20
Água e Ração 1 Encarte Especial AviSite

Água e Ração

  • Upload
    lekiet

  • View
    235

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Água e Ração

Água e Ração

1Encarte Especial AviSite

Page 2: Água e Ração

2 Encarte Especial AviSite

Encarte Especial

Mundo Agro Editora Ltda.Rua Erasmo Braga, 1153

13070-147 - Campinas, SP

Encarte Especial Outubro 2015

Page 3: Água e Ração

Água e Ração

3Encarte Especial AviSite

Encarte Especial

ExpEdiEntE

Mundo Agro Editora Ltda.Rua Erasmo Braga, 1153

13070-147 - Campinas, SP

Encarte Especial Outubro 2015

PublisherPaulo [email protected]

Redação Érica Barros (MTB 49.030) Giovana de Paula (MTB 39.817) [email protected]

Comercial Karla Bordin [email protected]

Diagramação e arteMundo Agro e Innovativa [email protected]

InternetGustavo Cotrim [email protected]

Administrativo e circulaçãoCaroline Esmi [email protected]

Acesse este material também em sua versão onlinewww.avisite.com.br/EncarteEspecialAguaRacao

Água na aviculturaMarcos Macari04Ingestão de águapelas aves atravésdo uso de diferentestipos de bebedourosnilce Maria Soares

06

A disponibilidade de recursos hídricos X a sua qualidadeJorge Antonio Barros de Macêdo

08

Uso de ácidos orgânicosdeborah pereira Carvalho, Marília Ferreira pires e José Henrique Stringhini

14

Aditivos antimicrobianosLúcio Francelino Araújo e Cristiane Soares da Silva Araújo

12

Aditivos antimicrobianos: além da substituição ao antibióticoMelina Bonato

10

Vitaminas: Efeito em desempenho, saúde e qualidade da carneJeffersson Lecznieski

17

BIOMIN do Brasil Nutrição Animal Ltda.Tel: +55 19 3415 [email protected]

Entre em contato e saiba mais!

Mycofix® Focus é composto por um adsorvente de aflatoxinas e um inativadorde fumonisinas que incorpora uma inovadora tecnologia de biotransformaçãoenzimática específica e irreversível das fumonisinas - FUM ®.

www.biomin.net

Inovação na Biotransformação das Fumonisinas

O Mycofix® Focus apresenta: Alta eficácia na inativação das fumonisinas

Excelente adsorção de aflatoxinas

Níveis otimizados de inclusão na ração

Enzima termoestável

O Mycofix® Focus emaves e suínos possibilita a:

Redução dos efeitos negativos das fumonisinas e aflatoxinas

Queda dos índices de lesões pulmonares causadas por fumonisinas

Diminuição dos processos inflamatórios intestinais decorrentes das fumonisinas

Inclusão em rações peletizadas

*De acordo com as normativas da União Européia Nº 1115/2014 e 1060/2013 para a redução da contaminação de fumonisinas e aflatoxinas Parceiros nesta edição

A reprodução parcial ou total deste encarte somente é permitida mediante autorização e desde que citada a fonte.

Sumário

Page 4: Água e Ração

4 Encarte Especial AviSite

Encarte Especial

Autor: Marcos Macari, Professor titular da Unesp - Campus de Jaboticabal

Água na avicultura

A água do mundo vai acabar? E se acabar? E no Brasil, o que vai acontecer com a avicultura? As respostas a essas questões são simples.

Primeiro: A água do mundo nunca irá acabar, pois a massa de água na terra é constante e assim o será por muitos e muitos séculos. Segundo: Se a água acabar a vida também acabará. E, final-mente, se ocorrer um problema com a disponibilidade de água em diferentes

regiões do Brasil, o mais previsível, em curto prazo, é o deslocamento da produ-ção de grãos, e não necessariamente da produção avícola. Com certeza poderá implicar no custo de produção, mas não na produção em si.

Os cientistas de todo o mundo estão prevendo, com base em modelos mate-máticos, o aquecimento da terra. Esse aquecimento poderá variar entre 2,5 e 5,5o C, mantidas as atuais emissões de gases do efeito estufa na atmosfera.

Estudos recentes mostram que, mesmo na Floresta Amazônica, poderá ocorrer grandes interferências na formação de nuvens de chuva devido à poluição na zona industrial de Manaus (indústria + carros). Esse fato poderá ter fortes conse-quências para as regiões sudeste e cen-tro-oeste do país, pois as nuvens de chuva da Amazônia é que são responsá-veis, em grande parte, pela precipitação que ocorre durante os meses de verão. Esses fenômenos (aquecimento e polui-

Em caso de problemas com a disponibilidade de água em diferentes regiões do Brasil, o mais

previsível é o deslocamento da produção de grãos

Page 5: Água e Ração

Água e Ração

5Encarte Especial AviSite

ção) determinarão a redução da quanti-dade de água pluvial e como consequên-cia as alterações na produção de grãos.

No que concerne à produção de aves, esses fenômenos climáticos não deverão interferir, pois a água para dessedenta-ção, limpeza e desinfecção é apenas uma pequena quantidade da água necessária para a produção avícola. Estudos de pegada hídrica (total de água necessária para a produção de frangos, incluindo a produção de grãos) mostram que apenas 0,5% da água consumida na produção está diretamente envolvida na desseden-tação, limpeza e desinfecção. Contudo, se considerarmos o volume de água utilizado nas plantas de processamento, esse percentual aumenta para 2 ou 3%.

No processamento, grandes volumes de água são utilizados em todas as eta-pas, sendo que para abate e processa-mento de 10.000 aves/hora, durante 16 horas/dia, 25 dias por ano (12 meses) são necessários ao redor de 2 bilhões de litros de água (ou 2 milhões de m3). Se considerarmos o valor de cada m3 igual a R$ 1,00 deveríamos acrescentar R$ 0,04 por carcaça. Contudo, esses valores de custo da água nem mesmo entram nas planilhas de custo das empresas.

Para a sustentabilidade do sistema de

produção avícola muitas iniciativas têm sido adotadas. Por exemplo, a água de reuso e coleta de chuva para citar apenas duas. Nas plantas de processamento o aproveitamento da água de reuso é uma estratégia interessante, pois o volume consumido nessas plantas não é desprezí-vel. Existe custo para o reuso da água, contudo, quando se pensa em sustenta-bilidade, esse custo passa a ser investi-mento.

No que concerne ao consumo de água de dessedentação pelas aves, meca-nismos fisiológicos estão presentes no organismo animal que atuam mantendo o equilíbrio hídrico. Para se entender este processo pode-se considerar que a soma-tória de água ingerida menos a água excretada tem que ser zero. Assim, a ave ingere água nos bebedouros, no alimen-to, produz água no metabolismo, excreta água pelas fezes, no processo respiratório evaporativo e na difusão pela pele, assim, a somatória desses processos faz com que a quantidade de água ingerida seja sempre igual a água excretada.

Para controle deste processo meca-nismos renais e neurais são ativados. As implicações práticas deste processo estão muito vinculadas à quantidade de água consumida pelas aves durante o verão. Como a quantidade de água eliminada pela pele e trato respiratório aumenta (para manter o equilíbrio térmico) há a necessidade de ingestão em grandes quantidades de água. Assim, a excreção urinária aumenta e problemas de umida-de de cama podem ocorrer (podermatite, aumento da quantidade de amônia, entre outros).

A razão entre ingestão de água e alimento nas aves é ao redor de 2:1 (v:v ou kg:kg), em condições de conforto térmico (termoneutraliade). Contudo, em situação de estresse de calor o consumo de alimento é reduzido e o de água é aumentado. O inverso ocorre em baixas temperaturas. Essa alteração da relação ocorre a fim de manter a homeostase térmica (associada aos mecanismos de produção e perda de calor) e com isso manter a homeotermia.

