36
AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA ESPECIALIZAÇÃO EM NEUROPSICOPEDAGOGIA EDUCAÇÃO ESPECIAL INCLUSIVA 9,5 A UTILIZAÇÃO DE LIBRAS PARA OS DEFICIÊNTES AUDITIVOS ALESSANDRA DE JESUS [email protected] Orientador: Prof. Dr. Ilso Fernandes do Carmo. ALTA FLORESTA/2017

AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

ESPECIALIZAÇÃO EM NEUROPSICOPEDAGOGIA EDUCAÇÃO ESPECIAL

INCLUSIVA

9,5

A UTILIZAÇÃO DE LIBRAS PARA OS DEFICIÊNTES AUDITIVOS

ALESSANDRA DE JESUS

[email protected]

Orientador: Prof. Dr. Ilso Fernandes do Carmo.

ALTA FLORESTA/2017

Page 2: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

ESPECIALIZAÇÃO EM NEUROPSICOPEDAGOGIA EDUCAÇÃO ESPECIAL

INCLUSIVA

A UTILIZAÇÃO DE LIBRAS PARA OS DEFICIÊNTES AUDITIVOS

ALESSANDRA DE JESUS

Orientador: Prof. Dr. Ilso Fernandes do Carmo.

“Monografia apresentada como exigência parcial para obtenção do título de Especialização em Neuropsicopedagogia Educação Especial Inclusiva.”

ALTA FLORESTA/2017

Page 3: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

Dedico primeiramente a Deus, pois sem ele nada seria

possível. E a minha família pelo apoio durante esta longa

caminhada.

Page 4: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

AGRADECIMENTO

A todos que contribuíram direta

ou indiretamente para a

realização deste trabalho

Page 5: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

“O principal objetivo da educação é criar

pessoas capazes de fazer coisas novas e

não simplesmente repetir o que outras gerações fizeram”.

(Jean Piaget).

Page 6: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

RESUMO

A linguagem exerce papel preponderante na constituição do sujeito, visto

que é através dela que nos apropriamos da cultura. Apesar da relevância

inquestionável da sua importância para o homem, a possibilidade de construção

da mesma para os surdos tem sido regularmente negado, e este trabalho tem a

finalidade de refletir sobre a Língua Brasileira de Sinais ou LIBRAS e abordando

aspectos a ela ligada.

A escolha do tema deu-se para averiguar a utilização de metodologias

diferenciadas para resgatar o prazer do educando em aprender e isso faz com

que o profissional da educação reflita sobre a sua prática pedagógica, sabendo

que tem o desafio de conquistar o educando com deficiência auditiva, para que

ele sinta-se bem na escola, proporcionando-lhe um aprendizado livre das

amarras do sistema educacional discriminatório e classificatório, dando-lhe a

oportunidade de se expressar de maneira democrática, levando-o a atingir os

objetivos propostos e estimulando suas competências.

O presente trabalho foi elaborado através do procedimento de pesquisa

bibliográfica, teve como objetivo buscar informações para maior compreensão do

tema abordado, através de livros, sites científicos e outros referentes. Assim o

presente estudo objetivou identificar as dificuldades encontradas pelos

professores, em trabalhar com alunos portadores de deficiência auditiva por não

terem LIBRAS em sua formação.

Ao final da pesquisa pode-se afirmar que há necessidade que os

professores tenham formação adequada para trabalharem a inclusão dos alunos

surdos, para que se consiga atender as reais necessidades do deficiente

auditivo, em sua formação a escolar.

Palavras-chave: Inclusão. Ensino de Libras. Formação do professor

Page 7: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

0909

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO... ......................................................................................................07 1 LIBRAS- (LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS)..................................................11 2. O PROCESSO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DO SURDO................................10 3 INTERVENÇÃO NA SURDEZ...............................................................................19 CONCLUSÃO............................................................................................................32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................34

Page 8: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

0909

INTRODUÇÃO

Muito se discute sobre a inclusão do surdo no ensino público regular e

Sab se que, constitucionalmente, ele tem direito a educação e ai que alguns

desafios configuram-se no trabalho docente, primeiro a falta de formação para

trabalhar com alunos surdos, em pregar métodos e técnicas de ensino que

favoreça sua interação.

Por isso os professores devem ter uma formação adequada para

trabalharem a inclusão dos alunos surdos sem sala do ensino regular, no

entanto a maior dificuldade e na área de comunicação. O educador por não

terem uma formação especifica para trabalharem com alunos surdos. Para não

haver tanto desconforto na aprendizagem a língua de sinais (LIBRAS) deveria

ser usada na escola regular e trabalhada com todos os alunos, assim facilitaria o

desenvolvimento dos alunos portadores de necessidades especiais (SURDOS),

ampliando o conhecimento de todos e acabando com a diferença, porque

mesmo não falando todos se comunicam e interagem.

Ao se trabalhar uma proposta pedagógica diferenciada, que atenda as

reais necessidades do deficiente auditivo, em sua formação a escolar estará

desenvolvendo o indivíduo no local onde está inserido, concedendo ferramentas

de transformação da sociedade, além da ampliação dos conhecimentos para um

futuro melhor.

Desse modo para que as Instituições consigam atende o aluno com

deficiência auditiva devem ser melhoradas, no tocante ao ensino e

aprendizagem. Nesse sentido é de uma importância a escolha do método pelos

professores e pelos coordenadores ao planejarem o ensino da pessoa surda.

O aluno surdo sente-se diferente, pois o simples fato de querer ajudá-lo

mais de dar mais atenção diferencia ele dos outros, e uma forma erronia de

trabalhar a inclusão, sem perceber o professor acaba isolando-o do grupo e

constrangendo-o.

Assim a inclusão automaticamente transforma-se em exclusão, o aluno

surdo não quer ser melhor nem sentem uma sensação de impotência. O aluno

Page 9: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

0909

surdo tem o mesmo direito e na pratica quer ser igual a todos e tratado da

mesma forma que seus colegas de sala.

O trabalho com o deficiente auditivo tem o compromisso de formar

cidadão consciente, e a mesma deve ter subsídios necessários e tornar

realidade essas mudanças educacionais, transformando a maneira como

pensamos e concebemos ao centro de especializado na língua do surdo e a

comunicação dos ouvintes.

A realidade, tal como se apresenta a educação especial hoje, constitui

um grande desafio para o mundo que desvaloriza a educação. Sendo que a

educação especial auditiva é um grande passo no sentido de possibilitar

caminhos para o ensino e aprendizagem de alunos (a) surdos brasileiros

capazes de contribuir com uma sociedade mais justa e igualitária para todos.

A falta de conhecimento dos procedimentos metodológicos para

trabalhar com os alunos com deficiência auditiva, são empecilhos para se

conseguir transmitir os conteúdos desejados de forma que o deficiente auditivo o

compreenda. Desse modo sugere-se que se tenha uma pessoa especializada

em transmitir as metodologias adequadas para se trabalhar com os deficientes

auditivos por meio das regras de sinais.

As hipóteses são de que os professores não conseguem transmitir o

conteúdo desejado de forma que os deficientes auditivos compreendam, pois

não tem conhecimento aprofundado de Libras, desse modo: é entrave para a

inclusão do aluno surdo no ensino público a falta de formação adequada dos

educadores; a metodologia empregada pelos educadores ajuda os alunos surdos

na aquisição do conhecimento; a língua de sinais precisa ser estudada para que

haja interação entre surdo e ouvintes,; os professores não são especializados

para lidar com estes alunos;

A presente pesquisa tem como problema discutir quais as dificuldades

encontradas pelos professores, que não tiveram no currículo da graduação a

disciplina de LIBRAS, lida com alunos deficientes auditivos que estão em suas

salas de aula?

