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Desembargador no TJRJ, oriundo do Quinto Constitucional da Advocacia. Professor de Direito Processual Civil da EMERJ (Escola da Magistratura dó Estado do Rio de Janeiro) e dè diversos cursos de pós-graduação. Membro do Instituto Brasileiro de Direito Processual, da Academia Brasileira de Direito Processual Civil, do Instituto Ibero-Americano de Direito Processual e da International Assodation ofProcedural Law. A lexandre F reitas C âmara L ições de D ireito P rocessual C ivil Volume III 16a edição Editora Lumen Juris Rio de Janeiro 2010

Alexandre Freitas Câmara - Lições de Direito Processual Civil - Volume III - 16º Edição - Ano 2010

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  • Desembargador no TJRJ, oriundo do Quinto Constitucional da Advocacia.Professor de Direito Processual Civil da EMERJ (Escola da Magistratura

    d Estado do Rio de Janeiro) e d diversos cursos de ps-graduao.Membro do Instituto Brasileiro de Direito Processual,

    da Academia Brasileira de Direito Processual Civil, do Instituto Ibero-Americano de Direito Processual e da International Assodation ofProcedural Law.

    A lexandre Freitas Cm ara

    L i es d e D ireito P ro cessu a l C iv il

    Volume III

    16a edio

    E d i t o r a Lum en Ju r is Rio de Janeiro

    2010

  • Copyright 2010 by Alexandre Freitas Cmara

    Categoria: Direito Processual Civil

    P roduo E ditorial livraria e Editora Lumen Juris Ltda.

    A LIVRARIA E EDITORA LUMEN JURIS LTDA. no se responsabiliza pelas opinies emitidas nesta obra.

    proibida a reproduo total ou parcial, por qualquer meio ou processo, inclusive quanto s caractersticas grficas e/ou editoriais. A violao de direitos autorais

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    Todos os direitos desta edio reservados Livraria e Editora Lumen Juris Ltda.

    Impresso no Brasil Prnted zn Brazil

    CIP-BRASIL. CATALOGAO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

    C174L16.ed.v.3

    Cmara, Alexandre Freitas Lies de direito processual civil, volume III / Alexandre Freitas Cmara. - l.ed. - Rio

    de Janeiro : Lumen Juris, 2010.

    Inclui bilbiografia e ndice ISBN 978-85-0375-763-6

    1. Processo civil - Brasil. I. Ttulo.

    10-1048.10.03.10 11.03.10

    CDU: 347.91/.95(81) 017896

  • Este terceiro volum e dedicado memria de m eu av, Alexandrino Franco, de quem sinto tanta saudade. , tambm, dedicado m inha av, Sarah, e m inha m ulher, Janana, como celebrao do amor que sinto por elas e que sei que elas sentem por mim.

  • uma.no

    Apresentao...........................*............................................................................... xv

    Nota Introdutria ao Volume III............................................................................. xvii

    Nota Introdutria S3 Edio................................................................................. xixNota Introdutria 12* Edio............................................................................... xxi

    PRIMEIRA PARTE PROCESSO CAUTELAR

    Primeira Seo Teoria Geral do Processo Cautelar

    Captulo I ~ Conceito e Noes Gerais................................................................... 3 l e Conceito........... ............................................................................................. 3 2S Ao cautelar: conceito e condies ....................................................... 6 3e Processo cautelar: conceito e pressupostos.... .............................................. 10 4 Medida cautelar: conceito, classificao, caractersticas, eficcia no tempo. 17

    4.1. Conceito................................................................................................... 174.2. Classificao............................................................................................. 194.3. Caractersticas.......................................................................................... 214.4. Eficcia no Tempo................................................................................... 29

    5e Desnecessidade do processo cautelar como figura autnoma...................... 32

    Captulo H - Requisitos de Concesso da Tutela Cautelar.................................... 35 l 9 Fumus bom iuxis........ .................................................................................... 35 2 Periculum m mora.............................................. .......................................... 38 3e Colocao sistemtica dos requisitos de concesso da tutela cautelar no obje

    to da cognio judicial................................................................................... 40Captulo III - Poder Geral de Cautela.................................................................... 47 l s Conceito......................................................................................................... 47 2S Limites............................................................................................................ 50 3a Forma e momento de exerccio...................................................................... 53 4s Medidas cautelares ex officio...................................................................... 54

    Captulo IV Competncia paia o Processo Cautelar........................................... 57 l e A competncia m primeiro grau de jurisdio............................................. 57 2s A competncia em grau de recurso................................................................ 60

  • Alexandre Freitas Cmara

    ffrpftulo V - Procedimento Cautelar Comum................................................... is Fase postulatria.,.........*..... ................ ........... ........... ........................ ..........2 Fase instrutria......................................................................................... 3 Fase decsria: sentena, coisa julgada e efetivao da medida no processo

    cautelar................................................................................ ........................... 4 Recursos no processo cautelar............ ..................... ,.....................................

    Captulo VI Responsabilidade Processual Civil em Matria Cautelar............... 1* Responsabilidade processual civil do requerente.................-..................... 2 Liquidao e reparao do dano................................. ...................................

    Segunda Seo Procedimentos Cautelares Tpicos

    Captulo VII Introduo e Caractersticas Gerais............................................ la Os procedimentos cautelares especficos.............................................. ........ 2a Procedimentos no cautelares indudos no livro III do Cdigo de ProcessoPnl

    Captulo VIU - Arresto,................................................................... 1* Conceito e cabimento................................................................. 2* Pressupostos de c o n c e s s o .................................................... 3e Comprovao dos pressupostos................................................. 4a Bens arrestveis............................................................ .............. 5a Procedimento.................................................... ....... ................ 6S Efeitos..... ...................... -............................................................. 7 Extino................................................................. .....................Captulo IX - Seqestro...................... .^............................ .............. le Conceito e cabimento................................................................. 2e Pressupostos de concesso............ .................................... ....... . 3 Disciplina comum do arresto e do seqestro............. ........ ....... 4 Distino entre arresto e seqestro............................... .............

    Captulo X - Cauo................... .................................................... ls Conceito, natureza jurdica e cabimento...... .............................2 Classificao................................................................................. 3fi Procedimento................................. -............................................Captulo XI - Busca e Apreenso..................................................... 1 Conceito, natureza jurdica e cabimento....................................2fl Pressupostos..... ...................................................................... ..... 3o Procedimento................................................................. ............ 4 Outras modalidades de busca e apreenso no direito brasileiroCaptulo XH - Exibio.................................................................... l fi Conceito, natureza jurdica e cabimento.................................... 2e Classificao................................................................ .................

    vi*1 S 3C Legitimidade............................................................asaggsgggggaB o

    636373

    7579

    838389

    9595

    96

    9999

    102105109110112114

    117117123125127

    131131134136143143145146148155155158162

  • 42 Procedimento da exibio contra parte......................................................... 165 5a Procedimento da exibio contra terceiro..................................................... 167Q pfraln Xffl - Produo Antecipada de Provas................................................... 169 Ia Conceito, natureza jurdica e cabimento....................................................... 169 2S Oportunidade............................................................... *.................................. 176 3a Procedimento................................................................................................ 177 4? Vglorao da prova antecipada..................................................................... 179 5a Destino dos autos........................................................................................... 180

    Captulo XIV - Alimentos Provisionais.................................................................. 183 Ia Conceito, natureza jurdica e cabimento...................................................... 183 2a Distino entre alimentos provisionais e provisrios................................... 187 3a Procedimento................................................................................................ 190 4a Durao da prestao alimentar provisional................................................ 191 5a Execuo.................................................... ................................................... 192Captulo XV - Arrolamento de Bens...................................................................... 195 Ia Conceito, natureza jurdica e cabimento................................*...................... 195 2a Pressupostos................................................................................................... 198 3a Objetivo......................................................................................................... 200 4a Procedimento............................................... 1................................................. 200Captulo XVI - Justificao...................................................................................... 203 Ia Conceito, natureza jurdica e cabimento...................................................... 203 2a Procedimento................................................................................................ 205

    Captulo XV Protestos, Notificaes e Interpelaes...................................... 207 l e Protesto.......................................................................................................... 2072S Notificao..................................................................................................... 213 3a Interpelao................................................................................................... 215

    Captulo XVm - Homologao do Penhor Legal.................................................. 217 Ia Penhor legal................................................................................................... 217 2a Homologao do penhor legal: conceito e natureza jurdica....................... 222 3a Procedimento................................................................................................ 224 4a Sentena e execuo........................... .......................................................... 229

    Captulo XIX - Posse em Nome do Nasdturo........................................................ 233 1 Conceito e natureza jurdica......................................................................... 2332a Legitimidade.................................................................................................. 236 3a Procedimento...........................1..................................................................... 237 4 Sentena............ .............................................................................................. 238

    Captulo XX - Atentado.......................................................................................... 241 Ia Conceito, natureza jurdica e cabimento...................................................... 241 2a Pressupostos................................................................................................... 246 3a Legitimidade.............................................................................. *................... 250 4a Procedimento................................................................................................ 251 5a Sentena e execuo...................................................................................... 252

    Lies de Direito Processual Civil - VoL III -16* edio

  • Captulo XXI - Protesto e Apreenso de Ttulos................................................... 257 l e Conceito, natureza jurdica e cabimento....................................................... 257 2a Procedimento................................................................................................. 259 3 Apreenso do ttulo e priso do devedor....................................................... 261

