Ah Yom!

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  • 7/26/2019 Ah Yom!

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    J faz um tempo um homem morreu... morreu sem deixar de viver, foi aoinferno e voltou... Quando voltou, materializou sua dor de uma forma que sos que estivessem beira da morte pudesse apreender seus ensinamentosde como morrer para se viver em seguida. Em partituras, tas !" e pap#is,registrou todo o caminho que percorreu... $ doen%a, a dor, o limbo, o

    inferno, a morte, sua supera%&o, sua eleva%&o espiritual e, por m, a vida...

    Eu morri, foi tudo muito rpido, diferente de tudo o que eu ' tinha vivido.(&o sei bem como algu#m poderia adoecer e morrer em t&o pouco tempo...Eu simplesmente parei, como se n&o conhecesse mais meu lugar, meu eu...a vida seguiu e eu parei. )etrgica, vi as noites ca*rem e os sis nasceremtantas vezes e eu ali, sei conseguir me mexer... $ brisa, eu podia sentir abrisa, ver o c#u azul, o cheiro... o cheiro da relva, eu sabia que era eu ali,mas eu n&o pertencia mais quele lugar. Eu me movimentava parada, eusabia andar por l... mas n&o conhecia aquele lugar. +onclui que fuiassassinada. alditos assassinos, t&o ego*stas que n&o poderiam pensar em

    nada que n&o fossem si mesmo... -anguinrios, anti#ticos, desalmados.+omo boa morta, eu me fui, deixando todo o universo em movimento pratrs. /odas as chances que me foram dadas foram vistas, compreendidas,mas como se tentasse segurar um espectro de mim mesma eu n&o aspeguei... $s chances inundaram aquela casa, aquela vida, as chancestransbordaram. orta, entendi que n&o carecia ter mais pressa. (&o careciamais me preocupar em fazer tudo... /udo o que s eu podia fazer de repentetodos come%aram a fazer. Eu podia, nalmente, parar... olhar, e deixar avida acontecer sem fazer parte dela.

    0e l do m do t1nel, no lugar da luz que se apagara vinha uma voz dizendo

    que tudo o que havia escapado ia dar seu 'eito de voltar. esmo semenxergar nada, passei a conar na voz... $inda que c#tica, ouvir era um bompassatempo pra quem n&o podia se mexer. 2assei tantos dias tr3mula,incr#dula e raivosa... 0e tanto n&o querer fazer amigos, acabei por acreditarapenas no que n&o existia4 (a voz. 5 amargo do caf#, a fuma%a do cigarro,as estradas que n&o davam em canto nenhum... (ossa, nada faz sentido.(em a voz. 0e quem era a voz6 0o homem que morreu6 Quantos mortosestavam falando6 Era certo conar nos mortos6 7as se tamb#m estoumorta, por que n&o conar em meus iguais68

    7/udo vai dar seu 'eito de voltar.8

    Quando6 Quando iria voltar6 (unca. (&o, n&o volta n&o. 7Quem # voc3 prafalar da minha morte6 2or acaso ressuscitou68 /olo9 E eu6 E minha vida6 $h9$lgu#m levou, estava aqui e n&o est ma... Espera9 Ent&o foi latroc*nio6 2orque estou chorando6 2or que n&o consigo car aqui mas tamb#m n&oconsigo ir a nenhum lugar6 :oz6

    Esque%a os mortos, vamos aos vivos. 0roga9 as os vivos, cheios da suavida, n&o conseguem compreender a morte. 5s mortos por sua vez s&odesocupados, ' morreram, que lhes custa prosear sobre a morte6

    0escobri numa dessas conversas que havia vrias formas de morrer, lentas,

    rpidas, dolorosas, inevitveis, evitveis... (ossa, tantas formas, tantasmortes que a minha pareceu at# uma das melhores... 0escobri tamb#m que

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    havia um 'eito de mexer um pouco as coisas de lugar, n&o dava pra sair daliainda, mas dava pra riscar a areia com gravetos... -ei l9 2assar o tempo.

    $ voz, ela mudou tanto de tom, de ritmo, falou tantas coisas... ;mas ruinsde se ouvir, umas boas, maravilhosas... $t# o seu sil3ncio tinha algo pra medizer.

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