Os objetivos são: Identificar as dificuldades encontradas pelos professores

que atuam nas séries iniciais, em trabalhar com alunos portadores de deficiência

08

Page 10: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

0909

auditiva por não terem LIBRAS em sua formação; fazer relação entre formação

acadêmica que os professores tiveram e formação proposta hoje para inclusão;

levantar junto aos educadores, como eles trabalham com alunos surdos e portadores

de necessidades auditivas; descrever como é a relação dos alunos surdos com os

professores e os demais a alunos no âmbito escolar;

A escolha do tema deu-se para compreender o meio onde as diferenças

estão presentes a todo o momento, e de como acontece o processo de ensino na

Educação Especial Auditiva.

O presente trabalho está dividido em três capítulos no primeiro capítulo será

relatado sobre Libras (Língua Brasileira de Sinais). No segundo será descrito o

processo histórico da educação do Surdo. No terceiro, mostrará as Intervenções na

surdez.

09

Page 11: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

0909

1 LIBRAS- (LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS)

Para dar início a discussão, é importante diferenciar, sob o ponto de vista

linguístico, os termos linguagem e língua. Conforme MANTOAN (2005, p.23):

O conceito da linguagem refere-se como sistema de comunicação natural ou artificial, humana ou não (comunicação em seu sentido mais amplo); língua é um sistema abstrato de regras gramaticais; dessa forma, linguagem é um tempo abrangente que engloba o termo língua, este sim, específico da produção humana.

Quanto a importância da língua tem-se em MANTOAN (2005, p. 202), a

seguinte afirmativa:

Embora ninguém negue o papel central da língua na vida humana, definir a natureza desse papel tem sido um problema difícil e persistente desde o início da filosofia. A língua tem um papel central, real e funcional, não só sócio-cultural, mas psicológico na vida humana, e tem sido investigada desde a Grécia antiga, ou antes. Apesar disso, definir o papel da língua tem sido tarefa difícil, entregue principalmente a psicolinguistas e neurologistas.

A linguagem é construída nas interações do cotidiano das pessoas. A

aquisição de um sistema linguístico supõe a reorganização de todos os

processos mentais da criança. Com um papel importante na formação da

consciência, a linguagem amplia o mundo percebido, de informação e cultura. É

através da linguagem que é possível transmitir a experiência de gerações,

convertendo-se em uma poderosa ferramenta ao introduzir formas de análise e

síntese que a criança seria incapaz de desenvolver por si mesma.

A estrutura inata da linguagem não está plenamente desenvolvida no nascimento, é entre as idades de 21 a 36 meses que seu desenvolvimento se mostra no ponto máximo. É o período inicial de formação de símbolos. O período que Chomsky e Lennenberg denominam o período crítico para adquirir na primeira língua e vai até 12 anos. Isso é verdade tanto para a aquisição da língua oral como para gestual. (MANTOAN, 2005, p.54).

O cérebro de uma criança entre dois e quatro anos de idade, segundo

SANTANA (2007), absorve o dobro de glicose que o cérebro de um adulto. Isto

reflete a importância que o cérebro dá, nesta fase de maturação, à absorção de

informações e criação das sinapses básicas para p desenvolvimento dos

processos mentais.

A falta do domínio de uma língua, nesta fase, segundo SANTANA

(2007), não impedirá que esta etapa ocorra, mas não terá a mesma qualidade

de desenvolvimento para qual o cérebro está preparado para realizar. A

importância do domínio da Língua Brasileira de Sinais pela criança surda vai

Page 12: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

0909

muito além das necessidades de garantia de interlocução com o meio que a

cerca.

Assim, ao entrar para a escola, muitas vezes sem o domínio de qualquer

língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira instância, é

garantir um suporte linguístico para que o cérebro possa realizar uma de suas

principais tarefas: desenvolver-se cognitivamente, de acordo com o que já lhe foi

geneticamente proposto, o que inclui um instrumento linguístico.

A Língua Brasileira de Sinais, como outra língua qualquer, precisa ser

adquirida. Ela é um produto da comunidade surda, desenvolvida da mesma

forma que qualquer outra língua. Mesmo sendo uma língua natural para os

surdos, é errado pensar que a Língua Brasileira de Sinais é universal.

Diferente de outras habilidades, como a própria inteligência, a linguagem não pode ser adquirida sozinha. Ela depende de uma capacidade inata essencial (biológica), mas é ativada apenas por outra pessoa que possui poder e competência linguística. (SANTANA, 2007, p. 56).

Para o indivíduo a possibilidade de dominar o melhor meio de processar

seu pensamento. Desenvolver-se cognitivamente não depende, exclusivamente,

do domínio de uma língua, mas, segundo MANTOAN (2005), dominar uma

língua garante os melhores recursos para as cadeias neuronais envolvidas no

desenvolvimento dos processos cognitivos do indivíduo.

As línguas de sinais são utilizadas pela maioria das pessoas surdas no

mundo. No Brasil, segundo SILVA (2007), existem duas línguas de sinais: a

Língua Kaapor – LSKB, utilizadas pelos índios da tribo Kaapor, onde muitos

membros são surdos, devido ás altas febres causadas por doenças transmitidas

pelo contato com pessoas de fora da tribo, e a língua Brasileira de Sinais –

Libras, que é utilizada nos centros urbanos. A língua portuguesa, no caso dos

surdos brasileiros, é considerada uma segunda língua.

Segundo MANTOAN, (2005), a educação e inserção social dos surdos

constituem um sério problema, e muitos cominhos têm sido seguidos na busca

de uma solução. A oficialização da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) em abril

de 2002 (Lei n. 10.436, de 24 de abril de 2002), começa a abrir novos caminhos,

sem, no entanto, deixar de gerar polêmicas por profissionais que trabalham com

surdos e por surdos oral, que não se sentem parte de uma comunidade surda e

não veem mérito nessa vitória para a comunidade surda.

11

Page 13: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

A língua de sinais, língua natural dos surdos, pois essa a criança surda

adquire de forma espontânea sem que seja preciso um treinamento específico,

ainda, segundo SILVA (2001), é considerada por muitos profissionais apenas

como gestos simbólicos. De uma maneira geral, em nossa sociedade não existe

lugar para as diferenças, sendo os surdos usuários da língua de sinais

desconsiderados no processo educacional.

Vivemos em uma sociedade na qual a língua oral é imperativa, e por

consequência caberá a todos que fazem parte dela se adequarem aos seus

meios de comunicação, independentemente de suas possibilidades. Qualquer

outra forma de comunicação, como ocorre com a língua de sinais, segundo

SANTANA (2007), é considerada inferior e impossível de ser comprada com as

línguas orais.

A educação de surdos, segundo MANTOAN (2005), implica na aquisição

de uma língua, que também e primordial para seu desenvolvimento intelectual,

emocional, social e afetivo sim, para chegar a um desenvolvimento global

satisfatório, o surdo precisa ter acesso a linguagem como instrumento

transformador. Através do oral, o surdo aprende os códigos de linguagem,

vocabulário e os meios de comunicação utilizados por pessoas não surdas, de

forma que não fique a margem dos acontecimentos e seja reconhecido por sua

capacidade de aprender e conviver. Surge, entretanto, um grave problema

nessa aquisição de linguagem: ela é demorada e difícil.