Dessa forma, a produção avícola no País poderá ser afetada pelas alterações no clima, mas o impacto maior será na produção de grãos. Caso essa alteração de fato ocorra, o custo de produção poderá ser alterado. Como? Talvez não estaremos mais aqui para ver.

Apenas 0,5% da água consumida na produção está diretamente envolvida na dessedentação, limpeza e desinfecção

Page 6: Água e Ração

6 Encarte Especial AviSite

Encarte Especial

Autor: Nilce Maria Soares, PqC VI, Instituto Biológico [email protected]

Ingestão de água pelas aves através do uso de diferentes tipos de bebedouros

A utilização de bebedouros na avicultura tem acompanha-do a evolução da explora-ção comercial de aves no Brasil e no mundo. Indepen-

dente do tipo de bebedouro utilizado é fundamental enfatizar que a água seja fornecida às aves em quantidade e quali-dade necessárias para o provimento da saúde e bem estar.

Na avicultura, são utilizados os siste-mas aberto e o fechado de bebedouros, para a dessedentação das aves. Os siste-mas abertos são todos os bebedouros nos quais a água está exposta e em con-tato com o meio ambiente: bebedouro de calha, tubular e copo ou taça.

Como sistema fechado, no qual a água permanece nas tubulações até a ingestão das aves, temos disponível o sistema de nipple.

A água ofertada às aves nos sistemas abertos possui qualidade bacteriológica duvidosa, podendo com mais facilidade transmitir agentes de doenças, sendo que as aves bebem maior quantidade de água, fazendo com que as fezes fiquem mais amolecidas piorando a qualidade do esterco.

A água ofertada pelo sistema fecha-do tem melhor qualidade bacteriológica e as aves a ingerem em quantidade ade-quada e apresentam menores perdas em relação ao esterco e cama.

O tipo de exploração/de ave e idade, sistema de produção, disponibilidade de mão de obra, manutenção, custo e capi-tal disponível são fatores determinantes a serem considerados, na escolha dos bebedouros a serem adquiridos. Conhe-cer as características de cada sistema de bebedouro, assim como sua manutenção, é o fator mais importante para manter o funcionamento de maneira correta para atingir a produção desejada.

Bebedouro tipo calhaO bebedouro calha é um canal con-

feccionado de metal ou cano de plástico cortado ao meio, por onde a água circula na extensão ou atravessado na largura do galpão. Ainda é muito utilizado em aviá-rios antigos para poedeiras criadas em piso e gaiola e também nos antigos gal-pões de criação de frango de corte. En-tretanto, tem sido gradativamente substi-tuído pelo bebedouro taça e nipple. Os bebedouros calha permitem que a água seja oferecida à vontade, mais fresca em

Cré

dito

: Pla

sson

Bebedouro tipo nipple Água de melhor qualidade microbiológica, economia de mão de obra, redução de desperdício e esterco

mais seco

Page 7: Água e Ração

7Encarte Especial AviSite

Água e Ração

virtude do fluxo constante da lâmina de água e têm menor custo de instalação, quando comparado aos demais tipos de bebedouros. Porém, têm como desvanta-gens a pior qualidade microbiológica da água, desperdício de água e necessidade de limpeza frequente, entre outras.

Bebedouro de copo de pressãoÉ o bebedouro constituído de um

vasilhame em forma de cilindro e um prato; o vasilhame é preenchido de água, tampado pelo prato e invertido. Ao ser invertido a água preenche as bordas do prato, onde as aves ingerem a água. Este bebedouro é confeccionado de plástico e muito utilizado nos primeiros dias de vida das aves.

Bebedouro pendularEste bebedouro tem a forma de cone,

se parece com a forma de um sino, com o diâmetro de cerca de 25 cm na parte inferior. A água escorre na superfície, de cima para baixo, e é amparada por uma superfície curva na parte inferior, onde

possui uma ampla extensão para as aves ingerirem a água. Sendo mais tradicional, o bebedouro pendular é utilizado para as aves criadas em piso, como frangos de corte e reprodutoras, e podendo ser utilizados desde a fase inicial de criação.

Por eles o fornecimento de água é abundante e a qualidade da água fica comprometida, pois as aves ao beberem levam restos de ração no bico. Como ele possui uma grande área de superfície exposta ao ambiente, grande quantidade de sujidades se adere e a limpeza deve ser realizada pelo menos a cada três dias. Os bebedouros pendulares são de baixo custo, fácil manejo e instalação e permi-tem que a água esteja sempre disponível.

Bebedouro tipo taçaÉ o tipo de bebedouro em de forma

de copo ou taça e possui uma válvula que ao ser acionada pela ave promove a vazão da água. Pode ser usado para reprodutoras, poedeiras e frangos em todas as idades. Por este bebedouro as aves ingerem maior quantidade de água, quando comparada ao bebedouro nipple. Entretanto, a qualidade bacteriológica é prejudicada, pois fica armazenada uma quantidade de água na taça, que aves contaminam com o resto de ração que fica aderida ao bico, quando bebem água. Altos níveis de contaminações de coliformes, Salmonella spp. e outros microrganismos, acúmulo de matéria orgânica e a maior demanda de cloro foram observados nos bebedouros pen-dulares e taça quando comparados com os bebedouros nipple.

Bebedouro tipo nippleA água proveniente dos bebedouros

nipple é de melhor qualidade microbioló-gica, devido à reduzida probabilidade de contaminação por microrganismos. O bebedouro nipple também permite eco-nomia de mão de obra, mantém a quali-dade de água, elimina a tarefa diária de limpeza, reduz o desperdício de água e proporciona esterco mais seco, menor vo-latilização da amônia e redução de con-denação de carcaças no abate. A maior ingestão de água é observada quando os nipples são colocados na frente da gaiola e em densidade de 3,5 a 7 aves/nipple.

Para o funcionamento adequado, deve ser acoplado um sistema de filtros de água na linha de entrada de água do galpão, realizar revisão e manutenção em períodos adequados, solucionando os problemas como a precipitação e deposi-ção de minerais e contaminação bacteria-na. Como desvantagem cita-se o custo de aquisição e manutenção e o manejo.

Os bebedouros de sistema aberto como o tipo calha e pendular proporcio-nam maior disponibilidade de água e, geralmente, em temperatura mais ame-na, favorecendo a sua ingestão, que é maior do que nos bebedouros nipple.

A temperatura da água de bebida deve estar sempre abaixo da temperatura corporal da ave para que favoreça a sua ingestão. É importante atentar para que o reservatório de água esteja localizado em locais mais frescos e que as linhas de água sejam conduzidas até o galpão por via subterrânea, contribuindo para a água de menor temperatura nos bebedouros.

Água deve ser fornecida às

aves em quantidade e

qualidade necessárias

para o provimento da

saúde e bem estar

Tabela - Valores médios de microrganismos encontrados em 100 ml de amostras de água colhidas de bebedouros taça e nipple

Microorganismos Nipple Taça

Coliformes totais 2,4 x 10 8,5 x 103

Coliformes fecais 0,6 x 10 4,3 x 103

Escherichia coli 0,3 x 10 3,9 x 102

Enterococcus sp. 1,6 x 103 2,3 x 104

Microrganismos mesófilos

1,3 x 104 1,0 x 106

Adaptado de Amaral et al. (2001)

Page 8: Água e Ração

8 Encarte Especial AviSite

Encarte Especial

Formação das ilhas de calor urbanas provoca um contraste térmico entre a área mais urbanizada e a menos urbanizada ou periférica, que inclusive pode ser uma

área agrícola, fazendo chover nas áreas urbanas e não chover nas áreas rurais

Autor: Jorge Antonio Barros de Macêdo, DSc, Bacharel em Química Tecnológica, Professor Pesquisador da Faculdade Metodista Granbery (Juiz de Fora, MG), Consultor em Desenvolvimento de Tecnologias e [email protected] / [email protected] www.jorgemacedo.pro.br

A disponibilidade de recursos hídricos X a sua qualidade

A disponibilidade de recursos hídricos tem diminuído dia a dia, basta avaliar a situa-ção dos maiores sistemas de armazenamento do país.

