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MAGAZINE QUEDA DE PRODUTIVIDADE Diagnóstico de expedição de pesquisa aponta quebra de safra no sul do Oeste baiano e forte crescimento das lavouras de milho de alta tecnologia BAHIA FARM SHOW AMPLIA ÁREA E PROJETA MAIOR VOLUME DE NEGÓCIOS VANIR KÖLLN: HOMEM URBANO NÃO ENTENDE VALOR DO TRABALHO NO CAMPO PORTARIA DO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE DIVIDE OPINIÕES SOBRE MONITORAMENTO DE MUNICÍPIOS OUZA EDITORA EDIÇÃO 02 OESTE DA BAHIA ABR/2012 R$ 9,99 REVISTA RALLY DA SAFRA

Agro Magazine ed_02

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A força da produção do campo em um espaço fértil de ideias

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MAGAZINE

QUEDADE PRODUTIVIDADEDiagnóstico de expedição de pesquisa aponta quebra de safra no sul do Oeste baiano e forte crescimento das lavouras de milho de alta tecnologia

BAHIA FARM SHOW AMPLIA ÁREA E PROJETAMAIOR VOLUME DE NEGÓCIOS

VANIR KÖLLN: HOMEM URBANO NÃO ENTENDE VALOR DO TRABALHO NO CAMPO

PORTARIA DO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE DIVIDE OPINIÕES SOBRE MONITORAMENTO DE MUNICÍPIOS

O U Z AE D I T O R A

EDIÇÃO 02OESTE DA BAHIAABR/2012 R$ 9,99

R E V I S T A

RALLY DA SAFRA

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ABR/2012 MAGAZINE 3

HORACERTATudo tem sua hora certa para acontecer,

diz o ditado. Oito meses depois do lançamento da edição piloto da revista Agro Magazine, é com satisfação que

retomamos o projeto, fortalecidos e sabedores da sua importância para o desenvolvimento econômico de todo Oeste baiano. Nesta reto-mada, a Agro virá como um suplemento da r.A que em seu segundo ano no mercado já conquistou seu espaço e se tornou uma das publicações mais lidas do interior do estado.

A Agro, no entanto, aposta na pujança e no caráter empreendedor dos produtores rurais que desbravaram e descobriram aqui um vasto celeiro de oportunidades. Pessoas como o pre-sidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Luís Eduardo Magalhães, Vanir Kölln, entrevis-tado desta edição. Um defensor da categoria e exemplo para todos.

Em tempo, e aproveitando o debate sobre a aprovação do novo Código Florestal brasileiro, trazemos uma reportagem especial sobre a Portaria do Ministério do Meio Ambiente que lista oito municípios da região como prioritários no monitoramento e controle do desmatamento legal. Nosso objetivo é, tão somente, contribuir para o esclarecimento da importância do traba-lho desenvolvido nas lavouras, sem fazer juízo de valor. Somos aliados do homem do campo, do pequeno, médio e grande. A Agro voltou na hora certa, e para fi car.

Até o Bahia Farm Show 2012. Boa leitura!

EDITORIAL

6 Coluna Helmuth KieckhöferAbate clandestino (parte 1)

8 Entrevista Vanir Kölln

12 Feira Bahia Farm Show ampla área

14 Meio ambiente Portaria dividide produtores e ambientalistas

17 Soja Resistência a pragas

10EXPEDIÇÃO E PESQUISARally da Safra faz diagnóstico da produtividade de soja e mulho na região

Editor/Diretor de redação: Cícero Félix (DRT-PB 2725/99)(77) 9131.2243 e 9906.4554 [email protected]

Comercial: Ana Paula (77) 9191.9400 / Anton Roos (77) 9971.7341 (Luís Eduardo Magalhães) Rosa Tunes (77) 9804.6408 / 9161.3797 (Santa Maria da Vitória Bom Jesus da Lapa) Anne Stella (77) 9123.3307 (Barreiras)

Revisão: Eunícia Almeida

Impressão: Coronário Editora e Gráfi ca

Tiragem: 4 mil exemplares

MAGAZINE

Ouza Editora Ltda.Av. Clériston Andrade, 1.111 - Sala 16Centro - Barreiras (BA

O U Z AE D I T O R A

Envie sua SUGESTÃO de reportagem para [email protected] e [email protected]

CAPA: DIVULGAÇÃO MCPRESS

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4 MAGAZINE ABR/2012

Olmiro Flores é o empresário do ano em Luís EduardoO prêmio “Destaques do Ano” da Associação Comercial e Empresarial de Luís Eduardo Magalhães (Acelem) coroou o trabalho desenvolvido pelo empresário Olmiro Flores, mais conhecido como Chico, a frente da Agrosul Máquinas Ltda, no ano de 2011. Ele foi agraciado com o título de “Empresário do ano” no município. Chico administra a Agrosul há 21 anos, quan-do a empresa ainda era uma revenda de insumos e sementes. Em 1995 participou do processo que levou a parceria com a John Deere. Atenta às mudanças do mercado, em 2001, a empresa iniciou a construção de sua nova sede. Seis anos depois a Agrosul inaugurou um ponto de apoio no distrito de Roda Velha, município de São Desidério e ano passado, no ano que completou 20 anos, inaugurou uma moderna loja para atender aos produtores daquela localidade.

SIM de Barreiras inaugura pequenas agroindústriasTrês pequenas agroindústrias cadastradas no Sistema de Inspeção Municipal (SIM) de Barreiras foram inauguradas recentemente. No dia 24 de março, a Casa do Leite e o Cremosinho da Lú, ambos na zona rural da cidade e no dia 30 de março, o Frigorífico Goes, próximo ao Cerradão. A criação do SIM possibilita os produtores sairem da clandestinidade respeitando as condições adequadas de higiene e segurança sanitária. Para saber mais, basta visitar a Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Abasteci-mento no Parque de Exposição Engenheiro Geraldo Rocha.

O casal Cecília e Chico Flores durante festa “Destaques do Ano” da Acelem

AGRONOTAS

Embargo à carnebrasileira próximo do fimApós reunião com a ministra russa da Agricultura, YelenaSkrynnik, o ministro Mendes Ribeiro Filho disse que o embargo da Russia à carne brasileira “está chegando ao fim”. Imposta em junho do ano passado, a restrição atrapalha negócios de produtores do Rio Grande do Sul.No dia 02 de abril, em Buenos Aires, técnicos brasileiros e russos se reuniram no sentido de aprofundar a avaliação dos frigoríficos brasileiros. A reunião na Argentina deve-se a agenda do chefe do serviço sanitário russo, Sergey Dankvert. “A Rússia contesta algu-mas questões que estão sendo vencidas a cada encontro. Ninguém pode dizer que o ministério pecou por omissão”, disse o ministro brasileiro.

IBGE aponta quedano abate de bovinosRecente pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta para um recuo no abate de bovinos no país em 2011. A queda foi de 1,6%. Os preços elevados dos cortes no mercado doméstico levaram à substituição de parte do consumo de carne bovina por carnes de suínos e aves, influen-ciando a queda dos abates. Paralelamente, a crise na Europa continuou prejudicando as exportações. Em contrapartida, em 2011 houve um aumento no abate de frangos, que chegou a 5,3 bilhões de animais (5,6% mais que em 2010) e de suínos (34,9 milhões de cabeças, acréscimo de 7,2%), além de maiores aquisições de leite (21,8 bilhões de litros, salto de 3,9%) e de ovos (2,7 bilhões de dúzias, incremento de 4,3%).

