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AJES INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇAO DO VALE DO JURUENA CURSO DE PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS NOTA 10,0 COMEMORAÇÃO DOS 10 ANOS DO CURSO DE TURISMO DE NOVA XAVANTINA-MT: UM ESTUDO DE CASO Fátima Cristina Arantes Mobiglia Mesquita Profª MSc Cynthia Cândida Correa [email protected] NOVA XAVANTINA ABRIL/2012

AJES INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇAO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20130423161419.pdf · a valorização dos recursos e valores locais. O curso de Turismo

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AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇAO DO VALE DO JURUENA CURSO DE PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS

NOTA 10,0

COMEMORAÇÃO DOS 10 ANOS DO CURSO DE TURISMO DE NOVA

XAVANTINA-MT: UM ESTUDO DE CASO

Fátima Cristina Arantes Mobiglia Mesquita

Profª MSc Cynthia Cândida Correa

[email protected]

NOVA XAVANTINA ABRIL/2012

AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇAO DO VALE DO JURUENA CURSO DE PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS

COMEMORAÇÃO DOS 10 ANOS DO CURSO DE TURISMO DE NOVA

XAVANTINA-MT: UM ESTUDO DE CASO

Fátima Cristina Arantes Mobiglia Mesquita

Profª MSc Cynthia Cândida Correa

Monografia apresentada como requisito para a obtenção do título de Especialista no Curso de Pós-Graduação em Planejamento e Organização de Eventos, sob a orientação da Profª. MSc Cynthia Cândida Correa.

NOVA XAVANTINA Abri/2012

FICHA CATALOGRÁFICA

Mesquita, F.C.A.M. Comemoração dos 10 anos do Curso de Turismo de Nova Xavantina-MT: um estudo de caso Nova Xavantina, MT. [s.ed.], 56 p., 2012 Orientadora: Profª MSc Cynthia Cândida Correa Trabalho de Conclusão de Curso em Planejamento e Organização de Eventos 1. Eventos, 2. Turismólogos, 3. Profissionalização. I.CORREA, Cynthia Cândida.; II. Associação Juinense de Educação Superior - Ajes, Faculdade do Vale do Juruena, Instituto Superior de Educação do Vale do Juruena.; III. Comemoração dos 10 anos do Curso de Turismo de Nova Xavantina-MT: um estudo de caso.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a presença Divina que tem iluminado e abençoado sempre minha

vida e meu caminho.

Ao meu esposo querido que sempre me apóia e incentiva em todas as

minhas escolhas, pelo amor e companheirismo. Aos meus filhos e netos que tornam

minha vida mais feliz e realizada, fazendo cada dia valer mais a pena.

Aos nossos queridos Mestres, meu eterno carinho e agradecimento pelo

apoio, amizade e conhecimento que nos proporcionaram.

RESUMO

A atividade turística permite o deslocamento de pessoas por diversas motivações diferentes e, consequentemente, deve ter seu planejamento voltado ao atendimento de necessidades e expectativas de segmentos específicos. Uma das modalidades da atividade diz respeito ao Turismo de Eventos, que é um fenômeno social em grande expansão, tanto no Brasil como no mundo. Em função disso, o estudo aprofundado do planejamento e organização de eventos é relevante para turismólogos que atuarão no trade turístico. Assim, esta pesquisa teve como objetivo principal avaliar as principais dificuldades encontradas pela equipe organizadora composta por acadêmicos para realizar o evento em comemoração aos dez anos de existência do Curso de Turismo da Universidade do Estado de Mato Grosso, campus de Nova Xavantina. Mais especificamente buscou-se definir a programação do evento e fazer o projeto com orçamentos e prováveis contratações; convidar todos os egressos, acadêmicos e professores do curso, juntamente com representantes do trade turístico e as principais autoridades municipais para troca de informações e experiências acerca da atividade turística; e, realizar o evento. Os procedimentos metodológicos da investigação envolveram pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo, com coleta de dados por meio de questionários e observação in loco das atividades realizadas, que foram analisados na perspectiva qualiquantitativa. Os resultados indicaram que o evento superou a expectativa dos organizadores, que, entretanto, apontaram, principalmente, dificuldade para captação de recursos financeiros e para trabalhar em equipe de maneira efetiva. Pode-se perceber que a tarefa de realizar eventos é complexa e demanda profissionais com conhecimento prévio e experiência prática, o que não é facilmente encontrado no mercado. Daí a importância da realização de eventos no decorrer dos cursos de Turismo, Hotelaria e Gastronomia, para que os futuros profissionais tenham a oportunidade de vivenciar as atividades associadas ao processo, antes de ingressarem no mundo do trabalho.

Palavras-chave: Eventos. Turismólogos. Profissionalização.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Cartaz do Evento.............................................................................. 23

Figura 2. Comissão Organizadora................................................................... 24

Figura 3. Local de realização do evento.......................................................... 26

Figura 4. Equipe de recepção.......................................................................... 28

Figura 5. Cerimonial do evento........................................................................ 29

Figura 6. Lançamento do “Selo” comemorativo............................................... 29

Figura 7. Show “Grupo Triêro”......................................................................... 30

Figura 8. Palestras técnicas............................................................................. 30

Figura 9. Confraternização com a Comissão Organizadora............................ 31

Figura 10. Opinião dos acadêmicos do quinto semestre sobre os itens de

análise do evento.............................................................................................

43

Figura 11. Opinião dos acadêmicos do oitavo semestre sobre os itens de

análise do evento.............................................................................................

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 6

CAPÍTULO I - REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................. 8

1.1 EVENTOS: INSTRUMENTOS DE INTEGRAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO ................. 8

1.2 – CLASSIFICAÇÃO E TIPOLOGIA DE EVENTOS ............................................ 11

1.3 PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS ........................................ 13

1.3.1 Pré-evento ..................................................................................................... 14

1.3.2 Evento ............................................................................................................. 17

1.3.3 Pós-evento ...................................................................................................... 19

CAPÍTULO II - METODOLOGIA............................................................................... 21

CAPÍTULO III - APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS............................ 23

3.1 DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO

EVENTO PESQUISADO .......................................................................................... 23

3.2 DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS ACADÊMICOS PARA REALIZAÇÃO

DO EVENTO PESQUISADO ................................................................................... 31

3.2.1 Organização do evento ................................................................................... 32

3.2.2 Planejamento do evento .................................................................................. 33

3.2.3 Operacionalização do evento .......................................................................... 37

3.2.4 Execução do evento ........................................................................................ 39

3.2.5 Estratégias para resolução de problemas ....................................................... 41

3.2.6 Avaliação do evento ........................................................................................ 43

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ........................................................................ 49

APENDICES

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INTRODUÇÃO

O turismo é um fenômeno social em fase de acelerada expansão no Brasil e

no mundo, que pode trazer inúmeros impactos positivos às localidades receptivas

devido à sua inter-relação com diferentes setores da sociedade. Dentre os principais

impactos estão a geração de emprego e renda, a conservação dos patrimônios

naturais e culturais, além do desenvolvimento cultural das comunidades, visto que a

relação dos visitantes com a população local contribui para o desenvolvimento

cultural de ambos.

A atividade turística pode ser fragmentada em diversos segmentos distintos,

a exemplo do turismo de lazer, de negócios, rural, de aventura e de eventos, entre

outros. A modalidade de Turismo de Eventos envolve o deslocamento de pessoas

para participação em eventos pré-estabelecidos e permite a atração de demanda

para locais receptivos em diferentes épocas do ano, inclusive na baixa temporada, o

que o torna importante para o desenvolvimento regional de certas localidades.

Já os cursos de Bacharelado em Turismo têm por objetivo a formação

superior voltada a atender a demanda por profissionais competentes, tanto do setor

público quanto da iniciativa privada; a realização de estudos de alto nível nas

diferentes áreas de atuação do turismólogo; a sensibilização dos acadêmicos e da

sociedade sobre a importância econômica e social da atividade turística; bem como

a valorização dos recursos e valores locais.

O curso de Turismo em Nova Xavantina foi criado em 2001 e tornou-se uma

referência para a excelência de profissionalização dos jovens da região em que está

inserido. Em função disso, sua comunidade acadêmica passou a ter papel

importante na consolidação de programas de fomento ao turismo regional, suprindo

uma antiga demanda de aproveitamento do potencial turístico da região do

Araguaia.

Assim, a realização do Encontro de Turismólogos para comemorar os 10

anos de existência do curso de Turismo em Nova Xavantina foi relevante, pois

permitiu intensificar as relações dos acadêmicos com futuros empregadores,

conhecer as trajetórias profissionais dos alunos egressos, ampliar a rede de

relacionamentos de todos os envolvidos, dentre outros aspectos positivos

associados ao evento.

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Eventos têm essa característica de propiciar ocasiões extraordinárias ao

encontro de pessoas, à troca de idéias e experiências, e o contato com novos

conhecimentos, possibilitando a integração e o desenvolvimento pessoal e

profissional dos participantes. Neste caso, havia ainda o benefício associado à

possibilidade de prática de planejamento e organização de evento aos acadêmicos

da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT).

Em função disso, a presente pesquisa teve como objetivo principal avaliar as

principais dificuldades encontradas pela equipe organizadora para realizar o evento

em comemoração aos dez anos de existência do Curso de Turismo da UNEMAT.

Para que isso fosse possível foram traçados alguns objetivos específicos: localizar

egressos e professores do curso de Turismo; definir a programação do evento e

fazer o projeto com orçamentos e prováveis contratações; convidar todos os

egressos, acadêmicos e professores do curso, juntamente com representantes do

trade turístico e as principais autoridades municipais para troca de informações e

experiências acerca da atividade turística; e, realizar o evento.

A investigação teve como principais procedimentos metodológicos a

pesquisa bibliográfica para produção do referencial teórico, e a pesquisa de campo

para coleta de dados e observação in loco das atividades realizadas. A abordagem

de análise dos dados foi mista, visto que se fez uso da pesquisa qualitativa para

aprofundamento dos aspectos relativos à operacionalização do evento, bem como

da pesquisa quantitativa, na medida em que alguns dados tiveram tratamento

estatístico.

Quanto à sua estrutura, o trabalho está subdividido em: Introdução,

Capítulos I, II e III, e Considerações Finais. Na Introdução é feita uma breve

contextualização da temática a ser discutida, são apresentados os objetivos da

pesquisa e é apresentada a estrutura do estudo. O primeiro capítulo contempla o

referencial teórico produzido por meio de revisão bibliográfica acerca de Eventos,

considerando alguns dos mais renomados autores brasileiros e estrangeiros nesta

temática.

O segundo capítulo, Metodologia, descreve os procedimentos metodológicos

utilizados para concretização da investigação. A seguir, no terceiro capítulo, é feita a

apresentação e discussão dos dados obtidos no trabalho de campo. Finalmente, o

trabalho se encerra com as considerações finais sobre a pesquisa realizada.

