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AJES INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DA EDUCAÇÃO 9,0 O BULLYNG NO CONTEXTO ESCOLAR Juliana Follmann [email protected] Orientador: prof. Ilso Fernandes do Carmo CAMPO NOVO DO PARECIS /2012

AJES - Cursos de Graduação e Pós Graduaçãobiblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130522103513.pdf · registrado algumas tragédias em escolas, tendo o Bullying como causa

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AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DA EDUCAÇÃO

9,0

O BULLYNG NO CONTEXTO ESCOLAR

Juliana Follmann

[email protected]

Orientador: prof. Ilso Fernandes do Carmo

CAMPO NOVO DO PARECIS /2012

AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DA EDUCAÇÃO

O BULLYNG NO CONTEXTO ESCOLAR

Juliana Follmann

Orientador: prof. Ilso Fernandes do Carmo

“Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Especialização em Gestão d Educação.”

CAMPO NOVO DO PARECIS /2012

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus.

Aos profissionais A todos os colegas de curso que

me deram força para chegar até a essa etapa de

conclusão deste curso.

A todos os professores e profissionais que

contribuíram para que eu conseguisse construir o

conhecimento em Gestão da Educação no decorrer

do curso.

Por fim, agradeço a AJES – Faculdades do Vale do

Juruena por me ajudar nessa conquista.

Enfim,a todos muito obrigada!

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família pela

compreensão, carinho e paciência com que me tem

apoiado no decorrer do curso, quando tive que me

ausentar algumas vezes para me dedicar aos

estudos.

Também ao meu orientador acadêmico prof. Ilso

Fernandes do Carmo pelos direcionamentos que

me nortearam para que eu conseguisse concluir

esse Trabalho de Conclusão de Curso.

A todos minha eterna gratidão.

EPÍGRAFE

“Não é a consciência do homem que lhe

determina o ser, mas, ao contrário, o seu ser

social que lhe determina a consciência.”

Karl Marx

RESUMO

O motivo que nos levou à escolha do tema: “O Bullying no Contexto

Escolar”, foi o de que o Bullying tem sido um tipo de violência muito comum dentro

das escolas nos dias atuais e que precisa ser combatido. Essa pesquisa apresenta

metodologia bibliográfica e como resultado alcançado, tem-se a considerar que o

Bullying é um tipo de agressão que não se restringe apenas a uma típica instituição

escolar, ou seja, ele ocorre tanto em instituições educacionais públicas quanto

privadas. É uma agressão muito grave, que traz consequencias negativas não só

para as suas vítimas afetando sua formação psicológica, emocional e

socioeducacional, como também para os autores que a promovem, bem como para

as testemunhas que assistem ou até mesmo compartilham. Nesse sentido, portante,

compreende-se que cabe a família e a escola o papel de combatê-lo com atitudes

pontuadas no diálogo, no amor, na justiça e na solidariedade. No Brasil, já foi

registrado algumas tragédias em escolas, tendo o Bullying como causa principal, por

esse motivo, vem sendo desenvolvidos projetos de organizações não

governamentais Anti-Bullying em várias instituições escolares.

Palavras-chave: Bullying. Agressor. Vítima. Escola. Família.

LISTA DE ABREVIATURA

ABRAPIA – Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e a

Adolescência

CEMEOBES – Centro Multidiscipliminar de Estudos e Orientação sobre o Bullying

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..................................................................................................... 08

CAPÍTULO l: BULLYING: ABORDAGEM HISTÓRICA.

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CAPÍTULO II: COMO SE MANIFESTA O BULLYING

2.1 Protagonistas do bulliyng

2.2Bullying entre professor e aluno

2.3 Identificação dos envolvidos

2.4 Onde ocorre o Bullying no ambiente escolar?

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CAPÍTULO III: AS CONSEQUÊNCIAS DO BULLYING

3.1 Papel da família

3.2 Papel da escola

3.3 Como a escola deve denunciar os casos de Bullying?

3.4Programas de redução do Bullying no Brasil

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

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OBRAS CONSULTADAS

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INTRODUÇÃO

O tema escolhido é de suma importância nos dias atuais, pois o Bullying é

um tipo de violência, e sendo violência é um problema de saúde pública importante e

crescente no mundo, com sérias consequências individuais e sociais,

particularmente para com os jovens, que aparecem nas estatísticas como os que

mais morrem e os que mais matam por causa do Bullying.

Hoje em dia, é consenso que esse tipo de violência pode ser evitado, seu

impacto minimizado e os fatores que contribuem para as respostas violentas que ele

venha a provocar. Pois, o Bullying é uma das formas mais visíveis da violência

juvenil presentes na sociedade, assim denominada por ser cometida por pessoas

com idades entre 10 e 21 anos. Grupos em que o comportamento violento é

percebido antes da puberdade tendem a adotar atitudes cada vez mais agressivas,

culminando em graves ações na adolescência e na persistência da violência na fase

adulta.

Quando se aborda a violência contra a criança e o adolescente, vincula-se

aos ambientes onde ela ocorre. Assim, a escola surge como um espaço ainda pouco

explorado, principalmente com relação ao comportamento agressivo existente entre

os próprios estudantes. A violência nas escolas é um problema social grave e

complexo e, provavelmente, o tipo mais frequente e visível da violência juvenil.

A violência na escola diz respeito a todos os comportamentos agressivos e

antissociais, incluindo os conflitos interpessoais, danos ao patrimônio, atos

criminosos, etc. Muitas dessas situações dependem de fatores externos, cujas

intervenções podem estar além da competência e capacidade das entidades de

ensino e de seus funcionários. Porém, para um sem número delas, a solução

possível pode ser obtida no próprio ambiente escolar.

O comportamento violento, que causa tanta preocupação e temor, resulta da

interação entre o desenvolvimento individual e os contextos sociais, como a família,

a escola e a comunidade. Infelizmente, o modelo do mundo exterior é reproduzido

nas escolas, fazendo com que essas instituições deixem de ser ambientes seguros,

modulados pela disciplina, amizade e cooperação, e se transformem em espaços

onde há violência, sofrimento e medo.

O Bullying começou a ser pesquisado cerca de dez anos atrás na Europa,

quando se descobriu o que estava por trás de muitas tentativas de suicídio entre

adolescentes. Sem receber a atenção da escola ou dos pais, que geralmente

achavam as ofensas bobas demais para terem maiores consequências, o jovem

recorria a uma medida desesperada. Atualmente, todas as escolas do Reino Unido

já implantaram políticas antibullying.

Os estudos da ABRAPIA demonstram que não há diferenças significativas

entre as escolas avaliadas e os dados internacionais. A grande surpresa foi o fato de

que aqui os estudantes identificaram a sala de aula como o local de maior incidência

desse tipo de violência, enquanto, em outros países, ele ocorre principalmente fora

da sala de aula, no horário de recreio.

Estudos sobre as influências do ambiente escolar e dos sistemas

educacionais sobre o desenvolvimento acadêmico do jovem já vêm sendo

realizados, mas é necessário também que tais influências sejam observadas pela

ótica da saúde.

A escola é de grande significância para as crianças e adolescentes, e os que

não gostam dela têm maior probabilidade de apresentar desempenhos

insatisfatórios, comprometimentos físicos e emocionais à sua saúde ou sentimentos

de insatisfação com a vida.

Os relacionamentos interpessoais positivos e o desenvolvimento acadêmico

estabelecem uma relação direta, onde os estudantes que perceberem esse apoio

terão maiores possibilidades de alcançar um melhor nível de aprendizado. Portanto,

a aceitação pelos companheiros é fundamental para o desenvolvimento da saúde de

crianças e adolescentes, aprimorando suas habilidades sociais e fortalecendo a

capacidade de reação diante de situações de tensão.