Em 1950, as reservas mundiais permitiam um balanço de disponibilidade de 16,8 mil m³/pessoa, atualmente as reservas mundiais restringem-se a 7,3 mil m³/

pessoa, com expectativa de redução a 4,8 mil m³/pessoa em 25 anos. (ANDRE-OLI, CARNEIRO, 2005).

Desde 2012, observa-se uma gradati-va e intensa redução nos índices pluvio-métricos em algumas regiões do País. Esse fenômeno climático tem prejudicado de forma significativa a oferta de água para o abastecimento público, especial-

mente no semiárido brasileiro e nas regi-ões metropolitanas mais populosas e com maior demanda hídrica (São Paulo e Rio de Janeiro) e para as indústrias em geral.

Outros setores que dependem do armazenamento da água para se viabili-zar operacionalmente, como o de irriga-ção e o de energia hidrelétrica (principal matriz energética do País) também estão

Cré

dito

: Rev

ista

Fap

esp

Page 9: Água e Ração

9Encarte Especial AviSite

Água e Ração

sendo afetados pela falta de chuvas e pelo menor volume de água armazena-do nos reservatórios (ANA, 2014).

O motivo da redução dos índices pluviométricos está vinculado ao desma-tamento na Amazônia, cerca de 20% da floresta amazônica foram destruídos nos últimos 40 anos. Os impactos do desma-tamento já podem ser sentidos para muito além das fronteiras da floresta. Mais e mais estudos apontam para a relação entre a floresta e a produção de chuva. Só a Amazônia transpira, diaria-mente, 20 bilhões de toneladas de vapor de água para a atmosfera – volume superior à vazão do rio Amazonas (GRE-ENPEACE, 2015). Em 40 anos, a Amazô-nia perdeu uma área equivalente a duas Alemanhas (G1, 2014).

Para comparação, a vazão média do rio Amazonas é de 215 milhões de litros de água por segundo, o que correspon-de a 18,576 trilhões de litros de água/dia. Toda essa umidade forma os “rios voadores”, que são levados, com o ven-to, para outras regiões do País, irrigando plantações e enchendo reservatórios de água. Ao desmatar a Amazônia, interfe-rimos de forma extremamente negativa no ciclo da água.

A formação das chamadas ilhas de calor urbanas, provoca um contraste térmico entre a área mais urbanizada e a menos urbanizada ou periférica, que inclusive pode ser uma área agrícola, fazendo chover nas áreas urbanas e não chover nas áreas rurais, por exemplo, nos mananciais. A superfície urbana apresenta particularidades em relação à menor capacidade térmica e densidade dos materiais utilizados nas construções urbanas: asfalto, concreto, telhas, solo exposto, pouca presença de vegetação nos parques, ruas, avenidas, à impermea-bilização da superfície do solo que impli-ca aumento da velocidade do escoamen-to superficial da água de chuva e maior risco de cheias das baixadas, várzeas etc.

Com as chuvas comprovadamente reduzidas a quantidade de contaminantes aumenta, o que exige novas barreiras físicas e tratamentos mais rígidos para a obtenção de uma água de qualidade. Os custos para obtenção dessa água tam-bém são elevados.

Como indicação para manutenção da disponibilidade hídrica para o setor avíco-la, minha sugestão é o aproveitamento de água de chuva, logicamente, criando

reservatórios proporcionais para que esse recurso possa ser armazenado e ser utili-zado nos períodos de stress hídrico. Ressaltando que, para que essa água seja armazenada, é necessário o que chamo de sua estabilização, ou seja, com trata-mento químico adequado ela não perde-rá suas características físico-químicas e microbiológicas durante o período de armazenamento.

Para complementar essas informa-ções, acesse: www.jorgemacedo.pro.br/PALESTRA%20CONFERENCIA%20APINCO%202006.pdf.

BibliografiaANA. Conjuntura Recursos Hídricos no

BRASIL - Encarte Especial sobre a crise hídri-

ca - Informe 2014. Brasília: Ministério do Meio Ambiente – Agência Nacional de Águas. 28p., 2014.-

ANDREOLI, V. C.; CANEIRO, C. Gestão Integrada de Mananciais de Abastecimento Eutrofizados. Curitiba: SANEPAR. 2005.

G1. Novo estudo liga desmatamento da Amazônia a seca no país. Disponível em: <http://g1.globo.com/natureza/noti-cia/2014/10/novo-estudo-liga-desmatamen-to-da-amazonia-seca-no-pais.html>. Acesso em: 01 de novembro de 2014.

GREENPEACE. Desmatamento: A falta de água começa aqui. Disponível em: <http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Desmatamento-A-falta-de-agua-comeca--aqui/>. Acesso em 10 de abril de 2015.

SUPER ABRIL. Rio Amazonas: Água! Água! Disponível em: <http://super.abril.com.br/ecologia/rio-amazonas-agua--agua-445274.shtml>. Acesso em: Janeiro de 2015.

Água de qualidade: Chuva reduzida aumenta a quantidade de contaminantes, o que exige novas barreiras físicas e

tratamentos mais rígidos para obtenção da água ideal, elevando os custos para captação

Cré

dito

: Cas

p

Page 10: Água e Ração

Encarte Especial

Encarte Especial AviSite10

Autora: Melina Bonato, Zootecnista e doutorada em Zootecnia pela Unesp/Jaboticabal

Aditivos antimicrobianos: além da substituição ao antibiótico

O uso crescente dos aditivos não antibióticos na produ-ção animal, em especial na avicultura, se deve não somente à necessidade de

substituição dos antibióticos promotores de crescimento, mas de novos conceitos serem cada vez mais estudados, entendi-dos e aceitos. Os aditivos antimicrobianos existentes no mercado são baseados em diferentes princípios ativos e mecanismos de ação, e estes têm benefícios para a microbiota intestinal e para o animal.

Com a descoberta da penicilina por Alexander Fleming em 1928, a humanida-de passou a ter uma ferramenta impres-cindível para lutar contra doenças infeccio-sas causadas por bactérias e que até então matavam milhares ou milhões de pessoas. Os antibióticos foram sendo descobertos, isolados e testados, e outros compostos químicos foram desenvolvidos com o mesmo propósito. Porém, uma nova questão surgiu: como lidar com uma eventual resistência bacteriana?

A produção animal também se benefi-ciou com o uso dos antibióticos no trata-mento e prevenção de doenças, já que cada vez mais desejava-se aumentar a produção e produtividade. Na avicultura brasileira que começou a crescer a partir da década de 60, seu uso se tronou im-prescindível.

No entanto, em 2006, a União Euro-peia exigiu o banimento do uso de antibi-óticos como promotores de crescimento tanto para seus produtores como para importação dos produtos. Neste cenário há estimativas que apontam uma redução no ganho de peso e piora na conversão alimentar, além do aumento do uso e consumo de antibióticos como terapêuti-cos (QUINTEIRO-FILHO, 2014). No Brasil, o MAPA proibiu o uso de algumas substân-cias e regulamenta a dosagem das permi-tidas como promotores de crescimento.

