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Marco Aurélio Gomes OAB-GO 14.831 Ivanete Vieira de Oliveira Gomes OAB-GO 12.954 Flávio Ricardo Borges Mendonça OAB-GO 19.660 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE ACREÚNA, ESTADO DE GOIÁS. ALCEU PEREIRA LIMA NETO, brasileiro, solteiro, agricultor, portador do CPF nº. 309.153.138-47 e da Carteira de Identidade nº. 43459877-X SSP-SP, residente e domiciliado na Rua João Batista Filho, 54 – Centro, nesta cidade; e, MARIA DE LOURDES BRUNO PEREIRA LIMA, brasileira, viúva, agricultora, portadora da Carteira de Identidade no. 66597468 SSP-SP e do CPF/MF sob o no. 181.164.518-63, residente e domiciliada na Rua João Lemes Sobrinho, 100 – Centro, nesta cidade; por seus advogados in fine assinados (i. m. j.), estabelecidos profissionalmente no endereço grafado no rodapé, onde recebem as comunicações de estilo, vem mui respeitosamente à honrosa presença de V. Exª., especialmente para propor a presente AÇÃO ORDINÁRIA DE REVISÃO DE CÉDULA DE PRODUTO RURAL FINANCEIRA C/C DE ENQUADRAMENTO AO CRÉDITO RURAL OFICIAL, COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA , em desfavor do BANCO DO BRASIL S/A., pessoa jurídica de direito privado sediada na cidade de Brasília-DF, com agência nesta cidade, sito à Avenida Corumbá, esquina com a Rua João Av. Altina Pires Arantes, 12-C – Centro – Acreúna – GO CEP 75960-000 Telefax: (0**64) 645-2370 / Cel: (0**64) 9987-5610 Rua Sebastião Ferreira de Souza, 299 - Centro – Santa Helena de Goiás –GO CEP 75920-000 Telefax: (0**64) 641-4166 / Cel: (0**64) 9625-4880 1

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE ACREÚNA, ESTADO DE GOIÁS.

ALCEU PEREIRA LIMA NETO, brasileiro, solteiro, agricultor, portador do CPF nº. 309.153.138-47 e da Carteira de Identidade nº. 43459877-X SSP-SP, residente e domiciliado na Rua João Batista Filho, 54 – Centro, nesta cidade; e, MARIA DE LOURDES BRUNO PEREIRA LIMA, brasileira, viúva, agricultora, portadora da Carteira de Identidade no. 66597468 SSP-SP e do CPF/MF sob o no. 181.164.518-63, residente e domiciliada na Rua João Lemes Sobrinho, 100 – Centro, nesta cidade; por seus advogados in fine assinados (i. m. j.), estabelecidos profissionalmente no endereço grafado no rodapé, onde recebem as comunicações de estilo, vem mui respeitosamente à honrosa presença de V. Exª., especialmente para propor a presente AÇÃO ORDINÁRIA DE REVISÃO DE CÉDULA DE PRODUTO RURAL FINANCEIRA C/C DE ENQUADRAMENTO AO CRÉDITO RURAL OFICIAL, COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA, em desfavor do BANCO DO BRASIL S/A., pessoa jurídica de direito privado sediada na cidade de Brasília-DF, com agência nesta cidade, sito à Avenida Corumbá, esquina com a Rua João Altino Arantes, s/nº., centro, devidamente inscrito no CNPJ/MF sob nº. 00.000.000/2612-38, fazendo-a em consonância com as razões fáticas e pressupostos de direito a seguir compendiados:

1 – QUESTÕES DE FATO

Os suplicantes são produtores rurais que há muito cultivam algodão, milho e soja, em terras próprias e de terceiros,

Av. Altina Pires Arantes, 12-C – Centro – Acreúna – GO CEP 75960-000Telefax: (0**64) 645-2370 / Cel: (0**64) 9987-5610

Rua Sebastião Ferreira de Souza, 299 - Centro – Santa Helena de Goiás –GO CEP 75920-000Telefax: (0**64) 641-4166 / Cel: (0**64) 9625-4880

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nos municípios de Acreúna, Turvelândia, Paraúna, Montidiviu e Santo Antonio da Barra, todos deste Estado.

Sempre captaram recursos de fomento à produção agrícola, junto às instituições financeiras e cooperativas de crédito, honrando-os regularmente, nada mais fazendo do que cumprir com suas obrigações.

Assim, os suplicantes celebraram com o suplicado, instituição financeira, sediada em Brasília-DF, com agência nesta cidade, controlada por grupos econômicos representativos, que atua em todo território nacional, no âmbito do mercado voltado para grandes operações, as Cédulas de Produto Rural, abaixo identificadas (docs. inclusos), emitidas sobre o amparo da Lei nº. 8929/94.

CPR nº. 000111908 – quantidade de produto: 15.262@ de algodão em pluma, base tipo 6, safra 2003/2004 - valor R$. 684.958,56 (seiscentos e oitenta e quatro mil, novecentos e cinqüenta e oito reais e cinqüenta e seis centavos) – vencimento 28/01/2005;

CPR nº. 000121329 – quantidade de produto: 14.913@ de algodão em pluma, base tipo 6, safra 2003/2004 - valor R$. 617.398,20 (seiscentos e dezessete mil, trezentos e noventa e oito reais e vinte centavos) – vencimento 29/10/2004;

CPR nº. 000167937 – quantidade de produto: 16.487@ de algodão em pluma, base tipo 6, safra 2003/2004 - valor R$. 682.561,80 (seiscentos e oitenta e dois mil, quinhentos e sessenta e um mil, e oitenta centavos) – vencimento 05/04/2005;

CPR nº. 000182599 – quantidade de produto: 18.960@ de algodão em pluma, base tipo 6, safra 2003/2004 - valor R$. 682.560,00 (seiscentos e oitenta e dois mil, quinhentos e sessenta reais) – vencimento 05/05/2005;

CPR nº. 000167430 – quantidade de produto: 14.469@ de algodão em pluma, base tipo 6, safra 2004/2005 - valor R$. 599.016,60 (quinhentos e noventa e nove mil, dezesseis reais e sessenta centavos) – vencimento 25/07/2005;

Av. Altina Pires Arantes, 12-C – Centro – Acreúna – GO CEP 75960-000Telefax: (0**64) 645-2370 / Cel: (0**64) 9987-5610

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CPR nº. 000190500 – quantidade de produto: 18.349@ de algodão em pluma, base tipo 6, safra 2004/2005 - valor R$. 682.582,60 (seiscentos e oitenta e dois mil, quinhentos e oitenta e dois reais e sessenta centavos) – vencimento 05/07/2005;

CPR nº. 000162845 – quantidade de produto: 14.913@ de algodão em pluma, base tipo 6, safra 2004/2005 - valor R$. 617.398,20 (seiscentos e dezessete mil, trezentos e noventa e oito reais e vinte centavos) – vencimento 25/01/2005;

Os títulos acima individualizados foram emitidos, e, uma vez deduzidos juros onzenários à taxa de 2,0% ao mês, os créditos foram liberados em conta corrente do emitente (vide extratos inclusos), conforme se depreende do quadro abaixo. Os valores liberados foram integralmente utilizados no fomento das lavouras de algodão herbáceo empreendidas pelos emitentes em terras próprias e de terceiros.

Título Emissão Vencimento

Valor resgate

Valor liberado

Juros

000111908

14/06/2004 28/01/2005 684.958,56

000121329

30/07/2004 29/10/2004 617.398,20

000167937

24/01/2005 05/04/2005 682.561,80 654.432,90 28.128,90

000182599

01/04/2005 05/05/2005 682.560,00 668.475,20 14.084,80

000167430

20/01/2005 25/07/2005 599.016,60

000190500

03/05/2005 05/07/2005 682.582,80 656.553,74 26.029,06

000162845

03/09/2004 25/01/2005 617.398,20

TOTAIS 4.566.476,16

Importante registrar que, no momento da contratação a gerência da agência local do agente financeiro suplicado, TINHA PLENO CONHECIMENTO E CONCORDOU EM REALIZAR AS OPERAÇÕES mesmo sabendo que o emitente não possuía os bens gravados com penhor cedular através das CPR’s, e, somente com o

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crédito deferido é que o autor iria plantar as lavouras de algodão apenhada, como de fato foi implementada.

Além da garantia pessoal de AVAL prestada pelo segundo suplicante, as operações de crédito hostilizadas, foram garantidas pelo penhor rural de todo o produto agrícola quantificado nas cédulas, ou seja, a) 21.803@ de algodão em pluma, tipo 6, safra 2003/2004; b) 25.600@ de algodão em pluma, tipo 6, safra 2003/2004; c) 23.553@ de algodão em pluma, tipo 6, safra 2003/2004; d) 27.086@ de algodão em pluma, tipo 6, safra 2003/2004; e) 34.129@ de algodão em pluma, tipo 6, safra 2004/2005; f) 26.213@ de algodão em pluma, tipo 6, safra 2004/2005; e g) 34.129@ de algodão em pluma, tipo 6, safra 2004/2005;

É cediço que, a CPR visa incorporar a necessária segurança jurídica ao sistema financeiro, com a certeza da exploração objeto do financiamento, e em contrapartida agilizar, com segurança a comercialização antecipada da produção, permitindo ao produtor rural ter um maior controle sobre sua atividade, notadamente na comercialização dos seus bens.

O crédito agrícola assenta-se na premissa irremovível do fomento à produção, gerando, na verdade, a figura jurídica da sociedade de capital e indústria, concorrendo, também, o detentor do capital com o risco da finalidade.

No caso específico das cédulas em questão, é evidente que o requerido Banco do Brasil S/A, ao pré-fixar o valor futuro da unidade de arroba em R$. 44,88 (quarenta e quatro reais e oitenta e oito centavos) na primeira CPR, R$ 41,40 (quarenta e um reais e quarenta centavos) na segunda, terceira, quinta e sétima CPRs, R$ 36,00 (trinta e seis reais) na quarta CPR, e R$ 37,20 (trinta e sete reais e vinte centavos) na sexta CPR, utilizou-se da finalidade, mas agregou a remuneração monetária da operação, considerando-se que, na época da emissão, o valor unitário da arroba era de R$. 60,00 à R$. 62,00, e conseqüentemente sem qualquer risco quanto ao resultado.

Como se não bastasse, estão inclusos no valor de resgate das CPRs, ou seja, a) R$. 684.958,56 (seiscentos e oitenta quatro mil, novecentos e cinqüenta e oito reais e cinqüenta e seis centavos); b) R$. 617.398,20 (seiscentos e dezessete mil, trezentos e noventa e oito reais e vinte centavos); c) R$ 682.561,80 (seiscentos e

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oitenta e dois mil, quinhentos e sessenta e um reais e oitenta centavos); d) R$ 682.560,00 (seiscentos e oitenta e dois mil e quinhentos e sessenta reais), e) R$ 599.016,60 (quinhentos e noventa e nove mil, dezesseis reais e sessenta centavos), f) R$ 682.582,80 (seiscentos e oitenta e dois mil, quinhentos e oitenta e dois reais e oitenta centavos), e g) R$ 617.398,20 (seiscentos e dezessete mil, trezentos e noventa e oito reais e vinte centavos) com juros de 2,2% ao mês, computados desde a data de emissão (14/06/2004), (30/07/2004), (24/01/2005), (01/04/2005), (20/01/2005), (03/05/2005) e (03/09/2004) até a data de vencimento das cártulas (28/01/2005), (29/10/2004), (05/04/2005), (05/05/2005), (27/05/2005), (05/07/2005) e (25/01/2005) respectivamente, Corrobora essa alegação, o incluso extrato da conta corrente do primeiro suplicante, donde infere-se que foi creditada apenas a quantia de R$. 81.870,96 (oitenta e um mil, oitocentos e setenta reis e noventa e seis centavos), R$. 654.432,90 (seiscentos e cinqüenta e quatro mil, quatrocentos e trinta e dois reais e noventa centavos), no dia 28/01/2005, R$ 668.475,20 (seiscentos e sessenta e oito mil, quatrocentos e setenta e cinco reais e vinte centavos), no dia 05/04/2005, e R$ 656.553,74 (seiscentos e cinqüenta e seis mil, quinhentos e cinqüenta e três reais e setenta e quatro centavos), no dia 05/05/2005, identificando-se o crédito com o número de cada CPR.

O caráter estritamente financeiro da operação macula a sua finalidade, impondo riscos de alto potencial ao emitente, no caso os autores, como se convive o ambiente atual da agricultura do Estado de Goiás.

É notória a frustração da safra agrícola atualmente vivida nessa região de Acreúna, Montividiu, Turvelândia, Santo Antonio da Barra e demais Municípios circunvizinhos, que motivou a autoridade pública a decretar situação de emergência, conforme cópia do Decreto Municipal nº. 240/05, devidamente homologado pelo Governo do Estado de Goiás (docs. incluso).