A agressividade nas escolas é um problema universal. O Bullying e a

vitimização representam diferentes tipos de envolvimento em situações de violência

durante a infância e adolescência. O Bullying diz respeito a uma forma de afirmação

de poder interpessoal através da agressão. A vitimização ocorre quando uma

pessoa é feita de receptor do comportamento agressivo de outraque se julgar ser

mais poderosa. Tanto o Bullying como a vitimização têm consequências negativas

imediatas e tardias sobre todos os envolvidos: agressores, vítimas e observadores.

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Mediante a tudo isso ora explanado, este trabalho tem por objetivo geral

discutir as situações de violências oriundas do Bullying na tentativa de reduzir sua

continuidade no ambiente escolar. E se justifica, por ser o Bullying um problema

mundial, como uma brincadeira própria do amadurecimento da criança, porém, com

interpretação equivocada, a prática vem se alastrando cada vez mais no ambiente

escolar, trazendo como conseqüência o desrespeito, o preconceito pelo próximo,

causando uma extrema dificuldade na aprendizagem do aluno.Portanto, essa

pesquisa possibilita a escola conhecimento científico e prático, que possa prevenir e

diminuir as condutas de Bullying no ambiente escolar. Ao contrário da violência,

incentivar a solidariedade, o respeito, o diálogo e a valorização das diferenças

culturais.

Entende-se que o Bullying é uma ferramenta grosseira de desconstrução, e

precisa ser combatido. No trabalho de pesquisa foi utilizada uma pesquisa

bibliográfica e uma pesquisa de campo de caráter quantitativo. Para o

desenvolvimento desse trabalho foram pesquisados alguns autores como Cleo

Fante, Gabriel Chalita, Pedra e o site da ABRAPIA.

Para tanto, esse trabalho de pesquisa bibliográfica, ficou dividido em três

capítulos, a saber:

No primeiro capítulo, apresenta-se uma abordagem histórica sobre o

surgimento do Bullying, conceituando-o como todos os atos de violência física ou

psicológica intencional e repetitiva, e como ele se apresenta.

No segundo capítulo, apresenta-se como se manifesta o Bullying. Quais

seriam os atores envolvidos.

No terceiro capítulo, traz-se uma reflexão sobre as conseqüências referentes

ao Bullying, que são inúmeras e variadas, afetando todos os envolvidos e em todos

os níveis de idade. Abordamos também o papel da família e o papel da escola frente

ao Bullying, como a escola deve denunciar os casos de Bullying e o os programas

de redução do antibullying no Brasil.

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CAPÍTULO l

BULLYING: ABORDAGEM HISTÓRICA

A palavra Bullying, segundo o FERREIRA (2011), é de origem inglesa,

adotada em muitos países para definir o desejo consciente de maltratar e inibir uma

ou outra pessoa e colocá-la sobtensão. Termo usado para conceituar todos os atos

de violência física ou psicológica intencional e repetitiva, que se manifesta sem

nenhum motivo aparente, praticados por uma pessoa ou grupo de pessoas, contra

outro(s), com o objetivo de intimidar ou agredir o indivíduo incapaz de se defender,

causando nas vítimas muito sofrimento, levando-as ao isolamento social e em

alguns casos à agressividade.

As brincadeiras acontecem naturalmente entre as crianças, são saudáveis,

todos participam se divertem e são incluídas. As brincadeiras passam a ser Bullying,

segundo FANTE (2005), quando há exclusão, sentimentos negativos e violência.

De acordo com FANTE (2005), alguns pesquisadores consideram no mínimo

três ataques contra a mesma vítima durante o ano.Bullying é um conjunto de

atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que ocorrem sem motivação evidente,

adotado por um ou mais alunos contra outro(s), causando dor, angústia e

sofrimento. Insultos, intimidações, apelidos cruéis, gozações que magoam

profundamente, acusações injustas, atuação de grupos que hostilizam, ridicularizam

e infernizam a vida de outros alunos levando-os à exclusão, além de danos físicos,

morais e materiais, são algumas das manifestações do comportamento Bullying.

(FANTE, 2005, p.28 e 29)

No Brasil não existe uma tradução para a palavra Bullying. Entretanto, a

Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção a Infância e a Adolescência

(ABRAPIA), relaciona algumas expressões que podem ser definidas como Bullying,

como o ato de zoar, provocar, isolar, excluir, gozar, apelidar, discriminar, agredir,

ignorar, chutar, ameaçar, amedrontar, quebrar material, ferir, perseguir, intimidar,

ofender e sacanear o próximo. Esses atos podem causar dor silenciosa na maioria

das vítimas, levando-as ao distanciamento da escola.

Conforme o pensamento de CHALITA (2008), o Bullying é um conceito muito

bem definido, não escolhe classe social ou econômica, escola pública ou particular,

área urbana ou rural, ele está presente em grupos de crianças e de jovens, em

escolas de países e culturas diferentes. Isso nos mostra que o Bullying está sendo

considerado motivo de agressividade nas escolas, trazendo consequências

negativas para todos os protagonistas do Bullying, afetando a formação psicológica,

emocional e sócio-educacional do aluno.

Entendendo que o Bullying é um problema mundial, encontrado em qualquer

escola, não se restringindo a um tipo específico de instituição escolar.

Segundo FANTE (2005, p.45), foi Dan Olweus, quem desenvolveu os primeiros

critérios para detectar o problema de forma específica, podendo diferenciar as

interpretações como os atos de gozações ou relações de brincadeiras entre iguais,

próprias do processo de amadurecimento do indivíduo.

No passado nada se sabe concretamente sobre o Bullying antes da década

de 1970. Foi somente com pesquisas realizadas em 1972 e 1973, na Escadinávia,

que as famílias perceberam a seriedade dos problemas decorrentes da violência

escolar. A inquietação alastrou-se pela Noruega e Suécia e, posteriormente, por

toda a Europa. (CHALITA 2008, p.100).

O primeiro país a preocupar com o Bullying escolar, segundo CHALITA

(2008), foi a Suécia, na década de 1970, quando ocorreram várias agressividades

no ambiente escolar. A escola juntamente com a sociedade tentou investigar e

solucionar métodos preventivos para a resolução do problema.

Na Noruega, conforme CHALITA (2008), o Bullying foi motivo de

preocupação e inquietação nos meios de comunicação e entre professores e pais,

sem que as autoridades educacionais se comprometessem de forma judicial.No final

de 1982, o Bullying passou a ser motivo de preocupação e atenção nas entidades

escolares, quando o jornal noticiava o suicídio de três alunos, com idade de 10 a 14

anos, no Norte da Noruega, sendo que a principal causa foi identificada por maus

tratos que eram recebidos por seus companheiros de escola. Isso fez com que o

Ministro da Educação da Noruega, realizasse uma campanha nacional contra os

problemas da violência entre alunos no ambiente escolar. O professor e pesquisador

da Universidade de Bergen, Dan Olwues, durante certo tempo investigou nas

escolas as agressões cometidas entre agressores e suas vítimas, para diferenciar o

problema de forma específica, avaliando a natureza e ocorrência dessas agressões.

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Inicialmente Dan Olweus, pesquisou 84 mil estudantes, trezentos a

quatrocentos professores e mil pais, incluindo vários períodos de ensino. Para a

realização dessa pesquisa Dan Olweus desenvolveu um questionário padrão, com

25 questões, ao término constatou que a cada sete alunos, um estava envolvido em

casos de Bullying.

Com essa situação foi possível realizar um programa de intervenção

proposto por Dan Olweus, juntamente com o governo norueguês e que veio a

reduzir 50% dos casos de Bullying. Esse programa envolveu professores a alunos,

com o objetivo de conscientizar e prevenir o Bullying no ambiente escolar. Esse fato

incentivou outros países, como o Reino Unido, Canadá e Portugal, a promoverem

campanhas de intervenção.