Com base nesta demanda crescente, diversos aditivos foram surgindo no mer-cado e sendo cada vez mais estudados em busca de melhora em desempenho, con-

trole de patógenos, saúde intestinal, melhora de status imune e biossegurança do produto final. Com diferentes origens, composições e mecanismos de ação estes aditivos não antibióticos estão cada vez mais presentes na avicultura, porém, ainda há muitas dúvidas em cada conceito.

Os antibióticos, de maneira geral, têm dois mecanismos de ação sobre o patóge-no dependendo de sua composição: bactericida (matam ou lesam irreversivel-mente) ou bacteriostático (inibem o cresci-mento). Isso pode afetar a microbiota intestinal como um todo, inclusive a bené-fica, o que pode levar a efeitos não dese-jados.

Existe uma relação de simbiose entre a microbiota intestinal e o desenvolvimento, maturação e resposta do sistema imune. Durante a fase final de incubação já há a presença de alguns microrganismos no intestino (SANTIN & HAYASHI, 2014) que irão estimular o desenvolvimento e matu-ração do sistema imune inato, em especial as células deste presentes no próprio intes-tino. Diversos estudos mostram a impor-tância da colonização de bactérias sobre a maturação do tecido linfoide associado ao intestino (GALT) (KASPERS et al., 2015).

A presença da microflora é reconheci-da pelos macrófagos presentes na lâmina própria que podem responder secretando algumas citoquininas pró-inflamatórias que irão produzir mais macrófagos (KAS-PERS et al., 2015), assim ajudando na proliferação destas células e maturação.

Há uma complexa interação entre a micro-biota e o sistema imune, que também irá regular a maturação e resposta do sistema imune específico (humoral).

Com o avanço dos estudos na com-preensão da relação entre a microbiota e o hospedeiro, é possível entender melhor os benefícios dos aditivos não antibióticos e consequentemente, utilizá-los da melhor maneira. Alguns princípios ativos disponí-veis para uso e com diversos trabalhos científicos comprovando seu mecanismo de ação:

•Ácidos orgânicos – são ácidos fracos de cadeia curta (C1 – C7) que têm uma constante de dissociação (pKa) de 3 a 5 (VIOLA, 2006). O pKa é a relação da separação dos íons do composto pelo que não se dissociou em água com a adição de uma base, e é totalmente dependente do pH do meio. Ou seja, dependendo do compartimento do trato digestório (varia-ção de 2,5 na moela a 6 -7 no duodeno até o íleo), o ácido conseguirá se dissociar e ter seu mecanismo de ação ou não. Dentre os ácidos orgânicos mais utilizados podemos citar: ácido láctico, propiônico, butírico, fórmico, acético e cítrico.

O mecanismo de ação ocorre pela redução do pH do meio que inibe ou cessa o crescimento e proliferação de microrganismos, e a forma não dissociada do ácido. Esta última é capaz de atravessar a membrana celular do microrganismo e então se dissociar no citoplasma reduzin-do o pH intracelular, alterando o metabo-lismo e aumentando a pressão osmótica, levando à ruptura da célula. A eficiência deste processo está ligada ao tamanho da cadeia do ácido e se este tem característi-ca hidrofóbica para atravessar a membra-na celular (VIOLA, 2006; BELLAVER & SCHEUERMANN, 2004). Os ácidos de cadeia curta também podem ser absorvi-dos pelas células intestinais e utilizados como fonte de energia, podendo ter uma ação trófica indireta sobre as vilosidades.

A composição da dieta pode afetar o mecanismo de ação dos ácidos orgânicos, já que esta pode ter um efeito tamponan-

Com o avanço dos estudos na compreensão da relação

entre a microbiota e o hospedeiro, é possível entender melhor os

benefícios dos aditivos e utilizá-los da

melhor maneira

Page 11: Água e Ração

Água e Ração

11Encarte Especial AviSite

te. Porém, os ácidos orgânicos podem tam-bém ser fornecidos via água de bebida. O uso combinado de vários ácidos orgânicos resulta em uma variação de pKa, levando à uma ampla faixa de atividade (LINARES, 2015).

• Extratos vegetais – são preparações concentradas obtidas a partir de uma gran-de variedade de vegetais e são divididos em quatro grupos: ervas, condimentos, óleos essenciais e oleorresinas (WINDISCH et al., 2008). Cada composto é baseado em um princípio ativo que determinará o mecanis-mo de ação no organismo e dentre estes estão: alcaloides, fenóis, flavonoides, sapo-ninas, taninos, óleos essenciais e cumarinas (MARTINS et al., 2000). Baseado em cada princípio ativo, os principais extratos vege-tais utilizados são: canela, orégano, cravo, tomilho, açafrão da Índia, semente de uva, hortelã, pimenta, alecrim e alho. As proprie-dades de cada composto citado acima são definidas como antibacteriano, antioxidante, antifúngico, anti-inflamatório e estimulante da digestão de maneira geral (KAMEL, 2001; BURT, 2004; FASCINA, 2011).

O efeito antimicrobiano vem do poten-cial hidrofóbico dos óleos essenciais que se ligam na membrana celular bacteriana e desintegram as estruturas desta e causam o escape de íons; ou seja, afetam a permeabi-lidade da membrana citoplasmática, trans-porte de íons e etapas da fosforilação, desnaturando e coagulando proteínas (WIN-DISCH et al., 2008). Porém, de acordo com Burt (2004) os extratos vegetais e os óleos essenciais são mais eficientes contra as bactérias Gram-positivas, pois as Gram-ne-gativas possuem uma membrana externa que envolve a parede celular, o que limita a difusão dos compostos hidrofóbicos através da sua camada de lipopolissacarídeos.

O uso combinado de extratos vegetais pode ser interessante já que combina dife-rentes modos de ação e resultados no meta-bolismo animal.

• Probióticos – são organismos vivos benéficos ao hospedeiro que são capazes de equilibrar e melhorar a microbiota intesti-nal. Os mais comumente utilizados são Lactobacillus, Bifidobacterium, Enterococ-cus, Bacillus, Streptococcus e algumas espé-cies de leveduras como a Saccharomyces (QUINTEIRO-FILHO, 2014).

De maneira geral o modo de ação dos probióticos está relacionada a competição por sítios de ligação e exclusão competitiva, onde ocupam sítios de ligação ou receptores no epitélio intestinal, formando uma barreira

física que impede outras bactérias de se aderirem; tendo assim maior capacidade de metabolizar nutrientes e se reproduzir que as não aderidas, competindo também por nutrientes.

Outro modo de ação é a produção e liberação de substâncias bactericidas, como bacteriocinas, ácidos orgânicos (que atuam na redução do pH do meio ou penetram na célula bacteriana) e peróxido de hidrogênio. Além da competição por nutrientes e modu-lação do sistema imune (reconhecimento pelos macrófagos e multiplicação destes e outras células) (QUINTEIRO-FILHO, 2014).

A eficácia dos probióticos adicionados nas dietas está relacionado com sua produ-ção, já que este deve permanecer viável durante todo o período de manuseio e armazenamento, além de resistir aos proces-samentos de extrusão e peletização que envolvem altas temperaturas.

• Prebióticos – são em sua maioria carboidratos não digestíveis, principalmente os oligossacarídeos como frutoligossacaríde-os (FOS) e mananoligossacarídeos (MOS) (ANDREATTI FILHO & OKAMOTO, 2015). Há também alguns peptídeos, lipídeos e proteí-nas que podem ser utilizados como prebióti-cos.

Os FOS são encontrados em plantas e vegetais, e as formas mais comuns comer-cialmente são fruto-oligossacarídeos, iso-malto-oligossacarídeos, galacto-oligossaca-rídeos, transgalacto-oligossacarídeos, inulina e oligofrutose (HAJATI & REZAEI, 2010). Já os MOS são extraídos da parede celular da levedura Saccharomyces cerevisiae. Por serem carboidratos não digestíveis estimu-lam o crescimento e atividade de bactérias benéficas, já que servem de substratos para estas se multiplicarem e competirem com as bactérias patógenas por sítios de ligação, exclusão competitiva, etc. O aumento das bactérias benéficas também vai ajudar a modular o sistema imune.

