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5/9/2018 Alexandre Pimentel - A Prática do Serviço Social na Revolução Industrial - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/alexandre-pimentel-a-pratica-do-servico-social-na-revolucao-industrial 1/3
A Prática do Serviço Social na Revolução Industrial
Uma análise do filme ³Tempos Modernos´ de Charles Chaplin
Um contexto sócio-histórico refratário aos influxos democráticos exige, contraditoriamente, a construção
de uma nova forma de fazer política - que impregne aformação e o trabalho dos assistentes sociais - capazde acumular forças na construção de novas relações entre o Estado e a sociedade civil que reduzam o
fosso entre o desenvolvimento econômico e o desenvolvimento social, entre o desenvolvimento das forças
produtivas e das relações sociais.(Marilda Iamamoto)
Por Alexandre Pimentel
A obra Tempos Modernos (1) de Charles Chaplin ( ) é um mito contemporâneo. Um mito se caracteriza por conter informações cuja interpretação dependerá da
profundidade e da dedicação do observador . Analisar esse filme na perspectiva do
serviço social é tarefa árdua mas gratificante. Embora estejamos começando o curso, parece-me que a alfabetização para a leitura mítica é indispensável para que, no futuro,como assistentes sociais genuínos, possamos, de forma madura, ler e interpretar asociedade moderna. Acredito que esta leitura correta ± que deve iniciar nos primeirosdias de aula - seja a mola mestra que nos possibilitará a auxiliar no processo que visalibertar o cidadão das práticas opressivas que o escravizam e mantém na cadeia doestresse social.
Tempos Modernos, apresentado ao mundo em 1936 pela genialidade de Chaplin,critica o conceito de modernidade industrial calcado na produção e especialização quetorturavam a classe operária. É uma peça cinematográfica que apesar de ainda utilizar ocinema mudo quando há dez anos os filmes já praticavam linguagem falada, além dacrítica social na formatação simbólica, introduz o cinema como arte que transcende omero teatro.
O filme de Carlitos retrata um momento industrial de impressionante volume produtivo. As enormes engenhocas automotivas e os complexos maquinários, aparecemcomo monstros que devoram o personagem. Perturbado pela novidade do trabalhorepetitivo, oprimido por não exercer uma atividade criativa, pressionado pelas longashoras compensadas pelos baixíssimos salários do período histórico e por uma propostade automação que visava provavelmente reduzir o tempo de refeições, ampliando ainda
mais a escravidão planejada, Chaplin mergulha num comportamento patológico que oleva a atitudes bizarras.
Parece que esta representação simbólica, com o inequívoco título de temposmodernos, preconiza a loucura, a violência e o caos ecossocial que, de forma sistêmica,hoje chega ao auge. Penso que jamais na história humana experimentamos um momentotão delicado, tanto do ponto de vista humano, quanto econômico, social e filosófico,exatamente (em meu ver) o que o gênio Carlitos tentava alertar .
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Temos hoje no mundo complexos industriais mais sofisticadas e metodologiasde trabalho operário melhor planejadas. Da mesma forma que as guerras do passadoeram feitas com espadas e escudos que hoje foram substituídos por arcenais nucleares,muda somente a aparência do moderno explorador que aprimorou-se em manter dominados seus quadros de trabalhadores e em viciar o consumidor em ³necessidades´
induzidas. Apesar de não ser o objetivo central deste trabalho, que visa comentar e situar a
prática do serviço social no contexto da revolução industrial sob a ótica do filmeTempos Modernos de Charles Chaplin, não posso deixar de comentar que as indústriasda alimentação, do remédio e outras paralelas como a do tabaco, constituem uma dasmais avançadas tecnologias de manter o cidadão ³dependoente´ e tresloucado noconsumo supérfluo.
Retomando, então, o foco de nosso tema, notamos que o serviço social nocontexto de Tempos Modernos, meados da revolução industrial, tinha ainda forte
influência da filosofia positivista de Augusto Comte (1789-1857) e da visão de Stuar Mill (1848) sintonizadas com uma moral judaico cristã deturpada pelo reducionismoepistêmico, onde a ajuda era considerada obra de caridade baseada numa falsa noção defilantropia (2).
Na verdade ainda não tínhamos neste momento a figura técnica do assistentesocial conforme hoje conhecemos. O que acontecia e Chaplin se esforçava emdenunciar era um movimento de manutenção da miséria, encomendado pelos grandesempresários, onde o assistente social era sarcástica ferramenta de condicionamento demassas. Hoje esse profissional ainda luta para banir o assistencialismo cuja atividadenão beneficia comunidades senão presta favores com objetivos escusos.
Talvez seja salutar refletir que a prática industrial, bem como a comercializaçãonão constituem males intrínsecos. O problema dessas práticas está na abordagem nãoecológica e não humanitária dos processos, onde o lucro e a mais valia decorrente
justificam impactos sociais de grande espectro, contaminando os recursos naturais edeteriorando a qualidade de vida dos seres vivos.
A pequena fábrica destinada a atender a demanda de comunidades bem próximas, utilizando recursos regionais e tecnologias limpas, além de modeloscooperativos de divisão dos lucros e economia solidária, pode fazer parte das grandessoluções que o futuro necessita. Futuro em que, acredito, o papel do assistente social
será condição sinequenon e este profissional despontará, além da atenção básica e doatendimento imediato, como uma das principais armas de denúncia, garantia de direitose fecunda formação de opinião.
Finalmente, acredito que as nuances da história demonstram que o modelomarxista hoje adotado pela corporação de serviço social no Brasil constitua ummovimento passageiro, dada á constatação de que a qualidade de vida dos cidadãos dos
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países onde esse sistema social domina, não é melhor do que a dos países de propostacapitalista-neoliberal.
Conforme podemos constatar nos estudos do cientista político Arnaldo SissonFilho, apresentados no site humanitarismo 21 (3), quanto à felicidade e bem-estar das
populações, não há uma supremacia real das propostas marxistas, socialistas,comunistas contemporâneas sobre a visão capitalista, neoliberal.
Percebo que muito poderia ser dito e que uma apresentação como esta apenasintroduz a reflexão sobre o serviço social, seu passado sinistro, seu presente reflexivo eseu futuro de resgate cidadão.
Bibliografia consultada:
Moraes, José Geraldo Vinei de ± História: Geral e Brasil, 2ª edição, Atual Editora,
Capítulo 24: A Revolução Industrial, p.187, São Paulo, 2005. Diversos, Unip ± Fundamentos Históricos e Metodológicos do Serviço Social ± Capítulo ³O Surgimento do Serviço Social´, p.149,São Paulo, 2009.
Carvalho, Rick ± Artigo Crítica ao filme "Tempos Modernos" de Charles Chaplin,2007
Carmo, Adilson Melo do - .Artigo Um Paralelo do Filme Tempos Modernos deCharles Chaplin com a Situação Atual.
Notas:
(1) Assista o FILME.
(2) Apensadora Helena Blavatsky, explica que a palavra filantropia divide-se em filos (amigo)
e tropos (homem, ser humano) e que o autêntico filantropo é um ser comprometido com a
genuína promoção humana e não necessariamente alguém que apenas atue nas práticas
assistencialistas superficiais.
(3) www.humanitarismo21.com