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Página 1 A República de Weimar O social-democrata Friedrich Ebert, primeiro presidente republicano Transformações e convulsões marcaram as três primeiras décadas do século 20 na Alemanha. A fragilidade da república instituída em 1919 contribuiu para a expansão de movimentos radicais e para fortalecer os nazis. Sob o reinado de Guilherme II, a partir de 1890, a Alemanha procurou recuperar o terreno perdido na corrida imperialista das grandes potências. A participação do país no movimento colonizador, porém, deu- se em proporções modestas. Suas colónias incluíam Togo, Camarões, o Sudoeste Africano e um conjunto de territórios então denominado África Oriental Alemã. O progresso material da Alemanha, aliado a um grande aumento da população (de 41 milhões, em 1871, para 61 milhões, em 1910), talvez tenha sido o aspecto mais importante nas décadas que precederam a Primeira Guerra Mundial. O aumento da produção industrial levou a um grande aumento da exportação. A siderurgia desenvolveu-se a todo vapor, dando origem a firmas poderosas, como a Krupp e a Thyssen. Na indústria química, os fertilizantes aumentavam a produção agrícola e os explosivos reforçavam o campo militar. Nos meios de transporte, as ferrovias mais do que triplicaram em 40 anos, até somarem 61 mil quilómetros em 1910. A interligação ferroviária com outros países colocou a Alemanha no centro da rede europeia. A construção de canais melhorou a rede fluvial e houve grande ampliação das linhas marítimas e da marinha mercante. Paralelamente, crescia a rede bancária. Expansão do nacionalismo Tudo isso trazia grandes transformações socioeconómicas, que incluíam a conscientização da crescente classe trabalhadora - que pudera organizar-se legalmente em sindicatos após o fim da lei anti-socialista de ALEMANHA - DE FINAIS DO SÉCULO XIX AO FIM DA 2.ª G. M.

Alemanha do fim da 1 gm ao fim da 2 gm

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A República de Weimar

O social-democrata Friedrich Ebert, primeiro presidente republicano

Transformações e convulsões marcaram as três primeiras décadas do século 20 na Alemanha. A

fragilidade da república instituída em 1919 contribuiu para a expansão de movimentos radicais e para

fortalecer os nazis.

Sob o reinado de Guilherme II, a partir de 1890, a Alemanha procurou recuperar o terreno perdido na

corrida imperialista das grandes potências. A participação do país no movimento colonizador, porém, deu-

se em proporções modestas. Suas colónias incluíam Togo, Camarões, o Sudoeste Africano e um conjunto

de territórios então denominado África Oriental Alemã.

O progresso material da Alemanha, aliado a um grande aumento da população (de 41 milhões, em 1871,

para 61 milhões, em 1910), talvez tenha sido o aspecto mais importante nas décadas que precederam a

Primeira Guerra Mundial. O aumento da produção industrial levou a um grande aumento da exportação. A

siderurgia desenvolveu-se a todo vapor, dando origem a firmas poderosas, como a Krupp e a Thyssen. Na

indústria química, os fertilizantes aumentavam a produção agrícola e os explosivos reforçavam o campo

militar.

Nos meios de transporte, as ferrovias mais do que triplicaram em 40 anos, até somarem 61 mil

quilómetros em 1910. A interligação ferroviária com outros países colocou a Alemanha no centro da rede

europeia. A construção de canais melhorou a rede fluvial e houve grande ampliação das linhas marítimas e

da marinha mercante. Paralelamente, crescia a rede bancária.

Expansão do nacionalismo

Tudo isso trazia grandes transformações socioeconómicas, que incluíam a conscientização da crescente

classe trabalhadora - que pudera organizar-se legalmente em sindicatos após o fim da lei anti-socialista de

ALEMANHA - DE FINAIS DO SÉCULO XIX AO FIM DA 2.ª G. M.

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Bismarck, em 1890. Apesar disso, a Democracia Social idealizada por políticos e pensadores como August

Bebel, embora fosse a maior força partidária, com milhões de eleitores filiados, ficou excluída de qualquer

participação no governo. O Reichstag (Parlamento) não exercia nenhum controle sobre o governo.

Um clima de intenso nacionalismo se expandiu, influenciando a política do imperador, que a definiu na

seguinte máxima: "Política mundial como missão, potência mundial como objetivo, esquadra como meio".

