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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL E DEPENDÊNCIA QUÍMICA DEPENDENTE QUÍMICO E DIGNIDADE HUMANA Autor: Edina Gonçalves Parise Orientadora: Profa. Ma. Marina Silveira Lopes Monografia apresentada à AJES - Instituto Superior de Educação do Vale do Juruena, como requisito obrigatório para obtenção do título de especialista em Saúde Mental e Dependência Química. JUINA/2013 AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL E DEPENDÊNCIA QUÍMICA

DEPENDENTE QUÍMICO E DIGNIDADE HUMANA

Autor: Edina Gonçalves Parise

Orientadora: Profa. Ma. Marina Silveira Lopes

Monografia apresentada à AJES - Instituto Superior de Educação do Vale do Juruena, como requisito obrigatório para obtenção do título de especialista em Saúde Mental e Dependência Química.

JUINA/2013

AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

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PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL E DEPENDÊNCIA QUÍMICA

BANCA EXAMINADORA

____________________________________

(nome)

____________________________________

(nome)

____________________________________

Orientadora: Profa. Ma. Marina Silveira Lopes

AGRADECIMENTOS

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Aos mestres que estiveram presentes nesta caminhada.

Aos amigos que incentivaram para mais esta conquista.

À família que compreendeu as ausências.

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DEDICATÓRIA

A todos os doentes mentais.

A todas as famílias que entendem os seus doentes mentais.

Aos profissionais que usam o afeto para o bem de todos.

A todos que nunca desistem.

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LISTA DE GRÁFICOS

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RESUMO

Na sociedade atual apresentam-se muitos casos de dependentes químicos os quais por vezes não conseguem conquistar a dignidade humana. Sendo assim, faz-se importante a presença de um ouvinte para aquele que é dependente químico para que resgate sua dignidade junto a sociedade. Porém, não tem sido prioridade o investimento na formação de profissionais que sejam capazes de atender as pessoas que sejam dependentes químicos de forma que possam contribuir para que estas consigam resgatar sua dignidade social. Entendemos como elementos essenciais para a garantia da dignidade humana: a preservação da igualdade; o impedimento à degradação e coisificação da pessoa; a garantia de um patamar material para a subsistência do ser humano. Atualmente, tem-se a constatação de que com o passar das décadas o problema de uso de substâncias lícitas e ilícitas tomou uma proporção exorbitante causando agravos sociais, impedindo de terem uma vida com dignidade. Assim, apresenta-se a necessidade de alguém que possa auxiliar a família e o usuário a entenderem toda a situação e buscar viver de forma que possam ser felizes. A inclusão com a ajuda de um ouvinte é a possibilidade de superação do problema, garantindo o que está assegurado nas legislações.

Palavras-chave: Família, Dignidade Humana, Dependência Química.

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SUMÁRIO

INTRODUCÃO ......................................................................................................... 08.

CAPÍTULO I - TRANSTORNO MENTAL E DEPENDÊNCIA QUÍMICA .................. 10

1.1- O QUE É UMA DROGA ................................................................................. 12

1.2- DROGAS LÍCITAS: ÁLCOOL E TABACO ...................................................... 15

CAPÍTULO II - DEPENDÊNCIA QUÍMICA E DIGNIDADE HUMANA ...................... 17

2.1- POLÍTICA NACIONAL ANTIDROGAS ............................................................ 19

CAPÍTULO III - DEPENDENTES QUÍMICOS NO CAPS – CENTRO DE ATENÇÃO

PSICOSSOCIAL – JUINA/ MT .................................................................................23

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 35

REFERÊNCIAS..........................................................................................................37

ANEXOS....................................................................................................................39

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INTRODUÇÃO

Na sociedade atual pode-se observar que as pessoas que apresentam

dependência química não têm conseguido viver com dignidade, pois as pessoas

com quem convivem nem sempre conseguem dar o apoio necessário; e,

principalmente porque não encontram profissionais que os possam orientar a

superar as dificuldades.

Ao longo de uma experiência profissional na área da saúde, percebe-se que

ouvir o dependente químico constitui um meio de auxiliá-lo na conquista da

dignidade humana. Além disso, pode favorecer um trabalho preventivo adequado

para equacionar possíveis lacunas deixadas durante o processo de construção da

identidade, compensando déficits atribuídos à falta de atenção das pessoas com

quem convive, característica evidente da sociedade contemporânea.

O principal objetivo é desenvolver estudo que contribua para a compreensão

e efetivação de ações que formem profissionais que auxiliem as pessoas que .sejam

dependentes químicos. Faz-se necessário verificar se as políticas públicas

consideram a importância dos profissionais que atendem aqueles que são

dependentes químicos. Percebendo a partir daí que as pessoas que convivem com

o dependente químico nem sempre tem informação suficiente e por isso não

conseguem dar o suporte necessário. Sendo assim, a intervenção de um profissional

capacitado, no momento apropriado, contribuiria para amenizar o problema

enfrentado.

A pesquisa foi de caráter científico qualitativo, sendo que seu

desenvolvimento se deu através de pesquisa bibliográfica documental e pela

observação. Os materiais utilizados foram as fontes bibliográficas e equipamentos

tecnológicos. Foi também realizada pesquisa de campo com dependentes químicos

que são pacientes no CAPS – Centro de Atenção Psicossocial – Juína- MT, no ano

de 2013 , a qual segue anexa, apoiada na teoria e na prática.

Este trabalho estrutura-se da seguinte forma, Capítulo I: Transtorno Mental e

Dependência Química, conceituando o que se entende por transtorno mental e

quando a pessoa é considerada dependente químico. O Capítulo II: Dependência

Química e Dignidade Humana, trata sobre a conquista da dignidade humana frente a

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família e sociedade. O Capítulo III: Dependentes Químicos no CAPS – Centro de

Atenção Psicossocial – Juína/ MT traz os resultados da pesquisa de campo

realizada junto a pessoas que são dependentes químicas, atendidas nas Unidades

de Saúde de Juína/ 2013.