    Captulo XXII - Outras Medidas Provisionais.............................................. ......... 265a) Obras de conservao em coisa Ktigiosa ou judicialmente apreendida........ 266b) Entrega de bens de uso pessoal do cnjuge e dos filbos........ ....................... 268c) Posse provisria dos filhos..................................................*.......................... 268d) Afastamento de menor autorizado a contrair casamento.............................. 270e) Depsito de incapazes castigados imoderadamente ou induzidos prtica

    de atos ilcitos ou imorais.......................................... *....... ........................... 270f) Afastamento temporrio de um dos cnjuges da morada do casal............... 271g) Guarda e educao dos filhos, regulado o direito de visita........................... 272h) Interdio e demolio de prdios................................................................ - 273

    SEGUNDA PARTE PROCEDIMENTOS ESPECIAIS

    Primeira Seo Procedimentos Especiais de Jurisdio Contenciosa

    Captulo XXHI - Introduo e Noes Gerais........................................................ 277 1B Conceito....................................................... .................................................. 277 29 Tcnicas de especializao dos procedimentos.............................................. 281 3 Aplicao subsidiria do procedimento ordinrio........................................ 2834 Nomenclatura........................................... ..................................................... 284

    Captulo XXTV - Consignao em Pagamento.................................. -................... 287 1 O pagamento por consignao............................................... -....................... 287 2 Consignao extrajudicial............................................................................. 289 3S Consignao judicial; natureza jurdica e competncia.................................. 293 4b Procedimento da consignao judicial........................................................* 295 5B Legitimidade................................................ .................................................. 299 6e Consignao de prestaes peridicas................................................ -.......... 300 79 Sentena...................................... !.....................................................-........... 303 8S Consignao em caso de dvida quanto titularidade do crdito................ 304 9 Resgate da enfiteuse....................................... ...................... -........................ 307 10 Consignao de aluguis e acessrios da locao........................................... 308

    Captulo XXV - Restituio da Coisa Depositada.................................................. 313 1 Depsito: conceito e espcies........................................................................ 313 2~ Ao de depsito: conceito, natureza jurdica e cabimento...................... . 314 3 Procedimento................................................................................................ 316 4 Priso civil do depositrio infiel.................................................................... 322

    a 55 Sentena e execuo..............i .................................................... .................. 327

    Alexandre Freitas Cmara

  • Lies de Direito Processual Civil - VoL III - 163 edio

    Captulo XXVI Anulao e Substituio de Ttulos ao Portador...................... 331 Ia Conceito, natureza jurdica e cabimento...................................................... 331 2a Procedimento.......................................................................... ..................... 334 3a Sentena................................................................................... ..................... 338 4a Substituio e destruio parcial do ttulo.................................................... 340

    Captulo XXVH - Prestao de Contas................................................................... 343 1 Conceito, natureza jurdica e cabimento..................................................... 343 2 Ao de exigir contas................................................................................. 347 3a Ao de dar contas ..................................................................................... 354Captulo XXVHI - Tutela da Posse........................................................................ 357 Ia A posse e a proteo possessria................................................................... 357 2a Os interditos possessrios: reintegrao, manuteno e interdito proibit-

    rio: conceito, cabimento e fimgibilidade....................................................... 361 3a Procedimento: fora nova e fora velha....................................................... 363 4a Medida liminar: natureza jurdica................................................................ 368 5fi Exceo de domnio...................................................................................... 371 6a Natureza dplice dos procedimentos possessrios....................................... 375 7a Sentena....... ................................................................................................. 378 8a Interdito proibitrio...................................................................................... 380Captulo XXDC - Nundao de Obra Nova............................................................ 383 Ia Conceito, natureza jurcica e cabimento.......................................... ........... 383 2a Legitimidade............... ................................................................................... 385 3a Embargo extrajudicial de obra...................................................................... 387 4a Procedimento................................................................................................ 388 5a Embargo liminar: natureza jurdica........................ ..................................... 390 6a Prosseguimento da obra................................................................................ 392 7a Sentena e execuo...................................................................................... 392Captulo XXX - Usucapio de Imveis.................................................................. 395 Ia Usucapio: conceito, espdes e requisitos................................................... 395 2a Legitimidade......................... .T...................................................................... 398 3a Procedimento................................................................................................ 402 4a Sentena e coisa julgada................................................................................ 404 5a Registro de Imveis....................................................................................... 406 6a Usucapio especial......................................................................................... 407 7 Usucapio como defesa................................................................................. 409

    Captulo XXXI - Diviso e Demarcao de Terras................................................. 413 Ia Disposies gerais........................................... .............................................. 413 2a Ao de demarcao................................................................................... 417 3a Ao de diviso........................................................................................... 422Captulo XXXH - Inventrio e Partilha.................................................................. 427 Ia Disposies gerais.......................................................................................... 427 2a Natureza jurdica......................................... ................................................. 429 3a Inventrio negativo....................................................................................... 430

  • Alexandre Freitas Cmara

    4 Competncia.................................................................................................. 431 5 Universalidade do foro da sucesso............................................................. 433 6 Questes de alta indagao.......................................-.................................... 4347 Inventariante................................................................................................. 435 8 Legitimidade.................................................................................................. 437 9 Procedimento................................................................................................ 438 10 Partilha........................................................................................................... 443 11 Arrolamento sumrio...................................................................................... ^446 11-A Inventrio e Partilha Extrajudiciais......................................................... 447 12 Disposies comuns....................................................................................... 448

    Captulo XXXHI- Embargos de Terceiro.............................................................. 451 1 Conceito, natureza jurdica e cabimento....................................................... 451 2a Competncia............................................................................. *................... 456 3 Procedimento............................................................................................... . 457 4 Sentena............................................................................ ............... *............ 460

    Captulo XXXIV - Habilitao............................................................................... 463 1 Conceito, natureza jurdica e cabimento..............*....................................... 463 2 Legitimidade............................................................................ ................... . 4653 Competncia.................... ..............................................................*.............. 465 4 Procedimento........................................................... -.................................... 466 5 Habilitao nos autos do processo principal.................................................. 467

    Captulo XXXV - Restaurao de Autos........................ .............. ......................... 469 1 Conceito, natureza jurdica e cabimento...................................................... 469 2 Legitimidade............................................................................... ?................. 470 3 Competncia.............................. ...................................................... ............. 471 4 Procedimento.................................................................................... -.......... 4715 Sentena.................................. ....................................... :....... -..................... 473 6 Restaurao de autos no Tribunal........................................................... *.... 473 7 Responsabilidade civil do causador do desaparecimento dos autos............... 474

    Capitulo XXXVI Vendas a Crdito com Reserva de Domnio.................. 475 1 O contrato de compra e venda com pacto de reserva de domnio................ 475 2 Procedimento da execuo do preo....................... .......... *.......................... 478 3 Procedimento para recuperao da coisa vendida........................... ....... - 479

    Captulo XXXVH - Procedimento Monitrio....................................................... 481 1 Conceito, natureza jurdica e cabimento..................................................... 481 2 Espcies de procedimento monitrio......................................................494 3 Cognio sumria e inverso de iniciativa do contraditrio....................... 496 4 Procedimento............................ .................................................................. ^00 5 Provimento inicial e mandado monitrio........................... ........................ 503 6 Embargos...................................................................................................... ^09 7 Sentena, recursos e coisa julgada................................................................ 512

    __ 8 Execuo.................... ..............................................................................*..... \ 51?

  • lies de Direito Processual Civil - Vol III - 1& edio

    Segunda Seo Procedimentos Especiais de Jurisdio Voluntria

    Captulo XXXVHI - Noes Gerais............................... ................................... 523 Ia Jurisdio voluntria.................................... ................................................ 523 2 Procedimento comum................................................................................... 525

    Captulo XXXIX - Alienao Judicial....................... ........................................ 529 Ia Conceito, natureza jurdica e cabimento..................................................... 5292* Procedimento............................................................................................... 530 3a Extino de condomnio............................................................................... 531Captulo XL - Separao Consensual..................................................................... 533 Ia Conceito e natureza jurdica.......................................................................... 533 2" Requisitos...................................................................................................... 534 3e Procedimento.... ............................................................................................ 534 4* Sentena......................................................................................................... 537 5a Reconciliao do casal................................................................................... 537Captulo XLI - Cumprimento de Disposio de ltima Vontade........................ 539 Ia Testamentos e codicilos................................................................................. 539 2a Conceito e natureza jurdica......................................... ................................. 540 39 Competncia.................................................................................................. 541 4a Procedimento................................................................................................ 541 5a Sentena......................................................................................................... 544

    Capitulo XLII - Arrecadao de Herana Jacente.................................................. 545 Ia Herana jacente............................................................................................. 545 2* Competncia.................................................................................................. 546 3a Legitimidade.................................................................................................. 546 4a Procedimento................................................................................................ 547 5a Administrao da herana jacente................................................................ 549 6S Declarao de vacncia................................................................................. 550

    Captulo XLHE ~ Arrecadao dos Bens dos Ausentes.......................................... 553 Ia Ausncia!....................................................................................................... 553 2 Pressupostos................................................................................................... 5543 Competncia........................................................ ......................................... 554 4 Procedimento................................................................................................ 554 5 Converso da sucesso provisria em definitiva........................................... 556

    Captulo XUV - Arrecadao das Coisas Vagas.................................................... 559 Ia Conceito e natureza jurdica.......................................................................... 559 2 Legitimidade.................................................................................................. 560 3 Competncia.................................................................................................. 560 4a Procedimento............................................................. ........................... :..... 561Captulo XLV - Curatela dos Interditos................................................................ 563 Ia Interdio: conceito e natureza jurdica ...~.................................................. 563 2 Legitimidade.................................................................................................. 564