As contradições e conflitos a respeito da opressão sobre os surdos em

sua necessidade de comunicação permanecem, mas a sociedade, segundo

SANTANA (2007), aos poucos vem mudando. Por proposição da UNESCO, em

1954, as crianças das comunidades linguísticas minoritárias passam a ter direito

a educação na comunidade a que pertencem. Nesse movimento mundial,

inspirado nos princípios de celebração de diferenças humanas, solidariedade,

direitos e cidadania, desponta um espaço privilegiado de relações sociais para

todos. Em 1988, a nova Constituição Federal se pronuncia, no Brasil, em favor

das vindas daqueles que apresentam necessidades especiais.

Em 1990, segundo MANTOAN (2005), o Brasil participa do movimento

de Educação Para Todos, quando a Organização das Nações Unidas para a

12

Page 14: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

Educação, a Ciência a Cultura convocou uma reunião mundial para discutir uma

política de educação para todos, na Tailândia.

Em 1993, segundo SANTANA (2007), entra em vigor o Estatuto da

Criança e do Adolescente (ECA), um posicionamento legal que significou, sem

dúvida, um avanço na valorização da educação.

Em 1994, segundo MANTOAN (2005), acontece a Conferência Mundial

Sobre as Necessidades Educativas Especiais, em Salamanca, na Espanha, com

o propósito de ressaltar a urgência da luta contra a exclusão, promovendo uma

integração que visa transformar a escola em um espaço para todos, onde as

diferenças constituem uma oportunidade, e não um problema.

O princípio da Educação Inclusiva foi adotado, estabelecendo que toda a

escola devesse acolher todas as crianças, independentemente de suas

condições pessoais, culturais ou sociais.

Em 1996, segundo SANTANA (2007), a Lei de Diretrizes e Bases (LDB

nº9394/96) recomenda que a escola ofereça os meios necessários a

aprendizagem de todos os seus alunos.

Em 2002, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi reconhecida oficialmente como o idioma da comunidade surda brasileira, em abril, e ficou determinado que as instituições públicas apoiem e prestem atendimento aos surdos em Libras e que os sistemas educacionais federal, estaduais e municipais incluam o ensino d Libras como parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais dos cursos de formação de Educação Especial, Fonoaudióloga, Magistério, nos níveis Médio e Superior. (SANTANA, 2007, p.45).

A comunicação em libras, segundo SANTANA (2007), se dá através de

sinais manuais e não manuais, cuja configuração segue Gramática específica: a

posição e movimento da mão, o ponto de articulação do sinal isto é, no corpo ou

espaço de sinalização e as expressões faciais ou corporais.

MANTOAN (2005), afirma que língua designa um sistema específico de

signos que é utilizado por uma comunidade para comunicação. Portanto, a

Libras é uma língua natural surgida entre os surdos brasileiros com o propósito de

atender as necessidades comunicativas de sua comunidade. São línguas

naturais porque, como as línguas orais, surgiram espontaneamente da interação

entre os surdos, além de, através de sua estrutura poderes. Expressar qualquer

conceito.

13

Page 15: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

2. O PROCESSO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DO SURDO

A Surdez é um tema relevante de pesquisa no Brasil. Primeiramente foi

estudada pela área médica e recentemente na área da educação, da linguística e

da fonoaudióloga. Cada área passou a se preocupar-se com determinado

aspectos da surdez, Como consequência dessa pesquisa, temos um estudo

fragmentado da surdez nos aspectos educacionais. As discussões se projetam

no campo do estudo da fusão do Método Perdoncini e da LIBRAS utilizados no e

nos meios que estes professores utilizam para desenvolverem a aprendizagem.

Segundo SANTANA (2007), a pessoa que, fluente em Língua Brasileira

de Sinais e em Língua Portuguesa, tem a capacidade de verter em tempo real

(interpretação simultânea) ou, com um pequeno espaço de tempo (interpretação

consecutiva) da Libra para Português ou deste para a LIBRAS. A tradução

envolve a modalidade escrita de pelo menos uma das línguas envolvidas no

processo.

Ao optar-se em oferecer uma educação bilíngue, a escola está assumindo uma política linguística em que duas línguas passarão a co – existir no espaço escolar. Além disso, também será definido qual será a primeira língua e qual a segunda língua, bem como as funções em que cada língua irá representar no meio ambiente escolar. Pedagogicamente, a escola vai pensar em como estas línguas estarão acessíveis ás crianças, além de desenvolver as demais atividades escolares. As línguas podem estar permeando as atividades escolares ou serem objetos de estudo em horários específicos dependendo da proposta da escola. Isso vai depender de como, onde e de que forma as crianças utilizam as línguas na escola. (MANTOAN, 2005 p.15).

As pessoas com perda auditiva constituem em grupo bastante

heterogêneo e, por isso não é correto fazer a afirmações que possam ser

generalizadas a toda a população que apresenta tal deficiente. O

desenvolvimento comunicação linguístico de crianças surdas com uma perda

auditiva profunda, por exemplo, apresenta aspecto com perdas leves ou

hipoacústicas.

O fato de os pais também serem surdos ou serem ouvintes de

repercussões igualmente importantes educação das crianças. Esses fatores,

segundo MANTOAN (2005), podem ser diferenciadores em torno dos cincos

seguintes: a localização da lesão, a etiologia, a perda auditiva, a idades de início

da surdez e o ambiente educativo da criança.

Page 16: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

Idade de início da surdez: a idade da criança quando se produz perda

auditiva tem uma grande repercussão no desenvolvimento: fala, Pré – locativa,

Pós- locativa e a aquisição da fala.

A pesquisa já classe de Conrad (1979) sobre os alunos surdos confirmar a importância e a repercussão do antes, do depois dos 3 anos. Em estudo, o autor classifica os alunos com perdas auditivos superiores a 85 dB em três grupos, segundo a idade em que perdem a audição, congênita, do nascimento aos 3 anos e depois dos 3 anos (MACHADO, 2002, p.52).

Objetivo principal é a aquisição de sistema linguístico que organiza

quando a criança perde a audição.

Os estudos realizados sobre aquisição da linguagem de sinais

comprovaram que sua evolução é muito semelhante que se produzem nas

crianças ouvintes com relação á linguagem oral. Essa semelhança não impede

as determinadas linguagens, que distinta uma expressão, manual ou oral.

Correspondência das duas aquisições duas linguagens encontrou um

importante reforço no estudo de MANTOAN (2005), sobre o balbucio manual de

duas crianças surdas profundas com idades compreendias entre 10 a 14

messes.

O balbucio é expressão de uma capacidade de linguagem amoldal, associada a fala e ao sinal. Apesar das diferenças radicais entre os mecanismos motores que subjazem ao sinal e a linguagem falada, as crianças surdas e as ouvintes produzem unidades de balbucios idênticos. (SANTANA, 2007, p.14).

O estudo da inteligência das pessoas surdas passou por diferentes

períodos históricos. O livro de SANTANA (2007), sobre a psicologia do surdo

diferente da dos ouvintes. O principal dado em pensamento vinculado ao

concreto e apresenta mais dificuldade para a reflexão abstrata. Que é a

linguagem não verbal.

Essa posição diferenciadora foi discutida a partir da teoria do

desenvolvimento intelectual de Piaget. Sua formulação de que a linguagem e a

interação social não ocupam um papel determinante na estruturação do

pensamento em pesquisas.

A obra mais representativa dessa tese é a de Hans Furth (1966,1973), cuja conclusão é a de que a competência cognitiva dos surdos é semelhante a dos ouvintes. Os dois grupos de pessoas passam pelas mesmas etapas de desenvolvimento, embora nos surdos a evolução seja um pouco mais lenta. Furth atribui o atraso ás deficiências experimentais que o surdo vive. (SANTANA, 2007, p.14).

15

Page 17: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

É o desenvolvimento cognitivo do aluno surdo na fase precoce e Pré-

locativa, da aprendizagem.

