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"Assistência Judiciária Gratuita" ~H~NttD Ak~ OAB/MG 22.718 Exmo . Sr. Dr. juiz de Direito da Comarca de Muzambinho. Autos 0441 07 009475-6 1 / 15 MARTALÚCIAALVES, brasileira, sol teira, jornalis- ta, CPF 005 694, 628-78, residente e domiciliada no município de Mu- zambinho, vem mui respeitosamente, por seu advogado (Doe. 1), à pre- sença de Va. Exa., sob o pálio da Assistência Judiciária Gratui ta (Doe. 2, 3) por nomeação do ]uízo da Comarca, apresentar a sua con- testação à Ação de Reintegração de Posse proposta por Mitra Diocesana de Guaxupé - Paróquia São José, o fazendo pela forma a seguir: I - SÍNTESE DA EXORDIAL: 1- A Autora em sua peça vestibular alega que tem a posse mansa e pacífica do imóvel onde se situa a Igreja Nossa Se- nhora Aparecida, popularmente conhecida como "Capela dos Bueno" , localizada no bairro Palmeia, contendo área de 555.40 m~, sendo 226.58 m2 de área construída e 288,82 m2 de área livre (estacionamento e área de circulação). 2- A autora traz à tona o fato histórico de a Ca- pela ter sido fundada 116 anos, em 01 de Maio de 1891, pelo S1'. Ananias Bueno de Azeredo, sendo que desde então o fundador teria en- 8J~Uo: ~a §"(1t1UM, 325 - 37.890-000 - ~.MtÂa (®J[§) gan4a.x (~j5)<3571-:::~j,~;J e-flUlÁ,f: 0t1'LA1-(~)o~wA:.cotn.K"

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"Assistência Judiciária Gratuita"

~H~NttD

Ak~OAB/MG 22.718

Exmo . Sr. Dr. juiz de Direito da Comarca de Muzambinho.

Autos n° 0441 07 009475-6

1 / 15

MARTALÚCIA ALVES, brasileira, sol teira, jornalis­

ta, CPF 005 694, 628-78, residente e domiciliada no município de Mu­zambinho, vem mui respeitosamente, por seu advogado (Doe. 1), à pre­sença de Va. Exa., sob o pálio da Assistência Judiciária Gratui ta(Doe. 2, 3) por nomeação do ]uízo da Comarca, apresentar a sua con­

testação à Ação de Reintegração de Posse proposta por Mitra Diocesana

de Guaxupé - Paróquia São José, o fazendo pela forma a seguir:

I - SÍNTESE DA EXORDIAL:

1 - A Autora em sua peça vestibular alega que tema posse mansa e pacífica do imóvel onde se situa a Igreja Nossa Se-

nhora Aparecida, popularmente conhecida como "Capela dos Bueno" ,localizada no bairro Palmeia, contendo área de 555.40 m~, sendo 226.58

m2 de área construída e 288,82 m2 de área livre (estacionamento e áreade circulação).

2 - A autora traz à tona o fato histórico de a Ca­

pela ter sido fundada há 116 anos, em 01 de Maio de 1891, pelo S1'.

Ananias Bueno de Azeredo, sendo que desde então o fundador teria en-

8J~Uo: ~a §"(1t1UM, 325 - 37.890-000 - ~.MtÂa (®J[§) gan4a.x (~j5)<3571-:::~j,~;J

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autora, e esta por sua vez a mantém com astregado a posse desta adoações dos fiéis.

3 - Segundo a autora, a Capela é administrada porela desde 1983 através do Sr. João Carlos Ribeiro, que se incumbe da

manutenção, programação e organização de missas e cul tos real izadosna Capela, contando sempre com o auxílio do Sr. Eduardo Bueno da Sil­

va, que é responsável pela abertura da Capela aos Domingos para a vi­

sitação dos fiéis.