Enfim, tem-se o intuito de contribuir com pais e profissionais interessados,

oferecendo uma nova ferramenta para auxiliar no processo de conquista da

dignidade humana, trazendo a atenção de um profissional formado sob um olhar

preventivo. Valer-se dessa ciência, que se utiliza da atenção para estudar a

complexidade humana, enxergando o indivíduo com uma visão global e,

considerando os aspectos corporais, cognitivos e sócioafetivos que interferem no

seu desenvolvimento, é devolver às pessoas a possibilidade de viverem com

dignidade.

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CAPÍTULO I

TRANSTORNO MENTAL E DEPENDÊNCIA QUÍMICA

“Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não consiste apenas na ausência de doença ou de enfermidade”. OMS- Organização Mundial da Saúde- Constituição da Organização Mundial da Saúde, 2001)

A Constituição da Organização Mundial de Saúde estabelece a saúde como

direito fundamental do ser humano é “Gozar do melhor estado de saúde que é

possível atingir constitui um dos direitos fundamentais de todo o ser humano, sem

distinção de raça, de religião, de credo político, de condição econômica ou social”.

(OMS- Organização Mundial da Saúde- Constituição da Organização Mundial da

Saúde, 2001). E coloca o governo como responsável pelas medidas que assegure

bem-estar a todos: “Os governos têm responsabilidade pela saúde dos seus povos,

a qual só pode ser assumida pelo estabelecimento de medidas sanitárias e sociais

adequadas”. (OMS- Organização Mundial da Saúde- Constituição da Organização

Mundial da Saúde, 2001).

O conceito de Direitos Humanos será compreendido da seguinte forma

Direitos fundamentais referem-se àqueles direitos do ser humano que são reconhecidos e positivados na esfera do direito constitucional positivo de um determinado Estado (caráter nacional). Diferem dos direitos humanos - com os quais são frequentemente confundidos - na medida em que os direitos humanos aspiram à validade universal, ou seja, são inerentes a todo ser humano como tal e a todos os povos em todos os tempos, sendo reconhecidos pelo Direito Internacional por meio de tratados e tendo, portanto, validade independentemente de sua positivação em uma determinada ordem constitucional (caráter supranacional). (SARLET, 2006, p. 35 e 36).

Assim, todo indivíduo estaria assegurado indiferente de apresentar uma

patologia física ou mental. Nas últimas décadas os casos de pessoas que

apresentam transtornos mentais têm aumentado significativamente.

Porém, não tem sido prioridade o investimento na formação de profissionais

que sejam capazes de atender as pessoas com transtorno mental e que por vezes

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acabam se tornando dependentes químicos de forma que possam contribuir para

que estas consigam resgatar sua dignidade social.

Baseado na Organização Mundial de Saúde – OMS - ONU, entendem-se

como transtorno mental

Transtornos Mentais e Comportamentais as condições caracterizadas por alterações mórbidas do modo de pensar e/ou do humor (emoções), e/ou por alterações mórbidas do comportamento associadas a angústia expressiva e/ou deterioração do funcionamento psíquico global. (BALLONE GJ, 2008, p.1)

Portanto, faz-se urgente a compreensão e efetivação de ações que formem

profissionais que auxiliem as pessoas que apresentam transtorno mental e que

sejam dependentes químicos, para que possam resgatar sua dignidade.

Kant foi o primeiro a reconhecer que ao homem não se pode atribuir valor (preço), devendo ser considerado como um fim em si mesmo e em função da sua autonomia enquanto ser racional. Para Kant, a dignidade é o valor de que se reveste tudo aquilo que não tem preço, ou seja, não é passível de ser substituído por um equivalente. Dessa forma, a dignidade é uma qualidade inerente aos seres humanos enquanto entes morais: na medida em que exercem de forma autônoma a sua razão prática, os seres humanos constroem distintas personalidades humanas, cada uma delas absolutamente individual e insubstituível. Consequentemente, a dignidade é totalmente inseparável da autonomia para o exercício da razão prática, e é por esse motivo que apenas os seres humanos revestem-se de dignidade. (QUEIROZ,2005,p.01) .

Desta forma, preceitua Ingo Wolfgang Sarlet ao conceituar a dignidade da

pessoa humana

[...] temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que asseguram a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e co-responsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos.(SARLET, 2007, p.62)

Nesse contexto a família adquire uma importância fundamental. Segundo

Rocha (2012, p.57) “O desenvolvimento emocional do ser humano é um processo

dinâmico que começa antes do nascimento, porque tem a ver com o contexto

familiar em que a criança foi gerada, e dura até a morte.” Mais adiante também

[MS1] Comentário: Abrir a sigla

[MS2] Comentário: Faça citação indireta, tem muita citação por página. OK

[MS3] Comentário: Reescreva não introduz à citação

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afirma que o transtorno mental também pode ocorrer quando a pessoa não

consegue lidar com seus conflitos e conviver socialmente de forma satisfatória,

havendo assim o aumento do sofrimento. (ROCHA, 2012, p.87).”

Neste momento, o ser humano não conseguindo conquistar a confiança na

família, vai buscá-la na escola, nos amigos, nas drogas. Na vida, existem os

períodos de transição, ou críticos, nos quais o cuidado pode ser mais necessário.

Em se tratando de drogas, quando este cuidado não acontece na hora certa e forma

correta, a pessoa acaba se tornando um dependente químico.

Neste contexto entenderemos a dependência química é o impulso que leva a

pessoa a usar uma droga de forma contínua ou periódica para obter prazer. O

dependente caracteriza-se por não conseguir controlar o consumo de drogas, agindo

de forma impulsiva e repetitiva. (SILVEIRA,2003, p.14).

Neste momento faz-se necessário a intervenção de um profissional preparado

que possa auxiliar. Segundo Rocha (2012, p. 75) “[...] é aceitando que eles existem,

permitindo que eles apareçam e procurando compreendê-los que passamos a nos

conhecer e a viver melhor. [...] nós, que trabalhamos na área da saúde, [...]

precisamos compreender os sentimentos que nós provocamos neles e eles

provocam em nós.”