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CAPÍTULO I

REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 EVENTOS: INSTRUMENTOS DE INTEGRAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO

O conceito de evento tem sido modificado por ser uma atividade dinâmica,

mas sua existência acompanha a história da humanidade em diferentes épocas

desde que o mundo é mundo.

Evento é uma atividade econômica e social que surgiu praticamente com a civilização humana e que caminha paralelamente a ela, adquirindo características representativas de cada período da nossa história até chegar aos tempos modernos e a forma como ela é conhecida hoje (MATIAS, 2004, p. 20).

Sua origem está na Antiguidade, com os Jogos Olímpicos, e atravessou

diversos períodos da história da civilização humana até os dias atuais. Há registros

que no Brasil os eventos antecedem a chegada da Família Real, aconteciam

algumas feiras e os comerciantes armavam barracas em locais abertos para vender

seus produtos como eram realizadas na Idade Média. Segundo Matias (2004, p. 22)

“esse tipo de feira, com o passar do tempo, foi se aperfeiçoando até apresentar a

forma das atuais feiras que ocorrem nos grandes pavilhões de feira e exposições.”

Na década de 20, mais precisamente em 1928, o Brasil realiza o seu

primeiro evento de turismo, chamado Convenção Internacional de Turismo. De

acordo com Matias (2004, p. 23), o Baile de Carnaval em 7 de fevereiro de 1840 foi

o primeiro evento brasileiro organizado em um local destinado à realização de

eventos. O cinema também transformou em evento o simples fato de se comparecer

a uma sala para assistir a determinada projeção, que deu origem à avant-première,

e marca o lançamento das grandes produções.

Foi no pós-guerra que as ideias e incertezas de evento realmente se

afirmaram. Os homens de negócio passaram a buscar meios para divulgar e

comercializar seus produtos. Os artistas procuravam alternativas para difundir seus

trabalhos e atingir mais pessoas. Os cientistas sentiram necessidade de apresentar

e defender suas teses. Grupos com interesses em comum começaram a reunirem-

se para vender seus produtos a baixos custos, conquistando um público cada vez

maior, dando origem a mais ideias e locais para realização de novos eventos.

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São inúmeros os tipos de eventos hoje existentes. Eles estão presentes em

toda a economia, em todas as classes sociais, religiões, raças e credos.

Dependendo da visão de quem o realiza e dele participa, o evento poderá ter

diversas definições.

Partindo da compreensão mais ampla de seu significado, Martin (2003)

esclarece que o evento poderá ter uma definição diferenciada da outra, mesmo não

sendo conflitante, e Aurélio identifica evento como “acontecimento ou sucesso”. Já o

SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial define evento como

“qualquer acontecimento que foge a rotina, sempre programado para reunir um

grupo de pessoas”.

Assim, evento é todo fato inusitado que envolve pessoas. Conforme Watt

(2004, p. 15), “o dicionário define evento como sendo qualquer coisa que aconteça

diferentemente de qualquer coisa que exista” ou “uma ocorrência especial de grande

importância”.

Pode-se considerar evento desde uma simples reunião familiar até um mega

evento como a Copa do Mundo, no qual milhões de pessoas são envolvidas. De

acordo com Melo Neto (2001, p. 13), na verdade tudo é evento, e são os eventos

que “mobilizam a opinião pública, geram polêmica, criam fatos, tornam-se

acontecimentos, despertam emoções nas pessoas e fazem do entretenimento a

nova indústria do terceiro milênio”. Para ele, evento é um conceito de amplo

domínio, pois cursos, palestras, shows, competições esportivas, exposições,

festivais, mostras de arte e publicidades criativas são eventos.

Wilkison (apud WATT, 2004, p. 15) afirma que “os eventos de comunidades

locais podem ser definidos como atividades estabelecidas para envolver a

população local em uma experiência compartilhada, visando seu benefício mútuo”.

Um evento geralmente provoca fortes emoções para os participantes, para

os promotores e organizadores provocando um turbilhão de atividades que

compõem seu universo.

Watt (2004, p. 16) entende que os eventos no campo do lazer e turismo são

extremamente diversificados, indo desde apresentações artísticas até corridas ao

redor do mundo. O autor afirma que: “um evento é algo que acontece e não apenas

existe”. Esta é uma questão muito importante, pois alguém deve fazer com que o

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evento aconteça. Os eventos bem-sucedidos só acontecem por meio da ação de

algum indivíduo ou grupos que faz com que as coisas aconteçam.

Para Giacaglia (2003, p. 3) pode-se afirmar que o evento tem como

“característica principal, propiciar uma ocasião extraordinária ao encontro de

pessoas, com finalidade específica, a qual constitui o “tema” principal do evento e

justifica a sua realização”.

Quem organiza um evento precisa ser eficiente, ter empenho, capacidade de

trabalho, iniciativa, criatividade, competência e obter resultados, e para quem

participa, evento significa descontração, confraternização, integração pessoal e

profissional, visto que pode gerar e concretizar vínculos.

Clegg e Birch (2000, p. 6) mencionam diversos tipos de criatividade: “a

criatividade artística (a produção de um livro ou quadro ou a composição de uma

música), a criatividade da descoberta (descobertas, invenções) e a criatividade

humorística”.

Todo evento tem que ter muita criatividade por ser um meio de

entretenimento. Para Mirshawka e Mirshawka (1993, p. 22), “o ato criativo implica

três elementos: a pessoa criadora, o processo criativo e o objeto criado”, [...] “é a

capacidade de dar origem a coisas novas e valiosas e, além disso, é a capacidade

de encontrar novos e melhores modos para se fazer as coisas”.

Segundo os autores, “a pessoa criativa é aquela que se move ao longo do

tempo (pensa sobre o que acontecerá com seu trabalho), move-se por meio do

espaço (está mentalmente em diversos lugares), sente as cores, materializa objetos

(representa-os), tem sensações, experimenta coisas, escuta sons, emociona-se faz

o proibido e, sobretudo, faz nascer uma ideia”. “A criatividade inclui dois aspectos

essenciais: a produção de algo novo e que este algo novo seja valioso”.

O evento desperta e estimula os sentimentos da alma, do coração e da

mente. “Organizar um evento com eficiência significa demonstrar arte e competência

para corresponder a todos esses anseios com a prestação de serviços eficientes

que superem a expectativa dos participantes” (ZANELLA, 2004, p.14).

O evento tem características de um produto – deve ser inovador, satisfazer as necessidades do público, criar expectativas, ser acessível a um grande número de pessoas, possuir um nome de fácil memorização e um forte apelo promocional. O bom evento é algo inusitado, inovador e desafiante. Uma oportunidade de vivenciar algo realmente diferente, pois somente

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desta forma o publico vai dele participar. É uma promessa de entretenimento e lazer, uma expectativa de sucesso, uma certeza de vivencias emotiva. O público, ao participar de um evento, busca distração, sucesso, emoção, beleza e novidade (MELO NETO, 2001, p. 56).

A realização de eventos é considerada importantíssima para o

desenvolvimento do fluxo turístico em todo o mundo. De acordo com Andrade (apud

BORBA, 2008), em sua maioria, os eventos independem de fatores climáticos, que

para o turismo tradicional, são sempre limitantes. Ele ressalta ainda que, muitos

eventos podem acontecer em qualquer época, sendo muitas vezes realizados na

baixa temporada, com o objetivo de atrair turistas e aumentar a rentabilidade dos

investimentos nessa época.

Para que o evento seja bastante conhecido, o produtor de eventos deve

buscar sempre rapidez na divulgação, promoção e publicidade, e a data e o tema do

evento com bastante antecedência. A organização de eventos requer o domínio de

uma série de conhecimentos e técnicas, para que se obtenha sucesso e lucro

(BORBA, 2008).

1.2 – CLASSIFICAÇÃO E TIPOLOGIA DE EVENTOS

Os diversos tipos de eventos podem ser classificados por diversos critérios e

possibilidades de realização. Dependendo dos objetivos esperados, os eventos

podem ser classificados em institucionais ou promocionais.

Os eventos institucionais têm como finalidade principal desenvolver, manter

ou aperfeiçoar a imagem da empresa, tornando-a simpática ao mercado, em

especial ao seu público-alvo. Já os eventos promocionais são aqueles que visam

promover a empresa, entidade, instituição, governo, pessoa, produto ou de um

serviço com finalidade comercial, satisfação dos clientes e fidelização dos produtos

e serviços.

Conforme Giacaglia, (2003, p. 40), “qualquer evento dito institucional,

mesmo que apenas a longo prazo e sem a conscientização de quem o organiza,

gera ou deverá gerar retorno comercial para a empresa.” Devendo ser classificado

entre comercial em curto prazo ou comercial a médio e longo prazos.

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As principais formas de classificação dos eventos, de acordo com

Capacitação em Turismo, no curso de Produção e Gestão de Eventos, realizado

pela Fundação Universa e Ministério do Turismo (2011), são:

- Categoria: pode ser classificada como institucional - quando visa criar ou firmar o

conceito e a imagem de uma empresa, entidade, governo ou pessoa e promocional

ou mercadológico - quando objetiva a promoção de um produto ou serviço, visando

fins mercadológicos;

- Localização ou abrangência: são agrupados segundo o alcance do evento e na

captação dos participantes. Podem ser: mundiais, internacionais, latino-americanos,

brasileiros, regionais ou municipais;

- Data ou freqüência: podem ser fixos, quando tem data invariável de acordo com as

comemorações cívicas (7 de setembro), religiosas (Dia de Nossa Senhora

Aparecida); específicas (Carnaval), e periódicas (Copa do Mundo);

- Dimensão: está relacionado com o número total de participantes. Podem ser:

Macro – mobiliza milhares de pessoas, colaboradores e participantes. Exemplo:

Copa do Mundo; Grande porte - mobiliza milhares de pessoas, sendo operado

apenas por empresas privadas. Exemplo: Festa de Peão de Barretos; Médio porte -

com adesão de até mil participantes; Pequeno porte – abrange apenas um

segmento e tem número específico e reduzido de público;

- Perfil dos participantes: Geral, aberto a vários setores. Ex.: Salão do Automóvel de

São Paulo; Dirigido e realizado entre profissionais com atividades comuns. Ex.:

Convenção Nacional do Comércio Lojista; Especifico composto por técnicos e

profissionais com atividades e interesses comuns. Ex.: Congresso Internacional de

Endocrinologia;

- Adesão: opção em aderir ou não. São classificados como: fechado - adesão restrita

em que o participante recebe o convite restrito do organizador, que normalmente

paga todas as despesas e, aberto - podendo o participante ser pagante ou não, ao

acesso e serviços;

- Objetivo ou área de interesse: é identificado de acordo com a finalidade e os

objetivos do evento. Podem ser: artístico, científico, cultural, desportivo, cívico,

gastronômico, religioso, empresarial, social, técnico, político, turístico dentre outros;

- Tipologia: os tipos de eventos mais conhecidos e os que mais representam maior

movimentação para a infraestrutura turística serão descritos abaixo. É importante

lembrar que cada uma das classificações descritas pode e geralmente agrupa

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inúmeros tipos de eventos que podem ser classificadas em: Feira; Road shows;

Showcasing; Mostra; Salão; Congresso; Conferência; Simpósio; Painel; Seminário;

Oficinas; Workshops; Fórum; Desfile; Desfile Cívico; Paradas; Excursões;

Cerimônias: Casamento e Formatura; Encontros de convivência; Coquetel; Almoço

ou jantar; Festival; Show; Programas de visitas: Fun tour e Open Day.

