais de cem paiacuteses abrangendo principalmente paiacuteses

da Uniatildeo Europeia (42) seguidos do Extremo Oriente (26) Ameacuterica do Norte

(13) Aacutefrica (7) Leste Europeu (7) e Ameacuterica Latina (5) Atualmente a

liderenccedila brasileira nas exportaccedilotildees se daacute devido agrave excelente qualidade do fumo agrave

regularidade da produccedilatildeo e agrave competitividade com os preccedilos dos demais paiacuteses

produtores

45

42

26

13

7

7

5

Uniatildeo Europeia

Oriente Meacutedio

Ameacuterica do Norte

Aacutefrica

Leste Europeu

Ameacuterica Latina

Paiacuteses importadores do fumo brasileiro

Fonte

DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014

Conforme DERAL (2014) no Paranaacute as lavouras com predomiacutenio de fumos

claros concentram-se nos nuacutecleos regionais de Irati Ponta Grossa Curitiba Uniatildeo

da Vitoacuteria e Guarapuava Jaacute em Francisco Beltratildeo Pato Branco Cascavel e Toledo

cultivam-se os fumos escuros

Na figura 1 estatildeo expostos os municiacutepios produtores de fumo e a meacutedia de

hectares que cada municiacutepio ocupa com essa culturaNota-se que a produccedilatildeo de

fumo no estado se concentra em sua maioria na regiatildeo Sudeste Centro-Sul

Sudoeste e Oeste

O municiacutepio de Prudentoacutepolis pertence ao nuacutecleo de Irati nuacutecleo esse que

ocupa o primeiro lugar no ranking de produccedilatildeo de fumos claros do estado conforme

a tabela 5

GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO

46

FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA Fonte IBGE 2014

TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute

Nuacutecleos regionais

Safra 20132014 Safra 20142015 Participaccedilatildeo

Aacuterea (ha) Produccedilatildeo(t) Aacuterea (ha) Produccedilatildeo (t) ()

Irati 19300 43425 19500 43875 244

Ponta Grossa 17562 42605 18862 45268 251

Curitiba 13300 30493 13300 34580 12

Uniatildeo da Vitoacuteria

7500 15750 7600 15580 87

Guarapuava 5000 12400 4900 13230 73

Francisco Beltratildeo

4350 9904 4300 10320 57

Cascavel 3600 7556 3500 7453 41

Outros 4774 10711 4496 9907 55

Total 75386 172844 76308 180213 1000

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014

47

Na safra de 20122013 os municiacutepios paranaenses que se destacaram no

volume de fumo produzido foram Satildeo Joatildeo do Triunfo Rio Azul Prudentoacutepolis

Ipiranga e Irati As 1813 famiacutelias que cultivam fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis

foram responsaacuteveis por produzir 10192 toneladas do produto

Para os municiacutepios de Satildeo Joatildeo do Triunfo e Rio Azul se comparados os

volumes produzidos (quadro 3) nota-se quea quantidade em toneladas natildeo

apresenta tanta diferenccedila entre ambos sendo 13458 toneladas em Satildeo Joatildeo do

Triunfo e 13268 toneladas em Rio Azul Poreacutem em relaccedilatildeo ao nuacutemero de famiacutelias

que trabalham na atividade fumageira em Rio Azul esse nuacutemero eacute bem maior que

em Satildeo Joatildeo do Triunfo Esse fatoeacute resultado da opccedilatildeo das famiacutelias de Rio Azul

porproduzirem menores quantidades de fumo por unidade familiar como tambeacutem

por intempeacuteries climaacuteticas (granizo ventos) que impediram de colher toda a

produccedilatildeo

PARANAacute PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTORES

Satildeo Joatildeo do Triunfo 13458 1968

Rio Azul 13268 2610

Prudentoacutepolis 10192 1813

Ipiranga 9323 1661

Irati 8539 1558

QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) AFUBRA 2014

22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL

De acordo com Sauer (2008) em 1996 a criaccedilatildeo do PRONAF (Programa

Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) trouxe avanccedilos poliacuteticos

voltados aos agricultores familiares permitindo o reconhecimento destes enquanto

categoria social epossibilitando o acesso ao creacutedito agriacutecola Creacutedito esse que

48

quando usado de maneira correta contribui significativamente para o aumento da

produccedilatildeo

Dentre os vaacuterios estudos que retratam a evoluccedilatildeo da agricultura familiar

brasileira nas uacuteltimas deacutecadas destaca-seldquoO Novo Retrato Da Agricultura Familiar

Brasileirardquo Nesse estudo os autores mencionam a importacircncia de refletir sobre o

espaccedilo rural tendo como escopo a sua diversidade pelo fato da existecircncia de

distintos tipos de agricultores familiares que possuem interesses e estrateacutegias

particulares de produccedilatildeo agropecuaacuteria Nesse sentido da mesma forma que existe

uma diversidade de agricultores familiares deveratildeo tambeacutem existir poliacuteticas

agriacutecolas e tipos de assistecircncia teacutecnica distinto para cada grupo com intuito desses

empregarem em sua produccedilatildeo tecnologias que possibilitam o seu fortalecimento e

expansatildeo diante dos mercados

Sobre a diversidade da agricultura familiar brasileira a tabela 6 mostra de que

forma satildeo distribuiacutedos os tipos familiares a renda monetaacuteria anual e qual a

porcentagem na participaccedilatildeo do valor bruto da agricultura familiar por grupo familiar

TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006

Grupos familiares Nuacutemero de agricultores familiares

segundo o tipo

Total VBP familiares

Renda Monetaacuteria

liacutequida anual em reais

A 452750 695 5323600

B 964140 157 372500

C 574961 47 149900

D 2560274 102 25500

Total 4551855 -

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

A partir dos dados sobre a caracterizaccedilatildeo dos grupos familiares nota-se que

o grupo com um contingente maior de agricultores familiares no ano de 2006 foi o

grupo D ou seja os descapitalizados Esses agricultores familiares de acordo com

Guanziroli et al (2012) estatildeo em sua maioria concentrados nas regiotildees Norte e

Nordeste do Brasil sendo os que menos empregam aparatos tecnoloacutegicos Desse

modo o autor afirma que o grau de especializaccedilatildeo e tecnificaccedilatildeo tem maior

49

influecircncia na geraccedilatildeo de renda do que a quantidade de terra possuiacuteda por cada

unidade familiar Sobre o grupo familiar D o estudo tambeacutem menciona que

[] entre os agricultores familiares do tipo D tambeacutem existem agricultores mais capitalizados os quais podem ter sido classificados neste grupo devido agrave frustraccedilatildeo de safra baixos preccedilos de seus produtos no mercado ou a realizaccedilatildeo de novos investimentos nos quais as receitas ainda natildeo estatildeo superando as despesas Esta afirmaccedilatildeo estaacute baseada na participaccedilatildeo percentual do creacutedito rural obtido e dos investimentos realizados por estabelecimentos deste tipo (FAOINCRA)

Os agricultores familiares dos grupos A e B considerados como capitalizados

e em vias de capitalizaccedilatildeo correspondem principalmente aos produtores familiares

da regiatildeo Sul do paiacutes O desempenho desses grupos se deve ao fato de estarem

inseridos em cadeias produtivas mais competitivas as quais trazem melhores

retornos econocircmicos

Guanziroli et al (2012) apontam que os produtores familiares do tipo A tecircm

uma renda anual elevada em parte porque na aacuterea rural podem se beneficiar da

produccedilatildeo para autoconsumo natildeo pagam aluguel e as taxas sobre o valor da aacutegua e

luz satildeo mais baixas se comparadas com a urbana Dessa forma o padratildeo de vida

desses agricultores eacute compatiacutevel com a da classe meacutedia urbana Entretanto existe

uma distacircncia muito grande entre os produtores do grupo A e os demais

Nesse sentido Guanziroli et al (2006) com base no estudo ldquoDez anos de

evoluccedilatildeo da agricultura familiar no Brasil (1996 e 2006)rdquo compararam os dados do

censo agropecuaacuterio de 1996 com o de 2006 a fim de dar respostas a algumas

inquietudes sobre a evoluccedilatildeo da agricultura familiar no dececircnio analisando o

processo de modernizaccedilatildeo da agricultura familiar por meio da evoluccedilatildeo de algumas

variaacuteveis (uso de maquinaacuterios insumos entre outras tecnologias) Dentre outros

resultados esse estudo mostrou que houve crescimento do nuacutemero de agricultores

familiares entre os censos o qual passou de 4139000 para 4551855 Ou seja em

1996 8517 do total dos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros eram

familiares e em 2006 essa porcentagem aumenta para 8796 do total

Os dados desse estudo tambeacutem mostraram que os agricultores familiares

pertencentes ao grupo A e quanto muito aos grupos A e B desempenham um papel

importante em termos econocircmicos Jaacute o grupo C e principalmente os agricultores

familiares do grupo D produzem tatildeo pouco que remetem aquela visatildeo do agricultor

50

familiar de subsistecircncia que comercializa pequenos excedentes econocircmicos em

mercados locais

O uso de tecnologias pelos agricultores familiares como maquinaacuterios e

insumos quiacutemicos contribuiu para o aumento da produccedilatildeo e da produtividade

acontecimento esse que possibilitou a ascensatildeo do universo familiar no cenaacuterio

agropecuaacuterio brasileiro com significativa importacircncia na produccedilatildeo tanto de gecircneros

alimentiacutecios de consumo nacional como tambeacutem de commodities de exportaccedilatildeo

caso a produccedilatildeo de fumo As tecnologias voltadas para a produccedilatildeo de fumo

referem-se a modernizaccedilatildeo das estufas de secagem das folhas de fumo de

sementes melhoradas geneticamente aleacutem dos insumos agriacutecolas

De acordo com Guanziroli et al (2006) as anaacutelises regionais sobre a

agricultura familiar brasileira para o ano de 2006 mostram que as regiotildees Norte

Nordeste e Sul apresentam maior participaccedilatildeo percentual de agricultores familiares

na produccedilatildeo regional em detrimento das regiotildees Centro-Oeste e Sudesteas quais

caracterizam-se pela maior expressividade da agricultura patronal

TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006

Regiatildeo 2006

Norte 6018

Nordeste 4738

Sudeste 2228

Sul 5443

Centro-Oeste 1453

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

Outro dado importante trazido pelos autores supracitados estaacute relacionado ao

fator produtividade como se vecirc pela comparaccedilatildeo entre os agricultores familiares e

natildeo familiares por regiatildeo (tabela 8) Os agricultores familiares pelo fato de

possuiacuterem quantidades de terras menores tendem a ser mais produtivos que o

agricultor natildeo familiar Nesse sentido concorda-se com Navarro (2014) ao apontar

que a ampliaccedilatildeo no acesso de tecnologias agrave agricultura de menor porte econocircmico eacute

necessaacuteria para a permanecircncia desses produtores no rural

51

A produccedilatildeo de fumo da regiatildeo Sul do Brasil eacute um exemplo que retrata que a

agricultura familiar eacute mais eficiente no uso da matildeo de obra e da terra quando

comparada aos agricultores patronais A necessidade da intensificaccedilatildeo da matildeo de

obra familiar para aumentar a produccedilatildeo exemplifica bem o porquecirc da maior parte

empregada na agricultura estaacute no segmento familiar apesar desse segmento natildeo ser

predominante na produccedilatildeo agriacutecola brasileira Dessa maneira Abramovay (1992 p

209) afirma que ldquonatildeo haacute atividade econocircmica em que o trabalho e a gestatildeo

estruturam-se tatildeo fortemente em torno de viacutenculos de parentesco e onde a

participaccedilatildeo da matildeo de obra natildeo contratada seja tatildeo importante como na agricultura

familiarrdquo

TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006

Brasil e Regiotildees

Valor produzido por hectare (R$ de 2006)

Natildeo familiar Familiar

Norte 1113 2410

Nordeste 3783 3907

Sudeste 10546 7378

Sul 8373 13376

Centro-Oeste 2727 2851

Brasil 4617 5546

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

Atraveacutes da regionalizaccedilatildeo e do valor produzido por hectare percebe-se que

os agricultores familiares da regiatildeo Sul satildeo mais eficientes no valor produzido e

segundo Guanziroli et al (2012) a predominacircncia de agricultores familiares nas

cadeias produtivas como a fumicultura a avicultura e suinocultura favorece o

aumento da produtividade por aacuterea Eacute nesse sentido que pode-se afirmar natildeo existir

dicotomia ou oposiccedilatildeo entre a agricultura familiar e a patronal uma vez que a

competiccedilatildeo no mercado faz com que cada um desses segmentos tenda a

predominar nos setores em que apresenta capacidade para produzir com mais

eficiecircncia

Na regiatildeo Sudeste a alta tecnologia empregada pelos agricultores natildeo

familiares consegue superar a produtividade da agricultura familiar Jaacute nas regiotildees

Norte e Nordeste encontram-se os menores iacutendices de produtividade da agricultura

52

familiar brasileira fato relacionado a vaacuterios fatores principalmente os solos menos

produtivos clima cultivo de culturas que tecircm um retorno de investimento menor e

tambeacutem a menor disponibilidade de tecnologias assistecircncia teacutecnica e poliacuteticas

agriacutecolas capazes de inverter esse quadro

Aleacutem da representatividade bastante grande (956) da produccedilatildeo de fumo a

agricultura familiar brasileira tem participaccedilatildeo significativa na produccedilatildeo de gecircneros

alimentiacutecios como arroz feijatildeo e mandioca Tambeacutem contabiliza-se um nuacutemero

significativo de agricultores familiares envolvidos nas cadeias produtivas

caracteriacutesticas do agronegoacutecio como soja trigo e milho (tabela 9)

No caso dos produtos de origem animal (tabela 10) a participaccedilatildeo da

agricultura familiar tambeacutem eacute significativa ou seja concorda-se com Guanziroli et al

(2012) quando afirma que produzir alimentos como arroz feijatildeo ou mandioca natildeo

quer dizer necessariamente que esses produtores satildeo camponeses ou produtores

de subsistecircncia pois na grande maioria dos estabelecimentos produz-se totalmente

para o mercado ou seja seu objetivo natildeo eacute somente a subsistecircncia e sim vender a

produccedilatildeo

TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000

PRODUTO 2006

Arroz 3919

Cana-de-accediluacutecar 1024

Cebola 6959

Fumo 9567

Mandioca 9317

Milho 5190

Soja 2360

Trigo 3638

Feijatildeo 7659

Banana 6240

Cafeacute 2967

Laranja 2525

Uva 5363

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

53

TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006

TIPO DE PRODUCcedilAtildeO 2006

Pecuaacuteria de corte 1665

Pecuaacuteria de leite 6053

Suiacutenos 5245

Aves 3034

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

A produccedilatildeo de fumo na regiatildeo Sul do Brasil tambeacutem tem grande

expressividade no contingente de pessoal ocupado (PO) ou seja conforme

demonstrado na tabela abaixo 9 da PO agriacutecola de 2012 estava ocupada nessa

atividade De acordo com Maia e Sakamoto (2015) no Sul destacam-se aleacutem dos

ocupados no cultivo do fumo os ocupados no cultivo da soja (10 da PO agriacutecola)

que representavam em 2012 90 e 63 dos ocupados nos respectivos ramos de

atividade do conjunto da PO agriacutecola brasileira

Para esses autores a dinacircmica da PO agriacutecola brasileira foi influenciada pela

regiatildeo Nordeste que apesar de conter o contingente agriacutecola mais expressivo do

Paiacutes (44 do total da PO agriacutecola brasileira) passou por uma grande reduccedilatildeo de

28 da PO agriacutecola entre os anos de 2005 e 2012 Buainain et al (2013) apud Maia

Sakamoto (2014) destacam que esse processo de esvaziamento na regiatildeo

Nordeste estaria associado tanto agrave inviabilidade econocircmica do minifuacutendio quanto agraves

diferenccedilas de qualidade de vida e oportunidades de emprego entre os meios rural e

urbano

54

TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012

Grupos 2012

N (1000)

Criaccedilatildeo de bovinos e outros animais 402 188

Cultivo de hortaliccedilas legumes flores etc 305 143

Cultivo de Soja 207 97

Produccedilatildeo mista lavoura temporaacuteria e pecuaacuteria

197 92

Cultivo de milho 194 91

Cultivo de fumo 194 91

Outras atividades 632 297

Total 2131 100

Fonte Maia e Sakamoto 2014 Dados primaacuterios IBGE 2012

Com relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos ocupantes em atividades agropecuaacuterias por

condiccedilatildeo de pobreza (tabela 12) nota-se que os ocupados pobres na produccedilatildeo de

fumo correspondem a 7 do total que eacute um percentual de pobres em geral menor

do que os encontrados em outras produccedilotildees como nas de mandioca (26) arroz

(29) milho (24) e horticultura (12)

As culturas da soja cafeacute cana-de-accediluacutecar e frutas satildeo as que tecircm menores

taxas de pobreza com valores respectivos de 24 45 46 e 63 A

proporccedilatildeo meacutedia brasileira para todos os ocupados em atividades agropecuaacuterias eacute

de 146

Desse modo pode-se dizer que as culturas tradicionais como arroz

mandioca e milho satildeo as que tecircm maiores taxas de pobreza Esse fato faz sentido

em Prudentoacutepolis pois na regiatildeo Norte do municiacutepio onde a produccedilatildeo de fumo natildeo

eacute realizada devido agraves caracteriacutesticas do clima e da topografia o niacutevel de

desenvolvimento eacute menor que na parte Central e Sul do municiacutepio Esse contraste

se revela natildeo somente pela comparaccedilatildeo entre culturas tradicionais e a produccedilatildeo de

fumo pois tambeacutem as outras culturas tendem a gerar menores taxas de pobreza

A produccedilatildeo de frutas eacute uma boa opccedilatildeo para a geraccedilatildeo de renda dos

agricultores familiares em geral pois apresenta uma taxa de pobreza bem menor

55

ainda que a do fumo Poreacutem para essa produccedilatildeo seria necessaacuteria a especializaccedilatildeo

e a tecnificaccedilatildeo desses agricultores realizadas a partir de poliacuteticas de incentivos a

tecnificaccedilatildeo e assistecircncia para agricultura familiar como apontado por Navarro

(2014) Ou seja a quantidade de tecnologia empregada de forma correta estaacute

intrinsecamente relacionada agrave renda do agricultor Sobre tecnologia para a

agricultura familiar Valente (2008) ressalta que ldquodeve-se compreender a tecnologia

natildeo como panaceacuteia mas conhecimento que estaria a exigir inovaccedilotildees institucionais

como poliacuteticas puacuteblicas parcerias e outras accedilotildees que a ele devem ser conjugadasrdquo

TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010)

Atividade Natildeo pobre Pobre Pobres () Total

Arroz 137325 56589 292 193914

Milho 389402 126624 245 516026

Algodatildeo 7322 579 73 7901

Cana-de-accediluacutecar 214497 10189 45 224686

Fumo 215365 16116 70 231481

Soja 96235 2387 24 98622

Mandioca 376239 132050 260 508288

Horticultura 522745 72322 122 595067

Frutas 236742 15808 63 252550

Cafeacute 552738 26757 46 579496

Cacau 67809 6670 90 74479

Pecuaacuteria 1611624 149626 85 1761250

Outros cultivos 4389749 942358 177 5332108

Outros agropecuaacuteria

1609597 226670 123 1836267

Total 10427388 1784746 146 12212134

Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010

Portanto os dados da tabela 12 mostram que realmente existem vaacuterias

culturas que geram uma taxa de pobreza bem menor que a cultura do fumo mas em

contrapartida existem aquelas que geram taxas de pobreza bem maiores Assim

pode-se dizer que os agricultores familiares que produzem fumo analisam os fatores

56

relacionados agrave matildeo de obra terra maquinaacuterios disponibilidade de capital

conhecimento teacutecnico e agrave lucratividade por atividade optando pela produccedilatildeo mais

rentaacutevel dentre aquelas para as quais possuem capacidade teacutecnica e financeira para

produzir

No quadro 4 podemos ver como ocorre a distribuiccedilatildeo das atividades

agropecuaacuterias entre os domiciacutelios rurais e urbanos Nesse sentido aproporccedilatildeo dos

ocupados em atividades agriacutecolas e que residem em aacutereas urbanas satildeo maiores em

cultivos como cana-de-accediluacutecar algodatildeo e frutas (607 516 e 451

respectivamente) ao passo que no cultivo do fumo cacau milho e arroz essas

proporccedilotildees satildeo bem menores (65 224 245 e 292)

Do ponto de vista da fixaccedilatildeo do homem no campo a cultura do fumo eacute mais

eficiente se comparadas com aquelas mais mecanizaacuteveis em que o contingente de

ocupados em atividades agriacutecolas eacute maior na aacuterea urbana O fato de a produccedilatildeo de

fumo ser pouco mecanizaacutevel no Brasil principalmente na colheita exige a matildeo de

obra familiar sem contar a necessidade da contrataccedilatildeo de matildeo de obra nos

periacuteodos de colheita do produto

Atividade Urbano Rural Urbano () Total Arroz 63133 130781 326 193914 Milho 114789 401228 222 516026 Algodatildeo 4075 3826 516 7901 Cana-de-accediluacutecar 136484 88202 607 224686 Fumo 15105 216376 65 231481 Soja 32958 65664 334 98622 Mandioca 86628 421660 170 508288 Horticultura 233989 361078 393 595067 Frutas 113813 138738 451 252550 Cafeacute 213751 365744 369 579496 Cacau 16683 57796 224 74479 Pecuaacuteria 466018 1295232 265 1761250 Outros cultivos 1625626 3706482 305 5332108 Outros agropecuaacuteria

889452 946815 484 1836267

QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010)

Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010

De acordo com Neder (2014) os municiacutepios brasileiros de maior porte

populacional se dedicam mais expressivamente agraves atividades de serviccedilos e induacutestria

57

(atividades natildeo agropecuaacuterias) ao passo que os municiacutepios com menor populaccedilatildeo

encontram-se mais relacionados agrave pecuaacuteria soja e fumo Dado esse que se

confirma no municiacutepio de Prudentoacutepolis como tambeacutem na grande parte dos

municiacutepios produtores de fumo da regiatildeo Sul do Brasil os quais satildeo caracterizados

pelo baixo contingente populacional sendo que um nuacutemero razoaacutevel deles tem

populaccedilatildeo predominantemente rural

A partir dos dados apresentados nota-se que a agricultura familiar brasileira

tambeacutem produz commodities para o mercado externo como nas cadeias de aves

suiacutenos soja e fumo Redefinindo assim a visatildeo dualista e superando o dilema entre

a agricultura para o mercado interno e a agricultura para exportaccedilatildeo (SILVEIRA

2014)

Portanto sabendo da inegaacutevel dualidade entre as formas de fazer agricultura

no rural brasileiro estando de um lado a agricultura patronal e do outro a agricultura

familiar concorda-se com Elesbatildeo (2007) quando afirma que natildeo tem fundamento

priorizar nem um segmento e nem outro dentro da agropecuaacuteria pois deve-se olhar

para o rural como um territoacuterio de diversidade onde haacute espaccedilo e necessidade para o

desenvolvimento tanto da produccedilatildeo de commoditiescomo tambeacutem para a

diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo na agricultura familiar tendo como escopo para as

pesquisas a heterogeneidade do segmento familiar

58

CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO

Este capiacutetulo tem por objetivo mostrar os processos de ocupaccedilatildeo do territoacuterio

de Prudentoacutepolis como tambeacutem os elementos que proporcionaram a inserccedilatildeo da

cultura do fumo nas unidades familiares a qual contribuiu para a reproduccedilatildeo

econocircmica desses produtores Nesse sentido a caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais

familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de fontes secundaacuterias como o IBGE eacute

fundamental para conhecer o perfil das unidades familiares

31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR

O municiacutepio de Prudentoacutepolis estaacute localizado na mesorregiatildeo Sudeste do

estado do Paranaacute (figura 2) sendo o terceiro municiacutepio paranaense com maior aacuterea

territorial Estaacute situado a latitude 25ordm 12rsquo 47rdquoS longitude 50ordm 58 40 W e na altitude

de 840 metros (IBGE 2010)

A partir de dados do censo demograacutefico (IBGE 2010) constata-se que

atualmente a maior parte da populaccedilatildeo Prudentopolitana reside na aacuterea rural ou

seja do total de 48793 habitantes 54 vivem na aacuterea rural e 46 na urbana

59

Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO Fonte IBGE (2010) Autor VILCZAK A (2015)

A ocupaccedilatildeo territorial do municiacutepio de Prudentoacutepolis se deu principalmente

atraveacutes da entrada de grande contingentes de imigrantes europeus No Paranaacute

entre os anos de 1829 e 1911 chegaram aproximadamente 83012 mil estrangeiros

de origem eslava (SENETRA 2014) os quais se dirigiram em sua maioria para os

arredores de Curitiba Prudentoacutepolis e Mallet

No municiacutepio de Prudentoacutepolis um contingente maior de imigrantes chegou

entre os anos de 1896 e 1897 Por esse fato atualmente cerca de 75 da

populaccedilatildeo satildeo descendentes de imigrantes ucranianos e em menor escala de

poloneses

Conforme Hauresko (2012) Prudentoacutepolis eacute uma das antigas colocircnias do

interior do Paranaacute instalada em 1895 no denominado distrito de Satildeo Joatildeo de

Capanema sendo a construccedilatildeo da estrada de rodagem Rio Grande do Sul ndash Satildeo

Paulo um dos fatores para a atraccedilatildeo desses imigrantes os quais foram inseridos

numa poliacutetica de instalaccedilatildeo de pequenas propriedades

Os lotes de terra eram recebidos pelos imigrantes e deveriam ser quitados na

medida em que prosperassem economicamente Esses lotes eram desmatados

pelos proacuteprios imigrantes onde construiacuteam casas provisoacuterias de madeira para

abrigar a famiacutelia como demonstra a figura 3

60

FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

Fonte Acervo do Museu do Milecircnio em PrudentoacutepolisPR

A colocircnia foi elevada a categoria de Vila no ano de 1906 pelo processo de

desmembramento do municiacutepio de Guarapuava No ano de 1929 foi elevada agrave

condiccedilatildeo de municiacutepio sendo constituiacutedo pelos distritos de Patos Velhos Jaciaba e

Prudentoacutepolis

No iniacutecio da colonizaccedilatildeo a semente de pinhatildeo era o principal alimento de

subsistecircncia para o imigrante De acordo com Zaroski (2001) os imigrantes colhiam

os pinhotildees e os transformavam em farinha e fubaacute atraveacutes dos moinhos caseiros e

assim substituiacuteam as farinhas de trigo e centeio Quando se instalaram

definitivamente em seus lotes esses imigrantes comeccedilaram a produzir as sementes

de trigo e centeio tambeacutem para a subsistecircncia

De acordo com Hauresko (2012) uma das primeiras atividades econocircmicas

significativas para as famiacutelias descendentes de imigrantes foi a extraccedilatildeo da erva-

mate jaacute que eacute uma planta nativa da regiatildeo

Uma das mais importantes induacutestrias do proacutespero municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute incontestavelmente a do matte que o municiacutepio produz abundantemente Fundada a colocircnia de Prudentoacutepolis composta na sua maioria de polonezes ruthenos e ukranianos coube a cada colono um lote de 5 a 10 alqueires de terras feacuterteis (BRASIL1929 p 28-29 citado por Hauresko 2012)

61

As pequenas glebas de terra que os imigrantes possuiacuteam rendiam a eles a

extraccedilatildeo da erva-mate como tambeacutem a produccedilatildeo de alimentos para autoconsumo e

mais tarde para a comercializaccedilatildeo Nessa continuidade os produtos agriacutecolas que

se destacam historicamente na participaccedilatildeo econocircmica do municiacutepio foram o cultivo

de feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata suiacutenos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de

gado (EMATER 2014) Poreacutem a renda gerada por essas culturas era iacutenfima de um

lado pela baixa produccedilatildeo que alcanccedilavam devido agrave ausecircncia naquele periacuteodo de

um pacote tecnoloacutegico que potencializasse a produccedilatildeo e de outro lado pela falta de

mercado para receber esses produtos

Diante disso a produccedilatildeo de fumo foi uma importante atividade geradora de

renda para a agricultura familiar principalmente a partir da deacutecada de 1970 Por

outro lado a inserccedilatildeo dessa cultura tambeacutem eacute resultado do papel que as empresas

fumageiras tiveram na regiatildeo Sul do Brasil Ou seja a produccedilatildeo se definiu e se

consolidou devido principalmente as empresas fumageiras em ir ateacute o fumicultor

devido a competitividade que o setor apresenta

Na primeira metade do seacuteculo XX muitas famiacutelias jaacute se dedicavam a produccedilatildeo

de fumo tanto de corda (consumo proacuteprio) como tambeacutem de folhas de fumo para

venda Produziam em pequenas quantidades pois todo o trabalho era manual

conforme relata o fumicultor

Eu lembro bem quando o meu avocirc fez a estufa para noacutes trabalhar com o fumo foi mais ou menos nos anos de 1960[] foi bom negoacutecio porque outra lavoura natildeo dava tanto lucro noacutes eacuteramos em bastante irmatildeos e todos ajudavam [] natildeo era faacutecil como hoje que temos trator estufa eleacutetrica Antes era tudo feito com os cavalos e a gente trabalhava muito de sol a sol (Fumicultor da Comunidade de Linha Dezembro entrevistado no dia 9 de junho de 2014) Antes de comeccedilar de plantar fumo noacutes produziacuteamos soacute para consumo o feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata porcos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de gado []Nossa situaccedilatildeo financeira era muito difiacutecil [] natildeo tinha uma renda certa passava muitas necessidades principalmente quando precisava para a sauacutede (Fumicultor da Comunidade de Linha Rio Preto entrevistado em junho de 2014)

No municiacutepio a produccedilatildeo de fumo teve grande procura a partir da metade do

seacuteculo XX Tambeacutem houve incentivos principalmente por parte da Souza Cruz uma

vez que a cultura se desenvolveu bem em algumas regiotildees

62

No ano de 2014 a Emater de Prudentoacutepolis registrou a existecircncia de 8100

famiacutelias de agricultores das quais 1813 o que corresponde a 22 estatildeo

envolvidas no sistema de produccedilatildeo integrada de fumos claros com as empresas

fumageiras que atuam no municiacutepio

A figura 4 mostra a concentraccedilatildeo na parte Sul e Central das 1813 famiacutelias

que produzem o fumo em Prudentoacutepolis Essa concentraccedilatildeo estaacute relacionada agrave

topografia e ao clima De acordo com Kraiczek e Antoneli (2012) na regiatildeo Norte do

municiacutepio a produccedilatildeo natildeo eacute realizada devido ao relevo declivoso (figura 5) improacuteprio

para algumas atividades agriacutecolas como tambeacutem pelo fato de as condiccedilotildees

climaacuteticas serem diferenciadas

FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES

FONTE AFUBRA ndash Mapa elaborado a partir das localidades onde se encontram os produtores Org Kraiczek 2014

63

FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

FonteSRTM ndash USGS-USA (2000) ORG Kurta M (2014)

De acordo com o exposto muitas famiacutelias da regiatildeo Norte do municiacutepio se

interessam pelo plantio de fumo principalmente pela geraccedilatildeo de renda e venda

garantida do produto poreacutem natildeo o produzem devido aos fatores limitantes

De acordo com Emater (2014) devido agraves limitaccedilotildees climaacuteticas e topograacuteficas

as culturas que prevalecem naquela regiatildeo satildeo o feijatildeo milho mandioca maracujaacute

uva e produtos de autoconsumo familiar Esses agricultores familiares sinalizam a

falta de opccedilatildeo de cultivo economicamente rentaacutevel bem como a necessidade da

melhoria nas estradas rurais as quais satildeo fundamentais para escoar a produccedilatildeo

A regiatildeo tambeacutem se caracteriza pelo menor niacutevel de mecanizaccedilatildeo da

produccedilatildeo quando comparada com as regiotildees Central e Sul necessitando de matildeo de

obra intensiva para a produccedilatildeo Extensas aacutereas de lavoura satildeo plantadas

manejadas e colhidas manualmente retratando assim a dificuldade do trabalho

nessa regiatildeo (figura 6)

64

FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR

Fonte Vilczak (2014)

A foto da esquerda mostra uma lavoura de feijatildeo que foi plantada agrave matildeo por

um agricultor familiar do Norte do municiacutepio (Comunidade da Linha Barra de Areia)

o agricultor retrata a dificuldade de trabalhar nessa regiatildeo A foto da direita retrata de

que forma se apresenta o relevo daquela regiatildeo

Conforme dados da Emater (2014) a ocupaccedilatildeo do solo no municiacutepio se daacute

pelas lavouras anuais e perenes matas nativas matas naturais de preservaccedilatildeo

permanente reflorestamentos e pastagens Segundo dados do Ipardes (2013) as

atividades agropecuaacuterias que se destacam atualmente na geraccedilatildeo de renda e no

nuacutemero de hectares ocupados por plantio em Prudentoacutepolis satildeo a produccedilatildeo de leite

bovino e o plantio de fumo soja milho feijatildeo preto e trigo Aleacutem dessas outras

atividades de significacircncia menor para a economia satildeo apresentados nos quadros 5

e 6

65

CULTURAS AacuteREA COLHIDA (ha)

PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)

VALOR (R$

100000)

Abacate 1 30 30000

Abacaxi (mil frutos)

1 11 11000 12

Alho 10 53 5300 265

Amendoim (em casca)

15 20 1333 32

Arroz (em casca)

540 1200 2222 926

Aveia (em gratildeo) 90 198 2200 99

Banana 1 9 9000 5

Batata-inglesa 130 3874 29808 3937

Cana-de-accediluacutecar 26 1325 50962 53

Cebola 60 840 14000 798

Centeio (em gratildeo)

90 135 1500 54

Feijatildeo 27300 33040 1210 70323

Fumo (folha) 4400 9701 2205 58206

Laranja 47 940 20000 544

Maracujaacute

106

530 5000 1007

Mandioca 365 8395 23000 2686

Milho 19870 107088 5389 45699

Pecircssego 13 52 4000 94

Soja 23310 73570 3156 68546

Tomate 5 205 50000 217

Trigo 4210 13472 3200 9508

Uva 28 205 7321 372

QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR

FONTE IBGE - Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013

66

PRODUTOS PRODUCcedilAtildeO VALOR (R$ 100000)

Latilde (Kg) 10930 109

Leite (mil litros) 8308 9965

Mel de abelha (Kg) 290000 2900

Ovos de galinha (mil dz) 245 662

QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

FONTE IPARDES 2015 (IBGE SAFRA DE 2013)

Dentre os setores econocircmicos responsaacuteveis pela formaccedilatildeo do PIB do

municiacutepio de Prudentoacutepolis destacam-se os setores de serviccedilos e a agropecuaacuteria

(quadro 7) Com relaccedilatildeo ao setor de serviccedilos o mesmo tambeacutem estaacute relacionado agraves

atividades agropecuaacuterias

O baixo percentual de participaccedilatildeo das induacutestrias no PIB do municiacutepio se

reflete na baixa agregaccedilatildeo de valor sobre os produtos principalmente nos de origem

animal e da fruticultura entre outros produtos que poderiam gerar mais renda para

os produtores se fossem beneficiados por eles proacuteprios

Setor Prudentoacutepolis Paranaacute

Mil R$ ()

Mil R$ ()

Agropecuaacuteria 115127 2791 12816893 675 Induacutestria 35579 863 46858018 2466 Serviccedilos 237699 5762 106694466 5616

Impostos produtos liacutequidos de subsidio

24099 584 23622577 1243

PIB a preccedilo corrente 412504 100 189991954 100 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR

IBGE 2012 Org Vilczak A 2015

De acordo com Emater (2014) existem no municiacutepio quatorze categorias de

agroinduacutestrias as quais satildeo consideradas de pequeno e meacutedio porte com destaque

para as agroinduacutestrias de embutidos e defumados erva-mate farinha de milho e

quirera Sabendo da importacircncia do setor agropecuaacuterio para a economia do

municiacutepio o graacutefico 2 mostra as atividades com maior geraccedilatildeo de renda

67

GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS

FONTE IBGE Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013 Org VILCZAK A (2014)

Se analisarmos somente a renda obtida por cada cultura notaremos que o

feijatildeo e a soja satildeo as que mais geram receita seguido do fumo milho trigo e arroz

Contudo ao analisarmos a receita e a aacuterea cultivada de cada lavoura notamos que a

produccedilatildeo de fumo eacute a mais rentaacutevel

A partir do graacutefico pode-se entender o porquecirc das famiacutelias permanecerem na

atividade fumageira Estas satildeo motivadas principalmente pela renda obtida aleacutem da

constataccedilatildeo a partir de trabalhos de campo de que a maioria dos fumicultores estatildeo

na atividade haacute muitos anos e que esta ocupaccedilatildeo eacute passada de uma geraccedilatildeo para

outra

Noacutes plantamos fumos haacute 15 anos e antes de eu e minha esposa casar eu plantava o fumo com meus pais e minha esposa com os pais dela e agora pegamos uma estufa para noacutes e continuamos na produccedilatildeo [] Jaacute sabemos bem como produzir um fumo de qualidade boa [] jaacute investimos em outras atividades mas natildeo deu lucro igual do fumo [] trecircs anos atraacutes fizemos financiamento para tanques de peixe investi 10 mil reais para fazer os tanques e comprar os alevinos e como noacutes natildeo tinha acompanhamento teacutecnico e muito menos experiecircncia em produzir peixe natildeo tivemos lucros Produzimos feijatildeo milho soja mas a maior renda vem do fumo (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Dezembro em maio de 2014)

926

70323

58206

45699

68546

9508

540

27300

4400

19870

23310

4210

0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000

Arroz

Feijatildeo

fumo

Milho

Soja

Trigo

Aacuterea Plantada (ha) Valor Produccedilatildeo (R$ 100000)

68

A produccedilatildeo de leite tambeacutem tem uma expressiva contribuiccedilatildeo para a

economia do municiacutepio pois nos uacuteltimos anos intensificou-se a dedicaccedilatildeo dos

agricultores familiares nessa atividade Dessa forma muitos dos fumicultores

tambeacutem produzem leite pelo fato de possuir mercado garantido e tambeacutem devido ao

pagamento do leite ser realizado mensalmente o que natildeo acontece com o fumo

Nas propriedades que combinam a produccedilatildeo de leite com a do fumo os agricultores

familiares usam a renda do leite para gastos mensais fixos da famiacutelia e a renda da

safra do fumo eacute investido na propriedade pois gera receitas mais altas

Agora com a renda do fumo e do leite as coisas se equilibraram que com o dinheiro do leite usamos para os gastos do mecircs e quando vendemos a safra do fumo investimos na propriedade jaacute fizemos casa de alvenaria cerca paiol novo galinheiro compramos trator carro [] a gente trabalha mais mas pelo menos natildeo passamos grandes necessidadade (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Visconde de Guarapuavaem maio de 2014)

De acordo com a EMATER (2014) nos uacuteltimos anos houve aumento do

nuacutemero de agricultores familiares que se dedicaram agrave produccedilatildeo de leite e aos

poucos abandonaram o cultivo do fumo A partir dos trabalhos de campo percebe-se

que muitas vezes os mais jovens pretendem investir na atividade leiteira fazer

cursos e se especializar no uso de tecnologias que permitam maior produtividade

dos animais ou seja casais mais novos que pretendem permanecer no campo

geralmente com niacutevel de escolaridade maior buscam ser mais competitivos como

por exemplo o depoimento de um casal que reside na Linha Visconde de

Guarapuava e de outro que reside na Linha Dezembro

Os nossos pais plantam fumo e quando casamos tambeacutem comeccedilamos a produzir fumo e leite e achamos que se noacutes se especializasse soacute na produccedilatildeo de leite a gente teria mais facilidade porque temos pouca terra (5 alqueires) [] agora temos 32 vacas de leite fora os terneiros e temos uma renda ateacute que razoaacutevel por mecircs (Agricultora familiar entrevistada5 na comunidade de Linha Visconde de Guarapuava)

Sempre plantei fumo mas como casei no ano passado eu e minha mulher decedimos plantar fumo somente nesse ano e no proacuteximo ano investir mais no leite que temos mais facilidade apesar de ter que trabalhar todos os dias de manhatilde e de tarde para tirar o leite e ainda durante o dia plantar os pastos [] no fumo natildeo precisa ficar o ano todo trabalhando mas mesmo assim vamos se especializar soacute com a produccedilatildeo de leite e outras lavouras (Fumicultor entrevistado na comunidade de Linha Dezembro)

5 A agricultora relata que atualmente soacute ajuda os pais com as atividades do fumo nos dias de colheita

69

Portanto nota-se que os mesmos usam da racionalidade econocircmica para

definir o que produzir natildeo buscando somente a sobrevivecircncia da famiacutelia e se

especializando nas atividades em que acreditam serem mais eficiente considerando

as caracteriacutesticas de suas propriedades Buscam assim melhorar de vida seguindo

uma racionalidade tipo capitalista

32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS

Como jaacute visto no item anterior o municiacutepio de Prudentoacutepolis sempre possuiu

uma base produtiva alicerccedilada estruturalmente no setor agropecuaacuterio e de acordo

com dados da Emater de Prudentoacutepolis (2014) o puacuteblico que faz parte do rural do

municiacutepio estaacute composto pela categoria Agricultura familiar constando um nuacutemero

de 8100 estabelecimentos Agricultura Patronal com 1750 estabelecimentos e por

40 famiacutelias Indiacutegenas aleacutem daqueles trabalhadores rurais contratados nos periacuteodos

de safra para desenvolver atividades no campo

Nota-se que em Prudentoacutepolis a categoria da agricultura familiar eacute

predominante em relaccedilatildeo agrave patronal Desse modo a caracterizaccedilatildeo dos produtores

rurais familiares a partir de conceitos e dados estatiacutesticos sistematizados para todo o

paiacutes se torna pertinente para que possamos estimar em quais grupos existe a maior

concentraccedilatildeo desses produtores familiares no municiacutepio e qual eacute a dinacircmica de

produccedilatildeo desses grupos A tipologia entre os agricultores familiares tem por objetivo

estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares devido

a sua heterogeneidade (FAOINCRA 2000) Sendo assim o grupo A refere-se

aquele produtor com renda total superior a trecircs vezes o valor da diaacuteria o grupo B ao

produtor com renda total superior a uma vez ateacute trecircs vezes o valor da diaacuteria no

grupo C estatildeo aqueles com renda total superior agrave metade ateacute uma vez o valor da

diaacuteria e por fim o grupo D com renda total igual ou inferior agrave metade do valor da

diaacuteria

A existecircncia de quatro grupos distintos dentro do universo familiar eacute resultante

de vaacuterios fatores como por exemplo a disponibilidade de terras agricultaacuteveis (como

aquelas localizadas na regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis) as tecnologias

empregadas pelas unidades familiares a forma de administraccedilatildeo da propriedade os

70

preccedilos e mercados aos quais a produccedilatildeo eacute destinada fatores climaacuteticos entre

outros Portanto os distintos tipos de produtores satildeo portadores de racionalidades

especificas e buscam se adaptar ao meio em que estatildeo inseridos

O universo agraacuterio eacute extremamente complexo seja em funccedilatildeo da grande diversidade da paisagem agraacuteria (meio fiacutesico ambiente variaacuteveis econocircmicas etc) seja em virtude da existecircncia de diferentes tipos de agricultores os quais tecircm interesses particulares estrateacutegias proacuteprias de sobrevivecircncia e de produccedilatildeo e que portanto respondem de maneira diferenciada a desafios e restriccedilotildees semelhantes (FAOINCRA 2000)

Os dados mais gerais que tratam de variaacuteveis da caracterizaccedilatildeo dos

agricultores familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis pertencem ao censo

agropecuaacuterio de 2006 momento aquele em que o universo da agricultura familiar era

composto por aproximadamente 7409 estabelecimentos sendo que no ano de

2014 a Emater do municiacutepio registrou um nuacutemero aproximado de 8100 agricultores

familiares um aumento de 691 estabelecimentos Esse aumento dos agricultores

familiares no dececircnio pode ser resultado da subdivisatildeo das propriedades jaacute

existentes

Dentre os quatro grupos familiares (Quadro 8) o maior nuacutemero de agricultores

familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis encontra-se no grupo D ou seja aqueles

agricultores familiares descapitalizados e com baixo niacutevel de integraccedilatildeo ao mercado

No grupo A considerado como capitalizado e com grande integraccedilatildeo aos mercados

existe um contingente menor de agricultores

Nuacutemero bastante significativo de produtores familiares estaacute representado pelo

grupo B grupo esse que estaacute em processo de capitalizaccedilatildeo e integrado ao mercado

Os agricultores familiares capitalizados e em processo de capitalizaccedilatildeo satildeo em

menores nuacutemeros que os descapitalizados e os em processo de descapitalizaccedilatildeo

71

Cidade Agricultura familiar por grupo

Nordm Absoluto de estabelecimentos por grupo

familiar

Prud

entoacute

polis

PR

Familiar ndash tipo A 783

Familiar ndash tipo B 2168

Familiar ndash tipo C 1387

Familiar ndash tipo D 3071

Total 7409

QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006

Fonte IBGE 2006

Conforme os dados do IBGE (2006) eacute importante ressaltar que em

Prudentoacutepolis o grupo A representa cerca de 10 do total de estabelecimentos

familiares o que eacute aproximadamente a mesma proporccedilatildeo verificada para o Brasil

onde haacute cerca de 460 mil produtores do grupo A num universo de pouco mais de 4

milhotildees de estabelecimentos familiares

Dentro do universo dos agricultores familiares de Prudentoacutepolis nota-se que a

grande maioria deles independentemente do tipo familiar possui terras proacuteprias

como demonstrado no quadro 9 O fato de a grande maioria possuir terras proacuteprias

estaacute relacionado ao loteamento feito no periacuteodo da colonizaccedilatildeo do municiacutepio sendo

que apesar de ter acontecido a venda e compra de algum desses lotes em termos

gerais a questatildeo do acesso agrave terras permanece inalterada entre os agricultores

familiares locais

72

Variaacutevel

Agricultura familiar por grupo

Nordm Absoluto de propriedades por grupo

no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR

Terras proacuteprias

Familiar ndash tipo A 700

Familiar ndash tipo B 2016

Familiar ndash tipo C 1338

Familiar ndash tipo D 2966

Total 7020

QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)

Com relaccedilatildeo aos tipos de cultivo nota-se pelo quadro 10 que os produtores

de fumo se concentram nos grupos A e B Ou seja do ponto de vista econocircmico a

produccedilatildeo tende a oferecer uma renda maior do que o milho e o feijatildeo por exemplo

visto que a maior concentraccedilatildeo desses agricultores familiares estaacute nos grupos C e D

A maior parte dos produtores de fumo tem um niacutevel alto de integraccedilatildeo com o

mercado quer dizer natildeo satildeo camponeses e sim pequenos capitalistas que visam

lucros mantendo-se competitivos com objetivo de crescimento econocircmico

QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)

Nesse sentido concorda-se com as abordagens ligadas ao capitalismo

agraacuterio segundo as quais a integraccedilatildeo dos fumicultores com as induacutestrias

Grupo familiar Fumo Feijatildeo Milho Soja Familiar ndash tipo A 520 493 540 109

Familiar ndash tipo B 798 1464 1484 110

Familiar ndash tipo C 128 1058 974 56

Familiar ndash tipo D 89 2125 1773 84

Agricultor natildeo familiar

19 76 93 44

Total de

estabelecimentos

1555

5216

4864

403

73

fumageiras oferece maiores oportunidades para capitalizaccedilatildeo ao passo que a

maioria daquelas famiacutelias que produzem feijatildeo e milho estaacute no grupo familiar em vias

de descapitalizaccedilatildeo e descapitalizados auferindo renda menor

Quando somados as colunas do quadro 10 vemos que o nuacutemero para cada

linha supera o total de estabelecimentos de cada categoria apresentados nos

quadros anteriores Isso mostra que haacute muitos fumicultores que natildeo se dedicam

apenas ao fumo mas tambeacutem ao feijatildeo milho e ou soja A partir dai pode-se

levantar a hipoacutetese de que muitos produtores do grupo A manteacutem pequenas

produccedilotildees de feijatildeo eou milho para autoconsumo Outra hipoacutetese eacute que haacute

produtores do grupo B que estatildeo tentando fazer a transiccedilatildeo das culturas de feijatildeo

eou milho para a cultura de fumo motivo pelo qual deram iniacutecio a produccedilatildeo deste

uacuteltimo sem abandonar os cultivos mais tradicionais

No municiacutepio tambeacutem existem dezenove agricultores natildeo familiares que

produzem fumo e usam da matildeo de obra contratada para cultivar a commoditie

devido agrave baixa mecanizaccedilatildeo disponiacutevel para esse tipo de lavouraDesse modo os

agricultores natildeo familiares tambeacutem tecircm interesse na rentabilidade por hectare e no

mercado garantido do fumo

A produccedilatildeo de soja tem uma expressividade na agricultura familiar com

destaque para os grupos A e B O milho e feijatildeo satildeo as culturas que predominam

nos grupos familiares

Para as variaacuteveis ligadas agrave modernizaccedilatildeo da agricultura foi contabilizado o

nuacutemero de tratores existente nas propriedades familiares como tambeacutem a utilizaccedilatildeo

de agrotoacutexicos entre esses grupos mediante dados do IBGE como apresentado no

quadro 11 Dos 7409 estabelecimentos familiares 1384 possuiacuteam trator no ano de

2006 ou seja 18

Nesse sentido pode-se dizer que no ano de 2006 um universo pequeno de

agricultores familiares possuiacutea trator No grupo A 34 dos agricultores tinham

tratores O grupo B foi o menos expressivo nessa variaacutevel com 12 de

estabelecimentos com trator seguidos de 15 no grupo C e de 20 no grupo D

74

Agricultura familiar por grupo de agricultores

Nuacutemero total de estabelecimentos familiares

Nuacutemero de estabelecimentos com tratores

de tratores por grupo familiar

Familiar ndash tipo A 783 269 34

Familiar ndash tipo B 2168 278 12

Familiar ndash tipo C 1387 209 15

Familiar ndash tipo D 3071 628 20

Total 7409 1384 18

QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES

Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015) O uso de agrotoacutexicos eacute feito por uma parcela expressiva de agricultores

familiares posto que 77 deles usam algum tipo desse produto Em termos

percentuais os agricultores familiares do grupo A satildeo os que mais usam seguidos

do grupo B com 82 grupo Ccom 75 epor fim o grupo D com 69 dos

agricultores que fazem uso desse insumo agriacutecola Assim vale notar que o uso de

agrotoacutexicos natildeo estaacute associado apenas agrave produccedilatildeo de fumo pois os grupos

familiares que produzem predominantemente feijatildeo e milho tambeacutem utilizam

produtos quiacutemicos intensamente Nesse sentido concorda-se com DINIZ FILHO

(2011) quando menciona que

[] a incorporaccedilatildeo de elementos econocircmicos e tecnoloacutegicos da agricultura patronal eacute uma estrateacutegia amplamente utilizada por agricultores familiares do mundo todo para se manterem competitivos no bojo da modernizaccedilatildeo agriacutecola embora frequentemente tal incorporaccedilatildeo fique incompleta devido agrave falta de capital para investimentos e das caracteriacutesticas de muitas propriedades familiares tais como pequena dimensatildeo ou relevo inclinado

75

Agricultura familiar por grupo de agricultores

Nuacutemero total de estabelecimentos familiares

Nuacutemero de estabelecimentos que usam agrotoacutexicos

de estab que usam agrotoacutexicos

Familiar ndash tipo A 783 734 93

Familiar ndash tipo B 2168 1794 82

Familiar ndash tipo C 1387 1048 75

Familiar ndash tipo D 3071 2108 69

Total 7409 5684 77

QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS

Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)

Os dados mostram que a agricultura familiar no municiacutepio de Prudentoacutepolis

tambeacutem se beneficia dos aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo da agricultura

concordando com Diniz Filho (2011) quando afirma ser notoacuterio que a monocultura a

mecanizaccedilatildeo e o uso de pesticidas e fertilizantes quiacutemicos satildeo amplamente

disseminados entre os produtores familiares Nesse sentido pode-se dizer que a

agricultura familiar da mesma forma que o agronegoacutecio estaacute preocupada

primeiramente com os lucros do que em usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis e que

busquem somente reproduzir o seu modo de vida

Portanto pode-se afirmar que a produccedilatildeo de fumo eacute considerada uma

atividade que permite renda razoaacutevel para o produtor uma vez que no municiacutepio de

Prudentoacutepolis esses agricultores familiares estatildeo concentrados no tipo familiar mais

capitalizado condizendo assim com os dados mais gerais sobre a agricultura

familiar brasileira apresentados no capiacutetulo anterior segundo os quais a cultura do

fumo gera menor niacutevel de pobreza que culturas alimentares voltadas para o

consumo popular e frequentemente associadas agrave produccedilatildeo de subsistecircncia

Finalmente vale notar que a pesquisa de campo realizada no acircmbito desta pesquisa

corroborou os resultados obtidos pela anaacutelise de dados estatiacutesticos de fontes

oficiais conforme se veraacute a seguir

76

CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO

Este capiacutetulo tem por objetivo expor os dados dos trabalhos de campo

realizados com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela

empresa Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis A

contrataccedilatildeo eacute feita atraveacutes do sistema de produccedilatildeo integrada no qual a empresa

garante a compra de toda a produccedilatildeo fornece assistecircncia teacutecnica aos contratados

define os padrotildees de fumo a serem produzidos de acordo com as demandas de

mercado bem como estipula os preccedilos do quilo de fumo junto ao sindicato dos

fumicultores do Brasil (SINDITABACO)

Na safra de 20142015 duzentos e noventa e cinco produtores familiares de

Prudentoacutepolis foram contratados pela Souza Cruz como fornecedores de fumo Para

dar suporte a esses fumicultores trabalham trecircs instrutores teacutecnicos cada qual

atuando na sua aacuterea de abrangecircncia acompanhando os mesmos associados desde

o iniacutecio ateacute o final da safra

A finalidade do instrutor teacutecnico eacute de prestar assistecircncia aos fumicultores em

todos os processos da produccedilatildeo do fumo como a definiccedilatildeo da quantidade de peacutes

de fumo que seraacute plantada a compra de insumos para produccedilatildeo a realizaccedilatildeo do

seguro da safra juntamente com a Afubra assistecircncia teacutecnica nos tratos culturais da

planta estabelecimento de estimativas de quilos de fumo que o produtor

comercializaraacute com a empresa acompanhamento na colheita secagem

classificaccedilatildeo e a venda do produto

O instrutor teacutecnico entrevistado expotildee que aleacutem da empresa Souza Cruz

outras cinco empresas6 do mesmo ramo atuam no municiacutepio com intuito de contratar

fumicultores atraveacutes do sistema integrado Menciona tambeacutem que natildeo existem

grandes conflitos concorrenciais entre essas empresas como jaacute existiu na deacutecada

de 1990 quando uma empresa fazia o maacuteximo para atrair maior quantidade de

associados Nos uacuteltimos anos cada empresa tem os seus produtores certos natildeo

6Universal Leaf Tabacos Ltda CTA ndash Continental Tobaccos Alliance One Exportadora de Fumo Ltda Premium Tabacos do Brasil SA e a A Japan Tabacco Inc (JTI)

77

existindo alto niacutevel de migraccedilatildeo desses entre as empresas uma vez que todas

trabalham no mesmo sistema e os preccedilos do quilo de fumo satildeo tabelados

A logiacutestica de transporte do fumo da residecircncia do produtor ateacute a usina de

beneficiamento da Souza Cruz eacute terceirizada sendo que no municiacutepio satildeo trecircs

transportadoras credenciadas pela empresa A proacutepria Souza Cruz natildeo possui

depoacutesitos de armazenamento de fumo em Prudentoacutepolis Desse modo as trecircs

transportadoras credenciadas satildeo responsaacuteveis por fazer o recolhimento da

produccedilatildeo direto do depoacutesito do produtor A transportadora coleta o fumo nas

propriedades dos fumicultores com um caminhatildeo de menor porte e no barracatildeo da

proacutepria transportadora eacute feito o transbordo para as carretas que seguem ateacute a usina

de beneficiamento

Como na assistecircncia teacutecnica cada transportadora tambeacutem tem uma regiatildeo de

abrangecircncia para recolher o fumo A produccedilatildeo que sai dos depoacutesitos dos produtores

jaacute estaacute 100 assegurada caso aconteccedila imprevistos com a viagem Apoacutes a

descarga do fumo na usina de beneficiamento a transportadora utiliza o mesmo

frete para trazer os insumos agriacutecolas para a proacutexima safra

Apesar de possuir uma usina de processamento de fumo no municiacutepio de Rio

Negro no Paranaacute a produccedilatildeo do municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute enviada para a usina

de BlumenauSC pois a usina de Rio Negro tem capacidade de atender somente agrave

produccedilatildeo da regiatildeo Oeste e Sudoeste paranaense e tambeacutem do ponto de vista

logiacutestico eacute mais viaacutevel enviar a produccedilatildeo de Prudentoacutepolis para Blumenau

A partir de dados da Afubra da Souza Cruz e dos dados de campo foi

construiacutedo um fluxograma para exemplificar as etapas em que o fumo produzido no

municiacutepio de Prudentoacutepolis passa ateacute chegar ao consumidor

78

FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

Fonte Souza Cruz e AFUBRA 2014

Org VILCZAK A 2015

41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES

As informaccedilotildees que seratildeo apresentadas a seguir dizem respeito a sessenta

famiacutelias entrevistadas e que satildeo contratadas pela empresa fumageira Souza Cruz

no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR

As famiacutelias entrevistadas residem em seis diferentes localidades do municiacutepio

de Prudentoacutepolis sendo elas Comunidade da Linha Dezembro Comunidade da

Linha Visconde de Guarapuava Comunidade da Linha Marcondes Comunidade da

Linha Barra Vermelha Comunidade da Linha Antocircnio Olinto e Comunidade da Linha

Tira Cisma (figura 8) Para localizar esses fumicultores os instrutores teacutecnicos da

Souza Cruz forneceram uma listagem de todos os produtores e de sua respectiva

localidade de residecircncia Cabe destacar que as entrevistas natildeo foram direcionadas e

nem realizadas com a presenccedila desses instrutores

79

FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS

A seleccedilatildeo das localidades foi feita levando-se em conta a maior concentraccedilatildeo

de produtores de fumo e a maior acessibilidade em relaccedilatildeo agrave aceitaccedilatildeo dos mesmos

em responderem os questionaacuterios

Para a realizaccedilatildeo das entrevistas fez-se necessaacuterio o auxiacutelio de um agente

comunitaacuterio que tinha maior contato com os fumicultores para que os mesmos

pudessem responder o questionaacuterio com maior seguranccedila Recorreu-se a esse

meacutetodo pelo fato de alguns fumicultores convidados a participar da entrevista natildeo

ficarem tranquilos suspeitando que se tratasse de uma pesquisa que natildeo favorecia

aos ideais deles uma vez que possuem ldquomedordquo de certas campanhas

governamentais que incentivam o fim do plantio do fumo

As primeiras entrevistas foram realizadas na Linha Dezembro Linha Visconde

de Guarapuava e Linha Marcondes sendo que as mesmas foram conduzidas

juntamente com a agente comunitaacuteria Gabriela Strechar (residente na Linha

Visconde de Guarapuava) e contabilizou um total de 19 fumicultores Na Linha Barra

Vermelha Linha Antocircnio Olinto e Linha Tiram Cisma foram realizadas 41 entrevistas

80

com a ajuda da agente comunitaacuteria Adriana Kutzmy moradora da Linha Barra

Vermelha e que tambeacutem tem grande conhecimentos sobre essas localidade e

moradores

As entrevistas foram realizadas nos meses de novembro e dezembro de

2015 periacuteodo da colheita do fumo A escolha desse periacuteodo para a coleta de dados

possibilitou conhecer a realidade de cada famiacutelia com relaccedilatildeo agraves formas de

produccedilatildeo colheita transporte e secagem das folhas de fumo

Caracterizaccedilatildeo das famiacutelias

a) Escolaridade feminina e masculina por faixa etaacuteria

Para a coleta de dados dessa variaacutevel foram levados em consideraccedilatildeo

somente as mulheres e homens que vivem nas unidades de produccedilatildeo familiar isto eacute

pessoas que migraram para as cidades e aquelas que se casaram e permanecem

no meio rural natildeo seratildeo contemplados nos quadro 13 e 14

Dentre as sessenta famiacutelias entrevistadas contabilizou-se um total de

duzentos e vinte e cinco membros que residem nas unidades de produccedilatildeo familiar

sendo cento e nove mulheres e cento e dezesseis homens

81

Faixa etaacuteria

S idade

escolar

S escolar idade

Ateacute o 5ordm ano

Do 6ordm ao 9ordm ano

Ensino meacutedio

Incompleto

Ensino meacutedio

completo

Ensino Superior

Cursos teacutecnicos

Total de

mulheres

0 - 05 anos 10 - 01 - - - - - 11

05 - 10 anos

- - 04 - - - - - 04

11 ndash 20 anos

- - 05 09 01 05 01 - 21

21 ndash 30 anos

- - 08 - 12 - 01 21

31 ndash 40 anos

- - 06 06 - 01 - - 13

41 ndash 50 anos

- - 14 06 - - - - 20

51 ndash 60 anos

- - 12 - - 01 - - 13

Acima de 61

- 01 04 - - 01 - - 06

Total 10 01 46 29 01 20 01 01 109

Percentual ()

09 01 43 27 01 17 01 01 100

QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Com relaccedilatildeo agraves mulheres entrevistadas pode-se notar um baixo grau de

escolarizaccedilatildeo dentre aquelas que possuem mais de 40 anos as quais no maacuteximo

tecircm ensino fundamental completo exceto uma senhora que estaacute na faixa etaacuteria de

51 a 60 anos e que possui ensino meacutedio completo e que era professora das seacuteries

iniciais Nota-se tambeacutem a existecircncia de duas famiacutelias com filhas cursando

universidade e curso teacutecnicos no periacuteodo da noite sendo que as mesmas trabalham

durante o dia na propriedade inclusive na produccedilatildeo de fumo

82

Todas as filhas dos fumicultores em idade escolar estatildeo matriculadas nas

suas respectivas seacuteries de ensino Na faixa etaacuteria de 21 a 30 anos a maioria tem o

ensino meacutedio completo e natildeo demonstra pretensotildees de fazer curso superior nos

proacuteximos anos

Apesar da baixa escolaridade somente uma pessoa entrevistada e que tem

mais que 61 anos de idade nunca frequentou uma escola

De acordo com as entrevistas percebe-se que grande parte das mulheres

quando terminam o ensino meacutedio migra para alguma cidade com pretensotildees de

estudar ou trabalhar

Faixa etaacuteria

S idade

escolar

S escolar idade

Ateacute o 5ordm ano

Do 6ordm ao 9ordm ano

Ensino meacutedio

Incompleto

Ensino meacutedio

completo

Ensino Superior

Cursos teacutecnicos

Total de homens

0 - 05 anos 09 - - - - - - - 09

05 - 10 anos

- - 08 - - - - - 08

11 ndash 20 anos

- - 05 07 07 03 - - 22

21 ndash 30 anos

- - - 02 03 13 01 - 19

31 ndash 40 anos

- 01 08 06 - 05 01 03 24

41 ndash 50 anos

- - 11 - - - - - 11

51 ndash 60 anos

- - 18 - - - - - 18

Acima de 61

- - 05 - - - - - 05

Total 09 01 55 15 10 21 02 03 116

Percentual ()

07 01 47 13 09 18 02 03 100

QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO

Fonte Pesquisa de campo (2015)

83

No universo masculino da mesma forma que no feminino percebe-se que as

menores escolaridades estatildeo entre aqueles que possuem mais de 40 anos de idade

Um entrevistado que possui entre 31 e 40 anos cursou trecircs anos no ensino

superior poreacutem alega que natildeo tem pretensotildees em curto prazo em concluir ou

trabalhar fora da propriedade devido a melhor qualidade de vida que pode ter em

relaccedilatildeo agrave cidade Nessa mesma faixa etaacuteria (31 a 40 anos) trecircs homens

frequentaram cursos teacutecnicos sendo que dois concluiacuteram teacutecnico em agropecuaacuteria e

um teacutecnico florestal

Um homem entre 21 e 30 anos concluiu haacute dois anos o curso superior em

contabilidade afirmou que jaacute trabalhou na sua aacuterea de formaccedilatildeo mas que nesse

ano decidiu trabalhar na produccedilatildeo de fumo poreacutem tem pretensotildees de voltar a

trabalhar na aacuterea de formaccedilatildeo

b) Estrutura familiar

Para a coleta de dados correspondente agrave variaacutevel apresentada no quadro 15

tambeacutem foram levadas em consideraccedilatildeo somente as pessoas que vivem na unidade

familiar Dessa forma a quantidade de membros que compotildee as famiacutelias

entrevistadas natildeo eacute numerosa apresentando a maior porcentagem de famiacutelias

compostas por trecircs e quatro pessoas (30 e 42) Aquelas com mais de cinco

membros correspondem na sua maior parte por famiacutelias onde os pais da esposa ou

do marido estatildeo vivendo juntos

Nuacutemero total dos

membros das famiacutelias

Nordm de famiacutelias Nuacutemero total de membros

Percentual ()

Um membro 0 0 0

Dois membros 6 12 10

Trecircs membros 18 54 30

Quatro membros 25 100 42

Cinco membros 07 35 12

Seis membros 04 24 6

84

Total 60 225 100

QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Os dados sobre as famiacutelias em que pelo menos um dos membros migrou para

alguma cidade com intuito de trabalhar estudar ou trabalhar e estudar estatildeo

apresentados na tabela abaixo

TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE

Motivos da migraccedilatildeo Nordm de famiacutelias Percentual () Somente estudar (cursos teacutecnicos Universidade)

9 15

Estudar (cursos teacutecnicos Universidade) e Trabalho

14 23

Somente trabalhar 6 10 Nenhum membro migrou

para a cidade 31 52

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)

Nota-se que 48 das famiacutelias entrevistadas tiveram pelo menos um membro

que migrou para a cidade com objetivo de estudar ou trabalhar Os que relataram

que a migraccedilatildeo foi com intuito de estudar afirmam que os estudos estatildeo

relacionados a cursos teacutecnicos e universitaacuterios como jaacute expostos acima

Vale lembrar a existecircncia de famiacutelias em que os filhos ainda natildeo estatildeo em

idades suficientes para fazer um curso teacutecnico ou universidade ou seja nos

proacuteximos anos provavelmente haveraacute um percentual maior de jovens saindo do

campo com intuito de estudar ou trabalhar em outras atividades com maiores

oportunidades que a produccedilatildeo de fumo

Esse processo migratoacuterio da populaccedilatildeo rural para o urbano no caso dos

fumicultores entrevistados pode estar relacionado com aquilo exposto por (2014)

segundo o qual atualmente nas regiotildees rurais brasileiras a migraccedilatildeo jaacute natildeo eacute mais

um processo em que as condiccedilotildees ldquopor mais pobreza que existamrdquo estatildeo

expulsando as pessoas do campo mas sim um movimento que ocorre quando

existem fatores de atraccedilatildeo no meio urbano Poreacutem natildeo devemos desprezar que

nesse processo tambeacutem estatildeo embutidos outros fatores como os culturais e ateacute