O mercado, notadamente o do algodão em pluma, também fato notório, entrou em colapso, com o preço da arroba em queda, diuturnamente, estando, hoje, em torno de R$. 30,00 a R$. 33,00, mais de 30% a menos que o valor fixado na cédula para resgate, ou seja, R$. 41,40 e R$ 37,20, respectivamente.

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À evidência, hoje, os autores necessitariam do dobro do produto objeto do financiamento para honrarem a cédula em questão, caso contrário, devem dispor do patrimônio pessoal para manterem a necessária liquidez junto ao sistema financeiro, ou, então, submeterem-se a perda do crédito, com sérias e graves restrições perante ao Banco Central do Brasil, ao Banco do Brasil S/A, ao Serasa, ao SCPC, ao CADIM, e SICAF, ou seja, a morte comercial do emitente e coobrigados.

Salienta-se que o negócio jurídico representado pelo papel apócrifo acima individualizado, trata-se simplesmente de contrato de MÚTUO, havendo, portanto, o desvio de finalidade do instituto consagrado pela Lei 8.929/94.

Importante realçar que, no momento da contratação, 14 de junho de 2004, 30 de julho de 2004, 24 de janeiro de 2005, 01 de abril de 2005, 20 de janeiro de 2005, 03 de maio de 2005 e 03 de setembro de 2004, a lavoura apenhada através dos títulos de crédito vituperados, ainda estava em fase de formação.

Consigna-se finalmente que, os contratos em comento são típicos contrato de adesão, aleatórios e leoninos, é o que se demonstrará a seguir.

2 – PRELIMINARMENTE2.1 - NULIDADE DO TÍTULO - DESVIRTUAMENTO DO INSTITUTO CONSAGRADO PELA LEI 8.929/94

A Lei 8.929/94, instituiu em nosso ordenamento jurídico a Cédula de Produto Rural (CPR), que a Cédula de Produto Rural pressupõe como negócio subjacente a venda de produtos rurais, para entrega futura, entre o produtor rural ou cooperativa e o comprador. Trata-se de cambial pela qual o emitente vende a sua produção agropecuária antecipadamente, “recebe o valor da venda no ato da formalização do negócio e se compromete a entregar o produto vendido em local e data estipulados no título” (trecho do parecer do Senado Federal favorável à apreciação do Projeto de Lei instituindo a CPR).

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O título que instrui a presente tela judiciária - cédula de produto rural, introduzido em nosso ordenamento jurídico pela Lei nº 8.929, de 22 de agosto de 1994, é representativo de promessa de pagamento de entrega de produtos rurais.

Dispõe o art. 1º da Lei das CPR’s (Lei 8.929/94).

Art. 1º - Fica instituída a Cédula de Produto Rural (CPR), representativa de promessa de entrega de produtos rurais, com ou sem garantia cedularmente constituída".

O art. 2º estatui, do mesmo diploma citado por seu turno, que:

Art. 2º - Têm legitimação para emitir CPR o produtor rural e suas associações, inclusive cooperativas".

Disserta a respeito da matéria Waldívio Bulgarelli, em a obra "Títulos de Crédito":

"Ao rol, já exaustivo, dos títulos de crédito e dos valores mobiliários criados por natural exigência das operações econômicas às quais se deve acrescer aquelas decorrentes, nos últimos anos, do incremento das relações econômicas internacionais, vieram juntar-se agora as Cédulas de Produtos Rurais, reguladas pela Lei nº 8.829, de 22 de agosto de 1994, que, além de se incorporarem ao regime dos Títulos de Crédito Rural existentes (cf. Decreto-lei nº 167, de 14.2.1967), se inseriram aqueles papéis de crédito reconhecidos como Valores Mobiliários (cf. Lei nº 6.385, de 7.12.1976). Algumas características deste novo título/valor mobiliário dão-lhe configuração peculiar (14ª ed., Atlas, 1998, p. 575).

Preleciona Amador Paes de Oliveira, em “Teoria e Prática dos Títulos de Crédito”, que:

"tal como ocorre com os títulos de crédito rurais em geral, a cédula de produto rural objetiva estimular e

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incrementar os investimentos agrícolas... Título formal e solene há de conter, lançados em seu contexto, os seguintes requisitos: I - a denominação "Cédula de Produto Rural"; II - a data da entrega; III - o nome do credor e cláusula "à ordem"; IV - promessa pura e simples de entregar o produto, sua indicação e as especificações de qualidade e quantidade; V - o local e condições da entrega; VI - descrição dos bens cedularmente vinculados em garantia; VII - a data e lugar da emissão; VIII - a assinatura do emitente. Como se verifica da leitura dos requisitos, notadamente do inciso VI (descrição dos bens cedularmente vinculados), a Cédula de Produto Rural, constituindo-se em promessa de entrega de produtos rurais, há de ter, necessariamente, bens vinculados em garantia, sejam imóveis ou móveis" (18ª ed., Saraiva, 1998, pp. 217-218).

Na verdade, a emissão da CPR (assim chamada por brevidade, segundo anota Waldívio Bulgarelli, op. cit.) “trata-se de uma compra e venda dos bens descritos na cédula. Uma verdadeira compra e venda”.

A Mensagem nº. 722, de 19.10.93, do Poder Executivo endereçada ao Congresso Nacional, apresentando o projeto de lei que instituía a Cédula de Produto Rural, alinhando as características do título proposto, continha no item 4, letra "a": tem ele, "como negócio subjacente, a venda e compra de produtos rurais, para entrega futura, entre o produtor rural ou cooperativa e o comprador (indústria, exportador etc)".

No item 10, vem dito: "Por oportuno, observamos que a modalidade de venda para entrega futura constitui importante passo no sentido da modernização e da emancipação da atividade rural, na medida em que permite ao produtor planejar melhor seus empreendimentos, além de propiciar-lhe capital de giro e de protegê-lo contra o risco da queda de preços que normalmente ocorre na época da safra".

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Em o parecer que acabou sendo favorável à aprovação do Projeto (DCN - Seção II, de 11.08.94), emitido pelo Senador Coutinho Jorge, pode-se ler:

"... A Cédula de Produto Rural é uma cambial pela qual o emitente vende antecipadamente a sua produção agropecuária, recebe o valor da venda no ato da formalização do negócio e se compromete a entregar o produto vendido em local e data estipulados no título. A sua criação tem por objetivo, entre outros, dar um instrumento adequado às atuais negociações da espécie, realizadas através de contratos e permitir sua negociação em mercado secundário".

Portanto, a CPR é um título de crédito que permite ao produtor rural (emitente), vender antecipadamente a produção de uma safra futura. Notoriamente a intenção do legislador era a de possibilitar ao produtor rural VENDER produtos de natureza agropecuária futuros, e com o resultado da venda fomentar sua atividade.

Sendo assim, a CPR há de corresponder exatamente a uma compra e venda de mercadoria agropecuária, com a respectiva disponibilização do capital correspondente no ato da emissão da cártula por parte do comprador.

No caso em tela, os títulos em questão foram emitidos única e exclusivamente em substituição a um contrato de mútuo bancário. Não houve o pagamento pecuniário representativo da compra e venda de produto agrícola objeto das cártulas, ou seja, a) 15.262@ de algodão em pluma, b) 14.913@ de algodão em pluma, c) 16.487@ de algodão em pluma, d) 18.960@ de algodão em pluma, e) 14.469@ de algodão em pluma, f) 18.349@ de algodão em pluma, e g) 18.349@ de algodão em pluma ao preço vigente no mercado da data da contratação. Houve sim o empréstimo de determinadas somas em dinheiro – a) R$. 684.958,56, b) R$. 617.398,20, c) R$ 682.561,80, d) 682.560,00, e) R$ 599.016,60, f) R$ 682.582,80 e g) R$ 617.398,20 - das quais foram deduzidos juros mensais superiores a 2,0% ao mês, desde a data da emissão, até a data do vencimento convencionado no título, creditando em conta corrente da emitente apenas o saldo

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remanescente apurado, ou seja, a) R$. 81.870,96, b) R$xxxxxxxxx, c) R$. 654.432,90, d) R$ 668.475,20, f) R$ 656.553,74.

O caráter estritamente de OPERAÇÃO DE MÚTUO BANCÁRIO macula o título de crédito, tornando-o inservível ao fim colimado.

Inadmissível a emissão de uma CPR em garantia de dívidas, em substituição a contratos de mútuo de dinheiro mediante a cobrança de juros, em permuta de produtos ou para tantos outros fins aos quais usualmente se vê empresas e instituições financeiras utilizarem-se do instituto, verdadeiramente DESVIRTUANDO SUA FINALIDADE.

A CPR emitida nos moldes do título em questão, ou seja, sem a disponibilização do capital correspondente ao produto agrícola adquirido, é NULA de pleno direito, é o que decidiu recentemente a Terceira Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, vejamos:

“APELAÇÃO CIVIL. AÇÃO ORDINÁRIA DE RESOLUÇÃO DE CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE SOJA. I – TEORIA CONTRATUAL – NOVO CÓDIGO CIVIL – HODIERNAMENTE A TEORIA CONTRATUAL PAUTA-SE NÃO MAIS PELA RIGIDEZ DO PRINCÍPIO PACTA SUNT SERVANDA , MAS SIM, PELOS PRINCÍPIOS DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO, DA BOA FÉ E DO EQUILÍBRIO ECONÔMICO (ARTIGOS 421, 422, PARÁGRAFO ÚNICO DO ARTIGO 2.036) E NA APLICAÇÃO DAS TEORIAS DA IMPREVISÃO E DA LESÃO, ARCABOUÇO LEGAL QUE PERMITE AO JUDICIÁRIO REVER AS CLÁUSULAS DO CONTRATO PARA RESTABELECER O EQUILÍBRIO SÓCIO-ECONÔMICO DO PACTO. II – CÉDULA DE PRODUTO RURAL. NULIDADE. A CÉDULA DE PRODUTO RURAL EMITIDA SEM A DISPONIBILIZAÇÃO DO CAPITAL CORRESPONDENTE OU DA PRESTAÇÃO EQUIVALENTE EM FAVOR DO EMITENTE, IMPORTA EM DESVIRTUAMENTO DO INSTITUTO, QUE DEIXA DE CONSTITUIR UM TÍTULO DE CRÉDITO, TORNANDO NULA E DE NENHUM

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EFEITO A CLÁUSULA DO CONTRATO QUE A INSTITUIU. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. (Ap. Civ. nº. 85.219-0/188 – 200500098870, Comarca de Itumbiara, Rel. Des. João Waldeck Félix de Sousa).

Face ao exposto, requerem desde já, seja declarada a nulidade dos títulos de crédito objeto da presente tela judiciária, ou seja, das CPRs emitidas sem a competente e necessária disponibilização financeira, correspondente ao produto agrícola adquirido, reputando-a de nenhum efeito jurídico, é o que desde já requer.

2.2 – INCOMPORTABILIDADE DO AVAL

MM. Juiz, é comum encontrar nas cédulas de produto rural, como no caso em tela, dois tipos distintos de garantia. Uma de natureza real, via de regra, o penhor agrícola, onde a safra a ser formada fica de alguma forma reservada para eventual satisfação do contrato. A outra garantia tem natureza pessoal, sem oneração de parte específica do patrimônio, e se consubstancia no aval.

A presença do avalista na CPR é sempre um grande benefício para o credor, pois não há como afirmar o contrário ser o avalista o melhor cobrador da dívida. Basta saber que ao tempo do início da execução judicial da cédula, tão logo o oficial de justiça encontre-o para citação, o devedor principal do título passa a viver momentos de grandes transtornos, pela cobrança que contra ele será exercida pelo seu “companheiro” de dívida.

Por esta e outras razões o aval é sempre exigido pelo credor, até mesmo quando o avalista não é lá detentor de grande patrimônio. O que não dizer da complicação aumentada em relação ao aval, quando avalista e avalizado estão ligados entre si por estreito vínculo de parentesco e a garantia foi prestada não por motivos ou interesses comerciais, mas sim em razão de afetos pessoais, o chamado aval de favor.

Considerando o grande número de cédulas de produto rural atualmente circulando no mercado, pode-se imaginar o

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número expressivo de avalistas que estão na iminência de uma medida judicial, visto que em todas elas esta garantia está sempre presente.

No entanto, é preciso que a questão do aval na CPR seja repensada urgentemente em seus aspectos jurídicos, pois esse título, em face da obrigação nele figurante, não se mostra apropriado à presença desta garantia.

