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ALYSSON PAULINELLI O HOMEM QUE ‘DESCOBRIU’ O CERRADO EDIÇÃO 04 // OESTE DA BAHIA // SET/2012 // R$ 9,99 OUZA EDI TORA O CACAU DO OESTE ARTIGOS A FORÇA DA CADEIA AGROINDUSTRIAL DA CARNE BOVINA QUALIDADE DA UVA É AFETADA POR TEMPO DE EXPOSIÇÃO NA PRATELEIRA REPORTAGENS TIO MÁRIO INAUGURA INDÚSTRIA QUE PRODUZ MAIS DE 300 MIL SACAS POR MÊS

Agro Magazine

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A força da produção do campo em um espaço fértil de ideia

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ALYSSON PAULINELLI

O HOMEM QUE‘DESCOBRIU’ O CERRADO

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O U Z AE D I T O R A

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ARTIGOS A FORÇA DA CADEIA

AGROINDUSTRIAL DACARNE BOVINA

QUALIDADE DA UVA É AFETADA POR TEMPO DE

EXPOSIÇÃO NA PRATELEIRA

REPORTAGENS TIO MÁRIO INAUGURA

INDÚSTRIA QUE PRODUZ MAIS DE 300 MIL SACAS POR MÊS

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EDITORIAL

HOMENAGEM AO PIONEIRO

ão é de hoje o debate acerca da necessidade, em um futuro próximo, de se aumentar a produção de alimen-tos a fi m de sanar a demanda de um planeta que não para de crescer. O Brasil, nesse cenário, é visto como

ponto estratégico, é a grande potência agrícola mundial, embora o país continue a ser bombardeado por ONGs estrangeiras e pelo mundo ambientalista, em especial, depois de aprovado o Novo Código Florestal.

Na reportagem de capa desta edição entrevistamos o ex-minis-tro da Agricultura, entre os anos 1974 e 1979, Alysson Paulinei, que será homenageado pelo Sindicato dos Produtores Rurais de Luís Eduardo Magalhães no fi nal de setembro como um dos grandes responsáveis pela “invenção” da agricultura no cerrado. Aliás, a região, em particular a baiana, sofreu com a seca deste ano. A Bahia registrou a maior seca dos últimos 47 anos.

Os números do Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário do primeiro trimestre no Estado só reforçam a preocupação de go-verno e empresários. No primeiro trimestre de 2012 houve um recuo de 7,3% no PIB da agropecuária, em comparação com os três últimos meses de 2011, de acordo com dados do IBGE. A queda assusta ainda mais quando comparado com o desem-penho do primeiro trimestre de 2011, que apresentou recuo de 8,5%.

Apesar disso, o Ministério da Agricultura estima um cresci-mento de 2,1% ao ano no rebanho bovino no período 2011/2012 a 2021/2022. As perspectivas são positivas também para a ex-portação, visando a consolidação de mercado - hoje o Brasil já exporta para 135 países, com destaque para Rússia. E para tratar do mercado de pecuária de corte na região conversamos com o empresário Antônio Balbino de Carvalho Neto. Afora isso, esta edição traz ainda reportagem sobre a produção de cacau na re-gião, o algodão do Oeste na próxima safra e uma breve entrevista com o diretor do Tecon de Salvador.

Boa leitura!

09 Coluna PesquisaQualidade da uva é afetada por tempo deexposição na prateleira

10 Coluna Helmuth KieckhöferA força da cadeia agroindustrial da carne bovina

12 Entrevista Alysson Paulinelli: Cerrado, uma invenção brasileira

16 Bioma Um histórico sobre o Cerrado

25 Nova Indústria Tio Mário inaugura fábrica de sacaria e produz até 300 mil sacos por mês

28 Produção Pé no freio do cultivo do algodão

30 Sérgio Augusto Gonçalves Exportação via Salvador

32 Antônio Balbino Neto Pecuária de corte no Oeste

34 AgroAgenda Eventos voltados para a área em todo o país

20CACAU DO OESTERegião com clima improvável para cultura cacaueirasurpreende e produz mais por hectare do que no Sul da Bahia

Editor/Diretor de redação: Cícero Félix (DRT-PB 2725/99)(77) 9131.2243 e 9906.4554 [email protected]

Secretária de redação: Carol Freitas

Redação: Anton Roos e Thiara Reges

Consultoria técnica: Leonardo Costa dos Santos

Comercial: Rodrigo Schossler (77) 9994.5981 / Anton Roos (77) 9971.7341 (Luís Eduardo Magalhães) Rosa Tunes (77) 9804.6408 / 9161.3797 (Santa Maria da Vitória) / Gisele (77) 9127.7401 (Bom Jesus da Lapa) Anne Stella (77) 9123.3307 (Barreiras)

Revisão: Rônei Rocha e Aderlan Messias

Impressão: Coronário Editora e Gráfi ca // Tiragem: 4 mil exemplares

MAGAZINE

Ouza Editora Ltda.Av. Clériston Andrade, 1.111 - Sala 16Centro - Barreiras (BA

O U Z AE D I T O R A

Envie sua SUGESTÃO de reportagem para [email protected] e [email protected]

C.FÉLIX

FOTO CAPA: DIVULGAÇÃO

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MINISTÉRIO DA AGRICULTURA DIVULGA BALANÇO DA PRIMEIRA ETAPA DE VACINAÇÃO CONTRA FEBRE AFTOSA

Margem de comercialização da indústria avícola atinge o menor valor do ano

USDA deve reduzir projeções para safras de milho e soja dos EUA em função da seca

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) deve reduzir as projeções para as safras de milho e soja do país devido à seca. A informação é da consultoria Informa Economics. De acordo com a consultoria, o governo americano estima uma produção de milho em 261 milhões de toneladas. Em rela-ção à produtividade, são 7,52 toneladas por hectare. Os números divulgados nesta sexta, dia 7, estão abaixo do relatório divulgado pelo USDA em agosto, que trazia uma safra de mais de 273 milhões de toneladas. Para a soja, a produção doméstica foi reduzida para 71,82 milhões de toneladas e a produtivida-de para 2,38 toneladas por hectare.

No mês passado, o governo estimou a safra de soja em 73,27 milhões de toneladas, com base em um rendimento de 2,43 toneladas por hectare. As perspectivas para a colheita de milho foram rebaixadas pelos analistas devido à pior estiagem dos últimos anos, que se intensificou em julho, quando as lavouras estavam na fase de polinização.

FALTA DE CHUVA DIMINUI COLHEITA DA MANDIOCA

A falta de chuvas tem sido o princi-pal entrave no avanço da colheita de mandioca. Com a oferta ainda mais restrita, o processamento de raízes na indústria ficou abaixo do registrado na semana anterior. Ainda que no agregado, a oferta tenha sido menor, algumas empresas isolada-mente tiveram maiores quantidades de mandioca no início de setembro pelo fato de terem aumentado a re-muneração aos produtores. Assim, agricultores que receberam essa oferta a preços maiores passaram a colher mais intensamente em áreas arenosas, que apresenta custos mais elevados nesta operação. A demanda por matéria-prima, por sua vez, tem sido maior, havendo disputa entre as empresas, que au-mentaram as distâncias das origens da matéria-prima para se abastecer, ainda que se elevem os custos com transporte.

Bahia Pesca entrega 200 mil alevinos a pequenos produtores Pequenos produtores de assentamentos e associações receberam da Bahia Pesca, empresa vinculada à Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), 200 mil alevinos de tilápia. A ação beneficia 120 famílias de assentamentos e associações. Os alevinos foram criados na Estação de Piscicultura Joanes, em Camaçari. Só neste ano, a distribuição feita pela Bahia Pesca atendeu a mais de 67 mil famílias em 69 municípios, a exemplo de Gandu, Paulo Afonso, Itamaraju, Jequié, Ibirataia, Luís Eduardo Magalhães, Salvador e Senhor do Bonfim.

A Campanha Nacional de Vacinação contra a Febre Aftosa imunizou 165.300.924 bovinos e bubalinos no país, uma cobertura de 97,85% nas etapas do primeiro semestre deste ano. Os dados foram divulgados

no início de setembro, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abstecimento (Mapa). Santa Catarina é reconhecida pela Organi-zação Mundial de Saúde Animal (OIE) como zona livre de febre aftosa sem vacinação des-de maio de 2007 e, portanto, não participou da campanha. O Amapá também não vacinou nesse primeiro semestre, pois a vacinação passou a ser anual, no mês de novembro, devido às condições ambientais desfavorá-veis para realizá-la em outros períodos.

O Departamento de Saúde Animal (DSA) do Mapa considerou positivos os resultados da campanha, uma vez que foi acima do índice registrado no mesmo período de 2011, que foi de 97,7%. A primeira etapa da campanha teve início no mês de março, na calha do Rio Amazonas, prosseguindo nos meses de abril a junho, sendo que a maior parte dos estados vacinou no mês de maio. A segunda etapa da campanha teve início em julho, no Amazonas e no Pará. Os estados de Roraima e Rondônia serão os próximos a vacinarem em outubro enquanto a maioria dos demais estados va-cinará em novembro. Atualmente, a zona livre da febre aftosa com vacinação é composta por 16 estados e o Distrito Federal. A campa-nha de vacinação e todo trabalho realizado pelo governo são fundamentais para garantir as zonas livres e impedir a reintrodução da doença no território.

A margem de comercialização entre os pre-ços no atacado e ao avicultor ficou em 43,6% em agosto, o menor valor de 2012, de acordo com levantamento da Scot Consultoria. As quedas nas margens de comercialização ocorreram no mês em que a indústria rece-beu mais pelo produto, mas também gastou mais com matéria prima.

Este valor é 9,5 pontos percentuais menor que a margem de julho. Em relação a agosto de 2011, entretanto, houve aumento de três pontos percentuais. Ao considerar a indústria suinícola, a queda na margem de comercia-lização em relação a julho foi de 10,5 pontos percentuais. Em relação a agosto de 2011, houve recuo de 5,8 pontos percentuais.

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Soja: demanda firme e escassez de oferta mantêm preços elevadosAs cotações de soja e derivados seguem elevados nos Estados Unidos e no Brasil, devido à oferta restrita e à demanda firme. Com isso, o cultivo de soja deve ganhar área na próxima safra da América do Sul, o que pode proporcionar produção recorde, caso o clima colabore. Em relação à próxima temporada, produtores brasileiros adiantaram as compras de insumos, mas estão cautelosos quanto ao momento de iniciar a semeadura. Segundo colaboradores do Cepea, grande parte dos produ-tores está atenta a previsões climáticas para os próximos meses de modo a evitar que as lavouras sofram com falta de umidade no período de desenvolvimento. No mercado spot nacional, os preços permanecem firmes, porém praticamente nominais. Na parcial de setembro (entre 31 de agosto e 6 de setembro), o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (produto trans-ferido para armazéns do porto de Paranaguá) em dólar, moeda prevista nos contratos futuros da BM&FBovespa, teve alta de 0,87%, fechando a US$ 45,32/sc de 60 kg nessa quinta-feira, 6. Em moeda nacional, o Indicador também registrou elevação de 0,87%, a R$ 92,00/saca de 60 kg nessa quinta. A média ponderada das regiões paranaenses, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ, foi de R$ 85,96/sc de 60 kg na quinta-feira, com aumento de 0,75% no acumulado do mês.