85

pessoais ou seja o que se passa pela cabeccedila das pessoas natildeo somente dessas

que vivem no rural e estatildeo indo para a cidade mas tambeacutem daquelas que jaacute vivem

em cidades de menor porte e migram para grandes centros urbanos Contudo essas

questotildees de ordem cultural e pessoal escapam aos objetivos desta pesquisa

Condiccedilatildeo do fumicultor

TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA

Anos Nordm de famiacutelias Percentual ()

0 ndash 5 anos 0 0

6 ndash 10 anos 4 6

10 ndash 15 anos 12 20

15 ndash 20 anos 16 27

21 ndash 25 anos 12 20

26 ndash 30 anos 10 17

Mais de 30 anos 6 10

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

O periacuteodo de tempo com maior expressividade em que esses agricultores

familiares estatildeo envolvidos na atividade fumageira variam em torno de 10 a 30 anos

Nenhuma famiacutelia entrevistada comeccedilou a produzir fumo nos uacuteltimos cinco anos

Esse fato vai ao encontro de dados mais gerais da Afubra (2015) demonstrando

que entre o ano de 2010 e 2014 o nuacutemero de famiacutelias produtoras de fumo caiu de

185160 para 162410

Esse fato estaacute relacionado principalmente agrave migraccedilatildeo de jovens para as

cidades e pelo fato dos casais mais novos que possuem filhos com idades

insuficientes para trabalhar na atividade fumageira buscarem se promover

economicamente atraveacutes de outras atividades

A queda do nuacutemero de famiacutelias na fumicultura nos uacuteltimos anos tambeacutem estaacute

relacionada com a maior escolaridade das pessoas que vivem no rural pois esses

estatildeo se dedicando a atividades selecionadas por eles como mais oportunas eou

mais competitivas Aqui natildeo podemos desconsiderar tambeacutem a opccedilatildeo das famiacutelias

86

natildeo entrarem na atividade fumageira pelas questotildees da sauacutede (contato com

agrotoacutexicos e doenccedila da folha verde)

TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

Nordm de famiacutelias Percentual ()

Pela renda e venda garantida

12 20

Pouca disponibilidade de terras

06 10

Pela renda venda garantida e pouca terra

35 58

Falta de outras opccedilotildees de atividade agropecuaacuteria

07 12

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Das famiacutelias entrevistadas 58 declararam que optam pela produccedilatildeo de

fumo por trecircs motivos principais a renda a garantia de venda e a pouca aacuterea de

terra que possuem Jaacute para 20 das famiacutelias entrevistadas os principais motivos

estatildeo na geraccedilatildeo de renda e venda garantida

As famiacutelias que natildeo declararam a pouca quantidade de terra como empecilho

para a realizaccedilatildeo de outra atividade que substitua por completo a produccedilatildeo de fumo

mencionam que plantam o fumo devido agrave renda e que como estatildeo inseridos na

cadeia produtiva de gratildeos que eacute mecanizada sobra matildeo de obra para trabalhar

com o fumo Esses exemplos demonstram que os agricultores familiares produzem

para maximizar os lucros e crescer economicamente da mesma forma que os

grandes proprietaacuterios como exposto no paradigma da agricultura familiar

A falta de outras atividades agropecuaacuterias tambeacutem foi mencionada por 12

das famiacutelias entrevistadas pois apesar de existir outros tipos de cultivo no municiacutepio

como por exemplo a produccedilatildeo de verduras de morangos de pepinos e de ervas

medicinais essas famiacutelias declararam que esses cultivos natildeo geram uma renda por

hectare como o fumo Uma fumicultora entrevistada na Linha Marcondes comenta

Eu ldquoplantava as coisasrdquo para a merenda escolar aqui da escola [] noacutes tinha que comprar as sementes e tudo o que precisava pra produzir essas verduras [] quando levava na escola ficavam colocando defeito na minha produccedilatildeo [] queriam que eu levasse todo dia dez peacutes de alface na escola [] que lucro eu ia ter ir todo dia na escola levar soacute dez peacutes de alface E

87

ainda recebia soacute depois de 40 dias que entreguei a produccedilatildeo e ainda agraves vezes atrasava [] O fumo eacute muito cansativo soacute que a gente natildeo precisa ficar se humilhando pra comprar a produccedilatildeo da gente a firma leva tudo seja o melhor fumo seja o pior

A fumicultora retrata que apesar do trabalho na produccedilatildeo de fumo ser mais

cansativa que outras atividades o fato de se ter a venda garantida de toda a

produccedilatildeo compensa as desvantagens

TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS

Quantidades de peacutes de fumo

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

25000 - 30000 peacutes 14 23

31000 ndash 50000 peacutes 26 44

51000 ndash 70000 peacutes 05 08

71000 ndash 90000 peacutes 07 12

91000 ndash 120000 peacutes 05 08

121000 -140000 peacutes 03 05

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)

Dentre as famiacutelias entrevistadas a quantidade miacutenima de produccedilatildeo eacute de

25000 peacutes e a maacutexima de 140000 peacutes poreacutem a maior concentraccedilatildeo estaacute ente

31000 e 50000 peacutes A quantidade de peacutes que satildeo plantados estaacute relacionada agrave

matildeo de obra disponiacutevel uma vez que esses fumicultores antes de planejar a

proacutexima safra levam em consideraccedilatildeo primeiramente a relaccedilatildeo entre a quantidade

de matildeo de obra disponivel com a quantidade de peacutes de fumo De acordo com o

instrutor teacutecnico da Souza Cruz uma pessoa consegue produzir em meacutedia 20000

peacutes de fumo por safra (usando matildeo de obra de terceiros somente para os dias de

colheita)

Condiccedilatildeo das terras usadas pelos fumicultores entrevistados

88

TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS

Condiccedilatildeo da terra Nordm de famiacutelias Percentual ()

Somente terra proacutepria 33 55

Terra proacutepria e arrendada 22 37

Somente terras arrendadas 05 08

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Para coletar esses dados foi levado em consideraccedilatildeo o total das terras

usadas pelos fumicultores independentemente da cultura plantada aleacutem do fumo

Desse modo nota-se que a grande maioria possui terras proacuteprias (92) sendo que

55 cultivam somente em terras proacuteprias e 37 aleacutem das terras proacuteprias arrenda

com intuito de aumentar a produccedilatildeo tanto de fumo como de gratildeo e outros Existem

8 que natildeo possuiacuteam terras proacuteprias e que necessitam arrendar para produzir o

fumo

TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES

Somente terra proacutepria Nordm de famiacutelias Porcentagem ()

Ateacute 5 hectares 11 20

6 a 10 hectares 14 25

11 a 15 hectares 8 15

16 a 20 hectares 6 11

21 a 25 hectares 6 11

26 a 30 hectares 2 04

31 a 40 hectares 4 07

Mais de 40 hectares 4 07

Total 55 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Dos sessenta fumicultores entrevistados cinco natildeo possuem terras proacuteprias

E dos cinquenta e cinco que possuem a maior porcentagem de famiacutelias tem ateacute 15

hectares Nesse sentido esses nuacutemeros satildeo compatiacuteveis com os dados mais gerais

da regiatildeo Sul do Brasil onde a maior concentraccedilatildeo de famiacutelias possui ateacute 20

89

hectares de terra (AFUBRA 2015) A aquisiccedilatildeo das terras foi principalmente por

heranccedila e em parcelas menores atraveacutes de compra

Formas de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria das unidades familiares dos fumicultores

entrevistados

Este item refere-se aos tipos de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria que aleacutem do fumo

trazem renda para a unidade de produccedilatildeo familiar Com base nos dados de campo

verificam-se nas propriedades aleacutem da produccedilatildeo do fumo as produccedilotildees de feijatildeo

milho soja erva-mate e a produccedilatildeo de leite

TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES

Tipo de produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nuacutemeros de famiacutelias Percentual ()

Somente fumo 20 33 Fumo e soja 06 10

Fumo soja feijatildeo e milho 20 33 Fumo Soja milho e leite 03 5 Fumo feijatildeo milho e erva-

Mate 11 19

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

De acordo com os dados expostos 33 dos entrevistados afirmam que a

produccedilatildeo da propriedade com pretensatildeo de venda eacute somente o fumo outros 33

aleacutem do fumo produzem soja e feijatildeo seguidos de 19 que se dedicam agrave produccedilatildeo

de fumo feijatildeo milho e erva-mate e menos de 5 declarar produzir para a venda o

fumo a soja o milho e o leite

Nesse sentido 67 dos entrevistados diversificam a produccedilatildeo com intuito de obter

mais fontes de renda Poreacutem alegam que a maior renda por aacuterea plantada vem da

produccedilatildeo de fumo

A produccedilatildeo de eucaliptos (figura 9) tambeacutem eacute bastante comum nas

propriedades pois eacute fonte de energia para a secagem das folhas do fumo Nas

estufas tradicionais o uso de lenha eacute muito maior que nas estufas eleacutetricas

90

FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO

Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2016)

A figura 9 exemplifica uma propriedade de fumicultor que produz a soja para

venda e eucalipto para a secagem do fumo A imagem da esquerda representa a

lavoura de um fumicultor na linha dezembro com produccedilatildeo de soja e ao fundo

notam-se plantaccedilotildees de eucaliptos para usar na secagem das folhas de fumo Na

imagem da direita tambeacutem pode ser vista a lavoura de fumo e ao fundo plantaccedilotildees

de eucaliptos

A erva-mate tambeacutem serve como fonte de renda dos fumicultores sendo que

em aacutereas de faxinal7 os peacutes de erva-mate formam mantidos e outros espaccedilos

usados para o cultivo de soja ou feijatildeo como demonstrado na figura 10 Em algumas

propriedades a erva-mate natildeo eacute nativa e foi plantada nos uacuteltimos anos em escalas

maiores devido agrave rentabilidade

7Por faxinal entende-se as terras tradicionalmente ocupadas para o uso comum de pastagens e florestas no Paranaacute que designam situaccedilotildees em que a produccedilatildeo familiar de acordo com suas possibilidades combina apropriaccedilatildeo privada e coletiva dos recursos naturais (HAURESKO C 2012)

91

FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE

Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2015)

Aleacutem da produccedilatildeo com pretensatildeo de venda nas propriedades visitadas

tambeacutem nota-se a presenccedila da produccedilatildeo para autoconsumo da famiacutelia Essas

alegam que produzem certos produtos para diminuir os gastos com mercado e por

produzirem de acordo com suas preferecircncias alimentares Apenas 6 dos

entrevistados natildeo produzem nada para autoconsumo alegando que comprar sai

mais barato que produzir

TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE

Produccedilatildeo para autoconsumo

Nuacutemero de famiacutelias Percentual ()

Horta 08 13 Horta criaccedilatildeo de galinhas e

porcos 16 27

Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos feijatildeo e milho

07 12

Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos e criaccedilatildeo gado (corte

e leite) feijatildeo e milho

25 42

Nenhuma produccedilatildeo para auto consumo

04 6

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

Sobre a produccedilatildeo de feijatildeo para autoconsumo alguns produtores

mencionam que produzem separadamente o feijatildeo para a venda do feijatildeo para

92

consumo da famiacutelia afirmando que no feijatildeo para venda satildeo aplicados dessecantes

para acelerar o periacuteodo de colheita e no feijatildeo que eacute para o consumo natildeo utilizam

essa praacutetica Esse fato natildeo eacute raro no municiacutepio acontecendo tanto nas pequenas

propriedades como nas grandes Isso demonstra que os agricultores familiares estatildeo

interessados no lucro de sua produccedilatildeo e natildeo tecircm muita preocupaccedilatildeo com as

praacuteticas que os ambientalistas e produtores orgacircnicos qualificam como sustentaacuteveis

Dessa forma eacute desnecessaacuteria a visatildeo dualista ente pequenos e grandes produtores

agriacutecolas concordando entatildeo com Diniz Filho (2011) quando escreve o texto

intitulado Agricultura familiar e meio ambiente o perigo da simplificaccedilatildeo ideoloacutegica

mencionando que organizaccedilotildees como CNBB e MST buscam toda sorte de

argumentos para contrapor o agronegoacutecio agrave agricultura camponesa afirmando que o

agronegoacutecio destroacutei a natureza por estar preocupado com lucros ao passo que os

agricultores familiares tenderiam a usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis porque

buscam somente reproduzir seu modo de vida

A produccedilatildeo de animais como vacas de leite boi para engorda criaccedilatildeo de

porcos e galinhas tambeacutem eacute comum entre os produtores de fumo como mostra a

figura 11

FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

93

Portanto conforme afirma Ternoski (2013) a renda agriacutecola dos

estabelecimentos familiares eacute composta da venda de produtos agropecuaacuterios e de

autoconsumo O autoconsumo eacute a quantidade que a famiacutelia consome em produtos

que produz no estabelecimento podendo ser de origem animal ou vegetal como

tambeacutem da transformaccedilatildeo caseira ou seja esses produtos complementam a renda

dos agricultores pelo fato de natildeo precisarem ser comparados pois se destinados ao

mercado podem gerar receita

Acesso a tecnologias e ao creacutedito agriacutecola

TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES

Nordm de famiacutelias Percentual () Possui uma estufa eleacutetrica 54 90

Natildeo possui estufa eleacutetrica 6 10

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

A Grande maioria dos fumicultores (90) possui em sua propriedade a estufa

eleacutetrica Essas famiacutelias afirmam que quando mudaram da estufa tradicional para a

eleacutetrica os trabalhos com matildeo de obra diminuiacuteram bastante pois para secar o fumo

na estufa eleacutetrica natildeo eacute necessaacuterio amarrar as folhas de fumo como demonstra a

figura 12 Jaacute nas estufas tradicionais em que a secagem natildeo eacute eleacutetrica a

quantidade de matildeo de obra exigida eacute bem maior como demonstrado na figura 13

As famiacutelias que natildeo possuem estufa eleacutetrica mencionam que natildeo pretendem

produzir por muito tempo o fumo desse modo natildeo seria viaacutevel adaptar ao sistema

eleacutetrico Nas propriedades onde a produccedilatildeo eacute maior de 70000 peacutes existem duas

estufas (figura 14)

94

FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO

Fonte Vilczak A Trabalho de campo (2016)

FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS

95

Fonte KUTZMY A Trabalho de campo (2015)

FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)

TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO

Bens adquiridos Nordm de famiacutelias Percentual ()

Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e terras no espaccedilo rural

20 33

Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e

terreno na cidade

6 10

Casa carro e terra 4 7

Carro casa trator e implementos agriacutecolas

26 43

Somente carro e casa 4 7

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

A partir dos dados acima pode-se notar que todos os entrevistados

conseguiram adquirir bens de capital considerados de grande importacircncia como

terrenos trator implementos agriacutecolas casa lotes no periacutemetro urbano entre outros

bens de menor importacircncia como eletrodomeacutesticos aleacutem dos reparos feitos na

96

propriedade que natildeo foram contabilizados pela pesquisa apesar de mencionados

pelos entrevistados As figuras 15 e 16 satildeo de algumas propriedades de produtores

de fumo entrevistados propriedades essas com casas de alvenaria galpatildeo e carro

Desse modo concorda-se com a tese de doutoramento de Manuel Antonio

Nunguiacutea Payas intitulada Empresaacuterio familial rural a integraccedilatildeo agrave agroinduacutestria de

fumo e diferenciaccedilatildeo em que o autor faz um estudo sobre a produccedilatildeo de fumo no

municiacutepio de Rio AzulPR mencionando que os fumicultores integrados estudados

por ele tiveram um aumento no patrimocircnio e que esses natildeo estatildeo inseridos na

produccedilatildeo somente para satisfaccedilatildeo das necessidades de sobrevivecircncia familiar mas

sim agindo no mercado como empresaacuterios investindo o seu capital nas atividades

com expectativa de maiores lucros e menores riscos ou seja analisando o custo de

oportunidade de cada cultura Nesse sentido para o autor o produtor familiar

integrado eacute um empresaacuterio que apresenta como principal caracteriacutestica a matildeo de

obra e propriedade familiares

FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)

97

FIGURA 16 - BENS ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)

A produccedilatildeo de fumo apesar de ser considerada pelos proacuteprios fumicultores

como uma atividade que exige muita matildeo de obra representou melhoria na

qualidade de vida deles pois grande parte das famiacutelias entrevistadas conseguiu

adquirir bens materiais como terras lotes no periacutemetro urbano casa carro trator

entre outros de menor valor bens esses dificilmente adquiridos somente com

atividades agriacutecolas tradicionais como milho feijatildeo e outros A explicaccedilatildeo para que

esses agricultores familiares escolham primeiramente a produccedilatildeo de fumo e natildeo a

produccedilatildeo de alguma cultura tradicional desenvolvida com grande representatividade

no municiacutepio desde a segunda metade do seacuteculo XIX estaacute no custo de

oportunidade dessa cultura Os fumicultores avaliam primeiramente os ganhos

econocircmicos que essa cultura proporciona em relaccedilatildeo agrave quantidade de terras

disponiacutevel em suas propriedades eou por meio de arrendamento

Outro fato que exemplifica a melhoria da qualidade de vida dos fumicultores

pode ser observado no proacuteprio municiacutepio A regiatildeo Norte de Prudentoacutepolis eacute

caracterizada pela produccedilatildeo de culturas tradicionais sendo que na grande maioria

das vezes essas lavouras satildeo realizadas manualmente devido agrave topografia muito

acentuada 8 Essa regiatildeo eacute considerada como menos desenvolvida que a regiatildeo

central e Sul devido agrave baixa produtividade por unidades familiares

Isso natildeo significa que se esteja afirmando aqui que a soluccedilatildeo econocircmica para

os produtores familiares da regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis seria a

8Atividades agriacutecolas consideradas muitas vezes mais penosas que a proacutepria produccedilatildeo de fumo pois esses agricultores carregam sacas de feijatildeo e de espigas de milho nas proacuteprias costas em terrenos muito iacutengremes aleacutem do plantio e dos tratos culturais realizados manualmente ou com traccedilatildeo animal

98

opccedilatildeo pelo cultivo do fumo Apenas constata-se que a inserccedilatildeo dos pequenos

produtores nos mercados e culturas mais seguras economicamente lhes proporciona

uma melhora econocircmica ao passo que tambeacutem o uso de aparatos tecnoloacutegicos

contribui para o aumento da produtividade e consequentemente ganhos monetaacuterios

maiores

Concorda-se com Schultz (1965) quando defende que a eficiecircncia e a

maximizaccedilatildeo do lucro satildeo partes de um sistema econocircmico eficiente e racional

Esse autor considera que todos os agricultores capitalizados ou de subsistecircncia

analisam a relaccedilatildeo entre a entrada de insumos e os resultados econocircmicos da

mesma maneira que os empresaacuterios modernos sendo o produtor um maximizador

de lucros em busca da eficiecircncia econocircmica

Nesse sentido a modernizaccedilatildeo da agricultura e a expansatildeo dos mercados

contribuiacuteram para de um lado expropriar algumas unidades de produccedilatildeo familiar e

de outro transformar agricultores familiares em empresaacuterios rurais com dependecircncia

tecnoloacutegica e financeira do mercado neste caso prevalecendo agrave racionalizaccedilatildeo

econocircmica e o objetivo principal da unidade de produccedilatildeo passando a ser a inserccedilatildeo

no mercado e a ampliaccedilatildeo dos lucros

TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO)

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

Utiliza Frequentemente essa linha de creacutedito

36 60

Utilizou algumas vezes mas natildeo utiliza mais

5 8

Nunca utilizou esse tipo de creacutedito

19 32

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

A grande maioria dos produtores entrevistados (60) utiliza a linha de creacutedito do

PRONAF tanto o custeio agriacutecola como tambeacutem o PRONAF investimento O

PRONAF custeio estaacute ligado agrave produccedilatildeo de gratildeos (soja milho feijatildeo) e o PRONAF

investimento estaacute voltado para a compra de trator implementos agriacutecolas

99

(plantadeiras carretas pulverizadores) e tambeacutem para investimentos com a

produccedilatildeo leiteira (ordenhadeiras e resfriadores)

Os fumicultores que aderiram ao PRONAF mencionam que o creacutedito agriacutecola

possibilitou a compra de trator e a carreta para o transporte do fumo da lavoura para

a estufa preparo do solo aplicaccedilatildeo de agrotoacutexicos etc aquisiccedilatildeo essa impossiacutevel

com pagamento agrave vista A figura 17 mostra tratores e carretas adquiridos por um

fumicultor morador da Linha Dezembroe por um da Comunidade de Linha Antocircnio

Olinto atraveacutes do PRONAF e conforme relata o fumicultor da Comunidade de Linha

Dezembro

Para noacutes o PRONAF eacute bom que financiamos o trator e outros maquinaacuterios [] antes tinha que trazer o fumo com carroccedila e cavalos agraves vezes os bichos ficavam doente na safra agraves vezes morriam [] agora com o trator e a carreta daacute pra trazer mais fumo da roccedila [] para noacutes deu uma grande diferenccedila (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)

FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

O fumicultor da Linha Dezembro relata que adquiriu o trator no ano de 2011

dando como entrada R$ 10000 teve carecircncia de pagamento por dois anos (2012 e

2013) e o restante do valor seraacute quitado entre 2014 e 2019 com parcelas anuais

entre R$ 9000 e R$ 8000 O mesmo comenta que com o dinheiro do fumo

consegue pagar as parcelas nas datas certas para o banco

Os agricultores que possuem trator fazem trabalhos terceirizados para

aqueles que natildeo possuem obtendo assim uma renda extra durante o ano O

fumicultor da Linha Dezembro afirma tambeacutem que a linha de creacutedito do PRONAF

100

trouxe melhora nas condiccedilotildees de trabalho e financeiras pois aumentaram a

produccedilatildeo e a produtividade

Aqueles que mencionaram terem usado a linha de creacutedito do PRONAF mas

que atualmente natildeo usam mais satildeo aqueles que jaacute compraram os implementos

agriacutecolas de que necessitavam e que compram os insumos para o plantio com

pagamento agrave vista ou a prazo na cooperativa agriacutecola mista de Prudentoacutepolis

(CAMP)

Os que nunca usaram as linhas de creacutedito do PRONAF satildeo fumicultores que

tambeacutem compram com pagamento agrave vista ou a prazo por meio da CAMP para pagar

com a produccedilatildeo Jaacute os que possuem trator compram agrave vista ou de vizinhos e

parentes pagando em prestaccedilotildees anuais sem relaccedilatildeo com bancos Esses alegam

ter receio de natildeo conseguir quitar o financiamento e por isso natildeo aderem ao

PRONAF

Outra forma de transportar o fumo da lavoura para a estufa eacute atraveacutes de

caminhonetes e tambeacutem atraveacutes de carroccedilas como mostra as fotos da figura 18

FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

101

TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

Matildeo de obra empregada na atividade fumageira

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

Somente matildeo de obra familiar

4 7

Contrataccedilatildeo de matildeo de obra em todo o periacuteodo da safra

0 0

Contrataccedilatildeo de matildeo de obra somente para a colheita

18 30

Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras em todo o periacuteodo da safra

8 13

Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras

somente para a colheita

30 50

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Nota-se que 63 das famiacutelias usam o sistema de trocas de dias para a

produccedilatildeo de fumo poreacutem 50 desses fazem parcerias somente nos dias de

colheita os quais variam entre um dia e meio a dois dias Essa parceria eacute feita para

natildeo contratar matildeo de obra poreacutem esses fumicultores tecircm um controle da quantidade

dos dias trocados entre eles e no final da safra aquele que estiver devendo horas

trabalhadas acerta em dinheiro conforme o valor da diaacuteria paga para colheita a qual

estaacute em torno de 100 a 120 reais

O tempo de secagem das folhas de fumo na estufa varia entre cinco e seis

dias Apoacutes secas essas folhas precisam ficar mais um dia dentro da estufa para

esfriar ou seja o periacuteodo entre o dia da colheita e o dia de tirar as folhas de fumo da

estufa varia de oito a dez dias e a quantidade meacutedia de colheitas por safra eacute entre

seis e oito

Nesse sentido os meses de novembro dezembro janeiro e parte de fevereiro

satildeo de trabalho intenso motivo pelo qual muitos dos entrevistados afirmam que a

desvantagem de produzir o fumo estaacute relacionada ao trabalho intenso nesses

meses

As famiacutelias com mais de quatro membros com idade suficiente (18 anos) para

estarem envolvidos na produccedilatildeo de fumo alegam que conseguem vencer

tranquilamente os trabalhos somente com a matildeo de obra familiar e que raramente

102

contratam matildeo de obra para a colheita (figura 19) Nessa perspectiva trabalham

intensamente nos dois dias de colheita e no restante dos dias (quando o fumo estaacute

secando) se dedicam a outras atividades da propriedade

FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

Tipos de famiacutelias Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Famiacutelia com apenas um

membro aposentado 10 17

Famiacutelia com dois membros aposentados

8 13

Famiacutelia com membro que recebe bolsa famiacutelia

5 8

Famiacutelia sem nenhum membro que recebe repasse social

37 62

Total 60 100 QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Os dados mostram que 62 das famiacutelias entrevistadas natildeo se beneficiam de

repasses sociais jaacute 17 das famiacutelias satildeo compostas por um membro que recebe

aposentadoria e 13 delas com dois membros aposentados Esses aposentados

natildeo satildeo os responsaacuteveis pela produccedilatildeo de fumo da famiacutelia poreacutem muitos alegam

que ajudam em tarefas consideradas por eles leves como a classificaccedilatildeo das folhas

do fumo jaacute que eacute realizada em ambientes protegidos das intempeacuteries e sentados

Uma parcela de 8 se beneficia do bolsa famiacutelia poreacutem alegam que esse valor

mesmo ajudando nas necessidades dos filhos natildeo eacute a maior parte da renda familiar

103

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos 0 0 Sempre tem problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina ( doenccedila da folha verde) (

acircnsia vocircmitos e mal estar)

25

42

Jaacute teve problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina

(doenccedila da folha verde) ( acircnsia vocircmitos e mal-estar)

16

27

Nunca teve problemas de sauacutede relacionados agrave

produccedilatildeo de fumo

19

31

Total 60 100 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Ao perguntar sobre intoxicaccedilatildeo dos fumicultores por agrotoacutexicos nenhuma

famiacutelia alegou ter acontecido esse fato com os membros da famiacutelia Afirmam que a

quantidade de agrotoacutexico que passam no fumo eacute menor que na soja milho e feijatildeo e

que quando vatildeo manusear agrotoacutexicos fazem o uso dos equipamentos de proteccedilatildeo

individual jaacute que diferente de outras culturas mecanizaacuteveis a pulverizaccedilatildeo do

agrotoacutexico no fumo eacute totalmente manual

Uma parcela expressiva de 69 alega que pelo menos um dos membros da

famiacutelia tem ou jaacute teve intoxicaccedilatildeo por nicotina ao realizar a colheita de fumo esses

que se apresentam de formas distintas de um indiviacuteduo para outro como acircnsia

vocircmitos mal-estar e insocircnia

Uma porcentagem menor composta por 31 das famiacutelias entrevistadas

dizem que nunca nenhum dos membros teve sintomas diferenciados apoacutes o contato

com a folha de fumo

TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO

Desvantagens da produccedilatildeo de fumo

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

Exige muito trabalho 18 30 Exige muito trabalho e causa

problemas de sauacutede 27 45

Falta de matildeo de obra para contratar

8 13

Natildeo vecirc desvantagens em produzir fumo

7 12

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo ( 2015)

104

Dos entrevistados 30 afirmam que a principal desvantagem eacute a

intensificaccedilatildeo do trabalho principalmente nos dias de colheita e aplicaccedilatildeo de

agrotoacutexicos os quais satildeo feitos manualmente Jaacute 45 deles afirmam que a

produccedilatildeo de fumo aleacutem de exigir muito trabalho tambeacutem traz problemas de sauacutede

normalmente aqueles que satildeo mais sensiacuteveis quando em contato com a nicotina

presente nas folhas do fumo (doenccedila da folha verde)

Outra variaacutevel que 13 dos entrevistados consideram desvantagem eacute a

questatildeo da matildeo de obra visto alegarem que principalmente para aquelas famiacutelias

que satildeo compostas de trecircs a quatro membros e que normalmente produzem uma

quantidade maior que a famiacutelia consiga dar conta tecircm muita dificuldade de encontrar

pessoas disponiacuteveis para contratar tendo assim que aumentar as jornadas de

trabalho ou diminuir a produccedilatildeo

Por fim uma parcela de 12 afirma que natildeo haacute qualquer desvantagem em

produzir fumo justificando que independentemente da atividade a ser realizada

deve-se trabalhar Dentre os entrevistados quatro famiacutelias afirmam que preferem

produzir fumo porque natildeo trabalham nos finais de semana e o trabalho natildeo dura o

ano todo como ocorre na produccedilatildeo leiteira que exige o empenho diaacuterio Para esses

a produccedilatildeo de fumo permite uma flexibilizaccedilatildeo do trabalho bem maior que a

produccedilatildeo de leite Nesse sentido pode-se concluir que cada famiacutelia tem preferecircncias

distintas na escolha da atividade que vai ser desenvolvida na propriedade

TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Sempre lecirc 6 10 Agraves vezes 18 30

Jaacute leu mas natildeo lecirc mais 6 10 Nunca leu 30 50

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

Dentre as famiacutelias entrevistadas nota-se que a metade delas nunca leu o

contrato emitido pela Souza Cruz justificando natildeo ter interesse na leitura ou por

saber do conteuacutedo do contrato por meio de vizinhos ou do instrutor teacutecnico

105

Agraves vezes quando a gente pede o instrutor lecirc direito pra gente pois natildeo tenho muito estudo e demora de mais pra ler tudo (Fumicultor da comunidade de Linha Antocircnio Olinto) Natildeo leio porque jaacute sei o que estaacute escrito todo ano eacute igual (Fumicultor da comunidade de Linha Visconde de Guarapuava) Natildeo leio a gente confia na firma (Fumicultor da comunidade de Linha Marcondes) Leio todo o contrato mas depois que assino e que instrutor vai embora (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)

A baixa escolaridade juntamente com poucos haacutebitos de leitura satildeo os

principais fatores que geram contratos assinados sem preacutevias leituras

Expectativas das famiacutelias em permanecer na atividade fumageira

Pretensotildees Nordm de famiacutelias Percentual ()

Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo por tempo

indeterminado

35 58

Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo poreacutem

diminuir a produccedilatildeo

18 30

Pretende parar completamente com a produccedilatildeo de fumo em

pequeno prazo de tempo (1 a 3 anos)

7 12

Total 60 100

QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Conforme demonstrado na tabela acima 58 das famiacutelias pretendem

permanecer com a produccedilatildeo de fumo por tempo indeterminado Jaacute 30 delas

pretendem continuar poreacutem diminuir o volume produzido Essas 30 das famiacutelias

mencionam que querem diminuir a produccedilatildeo pela falta de matildeo de obra uma vez que

os filhos estatildeo com intenccedilatildeo de sair de casa por motivos distintos como estudar

trabalhar em outro ramo etc

Outros 7 do total dos entrevistos tecircm a intenccedilatildeo de parar de produzir fumo

nos proacuteximos trecircs anos afirmando que vatildeo migrar para setores mais competitivos

106

como a soja e o leite Outros afirmam que querem parar porque jaacute estatildeo

aposentados e os filhos pretendem trabalhar em outras atividades de modo que a

famiacutelia tende a ficar pequena demais para essa cultura

Com relaccedilatildeo agrave venda da produccedilatildeo de fumo todos os entrevistados afirmam

que vendem a produccedilatildeo para a empresa integrada poreacutem os quilos produzidos

excedentes ao contrato firmado agraves vezes satildeo vendidos para atravessadores ou ateacute

mesmo para outras empresas Os fumicultores mencionaram que no geral tecircm

uma relaccedilatildeo tranquila com a empresa poreacutem existem safras em que o preccedilo do

quilo do fumo do ponto de vista deles deveria ser maior Esse fato eacute entendido pelo

paradigma da agricultura camponesa como conflito entre a territorialidade

corporativa Souza Cruz e a territorialidade dos fumicultores pelo fato de agricultor

natildeo ter autonomia de decisatildeo do preccedilo pago por quilo do fumo existindo entatildeo certo

conflito muitas vezes ldquosilenciosordquo entre essas territorialidades

Todavia o paradigma da agricultura familiar por natildeo estar baseado em

teorias anticapitalistas explica os processos de formaccedilatildeo de preccedilos a partir de

pressupostos teoacutericos diferentes Numa economia de mercado o vendedor jamais

possui autonomia plena para decidir o preccedilo do seu produto pois satildeo os

compradores que avaliam de acordo com seus objetivos e necessidades quanto

estatildeo dispostos a pagar por um bem ou serviccedilo Mas ao mesmo tempo os

compradores tambeacutem natildeo possuem autonomia para decidir o preccedilo de um produto

ao seu bel prazer pois se o vendedor natildeo considerar a venda vantajosa deixaraacute de

produzir ou de revender o produto em questatildeo para se dedicar a outra atividade

econocircmica mais rentaacutevel No caso em pauta a Souza Cruz eacute obrigada a pagar um

preccedilo que supere o custo de oportunidade para os agricultores familiares de

produzir leite feijatildeo soja ou qualquer outro produto sob pena de a empresa perder

seus fornecedores

Nesse sentido vale recordar as informaccedilotildees apresentadas na Tabela 15 visto que

20 dos entrevistados afirmam ter escolhido produzir fumo devido agrave renda que essa

cultura oferece e tambeacutem agrave garantia de venda b) 58 responderam que essa

escolha se deu em funccedilatildeo da renda da venda garantida e tambeacutem da pouca

disponibilidade de terras em suas propriedades c) 10 citaram apenas a pouca

disponibilidade de terras como motivo para plantar fumo d) 12 afirmaram que essa

opccedilatildeo se daacute apenas pela falta de outras opccedilotildees

107

Outro fator que regula o valor pago por quilo de fumo como jaacute demonstrado no

trabalho estaacute relacionado a oferta e demanda do produto pelo mercado A safra de

20152016 eacute um exemplo na qual devido ao baixo estoque de fumo nos armazeacutens

das empresas e pela procura desse produto por parte dos consumidores o valores

pagos por quilo de fumo aumentaram fato esse notado tambeacutem em outros produtos

do setor do agronegoacutecio

Isso indica que o paradigma da agricultura familiar eacute o que se mostra coerente com

os dados da pesquisa de campo pois fica claro que os produtores familiares optam

pelo fumo em funccedilatildeo de um caacutelculo dos custos de oportunidade que considera os

fatores rentabilidade garantia de renda e disponibilidade de terra de sorte que os

preccedilos praticados pela Souza Cruz tecircm um patamar miacutenimo definido pela avaliaccedilatildeo

que os agricultores fazem desses custos E essa conclusatildeo eacute reforccedilada quando se

relembram as informaccedilotildees da Tabela 19 posto que apenas 33 dos entrevistados

se dedicam exclusivamente ao fumo enquanto os demais produzem e

comercializam tambeacutem outros tipos de produtos tais como leite soja e feijatildeo

Mais uma vez verifica-se que cada famiacutelia tem projetos distintos os quais

estatildeo intrinsecamente relacionados agrave estrutura familiar agrave disponibilidade de terras e

outros fatores gerando estrateacutegias diferenciadas para se reproduzir no campo

havendo desde aqueles produtores que vecircm na atividade fumageira o seu futuro ateacute

aqueles que pretendem migrar o mais raacutepido possiacutevel para outra atividade Nesse

sentido vemos que essas famiacutelias buscam ser competitivas nas atividades que

realizam se dedicando agravequelas que julgam mais rentaacuteveis eou combinando duas ou

mais culturas para obter mais vantagens

108

V - CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O desenvolvimento desta pesquisa baseada no estudo de caso de uma

amostragem de produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis contratados pela

empresa Souza Cruz permitiu demonstrar que os agricultores familiares

entrevistados buscam atraveacutes de suas condiccedilotildees de produtor se inserir em setores

que permitem maximizar seus lucros Portanto a realizaccedilatildeo desta pesquisa eacute

pertinente pelo fato de mostrar que os fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de

commoditie atraveacutes de uma cadeia produtiva competitiva

Dessa forma a caracterizaccedilatildeo dos fumicultores a partir dos grupos A B C e

D se justifica por apresentarem dados oficiais e sistematizados o que contribui para

natildeo generalizar os resultados somente a partir da amostragem dos fumicultores

entrevistados nos trabalhos de campo Demonstrando que no municiacutepio de

Prudentoacutepolis a maior parte dos fumicultores se aproxima daqueles agricultores

familiares do tipo A e B Ou seja aqueles capitalizados e em processo de

capitalizaccedilatildeo indicando que a cultura de fumo estaacute dentre aquelas que geram uma

taxa de pobreza menor no meio rural Essa constataccedilatildeo tambeacutem eacute notada a partir

das entrevistas de campo conforme demonstrado na Tabela 22 posto que todos os

entrevistados conseguiram com a renda do fumo adquirir bens de capital como casa

carro trator terra de cultivo lote no periacutemetro urbano aleacutem daqueles bens de capital

como os eletrodomeacutesticos

Com isso a visatildeo dualista entre agricultura familiar e agronegoacutecio natildeo eacute

compreendida com adequada nesse trabalho pelo fato de existirem muitas formas

de agricultores familiares que se aproximam ao padratildeo do agronegoacutecio como por

exemplo os fumicultores que estatildeo no grupo A e B Desse modo compreende-se

que os fumicultores entrevistados da mesma forma que a agricultura patronal

buscam atraveacutes da modernizaccedilatildeo e do uso de insumos agriacutecolas (agrotoacutexicos e

fertilizantes) meios para permanecerem integrados e competitivos no mercado

Os fumicultores estatildeo inseridos ao complexo agroindustrial fumageiro e por

conseguinte estatildeo prosperando economicamente concordando-se entatildeo com os

pressupostos teoacutericos voltados ao paradigma da agricultura familiar e com autores

como Valente (2008) Diniz (2011) e Navarro (2014) que natildeo costumam fazer uma

109

oposiccedilatildeo radical entre agricultura familiar e agronegoacutecio ao ponto de existir

conflitualidades de interesses entre ambos Ou seja conflito entre a territorialidade

coorporativa da induacutestria fumageira e a territorialidade da agricultura familiar

camponesa

Desse modo a pesquisa tambeacutem natildeo tem por objetivo afirmar que no Brasil

natildeo existam sistemas de produccedilatildeo camponesa poreacutem os dados de campo mostram

que no caso em estudo 67 dos entrevistados natildeo produzem somente fumo e que

esses estatildeo inseridos em outras cadeias produtivas como leite feijatildeo soja e milho

ou seja os fumicultores tem mais opccedilotildees poreacutem acham interessante continuar com o

fumo Esses dados natildeo satildeo diferentes do restante do Brasil natildeo generalizando

somente a partir dos entrevistados

Apesar das oscilaccedilotildees no volume produzido como tambeacutem em relaccedilatildeo ao

mercado do fumo no Brasil e consequentemente no municiacutepio de Prudentoacutepolis

conforme exposto nos capiacutetulos II e III nota-se que essa cultura proporcionou a

ascensatildeo econocircmica desses agricultores familiares sendo que muitos desses

pequenos capitalistas como jaacute mencionado conseguiram adquiri terras para entatildeo

competir nos setores de gratildeos como a soja e o milho que a competitividade eacute

melhor para grandes proprietaacuterios querendo assim dar esse salto e ao mesmo

tempo trabalhando com a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo com intuito de deixar a renda

da propriedade menos vulneraacutevel A partir desses fatos e de acordo com os

resultados dos dados de campo eacute coerente dizer que o direcionamento dos

agricultores entrevistados para o cultivo de culturas que tem maior rentabilidade

proporcionou melhoras nas condiccedilotildees econocircmicas da famiacutelia pois somente com a

lavoura tradicional e pequena criaccedilatildeo de animais natildeo seria possiacutevel conquistar bens

de capital

Nesse sentido Navarro (2014) aponta que o preccedilo dos alimentos consumidos

pelos brasileiros em termos de reais diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas devido a inserccedilatildeo

dos pacotes tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo agriacutecola que proporcionaram o aumento

da produtividade e a consequente queda do preccedilo final contribuindo para a

facilidade de acesso desses produtos por parte da populaccedilatildeo jaacute em contra partida o

custo para uma pessoa manter seu haacutebito de fumar aumentou Ou seja os

agricultores que permaneceram ou inseriram-se na produccedilatildeo de fumo tiveram um

aumento na sua rentabilidade

110

Dessa forma eacute certo que os agricultores familiares entrevistados da mesma

forma que os agricultores patronais buscam aumentar seus rendimentos uma vez

que os dados de campo mostram que uma porccedilatildeo dos fumicultores tem pretensotildees

de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou seja agem no mercado

como pequenos capitalistas Poreacutem esses agricultores ainda natildeo migram totalmente

para outras atividades por ser esta uma das poucas cadeias produtivas compatiacuteveis

com as suas condiccedilotildees de produtor Tambeacutem muitos produtores podem encontrar

dificuldades em migrar para outras culturas que exigem maiores recursos

(SCHOENHALS et al 2009) necessitando assim de linhas de creacuteditos agriacutecolas

direcionados para esses agricultores

Os autores como Fernandes (2008) e Roos (2015) que trabalham na

perspectiva do paradigma da agricultura camponesa afirmam haver conflitualidade

entre os camponeses e as agroinduacutestrias que trabalham no sistema de produccedilatildeo

integrada como eacute o caso da agroinduacutestria fumageira afirmando existir uma sujeiccedilatildeo

da renda dos camponeses uma vez que os agricultores camponeses natildeo possuem

autonomia com relaccedilatildeo ao modo de produzir o produto como tambeacutem na hora de

fixar o preccedilo final da safra Poreacutem natildeo eacute levado em consideraccedilatildeo que o preccedilo do

quilo do fumo pago ao produtor contratado estaacute intrinsecamente relacionado a oferta

e demanda do produto por parte do mercado o que expressa adequadamente o

valor marginal pago muitas vezes aos fumicultores visto que a empresa tambeacutem

deve colocar a sua margem de lucro conforme a demanda do produto

Outra questatildeo voltada ao paradigma camponecircs eacute em relaccedilatildeo agrave

industrializaccedilatildeo da agricultura e apontada por Fernandes (2013) como um processo

que resulta no desenvolvimento desigual e contraditoacuterio no campo que deixa as

unidades camponesas de produccedilatildeo se tornar mais vulneraacuteveis ao capital Poreacutem os

dados da Tabela 23 mostram que 68 dos entrevistados usam ou jaacute utilizaram

alguma linha de creacutedito agriacutecola para o investimento em maquinaacuterios agriacutecolas

afirmando que conseguem tem uma produtividade maior e que conseguem pagar as

prestaccedilotildees desses maquinaacuterios tranquilamente

Sabendo que Ploeg (2009) afirma que o camponecircs eacute caracterizado por lutar

por sua autonomia uma vez que conforme apontado pro Thomaz Juacutenior (2008) a

loacutegica do capital impotildee que o agricultor esteja preso a gestatildeo de uma empresa e natildeo

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mais de sua famiacutelia natildeo se completa para essa pesquisa uma vez que a explicaccedilatildeo

para a empresa estabelecer os seus moldes de produccedilatildeo se baseia na demanda do

produto pelo mercado instituindo assim para os seus contratados os tipos de fumos

com maiores demandas o que justifica a empresa impor o tipo de variedade de fumo

que quer comprar como tambeacutem os tratos culturais necessaacuterios para se chegar ao

produto desejado

Contraditoacuterio ao que foi exposto por Paulino e Almeida (2010) quando

mencionam que o campesinato deve ser considerado como uma contradiccedilatildeo e natildeo

como uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeo capitalista os resultados da

pesquisa mostraram que a articulaccedilatildeo com os modelos de produccedilatildeo capitalistas

proporcionaram a permanecircncia de agricultores familiares no espaccedilo rural uma vez

que os aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo que eacute bastante disseminada entre

agricultores familiares induziram o aumento da rentabilidade diminuindo assim as

taxas de pobreza Aleacutem disso nota-se que o fumicultores sendo pequenos

capitalistas natildeo buscam somente a reproduccedilatildeo do modo de vida mas sim agem no

mercado investindo em setores mais rentaacuteveis adequado para a sua condiccedilatildeo de

produtor com pretensatildeo de torna-se um agricultor ainda mais competitivo

Mais uma vez defende-se que a inserccedilatildeo dos agricultores familiares aos

mercados capitalistas natildeo deve ser entendido a partir de um dualismo estando de

um lado o agronegoacutecio e de outro o camponecircs como jaacute ressaltado por Schneider

(2006) que tanto um quanto outro grupo estaacute interessado em um mesmo processo

que eacute o da produccedilatildeo e o do consumo Nesse sentido eacute importante se trabalhar com

a heterogeneidade da agricultura familiar para assim se pensar como esses

agricultores podem se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo

Portanto a presente pesquisa embasada nos dados de campo mostra que a

cultura de fumo ateacute entatildeo eacute a principal orientaccedilatildeo financeira dos agricultores

familiares entrevistados seguidas de outras estrateacutegias de reproduccedilatildeo como o

cultivo da soja produccedilatildeo de leite feijatildeo milho Demonstrando dessa forma que os

mesmos buscam maximizar seus lucros e diversificar sua produccedilatildeo para diminuir a

vulnerabilidade econocircmica da propriedade Contudo pode afirmar atraveacutes do

paradigma da agricultura familiar que os fumicultores considerados como pequenos

capitalistas se reproduzem no mercado sob pressatildeo das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e

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da concorrecircncia e buscam ser competitivos natildeo havendo incompatibilidade ou

conflitos dos agricultores familiares para com o capital

113

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123 SINDICATO INTERESTADUAL DA INDUacuteSTRIA DO TABACO (SINDITABACO) Disponiacutevel em lthttpsinditabacocombrgt Acesso em 01042015 SOUZA MJLde O territoacuterio sobre o espaccedilo e poder autonomia e desenvolvimento In CASTRO IE de GOMES PC da C CORREcircA RL (Orgs) Geografia Conceitos e temas 5 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2003 ldquoTerritoacuteriordquo da divergecircncia (e da concepccedilatildeo) em torno das imprecisas fronteiras de um conceito fundamental In SAQUET MA SPOSITO E S (Org) Territorio e territorialidade teorias processos e conflitos Satildeo Paulo UNESP 2009 O territoacuterio Sobre espaccedilo e poder autonomia e desenvolvimento In CASTRO I E De CORREcircA R L amp p C (Org) Geografia Conceitos e Temas Rio de Janeiro Ed Bertrand Brasil 2005 SPOSITO E S Redes e cidades Satildeo Paulo UNESP2008 SOUZA CRUZ Relatoacuterio da administraccedilatildeo Periacuteodo de 3 meses findo em 31 de marccedilo de 2015 SOUZA CRUZ Nossa histoacuteria 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLive DO7V9K2Wopendocumentgt Acesso em 04022015 British American Tabacco 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLive DO7V9KSXopendocument gt Acesso em 02042015 Distribuiccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em lthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLive DO7V9J5Zopendocumentgt Acesso em 02042015 Mercado de cigarros 2015 Disponiacutevel em ltlthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLiv eDO7V9KNXopendocumentgt Acesso em 03042015 Instituto Souza Cruz 2015 Disponiacutevel em lthttpwwwsouzacruzcombrgroupsitesSOU_7UVF24nsfvwPagesWebLive DO7V9Q36opendocumentgt Acesso em 20062015 SPIES R O processo de Especializaccedilatildeo Produtiva da Microrregiatildeo Fumicultura de Santa Cruz do Sul- RS Santa Cruz do Sul UNISC 2000 TERNOSKI S Estrateacutegias de melhoria da renda da agricultura familiar Anaacutelise a partir da base social da CresolPrudentoacutepolis Dissertaccedilatildeo ( Mestrado em Desenvolvimento Regional) Universidade Tecnoloacutegica Federal do Paranaacute Pato Branco 2013

1

THOMAZ JA Trabalho e territoacuterio em disputa In PAULINO E T FABRINI J E (Orgs) Campesinato e territoacuterios em disputa Satildeo Paulo SP Expressatildeo Popular 2008 P 327-356 UNIVERSAL CORPORATION ndash Fundation Disponiacutevel em lthttpwwwuniversalcorpcomFoundationDefaultaspx gt VALVERDE RRHF Transformaccedilotildees no conceito de Territoacuterio GEOUSP ndash Espaccedilo e tempo Satildeo Paulo N 15 pp 119 ndash 126 2004 Disponiacutevel em lt httpwwwgeografiafflchuspbrpublicacoesGeouspGeousp15Artigo8pdfgt Acesso em 30 de outubro de 2015 VALENTE A L E F Algumas reflexotildees sobre a polecircmica Agronegoacutecio versus Agricultura Familiar Brasiacutelia Texto para Discussatildeo 29 Brasiacutelia Embrapa Informaccedilotildees tecnoloacutegicas 2008 78p VENTURA Magda Maria O estudo de caso como modalidade de pesquisa Revista da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro v 20 n 5 p383-386 setout 2007 Disponiacutevel em lthttpsociedadescardiolbrsocerjrevista2007_05a2007_v20_n05_art10pdfgt Acesso em 20122015 VEIGA JE O desenvolvimento agriacutecola uma visatildeo histoacuterica Satildeo Paulo Hucitec 1991 Cidades imaginaacuterias Campinas Autores associados 2002 Muita fantasia sobre um uacutenico assunto Folha de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 28 Jan 2004 Dinheiro B2 VOGT O P A produccedilatildeo de fumo em Santa Cruz do Sul ndash RS (1849-1993) Santa Cruz do Sul Edunisc 1997 WANDERLEY Maria de Nazareth B O mundo rural como um espaccedilo de vida reflexotildees sobre a propriedade da terra agricultura familiar Porto Alegre editora da UFRGS 2009 WANDERLEY Maria de Nazareth Baudel Raiacutezes Histoacutericas do Campesinato Brasileiro In TEDESCO Joatildeo Carlos (Org) Agricultura Familiar Realidades e Perspectivas 2a Ed Passo Fundo EDIUPF 1999 Cap 1 p 21-55 ZAROSKI N G A utilizaccedilatildeo do tempo pelos imigrantes ucranianos de Prudentoacutepolis 1940-1960 50f TCC (Graduaccedilatildeo em Histoacuteria) Curitiba UFPR 2001

2

ANEXOS

1ordm Trabalho de Campo Conhecimento da aacuterea de estudo e visita a 10 propriedades que produzem fumo haacute mais de 10 anos Data do campo mecircs de Julho e Agosto de 2014

1) Qual foi o ano em que iniciou as atividades na produccedilatildeo de fumo

2) Qual eacute o motivo que trabalha na produccedilatildeo do fumo

3) A matildeo de obra na atividade fumageira eacute muito desgastante

4) Sua propriedade eacute diversificada Quais as culturas que produz na

propriedade aleacutem do fumo

5) Qual eacute a maior renda da propriedade

6) Como eacute feita a classificaccedilatildeo das folhas de fumo destinadas a venda

2ordm Trabalho de campo Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio Aplicado ao orientador teacutecnico da Souza Cruz o qual representa a Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis Orientador teacutecnico Tarciacutesio Kraiczek Data da entrevista 13072015

1 Quantos orientadores teacutecnicos a empresa possui no municiacutepio de

Prudentoacutepolis

2 Haacute quantos anos vocecirc trabalha na assistecircncia teacutecnica para os

fumicultores associados da Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis

3 Quantos associados a empresa Souza Cruz teve na safra de 2014

4 Quais satildeo as empresas fumageiras concorrentes da Souza Cruz no

municiacutepio Qual a relaccedilatildeo entre essas empresas

5 A empresa Souza Cruz tem alguma unidade de recebimento do fumo no

municiacutepio de Prudentoacutepolis para a produccedilatildeo ficar armazenada antes de

ser enviado para uma usina de Processamento de fumo

3

6 Para qual das trecircs usinas de processamento o fumo produzido no

municiacutepio eacute envido

7 A empresa tem uma cota miacutenima e maacutexima de peacutes de fumo por

produtor

8 Qual eacute a meacutedia de peacutes de fumo uma pessoa consegue produzir por

safra

9 No seu ponto de vista como orientador teacutecnico como se daacute a relaccedilatildeo

entre a empresa Souza Cruz e os fumicultores do municiacutepio

10 Qual a relaccedilatildeo da empresa para com os projetos de diversificaccedilatildeo da propriedade

3ordm Trabalho de Campo Entrevista de campo para obtenccedilatildeo de dados socioeconocircmicos dos produtores

de fumo da empresa Souza Cruz do municiacutepio de Prudentoacutepolis - PR

Data do campo Novembro e Dezembro de 2015 1- Caracterizaccedilatildeo da famiacutelia

Membros Idade Gecircnero Escolaridade (escola puacuteblica ou privada)

Fumicultor Eacute fumante

Motivos do ecircxodo

1 2 3 4 5 6 7 8

2- Haacute quantos anos trabalha na atividade fumageira

3- Qual o motivo pela opccedilatildeo de produzir fumo

4- Pretende permanecer na atividade fumageira Quais motivos Por qual

atividade substituiria a produccedilatildeo de fumo

4

5- Possui estufa eleacutetrica de secagem do fumo

6- Quais bens capitais vocecirc conseguiu adquirir com a renda oriunda da

produccedilatildeo de fumo

7- Possui na propriedade

( ) Trator ( ) Carro ( ) moto ( ) telefone ( ) internet

8- Posse da terra e quantidade de alqueires

( ) Proacutepria ____ ( ) Arrendada e Parceiro _____

( ) Arrendada ____ ( ) Proacutepria e Arrendada _____

( ) Proacutepria e Parceiro ____

9- Se for proacutepria como adquiriu essas terras

10- Satildeo plantados por ano quantos peacutes de fumo Quantidade de aacuterea

utilizada

11- Faz contrataccedilatildeo de matildeo de obra para a produccedilatildeo de fumo

( ) Sim ( ) Natildeo

12- Se existe a contrataccedilatildeo de matildeo de obra em que periacuteodo da safra

acontece

( ) Todo o periacuteodo da safra ( ) Tratos culturais ( ) Plantio ( )

Classificaccedilatildeo ( ) Colheita

13- Vocecirc lecirc o contrato da sua produccedilatildeo com a empresa Souza Cruz

Justifique

14- Aleacutem da produccedilatildeo de fumo quais outras atividades agropecuaacuterias satildeo

realizadas na propriedade para garantir a renda da famiacutelia

Para comercializaccedilatildeo Para consumo na propriedade

5

15- De qual atividade realizada na propriedade vem a maior renda

16- Como eacute a sua relaccedilatildeo com a empresa descreva o seu ponto de vista

17- Vende toda a produccedilatildeo para a empresa associada

18- No seu ponto de vista quais satildeo as vantagens e desvantagens de produzir

fumo

19- Em relaccedilatildeo agrave sauacutede e produccedilatildeo de fumo houve casos na famiacutelia de

A) Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos

B) Intoxicaccedilatildeo por nicotina (doenccedila da folha verde)

C) Problemas ortopeacutedicos

D) Transtornos mentais (depressatildeo ansiedade esquizofrenia etc)

E) Outros __________________________________________

20- Haacute incentivos governamentais para o desenvolvimento de outras atividades

e o consequente abandono do ramo fumageiro Se sim quais e por que natildeo

houve migraccedilatildeo para outra atividade

21- A partir do momento em que vocecirc comeccedilou a produzir o fumo acha que

suas condiccedilotildees financeiras melhoraram

22- Participa do PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar)

23- Na famiacutelia tem algum membro que recebe algum tipo de repasses de

programas sociais Se sim quais

24- Vocecirc tem conhecimento de algum projeto de diversificaccedilatildeo de

propriedades que estaacute sendo realizado por oacutergatildeos puacuteblicos no municiacutepio

  • AGRADECIMENTOS
  • Palavras chave Agricultura Familiar Fumicultura Abordagens Paradigmaacuteticas
  • Keywords Family farming Tobacco Farming Paradigmatic Approaches
  • LISTA DE SIGLAS
  • SUMAacuteRIO
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS
  • 11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA
  • ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR
  • CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS
  • CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
  • 21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
  • 22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL
  • CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO
  • 31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR
  • 32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS
  • CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO
  • 41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES
  • REFEREcircNCIAS
  • ABRAMOVAY R Paradigmas do capitalismo agraacuterio em questatildeo Satildeo
  • Paulo Hucitec 1992 275 p
  • Disponiacutevel em lthttpwwwaointlcomaugt Acesso em 27082015
  • FERNANDES B M MST Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra
  • GERMER Claus A irrelevacircncia praacutetica da agricultura ldquofamiliarrdquo para o
  • INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA (IBGE)
  • WebLiveDO8U4Q3Nopendocumentgt Acesso em 05082015
  • OBSERVATOacuteRIO DA POLITICA NACIONAL DE CONTROLE DO TABACO
  • ROSEacuteLIA P Induacutestria e territoacuterio no Brasil Contemporacircneo Editora
  • SINDICATO INTERESTADUAL DA INDUacuteSTRIA DO TABACO
  • SPOSITO E S Redes e cidades Satildeo Paulo UNESP2008
  • SPIES R O processo de Especializaccedilatildeo Produtiva da Microrregiatildeo
  • Fumicultura de Santa Cruz do Sul- RS Santa Cruz do Sul UNISC 2000
  • VOGT O P A produccedilatildeo de fumo em Santa Cruz do Sul ndash RS (1849-1993)
  • Santa Cruz do Sul Edunisc 1997
  • ZAROSKI N G A utilizaccedilatildeo do tempo pelos imigrantes ucranianos de
  • ANEXOS
Page 7: AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUÇÃO DE FUMO: ESTUDO DE …

7

RESUMO O presente trabalho visa analisar os resultados obtidos pela agricultura familiar no cultivo do fumo levando em consideraccedilatildeo as razotildees econocircmicas pela opccedilatildeo em produzir a cultura Desse modo o estudo de caso dos fumicultores de Prudentoacutepolis-PR fornece subsiacutedios para a avaliaccedilatildeo criacutetica dos dois principais paradigmas de estudo do agro na geografia rural e ciecircncias afins ou seja o paradigma da agricultura familiar e da agricultura camponesa Para tanto utilizou-se de revisotildees bibliograacuteficas de autores que trabalham nas distintas linhas paradigmaacuteticas como tambeacutem da caracterizaccedilatildeo dos agricultores familiares produtores de fumo atraveacutes do uso de fontes secundaacuterias (Censos agropecuaacuterios) aleacutem da aplicaccedilatildeo de questionaacuterios para um universo de sessenta fumicultores contratados pela empresa Souza Cruz em Prudentoacutepolis A partir das revisotildees bibliograacuteficas e dos dados obtidos no estudo de caso levantou-se a hipoacutetese de que o paradigma da agricultura camponesa natildeo eacute adequando para explicar a realidade estudada Palavras chave Agricultura Familiar Fumicultura Abordagens Paradigmaacuteticas

ABSTRACT

The aim of this study is to analyze the results obtained by family farming in the cultivation of tobacco considering the economic reasons for the choice to produce the crop Thus the case study of Prudentoacutepolis-PR tobacco growers provides subsidies for the critical evaluation of the two main paradigms of agro studies in rural geography and related sciences that is the paradigm of family farming and peasant farming For this purpose bibliographic reviews of authors working in different paradigmatic lines were used as well as the characterization of family farmers tobacco growers through the use of secondary sources (Census of agriculture) and the application of questionnaires to a group of sixty tobacco growers hired by Souza Cruz company in the city of Prudentoacutepolis From the literature review and the obtained data in the case study we raised the hypothesis that the paradigm of peasant farming is not suitable to explain the studied reality Keywords Family farming Tobacco Farming Paradigmatic Approaches

8

LISTA DE SIGLAS

AFUBRA - Associaccedilatildeo dos Fumicultores do Brasil

BAT - British American Tobacco

CBFF ndash Companhia Brasileira de Fumo em Folha

DERAL - Departamento de Economia Rural

EMATER ndash Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IPARDES (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social)

PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

SEAB - Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento

SINDITABACO ndash Sindicato Interestadual da Induacutestria do Tabaco

9

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA 46 Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 59 FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 60 FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES 62 FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 63 FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR 64 FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR78 FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 79 FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO 90 FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE 91 FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA 92 FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO 94 FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS 94 FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO 95 FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA 96 FIGURA 16 - BENS ADQUiRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA 97 FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF 99 FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA 100 FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO 102

10

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL 39 TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO 41 TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013 42 TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012 42 TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute 46 TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006 48 TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006 50 TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006 51 TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000 52 TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006 53 TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012 54 TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010) 55 TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE 84 TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 85 TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 86 TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS 87 TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 88 TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES 88 TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES 89 TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE 91

11

TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES 93 TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO 95 TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO) 98 TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO101 TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO 103 TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS 104

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA 36 QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL 44 QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314 47 QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010) 56 QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR 65 QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR66 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR 66 QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006 71 QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 72 QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR 72 QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES 74 QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS 75 QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 81 QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 82 QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 84

12

QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS 102 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS 103 QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 105

LISTA DE GRAacuteFICOS

GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO45 GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS 67

13

SUMAacuteRIO INTRODUCcedilAtildeO 14 CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS 19

11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA 19

12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR 23

13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS 27

CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32

21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32 22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL 47

CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO 58

31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR 58

32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS 69

CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO 76 41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES 78 REFEREcircNCIAS 113 ANEXOS 2

14

INTRODUCcedilAtildeO

De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de

fumo sendo que essa produccedilatildeo encontra-se concentrada nos estados do Rio

Grande do Sul Santa Catarina e Paranaacute alimentando uma cadeia produtiva com

envolvimento de 25 milhotildees de pessoas o qual inclui setores como a produccedilatildeo

transporte comercializaccedilatildeo industrializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e exportaccedilatildeo (AFUBRA

2011)

No municiacutepio de Prudentoacutepolis a atividade fumageira tem grande relevacircncia

econocircmica principalmente para a agricultura familiar uma vez que os dados do

Censo Demograacutefico de 2010 mostram que 54 da populaccedilatildeo residem na aacuterea rural

existindo um nuacutemero maior de unidade de produccedilatildeo familiar em detrimento das

unidades patronais de produccedilatildeo

A produccedilatildeo de fumo em Prudentoacutepolis eacute realizada somente nas regiotildees

Central e Sul do municiacutepio devido ao clima e topografia dos solos favoraacuteveis agrave

cultura Outro fator que tambeacutem ocasiona a atraccedilatildeo para a fumicultura eacute a

possibilidade de usufruir de pequenas aacutereas de terras deixando disponiacutevel o

excedente da propriedade para outras atividades que somem na geraccedilatildeo de renda

Nesse sentido o objetivo da pesquisa eacute analisar os resultados obtidos pela

agricultura familiar com essa cultura e as razotildees econocircmicas de sua opccedilatildeo pelo

fumo Portanto uma contribuiccedilatildeo desse estudo de caso eacute fornecer subsiacutedios para a

avaliaccedilatildeo criacutetica dos dois principais paradigmas de estudo do agro na geografia rural

e ciecircncias afins

Para a realizaccedilatildeo do presente trabalho foi fundamental atraveacutes das

abordagens sobre a agricultura familiar e camponesa avaliar se realmente existe

uma oposiccedilatildeo entre agricultor familiar e o agronegoacutecio no caso do setor fumageiro

uma vez que o fumo eacute uma commoditie de exportaccedilatildeo e a produccedilatildeo eacute realizada por

pequenos produtores Para tanto foi realizada uma revisatildeo bibliograacutefica sobre os

paradigmas da agricultura familiar e da agricultura camponesa na geografia rural e

aacutereas de pesquisa afins com a finalidade de identificar os conceitos de territoacuterio e

territorialidade derivados desses paradigmas Foram feitas tambeacutem uma

caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de

15

fontes secundaacuterias (Censos Agropecuaacuterios e outras) e uma pesquisa de campo

mediante a aplicaccedilatildeo de questionaacuterio com o fim de caracterizar os produtores rurais

desse municiacutepio contratados pela empresa Souza Cruz como fornecedores de

tabaco

Nesse sentido buscou-se metodologicamente envolver teacutecnicas de base

qualitativa sendo que esse tipo de abordagem se caracteriza por ldquoanalisar e

interpretar os dados refletir e explorar o que eles podem propiciarrdquo (OLIVEIRA

2010) A pesquisa quantitativa tambeacutem faz parte deste estudo uma vez que traz

algumas teacutecnicas que possibilitam a busca de informaccedilotildees e dados mais amplos

muitas vezes impossiacuteveis de serem alcanccedilados somente pelo pesquisador como por

exemplo aqueles dados disponibilizados pelos oacutergatildeos puacuteblicos como EMATER

(Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural) IPARDES (Instituto Paranaense

de Desenvolvimento Econocircmico e Social ) IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica) e DERAL (Departamento de Economia Rural) O meacutetodo quantitativo

considera que tudo eacute quantificaacutevel ou seja significa traduzir opiniotildees e informaccedilotildees

em nuacutemeros que seratildeo classificados e analisados

Os meacutetodos qualitativos e quantitativos natildeo se excluem Embora difiram quanto agrave forma e agrave ecircnfase os meacutetodos qualitativos trazem como contribuiccedilatildeo ao trabalho de pesquisa uma mistura de procedimentos de cunho racional e intuitivo capazes de contribuir para a melhor compreensatildeo dos fenocircmenos Pode-se distinguir o enfoque qualitativo do quantitativo mas natildeo seria correto afirmar que guardam relaccedilatildeo de oposiccedilatildeo (POPE MAYS 1995 p42)

Sendo assim no iniacutecio do desenvolvimento do presente estudo foi realizada

uma entrevista com questotildees semiestruturadas (em anexo) para um grupo de dez

fumicultores contratados pela empresa Souza Cruz e que estatildeo na atividade

fumageira haacute mais de dez anos Esse puacuteblico foi escolhido intencionalmente a partir

dos dados da localizaccedilatildeo das propriedades dos associados da empresa no

municiacutepio de Prudentoacutepolis Recorreu-se a esse meacutetodo pois os dados obtidos em

campo eram necessaacuterios para poder avaliar as abordagens ligadas ao paradigma da

agricultura camponesa e da agricultura familiar e que natildeo poderiam ser obtidos

atraveacutes de fontes secundaacuterias

Posteriormente foi realizada uma entrevista com perguntas semiestruturadas

(em anexo) para o instrutor teacutecnico da Souza Cruz jaacute que o mesmo representa a