Como a pessoa se encontra numa situação estranha, de dependência, não

sabendo exatamente o que vai acontecer com ela, os procedimentos devem ser de

cuidado e orientação

Acolher e escutar são ações esperadas por parte de qualquer profissional da equipe, porém a enfermagem encontra-se em posição privilegiada, nesse sentido pelo fato de estar mais próxima do usuário (no contato íntimo do banho, no momento especial da alimentação, por exemplo) e permanecer por mais tempo perto dele (por exemplo, no momento em que a visita vai embora , ou em que a visita não veio, ou na noite de insônia). (ROCHA, 2012, p. 83)

Porém, é um profissional que não está preparado para dar um atendimento

especializado e os encaminhamentos que cada situação exigir.

[MS4] Comentário: Ainda está direta.

[MS5] Comentário: Muita citação direta faça indireta

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1.1 . O QUE É UMA DROGA

Considerando os vários conceitos do que vem a ser uma droga,

consideraremos aqui a seguinte definição:

Droga é qualquer ingrediente ou substância química, natural ou sintética que provoca alterações físicas e psíquicas numa pessoa. As drogas naturais são obtidas em plantas e em minerais, as drogas químicas são obtidas em farmácias e drogas sintéticas que são fabricadas em laboratórios. (BRASIL ESCOLA)

As drogas circulam pelo corpo e entram na corrente sanguínea causando

dependência, problemas circulatórios, cerebrais e respiratórios, compulsão e vários

outros fatores que, iguais a estes citados, podem levar à morte. Hoje, os principais

usuários de drogas são adolescentes de 16 a 18 anos que começam a usá-las por

curiosidade, influências, pelo prazer que elas proporcionam, pelo fácil acesso e pelo

desejo de que elas resolvam seus problemas.

Alguns dependentes químicos conseguem se recuperar sozinhos, apenas

pelo fato de sofrer algum prejuízo muito grande como: financeiro, perder

relacionamento, passar por um suposto divórcio, problemas de saúde, perder o

emprego, ter problemas com a justiça, ter o conhecimento de morte de algum outro

dependente, acidentes.

Porém, na maioria dos casos de dependência química, o indivíduo necessita

de algum tipo de tratamento com acompanhamento de pessoas especializadas no

assunto, ou até mesmo necessitando de um tratamento em regime interno.

Auxiliar o dependente químico implica em tratá-lo como um ser humano

resultado de um contexto único; e, por isso com tratamento próprio de cada um.

“Não são as explicações que mais ajudam a pessoa, mas sim as experiências de

aproximação com alguém que a acolhe. (ROCHA, 2012, p. 113) Ou seja, o principal

objetivo não é acabar com a crise de qualquer maneira, mas cuidar do usuário.

De acordo com ZEMEL (2001, p.60) “Quando aceitamos que o problema de

uso e consumo de drogas é uma questão biopsicossocial já estamos aceitando que

a família se inclui neste processo.” As famílias muitas vezes se colocam fora do

[MS6] Comentário: NEM PENSAR ESSA FONTE! PROCURE DE SITE ESPECÍFICOS

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problema entendendo que o social está representado pela instituição escolar, pela

polícia ou pelo grupo de traficantes. Mas é preciso que elas saibam que são elas as

principais representantes deste “social”.

A disponibilidade dos membros será um fator relevante para um bom encaminhamento, no entanto nem sempre isso é possível. Por isso, algumas intervenções que antecedem este processo são favoráveis, como atendimentos individuais às esposas ou pais e/ou intervenções de orientação e suporte. É através do atendimento familiar que os membros passam a receber atenção não só para suas angústias, como também começam a receber informações fundamentais para a melhor compreensão do quadro de dependência química, e conseqüentemente melhora no relacionamento familiar. Uma avaliação familiar pode ser um grande auxiliar no planejamento do tratamento; fornece dados que corroboram com o diagnóstico do dependente químico, bem como funciona como forte indicador do tipo de intervenção mais adequado tanto à família quanto ao dependente. (FIGLIE, 2004, p. 4).

Segundo LEITE (1999, p.30) “Dificilmente um indivíduo procura tratamento

por estar convencido de que está usando droga ou álcool demasiadamente. As

principais razões para a procura de tratamento são geralmente problemas e

prejuízos que se acumulam ao longo da vida de consumo do paciente.” Dentre as

principais causa de busca de serviço de assistência podemos relacionar as

complicações médicas, por exemplo: convulsões, perda de emprego, separação

conjugal, imposição familiar, sentença judicial, financeira. A adolescência é vista

como uma fase de transição entre a fase inicial a infância, para a fase permanente, a

adulta podendo conduzir o adolescente a ser um dependente químico.

“Tive pouco contato com meu pai. Em meu primeiro contato esperava que ele

me reconhecesse como filho, mas tudo foi muito estranho, mesmo sabendo que eu

era seu filho me maltratou e não quis saber de mim. Nossa fiquei numa revolta.”

(ENTREVISTADO A).

Figlie, Bordin e Laranjeira (2004) falam que as transformações sofridas, em

geral, vêm permeadas de dúvidas, instabilidade emocional e a famosa crise da

adolescência e de identidade; a droga entra nesse contexto como uma resposta

possível para amenizá-las. Além de questões internas, que embora tempestuosas,

são vistas como normais no período da adolescência, pode-se ainda dizer que há

influências de fatores externos: família; amigos; financeiro; profissional e outros

meios em que este convive.

[MS7] Comentário: Faça indireta

[MS8] Comentário: Faça indireta

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A seguir serão abordadas algumas drogas lícitas, especificamente o álcool e

o tabaco.

1.2 DROGAS LÍCITAS: ÁLCOOL E TABACO

Conforme Ribeiro e Laranjeiras (2012), o uso de drogas lícitas como a bebida

alcoólica e o tabaco normalmente antecedem o uso de outras substâncias

psicoativas, geralmente sendo a maconha a droga eleita na segunda fase de

experimentação. Segundo Rocha (2012, p.155): “Depois de algum tempo de uso, o

cigarro é mais consumido pela dor que provoca sua falta do que pelo prazer de seus

efeitos.”

O entrevistado B quando seu pai o maltratou, ele ficou muito revoltado e

disse: “sai pra rua e bebi meu primeiro gole”. “Sempre que encontrava meus amigos,

voltava a beber e fazer uso da maconha, mas minha mãe não sabe.”