  • Alexandre Freitas Cmara

    3 Competncia................................................................................................. 565 4 Procedimento............................................................................................... 5655 Sentena.................................................................................................. *..... 567 6 Levantamento da interdio......................................................................... 568 7 Curador: investidura e remoo................................................................... 569 8 Disposies comuns tutela e curatela..................................................... 570Captulo XLVI - Organizao e Fiscalizao das Fundaes................................. 571 l9 Fundaes........................... ......................................................................... 571 2 Procedimento para instituio de fundaes................................................ 572 3 Estatutos: elaborao e alterao.................................................................. 572 4 Extino das fundaes................................................................................. 573Captulo XLVH - Especializao da Hipoteca Leg^l.............................................. 575 1 Hipoteca legal............................................................................................... 575 2 Conceito e natureza jurdica...................................................................... . 576 3 Competncia............................................................................................... 576 4 Legitimidade................................................................................................. 577 5e Procedimento............................................................................................... 577 6 ^ Insuficincia de bens.................................................................................... 578 7 Sentena........................................................................................................ 578Referncias Bibliogrficas...................................................................................... 579

    ndice Remissivo....................................... ............................................................ 589

    xiv

  • -A.presentao

    A operatividade do Direito, ao contrrio do que o senso comum terico dos juristas deixa transparecer, uma tarefa absolutamente complexa. Ou seja, a cincia jurdica sofisticada, independentemente daqueles que querem simplific-la (ou torn-la simplria), mediante a aplicao de verbetes standartzados, encontrveis em manuais jurdicos dos mais variados. A complexidade do Direito exsurge, pois, revelia de nossa vontade. Dizendo de outro modo, fenomenologicamente, a realidade existe independentemente de ns. Nossa tarefa des-co-bri-la, des-ven-d-la, para, ento, transform-la.

    No h Direito sem dogmtica (jurdica). E no se pode confundir dogmtica com dogmatdsmo, questo para qual autores como Clemerson Clve e Lus Alberto Warat de M muito chamam a ateno da comunidade jurdica (crtica),, que, em determinado perodo de nossa histria, considerava vivel/possvel substituir a dogmtica jurdica pela crtica do Direito. Contemporaneamente, como se sabe, mormente em face do advento dos novos tempos constitucionalizantes, a dogmtica jurdica pode questionar e servir de instrumento fundamental para a realizao de direitos dos mais variados. Basta ver, nesse sentido, a gama de direitos (ainda) no realizados em nossa sociedade.

    Ciente dessa problemtica, Alexandre Freitas Cmara mergulha na complexidade tcnico-dogmtica do Direito, desvendando os infindveis segredos do seu manejo. Nesta densa obra, em linguagem objetiva - como ele mesmo diz - Alexandre apresenta conceitos e teorias acerca do processo cautelar, dos procedimentos cautelares tpicos e, na segunda parte, trata dos procedimentos especiais.

    A abordagem da tutela cautelar, em diversas dimenses, insere-se no contexto da efetividade/instrumentalidade do processo em nosso pas. O autor tem presente a importncia das urgncias s quais o sistema jurdico deve dar guarda. Ou seja, Alexandre Cmara, em anlise percusciente, tem conscincia do papel que representa o processo cautelar, at mesmo como condio de possibilidade da prpria instru- mentalidade do processo e da funo social da jurisdio, em um pas em que, muito embora tenhamos uma Constituio recheada de direitos, expressiva parcela destes ainda no foi efetivada. H, pois, um dficit de realidade jurdica, decorrente do cres

  • cimento das demandas provenientes de uma sociedade cada vez mais conflituosa, sem o devido atendimento por parte do judicirio.

    nesse contexto que a abordagem da obra assume relevncia, o processo como a vida do Direito, como queria Camelutti, e no como obstculo realizao dos direitos. este salto (berspringen) que deve ser feito, onde o processo - visto como instrumento de efetivao do Direito ~ se constitui em um Direito Fundamental do cidado. Um processo civil sem instrumentalidade constitui a violao flagrante do princpio constitucional do acesso justia e do direito prestao jurisdicional. Por isto, o modo de alcanar essa efetivao - o processo - tem na tutela de urgncia (entendida lato sensu) um componente/mecanismo sem similar no restante do ordenamento. Por isto, cresce de importncia a obra de Alexandre Cmara, a qual, registre-se, tenho a honra de apresentar comunidade jurdica. , assim, uma obra de manuseio indispensvel para quem opera o Direito e fonte substanciosa para a pesquisa jurdica.

    Lemo Luiz Streck Doutor em Direito

    Professor dos Cursos de Mestrado e Doutorado em Direito da UNISINOS-RS

    Alexandre Freitas Cmara

  • g Q P K -B S U O T E C *

    N o ta Introdutria ao Volume III

    Com este terceiro volume, encerramos nossas Lies de Direito Processual Civil. Este volume cuida de dois temas (processo cautelar e procedimentos especiais) que, infelizmente, tm sido pouco tratados nos cursos de graduao em Direito, principalmente em razo da insuficiente carga horria dedicada ao estudo do Direito Processual Civil em tais cursos. Isto fez com que o bacharel ingresse no mercado de trabalho, muitas vezes, despreparado para lidar com o que aqui se vai analisar.

    Procuramos manter, neste terceiro volume, o mesmo sistema empregado nos volumes anteriores destas Lies. linguagem objetiva, apresentao de conceitos, utilizao de exemplos, estas foram nossas principais preocupaes. Acresa-se a isto a apresentao e divergncias doutrinrias, expondo as correntes existentes sobre cada ponto do programa, com a indicao das fontes onde as mesmas podem ser estudadas com mais profundidade.

    Como os anteriores, este no um livro pretensioso. Esperamos, apenas, que possa o mesmo ser til a estudantes dos cursos de graduao e candidatos aos concursos pblicos, que formam, sem sombra de dvida, o pblico alvo deste modesto trabalho. Ficaremos gratos, contudo, se verificarmos que estas Lies foram teis, tambm, aos profissionais do Direito, os quais so levados a lidar diuturaamente com o direito processual civil.

    Dedicamos, por fim, estas Lies, memria do saudoso advogado Antonio Evaristo de Moraes Filho, de quem tivemos o privilgio de ser aluno na Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, e que permanece vivo na lembrana d todos aqueles que vivem, todos os dias, as alegrias e tristezas da advocacia.

    O Autor

  • ota Introdutria 5 Edio

    Depois da aprovao da Lei n5 10.444/2002 e do novo Cdigo Civil, o direito brasileiro passou por uma imensa reformulao. Enquanto este, embora destinado precipuamente a regulamentar o direito privado, provoca inmeras alteraes no direito processual civil, decorrentes da inegvel influncia recproca que cada um destes ramos da cincia jurdica exerce sobre o outro (basta pensar na influncia exercida sobre o direito civil pela transformao do art. 461 do CPC, que regulamentou a tutela jurisdicional especfica relativa s obrigaes de fazer e de no fazer), aquela foi responsvel por uma verdadeira revoluo processual, na medida em que diminuiu muito a desarrazoada necessidade que anteriormente tnhamos de multiplicar processos para solucionar uma nica causa. Agora, com a possibilidade de reunir em um s processo cognio e execuo, bem como por ser possvel obter, em um s processo, tutela cautelar e tutela satisfativa, o direito processual civil brasileiro d mais um passo adiante em busca de sua plena efetividade.

    Este terceiro volume das Lies de Direito Processual Civil vem, em funo de tudo isso, tremendamente reformado. As transformaes provocadas pela Lei n 10.444/2002 se manifestam (entre outros pontos) em sede cautelar, matria aqui tratada. Ademais, o novo Gdigo Civil impe uma srie de mudanas nos captulos ati- nentes aos procedimentos especiais, onde o direito processual e o direito material interagem com maior freqncia.

    Repita-se, aqui, porm, algo que vem sendo dito nestas Lies desde a sua primeira edio: este um livro de direito processual. As consideraes sobre o direito material que aqui so apresentadas tm por nica funo facilitar a exposio dos temas processuais. No espere o leitor, pois, aqui encontrar uma exposio sistemtica de direito civil, mas apenas algumas breves consideraes sobre os temas de direito privado que precisam ser conhecidos para que o direito processual civil seja convenientemente conhecido.

    Espero, sinceramente, que esta quinta edio tenha uma acolhida to generosa quanto as edies anteriores tiveram.

    Por fim, no poderia deixar de dizer que esta quinta edio dedicada ao meu filho Rodrigo, o maior presente que a vida me deu. E tambm dedicada a Janana,

  • minha mulher, meu amor, que esteve comigo em todos os momentos, bons e ruins, e que certamente estar sempre comigo por todos os dias de minha vida. A eles tudo que posso dizer : eu amo vocs!

    O Autor

    Alexandre Freitas Cmara

    xx

  • M ota Introdutria 12 Edio

    A aprovao, no final de 2006, de diversas leis provocou modificaes importantes no direito processual civil brasileiro. Dos trs volumes destas Lies de direito processual civil, o menos afetado, sem qualquer dvida, este terceiro. Apesar disso, foi preciso realizar uma cuidadosa reviso de todo o seu contedo. Trata-se, porm, e substancialmente, do mesmo livro que antes vinha recebendo da comunidade jurdica calorosa acolhida, que se espera possa continuar a existir.