A ênfase dada à Marinha decorria da concorrência com o Reino Unido e da brusca intensificação dos

interesses coloniais germânicos.

Em 1900, uma nova lei naval duplicou o poderio marítimo alemão. Não só se aguçava a rivalidade

económica entre Inglaterra e Alemanha como também se acirrava o panorama internacional. O ano de

1913 foi caracterizado por amplos preparativos militares e o aumento de exércitos. Após um período de

desconfiança internacional geral se definiram os que viriam a ser os principais adversários do primeiro

conflito mundial: Alemanha e Áustria, de um lado, contra Inglaterra, França e Rússia, de outro.

A Primeira Guerra Mundial

Cartão-postal da Primeira Guerra Mundial

O assassinato de Francisco Fernando, herdeiro do trono austríaco, e de sua esposa, em 28 de junho de

1914, desencadeou a Primeira Guerra Mundial. A Alemanha viu-se obrigada a lutar em duas frentes, o que

Bismarck sempre quis evitar. A rápida derrota da França planejada pelos alemães não aconteceu. Ao

contrário: após a derrota da Alemanha na batalha do Marne, a luta estagnou.

No oeste, uma guerra de trincheiras culminou em batalhas sem sentido, com enormes perdas humanas e

materiais para ambos os lados. Desde o início da guerra, o imperador e os primeiros-ministros foram

relegados a segundo plano, e foram os militares que passaram a dar as cartas. O marechal Paul von

Hindenburg estava à frente do alto comando militar alemão, mas “o verdadeiro cabeça” era o general Erich

Ludendorff.

A guerra foi decidida após a entrada dos Estados Unidos, em 1917. Ludendorff, contudo, ignorou que a

Alemanha estava completamente exaurida, insistindo até setembro de 1918 numa "paz vitoriosa". A

derrota militar foi acompanhada da derrota política. Sem nenhuma resistência, imperador e príncipes

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abandonaram seus tronos, em novembro de 1918. Ninguém levantou a voz em defesa da monarquia, que

caíra em descrédito. A Alemanha tornou-se república.

A República de Weimar

Proclamação da República de Weimar em ilustração de Raimo Bergt

Das cinzas da guerra e do império, surgiu uma república fragilizada, numa era de grandes dificuldades

económicas, não só na Alemanha, derrotada, como também no mundo todo. O social-democrata Friedrich

Ebert foi encarregado de formar o primeiro governo republicano. Tendo-se distanciado das ideias

revolucionárias do passado, os social-democratas consideravam sua principal tarefa garantir a transição

ordenada para a nova forma de Estado.

As tentativas de introdução do socialismo por forças revolucionárias de esquerda, encabeçadas por nomes

como Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo – que acabaram assassinados – foram reprimidas pela força das

armas em 1918. Não houve mudanças em relação a propriedade privada, administração ou comando das

tropas no país. As forças anti-republicanas mantiveram posições-chave no poder.

A eleição de 1919 – a primeira em que mulheres puderam votar – resultou em grande maioria para a

democracia parlamentar. A Constituição, promulgada em agosto daquele ano em Weimar, acentuou a

unidade alemã: os estados não tinham soberania. Os três partidos republicanos que detinham a maioria na

Assembleia Nacional não foram fortes o suficiente para enfrentar, na década de 20, as tendências que se

colocavam contra o Estado democrático: aos radicais de esquerda logo vieram se somar os de direita, que

ganhavam cada vez mais influência no seio do povo.

As dificuldades económicas do pós-guerra e as rigorosas condições impostas pelo Tratado de Versalhes,

assinado em 1919, alimentaram um profundo ceticismo em relação à república. Os distúrbios atingiram

seu ápice em 1923, quando a inflação assumiu proporções dramáticas (um dólar chegou a valer 4,2 bilhões

de marcos). Franceses e belgas ocuparam a região do rio Ruhr, quando os alemães deixaram de pagar as

parcelas da indemnização de guerra. Nesse ambiente conturbado, Adolf Hitler, então chefe do pequeno

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Partido Nacional-Socialista (NSDAP), tentou um golpe malogrado em Munique (Putsh). A época também foi

marcada por tentativas dos comunistas de tomar o poder.

