ajuste oclusal

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CONDUTA TERAPUTICA - AJUSTE OCLUSAL POR DESGASTE SELETIVO

O ajuste oclusal a conduta teraputica que prope modificaes nas superfcies dos dentes, restauraes ou prteses, atravs de desgaste seletivo ou acrscimo de materiais restauradores, buscando harmonizar os aspectos funcionais maxilomandibulares na ocluso em relao cntrica e nos movimentos excntricos. O objetivo melhorar as relaes funcionais da dentio para que, juntamente com o periodonto de sustentao recebam estmulos uniformes e funcionais, propiciando as condies necessrias para a sade do sistema neuromuscular e das articulaes temporomandibulares. As indicaes do ajuste oclusal so as seguintes: Presena de sinais e sintomas de ocluso traumtica e quando as relaes oclusais podem ser melhoradas por meio de ajuste, nas seguintes situaes: discrepncia oclusal em relao cntrica; tenso muscular anormal (ocorrendo conseqente desconforto e dor resultante de hbitos, como apertamento ou bruxismo); presena de disfuno neuromuscular; previamente a procedimentos restauradores extensos para estabelecer um padro oclusal timo; estabilizao dos resultados obtidos pelo tratamento ortodntico e pela cirurgia buco-maxilo-facial; coadjuvante no tratamento

periodontal, nos casos com mobilidade dental. O ajuste oclusal contra-indicado nas seguintes condies: profilaticamente (sem que o paciente apresente sinais e sintomas de ocluso traumtica), sem diagnstico da causa do distrbio, desconhecimento da tcnica correta de como faz-lo, o mau ajuste piora o quadro. A ocluso traumtica foi definida por STILLMAN e McCALL em 1922, como um estresse oclusal anormal, capaz de produzir (ou que tenha produzido) injrias aos dentes, periodonto, ou sistema neuromuscular. Apresenta como sinais clnicos mobilidade dental; migrao dental; padro anormal de desgaste oclusal (facetas); abcessos periodontais (especialmente em reas de bifurcao); hipertonicidade dos msculos da mastigao; sensibilidade presso, som seco percusso, ocasionalmente atrofia ou recesso gengival, disseminao da inflamao e proliferao epitelial; profundidade desigual das bolsas periodontais e bolsas intra-sseas. Como sinais radiogrficos apresenta perda da continuidade da lmina dura; espao periodontal alargado; reabsoro radicular externa; hipercementose, osteosclerose; reabsoro interna dos dentes; calcificao pulpar, reabsoro ssea do tipo vertical e necrose pulpar de dentes hgidos. So considerados sintomas de ocluso traumtica a sensibilidade das

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estruturas periodontais; hipersensibilidade pulpar e dentinria, desconforto regional vago e dor muscular ou da articulao temporomandibular. Deve-se indicar o ajuste oclusal somente aps correto diagnstico da necessidade do paciente. Os princpios do ajuste oclusal so: eliminar os contatos que defletem a mandbula da posio de relao cntrica para a mxima intercuspidao habitual; dirigir os vetores de fora para o longo eixo dos dentes; evitar. sempre que possvel, qualquer reduo na altura das cspides de conteno cntrica; estreitar a mesa oclusal; obter a estabilidade em relao cntrica, e a partir dai no alterar mais as cspides de conteno cntrica. A execuo do ajuste oclusal deve ser precedida de um meticuloso planejamento, devendo-se considerar: reviso da literatura especializada pertinente; reviso da fisiologia do aparelho estomatogntico; enceramento das superfcies oclusais; montagem dos modelos de estudo do paciente em articulador semi-ajustvel, em relao cntrica; anlise funcional da ocluso nos modelos de estudo montados, aplicando-se as regras de orientao para o ajuste preconizadas por Guichet; ajuste da ocluso do paciente; As regras para orientar o ajuste oclusal por desgaste seletivo foram concebidas didaticamente na seguinte seqncia: A - Ajuste oclusal em relao cntrica: com deslize em direo linha mdia, com deslize em direo contrria linha mdia, com deslize em direo anterior, sem deslize. B - Ajuste oclusal em lateralidade:

movimento de trabalho, movimento de balanceio. C - Ajuste oclusal em protruso O local do desgaste na superfcie oclusal deve-se restringir nica e to somente rea demarcada pela fita marcadora. Para o desgaste utiliza-se uma broca diamantada ou de ao tipo 12 lminas em alta rotao cuja forma melhor se adapte face do dente a ser ajustada. A - Ajuste em Relao Cntrica O ajuste oclusal sempre realizado em relao cntrica (RC), visto que o que se busca o restabelecimento da ocluso em relao cntrica (ORC). No quadro seguinte, observam-se trs posies distintas do relacionamento oclusal antes e aps o ajuste: Mxima intercuspidao habitual (MIH), posio adquirida em que se tem estabilidade oclusal independente da estabilidade condilar (RC), resultando em mxima intercuspidao (MI) diferente da RC antes do ajuste; Relao cntrica (RC) posio de estabilidade condilar independente da estabilidade oclusal (MI); Ocluso em relao cntrica (ORC), posio em que se tem estabilidade condilar (RC) coincidente com estabilidade oclusal (MI), resultando na posio almejada ao concluir o ajuste. O ajuste ser considerado concludo quando for obtida a estabilidade condilar (RC), sua conteno pelo maior nmero possvel de contatos oclusais bilaterais (MI), e ausncia de contato nos dentes anteriores (se estes ocorrerem, devem ser simultneos aos contatos dos dentes posteriores), o que caracteriza a obteno da ocluso em relao cntrica (ORC). Com deslize em direo linha mdia Ocorrer sempre que houver um contato deflectivo entre uma cspide

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funcional (CF) (conteno cntrica) e uma no Funcional (CNF) (no conteno cntrica). a) Local do contato: Vertente lisa da cspide funcional (vestibular inferior, palatina superior ou ambas) versus vertente triturante da cspide no funcional (vestibular superior, lingual inferior ou ambas), figura 01. L M

Contato deflectivo (cpide de conteno cntrica X cspide de no conteno)

Desgaste a Desgaste a vertente lisa da vertente cspide triturante cntrica at oposta at que a obter um ponta de contato de cspide cntrica ponta contate a fossa

Fig. 1B - Deslize para linha mdia, cspides linguais.

DV RC L L V MIH

E

Com deslize em direo contrria linha mdia Ocorrer sempre que houver um contato deflectivo entre duas CFs antagonistas. a) Local do contato: Vertente triturante de uma cspide funcional versus vertente triturante de uma cspide funcional antagonista, figura 02.Localizao dos contatosL M

Fig. 01 - Desenho esquemtico da localizao dos contatos deflectivos no deslize em direo linha mdia.

b) Local de desgaste: Em todas as situaes de contato entre CF e CNF, este, ocorrer em vertente lisa versus vertente triturante, estruturas de diferentes importncias funcionais, em razo do que se opta prioritariamente pelo desgaste na vertente lisa at que o contato ocorra na ponta da cspide funcional. Em seguida desgasta-se o contato na vertente triturante da cspide no funcional, figuras 1A e 1B.

DL V L

E

V

MIH

RC

Fig. 02 - Desenho esquemtico da localizao dos contatos deflectivos no deslize em direo contrria linha mdia

Contato deflectivo (cpide de conteno cntrica X cspide de no conteno)

Desgaste a vertente lisa da cspide cntrica at obter um contato de ponta

Desgaste a vertente triturante oposta at o contato da cspide cntrica com a fossa

Fig. 1A - Deslize para linha mdia, cspides vestibulares.

b) Local de desgaste: Por se tratar de estruturas de mesma importncia funcional, desgasta-se o contato que se localizar mais prximo da ponta da cspide. Assim que conseguir o contato na ponta da cspide, desgasta-se a vertente triturante antagonista. Quando os dois contatos se localizarem mesma distncia da ponta da cspide, desgasta-se no dente em posio mais desfavorvel, figura 2A. Na figura 2B observam-se as trs posies distintas do relacionamento oclusal antes e aps o ajuste.