A comitiva da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) que entre os dias 22 e 28 de março esteve na Turquia participando de uma missão comercial no país europeu, visitou no dia 26, três indústrias têxteis do país. O grupo esteve nas instalações da ISKUR, da KIPAS e da ENSAR, líderes do mercado daquela região. Na opor-tunidade, os participantes puderam estreitar os laços e ouvir dos compradores as dificul-dades que eles têm em adquirir o produto brasileiro. “Saímos daqui com a promessa de que eles devem aumentar o consumo da nossa fibra”, revelou o presidente da Abrapa, Sérgio De Marco.A Abrapa aproveitou a passagem pela Turquia e ofereceu um jantar a 25 convidados de

diferentes fiações. Durante o evento, os industriais turcos puderam assistir a um vídeo institucional sobre a Associação dos Produtores Brasileiros e o processo de produção de algodão no país. Ao longo do ano de 2011, a Turquia foi o 4º maior comprador de algodão do Brasil. Foram 62.013 mil toneladas exportadas para os turcos no ano passado. Neste ano eles já compraram 2.381 toneladas de fibra. Também foram apresentadas as iniciativas sociais e ambientais da ABRAPA.A Asso-ciação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) foi representada pela presidente Isabel da Cunha e pelo vice-presidente da Abrapa e Diretor-Secretário da Abapa, João Carlos Jacobsen.

ABRAPA VISITA TURQUIA E ESTREITA LAÇOS COMERCIAIS

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O algodão colorido é uma tecnologia desenvolvida pela Embrapa Algodão de Campina Grande, na Paraíba, que vem trabalhando com esse produto há mais

de duas décadas. É um produto de grande apelo mercadológico na linha dos ambientalmente corretos, pois dispensa a fase de tinturaria dos tecidos e fios, que pelo grande consumo de água e tinta, torna-se agressiva ao meio ambien-te. Esse produto é trabalhado desde a sua base primária, mediante produção por encomenda e de preço justo, ou seja, a empresa interessada na produção, estabelece contrato de produção junto a agricultores familiares de associações de produtores, com garantia e compra, alem de aju-dar com insumos e acompanhamento técnico.

A partir dessa parceria, os agricultores condu-zem os plantios com acompanhamento técnico, colhem o algodão, processam a produção via descaroçamento na mini usina de 50 ou 20 ser-ras, que também, é uma tecnologia da Embrapa Algodão. Depois dessa fase, comercializam a pluma com a empresa contratante de preço justo, sendo que parte do caroço ou sementes resultantes do descaroçamento, é guardado como banco de sementes para o uso na safra

PESQUISAS

por WALTEMILTON CARTAXOseguinte e a outra parte, é vendido ou utilizado como complemento de ração para os rebanhos dos agricultores. Após a compra da pluma, as empresas produzem o fio, a malha ou tecido, transformando-os em roupas e acessórios diversos, para comercialização com o mercado local e algumas demandas internacionais, onde o produto também vem conquistando espaços importantes. Após dez anos de investimento já pode ser comprado em países como Alemanha, Itália e Austrália.

A condição singular de ser colorido natural-mente, confere ao produto a oportunidade de maior preço em relação ao algodão convencional de cor branca, aspecto muito importante para despertar o interesse dos agricultores familiares, principalmente para os agricultores familiares das áreas de assentamentos da reforma agrária, que estejam albergados em associações ou co-

operativas, e que tem no algodão colorido uma grande oportunidade de emprego e renda anual.

As cultivares desenvolvidas pela Embrapa São cinco os cultivares desenvolvidos pela Em-brapa Algodão: BRS 200 Marrom, BRS Safira, BRS Rubi, BRS Verde e BRS Topázio. As pesquisas continuam e em breve mais duas cultivares chegarão ao mercado, desta feita com cores na tonalidade lilás, para permitir um mix de cores diversificadas para a industria do vestuário, ampliando as oportunidades de negócios.

A produção do algodão colorido à campo, enfrenta os mesmos perigos das pragas que atacam o algodoeiro branco convencional, em especial o bicudo , no entanto, a Embrapa Algo-dão e os parceiros envolvidos no processo de produção no campo, tem atuado na divulgação, validação e adoção de medidas de controle cultural, como unificação da época de plantio, erradicação das plantas no fim da colheita e catação e destruição dos botões florais atacadas pelo bicudo. Esse conjunto de medidas vem permitindo a obtenção de produção de algodão orgânico, com produtividades que chegam a 1500 quilos de algodão em caroço por hectares, sem uso de adubos ou pesticidas químicos.

Em dezembro de 2011, foi criado o Comitê gestor do apl do algodão colorido da Paraíba, com o objetivo de promover e propor ajustes para a organização geral da cadeia produtiva. O comitê conta com a participação de vários instituições publicas, empresas integrantes do negócio, e atua através de reuniões regulares dos grupos de trabalho específicos, que vem permitindo avanços importantes para a profis-sionalização da cadeia produtiva, desde a base primária até o processo de fiação, produção da malha, tecido e aberturasde novos mercados.

As exigências de produção sustentável do algodão colorido no semiárido do Nordeste, ocorre de forma semelhantes a do algodão branco, exigindo chuvas com variação de 700 a 1200mm por safra, solos equilibrados com média a alta fertilidade. O algodão colorido, apresenta ampla aptidão para o cultivo no Cerrado, com necessidade de se estabelecer um suprimento nutricional das plantas, e assim permitir uma melhor produtividade.

Na safra 2012, a cadeia produtiva do algodão da colorido da Paraíba, esta trabalhando uma área de 200 hectares cultivados, para uma de-manda aproximada de 70 toneladas de pluma, a demanda pode ser considerada pequena, no entanto há diversas oportunidade de cresci-mento.

Algodão colorido: alternativa de renda para agricultura familiar

&EMBRAPA ALGODÃO

Além do algodão com tonalidade marrom, a Embrapa Algodão trabalha em duas novas cultivares, uma delas na cor lilás

Waltemilton Cartaxo é analista da Embrapa Algodão em Campina Grande (PB)

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PRODUÇÃO E CONSUMO

6 MAGAZINE ABR/2012

Abate clandestino: egundo o Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE), o Brasil registrou em 2010 um rebanho bovino de 209,5 milhões de cabeças, representando um aumento de 2,1% no rebanho nacional em relação ao ano de 2009. Em 2011, atingiu uma produção de 9,36 milhões de toneladas equivalente em carcaças, o que torna o Brasil o maior exportador de carne bovina, com uma participação de 20,7% do mercado mundial e segundo maior rebanho do mundo, perdendo apenas para a Índia.

No cenário brasileiro, a Bahia aparece com um rebanho bovino de 10,49 milhões de cabeças, o que coloca o Estado em 9º lugar no ranking brasileiro. Esta liderança já ocorre a décadas na Região Nordeste. Desde 30 de maio de 2001, o Estado é reconhecido pela Organização Internacional de Epizootias (OIE), como “Zona Livre de Febre Aftosa”. Em 28 de dezembro de 2010, O ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) reconheceu mais 18 municípios do Brasil como livres de febre aftosa, retirando 8 municípios baianos e 7 tocantinenses, que faziam parte da zona tam-pão, os quais fi cam na divisa com maranhão, Piauí e Pernambuco.

Confrontando com esta posição de destaque, está o abate clandestino de bovinos, ovinos, caprinos, suínos e aves. Esta prática é um retro-cesso histórico, comum no período colonial, em que criações locais eram abatidas em fazendas próximas aos povoados e centros consumidores. Mercadores faziam a compra direta no local de abate e transportavam as carnes frescas ou salgadas até as feiras. Este cenário pode ser retratado com exatidão em muitos municípios do interior da Bahia, onde as carroças e o lombo de burros cederam lugar para o transporte de veículos motorizados e as folhas de bananeira e buriti foram substituídas pelas lonas pretas para enrolar a carne e derivados do abate.

