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AGazeta - - 22/04/08 1a. Terca [21/04/08 22:20:27] Por: chboninsenha Pág: 7 - Cor: Página: 7 CYAN MAGENTA YELLOW BLACK PÁGINA 7 - TERÇA-FEIRA - 22/ABRIL/2008 - 22:20 Fale com a editora: [email protected] A GAZETA Vitória (ES), terça-feira, 22 de abril de 2008 n n n n nnnnn DIA-A-DIA 07 Vitória. Vítima estava amarrada, dentro de uma casa Rapaz é torturado por traficantes e salvo pela PM Jovem teve parte de dente arrancada com alicate e seria morto na manhã de ontem, no Morro do Romão nn Uma operação para cum- primento de mandado de bus- ca no Morro do Romão, em Vi- tória, levou a polícia a salvar um homem da morte. Leandro Motta Milanezze, 22 anos, ha- via sido rendido na noite de do- mingo e levado para uma casa no morro, onde passou a ma- drugada inteira sendo tortura- do. Ele chegou a ter um pedaço de dente arrancado com um alicate e seria assassinado na manhã de ontem. Foi encontra- do amarrado em um dos cômo- dos da casa invadida pela PM. Nove policiais subiram o morro para cumprir um manda- do de busca em uma casa que funcionaria uma boca-de-fumo. Ao entrar na residência, encon- traram Leandro amarrado. Ele havia sido espancado, teve a ca- beça raspada e estava com o ros- to todo coberto com pasta de dente. Na casa estava Luana Montenegro, 23, e Maico Porcini Correia, 22. A dupla foi detida. A PM também encontrou um telefone celular que seria de Luana. Nele havia um vídeo que exibia parte das torturas sofridas por Leandro. O alicate também foi localizado. Livre, Leandro tinha dificul- dades para andar e estava com várias marcas nas costas. “O que temos até agora é uma possível disputa entre traficantes do morro. A tortura é usada para mostrar aos rivais o grau de mal- dade que o bando possui. Cer- tamente esse rapaz seria morto em questão de horas”, explicou o sargento José Moura. Álcool. Dentro do carro de Wagner José de Oliveira havia garrafa de vodca; polícia investiga se ele assumiu o risco do acidente Mortes na BR: polícia apura crime doloso Inquérito do acidente que matou dois irmãos na BR 101, em Viana, será concluído em 30 dias NESTOR MÜLLER HUMILHAÇÃO. Leandro, de 22 anos, teve cabelo raspado e o rosto coberto com pasta de dente . - ----------------------------------------------------------------------------- - ----------------------------------------------------------------------------- - -------------------------------------------------------------------------- Análise “O TRÁFICO TEM SEU CÓDIGO” - ---------------------------------- JOSÉ DARCY ARRUDA Delegado de polícia - ---------------------------------- nn O tráfico tem seu próprio código, suas próprias leis. Isso não é novo, nem característico do Espírito Santo. Acontece da mesma forma em outros Esta- dos e em outros países, com grupos da máfia, por exemplo. Os traficantes praticam uma atividade ilícita. Sabem, por- tanto, que não podem recorrer à Justiça, não têm nem como exigir nota fiscal para seus ne- gócios. Sendo assim, eles mes- mos prendem, sentenciam e executam aqueles que infrin- gem essa lei interna. No mundo do tráfico, há 100% de certeza de punição. Felizmente, a Polí- cia Militar consegue às vezes barrar essa barbárie e salvar uma vida, que é sua função maior, como o fez nesse caso. MAURÍLIO MENDONÇA [email protected] nn Nos próximos 30 dias o de- legado titular da Delegacia de Trânsito da Polícia Civil, Fa- biano Contarato, deve con- cluir as investigações sobre o acidente do último domingo, na BR 101, em Viana, que pro- vocou a morte de duas crian- ças. Uma das vítimas conti- nua internada. Segundo Contarato, caso se- ja comprovado que o motorista da caminhonete S-10, Wagner José Dondoni de Oliveira, 40 anos, assumiu o risco do aci- dente, ele poderá ser indiciado por duplo homicídio doloso e três tentativas de homicídio. ANÁLISE “Vou solicitar o laudo etílico e toxicológico ao Departamen- to Médico Legal (DML), as- sim como o o laudo cadavéri- co das vítimas fatais e o de le- são corporal das que sobrevi- veram, além do laudo da pe- rícia, que esteve no local. Ain- da vou ouvir o motorista clas- sificado como responsável pelo acidente, entre outras pessoas”, disse Contarato. O delegado acredita que se for possível comprovar que Wagner José Oliveira assu- miu o risco pelo acidente, mesmo sem ter a intenção de matar, ele poderá ser indicia- do por homicídio doloso. “Vou investigar se ele real- mente vinha dirigindo peri- gosamente, se tinha causado um acidente antes e, ainda, se foi abordado por paramédi- cos de uma ambulância e alertado sobre as condições em que dirigia”, afirmou. Tu- do isso foi relatado por teste- munhas, no dia do acidente. Para o delegado, depoi- mentos, junto com os laudos e demais provas, podem sus- tentar que Wagner José Oli- veira não tinha intenção de matar, mas assumiu o risco ao continuar dirigindo. “A em- briaguez seria um