Dispõe o artigo 4o., da Lei 8929/94, que a “CPR é título líquido e certo, exigível pela quantidade e qualidade de produto nela previsto” (grifamos), ou seja, pela obrigação decorrente da cártula, o seu emitente deve entregar ao credor produto rural – pois é isto que diz o art. 1o., da Lei – na quantidade e qualidade indicadas no contexto da cédula.

Lutero de Paiva Pereira, comentando a Lei 8.929/94, leciona:

“A CPR surge no direito brasileiro em face da necessidade de melhor amparar o setor produtivo primário visando a agilização da venda de produto rural. Tendo isto em conta, é de destacar que a CPR tem como causa subjacente uma venda e compra, e esta de produto rural, da qual não pode se afastar” (Comentários à Lei da Cédula de Produto Rural – Ed. Juruá - 2a ed. p.47).

Ora, devendo entregar coisa é certo que a obrigação do emitente da cédula não é pagar quantia ou soma específica, como é próprio, por exemplo, da cédula de crédito rural. Neste título, isto é, na cédula de crédito rural, por se tratar de um contrato de financiamento, onde o financiado recebe do financiador quantia certa, por ele se obriga a devolver ao emprestador, no tempo e com os acréscimos pactuados, o valor que lhe foi tradicionado, razão pela qual a cártula em questão comporta juridicamente a garantia do aval.

Todavia, como na Cédula de Produto Rural o que temos é um autêntico contrato de compra e venda, onde o comprador tem direito de buscar a coisa que lhe foi alienada pelo vendedor, não se pode admitir a presença da garantia fidejussória, principalmente a do

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aval, pois este instituto se presta somente a garantir títulos onde a obrigação do devedor é de pagar soma determinada.

Aliás, pela redação do novo Código Civil – art. 897 – ficou certo que o pagamento de título de crédito pode ser garantido por aval, caso se trate de título que contenha obrigação de pagar soma determinada. Noutras palavras, se o título não obriga o emitente ao pagamento de soma determinada, isto quer dizer que o aval ali figurante não tem força para vincular aquele que o prestou.

Nestas circunstâncias, requerem com a devida vênia, se digne V. Exª., declarar por sentença a INCOMPORTABILIDADE DO AVAL prestado pelo segundo suplicante, liberando-lhes ou exonerando-lhes da responsabilidade solidária ao integral cumprimento do título de crédito objeto da presente ação.

2.3 – EXCESSO DE GARANTIA

Caso seja superada a tese levantada no item anterior, requerem os suplicantes desde já, seja reconhecido o excesso de garantia outorgada ao agente financeiro requerido através dos títulos de créditos hostilizados na presente tela judiciária.

Compulsando as cédulas de produto rural em testilha, constata-se evidentemente o excesso de garantia, pois, além da garantia real de penhor rural de todo o produto agrícola quantificado na cédula, foi outorgada a garantia pessoal de AVAL.

MM. Juiz, não de pode admitir tal excesso, pois, além da garantia pessoal de aval, foram constituídas garantias pignoratícias de exatamente o dobro dos supostos produtos agrícolas adquiridos.

Sem sombra de dúvidas, configurado está o EXCESSO DE GARANTIA, impondo a V. Exª., ajustar o valor das garantias ao exato valor do débito sub judice, determinar via de conseqüência a imediata liberação, das garantias gravadas em excesso.

Nestas circunstâncias, requerem os autores se digne V. Exª., sejam as garantias adicionais de AVAL e PENHOR RURAL

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de 50% do produto apenhado, imediata e definitivamente liberadas, expedindo-se mandados de cancelamento de registro aos Cartórios competentes.

3 – TEORIA DA IMPREVISÃOAPLICABIIDADE AO CASO CONCRETOFATOS EXTTRAORDINÁRIOS E IMPREVISÍVEISONEROSIDADE EXCESSIVA DA OBRIGAÇÃO

MM. Juiz, foram dois os fatores que levaram os suplicantes a promoverem a revisão judicial do contrato em evidência. O primeiro deles é o fato de a exemplo de quase todas as lavouras de algodão, soja, milho e sorgo da região, o empreendimento agrícola dos autores foi atingido pela ausência de chuvas durantes praticamente todo o mês de fevereiro e início do mês de março do ano em curso, o que restou evidenciado pela prolação do Decreto Municipal nº. 240/2005 (doc. incluso), que declara situação de emergência na zona rural do Município de Acreúna, e dá outras providências.

A Defesa Civil do Estado de Goiás, constatou através de levantamentos técnicos realizados na região, que os prejuízos experimentados pelos produtores regionais foi dá ordem de 40% à 50% (doc. incluso), o que conduziu o empreendimento agrícola dos suplicantes à uma queda relevante na produtividade e à péssima qualidade dos frutos da lavoura (vide laudo anexo).

O problema é social, e sua notoriedade está sendo amplamente divulgada e debatida pela imprensa regional e nacional (vide recortes de jornais e cópias de entrevistas inclusas).

O segundo, é o fato de que as cédulas de produto rural objeto da presente tela judiciária, ser exigível na data de seu vencimento, pelo valor de resgate constante na cártula, ou seja, a) R$. 684.958,56, b) R$ 617.398,20, c) R$ 682.561,80, d) R$ 682.560,00, e) R$ 599.016,60, f) R$ 682.582,80 e g) R$ 617.398,20, que corresponde exatamente à multiplicação do preço unitário pela quantidade de produto descrita no título, sendo assim, há de se convir que, o preço pré-fixado no corpo do instrumento de crédito, R$. 44,88, R$ 41,40, R$. 36,00 e R$ 37,20, no momento da contratação correspondia há apenas 60% do efetivo valor de mercado da arroba de algodão em pluma, que custava naquela ocasião aproximadamente R$.

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60,00, dessa forma, a quantidade do produto devido elevou-se em pelo menos 40%. Como se não bastasse, hoje a pluma de algodão está sendo comercializada entre R$. 30,00 e R$. 33,00, o que via de conseqüência está onerando o cumprimento da obrigação em mais de 50%.

Relevante realçar que, as CPR’s em questão representam uma verdadeira operação de mútuo bancário efetivamente celebrada entre as partes, e não necessariamente uma compra e venda de produto agrícola com entrega futura, pois, conforme já salientado em linhas volvidas, estão inclusos nos valores de resgate das CPR’s, ou seja, a) R$. 684.958,56, b) 617.398,20, c) 682.561,80, d) 682.560,00, e) R$ 599.016,60, f) R$ 682.582,80 e g) R$ 617.398,20, juros de 2,0% ao mês, computados desde a data de emissão em 14 de junho de 2004, 30 de julho de 2004, 24 de janeiro de 2005, 01 de abril de 2005, 20 de janeiro de 2005, 03 de maio de 2005 e 03 de setembro de 2004, (respectivamente). Foram creditados na conta de depósitos do emitente das cártulas, apenas e tão somente as quantias de a) R$. xxxxxxxxxx, b) R$xxxxxxxxx, c) R$. 654.432,90 em 28 de janeiro de 2005 e d) 668.475,20 em 05 de abril de 2005, f) R$ 656.553,74 em 05 de maio de 2005.

Importante registrar que, os créditos obtidos através dos títulos hostilizados, foram integralmente aplicados no fomento agricultura, precisamente na formação da lavoura de algodão herbáceo gravada com penhor cedular de primeiro grau em favor do agente financeiro suplicado, através das CPR’s vituperadas.

Com efeito, do momento da contratação ao do cumprimento final da avença, houve uma onerosidade excessiva, que impede o cumprimento do contrato, pois, além da queda de produtividade na ordem de 50% (cinqüenta por cento), conforme constatado pela Defesa Civil, e devidamente homologado pelo Governo do Estado de Goiás, apura-se um diferencial entre o preço convencionado no instrumento para pagamento e o preço de comercialização do produto, na ordem de mais de 30% (trinta por cento), causando dessa forma, o desequilíbrio da relação contratual.

Portanto, é de rigor admitir que, caso o Estado não intervenha no contrato, revisando-o ou até mesmo resolvendo o pactuado, para o total restabelecimento do equilíbrio contratual entre

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as partes, os suplicantes certamente estarão fadados ao fracasso, pois, com a venda do algodão para pagamento do saldo devedor nos moldes pactuados no contrato, não conseguirão recursos para continuar em sua atividade agrícola.

Durante negociações amigáveis, foi proposto ao suplicado, a revisão da cláusula do preço pré-fixado, estabelecendo a adequação ao preço vigente no momento do pagamento do título, ou alternativamente o enquadramento da operação às normas e regras do crédito rural oficial, tendo em vista que o crédito liberado foi aplicado única e exclusivamente na produção primária (fomento de lavouras), soluções que foram rejeitadas pelo agente financeiro suplicado.

In casu, caracterizado está o enriquecimento sem causa do suplicado em detrimento dos suplicantes. Portanto, é perfeitamente aplicável a teoria da imprevisão no caso sub judice, outrora consagrado no Código de Defesa do consumidor, pela doutrina e jurisprudência brasileira, e agora incorporado definitivamente pelo Código Civil.

Dispõe os artigo 478 e 479, do Novo Código Civil, verbis:

Art. 478 – Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato”. (grifamos e negritamos)

Art. 479 – A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se p réu a modificar eqüitativamente as condições do contrato”.

Vejamos os Enunciados do Centro de Estudos Jurídicos do Conselho da Justiça Federal, Código Civil e Legislação Civil em Vigor, Thetônio Negrão e José Roberto F. Gouveia, 24ª edição, Saraiva, pg. 129, notas 1 e 2 ao artigo 478:

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“175: A menção à imprevisibilidade e à extraordinariedade, incertas no artigo 478 do Código Civil, deve ser interpretada não somente em relação ao fato que gere o desequilíbrio, mas também em relação as conseqüências que ele produz”.

“176: Em atenção ao princípio da conservação do negócio jurídico, o artigo 478 do Código Civil de 2.002, deverá conduzir, sempre que possível à revisão judicial dos contratos e não à resolução contratual”.

Os artigos 421 e 424 do mesmo diploma citado, textualmente prescrevem:

“Artigo 421: A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato”.

“Artigo 424: Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia do aderente a direito resultante da natureza do negócio”.

Enunciado do Centro de Estudos Jurídicos do Conselho da Justiça Federal, Código Civil e Legislação Civil em Vigor, Thetônio Negrão e José Roberto F. Gouveia, 24ª edição, Saraiva, pg. 120, enunciado 167 artigo 421:

“Com o advento do Código Civil de 2.002, houve forte aproximação principiológica entre esse Código e o Código de Defesa do Consumidor, no que respeita à regulação contratual, uma vez que ambos são incorporadores de uma nova teoria geral dos contratos”.

O princípio da autonomia da vontade, o do consensualismo, o da boa-fé, da obrigatoriedade da convenção, o critério da justiça contratual, exteriorizado na manutenção de relação de equivalência, são princípios inspiradores do DIREITO CONTRATUAL, hoje e ontem.

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Há cerca de 2.300 anos, os babilônios, pelo que se vê do Código de Hamurabi, já condicionavam seus ajustes a efeitos futuros capazes de modificar o estado de fato no momento da contratação.

“Se alguém tem um débito a juros e uma tempestade devasta o campo ou destroi a colheita, deverá modificar sua tábua de contrato e não pagar juros por esse ano”.

O mesmo acontecia no Direito Romano, o berço da cláusula “REBUS SIC STANTIBUS”, onde condicionava-se a obrigação à permanência das coisas no estado em que se deu a promessa.

Assim, segundo Cícero, nem sempre é contrário à justiça não restituir o depósito, ou descumprir a promessa, e que isso não importa desconhecer a verdade e a fé empenhada.

Dessa sucinta colocação, resta claro que, até mesmo o que para o homem moderno é novo, civilizações antigas, como auge da democracia e da prestação da justiça aos seus tutelados, já colocavam a salvo de situações futuras, imprevisíveis e alheias às suas vontades.

De Plácido e Silva, in Vocabulário Jurídico, edição universitária, editora Forense, 1990, volumes I e II, pág. 441, define a Cláusula “Rebus Sic Stantibus” como sendo:

“É cláusula que se anota como das subentendidas no contrato, e se entende como a obrigação dos contratantes em somente executarem o contrato, até seu termo, se subsistirem as condições econômicas ocorrentes no momento de sua celebração.E, nesta compreensão, está também o sentido da locução latina que a destingue, rebus sic stantibus, que dá a idéia da condição: enquanto as coisas estão de pé.

A imprevista mudança da situação anterior modifica a situação da coisa em pé, anotada no ato da celebração do contrato. E, precisamente, fundado na

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cláusula “rebus sic stantibus”, aquele que se impossibilitou em cumprir a obrigação em conseqüência da mudança, pede a revisão do contrato, que não pode cumprir em virtude desta alteração imprevista e vinda sem sua participação”.