Onde e como é feito?O abate clandestino é realizado em currais

ou calçadas de abate, sala ou salões de abate e

também em matadouros municipais. Como esta prática é um crime contra a saúde pública e prevê penas de prisão e multa, o local de abate muda constantemente. É muito comum ocorrer em pastos, debaixo de árvores, margens de rios ou córregos e margens de estradas. Esta prática também tem relação direta com o roubo de gado. É muito comum conduzir o animal por uma corda até o pasto e sangrá-lo até a morte, proporcionando cenas chocantes dignas de um fi lme de terror. Neste local não existe balança, água potável e condições mínimas de higiene. Não há o aproveitamento das tripas e rúmen (buchos). O sangue e conteúdo gastrointestinal são jogados a céu aberto em pastos ou córregos próximos. Um bovino adulto pode gerar mais de 95 kg de rejeitos sólidos que são lançados no meio ambiente. É comum encontrar crianças trabalhando neste local, ajudando na limpeza do couro e na rotina do abate, com o intuito de ganhar a cabeça ou vísceras. Em algumas situações, o abate clandestino é realizado em galpões precários, onde o volume de abate é tão grande que explora mão de obra local (fateiros) na limpeza de tripas, buchos e mocotó para comércio nas feiras livres. O local é insalubre, quente e úmido e não dispõem de equipamen-tos de segurança. O contato constante com as mãos desprotegidas nas fezes, tripas e vísceras de animais doentes, contamina estas pessoas com agentes infecciosos da salmonelose, tuber-culose, brucelose, toxoplasmose e outras zoo-noses. Também é comum verifi car a presença de cães e gatos neste local, que são alimentados com os rejeitos do abate. A presença de urubus assim como moscas já faz parte do cotidiano e denunciam o local clandestino. Ovos de moscas varejeiras são raspados ou lavados antes da car-ne chegar até as feiras livres. O que surpreende é que o local não é tão clandestino, pois sempre fi ca próximo dos centros urbanos e a população local telefona para saber os dias de abate e já encomenda o seu pedaço de carne. Portanto é um local de conhecimento público, sem difi cul-dades de ser encontrado.

Helmuth Kieckhöfer é médico veterinário e doutor pela Universidade de Hannover (Alemanha)

uma prática do Brasil colonial

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por HELMUTH KIECKHÖFER

PARTE 1

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ABR/2012 MAGAZINE 7

Que animais são abatidos e quais as condições de saúde em que se encontram?

São abatidos bovinos, ovinos, caprinos, suínos e aves domésticas. Em 90 % dos casos, são comercializados animais de descarte que não possuem um valor atrativo de mercado ou seriam condenados pelo Serviço de Inspeção Federal em frigoríficos oficiais. São animais velhos, fraturados e rejeitados pela precariedade física e condição corporal. É muito comum que animais doentes, após semanas de tratamento sem sucesso, com antibióticos e antiinflamatórios (vacas de leite), são conduzidos ao abate clandestino e a carne destinada para o consumo humano. Existem casos extremos, onde os animais já estão mortos ou agonizando por razões desconhe-cidas, como picada de cobra, intoxicação por ervas daninhas ou intoxicação alimentar. Tudo é aproveitado para a produção de mocotó, carne de sol, charque ou linguiças. Mesmo quan-do os animais apresentam abscessos ou tumores, a carcaça não é desprezada, pois afinal de contas, é um mercado que tem objetivos financeiros e todos esperam obter lucros.

Quais são os riscos para a saúde pública?Zoonoses são doenças transmissíveis ao homem através

do contato ou consumo de carne não inspecionada. Estas doenças são provocadas por agentes infecciosos como vírus, bactérias, fungos, rickettsias e parasitas.

Uma vez que carnes procedentes de abates clandestinos não passam por inspeção sanitária, podem contaminar e desencadear várias doenças no ser humano, como a cisti-cercose, toxoplasmose, brucelose, tuberculose, salmonelose e outras zoonoses. Estas doenças, além dos problemas que acarretam na qualidade de vida do indivíduo, incapacitando as pessoas ao mercado de trabalho, também sobrecarregam o Sistema Único de Saúde (SUS), que necessita cada vez mais de recursos para os tratamentos dos doentes de forma direta e indiretamente.

São vários os problemas desencadeados pelo consumo de carne clandestina. Um deles, recorrentes em municípios brasileiros sem saneamento básico, é o complexo teníase-cis-

ticercose. As pessoas portadoras de teníase (solitária) eliminam os ovos (proglotes) através das fezes no meio ambiente. Assim outras pessoas são contaminadas ao ingerir estes ovos através de água ou hortaliças contaminadas e assim se mantém o ciclo da parasitose. Após infecção, o homem passa a apre-sentar uma doença conhecida como teníase. No entanto, bovinos, caprinos, ovinos e suínos também são infectados com ovos eliminados nas fezes humanas, através da ingestão de água ou pastos contaminados. As enchentes se encarregam de espalhar ovos da Taenia para as pastagens de várzeas e baixadas. É desta maneira que os animais se contaminam e o cisticerco se instala no organismo do animal. Uma vez no sistema digestivo dos ruminantes e suínos, ocorre a liberação da forma larvária que penetra na mucosa intestinal e entra na circulação sangüínea, levando o parasita até a musculatura esquelética e cardíaca dos animais. Na musculatura, o verme se desenvolve e após 60 dias passa a ser infectante para os humanos. As conseqüências do consumo de carne contamina-da com a presença da forma larvária da Taenia Saginata (carne bovina) e Taenia Solium (carne suína) pode ser a cisticercose ou neurocisticercose. No animal, o cisticerco se desenvolve nos músculos estriados, de preferência nos músculos mas-seter, lingual, cardíaco, bem como no diafragma ou esôfago, vulgarmente conhecida como “pipoca ou canjiquinha”. O homem, ingerindo a carne contaminada, não inspecionada, crua ou mal cozida, se contamina fechando o ciclo evolutivo, passando a carregar a forma larvária da Taenia. Esses parasitas entram na corrente sanguínea humana e depois estacionam em tecidos e órgãos vascularizados formando um cisto, onde se desenvolve a larva. Esse cisto é chamado de cisticerco. A gravidade da doença depende muito da região infestada. Os sintomas mais comuns de pessoas com cisticercose são dores e dificuldade para andar, cegueira e quando o cisticerco está localizado no cérebro, podem apresentar dores de cabeça, convulsões, transtornos mentais e levar a morte.

Esta doença conduz muitos pacientes a hospitais para extirpação de tumores hepáticos ou cerebrais. Alguns morrem no decorrer da cirurgia, uma vez que a mesma é considerada “muito delicada”. Alguns Estados são campeões em cirurgias de tumores cerebrais, provenientes de cisticercos. Estatísticas têm mostrado que bovinos abatidos nos matadouros e frigorí-ficos de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Bahia, já apresentam índices de contaminação preocupantes.

Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Frigoríficos (1997), cerca de 7 a 12% das internações por alterações psíquicas nos centros de saúde pública decorrem da ingestão de carnes contaminadas.

Na realidade, pela falta de informação, muitas pessoas com neurocisticercose são condenadas pela própria família e pela sociedade, uma vez que são tidas como “loucas”. Muitas ingeriram carnes contaminadas por parasitas e, na maioria das vezes, por pertencerem às classes sociais menos favorecidas economicamente e maiores consumidoras de carne clandesti-na, não recebem um diagnóstico conclusivo e um tratamento adequado. CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO

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8 MAGAZINE ABR/2012

A sede do sindicato é fruto da soma de esforços dos produtores rurais do município. É possível traçar um diferencial entre o antes e o depois de sua inauguração?