A parede celular de levedura contém além dos MOS (em torno de 20%), também

uma quantidade significativa de β-glucanas (em torno de 30 – 35%), que é um carboi-drato de cadeia longa e indigestível. Este carboidrato é comumente encontrado na parede celular de outros microrganismos e é reconhecido pelos macrófagos presentes no intestino, resultando em uma reação em cadeia do sistema imune inato que leva a uma maior produção de macrófagos, au-mento de células caliciformes (maior produ-ção de mucina), entre outras reações. Esta modulação do sistema imune ajuda numa resposta mais rápida do animal frente a possíveis contaminações por patógenos.

Os MOS também atuam aglutinando bactérias que possuem fímbrias tipo I, evi-tando estas de se aderirem na parede intes-tinal, sendo eliminadas junto a excreta.

A parede celular de levedura contém além dos MOS (em torno de 20%), também uma quantidade significativa de β-glucanas (em torno de 30 – 35%), que é um carboi-drato de cadeia longa e indigestível. É co-mumente encontrado na parede celular de outros microrganismos e é reconhecido pelos macrófagos presentes no intestino, resultando em uma reação em cadeia do sis-tema imune inato que leva a uma maior produção de macrófagos, aumento de células caliciformes (maior produção de mucina), entre outras reações. Esta modula-ção do sistema imune ajuda numa resposta mais rápida do animal frente a possíveis contaminações por patógenos.

A associação entre probióticos e prebió-ticos (simbióticos), ácidos orgânicos e prebi-óticos, entre outras, tem-se mostrado pro-missora, já que resulta em uma ampla faixa de atividade dos produtos e muitas vezes há um sinergismo entre os princípios ativos.

Ainda há muitas dúvidas sobre estes mecanismos de ação e sobre a complicada interação da microbiota com o hospedeiro. Porém, o conhecimento de cada produto pode levar a um uso mais eficaz e conscien-te, podendo também ser usado como ferra-menta em momentos estratégicos. O pro-cessamento, pureza, forma de apresentação e uso, e dosagem vão determinar os resulta-dos de cada princípio ativo. As alternativas apresentadas aqui são atuantes sobre a microbiota intestinal e saúde do animal, resultando em melhora de integridade intestinal e status imune, levando a melhora dos índices zootécnicos, especialmente frente aos desafios, e um produto final de qualidade e seguro para o consumidor.

Referências bibliográficas disponí-veis sob consulta.

A composição da dieta pode afetar o mecanismo

de ação dos ácidos orgânicos, que também

podem ser fornecidos via água de bebida

Page 12: Água e Ração

12 Encarte Especial AviSite

Encarte Especial

Autores: Lúcio Francelino Araújo1 ([email protected]) e Cristiane Soares da Silva Araújo2 ([email protected])Universidade de São Paulo - (1) Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos - (2) Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Pirassununga - SP

Aditivos antimicrobianos

Nas últimas décadas, com a melhoria da genética, da nutrição e das técnicas de produção, a avicultura tem se tornado um setor cada

vez mais especializado. O investimento em pesquisas tem resultado em informa-ções que podem ser utilizadas no setor produtivo melhorando sua eficiência, dentre as quais podemos destacar os trabalhos avaliando o uso de diferentes aditivos na dieta das aves.

O setor de alimentação animal espera alcançar a marca de U$ 19 bilhões de dólares em 2020, com a venda de aditi-vos. Neste contexto, a avicultura repre-senta o setor com o maior consumo de

aditivos alimentares, correspondendo a cerca de 38% do mercado mundial de aditivos em 2012. Dentre as diferentes categorias de aditivos, podemos destacar os aditivos nutricionais, os quais são representados pelos aminoácidos, as vitaminas e os oligoelementos.

Diferentes pesquisas foram desenvol-vidas avaliando o efeito dos aminoácidos sobre o estresse oxidativo nos últimos anos. Os aminoácidos podem reduzir o estresse oxidativo agindo diretamente sobre os radicais livres e indiretamente através de metabólicos antioxidantes.

Embora diferentes aminoácidos pos-suam propriedades antioxidantes, alguns possuem ações mais específicas neste

processo. Assim, os aminoácidos sulfura-dos (AAS) possuem um papel de desta-que no controle do estresse oxidativo. A absorção de AAS é importante para a síntese do tripeptídeo GSH, o qual consti-tui o mais importante antioxidante intra-celular no organismo. O GSH atua direta-mente na remoção de substâncias reati-vas ao oxigênio (ROS) e na prevenção da oxidação lipídica e proteica.

A oxidação lipídica e proteica pode levar à morte celular através da alteração da função e do metabolismo destes nu-trientes. Os AAS reduzem o estresse oxidativo através do sistema metionina sulfóxido redutase (MRS), o qual utiliza a metionina para agir como um removedor das substâncias reativas ao oxigênio (ROS). O sistema MRS é o único método que repara o tecido danificado pelo es-tresse oxidativo. Além disso, os aminoáci-dos sulfurados são hábeis para reduzir os status oxidante agindo diretamente sobre as ROS e, indiretamente, alterando a expressão gênica.

Na Figura 1 é demonstrado o meca-nismo de ação dos AAS sobre o estresse Figura 1 – Efeito dos AAS no controle do estresse oxidativo

Tabela 1 - Efeito da fonte de metionina sobre o nível de TBARS no peito de frangos de corte

DL- Metionina HMTBA

TBARS, mg MDA/kg 3,000a 2,805b

Araujo et al., 2014. Dados não publicados

Vitamina D na dieta de reprodutoras

influencia qualidade óssea de frangos, o

que demonstra a importância da

nutrição das reprodutoras sobre

a qualidade de sua progênie

Page 13: Água e Ração

Água e Ração

13Encarte Especial AviSite

oxidativo. Alguns pesquisadores têm observado que sob condições de alta temperatura, a suplementação de metio-nina hidroxianáloga tem resultado em melhor desempenho dos animais, quan-do comparada com a DL-Metionina, minimizando o estresse oxidativo. Em um trabalho avaliando o efeito do estresse térmico em frangos de corte alimentados com duas fontes de metionina, foi possí-vel observar uma redução do nível de TBARs na musculatura de peito de fran-gos de corte, abatidos aos 42 dias, com a utilização de metionina hidroxianáloga (Tabela 1).

Outro aditivo nutricional de grande relevância são as vitaminas. Por muito tempo, o seu uso ficou limitado a conhe-cimentos que foram gerados há mais de 30 anos, a despeito da evolução genética apresentada pela avicultura. Entretanto, novos conceitos têm sido abordados no que diz respeito ao uso e as funções das vitaminas no desenvolvimento das aves de produção. Um exemplo que podemos destacar diz respeito a utilização da vita-mina D. O metabolismo da vitamina D está diretamente relacionada ao do cál-cio.

Quando fornecermos esta vitamina na dieta de aves espera-se uma boa formação óssea e adequada deposição da casca dos ovos. Entretanto, hoje é possível observar que a suplementação

de vitamina D na dieta de reprodutoras pode influenciar a qualidade óssea de frangos corte. Isto é interessante, pois demonstra a devida importância da nutri-ção das reprodutoras sobre a qualidade de desenvolvimento de sua progênie (Tabela 2). Recentes estudos têm de-monstrado a ação da Vitamina D tendo uma ação imunomoduladora sobre as células do sistema imune, incluindo mo-nócitos, macrófagos, células T e B, células

dendríticas, agindo assim tanto sobre a resposta imune passiva como a ativa. Estas células imunes expressam enzimas ativadoras da Vitamina D transformando sua forma inativa na 1,25 Diidroxicolical-ciferol (Figura 2).