Até o século XV, segundo MANTOAN (2005), não havia nenhum

interesse na educação dos surdos, que eram considerados pessoas primitivas,

sendo relegados a marginalidade na vida social. Não havia direitos assegurados,

nem uma cultura suficientemente desenvolvida que os aceitasse em sua

diferença.

É somente a partir do final da Idade Média, segundo SANTANA (2007),

que os dados com relação a educação e a vida do surdo tornam-se mais

razoáveis. É exatamente nesta época que começam a surgir os primeiros

trabalhos no sentido de educar a criança surda.

O século XVIII, segundo MANTOAN (2005), é considerado o período

mais próspero no que se refere a educação dos surdos, houve a fundação de

várias escolas. Além disso, qualitativamente, a educação para os mesmos

também evoluiu, já que, através da língua de sinais, eles puderam aprender e

dominar diversos assuntos, além de exercer diferentes profissões.

Entretanto, no início do século XX, segundo SANTANA (2007), a maior

parte das escolas de surdos abandonou o uso da língua de sinais. Isto foi

consequência do famoso Congresso de Milão de 1880, quando, a despeito do

que pensavam os surdos, considerou-se que a melhor forma de educação seria

aquela que utilizasse unicamente o oralíssimo. Percebe-se aí mais uma vez a

tendência a padronização, considerando que o surdo, para viver em sociedade,

deveria conseguir ouvir, com o uso de aparelho e falar, através de exaustivos

exercícios, como se fosse ouvinte, para então ser aceito pela sociedade ou pelo

grupo social.

Em 1857, segundo MANTOAN (2005), foi fundado o Instituto nacional de

Surdos-Mudos, atual Instituto Nacional de Educação do Surdo (INES), onde era

utilizada a língua de sinais. Mas com a tendência determinada pelo Congresso

de Milão (1880), em 1911, o INES estabeleceu o oralíssimo como método de

educação dos surdos.

166

Page 18: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

É nos anos 70, segundo SANTANA (2007), que chega ao Brasil a filosofia

da Comunicação Total. Mas já na década seguinte, Começa a ganhar força no

país a filosofia do Bilinguismo.

Aqui no Brasil, segundo SILVA (2001), a preocupação em ampliar os

serviços prestados aos surdos é pouca. Dificilmente os programas na televisão

apresentam exibições em LIBRAS, ainda há descaso quanto a necessidade de

intérprete. Já no que diz respeito a abordagem educacional a ser adotada, não

existe um consenso sobre qual delas (oral, comunicação total ou bilinguismo).

Os surdos, segundo MANTOAN (2005), deixaram de ser vistos como

deficientes, mas apesar disso ainda são marginalizados pela falta da oralidade.

No entanto, eles têm direito a ocupar um lugar na sociedade com as mesmas

oportunidades dos ouvintes. A mudança no tratamento com a pessoa deficiente

resultou de alterações culturais aceitas e gradualmente vividas, e não apenas

por normas e/ou repentinamente impostas, e sistematicamente descumpridas.

SANTANA (2007) destaca que no Brasil, a Libras tem a finalidade de

apresentar ao aluno a língua e a cultura surda, tendo sido reconhecida pela Lei

Federal nº 10.436, de 24 de abril de 2002, como meio legal de comunicação e

expressão. Esta mesma lei prevê ainda que o Poder Público e as

concessionárias de serviços público devem garantir formas institucionalizadas

de apoiar o uso e difusão da Libras como meio de comunicação objetiva e de

utilização corrente das comunidades surdas do Brasil.

De acordo com SILVA (2001), ainda citando a Lei Federal nº 10.436, em

seu artigo 4º temos que: O Sistema Educacional Federal e Sistemas

Educacionais Estaduais, Municipais e do Distrito Federal, devem garantir a

inclusão nos cursos de Formação de Educação Especial, de Fonoaudióloga e de

magistérios, em seus níveis médios e superior, o ensino da Língua Brasileira de

Sinais – LIBRAS, como parte integrante dos parâmetros curriculares – PCNs,

conforme legislação vigente.

A partir desta lei, é esperado que as políticas públicas educacionais

caminhem no sentido de dar tratamento legal aos surdos como uma minoria

linguística, uma vez que a língua portuguesa é majoritária no Brasil,

assegurando- lhes o direito de acesso irrestrito ao ensino de Libras, e

17

Page 19: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

promovendo capacitação de profissionais da educação para atuarem no

processo de ensino-aprendizagem de Libras.

18

Page 20: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

3 INTERVENÇÃO NA SURDES.

A surdez, segundo GOLDFELD (2001), pode ser decorrente de natais

(rubéola, sífilis, herpes, toxoplasmose, alcoolismo, toxemia, diabetes, Pré-natal-

natal trauma físico no nascimento, prematuridade, baixo peso ao nascimento,

trauma de parto) ou pós-natais (otites, meningite, encefalite, caxumba, sarampo).

Com os avanços das ciências humanas e o reconhecimento do surdo como o sujeito com capacidade e competência social, mudam-se as perspectivas da educação. A educação dos surdos é um problema inquietante por suas dificuldades e limitáveis ao longo da história, esse assunto tem sido polêmico quando descolamento em várias vertentes com diferentes consequências. (MACHADO, 2002, p.52).

A situação da surdez na realidade atual se desdobra na história dos

esforços realizados para incluir a participação do surdo na sociedade.

Os surdos são dotados de linguagem, assim como todos o são,

precisando apenas de uma modalidade de língua que possam perceber e

articular facilmente, para ativar seu potencial linguístico e, consequentemente,

os outros potenciais, podendo assim atuar na sociedade como cidadãos. Eles

possuem o potencial, segundo GOLDFELD (2001), falta-lhes no meio, e a língua

Brasileira de Sinais é o principal meio que se lhes apresenta para esse processo

ganhar impulso.

A língua de sinais, quando adquirida nos primeiros anos de vida,

segundo MACHADO (2002), fornece à criança surda um desenvolvimento pleno

como sujeito, porém, quando sua aquisição é tardia, o surdo encontra algumas

dificuldades na compreensão de um contexto complexo: pensamento abstrato,

desenvolvimento de sua subjetividade, evocação do passado, entre outras.

Pensando no indivíduo surdo, acreditamos que seja importante para este

como sujeito: crescer, desenvolver-se, amadurecer, construir e constituir-se

inserido numa língua própria e natural. A criança, ao ter acesso a uma língua,

segundo MACHADO (2002), passa a desenvolver linguagem, interagindo com o

outro, repensando suas ações, elaborando seu pensamento, vivenciando novas

experiências e se desenvolvendo. Uma criança que não escuta possui as

mesmas condições de aprendizagem que uma criança ouvinte, porém o acesso

a linguagem se dará por meio do canal gesto-visual.

Page 21: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

Ao permitir que a criança surda tenha a oportunidade de se desenvolver

de forma análoga à das crianças ouvintes, estar-se-á respeitando sua língua,

sua diferença. Não se pode mais negar aos surdos o direito de serem parte

integrante e participativa de nossa sociedade. Além disso, para que o surdo

possa desenvolver- se, não basta apenas permitir que use sua língua, é preciso

também, segundo GOLDFELD (2001), promover a integração com sua cultura,

para que se identifique e possa utilizar efetivamente a língua de sinais. A

comunidade surda terá muita importância para o desenvolvimento da identidade,

pois nessa comunidade a língua de sinais ocorre de forma espontânea e efetiva.

Todo sujeito precisa interagir em seu meio, apropriar-se de sua cultura e de sua

história, e formar sua identidade por intermédio do convívio com o outro.