agravan- te”, explica Contarato. Ele explica que essa avalia- ção é baseada no Código Pe- nal, já que no Código de Trân- sito a embriaguez implica em homicídio culposo. “O Artigo 44 do Código Penal diz que as penas tornam-se alternativas quando o crime é culposo. Sendo alternativa, o motoris- ta poderá prestar serviço à comunidade ou pagar em ces- tas básicas”, explica. Wagner José foi inicial- mente autuado por homicí- dio culposo, e liberado após pagar fiança de R$ 2,1 mil, ain- da no domingo. Ele se negou a se submeter a bafômetro, mas foi encaminhado ao DML pa- ra retirada de sangue e exame clínico de avaliação etílica e toxicológica. “A autuação em flagrante é uma tipificação provisória. Isso significa que ela pode ser mudada ao decorrer das in- vestigações, até o inquérito ser concluído”, afirmou o de- legado Contarato. Empresário teria sido condenado por furto nn No site do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, o nome de Wagner José Don- doni de Oliveira consta co- mo condenado num pro- cesso por furto, registrado no início de 2006. As informações no site apontam que, em 11 de abril de 2006, o juiz da 2ª Vara Criminal de Vitória rece- beu a denúncia de que Wag- ner seria suspeito de furto. Em 9 de julho de 2007, o juiz julgou procedente a acu- sação contra Wagner, conde- nando-o a um ano, quatro me- ses e 16 dias de reclusão, além de pagamento de multa. O cumprimento de pena seria em regime aberto, mas o pro- cesso não foi concluído. O advogado de Wagner Jo- sé Dondoni, Aldano Lemos, afirma que desconhece o fato. “Nos conhecemos ontem (domingo), não sei falar pelos antecedentes dele.” Lemos conta que fez a um único con- tato com o cliente, ontem, pe- la manhã. “Ele estava choran- do, e garantiu que não bebeu. Disse que era para ele aguar- dar o resultado da análise”, re- latou. A GAZETA não conse- guiu localizar Dondoni até o fechamento desta edição. Multidão comparece a enterro O pai dos dois meninos, Ronaldo Andrade, machucado, teve que ir ao velório de cadeira de rodas FABRICIO MARVILA nn Além da dor de ter perdido dois filhos de uma forma bru- tal, o cabeleireiro Ronaldo Andrade, 36 anos, precisou de forças para suportar as dores no corpo provocadas pelo aci- dente na manhã do último do- mingo. O cabeleireiro estava com um braço e uma perna en- faixados, pontos na cabeça e vários machucados no rosto. O enterro dos seus filhos aconteceu no Cemitério de Cruzeiro do Sul, em Cariacica. A esposa de Ronaldo, Maria Sueli Costa Miranda, 29, ainda está internada e não sabe das mortes. Os irmãos Rafael Scalfoni Andrade, 13, e Ronaldo Costa Andrade, 3, morreram em um acidente de trânsito na BR 101 causado por outro motorista aparentemente embriagado. O comerciante Wagner José Dondoni de Oliveira, 40, diri- gia uma caminhonete S-10 e fazia ziguezague na pista quando bateu de frente contra o Fiat Uno onde viajava a famí- lia Scalfoni Andrade. REVOLTA Cerca de 400 pessoas esti- veram no velório dos irmãos, realizado na Igreja Católica Nossa Senhora Aparecida em Nova Brasília, Cariacica. Os dois caixões foram colocados um em frente ao outro. A es- posa do primeiro casamento de Ronaldo, Vera Lúcia Scal- foni, mãe de Rafael, passou a maior parte do tempo ao lado do caixão do filho, acarician- do o rosto do adolescente. Enquanto isso, um grupo de pessoas entoava cânticos reli- giosos, que eram quebrados apenas pelo grito abafado de dor de Ronaldo, que se loco- EMOÇÃO. O pai não conteve os gritos de dor pela morte dos filhos durante o velório NESTOR MÜLLER - ------------------------------------ Dor de pai “O que vou fazer da minha vida” - ------------------------------------ RONALDO ANDRADE 36 anos, pai dos dois irmãos - ------------------------------------ Que Deus conforte os meus dois filhos onde quer que eles estejam agora. Que tenham a paz que me- recem. E que a pessoa que fez isso não fique impune, que de fato pague pelo que fez. Essa pessoa acabou com a minha família, aca- bou comigo. Por que eu não morri no lugar dos meus fi- lhos? Por que Deus não me levou no lugar deles? O que eu vou fazer da minha vida de agora em diante?” - ------------------------------------ Se eu tivesse poder de Justiça, faria o autor do acidente vir algemado aqui para o velório e passar a madrugada ao lado dos dois caixões para ele sentir um pouco a dor de nossa família”. MARIA ZÉLIA SCALFONI 47 ANOS SEGURANÇA VÍTIMAS. Ronaldo, de 3 anos, e Rafael de 13, morreram em acidente, no domingo movia com a ajuda de cadeira de rodas. O enterro aconteceu às 11 horas. O sentimento de impu- nidade era geral entre as pes- soas que acompanharam a ce- rimônia. - ------------------------------------ - ------------------------------------ Álcool é tão prejudicial quanto cocaína e maconha. Principalmente se a pessoa bebe e dirige. É um crime. E essa família está vivendo isso da pior maneira” ROMÁRIO FOLADOR 64 ANOS

