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Raphaela Ferro
Que os brasileiros gostam muitodas redes sociais, não é novidade.O uso delas em prol da Educação
também já não é fato tão novo. Aúltimadelas a entrar no rol de possibilidades deensino-aprendizagem é o Twitter, umamistura de rede social e microblog quepermite aos usuários enviar e receberatualizações pessoais de outros contatosem textos de até 140 caracteres.
Criado em 2006, o Twitter conta hojecom acesso de 23% dos brasileiros usuá-rios de internet (dados de pesquisa daComScore referente a agosto de 2010),percentual maior do que o registrado emqualquer outro país. Já é um indício deaprovação popular, mas será que na salade aula essa aprovação também existe?
Especialista em Educomunicação edoutor em Ciências da Comunicação pelaUniversidade de São Paulo (USP), Clau-demir Edson Viana (@claudemirviana, noTwitter) acredita que o microblog oferece apossibilidade de potencializar os processosde ensino e de aprendizagem em temposde Cultura Digital e em Rede. Gestor dacomunidade virtual de aprendizagem Mi-nha Terra (@minhaterra), do Portal Edu-caRede (@educaredebrasil), Claudemiraposta no Twitter como potente ferramen-ta das redes sociais em prol da Educação.
Mas será que o uso dessa ferramentanão se deve só ao momento, não é item damoda, passageiro? Adiretora do InstitutoCrescer (@instcrescer) e doutoranda emEducação pela USP, Luciana Maria Allan(@lucianaallan), afirma que não. “O Twit-ter é uma das estratégias de rede social.Cada vez que aparece uma ferramenta no-va, é lógico que se procure o potencial deladentro de um processo educacional. Masesse olhar para a rede social, esse olharpara essas ferramentas, não tem volta”.Segundo Luciana, já não dá mais para aescola ignorar as redes sociais. “As escolasprecisam repensar a sua estratégia ou elastendem a perder o sentido”.
Função da escolaSerá mesmo que essa inserção no
mundo virtual não extrapola o papel daescola? Para Luciana e Claudemir, não!Ele acredita que utilizando o Twitter aescola estará cumprindo parte de suafunção, que é a de potencializar habilida-des e capacidades em seus educandos pa-ra a atuação em um contexto social noqual vivem ou viverão. “Trata-se aquitanto de uma aprendizagem funcionalcomo também de aprendizagens que for-mem cidadãos críticos e conscientes parao uso positivo destas ferramentas”.
Já Luciana Maria Allan acrescenta
aí algumas outras funções. “Aescola temtrês papéis principais, referentes a for-mar o jovem: para dar continuidade aosseus estudos, para ingressar no mercadode trabalho e para exercer a sua cidada-nia”, teoriza. Segundo ela, é necessárioexplorar os recursos das redes sociaisporque o estudante terá que estar prepa-rado para usá-los no mercado de traba-lho e também porque fazer uma reflexãosobre o que significa a interação dele nasredes sociais é formá-lo para ser cidadão.
REDES SOCIAIS
Aluno protagonista
Contudo, a inserção da redesocial no cotidiano escolar não po-de ser feita de qualquer forma. É oque explica Claudemir. Segundoele, essa ferramenta deve ser in-corporada à sala de aula por meiode projetos pedagógicos que játragam em sua concepção o prota-gonismo dos alunos e o trabalhocoletivo e colaborativo através deações investigativas sobre temasrelacionados ao currículo escolar.
Protagonismo que gera inte-resse, de acordo com Luciana. “Éuma ferramenta próxima do jovem,que chama a atenção dele, que criatoda uma interatividade com ele. Éum fator motivador no processo deaprendizagem”. E se o professor nãotem muita afinidade com o tal mun-do virtual? “Pergunta para turmadele, para a classe... Eu garanto queda 3ª série primária em diante elevai achar alguém que saiba. Eles [osalunos] criam essas ferramentas emdois segundos”, incentiva Luciana.
E essa, segundo Claudemir, éuma responsabilidade que a escoladeve chamar para si. “Aeducação formal precisachamar para si o educar pa-ra e pelas mídias, em especi-al da web, para cumprir seuimportante papel deformadora de cidadãoscríticos e conscientes”. Oprincipal problema,afirma o doutor, éque a maioria doseducadores e das escolasprefere se eximir desta obrigação.
Professor sabe tudo?O que acontece, segundo
Claudemir, porque a atuação das es-colas ainda se baseia em concepçõesultrapassadas quanto às teorias e àspráticas pedagógicas positivas paraos processos de ensino-aprendiza-gem. “Os educadores, e mesmo oscursos de Pedagogia e Licenciatura,pensam a escola e o educador como'transmissores' de informação, o que,com o fácil acesso à ela viabilizadopela web e demais mídias sociais,perde sentido”, enfatiza Claudemir.
Segundo ele, o medo das redessociais existe porque muitos educado-res ainda acreditam que precisam sa-ber tudo primeiro para depois trans-mitir aos alunos, ao invés de seremmediadores do processo de ensino-aprendizagem, o que seria mais ideal.
Luciana Allan concorda quemuitos professores ainda têm a im-
pressão de que são detentores do sa-ber. “Ele não conseguiu mudar essapostura ainda. Só que hoje, o profes-sor tem que ser um moderador doprocesso de aprendizagem e perce-ber que ele tem muito a aprendercom os alunos também, porque elenão é o detentor do conhecimento”,confirma a doutoranda.