Nas formulações de dietas para aves temos observado a disponibilidade de uma variedade de oligoelementos que podem ser utilizados visando a melhoria no desempenho dos animais. A baixa disponibilidade das fontes inorgânicas associada com uma taxa de excreção elevada resultou no surgimento do con-ceito de minerais orgânicos. Entretanto, o grande desafio que temos ao usar os minerais orgânicos é associar o seu custo com sua eficiência. Em um trabalho reali-zado com reprodutoras pesadas, forne-cendo uma dieta suplementada com minerais inorgânicos ou com minerais orgânicos, foi possível observar que o peso corporal e o ganho de peso, aos 42 dias, foi superior para a progênie prove-niente de matrizes com diferentes idades, suplementadas com minerais orgânicos.

Diante deste cenário, podemos notar que alguns nutrientes/ingredientes, que há muito tempo não despertavam inte-resse nas formulações das dietas, desem-penham papéis essenciais na nutrição de aves. As informações geradas recente-mente são ferramentas importantes para que possamos reavaliar nossos conceitos a fim de maximizarmos a produtividade e a lucratividade do setor.

Tabela 2 - Efeito da suplementação de um metabólito da Vitamina D na dieta de matrizes e a qualidade óssea de sua progênie.

Controle Vitamina D

Conteúdo Mineral Ósseo, g 2,64b 3,03a

Densidade óssea, (g/cm2) 0,187b 0,204a

Araujo et al., 2014

Figura 2 – Efeito imunomodulador da Vitamina D

Tabela 3 - Efeito da suplementação de diferentes fontes minerais na dieta das reprodutoras sobre o peso corporal e o ganho de peso da progênie

Tratamentos Peso corporal, kg Ganho de peso, kg

Matrizes com 35 semanas

Mineral inorgânico 2.62 2.58

Mineral orgânico 2.70 2.66

P Value 0.0158 0.0149

SEM 17.67 17.71

Matrizes com 47 semanas

Mineral inorgânico 2.60 2.55

Mineral orgânico 2.74 2.70

P Value <.0001 <.0001

SEM 16.33 16.30

Matrizes com 53 semanas

Mineral inorgânico 2.73 2.68

Mineral orgânico 2.83 2.78

P Value <.0001 <.0001

SEM 14.12 14.12

Araujo et al., (2014). Dados não publicados

Page 14: Água e Ração

14 Encarte Especial AviSite

Encarte Especial

Autores: Deborah Pereira Carvalho2, Marília Ferreira Pires2 e José Henrique Stringhini1

1- Professor Universidade Federal de Goiás, Escola de Veterinária e Zootecnia, Doutor em Zootecnia 2- Mestrandas em Zootecnia, PPGZ/ UFG

Uso de ácidos orgânicos

É cada vez mais evidente a preocu-pação do mercado consumidor com as questões relacionadas à segurança alimentar e seus impac-tos na saúde humana. A fim de

eliminar os riscos que comprometem a quali-dade do alimento que chega ao consumidor final, alguns procedimentos são adotados pelas fábricas de rações e complexos indus-triais, que devem ser monitorados e certifica-dos por normas rígidas de controle de quali-dade dos ingredientes a serem utilizados (MENTEN et al., 2014)

A avicultura tem respondido a essas demandas do mercado consumidor, mas enfrenta desafios diários. São incontestáveis os ganhos obtidos com o uso dos aditivos antimicrobianos ao longo dos anos. Os principais efeitos associados ao uso de anti-bióticos como aditivo alimentar são a pre-venção dos distúrbios digestivos, o aumento da eficiência dos alimentos e do desempe-nho animal (MENTEN et al., 2014).

Com as restrições ao uso de antibióticos na ração de animais, no sentido de se ade-

quar às novas exigências do mercado consu-midor e à legislação vigente, pesquisadores e nutricionistas buscam por produtos alternati-vos, seguros e com ação semelhante, de baixo custo, eficientes e de fácil aplicação, os quais não alterem a qualidade do produto final (CASTANON, 2007).

Entre as alternativas que são estudadas nos dias atuais para substituição dos antibió-ticos, é dada especial atenção aos ácidos orgânicos, os quais são alternativas promis-soras (SOLTAN, 2008).

Ácidos orgânicosOs ácidos orgânicos, também denomi-

nados ácidos carboxílicos, são constituintes naturais de plantas e animais e classificados na categoria de aditivos químicos (LEHNIN-GER et al., 1993). Além disso, contêm em sua estrutura geral uma ou mais carboxilas (R-COOH). Na produção animal refere-se somente a ácidos fracos de cadeia curta, tanto monocarboxílicos, como fórmico, acético, propiônico e butírico ou carboxilados com o grupo hidroxila como lático, málico,

tartárico e o cítrico, possuindo entre um e sete carbonos, com pKa (pH em que 50% do composto está dissociado) entre 3-5, essa acidez significa que os ácidos orgânicos reagem facilmente com soluções aquosas de hidróxido de sódio, formando sais de sódio solúveis (SOLOMONS e FRYHLE, 2002). Os principais ácidos orgânicos usados na avicul-tura estão apresentados na Tabela 1.

Os ácidos orgânicos apresentam funções e efeitos variados relacionados à nutrição. São fontes de energia e estimulam reações metabólicas, atuam como acidificantes do trato digestório, apresentam efeito promotor de crescimento e inibem o crescimento bacteriano, podendo conservar alimentos, além de exercerem efeitos antimicrobianos de formas distintas (MENTEN et al., 2014). Na Tabela 2 estão apresentados os principais efeitos dos ácidos orgânicos e sais na nutri-ção animal.

A suplementação de ácidos orgânicos estimula a secreção pancreática, apresenta efeito trófico sobre os enterócitos, reduz capacidade tamponante da dieta e pH do

Tabela 1 – Características dos principais ácidos orgânicos usados na avicultura

Ácido Fórmula Forma física pKa Solubilidade em água

Fórmico HCOOH Líquido 3,75 Alta

Acético CH3COOH Líquido 4,76 Alta

Propiônico CH3CH2COOH Líquido 4,88 Alta

Butírico CH3CH2CH2COOH Líquido 4,82 -

Láctico CH3CH(OH)COOH Líquido 3,83 Boa

Sórbico CH3CH:CHCH:CHCOOH Sólido 4,76 -

Fumárico COOHCH:CHCOOH Sólido 3,024,38 Baixa

Málico COOHCH2CH(OH)COOH Líquido 3,4 -

Tartárico COOHCH(OH)CH(OH)COOH Líquido 2,934,23 -

Cítrico COOHCH2C(OH)(COOH)CH2COOH Sólido3,134,766,40

Boa

Fonte: Adaptado de Menten et al. (2014)

Page 15: Água e Ração

15Encarte Especial AviSite

Água e Ração

Page 16: Água e Ração

16 Encarte Especial AviSite

Encarte Especial

alimento e aumenta a digestibilidade e retenção de nitrogênio, melhorando a diges-tibilidade dos nutrientes da dieta (OVER-LAND et al., 2000; BENAVIDES, 2011).

Além disso, são capazes de reduzir a microbiota patogênica presente no intestino devido à capacidade de redução do pH intestinal. O desenvolvimento de micro-orga-nismos como E.coli, C. perfringens ou Sal-monella ssp. é reduzido em pH abaixo de 5, pois o pH baixo dificulta a aderência dos microrganismos patogênicos ao epitélio gastrointestinal (BELLAVER e SCHEURMAN, 2004; MENTEN et al., 2014).