A exportação de café verde do Brasil em agosto somou 2,2 milhões de sacas de 60 kg, com uma queda de 16,5 por cento ante os 2,64 milhões de sacas embarcadas no mesmo mês de 2011. A informação é do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé). Do total exportado, 1,19 milhão de sacas são de café arábica e 227 mil sacas do tipo robusta. A receita com as exportações em agosto, segundo mês do ciclo 2012/13, teve uma redução sinificativa de 35,3 por cento ante o mesmo mês do ano passado.O levantamento do CeCafé indica que o preço médio da saca de café exportada ficou em 203,24 dólares no período. Na avaliação da instituição, o ano safra 2012/2013 deve apre-sentar resultados muito semelhantes aos da safra anterior. Mas a entidade pondera que no ano civil 2012, os embarques podem ficar entre 10 e 15 por cento menores que o inicialmen-te previsto, de 33 milhões de sacas exportadas, para 28 e 29 milhões de sacas. “Isso se deve em parte às chuvas, que atrasaram a chegada do produto ao mercado neste segundo semestre”, disse Guilherme Braga, diretor-geral do CeCafé, em comunicado. Ele acrescentou que a queda prevista também reflete “um primeiro semestre que fez parte de um ano de safra baixa, no qual o café foi comercializado num ritmo muito alto, sem que um estoque significativo fosse gerado. Isso porque os produtores tinham pela frente o início de um ano de alta”. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) manteve a previsão de uma safra re-corde de café em 50,5 milhões de sacas em 2012/13, estável ante o mês anterior.

SAFRA BAIXA: EXPORTAÇÃO DE CAFÉ VERDE DO BRASIL CAI 16,5% EM AGOSTO

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AGRONOTAS

Programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) é lançado no Oeste baiano pela Abrapa e AbapaA Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) lançaram no dia 10 de setembro o Programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), que substitui o antigo Programa Socioambiental da Produção de Algodão (PSOAL). O programa tem como propósito intensificar a orientação e conscientização dos produtores de algodão sobre as necessidades e as vantagens de adotar, no campo, práticas de cultivo socialmente corretas, com observância da legislação socioambiental, visando a preservação do meio ambiente do trabalho. Na oportunidade foram entregues os certificados aos produtores que na safra 2011/12 aderiram ao PSOAL. No final, o gestor dos projetos de sustentabilidade da Abrapa, Denil-son Galbero, apresentou as diretrizes do ABR para o futuro.

As obras de edificação do Centro Regio-nal do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural no Oeste baiano, em Luís Eduardo Magalhães, seguem em ritmo acelera-do. Com inauguração prevista no mês de março próximo, a Regional em Luís Eduardo será a quarta que o Sistema consolida no Estado da Bahia, junto com Salvador, Gandu e Feira de Santana.Com ampla infraestrutura de 900m² em salas de aulas e auditório central com capacidade para 250 pessoas, o Centro Regional Oeste Baiano também atende-rá o centro administrativo do Sindicato Rural, hoje situado provisoriamente no

Centro Regional de Treinamento.A implantação da Regional - demanda de 35 municípios - consolida a parceria firmada entre o Sindicato Rural de Luís Eduardo e entidade ao longo dos últimos 11 anos. A agilidade nos processos administrativos, com o agendamento de treinamentos, fiscalização ativa e o diag-nóstico de novas vocações no cenário agropecuário na pequena, média e gran-de propriedade estão entre os benefícios apontados com o empreendimento, junto da permanência, qualificação e da segurança do trabalhador e empregador rural. (ASCOM Sindicato Rural de LEM)

SEDE ADMINISTRATIVA DO SENAR COMEÇA A SER CONSTRUÍDA EM LUÍS EDUARDO MAGALHÃES

Agrosul promove prêmio de literatura no ensino médio

A Agrosul/John Deere de Luís Eduardo Maga-lhães lançou no dia 03 de setembro a sexta edição do Prêmio Agrosul Literatura. O objetivo é despertar o interesse dos jovens ao hábito da leitura, bem como estimular a escrita, através do fomento ao estudo de temas atuais e cotidia-nos, entre eles, a agricultura.

Este ano 28 escolas participam, em um total de 2.500 alunos, contra 1.680 no ano passado. De acordo com o edital, só concorrem alunos matriculados no 8º e 9º ano. O projeto consiste de duas avaliações. Na primeira, realizada nas escolas participantes, os estudantes terão de produzir uma redação entre 35 e 40 linhas, abordando um dos temas pré-escolhidos: Os desafios da Agricultura em abastecer o mundo em constante crescimento ou A influência da Agricultura no Oeste da Bahia. Na segunda, já conhecidos os dois melhores de cada escola, os estudantes classificados à final também terão de produzir uma redação entre 35 e 40 linhas, porém, com base em um livro, selecionado pela organização, que servirá como material de estudo.

O estudante e o professor orientador da melhor redação irá ganhar um notebook. Os três primei-ros colocados ganharão uma viagem cultural pela cidade de São Paulo. A escola do estudante da melhor redação receberá ainda um acervo literário no valor de R$ 2 mil. O aluno que pro-duzir a segunda melhor redação ganhará uma bicicleta. Os três primeiros colocados, alunos e professores, receberão ainda medalha e troféus.

Este ano, concorrem ao prêmio escolas e colégios da sede de Luís Eduardo Magalhães e das comunidades de Novo Paraná e Bela Vista; Roda Velha (São Desidério), Rodário (Correntina), Coaceral (Formosa do Rio Preto), Garganta (Dianó-polis/TO) e Bom Jesus/PI. A final acontece no dia 26 de outubro. O anúncio dos vencedores ocorre no dia seguinte, 27. A viagem para São Paulo acontecerá entre os dias 1º e 04 de novembro.

Olmiro Flores, diretor da Agrosul, durante

o lançamento do concurso de literatura

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Até 2015: China pode comprar até 80 milhões de toneladas de soja e 20 milhões de toneladas de milho

A projeção é do executivo-chefe da trading Olam International, Sunny Verghese. Segundo ele, o aumento da renda na segunda maior economia mundial impulsiona a procura por alimentos ricos em proteína. De acordo com dados do relatório mensal de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) de agosto, a China deve importar 59,50 milhões de toneladas de soja e dois milhões de toneladas de milho só no ano comercial 2012/2013.

Em 1980, o consumo per capita de carne na China era de aproximadamente 15 quilos. Atualmente, esse número já vai de 55 a 60 quilos por pessoa, o que exige importações maiores de grãos. Para o executivo, outro fator que continuará contribuindo para a dependência da China de importações é a área limitada disponível para plantio no país. Ele estimou que o território cultivado na China seja de 121 milhões de hectares no momento e que a área plantada pode crescer para até 160 milhões de hectares até 2015. Entretanto, para Verghese, esse aumento é insignificante perto do gigantesco consumo doméstico chinês. Outros 33 milhões de hectares seriam necessários apenas para o plantio de soja se o país quisesse se tornar autossuficiente na produção da oleaginosa. As informações são da Dow Jones.

Rotary distribui 5 mil mudas de plantas nativas no feriado da Independência

Como ocorre há sete anos, o Rotary Club de Barreiras aproveitou a passagem do feriado de 7 de Setembro para distribuir mudas de plantas ornamentais e nativas do cerrado. Ao todo, cinco mil mudas foram distribuídas para o público que compareceu na Avenida Clériston Andrade para assistir ao desfile cívico. Segundo a organização, a escolha do feriado de Independência para a entrega das mudas tem o objetivo de sensibilizar a comunidade local sobre a importância do reflorestamento. Além das mudas, foram distribuídos também um folder com informa-ções acerca do plantio e cuidados para que as árvores se desenvolvam. A distribuição faz parte do Projeto Reflorestar e tem como parceiro o Viveiro Taquara, responsável pela doação das mudas.

As vendas de carne suína in natura ao mercado internacional voltaram a aumen-tar . Em agosto, os embarques totalizaram cerca de 47 mil toneladas, volume 25% superior ao de julho de 12 e próximo à quantidade recorde exportada neste ano, em maio, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento. Entretanto, segundo pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), enquanto as exportações trazem um pouco de ânimo aos agentes do setor, o mercado interno ainda preocupa.

Nos últimos dias, o valor pago pelo suíno vivo recuou em todas as regiões acom-panhadas pela instituição; no Estado de São Paulo, as baixas nesta virada de mês foram superiores a 10%. No front externo, as vendas brasileiras da carne suína acu-mularam receita de US$ 120,4 milhões em agosto. Em reais (considerando-se a média do dólar em R$ 2,03 no mês), a receita foi de R$ 244,17 milhões, valor 25,2% maior que o de julho de 2012 e 40,8% superior ao de agosto de 2011. Esse cenário foi favorecido pela valorização do dólar frente ao real nos últimos meses.

C.F

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Apesar do aumento das exportações de suínos em agosto, mercado interno ainda preocupa

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PESQUISAS

por JORGE DA SILVA JÚNIOR, ÊNIO DA CUNHA DIAS MAGALHÃES e HELIAB NUNES BOMFIM

Qualidade da uva é afetada por tempo de exposição na prateleira

&COMERCIALIZAÇÃO

Jorge da Silva Júnior ([email protected] )é professor/coordenador do curso de de Agronomia da FASB e professor assistente da UNEB; Ênio da Cunha Dias Magalhães ([email protected]) é graduando em Agronomia e Heliab Nunes Bomfim é engenheiro agrônomo

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Parreiral localizado no Perímetro Irrigado Barreiras-Norte. No detalhe, uva Brasil e uva Itália (verde)

a fruticultura brasileira, a uva (Vitis vinifera) é considerada como fruta altamente perecível. Com a tecnologia disponível atualmente é possível reduzir

essas perdas. No entanto, as perdas pós-co-lheita do produto trazem prejuízos econômicos estimados entre 20% e 95%, caracterizadas pela perda de peso, escurecimento da ráquis, amolecimento das bagas e desenvolvimento de podridões. Um dos problemas da viticultura brasileira se encontra no manejo do fruto a partir da colheita: transporte, embalagem, manuseio e forma de exposição. O manejo pós-colheita realizado de forma incorreta tem sido respon-sável por grandes perdas econômicas, dentre elas temos a forma de exposição dos frutos para comercialização, que por vezes é realizada com técnicas inapropriadas e ineficientes. Um dos fatores principais desse manejo é o conheci-mento do tempo em que o produto resiste em prateleira.

Outro fator que também compromete a vida útil em prateleira é a forma de exposição do fruto, uma vez que ocorre a desidratação, a respiração e o arranquio prematuro de bagas ainda em prateleira, que podem refletir em

grandes perdas de massa e/ou qualidade do fruto, ao longo de sua exposição no ato da comercialização. Sendo assim, o monitoramento desses fatores pode auxiliar na comercialização de frutos perecíveis, com uma colheita correta associada a processos pós-colheita adequados, reduzindo as perdas pós-colheita e auxiliando na qualidade dos frutos. Nessa perspectiva foi realizado um trabalho acadêmico com o objetivo de avaliar a perda de massa bruta de frutos produzidos em lavouras de Barreiras conserva-das em prateleira em temperatura ambiente de mercados do município. As variedades de uvas analisadas foram ‘Itália’ e ‘Brasil’, cultivadas em um parreiral comercial, localizado no Perímetro Irrigado Barreiras Norte. Logo após a colheita dos cachos, estes foram codificados, acondi-cionados cuidadosamente em caixa plástica forrada com jornal e conduzidos a um mercado de frutas, localizado no loteamento Rio Grande,

para serem expostos em prateleiras e subme-tidos ao controle de perda de massa bruta. O acompanhamento da perda de peso dos frutos foi realizado através de pesagens em balança eletrônica com capacidade máxima de 15kg. A partir da diferença entre o peso inicial e o peso no dia da avaliação determinou-se a percenta-gem de perda de peso.