Breve prosperidade antes do fim

Gustav Stresemann, chanceler por cem dias em 1923 e ministro das Relações Exteriores

até a morte, em 1929

Entre 1924 e 1929 houve um breve período de reconstrução, graças à influência que adquiriu Gustav

Stresemann, um nacionalista contra qualquer tipo de extremismo. Empréstimos externos foram usados na

modernização da indústria. Com a ajuda dos EUA, elaborou-se o Plano Dawes para possibilitar que o país

arcasse com suas obrigações de guerra sem se arruinar completamente. A política externa de Stresemann

recuperou para a Alemanha a igualdade de direitos através do Tratado de Locarno (1925) e do ingresso do

país na Liga das Nações (1926). A arte e as ciências floresceram nos "dourados anos 20".

Após a morte do social-democrata Friedrich Ebert, primeiro presidente republicano, foi eleito chefe de

Estado, em 1925, o ex-marechal Hindenburg. Candidato da direita, ele seguiu à risca a Constituição,

embora não fosse partidário do Estado republicano.

O declínio da República de Weimar começou com o colapso da bolsa de Nova York e a crise económica

mundial de 1929 – mesmo ano em que morreu Stresemann.

A história dos anos seguintes foi marcada pela ascensão, nas eleições de 1930, dos ultranacionalistas

(nacional-socialistas) e dos marxistas (comunistas). Em seu radicalismo, ambos aproveitaram-se do

desemprego (que atingia 4,4 milhões de pessoas em 1930) e da miséria geral. Em 1931, a crise levou à

quebra dos bancos e, em 1932, a situação se agravou ainda mais: os desempregados somavam 5,6 milhões

e o marechal Hindenburg foi reeleito presidente, com Hitler em segundo lugar.

Em meio aos tumultos, o chanceler Heinrich Brüning (centro) foi demitido e substituído por Franz von

Papen. O novo governo revogou medidas antes adotadas para conter as formações paramilitares dos

nacional-socialistas (nazistas), e Hitler, em troca, passou a tolerá-lo. Em janeiro de 1933, após a demissão

de Von Papen, Hindenburg chamou Hitler para constituir o novo governo.

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A Ditadura Nazi

Perseguição aos judeus começou logo após a ascensão de Hitler ao poder

Ao assumir o poder em janeiro de 1933, Adolf Hitler começou a montar um sistema ditatorial

caracterizado pela repressão a quem não lhe fosse conveniente, pela perseguição aos judeus e pela

expansão militar e territorial.

A partir de 1930, o movimento nazi de Adolf Hitler cresceu, aproveitando-se do descontentamento popular

com as crises económica e política. O Partido Nacional-Socialista (NSDAP) era antidemocrático, anti-semita

e de um nacionalismo exaltado. Com uma pregação pseudo-revolucionária, tornou-se a maior força política

em 1932. Com a demissão de Franz von Papen, o último chanceler da República de Weimar, o presidente

Hindenburg chamou Hitler para constituir o novo governo.

Nomeado chanceler do Reich em 30 de janeiro de 1933, Hitler, que considerava o cargo apenas um passo

para a tomada do poder absoluto, começou imediatamente a montar um sistema ditatorial. Desfez-se

rapidamente dos aliados que permitiram sua ascensão, reservando-se plenos poderes. Através de uma lei

aprovada pelos partidos burgueses, proibiu todas as agrupações políticas, com exceção do seu NSDAP. O

Partido Social Democrata e o Partido Comunista foram dissolvidos, e os demais, forçados à autodissolução.

O incêndio do prédio do Reichstag (Parlamento), em 27 de fevereiro de 1933, foi logo atribuído aos

comunistas .Isso serviu de pretexto para a aprovação de leis que revogaram direitos fundamentais dos

cidadãos, puseram fim à liberdade de imprensa e desmantelaram os sindicatos, principal esteio dos

movimentos sociais contrários ao nacional-socialismo.

Repressão e anti-semitismo

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Membros da SA instigam a população berlinense contra os judeus

A partir de então, não havia instância policial ou estatal capaz de conter os distúrbios e agressões das SA,

as temidas milícias paramilitares do Partido Nacional-Socialista (literalmente, o nome original,

Sturmabteilung, significaria Divisão de Assalto). O esquadrão comandado por Heinrich Himmler, a SS (curto

para Schutzstaffel, ou Esquadra de Proteção), começou a sedimentar sua posição especial no aparato

repressivo.