Sem dúvida. O Sindicato de Luís Eduardo Magalhães tem oito anos de existência e absorve um total de oito municípios. Assumimos a presidência há seis anos e desde então fi zemos muitas modifi cações. O quadro de associa-dos passou de 170 sócios para 504, construímos uma sede própria, fi zemos o Centro Administrativo Regional que tem participação não só de produtores sócios daqui, mas de outros municípios da região. Vamos ter instalado, em breve, o primeiro simulador de Agricultura de Precisão via SENAR do Brasil. O agricultor está vendo a importância de se qualifi car e também qualifi car seus colaboradores, para assim estar certifi cado. Há uma participação maior do produtor, seja o pequeno, médio ou o grande. Hoje eles enxergam de forma muito positiva que há uma necessi-dade de estarem unidos e atuando de forma coletiva para

a reivindicação dos seus direitos e também para terem representação diante do estado da nossa Bahia.

O agronegócio chegou a condição que chegou, em mui-to, pela força do associativismo. Aiba, Abapa, Aprosem, entre outras, confi rmam a importância desse trabalho conjunto?

Eu sou um pouco suspeito para falar porque quando morava no sul fui diretor de uma cooperativa de grãos, então aprendi a ver no associativismo a saída para a reso-lução das demandas do homem do campo. Podemos pe-gar como parâmetro a Europa, o próprio Estados Unidos e América do Norte, que são lugares muito mais integrados do que nós, aqui no Brasil. Para que a gente possa prospe-rar é fundamental o associativismo e o sindicalismo para que todas as demandas sejam discutidas coletivamente de modo que venham a benefi ciar o pequeno, o médio e o grande, enfi m, todos que estão envolvidos no processo. Isso evita ações isoladas, até porque perante os órgãos estaduais e federais, se você agir de forma individualizada você não tem nem vez e nem voz.

por ANTON ROOS

ENTREVISTA

Um ano após sua inauguração em 24 de março de 2011 a sede do Sindicato Rural de Luís Eduardo Maga-lhães capacitou, entre cursos e palestras, mais de 5 mil pessoas. Com oito anos de existência, a entidade prepara a instalação do primeiro simulador de Agricultura de Precisão do país e espera para 2013 a inaugu-ração da sede regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR). Em entrevista exclusiva para a Agro Magazine, o presidente do sindicato há seis anos, Vanir Kölln, exalta a força do associativismo, a impor-tância do produtor rural se aproximar do homem urbano e defende a preservação ambiental

Vanir KöllnPresidente do Sindicato Rural

de Luís Eduardo Mgalhães

SÓ SECRESCECRESCENA COLETIVIDADE

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Falta entendimento da população sobre a importância do trabalho no campo para a vida em sociedade?

Sem dúvida! Não só na nossa região, mas no Brasil como um todo, o homem urbano não consegue entender o valor do tra-balho do homem do campo. É claro que isso é uma profissão, é uma atividade, mas a questão da agricultura, independente de ser pequena, média ou grande é uma questão de soberania nacional, de sobrevivência. Então nós temos de estar mais integrados. Temos muita culpa porque não conseguimos nos unir para mostrar para a sociedade urbana, que é a maior parte, mais 70% da população brasileira, a importância que tem o setor produtivo para o bem comum. Nós temos até professoras esparramadas pelo Brasil que ainda acham que o leite e o óleo de soja são fabricados dentro do mercado, quando na verdade vem da roça. O algodão, a camisa, por mais que tenha uma marca, vem do algodão ou um similar. Mas o cidadão da cidade nem sabe que tem a mão do agricultor por trás disso.

Um tema recorrente para o produtor rural diz respeito as regras trabalhistas e a NR 31. Qual é a maior dificuldade: a rigidez do Ministério do Trabalho ou a indiferença do produ-tor quanto suas obrigações?

A NR 31 é uma norma reguladora que foi feita de forma tripartite pelo Governo, pelo Ministério do Trabalho, pelas Federações dos Trabalhadores dos Empregadores, mas muitas vezes o agricultor não se atenta para ela, que existe uma lei e esta precisa ser cumprida. O agricultor tem culpa quando ele não procura sua associação, seu sindicato pra participar e se in-teirar para andar conforme a lei. Por outro lado, o Ministério faz exigências, por exemplo em relação aos banheiros, que muitas vezes dentro da própria instituição em Brasília é pior que o ba-nheiro de uma fazenda. A adequação tem de vir dos dois lados. O primeiro tem de ser mais doutrinário, e o produtor precisa se profissionalizar mais, procurar sua instituição. Só o sindicato já ofereceu dezenas de cursos sobre a NR 31 e na hora H, muitos proprietários não deixam seu colaborador vir. Isso deixa um espaço vazio aqui. Chamo a atenção para que o agricultura de fato e efetivamente participe mais.

Existe alguma previsão para a finalização e inauguração da sede do SENAR?

Nós esperamos que esse ano seja concluída a obra e dentro de no mais tardar no primeiro semestre do ano que vem seja inaugurada. No meu entendimento está um pouco lento esse processo. Até porque houveram vários problemas em nível nacional, com o Tribunal de Contas da União, já que tudo tem de ser reportado ao tribunal. O excesso de cautela e de cuidado com relação aos projetos fizeram com que esta obra já não estivesse no mínimo com metade da sua construção.

Nas discussões sobre o novo Código Florestal, muito se fala que sua aprovação acarretará em um desmatamento sem precedentes, sempre dando a entender que o produtor rural é o vilão dessa história. O que o senhor pensa a respeito disso?

Com todo respeito que eu tenho quando são vinculadas maté-rias com esse enfoque, mas essas pessoas tem de se informar mais e sobretudo viajar um pouco mais. Se tirar como parâmetro os 15 países que mais produzem no mundo, qualquer jornalista ou ONG vai mudar totalmente de ideia. Eu conheço os 30 países do mundo que mais produzem, e aproveito para lançar um desafio: me digam um país no mundo que tem Código Florestal. Não tem nenhum que tenha Área de Preservação Permanente (APP) e que obrigue o agri-cultor a deixar 20% da sua propriedade para reserva legal. Nenhum lugar do mundo. Na europa, tenho aqui nos meus arquivos, uma lista com 10 rios utilizados até a margem. Na Alemanha, França, Bélgica, ou no Uruguai, ninguém sabe o que é isso. Eu sou a favor da APP e da reserva legal, me sinto muito orgulhoso por nos sermos os únicos agricultores do mundo que fizemos isso. Mas tem de parar com esse exagero. O oeste baiano possui aproximadamente 64% do seu território coberto por vegetação nativa, sendo que a lei nos pede 20%, mais APP. Então, digamos que nós deixássemos 35%, teríamos 30% para abrir ainda, são alguns milhões de hectares. Nós ficaríamos com a melhor ótica ambiental do mundo aqui. Essas pessoas têm de sair de perto do umbigo, ir para outros países, ver um pouco mais antes de emitir críticas. Em Barreiras, 99% do rio quando fica turvo, não é provocado pelo agronegócio, mas sim pelas centenas de chácaras que estão na beira dos rios. Não é culpa do agronegócio. Periquito come o milho e o papagaio leva a fama. Eu sugiro a qualquer pessoa que antes de emitir um parecer, uma crítica, apenas se informe melhor, conheça a realidade de outros países. Porque se realmente o debate do Código Florestal tivesse alguma coisa a ver com aquecimento glo-bal os países que mencionei a pouco estariam preservando margem de rio e seus governos também. É esquisito aqui no Brasil, cidadão formado em outras áreas, teatro, filosofia, jornalismo, contabilidade, começar a emitir parecer como se fosse químico e físico. Até porque é bom lembrar que 70% do globo terrestre é feito de água. O homem por mais que queira não tem condições de alterar o clima do planeta. Isso está provado, até o ano de 2030 o clima ficará mais frio. Nós não podemos nos esquecer que vivemos num clima tropical, então é muita balela e muito papo infundado. Eu desafio quem quer que seja para um debate maior com pós doutadorados na área e quem ache que o homem altera o clima. Quero deixar bem claro, sou a favor da preservação, sugiro que as beiras de rio sejam reflorestadas, agora, não pode se atribuir a culpa ao setor que alimenta, que produz, como se fosse o culpado de tudo e como se fosse o vilão. Falo isso como cidadão e não como produtor.

