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Caderno nº 27 Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica ÁGUAS E FLORESTAS DA MATA ATLÂNTICA: Por uma Gestão Integrada São 3 as principais funções da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica Proteção da Biodiversidade Desenvolvimento Sustentável Conhecimento Científico e Tradicional realização: CONSELHO NACIONAL DA RESERVA DA BIOSFERA DA MATA ATLÂNTICA Rua do Horto 931 - Instituto Florestal São Paulo - SP - CEP: 02377-000 Tel. (0XX11) 62318555 r. 2044/2138 Fax: (0XX11) 62325728 e-mail: [email protected] http://www.rbma.org.br PARTE I: Conceitos, Princípios e Diretrizes para uma Política de Gestão Integrada de Recursos Hídricos e Florestais PARTE II: A Experiência na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul organização: Clayton F. Lino e Heloisa Dias SÉRIE SÉRIE SÉRIE SÉRIE SÉRIE políticas públicas políticas públicas políticas públicas políticas públicas políticas públicas apoio: Programa MaB "O Homem e a Biosfera"

ÁGUAS E FLORESTAS DA MATA ATLÂNTICA - rbma.org.br · CADERNO Nº. 27 - SÉRIE POLÍTICAS PÚBLICAS ÁGUAS E FLORESTAS NA MATA ATLÂNTICA: POR UMA GESTÃO INTEGRADA Caderno nº 27

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CADERNO Nº. 27 - SÉRIE POLÍTICAS PÚBLICASÁGUAS E FLORESTAS NA MATA ATLÂNTICA:

POR UMA GESTÃO INTEGRADA

Caderno nº 27

Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica

ÁGUAS E FLORESTASDA MATA ATLÂNTICA:Por uma Gestão Integrada

São 3 as principais funções da Reserva da Biosfera da MataAtlântica

Proteção da BiodiversidadeDesenvolvimento Sustentável

Conhecimento Científico e Tradicional

realização:

CONSELHO NACIONAL DA RESERVADA BIOSFERA DA MATA ATLÂNTICA

Rua do Horto 931 - Instituto FlorestalSão Paulo - SP - CEP: 02377-000

Tel. (0XX11) 62318555 r. 2044/2138Fax: (0XX11) 62325728

e-mail: [email protected]://www.rbma.org.br

PARTE I: Conceitos, Princípios e Diretrizes para uma Política deGestão Integrada de Recursos Hídricos e Florestais

PARTE II: A Experiência na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul

organização: Clayton F. Lino e Heloisa Dias

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apoio:

Programa MaB "O Homem e a Biosfera"

CADERNO Nº. 27 - SÉRIE POLÍTICAS PÚBLICASÁGUAS E FLORESTAS NA MATA ATLÂNTICA:

POR UMA GESTÃO INTEGRADA

SÉRIE 1 - CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASCad. 01 - A Questão Fundiária, 1ª ed./1994, 2ª ed./1997Cad. 18 - SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação, 1ª ed./2000, 2ª ed./2004

SÉRIE 2 - GESTÃO DA RBMACad. 02 - A Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, 1ª ed./1995, 2ª ed./1996Cad. 05 - A Reserva da Biosfera da Mata Atlântica no Estado de São Paulo, 1ª ed./1997,2ª ed./2000Cad. 06 - Avaliação da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, 1ª ed./1997, 2ª ed./2000Cad. 09 - Comitês Estaduais da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, 1ª ed./1998, 2ªed./2000Cad. 24 - Construção do Sistema de Gestão da RBMA, 2004Cad. 25 - Planejamento Estratégico da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, 2003

SÉRIE 3 - RECUPERAÇÃOCad. 03 - Recuperação de Áreas Degradadas da Mata Atlântica, 1ª ed./1996, 2ª ed./2000Cad. 14 - Recuperação de Áreas Florestais Degradadas Utilizando a Sucessão e as

Interações planta-animal, 1ª ed./1999, 2ª ed./2000Cad. 16 - Barra de Mamanguape, 1ª ed./1999, 2ª ed./2000

SÉRIE 4 - POLÍTICAS PÚBLICASCad. 04 - Plano de Ação para a Mata Atlântica, 1ª ed./1996, 2ª ed./2000Cad. 13 - Diretrizes para a Pollítica de Conservação e Desenvolvimento Sustentável

da Mata Atlântica, 1999Cad. 15 - Mata Atlântica: ciênica, conservação e políticas, 1999Cad. 21 - Estratégias e Instrumentos para a Conservação, Recuperação e Desenvolvimento

Sustentável da Mata Atlântica, 1ª ed./2002, 2ª ed./2004Cad. 23 - Certificação Florestal, 2003Cad. 26 - Certificação de Unidades de Conservação, 2003Cad. 27 - Águas e Florestas da Mata Atlântica: Por uma Gestão Integrada, 2004

SÉRIE 5 - SÉRIE ESTADOS E REGIÕES DA RBMACad. 08 - A Mata Atlântica do Sul da Bahia, 1998Cad. 11 - A Reserva da Biosfera da Mata Atlântica no Rio Grande do Sul, 1998Cad. 12 - A Reserva da Biosfera da Mata Atlântica em Pernambuco, 1998Cad. 22 - A Reserva da Biosfera da Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro, 2002

SÉRIE 6 - DOCUMENTOS HISTÓRICOSCad. 07 - Carta de São Vicente - 1560, 1ª ed./1997, 2ª ed./2000Cad. 10 - Viagem à Terra Brasil, 1998

SÉRIE 7 - CIÊNCIA E PESQUISACad. 17 - Bioprospecção, 2000Cad. 20 - Árvores Gigantescas da Terra e as Maiores Assinaladas no Brasil, 2002

SÉRIE 8 - MaB-UNESCOCad. 19 - Reservas da Biosfera na América Latina, 2000

Caderno nº 27

ÁGUAS E FLORESTAS DA MATA ATLÂNTICA:Por uma Gestão Integrada

PARTE I: Conceitos, Princípios e Diretrizes para uma Política deGestão Integrada de Recursos Hídricos e Florestais

PARTE II: A Experiência na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul

Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica

CADERNO Nº. 27 - SÉRIE POLÍTICAS PÚBLICASÁGUAS E FLORESTAS NA MATA ATLÂNTICA:

POR UMA GESTÃO INTEGRADA

Cadernos da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica

Série: POLÍTICAS PÚBLICASEditor: Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata AtlânticaConselho Editorial: José Pedro de Oliveira Costa, Clayton Ferreira Lino eJoão L. R. AlbuquerqueOrganização: Clayton F. Lino e Heloisa DiasAutores da Parte I: Alexandre Krob, Clayton F. Lino, Heloisa Dias, Ícaro Cu-nha, Patrícia Hohrer e Ricardo BragaColaboradores da Parte I: participantes dos Workshops Regionais e Nacional deÁguas e Florestas da Mata Atlântica (anexo 1)Autores da Parte II: Ângelo José Rodrigues Lima, Claudio Serrichio, Clayton F.Lino, Flavio Simões, Heloisa Dias, José Leomax e Samuel BarretoColaboradores da Parte II: participantes das Oficinas Estaduais e Regional deÀguas e Florestas na Bacia do Rio Paraíba do Sul (anexo II)Revisão: Clayton F. Lino, Heloisa Dias e João Lucílio AlbuquerqueProjeto Gráfico: Elaine Regina dos SantosEditoração: Marcia BaranaFotos: Clayton Ferreira Lino e Arquivo WWF - BrasilColaboração: Dolores Biruel (ficha catalográfica)Ficha Catalográfica:

Endereço do Conselho Nacional da Reserva da Biosfera:Rua do Horto, 931 - Casa das Reservas da Biosfera02377-000 - São Paulo - SP - Brasil -Tel: 0xx11 62318555 r. 2044/2138 Fax: 0xx11 62325728site: www.rbma.org.br, e-mail: [email protected]É uma publicação doConselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica,com a colaboração do Comitê para Integração da Bacia do Paraíba do Sul - CEIVAP;do WWF Brasil, da Fundação SOS Mata Atlântica e da Associação Mio-Leão Dou-rado, com o apoio do Instituto de Apoio a Pesquisa e ao Desenvolvimento Jones dosSantos Neves - IPES, Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo - SMA/SP, Ministério do Meio Ambiente - MMA, UNESCO - BRASIL e do Banco HSBC.

Esta publicação é parte integrante do Programa Águas e Florestas da Mata Atlântica.Impressão: Novo Fotolito Editora Gráfica Ltda.Tiragem: 4.000 exemplaresAutoriza-se a reprodução total ou parcial deste documento desde que citada a fonte.São Paulo, Setembro 2004

Lino, Clayton F.Águas e florestas da mata atlântica : por uma gestão integrada /

Clayton F. Lino e Heloísa Dias. – São Paulo : Conselho Nacional daReserva da Biosfera da Mata Atlântica, 2003.

132 p. ; 21 cm . – (Caderno da Reserva da Biosfera da MataAtlântica : série políticas públicas, 27)

1. Recursos hídricos e florestais 2. Bacia Hidrográfica do RioParaíba do Sul 3. Bacias hidrográficas – Brasil 4. Educação ambiental. I Clayton F. Lino II. Heloísa Dias

Caderno nº 27

Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica

ÁGUAS E FLORESTASDA MATA ATLÂNTICA:

Por uma Gestão Integrada

organização: Clayton F. Lino e Heloisa Dias

Obs.: A edição deste caderno foi possível graças à colaboraçãode diversas pessoas e instituições citadas e ao patrocínio doWWF-Brasil e da Associação Mico-Leão Dourado e Critical

Ecosystem Partnership Fund.

CADERNO Nº. 27 - SÉRIE POLÍTICAS PÚBLICASÁGUAS E FLORESTAS NA MATA ATLÂNTICA:

POR UMA GESTÃO INTEGRADA

A finalidade deste caderno é difundir o Projeto Águas eFlorestas da Mata Atlântica através da apresentação deconceitos, princípios e diretrizes para uma política de ges-tão integrada de Recursos Hídricos e Florestais e a experi-ência na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul.

Este caderno é dedicado atodos aqueles que partici-pam de organismos colegia-dos voltados a conservaçãoe gestão integradas dos re-cursos naturais nas baciashidrográficas da MataAtlântica.

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POR UMA GESTÃO INTEGRADA

SUMÁRIO:

Pág.

Apresentação 09

PARTE I: CONCEITOS, PRINCÍPIOS E DIRETRIZES PARA UMAPOLÍTICA DE GESTÃO INTEGRADA DE RECURSOS HÍDRICOS EFLORESTAIS ................................................................ 13

Introdução ................................................................................ .. 15

Capítulo I - Princípios e Diretrizes.............................................. 18Princípios Básicos ....................................................................... 18Diretrizes Gerais ........................................................................ 19

Capítulo II - Base Conceitual ..................................................... 24O que são Recursos Hídricos e Florestais .................................. 24A relação entre a Floresta e a Água ............................................ 25O Bioma Mata Atlântica ............................................................. 31Bacias Hidrográficas ................................................................... 33Mapa Bacias Hidrográficas Brasileiras e o Domínio MataAtlântica ...................................................................................... 36Funções Hidrológicas da Floresta ............................................... 37Geração de Serviços Ambientais ............................................... 39Gestão Participativa e Desenvolvimento Sustentável na BaciaHidrográfica ................................................................................. 42Conservação e Recuperação das Florestas .................................. 43Educação Ambiental e Mobilização ............................................. 50

Capítulo III – Instrumento Legais e Políticas Setoriais .............. 55Políticas Nacionais de Meio Ambiente e Educação Ambiental... 55Instrumentos da Política de Recursos Hídricos ............ 58Instrumentos da Política Florestal .............................. 59

Referências Bibliográficas ............................................ 63

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POR UMA GESTÃO INTEGRADA

PARTE II: A EXPERIÊNCIA NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIOPARAÍBA DO SUL .......................................................... 69

Introdução...................................................................................... 71

Capítulo I – O Projeto Águas e Florestas na BHRPS ............... 73

Capítulo II – Caracterização Ambiental da BHRPS ................ 77Vegetação Natural e Uso do Solo ................................. 79Classificação da Cobertura Vegetal e Uso do Solo na Bacia ....... 81Distribuição da Cobertura Vegetal e Uso do Solo na Bacia ........ 85

Capítulo III – Resumo das Conclusões da Fase I do Projeto ..... 88O Protocolo de Intenções da Bacia Hidrográfica do RioParaíba do Sul .............................................................. 88Propostas de Prioridades ............................................ 89Recomendações para a Continuidade do Projeto .......... 101Listagem de Algumas Experiências Relevantes eOportunidades Identificadas na Fase I do Projeto ........ 103

Capítulo IV – Carta de Itatiaia ......................................... 112

Referências Bibliográficas ........................................... 116

ANEXOS ................................................................... 117

ANEXO I - Equipe de Coordenação e Instituições Parceirase Colaboradoras - Parte I ........................................... 119

ANEXO II - Equipe de Coordenação e Instituições Parceirase Colaboradoras - Parte II ........................................... 126

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APRESENTAÇÃO

Floresta da Tijuca, dezembro de 1861. A outrora exuberantemata virgem que recobria as belas montanhas da cidadedo Rio de Janeiro estavam em grande parte dizimadas.Desmatamentos e queimadas, antes para a cana-de-açúcare depois para o cultivo do café, haviam substituído grandesáreas de floresta por fazendas já pouco produtivas. Àmedida que sumiam as matas, secavam os córregos eescasseava a água.

O governo imperial de Dom Pedro II iniciou então o primeirogrande programa de recuperação de uma área degradadana Mata Atlântica. Com a missão de recompor as florestase águas dos mananciais da cidade, nomeou o Major ManuelGomes Archer como administrador da Floresta da Tijuca.Com ele, uma equipe de 6 escravos e alguns assalariadosiniciou o trabalho de plantio de “arvoredos do país”, quedurou mais de uma década.

“ Durante anos e anos (Archer) replantou grande parteda floresta, encheu dentro da terra, a cisterna quaseesgotada do lençol freático e pôs a correr de novo àflor do solo, e morro abaixo, o Carioca, o Banana Podre,o dos Macacos, dos Canoas, todos os rios e arroiosque nos dão vida”. (Antônio Callado, 1992)

No final do mesmo século XIX, o trabalho de Archer inspiroua desapropriação das fazendas de café e a recuperação daSerra da Cantareira, que com suas matas ainda hojeassegura a qualidade de nascentes que abastecem maisde 40% dos moradores da metrópole paulistana.

Tijuca e Cantareira, os dois maiores maciços florestaisurbanos do planeta, além de água, contribuem para oequilíbrio climático das cidades ao controlar a temperaturae umidade e ao seqüestrar carbono, oferecendo paisagem,

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lazer e ecoturismo, conservando importantes espécies darica biodiversidade da Mata Atlântica e servindo deinspiração para grandes empreitadas na busca de umdesenvolvimento sustentável.

O presente documento, construído coletivamente, tem omesmo e ambicioso propósito de inspirar a sociedadebrasileira para iniciar um grande programa de conservaçãoe recuperação das Águas e Florestas da Mata Atlântica.Para tanto, entendem as instituições envolvidas que énecessário antes de mais nada promover a integração daspolíticas de Recursos Hídricos e Florestais em nosso país.Este é o objetivo maior do “Programa Águas e Florestas naMata Atlântica” realizado conjuntamente pelo ConselhoNacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e aFundação SOS Mata Atlântica, com a parceria do Ministériodo Meio Ambiente e de dezenas de instituições regionais.

Em uma primeira fase do Programa, foram realizadosworkshops regionais em bacias hidrográficas do Nordeste(Rio Pirapama/PE), do Sudeste (Rio Ribeira/SP) e Sul (RioTramandaí/RS). A partir destes subsídios e do trabalho deconsultores contratados, foi elaborado um novo documentodiscutido em um Workshop Nacional sobre Águas eFlorestas na Mata Atlântica realizado em São Paulo emjulho de 2002, do qual participaram mais de 50representantes de órgãos governamentais, ONGs, insti-tuições de pesquisa e órgãos colegiados, particularmentede Comitês Gestores de Bacias Hidrográficas e ComitêsEstaduais da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.

Como resultado deste processo de discussão, foi elaboradoo documento "Águas e Florestas da Mata Atlântica : poruma gestão integrada", publicado pelo CN-RBMA e FundaçãoSOS Mata Atlântica, em março de 2003.

A Parte I deste Caderno da RBMA foi extraída do documentoreferido acima, sendo composta por três capítulos centrais:

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Princípios e Diretrizes para uma política integrada degestão de Águas e Florestas na Mata Atlântica; BaseConceitual, que subsidia técnica e cientificamente aproposta contida no capítulo anterior e InstrumentosLegais e Políticos Setoriais que apontam os principaismarcos legais para as ações preconizadas.

A Parte II apresenta os primeiros resultados do ProjetoÁguas e Florestas na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba doSul, obtidos nas três oficinas de trabalho (Oficina deParaibuna/SP; Oficina de Cataguases/MG; Oficina dePetrópolis/RJ) e no Workshop Regional de Consolidação doPARNA de Itatiaia/RJ, realizados no decorrer de 2003, sendoconstituída por quatro capítulos: Projeto Águas e Florestasna BHRP; Caracterização Ambiental da BHRPS; Resumodas Conclusões da Fase I do Projeto e Carta de Itatiaia.

Os Comitês Gestores de Bacias Hidrográficas e os ComitêsEstaduais da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, jáestruturados, são locus sensíveis aos temas, e se colocamcomo fóruns naturais para alavancar o processo de gestãointegrada dos Recursos Hídricos e Florestais.

Embora desenvolvido nas Bacias Hidrográficas da MataAtlântica, o programa sinaliza de forma estratégica para agestão integrada do binômio água-floresta em todo o País.As consolidações e propostas aqui apresentadas nãodesconhecem a necessidade de se ter uma políticaintegrada de recursos hídricos e florestais para todos osbiomas brasileiros, tarefa que a nosso ver é prioritária edeve ser articulada com o Conselho Nacional do MeioAmbiente – CONAMA e outros organismos colegiados afins.

Clayton Ferreira Lino e Heloisa DiasOrganizadores

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POR UMA GESTÃO INTEGRADA

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PARTE I: CONCEITOS, PRINCÍPIOS E DIRETRIZESPARA UMA POLÍTICA DE GESTÃO INTEGRADA DERECURSOS HÍDRICOS E FLORESTAIS

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INTRODUÇÃO

A análise do Sistema Nacional do Meio Ambiente e dos órgãosgestores de recursos hídricos e florestais que o integrampermitem identificar alguns aspectos fundamentais para aformulação e a implementação de uma política integrada degestão de águas e florestas na Mata Atlântica.

As agências ambientais encarregadas da proteção de florestas,ou seja, os órgãos aos quais cabem a implantação das Unidadesde Conservação e a aplicação da legislação florestal, pautam-se muitas vezes por linhas de atuação marcadas essen-cialmente pelo preservacionismo, pela pequena integraçãocom as demais intervenções de política ambiental regional epela dificuldade de lidarem com a dinâmica de conflitosvinculada ao processo de desenvolvimento. Outros, quandodesenvolvem programas de fomento florestal, privilegiam amonocultura de espécies exóticas de rápido crescimento,tratando de forma acessória a recuperação e o manejosustentável de matas naturais. Projetos florestais de maiorporte raras vezes tem entre suas prioridades o objetivo deassegurar a conservação de recursos hídricos.

Ao mesmo tempo, a política de recursos hídricos, cujo eixoorganizacional é a constituição de Comitês de Bacias, emboraapresente evolução no sentido de uma integração ao sistemaambiental e ao conjunto da política de meio ambiente, trazainda a marca de uma cultura técnica de gerenciamentoquantitativo dos recursos hídricos, excessivamente voltadapara obras, e acompanhada de uma visão de qualidade quese restringe basicamente à questão do saneamento. Agravaeste quadro o fato de, em algumas regiões, o sistema derecursos hídricos vincular-se ao setor de governo querepresenta grandes usuários diretos destes recursos, comopor exemplo as áreas energéticas e agrícola, o que dificultao estabelecimento de planos de múltiplo uso da água quenão privilegie tais áreas em detrimento de outras.

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Em seu conjunto, a gestão ambiental brasileira aindaapresenta forte compartimentação, com pouca articulaçãosetorial, o que tem dificultado a integração das políticas esistemas de gestão vinculados aos recursos hídricos eflorestais e, em conseqüência, restringido o alcance dasiniciativas de desenvolvimento sustentável nas bacias hidro-gráficas. Estas iniciativas ficam reduzidas, via de regra àexperiências pontuais, que esbarram em regulamentosmuito restritivos ou burocráticos e na falta de mecanismoseconômicos viabilizadores de novas economias sustentáveis.

Para reverter este quadro no que tange aos recursoshídricos e florestais, com vista à sua gestão integrada, trêsaspectos se destacam como prioritários:

• A articulação das políticas setoriais, razão central destedocumento proposto;

• A promoção de processos participativos e instrumentosintegrados de gestão;

• A integração de ações em campo a partir de um recorteterritorial adequado.

Neste sentido, as Bacias Hidrográficas se apresentam comoo espaço territorial mais promissor para uma gestão integradade águas e florestas, considerando-se tanto os aspectosnaturais quanto os culturais e sócio-econômicos envolvidos.

Da mesma forma, as instâncias colegiadas como ComitêsGestores de Bacias Hidrográficas e os Comitês Estaduaisda RBMA são foros privilegiados para promover a desejadaintegração transetorial.

É igualmente importante que se articulem os instrumentosde conservação e gestão que tanto o setor hídrico quanto oflorestal já dispõe. Desse modo, nas Bacias Hidrográficas,a criação de Unidades de Conservação, as Reserva Legais,a efetivação das Áreas de Preservação Permanente, a cria-

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ção de corredores ecológicos, entre outros instrumentosda política florestal devem ter a conservação das águascomo um parâmetro prioritário. Da mesma forma, osmecanismos da política de recursos hídricos como acobrança pelo uso da água, os planos de bacia e outrospodem e devem considerar como prioritários a conservaçãoe a recuperação das florestas contribuindo para a conser-vação da biodiversidade a elas associadas.