De acordo com Silber (1998, p.14) “a droga pode ser utilizada pelo

adolescente como uma solução para os problemas gerados por uma cultura em

crise”. Pode-se supor que eles buscam nas drogas respostas para os conflitos que

estão vivendo no meio que os rodeia: família, escola e grupos afins. Portanto, a

adolescência consiste em uma fase turbulenta, mas essencial à formação de um

indivíduo.

O uso de uma determinada substância, como por exemplo, a maconha,

acalmará essa turbulência por um lado, causando, entretanto, consequências na

fase adulta. A necessidade de medidas preventivas, com intuito de impedir que as

drogas afetem esta fase da vida, devem se pautar na compreensão dessa clientela a

fim de auxiliá-la a atravessar essa fase complexa

“Minha mãe não entendeu quando me viu naquela situação e chorou quando

me viu bêbado e drogado, disse para eu não fazer mais aquilo”. ENTREVISTADO C.

O sofrimento causado pelo uso dessas substâncias psicoativas afeta além do

usuário, as pessoas mais próximas a ele e a sua família. Wright e Chisman (2004,

p.265) ressaltam que “o fenômeno das drogas constitui um problema social com

impactos diretos na saúde do individuo, família e sociedade”.

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Assim como o tema das drogas é complexo, a convivência familiar também é.

Ela desempenha um papel fundamental na formação do indivíduo e situa-se como a

primeira unidade de promoção do ser humano e prevenção do uso de drogas.

A família tem uma enorme responsabilidade na formação do indivíduo e por

isso, ao menor sinal de problemas, o sistema de saúde deve tentar intervir e de

alguma maneira apoiá-la, fortalecendo-a para que consiga resistir a problema, tais

como dependência química.

A literatura de enfermagem também vem fazendo referências ao papel da família como cuidadora em situaçoes de saúde e doença. Neste sentido encontramos o conceito de família como unidade de cuidado (de seus membros), cabendo aos profissionais apoia-la, fortalecê-la e orientá-la quando ela se encontrar fragilizada ( ELSEN, 2004, p.20).

Porém, vale ressaltar a valorização da família como meio de prevenção e

combate ao uso indevido de drogas. Portanto, confirma-se a importância do

ambiente favorável e do afeto para que o processo da cura possa acontecer.

Portanto, as pessoas que tem uma convivência próxima exercem grande

influência sobre a formação de valores do ser humano, conduzindo-o a atitudes

saudáveis e benéficas.

8

[MS9] Comentário: Indireta

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CAPÍTULO II

DEPENDÊNCIA QUÍMICA E DIGNIDADE HUMANA

Para uma melhor compreensão vale relembrar o que se entende por

dependência química. Segundo MALBERGIER (2005), a dependência química é

considerada uma síndrome por apresentar características como perda do controle

do uso de determinada substância psicoativa. Os agentes psicoativos atuam sobre o

sistema nervoso central, que, quando estimulado, provoca sintomas psíquicos e

estimula o consumo repetitivo dessa substância.

Quanto ao conceito de dignidade humana, este tem causado várias

controvérsias durante a história. E, ainda mais quando se trata de pessoa que

apresenta transtorno mental.

Kant sendo o precursor nesta conceituação fundamenta os estudos

subsequentes. Assim, Sarlet (2010, p.70) entende por dignidade da pessoa humana:

A qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimos para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e corresponsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos.

Soares (2011, p.63) defende os seguintes elementos como essenciais para a

garantia da dignidade humana: “a preservação da igualdade; o impedimento à

degradação e coisificação da pessoa; a garantia de um patamar material para a

subsistência do ser humano.”

Atualmente, tem-se a constatação de que com o passar das décadas o

problema de uso de substâncias lícitas e ilícitas tomou uma proporção exorbitante

causando agravos sociais, impedindo de terem uma vida com dignidade. Sarlet

(2010, p.42) coloca que a dignidade da pessoa apenas estará assegurada “quando

for possível uma existência que permita a plena fruição dos direitos fundamentais,

[MS10] Comentário: Faça indireta

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de modo especial quando seja possível o pleno desenvolvimento da personalidade.”

Assim, apresenta-se a necessidade de alguém que possa auxiliar a família e

o usuário a entenderem toda a situação e buscar viver de forma que possam ser

felizes. Segundo Martins (2009, p.473) “entende-se por família a unidade

mononuclear, vivendo sob o mesmo teto, cuja economia é mantida pela contribuição

de seus integrantes.” A inclusão com a ajuda de um ouvinte é a possibilidade de

superação do problema, garantindo o que está assegurado nas legislações.

Conforme consta na Lei 8.742/93, art. 1º:

A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas.

Portanto, como garante a própria Constituição Federal de 1988 art.123 “a

assistência social será prestada a quem dela necessitar.” Sendo assim, faz-se

necessário resgatar a importância do ouvinte para aquele que é dependente químico

para que resgate sua dignidade junto à sociedade. Melmann (2002, p.91) afirma que

quando alguém da família procura um profissional da saúde “para tratar de seu

parente enfermo, surge a oportunidade de que este profissional possa acolher o

sofrimento não somente da pessoa adoecida, mas também do familiar que o

acompanha.”

Para desenvolver uma assistência eficaz, os membros de equipe de

enfermagem devem possuir algumas características como: gostar da profissão e da

especialidade, ter maturidade emocional, ser sensível às necessidades do outro, ser

capaz de desenvolver sentimentos empáticos. A enfermagem no atendimento aos

pacientes dependentes químicos e portadores de transtorno mental, hoje, torna- se

imprescindível para que o tratamento torne- se eficaz. A assistência de enfermagem

a pacientes dependentes químicos e suas famílias atua como elo entre o tratamento,

a família e a reintegração social deste dependente (TAYLOR, 1999, p.25).