4 - Alega a autora que em Fevereiro do Corrente

ano teve sua posse esbulhada, pois segundo Boletim de Ocorrência, a

Requerida impediu que se continuassem os cultos e missas, se insta­

lando no local e que a mesma retirou objetos da capela que haviam si­

do deixados por fiéis.

4. 1 - Alega ainda que a Requerida retirou da Cape­

la e abandonou em um pasto próximo dois crucifixos (um de madeira eoutro de metal), duas cruzes de madeira, e uma cadeira aveludada, deuso dos sacerdotes, um tapete tipo passadeira, várias imagens, um 0­ratório, uma bandeira de Santos Reis, um galão de água, um andor de

procissão, capa e coroa da imagem de Nossa Senhora Aparecida.

5 - Continua em suas sustentação aduzindo que se­

gundo informações de vizinhos da Capela, a Requerida queimou dezenas

de fotos, cartas, muletas, um andor declarações de graças alcançadas

pe los devotos, bem como vários quadros com imagens de santos que es­tavam nas paredes.

6 - A autora diz que em Janeiro a Requerida soli­

ci tou ao Sr. João Carlos cópia das chaves da Igreja, sob a alegação

de que como as terras pertenciam a seus familiares, gostaria de cola­borar com a conservação da capela, sendo que lhe foi fornecida ;] có­pIa.

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7 - Após o alegado esbulho, o representante da au­tora, Padre Francisco, amigavelmente tentou resolver o impasse com a

requerida, porém não logrou êxito.

8 - Ainda segundo a autora, em 31 de Maio de 2007,

a Requerida solicitou junto a CEMIGo desligamento da energia elétri­ca, retirando do local toda a estrutura de fiação e padrão, fato que

impedia a real ização de cultos e celebrações que são real izados nolocal.

9 - Finalmente, pugna com base nos arts. 926 e 927

do Código de Processo Civil pela reintegração de posse mediante limi­

nar, e, a ci tação da requerida, ao ônus da sucumbência, perdas e da­

nos que vierem a ser apuradas, a cominação de mul ta na hipótese ele

novo esbulho; a produção de todas as provas em direi to admi t idas, e,os benefícios da Justiça Gratuita.

11 - DOS FATOSVERDADEIROS:

1 - A posse da Capela é de todos os condôminos,

legitimos herdeiros de Lãzaro Miranda. A Capela estã inserida na ãreamaior de 46.42.00 Ha do imóvel denominado Guari ta, malri cula

na 14.477, imóvel havido por herança conforme formal de partilha ex­

traído dos autos na 133/89 e 695/94 (Doc. 15), sendo posterior mape­

amento e di visão feito por Rubens Fernando Magalhães, Engenheiro A­grImensor CREA-MG44. 706/D.

1. 1 - De acordo com o mapa supracitado e com Com­

promISSO Particular de Divisão Amigãvel de Bens Imóveis e Direi tos

pactuado em 20/05/2003 (Doe. 4-5), quem tem o direito de explorar asterras em que se encontra a Capela é Lucélia Miranda, mãe da Requeri­da.

1. 2 - Em Maio do corrente, a mãe da Requerida e

legí tima proprietãria das terras SrH• Lucélia Miranda, esteve em Mu­

zambinho; sendo procurada pelo Padre Francisco, por Joào Ribeiro e

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por Reinaldo Vasconcelos, que tinham interesse em comprar uma parte

de suas terras, especificamente a que se encontra a Capela. A Srêl•

Lucélia pediu que aguardassem a homologação da partilha, não falando

mais sobre esse assunto.

1.3 - No dia 08 de Junho de 2007, a Requerida com­

prou uma parte das terras de seus tios Milton Miranda e Célia de Al­

meida Miranda, conforme contrato registrado no Cartório de 1° Ofício

de Notas de Muzambinho (Doe. 12), terras ao lado da gleba pertencente

à mãe da Requerida; ficando pactuado no contrato que a Requerida de­

veria zelar pela preservação da Capela.