Para que tais objetivos sejam atingidos é necessário um clarocompromisso com as populações locais e o fortalecimento doscanais de participação das mesmas junto aos órgãos gestores.Para tanto, é urgente capacitar a uns e outros, ampliar oconhecimento sobre as interelações entre águas e florestase a conscientização sobre o valor desses recursos.

É a partir dessas premissas e do arcabouço político-conceitual da Agenda 21 que o presente documento foielaborado. Espera-se com ele contribuir para uma “culturahidro-florestal” na Mata Atlântica entendida como um dospilares do desenvolvimento sustentável nessa importanteregião do Brasil.

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CAPÍTULO I : PRINCÍPIOS E DIRETRIZES

PRINCÍPIOS BÁSICOS

Para o pleno exercício de uma política integrada deconservação e gestão de recursos hídricos e florestais, sãoconsiderados como Princípios Básicos:

• Reconhecer a importância do Bioma Mata Atlântica,tanto por sua elevada biodiversidade, quanto por seupapel na conservação das águas para seus usos múltiplose sustentáveis, com destaque para o abastecimento degrande parte da população brasileira;

• Considerar a bacia hidrográfica como um importante espaçode planejamento e de gestão ambiental integrada, comênfase na conservação simultânea do solo, da água e dafloresta, visando a manutenção dos ecossistemas naturais,a sustentabilidade dos processos produtivos e a garantiada boa qualidade de vida para os seus habitantes;

• Considerar como fundamental a revisão e integraçãodas políticas setoriais, especialmente das áreas florestale hídrica, bem como a integração das mesmas com asdemais políticas públicas que afetem o uso e a preser-vação de recursos naturais, como por exemplo a agrícolae a de saneamento ambiental;

• Reconhecer a necessidade da integração dos aspectossociais, econômicos, ambientais, éticos e políticos noprocesso de gestão ambiental por meio de ações inter etransdisciplinares, entre as ciências naturais, humanase exatas, entre os saberes científico e popular;

• Considerar fundamentais para a política de conservaçãoe gestão integradas dos recursos hídricos e florestais,

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a informação, a participação social, a capacitação técnico- científica e o compromisso efetivo do governo em todasas suas instâncias;

• Reconhecer a importância da educação ambiental comoprocesso explicitador das relações de interdependênciaentre florestas e águas, integrando informações econtribuindo para a internalização de conceitos junto atodos os segmentos da sociedade;

• Reconhecer a necessidade de garantir a gestão partici-pativa, abrangente, representativa e descentralizada,que priorize a intervenção por meio de ações institu-cionais integradas.

DIRETRIZES GERAIS

Partindo dos princípios anteriormente considerados etomando-se como referência a contextualização da gestãoambiental no Brasil, o marco conceitual e legal específico,são propostas as seguintes Diretrizes Gerais:

• Reconhecer na gestão ambiental por bacia hidrográfica,a oportunidade da integração dos esforços para aconservação da floresta e da água, buscando-se amelhoria da qualidade de vida das populações residentese a gestão de conflitos no uso dos recursos naturais;

• Incorporar na gestão dos recursos hídricos o reco-nhecimento de sua importância para conservação eintegridade dos ecossistemas aquáticos e os parâmetrosrepresentados pelo papel estratégico das florestas,especialmente das unidades de conservação e demaisáreas protegidas, no regime hídrico regional.

• Compatibilizar interesses diversos e fortalecer os comitêse demais organismos gestores de bacias hidrográficas,

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POR UMA GESTÃO INTEGRADA

enquanto instâncias articuladoras das políticasintegradas de águas e florestas e instrumentos dedesenvolvimento sustentável;

• Utilizar plenamente os instrumentos de gestão previstosna legislação brasileira, dos estados e dos municípios,com ênfase nos Planos Diretores de Bacias Hidrográ-ficas, para induzir e assegurar a conservação integradados recursos hídricos e florestais;

• Estimular e apoiar a utilização de instrumentoseconômicos, particularmente de mercados, na induçãode iniciativas de conservação integrada de florestas eáguas, na perspectiva da sustentabilidade;

• Estimular e apoiar pesquisas que possibilitem um maiorconhecimento sobre os recursos hídricos e florestaisexistentes, assim como mecanismos mais adequadosde conservação integrada e de valoração dos serviçosambientais;

• Estimular e potencializar as iniciativas de empresas,de instituições científicas e de organizações do terceirosetor nos programas e projetos sócio-ambientais deproteção, recuperação e uso sustentável dos recursoshídricos e florestais, incluindo as redes de econegócios;

• Assegurar, facilitar e ampliar o acesso às informaçõesque possibilitem ao cidadão a tomada de posição nadefesa do meio ambiente, particularmente dos recursoshídricos e florestais;

• Proteger todos os remanescentes florestais existentes,com ênfase naqueles que contribuem mais diretamentepara a conservação da água, a preservação de espéciesendêmicas ou em extinção, ou a formação de corredoresecológicos, buscando assegurar o desmatamento zeronos ecossistemas do bioma Mata Atlântica;

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• Resgatar e difundir a importância da conservaçãointegrada dos recursos hídricos e florestais, junto àspopulações locais, aos usuários da água e da floresta,aos tomadores de decisão e à sociedade em geral;

• Criar, implementar e bem administrar as Unidades deConservação e as zonas especiais de proteção dosrecursos hídricos (nascentes, matas ciliares, entornode lagoas e reservatórios, terrenos declivosos e áreasde recarga de aqüíferos), estabelecendo o controleambiental e a incorporação dos seus valores junto àsociedade potencialmente beneficiária;

• Reverter a situação de degradação de áreas prioritáriaspara a conservação dos recursos hídricos e da biodiversidade,por meio da recuperação florestal multifuncional, quepressupõe a geração e o aproveitamento de benefíciosambientais, sociais e econômicos possíveis, e do usoadequado do solo urbano ou rural;

• Desenvolver um amplo trabalho de combate aodesperdício dos recursos hídricos junto a todos ossegmentos da sociedade e setores usuários, com ênfasepara os de saneamento e de irrigação;

• Valorizar e promover a capacitação e a troca deexperiências em gestão, em recuperação florestal multi-funcional inserida no contexto da sócioeconomia florestal,em educação e mobilização ambiental sobre o temaconservação e gestão integradas de águas e florestas;

• Valorizar a educação ambiental como processo contínuoe permanente, elemento chave na aproximação dosconhecimentos popular e científico, na ampliação daconsciência, na formação do pensamento crítico e naapropriação do conhecimento sobre o uso e proteção daságuas e das florestas;

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POR UMA GESTÃO INTEGRADA

• Valorizar a mobilização social como elemento chave paraa organização e autogestão pelas comunidades,principalmente nas práticas de conservação integrada,construindo relações mais interativas e críticas,fortalecendo os processos de autodesenvolvimento eafirmação da coletividade;

• Articular e envolver os governos federal, estaduais emunicipais nas decisões políticas da gestão integradados recursos hídricos e florestais, de acordo com ascompetências de suas respectivas instituições;

• Estimular e garantir a participação dos diferentes setoresda sociedade na discussão e definição das prioridadeslocais de conservação integrada de florestas e águas;

• Assegurar e incentivar a participação da população nastomadas de decisão, na implantação de ações e nasatividades de controle social, através dos canais legaise institucionais existentes, com ênfase para os ComitêsEstaduais da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica eComitês Gestores de Bacias Hidrográficas e para asações que integrem estes dois fóruns de gestão;

• Estimular projetos que tenham efeito demonstrativo paraa proteção, recuperação e uso sustentável dos recursoshídricos e florestais, dos seus produtos e benefícios;

• Reconhecer e fortalecer iniciativas bem sucedidas deconservação e gestão integradas de águas e florestas,bem como, promover a construção de instrumentoscomuns de apoio às intervenções locais;

• Estimular as atividades produtivas que estejam compa-tibilizadas com a proteção ambiental e garantindo oequilíbrio na relação solo-floresta-água, com ênfasenaquelas desenvolvidas por microbacia hidrográfica;

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• Estimular que os objetivos de conservação dos recursoshídricos sejam incorporados no processo de escolha emanutenção das reservas legais;

• Universalizar os serviços de saneamento ambiental, comênfase na inclusão hídrica dos cidadãos sem acesso aesse benefício, contribuindo para a reversão do processode degradação e poluição dos recursos hídricos e florestais.

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CAPÍTULO II: BASE CONCEITUAL

Uma política de conservação e gestão integradas derecursos hídricos e florestais deve estar fundamentada emuma base conceitual científica e argumentos sócio-ambientais seguros. Neste sentido, procura-se oferecer umacontribuição para esta base, amadurecendo conceitos eapresentando argumentos que tornem esta política maissólida e menos vulnerável à desinformação.

– O que são recursos hídricos e florestais -

A água e a floresta são considerados recursos naturaisrenováveis. Isto porque o homem tem acesso a eles, osutiliza para suas mais diversas necessidades e, ao mesmotempo, a natureza repõe, dando ao recurso o caráter derenovabilidade.

Os recursos hídricos são de usos múltiplos. Embora oabastecimento público seja mundialmente reconhecido comoprioritário diante das demais demandas, a água também éutilizada para abastecimento industrial, irrigação, desse-dentação de animais, lazer, aquacultura, geração de energiaelétrica, navegação conservação da biota aquática e atémesmo para a recepção de efluentes tratados.

Por sua vez, a floresta também se apresenta como de usosmúltiplos pelo homem ao longo da sua história. Emboraseu potencial madeireiro tenha sido o mais explorado aolongo dos séculos, dando suporte inclusive a economiaslocais, nacionais e internacionais, inúmeros outrosprodutos e subprodutos tiveram e ainda têm importantesignificado econômico como, por exemplo, a Piaçava - Attaleafunifera; o Palmito juçara - Euterpe edulis; as Bromélias -várias espécies; o Xaxim - Dicksonia sellowiana; a Erva-Mate

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- Ilex paraguariensis; o Caju - Anacardium occidentale ediversas outras frutas e plantas, inclusive medicinais. Aexploração madeireira tem sido inclusive uma das fortescausas da destruição das florestas nativas, e por vezes, dadegradação ambiental em florestas plantadas. Além disso,a floresta apresenta valor de uso também em função deoutros serviços que presta, como o da conservação da água,em qualidade e vazão.

Porém, como sabemos, a renovação natural desses recursosé limitada, dependendo da capacidade de suporte do meio,da tecnologia utilizada e da intensidade de uso. A renovaçãoda água depende da capacidade dos processos biogeoquímicosem recuperar a sua qualidade e disponibilizá-la outra vez emsua quantidade original. Da mesma maneira, a floresta podeser utilizada pelo homem, desde que dentro de uma estratégiade manejo que não inviabilize a sua própria existência.

Cabe salientar, todavia, que em muitos casos o “uso” podeser a preservação rigorosa da floresta ou do ecossistemaaquático, para que desempenhem melhor determinadospapéis ecológicos, como o da proteção de espécies ameaçadasde extinção ou de preservação da biodiversidade, como basepara a pesquisa científica, proteção de solos e encostas, ouainda como regulador climático.

- A relação entre a floresta e a água -

É cada vez maior o reconhecimento entre ambientalistas,acadêmicos, órgãos públicos e mesmo entre outros setoressociais não diretamente envolvidos com o tema, de que existeuma relação de interdependência entre a floresta e oecossistema aquático, e que a degradação ou escassez de umperturba profundamente a existência e a qualidade do outro.Porém, as bases científicas e a dimensão da importânciadesta relação não são amplamente conhecidas e avaliadas.

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Isso resulta em alguns erros de expectativa e até emfragilidade de argumentos na defesa de uma gestãointegrada desses dois recursos, particularmente junto aostomadores de decisão.

A maneira mais fácil de entender a relação floresta-águaé conhecendo o ciclo hidrológico na floresta.

A água de chuva que se precipita sobre uma mata, seguedois caminhos: volta à atmosfera por evapotranspiração ouatinge o solo, através da folhagem ou do tronco das árvores.Na floresta, a interceptação da água acima do solo garantea formação de novas massas atmosféricas úmidas, enquantoa precipitação interna, através dos pingos de água queatravessam a copa e o escoamento pelo tronco, atingem osolo e o seu folhedo. De toda a água que chega ao solo, umaparte tem escoamento superficial, chegando de algumaforma aos cursos d’água ou aos reservatórios de superfície.A outra parte sofre armazenamento temporário por infil-tração no solo, podendo ser liberada para a atmosfera atravésda evapotranspiração, manter-se como água no solo por maisalgum tempo ou percolar como água subterrânea. Dequalquer forma, a água armazenada no solo que não forevapotranspirada, termina por escoar da floresta paula-tinamente, compondo o chamado deflúvio, que alimenta osmananciais hídricos e possibilita os seus usos múltiplos.

O processo de interceptação da chuva pela floresta, alémde afetar a redistribuição da precipitação e a economia daágua no solo, desempenha significativa influência sobre aqualidade da água. Isto é particularmente evidenciadoquando da remoção da cobertura florestal (LIMA, 1986).

Segundo o autor citado, a cobertura florestal influipositivamente sobre a hidrologia no solo, melhorando osprocessos de infiltração, percolação e armazenamento daágua, além de diminuir o escoamento superficial. Influência

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esta que no todo conduz à diminuição do processo erosivo.Nesta ação protetora da floresta, é muito importante aparticipação da vegetação herbácea e da manta orgânica,que normalmente recobrem o solo florestal, as quaisdesempenham papel decisivo na dissipação da energia dasgotas das chuvas, cujo impacto com a superfície do solo dáinício ao processo de erosão.

Os impactos do desmatamento de uma floresta, traduzem-se em: aumento do escoamento hídrico superficial; reduçãoda infiltração da água no solo; redução da evapotrans-piração; aumento da incidência do vento sobre o solo;aumento da temperatura; redução da fotossíntese; ocupaçãodo solo para diferentes usos; e redução da flora e faunanativas (BRAGA,1999).

Assim, como efeitos principais neste cenário ambiental dedegradação, podem ser facilmente identificados: alteraçãona qualidade da água, através do aumento da turbidez, daeutrofização e do assoreamento dos corpos d’água; alteraçãodo deflúvio, com enchentes nos períodos de chuva e reduçãona vazão de base quando das estiagens; mudanças micro emesoclimáticas, esta última quando em grandes extensõesde florestas; mudança na qualidade do ar, em função daredução da fotossíntese e do aumento da erosão eólica;redução da biodiversidade, em decorrência da supressãoda flora e fauna local; e poluição hídrica, em função dasubstituição da floresta por ocupação, em geral inadequada,com atividades agropastoris, urbanas e industriais.

Muitos estudos evidenciam a dinâmica da água na florestatropical úmida. Enfocam sobretudo a relação entre afloresta e o clima, as vazões dos rios e os processos erosivosdecorrentes do desmatamento. Na Amazônia brasileira, umapesquisa realizada aplicando-se o método isotópico paraevidenciar a recirculação do vapor d’água na região (SALATI,1985), indica que o balanço hídrico de uma bacia hidro-

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gráfica nas proximidades de Manaus (área coberta comfloresta densa) demonstrou que 25% da chuva (que totaliza2.200 mm/ano) jamais atingem o solo, ficando retidos nasfolhas e voltando à atmosfera por evaporação direta;enquanto 50% da precipitação são utilizados pelas plantas,sendo devolvidos à atmosfera, na forma de vapor, portranspiração. Os igarapés, que drenam a bacia hidrográfica,removem os outros 25% da água da chuva. Esses dadosindicam que, naquele tipo de floresta densa, 75% da águade precipitação retornam à atmosfera, resultado dainfluência direta do tipo de cobertura vegetal. Os estudosda bacia amazônica como um todo, incluindo vegetaçõesdistintas de cerrado e de regiões montanhosas, indicamque, do total da água precipitada, cerca de 50% saem pelorio Amazonas e cerca de 50% voltam à atmosfera na formade vapor, através da evapotranspiração.

A conclusão a que chega o autor, é de que a floresta não ésimples conseqüência do clima. Ao contrário, o equilíbrio hojeexistente, depende da atual cobertura vegetal. Portanto, odesmatamento ou a colonização intensiva, ao substituir afloresta por outros tipos de cobertura (pastagem, agriculturaanual) podem acarretar modificações climáticas, porqueintroduzem alterações no balanço hídrico da região amazônica.

Algumas informações já são disponíveis sobre a relaçãoentre água e floresta na Mata Atlântica. Um estudorealizado no Parque Estadual da Serra do Mar em São Paulo(CICCO et al, 1988) quantificou a interceptação da água dechuva por mata natural secundária em uma baciaexperimental. A pesquisa evidenciou que 18,23% da águadas chuvas que chega à floresta retornam à atmosfera peloprocesso de interceptação. O restante atinge a superfíciedo solo, principalmente pela precipitação interna (80,65%)e por uma pequena porção de água escoada pelo tronco dasárvores (1,12%). Segundo os autores, esses valores sãocompatíveis com os obtidos em floresta natural secundáriaem Viçosa (MG) e em floresta de terra firme na Amazônia.

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Em um contexto de mata ciliar com uma vegetação do tipo“cerradão”, em São Paulo (LIMA, 1998), a interceptação daágua de chuva na copa das árvores foi de 37,6%. Istoevidencia que mesmo não sendo Mata Atlântica, arecuperação de matas ciliares, em processo de regeneraçãopara uma floresta diversificada e bem estruturada, cumpreequivalentemente o papel de proteção do solo, amenizaçãoclimática e regularização do regime hídrico.

Em áreas de Brejo de Altitude, no interior de Pernambucoe Paraíba, onde por razões orográficas existem formaçõesflorestais em região de caatinga, verifica-se que essasformações disjuntas da Mata Atlântica Litorânea, têmmarcante dependência de água e ao mesmo tempoinfluenciam os ciclos hidrológicos. Em estudo realizado noParque Ecológico Municipal Vasconcelos Sobrinho, nalocalidade de Brejo dos Cavalos (Caruaru-PE), foievidenciada forte concentração de chuvas na área,comparada com a do entorno (CABRAL et al, 1999). Conside-rando a pluviosidade em cinco municípios vizinhos e emáreas do próprio município de Caruaru, no período deagosto/98 a julho/99, observou-se que neste Brejo deAltitude a precipitação foi cerca de quatro vezes superior.

Além de afetar o regime hídrico, refletindo no clima e nasvazões dos cursos d’água, a floresta tropical úmida temrelevante papel no controle da erosão. AZEVEDO (1995)salienta que solos em bom estado de agregação, comelevadas quantidades de matéria orgânica e umidade, alémde elevado conteúdo microbiano ativo, são mais resistentesà erosão. Esta condição se dá justamente em solos sob acobertura de uma floresta bem estruturada.

O efeito da proteção vegetal sobre o escoamento superficiale sobre as próprias perdas de solo por erosão, tem sidoobservado em diversos experimentos, como o apresentadopor CROFT & BAILEY (1964), indicando que a manutenção

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de uma boa cobertura vegetal é de fundamental importânciapara o controle do processo erosivo.

Na bacia hidrográfica as zonas ripárias apresentam-seessenciais para conservação. São áreas situadas nasmargens de cursos d’água e reservatórios e nas nascentesdos rios, onde se instalam as matas ciliares, tambémchamadas florestas de galeria, veredas e matas de várzea(MANTOVANI et al, 1989).

Caracterizam-se pela condição de saturação do solo, pelomenos na maior parte do ano, em decorrência da proximidadedo lençol freático. São áreas das mais dinâmicas, tanto emtermos hidrológicos, quanto geomorfológicos e ecológicos(LIMA & ZAKIA, 2000). Pedologicamente considera-se queseus solos variam essencialmente em função do maior oumenor hidromorfismo. Ocorrem desde solos orgânicos emáreas permanentemente encharcadas, até solos aluviais emáreas mais altas (JACOMINE, 2000).

Devido às oscilações na umidade e no encharcamento dosolo, em decorrência dos períodos de chuva e estiagem, avegetação que ocupa as zonas ripárias apresenta uma altavariação em termos de estrutura, composição e distribuiçãoespacial (RODRIGUES & SHEPHERD, 2000).

As áreas de acentuada declividade também merecem umaatenção especial na sua proteção com cobertura florestal,em função do risco de erosão e de deslizamentos do solo,acarretando em problemas de aumento da turbidez e deassoreamento nos corpos d’água.

Não é só para o meio rural que a boa relação entre florestae água é importante. Cada vez mais, e principalmente nasáreas urbanas da zona costeira brasileira, a conservação erecuperação das áreas de proteção dos mananciais hídricostorna-se essencial. Nesta região o aumento populacional,

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com conseqüente incremento no consumo de água e naprodução de esgoto e lixo, levam a um eminente colapsona disponibilidade hídrica para abastecimento humano. Apoluição e escassez de água decorrentes da ocupação urbanainadequada, são fatores determinantes na degradação dafloresta, especialmente no bioma Mata Atlântica. Ao mesmotempo, o desmatamento em terrenos declivosos e adestruição das várzeas para ocupação urbana desordenada,cria áreas críticas de risco, particularmente para as popu-lações de baixa-renda.

– O Bioma Mata Atlântica –

O Bioma Mata Atlântica é um domínio com múltiplasfitofisionomias, formado por um conjunto de ecossistemasflorestais e ecossistemas associados.

Segundo a legislação vigente e tendo-se por base o mapade vegetação do Brasil (IBGE, 1993) o Domínio da MataAtlântica corresponde (I) à totalidade da Floresta OmbrófilaDensa que acompanha o litoral, indo do Rio Grande doNorte ao Rio Grande do Sul; (II) às Florestas EstacionaisDeciduais e Semideciduais do Rio Grande do Sul, SantaCatarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e EspíritoSanto; (III) às Florestas Estacionais Semideciduais de MatoGrosso do Sul, incluindo os vales dos rios da margem direitado rio Paraná; Minas Gerais, nos vales dos rios Paranaíba,Grande e afluentes; Minas Gerais e Bahia, nos vales dosrios Paraíba do Sul, Jequitinhonha, rios intermediários eafluentes; e de regiões litorâneas limitadas do Nordeste,contíguas às florestas ombrófilas; (IV) à totalidade daFloresta Ombrófila Mista e aos encraves de Araucária nosestados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais; (V)às formações florísticas associadas, como manguezais,vegetação de restingas e das ilhas oceânicas; (VI) aosencraves de cerrado, campos e campos de altitude

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compreendidos no interior das áreas citadas acima; (VII)às matas de topo de morro e de encostas do Nordeste,particularmente os brejos de altitude de Pernambuco eParaíba e as chãs do estado do Ceará, na Serra de Ibiapabae de Baturité, e na da Chapada do Araripe; e (VIII) àsformações vegetais nativas de Fernando de Noronha.