Realizou-se a colheita com o auxílio de uma tesoura de poda, manualmente, cortando-se a parte lignificada do pedúnculo, ou seja, junto ao ramo de produção. Como delineamento experimental, adotou-se o DIC (Delineamento Inteiramente Casualizado), em esquema fatorial 2x3, sendo duas variedades (Itália e Brasil) e três tempos de armazenamento (1° ao 3°, 1º ao 5º e 1º ao 7º dias de conservação), com doze repetições, nas quais a unidade amostral foi composta por um cacho. Para realização das análises, tabulou-se os dados no Microsoft Office Excel 2007 e submeteu-se à análise de variância (Anova) pelo Software ASSISTAT 7,5 beta. Aplicou-se o Teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

A perda de massa nas duas variedades avalia-das teve aumento significativo, principalmente durante o período de armazenamento. Tal perda pode ser atribuída às reações metabólicas como a respiração e a transpiração do produto, que reduzem a quantidade da água presente no tecido vegetal e ao arranquio prematuro de bagas durante a exposição. Constatou-se menor perda na variedade Brasil ao 3º dia com 5,32% e a maior perda na Itália, de 20,06% no 7º dia de conservação.

As perdas entre as duas variedades por período de avaliação não tiveram diferenças significativas. Já ao analisar as perdas de cada variedade ao longo dos dias de conservação notou-se variações entre todos os períodos avaliados. Sendo as perdas de massa bruta homogêneas. Pode-se verificar que as frutas comercializadas nos centros de abastecimento de Barreiras atendem às normas internacionais de comercialização para as uvas de mesa, mes-mo que a qualidade entre as duas variedades estudadas apresentaram comportamentos semelhantes. Estudos como esses são de suma importância para auxiliar no desenvolvi-mento de novas técnicas que possam permitir o aumento do tempo de prateleira de frutas frescas comercializadas, uma vez que se sabe o período em que ocorre as maiores perdas no armazenamento e exposição. E assim, permitir que essas frutas não reduzam sua qualidade durante sua exposição em prateleira. Sabe-se o tempo adequado de conservação e de armaze-namento é possível buscar alternativas de uso do fruto, evitando assim o desperdício de fontes alimentares, bem como perdas econômicas, fatores tão discutidos atualmente.

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PRODUÇÃO E CONSUMO

10 MAGAZINE SET/2012

A força da cadeiaagroindustrial da

mercado interno da carne bovina absorve cerca de 80% da produção nacional. O destaque do Bra-sil na comercialização de carne no mercado mun-dial já se mantém desde 2005, onde o país ocupa a posição de maior exportador de carne bovina do mundo. De acordo com dados publicados pelo IBGE (2008), no Brasil são ocupados com pasta-gens e campos naturais aproximadamente 172 mi-lhões de ha, equivalentes a 20,2% do território. O mesmo estudo mostra ainda que estão disponíveis 106 milhões de ha para serem utilizados em ativi-dades agropecuárias, área equivalente a 12,5% do território. Na região Nordeste, nos últimos anos, ocorreu uma estabilização no rebanho, e a Bahia é o Estado que apresenta o maior rebanho, com 10,5 milhões de cabeças, seguido do Maranhão, com 6,4 milhões. Concentra-se nesses dois estados 62,6% do rebanho da região.

A pecuária de corte no Brasil possui um ciclo econômico com duração entre três a cinco anos. É chamada de “ciclo do boi”, que se inicia com um período de abundância de matrizes, alta produção de bezerros e, como consequência, alta produção de carne. Com o aumento na oferta de bezerros, o preço deste diminui e passa a ser mais lógico abater a matriz do que produzir mais bezerros. Com o aumento no abate de vacas, a quantidade de bezerros diminui e seu preço aumenta, voltan-do a ser mais viável a retenção de fêmeas para refazer os rebanhos. O último ciclo da pecuária de corte brasileira teve seu início em 2003, quando a baixa rentabilidade do setor levou os pecuaristas a aumentar o abate de matrizes. De acordo com o comportamento do preço da arroba e a oferta de boi gordo no mercado, é estimado que esse ciclo tenha se encerrado no fi nal de 2007. Especialistas indicam que a reversão desse ciclo fi cou mais vi-sível depois de 2010, com o aumento do boi gordo no mercado brasileiro.

A cadeia produtiva da pecuária de corte no Brasil compreende um conjunto de agentes interativos, que são os fornecedores de insumos, os sistemas produtivos, as indústrias de trans-formação, a distribuição e comercialização e os

consumidores. A cadeia produtiva da pecuária de corte apresenta características particulares que envolvem um reduzido nível de integração entre pecuarista e indústria, o que leva a uma defi ciên-cia na elaboração de estratégias entre os agentes da cadeia. Esta desorganização tem interferido no seu desempenho e faz com que normalmente as transações sejam orientadas apenas pelo preço. O principal elo da cadeia é a produção de animais para abate, que é caracterizada por apresentar produtores capitalizados que adotam conceitos tecnológicos avançados de produção animal, pro-duzindo animais de qualidade superior, e peque-nos produtores que não dispõem de recursos para a implantação de melhorias na propriedade, como melhoramento genético, manejo sanitário ade-quado, técnicas de manejo nutricional durante o período de seca. Neste período, o pequeno produ-tor coloca no mercado uma grande quantidade de animais fora dos padrões de qualidade. Na outra ponta, o país dispõe de um parque industrial com frigorífi cos modernos e bem equipados que aten-dem à legislação internacional. A competitividade da cadeia da carne bovina depende crucialmente do estabelecimento de uma nova forma de coorde-nação, onde as tradicionais relações de mercado sejam substituídas ou, no mínimo, complementa-

Helmuth Kieckhöfer é médico veterinário e doutor pela Universidade de Hannover (Alemanha)

carne bovinaO

por HELMUTH KIECKHÖFER

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das por relações cooperativas, que garantam a rastreabilidade dos produtos e assegurem seu fornecimento nas quantidades e qualidades requeridas pela indústria e consumidores.

A inserção da carne no mercado externo promove melho-rias na gestão, produção e qualidade, contribuindo com o aumento na organização e formalidade dos frigoríficos, pois somente as unidades industriais mais eficientes tendem a se manter no mercado, em virtude de sua adequação às exigên-cias internacionais. À medida que a influencia dos consumi-dores crescem, os produtos cárneos têm se tornado mais di-versificados, a fim de atender às preferências do consumidor. Atualmente, os consumidores “puxam” os produtos da cadeia de fornecimento com base em suas necessidades específicas e preferências. Essa mudança de um modelo “empurrão” para um modelo “puxão” já é uma tendência, sobretudo nos países desenvolvidos, e está moldando a estrutura e a gestão das cadeias de suprimentos de carne.

Assim, à medida que os problemas de ordem logística e sanitários vão sendo resolvidos, a cadeia agroindustrial da carne bovina brasileira tornar-se-á ainda mais competitiva. Diante da demanda externa pela carne bovina brasileira e do potencial de crescimento do setor, levando em conta as vanta-gens inerentes à pecuária de corte nacional, o setor industrial de carnes investe visando melhorar o processo produtivo e o atendimento das exigências ambientais e sanitárias dos mercados externos. Entretanto, o setor de abate no Brasil apresenta uma situação bastante diversificada em termos de estrutura das indústrias, de localização geográfica e de nível tecnológico. Hoje as grandes redes atacadistas e varejistas di-tam as regras de mercado, estabelecendo o preço de comercia-lização, operando com compras a prazo, que são financiadas pelos pecuaristas e pela indústria da carne. Está na hora do pecuarista e do frigorífico se unirem e envolver estas grandes redes nesta discussão, pois afinal de contas fazemos parte do setor produtivo e não somos uma instituição financeira.

Fonte: Diagnóstico da Cadeia Produtiva da Pecuária de Corte do Estado do Rio de Janeiro (FAERJ/SEBRAE, 2010)

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O Oeste da Bahia é uma das regiões do país onde predomina o Cerrado e, atualmente, uma importante fronteira agrícola para o país. O senhor consegue vislumbrar que teve um papel importante para que isso se tornasse possível?

No Cerrado, inicialmente, tinham alguns fatores que eram fundamentais: um era a terra com uma boa es-trutura sob o ponto de vista químico e fertilidade zero; o segundo é que havia no ar uma constância no clima. O Cerrado da Bahia, por exemplo, tem seis meses de chuva e seis meses de seca e durante a chuva ele per-mite que você use o seu recurso terra. Nós fi zemos um grande esforço e em 20 anos conseguimos identifi car bem os nossos biomas, inclusive o Cerrado e utilizá-los a favor de um processo produtivo. Norman Borlaug, que foi o primeiro e único Premio Nobel da Paz em alimentação chegou a dizer isso enfaticamente quando conheceu o que ele chamou “A Grande Revolução Brasileira”. Ele disse que a primeira revolução foi ele quem fez e se honra muito por ter tido companheiros que teve e etc., etc., mas nunca tinha tido tranquilida-

de com seu travesseiro porque ele só viu agricultura no mundo com áreas férteis onde os homens vão lá, sacam as vegetações originárias e, sucessivamente, vão produzindo nelas até que essas áreas não sejam mais sufi cientes pra abastecer o mundo. Ele tinha uma intranquilidade muito grande e usou essa expressão: “Eu já não concordo mais com meu travesseiro porque sei que vai haver um desastre”. Depois que ele visitou e conheceu a revolução do Cerrado, ele disse pra nós aqui em São Paulo numa reunião com 250 agrônomos “Agora eu posso morrer feliz, porque, pela primeira vez, eu vi o agricultor fazendo o inverso do que o mundo fez. Pegou a terra mais infértil, a mais degrada-da do mundo (mais degradada que essa só a savana da África) e transformou na mais produtiva e competitiva do grupo”. Então eu fi co muito animado com isso, eu acho que é um sinal de que o Brasil vai continuar a ter essa competência, vai continuar a crescer e vai ser o grande produtor mundial na produção de alimentos, de matérias-primas e especialmente na bioenergia que o mundo necessita.

por ANTON ROOS

Ministro da Agricultura entre 1974 e 1979, mineiro de Bambuí e engenheiro agrônomo, Alysson Paulineli foi responsável pelo desbravamento do cerrado brasileiro e tornou a região uma das mais promissoras fronteiras agrícolas do Brasil. Da extinta Embrater (Empresa Brasileira de As-sistência Técnica e Extensão Rural) ele criou a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agrope-cuária). Em 2006, recebeu o World Food Prize (Prêmio Mundial da Alimentação e da Agricultura), em reconhecimento pela contribuição do aumento da oferta mundial de alimentos. No dia 28

setembro, Paulinelli vai receber do Sindicato dos Produtores Rurais de Luís Eduardo Magalhães uma homenagem pelos serviços prestados como homem público e produtor rural. Na entrevista a seguir ele declara que “a agricultura do cerrado é invenção brasileira” e se diz orgulhoso por ter ajudado no desenvolvimento da agricultura no país.

CERRADO,”UMA INVENÇÃO BRASILEIRA

ENTREVISTA

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Alysson PaulinelliPresidente Executivo da Abramilho e ex-Ministro da Agricultura

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Nós temos que pedir perdão a todo o mundo tropical por essa besteira que fizemos (aprovação do Código Florestal) e botar nossos cientistas, nossos professores, nossos pesquisadores pra estudar esses biomas pra ver como manejá-lo sem degradá-lo”

O Brasil será protagonista mundial na produção alimentar nos próximos anos, o que é preciso fazer para que isso se confirme?

Para isso nós temos primeiro que cuidar um pouco mais das políticas públicas. Os nossos competidores estão tendo vantagens comparativas muito grandes artificialmente em políticas públicas. Pagam juros muito menores do que os nossos, não tem tributos. Só o Brasil tributa em agricultura hoje, a energia então, loucura né? Temos os maiores custos de serviços, especialmente os de logística, pagamos muito caro por isso. Para o Brasil não correr risco de artificialmente ser deslocado é que nós temos que ter competência e, não só do lado do produtor, do governo também para que as condições de produção não se desequilibrem tanto quanto estão agora.