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Contato deflectivo (cpide de conteno cntrica X cspide de conteno)

Desgaste a vertente triturante da cspide cntrica at obter um contato de ponta

Desgaste a vertente triturante oposta at que a ponta de cspide cntrica contate a fossa

PFO /UFU

Fig. 2A - Deslize contrrio linha mdia. Fig. 04 - Trauma anterior.

Mxima intercuspidao habitual

Relao cntrica

Relao cntrica de ocluso

b) Local de desgaste: Observar a posio dos dentes na arcada, se estiverem em boa posio desgasta-se justamente o ponto demarcado nas vertentes e arestas em ambos os dentes, caso contrrio, desgasta-se o dente em posio mais desfavorvel, figura 05.

Fig 2B - Deslize contrrio linha mdia.

Deslize em direo anterior: Ocorrer sempre que houver um contato deflectivo entre duas CFs antagonistas. a) Local do contato: Vertente triturante ou aresta longitudinal mesial da cspide funcional superior versus vertente triturante ou aresta longitudinal distal da cspide funcional inferior, figura 03.

Contat deflectiv

Desgaste: o plano inclinado distal da de cntrica inferior a um contato de ponto a superfcie

Desgaste: o plan nado oposto at obter a estabilidade oclusal

Fig. 05 - Deslize para anterior.

D

Pm

C

M

Pm

DPm MIH

C

M

Na figura 06, observam-se trs posies distintas do relacionamento oclusal antes e aps o ajuste. pDistalPFO / UFU

Mesial

Pm RC

Fig. 03 - Desenho esquemtico da localizao dos contatos deflectivos no deslize em direo anterior

Quando o contato deflectivo ocorre nos dentes posteriores causa deslocamento anterior da mandbula e subseqente trauma anterior, figura 04.

Intercuspidao habitual

Relao cntrica

Relao cntrica de ocluso

Fig. 06 - Deslize para anterior.

Sem deslize: Ocorrer sempre que houver um contato prematuro entre uma CF e sua139

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respectiva fossa antagonista. a) Local do contato: Ponta de cspide funcional versus fossa do dente antagonista ou ponta de cspide funcional versus faceta ou plat da vertente triturante de uma das cspides antagonistas. Esta situao ocorre em casos onde existem facetas de desgaste ou aps os ajustes em relao com o desvio, figura 07.

PFO/UF

Fig. 7B - Contato prematuro em cntrica.

Ajuste oclusal em lateralidade Considerando que a posio inicial de todos os movimentos mandibulares a ORC, para iniciar o ajuste dos movimentos excntricos indispensvel que o paciente j se encontre em tal posio.

L M

V

L

L

V

Movimento de trabalho: No ajuste do movimento de trabalho, h que se considerar o padro de desocluso do paciente, guia canina ou funo em grupo. Desocluso pela guia canina Durante o movimento para o lado de trabalho, os nicos dentes a contatarem so os caninos deste lado, no devendo apresentar nenhum outro contato entre os demais dentes anteriores e posteriores, figura 08. Guia canina

Fig. 07 - Desenho esquemtico da localizao do contato prematuro, sem deslize.

b) Local de desgaste: Consultar os movimentos de lateralidade: Se durante o movimento de trabalho a cspide funcional tocar na vertente triturante e/ou na ponta de cspide no funcional, e/ou durante o movimento de balanceio as cspides funcionais tocarem, desgasta-se na ponta da cspide de conteno, figura 07A.

PFO FU /U

Lado de trabalhoP /U FO FU

Lado de balanceio

Fig. 08 - Desenho esquemtico da guia caninaInterferncia em trabalho Interferncia em balanceio

Fig. 7A - Contato prematuro em cntrica.

Se durante os movimentos de lateralidade a cspide funcional no tocar no dente antagonista, desgasta-se a fossa, faceta ou plat, figura 7B.

a) Local do contato: Ponta de cspide ou vertente lisa de uma cspide funcional versus ponta de cspide ou vertente triturante de uma cspide no funcional, figura 09.