Originalmente a Mata Atlântica se estendia por mais de1.362.548 Km2

, correspondendo a cerca de 15% do territóriobrasileiro, espalhando-se por 17 Estados.

Na área do Domínio da Mata Atlântica, encontram-se hojecerca de 120 milhões de habitantes e de 3400 municípios(Anuário Mata Atlântica, CNRBMA, 2002). Localizam-senesta área grande parte dos maiores pólos industriais,agrícolas, químicos, petroleiros, portuários e turísticos doBrasil, respondendo por cerca de 70% do PIB (ProdutoInterno Bruto) nacional.

A Mata Atlântica, embora situada na área mais urbanizadado país, reduzida a apenas 7,3% de sua cobertura original,em grande parte fragmentada e ainda sob ameaça dedestruição em várias regiões, representa uma das maisimportantes florestas tropicais do planeta. Possui imensovalor paisagístico, científico, turístico e cultural, prestainúmeros serviços ambientais como a conservação dabiodiversidade, proteção de solos, das águas e encostas,dentre outros e contribui significativamente para aeconomia brasileira tanto no nível local, quanto nacional einternacional (LINO, C. F., 2002).

A Mata Atlântica abriga um dos maiores contingentes debiodiversidade do planeta. Como exemplo, existem mais de450 diferentes espécies de árvores em um hectare de matano sul do Estado da Bahia, o que também foi demostrado nasserras do Estado do Espírito Santo. Numa comparaçãosimplificada, ocorrem mais plantas e animais diferentes emum hectare de Mata Atlântica do que em qualquer país Europa.

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Nesse conjunto florestal também encontra-se uma diver-sificada fauna, caracterizada pelo grande número de espé-cies raras e endêmicas, em muitos casos ameaçadas deextinção. As estimativas indicam que a região abriga 261espécies de mamíferos (73 deles endêmicos), 620 espéciesde pássaros (160 endêmicos), 260 anfíbios (128 endêmicos),além de aproximadamente 20.000 espécies de plantasvasculares, das quais mais da metade são restritas à MataAtlântica. Mais de 2/3 dos primatas da Mata Atlântica sãoendêmicos a essa região (SMA, 1996; Fonseca, 1996).

Saliente-se, que a destruição está levando à perda aceleradada biodiversidade deste bioma. Com base nos dados do CensoIBGE de 1992, das 202 espécies ameaçadas de extinção noBrasil, 171 são da Mata Atlântica (LINO, C. F., 1992), númeroeste que deve se ampliar com a atualização da lista deespécies ameaçadas disponibilizada pelo IBAMA em 2003.Por isso, a Mata Atlântica encontra-se entre os cinco“hotspots” para a conservação da biodiversidade do mundo,de acordo com a Conservação Internacional.

Porém, o patrimônio representado pela Mata Atlântica vaimuito além da riqueza de sua biodiversidade ou de suaexuberância paisagística. Ele está intimamente ligado àproteção dos solos e de mananciais de água potável. Suaimportância é igualmente básica na cultura nacional e nabeleza de nosso litoral. A própria imagem e identidade brasi-leira está impregnada de Mata Atlântica (LINO, C. F., 2002).

– Bacias Hidrográficas –

Entende-se por bacia hidrográfica toda a área de captaçãonatural da água da chuva que escoa superficialmente parao rio ou um seu tributário. Os limites da bacia hidrográficasão definidos pelo relevo, considerando-se como divisoresde água os terrenos mais elevados. Portanto, a depender

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naturais. No caso das florestas, as iniciativas depreservação, recuperação ou uso sustentado devem contri-buir para a conservação dos recursos hídricos, sob a óticada gestão integrada da microbacia, da sub-bacia e final-mente da bacia hidrográfica como um todo.

Saliente-se que uma correta gestão da bacia não devecontemplar apenas as águas superficiais, mas consideraras águas sub-superficiais ou freáticas (que alimentam asnascentes e os cursos d’água). Também devem ser ade-quadamente protegidas as águas profundas, geralmenteconfinadas ou sub-confinadas a dezenas de metros dasuperfície, formando preciosos aqüíferos. Tais mananciaisnão respeitam os limites definidos pela projeção verticaldo contorno das bacias hidrográficas, transcendendo-os.Assim, as águas dos aqüíferos subterrâneos conectam-sesob diversas bacias vizinhas, podendo a sua contaminaçãopor mau uso ou a sua super-exploração, gerarem conse-qüências nefastas à distância.

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do relevo, a bacia hidrográfica pode apresentar diferentesformas, variando de estreita e alongada a larga e curta.

O rio principal, que dá o nome à bacia, recebe contribuiçãodos seus afluentes, sendo que cada um deles apresentainúmeros tributários menores, alimentados direta ouindiretamente por nascentes. Assim, em uma bacia existemvárias sub-bacias e muitas microbacias. Estas, são asunidades fundamentais para a conservação e o manejo,uma vez que a característica ambiental de uma bacia refleteo somatório ou a sinergia dos efeitos das intervençõesocorridas no conjunto das microbacias nela contidas.

Além de aspectos como área, forma e estrutura de drena-gem, é importante conhecer as características hidrológicas,como vazão e qualidade da água. São considerados comoprincipais parâmetros físico-químicos de qualidade atemperatura, pH, turbidez, salinidade, oxigênio dissolvido,teor de matéria orgânica e a concentração de algunsnutrientes, como nitrogênio e fósforo. Em termosmicrobiológicos é usual mensurar a concentração decolônias de coliformes totais e fecais.

Todos esses parâmetros, e muitos outros, variam emresposta às formas de uso da água e do solo na baciahidrográfica. Assim, para compreender o que acontece nabacia é fundamental considerar os usos múltiplos da águae seus potenciais conflitos, sobretudo em relação àirrigação, ao atendimento industrial e ao uso urbano, sejaquanto à captação para abastecimento ou quanto ao destinodos efluentes. Deve ser considerado também o importantepapel e valor ecológico dos ecossistemas aquáticos paraconservação das florestas e dos demais recursos naturais.

Ao mesmo tempo, é indispensável avaliar o uso do solo emfunção das suas potencialidades e limitações ecológicas,tendo-se como referência a sustentabilidade dos recursos

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- Funções hidrológicas da floresta -

A mata desempenha inúmeras funções ecológicas. Entreelas a da proteção da biodiversidade, garantindo habitat econdições próprias de alimentação, reprodução e evoluçãopara as espécies nativas, da flora, da fauna e dos microor-ganismos. Outra importante função é a da conservação dosecossistemas aquáticos, inclusive da biota a eles associada.

O papel da floresta na conservação dos recursos hídricos éexercido através da influência sobre diferentes processoshidrológicos. Os principais processos são:

• Atenuação dos picos de vazão

O escoamento direto é o volume de água que escoa nasuperfície e na subsuperfície, causando o aumento rápidoda vazão de microbacias durante e imediatamente após aocorrência de uma chuva.

Apenas parte da bacia contribui para o escoamento diretodas águas de uma chuva, sobretudo se esta for coberta porfloresta. Porém, com o prolongamento do período de chuvas,essas áreas tendem a se expandir, não apenas emdecorrência da ampliação da rede de drenagem, como tambémpelo fato de que as áreas críticas da microbacia, saturadasou de solo mais raso, começam também a participar da geraçãodo escoamento direto (LIMA & ZAKIA, 2000). Tal constataçãolevou ao reconhecimento da chamada “área variável deafluência” - AVA (HEWLETT & HIBBERT, 1967).

Portanto, em um primeiro momento a floresta é capaz desegurar a vazão do rio, atenuando as enchentes. Após aschuvas, a água é liberada gradativamente, amenizando asbaixas vazões no período de estiagem.

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MAPA DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS BRASILEIRAS E ODOMÍNIO MATA ATLÂNTICA

Fonte: Anuário Mata Atlântica/RBMA.

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do fluxo lateral do lençol freático, transportando-os daspartes mais elevadas para a faixa ciliar; e perda denutrientes com o arrastamento da serrapilheira pela águados rios em áreas inundáveis.

De acordo com os autores citados, nessas condições aciclagem de nutrientes entre os diversos compartimentospassa a ser totalmente aberta e imprevisível. Assim,relações de adição e perda de nutrientes do sistema são,além de complexas, de difícil quantificação.

• Proteção dos corpos d’água

Além do papel desempenhado pelas raízes na estabilizaçãodas margens, a mata ciliar abastece continuamente o rioou o reservatório com material orgânico, diretamenteatravés das folhas e dos frutos que caem na água, ouindiretamente pelo carreamento de detritos e solutosorgânicos, de origem local. Ao mesmo tempo, a copa dasárvores situadas na franja, atenua a radiação solarincidente nas margens do corpo d’água.

- Geração de Serviços Ambientais -

Como se verificou até aqui, a cobertura florestal em umabacia hidrográfica contribui decisivamente para regularizara vazão dos cursos d’água, aumentar a capacidade dearmazenamento nas microbacias, reduzir a erosão,diminuir os impactos das inundações e manter a qualidadeda água. Além dessas contribuições hidrológicas, as flores-tas propiciam conservação da biodiversidade, alternativaseconômicas de exploração sustentável da biota, educaçãoe pesquisa científica, desfrute de belezas cênicas, turismoe lazer, e até contribuição para a redução do efeito estufa,através da captura do carbono atmosférico.

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Assim, a recuperação da vegetação contribui para o aumentoda capacidade de armazenamento da água na microbacia,o que eleva o nível de vazão no período de estiagem, secomparada com a que seria gerada na situação de umaárea desmatada. Analogamente, atenua o pico de cheia naestação chuvosa.

• Influência da qualidade na água

A mata ciliar desempenha uma ação eficaz na filtragemsuperficial de sedimentos. Além disso, pode reter porabsorção, nutrientes e poluentes, vindos por transporte emsolução durante o escoamento superficial.

RHODES et al (apud LIMA, 1986) evidenciaram que a mataciliar funciona muito efetivamente na remoção de nitrato,principalmente devido às transformações bioquímicas poração de bactérias denitrificadoras presentes nas condiçõesaeróbicas de áreas saturadas da zona ripária e à absorçãopelas raízes da vegetação ciliar. Por sua vez, MUSCUTT(1993) evidenciou a remoção do fósforo pela mata ciliar,através da revisão de extensa literatura. Já ASMUSSEN etal (apud OLIVEIRA, 1998) indica fenômeno equivalente pararedução da carga de pesticidas.

• Ciclagem de nutrientes

A ciclagem de nutrientes em florestas tropicais, em geralé rápida, devido às altas velocidades de decomposição edos fluxos de água no sistema. Porém, segundo PAGANO &DURIGAN (2000), existem alguns processos de trans-ferência exclusivos de matas ciliares, que são: entrada desedimentos a partir das áreas adjacentes, transportadospelas águas das chuvas ou do rio, sendo retidos pela faixaflorestal que atua como filtro; entrada de nutrientes através

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No Brasil, o recente Programa Nacional de Florestas (PNF),reconhece a importância das florestas na proteção dosmananciais hídricos de abastecimento público e propõe aaplicação de parte da tarifa de água na recuperação deáreas de preservação permanente de bacias hidrográficas(Ministério do Meio Ambiente - MMA, 2000).

Mais recentemente, a proposta da Política Nacional deBiodiversidade (MMA, 2002) reconheceu a necessidade daidentificação de áreas críticas em nível de bacias hidro-gráficas para conservação dos recursos hídricos e produçãode água. Prioriza simultaneamente, medidas mitigadoras,de recuperação e de restauração da biodiversidade nessasáreas críticas.

Em julho de 2002, foi anunciada oficialmente a Agenda 21Brasileira (CPDS, 2002), apresentando as ações prioritáriasa serem desenvolvidas com a participação dos governos e dasociedade civil. Dentre elas, a agenda se propõe a “assegurara preservação dos mananciais, pelo estabelecimento deflorestas protetoras das margens dos rios, recuperando comprioridade absoluta suas matas ciliares”.

Também em âmbito nacional, foi iniciado em dezembro 1999o Programa Águas e Florestas na Mata Atlântica, a partir deiniciativa e parceria entre o Conselho Nacional ReservaBiosfera Mata Atlântica e a Fundação SOS Mata Atlântica.Além de contar com o apoio de diversos organismos regionais,este Programa vem sendo apoiado pelo Ministério do MeioAmbiente, em sua Fase I através da Secretaria de RecursosHídricos, e em sua Fase II através do Programa Nacional deFlorestas, da Secretaria de Biodiversidade e Florestas.

O interesse especial do Programa Águas e Florestas na MataAtlântica é o de subsidiar a formulação e implementação depolíticas integradas de conservação e gestão de recursoshídricos e florestais, resgatando a compreensão e a utilizaçãodo papel estratégico das florestas para o equilíbrio do ciclo

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Nesse contexto, as matas que protegem nascentes, reser-vatórios e os próprios cursos d’água, desempenham umpapel estratégico na geração desses serviços ambientais.Todos os serviços ambientais aqui citados, estão sendogradativamente reconhecidos pelas autoridades responsá-veis por políticas públicas e pelo estabelecimento demecanismos financeiros e institucionais para a proteção erecuperação dessas áreas.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) temrecomendado às empresas de águas a custear a proteçãode bacias hidrográficas e sua biodiversidade (TNC, 1999).Nesta direção, na Costa Rica a Empresa de Serviços Públicosde Heredia, reajustou suas tarifas de abastecimento deágua para custear atividades de proteção e recuperaçãode florestas nas zonas de infiltração das fontes deabastecimento de água potável (CAMACHO, 2001).

Em São Paulo, um movimento pioneiro no âmbito da baciado rio Corumbataí gerou uma iniciativa exemplar pelo poderpúblico, apoiada pela sociedade civil organizada. O municípiode Piracicaba decidiu investir, através da sua companhiade águas e esgotos – SEMAE, em ações de conservação erecuperação florestal, para garantir o suprimento de águaem qualidade e quantidade, necessárias à sua populaçãode quase meio milhão de habitantes. Para isso, a SEMAErecolhe R$ 0,01 por m3 de água captada, possibilitando aexecução de projetos de sementeiras, reflorestamento eeducação ambiental. Recentemente os recursos arrecadadospropiciaram a elaboração de um Plano Diretor Florestal paraa Bacia do Rio Corumbataí (IPEF, 2002).

Por outro lado, a reorientação de parte do ICMS destinadoaos municípios - para ações de conservação de florestas emananciais hídricos - também evidencia o reconhecimentopelo poder público dos serviços ambientais gerados. Estadoscomo o Paraná, São Paulo e Minas Gerais já apresentamresultados a serem considerados.

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aproveitamentos e desaproveitamentos dos recursosambientais; a sustentabilidade política, que acarreta naconstrução de estratégias de desenvolvimento e seusprocessos decisórios com base em mecanismos democráticosde consulta, formulação, debate e decisão; e a sustentabilidadeespacial, que implica em reconhecer o destaque que assumeno contexto das questões ambientais uma melhor distribuiçãodas atividades humanas no território.

Assim, na perspectiva do desenvolvimento sustentável emuma bacia hidrográfica, o trinômio sócio-econômico-ecológico funciona como o tripé de suporte apoiado por umavisão política e espacial. Esse entendimento do desen-volvimento exige objetivos claros, refletidos em políticaspúblicas que orientem as iniciativas da sociedade civil edo poder público. Deve ser também democrático, com efetivaparticipação dos diferentes segmentos sociais nas decisõesdos organismos gestores de bacia.

Por isso, há necessidade de que os comitês de bacias seconstituam em fóruns reais de planejamento e de tomadade decisão em temas relacionados ao desenvolvimentosustentável na bacia, acrescendo ao seu papel de gestordas águas, responsabilidades mais ampliadas.

Neste sentido, o sistema de gestão da Reserva da Biosferada Mata Atlântica e outros organismos gestores de florestasdevem interagir cada vez mais com os organismos gestoresde bacias, reforçando a viabilização de iniciativas queatendam tais objetivos comuns.

- Conservação e recuperação das florestas -

A Conservação da Natureza, conforme a Lei Federal nº 9.985que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conser-vação da Natureza – SNUC (IBAMA, 2002), é entendida como

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hidrológico regional, para a preservação da biodiversidadenecessária aos ciclos de vida dos ecossistemas aquáticos eterrestres, e como recurso essencial aos diferentes tiposde usos sustentáveis dos ambientes regionais.

– Gestão participativa e desenvolvimento sustentável nabacia hidrográfica -

A água não é o único elemento natural do ambiente. Porisso não deve ser vista isoladamente (LANNA, 1997). Semdúvida que a presença ou ausência de cobertura florestalem uma bacia hidrográfica influencia a qualidade e aquantidade da água, da mesma forma em que as formas deuso do solo são determinantes para a conservação dosmananciais hídricos. Verifica-se portanto, que a gestãoambiental de uma bacia hidrográfica deve contemplar aqualidade e o gerenciamento da oferta e da demanda dosoutros recursos naturais, como o solo, o ar, a fauna, aflora e a energia.

O conceito de desenvolvimento sustentável pode ser vistocomo um guia para a política pública de conservação egestão integradas de recursos hídricos e florestais em umabacia hidrográfica.

Segundo SACHS (1993), a sustentabilidade apresenta algumasdimensões básicas: a sustentabilidade ecológica, que implicana garantia do respeito a parâmetros de renovação dosprocessos ecológicos essenciais, na conservação dabiodiversidade e na saúde do planeta; a sustentabilidadeeconômica, que implica no reconhecimento da necessidadedo desenvolvimento e do respeito ao dinamismo da economiacomo base para as oportunidades de atendimento àsnecessidades humanas; a sustentabilidade social, refe-renciada na busca da divisão equânime dos benefícios dodesenvolvimento e das oportunidades associadas aos

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o manejo do uso humano da natureza, compreendendo apreservação, a manutenção, a utilização sustentável, arestauração e a recuperação do ambiente natural, para quepossa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, àsatuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer asnecessidades e aspirações das gerações futuras, egarantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral.

A conservação das florestas tem se dado em boa parte coma criação e utilização de instrumentos legais, como os járeferenciados anteriormente nesse documento. Têm sidoampliadas e tornadas mais eficazes as práticas de gestãoambiental que visam à conservação. Geralmente estãoligadas a projetos e programas ambientais mantidos porinstituições públicas e privadas, mas ainda são insufi-cientes como atividades de rotina.

A criação, implantação e manutenção de Áreas Protegidas,áreas especialmente dedicadas à proteção e manutençãoda diversidade biológica e de seus recursos naturais e cul-turais associados, e manejadas por meio de instrumentoslegais ou outros meios efetivos (MMA, 2002), poderia seruma das principais formas de preservar, manter e usarsustentavelmente os remanescentes florestais existentes.Na prática brasileira, a efetividade das áreas protegidasainda é um grande problema, quaisquer que sejam os níveisde governo onde estas são criadas e geridas.

A criação e gestão de Áreas Protegidas tomou impulso nosúltimos anos ao receberem maior atenção por parte doGoverno Federal e de alguns governos estaduais e muni-cipais. O Programa Parques do Brasil, por exemplo, con-duzido pela Secretaria de Biodiversidade e Florestas doMinistério do Meio Ambiente estabeleceu como meta atingira proteção de 10% de cada um dos biomas brasileiros, tendoem vista garantir a proteção da biodiver-sidade brasileira,a geração de emprego e renda e a melho-ria da qualidadede vida da população brasileira.

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Entre os vários tipos de Áreas Protegidas estão as Unidadesde Conservação, espaços territoriais e seus recursosambientais, incluindo as águas jurisdicionais, comcaracterísticas naturais relevantes, legalmente instituídospelo Poder Público, com objetivos de conservação e limitesdefinidos, sob regime especial de administração, às quaisse aplicam garantias adequadas de proteção. Estas foramrecentemente abrigadas sob a Lei do SNUC onde dividem-se em dois grupos distintos. As Unidades de ProteçãoIntegral, que tem por objetivo a preservação da natureza eadmite o uso indireto dos recursos naturais, e as Unidadesde Uso Sustentável, que permitem compatibilizar aconservação da natureza com o uso sustentável de partedos seus recursos.

As Áreas de Preservação Permanente, como outro tipo deÁreas Protegidas, são definidas pelo Código Florestal comosendo certas áreas públicas, ou particulares, nas quais asupressão total ou parcial da vegetação natural só épermitida, mediante prévia autorização do Poder ExecutivoFederal, quando necessária à execução de obras, planos,atividades ou projetos de utilidade pública ou de interessesocial. Garantir a integridade das Áreas de PreservaçãoPermanente tem sido um grande desafio. O papel dacobertura florestal nelas existentes já foi amplamentediscutido nesse documento sob à ótica da melhoria dadisponibilidade e qualidade das águas.

As Reservas Legais são áreas de cada propriedadeparticular onde não é permitido o corte raso da coberturavegetal. Esse tipo de Área Protegida deve ter seu perímetrodefinido, sendo obrigatório sua averbação à margem dainscrição da matrícula do imóvel do registro de imóveiscompetente. Ainda que a área mude de titular ou sejadesmembrada é vedada a alteração de sua destinação. Aescolha e manutenção das Reserva Legais de umapropriedade poderia objetivar à conservação dos recursos

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seriam reproduzidas as condições exatas do local tais comoeram antes da alteração, e também da reabilitação, queestabelece-se em função de uma proposta de uso oureaproveitamento da área (NOFFS, G.; GALLI, F. &GONÇALVES, L.,1996). A recuperação pode se dar com maiorou menor interferência humana, por meio de instrumentose formas de manejo que propiciarão o restabelecimento dosprocessos de sucessão fitoecológica, de forma natural oudirigida, até atingir uma condição desejada.