Em 1973, a Embrapa tinha apenas um ano de fundação e precisava de suporte e investimento. Quase quarenta anos depois, qual é a sensação de ter feito parte desse proces-so de consolidação da empresa e consequentemente da expansão agrícola do país?

Em 73 nós tínhamos a Lei no papel, a lei era autorizativa “Fica o poder executivo autorizado a criar uma empresa”. Efetivamente o governo Geisel tomou para si a responsabili-dade de botar essa empresa para funcionar. Fomos nós quem efetivamente assumimos o compromisso de fazer a empresa funcionar, e ela funcionou. Nós tivemos todas as dificuldades, o Brasil não estava preparado para colocar o que colocou em operação na Embrapa. Tivemos que artificialmente treinar 1530 técnicos no exterior e investir muito na Embrapa. Fazer um esforço para que os estados também investissem. A partir daí foram criadas 17 empresas na geração de tecnologia. Não descuidamos também da transferência de tecnologia. Criamos a Embrater, 24 empresas estaduais, o governo contribuía com a metade das despesas e a coisa funcionava num sistema de geração e transferência. Enquanto o mundo desenvolvido levou 4 mil anos para fazer o que fez, nós fizemos isso em menos de 30. Isso foi muito importante para o país. Eu acredi-to, sinceramente, que nós precisamos rever algumas situações de crítica que nós passamos, especialmente dos chamados planos econômicos que destruíram muito, acabaram com o plano que nós chamávamos de Sistema Nacional de Pesqui-sas Agropecuárias, com o Sistema Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural, com o crédito rural, com o preço mínimo. Não montaram seguro até hoje, e assim sucessiva-mente. Nós temos que revisar isso urgentemente.

Como o senhor percebeu que o Cerrado poderia produzir em larga escala e expandir a produção agrícola do país?

As alternativas eram poucas, o Brasil naquela época tinha metade da população rural e metade da população urbana. A população rural não dava conta de abastecer a urbana. Nós usamos todos os artifícios que podíamos. Lembro que houve um crédito até bastante volumoso, porém nós não tínhamos a tecnologia tropical. O alimento que vinha de fora custava

menos que o produzido aqui. Era incompetência. Com a cria-ção da Embrapa nós criamos a primeira agricultura tropical competitiva e desenvolvida no globo, e mais do que isso, hoje ela demonstra que é também a mais sustentável. Muitos paladinos anunciavam que o Brasil estava destruindo seus recursos naturais pra produzir alimento, isso era uma inver-dade. Os biomas brasileiros, inclusive o Cerrado, melhoram com a atividade agrícola. Você pega esse Oeste baiano aí, veja o que era e o que é hoje. Do ponto de vista biológico, o solo é outro, é muito melhor. Acho que nós precisamos preservar os biomas, mas isso é função de governo, não é do produtor. O governo deve ter os seus parques, fiscalizá-los e mantê--los. Isso é função de governo, não de produtor. O produtor tem que ter a consciência de manejo dos recursos naturais, o solo, a água, as plantas e os animais de forma racional para que nós não degrademos esses recursos e isso o agricultor tá fazendo.

E hoje, na sua avaliação, qual a importância do Cerrado para o agronegócio brasileiro?

Não é só para o pais não, é para o mundo. É a única área que se tem com tecnologia confiável sob ponto de vista de competitividade, produtividade e sustentabilidade para o mundo expandir aquilo que ele precisa. Nós vamos ter em 2050 nove bilhões de pessoas e ter que, praticamente, dobrar a quantidade de alimento que nós produzimos hoje. Sem con-tar aquilo que eu acho que também é muito importante que é a bioenergia, a energia que vai aliviar um pouco as condições de vida no mundo. Nós vamos ter condições de fazer isso por causa do Cerrado, fundamentalmente por causa do Cerrado. Nós ainda estamos com alguns conceitos muito errôneos. A começar pelo manejo desses nossos biomas. Nós precisamos colocar cientistas, a cada dia mais, para ver em cada um dos

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ENTREVISTA

biomas, não é só do Cerrado, o que pode ser feito, como fazer para que tiremos dele o que ele pode nos dar, não só em termos de alimento, mas de riquezas, sem degradá-lo. Isso é perfeitamente viável e nós hoje já temos não só a consciência mas, especialmente, profi ssionais competentes. Hoje, as nos-sas universidades tem o que o mundo não tem: a tecnologia tropical para o manejo de biomas tropicais. Eu acho isso importantíssimo. Agora, se nós começarmos a fazer legislação na base do “achismo” e discutir essa legislação como foi esse vexame agora do Código Florestal sem nenhuma base cientí-fi ca, isso desmoraliza o país lá fora. Nós temos que pedir per-dão a todo o mundo tropical por essa besteira que fi zemos e fazer o que é preciso ser feito. Botar nossos cientistas, nossos professores, nossos pesquisadores pra estudar esses biomas pra ver como nós vamos manejá-lo sem degradá-lo. Isso nós temos condições de fazer. Na época que criamos a Embrapa não tinha, hoje já tem.

Como ex-ministro e hoje diretor nacional da Abramilho, como o senhor avalia a aprovação do novo Código Florestal Brasileiro?

Eu acho que foi, infelizmente, o momento mais triste do Brasil. Desde 1997/98, começou-se a montar, sem nenhum conhecimento científi co, um código, tido como fl orestal. Esse código deveria ser ambiental. Se você for verifi car, a cidade polui muito mais do que o campo. O campo está baseado na terra, a terra é o bem de raíz que o agricultor transmite aos seus fi lhos. A cidade é o contrário, você vê aí os estragos que faz os dejetos, a poluição de água, barulho, tudo. O Código Florestal na realidade foi montado nos escritórios congelados ou refrigerados de Brasília, sem nenhum conhecimento da realidade e só veio atrapalhar e, o pior, eu considero que essa discussão sacramentouo achismo. Sabe do que eu chamo isso? De incompetência. Um país que apresenta dinheiro do mundo como a grande solução vai discutir incompetência. Eu acho isso muito perigoso e nós precisamos urgentemen-te passar a pensar num código ambiental. Acham que nós precisamos ajudar e temos condição disso. Vamos fazer um código ambiental baseado em ciência, não em achismo, para os biomas tropicais. Essa é a grande solução.

A aprovação do Novo Código Florestal gerou uma enorme discussão, dividindo ambientalistas e ruralistas. A popula-ção de um modo geral, principalmente as que residem nos centros urbanos, tem noção da importância da lei para a própria vida delas?

Não tem. Ela foi desinformada por uma mídia muito peri-gosa que quis preservar os biomas tropicais em base de achis-mo. Isso é um perigo, isso é um atentado contra o potencial brasileiro. Nós temos que fazer exatamente o contrário, dar oportunidade aos nossos cientistas, aos nossos pesquisadores, aos nossos professores de desenvolver tecnologia de manejo, de uso conservacionista dos nossos biomas. Onde for madeira vamos fazer uma exploração de madeira com o chamado

Corte Sustentável, onde for pra pastagem, que a pastagem seja melhor do que tinha antes da vegetação nativa. Que ele efetivamente melhore o seu bioma, seja mais rico em reser-vas. É natural, eu não sou destruidor e nem quero destruir as essências dos biomas que nós temos, mas vamos criar os cha-mados parques nacionais e que o governo cuide disso. Essa história de transferir os agricultores é um risco muito grande. Você tá vendo aí, muitos deles não mantêm a reserva legal e eu não acho que isso também seja obrigação de produtor.

Sem o investimento em ciência e tecnologia o Brasil teria se tornado a potência agrícola que se tornou?

De forma nenhuma. Todos os estudos que você faz, todos os parâmetros que você toma, toda econometria que você estuda leva que o Brasil desenvolveu sua produção e deixou de ser importador pra ser exportador através da ciência e tecnologia.

Até que ponto o Cerrado brasileiro pode ainda contribuir para o desenvolvimento e expansão da agricultura no país?

Eu acho que muito. Nós temos na realidade 240 milhões de hectares no Cerrado. Vou citar um caso bem claro de vocês aí. Vocês têm esse Cerrado belíssimo e só usam uma parte dele, você sabe por quê? Porque nós estamos com um conceito errado no manejo da água e nós precisamos mudar esses conceitos. A chuva que cai no Oeste baiano, se for bem manejada - você não pode perdê-la! -, dá para estender isso que você tem nessa faixa do Tocantins até o fi nal do Cerrado e o São Francisco todo. Por que essa burrice de que não se pode transpor o São Francisco? Isso é um crime que tão fazendo. Qual a razão de o Brasil ser obrigado a soltar 600 mil metros³/s no mar? Pra esses caras que falam isso, eu só peço pra irem à China, onde o rio Yang Tse é o mais fértil e quatro meses no ano ele não vai mais ao mar. Não tem água na China. Só assim esses caras vão compreender que nós estamos com um conceito errado de água. A água depois de formar o caudal está morta. Ela só vai atender praticamente a navegação e o abastecimento de alguns centros. Você pode fazer de outra forma. Eu sou água, eu tenho 75% de água, no dia que essa água for embora, Paolineli morreu, acabou. A água é vida e na biologia ela é fundamental porque a bio-logia não funciona sem água. Nós estamos com um conceito errado, nós começamos a olhar a água depois que ela entrou no caudal. Isso aí já é água passada. Eu acho que ao invés de fi car com essas besteiras e restrições nós devíamos estar ten-tando conter as chuvas que estão indo embora muito rápido, em barragens, barraginhas, em sistemas de sustentabilidade para que nós possamos elevar os nossos lençóis freáticos e manter a água em condições de uso com irrigação. Vocês vão ver o quanto vai valer o Cerrado com a irrigação, ele dobra de valor. Aliás, vocês aí tem isso muito. Vocês tem alguns dos rios aí que já estão esgotados, mas se cuidasse da água da chuva, eles não teriam se esgotado não, eles ainda podiam irrigar muito mais.

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REGIÃO CONSIDERADA IMPRÓPRIA PARA A AGRICULTURA ATÉ MEADOS DE 1970 SE TRANSFORMOUEM UMA DAS PRINCIPAIS FRONTEIRAS AGRÍCOLAS DO PAÍS E IMPULSIONOU O DESENVOLVIMENTO DOCENTRO-OESTE DE ESTADOS COMO GOIÁS, MINAS GERAIS, MATO GROSSO, DISTRITO FEDERAL E BAHIA

BIOMA

da REDAÇÃO

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ANUÁRIO DA REGIÃO OESTE DA BAHIA/AIBA

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BIOMA

A té o fi nal dos anos sessenta os solos do cerrado, especial-mente na região do Centro-Oeste brasileiro eram consi-derados impróprios à agricultura. Foi somente a partir de 1975 que esta história começou a mudar. Nesse ano o

governo federal implantou um conjunto de ações visando acelerar o desenvolvimento de estados como Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Distrito Federal e Oeste da Bahia. Esse trabalho possibi-litou a construção de estradas, escolas, silos e armazéns, investi-mento em pesquisa agropecuária, assistência técnica e extensão rural, fi nanciamentos para incorporação de novas áreas ao proces-so de produção e utilização de calcário e fosfato. Além de crédito para investimentos, custeio e comercialização foram estabelecidos preços mínimos e seguro agrícola.

À época, quem comandava a pasta de Agricultura do governo federal era o engenheiro agrônomo Alisson Paulinelli, que perma-neceu no cargo entre 1974 e 1979, e fi cou marcado como um dos grandes responsáveis pela “descoberta” do cerrado brasileiro para a agricultura. O ex-ministro explica que as opções de desenvol-vimento da atividade agrícola no país, à época, eram poucas e, de certa forma, não havia muitas alternativas. “Metade da nossa população era urbana e a outra metade era rural” lembra. A po-pulação que vivia no meio rural já não dava conta de abastecer a emergente população dos centros urbanos. “Nós usamos todos os artifícios que se tinha, inclusive de crédito, mas ainda não traba-lhávamos com uma tecnologia tropical. O alimento vindo de fora custava menos que o produzido aqui. Isso era incompetência”, resume, lembrando que a criação da Embrapa Cerrado e a aber-tura das linhas de pesquisa possibilitaram o desenvolvimento de uma agricultura, ao mesmo tempo, tropical e competitiva no país.