16

empresa no municiacutepio Essa entrevista teve como objetivo analisar o ponto de vista

da empresa sobre a atividade fumageira na localidade

Ao verificar que em Prudentoacutepolis a produccedilatildeo de fumo acontece somente na

regiatildeo Central e Sul devido ao relevo mais inclinado da regiatildeo norte foi interessante

ir ateacute essa regiatildeo com topografia mais acentuada para analisar os tipos de cultivos

que satildeo realizados O objetivo desse trabalho de campo foi principalmente o de

conhecer a realidade das famiacutelias do municiacutepio natildeo inseridas na cultura do fumo

com visitas a realizar futuras pesquisas sobre a agricultura familiar Assim dado o

caraacuteter complementar e exploratoacuterio desse trabalho a coleta de informaccedilotildees se deu

por meio de conversas informais

Nos meses de novembro e dezembro de 2015 foi realizada outra entrevista

com perguntas semiestruturadas (em anexo) para uma amostragem de sessenta

fumicultores contratados pela Souza Cruz As perguntas feitas nessa entrevista

estatildeo relacionadas basicamente a dados socioeconocircmicos das famiacuteliasos quais

juntamente com dados mais gerais do censo agropecuaacuterio permitem conhecer o

perfil desses fumicultores Portanto as informaccedilotildees referentes a essas entrevistas

apresentam-se mais detalhadas no capiacutetulo IV

Nesse sentido as entrevistas constituem teacutecnicas alternativas para coleta de

dados natildeo documentados sobre determinado tema ldquoEacute uma teacutecnica de interaccedilatildeo

social [] em que uma das partes busca obter dados e outra se apresenta como

fonte de informaccedilatildeordquo (GERHARDT SILVEIRA 2009)

O pesquisador organiza um conjunto de questotildees (roteiros) sobre o tema que estaacute sendo estudado mas permite e agraves vezes ateacute incentiva que o entrevistado fale livremente sobre assuntos que vatildeo surgindo como desdobramentos do tema principal (GERHARDT SILVEIRA 2009)

Para Duarte (2002 p 143) ldquonuma metodologia de base qualitativa o nuacutemero

de sujeitos que viratildeo a compor o quadro das entrevistas dificilmente pode ser

determinado a piorirdquo Ou seja tudo vai estar relacionado com a qualidade das

informaccedilotildees obtidas a partir de cada entrevista sempre levando em consideraccedilatildeo a

profundidade e o grau de recorrecircncia e divergecircncia das informaccedilotildees Enquanto

estiverem aparecendo ldquodadosrdquo originais ou pistas que possam indicar novas

perspectivas aacute investigaccedilatildeo em curso as entrevistas precisam continuar sendo feitas

(DUARTE 2002 p 144)

17

Portanto a pesquisa estaacute estruturada em quatro capiacutetulos sendo que no

primeiro capiacutetulo falar-se-aacute sobre as abordagens ligadas a agricultura camponesa e

agricultura familiar com intuito de apresentar algumas das visotildees de cada

paradigma para que no decorrer do trabalho possa ser feito uma avaliaccedilatildeo dessas

abordagens na produccedilatildeo fumageira como tambeacutem expor o conceito de territoacuterio e

territorialidade que derivam desses paradigmas

No capiacutetulo seguinte visando compreender os fatores que proporcionaram ao

paiacutes se tornar referecircncia no setor fumageiro realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica

da origem do fumo e a sua consequente inserccedilatildeo em uma escala comercial O

estudo desses elementos foi fundamental para entender os motivos que contribuiacuteram

para a inserccedilatildeo da produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Tambeacutem pelo

fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo

de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral

dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura

familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo

do agronegoacutecio

Na sequecircncia o capiacutetulo III mostra os processos de ocupaccedilatildeo do municiacutepio

de Prudentoacutepolis e a consequente inserccedilatildeo da produccedilatildeo fumageira nas unidades de

produccedilatildeo familiar Nesse sentido como o trabalho vem abordando a existecircncia de

uma agricultura familiar heterogecircnea buscou-se conhecer o perfil dos agricultores

familiar do municiacutepio atraveacutes da caracterizaccedilatildeo dessas famiacutelias tendo como escopo

as fontes secundaacuterias do IBGE

No capiacutetulo IV satildeo apresentados os dados do trabalho de campo que foi

realizado com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela empresa

Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Os dados

de campo que retratam a realidade dos entrevistados juntamente com dados

secundaacuterios tecircm por finalidade contribuir na avaliaccedilatildeo dos paradigmas da

camponesa e da agricultura familiar com base no setor fumageiro

Por fim satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais do trabalho seguindo nas

avaliaccedilotildees das abordagens paradigmaacuteticas agrave luz do estudo de caso dos fumicultores

entrevistados mostrando que os agricultores familiares entrevistados buscam

18

atraveacutes de suas condiccedilotildees de tecnologias estrutura fundiaacuteria e matildeo de obra se

inserir em setores mais competitivos visando agrave maximizaccedilatildeo dos lucros

A realizaccedilatildeo dessa pesquisa eacute pertinente pelo fato de mostrar que os

fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de commoditie atraveacutes de uma cadeia

produtiva competitiva levando em consideraccedilatildeo as condiccedilotildees do produtor e

conforme os dados de campo eacute notoacuterio que os entrevistados atraveacutes da renda do

fumo conseguiram adquirir bens capitais de grande importacircncia como a compra de

terra lotes na cidade de carro trator maquinaacuterios agriacutecolas e casa Bens esses que

muitas vezes natildeo conseguiriam adquirir se produzissem somente culturas

tradicionais do municiacutepio como eacute o caso do feijatildeo e milho pelo fato da pequena

quantidade de terras que possuem Dessa forma eacute certo que os agricultores

familiares entrevistados da mesma forma que os agricultores patronais buscam

maximizar seus lucros uma vez que os dados de campo mostram que os

fumicultores tecircm pretensotildees de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou

seja agem no mercado como pequenos capitalistas

19

CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS

Sabe-se que nas ciecircncias sociais existem diferentes concepccedilotildees teoacutericas para

a compreensatildeo do desenvolvimento do capitalismo no campo destacando-se de

um lado o paradigma da Agricultura Camponesa (Questatildeo Agraacuteria) e de outro o

paradigma da Agricultura Familiar (Capitalismo Agraacuterio) Nesse sentido o presente

capiacutetulo expotildee algumas das abordagens ligadas ao paradigma da agricultura

camponesa e das abordagens ligadas agrave agricultura familiar como objetivo de

identificar o conceito de TerritoacuterioTerritorialidade derivados desses paradigmas A

finalidade de entender as correntes de pensamento paradigmaacutetico permitiraacute entatildeo

avaliar essas abordagens agrave luz de um estudo de caso sobre a fumicultura no

municiacutepio de PrudentoacutepolisPR

11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA

As muacuteltiplas formas de interpretaccedilatildeo da questatildeo agraacuteria no espaccedilo rural e

consequentemente do paradigma camponecircs tecircm como principal referecircncia as teorias

marxistas seja as de autores como Lecircnin (1982) e Kautsky (1998) que defenderam

a tese do desaparecimento da classe camponesa e a consequente emergecircncia de

duas classes distintas - a burguesa e a proletaacuteria - como produto da industrializaccedilatildeo

da agricultura seja a de autores como Chayanov (1974) Oliveira (1987) e

Fernandes (1996) entre outros que satildeo contraacuterios agrave teoria sobre a tendecircncia agrave

proletarizaccedilatildeo do campesinato e que defendem a permanecircncia desta classe social

como resultado do processo desigual e contraditoacuterio de desenvolvimento

impulsionado pelo sistema capitalista

Nesse sentido para Fernandes (2008) os estudos feitos agrave luz do paradigma

camponecircs se caracterizam por analisar a luta de classes a conflitualidade e as

contradiccedilotildees inerentes agraves relaccedilotildees capitalistas e natildeo capitalistas de produccedilatildeo1 Um

tema importante nessa linha de pesquisa eacutea sujeiccedilatildeo da renda dos camponeses

perante as empresas que tecircm o monopoacutelio da produccedilatildeo de commodities agriacutecolas

como as agroinduacutestrias fumageiras

1 O campesinato eacute entendido como um sistema produtivo diferenciado do agronegoacutecio

20

Os seguidores do paradigma camponecircs como Fernandes (2013) entendem

que a industrializaccedilatildeo da agricultura resulta em um problema estrutural devido ao

desenvolvimento desigual e contraditoacuterio do capitalismo e que a uacutenica soluccedilatildeo estaacute

na superaccedilatildeo desse sistema pois a industrializaccedilatildeo da agricultura contribui para que

as unidades camponesas de produccedilatildeo se tornem mais vulneraacuteveis ao capital

Para Feliacutecio (2006) nesse paradigma natildeo haacute diferenccedilas entre agricultor

familiar e camponecircs pois ambos satildeo assim definidos por terem a famiacutelia e o trabalho

familiar por caracteriacutestica a qual natildeo objetiva a superaccedilatildeo do trabalho familiar O

termo camponecircs eacute tratado pelos teoacutericos do paradigma do capitalismo agraacuterio como

agricultores familiares nesse sentido

O produtor familiar que utiliza os recursos teacutecnicos e estaacute altamente integrado ao mercado natildeo eacute um camponecircs mas sim um agricultor familiar Desse modo pode-se afirmar que a agricultura camponesa eacute familiar mas nem toda a agricultura familiar eacute camponesa ou que todo camponecircs eacute agricultor familiar mas nem todo agricultor familiar eacute camponecircs (FERNANDES 2001)

Com relaccedilatildeo agrave inserccedilatildeo da agricultura familiar nas formas de produccedilatildeo

capitalistas no campo Thomaz Juacutenior (2008) considera que a loacutegica do capital impotildee

que o agricultor esteja preso agrave gestatildeo de uma empresa e natildeo mais da sua proacutepria

famiacutelia Poreacutem o autor defende que mesmo integrado a essa loacutegica de produccedilatildeo o

camponecircs busca alternativas para natildeo aderir totalmente agraves estruturas mercantis de

produccedilatildeo visando reestabelecer os princiacutepios de sociabilidade e produccedilatildeo para o

autoconsumo Nesse sentido para esse paradigma o camponecircs visa agrave

sobrevivecircncia mas se o capital apresenta uma proposta de parceria de lucros como

na integraccedilatildeo das empresas fumageiras o camponecircs aceita Subordina-se mas se

essa possibilidade de lucro acaba ele volta para a estrateacutegia primeira por natildeo

desejar desfazer-se da terra

Para Shanin (2008) o camponecircs corresponde a um ldquomodo de vidardquo que

envolve um conjunto de elementos como a diversidade nas formas de trabalhar com

a terra Teacutecnicas essas que satildeo passadas de pais para filhos possibilitando estreita

ligaccedilatildeo entre a terra e a famiacutelia uma vez que a famiacutelia eacute dona do proacuteprio trabalho

podendo escolher a melhor forma de fazecirc-lo Tambeacutem enfatiza a especificidade da

loacutegica econocircmica camponesa a qual produz visando a satisfaccedilatildeo das necessidades

21

da famiacutelia sendo capaz de se ajustar aos niacuteveis de remuneraccedilatildeo mais baixos em

momentos desfavoraacuteveis

Ploeg (2009) afirma que o camponecircs de hoje natildeo pode ser compreendido

como sinocircnimo de atraso e sim como um ldquocamponecircs modernordquo inserido na

realidade capitalista poreacutem carregando em seu cerne a condiccedilatildeo camponesa Por

condiccedilatildeo camponesa Ploeg (2009) entende a luta por autonomia e progresso como

uma forma de construccedilatildeo e reproduccedilatildeo de um meio de vida rural em um contexto

adverso caracterizado por relaccedilotildees de dependecircncia marginalizaccedilatildeo e privaccedilatildeo

Portanto para o autor supracitado o campesinato deve ser explicado a partir das

relaccedilotildees de contradiccedilotildeesconflitualidades existentes no espaccedilo rural

Fernandes (2000) ao falar sobre a formaccedilatildeo do campesinato afirma que

essa formaccedilatildeo natildeo acontece somente pela reproduccedilatildeo ampliada das contradiccedilotildees

do capitalismo mas tambeacutem atraveacutes da luta pela terra na qual tem enfrentado a

condiccedilatildeo loacutegica do capital Nesse sentido Ploeg (2009) menciona sobre a dualidade

entre a produccedilatildeo camponesa e a capitalista na qual

[] a agricultura camponesa eacute fortemente baseada no capital ecoloacutegico (especialmente a natureza viva) enquanto que a agricultura empresarial afasta-se progressivamente da natureza Insumos e outros fatores artificiais de crescimento substituem os recursos naturais o que significa que a agricultura estaacute sendo industrializada (PLOEG 2009 p17)

A expansatildeo do modo capitalista de produccedilatildeo (na sua reproduccedilatildeo ampliada do

capital) aleacutem de redefinir antigas relaccedilotildees subordinando-as agrave sua produccedilatildeo

engendra relaccedilotildees natildeo capitalistas iguais e contraditoriamente necessaacuterias agrave sua

reproduccedilatildeo (OLIVEIRA 2010) Nesse sentido para Paulino e Almeida (2010) a

reproduccedilatildeo do campesinato ldquodeve ser entendida a partir das diversas contradiccedilotildees

do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma contradiccedilatildeo e

natildeo de uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeordquo

No que diz respeito agrave produccedilatildeo de fumo para o paradigma camponecircs a

integraccedilatildeo agrave induacutestria fumageira significauma intervenccedilatildeo nos modos de produccedilatildeo

camponesa visando padroniza-los deixando o camponecircs com pouca autonomia para

determinar a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo

Para Fernandes (2008) o sistema de produccedilatildeo do agronegoacutecio eacute distinto do

sistema de produccedilatildeo da agricultura camponesa uma vez que o sistema agriacutecola

22

camponecircs tem por referecircncia a reproduccedilatildeo a biodiversidade e o trabalho familiar

natildeo objetivando o plantio de uma uacutenica cultura para o mercado como no modelo

agroexportador Poreacutem Fernandes (2008 p 166) afirma que como eacute o capital que

controla a tecnologia o conhecimento o mercado e as poliacuteticas agriacutecolas

subalterniza o camponecircs Ou seja para Fernandes o sistema agriacutecola camponecircs

natildeo eacute parte do agronegoacutecio

De acordo Paulino com (2012) os camponeses comparecem ao mundo do

trabalho como entidades familiares Dessa forma como eacute a famiacutelia que se prontifica

em produzir a mateacuteria prima para a induacutestria fumageira entatildeo natildeo se refere agrave venda

do trabalho camponecircs e sim da produccedilatildeo na qual estaacute contida o trabalho familiar o

qual exige um ritmo diferenciado

Roos (2015) salienta que no caso da produccedilatildeo fumageira realizada pelos

camponeses ldquoa racionalidade eacute movida pela necessidade de um espaccedilo que possa

servir a um conjunto de atividadesrdquonatildeo objetivando somente a valorizaccedilatildeo que os

galpotildees e as estufas de fumo possam gerar sobre a renda da terra

Nesse sentido as transformaccedilotildees no campo brasileiro relacionadas ao

processo de modernizaccedilatildeo da agricultura se assentam sobre uma estrutura

complexa compreendida pela integraccedilatildeo da agricultura e da induacutestria caracterizada

na maior parte por produzir produtos de exportaccedilatildeo como eacute o caso das induacutestrias

fumageiras aves e suiacutenos

Portanto para esse paradigma a conflitualidade eacute inerente ao processo de

formaccedilatildeo do capitalismo e do campesinato por causa da contradiccedilatildeo criada pela

destruiccedilatildeo criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo simultacircneas dessas relaccedilotildees sociais (FENANDES

2008) O camponecircs possui um sistema agriacutecola proacuteprio que natildeo faz parte do

agronegoacutecio e apresenta uma loacutegica de reproduccedilatildeo distinta todavia os camponeses

estatildeo subalternos agrave hegemonia daquele modelo de desenvolvimento econocircmico

(ROOS2015)

Roos (2015) ao analisar a obra de Chayanov2 afirma que o deslocamento de

membros da famiacutelia para outras atividades (venda de forccedila de trabalho) estaacute

assentado na satisfaccedilatildeo das necessidades e natildeo na maximizaccedilatildeo de lucros

2 CHAYANOV AV La organizaciacuteon de la unidad econoacutemica campesina Buenos Aries Nueva Visioacuten 1974

23

possiacuteveis (relaccedilotildees capitalistas) pois o principal objetivo das transaccedilotildees

econocircmicas camponesas eacute a reproduccedilatildeo do grupo social

Para Paulino (2003) a heterogeneidade no campo estaacute marcada por dois

tipos de propriedade privada de um lado a propriedade capitalista e de outro a

propriedade camponesa Na propriedade capitalista a terra eacute um objeto de negoacutecio

pelo fato de haver exploraccedilatildeo do trabalho alheio ao passo que a propriedade

camponesa constitui-se em terra de trabalho natildeo tendo como intuito a acumulaccedilatildeo

de capital e sim a sobrevivecircncia familiar Nesse sentido para a autora a dualidade

entre terra de negoacutecios e terra de trabalho se explica com base no caraacuteter

contraditoacuterio do desenvolvimento capitalista

Portanto o camponecircs ao incorporar elementos da loacutegica do agronegoacutecio

como ao plantar fumo e soja utilizando agrotoacutexicos adubos quiacutemicos entre outros

gastos relacionados ao plantio e colheita satildeo compreendidos no paradigma

camponecircs a partir do capital sujeitando e expropriando a renda camponesa e

consequentemente deixando o agricultor mais vulneraacutevel

12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR

No Brasil os estudos e debates sobre a categoria da agricultura familiar

ganharam forccedila a partir do fim da deacutecada de 1980 e iniacutecio da deacutecada de 1990

quando essa categoria tem maior representatividade no cenaacuterio socioeconocircmico

brasileiro Inuacutemeros conceitos e caracterizaccedilotildees foram criados para tentar explicar

os indiviacuteduos pertencentes a esse grupo Nesse sentido para Anjos (2003) a

agricultura familiar brasileira se estrutura

ldquocomo uma nova categoria poliacutetica portadora de uma consideraacutevel fonte de legitimidade social que simultaneamente representa os interesses dos pequenos produtores rurais das famiacutelias assentadas dos arrendataacuterios dos agricultores familiares integrados aos complexos agroindustriais e de outros atores sociais do campo brasileirordquo (ANJOS 2003 p 245)

No decorrer da deacutecada de 1990 os estudos voltados para o universo da

agricultura familiare que se destacam na literatura estatildeo em Veiga (1991)

Abramovay (1992) Lamarche (1998) entre outros Esses estudos aleacutem de

trazerem um panorama geral sobre a agricultura familiar daqueles anos tambeacutem

mostraram que as formas familiares de agricultura natildeo eram e nem satildeo

24

homogecircneas poreacutem satildeo importantes para promover o desenvolvimento econocircmico

no Brasil

Abramovay (1992) foi o primeiro no Brasil que distinguiu campesinato de

agricultor familiar afirmando que o agricultor familiar eacute oriundo do camponecircs poreacutem

apresenta distintas formas de organizaccedilatildeo do trabalho tendo como pretensatildeo

inserir-se ao mercado Tambeacutem ao se referir agrave regiatildeo Sul do Brasil o autor afirma

queldquoos agricultores familiares integram-se plenamente a estruturas nacionais de

mercado transformam natildeo soacute sua base teacutecnica mas sobretudo o ciacuterculo social em

que se reproduzem e metamorfoseiam-se numa nova categoria social de

camponeses tornam-se agricultores profissionaisrdquo (ABRAMOVAY 1992 p 126-

127)

Abramovay (1992) Veiga (1991) e Lamarche (1998) entendem que a

agricultura familiar eacute uma categoria que manteacutem a loacutegica familiar de produccedilatildeo

poreacutem estaacute ligada agrave loacutegica capitalista de integraccedilatildeo aos mercados Nesse sentidoo

autor da corrente marxista Claus Germer (1996) alerta para o problema de

conceituar a agricultura familiar em oposiccedilatildeo agrave agricultura patronal o qual favorece

sem sentido a noccedilatildeo de embate entre esses modos de produccedilatildeo

Pensadores da corrente teoacuterica que discutem a agricultura familiar como por

exemplo Valente (2008) Diniz Filho (2011) e Navarro (2014) entre outros natildeo

costumam fazer uma oposiccedilatildeo radical entre a agricultura familiar e o agronegoacutecio

tal como se observa no paradigma camponecircs pelo fato que de alguma forma os

agricultores familiares fazem parte do agronegoacutecio Nesse sentido apontam que a

agricultura familiar brasileira eacute heterogecircnea e necessita ser trabalhada com

tipologias como por exemplo nos estudos organizados por Lamarche (1998) e pela

caracterizaccedilatildeo da agricultura familiar por grupos A B C e D realizados a partir do

estudo ldquoNovo retrato da agricultura familiar brasileira (2000)rdquo Esses estudos

mostram que existem muitas formas de agricultores familiares que se aproximam

bastante do padratildeo do agronegoacutecio Portanto para esse paradigma natildeo haacute

incompatibilidade ou conflitos radicais dos agricultores familiares em relaccedilatildeo ao

capital visto que estatildeo inseridos no mercado

Lamarche (1998) identificou quatro modelos aproximados para distinguir os

tipos de agricultores familiares a partir do tipo e grau de dependecircncia financeira de

mercado e da tecnologia para produccedilatildeo Os quatro modelos consistem em Modelo

empresa caracteriza as unidades produtivas que possuem grande dependecircncia

25

tecnoloacutegica financeira e comercial dependente de matildeo de obra assalariada

(temporaacuteria ou permanente) natildeo possuindo grande apego agrave propriedade (terra)

Modelo empresa familiar satildeo dependentes dos sistemas tecnoloacutegicos financeiros e

de mercado a matildeo de obra eacute familiar tendo por objetivo a reproduccedilatildeo familiar a

partir da terra Modelo agricultura camponesa e de subsistecircncia eacute caracterizada

pelo grande envolvimento da famiacutelia na unidade produtiva pouco dependente de

tecnologias e mercados externos visando satisfazer as necessidades familiares

com pouca produccedilatildeo para comercializar aleacutem de preservarem os patrimocircnios com

intuito de sobrevivecircncia da famiacutelia E por fim o modelo agricultura moderna que eacute

um modelo de agricultura competitiva que estaacute em constante diminuiccedilatildeo das

relaccedilotildees familiares de produccedilatildeo buscando autonomia teacutecnica financeira e de

mercado

Tambeacutem no sentido de entender as caracteriacutesticas do puacuteblico que fazia parte

do rural brasileiro o estudo realizado pela FAOINCRA no ano de 1994 separou os

agricultores entre familiares e patronais sendo que o grupo dos familiares ganhou

outras trecircs subdivisotildees Agricultores Familiares Consolidados que remete aos

agricultores familiares jaacute integrados ao mercado Agricultores familiares em

transiccedilatildeo ou seja aqueles em processo de integraccedilatildeo aos mercados e Agricultores

Familiares Perifeacutericos caracteriacutesticos daqueles com poucas possibilidades de

integraccedilatildeo aos mercados Poreacutem conforme Bittencourt e Peraci (2010) esse

agrupamento da categoria familiar foi utilizado soacute ateacute 1999 quando ganhou outra

classificaccedilatildeo agora a partir de quatro subdivisotildees dos grupos familiares A B C e D

A tipificaccedilatildeo das unidades familiares em quatro grupos eacute produto do estudo

realizado com base nos dados do Censo Agropecuaacuterio de 1996 e coordenado por

Carlos Enrique Guanziroli (FAO) e Silvia Elizabeth Cardin (INCRA) no ano de 2000

intitulado ldquoO novo retrato da agricultura familiar O Brasil redescobertordquoque

objetivou fazer uma nova tipificaccedilatildeo das unidades familiares localizadas no territoacuterio

brasileiro Esse agrupamento foi definido pela Resoluccedilatildeo 2629 de agosto de 1999

a qual foi adotada para que as regras de financiamento fossem mais adequadas agrave

realidade de cada segmento social (Schneider Czala Matei 2004 p 26)

Da mesma forma que os estudos feitos por Lamarche (1998) os resultados

dos trabalhos realizados pela FAOINCRA afirmam que a agricultura brasileira

apresenta uma grande diversidade em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo dos produtores agrave aptidatildeo

da terra agrave disponibilidade de infraestrutura etc natildeo apenas entre as regiotildees mas

26

tambeacutem dentro de cada regiatildeo (Guanziroli Cardin 2000) Esses autores insistem

na importacircncia de aprofundar o conhecimento dessas realidades do espaccedilo rural

com o intuito de incorporar de forma efetiva esses conhecimentos ao planejamento

de poliacuteticas puacuteblicas

Como o presente estudo objetiva a identificaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo dos

produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis atraveacutes da tipologia dos grupos

familiares eacute fundamental detalhar as caracteriacutesticas de cada grupo3 Agricultores

Familiares tipo A considerados como os mais capitalizados e muito integrados ao

mercado Agricultores Familiares tipo B que estatildeo em vias de capitalizaccedilatildeo e

integrados ao mercado Agricultores Familiares tipo C que se apresentam em vias

de descapitalizaccedilatildeo e pouco integrados aos mercados e os Agricultores Familiares

tipo D sendo compreendidos como descapitalizados

Essas delimitaccedilotildees estabelecidas entre a agricultura familiar e a patronal

como tambeacutem na diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os proacuteprios agricultores

familiares proporcionou a identificaccedilatildeo dos distintos graus de desenvolvimento e

das distintas loacutegicas adotadas para a reproduccedilatildeo familiar

Para esse paradigma o agricultor familiar natildeo eacute um camponecircs mas sim um

empresaacuterio capitalista de pequeno porte inserido no mercado e que busca

maximizar a sua produccedilatildeo mas como eacute de pequeno porte ainda natildeo se

desvinculou totalmente do processo produtivo necessitando da matildeo de obra familiar

para o desenvolvimento das atividades a qual eacute caracteriacutestica das unidades

familiares No caso da produccedilatildeo de fumo conforme se veraacute com detalhes adiante o

pequeno capitalista estaacute presente em todo o processo desde o plantio ateacute a venda

da produccedilatildeo

Schneider (2006) menciona a falta de compreensatildeo dos modos familiares e

sua inserccedilatildeo nos mercados capitalistas uma vez que se deixam enredar no debate

sobre um suposto dualismo entre o agronegoacutecio e agricultura familiar como se os

3Considera-se que a tipologia elaborada pela FAOINCRA (2000) busca estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares dando-se em funccedilatildeo do custo de oportunidade do trabalho dado esse obtido atraveacutes do valor da diaacuteria regional mais 20 Tambeacutem o universo familiar foi delimitado atraveacutes das variaacuteveis em que a direccedilatildeo dos trabalhos do estabelecimento era exercida pelo produtor o trabalho familiar era superior ao trabalho contratado e por fim a aacuterea regional que varia de 4 ateacute 15 moacutedulos fiscais

27

envolvidos natildeo estivessem interessados em um mesmo processo ou seja da

produccedilatildeo e do consumo Nessa mesma linha de pensamento Veiga (2004) afirma

que ldquoo agronegoacutecio no Brasil natildeo eacute soacute uma atividade de grandes produtores e que

natildeo haacute oposiccedilatildeo com agricultura familiarrdquo uma vez que a agricultura familiar

sustenta um dos ramos mais bem sucedidos do agronegoacutecio como as cadeias

produtivas de exportaccedilatildeo de frango suiacutenos e tambeacutem com grande expressividade

a cadeia do fumo

O agronegoacutecio eacute composto fundamentalmente por agricultores familiares Eles conseguiram se firmar em setores extremamente modernos como a produccedilatildeo de aves suiacutenos fumo produtos esses ligados a mercados internacionais (ABRAMOVAY 2003 p 7)

De acordo com Valente (2008) vem sendo estabelecido o consenso de que

as atividades desenvolvidas ao longo da cadeia produtiva tanto patronais quanto

familiares satildeo complementares Nessa perspectiva menciona que faz-se necessaacuterio

um estudo do que aproxima e do que afasta aqueles que se inserem no agronegoacutecio

para assim ser possiacutevel pleitear distintas poliacuteticas agriacutecolas de acordo com os

interesses de casa categoria

Enquanto Fernandes (2001)Paulino (2003)Oliveira (2004) e Roos (2015)

defendem a oposiccedilatildeo do agronegoacutecio agrave agricultura familiar devido agraves

conflitualidades entre as classesSchneider (2006) Navarro (2007 2014) Valente

(2008) Diniz Filho (2011) e Jank (2006) consideram falso esse dualismo entre a

agricultura familiar e o agronegoacutecio uma vez que os agricultores buscam maximizar

seus lucros Nesse sentido afirma Jank (2006) que

O Brasil tem sido proacutedigo em produzir falsas dicotomias como a ideia do agronegoacutecio contra a pequena agricultura a agricultura patronal contra a agricultura familiar ou grandes produtores contra os sem-terra [] caso uacutenico no mundo o Brasil tem dois ministeacuterios da agricultura vivendo uma guerra surda por atenccedilatildeo e recursos um cuidando de mecanismos tradicionais de poliacuteticas agriacutecolas e o outro da reforma agraacuteria e da agricultura familiar (JANK 2006 P a2)

13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS

28

O estudo do territoacuterio vem sendo constituiacutedo em uma tradiccedilatildeo do pensamento

geograacutefico nos uacuteltimos 100 anos (VALVERDE 2004) Instintivamente o seu conceito

remota agrave ideia de lugar espaccedilo de residecircncia ou local onde se desenrolaratildeo as

muacuteltiplas relaccedilotildees entre os agentes sejam sociais ou econocircmicos (MARIANI

ARRUDA 2010)

Nesse ponto de vista Fernandes (2008) cita que a globalizaccedilatildeo e a hegemonia

das poliacuteticas neoliberais provocaram a emergecircncia do conceito de territoacuterio em duas

direccedilotildees De um lado os estudos sobre territoacuterios feitos agrave luz do paradigma

camponecircs e de outro o estudo de territoacuterio a partir do paradigma da agricultura

familiar O territoacuterio para o paradigma camponecircs eacute explicado a partir da criacutetica aos

modelos de produccedilatildeo capitalista sendo que as anaacutelises satildeo feitas sob a oacutetica de

territoacuterio multidimensional entendido a partir das conflitualidades e contradiccedilotildees

entre as classes sociais

Jaacute o paradigma da agricultura familiar ao analisar o territoacuterio natildeo utiliza os

procedimentos para estudar as conflitualidades e sim trabalha com o objetivo de

classificar as desigualdades sociais Nesse sentido o tema de estudo predominante

nesse paradigma eacute a reproduccedilatildeo das relaccedilotildees capitalistas ou seja a forma como os

agricultores buscam se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo sem que haja

uma conflitualidade entre classes ou territoacuterios No caso dos conflitos existentes no

campo para o paradigma da agricultura familiar deve-se trabalhar a partir do grau

que esses conflitos acontecem natildeo generalizando a partir de casos radicais de

conflitos entre os distintos territoacuterios No caso da fumicultura pode-se dizer que natildeo

satildeo identificados conflitos tatildeo radicais ao passo que na produccedilatildeo de subsistecircncia

esse acontecimento pode acontecer de forma diferenciada

Diversos satildeo os acontecimentos e agentes responsaacuteveis por instituir funccedilatildeo e

particularidades aos espaccedilos Como exemplos desses acontecimentos podem ser

citadas ldquoas atividades econocircmicas os empreendimentos das

multinacionaistransnacionais comunidades tiacutepicas como tambeacutem do poder puacuteblicordquo

(MARIANI ARRUDA 2010) os quais satildeo responsaacuteveis pela construccedilatildeo de

territoacuterios Haesbaert (2007) destaca a existecircncia de territoacuterios funcionais desde que

o territoacuterio apresente um papel de receptaacuteculos de atividades econocircmicas

possuindo muacuteltiplas funccedilotildees conforme seu interesse em atuar naquele territoacuterio

29

Fernandes (2008) adepto do paradigma camponecircs ao trabalhar os diferentes

territoacuterios destaca a importacircncia de analisar o territoacuterio atraveacutes da

multidimensionalidadeconflitualidade que satildeo concebidas atraveacutes de um conjunto

de conflitos inscritos nas relaccedilotildees indissociaacuteveis entre desenvolvimento e disputas

territoriais Para o autor a definiccedilatildeo de territoacuterio estaacute relacionada agrave existecircncia de

poder entre classes ao passo que a conflitualidade existe devido agraves disputas

territoriais entre o capital e o campesinato ou seja de distintos territoacuterios e

funcionalidades

Oliveira (2001) aponta que devido agraves forccedilas produtivas capitalistas ocorrerem

de maneira desigual e contraditoacuteria no territoacuterio em algumas circunstacircncias eacute mais

conveniente para o capital monopolizar o territoacuterio ao inveacutes de se territorializar ou

seja neste caso para o paradigma camponecircs o capital natildeo expropria o camponecircs

fumicultor poreacutem subordina esse agente social ao ditar as regras de produccedilatildeo como

tipos de sementes insumos quiacutemicos teacutecnicas de produccedilatildeo entre outros elementos

que estatildeo relacionados agrave produccedilatildeo Trata-se da territorializaccedilatildeo do capital

monopolista (OLIVEIRA 2001) o qual monopoliza a circulaccedilatildeo e domina os meios

de produccedilatildeo e a terra (ROOS 2015)

Nesse sentido no territoacuterio a accedilatildeo das empresas transnacionais como por

exemplo a Souza Cruz configuram o processo chamado por Oliveira (2005) e Roos

(2015) de ldquomonopolizaccedilatildeo do territoacuteriordquo uma vez que a empresa se instala em aacutereas

estrateacutegicas monopoliza o territoacuterio e firma acordos com os produtores familiares e

natildeo familiares que produzem fumo sendo entendidos entatildeo a partir da sujeiccedilatildeo da

renda da terra ao capital onde o produtor atraveacutes da integraccedilatildeo tem pouco poder

nas negociaccedilotildees

Para Fernandes (2008) a existecircncia de distintos territoacuterios entre o campesinato

e o agronegoacutecio eacute dada a partir das formas de organizaccedilatildeo espacial e de paisagens

geograacuteficas sendo o territoacuterio do agronegoacutecio caracterizado pela monocultura

desertificaccedilatildeo populacional produtivismo para exportaccedilatildeo grande escala e

homogeneidade ao passo que o territoacuterio camponecircs eacute representado pela

heterogeneidade da paisagem frequente povoamento policultura e produccedilatildeo

diversificada Por fim o territoacuterio monopolizado pelo agronegoacutecio se distingue pela

homogeneidade da paisagem geograacutefica e pela subalternidade e controle

tecnoloacutegico das commodities que se utilizam dos territoacuterios camponeses

30

(FERNANDES 2008) Portanto para os seguidores desse paradigma o capital

forma os seus territoacuterios atraveacutes da expansatildeo e controle de aacutereas em todas as

regiotildees subalternizando o camponecircs atraveacutes da integraccedilatildeo Sobre a monopolizaccedilatildeo

do territoacuterio Fernandes (2008) destaca que

Quando o tempo de trabalho eacute maior do que o de produccedilatildeo o capital age atraveacutes da monopolizaccedilatildeo do territoacuterio e da sujeiccedilatildeo da renda da terra Neste caso o campo continua povoado por camponeses ou pequenos ou meacutedios capitalistas que passam a produzir de acordo com o que lhes diz a induacutestria Eacute o caso por exemplo da laranja do fumo a avicultura e da suinocultura entre outros (FERNANDES 2008 p 196)

As anaacutelises voltadas ao paradigma camponecircs e que tratam dos assuntos

relacionados agrave produccedilatildeo de fumo como por exemplo o trabalho de Roos (2015)

afirmam que a subalternidade camponesa estaacute expressa na sujeiccedilatildeo da renda e na

monopolizaccedilatildeo do territoacuterioterritorialidade pelo capital uma vez que a

monopolizaccedilatildeo do territoacuterio pelo capital eacute entendida como territorialidade capitalista

no territoacuterio camponecircs Nesse sentido Roos (2015) compreende territorialidade

como o uso do territoacuterio ponderando que este eacute exclusivamente produzido por uma

relaccedilatildeo social que somente pode ser realizada pelo sujeito onde a territorialidade

pode ser camponesa ou capitalista

Nesse ponto de vista em relaccedilatildeo agrave produccedilatildeo de fumo nas unidades

familiares o paradigma camponecircs compreende que as relaccedilotildees capitalistas

subordinam as relaccedilotildees camponesas e consequentemente o seu territoacuterio pelo fato

das bases teacutecnicas de produccedilatildeo estarem determinadas pelas multinacionais como

por exemplo atraveacutes dos contratos de compra de fumo de empresas com a Souza

Cruz

O territoacuterio eacute instituiacutedo por sujeitos e grupos sociais que se afirmam por meio dele Assim haacute sempre territoacuterio e territorialidade ou seja processos sociais de territorializaccedilatildeo Num mesmo territoacuterio haacute sempre muacuteltiplas territorialidades (PORTO-GONCcedilALVES 2006)

Roos (2015) destaca que mesmo onde as empresas fumageiras determinam

o padratildeo tecnoloacutegico (infraestrutura tipos de sementes insumos utilizados formas

de semeadura etc) natildeo tiram dos camponeses a autonomia sobre o seu trabalho o

tempo e as decisotildees Assim o autor afirma que o territoacuterio continua sendo de

domiacutenio dos camponeses poreacutem o capital exerce sua territorialidade subordinando a

renda camponesa na medida em que se incorporam agrave loacutegica capitalista

31

A territorialidade deriva de territoacuterio como produto das muacuteltiplas relaccedilotildees de

poder presentes e que estatildeo intrinsicamente relacionadas aos modelos de produccedilatildeo

podendo como destacado por Porto-Gonccedilalves (2006) e Fernandes (2008) coexistir

vaacuterias territorialidades em um mesmo territoacuterio

As territorialidades expressam as relaccedilotildees de poder que determinam as

configuraccedilotildees territoriais Elas contribuem para a identificaccedilatildeo de quem domina e de

quem eacute o dominado nos territoacuterios As territorialidades tambeacutem estatildeo expressas nas

paisagens de modo que seus componentes revelam as relaccedilotildees sociais poliacuteticas e

econocircmicas (FERNANDES 2010)

Fernandes (2008 2009) acrescenta que a disputa territorial entre o

campesinato e o agronegoacutecio pode acontecer por duas formas distintas pela

desterritorializaccedilatildeo e pelo controle das territorialidades por possuiacuterem relaccedilotildees

sociais distintas e modelos divergentes de produccedilatildeo os quais resultam em conflitos

Portanto ainda no que diz respeito ao paradigma camponecircs Paulino e

Almeida (2010) defendem a ideia de que embora o campesinato seja uma relaccedilatildeo

natildeo capitalista ldquosua reproduccedilatildeo deve ser entendida a partir das diversas

contradiccedilotildees do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma

contradiccedilatildeo e natildeo de uma articulaccedilatildeo de modos de produccedilatildeordquo Jaacute no paradigma da

agricultura familiar a inserccedilatildeo do agricultor nos mercados capitalistas natildeo eacute

compreendida pela conflitualidade entre territoacuterio camponecircs e do agronegoacutecio

sendo que ambos buscam maximizaccedilatildeo de sua produccedilatildeo

A partir do exposto eacute possiacutevel entender que os estudos feitos agrave luz do

paradigma da agricultura camponesa e que tratam de temas relacionados agrave

produccedilatildeo de fumo no Sul do Brasil afirmam a existecircncia de conflitos muitas vezes

ldquoveladosrdquo entre o territoacuterio dos fumicultores e a territorialidade corporativa das

empresas fumageiras

32

CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL

De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de

fumo Por esse fato o presente capiacutetulo tem como objetivo salientar os fatores que

proporcionaram ao paiacutes se tornar referecircncia nesse setor uma vez que a fumicultura

eacute desenvolvidaem sua maioriapela agricultura familiar (AFUBRA 2015) De

maneira cronoloacutegica realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica da origem do fumo e

sua consequente inserccedilatildeo em uma produccedilatildeo de escala comercial analisando o

cultivo o mercado e outros aspectos sejam das esferas produtiva social e

econocircmica visto que esses elementos satildeo fundamentais para entender os motivos

pelos quais contribuiacuteram para a inserccedilatildeo dessa produccedilatildeo no municiacutepio de

PrudentoacutepolisPR que seraacute tratado com mais detalhes no capiacutetulo III Tambeacutem pelo

fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo

de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral

dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura

familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo

do agronegoacutecio

21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL

A partir do iniacutecio da deacutecada de 1990 o Brasil vem ocupando uma posiccedilatildeo de

destaque no mercado mundial do fumo pelo volume produzido e pela qualidade que

o produto possui

Ao analisar as origens4 dessa cultura as respostas satildeo um pouco distintas pois

existem possiacuteveis afirmaccedilotildees de que o fumo era consumido desde o seacuteculo IX no

continente Asiaacutetico Todavia Frozza (1998) afirma que o cultivo e uso das folhas

datam de mais de quatro mil anos e que ocorreram nas regiotildees da Ameacuterica do Norte

e Central onde hoje se situam o Meacutexico e a Guatemala Ainda de acordo com esse

autor satildeo os povos Maias que teriam iniciado o plantio dessa cultura

4 O tabaco tambeacutem chamado de fumo eacute uma erva do gecircnero das plantas solanaacuteceas cujas folhas depois de preparadas servem mais comumente para fumar cheirar ou mascar (SILVA 2012)

33

Nardi (1985) e Saffrin (1995) afirmam que o fumo tem suas origens nos vales

orientais dos Andes bolivianos e que chegou ao territoacuterio brasileiro atraveacutes das

migraccedilotildees dos iacutendios principalmente os iacutendios Tupi-Guarani Convergindo com

Nardi e Saffrin Souza Cruz (2011) afirma que o fumo eacute uma planta originaacuteria dos

Andes e que acompanhou as migraccedilotildees dos iacutendios por toda a Ameacuterica Central ateacute

chegar ao territoacuterio brasileiro

Os colonizadores portugueses atraveacutes dos povos indiacutegenas introduziram o haacutebito

do consumo de fumo (BOEIRA 2002) tendo acesso ao produto atraveacutes do

escambo Dessa forma satildeo criadas as primeiras legislaccedilotildees para regulamentar a

atividade fumageira como a Junta de Administraccedilatildeo do Tabaco de 1674 a qual

servia para orientar o comeacutercio das especiarias em Portugal e suas colocircnias e

institucionalizou o monopoacutelio portuguecircs sobre o produto Nesse contexto o tipo de

fumo produzido era o escuro de corda sendo que o mesmo era usado para fabricar

o rapeacute o cigarro e charutos (SILVA 2002)

No iniacutecio do seacuteculo XIX a produccedilatildeo em escala comercial ocupou aacutereas reduzidas e

concentradas entre o litoral dos atuais estados da Bahia (Recocircncavo Baiano) e

Recife proporcionando o abastecimento do mercado europeu Os fatores que

contribuiacuteram para a produccedilatildeo do fumo foram agrave existecircncia de matildeo de obra familiar e o

desejo de desenvolver a regiatildeo Para Silva (2002) a cultura do fumo ao contraacuterio da

cana-de-accediluacutecar que era plantada somente nos latifuacutendios foi e ainda eacute

desenvolvida pela sua maioria em pequenas propriedades

A produccedilatildeo se expandiu para os estados de Minas Gerais Goiaacutes Satildeo Paulo

e sobretudo para a regiatildeo Sul do Brasil regiatildeo essa colonizada por imigrantes

europeus que se dedicaram a atividade como eacute o caso do municiacutepio de

Prudentoacutepolis no Paranaacute

O fumo ldquoproduto antes principalmente destinado ao escambo de escravos na segunda metade do seacuteculo passou a encontrar mercado crescente na Europa A quantidade exportada aumentou 361 por cento entre os anos de quarenta e noventa e os preccedilos meacutedios subiram 41 por centordquo(FURTADO p47 1984apud Silva 2002 p 38)

De acordo com Silva (2002) na regiatildeo Sul do Brasilas primeiras plantaccedilotildees

de fumo iniciaram-se em 1824 na colocircnia de Satildeo LeopoldoRS a mesma colonizada

por imigrantes alematildees e em 1850 na colocircnia Santa CruzRS Nessa regiatildeo foram

34

cultivadas variedades de fumos claros como o chinecircs (conhecido atualmente como

amarelinho) e mais tarde o Virgiacutenia devido agrave melhor aceitaccedilatildeo no mercado externo

sendo usado para a fabricaccedilatildeo de cigarros

Como destaca Spies (2000) o principal fator para os imigrantes se dedicarem a

atividade fumageira foram as precaacuterias condiccedilotildees econocircmicas em que se

encontravam pois produziam somente os alimentos para sua subsistecircncia e o

excedente natildeo era suficiente para provecirc-los Dessa forma viram na produccedilatildeo de

fumo uma alternativa para a melhora da situaccedilatildeo financeira familiar Outras

caracteriacutesticas que devem ser levadas em consideraccedilatildeo uma vez que contribuiacuteram

para que os imigrantes se dedicassem a produccedilatildeo de fumo satildeo a estrutura fundiaacuteria

baseada em pequenos lotes de terras e a disponibilidade de matildeo de obra da proacutepria

famiacutelia

Conforme Souza Cruz (2011) outro marco relevante no setor fumageiro foi agrave

criaccedilatildeo da empresa Souza Cruz pelo imigrante portuguecircs Albino Souza Cruz no ano

de 1903 no estado do Rio de Janeiro colocando em funcionamento a primeira

maacutequina do Brasil a produzir cigarros jaacute enrolados em papel Poreacutem com a

necessidade de investir no ramo para acelerar o ritmo de crescimento em

1914Albino Souza Cruz transformou a companhia em uma sociedade anocircnima

passando o controle acionaacuterio ao grupo British American Tabacco (BAT) fato que

permitiu o crescimento da Souza Cruz (SOUZA CRUZ 2015)

A expansatildeo da produccedilatildeo de fumo ocasionou algumas fusotildees entre empresas

do setor Vogt (1994) menciona que os anos entre 1917 e 1993 satildeo caracterizados

por aglutinaccedilotildees e fusotildees das empresas de comeacutercio e beneficiamento do tabaco A

entrada do capital internacional acarretou mudanccedilas na dinacircmica econocircmica da

regiatildeo

Na cidade de Santa CruzRS encontra-se o maior polo fumicultor do Brasil e

conforme AFUBRA (2001) um fato marcante na mudanccedila da dinacircmica econocircmica

desse muniacutecipio e regiatildeo se deu em 1917 com a iniciativa da BAT de instalar a

primeira usina de processamento de fumo no paiacutes com o nome de ldquoThe Brazilian

Tabacco Corporationrdquo Sua razatildeo social foi alterada no ano de 1920 para Companhia

Brasileira de Fumo em Folha (CBFF) e finalmente em 1955 alterada para

Companhia de Cigarros Souza Cruz ndash Induacutestria e Comeacutercio (SILVA 2002) A

35

companhia foi fundamental para que o Brasil alcancasse ainda mais os mercados

mundiais atraveacutes de algumas melhorias proporcionadas por ela

Vogt (1994) destaca que a partir de 1924 a companhia de capital internacional

comeccedilou a investir e incentivar os fumicultores a utilizarem insumos quiacutemicos para

obter uma melhor produtividade e qualidade do fumo o que se refletia no mercado

de cigarros que cada vez ficava mais exigente O melhoramento geneacutetico das

sementes foi outro condicionante para que se obtivesse um aumento da

produtividade e qualidade do fumo

De acordo com Vogt (1994) o mercado fumageiro brasileiro teve uma boa

elevaccedilatildeo nas exportaccedilotildees com o fim da segunda Guerra Mundial jaacute que os paiacuteses

que ateacute entatildeo eram grandes produtores de cigarros se encontravam desorganizados

pelos conflitos poliacuteticos e econocircmicos Outro fator que contribuiu para a maior

demanda do fumo brasileiro foi uma grande estiagem que afetou os paiacuteses

produtores de fumo na safra de 19441945 ocasionando dessa forma um aumento

nos preccedilos pagos pelos mercados internacionais entre os anos de 1944 e 1946

estimulando assim o aumento da produccedilatildeo brasileira devido aos grandes ganhos

obtidos no mercado externo

Contudo houve um aumento da produccedilatildeo sem o proporcional aumento da

qualidade do fumo causando certa preocupaccedilatildeo na balanccedila comercial Para piorar a

situaccedilatildeo no final da deacutecada de 1940 Franccedila Espanha Beacutelgica Holanda e

Dinamarca que eram os principais importadores do tabaco brasileiro foram

contemplados com o Plano Marshall e passaram a adquirir o fumo norte-americano

jaacute que possuiacutea uma qualidade melhor ldquoDesse modo o Brasil natildeo estava conseguido

uma boa representatividade no mercado externordquo (VOGT p 102 1994)

Ao encontro das discussotildees de Vogt Seffrin (1995) afirma que os fumicultores

foram os principais prejudicados com essa superproduccedilatildeo ocorrida na deacutecada de

1950 os quais entregavam a produccedilatildeo a preccedilos piacutefios de maneira a natildeo incorrer em

prejuiacutezos ainda maiores Como por exemplo quando a entatildeo Companhia Brasileira

de Fumos em Folha que atualmente tem o nome de Souza Cruz abriu um comeacutercio

de compra livre de fumos escuros os quais tinham um valor de mercado bem abaixo

da meacutedia e os fumicultores da regiatildeo Sul do Brasil sem outras saiacutedas de mercado

acabaram vendendo o fumo claro (de valor maior) por preccedilo de fumos escuros

36

Com a queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo no cenaacuterio mundial a

quantidade da produccedilatildeo do fumo era limitada e a produccedilatildeo fumageira das deacutecadas

de 1950 e 1960 (tabela 1) era destinada na sua maioria para o mercado nacional

A elevaccedilatildeo desorganizada da produccedilatildeo fumageira gerou na regiatildeo nos anos de 50 e 60 grandes estoques de excedentes natildeo comercializaacuteveis O fumo abarrotava os armazeacutens das firmas e das cooperativas natildeo tendo o colono como despachar o seu cultivo (VOGT 1994)

Portanto a produccedilatildeo de fumo no Brasil eacute mais expressiva a partir da segunda

metade do seacuteculo XX sobretudo no poacutes-guerra quando a ampliaccedilatildeo das aacutereas de

produccedilatildeo veio associada ao aumento da qualidade e produtividade das lavouras

como tambeacutem da produccedilatildeo industrial dos cigarros

ANO PRODUCcedilAO T EXPORTACcedilAO T

1961 60408 10919 1963 82851 14522 1965 91159 14008 1967 112234 9289 1969 99804 13778 1971 97206 18556 1973 82030 20248 1975 97722 41277

QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA

Fonte VOGT 1994

Como pode ser visto as melhoras nas exportaccedilotildees comeccedilam somente na deacutecada de

1970 A deacutecada de 1960 foi marcada por poucas vendas para o mercado externo

natildeo chegando a exportar 15 da produccedilatildeo total Conforme Sefrin (1995) devido a

essa queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo para o exterior na deacutecada de

1960 os fumicultores encontravam-se em condiccedilotildees econocircmicas peacutessimas pois

aleacutem de ser um trabalho aacuterduo os lucros eram iacutenfimos natildeo conseguindo muitas

vezes fazer o pagamento do financiamento da produccedilatildeo aleacutem das safras serem

afetadas pelas intempeacuteries climaacuteticas encontrando-se cada vez mais

desamparados Como aponta Safrin (1995) os pagamentos muitas vezes eram feitos

no ano seguinte da venda e com preccedilos ainda reduzidos

Para que a produccedilatildeo brasileira do fumo pudesse voltar ao cenaacuterio internacional era

indispensaacutevel um salto qualitativo na produccedilatildeo do fumo fato que exigiria a injeccedilatildeo

de grande quantidade de capital na produccedilatildeo Conforme Vogt (1994) os

37

investimentos necessaacuterios para a melhoria da qualidade estavam relacionados agrave

aquisiccedilatildeo de sementes adubos pesticidas instrumentos agriacutecolas construccedilatildeo de

estufas bem como a assistecircncia teacutecnica constantemente presente na propriedade

do colono e a garantia da compra integral da produccedilatildeo sendo mais um fator que

impulsionou a Souza Cruz a investir nessa regiatildeo

De acordo com Silva (2002) para corroborar na soluccedilatildeo dos problemas

econocircmicos dos fumicultores surgiram movimentos de uniatildeo dos interesses dos

mesmos o que resultou na sugestatildeo para a criaccedilatildeo de uma associaccedilatildeo formal dos

fumicultores Sendo assim no dia 21 de marccedilo de 1955 na cidade de Santa Cruz do

SulRS foi criada a Associaccedilatildeo dos Plantadores de Fumo em Folha do Rio Grande

do Sul a qual em 1963 mudou sua razatildeo social para Associaccedilatildeo dos Fumicultores

do Brasil (AFUBRA) passando a abranger tambeacutem os estados de Santa Catarina e

Paranaacute (AFUBRA 2014) Dessa forma a entidade foi criada devido a dois fatores

principais a instabilidade do mercado e dos preccedilos do tabaco e a inexistecircncia de

auxiacutelio econocircmico contra danos por granizo nas lavouras

Com a injeccedilatildeo de capital para a melhoria na produccedilatildeo do fumo e com a

criaccedilatildeo da AFUBRA os fumicultores encontravam-se mais confiantes pelo fato de

estarem obtendo melhores rendimentos Apesar desse desequiliacutebrio nas

exportaccedilotildees pelo qual o mercado fumageiro passou nas deacutecadas de 1950 e 1960

Spies (2000) destaca que a induacutestria do fumo jaacute era a mais importante da regiatildeo de

Santa Cruz no Rio Grande do Sul entre os anos de 1952 e 1965 pois no ano de

1924 os produtos de subsistecircncia representavam 70 da produccedilatildeo e na deacutecada de

1950 esse valor caiu para 413 do total da produccedilatildeo agriacutecola regional

Conforme destaca Vogt (1994) o final da deacutecada de 1960 e com maior

intensidade nas deacutecadas de 1970 e 1980 a fumicultura brasileira volta a ter um

aumento significativo em termos de aacuterea produzida e exportaccedilatildeo da produccedilatildeo devido

principalmente agrave abertura do mercado internacional para os fumos brasileiros mas

tambeacutem agrave adoccedilatildeo de poliacuteticas favoraacuteveis agrave instalaccedilatildeo de agroinduacutestrias no paiacutes

resultando na consolidaccedilatildeo dos complexos agroindustriais

Na deacutecada de 1970 e 1980 era notaacutevel o progresso do setor fumageiro na

regiatildeo Sul do Brasil Esse fato refletiu nas exportaccedilotildees pois a quantidade do fumo

em folha exportado pelo Brasil daacute um salto de 55 mil toneladas exportadas no ano

38

de 1965 para 170 mil toneladas no ano de 1985 dando assim a configuraccedilatildeo da

atual estrutura fumageira do Brasil

Com a consolidaccedilatildeo do Complexo Agroindustrial Brasileiro ou seja da

integraccedilatildeo entre a agricultura e a induacutestria o setor fumageiro ganhou grande

impulso e os estados de Santa Catarina e Paranaacute tambeacutem receberam consideraacuteveis

incentivos para se especializar na produccedilatildeo Foi nesse periacuteodo que a produccedilatildeo em

maior escala atingiu o municiacutepio de PrudentoacutepolisPR e um nuacutemero maior de famiacutelias

aderiu a esse cultivo

Durante a deacutecada de 70 consolidou-se a atual estrutura fumageira existente no Brasil meridional [] ao mesmo tempo os cultivos nos estados de Santa Catarina e Paranaacute foram intensificados pelas corporaccedilotildees que introduziram o tabaco em novas aacutereas para responder a demanda internacional (VOGT 1994)

Dessa forma a proliferaccedilatildeo das lavouras de fumo acontece

concomitantemente nos trecircs estados da regiatildeo Sul do Brasil e estes se destacam

pela qualidade do fumo que produzem Silva (2002) aponta que a chegada de outras

empresas multinacionais com intenccedilatildeo de expandir-se impulsionou o processo de

organizaccedilatildeo da produccedilatildeo do fumo incentivando a especializaccedilatildeo dos envolvidos nas

atividades

Em Santa Catarina e no Paranaacute o cultivo de fumo de estufa de caraacuteter

comercial daacute-se a partir da empresa Souza Cruz a partir da deacutecada de 1960 a qual

oferecia o sistema integrado de produccedilatildeo Ou seja os fumicultores plantariam o

fumo a Souza Cruz entraria com o financiamento da produccedilatildeo (fornecimento da

estufa de insumos e assistecircncia teacutecnica) e no final da safra o fumicultor fazia o

pagamento para a empresa com sua proacutepria produccedilatildeo No Paranaacute a Souza Cruz

inseriu primeiramente a produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Irati (principal polo

fumageiro do Paranaacute onde se localiza o municiacutepio de Prudentoacutepolis)

A partir da deacutecada de 1980 a produccedilatildeo vem aumentando Vogt (1994) expotildee

que a regiatildeo Sul do paiacutes aumentou sua produccedilatildeo em aproximadamente 60 entre

as safras de 198788 e 19921993 dando um salto de 350 mil para 560 mil

toneladas

39

TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL

SAFRA AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS

KG ha R$Kg

1995 200830 348000 132680 1733 155

2000 257660 359040 134850 2092 200

2005 439220 842990 198040 1919 433

2006 417420 769660 193310 1844 415

2007 360910 758660 182650 2102 425

2008 348720 713870 180520 2047 541

2009 374060 744280 186580 1990 590

2010 370830 691870 185160 1866 635

2011 372930 832830 186810 2233 493

2012 324610 727510 165170 2241 630

2013 313675 712750 159595 2272 745

2014 323700 731390 162410 2259 728

Fonte AFUBRA2015

A safra de 2005 mostra novamente um aumento significativo na produccedilatildeo

total Sul brasileira chegando a 842990 toneladas anuais (tabela 1) De 2005 para

caacute a produccedilatildeo oscilou entre 842990 e 691870 toneladas anuais (conforme a

demanda do mercado) com um leve decreacutescimo nos uacuteltimos trecircs anos

A produtividade do fumo aumentou na deacutecada de 2000 devido agrave introduccedilatildeo de

novas teacutecnicas que permitiram a diminuiccedilatildeo do uso de matildeo de obra Na safra de

1995 a produtividade meacutedia foi de 1733 kgha aumentando consideravelmente

para a uacuteltima safra a qual chegou a 2259 Kgha Nos anos de 2005 e 2006

percebe-se um aumento na quantidade de famiacutelias envolvidas na atividade quadro

esse invertido no ano de 2007 ocorrendo queda no nuacutemero dessas famiacutelias

Apesar da diminuiccedilatildeo do nuacutemero das famiacutelias na atividade em geral a

produccedilatildeo natildeo eacute afetada o quase deve agrave modernizaccedilatildeo das estufas de secagem

que resultou na diminuiccedilatildeo da matildeo de obra favorecendo o aumento da produccedilatildeo

por parte das famiacutelias que permaneceram no setor Conforme um produtor

entrevistado durante o trabalho de campo desta pesquisa

40

Depois que modernizamos a nossa estufa no ano de 2005 conseguimos aumentar a produccedilatildeo e diminuir a matildeo de obra [] antes precisava de quatro pessoas para colheita e pelo menos mais 4 para fazer a costura das folhas de fumo no galpatildeo antes de colocar na estufa [] quando descarregava as folhas da estufa era preciso tirar todos os fios do fumo [] dava muito trabalho Com a modernizaccedilatildeo isso acabou [] o fumo que vem da lavoura vai direto para a estufa Precisamos soacute de pessoas para colher e carregar direto na estufa O trabalho eacute mais leve nos dias de hoje com esse tipo de estufa (FUMICULTOR DA LINHA RIO PRETO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)

Sei que o fumo por si soacute jaacute eacute um veneno mas usamos os equipamentos de proteccedilatildeo que eacute seguro Hoje usamos agrotoacutexicos porque daacute menos serviccedilo e sai mais barato que pagar pra carpir [] soacute por isso mesmo[] Quando produzia morangos usava mais veneno ainda [] sabemos que o veneno natildeo faz bem nem pra noacutes nem para a natureza mas natildeo temos outras opccedilotildees (FUMICULTOR DA LINHA DEZEMBRO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)

Diniz Filho (2011) tambeacutem ressalta que especificamente no caso das

tecnologias de produccedilatildeo agriacutecola a opccedilatildeo dos agricultores familiares pelo uso de

maacutequinas e produtos quiacutemicos eacute estimulada pelo interesse de eliminar certos tipos

de trabalho braccedilal muito penosos Nesse sentidodiscorda-se do paradigma

camponecircs pelo fato de opor o agricultor familiar ao agronegoacutecio afirmando que o

primeiro prima por praacuteticas mais sustentaacuteveis com objetivo de reproduzir somente o

modo de vida ao passo que o agronegoacutecio tenderia a usar tecnologias mais

danosas para o meio ambiente por estar preocupado apenas com lucratividade

Com relaccedilatildeo agrave venda do fumo o preccedilo do quilo varia a cada ano e a

sistemaacutetica para que se estabeleccedila o valor da safra entre os fumicultores e a

induacutestria fumageira incide em acordos com as entidades representativas dos

produtores como a Afubra Associaccedilotildees Federaccedilatildeo e o Sinditabaco que representa

as induacutestrias (DERALSEAB 2014) Apoacutes as negociaccedilotildees e a assinatura do

protocolo eacute que se estabelecem os preccedilos para as variadas qualidades do fumo

Nesse sentido o preccedilo do quilo do fumo eacute regulado conforme a oferta e demanda do

produtopelo mercado expressando adequadamente o valor marginal muitas vezes

pago aos produtores Dessa forma discorda-se de Roos (2015) quando afirma que

os fumicultores estatildeo subordinados pelas empresas fumageiras por terem pouca

representatividade na hora de fixar o preccedilo do quilo do fumo

Conforme AFUBRA (2015) para o fumo Virgiacutenia que eacute uma variedade dos

fumos de coloraccedilatildeo clara satildeo estabelecidas 41 variedades de classificaccedilatildeo sendo a

variedade mais bem paga a BO1 que valia 922 reais o quilo na safra de 20142015

41

e a variedade de menor valor o ST (farelos do fumo) tabelado a 054reais por quilo

Jaacute para o fumo Burley que eacute uma variedade dos fumos de coloraccedilatildeo escura satildeo

estabelecidas 30 diferentes variedades A mais bem paga eacute a B1 que equivale a

811 para cada quilo e a variedade menos valorizada eacute a G (farelos do fumo) que

vale 060 reais por quilo Quando o fumo eacute vendido para a empresa sempre eacute feito

uma meacutedia de toda venda e como revelam os dados da tabela 2 a meacutedia do quilo

pago para os produtores na safra de 201415 foi de 728 reais por quilo

Atualmente a regiatildeo Sul do Brasil se destaca pela maior produccedilatildeo de fumo

do paiacutes participando com 981 do total produzido Os trecircs estados sulinos satildeo

responsaacuteveis por colocar o paiacutes como o segundo maior produtor ena primeira

posiccedilatildeo no quesito exportaccedilatildeo mundial

TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO

ESTADOS AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)

PARTPRODUCcedilAtildeO ()

Rio Grande do Sul

204000 412000 2020 481

Santa Catarina 120000 258000 2150 301

Paranaacute 76000 171000 2250 200

Alagoas 9000 11000 1222 13

Bahia 3000 3000 1000 03

Outros 2000 2000 1000 02

Brasil 414000 857000 2070 100

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) 2014

A produccedilatildeo do fumo e a atuaccedilatildeo das empresas desse setor se datildeo de forma

mais intensa nos paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso do Brasil devido agrave

disponibilidade de matildeo de obra barata facilidade das multinacionais se instalarem

atraveacutes dos incentivos fiscais inexistecircncia de leis ambientaisriacutegidas e por ser a

atividade que gera mais renda se comparada a outras culturas produzidas em

pequena escala

42

TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013

PRODUCcedilAtildeO haacute PRODUCcedilAtildeO KG

VALOR R$

Animal x 1362412180 2565555940 26

Vegetal 1515650 2487306782 2077480 21

Tabaco 309350 705570000 5383773200 54

Total 1825000 4555288952 10026810100 100

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014

A partir dos dados apresentados pode-se destacar que a produccedilatildeo de fumo

na regiatildeo Sul do Brasil eacute responsaacutevel pela maior renda de muitos agricultores

familiares jaacute que os estados possuem uma grande quantidade de pequenas

propriedades e que dependem da produccedilatildeo do fumo para sua reproduccedilatildeo

econocircmica

Ahrens (2008) afirma que a produccedilatildeo mundial estaacute migrando dos paiacuteses

desenvolvidos para os paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso dos Estados

Unidos que apesar de aparecer como um dos principais produtores de fumo teve

sua produccedilatildeo prejudicada devido aos altos custos de cultivo e agrave escassez de matildeo de

obra

TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012

PAIacuteSES PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

PROCESSADO (t)

CONSUMO (t)

ESTOQUE EXPORTACcedilAtildeO (t)

IMPORTACcedilAtildeO (t)

1 China 2160000 256205 553960 0 538960

2 Brasil 670820 86060 112580 651190 12320

3 Iacutendia 576740 465510 134240 271060 200930

4 Estados Unidos

212020 441720 1580130 153130 420440

5 Indoneacutesia 191260 147940 134830 50270 27440

43

6 Turquia 152190 106240 34620 98200 60430

7 Zimbabwe 127190 3990 229930 43520 80

8 Argentina 103790 29950 364650 36100 1630

9 Paquistatildeo 74910 76300 91570 5390 10390

10 Malavi 71320 1290 166580 91500 890

93 Outros 1533150 1850430 3055200 608630 725480

103 Total 5873390 5771480 6468290 2008990 2008990

Fonte AFUBRA 2014

Apesar de a China ser a maior produtora mundial de fumo acaba consumindo

toda essa produccedilatildeo e na safra de 20112012 ainda importou 538960 toneladas

para suprir sua demanda interna Jaacute o Brasil que estaacute na 2ordm posiccedilatildeo de produccedilatildeo

mundial de fumo destina a maior parte da sua produccedilatildeo para o mercado externo Na

safra de 2013 88 da produccedilatildeo se dirigiu ao mercado externo (quadro 2) ficando

no paiacutes apenas 12 da produccedilatildeo para a fabricaccedilatildeo de cigarros cigarrilhas e

charutos Conforme DERALSEAB (2013) das 627000 toneladas exportadas em

2013 a regiatildeo Sul contribuiu com 624000 toneladas representando o equivalente

de 955 das exportaccedilotildees brasileiras

O quadro 2 mostra que apesar de a maior quantidade do fumo produzido no

Brasil se dirigir para o mercado externo os maiores faturamentos estatildeo relacionados

ao fumo consumido no proacuteprio paiacutes atingindo um lucro total maior que as

exportaccedilotildees O fato de as exportaccedilotildees renderem menos lucros que o fumo

consumido no proacuteprio paiacutes se daacute deve ao fato de o fumo exportado natildeo passar por

processamentos de agregaccedilatildeo de valor(exportaccedilatildeo de folhas e talos) Enquanto

isso toda a produccedilatildeo consumida no paiacutes tanto os fumos claros como os escuros

passa por vaacuterios processamentos de agregaccedilatildeo de valor ateacute obter os cigarros

cigarrilhas e charutos prontos para consumo

A distribuiccedilatildeo da renda bruta do setor fumageiro (quadro 2) estaacute dividida

entre tributosGoverno induacutestria produtor e varejista sendo que 459 dessa renda

eacute destinada ao governo O produtor fatura em torno de 205 do total da renda

faturamento esse que deve ser destinado para a compra dos insumos pagamento

do seguro da produccedilatildeo matildeo de obra desgastes com a terra implementos que usa

na produccedilatildeo gastos com a secagem das folhas do fumo aleacutem de prejuiacutezos que

podem vir a acontecer durante a produccedilatildeo

44

Jaacute os varejistas apesar de auferirem 6 do faturamento natildeo tecircm gastos tatildeo

altos comoos produtores Aleacutem do mais esse setor ganha na quantidade sendo que

existe um nuacutemero muito maior de fumicultores que de varejistas Isso tambeacutem

acontece com a induacutestria que tem seus ganhos principalmente no volume e na

agregaccedilatildeo de valor do produto

Pelos dados apresentados apresentados no quadro 2 pode-se concluir que o

maior beneficiado com o faturamento da produccedilatildeo de fumo eacute o setor puacuteblico atraveacutes

de impostros

QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL

ESPECIFICACcedilAtildeO

2012 2013

R$ Toneladas R$ Toneladas

Consumo Domeacutestico

1635750730000 88990 12 1765594334000 84350 12

Exportaccedilatildeo 645663700000 637780 88 722287181000 627230 88

TOTAL 2281414430000 726770 100 2487881515000 711580 100

DISTRIBUICcedilAtildeO DA RENDA BRUTA

Tributos Governos

1048025493000 459 1076394659000 433

Induacutestria 627838400000 275 720610862000 290

Produtor 467329600000 205 541693230000 217

Varejista 138220930700 61 149182764000 60

TOTAL 2281414430000 100 2487881515000 100

FONTE AFUBRA2013

De acordo com dados da DERALSEAB (2015) no ano de 2014 o fumo

brasileiro foi destinado para mais de cem paiacuteses abrangendo principalmente paiacuteses

da Uniatildeo Europeia (42) seguidos do Extremo Oriente (26) Ameacuterica do Norte