Segundo GOLDFELD (2001, p.15), ao optar-se em oferecer uma

educação bilíngue, a escola está assumindo uma política linguística em que

duas línguas passarão a coexistir no espaço escolar. Além disso, também será

definido qual será a primeira língua e qual a segunda língua, bem como as

funções em que cada língua irá representar no meio ambiente escolar.

Pedagogicamente, a escola vai pensar em como estas línguas estarão

acessíveis as crianças, além de desenvolver as demais atividades escolares. As

línguas podem estar permeando as atividades escolares ou serem objetos de

estudo em horários específicos dependendo da proposta da escola. Isso vai

depender de como, onde e de que forma as crianças utilizam as línguas na

escola.

A escola é muito importante na formação dos sujeitos em todos os seus

aspectos. É um lugar de aprendizagem, de diferenças e de trocas de

conhecimento, precisando portanto atender a todos sem distinção a fim de não

promover fracassos discriminações e exclusões.

Diferente dos ouvintes, segundo MACHADO (2002), grande parte das

crianças surdas entram na escola sem o conhecimento da língua, sendo que a

maioria deles vem de famílias ouvintes que não sabem a língua de sinais,

portanto a necessidade que a LIBRAS seja, no contexto escolar, não só língua

de instrução mas disciplina a ser ensinada por isso é imprescindível que o ensino

de LIBRAS seja incluído nas séries iniciais do ensino fundamental para que o

20

Page 22: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

surdo possa adquirir um língua e posteriormente receber informações escolares

em língua de sinais.

O papel de língua de sinais na escola vai além da sua importância para

o desenvolvimento do surdo por isso não basta somente a escola colocar duas

línguas nas classes é preciso que haja, segundo GOLDFELD (2001), a

adequação curricular é necessária, apoio para os profissionais especializados

para favorecer surdos e ouvintes, a fim de tornar o ensino apropriado a

particularidade de cada aluno.

Segundo GOLDFELD (2001, p. 27), "usufruir da língua de sinais é um

direito do surdo e não uma concessão de alguns professores e escolas."

A escola deve apresentar alternativas voltadas ás necessidades

linguísticas dos surdos, promovendo estratégias que permitam a incursão e o

desenvolvimento da língua de sinais como primeira língua.

As diferentes formas de proporcionar uma educação à criança de uma

escola, segundo GOLDFELD (2001), dependem das decisões políticas

pedagógicas adotadas pela escola. Ao optar por essa educação, o

estabelecimento de ensino assume uma política em que duas línguas passarão

a ser exercitadas no espaço escolar.

O trabalho docente constitui o exercício profissional do educador,

representando seu primeiro compromisso com a sociedade.

Moacir Gadotti é licenciado em Pedagogia e Filosofia, mestre em

Filosofia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, doutor

em Ciências da Educação pela Universidade de Genebra, em seu livro

Educação e poder, descreve que o trabalho educativo e programa de conteúdo

a serem desenvolvidos para a aprendizagem; devem ser criativos, buscando

métodos e meios pedagógicos que despertem o interesse e desenvolvam a

capacidade criativa dos sujeitos.

O autor afirma ainda que a educação não seja neutra não devemos

deixar calar as angústias e a necessidade daqueles que estão sob a

responsabilidade, de educadores e nos âmbitos escolares.

21

Page 23: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

Educar nessa sociedade é tarefa de partido, isto é, não educa para a mudança aquele que ignora o momento em que vive, aquele que pensa estar alheio ao conflito que o cerca. É tarefa de partido porque não é possível ao educador permanecer neutro. Ou educa a favor dos privilégios ou contra eles, ou a favor das classes dominadas ou contra elas. Aquele que se diz neutro estará apenas servindo aos interesses do mais forte. No centro, portanto, da questão pedagógica situa-se a questão do poder. (GADOTTI, 2008, p. 11).

De acordo com GADOTTI (2008, p.54), “Um novo mundo globalizado se

apresenta e com ele muitas áreas como a educação tem de rever conceitos,

métodos e quebrar paradigmas para suprir as demandas do ensino.”

À arte de ensinar, onde envolve o professor, aluno, conhecimento,

recursos, etc. segundo GADOTTI (2008, p. 144), "Educar [...] é providenciar para

que os espíritos dos jovens sejam preservados das corruptelas."

De acordo com GOLDFELD (2001, p. 22), o docente deve ter o saber,

mas principalmente ter a competência de saber transmitir, pois as competências

do professor são indispensáveis para que os alunos tenham uma aprendizagem

significativa. Segundo CANDAU (2007, p.142), o docente, e sua construção é

resultado de um processo de socialização profissional, seu saber deve ser

baseado em conhecimento prático.

ALMEIDA (2006, p.146), afirma que “Os saberes da experiência

fundamentam-se no trabalho cotidiano e no conhecimento de seu meio, são

saberes que brotam da experiência e são por eles validados.”

GOLDFELD (2001), avalia as necessidades dos surdos no Brasil e

conclui que é completa a inclusão que se propõe no país, cujas política públicas

não priorizam a educação e a implantação da educação bilíngue não ocorre de

forma efetivo

Muitas mudanças se exigem para integrar socialmente o portador de

surdez.

Nessa conquista é preciso enfatizar a importância da relação com o

profissional que atende o aluno surdo a partir da formação de um vínculo de

compreensão. O atendimento interdisciplinar, ainda não é uma realidade nas

escolas para o apoio dos pais e professores.

22

Page 24: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

Espera-se que a complexidade de opções que abrem as conquistas

científicas da atualidade possam ser aplicadas para transpor obstáculos na

comunicação entre pessoa.

Para realizar tais propósitos faz-se necessárias mudanças profundas nas

concepções na atitude e práticas educativas para assegurar que todos, sem

nenhum tipo de descriminação, tenham oportunidades para desenvolverem

plenamente suas capacidades e participarem em igualdade de condições do

processo educativo.

Atualmente, a prática pedagógica do ensino dos alunos com deficiência

auditiva permeia a busca de uma sociedade igualitária, nos moldes das reais

necessidades de uma clientela mais exigente, quanto aos seus direitos e seus

potenciais de realizações, tem por finalidade colocar o sujeito dentro do contexto

escolar regular e, sobretudo, buscar soluções, para a participação de todos em

busca de uma educação com qualidade.

A surdez constitui uma diferença a ser politicamente reconhecida; a surdez é uma experiência visual; a surdez é uma identidade múltipla ou multifacetada e, finalmente, a surdez está localizada dentro do discurso sobre a deficiência. (SILVA, 2001, p.11).

Conhecer as potencialidades do sujeito surdo, no contexto escolar

exclusivista e como o meio social é necessário, segundo CANDAU (2002), para

que se possa compreender a realidade da aquisição, ao uso da linguagem, no

contexto histórico-social-escolar.

A medicina, segundo ALMEIDA (2006), tem feito grandes progressos nas

curas e descobertas de remédios para várias doenças. Nas em relação à

deficiência auditiva ou surdez, ou perda auditiva, existe grande falta de

informação à cerca das deficiências em todos os aspectos desde a física, visual e

mental, a auditiva.

A perda auditiva, segundo ALVES (1986), implica em vários tipos: perdas

auditivas suave, moderadas e profundas. Sujeitos surdos incapazes de ouvir e

pronunciar palavras dentro da normalidade da língua falada em outros e quase

inexistente a percepção de uma linguagem oral. Quando ocorre a comunicação

oral, com o uso da linguagem de sinais, a pessoa surda passara a ter livre acesso

a essa aprendizagem.