    Esta breve introduo nova edio das nossas Lies, porm, tem um propsito: apresentar consideraes (breves) acerca dessas reformas por que vem passando o direito processual civil brasileiro. Estamos absolutamente convencidos de que o legislador tem se valido de suas armas para atacar o alvo errado. Os maiores problemas da prestao jurisdidonal civil no Brasil, a morosidade do processo e a qualidade das decises judiciais, devem ser resolvidos atravs de reformas estruturais (como, poir exemplo, a contratao de pessoal ou a informatizao de procedimentos administrativos dos tribunais que ainda no o fizeram), bem assim com a realizao de cursos de atualizao para magistrados e outros profissionais, que precisam estudar mais do que tm feito (e preciso dizer que muitos no estudam no por que no queiram, mas simplesmente por que no tm tempo para estudar, em razo da sobrecarga de trabalho a que so submetidos).

    Isto, evidentemente, no quer dizer que reformas das leis processuais no tenham de ser feitas. Tais reformas, porm, deveriam ser feitas para atacar pontos da lei que, atuados na prtica, no tenham sido capazes de resolver adequadamente os problemas que se destinam a soludonar. Como disse, com muita propriedade, um dos mais autorizados processualistas brasileiros, de que adianta reformar as leis, se pela inobservncia delas que o retardamento dos feitos se d? (Humberto Theodoro Jnior, A Onda Reformista do Direito Positivo e suas Implicaes com o Princpio da Segurana Jurdica, in Revista Magister de Direito Civil e Processual Civil, vol. 11, p. 31). Alm disso, muitas alteraes tm sido capazes de gerar dvidas doutrinrias que as normas anteriores no geravam. Assim, acaba-se por se pr em dvida a efetividade de muitas das reformas, que acabam em razo dessas divergncias - gerando uma perda de tempo ainda maior.

  • Alexandre Freitas Cmara

    Isto no quer, evidentemente, dizer que nenhuma reforma seja positiva. O processo eletrnico, por exemplo, um passo adiante no modo de se desenvolver o processo civil no Brasil. Tomados os cuidados necessrios com a aplicao de um sistema como esse em um pas de excludos digitais (e basta dizer que no Brasil apenas oito por cento da populao tem acesso Internet a partir de computadores instalados em residncias, e oitenta e nove por cento da populao brasileira formada por excludos digitais, segundo dados do Comit para Democratizao da Informtica, uma organizao no governamental criada no Brasil), o processo eletrnico pode melhorar muito a qualidade da prestao juiisdicional.

    A nosso juzo, preciso ter cuidado para no se pensar que toda reforma s vem paia melhorar o sistema. Juristas no so Pollyanas, e no pode ser saudvel a existncia de juristas naif. preciso elogiar o que apresenta bons resultados, e criticar o que no o consegue, de modo a permitir que - atravs do trabalho dos juristas comprometidos com a boa qualidade da prestao jurisdicional se consiga aperfeioar sempre o direito objetivo.

    Esperamos, sinceramente, que nossa obra seja capaz de contribuir no s para a compreenso do direito processual civil brasileiro vigente, mas tambm para a melhoria desse sistema.

    Esta nova edio do terceiro volume destas modestas Lies , como no poderia deixar de ser, dedicada a minha esposa, Janana, e aos meus filhos, Rodrigo e Guilherme. Disse o grande escritor francs Saint-Exupry, em Terra dos Homens, que Amar no olhar-se um ao outro, olhar juntos na mesma direo. Para eles, que olham na mesma direo que eu, esta edio dedicada,

    O Autor

  • P r im e ir a P arte

    P ro cesso C a u tela r

    P r im eir a Seo T eo r ia G eral

    d o P rocesso Ca u t el a r

  • Captulo I Conceito e Noes Gerais

    1Q Conceito

    Aps o estudo dos mdulos processuais de conhecimento e de execuo, realizado nos dois primeiros volumes desta obra, passa-se ao estudo do processo cautelar, que costuma ser indicado (sem muita preciso, frise-se) como um "terceiro, gnero. Na verdade, o processo cautelar, como se poder ver, um segundo gnero de processo, colocando-se em posio oposta ocupada, em conjunto, pelos processos cognitivo e executivo (e ao processo sincrtico, formado pela fuso de um mdulo cognitivo e um executivo). Isto porque estes dois tipos de processo podem ser reunidos num nico gnero: o dos processos satisfativos, assim entendidos aqueles processos em que o desfecho final normal capaz de permitir a realizao do direito material. Tal realizao se d pela declarao da vontade do direito (mdulo processual cognitivo), ou pela realizao prtica do comando do direito substancial (mdulo processual executivo).

    J o processo cautelar no capaz de satisfazer o direito substancial, mesmo quando alcana seu desfecho normal (o que ocorre quando proiatada a sentena cautelar, com a posterior efetivao do comando nela contido).1

    Do exposto, j razoavelmente simples inferir a distino existente entre o processo cautelar e os dois outros tipos de processo, considerados estes em conjunto.

    1 No mesmo sentido, afirmando que o processo cautelar se ope aos processos de conhecimento e de execuo analisados em conjunto, Jos Carlos Barbosa Moreira, Estudos sobre o novo Cdigo de Processo Civil, Rio de Janeiro: Lifaer Juris, 1974, p. 230, onde se l: O Cdigo reconhece ao processo cautelar a sua plena individualidade, quer em face do processo de conhecimento, quer do processo de execuo. A meu ver, alis, talvez no seja muito exato contrapor-se o processo cautelar, como um terceiro gnero, a esses dois antes mencionados. Creio que ele mais verdadeiramente se contrape ao processo de conhecimento e ao de execuo considerados em conjunto, j que um e outro tm natureza satisftiva, visando portanto tutela juris didonal imediata, ao passo que o processo cautelar se distingue precisamente por constituir uma tutela media ta, uma tutela de segundo grau.

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  • Alexandre Freitas Cmara

    Enquanto estes so satisfetivos, ou seja, so capazes de permitir a tutela jurisdicional imediata do direito substancial, tomando possvel sua atuao prtica, o processo cautelar s permite uma tutela jurisdicional mediata, ou seja, este tipo de processo se destina a permitir a futura realizao do direito substancial.

    Isto se d porque o processo cautelar tem por fim garantir a efetividade de outro processo, ao qual o mesmo se liga necessariamente. Como se sabe, os processos exigem, para que possam chegar ao seu desfecho, um tempo que, muitas vezes, bastante longo. Este tempo essendal para que os atos processuais possam ser praticados adequadamente, para que os prazos possam ser respeitados, enfim, para que o processo possa alcanar o resultado que dele se espera.

    Ocorre que, muitas vezes, o tempo acaba por ser prejudicial ao processo, pois esta demora na entrega da prestao jurisdicional pode ser capaz de provocar o surgimento de um risco para a efetividade do prprio processo. Pense-se, por exemplo num mdulo processual de conhecimento, em que se pretende a condenao do demandado ao pagamento de certa quantia. Esta condenao pode demorar tanto que, quando chegar o momento da execuo forada da sentena condenatria, j no se encontre, no patrimnio do devedor, nenhum bem capaz de assegurar a satisfao do crdito, pois a demora do processo permitiu a ele desfazer-se de todo os seus bem penhorveis.

    Era preciso, assim, criar-se um mecanismo capaz de assegurar a efetividade do processo, apesar de sua demora. Este instrumento o processo cautelar, o qual permitir, e.g., que - na hiptese adma aventada ~ se realize uma apreenso de bens do devedor (chamada em nosso direito objetivo de arresto), para o fim de assegurar a efetividade da futura execuo. Note-se que com esta apreenso n se satisfez o crdito. Este s ser realizado quando a execuo chegar ao seu desfecho normal, A tutela jurisdi- donal cautelar se limita a proteger a execuo contra os males do tempo, assegurando que, quando de sua realizao, seja possvel a atuao prtica do direito substancial, com os meios executivos inddindo sobre aqueles bens previamente apreendidos,

    Com o processo cautelar, portanto, cria-se um meio (no o nico, como se ver em seguida) de preveno dos males do tempo, sendo certo que, como disse um dos mais notveis juristas de todas as pocas, o valor que o tempo tem no processo imenso e, em grande parte, desconhecido. No seria demasiadamente atrevido comparar o tempo a um inimigo contra o qual o juiz luta sem descanso.2

    Pelo que se exps at aqui, pode-se ento definir o processo cautelar como o processo que tem por fim assegurar a efetividade de um provimento jurisdicional a ser produzido em outro processo.

    2 Francesco Camelutti, Derecbo y Procesa, trad. esp. de Santiago Sentis Melendo, Buenos Aires: EJEA, 1971, p. 412 ( nossa a verso para o vernculo). \

  • de se notar que o processo cautelar um instrumento de proteo de outro processo. O que se quer dizer que com o processo cautelar vai-se combater situaes em que existe risco para a efetividade de um processo. Quando o tempo de durao do processo gerar uma situao de perigo para o prprio direito material, no ser adequada a utilizao do processo cautelar, mas sim do instituto - anteriormente estudado - da tutela antecipada.