De acordo com as pesquisas de FANTE (2005), o Bullying vem aumentando

entre alunos das escolas americanas. Os pesquisadores americanos classificam

Bullying como um conflito global e se vier a persistir essa tendência, será enorme a

quantidade de jovens que se tornarão adultos abusadores e delinqüentes.Ainda com

base no pensamento dessa autora, não existe diferença entre o Bullying praticado

no Brasil e nos Estados Unidos, ou em qualquer outro lugar do mundo, o que varia

são os índices encontrados em cada país.Baseado nos dados da ABRAPIA, nos

diversos países pode-se afirmar que o Bullying está presente em todas as escolas.

No Brasil, o Bullying aparece em uma quantidade pequena, comparada a países como os Estados Unidos, Espanha e onde o assunto é expandido com intensidade devido a graves consequências do Bullying dentro do ambiente escolar.No Brasil, o Bullying ainda é pouco comentado e estudado, motivo pelo qual não existem indicadores que nos forneçam uma visão global para que possamos compará-lo aos demais países. (FANTE 2005, p.46)

Conforme citação acima é possível dizer que, o Brasil em relação à Europa,

no que se refere aos estudos e tratamento desse comportamento, está com pelo

menos 15 anos de atraso. Isso nos mostra que nas escolas brasileiras o Bullying

apresenta índices inferiores aos países europeus.

Gabriel CHALITA (2008), em suas pesquisas constatou que a professora

Marta Canfielde e seus colaboradores realizaram umas das primeiras investigações

registradas sobre o Bullying no Brasil, isso ocorreu no ano de 1997. Observou o

comportamento agressivo em crianças de quatro Escolas Públicas em Santa Maria-

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RS. Para a realização dessas pesquisas, a professora Marta Canfielde adaptou e

aplicou o questionário de Dan Olweus.

Posteriormente foi realizado estudos em várias escolas brasileiras, (Rio de

Janeiro e São José do Rio Preto-SP), no período de 2000 a 2003. Com o trabalho

realizado nessas escolas foi possível iniciar o mapeamento da violência escolar no

Brasil, com o objetivo de prevenir as violências que ocorrem no ambiente escolar.

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CAPÍTULO II

COMO SE MANIFESTA O BULLYING

Sabe-se que, as ações do Bullying entre os alunos apresentam

características comuns, como comportamentos agressivos de forma repetitiva e

violenta contra uma mesma vítima, dificultando assim a defesa da mesma. Segundo

CHALITA (2008), sobre as práticas do Bullying, pode ser considera como sendo uma

forma sutil de violência, que, geralmente envolve colegas da mesma sala de aula,

gera comportamentos agressivos que podem ser classificados como Bullying direto

ou Bullying indireto.Ambas as formas é prejudicial a todos os envolvidos do Bullying,

afetando principalmente a vítima.

O Bullying direto ocorre quando a vítima é atacada diretamente pelo

agressor, sendo utilizado com uma frequência maior entre os meninos, usando

agressões físicas como: bater, chutar, tomar pertences, empurrões, roubos; e as

atitudes verbais que são os insultos, apelidos pejorativos que ressaltam defeitos ou

deficiências e atitudes de discriminação, expressões e gestos que geram mal estar

às vítimas.

Geralmente o Bullying indireto, é a forma mais adotada entre o sexo

feminino e crianças menores. As estratégias utilizadas são atitudes de indiferença,

difamações, fofocas, rumores degradantes sobre a vítima e familiares, entre outros.

De acordo com Gabriel Chalita (2008), o Bullying indireto leva a vítima ao isolamento

social, desenvolvendo uma atitude de insegurança e dificuldade de se relacionar,

muitas vezes tornando-se uma pessoa retraída, e indefesa.

No Bullying indireto os meios de comunicação é uma forma eficaz, que vem

crescendo assustadoramente junto com o desenvolvimento da internet e dos

telefones celulares, pois divulgam, com rapidez comentários cruéis e maliciosos

sobre as pessoas. Essa crueldade virtual é conhecida como cyberbullying. Nesta

forma de Bullying o agressor se esconde no anonimato e tortura a vida de outros

colegas, através de páginas difamatórias na internet, mensagens de texto anônimo

entre outros.

De acordo com PEDRA (2008, p.67), estudos revelam que, na Inglaterra,

25% das meninas são vítimas de ciberbullying através de celulares. Nos Estados

Unidos, um dado surpreendente foi divulgado pela imprensa 20% dos alunos do

ensino fundamental são alvos dessa forma de violência.Conforme o pequeno

fragmento textual citado anteriormente entende-se que, os maiores praticantes do

ciberbullying são os adolescentes, não sendo possível traçar um perfil, por se tratar

de ataques virtuais, a imagem e a identidade do agressor não são expostas, e

quando são descobertos pelas vítimas geralmente não os denunciam.O mesmo

autor relata que, a denúncia é o principal instrumento para a interrupção desses

atos. Entretanto, prevenir é o melhor caminho, devendo ser começado pela família

com a parceria com as escolas.Os alunos devem ser orientados sobre o assunto e

conduzidos à reflexão sobre os limites da internet. O uso do computador tem gerado

muitas discussões em família, por não conseguirem delimitar o tempo dos filhos no

computador e nem estabelecer regras.

2.1 PROTAGONISTAS DO BULLYING

A partir da compreensão que, os protagonistas do Bullying podem ser

classificados como autor, vítima e testemunha de acordo com sua reação à situação

do Bullying, não há evidências que permita saber qual personagem adotará cada

aluno, sendo que poderá sofrer alterações de acordo com as circunstâncias

vivenciadas dentro da escola.Nesse sentido, CHALITA (2008, p. 85) relata que “são

vários os alunos envolvidos nessa situação de Bullying.” Identificá-los é fundamental,

mas com o cuidado de não rotular os estudantes, para que não sejam motivos de

rumores desagradáveis dentro da comunidade escolar. Em todos os casos os

envolvidos no Bullying podem sofrer graves consequências no que se diz respeito há

aprendizagem escolar e ao convívio social.

Conforme afirma CHALITA (2008, p.86), os autores do Bullying,

normalmente “são alunos populares que precisam de platéia para agir.

Reconhecidos como valentões, oprimem e ameaçam suas vítimas por motivos

banais, apenas para impor autoridade.” Com isso, compreende-se que o autor do

Bullying se sente reconhecido e realizado, sempre mantendo um grupo em torno de

si, para se permanecer apoiado e fortalecido, sentindo prazer e satisfação em

dominar, controlar e causar danos e sofrimento as vítimas.

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FANTE (2005, p.73), salienta que frequentemente o autor do Bullying é

membro de família desestruturada, nas quais há pouco relacionamento afetivo entre

si, ausência de limites e ao modo de afirmação de poder dos pais sobre os filhos,

por meio de práticas educativas, que incluem maus-tratos físicos e explosões

violentas.

Quando os pais ou responsáveis exercem um acompanhamento precário ao

seu filho, adotando comportamentos agressivos ou explosivos para tentar solucionar

os conflitos que há no ambiente familiar, contribui para que este reproduza a

agressividade sofrida, no meio escolar.

Para FANTE (2008, p. 75), o agressor do Bullying:

apresenta-se mais forte que seus companheiros de classe e de suas vítimas em particular, podendo ser fisicamente superior nas brincadeiras, brigas e nos esportes, entretanto o autor pode ter a mesma idade ou ser um pouco mais velho que suas vítimas.

Segundo estudos da ABRAPIA, a maioria dos casos dos autores de Bullying,

procura para vítimascom características específicas, como: deficiência física, baixa

estatura, inteligência superior entre os demais, submissão, dificuldades na

aprendizagem, aspecto físico frágil, timidez, religião e culturas diferenciadas, cor de

pele.