2 - A Requerida tem como única intenção: preservar

e restaurar a capela para enfim, compartilhã-Ia novamente com os fi­

éis, porém, com as melhores condições de higiene e conforto. Na situ­

ação em que se encontra a capela, é impraticãvel qualquer ato ou ce­

lebração, jã que a mesma é habitada por morcegos e barbeiros, que po­

deriam causar acidentes com os fiéis (Doe. 16).

3 - Diante da situação, a Requerida resolveu pedir

ao Sr. João Carlos Ribeiro que lhe fornecesse cópia das chaves para

que pudesse ajudar na manutenção e conservação da Capela, e que iria

se encarregar da recuperação. Para levantar fundos, pretendia organi­

zar festas, as tradicionais quermesses. Para levar adiante seu inten­

to, procurou o Padre Francisco dos Santos para que real izasse uma

missa na Capela durante a semana santa, porém o reverendo disse que

não seria possível, jã que as missas estavam todas programadas.

4 - Nesse ínterim, cont inuou a Requerida em sua

cruzada pela recuperação e preservação da Capela. Buscou auxílio téc­

nico no museu municipal, sendo orientada das condições para tombamen­

to e restauração, estando o Sr. João Ribeiro ciente de tudo (Doe. 13­

14); inclusive manifestando sua opinião de que na época da seca pode­

riam reparar o telhado. Tanto é verdade que logo em seguida, o SI'.

João Ribeiro deu início a retirada dos objetos da Capela, e a Reque-

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guardar os bancos; para então começar osrida conseguiu um local para

reparos do telhado.

4. 1 - Em nenhum momento a Requerida retirou obje­

tos de forma leviana ou com intenção de dano. Está sendo acusada in­

justamente, de queimar e danificar o que foi retirado da Capela. Nem

mesmo foi a responsável pela retirada de tais objetos. Quanto à quei­

ma de cartas e fotos, a noticia que chegou a Requerida é de que o

responsável é a Sra, Ivone Bueno, mãe de Eduardo Bueno, testemunha do

BO.

5 - A Requerida havia plantado diversas flores ao

redor da Capela (Does. 6/11), porém em fins de Março do corrente, ao

lá chegar deparou-se com as mesmas danificadas por produtos qUímicos

e a grama amarelada. Provavelmente usaram herbicida de forma indis­

criminada, o que é um atentado contra a salubridade do local e a saú­

de dos fiéis. A Requerida inclusive já tinha solicitado uma roçadeira

para retirar o mato sem o uso de veneno.

6 - Outro fato que torna ainda mais cristalina a

versão da Requerida, é o fato de em Abril de 2007 ter procurado o Pa­

dre Francisco dos Santos para que a ajudasse em uma festa que preten­

dia organizar para comemorar os 116 anos da capela. A Requerida tomou

todas as providências, obtendo cartazes e publicação na internet.

7 - O que a Requerida não entende é pO,rque o Sr.

João Ribeiro fez o boletim de ocorrência três meses após~a ret irada

dos objetos, e principalmente por terem sido retirados com finalidade

especifica e de comum acordo, sendo que mui tos desses objetos prova­

velmente estão em seu poder.

7.1 - No dia 06 de Abril de 2007 (Sexta-feira San­

ta), a Capela foi visi tada por 92 pessoas, e estas contribuiram para

a restauração da Capela. O interessante é que o Sr. João Ribeiro se

recusou a abrir o cofre e a anotar o nome dos doadores no 1ivro ele

visi tas.

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8 - A retirada da energia elétrica foi solicitada

por VarIOS motivos. O primeiro, é que os herdeiros de Lãzaro Miranda,

legítimos proprietãrios das terras não foram consultados sobre a ins­

talação. Segundo, não foi feito nenhum projeto de iluminação e insta­

laçào de energia elétrica específico para a capela. Terceiro, a cape­

la não é usada à noi te, jã que seu estado de semi-abandono deixou-a

infestada de morcegos e barbeiros; o que afasta os fiéis. Estes são

os principais motivos. Importante sal ientar que o pagamento da conta

de energia estava sob os cuidados da Requerida, porém o Sr. João Ri­

beiro não lhe repassava as doações.