É possível imaginar a região oeste da Bahia sem a figura do produ-tor rural?

Não! Mas é importante ressaltar que todos são importantes. Não podemos admitir o oeste baiano sem médico, sem policiais, sem o exercito, sem dentista, sem cirurgião, e claro, sem o produtor. É ele quem produz leite. O leite vem de uma vaca, não do supermercado. Nós vivemos verdadeiramente um ninho de formiga, um conjunto, uma colmeia. Um ser humano completa o outro. Nem todos nasce-ram para trabalhar com agricultura, nem todos nasceram pra ser mé-dicos ou contadores. O produtor é fundamental, porque a economia do oeste baiano gira em torno do eixo da agricultura e pecuária, seja ela pequeno, médio ou grande.

Não pode se atribuir a culpa da falta de preservação ao setor que alimenta e produz, como se fosse o culpado de tudo”

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10 MAGAZINE ABR/2012

RESULTADOS E PERSPECTIVAS

& Intenso processo de abertura e licenciamento de novas áreas;& Presença marcante de milho safrinha;& Incidência de pragas e doenças acima do normal.

MARANHÃO, PIAUÍ E TOCANTINS: Forte expansão de milho verão com alta tecnologia

& Seca no sul do oeste baiano compromete safra;& Anel da Soja apresenta lavouras heterogêneas;& Forte crescimento das lavouras de milho de alta tecnologia;& Incidência de pragas acima do normal.

OESTE DA BAHIA: Quebra de safra no sul da região

ÁREA (mi ha) PRODUTIVIDADE (scs/ha) PRODUÇÃO (mi.t) 2010/11 2011/12 2010/11 2011/12 2010/11 2011/12

Bahia 1,1 1,1 56 46 3,5 3,0Piauí 0,4 0,4 50 51 1,1 1,3Maranhão 0,5 0,6 51 52 1,6 1,7Tocantins 0,4 0,4 51 51 1,2 1,3

por ANTON ROOS

PIONEIRO NO PAÍS, O RALLY DA SAFRA CHEGA À SUA 9ª EDIÇÃO É AVALIA AS CONDIÇÕES DAS LAVOURAS DE SOJA E MILHO DO PAÍS. ENTRE OS DIAS 12 E 19 DE MARÇO DUAS EQUIPES PASSARAM PELA REGIÃO DO MAPITOBA (MARANHÃO, PIAUÍ, TOCANTINS E BAHIA)

Importante evento do agronegócio brasileiro o Rally da Safra 2012 passou pelo oeste baiano nos dias 12 e 13 de março. Na noite da terça-feira, no auditório do Hotel Saint Louis, para um público de mais de 200 produtores e representantes das

empresas patrocinadoras, antes de seguir viagem para o Piauí, Ma-ranhão e Tocantins, o coordenador geral do rally, André Pessoa, fez uma breve explanação do que é o evento e mostrou algumas das tendências de mercado da soja e milho este ano.

Embora tenha se tornando uma referência na análise das condi-ções do campo, Pessoa fez questão de ressaltar que o trabalho reali-zado pela equipe de profi ssionais do rally é apenas uma amostra da realidade de cada região visitada. O coordenador compara o recorte feito pela equipe do rally a uma foto. “É importante ressaltar que a gente passa dois ou três dias visitando as lavouras da região, tira uma foto da situação das lavouras, quando na verdade a produção agrícola destas regiões é como se fosse um fi lme”, disse.

A expedição é realizada entre janeiro e março, durante a fase de desenvolvimento das lavouras e colheita. O roteiro é escolhido com o objetivo de percorrer os principais pólos produtores de soja e mi-lho do país. Para adquirir as informações, André conta que a equi-pe utiliza levantamentos qualitativos e quantitativos, que permitem

RALLY DA SAFRA

PESQUISAEXPEDIÇÃO DE

FOTOS: DIVULGAÇÃO MCPRESS

FONTE: WWW.RALLYDASAFRA.COM.BR/2012

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ABR/2012 MAGAZINE 11

por SILVIA TORRESO coordenador geral do rally, André Pessoa, ressalta para parceiros e produtores que o trabalho é apenas uma amostra da realidade de cada região A tão esperada chuva até veio no mês de março,

só que em pouca quantidade. Os produtores rurais do oeste baiano aguardavam chuva para

os três primeiros meses do ano. Mas ela não atingiu o volume esperado.

Mesmo que venha maior precipitação, já não adianta para os plantadores de grãos da região. O pro-dutor de soja Franco Bosa faz os cálculos do prejuízo causado pelo período de estiagem. Ele esperava lucrar mais de 60 sacas por hectare, mas depois de um mês de seca, a expectativa mudou e não é nada anima-dora. Franco acredita que só vai alcançar 30 sacas de produtividade por hectare plantado. “A vagem da soja não teve boa formação, comprometendo o desenvol-vimento dos grãos”, analisou Bosa.

Na área do produtor Marcos Ponga, a soja está sendo colhida. E ele também imagina um prejuízo grande, de até 40%. Ano passado, Ponga conseguiu uma média de 68 sacas por hectare. Este ano, espera colher 45 sacas.

De acordo com o Sindicato dos Produtores Rurais em Luís Eduardo Magalhães, em comparação com a safra passada, a média da perda da produção de soja na região é de 15%.

Segundo o INMET, Instituto Nacional de Meteoro-logia, em janeiro deste ano deveria ter chovido 205 milímetros, mas só foram registrados 110 milímetros. O mês de fevereiro foi pior, a expectativa era de 170 milímetros e só choveu 70. Em março, a chuva veio em maior volume na segunda quinzena, gerando a ideia de que poderia interferir na colheita. Mas logo prevaleceram a luz do sol e o calor intenso. O total de chuva foi de 45 milímetros, enquanto a média costu-ma ser de 150 milímetros.

A área plantada de soja da região na safra 2011/2012 foi de 1.1500.000 hectares e a produção estimada era de 3.657.000 toneladas (dados AIBA). Na safra passada, foram plantados 1.100.000 hectares e a produção foi de 3.696.000 toneladas. Os produtores apostavam em uma produtividade semelhante à última safra, 56 sacas por hectare. Mas o tempo não colaborou. Os produtores acreditam que só vão se recuperar do prejuízo daqui a três safras.

Estiagem causa prejuízopara produtores de grãos

um contato direto com produtores e lideranças regionais, possibilitando uma avaliação consistente das lavouras e das realidades regionais que impactam a cadeia de soja e milho em cada região.

Durante a avaliação quantitativa das lavouras, diretamente no campo, amostras de soja e milho foram coletadas e aplicadas uma metodologia de contagem, pesagem e medição de umidade dos grãos com o objetivo de determinar a produtividade das lavouras. Testes de identificação de transgenia (GMO) e medição de cobertura de solo também foram reali-zados. Através da avaliação qualitativa, e em encontros com produtores, foi possível analisar a ocorrência de pragas e doenças, a umidade do solo, a qualidade do plantio e da colheita e condições gerais do uso de tecnologia em insumos e máquinas.

O coordenador comenta que ao longo da viagem, é possível avaliar a expectativa dos produtores e agentes do setor quanto à safra de grãos, identificar e avaliar tendências em investimentos, endividamento, co-mercialização, custos de produção, operacionalização das lavouras, in-fraestrutura de transporte e armazenagem e meio ambiente.