Em uma Política Integrada de Conservação e Gestão dosRecursos Hídricos e Florestais, ao tratarmos da relaçãopositiva entre cobertura florestal, disponibilidade equalidade das águas superficiais e subterrâneas, nãopoderíamos deixar de lado outros serviços ou benefíciosambientais proporcionados pelas florestas. Alguns exemploscomo a biodiversidade, o seqüestro de carbono, asalternativas de uso múltiplo de seus produtos madeireirose não madeireiros, a alimentação animal, o turismoecológico, o conforto climático e o prazer paisagísticoilustram a complexidade destes benefícios diretos eindiretos que um sistema florestal pode proporcionar. Porisso pretendemos reforçar aqui a perspectiva da recu-peração florestal multifuncional, entendida como aquelaque, sob a ótica do desenvolvimento sustentável, traz emsi a geração e aproveitamento da complexidade dosbenefícios ambientais, sociais e econômicos possíveis.

Essa diversidade de serviços pode se manifestar em diversostempos caracterizando a recomposição como um processoque gradativamente acrescenta qualidade ao ambientedegradado até atingir um estado mais equilibrado. Nessaperspectiva, vale a pena estabelecer estratégias de comoalcançar o estado de ambiente recomposto aproveitando omáximo de benefícios que podem ser gerados ao longo desseprocesso. Isso permite a adoção de várias formas deinterferência, conforme o tipo de degradação existente, as

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hídricos. Se assim fosse, a obrigatoriedade de manter 20%da área da propriedade como reserva também traria grandesignificado para a qualidade e disponibilidade das águas daregião. Entretanto, a legislação que estabelece a obrigato-riedade desse procedimento é parcamente cumprida.

Existem diversas alternativas para tornar esta legislaçãomais efetiva e que poderiam ser adotadas pelos órgãosgovernamentais encarregados do licenciamento ou dofomento para o meio rural e urbano. Isso ampliaria signi-ficativamente o somatório das áreas de reserva legal nosolo brasileiro. Alguns Estados vêm inovando nesse sentidovinculando a obtenção de financiamentos ou licenças aocumprimento da legislação ou criando programas específicosque atuam sobre o assunto.

Um enorme incremento nos benefícios gerados pela florestapara a qualidade e disponibilidade das águas superficiais esubterrâneas poderia ser obtido apenas com a efetivaçãodas Áreas Protegidas já definidas por lei e com as metasestabelecidas pelas políticas governamentais de conser-vação. Mesmo assim, é necessário intervir fortemente narecuperação das florestas, inclusive naquelas áreas depreservação permanente que encontram-se degradadas.

A partir de uma proposta inicial apresentada pelo ConselhoNacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica,posteriormente discutida e complementada pela CâmaraTécnica da Mata Atlântica, o CONAMA estabeleceu as“Diretrizes para a Política de Conservação e DesenvolvimentoSustentável da Mata Atlântica” (CONAMA, 1998). Entre osprincípios definidos está “a recuperação das áreasdegradadas e a recomposição das formações florestais”.

A recomposição, como forma de recuperação da floresta,entende a busca de uma situação o mais assemelhadapossível à da floresta original. Difere da restauração, onde

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de germoplasma das espécies retiradas sejam tomados.Ambos os casos poderão tratar, inclusive, de umarecomposição florística onde a interferência humanapropicia o repovoamento ou o enriquecimento de umadeterminada formação florestal com espécies nativas deocorrência natural que tenham sido levadas ao desapa-recimento, como no caso do palmiteiro Euterpes edulis(NODARI, R. et al, 2000).

Percebe-se aí uma variedade de abordagens para arecuperação florestal na busca daquela que melhor ajusta-se às condições locais da área sob interferência. Desde arecomposição com finalidades conservacionistas e deproteção ambiental, até aquela intervenção que assumeeste mesmo compromisso, mas associado ao manejo eutilização sustentável dos produtos e serviços. Qualqueruma delas, porém, poderá ter um maior ou menor grau dequalidade, conforme disponha-se de conhecimento,planejamento e investimento. Retoma-se aqui a noção deprocesso, onde toda a iniciativa que propicie o resta-belecimento da sucessão fitoecológica poderá atingir umestado recomposto.

Não podemos deixar, é claro, de inserir a recuperaçãoflorestal multifuncional no contexto da socioeconomiaflorestal, sob pena de estarmos preconizando algo socio-cultural e economicamente inviável. A sustentabilidade naspráticas de manejo florestal tem, de modo geral, seapresentado inconsistente e constrangedora por uma sériede motivos: competição em condições desiguais comprodutos ilegais; falta de conhecimento da legislação; faltade orientação e assistência técnica; lentidão dos órgãoslicenciadores; falta de regularização fundiária; dificuldadesde acesso ao mercado; dificuldades gerenciais e falta decrédito e/ou incentivos fiscais (SIMÕES, L. e LINO, C. F.,2002). Somam-se os aspectos culturais que determinam umapreferência pelos processos meramente extrativistas de

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condições sócio-econômicas dos agentes de recuperação eas metas intermediárias que forem estabelecidas.

A intervenção pode se dar por meio da potencialização dosprocessos de recuperação natural, caso o estado de degradaçãonão seja extremo e existam condições físicas e biológicas dossolos, bem como fontes de sementes e dispersores naturaispara que o repovoamento de espécies venha a ocorrer a bomtermo. É o caso do uso de cercamento das áreas de capoeiraevitando a pressão de pastoreio do gado.

No caso de haver dificuldades para o sucesso do processonatural, uma interferência mais intensa e qualificada podeser realizada, desde que respeitadas as sucessões fito-ecológicas e a interação planta-animal (REIS A. et al, 1999).É o caso de reflorestamentos com espécies nativas, dotadosde diferentes momentos de intervenção pelo plantiosucessional de espécies pioneiras, secundárias e tardias,associados à valorização, proteção e potencialização daintervenção de animais “semeadores” e “plantadores” norestabelecimento natural de espécies vegetais.

A implantação de sistemas produtivos com característicasecológicas pode ser outra alternativa. Os sistemasagroflorestais podem conter metas intermediárias de manejoe utilização de produtos de espécies exóticas associados aosde espécies florestais nativas. Por meio deles é possívelreduzir os custos de recuperação das Áreas de PreservaçãoPermanente e de Reserva Legal (RUSSO, R., 2002) e asespécies exóticas podem ser eliminadas do sistema e omanejo gradativamente reduzido até que, em uma meta detempo, a cobertura florestal nativa da APP se restabeleça.

Na implantação de sistemas silviculturais com espéciesnativas, práticas de manejo podem ser adotadas para ummelhor rendimento na produção da floresta nativa, desdeque os cuidados necessários para a manutenção de bancos

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origem colonial, sem qualquer forma de manejo sustentável.Isso estabelece a necessidade de uma intervenção sistêmicaque permita abordar o conjunto de fatores determinantesdas dificuldades para o sucesso do manejo florestalsustentado, ou pelo menos sobre os mais importantes.

– Educação Ambiental e Mobilização -

A educação ambiental deve ser um processo crítico,participativo, atuante e sensível que reforce o elo entre asociedade e órgãos que atuam na questão ambiental embusca da conscientização e da aquisição de valores,comportamentos e práticas mais éticas e responsáveis emrelação ao meio (MMA/MEC, 1997). Este processo deveafastar-se da pedagogia exclusivamente informativa e daabordagem moralizadora e convencional, incorporandovivências de sensibilização e criação, práxis e reflexão.

A conscientização só poderá ser atingida quando gerada naprópria comunidade e não a partir da doação externa devalores. De maneira geral, quanto maior a participação dasociedade na construção dos instrumentos de educação,maiores os seus resultados. Para que as pessoas de fato sepreocupem e se responsabilizem por suas ações, desenvolvendoo sentido de cuidado e de conservação, é fundamental que seconstruam relações mais interativas, críticas e mobilizadoras.

Algumas intervenções em educação ambiental e mobilizaçãoabordam os problemas ambientais de forma pontual, àsvezes de uma maneira ingênua e utilitarista, relevando aconstrução de um processo sistêmico. Infelizmente essasabordagens tem sido frequentes, se não predominantes notratamento das questões relacionadas aos recursos hídricose florestais. Uma abordagem mais profunda é necessária,pois proporciona uma percepção ampla e integrada dasrelações ser humano/ambiente. Nela estarão sendo consi-

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derados os aspectos políticos, éticos, sociais, tecno-lógicos,científicos, econômicos, culturais e estéticos, principal-mente quando conduzida numa perspectiva trans-discipli-nar, global e equilibrada.

É ainda fundamental que se estabeleça uma sólida coerênciaentre as concepções e práticas educativas e os princípiosque regem o paradigma ecológico emergente. Por isso, aimportância de ser avaliada a ideologia subjacente a todasas práticas, mesmo os jogos e as brincadeiras infantis. Osvalores auto-afirmativos de competição e dominação devemser substituídos por ações mais solidárias e cooperativasbaseadas na convivência, parceria e integração.

Nessa perspectiva, é importante a realização de trabalhos,mostras e ações conjuntas que valorizem processos de auto-desenvolvimento e afirmação da coletividade, em especialno caso da gestão de recursos coletivos e de interessesdifusos como os representados pelas águas e florestas.

Cabe ressaltar que todos os elementos integrantes dasações planejadas precisam ser avaliados com extremaprofundidade quanto ao peso de seus valores culturais,afetivos e estéticos, frente aos econômicos e utilitários.Não é possível construir um sentimento natural de respeito,cuidado e proteção dos seres vivos quando estes sãotransformados em objetos ou considerados como merosrecursos a serem explorados. Por isso, uma vez queadmitimos o termo “recurso” ao referir-se às florestas eáguas, é vital do ponto de vista da conscientização ambientalque o seu significado seja reavaliado com as comunidadeslocais frente aos princípios da educação holística e daecologia profunda abordados por FERRY (1994), BOFF (1999),HEEMANN (1998), HUTCHISON (2000), CAPRA (1996).

Nos processos de mobilização e conscientização é importantea implementação de recursos didáticos e instrucionais

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momentos em que uma ou outra instituição apresentadeficiência ou dificuldade de atuação.

Estimular iniciativas de formação e atualização deprofessores e outros agentes multiplicadores e o intercâmbiode experiências é algo essencial. O estabelecimento de redesde comunicação e troca de experiências no âmbito das baciashidrográficas pode prever, além do uso da internet, arealização de encontros e seminários locais ou regionaisque, entre outros aspectos, promovam a integração escola-comunidade relacionando o conhecimento científico e o“saber popular” sobre a conservação e gestão integrada deáguas e florestas. As iniciativas devem contemplar arealidade local sem, no entanto, perder de vista as perspec-tivas regional e global. Neste sentido, outros instrumentospoderão estar sendo utilizados, como os temas transversaisdos Parâmetros Curriculares Nacionais (MEC, 1997), asAgendas 21 Locais (NOVAES, W. (Org.); RIBAS, O.; NOVAES,P., 2000), os Planos de Gestão Ambiental e os fórunspermanentes de Educação Ambiental.

É oportuno também evidenciar a necessidade de ampliaçãodos horizontes ambientalistas e de construção de uma visãomais abrangente e profunda da questão ambiental. O papeldas ONGs e dos movimentos sociais é fundamental e jáapresenta um histórico consistente em muitas áreas nobioma Mata Atlântica, por isso a necessidade de fortaleceras cooperações interinstitucionais existentes e de estabe-lecer novas relações com ONGs atuantes.

É recomendável uma atenção especial às relações entre odesenvolvimento socioeconômico e a melhoria do meioambiente, reforçando os aspectos positivos entre florestase águas e o papel das comunidades e empresas sobre estas.As atividades de agricultores, empreendedores do setormadeireiro, empresas concessionárias de água e energia,entre outros, incidem diretamente sobre a qualidade do

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atualizados, diversificados e motivadores. Daí o valor deestratégias que propiciem outras leituras da realidade, deenvolvimento político, sensível, estético e lúdico (CongressoInternacional em Educação e Formação Ambiental -Congresso de Moscou, 1987). A sua abrangência não devedepender de espaços formais do sistema educacional, masatingir a sociedade como um todo, diferentes grupos deinteresse e diversas gerações. Além disso, podem extrapolaro espaço local, buscando uma identidade regional, estadualou nacional sobre uma temática comum, como no caso dasbacias hidrográficas.

Na preparação e adaptação de materiais didáticos, éimportante também que docentes e educandos participemdiretamente. A temática específica deve ser definidaconjuntamente com professores/multiplicadores a partirda análise da realidade em questão. Isso reconhece oprofessor como um verdadeiro agente de construção ecooperação do processo de Educação Ambiental. A pedagogiacrítica e libertadora de Paulo Freire, apoiada em processosdialógicos e adaptada às situações concretas que se impõea cada realidade, pode ser aqui tomada como um referencial.

A educação ambiental como processo contínuo e perma-nente deverá fomentar a realização de experiênciascoletivas para todas as idades através de instrumentos eestratégias sistemáticos que explorem a ludicidade, asensibilização, a criatividade e a cultura local, bem como aorganização e auto-gestão de grupos da comunidade. Assim,na conservação e gestão integrada de águas e florestas deuma dada região é fundamental garantir a continuidade epermanência das ações, o que pode ser obtido com oreconhecimento e fortalecimento de iniciativas existentesnos diversos setores da sociedade, em especial os fórunscolegiados (Comitês de Bacia, Comitês da RBMA, Conselhosde Gestão de UCs entre outros) e instituições de ensino.Isso reduz os riscos de paralisação do processo nos

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CAPÍTULO III: INSTRUMENTOS LEGAIS E POLÍTICASSETORIAIS

Os instrumentos legais, que respaldam uma política deintegração na conservação e gestão de florestas e águas,encontram-se especialmente na Lei 6.938/81 da PolíticaNacional do Meio Ambiente, na Lei 9.433/97 da PolíticaNacional dos Recursos Hídricos e na Lei 4.771/65 do CódigoFlorestal Brasileiro, seguido de outras leis, decretos eresoluções federais decorrentes.

Os Estados e municípios abrangidos pelo Domínio da MataAtlântica, possuem também suas legislações ambientaisespecíficas que não serão enfocadas aqui pela suaamplitude e diversidade, ressaltando-se que muitas vezesratificam e reforçam a própria legislação federal.

- Políticas Nacionais de Meio Ambiente e EducaçãoAmbiental -

A Lei federal 6938/81, que dispõe sobre a Política Nacionaldo Meio Ambiente possui uma grande abrangência,definindo os seus objetivos, princípios, diretrizes e sistemade gestão. Define também os seus instrumentos, que são:

I – o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;

II – o zoneamento ambiental;

III – a avaliação de impactos ambientais;

IV – o licenciamento e a revisão de atividades efetiva oupotencialmente poluidoras;

V – os incentivos à produção e instalação de equipamentos

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meio. Por sua vez, as restrições impostas pelas neces-sidades ecológicas e pela legislação também apresentamreflexo sobre as condições sociais e econômicas. Amobilização e a capacitação deverão pensar especialmentenos usuários da bacia hidrográfica, construindo alternativasconjuntas e ampliando a compreensão dos benefícios daconservação e gestão integradas de águas e florestas.

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e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para amelhoria da qualidade ambiental;

VI – a criação de espaços territoriais especialmenteprotegidos pelo Poder Público Federal, Estadual e Municipal;

VII – o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;

VIII – o Cadastro Técnico Federal de Atividades eInstrumentos de Defesa Ambiental;

IX – as penalidades disciplinares ou compensatórias aonão-cumprimento das medidas necessárias à preservaçãoou correção da degradação ambiental;

X – a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente;

XI - a garantia da prestação de informações relativas aomeio ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzi-las,quando inexistentes;

XII – o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmentepoluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais.

Observe-se que ao lado dos tradicionais instrumentos decomando-controle, que são o licenciamento e a fiscalizaçãoambiental, outros mecanismos legais estão à disposiçãode uma política de conservação e gestão dos recursoshídricos e florestais, de forma indutora e pró-ativa.

Alguns deles vêm em apoio ao planejamento e gestão doespaço, como a criação e implementação das áreasespecialmente protegidas e o zoneamento ambiental. Outrosdão ênfase à informação e participação, como cadastrostécnicos, o relatório periódico de qualidade ambiental, osistema de informações sobre o meio ambiente e aparticipação da sociedade nas decisões, através dos fórunslegítimos, particularmente os conselhos.

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Dentre esses vale destacar, por sua importância estratégicana integração da gestão das águas e florestas, os ins-trumentos e mecanismos legais de Educação Ambiental.

No Capítulo “Do Meio Ambiente”, a Constituição Brasileira(1988) estabelece a necessidade de ‘’promover a EducaçãoAmbiental em todos os níveis de ensino e a conscientizaçãopública para a preservação do meio ambiente’’.

Em termos de legislação mais específica, a Lei Federal nº9.795 de 27 de abril de 1999 dispõe sobre a educaçãoambiental e institui a Política Nacional de EducaçãoAmbiental, tendo sido regulamentada pelo Decreto Federalnº 4.281 de 25 de junho de 2002. Neles são estabelecidas asincumbências do governo, das instituições privadas e doterceiro setor para com à educação ambiental, consideradosos princípios e objetivos também definidos. Na regulamentaçãoficou criado o Órgão Gestor da Educação Ambiental, no âmbitodos Ministérios do Meio Ambiente e da Educação e o ComitêAssessor, com suas competências, referindo-se às formas departicipação dos setores da sociedade, à utilização dosParâmetros e Diretrizes Curriculares Nacionais, ao estabe-lecimento de programas sobre o tema e as responsabilidadesorçamentárias e organizacionais dos Ministérios do MeioAmbiente e da Educação.

O Programa Nacional de Educação Ambiental - PRONEA –criado em1994 numa ação integrada entre Ministérios,formulou políticas públicas compatíveis com os princípios dodesenvolvimento sustentável. Os Parâmetros CurricularesNacionais definidos pelo MEC em 1996, incluem a EducaçãoAmbiental como tema transversal e interdisciplinar que deveconsiderar a realidade de um modo sistêmico, abrangendotoda a complexidade da ação humana.

A Declaração de Brasília para a Educação Ambientalconstitui-se em 1997 no marco referencial nacional para a

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Na perspectiva do planejamento e da gestão integrada salienta-se a importância dos planos diretores de recursos hídricos,que devem ser discutidos e aprovados pelos comitês de bacia.

A preocupação com a conservação dos mananciais hídricospode ser observada na existência de outorga do direito deuso da água, que altere o regime, a quantidade ou aqualidade da água existente em um corpo d’água. Ao mesmotempo, a cobrança pelo uso da água, além de incentivar oseu uso racional, deve propiciar recursos financeiros parainvestimentos na conservação e na mobilização social naprópria bacia hidrográfica, associando o valor de uso aovalor da sua conservação.

Também na lei de recursos hídricos, como em outros instru-mentos da legislação ambiental, a geração e disposição deinformações em um sistema, visam possibilitar tomadas dedecisão mais seguras e democráticas. Evidentemente quetorna-se necessário, não só consolidar esses sistemas deinformação, mas integrá-los.

- Instrumentos da Política Florestal -

Aqui é tomada como referência a Lei 4.771/65 (CódigoFlorestal Brasileiro) e as leis, decretos e medidas provisóriasque a alteraram. Esta legislação não possui o caráterdoutrinário ou estruturador de um sistema, como se verificanas leis ambiental e de recursos hídricos, assentando-sepredominantemente no caráter de permissão ou proibiçãode iniciativas. Porém, se apropria de instrumentos referidosnas anteriores, como licenciamento ambiental, zoneamentoambiental e plano de bacia hidrográfica.

Considerando os limites de utilização e exploração dasflorestas e demais formas de vegetação, são reconhecidasas Áreas de Preservação Permanente, com a funçãoambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem,

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política em educação ambiental e as intervençõespromovidas. Apontou os principais problemas e apresentourecomendações nos seguintes temas: educação ambientale as vertentes do desenvolvimento sustentável; educaçãoambiental formal; educação ambiental no processo degestão ambiental; educação ambiental e as políticaspúblicas; e educação ambiental, ética e formação dacidadania. Dando continuidade ao trabalho iniciado noPRONEA, em 1999 foi criado o Programa Nacional deEducação Ambiental – PNEA –, que hoje promove aconstrução de uma série de instrumentos organizacionaise de gestão integrada das intervenções em curso.

- Instrumentos da Política de Recursos Hídricos -

A Lei federal 9.433/97 que instituiu a Política Nacional deGerenciamento de Recursos Hídricos reconhece, logo emsuas diretrizes, a necessidade de integração da gestão derecursos hídricos com a gestão ambiental, tomando comoreferência a bacia hidrográfica. Tal orientação é detalhadano documento de Política Nacional de Recursos Hídricos,elaborado pelo então Ministério do Meio Ambiente, RecursosHídricos e Amazônia Legal (1997).

São considerados instrumentos desta política:

I – os Planos de Recursos Hídricos;

II – o enquadramento dos corpos de água em classes,segundo os usos preponderantes da água;

III - a outorga dos direitos de uso dos recursos hídricos;

IV – a cobrança pelo uso de recursos hídricos;

V – o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.

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especialmente pelos serviços ambientais prestados por estasunidades na produção e conservação dos recursos hídricos.

Dentre os avanços da Lei 9985/00, além da instituiçãoformal do primeiro Sistema Nacional de UCs no Brasil,destaca-se o estabelecimento das primeiras diretrizes ondea criação, o planejamento e a gestão das Unidades passapela participação das populações locais. Através da Lei doSNUC assegurou-se que na criação de Conselhos(consultivos ou deliberativos) para a gestão de UCs, sejamenvolvidos vários setores da sociedade, colaborando parauma gestão mais integrada e participativa e colocando asUCs definitivamente entre os instrumentos de ordena-mento territorial em nosso país.

Outro importante avanço foi a consolidação nesta legislaçãodas Reservas da Biosfera, dos corredores e mosaicosecológicos e das zonas de amortecimento no entorno daUCs como figuras que contribuem para uma maior inserçãodas Unidades no contexto regional.