9 - O que causa maior indignação na Requeri da e

nos demais herdeiros é que eles é que são vítimas de invasão de pro­

priedade. Quando é época de algum feriado religioso, o Sr. Joào Ri­

beiro organiza festas, armando barracas para venda de bebidas e comi­

da sem consultar os legítimos donos. Abre cercas, arranca mouràes,

passa fiação elétrica de qualquer forma e os prejuízos ficam para os

proprietários.

111 - DO DIREITO:

1 Constitutu/11 Donatio Constantini, sob esse

título a Igreja Católica engedrou a maior fraude da História. Estamos

falando da célebre "Doação de Constantino". Com esse documento

forjado nas entranhas do Vaticano entre 750 e 850 D.C., Roma

especializou-se em esbulhar terras na Europa sob o fundamento de que

o Imperador Constantino havia deixado às terras, símbolos e emblemas

de Roma como herança à Igreja. Passados alguns anos, voltamos a

península itãl ica. Os Lombardos durante seu processo e expansão,

tomaram as terras do Vaticano. Pepino o breve, retomou-as e fez nova

doação a Roma.

1.1 - A partir de então, a Igreja amealhou uma

fortuna impressionante, tornando-se a maior proprietãria de terras da

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Europa, e dona de um poder político assombrosos. Essa realidade se

manteve por quase 700 anos. No inicio do séc. XIV, os monarcaseuropeus começaram a questionar a autoridade papal em assuntos

laicos. Era o rompimento da monarquia com a igreja; a saida do podertemporal das mãos de Roma. Logo em seguida, em 1440, inicio do

Renascimento, Lorenzo ValIa, humanista italiano publicou seumanifesto provando que o édi to era uma farsa. O mundo conhecia pela

primeira vez o lado negro da Igreja.

1.2 - Embora estivesse rompida com as monarquias,

a Igreja continuou a administrar suas terras como um senhor feudal.Essa situação se manteve até meados do séc. XIX, quando o processo de

uni ficação i tal iano tomou as terras eclesiásticas, dando origem à

"Questão Romana", ou seja o Vaticano estava sob o controle do

governo i taliano. Usando de influência, apoio poli tico e manobraçàodos fiéis, o Vaticano pressionou Mussolini a devolver a independênciaao Vaticano. Com o Tratado de Latrào de 11 de Fevereiro de 1929, o

Vaticano era novamente independente.

2 - Esse escorço histórico antes da análise do

direi to é necessário para demonstrar como a Igreja sempre usou de

ardis, pressão política, prestigio, influência e temor dos fiéis para

adquirir seus bens. Métodos nada santificados por sinal. Vejamos como

a Igreja simplesmente despreza os institutos laicos como se a eles

nào se submetesse. Diz o § 1° do Cánon 1254 e o Cânon 1260 do CÓdigode Direito Canónico:

§ 1° - A Igreja Católica, pororiginário, independentemente da

c i vi 1, pode adquirir, pOSSUIr,e aI ienar bens temporai s, para a

seus fins próprios.

Cânon 1254

direito

autoridadeadministrar

consecuçào de

Cânon 1260 - Pelo direito originário, a Igrejapode exigir dos fiéi s tudo o que for necessáriopara seus fins próprios.

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2. 1 - Por direi to originário, a Igreja Catól ica

entende que se trata de um direito que não foi concedido por nenhumaautoridade humana, mas emana da própria vontade de Cristo.

3 - Para a cupidez da Igreja basta querer e tomardos fiéis. É a mentalidade medieval pura; Cristo quer, a Igreja toma.Porém se esquecem que a excomunhão e a fogueira da inquisição hojenão assustam mais.