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2.1- POLÍTICA NACIONAL ANTIDROGAS

De acordo com a Secretaria Nacional Antidrogas (2006), até meados de 1998

não existia, no Brasil, uma política pública na área de diminuição e de demanda da

oferta de drogas. Em junho de 1998, em Nova York, durante a XX Assembleia Geral

Especial das Nações Unidas, foram discutidos os princípios da redução da demanda

de drogas e da responsabilidade compartilhada. Em consequência a essa

Assembleia, criou-se no Brasil, neste mesmo ano, a Secretaria Nacional Antidrogas

(SENAD), vinculada diretamente ao Gabinete de Segurança Institucional da

Presidência da República. Já em dezembro do mesmo ano, realizou-se, em Brasília,

o I Fórum Nacional Antidrogas, para que se elaborasse a Política Nacional

Antidrogas (PNAD). Somente em dezembro de 2001, três anos depois, quando já

ocorria o II Fórum Nacional Antidrogas, elaborou-se formalmente a PNAD.

Ocorreu então, em 26 de agosto de 2002, por meio do Decreto n 4.345, a

instituição da Política Nacional Antidrogas.

A Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD), é o órgão responsável por

articular, coordenar e integrar as ações inter-setoriais do governo na área de

redução da demanda de drogas. Tem por objetivo também, além de implementar,

acompanhar e fortalecer a Política de drogas no país, desenvolver um processo para

realinhamento da Política vigente, tendo com base dados epidemiológicos

atualizados, cientificamente fundamentados e na ampla participação social (SENAD,

2006).

Como resultado do processo de realinhamento da PNAD, a partir do Fórum

Nacional sobre Drogas (2004), o prefixo “anti” da Política Nacional Antidrogas

foi substituído pelo termo “sobre drogas”, hoje, de acordo com os novos

estudos, com o posicionamento do governo e com a nova demanda popular,

manifestada ao longo do processo. A política passou a ser denominada

Política Nacional sobre Drogas. (SENAD, 2006, p. 33).

A legislação brasileira sobre drogas foi atualizada pelo Congresso Nacional e

sancionada pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 23 de agosto de 2006. O

[MS11] Comentário: Faça indireta.

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20

projeto de Lei (PL) n 115/02 do Senado tornou-se a lei n 11.343/06 e substituiu as

leis 6.368/76 e 10.409/02 até então vigentes no país. Esta nova lei coloca o Brasil

em destaque no cenário internacional no que diz respeito a aspectos preventivos,

atenção, reintegração social do usuário e dependente de drogas, e torna as penas

mais rígidas sobre tráfico de substâncias químicas ilícitas (SENAD, 2006).

A Lei 11.345/06 instituiu no Sistema Nacional de Políticas Públicas Sobre

Drogas a finalidade de articular, integrar, organizar e coordenar as atividades

preventivas no tratamento e reintegração social dos usuários dependentes de

drogas, bem como as de repressão ao tráfico, estando em perfeito acordo com a

Política Nacional Sobre Drogas e com os compromissos internacionais do país

(SENAD, 2006).

Segundo Pinho (2005, p.11) “nosso posicionamento diante de um

determinado fato ou situação e o direcionamento de nossa intervenção em relação a

ele dependem das idéias e concepções teóricas que fundamentam nossa prática.”

Estabelecer parcerias e interlocução com profissionais da área clínica é muito

importante, no entanto, a atuação de cada área deve estar bem definida.

Accioly (2008, p.63) coloca que ”as causas exatas dos transtornos mentais

são desconhecidas, mas um crescimento explosivo da investigação trouxe-nos mais

perto das respostas. Podemos dizer que determinadas disposições herdadas

interagem com fatores ambientais desencadeantes.” Já Balonne (2001, p.41)

entende como transtornos mentais, as condições clinicamente significativas

caracterizadas por alterações do modo de pensar e de humor (emoções) ou por

comportamentos associados com angustia pessoal e/ou deterioração do

funcionamento.

A partir destas considerações, é importante olhar para além da sua

incapacidade e considerar os demais fatores intervenientes que interferem no

desempenho de suas tarefas e papéis cotidianos. Posto que, além do grau de

comprometimento nas capacidades individuais, há que se avaliar também as

condições socioeconômicas e culturais, as oportunidades de acesso a estímulos e

recursos, que são igualmente contributivos para o desempenho funcional do sujeito.

Portanto, tem-se que nem sempre que haja transtorno mental

necessariamente estará associada à dependência. É possível ter um transtorno

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mental e ainda assim conquistar a autonomia e independência, uma vez que a

participação social, o desempenho de tarefas, envolve muito mais que mobilidade,

movimentos coordenados e habilidades funcionais.

A Constituição Federal assegura, no Artigo 5º, o princípio de igualdade na

República Federativa do Brasil, dispondo que: “Todos são iguais perante a lei, sem

distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros

residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à

segurança e à propriedade [...]” (BRASIL, 1988, p.2).

Assim, a dignidade não pode ser entendida apenas como algo que está

assegurado legalmente e por isso irrenunciável, porque se assim for pensada a

dificuldade para garanti-la será muito maior, pois além de ser um direito implica em

compreensão, atenção, afeto que são construídos por uma interação de qualidade.

Sarlet (2010, p.157) afirma:

“Ainda no que se diz com a proteção da dignidade, percebe-se a existência de consenso no sentido de que a consideração e o respeito pela pessoa como tal (inclusive antes mesmo do nascimento e independentemente de suas condições físicas ou mentais) constituem simultaneamente tarefa e limites intransponíveis para a ordem jurídica”.

A conexão da dignidade da pessoa humana com a exclusão social não se

limita à privação de alguns direitos, mas se manifesta igualmente por meio do

processo de humilhação; e, consequente perda da autoestima. Entende-se,

portanto, que as condições de vida e os requisitos para uma vida com dignidade

variam em cada sociedade e em cada época e precisam ser construídos.

Sendo assim, algumas ideias em relação aos dependentes químicos

deveriam ser desmistificadas. Entre elas está a de que as pessoas que são

dependentes químicas nunca irão recuperar a saúde. E, que deveriam ser excluídas

da família, da comunidade e da sociedade, porém, na verdade deveriam ser tratadas

adequadamente e inseridas na comunidade, sem medo ou exclusão; somente

assim, dentro das suas limitações, poderão ter uma vida normal, feliz e produtiva.