FANTE (2005, p.64), afirma que:

crianças portadoras de deficiências físicas e de necessidades educacionais, correm maior riscos de se tornarem vítimas do autor do Bullying, com a possibilidade de duas a três vezes maiores que as crianças consideradas normais.

Segundo FANTE (2005, p.71-72), estudiosos da área do Bullying identificam

e classificam os tipos de papéis desempenhados, entre as vítimas, como: “vítima

típica, vítima agressora, vítima provocadora.”

É considera vítima típica, aquele aluno que recebe as agressões de outro,

não dispondo de habilidades físicas e emocionais para reagir.Os ataques constantes

e as agressões contra essa vítima pode comprometer o desenvolvimento desses

alunos dentro da sala de aula, aumentando a ansiedade e o conceito negativo sobre

si mesmo.O silêncio da vítima se torna um aliado poderoso dos agressores,

ajudando a aumentar a violência dentro da comunidade escolar. Muitas vezes a

vítima típica não comenta sobre as agressões sofridas, por vergonha, por medo de

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represália, intimidações, por não acreditarem que a mesma esta falando a verdade,

temor pelas reações dos familiares, pela incapacidade de defesa.

O comportamento, os hábitos, a maneira de se vestir, a falta de habilidades

em alguns esportes, a deficiência física ou aparência fora do padrão de beleza

imposto pelo grupo, o sotaque, a gagueira, a raça podem ser motivo para a escolha

de uma vítima, afirma CHALITA (2008, p.87). No entanto, é preciso salientar que o

fato de algum aluno apresentar essas características não significa que seja ou venha

a ser vítima de Bullying.

Quando a humilhação é constante contra a vítima, ela perde a identidade,

porque a mesma e os demais a reconhecerão somente através daquela

característica negativa que está sendo focada.

Segundo FANTE (2005, p.71-72), as vítimas típicas do Bullying são

indivíduos selecionados, sem um motivo claro, para sofrer ameaças, humilhações e

intimidações, geralmente sentem medo de reagir às agressões sofridas devido a sua

baixa estima e insegurança, se tornando um indivíduo pouco sociável. A autora,

ainda comenta que a vítima típica do Bullying sente dificuldades de impor-se ao

grupo, tanto físico como verbalmente, por não ter hábitos de agressividades, os

sofrimentos das vítimas podem ser prolongados com muita dor e angústia.

Acreditando serem merecedores desses maus tratos, preferem sufocar seus

sentimentos que denunciar os supostos agressores, buscando cada vez mais o

isolamento social. Geralmente as vítimas típicas preferem ficar perto dos adultos,

procurando evitar seus colegas.

A vítima agressora é o aluno que é agredido e transfere todo o seu

sofrimento para outro indivíduo reproduzindo as agressões sofridas em uma

situação de violência mais discreta, com a mesma intensidade de agressividade.

Essas vítimas agressoras posteriormente podem tornar-se agressores de colegas

considerados mais fracos e indefesos. Em casos extremos, são aqueles que se

munem de armas e explosivos e vão até a escola em busca de justiça. Matam e

ferem o maior número possível de pessoas e dá fim a própria existência.

A vítima provocadora, segundo FANTE (2005, p.72), “possui gênio ruim,

tenta brigar ou responder quando é atacada, ou insultada, mas geralmente de

maneira ineficaz.” Pode ser imperativa, inquieta, e ofensora. É de modo geral, tola,

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imatura de costumes irritantes, e quase sempre é responsável por causar tensões

no ambiente em se encontra.

As testemunhas representam a maioria dos alunos da escola. Elas não

sofrem e nem praticam Bullying, mas sofrem as suas conseqüências, por

presenciarem constantemente situações de sofrimento vivenciadas pelas vítimas.De

acordo com PEDRA (2008, p.61), muitas das testemunhas “repudiam as ações dos

agressores, mas nada fazem para impedir.” Entretanto alguns alunos usam

estratégias para se defender e não serem a próxima vitima, através de risadas,

permitindo as agressões, ou fingem se divertir com o sofrimento das vítimas.

2.2 BULLYING ENTRE PROFESSOR E ALUNO

FANTE (2008), relata que é grande o número de professores considerados

vítimas do Bullying em seu ambiente de trabalho, sendo a maioria mulheres. Muitos

são perseguidos, humilhados, assediados sexualmente; moralmente ameaçados,

não com agressões físicas, mas com avisos apavorosos em relação a seus

pertences. Para os alunos são apenas brincadeiras inofensivas que não prejudica

ninguém.A mesma autora, afirma que tudo isso provoca grande constrangimento

aos profissionais da educação, prejudicando sua autaestima e principalmente o

desempenho de suas funções dentro da sala de aula, causando um acentuado

stress, mal estar e fadiga que mais tarde refletirão nas relações com seus alunos,

familiares e colegas de trabalho.De todas as formas de Bullying a que parece deixar

marcas nos professores são os rebaixamentos junto a colegas e alunos, em relação

às observações sobre o aspecto físico ou sua forma de vestir.

FANTE (2008, pg.15) relata que, “o professor tem assegurado o direito a

segurança na atividade profissional, com penalização da prática de ofensa corporal

ou outra violência sofrida no exercício das suas funções.” Entendendo assim que o

professor que for ameaçado ou que tenha sofrido alguma outra forma de agressão,

que coloque sua vida em risco ou sua dignidade, deve procurar a direção da escola,

sendo o diretor responsável, cabe a ele tomar as providências necessárias. É

importante salientar que alguns professores são vítimas e agressores ao mesmo

tempo. Praticam Bullying direto e indireto contra seus alunos, perseguindo,

humilhando, ridicularizando, intimidando e acusando.

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Quando o professor não tem equilíbrio emocional para lidar com os atos de

agressividade entre alunos que ocorrem em sala de aula, por ser incapaz de

oferecer uma resposta eficaz a situação, acaba reagindo com agressividade. Assim

os professores, segundo CHALITA (2008), se “convertem” em agressores devido a

sua postura de “autoritarismo e intimidação” na tentativa de obter poder e controle

diante dos alunos.Esses professores agressores fazem comparações, constrangem,

criticam, chamam a atenção em público, mostram ter afinidades por determinados

alunos em relação a outros, rebaixam a autoestima e a capacidade cognitiva, fazem

comentário preconceituosos em relação ao aluno e seus familiares. Portanto, a

vítima de um educador sofre terrivelmente na comunidade escolar, esse fato gera

vários sentimentos negativos, prejudicando sua aprendizagem e a desmotivação

pelos estudos.

2.3 IDENTIFICAÇÃO DOS ENVOLVIDOS

FANTE (2005), afirma que o Bullying tem como característica principal a

violência oculta, sendo difícil detectá-la. Portanto, é importânte ressaltar que,

qualquer mudança que venha ocorrer no comportamento da criança é motivo de

alerta para pais e educadores. Por meio da observação e discussão sobre o

comportamento individual dos alunos os professores podem identificar os que

praticam Bullying, assim estará minimizando a violência escolar, já que a maioria dos

envolvidos se recusa em falar abertamente se estão sendo vítimas ou testemunhas.

Entretanto, eles convivem com a violência e se calam ou são ignorados em suas

observações por pais e professores.

Como a maioria das vítimas fica em silêncio, é necessário que profissionais

da educação e pais fiquem atentos a alguns sinais. Segundo FANTE (2005, p.74-75-

76), para que um aluno possa ser identificado como vítima, os educadores devem

observar alguns comportamentos, como:

Frequentemente está isolado e separado do grupo de colegas; procura sempre estar próximo do professor ou de algum adulto; se sente inseguro ou ansioso; dificuldades em expor; nos jogos em equipe é último a ser escolhido; está sempre triste, deprimido ou aflito; desleixo, quando na volta da escola, apresenta feridas, arranhões, perda de seus pertences.