(13) Aacutefrica (7) Leste Europeu (7) e Ameacuterica Latina (5) Atualmente a

liderenccedila brasileira nas exportaccedilotildees se daacute devido agrave excelente qualidade do fumo agrave

regularidade da produccedilatildeo e agrave competitividade com os preccedilos dos demais paiacuteses

produtores

45

42

26

13

7

7

5

Uniatildeo Europeia

Oriente Meacutedio

Ameacuterica do Norte

Aacutefrica

Leste Europeu

Ameacuterica Latina

Paiacuteses importadores do fumo brasileiro

Fonte

DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014

Conforme DERAL (2014) no Paranaacute as lavouras com predomiacutenio de fumos

claros concentram-se nos nuacutecleos regionais de Irati Ponta Grossa Curitiba Uniatildeo

da Vitoacuteria e Guarapuava Jaacute em Francisco Beltratildeo Pato Branco Cascavel e Toledo

cultivam-se os fumos escuros

Na figura 1 estatildeo expostos os municiacutepios produtores de fumo e a meacutedia de

hectares que cada municiacutepio ocupa com essa culturaNota-se que a produccedilatildeo de

fumo no estado se concentra em sua maioria na regiatildeo Sudeste Centro-Sul

Sudoeste e Oeste

O municiacutepio de Prudentoacutepolis pertence ao nuacutecleo de Irati nuacutecleo esse que

ocupa o primeiro lugar no ranking de produccedilatildeo de fumos claros do estado conforme

a tabela 5

GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO

46

FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA Fonte IBGE 2014

TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute

Nuacutecleos regionais

Safra 20132014 Safra 20142015 Participaccedilatildeo

Aacuterea (ha) Produccedilatildeo(t) Aacuterea (ha) Produccedilatildeo (t) ()

Irati 19300 43425 19500 43875 244

Ponta Grossa 17562 42605 18862 45268 251

Curitiba 13300 30493 13300 34580 12

Uniatildeo da Vitoacuteria

7500 15750 7600 15580 87

Guarapuava 5000 12400 4900 13230 73

Francisco Beltratildeo

4350 9904 4300 10320 57

Cascavel 3600 7556 3500 7453 41

Outros 4774 10711 4496 9907 55

Total 75386 172844 76308 180213 1000

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014

47

Na safra de 20122013 os municiacutepios paranaenses que se destacaram no

volume de fumo produzido foram Satildeo Joatildeo do Triunfo Rio Azul Prudentoacutepolis

Ipiranga e Irati As 1813 famiacutelias que cultivam fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis

foram responsaacuteveis por produzir 10192 toneladas do produto

Para os municiacutepios de Satildeo Joatildeo do Triunfo e Rio Azul se comparados os

volumes produzidos (quadro 3) nota-se quea quantidade em toneladas natildeo

apresenta tanta diferenccedila entre ambos sendo 13458 toneladas em Satildeo Joatildeo do

Triunfo e 13268 toneladas em Rio Azul Poreacutem em relaccedilatildeo ao nuacutemero de famiacutelias

que trabalham na atividade fumageira em Rio Azul esse nuacutemero eacute bem maior que

em Satildeo Joatildeo do Triunfo Esse fatoeacute resultado da opccedilatildeo das famiacutelias de Rio Azul

porproduzirem menores quantidades de fumo por unidade familiar como tambeacutem

por intempeacuteries climaacuteticas (granizo ventos) que impediram de colher toda a

produccedilatildeo

PARANAacute PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTORES

Satildeo Joatildeo do Triunfo 13458 1968

Rio Azul 13268 2610

Prudentoacutepolis 10192 1813

Ipiranga 9323 1661

Irati 8539 1558

QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) AFUBRA 2014

22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL

De acordo com Sauer (2008) em 1996 a criaccedilatildeo do PRONAF (Programa

Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) trouxe avanccedilos poliacuteticos

voltados aos agricultores familiares permitindo o reconhecimento destes enquanto

categoria social epossibilitando o acesso ao creacutedito agriacutecola Creacutedito esse que

48

quando usado de maneira correta contribui significativamente para o aumento da

produccedilatildeo

Dentre os vaacuterios estudos que retratam a evoluccedilatildeo da agricultura familiar

brasileira nas uacuteltimas deacutecadas destaca-seldquoO Novo Retrato Da Agricultura Familiar

Brasileirardquo Nesse estudo os autores mencionam a importacircncia de refletir sobre o

espaccedilo rural tendo como escopo a sua diversidade pelo fato da existecircncia de

distintos tipos de agricultores familiares que possuem interesses e estrateacutegias

particulares de produccedilatildeo agropecuaacuteria Nesse sentido da mesma forma que existe

uma diversidade de agricultores familiares deveratildeo tambeacutem existir poliacuteticas

agriacutecolas e tipos de assistecircncia teacutecnica distinto para cada grupo com intuito desses

empregarem em sua produccedilatildeo tecnologias que possibilitam o seu fortalecimento e

expansatildeo diante dos mercados

Sobre a diversidade da agricultura familiar brasileira a tabela 6 mostra de que

forma satildeo distribuiacutedos os tipos familiares a renda monetaacuteria anual e qual a

porcentagem na participaccedilatildeo do valor bruto da agricultura familiar por grupo familiar

TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006

Grupos familiares Nuacutemero de agricultores familiares

segundo o tipo

Total VBP familiares

Renda Monetaacuteria

liacutequida anual em reais

A 452750 695 5323600

B 964140 157 372500

C 574961 47 149900

D 2560274 102 25500

Total 4551855 -

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

A partir dos dados sobre a caracterizaccedilatildeo dos grupos familiares nota-se que

o grupo com um contingente maior de agricultores familiares no ano de 2006 foi o

grupo D ou seja os descapitalizados Esses agricultores familiares de acordo com

Guanziroli et al (2012) estatildeo em sua maioria concentrados nas regiotildees Norte e

Nordeste do Brasil sendo os que menos empregam aparatos tecnoloacutegicos Desse

modo o autor afirma que o grau de especializaccedilatildeo e tecnificaccedilatildeo tem maior

49

influecircncia na geraccedilatildeo de renda do que a quantidade de terra possuiacuteda por cada

unidade familiar Sobre o grupo familiar D o estudo tambeacutem menciona que

[] entre os agricultores familiares do tipo D tambeacutem existem agricultores mais capitalizados os quais podem ter sido classificados neste grupo devido agrave frustraccedilatildeo de safra baixos preccedilos de seus produtos no mercado ou a realizaccedilatildeo de novos investimentos nos quais as receitas ainda natildeo estatildeo superando as despesas Esta afirmaccedilatildeo estaacute baseada na participaccedilatildeo percentual do creacutedito rural obtido e dos investimentos realizados por estabelecimentos deste tipo (FAOINCRA)

Os agricultores familiares dos grupos A e B considerados como capitalizados

e em vias de capitalizaccedilatildeo correspondem principalmente aos produtores familiares

da regiatildeo Sul do paiacutes O desempenho desses grupos se deve ao fato de estarem

inseridos em cadeias produtivas mais competitivas as quais trazem melhores

retornos econocircmicos

Guanziroli et al (2012) apontam que os produtores familiares do tipo A tecircm

uma renda anual elevada em parte porque na aacuterea rural podem se beneficiar da

produccedilatildeo para autoconsumo natildeo pagam aluguel e as taxas sobre o valor da aacutegua e

luz satildeo mais baixas se comparadas com a urbana Dessa forma o padratildeo de vida

desses agricultores eacute compatiacutevel com a da classe meacutedia urbana Entretanto existe

uma distacircncia muito grande entre os produtores do grupo A e os demais

Nesse sentido Guanziroli et al (2006) com base no estudo ldquoDez anos de

evoluccedilatildeo da agricultura familiar no Brasil (1996 e 2006)rdquo compararam os dados do

censo agropecuaacuterio de 1996 com o de 2006 a fim de dar respostas a algumas

inquietudes sobre a evoluccedilatildeo da agricultura familiar no dececircnio analisando o

processo de modernizaccedilatildeo da agricultura familiar por meio da evoluccedilatildeo de algumas

variaacuteveis (uso de maquinaacuterios insumos entre outras tecnologias) Dentre outros

resultados esse estudo mostrou que houve crescimento do nuacutemero de agricultores

familiares entre os censos o qual passou de 4139000 para 4551855 Ou seja em

1996 8517 do total dos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros eram

familiares e em 2006 essa porcentagem aumenta para 8796 do total

Os dados desse estudo tambeacutem mostraram que os agricultores familiares

pertencentes ao grupo A e quanto muito aos grupos A e B desempenham um papel

importante em termos econocircmicos Jaacute o grupo C e principalmente os agricultores

familiares do grupo D produzem tatildeo pouco que remetem aquela visatildeo do agricultor

50

familiar de subsistecircncia que comercializa pequenos excedentes econocircmicos em

mercados locais

O uso de tecnologias pelos agricultores familiares como maquinaacuterios e

insumos quiacutemicos contribuiu para o aumento da produccedilatildeo e da produtividade

acontecimento esse que possibilitou a ascensatildeo do universo familiar no cenaacuterio

agropecuaacuterio brasileiro com significativa importacircncia na produccedilatildeo tanto de gecircneros

alimentiacutecios de consumo nacional como tambeacutem de commodities de exportaccedilatildeo

caso a produccedilatildeo de fumo As tecnologias voltadas para a produccedilatildeo de fumo

referem-se a modernizaccedilatildeo das estufas de secagem das folhas de fumo de

sementes melhoradas geneticamente aleacutem dos insumos agriacutecolas

De acordo com Guanziroli et al (2006) as anaacutelises regionais sobre a

agricultura familiar brasileira para o ano de 2006 mostram que as regiotildees Norte

Nordeste e Sul apresentam maior participaccedilatildeo percentual de agricultores familiares

na produccedilatildeo regional em detrimento das regiotildees Centro-Oeste e Sudesteas quais

caracterizam-se pela maior expressividade da agricultura patronal

TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006

Regiatildeo 2006

Norte 6018

Nordeste 4738

Sudeste 2228

Sul 5443

Centro-Oeste 1453

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

Outro dado importante trazido pelos autores supracitados estaacute relacionado ao

fator produtividade como se vecirc pela comparaccedilatildeo entre os agricultores familiares e

natildeo familiares por regiatildeo (tabela 8) Os agricultores familiares pelo fato de

possuiacuterem quantidades de terras menores tendem a ser mais produtivos que o

agricultor natildeo familiar Nesse sentido concorda-se com Navarro (2014) ao apontar

que a ampliaccedilatildeo no acesso de tecnologias agrave agricultura de menor porte econocircmico eacute

necessaacuteria para a permanecircncia desses produtores no rural

51

A produccedilatildeo de fumo da regiatildeo Sul do Brasil eacute um exemplo que retrata que a

agricultura familiar eacute mais eficiente no uso da matildeo de obra e da terra quando

comparada aos agricultores patronais A necessidade da intensificaccedilatildeo da matildeo de

obra familiar para aumentar a produccedilatildeo exemplifica bem o porquecirc da maior parte

empregada na agricultura estaacute no segmento familiar apesar desse segmento natildeo ser

predominante na produccedilatildeo agriacutecola brasileira Dessa maneira Abramovay (1992 p

209) afirma que ldquonatildeo haacute atividade econocircmica em que o trabalho e a gestatildeo

estruturam-se tatildeo fortemente em torno de viacutenculos de parentesco e onde a

participaccedilatildeo da matildeo de obra natildeo contratada seja tatildeo importante como na agricultura

familiarrdquo

TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006

Brasil e Regiotildees

Valor produzido por hectare (R$ de 2006)

Natildeo familiar Familiar

Norte 1113 2410

Nordeste 3783 3907

Sudeste 10546 7378

Sul 8373 13376

Centro-Oeste 2727 2851

Brasil 4617 5546

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

Atraveacutes da regionalizaccedilatildeo e do valor produzido por hectare percebe-se que

os agricultores familiares da regiatildeo Sul satildeo mais eficientes no valor produzido e

segundo Guanziroli et al (2012) a predominacircncia de agricultores familiares nas

cadeias produtivas como a fumicultura a avicultura e suinocultura favorece o

aumento da produtividade por aacuterea Eacute nesse sentido que pode-se afirmar natildeo existir

dicotomia ou oposiccedilatildeo entre a agricultura familiar e a patronal uma vez que a

competiccedilatildeo no mercado faz com que cada um desses segmentos tenda a

predominar nos setores em que apresenta capacidade para produzir com mais

eficiecircncia

Na regiatildeo Sudeste a alta tecnologia empregada pelos agricultores natildeo

familiares consegue superar a produtividade da agricultura familiar Jaacute nas regiotildees

Norte e Nordeste encontram-se os menores iacutendices de produtividade da agricultura

52

familiar brasileira fato relacionado a vaacuterios fatores principalmente os solos menos

produtivos clima cultivo de culturas que tecircm um retorno de investimento menor e

tambeacutem a menor disponibilidade de tecnologias assistecircncia teacutecnica e poliacuteticas

agriacutecolas capazes de inverter esse quadro

Aleacutem da representatividade bastante grande (956) da produccedilatildeo de fumo a

agricultura familiar brasileira tem participaccedilatildeo significativa na produccedilatildeo de gecircneros

alimentiacutecios como arroz feijatildeo e mandioca Tambeacutem contabiliza-se um nuacutemero

significativo de agricultores familiares envolvidos nas cadeias produtivas

caracteriacutesticas do agronegoacutecio como soja trigo e milho (tabela 9)

No caso dos produtos de origem animal (tabela 10) a participaccedilatildeo da

agricultura familiar tambeacutem eacute significativa ou seja concorda-se com Guanziroli et al

(2012) quando afirma que produzir alimentos como arroz feijatildeo ou mandioca natildeo

quer dizer necessariamente que esses produtores satildeo camponeses ou produtores

de subsistecircncia pois na grande maioria dos estabelecimentos produz-se totalmente

para o mercado ou seja seu objetivo natildeo eacute somente a subsistecircncia e sim vender a

produccedilatildeo

TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000

PRODUTO 2006

Arroz 3919

Cana-de-accediluacutecar 1024

Cebola 6959

Fumo 9567

Mandioca 9317

Milho 5190

Soja 2360

Trigo 3638

Feijatildeo 7659

Banana 6240

Cafeacute 2967

Laranja 2525

Uva 5363

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

53

TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006

TIPO DE PRODUCcedilAtildeO 2006

Pecuaacuteria de corte 1665

Pecuaacuteria de leite 6053

Suiacutenos 5245

Aves 3034

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

A produccedilatildeo de fumo na regiatildeo Sul do Brasil tambeacutem tem grande

expressividade no contingente de pessoal ocupado (PO) ou seja conforme

demonstrado na tabela abaixo 9 da PO agriacutecola de 2012 estava ocupada nessa

atividade De acordo com Maia e Sakamoto (2015) no Sul destacam-se aleacutem dos

ocupados no cultivo do fumo os ocupados no cultivo da soja (10 da PO agriacutecola)

que representavam em 2012 90 e 63 dos ocupados nos respectivos ramos de

atividade do conjunto da PO agriacutecola brasileira

Para esses autores a dinacircmica da PO agriacutecola brasileira foi influenciada pela

regiatildeo Nordeste que apesar de conter o contingente agriacutecola mais expressivo do

Paiacutes (44 do total da PO agriacutecola brasileira) passou por uma grande reduccedilatildeo de

28 da PO agriacutecola entre os anos de 2005 e 2012 Buainain et al (2013) apud Maia

Sakamoto (2014) destacam que esse processo de esvaziamento na regiatildeo

Nordeste estaria associado tanto agrave inviabilidade econocircmica do minifuacutendio quanto agraves

diferenccedilas de qualidade de vida e oportunidades de emprego entre os meios rural e

urbano

54

TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012

Grupos 2012

N (1000)

Criaccedilatildeo de bovinos e outros animais 402 188

Cultivo de hortaliccedilas legumes flores etc 305 143

Cultivo de Soja 207 97

Produccedilatildeo mista lavoura temporaacuteria e pecuaacuteria

197 92

Cultivo de milho 194 91

Cultivo de fumo 194 91

Outras atividades 632 297

Total 2131 100

Fonte Maia e Sakamoto 2014 Dados primaacuterios IBGE 2012

Com relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos ocupantes em atividades agropecuaacuterias por

condiccedilatildeo de pobreza (tabela 12) nota-se que os ocupados pobres na produccedilatildeo de

fumo correspondem a 7 do total que eacute um percentual de pobres em geral menor

do que os encontrados em outras produccedilotildees como nas de mandioca (26) arroz

(29) milho (24) e horticultura (12)

As culturas da soja cafeacute cana-de-accediluacutecar e frutas satildeo as que tecircm menores

taxas de pobreza com valores respectivos de 24 45 46 e 63 A

proporccedilatildeo meacutedia brasileira para todos os ocupados em atividades agropecuaacuterias eacute

de 146

Desse modo pode-se dizer que as culturas tradicionais como arroz

mandioca e milho satildeo as que tecircm maiores taxas de pobreza Esse fato faz sentido

em Prudentoacutepolis pois na regiatildeo Norte do municiacutepio onde a produccedilatildeo de fumo natildeo

eacute realizada devido agraves caracteriacutesticas do clima e da topografia o niacutevel de

desenvolvimento eacute menor que na parte Central e Sul do municiacutepio Esse contraste

se revela natildeo somente pela comparaccedilatildeo entre culturas tradicionais e a produccedilatildeo de

fumo pois tambeacutem as outras culturas tendem a gerar menores taxas de pobreza

A produccedilatildeo de frutas eacute uma boa opccedilatildeo para a geraccedilatildeo de renda dos

agricultores familiares em geral pois apresenta uma taxa de pobreza bem menor

55

ainda que a do fumo Poreacutem para essa produccedilatildeo seria necessaacuteria a especializaccedilatildeo

e a tecnificaccedilatildeo desses agricultores realizadas a partir de poliacuteticas de incentivos a

tecnificaccedilatildeo e assistecircncia para agricultura familiar como apontado por Navarro

(2014) Ou seja a quantidade de tecnologia empregada de forma correta estaacute

intrinsecamente relacionada agrave renda do agricultor Sobre tecnologia para a

agricultura familiar Valente (2008) ressalta que ldquodeve-se compreender a tecnologia

natildeo como panaceacuteia mas conhecimento que estaria a exigir inovaccedilotildees institucionais

como poliacuteticas puacuteblicas parcerias e outras accedilotildees que a ele devem ser conjugadasrdquo

TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010)

Atividade Natildeo pobre Pobre Pobres () Total

Arroz 137325 56589 292 193914

Milho 389402 126624 245 516026

Algodatildeo 7322 579 73 7901

Cana-de-accediluacutecar 214497 10189 45 224686

Fumo 215365 16116 70 231481

Soja 96235 2387 24 98622

Mandioca 376239 132050 260 508288

Horticultura 522745 72322 122 595067

Frutas 236742 15808 63 252550

Cafeacute 552738 26757 46 579496

Cacau 67809 6670 90 74479

Pecuaacuteria 1611624 149626 85 1761250

Outros cultivos 4389749 942358 177 5332108

Outros agropecuaacuteria

1609597 226670 123 1836267

Total 10427388 1784746 146 12212134

Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010

Portanto os dados da tabela 12 mostram que realmente existem vaacuterias

culturas que geram uma taxa de pobreza bem menor que a cultura do fumo mas em

contrapartida existem aquelas que geram taxas de pobreza bem maiores Assim

pode-se dizer que os agricultores familiares que produzem fumo analisam os fatores

56

relacionados agrave matildeo de obra terra maquinaacuterios disponibilidade de capital

conhecimento teacutecnico e agrave lucratividade por atividade optando pela produccedilatildeo mais

rentaacutevel dentre aquelas para as quais possuem capacidade teacutecnica e financeira para

produzir

No quadro 4 podemos ver como ocorre a distribuiccedilatildeo das atividades

agropecuaacuterias entre os domiciacutelios rurais e urbanos Nesse sentido aproporccedilatildeo dos

ocupados em atividades agriacutecolas e que residem em aacutereas urbanas satildeo maiores em

cultivos como cana-de-accediluacutecar algodatildeo e frutas (607 516 e 451

respectivamente) ao passo que no cultivo do fumo cacau milho e arroz essas

proporccedilotildees satildeo bem menores (65 224 245 e 292)

Do ponto de vista da fixaccedilatildeo do homem no campo a cultura do fumo eacute mais

eficiente se comparadas com aquelas mais mecanizaacuteveis em que o contingente de

ocupados em atividades agriacutecolas eacute maior na aacuterea urbana O fato de a produccedilatildeo de

fumo ser pouco mecanizaacutevel no Brasil principalmente na colheita exige a matildeo de

obra familiar sem contar a necessidade da contrataccedilatildeo de matildeo de obra nos

periacuteodos de colheita do produto

Atividade Urbano Rural Urbano () Total Arroz 63133 130781 326 193914 Milho 114789 401228 222 516026 Algodatildeo 4075 3826 516 7901 Cana-de-accediluacutecar 136484 88202 607 224686 Fumo 15105 216376 65 231481 Soja 32958 65664 334 98622 Mandioca 86628 421660 170 508288 Horticultura 233989 361078 393 595067 Frutas 113813 138738 451 252550 Cafeacute 213751 365744 369 579496 Cacau 16683 57796 224 74479 Pecuaacuteria 466018 1295232 265 1761250 Outros cultivos 1625626 3706482 305 5332108 Outros agropecuaacuteria

889452 946815 484 1836267

QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010)

Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010

De acordo com Neder (2014) os municiacutepios brasileiros de maior porte

populacional se dedicam mais expressivamente agraves atividades de serviccedilos e induacutestria

57

(atividades natildeo agropecuaacuterias) ao passo que os municiacutepios com menor populaccedilatildeo

encontram-se mais relacionados agrave pecuaacuteria soja e fumo Dado esse que se

confirma no municiacutepio de Prudentoacutepolis como tambeacutem na grande parte dos

municiacutepios produtores de fumo da regiatildeo Sul do Brasil os quais satildeo caracterizados

pelo baixo contingente populacional sendo que um nuacutemero razoaacutevel deles tem

populaccedilatildeo predominantemente rural

A partir dos dados apresentados nota-se que a agricultura familiar brasileira

tambeacutem produz commodities para o mercado externo como nas cadeias de aves

suiacutenos soja e fumo Redefinindo assim a visatildeo dualista e superando o dilema entre

a agricultura para o mercado interno e a agricultura para exportaccedilatildeo (SILVEIRA

2014)

Portanto sabendo da inegaacutevel dualidade entre as formas de fazer agricultura

no rural brasileiro estando de um lado a agricultura patronal e do outro a agricultura

familiar concorda-se com Elesbatildeo (2007) quando afirma que natildeo tem fundamento

priorizar nem um segmento e nem outro dentro da agropecuaacuteria pois deve-se olhar

para o rural como um territoacuterio de diversidade onde haacute espaccedilo e necessidade para o

desenvolvimento tanto da produccedilatildeo de commoditiescomo tambeacutem para a

diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo na agricultura familiar tendo como escopo para as

pesquisas a heterogeneidade do segmento familiar

58

CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO

Este capiacutetulo tem por objetivo mostrar os processos de ocupaccedilatildeo do territoacuterio

de Prudentoacutepolis como tambeacutem os elementos que proporcionaram a inserccedilatildeo da

cultura do fumo nas unidades familiares a qual contribuiu para a reproduccedilatildeo

econocircmica desses produtores Nesse sentido a caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais

familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de fontes secundaacuterias como o IBGE eacute

fundamental para conhecer o perfil das unidades familiares

31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR

O municiacutepio de Prudentoacutepolis estaacute localizado na mesorregiatildeo Sudeste do

estado do Paranaacute (figura 2) sendo o terceiro municiacutepio paranaense com maior aacuterea

territorial Estaacute situado a latitude 25ordm 12rsquo 47rdquoS longitude 50ordm 58 40 W e na altitude

de 840 metros (IBGE 2010)

A partir de dados do censo demograacutefico (IBGE 2010) constata-se que

atualmente a maior parte da populaccedilatildeo Prudentopolitana reside na aacuterea rural ou

seja do total de 48793 habitantes 54 vivem na aacuterea rural e 46 na urbana

59

Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO Fonte IBGE (2010) Autor VILCZAK A (2015)

A ocupaccedilatildeo territorial do municiacutepio de Prudentoacutepolis se deu principalmente

atraveacutes da entrada de grande contingentes de imigrantes europeus No Paranaacute

entre os anos de 1829 e 1911 chegaram aproximadamente 83012 mil estrangeiros

de origem eslava (SENETRA 2014) os quais se dirigiram em sua maioria para os

arredores de Curitiba Prudentoacutepolis e Mallet

No municiacutepio de Prudentoacutepolis um contingente maior de imigrantes chegou

entre os anos de 1896 e 1897 Por esse fato atualmente cerca de 75 da

populaccedilatildeo satildeo descendentes de imigrantes ucranianos e em menor escala de

poloneses

Conforme Hauresko (2012) Prudentoacutepolis eacute uma das antigas colocircnias do

interior do Paranaacute instalada em 1895 no denominado distrito de Satildeo Joatildeo de

Capanema sendo a construccedilatildeo da estrada de rodagem Rio Grande do Sul ndash Satildeo

Paulo um dos fatores para a atraccedilatildeo desses imigrantes os quais foram inseridos

numa poliacutetica de instalaccedilatildeo de pequenas propriedades

Os lotes de terra eram recebidos pelos imigrantes e deveriam ser quitados na

medida em que prosperassem economicamente Esses lotes eram desmatados

pelos proacuteprios imigrantes onde construiacuteam casas provisoacuterias de madeira para

abrigar a famiacutelia como demonstra a figura 3

60

FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

Fonte Acervo do Museu do Milecircnio em PrudentoacutepolisPR

A colocircnia foi elevada a categoria de Vila no ano de 1906 pelo processo de

desmembramento do municiacutepio de Guarapuava No ano de 1929 foi elevada agrave

condiccedilatildeo de municiacutepio sendo constituiacutedo pelos distritos de Patos Velhos Jaciaba e

Prudentoacutepolis

No iniacutecio da colonizaccedilatildeo a semente de pinhatildeo era o principal alimento de

subsistecircncia para o imigrante De acordo com Zaroski (2001) os imigrantes colhiam

os pinhotildees e os transformavam em farinha e fubaacute atraveacutes dos moinhos caseiros e

assim substituiacuteam as farinhas de trigo e centeio Quando se instalaram

definitivamente em seus lotes esses imigrantes comeccedilaram a produzir as sementes

de trigo e centeio tambeacutem para a subsistecircncia

De acordo com Hauresko (2012) uma das primeiras atividades econocircmicas

significativas para as famiacutelias descendentes de imigrantes foi a extraccedilatildeo da erva-

mate jaacute que eacute uma planta nativa da regiatildeo

Uma das mais importantes induacutestrias do proacutespero municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute incontestavelmente a do matte que o municiacutepio produz abundantemente Fundada a colocircnia de Prudentoacutepolis composta na sua maioria de polonezes ruthenos e ukranianos coube a cada colono um lote de 5 a 10 alqueires de terras feacuterteis (BRASIL1929 p 28-29 citado por Hauresko 2012)

61

As pequenas glebas de terra que os imigrantes possuiacuteam rendiam a eles a

extraccedilatildeo da erva-mate como tambeacutem a produccedilatildeo de alimentos para autoconsumo e

mais tarde para a comercializaccedilatildeo Nessa continuidade os produtos agriacutecolas que

se destacam historicamente na participaccedilatildeo econocircmica do municiacutepio foram o cultivo

de feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata suiacutenos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de

gado (EMATER 2014) Poreacutem a renda gerada por essas culturas era iacutenfima de um

lado pela baixa produccedilatildeo que alcanccedilavam devido agrave ausecircncia naquele periacuteodo de

um pacote tecnoloacutegico que potencializasse a produccedilatildeo e de outro lado pela falta de

mercado para receber esses produtos

Diante disso a produccedilatildeo de fumo foi uma importante atividade geradora de

renda para a agricultura familiar principalmente a partir da deacutecada de 1970 Por

outro lado a inserccedilatildeo dessa cultura tambeacutem eacute resultado do papel que as empresas

fumageiras tiveram na regiatildeo Sul do Brasil Ou seja a produccedilatildeo se definiu e se

consolidou devido principalmente as empresas fumageiras em ir ateacute o fumicultor

devido a competitividade que o setor apresenta

Na primeira metade do seacuteculo XX muitas famiacutelias jaacute se dedicavam a produccedilatildeo

de fumo tanto de corda (consumo proacuteprio) como tambeacutem de folhas de fumo para

venda Produziam em pequenas quantidades pois todo o trabalho era manual

conforme relata o fumicultor

Eu lembro bem quando o meu avocirc fez a estufa para noacutes trabalhar com o fumo foi mais ou menos nos anos de 1960[] foi bom negoacutecio porque outra lavoura natildeo dava tanto lucro noacutes eacuteramos em bastante irmatildeos e todos ajudavam [] natildeo era faacutecil como hoje que temos trator estufa eleacutetrica Antes era tudo feito com os cavalos e a gente trabalhava muito de sol a sol (Fumicultor da Comunidade de Linha Dezembro entrevistado no dia 9 de junho de 2014) Antes de comeccedilar de plantar fumo noacutes produziacuteamos soacute para consumo o feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata porcos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de gado []Nossa situaccedilatildeo financeira era muito difiacutecil [] natildeo tinha uma renda certa passava muitas necessidades principalmente quando precisava para a sauacutede (Fumicultor da Comunidade de Linha Rio Preto entrevistado em junho de 2014)

No municiacutepio a produccedilatildeo de fumo teve grande procura a partir da metade do

seacuteculo XX Tambeacutem houve incentivos principalmente por parte da Souza Cruz uma

vez que a cultura se desenvolveu bem em algumas regiotildees

62

No ano de 2014 a Emater de Prudentoacutepolis registrou a existecircncia de 8100

famiacutelias de agricultores das quais 1813 o que corresponde a 22 estatildeo

envolvidas no sistema de produccedilatildeo integrada de fumos claros com as empresas

fumageiras que atuam no municiacutepio

A figura 4 mostra a concentraccedilatildeo na parte Sul e Central das 1813 famiacutelias

que produzem o fumo em Prudentoacutepolis Essa concentraccedilatildeo estaacute relacionada agrave

topografia e ao clima De acordo com Kraiczek e Antoneli (2012) na regiatildeo Norte do

municiacutepio a produccedilatildeo natildeo eacute realizada devido ao relevo declivoso (figura 5) improacuteprio

para algumas atividades agriacutecolas como tambeacutem pelo fato de as condiccedilotildees

climaacuteticas serem diferenciadas

FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES

FONTE AFUBRA ndash Mapa elaborado a partir das localidades onde se encontram os produtores Org Kraiczek 2014

63

FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

FonteSRTM ndash USGS-USA (2000) ORG Kurta M (2014)

De acordo com o exposto muitas famiacutelias da regiatildeo Norte do municiacutepio se

interessam pelo plantio de fumo principalmente pela geraccedilatildeo de renda e venda

garantida do produto poreacutem natildeo o produzem devido aos fatores limitantes

De acordo com Emater (2014) devido agraves limitaccedilotildees climaacuteticas e topograacuteficas

as culturas que prevalecem naquela regiatildeo satildeo o feijatildeo milho mandioca maracujaacute

uva e produtos de autoconsumo familiar Esses agricultores familiares sinalizam a

falta de opccedilatildeo de cultivo economicamente rentaacutevel bem como a necessidade da

melhoria nas estradas rurais as quais satildeo fundamentais para escoar a produccedilatildeo

A regiatildeo tambeacutem se caracteriza pelo menor niacutevel de mecanizaccedilatildeo da

produccedilatildeo quando comparada com as regiotildees Central e Sul necessitando de matildeo de

obra intensiva para a produccedilatildeo Extensas aacutereas de lavoura satildeo plantadas

manejadas e colhidas manualmente retratando assim a dificuldade do trabalho

nessa regiatildeo (figura 6)

64

FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR

Fonte Vilczak (2014)

A foto da esquerda mostra uma lavoura de feijatildeo que foi plantada agrave matildeo por

um agricultor familiar do Norte do municiacutepio (Comunidade da Linha Barra de Areia)

o agricultor retrata a dificuldade de trabalhar nessa regiatildeo A foto da direita retrata de

que forma se apresenta o relevo daquela regiatildeo

Conforme dados da Emater (2014) a ocupaccedilatildeo do solo no municiacutepio se daacute

pelas lavouras anuais e perenes matas nativas matas naturais de preservaccedilatildeo

permanente reflorestamentos e pastagens Segundo dados do Ipardes (2013) as

atividades agropecuaacuterias que se destacam atualmente na geraccedilatildeo de renda e no

nuacutemero de hectares ocupados por plantio em Prudentoacutepolis satildeo a produccedilatildeo de leite

bovino e o plantio de fumo soja milho feijatildeo preto e trigo Aleacutem dessas outras

atividades de significacircncia menor para a economia satildeo apresentados nos quadros 5

e 6

65

CULTURAS AacuteREA COLHIDA (ha)

PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)

VALOR (R$

100000)

Abacate 1 30 30000

Abacaxi (mil frutos)

1 11 11000 12

Alho 10 53 5300 265

Amendoim (em casca)

15 20 1333 32

Arroz (em casca)

540 1200 2222 926

Aveia (em gratildeo) 90 198 2200 99

Banana 1 9 9000 5

Batata-inglesa 130 3874 29808 3937

Cana-de-accediluacutecar 26 1325 50962 53

Cebola 60 840 14000 798

Centeio (em gratildeo)

90 135 1500 54

Feijatildeo 27300 33040 1210 70323

Fumo (folha) 4400 9701 2205 58206

Laranja 47 940 20000 544

Maracujaacute

106

530 5000 1007

Mandioca 365 8395 23000 2686

Milho 19870 107088 5389 45699

Pecircssego 13 52 4000 94

Soja 23310 73570 3156 68546

Tomate 5 205 50000 217

Trigo 4210 13472 3200 9508

Uva 28 205 7321 372

QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR

FONTE IBGE - Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013

66

PRODUTOS PRODUCcedilAtildeO VALOR (R$ 100000)

Latilde (Kg) 10930 109

Leite (mil litros) 8308 9965

Mel de abelha (Kg) 290000 2900

Ovos de galinha (mil dz) 245 662

QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

FONTE IPARDES 2015 (IBGE SAFRA DE 2013)

Dentre os setores econocircmicos responsaacuteveis pela formaccedilatildeo do PIB do

municiacutepio de Prudentoacutepolis destacam-se os setores de serviccedilos e a agropecuaacuteria

(quadro 7) Com relaccedilatildeo ao setor de serviccedilos o mesmo tambeacutem estaacute relacionado agraves

atividades agropecuaacuterias

O baixo percentual de participaccedilatildeo das induacutestrias no PIB do municiacutepio se

reflete na baixa agregaccedilatildeo de valor sobre os produtos principalmente nos de origem

animal e da fruticultura entre outros produtos que poderiam gerar mais renda para

os produtores se fossem beneficiados por eles proacuteprios

Setor Prudentoacutepolis Paranaacute

Mil R$ ()

Mil R$ ()

Agropecuaacuteria 115127 2791 12816893 675 Induacutestria 35579 863 46858018 2466 Serviccedilos 237699 5762 106694466 5616

Impostos produtos liacutequidos de subsidio

24099 584 23622577 1243

PIB a preccedilo corrente 412504 100 189991954 100 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR

IBGE 2012 Org Vilczak A 2015

De acordo com Emater (2014) existem no municiacutepio quatorze categorias de

agroinduacutestrias as quais satildeo consideradas de pequeno e meacutedio porte com destaque

para as agroinduacutestrias de embutidos e defumados erva-mate farinha de milho e

quirera Sabendo da importacircncia do setor agropecuaacuterio para a economia do

municiacutepio o graacutefico 2 mostra as atividades com maior geraccedilatildeo de renda

67

GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS

FONTE IBGE Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013 Org VILCZAK A (2014)

Se analisarmos somente a renda obtida por cada cultura notaremos que o

feijatildeo e a soja satildeo as que mais geram receita seguido do fumo milho trigo e arroz

Contudo ao analisarmos a receita e a aacuterea cultivada de cada lavoura notamos que a

produccedilatildeo de fumo eacute a mais rentaacutevel

A partir do graacutefico pode-se entender o porquecirc das famiacutelias permanecerem na

atividade fumageira Estas satildeo motivadas principalmente pela renda obtida aleacutem da

constataccedilatildeo a partir de trabalhos de campo de que a maioria dos fumicultores estatildeo

na atividade haacute muitos anos e que esta ocupaccedilatildeo eacute passada de uma geraccedilatildeo para

outra

Noacutes plantamos fumos haacute 15 anos e antes de eu e minha esposa casar eu plantava o fumo com meus pais e minha esposa com os pais dela e agora pegamos uma estufa para noacutes e continuamos na produccedilatildeo [] Jaacute sabemos bem como produzir um fumo de qualidade boa [] jaacute investimos em outras atividades mas natildeo deu lucro igual do fumo [] trecircs anos atraacutes fizemos financiamento para tanques de peixe investi 10 mil reais para fazer os tanques e comprar os alevinos e como noacutes natildeo tinha acompanhamento teacutecnico e muito menos experiecircncia em produzir peixe natildeo tivemos lucros Produzimos feijatildeo milho soja mas a maior renda vem do fumo (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Dezembro em maio de 2014)

926

70323

58206

45699

68546

9508

540

27300

4400

19870

23310

4210

0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000

Arroz

Feijatildeo

fumo

Milho

Soja

Trigo

Aacuterea Plantada (ha) Valor Produccedilatildeo (R$ 100000)

68

A produccedilatildeo de leite tambeacutem tem uma expressiva contribuiccedilatildeo para a

economia do municiacutepio pois nos uacuteltimos anos intensificou-se a dedicaccedilatildeo dos

agricultores familiares nessa atividade Dessa forma muitos dos fumicultores

tambeacutem produzem leite pelo fato de possuir mercado garantido e tambeacutem devido ao

pagamento do leite ser realizado mensalmente o que natildeo acontece com o fumo

Nas propriedades que combinam a produccedilatildeo de leite com a do fumo os agricultores

familiares usam a renda do leite para gastos mensais fixos da famiacutelia e a renda da

safra do fumo eacute investido na propriedade pois gera receitas mais altas

Agora com a renda do fumo e do leite as coisas se equilibraram que com o dinheiro do leite usamos para os gastos do mecircs e quando vendemos a safra do fumo investimos na propriedade jaacute fizemos casa de alvenaria cerca paiol novo galinheiro compramos trator carro [] a gente trabalha mais mas pelo menos natildeo passamos grandes necessidadade (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Visconde de Guarapuavaem maio de 2014)

De acordo com a EMATER (2014) nos uacuteltimos anos houve aumento do

nuacutemero de agricultores familiares que se dedicaram agrave produccedilatildeo de leite e aos

poucos abandonaram o cultivo do fumo A partir dos trabalhos de campo percebe-se

que muitas vezes os mais jovens pretendem investir na atividade leiteira fazer

cursos e se especializar no uso de tecnologias que permitam maior produtividade

dos animais ou seja casais mais novos que pretendem permanecer no campo

geralmente com niacutevel de escolaridade maior buscam ser mais competitivos como

por exemplo o depoimento de um casal que reside na Linha Visconde de

Guarapuava e de outro que reside na Linha Dezembro

Os nossos pais plantam fumo e quando casamos tambeacutem comeccedilamos a produzir fumo e leite e achamos que se noacutes se especializasse soacute na produccedilatildeo de leite a gente teria mais facilidade porque temos pouca terra (5 alqueires) [] agora temos 32 vacas de leite fora os terneiros e temos uma renda ateacute que razoaacutevel por mecircs (Agricultora familiar entrevistada5 na comunidade de Linha Visconde de Guarapuava)

Sempre plantei fumo mas como casei no ano passado eu e minha mulher decedimos plantar fumo somente nesse ano e no proacuteximo ano investir mais no leite que temos mais facilidade apesar de ter que trabalhar todos os dias de manhatilde e de tarde para tirar o leite e ainda durante o dia plantar os pastos [] no fumo natildeo precisa ficar o ano todo trabalhando mas mesmo assim vamos se especializar soacute com a produccedilatildeo de leite e outras lavouras (Fumicultor entrevistado na comunidade de Linha Dezembro)

5 A agricultora relata que atualmente soacute ajuda os pais com as atividades do fumo nos dias de colheita

69

Portanto nota-se que os mesmos usam da racionalidade econocircmica para

definir o que produzir natildeo buscando somente a sobrevivecircncia da famiacutelia e se

especializando nas atividades em que acreditam serem mais eficiente considerando

as caracteriacutesticas de suas propriedades Buscam assim melhorar de vida seguindo

uma racionalidade tipo capitalista

32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS

Como jaacute visto no item anterior o municiacutepio de Prudentoacutepolis sempre possuiu

uma base produtiva alicerccedilada estruturalmente no setor agropecuaacuterio e de acordo

com dados da Emater de Prudentoacutepolis (2014) o puacuteblico que faz parte do rural do

municiacutepio estaacute composto pela categoria Agricultura familiar constando um nuacutemero

de 8100 estabelecimentos Agricultura Patronal com 1750 estabelecimentos e por

40 famiacutelias Indiacutegenas aleacutem daqueles trabalhadores rurais contratados nos periacuteodos

de safra para desenvolver atividades no campo

Nota-se que em Prudentoacutepolis a categoria da agricultura familiar eacute

predominante em relaccedilatildeo agrave patronal Desse modo a caracterizaccedilatildeo dos produtores

rurais familiares a partir de conceitos e dados estatiacutesticos sistematizados para todo o

paiacutes se torna pertinente para que possamos estimar em quais grupos existe a maior

concentraccedilatildeo desses produtores familiares no municiacutepio e qual eacute a dinacircmica de

produccedilatildeo desses grupos A tipologia entre os agricultores familiares tem por objetivo

estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares devido

a sua heterogeneidade (FAOINCRA 2000) Sendo assim o grupo A refere-se

aquele produtor com renda total superior a trecircs vezes o valor da diaacuteria o grupo B ao

produtor com renda total superior a uma vez ateacute trecircs vezes o valor da diaacuteria no

grupo C estatildeo aqueles com renda total superior agrave metade ateacute uma vez o valor da

diaacuteria e por fim o grupo D com renda total igual ou inferior agrave metade do valor da

diaacuteria

A existecircncia de quatro grupos distintos dentro do universo familiar eacute resultante

de vaacuterios fatores como por exemplo a disponibilidade de terras agricultaacuteveis (como

aquelas localizadas na regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis) as tecnologias

empregadas pelas unidades familiares a forma de administraccedilatildeo da propriedade os

70

preccedilos e mercados aos quais a produccedilatildeo eacute destinada fatores climaacuteticos entre

outros Portanto os distintos tipos de produtores satildeo portadores de racionalidades

especificas e buscam se adaptar ao meio em que estatildeo inseridos

O universo agraacuterio eacute extremamente complexo seja em funccedilatildeo da grande diversidade da paisagem agraacuteria (meio fiacutesico ambiente variaacuteveis econocircmicas etc) seja em virtude da existecircncia de diferentes tipos de agricultores os quais tecircm interesses particulares estrateacutegias proacuteprias de sobrevivecircncia e de produccedilatildeo e que portanto respondem de maneira diferenciada a desafios e restriccedilotildees semelhantes (FAOINCRA 2000)

Os dados mais gerais que tratam de variaacuteveis da caracterizaccedilatildeo dos

agricultores familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis pertencem ao censo

agropecuaacuterio de 2006 momento aquele em que o universo da agricultura familiar era

composto por aproximadamente 7409 estabelecimentos sendo que no ano de

2014 a Emater do municiacutepio registrou um nuacutemero aproximado de 8100 agricultores

familiares um aumento de 691 estabelecimentos Esse aumento dos agricultores

familiares no dececircnio pode ser resultado da subdivisatildeo das propriedades jaacute

existentes

Dentre os quatro grupos familiares (Quadro 8) o maior nuacutemero de agricultores

familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis encontra-se no grupo D ou seja aqueles

agricultores familiares descapitalizados e com baixo niacutevel de integraccedilatildeo ao mercado

No grupo A considerado como capitalizado e com grande integraccedilatildeo aos mercados

existe um contingente menor de agricultores

Nuacutemero bastante significativo de produtores familiares estaacute representado pelo

grupo B grupo esse que estaacute em processo de capitalizaccedilatildeo e integrado ao mercado

Os agricultores familiares capitalizados e em processo de capitalizaccedilatildeo satildeo em

menores nuacutemeros que os descapitalizados e os em processo de descapitalizaccedilatildeo

71

Cidade Agricultura familiar por grupo

Nordm Absoluto de estabelecimentos por grupo

familiar

Prud

entoacute

polis

PR

Familiar ndash tipo A 783

Familiar ndash tipo B 2168

Familiar ndash tipo C 1387

Familiar ndash tipo D 3071

Total 7409

QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006

Fonte IBGE 2006

Conforme os dados do IBGE (2006) eacute importante ressaltar que em

Prudentoacutepolis o grupo A representa cerca de 10 do total de estabelecimentos

familiares o que eacute aproximadamente a mesma proporccedilatildeo verificada para o Brasil

onde haacute cerca de 460 mil produtores do grupo A num universo de pouco mais de 4

milhotildees de estabelecimentos familiares

Dentro do universo dos agricultores familiares de Prudentoacutepolis nota-se que a

grande maioria deles independentemente do tipo familiar possui terras proacuteprias

como demonstrado no quadro 9 O fato de a grande maioria possuir terras proacuteprias

estaacute relacionado ao loteamento feito no periacuteodo da colonizaccedilatildeo do municiacutepio sendo

que apesar de ter acontecido a venda e compra de algum desses lotes em termos

gerais a questatildeo do acesso agrave terras permanece inalterada entre os agricultores

familiares locais

72

Variaacutevel

Agricultura familiar por grupo

Nordm Absoluto de propriedades por grupo

no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR

Terras proacuteprias

Familiar ndash tipo A 700

Familiar ndash tipo B 2016

Familiar ndash tipo C 1338

Familiar ndash tipo D 2966

Total 7020

QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)

Com relaccedilatildeo aos tipos de cultivo nota-se pelo quadro 10 que os produtores

de fumo se concentram nos grupos A e B Ou seja do ponto de vista econocircmico a

produccedilatildeo tende a oferecer uma renda maior do que o milho e o feijatildeo por exemplo

visto que a maior concentraccedilatildeo desses agricultores familiares estaacute nos grupos C e D

A maior parte dos produtores de fumo tem um niacutevel alto de integraccedilatildeo com o

mercado quer dizer natildeo satildeo camponeses e sim pequenos capitalistas que visam

lucros mantendo-se competitivos com objetivo de crescimento econocircmico

QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)

Nesse sentido concorda-se com as abordagens ligadas ao capitalismo

agraacuterio segundo as quais a integraccedilatildeo dos fumicultores com as induacutestrias

Grupo familiar Fumo Feijatildeo Milho Soja Familiar ndash tipo A 520 493 540 109

Familiar ndash tipo B 798 1464 1484 110

Familiar ndash tipo C 128 1058 974 56

Familiar ndash tipo D 89 2125 1773 84

Agricultor natildeo familiar

19 76 93 44

Total de

estabelecimentos

1555

5216

4864

403

73

fumageiras oferece maiores oportunidades para capitalizaccedilatildeo ao passo que a

maioria daquelas famiacutelias que produzem feijatildeo e milho estaacute no grupo familiar em vias

de descapitalizaccedilatildeo e descapitalizados auferindo renda menor

Quando somados as colunas do quadro 10 vemos que o nuacutemero para cada

linha supera o total de estabelecimentos de cada categoria apresentados nos

quadros anteriores Isso mostra que haacute muitos fumicultores que natildeo se dedicam

apenas ao fumo mas tambeacutem ao feijatildeo milho e ou soja A partir dai pode-se

levantar a hipoacutetese de que muitos produtores do grupo A manteacutem pequenas

produccedilotildees de feijatildeo eou milho para autoconsumo Outra hipoacutetese eacute que haacute

produtores do grupo B que estatildeo tentando fazer a transiccedilatildeo das culturas de feijatildeo

eou milho para a cultura de fumo motivo pelo qual deram iniacutecio a produccedilatildeo deste

uacuteltimo sem abandonar os cultivos mais tradicionais

No municiacutepio tambeacutem existem dezenove agricultores natildeo familiares que

produzem fumo e usam da matildeo de obra contratada para cultivar a commoditie

devido agrave baixa mecanizaccedilatildeo disponiacutevel para esse tipo de lavouraDesse modo os

agricultores natildeo familiares tambeacutem tecircm interesse na rentabilidade por hectare e no

mercado garantido do fumo

A produccedilatildeo de soja tem uma expressividade na agricultura familiar com

destaque para os grupos A e B O milho e feijatildeo satildeo as culturas que predominam

nos grupos familiares

Para as variaacuteveis ligadas agrave modernizaccedilatildeo da agricultura foi contabilizado o

nuacutemero de tratores existente nas propriedades familiares como tambeacutem a utilizaccedilatildeo

de agrotoacutexicos entre esses grupos mediante dados do IBGE como apresentado no

quadro 11 Dos 7409 estabelecimentos familiares 1384 possuiacuteam trator no ano de

2006 ou seja 18

Nesse sentido pode-se dizer que no ano de 2006 um universo pequeno de

agricultores familiares possuiacutea trator No grupo A 34 dos agricultores tinham

tratores O grupo B foi o menos expressivo nessa variaacutevel com 12 de

estabelecimentos com trator seguidos de 15 no grupo C e de 20 no grupo D

74

Agricultura familiar por grupo de agricultores

Nuacutemero total de estabelecimentos familiares

Nuacutemero de estabelecimentos com tratores

de tratores por grupo familiar

Familiar ndash tipo A 783 269 34

Familiar ndash tipo B 2168 278 12

Familiar ndash tipo C 1387 209 15

Familiar ndash tipo D 3071 628 20

Total 7409 1384 18

QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES

Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015) O uso de agrotoacutexicos eacute feito por uma parcela expressiva de agricultores

familiares posto que 77 deles usam algum tipo desse produto Em termos

percentuais os agricultores familiares do grupo A satildeo os que mais usam seguidos

do grupo B com 82 grupo Ccom 75 epor fim o grupo D com 69 dos

agricultores que fazem uso desse insumo agriacutecola Assim vale notar que o uso de

agrotoacutexicos natildeo estaacute associado apenas agrave produccedilatildeo de fumo pois os grupos

familiares que produzem predominantemente feijatildeo e milho tambeacutem utilizam

produtos quiacutemicos intensamente Nesse sentido concorda-se com DINIZ FILHO

(2011) quando menciona que

[] a incorporaccedilatildeo de elementos econocircmicos e tecnoloacutegicos da agricultura patronal eacute uma estrateacutegia amplamente utilizada por agricultores familiares do mundo todo para se manterem competitivos no bojo da modernizaccedilatildeo agriacutecola embora frequentemente tal incorporaccedilatildeo fique incompleta devido agrave falta de capital para investimentos e das caracteriacutesticas de muitas propriedades familiares tais como pequena dimensatildeo ou relevo inclinado

75

Agricultura familiar por grupo de agricultores

Nuacutemero total de estabelecimentos familiares

Nuacutemero de estabelecimentos que usam agrotoacutexicos

de estab que usam agrotoacutexicos

Familiar ndash tipo A 783 734 93

Familiar ndash tipo B 2168 1794 82

Familiar ndash tipo C 1387 1048 75

Familiar ndash tipo D 3071 2108 69

Total 7409 5684 77

QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS

Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)

Os dados mostram que a agricultura familiar no municiacutepio de Prudentoacutepolis

tambeacutem se beneficia dos aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo da agricultura

concordando com Diniz Filho (2011) quando afirma ser notoacuterio que a monocultura a

mecanizaccedilatildeo e o uso de pesticidas e fertilizantes quiacutemicos satildeo amplamente

disseminados entre os produtores familiares Nesse sentido pode-se dizer que a

agricultura familiar da mesma forma que o agronegoacutecio estaacute preocupada

primeiramente com os lucros do que em usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis e que

busquem somente reproduzir o seu modo de vida

Portanto pode-se afirmar que a produccedilatildeo de fumo eacute considerada uma

atividade que permite renda razoaacutevel para o produtor uma vez que no municiacutepio de

Prudentoacutepolis esses agricultores familiares estatildeo concentrados no tipo familiar mais

capitalizado condizendo assim com os dados mais gerais sobre a agricultura

familiar brasileira apresentados no capiacutetulo anterior segundo os quais a cultura do

fumo gera menor niacutevel de pobreza que culturas alimentares voltadas para o

consumo popular e frequentemente associadas agrave produccedilatildeo de subsistecircncia

Finalmente vale notar que a pesquisa de campo realizada no acircmbito desta pesquisa

corroborou os resultados obtidos pela anaacutelise de dados estatiacutesticos de fontes

oficiais conforme se veraacute a seguir

76

CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO

Este capiacutetulo tem por objetivo expor os dados dos trabalhos de campo

realizados com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela

empresa Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis A

contrataccedilatildeo eacute feita atraveacutes do sistema de produccedilatildeo integrada no qual a empresa

garante a compra de toda a produccedilatildeo fornece assistecircncia teacutecnica aos contratados

define os padrotildees de fumo a serem produzidos de acordo com as demandas de

mercado bem como estipula os preccedilos do quilo de fumo junto ao sindicato dos

fumicultores do Brasil (SINDITABACO)

Na safra de 20142015 duzentos e noventa e cinco produtores familiares de

Prudentoacutepolis foram contratados pela Souza Cruz como fornecedores de fumo Para

dar suporte a esses fumicultores trabalham trecircs instrutores teacutecnicos cada qual

atuando na sua aacuterea de abrangecircncia acompanhando os mesmos associados desde

o iniacutecio ateacute o final da safra

A finalidade do instrutor teacutecnico eacute de prestar assistecircncia aos fumicultores em

todos os processos da produccedilatildeo do fumo como a definiccedilatildeo da quantidade de peacutes

de fumo que seraacute plantada a compra de insumos para produccedilatildeo a realizaccedilatildeo do

seguro da safra juntamente com a Afubra assistecircncia teacutecnica nos tratos culturais da

planta estabelecimento de estimativas de quilos de fumo que o produtor

comercializaraacute com a empresa acompanhamento na colheita secagem

classificaccedilatildeo e a venda do produto

O instrutor teacutecnico entrevistado expotildee que aleacutem da empresa Souza Cruz

outras cinco empresas6 do mesmo ramo atuam no municiacutepio com intuito de contratar

fumicultores atraveacutes do sistema integrado Menciona tambeacutem que natildeo existem

grandes conflitos concorrenciais entre essas empresas como jaacute existiu na deacutecada

de 1990 quando uma empresa fazia o maacuteximo para atrair maior quantidade de

associados Nos uacuteltimos anos cada empresa tem os seus produtores certos natildeo

6Universal Leaf Tabacos Ltda CTA ndash Continental Tobaccos Alliance One Exportadora de Fumo Ltda Premium Tabacos do Brasil SA e a A Japan Tabacco Inc (JTI)

77

existindo alto niacutevel de migraccedilatildeo desses entre as empresas uma vez que todas

trabalham no mesmo sistema e os preccedilos do quilo de fumo satildeo tabelados

A logiacutestica de transporte do fumo da residecircncia do produtor ateacute a usina de

beneficiamento da Souza Cruz eacute terceirizada sendo que no municiacutepio satildeo trecircs

transportadoras credenciadas pela empresa A proacutepria Souza Cruz natildeo possui

depoacutesitos de armazenamento de fumo em Prudentoacutepolis Desse modo as trecircs

transportadoras credenciadas satildeo responsaacuteveis por fazer o recolhimento da

produccedilatildeo direto do depoacutesito do produtor A transportadora coleta o fumo nas

propriedades dos fumicultores com um caminhatildeo de menor porte e no barracatildeo da

proacutepria transportadora eacute feito o transbordo para as carretas que seguem ateacute a usina

de beneficiamento

Como na assistecircncia teacutecnica cada transportadora tambeacutem tem uma regiatildeo de

abrangecircncia para recolher o fumo A produccedilatildeo que sai dos depoacutesitos dos produtores

jaacute estaacute 100 assegurada caso aconteccedila imprevistos com a viagem Apoacutes a

descarga do fumo na usina de beneficiamento a transportadora utiliza o mesmo

frete para trazer os insumos agriacutecolas para a proacutexima safra

Apesar de possuir uma usina de processamento de fumo no municiacutepio de Rio

Negro no Paranaacute a produccedilatildeo do municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute enviada para a usina

de BlumenauSC pois a usina de Rio Negro tem capacidade de atender somente agrave

produccedilatildeo da regiatildeo Oeste e Sudoeste paranaense e tambeacutem do ponto de vista

logiacutestico eacute mais viaacutevel enviar a produccedilatildeo de Prudentoacutepolis para Blumenau

A partir de dados da Afubra da Souza Cruz e dos dados de campo foi

construiacutedo um fluxograma para exemplificar as etapas em que o fumo produzido no

municiacutepio de Prudentoacutepolis passa ateacute chegar ao consumidor

78

FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

Fonte Souza Cruz e AFUBRA 2014

Org VILCZAK A 2015

41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES

As informaccedilotildees que seratildeo apresentadas a seguir dizem respeito a sessenta

famiacutelias entrevistadas e que satildeo contratadas pela empresa fumageira Souza Cruz

no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR

As famiacutelias entrevistadas residem em seis diferentes localidades do municiacutepio

de Prudentoacutepolis sendo elas Comunidade da Linha Dezembro Comunidade da

Linha Visconde de Guarapuava Comunidade da Linha Marcondes Comunidade da

Linha Barra Vermelha Comunidade da Linha Antocircnio Olinto e Comunidade da Linha

Tira Cisma (figura 8) Para localizar esses fumicultores os instrutores teacutecnicos da

Souza Cruz forneceram uma listagem de todos os produtores e de sua respectiva

localidade de residecircncia Cabe destacar que as entrevistas natildeo foram direcionadas e

nem realizadas com a presenccedila desses instrutores

79

FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS

A seleccedilatildeo das localidades foi feita levando-se em conta a maior concentraccedilatildeo

de produtores de fumo e a maior acessibilidade em relaccedilatildeo agrave aceitaccedilatildeo dos mesmos

em responderem os questionaacuterios

Para a realizaccedilatildeo das entrevistas fez-se necessaacuterio o auxiacutelio de um agente

comunitaacuterio que tinha maior contato com os fumicultores para que os mesmos

pudessem responder o questionaacuterio com maior seguranccedila Recorreu-se a esse

meacutetodo pelo fato de alguns fumicultores convidados a participar da entrevista natildeo

ficarem tranquilos suspeitando que se tratasse de uma pesquisa que natildeo favorecia

aos ideais deles uma vez que possuem ldquomedordquo de certas campanhas

governamentais que incentivam o fim do plantio do fumo

As primeiras entrevistas foram realizadas na Linha Dezembro Linha Visconde

de Guarapuava e Linha Marcondes sendo que as mesmas foram conduzidas

juntamente com a agente comunitaacuteria Gabriela Strechar (residente na Linha

Visconde de Guarapuava) e contabilizou um total de 19 fumicultores Na Linha Barra

Vermelha Linha Antocircnio Olinto e Linha Tiram Cisma foram realizadas 41 entrevistas

80

com a ajuda da agente comunitaacuteria Adriana Kutzmy moradora da Linha Barra

Vermelha e que tambeacutem tem grande conhecimentos sobre essas localidade e

moradores

As entrevistas foram realizadas nos meses de novembro e dezembro de

2015 periacuteodo da colheita do fumo A escolha desse periacuteodo para a coleta de dados

possibilitou conhecer a realidade de cada famiacutelia com relaccedilatildeo agraves formas de

produccedilatildeo colheita transporte e secagem das folhas de fumo

Caracterizaccedilatildeo das famiacutelias

a) Escolaridade feminina e masculina por faixa etaacuteria

Para a coleta de dados dessa variaacutevel foram levados em consideraccedilatildeo

somente as mulheres e homens que vivem nas unidades de produccedilatildeo familiar isto eacute

pessoas que migraram para as cidades e aquelas que se casaram e permanecem

no meio rural natildeo seratildeo contemplados nos quadro 13 e 14

Dentre as sessenta famiacutelias entrevistadas contabilizou-se um total de

duzentos e vinte e cinco membros que residem nas unidades de produccedilatildeo familiar

sendo cento e nove mulheres e cento e dezesseis homens

81

Faixa etaacuteria

S idade

escolar

S escolar idade

Ateacute o 5ordm ano

Do 6ordm ao 9ordm ano

Ensino meacutedio

Incompleto

Ensino meacutedio

completo

Ensino Superior

Cursos teacutecnicos

Total de

mulheres

0 - 05 anos 10 - 01 - - - - - 11

05 - 10 anos

- - 04 - - - - - 04

11 ndash 20 anos

- - 05 09 01 05 01 - 21

21 ndash 30 anos

- - 08 - 12 - 01 21

31 ndash 40 anos

- - 06 06 - 01 - - 13

41 ndash 50 anos

- - 14 06 - - - - 20

51 ndash 60 anos

- - 12 - - 01 - - 13

Acima de 61

- 01 04 - - 01 - - 06

Total 10 01 46 29 01 20 01 01 109

Percentual ()

09 01 43 27 01 17 01 01 100

QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Com relaccedilatildeo agraves mulheres entrevistadas pode-se notar um baixo grau de

escolarizaccedilatildeo dentre aquelas que possuem mais de 40 anos as quais no maacuteximo

tecircm ensino fundamental completo exceto uma senhora que estaacute na faixa etaacuteria de

51 a 60 anos e que possui ensino meacutedio completo e que era professora das seacuteries

iniciais Nota-se tambeacutem a existecircncia de duas famiacutelias com filhas cursando

universidade e curso teacutecnicos no periacuteodo da noite sendo que as mesmas trabalham

durante o dia na propriedade inclusive na produccedilatildeo de fumo

82

Todas as filhas dos fumicultores em idade escolar estatildeo matriculadas nas

suas respectivas seacuteries de ensino Na faixa etaacuteria de 21 a 30 anos a maioria tem o

ensino meacutedio completo e natildeo demonstra pretensotildees de fazer curso superior nos

proacuteximos anos

Apesar da baixa escolaridade somente uma pessoa entrevistada e que tem

mais que 61 anos de idade nunca frequentou uma escola

De acordo com as entrevistas percebe-se que grande parte das mulheres

quando terminam o ensino meacutedio migra para alguma cidade com pretensotildees de

estudar ou trabalhar

Faixa etaacuteria

S idade

escolar

S escolar idade

Ateacute o 5ordm ano

Do 6ordm ao 9ordm ano

Ensino meacutedio

Incompleto

Ensino meacutedio

completo

Ensino Superior

Cursos teacutecnicos

Total de homens

0 - 05 anos 09 - - - - - - - 09

05 - 10 anos

- - 08 - - - - - 08

11 ndash 20 anos

- - 05 07 07 03 - - 22

21 ndash 30 anos

- - - 02 03 13 01 - 19

31 ndash 40 anos

- 01 08 06 - 05 01 03 24

41 ndash 50 anos

- - 11 - - - - - 11

51 ndash 60 anos

- - 18 - - - - - 18

Acima de 61

- - 05 - - - - - 05

Total 09 01 55 15 10 21 02 03 116

Percentual ()

07 01 47 13 09 18 02 03 100

QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO

Fonte Pesquisa de campo (2015)

83

No universo masculino da mesma forma que no feminino percebe-se que as

menores escolaridades estatildeo entre aqueles que possuem mais de 40 anos de idade

Um entrevistado que possui entre 31 e 40 anos cursou trecircs anos no ensino

superior poreacutem alega que natildeo tem pretensotildees em curto prazo em concluir ou

trabalhar fora da propriedade devido a melhor qualidade de vida que pode ter em

relaccedilatildeo agrave cidade Nessa mesma faixa etaacuteria (31 a 40 anos) trecircs homens

frequentaram cursos teacutecnicos sendo que dois concluiacuteram teacutecnico em agropecuaacuteria e

um teacutecnico florestal

Um homem entre 21 e 30 anos concluiu haacute dois anos o curso superior em

contabilidade afirmou que jaacute trabalhou na sua aacuterea de formaccedilatildeo mas que nesse

ano decidiu trabalhar na produccedilatildeo de fumo poreacutem tem pretensotildees de voltar a

trabalhar na aacuterea de formaccedilatildeo

b) Estrutura familiar

Para a coleta de dados correspondente agrave variaacutevel apresentada no quadro 15

tambeacutem foram levadas em consideraccedilatildeo somente as pessoas que vivem na unidade

familiar Dessa forma a quantidade de membros que compotildee as famiacutelias

entrevistadas natildeo eacute numerosa apresentando a maior porcentagem de famiacutelias

compostas por trecircs e quatro pessoas (30 e 42) Aquelas com mais de cinco

membros correspondem na sua maior parte por famiacutelias onde os pais da esposa ou

do marido estatildeo vivendo juntos

Nuacutemero total dos

membros das famiacutelias

Nordm de famiacutelias Nuacutemero total de membros

Percentual ()