1.3 PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS

O evento é um acontecimento que desperta a atenção das pessoas e pode

se transformar em notícia e divulgar quem o está realizando. Castelli (2002) comenta

que a atuação individual é importante, mas que o desempenho em grupo é mais

importante ainda, por isso devemos sempre ter uma boa convivência com a equipe

de trabalho para que todos possam se entender e se ajudar.

Além disso, segundo Campos et al. (2000), o planejamento é essencial para

garantir o sucesso do evento, pois permite ganhar tempo nas outras etapas de

realização, evita o desperdício, permite diminuir os imprevistos e facilita sua

resolução quando aparecem, reduz a quantidade de esforço necessário nas outras

etapas e permite atingir os objetivos propostos.

Zanella (2004, p. 35) considera que pela complexidade, amplitude e

importância, a promoção de um evento necessita experiência e especialização

técnica com um eficiente planejamento na operacionalização abrangendo alguns

aspectos básicos:

- Definir os objetivos e amplitude do evento, domínio do ambiente, dos limites de

atuação e etapas de execução;

- Estruturar o roteiro de planejamento e o cronograma de execução com

antecedência;

- Prever recursos materiais, financeiros e de apoio para atender às exigências

operacionais;

- Dispor de pessoas, grupos ou comissões para assumir a responsabilidade pela

coordenação e execução dos trabalhos;

- Integração e relacionamento permanente com patrocinadores, promotores,

empresas vinculadas, autoridades, especialistas, imprensa, agentes de viagem,

fornecedores, participantes e colaboradores colhendo subsídios e sugestões;

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- Instituir canais de comunicação ágeis e eficientes entre todas as áreas de

operação e serviços prevenindo eventuais deficiências ou falhas no decorrer do

evento; e,

- Assegurar a quantidade e qualidade dos materiais, produtos e equipamentos

necessários para a operacionalização dos eventos.

Canton (apud ANSARAH 2004) aconselha, para que o evento se desenvolva

e transcorra adequadamente, formar grupos de trabalho e fixar responsabilidades,

levando-se em conta suas fases: o pré-evento, o evento e o pós-evento, formando

equipes responsáveis pelo planejamento, pela organização e execução. As equipes

devem saber como desempenhar determinada tarefa para que haja o êxito do

evento como um todo.

1.3.1 Pré-evento

Na fase do pré-evento é feito o planejamento para estabelecer uma série de

atividades relacionadas com a preparação do evento. O pré-evento corresponde à

fase inicial do evento. Segundo Matias (2004), o planejamento, a exemplo de

qualquer atividade humana, é peça fundamental no processo de organização de

evento.

É neste momento em que são definidos o projeto e o planejamento das

atividades, o detalhamento dos custos a serem arcados, a definição dos tipos de

serviços e profissionais a serem contratados, e também os controles administrativos

e financeiros. Tudo isso girará em função dos objetivos gerais e específicos do

evento e da previsão de receitas estimadas.

A elaboração do projeto para a organização do evento é o passo inicial, é a

ideia do que se pretende realizar. A escolha do tema deve ser definida na fase

anterior ao planejamento.

O planejamento, de acordo com Canton (apud ANSARAH, 2004, p. 317),

“não pode ser confundido com previsão, projeção, resolução de problemas ou plano,

mas estabelece um conjunto de providências a ser tomadas pelo executivo para a

situação em que o futuro tende a ser diferente do passado.” Esse processo envolve

um “modo de pensar” com indagações, questionamentos sobre o quê, como,

quando, o quanto, para quem, por que, por quem e onde será feito.

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Martin (2003) considera como espinha dorsal do evento os objetivos, que

devem ser claros, precisos, amplos e também específicos, definindo todos os

resultados, expectativas e propostas que se deseja alcançar, apresentando quais as

justificativas que permitem e viabilizam a execução do evento, além de avaliar os

resultados.

A definição dos objetivos vai depender muito do tipo de evento que será

realizado. Dada a grande diversidade de eventos, é necessário que cada um tenha

um projeto específico, contemplando os objetivos pertinentes, visto que cada evento

é por si só, único, pelo menos para aquele cliente, naquele momento (MARTIN,

2003).

Os tipos de mídia utilizados para divulgação devem estar de acordo com o

público que se quer atingir. Para eventos abertos ao público em geral, por exemplo,

mídias como TV e rádio fazem muito efeito. No entanto, se o público que se quer

atingir é de uma determinada área de conhecimento, como é o caso de congressos

científicos, mídias como TV e rádio devem ser utilizadas, mas deve-se convergir

distribuição de material para associações, conselhos, instituições, ligadas à área em

questão. Malas diretas, jornais corporativos, informativos científicos, sites

específicos e folders devem ser enviados diretamente aos interessados. O rádio foi,

e continua sendo, o maior divulgador de fatos entre todos os meios de comunicação,

pois chega onde outros meios não alcançam (MARTIN, 2003).

Com respeito à melhor data para realização do evento, é importante reservar

determinada data na agenda de eventos da localidade com bastante antecedência,

para garantir que nenhum outro evento similar divida o público interno, bem como o

externo. Os dois públicos se complementam e somam divisas para o sucesso e a

divulgação do acontecido.

Quanto ao dia da semana, é interessante aproveitar feriados prolongados e

finais de semanas para que se possa com isso agregar companhias aos

participantes principais, aumentando a prestação de serviços e, consequentemente,

a arrecadação em hotéis, restaurantes, entretenimentos, city tours etc.

A escolha do local para a realização do evento é extremamente relevante,

pois conforme Martin (2003), escolher o local é definir o evento, visto que o local

escolhido é fundamental para o sucesso do evento. O local não envolve apenas o

espaço físico onde o evento acontecerá, mas também a própria localização

geográfica em que se encontra.

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As questões financeiras também precisam ser definidas no processo de

planejamento do evento a ser realizado. Algumas perguntas a serem respondidas

nesta fase, segundo Martin (2003), são: Quanto custará o evento? Qual a estimativa

de patrocínio? Qual será a arrecadação com as inscrições ou bilheteria? Qual é a

estimativa de lucro?

O valor a ser gasto em cada projeto deve ser o primeiro fato a ser discutido

e, a partir daí, deve-se dar início aos ajustes de ambos os lados: cliente, dono do

recurso, e gestor do evento, que vai transformar o dinheiro em sucesso. Logo, a

captação de recursos é tarefa dos organizadores de eventos, visto que o

dimensionamento e a própria realização do evento dependem disso. A gestão do

evento começa por aí.

No Brasil, o patrocínio em eventos culturais e artísticos é favorecido por leis

de incentivo fiscal à cultura nas esferas federal, estadual e municipal. Dentre as

principais leis de incentivo, destacam-se:

- Lei Rouanet: Lei Federal nº 8.313, de 1991, que permite às empresas

abater até 4% do Imposto de Renda;

- Lei do audiovisual: Lei Federal nº 8 685, modificada pela Medida Provisória

1.515, que permite desconto de até 3% para pessoas jurídicas e de até 5% para

pessoas físicas sobre Imposto de Renda para quem comprar cotas de filmes em

produção, no limite de R$ 3 milhões;

- Lei de Incentivo à Cultura: Lei Estadual nº 8.819 que permite destinar

recursos públicos a projetos aceitos, até 80% do custo total de cada um.

É necessário registrar o projeto pelo menos um ano antes, em leis de

patrocínio para captação de recursos dos governos.

Já a programação de Marketing das empresas privadas é realizada,

geralmente, no ano anterior e considera um calendário de eventos previamente

estabelecido, o que significa dizer que é preciso também, se antecipar com as

solicitações de patrocínios, apoios e colaborações. A definição de cotas em

quaisquer das etapas é estudada entre o cliente, o gestor e o produtor do evento.

A escolha das estratégias a serem adotadas é feita depois de definidos os

objetivos e orçamento. A estratégia constitui fator determinante para o alcance dos

resultados e do sucesso do evento. Devem constar as seguintes ações e decisões: o

objetivo, o público-alvo, tipo, o tema, o local, a data e horário, o que se pretende

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atingir e como obter feedback. No mais é utilizar as ferramentas da administração,

como estabelecer cronograma, fluxograma e checagem diária das atividades.

A contratação de serviços de terceiros é o próximo passo na organização e a

execução de um evento. São terceirizados como: equipamentos audiovisuais -

retroprojetor, data show, som, microfone, filmadora; gráfica - divulgação, crachás,

ficha de inscrição, folders, cartaz, papelaria; Bufê – toda a parte de A&B (alimentos e

bebidas); decoradores/ambientadores; fotógrafos/cinegrafistas; seguranças;

manobristas; recepcionistas; transporte para palestrantes ou artistas; mestre de

cerimônia; tradutores/intérpretes etc.

A elaboração do programa deve estar em conformidade com o tema

principal definido. É feito em combinação com o contratante. Os principais itens a

constar neste programa são: período de realização do evento, horário de inicio e

término, tema principal, atividades a serem oferecidas ao público e seus respectivos

dias, horários e local (is), horários de intervalos para lanche e almoço, promoções a

serem realizadas no evento, informações sobre transporte e hospedagem, caso

necessário, aos convidados e participantes, atividades paralelas, como passeios,

visitas, excursões etc., valor a ser pago pelo participante e formas de pagamento

(MARTIN, 2003).

Finalmente, a confecção do material promocional, o briefing do produto é

passado à equipe de Marketing que elabora o material promocional e apresenta ao

cliente. Cabe ao produtor e gestor do evento acompanhar essa etapa afim de que

sejam cumpridas as regras de tempo e ações.

1.3.2 Evento

Se a primeira fase for bem, a realização do evento, conforme Martin (2003,

p. 72), “tem grande possibilidade de ser um sucesso, pois haverá uma boa base

para que a organização da estrutura operacional do evento possa acontecer sem

grandes problemas”. Também conhecida como transevento, esta fase consiste na

aplicação das atividades previstas no pré-evento, será feita a montagem do evento

no local escolhido e todos os fornecedores e profissionais que foram contratados no

pré-evento farão a operacionalização.

18

O instrumento de trabalho mais eficaz nesta fase é o check-list ou mapa de

produção, que nada mais é do que o documento que informa a relação de

providências, tarefas e materiais necessários ao evento.