Segundo Bellaver e Scheurman (2004), os ácidos orgânicos apresentam influência nutricional nas aves devido à produção insuficiente de ácido clorídrico (HCl) para

dietas de alta capacidade tamponante, alta proteína e macro elementos, e também devido à carga microbiana atuante sobre os animais. A redução do pH gástrico, provoca-do pelo uso de ácidos orgânicos na dieta, potencializa a ativação do pepsinogênio reduzindo a taxa de esvaziamento gástrico, aumentando a retenção do alimento no trato digestivo, assim, grandes moléculas de proteínas do alimento fornecido podem ser hidrolisadas (SANTOS, 2013; MENTEN et al., 2014). Além disso, o pH baixo da digesta que entra no duodeno, estimula a secreção pancreática e secreção de bicarbonato au-mentando a digestibilidade da dieta (PARTA-NEN e MROZ, 1999).

Os ácidos orgânicos exercem efeitos antimicrobianos de formas distintas. A princi-pal forma de ação antimicrobiana dos ácidos orgânicos é através da queda do pH do meio externo. A capacidade de os ácidos orgâni-cos mudarem da forma de não dissociado para a forma dissociada, dependente da dissociação de suas carboxilas, torna-os agentes antimicrobianos eficazes (PARTA-NEN e MROZ, 1999).

Segundo Santana et al. (2011), os ácidos orgânicos possuem poder bacteriostático e bactericida desde que haja moléculas disso-ciadas em quantidade suficiente e tempo de contato adequado com o alvo. Ainda, se-gundo Strauss e Hayler (2001), a eficácia de um ácido na inibição de microrganismos depende do tipo de ácido, do tempo de exposição e da temperatura ambiente. Bac-térias Gram-negativas são sensíveis a ácidos com menos de 8 carbonos, enquanto as bactérias gram-positivas são sensíveis a ácidos de cadeia longa.

Os benefícios da utilização de ácidos orgânicos são evidenciados em diversos traba-lhos e estudos encontrados na literatura. Bassan et al. (2008) avaliaram a ação de dois ácidos orgânicos (ácido fórmico e ácido propi-ônico) e de um mananoligossacarídeo (MOS) adicionados à dieta no controle da infecção intestinal por Salmonella Enteritidis (SE) em frangos de corte e observaram que a inclusão dos dois ácidos orgânicos e o MOS contribuí-ram no controle da infecção por Salmonella Enteritidis. Gama et al., (2000) verificaram que a adição de ácidos orgânicos à dieta de aves de postura apresenta um efeito positivo sobre a produção de ovos e peso das aves, todavia, não interferem na qualidade interna dos ovos e no peso dos ovos.

Pickler et al. (2012) avaliaram a eficiência de ácidos orgânicos frente a Salmonella enterica entérica sorovar Enteritidis (SE) e Minnesota (SM) em frangos. Verificaram que o uso de ácidos orgânicos na ração e na água foi mais eficiente em reduzir SE do que SM. Salazar et al. (2008) analisaram o efeito dos ácidos lático e butírico, isolados e asso-ciados, como aditivos nas dietas de frangos de corte, e demonstraram que o uso do ácido butírico isoladamente é recomendado durante a fase inicial, e na fase de crescimen-to é recomendado a utilização dos ácidos lático e butírico associados como promotores de crescimento.

Calaça (2009) concluiu que a adição de ácidos orgânicos (acético, fórmico e propiô-nico) na proporção de 4 kg por tonelada de ração pode ser recomendada, pois promo-veu melhorias no desempenho zootécnico dos frangos de corte, beneficiando a saúde intestinal com reflexos positivos no controle da Salmonella Enteritidis juntamente com a Eimeria tenella.

É importante estabelecer o objetivo da utilização dos ácidos orgânicos na alimenta-ção de aves. Independente da forma de ação dos ácidos orgânicos sobre os microrganis-mos, para serem alternativas interessantes ao uso de antibióticos como aditivos, eles de-vem apresentar resultados similares sem comprometer a saúde do animal, sem provo-car resistência e sem deixar resíduos nos produtos de consumo e nem contaminar o meio ambiente (PICKLER, 2011). A ação dos aditivos se torna mais eficiente quando se utilizam técnicas eficientes de manejo, am-biente e controle sanitário e, especialmente, com o correto controle de qualidade dos ingredientes (PRAZERES et al., 2015).

Referências bibliográficas disponí-veis sob consulta.

Para serem alternativas ao uso de antibióticos como aditivos, os ácidos orgânicos devem apresentar resultados similares

Tabela 2 – Efeitos dos ácidos orgânicos e sais na nutrição animal

Forma efetiva Efeito

AlimentoH

Redução do pHRedução da capacidade tamponante

H e ânion Redução do crescimento microbianoAção antimicrobiana

Trato intestinal

HRedução do pH no estômago e no duodeno Potencializa atividade da pepsina

H e ânionEfeito antimicrobianoControle da microbiota Efeito trófico nas microvilosidades

Ânion Complexa com cátions (Ca, Mg, Fe, Cu, Zn)

Metabolismo Fonte de energia

Fonte: Adaptado de Menten et al. (2014)

Page 17: Água e Ração

Água e Ração

17Encarte Especial AviSite

Autor: Jeffersson Lecznieski, Zootecnista pela Universidade Federal de Santa Maria, com Mestrado em nutrição pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e MBA pela ESPM /SP

Vitaminas: Efeito em desempenho, saúde e qualidade da carne

As vitaminas são micronu-trientes com “macro-impor-tância”, que participam praticamente de todos os processos metabólicos do

organismo sendo, portanto, essenciais para os animais expressarem seu potencial genético em desempenho, bem como uma ótima saúde e qualidade de carne. A quantidade inadequada de uma ou mais vitaminas pode levar a múltiplos distúrbios metabólicos, resultando em queda na produtividade, crescimento retardado, problemas reprodutivos e/ou queda na imunidade e saúde das aves.

As vitaminas são divididas em dois grupos, baseado em sua solubilidade em lipídeos (lipossolúveis) ou água (hidrosso-lúveis). As lipossolúveis incluem as vitami-nas A, D, E e K, enquanto as vitaminas do complexo B (B1, B2, B6, B12, ácido fólico, ácido nicotínico, ácido pantotênico) e vitamina C são classificadas como hidros-solúveis. De modo geral, as vitaminas lipossolúveis têm funções específicas no desenvolvimento e mantença da estrutura dos tecidos, enquanto que as hidrossolú-veis participam em funções catalíticas ou atuam como controladores no metabolis-mo intermediário, como as coenzimas.

A literatura apresenta grande variação acerca dos níveis vitamínicos empregados em suplementos comerciais para frangos de corte.

O avanço das genéticas de aves de corte e postura tornaram as aves muito mais produtivas, com maior velocidade de crescimento e maior precocidade. Sendo aves mais produtivas e precoces, a neces-

sidade de nutrientes é também maior, por unidade de ganho. Além de maior desem-penho, a imunidade das aves também esta mais afetada, bem como a qualidade do produto final (carne, ovos e pintinho).

Considerando apenas o efeito do avanço genético, Leesson em 2007 mos-trou que as aves de corte e postura estão mais exigentes por unidade de ganho, utilizando a vitamina E como referência (Tabela 1).

Conclui-se que a melhora do desem-penho determinada geneticamente requer um ajuste da suplementação vitamínica da ordem de 1% ao ano.

Portanto, para se determinar níveis adequados de vitaminas para aves de corte e postura criados em condições industriais, além do desempenho, outros fatores também devem ser levados em conta, como: qualidade da progênie no caso de reprodutoras, qualidade do ovo no caso de poedeiras, qualidade da carne, tempo de prateleira ou shelf life, qualida-de microbiológica e status imunológico e a saúde dos animais.