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação daNatureza - SNUC é constituído pelo conjunto das unidadesde conservação federais, estaduais e municipais, e tem osseguintes objetivos:

I - contribuir para a manutenção da diversidade biológica edos recursos genéticos no território nacional e nas águasjurisdicionais;

II - proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbitoregional e nacional;

III - contribuir para a preservação e a restauração dadiversidade de ecossistemas naturais;

IV - promover o desenvolvimento sustentável a partir dosrecursos naturais;

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a biodiversidade, o fluxo gênico da fauna e flora, proteger osolo e assegurar o bem estar das populações humanas.Nesse contexto, a lei admite a supressão da vegetaçãonatural protetora de nascentes, somente em caso deutilidade pública e após a definição das medidasmitigadoras e compensatórias.

Especialmente ao longo dos rios ou de qualquer cursod’água, ao redor de lagoas, lagos e reservatórios, e noentorno de nascentes, são definidas faixas marginais comlargura mínima a serem preservadas rigorosamente. Taisdisposições são regulamentadas por resoluções do CONAMA.

No âmbito específico da Mata Atlântica, é importantereferenciar este bioma como Patrimônio Nacional, pordecisão da Constituição de 1998, passando-se a denominarDomínio da Mata Atlântica. Já o Decreto 750/93estabeleceu os limites deste domínio e ensejou diversasresoluções do CONAMA, estabelecendo conceitos eestabelecendo parâmetros de conservação para as diversasfitofisionomias que a compõem.

Outro importante marco para a conservação da MataAtlântica e os demais Biomas brasileiros foi a promulgaçãoda Lei 9985/00, mais conhecida como “Lei do SNUC”. queregulamentou o art. 225, § 1º, incisos I, II, III e VII daConstituição Federal, instituiu o Sistema Nacional deUnidades de Conservação da Natureza.

Na conclusão de um processo de discussão intenso duranteos 8 anos de tramitação desta Lei no Congresso Nacional, éinegável, todavia, que foi dado um passo importante e atingidoum novo patamar dentro do consenso possível.

Embora não seja um instrumento exclusivamente voltadoaos ecossistemas florestais, a Lei do SNUC é de extremaimportância para uma política de conservação e gestãointegradas dos recursos naturais da Mata Atlântica,

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POR UMA GESTÃO INTEGRADA

V - promover a utilização dos princípios e práticas deconservação da natureza no processo de desenvolvimento;

VI - proteger paisagens naturais e pouco alteradas denotável beleza cênica;

VII - proteger as características relevantes de naturezageológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica,paleontológica e cultural;

VIII - proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;

IX - recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;

X - proporcionar meios e incentivos para atividades depesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental;

XI - valorizar econômica e socialmente a diversidadebiológica;

XII - favorecer condições e promover a educação einterpretação ambiental, a recreação em contato com anatureza e o turismo ecológico;

XIII - proteger os recursos naturais necessários àsubsistência de populações tradicionais, respeitando evalorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente.

Além do aparato legal já existente, tramita no CongressoNacional um Projeto de Lei específico sobre a Mata Atlân-tica, que prevê, entre outros avanços: a criação do Fundode Restauração dos Ecossistemas Atlânticos, o estímulopara doações de recursos pela iniciativa privada para projetosde conservação da Mata Atlântica e o desenvolvimento deum selo verde, para diferenciar os produtos e serviçosexplorados de forma sustentável no bioma.

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PARTE II: A EXPERIÊNCIA NA BACIA HIDROGRÁFICADO RIO PARAÍBA DO SUL

Foto: Workshop de Itatiaia.

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INTRODUÇÃO:

O objetivo principal da Parte II deste Caderno da RBMA éapresentar os resultados dos trabalhos desenvolvidos em2003, pelo Projeto Águas e Florestas na Bacia Hidrográficado Rio Paraíba do Sul - Fase I, nas Oficinas de Águas eFlorestas realizadas em Paraibuna/SP, Cataguases/MG ePetrópolis/RJ, bem como no Workshop Regional de Águase Florestas realizado no PARNA de Itatiaia, que deverão seconstituir em referência importante para a formulação dospróximos passos a serem dados não só no âmbito do referidoProjeto, mas também das demais atividades do CEIVAP einstituições parceiras atuantes naquela bacia.

Em face à grande extensão e diversidade ambientl e socio-econômica do bioma Mata Atlântica, é natural que se busqueimplantar estratégias diferenciadas para a gestão de seusrecursos naturais. Neste sentido, a bacia hidrográfica surgecomo uma alternativa importante para que se desenvolvamesses esforços de gestão. Tal recorte territorial é aindamais adequado se considerarmos os objetivos da gestãointegrada de Recursos Hídricos e florestais objetivados peloPrograma Águas e Florestas na Mata Atlântica.

A decisão de priorizar a implementação do referidoprograma através do Projeto Águas e Florestas na Bacia doRio Paraíba do Sul é estratégica, dada a importância daBacia do Rio Paraíba do Sul no contexto sócio-econômicobrasileiro e por abranger os Estados de Minas Gerais , Riode Janeiro e São Paulo, onde se processa maior atividadeeconômica no Brasil, sendo gerados cerca de 8% do PIBnacional nesta Bacia. Importantes estudos foram realizadosnas últimas décadas, e aprofundados a partir de iniciativasdo Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do RioParaíba do Sul - CEIVAP, em relação aos seus recursosnaturais e ao passivo ambiental nela acumulado, criando

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condições para que a bacia fosse pioneira na implantaçãoda cobrança pelo uso das águas em rios de Domínio daUnião, e na instalação da Agência de Águas da Bacia.

A importância econômica da Bacia do Rio Paraíba do Sul eos avanços já conseguidos na gestão de suas águasrepresentaram diferenciais importantes para sua escolhacomo um módulo inicial do Programa Águas e Florestas daMata Atlântica e o começo da implantação do desafiocolocado pelo Projeto.

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CAPÍTULO I - O PROJETO ÁGUAS E FLORESTAS NABACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARAÍBA DO SUL

Passo importante para a concretização do Projeto Águas eFlorestas na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul foi acelebração, em março de 2003, de um Protocolo deIntenções firmado entre as seguintes instituições: Comitêpara Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba doSul - CEIVAP; o Conselho Nacional da Reserva da Biosferada Mata Atlântica – CNRBMA; a fundação SOS MataAtlântica; o WWF-Brasil; a representação da UNESCO noBrasil; a Secretaria Estadual de Meio Ambiente de SãoPaulo; o Instituto Florestal de São Paulo- IF/SP; e aFundação para Conservação e Produção Florestal do Estadode São Paulo - FFSP.

O referido Protocolo, previsto para ser ampliado com aadesão de outras instituições, especialmente represen-tantes dos Estados do Rio de janeiro e Minas Geras, tempor objetivo “integrar e implementar programas, projetos eatividades de instituições públicas e privadas voltadas paraconservação e recuperação de águas e florestas na BaciaHidrográfica do Rio Paraíba do Sul, contribuindo para a gestãodos seus recursos naturais e promovendo a conservação dabiodiversidade e o desenvolvimento sustentável regional”.

O Protocolo contribuiu para o êxito do Projeto Águas eFlorestas da Mata Atlântica ao sinalizar a bacia hidrográficacomo espaço integrador dessas políticas, estratégia que,longe de ser reducionista, visa trabalhar em bases territoriaismais restritas, o que trará importantes ganhos logísticosuma vez que os Comitês de Bacias Hidrográficas, jáestruturados se colocam como fóruns naturais paraalavancar o processo de integração desses temas.

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Áreas de Preservação Permanente com a disponibilidadee a conservação de recursos hídricos na Bacia Hidrográfica.

• Proposta das atividades previstas para a segunda fase doprojeto Águas e Florestas na Bacia do Rio Paraíba do Sul.

• Relatório Técnico consolidado com identificação deprogramas, projetos, estudos e ações de conservação,recuperação de águas e florestas realizados na BaciaHidrográfica do rio Paraíba do Sul.

• Documento final contendo:

- Identificação de atores chaves e fontes de recursosfinanceiros e técnicos para ampliação e desenvolvimentode programas, projetos e produção de informaçõesconsideradas prioritárias para a gestão, conservação erecuperação de recursos hídricos e florestais realizadosna Bacia do Rio Paraíba do Sul;

- Identificação de demandas e lacunas para gestãointegrada de recursos hídricos e florestais (capacitação,mobilização, conhecimento, etc.).

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O Projeto Águas e Florestas na Bacia Hidrográfica do RioParaíba do Sul - Fase I, de acordo com a proposta do ProgramaÁguas e Florestas na Mata Atlântica e o Termo de Referênciaespecífico, elaborado em parceria pelo WWF-Brasil, CEIVAP,CN-RBMA e a SOS Mata Atlântica, levou em conta o espíritodo Protocolo de Intenções e as pecu-liaridades do processode gerenciamento dos recursos hídricos na Bacia.

Visando implementar o Projeto, o WWF-Brasil firmou emmaio de 2003 Contrato de Prestação de Serviços com aGESTEC - Gestão Especializada e Consultoria em MeioAmbiente e Recursos Hídricos Ltda.

Foram então realizadas três oficinas de trabalho sobre oprojeto, uma em cada estado da bacia, e um workshop finalpara consolidação de resultados e apoio à tomada de posiçãoem relação aos encaminhamentos subseqüentes.

Relação de eventos realizados previstos em contrato

Oficina de São Paulo Realizada em Paraibuna Data: 27/05/2003Oficina de Minas Gerais Realizada em Cataguases Data: 03/06/2003Oficina do Rio de Janeiro Realizada em Petrópolis Data: 10/06/2003Workshop de Consolidação Realizado em Itatiaia Datas: 26-27/06/2003

Esses eventos foram concebidos como marcos mobilizadoresde entidades e profissionais que atuam na gestão derecursos hídricos e de recursos florestais, tendo em vistadisseminar o Projeto, discutir conceitos e as experiênciasexitosas relativas à gestão integrada de ambos os recursose definir estratégias para a continuidade destas ações.

Dentre seus resultados destacam-se:

• Carta de Águas e Florestas da Bacia do Rio Paraíba do Sul.

• Documento com identificação do status atual de conheci-mento sobre a relação das Unidades de Conservação e

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Fontes: GEROE/Sistema de informações de Recursos Hídricos daBacia do Rio Paraíba do Sul - LABHID - COPPE/UFRJ.

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CAPÍTULO II: CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DA BACIAHIDROGRÁFICA DO RIO PARAÍBA DO SUL

A bacia do rio Paraíba do Sul estende-se na Região Sudestedo Brasil por cerca de 55.400 km² em terras dos Estadosde São Paulo (13.500 km²), Minas Gerais (20.900 km²) eRio de Janeiro (21.000 km²). O rio Paraíba do Sul nasce naSerra da Bocaina, no Estado de São Paulo, a 1.800m dealtitude, e deságua no norte fluminense, no município deSão João da Barra. Sua bacia tem forma alongada, comcomprimento cerca de três vezes maior que a larguramáxima, e distribui-se na direção leste-oeste entre asserras do Mar e da Mantiqueira, situando-se em uma daspoucas regiões do país de relevo muito acidentado, decolinoso a montanhoso, chegando a mais de 2.000m nospontos mais elevados. Destaca-se o Pico das AgulhasNegras, ponto culminante na bacia, com 2.787m de altitude,situado no Maciço do Itatiaia.

Situada em uma das regiões mais desenvolvidas do país, abacia do rio Paraíba do Sul apresenta um conjunto deproblemas ambientais que se acumulam e crescem ano aano, se expressando em danos à qualidade de vida de umapopulação atual superior a 5,0 milhões de habitantes, alémde prejuízos à geração de energia e à qualidade do abas-tecimento de água a mais de 8,0 milhões de habitantes daRegião Metropolitana do Rio de Janeiro (cerca de 2/3 davazão do rio Paraíba do Sul são desviados para o SistemaLight e bacia do rio Guandu, onde localiza-se a ETA queabastece a Região).

Com sua destacada posição geopolítica, interligando osmaiores centros urbanos do país – São Paulo, Rio de Janeiroe Belo Horizonte – a bacia sofreu um processo de ocupação euso dos recursos naturais que extrapola as restriçõesambientais. Os diagnósticos já realizados na bacia evidenciam

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problemas críticos em todos os aspectos ambientais que sepossa considerar, desde a escassez de florestas (reduzidas amenos de 15% de sua extensão original) à contaminação daságuas por lançamento de esgotos domésticos e industriaissem tratamento adequado, passando pelo esgotamento dacapacidade produtiva dos solos.

A maior parte dos rios da bacia apresenta níveis de poluiçãoacima dos limites aceitáveis pelas normas ambientais,especialmente o próprio rio Paraíba do Sul, mais inten-samente utilizado e corpo receptor dos demais rios.

A escassez de água na bacia parece ser, por enquanto, umproblema relacionado à qualidade da água mais do que àquantidade disponível, embora existam indícios em algumasregiões de redução na quantidade de água, comprometendoo abastecimento público e a irrigação de lavouras, principal-mente nas áreas mais intensamente desmatadas, comoas bacias dos rios Pomba e Muriaé. Nas regiões onde osusos múltiplos da água são mais intensos, conflitos entreusuários e problemas institucionais de gerenciamento dosusos também se refletem em escassez relativa. Mesmo emáreas com bom nível de cobertura florestal, as pressões deuso da água decorrentes do rápido crescimento urbanopodem representar ameaça de desmatamentos e sobre-exploração dos mananciais, levando à escassez relativa deágua (demanda maior do que disponibilidade).

Tendo em vista a dimensão do problema e os custosenvolvidos, as iniciativas voltadas para a melhoria dascondições de quantidade/qualidade das águas na bacia,através de ações de proteção de mananciais e de recuperaçãode áreas degradadas, devem ser orientadas em função dosníveis de degradação e de comprometimento aos usos. Asiniciativas devem ser, portanto, concentradas inicialmentenas áreas prioritárias, especialmente em termos de atendi-mento ao maior número possível de usuários da bacia.

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Ações de reflorestamento visando à proteção dos manan-ciais encontram exigências e critérios de localização defi-nidos nas normas ambientais existentes no país, princi-palmente no Código Florestal (Lei 4771/65), que determinaas áreas de preservação permanente (nascentes, margensde rios, topos de morros, etc.), nas quais a vege-taçãonatural deve ser mantida ou recuperada.

A caracterização ambiental da bacia, apresentada a seguir,reúne parte das informações e dados gerados até omomento nos estudos realizados no Laboratório deHidrologia da COPPE/UFRJ.

Para a análise dos aspectos ambientais, a bacia foi divididaem sub-bacias com mais de 200 km² de área. Tendo emvista a escala regional de mapeamento (1:1.000.000), estadivisão foi feita por delimitação da rede hidrográfica de cadasub-bacia, sem considerar os divisores topográficos. Acimade 200 km² de área, os erros cartográficos deste método sãoinsignificantes para a escala do estudo. As sub-bacias comárea inferior a 200 km², que, portanto, não foram individua-lizadas, estão agrupadas em grandes trechos.

- Vegetação Natural e Uso do Solo -

• Breve Histórico do Processo de Ocupação e Trans-formação da Paisagem

A bacia do rio Paraíba do Sul situa-se na área de abrang-ência do bioma Mata Atlântica, reduzido hoje a 7% de suaextensão original. Os ecossistemas florestais predominamna composição deste bioma, ocorrendo ainda, em menorproporção, ecossistemas associados às florestas e condi-cionados à situação geomorfológica – campos de altitude,várzeas, restingas e manguezais.

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Até meados do século XVIII, aproximadamente, a bacia dorio Paraíba do Sul permaneceu coberta por florestas namaior parte de seu território, que era utilizado essen-cialmente como caminho para as áreas de exploraçãomineral do interior do país. A Serra do Mar, com seusabruptos contrafortes, constituiu-se por muito tempo emuma barreira natural à expansão da ocupação e dasatividades econômicas estabelecidas na costa Atlântica apartir da colonização européia.

No século XIX, duas monoculculturas se expandiram noterritório da bacia: a cana-de-açúcar, que entrara emdecadência nas baixadas litorâneas e se expandiu para aBaixada Campista (onde o número de engenhos subiu de55 em 1769 para 400 em 1819) e o café, cultura agrícolaque “inaugurou” os desmatamentos e a ocupação extensivana bacia do Paraíba do Sul, representando o início de umprocesso de alteração drástica da paisagem regional.

As florestas nativas foram sendo gradativamente destruídase o café passou a dominar a paisagem até o início do séculoXX, quando já entrava em decadência por degradação dasterras muito desmatadas e exaustivamente utilizadas. Emlugar do café, expandiu-se a pecuária leiteira, que predomi-na nos dias de hoje em todas as terras da bacia, de formaextensiva e com baixa produtividade. A agricultura, praticadageralmente sem respeito à capacidade de uso das terras,ocupa menor área, mas representa uma importante fontede erosão e de poluição dos solos e das águas pelo usodescontrolado de fertilizantes e agrotóxicos.

No século XX, portanto, com a capacidade produtivaameaçada por um intenso uso inadequado às restrições doambiente, o uso rural entra em crescente decadência e odesenvolvimento na bacia do rio Paraíba do Sul direciona-se para o uso urbano-industrial, favorecido na bacia pelafacilidade de acesso e meios de transporte das inúmerasestradas de ferro e de rodagem oriundas do desenvolvimento

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do ciclo do café, interligando importantes núcleos urbanose comerciais dos três Estados, como Taubaté (SP), Resende(RJ) e Juiz de Fora (MG).

A implantação, em 1946, da Companhia SiderúrgicaNacional, em Volta Redonda (RJ), e a expansão da atividadeindustrial em São Paulo transformaram o Vale do Paraíbaem um dos principais eixos de comunicação e desen-volvimento da Região Sudeste e do próprio País, devido àsboas condições (mercado consumidor, fácil escoamento daprodução, suprimento abundante de energia e de água,entre outras). Muita madeira das florestas ainda existentesno meado do século foi explorada para o carvão vegetal quealimentava as caldeiras industriais.

O desenvolvimento urbano-industrial, tanto na bacia dorio Paraíba do Sul como nas regiões metropolitanas de SãoPaulo e Rio de Janeiro, trouxe uma grande demanda deenergia e água para abastecimento da crescente populaçãoe das indústrias que se estabeleceram no eixo Rio - SãoPaulo. Grandes aproveitamentos hidrelétricos foraminstaurados na bacia, destacando-se Paraibuna (da CESP),situado na confluência dos formadores do rio Paraíba (osrios Paraitinga e Paraibuna); Funil (de FURNAS CentraisElétricas S/A), situado no rio Paraíba, em Itatiaia, na divisaentre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro; e, o maisimportante e complexo aproveitamento hidrelétrico da bacia- o Sistema LIGHT, responsável hoje pela captação de 2/3da vazão do rio Paraíba do Sul, no seu trecho médio, paraabastecimento de energia e água à maior parte da RegiãoMetropolitana do Rio de Janeiro.

- Classificação da Cobertura Vegetal e do Uso do Solo naBacia -

O conhecimento sobre a distribuição atual da vegetação edas formas de uso do solo na bacia teve por base o mape-

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amento realizado pelo GEROE (1995), na escala de1:100.000, a partir da interpretação visual de imagensLandsat-TM do período 1993-95. As classes identificadasneste mapeamento são as seguintes:

• Floresta Ombrófila

Vegetação de porte arbóreo, com indivíduos apresentandoentre 15 e 30 m de altura, ocorrendo lianas e epífitas emabundância. Desenvolve-se em ambiente tropical deelevada temperatura e alta precipitação ao longo do ano,sem períodos biologicamente secos (menos de 60 mmmensais). Esta formação florestal “sempre-verde” sedistribui nas regiões mais próximas à Serra do Mar, sujeitasao alto teor de umidade da Costa Atlântica.

Não é apropriado caracterizar essas florestas como“primitivas”, tendo em vista a intensa interferência humanana região. Mas, no contexto da cobertura vegetal da baciae do método de mapeamento utilizado, as áreas identifi-cadas como floresta são aquelas que apresentam fisionomiaflorestal mais “íntegra”.

• Floresta Estacional Semidecidual

Vegetação de porte arbóreo sujeita à dupla estacionalidadeclimática, tropical chuvosa no verão seguida por estiagensacentuadas. Neste tipo de vegetação, o percentual deárvores caducifólias no conjunto florestal situa-se entre20 e 50% durante a época seca. Essa classe de florestatem ocorrência natural nas regiões mais próximas à Serrada Mantiqueira e especialmente nas sub-bacias dos riosPomba e Muriaé e no terço inferior da bacia do Paraíba doSul, onde o clima se apresenta mais seco.

• Vegetação Secundária

Compreende as áreas de floresta ombrófila ou estacional

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alterada/degradada que se encontram em processo deregeneração secundária, em diferentes estágios de suces-são, predominando o porte arbóreo.

• Vegetação de Restinga

São ecossistemas formados por vegetação arbórea, árvoresde pequeno porte, trepadeiras e epífitas, que ocorrem nasplanícies arenosas litorâneas, no curso inferior do rioParaíba do Sul. Tendo em vista a canalização do rio Paraíbado Sul em seu curso final, o que reduziu a área de drenagemdeste trecho, a vegetação de restinga aparece com pequenaexpressão, em relação à sua ocorrência na extensa planíciecosteira da região.

• Vegetação de Mangue

O manguezal é um ecossistema composto de espéciesvegetais que se adaptam às estressantes condições do meio:alta salinidade, solos lodosos, pouco aerados, fluxos erefluxos de marés doces e salgadas das regiões estuarinas.É um ecossistema de alta produtividade e apresenta aimportante função de retenção e filtragem dos sedimentostrazidos pelas águas interiores e costeiras. Ocorre em umaestreita faixa da desembocadura do rio Paraíba do Sul.

• Vegetação de Várzea

Área de acumulação dos cursos d’água e lagoas, sujeitas ainundações periódicas. A vegetação dessas áreas varia deacordo com a intensidade e duração da inundação,apresentando fisionomia arbustiva ou arbórea.