A secretaria do evento é responsável pelo apoio administrativo do evento,

portanto deve ser instalada e completamente equipada no local com materiais e

equipamentos como computador, impressora, fotocopiadora, telefones, internet, e

material de escritório. As principais atribuições da secretaria são:

• efetuar inscrições e credenciamento;

• recepcionar os participantes, convidados e autoridades;

• providenciar materiais para os palestrantes;

• atender aos participantes com informações e provisão de materiais;

• atender e apoiar ao plenário;

• entregar certificados.

O serviço de recepção é considerado o cartão de visitas, pois o primeiro

contato que o participante terá ao chegar a um evento é com os recepcionistas. As

atribuições dos recepcionistas serão definidas pelos coordenadores, mas é valido

lembrar que esses profissionais do serviço de recepção devem estar bem

apresentáveis e preparados para lidar com o público. Dessa forma, quesitos como

uniformidade, identificação, maquiagem discreta e poucas jóias, além de sapatos

confortáveis devem ser lembrados ao pensar neste serviço.

De acordo com Matias (2004, p.136) “é imprescindível demonstrar alegria ao

participante, dar importância à sua presença e transmitir o desejo dos organizadores

de que encontre no evento motivos de grande satisfação”.

O estado emocional dos participantes é estimulado com artifícios como

boas-vindas na recepção e serviços pessoais como simpatia, gentileza, eficiência,

presteza, paciência e raciocínio rápido, além de hasteamento da bandeira, execução

do Hino Nacional despertando a civilidade nas pessoas presentes, decoração

agradável e temperatura amena.

A depender da tipologia, do público e, principalmente do porte do evento, é

interessante a existência de uma sala de imprensa, bem como uma sala VIP para

recepcionar jornalistas, bem como autoridades e convidados especiais.

No mais, a execução do evento em si deve buscar seguir todo o

planejamento realizado, buscando evitar imprevistos e dissabores. Todavia, se

acontecer alguma falha, o profissional encarregado e toda sua equipe devem ter

19

agilidade e versatilidade para solucionar o problema de modo que os participantes

ou convidados não percebam a falha.

Nos eventos solenes ou festas públicas o cerimonial é um conjunto de

formalidades que devem ser seguidas pelas autoridades. O serviço de cerimonial

atua fazendo-se obedecer as precedências entre as autoridades em um evento e

também no planejamento do discurso, dos lugares de honra, das placas

comemorativas e alusivas, bandeiras, hinos, filas de cumprimento, visitas de

delegações, visitas de autoridades, condecorações, congressos, assinatura de atos,

homenagem, dentre outros (FERREIRA apud BORBA, 2008).

1.3.3 Pós-evento

Após a realização do evento é feita uma avaliação do mesmo, “por meio de

uma análise crítica da verificação do grau de satisfação dos participantes, da

eficiência dos serviços prestados e dos resultados obtidos” (FERREIRA apud

BORBA, 2008, p. 116). O relatório é um importante instrumento que faz um balanço

final, elaborado pelos coordenadores do evento. É etapa de encerramento do

evento.

Essas atividades vão além da desmontagem física das infraestruturas

utilizadas para a realização do evento. É necessário encerrar os pagamentos

pendentes e liquidar as pendências administrativas e contábeis. Prestar conta ao

cliente (dono do evento ou a Comissão Organizadora), apresentando relatórios da

movimentação financeira, dos resultados esperados e alcançados e devolver a ele

sobras de todos os materiais não utilizados.

Diante dessas atividades, ocorre a confrontação dos resultados esperados

com os realizados, proporcionando a análise dos pontos positivos e negativos do

evento.

Avaliação Geral, importante etapa do pós-evento, onde os produtores e

gestores analisam pontos fortes e fracos de todos e do evento em si. Como

resultado, um relatório documental. Cada evento deve ser a plataforma para o

próximo.

Dentro do pós-evento ainda podemos identificar como atividades

relacionadas a esta etapa os serviços de secretaria: elaboração e envio de ofícios ou

cartas de agradecimento; separação, catalogação e arquivo de correspondências;

20

envio ou entrega de certificados (esta atividade também pode ser feita no

encerramento do evento); publicação dos Anais do evento (caso seja encontro

científico); envio de release aos meios de comunicação com resultados do evento;

organização da desmontagem das instalações e equipamentos e transporte dos

materiais terceirizados; planejamento da reunião de encerramento.

21

CAPÍTULO II

METODOLOGIA

Entende-se por metodologia, o caminho do pensamento e a prática exercida

na abordagem da realidade, e que esta ocupa um lugar central no interior das

teorias, distinguindo a forma exterior de abordagem de um tema. Ela promove “a

articulação entre conteúdos, pensamentos e existência” (MINAYO, 2000, p.16).

Para o alcance dos objetivos pré-estabelecidos, a pesquisa teve uma

abordagem qualitativa, para descrever a complexidade do assunto, e quantitativa,

para sistematizar os dados obtidos, ou seja, houve uma abordagem qualiquantitativa

ou mista. De acordo com Sampieri, Collado e Lucio (2006, p. 755), “o enfoque misto

é um processo que coleta, analisa e vincula dados quantitativos e qualitativos em um

mesmo estudo, e que pode permitir a conversão de dados quantitativos em

qualitativos e vice versa.”

Quanto aos fins, a pesquisa pode ser classificada como exploratória e

descritiva, visto que esteve voltada à maior aproximação com o assunto abordado –

o evento comemorativo – e a descrição das diferentes etapas associadas à sua

realização, identificando os meios utilizados para atrair todos os envolvidos no

encontro.

Trata-se ainda de um estudo de caso, pois, de acordo com Vergara (2007, p.

49), “é uma pesquisa circunscrita a uma ou poucas unidades, entendidas essas

como pessoa, produto, empresa, órgão público, comunidade ou mesmo país. Este

tipo de pesquisa tem caráter de profundidade e detalhamento”.

O estudo de caso permite o conhecimento em profundidade dos processos e relações sociais. Possibilita grande flexibilidade, mas não permite a generalização dos resultados. Pode envolver exame de registros, observação de ocorrência de fatos, entrevistas estruturadas e não estruturadas ou qualquer outra técnica de pesquisa. O objeto do estudo de caso, por sua vez, pode ser um indivíduo, um grupo, uma organização, um conjunto de organizações ou até mesmo uma situação (DENCKER, 2004, p. 127).

Yin (apud GIL, 2006, p. 73) afirma que “o estudo de caso é um estudo

empírico que investiga um fenômeno atual dentro do seu contexto de realidade,

22

quando as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não são claramente definidas e

no qual são utilizadas várias fontes de evidência”.

Como o Encontro de Turismólogos já teve sua realização, se faz necessária

a sua investigação. Assim sendo, esta pesquisa é um estudo de caso, pois analisa

particularmente o Encontro de Turismólogos, seu objeto de estudo.

Inicialmente foi feita pesquisa bibliográfica para construção do marco teórico

do estudo, bem como para coleta de informações para discussão dos resultados

obtidos. Gil (2009, p. 59) lembra que esta “desenvolve-se ao longo de uma série de

etapas”.

A pesquisa bibliográfica, conforme Fachin (2003, p. 125), “diz respeito ao

conjunto de conhecimentos humanos reunidos nas obras publicadas.” Sua principal

intenção é conduzir o leitor a determinado assunto e possibilitar a produção,

coleção, armazenamento, reprodução, utilização e comunicação das informações

necessárias para a discussão do tema escolhido.

Segundo Gil (2007, p. 44), “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com

base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos

científicos”. Essas fontes bibliográficas permitiram melhor definição e entendimento

do que é o planejamento, organização e realização de um evento, e constituem a

base da fundamentação teórica deste trabalho.

A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao

investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que

aquela que poderia pesquisar diretamente (GIL, 2007, p. 45).

Além da observação participativa em todas as etapas do planejamento e

organização do evento, foi feita coleta de dados, uma pesquisa de opinião junto aos

acadêmicos do 5º e 8º semestre do curso de Turismo da UNEMAT em Nova

Xavantina, que são os responsáveis pelo evento. Essa investigação buscava

identificar a participação de cada um, o comprometimento com a realização do

evento, eventuais dificuldades e problemas.

Assim, esteve envolvido na construção dos dados um grupo de 33

acadêmicos, que responderam questionários estruturados com questões abertas. As

questões abertas são aquelas que dão condições ao pesquisado de discorrer

espontaneamente sobre o que se está questionando (FACHIN, 2003).

O evento foi fotografado e filmado, e os resultados obtidos na pesquisa

serão apresentados fazendo uso de gráficos, tabelas e depoimentos.

23

CAPÍTULO III

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS

3.1 DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO

EVENTO PESQUISADO

O planejamento do evento a ser promovido pelos acadêmicos teve início

com a reflexão sobre o tipo de evento a ser realizado para celebrar os dez anos de

existência do curso de Bacharelado em Turismo da Universidade do Estado de Mato

Grosso, em Nova Xavantina.

Após a prática de brainstorming, a ideia escolhida pelos alunos da disciplina

de Eventos II estava associada ao desenvolvimento de um Encontro em

comemoração aos 10 anos do Curso de Turismo que reunisse egressos,

professores e acadêmicos. Ficou definido o tema “Encontro de Turismólogos” para o

evento, que haveria a confecção de selo comemorativo, posteriormente criado por

uma acadêmica, e o uso da marca Unemat – Nova Xavantina, para que se

identificasse a Universidade e o campus onde o curso é ofertado (figura 1).

Figura 1: Cartaz do Evento FONTE: Comissão Organizadora do evento

24

O evento foi realizado pelos acadêmicos do 5º e 8º semestre (vide figura 2) e

supervisionado pela docente da disciplina como requisito de avaliação da disciplina

de Eventos II.

Figura 2: Comissão Organizadora Fonte: MESQUITA, R. (2011)

Inicialmente, como o Curso de Turismo estaria fazendo dez anos naquele

semestre, foi definido que seria feito um evento para comemorar os dez anos de

existência do curso e para alcançar esse objetivo teria que reunir todos os

envolvidos que fizeram parte desse processo.

Deve-se escolher o tipo de evento mais adequado para que sejam atingidos

os objetivos, segundo Ferreira (apud BORBA, 2008). Assim, de acordo com o

objetivo inicial, ficou definido que seria promovido um “Encontro de Turismólogos”

para reunir profissionais das áreas técnicas, para exposição, informação e possíveis

resoluções de conduta a serem tomadas para determinado tipo de problema da

classe.

Assim, realizar o Encontro de Egressos do Curso de Turismo da UNEMAT

para comemorar os dez anos de existência do curso de Turismo em Nova

Xavantina, aproximando a universidade da comunidade e do trade turístico

25

municipal, foi o objetivo associado à disciplina de Eventos II. Entretanto, os

acadêmicos também pensaram o evento como instrumento para facilitar o acesso

dos acadêmicos aos estágios, que são tão extremamente importantes para a

formação profissional dos mesmos.