Qualquer tentativa de resistência era brutalmente sufocada. O regime perseguia impiedosamente não só

adversários políticos – a começar por comunistas e social-democratas –, como todas as pessoas que não

eram do seu agrado. Milhares foram presas e, sem qualquer processo judicial, internadas em campos de

concentração construídos da noite para o dia.

Mal tomara o poder, o regime começou a pôr em prática seu programa anti-semita. Passo a passo, os

judeus foram despidos dos seus direitos individuais e civis, proibidos de exercer a profissão, limitados em

seu direito de ir e vir, expulsos de universidades, agredidos, forçados a entregar ou vender empresas e

propriedades. Quem podia, tentava fugir para o exterior para escapar às pilhagens, injustiças e vexações.

A perseguição política e a ausência de liberdade de expressão e informação levaram milhares de pessoas a

abandonar o país. A emigração forçada de intelectuais, artistas e cientistas de renome representou uma

perda irreparável para a vida cultural da Alemanha.

Militarização e recuperação económica

Sessão no Reichstag em 1938

Com a morte do marechal Paul Hindenburg em 1934, Hitler acumulou também a função de presidente. Sua

política militarista tomava forma e as Forças Armadas passaram a prestar-lhe juramento como der Führer

(líder ou guia). Em 1935, foram declaradas extintas as restrições militares do Tratado de Versalhes,

introduzindo-se o serviço militar geral e obrigatório no país. Restabeleceu-se assim a soberania militar do

Reich.

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A frágil República de Weimar (de 1919 a 1932) não durou o suficiente para que o sistema liberal-

democrático fincasse raízes na sociedade alemã. O caos durante esse período deixou muitos alemães

propensos à ditadura nacional-socialista. Os violentos conflitos internos, manifestados em sangrentas

batalhas de rua entre adversários políticos, e o desemprego em massa abalaram a confiança do povo no

Estado.

Hitler, porém, conseguiu dinamizar novamente a economia. O seu regime impôs uma combinação

extremada de capitalismo e socialismo estatal, em que tanto os proprietários de grandes empresas como

os operários se subordinavam ao controlo do Estado e ao poder público totalitário. Dois planos

quadrienais, iniciados em 1936, davam à economia um aspecto de guerra, com destaque para a produção

de sintéticos. Programas de geração de empregos e a produção de armas levaram à diminuição do exército

de desempregados. O fim da crise económica mundial favoreceu tal política. Os judeus foram sendo

excluídos da vida económica, tendo seus bens confiscados em novembro de 1938.

Política externa

No âmbito da política externa, Hitler também conseguiu, inicialmente, impor seus objetivos. A pouca

resistência encontrada foi fortalecendo sua posição. Em 1935, a região do Sarre, até então sob a

administração da Liga das Nações, foi reintegrada ao território nacional. Em 1936, as tropas alemãs

invadiram a Renânia, zona desmilitarizada desde 1919. A assinatura de um pacto com o Reino Unido, em

1935, permitiu o rearmamento naval do país. Desmoronava, assim, todo o esquema de contenção da

Alemanha armado pelos franceses após o fim da Primeira Guerra Mundial.

A Guerra Civil espanhola, iniciada em 1936, motivou um confronto entre esquerda e direita. Enquanto o

governo republicano foi apoiado pela União Soviética, os rebeldes franquistas tiveram ajuda da Itália e da

Alemanha. Os dois países aliaram-se em outubro do mesmo ano, no eixo Roma-Berlim. Japão e Alemanha,

por outro lado, tinham-se unido no Pacto Anti-Komintern (contra a Internacional Comunista, fundada por

Vladimir Lenine e pelo Partido Comunista da União Soviética em 1919). Com a adesão da Itália a este, em

1937, configurava-se a Tríplice Aliança, que se manteria até a Segunda Guerra.

O avanço para a formação do Terceiro Reich prosseguiu: em 1938, a Áustria foi anexada (Anschluss),

representando a conquista de um dos primeiros objetivos que Hitler fixara no livro Mein Kampf (Minha

Luta). As potências ocidentais permitiram que ele incorporasse ainda a região dos Sudetas, na

Checoslováquia, em 1939 – ano em que começou a Segunda Guerra Mundial.