A pesquisa agropecuária iniciada na gestão de Paulinelli a frente da pasta serviu para viabilizar a ocupação do cerrado brasileiro nas décadas seguintes. No entanto, para que o Cerra-do ofertasse aquilo que dele se esperava foi preciso um amplo investimento. “Tivemos que treinar 1530 técnicos no exterior, investir muito e fazer um esforço para que os estados também investissem na geração de tecnologia”, relembra, por telefone, o ex-ministro. Após ser realizado um amplo diagnóstico, foram constatados alguns entraves que brecavam o desenvolvimento da prática agrícola destas regiões: as informações existentes sobre os recursos naturais eram insufi cientes para dar suporte a um programa de desenvolvimento regional; as chuvas, em-bora, quantitativamente satisfatórias, eram mal distribuídas e com ocorrência de veranicos durante a fase reprodutiva dos cultivos; a fertilidade dos solos era baixa; o manejo era defi -ciente, pois o cultivo por métodos inadequados conduziria à rápida degradação do solo; a incidência de pragas e doenças em áreas de monocultivo, e por fi m, o conhecimento sobre as peculiaridades ambientais da região e suas características econômicas e sociais na ocupação humana eram bastante res-tritos.

Eduardo Assad, engenheiro agrônomo PhD da Embrapa Cerrados, diz ainda que “a vegetação de cerrado apresenta outras estratégias de adaptação aos períodos de seca, como germinação de sementes na época das chuvas e crescimento radicular pronunciado nos primeiros estágios de desenvolvi-mento das plantas”. O certo é que não fosse o trabalho desen-volvido na década de 1970, o agronegócio brasileiro não teria se expandido da maneira como se expandiu e regiões como o oeste baiano, difi cilmente teriam se tornado tão pujantes como se tornaram. O investimento em pesquisa alavancou a produ-ção agrícola do país. O Cerrado se tornou viável. Havia preço satisfatório, crédito sufi ciente e oportuno, estrutura tributária e seguro agrícola compatíveis com a atividade, além de formas efi cientes de comercialização e infraestrutura básica.

No entanto, a “descoberta” do Cerrado na década de 1970, embora tenha possibilitado ao país se desenvolver economica-mente, também acarretou em problemas ambientais. Em 2003, o Brasil possuia cerca de 3,7% de seu território legalmente pro-

Alisson Paulinelli, ex-ministro da Agricultura: “Nós usamos todos os artifícios que se tinha, inclusive de crédito, mas ainda não trabalhávamos com uma tecnologia tropical. O alimento vindo de fora custava menos que o produzido aqui. Isso era incompetência”

Colheita de algodão no Oeste baiano: investimento em tecnologia fortaleceu o segmento agrícola e deu mais segurança aos produtores

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O OESTE BAIANOCom 16,2 milhões de hectares em área total, o Oeste baiano possui 9,1 milhões de ha de bioma Cerrado, dos quais 1,9 milhão destinam-se à reserva legal e 1,7 milhão à preservação permanente. Com possibilidade de uso agrícola, levanta-se assim um total de 5,5, milhões de há, enquanto 4,6 milhões destes registram boa pluviosidade. Na safra 2010/11, a área ocupada com lavouras correspondeu a 1,835 milhão de ha.

tegido, um percentual acima da média mun-dial de 3,1%, mas abaixo da sulamericana de 4,5%. Dados do IBGE, Ibama e Embrapa, do mesmo período, apontavam que cerca de 37% da área do bioma do Cerrado já havia perdido sua cobertura primitiva

Os principais obstáculos para a conserva-ção da biodiversidade do Cerrado, segundo o economista Rodrigo Marouelli estão no baixo valor atribuído aos seus recursos biológicos; exploração não sustentável dos recursos; insu-fi ciência de conhecimentos sobre ecossistemas e espécies; os resultados dos poucos estudos científi cos existentes não são direcionados para a resolução de problemas ambientais; as atividades conservacionistas da maioria das organizações têm tido um espectro muito res-trito; as instituições responsáveis pela proteção da biodiversidade enfrentam difi culdades or-ganizacionais e fi nanceiras.

“O latifúndio que, no Cerrado, mantém as mesmas características das regiões atrasadas ainda constitui a maior reserva de terras exis-tentes no país. Por outro lado, os chamados latifúndios produtivos, como os do maior pro-dutor de soja do mundo com seus 50.000 ha plantados no Mato Grosso do Sul, signifi cam um risco ambiental que deve ser evitado. As regiões agrícolas devem ter parte de suas áreas conservadas com vegetação natural, e serem diversifi cadas em culturas para evitar a proli-feração de pragas, enquanto que as reservas servirão para a guarda de predadores de pragas e corredores ecológicos de fl ora e fauna nati-vas”, observa.

As projeções regionais para 2021 indicam que o maior aumento de produção se dará nos estados onde predomina o Bioma Cerra-do, sendo que os mais signifi cativos aumentos na produção em milhões de toneladas serão: 10,69 na soja; 7,49 no milho; 1,2 na carne bovi-na; 1,1 de algodão pluma; 2,7 milhões de litros no leite. Para atingir essas metas de produção de alimentos até 2021, a Embrapa Cerrados se defronta, atualmente, com o desafi o de apre-sentar alternativas que, concomitantemente à preocupação com a viabilidade técnica e eco-nômica da produção agrícola, considerem no-vos conceitos advindos da “economia verde”, tais como o retorno sobre os investimentos de capital natural, humano, redução das emis-sões, efi ciência no uso de recursos naturais, geração de menos resíduos e redução nas dis-paridades sociais.

Fontes: Embrapa Cerrados, Anuário da Região Oeste da Bahia Safra 2010/11 (Aiba), O Desenvolvimento Sustentável da Agricultura no Cerrado Brasileiro (de Rodrigo Marouelli), A conservação do Cerrado Brasileiro (Carlos Kink e Ricardo Machado)

O CerradoO Cerrado ocupa uma área de 204 milhões de hectares, o equivalente a aproximadamente 23,9% do território brasileiro. São encontradas, aproximadamente, 12.000 espécies de plantas, das quais 35% são das áreas savânicas, 30% das fl orestas, 25% de áreas campestres e 10% ainda precisam ser melhor estudadas quanto à sua distribuição original, pois podem ocorrer em mais de um ambiente. A fauna é rica, apresentando cerca de 199 espécies de mamíferos, 837 espécies de aves, 180 de répteis e 150 de anfíbios, 1.200 de peixes e 67.000 de invertebrados.

O clima dominante na região é o tropical-quente-subúmido, caracterizado por forte estacionalidade das chuvas. Há duas estações bem defi nidas: uma estação seca (maio a setembro) e outra chuvosa (outubro a abril). A precipitação média anual é de 1500 ± 500 mm. Períodos de seca de uma a três semanas, os veranicos, podem ocorrer durante a estação chuvosa especialmente nos meses de janeiro e fevereiro. A temperatura média anual apresenta amplitude de 21,3 a 27,2ºC.

Os solos são antigos, profundos, bem drenados, com baixa fertilidade natural e acidez elevada. Classifi cam-se em Latossolos, Concrecionários, Podzólicos, Litólicos, Cambissolos, Terras Roxas, Areias Quartzosas, Lateritas Hidromórfi cas e Gleis. A vegetação pode ser descrita, em termos gerais, como savana entremeada de Matas Ciliares. No conjunto de paisagens, são consideradas como as mais comuns: o Campo Limpo, o Campo Sujo, o Cerrado, o Cerradão e as Matas de Galeria.

Ao contrário de muitas regiões no mundo, em que o estabelecimento da agricultura ocorreu em locais onde a fertilidade natural dos solos permitia a capitalização inicial dos agricultores, no Cerrado, a agricultura se desenvolveu em áreas de solos ácidos, de baixa fertilidade. Além de políticas públicas de desenvolvimento regional, um fator de destaque no extraordinário desempenho agropecuário foi a geração de tecnologias agrícolas modernas. Tecnologias para a correção, adubação e manejo dos solos, obtenção de soja adaptada às baixas latitudes, lançamento de cultivares e defi nição de manejo em soja, arroz, milho, algodão, feijão e trigo constituem alguns dos resultados promissores da pesquisa agrícola nos trópicos.

A região do Cerrado se destaca do ponto de vista hidrológico e ambiental. Afi nal oito das 12 grandes regiões hidrográfi cas brasileiras recebem água de rios que nascem neste bioma. Para a manutenção dos processos de produção e distribuição de água pelos rios do Brasil é fundamental a adequada gestão dos solos e dos recursos hídricos do Cerrado. Além disso, o Cerrado tem a segunda maior diversidade do planeta, superado apenas pela Amazônia. Portanto, as boas práticas agrícolas e a preservação de áreas naturais são importantes para manejo e conservação da biodiversidade do Cerrado. Fonte: Embrapa Cerrados

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OESTEO CACAU DO

POR SUAS CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS E TOPOGRÁFICAS TOTALMENTE FAVORÁVEIS A SOJICULTURA E COTINOCULTURA, O QUE MENOS SE

ESPERARIA É QUE NESSA REGIÃO A PRODUÇÃO DE CACAU POR HECTARE CHEGASSE A SER ATÉ DUAS VEZES MAIS DO QUE NO SUL DA BAHIA

uando se fala em cacau, no Brasil, duas cidades no sul da Bahia pedem reverência: Ilhéus e Itabuna. A história econômica do país e a literatura de Jorge Amado são tes-temunhas. O que ninguém imaginaria, ou suspeitava, é

que o Oeste baiano, conhecido como o “eldorado do agronegó-cio”, com suas condições climáticas e topográfi cas favoráveis à expansão sojicultora fosse capaz de se destacar na produção de cacau, cultura teoricamente inconcebível no Cerrado. No sítio Jacarandá, a 7km do centro da cidade, o senhor Antônio Veloso chega a produzir 90 arrobas por hectare, cerca de duas vezes e meia mais do que é produzido em média na conhecida “região cacaueira” da Bahia.

O cacaueiro (Theobroma cacao L.) é nativo da fl oresta tropical úmida americana e requer temperatura média anual superior a 21°C e, no mínimo, 1.500mm de chuvas bem distribuídas du-rante o ano, sem longos períodos secos, em local de, no má-ximo, 600m de altitude. A planta necessita de arborização, de cobertura para proteger os frutos dos raios solares. Com esses pré-requisitos, teoricamente o Oeste não seria ideal para o culti-vo do cacau. Mas isso só na teoria.

por C.FÉLIX e JORGE DA SILVA

C.F

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DESAFIO

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Antônio Veloso, administrador por formação e agrônomo pesquisador por vocação: “Do cacau aproveitamos tudo, até a casca”

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Há aproximadamente nove anos, Antônio Veloso, natural de Ilhéus e formado em administração, plantou as primeiras mudas de cacau no sítio Jacarandá, propriedade contemplada com o pro-jeto de irrigação da Codevasf. Hoje, dois dos 7,5 hectares do sítio são voltados para o cultivo do cacau: um já frutifi cando e outro ainda em crescimento. Apesar das adversidades do clima da re-gião, a planta acabou se adaptando. “Existem dois sistemas predo-minantes de cultivo do cacaueiro: com sombreamento defi nitivo e com sombreamento provisório”, explica Veloso.