Atualmente, existe um grande acúmulo de evidências que demonstram a eficácia das intervenções familiares em promover melhora do quadro clínico, diminuir ou atenuar recaídas e diminuir o número de internações

[MS12] Comentário: Indireta.

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psiquiátricas nos pacientes com transtorno mental severo. As pesquisas epidemiológicas e as experiências terapêuticas apontam para a necessidade de desenvolver estratégias de envolvimento da família. (MELMANN, 2002, p. 89)

A dependência química pode afetar qualquer pessoa, independentemente da

sua idade, emprego ou habilitações escolares; trata-se de uma doença e não de

uma fraqueza de caráter. Pode causar mais sofrimento e incapacidade que qualquer

outro tipo de problema de saúde. Por isso, a importância do ouvinte para aquele que

apresenta transtorno mental e se torna um dependente químico para que resgate

sua dignidade junto a sociedade.

A dignidade da pessoa humana está escrita no Artigo 1º, II da Constituição

Federal como um dos fundamentos da República Federativa do Brasil, tida como

valor supremo: “Ela é considerada um atributo inerente a todo ser humano, uma

qualidade própria e não um direito conferido exclusivamente pelo ordenamento

jurídico.” Ou seja, a dignidade do ser humano deve ser incondicional, não apenas

um direito assegurado pela legislação.

No entanto, para que de fato as pessoas que tem certas limitações tenham

seus direitos assegurados, faz-se necessário colocar em prática as legislações,

satisfazendo os anseios e respeitando os direitos fundamentais – direito a uma vida

digna.

[MS13] Comentário: O que são essas aspas?

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CAPÍTULO III

DEPENDENTES QUÍMICOS NO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL –

CAPS JUINA/ MT

Considerando toda a fundamentação teórica percebe-se que estamos em um

cenário em que os dependentes químicos estão cada vez mais presentes em nossa

realidade; e, por isso a legislação tem buscado estratégias para assegurar direitos

diante de uma sociedade em que a garantia de uma vida digna precisa ser

duramente conquistada.

Apesar desse quadro promissor, inúmeros desafios se apresentam por parte

da sociedade, mas também pelos próprios usuários.

A partir dessa realidade faz-se necessário considerar o resultado da pesquisa

realizada com dependentes químicos que são pacientes no CAPS – Centro de

Atenção Psicossocial – Juína- MT por meio dos gráficos a seguir:

Gráfico 1: Idade dos pesquisados

Fonte: PARISI, E. 2013

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O Gráfico 1 demonstra que a dependência química não se apresenta em uma

idade específica. Dos entrevistados 25% são adolescentes e jovens, 55% são

jovens, 20% são adultos. No entanto, a idade de 20 e 30 anos é a fase com maior

índice o que evidencia ser uma fase onde se busca encaminhamentos e que neste

caso caminharam para o lado das drogas.

Gráfico 2: Há quanto tempo é dependente químico

Fonte: PARISI, E. 2013

O Gráfico 2 deixa registrado o tempo de uso de drogas por parte dos

entrevistados, sendo que 60% deles são usuários a mais de 1 ano, 10% a mais de 5

anos e 30% a mais de 10 anos. Diante das entrevistas aqueles que usam a mais de

um ano são em sua maioria os adolescentes e jovens e aqueles que são usuários há

mais de 5 ou 10 anos são alguns dos jovens e os adultos. Percebe-se com isso que

a tendência é de se manter no vício, sem perspectiva de deixar de ser usuário.

No Gráfico 3 tem-se a demonstração da primeira droga consumida pelos

entrevistados: 30% o álcool, 25% o cigarro, 10% a maconha, 5% o crack, 30%

outras. Evidencia-se com isso que a maioria se torna usuário de drogas utilizando as

chamadas drogas lícitas, liberadas legalmente.

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Em contrapartida, tem-se porém que muitos iniciam seu vício também com

drogas ilícitas, aquelas que são consideradas ilegais e com grande poder de viciar

com muita rapidez.

Gráfico 3: A primeira droga que usou

Fonte: PARISI, E. 2013

Quando perguntado aos entrevistados sobre a droga que usam atualmente,

ver gráfico 4, 30% respondeu ser a maconha, 5% o crack, 5% medicamentos e 60%

responderam outras, citando entre elas o álcool, o cigarro, mas também cocaína,

heroína e inalantes.

Gráfico 4 : Qual droga usa atualmente

Fonte: PARISI, E. 2013

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Muitos deles disseram que usam aquela a qual tiverem mais fácil acesso,

nem que tenham que usar mais vezes para satisfazer o organismo. Percebe-se

assim, que a busca por um produto que lhe traga satisfação, nem que seja

momentânea está fora do controle pessoal de cada indivíduo.

O Gráfico 5 apresenta o resultados dos entrevistados quanto ao

conhecimento da família de eles serem usuários de drogas; assim, 60% respondeu

que a família sabe que é dependente químico e 40% respondeu que a família não

tem conhecimento.

Gráfico 5: A família sabe que é dependente químico

Fonte: PARISI, E. 2013

Dentre os 60% a maioria deles são adolescentes e jovens. Enquanto que um

deles também acrescentou que além da família a sociedade também sabe, portanto,

não sendo segredo para ninguém sente-se livre e aberto para usar tranquilamente,

sem restrições. Daqueles que a família não tem conhecimento alguns se manifestam

até envergonhados diante da situação que se encontram, porém a maioria deixa

evidente que pouco se importa se ficarem sabendo.

O Gráfico 6 apresenta em que o usuário confia para falar sobre o assunto:

40% disse que confia nos amigos, 30% na família, 10% no médico, nenhum deles

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diz confiar em psicóloga, 10% em outras pessoas e 10% diz não confiar em

ninguém.

Gráfico 6 : Confia em alguém para falar sobre o assunto

Fonte: PARISI, E. 2013

Constata-se diante disso que poucos são aqueles que confiam nos

profissionais da saúde que de fato poderiam ajudá-los a saírem do vício. Confiar nos

amigos talvez seja o caminho para compartilhar sem culpa o caminho que escolheu.