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A Segunda Guerra Mundial

As ruínas do Reichstag, em Berlim, em 1945

Ao dar início à sua política expansionista, Hitler previu a guerra desde o início. Com a invasão da Polónia,

em1 de setembro de 1939, deflagrou um conflito mundial que se estendeu até 1945.

Hitler não se contentou em anexar a Áustria e os Sudetas (em março e setembro de 1938,

respetivamente). A sua intenção era dominar a Europa. Depois de desmembrar a Checoslováquia, ordenou

a invasão da Polónia, em 1º de setembro de 1939. O Reino Unido e a França declararam guerra à

Alemanha dois dias depois, cumprindo o acordo de defesa da Polónia. Começava, assim, a Segunda Guerra

Mundial, que até 1945 devastou grande parte da Europa.

Josef Estaline, que recusava uma aliança com a França e o Reino Unido- assinara um pacto de não-agressão

com a Alemanha em 23 de agosto de 1939. Hitler fez um jogo militar ousado com seus adversários.

Sabendo que a vantagem alemã no armamento não se manteria por muito tempo, e que somente uma

rápida sequência de campanhas militares poderia evitar um fracasso semelhante ao da Primeira Guerra

Mundial, criou o conceito do blitzkrieg. Danzig (Gdansk), a Prússia Ocidental e algumas regiões que

sempre pertenceram à Polónia foram anexadas ao Deutsches Reich após a capitulação daquele país no fim

de setembro. Os judeus poloneses foram amontoados em guetos, como o de Varsóvia.

Depois da Polónia, a França

Superestimando o poderio militar alemão nesse momento, o Reino Unido e a França permaneceram na

defensiva. Como os adversários não reconhecessem suas anexações no Leste, Hitler iniciou uma campanha

em 10 de maio de 1940, invadindo a França depois de ferir a neutralidade de Holanda, Bélgica e

Luxemburgo. Paris foi ocupada pelas tropas alemãs em 14 de junho de 1940.

Embora o primeiro-ministro do Reino Unido Winston Churchill propusesse uma união com a França, bem

como o prosseguimento da resistência francesa no norte da África, a maioria do gabinete francês decidiu-

se por um armistício. Este foi assinado em 22 de junho pelo marechal Philippe Pétain, que dias depois

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transferiu seu governo para Vichy, no sul da França. Seu regime cooperou com o nazismo. O general

Charles de Gaulle, que se refugiara em Londres, anunciou a continuidade da resistência.

Países e regiões ocupados foram colocados sob comando militar alemão; Luxemburgo e a Alsácia Lorena,

anexados. No entanto, falharam tentativas alemãs de preparar um desembarque na Grã-Bretanha e de

enfraquecer o adversário através de uma ofensiva aérea. Nesse meio tempo, os Estados Unidos passaram

a apoiar cada vez mais o Reino Unido.

África, Balcãs e Grécia

No fim de 1940, o exército britânico iniciou uma ofensiva contra as forças italianas no norte da África.

Hitler atendeu a um pedido de Mussolini, enviando uma esquadra à Sicília e, em fevereiro de 1941, uma

divisão à Líbia integrando o Afrika-Korps, sob o comando do marechal Erwin Rommel.

Após o fracasso do ataque italiano à Grécia, iniciado em 28 de outubro de 1940, Hitler preparou uma

ofensiva de apoio, procurando incluir Hungria, Romênia, Bulgária e os países dos Balcãs na Tríplice Aliança,

forjada com a Itália e o Japão em 27 de setembro de 1940. As tropas alemãs esbarraram em resistência na

Jugoslávia e, depois de tomar Belgrado em 17 de abril de 1941, venceram o exército grego. Dez dias

depois, entraram em Atenas.

Os preparativos para a campanha contra a União Soviética foram iniciados em julho de 1940. Até meados

de 1941, mais de 3 milhões de soldados alemães haviam avançado na região entre o Mar Báltico e o Mar

Negro, bem como na Finlândia. Além dos objetivos militares, Hitler queria aplicar seu programa racial.

Convencido da superioridade da raça ariana, ele determinou, a partir de 1941, o extermínio sistemático

dos judeus, a dizimação da população eslava e a aniquilação da liderança comunista. Um plano geral para o

Leste, elaborado pela cúpula da SS, previa a expulsão e o traslado de milhões de eslavos e uma gradual

germanização da Europa Oriental.