Um membro 0 0 0

Dois membros 6 12 10

Trecircs membros 18 54 30

Quatro membros 25 100 42

Cinco membros 07 35 12

Seis membros 04 24 6

84

Total 60 225 100

QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Os dados sobre as famiacutelias em que pelo menos um dos membros migrou para

alguma cidade com intuito de trabalhar estudar ou trabalhar e estudar estatildeo

apresentados na tabela abaixo

TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE

Motivos da migraccedilatildeo Nordm de famiacutelias Percentual () Somente estudar (cursos teacutecnicos Universidade)

9 15

Estudar (cursos teacutecnicos Universidade) e Trabalho

14 23

Somente trabalhar 6 10 Nenhum membro migrou

para a cidade 31 52

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)

Nota-se que 48 das famiacutelias entrevistadas tiveram pelo menos um membro

que migrou para a cidade com objetivo de estudar ou trabalhar Os que relataram

que a migraccedilatildeo foi com intuito de estudar afirmam que os estudos estatildeo

relacionados a cursos teacutecnicos e universitaacuterios como jaacute expostos acima

Vale lembrar a existecircncia de famiacutelias em que os filhos ainda natildeo estatildeo em

idades suficientes para fazer um curso teacutecnico ou universidade ou seja nos

proacuteximos anos provavelmente haveraacute um percentual maior de jovens saindo do

campo com intuito de estudar ou trabalhar em outras atividades com maiores

oportunidades que a produccedilatildeo de fumo

Esse processo migratoacuterio da populaccedilatildeo rural para o urbano no caso dos

fumicultores entrevistados pode estar relacionado com aquilo exposto por (2014)

segundo o qual atualmente nas regiotildees rurais brasileiras a migraccedilatildeo jaacute natildeo eacute mais

um processo em que as condiccedilotildees ldquopor mais pobreza que existamrdquo estatildeo

expulsando as pessoas do campo mas sim um movimento que ocorre quando

existem fatores de atraccedilatildeo no meio urbano Poreacutem natildeo devemos desprezar que

nesse processo tambeacutem estatildeo embutidos outros fatores como os culturais e ateacute

85

pessoais ou seja o que se passa pela cabeccedila das pessoas natildeo somente dessas

que vivem no rural e estatildeo indo para a cidade mas tambeacutem daquelas que jaacute vivem

em cidades de menor porte e migram para grandes centros urbanos Contudo essas

questotildees de ordem cultural e pessoal escapam aos objetivos desta pesquisa

Condiccedilatildeo do fumicultor

TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA

Anos Nordm de famiacutelias Percentual ()

0 ndash 5 anos 0 0

6 ndash 10 anos 4 6

10 ndash 15 anos 12 20

15 ndash 20 anos 16 27

21 ndash 25 anos 12 20

26 ndash 30 anos 10 17

Mais de 30 anos 6 10

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

O periacuteodo de tempo com maior expressividade em que esses agricultores

familiares estatildeo envolvidos na atividade fumageira variam em torno de 10 a 30 anos

Nenhuma famiacutelia entrevistada comeccedilou a produzir fumo nos uacuteltimos cinco anos

Esse fato vai ao encontro de dados mais gerais da Afubra (2015) demonstrando

que entre o ano de 2010 e 2014 o nuacutemero de famiacutelias produtoras de fumo caiu de

185160 para 162410

Esse fato estaacute relacionado principalmente agrave migraccedilatildeo de jovens para as

cidades e pelo fato dos casais mais novos que possuem filhos com idades

insuficientes para trabalhar na atividade fumageira buscarem se promover

economicamente atraveacutes de outras atividades

A queda do nuacutemero de famiacutelias na fumicultura nos uacuteltimos anos tambeacutem estaacute

relacionada com a maior escolaridade das pessoas que vivem no rural pois esses

estatildeo se dedicando a atividades selecionadas por eles como mais oportunas eou

mais competitivas Aqui natildeo podemos desconsiderar tambeacutem a opccedilatildeo das famiacutelias

86

natildeo entrarem na atividade fumageira pelas questotildees da sauacutede (contato com

agrotoacutexicos e doenccedila da folha verde)

TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

Nordm de famiacutelias Percentual ()

Pela renda e venda garantida

12 20

Pouca disponibilidade de terras

06 10

Pela renda venda garantida e pouca terra

35 58

Falta de outras opccedilotildees de atividade agropecuaacuteria

07 12

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Das famiacutelias entrevistadas 58 declararam que optam pela produccedilatildeo de

fumo por trecircs motivos principais a renda a garantia de venda e a pouca aacuterea de

terra que possuem Jaacute para 20 das famiacutelias entrevistadas os principais motivos

estatildeo na geraccedilatildeo de renda e venda garantida

As famiacutelias que natildeo declararam a pouca quantidade de terra como empecilho

para a realizaccedilatildeo de outra atividade que substitua por completo a produccedilatildeo de fumo

mencionam que plantam o fumo devido agrave renda e que como estatildeo inseridos na

cadeia produtiva de gratildeos que eacute mecanizada sobra matildeo de obra para trabalhar

com o fumo Esses exemplos demonstram que os agricultores familiares produzem

para maximizar os lucros e crescer economicamente da mesma forma que os

grandes proprietaacuterios como exposto no paradigma da agricultura familiar

A falta de outras atividades agropecuaacuterias tambeacutem foi mencionada por 12

das famiacutelias entrevistadas pois apesar de existir outros tipos de cultivo no municiacutepio

como por exemplo a produccedilatildeo de verduras de morangos de pepinos e de ervas

medicinais essas famiacutelias declararam que esses cultivos natildeo geram uma renda por

hectare como o fumo Uma fumicultora entrevistada na Linha Marcondes comenta

Eu ldquoplantava as coisasrdquo para a merenda escolar aqui da escola [] noacutes tinha que comprar as sementes e tudo o que precisava pra produzir essas verduras [] quando levava na escola ficavam colocando defeito na minha produccedilatildeo [] queriam que eu levasse todo dia dez peacutes de alface na escola [] que lucro eu ia ter ir todo dia na escola levar soacute dez peacutes de alface E

87

ainda recebia soacute depois de 40 dias que entreguei a produccedilatildeo e ainda agraves vezes atrasava [] O fumo eacute muito cansativo soacute que a gente natildeo precisa ficar se humilhando pra comprar a produccedilatildeo da gente a firma leva tudo seja o melhor fumo seja o pior

A fumicultora retrata que apesar do trabalho na produccedilatildeo de fumo ser mais

cansativa que outras atividades o fato de se ter a venda garantida de toda a

produccedilatildeo compensa as desvantagens

TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS

Quantidades de peacutes de fumo

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

25000 - 30000 peacutes 14 23

31000 ndash 50000 peacutes 26 44

51000 ndash 70000 peacutes 05 08

71000 ndash 90000 peacutes 07 12

91000 ndash 120000 peacutes 05 08

121000 -140000 peacutes 03 05

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)

Dentre as famiacutelias entrevistadas a quantidade miacutenima de produccedilatildeo eacute de

25000 peacutes e a maacutexima de 140000 peacutes poreacutem a maior concentraccedilatildeo estaacute ente

31000 e 50000 peacutes A quantidade de peacutes que satildeo plantados estaacute relacionada agrave

matildeo de obra disponiacutevel uma vez que esses fumicultores antes de planejar a

proacutexima safra levam em consideraccedilatildeo primeiramente a relaccedilatildeo entre a quantidade

de matildeo de obra disponivel com a quantidade de peacutes de fumo De acordo com o

instrutor teacutecnico da Souza Cruz uma pessoa consegue produzir em meacutedia 20000

peacutes de fumo por safra (usando matildeo de obra de terceiros somente para os dias de

colheita)

Condiccedilatildeo das terras usadas pelos fumicultores entrevistados

88

TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS

Condiccedilatildeo da terra Nordm de famiacutelias Percentual ()

Somente terra proacutepria 33 55

Terra proacutepria e arrendada 22 37

Somente terras arrendadas 05 08

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Para coletar esses dados foi levado em consideraccedilatildeo o total das terras

usadas pelos fumicultores independentemente da cultura plantada aleacutem do fumo

Desse modo nota-se que a grande maioria possui terras proacuteprias (92) sendo que

55 cultivam somente em terras proacuteprias e 37 aleacutem das terras proacuteprias arrenda

com intuito de aumentar a produccedilatildeo tanto de fumo como de gratildeo e outros Existem

8 que natildeo possuiacuteam terras proacuteprias e que necessitam arrendar para produzir o

fumo

TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES

Somente terra proacutepria Nordm de famiacutelias Porcentagem ()

Ateacute 5 hectares 11 20

6 a 10 hectares 14 25

11 a 15 hectares 8 15

16 a 20 hectares 6 11

21 a 25 hectares 6 11

26 a 30 hectares 2 04

31 a 40 hectares 4 07

Mais de 40 hectares 4 07

Total 55 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Dos sessenta fumicultores entrevistados cinco natildeo possuem terras proacuteprias

E dos cinquenta e cinco que possuem a maior porcentagem de famiacutelias tem ateacute 15

hectares Nesse sentido esses nuacutemeros satildeo compatiacuteveis com os dados mais gerais

da regiatildeo Sul do Brasil onde a maior concentraccedilatildeo de famiacutelias possui ateacute 20

89

hectares de terra (AFUBRA 2015) A aquisiccedilatildeo das terras foi principalmente por

heranccedila e em parcelas menores atraveacutes de compra

Formas de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria das unidades familiares dos fumicultores

entrevistados

Este item refere-se aos tipos de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria que aleacutem do fumo

trazem renda para a unidade de produccedilatildeo familiar Com base nos dados de campo

verificam-se nas propriedades aleacutem da produccedilatildeo do fumo as produccedilotildees de feijatildeo

milho soja erva-mate e a produccedilatildeo de leite

TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES

Tipo de produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nuacutemeros de famiacutelias Percentual ()

Somente fumo 20 33 Fumo e soja 06 10

Fumo soja feijatildeo e milho 20 33 Fumo Soja milho e leite 03 5 Fumo feijatildeo milho e erva-

Mate 11 19

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

De acordo com os dados expostos 33 dos entrevistados afirmam que a

produccedilatildeo da propriedade com pretensatildeo de venda eacute somente o fumo outros 33

aleacutem do fumo produzem soja e feijatildeo seguidos de 19 que se dedicam agrave produccedilatildeo

de fumo feijatildeo milho e erva-mate e menos de 5 declarar produzir para a venda o

fumo a soja o milho e o leite

Nesse sentido 67 dos entrevistados diversificam a produccedilatildeo com intuito de obter

mais fontes de renda Poreacutem alegam que a maior renda por aacuterea plantada vem da

produccedilatildeo de fumo

A produccedilatildeo de eucaliptos (figura 9) tambeacutem eacute bastante comum nas

propriedades pois eacute fonte de energia para a secagem das folhas do fumo Nas

estufas tradicionais o uso de lenha eacute muito maior que nas estufas eleacutetricas

90

FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO

Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2016)

A figura 9 exemplifica uma propriedade de fumicultor que produz a soja para

venda e eucalipto para a secagem do fumo A imagem da esquerda representa a

lavoura de um fumicultor na linha dezembro com produccedilatildeo de soja e ao fundo

notam-se plantaccedilotildees de eucaliptos para usar na secagem das folhas de fumo Na

imagem da direita tambeacutem pode ser vista a lavoura de fumo e ao fundo plantaccedilotildees

de eucaliptos

A erva-mate tambeacutem serve como fonte de renda dos fumicultores sendo que

em aacutereas de faxinal7 os peacutes de erva-mate formam mantidos e outros espaccedilos

usados para o cultivo de soja ou feijatildeo como demonstrado na figura 10 Em algumas

propriedades a erva-mate natildeo eacute nativa e foi plantada nos uacuteltimos anos em escalas

maiores devido agrave rentabilidade

7Por faxinal entende-se as terras tradicionalmente ocupadas para o uso comum de pastagens e florestas no Paranaacute que designam situaccedilotildees em que a produccedilatildeo familiar de acordo com suas possibilidades combina apropriaccedilatildeo privada e coletiva dos recursos naturais (HAURESKO C 2012)

91

FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE

Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2015)

Aleacutem da produccedilatildeo com pretensatildeo de venda nas propriedades visitadas

tambeacutem nota-se a presenccedila da produccedilatildeo para autoconsumo da famiacutelia Essas

alegam que produzem certos produtos para diminuir os gastos com mercado e por

produzirem de acordo com suas preferecircncias alimentares Apenas 6 dos

entrevistados natildeo produzem nada para autoconsumo alegando que comprar sai

mais barato que produzir

TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE

Produccedilatildeo para autoconsumo

Nuacutemero de famiacutelias Percentual ()

Horta 08 13 Horta criaccedilatildeo de galinhas e

porcos 16 27

Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos feijatildeo e milho

07 12

Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos e criaccedilatildeo gado (corte

e leite) feijatildeo e milho

25 42

Nenhuma produccedilatildeo para auto consumo

04 6

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

Sobre a produccedilatildeo de feijatildeo para autoconsumo alguns produtores

mencionam que produzem separadamente o feijatildeo para a venda do feijatildeo para

92

consumo da famiacutelia afirmando que no feijatildeo para venda satildeo aplicados dessecantes

para acelerar o periacuteodo de colheita e no feijatildeo que eacute para o consumo natildeo utilizam

essa praacutetica Esse fato natildeo eacute raro no municiacutepio acontecendo tanto nas pequenas

propriedades como nas grandes Isso demonstra que os agricultores familiares estatildeo

interessados no lucro de sua produccedilatildeo e natildeo tecircm muita preocupaccedilatildeo com as

praacuteticas que os ambientalistas e produtores orgacircnicos qualificam como sustentaacuteveis

Dessa forma eacute desnecessaacuteria a visatildeo dualista ente pequenos e grandes produtores

agriacutecolas concordando entatildeo com Diniz Filho (2011) quando escreve o texto

intitulado Agricultura familiar e meio ambiente o perigo da simplificaccedilatildeo ideoloacutegica

mencionando que organizaccedilotildees como CNBB e MST buscam toda sorte de

argumentos para contrapor o agronegoacutecio agrave agricultura camponesa afirmando que o

agronegoacutecio destroacutei a natureza por estar preocupado com lucros ao passo que os

agricultores familiares tenderiam a usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis porque

buscam somente reproduzir seu modo de vida

A produccedilatildeo de animais como vacas de leite boi para engorda criaccedilatildeo de

porcos e galinhas tambeacutem eacute comum entre os produtores de fumo como mostra a

figura 11

FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

93

Portanto conforme afirma Ternoski (2013) a renda agriacutecola dos

estabelecimentos familiares eacute composta da venda de produtos agropecuaacuterios e de

autoconsumo O autoconsumo eacute a quantidade que a famiacutelia consome em produtos

que produz no estabelecimento podendo ser de origem animal ou vegetal como

tambeacutem da transformaccedilatildeo caseira ou seja esses produtos complementam a renda

dos agricultores pelo fato de natildeo precisarem ser comparados pois se destinados ao

mercado podem gerar receita

Acesso a tecnologias e ao creacutedito agriacutecola

TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES

Nordm de famiacutelias Percentual () Possui uma estufa eleacutetrica 54 90

Natildeo possui estufa eleacutetrica 6 10

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

A Grande maioria dos fumicultores (90) possui em sua propriedade a estufa

eleacutetrica Essas famiacutelias afirmam que quando mudaram da estufa tradicional para a

eleacutetrica os trabalhos com matildeo de obra diminuiacuteram bastante pois para secar o fumo

na estufa eleacutetrica natildeo eacute necessaacuterio amarrar as folhas de fumo como demonstra a

figura 12 Jaacute nas estufas tradicionais em que a secagem natildeo eacute eleacutetrica a

quantidade de matildeo de obra exigida eacute bem maior como demonstrado na figura 13

As famiacutelias que natildeo possuem estufa eleacutetrica mencionam que natildeo pretendem

produzir por muito tempo o fumo desse modo natildeo seria viaacutevel adaptar ao sistema

eleacutetrico Nas propriedades onde a produccedilatildeo eacute maior de 70000 peacutes existem duas

estufas (figura 14)

94

FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO

Fonte Vilczak A Trabalho de campo (2016)

FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS

95

Fonte KUTZMY A Trabalho de campo (2015)

FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)

TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO

Bens adquiridos Nordm de famiacutelias Percentual ()

Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e terras no espaccedilo rural

20 33

Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e

terreno na cidade

6 10

Casa carro e terra 4 7

Carro casa trator e implementos agriacutecolas

26 43

Somente carro e casa 4 7

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

A partir dos dados acima pode-se notar que todos os entrevistados

conseguiram adquirir bens de capital considerados de grande importacircncia como

terrenos trator implementos agriacutecolas casa lotes no periacutemetro urbano entre outros

bens de menor importacircncia como eletrodomeacutesticos aleacutem dos reparos feitos na

96

propriedade que natildeo foram contabilizados pela pesquisa apesar de mencionados

pelos entrevistados As figuras 15 e 16 satildeo de algumas propriedades de produtores

de fumo entrevistados propriedades essas com casas de alvenaria galpatildeo e carro

Desse modo concorda-se com a tese de doutoramento de Manuel Antonio

Nunguiacutea Payas intitulada Empresaacuterio familial rural a integraccedilatildeo agrave agroinduacutestria de

fumo e diferenciaccedilatildeo em que o autor faz um estudo sobre a produccedilatildeo de fumo no

municiacutepio de Rio AzulPR mencionando que os fumicultores integrados estudados

por ele tiveram um aumento no patrimocircnio e que esses natildeo estatildeo inseridos na

produccedilatildeo somente para satisfaccedilatildeo das necessidades de sobrevivecircncia familiar mas

sim agindo no mercado como empresaacuterios investindo o seu capital nas atividades

com expectativa de maiores lucros e menores riscos ou seja analisando o custo de

oportunidade de cada cultura Nesse sentido para o autor o produtor familiar

integrado eacute um empresaacuterio que apresenta como principal caracteriacutestica a matildeo de

obra e propriedade familiares

FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)

97

FIGURA 16 - BENS ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)

A produccedilatildeo de fumo apesar de ser considerada pelos proacuteprios fumicultores

como uma atividade que exige muita matildeo de obra representou melhoria na

qualidade de vida deles pois grande parte das famiacutelias entrevistadas conseguiu

adquirir bens materiais como terras lotes no periacutemetro urbano casa carro trator

entre outros de menor valor bens esses dificilmente adquiridos somente com

atividades agriacutecolas tradicionais como milho feijatildeo e outros A explicaccedilatildeo para que

esses agricultores familiares escolham primeiramente a produccedilatildeo de fumo e natildeo a

produccedilatildeo de alguma cultura tradicional desenvolvida com grande representatividade

no municiacutepio desde a segunda metade do seacuteculo XIX estaacute no custo de

oportunidade dessa cultura Os fumicultores avaliam primeiramente os ganhos

econocircmicos que essa cultura proporciona em relaccedilatildeo agrave quantidade de terras

disponiacutevel em suas propriedades eou por meio de arrendamento

Outro fato que exemplifica a melhoria da qualidade de vida dos fumicultores

pode ser observado no proacuteprio municiacutepio A regiatildeo Norte de Prudentoacutepolis eacute

caracterizada pela produccedilatildeo de culturas tradicionais sendo que na grande maioria

das vezes essas lavouras satildeo realizadas manualmente devido agrave topografia muito

acentuada 8 Essa regiatildeo eacute considerada como menos desenvolvida que a regiatildeo

central e Sul devido agrave baixa produtividade por unidades familiares

Isso natildeo significa que se esteja afirmando aqui que a soluccedilatildeo econocircmica para

os produtores familiares da regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis seria a

8Atividades agriacutecolas consideradas muitas vezes mais penosas que a proacutepria produccedilatildeo de fumo pois esses agricultores carregam sacas de feijatildeo e de espigas de milho nas proacuteprias costas em terrenos muito iacutengremes aleacutem do plantio e dos tratos culturais realizados manualmente ou com traccedilatildeo animal

98

opccedilatildeo pelo cultivo do fumo Apenas constata-se que a inserccedilatildeo dos pequenos

produtores nos mercados e culturas mais seguras economicamente lhes proporciona

uma melhora econocircmica ao passo que tambeacutem o uso de aparatos tecnoloacutegicos

contribui para o aumento da produtividade e consequentemente ganhos monetaacuterios

maiores

Concorda-se com Schultz (1965) quando defende que a eficiecircncia e a

maximizaccedilatildeo do lucro satildeo partes de um sistema econocircmico eficiente e racional

Esse autor considera que todos os agricultores capitalizados ou de subsistecircncia

analisam a relaccedilatildeo entre a entrada de insumos e os resultados econocircmicos da

mesma maneira que os empresaacuterios modernos sendo o produtor um maximizador

de lucros em busca da eficiecircncia econocircmica

Nesse sentido a modernizaccedilatildeo da agricultura e a expansatildeo dos mercados

contribuiacuteram para de um lado expropriar algumas unidades de produccedilatildeo familiar e

de outro transformar agricultores familiares em empresaacuterios rurais com dependecircncia

tecnoloacutegica e financeira do mercado neste caso prevalecendo agrave racionalizaccedilatildeo

econocircmica e o objetivo principal da unidade de produccedilatildeo passando a ser a inserccedilatildeo

no mercado e a ampliaccedilatildeo dos lucros

TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO)

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

Utiliza Frequentemente essa linha de creacutedito

36 60

Utilizou algumas vezes mas natildeo utiliza mais

5 8

Nunca utilizou esse tipo de creacutedito

19 32

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

A grande maioria dos produtores entrevistados (60) utiliza a linha de creacutedito do

PRONAF tanto o custeio agriacutecola como tambeacutem o PRONAF investimento O

PRONAF custeio estaacute ligado agrave produccedilatildeo de gratildeos (soja milho feijatildeo) e o PRONAF

investimento estaacute voltado para a compra de trator implementos agriacutecolas

99

(plantadeiras carretas pulverizadores) e tambeacutem para investimentos com a

produccedilatildeo leiteira (ordenhadeiras e resfriadores)

Os fumicultores que aderiram ao PRONAF mencionam que o creacutedito agriacutecola

possibilitou a compra de trator e a carreta para o transporte do fumo da lavoura para

a estufa preparo do solo aplicaccedilatildeo de agrotoacutexicos etc aquisiccedilatildeo essa impossiacutevel

com pagamento agrave vista A figura 17 mostra tratores e carretas adquiridos por um

fumicultor morador da Linha Dezembroe por um da Comunidade de Linha Antocircnio

Olinto atraveacutes do PRONAF e conforme relata o fumicultor da Comunidade de Linha

Dezembro

Para noacutes o PRONAF eacute bom que financiamos o trator e outros maquinaacuterios [] antes tinha que trazer o fumo com carroccedila e cavalos agraves vezes os bichos ficavam doente na safra agraves vezes morriam [] agora com o trator e a carreta daacute pra trazer mais fumo da roccedila [] para noacutes deu uma grande diferenccedila (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)

FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

O fumicultor da Linha Dezembro relata que adquiriu o trator no ano de 2011

dando como entrada R$ 10000 teve carecircncia de pagamento por dois anos (2012 e

2013) e o restante do valor seraacute quitado entre 2014 e 2019 com parcelas anuais

entre R$ 9000 e R$ 8000 O mesmo comenta que com o dinheiro do fumo

consegue pagar as parcelas nas datas certas para o banco

Os agricultores que possuem trator fazem trabalhos terceirizados para

aqueles que natildeo possuem obtendo assim uma renda extra durante o ano O

fumicultor da Linha Dezembro afirma tambeacutem que a linha de creacutedito do PRONAF

100

trouxe melhora nas condiccedilotildees de trabalho e financeiras pois aumentaram a

produccedilatildeo e a produtividade

Aqueles que mencionaram terem usado a linha de creacutedito do PRONAF mas

que atualmente natildeo usam mais satildeo aqueles que jaacute compraram os implementos

agriacutecolas de que necessitavam e que compram os insumos para o plantio com

pagamento agrave vista ou a prazo na cooperativa agriacutecola mista de Prudentoacutepolis

(CAMP)

Os que nunca usaram as linhas de creacutedito do PRONAF satildeo fumicultores que

tambeacutem compram com pagamento agrave vista ou a prazo por meio da CAMP para pagar

com a produccedilatildeo Jaacute os que possuem trator compram agrave vista ou de vizinhos e

parentes pagando em prestaccedilotildees anuais sem relaccedilatildeo com bancos Esses alegam

ter receio de natildeo conseguir quitar o financiamento e por isso natildeo aderem ao

PRONAF

Outra forma de transportar o fumo da lavoura para a estufa eacute atraveacutes de

caminhonetes e tambeacutem atraveacutes de carroccedilas como mostra as fotos da figura 18

FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

101

TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

Matildeo de obra empregada na atividade fumageira

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

Somente matildeo de obra familiar

4 7

Contrataccedilatildeo de matildeo de obra em todo o periacuteodo da safra

0 0

Contrataccedilatildeo de matildeo de obra somente para a colheita

18 30

Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras em todo o periacuteodo da safra

8 13

Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras

somente para a colheita

30 50

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Nota-se que 63 das famiacutelias usam o sistema de trocas de dias para a

produccedilatildeo de fumo poreacutem 50 desses fazem parcerias somente nos dias de

colheita os quais variam entre um dia e meio a dois dias Essa parceria eacute feita para

natildeo contratar matildeo de obra poreacutem esses fumicultores tecircm um controle da quantidade

dos dias trocados entre eles e no final da safra aquele que estiver devendo horas

trabalhadas acerta em dinheiro conforme o valor da diaacuteria paga para colheita a qual

estaacute em torno de 100 a 120 reais

O tempo de secagem das folhas de fumo na estufa varia entre cinco e seis

dias Apoacutes secas essas folhas precisam ficar mais um dia dentro da estufa para

esfriar ou seja o periacuteodo entre o dia da colheita e o dia de tirar as folhas de fumo da

estufa varia de oito a dez dias e a quantidade meacutedia de colheitas por safra eacute entre

seis e oito

Nesse sentido os meses de novembro dezembro janeiro e parte de fevereiro

satildeo de trabalho intenso motivo pelo qual muitos dos entrevistados afirmam que a

desvantagem de produzir o fumo estaacute relacionada ao trabalho intenso nesses

meses

As famiacutelias com mais de quatro membros com idade suficiente (18 anos) para

estarem envolvidos na produccedilatildeo de fumo alegam que conseguem vencer

tranquilamente os trabalhos somente com a matildeo de obra familiar e que raramente

102

contratam matildeo de obra para a colheita (figura 19) Nessa perspectiva trabalham

intensamente nos dois dias de colheita e no restante dos dias (quando o fumo estaacute

secando) se dedicam a outras atividades da propriedade

FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

Tipos de famiacutelias Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Famiacutelia com apenas um

membro aposentado 10 17

Famiacutelia com dois membros aposentados

8 13

Famiacutelia com membro que recebe bolsa famiacutelia

5 8

Famiacutelia sem nenhum membro que recebe repasse social

37 62

Total 60 100 QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Os dados mostram que 62 das famiacutelias entrevistadas natildeo se beneficiam de

repasses sociais jaacute 17 das famiacutelias satildeo compostas por um membro que recebe

aposentadoria e 13 delas com dois membros aposentados Esses aposentados

natildeo satildeo os responsaacuteveis pela produccedilatildeo de fumo da famiacutelia poreacutem muitos alegam

que ajudam em tarefas consideradas por eles leves como a classificaccedilatildeo das folhas

do fumo jaacute que eacute realizada em ambientes protegidos das intempeacuteries e sentados

Uma parcela de 8 se beneficia do bolsa famiacutelia poreacutem alegam que esse valor

mesmo ajudando nas necessidades dos filhos natildeo eacute a maior parte da renda familiar

103

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos 0 0 Sempre tem problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina ( doenccedila da folha verde) (

acircnsia vocircmitos e mal estar)

25

42

Jaacute teve problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina

(doenccedila da folha verde) ( acircnsia vocircmitos e mal-estar)

16

27

Nunca teve problemas de sauacutede relacionados agrave

produccedilatildeo de fumo

19

31

Total 60 100 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Ao perguntar sobre intoxicaccedilatildeo dos fumicultores por agrotoacutexicos nenhuma

famiacutelia alegou ter acontecido esse fato com os membros da famiacutelia Afirmam que a

quantidade de agrotoacutexico que passam no fumo eacute menor que na soja milho e feijatildeo e

que quando vatildeo manusear agrotoacutexicos fazem o uso dos equipamentos de proteccedilatildeo

individual jaacute que diferente de outras culturas mecanizaacuteveis a pulverizaccedilatildeo do

agrotoacutexico no fumo eacute totalmente manual

Uma parcela expressiva de 69 alega que pelo menos um dos membros da

famiacutelia tem ou jaacute teve intoxicaccedilatildeo por nicotina ao realizar a colheita de fumo esses

que se apresentam de formas distintas de um indiviacuteduo para outro como acircnsia

vocircmitos mal-estar e insocircnia

Uma porcentagem menor composta por 31 das famiacutelias entrevistadas

dizem que nunca nenhum dos membros teve sintomas diferenciados apoacutes o contato

com a folha de fumo

TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO

Desvantagens da produccedilatildeo de fumo

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

Exige muito trabalho 18 30 Exige muito trabalho e causa

problemas de sauacutede 27 45

Falta de matildeo de obra para contratar

8 13

Natildeo vecirc desvantagens em produzir fumo

7 12

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo ( 2015)

104

Dos entrevistados 30 afirmam que a principal desvantagem eacute a

intensificaccedilatildeo do trabalho principalmente nos dias de colheita e aplicaccedilatildeo de

agrotoacutexicos os quais satildeo feitos manualmente Jaacute 45 deles afirmam que a

produccedilatildeo de fumo aleacutem de exigir muito trabalho tambeacutem traz problemas de sauacutede

normalmente aqueles que satildeo mais sensiacuteveis quando em contato com a nicotina

presente nas folhas do fumo (doenccedila da folha verde)

Outra variaacutevel que 13 dos entrevistados consideram desvantagem eacute a

questatildeo da matildeo de obra visto alegarem que principalmente para aquelas famiacutelias

que satildeo compostas de trecircs a quatro membros e que normalmente produzem uma

quantidade maior que a famiacutelia consiga dar conta tecircm muita dificuldade de encontrar

pessoas disponiacuteveis para contratar tendo assim que aumentar as jornadas de

trabalho ou diminuir a produccedilatildeo

Por fim uma parcela de 12 afirma que natildeo haacute qualquer desvantagem em

produzir fumo justificando que independentemente da atividade a ser realizada

deve-se trabalhar Dentre os entrevistados quatro famiacutelias afirmam que preferem

produzir fumo porque natildeo trabalham nos finais de semana e o trabalho natildeo dura o

ano todo como ocorre na produccedilatildeo leiteira que exige o empenho diaacuterio Para esses

a produccedilatildeo de fumo permite uma flexibilizaccedilatildeo do trabalho bem maior que a

produccedilatildeo de leite Nesse sentido pode-se concluir que cada famiacutelia tem preferecircncias

distintas na escolha da atividade que vai ser desenvolvida na propriedade

TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Sempre lecirc 6 10 Agraves vezes 18 30

Jaacute leu mas natildeo lecirc mais 6 10 Nunca leu 30 50

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

Dentre as famiacutelias entrevistadas nota-se que a metade delas nunca leu o

contrato emitido pela Souza Cruz justificando natildeo ter interesse na leitura ou por

saber do conteuacutedo do contrato por meio de vizinhos ou do instrutor teacutecnico

105

Agraves vezes quando a gente pede o instrutor lecirc direito pra gente pois natildeo tenho muito estudo e demora de mais pra ler tudo (Fumicultor da comunidade de Linha Antocircnio Olinto) Natildeo leio porque jaacute sei o que estaacute escrito todo ano eacute igual (Fumicultor da comunidade de Linha Visconde de Guarapuava) Natildeo leio a gente confia na firma (Fumicultor da comunidade de Linha Marcondes) Leio todo o contrato mas depois que assino e que instrutor vai embora (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)

A baixa escolaridade juntamente com poucos haacutebitos de leitura satildeo os

principais fatores que geram contratos assinados sem preacutevias leituras

Expectativas das famiacutelias em permanecer na atividade fumageira

Pretensotildees Nordm de famiacutelias Percentual ()

Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo por tempo

indeterminado

35 58

Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo poreacutem

diminuir a produccedilatildeo

18 30

Pretende parar completamente com a produccedilatildeo de fumo em

pequeno prazo de tempo (1 a 3 anos)

7 12

Total 60 100

QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Conforme demonstrado na tabela acima 58 das famiacutelias pretendem

permanecer com a produccedilatildeo de fumo por tempo indeterminado Jaacute 30 delas

pretendem continuar poreacutem diminuir o volume produzido Essas 30 das famiacutelias

mencionam que querem diminuir a produccedilatildeo pela falta de matildeo de obra uma vez que

os filhos estatildeo com intenccedilatildeo de sair de casa por motivos distintos como estudar

trabalhar em outro ramo etc

Outros 7 do total dos entrevistos tecircm a intenccedilatildeo de parar de produzir fumo

nos proacuteximos trecircs anos afirmando que vatildeo migrar para setores mais competitivos

106

como a soja e o leite Outros afirmam que querem parar porque jaacute estatildeo

aposentados e os filhos pretendem trabalhar em outras atividades de modo que a

famiacutelia tende a ficar pequena demais para essa cultura

Com relaccedilatildeo agrave venda da produccedilatildeo de fumo todos os entrevistados afirmam

que vendem a produccedilatildeo para a empresa integrada poreacutem os quilos produzidos

excedentes ao contrato firmado agraves vezes satildeo vendidos para atravessadores ou ateacute

mesmo para outras empresas Os fumicultores mencionaram que no geral tecircm

uma relaccedilatildeo tranquila com a empresa poreacutem existem safras em que o preccedilo do

quilo do fumo do ponto de vista deles deveria ser maior Esse fato eacute entendido pelo

paradigma da agricultura camponesa como conflito entre a territorialidade

corporativa Souza Cruz e a territorialidade dos fumicultores pelo fato de agricultor

natildeo ter autonomia de decisatildeo do preccedilo pago por quilo do fumo existindo entatildeo certo

conflito muitas vezes ldquosilenciosordquo entre essas territorialidades

Todavia o paradigma da agricultura familiar por natildeo estar baseado em

teorias anticapitalistas explica os processos de formaccedilatildeo de preccedilos a partir de

pressupostos teoacutericos diferentes Numa economia de mercado o vendedor jamais

possui autonomia plena para decidir o preccedilo do seu produto pois satildeo os

compradores que avaliam de acordo com seus objetivos e necessidades quanto

estatildeo dispostos a pagar por um bem ou serviccedilo Mas ao mesmo tempo os

compradores tambeacutem natildeo possuem autonomia para decidir o preccedilo de um produto

ao seu bel prazer pois se o vendedor natildeo considerar a venda vantajosa deixaraacute de

produzir ou de revender o produto em questatildeo para se dedicar a outra atividade

econocircmica mais rentaacutevel No caso em pauta a Souza Cruz eacute obrigada a pagar um

preccedilo que supere o custo de oportunidade para os agricultores familiares de

produzir leite feijatildeo soja ou qualquer outro produto sob pena de a empresa perder

seus fornecedores

Nesse sentido vale recordar as informaccedilotildees apresentadas na Tabela 15 visto que

20 dos entrevistados afirmam ter escolhido produzir fumo devido agrave renda que essa

cultura oferece e tambeacutem agrave garantia de venda b) 58 responderam que essa

escolha se deu em funccedilatildeo da renda da venda garantida e tambeacutem da pouca

disponibilidade de terras em suas propriedades c) 10 citaram apenas a pouca

disponibilidade de terras como motivo para plantar fumo d) 12 afirmaram que essa

opccedilatildeo se daacute apenas pela falta de outras opccedilotildees

107

Outro fator que regula o valor pago por quilo de fumo como jaacute demonstrado no

trabalho estaacute relacionado a oferta e demanda do produto pelo mercado A safra de

20152016 eacute um exemplo na qual devido ao baixo estoque de fumo nos armazeacutens

das empresas e pela procura desse produto por parte dos consumidores o valores

pagos por quilo de fumo aumentaram fato esse notado tambeacutem em outros produtos

do setor do agronegoacutecio

Isso indica que o paradigma da agricultura familiar eacute o que se mostra coerente com

os dados da pesquisa de campo pois fica claro que os produtores familiares optam

pelo fumo em funccedilatildeo de um caacutelculo dos custos de oportunidade que considera os

fatores rentabilidade garantia de renda e disponibilidade de terra de sorte que os

preccedilos praticados pela Souza Cruz tecircm um patamar miacutenimo definido pela avaliaccedilatildeo

que os agricultores fazem desses custos E essa conclusatildeo eacute reforccedilada quando se

relembram as informaccedilotildees da Tabela 19 posto que apenas 33 dos entrevistados

se dedicam exclusivamente ao fumo enquanto os demais produzem e

comercializam tambeacutem outros tipos de produtos tais como leite soja e feijatildeo

Mais uma vez verifica-se que cada famiacutelia tem projetos distintos os quais

estatildeo intrinsecamente relacionados agrave estrutura familiar agrave disponibilidade de terras e

outros fatores gerando estrateacutegias diferenciadas para se reproduzir no campo

havendo desde aqueles produtores que vecircm na atividade fumageira o seu futuro ateacute

aqueles que pretendem migrar o mais raacutepido possiacutevel para outra atividade Nesse

sentido vemos que essas famiacutelias buscam ser competitivas nas atividades que

realizam se dedicando agravequelas que julgam mais rentaacuteveis eou combinando duas ou

mais culturas para obter mais vantagens

108

V - CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O desenvolvimento desta pesquisa baseada no estudo de caso de uma

amostragem de produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis contratados pela

empresa Souza Cruz permitiu demonstrar que os agricultores familiares

entrevistados buscam atraveacutes de suas condiccedilotildees de produtor se inserir em setores

que permitem maximizar seus lucros Portanto a realizaccedilatildeo desta pesquisa eacute

pertinente pelo fato de mostrar que os fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de

commoditie atraveacutes de uma cadeia produtiva competitiva

Dessa forma a caracterizaccedilatildeo dos fumicultores a partir dos grupos A B C e

D se justifica por apresentarem dados oficiais e sistematizados o que contribui para

natildeo generalizar os resultados somente a partir da amostragem dos fumicultores

entrevistados nos trabalhos de campo Demonstrando que no municiacutepio de

Prudentoacutepolis a maior parte dos fumicultores se aproxima daqueles agricultores

familiares do tipo A e B Ou seja aqueles capitalizados e em processo de

capitalizaccedilatildeo indicando que a cultura de fumo estaacute dentre aquelas que geram uma

taxa de pobreza menor no meio rural Essa constataccedilatildeo tambeacutem eacute notada a partir

das entrevistas de campo conforme demonstrado na Tabela 22 posto que todos os

entrevistados conseguiram com a renda do fumo adquirir bens de capital como casa

carro trator terra de cultivo lote no periacutemetro urbano aleacutem daqueles bens de capital

como os eletrodomeacutesticos

Com isso a visatildeo dualista entre agricultura familiar e agronegoacutecio natildeo eacute

compreendida com adequada nesse trabalho pelo fato de existirem muitas formas

de agricultores familiares que se aproximam ao padratildeo do agronegoacutecio como por

exemplo os fumicultores que estatildeo no grupo A e B Desse modo compreende-se

que os fumicultores entrevistados da mesma forma que a agricultura patronal

buscam atraveacutes da modernizaccedilatildeo e do uso de insumos agriacutecolas (agrotoacutexicos e

fertilizantes) meios para permanecerem integrados e competitivos no mercado

Os fumicultores estatildeo inseridos ao complexo agroindustrial fumageiro e por

conseguinte estatildeo prosperando economicamente concordando-se entatildeo com os

pressupostos teoacutericos voltados ao paradigma da agricultura familiar e com autores

como Valente (2008) Diniz (2011) e Navarro (2014) que natildeo costumam fazer uma

109

oposiccedilatildeo radical entre agricultura familiar e agronegoacutecio ao ponto de existir

conflitualidades de interesses entre ambos Ou seja conflito entre a territorialidade

coorporativa da induacutestria fumageira e a territorialidade da agricultura familiar

camponesa

Desse modo a pesquisa tambeacutem natildeo tem por objetivo afirmar que no Brasil

natildeo existam sistemas de produccedilatildeo camponesa poreacutem os dados de campo mostram

que no caso em estudo 67 dos entrevistados natildeo produzem somente fumo e que

esses estatildeo inseridos em outras cadeias produtivas como leite feijatildeo soja e milho

ou seja os fumicultores tem mais opccedilotildees poreacutem acham interessante continuar com o

fumo Esses dados natildeo satildeo diferentes do restante do Brasil natildeo generalizando

somente a partir dos entrevistados

Apesar das oscilaccedilotildees no volume produzido como tambeacutem em relaccedilatildeo ao

mercado do fumo no Brasil e consequentemente no municiacutepio de Prudentoacutepolis

conforme exposto nos capiacutetulos II e III nota-se que essa cultura proporcionou a

ascensatildeo econocircmica desses agricultores familiares sendo que muitos desses

pequenos capitalistas como jaacute mencionado conseguiram adquiri terras para entatildeo

competir nos setores de gratildeos como a soja e o milho que a competitividade eacute

melhor para grandes proprietaacuterios querendo assim dar esse salto e ao mesmo

tempo trabalhando com a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo com intuito de deixar a renda

da propriedade menos vulneraacutevel A partir desses fatos e de acordo com os

resultados dos dados de campo eacute coerente dizer que o direcionamento dos

agricultores entrevistados para o cultivo de culturas que tem maior rentabilidade

proporcionou melhoras nas condiccedilotildees econocircmicas da famiacutelia pois somente com a

lavoura tradicional e pequena criaccedilatildeo de animais natildeo seria possiacutevel conquistar bens

de capital

Nesse sentido Navarro (2014) aponta que o preccedilo dos alimentos consumidos

pelos brasileiros em termos de reais diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas devido a inserccedilatildeo

dos pacotes tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo agriacutecola que proporcionaram o aumento

da produtividade e a consequente queda do preccedilo final contribuindo para a

facilidade de acesso desses produtos por parte da populaccedilatildeo jaacute em contra partida o

custo para uma pessoa manter seu haacutebito de fumar aumentou Ou seja os

agricultores que permaneceram ou inseriram-se na produccedilatildeo de fumo tiveram um

aumento na sua rentabilidade

110

Dessa forma eacute certo que os agricultores familiares entrevistados da mesma

forma que os agricultores patronais buscam aumentar seus rendimentos uma vez

que os dados de campo mostram que uma porccedilatildeo dos fumicultores tem pretensotildees

de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou seja agem no mercado

como pequenos capitalistas Poreacutem esses agricultores ainda natildeo migram totalmente

para outras atividades por ser esta uma das poucas cadeias produtivas compatiacuteveis

com as suas condiccedilotildees de produtor Tambeacutem muitos produtores podem encontrar

dificuldades em migrar para outras culturas que exigem maiores recursos

(SCHOENHALS et al 2009) necessitando assim de linhas de creacuteditos agriacutecolas

direcionados para esses agricultores

Os autores como Fernandes (2008) e Roos (2015) que trabalham na

perspectiva do paradigma da agricultura camponesa afirmam haver conflitualidade

entre os camponeses e as agroinduacutestrias que trabalham no sistema de produccedilatildeo

integrada como eacute o caso da agroinduacutestria fumageira afirmando existir uma sujeiccedilatildeo

da renda dos camponeses uma vez que os agricultores camponeses natildeo possuem

autonomia com relaccedilatildeo ao modo de produzir o produto como tambeacutem na hora de

fixar o preccedilo final da safra Poreacutem natildeo eacute levado em consideraccedilatildeo que o preccedilo do

quilo do fumo pago ao produtor contratado estaacute intrinsecamente relacionado a oferta

e demanda do produto por parte do mercado o que expressa adequadamente o

valor marginal pago muitas vezes aos fumicultores visto que a empresa tambeacutem

deve colocar a sua margem de lucro conforme a demanda do produto

Outra questatildeo voltada ao paradigma camponecircs eacute em relaccedilatildeo agrave

industrializaccedilatildeo da agricultura e apontada por Fernandes (2013) como um processo

que resulta no desenvolvimento desigual e contraditoacuterio no campo que deixa as

unidades camponesas de produccedilatildeo se tornar mais vulneraacuteveis ao capital Poreacutem os

dados da Tabela 23 mostram que 68 dos entrevistados usam ou jaacute utilizaram

alguma linha de creacutedito agriacutecola para o investimento em maquinaacuterios agriacutecolas

afirmando que conseguem tem uma produtividade maior e que conseguem pagar as

prestaccedilotildees desses maquinaacuterios tranquilamente

Sabendo que Ploeg (2009) afirma que o camponecircs eacute caracterizado por lutar

por sua autonomia uma vez que conforme apontado pro Thomaz Juacutenior (2008) a

loacutegica do capital impotildee que o agricultor esteja preso a gestatildeo de uma empresa e natildeo

111

mais de sua famiacutelia natildeo se completa para essa pesquisa uma vez que a explicaccedilatildeo

para a empresa estabelecer os seus moldes de produccedilatildeo se baseia na demanda do

produto pelo mercado instituindo assim para os seus contratados os tipos de fumos

com maiores demandas o que justifica a empresa impor o tipo de variedade de fumo

que quer comprar como tambeacutem os tratos culturais necessaacuterios para se chegar ao

produto desejado

Contraditoacuterio ao que foi exposto por Paulino e Almeida (2010) quando

mencionam que o campesinato deve ser considerado como uma contradiccedilatildeo e natildeo

como uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeo capitalista os resultados da

pesquisa mostraram que a articulaccedilatildeo com os modelos de produccedilatildeo capitalistas

proporcionaram a permanecircncia de agricultores familiares no espaccedilo rural uma vez

que os aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo que eacute bastante disseminada entre

agricultores familiares induziram o aumento da rentabilidade diminuindo assim as

taxas de pobreza Aleacutem disso nota-se que o fumicultores sendo pequenos

capitalistas natildeo buscam somente a reproduccedilatildeo do modo de vida mas sim agem no

mercado investindo em setores mais rentaacuteveis adequado para a sua condiccedilatildeo de

produtor com pretensatildeo de torna-se um agricultor ainda mais competitivo

Mais uma vez defende-se que a inserccedilatildeo dos agricultores familiares aos

mercados capitalistas natildeo deve ser entendido a partir de um dualismo estando de

um lado o agronegoacutecio e de outro o camponecircs como jaacute ressaltado por Schneider

(2006) que tanto um quanto outro grupo estaacute interessado em um mesmo processo

que eacute o da produccedilatildeo e o do consumo Nesse sentido eacute importante se trabalhar com

a heterogeneidade da agricultura familiar para assim se pensar como esses

agricultores podem se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo

Portanto a presente pesquisa embasada nos dados de campo mostra que a

cultura de fumo ateacute entatildeo eacute a principal orientaccedilatildeo financeira dos agricultores

familiares entrevistados seguidas de outras estrateacutegias de reproduccedilatildeo como o

cultivo da soja produccedilatildeo de leite feijatildeo milho Demonstrando dessa forma que os

mesmos buscam maximizar seus lucros e diversificar sua produccedilatildeo para diminuir a

vulnerabilidade econocircmica da propriedade Contudo pode afirmar atraveacutes do

paradigma da agricultura familiar que os fumicultores considerados como pequenos

capitalistas se reproduzem no mercado sob pressatildeo das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e

112

da concorrecircncia e buscam ser competitivos natildeo havendo incompatibilidade ou

conflitos dos agricultores familiares para com o capital

113

REFEREcircNCIAS

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ANEXOS

1ordm Trabalho de Campo Conhecimento da aacuterea de estudo e visita a 10 propriedades que produzem fumo haacute mais de 10 anos Data do campo mecircs de Julho e Agosto de 2014

1) Qual foi o ano em que iniciou as atividades na produccedilatildeo de fumo

2) Qual eacute o motivo que trabalha na produccedilatildeo do fumo

3) A matildeo de obra na atividade fumageira eacute muito desgastante

4) Sua propriedade eacute diversificada Quais as culturas que produz na

propriedade aleacutem do fumo

5) Qual eacute a maior renda da propriedade

6) Como eacute feita a classificaccedilatildeo das folhas de fumo destinadas a venda

2ordm Trabalho de campo Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio Aplicado ao orientador teacutecnico da Souza Cruz o qual representa a Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis Orientador teacutecnico Tarciacutesio Kraiczek Data da entrevista 13072015

1 Quantos orientadores teacutecnicos a empresa possui no municiacutepio de

Prudentoacutepolis

2 Haacute quantos anos vocecirc trabalha na assistecircncia teacutecnica para os

fumicultores associados da Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis

3 Quantos associados a empresa Souza Cruz teve na safra de 2014

4 Quais satildeo as empresas fumageiras concorrentes da Souza Cruz no

municiacutepio Qual a relaccedilatildeo entre essas empresas

5 A empresa Souza Cruz tem alguma unidade de recebimento do fumo no

municiacutepio de Prudentoacutepolis para a produccedilatildeo ficar armazenada antes de

ser enviado para uma usina de Processamento de fumo

3

6 Para qual das trecircs usinas de processamento o fumo produzido no

municiacutepio eacute envido

7 A empresa tem uma cota miacutenima e maacutexima de peacutes de fumo por

produtor

8 Qual eacute a meacutedia de peacutes de fumo uma pessoa consegue produzir por

safra

9 No seu ponto de vista como orientador teacutecnico como se daacute a relaccedilatildeo

entre a empresa Souza Cruz e os fumicultores do municiacutepio

10 Qual a relaccedilatildeo da empresa para com os projetos de diversificaccedilatildeo da propriedade

3ordm Trabalho de Campo Entrevista de campo para obtenccedilatildeo de dados socioeconocircmicos dos produtores

de fumo da empresa Souza Cruz do municiacutepio de Prudentoacutepolis - PR

Data do campo Novembro e Dezembro de 2015 1- Caracterizaccedilatildeo da famiacutelia

Membros Idade Gecircnero Escolaridade (escola puacuteblica ou privada)

Fumicultor Eacute fumante

Motivos do ecircxodo

1 2 3 4 5 6 7 8

2- Haacute quantos anos trabalha na atividade fumageira

3- Qual o motivo pela opccedilatildeo de produzir fumo

4- Pretende permanecer na atividade fumageira Quais motivos Por qual

atividade substituiria a produccedilatildeo de fumo

4

5- Possui estufa eleacutetrica de secagem do fumo

6- Quais bens capitais vocecirc conseguiu adquirir com a renda oriunda da

produccedilatildeo de fumo

7- Possui na propriedade

( ) Trator ( ) Carro ( ) moto ( ) telefone ( ) internet

8- Posse da terra e quantidade de alqueires

( ) Proacutepria ____ ( ) Arrendada e Parceiro _____

( ) Arrendada ____ ( ) Proacutepria e Arrendada _____

( ) Proacutepria e Parceiro ____

9- Se for proacutepria como adquiriu essas terras

10- Satildeo plantados por ano quantos peacutes de fumo Quantidade de aacuterea

utilizada

11- Faz contrataccedilatildeo de matildeo de obra para a produccedilatildeo de fumo

( ) Sim ( ) Natildeo

12- Se existe a contrataccedilatildeo de matildeo de obra em que periacuteodo da safra

acontece

( ) Todo o periacuteodo da safra ( ) Tratos culturais ( ) Plantio ( )

Classificaccedilatildeo ( ) Colheita

13- Vocecirc lecirc o contrato da sua produccedilatildeo com a empresa Souza Cruz

Justifique

14- Aleacutem da produccedilatildeo de fumo quais outras atividades agropecuaacuterias satildeo

realizadas na propriedade para garantir a renda da famiacutelia

Para comercializaccedilatildeo Para consumo na propriedade

5

15- De qual atividade realizada na propriedade vem a maior renda

16- Como eacute a sua relaccedilatildeo com a empresa descreva o seu ponto de vista

17- Vende toda a produccedilatildeo para a empresa associada

18- No seu ponto de vista quais satildeo as vantagens e desvantagens de produzir

fumo

19- Em relaccedilatildeo agrave sauacutede e produccedilatildeo de fumo houve casos na famiacutelia de

A) Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos

B) Intoxicaccedilatildeo por nicotina (doenccedila da folha verde)

C) Problemas ortopeacutedicos

D) Transtornos mentais (depressatildeo ansiedade esquizofrenia etc)

E) Outros __________________________________________

20- Haacute incentivos governamentais para o desenvolvimento de outras atividades

e o consequente abandono do ramo fumageiro Se sim quais e por que natildeo

houve migraccedilatildeo para outra atividade

21- A partir do momento em que vocecirc comeccedilou a produzir o fumo acha que

suas condiccedilotildees financeiras melhoraram

22- Participa do PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar)

23- Na famiacutelia tem algum membro que recebe algum tipo de repasses de

programas sociais Se sim quais

24- Vocecirc tem conhecimento de algum projeto de diversificaccedilatildeo de

propriedades que estaacute sendo realizado por oacutergatildeos puacuteblicos no municiacutepio

  • AGRADECIMENTOS
  • Palavras chave Agricultura Familiar Fumicultura Abordagens Paradigmaacuteticas
  • Keywords Family farming Tobacco Farming Paradigmatic Approaches
  • LISTA DE SIGLAS
  • SUMAacuteRIO
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS
  • 11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA
  • ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR
  • CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS
  • CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
  • 21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
  • 22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL
  • CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO
  • 31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR
  • 32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS
  • CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO
  • 41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES
  • REFEREcircNCIAS
  • ABRAMOVAY R Paradigmas do capitalismo agraacuterio em questatildeo Satildeo
  • Paulo Hucitec 1992 275 p
  • Disponiacutevel em lthttpwwwaointlcomaugt Acesso em 27082015
  • FERNANDES B M MST Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra
  • GERMER Claus A irrelevacircncia praacutetica da agricultura ldquofamiliarrdquo para o
  • INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA (IBGE)
  • WebLiveDO8U4Q3Nopendocumentgt Acesso em 05082015
  • OBSERVATOacuteRIO DA POLITICA NACIONAL DE CONTROLE DO TABACO
  • ROSEacuteLIA P Induacutestria e territoacuterio no Brasil Contemporacircneo Editora
  • SINDICATO INTERESTADUAL DA INDUacuteSTRIA DO TABACO
  • SPOSITO E S Redes e cidades Satildeo Paulo UNESP2008
  • SPIES R O processo de Especializaccedilatildeo Produtiva da Microrregiatildeo
  • Fumicultura de Santa Cruz do Sul- RS Santa Cruz do Sul UNISC 2000
  • VOGT O P A produccedilatildeo de fumo em Santa Cruz do Sul ndash RS (1849-1993)
  • Santa Cruz do Sul Edunisc 1997
  • ZAROSKI N G A utilizaccedilatildeo do tempo pelos imigrantes ucranianos de
  • ANEXOS
Page 8: AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUÇÃO DE FUMO: ESTUDO DE …

8

LISTA DE SIGLAS

AFUBRA - Associaccedilatildeo dos Fumicultores do Brasil

BAT - British American Tobacco

CBFF ndash Companhia Brasileira de Fumo em Folha

DERAL - Departamento de Economia Rural

EMATER ndash Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural

IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IPARDES (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social)

PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

SEAB - Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento

SINDITABACO ndash Sindicato Interestadual da Induacutestria do Tabaco

9

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA 46 Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO 59 FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 60 FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES 62 FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR 63 FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR 64 FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR78 FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 79 FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO 90 FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE 91 FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA 92 FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO 94 FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS 94 FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO 95 FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA 96 FIGURA 16 - BENS ADQUiRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA 97 FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF 99 FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA 100 FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO 102

10

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL 39 TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO 41 TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013 42 TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012 42 TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute 46 TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006 48 TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006 50 TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006 51 TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000 52 TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006 53 TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012 54 TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010) 55 TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE 84 TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 85 TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 86 TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS 87 TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS 88 TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES 88 TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES 89 TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE 91

11

TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES 93 TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO 95 TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO) 98 TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO101 TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO 103 TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS 104

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA 36 QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL 44 QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314 47 QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010) 56 QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR 65 QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR66 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR 66 QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006 71 QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 72 QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR 72 QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES 74 QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS 75 QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 81 QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO 82 QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO 84

12

QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS 102 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS 103 QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA 105

LISTA DE GRAacuteFICOS

GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO45 GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS 67

13

SUMAacuteRIO INTRODUCcedilAtildeO 14 CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS 19

11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA 19

12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR 23

13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS 27

CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32

21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL 32 22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL 47

CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO 58

31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR 58

32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS 69

CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO 76 41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES 78 REFEREcircNCIAS 113 ANEXOS 2

14

INTRODUCcedilAtildeO

De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de

fumo sendo que essa produccedilatildeo encontra-se concentrada nos estados do Rio

Grande do Sul Santa Catarina e Paranaacute alimentando uma cadeia produtiva com

envolvimento de 25 milhotildees de pessoas o qual inclui setores como a produccedilatildeo

transporte comercializaccedilatildeo industrializaccedilatildeo distribuiccedilatildeo e exportaccedilatildeo (AFUBRA

2011)

No municiacutepio de Prudentoacutepolis a atividade fumageira tem grande relevacircncia

econocircmica principalmente para a agricultura familiar uma vez que os dados do

Censo Demograacutefico de 2010 mostram que 54 da populaccedilatildeo residem na aacuterea rural

existindo um nuacutemero maior de unidade de produccedilatildeo familiar em detrimento das

unidades patronais de produccedilatildeo

A produccedilatildeo de fumo em Prudentoacutepolis eacute realizada somente nas regiotildees

Central e Sul do municiacutepio devido ao clima e topografia dos solos favoraacuteveis agrave

cultura Outro fator que tambeacutem ocasiona a atraccedilatildeo para a fumicultura eacute a

possibilidade de usufruir de pequenas aacutereas de terras deixando disponiacutevel o

excedente da propriedade para outras atividades que somem na geraccedilatildeo de renda

Nesse sentido o objetivo da pesquisa eacute analisar os resultados obtidos pela

agricultura familiar com essa cultura e as razotildees econocircmicas de sua opccedilatildeo pelo

fumo Portanto uma contribuiccedilatildeo desse estudo de caso eacute fornecer subsiacutedios para a

avaliaccedilatildeo criacutetica dos dois principais paradigmas de estudo do agro na geografia rural

e ciecircncias afins

Para a realizaccedilatildeo do presente trabalho foi fundamental atraveacutes das

abordagens sobre a agricultura familiar e camponesa avaliar se realmente existe

uma oposiccedilatildeo entre agricultor familiar e o agronegoacutecio no caso do setor fumageiro

uma vez que o fumo eacute uma commoditie de exportaccedilatildeo e a produccedilatildeo eacute realizada por

pequenos produtores Para tanto foi realizada uma revisatildeo bibliograacutefica sobre os

paradigmas da agricultura familiar e da agricultura camponesa na geografia rural e

aacutereas de pesquisa afins com a finalidade de identificar os conceitos de territoacuterio e

territorialidade derivados desses paradigmas Foram feitas tambeacutem uma

caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de

15

fontes secundaacuterias (Censos Agropecuaacuterios e outras) e uma pesquisa de campo

mediante a aplicaccedilatildeo de questionaacuterio com o fim de caracterizar os produtores rurais

desse municiacutepio contratados pela empresa Souza Cruz como fornecedores de

tabaco

Nesse sentido buscou-se metodologicamente envolver teacutecnicas de base

qualitativa sendo que esse tipo de abordagem se caracteriza por ldquoanalisar e

interpretar os dados refletir e explorar o que eles podem propiciarrdquo (OLIVEIRA

2010) A pesquisa quantitativa tambeacutem faz parte deste estudo uma vez que traz

algumas teacutecnicas que possibilitam a busca de informaccedilotildees e dados mais amplos

muitas vezes impossiacuteveis de serem alcanccedilados somente pelo pesquisador como por

exemplo aqueles dados disponibilizados pelos oacutergatildeos puacuteblicos como EMATER

(Empresa de Assistecircncia teacutecnica e Extensatildeo Rural) IPARDES (Instituto Paranaense

de Desenvolvimento Econocircmico e Social ) IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatiacutestica) e DERAL (Departamento de Economia Rural) O meacutetodo quantitativo

considera que tudo eacute quantificaacutevel ou seja significa traduzir opiniotildees e informaccedilotildees

em nuacutemeros que seratildeo classificados e analisados

Os meacutetodos qualitativos e quantitativos natildeo se excluem Embora difiram quanto agrave forma e agrave ecircnfase os meacutetodos qualitativos trazem como contribuiccedilatildeo ao trabalho de pesquisa uma mistura de procedimentos de cunho racional e intuitivo capazes de contribuir para a melhor compreensatildeo dos fenocircmenos Pode-se distinguir o enfoque qualitativo do quantitativo mas natildeo seria correto afirmar que guardam relaccedilatildeo de oposiccedilatildeo (POPE MAYS 1995 p42)

Sendo assim no iniacutecio do desenvolvimento do presente estudo foi realizada

uma entrevista com questotildees semiestruturadas (em anexo) para um grupo de dez

fumicultores contratados pela empresa Souza Cruz e que estatildeo na atividade

fumageira haacute mais de dez anos Esse puacuteblico foi escolhido intencionalmente a partir

dos dados da localizaccedilatildeo das propriedades dos associados da empresa no

municiacutepio de Prudentoacutepolis Recorreu-se a esse meacutetodo pois os dados obtidos em

campo eram necessaacuterios para poder avaliar as abordagens ligadas ao paradigma da

agricultura camponesa e da agricultura familiar e que natildeo poderiam ser obtidos

atraveacutes de fontes secundaacuterias

Posteriormente foi realizada uma entrevista com perguntas semiestruturadas

(em anexo) para o instrutor teacutecnico da Souza Cruz jaacute que o mesmo representa a

16

empresa no municiacutepio Essa entrevista teve como objetivo analisar o ponto de vista

da empresa sobre a atividade fumageira na localidade

Ao verificar que em Prudentoacutepolis a produccedilatildeo de fumo acontece somente na

regiatildeo Central e Sul devido ao relevo mais inclinado da regiatildeo norte foi interessante

ir ateacute essa regiatildeo com topografia mais acentuada para analisar os tipos de cultivos

que satildeo realizados O objetivo desse trabalho de campo foi principalmente o de

conhecer a realidade das famiacutelias do municiacutepio natildeo inseridas na cultura do fumo

com visitas a realizar futuras pesquisas sobre a agricultura familiar Assim dado o

caraacuteter complementar e exploratoacuterio desse trabalho a coleta de informaccedilotildees se deu

por meio de conversas informais

Nos meses de novembro e dezembro de 2015 foi realizada outra entrevista

com perguntas semiestruturadas (em anexo) para uma amostragem de sessenta

fumicultores contratados pela Souza Cruz As perguntas feitas nessa entrevista

estatildeo relacionadas basicamente a dados socioeconocircmicos das famiacuteliasos quais

juntamente com dados mais gerais do censo agropecuaacuterio permitem conhecer o

perfil desses fumicultores Portanto as informaccedilotildees referentes a essas entrevistas

apresentam-se mais detalhadas no capiacutetulo IV

Nesse sentido as entrevistas constituem teacutecnicas alternativas para coleta de

dados natildeo documentados sobre determinado tema ldquoEacute uma teacutecnica de interaccedilatildeo

social [] em que uma das partes busca obter dados e outra se apresenta como

fonte de informaccedilatildeordquo (GERHARDT SILVEIRA 2009)

O pesquisador organiza um conjunto de questotildees (roteiros) sobre o tema que estaacute sendo estudado mas permite e agraves vezes ateacute incentiva que o entrevistado fale livremente sobre assuntos que vatildeo surgindo como desdobramentos do tema principal (GERHARDT SILVEIRA 2009)

Para Duarte (2002 p 143) ldquonuma metodologia de base qualitativa o nuacutemero

de sujeitos que viratildeo a compor o quadro das entrevistas dificilmente pode ser

determinado a piorirdquo Ou seja tudo vai estar relacionado com a qualidade das

informaccedilotildees obtidas a partir de cada entrevista sempre levando em consideraccedilatildeo a

profundidade e o grau de recorrecircncia e divergecircncia das informaccedilotildees Enquanto

estiverem aparecendo ldquodadosrdquo originais ou pistas que possam indicar novas

perspectivas aacute investigaccedilatildeo em curso as entrevistas precisam continuar sendo feitas

(DUARTE 2002 p 144)

17

Portanto a pesquisa estaacute estruturada em quatro capiacutetulos sendo que no

primeiro capiacutetulo falar-se-aacute sobre as abordagens ligadas a agricultura camponesa e

agricultura familiar com intuito de apresentar algumas das visotildees de cada

paradigma para que no decorrer do trabalho possa ser feito uma avaliaccedilatildeo dessas

abordagens na produccedilatildeo fumageira como tambeacutem expor o conceito de territoacuterio e

territorialidade que derivam desses paradigmas

No capiacutetulo seguinte visando compreender os fatores que proporcionaram ao

paiacutes se tornar referecircncia no setor fumageiro realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica

da origem do fumo e a sua consequente inserccedilatildeo em uma escala comercial O

estudo desses elementos foi fundamental para entender os motivos que contribuiacuteram

para a inserccedilatildeo da produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Tambeacutem pelo

fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo

de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral

dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura

familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo

do agronegoacutecio

Na sequecircncia o capiacutetulo III mostra os processos de ocupaccedilatildeo do municiacutepio

de Prudentoacutepolis e a consequente inserccedilatildeo da produccedilatildeo fumageira nas unidades de

produccedilatildeo familiar Nesse sentido como o trabalho vem abordando a existecircncia de

uma agricultura familiar heterogecircnea buscou-se conhecer o perfil dos agricultores

familiar do municiacutepio atraveacutes da caracterizaccedilatildeo dessas famiacutelias tendo como escopo

as fontes secundaacuterias do IBGE

No capiacutetulo IV satildeo apresentados os dados do trabalho de campo que foi

realizado com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela empresa

Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis Os dados

de campo que retratam a realidade dos entrevistados juntamente com dados

secundaacuterios tecircm por finalidade contribuir na avaliaccedilatildeo dos paradigmas da

camponesa e da agricultura familiar com base no setor fumageiro

Por fim satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais do trabalho seguindo nas

avaliaccedilotildees das abordagens paradigmaacuteticas agrave luz do estudo de caso dos fumicultores

entrevistados mostrando que os agricultores familiares entrevistados buscam

18

atraveacutes de suas condiccedilotildees de tecnologias estrutura fundiaacuteria e matildeo de obra se

inserir em setores mais competitivos visando agrave maximizaccedilatildeo dos lucros