• Campo Natural de Altitude

São agrupamentos de vegetação encontrados nas altitudessuperiores a 1500m, inseridos na região fitoecológica da

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floresta ombrófila. Refletem condições ecológicas diferentesda vegetação regional e apresentam-se com uma coberturagraminóide, intercalada por pequenos arbustos.

• Campo/Pastagem

Áreas onde a vegetação natural primitiva foi substituídapor pastagens, onde predomina a criação de gado leiteiro.Considerando-se o estado geral de degradação das pasta-gens na bacia do rio Paraíba do Sul, principalmente onde orelevo é mais acidentado, boa parte das áreas inseridasnesta classe encontra-se abandonada ou sub-aproveitada,constituindo-se de cobertura graminóide rala, com ocorrên-cia de processos erosivos acentuados e queimadas freqüentes.

• Reflorestamento (Silvicultura)

São as áreas ocupadas com plantios arbóreos homogêneos,com predomínio de espécies do gênero Eucalyptus e, emmenor extensão, do gênero Pinus.

• Área Agrícola

Compreende as áreas utilizadas para cultivo temporário epermanente, passíveis de identificação nas imagens desatélite.

• Solo Exposto

Esta classe compreende áreas completamente destituídasde cobertura vegetal, podendo representar várias situaçõesde movimentação de terra (extração mineral, terrapla-nagem, etc.) e, eventualmente, algumas áreas em avançadoprocesso de erosão.

• Área Inundável

Compreende todos os corpos d’água detectáveis nas ima-

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gens de satélite, incluindo lagos naturais e artificiais eplanícies de inundação natural do leito dos rios.

• Área Urbanizada

Áreas que apresentam um conjunto de edificações eestruturas características da ocupação de aglomeradosurbanos, estando incluídas categorias de uso residencial,comercial, industrial e misto.

• Afloramento Rochoso

Áreas onde os afloramentos de rocha atingem dimensõesmapeáveis por imagem Landsat-TM, podendo ou não estarcobertas por vegetação rasteira, típica desses ambientes.Aparecem com mais expressão na Região Serrana do Estadodo Rio de Janeiro.

• Área Não Sensoriada

Áreas que apresentavam cobertura de nuvens nas imagensde satélite utilizadas para o mapeamento.

- Distribuição da Cobertura Vegetal e do Uso do Solo na Bacia -

No quadro 2, a seguir, apresenta-se a área ocupada porcada classe de cobertura vegetal e uso do solo. Tendo emvista a grande extensão da bacia e, portanto, a dificuldadede realizar checagens de campo suficientes para a calibra-gem da fotointerpretação, há um certo grau de imprecisãona identificação do alvos nas imagens de satélite utilizadasno mapeamento do GEROE.

Esta imprecisão pode ser observada para a classe de “áreaagrícola”. Dados extraídos do Censo Agropecuário de 1995/6,do IBGE, revelam que a área ocupada com lavouras tempo-

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rárias e permanentes nos municípios que estão totalmenteinseridos na bacia chega a ser 10 vezes superior a que severifica nos mapas do GEROE. Esta classe de uso é especial-mente suscetível a discrepâncias em mapeamentos comimagens se satélite, por estar submetida a diferenças de formase de sazonalidade dos cultivos, podendo ser confundida comoutras formas de uso/cobertura, especialmente em áreas derelevo mais movimentado (com efeitos de sombreamento).

Distribuição de Vegetação e Uso do Solo na Bacia do Paraíbado Sul.Classes de Vegetação e uso Área (hectares) %Floresta Ombrófila 409.188 7,4Floresta Estacional 194.348 3,5Vegetação Secundária 733.436 13,2Reflorestamento 80.064 1,4Campo/Pastagem 3.738.856 6 7,4Área Agrícola 154.796 2,8Área Urbana 66.396 1,2Várzea 5.776 0,1Restinga 832 0,0Manguezal 460 0,0Campo de Altitude 17.052 0,3Afloramento Rochoso 11.352 0,2Solo Exposto 5.264 0,1Rios, Lagos 38.916 0,7Não Sensoriada 90.712 1,6TOTAL 5.547.448 100,0

Fonte: GEROE, 1995. Grupo Executivo para Recuperação e Obras deEmergência. Projeto “Mapeamento Digital e Convencional do Estadodo Rio de Janeiro e da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul”.

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No entanto, apesar da imprecisão, o mapeamento do GEROEfornece uma visão global satisfatória da situação em quese encontra a bacia do Paraíba do Sul, especialmente quantoà cobertura florestal remanescente.

Observa-se que as florestas, que predominavam napaisagem da bacia até o século XVIII, ocupam hoje apenas11% do território. Os remanescentes florestais mais expres-sivos estão na classe de floresta ombrófila e situam-se emáreas montanhosas, como na região do Maciço do Itatiaiae em vários trechos da Serra do Mar. Os remanescentesde floresta estacional ocupam menor área na bacia. A áreanatural de ocorrência da floresta estacional apresenta emgeral uma condição de relevo menos acidentado, do tipocolinoso, associado a um clima mais seco e, portanto, a maiorfacilidade de ocupação e de propagação de incêndios florestais.

A classe de “vegetação secundária”, que ocupa maior áreado que as florestas, compreende diversos estágios desucessão, que tanto podem ser resultantes de cortesseletivos da floresta como de regeneração de áreasdesmatadas. Apesar das florestas da bacia já terem sidodrasticamente reduzidas, a destruição persiste, tanto porexploração de madeira e lenha, como por queimadas esubstituição por pastagens, agricultura, etc.”

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CAPÍTULO III: RESUMO DAS CONCLUSÕES DA FASE IDO PROJETO ÁGUAS E FLORESTA NA BACIAHIDROGRÁFICA DO RIO PARAÍBA DO SUL – 2003

O Projeto Águas e Florestas na Bacia do Rio Paraíba doSul, constitui um módulo inicial do Programa Águas eFlorestas na Mata Atlântica. Embora voltado para a MataAtlântica, o projeto sinaliza de forma estratégica para agestão integrada do binômio água-florestas em todo o País.Os principais resultados do projeto são descritos a seguir:

O PROTOCOLO DE INTENÇÕES DA BACIA HIDROGRÁFICADO RIO PARAÍBA DO SUL

O Protocolo de Intenções firmado,em março de 2003, é umdocumento que firma princípios sobre a gestão de águas eflorestas, com foco na Mata Atlântica, nos seguintes termos:

• Reconhece a importância do Bioma Mata Atlântica, tantopor sua elevada biodiversidade, quanto por seu papelna conservação das águas para seus usos múltiplos esustentáveis, com destaque para o abastecimento degrande parte da população brasileira;

• Considera a bacia hidrográfica como um importanteespaço de planejamento e de gestão ambiental integrada,com ênfase na conservação simultânea do solo, da águae da floresta, visando a manutenção dos ecossistemasnaturais, a sustentabilidade dos processos produtivos ea garantia da boa qualidade de vida para os seushabitantes;

• Considera fundamental para a política de conservaçãoe gestão integradas dos recursos hídricos e florestais,a informação, a participação social, a capacitação

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técnico-científica e o compromisso efetivo do governoem todas as suas instâncias;

• Reconhece a importância da mobilização e da educaçãoambiental como processo explicitador das relações deinterdependência entre florestas e águas, integrandoinformações e contribuindo para a internalização deconceitos junto a todos os segmentos da sociedade;

• Reconhece a necessidade de garantir a gestão parti-cipativa, abrangente, representativa e descentralizada,que priorize a intervenção por meio de açõesinstitucionais integradas;

• Incorpora na gestão dos recursos hídricos o reconheci-mento de sua importância para conservação e inte-gridade dos ecossistemas aquáticos e os parâmetrosrepresentados pelo papel estratégico das florestas,especialmente das unidades de conservação e demaisáreas protegidas, no regime hídrico regional.

• A partir do Protocolo de Intenções iniciou-se a primeirafase do Projeto com a realização de três oficinas, umaem cada estado da Bacia (Paraibuna/SP; Cataguases/MG e Petrópolis/RJ) e um Workshop (Itatiaia/RJ) paraconsolidar o resultado das oficinas.

PROPOSTAS DE PRIORIDADES DE AÇÃO DEFINIDAS NASOFICINAS E NO WORKSHOP REGIONAL

• Incrementar pesquisas básicas no tema água-floresta,incluindo aspectos geológicos, cadastro de indústrias eregimes de cheias, dentro de uma visão sistêmica dabacia hidrográfica.

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• Fomentar a atividade florestal, em órgãos do Estado,instituições de ensino e pesquisa e entidades privadas,com a participação do Comitê da Bacia Hidrográfica doParaíba do sul - CBS-PS, do CEIVAP e de órgãosfinanciadores.

• Instalar um Fórum de Difusão e Pesquisa, reunindoinstituições e entidades que trabalham com solo, águae floresta.

• Atuar para que sejam destinados mais recursos para osProgramas de Microbacias, os quais devem serdesenvolvidos de forma integrada pelos diversos órgãos.

• Atuar para que sejam dinamizadas as Secretarias deAgriculturas dos estados, de modo a que elas exerçamum papel de maior destaque no trabalho de conservaçãode águas e florestas.

• Identificar os proprietários rurais nos três estados, pormeio de cadastramento, para definição de ProjetosPilotos sobre água e florestas, envolvendo a participaçãodesse segmento.

• Padronizar a metodologia e uniformizar a base científicanos diversos bancos de dados existentes na bacia doParaíba do Sul, sistematizando/agrupando asinformações por sub-bacias, incluindo no banco de dadosmapas de cobertura vegetal e uso e ocupação do solo,por sub-bacia.

• Elaborar propostas de pesquisas participativas, atravésdo CEIVAP e de universidades, visando suprir asdemandas prementes nas áreas de direto ambiental,economia, educação ambiental, biologia e engenhariasanitária.

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• Buscar indicadores de como a comunidade vê a questãodos recursos hídricos e florestais, para integrar apercepção local aos dados científicos.

• Priorizar a difusão de informação e capacitação dapopulação da bacia, como forma de inseri-la no processode recuperação e conservação dos recursos hídricos eflorestais.

• Buscar a integração entre os Conselhos Municipais deDesenvolvimento Rural Sustentável e os Comitês de Bacia.

• Implantar um processo de certificação para sistemasagroflorestais.

• Criar um banco de sementes e mudas de espéciesnativas, com identificação de instituições e certificaçãode produtos.

• Elaborar diagnóstico sócio-econômico regionalizado,adotando metodologia única para toda a bacia.

• Aproveitar ao máximo nos estudos e projetos da bacia opotencial, a experiência e as capacidades regionais e locais.

• Criar um banco de dados em formato padrão, com dadossistematizados por sub-bacias.

• Integrar os organismos das sub-bacias no trabalho depriorização de projetos, para garantir que a priorizaçãoseja feita de forma mais justa e de acordo com asnecessidades reais de cada região.

• Fomentar a realização de trabalhos de campo, paraleloao trabalho teórico.

• Compatibilizar a legislação com as medidas possíveisde recuperação, procurando envolver o Ministério Públicoe a OAB.

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• Identificar instituições que produzam sementes eoperem viveiro de mudas, com padrão certificável, parao desenvolvimento de projetos de recuperação na bacia.

• Promover a revisão do PQA, no sentido de alinhá-lo àsnovas iniciativas e visões apresentadas nas discussõesdeste workshop.

• Rever e criar Planos Diretores das APAS existentes.

• Solicitar à ANA a abertura dos dados do Cadastro deUsuários da Bacia do Rio Paraíba do Sul, paraconhecimento e discussão.

• Estudar a criação da APA da Serra do Monte Verde, emCambuci.

• Rever o Plano Inicial de Aplicação dos Recursos daCobrança do CEIVAP, no sentido de nele incluir açõesde conservação de nascentes e matas ciliares, e deampliação da cobertura vegetal na bacia.

• Buscar linhas de recurso para o proprietário ruralinvestir na recuperação das matas ciliares.

• Preparar os técnicos dos órgãos de controle ambientalpara orientar o produtor rural, e não apenas autuar. OPlano da Bacia do Paraíba do Sul deve prever esseaspecto, e a Agência da Bacia precisará ter pessoalpreparado para atuar nesta questão.

• Aproximar mais o produtor rural da Casa da Agricultura,que foi municipalizada.

• Cobrar do poder político municipal que invista mais nodesenvolvimento da área rural.

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• Fomentar a organização do produtor rural em fórunspara discutir as questões de seu interesse.

• Aumentar o estímulo ao proprietário rural para a criaçãode RPPNs (no trecho paulista da bacia, há duas: do professorPasin, em Lorena; e outra de Paulo Lacaz, em Arapeí).

• Implantar o ICMS Ecológico.

• Estabelecer parâmetros ambientais de capacidade desuporte – Planejamento Ambiental.

• Desapropriar de áreas de manancial.

• Estabelecer incentivos para proprietários que preservemas áreas de manancial (isenção fiscal ou outrosincentivos)Propor que seja feita uma lei de uso eocupação solo para os municípios.

• Regulamentar a Lei em relação à Mata Atlântica.

• Implantar legislação de uso do solo – ordenamentoterritorial.

• Criar normas para que os programas, projetos eempresas a serem instaladas atendam à vocação daregião. Exemplo: as fábricas de suco podem desenvolvera região. Dirimir dúvidas sobre a legislação. Deve serfeito um Seminário para discutir a legislação, suainterpretação e aplicação.

• Disseminar nos órgãos governamentais a atuação emeducação ambiental.

• Rever os critérios para compensações para indústriasque se instalarem nos municípios.

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• Investir em pesquisas e regulamentação sobre oaproveitamento econômico de florestas nativas em APP’se Reservas Florestais Legais.

• Incentivar o uso econômico múltiplo funcional daspropriedades rurais da região, que podem diversificarsuas atividades investindo, por exemplo, na produçãoorgânica, no ecoturismo ou no turismo rural.

• Permitir ações compensatórias na área de influênciada bacia.

• Agilizar, através da CATI, o processo de licenciamentoambiental.

• Mobilizar a sociedade no sentido de exigir o cum-primento da legislação ambiental, sobretudo no que serefere a tratamento de efluentes e conservação de áreasverdes e proteção das áreas de preservação permanente.

• Desenvolver trabalho cooperativo entre a sociedade civile os vários agentes públicos e privados, procurandoagregar parceiros para efetivar ações intervenientes nobioma, e tendo como corpo jurídico a defensoria e oministério públicos.

• Integrar as unidades de planejamento bacia hidrográficae corredores de mata.

• Disseminar as experiências exitosas em educaçãoambiental, através de projetos-piloto.

• Capacitar os agentes multiplicadores em educaçãoambiental.

• Tomar medidas de proteção para as atuais áreas depreservação permanente.

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• Integração dos diversos atores que desenvolvem trabalhosna área de águas e florestas (nacional e internacional),para aprimoramento do conhecimento.

• Estabelecimento de linhas prioritárias de pesquisa aserem desenvolvidas na bacia do rio Paraíba do Sul.

• Financiamento, pelos comitês estaduais e de integração,de pesquisas básicas em águas e florestas.

• Levantamento dos estudos existentes na Bacia.

• Utilização do site do CEIVAP para difundir linha depesquisa sobre o tema.

• Apoio à realização de estudos direcionados para oproprietário rural, compreendendo o manejo de pasto eoutros temas.

• Realização de seminário reunindo os extensionistas daárea rural (EMATER, EMBRAPA, CATI, etc.) para discutirestratégias.

• Capacitação para os técnicos que atuam nessa área.

• Financiamento de projetos de recuperação da funçãohidrológica da bacia hidrográfica.

• Curto prazo - levantamento e análise das experiênciasexistentes na bacia do rio Paraíba do Sul.

• Médio prazo - divulgação, publicação, oficinas, cursos epriorização e realização de intervenções.

• Longo prazo - pesquisas.

• Criação de mecanismos de incentivo para a relação:cobrança pelo uso da água e reserva hídrica.

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• Criação de uma Central de Informações de fácil acesso,para otimizar a disponibilização das informações e parafacilitar a identificação das lacunas de informaçãoexistentes.

• Implantação de sistema de informações com o suporteda SRH/MMA.

• Fortalecimento do projeto Caminhos Geológicos,incluindo informações hidrográficas nas sinalizações.

• Criação de incentivos à conservação das áreas derecarga dos aqüíferos.

• Criação do estatuto de conduta interna de cadacomunidade para o uso dos recursos hídricos, estimu-lando e capacitando a população para atuar de formacidadã, e implantando um programa de formação demultiplicadores.

• Busca de parceiros potenciais.

• Definição de projetos-piloto para implementação.

• Criação de uma lista de discussão via internet, sobre otema água e florestas, no site do CEIVAP.

• Garantia de apoio financeiro ao produtor rural, para quetenha condição de investir em práticas que possibilitemo uso mais racional dos recursos hídricos e florestais.

• Criação de fundos municipais de meio ambiente.

• Disciplina da abertura de poços artesianos.

• Disciplina da criação de APAs uma vez que apossibilidade de cobrança de ICMS ecológico tem levadoprefeitos à criação dessas áreas, sem que haja quadrostécnicos e recursos para trabalhar.

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• Criação do sistema de informações do CEIVAP.

• Criação do zoneamento sócio-econômico-ambiental dabacia do rio Paraíba do Sul.

• Fortalecimento da relação entre: os Comitês Estaduaisda Reserva da Biosfera, os órgãos de governo e osComitês de bacia hidrográfica, por meio de convênios eprogramas de interesse comum.

• Padronização de procedimentos, base de dados eindicadores utilizados pelos órgãos gestores de recursoshídricos e florestais.

• Traçar uma estratégia de ação que priorize a recupe-ração de nascentes através da extensão e fomento daSecretaria de Agricultura.

• Propor à ANA a criação de áreas piloto para dar incentivoao manejo adequado de água-solo-florestas, de modopioneiro na Bacia.

• Criar um banco de informações.

• Solicitar ao DEPRN que faça o acompanhamentosistemático dos planos e projetos da bacia do Paraíba doSul; e atue de forma mais planejada; além de fazerinvestimento em pesquisa.

• Propor assinatura de protocolos de ação e termos decooperação entre os diversos órgãos governamentais deSão Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, que atuamna área de águas e florestas na bacia do Paraíba do Sul.

• Identificar as áreas de manancial e aquelas que estãodentro das UCs, ação que poderia ser desenvolvida comparceria entre COPPE; CEIVAP; IBAMA, SOS MA; IEF,FEEMA.

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• Concluir o Zoneamento Econômico-Ecológico da Reservada Biosfera da Mata Atlântica.

• Criar parcerias e nacionais e com países comexperiência bem sucedidas em Cooperação Técnica eCapacitação.

• Regulamentar os artigos 46 e 47 do SNUNC, iniciativa aser conduzida pelo IBAMA.

• Desenvolver modelagem do Sistema de Cobrança doSNUC, levando em conta a metodologia de cobrança pelouso da água.

• Intensificar as ações de fiscalização das áreas demananciais, junto a SEMADUR, SECRETARIA DEAGRICULTURA; IBAMA Propor à SEMADUR a integraçãoe normatização das informações ambientais através deum Sistema de Informação Geográfica.

• Realizar um amplo programa de implantação de políticaambiental nos municípios.

• Incentivar os proprietários que preservem as áreas demanancial (isenção fiscal ou outros incentivos).

• Estabelecer como unidade de planejamento e inter-venção na área rural a microbacia hidrográfica.

• Realizar Planejamento Ambiental, por meio de um pro-jeto piloto envolvendo IEF, EMATER, COA, CFLCL,COPASA, Sindicatos Rurais, e produtores rurais.

• Realizar o inventário da cobertura florestal de toda aBacia do Rio Paraíba do Sul, tendo em vista que os da-dos sobre a cobertura vegetal não estão atualizados, oque dificulta a elaboração de estratégias para trabalhara questão solo, água e floresta, tais como identificação

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as áreas de preservação permanente, localização de pos-síveis corredores ecológicos, dentre outras.

• Implantar projeto-piloto de viabilização ecológica eeconomicamente sustentável, da propriedade. Essa açãopode ser implementada pela CATI/SAA, em parceria comONGs da bacia.

• Investir em pesquisas e regulamentação sobre o aprovei-tamento econômico de florestas nativas em APPs eReservas Legais.

• Criar e desenvolver programas de educação ambientalpara a população rural.

• Identificar agentes multiplicadores nas comunidadesrurais, e capacitá-los.

• Criar um banco de dados, para o produtor rural, queseja amplamente divulgado e de fácil acesso, referentea linhas de crédito, parcerias com empresas privadas efontes de financiamento.

• Cobrar dos governos municipais Planos Diretores quepromovam a manutenção de áreas verdes nos centrosurbanos.

• Criar mecanismos e incentivos para valorizar ações quevisem a preservação florestal e adoção de práticasadequadas de manejo do solo.

• Inserir o tema “Ações de recuperação florestal, educaçãoambiental e mobilização para a conservação de águas eflorestas na bacia do Paraíba do Sul”, na pauta da CT deEducação Ambiental do CEIVAP.

• Fortalecer a Política Nacional de Educação Ambientaljunto aos conselhos municipais e estaduais.

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• Fortalecer o conceito de oferta de água nos planos debacias.

• Criar rede de relacionamento entre centros de referên-cia em educação ambiental. Deve-se buscar maisrecursos, mas é fundamental aproveitar bem os queestão disponíveis, pois a partir do momento que semostra credibilidade, começa a haver apoio;

• Capacitar agentes a partir de diagnóstico;

• Criar projeto de Educação Ambiental, formal e informal,tendo como unidade de planejamento a baciahidrográfica;

• Criar o projeto básico “Conhecendo uma Bacia”, abordandoconceitos e impactos nos meios água, terra e ar.

• Disseminar experiências que já tenham reconhe-cimento comprovado, tais como o PCD Árvore Nativa.

• Cadastrar as ações de conservação, preservação,recuperação e educação ambiental.

• Propiciar à sociedade civil organizada o acesso a recur-sos financeiros, inclusive os medidas compensatórias.

• Estabelecer critérios para programas de educaçãoambiental, voltados para a gestão de recursos hídricos.