    Assim, por exemplo, podemos figurar a hiptese em que algum v a juzo pedindo a condenao do demandado a pagar um tratamento mdico de que o demandante necessita, sendo essencial que o tratamento se realize desde logo, custa do demandado, sob pena de o demandante no sobreviver. Neste caso, como parece bvio, o que sofre risco de dano se no for tutelado de imediato o prprio direito substancial do demandante, razo pela qual ter o Estado de prestar a ele a tutela jurisdicional antecipada. Situao diversa seria aquela em que o demandante j tivesse se submetido ao tratamento, e pretendesse ser ressarcido dos gastos que teve, verificando-se que o demandado, para se furtar ao pagamento, estivesse se desfazendo de todos os seus bens penhorveis. Neste caso, seria a efetividade da futura execuo que estaria sofrendo risco, pois nenhuma utilidade se pode esperar de uma execuo se o executado no dispe de bens de valor suficiente para assegurar a realizao do crdito exeqendo. Far-se-ia necessrio, ento, que neste caso se realizasse uma apreenso de bens do devedor, tantos quantos fossem necessrios para assegurar que, na futura execuo, seu patrimnio fosse ainda capaz de assegurar a realizao do direito material do credor. Neste caso, em que se pretende assegurar de forma media- ta a tutela jurisdicional, evitando-se a consumao do dano que a efetividade do processo poderia sofrer, ser cabvel a tutela jurisdicional de ndole cautelar.

    O processo cautelar , pois, instrumento de proteo de outro processo, a que se liga, e que recebe tradicionalmente o nome de processo principal Foi neste sentido, alis, que se manifestou um pioneiro do estudo deste meio de prestao de tutela jurisdicional, ao afirmar que se todos os provimentos jurisdicionais so um instrumento do direito substancial, que atravs deles atuado, nos provimentos cautelares se verifica uma mstrumentalidade qualificada, ou seja, elevada, por assim dizer, ao quadrado: esses so de fato, infalivelmente, um meio predisposto a um melhor proveito do provimento definitivo, que por sua vez um meio para a atuao do direito; so, pois, em relao finalidade ltima da funo jurisdicional, instrumentos do instrumento.3

    Lies de Direito Processual Civil - VoL HI -16* edio

    3 Piero Ca.lamandrei, Introduzione alio smdio sistemtico dei prowedimen cautehr, in Opere Giurdiche,voL DC, Npoles: Morano, 1983, p. 176 ( nossa a verso para o portugus). de se dizer que a edio original desta obra de 1936, sendo por todos considerada obra pioneira no estudo sistemtico do processo

  • Alexandre Freitas Cmara

    O processo cautelar , pois, instrumento do instrumento, pois que se apresenta como instrumento de realizao de outro processo, sendo este, por seu turno, instrumento de atuao do direito substancial.

    O Cdigo de Processo Civil brasileiro, no se pode deixar de dizer, afirma, em seu art. 796, que o processo cautelar sempre dependente de um processo principal. Frise-se, alis, que o vigente CPC foi o primeiro Cdigo de Processo do mundo a dedicar todo um livro (o livro III, formados pelos arts. 796 a 889) ao processo cautelar, pois os Cdigos anteriores a ele (e muitos Cdigos posteriores) trataram do processo cautelar de forma assistemtica, incluindo a matria, por exemplo, entre os procedimentos especiais (como fazia nosso revogado CPC de 1939, e faz o vigente Cdigo italiano), na parte geral (como faz o Cdigo da Nao Argentina), ou em outros locais que tampouco se mostram apropriados.

    O processo cautelar , pois, instrumento atravs do qual se presta uma modalidade de tutela jurisdicional consistente em assegurar a efetividade de um provimento a ser produzido em outro processo, dito principal. Ao contrrio do que ocorre com os outros dois tipos de processo (cognitivo e executivo, e tambm com o sincrtico, que resultado da fuso dos outros dois), o processo cautelar no satisfaz o direito substancial, mas apenas garante que o mesmo possa ser realizado em momento posterior, permitindo, assim, uma forma de tutela jurisdicional mediata.

    O processo cautelar, como afirma o mesmo art. 796 do CPC anteriormente citado, pode comear antes do processo principal, ou no curso dele. No primeiro caso, fala-se em processo cautelar antecedente ou preparatrio, e no segundo em processo cautelar incidente.

    2e Ao cautelar: conceito e condies

    Como j foi visto no primeiro volume desta obra, costume classificar a ao conforme o tipo de tutela jurisdicional pretendida. Embora no concordemos com esta classificao, por termos em vista que, sendo una a jurisdio, deve ser uno tambm o poder de provocar seu exerdcio (poder de ao), no se pode negar a vantagem de ordem didtica que esta classificao produz, apesar de desprovida de contedo cientfico. Assim sendo, trataremos aqui da ao cautelar, buscando estabelecer seu conceito e tratar de suas condies.

    A importncia do tema ainda maior quando se verifica que h, na prtica forense, uma certa promiscuidade terminolgica, sendo comum o emprego de expresses de contedo tcnico bastante determinado em sentido diverso daquele que se afigura como sendo o correto. Assim, por exemplo, comum encontrar-se em peties iniciais a afirmao de que o demandante est propondo medida cautelar,

  • lies de Direito Processual Civil - VoL III - 16* edio

    quando em verdade est ele propondo ao cautelar. O mesmo equvoco encontrado em uma srie de provimentos judiciais, onde se l, muitas vezes, que o juiz julga procedente a medida cautelar proposta pelo demandante, quando em verdade ele julga procedente o pedido para conceder a medida cautelar pleiteada.

    No difcil conceituar a ao cautelar, j que esta nada mais do que uma manifestao do poder de ao. Pode-se dizer que ao cautelar o poder de pleitear do Estado-Juiz a prestao da tutela jurisdicional cautelar, exercendo posies ativas ao longo do processo. A ao cautelar tem, obviamente, as mesmas caractersticas da ao em geral, sendo autnoma em relao ao direito substancial que mediata- mente se pretende proteger; e abstrata (o que significa dizer que existe o poder de ao ainda que no exista o direito substancial afirmado pelo demandante).4

    Quanto s condies da ao cautelar, estas so as mesmas que das demais aes: legitimidade das partes, interesse de agir e possibilidade jurdica da demanda.5

    O fato de as condies da ao cautelar serem as mesmas das aes em geral, porm, no pode levar o intrprete a considerar que, num caso concreto, as condies da ao cautelar sero as mesmas condies da ao principal. A ao cautelar ter, em cada caso, suas prprias condies, as quais no se confundem com as condies da ao principal.

    A primeira condio da ao cautelar a legitimidade das partes. Aqui no h maior dificuldade, j que legitimado ativo ser aquele que se diz titular de um direito substancial (sendo certo que, no processo cautelar, como se ver mais adiante, no se ir verificar a existncia ou no de tal direito, contentando-se o Estado-Juiz em verificar se tal existncia provvel), e legitimado passivo o sujeito apontado pelo demandante como sendo o outro sujeito da res in iudicium deducta. Assim, por exemplo, numa ao cautelar de arresto, ser legitimado ativo aquele que se diz credor de uma dvida de dinheiro, e legitimado passivo aquele que apontado como sendo o devedor (ou responsvel).

    A afirmao da natureza abstrata da ao cautelar* se encontra na doutrina amplamente dominante. Por todos, consulte-se Enrico Tullio Liebman, Manual de Direito Processual G vil voL I, 2a ed,, trad. bras. de Cndido Rangel Dinamarco, Rio de Janeiro: Forense, 1985, p. 217, onde se l: No obstante, a ao cautelar autnoma e pode ser acolhida ou rejeitada, conforme seja em si mesma procedente ou improcedente. Esta posio, porm, no unnime, nem mesmo entre aqueles autores que, no estudo da teoria geral do direito processual, defendem teorias abstratas acerca da ao. Basta citar, entre estes, Cndido Rangel Dinamarco, Prefcio obra de Sydney Sanches, Poder Cautelar Geral do Juiz, So Paulo: RT, 1978, p. XVII, onde afirma aquele processua- lista que pessoalmente levado a colocara hiptese de ser concreta a ao cautelar, tendo por condies precisamente os requisitos paia a sua concesso. A este tema voltaremos adiante, quando do estudo da colocao sistemtica dos requisitos de concesso das medidas cautelares no objeto da cognio judidaL Sanches, Poder Cautelar Geral do Juiz, ob. dt., p. 40. Autores h que, em posio com a qual no concordamos, e de que trataremos com mais profundidade adiante, incluem en-tre as condies da ao cautelar o unus boni iuris e o periculum in mora. Neste sentido, por todos, Marco Tullio Zanzucchi, Diritto Processuale Civile, voL D, 6* ed., Milo: Giufir, 1964, p. 168.

  • Referimo-nos, at aqui, como parece bvio, legitimidade ordinria. No se pode afastar, porm, os casos de legitimidade extraordinria. Assim, por exemplo, o Ministrio Pblico, legitimado extraordinrio para propor ao de investigao de paternidade, tambm legitimado para ajuizar ao cautelar de produo antecipada de provas, destinada a colher antecipadamente o depoimento de uma testemunha que deveria ser ouvida no processo da ao de investigao de paternidade mas, por algum motivo (por exemplo, doena incurvel que gere uma expectativa de vida inferior ao tempo necessrio para que o processo de conhecimento alcance o momento adequado para a colheita de prova testemunhai), precisa ser inquirida antes do momento adequado. Tendo o Ministrio Pblico legitimidade extraordinria para o processo principal, ter tambm para o processo cautelar. O que aqui se diz, obviamente, aplicvel a qualquer legitimado extraordinrio.

    A segunda condio da ao o interesse de agir, que pode ser conceituado como a utilidade da providncia cautelar pleiteada pelo demandante. Esta condio formada por um binmio: necessidade da tutela jurisdcional cautelar e adequao do provimento cautelar pleiteado e do meio eleito para sua obteno.