A realizaccedilatildeo dessa pesquisa eacute pertinente pelo fato de mostrar que os

fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de commoditie atraveacutes de uma cadeia

produtiva competitiva levando em consideraccedilatildeo as condiccedilotildees do produtor e

conforme os dados de campo eacute notoacuterio que os entrevistados atraveacutes da renda do

fumo conseguiram adquirir bens capitais de grande importacircncia como a compra de

terra lotes na cidade de carro trator maquinaacuterios agriacutecolas e casa Bens esses que

muitas vezes natildeo conseguiriam adquirir se produzissem somente culturas

tradicionais do municiacutepio como eacute o caso do feijatildeo e milho pelo fato da pequena

quantidade de terras que possuem Dessa forma eacute certo que os agricultores

familiares entrevistados da mesma forma que os agricultores patronais buscam

maximizar seus lucros uma vez que os dados de campo mostram que os

fumicultores tecircm pretensotildees de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou

seja agem no mercado como pequenos capitalistas

19

CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS

Sabe-se que nas ciecircncias sociais existem diferentes concepccedilotildees teoacutericas para

a compreensatildeo do desenvolvimento do capitalismo no campo destacando-se de

um lado o paradigma da Agricultura Camponesa (Questatildeo Agraacuteria) e de outro o

paradigma da Agricultura Familiar (Capitalismo Agraacuterio) Nesse sentido o presente

capiacutetulo expotildee algumas das abordagens ligadas ao paradigma da agricultura

camponesa e das abordagens ligadas agrave agricultura familiar como objetivo de

identificar o conceito de TerritoacuterioTerritorialidade derivados desses paradigmas A

finalidade de entender as correntes de pensamento paradigmaacutetico permitiraacute entatildeo

avaliar essas abordagens agrave luz de um estudo de caso sobre a fumicultura no

municiacutepio de PrudentoacutepolisPR

11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA

As muacuteltiplas formas de interpretaccedilatildeo da questatildeo agraacuteria no espaccedilo rural e

consequentemente do paradigma camponecircs tecircm como principal referecircncia as teorias

marxistas seja as de autores como Lecircnin (1982) e Kautsky (1998) que defenderam

a tese do desaparecimento da classe camponesa e a consequente emergecircncia de

duas classes distintas - a burguesa e a proletaacuteria - como produto da industrializaccedilatildeo

da agricultura seja a de autores como Chayanov (1974) Oliveira (1987) e

Fernandes (1996) entre outros que satildeo contraacuterios agrave teoria sobre a tendecircncia agrave

proletarizaccedilatildeo do campesinato e que defendem a permanecircncia desta classe social

como resultado do processo desigual e contraditoacuterio de desenvolvimento

impulsionado pelo sistema capitalista

Nesse sentido para Fernandes (2008) os estudos feitos agrave luz do paradigma

camponecircs se caracterizam por analisar a luta de classes a conflitualidade e as

contradiccedilotildees inerentes agraves relaccedilotildees capitalistas e natildeo capitalistas de produccedilatildeo1 Um

tema importante nessa linha de pesquisa eacutea sujeiccedilatildeo da renda dos camponeses

perante as empresas que tecircm o monopoacutelio da produccedilatildeo de commodities agriacutecolas

como as agroinduacutestrias fumageiras

1 O campesinato eacute entendido como um sistema produtivo diferenciado do agronegoacutecio

20

Os seguidores do paradigma camponecircs como Fernandes (2013) entendem

que a industrializaccedilatildeo da agricultura resulta em um problema estrutural devido ao

desenvolvimento desigual e contraditoacuterio do capitalismo e que a uacutenica soluccedilatildeo estaacute

na superaccedilatildeo desse sistema pois a industrializaccedilatildeo da agricultura contribui para que

as unidades camponesas de produccedilatildeo se tornem mais vulneraacuteveis ao capital

Para Feliacutecio (2006) nesse paradigma natildeo haacute diferenccedilas entre agricultor

familiar e camponecircs pois ambos satildeo assim definidos por terem a famiacutelia e o trabalho

familiar por caracteriacutestica a qual natildeo objetiva a superaccedilatildeo do trabalho familiar O

termo camponecircs eacute tratado pelos teoacutericos do paradigma do capitalismo agraacuterio como

agricultores familiares nesse sentido

O produtor familiar que utiliza os recursos teacutecnicos e estaacute altamente integrado ao mercado natildeo eacute um camponecircs mas sim um agricultor familiar Desse modo pode-se afirmar que a agricultura camponesa eacute familiar mas nem toda a agricultura familiar eacute camponesa ou que todo camponecircs eacute agricultor familiar mas nem todo agricultor familiar eacute camponecircs (FERNANDES 2001)

Com relaccedilatildeo agrave inserccedilatildeo da agricultura familiar nas formas de produccedilatildeo

capitalistas no campo Thomaz Juacutenior (2008) considera que a loacutegica do capital impotildee

que o agricultor esteja preso agrave gestatildeo de uma empresa e natildeo mais da sua proacutepria

famiacutelia Poreacutem o autor defende que mesmo integrado a essa loacutegica de produccedilatildeo o

camponecircs busca alternativas para natildeo aderir totalmente agraves estruturas mercantis de

produccedilatildeo visando reestabelecer os princiacutepios de sociabilidade e produccedilatildeo para o

autoconsumo Nesse sentido para esse paradigma o camponecircs visa agrave

sobrevivecircncia mas se o capital apresenta uma proposta de parceria de lucros como

na integraccedilatildeo das empresas fumageiras o camponecircs aceita Subordina-se mas se

essa possibilidade de lucro acaba ele volta para a estrateacutegia primeira por natildeo

desejar desfazer-se da terra

Para Shanin (2008) o camponecircs corresponde a um ldquomodo de vidardquo que

envolve um conjunto de elementos como a diversidade nas formas de trabalhar com

a terra Teacutecnicas essas que satildeo passadas de pais para filhos possibilitando estreita

ligaccedilatildeo entre a terra e a famiacutelia uma vez que a famiacutelia eacute dona do proacuteprio trabalho

podendo escolher a melhor forma de fazecirc-lo Tambeacutem enfatiza a especificidade da

loacutegica econocircmica camponesa a qual produz visando a satisfaccedilatildeo das necessidades

21

da famiacutelia sendo capaz de se ajustar aos niacuteveis de remuneraccedilatildeo mais baixos em

momentos desfavoraacuteveis

Ploeg (2009) afirma que o camponecircs de hoje natildeo pode ser compreendido

como sinocircnimo de atraso e sim como um ldquocamponecircs modernordquo inserido na

realidade capitalista poreacutem carregando em seu cerne a condiccedilatildeo camponesa Por

condiccedilatildeo camponesa Ploeg (2009) entende a luta por autonomia e progresso como

uma forma de construccedilatildeo e reproduccedilatildeo de um meio de vida rural em um contexto

adverso caracterizado por relaccedilotildees de dependecircncia marginalizaccedilatildeo e privaccedilatildeo

Portanto para o autor supracitado o campesinato deve ser explicado a partir das

relaccedilotildees de contradiccedilotildeesconflitualidades existentes no espaccedilo rural

Fernandes (2000) ao falar sobre a formaccedilatildeo do campesinato afirma que

essa formaccedilatildeo natildeo acontece somente pela reproduccedilatildeo ampliada das contradiccedilotildees

do capitalismo mas tambeacutem atraveacutes da luta pela terra na qual tem enfrentado a

condiccedilatildeo loacutegica do capital Nesse sentido Ploeg (2009) menciona sobre a dualidade

entre a produccedilatildeo camponesa e a capitalista na qual

[] a agricultura camponesa eacute fortemente baseada no capital ecoloacutegico (especialmente a natureza viva) enquanto que a agricultura empresarial afasta-se progressivamente da natureza Insumos e outros fatores artificiais de crescimento substituem os recursos naturais o que significa que a agricultura estaacute sendo industrializada (PLOEG 2009 p17)

A expansatildeo do modo capitalista de produccedilatildeo (na sua reproduccedilatildeo ampliada do

capital) aleacutem de redefinir antigas relaccedilotildees subordinando-as agrave sua produccedilatildeo

engendra relaccedilotildees natildeo capitalistas iguais e contraditoriamente necessaacuterias agrave sua

reproduccedilatildeo (OLIVEIRA 2010) Nesse sentido para Paulino e Almeida (2010) a

reproduccedilatildeo do campesinato ldquodeve ser entendida a partir das diversas contradiccedilotildees

do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma contradiccedilatildeo e

natildeo de uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeordquo

No que diz respeito agrave produccedilatildeo de fumo para o paradigma camponecircs a

integraccedilatildeo agrave induacutestria fumageira significauma intervenccedilatildeo nos modos de produccedilatildeo

camponesa visando padroniza-los deixando o camponecircs com pouca autonomia para

determinar a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo

Para Fernandes (2008) o sistema de produccedilatildeo do agronegoacutecio eacute distinto do

sistema de produccedilatildeo da agricultura camponesa uma vez que o sistema agriacutecola

22

camponecircs tem por referecircncia a reproduccedilatildeo a biodiversidade e o trabalho familiar

natildeo objetivando o plantio de uma uacutenica cultura para o mercado como no modelo

agroexportador Poreacutem Fernandes (2008 p 166) afirma que como eacute o capital que

controla a tecnologia o conhecimento o mercado e as poliacuteticas agriacutecolas

subalterniza o camponecircs Ou seja para Fernandes o sistema agriacutecola camponecircs

natildeo eacute parte do agronegoacutecio

De acordo Paulino com (2012) os camponeses comparecem ao mundo do

trabalho como entidades familiares Dessa forma como eacute a famiacutelia que se prontifica

em produzir a mateacuteria prima para a induacutestria fumageira entatildeo natildeo se refere agrave venda

do trabalho camponecircs e sim da produccedilatildeo na qual estaacute contida o trabalho familiar o

qual exige um ritmo diferenciado

Roos (2015) salienta que no caso da produccedilatildeo fumageira realizada pelos

camponeses ldquoa racionalidade eacute movida pela necessidade de um espaccedilo que possa

servir a um conjunto de atividadesrdquonatildeo objetivando somente a valorizaccedilatildeo que os

galpotildees e as estufas de fumo possam gerar sobre a renda da terra

Nesse sentido as transformaccedilotildees no campo brasileiro relacionadas ao

processo de modernizaccedilatildeo da agricultura se assentam sobre uma estrutura

complexa compreendida pela integraccedilatildeo da agricultura e da induacutestria caracterizada

na maior parte por produzir produtos de exportaccedilatildeo como eacute o caso das induacutestrias

fumageiras aves e suiacutenos

Portanto para esse paradigma a conflitualidade eacute inerente ao processo de

formaccedilatildeo do capitalismo e do campesinato por causa da contradiccedilatildeo criada pela

destruiccedilatildeo criaccedilatildeo e recriaccedilatildeo simultacircneas dessas relaccedilotildees sociais (FENANDES

2008) O camponecircs possui um sistema agriacutecola proacuteprio que natildeo faz parte do

agronegoacutecio e apresenta uma loacutegica de reproduccedilatildeo distinta todavia os camponeses

estatildeo subalternos agrave hegemonia daquele modelo de desenvolvimento econocircmico

(ROOS2015)

Roos (2015) ao analisar a obra de Chayanov2 afirma que o deslocamento de

membros da famiacutelia para outras atividades (venda de forccedila de trabalho) estaacute

assentado na satisfaccedilatildeo das necessidades e natildeo na maximizaccedilatildeo de lucros

2 CHAYANOV AV La organizaciacuteon de la unidad econoacutemica campesina Buenos Aries Nueva Visioacuten 1974

23

possiacuteveis (relaccedilotildees capitalistas) pois o principal objetivo das transaccedilotildees

econocircmicas camponesas eacute a reproduccedilatildeo do grupo social

Para Paulino (2003) a heterogeneidade no campo estaacute marcada por dois

tipos de propriedade privada de um lado a propriedade capitalista e de outro a

propriedade camponesa Na propriedade capitalista a terra eacute um objeto de negoacutecio

pelo fato de haver exploraccedilatildeo do trabalho alheio ao passo que a propriedade

camponesa constitui-se em terra de trabalho natildeo tendo como intuito a acumulaccedilatildeo

de capital e sim a sobrevivecircncia familiar Nesse sentido para a autora a dualidade

entre terra de negoacutecios e terra de trabalho se explica com base no caraacuteter

contraditoacuterio do desenvolvimento capitalista

Portanto o camponecircs ao incorporar elementos da loacutegica do agronegoacutecio

como ao plantar fumo e soja utilizando agrotoacutexicos adubos quiacutemicos entre outros

gastos relacionados ao plantio e colheita satildeo compreendidos no paradigma

camponecircs a partir do capital sujeitando e expropriando a renda camponesa e

consequentemente deixando o agricultor mais vulneraacutevel

12 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR

No Brasil os estudos e debates sobre a categoria da agricultura familiar

ganharam forccedila a partir do fim da deacutecada de 1980 e iniacutecio da deacutecada de 1990

quando essa categoria tem maior representatividade no cenaacuterio socioeconocircmico

brasileiro Inuacutemeros conceitos e caracterizaccedilotildees foram criados para tentar explicar

os indiviacuteduos pertencentes a esse grupo Nesse sentido para Anjos (2003) a

agricultura familiar brasileira se estrutura

ldquocomo uma nova categoria poliacutetica portadora de uma consideraacutevel fonte de legitimidade social que simultaneamente representa os interesses dos pequenos produtores rurais das famiacutelias assentadas dos arrendataacuterios dos agricultores familiares integrados aos complexos agroindustriais e de outros atores sociais do campo brasileirordquo (ANJOS 2003 p 245)

No decorrer da deacutecada de 1990 os estudos voltados para o universo da

agricultura familiare que se destacam na literatura estatildeo em Veiga (1991)

Abramovay (1992) Lamarche (1998) entre outros Esses estudos aleacutem de

trazerem um panorama geral sobre a agricultura familiar daqueles anos tambeacutem

mostraram que as formas familiares de agricultura natildeo eram e nem satildeo

24

homogecircneas poreacutem satildeo importantes para promover o desenvolvimento econocircmico

no Brasil

Abramovay (1992) foi o primeiro no Brasil que distinguiu campesinato de

agricultor familiar afirmando que o agricultor familiar eacute oriundo do camponecircs poreacutem

apresenta distintas formas de organizaccedilatildeo do trabalho tendo como pretensatildeo

inserir-se ao mercado Tambeacutem ao se referir agrave regiatildeo Sul do Brasil o autor afirma

queldquoos agricultores familiares integram-se plenamente a estruturas nacionais de

mercado transformam natildeo soacute sua base teacutecnica mas sobretudo o ciacuterculo social em

que se reproduzem e metamorfoseiam-se numa nova categoria social de

camponeses tornam-se agricultores profissionaisrdquo (ABRAMOVAY 1992 p 126-

127)

Abramovay (1992) Veiga (1991) e Lamarche (1998) entendem que a

agricultura familiar eacute uma categoria que manteacutem a loacutegica familiar de produccedilatildeo

poreacutem estaacute ligada agrave loacutegica capitalista de integraccedilatildeo aos mercados Nesse sentidoo

autor da corrente marxista Claus Germer (1996) alerta para o problema de

conceituar a agricultura familiar em oposiccedilatildeo agrave agricultura patronal o qual favorece

sem sentido a noccedilatildeo de embate entre esses modos de produccedilatildeo

Pensadores da corrente teoacuterica que discutem a agricultura familiar como por

exemplo Valente (2008) Diniz Filho (2011) e Navarro (2014) entre outros natildeo

costumam fazer uma oposiccedilatildeo radical entre a agricultura familiar e o agronegoacutecio

tal como se observa no paradigma camponecircs pelo fato que de alguma forma os

agricultores familiares fazem parte do agronegoacutecio Nesse sentido apontam que a

agricultura familiar brasileira eacute heterogecircnea e necessita ser trabalhada com

tipologias como por exemplo nos estudos organizados por Lamarche (1998) e pela

caracterizaccedilatildeo da agricultura familiar por grupos A B C e D realizados a partir do

estudo ldquoNovo retrato da agricultura familiar brasileira (2000)rdquo Esses estudos

mostram que existem muitas formas de agricultores familiares que se aproximam

bastante do padratildeo do agronegoacutecio Portanto para esse paradigma natildeo haacute

incompatibilidade ou conflitos radicais dos agricultores familiares em relaccedilatildeo ao

capital visto que estatildeo inseridos no mercado

Lamarche (1998) identificou quatro modelos aproximados para distinguir os

tipos de agricultores familiares a partir do tipo e grau de dependecircncia financeira de

mercado e da tecnologia para produccedilatildeo Os quatro modelos consistem em Modelo

empresa caracteriza as unidades produtivas que possuem grande dependecircncia

25

tecnoloacutegica financeira e comercial dependente de matildeo de obra assalariada

(temporaacuteria ou permanente) natildeo possuindo grande apego agrave propriedade (terra)

Modelo empresa familiar satildeo dependentes dos sistemas tecnoloacutegicos financeiros e

de mercado a matildeo de obra eacute familiar tendo por objetivo a reproduccedilatildeo familiar a

partir da terra Modelo agricultura camponesa e de subsistecircncia eacute caracterizada

pelo grande envolvimento da famiacutelia na unidade produtiva pouco dependente de

tecnologias e mercados externos visando satisfazer as necessidades familiares

com pouca produccedilatildeo para comercializar aleacutem de preservarem os patrimocircnios com

intuito de sobrevivecircncia da famiacutelia E por fim o modelo agricultura moderna que eacute

um modelo de agricultura competitiva que estaacute em constante diminuiccedilatildeo das

relaccedilotildees familiares de produccedilatildeo buscando autonomia teacutecnica financeira e de

mercado

Tambeacutem no sentido de entender as caracteriacutesticas do puacuteblico que fazia parte

do rural brasileiro o estudo realizado pela FAOINCRA no ano de 1994 separou os

agricultores entre familiares e patronais sendo que o grupo dos familiares ganhou

outras trecircs subdivisotildees Agricultores Familiares Consolidados que remete aos

agricultores familiares jaacute integrados ao mercado Agricultores familiares em

transiccedilatildeo ou seja aqueles em processo de integraccedilatildeo aos mercados e Agricultores

Familiares Perifeacutericos caracteriacutesticos daqueles com poucas possibilidades de

integraccedilatildeo aos mercados Poreacutem conforme Bittencourt e Peraci (2010) esse

agrupamento da categoria familiar foi utilizado soacute ateacute 1999 quando ganhou outra

classificaccedilatildeo agora a partir de quatro subdivisotildees dos grupos familiares A B C e D

A tipificaccedilatildeo das unidades familiares em quatro grupos eacute produto do estudo

realizado com base nos dados do Censo Agropecuaacuterio de 1996 e coordenado por

Carlos Enrique Guanziroli (FAO) e Silvia Elizabeth Cardin (INCRA) no ano de 2000

intitulado ldquoO novo retrato da agricultura familiar O Brasil redescobertordquoque

objetivou fazer uma nova tipificaccedilatildeo das unidades familiares localizadas no territoacuterio

brasileiro Esse agrupamento foi definido pela Resoluccedilatildeo 2629 de agosto de 1999

a qual foi adotada para que as regras de financiamento fossem mais adequadas agrave

realidade de cada segmento social (Schneider Czala Matei 2004 p 26)

Da mesma forma que os estudos feitos por Lamarche (1998) os resultados

dos trabalhos realizados pela FAOINCRA afirmam que a agricultura brasileira

apresenta uma grande diversidade em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo dos produtores agrave aptidatildeo

da terra agrave disponibilidade de infraestrutura etc natildeo apenas entre as regiotildees mas

26

tambeacutem dentro de cada regiatildeo (Guanziroli Cardin 2000) Esses autores insistem

na importacircncia de aprofundar o conhecimento dessas realidades do espaccedilo rural

com o intuito de incorporar de forma efetiva esses conhecimentos ao planejamento

de poliacuteticas puacuteblicas

Como o presente estudo objetiva a identificaccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo dos

produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis atraveacutes da tipologia dos grupos

familiares eacute fundamental detalhar as caracteriacutesticas de cada grupo3 Agricultores

Familiares tipo A considerados como os mais capitalizados e muito integrados ao

mercado Agricultores Familiares tipo B que estatildeo em vias de capitalizaccedilatildeo e

integrados ao mercado Agricultores Familiares tipo C que se apresentam em vias

de descapitalizaccedilatildeo e pouco integrados aos mercados e os Agricultores Familiares

tipo D sendo compreendidos como descapitalizados

Essas delimitaccedilotildees estabelecidas entre a agricultura familiar e a patronal

como tambeacutem na diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os proacuteprios agricultores

familiares proporcionou a identificaccedilatildeo dos distintos graus de desenvolvimento e

das distintas loacutegicas adotadas para a reproduccedilatildeo familiar

Para esse paradigma o agricultor familiar natildeo eacute um camponecircs mas sim um

empresaacuterio capitalista de pequeno porte inserido no mercado e que busca

maximizar a sua produccedilatildeo mas como eacute de pequeno porte ainda natildeo se

desvinculou totalmente do processo produtivo necessitando da matildeo de obra familiar

para o desenvolvimento das atividades a qual eacute caracteriacutestica das unidades

familiares No caso da produccedilatildeo de fumo conforme se veraacute com detalhes adiante o

pequeno capitalista estaacute presente em todo o processo desde o plantio ateacute a venda

da produccedilatildeo

Schneider (2006) menciona a falta de compreensatildeo dos modos familiares e

sua inserccedilatildeo nos mercados capitalistas uma vez que se deixam enredar no debate

sobre um suposto dualismo entre o agronegoacutecio e agricultura familiar como se os

3Considera-se que a tipologia elaborada pela FAOINCRA (2000) busca estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares dando-se em funccedilatildeo do custo de oportunidade do trabalho dado esse obtido atraveacutes do valor da diaacuteria regional mais 20 Tambeacutem o universo familiar foi delimitado atraveacutes das variaacuteveis em que a direccedilatildeo dos trabalhos do estabelecimento era exercida pelo produtor o trabalho familiar era superior ao trabalho contratado e por fim a aacuterea regional que varia de 4 ateacute 15 moacutedulos fiscais

27

envolvidos natildeo estivessem interessados em um mesmo processo ou seja da

produccedilatildeo e do consumo Nessa mesma linha de pensamento Veiga (2004) afirma

que ldquoo agronegoacutecio no Brasil natildeo eacute soacute uma atividade de grandes produtores e que

natildeo haacute oposiccedilatildeo com agricultura familiarrdquo uma vez que a agricultura familiar

sustenta um dos ramos mais bem sucedidos do agronegoacutecio como as cadeias

produtivas de exportaccedilatildeo de frango suiacutenos e tambeacutem com grande expressividade

a cadeia do fumo

O agronegoacutecio eacute composto fundamentalmente por agricultores familiares Eles conseguiram se firmar em setores extremamente modernos como a produccedilatildeo de aves suiacutenos fumo produtos esses ligados a mercados internacionais (ABRAMOVAY 2003 p 7)

De acordo com Valente (2008) vem sendo estabelecido o consenso de que

as atividades desenvolvidas ao longo da cadeia produtiva tanto patronais quanto

familiares satildeo complementares Nessa perspectiva menciona que faz-se necessaacuterio

um estudo do que aproxima e do que afasta aqueles que se inserem no agronegoacutecio

para assim ser possiacutevel pleitear distintas poliacuteticas agriacutecolas de acordo com os

interesses de casa categoria

Enquanto Fernandes (2001)Paulino (2003)Oliveira (2004) e Roos (2015)

defendem a oposiccedilatildeo do agronegoacutecio agrave agricultura familiar devido agraves

conflitualidades entre as classesSchneider (2006) Navarro (2007 2014) Valente

(2008) Diniz Filho (2011) e Jank (2006) consideram falso esse dualismo entre a

agricultura familiar e o agronegoacutecio uma vez que os agricultores buscam maximizar

seus lucros Nesse sentido afirma Jank (2006) que

O Brasil tem sido proacutedigo em produzir falsas dicotomias como a ideia do agronegoacutecio contra a pequena agricultura a agricultura patronal contra a agricultura familiar ou grandes produtores contra os sem-terra [] caso uacutenico no mundo o Brasil tem dois ministeacuterios da agricultura vivendo uma guerra surda por atenccedilatildeo e recursos um cuidando de mecanismos tradicionais de poliacuteticas agriacutecolas e o outro da reforma agraacuteria e da agricultura familiar (JANK 2006 P a2)

13 CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS

28

O estudo do territoacuterio vem sendo constituiacutedo em uma tradiccedilatildeo do pensamento

geograacutefico nos uacuteltimos 100 anos (VALVERDE 2004) Instintivamente o seu conceito

remota agrave ideia de lugar espaccedilo de residecircncia ou local onde se desenrolaratildeo as

muacuteltiplas relaccedilotildees entre os agentes sejam sociais ou econocircmicos (MARIANI

ARRUDA 2010)

Nesse ponto de vista Fernandes (2008) cita que a globalizaccedilatildeo e a hegemonia

das poliacuteticas neoliberais provocaram a emergecircncia do conceito de territoacuterio em duas

direccedilotildees De um lado os estudos sobre territoacuterios feitos agrave luz do paradigma

camponecircs e de outro o estudo de territoacuterio a partir do paradigma da agricultura

familiar O territoacuterio para o paradigma camponecircs eacute explicado a partir da criacutetica aos

modelos de produccedilatildeo capitalista sendo que as anaacutelises satildeo feitas sob a oacutetica de

territoacuterio multidimensional entendido a partir das conflitualidades e contradiccedilotildees

entre as classes sociais

Jaacute o paradigma da agricultura familiar ao analisar o territoacuterio natildeo utiliza os

procedimentos para estudar as conflitualidades e sim trabalha com o objetivo de

classificar as desigualdades sociais Nesse sentido o tema de estudo predominante

nesse paradigma eacute a reproduccedilatildeo das relaccedilotildees capitalistas ou seja a forma como os

agricultores buscam se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo sem que haja

uma conflitualidade entre classes ou territoacuterios No caso dos conflitos existentes no

campo para o paradigma da agricultura familiar deve-se trabalhar a partir do grau

que esses conflitos acontecem natildeo generalizando a partir de casos radicais de

conflitos entre os distintos territoacuterios No caso da fumicultura pode-se dizer que natildeo

satildeo identificados conflitos tatildeo radicais ao passo que na produccedilatildeo de subsistecircncia

esse acontecimento pode acontecer de forma diferenciada

Diversos satildeo os acontecimentos e agentes responsaacuteveis por instituir funccedilatildeo e

particularidades aos espaccedilos Como exemplos desses acontecimentos podem ser

citadas ldquoas atividades econocircmicas os empreendimentos das

multinacionaistransnacionais comunidades tiacutepicas como tambeacutem do poder puacuteblicordquo

(MARIANI ARRUDA 2010) os quais satildeo responsaacuteveis pela construccedilatildeo de

territoacuterios Haesbaert (2007) destaca a existecircncia de territoacuterios funcionais desde que

o territoacuterio apresente um papel de receptaacuteculos de atividades econocircmicas

possuindo muacuteltiplas funccedilotildees conforme seu interesse em atuar naquele territoacuterio

29

Fernandes (2008) adepto do paradigma camponecircs ao trabalhar os diferentes

territoacuterios destaca a importacircncia de analisar o territoacuterio atraveacutes da

multidimensionalidadeconflitualidade que satildeo concebidas atraveacutes de um conjunto

de conflitos inscritos nas relaccedilotildees indissociaacuteveis entre desenvolvimento e disputas

territoriais Para o autor a definiccedilatildeo de territoacuterio estaacute relacionada agrave existecircncia de

poder entre classes ao passo que a conflitualidade existe devido agraves disputas

territoriais entre o capital e o campesinato ou seja de distintos territoacuterios e

funcionalidades

Oliveira (2001) aponta que devido agraves forccedilas produtivas capitalistas ocorrerem

de maneira desigual e contraditoacuteria no territoacuterio em algumas circunstacircncias eacute mais

conveniente para o capital monopolizar o territoacuterio ao inveacutes de se territorializar ou

seja neste caso para o paradigma camponecircs o capital natildeo expropria o camponecircs

fumicultor poreacutem subordina esse agente social ao ditar as regras de produccedilatildeo como

tipos de sementes insumos quiacutemicos teacutecnicas de produccedilatildeo entre outros elementos

que estatildeo relacionados agrave produccedilatildeo Trata-se da territorializaccedilatildeo do capital

monopolista (OLIVEIRA 2001) o qual monopoliza a circulaccedilatildeo e domina os meios

de produccedilatildeo e a terra (ROOS 2015)

Nesse sentido no territoacuterio a accedilatildeo das empresas transnacionais como por

exemplo a Souza Cruz configuram o processo chamado por Oliveira (2005) e Roos

(2015) de ldquomonopolizaccedilatildeo do territoacuteriordquo uma vez que a empresa se instala em aacutereas

estrateacutegicas monopoliza o territoacuterio e firma acordos com os produtores familiares e

natildeo familiares que produzem fumo sendo entendidos entatildeo a partir da sujeiccedilatildeo da

renda da terra ao capital onde o produtor atraveacutes da integraccedilatildeo tem pouco poder

nas negociaccedilotildees

Para Fernandes (2008) a existecircncia de distintos territoacuterios entre o campesinato

e o agronegoacutecio eacute dada a partir das formas de organizaccedilatildeo espacial e de paisagens

geograacuteficas sendo o territoacuterio do agronegoacutecio caracterizado pela monocultura

desertificaccedilatildeo populacional produtivismo para exportaccedilatildeo grande escala e

homogeneidade ao passo que o territoacuterio camponecircs eacute representado pela

heterogeneidade da paisagem frequente povoamento policultura e produccedilatildeo

diversificada Por fim o territoacuterio monopolizado pelo agronegoacutecio se distingue pela

homogeneidade da paisagem geograacutefica e pela subalternidade e controle

tecnoloacutegico das commodities que se utilizam dos territoacuterios camponeses

30

(FERNANDES 2008) Portanto para os seguidores desse paradigma o capital

forma os seus territoacuterios atraveacutes da expansatildeo e controle de aacutereas em todas as

regiotildees subalternizando o camponecircs atraveacutes da integraccedilatildeo Sobre a monopolizaccedilatildeo

do territoacuterio Fernandes (2008) destaca que

Quando o tempo de trabalho eacute maior do que o de produccedilatildeo o capital age atraveacutes da monopolizaccedilatildeo do territoacuterio e da sujeiccedilatildeo da renda da terra Neste caso o campo continua povoado por camponeses ou pequenos ou meacutedios capitalistas que passam a produzir de acordo com o que lhes diz a induacutestria Eacute o caso por exemplo da laranja do fumo a avicultura e da suinocultura entre outros (FERNANDES 2008 p 196)

As anaacutelises voltadas ao paradigma camponecircs e que tratam dos assuntos

relacionados agrave produccedilatildeo de fumo como por exemplo o trabalho de Roos (2015)

afirmam que a subalternidade camponesa estaacute expressa na sujeiccedilatildeo da renda e na

monopolizaccedilatildeo do territoacuterioterritorialidade pelo capital uma vez que a

monopolizaccedilatildeo do territoacuterio pelo capital eacute entendida como territorialidade capitalista

no territoacuterio camponecircs Nesse sentido Roos (2015) compreende territorialidade

como o uso do territoacuterio ponderando que este eacute exclusivamente produzido por uma

relaccedilatildeo social que somente pode ser realizada pelo sujeito onde a territorialidade

pode ser camponesa ou capitalista

Nesse ponto de vista em relaccedilatildeo agrave produccedilatildeo de fumo nas unidades

familiares o paradigma camponecircs compreende que as relaccedilotildees capitalistas

subordinam as relaccedilotildees camponesas e consequentemente o seu territoacuterio pelo fato

das bases teacutecnicas de produccedilatildeo estarem determinadas pelas multinacionais como

por exemplo atraveacutes dos contratos de compra de fumo de empresas com a Souza

Cruz

O territoacuterio eacute instituiacutedo por sujeitos e grupos sociais que se afirmam por meio dele Assim haacute sempre territoacuterio e territorialidade ou seja processos sociais de territorializaccedilatildeo Num mesmo territoacuterio haacute sempre muacuteltiplas territorialidades (PORTO-GONCcedilALVES 2006)

Roos (2015) destaca que mesmo onde as empresas fumageiras determinam

o padratildeo tecnoloacutegico (infraestrutura tipos de sementes insumos utilizados formas

de semeadura etc) natildeo tiram dos camponeses a autonomia sobre o seu trabalho o

tempo e as decisotildees Assim o autor afirma que o territoacuterio continua sendo de

domiacutenio dos camponeses poreacutem o capital exerce sua territorialidade subordinando a

renda camponesa na medida em que se incorporam agrave loacutegica capitalista

31

A territorialidade deriva de territoacuterio como produto das muacuteltiplas relaccedilotildees de

poder presentes e que estatildeo intrinsicamente relacionadas aos modelos de produccedilatildeo

podendo como destacado por Porto-Gonccedilalves (2006) e Fernandes (2008) coexistir

vaacuterias territorialidades em um mesmo territoacuterio

As territorialidades expressam as relaccedilotildees de poder que determinam as

configuraccedilotildees territoriais Elas contribuem para a identificaccedilatildeo de quem domina e de

quem eacute o dominado nos territoacuterios As territorialidades tambeacutem estatildeo expressas nas

paisagens de modo que seus componentes revelam as relaccedilotildees sociais poliacuteticas e

econocircmicas (FERNANDES 2010)

Fernandes (2008 2009) acrescenta que a disputa territorial entre o

campesinato e o agronegoacutecio pode acontecer por duas formas distintas pela

desterritorializaccedilatildeo e pelo controle das territorialidades por possuiacuterem relaccedilotildees

sociais distintas e modelos divergentes de produccedilatildeo os quais resultam em conflitos

Portanto ainda no que diz respeito ao paradigma camponecircs Paulino e

Almeida (2010) defendem a ideia de que embora o campesinato seja uma relaccedilatildeo

natildeo capitalista ldquosua reproduccedilatildeo deve ser entendida a partir das diversas

contradiccedilotildees do desenvolvimento desigual do capital e por isso trata-se de uma

contradiccedilatildeo e natildeo de uma articulaccedilatildeo de modos de produccedilatildeordquo Jaacute no paradigma da

agricultura familiar a inserccedilatildeo do agricultor nos mercados capitalistas natildeo eacute

compreendida pela conflitualidade entre territoacuterio camponecircs e do agronegoacutecio

sendo que ambos buscam maximizaccedilatildeo de sua produccedilatildeo

A partir do exposto eacute possiacutevel entender que os estudos feitos agrave luz do

paradigma da agricultura camponesa e que tratam de temas relacionados agrave

produccedilatildeo de fumo no Sul do Brasil afirmam a existecircncia de conflitos muitas vezes

ldquoveladosrdquo entre o territoacuterio dos fumicultores e a territorialidade corporativa das

empresas fumageiras

32

CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL

De acordo com a FAO (2011) o Brasil eacute o segundo maior produtor mundial de

fumo Por esse fato o presente capiacutetulo tem como objetivo salientar os fatores que

proporcionaram ao paiacutes se tornar referecircncia nesse setor uma vez que a fumicultura

eacute desenvolvidaem sua maioriapela agricultura familiar (AFUBRA 2015) De

maneira cronoloacutegica realizou-se uma reconstruccedilatildeo histoacuterica da origem do fumo e

sua consequente inserccedilatildeo em uma produccedilatildeo de escala comercial analisando o

cultivo o mercado e outros aspectos sejam das esferas produtiva social e

econocircmica visto que esses elementos satildeo fundamentais para entender os motivos

pelos quais contribuiacuteram para a inserccedilatildeo dessa produccedilatildeo no municiacutepio de

PrudentoacutepolisPR que seraacute tratado com mais detalhes no capiacutetulo III Tambeacutem pelo

fato do objetivo do trabalho abranger a categoria da agricultura familiar na produccedilatildeo

de fumo na segunda parte do mesmo capiacutetulo buscou-se fazer um panorama geral

dessa categoria no cenaacuterio brasileiro destacando a existecircncia de uma agricultura

familiar heterogecircnea a qual muitas das vezes se aproxima das formas de produccedilatildeo

do agronegoacutecio

21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL

A partir do iniacutecio da deacutecada de 1990 o Brasil vem ocupando uma posiccedilatildeo de

destaque no mercado mundial do fumo pelo volume produzido e pela qualidade que

o produto possui

Ao analisar as origens4 dessa cultura as respostas satildeo um pouco distintas pois

existem possiacuteveis afirmaccedilotildees de que o fumo era consumido desde o seacuteculo IX no

continente Asiaacutetico Todavia Frozza (1998) afirma que o cultivo e uso das folhas

datam de mais de quatro mil anos e que ocorreram nas regiotildees da Ameacuterica do Norte

e Central onde hoje se situam o Meacutexico e a Guatemala Ainda de acordo com esse

autor satildeo os povos Maias que teriam iniciado o plantio dessa cultura

4 O tabaco tambeacutem chamado de fumo eacute uma erva do gecircnero das plantas solanaacuteceas cujas folhas depois de preparadas servem mais comumente para fumar cheirar ou mascar (SILVA 2012)

33

Nardi (1985) e Saffrin (1995) afirmam que o fumo tem suas origens nos vales

orientais dos Andes bolivianos e que chegou ao territoacuterio brasileiro atraveacutes das

migraccedilotildees dos iacutendios principalmente os iacutendios Tupi-Guarani Convergindo com

Nardi e Saffrin Souza Cruz (2011) afirma que o fumo eacute uma planta originaacuteria dos

Andes e que acompanhou as migraccedilotildees dos iacutendios por toda a Ameacuterica Central ateacute

chegar ao territoacuterio brasileiro

Os colonizadores portugueses atraveacutes dos povos indiacutegenas introduziram o haacutebito

do consumo de fumo (BOEIRA 2002) tendo acesso ao produto atraveacutes do

escambo Dessa forma satildeo criadas as primeiras legislaccedilotildees para regulamentar a

atividade fumageira como a Junta de Administraccedilatildeo do Tabaco de 1674 a qual

servia para orientar o comeacutercio das especiarias em Portugal e suas colocircnias e

institucionalizou o monopoacutelio portuguecircs sobre o produto Nesse contexto o tipo de

fumo produzido era o escuro de corda sendo que o mesmo era usado para fabricar

o rapeacute o cigarro e charutos (SILVA 2002)

No iniacutecio do seacuteculo XIX a produccedilatildeo em escala comercial ocupou aacutereas reduzidas e

concentradas entre o litoral dos atuais estados da Bahia (Recocircncavo Baiano) e

Recife proporcionando o abastecimento do mercado europeu Os fatores que

contribuiacuteram para a produccedilatildeo do fumo foram agrave existecircncia de matildeo de obra familiar e o

desejo de desenvolver a regiatildeo Para Silva (2002) a cultura do fumo ao contraacuterio da

cana-de-accediluacutecar que era plantada somente nos latifuacutendios foi e ainda eacute

desenvolvida pela sua maioria em pequenas propriedades

A produccedilatildeo se expandiu para os estados de Minas Gerais Goiaacutes Satildeo Paulo

e sobretudo para a regiatildeo Sul do Brasil regiatildeo essa colonizada por imigrantes

europeus que se dedicaram a atividade como eacute o caso do municiacutepio de

Prudentoacutepolis no Paranaacute

O fumo ldquoproduto antes principalmente destinado ao escambo de escravos na segunda metade do seacuteculo passou a encontrar mercado crescente na Europa A quantidade exportada aumentou 361 por cento entre os anos de quarenta e noventa e os preccedilos meacutedios subiram 41 por centordquo(FURTADO p47 1984apud Silva 2002 p 38)

De acordo com Silva (2002) na regiatildeo Sul do Brasilas primeiras plantaccedilotildees

de fumo iniciaram-se em 1824 na colocircnia de Satildeo LeopoldoRS a mesma colonizada

por imigrantes alematildees e em 1850 na colocircnia Santa CruzRS Nessa regiatildeo foram

34

cultivadas variedades de fumos claros como o chinecircs (conhecido atualmente como

amarelinho) e mais tarde o Virgiacutenia devido agrave melhor aceitaccedilatildeo no mercado externo

sendo usado para a fabricaccedilatildeo de cigarros

Como destaca Spies (2000) o principal fator para os imigrantes se dedicarem a

atividade fumageira foram as precaacuterias condiccedilotildees econocircmicas em que se

encontravam pois produziam somente os alimentos para sua subsistecircncia e o

excedente natildeo era suficiente para provecirc-los Dessa forma viram na produccedilatildeo de

fumo uma alternativa para a melhora da situaccedilatildeo financeira familiar Outras

caracteriacutesticas que devem ser levadas em consideraccedilatildeo uma vez que contribuiacuteram

para que os imigrantes se dedicassem a produccedilatildeo de fumo satildeo a estrutura fundiaacuteria

baseada em pequenos lotes de terras e a disponibilidade de matildeo de obra da proacutepria

famiacutelia

Conforme Souza Cruz (2011) outro marco relevante no setor fumageiro foi agrave

criaccedilatildeo da empresa Souza Cruz pelo imigrante portuguecircs Albino Souza Cruz no ano

de 1903 no estado do Rio de Janeiro colocando em funcionamento a primeira

maacutequina do Brasil a produzir cigarros jaacute enrolados em papel Poreacutem com a

necessidade de investir no ramo para acelerar o ritmo de crescimento em

1914Albino Souza Cruz transformou a companhia em uma sociedade anocircnima

passando o controle acionaacuterio ao grupo British American Tabacco (BAT) fato que

permitiu o crescimento da Souza Cruz (SOUZA CRUZ 2015)

A expansatildeo da produccedilatildeo de fumo ocasionou algumas fusotildees entre empresas

do setor Vogt (1994) menciona que os anos entre 1917 e 1993 satildeo caracterizados

por aglutinaccedilotildees e fusotildees das empresas de comeacutercio e beneficiamento do tabaco A

entrada do capital internacional acarretou mudanccedilas na dinacircmica econocircmica da

regiatildeo

Na cidade de Santa CruzRS encontra-se o maior polo fumicultor do Brasil e

conforme AFUBRA (2001) um fato marcante na mudanccedila da dinacircmica econocircmica

desse muniacutecipio e regiatildeo se deu em 1917 com a iniciativa da BAT de instalar a

primeira usina de processamento de fumo no paiacutes com o nome de ldquoThe Brazilian

Tabacco Corporationrdquo Sua razatildeo social foi alterada no ano de 1920 para Companhia

Brasileira de Fumo em Folha (CBFF) e finalmente em 1955 alterada para

Companhia de Cigarros Souza Cruz ndash Induacutestria e Comeacutercio (SILVA 2002) A

35

companhia foi fundamental para que o Brasil alcancasse ainda mais os mercados

mundiais atraveacutes de algumas melhorias proporcionadas por ela

Vogt (1994) destaca que a partir de 1924 a companhia de capital internacional

comeccedilou a investir e incentivar os fumicultores a utilizarem insumos quiacutemicos para

obter uma melhor produtividade e qualidade do fumo o que se refletia no mercado

de cigarros que cada vez ficava mais exigente O melhoramento geneacutetico das

sementes foi outro condicionante para que se obtivesse um aumento da

produtividade e qualidade do fumo

De acordo com Vogt (1994) o mercado fumageiro brasileiro teve uma boa

elevaccedilatildeo nas exportaccedilotildees com o fim da segunda Guerra Mundial jaacute que os paiacuteses

que ateacute entatildeo eram grandes produtores de cigarros se encontravam desorganizados

pelos conflitos poliacuteticos e econocircmicos Outro fator que contribuiu para a maior

demanda do fumo brasileiro foi uma grande estiagem que afetou os paiacuteses

produtores de fumo na safra de 19441945 ocasionando dessa forma um aumento

nos preccedilos pagos pelos mercados internacionais entre os anos de 1944 e 1946

estimulando assim o aumento da produccedilatildeo brasileira devido aos grandes ganhos

obtidos no mercado externo

Contudo houve um aumento da produccedilatildeo sem o proporcional aumento da

qualidade do fumo causando certa preocupaccedilatildeo na balanccedila comercial Para piorar a

situaccedilatildeo no final da deacutecada de 1940 Franccedila Espanha Beacutelgica Holanda e

Dinamarca que eram os principais importadores do tabaco brasileiro foram

contemplados com o Plano Marshall e passaram a adquirir o fumo norte-americano

jaacute que possuiacutea uma qualidade melhor ldquoDesse modo o Brasil natildeo estava conseguido

uma boa representatividade no mercado externordquo (VOGT p 102 1994)

Ao encontro das discussotildees de Vogt Seffrin (1995) afirma que os fumicultores

foram os principais prejudicados com essa superproduccedilatildeo ocorrida na deacutecada de

1950 os quais entregavam a produccedilatildeo a preccedilos piacutefios de maneira a natildeo incorrer em

prejuiacutezos ainda maiores Como por exemplo quando a entatildeo Companhia Brasileira

de Fumos em Folha que atualmente tem o nome de Souza Cruz abriu um comeacutercio

de compra livre de fumos escuros os quais tinham um valor de mercado bem abaixo

da meacutedia e os fumicultores da regiatildeo Sul do Brasil sem outras saiacutedas de mercado

acabaram vendendo o fumo claro (de valor maior) por preccedilo de fumos escuros

36

Com a queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo no cenaacuterio mundial a

quantidade da produccedilatildeo do fumo era limitada e a produccedilatildeo fumageira das deacutecadas

de 1950 e 1960 (tabela 1) era destinada na sua maioria para o mercado nacional

A elevaccedilatildeo desorganizada da produccedilatildeo fumageira gerou na regiatildeo nos anos de 50 e 60 grandes estoques de excedentes natildeo comercializaacuteveis O fumo abarrotava os armazeacutens das firmas e das cooperativas natildeo tendo o colono como despachar o seu cultivo (VOGT 1994)

Portanto a produccedilatildeo de fumo no Brasil eacute mais expressiva a partir da segunda

metade do seacuteculo XX sobretudo no poacutes-guerra quando a ampliaccedilatildeo das aacutereas de

produccedilatildeo veio associada ao aumento da qualidade e produtividade das lavouras

como tambeacutem da produccedilatildeo industrial dos cigarros

ANO PRODUCcedilAO T EXPORTACcedilAO T

1961 60408 10919 1963 82851 14522 1965 91159 14008 1967 112234 9289 1969 99804 13778 1971 97206 18556 1973 82030 20248 1975 97722 41277

QUADRO 1- PRODUCcedilAtildeO E EXPORTACcedilAtildeO DE FUMO EM FOLHA

Fonte VOGT 1994

Como pode ser visto as melhoras nas exportaccedilotildees comeccedilam somente na deacutecada de

1970 A deacutecada de 1960 foi marcada por poucas vendas para o mercado externo

natildeo chegando a exportar 15 da produccedilatildeo total Conforme Sefrin (1995) devido a

essa queda e estagnaccedilatildeo da comercializaccedilatildeo do fumo para o exterior na deacutecada de

1960 os fumicultores encontravam-se em condiccedilotildees econocircmicas peacutessimas pois

aleacutem de ser um trabalho aacuterduo os lucros eram iacutenfimos natildeo conseguindo muitas

vezes fazer o pagamento do financiamento da produccedilatildeo aleacutem das safras serem

afetadas pelas intempeacuteries climaacuteticas encontrando-se cada vez mais

desamparados Como aponta Safrin (1995) os pagamentos muitas vezes eram feitos

no ano seguinte da venda e com preccedilos ainda reduzidos

Para que a produccedilatildeo brasileira do fumo pudesse voltar ao cenaacuterio internacional era

indispensaacutevel um salto qualitativo na produccedilatildeo do fumo fato que exigiria a injeccedilatildeo

de grande quantidade de capital na produccedilatildeo Conforme Vogt (1994) os

37

investimentos necessaacuterios para a melhoria da qualidade estavam relacionados agrave

aquisiccedilatildeo de sementes adubos pesticidas instrumentos agriacutecolas construccedilatildeo de

estufas bem como a assistecircncia teacutecnica constantemente presente na propriedade

do colono e a garantia da compra integral da produccedilatildeo sendo mais um fator que

impulsionou a Souza Cruz a investir nessa regiatildeo

De acordo com Silva (2002) para corroborar na soluccedilatildeo dos problemas

econocircmicos dos fumicultores surgiram movimentos de uniatildeo dos interesses dos

mesmos o que resultou na sugestatildeo para a criaccedilatildeo de uma associaccedilatildeo formal dos

fumicultores Sendo assim no dia 21 de marccedilo de 1955 na cidade de Santa Cruz do

SulRS foi criada a Associaccedilatildeo dos Plantadores de Fumo em Folha do Rio Grande

do Sul a qual em 1963 mudou sua razatildeo social para Associaccedilatildeo dos Fumicultores

do Brasil (AFUBRA) passando a abranger tambeacutem os estados de Santa Catarina e

Paranaacute (AFUBRA 2014) Dessa forma a entidade foi criada devido a dois fatores

principais a instabilidade do mercado e dos preccedilos do tabaco e a inexistecircncia de

auxiacutelio econocircmico contra danos por granizo nas lavouras

Com a injeccedilatildeo de capital para a melhoria na produccedilatildeo do fumo e com a

criaccedilatildeo da AFUBRA os fumicultores encontravam-se mais confiantes pelo fato de

estarem obtendo melhores rendimentos Apesar desse desequiliacutebrio nas

exportaccedilotildees pelo qual o mercado fumageiro passou nas deacutecadas de 1950 e 1960

Spies (2000) destaca que a induacutestria do fumo jaacute era a mais importante da regiatildeo de

Santa Cruz no Rio Grande do Sul entre os anos de 1952 e 1965 pois no ano de

1924 os produtos de subsistecircncia representavam 70 da produccedilatildeo e na deacutecada de

1950 esse valor caiu para 413 do total da produccedilatildeo agriacutecola regional

Conforme destaca Vogt (1994) o final da deacutecada de 1960 e com maior

intensidade nas deacutecadas de 1970 e 1980 a fumicultura brasileira volta a ter um

aumento significativo em termos de aacuterea produzida e exportaccedilatildeo da produccedilatildeo devido

principalmente agrave abertura do mercado internacional para os fumos brasileiros mas

tambeacutem agrave adoccedilatildeo de poliacuteticas favoraacuteveis agrave instalaccedilatildeo de agroinduacutestrias no paiacutes

resultando na consolidaccedilatildeo dos complexos agroindustriais

Na deacutecada de 1970 e 1980 era notaacutevel o progresso do setor fumageiro na

regiatildeo Sul do Brasil Esse fato refletiu nas exportaccedilotildees pois a quantidade do fumo

em folha exportado pelo Brasil daacute um salto de 55 mil toneladas exportadas no ano

38

de 1965 para 170 mil toneladas no ano de 1985 dando assim a configuraccedilatildeo da

atual estrutura fumageira do Brasil

Com a consolidaccedilatildeo do Complexo Agroindustrial Brasileiro ou seja da

integraccedilatildeo entre a agricultura e a induacutestria o setor fumageiro ganhou grande

impulso e os estados de Santa Catarina e Paranaacute tambeacutem receberam consideraacuteveis

incentivos para se especializar na produccedilatildeo Foi nesse periacuteodo que a produccedilatildeo em

maior escala atingiu o municiacutepio de PrudentoacutepolisPR e um nuacutemero maior de famiacutelias

aderiu a esse cultivo

Durante a deacutecada de 70 consolidou-se a atual estrutura fumageira existente no Brasil meridional [] ao mesmo tempo os cultivos nos estados de Santa Catarina e Paranaacute foram intensificados pelas corporaccedilotildees que introduziram o tabaco em novas aacutereas para responder a demanda internacional (VOGT 1994)

Dessa forma a proliferaccedilatildeo das lavouras de fumo acontece

concomitantemente nos trecircs estados da regiatildeo Sul do Brasil e estes se destacam

pela qualidade do fumo que produzem Silva (2002) aponta que a chegada de outras

empresas multinacionais com intenccedilatildeo de expandir-se impulsionou o processo de

organizaccedilatildeo da produccedilatildeo do fumo incentivando a especializaccedilatildeo dos envolvidos nas

atividades

Em Santa Catarina e no Paranaacute o cultivo de fumo de estufa de caraacuteter

comercial daacute-se a partir da empresa Souza Cruz a partir da deacutecada de 1960 a qual

oferecia o sistema integrado de produccedilatildeo Ou seja os fumicultores plantariam o

fumo a Souza Cruz entraria com o financiamento da produccedilatildeo (fornecimento da

estufa de insumos e assistecircncia teacutecnica) e no final da safra o fumicultor fazia o

pagamento para a empresa com sua proacutepria produccedilatildeo No Paranaacute a Souza Cruz

inseriu primeiramente a produccedilatildeo de fumo no municiacutepio de Irati (principal polo

fumageiro do Paranaacute onde se localiza o municiacutepio de Prudentoacutepolis)

A partir da deacutecada de 1980 a produccedilatildeo vem aumentando Vogt (1994) expotildee

que a regiatildeo Sul do paiacutes aumentou sua produccedilatildeo em aproximadamente 60 entre

as safras de 198788 e 19921993 dando um salto de 350 mil para 560 mil

toneladas

39

TABELA 1 - EVOLUCcedilAtildeO DA AacuteREA PRODUCcedilAtildeO E NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS NA REGIAtildeO SUL DO BRASIL

SAFRA AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) NUacuteMERO DE FAMIacuteLIAS

KG ha R$Kg

1995 200830 348000 132680 1733 155

2000 257660 359040 134850 2092 200

2005 439220 842990 198040 1919 433

2006 417420 769660 193310 1844 415

2007 360910 758660 182650 2102 425

2008 348720 713870 180520 2047 541

2009 374060 744280 186580 1990 590

2010 370830 691870 185160 1866 635

2011 372930 832830 186810 2233 493

2012 324610 727510 165170 2241 630

2013 313675 712750 159595 2272 745

2014 323700 731390 162410 2259 728

Fonte AFUBRA2015

A safra de 2005 mostra novamente um aumento significativo na produccedilatildeo

total Sul brasileira chegando a 842990 toneladas anuais (tabela 1) De 2005 para

caacute a produccedilatildeo oscilou entre 842990 e 691870 toneladas anuais (conforme a

demanda do mercado) com um leve decreacutescimo nos uacuteltimos trecircs anos

A produtividade do fumo aumentou na deacutecada de 2000 devido agrave introduccedilatildeo de

novas teacutecnicas que permitiram a diminuiccedilatildeo do uso de matildeo de obra Na safra de

1995 a produtividade meacutedia foi de 1733 kgha aumentando consideravelmente

para a uacuteltima safra a qual chegou a 2259 Kgha Nos anos de 2005 e 2006

percebe-se um aumento na quantidade de famiacutelias envolvidas na atividade quadro

esse invertido no ano de 2007 ocorrendo queda no nuacutemero dessas famiacutelias

Apesar da diminuiccedilatildeo do nuacutemero das famiacutelias na atividade em geral a

produccedilatildeo natildeo eacute afetada o quase deve agrave modernizaccedilatildeo das estufas de secagem

que resultou na diminuiccedilatildeo da matildeo de obra favorecendo o aumento da produccedilatildeo

por parte das famiacutelias que permaneceram no setor Conforme um produtor

entrevistado durante o trabalho de campo desta pesquisa

40

Depois que modernizamos a nossa estufa no ano de 2005 conseguimos aumentar a produccedilatildeo e diminuir a matildeo de obra [] antes precisava de quatro pessoas para colheita e pelo menos mais 4 para fazer a costura das folhas de fumo no galpatildeo antes de colocar na estufa [] quando descarregava as folhas da estufa era preciso tirar todos os fios do fumo [] dava muito trabalho Com a modernizaccedilatildeo isso acabou [] o fumo que vem da lavoura vai direto para a estufa Precisamos soacute de pessoas para colher e carregar direto na estufa O trabalho eacute mais leve nos dias de hoje com esse tipo de estufa (FUMICULTOR DA LINHA RIO PRETO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)

Sei que o fumo por si soacute jaacute eacute um veneno mas usamos os equipamentos de proteccedilatildeo que eacute seguro Hoje usamos agrotoacutexicos porque daacute menos serviccedilo e sai mais barato que pagar pra carpir [] soacute por isso mesmo[] Quando produzia morangos usava mais veneno ainda [] sabemos que o veneno natildeo faz bem nem pra noacutes nem para a natureza mas natildeo temos outras opccedilotildees (FUMICULTOR DA LINHA DEZEMBRO ENTREVISTADO EM JULHO DE 2014)

Diniz Filho (2011) tambeacutem ressalta que especificamente no caso das

tecnologias de produccedilatildeo agriacutecola a opccedilatildeo dos agricultores familiares pelo uso de

maacutequinas e produtos quiacutemicos eacute estimulada pelo interesse de eliminar certos tipos

de trabalho braccedilal muito penosos Nesse sentidodiscorda-se do paradigma

camponecircs pelo fato de opor o agricultor familiar ao agronegoacutecio afirmando que o

primeiro prima por praacuteticas mais sustentaacuteveis com objetivo de reproduzir somente o

modo de vida ao passo que o agronegoacutecio tenderia a usar tecnologias mais

danosas para o meio ambiente por estar preocupado apenas com lucratividade

Com relaccedilatildeo agrave venda do fumo o preccedilo do quilo varia a cada ano e a

sistemaacutetica para que se estabeleccedila o valor da safra entre os fumicultores e a

induacutestria fumageira incide em acordos com as entidades representativas dos

produtores como a Afubra Associaccedilotildees Federaccedilatildeo e o Sinditabaco que representa

as induacutestrias (DERALSEAB 2014) Apoacutes as negociaccedilotildees e a assinatura do

protocolo eacute que se estabelecem os preccedilos para as variadas qualidades do fumo

Nesse sentido o preccedilo do quilo do fumo eacute regulado conforme a oferta e demanda do

produtopelo mercado expressando adequadamente o valor marginal muitas vezes

pago aos produtores Dessa forma discorda-se de Roos (2015) quando afirma que

os fumicultores estatildeo subordinados pelas empresas fumageiras por terem pouca

representatividade na hora de fixar o preccedilo do quilo do fumo

Conforme AFUBRA (2015) para o fumo Virgiacutenia que eacute uma variedade dos

fumos de coloraccedilatildeo clara satildeo estabelecidas 41 variedades de classificaccedilatildeo sendo a

variedade mais bem paga a BO1 que valia 922 reais o quilo na safra de 20142015

41

e a variedade de menor valor o ST (farelos do fumo) tabelado a 054reais por quilo

Jaacute para o fumo Burley que eacute uma variedade dos fumos de coloraccedilatildeo escura satildeo

estabelecidas 30 diferentes variedades A mais bem paga eacute a B1 que equivale a

811 para cada quilo e a variedade menos valorizada eacute a G (farelos do fumo) que

vale 060 reais por quilo Quando o fumo eacute vendido para a empresa sempre eacute feito

uma meacutedia de toda venda e como revelam os dados da tabela 2 a meacutedia do quilo

pago para os produtores na safra de 201415 foi de 728 reais por quilo

Atualmente a regiatildeo Sul do Brasil se destaca pela maior produccedilatildeo de fumo

do paiacutes participando com 981 do total produzido Os trecircs estados sulinos satildeo

responsaacuteveis por colocar o paiacutes como o segundo maior produtor ena primeira

posiccedilatildeo no quesito exportaccedilatildeo mundial

TABELA 2 - DOMIacuteNIO DA REGIAtildeO SUL NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO BRASILEIRO

ESTADOS AacuteREA (ha) PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)

PARTPRODUCcedilAtildeO ()

Rio Grande do Sul

204000 412000 2020 481

Santa Catarina 120000 258000 2150 301

Paranaacute 76000 171000 2250 200

Alagoas 9000 11000 1222 13

Bahia 3000 3000 1000 03

Outros 2000 2000 1000 02

Brasil 414000 857000 2070 100

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) 2014

A produccedilatildeo do fumo e a atuaccedilatildeo das empresas desse setor se datildeo de forma

mais intensa nos paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso do Brasil devido agrave

disponibilidade de matildeo de obra barata facilidade das multinacionais se instalarem

atraveacutes dos incentivos fiscais inexistecircncia de leis ambientaisriacutegidas e por ser a

atividade que gera mais renda se comparada a outras culturas produzidas em

pequena escala

42

TABELA 3 - IMPORTAcircNCIA ECONOcircMICA DO FUMO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIAtildeO SUL DO BRASIL NA SAFRA 20122013

PRODUCcedilAtildeO haacute PRODUCcedilAtildeO KG

VALOR R$

Animal x 1362412180 2565555940 26

Vegetal 1515650 2487306782 2077480 21

Tabaco 309350 705570000 5383773200 54

Total 1825000 4555288952 10026810100 100

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014

A partir dos dados apresentados pode-se destacar que a produccedilatildeo de fumo

na regiatildeo Sul do Brasil eacute responsaacutevel pela maior renda de muitos agricultores

familiares jaacute que os estados possuem uma grande quantidade de pequenas

propriedades e que dependem da produccedilatildeo do fumo para sua reproduccedilatildeo

econocircmica

Ahrens (2008) afirma que a produccedilatildeo mundial estaacute migrando dos paiacuteses

desenvolvidos para os paiacuteses subdesenvolvidos como eacute o caso dos Estados

Unidos que apesar de aparecer como um dos principais produtores de fumo teve

sua produccedilatildeo prejudicada devido aos altos custos de cultivo e agrave escassez de matildeo de

obra

TABELA 4 - O BRASIL E A FUMICULTURA MUNDIAL SAFRA 20112012

PAIacuteSES PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

PROCESSADO (t)

CONSUMO (t)

ESTOQUE EXPORTACcedilAtildeO (t)

IMPORTACcedilAtildeO (t)

1 China 2160000 256205 553960 0 538960

2 Brasil 670820 86060 112580 651190 12320

3 Iacutendia 576740 465510 134240 271060 200930

4 Estados Unidos

212020 441720 1580130 153130 420440

5 Indoneacutesia 191260 147940 134830 50270 27440

43

6 Turquia 152190 106240 34620 98200 60430

7 Zimbabwe 127190 3990 229930 43520 80

8 Argentina 103790 29950 364650 36100 1630

9 Paquistatildeo 74910 76300 91570 5390 10390

10 Malavi 71320 1290 166580 91500 890

93 Outros 1533150 1850430 3055200 608630 725480

103 Total 5873390 5771480 6468290 2008990 2008990

Fonte AFUBRA 2014

Apesar de a China ser a maior produtora mundial de fumo acaba consumindo

toda essa produccedilatildeo e na safra de 20112012 ainda importou 538960 toneladas

para suprir sua demanda interna Jaacute o Brasil que estaacute na 2ordm posiccedilatildeo de produccedilatildeo

mundial de fumo destina a maior parte da sua produccedilatildeo para o mercado externo Na

safra de 2013 88 da produccedilatildeo se dirigiu ao mercado externo (quadro 2) ficando

no paiacutes apenas 12 da produccedilatildeo para a fabricaccedilatildeo de cigarros cigarrilhas e

charutos Conforme DERALSEAB (2013) das 627000 toneladas exportadas em

2013 a regiatildeo Sul contribuiu com 624000 toneladas representando o equivalente

de 955 das exportaccedilotildees brasileiras

O quadro 2 mostra que apesar de a maior quantidade do fumo produzido no

Brasil se dirigir para o mercado externo os maiores faturamentos estatildeo relacionados

ao fumo consumido no proacuteprio paiacutes atingindo um lucro total maior que as

exportaccedilotildees O fato de as exportaccedilotildees renderem menos lucros que o fumo

consumido no proacuteprio paiacutes se daacute deve ao fato de o fumo exportado natildeo passar por

processamentos de agregaccedilatildeo de valor(exportaccedilatildeo de folhas e talos) Enquanto

isso toda a produccedilatildeo consumida no paiacutes tanto os fumos claros como os escuros

passa por vaacuterios processamentos de agregaccedilatildeo de valor ateacute obter os cigarros

cigarrilhas e charutos prontos para consumo

A distribuiccedilatildeo da renda bruta do setor fumageiro (quadro 2) estaacute dividida

entre tributosGoverno induacutestria produtor e varejista sendo que 459 dessa renda

eacute destinada ao governo O produtor fatura em torno de 205 do total da renda

faturamento esse que deve ser destinado para a compra dos insumos pagamento

do seguro da produccedilatildeo matildeo de obra desgastes com a terra implementos que usa

na produccedilatildeo gastos com a secagem das folhas do fumo aleacutem de prejuiacutezos que

podem vir a acontecer durante a produccedilatildeo

44

Jaacute os varejistas apesar de auferirem 6 do faturamento natildeo tecircm gastos tatildeo

altos comoos produtores Aleacutem do mais esse setor ganha na quantidade sendo que

existe um nuacutemero muito maior de fumicultores que de varejistas Isso tambeacutem

acontece com a induacutestria que tem seus ganhos principalmente no volume e na

agregaccedilatildeo de valor do produto

Pelos dados apresentados apresentados no quadro 2 pode-se concluir que o

maior beneficiado com o faturamento da produccedilatildeo de fumo eacute o setor puacuteblico atraveacutes

de impostros

QUADRO 2 - FATURAMENTO DO SETOR FUMAGEIRO NO BRASIL

ESPECIFICACcedilAtildeO

2012 2013

R$ Toneladas R$ Toneladas

Consumo Domeacutestico

1635750730000 88990 12 1765594334000 84350 12

Exportaccedilatildeo 645663700000 637780 88 722287181000 627230 88

TOTAL 2281414430000 726770 100 2487881515000 711580 100

DISTRIBUICcedilAtildeO DA RENDA BRUTA

Tributos Governos

1048025493000 459 1076394659000 433

Induacutestria 627838400000 275 720610862000 290

Produtor 467329600000 205 541693230000 217

Varejista 138220930700 61 149182764000 60

TOTAL 2281414430000 100 2487881515000 100

FONTE AFUBRA2013

De acordo com dados da DERALSEAB (2015) no ano de 2014 o fumo

brasileiro foi destinado para mais de cem paiacuteses abrangendo principalmente paiacuteses

da Uniatildeo Europeia (42) seguidos do Extremo Oriente (26) Ameacuterica do Norte

(13) Aacutefrica (7) Leste Europeu (7) e Ameacuterica Latina (5) Atualmente a

liderenccedila brasileira nas exportaccedilotildees se daacute devido agrave excelente qualidade do fumo agrave

regularidade da produccedilatildeo e agrave competitividade com os preccedilos dos demais paiacuteses

produtores

45

42

26

13

7

7

5

Uniatildeo Europeia

Oriente Meacutedio

Ameacuterica do Norte

Aacutefrica

Leste Europeu

Ameacuterica Latina

Paiacuteses importadores do fumo brasileiro

Fonte

DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014

Conforme DERAL (2014) no Paranaacute as lavouras com predomiacutenio de fumos

claros concentram-se nos nuacutecleos regionais de Irati Ponta Grossa Curitiba Uniatildeo

da Vitoacuteria e Guarapuava Jaacute em Francisco Beltratildeo Pato Branco Cascavel e Toledo

cultivam-se os fumos escuros

Na figura 1 estatildeo expostos os municiacutepios produtores de fumo e a meacutedia de

hectares que cada municiacutepio ocupa com essa culturaNota-se que a produccedilatildeo de

fumo no estado se concentra em sua maioria na regiatildeo Sudeste Centro-Sul

Sudoeste e Oeste

O municiacutepio de Prudentoacutepolis pertence ao nuacutecleo de Irati nuacutecleo esse que

ocupa o primeiro lugar no ranking de produccedilatildeo de fumos claros do estado conforme

a tabela 5

GRAacuteFICO 1 - PRINCIPAIS PAIacuteSES IMPORTADORES DO FUMO BRASILEIRO

46

FIGURA 1 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE PRODUZEM FUMO EM FOLHA Fonte IBGE 2014