Álcool. amarrada, dentro de uma casa Mortes na BR: polícia ...gazetaonline.globo.com/_midias/pdf/260044-4bcd01daf2400.pdf · nn Uma operação para cum-primento de mandado de bus-ca

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AGazeta - - 22/04/08 1a. Terca [21/04/08 22:20:27] Por: chboninsenha Pág: 7 - Cor:

Página: 7 CYAN MAGENTA YELLOW B L AC K

PÁGINA 7 - TERÇA-FEIRA - 22/ABRIL/2008 - 22:20

Fale com a editora:ca l v es @ r e d e g a z et a .co m . b r

A GAZETA Vitória (ES), terça-feira, 22 de abril de 2008n n n n nnnnn D I A-A- D I A 07

Vitória. Vítima estavaamarrada, dentro de uma casa

Rapaz é torturadopor traficantes esalvo pela PM

Jovem teve parte dedente arrancada comalicate e seria mortona manhã de ontem,no Morro do Romão

n n Uma operação para cum-primento de mandado de bus-ca no Morro do Romão, em Vi-tória, levou a polícia a salvarum homem da morte. LeandroMotta Milanezze, 22 anos, ha-via sido rendido na noite de do-mingo e levado para uma casano morro, onde passou a ma-drugada inteira sendo tortura-do. Ele chegou a ter um pedaçode dente arrancado com umalicate e seria assassinado namanhã de ontem. Foi encontra-do amarrado em um dos cômo-dos da casa invadida pela PM.

Nove policiais subiram omorro para cumprir um manda-do de busca em uma casa que

funcionaria uma boca-de-fumo.Ao entrar na residência, encon-traram Leandro amarrado. Elehavia sido espancado, teve a ca-beça raspada e estava com o ros-to todo coberto com pasta dedente. Na casa estava LuanaMontenegro, 23, e Maico PorciniCorreia, 22. A dupla foi detida.

A PM também encontrouum telefone celular que seria deLuana. Nele havia um vídeoque exibia parte das torturassofridas por Leandro. O alicatetambém foi localizado.

Livre, Leandro tinha dificul-dades para andar e estava comváriasmarcasnascostas.“O quetemos até agora é uma possíveldisputa entre traficantes domorro. A tortura é usada paramostrar aos rivais o grau de mal-dade que o bando possui. Cer-tamente esse rapaz seria mortoem questão de horas”, explicouo sargento José Moura.