O evento também buscava permitir aos atuais acadêmicos conhecimentos

sobre a dinâmica do mercado de trabalho na área de atuação do turismólogo, por

meio dos depoimentos dos egressos do curso.

Adicionalmente, foi planejada uma Palestra Técnica, “apresentação de um

tema predeterminado a um grupo pequeno, que já possui informações sobre o

assunto” (BORBA, 2008). O tema escolhido foi “A evolução do Turismo no Brasil em

10 anos: Histórico, Mercado de Trabalho e Tendências”, ministrado pela palestrante

Profª. MSc. Giovana Pozzer.

Em seguida houve a reflexão sobre duas novas questões: Para quem se

destinaria o evento? A quem interessará o evento?

Sabe-se que a escolha do público-alvo está relacionada à tipologia do

evento. Neste caso, o público alvo do evento foi composto por 213 Turismólogos

formados pela Unemat de Nova Xavantina até 2011; pelos 221 acadêmicos do curso

que ainda estão em formação; pelos professores que contribuíram e colaboram para

a formação desses turismólogos; por representantes do trade turístico local, pelas

principais autoridades locais; a comunidade em geral; fotógrafos; imprensa;

televisão; e, estudantes do 2º e 3º ano do ensino médio.

O local escolhido para a realização das atividades comemorativas foi o

Pavilhão da Sociedade Brasileira de Eubiose (figura 3), que possui capacidade para

acomodar os participantes com infraestrutura adequada, inclusive com acesso a

deficientes físicos, condições para instalação de som, retroprojetor, pontos de

energia, palco, cortinas, e, área para montagem de bar e alimentação. Além disso, é

de fácil de acesso, pois fica próximo dos hotéis e da rodoviária, e oferece ótimas

condições de funcionamento de água, luz e sanitários.

26

Figura 3: Local de realização do evento Fonte: MESQUITA, R. (2011).

A data escolhida inicialmente para realização do evento seria os dias que

antecediam o feriado de 15 de novembro, o que possibilitaria a vinda de mais

egressos que estão morando em outras cidades. Mas, em função de acontecer

nesta mesma época o Festival de Música e as Olimpíadas Universitárias foi

necessário mudar a data para que não chocassem dois eventos importantes da

Universidade.

Originalmente o evento foi planejado para acontecer durante três dias,

assim, elaborou-se uma planilha de custos para cada dia do evento. No primeiro dia,

no Pavilhão da Eubiose, solenidade de abertura com as autoridades locais, os

egressos, comunidade acadêmica, comunidade em geral, palestra magna,

lançamento do selo comemorativo e show musical. No segundo dia, alunos do

ensino médio, comunidade acadêmica e egressos assistiriam a palestra técnica na

Universidade e seriam feitos os depoimentos dos egressos em relação à atividade

profissional e, após essas atividades, seria oferecido coffee break de

confraternização. No terceiro dia, a partir das 12h haveria almoço de

confraternização com todos os participantes do evento e muitas atividades culturais,

músicas, danças, artesanato e exposições diversas. O cálculo inicial seria para 400

27

pessoas envolvidas e pensou-se em captar recursos de patrocinadores para bancar

todas as despesas.

Todavia, faltando três semanas para o dia do evento, o montante de

recursos captados pelos acadêmicos era tão baixo que se chegou a pensar em

cancelar o evento. Novamente o planejamento foi modificado, cancelando várias

atividades e cortando despesas.

Na tentativa do não cancelamento do evento a professora orientadora da

disciplina de Eventos II, com experiência em outros eventos que organizou, buscou

novos contatos e conseguiu recursos consideráveis para que os objetivos fossem

alcançados e o evento se realizasse. Só houve cobrança de ingressos no dia 28 a

partir das 23h, horário marcado para início do show com o Grupo Triêro.

O patrocinador oficial do evento foi a Cerenge - Engenharia e Armazéns

Gerais, empresa que opera no mercado de grãos e tem uma unidade na localidade.

De acordo com Ferreira (apud BORBA, 2008, p. 100), o patrocinador oficial assume

até 60% dos custos do evento e usa os espaços nobres para sua propaganda. O

autor ainda esclarece que pode haver outros patrocinadores responsáveis pelo

custeio do restante da produção, que foi o que ocorreu neste evento, onde a

Mineração Caraíba disponibilizou recursos após os cartazes terem sido impressos,

ficando com a propaganda vinculada apenas no dia do evento.

Já o apoio, que se refere aos pequenos cotistas que participam com dinheiro

ou trocam material pelo direito de usar um espaço no evento e são distribuídos os

espaços em partes proporcionais, foi dado pela Universidade do Estado de Mato

Grosso e pela Prefeitura Municipal de Nova Xavantina.

Com isso, o evento (convite em anexo) aconteceu com seguinte

programação:

DIA 28/10/2011 – SEXTA-FEIRA

Local: Pavilhão da Sociedade Brasileira de Eubiose

20h – Solenidade de abertura

21h – Lançamento do selo comemorativo

23h – Show com o grupo Triêro

DIA 29/10/2011 – SÁBADO

Local: Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT)

14h – Recepção dos alunos do 2º e 3º ano do ensino médio

14h30’ – Palestra Técnica com Profª. MSc Giovana Pozzer

28

15h30’ – Coffee Break

16 – Participação dos Egressos do curso de Turismo

17h – Apresentação do Curso de Turismo pelos alunos do 5º e 8ºsemestre

A figura 4 apresenta a equipe de recepção aos convidados instalada na

entrada oficial do Pavilhão da Eubiose.

Figura 4: Equipe de recepção

Fonte: MESQUITA, R. (2011)

O “Encontro de Turismólogos” não poderia deixar de seguir o cerimonial

adequado, que é fundamental para quem exerce esta profissão. As pessoas

envolvidas com a organização de eventos devem ter pleno conhecimento de todas

as formalidades, além da atuação de mestre de cerimônias, indispensável para

conduzir a sessão de abertura, saudando o público presente no evento e

anunciando os nomes e os títulos dos participantes da mesa. Se houver

personalidades no plenário, estas também devem ser anunciadas.

Notou-se que o cerimonial ocorreu da maneira correta e contemplou

adequadamente as normas, a exemplo dos lugares das autoridades na mesa de

cerimônia (figura 5) que foram determinados pela ordem de precedência entre eles.

29

Figura 5: Composição da mesa de autoridades Fonte: MESQUITA, R. (2011)

Após a fala das autoridades ocorreu a solenidade de lançamento do Selo

Comemorativo dos 10 anos do Curso de Turismo, conforme ilustrado na figura 6.

Figura 6: Lançamento do “Selo” comemorativo

Fonte: MESQUITA, R. (2011).

30

A última atividade prevista para o primeiro dia do evento foi o show musical

ilustrado na figura 7.

Figura 7: Show “Grupo Triêro” Fonte: MESQUITA, R. (2011).

Finalmente, a figura 8 apresenta imagens das palestras realizadas no

segundo dia, no campus universitário da Unemat em Nova Xavantina.

Figura 8: Palestras técnicas Fonte: MESQUITA, R. (2011).

31

A existência de sobra de materiais utilizados na preparação de alimentos

utilizados no Encontro e nos que seriam vendidos no decorrer do evento, e de

recursos financeiros que surgiram na véspera do evento e ultrapassaram o valor

estimado para custear as atividades, ocorreu um terceiro momento não previsto no

planejamento inicial. Alguns dias depois da realização do evento, ocorreu um jantar

de confraternização destinado à comissão organizadora para comemorar o sucesso

do evento, a conclusão da disciplina e a finalização do semestre (figura 9).

Figura 9: Confraternização da Comissão Organizadora Fonte: MESQUITA, R. (2011).

3.2 DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS ACADÊMICOS PARA

REALIZAÇÃO DO EVENTO PESQUISADO

Após a realização do evento, foi feita avaliação junto aos acadêmicos por

meio de questionário para identificar o aprendizado adquirido, as dificuldades

enfrentadas e a opinião deles sobre o evento. Para essa avaliação interna, utilizou-

se da distribuição “in loco” de questionários específicos para cada área. Etapa

realizada em reunião coletiva imediatamente após o encerramento das atividades.

Os resultados obtidos e sua discussão estão subdivididos em: organização

do evento; planejamento do evento; etapas da operacionalização; problemas

32

encontrados na execução; estratégias para resolução de problemas; e, avaliação do

evento.

3.2.1 Organização do evento

Inicialmente questionou-se sobre as etapas da organização do evento, e os

acadêmicos do 5º semestre responderam:

- Pré-evento, planejamento e organização;

- Pré-evento, evento e pós-evento;

- Pré-evento, planejamento, estudo das equipes, designação de papéis,

procura de patrocínio e organização do local;

- Planejar data, local, horário, procurar patrocínio, pré-evento, elaboração do

projeto, distribuição das tarefas/equipes, evento e pós-evento;

- Comissões, planejamento, projeto, organização, convites.

Antes de organizar um evento, conforme Matias (2004, p. 111), “o importante

é que a ideia seja incorporada pelos empreendedores” como uma forma de levantar

elementos sobre o reconhecimento das necessidades desse evento, elaborar

alternativas para suprir as necessidades, identificação dos objetivos específicos,

coleta de informações sobre os participantes, patrocinadores e instituições em

potencial.

Os acadêmicos do 8º consideraram que a etapa da organização do evento

estava associada a determinar o objetivo, fazer planejamento, público-alvo, recursos

para elaboração do evento, a programação e procedimentos, definição dos dias,

data e horário, orçamento, som, local, decoração e mestre de cerimônia;

- Preparação, organização e execução;

- Definir tarefas e planejar o evento;

- Proposta da organização, distribuição de funções, criar o selo do evento, o

folder, enviar convites às autoridades, buscar patrocínio e o pós-evento enviando

carta de agradecimento aos patrocinadores e colaboradores do evento;

- Planejamento, definição do tema, data e local, comissões de trabalho para

decoração, patrocínios, buffet, comunicação, iluminação, bar, entre outros;

- Elaboração do projeto, divisão de tarefas, pedir patrocínio, reservar o local,

comprar materiais necessários, realização do evento e pós-evento;

- Definir o tipo de evento, programação e orçamento, organização das

comissões, busca por recursos financeiros, definir data e local, no evento foi feita a

33

decoração e arrumação do local e o pós-evento foi discutido pontos fortes e fracos

para absorver tudo que a experiência pode proporcionar;

- Elaboração do projeto com objetivos, justificativa e orçamentos, criação das

comissões e traçar estratégias para por em prática o pré-evento, evento e pós-

evento;

- A 1ª etapa da organização do evento: planejamento, traçar metas para

alcançar os objetivos propostos, na 2ª etapa: executar na prática o que foi aprendido

em sala e finalmente o pós-evento que analisou os prós e contras durante a

realização de todo o evento.