Ensina Maria Helena Diniz, Curso de Direito Civil, vol. 3, Teoria das Obrigações Contratuais e Extracontratuais, Editora Saraiva, 4ª edição, 1986, páginas 127/8, ao dissertar a resolução contratual por onerosidade excessiva, de forma lapidar, que:

“Como afirmado no início deste livro, o princípio da vontade não é onímido, mas sofre limitações, oriundas do dirigismo contratual, que, ao invocar a supremacia do interesse público, intervém na economia do contrato, aplicando normas de ordem pública e impondo adoção de sua revisão judicial. Isso acontece quando da supremacia de casos extraordinários e imprevisíveis por formação do contrato, que o tornam, de um lado, excessivamente oneroso para um dos contratantes, gerando a impossibilidade subjetiva de sua execução, e acarretam, de outro, lucro desarrazoado para a outra parte. Isto é assim porque impera o entendimento de que, se se permitisse aos contratantes convencionar, a seu bel-prazer, o ato negocial, estipulando quaisquer cláusulas sem que o juiz pudesse intervir, mesmo quando se arruinasse uma das partes, a ordem jurídica não cumpriria o seu objetivo de assegurar a igualdade econômica.

Assim, a onerosidade excessiva, oriunda de evento extraordinário e imprevisível, que dificulta extremamente o adimplemento da obrigação de uma das partes, é motivo de resolução contratual, por se considerar subentendida a cláusula rebus sic stantibus, que corresponde à fórmula de que, nos contratos de trato sucessivo ou a termo, o vínculo obrigatório ficará subordinado, a todo tempo, ao estado de fato vigente à época de sua estipulação. A parte lesada no contrato por esses acontecimentos

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supervenientes, extraordinários e imprevisíveis, que alteram profundamente a economia contratual, desequilibrando as prestações recíprocas, poderá desligar-se de sua obrigação, pedindo a rescisão do contrato ou o reajustamento das prestações recíprocas, por estar na iminência de se tornar inadimplente tendo em vista a dificuldade de cumprir o seu dever, ingressando em Juízo no curso da produção dos efeitos do contrato, pois se este já foi executado não haverá intervenção judicial.

Assim, nos exatos moldes do ensinamento acima enfocado, qualquer contrato, independentemente de ser protegido pelas relações de consumo, está sujeito à revisão na eventualidade da ocorrência dos fatos que cita.

Ensina Plainiol e Ripot, rebus sic stantibus:

“... é a cláusula que faz presumir que as partes, de comum acordo, condicionaram a execução do contrato à duração do estado das coisas existentes no dia de sua formação”.

A autonomia da vontade, um dos princípios que regem as obrigações contratuais, e no qual se funda a liberdade contratual dos contratantes, consistindo no poder de estipular livremente, como melhor lhes convier, mediante acordo de vontades, a disciplina de seus interesses, sofre restrições trazidas pelo dirigismo contratual, que é a intervenção estatal na economia do negócio jurídico contratual.

Nessa ótica, a liberdade de contratar não é absoluta, pois está limitada pela supremacia da ordem pública, que veda convenções que lhe sejam contrárias aos bons costumes, ou ainda, quando uma das partes, por ser mais poderosa, impõe condições injustas à parte mais fraca. A pacta sunt servanda, perdeu sua força como princípio basilar dos contratos. No vigente Código Civil, o princípio básico é o rebus sic stantibus.

O Estado intervém no contrato, não só mediante a aplicação de normas de ordem pública, mas também com a adoção

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de revisão judicial dos contratos, alterando-os, estabelecendo-lhes condições de execução, ou mesmo exonerando a parte lesada, conforme as circunstâncias, fundando-se em princípios da boa-fé e da supremacia do interesse coletivo.

Com efeito, como dito linhas atrás, ante os interesses da realidade social, a lei, a moderna doutrina jurídica e os tribunais estão admitindo, em casos graves, a possibilidade de revisão e rescisão judicial dos contratos, quando a superveniência de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, por ocasião da formação dos pactos, torna sumamente onerosa a relação contratual, gerando a impossibilidade subjetiva de se executarem esses contratos. Uma das aplicações da revisão judicial do contrato é a cláusula rebus sic stantibus, que corresponde à fórmula: contractus qui habent tractum sucessivum et dependentium de futuro rebus sic stantibus intelliguntur, isto é, nos contratos de trato sucessivo ou a termo, o vínculo obrigatório entende-se subordinado à continuação daquele estado de fato, vigente ao tempo da estipulação. É a chamada teoria da imprevisão.

Da análise dos fatos narrados em linhas volvidas, dúvidas não existem de que as condições existentes ao tempo da formação do contrato se alteraram substancialmente no curso do tempo. Fatos totalmente imprevisíveis para os suplicantes.

A frustração da safra em decorrência de intempérie climática (ausência total de chuvas durante os meses de fevereiro e início de marco/2005) período de formação da lavoura de algodão, ocasionando uma queda na produtividade de aproximadamente 50% em relação aos anos normais, aliado à queda brusca nos preços de comercialização, pois, no momento a arroba da pluma de algodão do tipo especificado na cártula de crédito que instrui o presente feito judicial, está sendo comercializada ao preço mínimo de R$. 30,00 e máximo de R$. 33,00, ao passo que o custo de produção de uma (01) arroba de pluma está na casa dos R$. 58,00 (cinqüenta e oito reais), conforme informativo FAEG (doc. incluso), fatos notoriamente divulgados pela mídia regional e nacional.

Preclaro Julgador, a situação é simplesmente insustentável, os suplicantes quando da celebração do contrato necessitariam para cumprir integralmente a avença representada pelos

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contratos que instruem o presente pleito, a quantidade de 76.107,93@, que ao preço de R$. 60,00 (sessenta reais), que era naquela data a cotação comercial da arroba de pluma de algodão, totalizaria, exatamente a importância devida. Hoje, face aos fatos extraordinários e imprevisíveis havidos no decorrer do liame negocial, os suplicantes necessitam de 152.215,87@ de algodão em pluma, exatamente o dobro da quantidade necessária na data da emissão da cártula.

Conforme salientado, o cumprimento do pactuado tornou-se excessivamente oneroso, causando o enriquecimento indevido do suplicado, em detrimento do empobrecimento dos suplicantes, que além de produzir 70% (setenta por cento) a menos das expectativas de um ano normal, estão vendendo seu produto por aproximadamente 50% (cinqüenta por cento) do custo de produção.

Sábio Magistrado, manter vigentes contratos nos moldes do ora impugnado seria cavar a sepultura de toda a classe produtora do País.

Não há de prevalecer vigente os contratos nos moldes pactuados, haverá sem sombra de dúvidas o enriquecimento sem causa do suplicado em detrimento do patrimônio dos suplicantes, cabendo ao judiciário, face às mudanças apresentadas, intervir na avença, revisando o contrato e até mesmo exonerando os autores de seu cumprimento nos moldes pactuados.

O Dr. Felicíssimo José de Sena, em entrevista concedida ao diário “O Popular”, que circulou no dia 28/02/2003, de forma lapidar comentou o assunto:

“Para Felicíssimo Sena, o produtor também encontrará apoio no instituto da imprevisão já consagrado pela doutrina e pela jurisprudência brasileira e agora definitivamente incorporado pelo Código Civil. O artigo 478, por exemplo estabelece: “Nos contratos com execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos

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extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato”.

O advogado explica que os produtores estão sendo submetidos a “contratos morotos”, que estabelecem como preço para pagamento na entrega do produto o pactuado e como preços para eventual discussão do contrato, a cotação do dia. Ele denuncia ainda que o contrato constitui o produtor em fiel depositário da mercadoria, quando na verdade ele não recebeu qualquer produto, mas tão somente o vendeu para entrega futura. “São atos dolosos passíveis de denúncia à polícia e ao Ministério Público, visto que concorrerão para o empobrecimento de nosso produtor, em troca do enriquecimento ilícito de alguns poucos intermediadores e de muitos americanos que especula na Bolsa de Chicago”, diz felicíssimo Sena.

Por oportuno e bem ilustrar o caso sub judice, registra-se posicionamento adotado pelo eminente Desembargador Vasquez Cruxên, do Egrégio Tribunal de Justiça do Distrito Federal, verbis:

“(...) Alterações ocorrem diariamente no campo econômico e social da população, em todas as suas esferas, sendo favoráveis a uns, os quais se utilizam exatamente de tal instabilidade para ganhar mais, e desfavoráveis a outros, quais sejam, os menos favorecidos economicamente, que têm de suportá-las com o salário que auferem. Ante tal desequilíbrio, o Judiciário não pode ficar inerte, impondo-se rever valores e conceitos, antes inaplicáveis e hoje justos. Dentre eles, há de se aplicar a chamada Teoria da Imprevisão, ante a impossibilidade do cumprimento das obrigações por parte dos contratantes, por motivos alheios a vontade dos mesmos (...)”. (Transcrição parcial da ementa oficial do Ac. Da 1ª T. do TJDF, AC. 26.759, julgado 05/10/92, DJU II 10/12/92, pág. 41.927).

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Orlando Gomes, em sua obra “Contratos”, Editora Forense, 1ª Edição, 1.959, páginas 213/214), preleciona:

“Para que um contrato possa ser resolvido em conseqüência de se ter agravado a onerosidade da prestação que constitui o objeto da obrigação de uma das partes, é preciso, em primeiro lugar, que a diferença de valor do objeto da prestação entre o momento da perfeição do contrato e aquele em que se deve ser satisfeita seja excessiva. A onerosidade, além disso, há de ser objetivamente excessiva, isto é, as prestação deve ser excessivamente onerosa em relação ao devedor, mas a toda e qualquer pessoa que se encontre nessa posição. Não basta, porém, para justificar a resolução, que a prestação se tenha agravado excessivamente. Preciso é, como exige o código civil italiano, que a onerosidade tenha sido determinada por acontecimentos, ao mesmo tempo, ao mesmo tempo, extraordinários e imprevisíveis. Assim, se o contratante concorre, por sua negligência, para que se agrave excessivamente a onerosidade da prestação, o contrato não pode ser resolvido por essa causa. O acontecimento, por sua vez, deve ser anormal, pois, do contrário, seria previsível. Há de ser, porém, imprevisível, e, tão importante é esse requisito que a solução do problema está formulada teoricamente na teoria da imprevisão. Necessário, com efeito, que as partes, no momento em que celebraram o contrato, não possam prever a alteração, que se verificará em razão de acontecimento extraordinário. Mas, como observa MESSINEO, requer-se o concurso da extraordinariedade e da imprevisibilidade. Não basta que o acontecimento seja extraordinário, porque, se, a despeito disso, é suscetível de previsão, descabe a resolução. Não basta que seja imprevisível, porque, sendo normal, pouco importa que as partes não o tenham previsto. Enfim, se a onerosidade excessiva tem como causa um acontecimento extraordinário e imprevisível que dificulte extremamente o cumprimento da obrigação, o devedor, que se

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sacrificará com a execução, tem a faculdade de requerer a resolução do contrato.

Somente nessa conseqüência interessa aqui examinar a onerosidade excessiva. Outra solução, todavia, pode ser dada ao problema. em vez de resolução do contrato, atribui-se ao juiz o poder de intervir na economia do contrato para reajustar, em bases razoáveis, as prestações recíprocas. Mas, nesse caso, a onerosidade excessiva deixa de ser causa de resolução. Pode-se, ainda, favorecer o devedor com a alternativa de pedir a resolução ou pleitear o reajustamento”.

Jonair Nogueira Martins, in Crédito Rural, 1.ª edição, Lex Editora S/A, págs. 69 e 71, comenta e oferece oportunas manifestações do Judiciário sobre o tema: “verbis”:

“A clássica teoria geral dos contratos, cuja sistematização remota a meados do século passado, começa a sofrer profundas alterações, face a sua inadequação à moderna prática contratual, consoante robustos julgamentos dos tribunais brasileiros.

Rompe-se a autonomia da vontade quando na relação jurídico-contratual, o elemento volitivo se achava, já no nascedouro do contrato, em evidente enfraquecimento.

Sabidamente o crédito é, hoje, uma necessidade vital tanto para o indivíduo quanto para as pessoas jurídicas, em especial para as empresas de empresas de produção de bens ou serviços.Com efeito, o acesso ao crédito para o indivíduo é condição de cidadania e, para a atividade empresarial, condição de subsistência. Dificilmente alguma atividade produtiva, hoje, realizar-se sem alguma forma de crédito.

Dentro desta ótica de necessidade deste bem da vida, indispensável a atividade empresarial, não se pode

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deixar de convir que a vontade da empresa, que necessita de crédito para subsistir, acha-se enfraquecida diante do estabelecimento bancário que o oferece.