O governo soviético não fez grandes preparativos de guerra, apesar das advertências. Estaline não

acreditava que Hitler atacasse a Rússia antes de encerrar a campanha na frente ocidental. Em vão, tentou

negociar com Hitler, a fim de ganhar tempo para armar o Exército Vermelho e mobilizar de 10 a 12 milhões

de reservistas.

A expansão da guerra

Em 22 de junho de 1941, a Alemanha e seus aliados europeus atacaram a União Soviética. Hitler calculava

que seria possível debilitar o Exército Vermelho em pouco tempo e depois transferir a maior parte dos

tanques para as campanhas seguintes. A combatividade do Exército Vermelho e sua superioridade

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numérica, porém, levaram ao fracasso o ataque alemão rumo a Moscou. A contra-ofensiva soviética no

duro inverno de 1941/42 causou muitas baixas ao exército alemão. Hitler, que ordenara "não se perder

uma polegada" do solo conquistado e que os soldados mostrassem uma "resistência fanática", assumiu

pessoalmente o comando militar.

O ataque à União Soviética levou à formação da "coligação anti-Hitler", que até então fracassara pelo

conflito de interesses. Em 12 de julho de 1941, o Reino Unido e a União Soviética assinaram um tratado de

ajuda mútua. No mês seguinte, um ataque conjunto dos dois países ao Irã abriu caminho para o envio de

material de apoio logístico à União Soviética.

O agravamento do conflito entre os Estados Unidos e o Japão fez com que os combates se estendessem.

Depois que os japoneses ocuparam o sul da Indochina, o presidente norte-americano Franklin Roosevelt

determinou um embargo de petróleo que afetou profundamente a economia japonesa. Em 1º de

dezembro de 1941, o Japão declarou guerra aos Estados Unidos e ao Reino Unido e, em 7 de dezembro,

atacou Pearl Harbor. Estabeleceram-se assim as frentes de guerra: as potências do Eixo, no triângulo

Berlim-Roma-Tóquio, e os Aliados, compondo a coalizão anti-Hitler. O Japão e a União Soviética, contudo,

mantiveram o acordo de neutralidade assinado em abril de 1941.

A luta no Pacífico

O Japão conquistou rapidamente terreno no Sudeste Asiático, avançando por Tailândia, Birmânia, Malaia

(atual Malásia), Singapura, Hong Kong e boa parte das Filipinas, o que lhe garantiu o acesso a matérias-

primas de que necessitava para uma guerra de longa duração.

No início de 1942, Alemanha e Japão dividiram as zonas de operação, mas não chegou a haver uma intensa

cooperação militar entre os dois países. Preferindo subjugar primeiramente a União Soviética, Hitler

rechaçou o plano do comandante da Marinha, almirante Erich Raeder, de atuar em conjunto com o Japão e

transferir as ações de guerra alemãs para o Mediterrâneo e o Oriente Médio.

O Holocausto

Deportação de judeus do gueto de Varsóvia

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As primeiras ordens para o extermínio dos judeus foram dadas em 31 de julho de 1941, mas foi durante a

Conferência de Wannsee, em 20 de janeiro de 1942, que assumiram forma concreta os planos da "solução

final" (Endlösung): a aniquilação sistemática de todos os judeus nos países sob o domínio nazista.

Nos meses seguintes, começou o genocídio dos judeus nos campos de concentração e extermínio de

Auschwitz, Treblinka, Belzec, Sobibor, Chelmno e Maidanek. Os que não morreram de doenças e

subnutrição durante a rotina de trabalhos forçados foram levados para as câmaras de gás. Fuzilamentos

em massa, geralmente executados pelas SS, também foram frequentes, principalmente na Europa

Oriental. O genocídio custou a vida de 5,2 milhões a 6 milhões de judeus, a maioria deles poloneses.

A guerra marítima

No mar, os submarinos alemães causavam graves perdas aos inimigos e às nações que os apoiavam,

atacando e afundando navios até mesmo da Marinha Mercante Brasileira. De janeiro a julho de 1942, a

marinha de guerra alemã afundou um tal número de navios aliados que, somados, pesariam 2,9 milhões de

toneladas. Sobre as águas, porém, as batalhas praticamente terminaram para os alemães após o

afundamento do navio de guerra Bismarck, em 27 de maio de 1941. Paralelamente, desde março de 1942

aumentaram os ataques aéreos britânicos contra cidades alemãs.