Álcool. Dentro do carro de Wagner José de Oliveira havia garrafade vodca; polícia investiga se ele assumiu o risco do acidente

Mortes na BR: políciaapura crime dolosoInquérito do acidenteque matou doisirmãos na BR 101,em Viana, seráconcluído em 30 dias

NESTOR MÜLLER

HUMILHAÇÃO. Leandro, de 22 anos, teve cabelo raspado e orosto coberto com pasta de dente

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Análise

“O TRÁFICO TEMSEU CÓDIGO”

- ----------------------------------JOSÉ DARCY ARRUDADelegado de polícia- ----------------------------------

n n O tráfico tem seu própriocódigo, suas próprias leis. Issonão é novo, nem característicodo Espírito Santo. Acontece damesma forma em outros Esta-dos e em outros países, comgrupos da máfia, por exemplo.Os traficantes praticam umaatividade ilícita. Sabem, por-

tanto, que não podem recorrerà Justiça, não têm nem comoexigir nota fiscal para seus ne-gócios. Sendo assim, eles mes-mos prendem, sentenciam eexecutam aqueles que infrin-gem essa lei interna. No mundodo tráfico, há 100% de certezade punição. Felizmente, a Polí-cia Militar consegue às vezesbarrar essa barbárie e salvaruma vida, que é sua funçãomaior, como o fez nesse caso.

MAURÍLIO MENDONÇAm g o m es @ re d e g a zeta .co m . b r

n n Nos próximos 30 dias o de-legado titular da Delegacia deTrânsito da Polícia Civil, Fa-biano Contarato, deve con-cluir as investigações sobre oacidente do último domingo,na BR 101, em Viana, que pro-vocou a morte de duas crian-ças. Uma das vítimas conti-nua internada.

Segundo Contarato, caso se-ja comprovado que o motoristada caminhonete S-10, WagnerJosé Dondoni de Oliveira, 40anos, assumiu o risco do aci-

dente, ele poderá ser indiciadopor duplo homicídio doloso etrês tentativas de homicídio.

ANÁLISE“Vou solicitar o laudo etílico etoxicológico ao Departamen-to Médico Legal (DML), as-sim como o o laudo cadavéri-co das vítimas fatais e o de le-são corporal das que sobrevi-veram, além do laudo da pe-rícia, que esteve no local. Ain-da vou ouvir o motorista clas-sificado como responsávelpelo acidente, entre outraspessoas”, disse Contarato.

O delegado acredita que sefor possível comprovar queWagner José Oliveira assu-miu o risco pelo acidente,mesmo sem ter a intenção dematar, ele poderá ser indicia-do por homicídio doloso.

“Vou investigar se ele real-mente vinha dirigindo peri-gosamente, se tinha causadoum acidente antes e, ainda, sefoi abordado por paramédi-cos de uma ambulância ealertado sobre as condiçõesem que dirigia”, afirmou. Tu-do isso foi relatado por teste-munhas, no dia do acidente.

Para o delegado, depoi-mentos, junto com os laudos edemais provas, podem sus-tentar que Wagner José Oli-veira não tinha intenção dematar, mas assumiu o risco aocontinuar dirigindo. “A em-briaguez seria um agravan-te”, explica Contarato.

Ele explica que essa avalia-ção é baseada no Código Pe-nal, já que no Código de Trân-sito a embriaguez implica emhomicídio culposo. “O Artigo

44 do Código Penal diz que aspenas tornam-se alternativasquando o crime é culposo.Sendo alternativa, o motoris-ta poderá prestar serviço àcomunidade ou pagar em ces-tas básicas”, explica.

Wagner José foi inicial-mente autuado por homicí-dio culposo, e liberado apóspagar fiança de R$ 2,1 mil, ain-da no domingo. Ele se negou ase submeter a bafômetro, masfoi encaminhado ao DML pa-ra retirada de sangue e exameclínico de avaliação etílica etox i co l ó g i c a .

“A autuação em flagrante éuma tipificação provisória.Isso significa que ela pode sermudada ao decorrer das in-vestigações, até o inquéritoser concluído”, afirmou o de-legado Contarato.

E m p re s á r i oteria sidoco n d e n ad opor furton n No s i te do Tribunal deJustiça do Espírito Santo, onome de Wagner José Don-doni de Oliveira consta co-mo condenado num pro-cesso por furto, registradono início de 2006.