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z TL M

B

em grupo.PFO /UFUV

L V L V L

V

L

T

ROC

B

ROC

Fig. 09 - Desenho esquemtico da localizao da interferncia oclusal, no movimento de trabalho.

b) Local de desgaste: Deve-se evitar desgastar a ponta de cspide funcional e aps o ajuste do lado de trabalho, deve-se tambm verificar a ocorrncia de contatos no movimento de balanceio. Desocluso pela funo em grupo Neste padro de desocluso, durante o movimento de trabalho, ocorrem contatos contnuos de deslocamento entre a superfcie incisal do canino inferior e a fossa lingual do canino superior e entre as vertentes lisas ou pontas das cspides vestibulares inferiores e as vertentes triturantes das cspides vestibulares superiores de todos os dentes deste lado, figura 10.

Fig. 11 - Desenho esquemtico da funo em grupo incompleta.

Movimento de balanceio: No ajuste do movimento de balanceio, busca-se remover todas e quaisquer interferncias oclusais que ocorreram entre os dentes deste lado. a) Local do contato: Ponta de cspide ou vertente triturante de uma cspide funcionais versus ponta de cspide ou vertente triturante da outra cspide funcional antagonista, figura 12.z TL M

B

DV L V L L L V V

E

T

ROC

B

ROC

Fig. 12 - Desenho esquemtico da localizao da interferncia oclusal, no movimento de balanceio.

PFO /UFU

Lado de trabalho

Lado de balanceio

Fig. 10 - Desenho esquemtico da funo em grupo.

b) Local de desgaste: Quando as interferncias forem em apenas alguns dentes posteriores, (figura 11) desgasta-se as vertentes lisas das cspides vestibulares inferiores (funcionais) at contatar a ponta da cspide. Se o desgaste no for suficiente, desgasta-se nas vertentes triturantes das cspides vestibulares superiores dos dentes contatantes at harmonizar a desocluso

b) Local de desgaste: Por se tratar de interferncias oclusais entre estruturas dentrias de mesma importncia funcional, deve-se desgastar a interferncia que se localizar mais prxima da ponta da cspide e aps conseguir a interferncia na ponta da cspide desgasta-se a vertente triturante antagonista. Quando as duas interferncias se localizarem mesma distncia da ponta da cspide, desgasta-se no dente em posio mais desfavorvel. Se a interferncia for entre as pontas das cspides desgasta-se no dente em posio mais desfavorvel em ocluso em relao cntrica - ORC, figura 13.

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PFO FU /U

Desgaste:

Sem contato

Fig. 13 - Desenho esquemtico, do local do desgaste nas cspides funcionais.

Ajuste oclusal em Protruso Tal como nos movimentos de lateralidade, a posio inicial do movimento de protruso a ORC, observando-se o contato contnuo da guia anterior (pelo menos em dois dentes incisivos inferiores) e a total desocluso dos dentes posteriores, figura 14.

que todos os dentes anteriores apresentem contatos simultaneamente. Quando, neste movimento ou posio, somente um dente apresentar contato aps os ajustes, deve-se desgastar a face lingual ou incisal do superior. Isto, quando os incisivos inferiores estiverem alinhados. Caso comprometa a esttica, recomenda-se desgast-los, figura 16.

Fig. 16 - Desenho esquemtico do ajuste em protruso.

sem contato na ROC contatos simultneos contatos simultneos (permite a passagem na concavidade no na posio topo-a-topo de uma tira de papel movimento protrusivo celofane) D t f i i ld ( )i f i ( )

PFO/UF

Fig. 14 - Desenho esquemtico do movimento protrusivo, a partir da ORC, todos os dentes posteriores devem desocluir.

2 Situao: Dentes anteriores: Local de contato: Os dentes inferiores apresentam contatos em ORC, no movimento de protruso e na posio de topo-a-topo com a mesma intensidade nos superiores, figura 17.

No movimento de protruso, pode ocorrer interferncia em diferentes situaes: 1 Situao: Dentes anteriores: Local de contato: Os incisivos inferiores apresentam contatos com os incisivos superiores na posio de ORC, porm no movimento de protruso e na posio topo-a-topo apenas um dente mantm contato, figura 15.

contatos simultneos contatos simultneos no movimento na posio topo-a-topo protrusivo

com contato na ROC

Fig. 17 - Desenho esquemtico do contato dos dentes anteriores em ORC, no movimento de protruso e na posio de topo-a-topo.