O sombreamento provisório é feito, frequentemente, com ba-naneiras em um espaçamento de 3m por 3m. O defi nitivo é feito com árvores altas e copas grandes, a exemplo da cajazeira e eritri-na. Elas podem chegar até a 30m de altura em um espaçamento que varia entre 15m por 15m e 24m por 24m. A implantação des-te sombreamento deve ser feita pelo menos seis meses antes do plantio do cacau.

Para plantio em área de mata com grandes árvores, faz-se ape-nas um raleamento, deixando somente as árvores que interessam em um espaço de 15m por 15m a 18m por 18m. Esse é o sistema de consórcio, com coco e outras plantas que consiste em apro-veitar plantios já pré-estabelecidos e introduzir o cacaueiro com

DESAFIO sistema de irrigação. Assim fez o produtor Antônio Veloso, apro-veitando o cajueiro, maracujazeiro, cajazeira, ingazeira, aroeira africana, teca e bananeira já existentes em sua propriedade.

As podas de formação das suas matrizes são orientadas de forma a fechar ao máximo a lavoura, propiciando um ambiente adequado ao desenvolvimento de frutos. Ao contrário das áreas cultivadas na região Sul da Bahia, o clima do Oeste não disponi-biliza percentuais de umidade favoráveis ao desenvolvimento do fungo Moniliophtora perniciosa, causador da doença conhecida como vassoura de bruxa, um dos principais causadores da queda da produção de cacau em meados de 1995 na região cacaueira baiana.

No entanto, é preciso estar atento às características do solo, que deve ser fértil, com pH em torno de 7,0 frescos, profundidade de pelo menos 1m e em local não sujeito a encharcamento nem exposição ao vento sul.

“A adubação e o manejo de pragas e doenças são feitos com produtos biológicos e naturais, como o biogel. Isso confere uma tendência mais orgânica às amêndoas produzidas. Agora, a difi -culdade de certifi cação da produção ainda é um dos principais entraves de um retorno comercial melhor”, reclama Veloso, que quer ampliar sua produção. Segundo alguns pesquisadores, com manejo adequado de uso de podas, fertirrigação e polinização, é possível produzir até 230 arrobas por hectare.

Além da comercialização direta das amêndoas, parte é utiliza-da para a fabricação de chocolates (com 70% cacau), cocadas e licor. Dona Etiene, esposa de Antônio Veloso, é a responsável pela produção desses derivados de cacau. Ela também produz iguarias de outras espécies frutíferas do sítio, a exemplo da bana-na caramelizada e doces de caju em compotas.

REAPROVEITAMENTO DA CASCA, APÓS A RETIRADA DA POLPA

Ainda fresca, a casca é triturada em uma forrageira e servida aos animais. A sobra, depois de seca,vira um pó que é utilizado como adubo. A casca do cacaueiro é uma ótima fonte do fertilizante potássicoe auxilia no crescimento de mudas do próprio cacau. Pode ser diluída em água para pulverizaçõesou incluída em formulações com adição de fósforo, nitrogênio e micronutrientes

FOTOS: C.FÉLIX

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Todo o processo de produção e agroindustrialização é realizado no sítio Jacarandá. Uma das principais dificuldades no manejo da cacauicultura é a falta de mão de obra qualificada para as práticas culturais exigidas. Veja as etapas para a produção das amêndoas de cacau:

SAIBA MAIS

A colheita do fruto é manual, o que favorece uma seleção rigorosa;

A retirada das amêndoas, na prática chamada de “quebra do cacau”, é feita com a utilização de um facão, faca ou um alicate de poda;

A prensagem das amêndoas é realizada de modo artesanal;

A retirada do extrato, chamado de “melado”, é proveniente da mucilagem que fi ca aderida nas amêndoas; esse extrato é utilizado para a produção de bebidas alcoólicas como cachaça e licores;

A fermentação das amêndoas é feita através de armazenamento em caixotes de madeira padronizados, com fundo perfurado; faz-se necessário o revolvimento das amêndoas de três em três dias e monitoramento da temperatura;

A secagem e monitoramento da umidade das amêndoas se dá em terreiro de pavimento;

O armazenamento é feito em sacas de 60Kg, e em tambores com tampa com vedação.

O cacau da BahiaAcredita-se que com a colonização espanhola no México, a população maia e asteca já faziam uso do cacau como bebida e como moeda. Na Europa, foi difundido ao passo da utilização do açúcar nas bebidas. Atualmente, o Brasil ocupa a segunda posição na produção mundial de cacau, atrás da Costa do Marfi m, na África. A região cacaueira do sul da Bahia, que tem como centro as cidades de Ilhéus e Itabuna, foi responsável, no fi nal do século XIX e início do século XX, por cerca de 90% da produção brasileira, calculada em mais de 400 mil toneladas de amêndoas secas. Ela abastece o mercado nacional e exporta principalmente para os Estados Unidos, Rússia, Alemanha Federal, Reino Unido e Japão.

Produtos derivados do cacau (licor e chocolate) e de outras frutas

fabricados artesanalmente por Dona Eliete, esposa de Antônio Veloso

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Após a retirada das amêndoas, quando “quebra-se o cacau”, conforme defi nição de Veloso, as cascas, ainda frescas, são tritura-das em uma forrageira e usadas como suplemento na alimentação animal de ovinos, que correm para a cerca quando escutam o ron-car do motor da forrageira.

“Era uma preocupação aquele monte de casca acumulando água. Após a quebra ela fi ca com uma textura muito dura. Isso difi culta a decomposição. Daí surgiu a ideia de triturar. Os ani-mais adoraram”, conta. O que sobra da casca triturada vira um adubo, que pode ser utilizado para culturas orgânicas e mudas. Segundo pesquisadores da CEPLAC (Comissão Executiva do Pla-no da Lavoura Cacaueira), a casca do cacaueiro é uma ótima fonte do fertilizante potássico e auxilia no crescimento de mudas do próprio cacau. Pode ser diluída em água para pulverizações ou

DESAFIO

incluída em formulações com adição de fósforo, nitrogênio e micro-nutrientes. Isso quer dizer que, além de ser uma fonte in natura de nutriente, ainda pode ser tornar uma fonte de receita adicional nas fazendas de cacau.

Uma das principais vantagens da cultura do cacau, explica Velo-so, é a possibilidade de armazenamento do produto. Isso permite realizar a venda no momento certo, gera melhor retorno e os com-pradores acabam se deslocando até a propriedade para concretizar a comercialização. Negócio rentável, Veloso já faz até planos para expandir para 4ha a área de plantação do cacau do sítio Jacarandá. Quem sabe ele não chegue a produzir 150 arrobas por hectare?

Das culturas agrícolas utilizadas para exportação no Brasil, o ca-cau é considerado uma das mais importantes, principalmente no estado da Bahia. A variação o preço é muito grande no mercado in-ternacional, chegando a 2.243 dólares a tonelada na bolsa de Nova York, de acordo com a Seagri, em junho de 2012. Isso dá aproxima-damente 2 dólares por quilo na região.

Processo de benefi ciamento

Mês Abertura Máx Mín Última Var HoraSep 2012 (E) 2710 2710 2710 2710 +14 04:02Dec 2012 (E) 2653 2679 2598 2631 -22 11:49Mar 2013 (E) 2660 2685 2608 2641 -19 11:49May 2013 (E) 2671 2686 2616 2648 -21 11:49Jul 2013 (E) 2700 2702 2625 2656 -21 11:48

Cotação de cacau (US$) em NY / Previsão futura

FONTE: MERCADO DO CACAU (WWW.MERCADODOCACAU.COM.BR). ATUALIZADO EM 11/09/2012

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NOVA INDÚSTRIA

300 MILSACOS POR MÊSTIO MÁRIO CELEBRA 20 ANOS NO MERCADO E INAUGURA MAQUINÁRIO PARA SUPRIR CARÊNCIA DE SACARIA DE POLIPROPILENO NA REGIÃO

ais uma indústria é inaugurada em Barreiras. O setor produtivo da região já conta há três meses com o mais novo e moderno maquinário voltado para o setor de sacaria. Este é mais um empreendimento da empresa

Comércio e Benefi ciadora de Arroz Tio Mário, que este ano cele-bra duas décadas de atuação em Barreiras. A nova indústria sur-giu da carência de embalagem com qualidade, resistência e pre-ços competitivos, principalmente nas sacarias de polipropileno.

“Antes, tínhamos que trazer sacarias de outros Estados, prin-cipalmente de Pernambuco. Aqui você não encontrava produto ideal com preços atrativos. Nós, como diversas empresas que en-sacam milho, arroz, feijão, açúcar, sorgo, farinha, farelo, ração,

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por C.FÉLIX

Máquina importada de Taiwan imprime em quatro cores sacos para 25kg, 60kg com largura de 50cm a 80cm e comprimento que chega a 1,40m, na gramatura mínima de 60g/m² para tecido convencional e 72g/m² para o tecido laminado

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sal mineral e fertilizantes, por exemplo, sofríamos com isso. Hoje, com esse maquinário adquirido através de uma parceria com uma empresa de Taiwan – a For Dah Industry Co. –, nós conseguimos produzir cerca de 300 mil sacos por mês, com tecidos de alta te-nacidade a custo inigualável”, explica Anderson Jaskulski, diretor administrativo.

A nova indústria trabalha com sacarias de ráfi a (polipropileno) convencionais e laminados, lisos ou com impressão em quatro co-res. O maquinário produz sacos para 25kg ou até 60kg, com largura de 50cm a 80cm e comprimento de até 1,40m. A gramatura do tecido, que varia de acordo com as especifi cações dos clientes, é

NOVA INDÚSTRIA

‘Tio Mário’: 20 anos de desafi os e superaçãoA empresa Comércio e Benefi ciadora de Arroz Tio Mário Ltda. foi fundada em 1992 pelos migrantes do Rio Grande do Sul Mário e Neiva Beatriz Jaskulski. O primeiro armazém, de 8m x 12m, nem se compara com a área de mais de 15.000m2 na qual está localizada a unidade fabril do Tio Mário, no Distrito Industrial de Barreiras, cuja área construída, de mais de 3.500m2 continua sendo ampliada constantemente para atender às demandas do setor. Se inicialmente a empresa benefi ciava 1,2 mil sacos por mês, hoje, com os modernos equipamentos que fazem o benefi ciamento, seleção e empacotamento (até a casca é aproveitada), Tio Mário produz mais de 14 mil sacos mensalmente, cuja logística e distribuição é feita totalmente com frota própria.

Além do arroz e seus subprodutos, como o farelo de arroz e a quirera, destinados à alimentação animal, a empresa também comercializa feijão. Todos com marcas registradas próprias. Tio Mário também foi a primeira indústria de benefi ciamento de arroz no Estado da Bahia a obter o registro de seus produtos destinados à alimentação animal junto ao Ministério da Agricultura, por ser totalmente cumpridora das normas de qualidade e boas práticas de fabricação exigidas pela legislação.

“Com consciência de nossas necessidades e com os pés nos chão, investimos gradativamente recursos próprios. Sempre acompanhando o mercado regional e de olho no mercado global”, conta Mário Jaskulski, sócio fundador da empresa.

Disposição, postura fi rme, capacidade inesgotável para renovar e inovar, sempre foram características da família que gerencia o andamento dos negócios de perto, avaliando frequentemente os riscos de cada passo. Assim, lançaram novos tipos de arroz, novas embalagens; estabeleceram um sistema de entrega efi ciente com cumprimento de prazos à risca e treinaram (e continuam treinando) seus colaborares.

“Não foi fácil. Mas quem disse que tinha que ser fácil? Superamos muitos desafi os. Com muita dedicação e competência, conquistamos a confi ança de nossos clientes e fornecedores, a quem somos eternamente gratos. Eles são nossa principal riqueza. Estiveram e estão conosco no dia a dia. Enfi m, não foi à toa que, com esse esforço colaborativo, chegamos a esses 20 anos.”, brinca Mário.

de no mínimo 60g/m² para tecido convencional e 72g/m² para o tecido laminado.