As informações no s i teapontam que, em 11 de abrilde 2006, o juiz da 2ª VaraCriminal de Vitória rece-beu a denúncia de que Wag-ner seria suspeito de furto.

Em 9 de julho de 2007, ojuiz julgou procedente a acu-sação contra Wagner, conde-nando-o a um ano, quatro me-ses e 16 dias de reclusão, alémde pagamento de multa. Ocumprimento de pena seriaem regime aberto, mas o pro-cesso não foi concluído.

O advogado de Wagner Jo-sé Dondoni, Aldano Lemos,afirma que desconhece o fato.“Nos conhecemos ontem(domingo), não sei falar pelosantecedentes dele.” Lemosconta que fez a um único con-tato com o cliente, ontem, pe-la manhã. “Ele estava choran-do, e garantiu que não bebeu.Disse que era para ele aguar-dar o resultado da análise”, re-latou. A GAZETA não conse-guiu localizar Dondoni até ofechamento desta edição.

Multidão comparece a enterro

O pai dos doismeninos, RonaldoAndrade, machucado,teve que ir ao velóriode cadeira de rodas

FABRICIO MARVILAn n Além da dor de ter perdidodois filhos de uma forma bru-tal, o cabeleireiro RonaldoAndrade, 36 anos, precisou deforças para suportar as doresno corpo provocadas pelo aci-dente na manhã do último do-mingo. O cabeleireiro estavacom um braço e uma perna en-faixados, pontos na cabeça evários machucados no rosto.O enterro dos seus filhosaconteceu no Cemitério deCruzeiro do Sul, em Cariacica.A esposa de Ronaldo, MariaSueli Costa Miranda, 29, aindaestá internada e não sabe dasm o r te s .

Os irmãos Rafael ScalfoniAndrade, 13, e Ronaldo CostaAndrade, 3, morreram em umacidente de trânsito na BR 101causado por outro motoristaaparentemente embriagado.O comerciante Wagner JoséDondoni de Oliveira, 40, diri-gia uma caminhonete S-10 efazia ziguezague na pistaquando bateu de frente contrao Fiat Uno onde viajava a famí-lia Scalfoni Andrade.

R E VO LTACerca de 400 pessoas esti-

veram no velório dos irmãos,realizado na Igreja CatólicaNossa Senhora Aparecida emNova Brasília, Cariacica. Osdois caixões foram colocadosum em frente ao outro. A es-posa do primeiro casamentode Ronaldo, Vera Lúcia Scal-foni, mãe de Rafael, passou amaior parte do tempo ao ladodo caixão do filho, acarician-do o rosto do adolescente.

Enquanto isso, um grupo depessoas entoava cânticos reli-giosos, que eram quebradosapenas pelo grito abafado dedor de Ronaldo, que se loco-

EMOÇÃO. O pai não conteve os gritos de dor pela morte dos filhos durante o velório

NESTOR MÜLLER

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Dor de pai

“O que vou fazerda minha vida”- ------------------------------------RONALDO ANDRADE36 anos, pai dos dois irmãos- ------------------------------------

Que Deus conforteos meus dois filhosonde quer que elesestejam agora.

Que tenham a paz que me-recem. E que a pessoa quefez isso não fique impune,que de fato pague pelo quefez. Essa pessoa acaboucom a minha família, aca-bou comigo. Por que eu nãomorri no lugar dos meus fi-lhos? Por que Deus não melevou no lugar deles? O queeu vou fazer da minha vidade agora em diante?”

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Se eu tivessepoder de Justiça,faria o autordo acidente

vir algemadoaqui para o velórioe passar a madrugadaao lado dos doiscaixões para elesentir um pouco ador de nossa família”.

MARIA ZÉLIA SCALFONI47 ANOS

S E G U RA N Ç A

VÍTIMAS. Ronaldo, de 3 anos, eRafael de 13, morreram emacidente, no domingo

movia com a ajuda de cadeirade rodas.

O enterro aconteceu às 11horas. O sentimento de impu-nidade era geral entre as pes-soas que acompanharam a ce-rimônia.

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Álcool é tãoprejudicialquanto cocaínae maconha.

Principalmente se apessoa bebe e dirige.É um crime. E essafamília está vivendoisso da pior maneira”

ROMÁRIO FOLADOR64 ANOS