    O interesse-necessidade, primeiro elemento formador do interesse de agir, verificado em sede cautelar da mesma forma que nas demandas cognitivas e executivas. Vedada a autotutela, toda vez que algum pretender obter uma providncia capaz de assegurar a efetividade de um futuro provimento jurisdcional, a ser produzido em processo de conhecimento ou de execuo (o processo principal), haver necessidade de pleitear perante o Estado-Juiz a prestao da tutela jurisdicional cautelar. Estar, assim, presente a necessidade da tutela cautelar, essencial para que esteja presente o interesse de agir.

    O segundo elemento formador do interesse de agir o in teresse-adequao, que se revela como a adequao da providncia jurisdicional pleiteada e do meio eleito para sua obteno. Pleiteada uma medida cautelar, preciso verificar, em primeiro lugar, se a mesma a adequada para conceder a tutela mediata do direito substancial que se presta atravs das providncias cautelares. Assim, por exemplo, figure-se a hiptese de algum que se diz credor de obrigao de entrega de coisa certa ir a juzo, afirmando que o devedor pretende fazer perecer a coisa devida, o que retirar toda a efetividade do futuro processo de execuo para entrega de coisa. Pleiteia ele, ento, a concesso de um arresto. sabido, porm, que o arresto destina-se a garantir a efetividade de uma futura execuo por quantia certa, e que a medida adequada para proteger a futura execuo para entrega de coisa o seqestro. Neste caso, ter o demandante pleiteado medida inadequada para resolver a crise por ele narrada na demanda, faltando a ele, pois, interesse-adequao.

    Alexandre Freitas Cmara

  • lies de Direito Processual Civil - VoL III - 163 edio

    No se pode deixar de afirmar que para alguns juristas existiria a possibilidade de, tendo o demandante pleiteado uma medida cautelar, o juiz conceder medida diversa da devida. Existiria, assim, uma autorizao para que o juiz do processo cautelar decidisse extra petita, concedendo medida diversa da pleiteada.6 Assim, porm, no nos parece. No li norma autorizando o Estado-Juiz a prover fora do pedido no processo cautelar. Deve-se observar, pois, o principio da adstrio da sentena ao pedido, previsto expressamente no CPG para o processo de conhecimento, mas aplicvel tambm aos processos executivos e cautelares.7 Assim, tendo o demandante pedido medida cautelar inadequada para solucionar a situao de crise por ele narrada em sua petio inicial, dever o juiz consider-lo carecedor de ao, por feita de interesse de agir.

    No faltar interesse de agir, todavia, se o demandante propuser a ao cautelar para pedir medida stisfativa, que deveria ter sido pleiteada no bojo do processo cognitivo, atravs da tcnica conhecida como tutela antecipada. E isto se d em razo do disposto no 7- do art. 273 do CPC, que cria uma fungibilidade entre os meios de obteno da tutela jurisdicional de urgncia. Abre-se, aqui, uma exceo regra geral, e se permite a obteno de tutela jurisdicional por meio que, a princpio, no seria o adequado. Legitma-se a exceo, porm em razo da urgncia da medida postulada.

    Ainda que adequada a medida pleiteada, poder faltar interesse-adequao se o demandante eleger o meio inadequado para sua obteno. Explique-se melhor o que acaba de ser dito: normalmente, a tutela jurisdicional cautelar prestada atravs de um processo, autnomo em relao ao processo principal, que chamado de processo cautelar. H casos, porm, em que se admite a prestao da tutela cautelar sem que se faa necessria a instaurao de um processo para tal. Em outros termos, h casos em que a medida cautelar deve ser pleiteada dentro do processo cuja efetividade se quer proteger (e que no ser chamado, neste caso, de processo principal, eis que o nico). Basta pensar, por exemplo, na medida cautelar que se destina a assegurar a efetividade do processo de mandado de segurana (art. 7a, III, da Lei nQ 12.016/09). Tal medida dever ser pleiteada dentro do prprio processo de conhecimento iniciado pela demanda de mandado de segurana, no sendo adequado, nesta hiptese, oferecer demanda autnoma, para dar incio a processo cautelar autnomo. Optando o demandante por este meio, inadequado para a prestao da tutela cautelar cabvel no caso, dever o juiz consider-lo carecedor de ao por falta de interesse de agir.

    6 Neste sentido, entre outros, Humberto Theodoro Jnior, Curso de Direito Processual Civil voL II, 19 ed., Rio de Janeiro: Forense, 1997, p. 414.

    7 No sentido do texto, em posio que, embora minoritria, nos parece a mais acertada, Jos Joaquim Calmon de Passos, Comentrios ao Cdigo de Processo Civil, voL X, tomo I, So Paulo: RT, 1984, p. 108.

  • Alexandre Freitas Cmara

    A terceira e ltima das condies da ao a possibilidade jurdica da demanda. A presena desta se verifica da mesma forma que nas demandas cognitivas e executivas. Em outros termos, ser juridicamente impossvel a demanda toda vez que o ordenamento jurdico estabelecer uma proibio em abstrato para que se aprecie determinado pedido ou determinada causa de pedir. Assim, por exemplo, juridicamente impossvel a demanda cautelar de arresto se o crdito cuja satisfao se vai buscar no processo principal decorre de um jogo ou de uma aposta. Da mesma forma, no se pode pleitear a priso civil cautelar, j que esta (ao contrrio da priso cautelar penal) no encontra guarida em nosso sistema jurdico.

    3S Processo cautelar: conceito e pressupostos

    Depois de tratar da ao cautelar, no se pode deixar de tecer algumas consideraes acerca do processo cautelar, principalmente no que concerne aos seus pressupostos. o que se passa a fazer.

    Quanto ao conceito de processo cautelar, no h muito mais o que se dizer alm daquilo que foi dito no primeiro item deste captulo. O processo cautelar um pro- cesso no satisfativo, o que o pe em posio oposta ocupada pelos dois outros tipos de processo (cognitivo e executivo), j que estes dois outros so destinados a permitir a realizao prtica do direito substancial. O processo cautelar, por sua vez, tem por finalidade assegurar a efetividade de um provimento jurisdicional futuro, a ser emitido em outro processo (o processo principal). Por tal razo, como j afirmado, que o processo cautelar tem sua instrumentalidade elevada ao quadrado, sendo chamado instrumento do instrumento.

    preciso, porm, aprofundar um pouco mais este ponto. A natureza no satisfa- tiva do processo cautelar afirmada por uma srie imensa de doutrinadores, em posio a que aderimos.8 No se trata, porm, de posio unnime, sendo grande tambm

    8 Entre os inmeros doutrinadores que afirmam que o processo cautelar no pode levar, jamais, satisfao do direito material pode ser citado, entre outros, Ovdio Baptista da Silva, Do Processo Cautelar, Rio de Janeixo: Forense, 1996, p. 11. Afirma o notvel processualista gacho que se a parte deduz no processo algum direito subjetivo, ou qualquer outra pretenso legtima, e o provimento judidal satis&z essa pretenso ou o direito subjetivo afirmado pela parte, parece indiscutvel a concluso de que a sentena no se teria limitado a simplesmente assegur-lo. As duas categorias so inconfundveis: a tutela de simples segurana que se presta com a sentena cautelar , por definio, uma forma de proteo que ainda no satisfez, mas apenas assegura a futura satisfao do direito afirmado pelo requerente. Alm deste autor, muitos outros a firm am o carter necessariamente no satisfetivo do processo cautelar, entre os quais Theodoro Jnior, Curso de Direito Processual Civil, voL II, ob. d t , p. 363; Barbosa Moreira, Estudos sobreo novo Cdigo de Processo Civil, ob. dt-, p. 230; Luiz Guilherme Marinoni, Tutela Cautelar e Tutela Antedptria, So Paulo: RT, 1992, pp. 75-79-

  • lies de Direito Processual Civil - VoL III - l& edio

    o nmero de estudiosos do tema que afirmam a existncia de casos em que a tutela jurisdicional cautelar tem carter satisfativo, antecipando os efeitos que seriam produzidos, normalmente, apenas quando da entrega da prestao jurisdicional definitiva.9 Assim, por exemplo, teriam natureza cautelar as liminares concedidas em ao possessria, e todos os demais casos que, a nosso sentir, melhor estariam se inseridos no conceito de tutela antecipada, que no se confunde com o de tutela cautelar.

    A nosso sentir, est com a razo Marnon, quando afirma que a satisfatividade requisito negativo da tutela jurisdicional de ndole cautelar. 1 A denominao processo cautelar foi reservada pela cincia processual para designar um processo meramente assecuratrio, atravs do qual se presta uma espcie de tutela jurisdicional que pode ser considerada "de simples segurana. Isto se confirma, at mesmo, pela terminologia empregada para designar este tipo de processo. Cautelar palavra que, j em desuso, era empregada como verbo,11 significando tomar cautela, acautelar-se, precaver- se.12 Verifica-se, pois, que o vocbulo cautelar, hoje empregado na cincia jurdica como adjetivo (qualificando uma srie de institutos, como o processo cautelar, a ao cautelar, a medida cautelar e a sentena cautelar, entre outros), d a idia de segurana, preveno, garantia. Assim sendo, no se pode admitir a existncia de uma tutela cautelar satsativa, pois se teria aqui verdadeira contradictio in termi- nis. O que cautelar no pode satisfazer, pois, se satisfaz, no meramente cautelar.