Local do desgaste: Na concavidade lingual dos superiores, no contato em ORC, figura 18.

contato nico na posio topo-a-topo

contato nico no movimento protrusivo

contato na R.O.C.

Fig. 15 - Desenho esquemtico do contato de apenas um dente anterior em protruso.

b) Local de desgaste: No movimento de protruso e na posio de topo-a-topo no necessrio

contatos simultneos contatos simultneos sem contato na ROC na posio topo-a-topo (permite a passagem no movimento de uma tira de papel protrusivo celofane)

Fig. 18 - Desenho esquemtico do ajuste em protruso.

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3 Situao: Dentes posteriores: Esta interferncia ocorrer sempre que houver contato entre uma CF e uma CNF, no movimento protrusivo. a) Local do contato: Ponta de cspide ou vertente lisa mesial ou aresta longitudinal mesial da cspide vestibular inferior versus ponta de cspide ou vertente triturante distal ou aresta longitudinal distal da cspide vestibular superior, figura 19. Ponta de cspide ou vertente triturante mesial ou aresta longitudinal mesial da cspide lingual inferior versus ponta de cspide ou vertente lisa distal ou aresta longitudinal distal da cspide lingual superior.

Fases do tratamento - Anlise funcional da ocluso - Mapeamento do desgaste seletivo - Ajuste oclusal clnico Anlise funcional da ocluso o procedimento pelo qual se detecta as prematuridades que o paciente apresenta em RC e partindo desta os direcionamentos dos desvios mandibulares at atingir a MIH, realizado por meio da anlise dos modelos de estudo montados em articulador semi-ajustvel em RC. Mapeamento do desgaste seletivo Os modelos de estudo montados na posio de RC devem apresentar o primeiro contato cntrico coincidente com o primeiro contato observado na boca do paciente quando em RC. Uma maneira de verificar se os modelos realmente foram montados corretamente na posio de RC colocar uma tira de papel celofane (largura de um dente) entre o primeiro contato dos dentes nos modelos (o celofane deve ficar preso nesta posio) e proceder de maneira semelhante na boca do paciente, utilizando-se a manipulao frontal ou bilateral da mandbula, para posicionamento em RC. Aps a confirmao de que os modelos esto na posio correta, partindo da prematuridade deve-se forar o fechamento do articulador at que os modelos atinjam a posio de M.I.H. e novamente, com o papel celofane, verificar todos os contatos dentrios e sua semelhana com os contatos dos dentes do paciente na mesma posio.Se os contatos no apresentarem coincidncia (modelos x paciente), sinal que os modelos esto incorretamente montados. Material e instrumental para o ajuste nos modelos - pina de Miller

M

v v v

vD V

nc c

c nc

L

posio topo-a-topo

plano sagital

plano frontal

Fig. 19 - Desenho esquemtico do contato de dente posterior em protruso

Local do desgaste: Sempre nas cspides no funcionais e no local exato demarcado pela fita marcadora. A figura 20 ilustra a situao normal de desocluso dos dentes posteriores no movimento protrusivo at a posio de topo-a-topo. Se houver qualquer contato posterior, o contato de topo-a-topo estar comprometido.

v M v v

v D V

nc c

c L nc

posio topo-a-topo

plano sagital

plano frontal

Fig. 20 - desenho esquemtico da desocluso dos dentes posteriores no movimento protrusivo, aps o ajuste oclusal.

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-

fita marcadora tiras de papel celofane instrumento cortante lpis preto n 2 com ponta fina borracha Ajuste oclusal em relao cntrica