TABELA 5 - AacuteREA E PRODUCcedilAtildeO DO FUMO NOS PRINCIPAIS NUacuteCLEOS REGIONAIS DO PARANAacute

Nuacutecleos regionais

Safra 20132014 Safra 20142015 Participaccedilatildeo

Aacuterea (ha) Produccedilatildeo(t) Aacuterea (ha) Produccedilatildeo (t) ()

Irati 19300 43425 19500 43875 244

Ponta Grossa 17562 42605 18862 45268 251

Curitiba 13300 30493 13300 34580 12

Uniatildeo da Vitoacuteria

7500 15750 7600 15580 87

Guarapuava 5000 12400 4900 13230 73

Francisco Beltratildeo

4350 9904 4300 10320 57

Cascavel 3600 7556 3500 7453 41

Outros 4774 10711 4496 9907 55

Total 75386 172844 76308 180213 1000

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) 2014

47

Na safra de 20122013 os municiacutepios paranaenses que se destacaram no

volume de fumo produzido foram Satildeo Joatildeo do Triunfo Rio Azul Prudentoacutepolis

Ipiranga e Irati As 1813 famiacutelias que cultivam fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis

foram responsaacuteveis por produzir 10192 toneladas do produto

Para os municiacutepios de Satildeo Joatildeo do Triunfo e Rio Azul se comparados os

volumes produzidos (quadro 3) nota-se quea quantidade em toneladas natildeo

apresenta tanta diferenccedila entre ambos sendo 13458 toneladas em Satildeo Joatildeo do

Triunfo e 13268 toneladas em Rio Azul Poreacutem em relaccedilatildeo ao nuacutemero de famiacutelias

que trabalham na atividade fumageira em Rio Azul esse nuacutemero eacute bem maior que

em Satildeo Joatildeo do Triunfo Esse fatoeacute resultado da opccedilatildeo das famiacutelias de Rio Azul

porproduzirem menores quantidades de fumo por unidade familiar como tambeacutem

por intempeacuteries climaacuteticas (granizo ventos) que impediram de colher toda a

produccedilatildeo

PARANAacute PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTORES

Satildeo Joatildeo do Triunfo 13458 1968

Rio Azul 13268 2610

Prudentoacutepolis 10192 1813

Ipiranga 9323 1661

Irati 8539 1558

QUADRO 3 - MUNICIacutePIOS PARANAENSES QUE SE DESTACAM NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SAFRA 201314

Fonte DERAL (Departamento de Economia Rural) SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) AFUBRA 2014

22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL

De acordo com Sauer (2008) em 1996 a criaccedilatildeo do PRONAF (Programa

Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) trouxe avanccedilos poliacuteticos

voltados aos agricultores familiares permitindo o reconhecimento destes enquanto

categoria social epossibilitando o acesso ao creacutedito agriacutecola Creacutedito esse que

48

quando usado de maneira correta contribui significativamente para o aumento da

produccedilatildeo

Dentre os vaacuterios estudos que retratam a evoluccedilatildeo da agricultura familiar

brasileira nas uacuteltimas deacutecadas destaca-seldquoO Novo Retrato Da Agricultura Familiar

Brasileirardquo Nesse estudo os autores mencionam a importacircncia de refletir sobre o

espaccedilo rural tendo como escopo a sua diversidade pelo fato da existecircncia de

distintos tipos de agricultores familiares que possuem interesses e estrateacutegias

particulares de produccedilatildeo agropecuaacuteria Nesse sentido da mesma forma que existe

uma diversidade de agricultores familiares deveratildeo tambeacutem existir poliacuteticas

agriacutecolas e tipos de assistecircncia teacutecnica distinto para cada grupo com intuito desses

empregarem em sua produccedilatildeo tecnologias que possibilitam o seu fortalecimento e

expansatildeo diante dos mercados

Sobre a diversidade da agricultura familiar brasileira a tabela 6 mostra de que

forma satildeo distribuiacutedos os tipos familiares a renda monetaacuteria anual e qual a

porcentagem na participaccedilatildeo do valor bruto da agricultura familiar por grupo familiar

TABELA 6 - PARTICIPACcedilAtildeO NO VALOR BRUTO DA PRODUCcedilAtildeO (VBP) POR TIPO DE RENDA DA AGRICULTURA FAMILIAR E RENDA MONETAacuteRIA LIacuteQUIDA ANUAL POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - BRASIL ndash 2006

Grupos familiares Nuacutemero de agricultores familiares

segundo o tipo

Total VBP familiares

Renda Monetaacuteria

liacutequida anual em reais

A 452750 695 5323600

B 964140 157 372500

C 574961 47 149900

D 2560274 102 25500

Total 4551855 -

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

A partir dos dados sobre a caracterizaccedilatildeo dos grupos familiares nota-se que

o grupo com um contingente maior de agricultores familiares no ano de 2006 foi o

grupo D ou seja os descapitalizados Esses agricultores familiares de acordo com

Guanziroli et al (2012) estatildeo em sua maioria concentrados nas regiotildees Norte e

Nordeste do Brasil sendo os que menos empregam aparatos tecnoloacutegicos Desse

modo o autor afirma que o grau de especializaccedilatildeo e tecnificaccedilatildeo tem maior

49

influecircncia na geraccedilatildeo de renda do que a quantidade de terra possuiacuteda por cada

unidade familiar Sobre o grupo familiar D o estudo tambeacutem menciona que

[] entre os agricultores familiares do tipo D tambeacutem existem agricultores mais capitalizados os quais podem ter sido classificados neste grupo devido agrave frustraccedilatildeo de safra baixos preccedilos de seus produtos no mercado ou a realizaccedilatildeo de novos investimentos nos quais as receitas ainda natildeo estatildeo superando as despesas Esta afirmaccedilatildeo estaacute baseada na participaccedilatildeo percentual do creacutedito rural obtido e dos investimentos realizados por estabelecimentos deste tipo (FAOINCRA)

Os agricultores familiares dos grupos A e B considerados como capitalizados

e em vias de capitalizaccedilatildeo correspondem principalmente aos produtores familiares

da regiatildeo Sul do paiacutes O desempenho desses grupos se deve ao fato de estarem

inseridos em cadeias produtivas mais competitivas as quais trazem melhores

retornos econocircmicos

Guanziroli et al (2012) apontam que os produtores familiares do tipo A tecircm

uma renda anual elevada em parte porque na aacuterea rural podem se beneficiar da

produccedilatildeo para autoconsumo natildeo pagam aluguel e as taxas sobre o valor da aacutegua e

luz satildeo mais baixas se comparadas com a urbana Dessa forma o padratildeo de vida

desses agricultores eacute compatiacutevel com a da classe meacutedia urbana Entretanto existe

uma distacircncia muito grande entre os produtores do grupo A e os demais

Nesse sentido Guanziroli et al (2006) com base no estudo ldquoDez anos de

evoluccedilatildeo da agricultura familiar no Brasil (1996 e 2006)rdquo compararam os dados do

censo agropecuaacuterio de 1996 com o de 2006 a fim de dar respostas a algumas

inquietudes sobre a evoluccedilatildeo da agricultura familiar no dececircnio analisando o

processo de modernizaccedilatildeo da agricultura familiar por meio da evoluccedilatildeo de algumas

variaacuteveis (uso de maquinaacuterios insumos entre outras tecnologias) Dentre outros

resultados esse estudo mostrou que houve crescimento do nuacutemero de agricultores

familiares entre os censos o qual passou de 4139000 para 4551855 Ou seja em

1996 8517 do total dos estabelecimentos agropecuaacuterios brasileiros eram

familiares e em 2006 essa porcentagem aumenta para 8796 do total

Os dados desse estudo tambeacutem mostraram que os agricultores familiares

pertencentes ao grupo A e quanto muito aos grupos A e B desempenham um papel

importante em termos econocircmicos Jaacute o grupo C e principalmente os agricultores

familiares do grupo D produzem tatildeo pouco que remetem aquela visatildeo do agricultor

50

familiar de subsistecircncia que comercializa pequenos excedentes econocircmicos em

mercados locais

O uso de tecnologias pelos agricultores familiares como maquinaacuterios e

insumos quiacutemicos contribuiu para o aumento da produccedilatildeo e da produtividade

acontecimento esse que possibilitou a ascensatildeo do universo familiar no cenaacuterio

agropecuaacuterio brasileiro com significativa importacircncia na produccedilatildeo tanto de gecircneros

alimentiacutecios de consumo nacional como tambeacutem de commodities de exportaccedilatildeo

caso a produccedilatildeo de fumo As tecnologias voltadas para a produccedilatildeo de fumo

referem-se a modernizaccedilatildeo das estufas de secagem das folhas de fumo de

sementes melhoradas geneticamente aleacutem dos insumos agriacutecolas

De acordo com Guanziroli et al (2006) as anaacutelises regionais sobre a

agricultura familiar brasileira para o ano de 2006 mostram que as regiotildees Norte

Nordeste e Sul apresentam maior participaccedilatildeo percentual de agricultores familiares

na produccedilatildeo regional em detrimento das regiotildees Centro-Oeste e Sudesteas quais

caracterizam-se pela maior expressividade da agricultura patronal

TABELA 7 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO REGIONAL ndash REGIOtildeES DO BRASIL - 2006

Regiatildeo 2006

Norte 6018

Nordeste 4738

Sudeste 2228

Sul 5443

Centro-Oeste 1453

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

Outro dado importante trazido pelos autores supracitados estaacute relacionado ao

fator produtividade como se vecirc pela comparaccedilatildeo entre os agricultores familiares e

natildeo familiares por regiatildeo (tabela 8) Os agricultores familiares pelo fato de

possuiacuterem quantidades de terras menores tendem a ser mais produtivos que o

agricultor natildeo familiar Nesse sentido concorda-se com Navarro (2014) ao apontar

que a ampliaccedilatildeo no acesso de tecnologias agrave agricultura de menor porte econocircmico eacute

necessaacuteria para a permanecircncia desses produtores no rural

51

A produccedilatildeo de fumo da regiatildeo Sul do Brasil eacute um exemplo que retrata que a

agricultura familiar eacute mais eficiente no uso da matildeo de obra e da terra quando

comparada aos agricultores patronais A necessidade da intensificaccedilatildeo da matildeo de

obra familiar para aumentar a produccedilatildeo exemplifica bem o porquecirc da maior parte

empregada na agricultura estaacute no segmento familiar apesar desse segmento natildeo ser

predominante na produccedilatildeo agriacutecola brasileira Dessa maneira Abramovay (1992 p

209) afirma que ldquonatildeo haacute atividade econocircmica em que o trabalho e a gestatildeo

estruturam-se tatildeo fortemente em torno de viacutenculos de parentesco e onde a

participaccedilatildeo da matildeo de obra natildeo contratada seja tatildeo importante como na agricultura

familiarrdquo

TABELA 8 - COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE POR HECTARE ENTRE FAMILIARES E NAtildeO FAMILIAR ndash BRASIL E REGIOtildeES - 2006

Brasil e Regiotildees

Valor produzido por hectare (R$ de 2006)

Natildeo familiar Familiar

Norte 1113 2410

Nordeste 3783 3907

Sudeste 10546 7378

Sul 8373 13376

Centro-Oeste 2727 2851

Brasil 4617 5546

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

Atraveacutes da regionalizaccedilatildeo e do valor produzido por hectare percebe-se que

os agricultores familiares da regiatildeo Sul satildeo mais eficientes no valor produzido e

segundo Guanziroli et al (2012) a predominacircncia de agricultores familiares nas

cadeias produtivas como a fumicultura a avicultura e suinocultura favorece o

aumento da produtividade por aacuterea Eacute nesse sentido que pode-se afirmar natildeo existir

dicotomia ou oposiccedilatildeo entre a agricultura familiar e a patronal uma vez que a

competiccedilatildeo no mercado faz com que cada um desses segmentos tenda a

predominar nos setores em que apresenta capacidade para produzir com mais

eficiecircncia

Na regiatildeo Sudeste a alta tecnologia empregada pelos agricultores natildeo

familiares consegue superar a produtividade da agricultura familiar Jaacute nas regiotildees

Norte e Nordeste encontram-se os menores iacutendices de produtividade da agricultura

52

familiar brasileira fato relacionado a vaacuterios fatores principalmente os solos menos

produtivos clima cultivo de culturas que tecircm um retorno de investimento menor e

tambeacutem a menor disponibilidade de tecnologias assistecircncia teacutecnica e poliacuteticas

agriacutecolas capazes de inverter esse quadro

Aleacutem da representatividade bastante grande (956) da produccedilatildeo de fumo a

agricultura familiar brasileira tem participaccedilatildeo significativa na produccedilatildeo de gecircneros

alimentiacutecios como arroz feijatildeo e mandioca Tambeacutem contabiliza-se um nuacutemero

significativo de agricultores familiares envolvidos nas cadeias produtivas

caracteriacutesticas do agronegoacutecio como soja trigo e milho (tabela 9)

No caso dos produtos de origem animal (tabela 10) a participaccedilatildeo da

agricultura familiar tambeacutem eacute significativa ou seja concorda-se com Guanziroli et al

(2012) quando afirma que produzir alimentos como arroz feijatildeo ou mandioca natildeo

quer dizer necessariamente que esses produtores satildeo camponeses ou produtores

de subsistecircncia pois na grande maioria dos estabelecimentos produz-se totalmente

para o mercado ou seja seu objetivo natildeo eacute somente a subsistecircncia e sim vender a

produccedilatildeo

TABELA 9 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DA LAVOURA TEMPORAacuteRIAS E PERMANENTES DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2000

PRODUTO 2006

Arroz 3919

Cana-de-accediluacutecar 1024

Cebola 6959

Fumo 9567

Mandioca 9317

Milho 5190

Soja 2360

Trigo 3638

Feijatildeo 7659

Banana 6240

Cafeacute 2967

Laranja 2525

Uva 5363

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (Dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

53

TABELA 10 - PARTICIPACcedilAtildeO PERCENTUAL DO VALOR DE PRODUCcedilAtildeO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL DA AGRICULTURA FAMILIAR ndash BRASIL 2006

TIPO DE PRODUCcedilAtildeO 2006

Pecuaacuteria de corte 1665

Pecuaacuteria de leite 6053

Suiacutenos 5245

Aves 3034

Fonte IBGE 2006 ndash Tabulaccedilotildees especiais (dez anos de evoluccedilatildeo da agricultura familiar brasileira)

A produccedilatildeo de fumo na regiatildeo Sul do Brasil tambeacutem tem grande

expressividade no contingente de pessoal ocupado (PO) ou seja conforme

demonstrado na tabela abaixo 9 da PO agriacutecola de 2012 estava ocupada nessa

atividade De acordo com Maia e Sakamoto (2015) no Sul destacam-se aleacutem dos

ocupados no cultivo do fumo os ocupados no cultivo da soja (10 da PO agriacutecola)

que representavam em 2012 90 e 63 dos ocupados nos respectivos ramos de

atividade do conjunto da PO agriacutecola brasileira

Para esses autores a dinacircmica da PO agriacutecola brasileira foi influenciada pela

regiatildeo Nordeste que apesar de conter o contingente agriacutecola mais expressivo do

Paiacutes (44 do total da PO agriacutecola brasileira) passou por uma grande reduccedilatildeo de

28 da PO agriacutecola entre os anos de 2005 e 2012 Buainain et al (2013) apud Maia

Sakamoto (2014) destacam que esse processo de esvaziamento na regiatildeo

Nordeste estaria associado tanto agrave inviabilidade econocircmica do minifuacutendio quanto agraves

diferenccedilas de qualidade de vida e oportunidades de emprego entre os meios rural e

urbano

54

TABELA 11 - POPULACcedilAtildeO OCUPADA (PO) AGRIacuteCOLA SEGUNDO GRUPAMENTO DE ATIVIDADES AGRIacuteCOLAS ndash REGIAtildeO SUL ndash 2012

Grupos 2012

N (1000)

Criaccedilatildeo de bovinos e outros animais 402 188

Cultivo de hortaliccedilas legumes flores etc 305 143

Cultivo de Soja 207 97

Produccedilatildeo mista lavoura temporaacuteria e pecuaacuteria

197 92

Cultivo de milho 194 91

Cultivo de fumo 194 91

Outras atividades 632 297

Total 2131 100

Fonte Maia e Sakamoto 2014 Dados primaacuterios IBGE 2012

Com relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo dos ocupantes em atividades agropecuaacuterias por

condiccedilatildeo de pobreza (tabela 12) nota-se que os ocupados pobres na produccedilatildeo de

fumo correspondem a 7 do total que eacute um percentual de pobres em geral menor

do que os encontrados em outras produccedilotildees como nas de mandioca (26) arroz

(29) milho (24) e horticultura (12)

As culturas da soja cafeacute cana-de-accediluacutecar e frutas satildeo as que tecircm menores

taxas de pobreza com valores respectivos de 24 45 46 e 63 A

proporccedilatildeo meacutedia brasileira para todos os ocupados em atividades agropecuaacuterias eacute

de 146

Desse modo pode-se dizer que as culturas tradicionais como arroz

mandioca e milho satildeo as que tecircm maiores taxas de pobreza Esse fato faz sentido

em Prudentoacutepolis pois na regiatildeo Norte do municiacutepio onde a produccedilatildeo de fumo natildeo

eacute realizada devido agraves caracteriacutesticas do clima e da topografia o niacutevel de

desenvolvimento eacute menor que na parte Central e Sul do municiacutepio Esse contraste

se revela natildeo somente pela comparaccedilatildeo entre culturas tradicionais e a produccedilatildeo de

fumo pois tambeacutem as outras culturas tendem a gerar menores taxas de pobreza

A produccedilatildeo de frutas eacute uma boa opccedilatildeo para a geraccedilatildeo de renda dos

agricultores familiares em geral pois apresenta uma taxa de pobreza bem menor

55

ainda que a do fumo Poreacutem para essa produccedilatildeo seria necessaacuteria a especializaccedilatildeo

e a tecnificaccedilatildeo desses agricultores realizadas a partir de poliacuteticas de incentivos a

tecnificaccedilatildeo e assistecircncia para agricultura familiar como apontado por Navarro

(2014) Ou seja a quantidade de tecnologia empregada de forma correta estaacute

intrinsecamente relacionada agrave renda do agricultor Sobre tecnologia para a

agricultura familiar Valente (2008) ressalta que ldquodeve-se compreender a tecnologia

natildeo como panaceacuteia mas conhecimento que estaria a exigir inovaccedilotildees institucionais

como poliacuteticas puacuteblicas parcerias e outras accedilotildees que a ele devem ser conjugadasrdquo

TABELA 12 - DISTRIBUICcedilAtildeO TOTAL DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS POR CONDICcedilAtildeO DE POBREZA (2010)

Atividade Natildeo pobre Pobre Pobres () Total

Arroz 137325 56589 292 193914

Milho 389402 126624 245 516026

Algodatildeo 7322 579 73 7901

Cana-de-accediluacutecar 214497 10189 45 224686

Fumo 215365 16116 70 231481

Soja 96235 2387 24 98622

Mandioca 376239 132050 260 508288

Horticultura 522745 72322 122 595067

Frutas 236742 15808 63 252550

Cafeacute 552738 26757 46 579496

Cacau 67809 6670 90 74479

Pecuaacuteria 1611624 149626 85 1761250

Outros cultivos 4389749 942358 177 5332108

Outros agropecuaacuteria

1609597 226670 123 1836267

Total 10427388 1784746 146 12212134

Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010

Portanto os dados da tabela 12 mostram que realmente existem vaacuterias

culturas que geram uma taxa de pobreza bem menor que a cultura do fumo mas em

contrapartida existem aquelas que geram taxas de pobreza bem maiores Assim

pode-se dizer que os agricultores familiares que produzem fumo analisam os fatores

56

relacionados agrave matildeo de obra terra maquinaacuterios disponibilidade de capital

conhecimento teacutecnico e agrave lucratividade por atividade optando pela produccedilatildeo mais

rentaacutevel dentre aquelas para as quais possuem capacidade teacutecnica e financeira para

produzir

No quadro 4 podemos ver como ocorre a distribuiccedilatildeo das atividades

agropecuaacuterias entre os domiciacutelios rurais e urbanos Nesse sentido aproporccedilatildeo dos

ocupados em atividades agriacutecolas e que residem em aacutereas urbanas satildeo maiores em

cultivos como cana-de-accediluacutecar algodatildeo e frutas (607 516 e 451

respectivamente) ao passo que no cultivo do fumo cacau milho e arroz essas

proporccedilotildees satildeo bem menores (65 224 245 e 292)

Do ponto de vista da fixaccedilatildeo do homem no campo a cultura do fumo eacute mais

eficiente se comparadas com aquelas mais mecanizaacuteveis em que o contingente de

ocupados em atividades agriacutecolas eacute maior na aacuterea urbana O fato de a produccedilatildeo de

fumo ser pouco mecanizaacutevel no Brasil principalmente na colheita exige a matildeo de

obra familiar sem contar a necessidade da contrataccedilatildeo de matildeo de obra nos

periacuteodos de colheita do produto

Atividade Urbano Rural Urbano () Total Arroz 63133 130781 326 193914 Milho 114789 401228 222 516026 Algodatildeo 4075 3826 516 7901 Cana-de-accediluacutecar 136484 88202 607 224686 Fumo 15105 216376 65 231481 Soja 32958 65664 334 98622 Mandioca 86628 421660 170 508288 Horticultura 233989 361078 393 595067 Frutas 113813 138738 451 252550 Cafeacute 213751 365744 369 579496 Cacau 16683 57796 224 74479 Pecuaacuteria 466018 1295232 265 1761250 Outros cultivos 1625626 3706482 305 5332108 Outros agropecuaacuteria

889452 946815 484 1836267

QUADRO 4 - ATIVIDADES E SITUACcedilAtildeO DO DOMICIacuteLIO DOS OCUPADOS EM ATIVIDADES AGROPECUAacuteRIAS (2010)

Fonte NEDER (2014) Dados primaacuterios IBGE (2010) Microdados do Censo Demograacutefico 2010

De acordo com Neder (2014) os municiacutepios brasileiros de maior porte

populacional se dedicam mais expressivamente agraves atividades de serviccedilos e induacutestria

57

(atividades natildeo agropecuaacuterias) ao passo que os municiacutepios com menor populaccedilatildeo

encontram-se mais relacionados agrave pecuaacuteria soja e fumo Dado esse que se

confirma no municiacutepio de Prudentoacutepolis como tambeacutem na grande parte dos

municiacutepios produtores de fumo da regiatildeo Sul do Brasil os quais satildeo caracterizados

pelo baixo contingente populacional sendo que um nuacutemero razoaacutevel deles tem

populaccedilatildeo predominantemente rural

A partir dos dados apresentados nota-se que a agricultura familiar brasileira

tambeacutem produz commodities para o mercado externo como nas cadeias de aves

suiacutenos soja e fumo Redefinindo assim a visatildeo dualista e superando o dilema entre

a agricultura para o mercado interno e a agricultura para exportaccedilatildeo (SILVEIRA

2014)

Portanto sabendo da inegaacutevel dualidade entre as formas de fazer agricultura

no rural brasileiro estando de um lado a agricultura patronal e do outro a agricultura

familiar concorda-se com Elesbatildeo (2007) quando afirma que natildeo tem fundamento

priorizar nem um segmento e nem outro dentro da agropecuaacuteria pois deve-se olhar

para o rural como um territoacuterio de diversidade onde haacute espaccedilo e necessidade para o

desenvolvimento tanto da produccedilatildeo de commoditiescomo tambeacutem para a

diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo na agricultura familiar tendo como escopo para as

pesquisas a heterogeneidade do segmento familiar

58

CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO

Este capiacutetulo tem por objetivo mostrar os processos de ocupaccedilatildeo do territoacuterio

de Prudentoacutepolis como tambeacutem os elementos que proporcionaram a inserccedilatildeo da

cultura do fumo nas unidades familiares a qual contribuiu para a reproduccedilatildeo

econocircmica desses produtores Nesse sentido a caracterizaccedilatildeo dos produtores rurais

familiares de Prudentoacutepolis mediante o uso de fontes secundaacuterias como o IBGE eacute

fundamental para conhecer o perfil das unidades familiares

31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR

O municiacutepio de Prudentoacutepolis estaacute localizado na mesorregiatildeo Sudeste do

estado do Paranaacute (figura 2) sendo o terceiro municiacutepio paranaense com maior aacuterea

territorial Estaacute situado a latitude 25ordm 12rsquo 47rdquoS longitude 50ordm 58 40 W e na altitude

de 840 metros (IBGE 2010)

A partir de dados do censo demograacutefico (IBGE 2010) constata-se que

atualmente a maior parte da populaccedilatildeo Prudentopolitana reside na aacuterea rural ou

seja do total de 48793 habitantes 54 vivem na aacuterea rural e 46 na urbana

59

Figura 2- LOCALIZACcedilAtildeO DA AacuteREA DE ESTUDO Fonte IBGE (2010) Autor VILCZAK A (2015)

A ocupaccedilatildeo territorial do municiacutepio de Prudentoacutepolis se deu principalmente

atraveacutes da entrada de grande contingentes de imigrantes europeus No Paranaacute

entre os anos de 1829 e 1911 chegaram aproximadamente 83012 mil estrangeiros

de origem eslava (SENETRA 2014) os quais se dirigiram em sua maioria para os

arredores de Curitiba Prudentoacutepolis e Mallet

No municiacutepio de Prudentoacutepolis um contingente maior de imigrantes chegou

entre os anos de 1896 e 1897 Por esse fato atualmente cerca de 75 da

populaccedilatildeo satildeo descendentes de imigrantes ucranianos e em menor escala de

poloneses

Conforme Hauresko (2012) Prudentoacutepolis eacute uma das antigas colocircnias do

interior do Paranaacute instalada em 1895 no denominado distrito de Satildeo Joatildeo de

Capanema sendo a construccedilatildeo da estrada de rodagem Rio Grande do Sul ndash Satildeo

Paulo um dos fatores para a atraccedilatildeo desses imigrantes os quais foram inseridos

numa poliacutetica de instalaccedilatildeo de pequenas propriedades

Os lotes de terra eram recebidos pelos imigrantes e deveriam ser quitados na

medida em que prosperassem economicamente Esses lotes eram desmatados

pelos proacuteprios imigrantes onde construiacuteam casas provisoacuterias de madeira para

abrigar a famiacutelia como demonstra a figura 3

60

FIGURA 3 - VILA DE SAtildeO JOAtildeO DO CAPANEMA (1896) ndash ATUAL MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

Fonte Acervo do Museu do Milecircnio em PrudentoacutepolisPR

A colocircnia foi elevada a categoria de Vila no ano de 1906 pelo processo de

desmembramento do municiacutepio de Guarapuava No ano de 1929 foi elevada agrave

condiccedilatildeo de municiacutepio sendo constituiacutedo pelos distritos de Patos Velhos Jaciaba e

Prudentoacutepolis

No iniacutecio da colonizaccedilatildeo a semente de pinhatildeo era o principal alimento de

subsistecircncia para o imigrante De acordo com Zaroski (2001) os imigrantes colhiam

os pinhotildees e os transformavam em farinha e fubaacute atraveacutes dos moinhos caseiros e

assim substituiacuteam as farinhas de trigo e centeio Quando se instalaram

definitivamente em seus lotes esses imigrantes comeccedilaram a produzir as sementes

de trigo e centeio tambeacutem para a subsistecircncia

De acordo com Hauresko (2012) uma das primeiras atividades econocircmicas

significativas para as famiacutelias descendentes de imigrantes foi a extraccedilatildeo da erva-

mate jaacute que eacute uma planta nativa da regiatildeo

Uma das mais importantes induacutestrias do proacutespero municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute incontestavelmente a do matte que o municiacutepio produz abundantemente Fundada a colocircnia de Prudentoacutepolis composta na sua maioria de polonezes ruthenos e ukranianos coube a cada colono um lote de 5 a 10 alqueires de terras feacuterteis (BRASIL1929 p 28-29 citado por Hauresko 2012)

61

As pequenas glebas de terra que os imigrantes possuiacuteam rendiam a eles a

extraccedilatildeo da erva-mate como tambeacutem a produccedilatildeo de alimentos para autoconsumo e

mais tarde para a comercializaccedilatildeo Nessa continuidade os produtos agriacutecolas que

se destacam historicamente na participaccedilatildeo econocircmica do municiacutepio foram o cultivo

de feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata suiacutenos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de

gado (EMATER 2014) Poreacutem a renda gerada por essas culturas era iacutenfima de um

lado pela baixa produccedilatildeo que alcanccedilavam devido agrave ausecircncia naquele periacuteodo de

um pacote tecnoloacutegico que potencializasse a produccedilatildeo e de outro lado pela falta de

mercado para receber esses produtos

Diante disso a produccedilatildeo de fumo foi uma importante atividade geradora de

renda para a agricultura familiar principalmente a partir da deacutecada de 1970 Por

outro lado a inserccedilatildeo dessa cultura tambeacutem eacute resultado do papel que as empresas

fumageiras tiveram na regiatildeo Sul do Brasil Ou seja a produccedilatildeo se definiu e se

consolidou devido principalmente as empresas fumageiras em ir ateacute o fumicultor

devido a competitividade que o setor apresenta

Na primeira metade do seacuteculo XX muitas famiacutelias jaacute se dedicavam a produccedilatildeo

de fumo tanto de corda (consumo proacuteprio) como tambeacutem de folhas de fumo para

venda Produziam em pequenas quantidades pois todo o trabalho era manual

conforme relata o fumicultor

Eu lembro bem quando o meu avocirc fez a estufa para noacutes trabalhar com o fumo foi mais ou menos nos anos de 1960[] foi bom negoacutecio porque outra lavoura natildeo dava tanto lucro noacutes eacuteramos em bastante irmatildeos e todos ajudavam [] natildeo era faacutecil como hoje que temos trator estufa eleacutetrica Antes era tudo feito com os cavalos e a gente trabalhava muito de sol a sol (Fumicultor da Comunidade de Linha Dezembro entrevistado no dia 9 de junho de 2014) Antes de comeccedilar de plantar fumo noacutes produziacuteamos soacute para consumo o feijatildeo milho arroz trigo mandioca batata porcos produccedilatildeo de mel e criaccedilatildeo de gado []Nossa situaccedilatildeo financeira era muito difiacutecil [] natildeo tinha uma renda certa passava muitas necessidades principalmente quando precisava para a sauacutede (Fumicultor da Comunidade de Linha Rio Preto entrevistado em junho de 2014)

No municiacutepio a produccedilatildeo de fumo teve grande procura a partir da metade do

seacuteculo XX Tambeacutem houve incentivos principalmente por parte da Souza Cruz uma

vez que a cultura se desenvolveu bem em algumas regiotildees

62

No ano de 2014 a Emater de Prudentoacutepolis registrou a existecircncia de 8100

famiacutelias de agricultores das quais 1813 o que corresponde a 22 estatildeo

envolvidas no sistema de produccedilatildeo integrada de fumos claros com as empresas

fumageiras que atuam no municiacutepio

A figura 4 mostra a concentraccedilatildeo na parte Sul e Central das 1813 famiacutelias

que produzem o fumo em Prudentoacutepolis Essa concentraccedilatildeo estaacute relacionada agrave

topografia e ao clima De acordo com Kraiczek e Antoneli (2012) na regiatildeo Norte do

municiacutepio a produccedilatildeo natildeo eacute realizada devido ao relevo declivoso (figura 5) improacuteprio

para algumas atividades agriacutecolas como tambeacutem pelo fato de as condiccedilotildees

climaacuteticas serem diferenciadas

FIGURA 4- LOCALIZACcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS PRODUTORAS DE FUMO DE PRUDENTOacutePOLIS-PR POR LOCALIDADES

FONTE AFUBRA ndash Mapa elaborado a partir das localidades onde se encontram os produtores Org Kraiczek 2014

63

FIGURA 5 - DECLIVIDADE DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

FonteSRTM ndash USGS-USA (2000) ORG Kurta M (2014)

De acordo com o exposto muitas famiacutelias da regiatildeo Norte do municiacutepio se

interessam pelo plantio de fumo principalmente pela geraccedilatildeo de renda e venda

garantida do produto poreacutem natildeo o produzem devido aos fatores limitantes

De acordo com Emater (2014) devido agraves limitaccedilotildees climaacuteticas e topograacuteficas

as culturas que prevalecem naquela regiatildeo satildeo o feijatildeo milho mandioca maracujaacute

uva e produtos de autoconsumo familiar Esses agricultores familiares sinalizam a

falta de opccedilatildeo de cultivo economicamente rentaacutevel bem como a necessidade da

melhoria nas estradas rurais as quais satildeo fundamentais para escoar a produccedilatildeo

A regiatildeo tambeacutem se caracteriza pelo menor niacutevel de mecanizaccedilatildeo da

produccedilatildeo quando comparada com as regiotildees Central e Sul necessitando de matildeo de

obra intensiva para a produccedilatildeo Extensas aacutereas de lavoura satildeo plantadas

manejadas e colhidas manualmente retratando assim a dificuldade do trabalho

nessa regiatildeo (figura 6)

64

FIGURA 6 - PRODUCcedilAtildeO DE FEIJAtildeO EM TERRENOS INCLINADOS NA LOCALIDADE DE BARRA DA AREIA ndash PRUDENTOacutePOLIS-PR

Fonte Vilczak (2014)

A foto da esquerda mostra uma lavoura de feijatildeo que foi plantada agrave matildeo por

um agricultor familiar do Norte do municiacutepio (Comunidade da Linha Barra de Areia)

o agricultor retrata a dificuldade de trabalhar nessa regiatildeo A foto da direita retrata de

que forma se apresenta o relevo daquela regiatildeo

Conforme dados da Emater (2014) a ocupaccedilatildeo do solo no municiacutepio se daacute

pelas lavouras anuais e perenes matas nativas matas naturais de preservaccedilatildeo

permanente reflorestamentos e pastagens Segundo dados do Ipardes (2013) as

atividades agropecuaacuterias que se destacam atualmente na geraccedilatildeo de renda e no

nuacutemero de hectares ocupados por plantio em Prudentoacutepolis satildeo a produccedilatildeo de leite

bovino e o plantio de fumo soja milho feijatildeo preto e trigo Aleacutem dessas outras

atividades de significacircncia menor para a economia satildeo apresentados nos quadros 5

e 6

65

CULTURAS AacuteREA COLHIDA (ha)

PRODUCcedilAtildeO (t) PRODUTIVIDADE (Kgha)

VALOR (R$

100000)

Abacate 1 30 30000

Abacaxi (mil frutos)

1 11 11000 12

Alho 10 53 5300 265

Amendoim (em casca)

15 20 1333 32

Arroz (em casca)

540 1200 2222 926

Aveia (em gratildeo) 90 198 2200 99

Banana 1 9 9000 5

Batata-inglesa 130 3874 29808 3937

Cana-de-accediluacutecar 26 1325 50962 53

Cebola 60 840 14000 798

Centeio (em gratildeo)

90 135 1500 54

Feijatildeo 27300 33040 1210 70323

Fumo (folha) 4400 9701 2205 58206

Laranja 47 940 20000 544

Maracujaacute

106

530 5000 1007

Mandioca 365 8395 23000 2686

Milho 19870 107088 5389 45699

Pecircssego 13 52 4000 94

Soja 23310 73570 3156 68546

Tomate 5 205 50000 217

Trigo 4210 13472 3200 9508

Uva 28 205 7321 372

QUADRO 5 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS-PR

FONTE IBGE - Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013

66

PRODUTOS PRODUCcedilAtildeO VALOR (R$ 100000)

Latilde (Kg) 10930 109

Leite (mil litros) 8308 9965

Mel de abelha (Kg) 290000 2900

Ovos de galinha (mil dz) 245 662

QUADRO 6- PRODUCcedilAtildeO ANIMAL DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

FONTE IPARDES 2015 (IBGE SAFRA DE 2013)

Dentre os setores econocircmicos responsaacuteveis pela formaccedilatildeo do PIB do

municiacutepio de Prudentoacutepolis destacam-se os setores de serviccedilos e a agropecuaacuteria

(quadro 7) Com relaccedilatildeo ao setor de serviccedilos o mesmo tambeacutem estaacute relacionado agraves

atividades agropecuaacuterias

O baixo percentual de participaccedilatildeo das induacutestrias no PIB do municiacutepio se

reflete na baixa agregaccedilatildeo de valor sobre os produtos principalmente nos de origem

animal e da fruticultura entre outros produtos que poderiam gerar mais renda para

os produtores se fossem beneficiados por eles proacuteprios

Setor Prudentoacutepolis Paranaacute

Mil R$ ()

Mil R$ ()

Agropecuaacuteria 115127 2791 12816893 675 Induacutestria 35579 863 46858018 2466 Serviccedilos 237699 5762 106694466 5616

Impostos produtos liacutequidos de subsidio

24099 584 23622577 1243

PIB a preccedilo corrente 412504 100 189991954 100 QUADRO 7 - PIB DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLIS POR SETOR

IBGE 2012 Org Vilczak A 2015

De acordo com Emater (2014) existem no municiacutepio quatorze categorias de

agroinduacutestrias as quais satildeo consideradas de pequeno e meacutedio porte com destaque

para as agroinduacutestrias de embutidos e defumados erva-mate farinha de milho e

quirera Sabendo da importacircncia do setor agropecuaacuterio para a economia do

municiacutepio o graacutefico 2 mostra as atividades com maior geraccedilatildeo de renda

67

GRAacuteFICO 2 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRIacuteCOLAS PRODUZIDAS EM PRUDENTOacutePOLIS E SUAS RECEPTIVAS RENDAS

FONTE IBGE Produccedilatildeo agriacutecola municipal 2013 Org VILCZAK A (2014)

Se analisarmos somente a renda obtida por cada cultura notaremos que o

feijatildeo e a soja satildeo as que mais geram receita seguido do fumo milho trigo e arroz

Contudo ao analisarmos a receita e a aacuterea cultivada de cada lavoura notamos que a

produccedilatildeo de fumo eacute a mais rentaacutevel

A partir do graacutefico pode-se entender o porquecirc das famiacutelias permanecerem na

atividade fumageira Estas satildeo motivadas principalmente pela renda obtida aleacutem da

constataccedilatildeo a partir de trabalhos de campo de que a maioria dos fumicultores estatildeo

na atividade haacute muitos anos e que esta ocupaccedilatildeo eacute passada de uma geraccedilatildeo para

outra

Noacutes plantamos fumos haacute 15 anos e antes de eu e minha esposa casar eu plantava o fumo com meus pais e minha esposa com os pais dela e agora pegamos uma estufa para noacutes e continuamos na produccedilatildeo [] Jaacute sabemos bem como produzir um fumo de qualidade boa [] jaacute investimos em outras atividades mas natildeo deu lucro igual do fumo [] trecircs anos atraacutes fizemos financiamento para tanques de peixe investi 10 mil reais para fazer os tanques e comprar os alevinos e como noacutes natildeo tinha acompanhamento teacutecnico e muito menos experiecircncia em produzir peixe natildeo tivemos lucros Produzimos feijatildeo milho soja mas a maior renda vem do fumo (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Dezembro em maio de 2014)

926

70323

58206

45699

68546

9508

540

27300

4400

19870

23310

4210

0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000

Arroz

Feijatildeo

fumo

Milho

Soja

Trigo

Aacuterea Plantada (ha) Valor Produccedilatildeo (R$ 100000)

68

A produccedilatildeo de leite tambeacutem tem uma expressiva contribuiccedilatildeo para a

economia do municiacutepio pois nos uacuteltimos anos intensificou-se a dedicaccedilatildeo dos

agricultores familiares nessa atividade Dessa forma muitos dos fumicultores

tambeacutem produzem leite pelo fato de possuir mercado garantido e tambeacutem devido ao

pagamento do leite ser realizado mensalmente o que natildeo acontece com o fumo

Nas propriedades que combinam a produccedilatildeo de leite com a do fumo os agricultores

familiares usam a renda do leite para gastos mensais fixos da famiacutelia e a renda da

safra do fumo eacute investido na propriedade pois gera receitas mais altas

Agora com a renda do fumo e do leite as coisas se equilibraram que com o dinheiro do leite usamos para os gastos do mecircs e quando vendemos a safra do fumo investimos na propriedade jaacute fizemos casa de alvenaria cerca paiol novo galinheiro compramos trator carro [] a gente trabalha mais mas pelo menos natildeo passamos grandes necessidadade (Fumicultor entrevistado na Comunidade deLinha Visconde de Guarapuavaem maio de 2014)

De acordo com a EMATER (2014) nos uacuteltimos anos houve aumento do

nuacutemero de agricultores familiares que se dedicaram agrave produccedilatildeo de leite e aos

poucos abandonaram o cultivo do fumo A partir dos trabalhos de campo percebe-se

que muitas vezes os mais jovens pretendem investir na atividade leiteira fazer

cursos e se especializar no uso de tecnologias que permitam maior produtividade

dos animais ou seja casais mais novos que pretendem permanecer no campo

geralmente com niacutevel de escolaridade maior buscam ser mais competitivos como

por exemplo o depoimento de um casal que reside na Linha Visconde de

Guarapuava e de outro que reside na Linha Dezembro

Os nossos pais plantam fumo e quando casamos tambeacutem comeccedilamos a produzir fumo e leite e achamos que se noacutes se especializasse soacute na produccedilatildeo de leite a gente teria mais facilidade porque temos pouca terra (5 alqueires) [] agora temos 32 vacas de leite fora os terneiros e temos uma renda ateacute que razoaacutevel por mecircs (Agricultora familiar entrevistada5 na comunidade de Linha Visconde de Guarapuava)

Sempre plantei fumo mas como casei no ano passado eu e minha mulher decedimos plantar fumo somente nesse ano e no proacuteximo ano investir mais no leite que temos mais facilidade apesar de ter que trabalhar todos os dias de manhatilde e de tarde para tirar o leite e ainda durante o dia plantar os pastos [] no fumo natildeo precisa ficar o ano todo trabalhando mas mesmo assim vamos se especializar soacute com a produccedilatildeo de leite e outras lavouras (Fumicultor entrevistado na comunidade de Linha Dezembro)

5 A agricultora relata que atualmente soacute ajuda os pais com as atividades do fumo nos dias de colheita

69

Portanto nota-se que os mesmos usam da racionalidade econocircmica para

definir o que produzir natildeo buscando somente a sobrevivecircncia da famiacutelia e se

especializando nas atividades em que acreditam serem mais eficiente considerando

as caracteriacutesticas de suas propriedades Buscam assim melhorar de vida seguindo

uma racionalidade tipo capitalista

32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS

Como jaacute visto no item anterior o municiacutepio de Prudentoacutepolis sempre possuiu

uma base produtiva alicerccedilada estruturalmente no setor agropecuaacuterio e de acordo

com dados da Emater de Prudentoacutepolis (2014) o puacuteblico que faz parte do rural do

municiacutepio estaacute composto pela categoria Agricultura familiar constando um nuacutemero

de 8100 estabelecimentos Agricultura Patronal com 1750 estabelecimentos e por

40 famiacutelias Indiacutegenas aleacutem daqueles trabalhadores rurais contratados nos periacuteodos

de safra para desenvolver atividades no campo

Nota-se que em Prudentoacutepolis a categoria da agricultura familiar eacute

predominante em relaccedilatildeo agrave patronal Desse modo a caracterizaccedilatildeo dos produtores

rurais familiares a partir de conceitos e dados estatiacutesticos sistematizados para todo o

paiacutes se torna pertinente para que possamos estimar em quais grupos existe a maior

concentraccedilatildeo desses produtores familiares no municiacutepio e qual eacute a dinacircmica de

produccedilatildeo desses grupos A tipologia entre os agricultores familiares tem por objetivo

estabelecer uma diferenciaccedilatildeo socioeconocircmica entre os produtores familiares devido

a sua heterogeneidade (FAOINCRA 2000) Sendo assim o grupo A refere-se

aquele produtor com renda total superior a trecircs vezes o valor da diaacuteria o grupo B ao

produtor com renda total superior a uma vez ateacute trecircs vezes o valor da diaacuteria no

grupo C estatildeo aqueles com renda total superior agrave metade ateacute uma vez o valor da

diaacuteria e por fim o grupo D com renda total igual ou inferior agrave metade do valor da

diaacuteria

A existecircncia de quatro grupos distintos dentro do universo familiar eacute resultante

de vaacuterios fatores como por exemplo a disponibilidade de terras agricultaacuteveis (como

aquelas localizadas na regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis) as tecnologias

empregadas pelas unidades familiares a forma de administraccedilatildeo da propriedade os

70

preccedilos e mercados aos quais a produccedilatildeo eacute destinada fatores climaacuteticos entre

outros Portanto os distintos tipos de produtores satildeo portadores de racionalidades

especificas e buscam se adaptar ao meio em que estatildeo inseridos

O universo agraacuterio eacute extremamente complexo seja em funccedilatildeo da grande diversidade da paisagem agraacuteria (meio fiacutesico ambiente variaacuteveis econocircmicas etc) seja em virtude da existecircncia de diferentes tipos de agricultores os quais tecircm interesses particulares estrateacutegias proacuteprias de sobrevivecircncia e de produccedilatildeo e que portanto respondem de maneira diferenciada a desafios e restriccedilotildees semelhantes (FAOINCRA 2000)

Os dados mais gerais que tratam de variaacuteveis da caracterizaccedilatildeo dos

agricultores familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis pertencem ao censo

agropecuaacuterio de 2006 momento aquele em que o universo da agricultura familiar era

composto por aproximadamente 7409 estabelecimentos sendo que no ano de

2014 a Emater do municiacutepio registrou um nuacutemero aproximado de 8100 agricultores

familiares um aumento de 691 estabelecimentos Esse aumento dos agricultores

familiares no dececircnio pode ser resultado da subdivisatildeo das propriedades jaacute

existentes

Dentre os quatro grupos familiares (Quadro 8) o maior nuacutemero de agricultores

familiares do municiacutepio de Prudentoacutepolis encontra-se no grupo D ou seja aqueles

agricultores familiares descapitalizados e com baixo niacutevel de integraccedilatildeo ao mercado

No grupo A considerado como capitalizado e com grande integraccedilatildeo aos mercados

existe um contingente menor de agricultores

Nuacutemero bastante significativo de produtores familiares estaacute representado pelo

grupo B grupo esse que estaacute em processo de capitalizaccedilatildeo e integrado ao mercado

Os agricultores familiares capitalizados e em processo de capitalizaccedilatildeo satildeo em

menores nuacutemeros que os descapitalizados e os em processo de descapitalizaccedilatildeo

71

Cidade Agricultura familiar por grupo

Nordm Absoluto de estabelecimentos por grupo

familiar

Prud

entoacute

polis

PR

Familiar ndash tipo A 783

Familiar ndash tipo B 2168

Familiar ndash tipo C 1387

Familiar ndash tipo D 3071

Total 7409

QUADRO 8 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUAacuteRIOS POR TIPO DE AGRICULTOR FAMILIAR - PRUDENTOacutePOLISPR - 2006

Fonte IBGE 2006

Conforme os dados do IBGE (2006) eacute importante ressaltar que em

Prudentoacutepolis o grupo A representa cerca de 10 do total de estabelecimentos

familiares o que eacute aproximadamente a mesma proporccedilatildeo verificada para o Brasil

onde haacute cerca de 460 mil produtores do grupo A num universo de pouco mais de 4

milhotildees de estabelecimentos familiares

Dentro do universo dos agricultores familiares de Prudentoacutepolis nota-se que a

grande maioria deles independentemente do tipo familiar possui terras proacuteprias

como demonstrado no quadro 9 O fato de a grande maioria possuir terras proacuteprias

estaacute relacionado ao loteamento feito no periacuteodo da colonizaccedilatildeo do municiacutepio sendo

que apesar de ter acontecido a venda e compra de algum desses lotes em termos

gerais a questatildeo do acesso agrave terras permanece inalterada entre os agricultores

familiares locais

72

Variaacutevel

Agricultura familiar por grupo

Nordm Absoluto de propriedades por grupo

no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR

Terras proacuteprias

Familiar ndash tipo A 700

Familiar ndash tipo B 2016

Familiar ndash tipo C 1338

Familiar ndash tipo D 2966

Total 7020

QUADRO 9- NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARESCUJOS PROPRIETAacuteRIOS RESIDEM E TRABALHAM NO PROacutePRIO ESTABELECIMENTO - PRUDENTOacutePOLISPR ndash 2006 Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)

Com relaccedilatildeo aos tipos de cultivo nota-se pelo quadro 10 que os produtores

de fumo se concentram nos grupos A e B Ou seja do ponto de vista econocircmico a

produccedilatildeo tende a oferecer uma renda maior do que o milho e o feijatildeo por exemplo

visto que a maior concentraccedilatildeo desses agricultores familiares estaacute nos grupos C e D

A maior parte dos produtores de fumo tem um niacutevel alto de integraccedilatildeo com o

mercado quer dizer natildeo satildeo camponeses e sim pequenos capitalistas que visam

lucros mantendo-se competitivos com objetivo de crescimento econocircmico

QUADRO 10 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS RURAIS POR GRUPO FAMILIAR NA PRODUCcedilAtildeO DAS CULTIVARES DE FUMO FEIJAtildeO E SOJA ndash PRUDENTOacutePOLISPR Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)

Nesse sentido concorda-se com as abordagens ligadas ao capitalismo

agraacuterio segundo as quais a integraccedilatildeo dos fumicultores com as induacutestrias

Grupo familiar Fumo Feijatildeo Milho Soja Familiar ndash tipo A 520 493 540 109

Familiar ndash tipo B 798 1464 1484 110

Familiar ndash tipo C 128 1058 974 56

Familiar ndash tipo D 89 2125 1773 84

Agricultor natildeo familiar

19 76 93 44

Total de

estabelecimentos

1555

5216

4864

403

73

fumageiras oferece maiores oportunidades para capitalizaccedilatildeo ao passo que a

maioria daquelas famiacutelias que produzem feijatildeo e milho estaacute no grupo familiar em vias

de descapitalizaccedilatildeo e descapitalizados auferindo renda menor

Quando somados as colunas do quadro 10 vemos que o nuacutemero para cada

linha supera o total de estabelecimentos de cada categoria apresentados nos

quadros anteriores Isso mostra que haacute muitos fumicultores que natildeo se dedicam

apenas ao fumo mas tambeacutem ao feijatildeo milho e ou soja A partir dai pode-se

levantar a hipoacutetese de que muitos produtores do grupo A manteacutem pequenas

produccedilotildees de feijatildeo eou milho para autoconsumo Outra hipoacutetese eacute que haacute

produtores do grupo B que estatildeo tentando fazer a transiccedilatildeo das culturas de feijatildeo

eou milho para a cultura de fumo motivo pelo qual deram iniacutecio a produccedilatildeo deste

uacuteltimo sem abandonar os cultivos mais tradicionais

No municiacutepio tambeacutem existem dezenove agricultores natildeo familiares que

produzem fumo e usam da matildeo de obra contratada para cultivar a commoditie

devido agrave baixa mecanizaccedilatildeo disponiacutevel para esse tipo de lavouraDesse modo os

agricultores natildeo familiares tambeacutem tecircm interesse na rentabilidade por hectare e no

mercado garantido do fumo

A produccedilatildeo de soja tem uma expressividade na agricultura familiar com

destaque para os grupos A e B O milho e feijatildeo satildeo as culturas que predominam

nos grupos familiares

Para as variaacuteveis ligadas agrave modernizaccedilatildeo da agricultura foi contabilizado o

nuacutemero de tratores existente nas propriedades familiares como tambeacutem a utilizaccedilatildeo

de agrotoacutexicos entre esses grupos mediante dados do IBGE como apresentado no

quadro 11 Dos 7409 estabelecimentos familiares 1384 possuiacuteam trator no ano de

2006 ou seja 18

Nesse sentido pode-se dizer que no ano de 2006 um universo pequeno de

agricultores familiares possuiacutea trator No grupo A 34 dos agricultores tinham

tratores O grupo B foi o menos expressivo nessa variaacutevel com 12 de

estabelecimentos com trator seguidos de 15 no grupo C e de 20 no grupo D

74

Agricultura familiar por grupo de agricultores

Nuacutemero total de estabelecimentos familiares

Nuacutemero de estabelecimentos com tratores

de tratores por grupo familiar

Familiar ndash tipo A 783 269 34

Familiar ndash tipo B 2168 278 12

Familiar ndash tipo C 1387 209 15

Familiar ndash tipo D 3071 628 20

Total 7409 1384 18

QUADRO 11 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE POSSUEM TRATORES

Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015) O uso de agrotoacutexicos eacute feito por uma parcela expressiva de agricultores

familiares posto que 77 deles usam algum tipo desse produto Em termos

percentuais os agricultores familiares do grupo A satildeo os que mais usam seguidos

do grupo B com 82 grupo Ccom 75 epor fim o grupo D com 69 dos

agricultores que fazem uso desse insumo agriacutecola Assim vale notar que o uso de

agrotoacutexicos natildeo estaacute associado apenas agrave produccedilatildeo de fumo pois os grupos

familiares que produzem predominantemente feijatildeo e milho tambeacutem utilizam

produtos quiacutemicos intensamente Nesse sentido concorda-se com DINIZ FILHO

(2011) quando menciona que

[] a incorporaccedilatildeo de elementos econocircmicos e tecnoloacutegicos da agricultura patronal eacute uma estrateacutegia amplamente utilizada por agricultores familiares do mundo todo para se manterem competitivos no bojo da modernizaccedilatildeo agriacutecola embora frequentemente tal incorporaccedilatildeo fique incompleta devido agrave falta de capital para investimentos e das caracteriacutesticas de muitas propriedades familiares tais como pequena dimensatildeo ou relevo inclinado

75

Agricultura familiar por grupo de agricultores

Nuacutemero total de estabelecimentos familiares

Nuacutemero de estabelecimentos que usam agrotoacutexicos

de estab que usam agrotoacutexicos

Familiar ndash tipo A 783 734 93

Familiar ndash tipo B 2168 1794 82

Familiar ndash tipo C 1387 1048 75

Familiar ndash tipo D 3071 2108 69

Total 7409 5684 77

QUADRO 12 - NUacuteMERO DE ESTABELECIMENTOS FAMILIARES QUE USAM AGROTOacuteXICOS

Fonte IBGE 2006 Organizaccedilatildeo Vilczak A (2015)

Os dados mostram que a agricultura familiar no municiacutepio de Prudentoacutepolis

tambeacutem se beneficia dos aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo da agricultura

concordando com Diniz Filho (2011) quando afirma ser notoacuterio que a monocultura a

mecanizaccedilatildeo e o uso de pesticidas e fertilizantes quiacutemicos satildeo amplamente

disseminados entre os produtores familiares Nesse sentido pode-se dizer que a

agricultura familiar da mesma forma que o agronegoacutecio estaacute preocupada

primeiramente com os lucros do que em usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis e que

busquem somente reproduzir o seu modo de vida

Portanto pode-se afirmar que a produccedilatildeo de fumo eacute considerada uma

atividade que permite renda razoaacutevel para o produtor uma vez que no municiacutepio de

Prudentoacutepolis esses agricultores familiares estatildeo concentrados no tipo familiar mais

capitalizado condizendo assim com os dados mais gerais sobre a agricultura

familiar brasileira apresentados no capiacutetulo anterior segundo os quais a cultura do

fumo gera menor niacutevel de pobreza que culturas alimentares voltadas para o

consumo popular e frequentemente associadas agrave produccedilatildeo de subsistecircncia

Finalmente vale notar que a pesquisa de campo realizada no acircmbito desta pesquisa

corroborou os resultados obtidos pela anaacutelise de dados estatiacutesticos de fontes

oficiais conforme se veraacute a seguir

76

CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO

Este capiacutetulo tem por objetivo expor os dados dos trabalhos de campo

realizados com uma amostragem de sessenta fumicultores contratados pela

empresa Souza Cruz como fornecedores de fumo no municiacutepio de Prudentoacutepolis A

contrataccedilatildeo eacute feita atraveacutes do sistema de produccedilatildeo integrada no qual a empresa

garante a compra de toda a produccedilatildeo fornece assistecircncia teacutecnica aos contratados

define os padrotildees de fumo a serem produzidos de acordo com as demandas de

mercado bem como estipula os preccedilos do quilo de fumo junto ao sindicato dos

fumicultores do Brasil (SINDITABACO)

Na safra de 20142015 duzentos e noventa e cinco produtores familiares de

Prudentoacutepolis foram contratados pela Souza Cruz como fornecedores de fumo Para

dar suporte a esses fumicultores trabalham trecircs instrutores teacutecnicos cada qual

atuando na sua aacuterea de abrangecircncia acompanhando os mesmos associados desde

o iniacutecio ateacute o final da safra

A finalidade do instrutor teacutecnico eacute de prestar assistecircncia aos fumicultores em

todos os processos da produccedilatildeo do fumo como a definiccedilatildeo da quantidade de peacutes

de fumo que seraacute plantada a compra de insumos para produccedilatildeo a realizaccedilatildeo do

seguro da safra juntamente com a Afubra assistecircncia teacutecnica nos tratos culturais da

planta estabelecimento de estimativas de quilos de fumo que o produtor

comercializaraacute com a empresa acompanhamento na colheita secagem

classificaccedilatildeo e a venda do produto

O instrutor teacutecnico entrevistado expotildee que aleacutem da empresa Souza Cruz

outras cinco empresas6 do mesmo ramo atuam no municiacutepio com intuito de contratar

fumicultores atraveacutes do sistema integrado Menciona tambeacutem que natildeo existem

grandes conflitos concorrenciais entre essas empresas como jaacute existiu na deacutecada

de 1990 quando uma empresa fazia o maacuteximo para atrair maior quantidade de

associados Nos uacuteltimos anos cada empresa tem os seus produtores certos natildeo

6Universal Leaf Tabacos Ltda CTA ndash Continental Tobaccos Alliance One Exportadora de Fumo Ltda Premium Tabacos do Brasil SA e a A Japan Tabacco Inc (JTI)

77

existindo alto niacutevel de migraccedilatildeo desses entre as empresas uma vez que todas

trabalham no mesmo sistema e os preccedilos do quilo de fumo satildeo tabelados

A logiacutestica de transporte do fumo da residecircncia do produtor ateacute a usina de

beneficiamento da Souza Cruz eacute terceirizada sendo que no municiacutepio satildeo trecircs

transportadoras credenciadas pela empresa A proacutepria Souza Cruz natildeo possui

depoacutesitos de armazenamento de fumo em Prudentoacutepolis Desse modo as trecircs

transportadoras credenciadas satildeo responsaacuteveis por fazer o recolhimento da

produccedilatildeo direto do depoacutesito do produtor A transportadora coleta o fumo nas

propriedades dos fumicultores com um caminhatildeo de menor porte e no barracatildeo da

proacutepria transportadora eacute feito o transbordo para as carretas que seguem ateacute a usina

de beneficiamento

Como na assistecircncia teacutecnica cada transportadora tambeacutem tem uma regiatildeo de

abrangecircncia para recolher o fumo A produccedilatildeo que sai dos depoacutesitos dos produtores

jaacute estaacute 100 assegurada caso aconteccedila imprevistos com a viagem Apoacutes a

descarga do fumo na usina de beneficiamento a transportadora utiliza o mesmo

frete para trazer os insumos agriacutecolas para a proacutexima safra

Apesar de possuir uma usina de processamento de fumo no municiacutepio de Rio

Negro no Paranaacute a produccedilatildeo do municiacutepio de Prudentoacutepolis eacute enviada para a usina

de BlumenauSC pois a usina de Rio Negro tem capacidade de atender somente agrave

produccedilatildeo da regiatildeo Oeste e Sudoeste paranaense e tambeacutem do ponto de vista

logiacutestico eacute mais viaacutevel enviar a produccedilatildeo de Prudentoacutepolis para Blumenau

A partir de dados da Afubra da Souza Cruz e dos dados de campo foi

construiacutedo um fluxograma para exemplificar as etapas em que o fumo produzido no

municiacutepio de Prudentoacutepolis passa ateacute chegar ao consumidor

78

FIGURA 7ndashA DINAcircMICA DA CADEIA PRODUTIVA DO FUMO A PARTIR DOS PRODUTORES DA SOUZA CRUZ DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR

Fonte Souza Cruz e AFUBRA 2014

Org VILCZAK A 2015

41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES

As informaccedilotildees que seratildeo apresentadas a seguir dizem respeito a sessenta

famiacutelias entrevistadas e que satildeo contratadas pela empresa fumageira Souza Cruz

no municiacutepio de PrudentoacutepolisPR

As famiacutelias entrevistadas residem em seis diferentes localidades do municiacutepio

de Prudentoacutepolis sendo elas Comunidade da Linha Dezembro Comunidade da

Linha Visconde de Guarapuava Comunidade da Linha Marcondes Comunidade da

Linha Barra Vermelha Comunidade da Linha Antocircnio Olinto e Comunidade da Linha

Tira Cisma (figura 8) Para localizar esses fumicultores os instrutores teacutecnicos da

Souza Cruz forneceram uma listagem de todos os produtores e de sua respectiva

localidade de residecircncia Cabe destacar que as entrevistas natildeo foram direcionadas e

nem realizadas com a presenccedila desses instrutores

79

FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO APROXIMADA DAS LOCALIDADES EM QUE RESIDEM OS FUMICULTORES ENTREVISTADOS

A seleccedilatildeo das localidades foi feita levando-se em conta a maior concentraccedilatildeo

de produtores de fumo e a maior acessibilidade em relaccedilatildeo agrave aceitaccedilatildeo dos mesmos

em responderem os questionaacuterios

Para a realizaccedilatildeo das entrevistas fez-se necessaacuterio o auxiacutelio de um agente

comunitaacuterio que tinha maior contato com os fumicultores para que os mesmos

pudessem responder o questionaacuterio com maior seguranccedila Recorreu-se a esse

meacutetodo pelo fato de alguns fumicultores convidados a participar da entrevista natildeo

ficarem tranquilos suspeitando que se tratasse de uma pesquisa que natildeo favorecia

aos ideais deles uma vez que possuem ldquomedordquo de certas campanhas

governamentais que incentivam o fim do plantio do fumo

As primeiras entrevistas foram realizadas na Linha Dezembro Linha Visconde

de Guarapuava e Linha Marcondes sendo que as mesmas foram conduzidas

juntamente com a agente comunitaacuteria Gabriela Strechar (residente na Linha

Visconde de Guarapuava) e contabilizou um total de 19 fumicultores Na Linha Barra

Vermelha Linha Antocircnio Olinto e Linha Tiram Cisma foram realizadas 41 entrevistas

80

com a ajuda da agente comunitaacuteria Adriana Kutzmy moradora da Linha Barra

Vermelha e que tambeacutem tem grande conhecimentos sobre essas localidade e

moradores

As entrevistas foram realizadas nos meses de novembro e dezembro de

2015 periacuteodo da colheita do fumo A escolha desse periacuteodo para a coleta de dados

possibilitou conhecer a realidade de cada famiacutelia com relaccedilatildeo agraves formas de

produccedilatildeo colheita transporte e secagem das folhas de fumo

Caracterizaccedilatildeo das famiacutelias

a) Escolaridade feminina e masculina por faixa etaacuteria

Para a coleta de dados dessa variaacutevel foram levados em consideraccedilatildeo

somente as mulheres e homens que vivem nas unidades de produccedilatildeo familiar isto eacute

pessoas que migraram para as cidades e aquelas que se casaram e permanecem

no meio rural natildeo seratildeo contemplados nos quadro 13 e 14

Dentre as sessenta famiacutelias entrevistadas contabilizou-se um total de

duzentos e vinte e cinco membros que residem nas unidades de produccedilatildeo familiar

sendo cento e nove mulheres e cento e dezesseis homens

81

Faixa etaacuteria

S idade

escolar

S escolar idade

Ateacute o 5ordm ano

Do 6ordm ao 9ordm ano

Ensino meacutedio

Incompleto

Ensino meacutedio

completo

Ensino Superior

Cursos teacutecnicos

Total de

mulheres

0 - 05 anos 10 - 01 - - - - - 11

05 - 10 anos

- - 04 - - - - - 04

11 ndash 20 anos

- - 05 09 01 05 01 - 21

21 ndash 30 anos

- - 08 - 12 - 01 21

31 ndash 40 anos

- - 06 06 - 01 - - 13

41 ndash 50 anos

- - 14 06 - - - - 20

51 ndash 60 anos

- - 12 - - 01 - - 13

Acima de 61

- 01 04 - - 01 - - 06

Total 10 01 46 29 01 20 01 01 109

Percentual ()

09 01 43 27 01 17 01 01 100

QUADRO 13 - ESCOLARIDADE FEMININA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Com relaccedilatildeo agraves mulheres entrevistadas pode-se notar um baixo grau de

escolarizaccedilatildeo dentre aquelas que possuem mais de 40 anos as quais no maacuteximo

tecircm ensino fundamental completo exceto uma senhora que estaacute na faixa etaacuteria de

51 a 60 anos e que possui ensino meacutedio completo e que era professora das seacuteries

iniciais Nota-se tambeacutem a existecircncia de duas famiacutelias com filhas cursando

universidade e curso teacutecnicos no periacuteodo da noite sendo que as mesmas trabalham

durante o dia na propriedade inclusive na produccedilatildeo de fumo

82

Todas as filhas dos fumicultores em idade escolar estatildeo matriculadas nas

suas respectivas seacuteries de ensino Na faixa etaacuteria de 21 a 30 anos a maioria tem o

ensino meacutedio completo e natildeo demonstra pretensotildees de fazer curso superior nos

proacuteximos anos

Apesar da baixa escolaridade somente uma pessoa entrevistada e que tem

mais que 61 anos de idade nunca frequentou uma escola

De acordo com as entrevistas percebe-se que grande parte das mulheres

quando terminam o ensino meacutedio migra para alguma cidade com pretensotildees de

estudar ou trabalhar

Faixa etaacuteria

S idade

escolar

S escolar idade

Ateacute o 5ordm ano

Do 6ordm ao 9ordm ano

Ensino meacutedio

Incompleto

Ensino meacutedio

completo

Ensino Superior

Cursos teacutecnicos

Total de homens

0 - 05 anos 09 - - - - - - - 09

05 - 10 anos

- - 08 - - - - - 08

11 ndash 20 anos

- - 05 07 07 03 - - 22

21 ndash 30 anos

- - - 02 03 13 01 - 19

31 ndash 40 anos

- 01 08 06 - 05 01 03 24

41 ndash 50 anos

- - 11 - - - - - 11

51 ndash 60 anos

- - 18 - - - - - 18

Acima de 61

- - 05 - - - - - 05

Total 09 01 55 15 10 21 02 03 116

Percentual ()