    Estas medidas, que nada mais fazem do que conceder desde logo, com base em cognio sumria, aquilo que como regra s poderia ser obtido aps a formao de um juzo de certeza, fundado em cognio exauriente, realizando imediatamente o direito substancial (cuja existncia se afigura, ao menos, provvel), nada mais do que a tutela antecipada, que no se confunde com a cautelar exatamente por ter carter satisfativo, embora seja, tambm, uma tutela jurisdicional prestada com base em juzo de probabilidade (cognio sumria).

    O processo cautelar , assim, instrumento de que se vale o Estado-Juiz para prestar um tipo de tutela jurisdicional no satisfativa, consistente em assegurar a efetividade de um futuro provimento judicial, a ser prestado, via de regra, em outro processo (o processo principal).

    9 Entre outros, sustentam esta posio Calamandrei, Introduzione alio studio sistemtico dei proweimen- cauieteri, ob. cit., pp. 185-188; Caraelutti, Derecho y Proceso, ob. cit., pp. 421-423; Galeno Lacerda, Comentrios ao Cdigo de Processo Civil, voL VIII, tomo 1,5a ed., Rio de Janeiro: Forense, 1993, p. 9.

    10 Marinoni, Tutela Cautelar e Tutela Antedtpatria> ob. cit., p. 75.11 Alfredo Buzaid, Exposio de Motivos do CPC, 1972, n 6.12 Baptista da Silva, Do Processo Cautelar, ob. dt., p. 10.

  • Alexandre Freitas Cmara

    O processo cautelar tem pressupostos prprios, que no se confundem com os pressupostos processuais exigidos para a existncia e validade do processo principal. So trs os pressupostos processuais deste tipo de processo (assim como de todas as demais espcies): um juzo investido de jurisdio, partes capazes e uma demanda regularmente formulada.

    No h, em verdade, muito o que acrescentar ao que se disse a respeito de pressupostos processuais quando do estudo da teoria gemi do direito processual. Quanto ao primeiro pressuposto, um juzo investido de jurisdio, valem rigorosamente as mesmas observaes anteriormente feitas. O processo cautelar, para existir, deve ser instaurado perante um juzo (trata-se, pois, de pressuposto processual de existncia), assim entendido qualquer rgo do Poder Judicirio que exera funo jurisdicional No basta, porm, que o processo se desenvolva perante um juzo, sendo necessrio, para que o feito possa se desenvolver regularmente (pressuposto processual de validade), que tal juzo esteja investido de jurisdio, ou seja, preciso que o processo cautelar se desenvolva perante rgo judicirio que tenha competncia constitucional.

    Em outros termos, o processo cautelar s ser vlido se instaurado perante o rgo judicirio que, segundo a Constituio da Repblica, esteja legitimado a exercer a funo jurisdicional naquele caso concreto. Assim, por exemplo, num processo cautelar em que, e.g., a Unio Federal seja a demandada, o feito se desenvolver regularmente apenas se instaurado perante um juzo federal. Da mesma forma, um processo cautelar em que sejam partes duas pessoas naturais, em um caso em que a relao jurdica de direito material que os une seja de carter privado, no se tratando de relao de emprego (basta pensar, por exemplo, numa locao, ou numa rela- o regida pelo direito de famlia, como a filiao), s ser vlido se estiver se desenvolvendo perante juzo que integre o Judicirio estadual*

    de bom alvitre recordar que a competncia do juzo no por ns considerada um pressuposto processual, como ficou dito no primeiro volume deste livro, razo pela qual no trataremos agora do assunto, sendo certo que neste volume dedicaremos todo tn captulo ao estudo da competncia para o processo cautelar.

    O segundo pressuposto processual a ser analisado em sede cautelar o das partes capazes. Em primeiro lugar, de se considerar que o processo cautelar s existe se houver partes, assim considerados todos aqueles que participam do procedimento realizado em contraditrio. Pelo menos duas partes (demandante e demandado) so exigidas para que o processo cautelar possa existir. No se pode deixar de dizer, alis, que o CPC emprega, para designar estas duas partes, os nomes de rqerente e requerido, mas inegvel o acerto, tambm neste passo, das denominaes demandante e demandado. No se deve, porm, falar em autor e ru, pois estes so nomes tradicio

  • nalmente empregados apenas no processo cognitivo (assim como exeqente e executado no processo de execuo).

    Nada impede, obviamente, a formao de litisconsrcio no processo cautelar, em todas as hipteses em que tal coligao de partes poderia (ou deveria, nos casos de litisconsrcio necessrio) se formar no processo principal. Alis, de se dizer que, nos casos em que o litisconsrcio seja necessrio no processo principal, ele o ser, tambm, no processo cautelar.13 Tambm se deve lembrar que o Ministrio Pblico ser chamado a intervir como castos legis nos casos previstos no art. 82 do CPC.

    No que se refere interveno de terceiros, esta ser possvel no processo cautelar, ao menos em algumas modalidades. Em primeiro lugar, no pode haver dvidas quanto possibilidade de assistncia no processo cautelar. Pendente um processo desta natureza, o terceiro, que tenha interesse jurdico em que alguma das partes obtenha sentena (cautelar) favorvel, poder intervir no processo como assistente, seja a assistncia simples ou qualificada.14

    No que concerne oposio (embora no seja ela propriamente uma modalidade de interveno de terceiro, mas processo autnomo, como visto no primeiro volume destas Lies), no a mesma cabvel incidentemente ao processo cautelar. Isto porque requisito de admissibilidade da oposio que o processo principal se dirija a uma deciso acerca da titularidade do direito. Como no processo cautelar no se ter a declarao da existncia ou inexistncia do direito, mas to-somente uma afirmao (ou negao) de lima probabilidade de existncia do direito, no est presente aquele requisito essencial para que a oposio seja admitida.15

    No que concerne ao recurso de terceiro, este , obviamente, admitido no processo cautelar, mesmo porque no se poderia conceber que este fosse inadmissvel se outras modalidades de interveno, como a assistncia, por exemplo, so admitidas. Isto porque, como se sabe, legitimado para recorrer aquele terceiro que poderia ter intervindo no processo (como assistente, por exemplo, ou em qualquer outro tipo de interveno de terceiro admitida) e no o fez.

    Resta examinar o cabimento das modalidades de interveno forada. A primeira delas a nomeao autoria, cujo cabimento no processo cautelar de ser admi

    13 Lacerda, Comentrios ao Cdigo de Processo Civil, voL VIII, tomo I, ob. cit_, p. 176.14 Theodoro Jnior, Curso de Direito Processual Civil, voL H, ob. cit., p. 389; Cndido Rangel Dinamarco,

    Interveno de Terceiros, So Paulo: Malheiros, 1997, p. 172. Este ltimo autor chega a afirxnar que a assistncia acaba por ser a modalidade de interveno de terceiro que mais se adapta ao processo cautelar.

    15 Assim, tambm, Theodoro Jnior, Curso de Direito Processual Civil, voL II, b. dt., p. 389. de se notar, porm, que a perspectiva de uma futura oposio, a ser apresentada incidentemente ao processo principal, legitima o terceiro (que ser opoente) a intervir no processo cautelar, como assistente, num caso em que, por exemplo, se pretenda obter uma medida cautelar de seqestro (assim Dinamarco, Interveno de Terceiros, ob. c l , p. 166).

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    tido.16 Basta pensar na hiptese em que se ajuza demanda cautelar em face de detentor de um bem, como se fora ele o possuidor da coisa. Neste caso, dever ele nomear autoria o possuidor ou o proprietrio do bem (art. 62 do CPC). O mesmo se dar na hiptese prevista no art. 63 do Cdigo de Processo Civil.

    Quanto denunciao da lide, trata-se da modalidade de interveno de terceiro cujo cabimento no processo cautelar gera mais controvrsia. H, certo, quem simplesmente negue a possibilidade de se ter denunciao da lide no processo cautelar,17 por considerar que esta modalidade de interveno de terceiro exige, para ser admitida, um processo em que se vai regular em definitivo a relao jurdica de direito material (o que se daria no processo de conhecimento).

    Autores h, de outro lado, que admitem a denunciao da lide no processo cautelar, por considerar que neste processo existe uma lide, que permitiria o emprego desta modalidade de interveno de terceiro.18

    Parece-nos, porm, que as duas posies acima referidas devem ser tomadas em considerao com um certo cuidado. Isto porque, se certo que no processo cautelar no se vai prover em definitivo acerca da relao jurdica de direito material, o que, ao menos em linha de princpio, seria capaz de excluir o cabimento da denunciao da lide, inegvel a existncia de pelo menos um caso onde a interveno daquele a quem, no processo principal, se iria denunciar a lide fundamental. E o caso da cautelar de produo antecipada de prova. Pense-se, por exemplo, numa demanda em que um morador de um edifcio pretenda a condenao do condomnio a indenizar as leses que o mesmo sofreu em razo de um incndio ocorrido na parte comum do edifcio. O condomnio de edifcio, neste caso, poderia denunciar a lide seguradora com que tivesse contratado o seguro contra incndio, para que a sentena que condenasse o demandado a indenizar o demandante declarasse tambm a existncia do direito de regresso do condomnio em face da seguradora.

    Imagine-se, agora, que o morador, ao invs de ajuizar de imediato a demanda condenatria, tenha optado por ajuizar demanda cautelar de produo antecipada de prova, pleiteando a realizao antecipada de uma percia mdica, para que pudesse desde logo ser fixada a extenso das leses sofridas, podendo ele ento, logo em seguida, iniciar o tratamento mdico de que necessitasse. Neste caso, ajuizada a demanda cautelar em face do condomnio, no poderia ele realizar a denunciao da lide, o que geraria uma perspectiva de que sua situao ao final do processo principal fosse diversa da que surgiria se no tivesse havido este processo cautelar antecedente.