A Coloca-se a tira de papel celofane presa por uma pina de Miller (porta agulha) entre os dentes que apresentam o contato cntrico, verificando-se atravs de trao e presa da fita se realmente este o 1 contato cntrico. B Prender a fita marcadora na pina de Miller e levar na posio do contato cntrico. De acordo com a localizao das marcas da fita nos dentes, pode-se determinar se no h desvio (contato cntrico sem desvio contato prematuro) ou se este promove um deslizamento (contato deflectivo), promovendo desvio em direo linha mdia, desvio contrrio linha mdia e ou desvio para anterior. Aps essa anlise, fazer o mapeamento deste primeiro contato na ficha apropriada (utilizar a ficha que se encontra no final deste captulo). Para facilitar o mapeamento, preencher a ficha abreviando os componentes anatmicos da superfcie oclusal (Exemplos: Vertente Triturante Mesial da Cspide MsioPalatina do 1 Molar versus Vertente Lisa da Cspide Vestibular Inferior do 1 PrMolar (V.T.M. C.M.P.- 1 M) X (V.L.C.V.I.- 1 Pr)). C Realizada a anotao do 1 contato na folha prpria para o mapeamento, utilizando as regras de orientao para o ajuste, com um instrumento cortante realiza-se o ajuste necessrio no 1 contato, sempre com o cuidado de no remover estrutura dentria em excesso. D - A seguir, verificar se o 2 contato encontrado e assim sucessivamente, at que, ao forar o fechamento do articulador

no mais se observe discrepncia entre a RC e a MIH, tendo obtido assim a ORC, ou seja, o mximo de contatos cntricos posteriores e uma guia anterior efetiva (o celofane prende nos dentes posteriores e passa raspando de canino a canino). Todos os contatos antes de serem ajustados devem ser registrados na ficha de mapeamento. OBS.: No caso em que j se obteve uma guia anterior correta em ORC e no se conseguiu um nmero favorvel de contatos nos dentes posteriores, a ocluso deve ser restabelecida nos dentes em questo por meio de materiais restauradores. No caso em que j se obtiveram os contatos ideais nos dentes posteriores e no se conseguiu uma guia anterior favorvel, necessrio uma anlise mais criteriosa do caso, pois a guia anterior fundamental, devendo-se analisar corretamente a possibilidade do caso ficar sem guia na posio de ORC. Ajuste oclusal em lateralidade Para verificar os movimentos excntricos da mandbula, inicia-se pelo movimento de trabalho. Movimento de Trabalho Fazer com que o ramo superior do articulador se movimente para o lado de trabalho. O canino superior, atravs da concavidade lingual, serve de guia para o canino inferior no movimento de lateralidade (desocluso pelo canino); o que deve promover a desocluso dos dentes posteriores tanto no lado de trabalho como no lado de balanceio. No final do movimento, os caninos devem permanecer na posio topo-a-topo e a desocluso dos dentes posteriores deve ser mnima para que haja harmonia entre o movimento mandibular e o aparelho estomatogntico. Movimento de Balanceio

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Qualquer contato no lado de balanceio induzir a articulao temporomandibular a tomar posies fora dos padres normais, pois no haver a desocluso dos dentes posteriores pela guia canina ou funo em grupo. Tal fato acarreta a alterao do tipo de alavanca que atua nos movimentos mandibulares, tornando-se traumtica ao periodonto de sustentao do dente em questo (contato em balanceio), s ATMs e ao sistema neuromuscular. Em razo disto, todo e qualquer contato em balanceio deve ser removido, a menos que quando o profissional, ao realizar uma anlise clinica, detectar possvel deficincia ou ausncia da desocluso do lado de trabalho (guia canina ou funo grupo). Neste caso, dever ser analisada a possibilidade ou no de restabelec-la. Em caso afirmativo para o ajuste, marca-se com a fita vermelha a localizao do contato em balanceio, fazse a anotao na ficha de mapeamento e realiza-se o ajuste at obter a desocluso pelo canino ou funo em grupo do lado oposto (trabalho). importante verificar que o ajuste realizado em toda a excurso onde ocorrer reas de contato e na direo deste, sem desgastar o contato cntrico (marcado em preto). A seguir, verifica-se novamente com a fita vermelha o possvel contato do lado de trabalho, fazendo-se as anotaes na ficha de mapeamento de maneira semelhante anterior, desgastando-se de acordo com as regras estabelecidas para esta finalidade, at a obteno de uma guia canina efetiva. Se o estilo de articulao for a funo em grupo, deve-se procurar obter melhor harmonia entre as vertentes lisas das cspides vestibulares dos dentes inferiores e as vertentes triturantes das cspides vestibulares dos dentes superiores, de canino at 2 ou 3 molar. Esta harmonia deve permanecer em todo o movimento at a posio topo-a-topo.