A capitulação na África

A mudança decisiva no cenário de guerra europeu e africano começou no fim de 1942, com a grande

ofensiva do general britânico Bernard Montgomery contra Rommel, na África. Em etapas, a batalha foi se

deslocando para o oeste. Tropas americanas e britânicas aterraram no Marrocos e na Argélia, sob o

comando de Dwight Eisenhower. Os Aliados escolheram a região do Mediterrâneo para uma guerra de

desgaste, em grande estilo.

Na conferência de Casablanca, em 24 de janeiro de 1943, Roosevelt e Churchill anunciaram como objetivo

de guerra a "capitulação incondicional" da Alemanha, da Itália e do Japão. Decidiu-se reforçar os

bombardeios contra a Alemanha, que passaram a contar com a participação da Força Aérea dos Estados

Unidos. A capitulação do que restou do exército de Rommel e das tropas italianas na África deu-se em 13

de maio de 1945.

A ofensiva soviética

Na frente leste, uma grande ofensiva soviética no fim de 1942 acabou cercando o 6º Exército alemão entre

os rios Volga e Don. Embora Hitler proibisse tanto a capitulação como a retirada, o marechal Friedrich

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Paulus entregou-se, com parte das tropas, em 31 de janeiro de 1943. Estalinegrado foi o começo do fim

para Hitler. A notícia de que os Aliados haviam desembarcado na Sicília, em 10 de julho de 1943, fez com

que ele interrompesse os combates no Cáucaso para concentrar forças na Itália. A partir de então, a União

Soviética passou a ditar os acontecimentos na frente leste.

Após um último aumento da capacidade destrutiva dos submarinos alemães até março de 1943, os

ingleses conseguiram decifrar o código alemão de radiocomunicação. As perdas foram tão grandes que o

comandante da marinha de guerra alemã, almirante Karl Dönitz, suspendeu, em maio, o combate aos

comboios aliados no Atlântico.

A queda da Itália

Prisioneiros de guerra alemães em Estalinegrado

O desembarque dos Aliados na Sicília encontrou pouca resistência italiana. Uma moção de desconfiança

contra Mussolini culminou com sua prisão, em 25 de julho de 1943. O governo nomeado pelo rei Victor

Emmanuel 3º assinou um armistício com os Aliados, que desembarcaram no sul da Itália em setembro. As

tropas alemãs, por sua vez, ocuparam Roma em 10 de setembro e começaram a desarmar as tropas

italianas. Mussolini foi libertado por um comando alemão de pára-quedistas e passou a chefiar uma

república social italiana, fascista e dependente da Alemanha. A grande ofensiva aliada, contudo, só teve

início em 12 de maio de 1944. No mês seguinte, as tropas alemãs deixaram Roma, concentrando-se no

norte.

Em 3 de janeiro de 1944, o Exército Vermelho ultrapassou a fronteira soviético-polonesa de 1939. Em 22

de junho do mesmo ano, quando se completavam três anos da invasão alemã, Estaline ordenou uma

grande ofensiva contra as divisões alemãs concentradas no centro. Como Hitler insistisse em manter a

linha da frente, em poucos dias os soviéticos conseguiram rompê-la, desgastando as 38 divisões alemãs.

Com isso, os soviéticos chegaram até o leste de Varsóvia e cortaram as vias de abastecimento das tropas

alemãs nos países bálticos.

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A ofensiva aérea dos Aliados ganhou grande força a partir do verão de 1943. Bombardeios britânicos

causaram graves danos a cidades alemãs, entre as quais Hamburgo e Berlim. No ano seguinte, o alvo foram

as refinarias, o que levou a uma queda fatal da produção de combustível.

O desembarque na Normandia

Após meses de preparativos, o grande desembarque na costa da Normandia teve início na madrugada de 6

de junho de 1944. Apesar da resistência dos alemães, os Aliados conseguiram romper sua linha de defesa.

Tropas americanas e da resistência francesa tomaram Paris em 25 de agosto. Dias antes, os Aliados

também haviam desembarcado na costa mediterrânea. De Gaulle assumiu o governo da França.