07 01 47 13 09 18 02 03 100

QUADRO 14 - ESCOLARIDADE MASCULINA DE ACORDO COM A FAIXA ETAacuteRIA DOS MEMBROS DAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NA UNIDADE DE PRODUCcedilAtildeO

Fonte Pesquisa de campo (2015)

83

No universo masculino da mesma forma que no feminino percebe-se que as

menores escolaridades estatildeo entre aqueles que possuem mais de 40 anos de idade

Um entrevistado que possui entre 31 e 40 anos cursou trecircs anos no ensino

superior poreacutem alega que natildeo tem pretensotildees em curto prazo em concluir ou

trabalhar fora da propriedade devido a melhor qualidade de vida que pode ter em

relaccedilatildeo agrave cidade Nessa mesma faixa etaacuteria (31 a 40 anos) trecircs homens

frequentaram cursos teacutecnicos sendo que dois concluiacuteram teacutecnico em agropecuaacuteria e

um teacutecnico florestal

Um homem entre 21 e 30 anos concluiu haacute dois anos o curso superior em

contabilidade afirmou que jaacute trabalhou na sua aacuterea de formaccedilatildeo mas que nesse

ano decidiu trabalhar na produccedilatildeo de fumo poreacutem tem pretensotildees de voltar a

trabalhar na aacuterea de formaccedilatildeo

b) Estrutura familiar

Para a coleta de dados correspondente agrave variaacutevel apresentada no quadro 15

tambeacutem foram levadas em consideraccedilatildeo somente as pessoas que vivem na unidade

familiar Dessa forma a quantidade de membros que compotildee as famiacutelias

entrevistadas natildeo eacute numerosa apresentando a maior porcentagem de famiacutelias

compostas por trecircs e quatro pessoas (30 e 42) Aquelas com mais de cinco

membros correspondem na sua maior parte por famiacutelias onde os pais da esposa ou

do marido estatildeo vivendo juntos

Nuacutemero total dos

membros das famiacutelias

Nordm de famiacutelias Nuacutemero total de membros

Percentual ()

Um membro 0 0 0

Dois membros 6 12 10

Trecircs membros 18 54 30

Quatro membros 25 100 42

Cinco membros 07 35 12

Seis membros 04 24 6

84

Total 60 225 100

QUADRO 15 - NUacuteMERO TOTAL DE MEMBROS POR FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS E QUE RESIDEM NAS UNIDADES FAMILIARES DE PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Os dados sobre as famiacutelias em que pelo menos um dos membros migrou para

alguma cidade com intuito de trabalhar estudar ou trabalhar e estudar estatildeo

apresentados na tabela abaixo

TABELA 13 - FAMIacuteLIAS QUE TEM PELO MENOS UM MEMBRO QUE MIGROU PARA CIDADE

Motivos da migraccedilatildeo Nordm de famiacutelias Percentual () Somente estudar (cursos teacutecnicos Universidade)

9 15

Estudar (cursos teacutecnicos Universidade) e Trabalho

14 23

Somente trabalhar 6 10 Nenhum membro migrou

para a cidade 31 52

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)

Nota-se que 48 das famiacutelias entrevistadas tiveram pelo menos um membro

que migrou para a cidade com objetivo de estudar ou trabalhar Os que relataram

que a migraccedilatildeo foi com intuito de estudar afirmam que os estudos estatildeo

relacionados a cursos teacutecnicos e universitaacuterios como jaacute expostos acima

Vale lembrar a existecircncia de famiacutelias em que os filhos ainda natildeo estatildeo em

idades suficientes para fazer um curso teacutecnico ou universidade ou seja nos

proacuteximos anos provavelmente haveraacute um percentual maior de jovens saindo do

campo com intuito de estudar ou trabalhar em outras atividades com maiores

oportunidades que a produccedilatildeo de fumo

Esse processo migratoacuterio da populaccedilatildeo rural para o urbano no caso dos

fumicultores entrevistados pode estar relacionado com aquilo exposto por (2014)

segundo o qual atualmente nas regiotildees rurais brasileiras a migraccedilatildeo jaacute natildeo eacute mais

um processo em que as condiccedilotildees ldquopor mais pobreza que existamrdquo estatildeo

expulsando as pessoas do campo mas sim um movimento que ocorre quando

existem fatores de atraccedilatildeo no meio urbano Poreacutem natildeo devemos desprezar que

nesse processo tambeacutem estatildeo embutidos outros fatores como os culturais e ateacute

85

pessoais ou seja o que se passa pela cabeccedila das pessoas natildeo somente dessas

que vivem no rural e estatildeo indo para a cidade mas tambeacutem daquelas que jaacute vivem

em cidades de menor porte e migram para grandes centros urbanos Contudo essas

questotildees de ordem cultural e pessoal escapam aos objetivos desta pesquisa

Condiccedilatildeo do fumicultor

TABELA 14 - PERIacuteODO DE TEMPO QUE O MEMBRO RESPONSAacuteVEL PELO ESTABELECIMENTO TRABALHA NA ATIVIDADE FUMAGEIRA

Anos Nordm de famiacutelias Percentual ()

0 ndash 5 anos 0 0

6 ndash 10 anos 4 6

10 ndash 15 anos 12 20

15 ndash 20 anos 16 27

21 ndash 25 anos 12 20

26 ndash 30 anos 10 17

Mais de 30 anos 6 10

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

O periacuteodo de tempo com maior expressividade em que esses agricultores

familiares estatildeo envolvidos na atividade fumageira variam em torno de 10 a 30 anos

Nenhuma famiacutelia entrevistada comeccedilou a produzir fumo nos uacuteltimos cinco anos

Esse fato vai ao encontro de dados mais gerais da Afubra (2015) demonstrando

que entre o ano de 2010 e 2014 o nuacutemero de famiacutelias produtoras de fumo caiu de

185160 para 162410

Esse fato estaacute relacionado principalmente agrave migraccedilatildeo de jovens para as

cidades e pelo fato dos casais mais novos que possuem filhos com idades

insuficientes para trabalhar na atividade fumageira buscarem se promover

economicamente atraveacutes de outras atividades

A queda do nuacutemero de famiacutelias na fumicultura nos uacuteltimos anos tambeacutem estaacute

relacionada com a maior escolaridade das pessoas que vivem no rural pois esses

estatildeo se dedicando a atividades selecionadas por eles como mais oportunas eou

mais competitivas Aqui natildeo podemos desconsiderar tambeacutem a opccedilatildeo das famiacutelias

86

natildeo entrarem na atividade fumageira pelas questotildees da sauacutede (contato com

agrotoacutexicos e doenccedila da folha verde)

TABELA 15 - MOTIVOS PELA OPCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

Nordm de famiacutelias Percentual ()

Pela renda e venda garantida

12 20

Pouca disponibilidade de terras

06 10

Pela renda venda garantida e pouca terra

35 58

Falta de outras opccedilotildees de atividade agropecuaacuteria

07 12

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Das famiacutelias entrevistadas 58 declararam que optam pela produccedilatildeo de

fumo por trecircs motivos principais a renda a garantia de venda e a pouca aacuterea de

terra que possuem Jaacute para 20 das famiacutelias entrevistadas os principais motivos

estatildeo na geraccedilatildeo de renda e venda garantida

As famiacutelias que natildeo declararam a pouca quantidade de terra como empecilho

para a realizaccedilatildeo de outra atividade que substitua por completo a produccedilatildeo de fumo

mencionam que plantam o fumo devido agrave renda e que como estatildeo inseridos na

cadeia produtiva de gratildeos que eacute mecanizada sobra matildeo de obra para trabalhar

com o fumo Esses exemplos demonstram que os agricultores familiares produzem

para maximizar os lucros e crescer economicamente da mesma forma que os

grandes proprietaacuterios como exposto no paradigma da agricultura familiar

A falta de outras atividades agropecuaacuterias tambeacutem foi mencionada por 12

das famiacutelias entrevistadas pois apesar de existir outros tipos de cultivo no municiacutepio

como por exemplo a produccedilatildeo de verduras de morangos de pepinos e de ervas

medicinais essas famiacutelias declararam que esses cultivos natildeo geram uma renda por

hectare como o fumo Uma fumicultora entrevistada na Linha Marcondes comenta

Eu ldquoplantava as coisasrdquo para a merenda escolar aqui da escola [] noacutes tinha que comprar as sementes e tudo o que precisava pra produzir essas verduras [] quando levava na escola ficavam colocando defeito na minha produccedilatildeo [] queriam que eu levasse todo dia dez peacutes de alface na escola [] que lucro eu ia ter ir todo dia na escola levar soacute dez peacutes de alface E

87

ainda recebia soacute depois de 40 dias que entreguei a produccedilatildeo e ainda agraves vezes atrasava [] O fumo eacute muito cansativo soacute que a gente natildeo precisa ficar se humilhando pra comprar a produccedilatildeo da gente a firma leva tudo seja o melhor fumo seja o pior

A fumicultora retrata que apesar do trabalho na produccedilatildeo de fumo ser mais

cansativa que outras atividades o fato de se ter a venda garantida de toda a

produccedilatildeo compensa as desvantagens

TABELA 16 - QUANTIDADE DE PEacuteS DE FUMO PLANTADOS PELOS PRODUTORES ENTREVISTADOS

Quantidades de peacutes de fumo

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

25000 - 30000 peacutes 14 23

31000 ndash 50000 peacutes 26 44

51000 ndash 70000 peacutes 05 08

71000 ndash 90000 peacutes 07 12

91000 ndash 120000 peacutes 05 08

121000 -140000 peacutes 03 05

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2015)

Dentre as famiacutelias entrevistadas a quantidade miacutenima de produccedilatildeo eacute de

25000 peacutes e a maacutexima de 140000 peacutes poreacutem a maior concentraccedilatildeo estaacute ente

31000 e 50000 peacutes A quantidade de peacutes que satildeo plantados estaacute relacionada agrave

matildeo de obra disponiacutevel uma vez que esses fumicultores antes de planejar a

proacutexima safra levam em consideraccedilatildeo primeiramente a relaccedilatildeo entre a quantidade

de matildeo de obra disponivel com a quantidade de peacutes de fumo De acordo com o

instrutor teacutecnico da Souza Cruz uma pessoa consegue produzir em meacutedia 20000

peacutes de fumo por safra (usando matildeo de obra de terceiros somente para os dias de

colheita)

Condiccedilatildeo das terras usadas pelos fumicultores entrevistados

88

TABELA 17 - CONDICcedilAtildeO DE ACESSO Agrave TERRA DOS FUMICULTORES ENTREVISTADOS

Condiccedilatildeo da terra Nordm de famiacutelias Percentual ()

Somente terra proacutepria 33 55

Terra proacutepria e arrendada 22 37

Somente terras arrendadas 05 08

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Para coletar esses dados foi levado em consideraccedilatildeo o total das terras

usadas pelos fumicultores independentemente da cultura plantada aleacutem do fumo

Desse modo nota-se que a grande maioria possui terras proacuteprias (92) sendo que

55 cultivam somente em terras proacuteprias e 37 aleacutem das terras proacuteprias arrenda

com intuito de aumentar a produccedilatildeo tanto de fumo como de gratildeo e outros Existem

8 que natildeo possuiacuteam terras proacuteprias e que necessitam arrendar para produzir o

fumo

TABELA 18 - ESTRUTURA FUNDIAacuteRIA LEVANDO EM CONSIDERACcedilAtildeO SOMENTE AS TERRAS PROacutePRIAS DOS FUMICULTORES

Somente terra proacutepria Nordm de famiacutelias Porcentagem ()

Ateacute 5 hectares 11 20

6 a 10 hectares 14 25

11 a 15 hectares 8 15

16 a 20 hectares 6 11

21 a 25 hectares 6 11

26 a 30 hectares 2 04

31 a 40 hectares 4 07

Mais de 40 hectares 4 07

Total 55 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Dos sessenta fumicultores entrevistados cinco natildeo possuem terras proacuteprias

E dos cinquenta e cinco que possuem a maior porcentagem de famiacutelias tem ateacute 15

hectares Nesse sentido esses nuacutemeros satildeo compatiacuteveis com os dados mais gerais

da regiatildeo Sul do Brasil onde a maior concentraccedilatildeo de famiacutelias possui ateacute 20

89

hectares de terra (AFUBRA 2015) A aquisiccedilatildeo das terras foi principalmente por

heranccedila e em parcelas menores atraveacutes de compra

Formas de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria das unidades familiares dos fumicultores

entrevistados

Este item refere-se aos tipos de exploraccedilatildeo agropecuaacuteria que aleacutem do fumo

trazem renda para a unidade de produccedilatildeo familiar Com base nos dados de campo

verificam-se nas propriedades aleacutem da produccedilatildeo do fumo as produccedilotildees de feijatildeo

milho soja erva-mate e a produccedilatildeo de leite

TABELA 19 - PRINCIPAIS EXPLORACcedilOtildeES AGRIacuteCOLAS COMERCIALIZADAS PELOS FUMICULTORES

Tipo de produccedilatildeo

agropecuaacuteria Nuacutemeros de famiacutelias Percentual ()

Somente fumo 20 33 Fumo e soja 06 10

Fumo soja feijatildeo e milho 20 33 Fumo Soja milho e leite 03 5 Fumo feijatildeo milho e erva-

Mate 11 19

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

De acordo com os dados expostos 33 dos entrevistados afirmam que a

produccedilatildeo da propriedade com pretensatildeo de venda eacute somente o fumo outros 33

aleacutem do fumo produzem soja e feijatildeo seguidos de 19 que se dedicam agrave produccedilatildeo

de fumo feijatildeo milho e erva-mate e menos de 5 declarar produzir para a venda o

fumo a soja o milho e o leite

Nesse sentido 67 dos entrevistados diversificam a produccedilatildeo com intuito de obter

mais fontes de renda Poreacutem alegam que a maior renda por aacuterea plantada vem da

produccedilatildeo de fumo

A produccedilatildeo de eucaliptos (figura 9) tambeacutem eacute bastante comum nas

propriedades pois eacute fonte de energia para a secagem das folhas do fumo Nas

estufas tradicionais o uso de lenha eacute muito maior que nas estufas eleacutetricas

90

FIGURA 9 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE SOJA E FUMO

Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2016)

A figura 9 exemplifica uma propriedade de fumicultor que produz a soja para

venda e eucalipto para a secagem do fumo A imagem da esquerda representa a

lavoura de um fumicultor na linha dezembro com produccedilatildeo de soja e ao fundo

notam-se plantaccedilotildees de eucaliptos para usar na secagem das folhas de fumo Na

imagem da direita tambeacutem pode ser vista a lavoura de fumo e ao fundo plantaccedilotildees

de eucaliptos

A erva-mate tambeacutem serve como fonte de renda dos fumicultores sendo que

em aacutereas de faxinal7 os peacutes de erva-mate formam mantidos e outros espaccedilos

usados para o cultivo de soja ou feijatildeo como demonstrado na figura 10 Em algumas

propriedades a erva-mate natildeo eacute nativa e foi plantada nos uacuteltimos anos em escalas

maiores devido agrave rentabilidade

7Por faxinal entende-se as terras tradicionalmente ocupadas para o uso comum de pastagens e florestas no Paranaacute que designam situaccedilotildees em que a produccedilatildeo familiar de acordo com suas possibilidades combina apropriaccedilatildeo privada e coletiva dos recursos naturais (HAURESKO C 2012)

91

FIGURA 10 - PROPRIEDADE DIVERSIFICADA COM A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO SOJA E ERVA-MATE

Fonte Vilczak A Pesquisa de campo (2015)

Aleacutem da produccedilatildeo com pretensatildeo de venda nas propriedades visitadas

tambeacutem nota-se a presenccedila da produccedilatildeo para autoconsumo da famiacutelia Essas

alegam que produzem certos produtos para diminuir os gastos com mercado e por

produzirem de acordo com suas preferecircncias alimentares Apenas 6 dos

entrevistados natildeo produzem nada para autoconsumo alegando que comprar sai

mais barato que produzir

TABELA 20 - PRODUCcedilAtildeO DE ALIMENTOS E CRIACcedilAtildeO DE ANIMAIS PARA O AUTOCONSUMO DA PROPRIEDADE

Produccedilatildeo para autoconsumo

Nuacutemero de famiacutelias Percentual ()

Horta 08 13 Horta criaccedilatildeo de galinhas e

porcos 16 27

Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos feijatildeo e milho

07 12

Horta criaccedilatildeo de galinhas e porcos e criaccedilatildeo gado (corte

e leite) feijatildeo e milho

25 42

Nenhuma produccedilatildeo para auto consumo

04 6

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

Sobre a produccedilatildeo de feijatildeo para autoconsumo alguns produtores

mencionam que produzem separadamente o feijatildeo para a venda do feijatildeo para

92

consumo da famiacutelia afirmando que no feijatildeo para venda satildeo aplicados dessecantes

para acelerar o periacuteodo de colheita e no feijatildeo que eacute para o consumo natildeo utilizam

essa praacutetica Esse fato natildeo eacute raro no municiacutepio acontecendo tanto nas pequenas

propriedades como nas grandes Isso demonstra que os agricultores familiares estatildeo

interessados no lucro de sua produccedilatildeo e natildeo tecircm muita preocupaccedilatildeo com as

praacuteticas que os ambientalistas e produtores orgacircnicos qualificam como sustentaacuteveis

Dessa forma eacute desnecessaacuteria a visatildeo dualista ente pequenos e grandes produtores

agriacutecolas concordando entatildeo com Diniz Filho (2011) quando escreve o texto

intitulado Agricultura familiar e meio ambiente o perigo da simplificaccedilatildeo ideoloacutegica

mencionando que organizaccedilotildees como CNBB e MST buscam toda sorte de

argumentos para contrapor o agronegoacutecio agrave agricultura camponesa afirmando que o

agronegoacutecio destroacutei a natureza por estar preocupado com lucros ao passo que os

agricultores familiares tenderiam a usar praacuteticas agriacutecolas sustentaacuteveis porque

buscam somente reproduzir seu modo de vida

A produccedilatildeo de animais como vacas de leite boi para engorda criaccedilatildeo de

porcos e galinhas tambeacutem eacute comum entre os produtores de fumo como mostra a

figura 11

FIGURA 11 - CRIACcedilAtildeO DE GALINHAS E PLANTACcedilAtildeO DE REPOLHO PARA AUTOCONSUMO DA FAMIacuteLIA

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

93

Portanto conforme afirma Ternoski (2013) a renda agriacutecola dos

estabelecimentos familiares eacute composta da venda de produtos agropecuaacuterios e de

autoconsumo O autoconsumo eacute a quantidade que a famiacutelia consome em produtos

que produz no estabelecimento podendo ser de origem animal ou vegetal como

tambeacutem da transformaccedilatildeo caseira ou seja esses produtos complementam a renda

dos agricultores pelo fato de natildeo precisarem ser comparados pois se destinados ao

mercado podem gerar receita

Acesso a tecnologias e ao creacutedito agriacutecola

TABELA 21ndashPRESENCcedilA DE ESTUFA ELEacuteTRICA PARA SECAGEM DO FUMO NOS ESTABELECIMENTOS FAMILIARES

Nordm de famiacutelias Percentual () Possui uma estufa eleacutetrica 54 90

Natildeo possui estufa eleacutetrica 6 10

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

A Grande maioria dos fumicultores (90) possui em sua propriedade a estufa

eleacutetrica Essas famiacutelias afirmam que quando mudaram da estufa tradicional para a

eleacutetrica os trabalhos com matildeo de obra diminuiacuteram bastante pois para secar o fumo

na estufa eleacutetrica natildeo eacute necessaacuterio amarrar as folhas de fumo como demonstra a

figura 12 Jaacute nas estufas tradicionais em que a secagem natildeo eacute eleacutetrica a

quantidade de matildeo de obra exigida eacute bem maior como demonstrado na figura 13

As famiacutelias que natildeo possuem estufa eleacutetrica mencionam que natildeo pretendem

produzir por muito tempo o fumo desse modo natildeo seria viaacutevel adaptar ao sistema

eleacutetrico Nas propriedades onde a produccedilatildeo eacute maior de 70000 peacutes existem duas

estufas (figura 14)

94

FIGURA 12 - FOLHAS DE FUMO NAS ESTUFAS COM SISTEMA DE SECAGEM ELEacuteTRICO ndash LINHA DEZEMBRO

Fonte Vilczak A Trabalho de campo (2016)

FIGURA 13 - SISTEMA DE COSTURA DO FUMO USADO NAS ESTUFAS TRADICIONAIS

95

Fonte KUTZMY A Trabalho de campo (2015)

FIGURA14 - MODELOS DE ESTUFAS PARA SECAGEM DO FUMO Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)

TABELA 22ndash BENS DE CAPITAL ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO

Bens adquiridos Nordm de famiacutelias Percentual ()

Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e terras no espaccedilo rural

20 33

Casa carro moto trator implementos agriacutecolas e

terreno na cidade

6 10

Casa carro e terra 4 7

Carro casa trator e implementos agriacutecolas

26 43

Somente carro e casa 4 7

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

A partir dos dados acima pode-se notar que todos os entrevistados

conseguiram adquirir bens de capital considerados de grande importacircncia como

terrenos trator implementos agriacutecolas casa lotes no periacutemetro urbano entre outros

bens de menor importacircncia como eletrodomeacutesticos aleacutem dos reparos feitos na

96

propriedade que natildeo foram contabilizados pela pesquisa apesar de mencionados

pelos entrevistados As figuras 15 e 16 satildeo de algumas propriedades de produtores

de fumo entrevistados propriedades essas com casas de alvenaria galpatildeo e carro

Desse modo concorda-se com a tese de doutoramento de Manuel Antonio

Nunguiacutea Payas intitulada Empresaacuterio familial rural a integraccedilatildeo agrave agroinduacutestria de

fumo e diferenciaccedilatildeo em que o autor faz um estudo sobre a produccedilatildeo de fumo no

municiacutepio de Rio AzulPR mencionando que os fumicultores integrados estudados

por ele tiveram um aumento no patrimocircnio e que esses natildeo estatildeo inseridos na

produccedilatildeo somente para satisfaccedilatildeo das necessidades de sobrevivecircncia familiar mas

sim agindo no mercado como empresaacuterios investindo o seu capital nas atividades

com expectativa de maiores lucros e menores riscos ou seja analisando o custo de

oportunidade de cada cultura Nesse sentido para o autor o produtor familiar

integrado eacute um empresaacuterio que apresenta como principal caracteriacutestica a matildeo de

obra e propriedade familiares

FIGURA 15 - CASAS FEITAS COM A RENDA DO FUMO ndash LINHA MARCONDE E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)

97

FIGURA 16 - BENS ADQUIRIDOS COM A RENDA DO FUMO ndash COMUNIDADE DE LINHA MARCONDES E LINHA BARRA VERMELHA Fonte VILCZAK A Trabalho de campo (2015)

A produccedilatildeo de fumo apesar de ser considerada pelos proacuteprios fumicultores

como uma atividade que exige muita matildeo de obra representou melhoria na

qualidade de vida deles pois grande parte das famiacutelias entrevistadas conseguiu

adquirir bens materiais como terras lotes no periacutemetro urbano casa carro trator

entre outros de menor valor bens esses dificilmente adquiridos somente com

atividades agriacutecolas tradicionais como milho feijatildeo e outros A explicaccedilatildeo para que

esses agricultores familiares escolham primeiramente a produccedilatildeo de fumo e natildeo a

produccedilatildeo de alguma cultura tradicional desenvolvida com grande representatividade

no municiacutepio desde a segunda metade do seacuteculo XIX estaacute no custo de

oportunidade dessa cultura Os fumicultores avaliam primeiramente os ganhos

econocircmicos que essa cultura proporciona em relaccedilatildeo agrave quantidade de terras

disponiacutevel em suas propriedades eou por meio de arrendamento

Outro fato que exemplifica a melhoria da qualidade de vida dos fumicultores

pode ser observado no proacuteprio municiacutepio A regiatildeo Norte de Prudentoacutepolis eacute

caracterizada pela produccedilatildeo de culturas tradicionais sendo que na grande maioria

das vezes essas lavouras satildeo realizadas manualmente devido agrave topografia muito

acentuada 8 Essa regiatildeo eacute considerada como menos desenvolvida que a regiatildeo

central e Sul devido agrave baixa produtividade por unidades familiares

Isso natildeo significa que se esteja afirmando aqui que a soluccedilatildeo econocircmica para

os produtores familiares da regiatildeo Norte do municiacutepio de Prudentoacutepolis seria a

8Atividades agriacutecolas consideradas muitas vezes mais penosas que a proacutepria produccedilatildeo de fumo pois esses agricultores carregam sacas de feijatildeo e de espigas de milho nas proacuteprias costas em terrenos muito iacutengremes aleacutem do plantio e dos tratos culturais realizados manualmente ou com traccedilatildeo animal

98

opccedilatildeo pelo cultivo do fumo Apenas constata-se que a inserccedilatildeo dos pequenos

produtores nos mercados e culturas mais seguras economicamente lhes proporciona

uma melhora econocircmica ao passo que tambeacutem o uso de aparatos tecnoloacutegicos

contribui para o aumento da produtividade e consequentemente ganhos monetaacuterios

maiores

Concorda-se com Schultz (1965) quando defende que a eficiecircncia e a

maximizaccedilatildeo do lucro satildeo partes de um sistema econocircmico eficiente e racional

Esse autor considera que todos os agricultores capitalizados ou de subsistecircncia

analisam a relaccedilatildeo entre a entrada de insumos e os resultados econocircmicos da

mesma maneira que os empresaacuterios modernos sendo o produtor um maximizador

de lucros em busca da eficiecircncia econocircmica

Nesse sentido a modernizaccedilatildeo da agricultura e a expansatildeo dos mercados

contribuiacuteram para de um lado expropriar algumas unidades de produccedilatildeo familiar e

de outro transformar agricultores familiares em empresaacuterios rurais com dependecircncia

tecnoloacutegica e financeira do mercado neste caso prevalecendo agrave racionalizaccedilatildeo

econocircmica e o objetivo principal da unidade de produccedilatildeo passando a ser a inserccedilatildeo

no mercado e a ampliaccedilatildeo dos lucros

TABELA 23 - ACESSO AO PRONAF (CUSTEIO EOU INVESTIMENTO)

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

Utiliza Frequentemente essa linha de creacutedito

36 60

Utilizou algumas vezes mas natildeo utiliza mais

5 8

Nunca utilizou esse tipo de creacutedito

19 32

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

A grande maioria dos produtores entrevistados (60) utiliza a linha de creacutedito do

PRONAF tanto o custeio agriacutecola como tambeacutem o PRONAF investimento O

PRONAF custeio estaacute ligado agrave produccedilatildeo de gratildeos (soja milho feijatildeo) e o PRONAF

investimento estaacute voltado para a compra de trator implementos agriacutecolas

99

(plantadeiras carretas pulverizadores) e tambeacutem para investimentos com a

produccedilatildeo leiteira (ordenhadeiras e resfriadores)

Os fumicultores que aderiram ao PRONAF mencionam que o creacutedito agriacutecola

possibilitou a compra de trator e a carreta para o transporte do fumo da lavoura para

a estufa preparo do solo aplicaccedilatildeo de agrotoacutexicos etc aquisiccedilatildeo essa impossiacutevel

com pagamento agrave vista A figura 17 mostra tratores e carretas adquiridos por um

fumicultor morador da Linha Dezembroe por um da Comunidade de Linha Antocircnio

Olinto atraveacutes do PRONAF e conforme relata o fumicultor da Comunidade de Linha

Dezembro

Para noacutes o PRONAF eacute bom que financiamos o trator e outros maquinaacuterios [] antes tinha que trazer o fumo com carroccedila e cavalos agraves vezes os bichos ficavam doente na safra agraves vezes morriam [] agora com o trator e a carreta daacute pra trazer mais fumo da roccedila [] para noacutes deu uma grande diferenccedila (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)

FIGURA 17 - TRATORES E CARRETAS ADQUIRIDOS POR MEIO DO PRONAF

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

O fumicultor da Linha Dezembro relata que adquiriu o trator no ano de 2011

dando como entrada R$ 10000 teve carecircncia de pagamento por dois anos (2012 e

2013) e o restante do valor seraacute quitado entre 2014 e 2019 com parcelas anuais

entre R$ 9000 e R$ 8000 O mesmo comenta que com o dinheiro do fumo

consegue pagar as parcelas nas datas certas para o banco

Os agricultores que possuem trator fazem trabalhos terceirizados para

aqueles que natildeo possuem obtendo assim uma renda extra durante o ano O

fumicultor da Linha Dezembro afirma tambeacutem que a linha de creacutedito do PRONAF

100

trouxe melhora nas condiccedilotildees de trabalho e financeiras pois aumentaram a

produccedilatildeo e a produtividade

Aqueles que mencionaram terem usado a linha de creacutedito do PRONAF mas

que atualmente natildeo usam mais satildeo aqueles que jaacute compraram os implementos

agriacutecolas de que necessitavam e que compram os insumos para o plantio com

pagamento agrave vista ou a prazo na cooperativa agriacutecola mista de Prudentoacutepolis

(CAMP)

Os que nunca usaram as linhas de creacutedito do PRONAF satildeo fumicultores que

tambeacutem compram com pagamento agrave vista ou a prazo por meio da CAMP para pagar

com a produccedilatildeo Jaacute os que possuem trator compram agrave vista ou de vizinhos e

parentes pagando em prestaccedilotildees anuais sem relaccedilatildeo com bancos Esses alegam

ter receio de natildeo conseguir quitar o financiamento e por isso natildeo aderem ao

PRONAF

Outra forma de transportar o fumo da lavoura para a estufa eacute atraveacutes de

caminhonetes e tambeacutem atraveacutes de carroccedilas como mostra as fotos da figura 18

FIGURA 18 - MODOS DE TRANSPORTAR O FUMO DA LAVOURA PARA A ESTUFA

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

101

TABELA 24 - CONTRATACcedilAtildeO DE MAtildeO DE OBRA NA PRODUCcedilAtildeO DE FUMO

Matildeo de obra empregada na atividade fumageira

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

Somente matildeo de obra familiar

4 7

Contrataccedilatildeo de matildeo de obra em todo o periacuteodo da safra

0 0

Contrataccedilatildeo de matildeo de obra somente para a colheita

18 30

Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras em todo o periacuteodo da safra

8 13

Troca de ldquodiasrdquo (parceria) entre as famiacutelias fumicultoras

somente para a colheita

30 50

Total 60 100

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Nota-se que 63 das famiacutelias usam o sistema de trocas de dias para a

produccedilatildeo de fumo poreacutem 50 desses fazem parcerias somente nos dias de

colheita os quais variam entre um dia e meio a dois dias Essa parceria eacute feita para

natildeo contratar matildeo de obra poreacutem esses fumicultores tecircm um controle da quantidade

dos dias trocados entre eles e no final da safra aquele que estiver devendo horas

trabalhadas acerta em dinheiro conforme o valor da diaacuteria paga para colheita a qual

estaacute em torno de 100 a 120 reais

O tempo de secagem das folhas de fumo na estufa varia entre cinco e seis

dias Apoacutes secas essas folhas precisam ficar mais um dia dentro da estufa para

esfriar ou seja o periacuteodo entre o dia da colheita e o dia de tirar as folhas de fumo da

estufa varia de oito a dez dias e a quantidade meacutedia de colheitas por safra eacute entre

seis e oito

Nesse sentido os meses de novembro dezembro janeiro e parte de fevereiro

satildeo de trabalho intenso motivo pelo qual muitos dos entrevistados afirmam que a

desvantagem de produzir o fumo estaacute relacionada ao trabalho intenso nesses

meses

As famiacutelias com mais de quatro membros com idade suficiente (18 anos) para

estarem envolvidos na produccedilatildeo de fumo alegam que conseguem vencer

tranquilamente os trabalhos somente com a matildeo de obra familiar e que raramente

102

contratam matildeo de obra para a colheita (figura 19) Nessa perspectiva trabalham

intensamente nos dois dias de colheita e no restante dos dias (quando o fumo estaacute

secando) se dedicam a outras atividades da propriedade

FIGURA 19 - FAMIacuteLIAS TRABALHANDO NAS LAVOURAS DE FUMO

Fonte VILCZAK A Pesquisa de campo (2015)

Tipos de famiacutelias Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Famiacutelia com apenas um

membro aposentado 10 17

Famiacutelia com dois membros aposentados

8 13

Famiacutelia com membro que recebe bolsa famiacutelia

5 8

Famiacutelia sem nenhum membro que recebe repasse social

37 62

Total 60 100 QUADRO 16 - PRESENCcedilA DE REPASSES SOCIAIS (BOLSA FAMIacuteLIA E APOSENTADORIA) NAS FAMIacuteLIAS ENTREVISTADAS

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Os dados mostram que 62 das famiacutelias entrevistadas natildeo se beneficiam de

repasses sociais jaacute 17 das famiacutelias satildeo compostas por um membro que recebe

aposentadoria e 13 delas com dois membros aposentados Esses aposentados

natildeo satildeo os responsaacuteveis pela produccedilatildeo de fumo da famiacutelia poreacutem muitos alegam

que ajudam em tarefas consideradas por eles leves como a classificaccedilatildeo das folhas

do fumo jaacute que eacute realizada em ambientes protegidos das intempeacuteries e sentados

Uma parcela de 8 se beneficia do bolsa famiacutelia poreacutem alegam que esse valor

mesmo ajudando nas necessidades dos filhos natildeo eacute a maior parte da renda familiar

103

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos 0 0 Sempre tem problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina ( doenccedila da folha verde) (

acircnsia vocircmitos e mal estar)

25

42

Jaacute teve problemas com a intoxicaccedilatildeo por nicotina

(doenccedila da folha verde) ( acircnsia vocircmitos e mal-estar)

16

27

Nunca teve problemas de sauacutede relacionados agrave

produccedilatildeo de fumo

19

31

Total 60 100 QUADRO 17 - SAUacuteDE E PRODUCcedilAtildeO DE FUMO DOS MEMBROS DA FAMIacuteLIA ENTREVISTADAS

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Ao perguntar sobre intoxicaccedilatildeo dos fumicultores por agrotoacutexicos nenhuma

famiacutelia alegou ter acontecido esse fato com os membros da famiacutelia Afirmam que a

quantidade de agrotoacutexico que passam no fumo eacute menor que na soja milho e feijatildeo e

que quando vatildeo manusear agrotoacutexicos fazem o uso dos equipamentos de proteccedilatildeo

individual jaacute que diferente de outras culturas mecanizaacuteveis a pulverizaccedilatildeo do

agrotoacutexico no fumo eacute totalmente manual

Uma parcela expressiva de 69 alega que pelo menos um dos membros da

famiacutelia tem ou jaacute teve intoxicaccedilatildeo por nicotina ao realizar a colheita de fumo esses

que se apresentam de formas distintas de um indiviacuteduo para outro como acircnsia

vocircmitos mal-estar e insocircnia

Uma porcentagem menor composta por 31 das famiacutelias entrevistadas

dizem que nunca nenhum dos membros teve sintomas diferenciados apoacutes o contato

com a folha de fumo

TABELA 25 - DESVANTAGENS DE PRODUZIR FUMO

Desvantagens da produccedilatildeo de fumo

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual ()

Exige muito trabalho 18 30 Exige muito trabalho e causa

problemas de sauacutede 27 45

Falta de matildeo de obra para contratar

8 13

Natildeo vecirc desvantagens em produzir fumo

7 12

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo ( 2015)

104

Dos entrevistados 30 afirmam que a principal desvantagem eacute a

intensificaccedilatildeo do trabalho principalmente nos dias de colheita e aplicaccedilatildeo de

agrotoacutexicos os quais satildeo feitos manualmente Jaacute 45 deles afirmam que a

produccedilatildeo de fumo aleacutem de exigir muito trabalho tambeacutem traz problemas de sauacutede

normalmente aqueles que satildeo mais sensiacuteveis quando em contato com a nicotina

presente nas folhas do fumo (doenccedila da folha verde)

Outra variaacutevel que 13 dos entrevistados consideram desvantagem eacute a

questatildeo da matildeo de obra visto alegarem que principalmente para aquelas famiacutelias

que satildeo compostas de trecircs a quatro membros e que normalmente produzem uma

quantidade maior que a famiacutelia consiga dar conta tecircm muita dificuldade de encontrar

pessoas disponiacuteveis para contratar tendo assim que aumentar as jornadas de

trabalho ou diminuir a produccedilatildeo

Por fim uma parcela de 12 afirma que natildeo haacute qualquer desvantagem em

produzir fumo justificando que independentemente da atividade a ser realizada

deve-se trabalhar Dentre os entrevistados quatro famiacutelias afirmam que preferem

produzir fumo porque natildeo trabalham nos finais de semana e o trabalho natildeo dura o

ano todo como ocorre na produccedilatildeo leiteira que exige o empenho diaacuterio Para esses

a produccedilatildeo de fumo permite uma flexibilizaccedilatildeo do trabalho bem maior que a

produccedilatildeo de leite Nesse sentido pode-se concluir que cada famiacutelia tem preferecircncias

distintas na escolha da atividade que vai ser desenvolvida na propriedade

TABELA 26 - CONDICcedilAtildeO DAS FAMIacuteLIAS EM RELACcedilAtildeO Agrave LEITURA DE CONTRATOS

Nuacutemero de Famiacutelias Percentual () Sempre lecirc 6 10 Agraves vezes 18 30

Jaacute leu mas natildeo lecirc mais 6 10 Nunca leu 30 50

Total 60 100 Fonte Pesquisa de campo (2015)

Dentre as famiacutelias entrevistadas nota-se que a metade delas nunca leu o

contrato emitido pela Souza Cruz justificando natildeo ter interesse na leitura ou por

saber do conteuacutedo do contrato por meio de vizinhos ou do instrutor teacutecnico

105

Agraves vezes quando a gente pede o instrutor lecirc direito pra gente pois natildeo tenho muito estudo e demora de mais pra ler tudo (Fumicultor da comunidade de Linha Antocircnio Olinto) Natildeo leio porque jaacute sei o que estaacute escrito todo ano eacute igual (Fumicultor da comunidade de Linha Visconde de Guarapuava) Natildeo leio a gente confia na firma (Fumicultor da comunidade de Linha Marcondes) Leio todo o contrato mas depois que assino e que instrutor vai embora (Fumicultor da comunidade de Linha Dezembro)

A baixa escolaridade juntamente com poucos haacutebitos de leitura satildeo os

principais fatores que geram contratos assinados sem preacutevias leituras

Expectativas das famiacutelias em permanecer na atividade fumageira

Pretensotildees Nordm de famiacutelias Percentual ()

Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo por tempo

indeterminado

35 58

Pretende permanecer na produccedilatildeo de fumo poreacutem

diminuir a produccedilatildeo

18 30

Pretende parar completamente com a produccedilatildeo de fumo em

pequeno prazo de tempo (1 a 3 anos)

7 12

Total 60 100

QUADRO 18 - EXPECTATIVAS DAS FAMIacuteLIAS EM PERMANECER NA ATIVIDADE FUMAGEIRA

Fonte Pesquisa de campo (2015)

Conforme demonstrado na tabela acima 58 das famiacutelias pretendem

permanecer com a produccedilatildeo de fumo por tempo indeterminado Jaacute 30 delas

pretendem continuar poreacutem diminuir o volume produzido Essas 30 das famiacutelias

mencionam que querem diminuir a produccedilatildeo pela falta de matildeo de obra uma vez que

os filhos estatildeo com intenccedilatildeo de sair de casa por motivos distintos como estudar

trabalhar em outro ramo etc

Outros 7 do total dos entrevistos tecircm a intenccedilatildeo de parar de produzir fumo

nos proacuteximos trecircs anos afirmando que vatildeo migrar para setores mais competitivos

106

como a soja e o leite Outros afirmam que querem parar porque jaacute estatildeo

aposentados e os filhos pretendem trabalhar em outras atividades de modo que a

famiacutelia tende a ficar pequena demais para essa cultura

Com relaccedilatildeo agrave venda da produccedilatildeo de fumo todos os entrevistados afirmam

que vendem a produccedilatildeo para a empresa integrada poreacutem os quilos produzidos

excedentes ao contrato firmado agraves vezes satildeo vendidos para atravessadores ou ateacute

mesmo para outras empresas Os fumicultores mencionaram que no geral tecircm

uma relaccedilatildeo tranquila com a empresa poreacutem existem safras em que o preccedilo do

quilo do fumo do ponto de vista deles deveria ser maior Esse fato eacute entendido pelo

paradigma da agricultura camponesa como conflito entre a territorialidade

corporativa Souza Cruz e a territorialidade dos fumicultores pelo fato de agricultor

natildeo ter autonomia de decisatildeo do preccedilo pago por quilo do fumo existindo entatildeo certo

conflito muitas vezes ldquosilenciosordquo entre essas territorialidades

Todavia o paradigma da agricultura familiar por natildeo estar baseado em

teorias anticapitalistas explica os processos de formaccedilatildeo de preccedilos a partir de

pressupostos teoacutericos diferentes Numa economia de mercado o vendedor jamais

possui autonomia plena para decidir o preccedilo do seu produto pois satildeo os

compradores que avaliam de acordo com seus objetivos e necessidades quanto

estatildeo dispostos a pagar por um bem ou serviccedilo Mas ao mesmo tempo os

compradores tambeacutem natildeo possuem autonomia para decidir o preccedilo de um produto

ao seu bel prazer pois se o vendedor natildeo considerar a venda vantajosa deixaraacute de

produzir ou de revender o produto em questatildeo para se dedicar a outra atividade

econocircmica mais rentaacutevel No caso em pauta a Souza Cruz eacute obrigada a pagar um

preccedilo que supere o custo de oportunidade para os agricultores familiares de

produzir leite feijatildeo soja ou qualquer outro produto sob pena de a empresa perder

seus fornecedores

Nesse sentido vale recordar as informaccedilotildees apresentadas na Tabela 15 visto que

20 dos entrevistados afirmam ter escolhido produzir fumo devido agrave renda que essa

cultura oferece e tambeacutem agrave garantia de venda b) 58 responderam que essa

escolha se deu em funccedilatildeo da renda da venda garantida e tambeacutem da pouca

disponibilidade de terras em suas propriedades c) 10 citaram apenas a pouca

disponibilidade de terras como motivo para plantar fumo d) 12 afirmaram que essa

opccedilatildeo se daacute apenas pela falta de outras opccedilotildees

107

Outro fator que regula o valor pago por quilo de fumo como jaacute demonstrado no

trabalho estaacute relacionado a oferta e demanda do produto pelo mercado A safra de

20152016 eacute um exemplo na qual devido ao baixo estoque de fumo nos armazeacutens

das empresas e pela procura desse produto por parte dos consumidores o valores

pagos por quilo de fumo aumentaram fato esse notado tambeacutem em outros produtos

do setor do agronegoacutecio

Isso indica que o paradigma da agricultura familiar eacute o que se mostra coerente com

os dados da pesquisa de campo pois fica claro que os produtores familiares optam

pelo fumo em funccedilatildeo de um caacutelculo dos custos de oportunidade que considera os

fatores rentabilidade garantia de renda e disponibilidade de terra de sorte que os

preccedilos praticados pela Souza Cruz tecircm um patamar miacutenimo definido pela avaliaccedilatildeo

que os agricultores fazem desses custos E essa conclusatildeo eacute reforccedilada quando se

relembram as informaccedilotildees da Tabela 19 posto que apenas 33 dos entrevistados

se dedicam exclusivamente ao fumo enquanto os demais produzem e

comercializam tambeacutem outros tipos de produtos tais como leite soja e feijatildeo

Mais uma vez verifica-se que cada famiacutelia tem projetos distintos os quais

estatildeo intrinsecamente relacionados agrave estrutura familiar agrave disponibilidade de terras e

outros fatores gerando estrateacutegias diferenciadas para se reproduzir no campo

havendo desde aqueles produtores que vecircm na atividade fumageira o seu futuro ateacute

aqueles que pretendem migrar o mais raacutepido possiacutevel para outra atividade Nesse

sentido vemos que essas famiacutelias buscam ser competitivas nas atividades que

realizam se dedicando agravequelas que julgam mais rentaacuteveis eou combinando duas ou

mais culturas para obter mais vantagens

108

V - CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O desenvolvimento desta pesquisa baseada no estudo de caso de uma

amostragem de produtores de fumo do municiacutepio de Prudentoacutepolis contratados pela

empresa Souza Cruz permitiu demonstrar que os agricultores familiares

entrevistados buscam atraveacutes de suas condiccedilotildees de produtor se inserir em setores

que permitem maximizar seus lucros Portanto a realizaccedilatildeo desta pesquisa eacute

pertinente pelo fato de mostrar que os fumicultores estatildeo inseridos na produccedilatildeo de

commoditie atraveacutes de uma cadeia produtiva competitiva

Dessa forma a caracterizaccedilatildeo dos fumicultores a partir dos grupos A B C e

D se justifica por apresentarem dados oficiais e sistematizados o que contribui para

natildeo generalizar os resultados somente a partir da amostragem dos fumicultores

entrevistados nos trabalhos de campo Demonstrando que no municiacutepio de

Prudentoacutepolis a maior parte dos fumicultores se aproxima daqueles agricultores

familiares do tipo A e B Ou seja aqueles capitalizados e em processo de

capitalizaccedilatildeo indicando que a cultura de fumo estaacute dentre aquelas que geram uma

taxa de pobreza menor no meio rural Essa constataccedilatildeo tambeacutem eacute notada a partir

das entrevistas de campo conforme demonstrado na Tabela 22 posto que todos os

entrevistados conseguiram com a renda do fumo adquirir bens de capital como casa

carro trator terra de cultivo lote no periacutemetro urbano aleacutem daqueles bens de capital

como os eletrodomeacutesticos

Com isso a visatildeo dualista entre agricultura familiar e agronegoacutecio natildeo eacute

compreendida com adequada nesse trabalho pelo fato de existirem muitas formas

de agricultores familiares que se aproximam ao padratildeo do agronegoacutecio como por

exemplo os fumicultores que estatildeo no grupo A e B Desse modo compreende-se

que os fumicultores entrevistados da mesma forma que a agricultura patronal

buscam atraveacutes da modernizaccedilatildeo e do uso de insumos agriacutecolas (agrotoacutexicos e

fertilizantes) meios para permanecerem integrados e competitivos no mercado

Os fumicultores estatildeo inseridos ao complexo agroindustrial fumageiro e por

conseguinte estatildeo prosperando economicamente concordando-se entatildeo com os

pressupostos teoacutericos voltados ao paradigma da agricultura familiar e com autores

como Valente (2008) Diniz (2011) e Navarro (2014) que natildeo costumam fazer uma

109

oposiccedilatildeo radical entre agricultura familiar e agronegoacutecio ao ponto de existir

conflitualidades de interesses entre ambos Ou seja conflito entre a territorialidade

coorporativa da induacutestria fumageira e a territorialidade da agricultura familiar

camponesa

Desse modo a pesquisa tambeacutem natildeo tem por objetivo afirmar que no Brasil

natildeo existam sistemas de produccedilatildeo camponesa poreacutem os dados de campo mostram

que no caso em estudo 67 dos entrevistados natildeo produzem somente fumo e que

esses estatildeo inseridos em outras cadeias produtivas como leite feijatildeo soja e milho

ou seja os fumicultores tem mais opccedilotildees poreacutem acham interessante continuar com o

fumo Esses dados natildeo satildeo diferentes do restante do Brasil natildeo generalizando

somente a partir dos entrevistados

Apesar das oscilaccedilotildees no volume produzido como tambeacutem em relaccedilatildeo ao

mercado do fumo no Brasil e consequentemente no municiacutepio de Prudentoacutepolis

conforme exposto nos capiacutetulos II e III nota-se que essa cultura proporcionou a

ascensatildeo econocircmica desses agricultores familiares sendo que muitos desses

pequenos capitalistas como jaacute mencionado conseguiram adquiri terras para entatildeo

competir nos setores de gratildeos como a soja e o milho que a competitividade eacute

melhor para grandes proprietaacuterios querendo assim dar esse salto e ao mesmo

tempo trabalhando com a diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo com intuito de deixar a renda

da propriedade menos vulneraacutevel A partir desses fatos e de acordo com os

resultados dos dados de campo eacute coerente dizer que o direcionamento dos

agricultores entrevistados para o cultivo de culturas que tem maior rentabilidade

proporcionou melhoras nas condiccedilotildees econocircmicas da famiacutelia pois somente com a

lavoura tradicional e pequena criaccedilatildeo de animais natildeo seria possiacutevel conquistar bens

de capital

Nesse sentido Navarro (2014) aponta que o preccedilo dos alimentos consumidos

pelos brasileiros em termos de reais diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas devido a inserccedilatildeo

dos pacotes tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo agriacutecola que proporcionaram o aumento

da produtividade e a consequente queda do preccedilo final contribuindo para a

facilidade de acesso desses produtos por parte da populaccedilatildeo jaacute em contra partida o

custo para uma pessoa manter seu haacutebito de fumar aumentou Ou seja os

agricultores que permaneceram ou inseriram-se na produccedilatildeo de fumo tiveram um

aumento na sua rentabilidade

110

Dessa forma eacute certo que os agricultores familiares entrevistados da mesma

forma que os agricultores patronais buscam aumentar seus rendimentos uma vez

que os dados de campo mostram que uma porccedilatildeo dos fumicultores tem pretensotildees

de mudar de atividades caso outra gere mais renda Ou seja agem no mercado

como pequenos capitalistas Poreacutem esses agricultores ainda natildeo migram totalmente

para outras atividades por ser esta uma das poucas cadeias produtivas compatiacuteveis

com as suas condiccedilotildees de produtor Tambeacutem muitos produtores podem encontrar

dificuldades em migrar para outras culturas que exigem maiores recursos

(SCHOENHALS et al 2009) necessitando assim de linhas de creacuteditos agriacutecolas

direcionados para esses agricultores

Os autores como Fernandes (2008) e Roos (2015) que trabalham na

perspectiva do paradigma da agricultura camponesa afirmam haver conflitualidade

entre os camponeses e as agroinduacutestrias que trabalham no sistema de produccedilatildeo

integrada como eacute o caso da agroinduacutestria fumageira afirmando existir uma sujeiccedilatildeo

da renda dos camponeses uma vez que os agricultores camponeses natildeo possuem

autonomia com relaccedilatildeo ao modo de produzir o produto como tambeacutem na hora de

fixar o preccedilo final da safra Poreacutem natildeo eacute levado em consideraccedilatildeo que o preccedilo do

quilo do fumo pago ao produtor contratado estaacute intrinsecamente relacionado a oferta

e demanda do produto por parte do mercado o que expressa adequadamente o

valor marginal pago muitas vezes aos fumicultores visto que a empresa tambeacutem

deve colocar a sua margem de lucro conforme a demanda do produto

Outra questatildeo voltada ao paradigma camponecircs eacute em relaccedilatildeo agrave

industrializaccedilatildeo da agricultura e apontada por Fernandes (2013) como um processo

que resulta no desenvolvimento desigual e contraditoacuterio no campo que deixa as

unidades camponesas de produccedilatildeo se tornar mais vulneraacuteveis ao capital Poreacutem os

dados da Tabela 23 mostram que 68 dos entrevistados usam ou jaacute utilizaram

alguma linha de creacutedito agriacutecola para o investimento em maquinaacuterios agriacutecolas

afirmando que conseguem tem uma produtividade maior e que conseguem pagar as

prestaccedilotildees desses maquinaacuterios tranquilamente

Sabendo que Ploeg (2009) afirma que o camponecircs eacute caracterizado por lutar

por sua autonomia uma vez que conforme apontado pro Thomaz Juacutenior (2008) a

loacutegica do capital impotildee que o agricultor esteja preso a gestatildeo de uma empresa e natildeo

111

mais de sua famiacutelia natildeo se completa para essa pesquisa uma vez que a explicaccedilatildeo

para a empresa estabelecer os seus moldes de produccedilatildeo se baseia na demanda do

produto pelo mercado instituindo assim para os seus contratados os tipos de fumos

com maiores demandas o que justifica a empresa impor o tipo de variedade de fumo

que quer comprar como tambeacutem os tratos culturais necessaacuterios para se chegar ao

produto desejado

Contraditoacuterio ao que foi exposto por Paulino e Almeida (2010) quando

mencionam que o campesinato deve ser considerado como uma contradiccedilatildeo e natildeo

como uma articulaccedilatildeo de modelos de produccedilatildeo capitalista os resultados da

pesquisa mostraram que a articulaccedilatildeo com os modelos de produccedilatildeo capitalistas

proporcionaram a permanecircncia de agricultores familiares no espaccedilo rural uma vez

que os aparatos tecnoloacutegicos da modernizaccedilatildeo que eacute bastante disseminada entre

agricultores familiares induziram o aumento da rentabilidade diminuindo assim as

taxas de pobreza Aleacutem disso nota-se que o fumicultores sendo pequenos

capitalistas natildeo buscam somente a reproduccedilatildeo do modo de vida mas sim agem no

mercado investindo em setores mais rentaacuteveis adequado para a sua condiccedilatildeo de

produtor com pretensatildeo de torna-se um agricultor ainda mais competitivo

Mais uma vez defende-se que a inserccedilatildeo dos agricultores familiares aos

mercados capitalistas natildeo deve ser entendido a partir de um dualismo estando de

um lado o agronegoacutecio e de outro o camponecircs como jaacute ressaltado por Schneider

(2006) que tanto um quanto outro grupo estaacute interessado em um mesmo processo

que eacute o da produccedilatildeo e o do consumo Nesse sentido eacute importante se trabalhar com

a heterogeneidade da agricultura familiar para assim se pensar como esses

agricultores podem se inserir nas formas capitalistas de produccedilatildeo

Portanto a presente pesquisa embasada nos dados de campo mostra que a

cultura de fumo ateacute entatildeo eacute a principal orientaccedilatildeo financeira dos agricultores

familiares entrevistados seguidas de outras estrateacutegias de reproduccedilatildeo como o

cultivo da soja produccedilatildeo de leite feijatildeo milho Demonstrando dessa forma que os

mesmos buscam maximizar seus lucros e diversificar sua produccedilatildeo para diminuir a

vulnerabilidade econocircmica da propriedade Contudo pode afirmar atraveacutes do

paradigma da agricultura familiar que os fumicultores considerados como pequenos

capitalistas se reproduzem no mercado sob pressatildeo das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e

112

da concorrecircncia e buscam ser competitivos natildeo havendo incompatibilidade ou

conflitos dos agricultores familiares para com o capital

113

REFEREcircNCIAS

ABRAMOVAY R Paradigmas do capitalismo agraacuterio em questatildeo Satildeo Paulo Hucitec 1992 275 p Agricultura familiar e uso do solo Satildeo Paulo em Perspectiva Satildeo Paulo v 11 n 2 p 73-78 1997 Eacute necessaacuterio cobrar resultados se assentamentos pesquisador defende loacutegica empreendedora para os assentamentos O Estado de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 21 dez 2003 Nacional p 7 Entrevista AHRENS D C LLANILO R F MILLEO R D S Possibilidades de diversificaccedilatildeo do cultivo de fumo convencional por sistema de produccedilatildeo de base agroecoloacutegica no Centro-Sul do Paranaacute Brasil IAPAR ndash Instituto Agronocircmico do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwiaparbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1177 Acesso em 17042015 ALLIANCE ONE EXPORTADORA DE TABACOS Corporate Profile Disponiacutevel em lthttpwwwaointlcomaugt Acesso em 27082015 ALTAFIN I Reflexotildees sobre o conceito de agricultura familiar Brasiacutelia 2005 18 p Disponiacutevel em lthttpmstemdadosorgsitesdefaultfilesReflexC3B5es20sobre20o2 0conceito20de20agricultura20familiar20-20Iara20Altafin20- 202007_0pdfgt Acesso em 200220015 ANJOS F S Agricultura familiar pluriatividade e desenvolvimento rural no sul do Brasil EGUFPEL Pelotas RS 2003 ANTONELI V THOMAZ EL Relaccedilatildeo entre o cultivo de fumo (nicotina tabacum) e a produccedilatildeo de sedimento na Bacia do Arroio Boa Vista Guamiranga ndash PR Associaccedilatildeo de geografia teoreacutetica ndash Ageteo V 35 nordm 2 maiago 2010 AGRICULTURA Fact-sheets OMC ndash Organizaccedilatildeo comum de mercado Reforma do sector do tabaco 1997 Disponiacutevel em lthttpeceuropaeuagriculturepublifacttobaccoindex_pthtmgt Acesso em 05062014 ANUAacuteRIO BRASILEIRO DO TABACO 2014Editora Gazeta Santa Cruz Santa Cruz do Sul 2014 AFUBRA - ASSOCIACcedilAtildeO DOS FUMICULTORES DO BRASIL Cadeia produtiva do tabaco2015 Disponiacutevel em ltlthttpwwwafubracombrindexphpconteudoshowid71gt Acesso em 10122014

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115 BRASIL Lei 11326 de 24 de Julho de 2006 Estabelece as diretrizes para a formulaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais Diaacuterio Oficial da Uniatildeo dia 25072006 BRAGA LC A territorializaccedilatildeo da produccedilatildeo leiteira e fumageira na linha Itaiacuteba Marmeleiro-Pr Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Geografia) Universidade Estadual do Oeste do Paranaacute Francisco Beltratildeo 2010 BRUM Argemiro Desenvolvimento econocircmico brasileiro Rio de Janeiro Vozes 1998 19ed 571p CAZELLA Ademir Antonio MATTEI Lauro SCHNEIDER Sergio Histoacuterico caracterizaccedilatildeo e dinacircmica recente do PRONAF ndash Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar 2004 Disponiacutevel em lt httpwwwsoberorgbrpalestra1206O365pdfgt Acesso em 27 de outubro de 2015 CTA- Continental Tobaccos Alliance SA Institucional 2015 CORREcircA R L Corporaccedilotildees Praacuteticas Espaciais e Gestatildeo do territoacuterio Revista Brasileira de Geografia Rio de Janeiro 54 (3) 115-151 Julset 1992 DERALSEAB Fumo Anaacutelise da conjuntura agropecuaacuteria Out 2012 DERALSEAB Fumo Anaacutelise da conjuntura agropecuaacuteria Nov 2013 DINIZ FILHHO L L Agricultura e mercado no Brasil Revendo as visotildees da geografia sobre os condicionantes da produccedilatildeo agriacutecola do capitalismo RArsquoE GA Curitiba p 24-158 2011 DUARTE R Pesquisa qualitativa Reflexotildees sobre o trabalho de campo Departamento de Educaccedilatildeo da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro Marccedilo de 2002 ELESBAtildeO Ivo O espaccedilo rural brasileiro em transformaccedilatildeo Revista Finisterra Satildeo Paulo pp 47-65 2007 EMATER Promoccedilatildeo da Agricultura Familiar Sustentaacutevel na regiatildeo Centro Sul do Paranaacute Chamada Puacuteblica SAFATER n 2014 Lote 34 FAJARDO S Territorialidades corporativas no rural paranaense Guarapuava Unicentro 2008 FELIacuteCIO M J Os camponeses os agricultores familiares Paradigmas em Questatildeo Geografia V 15 n1 JanJun 2006 - Universidade Estadual de Londrina Departamento de Geociecircncias FAOINCRA Novo retrato da agricultura familiar O Brasil redescoberto Brasilia UTFBRA 036 1994

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117

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1

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2

ANEXOS

1ordm Trabalho de Campo Conhecimento da aacuterea de estudo e visita a 10 propriedades que produzem fumo haacute mais de 10 anos Data do campo mecircs de Julho e Agosto de 2014

1) Qual foi o ano em que iniciou as atividades na produccedilatildeo de fumo

2) Qual eacute o motivo que trabalha na produccedilatildeo do fumo

3) A matildeo de obra na atividade fumageira eacute muito desgastante

4) Sua propriedade eacute diversificada Quais as culturas que produz na

propriedade aleacutem do fumo

5) Qual eacute a maior renda da propriedade

6) Como eacute feita a classificaccedilatildeo das folhas de fumo destinadas a venda

2ordm Trabalho de campo Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio Aplicado ao orientador teacutecnico da Souza Cruz o qual representa a Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis Orientador teacutecnico Tarciacutesio Kraiczek Data da entrevista 13072015

1 Quantos orientadores teacutecnicos a empresa possui no municiacutepio de

Prudentoacutepolis

2 Haacute quantos anos vocecirc trabalha na assistecircncia teacutecnica para os

fumicultores associados da Souza Cruz no municiacutepio de Prudentoacutepolis

3 Quantos associados a empresa Souza Cruz teve na safra de 2014

4 Quais satildeo as empresas fumageiras concorrentes da Souza Cruz no

municiacutepio Qual a relaccedilatildeo entre essas empresas

5 A empresa Souza Cruz tem alguma unidade de recebimento do fumo no

municiacutepio de Prudentoacutepolis para a produccedilatildeo ficar armazenada antes de

ser enviado para uma usina de Processamento de fumo

3

6 Para qual das trecircs usinas de processamento o fumo produzido no

municiacutepio eacute envido

7 A empresa tem uma cota miacutenima e maacutexima de peacutes de fumo por

produtor

8 Qual eacute a meacutedia de peacutes de fumo uma pessoa consegue produzir por

safra

9 No seu ponto de vista como orientador teacutecnico como se daacute a relaccedilatildeo

entre a empresa Souza Cruz e os fumicultores do municiacutepio

10 Qual a relaccedilatildeo da empresa para com os projetos de diversificaccedilatildeo da propriedade

3ordm Trabalho de Campo Entrevista de campo para obtenccedilatildeo de dados socioeconocircmicos dos produtores

de fumo da empresa Souza Cruz do municiacutepio de Prudentoacutepolis - PR

Data do campo Novembro e Dezembro de 2015 1- Caracterizaccedilatildeo da famiacutelia

Membros Idade Gecircnero Escolaridade (escola puacuteblica ou privada)

Fumicultor Eacute fumante

Motivos do ecircxodo

1 2 3 4 5 6 7 8

2- Haacute quantos anos trabalha na atividade fumageira

3- Qual o motivo pela opccedilatildeo de produzir fumo

4- Pretende permanecer na atividade fumageira Quais motivos Por qual

atividade substituiria a produccedilatildeo de fumo

4

5- Possui estufa eleacutetrica de secagem do fumo

6- Quais bens capitais vocecirc conseguiu adquirir com a renda oriunda da

produccedilatildeo de fumo

7- Possui na propriedade

( ) Trator ( ) Carro ( ) moto ( ) telefone ( ) internet

8- Posse da terra e quantidade de alqueires

( ) Proacutepria ____ ( ) Arrendada e Parceiro _____

( ) Arrendada ____ ( ) Proacutepria e Arrendada _____

( ) Proacutepria e Parceiro ____

9- Se for proacutepria como adquiriu essas terras

10- Satildeo plantados por ano quantos peacutes de fumo Quantidade de aacuterea

utilizada

11- Faz contrataccedilatildeo de matildeo de obra para a produccedilatildeo de fumo

( ) Sim ( ) Natildeo

12- Se existe a contrataccedilatildeo de matildeo de obra em que periacuteodo da safra

acontece

( ) Todo o periacuteodo da safra ( ) Tratos culturais ( ) Plantio ( )

Classificaccedilatildeo ( ) Colheita

13- Vocecirc lecirc o contrato da sua produccedilatildeo com a empresa Souza Cruz

Justifique

14- Aleacutem da produccedilatildeo de fumo quais outras atividades agropecuaacuterias satildeo

realizadas na propriedade para garantir a renda da famiacutelia

Para comercializaccedilatildeo Para consumo na propriedade

5

15- De qual atividade realizada na propriedade vem a maior renda

16- Como eacute a sua relaccedilatildeo com a empresa descreva o seu ponto de vista

17- Vende toda a produccedilatildeo para a empresa associada

18- No seu ponto de vista quais satildeo as vantagens e desvantagens de produzir

fumo

19- Em relaccedilatildeo agrave sauacutede e produccedilatildeo de fumo houve casos na famiacutelia de

A) Intoxicaccedilatildeo por agrotoacutexicos

B) Intoxicaccedilatildeo por nicotina (doenccedila da folha verde)

C) Problemas ortopeacutedicos

D) Transtornos mentais (depressatildeo ansiedade esquizofrenia etc)

E) Outros __________________________________________

20- Haacute incentivos governamentais para o desenvolvimento de outras atividades

e o consequente abandono do ramo fumageiro Se sim quais e por que natildeo

houve migraccedilatildeo para outra atividade

21- A partir do momento em que vocecirc comeccedilou a produzir o fumo acha que

suas condiccedilotildees financeiras melhoraram

22- Participa do PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar)

23- Na famiacutelia tem algum membro que recebe algum tipo de repasses de

programas sociais Se sim quais

24- Vocecirc tem conhecimento de algum projeto de diversificaccedilatildeo de

propriedades que estaacute sendo realizado por oacutergatildeos puacuteblicos no municiacutepio

  • AGRADECIMENTOS
  • Palavras chave Agricultura Familiar Fumicultura Abordagens Paradigmaacuteticas
  • Keywords Family farming Tobacco Farming Paradigmatic Approaches
  • LISTA DE SIGLAS
  • SUMAacuteRIO
  • INTRODUCcedilAtildeO
  • CAPIacuteTULO I ndash OS PARADIGMAS DA AGRICULTURA CAMPONESA E DA AGRICULTURA FAMILIAR NAS INTERPRETACcedilOtildeES TEOacuteRICAS
  • 11 ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA CAMPONESA
  • ABORDAGENS LIGADAS AO PARADIGMA DA AGRICULTURA FAMILIAR
  • CONCEITO DE TERRITOacuteRIO E TERRITORIALIDADE DERIVADOS DESSAS ABORDAGENS
  • CAPIacuteTULO II ndash OS AGRICULTORES FAMILIARES E A PRODUCcedilAtildeO DO FUMO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
  • 21 RECONSTRUCcedilAtildeO HISTOacuteRICA DA PRODUCcedilAtildeO DO FUMO E SUA INSERCcedilAtildeO EM ESCALA COMERCIAL NO BRASIL
  • 22 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUCcedilAtildeO DE FUMO NO BRASIL
  • CAPITULO III - FORMACcedilAtildeO DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO
  • 31 - FORMACcedilOtildeES DO TERRITOacuteRIO DE PRUDENTOacutePOLIS E A AGRICULTURA FAMILIAR
  • 32 - CARACTERIZACcedilOtildeES DOS PRODUTORES RURAIS FAMILIARES DE PRUDENTOacutePOLIS
  • CAPIacuteTULO IV ndash ESTUDO DE CASO CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIacutePIO DE PRUDENTOacutePOLISPR CONTRATADOS PELA EMPRESA SOUZA CRUZ COMO FORNECEDORES DE FUMO
  • 41 CARACTERIZACcedilAtildeO SOCIOECONOcircMICA DOS FUMICULTORES
  • REFEREcircNCIAS
  • ABRAMOVAY R Paradigmas do capitalismo agraacuterio em questatildeo Satildeo
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