O Em. Juiz de Alçada do EG. TARS – SILVESTRE JASSON AYRES TORRES, com sapiências nos ensina:

O posicionamento de que os contratos foram livremente firmados e de que não há cláusula abusiva, não resiste a uma análise em torno do tema, que reiteradamente tem sido motivo de apreciação pelos Tribunais.

Cláusulas que são desfavoráveis ao mutuário, podem ser revistas se impostas de forma unilateral, criando uma situação de desigualdade no contrato, sob pena de caracterizar uma verdadeira injustiça, em cima de um conceito que precisa ser visto com uma visão moderna do direito contratual, e que tem levado a jurisprudência a firmar posição no enfrentamento do alegado princípio “Pacta Sunt Servanda”. A doutrina também tem abordado tal tema com uma visão mais consentânea com o mundo jurídico atual.

(...)

Então, num contrato bancário, onde as cláusulas estão postas, estabelecidas de forma unilateral, a autonomia de vontade da parte financiada, simplesmente aderente ao contrato, sem dúvida se coloca numa situação de desvantagem, dentro das condições gerais, de um contrato que se pode chamar de padrão, como se vê nestes autos. O próprio Código Civil em seu artigo 115, considera ilícitas, sem valor, quando uma parte é submetida ao arbítrio da outra, por isso que o alegado princípio da liberdade de contratar e da denominada força obrigatória dos contratos, não podem ser visto como absolutos, como pretende o apelante. É preciso levar em conta a situações em que há onerosidade excessiva para uma

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parte, há evidente desequilíbrio entre os contratantes, ou se está diante de transformações no campo sócio-econômico, e é neste campo que atua o Código de Defesa do Consumido, visando reequilibrar as partes contratantes dentro da relação de consumo estabelecida”.

O Augusto Sodalício Goiano, em caso análogo recentemente pôs uma pá de cal no conflito de interesses oriundos de pactos da mesma natureza do contrato objeto da presente tela judiciária, intervindo no ajuste, a fim de revisar e até mesmo rescindir a avença, exonerando definitivamente o produtor de seu cumprimento, vejamos:

Órgão Julgador: TJGO 3ª Câmara CívelDiário da Justiça: 14201 de 30/01/2004Livro: 1.483Recurso: Apelação Cível – 71331-0/188 Processo: 200301425773Apelante: José Alonso Gomes da SilvaApelada: Caramuru Alimentos Ltda

EMENTA - “APELAÇÃO CÍVEL. ORDINÁRIA DE RESOLUÇÃO C/C REVISÃO DE CONTRATO DE COMPRA E VENDA DA PRODUÇÃO DE SOJA. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. RELATIVAZAÇÃO DO PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO DO CONTRATO. INTERPRETAÇÃO DE CLÁUSULAS. CONSTATAÇÃO DE ABUSIVIDADE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. I – O JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE É UMA FACULDADE ATRIBUÍDA AO JUIZ. ASSIM, SE AS QUESTÕES SUSCIADAS SÃO MERAMENTE DE DIREITO OU, SE TAMBÉM DE FATO, ENCONTRANDO-SE ESTE PROVADO DOCUMENTALMENTE NOS AUTOS, DESNECESSÁRIA SE FAZ A PRODUÇAO DE OUTRAS PROVAS, NÃO CONFIGURANDO TAL PROCEDIMENTO CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. II – O CONTRATO DE COMPRA E VENDA FUTURA DE GRÃOS CARACTERIZA-SE COMO CONTRATO DE ADESÃO, JÁ QUE AS PARTES CONTRATANTES FORNECEM E PRESTAM UM SERVIÇO NO MERCADO DE CONSUMO, MEDIANTE REMUNERAÇÃO, NÃO RESTANDO A MENOR DÚVIDA QUE NESTES TIPOS DE CONTRATOS APLICA-SE O CÓDIGO DE

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DEFESA DO CONSUMIDOR. III – ADMITE-SE A REVISÃO JUDICIAL DOS CONTRATOS, DENTRE OUTROS FUNDAMENTOS, EM FACE DO ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA (REDUÇÃO DO PATRIMÔNIO DE UM E CONSEQÜENTE AUMENTO ILEGAL DO OUTRO), DO ABUSO DE DIREITO (EXERCÍCIO SEM MODERAÇÃO OU IRREGULAR DO DIREITO, QUE ACARRETE PREJUÍZO A OUTREM), BEM COMO DA ONEROSIDADE EXCESSIVA E DO REEQUILÍBRIO DA RELAÇÃO CONTRATUAL (DESEQUILÍBRIO DA RELAÇÃO SOCIO-ECONÔMICA CONTRATUAL). IV – EM SE TRATANDO DE AÇÃO ONDE NÃO HÁ CONDENAÇÃO, A VERBA HGONORÁRIA DEVE SER FIXADA DE MANEIRA EQUITATIVA PELO JUIZ, NOS TERMOS DO ARTIGO 20, § 4º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, NÃO SERVINDO DE BASE O VALOR DADO À CAUSA. V – APELO CONHECIDO E PROVIDO”. Data do Acórdão: 30/12/2003Relator: Des. Nelma Branco Ferreira PeriloComarca: Itumbiara

Órgão Julgador: TJGO 1ª Câmara CívelDiário da Justiça: 14200 de 29/01/2004Livro: 1177Recurso: Apelação Cível – 71512-4/188 Processo: 200301375717Apelante: Kedma Seir de MouraApelada: Caramuru Alimentos Ltda

EMENTA - “APELAÇÃO CÍVEL. CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE SOJA. PREÇO PRÉ-ESTABELECIDO PARA ENTREGA FUTURA. SUBSTANCIAL ELEVAÇÃO DO PREÇO. DESEQUILÍBRIO ECONÔMICO DO CONTRATO. PREJUÍZO INSUPORTÁVEL POR PARTE DO VENDEDOR. PRINCÍPIO DA PACTA SUNT SERVANDA. INTERPRETAÇÃO EM CONSONÂNCIA COM O EQUILÍBRIO ECONÔMICO DO CONTRATO. REVISÃO DO AJUSTE. ADMISSIBILIDADE. I – A DOUTRINA E A JURISPRUDÊNCIA VEM ADMITINDO A REVISÃO DO CONTRATO SEMPRE QUE ACONTECIMENTO FUTURO MODIFIQUE O EQUILÍBRIO DO AJUSTE, DE MODO A INFLIGIR PREJUÍZO INSUPORTÁVEL A UMA DAS PARTES. II – O PRINCÍPIO DA PACTA SUNT SERVANDA DEVE SER INTERPRETADO EM CONSONÂNCIA COM A REALIDADE SÓCIO-ECONÔMICA, DE SORTE A EVITAR DESEQUILÍBRIO ECONÔMICO ENTRE OS CONTRATANTES. III – EM CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE SOJA PARA ENTREGA

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FUTURA, ACONTECENDO SUBSTANCIAL ELEVAÇÃO DO PREÇO DO PRODUTO, NÃO PODE PREVALECER CLÁUSULA CONTRATUAL PREVENDO O PAGAMENTO DO PREÇO DO PRODUTO TOTALMENTE DEFASADO, IMPONDO A PARTE MAIS FRACA NA RELAÇÃO CONTRATUAL INSUPORTÁVEL SACRIFÍCIO, PRINCIPALMENTE SE A COMPRADORA FICOU EM SITUAÇÃO MUITO CÔMODA, NÃO TENDO QUALQUER RISCO OU DESPESA PARA O CUMPRIMENTO DA AVENÇA, A NÃO SER O PAGAMENTO DO INJUSTO PREÇO, CABENDO AO PODER JUDICIÁRIO INTERVIR PARA MANTER O EQUILÍBRIO CONTRATUAL ENTRE AS PARTES. APELO CONHECIDO E PROVIDO ”.

Data do Acórdão: 09/12/2003Relator: Dr. Carlos Alberto França Comarca: Itumbiara

Órgão Julgador: TJGO 1ª Câmara CívelDiário da Justiça: 14188 de 13/01/2004Livro: 1153Recurso: Apelação Cível – 71080-0/188 Processo: 200301188763Apelante: Antonio Carlos Andrade SilvaApelada: Caramuru Alimentos Ltda

EMENTA - “APELAÇÃO CÍVEL. CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE SOJA. PREÇO PRÉ-ESTABELECIDO PARA ENTREGA FUTURA. SUBSTANCIAL ELEVAÇÃO DO PREÇO. DESEQUILÍBRIO ECONÔMICO DO CONTRATO. PREJUÍZO INSUPORTÁVEL POR PARTE DO VENDEDOR. PRINCÍPIO DA PACTA SUNT SERVANDA. INTERPRETAÇÃO EM CONSONÂNCIA COM O EQUILÍBRIO ECONÔMICO DO CONTRATO. RESCISÃO DO AJUSTE. ADMISSIBILIDADE. I – A DOUTRINA E A JURISPRUDÊNCIA VEM ADMITINDO A RESCISÃO DO CONTRATO SEMPRE QUE ACONTECIMENTO FUTURO MODIFIQUE O EQUILÍBRIO DO AJUSTE, DE MODO A INFLIGIR PREJUÍZO INSUPORTÁVEL A UMA DAS PARTES. II – O PRINCÍPIO DA PACTA SUNT SERVANDA DEVE SER INTERPRETADO EM CONSONÂNCIA COM A REALIDADE SÓCIO-ECONÔMICA, DE SORTE A EVITAR DESEQUILÍBRIO ECONÔMICO ENTRE OS CONTRATANTES. APELO CONHECIDO E PROVIDO ”.

Data do Acórdão: 18/11/2003

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Relator: Dr. Carlos Alberto França Comarca: Itumbiara

Assim, não há de prevalecer vigente os contratos nos termos pactuados, haverá sem sombra de dúvidas o enriquecimento sem causa do suplicado em detrimento do patrimônio dos suplicantes, cabendo ao judiciário, face as mudanças apresentadas, intervir no contrato, revisando a avença e até mesmo exonerando os suplicantes de seu cumprimento nos moldes ajustados, normatizando-se regras eqüitativas que restabeleçam o equilíbrio contratual, propiciando aos suplicados meios reais de adimplemento da obrigação.

Isto posto, requerem os suplicantes desde já, seja a operação de crédito representada pelas CPR’s que instruem o presente feito enquadrada como OPERAÇÃO DE CRÉDITO RURAL, aplicando-se por analogia as normas que regem o crédito rural oficial, notadamente, o Dec. Lei. 167/67, legislações posteriores, resoluções do Conselho Monetário Nacional e Banco Central do Brasil, bem como o Manual de Crédito Rural.

3.1 - JUROS e JUROS DE MORA

Uma vez reconhecida e enquadrada a operação representada pela cártula que instrui o caso sub judice como OPERAÇÃO DE CRÉDITO RURAL, impõe-se seja revisionando as taxas de juros remuneratórios e moratórios de acordo com os ditames legais aplicáveis ao crédito rural, vejamos:

O mútuo rural é um crédito que objetiva possibilitar o fortalecimento econômico do produtor rural (Lei 4.829/65, artigo 3º, III), razão pela qual a operação é sempre realizada com juros e taxas menores do que aquelas praticadas no mercado financeiro comum.

A atual Carta Política agasalhou referido enfoque em seu artigo 187, II, traçando uma simetria, uma correspondência, uma efetiva coerência entre os preços e os custos de produção, inibindo com isso a instauração de qualquer processo que deixe de estimular a produtividade agrícola. A capitalização dos juros pode se converter num instrumento negativo à atividade, se realizada ao arrepio da Lei.

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Com relação aos juros remuneratórios, restou claro que desde a data da emissão da cártula até a data do vencimento convencionado, foram cobrados juros à taxa de 2,0% ao mês. A partir do vencimento prevê o título, que serão devidos juros (encargos) remuneratórios à taxa efetiva de 2,0% ao mês, bem como juros moratórios à taxa de 6,0% ao ano (veja cláusula ENCARGOS FINANCEIROS, itens “a” e “b”).

“Artigo 5º, Dec. Lei 167/67 - As importâncias fornecidas pelo financiador vencerão juros às taxas que o Conselho Monetário Nacional fixar e serão exigidas em 30 de junho e 31 de dezembro ou no vencimento das prestações, se assim acordado entre as partes; no vencimento do título e na liquidação, ou por outra forma que vier a ser determinada por aquele Conselho, podendo o financiador, nas datas previstas, capitalizar tais encargos na conta vinculada da operação. (grifamos)

Parágrafo único – Em caso de mora, a taxa de juros constante da cédula será elevável em 1% (um por cento) ao ano.

É cediço que, atualmente os juros remuneratórios praticados no crédito rural é da ordem de 8,75% ao ano (fixos), e em caso de inadimplência, essa taxa poderá ser elevada em até 1% ao ano.