De uma forma geral, percebe-se pelas respostas dadas que os acadêmicos

aprenderam quais as etapas para começar a organizar um evento. Sabe-se que

cada tipo de evento possui características peculiares e, às vezes a sua ordem difere,

apesar de haver alguma coincidência (GIACAGLIA, 2003).

3.2.2 Planejamento do evento

Segundo Martin (2003), planejar o evento é ganhar agilidade no

desempenho, é melhorar a eficiência na execução das tarefas, é mensurar com mais

acuidade os resultados e ter referências para avaliá-los.

Com respeito às dificuldades encontradas pelos alunos no planejamento do

evento, houve muitas respostas apontando a falta de entrosamento com alguns

colegas e a falta de conhecimento prático. Além disso, também foi relatado:

- falta de recursos e dedicação de todos por não acreditaram que o evento

poderia ser realizado com a grandiosidade que foi;

- conciliação do serviço com o evento e busca de patrocínio;

- falta de interesse de alguns alunos em colaborar para a melhoria do

evento;

- patrocínio, as pessoas não levam a sério os projetos apresentados pelos

alunos e não acreditam que podem ser realizados;

- falta de interesse dos comerciantes no evento, pois sem eles não teríamos

dinheiro para executar o projeto;

- descaso de muitos alunos e diretoria da Unemat;

- falta de comprometimento por parte da comunidade e empresários que ao

longo desses dez anos do curso de turismo receberam a contribuição dos

acadêmicos que se deslocam de outros municípios, até mesmo de outros estados e

34

residem aqui por quatro anos comprando nos supermercados, pagando aluguel,

água, luz, restaurantes, combustível dentre tantos outros benefícios, além de levar o

nome da cidade aos quatro cantos do país.

A falta de patrocínio foi considerada pela maioria o fator que mais

prejudicou a execução do evento, impossibilitando realizar diversas programações

que poderiam enriquecer ainda mais o evento.

Observa-se que foram muitas dificuldades encontradas pelos alunos, e é

imprescindível a atividade do ser humano para qualquer atividade. Nota-se que a

falta de entrosamento entre eles, o fato de muitos não acreditarem na capacidade de

realização, que são fundamentais para o êxito de qualquer evento, e a dificuldade de

captação de recursos contribuiu para se formar uma equipe insatisfeita.

Entretanto, isso não foi suficiente para prejudicar o bom andamento do

evento, visto que havia o estímulo associado à avaliação de desempenho para a

disciplina. Conforme Canton (apud ANSARAH, 2004, p. 323), “Toda pessoa precisa

de elogios, de sentir-se útil e necessária ao grupo. Com isso há comprometimento,

ética e empenho de todos. E o sucesso é inevitável”.

Complementarmente, os alunos do 8º também encontraram dificuldades em

relação aos colegas, falta de apoio da Unemat e falta de patrocínio da sociedade.

Também foi mencionado:

- dificuldades no planejamento, em montar o pré-projeto por falta de

informações das equipes;

- falta de interesse da população para com o curso de turismo;

- patrocínio, abriu mão de certas programações que poderia enriquecer

ainda mais o evento;

- falta de interesse de alguns alunos durante o evento.

Muitos citaram como maior dificuldade para a realização do evento a falta de

patrocínio e apoio da Universidade, empresários e comunidade em geral.

Para que qualquer evento seja bem sucedido todos os componentes da

equipe devem ser cientes das suas funções e quais as atividades que serão

desenvolvidas. Além de todos estarem “falando a mesma língua”, os colaboradores

devem trabalhar em sintonia e com muita comunicação, a fim de evitar falhas na

execução das atividades e conflitos pessoais internos. Notou-se que houve falta de

entrosamento entre as equipes, falta de incentivo dos possíveis patrocinadores e por

não acreditarem na capacidade de realização, muitos não se esforçaram.

35

Allen et al. (2003, p.31) descrevem que “a equipe do evento sendo grande

ou pequena, é a expressão do evento, e cada qual contribui para o seu sucesso ou o

seu fracasso.”

Para o sucesso de qualquer evento é necessário traçar estratégias e

preparar os agentes, visto que o sucesso dessas atividades está ligado ao

planejamento e à qualificação dos que irão executá-lo. É interessante propor à

equipe de colaboradores e parceiros um momento inicial de apresentação com

dinâmicas de grupo a fim de integrar o grupo. Reuniões frequentes também é uma

boa ideia para acompanhamento do grupo e resolução de possíveis conflitos.

Ao perguntar se tudo ocorreu conforme o planejado, os alunos justificaram

“que ocorreram inúmeras mudanças e adaptações até o último momento no que foi

planejado, mas o evento superou até mesmo as expectativas e houve o sentimento

de missão cumprida no final”. Também foi mencionado que:

- Ocorreram deslizes no segundo dia;

- Faltou um pouco mais de participação por parte da Unemat. O evento é

uma disciplina do curso e necessita de acompanhamento e investimentos por parte

da instituição;

- Após várias mudanças por falta de incentivo da própria universidade e

patrocínio, conseguimos superar as expectativas e fizemos o evento acontecer de

forma organizada e planejada;

- Não, porque primeiramente foi planejado um evento de três dias, mas por

falta de recurso financeiro não foi possível;

- Não, na hora aconteceram alguns imprevistos que pela maioria dos

convidados nem foi notado, mas também aconteceram coisas boas como o show

com o DJ Mongo;

- Sim, até superou as expectativas, pois poucos acreditaram que iria dar

certo;

- Não, na sexta feira (28) tudo aconteceu como o planejado, dentro do

horário previsto, já no sábado (29), faltou o som, a palestrante teve que se esforçar

para que todos ouvissem, poucos alunos do ensino médio das escolas estaduais

compareceram para assistir a palestra que era destinada a eles, como era previsto;

- Na noite de sexta-feira sim, foi Ótimo!!! Já a programação do sábado não,

porque as tarefas não foram bem divididas, não houve empenho das duas turmas

deixando sem controle o que cada um faria de atividade;

36

- Não, tivemos um show que foi decidido de ultima hora DJ Mongo de Água

Boa e os alunos das escolas não compareceram para a palestra do segundo dia do

evento;

- Nem tudo, no começo almejamos um mega evento, com muitas pessoas,

só que tudo foi muito precipitado, diminuímos muitos itens devido ao pouco recurso

financeiro, no dia do evento houve algumas falhas, a demora para começar, mas

que representa muito pouco em vista do que foi o evento.

Os grupos de trabalho responsáveis pelo planejamento, pela organização e

pela execução do evento não souberam realizar determinadas tarefas e não

formaram equipes responsáveis por cada etapa do evento com comprometimento

para solucionar situações imprevistas numa abordagem rápida e eficiente.

O planejamento, segundo Matias (2004, p. 112), “a exemplo de qualquer

atividade humana, é fundamental no processo de organização de evento

englobando todas as etapas de preparação e desenvolvimento do evento”.

As diferentes opiniões dos alunos do 8º contribuíram para detalhar mais

informações se tudo ocorreu conforme o planejado: “Um evento dificilmente ocorre

exatamente como o planejado. No 2º dia do evento não teve organização no

anfiteatro para as palestras, apenas no coffee break”;

- Houve muitas mudanças do projeto inicial e isto dificultou a integração dos

grupos, ideias não aproveitadas;

- Sim, até mais que esperávamos, o evento foi um grande sucesso, todos

comentavam como foi bem organizado;

- Queríamos fazer um evento bem mais amplo, mas com a falta de

patrocínio não foi possível;

- Houve mudanças de data, reduziu os dias de realização do evento, porém,

conforme se ajustou ocorreu muito bem na sexta-feira e no sábado falhou na

organização com o datashow e microfone;

- Nem tudo ocorreu como o planejado, porém, no decorrer do evento

encontramos formas de sanar os problemas encontrados no dia do evento e

principalmente no segundo dia em organizar o anfiteatro;

- No início do planejamento o custo seria bem maior do que se tinha em

caixa, mas com novas adaptações ocorreu conforme o planejado;

- No primeiro dia foi maravilhoso, já no segundo dia houve muitas falhas,

algumas pessoas não estavam dispostas a ajudar, mas depois deu tudo certo;

37

- Apesar de todas as dificuldades encontradas o evento quase ficou perfeito.

Na noite de sexta-feira foi tudo maravilhoso, já no sábado não encerrou com chave

de ouro por falta de planejamento.

- Devido à falta de recurso houve a necessidade de redução de dias e de

gastos para a realização do evento.

Planejar um evento é ganhar agilidade no desempenho, considera Martin

(2003, p. 73), “é melhorar a eficiência na execução das tarefas, mensurar os

resultados e ter referências para avaliá-los”. Além disso, ganha-se tempo,

despendem-se menos esforços, evita-se desperdício, tomam-se medidas que

minimizem imprevistos e facilitem sua resolução quando surgirem e atingem-se os

objetivos propostos.

Meirelles (1999, p. 37) considera que o planejamento é um “fator

fundamental ao desenvolvimento de qualquer atividade e, de modo especial, para a

organização de eventos, permitindo a racionalização das atividades, o

gerenciamento dos recursos disponíveis e a implantação do projeto”.

Embora os alunos tenham visto todas as etapas do planejamento na

realização do projeto, eles não conseguiram se organizar deixando tarefas e

responsabilidades que foram determinadas a cada equipe para que outra fizesse.

3.2.3 Operacionalização do evento

Os alunos do 5º semestre consideraram que as etapas da operacionalização

do projeto que foram modificadas são: orçamento, atrações, cronograma, locais e

programação, tudo em função da redução de custos. Nas palavras deles:

- Os shows e algumas atrações por falta de recursos;

- Mudaram as datas, atividades por falta de patrocínio que precisou reduzir

ao máximo o orçamento;

- Foi modificada a duração do evento; foi incluído o show com o DJ Mongo,

são pequenos detalhes, que é difícil lembrar;

- O evento foi reduzido de três dias para um por falta de verba, foram

necessárias algumas modificações para ser realizado;

- No projeto houve várias modificações, devido principalmente à questão

financeira. Houve mudança na data, de palestrantes, redução de dias, decoração,

shows etc;

38

- Foram várias, pois tivemos que diminuir várias coisas, inclusive um show,

um almoço, uma palestra e a quantidade de dias do evento.

Para que não haja muitas modificações nas etapas de operacionalização do

planejamento é necessário elaborar um projeto com informações básicas que

direcionem o desenvolvimento das atividades que serão realizadas. Existem alguns

instrumentos que auxiliam no controle e desenvolvimento das atividades durante

todas as fases do planejamento e organização de um evento.

Os instrumentos mais utilizados são o briefing, que ajuda a captar

informações, esclarecer os aspectos relevantes do evento ou problemas que não

estão sendo solucionados, e o checklist, que é a relação das providências, tarefas e

necessidades do evento que está sendo organizado.