Movimento Protrusivo Para realizar o movimento protrusivo no articulador, o ramo superior deve ser deslocado para posterior de acordo com a guia dos dentes anteriores (concavidade lingual e posio topo-a-topo). O ideal que os dentes anteriores desocluam os dentes posteriores durante o movimento e no final deste, ou seja, na posio topo-atopo. Os contatos traumticos nos dentes anteriores devem ser verificados com a fita vermelha e, aps a anotao na ficha de mapeamento, desgasta-se de acordo com as regras estabelecidas para esta finalidade, at se obter uma guia anterior efetiva. Da mesma maneira, qualquer contato em dente posterior durante o movimento protrusivo deixar o paciente sem guia anterior e por isso dever ser ajustado. Localizam-se os contatos, faz-se o mapeamento e desgasta-se de acordo com as regras estabelecidas para este fim, at se obter uma guia anterior efetiva. Ajuste oclusal clnico Terminado o ajuste, o profissional deve verificar qual foi o resultado obtido nos modelos de estudo, dando ento o diagnstico e prognstico do caso, ou seja, se realmente vlido realizar o ajuste no paciente. Em caso afirmativo procede-se o ajuste oclusal clnico. Bibliografia Consultada ASH, M. M., RAMFJORD, S. P. Introduo ocluso funcional. Traduzido por Jos dos Santos Jr. Guarulhos S. P. Parma, 1987. 276 p. CORDRAY, F. E. Centric relation treatment and articulator mountings in orthodontics. The Angle Orthodontist, 1996; 66(2): 153-158. DAWSON, P. E. Avaliao, diagnstico e tratamento dos problemas oclusais. 2. ed. edio, Traduzido por Silas Cunha Ribeiro. So Paulo: Artes Mdicas,145

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1993.686 p. GUICHET, N. F. Occlusion. Anaheim, California: Denar Corp., 1977. 117 p. HOWAT, A. P. et. al. Atlas colorido de ocluso e malocluso. So Paulo: Artes Mdicas, 1992. 240 p. JANSON, W. A. et al. Introduo ocluso ajuste oclusal. Bauru: Universidade de So Paulo, Faculdade de Odontologia de Bauru, 1986. 55 p. JANSON, W. A. et. al. Introduo ao estudo da ocluso, enceramento das superfcies oclusais. Bauru - S.P.: Universidade de So Paulo, Faculdade de Odontologia de Bauru, 1977. 78 p. KARPPINEN, K. et al. - Adjustment of dental occlusion in treatment of chronic cervicobrachial pain and headache. Journal of Oral Rehabilitation, 1999, 26: 715-721. KIRVESKARI, P. The role of occlusal adjustmente in the management of temporomandibular disorders. Oral Surgery Oral Medicine Oral Patholog, 1997; 83 p. 87 90. McHORRIS, W. H. - Occlusal adjustment via selective cutting of natural teeth. Part I, International Journal of Periodontics and Restorative Dentistry. 1985; 5 (5): 9-25. McHORRIS, W. H. Occlusal adjustment via selective cutting of natural teeth. Part

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Plano de tratamento 1.Ajuste Oclusal:_________________________________________________ 2. Placa Interoclusal:______________________________________________ 3. Outros:_______________________________________________________ ANLISE FUNCIONAL DA OCLUSO AJUSTE OCLUSAL MAPEAMENTO DO DESGASTE SELETIVO AJUSTE EM RELAO CNTRICASeqncia dos contatos Dentes Cspides Estruturas Deslize para

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AJUSTE NAS RELAES EXCNTRICASSeqncia dos contatos Dentes Cspides Estruturas

Ajuste em lateralidade trabalho direita

Ajuste em lateralidade balanceio direita:

Ajuste em lateralidade trabalho esquerda

Ajuste em lateralidade balanceio esquerda:

Protruso

Cirurgio Dentista: ________________________________________________ Acadmico: ______________________________________________________ Assinatura: __________________________ Visto do Docente: ______________

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