Lutero de Paiva Pereira, em sua obra já citada em linhas pretéritas, discorre sobre o assunto ora abordado da seguinte forma:

“Em face da legislação especial que fixou expressamente as datas de capitalização dos juros no crédito rural, onde a semestralidade é imposta e, considerando a presente regulamentação traçada ara a Política Agrícola pela Carta de 1988, inadmite-se que o contrato traga, validamente, cláusula que estabeleça o anatocismo mensal, bimestral ou de qualquer outro modo inferior à semestralidade.

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Ora, se a Lei estabeleceu como datas de capitalização os dias 30/06 e 31/12, o que corresponde à capitalização semestral, é fato que o produtor rural está obrigado a responder somente a isto, mesmo porque o princípio adotado pelo inciso III, do artigo 5º da Lei Maior assegura que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de Lei. De outra parte, não há um único dispositivo do Conselho Monetária Nacional que tenha fixado datas de capitalização de juros diferentes daquelas prefixadas pelo diploma legal”.

Encontra-se pacificado na jurisprudência pátria que, os juros de mora devem obedecer os limites do artigo 5º, mormente o disposto no parágrafo único, do Decreto-lei 167/67, em razão dos fins sociais e econômicos a que se destinam os títulos.

A regra de capitalização dos encargos do contrato aponta exclusivamente para a semestralidade, não podendo acolher o anatocismo mensal que se tornou comum na prática bancária.

Vejamos o entendimento da Egrégia Corte Goiana, nos julgados a seguir colacionados:

“Ação declaratória. Cláusulas contratuais de juros e correção monetária em cédula rural. Capitalização de juros. I) Os juros cobrados nas operações financeiras relativas ao crédito rural obedecem as taxas fixadas pelo Conselho Monetária Nacional, podendo ser capitalizáveis semestralmente ou no vencimento das prestações respectivas (DL nº. 167/67, artigo 5º). O dispositivo constitucional – artigo 192, § 3º - que prevê taxas de juros ao limite de 12% ao ano, depende ainda de lei que o regulamente, prevalecendo, enquanto isso, os juros convencionados contratualmente à taxa de mercado. II) A correção monetária, como é pacífico na jurisprudência, tem aplicação no contrato de mutuo rural”. (Apelação Cível nº. 26.191-9/188, de Itajá, 3ª Câm. Civ. Rel. Desor. Charife Oscar Abrão – Partes: 1º Apelante:

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Banco do Brasil S/A; 2º Apelante: Nilson de Oliveira Brait; 1º Apelado: Banco do Brasil S/A; 2º Apelado: Nilson Oliveira Brait – Fonte: DJ nº. 11.481, p. 09).

Taxa de juros fixadas acima do patamar de 12% ao ano. ...III - A fixação de juros reais em 12% ao ano prevista na Constituição Federal (artigo 192, § 3º), é inaplicável, por depender, ainda, de lei complementar... V – Ilegal e inadmissível cláusula que estipula sobretaxa de juros no caso de inadimplência, repelida pelo parágrafo único, do artigo 5º, do Decreto-lei 167/67. VI – Recurso conhecido e provido, reformada em parte ínfima a sentença. Decisão unâneme”. Apelação Cível nº. 39.877-9/188, de Santa Helena de Goiás, 2ª Câm. Cív. Rel. Desor. Gonçalo Teixeira da Silva – Partes: Apelantes: Otair Vieira de Souza e outros; Apelado: Banco do Brasil S/A; - Fonte DJ de 17/09/96, p. 17).

EMENTA: “APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS DO DEVEDOR. CÉDULA RURAL. PERÍCIA. JUROS E COPRREÇÃO MNETÁRIA. 1 – Não merece acolhida argüição de cerceamento de fesa se as provas produzidas são suficientes para a comprovação dos fatos alegados. 2 – É legítima a incidência de juros e correção monetária sobre cédulas rurais, limitando-se os juros de mora ao patamar prescrito pela parágrafo único do artigo 5º, do Decreto-lei 167/67. 3 – Recurso parcialmente provido”. (apelação Cível nº. 38305-4/188, de Morrinhos, 3ª Câm. Cív. Rel. Des. Mauro Campos – Partes: Apelante: Luiz Carlos Pires. Apelado: Banco do Brasil S/A – Fonte: DJ de 09/05/96, p. 12).

“CÉDULA DE CRÉDITO RURAL. FALTA DE TESTEMUNHAS NA CÁRTULA. CORREÇÃO MONETÁRIA. ...ELEVAÇÃO DE ALÍQUOTA PREVISTA PARA HIPÓTESE DE INADIMPLEMENTO DO MUTUÁRIO. ILEGALIDADE. 1 – A legislação especial que rege a cédula rural não exige a subscrição de título por testemunhas (Dec. Lei 167/67, artigo 41). 2 – A

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correção monetária representa uma justa atualização da moeda, sendo legal a sua exigência nos contratos rurais. (Súmula nº. 16 do STJ). ... 4 – É ilegal a elevação da taxa de juros pactuados em caso de inadimplemento do mutuário, superior à previsão do artigo 5º do Dec. Lei nº. 167/67, pois visa incidir sobre os juros remuneratórios, autênticos juros moratórios, em níveis superiores aos permitidos. Apelo provido parcialmente”. (Apelação Cível nº. 28501-4/188, de Goiatuba, 2ª Câm. Cív. – rel. Desdor. Noé Gonçalves Ferreira – Partes: Apelante:José Humberto Vieira França; Apelado: Banco do Brasil S/A; - Fonte: DJ de 08/04/96, p. 06).

Nestas circunstâncias, requerem os autores, seja revisionada a cláusula ora impugnada, aplicando-se como juros remuneratórios a taxa fixa de 8,75%, elevável em caso de inadimplemento em 1% ao ano, é o que desde já requerem.

3.2 – MULTA CONTRATUAL

O artigo 3º, § 2º, da Lei 8.078/90 (CDC), inclui a atividade bancária como sendo uma prestação de serviço fornecida no mercado de consumo, restando evidenciada a relação entre fornecedor e consumidor.

Nesse Sentido preleciona Arnaldo Rizardo, in Contratos de Crédito Bancário, 1.997, pág. 24, verbis:

“Não há dúvidas, quando a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, introduzido pela Lei 8.078 de 11.09.90, aos contratos bancários. Como é bastante comum, as entidades financeiras, cuja mercadoria é a moeda, usam nas suas atividades negociais uma série de contratos em geral de adesão, a eles aderindo aqueles que necessitam de crédito, para as suas atividades. Proliferam as cláusulas abusivas e leoninas, previamente estabelecidas, imodificáveis e indiscutíveis quando da assinatura do contrato”.

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Infere-se da cláusula – ENCARGOS FINANCEIROS – item “c”, da CPR em questão, que foi pactuado no caso de inadimplemento a multa moratória irredutível de 10% (dez por cento) sobre o débito em aberto.

Os suplicantes, desde já requerem, que a multa moratória se restrinja ao percentual de 2% (dois pro cento), a teor do que dispõe o artigo 51, § 3º, do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90).

4 – DO DEPÓSITO

O primeiro suplicante subscreveu o título de crédito açoitado, regido pelas disposições contidas na Lei nº. 8.929/84, que em seu artigo 7º, § 1º, estatui que o emitente assume a condição de fiel depositário dos bens gravados cedularmente. Assim, apenas a título de argumentação, entende-se que a emitente assumiu a condição de depositária fiel do produto individualizado no corpo da cédula.

MM. Juiz, mesmo assim, conforme amplamente comentado no corpo desta peça matriz, o único negócio jurídico celebrado entre as partes foi uma OPERAÇÃO DE MÚTUO BANCÁRIO.

No entanto, como os bens cedularmente gravados são bens inexistentes ao tempo da constituição do gravame, eis que somente serão obtidos durante ou mesmo ao término do contrato, razão pela qual a Lei os denomina colheitas em via de formação, obviamente não se tem com precisão a quantidade e a qualidade da res quando da firmação do título que gerou o gravame. É prudente ressaltar desde logo que tais condições, ou seja, quantidade e qualidade do bem, são requisitos indispensáveis à perfeita caracterização do depósito, conquanto não ser juridicamente possível guardar coisa indefinida sob a responsabilidade de fiel depositário.

Assim, por se tratar de bem incerto e impreciso quando da constituição do ônus pignoratício, o penhor rural tem o seu dimensionamento quantitativo ditado pura e simplesmente pela presunção do financiador. Deve ser ressaltado que o penhor rural é unilateralmente fixado pelo suplicado, pois a CPR é um autêntico contrato por adesão, onde o emitente nada discute quanto às condições

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nela previamente definidas. Inegavelmente, quando o credor pignoratício parte da mera suposição para insertar no título a "quantidade" dos bens constitutivos da garantia, isto por si só está a agredir um dos princípios basilares do depósito que é exatamente a caracterização da coisa a ser guardada.

Se, por um lado, a quantidade dos bens apenhados era fato estranho ao conhecimento tanto do suplicado, quanto da suplicante ao tempo de firmação da cédula, eis que ainda se sabe se existiriam naqueles números, da mesma forma o é a sua qualidade. Não se pode olvidar que a qualidade do bem apenhado nos financiamentos rurais, onde o produto agrícola é a garantia do contrato, se sujeita a "n" fatores adversos capazes de torná-lo, no que tange ao seu aspecto comercial, aceitável ou não. É de domínio público que os fatores climáticos que acompanham intermitantemente a formação da lavoura, tais como chuvas, geada, etc., têm ingerência direta e decisiva no que diz respeito a qualidade do bem.

Se pudesse aventurar a dizer que o penhor rural gera a figura jurídica do depósito, então não se poderia admitir que a CPR deixasse de informar, com precisão, a qualidade do bem gravado. Com efeito, se o título padece desta omissão, e esta é a regra, retira, por conseqüência, do credor o direito de buscar a restituição da coisa, eis desconhecidos os seus característicos básicos.

Pontos especialíssimos do penhor rural o coloca em pólo diametralmente oposto ao penhor civil, a ponto de se poder afirmar que as forças invencíveis de suas diferenças os tornam duas paralelas jurídicas intocáveis ad infinitum.

Tendo o penhor rural tal marca que o distingue do penhor civil, não poderá ocorrer no primeiro a figura do fiel depositário, inerente ao segundo, vez que naquele, diferentemente no que acontece neste, se tem:

•Inexistência da coisa ao tempo da constituição da garantia;•Inexistência quantitativa e qualitativa do bem gravado;• Guarda de coisa própria e não de coisa alheia se, o caso, de haver

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colheita;• Ausência de tradição e, conseqüentemente, de obrigação de restituir.

Se a ausência sentida no penhor rural é exatamente dos três elementos indispensáveis à constituição do contrato de depósito, e na verdade o é, segue-se a inevitável conclusão de que, no âmbito desta garantia, consideradas as particulares inerentes ao instituto, não é possível sustentar a presença da figura do fiel depositário.

Não houve entre as partes a compra e venda das 113353@ de algodão em pluma descritas e caracterizadas no corpo das cédulas, nem muito menos existiam as 192493@ de algodão em pluma dado em penhor cedular de primeiro grau em favor do agente financeiro suplicado, ao contrário, as CPR’s foram outorgadas única e exclusivamente em SUBSTITUIÇÃO A CONTRATOS DE MÚTUO BANCÁRIO que deveria haver sido celebrados entre as partes.

Se não existiu efetivamente a compra e venda da pluma de algodão representada pela CPR, também não existiu o depósito. Assim, requer desde já, seja decretada sua nulidade, uma vez não estar caracterizado in casu a figura jurídica do depósito.

Ad argumentandum, mesmo se as CPR’s correspondessem na realidade a uma compra e venda de pluma de algodão com entrega futura, a suplicante não poderia ser constituída depositária do produto apenhado, uma vez que, além do produto ser inexistente no momento da contratação, não recebeu nada em depósito, e tão somente teria vendido a pluma de algodão.

Nesse sentido vejamos a orientação do Augusto Sodalício Goiano, verbis:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. MEDIDA CAUTELAR DE ARRESTO. SAFRA FUTURA. BENS INEXISTENTES À ÉPOCA DA CONTRATAÇÃO. PRISÃO DE DEPOSITÁRIO INFIEL. IMPROCEDÊNCIA. 1 – O depósito somente pode ter por objeto coisa existente à época da contratação. 2 – A prisão por depositário infiel somente é cabível em caso de depósito regular. Safra futura, além de

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inexistir na data da contratação, é bem fungível, constituindo depósito impróprio, insuscetível de prisão. Agravo de instrumento conhecido e provido. (TJGO 3ª Câm. Cív. Agravo de instrumento nº. 37360-9/180 – 200400399207, da Comarca de Acreúna-GO., rel. Des. Rogério Arédio Ferreira).