Para ela, o professor tem queperceber que o jovem, navegando narede, pode trazer uma informação no-va para a sala de aula e pode, inclusi-ve, ensiná-lo a usar a tecnologia. “Aídepende do jogo de cintura do profes-sor, para saber lidar com isso e apro-veitar o conhecimento dos alunos”.
Só que não vale, como indicaClaudemir, incorporar o Twitter, ouqualquer novidade da web, de formasuperficial e momentânea, somentepara parecer moderno ou adequado
às expectativas da sociedade. “Senão houver uma aprendizagem pro-cessual por parte dos educadores esuas instituições quanto ao porquê,ao para quê e como se deve incorpo-rar tais tecnologias em suas práti-cas sociais, tudo fica sujeito às fragi-lidades pessoais, profissionais e ins-titucionais”, sentencia o doutor.
SAIBAMAIS
Opções de uso
Não sabe como o Twitter pode entrar na sala de aula? Veja algumas
dicas de Luciana Allan e da doutora em Tecnologias Institucionais e
Mídia, Cristiana Mattos Assumpção (@crismattos).
Backchanneling
“Os alunos usam o Twitter para fazer os seus comentários sobre a
aula que estão assistindo (como se fosse uma conversa paralela
sobre o assunto, só que silenciosa), e o professor ou um ajudante
acompanha para já ir direcionando sua fala de acordo com as
opiniões dos alunos que recebem desta conversa”, explica Cristiana.
Para facilitar o acompanhamento da conversa, pode ser definida
uma hashtag, isto é, uma palavra antecedida por # que todos
repetem em seus posts. Assim ela vira link, clicando nela será
possível ver todos os posts dos alunos que a utilizaram.
Follow
“Outro uso é seguir [follow, em inglês] certas
instituições ou autoridades para receber notícias, saber
como o político está pensando, acompanhar as últimas
pesquisas, entre outras possibilidades”, indica Cristiana.
Luciana concorda: “Você pode acompanhar grupos de
pesquisa, personalidades, pessoas importantes nas áreas de
Ciências, Filosofia e Política e ver o que eles estão pensando.
Pode, inclusive, acompanhar o dia a dia da própria política
brasileira. Os alunos podem seguir pessoas importantes,
acompanhar essa discussão e criar reflexões em cima disso”.
Intercâmbio
“Os alunos podem, em um projeto colaborativo com um outro país,
registrar no Twitter o que estão fazendo a cada hora aqui no Brasil. E
um grupo de alunos de uma escola na Inglaterra, por exemplo, pode
registrar a cada hora o dia a dia lá. O professor pode criar uma
discussão mostrando as diferenças culturais, as diferenças
educacionais, as diferenças geográficas...”, sugestiona Luciana.
Português
Outra dica de Luciana Allan é trabalhar o poder de síntese com
coerência e coesão. “O Twitter, com a limitação de caracteres, é uma
ferramenta que colabora para a divulgação de uma ideia com
poucas palavras. O professor de Português pode desenvolver um
trabalho de síntese com os alunos, sobre um tema ou uma reflexão
e compartilhar isso na rede”.
*
PALAVRAS PALAVRASEM POUCAS
89 Goiânia, 7 a 13 de Novembro de 2010
Claudemir Edson Viana: potencializaçãodo processo de ensino-aprendizagem
Luciana Allan: Twitter tem muito a oferecer como recurso didático
Fotos: Arquivo pessoal
A primeira rede social a ganhar força no Brasil foi o Orkut. Agora, quem cresce cada vez mais na preferência dos brasileiros é o Twitter, ferramenta quetambém chega à Educação, mas ainda depende da aceitação dos professores
16 R$ 2,00www.tribunadoplanalto.com.br/escolaGoiânia, 7 a 13 de Novembro de 2010
EM QUESTÃO: PROJETO DO SESI ORIENTA ALUNOS SOBRE A NOVA ORTOGRAFIA. PÁGINA 5
Ano IV - Número 494Goiânia, 7 a 13 de Novembro de 2010
PPaarraa eessttuuddaarr - Para reforçar o aprendi-zado em sala de aula e adiantar alguns conte-údos, uma boa dica sobre os fatos que marca-ram o nosso país é o site www.historiadobra-sil.net. Neste endereço é possível encontrar in-formações sobre a abolição da escravatura, operíodo colonial, a ditadura. Também sobre al-guns dos principais conflitos que ocorreram noBrasil, como a Guerra de Canudos e a Cabana-gem. Entre outros assuntos, o site traz a tran-scrição do conteúdo de alguns documentosimportantes da nossa história, como a cartade Pero Vaz de Caminha, a Lei do Ventre Livre eainda sobre a Coluna Prestes.
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direcionados exclusivamente para meninas.Entre os variados estilos de games, vale a pena dar
uma navegada pela seção Jogos de Habilidade, ondeuma série de games exige do jogador pensamento rá-pido e muita destreza para chegar à fase seguinte. Ografismo dos jogos é simples, mas atraente e não re-quer muito recurso para ser jogado. Basta apenas us-ar as teclas para cima, baixo e para os lados.
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