• Criar rede de relacionamento entre centros dereferência em educação ambiental. Deve-se buscar maisrecursos, mas é fundamental aproveitar bem os queestão disponíveis, pois a partir do momento que semostra crditilidade, começa a haver apoio;

• Capacitar agentes a partir de diagnóstico;

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• Criar projeto de educação ambiental, formal e informal,tendo como unidade de planejamento a baciahidrográfica;

• Criar o projeto básico "Conhecendo uma Bacia", abordandoconceitos e impactos nos meios água, terra e ar.

RECOMENDAÇÕES PARA CONTINUIDADE DO PROJETO

META I – Articulação inter-institucional fortalecida eInstrumentos de Políticas Públicas Integradas formulados:

• Promover a articulação das Instituições signatárias doProtocolo de Intenções, firmado em março de 2003, noâmbito da BHPS e fomentar a adesão de novasinstituições, especialmente dos Estados do Rio deJaneiro e de Minas Gerais, de municípios chaves,fortalecendo e ampliando o instrumento de cooperação.

• Promover reuniões preparatórias e o amplo debate cominstituições parceiras, Secretaria Executiva do CONAMA,organismos setoriais do MMA e de outros Ministériosafins, para formulação de uma Resolução CONAMAestabelecendo Princípios, Diretrizes e Linhas Estra-tégicas para gestão integrada de Políticas Públicas deRecursos Hídricos e Florestais.

• Fomentar a articulação e formação da Rede de Águase Florestas na BHPS.

META II – Colegiados Gestores da BHPS e da RBMA maisCapacitados e Instrumentalizados.

• Realizar, a partir de documentação secundária dispo-nível no CEIVAP, o Levantamento dos Mananciais de

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Abastecimento e Áreas de Captação na BHPS.

• Planejar e realizar Oficina Técnica visando estabelecercritérios para identificação e mapeamento de áreas prio-ritárias e metodologias para recuperação e conservaçãode recursos naturais da BHSP, considerando dentreoutros aspectos: balanço hídrico; vulnerabilidade do solo;possibilidade de formação dos corredores ecológicos;áreas de mananciais e nascentes; uso da água paraabastecimento doméstico, indústria e agricultura; áreasde recarga de aqüíferos.

• Organizar e promover um Curso de Capacitação paragestores da BHPS e da RBMA, com ênfase na interde-pendência e na gestão integrada dos recursos hídricose florestais, nos serviços ambientais e, na recuperaçãoe conservação da Bacia.

• Validar mapeamento das áreas prioritárias para recupe-ração e conservação da BHPS junto aos Comitês Estaduaisda RBMA e aos tomadores de decisão no CEIVAP.

META III – Material informativo para mobilização edocumentos publicados e disseminados.

• Publicação através da Série Cadernos da RBMA dodocumento “Águas e Florestas na Mata Atlântica: Poruma Gestão Integrada”.

• Produzir e publicar material informativo sobre águas eflorestas, com CD ROM, visando a articulação emobilização na BHPS.

• Instituir, regulamentar e promover a entrega do Prêmiode Melhores Práticas sobre Conservação e Recuperaçãode Águas e Florestas na BHPS.

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• Organizar uma publicação contendo base conceitual eexemplos de boas práticas sobre gestão integrada deÁguas e Florestas.

META IV – Projeto Fase II Gerenciado e Monitorado.

• Mobilizar os trabalhos da Comissão de Coordenação Gerale Executiva do Projeto, constituída por representantesdo CEIVAP, WWF Brasil, CN-RBMA e Fundação SOS, deforma articulada com os parceiros regionais do Projeto.

• Detalhar o Plano Operativo e estabelecer indicadores emecanismos de acompanhamento e monitoramento doProjeto e de seus produtos finais.

• Selecionar e contratar Serviços de Gerenciamento, ApoioLogístico e Serviços Técnicos Especializadas nas áreastemáticas priorizadas pelo Projeto especificamente,desenvolvimento sustentável, gestão ambiental, recom-posição/restauração de cobertura florestal, planeja-mento ambiental e produção de material informativo.

LISTAGEM DE ALGUMAS EXPERIÊNCIAS RELEVANTES EOPORTUNIDADES IDENTIFICADAS NA FASE I DO PROJETO

Abaixo são apresentadas algumas experiências relevantese oportunidades, identificadas ao longo da realização dasoficinas e do Workshop.

• O Instituto Florestal/SP estuda água e floresta há 24anos, e tem uma larga experiência para aplicação.

• Pesquisas de base, desenvolvidas pelo Laboratório deHidrologia Florestal “Eng. Agro. Walter Emmerich”, donúcleo Cunha/Indaiá do Parque Estadual da Serra do

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CADERNO Nº. 27 - SÉRIE POLÍTICAS PÚBLICASÁGUAS E FLORESTAS NA MATA ATLÂNTICA:

POR UMA GESTÃO INTEGRADA

Mar – Instituto Florestal – Secretaria do Meio Ambiente– SP, desde 1979.

• O conceito de coeficiente agro-ambiental, tal comoproposto pelo CBH-PS, representa um incentivo para queo produtor rural assimile a relação entre a cobrançapelo uso da água, o uso do solo e as práticas agrícolas.

• Projeto Jaguarão – Projeto de Conservação de Solos eRecuperação Florestal –, realizado pela FundaçãoFlorestal e parceiros: Casa da Agricultura de Cunha-SP, CESP-Paraibuna, Associação do Bairro do Jaguarão,e paróquia local, desde 1995.

• Projeto de Recuperação Florestal do Ribeirão Guaratin-guetá. Parceiros: Fundação Florestal, PrefeituraMunicipal de Guaratinguetá, EDR-Guaratinguetá,Embaixada Britânica. Início em 2003.

• Projeto União de Fragmentos Florestais, parceiros:Fundação Florestal, Prefeitura Municipal de Guaratin-guetá, EDR-Guaratinguetá, Embaixada Britânica eEscola de Especialistas da Aeronáutica/Guaratinguetá,período de 1997 a 2001.

• Projeto Vale Vida de Educação Ambiental, parceriaentre: Instituto Florestal, Polícia Ambiental e Comitêda Bacia do Paraíba do Sul - CBH-PS, desde 1999.

• Curso Recursos Hídricos – parceria Instituto Florestale Fundação Florestal, apoio CBH-PS, desde 1999.

• Curso para professores do ensino fundamental da árearural do município de Cunha, parceria: InstitutoFlorestal e Fundação Florestal, Prefeitura Municipal deCunha e Diretoria de Ensino de Guaratinguetá.

• Workshop sobre Recursos Hídricos - parceria entre:

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Instituto Florestal, Fundação Florestal e UNESPBotucatu/FCA.

• Projeto de Recuperação do Rio Una–UNITAU, com apoiodo CBH-PS.

• Projeto de Educ. Ambiental no Rio Una – GECA, UNITAU,com apoio do Comitê de Bacias CBH-PS.

• Projeto de aplicação de Sensoriamento Remoto na Baciado Rio Una - UNITAU, INPE, com apoio do CBH-PS.

• Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas – CATI/SAA – SP.

• Projeto “Maquete Ambiental do Vale do Paraíba – 500anos de transformação”, ONG VALE VERDE, patrocínioPetrobrás, parceria INPE, UNIVAP e DUTRAFER.

• Dissertações e Teses, desenvolvidas pelas Universidades noVale do Paraíba (UNIVAP, UNITAU, UNESP, USP, INPE, etc).

• Projeto de recuperação da mata ciliar em Guaratinguetá,na BASF, em parceria: BASF; Prefeitura de Guaratin-guetá e IBAMA-Flona Lorena).

• A Superintendência de Microbacias da Secretaria deEstado de Agricultura está montando um banco de dadospara a região norte-noroeste do estado do Rio de Janeiro.

• O Programa de Microbacias da Secretaria de Agriculturatem a meta de reflorestar 25 hectares, no município deSão Fidelis, onde já foram identificadas as áreas parareflorestamento, que consistem em áreas de recarga,topos de morro e nascentes.

• Experiência de gestão participativa na bacia do rio SãoDomingos, no município de São José de Ubá.

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POR UMA GESTÃO INTEGRADA

• Projeto GEF, reflorestamento em áreas de recarga deaqüíferos.

• Projeto GEF: manejo integrado de ecossistemas.

• Projeto GEF: implantação de redes de monitoramentode baixo custo nas comunidades.

• Estudos da UERJ sobre quantificação da retenção deagrotóxicos e fertilizantes por matas ciliares,desenvolvido pelo Profº. Thomas.

• Projeto da UERJ na Ilha Grande, sobre modelos dechuva-vazão, gerenciado pela Profa. Luciana Pimentel.

• A UERJ está disponibilizando, em seu site, um banco deseus projetos.

• Mapeamento da cobertura vegetal no Estado do RJ,elaborado pelo IEF.

• Projetos de recuperação de áreas degradadas desen-volvidos pela LIGHT, e também seus projetos de conserva-ção de áreas florestadas no entorno de seus reservatórios.

• Projeto Bom Jesus, no entorno da Reserva do Brigadeiro,para constituição/implantação da APA. O diagnósticosócio-econômico demonstrou que 90% dos produtorestêm interesse na criação da APA; concordam que a águaestá secando e o meio ambiente está piorando.

• A antiga FUNASA, com o apoio do IEF, desenvolveu umprojeto para microbacia, no município de Cataguases(MG), de prevenção de doenças de veiculação hídrica oudecorrentes da falta de condições mínimas de higiene(disposição inadequada do lixo, manutenção de ambientespropícios à proliferação do mosquito da dengue, etc) -ação conjunta de saúde pública e meio ambiente.

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• Projeto Matas de Minas, desenvolvido pelo IEF: inventárioflorestal e educação ambiental. Dentro desse projetodesenvolve-se o sub-projeto Nascentes da Mata, que tratado manejo de micro-bacias e identificação de áreasprioritárias para constituição de unidades de conservação.

• Programa Curso D’Água, de educação ambiental, aplicadoem 1999/2000 pelo CEIVAP, em nove municípios da bacia(três no trecho mineiro), que apresentou resultadosinteressantes, com repercussão até o presente.

• Realização anual do Simpósio de Conservação daNatureza, pela Universidade Federal de Viçosa - açãoambiental pioneira.

• Trabalho desenvolvido pelo Centro de Monitoramento –CEDEF, do IEF em Viçosa, de identificação de fragmen-tos florestais.

• A CFLCL fez a linha de transmissão Muriaé-Eugenópolisdesviando dos fragmentos florestais existentes.

• Iniciativas do Consórcio do rio Pomba: levantamento dademanda das empresas de passivo ambiental; coletaseletiva do lixo - coleta de lâmpadas fluorescentes ementrepostos para encaminhar para destino final.

• Estabelecimento de medidas compensatórias paralicenciamento ambiental de loteamentos em situaçãoirregular, não facilitando a vida do infrator para nãoestimular a infração.

• Reflorestamento das nascentes nas margens do reser-vatório do Jaguari, desenvolvido pela Prefeitura de SãoJosé dos Campos.

• Projeto de mapeamento digital da bacia do rio Una,desenvolvido pela UNITAU, com recursos do FEHIDRO,

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CADERNO Nº. 27 - SÉRIE POLÍTICAS PÚBLICASÁGUAS E FLORESTAS NA MATA ATLÂNTICA:

POR UMA GESTÃO INTEGRADA

que disponibiliza mapa com informações importantes parao planej. das ações na bacia.

• Experiência da Secretaria de Estado de Agricultura -CATI - Projeto Microbacia, desenvolvido em Paraibuna/Piquete/Cunha.

• Experiência da Casa da Agricultura, da Secretaria deAgricultura, instalada em alguns municípios, envolvendoa recuperação de nascentes, manejo de palmito, e outrasações que agora foram municipalizadas.

• Projeto Jaguari - Cunha.

• Projeto Capinzal – Cunha.

• Projeto Microbacia – Paraibuna: experiência defiscalização integrada entre os órgãos governamentais.

• Monitoramento recente no Município de Além Paraíba,onde foi identificado 9000 hectares de mata contínua.

• Monitoramento no Município de Lima Duarte, onde foiidentificada área significativa de mata contínua.

• O trabalho da EMATER, que visa colocar a propriedadedentro de condições ambientais favoráveis.

• O PRODEMATA, que envolveu produção, reflorestamento eeconômico, através da Secretaria de Agricultura do Estado.

• O PRONAF Floresta, através do Ministério do MeioAmbiente.

• Projeto Matarazzo: Fazendeiro Florestal.

• Projetos de Fruticultura, na região de Cataguases.

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• A Secretaria de Estado de Meio Ambiente de São Paulo,através do DPRN, desenvolve trabalho de educaçãoambiental voltado para o adulto.

• O Instituto Florestal, a Fundação Florestal e algumasONGs do Vale Paulista, como a Vale Verde, GECA ePROGAIA desenvolvem programas de educação ambientalna trecho paulista da bacia do Paraíba do Sul.

• A Prefeitura Municipal de São José dos Campos estátrabalhando com os proprietários rurais, no Programa deConservação de Nascentes. Paralelamente, desen-volvetrabalho de educação ambiental com os alunos da rede deensino do município, que inclui excursão até as nascentes,para que as crianças conheçam onde e como a água nascee o que é preciso fazer para conservar as nascentes.

• A empresa BASF é parceira do IBAMA, na recuperação doviveiro de plantas em Lorena, num projeto para a produçãode 500 mil mudas. A BASF patrocinou, ainda, o projetoPlaneta Caipira, de educação ambiental para crianças.

• Ações do Instituto Florestal da Universidade Federal Rural,da REBRAF, EMBRAPA Agrobiologia e EMBRAPA Solos.

• Reflorestamento feito pela LIGHT e FURNAS no entornodos reservatórios na bacia.

• Projeto Cordão de Mata (Nova Friburgo), que interferiuno projeto do Parque Estadual do Desengano (Sta. MariaMadalena).

• Implantação de sistemas agroflorestais: Santuário deVida Silvestre, em Serra da Concórdia.

• Experiência da APA da Serrinha do Alambari, no municí-pio de Resende, onde os próprios moradores integram aGuarda Florestal e já se faz o tratamento parcial doesgoto através de fossas e filtros biológicos.

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• Trabalho para melhoria da qualidade local com açõesde saneamento, desenvolvido pelo Centro de Estudosda Micro-Bacia do Alto Rio Preto.

• Programa Rio Rural, desenvolvido pela Secretaria deAgricultura do Estado do Rio de Janeiro.

• Projeto Educação Ambiental – APA Petrópolis, que incluio programa Árvore Nativa.

• Experiência do “O Instituto Ambiental” – OIA, dePetrópolis, na utilização de biosistemas no tratamentode esgotos sanitários domésticos.

• Experiência do Parque Florestal da Fazenda SantaCecília do Ingá, em Volta Redonda.

• Projeto da ARIE da floresta da Cicuta.

• Projeto Integrando Ações da Mantiqueira – CrescenteFértil. Educação Ambiental e Reflorestamento (RJ e MG).

• Livro “Cuidando das Águas”, elaborado por equipe queatua na bacia do Rio das Velhas.

• Experiências desenvolvidas em Consórcios; IEF;EMATER; SRE; ONG’s; IBAMA; Faculdades (FAFIC eFAFILE), que são parceiros importantes no encaminha-mento de ações.

• Projeto Nascentes da Mata, com georeferenciamento dasnascentes de cabeceira.

• Projeto Difusor, desenvolvido nas unidades de ensinode Cataguases e Leopoldina.

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• Projeto de Educação Ambiental da Prefeitura Municipalde Tombos, com apoio do MMA.

• Convênio entre o IEF/MG com a Secretaria de Educação/MG.

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CAPÍTULO IV: CARTA DE ITATIAIA

Como resultado do Workshop de consolidação também foiaprovada a Carta de Itatiaia que tece considerações sobrea importância do tema e apresenta algumas propostas parainiciar o trabalho sobre Águas e Florestas na Bacia do RioParaíba do Sul.

Abaixo, a íntegra da Carta de Itatiaia:

“Considerando que a Bacia hidrográfica do Rio Paraíba doSul está integralmente inserida no âmbito da MataAtlântica, extremamente ameaçada e cuja área é prioritáriapara se garantir a integridade dos ecossistemas naturais,a sustentabilidade dos processos produtivos e a garantiada qualidade de vida para os seus habitantes;

Considerando que não têm sido priorizadas e executadasas ações de conservação do solo e de proteção e recuperaçãode áreas degradadas e de mananciais, previstas na Lei9.433/97, reconhecendo o seu papel estratégico para oequilíbrio do ciclo hidrológico regional e para a preservaçãoda biodiversidade florestal necessária aos ciclos de vidados ecossistemas;

Considerando que torna-se necessário maior integração eampliação das políticas florestais e de recursos hídricos,bem como a integração destas com as demais políticaspúblicas setoriais com impactos relevantes no uso e napreservação dos recursos naturais, tais como as políticasagrícola, de uso do solo, a de saneamento ambiental e a desaúde pública;

Considerando que para a implementação da política deconservação, preservação, recuperação e gestão integrada

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dos recursos hídricos e florestais, é necessário o compro-misso efetivo dos setores públicos e privados com aprodução de conhecimento científico, a difusão dainformação, a participação social, a capacitação técnico-científica e a busca de uma ação pró-ativa e complementar;

Considerando o documento “Águas e Florestas da MataAtlântica: Por uma gestão integrada” publicado peloConselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlânticae pela Fundação S.O.S. Mata Atlântica.

As organizações públicas e privadas reunidas no Workshop“Águas e Florestas na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíbado Sul”, nos dias 26 e 27 de junho de 2003, no ParqueNacional do Itatiaia, reconhecem:

1 – A importância do Bioma Mata Atlântica, tanto por suaelevada biodiversidade e potencial econômico, quanto porseu papel estratégico na conservação das águas para seususos múltiplos e sustentáveis, com destaque para oabastecimento de grande parte da população brasileira;

2 - A necessidade da integração dos aspectos sociais,culturais, econômicos, ambientais, éticos e políticos noprocesso de gestão ambiental e de recursos hídricos, por meiode ações inter e transdisciplinares, considerando as ciênciasnaturais e humanas, exatas, e os saberes populares;

3 – A importância da educação ambiental, mobilização ecomunicação social como processos de conhecimento dasrelações de interdependências entre florestas e águas,integrando e contribuindo para a mudança de atitude ecomportamento junto aos diversos segmentos da sociedade;

4 – A importância de estimular e apoiar pesquisas e aplicarconhecimentos já existentes que potencializem o usoracional sobre os recursos hídricos e florestais existentes,

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POR UMA GESTÃO INTEGRADA

assim como mecanismos de compensação financeira sobrea conservação integrada e mecanismos de valoração dosbenefícios dela advindos;

5 – Os esforços e as iniciativas dos diversos setores deusuários, organismos de bacia, órgãos públicos e organi-zações civis atuantes na bacia hidrográfica do Rio Paraíbado Sul;

As Instituições presentes a este Workshop de Itatiaia secomprometem a:

6 – Fortalecer os mecanismos de gestão integrada dosrecursos hídricos e florestais no âmbito do Comitê paraIntegração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul –CEIVAP, demais organismos de bacias e outras instânciasde gestão ambiental;

7 – Compartilhar e implementar programas, projetos eatividades de instituições públicas e privadas voltadas paraa conservação e recuperação de águas e florestas, atravésda implementação dos instrumentos da Lei 9.433/97 nabacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul;

8 – Estimular as iniciativas de organizações públicas eprivadas, de instituições científicas e de organizações doterceiro setor nos programas e projetos sócio-ambientaisde proteção, recuperação, conservação e uso sustentáveldos recursos hídricos e florestais;

9 – Facilitar e ampliar o acesso e a difusão das informaçõesque possibilitem ao cidadão a tomada de posição na defesado meio ambiente, particularmente dos recursos hídricose florestais;

10 – Atuar no sentido de que no contexto de elaboração eimplementação dos instrumentos de gestão dos recursos

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hídricos sejam incorporadas ações efetivas que garantama oferta de água com qualidade e permanente disponibi-lidade para usos múltiplos;

11 – Apoiar a criação e consolidação das Unidades deConservação públicas e privadas na Bacia Hidrográfica doRio Paraíba do Sul, estabelecendo o controle ambiental e aincorporação dos seus valores junto à sociedadepotencialmente beneficiária;

12 – Apoiar a demarcação das zonas especiais de proteçãodos corpos hídricos (nascentes, matas ciliares, faixas deproteção, terrenos declivosos e áreas de recarga de aqüíferos)e o cumprimento da legislação ambiental pertinente;

13 – Promover a reabilitação de áreas degradadas econsideradas prioritárias para a conservação dos recursoshídricos e da biodiversidade, por meio da recuperaçãoflorestal multifuncional, que pressupõe a geração debenefícios ambientais, sociais e econômicos e do usoracional dos solos urbano e rural.”

Itatiaia, 27 de junho de 2003.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

RELATÓRIO DOS WORKSHOPS REGIONAIS DO PROGRAMA ÁGUAS EFLORESTAS NA MATA ATLÂNTICA FASEI E II - Conselho Nacional daReserva da Biosfera da Mata Atlântica e Fundação S.O.S. Mata Atlântica,- São Paulo : CNRBMA/SOS 2002.

ÁGUAS E FLORESTAS DA MATA ATLÂNTICA : POR UMA GESTÃOINTEGRADA- Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlânticae Fundação S.O.S. Mata Atlântica, - São Paulo : CNRBMA/SOS 2003.

1º RELATÓRIO DO PROJETO ÁGUAS E FLORESTAS NA BACIAHIDROGRÁFICA DO RIO PARAÍBA DO SUL. CEIVAP - WWF-Brasil – Reservada Biosfera da Mata Atlântica - SOS MATA ATLANTICA - Resende, junho de2003.

PLANO DE PROTEÇÃO DE MANANCIAIS E SUSTENTA-BILIDADE NO USODO SOLO - PGRH-RE-029-R0 (DEZ 2002) –– FUNDAÇÃO COPPETECExecução: Laboratório de Hidrologia e Estudos do Meio Ambiente daCOPPE/UFRJ – Projeto Gestão dos Recursos Hídricos da BaciaHidrográfica do Rio Paraíba do Sul – Agência Nacional de Águas (ANA).