A autora salienta ainda que é essencial que pais ou responsáveis

acompanhem o dia-a-dia do andamento escolar do seu filho, para que possam

20

identificar se o mesmo está sendo vítima da conduta do Bullying. É necessário

observar em seu filho comportamentos, como: dor de cabeça frequentemente, pouco

apetite, dor de estômago, tonturas principalmente no período da manhã; muda de

humor de maneira inesperada, desinteresse pelas atividades escolares; regressa da

escola com roupas rasgadas ou sujas e com o material escolar danificado; pede

dinheiro extra a família; gasto excessivo na cantina da escola; apresenta marca de

agressões corporais; medo ou falta frequentemente as aulas; apresenta aspecto

contrariado, triste, deprimido, aflito ou infeliz.

Os agressores normalmente acham que todos devem fazer suas vontades e

se acham ser o centro das atenções.

FANTE (2005, p.74), baseado nas pesquisas do professor Dan Olweus,

afirma que, para identificar se um aluno pratica a agressividade do Bullying, é

necessário que os profissionais da educação observem os comportamentos

individuais de cada um de seus alunos:

Se os mesmos fazem brincadeiras ou gozações de maneira desdenhosa de outros colegas; coloca apelidos de forma desagradáveis; faz ameaças; dá socos; pontapés; puxa os cabelos; envolve-se em discussões e desentendimentos; pega materiais escolares de outros colegas sem consentimento.

Em casa é importante que pais ou responsáveis observem comportamentos

diferenciados nos filhos quando regressam da escola com roupas amarrotadas e

com ar de superioridade, apresentam atitudes hostis, desafiantes, são agressivos

com os membros da família, chegando ao ponto de aterrorizá-los sem levar em

conta a idade ou a diferença de força física, são habilidosos para sair-se bem de

situações difíceis, possuem objetos ou dinheiros sem justificar sua origem.

FANTE (2005), em suas pesquisas realizadas em escolas, constatou que

nos “ciclos iniciais (jardim e pré-escola) até a 4ª série” é mais fácil identificar se os

alunos estão sendo envolvidos nas “condutas Bullying”, já que as crianças são mais

transparentes que os demais alunos. Os profissionais da educação devem ter

atenção com os “alunos com necessidades educativas especiais”, pois elas

constituem em um grupo de risco, por serem crianças frágeis.

2.4 ONDE MAIS OCORRE O BULLYING NO AMBIENTE ESCOLAR?

21

Todos desejam que as escolas sejam ambientes seguros e saudáveis, onde

as crianças e adolescentes possam desenvolver, ao máximo os seus potenciais

intelectuais e sociais.Porém, a violência vem invadindo as instituições escolares,

atualmente sob o nome de Bullying, que são atitudes ofensivas, comentários

maldosos, agressões físicas ou psicológicas, transformando a vida escolar de muitos

alunos em um verdadeiro transtorno para o processo de aprendizagem.

FANTE (2005, pg.47), baseado nas explicações do professor Dan Olweus,

acrescenta que é normal em uma sala de aula, existir entre os alunos, diversos tipos

de conflitos e tensões. Existem também várias outras interações agressivas, que

ocorrem quando o aluno quer se divertir ou como forma de autoafirmação,

mostrando ser mais forte que outros colegas.

O comportamento violento e agressivo que um aluno apresenta na escola,

provoca sofrimento aos demais colegas e professores, de forma violenta ou não tem

sua origem dentre outros fatores, no modelo educativo familiar de acordo com o qual

foi criado. (FANTE, 2005, p.173)

Segundo pesquisas realizadas por FANTE (2005, p. 65), durante o ano de

2000 a 2003, ela constatou que, “o Bullying torna-se uma atitude difícil de ser

combatida, pois o aluno trás esse comportamento internalizado em sua

personalidade.” E que em geral ocorre dentro das salas de aulas, nos banheiros,

corredores, quadras esportivas e mediações das escolas. Também ocorrem entre

outros locais fora da escola mais de convivência comum dos alunos.

PEDRA (2008, p.53-54), relata que na maioria dos países, constatou-se que

o pátio de recreio é o lugar de maior incidência dos ataques de Bullying. Porém, no

Brasil as pesquisas apontam para a sala de aula, por ser um tema novo de

discussão no meio educacional brasileiro, sendo que a maioria dos professores

desconhece o Bullying.

Por isso, é importante que a escola tenha profissional habilitado para

observar o comportamento das crianças durante o intervalo nos pátios, para

combater a manifestação do Bullying, já que se compreende que todos são vítimas

desse mal.

22

CAPÍTULO III

AS CONSEQUÊNCIAS DO BULLYING

Nota-se que as consequências referentes ao Bullying são inúmeras e

variadas, afetando todos os envolvidos e em todos os níveis de idade. Quando não

há intervenções efetiva contra o Bullying, o ambiente escolar fica totalmente

contaminado.

De acordo com FANTE (2005, p.9), as vítimas, agressores e as testemunhas

do Bullying, estão sujeitos a sofrer prejuízos na formação “psicológica, emocional e

socioeducacional”.

Considera-se que os alunos que são vítimas das agressões, por um período

prolongado de tempo, dependendo da intensidade do sofrimento vivido e não

conseguindo superar os traumas causados, dependendo da característica individual

de cada um, tendo dificuldade de se relacionar consigo mesma, com o meio social e

com a sua família, poderá ter pensamentos destrutivos, alimentados pela raiva

reprimida, em consequência nasce o desejo de cometer suicídio.

Outras vítimas, após anos de sofrimento, chegando aos limites de suas

forças. Não suportando mais as humilhações sofridas, revoltam-se contra a escola e,

movido por ideias de vingança, resolvem explodi-la ou exterminar seus alunos e

professores. PEDRA (2008), comenta que o primeiro procedimento adotado pela

escola deve ser treinar os profissionais de segurança, recepção e limpeza a

identificar objetos e correspondências suspeitas.

Muitas vezes, o aluno pode enviar o material explosivo para a escola sem

identificação ou deixar o embrulho em algum local, como pátio ou banheiro. É

importante também que os professores e a direção escolar observem se os alunos

têm marcas de queimadura ou lesões que evidenciem experiências com explosivos.

Em se tratando de dificuldades emocionais das vítimas, o Bullying pode

alterar suas relações sociais com os professores e colegas, quando o aluno começa

a apresentar baixa autoestima e dificuldadede se adequar ao sistema educativo,

tendo uma queda excessiva no rendimento escolar, desinteresse pelos estudos,

“déficit de concentração” e de aprendizagem, reprovação e em muitos a evasão

escolar.

FANTE (2005, p.79), baseado nas pesquisas do professor Dan Olweus,

afirma que há uma grande possibilidade da criança vítima de Bullying a se tornar

depressiva, aos 23 anos de idade, transformando-a em um adulto com dificuldade

de relacionar e prejudicando sua vida acadêmica.

Ainda, segundo a autora esclarece que, quanto às consequências do

Bullying sobre os próprios agressores, de ambos os sexos indicam que eles podem

adotar comportamentos delinquentes, como a agressividade sem motivo aparente, o

uso de drogas e armas ilegais, furtos, formação de gangues, chegando com

facilidade a marginalidade. A participação das meninas nessa fase é pouco menor

que a dos meninos.

Os agressores que exercem esses comportamentos delinquentes,

normalmente se distanciam das atividades escolares, supervalorizando a violência

como uma forma natural e o prazer de se sentir poderoso.

As testemunhas da conduta do Bullying abrangem a maioria dos alunos,

mesmo não se envolvendo diretamente.