Além desses sacos que atendem a uma demanda do setor produ-tivo agroindustrial, este empreendimento do Tio Mário vai oferecer, em breve, sacolas ecológicas para supermercados e atacados em geral. “Nós somos responsáveis pelo futuro. E esse produto que vamos comercializar brevemente provoca essa refl exão no consu-midor. E é uma refl exão que tem como consequência algo positivo: a proteção do meio ambiente. O uso desses sacos ecológicos é, antes de uma tendência, uma necessidade real”, garantiu sócia a proprietária Neiva Beatriz Jaskulski,

Rua Sítio Grande, 79 - Lot. São Paulo - Barreiras/BADistrito Industrial - BR 135, Km8, Lote 05, Qd. 03 - Barreiras/BATel.: (77) 3611.4954 / [email protected] / [email protected] / www.tiomario.com.br

Comércio e Benefi ciadora de Arroz Tio MárioTio Mário Indústria de Sacaria

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PRODUÇÃO

A safra 2010/11 será sempre lembrada pelos produtores rurais do oeste baiano como uma das melhores de todos os tempos. Com os preços e condições para investimento favoráveis, o in-cremento somente na área cultivada com algodão teve um sal-

to de 51%, passando dos 258 mil hectares na safra 09/10 para 370 mil na safra 10/11. Duas safras depois, a expectativa é que para a colheita (2012/13) haja uma redução de 31,25% de área. Segundo o engenhei-ro agrônomo José Lima Barros, da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) aproximadamente 120 mil hectares onde havia o plantio de algodão serão utilizados para o plantio de soja e milho na próxima safra. “Os preços estão todos favoráveis, tanto na pré quanto na pós-safra”, explica. Com isso a área cultivada com algodão na safra 2012/13 será de 266 mil hectares.

A redução de área não assusta. Aliás, é vista com naturalidade pela classe produtora, tendo em vista que os números alcançados na safra 2010/11 foram muito acima da média e de certa forma coroaram todo investimento em tecnologia de ponta dos produtores rurais da região oeste ao longo das últimas safras. “Não teríamos alcançado os índices de cultivo e produtividade que obtivemos não fosse o alto investimento em tecnologia, aliado ao perfi l empreendedor e a determinação, profi s-sionalismo e seriedade do produtor rural do oeste”, explica a presidente da Abapa, Isabel da Cunha.

PÉ NO FREIONO CULTIVO DE ALGODÃOAPÓS CRESCIMENTO RECORDE DE 51% NA SAFRA 2010/11 ÁREA DE CULTIVO NA BAHIA (OESTE E SUDOESTE) DEVE TER REDUÇÃO DE 30% , DEVIDO A VERANICOS E ROTATIVIDADE DE CULTURAS, ALÉM DE PREÇOS FAVORÁVEIS PARA SOJA E MILHO

por ANTON ROOS

Hans Joerg Rueckriem: “O custo para um pequeno e médio produtor subiu muito. Uma colhedeira custa em torno de 700 mil, enquanto uma usina de benefi ciamento de R$ 5 a 6 milhões”

ANTON ROOS

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Mesmo que historicamente, o clima da região com períodos de chuva bem definidos tem sido fator preponderante para o desenvolvimento da cultura do algodão no Oeste da Bahia, Isabel conta que a irregularidade das chuvas, no início deste ano, contribuiu de maneira significativa para que o algodão não mantivesse os números alcançados nos anos ante-riores. “O clima influencia muito no cultivo do algodão, principalmente em sua fase de crescimento. Há casos, como deste ano, com ocorrência de veranicos no início do ano, prejudicando a produtividade da safra”, explica.

Em se tratando de perdas, a safra 2011/12, segundo o especialista em qualidade do algodão, Hans Joerg Rueckriem, registrou percentual de 30%. Convidado da associação para a palestra de abertura do Dia de Campo do Algodão 2012, no dia 29 de junho, Hans, nascido na Alema-nha e residente no Brasil desde a década de 1960, lembra que ao chegar ao país a região que mais produzia algodão era o Nordeste, com mais de 250 mil toneladas de pluma. “Eu cheguei a exportar algodão da região de Guanambi”, recorda.

O sudoeste baiano chegou a produzir mais de 200 mil hectares de algodão nas décadas de 1970 e 1980, mas a irregularidade nas chuvas e, principalmente, o bicudo fizeram com que a região passasse a cultivar pouco mais de 30 mil hectares, em sua maioria resultado do trabalho de acompanhamento da Abapa e do Fundeagro aos pequenos produtores da região. Atualmente a produção na região é de pouco mais de 30 mil hectares.

Alto custo vs. agricultura familiar

Para o especialista, o estágio atual da produção agrícola com cada vez mais uso de tecnologia nas lavouras exerce uma enorme influência e acaba um processo de seleção. Quem tem recursos para investir e dispõe de áreas maiores para produzir consegue se manter. Segundo o especia-lista, pequenas propriedades caracterizadas como agricultura familiar, pelo menos para a cultura do algodão, tendem a se tornar cada vez mais escassas. “O algodão se mantém por causa do alto investimento”, disse. “O custo para um pequeno e médio produtor subiu muito. Uma colhedeira custa em torno de 700 mil, enquanto uma usina de beneficia-mento de R$ 5 a 6 milhões”, reforça. A oscilação nos preços é outro fator que contribui para que apenas o grande produtor de algodão consiga se manter em condições de competitividade e mercado. Isso porque as exigências hoje em dia são maiores.

Já a presidente da Abapa pensa que o pequeno produtor de algodão ainda não está com seus dias contados. “A agricultura familiar é respon-sável por uma grande parcela da produção mundial de algodão e deve continuar assim. É possível produzir sem altos investimentos em má-quinas de beneficiamento e colheita, podendo-se terceirizar estes servi-ços” revela. Isabel cita o próprio exemplo do sudoeste baiano, em que o algodão é produzido em sua maioria por pequenos produtores rurais.

Presidente da Abapa, Isabel da Cunha: “É possível produzir sem altos investimentos em máquinas de beneficiamento e colheita, podendo-se terceirizar estes serviços”

2009/10 2010/11 2011/12 2012/13Área/he 258 371 386 255Produtividade 253@ 270@ 270@ 204@

Comparativo das quatro últimas safras de algodão na Bahia

Fonte: ABAPA. Números correspondentes apenas à região Oeste

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ENTREVISTA SÉRGIO AUGUSTO GONÇALVESgerente de Operações da TECON de Salvador

Na prática, qual a vantagem econômica para o produtor rural do Oeste baiano operar a partir do porto em Salvador e trans-portar seu produto para a Ásia, por exemplo?

Nós ainda não quantifi camos isso, mas sem dúvida é algo que tem de acontecer. O porto de Santos possui uma estrutura já es-tabelecida para atendimento, mas está esgotado. Hoje, temos um porto a 800 km, muito mais próximo e com capacidade de atender os navios que carregam essa carga. Por um lado, tem os armadores que mesmo com a possibilidade de uma carga interessante, não vão colocar navios lá se a carga não vier. O exportador já pensa diferente: “eu não vou apostar minhas fi chas em Salvador para de-pois não ter como embarcar”. E ainda temos um terceiro ponto que é a estrutura de retroárea pra conseguir atender toda essa demanda de produção da zona oeste baiana de algodão. Estamos chamando

EXPORTAÇÃOVIA SALVADOR

outros parceiros locais de Salvador para viabilizar isso. Hoje, faze-mos o transbordo em Santos, o próximo passo será ter linha direta pelo Tecon de Salvador.

É curioso quando você fala que há um estrangulamento em Santos. Por que não se opera direto em Salvador?

Porque mesmo com estrangulamento há um modo operante, que apesar de ser um problema já é conhecido por todos. Nós te-mos que quebrar essa sequência. Por isso, nós colocamos, embora num terminal de container, um participante ativo nesse movimen-to. Não faz sentido, a economia baiana perder com esse trânsito rodoviário até Santos para exportar por lá.

O que vocês mais exportam pelo canal de containers?Hoje, nós temos uma grande movimentação de produtos quí-

micos do polo, frutas na época de safra na região de Pertolina/Juazeiro, temos muito do setor automotivo, bastante cabotagem alimentícia do sul do Brasil para Salvador e de Manaus, eletroe-letrônicos para Salvador. Saindo de Salvador tem a produção de pneus, e essa integração entre os polos petroquímicos no Brasil também fez com que houvesse um grande movimento de troca de produtos acabados em sumos entre eles.

Alguém do Oeste já está exportando com vocês?Sim. Desde o ano passado, nós temos dois ou três produtores da

região que estão fazendo exportação por Salvador, mesmo tendo que embarcar em Salvador, indo de navio até Santos e lá transbor-dando. No caso da Europa sai direto de Salvador.

É mais interessante ir por Salvador e fazer transbordo em San-tos ou é melhor ir, via rodovia, daqui para Santos?

Vai depender da ociosidade de carga das linhas ou se as linhas estão saturadas. Santos tem dois grandes terminais de containers de outros grupos para iniciarem e serem operados em Santos. Na nossa visão, isso vai dar uma grande capacidade de movimentação de carga dentro d’água em Santos, mas por terra continua um “gar-galo” e a capacidade de movimentação de carga dentro d’água vai permitir que se faça um transbordo mais facilmente e isso pode até ir contra o nosso interesse de fazer linhas diretas. Mas também vai facilitar o transbordo e acabar barateando e diminuindo o transit time, sendo bom para o exportador, não é um problema.

Essa ferrovia Leste-Oeste ajuda a área de exportação?Pode ajudar se o operador ferroviário tiver também vocação pra

container. Se ele se restringir a granel e, mais específi co ainda, mi-nério, pouco vai alterar a situação do terminal de container.

EM ENTREVISTA À AGRO MAGAZINE, O GERENTE DE OPERAÇÕES DO “TERMINAL DE CONTAINERS SALVADOR” FALA DOS AVANÇOS

TECNOLÓGICOS, INFRAESTRUTURA E DA BREVE POSSIBILIDADE DE TER EXPORTAÇÃO SEM TRANSBORDO EM SANTOS. UMA SAÍDA ECONOMICANTE ATRATIVA PARA OS PRODUTORES DE GRÃOS DO OESTE BAIANO.