    16 Dinamarco, Interveno de Terceiros, ob. cit., p. 166.17 Assim, por exemplo, Theodoro Jnior, Curso de Direito Processual Civil voL II, ob. cit., pp. 389-390.18 Milton laks, Denunciao da Lide, Rio de Janeiro: Forense, 1984, p. 192.

  • Lies de Direito Processual Civil - Vol. III - 16 edio

    Isto porque, ajuizada a demanda cautelar antecedente, a seguradora no participar da atividade de instruo probatria, no se integrando ao contraditrio quando da realizao da prova pericial antecipada. Ao contrrio, a seguradora do exemplo figurado s passaria a integrar o contraditrio no processo principal, quando j tivesse sido colhida a prova, a qual no seria capaz de estender seus efeitos em relao a quem no integrou o contraditrio no momento de sua produo. de se notar, porm, que, no caso de o morador que se queimou optar por ajuizar de imediato a demanda condenatria, e sendo realizada, no processo cognitivo, a denunciao da lide, a seguradora participar do contraditrio no momento da produo da prova, a qual produzir seus efeitos tambm em relao a ela.

    Assim sendo, era preciso criar um mecanismo que permitisse trazer para o processo aquele terceiro, a quem seria denunciada a lide no processo principal, para que o mesmo participasse do contraditrio no momento da produo (antecipada) da prova, para que esta fosse eficaz tambm em relao a ele. A soluo encontrada pela melhor doutrina, a que manifestamos nossa adeso, permitir, nestes casos, que se tenha uma assistncia provocada, ou seja, que se permita parte que, no processo principal, fosse realizar a denunciao da lide, que, no processo cautelar, provoque a vinda daquele terceiro ao processo cautelar de produo antecipada de prova, para atuar como seu assistente.19 Com isto, estar-se- permitindo a participao do terceiro na produo da prova, assegurando-se, assim, o respeito devido ao princpio do contraditrio, essencial para que a prova possa produzir seus efeitos tambm em relao a ele.

    As concluses aqui expostas acerca dos casos em que seria cabvel a denunciao da lide no processo principal, tomando legtima a assistncia provocada no processo cautelar de produo antecipada de prova, so tambm aplicveis - por identidade de razes ao chamamento ao processo!2 No se admitir, pois, a realizao de denunciao da lide ou de chamamento ao processo em sede cautelar, mas nos casos previstos nos arts. 70 e 77 do CPC ser possvel provocar a vinda do terceiro ao processo, para que atue como assistente (assistncia provocada) daquele que requereu sua citao.

    Vistas as partes (e os casos de cabimento do fenmeno conhecido como "pluralidade de partes, em suas duas manifestaes: litisconsrcio e interveno de terceiros), h que se falar da capacidade processual, pressuposto processual de validade.

    Este pressuposto processual de validade, aqui como em todos os outros tipos de processo, necessrio para que o feito possa se desenvolver regularmente, em dire-

    19 Admitindo a assistncia provocada, nesta situao, Dinamarco, Interveno de Terceiros, ob. cit-, pp. 169- 171; Sydney Sanches, Denunciao da Lide no Direito Processual Civil Brasileiro, So Paulo: RT, 1984, pp. 145-146.

    20 Dinamarco, Interveno de Terceiros, ob. d t , p. 171.

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    o ao seu desfecho normal. Alm da capacidade de ser parte, que est presente nas pessoas naturais, jurdicas e formais (assim entendidas aqueles entes despersonalizados a que a lei atribui capacidade de ser parte, como o esplio, o condomnio de edifcio e a massa falida), exige-se capacidade para estar em juzo, devendo os incapazes ser representados ou assistidos, por seus pais, tutores ou curadores, na forma da lei civil. Por fim, exige-se capacidade postulatria, devendo as partes se fazer representar por advogados ou outro detentor de tal aptido (como, e.g., os defensores pblicos).

    O terceiro pressuposto processual a demanda regularmente formulada. Aplica-se ao processo cautelar o princpio da demanda, enunciado no art. 2S do Cdigo de Processo Civil, mantendo-se aqui a incidncia de uma das caractersticas essenciais da funo jurisdicional: a inrcia.21 preciso, assim, para que o processo cautelar exista, que seja ajuizada uma demanda, atravs da qual se dar incio quele processo. Tal demanda, como todas as demais, ser identificada por trs elementos: partes, causa de pedir e pedido.

    As partes da demanda cautelar so o demandante (ou requerente) e o demandado (ou requerido), sobre os quais no h muito o que se dizer. Quanto causa de pedir, composta pelos fatos que fundamentam sr pretenso manifestada pelo demandante. Divide-se em causa de pedir remota (os fatos constitutivos do direito afirmado pelo requerente) e causa de pedir prxima (o feto que gera uma ameaa efetividade do processo prindpal, onde se buscar a realizao, isto , a satisfao do referido direito). O pedido, por fim, a pretenso manifestada pelo demandante. Desdobra-se em pedido imediato (a medida cautelar pleiteada pelo demandante) e pedido mediato (o bem da vida que se quer tutelar, e que na demanda cautelar a efetividade do processo principal).

    A demanda, como visto, pressuposto processual de existncia. preciso, porm, para que o processo cautelar se desenvolva regularmente, que a mesma tenha sido regularmente formulada. Esta regularidade formal, frise-se, estar presente todas as vezes que o demandante apresentar em juzo uma petio inicial que observe todos os requisitos formais impostos por lei. Como ser visto mais adiante, quando do estudo do procedimento cautelar comum, a petio inicial neste tipo de processo, alm de requisitos comuns a todas as peties iniciais (como, por exemplo, a qualificao das partes), deve observar ainda requisitos especficos, enumerados no art. 801 do Cdigo de Processo Civil, como, por exemplo, a indicao do processo principal, cuja efetividade se pretende tutelar com a medida cautelar pleiteada (art.

    21 Como ser visto adiante, o CPC prev a possibilidade de concesso ex ofdo de medidas cautelar es (art. 797), mas tais medidas no i.nfirmam a regra da inrcia da jurisdio pois, conforme entendimento amplamente dominante, e que se apresenta como o mais acertado, as medidas cautelares concedidas ex offico so, sempre, incidentais a algum processo j em curso.

  • lies de Direito Processual Civil - VoL III - -16 edio

    801, III), requisito exigido para a regularidade formal da demanda cautelar antecedente (mas que dispensado nas demandas cautelares incidentes).

    Por fim, preciso dizer que a partir da entrada em vigor da Lei n9 10.444/2002 no mais necessria a instaurao de um processo cautelar para que se possa obter tutela cautelar. Com a fungibilidade existente entre as medidas cautelares e as ante- cipatrias de tutela jurisdicional satisfativa, decorrente do 7S do art. 273 do CPC, aquele que requerer, no processo satisfativo, tutela antecipada quando adequado seria requerer uma medida cautelar ver o juiz conceder a medida adequada. Isto significa dizer que possvel ao juiz conceder medidas cautelares sem necessidade de instaurao de um processo cautelar. A nosso sentir, deve-se conceder a medida cautelar no processo satisfativo no s quando haja um erro de qualificao cometido pela parte, mas sempre que ali se verifique a necessidade da medida de urgncia. A instaurao de um processo cautelar autnomo no mais, pois, requisito necessrio para que se possa obter tutela cautelar (embora continue a ser possvel a obteno da tutela cautelar pela via tradicional do processo cautelar). Falta, agora, ao legislador, a ousadia de abolir definitivamente o processo cautelar (ao menos o incidental), fezendo com que o sistema saia simplificado, deformalizando-se o processo civil, o que exigncia da luta incessante por pleno acesso justia.

    4q Medida cautelar: conceito, classificao, caractersticas, eficcia no tempo

    4.1. Conceito

    Denomina-se medida cautelar o provimento judicial capaz de assegurar a efetividade de uma futura atuao jurisdicional. normalmente concedida atravs de um processo destinado verificao de seu cabimento e, em seguida (no mesmo processo) sua efetivao, a que se d o nome de processo cautelar. Diz-se que ela normalmente concedida no processo cautelar porque no se pode negar a existncia de casos em que a medida cautelar concedida no bojo de outro processo, de conhecimento ou de execuo. o que se tem, por exemplo, no mandado de segurana, que tem natureza de processo de conhecimento, onde se permite expressamente (art. 7S,II, da Lei ne 1.533/51) a concesso de medida cautelar para suspender a eficcia do ato atacado atravs daquele remdio constitucional.22

    22 No sentido do texto, considerando que a medida prevista ao art. 7S, n , da Lei n 1.533/51 tem natureza cautelar, Alfredo Buzaid, Do Mandado de Segurana, So Paulo: Saraiva, 1989, p. 213. Em sentido contr

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    A medida cautelar, portanto, pode ser definida, com apoio na lio de Theodoro Jnior, como a providncia concreta tomada pelo rgo judicial para eliminar uma situao de perigo para direito ou interesse de um litigante, mediante conservao do estado de fato ou de direito que envolve as partes, durante todo o tempo necessrio para o desenvolvimento do processo principal. Isto , durante todo o tempo necessrio para a definio do direito no processo de conhecimento ou para a realizao coa- tiva do direito do credor sobre o patrimnio do devedor, no processo de execuo.23

    A definio de medida cautelar tem de se basear sempre na idia, essencial para sua exata compreen