23

Page 25: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

[...] que a dificuldade maior dos surdos está exatamente na aquisição de uma linguagem que subsidie seu desenvolvimento cognitivo, os estudos que envolvem a condição de pessoa surda são revestidos de fundamental importância e seriedade, visto que a surdez, analisada exclusivamente do ponto de vista do desenvolvimento físico, não é uma deficiência grave, mas a ausência da linguagem, além de criar dificuldades no relacionamento pessoal, acaba por impedir todo o desenvolvimento psicossocial do indivíduo. (SÁ, 1999, p. 47).

A surdez na vida de uma pessoa, segundo CANDAU (2002), é um

grande problema na comunicação entre o sujeito ouvinte e o sujeito surdo, na

comunicação, nas trocas de informações, o sujeito surdo perde na interação e

na troca de informações que resultará no seu afastamento dos ambientes,

acabando por se isolar e desse modo perder o convívio social, com limitações de

comunicação.

Segundo SÁ (1999), privilegiando as mediações culturais, que

caracterizam sua visão do homem enquanto ser social, atribui o exercício da

humanidade à possibilidade de o indivíduo estabelecer trocas culturais por meio

da linguagem.

A importância que Vygotsky dá as trocas culturais através da linguagem é um fator não apenas linguístico mas também cultural Desse modo o uso da língua de sinais e outras formas de comunicação, perpetuou-se por longos anos no debate educacional brasileiro com grande defesa ao oralíssimo é o bilinguismo. (GOLDFELD, 2001, p 34).

Se a linguagem é um processo de transmissão natural e espontâneo, e

não imposto, segundo ALVES (1986), é que temos milhares de sujeitos surdos

incapazes de se comunicar de forma oralmente corretas, dentro dos padrões da

língua Oral.

Deste modo a linguagem, que se dá pelo processo de interação nas

escolas, grupos de convivência, associações, em nossos lares, devem oferecer

aos surdos acessos a língua de sinais, deve ser uma das principais questões a

serem discutidas no nosso dia a dia.

A leitura labial, se dá através de seu uso frequente por parte daqueles

que com comprometimento auditivo. A capacidade de ler os lábios, segundo

CANDAU (2002), implica em ter que acompanhar os movimentos labiais,

expressões faciais, gestos das mãos, corporal para que haja um entendimento

por parte do sujeito surdo. A possibilidade do sujeito surdo atingir o

conhecimento do uso das palavras gramaticais falada e escrita. Apesar dos prós

24

Page 26: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

e contras ao uso da língua de sinais, processos como uso de um instrumento

capaz de suprir suas reais necessidades de comunicação.

[...] as crianças surdas geralmente não têm acesso a uma educação especializada e é comum encontrarmos em escolas públicas e até particulares, crianças surdas que estão há anos frequentando estas escolas e não conseguem adquirir nem a modalidade oral nem a modalidade escrita da língua portuguesa, pois o atendimento ainda é muito precário. (GOLDFELD, 2001, p 34).

Para o sujeito surdo, segundo ALMEIDA (2006), existem duas formas de

linguagem: a língua natural aprendida desde o nascimento como sendo a

primeira língua e outra como sendo uma segunda língua, no caso do surdo

brasileiro, surdo deve ser conhecedor da língua de sinais e ter o português como

forma de expressão com o mundo oralista.

O significado do bilinguismo que tem por pressuposto básico que o surdo deve ser bilíngue, ou seja deve adquirir como língua materna a língua de sinais, que é considerada a língua natural dos surdos. Essa questão de uso do bilinguismo está sendo nos últimos anos modelo de transmissão do saber em vários países da América e Europa, defendem que o uso, fará com que haja uma aceitação por parte das comunidade ouvinte em aceitar essa modalidade bilingual. (QUADROS, 2003, p. 75).

A Língua de Sinais, segundo ALVES (1986), atingiu seus ideais, somente

na década de 80, acompanhada da entrada da comunicação total. A

aprendizagem das libras, e necessária para que o processo de aprendizagem

tenha ou venha a ter resultados satisfatórios no processo de aquisição do saber,

o uso e o conhecimento das libras e um instrumento de linguagem diferente de

compreensão de tal forma que o processo que se propõe a conhecer e respeitar

as diferenças dos sujeitos surdos.

A aquisição da linguagem em crianças surdas deve acontecer através de uma língua visual-espacial. No caso do Brasil, através da língua de sinais brasileira. Isso independe de propostas pedagógicas (desenvolvimento da cidadania, alfabetização, aquisição do português, aquisição dos conhecimentos, etc.), pois é algo que deve ser pressuposto. Diante do fato de crianças surdas virem para a escola sem uma língua adquirida, a escola precisa estar atenta a programas que garantam o acesso à língua de sinais brasileira mediante a interação social e cultural com pessoas surdas (QUADROS, 2003, p 45).

A preocupação com a questão de aprender a ler e a escrever, a língua

natural e sua aquisição e o seu domínio. A escola deve ser antes de mais nada,

segundo ALMEIDA (2006), uma representação do que acontece na vida social

do sujeito surdo, o oferecimento uma linguagem que proporcione realizações em

25

Page 27: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

todos os aspectos da vida, e se no caso não houver, oferecer aos seus

educadores, acesso a aprendizagem da linguagem dos surdos .

A principal preocupação da educação e o desenvolvimento integral do

homem e a sua preparação para uma vida produtiva na sociedade, a educação

especial, segundo CANDAU (2002), obedece aos mesmos princípios da

Educação Geral, deve se iniciar no momento em que se identifique atraso ou

alterações no desenvolvimento da criança e continuar ao longo de sua vida,

valorizando suas potencialidades e lhe proporcionando todos os meios para

desenvolvê-las.

A aprendizagem da língua de sinais é a base fundamental de apropriação do deficiente auditivo da fala vocal, a qual o acesso não lhe pode ser natural, mas do qual ele pode compreender o uso que se utiliza uma língua que domina totalmente. (QUADROS, 2003, p 45).

Uma pedagogia capaz de educar com sucesso todos os educandos,

isto é, oferecer às pessoas com necessidades especiais as mesmas condições e

oportunidades sociais, educacionais e profissionais acessíveis às outras

pessoas respeitando-se as características específicas de cada um.

A Educação da diversidade adequando as propostas curriculares

adaptadas, a partir da educação comum para o atendimento dos educandos

portadores de necessidades educativas especiais incluídos em classes comuns.

Mas isso exige serviços de apoio integrado por docentes e técnicos qualificados

e uma escola aberta à diversidade.

O aluno será encaminhado para a Educação Especial se apresentar

necessidades diferentes dos demais alunos no domínio da aprendizagem

curricular correspondente à sua idade, requer recursos pedagógicos e

metodológicos educativo específicos. Genericamente chamados de portadores

de necessidades especiais, classificando-os, segundo ALMEIDA (2006), em:

portadores de necessidades mental, visual, auditiva, física, múltipla e portadores

de altas habilidades, (superdotados).

O portador de necessidade auditiva é considerado dessa forma, ao ser

constatada sua perda total ou parcial de resíduos auditivos, por doenças

congênitas ou adquiridas dificultando assim a compreensão da fala através

26

Page 28: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

desse órgão (ouvido) Segundo MONTEIRO (1989), a deficiência auditiva pode

manifestar-se como:

- Surdez leve / moderada: é aquela em que a perda auditiva é de 70 decibéis, que dificulta, mais não impede o indivíduo de se expressar oralmente, bem como de perceber a voz humana com ou sem a utilização de um aparelho auditivo.

- Surdez severa / profunda: é a perda auditiva acima de 70 decibéis, que impede o indivíduo de entender, com ou sem aparelho auditivo, a voz humana, bem de adquirir naturalmente o código da língua oral. (p, 78).

Sendo assim a educação deve ter, por princípio liberal, democrático e

não doutrinário. Dentro desta concepção o educando é acima de tudo, digno de

respeito e do direito à educação de melhor qualidade.