Sérgio em palestra durante o Bahia Farm Show 2012:“O porto de Santos possui uma estrutura já estabelecida para atendimento, mas está esgotado. Hoje, temos um porto a 800 km, muito mais próximo e com capacidade de atender os navios que carregam essa carga”

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MELHORAMENTO GENÉTICOA grande competitividade da pecuária de corte brasileira está na pro-

dução a pasto, no aproveitamento da oferta ambiental. Se partirmos para a produção confi nada, vamos concorrer com países como EUA, que possuem uma tecnologia muito mais avançada que a nossa. O Brasil tem diferenças regionais, em função, principalmente, da chuva. O Oeste da Bahia está muito ligado climaticamente a um Brasil central, na sua vegetação e sazonalidade, e quem faz pecuária profi ssional, para esse ambiente climático, com criação a pasto, sabe que a força está nas raças zebuínas, maiormente a raça Nelore, que tem grande aceitação comercial por sua capacidade de multiplicação e facilidade de manejo. O Guzera ganha destaque por sua performance. Quando se elenca uma raça, entramos em um programa de melhoramento. Participamos do programa de melhoramento da Associação Brasileira dos criadores de Zebu, focado nas raças zebuínas, e da ANCP - Asso-ciação Nacional de Criadores e Pesquisadores, ligada ao departamento de genética da USP - SP, um dos maiores programas de melhoramento do mundo. É muito complicado fazer hoje o melhoramento apenas no seu rebanho, de forma isolada. Os rebanhos, mesmo dos maiores produtores do país, não seriam signifi cativamente representativos ao ponto de fazer uma seleção genética. Usamos touros que possam im-plementar características, tais como: precocidade, a pecuária exige um ciclo curto, em quanto menos tempo se produzir, melhor; ganho de peso; habilidade maternal, com matrizes que criam bem os bezerros a pasto; e inúmeras outras. Através de um programa de melhoramento, garantimos estatisticamente, tanto no acasalamento por vias naturais, ou inseminação, que o rebanho ganhe uma genética aditiva que me-lhore as características desejadas, e proporcionem maior produtividade em menor tempo. O que está acelerando o processo hoje no melhora-mento é a implementação de ferramentas modernas, principalmente em países mais desenvolvidos, e que o Brasil já está utilizando. São os marcadores moleculares. No caso dos bovinos, já temos a confi guração do genoma, assim como acontece com humanos. Através da leitura do

por THIARA REGES

DNA, localizando marcadores, é possível identifi car se um de-terminado animal tem o potencial para alguma característica mesmo antes dele começar a desenvolver. É possível saber se o animal tem um bom ganho de peso, mesmo antes de pesá--lo. Pode até parecer complicado, mas não é. O criador hoje não pode fi car apenas olhando para as observações de campo fenotípicas, ele precisa entender um pouco mais o que é pre-ciso fazer para chegar mais rápido a um resultado satisfatório. Observar no seu rebanho, animais com maior potencial de desenvolvimento para aquele ambiente, e usá-lo como touro é a maneira correta de se fazer seleção. O tripé da pecuária de corte no país está no controle da saúde dos animais, controle alimentar e utilizar uma boa genética.

PEQUENOS PRODUTORES E A TECNOLOGIAO Oeste da Bahia não está muito distante de como é feito no

resto do país. Existem ilhas de melhoramentos, grupos eco-nômicos focados fortemente no trabalho de melhoramento genético, com a tarefa de produzir também comercialmente. Mas, passando a régua, você não pode dizer que esse assunto esteja nivelado para todos os produtores. A pecuária bovina de corte para ser comercial precisa adquirir certa escala, no processo de cria, recria e engorda, que pode variar de região para região. Então, acreditar em pecuária de corte em nível de subsistência é quase impossível, é uma sobrevivência pas-sando por difi culdades. Talvez, dentro das necessidades de fa-zer um capital de giro rápido, trabalhar com pecuária de leite

ENTREVISTA ANTONIO BALBINO DE CARVALHO NETOpecuarista, engenheiro agrônomo e diretor presidente do grupo e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Barreiras

PECUÁRIA DE CORTE NO OESTEÀ FRENTE DA SERTANEJA AGROPASTORIL S/A, EMPRESA COM QUASE UM

SÉCULO NA PRODUÇÃO ANIMAL DA REGIÃO OESTE E REFERÊNCIA NO GADO DE CORTE DO ESTADO, BALBINO NETO, 50, DESTACA AS VANTAGENS DA SELEÇÃO ANIMAL, A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DOS PEQUENOS E MÉDIOS PRODUTORES E OS DESAFIOS DA REGIÃO COM A IMPLEMENTAÇÃO DO NOVO CÓDIGO FLORESTAL

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pode ser mais interessante para o pequeno produtor. Como que o pequeno produtor vai sobreviver com uma renda que só entra uma vez por ano? Na pecuária de corte se faz o tra-balho de engorda durante todo o ano para vender o animal na desmama. Se o produtor não tiver uma fonte financeira alternativa para manter a fazenda ele não tem nem como se manter. A atividade bovina de corte, nestas condições, não alcança uma renda financeira satisfatória. Tecnologia não significa usar o que é mais moderno, significa utilizar um conhecimento técnico para a produção, que pode ser até ru-dimentar, como o manejo do pasto, uma cerca para divisão de pasto; isso é tecnologia. O trabalho de genética, insemina-ção artificial ou transferência de embrião é uma tecnologia muito específica.

CRÉDITO RURAL, LICENÇA AMBIENTAL E ANISTIAMuitas vezes até as entidades financeiras não conseguem

enxergar as diferentes necessidades dos produtores. O pecu-arista não tem o mesmo costume que o agricultor de buscar recursos no banco anualmente. Como financia todo ano, o agricultor já está com sua documentação pronta. O pecua-rista, até juntar tudo que o banco exige para, por exemplo, financiar a reforma da pastagem, já é dezembro e o tempo passou. Na minha opinião, a preocupação do banco deve-ria ser se eu, cliente, vou ter condições de pagar ou não. O governo amarra muito, e isso trava tudo. Recentemente, foi aprovado o Novo Código Florestal, e vai haver uma série de

adequações, ajustes de conduta, que podem mudar as regras do jogo. Quando você está acabando de juntar uma documentação e muda-se tudo, o produtor tem que começar do zero. O processo de licencia-mento ambiental, por exemplo, está travando os financiamentos, em razão de algumas pessoas estarem exorbitando o seu poder sobre as propriedades, ultrapassando o limite de uso legalmente permissível e isso faz com que o governo trave para todo mundo, e, infelizmente, o justo vai pagar pelo pecador. Virou uma regra muito forte para ser exer-cida e dificulta-se ao máximo a liberação de uma licença. Até porque, aos olhos do mundo do não produtor, que não vive de perto da produ-ção rural, é como se você estivesse desmatando, mesmo quando você trabalha dentro do legal e permissível. Se olharmos para o histórico de ocupação de Oeste, e todas as suas adversidades, algumas pessoas que aqui chegaram tinham pouca ou nenhuma instrução e nenhum órgão do governo para dar qualquer orientação. E de repente, de uma hora pra outra, as regras chegaram. Regras que estavam nas gavetas de Brasília e não eram aplicadas. Particularmente, sou contra a anistia. Mas veja só como o Brasil processa o princípio da anistia, seja fiscal ou de qualquer outra natureza: o governo passa a régua e diz, “quem está para trás está perdoado de tudo”. E quem pagou em dia, ganhou o que com isso? Então daqui pra frente eu não pago, pois um dia eu serei beneficiado. Os ajustes de conduta são necessários, mas processos de anistia não olham para quem os cumpre, o que é muito perigoso.

FEBRE AFTOSA E O COMÉRCIO EXTERIORA Bahia está caracterizada como zona livre com vacinação em re-

lação ao controle da aftosa, o que significa que você precisa vacinar seu rebanho anualmente. Depois de cinco anos que nenhum caso de aftosa é registrado, o Estado passará para um novo status, tudo regu-lamentado internacionalmente, sendo então zona livre de aftosa sem vacinação, o que eu acho arriscado. Ainda que os laboratórios ganhem muito dinheiro pela obrigatoriedade da vacinação, eu acredito que é uma temeridade abrir mão dessa obrigação porque culturalmente ain-da não estamos preparados. O brasileiro, de um modo geral, faz com relutância aquilo que é obrigado a fazer e o que lhe é livre e espontâ-neo, não faz. Não temos tão boa educação para fazermos o dever de casa certinho. Essa obrigatoriedade deve permanecer, no caso da febre aftosa, por garantia.

REGIÃO OESTE E SOLUÇÕESBarreiras tem certas particularidades. Temos a produção agrícola efi-

ciente e beneficiamento de alguns grãos, e com isso a geração de pro-dutos e subprodutos que podem ser usados como alimento suplemen-tar ao rebanho, inclusive para os momentos de confinamento. Não é que as outras regiões do estado não tenham acesso a esses produtos, mas a proximidade facilita sensivelmente. O que permite, inclusive, parcerias entre pecuaristas e agricultores, entrando no sistema de pro-dução integrada, em suas várias formas, ou confinamento, o trabalho de animais alimentados exclusivamente a cocho durante o período de seca. O plano de integração lavoura-pecuária, inclusive, é uma alter-nativa para o pequeno produtor. Um pivô, em uma fazenda de grãos, pode ser uma ótima ferramenta também para a pecuária. Durante o Bahia Farm Show, o sindicato de produtores rurais de Barreiras levou pecuaristas para conhecer uma fazenda de bovinos em Luís Eduar-do Magalhães, que trabalha com confinamento e que busca parceiros. Para os criadores da região, que enfrentam dificuldades com a seca é uma ótima oportunidade. As feiras agropecuárias são bons momentos para traçar relações de mercado, parcerias, que podem ajudar a sair de momentos de crise.

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AGROAGENDA

Congresso Mundial de Soja 2013Acontecerá nos dias 17 a 22

de fevereiro de 2013 o IX Congresso Mundial de Soja na cidade de Durban na África do

Sul. Mais informações no site ow.ly/dFE0H.

9ª Seagro em LEMDe 26 a 27 de setembro, a Associação dos Engenheiros Agrônomos de Luís Eduardo Magalhães (AGROLEM), em parceria com a Faculdade Arnaldo Horácio Ferreira, através do colegiado de Agronomia promovem a nona edição da Semana Agronômica. O evento acontece no auditório da FAAHF em Luís Eduardo Magalhães. Confi ra a programação abaixo: dia 26 de setembro, palestras Avaliação do Rugby no controle de nematóides na cultura do algodão, Restauração de Áreas Degradada: fatores técnicos e sociopolíticos, Técnica de Recuperação de área degradada com semeadura direta “MUVUCA”, Resistência

das plantas daninhas aos herbicidas: ênfase ao glifosato; dia 27 de setembro, palestra funcionamento biológico do solo e a sustentabilidade de sistemas agrícolas.

Cadeia produtiva da carne A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia promove no período de 17 a 20 de setembro de 2012, no Campo Experimental Sucupira, em Brasília, DF, o Curso de Aspiração Folicular em Bovinos, com o objetivo de treinar os participantes na técnica de aspiração folicular orientada por ultrassonografia (OPU) e também na procura e classificação dos ovócitos recuperados. O conteúdo programático do curso, coordenado pela pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Margot Dode, é composto de aulas práticas e teóricas de temas como: morfofisiologia ovariana; aspectos básicos da produção in vitro de embriões (PIV); seleção de ovócitos; treinamento de seleção e classificação de ovócitos; preparação de doadoras de ovócitos; treinamento na busca e seleção de ovócitos; manipulação de ovócitos e cuidados para envio para

o laboratório; transporte. O curso é voltado a médicos veterinários, que podem se inscrever até o dia 4 de setembro de 2012 no site: www.cenargen.embrapa.br/cursos/2012/curso_aspiracaoFolicular.html

Agropec Bahia 2012 O sistema FAEB realiza em Salvador, nos dias 18 e 19 de setembro, a primeira edição do Agropec Bahia. O evento vai analisar os cenários nacionais e interna-cionais do agronegócio, em especial, a competiti-vidade do setor, por meio de painéis técnicos com especialistas em diferentes áreas, buscando levar conhecimentos relativos a temas como gado de cor-te, leite, ovinos, aves e apicultura, por exemplo. Entre os nomes já confirmados estão os do ex-ministro da agricultura, Roberto Rodrigues, que abordará a competitividade mundial da agropecuária e o do economista José Carlos Mendonça de Barros, que tratará da internacionalização da economia brasileira. O evento ocorre no Hotel Pestana, em Salvador. Mais informações no site www.agropecbahia.com.br. As inscrições podem ser feitas até 14 de setembro.

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A força da produção do campo em um espaço fértil de ideias.

ANUNCIELUÍS EDUARDO MAGALHÃES: Rodrigo Schossler (77) 9994.5981 / Anton Roos (77) 9971.7341

BARREIRAS: Anne Stella (77) 9123.3307 / 9945.0994 / Cícero Félix (77) 9131.2243 / 9906.4554SANTA MARIA DA VITÓRIA: Rosa Tunes (77) 9804.6408 / 9161.3797

BOM JESUS DA LAPA: Gisele (77) 9127.7401

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