Segundo a ABRAPIA as testemunhas também se veem afetadas por esse

ambiente de tensão e acabam sofrendo suas consequências, tornando-se

“inseguras” e temerosas, podendo desta forma comprometer sua aprendizagem

escolar, em alguns casos elas possam vir a se tornar as próximas vítimas. Isso

acontece, porque o direito que elas tinham a uma escola segura e saudável foi

corrompido, na medida em que Bullying foi afetando os demais envolvidos.

3.1 O PAPEL DA FAMÍLIA

Segundo MORENO (2002, p.251), os valores “são um dos traços mais

importantes do aprendizado no seio familiar.” Diante do que se tem comprovado por

meio de estudos e pesquisas de autores, das ciências sociais, a família é a primeira

escola de saber, de civismo e cidadania, é no lar que a criança aprende a ter

interesse pela vida, e ter confiança em si mesma, e acreditar que se pode seguir em

frente. Educar em valores só é possível quando existe um amor verdadeiro em seu

sentido mais profundo.

24

Segundo PEDRA (2008, p.123), o afeto entre os membros de uma família é

o começo de toda educação estruturada, por isso, se torna importante que os pais

encontrem tempo para a convivência saudável, especialmente com seusfilhos,

mantendo um diálogo constante. Procurar conhecer o mundo deles e deixá-los que

conheçam o seu. É essencial que os filhos encontrem em casa um ambiente de

amor e aceitação, favorável a que se expressem, tanto sobre seus triunfos e suas

conquistas como sobre seus fracassos e suas dificuldades, nos relacionamentos,

nos estudos ou em relação a si mesmo.Portanto,é no ambiente familiar sólido que a

criança deve criar relacionamentos significativos e duradouros sendo capaz de

desenvolver atitudes e valores humanos, sabendo respeitar e aceitar as diferenças

de cada indivíduo, assim a criança aprenderá a lidar com seus próprios sentimentos

e emoções, suprindo suas necessidades de amor e valorização, valores que

ajudarão no desenvolvimento de habilidades de autodefesa e alto-afirmação.Quando

a família abre mão desse aprendizado abre também espaço para a violência, para

as atitudes que enfraquecem e isolam atrás de grades, muralhas e guaritas. A

violência que invade ou nasce no espaço familiar se expande para todos os outros

seguimentos da sociedade como uma teia de relações destrutivas que se reproduz e

contamina os ambientes e as pessoas. (CHALITA 2008 p.168).

Geralmente os pais procuram o melhor para seus filhos, acreditando que

eles são capazes de sair bem em tudo que fazem, são considerados inteligentes,

saudáveis, educados e desenvolvidos, despertando a vaidade e o orgulho da família,

portanto, os filhos nem sempre correspondem à imagem predeterminada pelos pais.

Essas crianças muitas vezes não são os melhores da sala de aula, são retraídos,

tímidos, podendo ter limitações físicas, emocional ou intelectual. Geralmente na

escola não é diferente, os professores esperam receber alunos bonitos, inteligentes,

interessados e disciplinados. Quando isso não acontece a não aceitação pelos

professores e colegas, causa grande frustração para o aluno que pode gerar a

exclusão e a ridicularização. Em muitas situações os filhos podem trazer à tona

grandes sentimentos não resolvidos pelos pais somando com todas as outras

frustrações não terão condições de lidar com seus próprios desejos, e agradar a

outros indivíduos.

FANTE (2005, p.76), comenta que, quando os filhos são vítimas da conduta

Bullying no ambiente escolar, é essencial evitar não culpá-los por incidentes que

25

estão acontecendo nas dependências escolares. Porém, o excesso de mimos pode

fazer com que a criança se torne chata, egoísta ou até agressora, geralmente não

conseguindo seguir as regras de viver em grupo.

Demonstrar segurança é uma forma da criança reduzir as chances de um

agressor vir a escolhê-la como alvo. Os pais devem orientar os filhos a manter a

postura firme, enfrentar os olhos do agressor não como afronta, mas para mostrar

segurança e firmeza. Procurar ser sempre educado, desprezando as brincadeiras de

mau gosto, mostrando ter coragem, não chorar, nem demonstrar tristeza. O choro

pode ser sinal de fraqueza, por isso a criança deve manter o mais distante possível

do agressor.

Segundo o pensamento da autora, é comum encontrar pais que, ao saber da

vitimização dos seus filhos, rotula-os de “fracotes”. Infelizmente, isso acontece em

muitas famílias. Não somente os pais, mas outros integrantes da família colocam a

vítima em uma situação de inferioridade ainda maior, são expostas em frente a

irmãos e colegas de escolas, amigos da família ou vizinhos, fazendo comentários

maldosos, tornando-os responsáveis pela falta de competência para lidar com a

situação difícil em que se encontra.

É importante que os pais acompanhem e direcionem a vida escolar de seus

filhos, que saibam corrigi-los nos momentos certos, e estimular quando for

necessário, abrindo espaço para que falem abertamente sobre qualquer tipo de

agressão que tenham sofrido ou praticado dentro da escola.

Os pais não devem obrigar seus filhos a enfrentar os agressores, muitas

vezes não é a melhor solução, ele pode estar frágil, com isso poderá sofrer mais. É

relevante procurar descobrir de onde vem às agressões e como fazer para amenizá-

las oferecendo total proteção para seu filho.

CHALITA (2008, p.183-184), relata que, quando os pais descobrem que os

seus filhos são agressores, é importante manter um posicionamento firme, não

ignorar a situação, nem fazer de conta que está tudo bem. É essencial que eles

procurarem saber como ajudá-los, falando com os professores, com a direção da

escola, com psicólogos ou profissionais da área, e sempre estar acompanhando o

processo de evolução e transformação desse aluno.

26

É possível dizer que, o diálogo e a paciência são fundamentais para que os

filhos compartilhem os momentos de fragilidade. É essencial que os pais evitem

repreendê-los, castigá-los ou reagir com agressividade. A criança precisa de

acolhimento, carinho, apoio e compreensão mesmo tendo conhecimento do

acontecido. Procurando saber o que está causando estas atitudes que pode ser um

problema recente ou vindo do passado. Ainda devem procurar usar estratégia para

que seu filho saia do centro da violência mostrando à importância de pedir desculpas

às pessoas que agrediu, para que possa reconhecer que errou e reparar esse erro.

Criar situações colocando seu filho no lugar da vítima para que possa sentir a dor e

angústia do colega. E Mostrar situações pessoais que trouxeram

sofrimento.Portanto, o papel dos pais é uma experiência cheia de satisfação e

sentido que dura toda eternidade. Mesmo que os filhos cometem erros, sempre

haverá motivos para reconhecer os pontos positivos, as decisões acertadas e os

bons momentos que compartilham juntos.

3.2 O PAPEL DA ESCOLA

Segundo Aramis Lopes Neto, coordenador do programa de Bullying da

ABRAPIA:

Não se pode admitir que os alunos sofram violências que lhes tragam danos físicos ou psicológicos, que testemunhem tais fatos e se calem para que não sejam também agredidos e acabem por achá-los banais ou, pior ainda, diante da omissão e tolerâncias dos adultos, adotem comportamentos agressivos.

Infelizmente estamos vivendo uma época em que a violência se torna cada

vez mais presente em todas as instituições escolares.A violência escolar nas últimas

décadas adquiriu crescente dimensão em todas as sociedades, o que a torna

questão preocupante devido à grande incidência de sua manifestação em todos os

níveis de escolaridade. (FANTE, 2005 p. 20).