A nona edição do evento contou com a participação de seis equipes em mais de 60 mil quilômetros rodados, entre os dias 16 de janeiro e 22 de março. A expedição passou pelos principais pólos agrícolas deem 13 estados brasileiros, além do Distrito Federal, que representam 99,4% da área cultivada de soja e 80% da área com milho em todo país. Ao todo foram coletados cerca de 1,3 mil amostras de soja e milho e realizadas outras sete palestras – além desta em Luís Eduardo Magalhães – com produtores rurais.

A divulgação com os resultados obtidos durante o rally estão a dis-posição do público no site do evento desde o dia 03 de abril. André, faz questão de dizer que o trabalho desenvolvido neste projeto é uma contri-buição para o desenvolvimento e melhoramento do agronegócio no país. “É uma contribuição com a Conab e não uma competição”, esclarece.

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12 MAGAZINE ABR/2012

por LUCIANA ROQUE E ANTON ROOS

A MAIOR FEIRA DE NEGÓCIOS E TECNOLOGIA PARA O CAMPO DO NORTE E NORDESTE BRASILEIRO CHEGA A SUA OITAVA EDIÇÃO APOSTANDO NO AUMENTO DO ESPAÇO DESTINADO AOS EXPOSITORES

Se na edição de 2011, a Bahia Farm Show movimen-tou R$ 540 milhões a expectativa para este ano é superar esta marca. O bom desempenho das sa-fras de grãos no oeste nos últimos anos favorece o

otimismo da organização. Alex Razia, diretor executivo da Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA) e coordenador geral da feira cita pelo menos dois fatores como determinantes na decisão de compra do produtor: o comportamento das commodities e os resultados da colhei-ta. “Ano passado tivemos um crescimento de 80% em re-lação a 2010, evidente que era um cenário muito favorável, existia uma demanda reprimida, pois o setor tinha passado

por um período difícil antes e favoreceu o crescimento de 80%”, explica Razia.

Em sua oitava edição a Bahia Farm Show se tornou o ambiente mais apropriado para a formalização dos melho-res negócios. Vitrine do que existe de mais sofi sticado em termos de máquinas e fi nanciamentos agrícolas, todo ano os expositores oferecem preços e condições comerciais di-ferenciadas, com linhas de crédito especiais e que atendem a demanda de mercado.

A pecuária é um bom exemplo desse crescimento. Há quatro anos participando do evento, a Associação de Cria-dores do Cerrado da Bahia (ACCB) acredita que a edição

FEIRA

MAISESPAÇO PARA NEGÓCIOS

PRAÇA

WCRESTAURANTE

ESTACIONAMENTO (EXPOSITORES)

ESTACIONAMENTO (VISITANTES)

Luís Eduardo MagalhãesBARREIRAS

ACESSO

ÁREA PARA TEST DRIVE

AGRICULTURA FAMILIAR

EXPOSIÇÃODE ANIMAIS

PAVILHÃO COBERTO

AUDITÓRIO CPTO FUNDAÇÃO BAHIA

AUDITÓRIOCT ABAPA

PECUÁRIA

WC

BR-2420

ÁREA DE EXPOSIÇÃO

COMPLEXO BAHIA FARM SHOW

O evento acontece de 29 de maio a 2 de junho, em Luís Eduardo Magalhães. O parque é aberto à visitação das 9h à 19h. O complexo dispõe de dois auditórios, salas para reuniões ou eventos de menor porte e auditório específico para a agricultura familiar.

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ABR/2012 MAGAZINE 13

deste ano deve fortalecer ainda mais o setor. “O fortalecimento da pecuária no Oeste é irreversível, e a Bahia Farm Show é sempre a melhor vitrine dessa realida-de”, afirma o Todd Topp, presidente da associação.

Apesar de o gado nelore ser a estrela da exposição, a ACCB reserva ao público muitas novidades, baseadas no cruzamento do zebuíno com angus e bosmara. Esse trabalho de melhoramento genético tem garantido avanços significativos do ponto de vista da fertilidade, longevidade, precocidade, rusticidade, facilidade de parto e habilidade materna, além da qualidade da carne bovina. Para Topp, a maior participação dos animais na feira reflete o próprio ritmo de crescimento da pecuária na região, que, apesar da maior evidência na aptidão de grãos, tem tradi-ção na pecuária nas áreas do Vale do Rio Grande, e hoje vem consolidando a apti-dão para o sistema intensivo, pela proximidade do fornecimento de matéria-prima.

AGRICULTURA FAMILIAROutra novidade desta edição é o investimento em

agricultura familiar e a aproximação do pequeno, médio e grande produtor. Razia conta que o tema terá destaque especial na programação de eventos da feira em um espaço próprio de aproximadamen-te 4 mil mts². “Estamos trabalhando para montar e mobilizar, através do governo estadual e as pre-feituras, um projeto para levar o agricultor familiar para a Bahia Farm Show e ter algo que realmente interesse esse público. Esse projeto será um marco para inserção definitiva desse importante seguimen-to da agricultura na feira”, comemora o coordena-dor. Para melhor conforto dos visitantes da feira, todas as ruas do complexo foram pavimentadas e demarcadas com meio fio. A organização também investiu em projetos de paisagismo. Para se ter uma ideia, todo gramado utilizado na feira corresponde a 10 campos de futebol.

AERONAVES USADASA Bahia Farm Show terá, na edição deste ano,

pela primeira vez, um estande de aeronaves usa-das. A empersa Somma Aviation vai expor modelos seminovos, entre eles, monomotores, com preços mais acessíveis e de pronta entrega. A expectativa é movimentar em torno de US$ 2 milhões na feira. O diretor executivo da empresa, Gianfranco Somma, explica que quando se fala de aviação, a mensura-ção da idade de um aparelho é bem diferente em comparação a um carro.

“Não se leva em consideração ano/modelo, e sim, as avaliações e manutenções pelas quais a ae-ronave é obrigada a passar a cada 50 horas de voo. Todos os anos, a ANAC faz uma inspeção, e se o avião não estiver nos padrões, ele não pode voar. Ele explica ainda que, por isso, não se pode falar em vida útil de uma aeronave, e que a principal razão de uma troca é a tecnologia, que pode não ser mais a desejada por aquele comprador.

Alex Razia, coordenador geral comenta que nesta edição somente área gramada da feira corresponde a 10 campos de futebol

FOTOS: DIVULGAÇÃOC

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14 MAGAZINE ABR/2012

MEIO AMBIENTE

CERRADOSOB CONTROLE

CERRADOSOB CONTROLE

CERRADOSOB CONTROLE

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ABR/2012 MAGAZINE 15

por MIRIAM HERMES

REPRESENTANTES DOS PRODUTORES E AMBIENTALISTAS SE DIVIDEM SOBRE PORTARIA DO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, QUE PREVÊ MONITORAMENTO E CONTROLE DO DESMATAMENTO LEGAL NO BIOMA CERRADO

No último mês de março o Ministério do Meio Ambiente (MMA) divulgou portaria na qual apresenta os municípios e estados prio-ritários no monitoramento e controle do desmatamento legal, ordenamento territorial e incentivo a atividades econômicas am-

bientalmente sustentáveis no bioma Cerrado. No documento constam oito municípios do extremo oeste baiano, entre eles Formosa do Rio Preto, São Desidério, Barreiras e Luís Eduardo Magalhães.

Para o vice-presidente da Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Sérgio Pitt a proposta da portaria 97/2012 do MMA é boa, mas falta estrutura nos órgãos ambientais que atuam na região oeste para atender a demanda produtiva até mesmo na requisição de licenças ambientais.

“Há mais de um ano estou com um processo de pedido de licença para uma área em Formosa do Rio Preto, e neste tempo todo, o estado não dispo-nibilizou técnicos para ir até o local” enfatizou. De acordo com Pitt, só neste município a estimativa é que 150 mil hectares esperam processos pendentes nos órgãos ambientais para iniciar a produção agrícola.