3. 1 - Não se preocupam em invadir terras e entrarcom uma temerária ação de reintegração de posse, posse inexistente

por sinal; já que os verdadeiros donos das terras e da Capela durantetoda a existência jamais doaram a Capela a Igreja. Os proprietáriossempre agiram com ato de mera permissão, jamais doaram a capela. A

Capela foi construída para agradecer uma graça alcançada e agora éaI vo de disputa jurídica infundada, iniciada por quem mais devia ter

interesse em preservá-Ia.

4 - Diz o art. 1208 do Código Ci vi 1:

"Art. 1208 - Não induzem POSSE os atos de mera

permissão ou toleráncia, assim como não autorizam

a sua aquisição os atos violentos, ou

clandestinos, senão depois de cessar a violência,ou a clandestinidade. H

4.1 - Segundo ]. M. Carvalho Santos', "atos demera permissão ou to} erância nunca serão a tos, que traduzam, queprovem, que signifiquem posse. Qua}quer desses dois vi ci05; é umobstáculo à aquisição da posse. Porque ambos impoTtam no exerci ciopTecáTio de um direito." Ainda segundo o mestre, {(A penÚssélo severifica quando o pTopTietáTio ou outTO qualquer titulaT de Ullldireito sobre uma coisa conde a outTelll pTaticaT a uti}izaçé70 /lélOexc 1usi va dela, sem que, portan to, renuncie seu direi to e a té segunda

I Código Civil Brasileiro Interpretado 8" Edição, Direito das Sucessões, VaI. VII, pág 74.

S~: fK.ua. g(lA'tUM 325 - 37.890-000 - ~MJ'lO (0JL§) &"fon4a.x (<35)<3571.:::',15;1

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oTdem. Há na

distingue dajurisprudência:

permissão otolerância. "

consetimento expresso e

Nesse diapasão, vejamos

n1sso

o que

ela se

diz a

/Áçio DE REINTEGRAÇiODE POSSE - Não existe posse

a ser defendida quando o imóvel é ocupado com per­missào do dono (art. 497, do Código Civil). Ausen­

te posse de boa-fé (art. 490, do Código Civil)descabe o direito de retenção. No entanto as cir­

cunstâncias autorizam a que o demandado retire o

que construiu. Apelo provido. Unânime." (TJRS - AC

598.518.694 - 20a C.Cív. - ReI. Des. Rubem Duarte

- J. 28.03.2000).

185006242 - DIREITO CIVIL - APELA(iO CÍVEL - REI/'v'­

TEGRAÇiODE POSSE - ALEGADAOCORRÊNCIADE ;/!EI?A DE­

TENÇio EM RAZio DE PERMISsio - INTEL](;ÊlvCIA DOAR!. 1.208 DO CC DE 2002 - OCORRÊNCIADE POSSE ­EXERCÍCIO DE PODER INERENTE AO DOMÍNIO - INE\.1S­

TÊNCIA NOS AUTOS DE PROVAS QUEATESTEMA OCORRÊN­CIA DE PERMISsio - Nio PROVIMENTO- I - A tutela

possessória visa a assegurar o existente no plano

fático, ou seja, a posse, não se devendo ventilaT

matéTia estTanha a esse pTisma. Com a pToteçAo da

posse, estaT-se-á também protegendo o proprietâ­

rio, dado que é quem na maioria das vezes desfruta

da posse. /lJ como dizia o próprio Ihering: ;//ais

vale que um velhaco, excepcionalmente, partilhe de

benefi cio da Lei, do que ver esse benefl cio negado

a quem, o meTece//;II - O mero detentor se diferen­

cia do possuidor na medida em que sua 1igaÇélo com

a coisa se faz de forma superficial, em que o pro­

prietârio da coisa nào concede parcela algumél dos

seus direitos, senão uma simples autorizaç!:lo de

seu uso limitado, revogável a qualquer tempo,"II] ­RecuTso não provido. (TJMA - AC 23.692/2004 -

&~/1Ã,o: ~ &)<LfI'UVt.325 - 37.890-000 - ~MJw (®J[§) &Ym+ «15hJ571-::2<15;l

e--m(Úf: 0l'llAl,~l)~wX"cüm" gA.