Em 20 de julho de 1944, o alemão Claus Schenk, conde de Stauffenberg, perpetrou um atentado contra

Hitler, em nome do movimento de resistência do qual faziam parte vários oficiais. Hitler saiu apenas

levemente ferido da explosão de uma bomba em seu quartel-general na Prússia Oriental. A represália não

se fez esperar: mais de 4 mil pessoas, membros e simpatizantes da resistência, foram executadas nos

meses seguintes.

Embora o desmoronamento do Terceiro Reich fosse incontestável, Hitler ordenou, em 25 de setembro de

1944 ,que todos os homens alemães de 16 a 60 anos fossem convocados para o exército, pouco depois de

seu ministro da Propaganda, Josef Goebbels, tornar a proclamar a "guerra total". A inversão da situação fez

com que pequenos países que haviam se aliado à Alemanha, como a Roménia, abandonassem a guerra ou

mudassem de frente.

O fim da guerra na Europa

Enquanto a ofensiva nas Ardenas consumiu as últimas reservas alemãs na frente ocidental, um novo

ataque soviético acabou com o que restava das tropas alemãs no leste. O Exército Vermelho tomou

Varsóvia em 17 de janeiro de 1945 e logo depois isolou a Prússia Oriental do resto do Reich. Em 30 de

janeiro, as tropas soviéticas atingiram o rio Oder, na atual fronteira entre a Polónia e a Alemanha. Nos

meses seguintes, os alemães caíram em Silésia, Prússia Ocidental, Pomerânia Oriental, Königsberg e Danzig

(Gdansk).

A ofensiva dos aliados ocidentais não avançou com tanta rapidez. Vindos da Holanda, os norte-americanos

entraram na Alemanha em 23 de fevereiro, chegando a Colónia em 7 de março de 1945. No mesmo dia,

tomaram a ponte de Remagen, sobre o Reno, a única que não fora destruída. Os ingleses dirigiram-se à

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região industrial do Ruhr e avançaram depois para o norte, enquanto as tropas americanas rumaram para

o sul.

A queda de Berlim e a capitulação

Munique caiu em 30 de abril, restando ao Exército Vermelho a conquista de Berlim, Praga e Viena. O

comandante de Berlim capitulou em 2 de maio de 1945. Hitler se suicidou dias antes na capital alemã, em

30 de abril, num bunker. Nomeou o almirante Karl Dönitz seu sucessor como chefe de Estado. Dönitz

ordenou que o chefe do Estado-Maior, general Alfred Jodl, assinasse a capitulação incondicional em 7 de

maio de 1945, no quartel-general dos Aliados, em Reims. A rendição entraria em vigor no dia seguinte, 8

de maio, data que marca, oficialmente, o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa. Dois dias depois, o

comandante da Wehrmacht, marechal Wilhelm Keitel, assinava a capitulação também no quartel-general

soviético, em Berlim. Em 5 de junho de 1945, os quatro comandantes-em-chefe dos Aliados anunciaram

ter assumido o controle em toda a Alemanha.

No Pacífico, a guerra se estendeu até 2 de setembro de 1945, quando o Japão assinou sua capitulação.

Para pôr fim ao conflito, os norte-americanos apelaram a bombas nucleares. Atiraram as primeiras bombas

atómicas sobre Hiroxima, em 6 de agosto de 1945, e Nagasaki, em 9 de agosto.

O balanço

A Segunda Guerra Mundial deixou um saldo de pelo menos 30 milhões de mortos – algumas estimativas

calculam o número em mais de 55 milhões. Só na União Soviética, morreram cerca de 20 milhões. O

Holocausto custou a vida de 5,2 milhões a 6 milhões de judeus. Na Alemanha, morreram 5,25 milhões; na

Polónia, 4,5 milhões; no Japão 1,8 milhão, e na Jugoslávia, 1,7 milhão de pessoas.

Ao fim da Segunda Guerra, a Alemanha, a Itália e o Japão deixaram de ser grandes potências. Os Estados

Unidos e a nova superpotência União Soviética haviam definido a guerra na Europa, que dividiram de fato

em duas zonas, conforme seu poderio e sua esfera de influência. No Leste Asiático, os EUA dominaram

inicialmente, enquanto a Grã-Bretanha e a França, embora também vencedores, entraram em declínio.

Fonte:

Retirado e adaptado do site - http://www.dw-world.de/