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ANEXOS

Foto: Parque Nacional do Iguaçu.

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POR UMA GESTÃO INTEGRADA

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ANEXOS I - EQUIPE DE COORDENAÇÃO E INSTITUI-ÇÕES PARCEIRAS E COLABORADORASPARTE I - Elaboração do Programa Águas e Florestasna Mata Atlântica

1- Equipe do Programa Águas e Florestas na Mata Atlântica

Coordenação Geral: Clayton F. Lino E Mário Mantovani

Gerência Nacional: Heloisa Dias

Consultores : Alexandre Krob, Ícaro Cunha e Ricardo Braga

Colaboração Técnica: Patrícia Bohrer; João Lucílio Albuquerque, MariaLuisa Ribeiro; Samuel Barreto

Equipe de Apoio Administrativo e Financeiro: Adauto Tadeu Basílio; CamilaFeitosa; Gabriela Javiera Chamorro; Laryssa Moll e Nilson Máximo

2 - Instituições Parceiras e Colaboradoras do Programa

Ministério do Meio Ambiente

Núcleo se Apoio a Projetos na Mata Atlântica - NAPMAPrograma Nacional de Florestas - PNFSecretaria de Biodiversidade e Florestas - SBFAgência Nacional de ÁguasSecretaria de Recursos Hídricos

Redes Nacionais e Organizações Internacionais

Rede das ÁguasRede de Ongs da Mata AtlânticaUnesco-BrasilWWF-Brasil

Instituições Regionais da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Parná,Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo relacionadasno item 3 a seguir:

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3 - PARTICIPANTES DO WORKSHOP REGIONAL DE ÁGUAS EFLORESTA NA MATA ATLÂNTICA – CAPÃO DA CANOA/RS

NOME INSTITUIÇÃOAdriana Freitas de Barba PMCCAdriano N. Becker Núcleo Amigos da

TerraAlberto Bracaocoli EMATER/RSAlexandre Krob Projeto CuricacaAlexandre Linhares Pró-LagosAmilton Fernando Muinari Agricultor OrgânicoAna Lúcia Pompermayer Projeto CuricacaAna Patrícia Seifritz Projeto CuricacaAndré Luis Coutinho DRNRAntônio Augusto Ungaretti ARFLOR/ANAMAAntonio Carlos Paz DRNR - SEMAAntônio Marcos de Oliveira Siqueira Pró-Mar de

Dentro SCP/DPECarla Valeria Crivellaro NEMACarlos Vieira Nogueira B. AmbientalCarolina Alves Lemos ANAMACezar Barcellos ACAE - LNCilon Estivalet ASSECANCleber Pinheiro FEPAMDarci Tchutt I. P. Terra de AreiaDavid H. Barenho FEPAGROFátima M. Pereira DRNR - SEMAFernando Becker VERGS - Depto.

EcologiaGunter Schnuabenland Centro Acadêmico

Livre da BiologiaUNISINOS

Heloísa Dias CN-RBMAIcaro Cunha ConsultorIlse Rosito Dicki FEPAMJoão Alberto P. EMATER/RSJoana C. P. Zeal Professora MunicipalJosé Carlos Grin FAMURSJosé Justino AS-APIKaren Adami Rodrigues PHYLOSLeonardo Alonso Guimarães ANAMLeonila Quartiero Ramos ONG Onda VerdeLevi Rocha PMCC

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Lílian Ferraro FEPAMLuciana Arriechi I. P. Terra de AreiaLuciano M. Gutterres ANAMALuis R. Baptista UFRGSLuiz Carlos Ebert Posto Avançado –

Igrejinha ASTEPANMarcelo Aivb Secretaria

Executiva Pró-GuaibaMárcia Hirota Fundação SOS

Mata AtlânticaMárcia Regina Tavares ANAMAMarcos Menezes Projeto CuricacaMaria Celina Oliveira METROPLANMaria de Lourdes Abruzzi FEBRSMaria Isabel Chiappetti FEPAMMaria Ledi Bobsin IECLB –

ITATI Terra de AreiaMaria Lélia Santos Secretaria da

EducaçãoMaria Lucia Rosa ONG Farol da TerraMaria Luiza Santos Conselho Estadual

dos Povos IndígenasMarisa C. Freitas PMC CanoaMilton Haack Comitê TramnadaíMoacyr Dutra SEMA - DRNRNabor Guazzelli ONG Onda VerdeNilton P. Dandros Sindicato dos

Trabalhadores Ruraisde Maquiné

Orley Medeiros ANAMAPatrícia Vianna Bohrer Projeto CuricacaPaulo Chagas FEPAGRO - CPAPTAPedro Dornellos Governo do EstadoRegina Murillo DRH - SEMARené Duque Wolcnann UFRGSRenzo Bassanetti DRNR - SEMARicardo Mello Pró MataRodrigo Magalhães ANAMARui Germano da Silva Câmara de

VereadoresSamuel Roiphe Barrêto Fundação SOS

Mata AtlânticaTânia Maria Rech Prefeitura MaquinéTânia R. Bordin de Lima PMCCVili Saldanha DRNR/RS

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4 - PARTICIPANTES DO WORKSHOP REGIONAL DE ÁGUAS EFLORESTA NA MATA ATLÂNTICA – CABO DE SANTO AGOSTINHO/PE

NOME INSTITUIÇÃOAguinaldo SECTMAAlexandre Prefeitura de MorenoAna Gama CPRH-COBH

PirapamaAngeli Melo Vanguarda EcológicaAntônio COMPESAArthur CPRHCarlos CPRHElisa SRH/MMAFábio COMPESAFábio Casara UFRPE/CMARCRFaçanha IBAMAFátima Oliveira SEPLANDESGasparina Prefeitura de PombosGiannina CPRHGilberto Engenho São

SalvadorIvaldo FIEPEIvanildo Meio Ambiente –

PombosJaime Cabral UFPELacerda Destilaria JBLady INCRA/PELúcia PRORURALLúcio Fernando Monteiro Pereira COBH PirapamaMaria das Dores Melo SNENeth Araújo CPRH – PirapamaOsvaldo Lira CE-RBMAPedro Ferrer Conselho Regional

BiologiaRicardo Braga ConsultorSeverino Associação ARARIBASilvana GEOSEREWalter CPRH – Pirapama

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5 - PARTICIPANTES DO WORKSHOP REGIONAL DE ÁGUAS EFLORESTA NA MATA ATLÂNTICA– ILHÉUS/BA

NOME INSTITUIÇÃOCláudio Franco Fontes EMASAElias Leal Veloso CEPLAC/ORDEMJosé Cláudio Faria UESCLuciano Sanjuan AMAREALuiz Alberto Mattos Silva UESC/CNRBMAMaria do Carmo Levy UESC/NBHMaria de Lourdes Lessa EMBASAMaria Luzia de Mello UESC/NBHMarison Duarte de Araújo DDFMônica Suely do Vale Melo CRAPaulo de Tarso Alvim Carneiro FUNPABPedro Fidelman USPRaimundo de Paiva Faneca IBAMASérgio Ramos CEPLAC/ORDEMVilson Silva Câmara AMAREAWalter Borges de Andrade AMAREA

6 - PARTICIPANTES DO WORKSHOP REGIONAL DE ÁGUAS EFLORESTA NA MATA ATLÂNTICA - ILHA COMPRIDA/SP

NOME INSTITUIÇÃOAntônio Eduardo Sodrznski ASA – Associação

SerranaArlei Benedito Macedo Instituto de

Geociências da USPCélio Bonafé Neto Sociedade civilDécio José Ventura Prefeitura de Ilha

CompridaHeloísa Dias CN-RBMAJocemar T. Mendonça Instituto de PescaJoelma D. Ribeiro Fundação SOS

Mata AtlânticaMaria Silvia Muller de Oliveira ASA AmbientalistaMario Mantovani Fundação SOS

Mata AtlânticaMartiniana da Silva Vieira Instituto de PescaMiguel A. Ferreiro CODIVAR/CBH-RBNey A. Ikeda CBH-RB/SE

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Samuel Roiphe Barrêto Fundação SOSMata Atlântica

Sérgio Vicente Lotte Instituto deGeoociências da USP

Silvio Pinto Nogueira ETE

7 - PARTICIPANTES DO WORKSHOP NACIONAL ÁGUAS E FLORESTAS– FASE II: “PRIORIDADES DE AÇÃO”Instituto Florestal de São Paulo – 25 e 26 de julho 2002

NOME INSTITUIÇÃOAlexandre Krob ConsultorAloysio Costa Jr. MMA/PNF/NAPMAAna Catarina Campbell ANAP/CBH-RBAngelo José Lima CEIVAPAntônia Pereira de Ávila Vio FFAntônio Augusto Ungaretti Comitê TramandaíArlei Benedito Macedo Instituto de

Geociências - USPDenise Rambaldi Associação Mico-Leão

DouradoElaine R. Santos CNRBMAEliane Akiko Honda IFElieser Barros Correia CEPLACFernando César Vitti Tabai Cons. Interm. Das

Bacias dos RiosPiracicaba, Capivari eJundiaí

Heloisa Dias CNRBMA/IPESHeloisa Ribeiro SOS Mata AtlânticaIcaro Cunha ConsultorJoão Batista Baitello IF/SPJoão Luiz Rocco Associação

Pró-BocainaJoão Régis Guillaumon IF/SPJoaquim de Brito Costa Neto RBCVSPJorge Luiz Vivan EMATER-RSJosé Itaqui CERBMA-RSLorivaldo de Paula REBOB

Lúcio Fernando Monteiro Pereira Cobh – PirapamaLuiz Firmino M. Pereira Consórcio Lagos São

JoãoLuiz Ribeiro de Azevedo Barretto IF/SP

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Luiz Roberto Numa de Oliveira IFMalu Ribeiro Fundação SOS Mata

AtlânticaMarcelo Araújo IESB/CERBMA-BAMárcia R. Lederman IPEMA/Comitês

Bacias de ItaúnasMaria Dalce RBMAMaria das Dores V. C. Melo SNEMaria Luzia de Mello Superintendência de

Recursos Hídricos –SRH/BA

Marilia Brito FFMario Mantovani SOS Mata AtlânticaNivaldo Eduardo Rizzi UFPR - FlorestasPatrícia Vianna Bohrer Projeto CuricacaRaimundo Deusdará SRH/MMARicardo Braga consultorRodrigo Antonio Braga Moraes Victor RBCVSPSamuel R. Barreto WWF – BrasilSydnei Raimundo IF/SPSilvia Jordão FFSimone Rosa da Silva SRH/PE COBH

PirapamaSuzana Alipaz ANASuzana Lakatos Anuário Mata

AtlânticaValdir de Cicco IF/SPVirgílio Viana. ESALQViviane Coelho IFYasmin Yucksch UFPRZuleika Nyez AMAR - PR

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ANEXO II: EQUIPE DE COORDENAÇÃO E INSTITUIÇÕES PARCEIRASE COLABORADORASPARTE II - Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul

1. EQUIPE DO PROJETO ÁGUAS E FLORESTA NA BACIAHIDROGRÁFICA DO RIO PARAÍBA DO SUL

Coordenação Geral: Samuel Barreto (WWF-BRASIL); Ângelo JoséRodrigues Lima e Cláudio Serricchio (CEIVAP); Clayton F. Lino e HeloisaDias (CN-RBMA); Mario Mantovani (SOSMA)

Colaboração: Aline Raquel Alvarenga; Flávio Simões, João LucílioAlbuquerque, Paulina Chamorro, José Leomax; Virgínia Calaes Arbex;Alda Alves da Silva - WWF

Equipe de Apoio Administrativo e Financeiro: Gabriela Javiera Chamorro;Marcia Barana; Claudia Allegrini; Alda Alves da Silva - WWF, Aurea. SimoneCrisley Gomes, Marcelo Zandomênico, Valdaglenia Farias; WilliamMarzullo.

2. RELAÇÃO DE PARTICIPANTES DA OFICINA DE PARAIBUNA/SP –27 DE MAIO DE 2003

NOME INSTITUIÇÃOÂngelo José Rodrigues Lima Escritório CEIVAPCarlos de A. Camargo Propriedade Rural –

Engº AgrônomoCelso de Souza Lab. Geologia –

Universidade deTaubaté

Claudio Serricchio Escritório CEIVAPDanilo Caneppele Cia. Energética de

São Paulo – CESPEdilson de Paula Andrade CEIVAPFlávio Antônio Simões Escritório CEIVAPHeloisa Dias CN-RBMA/IPESIvan Silva de Oliveira SMA – DEPRNJoão Alberto C. de Oliveira Cia. Energética de

São Paulo – CESPJosé Luiz de Carvalho Sec. Est. de M.

Ambiente–Inst.Florestal

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Juliana Loyola DPRNJúlio Targa Una nas Águas –

TaubatéLourdes Requião RoipheMarcelo Manara UMT nas Águas – São

José dos CamposMárcio José S. Carlos BASF-SA

GuaratinguetáMarco Antônio Vieira GECA TaubatéMaria Sueli de S. Meira Cia. Energética de

São Paulo – CESPPaul Rodolfo César Cia. Energética de

São Paulo – CESPPaulo Valladares Soares Fundação Florestal –

TaubatéRonaldo de Castro Corrêa Una nas Águas –

TaubatéSamuel Barreto WWFSandra R. S. Rezende Prefeit. Natividade

da SerraUrbano Patto Prefeitura São José

dos CamposVera Assis Prefeitura São José

dos CamposVirgínia Calaes Arbex Escritório CEIVAPZélia Santos Gonçalves Cia. Energética de

São Paulo – CESP

3. RELAÇÃO DE PARTICIPANTES DA OFICINA DE CATAGUASES/MG– 03 DE JUNHO DE 2003

NOME INSTITUIÇÃOAlberto Felix Iasbik Inst. Estadual de

Florestas – CataguasesÂngelo José Rodrigues Lima Escritório CEIVAPBetty Giovannoni Oliveira 5º SER-CODEMA-

GIBARCCarlos Heivisch Consórcio CarangolaClaudio Serricchio Escritório CEIVAPEdiene Caixeta APA FervedouroEdina R. Silva Oliveira Escola Municipal

Lysis B. RochaFernando Gesvaldi Reiff Instituto Estadual de

Florestas – Muriaé

CADERNO Nº. 27 - SÉRIE POLÍTICAS PÚBLICASÁGUAS E FLORESTAS NA MATA ATLÂNTICA:

POR UMA GESTÃO INTEGRADA

Daniel R. Cardoso ONG Olhar XXI –Nova Friburgo

Denise Muniz de Tarin Ministério PúblicoFátima Casarin Centro de Conser-

vação da NaturezaFátima de F. Lopes Soares Fund. Estad. de Engª

e Meio AmbienteFernando Cavalcante Pref. Nova Friburgo –

Sec. M. AmbienteFlávio Antônio Simões Escritório CEIVAPHelga R. Hissa SMH/EMBRAPAJoão Batista Dias Fund. Estad. de Engª

e Meio AmbienteJosé Leomax dos Santos Escritório CEIVAPKátia Leite Mansur Departº Recursos

Minerais – RJLuiz Sérgio Sarahyba Parque Nacional do

Itatiaia – IBAMAMarcos de Souza Menandro Prefeitura Resende

– Sec. M. AmbienteMaria Edith C. Caetano Superint. Est. de Rios

e Lagoas – SERLAMariella Uzêda Instituto BioatlânticaMário Augusto B. Rondon Parque Nac. Serra

Bocaina - IBAMA/RJMarisa C. G. Rocha IPRJ/UERJNelson Teixeira A. Filho SMH/SEAAPIPaulo Sérgio O. de Souza Leite SMADS/Pref.

Municipal dePetrópolis

Pedro Aranha CERBMA/Os VerdesRoberto Frossard Pref. Nova Friburgo –

Sec. M. AmbienteRoberto Lamego Salve a Serra –

ValençaRosemary Sabin Sarahyba Parque Nacional do

Itatiaia - IBAMAVera Lúcia Teixeira ONG Nosso Vale

Nossa Vida – BarraMansa

Verônica da Matta Superint. Est. de Riose Lagoas - SERLA

Virgínia Calaes Arbex Escritório CEIVAPWilson Oliveira R. de Moura Prefeitura Resende

– Sec. M. Ambiente

129128

Flávio Antônio Simões Escritório CEIVAPGeorgina D. F. Muci Faculdade de Filosofia

de CataguasesHelvécio Rodrigues Pereira Filho Associação Vigilantes

do Meio AmbienteHumberto Ferreira de Oliveira Consórcio do Rio

PombaJosé Emilton Silva EMATERJosé Leomax dos Santos Escritório CEIVAPLucinea de Araújo Silva Escola Estadual

Astolfo DutraMargarete do Valle Werneck Consórcio do Rio

PombaMichele Baldanza deBrito Faculdade de Filosofia

de CataguasesNayra Cristina Garcia Ferreira Faculdade de Filosofia

de CataguasesRafael Ferreira de Paula SEE e Inst. CandeiaRenato Gomes Instituto Estadual de

Florestas de UbáRicardo Aguiar da Silva Cia. Força e Luz

Cataguazes LeopoldinaSebastião Vieira de Jesus Instituto Estadual de

FlorestasTheodoro Guerra Oliveira Jr Assoc. do Meio

Ambiente – Juiz deFora

Virgínia Calaes Arbex Escritório CEIVAP

4. RELAÇÃO DE PARTICIPANTES DA OFICINA DE PETRÓPOLIS/RJ –10 DE JUNHO DE 2003

NOME INSTITUIÇÃOAdauto Grossmann EMATER/ESCENAlan C. V. Vargas Superint. Est. de

Rios e Lagoas – SERLAAndré Pinhel Soares Superint. Est. de

Rios e Lagoas – SERLAAndré V. Ramos de Assis MAPA/DFA-RJAndréa Carestiato Instituto IpanemaÂngelo José Rodrigues Lima Escritório CEIVAPCarlito M. de Almeida BASF S.A. – ResendeCarlos Alberto P. Guina Cia. Estadual de

Águas e EsgotosClaudio Serricchio Escritório CEIVAP

CADERNO Nº. 27 - SÉRIE POLÍTICAS PÚBLICASÁGUAS E FLORESTAS NA MATA ATLÂNTICA:

POR UMA GESTÃO INTEGRADA

130

Yara Valverde Palani IBAMA/APAPetrópolis

5. RELAÇÃO DE PARTICIPANTES DO WORKSHOP DE ITATIAIA/RJ –26 E 27 DE JUNHO DE 2003

NOME INSTITUIÇÃOAdauto Grossmann EMATER/ESCENAlan C. V. Vargas Superint. Est. de

Rios e Lagoas – SERLAAlexandre Longhin FERP - SOS AmazôniaAlexandre Nunes COHAB IAndré Pinhel Soares Superint. Est. de

Rios e Lagoas – SERLAAndréa Carestiato Instituto Ipanema –

Rio de JaneiroAndréa Sundfeld Penido Univ. Valeparaibana

– S. José dos CamposÂngelo José Rodrigues Lima Escritório CEIVAPBetty Giovannoni Oliveira 5º SER - CODEMA-

GIBARCClaudio Serricchio Escritório CEIVAPClayton Lino Cons. Nac. Reserva

Biosf. Mata AtlânticaDenival da Costa Vale ParaíbaEdilson de Paula Andrade CEIVAPEduardo R. Netto Reserva da Biosfera da

Mata AtlânticaFátima Casarin Centro de Conservação

da NaturezaFátima de F. Lopes Soares Fund. Estadual de

Engª e Meio AmbienteFlávio Antônio Simões Escritório CEIVAPHelga R. Hissa SMH/EMBRAPAHeloísa Dias Cons. Nac. Reserva

Biosf. Mata AtlânticaHelvécio Rodrigues Pereira Filho Associação Vigilantes

Meio AmbienteJoão Batista Dias Fund. Estadual de

Engª e Meio AmbienteJosé Leomax dos Santos Escritório CEIVAPJosé R. Teles Furnas – São PauloJosiane Aparecida de Souza Instituto Estadual

de Florestas – MG

Juliana Loyola Dep Prot Rec.Naturais – SMA/SP

Júlio Targa Una nas Águas –Taubaté

Lucinea de Araújo Silva Escola EstadualAstolfo Dutra

Luis Felipe Cesar ONG CrescenteFértil – Resende

Luiz Sérgio Sarahyba Parque Nacional doItatiaia – IBAMA

Márcio José S. Carlos BASF-SAGuaratinguetá

Marcos de Souza Menandro Prefeitura Resende– Sec. M. Ambiente

Margarete do Valle Werneck Consórcio do RioPomba – Cataguases

Maria Agostinha da Silva Parque Nacional doItatiaia

Mário Augusto B. Rondon Parque da SerraBocaina - IBAMA

Marisa C. G. Rocha IPRJ/UERJMichele Baldanza de Brito Faculdade de

Filosofia deCataguasesMônica de M. Nunes MOVENayra Cristina Garcia Ferreira Faculdade de

Filosofia de CataguasesNelson Teixeira A. Filho SMH/SEAAPIPaulo Gustavo S. de AlmeidaPaulo Sérgio O. de Souza Leite SMADS/Prefeitura

de PetrópolisRafael Ferreira de Paula SEE e Inst. CandeiaRenato Gomes Instituto Estadual de

Florestas – UbáRicardo Aguiar da Silva Cia. Força e Luz

Cataguases-LeopoldoRoberto Lamego Salve a Serra –

ValençaSamuel Barreto WWFVera Lúcia Teixeira Nosso Vale Nossa

Vida – Barra MansaVerônica da Matta Superint. Est. de Rios

e Lagoas – SERLAVirgínia Calaes Arbex Escritório CEIVAPViviane de Souza Rocha 18º SER – AMAWaldemiro B. de Andrade LIGHT – Piraí

131

CADERNO Nº. 27 - SÉRIE POLÍTICAS PÚBLICASÁGUAS E FLORESTAS NA MATA ATLÂNTICA:

POR UMA GESTÃO INTEGRADA

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Wilson Oliveira R. de Moura Sec. Meio Ambiente/Prefeitura Resende

Yara Valverde Palani IBAMA/APAPetrópolis