Vitaminas: Efeito em desempenho

Quando falamos em níveis vitamínicos, precisamos levar em conta as condições industrias que estes animais são criados (variações de manejo, equipamentos, alta densidade de animais/m2, desafios sanitá-rios e variações ambientais, entre outros).

Portanto, as condições reais de produ-ção são bastante diferentes e adversas daquelas em Universidades em condições ótimas e controladas.

Em um trabalho realizado pela Univer-sidade Federal de São Paulo, em Pirassu-nunga, foi observado efeito significativo a favor de níveis adequados de vitaminas quando comparado com níveis médios utilizados pela indústria no estado de São Paulo em 2012 (Tabela 2).

A diferença entre os 2 tratamentos, níveis utilizados por uma agroindústria do estado de SP e os níveis ótimos de vitami-nas aconteceu devido aos níveis serem bastante diferentes entre si. Os frangos que consumiram os níveis ótimos de vita-minas apresentaram 71 g a mais no peso final, 72g melhor na conversão alimentar e rendimento de carcaça 1% maior. O retorno sobre o investimento (ROI) calcula-do foi de 4,6:1.

Vitaminas: Efeito na imunidadeComparativamente com os demais

nutrientes, os requerimentos de vitaminas foram os que menos sofreram alterações com a modernização da avicultura. Nos últimos 50 anos, aumentou-se significati-vamente os níveis de energia e aminoáci-dos das dietas das aves, mas pouco se fez com os níveis vitamínicos. Isto deve-se a uma razão bastante simples: a resposta do animal a estes nutrientes é positiva e

Tabela 1. Influência do melhoramento génetico sobre a suplementação vitamínica

1985 2005 ∆/ano

Poedeiras (1 kg) 2,7 UI/ovo 2,1 UI/ovo -1,1%

Frangos de corte (2 kg) 40 UI/kg ganho 34 UI/kg ganho -0,8%

Perus (14 kg) 55 UI/kg ganho 48 UI/kg ganho -0,6%

Fonte: S. Leeson, World’s Poultry Science Journal, Vol. 63, Junho 2007

Tabela 2. Efeito do uso de níveis ótimos de vitaminas sobre o desempenho de frangos de corte Cobb 500, machos, de 1 a 44 dias de idade

CON TROLE

Níveis ótimos de vitaminas

P-valor

Consumo (kg) 5.273 5.165 0.501

Ganho peso (kg) 3.128b 3.199a 0.048

Conv. Aliment 1.685a 1.613b 0.006

Rend. Carcaça (%)

69.61b 70.31a 0.002

Encarte Especial

Page 18: Água e Ração

18 Encarte Especial AviSite

Encarte Especial

imediata, enquanto a resposta às vitami-nas é de médio e longo prazo.

Com linhagens de crescimento cada vez mais rápido e de alta eficiência ali-mentar, é de fundamental importância utilizar níveis adequados de vitaminas, a fim dos animais conseguirem expressar todo o seu potencial genético.

Ao contrário dos mamíferos, a trans-ferência de imunidade da mãe para os filhos nas aves, é bastante baixa. Os pintinhos nascem com um sistema imu-nológico incompleto e que precisa ser desenvolvido nos primeiros dias ou sema-nas de idade. O desenvolvimento do sistema imunológico das aves é depen-dente das vacinas utilizadas e das vitami-nas (em maior grau de importância) e de alguns ácidos graxos e minerais (em menor grau de importância). Além disto, ao longo da vida, as aves são expostas a diversas situações de estrese, as quais consomem uma grande quantidade de vitaminas.

Aves de vida longa com matrizes pesadas e poedeiras, também possuem grande dependência das vitaminas para formar um ótimo sistema imune, pois existem alguns episódios de estrese du-rante a sua vida, os quais demandam uma grande quantidade de vitaminas (debicagem, transferências, vacina de coccidiose e reforços de vacinas, apenas citando os mais graves). Por isso, as práti-cas de uso de suplementos vitamínicos na forma solúvel apresentam respostas bastante positivas nestas situações.

Vitaminas: Efeito sobre a qualidade da carne

Quando definimos os níveis vitamínicos de uma ração, em geral, buscamos atender o desempenho e produção das aves e para ter uma boa saúde. Pouco se sabe e se tem estudado sobre o papel das vitaminas na qualidade final da carne. Entretanto, é de conhecimento que a vitamina E possui um poderoso efeito antioxidante a nível celular e, por isso, retarda a oxidação das gorduras, o que garante maior tempo de prateleira às carnes e também aos ovos.

O processo de deterioração se inicia a partir da oxidação das gorduras e desenca-deia uma série de outras reações, que alte-raram as propriedades organoléticas da carne (cor, sabor e cheiro).

Gilbert Weber (2015) apresentou isso de forma esquemática (Figura 1).

Uma dos maiores prejuízos para a indús-tria de carnes é a perda de água por goteja-mento ou drip loss. As perdas são significati-vas, pois ela ocorre quando a carne já esta pronta para ir ao ponto de venda e, portanto, são perdas diretas de dinheiro. A perda por gotejamento é causada pela perda de líqui-dos extra e intracelular, devido à fragilidade da membrana celular de não conseguir reter estes fluidos. A oxidação da membrana celular faz com que ela perca a capacidade protetora e estrutural da célula, permitindo que ocorram perdas exudativas dos fluídos celulares para o meio externo. A vitamina E é um potente protetor da integridade da mem-brana celular, fazendo com que ocorram menos perdas de líquidos.

Conclusões • Genéticas de aves de corte e postura de

alta produtividade e precocidade requerem um maior aporte de níveis vitamínicos;

• A melhora do desempenho determinada pelos avanços genéticos requer um ajuste anual da suplementação vitamínica da ordem de 1%, com base por unidade de ganho;

• As vitaminas possuem um papel funda-mental no desenvolvimento do sistema imunológico das aves, resposta às vacinas e quando são submetidos a condições estressantes;

• Existe efeito da vitamina E na redução da perda por gotejamento (drip loss);

• As vitaminas representam um baixo custo na dieta total (menos de 2% do custo da ração), considerando a importância e os benefícios que proporcionam.

Figura 1. Esquema de como ocorrem as alterações organolépticas da carne

Figura 2. Efeito dos níveis de vitamina E da dieta sobre a perda por gotejamento (drip loss) em carcaça de frango armazenada por diversos dias

Fonte: Thomas (1998)

Page 19: Água e Ração

Água e Ração

19Encarte Especial AviSite

Page 20: Água e Ração

20 Encarte Especial AviSite

Encarte Especial

BIOMIN do Brasil Nutrição Animal Ltda.Tel: +55 19 3415 [email protected]

Entre em contato e saiba mais!

Mycofix® Focus é composto por um adsorvente de aflatoxinas e um inativadorde fumonisinas que incorpora uma inovadora tecnologia de biotransformaçãoenzimática específica e irreversível das fumonisinas - FUM ®.

www.biomin.net

Inovação na Biotransformação das Fumonisinas

O Mycofix® Focus apresenta: Alta eficácia na inativação das fumonisinas

Excelente adsorção de aflatoxinas

Níveis otimizados de inclusão na ração

Enzima termoestável

O Mycofix® Focus emaves e suínos possibilita a:

Redução dos efeitos negativos das fumonisinas e aflatoxinas

Queda dos índices de lesões pulmonares causadas por fumonisinas

Diminuição dos processos inflamatórios intestinais decorrentes das fumonisinas

Inclusão em rações peletizadas

*De acordo com as normativas da União Européia Nº 1115/2014 e 1060/2013 para a redução da contaminação de fumonisinas e aflatoxinas