As práticas de violência, discriminação e preconceito, vivenciadas pelos

alunos no cotidiano escolar, têm se apresentado como um grande desafio para os

professores, equipe gestora e toda comunidade escolar. Essas práticas, muitas

vezes, podem causar dificuldades na aprendizagem e causar traumas ao longo da

vida.Acredita-se, que a prevenção começa pelo conhecimento. É preciso que as

escolas reconheçam a existência do Bullying e, sobretudo, esteja consciente de

27

seus prejuízos para a personalidade e o desenvolvimento socioeducacional dos

alunos.

Ainda há um grande número de profissionais da educação que não sabem

distinguir entre condutas de Bullying ou outros tipos de violência, por não ter um

preparo para identificar e desenvolver estratégias pedagógicas para enfrentar os

problemas no ambiente escolar.

O despreparo dos professores ocorre porque, tradicionalmente, nos cursos

de formação acadêmica e nos cursos de capacitação, são treinados com técnicas

que unicamente os habilitam para o ensino de suas disciplinas, não sendo

valorizada e necessidade de lidarem com o afeto e muito menos com os conflitos e

com os sentimentos dos alunos. (FANTE 2005 p.68).

Os professores deveriam ser preparados para educar a emoção dos seus

alunos. Porém, muitos professores têm dificuldades emocionais para lidar com os

problemas de maus tratos ou de violência que ocorrem dentro da sala de aula, e não

tendo capacidade de lidar com esses problemas e de oferecer uma reposta eficaz a

situação, acabam reagindo com agressividade.

A escola precisa capacitar seus profissionais para a observação, para que

os mesmos possam identificar, diagnosticar e saber intervir nas situações do

Bullying ou até mesmo aos encaminhamentos corretos, levando o tema à discussão

com toda a comunidade escolar e traçar estratégias que sejam capazes de fazer

frente ao mesmo. De acordo com PEDRA (2008), além de todo o esforço da equipe

escolar frente ao Bullying, é preciso contar com a ajuda de consultores externos,

como especialistas no tema, psicólogo e assistentes sociais.

Cleo Fante (2005), comenta que, a conscientização e a aceitação de que o

Bullying ocorre com maior ou menor incidência, em todas as escolas do mundo,

independente características “culturais, econômicas e sociais dos alunos”, são

fatores decisivos para iniciativas no combate à violência no contexto escolar. Para

desenvolver estratégias de intervenção e prevenção ao Bullying em uma escola, é

necessário que a comunidade escolar esteja consciente da existência do mesmo,

sobretudo, das conseqüências relacionadas aos envolvidos, a esse tipo de

comportamento. Desta forma, percebe-se que é primordial sensibilizar e envolver

toda a comunidade escolar na luta pela redução do comportamento Bullying.

28

Gabriel Chalita (2008), salienta que algumas atitudes simples por parte da

direção escolar, podem ajudar a reduzir os casos de Bullying no ambiente escolar. É

necessário que toda equipe escolar, desde o primeiro dia de aula, esclareça sobre o

que é Bullying, e que não será tolerado condutas do mesmo nas dependências da

escola. Todos os alunos devem se comprometer a não praticá-lo e a comunicar a

direção escolar sempre que presenciarem ou forem vítimas da conduta do Bullying.

É essencial que os professores promovam debates sobre Bullying nas salas

de aula, fazendo com que o assunto seja bastante divulgado e assimilado pelos

alunos. Estimular os estudantes a fazerem pesquisas sobre o tema na escola, para

saber o que alunos, professores e funcionários pensam sobre o Bullying e como

acham que se deve lidar com esse assunto.

Sempre que ocorrer alguma situação de Bullying, procurar lidar com ela

diretamente, investigando os fatos, conversando com autores e vítimas. É relevante

que os profissionais da educação interfiram diretamente nos grupos de alunos

envolvidos sempre que for necessário para “romper a dinâmica” de Bullying,

orientando os alunos a sentarem em lugares previamente indicados, mantendo

afastados os possíveis autores de suas vítimas.

O mesmo autor comenta que, é relevante que os professores incluam na

rotina escolar de seus alunos, estratégias que amenizem as causas do Bullying. A

dramatização é uma ferramenta excepcional para fazer crianças e jovens

vivenciarem papéis. É essencial discutir sempre as experiências depois de

dramatizadas. O trabalho com filmes e letras de músicas também permite uma

reflexão crítica e significativa, com possibilidade de minimizar as manifestações de

comportamentos agressivos.

De acordo com PEDRA (2008), as atividades em salas de aula em forma de

redação onde os alunos são estimulados a falar no anonimato sobre a sua vida na

escola, ou seja, seu relacionamento com os colegas ajudará a romper o silêncio e

possibilitará a expressão de emoções e sentimentos.

O mesmo autor comenta que, na educação infantil e nos anos iniciais do

ensino fundamental é primordial trabalhar por meio de histórias ou fábulas que

trabalhem o preconceito ou qualquer outra forma de exclusão e discriminação.É

essencial tanto a participação do professor quanto dos alunos. O professor de um

29

lado tem o dever de transmitir o papel ético, problematizar valores e regras morais

através da afetividade e racionalidade visando ao desenvolvimento moral e à

socialização e os alunos o papel de entender e cooperar com as ações do professor.

A escola, juntamente com os professores tem a função de trabalhar conteúdos

relacionados aos valores, como o diálogo, o respeito, e a solidariedade.

Com o diálogo o professor faz com que os alunos agressores reflitam sobre

suas atitudes agressivas e as consequências que podem gerar nos alunos

agredidos. Fazendo-os refletir como deveria ser uma escola onde todos sentissem

felizes, seguros e respeitados.

Ao trabalhar o respeito, tem como objetivo mostrar a diferença entre as

pessoas, o respeito pelo ser humano independente de sua origem social, etnia,

religião, sexo, opinião e cultura, bem como nas manifestações culturais, étnicas e

religiosas. O respeito tem a condição necessária para o convívio social democrático.

Por mais que o professor seja presente e trabalhe com seus alunos o

respeito mútuo, a justiça e a solidariedade, em sala de aula, é quase que impossível

que não aja conflitos entre eles. Portanto, a escola deve estimular o ensino e o

desenvolvimento de atitudes que valorizem a prática da tolerância e da solidariedade

entre os alunos. O incentivo ao exercício da solidariedade é um fator motivador de

mudanças, pois estimula a amizade, a cooperação e o companheirismo no ambiente

escolar.

De acordo com PEDRA (2008), há casos em que alunos praticantes de

Bullying se convertem em “alunos solidários”, passando a auxiliar seus colegas

dentro e fora da sala de aula, em especial aqueles que outrora eram suas vítimas.

Ou até mesmo as modificações na postura de alguns professores, que após

reconhecerem as práticas do Bullying decide mudar suas atitudes.

3.3 COMO A ESCOLA DEVE DENUNCIAR OS CASOS DE BULLYING?

Entende-se que, inicialmente os casos de Bullying devem se resolvidos na

escola, por meio de ações pedagógicas.

De acordo com PEDRA (2008, p.110), quando a escola, não consegue

solucionar o problema, “deve-se orientar o aluno agressor e aplicar a ele a pena

30

prevista pelo regimento interno escolar, além de alertar seus pais ou responsáveis”.

Dependendo da gravidade do caso, deve-se encaminhá-lo diretamente ao Conselho

Tutelar. Se houver lesão corporal, calúnia, injúria ou difamação, o pai ou

responsável dever procurar uma delegacia de polícia para fazer boletim de

ocorrência.

O autor, comenta que, é necessário sempre ter o cuidado para não expor

crianças e adolescentes a situações constrangedoras no momento da revista

pessoal. Se o aluno for menor de 12 anos, é preciso convocar um representante do

Conselho Tutelar para dar os encaminhamentos legais. Se for maior de 12 anos, a

polícia dever ser acionada para encaminhar o caso a Justiça.