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Ah~OAB/MG 22.718

(53136/2005) - Matinha - 3él C.Cív.

Cleones Carvalho Cunha J.

JNCCB. 1208.

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- ReI. Des.

17.02.2005)

5 - Importante salientar que a Requerida não esbu­

lhou ninguém de sua posse. Como poderia ela esbulhar se a Capela está

em terras que pertencem à sua família. Em momento algum ela proibiu

fiéis de visitar a Capela ou vedou o acesso a ela. Nem há que se fa­

lar em encravamento da área em que se situa a Capela, já que a mesma

se situa defronte a estrada, estando a Capela sempre pronta a visita­

ção. Aliás, o administrador da Capela Sr. João Ribeiro é quem trancou

os portões da Capela com cadeados.

5.1 - A requerida e sua família é que estão sendo

esbulhados de forma traiçoeira após anos de permissão de uso da

Capela. Em Direi to o ônus da prova é de quem alega, a autora 11c10

levantou prova nenhuma no sentido de ter algum dia possUído a capela

em questão, sem violência ou sem doações, mas, tem a pretensão de

submete-Ia a seu controle, ainda imaginando vivêssemos nos tempos

medievais destacados atrás. Pelo menos é a história antiga da Igreja.

Diz o art. 927 do Código de Processo Civil:

Art. 927 - Incumbe ao autor provar:I - a sua posse;II - a turbação ou o esbulho praticado pelo n5u;III - a data da turbação ou do esbulho;IV - a con t inuação da posse, embora turbada, naação de manutenção; a perda da posse, 11a aÇéJodel'e in t egTaçé70.

5.2 - Em momento algum a autora provou sua posse.

Simplesmente alegou que havia sido esbulhada, apresentou boletim de

ocorrência, mapa descritivo do local, mas prova de que tem a posse do

local e da doação não apresentaram e nem vão, já que isso não passa

de invencionice. Nesse sentido, vejamos o exemplo jurisprudencial:

E9~: aLUI. §"a,1lUlJl. 325 - 37.890-000 - ®[~MJ'\.O (®[§) §=o'n.,,:fa,x (,l5),lfl71-:',lfl,J

e--~f: .:.mtl.~L~QM.fmMw.t.UJ..tl'"tI{.

11/15"Assistência Judiciária Gratuita"

~f1M.Nt:k

Ak~OAB/MG 22.718

32059085 - CIVIL E PROCESSUALCIVIL - REINTf:J./RACAo

DE POSSE - BEM PÚBLICO - Ônus da prova. 1) o bem

público é insuscetível de apossamento por particu­

lar, constituindo sua ocupação mera detençào. 2)compete ao autor o ônus de provar o domínio sobre

a área perseguida, se com base nessa titularidadefulcra sua pretensão possessôria, ônus do qual, na

hipótese, não se desincumbiu. 3) - Sentença manti­

da, improvendo o recurso. (TJDF - APC20010110560088 - 38 1. Cív. - Rel. Des. Vasquez

Cruxên - DJU 03. 05. 2005 - p. 136).

186033777 - APELAÇAo CÍVEL - AçAO DE REINTE(;jfAC'AODE POSSE - EXEGESE DO ARTIGO 927 DO CÓD](,'ODE

PROCESSO CIVIL - ÔNUS PROBANDI - lNCUAIBÊNCIADO

AUTOR - AUSÊNCIA DE PROVA DA POSSE - SlPORTE

PROBANTEVOLTADOA CARACTERIZACAoDA PROPRI}})ADE­

RECURSO DESPROVIDO - Incumbe ao postulante da

demanda reintegratória o ônus de provar que é o

legítimo possuidor do imóvel pleiteado, uma vez

que, se as provas trazidas servirem tão-somente de

ilustrativo do seu possível direito de

propriedade, que flélO se confunde nem de l011ge com

o diTe i to de posse, se impõe a impTocedênc ia do

pedido. A compTovação de preexistência da posse é

condição imprescindível à procedência da pTetensé10

possessória, visto que sem aquela, [ica

desimpoTtante qualquer debate a Tespeito do

esbulho, tampouco da data do evento. (TJSC - AC

2004.022309-9 - ATaranguá - 3i1 CDCiv. - Rel. Des'.