Dessa forma, a principal preocupação da educação deve ser o

desenvolvimento integral do homem e a sua preparação para uma vida produtiva

na sociedade fundada no equilíbrio entre os interesses individuais e as regras de

vida nos grupos sociais.

No atual momento, segundo ALMEIDA (2006), a educação especial, vive

várias transformações em relação as diretrizes legais. Neste contexto, ao

se reafirmar o compromisso de ação político pedagógico de inclusão das pessoas

portadoras de necessidades educativas especiais. Os anseios e iniciativas de

ultrapassar os limites do preconceito, da inacessibilidade do espaço escolar e,

principalmente, da falta de qualidade do ensino público.

Faz-se necessário traçar, um contexto histórico da Educação Especial no

Brasil, a fim de delinear seu processo de construção e compreensão de

posicionamentos atuais. Nos diferentes momentos históricos da educação especial,

segundo ALMEIDA (2006), tendências, orientações e diretrizes diversas que vão

desde a compaixão até a perspectiva de inclusão.

Devido ao redimensionamento da educação especial, uma nova concepção

e prática e modificação da nomenclatura vigente. Agora, pelas mesmas vias que a

educação regular de atendimento privilegia-se uma educação inclusiva, no qual as

escolas buscam práticas de educar todas as crianças, inclusive as que tem maiores

comprometimentos.

27

Page 29: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

“O termo necessidades educacionais especiais, referindo-se a “todas as

crianças ou jovens cujas necessidades se originam em função de deficiências ou

dificuldades de aprendizagem.” ALMEIDA (2006, p.67)”. Faz-se necessário dizer que

tais conceitos como necessidades educativas ou educacionais, especiais ou

específicas; ainda se constituem pontos de debates.

Pensar em inclusões dos portadores de necessidades educativas, de serem

atendidos em Escolas Especiais este atendimento sofreu severas críticas, pelo fato

de reduzir ou eliminar a oportunidade do convívio do aluno portador de deficiência

com sua família, vizinhança e até mesmo com a sociedade.

É importante se entender que sempre haverá crianças e adolescentes que

necessitarão de atendimentos em escolas especializadas por apresentarem serviços

médicos e educacionais propriamente não encontrados nas escolas comuns e que,

para muitos alunos são imprescindíveis.

Sabendo-se da necessidade que esses alunos apresentam em socializar-se,

foram instalados em escolas comuns classes especiais que funcionam como auxílio

ou como serviço especial, atendendo pessoas com necessidade em integrar ou

incluir esses alunos em uma classe comum de ensino. As mesmas estão aberta a

todos, para que se possibilite a aproximação nesses dois tipos de ensino, o regular e

o especial, portanto, não pode acabar com um nem com outro sistema de ensino,

pois juntá-los, num sistema educacional único otimizando práticas diferenciadas,

sempre que necessário. Na Declaração de Salamanca.

Inclusão e participação são essenciais à dignidade humana e aos gozos e

exercício dos direitos humanos. No campo da educação, tal se reflete no

desenvolvimento de estratégias que procuram proporcionar uma equalização

genuína de oportunidades. A experiência em muitos países demonstra que a

integração das crianças e dos jovens com necessidades educativas é mais

eficazmente alcançada em escolas inclusivas que servem a todas as crianças de

uma comunidade. (ALMEIDA, 2006, p.74).

As recomendações para a escola, comum e seus professores em relação as

diretrizes no sentido de oportunizar a construção de uma condição bilíngue do surdo

28

Page 30: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

ou de oferecer um ensino que, em algum aspecto, seja desenvolvido por meio da

Língua de Sinais.

A inclusão do aluno surdo, segundo CANDAU (2002), não deve ser norteada

pela igualdade em relação ao ouvinte, esse ensino deve fundamentar-se em novas

definições e representações sobre a surdez. Ao considerar o surdo como ouvinte

numa lógica de igualdade, lidar com a pluralidade das pessoas deve se dar através

de nova visão curricular com base no próprio surdo. Em relação à educação dos

surdos, a questão curricular nas escolas encontra-se atreladas a uma metodologia

voltada aos padrões dos órgãos de poder.

As pessoas com deficiência auditiva não se caracterizam pela limitação da

dimensão, mas sim, segundo ALMEIDA (2006), pela restrição ou impossibilidade de

acesso àquilo que é comum às ditas pessoas normais. Os deficientes auditivos,

desde os primórdios da civilização, trazem em suas histórias de vida um

emaranhado de situações no que diz respeito aos aspectos sociais, educacionais e

culturais.

As escolas inclusivas, segundo ALVES (1986), devem reconhecer as

necessidades de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos

através de um currículo apropriado, estratégias de ensino, através do uso de

recursos e parceria com as comunidades.

Nas necessidades especiais encontradas dentro da escola as crianças com

necessidades educativas especiais / auditivas, segundo CANDAU (2007), deveriam

receber suportes extras requeridos para assegurar uma educação efetiva.

A maioria das escolas, segundo ALMEIDA (2006), está longe de se tornar

inclusiva. O que existe em geral são escolas que desenvolvem projetos de inclusão

parcial, os quais não estão associados a mudanças de base nestas instituições e

continuam a atender aos alunos com deficiência em espaços escolares semi ou

totalmente segregados (classes especiais, escolas especiais).

“As escolas que não estão atendendo alunos com deficiência em suas

turmas de ensino regular se justificam, na maioria das vezes, pelo despreparo dos

seus professores para esse fim.” (MANTOAN, 2005, p. 58).

29

Page 31: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

Um ensino que contemple e acolha todos os alunos, segundo ALVES

(1986), não poderá ser prejudicial a ninguém. Uma escola em que todos os alunos

são bem-vindos tem como compromisso educativo ensinar não apenas os conteúdos

curriculares, mas formar pessoas capazes de conviver em um mundo plural e que

exige de todos nós experiências de vida compartilhada, envolvendo

necessariamente o contato, o reconhecimento e valorização das diferenças. Este

conhecimento potencializa a educação escolar, em seus objetivos e práticas e,

assim, também é mais um meio de aprimoramento do ensino para todos os alunos.

A educação inclusiva não é tarefa fácil de resolver na prática, embora

educadores, familiares e comunidade em geral, busquem uma escola de melhor

qualidade para todos. Ainda que haja muita resistência por parte de muitas pessoas,

segundo CANDAU (2002), é necessário que haja uma nova postura pedagógica

frente à relação aprendizagem/ desenvolvimento, visando uma maior compreensão

sobre as dificuldades na aprendizagem.

A Inclusão no âmbito educacional, segundo ALVES (1986), é mais do que

simplesmente permitir a permanência de um aluno com alguma deficiência em sala

de aula. É um processo contínuo de possibilitar a este aluno um real acesso à

educação, tendo se em vista que acesso à educação é mais do que frequência a

uma escola, é oferecer a possibilidade do aluno especial apropriar se de todos os

serviços que a mesma oferece aos demais alunos.

Diferença e desigualdade sob-hipótese alguma, segundo ALMEIDA (2006),

devem ser tomadas como sinônimos. A desigualdade é o não respeito à diferença, é

não possibilitar que pessoas diferentes tenham direitos iguais. Assim, a escola, ao

não esforçar se para proporcionar às crianças especiais o acesso à educação que

as outras crianças têm, está sim promovendo a desigualdade.

A sociedade em que vivemos está cheia de preconceitos e desigualdades e

isto se reflete no sistema educacional. Desta forma, segundo ALVES (1986),

precisamos ver as necessidades especiais nos contextos mais amplos das

desigualdades sociais para que possamos, através de pesquisas e projetos, intervir

e realizar trabalhos que impeçam a exclusão desses indivíduos.