Líder entre os agricultores, Sérgio Pitt ressalta que é interesse dos produtores estarem em conformidade com a legislação. Ele exemplifica lembrando que, em uma iniciativa de vanguarda em termos de território brasileiro, foi elabo-rado o Plano de Adequação e Regulamentação Ambiental dos Imóveis Rurais da Bahia (Para), em conjunto entre a Aiba e o governo do Estado através das Secretarias de Agricultura e de Meio Ambiente.

Para Pitt, é necessário dar condições de produção para atender a demanda mundial por alimentos e outros produtos comerciais, sem o fantasma da ilega-lidade ambiental, “na maioria das vezes criado pela inoperância dos órgãos, incapazes até agora de acompanhar a necessidade da classe produtora”.

De acordo com a portaria, os 52 municípios listados terão primazia em projetos de manutenção de vegetação nativa e de recuperação de áreas degra-dadas. As medidas fazem parte do Plano de Ação para Preservação e Controle do Desmatamento e Queimadas no bioma Cerrado PPCerrado, lançado em setembro de 2010.

CRITÉRIOSA derrubada de mais de 25 km² de Cerrado entre

2009 e 2010 e conservação de área superior a 20% de mata nativa em relação ao total do território, fo-ram os critérios utilizados na seleção dos municípios que, segundo a gerente do Departamento de Políticas de Combate ao Desmatamento, do MMA, Juliana Si-mões, devem passar por um Cadastramento Ambien-tal Rural.

Com esse detalhamento de dados, disse ela, “tere-mos um diagnóstico de cada lugar e será mais fácil planejar a recuperação de áreas degradadas e identifi-car terrenos prioritários para implantar, por exemplo, a Agricultura de Baixo Carbono (ABC), potencializan-do o aproveitamento de locais de pouca produtivida-de, o que reduz a pressão para novos desmatamen-tos”, explicou.

Para Juliana Simões, deve ficar claro que o objetivo da portaria não é prejudicar os municípios listados. “Significa que estes municípios terão maior atenção, dentro deste bioma que mais tem contribuído nos úl-timos anos para o avanço da agropecuária brasileira, com forte influência nos números do Produto Interno Bruto (PIB)”.

ZONEAMENTOProdutores e ambientalistas, embora militem com

focos diferentes, concordam em um ponto funda-mental: falta estrutura em pessoal e equipamentos para fiscalizar a região oeste da Bahia em sua plenitu-de. E assim como Sergio Pitt, o coordenador de Políti-cas Públicas do Instituto Bioeste, Daniel Melo Barreto, também expressa desconfiança sobre a execução das medidas previstas na Portaria 97/2012 do MMA.

Sérgio Pitt: na maioria das vezes, ilegalidade ambiental é criada pela inoperância dos órgãos, incapazes de acompanhar as necessidades da classe produtora

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16 MAGAZINE ABR/2012

MEIO AMBIENTE

“Como esta Portaria está atrelada ao PPCerrado, esperamos que ações aguardadas desde 2010 sejam concretizadas”, afi r-mou Melo Barreto, destacando que o Zoneamento Econômico e Ecológico (ZEE), é de extrema urgência pois a partir dele é que será possível produtores e técnicos dos órgãos ambientais tra-balharem em novos projetos, “dentro do que é prioritário para preservar ou prioritário para produzir”.

Como ambientalista engajado nos movimentos de preserva-ção, ele enfatizou, no entanto que a solução defi nitiva para o bioma “é a aprovação do Projeto de Emenda Constitucional – PEC Cerrado, porque equipara o bioma à Mata Atlântica e Ama-zônia, com vantagem de a partir daí receber mais verbas para sua preservação”.

FRONTEIRA AGRÍCOLA EM EXPANSÃOO Cerrado tinha uma abrangência original em 2.039.386 km²

do território brasileiro e, de acordo com dados do MMA for-necidos pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento nos Biomas Brasileiros por Satélite (PMDBBS), preservava 50,9 (por cento) da vegetação remanescente, até 2010, última medição anunciada até o momento.

Desde 2008, quando começou a ser monitorado mais aten-tamente por este projeto, o desmatamento no Cerrado teve um decréscimo em porcentagem atingida, saindo de 0,69%/ano en-tre 2002 e 2008, para 0,37 % entre 2008 e 2009 e para 0,32 % entre 2009 e 2010. Em números absolutos, a queda foi 14.200 km²/ano entre 2002 e 2008, para 7.637 km² entre 2008 e 2009, e, 6.469 km² entre 2009 e 2010.

O diretor do Departamento de Políticas de Combate ao des-matamento do MMA, Mauro Pires, salientou que as imagens de satélite apontam que os 52 municípios que mais desfl orestaram nos últimos anos (somando 44,7% do total desmatado neste período), representam apenas 4% do total de municípios do bioma Cerrado.

Ele enfatizou que os correntões e motoserras agem princi-palmente para abertura de áreas para a produção de carvão, a pecuária e a agricultura de sequeiro e irrigada. Com 48,5% de áreas desmatadas, o Cerrado ainda tem um potencial de área disponível para a agropecuária, pois o mínimo exigido de ve-getação remanescente pela Lei Ambiental é de 20% de cada propriedade rural.

Portanto, deve-se manter vegetação nativa nos locais estra-tégicos com respeito a mata ciliar, nascentes d’água e encostas de morros, de modo a formar corredores ecológicos entre estas Áreas de Preservação Permanente (APPs), o que dará um resul-tado mais efi ciente na preservação, principalmente da fauna.

Através de trabalho conjunto é possível recuperar áreas de-gradadas e criar parques que conservem elos entre as bacias hidrográfi cas. Essa deve ser a preocupação central dos projetos a serem executados, tanto pela iniciativa privada, quanto pelos órgãos públicos de agora em diante.

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ABR/2012 MAGAZINE 17

SOJA

por ANTON ROOS

FUNDAMENTAL NA ROTAÇÃO DE CULTURAS, A SOJA PRECISA DE CULTIVARES RESISTENTES E ADAPTADAS À REGIÃO OESTE

Juntas soja e algodão representam 79% da área cultivada na região oeste. Complementares do ponto de vista econô-mico, elas contribuem para dar sustentabilidade ao sistema produtivo cada vez mais técnico praticado nas lavouras do

oeste baiano. O cultivo do algodão necessariamente precisa da ro-tatividade de culturas para ser economicamente viável. A principal alternativa nesse caso é a soja, porém, é preciso que haja disponi-bilidade cultivares de soja resistentes aos nematoides que afetam a cultura do algodão.

Segundo o engenheiro agrônomo Sebastião Neto, da Embrapa Cerrados, a utilização da soja no sistema de rotatividade ajuda a melhorar o aproveitamento técnico e econômico das máquinas, equipamentos, estrutura e mão de obra das fazendas empresarias localizadas na região. Por outro lado, a soja tem uma enorme ca-pacidade de aproveitar os fertilizantes residuais deixados pela cul-tura do algodão. “A cultura do algodão dá a soja a possibilidade de alcançar altas produtividades quando cultivadas em solos antes ocupados por algodão”, explica Sebastião.

O engenheiro alerta que é preciso continuar o trabalho de melho-ramento das cultivares de soja normalmente utilizadas no processo de rotatividade das lavouras de algodão, devido a pouca variedade de cultivares de algodão resistentes. “Dos principais problemas que afl igem a cultura do algodão na região, os nematoides Meloidogy-ne incógnita (nematoide das galhas), Rotylenchulusreniformis (ne-matoide reniforme) e Pratylenchusbrachyurus (nematoide das le-sões) estão entre o mais sigifnicativos. O controle destes patógenos poder ser feito quimicamente, por cultivares de algodão resistentes e pela rotação de culturas” esclarece.