5 – DA APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Para um fiel entendimento e alcance de toda a extensão do significado histórico de todo o teor do Código de Defesa do Consumidor, base para a solução de toda a problemática que se aponta, necessariamente há de se buscar a base geral que o inspirou.

Foi levado em consideração, basicamente, a necessidade de equiparar, o máximo possível, os desequilíbrios econômicos, educacionais e culturais existentes, buscando possibilitar a todos, da forma mais equânime que se pudesse, o acompanhamento do desenvolvimento social.

Todo o enfoque, em regra geral, inspira-se na proteção econômica e irrestrita do consumidor:

Dispõe o artigo 2º, do código de Defesa do Consumidor, verbis:

Artigo 2º - consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto o serviço como destinatária final”.

Seu parágrafo único equipara a consumidor: “a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo” (grifamos).

Guido Alpa, in Diritto Privato dei Consumi, 1986, Bologna, p. 13, define consumidor como sendo:

“Todo aquele que ao final da cadeia de produção adquire ou utiliza, para fins privados, bens ou serviços

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colocados no mercado por alguém que atua em função de sua atividade comercial ou profissional”.

Nas palavras de Waldirio Bulgarelli, em sua obra intitulada por A Tutela dos Interesses Difusos, 1ª Ed., Editora Max Limonad, 1984, p. 113:

“Consumidor é aquele que se encontra numa situação de usar ou consumir, estabelecendo-se por isso uma relação atual e potencial, fática sem dúvida, porém a que se deve dar uma valoração jurídica, a fim de protege-lo, quer evitando, quer reparando os danos sofridos”.

Também se enquadra no conceito de consumidor, na forma expressa do citado artigo, toda empresa jurídica que se encontra nos mesmos moldes de consumo, ou seja, a compradora de um produto ou usuária de um serviço, como destinatária final.

O conceito de consumidor, por vezes, se amplia no CDC, para proteger o “equiparado”. É o caso do artigo 29, verbis:

Art. 29 – Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.

Em nosso entender, a teor do que dispõe os dispositivos legais do diploma consumista, a todos, sem exceção, se aplica as suas normas, pois claro e objetivo, dispensando-se, a princípio, interpretações contrárias.

Traçado o perfil do consumidor, vejamos como define o diploma consumista a figura do fornecedor.

Estabelece o artigo 3º, da Lei 8.078/90:

Art. 3º - fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem

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atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos e prestação de serviços.

§ 1º - Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.

§ 2º - Omissis...

Dessa forma, resta satisfatoriamente demonstrada a incidência e aplicabilidade das normas contidas no Código de Defesa do consumidor (CDC), na presente relação processual.

Em caso análogo decidiu a Augusta Corte Goiana, verbis:

Órgão Julgador: TJGO 3ª Câmara CívelDiário da Justiça: 14201 de 30/01/2004Livro: 1.483Recurso: Apelação Cível – 71331-0/188 Processo: 200301425773Apelante: José Alonso Gomes da SilvaApelada: Caramuru Alimentos Ltda

EMENTA - “APELAÇÃO CÍVEL. ORDINÁRIA DE RESOLUÇÃO C/C REVISÃO DE CONTRATO DE COMPRA E VENDA DA PRODUÇÃO DE SOJA. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. RELATIVAZAÇÃO DO PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO DO CONTRATO. INTERPRETAÇÃO DE CLÁUSULAS. CONSTATAÇÃO DE ABUSIVIDADE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. I – O JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE É UMA FACULDADE ATRIBUÍDA AO JUIZ. ASSIM, SE AS QUESTÕES SUSCIADAS SÃO MERAMENTE DE DIREITO OU, SE TAMBÉM DE FATO, ENCONTRANDO-SE ESTE PROVADO DOCUMENTALMENTE NOS AUTOS, DESNECESSÁRIA SE FAZ A PRODUÇAO DE OUTRAS PROVAS, NÃO CONFIGURANDO TAL PROCEDIMENTO CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. II – O

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CONTRATO DE COMPRA E VENDA FUTURA DE GRÃOS CARACTERIZA-SE COMO CONTRATO DE ADESÃO, JÁ QUE AS PARTES CONTRATANTES FORNECEM E PRESTAM UM SERVIÇO NO MERCADO DE CONSUMO, MEDIANTE REMUNERAÇÃO, NÃO RESTANDO A MENOR DÚVIDA QUE NESTES TIPOS DE CONTRATOS APLICA-SE O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. III – ADMITE-SE A REVISÃO JUDICIAL DOS CONTRATOS, DENTRE OUTROS FUNDAMENTOS, EM FACE DO ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA (REDUÇÃO DO PATRIMÔNIO DE UM E CONSEQÜENTE AUMENTO ILEGAL DO OUTRO), DO ABUSO DE DIREITO (EXERCÍCIO SEM MODERAÇÃO OU IRREGULAR DO DIREITO, QUE ACARRETE PREJUÍZO A OUTREM), BEM COMO DA ONEROSIDADE EXCESSIVA E DO REEQUILÍBRIO DA RELAÇÃO CONTRATUAL (DESEQUILÍBRIO DA RELAÇÃO SOCIO-ECONÔMICA CONTRATUAL). IV – EM SE TRATANDO DE AÇÃO ONDE NÃO HÁ CONDENAÇÃO, A VERBA HONORÁRIA DEVE SER FIXADA DE MANEIRA EQUITATIVA PELO JUIZ, NOS TERMOS DO ARTIGO 20, § 4º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, NÃO SERVINDO DE BASE O VALOR DADO À CAUSA. V – APELO CONHECIDO E PROVIDO”.

Data do Acórdão: 30/12/2003Relator: Des. Nelma Branco Ferreira PeriloComarca: Itumbiara

Inegavelmente, a ATIVIDADE BANCÁRIA se inclui

na definição de fornecedor, pois, o agente financeiro fornece e presta um serviço no mercado de consumo mediante remuneração, portanto, não há que se olvidar que o caso em tela encontra solução no diploma consumista, razão pela qual os autores desde já requerem que as cláusulas contratuais sejam interpretadas à guisa do CDC.

6 – DA ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA

Dentre as alterações recentes do Código de Processo Civil, uma das mais importantes, senão a mais, levando-se em

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consideração a morosidade da justiça, sem sombra de dúvidas, foi a questão da antecipação da tutela, tratada no artigo 273.

No mesmo passo, com a nova figura trazida pelo artigo 273, procurou-se dar imediatamente, atendidos os pressupostos para a sua concessão e ainda que de forma provisória, a tutela jurisdicional que o Estado está obrigado.

Dispõe o artigo 273, do Código de Ritos, verbis:

Art. 273 - O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:

I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ouInciso I com redação determinada pela Lei nº 8.952/94.

II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu.

§ 1º - Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso, as razões do seu convencimento.

§ 2º - Omissis...

Concedida a antecipação da tutela, é dado ao autor, provisoriamente, o exercício do próprio direito afirmado.

Sua natureza jurídica, segundo Sérgio Bernudes, in A Reforma do Código de Processo Civil, 2ª Edição, Editora Saraiva, 1996, pág. 28, é a seguinte:

“Cuida-se de proteção jurisdicional cognitiva, consistente na outorga adiantada da proteção que se busca no processo de conhecimento, a qual,

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verificados os pressupostos de lei, é anteposta ao momento procedimental próprio. Configurados os respectivos requisitos, que se descobrem no caput do artigo, nos seus dois incisos e no seu § 2º, o juiz por razões de economia, celeridade, efetividade, concede desde logo, e provisoriamente, a proteção jurídica, que só a sentença transitada em julgado assegura em termos definitivos”.

Ernane Fidelis dos Santos, a respeito do tema, tem o seguinte entendimento:

“O fundamento, de ordem publicista, da cautela é a não-permissão de que o processo, em sua realidade prática, perca a eficácia. Na antecipação de efeitos satisfativos, cuida-se, antes, de proteção realmente efetiva a um direito subjetivo, de forma tal que, se a evidência, mais danosa possa ser a protelação do exercício do direito do que a remota possibilidade de sua existência. Esta é a razão pela qual, tendo a antecipação com um fim imediato, não a eficácia propriamente dita do processo, mas o próprio direito a se proteger, não pode o juiz agir de ofício nem empregar qualquer juízo de fungibilidade de sua decisão antecipatória”.

Temos que para o deferimento da antecipação de tutela, feito o pedido, concorrem requisitos essenciais: a) prova inequívoca; b) verossimilhança da alegação; c) fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou d) caracterização de abuso de direito de defesa ou manifesto propósito protelatório.

Na verdade, entre prova inequívoca e verossimilhança da alegação existe uma certa contradição nesses dois termos, haja visto, a prova inequívoca ser aquela certa, evidente, manifesta, enquanto que a verossimilhança é aquilo que parece com a verdade, tem a aparência de verdadeiro.

Cândido Rangel Dinamarco, sintetiza esse confronto da seguinte maneira:

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“Aproximadas as duas locuções formalmente contraditórias contidas no artigo 273 do CPC (prova inequívoca e convencer-se da verossimilhança), chega-se ao conceito de probabilidade, portador de maior segurança do que a mera verossimilhança. Probabilidade é a situação decorrente da preponderância dos motivos convergentes à aceitação de determinada preposição, sobre os motivos divergentes. As afirmativas pesando mais sobre o espírito da pessoa, o fato é provável; pesando mais as negativas, ele é improvável (Malatesta). A probabilidade, assim conceituada, é menos que a certeza, porque lá os motivos divergentes não ficam afastados mas somente suplantados; e é mais que a credibilidade, ou verossimilhança. Pela qual na mente do observador os motivos convergentes e os divergentes comparecem em situação de equivalência e, se o espírito não se anima a afirmar, também não ousa negar.

O grau dessa probabilidade será apreciado pelo juiz, prudentemente e atendo à gravidade da medida a conceder. A exigência de prova inequívoca significa que a mera aparência não basta e que a verossimilhança exigida é mais do que o fumus boni jures exigido para a tutela cautelar”.

O fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, exige a presença do periculum in mora, ou seja, a demonstração dos danos imediatos que a espera de uma decisão definitiva poderá trazer aos suplicantes.

Ante o fato, a verossimilhança de todas as alegações dos suplicantes, está estampado na quebra dos princípios da comutatividade e da equidade no contrato representado pela cédula objeto da ação, diante da flagrante desproporcionalidade dos meios impostos aos autores para honrá-las, evidenciado pelo cenário atual do preço unitário da arroba do algodão, que poderá deflagrar a mora dos suplicantes, com conseqüências imprevisíveis, mormente na perda

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injustificada do patrimônio, do crédito e da capacidade de manterem-se dentro das suas atividades, consagra o iminente risco.

O fumus boni jures por sua vez, fica evidenciado na direta razão em que, nos embriões dos preceitos constitucionais apontados na legislação infraconstitucional, na doutrina e nos pronunciamentos dos Tribunais, a relação jurídica que envolve os autores e o agente financeiro requerido, representada pela cédula objeto desta ação, materializa claro sinais de que o direito postulado está abrigado nos fundamentos da tutela jurisdicional dos procedimentos antecipatórios.

Assim, se encontrando os suplicantes impossibilitados de cumprir a obrigação em detrimento de destemperes climáticos e o baixo preço da comercialização da pluma de algodão, no momento do cumprimento da avença, motivos alheios à suas vontades, mesmo assim, estarão sujeitos às suas conseqüências, tais como: protesto, medidas cautelares, execução, inclusão do nome dos suplicantes lista negra dos órgãos de proteção ao crédito (SPS, SERASA, etc), o que via de conseqüência acarretará o abalo e a perda de crédito, se houver pronunciamento judicial somente ao final da ação.

Isto posto, presentes os pressupostos autorizadores da concessão da antecipação da tutela, entendemos que ela há de ser deferida.

Em verdade, não se trata de faculdade ou poder discricionário do juiz, mas sim de inderrogável direito subjetivo processual de quem requer, pois, como ensina Humberto Theodoro Júnior, in RT 742/44, verbis:

“...A parte tem o poder de exigir da justiça, como parcela da tutela jurisdicional a que o Estado se obrigou.

Justifica-se a antecipação da tutela pelo princípio da necessidade, a partir da constatação de que sem ela a espera pela sentença de mérito importaria denegação de justiça. Já que a efetividade da prestação jurisdicional restaria gravemente comprometida. Reconhece-se, assim, a existência de casos em que a

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tutela somente servirá ao demandante se deferida de imediato”.