José Volpato de Souza - J. 04.02.2005) JCPC:927.

6 - O que está havendo, é que estào usando a Re­

querida como pretexto para conseguir a posse da Capela sem ônus. Há

vários interesses em jogo como as doações, a organizaçào de festas e

o lucro destas com vendas de bebidas, comidas e brindes. Enfim, é uma

~o.ovilQ'lÂ.o: 9L.w. gOAn<11- 325 - 37.890-000 - ®r~~.i..tJw. ('DIt§) &foü4aoc (~15)ji>,I-:2~;5~1

<I--~e: Ctl",1.~CMt-~n,i..twt.=m..K'L

"Assistência Judiciária Gratuita" 12/15 ~

Ctd~H~Nac

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simonia adaptada aos tempos modernos. São fiéis lei tores de Weber,

porém aplicam a ética católica e não a protestante ao espírito do ca­pi tal ismo. A fé como sempre, segue dando lucros. E assim caminha ahumanidade, com fé no plano espiritual, mas abraçada no plano materi­al com o cordão da ganância.

7 - Sobre o deferimento da liminar, o que se

observa é que o culto magistrado quis, sabiamente por sinal, deferir

o pedido liminar para resguardar a Capela e o direito dos fiéis devisi tá-la. Sabiamente porque visou preservar o direi to da sociedade.Mas ela está equivocada. É pacífica nos tribunais a interpretaçào deque para o deferimento da liminar, é necessário que haja provainconteste, com o preenchimento total dos requisi tos previstos no

art. 927 do Código de Processo Ci vi 1. No caso presente, nào houveprova alguma; somente meras alegações que embasaram o pedido liminar.

Vejamos o exemplo:

PROCESSUAL CIVIL - REINTEGRAÇAO DE POSSE

DEPOIMENTOS DAS TESTEMUNHAS COLHIDOS NA AUDlt';vCIA

DE JUSTIFICAÇÃO PRÉVIA E DEMAIS ELEMENTOS QUE !vAo

S-:40 SUFICIENTES A DEA/ONSTRA(ílo PERFUNCTÓNI·j DO

EXERCÍCIO ANTERIOR DA POS:5E SOBRE A AREL] EM

LITÍGIO - ÔNUS DA PROVA QUE INCUMBE AQUELE QUE

ALEGA - EXEGESE DO AR!. 333, 1, DO CPC - LIAl1NAR

DENEGADA AB INITIO - COGNIÇAO SUMÁRIA - DECISÃO

REVESTIDA DE JURIDICIDADE E LEGALIDADE - RECURSO

DESPROVIDO - Nas ações possessórias, a total

ausência de prova de qualquer dos requisitos'

elencados no art. 921 do Código de Processo Civil

- in casu, do exercício anterior da posse dita

esbulhada - conduz ao inacolhimen to da 1illlillaT.

(TJSC - AI 2004.021159-1 - Florianópolis - 3il

CDCiv. - ReI. Des. Marcus Tulio Sartorato - .r18.02.2005) JCPC.333 JCPc. 333. 1 JCPC. 921.

&o=.J:ó,uo: 9LUL (J'<1A'YWJL325 - 37.890-000 - ~ngillto (®lU}) ~Q.1.~J<LX (~l5)~l571.::2~;5;\

e.-m"úi: 0t1u1.~l)o~wX.cQ..tn.g"l.

13/15"Assistência Judiciária Gratuita"

~H~Nac

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8 - A Requerida em momento algum cometeu os atos

praticados na inicial. Somente queria; como ainda quer, a preservaçãoda Capela para que esta cumpra sua função social e religiosa. Adoutrina é clara em dizer que toda propriedade tem de cumprir sua

função social. Esse, aliás, é um precei to nascido de um filósofo

re 1igioso, São Tomás de Aquino. Enfim, a Mitra não tem aadministração da capela, essa está reservada as pessoas que delazelam.