3.4 PROGRAMAS DE REDUÇÃO DO BULLYING NO BRASIL

A mídia tem divulgado o tema Bullying, principalmente após as tragédias

ocorridas em inúmeras escolas de diversos países. Essas tragédias são resultantes

dos sofrimentos das vítimas.

Segundo PEDRA (2008, p.56), já foram registradas no Brasil algumas

tragédias em escolas tendo o Bullying como causa principal, com envolvimento das

vítimas que sofreram agressões. No interior de São Paulo um jovem atirou contra

cinquenta pessoas durante o recreio da escola onde estudava, atingindo oito

pessoas e em seguida se matou com um tiro na cabeça. Esse jovem era

considerado gordo, pois estava acima do peso dos padrões estabelecidos pelo

grupo. Era sempre ofendido, apelidado pejorativamente, e humilhado.

E que na cidade de Remanso, no interior baiano um jovem de dezessete

anos protagonizou uma tragédia, após ser humilhado e ridicularizado na escola na

frente dos colegas, foi até a casa de seu agressor um garoto de treze anos, e

disparou um tiro em sua cabeça. Após a tragédia retornou a escola e tentou matar

uma professora de que não gostava, sendo impedido por uma funcionária, que foi

atingida com tiros na cabeça. No bolso do adolescente foi encontrado um bilhete

dizendo que queria matar mais de cem pessoas e ser reconhecido na história como

o “terrorista suicida brasileiro”.

31

O diário web (outubro de 2009), publicou que na cidade de Fernandópolis o

juiz da Vara de Infância e Juventude determiou que dois adolescentes com idades

entre quinze e dezesseis anos cumprissem medidas socioeducativas por tempo

indeterminado, por ter cometido condutas de Bullying. E que a medida fosse

cumprida em regime semiliberdade. Os adolescentes foram punidos por terem

agredido fisicamente um estudante de dez anos no pátio da escola, desde então

eles estão internados provisoriamente na Fundação Casa (Antiga FEBEM). Por não

existir o termo bullyin juridicamente, eles foram punidos por agressão.

No Brasil, o tema violência tornou-se prioridade em todas as escolas, motivo

pelos quais inúmeros projetos e programas antibullying estão sendo desenvolvidos,

com o objetivo de diminuir a violência nas escolas.

Na cidade do Rio de Janeiro, a ABRAPIA, que é uma organização não

governamental, no ano de 2002 e 2003, em parceria com a Petrobrás Social,

juntamente com 11 escolas, desenvolveu o Programa de Redução do

Comportamento Agressivo entre estudantes. O objetivo desse projeto era

diagnosticar as situações de Bullying entre alunos. Atualmente, “O Observatório da

Infância” vem ampliando o trabalho de divulgação dos direitos da criança e do

adolescente, dando continuidade nos projetos da ABRAPIA, que paralisou seus

trabalhos devido à falta de apoio financeiro.

Fante, desenvolveu O Programa Educar para a Paz, que foi implantado nas escolas

de São José do Rio Preto, composto de estratégias psicopedagógicas e

socioeducacionais que visam à intervenção e a prevenção da violência nas escolas,

com foque específico na redução do Bullying nas escolas.

De acordo com PEDRA (2008), atualmente no Distrito Federal o

CEMEOBES implantou o Programa Educar para a Paz em duas escolas, sendo

composta por profissionais voluntários das áreas de Educação, Saúde, Segurança

Pública, Assistência Social e Conselho Tutelar.

Segundo a ABRAPIA, a implantação de um programa para prevenir e reduzir

o Bullying, para que obtenha resultados positivos, é necessário saber que não

existem soluções simples para a resolução do Bullying, pois ele é complexo e

variável. Entretanto, a cooperação dos professores, alunos, gestores e pais, é uma

das formas de tentar prevenir o Bullying nas escolas.

32

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As escolas identificam apenas algumas possíveis características do Bullying

e dos personagens nele envolvidos, pelo fato do mesmo ser muito mais complexo do

que se possa imaginar, tendo características diversas, pois se trata de uma violência

repetitiva e intencional, que às vezes aparece escondida em pequenos atos,

comprometendo o desenvolvimento do aluno.

A dificuldade em reconhecer o Bullying pode ocorrer, também, porque as

vítimas normalmente sofrem caladas, com medo de se expor à situação de

repreensão. E, acabam ficando presas a tal violência, desenvolvendo diversos

problemas em seu próprio desenvolvimento.

Muitos professores não conseguem identificar as manifestações do Bullying,

por não saberem reagir às situações referentes ao mesmo. Por este motivo,

normalmente os alunos evitam expor o problema aos profissionais da educação, por

entenderem que nada podem fazer para ajudá-los.

A família, juntamente com a escola pode ser o caminho para ajudar no

processo de mudanças de ideias, comportamentos e valores no combate às

condutas do Bullying.

As consequências geradas pelo Bullying são tão graves que crianças norte-

americanas, com idades entre 8 e 15 anos, identificam esse tipo de violência como

um problema maior que o racismo e as pressões para fazer sexo ou consumir álcool

e drogas.

A inexistência de políticas públicas que indiquem a necessidade de

priorização das ações de prevenção ao Bullying nas escolas, objetivando a garantia

da saúde e da qualidade da educação, significa que inúmeras crianças e

adolescentes estão expostos ao risco de sofrerem abusos regulares de seus pares.

Além disso, aqueles mais agressivos não estão recebendo o apoio necessário para

demovê-los de caminhos que possam vir a causar danos por toda a vida.

Reduzir a prevalência de Bullying nas escolas pode ser uma medida de

saúde pública altamente efetiva para o século XXI. A sua prevalência e gravidade

compelem os pesquisadores a investigar os riscos e os fatores de proteção,

associados com a iniciação, manutenção e interrupção desse tipo de

comportamento agressivo. Os conhecimentos adquiridos com os estudos devem ser

utilizados como fundamentação para orientar e direcionar a formulação de políticas

públicas e para delinear as técnicas multidisciplinares de intervenção que possam

reduzir esse problema de forma eficaz.

Em um país como o Brasil, onde o incentivo à melhoria da educação de seu

povo se tornou um instrumento socializador e de desenvolvimento, onde grande

parte das políticas sociais é voltada para a inclusão escolar, as escolas passaram a

ser o espaço próprio e mais adequado para a construção coletiva e permanente das

condições favoráveis para o pleno exercício da cidadania.

As instituições de saúde e educação, assim como seus profissionais, devem

reconhecer a extensão e o impacto gerado pela prática de Bullying entre estudantes

e desenvolver medidas para reduzi-la rapidamente. Aos profissionais de saúde,

particularmente aos pediatras, é recomendável que sejam competentes para

prevenir, investigar, diagnosticar e adotar as condutas adequadas diante de

situações de violências que envolvam crianças e adolescentes, tanto na figura de

autor, como na de alvo ou testemunha.

Mesmo admitindo que os atos agressivos derivem de influências sociais e

afetivas, construídas historicamente e justificadas por questões familiares e/ou

comunitárias, é possível considerar a possibilidade infinita de pessoas descobrirem

formas de vida mais felizes, produtivas e seguras. Todas as crianças e adolescentes

têm, individual e coletivamente, uma prerrogativa humana de mudança, de

transformação e de reconstrução, ainda que em situações muito adversas, podendo

vir a protagonizar uma vida apoiada na paz, na segurança possível e na felicidade.

Mas esse desafio não é simples e, em geral, depende de uma intervenção

interdisciplinar firme e competente, principalmente pelos profissionais das áreas de

educação e saúde.

O Bullying pode ser entendido como um balizador para o nível de tolerância

da sociedade com relação à violência. Portanto, enquanto a sociedade não estiver

preparada para lidar com o Bullying, serão mínimas as chances de reduzir as outras

formas de comportamentos agressivos e destrutivos.

34

OBRAS CONSULTADAS

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