Alguns confiam na família, mas ainda de forma tímida, pois implica em mudar de

atitudes. E, ainda uma porcentagem considerável fala sobre as drogas com qualquer

outra pessoa ou então não confia em ninguém, o que os faz continuarem sozinhos

por uma vida que lhe traz apenas satisfação momentânea.

O Gráfico 7 demonstra, no entanto, em comparação ao gráfico 6, que vários

dos dependentes químicos já tiveram a oportunidade de sair do vício através do

apoio de um profissional da saúde: 15% psicólogo, 5% enfermeiro, 20% médico,

nenhum de assistente social, 30% outros profissionais e 30% disseram que não

encontrou nenhum profissional da saúde que tenha tentado tirá-lo do vício.

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Diante deste quadro percebe-se que muitos dos usuários poderiam ter

deixado de usar as drogas com ajuda profissional, porém nenhum dos entrevistados

conseguiu. Os que responderam que nunca tiveram apoio, disseram também que

não fazem questão de que isso aconteça.

Gráfico 7: Encontrou algum profissional da saúde que tivesse tentado tirar você do vício

Fonte: PARISI, E. 2013

O Gráfico 8 representa porém que 60% dos dependentes químicos

entrevistados afirma que se tivesse acompanhamento de um profissional da saúde

conseguiria sair do vício e apenas 40% disse que mesmo assim não conseguiria

largar o vício. Dentre os 60% alguns disseram que acreditam no tratamento, que

seria uma ajuda, mas que dependeria da vontade de cada um, sendo que parte

deles afirma realmente que não quer sair do vício. Enquanto que dentre os 40% tem

aqueles que disseram que não confiam em nenhum tratamento e que não tem

desejo nenhum de deixar as drogas.

Mas, também tem alguns que disseram que confiam no tratamento, mas

nenhum desejo em deixar de ser usuário. Também houve declarações de que já

sendo usuário há muito tempo não conseguiria deixar o vício, afirmando inclusiva

que se sentem bem assim.

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Em contrapartida também tem aquele que afirma que já tentou e não teve

êxito e que se sente culpado por isso e por algumas tragédias na família.

Gráfico 8: Se tivesse acompanhamento de profissional da saúde, conseguiria sair do vício

Fonte: PARISI, E. 2013

O ENTREVISTADO D concorda que já vem sendo acompanhado e faz um

desabafo: “Faço acompanhamento. É um lugar muito louco. Passam por crises

difíceis, mas é divertido.”

No Gráfico 9, 40% vê que a família teria estrutura e conhecimento para

auxiliá-los, porém 60% afirma que a família não teria conhecimento e nem estrutura

para lhes dar o auxílio que precisam.

Considerando esta realidade, em comparação aos gráficos 5, 6 e 7, constata-

se que os dependentes químicos entrevistados não encontram em pessoa alguma a

possibilidade de encontrar o apoio necessário para deixar do vício das drogas.

Como complemento do Gráfico 9, o Gráfico 10 comprova que para 50% dos

entrevistados a família é a maior dificuldade em sua vida, 15% disse ser a escola,

25% o trabalho, 5% os amigos e 5% disse que não encontra dificuldade nenhuma.

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Gráfico 9 : Sua família tem conhecimento e estrutura para auxiliar você

Fonte: PARISI, E. 2013

Portanto, comprova-se que as pessoas que seriam as mais próximas e que

seriam responsáveis pela construção de valores, a família, são para os dependentes

químicos o maior empecilho. Em segundo fica o trabalho com 25% que é de onde

cada pessoa garante o seu sobrevivência financeira; e, que para o dependente

químico acaba sendo um problema.

Gráfico 10 : Maiores dificuldades enfrentadas por ser dependente químico

Fonte: PARISI, E. 2013

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Em seguida, com 15% a escola, que em busca do seu papel social acaba se

transformando num transtorno para o dependente químico. Mais uma vez aparecem

os amigos, 5%, como sendo aqueles que menos dificuldades trazem para o usuário

de drogas. . Os 5% que dizem que não encontram dificuldade nenhuma são aqueles

que pouco se importam com quem sabe e o que pensam sobre a questão de ser

dependente químico. Um deles afirma convictamente que a sua maior dificuldade é

consigo mesmo, porque tem muito medo de morrer, porém complementa a fala

dizendo que todos morrerão mesmo algum dia, então nenhum problema há nisso

Gráfico 11: Como se sente frente a sociedade sendo dependente químico

Fonte: PARISI, E. 2013

No Gráfico 11 os entrevistados foram questionados sobre como se sentem

frente à sociedade sendo dependente químico: 0% disse se sentir valorizado, 25%

se sente excluído, 25% reconhecido, 30% rejeitado, 5% envolvido e 15% disse não

sentir nada disso. Portanto, a desvalorização é evidente o que dificulta a vida de

qualquer ser humano e a conquista de novos objetivos. A exclusão e a rejeição foi o

que mais apareceu na resposta dos entrevistados, o que demonstra que são seres

humanos que ficam a mercê da sociedade. Os que responderam que não percebe

nenhum desses sentimentos são aqueles que pouco se importam com quem ou o

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que está a sua volta; e, também porque pensa que ninguém sabe que ele seja

dependente químico, por isso agem normalmente.

Entre a conversa com os dependentes químicos foi perguntado como

mantinham o seu vício. Além de dizerem que é através do trabalho, economias do

dinheiro que recebem dos pais, teve aqueles que falaram que são aposentados por

distúrbio mental e utilizam esse dinheiro para comprar o produto do vício. Alguns

disseram também que se drogam todos os dias e que conseguem ficar no máximo

três dias sem o produto. E, a maioria fala que quando usam a drogam passam por

vários dias na rua, sem noção do tempo ou do perigo. Quando resgatados da rua na

maioria das vezes não percebem e quando acordam, sem crise, estão amarrados. E

continuam dizendo que não pensam no futuro, que apenas vivem o presente, sem

compromisso. Portanto, a realidade dos dependentes químicos demonstra pouca

esperança, mas mesmo assim todos vão à busca de uma vida que lhe traga

realização de acordo com seus próprios princípios.