Embora os alunos tivessem elaborado as etapas do briefing e do checklist,

na prática não as utilizaram para que não houvesse tantas falhas e que pudessem

solucionar os problemas e tomadas providências antes do evento acontecer.

Os alunos do 8º consideraram que a data foi mudada, a quantidade de dias

foi modificada por falta de patrocínio, no dia contratou-se um DJ de última hora que

por sinal acrescentou para o sucesso do evento;

- O projeto estava com um orçamento elevado, foram eliminados alguns

itens;

- No pré-projeto havia mais programações que por falta de apoio financeiro

não pode ser executado tendo que cortar algumas bandas e palestras;

- O custo do evento sem dúvida foi o mais modificado, porque sem recurso

não foi possível contratar a palestrante que desejávamos;

- Foram modificadas datas, duração do evento, foram retirada parte da

programação como show, palestra, coquetel e almoço;

- A palestra motivacional que era para acontecer na sexta foi cancelada,

outros shows que estavam programados não ocorreram, o evento era para ser três

dias de comemoração, atividades e palestras foi modificado também;

- O orçamento, foi eliminado do projeto inicial shows e palestras;

- Algumas etapas foram modificadas por falta de patrocínio, era para ter

outras palestras, a programação de sábado era para ter show, no domingo era para

ter almoço, mas a falta de patrocínio teve que reduzir muito o evento;

- O cronograma de atividades e a planilha orçamentária;

39

Conforme foi sentido pelos alunos, criou-se uma expectativa muito grande

para a realização do evento com muitas palestras, shows e várias atividades.

Inicialmente, o chefe do Departamento de Turismo revelou que haveria um valor

inicial significativo, antes mesmo de dar início à elaboração do projeto por se tratar

de um evento considerado importante para o curso. A partir disso, iniciou-se a

primeira etapa com a elaboração do projeto, contando também que os empresários

e comerciantes poderiam ser forte aliados como patrocinadores.

Todo evento independente de seu tamanho, conforme Matias (2003, p. 95),

necessita decidir como primeira etapa qual será a filosofia financeira e orçamentária

do evento. O estudo de viabilidade econômica e o projeto de eventos serão

eficientes, se permitirem:

[...] conhecer de onde vêm os recursos e para onde eles vão; identificar qual a porcentagem de recursos derivados de que área; analisar o que a organização está gastando e onde as despesas poderão estar sendo muito altas; determinar onde pode haver flexibilidade para aumentar os recursos e tomar decisões sobre diversas variáveis, num modo inteligente e profissional. (PCMA apud MARTIN, 2003, p. 95).

Em função de acontecer no mesmo período dois outros importantes eventos

na Universidade, o encontro pesquisado foi o que teve menor apoio e o valor inicial

que contávamos como certo foi cancelado, depois do projeto já ter sido iniciado. A

partir desse momento, os organizadores tiveram que fazer muitas alterações e

modificações, cortando grande parte da programação. Os prováveis patrocinadores

foram contribuindo com a proximidade do evento e com isso foram feitos muito

ajustes.

3.2.4 Execução do evento

Ao perguntar aos alunos do 5º quais os principais problemas encontrados na

execução do evento, continuaram afirmando que a falta de recursos financeiros, de

conhecimento formalizado em relação à prática e de domínio sobre a organização

do evento. Foi mencionado que:

40

- Acredito que o apoio da nossa faculdade e de alguns empresários que ao

longo desses dez anos do curso foram beneficiados de diversas maneiras,

principalmente em divisas de recursos;

- Acho que diante das dificuldades na medida do possível, cada um fez o

que tinha que ser feito e tudo foi ok;

- A falta de responsabilidade e comprometimento, pois muitos não ajudaram

a realizar as atividades propostas;

- O entrosamento entre as turmas, o empenho e o desempenho de alguns

colegas e conseguir patrocínio;

- Em minha opinião um dos maiores problemas foi no sábado com duas

palestras interessantes, a comunidade local não participou mesmo tendo ônibus

para conduzi-los;

- A união das turmas por não se comunicarem deixou a desejar durante a

organização das palestras no sábado;

- Para a realização do evento não tivemos apoio da instituição, poucos do

comércio ajudaram com patrocínio. A falta de verba foi um dos maiores problemas;

- Aos empresários e comerciantes locais que não contribuíram para a

realização desse evento. Ficamos boquiabertos e decepcionados com o descaso

dos comerciantes, isso foi um grande problema encontrado, no entanto houve

alguns patrocinadores e outros que aprovaram este evento e assim pode ser

realizado;

- A colaboração de patrocínio e a falta de interesse da própria Unemat;

durante as etapas da execução do evento foram encontrados dificuldades na

escolha do local, a quantidade de dias, a divulgação no começo não se atingiu o

esperado, a verba para execução do evento, a falta de participação de alguns, o

apoio da universidade, a escolha da programação entre outros.

Canton (apud ANSARAH, 2004, p. 322) considera que todos os nossos

adjetivos terão valor real e se auto sustentarão “quando acreditarmos e investirmos

na qualidade dos nossos profissionais e assumirmos nossa responsabilidade

realizando parcerias verdadeiras, que trarão resultados positivos para os

organizadores de eventos”.

Já para os acadêmicos do 8º os principais problemas encontrados foram

“promover um evento grandioso com muitas pessoas ao mesmo tempo, mesmo

41

dividindo as tarefas, tem grupos (equipes) que fazem mal feito sua parte

sobrecarregando os que se dedicam mais”. Além disso:

- A maior dificuldade é a união das equipes, muitos deixaram a desejar e

com isso sobrecarrega outras pessoas;

- Falha na comunicação em alguns momentos, pois as vezes não se sabia o

que fazer, ou de que comissão fazia parte;

- Falta de comunicação entre as turmas, uma jogando para a outra, não

queriam trabalhar, falta de organização no anfiteatro, um esperando pelo outro;

- Faltou colaboração da Unemat e patrocínio do comercio e no dia do evento

alguns colegas poderiam ter ajudado mais;

Um grande percentual considerou a falta de patrocínios tanto da Instituição

quanto do comércio, o maior problema para a realização do evento. Isso desmotivou

os acadêmicos na realização das atividades e faltou empenho das tarefas que foram

distribuídas em comissões com um cronograma de atividades para cada comissão,

que é imprescindível na operacionalização, evitando que o responsável não saiba

onde irá atuar como foi declarado por uma acadêmica.

O orçamento, segundo Canton (apud MARTIN, 2003, p. 121) é “uma

previsão dos investimentos que pretendemos realizar, da prestação de serviços e

receitas de qualquer natureza; (...) um limitador de ação e uma antecipação dos

resultados que nortearão as nossas ações; um excelente instrumento de controle

para comparar o previsto e o realizado”.

3.2.5 Estratégias para resolução de problemas

Em seguida questionou-se os pesquisados sobre estratégias, meios que a

equipe utilizou para solucionar problemas, e as respostas obtidas foram:

- Buscar parcerias e aperfeiçoar o trabalho em equipe;

- As estratégias foram a redução da programação, assim redução de custos;

- Nós mandamos bem e com a ajuda dos professores Fatinha e Delfos tudo

deu certo;

- Foram divididas todas as tarefas, porém nem todos as cumpriram;

- Infelizmente isso pegou toda a organização de surpresa porque como tinha

anúncios em todos os meios de comunicação, era muito improvável a comunidade

não se interessar em participar;

42

- Apesar de não ter sido bem organizado a segunda parte do evento, foram

solucionados os problemas com rapidez e agilidade para a realização das palestras;

- Com muita persistência os alunos correram atrás e com o grande apoio da

professora Fátima, que não mediu esforços, conseguimos o suficiente para que o

evento acontecesse;

- A estratégia utilizada foi a redução de custos, já que o financeiro não era o

bastante, então, reduziu-se os dias do evento, conseguimos palestrante gratuito,

locação do local do evento com o preço inferior ao que era posto primeiramente,

enfim, fomos buscar meios para redução de custos em todos os setores;

- A diminuição de gastos e de atrações que tínhamos em vista;

- A ausência de muitos alunos na questão participativa, na área da comida

houve dificuldades em conciliar com o bar que teve a falta de troco, para solucionar

essa questão os alunos se apoiaram com ajuda mútua em vários aspectos, muitos

desempenharam papéis de outras pessoas para resolver tais problemas.

Esse resultado demonstra que houve iniciativa dos organizadores na busca

por soluções para os problemas surgidos, o que é ótimo, e está coerente com

Canton (apud ANSARAH, 2004, p. 308-309): “Todo evento é o resultado de um ato

criativo. Essa criatividade, esse ato deve espelhar a vontade de fazer, como fazer e

por que fazer, isto é criar”. A criatividade pode ser desenvolvida e aprimorada pela

aquisição de conhecimentos, da habilidade com capacidade de sentir e definir

problemas e produção de novas ideias, encorajamento e incentivo a equipe para

funcionar mais criativamente.

As estratégias que o 8º semestre definiu para conseguir solucionar foram:

- Reduzir os gastos, cortar atividades e diminuir a programação;

- Foram utilizadas as estratégias da Profª Fatinha, que não mediu esforços

para a realização do evento;

- O meio que foi utilizado para solucionar foi dialogar entre as equipes e

dividir o trabalho para não acumular apenas numa minoria;

- Diante da falta de verba a equipe decidiu diminuir o tamanho do evento,

cortar alguns gastos considerados como não preferencial, excluir palestras e shows

da programação, reduzir para dois dias o evento, cancelar bufett;

- Baratear o custo do projeto sem que perdesse muito a qualidade;

43

- Os membros foram conversando e se entendendo entre sí e os professores

que ministravam a disciplina de Eventos II, a união que uns tinham com os outros

ajudou a solucionar as falhas que ocorreram durante o evento;

- Tentamos fazer o possível para que o evento fosse realizado de acordo

com o que planejamos;

Promover o entrosamento entre as turmas foi imprescindível para que todos

se entendessem e não deixassem de fazer o que era proposto e assim mesmo

houve falhas. Uns deixaram para os outros, tarefas que eram importantes para a

realização das palestras, confiando que o outro iria fazer. O segredo para um evento

de sucesso está na criatividade, no encantamento do público participante, no

planejamento e organização, na execução de todos os detalhes previstos e

dimensionados, assim como, na escolha dos parceiros e patrocinadores.

3.2.6 Avaliação do evento

Em seguida, pediu-se que os pesquisados avaliassem os itens da

organização, considerando ruim (0 a 4), razoável (5 a 6), bom (7 a 8) e muito bom (9

a 10). Os resultados obtidos estão sintetizados nas figuras 1 e 2.