IV - DA DOUTRINA:

1 - Para São Tomás de Aquino o conceito de

propriedade privada é visto em três planos distintos na ordem ele

valores. Em um primeiro lugar, o homem: em razão de sua naturezaespecífica (animal racional), tem um direi to natural ao apossamentodos bens materiais. Num segundo, contempla o problema da apropriação

dos bens, qual resul ta, em úl tima instância, no direi to de

propriedade propriamente dito. Por fim, num terceiro plano, São Tomâs

de Aquino permite o condicionamento da propriedade ao momentohi stórico de cada povo, desde que não se chegue ao extremo de negéÍ­Ia.

2 - As encíclicas papais, por sua vez, abordando

questões SOClalS, enfocam o problema sob o prisma tomist2l. Aautenticidade cristã do direi to de propriedade pri vada estáreafirmada nas encíclicas "Rerum Novarum", de Lei XIII, e "Mater et

Magistra", de João XXIII, embora não deixasse de se fazer mençào ,,10

condicionamento representado pelo bom uso da propriedade, como s~ v0,

também, na "Quadragésimo Ano", de Pio XI.

/Ao direito de propriedade privada sobre os bells

estará intTinsecamente inerente uma funçào s'ocial//(Mater et Magistra).

3 - A essa 1imi tação do direi to de propri edade,

responde Francisco Vito com o argumento de que esse princípio

&'o~.uQ: 0L.a. g(.l..f'1'UM325 - 37.890-000 - ®1Lyu~MtÂa (0[§) gOt+ (;35);357'-::';35:3

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~H~Nt:k

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"longe de enfraquecer o instituto da pTopTiedadeprivada, reforça-o porquê um regime em que elesatisfaz à função social, tOTna-o cada vez menoscriticãvel em nome do princípio da justiçasocial." (Francisco Vito, "A Encícl ica Mater et

Magistra e a hodierna questão social.", trad.

Brasileira, Edições Paulinas).

4 - Washington de Barros em sua aclamada obra, diz

que para os romanos o direito de propriedade era subordinado ao bem

comum. A Declaração Universal dos Direitos do Homem; conquista

jurídica da vitória das potências democráticas contra os países de

regime autoritário, nazista ou fascista, aprovada a 10 de dezembro de

1948, por iniciativa da ONU, estabelece em seu artigo XVII:

1 Toda a pessoa tem diTe i to à propriedade,individual e coletivamente.

2 - Ninguém será arbitrariamente pTivado de suapropriedade.

v - REQUERIMENTOS:

Diante do exposto, requer a Va. Exa.

1 - O desprovimento da ação, condenando a autora

ao pagamento das custas judiciais e à reparação dos danos causados à

Requerida, a serem oportunamente apurados em execução ou em açào

própria;

2 - A contra-ordem da medida Iiminar que deu a

posse da capela à autora, restituindo-a a seus verdadeiros donos.

G~-Uo: 9lLa g<Lfl'Ullt- 325 - 37.890-000 - 0JL~AHÂO (0JL§) &fo<4a'" (~JiJ);J5(1-::;);\;),

e-t1'1cif: 0I11A1~ D àM-fm,iA'wA:. caril,. K'l,

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~HM.Ne:k

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3 - A produção de todas as provas em direito admi­

tido, como a testemunhal, pericial, documental ou qualquer outro des­

de que legal;

4 - Os benefícios da assistência judiciária nos

termos da lei 1060/50, aliás já concedido por V. Exa (Doe. 3).

Nestes termos,

Pede deferimento.

Muzambinho 30 de Julho de 2007.

Olarta Luc ia=Contl'staçào Mi tra)

E9~: 0L.a gam.<1/L 225 - 27.890-000 - ~ (0[g) gat+ (;35);35'"I-~~15~1

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