O problema nesse caso é custo alto desse controle químico. “Além de causar intenso impacto ambiental, representando um ônus considerável nos custos da produção, o uso de cultivares de algodão resistentes se apresenta como alternativa limitada pelo existência de poucas variedades comerciais que expressam resis-tência”, complementa.

O detalhe é que se torna necessário o lançamento de novos cul-tivares de soja com alto teto produtivo e que possam aproveitar os solos fertilizados pela cultura do algodão. Outro ponto destaca-

RESISTÊNCIANECESSIDADE DE

do por Sebastião é a necessidade desses novos cultivares serem tolerantes ou que, no mínimo, facilitem o manejo biológico e químico do Mofo Branco. “Grande parte da produção de soja no oeste está baseada somente em um cultivar, o que pode re-presentar um risco a médio prazo, tendo em vista que o uso continuado de somente um genótipo de soja faz com que ocorra a especialização das pragas áreas e de solo, tornando a proprie-dade vulnerável para a ocorrência de uma nova praga”, justifi ca, reforçando a ideia de que a rotação de cultivares deveria ser uma prática de manejo mais utilizada pelos produtores da região.

Porém, para Sebastião é preciso que haja investimento no melhoramento de cultivares de soja adaptadas a região. “Para que um cultivar de soja possa expressar o seu máximo potencial produtivo em determinada região, é necessário que este cultivar seja selecionado no ambiente específi co daquela região. Somen-te no ambiente edafo-climático específi co, os agentes de pro-dutividade e adaptação podem se expressar adequadamente”, explica.

A boa notícia é que uma parceria entre Fundação Bahia e Em-brapa Cerrados está conduzindo um trabalho de melhoramento genético de soja focado nas necessidades da região. O objetivo é solucionar alguns dos principais problemas fi tossanitários da cultura da soja: resistência aos nematoides das galhas, do cisto e do Mofo Branco, alguns, comuns à cultura do algodão. “Nenhu-ma entre as três cultivares de soja mais plantadas na região apre-senta resistência aos principais nematoides que afetam a cultura do algodão. Com isso a rotação de culturas entre algodão e soja, utilizando estas cultivares, faz com que as populações de nema-toides nos solos aumentem e venham a afetar negativamente a cultura do algodão na safra subsequente”, explica Sebastião.

Uma parceria entre Fundação Bahia e Embrapa Cerrados trabalha no melhoramento genético de soja

focado para as necessidades dos produtores

FOTOS: DIVULGAÇÃO MCPRESS

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18 MAGAZINE ABR/2012

Agrishow 2012Em 2012 a Feira Internacional da Tecnologia Agrícola em Ação, Agrishow de Ribeirão Preto/SP, chega a sua 19ª edição. Este ano serão mais de 360 mil m² de área com um amplo palco de demonstrações de máquinas e equipamentos agrícolas das principais empresas do mercado, além de rodadas de negócios e visitas técnicas. A organizaçãoestima receber um público de 150 mil compradores. A 19ª edição do Agrishow, acontece entre os dias 30 de abril e 04 de maio.Site: agrishow.com.br/

Leite integralSob o tema “Comportamento, bem-estar e imunidade - novas ferramentas para aumentar a produtividade em rebanhos leiteiros”, Belo Horizonte sedia entre 03 e 04 de maio o II Simpósio Internacional Leite Integral. O evento reunirá, de forma inédita no Brasil, as maiores referências mundiais relacionadas ao estudo das interações entre conforto, sanidade e nutrição, bem como os efeitos das mesmas sobre o sistema imune e a produção de leite.Site: simposioleiteintegral.com.br/

78ª ExpozebuConsiderada a maior mostra de zebuínos do mundo, a 78ª edição da ExpoZebu será realizada de 01 a 10 de maio, no Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG).Além dos julgamentos, a ExpoZebu contará em sua programação com leilões, shoppings de

animais, palestras, encontros políticos, cursos, mostras culturais, atividades socioeducativas, shows, entre outros eventos. Na edição passada, a feira movimentou quase R$ 70 milhões com a comercialização de animais em 43 leilões e registrou público de 333.588 pessoas, sendo quase 500 de estrangeiros. A expectativa é superar esses números na edição desse ano.Site: abcz.org.br/Expozebu

Defesa agropecuáriaA Sociedade Brasileira de Defesa Agropecuária e a Sociedade de Medicina Veterinária da Bahia em pareceria com a Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária do Estado da Bahia (SEAGRI) e a Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB)promovem entre os dias 23 e 27 de abril, no Centro de Convenções da Bahiaem Salvador (BA) a III Conferência Nacional sobre a Defesa Agropecuária. Essa edição terá como tema Defesa Agropecuária Responsabilidade Compartilhada e vai discutir o papel da Vigilância Agropecuária na Copa de 2014, os riscos de ingresso de pragas e ações em curso para assegurar a eficiência na fiscalização em portos, aeroportos e fronteiras.Site: defesaagropecuaria.com.br

Exposição em IrecêA Exposição Agropecuária da Região de Irecê que este ano acontece entre 26 a 29 de abril propõe a integração de criadores e de outros setores da economia, congregando diversos interesses num só local. Além do aspecto sócio cultural, os participantes e visitantes têm a oportunidade de trocar experiências, firmar parcerias e efetivar importantes negócios. A Expoagrié uma iniciativa da diretoria daAssociação dos Pecuaristas de Irecê e Região(APRIR), Sindicato dos Produtores Rurais da Região de Irecê e Secretaria de Agricultura do Estado da Bahia (SEAGRI).

AGROAGENDA

Cadeia produtiva da carneEntre os dias 11 e 15 de junho, São Paulo sedia a 18ª edição da Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne (FEICORTE 2012). Este é o maior evento indoor da cadeia pecuária de corte do mundo. Em 2012, o Centro de Exposições Imigrantes espera a visita de mais de 25 mil pessoas, entre pecuaristas, profissionais, estudantes e demais interessados. O público terá à sua disposição uma programação variada, destacando 120 eventos paralelos, entre reuniões, seminários, workshops, conferências, palestras e cursos, além de julgamentos e leilões de varias raças bovinas, com oferta de genética de ponta. São esperados mais de 4 mil animais, de 20 raças entre bovinos, caprinos e ovinos (Brahman, Santa Gertrudis, Tabapuã, Canchim, Limousin, Simental, Simbrasil, Nelore, Angus, Bonsmara, Caracu, Senepol, Wagyu, Guzerá, Brangus, Hereford, Braford e Sindi, Dorper,White Dorper, Santa Inês,Texel,Suffolk, Anglonubiano, Boer entre outros). Mais informações feicorte.com.br

AgrobrasíliaFeira de tecnologias e negócios agropecuários voltada aos empreendedores rurais de diversos portes, a Agrobrasília 2012 vai apresentar uma série de inovações tecnológicas. Realizada em uma região reconhecida nacionalmente pelo papel desempenhado na ocupação agropecuária dos cerrados, especialmente pelo pioneirismo e a geração e uso de técnicas de sucesso, a Feira acontece no centro de uma região onde são cultivados mais de 500 mil hectares, abrangendo DF, GO, MG e BA, com condições de solo e de clima representativas do Centro-Oeste, permitindo assim a difusão de inovações e a realização de negócios das melhores empresas do setor com agricultores competentes e interessados em tecnologia. A feira acontece entre 15 e 19 de maio.Mais informações agrobrasilia.com.br/

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MAGAZINE

A força da produção do campo em um espaço fértil de ideias.

ANUNCIELUÍS EDUARDO MAGALHÃES: Ana Paula (77) 9191.9400 / Anton Roos (77) 9971.7341

BARREIRAS: Anne Stella (77) 9123.3307 / Cícero Félix (77) 9131.2243 / 9906.4554SANTA MARIA DA VITÓRIA BOM JESUS DA LAPA: Rosa Tunes (77) 9804.6408 / 9161.3797

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20 MAGAZINE ABR/2012