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CONCLUSÃO

O dependente químico é alvo de preocupação da sociedade brasileira, devido

ao aumento considerável do consumo de drogas lícitas e ilícitas nas últimas

décadas. No entanto, não há um entendimento por parte da maioria das pessoas,

principalmente da família, que ao se tornar dependente químico, dificilmente o

portador conseguirá recuperar-se sem o auxílio de um tratamento adequado, com

medicamentos específicos e terapias.

O usuário de drogas, em sua maioria apresenta transtorno mental e a

dificuldade para conquistar a dignidade humana. Os problemas só tendem a

aumentar através da exclusão social ou relações familiares e de trabalho

complicadas, agravando-se ainda mais pela falta de compreensão e pelas normas

culturais que são impostas pela sociedade.

A dependência química apresenta características próprias. A busca por

recuperação e a aceitação da doença por parte dos usuários é uma tarefa complexa

e árdua, pois depende da vontade de o usuário se pré-dispor em querer sair do

vício. Isso porque, a dependência química causa um comprometimento do cérebro,

prejudicando a saúde mental.

Durante toda esta pesquisa entendemos a dependência química como sendo

o uso contínuo de produtos lícitos ou ilícitos, de forma descontrolada. A partir desta

ação repetitiva e diante da necessidade de precisar conviver socialmente, percebe-

se a perda da dignidade humana que está assegurada em várias legislações

vigentes.

Este estudo teve com objetivo principal contribuir para a compreensão e

efetivação de ações que formem profissionais que auxiliem as pessoas que sejam

dependentes químicos. Verificou-se que as políticas públicas consideram a

importância dos profissionais que atendem aqueles que são dependentes químicos.

Percebeu-se principalmente pela pesquisa de campo que as pessoas que convivem

com o dependente químico nem sempre tem estrutura e conhecimento suficiente e

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por isso não conseguem dar o suporte necessário. Sendo assim, a intervenção de

um profissional capacitado, no momento apropriado, contribuiria para amenizar o

problema enfrentado pelo dependente químico, às vezes até antes da atuação

médica, pois os problemas que ele enfrenta já são imensos. Também se precisa

considerar família, trabalho, situação social e financeira e a saúde em geral.

Nessa perspectiva, profissionais específicos da área da saúde, faz-se

necessária junto aos usuários de drogas, pois são preparados para compreender

questões ligadas aos valores sociais e comportamentos. Isso se justifica, pois o

dependente químico é tido como alguém incapaz e que atrapalha na família e no

trabalho, uma vez que seu comportamento foge as regras que a sociedade impoem.

Ao mesmo tempo tem-se o usuário que se sente excluído e rejeitado, e encontra

apenas nos amigos o conforto que procura.

Assim, o profissional capacitado fará a intervenção na sociedade para

reconstruir uma imagem em relação ao dependente químico; e, a ação direta junto

ao usuário de drogas com o objetivo de resgatar valores, direitos, deveres,

instrumentalizando-os para a conquista da dignidade humana, ou seja, uma melhor

qualidade de vida.

Portanto, os trabalhos voltados aos dependentes químicos, com o objetivo de

valorizar a saúde e a vida, fazem-se urgentes para que haja a recuperação individual

– dependente químico; e, coletiva – sociedade.

.

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REFERÊNCIAS

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ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS). Relatório sobre a saúde no mundo. Genebra, 2001.

[MS14] Comentário: Data de Acesso

[MS15] Comentário: Data de Acesso

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PAULON, Simone Maineri; FREITAS, Lia Beatriz de Lucca; PINHO, Gerson Smiech. Documento Subsidiário à política de inclusão. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2005. QUEIROZ, Vitor Santos. A dignidade da pessoa humana no pensamento de Kant. 2005. Acessado em 13/03/2014: http://jus.com.br/artigos/7069/a-dignidade-da-pessoa-humana-no-pensamento-de-kant#ixzz2vruIYsB6 Relatório sobre Orientações sobre Saúde Mental aos profissionais da Atenção Básica e Agentes Comunitários de Saúde do município de Betim. ROCHA, Carmem Lúcia Antunes. O princípio da dignidade da Pessoa Humana e a Exclusão Social. Revista de interesse público. Rio de Janeiro, v.4. SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 6ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006. SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais na Constituição Federal de 1988. 5. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007. SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais na Constituição Federal de 1988. 8 ed. Ver, atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2010. SOARES, Ricardo Mauricio Freire. Direito, justiça e princípios constitucionais. Bahia: jusPODIVM, 2011.

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[MS16] Comentário: Data de Acesso

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ANEXO

QUESTIONÁRIO

IDADE: _____________________

1- Há quanto tempo você é dependente químico? ( ) mais de um ano ( ) mais de cinco anos ( ) mais de dez anos

2- Qual foi a primeira droga que você usou? ( ) álcool ( ) cigarro ( ) maconha ( ) crak ( ) outras

3- Que droga você usa atualmente? ( ) maconha ( ) crak ( )outras

4- Sua família sabe que você é dependente químico? Quem sabe? ( )sim ( )não Quem: ____________________

5- Você confia em alguém para falar sobre o assunto? ( ) amigos ( ) família ( ) médico ( ) psicóloga ( ) outros

6- Em Juína, você já encontrou algum profissional da saúde que tivesse tentado tirar você do vício?

( ) psicólogo ( ) enfermeiro(a) ( ) médico ( ) Assistente Social ( ) outros

7- Se um profissional da saúde acompanhasse toda a sua história você acredita que conseguiria sair do vício? Por quê?

( )sim ( )não Por quê?_______________________

8- Caso sua família saiba ou soubesse você acredita que ela teria conhecimento e estrutura suficiente para auxiliar você?

( )sim ( )não

9- Quais são as maiores dificuldades que você enfrenta sendo um dependente químico?

( ) família ( ) escola ( ) trabalho ( ) amigos ( ) nenhuma

10-Como você se sente frente a sociedade sendo um dependente químico? ( ) valorizado ( ) excluído ( ) reconhecido ( ) rejeitado ( ) envolvido

( ) outros: ________________________________