Vejamos a orientação do Augusto Sodalício Goiano, verbis:

“Agravo de Instrumento. Tutela antecipada. Existência de verossimilhança entre a alegação e a prova apresentada. Possibilidade. Demonstrada a verossimilhança entre a alegação e a prova apresentada, pode o juiz conceder a tutela antecipada (artigo 273 do CPC) ante a consideração de que, se não for deferida a medida desde logo, poderá se revelar tardia a proteção jurisdicional”. (TJGO – 3ª Câm. Civ. AI 10.606, j. 08/10/96, rel. Des. Gercino Carlos Alves da Costa).

“Agravo de Instrumento. Ação revisional de cláusulas contratuais e cálculos do financiamento para aquisição de bens duráveis. I – A natureza do direito não constitui parâmetro sério para o exame do pedido de tutela antecipada. Como não há restrição na lei, a medida é cabível mesmo que se trata de direito disponível ora indisponível. II – A tutela antecipatória é admissível em toda ação de conhecimento, seja ação declaratória ou constitutiva, desde que verificada a existência dos pressupostos necessários, porque o artigo 273, do CPC, prevê a antecipação da tutela de forma genérica. III – Não demonstrada a ilegalidade da decisão concessiva e não restando afastados os requisitos indispensáveis ao seu deferimento, impõe-se a sua manutenção. Agravo conhecido e improvido, a unanimidade. (TJGO – 1ª Câm. Civ. AI 19.278-0/180, j. 21.03.2000, rel. Des. Gercino Carlos Alves da Costa, DJ 13.282, p.10, 19.04.2000).

O Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, a exemplo de diversas Cortes Julgadoras do País, manteve decisão do Juízo da Comarca de Palmeiras de Goiás, que concedeu liminar em ação cautelar inominada ao produtor rural Marcelo Ferreira Pagotto contra a empresa Caramuru alimentos Ltda, e determinou a

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liberação imediata de 3.000 sacas de soja para negociação com terceiros, pelo preço de mercado. O agravo de instrumento nº. 32.854-4/180, interposto pela Caramuru Alimentos Ltda, foi improvido pela 3ª Câmara Cível, de acordo com o voto do relator, Desembargador João Waldeck de Sousa.

O sapiente relator considerou que, para concessão de liminar, o julgador deve redobrar as cautelas, sopesando a gravidade e a extensão do prejuízo alegado pelo interessado, bem como a real existência dos pressupostos qualificados. Ele analisou que, no caso em questão, a concessão da liminar é medida de urgência para se evitar danos irreparáveis ou de difícil reparação e a restauração da situação econômica do agravado.

A ementa do acórdão recebeu a seguinte redação:

EMENTA: Agravo de instrumento. Ação cautelar. Venda de soja ou reajuste de preço. Liminar deferida pelo juízo singular. Decisão mantida. 1. O agravo de instrumento é um recurso secundum eventum litis, motivo pelo qual o seu exame deve se limitar às questões que foram objeto da decisão vargastada, não sendo lícito, destarte, ao Juízo ad quem, antecipar-se incontinenti ao exame da questão de fundo, sob pena de, na hipótese, suprimir um grau de jurisdição. 2. Exceto em casos de flagrante ilegalidade ou descumprimento cabal dos ditames da lei, é permitido aos órgãos de reexame substituir a decisão singela concessiva ou não de liminar. Agravo de instrumento conhecido e improvido. (TJGO – 3ª Câmara Cível. Agravo de Instrumento 32854-4/180, rel. Des. João Waldeck Félix, data do acórdão 18/09/2003).

No mesmo sentido tem decido a 1ª Câmara Cível daquele Augusto Sodalício, verbis:

Órgão Julgador: TJGO 1ª Câmara CívelDiário da Justiça: 14065 DE 15/07/2003

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Livro: 1081Recurso: Agravo de Instrumento - 32144-6/180 Processo: 200300602850

EMENTA: "AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONTRATO DE VENDA DE SOJA. SUGESTIVA ELEVAÇÃO DO PRECO DO PRODUTO ANTES DE SUA ENTREGA. ALEGAÇÃO DE EXCESSIVA ONEROSIDADE PARA O PRODUTOR E DE LUCRO EXAGERADO DO COMPRADOR. AÇÃO DE RESCISÃO DO CONTRATO. ANTECIPAÇÃO DA TUTELA. I - PRESENTES OS REQUISITOS DO FUMUS BONI JURIS E DO PERICULUM IN MORA, E DE SE CONFIRMAR A DECISÃO CONCESSIVA DE ANTECIPAÇÃO DA TUTELA, A FIM DE QUE O PRODUTOR POSSA VENDER A SUA SOJA A QUEM MELHOR LHE CONVENHA, A FIM DE EVITAR-LHE PREJUÍZO INSUPORTÁVEL. II - O PRECO APURADO, TODAVIA, NA VENDA DO PRODUTO, DEVE SER MANTIDO EM DEPOSITO JUDICIAL ATE FINAL DECISÃO DA AÇÃO, A FIM DE SE RESGUARDAR OS DIREITOS DA OUTRA PARTE. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO."

Data do Acórdão: 17/06/2003Relator: DES. Jalles Ferreira da CostaComarca: Itumbiara

Órgão Julgador: TJGO 1ª Câmara CívelDiário da Justiça: 14068 DE 18/07/2003Livro: 1087Recurso: Agravo de Instrumento - 32002-0/180 Processo: 200300545791

EMENTA: "AGRAVO DE INSTRUMENTO. TUTELA ANTECIPATORIA EM AÇÃO DE RESCISÃO DE CONTRATO DE COMPRA E VENDA. SOJA. ALEGAÇÃO DE DESIQUILIBRIO CONTRATUAL. REQUISITOS DO ART. 273 DO CPC. PRESENTES. E DE SE CONCEDER A TUTELA ANTECIPADA, EM CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE SOJA, QUANDO DETECTADO O DESIQUILIBRIO CONTRATUAL, ANTE A ELEVAÇÃO DO PRECO DO PRODUTO E DOS INSUMOS PARA SUA PRODUÇÃO, E A MATÉRIA POSTA EM DISCUSSÃO REVELA OS REQUISITOS ESTABELECIDOS NO ART. 273 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO E PROVIDO."

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Data do Acórdão: 24/06/2003Relator: Des. Vitor LenzaComarca: Goiatuba

Por isso, e para forrar-se da possibilidade de vir sofrer lesão grave ou de difícil reparação, como ocorreria em caso de constrição judicial da pluma de algodão, protesto e execução forçada, com inevitável abalo e perda de crédito, propôs-se a presente ação.

Feitas essas considerações básicas, tem-se que, de fato a antecipação da tutela na questão aqui tratada se impõe, e os danos que a demora na prestação da tutela são evidentes e incontestes.

7 - DA GARANTIA PARA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA PRETENDIDA

Os suplicantes, desde já oferecem em caução judicial, o imóvel rural denominado Algodoeira Nova Aliança, situada na GO 174, Km 46, no município de Montiviu-Goiás, de propriedade dos autores, ao qual atribuem o valor de R$. 5.000.000,00 (cinco milhões de reais).

8 – REQUERIMENTOS FINAIS

Face ao exposto, como corolário dos fatos que motivaram o presente feito judicial, explicitados ao longo desta peça preambular, requerem:

a) A citação do suplicado, no endereço consignado no preâmbulo, na modalidade prevista no artigo 221, I, do CPC, cujo ofício citatório deverá necessariamente ser postado na modalidade ARMP, para contestar querendo, a presente ação, no prazo legal, sob pena de confissão e revelia (CPC artigo 285, in fine e 319), e ainda, também querendo, manifestar, formalmente a sua pretensão de modificar eqüitativamente as condições das cédulas em questão (CC artigo 479).

b) A antecipação dos efeitos da tutela pretendida, nos termos do artigo 273, do CPC, para o fim de que seja decretada a suspensão da exigibilidade e da liquidez da Cédula de Produto Rural Financeira (CPRF), LIBERANDO OS SUPLICANTES PROVISORIAMENTE DO

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CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO, INCLUSIVE AUTORIZANDO-OS A PROMOVEREM A ALIENAÇÃO DE ALGUMA EVENTUAL PLUMA COLHIDA NA LAVOURA DE SUA PROPRIEDADE A QUE SE REFERE AS CPRF’s, bem como SUSTADA DE FORMA PROVISÓRIA A EXECUÇÃO DAS RESPECTIVAS CÉDULAS DE PRODUTO RURAL, mediante a prestação de caução real, conforme já ofertado em linhas volvidas, notificando o agente financeiro suplicado a abster-se da prática de quaisquer atos que visem a execução sumária dos pseudos títulos de crédito, tais como: protesto, arresto, execução forçada, inscrição dos nomes dos suplicantes em banco de danos da SERASA, SPC e outros organismos congêneres, até a decisão final, uma vez que a presente ação busca a revisão da avenca, e tudo está pendente de decisão judicial.

c) Ainda como antecipação dos efeitos da tutela meritória, protestam os suplicantes pela imediata e definitiva liberação das garantias adicionais de AVAL e PENHOR RURAL de 50% do produto quantificado nas cédulas em revisão, expedindo-se mandados de cancelamento de registro aos Cartórios competentes, permanecendo tão somente a garantia real de PENHOR RURAL do exato valor do débito.

d) Provar o alegado por todos os meios legais bem como os moralmente legítimos (CPC artigo 332), notadamente pelo depoimento pessoal do representante legal do suplicado, o que desde já requerem, oitiva de testemunhas cujo rol ofertar-se-á in oportune tempore, juntada de novos documentos, perícias e vistorias judiciais e outros mais que se fizerem necessários.

e) Ao final, que seja julgada PROCEDENTE a presente ação em todos os seus termos e fundamentos, decretando-se por sentença a REVISÃO DAS CLÁUSULAS CONTRATUAIS DE PREÇO PRÉ-FIXADO constantes do item – PREÇO UNITÁRIO, da Cédula de Produto Rural, reputando-lhe sem nenhum efeito, exonerando por conseqüência os autores do cumprimento da obrigação da forma convencionada, substituindo-se o preço pré-fixado pelo preço de mercado da arroba de algodão em pluma devidamente caracterizado nas referidas cédulas, cotação da data do respectivo vencimento da obrigação, enquadrando-se a operação de crédito representada pela CPR hostilizada como operação de crédito rural regulamentada pelo Dec. Lei 167/67 e legislações posteriores aplicáveis à espécie, face á ocorrência de fatos extraordinários e imprevisíveis que oneraram

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excessiva e substancialmente o cumprimento da obrigação acarretando o desequilíbrio contratual.

f) Para restabelecimento do equilíbrio contratual, uma vez que o crédito deferido foi integralmente utilizado no fomento das lavouras de algodão herbáceo empreendidas pelos suplicantes, propugnam, sejam os capitais disponibilizados e efetivamente creditados na conta corrente de titularidade dos emitentes das cártulas, ou seja, a) R$. xxxxxxxxxx, b) R$xxxxxxxxx, c) R$. 654.432,90, em 28 de janeiro de 2005, d) 668.475,20 em 05 de abril de 2005, f) R$ 656.553,74, em 05 de maio de 2005, remunerados com juros a taxa efetiva de 8,75 ao ano, desde a data de emissão das cédulas até seu efetivo adimplemento, expurgando-se por conseqüência o excesso de juros inclusos nos valores de resgate dos títulos.

g) A aplicação do inciso VIII, do artigo 6º, e do § 3º, do artigo 51, ambos do Código de Defesa do Consumidor (CDC), bem como a exoneração dos suplicantes do pagamento de qualquer acessório relativamente à obrigação representada pelas CPR’s em questão, até julgamento final da presente ação de cognição, tudo em conformidade com os precedentes do STJ.

h) A aplicação analógica das normas contidas Dec. Lei 167/67, Resoluções Normativas do Conselho Monetário Nacional, bem como no Manual de Crédito Rural (MCR), especialmente no que tange ao enquadramento da operação como dívida agrária oriunda do crédito rural, bem como sua automática prorrogação em decorrência de frustração de safra, conforme preceitua o MCR - 2.6-9.

i) A posterior juntada dos instrumentos procuratórios, nos termos do artigo 37, do CPC.

j) A condenação da suplicada nos consectários da sucumbência (CPC artigo 20).

Dá-se à causa o valor de R$. 4.566.476,16 (quatro milhões, quinhentos e sessenta e seis mil, quatrocentos e dezesseis reais e dezesseis centavos).

Nestes Termos

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Pedem Deferimento.

Acreúna-GO., 06 de outubro de 2005.

Marco Aurélio GomesOAB/GO 14.831

Flávio Ricardo Borges Mendonça

OAB/GO 19.660

C:\Escritório\Advocacia\Iniciais\ ALCEU PEREIRA LIMA NETO E OUTRA X BANCO DO BRASIL S.A. (ORDINARIA DE RESOLUCAO CONTRATUAL).doc

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