Figura 10: Opinião dos acadêmicos do quinto semestre sobre os itens de

análise do evento

FONTE: Questionários respondidos pelos acadêmicos envolvidos na relizaçao do evento

44

Percebe-se que os aspectos mais bem avaliados foram, respectivamente, as

palestras, os shows e os locais para realização das atividades. É um resultado bem

interessante visto que demonstra que foi possível oferecer com sucesso atividades

técnicas (palestras) e culturais (shows), em locais apropriados para tal.

Já as principais críticas dos acadêmicos do 5º semestre foram feitas à

divulgação e ao coffee break, ambos muito importantes para o sucesso de um

evento com essas características.

Figura 11: Opinião dos acadêmicos do oitavo semestre sobre os itens de análise

do evento

FONTE: Questionários respondidos pelos acadêmicos envolvidos na relizaçao do evento

Como verificado na tabela 2, os acadêmicos do 8º semestre avaliaram o

evento mais satisfatoriamente do que os do quinto. Para eles, as palestras e os

shows foram os pontos altos do evento, a exemplo do avaliado pelos outros

acadêmicos. Entretanto, este grupo também avaliou muito bem o coffee break,

contrariamente ao outro grupo.

45

Essa disparidade na avaliação pode estar associada ao fato de que foram os

acadêmicos do oitavo semestre que ficaram responsáveis pelo coffee break, e em

função disso, eles estavam se auto avaliando de maneira mais positiva do que o

percebido pelos colegas do quinto semestre.

Notou-se que a divulgação do evento também foi o aspecto que foi pior

avaliado por esta turma, indicando uma percepção de todos os organizadores de

que este foi o aspecto menos trabalhado pelo grupo.

Ao perguntar o que deveria ser feito para que uma próxima edição deste

evento seja melhor, foi dito pelos alunos do 5º semestre que é fundamental mais

apoio da própria universidade, que a busca por patrocínios seja mais intensa e feita

com mais antecedência, cada um dos organizadores dê o máximo de si, e que haja

melhor divulgação do evento.

Percebe-se que é necessário mais tempo para a organização de um evento

deste porte, pois o projeto deve estar pronto e ser entregue aos eventuais

patrocinadores meses antes, visto que as empresas maiores têm cotas de

patrocínio, mas com um mês de antecedência não é possível a disponibilização de

patrocínio. A universidade também deve se conscientizar e ajudar os acadêmicos

num evento como este, pois divulga não só o nome da universidade e também o

curso.

Os alunos do 8º semestre acharam que é necessário mais tempo para

planejar e elaborar o projeto. Este ficou muito em cima da hora e muitas coisas

deixaram de ser feitas por falta de tempo. Além disso, a divulgação e o envolvimento

da Instituição também foram apontados.

Todo evento para ser bem organizado, precisa cumprir todas as etapas de

seu desenvolvimento. O tempo proposto para a realização deste evento foi na

primeira aula do semestre letivo e as duas turmas teriam que realizar esta atividade

até o final do semestre como o término da disciplina e avaliação final do que foi feito

e alcançado. No entanto, todos ficaram muito tranquilos achando que seria fácil já

que teríamos uma verba inicial para dar andamento no projeto e organizar as

atividades da programação. A partir do momento que este recurso foi retirado, os

alunos perderam a iniciativa e ficaram sem saber como agir diante do tempo

transcorrido e a proximidade da data agendada.

46

Organizar evento é uma tarefa prazerosa, porém árdua, imprevistos

acontecem a todo instante e o organizador precisa de uma equipe de coordenadores

que atuarão no momento da execução, estar preparado para solucionar imprevistos,

improvisações de última hora e tomada de decisões importantes para a realização

do evento. Nas palavras de Elbert Hubbart, “A melhor preparação para o bom

trabalho de amanhã é o bom trabalho de hoje”.

A disciplina de eventos é ministrada em dois momentos, no 3º semestre é

dada a parte teórica e no 8º é realizada a prática, mas em função de existência de

duas grades curriculares distintas, haviam alunos que realizavam a prática só no 8º

semestre.

Embora haja muita demanda por pessoal capacitado, conforme citado por

Giacáglia (2003) em seu prefácio, mesmo as escolas bastante conceituadas ainda

não estão formando futuros profissionais capazes de desincumbir-se a contento

dessa tarefa, apesar da importância de que ela se reveste. Muitos recém-formados

têm que aprender na prática – a duras penas e com os próprios erros muitas vezes

irreparáveis – a zelar pela imagem da empresa que os emprega.

Dessa forma, é relevante que as disciplinas de Eventos I e II do curso de

Turismo da Unemat permitam aos alunos vivenciar na prática a organização de um

evento e corrigir os possíveis erros antes de chegar ao mercado de trabalho.

Segundo Watt (2004, p. 95), “é fundamental que cada evento, seja pequeno

ou grande, tenha um processo de avaliação criterioso, que deve ser desenvolvido ao

final e durante a sua realização.” Essa avaliação que é chamada de controle ou

monitoramento constitui uma avaliação permanente dos erros e acertos, sendo

muito importante para garantir que o desembolso financeiro e a ação estejam bem

direcionados.

Nesta linha, optou-se por avaliar o evento também considerando a

perspectiva de envolvimento e dedicação dos organizadores por ocasião do pós-

evento. Os acadêmicos foram solicitados a descrever aquilo que fizeram em cada

etapa do evento e se auto avaliarem. Este exercício permitiu a reflexão e uma

análise crítica dos erros e acertos, e levou a um feedback importante para os

próximos eventos a serem promovidos durante a vida acadêmica e profissional.

47

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Cada evento, independente do seu tamanho, formato ou tipologia, é antes

de tudo um sonho, uma expectativa, que uma vez idealizada precisa ser

materializada, num processo bastante complexo e envolvente.

Neste sentido, a disciplina de Eventos II permitiu aos acadêmicos a vivência

prática do processo de planejamento, organização, operacionalização e avaliação do

evento pesquisado, e isso possibilitou alcançar todos os objetivos propostos nesta

pesquisa. O objetivo final da investigação era avaliar as principais dificuldades

encontradas pela equipe organizadora para realizar evento em comemoração aos

dez anos de existência do Curso de Turismo da UNEMAT. Para que isso fosse

possível foram traçados alguns objetivos específicos: localizar egressos e

professores do curso de Turismo; definir a programação do evento e fazer o projeto

com orçamentos e prováveis contratações; convidar todos os egressos, acadêmicos

e professores do curso, juntamente com representantes do trade turístico e as

principais autoridades municipais para troca de informações e experiências acerca

da atividade turística; e, realizar o evento.

As atividades desenvolvidas permitiram aos acadêmicos entender que o

planejamento detalhado permite potencializar as chances de sucesso, bem como

minimizar o nível de stress dos organizadores por ocasião da operacionalização do

evento. Entretanto, eventualidades podem surgir e demandam decisões rápidas para

solucionar os problemas emergentes.

Houve o entendimento de que a organização envolve a captação e

disponibilização dos recursos necessários para que o evento efetivamente ocorra.

Para isso é preciso pessoas capacitadas, recursos financeiros em quantidade

suficiente, programação pertinente e de qualidade, infraestrutura adequada e

divulgação eficiente, entre outros fatores necessários para satisfação das

expectativas dos participantes. Dentre esses aspectos, a captação de recursos

financeiros foi percebida como o expediente mais difícil na organização do evento

proposto.

Uma vez promovido o evento, ocorreu a avaliação do mesmo para que as

próximas edições sejam melhores que a última realizada, num processo de melhoria

48

contínua. Quando se avalia o desempenho e isto fica registrado, passa a existir

análise crítica e isso faz com que haja evolução.

Pode-se perceber que a tarefa de realizar eventos demanda pessoas com

conhecimento prévio e experiência prática, o que não é facilmente encontrado no

mercado de trabalho. Daí a importância da realização de eventos no decorrer dos

cursos universitários de Turismo, Hotelaria e Gastronomia, para que os futuros

profissionais tenham a oportunidade de vivenciar as atividades associadas ao

processo, antes de ingressarem no mundo do trabalho.

Neste estudo também foi diagnosticado pelos acadêmicos organizadores do

evento problemas com o trabalho em equipe, visto que foi mencionado em vários

momentos a falta de comprometimento de alguns colegas, a pouca dedicação

destes ao grupo, bem como a falta de envolvimento dos gestores da própria

instituição que deveria ser a maior interessada no sucesso do evento proposto. Com

isso, percebeu-se que as habilidades de trabalhar em equipe e promover relações

interpessoais de forma satisfatória também são relevantes para quem for atuar na

área de eventos.

Entretanto, apesar de todas as dificuldades apontadas, o evento investigado

foi percebido como tendo superado às expectativas dos próprios organizadores, o

que foi uma conquista para o grupo, que se sentiu recompensado por todos os

esforços despendidos, e mais preparado para atuar profissionalmente.

49

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50

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APÊNDICES

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE NOVA XAVANTINA

DEPARTAMENTO DE TURISMO

Docente: Profª Fátima C. A. M. Mesquita

Disciplina: Organização de Eventos II

Discente: _________________________________________________________

AVALIAÇÃO

Refletindo sobre o evento Comemoração dos 10 anos do Curso de Turismo

1. Quais as etapas da organização do evento?

2. Quais as dificuldades encontradas por você no planejamento do evento?

Explique.

3. Tudo ocorreu conforme o planejado? Justifique.

4. Quais etapas da operacionalização do projeto foram modificadas?

5. Quais os principais problemas encontrados na execução do evento? Explique.

6. Quais estratégias/meios a equipe definiu/utilizou para solucioná-los?

7. Avalie os itens da organização, considerando ruim (0 a 4), razoável (5 a 6), bom

(7 a 8) e muito bom (9 a 10).

Itens Muito bom Bom Razoável Ruim

Locais

Datas

Horários

Programação

Palestra

Infraestrutura

Duração total do evento

Shows

Convites

Divulgação

Recepção

Coffee break

8. O que deveria ser feito para que uma próxima edição deste evento seja melhor do

que esta?

9. Qual foi sua participação no pré-evento, evento e pós-evento?

10. Que nota você daria para sua atuação no evento?

Convite

As turmas do 5° e 8° Semestre de Turismo têm a honra de convidar Vossa Senhoria e família para o evento comemorativo dos 10 anos de existência do Curso de Turismo da UNEMAT – Campus de Nova Xavantina, a ser realizado conforme programação abaixo.

Programação

DIA 28/10/2011 – SEXTA-FEIRA Local: Pavilhão da Sociedade Brasileira de Eubiose 20h – Solenidade de abertura 21h – Lançamento do selo comemorativo 23h – Show de abertura com o grupo Triêro DIA 29/10/2011 – SÁBADO Local: UNEMAT – Universidade do Estado de Mato Grosso 14h – Recepção dos alunos do 2º e 3º ano do ensino médio 14h30’ – Palestra Técnica com Profª. MSc Giovana Pozzer 15h30’ – Coffee Break 16 – Participação dos Egressos do Curso de Turismo 17h – Apresentação do Curso de Turismo pelos alunos do 5º e 8º semestre