300

Page 32: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

A socialização do deficiente auditivo na sociedade dominante, onde ocorre o

preconceito, a falta de educadores qualificados e o ambiente adequado para o

atendimento do aluno com necessidade de Educação Especial para que seja

amenizada esta problemática. Desse modo, segundo ALVES (1986), a sua

importância maior dentro da perspectiva de atender as crescentes exigências de

uma sociedade em processo de renovação e de busca incessante da democracia,

que só será alcançada quando todas as pessoas indiscriminadamente tiverem

acesso à informação, ao conhecimento e aos meios necessários para a formação de

sua plena cidadania.

Educação Especial, segundo ALMEIDA (2006), inclui trabalhar: os

movimentos e as mudanças da percepção resultantes essencialmente da mobilidade

física da criança; a relação com os objetos e suas propriedades físicas assim como a

combinação e a associação entre eles; a linguagem oral e gestual que oferecem

vários níveis de organização a serem utilizados para brincar: os conteúdos sociais,

como papéis, situações, valores e atitudes que se referem à forma como o universo

social se constrói; e finalmente, os limites definidos pelas regras, constituindo em um

recurso fundamental para brincar.

31

Page 33: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

CONCLUSÃO

A pesquisa nos leva a compreender o meio onde as diferenças estão

presentes a todo o momento, e de como acontece o processo de ensino na

Educação Especial Auditiva.

A realidade, tal como se apresenta a educação especial hoje, constitui um

grande desafio para o mundo que desvaloriza a educação. Sendo que a educação

especial auditiva é um grande passo no sentido de possibilitar caminhos para o

ensino e aprendizagem de alunos (a) surdos brasileiros capazes de contribuir com

uma sociedade mais justa e igualitária para todos.

O trabalho com o deficiente auditivo tem o compromisso de formar cidadão

consciente, e a mesma deve ter subsídios necessários e tornar realidade essas

mudanças educacionais, transformando a maneira como pensamos e concebemos

ao centro de especializado na língua do surdo e a comunicação dos ouvintes.

A falta de conhecimento dos procedimentos metodológicos para trabalhar

com os alunos com deficiência auditiva, são empecilhos para se conseguir transmitir

os conteúdos desejados de forma que o deficiente auditivo o compreenda. Desse

modo sugere-se que se tenha uma pessoa especializada em transmitir as

metodologias adequadas para se trabalhar com os deficientes auditivos por meio

das regras de sinais.

As metodologias empregadas ajudam os alunos surdos na aquisição do

conhecimento, que a falta de especialização e conhecimento sobre libras torna difícil

a comunicação entre aluno e professor, a falta de formação adequada dos

educadores dificulta a inclusão do aluno surdo no ensino público e que a língua de

sinais precisa ser estudada para que haja interação entre surdo e ouvintes e que a

capacitação dos profissionais em Libras, são procedimentos poderiam ser adotados

pela instituição de ensino na qual leciona para tornar mais fácil a inclusão do aluno

com deficiência auditiva. Desse modo sugere-se a escola investimentos voltados a

capacitação dos profissionais para que consigam realizar um bom trabalho, junto aos

deficientes auditivos e haver inclusão dos mesmos.

Page 34: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

A presente pesquisa nos revela a necessidade de formação dos

profissionais que atuam com deficientes auditivos, em relação a aquisição da

linguagem para a criança surda. E que o trabalho da educação auditiva deve ocorrer

em um ambiente natural. Sempre com atividades propostas através de brincadeiras

e de jogos, para que sejam significativas para as crianças surdas.

Entre as áreas do conhecimento relacionadas com a surdez sempre houve

disputa para apontar a melhor maneira para a comunicação dos surdos. Das que

destacam pela sua eficiência, uma é o oralíssimo, que busca a normalidade e a fala,

procurando dispor de avanços tecnológicos para oferecer ao surdo a possibilidades

de ouvir a fazer a leitura labial. A outra é a LIBRAS, que defende a língua de sinais

como sendo a língua dos surdos, e até mesmo a ideia de uma cultura surda

específica, direcionando o debate para uma questão de política linguística.

Desse modo para que as Instituições consiga atender o aluno com

deficiência auditiva devem ser melhoradas, no tocante ao ensino e aprendizagem.

Nesse sentido é de uma importância a escolha do método pelos professores e pelos

coordenadores ao planejarem o ensino da pessoa surda.

Ao se trabalhar uma proposta pedagógica diferenciada, que atenda as reais

necessidades do deficiente auditivo, em sua formação a escolar estará

desenvolvendo o indivíduo no local onde está inserido, concedendo ferramentas de

transformação da sociedade, além da ampliação dos conhecimentos para um futuro

melhor.

Pois uma proposta educacional deve ter um caráter interdisciplinar e

contextualizado principalmente no que se refere à proximidade das áreas do

conhecimento maior interação entre educando e educador. Desse modo a escola

deve procurar construir e executar um Projeto Político Pedagógico que fortaleça

vínculos e integre a comunidade na escola, possibilitando condições de acompanhar

os educandos com deficiência auditiva nas atividades propostas em sala de aula.

33

Page 35: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Ordália Alves. História da educação: o lugar da infância no contexto histórico-educacional. Cuiabá: EdUFMT, 2006. Fascículo 01. ALVES, Nilda. Formação do jovem professor para a educação básica. Cadernos Cedes. São Paulo: Cortez, 1986. BRASIL. Plano decimal de educação para todos. Brasília: SEESP, MEC, 1993. BRASIL. Política nacional de educação especial. Brasília: SEESP, MEC 1994. CADERNO, do Cedes / Centro de Estudos Educação Sociedade. Vol. 1, n.1(1980), São Paulo: Cortez, Campinas Cedes, 1980. CANDAU, Vera Maria. (Org.). Rumo a uma nova didática. Petrópolis: Vozes, 2002. CANDAU, Vera Maria. A didática em questão. 27. ed. Petrópolis: Vozes, 2007. GADOTTI, Moacir. Educação e poder: introdução à pedagogia do conflito. 5. ed. São Paulo: Cortez-Autores Associados. 2008 GOLDFELD, Márcia. A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva sócio interacionista. São Paulo: Plexus, 2001. MACHADO, Maria Lucia de A. Encontros e desencontros em educação infantil. São Paulo: Cortez, 2002. MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar: O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo, 2005. MATTOS, Andréa Machado de A; MATTOS, Claudia Machado de A. O trabalho docente: reflexões sobre a profissão professor. Revista Presença Pedagógica, São Paulo v. 7, n. 41, p. 69-73, set./out. 1996. MONTEIRO, Mariângela Silva. Vygotsky um século depois. São Paulo: Artes Médicas, 1989. QUADROS, Ronice Miller. Situando as diferenças implicadas na educação de surdos: inclusão/exclusão. In Revista Ponto de Vista, São Paul: UFSC, N.º 4. p. 05- 15, 2002-2003. SÁ, Nídia R. L. Educação de surdos: a caminho do bilingüismo. Niterói: EduFF, 1999. SANTANA, Ana Paula. Surdez e linguagem: aspectos implicações neurolinguísticos. São Paulo: Plexus, 2007.

Page 36: AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO …biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20171006173941.pdf · língua, o que pretendemos para a criança surda, em primeira

SILVA, Alessandra da; LIMA, Cristiana Vieira de Paiva; DAMÁSIO, Mirlene Ferreira Macedo. Deficiência auditiva. São Paulo: MEC/SEESP, 2007. SILVA, Marília da Piedade Marinho. A construção de sentidos na escrita do aluno surdo. São Paulo: Plexus, 2001.

35